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Revisão Bibliográfica

A soja é uma planta anual, herbácea, ereta, com 60 cm a 90 cm de altura.


Apresenta caule ramificado, esverdeado e piloso, as folhas são alternadas,
compostas, trifoliadas, pecioladas, estipuladas, com os folíolos bem desenvolvidos,
sendo considerada uma planta de dias curtos (CASTRO e KLUGE, 1999).
No ano de 2015 a soja aumentou ainda mais sua participação nos números da
safra, podendo chegar a 102,8 milhões de toneladas e acréscimo estimado entre 4,9
milhões a 6,6 milhões de toneladas em comparação com a safra anterior, quando
produziu 96,2 milhões de toneladas. (NEGOCIOS DA TERRA, 2015).
A soja é uma cultura que apresenta grande demanda de nutrientes,
especialmente de nitrogênio, sendo este predominantemente obtido através da
fixação biológica de nitrogênio (FBN). O processo é realizado principalmente por
bactérias, as quais fornecem eficientemente N para a planta (HUNGRIA et al.,
2005).
A soja absorve Nitrogênio (N) quando em simbiose com o Rhizobium
japonicum, o que permite de forma econômica a produção de proteínas em grande
escala, sem o uso de adubo nitrogenado de alto custo e potencialmente poluidor. A
simbiose é capaz de suprir de 40 a 70% das necessidades de nitrogênio da soja,
sendo o restante proveniente do solo. As estimativas da quantidade de nitrogênio
fixada variam amplamente, mas, de uma comparação com sojas não nodulantes,
160 Kg de nitrogênio por hectare poderiam ser fixados por plantas produzindo 2.800
Kg de sementes por hectare (CASTRO e KLUGE, 1999).
O processo de fixação biológica do nitrogênio na cultura da soja é uma
prática altamente sustentável do ponto de vista ambiental e econômico. As bactérias
prestam um importante serviço ambiental, pois fixam o nitrogênio da atmosfera,
disponibilizando o mesmo para as plantas e assim dispensando a aplicação de
fertilizantes nitrogenados na soja a tecnologia. (NEGOCIOS DA TERRA, 2013.)
O nitrogênio é um elemento químico presente abundantemente, em sua
forma mais estável, na atmosfera. A estabilidade do gás N é devido à presença de
uma ligação tríplice, entre as duas moléculas de N. infelizmente, a maioria dos
organismos, animais e vegetais, não consegue incorporar essa forma de nitrogênio
a esqueletos de carbono, é necessário que essa ligação tríplice seja rompida e o N
esteja na forma de íons amônio. Algumas espécies de bactérias como o Rhizobium
e o Azospirillum, são capazes de realizar essa reação de redução do N2 a NH4.
Isso é possível porque esses microrganismos possuem a enzima nitrogenase,
caracterizada como um complexo enzimático, responsável pela queda da ligação
tríplice usando energia celular na forma de adenosina trifosfato (ATP) (AQUINO e
LINHARES, 2005).
As bactérias fixadoras de nitrogênio Rhizobium formam relações simbióticas
com leguminosas. Quando células bacterianas entram em contato com um pêlo
radicular, elas reduzem para formar um fio de infecção. As bactérias descem até o
tecido da raiz, penetrando as células, onde se multiplicam, formando um nódulo. No
nódulo, as bactérias se diferenciam em bacteróides e dedicam energia metabólica à
fixação de nitrogênio (INGRAHAN e INGRAHAN, 2010).
Dentre as práticas culturais que afetam a taxa de germinação e vigor das
plântulas, a inoculação com bactérias diazotróficas como Azospirillum brasilense
tem se mostrado uma alternativa viável, devido ao baixo custo e a conservação do
ambiente.
Bactérias diazotróficas são microrganismos que realizam a conversão
enzimática do nitrogênio gasoso em amônia. Além FBN, alguns desses
microrganismos também produzem substâncias promotoras de crescimento de
plantas, sendo estas denominadas rizobactérias promotoras de crescimento (RBPC)
(BERGAMASCHI et al., 2006).
Dentre as rizobactérias promotoras de crescimento de plantas encontradas
em associação com cereais e gramíneas de interesse agrícola, as espécies de
Azospirillum tem sido as mais relatadas e estudadas em pesquisas científicas (REIS
JUNIOR et al., 2008).
A Fixação biológica do Nitrogênio (FBN) é recomendada para todas as áreas
