Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CRESPA BRS
Resumo
1 Introdução
Originária da Ásia e trazida pelos portugueses no século XVI, a alface (Lactuca
sativa L.) é a mais popular das hortaliças folhosas e é cultivada em quase todas as
regiões do globo terrestre (GOMES, 2001; RESENDE et al., 2003). No Brasil, a alface se
destaca dentre as principais hortaliças (Sossai et al., 2011) o que assegura à cultura
expressiva importância econômica (LOPES et al., 2007).
A produção de hortaliças é uma das atividades agrícolas mais importantes no
Brasil, responsável pela produção dos alimentos que são fundamentais para o
funcionamento do organismo. Além de ser uma atividade que proporciona altas produções
e retorno financeiro por hectare/ano, mesmo em áreas pequenas (FILGUEIRA, 2008).
A alface pertence à família Asteraceae, que apresenta uma planta herbácea com
pequeno caule no qual se prendem as folhas que crescem em forma de roseta (SILVA et
al., 2010). No Brasil, as alfaces mais conhecidas e consumidas são as crespas e as lisas,
algumas passaram pelos programas de melhoramento para serem cultivadas no verão ou
adaptadas para regiões tropicais, mas nos últimos anos também aparecerem cultivares
roxas e com as folhas frisadas, além da alface americana (HENZ e SUINAÇA, 2009).
Durante o processo produtivo de hortaliças a fase de produção de mudas consiste
em uma das mais importantes. O incremento na qualidade das mudas pode interferir
diretamente sobre o desempenho produtivo das plantas, sobre as condições nutricionais e
ciclo produtivo (RODER et al., 2015). O uso de mudas de qualidade que apresentem alto
vigor e sanidade, boa formação do sistema radicular, melhor capacidade de adaptação no
campo, pode promover aumento na produtividade e diminuição dos riscos de produção
(MINAMI, 1995; VENDRUSCOLO et al., 2016). Em casos de mudas mau formação, pode
haver comprometimento da produção e prolongamento do ciclo produtivo (REGUIN et al.,
2004).
A obtenção de mudas de qualidade pode ser determinada por alguns fatores
produtivos, como a infraestrutura que proporcione condições adequadas de
desenvolvimento e proteção contra influências bióticas e climáticas, o uso de sementes de
qualidade com alto padrão genético, escolha de recipientes adequados e de substratos
que apresentem condições físicas, químicas e biológicas adequadas para
desenvolvimento das mudas (NUNES e SANTOS, 2007; FILGUEIRA, 2008).
Assim, estudos ligados à tecnologia de produção de mudas, visando incrementar a
qualidade das mesmas para os mais diversos sistemas de produção são extremamente
relevantes. Neste sentido, ainda existem carências de estudos ligados a determinações
dos melhores substratos contentores, fertilizações, ambientes de produção, e substâncias
promotoras de crescimento como os bioestimulantes. A introdução de novas tecnologias
para a produção de mudas com qualidade, tem sido uma grande aliada dos produtores de
hortaliças (MINAMI, 1995)
Segundo Calvo et al. (2014) a utilização de produtos conhecidos como
bioestimulantes auxiliam na formação de bom sistema radicular e desenvolvimento de
mudas, melhorando o crescimento das plantas, produção e aumentando a resistência a
estresses bióticos e abióticos, sendo seus efeitos frequentemente atribuídos à presença
de hormônios de crescimento vegetal.
Bioestimulantes são misturas de reguladores vegetais com outros compostos de
natureza bioquímica diferentes. Como exemplos de bioestimulantes podem ser citados
quatro grupos principais de substâncias: os aminoácidos e hidrolisados de proteínas, as
substâncias húmicas, os microrganismos e inóculos, e os extratos de algas (KLAHOLD et
al., 2006)
As algas, devido a sua composição, na qual há elevada quantidade de
macronutrientes e micronutrientres, aminoácidos, reguladores de crescimento e
compostos bioativos, podem ser utilizadas em produtos voltados para a agricultura, com
função bioestimulante e biofertilizante (STIRK et al., 2003). Como exemplo pode-se
mencionar os produtos comerciais à base de Ascophyllum nodosum, que por exibirem
ação semelhante aos hormônios vegetais, têm sido usados para aplicações foliares ou no
solo.
Essas algas apresentam em sua constituição matéria orgânica, aminoácidos
(alanina, ácido aspártico e glutâmico, glicina, isoleucina, leucina, lisina, metionina,
fenilalanina, prolina, tirosina, triptofano e valina), carboidratos e concentrações
importantes dos nutrientes N, P, K, Ca, Mg, S, B, Fe, Mn, Cu e Zn. Apresentam ainda
hormônios de crescimento (auxinas, giberelinas, citocininas, ácido abscísico), estimulando
o crescimento vegetal (ACADIAN, 2009).
Nesse contexto, torna-se necessária a realização de pesquisas com o objetivo de
avaliar o efeito da aplicação de bioestimulantes na melhoria da qualidade das mudas de
alface BRS Leila, visando a determinação das melhores doses e tempo de exposição ao
produto.
