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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE AGRONOMIA

CURSO DE AGRONOMIA

AGR04018 - CONTROLE QUÍMICO DE DOENÇAS DE PLANTAS

Análise econômica do controle químico das doenças do feijoeiro-comum (Phaseolus


vulgaris L.)

Augusto Faraco Corrêa

Gabriel Wathier Almeida

Júlia Faccin Faé

Maximiliano Polo

Vinicius Mendes de Araujo

Porto Alegre, agosto de 2020.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Tipos de hábito de crescimento do feijão comum. .................................................... 7


Figura 2 - Estádios de desenvolvimento da planta do feijoeiro. ................................................. 8
Figura 4 - Gráfico dos custos operacionais para produção de feijão irrigado. ......................... 11
Figura 5 - Principais doenças do feijão na região central-brasileira e seus agentes causais. ... 12
Figura 6 - Ciclo de vida do mofo-branco. ................................................................................ 15
Figura 7- Métodos de controle de doenças no feijoeiro. .......................................................... 21
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Custos médios envolvidos na produção de feijão irrigado. ..................................... 10


Tabela 2- Químicos utilizados no combate a doenças do feijão e seus respectivos custos. ..... 23
Tabela 3- Receita, Custo e Renda Bruta estimada na produção do feijão carioca e a proporção
do custo de controle sobre tais indicadores. ............................................................................. 23
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5
2. CARACTERÍSTICAS DA CULTURA DO FEIJOEIRO COMUM ................................... 5
2.1 Origem .................................................................................................................................. 5
2.2 Espécie .................................................................................................................................. 6
2.3 Características morfológicas, fisiológicas e genéticas ......................................................... 6
2.4 Ambiente e clima ................................................................................................................. 8
3. VALOR COMERCIAL E CUSTO DE PRODUÇÃO ........................................................ 9
4. PRINCIPAIS DOENÇAS DO FEIJOEIRO ..................................................................... 11
4.1 Doenças causadas por fungos da parte aérea ...................................................................... 12
4.2 Doenças causadas por fungos habitantes de solo ............................................................... 14
4.3 Doenças causadas por bactérias.......................................................................................... 16
4.4 Doenças causadas por vírus ................................................................................................ 18
4.5 Doenças causadas por nematóides ...................................................................................... 20
4.6 Controle das principais doenças do feijoeiro ...................................................................... 21
5. CUSTO E PRODUTOS UTILIZADOS NO COMBATE DE DOENÇAS NO FEIJOEIRO.23
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 24
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 25
ANEXOS ............................................................................................................................. 30
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1. INTRODUÇÃO

O feijoeiro-comum (Phaseolus vulgaris L.) é uma das principais culturas de grãos


cultivadas mundialmente e no Brasil. Em países em desenvolvimento tanto das regiões tropicais
como subtropicais, representa uma das mais importantes fontes de proteínas na dieta humana
(BARBOSA & GONZAGA, 2012).
O Brasil se destaca como o maior produtor e consumidor do Mercosul, com participação
superior a 90% na produção e no consumo. Em 2018/19, a produção de feijão comum cores
representou 62,8% do volume produzido, a de feijão preto, 16,4% e a de caupi, 20,8%. O feijão
comum preto concentra-se no sul do país, e cerca de 52% de sua produção é oriunda da 1ª safra
(CONAB, 2019).
A produção anual de feijão é dividida entre três safras de cultivo, sendo a 1ª safra
também chamada de safra das “águas” colhida entre os meses de novembro a março, com
concentração nas Regiões Sul, Sudeste, Goiás, Piauí e Bahia. A safra da “seca” ou 2ª safra é
realizada entre os meses de abril a junho, sendo utilizada nas regiões Nordeste, Sul, Sudeste,
Mato Grosso, Rondônia e Goiás. Já a 3º safra, também conhecida como safra de inverno, ocorre
entre os meses de julho a outubro, com concentração em Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Bahia,
Pará, Pernambuco e Alagoas (CONAB, 2019).
O feijoeiro-comum é afetado por dezenas de doenças causadas por fungos, bactérias,
vírus e nematóides. No país aproximadamente 20% dessas doenças têm maior expressão, ao
passo que as demais são raramente observadas, ou não registradas no país (WENDLAND,
LOBO, FARIA, 2018).
Dada a grande importância da cultura no cenário nacional, o presente trabalho tem por
objetivo apresentar um informações quanto a cultura feijoeiro comum, às principais doenças
que a acometem, bem com uma análise econômica do controle químico de doenças do feijoeiro
comum.

2. CARACTERÍSTICAS DA CULTURA DO FEIJOEIRO COMUM

2.1 Origem

Os feijões estão presentes a muito tempo em nossa alimentação, sendo relatados nos
primeiros registros da história da humanidade. Sua disseminação pelo mundo é atribuída pelas
guerras, uma vez que, esse alimento fazia parte da alimentação dos guerreiros. Além disso, os
6

grandes exploradores auxiliaram em sua propagação e seu cultivo para regiões mais distantes
do planeta.
Existem diversas hipóteses quanto sua origem e domesticação, sendo que, os dados mais
recentes apontam para três centros primários de diversidade genética (tanto para espécies
silvestres como cultivadas): o mesoamericano, que abrange desde o sudeste dos Estados Unidos
até o Panamá, tendo como principais zonas o México e a Guatemala; o sul dos Andes, que
engloba desde o norte do Peru até as províncias do norte da Argentina; o norte dos Andes, que
compreende desde a Colômbia e Venezuela até o norte do Peru. Além dos centros primários
americanos, foram constatados vários outros centros secundários em algumas regiões como a
Europa, Ásia e África onde foram inseridos genótipos americanos após o descobrimento das
américas (EMBRAPA, 2000).

