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DESSECAÇÃO PRÉ-PLANTIO DA CULTURA DA SOJA

1 INTRODUÇÃO

A soja é a principal cultura agrícola do país, sem falar na importância


econômica para a balança comercial brasileira (POPOV, 2019). A expectativa é
que a produção atinja 140,75 milhões de toneladas, o que mantém o país como
o maior produtor mundial do grão (CONAB 2021).
A produção de soja vive um bom momento se comparado aos outros
ramos do agronegócio brasileiro, sendo o Brasil ocupando o segundo lugar
na produção mundial, ficando somente atrás dos Estados Unidos. No Brasil,
a soja ocupa a maior parte das lavouras destinadas a agricultura. A cultura
está dando bom retorno financeiro ao produtor e, um dos fatores, são as
boas condições climáticas dos últimos anos, e outros são os investimentos
em práticas agrícolas e tecnológicas, que também estão contribuindo para
colheitas recordes (CONAB, 2017).
O estágio possibilita ao aluno uma visão da realidade e a construção de
proposições de intervenção sobre ela. Este movimento que compreende a
apreensão do real e a busca de caminhos de superação e transformação,
integra o estágio às atividades de pesquisa e de extensão, tendo como
condição necessária a articulação com os conhecimentos e aptidões
desenvolvidas no processo formativo (SILVA, 2005).
O objetivo do estágio foi acompanhar o serviço de assistência técnica
da Fazenda Amizade, na cultura da soja, evidenciando a dessecação pré-
plantio. Desse modo, para o acadêmico, o estágio proporciona maior
conhecimento e prepara o mesmo para a inclusão no mercado de trabalho,
mediante da aprendizagem apropriada e seguida de profissional qualificado
e um supervisor pedagógico, ambos esses contribuem para que o estagiário
adquiria conhecimento e também papel como profissional qualificado.
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REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CULTURA DA SOJA

A produção de soja na safra 2020/21 atingiu 136 milhões de


toneladas, com um acréscimo de 8,9% em relação à safra passada. Se
falando em área de plantio, também houve aumento, 4,3% quando
comparado a safra anterior, atingindo cerca de 38,5 milhões de hectares com
uma produtividade de 3.527 kg/ha, 4,4% a mais que o exercício anterior
(CONAB, 2021).
Falando em região, no Sul também houve um incremento na área
plantada, 2,4% em relação ao exercício anterior, chegando a 12.375,3 mil
hectares, batendo o recorde regional. A região apresentou também, recorde na
produção que foi de 43.031,5 mil toneladas de soja, 21,9% a mais que safra
passada (CONAB, 2021).
O clima é o fator mais limitante na produtividade da soja. Estresses
abióticos como seca, chuvas fortes, temperaturas muito altas ou baixas, pouca
luz, etc., pode reduzir muito os rendimentos e limitar as latitudes e solos em
que espécies comercialmente importantes podem ser cultivadas. (EMBRAPA,
2018).
A época de semeadura pode causar baixo rendimento na cultura soja,
pelo fato de apresentar sensibilidade ao fotoperíodo. Entretanto, muitos
produtores não plantam a cultura na época ideal, fazendo com que a soja não
atinja seu potencial máximo.  As causas principais para que os agricultores não
consigam plantar na data ideal são o mau dimensionamento das máquinas
agrícolas, os atrasos nas chuvas, o desconhecimento da resposta das
cultivares à época de plantio e o atraso na aquisição de insumos (NETO,
2010).
Durante a germinação tanto o excesso quanto a falta de água são
prejudiciais, pois, para uma boa germinação a semente necessita absorver
50% do seu peso em água, para isso o solo não deve conter acima de 85%
nem abaixo de 50% da sua capacidade de retenção de água (SILVA, 2011).
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A escassez de água é um dos maiores desafios da produção de


