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Mecânica e Tratamento
Térmico
Prof. Henrique Gonçalves Pereira
Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. Henrique Gonçalves Pereira
P436m
ISBN 978-65-5663-387-9
ISBN Digital 978-65-5663-388-6
CDD 620
Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Materiais para
Construção Mecânica e Tratamento Térmico. Eu sou o professor Henrique,
escrevi este livro com muito carinho para que você possa agregar conhecimento
aos seus estudos no Curso de Engenharia.
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 70
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 134
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS............................................................................. 135
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 193
UNIDADE 1 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A História humana está intrinsicamente ligada ao desenvolvimento e
avanço dos materiais de sua época. As eras passadas de civilizações mais antigas
estão relacionadas aos tipos de materiais utilizados. A Figura 1 demonstra a
evolução dos materiais utilizados com o passar das eras.
3
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
• materiais metálicos;
• materiais cerâmicos;
• materiais poliméricos;
• materiais compósitos.
4
TÓPICO 1 — CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
3 MATERIAIS METÁLICOS
Ao falarmos de materiais para aplicação em construção mecânica, o
primeiro que nos vem à mente são os materiais metálicos. Esse tipo de material
tem características que o tornam o mais versátil para este tipo de aplicação.
FONTE: O autor
Quais são os metais? Para isso, podemos dar uma olhada na Tabela
Periódica dos elementos químicos da próxima figura. Nela, estão destacados os
elementos metálicos.
6
TÓPICO 1 — CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
FIGURA 5 – TABELA PERIÓDICA DOS ELEMENTOS QUÍMICOS, COM DESTAQUE PARA ELEMEN-
TOS METÁLICOS EM CINZA
Uma coisa que tem que ficar clara, elemento metálico é diferente de
material metálico, afinal, a maioria dos materiais metálicos que utilizamos são o
que chamamos de ligas metálicas, ou seja, é a junção de dois ou mais elementos,
sendo pelo menos um deles, um elemento metálico, formando, assim, uma
ligação metálica. O próprio aço é uma liga metálica, sendo composto de ferro (Fe)
e carbono (C), mas esse é um assunto para outro tópico de outra unidade, em que
abordaremos a fundo o diagrama Fe-C.
7
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
8
AUTOATIVIDADE
I- Cerâmico.
II- Metálicos.
III- Poliméricos.
IV- Compósitos.
V- Plásticos.
9
10
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, dividimos as matérias em quatro grandes classes,
inclusive já falamos sobre uma delas. Neste tópico, abordaremos uma nova classe
de material, que possui importância e aplicação desde os primórdios das espécies
até aplicações sofisticadas nos dias de hoje, falaremos sobre os materiais cerâmicos.
2 MATERIAIS CERÂMICOS
Para entendermos melhor um material cerâmico, vamos pegar um
exemplo clássico trazido por Shackelford (2008), o alumínio (Al). Sim, o alumínio
é um material metálico comum, porém em contato com oxigênio do próprio
ar atmosférico, ele sofre uma reação de oxidação, formando, assim, o óxido
de alumínio (Al₂O₃), um material cerâmico. Esse óxido possui características
comuns aos materiais cerâmicos, como estabilidade química a diversos meios,
diferente do próprio alumínio que reage com o próprio ar atmosférico, além de
uma elevada temperatura de fusão, 660 °C para o alumínio metálico enquanto o
óxido de alumínio possui uma temperatura de fusão de 2020 °C.
12
TÓPICO 2 — MATERIAIS CERÂMICOS, VIDROS E VITROCERÂMICOS
4.1 VIDROS
O arranjo atômico não cristalino, encontrado na Figura 8(b), é de um material
de composição cerâmica, porém devido ao seu arranjo atômico irregular, recebem a
nomenclatura de vidros. Os vidros compartilham a fragilidade presente nas cerâmicas,
mas são importantes materiais de engenharia, por apresentaram a capacidade de
transmissão de luz visível, além de radiação ultravioleta e infravermelho, aliando
ainda a sua inércia química (SHACKELFORD, 2008).
13
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
4.2 VITROCERÂMICOS
Um material mais avançado, também proveniente das cerâmicas, é o que
chamamos de vitrocerâmicos. Esses materiais são obtidos para certas composições
de vidro, por exemplo, os aluminossilicatos de lítio, através de um tratamento
térmico específico que consiste na cristalização controlada desses materiais,
contendo fase vítrea residual e fase cristalina.
E
IMPORTANT
16
TÓPICO 2 — MATERIAIS CERÂMICOS, VIDROS E VITROCERÂMICOS
17
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
18
AUTOATIVIDADE
19
20
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Até agora, vimos duas importantes classes de materiais, os cerâmicos e
os metálicos. Esses materiais possuem suas distinções e semelhanças. Ambos
possuem ponto de fusão elevado, certa dureza e boa resistência mecânica, porém
diferem quanto à ductilidade, à maleabilidade e à condução de energia.
2 MATERIAIS POLIMÉRICOS
Os polímeros são outra importante classificação dentro dos tipos de
materiais. A palavra “polímero” tem origem no grego, onde “poli” significa
muitas e “mero” significa partes, fazendo essa junção, obtemos “muitas partes”.
Isso porque polímeros são macromoléculas, ou seja, várias moléculas conectadas
em uma cadeia principal.