2.2 Espécie

O gênero Phaseolus compreende muitas espécies, das quais apenas cinco são cultivadas:
Phaseolus vulgaris L. (Feijoeiro comum), Phaseolus lunatus (feijão de lima), Phaseolus
coccineus (feijão Ayocote), Phaseolus acutifolius (feijão terapi) e Phaseolus polyanthus
(EMBRAPA, 2000). Dentre espécies cultivadas, a mais importante é o feijoeiro comum, uma
vez que é o mais disseminado e adaptado, possuindo a maior importância para a dieta alimentar
humana. Segundo Silva e Costa (2003) o feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) pertence à
classe Dicotiledônea, subclasse Rosidae, ordem Fabales e família Fabaceae.

2.3 Características morfológicas, fisiológicas e genéticas

O feijoeiro comum apresenta folhas trifolioladas alternas e sua a inflorescência é um


racimo que pode ser axilar ou terminal. A classificação das plantas é realizada de de acordo
com seu hábito de crescimento, o qual definido basicamente pelo crescimento do caule e hábito
de florescimento da planta. Sendo assim podem ser consideradas de hábito de crescimento
determinado, onde desenvolvem inflorescência no ápice do caule e dos ramos laterais,
apresentam número limitado de nós e o florescimento ocorre do ápice para a base da planta. Ou
em plantas de hábito de crescimento indeterminado, ou seja, os meristemas apicais do caule e
dos ramos laterais continuam vegetativos durante o florescimento, que ocorre da base para o
ápice da planta e as inflorescências se desenvolvem nas axilas das folhas (SILVA, 2005).
Os hábitos de crescimento podem ser classificados em quatro tipos principais: tipo I,
plantas de crescimento determinado, arbustivas de porte ereto; tipo II, plantas de crescimento
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indeterminado, com porte arbustivo, ereto e caule pouco ramificado; tipo III, plantas de
crescimento indeterminado, de hábito prostrado ou semiprostrado, com ramificação bem
desenvolvida e aberta; e tipo IV, plantas de crescimento indeterminado que apresentam com
aspecto enramado, caule com forte dominância apical e número reduzido de ramos laterais,
pouco desenvolvidos, são consideradas trepadeiras, como observa-se na Figura 1 abaixo
(BEVILAQUA et al., 2018):

Figura 1 - Tipos de hábito de crescimento do feijão comum.

Fonte: Bevilaqua et al., 2013.

A flor do feijoeiro é do tipo papilionácea, apresenta cálice gamossépalo e campanulado


e corola composta por cinco pétalas. Segundo Santos e Gavilanes (1998 apud RIBEIRO, 2007)
a disposição de seus órgãos reprodutores beneficia a autofecundação (as anteras são deiscentes
e estão situadas no mesmo nível do estigma e envolvidas completamente pela quilha). Seu fruto
é um legume, denominado vagem, constituído de duas valvas unidas por duas suturas. A
semente do feijoeiro é exalbuminosa, ou seja, sem albume (SILVA, 2005).
O ciclo da planta é variável conforme a cultivar, variando entre 65 e 110 dias, da
emergência à maturação. O ciclo é dividido em duas partes como observa-se na Figura 2: a
primeira corresponde à etapa vegetativa e se estende do estádio V0 ao estádio V4, e corresponde
a de 28 a 45 dias após a semeadura; a segunda parte se estende do estádio R5 ao estádio R9 e
corresponde ao período entre o início da floração e a maturação completa da planta. O
conhecimento dos estádios de desenvolvimento é muito importante, uma vez que, as plantas
possuem demandas diferentes de nutrientes e de água, nas diferentes fases fenológicas, ou seja,
8

respondem melhor ao controle de plantas daninhas, pragas e doenças quando realizados na fase
correta (BEVILAQUA et al., 2013; OLIVEIRA et al., 2018).

Figura 2 - Estádios de desenvolvimento da planta do feijoeiro.

Fonte: Oliveira et al., 2018.

O feijão é uma espécie diplóide, com 2n = 2x = 22 cromossomos A maioria das


cultivares de feijão é insensível ao fotoperiodismo e a autofecundação é o sistema
predominante, sendo portanto planta autógamas. (RAMALHO & SANTOS, 1982). A
diversidade entre as espécies de Phaseolus em relação ao feijão comum está organizada em
pools gênicos primário, secundário, terciário e quaternário. Apresentando diversas
características varietais que podem determinar a identidade, uniformidade e estabilidade
diferentes para cada espécie e, também, para cada variedade (DEBOUCK, 1999).
A cultura exibe alto nível de variabilidade quanto à cor, tamanho, forma da semente,
além de variabilidade genéticas, as quais segundo Toro et al. (1990 apud SILVA & COSTA,
2003), o conhecimento do germoplasma é muito importante para o melhoramento genético,
uma vez que poder ser utilizado como fonte de resistência ou tolerância a doenças, pragas e
estresses abióticos.

