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UC: HERBOLOGIA
1. Orobanche ramosa
1.1. Morfologia da planta e comportamento fitoparasita específico da
Orobanche ramosa
As Orobanche spp. são plantas que não apresentam folhas, mas exibem flores e,
segundo a classificação de Musselman (1982), são plantas parasitas obrigatórias,
de origem radicular e holoparasitas, ou seja, não contêm clorofila (Qasem & Foy,
2007). Uma vez sendo holoparasitas, as plantas do género Orobanche não são
capazes de absorver e sintetizar água e nutrientes e compostos orgânicos,
respetivamente. Por esta razão, as plantas parasitas desenvolvem um órgão
especializado – o haustório – que tem como função fazer a conexão entre a infestante
parasita e a planta hospedeira ao nível das raízes (Fernández-Aparicio et al., 2009,
2016)
Esta relação representa uma fonte adicional de nutrientes, tais como fósforo (P) e
azoto (N) (Hart et al., 2015; Hernández & Chailloux, 2004; Mujica Pérez, 2012; Siddiqui
et al., 2008), já que o micélio do fungos micorrízicos – as hifas – desenvolve-se no
volume de solo no qual as raízes da plantas não têm capacidade de se desenvolver
(Siddiqui et al., 2008). Desta, resulta num maior e melhor crescimento tanto da parte
aérea como da raíz (Baslam, Garmendia, et al., 2011; Baslam, Pascual, et al., 2011;
Copetta et al., 2006), melhor qualidade dos frutos (Giovannetti et al., 2012; Hart et al.,
2015), bem como maior número de plantas e de frutos por planta, o que gera um
aumento do rendimento das plantas (Hart et al., 2015). Para além destes benefícios,
outros são apontados por Siddiqui et al. (2008), dos quais se desatacam a maior
resistência a agentes patogénicos (pois a planta apresenta menos stress e, por isso,
maior capacidade de resposta ao ataque de agentes patogénicos).
Vários autores (Johnson, 1993; Kahiluoto et al., 2000; Valentine et al., 2001), apontam
para que o desempenho destes fungos seja maior quando o solo apresenta condições
de baixos teores (ou até mesmo de stress) de fósforo, pois nestas condições os FMA
(fungos micorrízicos arbusculares) exploram de forma mais eficaz o fósforo presente
e disponível no solo (Kahiluoto et al., 2000). De modo inverso, ou seja, quando o solo
apresenta elevados teores de fósforo, a relação simbiótica não é estabelecida ou é
enfraquecida. Verifica-se também que a contínua aplicação de fósforo ao solo pode,
não só, resultar na deterioração do funcionamento das MA (micorrizas arbusculares)
(Grant et al., 2005), como cumulativamente tender para o decréscimo das mesmas
comunidades (Bruce et al., 1994; Kahiluoto et al., 2000, 2001; Menge et al., 1978). Os
efeitos descritos podem manifestar-se na redução do rendimento da cultura (Kahiluoto
et al., 2001). Menge et al. (1978) afirma que, não só as elevadas concentrações de
fósforo no solo contribuem para a inibição da colonização das raízes das plantas por
fungos endomicorrízicos, mas também e essencialmente acompanhado por elevados
teores de fósforo nas plantas.
Nas condições em que o fósforo localizado nas raízes das plantas se apresente em
quantidades limitantes, a quantidade de exsudado liberto pelas raízes é maior,
potenciando este sinal (Grant et al., 2005; Kahiluoto et al., 2000). Assim, quando a
concentração de fósforo na raízes é baixa, ocorre maior libertação de exsudado
(Ratnayake et al., 1978; Schwab et al., 1991) que, com efeito, contém maiores teores
de metabolitos (Johnson, 1993) e em quantidades essenciais ao correto
desenvolvimento dos FMA (Johnson, 1993; Ratnayake et al., 1978) e penetração dos
mesmos às raízes das plantas (Graham et al., 1981), o que fortalece a associação
micorrízica, o que aumenta a extração de fósforo do solo (Graham et al., 1981; Grant
et al., 2005; Kahiluoto et al., 2000; Schwab et al., 1991) – Figura 1. Isto ocorre porque
o reduzido teor de fósforo nas raízes provoca a diminuição de fosfolípidos nas
membranas celulares, o que promove o aumento da permeabilidade das mesmas.
Figura 1. Modelo de interações entre o ambiente - símbolos ovais – a fisiologia da cultura – símbolos retangulares – e o
desenvolvimento de FMA – símbolos ovais duplos (Schwab et al., 1991).
uma vez que a relação entre as raízes da planta e as MA é já suficientemente forte
para que isso ocorra (Graham et al., 1981).
4. Conclusão