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CAPÍTULO 6

EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA

O impacto antrópico, o ataque de patógenos e a dificuldade de propagação de certas


espécies vegetais têm gerado problemas quanto ao declínio na produção dessas plantas.
Nesse aspecto, a cultura de tecidos vegetais é uma importante ferramenta biotecnológica
para amenizar tais dificuldades, oferecendo técnicas de propagação in vitro para
multiplicação rápida de plantas de interesse comercial, com padrão uniforme, de alta
qualidade e livre de patógenos. (VICTÓRIO; LAGE; SATO, 2012; CARNEIRO et al.,
2014). É importante destacar que nem todas as espécies possuem facilidade de se
regenerar in vitro, sendo necessário realizar estudos para ajuste do tipo de explante
utilizado, composição do meio de cultura, uso de fitorreguladores e condições da sala de
crescimento (PINHAL et al., 2011, OLIVEIRA et al., 2017).
A embriogênese somática (ES) é um dos métodos utilizados para a produção de
novas mudas em laboratório. Esse processo é análogo a embriogênese zigótica, exceto
que o embrião não é revestido por endosperma e por integumentos, podendo ser definido
como a produção de novos embriões a partir de células somáticas, sem que ocorra fusão
de gametas (CARNEIRO et al., 2014).
A embriogênese pode ocorre por duas vias, a indireta e a direta. A primeira ocorre
quando há diferenciação das células do explante, formando uma massa celular (calo) que
pode conter um centro ativo de divisão celular e que posteriormente dará origem ao
embrião somático; já na direta, os embriões somáticos surgem diretamente do explante,
sem passar pela fase de calo (SILVA et al., 2016, SHARP et al., 2011, ROCHA &
QUOIRIN, 2005). Para que determinada via seja ativada, ela precisa estimulada através
do balanço entre as fontes de carbono e os reguladores vegetais, tema que será discutido
mais adiante.

Fatores que afetam a embriogênese somática


Fonte de explante

A eficiência da embriogênese somática depende primeiramente de alguns fatores


como a capacidade de morfogênese do explante, a fonte, seu estágio de desenvolvimento
e os níveis hormonais endógenos (CAMPOS et al., 2009, BETTENCOURT et al., 2016,
MOURA et al., 2017). Outro fator que influencia na capacidade morfogênica do explante
é o tamanho. Bettencourt et al. (2016) cita que explantes obtidos a partir de uma camada
fina de células podem ser mais facilmente induzidos a se dividir e se desdiferenciar devido
ao rompimento da comunicação intercelular existente nos tecidos. Dessa forma, o
conjunto de todos esses fatores irão definir qual será a rota morfogênica desse processo.
Estudos demonstram que podem ser utilizados os mais diversos tipos de
explantes no processo de embriogênese somática, mas alguns tipos respondem melhor
que outros quando se avalia determinada espécie. Moura et al. (2017), por exemplo,
utilizou sementes e cotilédones de híbridos de Eucalyptus grandis x E. urophylla, obteve
melhores respostas utilizando cotilédones. Dias et al. (2015) utilizou embriões zigóticos
imaturos de diversas famílias de Pinus taeda, já Alves et al. (2018), Pereira et al. (2007)
e Rezende et al. optaram por utilizar segmentos de folhas de Coffea arabica e todos
obtiveram sucesso na indução de embriogênese somática. Outra alternativa de explante
são os calos embriogênicos a partir de linhagens de Citrus sinensis, como demonstrado
por Castro et al. (2010). Não se deve esquecer de que não basta escolher bem o tipo de
explante, é necessário também definir o melhor tipo de meio de cultura para a espécie a
ser propagada e se há necessidade e a proporção a ser utilizada de fitorreguladores.