2.4 Ambiente e clima

A cultura do feijoeiro apresenta ampla distribuição geográfica em todo o mundo, sendo


cultivada em regiões com temperaturas entre 10ºC e 35ºC. Entretanto, a faixa ideal para o pleno
desenvolvimento da cultura, sem prejuízos no rendimento, é de 17ºC a 25ºC. Neste contexto,
ressalta-se a importância das condições adequadas de temperatura do ar para possibilitar boas
produtividades, sendo este o fator mais limitante. No período compreendido entre a
diferenciação dos botões florais e o enchimento de grãos, temperaturas acima de 30ºC, e
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principalmente 35ºC, ou inferiores a 12ºC, podem causar prejuízos sérios aos componentes de
rendimento da cultura, como redução do número de vagens por planta, resultado da abscisão de
flores e vagens pequenas. Portanto, a época de plantio é planejada para, entre outros fatores,
favorecer a concomitância do período de floração com temperaturas adequadas.
O calor excessivo também pode afetar a fase vegetativa, aumentando a fotorrespiração
e reduzindo o crescimento das plantas, principalmente quando ocorre junto com déficit hídrico.
Além disso, valores de umidade relativa acima de 70% somado a temperaturas superiores a 35º
favorecem o surgimento de doenças, que serão detalhadas posteriormente.
A quantidade de água considerada suficiente o ciclo do feijão varia de 200 a 300 mm
(EMBRAPA, 1994), estimada em média de 100 mm para cada mês (CARVALHO et al., 2013).
O feijoeiro exige boa disponibilidade hídrica ao longo de todo o ciclo, especialmente na fase de
emergência, floração e enchimento de vagens. Quando a diminuição de água ocorre no período
de floração, poderá haver redução no porte da planta, no tamanho das vagens, no número de
vagens e de sementes por vagem, acarretando em danos diretos na produtividade (EMBRAPA,
1994).

3. VALOR COMERCIAL E CUSTO DE PRODUÇÃO

A partir deste ponto, as estimativas de custos e balanço financeiro, iniciados na


implantação da lavoura até a sua comercialização foram baseadas em levantamentos feitos pelo
Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG) e Senar Goiás. O feijão em
questão se trata do tipo Carioca, cultivar BRS Pérola.
Os custos da cultura foram discriminados pela separação nas seguintes categorias: Pré-
plantio, plantio, condução da lavoura, colheita, pós colheita, despesas financeiras, depreciações
e ainda custo de oportunidade. O montante de cada classe de custo é ilustrado na Tabela 1 e nas
Figuras 3 e 4 abaixo:
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Tabela 1 - Custos médios envolvidos na produção de feijão irrigado.

Descrição Valor/ha

Pós Colheita R$ 72,80

Colheita R$ 186,61

Pré-plantio R$ 280,58

Depreciações R$ 424,02

Despesas Financeiras R$ 476,14

Plantio R$ 1.377,46

Condução da lavoura R$ 1.783,09

Custo de Oportunidade (terra, capital) R$ 2.446,63

Fonte: Adaptado de Senar – Go.

Figura 3 - Gráfico da proporção de custos de produção de feijão irrigado.

Fonte: Adaptado de Senar – Go.


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Figura 4 - Gráfico dos custos operacionais para produção de feijão irrigado.

Fonte: Adaptado de Senar - Go

A produtividade do feijão depende muito dos tratos culturais feitos na cultura. Por esta
ser uma cultura sensível e com pouca elasticidade de produção, se comparada a culturas do
milho e soja, a mesma necessita de um manejo preciso nos períodos de requisição nutricional,
no combate a pragas e doenças, bem como no manejo da irrigação. Além do manejo por parte
do homem, o clima é decisivo para a formação da produção em lavouras de feijão,
principalmente em baixas latitudes, pois temperaturas baixas nos estágios de floração e
enchimento de grãos são decisivos para o pegamento e desenvolvimento de flores e legumes.
Em anos favoráveis em lavouras irrigadas com solos muito férteis e com alto aporte
tecnológico, as produtividades variam entre 40 a 60 sacas por hectare. Entretanto, ensaios
experimentais indicam que determinadas cultivares, como a BRS FC402 e a BRS Esteio, podem
atingir produtividades de até 75 sacas por ha. Os valores pagos ao produtor por grãos de feijão
Tipo 1 (alta qualidade), 239,27 R$/sc, foram cotados no mês de março..

4. PRINCIPAIS DOENÇAS DO FEIJOEIRO

O feijão é cultivado durante todo o ano no Brasil, numa grande diversidade de


ecossistemas, situação que expõe as plantas a muitos fatores que lhe são desfavoráveis. Essa
leguminosa é hospedeira de diversas doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e
nematóides. A importância de cada doença varia segundo o ano, a época, o local e a cultivar
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utilizada (BARBOSA & GONZAGA, 2012). Cerca de 60 doenças afetam a cultura do feijão,
sendo 31 causadas por fungos e as demais por vírus, bactérias e nematóides, como pode-se
obrservar na Figura 5 (GARCIA et al., 2002):

Figura 5 - Principais doenças do feijão na região central-brasileira e seus agentes causais.