21
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
Polímeros são uma definição bem mais ampla e está associada tanto a
polímeros naturais quanto à polímeros sintéticos. Os polímeros naturais como a
celulose, a borracha, as proteínas, entre outros são encontradas na natureza e são
utilizados pela humanidade, como já vimos há milhares de anos. Já os polímeros
sintéticos são aqueles criados artificialmente pelo homem, entre esses estão os
plásticos, tintas, chicletes, entre vários outros.
23
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
Estabilidade
Energia
da ligação Distância de Exemplo de Posição
Ligação de ligação
com relação à ligação (Å) polímero da ligação
(Kcal/mol)
C-C
C≡N 213 1,16 PAN GL
C≡C 194 1,20
Mais estáveis
C=O 171 1,23 Poliéster GL
C=N 147 1,27 CP, GL
C=C 147 1,34 Polidienos CP, GL
C-F 120 1,35 Polifluorados GL
C=S 114 1,71
O-H 111 0,96 Polióis GL
C-H 99 1,09 PE GL
N-H 93 1,01 Náilons GL
Si-O 88 1,64 Siliconas CP
C-O 84 1,43 Poliéster CP, GL
C-C 83 1 ,54 Polietileno PE CP
S-H 81 1,35
C-C1 79 1,77 PVC GL
C-N 70 1,47 Náilons CP
Mais instáveis
Com base na Tabela 2, é possível ver que as ligações que estão acima da
ligação C-C (bastante comum em uma cadeia polimérica) são mais estáveis, ou
seja, apresentam maior energia de ligação. Em contrapartida, as ligações que
estão mais abaixo, são mais fracas, consequentemente menos estáveis.
24
TÓPICO 3 — MATERIAIS POLIMÉRICOS E COMPÓSITOS
As cadeias com ligações cruzadas são cadeias poliméricas que estão ligadas
entre si, essas ligações entre cadeias acabam impedindo o livre deslizamento das
cadeias.
E
IMPORTANT
25
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
E
IMPORTANT
27
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
28
TÓPICO 3 — MATERIAIS POLIMÉRICOS E COMPÓSITOS
Excelentes propriedades
Caixas de bateria, aplicações
elétricas e ópticas; boa
Poliestireno domésticas, brinquedos,
estabilidade térmica e
(PS) painéis luminosos, materiais
dimensional; relativamente
descartáveis.
barato.
29
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
• Grande elasticidade.
• Pequena rigidez (pequenas tensões para grandes deformações).
• Alta resiliência (restituição da energia recebida com baixa perda).
• Termoplásticos convencionais
• Termoplásticos especiais
• Termoplásticos de engenharia
30
TÓPICO 3 — MATERIAIS POLIMÉRICOS E COMPÓSITOS
ATENCAO
Não confunda o polímero ABS com o sistema de freios ABS, pois siglas com
significados diferentes. O polímero ABS já vimos que é a junção dos três monômeros que
o constituem: a acrilonitrila (A), o but-1,3-dieno (B), e o estireno (S, do inglês styrene). Já
o sistema de freios ABS vem do inglês anti-lock braking system. Apesar do polímero ABS
também possuir aplicação na indústria automobilística, como nos painéis dos automóveis,
são duas definições totalmente diferentes.
3 MATERIAIS COMPÓSITOS
Os materiais compósitos compreendem uma importante classe dentro
dos materiais, não se trata de uma nova classificação, mas de uma mescla de
dois tipos de materiais diferentes, aliando dessa maneira propriedades inerentes
a cada uma das classes em questão.
31
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
Composição (% p)
Nome Característica
Al₂O₃ +
SiO₂ CaO MgO Na₂O K₂O B₂O₃ TiO₂ ZrO₂
Fe₂O₃
Sílica de
Vidro-A cal de soda 72 <1 10 14
comum
Resistente a
bases alcalinas
Vidro-AR 61 <1 5 <1 14 3 7 10
(para reforço
de concreto)
Resistente
Vidro-C à corrosão 65 4 13 3 8 2 5
química
32
TÓPICO 3 — MATERIAIS POLIMÉRICOS E COMPÓSITOS
Composição
Vidro-E 54 15 17 5 <1 <1 8
elétrica
Alta
Vidro-S resistência e 65 25 10
alto módulo
FONTE: Adaptada de Shackelford (2008, p. 316)
• Fibras contínuas.
• Fibras curtas.
• Tecido tramado.
33
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
Termofixos
Epóxis Alta resistência (para recipientes feitos por bobinagem)
Poliésteres Para estruturas gerais (normalmente, reforço de tecido)
Fenólicos Aplicações em altas temperaturas
Silicones Aplicações elétricas (por exemplo, placas de circuito impresso)
Termoplásticos
Náilon 66
Policarbonato Menos comuns, ductilidade especialmente boa
Poliestireno
FONTE: Adaptada de Shackelford (2008, p. 317)
34
TÓPICO 3 — MATERIAIS POLIMÉRICOS E COMPÓSITOS
Analisando ao Figura 23, é fácil observar que a madeira, assim como nas
fibras de vidro longitudinais, apresenta uma anisotropia em sua macroestrutura,
dessa forma, a resistência mecânica máxima de um compósito de madeira está
orientado conforme o eixo de suas fibras longas e longitudinais. Vale destacar que
as propriedades mecânicas da madeira sofrem influência do nível de umidade
atmosférica.