Meio de cultura e reguladores de crescimento

A composição química e física do meio de cultura é de extrema importância para


obtenção de resultados satisfatórios. Os macronutrientes e micronutrientes ali inseridos
irão atuar nas funções fisiológicas, bioquímicas e no metabolismo do explante, fazendo
com ele se desenvolva (SALGADO; SOUZA; CARNEIRO, 2017). Segundo Lucena et
al. (2015), os componentes essenciais para o meio de cultivo são sais inorgânicos, fonte
de carbono, vitaminas e fitorreguladores; outros componentes como aminoácidos, ácidos
orgânicos e inibidores da biossíntese ou ação do etileno também podem ser adicionas ao
meio, auxiliando na otimização da resposta desejada.
A fonte de carbono, além de fornecer energia para o explante, também atua na
indução da embriogênese somática (CASTRO et al., 2010). Em milho, por exemplo, a
sacarose é a fonte mais utilizada, uma vez que ela possui alta solubilidade e rápida
metabolização (SALGADO; SOUZA; CARNEIRO, 2017). Bettencourt et al. (2016),
utilizou três diferentes fontes de carbono em seu estudo com Bactris gasipaes, sacarose,
glicose ,e manitol (os dois últimos sendo derivados do metabolismo da sacarose) e
verificou que os dois primeiros tipos de carboidratos responderam positivamente à
formação de calos por embriogênese somática. No entanto, o manitol não apresentou
resultados positivos, necessitando da adição de outra fonte de energia. Quanto ao tipo de
meio, o MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) é o mais popularmente utilizado nos
protocolos de indução de embriogênese somática, mas outros meios e adaptações deles
também podem ser utilizados, dependendo da resposta desejada.
O processo de embriogênese somática ocorre quando o explante é submetido a
condições de estresse, principalmente pela adição de auxinas e redução do potencial
osmótico do meio de cultivo (CAMPOS et al., 2009). De acordo com Guerra et al. (1999),
as auxinas são as responsáveis por desencadear a desdiferenciação e a rediferenciação em
explantes, modificando a determinação das células e conferindo novas competências a
elas. Lucena et al. (2015) descreve que concetrações de 1,0 a 3,0 da auxina ácido 2,4-
diclorofenoxiacético (2,4-D) apresentaram resultados positivos na indução de calos em
Zea mays, enquanto que concentrações menores que 1,0 e maiores que 5,0 não foram
efetivas.
Outro regulador de crescimento essencial são as citocininas. Elas atuam no
controle da divisão celular, auxiliando a multiplicação de gemas axilares e apicais e
também podem ajudar na formação de calos por conta do ajuste do balanço hormonal
(BITTENCOURT, 2017). Pereira et al. (2007) cita que o ácido giberélico (GA3) também
pode ser adicionado ao meio de cultivo, isso porque ele participa de várias atividades
fisiológicas dos vegetais e pode auxiliar no desenvolvimento de embriões somáticos, no
crescimento e no alongamento do caule. Um balanço entre reguladores, meio de cultura,
macro e micronutrientes é essencial para garantir o sucesso da embriogênese somática.
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CAPÍTULO 7

SEMENTES SINTÉTICAS

As frutas de origem tropical têm como característica a difícil conservação por


métodos tradicionais mesmo suas espécies intermediárias e recalcitrantes possuí pouco
tempo de armazenamento e os bancos de germoplasma in situ estão à deriva de
possíveis acidentes como ataques de microrganismo patógenos ou desastres naturais.
E, o intercâmbio desses genes apresentam alto risco de transferência das doenças (RAI
et al., 2009)
Em decorrência destes problemas, o uso da tecnologia denominada de sementes
encapsuladas ou sementes sintéticas, tem-se destacado na conservação e intercâmbio
de germoplasma dessas espécies (Nogueira, 2010). É análoga à semente verdadeira ou
botânica, e consiste de um propágulo (embrião somático, ápices caulinares ou gemas
axilares) envolto por uma ou mais camadas de compostos artificiais, formando uma
cápsula – o endosperma sintético (Diniz, 2004).
Uma alternativa para a conservação de espécies que apresentam problemas com
a propagação e conservação de sementes é a utilização do encapsulamento de embriões
somáticos, segmentos nodais e ápices caulinares, os quais posteriormente podem ser
armazenados por um curto período de tempo (DAUD; TAHA; HASBULLAH, 2008).
No entanto, a composição adequada da cápsula utilizada durante a técnica e também
condições ambientais ótimas de armazenamento são necessárias para que a
conservação ocorra de forma satisfatória (RAI, JAISWAL, JAISWAL, 2008;
SHARMA et al. 2013).
É uma tecnologia de baixo custo e rápida multiplicação dos propágulos, apresenta
