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ADUBAÇÃO ORGÂNICA NO CRESCIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE

JAMBU (Acmella oleraceae)

Apresentação: Pôster

Gabriel Garreto dos Santos1; Lucas Fernando da Costa Lima 2; Elidaiane Farias de
Souza3; Vera Queiroz de Souza 4; Juliana Simões Nobre Gama5

Introdução
O jambu (Acmella oleracea [(L.) R. K. Jansen]) é uma planta C3, herbácea, que
apresenta caule de formato cilíndrico, ramificado e rastejante, formando raízes adventícias
podendo alcançar de 30 a 60 cm de comprimento (GUSMÃO; GUSMÃO, 2013).
Considerada uma hortaliça não-convencional muito cultivada e consumida na região
norte, principalmente no estado do Pará, alcançando uma maior demanda nos períodos festivos,
como o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, no mês de outubro. Popularmente, esse vegetal
também é utilizado como erva medicinal, pois de acordo com os saberes populares suas folhas
e flores podem ser recomendadas para elaboração de infusões no tratamento de doenças
(BORGES et al., 2013).
O jambu ainda possui propriedades químicas importantes, as quais tem cada vez mais
despertado o interesse da indústria farmacêutica e de pesquisadores, principalmente pelo seu
princípio ativo, o espilantol encontrado nas flores (VILLACHICA et al., 1996).
Em relação ao uso de insumos para produção dessa hortaliça, como o adubo, é na sua
grande maioria de forma orgânica (HOMMA, 2014). Este tipo de produção vem se expandindo
constantemente devido a questões recorrentes à segurança do produtor, do consumidor e do
ambiente (TAVARES et al., 2016). Nesse sentido, a agricultura orgânica tem cada vez mais
ganhado destaque com reconhecimento social, político e científico pelo mundo inteiro, por estar
fundamentado na aplicação de estratégias agroecológicas, mediante o uso de insumos locais,
aumentando o valor agregado e propiciando uma cadeia de comercialização mais justa (MELO
et al., 2012).

1
Graduando em Agronomia, IFPA-Campus Castanhal, gabryelgarreto@gmail.com
2
Graduando em Agronomia, IFPA-Campus Castanhal, lucas.qifernando@outlook.com
3
Graduanda em Agronomia, IFPA- Campus Castanhal, daianesfariass@gmail.com
4
Graduanda em Agronomia, IFPA-Campus Castanhal, veraqueirozsouza95@gmail.com
5
Dra. em Ciências e Docente, IFPA-Campus Castanhal, juliana.nobre@ifpa.edu.br
Por ser uma cultura ainda pouco estudada em seus aspectos agronômicos,
principalmente, com relação à produção de sementes, o presente trabalho objetivou avaliar o
crescimento inicial de plântulas de jambu (Acmella oleraceae) obtidas de sementes produzidas
a partir de diferentes fontes de adubação orgânica e formas de aplicação.

Fundamentação Teórica
O jambu (Acmella oleracea [(L.) R. K. Jansen]), pertence à família Asteraceae, nativo
da região Amazônica, de clima tropical (VILLACHICA et al., 1996). É uma planta herbácea
de pequeno porte e hastes rastejantes e ramificadas, sendo conhecido como agrião-do-Pará no
norte do Brasil e outros nomes populares tais como agrião-do-Brasil, botão de-ouro e jambu-
açu (OLIVEIRA et al., 2004). As inflorescências, folhas e ramificações são comumente
utilizadas para fins medicinais a exemplo disso é o seu uso na composição de produtos
cosméticos e na produção de licores e cachaças (HOMMA et al., 2011).
Com flores amareladas e hermafroditas, dispostas em capítulos, seu fruto é do tipo
aquênio, oblongo com pericarpo de cor cinza, envolvidos parcialmente por uma pálea. As
sementes são achatadas e de tamanho diminuto. A propagação dessa espécie pode ser por via
sexuada e assexuada, sendo que o uso de suas sementes é o método mais utilizado no cultivo
comercial pelos produtores.
Além disso, o jambu é uma espécie comumente cultivada em regiões com temperatura
acima de 25C e umidade relativa do ar de 80% (SOUTO, 2016). Quanto ao sistema de cultivo
dessa espécie, é utilizado mais insumos orgânicos como adubação, na produção (HOMMA,
2014).
Quanto a sua a produção, ainda é muito praticada por meio do “etnocultivo”,
conhecimento empírico dos agricultores, adquiridos ao longo dos anos pelos próprios
produtores, com as experiências obtidas no campo (SOUZA, 2018). Ou seja, a maioria deles
utilizam como adubação os insumos locais de seus próprios agroecossistemas, nas suas
produções, a qual vem mostrando-se bastante eficiente.
Estudo realizado por Gama et al. (2018) revelam que quando adicionado fertilizante
orgânico de esterco bovino no cultivo do jambu em solos de baixa fertilidade natural, ocorre
um aumento linear do peso médio da biomassa verde da cultura. Borges (2012), também
estudou o desempenho agronômico da cultura do jambu utilizando insumos locais, com as
variedades Jamburana e a Nazaré, com o esterco de curral no plantio e torta de mamona como
adubação de cobertura e verificou que a cultivar Jamburana apresenta bom desenvolvimento
fitotécnico e produtividade econômica na adubação orgânica em comparação com a cultivar
Nazaré, demonstrando que essa adubação aumenta a eficiência agronômica dessa cultivar.