2 Material e Métodos
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no campus do Instituto de
Ciência e Tecnológica de Mato Grosso, campus Alta Floresta. O delineamento
experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, no esquema fatorial 4 x 3, com
quatro tratamentos e três repetições, totalizando 15 unidades experimentais. Os
tratamentos foram representados por doses crescentes de bioestimulante (0, 4, 8, 16 e 32
ml/L) e a unidade experimental foi composta por uma bandeja de 128 células, sendo que,
no momento das avaliações, foram consideradas como área útil as 80 células centrais da
bandeja.
A semeadura da alface, cultivar crespa BRS Leila, foi realizada em bandejas de
128 células, preenchidas com o substrato comercial para produção de mudas, colocadas
duas sementes no centro de cada célula da bandeja, na profundidade de 1 cm. Após 12
dias da semeadura, foi realizado o raleio de planta, deixando apenas uma por célula. A
aplicação do bioestimulante ocorreu 12 dias após a semeadura via pulverização foliar.
As avaliações foram realizadas 14 dias após após a aplicação do bioestimulante,
considerando as seguintes características: comprimento da raiz (cm), altura das mudas
(cm), massa fresca da parte aérea (g) e de raízes (g). Os dados obtidos foram
submetidos à análise de variância aplicando-se o teste F ao nível de 5% de probabilidade,
além da análise de regressão.
3 Resultados e Discussões
7
6 f(x) = − 0.00420000000000001 x² + 0.22 x + 3.38
Altura das mudas (cm)
R² = 1
5
4
3
2
1
0
0 8 16 24 32
Dose de Bioestimulante ( ml/L)
10.2
9.6
9.4
9.2
8.8
0 8 16 24 32
4
Massa fresca de parte aerea
3.5
f(x) = 0.069664 x + 1.212929
3
R² = 1
2.5
2
(g)
1.5
1
0.5
0
0 8 16 24 32
Dose de Bioestimulante ( ml/L)
1.4
1.2
Massa fresca de raiz (g)
0.8
0.6
0.4
0.2
0
0 8 16 24 32
Dose de Bioestimulante ( ml/L)
CALVO, P.; NELSON, L.; KLOEPPER, J. W. Agricultural uses of plant biostimulants. Plant and
soil, v. 383, n. 1, p. 3-41, 2014.
CHICONATO, Denise Aparecida et al. Resposta da alface à aplicação de biofertilizante sob dois
níveis de irrigação. Bioscience Journal, p. 392-399, 2013.
FAULIN, E. J.; AZEVEDO, P. F. Distribuição de hortaliças na agricultura familiar: uma análise das
transações. Informações Econômicas, v. 33, n. 11, p. 24-37, 2003
GOMES, T. M.. Efeito do CO2 aplicado na água de irrigação e no ambiente sobre a cultura da
alface ( Lactuca sativa L.). 2001. 83 f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba. 2001.
HENZ, G. P.; SUINAGA, F. Tipos de alface cultivados no Brasil. Brasília, DF: EMBRAPA, 2000,
7p. (Comunicado Técnico, n. 75)
KLAHOLD, C. A.; GUIMARÃESG, V. F.; ECHER, M. M.; KLAHOLD, A.; CONTIERO, R. L.;
BECKER, A. Resposta da soja (Glycine max (L.) Merrill) à ação de bioestimulante. Acta
Scientiarum. Agronomy, v.28, p.179-185, 2006
MINAMI, K. Produção de mudas de alta qualidade em horticultura. São Paulo: Fundação Salim
Farah Maluf, 1995, 135 p.
REGHIN, M. Y.; OTTO, R. F.; VINNE, J. V. D. Efeito da densidade de mudas por célula e do
volume da célula na produção de mudas e cultivo da rúcula. Ciência e Agrotecnologia, v. 28, n. 2, p.
287-295, 2015.
RESENDE, G. M.; YURI, J. E.; MOTA, J. H.; SOUZA, R. J. de; FREITAS, S. A. C. de;
RODRIGUES JR., J. C.. Efeitos de tipos de bandejas e idade de transplantio de mudas sobre o
desenvolvimento e produtividade da alface americana. Horticultura Brasileira, Campinas, v. 21, n.
3, p. 558-563, 2003
STIRK, W.A.; NOVAK, O.; STRNAD, M.; STADENS, V. Extorinins in macro alga. Plant Growth
Regulation, Dordrecht, v. 41, n. 1, p. 13-24, 2003.
TAVARES, S.; CAMARGO, P. R.; AMBROSANO, E. J.; CATO, S. C.; FOLTRAN, D. E. Efeitos
de Bioestimulante no Desenvolvimento de Frutos de Tomateiro ‘Carmen’. Cadernos de
Agroecologia, v. 9, n. 4, 2015.
VENDRUSCOLO, E. P.; MARTINS, A. P. B.; SELEGUINI, A. Promoção no desenvolvimento de
mudas olerícolas com uso de bioestimulante. Journal of gronomic Sciences, Umuarama, v. 5, n. 2,
p. 73-82, 2016.