alimentos. A frequência de eventos de seca tem aumentado nos últimos anos,
possivelmente relacionada às mudanças climáticas devido ao aquecimento
global (SCHIERMEIER, 2006).
As perdas por estresses abióticos, como a seca, representam em média
mais de 50% das perdas globais, enquanto as perdas por estresses bióticos
reduzem a produtividade das culturas em média de 10 a 20% (BRAY, 2004).
Os principais nutrientes que a soja necessita são nitrogênio, fósforo e
potássio. Os nutrientes desempenham funções estruturais e metabólicas nas
plantas. Sua disponibilidade correlaciona-se ao rendimento de grãos. As
desordens nutricionais ocasionam redução de produtividade e estão
associadas a sintomas característicos da falta de cada nutriente (CARMELLO,
2006).

2.2 PLANTAS DANINHAS, PRAGAS E DOENÇAS

As plantas daninhas competem com a soja por vários recursos (luz,


água, nutrientes, espaço). Essa competição é importante, principalmente nos
estágios iniciais de desenvolvimento, pois podem ocorrer perdas de
produtividade, que podem ultrapassar 80% ou ser atingidas em casos
extremos, inviabilizando a colheita (VARGAS e ROMAN, 2006).
O controle de ervas daninhas envolve suprimir ou reduzir as populações
de ervas daninhas em cada área para níveis aceitáveis. O controle da soja é
realizado por mais de um método, são eles: preventivo, cultural, mecânico,
químico e biológico (VARGAS; PEIXOTO; ROMAN, 2006).
Além de reduzir a produtividade, as plantas invasoras podem causar
outros problemas, como redução da qualidade dos grãos, maturidade desigual
e hospedeiros de pragas e doenças (VARGAS; PEIXOTO; ROMAN, 2006).

2.2.1 Plantas Daninhas


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As plantas daninhas geram competição com a cultura da soja por vários


recursos (luz, agua, nutriente, espaço). Essa competição é importante, sendo
principalmente em estádios inicias de desenvolvimento, devido a possíveis
perdas geradas na produtividade, podendo ser superiores a 80% ou chegando
em casos extremos, inviabilizando a colheita (VARGAS E ROMAN, 2006).
O controle de plantas daninhas consiste em suprimir ou reduzir o
número de plantas daninhas por área até níveis aceitáveis. O controle na soja
se dá por mais de um método, que são: preventivo, cultural, mecânico, químico
e biológico (VARGAS; PEIXOTO; ROMAN, 2006).
Além de reduzir a produtividade, as plantas invasoras causam outros
problemas como a redução da qualidade dos grãos, desuniformidade na
maturação e servir de hospedeiro para pragas e doenças (VARGAS;
PEIXOTO; ROMAN, 2006).

2.2.2 Pragas

O percevejo-marrom (Euschistus heros) é uma das principais pragas da


soja, com elevada capacidade para causar danos, pois ataca as hastes da
soja, porém os principais danos relacionados a essa praga está relacionado
quando esse ataca as vagens em formação, levando a formação de grãos
chochos, sendo necessário o produtor ficar atento a sua lavoura, pois essa
praga possui resistência a vários inseticidas. (PAZOLINI, 2020).
O complexo de desfolhadoras da cultura da soja a Lagarta helicoverpa
(Helicoverpa armigera), Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), Lagarta-
docartucho (Spodoptera frugiperda), embora apresentam hábitos diferentes de
ataques, essas danificam a planta, ao se alimentarem preferencialmente de
folhas, hastes e vagens (PAZOLINI, 2020).