35
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
NTE
INTERESSA
Tipo Fibra/Matriz
Para-aramida (Kevlar)/epóxi
Para-aramida (Kevlar)/poliéster
C (grafite)/epóxi
Matriz polimérica
C (grafite)/poliéster
C (grafite)/poliéter-éter-cetona (PEEK)
C (grafite)/sulfeto de polifenileno (PPS)
B/Al
Matriz metálica C/Al
Al₂O₃/Al
36
TÓPICO 3 — MATERIAIS POLIMÉRICOS E COMPÓSITOS
Al₂O₃/Mg
SiC/Al
SiC/Ti (ligas)
Nb/MoSi₂
C/C
C/SiC
Matriz cerâmica SiC/Al₂O₃
SiC/SiC
SiC/Si₃N₄
SiC/Li–Al–silicato (vitrocerâmica)
FONTE: Adaptada de Shackelford (2008, p. 318)
37
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
38
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Polímeros podem ser tanto naturais como sintéticos e podem ser classificados de
diversas formas, tanto pela estrutura química, quanto ao modo de preparação,
quanto ao comportamento mecânico e quanto ao desempenho mecânico.
• Compósitos são formados por uma matriz e um reforço, que pode ser muitas
vezes fibroso ou particulado.
39
AUTOATIVIDADE
I- Cerâmico.
II- Metálico.
III- Polimérico.
IV- Compósito
3 Por que materiais compósitos orientados com fibras longas são considerados
anisotrópicos? Cite um exemplo de um compósito anisotrópico.
41
42
TÓPICO 4 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No estudo dos materiais que são utilizados em aplicações mecânicas,
com certeza os materiais metálicos merecem destaque. É verdade que todas as
classes de materiais possuem sua relevância em aplicações distintas, mas ainda
assim, os materiais metálicos dominam o segmento de aplicações que exigem
boas propriedades mecânicas.
2 ESTRUTURA CRISTALINA
Os materiais existentes na natureza podem ser classificados de acordo com
a ordenação espacial dos átomos e íons, que podem ser: organizado e repetitivo ou
não. Aqueles que possuem ordenação de longo alcance e com repetição do conjunto
de células unitárias, diz-se que são materiais cristalinos e o contrário, materiais
amorfos ou não cristalinos. A célula unitária representa a menor unidade de
arranjo atômico no espaço capaz de representar um sólido cristalino tridimensional
(SANTOS, 2008).
43
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
FIGURA 25 – (A) MODELO DE CÉLULA UNITÁRIA ATRAVÉS DE ESFERAS RÍGIDAS; (B) CÉLULA
UNITÁRIA COM ESFERAS REDUZIDAS; (C) CONJUNTO DE CÉLULAS UNITÁRIAS FORMANDO
UMA REDE CRISTALINA; (D) MODELO ATÔMICO CRISTALINO DO DIÓXIDO DE SILÍCIO; (E)
MODELO ATÔMICO AMORFO DO DIÓXIDO DE SILÍCIO
44
TÓPICO 4 — ESTRUTURA DOS MATERIAIS METÁLICOS
45
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
46
TÓPICO 4 — ESTRUTURA DOS MATERIAIS METÁLICOS
(1)
Densidade planar (DP): razão da área cristalográfica planar total que está
ocupada pelos átomos, Equação 2.
(2)
47
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
(3)
48
TÓPICO 4 — ESTRUTURA DOS MATERIAIS METÁLICOS
(4)
Em que:
n = número de átomos associados a cada célula unitária;
A = peso atômico;
VC = volume da célula unitária;
NA = número de Avogadro (6,023 x 10²³).
Veja o exemplo: o cobre possui raio atômico de 0,128 ηm, uma estrutura
cristalina CFC e um peso atômico 63,5 g/mol. Calcule a sua massa específica.
4 ESTRUTURA CCC
A estrutura cristalina CCC é caracterizada por oito átomos nos vértices
e um único átomo centralizado na célula unitária. Dessa forma, essa estrutura
possui 1/8 de cada um dos átomos dos vértices e mais o átomo centralizado,
totalizando 2 átomos na célula unitária. Os átomos se tocam ao longo da diagonal
interna do cubo. A Figura 29 apresenta uma representação da célula unitária de
uma estrutura CCC.
49
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
Parâmetros Resultados
Número de coordenação 8
Números de átomos inteiros na
célula unitária
Parâmetros de rede
5 ESTRUTURA CFC
A estrutura cristalina CFC é caracterizada por oito átomos nos vértices e
por seis átomos nas faces da célula unitária. Da mesma forma que na estrutura
CCC, os átomos dos vértices equivalem a 1/8 de átomo, pois são divididos entre 8
células unitárias adjacentes. Já os átomos das faces equivalem a ½ de átomo, pois
ele é dividido entre apenas duas células unitárias. Os átomos dessa estrutura se
tocam ao longo das diagonais das faces dos cubos. A Figura 30 apresenta uma
representação da célula unitária de uma estrutura CFC.
50
TÓPICO 4 — ESTRUTURA DOS MATERIAIS METÁLICOS
51
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
Parâmetros Resultados
Número de coordenação 12
O valor do FEA de 0,74, maior que o 0,68 da estrutura CCC, é o valor mais
alto possível para preencher o espaço empilhando as esferas rígidas de mesmo
tamanho. Devido a isso, a estrutura CFC também é denominada de estrutura
Cúbica Compacta (CC) (SHACKELFORD, 2008).