Fonte: BARBOSA, F. R. & GONZAGA, A. C. O., 2012

4.1 Doenças causadas por fungos da parte aérea

Em geral, a antracnose, a ferrugem e a mancha-angular são as doenças da parte aérea


que causam mais perdas ao feijoeiro que ocorrem em todo o Brasil (PEREIRA et al., 2004).
Para evitar isso, o uso de sementes certificadas é o meio mais eficiente de evitar a entrada dos
fungos que sobrevivem nas sementes, em áreas de cultivo isentas de patógenos, porém não é
garantia que as sementes estejam livres de patógenos. O tratamento de sementes com fungicidas
é uma alternativa para garantir a sanidade da cultura, em relação a doenças. Existem doenças
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como a sarna (Colletotrichum dematium f. truncata (Schw.) v. Arx.) que é uma doença nova
na cultura do feijoeiro, as medidas de controle ainda são desconhecidas. O cultivo de feijoeiro-
comum após milho ou sorgo favorece essa doença por serem culturas hospedeiras da mesma
(BARBOSA & GONZAGA, 2012).

Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum)

A antracnose pode causar redução de produtividade do feijoeiro cultivado em qualquer


época de plantio, caso o fungo seja introduzido pela semente ou já esteja presente em restos de
cultura e se a cultivar plantada for suscetível. Os agentes de disseminação do patógeno são as
sementes, chuva acompanhada de vento, insetos, animal e implementos agrícolas. As condições
favoráveis ao desenvolvimento da doença são temperaturas entre 13 ºC e 26 ºC, alta umidade e
chuvas ou irrigações frequentes. Já a sobrevivência do patógeno após a colheita do feijoeiro se
dá nos restos de cultura, sementes e muitas espécies de leguminosas, por até dois anos. As
medidas eficientes no controle da antracnose são: rotação de culturas e aplicação de fungicidas
na parte aérea das plantas (BARBOSA & GONZAGA, 2012). Outra medida de controle da
antracnose se dá pela utilização de sementes de boa qualidade e de cultivares resistentes
recomendadas para a região (WENDLAND et al., 2014).
Os sintomas da doença manifestam-se em toda a parte aérea da planta. Na face inferior
das folhas, aparecem, sobre as nervuras, manchas alongadas, primeiramente de cor avermelhada
a púrpura e, mais tarde, pardo-escura, estendendo-se ligeiramente pelo tecido circundante e,
geralmente, até a face superior. Os pecíolos e caules podem apresentar cancros. Nestes e nas
lesões das nervuras principais, ocorre a esporulação do fungo, que constitui o inóculo
secundário. A fase mais característica da doença apresenta-se nas vagens, que podem ser
infectadas pouco depois de sua formação (WENDLAND et al., 2014). O Anexo A, ilustra os
sintomas da doença.

Ferrugem (Uromyces appendiculatus) e Mancha-angular (Pseudocercospora griseola)

A mancha-angular e a ferrugem causam maiores reduções de produtividade no outono-


inverno. Restos de cultura de feijoeiro presentes na lavoura são o principal meio de
sobrevivência desses fungos. A ferrugem tem seus agentes de disseminação o vento, inseto,
implemento agrícola e animal, para a mancha-angular o vento, semente, chuva, inseto e
implemento agrícola agem como agentes disseminantes. As condições favoráveis ao
desenvolvimento da ferrugem são temperatura entre 17 ºC e 27 ºC e alta umidade, já para a
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mancha-angular tem seu desenvolvimento favorecido com temperatura entre 16 ºC e 28 °C com


alternância entre alta e baixa umidade. A sobrevivência do patógeno se dá no resto de cultura
de uma safra para outra, isso para a ferrugem, na mancha-angular a sobrevivência do patógeno
ocorre em resto de cultura, semente, algumas leguminosas e plantas voluntárias. A rotação de
culturas e o emprego de fungicidas na parte aérea também são medidas eficientes no controle
de mancha-angular e ferrugem (BARBOSA & GONZAGA, 2012).
Os sintomas da ferrugem se caracterizam pela formação de pústulas em ambas as
superfícies foliares. Tais pústulas são reveladas através de pequenas manchas necróticas,
amareladas e levemente salientes (RIOS, 1988). Já os sintomas da mancha-angular ocorrem
tanto nas folhas como nas vagens, caules e ramos. As primeiras lesões podem aparecer nas
folhas primárias, apresentando aspecto mais ou menos circular, formando halos concêntricos
de cor castanho-escura (WENDLAND et al., 2014). O Anexo B e C, ilustram os sintomas de
ferrugem e Mancha-angular, respectivamente.