2.2.3 Doenças
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Gravina (2017) elenca a Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) como


uma das principais doenças da cultura, sendo essa doença causada por
fungos, podendo aparecer em qualquer estágio de desenvolvimento da planta,
onde apresenta minúsculos pontos mais escuros do que o tecido sadio da
folha. A ferrugem pode ocasionar perdas significativas de produtividade e para
controlar, 18 deve-se aplicar fungicida para a prevenção ou assim que surgirem
os primeiros sintomas.
A antracnose (Colletotrichum truncatum) é uma doença que pode causar
morte de plântulas, necrose dos pecíolos e manchas nas folhas, hastes e
vagens. Os principais sintomas apresentados ocorrem em pecíolos e ramos
tenros das partes sombreadas e em vagens em início de formação, essas
vagens infectadas nos estádios R3-R4 adquirem uma coloração castanho-
escura a negra e ficam retorcidas. As medidas de controle recomendadas são
o uso de sementes livres de patógeno, manejo adequado do solo, rotação de
cultura e principalmente o tratamento de sementes (AGROLINK, 2020).
Mancha alvo (Corynespora cassiicola) é mais uma doença causada por
fungo que atinge a cultura da soja. As lesões iniciam com pontos pardos e
círculos amarelados em volta, e evoluem para grandes manchas escuras, de
até 2 cm de diâmetro. Podendo provocar uma severa desfolha e infectar
também as raízes da planta. Esse fungo consegue sobreviver em restos de
cultura e sementes infectadas, a alta umidade favorece a proliferação da
mancha alvo. No manejo de controle recomendado é o uso de fungicidas, o
tratamento de sementes, a rotação de culturas com milho e gramíneas
(GRAVINA, 2017).

2.3 MANEJO E TRATOS CULTURAIS

Os tratos culturais iniciam-se na dessecação das plantas daninhas que


são um dos principais problemas que afetam a produção da soja. Para o seu
manejo é indispensável que agricultores e técnicos façam um plano de ação
que considere as distintas alternativas de controle e épocas de aplicação, com
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a integração de métodos como o combate químico e cultural (FORNAROLLI et


al, 2018).
O controle químico é utilizado na cultura da soja, tanto para o controle das
plantas daninhas, como também no controle de pragas e doenças que
acometem a soja, esse produto tem como finalidade baixar a população das
pragas que ocasionam danos à cultura e também diminuir o índice de doenças
que a mesma transmite, sendo que diversos fatores podem influenciar na
eficiência dos produtos no controle das pragas, destacando-se: a correta
identificação da praga, o uso 19 correto da dosagem recomendada pelo
fabricante, escolha e manutenção adequada dos equipamentos usados nas
pulverizações, condições atmosféricas naquele momento da aplicação e
populações de insetos resistentes aos inseticidas (GIANLUPPI et al., 2009).

2.4 DESSECAÇÃO PRÉ-PLANTIO

A dessecação antecipada ou pré-plantio da soja é considerado o mais


importante na produção de grãos, pois ocorre durante o período de entressafra,
onde se pode utilizar um número maior de ferramentas, como herbicidas com
variados mecanismos de ação, além de também poder ser utilizado técnicas de
controle cultural ou mecânicos. É de extrema importância que o plantio da soja
seja realizado na área livre de plantas daninhas, pois a cultura tolera a
competição com estas pragas por um curto período de tempo (PLACIDO,
2019).
A dessecação antecipada ou pré-plantio é uma prática que consiste na
eliminação de toda a vegetação existente em uma área antes da realização da
semeadura de uma determinada cultura, incluindo plantas daninhas e restos de
outras culturas antecessoras. Essas plantas prejudicam a lavoura de interesse
competindo por água, luz e nutrientes do solo durante todo o ciclo da cultura,
além de poderem hospedar pragas que sobrevivem no período de entressafra.
A dessecação é feita pela aplicação de um ou mais herbicidas
aproximadamente 30 dias antes do plantio (CHRISTOFFOLETI, 2019).
Entretanto, não se existe uma receita pronta para dessecação, é preciso
que se elabore o modo mais correto para cada área de manejo, pois cada área
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pode apresentar diferentes plantas daninhas, que exigem diferentes produtos