baixo risco de variações somaclonal e facilidade de manuseio, além de permitir o
intercâmbio de germoplasma (Santos, 2004; Raí, et al., 2009). O encapsulamento tem
se destacado como uma excelente ferramenta em trabalhos de conservação de
genótipos in vitro, principalmente por meio da criopreservação (Pereira et al., 2008;
Wang, et a., 2005).
Para aprimorar a conservação, a longo prazo, das sementes sintéticas diferentes
técnicas têm sido desenvolvidas (Rai et a., 2009), com destaque para o
encapsulamento-desidratação e encapsulamento-vitrificação (Santos, 2000; Wang et
al., 2005; Pintos et al., 2008).
Apesar de todo o potencial da técnica, os estudos relacionados ao tipo de
explante, constituição e consistência da cápsula, condição de cultivo e armazenamento
ainda são incipientes (Guedes et al., 2007).
No início da década de 70 T. Murashige já havia formulado o conceito de
semente sintética, mas somente o apresentou formalmente em 1977 num simpósio
sobre cultura de tecidos, realizado na Bélgica (GUERRA & DALVESCO, 2007).
Porém o primeiro trabalho publicado com sementes sintéticas foi desenvolvido por
Kitto & Janick (1982). Esses autores produziram sementes sintéticas a partir de
embriões somáticos de cenoura utilizando uma resina solúvel de polietileno-óxido –
Polyox (NOGUEIRA, 2010)
Em 1986, foi organizado o primeiro simpósio sobre sementes sintéticas, em
Davis na Califórnia, EUA, para esta tecnologia envolvendo discussões sobre o controle
da maturação dos embriões zigótigos e embriões somáticos, produção em sistemas de
biorreatores, encapsulamento e desidratação dos ES (GUERRA & DALVESCO, 2007
apud REDENBAUGH et al., 1988).
O estabelecimento do conceito de unidade encapsulável foi inicialmente relatado
por Onishi et al. (1992) abrangendo o sistema de produção de semente sintética a partir
de embriões de aipo encapsulados e a habilidade de conversão em condições não
estéreis (GUERRA & DAL VESCO, 2007). A possibilidade de produção foi encarada
com maior seriedade a partir do momento que os estudos de embriogênese somática in
vitro começaram a evoluir (PEIXOTO, 2017).
O surgimento da tecnologia foi uma ferramenta chave no processo de
multiplicação massal de plantas, principalmente na consolidação de protocolos de
aplicação comercial, onde os fatores economia e tempo estão diretamente ligados ao
sucesso da produção massal de propágulos em escala comercial (RECH FILHO 2004).
E vem se revelando como importante ferramenta em trabalhos de micropropagação e
conservação in vitro de germoplasma (PEREIRA et al., 2008).
Das diferentes técnicas disponíveis, o sistema de encapsulamento em gel é o mais
empregado. Redenbaugh et al. (1986) foram os primeiros a propor o uso de um
hidrogel como o alginato de sódio para a produção de sementes artificiais, observando
frequências de 86% de conversão em sementes sintéticas de alfafa (GERRA et al.,
1999).
Sementes sintéticas podem ser definidas como um embrião somático, dessecado
ou não, e encapsulado com um endosperma sintético, contendo nutrientes, reservas e
fungicidas (NIEVES et al., 1998). Além da conservação genética, a produção de
unidades encapsuláveis permite a troca de germoplasmas de forma segura e eficiente
(GERMANA et al., 2011; HUNG; TRUEMAN, 2012).
As sementes sintéticas, artificiais ou somáticas, são estruturas análogas à
semente verdadeira ou botânica, e consistem de um embrião somático envolto por uma
ou mais camadas de compostos artificiais, formando uma cápsula. Esta cápsula serve
de proteção ao embrião somático, contra danos mecânicos durante a armazenagem,
transporte e semeadura (GRAY & PUROHIT, 1991; ONISHI et al., 1994).
As unidades encapsuláveis são, na grande maioria dos trabalhos, compostas por
alginato de sódio, pois esse componente apresenta diversas facilidades de aplicação,
como a boa solubilidade em temperatura ambiente, boa propriedade gelificante, baixo
custo, fácil manipulação e além de não apresentar efeito tóxico nem para as plantas
nem para o homem (PEREIRA et al., 2008).
Na literatura é demostrado o uso de alginato na produção de sementes sintéticas
in vitro, o que consiste no encapsulamento de embriões somáticos ou zigóticos, ápices
caulinares, gemas axilares, brotos e outros tipos de tecidos, comprovando os efeitos
positivos do alginato no desenvolvimento dessas sementes (DHIR et al., BRAGA,
2017).
O ácido algínico de sódio ou alginato de sódio, polissacarídeo é originário de
algas marinhas marrons (Phaeophyceae), tem sua estrutura formada por dois
monômeros, a α-L-guuronila e a β-D-manuronila (LEE et a., 2012).