4.2 Doenças causadas por fungos habitantes de solo

Doenças causadas por patógenos de solo, tais como F. solani f. sp. phaseoli, R. solani,
Macrophomina phaseolina e S. sclerotiorum, entre outras, podem ser responsáveis por até
100% de perdas na produção. Os fungos habitantes do solo causam doenças de difícil controle
e, diferentemente dos fungos da parte aérea, podem sobreviver muitos anos sem a presença de
restos de cultura do feijoeiro ou de hospedeiros alternativos. Medidas eficientes de controle de
doenças causadas por fungos da parte aérea (cultivares resistentes ou imunes, uso de fungicidas
e rotação de culturas) têm pouco ou nenhum efeito quando usadas para o controle da maioria
das doenças causadas por fungos de solo. Isso porque geralmente não há cultivares resistentes
a doenças como mofo-branco e murcha de fusário. Além disso, as facilidades para
sobrevivência dos fungos no solo minimizam os efeitos de rotações e do controle químico. Mas
é possível manejá-los em programa de manejo integrado de doenças. Este manejo emprega a
formação da palhada, a recuperação da estrutura física do solo, o uso de sementes sadias e
tratadas, o controle biológico e o controle químico (BARBOSA & GONZAGA, 2012).

Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum)

Os principais agentes de disseminação do patógeno são: semente, vento, chuva,


implemento agrícola, animal e inseto. A melhor condição para disseminação da doença ocorre
em temperatura entre 15 °C e 25 °C, alta umidade e dias nublados. A sobrevivência do patógeno
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após a colheita ocorre por escleródio, semente, resto de cultura e mais de 400 espécies de
plantas, incluindo algumas daninhas (BARBOSA & GONZAGA, 2012).
O apodrecimento de hastes, folhas e vagens é o sintoma mais conhecido do mofo-
branco. Em ambiente úmido, este sintoma é acompanhado de um sinal do patógeno: o
crescimento de micélio branco, o “mofo” que dá nome à doença. Em geral, os sintomas do
mofo-branco iniciam-se no terço inferior das plantas na junção de pecíolos com as hastes,
aproximadamente de 10 cm a 15 cm acima do solo, onde as flores e folhas desprendidas ficam
geralmente retidas, apesar de o terço superior das plantas também poder ser infectado.
O início da infecção geralmente coincide com o fechamento da cultura e o
florescimento, quando pétalas de flores senescentes são colonizadas pelo fungo (FIGURA 6)
que, posteriormente, invade outros órgãos da planta (LOBO JUNIOR et al., 2014). O Anexo D,
ilustra os sintomas de Mofo-branco.

Figura 6 - Ciclo de vida do mofo-branco.

Fonte: Bayer. Ciclo de vida do Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum).

Legenda da figura: 1 - Escleródio, 2 - Apotécios, 3 - Micélio, 4 - Sintoma, 5 - Escleródios na terra.


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Murcha-de-fusário (Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli)

Os agentes disseminantes dessa doença são: sementes, ventos e implementos agrícolas.


Tem seu desenvolvimento favorável em condições de temperatura entre 20 °C e 28 °C, alta
umidade, solo compactado, pH do solo abaixo de 6,0 e presença de nematóide. E possui a
sobrevivência do patógeno após a colheita em clamidósporo, resto de cultura e sementes
(BARBOSA & GONZAGA, 2012).
Os sintomas se expressam primeiramente na redução do crescimento, clorose
acompanhada de queda prematura de folhas que evolui para murcha e posterior morte das
plantas (RIOS, 1988). Seccionando-se longitudinalmente o caule, percebe-se uma descoloração
dos feixes vasculares, os quais assumem uma pigmentação castanha, demonstrando a
colonização necrotóxica do patógeno nos tecidos condutores da hospedeira (CARDOSO,
2000). O fungo tem sua invasão pelo sistema radicular, causando escurecimento dos vasos
condutores de seiva no interior da haste. Plantas jovens, quando infectadas, têm seu crescimento
reduzido. Em sua fase inicial, observam-se a murcha parcial das plantas nas horas mais quentes
do dia e sua recuperação ao final da tarde. Geralmente, a murcha ocorre a partir da floração,
com as folhas tornando-se progressivamente amareladas e evolui para um processo irreversível
em seguida, com a desfolha da planta afetada. Quando a infecção é severa, a planta morre e, em
condições de alta umidade, desenvolvem-se sobre o caule estruturas de coloração rosada
constituídas de micélio e conídios do fungo (LOBO JUNIOR et al., 2014). O Anexo E, ilustra
os sintomas da doença.

4.3 Doenças causadas por bactérias

De modo semelhante aos fungos da parte aérea, o emprego de semente certificada e de


cultivares resistentes são os meios mais eficientes para o controle do crestamento-bacteriano-
comum e da murcha-de curtobacterium. Como o principal modo de sobrevivência das bactérias
causadoras dessas doenças, no campo, são os restos de cultura, a rotação de culturas é medida
eficiente no seu controle (BARBOSA & GONZAGA, 2012).

Crestamento bacteriano-comum (Xanthomonas phaseoli pv. phaseoli e Xanthomonas citri


pv. fuscans)