Metais CFC são mais dúcteis no estado puro, quando deformados sofrem
encruamento (dificuldade das discordâncias de se movimentar) e tornam-se mais
macios quando recozidos, por isso podem ser facilmente conformados por deformação.
Em geral, possuem elevada tenacidade e conservam a ductilidade e tenacidade até o
zero absoluto, não apresentando uma transição de dúctil/frágil. Alguns de exemplos
de materiais com esta estrutura cristalina são: alumínio, ouro e o ferro (γ).
6 ESTRUTURA HC
A estrutura cristalina HC é caracterizada por átomos nos vértices, átomos
nas faces da célula unitária e três átomos no meio. Essa é uma estrutura mais
complicada. A Figura 32 apresenta uma ilustração desse tipo de estrutura. Existem
dois átomos associados a cada ponto da rede de Bravais, um átomo centralizado
dentro da célula unitária e diversos átomos fracionados nos cantos da célula
unitária (quatro 1/6 de átomo e quatro 1/12 de átomo, gerando um total de dois
átomos por célula unitária (SHACKELFORD, 2008).
52
TÓPICO 4 — ESTRUTURA DOS MATERIAIS METÁLICOS
A Figura 32, na estrutura HC para metais, mostra (a) o arranjo dos centros
dos átomos em relação aos pontos de rede para uma célula unitária. Existem dois
átomos por ponto de rede (observe o exemplo destacado). (b) O empacotamento
real dos átomos dentro da célula unitária. Observe que o átomo no plano do meio
se estende além dos limites da célula unitária.
53
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
Parâmetros Resultados
Número de coordenação 12
Parâmetros de rede a = 2r
54
TÓPICO 4 — ESTRUTURA DOS MATERIAIS METÁLICOS
55
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
Exemplo: mostre a direção [110] dentro de uma célula cúbica, na Figura 36.
Vetor = Ponta ½ x 1y 0z
- Cauda: 0x 0y 0z
Projeções: ½x 1y 0z
Reduções (x2) 1x 2y 0z
Índice: [120]
57
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
x y z
Interseção 1/3 2/3 1
Inversão 3 3/2 1
Redução 6 3 2
índice (632)
FONTE: Adaptada de Callister Jr. e Rethwisch (2016, p. 69)
58
TÓPICO 4 — ESTRUTURA DOS MATERIAIS METÁLICOS
8 POLIMORFISMO E ALOTROPIA
Você certamente percebeu que os materiais existentes na natureza apresentam
diferentes composições químicas, apresentando os mais diversos elementos
envolvidos nessas composições. Dessa forma, é de esperar que cada material com
composição química diferente apresente características diferentes, até aí tudo bem.
E
IMPORTANT
59
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
O Fe α existe de -273 a 912 °C, entre 768 e 912 °C, o ferro a deixa de ser
magnético e, algumas vezes, é chamado de Fe β, porém não apresenta mudança
de estrutura cristalina. O ferro γ existe de 912 a 1394 °C e o Fe δ existe de 1394
a 1539 °C, apresentando, novamente, estrutura CCC, esta estrutura mantém-se
estável até a temperatura de fusão do ferro.
Estrutura na temperatura
Metal Em outras temperaturas
ambiente
Ca CFC CCC (> 447 °C)
Co HC CFC (> 1742 °C)
CFC (912 °C – 1394 °C)
Fe CCC
CCC (> 1394 °C)
Hf HC CFC (> 1742 °C)
Li CCC HC (< -193 °C)
Na CCC HC (< -233 °C)
Ti HC CCC (> 883 °C)
Zr HC CCC (> 872 °C)
FONTE: <http://www.fem.unicamp.br/~caram/estrutura.pdf>. Acesso em: 2 set. 2020.
60
TÓPICO 4 — ESTRUTURA DOS MATERIAIS METÁLICOS
61
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
LEITURA COMPLEMENTAR
Olá, galera!
63
UNIDADE 1 — MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA
64
TÓPICO 4 — ESTRUTURA DOS MATERIAIS METÁLICOS
65
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• A estrutura cristalina CFC é caracterizada por oito átomos nos vértices e por
seis átomo nas faces da célula unitária.
• Metais CFC são mais dúcteis no estado puro, quando deformados sofrem
encruamento (dificuldade das discordâncias de se movimentar) e tornam-se
mais macios quando recozidos.
66
• O polimorfismo é considerado uma mudança estrutural em substâncias compostas
e a alotropia é um tipo de polimorfismo presente em elementos puros.
CHAMADA
67
AUTOATIVIDADE
a) [101].
b) [211].
c) [102].
d) [313].
68
e) [111].
f) [212].
g) [312].
h) [301].
69
REFERÊNCIAS
ASHBY, M. F. Materials selection in mechanical design. 3. ed. Oxford: Elsevier,
2005.
70
SILVA, A. C.; AVANZI, C. Mecânica: tecnologia dos materiais e industrial. São
Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2011.
71
72
UNIDADE 2 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
73
74
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Na Unidade 1, nós estudamos a importância das diversas classes de
materiais existentes e, no final da unidade, abordamos as estruturas cristalinas
presentes em materiais metálicos.