Aplicações da Técnica

A propagação de plantas a partir de embriões somáticos e não-somáticos,


utilizando-se a tecnologia de sementes sintéticas ou semente artificiais, é uma
promissora ferramenta no âmbito da agricultura (MONDO & CICERO, 2008). A
tecnologia de sementes articiais, proposta por Redenbaugh et al. (1984), está baseada
no encapsulamento de diferentes partes da planta, como por exemplo: embriões
somáticos, gemas apicais e laterais ou tecidos meristemáticos em uma cápsula de
hidrogel (VARGAS, 2014).
Isto se deve, principalmente, a existência de algumas situações onde a
multiplicação a partir de sementes naturais é problemática, como nos casos de plantas
que não possuem sementes, ou que possuem sementes muito pequenas (MONDO &
CICERO, 2008).
A tecnologia de sementes sintéticas tem sido desenvolvida baseada no uso de
embriões somáticos como sementes funcionais (MONDO & CICERO, apud 2008
GRAY, 1987). As principais diferenças entre os embriões somáticos e zigóticos
relacionam-se com o fato de os embriões somáticos se desenvolverem livres de
correlações físicas, fisiológicas e genéticas que ocorrem durante o desenvolvimento de
um embrião zigótico (MONDO & CICERO, 2008 apud ZIMMERMANN, 1993) e
poderem apresentar desenvolvimento anormal (MONDO & CICERO, 2008).
Esta técnica tem sido continuamente aprimorada de tal maneira que a partir de
uma análise qualitativa e quantitativa dos componentes do endosperma de uma
semente, pode-se reconstituir e adicionar nutrientes inorgânicos e orgânicos, agentes
protetores bem como microorganismos benéficos, como micorrizas, ao hidrogel,
auxiliando a conversão dos propágulos em plantas (MONDO & CICERO, 2008).
As sementes são formadas por material de revestimento e endosperma articial
para a nutrição do explante. Para a composição da cápsula são testados diversos
materiais, tais como: ágar, agarose, alginato, carboximetilcelulose, carrageninas,
gelrite, nitrocelulose, poliacrilamida, polyox, entre outros (VARGAS, 2014 apud
DATTA et al., 2001; SAIPRASAD, 2001; LAMBARDI et al., 2006)
Como agente encapsulante, o alginato de sódio tem sido o mais utilizado, devido
à sua solubilidade à temperatura ambiente, habilidade de gel permeável com o cloreto
de cálcio, boa propriedade gelificante, baixo custo, facilidade de uso e ausência de
toxicidade (GUERRA et al., 1999). A matriz do alginato de sódio envolvendo os
propágulos proporciona resistência para sua manipulação e preserva a viabilidade caso
a matriz seja enriquecida com substancias nutritiva (NOGUEIRA 2010 apud
PREWEIN & WILHELM 2003).
Segundo Rai et al. (2009) a matriz de alginato, material mais usado atualmente,
pode ser armazenada tanto a curto quanto a longo prazo, em nitrogênio líquido a -
196°C, mantendo a integridade genética do material biológico em um espaço mínimo
de armazenamento e conservação (VARGAS, 2014). Além disso, a semente sintética
envolvendo os propágulos proporciona resistência para preservar a viabilidade e,
ainda, pode ser composta por substâncias nutritivas e retardadoras do crescimento
(VARGAS, 2014 apud PREWEIN & WILHELM, 2003).
Para a produção das sementes são necessárias partes da planta, como: gemas
laterais, apicais, embriões somáticos ou meristemas, preferencialmente de plantas
cultivadas in vitro. Estas são excisadas e misturadas à matriz de alginato de sódio 5%,
simulando o endosperma (VARGAS, 2014 apud REDENBAUGH et al., 1988).
Posteriormente, ocorre a transformação da solução líquida em solução coloidal por
meio de uma reação de troca iônica e, com auxílio de pipeta automática e ponteiras
estéreis, as sementes são resgatadas individualmente e gotejadas em solução com
cloreto de cálcio (100 mM), na qual permanecem por 20 minutos, ou até a complexação
da cápsula (VARGAS, 2014).
Após este período, são submetidas à dupla lavagem em água deionizada
esterilizada e, então, as cápsulas são imersas em nova solução de nitrato de potássio
(100 mM) para a descomplexação por 15 minutos (VARGAS, 2014).
Segundo Luiz Pedro Barreto Cid (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia),
o encapsulamento, ou as sementes sintéticas, nos permitirão usar menos espaço em
laboratório e racionalizar melhor a produção de mudas, reduzindo os custos da cultura
in vitro. No caso de troca de germoplasma livre de patógenos com outros países, as
sementes sintéticas possibilitam a redução nos custos de transporte aéreo, já que podem
ser enviadas em grandes quantidades (DINIZ, 2004).
A técnica de encapsulamento de embriões zigóticos e somáticos para formação
de sementes sintéticas apresentam-se no mercado com muitas vantagens tanto no
cultivo vegetal micropropagado, eliminando fases de aclimatação, quanto em plantio
direto no campo.

Quando os embriões são encapsulados possuem maior capacidade de transporte

por ter um tamanho padrão e muitas das vezes menor que as sementes naturais. Outra

vantagem é a possibilidade de cultivar plantas que não possuem sementes, ou estão

entrando em extinção mais são de grande importância. As sementes sintéticas são

protegidas de contaminações microbiológicas, e possibilita o produtor fazer alterações

genéticas necessárias para qualquer planta.