É considerada a principal doença bacteriana da cultura no Brasil. A doença ocorre em


quase todas as regiões produtoras de feijão do país, tendo maior importância nos estados do
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Paraná e Rio de Janeiro, zona da mata de Minas Gerais e região central do Brasil (DIAZ et al.,
2001). O desenvolvimento da doença é favorecido por altas temperaturas e disponibilidade
hídrica. Os danos na produção ocorrem em virtude da ampla disseminação da bactéria e do
difícil controle, podendo ocorrer reduções que variam de 10% a 70%, além da redução da
eficiência fotossintética das plantas doentes é a causa principal dos danos causados pela doença
(WENDLAND et al., 2018).
A disseminação via insetos vetores como: Mosca Branca (Bemisia tabaci), Cigarrinha-
verde (Empoasca sp.) e Fede-fede (Nezara viridula), também ocorrendo sua disseminação por
chuvas com vento, restos de culturas, circulação de pessoas e máquinas na área de cultivo nas
primeiras horas do dia, quando as plantas ainda estão molhadas por orvalho. O patógeno pode
sobreviver, de um ano para outro, nos restos de cultura de forma hipobiótica e em hospedeiros
alternativos, de forma epifítica (SARTORATO et al., 1996).
Os sintomas aparecem em todos as partes aéreas da planta. Nas folhas apresentam
pequenas manchas aquosas, que com o passar do tempo se tornam marrons com aspecto de
queimadura ou crestamento. Em ataques severos ocorre a perda da folha. Nos caules, os
sintomas se apresentam com manchas ou estrias úmidas que evoluem gradualmente de
tamanho, podendo ocorrer rachaduras sobre estas lesões com exudação bacteriana. Já nas
vagens infectadas, apresentam manchas encharcadas que aumentam de tamanho gradualmente,
formando lesões irregulares cobertas por exudado bacteriano. Quando a infecção ocorre durante
a formação das vagens e das sementes, as sementes infectadas apodrecem ou enrugam-se
(WENDLAND et al., 2014). O Anexo F, ilustra os sintomas do Crestamento bacteriano-
comum.

Murcha de Curtobacterium (Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens)

Segundo Saettler (1991 apud MARTINS, 2012) o patógeno é favorecido em


temperaturas acima de 32°C, principalmente se ocorrer alternâncias entre alta umidade e baixa.
Segundo Miranda Filho (2006), no solo a bactéria é capaz de se manter viável e infectar plantas
por dez meses.
Sua principal forma de disseminação é por sementes contaminadas, não é disseminada
pela água da chuva, pois sua localização é interna na planta, porém após uma chuva de granizo,
sua disseminação é facilitada pelos ferimentos (MARTINS, 2012). O principal inseto vetor da
doença são os pulgões.
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Os sintomas são reflexos da colonização no xilema das plantas, provocando uma


obstrução do fluxo de água e nutrientes pelas células bacterianas. O murchamento das plantas,
principalmente dos folíolos, se acentua em dias quentes e secos. Os sintomas de flacidez,
queima e encarquilhamento do bordo foliar, escurecimento vascular, nanismo e enfezamento
da planta também estão associados à murcha e consequente morte das plantas. Nas sementes, o
sintoma característico é o enrugamento e a descoloração do tegumento (WENDLAND et al.,
2018). O Anexo G, ilustra os sintomas de Murcha de Curtobacterium.

4.4 Doenças causadas por vírus

As plantas podem apresentar o mosaico-necrótico, um tipo de hipersensibilidade,


controlada geneticamente. Nesse caso, o vírus não é transmissível pela semente. O mosaico-
dourado é uma das doenças mais graves do feijoeiro e não é transmitido pela semente. A
incorporação de resistência ao vírus em cultivares de feijoeiro vem sendo estudada pelos
métodos convencionais e por transgenia (BARBOSA & GONZAGA, 2012).

Mosaico-dourado (Bean golden mosaic virus)

A doença afeta as principais regiões produtoras de feijão do Brasil e os danos causados


são proporcionais à incidência e à época da infecção dentro do ciclo da planta. Sendo capaz de
provocar perdas econômicas que variam de 30% a 100%, dependendo da cultivar, estádio da
planta, população do vetor, presença de hospedeiros alternativos e condições ambientais
(FARIA et al., 1996).
A disseminação do vírus pode ocorrer através da mosca branca (Aleyrodidae) e as
cigarrinhas (Cicadellidae e Auchenorrhynca) que são as principais formas de propagação do
vírus, mas também pode ocorrer via sementes contaminadas ou contato manual.
Segundo Wendland et al. (2018) os sintomas da doença iniciam nas primeiras folhas
trifolioladas, quando a presença do vetor ocorre precocemente, ou cerca de 14 dias após a
germinação, induzindo ao amarelecimento foliar intenso característico, com manchas douradas
inequívocas seguindo as áreas entre as nervuras. Os folíolos das primeiras folhas trifolioladas
frequentemente aparecem curvados para baixo ou encarquilhados, ocorrendo clareamento e/ou
clorose das nervuras. À medida que a planta se desenvolve, o sintoma pode cobrir toda a folha,
com intensidade variável, de acordo com a cultivar, desenvolvendo o sintoma de mosaico. Pode
haver deformações foliares variadas, encarquilhamento, nanismo, superbrotamento e
retardamento de senescência. O Anexo H, ilustra os sintomas do Mosaico-dourado.
19

A sintomatologia não é parâmetro suficiente para identificar a doença, porque os


sintomas dependem da época de infecção da planta, do hospedeiro (cultivar), de fatores
ambientais, como altas temperaturas e pouca chuva, que favorecem o aparecimento do vetor e
da ocorrência de infecção viral (MELO, 2010).