para se fazer o controle ideal. Basicamente existem duas grandes etapas no
uso de herbicidas, a primeira envolve o manejo antecedendo o plantio da soja,
e a segunda geralmente é feita pós-emergência da cultura, visando corrigir
possíveis problemas com rebrotes ou novas plantas daninhas emergidas por
conta da semeadura (CONSTANTIN; OLIVEIRA JÚNIOR; CONTIERO, 2009).
O uso continuo de mesmos mecanismos de ação dos herbicidas sem
adoção de práticas para prevenir a resistência tem refletido no surgimento e
multiplicação de plantas resistentes a herbicidas, como é o caso do capim-
amargoso (PORTAL SYNGENTA, 2018) e também da Buva (Conysa spp.) que
já apresenta resistência a múltiplos mecanismos de ação, apresentando
resistência a produtos como paraquat, glyphosate e Chlorimuron (ALBRECHT,
2019).

2.5 PLANTIO DA SOJA

O sucesso de uma lavoura está diretamente ligado ao plantio, pois está


etapa é a que determinará o início de todo um ciclo produtivo da cultura, bem
como também irá interferir na sua produtividade (FOLHA AGRÍCOLA, 2019).
O plantio pode ser realizado na forma convencional com uso de arado e
grade ou de forma direta. O sistema de plantio direto é utilizado no Brasil desde
a década de 1970, envolvendo técnicas a fim de se aumentar a produtividade e
conservar o ambiente de cultivo (BOAS PRÁTICAS AGRONÔMICAS, 2019).
A semeadura em plantio direto consiste em, realizar o corte dos restos
culturais remanescentes sobre o solo, fazer a abertura do sulco de fertilizantes
e sua distribuição, abertura do sulco de semente e distribuição desta,
compactação e fechamento dos sulcos (ROSA, 2019).
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3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O estágio foi realizado para acompanhar a dessecação pré-plantio da


soja. Dessecação pré-plantio é importante para fazer a “limpeza” da área,
eliminando as plantas daninhas antes de realizar o plantio de uma nova cultura,
para não ter ou diminuir a competição de nutrientes e de água.
A dessecação foi realizada em 15 alqueires, de forma sequencial, para
ter um melhor resultado. Foram utilizadas as seguintes doses:
1ª aplicação: - Paxeo (herbicida sistêmico) 132 g alq -1;
- Roundup WG (herbicida) 3,3 kg alq -1
e
- Óleo vegetal 2,3 l alq -1.
2ª aplicação: - Glufosinato (herbicida não seletivo) 5 l alq -1 e
- Óleo vegetal 1,3 l alq-1.
Na Figura 2 e 3, podem ser observadas a área cheia de plantas
daninhas.

Figura 2 – Área antes das aplicações.

Fonte:
Autor (2022).
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Após as aplicações, os resultados foram satisfatórios e, na figura 4 pode


ser observado o resultado.

Figura 4 – Área após as aplicações

.
Fonte: Autor (2022).
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4 CONCLUSÕES

Conclui-se que o estágio foi muito bem aproveitado, podendo


acompanhar de perto como é feita a dessecação antes do plantio da soja e
todos os cuidados necessários para ser realizado da melhor forma possível, e,
assim, foi possível trazer o estudante mais perto da realidade que é essa
profissão de agrônomo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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https://www.noticiasagricolas.com.br/videos/agronegocio/237907-resistencia-
multipla-da-buva-chega-ao-24-d-estudos-em-andamento-tentam-entender-o-
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Confederação da agricultura e pecuária do brasil – cna. PIB e performance


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antecipado é estratégia para inibir plantas daninhas. Dessecação. Visão
Agricola. N° 9. 2009. Pág. 119-120.

DEGRANDE.P.E; VIVIAN, L.M. Pragas da soja. Tecnologia e Produção: Soja


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soja, milho e algodão. 2018. Disponível em:
<https://www.grupocultivar.com.br/artigos/controle-de-plantas-daninhas-em-
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GIANLUPPI, V. et al. Cultivo de soja no cerrado de Roraima. Sistema de


Produção, Boa Vista: Embrapa Roraima, 2009. Disponível em:
13

<http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1120127> Acesso
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