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CAPÍTULO 8

SUSPENSÕES CELULARES E METABOLISMO


SECUNDÁRIO

A biotecnologia vegetal tem tido uma contribuição importante dentro do setor


produtivo agrícola pois tem possibilitado a produção de plantas ausentes de vírus, visando
a propagação de clones vegetais e o desenvolvimento de genótipos resistentes a estresses
bióticos e abióticos por meio da engenharia genética (Torres et al., 1998). Dentre as
técnicas da biotecnologia vegetal que tem se mostrado como uma excelente ferramenta
para clonar plantas em escala comercial está a cultura de tecidos que permite a produção
de plantas sadias, vigorosas e geneticamente superiores, sendo multiplicadas
massivamente em ambiente laboratorial (Alves et al., 2008).
A primeira cultura de células vegetais cultivada foi realizada em 1922, quando
Kolte e Robbins cultivaram explantes de raiz e caule visando vencer o problema da
esterilização meio (Kotte, 1922; Robbins, 1922 apud Dias et al., 2016). A descoberta de
reguladores de crescimento de plantas também foi um fato importante que revolucionou
o processo de cultura de plantas in vitro, pois foi possível ter um certo controle do
processo fisiológico desde a germinação até à formação células de mais especializados,
tais como órgãos e tecidos (Roberts, 2012).
Porém, o passo mais importante dentro da cultura de tecidos vegetais ocorreu em
1962, por meio do desenvolvimento da meio MS (Murashige & Skoog) para culturas de
células de tabaco que consistia numa elevada concentração de sais, mas baixa de azoto,
macro e micro elementos, uma fonte de carbono (por exemplo, sacarose), vitaminas do
complexo B e reguladores de crescimento (Murashige e Skoog, 1962).
A técnica de cultura in vitro possibilita o isolamento de tecidos ou órgãos vegetais
para o desenvolvimento deste em meio nutritivo em condições controladas de assepsia,
luminosidade, temperatura dentre outros fatores para uma produção de melhor qualidade
(CENA, 2015). A cultura de células e tecidos vegetais pode aumentar a multiplicação
sistematizada de plantas elites pelo processo de micropropagação. Além disso, pode ser
utilizada na produção de metabólitos secundários que tenham aplicação farmacêutica e
terapêutica, ressaltando ainda mais a relevância desse processo (Arnaldos et al., 2001).
Para a produção de metabólitos secundários, os explantes devem passar pela rota
da calogênese, na qual são formados calos nodulares, que apresentam aspecto
heterogêneo, e os calos friáveis que apresentam uma estrutura rígida composta de células
com elevado potencial mitótico (Besse et al. 1992 apud Wener et al. 2010). O calo
corresponde a uma massa de células desorganizadas e parcialmente indiferenciadas que
variam quanto ao tipo, tamanho, conteúdo celular e espessura da parede. Traqueídeos,
células parenquimáticas, câmbio e periderme podem se formar durante a calogênese
(Narayanaswamy, 1977 apud Flores et al., 1998).
Para ocorrer a indução de calo, qualquer tecido vegetal pode ser utilizado como
explante. Entretanto, procura-se utilizar explantes que contenham maior proporção de
tecido meristemático ou que apresentem maior capacidade de expressar a totipotência
(Grattapaglia & Machado, 1998).

Metabólitos Secundários

Nos processos biológicos do metabolismo primário das plantas são sintetizados


compostos precurssores para ativação do metabolismo secundário. (GOUVEA et al.,
2012; KATEROVA et al., 2012; Apud PERDOMO., 2016). Apesar de não ter atividade
diretamente ligada ao desenvolvimento de células e tecidos vegetais, compostos do
metabolismo secundário estão ligados a defesa vegetal contra herbívoros, radiação,
patógenos e atração de agentes polinizadores. (TAIZ & ZEIGER, 2013., Apud
PERDOMO, 2016). A importâncias desses compostos deve-se principalmente por sua
ampla gama de atividades biológicas, que são de grande interesse por parte da indústria
agrícola, farmacêutica e química (PEREIRA; CARDOSO, 2012., Apud TEIXEIRA,
2016).
Metabólitos secundários de plantas são divididos em três principais grupos:
Ternepóides, compostos nitrogenados e fenólicos. (BUCHANAN et al., 2000; TAIZ &
ZEIGER, 2013; PAPASAVAS, 2014., Apud, PERDOMO,2016).
Terpenóides são substâncias de origem biossintética derivadas do isopreno,
representam o maior grupo dentre os metabólitos secundários de origem vegetal. Na
medicina popular, plantas que possuem grupos terpênicos são usados como sedativos,
tranquilizantes e anticonvulsivos. (PASSOS., C.S; ARBO., M, D; RATES., S, M, K; von
POSER., G, L., 2009). Pertencente a classe dos monoterpenos, o linalol apresentou
atividade antiepilética em camundongos em estudos realizados por SILVA BRUM, et al
2001. (PASSOS., C.S; ARBO., M, D; RATES., S, M, K; von POSER., G, L., 2009). Uma
das classes mais importantes entre os triterpenos são as saponinas, responsáveis pelas
defesas contra patógenos (VIZZOTO., M; KROLOW., A.C; WEBER., G.E.B., 2010).
Compostos nitrogenados são compostos orgânicos de cadeia cíclica que possuem
um ou mais átomos de N em seu anel aromático. Em sua maioria possuem caráter alcalino,
alcaloides, pelo par de elétrons não compartilhado do N. Produzidos no retículo
endoplasmático e seguem para os vacúolos. Responsáveis por substâncias para fabricação
de venenos e alucinógenos.
Fenólicos é o grupo responsável pelo sabor, odor e cor de alguns vegetais.
Possuem grande importância por serem muito atrativos para agentes polinizadores e
dispersores de sementes. São os grandes responsáveis pela proteção dos tecidos da planta
contra pragas e danos mecânicos ocasionados por animais. Possuem pelo menos um anel
aromático em sua composição em que um hidrogênio, pelo menos, é substituído por um
grupo hidroxila. As principais rotas de síntese são: via do ácido chiquímico e a via do
ácido mevalônico, essa menos significativa que a anterior
Podem ser classificados em sete grupos:
I. Flavonas: apigenina encontrada em frutas cítricas e aipo; Flavanonas (ou di-
hidrofl avonas): naringenina, naringena e hesperidina encontradas em frutas
cítricas;
II. Flavonols: quercetina, canferol e miricetina encontradas em chá, cebola, maçã,
brócolis e pequenas frutas ou frutas vermelhas. A quercetina age reduzindo a
formação de placas gordurosas nas artérias e no combate às alergias; Flavanonols
(di-hidrofl avonol): taxifolina encontrada em frutas;
III. Isoflavonas: genisteina, daidazina encontradas em leguminosas como a soja e os
feijões. Atuam no combate ao colesterol LDL (colesterol ruim), diabetes,
osteoporose, doenças cardiovasculares, câncer, entre outras; Flavanols ou
catequinas: epicatequina, epigalocatequina, encontrados em Plantas e sua
Importância epigalocatequina galato encontradas em chás como o chá verde e o
chá preto;
IV. Antocianidinas: cianidina, delfi nidina, malvidina, pelargonidina e peonidina
encontradas em frutas de coloração escura, frutas vermelhas ou pequenas frutas.
V. Estilbenos: O resveratrol é o representante mais conhecido. Encontrado em uvas,
suco de uva e vinho.
VI. Lignanas: A lignanas encontradas em linho e gergelin mostraram trazer benefícios
para a saúde.
VII. Taninos: Encontrados geralmente em cascas de frutas e sementes. (VIZZOTO.,
M; KROLOW., A.C; WEBER., G.E.B., 2010)
I.C forma cultivados in vitro diferentes calos de Passiflora setácea em diferentes
fontes de carbono para averiguar a produção de níveis fenólicos. Após 45 dias de cultivo,
os calos de caule em frutose apresentaram níveis de fenólicos totais superiores aos calos
de caule em sacarose (17,39 mg Eq AG/g extrato) e aos calos de sementes imaturas.
Porém, aos 60 dias de cultivo os teores de fenólicos totais nestes dois tipos de calos foram
similares, mas continuaram superiores aos observados em calos de caule em sacarose. Os
maiores teores de compostos fenólicos foram observados nos extratos de calos de caule
cultivados em frutose, independentemente do tempo de cultivo, e também em calos de
sementes imaturas, cultivados por 60 dias (PERDOMO, 2016).