Mosaico comum necrótico (Bean common mosaic virus - BCMV e Bean common mosaic
necrosis virus - BCMNV)

Trata-se de uma doença de distribuição mundial. Segundo Hampton (1975) 50% e 64%
de redução no número de vagens por planta e decréscimos correspondentes de 53% e 68% do
rendimento, respectivamente, para feijoeiros com sintomas moderados e severos da virose. O
vírus possui uma grande gama de hospedeiros facilitando sua disseminação (FARIA et al.,
1994).
A transmissão do vírus pode correr por mecanicamente, através do pólen (não
significativa, pois a polinização cruzada do feijoeiro é baixa), por sementes de plantas
infectadas e por insetos vetores devido à disseminação (FARIA et al., 1994). Onde sementes
infectadas são a principal fonte de inóculo inicial. Após a propagação entre plantas em
condições de campo, é feita principalmente por afídeos tais como Aphis gossypii (Glover), A.
rumcis L., A. fabae Sco., A. medicaginis Koch, Myzus persicae (Sulzer), Macrosiphum
solanifolii (Ashmead), M. pisi (Kalt.) e M. ambrosiae (Thomas) (ZETTLER & WILKINSON,
1966). A aquisição pelo inseto ocorre poucos segundos após o início da alimentação. A
capacidade de transmissão é geralmente perdida após a primeira alimentação ou pode durar por
até 60 minutos (FARIA, 1994).
Os sintomas da doença segundo Wendland et al. (2018), as folhas trifolioladas,
apresentam áreas verde-claras com áreas verde-escuras ao longo das nervuras, esse é o sintoma
característico nas cultivares suscetíveis; outros sintomas incluem o enrolamento das folhas e a
formação de ápices voltados para baixo, e também a formação de bolhas e o encrespamento. Já
nas vagens, principalmente as provenientes de plantas originadas de sementes doentes, são de
tamanho reduzido, com menor número de sementes. As lesões locais podem se desenvolver em
cultivares com reações de resistência ou de suscetibilidade. Em geral, têm tamanho e
frequências variáveis, dependendo da estirpe do vírus e da temperatura. O sintoma de necrose
sistêmica consiste da morte rápida dos tecidos vasculares, do ápice para a base da planta, que é
uma reação de hipersensibilidade ao vírus. O Anexo I, ilustra os sintomas de Mosaico comum
necrótico.
20

4.5 Doenças causadas por nematóides

Das três espécies tidas como principais nematoides do feijoeiro, duas são de nematoides
formadores de galhas, Meloidogyne incognita e M. javanica, enquanto a outra espécie causa
lesões radiculares, Pratylenchus brachyurus, esta última de ocorrência mais comum no Brasil.
O nematoide das lesões sempre foi considerado parasitas de importância secundária para a
cultura do feijão. Entretanto, informações técnicas para o cultivo do feijoeiro-comum na região
central-brasileira, recentes apontam que está amplamente disseminado nas regiões tropicais,
principalmente no Brasil, em várias culturas de importância econômica, como soja e milho
(BARBOSA & GONZAGA, 2012).

Nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.)

O gênero Meloidogyne, é considerado como um dos principais limitantes da


produtividade agrícola. Isso decorre da grande capacidade de adaptação fitoparasitas, em razão
de possuírem uma elevada gama de hospedeiros (LORDELLO, 1992). Dentro do gênero as
principais espécies que atacam o feijoeiro-comum são: Meloidogyne javanica e Meloidogyne
incognita, essas estão disseminadas pelo país.
Os parasitas são favorecidos em épocas de plantio com temperatura mais elevada. Solos
arenosos, mal drenados, compactados e com baixo teor de matéria orgânica favorecem a sua
proliferação (WENDLAND et al., 2018).
Os sintomas, segundo Dias (2020), podem também ser observados na parte aérea das
plantas. Plantas severamente afetadas apresentam sintomas de murcha, uma vez que as raízes
com galhas apresentam limitada capacidade de absorção, transporte de água e nutrientes para o
resto da planta. As plantas também podem exibir sintomas de deficiência nutricional por causa
da reduzida capacidade de absorver e transportar nutrientes a partir da solução do solo, assim
como, nanismo e queda de produção (MITKOWSKI, 2003). Já no sistema radicular, ocorre
uma má formação com o engrossamento ou a dilatação das raízes, formando as galhas, que são
os sintomas mais conhecidos da doença. As galhas podem ser diferenciadas dos nódulos de
rizóbio por serem facilmente destacáveis das raízes, com as quais se ligam apenas lateralmente
(WENDLAND et al., 2018). O Anexo J, ilustra os sintomas de Nematoide-das-galhas.
21

Nematoide-das-lesões (Pratylenchus brachyurus spp.)

Por ser polifago, possui uma gama de hospedeiro, sendo mais primitivo quando
comparado a outros gêneros de fitonematóides, dificultando a rotação de culturas e o
melhoramento genético (CASTILLO & VOVLAS, 2007). São endoparasitas migradores, com
ciclo rápido, geralmente ocorre várias gerações em uma única safra sua infestação é facilitada
em em solos arenosos, com temperaturas acima de 25 ºC, umidade acima de 70% a 80% da
capacidade de campo, além de excesso de adubações nitrogenadas (GOULART, 2008).
Segundo WENDLAND et al. (2018), os sintomas apresentados são causados por
ferimentos que tipicamente originam lesões escuras sobre as raízes, apesar desse escurecimento
nem sempre ser evidente. O nematoide entra e sai várias vezes das raízes atacadas, causando a
destruição de parte do sistema radicular, levando à menor eficiência do uso de nutrientes e ao
subdesenvolvimento e estande irregular das plantas afetadas. O Anexo K, ilustra os sintomas
de Nematoide-das-lesões.