2 IMPERFEIÇÕES EM METAIS
A verdade é que não existe um material sólido cristalino perfeito, pois
todo o material macroscópico apresentará certa quantidade de defeitos em sua
estrutura, assim como não existe nenhum material totalmente puro, ou seja,
sempre há um grau de impureza química.
75
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
Para que a mistura seja completa, todas as regras precisam ser obedecidas,
caso contrário, ocorrerá apenas uma solubilidade parcial.
76
TÓPICO 1 — DEFEITOS DOS MATERIAIS METÁLICOS
77
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
2.3 DEFEITOS PONTUAIS
Os defeitos pontuais têm a extensão de um ponto na rede cristalina e
são associadas com vazios, átomos intersticiais e átomos substitucionais. Esses
defeitos existem nos materiais independentemente das impurezas químicas.
(1)
Em que:
N – Número de posições atômicas.
Ql – Energia de ativação.
k – Constante dos gases.
T – Temperatura.
Para ilustrar a utilização dessa equação, vamos analisar o exemplo a
seguir.
78
TÓPICO 1 — DEFEITOS DOS MATERIAIS METÁLICOS
Solução:
(2)
2.4 DISCORDÂNCIAS
Também denominadas defeitos lineares, elas possuem a extensão de uma
linha dentro da rede cristalina e podem ser classificadas em discordâncias em
cunha, discordâncias em hélice ou discordâncias mistas, porém, antes de falarmos
dos três tipos de discordâncias, é importante falar do Vetor de Burges.
79
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
80
TÓPICO 1 — DEFEITOS DOS MATERIAIS METÁLICOS
81
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
82
TÓPICO 1 — DEFEITOS DOS MATERIAIS METÁLICOS
83
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
TUROS
ESTUDOS FU
84
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
85
AUTOATIVIDADE
5 Com relação aos defeitos pontuais, diga o que faz uma solução sólida ser
completa ou parcial? Cite um exemplo de solução sólida completa.
a) ( ) % Vacâncias = 0,1%.
b) ( ) % Vacâncias = 0,01%.
c) ( ) % Vacâncias = 1%.
d) ( ) % Vacâncias = 10%.
86
8 Os defeitos em um material sólido podem ser classificados das mais
variadas formas. Neste sentido, o que são defeitos lineares e quais são
eles?
87
88
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
PRINCÍPIOS DE DIFUSÃO
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, nós falamos dos defeitos que ocorrem em materiais
cristalinos. Muitos desses defeitos estão relacionados ao movimento dos átomos dentro
da estrutura cristalina nos materiais, como é o caso das vacâncias, que apresentam
um aumento exponencial quanto maior for a temperatura em escala absoluta.
Por que estudar difusão? Callister Jr. e Rethwisch (2016) trazem a seguinte
resposta: os processos que envolvem difusão são normalmente conduzidos a
altas temperaturas e muitas vezes queremos introduzir átomos de impureza em
determinados materiais para obter as propriedades desejadas, como é o caso dos
semicondutores de silício. Um processo semelhante é o tratamento térmico dos
aços, que busca o aprimoramento de suas propriedades mecânicas, envolvendo
o fenômeno de difusão. Assim é necessário o conhecimento das relações dos
parâmetros de difusão, que envolvem o tempo e a temperatura.
2 MECANISMOS DE DIFUSÃO
A difusão, de um ponto de vista atômico, consiste basicamente do
movimento dos átomos de uma posição para outra. É comum dizer que a difusão
é o mecanismo onde a matéria é transportada através da matéria. Esse movimento
é constante, porém para que ele ocorra, Callister Jr. e Rethwisch (2016) definem
duas condições básicas:
89
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
90
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DE DIFUSÃO
FIGURA 12 – DIFUSÃO DE UM ÁTOMO QUE OCUPA UMA POSIÇÃO NORMAL NA REDE CRISTALINA
91
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
3 EQUAÇÕES DE DIFUSÃO
O médico alemão Adolf Eugen Fick, em 1855, tratou de modo matemático
o fenômeno de difusão e propôs o que ficariam conhecidas como as duas leis de
Fick (PADILHA, 2000).
(3)
Em que:
J – fluxo, em kg/m²s;
M – é a massa, em kg;
A – é a área, em m²;
t – é o tempo, dado em segundos (s).
(4)
92
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DE DIFUSÃO
Em sua primeira lei (Equação 5), Flick define o fluxo Jx através de uma
placa como:
(5)
Em que:
D – é a constante de proporcionalidade, denominada coeficiente de
difusão, dada em m²/s;
– é o gradiente de concentração.
(6)
(7)
(8)
93
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
(9)
Em que:
Cx – é a concentração na profundidade x após o tempo t.
C₀ – é a concentração em x = ∞.
Cs – é a concentração constante na superfície do sólido.
– é a função erro de Gauss.
(10)
Em que é a variável z.
94
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DE DIFUSÃO
TUROS
ESTUDOS FU
Com base na segunda lei para sólidos semi-infinitos (Equação 9), alguns
cálculos de difusão são facilitados. Essa relação pode ser observada na Figura 16.