Metodologia

O experimento foi realizado em condições de campo na fazenda experimental


pertencente ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Pará- Campus Castanhal
mais precisamente no setor de horticultura no período de março a junho de 2019.
Obtenção das sementes
As sementes utilizadas foram obtidas do setor de horticultura da fazenda experimental. A
semeadura foi realizada em bandejas de isopor com 128 células, preenchidas com substrato
formulado com 50% de areia branca e 50% de húmus de minhoca. Aos 20 dias da semeadura,
(DAS) foi realizado o desbaste nas bandejas e o transplantio das mudas para os canteiros
realizado aos 25 DAS. As sementes foram produzidas em canteiros de 1,5 x 1,0 x 0,20 m,
espaçados em 0,40 m. Com espaçamento de 0,20 x 0,20 m entre plantas. Não houve
necessidade de irrigação, por ter sido cultivado no período chuvoso e as capinas foram feitas
manualmente.
Os tratamentos foram arranjados em blocos casualizados e distribuídos em esquema
fatorial (3x3) estes tratamentos consistiram em três fontes de adubação orgânica: cama de
aviário, esterco de bovino e esterco de caprino, sendo aplicadas em três períodos: as fontes
parceladas em 50% no preparo dos canteiros + 50% aos 08 dias após o transplantio; aplicação
total no preparo dos canteiros e aplicação total aos 08 dias após o transplantio, com quatro
repetições.
A colheita foi realizada manualmente aos 85 DAS, os capítulos foram secos à sombra
por 3 dias, em seguida, beneficiados para a retirada das sementes, as quais foram levadas ao
Laboratório de Análise de Sementes do IFPA, Campus Castanhal.
Avaliação do crescimento inicial das plântulas
Para avaliação do crescimento inicial das plântulas foram semeadas 4 repetições de 50
sementes em caixas gerbox, contendo papel mata-borrão, umedecido com água destilada. Em
seguida, foram acondicionadas em germinador do tipo B.O.D. regulado a 25 °C, com
fotoperíodo de 12 horas. A medição das plântulas foi efetuada aos 10 DAS, no final do teste de
germinação, sendo as plântulas normais medidas da raiz principal até o ápice foliar, utilizando
uma régua graduada, com os resultados expressos em cm/plântula.
O delineamento experimental realizado em laboratório foi o inteiramente casualizado
(DIC), com os tratamentos distribuídos em arranjo fatorial 3 x 3 (fontes x formas de aplicação),
sendo três repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Resultados e Discussões

Com relação às fontes e formas de aplicação constatou-se que houve interação


significativa (P > 0,0019). Ao fazer o desdobramento dos fatores estudados, observa-se que as
formas de aplicação quando parcelada ou totalmente distribuída no preparo dos canteiros, não
influenciaram nas fontes aplicadas (Tabela 01). No entanto, quando há distribuição total das
fontes após 08 dias (A3) observa-se melhor desempenho das plântulas obtidas das sementes
produzidas a partir da adubação feita com cama de aviário, seguida do esterco caprino.

Tabela 01. Comprimento de plântulas de jambu (Acmella oleraceae) a partir de sementes


produzidas em diferentes fontes de adubação orgânica e formas de aplicação.
Fontes de adubação Comprimento de plântulas (cm)
A1 A2 A3
Esterco bovino 1,92 aA 1,74 aAB 1,25 bB
Cama de aviário 1,50 aA 1,78 aA 2,09 aA
Esterco caprino 1,34 aB 2,36 aA 1,92 aAB

Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas na linha e minúsculas na coluna, não diferem estatisticamente pelo
teste de Tukey a 5% de significância. (A1 – aplicação parcelada: 50% no preparo dos canteiros + 50% 08 dias
após o transplantio; A2 – aplicação total no preparo dos canteiros; A3 – Aplicação total 08 dias após o transplantio).

Tal fenômeno pode ser explicado através das avaliações de FREITAS et al. (2012), onde
o esterco bovino demonstrou valores de N, P, K e Mg inferiores ao esterco de caprino. Já que
estes elementos participam da formação de proteínas, clorofila e regulação de água no vegetal,
uma menor proporção destes afetaria o desenvolvimento da planta, contribuindo para a
formação de sementes menos vigorosas, o que justifica o esterco bovino não apresentar valores
tão satisfatórios.
Além disso, o esterco de caprino possui um resíduo na sua composição a qual determina
as principais alterações das propriedades químicas presentes no solo, podendo-se explicar
através deste, a razão de obter maior crescimento (BRITO et al., 2005).
Por conseguinte, este fator poderá implicar em atraso futuro na colheita do jambu, o que
não é interessante para os horticultores que o cultivam, haja vista, que contratos com
supermercados ou feirantes são feitos com os agricultores, e uma possível colheita fora do prazo
de entrega poderia ocasionar a perda do comprador.
Desta maneira, levando ainda em consideração que os agricultores familiares possuem
gastos com mão-de-obra em campo, montagem das leiras, plantio, adubações, tratos culturais e
a colheita. Como não foi verificado ganhos significativos por meio do parcelamento das fontes,
teríamos um maior aproveitamento em relação a este tipo de atividade, quando as mesmas são
aplicadas em uma única vez.

Conclusão
A cama de aviário e o esterco de caprino são fontes orgânicas promissoras para a
produção de sementes de jambu, resultando em sementes com boa qualidade fisiológica, por
meio do crescimento das plântulas, implicando no rápido estabelecimento em campo.

Referências

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