Suspensões Celulares

A suspensão celular caracteriza-se por ser uma técnica da cultura de tecidos que
permite às células crescerem e se multiplicarem, sem necessitar a adesão das mesmas nos
meios de cultura, sendo estes, meios líquidos contendo componentes essenciais para o
desenvolvimento no ambiente in vitro, como reguladores de crescimento, vitaminas e sais
minerais. Sendo as células vegetais totipotentes, elas são geneticamente aptas a
produzirem uma gama de substâncias químicas encontradas durante todo o
desenvolvimento vegetal.
As células em suspensão apresentam maior taxa de divisão, do que as células
cultivadas de maneira convencional, por terem contato direto com os nutrientes do meio.
Assim, uma suspensão celular é feita por meio da transferência de uma quantidade de
calo para um meio líquido e mantida sob condições adequadas de aeração, agitação, luz,
temperatura, entre outros parâmetros (Fumagali et al., 2008).
Nos últimos anos, a cultura em suspensão de células vegetais tem sido usada como
um sistema modelo para o estudo do mecanismo regulatório do metabolismo secundário
em plantas (Lameira et al., 2009). Os produtos secundários aumentam a probabilidade de
sobrevivência de uma espécie, pois são responsáveis por diversas atividades biológicas
com este fim como, por exemplo, podem atuar como antibióticos, antifúngicos e antivirais
para proteger as plantas dos patógenos, e também apresentando atividades
antigerminativas ou tóxicas para outras plantas (Fumagali et al., 2008). Assim, as
suspensões celulares são ferramentas atrativas para a produção de metabólitos
secundários, como antocianinas, carotenoides, taninos alcaloides (Ramachandra Rao &
Ravinshankar, 2002 apud Simões, 2017).
Nesse contexto, suspensões celulares de R. jasminoides sintetizam substâncias com
atividade antifúngica, cuja produção pode ser aumentada pelo uso de eliciadores de
fungos e plantas (Oliveira; Simões & Braga, 2009). Tornando assim, essas células em
suspensão de R. jasminoides um sistema adequado para o estudo da produção e das rotas
de biossíntese de compostos de defesa em rubiáceas nativas. E Lameira et al., (2008)
estabeleceram culturas de células de suspensão de C. verbenacea e fizeram a extração,
separação e identificação de flavonoides (compostos com ação anti-inflamatória e anti-
infecciosa), obtendo maior concentração de substâncias na amostra de células suspensas
cultivadas in vitro do que na amostra de folhas.
Essa técnica da cultura de tecidos apresenta, então, diversas vantagens. Entre elas,
ao ser otimizado o protocolo, é possível o fornecimento de uma fonte contínua de
biomassa, ao induzir a produção de metabólitos secundários utilizando elicitores tanto
bióticos quanto abióticos, e/ou biorreatores (Cusido et al., 2014). Deepthi &
Satheeshkumar (2016) destaca o uso de suspensões celulares, com adição de elicitores,
como um eficiente método para aprimorar o acúmulo da produção do alcaloide
camptotecina, e da biomassa em O. mungos, visto que houve um aumento na produção
em três vezes comparado com os níveis encontrados na planta in vivo. Esse mesmo
autor também sugere experimentos para otimização de parâmetros de cultura em sistema
de biorreator adequado para produção em larga escala de O. mungos em suspensão de
células. De forma que, nos biorreatores, após uma etapa bem-sucedida de otimização da
produção de biomassa, a cultura de células de planta deve passar por um processo de
adaptação de maneira a alcançar uma boa produção dos metabólitos de interesse
(Fumagali et al., 2008).
Os metabólitos secundários são compostos que podem ser obtidos a partir do
cultivo in vitro em escala industrial uma vez adequados os métodos de acordo com as
necessidades de cada planta no meio de cultivo, as suspensões celulares representam uma
das estratégias para obtenção desses metabólitos em larga escala.
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CAPÍTULO 9