95
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
Uma placa de ferro está exposta a 700 °C a uma atmosfera carbonetante (rica
em carbono) em um de seus lados e a uma atmosfera descarbonetante (deficiente
em carbono) no outro lado. Se uma condição de regime estacionário é atingida,
calcule o fluxo de difusão do carbono através da placa, dado que as concentrações
de carbono nas posições a 5 e a 10 mm abaixo da superfície carbonetante são 1,2
e 0,8 kg/m³, respectivamente. Considere um coeficiente de difusão de 3.10⁻¹¹ m²/s
nessa temperatura.
Solução:
Solução:
Aplicando a Equação 9:
z erf(z)
0,35 0,3794
z (?) 0,4210
0,40 0,4284
Logo,
z = 0,392
Como , temos:
97
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
Solucionando t:
98
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DE DIFUSÃO
4.2 TEMPERATURA
A essa altura já foi possível perceber que o coeficiente de difusão D sofre
temperatura uma significativa influência da temperatura. Essa influência, assim
como no surgimento de vacâncias se dá e uma ordem exponencial dada pela
Equação 11:
(11)
Em que:
D₀ – Constante pré-exponencial que independe da temperatura, dado em
m²/s;
Qd – Energia de ativação para difusão, dada em J/mol ou eV/átomo;
R – Constante dos gases, dada em 8,314 J/mol.K ou 8,62 .10⁻⁵ eV/átomo.K
ou 1,38 .10⁻²³ J/átomo.K.
T – Temperatura, em K.
99
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
LEITURA COMPLEMENTAR
Características do processo
Aplicação
Vantagens
A grande maioria dos metais pode ser soldada por difusão; um quadro
permite visualizar as combinações mais comuns entre metais. Algumas dessas
combinações não foram examinadas ou ainda não existem resultados de testes
realizados.
FONTE: <https://infosolda.com.br/wp-content/uploads/imagens-artigos/Processos/difusao/difu-
sao0.jpg>. Acesso em: 9 fev. 2021.
Desvantagens
A união entre os materiais segue uma sequência que inicia com a colocação
das peças em contato.
101
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
FONTE: <https://infosolda.com.br/wp-content/uploads/imagens-artigos/Processos/difusao/difu-
sao.jpg>. Acesso em: 9 fev. 2021.
Parâmetros de soldagem
Temperatura
O processo de geração do calor é feito por energia elétrica que pode ser
na forma de indução, resistência ou alta frequência. As temperaturas de processo
ficam abaixo da linha “solidus” ou acima da temperatura de recristalização da
liga, em média 0,7 Ts (em Kelvin).
Pressão
102
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DE DIFUSÃO
Tempo de soldagem
A limpeza das superfícies de união, após uma usinagem fina, é feita por
decapagem química. Gorduras e óleos são removidos com álcool, acetona ou
tricloretileno, com ação de ultrassom.
Atmosfera de proteção
Equipamento
103
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
Prensas
O método mais comum para soldar por difusão é o que utiliza prensas
hidráulicas ou mecânicas. As prensas utilizadas na soldagem por difusão não são
normalizadas devido à grande variedade de tais máquinas. Como atmosfera protetora,
alguns tipos de prensa utilizam vácuo ou gás inerte; para o aquecimento, podem-
se encontrar prensas que trabalham com filamentos entrelaçados de tungstênio, ou
também indução e auto resistência. Embora seja o método mais comum, o emprego
de prensas na soldagem de peças de grandes dimensões é limitado.
FONTE: Soldagem por difusão. Infosolda, Osasco, 22 fev. 2013. Disponível em: https://infosolda.
com.br/biblioteca-digital/livros-senai/processos/196-soldagem-por-difusao. Acesso em: 6 nov. 2020.
104
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A difusão por lacunas ocorre somente quando existe uma lacuna adjacente na
rede cristalina ao átomo.
105
AUTOATIVIDADE
a) ( ) 5,8x10⁻¹³m²/s.
b) ( ) 8,4x10⁻¹²m²/s.
c) ( ) 3,6x10⁻¹³m²/s.
d) ( ) 1,1x10⁻¹³m²/s.
106
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO
1 INTRODUÇÃO
Até agora falamos sobre os defeitos presentes em materiais cristalinos e
também sobre as características do processo de transporte da matéria no estado
sólido. Os fenômenos envolvidos nesses processos possibilitam o surgimento de
diversas fases no material.
Afinal, o que são fases? Quais são sua importância? De que forma prever
e entender as fases presentes nos materiais? Essas e outras perguntas serão
respondidas ao longo deste tópico!
2 FASES
Callister Jr. e Rethwisch (2016) definem o conceito de fase como sendo
“uma porção homogênea de um sistema que possui as características físicas e
químicas uniformes”. Nesse conceito, podemos interpretar a palavra sistema
como um material puro ou uma mistura de dois ou mais elementos (solução).
Esse conceito nos diz que a fase é a menor porção desse sistema que apresenta
todas as propriedades, tais como ponto fusão, resistência mecânica, dureza etc.
107
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
Não apenas isso podemos tirar da figura anterior, vemos que no interior
do diagrama está escrito “Solução líquida (xarope)”, pois bem, essa é uma solução
líquida que apresenta mistura de açúcar + água.
108
TÓPICO 3 — DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO
E
IMPORTANT
TUROS
ESTUDOS FU
O estudo dos diagramas binários será muito importante, pois irá determinar as
fases presentes em diversas temperaturas, sendo muito útil quando estudarmos os diversos
tratamentos térmicos na Unidade 3.
