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RESUMO:
As substâncias químicas liberadas de uma planta a outra em altas doses causando um efeito tóxico é
denominado de alelopatia, porém, quando benéfico é definida como hormesis. Diante disso, objetivou-
se avaliar qual o tipo de influência o extrato aquoso da trapoeraba exerce na germinação e no
desenvolvimento da soja. Os ensaios foram instalados com cinco tratamentos nas concentrações de
25%, 50%, 75%, 100% do extrato aquoso da trapoeraba e testemunha com água destilada, em vasos e
gerbox, realizado de acordo com a metodologia de Regra de Análise de Sementes. Observou-se que o
crescimento radicular (realizado em vasos e avaliados no 15º dia) e a germinação dada pela primeira
contagem e o índice de velocidade de germinação (realizados em gerbox e avaliados no 5º e 5º ao 8º
dia) foram influenciados de forma benéfica na presença do extrato aquoso da trapoeraba.
ABSTRACT:
Chemicals released from one plant to another in high doses causing a toxic effect are called
allelopathy but when beneficial is defined as hormesis. Therefore, the objective of this study was to
evaluate the influence of trapoeraba aqueous extract on soybean germination and development. The
assay was installed with five treatments at concentrations of 25%, 50%, 75%, 100% of trapoeraba
aqueous extract and control with 0% of extract, performed according to the Seed Analysis Rule
methodology. It was observed that the germination given by the first count, the germination speed
index and the root growth were favorably influenced in the presence of trapoeraba aqueous extract.
1. INTRODUÇÃO
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Acadêmica do curso de Agronomia do Centro Universitário do Vale do Araguaia. 2019.
2
Professor e Orientador do Centro Universitário do Vale do Araguaia.
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Professora e Coorientadora do Centro Universitário do Vale do Araguaia.
2
A soja foi introduzida no Brasil em 1882, pelos Estados Unidos, sendo Salvador, na
região Nordeste, a primeira cidade onde o cultivo americano foi testado e adaptado ao clima
temperado. Na época, as plantas apresentaram floração precoce e não conseguiram se
desenvolver de forma satisfatória, resultando em baixos rendimentos (CATTELAN;
DALL’AGNOL, 2018). Meio século mais tarde, os genótipos americanos foram adaptados
para as condições climáticas da região sul brasileira. Em 1940, o Brasil entrou para as
estatísticas internacionais como produtor de sementes oleaginosas (DALL’AGNOL, 2016).
Posteriormente, em 1980, o cultivo de soja foi expandido para o Centro-Oeste, devido ao
desenvolvimento de cultivares adaptados ao clima tropical característico. Em 2000, a soja
avançou para o norte do país. Nesta década, devido à revolução da soja, bem como pelo
desenvolvimento de outras culturas, o Brasil transformou-se de importador para um dos
principais exportadores deste alimento (CATTELAN; DALL’AGNOL, 2018).
O Brasil é o maior produtor de soja mundial, ao lado dos Estados Unidos (ARTUSO et
al., 2018). De acordo com Lamego (2013), o desempenho agronômico do cultivo da soja,
produtividade e qualidade dos grãos podem ser prejudicados por variados fatores, dentre eles,
a competição com as plantas daninhas.
As plantas daninhas competem com as culturas pelos recursos disponíveis no
ambiente, liberando substâncias alelopáticas, hospedando pragas e doenças, e como
consequência, diminuindo a produtividade e qualidade dos grãos (LAMEGO et al., 2013).
Essas plantas representam um inimigo oculto das plantas cultivadas, intervindo nas suas
funções e revogando seu crescimento e desenvolvimento. No Mundo, estima-se que 34% da
perda de rendimento dos principais cultivares está relacionada com a presença de ervas
daninhas entre as culturas. Tais perdas são superiores às perdas causadas por outros tipos de
competidoras existentes (JABRAN et al., 2015). Neste contexto, destaca-se a trapoeraba como
uma das principais plantas daninhas na cultura da soja.