BIOFÁBRICA DE PLANTAS

O desenvolvimento biotecnológico dos processos industriais com viabilidade


econômica a partir da cultura de células vegetais implica em estudos que envolvem um
aumento de escala, bem como no desenvolvimento de equipamentos eficazes na
propagação clonal de diversas espécies vegetais C3 e C4, principalmente aquelas que
desempenham interesse agronômico e na produção de metabólitos secundários de plantas
medicinais (SCHEIDT, 2008).
Portanto, a utilização da tecnologia de culturas de células vegetais aparece como
uma alternativa eficaz na produção de mudas, particularmente, em espécies raras ou as
que estão em processo de extinção. As pesquisas em produção vegetal no mundo têm
utilizado como material básico plantas advindas de biofábricas, devido ao rigor exigido
na produção, rastreabilidade e controle fitossanitário. O ambiente controlado e a alta
multiplicação de mudas permitem que variedades de difícil propagação ou resistentes a
doenças possam ser disponibilizadas ao agricultor (BORGES et al., 2004).
Neste sentido, o cultivo de plantas em biorreatores torna-se uma alternativa para
a otimização do processo, reduzindo os custos de produção, permitindo a renovação do
ar no ambiente in vitro, aumentando a produtividade das plantas, bem como a redução do
tempo requerido para a propagação tradicional.
Os biorreatores utilizam meio de cultura líquido que permite a renovação do ar e
de nutrientes durante o cultivo e resulta em maior crescimento e multiplicação quando
comparado com o meio sólido. Essas condições podem permitir um crescimento ótimo
das células vegetais mediante uma regulação precisa dos fatores ambientais e um
fornecimento contínuo de água, nutrientes e oxigênio (PEREZ PONCE, 1998).
Biofábricas de plantas são locais, nos quais uma ou mais espécies de plantas são
produzidas, a partir de clones gerados por meio da técnica de micropropagação in vitro,
em condições de cultivo controladas para proporcionar maiores níveis de produtividade
e qualidade (UFPA, 2011).
O processo industrial de produção de mudas de espécies vegetais micropropagadas
in vitro em uma biofábrica de plantas é sem dúvida uma atividade que exige muito critério
técnico no controle de qualidade fitossanitária e genética das mudas produzidas, na
escolha de plantas matrizes para o estabelecimento e introdução dos explantes sob
condições in vitro, certificação e indexação de patógenos sistêmicos (bactérias, vírus,
outros), manipulação, controle da morfogênese e produção em larga escala da cultivar
e/ou do híbrido desejado, e o sucesso de uma biofábrica depende dos seguintes fatores
básicos:
I. Conhecimento da tecnologia a ser empregada no processo produtivo;
II. Capacidade de gerenciamento administrativo (CABRAL, 2004).

Estrutura Física

O sucesso na produção de mudas micropropagadas de alta qualidade está


intrinsecamente relacionado com um projeto arquitetônico bem elaborado e o correto
dimensionamento dos equipamentos e material de consumo em uma biofábrica ou
laboratório de cultura de tecidos, sendo que todas as edificações devem estar localizadas
em ambientes protegidos de poeira, correntes de vento, umidade e fontes potenciais de
microrganismos, e o local destinado à construção necessita de um acesso facilitado para
transporte da produção e insumos (TEIXEIRA et al., 2012).
É necessário fazer uma pesquisa prévia de mercado a respeito da disponibilidade de
fornecedores e do mercado consumidor. Uma biofábrica com a finalidade comercial tem
estrutura ampla e aparelhagem funcionais. Porém, quando se trata de um laboratório de
pesquisas, é recomendado um espaço menor e com equipamentos específicos para o
desenvolvimento dos estudos.
Ainda segundo Teixeira et al. (2012), os cuidados com a estrutura física da
biofábrica se devem a práticas mitigadoras contra contaminações que podem ocorrer no
processo de produção de mudas; as salas de preparo de meio de cultura, transferência e
de crescimento, devem ser isoladas e com circulação de ar controlada; o acesso de pessoas
deve ser restrito àquelas que desenvolvem alguma função no setor; os tipos de salas e
seus tamanhos serão planejadas em função da escala de operação e das espécies a serem
micropropagadas.