110
TÓPICO 3 — DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO
111
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
A composição inicial (C₀) da liga é de 35%p Ni, os outros 65%p são de Cu.
Para determinarmos a composição de cada fase, será feito de forma diferente de
uma região monofásica. Como possuímos duas fases presentes, é preciso traçar
uma linha horizontal que intercepte cada uma das fases, a qual chamamos de
linha de amarração. Para sabermos a composição da fase, nessa temperatura
específica, é precisa percorrer a linha de amarração até a fronteira de cada fase.
Vamos ver na prática.
FONTE: O autor
112
TÓPICO 3 — DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO
(12)
(13)
113
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
114
TÓPICO 3 — DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO
Algo semelhante irá ocorrer no d’, dessa vez ainda não haverá um último
sólido nesse ponto, pois a linha de solidificação foi deslocada devido às maiores
taxas de resfriamento, e um novo sólido com composição diferente irá se formar
ao redor do primeiro e do segundo sólido formado. Isso irá ocorrer até o ponto e’,
onde teremos nosso último líquido. No ponto f’, podemos ver o resultado dessa
solidificação longe do equilíbrio, onde temos sólidos aprisionados no interior de
outros sólidos com composições diferentes.
115
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
Vale destacar que a linha liquidus não se deslocou como a linha solidus,
isso ocorre devido às maiores taxas de difusão que ocorrem nos líquidos, em
detrimentos aos sólidos.
117
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
118
TÓPICO 3 — DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO
FIGURA 27 – (A) LIGA DE PB-SN DE COMPOSIÇÃO EUTÉTICA (61,9%P SN) E (B) LIGA PB-SN DE
COMPOSIÇÃO HIPOEUTÉTICA (50%P SN)
119
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
EUTÉTICA L α+β
PERITÉTICA α+L β
MONOTÉTICA L1 L2 + α
EUTETOIDE γ α+β
PERITETOIDE α+β γ
FONTE: <https://slideplayer.com.br/slide/9229906/>. Acesso em: 14 nov. 2020.
Por sim, a reação peritetoide irá ocorre quando no resfriamento, duas fases
sólidas transformam-se em uma outra fase sólida.
8 SISTEMA FERRO-CARBONO
O diagrama Fe-C é provavelmente o sistema binário mais importante no
que diz respeito aos materiais de engenharia, afinal o aço e o ferro fundido são
soluções sólidas de ferro com carbono dissolvido em sua microestrutura.
120
TÓPICO 3 — DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO
Se você analisar, esse diagrama não é o diagrama Fe-C completo, pois não
apresenta até 100%, ele é chamado de diagrama de Fe-C metaestável, justamente
por apresentar um composto metaestável, o carbeto de ferro também denominado
como cementita.
E
IMPORTANT
Callister Jr. e Rethwisch (2016) definem aços como ligas que apresentam
entre 0,008%p C e 2,14%p C, os ferros fundidos são ligas de Fe-C que apresentam
2,14%p C até 6,7%p C, no entanto, as ligas comerciais não apresentam normalmente
mais que 4,5%p C. Já para Chiaverini, (1988), ferros fundidos são ligas ternárias de
121
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
122
TÓPICO 3 — DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO
123
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
Fonte: O autor
124
TÓPICO 1 — DEFEITOS DOS MATERIAIS METÁLICOS
125
UNIDADE 2 — LIGAS METÁLICAS E MATERIAIS CRISTALINOS
126
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Para composição de uma fase em uma região monofásica, traçamos uma linha
vertical até o eixo da composição e temos seu valor, cuja proporção da fase
será sempre de 100%.
• A reação eutética ocorre quando obtemos duas fases sólidas a partir de uma
fase líquida, durante o resfriamento.
127
• Os diagramas binários podem apresentar cinco reações diferente envolvendo três
fases distintas, são elas: eutética, peritética, eutetoide, monotética e peritetoide.
CHAMADA
128
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Verdadeiro.
b) ( ) Falso.
129
FONTE: <https://bit.ly/36XQbvE>. Acesso em: 9 fev. 2021.
Considere uma liga cuja composição é de 35% (em peso) de níquel a 1240 °C.
A fração da fase líquida pode ser calculada, com o auxílio da figura, de acordo
com a seguinte expressão:
FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/2MQdtgj>. Acesso em: 9 fev. 2021.
a) ( ) 35-29 / 40-29.
b) ( ) 40-35 /35-29.
c) ( ) 40-35 /40-29.
d) ( ) 40-29 /35-29.
130
8 Considere uma liga binária de aço com 0,6%C que é aquecido até a
temperatura de 1200 °C, sendo resfriada lentamente, em condições de
equilíbrio. Considere o diagrama binário Fe-C no equilíbrio (Figura),
assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As fases presentes a 1200 °C são uma fase sólida (austenita) e outra fase
líquida.
b) ( ) As fases presentes a 724 °C são: uma fase sólida, a ferrita (α), com
composição de aproximadamente 0,022%C, e uma outra fase sólida, a
cementita (Fe₃C), com composição de 6,70%C.
c) ( ) A temperatura de início de solidificação dessa liga é aproximadamente
727 °C.
d) ( ) Se essa liga for aquecida a 1400 °C, ela estará totalmente no seu estado
fundido (apresentará apenas uma fase líquida).