A trapoeraba (Commelina benghalensis L.) é uma planta daninha responsável pelo
enorme potencial de competição com as culturas agrícolas no Brasil, apresentando certa
dificuldade no seu controle, devido seu elevado potencial de disseminação, via sementes e
partes vegetativas (PARENTE et al., 2015). Além de possuir hábito perene, facilidade em
propagar-se e alta capacidade de sobrevivência em condições adversas, possui preferência por
lugares úmidos e solos férteis, sobrevivendo por longos períodos de seca, uma vez que a
planta possui um considerável conteúdo aquoso (CURY et al., 2011). Diante disso, o controle
sustentável de ervas daninhas, em especial a trapoeraba, faz-se necessário, pois um enorme
declínio nas safras relaciona-se à tal questão. (ZENG, 2014; JABRAN et al., 2015).
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2. METODOLOGIA
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Uma germinação lenta pode originar plântulas com tamanho menor (JEFFERSON;
PENNACHIO, 2005), podendo apresentar susceptibilidade à estresse, ocasionando numa
reduzida chance na competição por recursos.
Em relação à primeira contagem (PC), nas sementes germinadas em gerbox,
observou-se um aumento de 45% do extrato de trapoeraba na concentração de 100% em
relação à testemunha (0%), (Figura 2).
oposição em relação aos dados encontrados na presente pesquisa, onde foi encontrada
influência hormética do extrato no cultivo de soja.
Meda et al. (2002) realizaram uma pesquisa sobre plantas invasoras em relação à
melhoria da eficiência da calagem na correção da acidez subsuperficial do solo e observaram
que a trapoeraba auxiliou na precipitação do Aluminio quando associado à calagem
tradicional. Os autores mencionaram que isso pode ser justificado pela complexação
organometálica, onde houve a troca do Al³⁺ pelo K²⁺ e Ca⁺, e estes íons podem ter sido
movidos para as profundidades ou eliminados do sistema, removidos do sistema. Sabe-se que
o alumínio, em solos ácidos, pode ser responsável pela baixa produtividade da cultura, e a
principal evidência desse efeito relaciona-se a diminuição de crescimento radicular de plantas
sensíveis, impedindo-as de obter água e nutrientes em profundidade pelo seu enraizamento
superficial (MIGUEL et al., 2010).
Logo, o trabalho de Meda et al. apresenta dados que podem contribuir para justificar
as melhoras significativas da germinação das plantas presentes neste estudo, onde foi possível
observar um aumento de até 25% em relação à testemunha.
As características biológicas das substâncias alelopáticas e os seus efeitos podem
apresentar alteração. As condições determinantes para essa alteração podem estar relacionadas
à fonte do extrato, modo de obtenção, condições climáticas e concentração, podendo exercer
influência direta nas respostas de bioatividade, devido ao risco da instabilidade dos princípios
ativos, desencadeando em efeitos positivos ou negativos (REICHEL et al., 2013). Desta
forma, são necessários estudos mais aprofundados para verificar o efeito hormético que a
trapoeraba pode exercer na cultura da soja.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se que a trapoeraba não é uma planta de grande preocupação na lavoura
para fins de efeito alelopático, pois, de acordo com o experimento realizado, os exsudatos
liberados por ela apresentaram efeito hormético na soja quando avaliada a geminação, o
índice de velocidade de germinação e o crescimento radicular de plântulas de soja.
Serão necessários estudos mais aprofundados para identificação do composto que
causou tal estímulo para bioprospecção de moléculas de interesse agrícola.
5. REFERÊNCIAS
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CREMONEZ, F. E.; et al. Principais plantas com potencial alelopático encontradas nos
sistemas agrícolas brasileiros. Acta Iguazu, v. 2, n. 3 p. 70-88, 2013.
FERREIRA, D. F. Estatística básica. Lavras: Ed. Ufla, 2 ed. ampliada e revisada. 2009. 664
p.
JABRAN, K. et al. Allelopathy for weed control in agricultural systems. Crop Protection, v.
72, n. 2 p. 57-65. 2015.
LAMEGO, F. P.; et al. Habilidade competitiva de cultivares de trigo com plantas daninhas.
Planta Daninha, v. 31, n. 3, p. 521-531, 2013.
REICHEL, T. et al. Allelopathy of leaf extracts of jatropha (Jatropha curcas L.) in the initial
development of wheat (Triticumaestivum L.). Idesia, v. 31, n. 1, p. 45-52, 2013.