Biorreatores

Os biorreatores utilizados para a cultura de tecidos vegetais são conceituados como


equipamentos para cultivo de células, gemas ou embriões vegetais, compostos de um
sistema de frascos, que podem ser de vidro, aço inoxidável, policarbonato, polipropileno
ou qualquer outro material que suporte autoclavagem a uma temperatura de 121° C por
períodos de tempo de 15 a 30 minutos, onde os materiais a serem multiplicados estão
contidos. Apresentam uma série de vantagens quando comparados com a metodologia
tradicional de micropropagação, entre elas a aceleração do processo de multiplicação
(EMBRAPA, 2008).
Os biorreatores utilizados para a produção de embriões ou brotos sofreram
modificações, tais como a presença de sensores para monitoramento da temperatura, da
velocidade de agitação do meio líquido, do pH, do oxigênio dissolvido, do potencial redox
e do dióxido de carbono (PREIL & BECK, 1991).
Segundo Teixeira (2006), comparada com a tecnologia de micropropagação
tradicional, a utilização de biorreatores apresenta uma série de vantagens que tornam esta
técnica de extrema importância para a área de cultura de tecidos vegetais, entre elas:
 Aceleração do processo de multiplicação;
 Redução significativa dos custos com mão-de-obra;
 Adaptável a diversas espécies vegetais;
 Uniformização da produção;
 Simplicidade de montagem do sistema;
 Eliminação do estresse gasoso e mecânico;
 Redução do custo total por unidade produzida.
Assim como no cultivo de tecidos vegetais tradicional, alguns dos grandes
problemas enfrentados com a utilização de biorreatores estão relacionados com a
contaminação, oxidação e hiperidricidade de explantes (EMBRAPA, 2008).
Ainda segundo Embrapa (2008), variáveis como o tipo de biorreator, o volume e a
composição do meio de cultura, o fluxo de ar, a forma como os eletrodos de oxigênio são
calibrados e a forma utilizada para controlar a concentração de oxigênio dissolvido, CO2
e pH são de grande importância para o desenvolvimento adequado da cultura e variam de
acordo com a espécie vegetal que será utilizada.

Gerenciamento e Planejamento

De acordo com Segeren (2007), para que uma biofábrica possa atender com
precisão, uma demanda específica ou entregar milhares de plantas, dentro de um
cronograma e planejamento de um produtor, há necessidade de um bom gerenciamento,
por isso a seleção e treinamento de pessoal com habilidades especiais para execução dos
repiques de plantas em capelas de fluxo laminar é a base para se ter sucesso neste tipo de
empreendimento; a automação em certos processos é possível, na forma de enchimento
automático de potes plásticos e para certos grupos de plantas: os biorreatores; não podem
ser descartados, todavia, o valor que há em uma atuação de profissional, pois o processo
que envolvem uma biofábrica de plantas, envolve inúmeras variáveis de difícil controle
tais como: interação de cada genótipo vegetal com os componentes do meio de cultura,
temperatura, fotoperíodo, luminosidade, tipos de substrato para aclimatação de mudas e
outros; a baixa repetibilidade dos resultados obtidos e problemas de ordem fisiológica
inerentes a técnica empregada podem inviabilizar um planejamento e destruir a
credibilidade de uma biofábrica que opera para atender demandas de mercado.

Mercado

No Brasil, o controle de produção de mudas é regularizado pelo órgão controlador,


o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, através da LEI
N.º.10.711 de 05 de agosto de 2003, seguida pelo Decreto N.º.5.153 de 23 de julho de
2004, essa lei estabelece a obrigatoriedade de que todos os materiais vegetais
multiplicados, propagados, comercializados sejam registrados nesse órgão (CNCR-
MAPA), estabelecendo uma ordem no comércio de sementes e mudas em nosso país. Por
outro lado, em relação a “proteção de cultivares”, no Brasil ainda existem muitas
limitações, porque, o uso de uma tecnologia (variedades de plantas) em relação aos
direitos intelectuais de uma pessoa e/ou uma empresa é controlada através da LEI DE
PROTEÇÃO DE CULTIVARES N.º.456 de 25 de abril de 1997, do MAPA, publicada
no DOU em 28/04/97, seguida pelo Decreto N.º.366 de 5 de novembro de 1997, publicado
no DOU em 07/11/97, não é tão evoluída para condenar os infratores como em países
desenvolvidos com as suas leis de patentes, e, com isso esse mercado de mudas pirateadas
tem muita expressão em nosso país (CABRAL, 2004).
O alto custo do processo que envolve as etapas de micropropagação, ocasionado
principalmente por produção por sistemas de autoclavagem artesanais, as quais
demandam grande consumo de energia e tempo, aliado a falta de recipientes específicos
que possibilitem trocas gasosas em substituição aos vidros utilizados nas autoclavagem,
prejudicam a constância na entrega de volume de qualidade em quantidades num
determinado tempo, impossibilitando assim, a atuação das biofábricas brasileiras em
mercados maiores e mais lucrativos, inclusive no mercado de exportação (SEGEREN,
2007).
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