cultivadas com soja no Brasil e resulta em uma economia anual de mais de 14
bilhões de reais por safra para os agricultores brasileiros ao dispensar o fertilizante
nitrogenado na adubação da soja. Além da economia com adubos nitrogenados, a
tecnologia também facilita o seqüestro de carbono e contribui para minimizar
problemas ambientais associados aos fertilizantes nitrogenados, como a poluição de
rios, lagos e lençóis freáticos e os gases de efeito estufa (NEGÓCIOS DA TERRA,
2013).
Várias tecnologias têm sido testadas objetivando maior economia ou aumento
na eficiência da utilização de nitrogênio mineral. No Brasil, a inoculação de
sementes de soja com bactérias já se tornou uma prática consagrada entre os
produtores.
A inoculação de bactérias em sementes de soja proporciona considerável
redução no custo de produção da cultura pela eliminação da necessidade de
adubação nitrogenada, evitando, também, efeitos negativos ao meio ambiente, tais
como lixiviação de formas nitrogenadas, poluindo rios e lagos, além de afetar a
camada de ozônio (DEPOLLI e FRANCO, 1986; CAMPO e HUNGRIA, 1999;
EMBRAPA, 2000).
Estas bacterias FBN, alem de aturem na fixação de nitrogenio, aspecto de
suma importancia, talvez também pode atuar como controlador biológico de
algumas doenças e pragas, como os nematóides Pratylenchus brachyurus, que de
acordo com Ribeiro (2008) e Inomoto (2010), esta praga é capaz de infectar raizes
de milho e soja, limitando a produtividade das mesmas, Costa e Ferraz (1989), já
aviam relatado esta capacidade de se reprozir nas raizes de todos os genótipos de
soja.
Os nematóides constituem o grupo de pluricelulares mais abundantes no
planeta (KIMPINSKI & STURZ, 2003). Os mesmos são classificados segundo seu
hábito nutricional, onde entre os grandes grupos de nematóides, encontra-se os
fitonematóides, ou tambem chamados de nematóides parasitas de plantas que
causam perdas econômicas significativas em varias culturas. Estes organismos
alimentam-se e reproduzem-se em plantas vivas, podendo ocorrer a migração para
regiões rizosféricas, acarretando na entrada nas raízes, ou na parte aérea. Sasser e
Freckman (1987), já tinham estimado perdas mundiais causadas por nematóides,
variando entre 8 e 20%, com um valor anual de 87 bilhões de dólares. Para Dong e
Hang (2006), para o manejo destes parasitas, é constante a utilização de controle
químico, uma vez que cada vez mais tem seu uso limitado, pois apresenta uma alta
toxicidade, risco de contaminação ambiental, alto custo, baixa disponibilidade em
países em desenvolvimento, ou até baixa eficácia de controle após repetidas
aplicações.
O parasitismo por este nematóide causou 10 a 25% de rendimento perdas na
soja sozinho, mas quando a infecção concomitante com outros nematóides
parasitas de plantas importantes ocorre, as perdas são maiores para a produção de
soja (Inomoto,2010), tornando imprescindível o controle do mesmo.
Como o controlo dos nematóides é complexo e requer uso de práticas
integradas. Nesse sentido, Siddiqui Mahmood (2001) e Siddiqui (2004), relataram
que alguns produtos que atuam como promotores de crescimento para plantas e
reguladores como o Azospirillum, têm sido objeto de investigação para induzir
resistência contra patógenos de plantas.
Bactérias não patogênicas habitantes da rizosfera das plantas apresentam
grande potencial na supressão de fitonematóides, através de mecanismos de
indução de resistência e da inibição da eclosão de ovos , da produção de
substâncias tóxicas ao redor das raízes e da alteração dos exsudatos radiculares
(Hasky-Günther et al., 1998), causando assim, perda na atratividade dos
nematoides pelas raízes (Becker et al., 1988).
Hasky Gunter et al. (1998) e Racke e Sikora (1992), constataram que a
bactéria Rhizobium, obtida da rizosfera de plantas de batata, induziu resistência em
plantas destaa cultura contra Globodera pallida e M. incognita e anulou a
penetração de G. pallida nas raízes em experimentos conduzidos em condições de
casa de vegetação e a campo.

referencias
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