4.6 Controle das principais doenças do feijoeiro


Um dos grandes desafios da agricultura é o controle de doenças. O produtor dispõe de
vários métodos de controle, o uso de cultivares resistentes, práticas culturais e controle
biológico. Porém, a utilização isolada desses métodos de controle, não é capaz de atenuar as
doenças encontradas no feijoeiro, restando ao agricultor à utilização de produtos químicos.

Figura 7- Métodos de controle de doenças no feijoeiro.


22

Fonte: BARBOSA & GONZAGA, 2012.


23

5. CUSTO E PRODUTOS UTILIZADOS NO COMBATE DE DOENÇAS NO


FEIJOEIRO

Adotando como base para os seguintes cálculos e estimativas a produtividade estimada


no ITEM B, de 52 sacas por hectare e o valor médio pago ao feijão tipo 1 no mês de março, R$
239,27 por saca, temos as seguintes Tabelas 2 e 3 abaixo.

Tabela 2- Químicos utilizados no combate a doenças do feijão e seus respectivos custos.

Fungicida Un. Quantidade R$/Un. R$/ha

Caramba L 1 100,57 R$ 100,57

Dacobre Kg 1,5 59,16 R$ 88,74

Comet L 0,3 148,9 R$ 44,67

Cercobin 700 (2x) L 1 64,09 R$ 128,18

Mertin 400 L 0,8 187,34 R$ 149,87

Custo homem/ha R$ 2,72

Custo máquina/ha R$ 8,12

TOTAL R$ 522,88

Fonte: Adaptado de Senar – Go.


24

Tabela 3- Receita, Custo e Renda Bruta estimada na produção do feijão carioca e a proporção
do custo de controle sobre tais indicadores.

Representação custo
Indicador Fungicida sobre:

CUSTO TOTAL (CT) R$ 7.047,31

Fung./CT 7%

RECEITA BRUTA (RB) R$ 12.442,04

Fung./RB 4%

RENDA BRUTA TOTAL R$ 5.394,73

Fonte: Adaptado de Senar – Go.

Salienta-se que, para a elaboração de tais balanços econômicos de uma lavoura de feijão,
foi considerado que todo o feijão produzido, é de excelente qualidade, que não houve
necessidade de armazenamento em câmara fria e um clima foi favorável à cultura.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, ressalta-se a importância do entendimento e uso das diversas medidas de controle,
culturais, físicas e biológicas, além do controle químico, para diminuir a incidência de doenças.
Desta forma, o produtor não depende somente de um único tipo de controle, o químico, que
apesar de necessário, encarece os custos com o plantio da cultura. O descuido ou negligência
com os cuidados necessários para garantir o controle preventivo de doenças pode acarretar em
custos elevados à produção e à qualidade do feijão, que refletem na redução do lucro para o
agricultor. Desta forma, a adequação dos manejos preventivos na lavoura, em detrimento do
uso de manejos apenas corretivos, garantem melhores resultados no controle da disseminação
e severidade de doenças.
Neste contexto, a pesquisa científica voltada para o desenvolvimento de produtos e
manejos efetivos no controle de doenças, bem como a efetividade do serviço da assistência
prestada aos agricultores, são ferramentas importantes para a garantia de boas produções de
feijão no Brasil e no mundo, contribuindo para a segurança alimentar.
25

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30

ANEXOS

Anexo A: Sintomas de Antracnose na cultura do Feijoeiro-Comum (EMBRAPA, 2018).

Anexo B - Sintomas de ferrugem nas partes superior e inferior das folhas de feijoeiro-comum
(EMBRAPA, 2018).

Anexo C - Sintomas de mancha-angular nas folhas e vagens de feijoeiro-comum (EMBRAPA,


2018).

Anexo D – Sintomas de Mofo-branco em feijoeiro-comum (EMBRAPA, 2018).


31

Anexo E – Sintomas de Murcha de Fusarium em feijoeiro-comum (EMBRAPA, 2018).

Anexo F - Sintomas de crestamento-bacteriano-comum nas plantas, folhas e vagens de


feijoeiro-comum (EMBRAPA, 2018).

Anexo G - Sintomas de Murcha de Curtobacterium nas plantas, folhas e sementes de


feijoeiro-comum (EMBRAPA, 2018).

Anexo H - Mosca-branca transmissora do vírus do mosaico-dourado do feijoeiro-comum.


Sintomas nas folhas e nas plantas (EMBRAPA, 2018).
32

Anexo I - Sintomas de mosaico-comum nas folhas, vagens e plantas de feijoeiro-comum


(EMBRAPA, 2018).

Fonte: Embrapa publicação:Manual de Identificação das Principais Doenças do Feijoeiro-


Comum.

Anexo J - Sintomas de nematóide das galhas em raízes de feijoeiro-comum (EMBRAPA,


2018).

Anexo K - Sintomas de nematoide das lesões em raízes de feijoeiro-comum (EMBRAPA,


2018).

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