131
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a sentença I está correta.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
132
FONTE: Adaptada de Callister Jr. e Rethwisch (2016, p. 276)
133
REFERÊNCIAS
CALLISTER JR., W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais:
uma introdução. 9. ed. São Paulo: LTC, 2016.
134
UNIDADE 3 —
TRATAMENTOS TÉRMICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
135
136
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Chegamos à última unidade do seu livro didático. Esta
unidade será dedicada inteiramente aos tratamentos térmicos realizados em
materiais metálicos.
137
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
FONTE: <http://www.pmt.usp.br/pmt2402/TRATAMENTO%20T%C3%89RMICO%20DE%20A%-
C3%87OS.pdf>. Acesso em: 8 dez. 2020.
3 AQUECIMENTO
Alguns fatores devem ser considerados durante o aquecimento de uma
liga metálica, sobretudo, uma liga que tenha sido deformada a frio. As ligas
metálicas, durante o aquecimento irão passar por três etapas distintas:
139
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
Nas Figuras 3 (a) e (b), temos os grãos de uma liga de latão com cerca de
33% de trabalho a frio, antes do aquecimento. Na sequência, as Figuras 3 (c) e (d),
mostram, respectivamente, a liga durante o processo de recristalização e após a
recristalização completa. Já para as Figuras 3 (e) e (f), a liga está sofrendo o processo
de crescimento de grão, onde grãos maiores acabam englobando grãos menores.
E
IMPORTANT
Para metais puros, costuma-se dizer que a temperatura de recristalização é 0,4 Tf,
já para alguma ligas comerciais, ela pode chegar até 0,7 Tf. (CALLISTER JR.; RETHWISCH, 2016).
141
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
142
TÓPICO 1 — CINÉTICA DAS TRANSFORMAÇÕES DE FASES
4 RESFRIAMENTO
Podemos considerar o resfriamento como o fator mais importante do
processo de tratamento térmico. Importante salientar que esse fator está diretamente
ligado ao meio utilizado, ou seja, a intensidade do resfriamento será maior ou
menor dependendo do meio escolhido para o resfriamento. Os meios mais comuns
de resfriamentos estão descritos no Quadro 1:
Velocidade
Óleo (várias viscosidades)
Ar soprado
Ar
Forno
FONTE: O autor
Muitas vezes, resfriamentos mais brandos, que irão levar a peça a pequenas
alterações microestruturais, podem não ser suficientes para o que se pretende com
o tratamento térmico. Em contrapartida, resfriamentos muito drásticos, ou seja,
muito rápidos, irão acarretar um acúmulo de tensões internas na peça devido às
fortes alterações microestruturais. Esse acúmulo de tensões irá elevar a dureza da
peça que sofreu o tratamento, mas também irá resultar em uma maior fragilidade
da mesma peça.
Veja que, pelo Quadro 1, resfriamentos drásticos são obtidos para meios lí-
quidos, como salmoura, água ou óleos. Um resfriamento moderado pode ser obtido
através de ar soprado ou no próprio ar, a temperatura ambiente, fora do forno. Já
resfriamentos lentos são obtidos aos desligarmos o forno na temperatura de enchar-
que e esperarmos longos períodos até que a peça alcance a temperatura ambiente.
TUROS
ESTUDOS FU
143
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
144
AUTOATIVIDADE
145
146
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Como vimos na unidade passada, apesar de bastante útil, os diagramas de
equilíbrio não levam em conta uma importante variável, o tempo, sendo crucial para
se prever a microestrutura obtida nos mais diversos tratamentos térmicos.
2 DIAGRAMAS TRANSFORMAÇÃO-TEMPO-TEMPERATURA
O estudo dos diagramas TTT nos possibilitará prever as transformações
que irão ocorrer ao longo do tempo em função da temperatura. A seguir, na
Figura 6, é mostrado o diagrama TTT para um aço de composição eutetoide.
148
TÓPICO 2 — DIAGRAMAS, TEMPO, TRANFORMAÇÃO E TEMPERATURA
FONTE: O autor
3.1 PERLITA
A perlita, nossa velha conhecida, é um microconstituinte eutetoide do aço.
Quando estamos falando de tratamentos térmicos, podemos classificar a perlita
de duas formas: perlita fina e perlita grossa. Callister Jr. e Rethwisch (2016) citam
que a proporção da largura de ferrita (α) para cementita (Fe₃C) é 8:1, porém esse
fator será dependente da temperatura de transformação da perlita. Logo abaixo
da temperatura eutetoide, através de um resfriamento muito lento, iremos obter
perlita grossa, essa estrutura possui uma resistência mecânica menor, porém
apresenta maior ductilidade. Essa estrutura mais grosseira ocorre devido à maior
taxa de difusão em temperaturas mais altas, o carbono acaba se difundindo mais
na estrutura, promovendo a formação de lamelas mais grosseiras de cementita.
149
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
3.2 BAINITA
Ao passo que a temperatura vai diminuindo, temos a formação de um
novo microconstituinte, logo abaixo da temperatura de formação de perlita fina.
É a bainita, e como acontece na formação da perlita, a bainita apresenta uma
microestrutura com duas fases, a ferrita e cementita, porém os arranjos dessas fases
se dão de forma diferente. No entanto, a bainita apresenta uma formação ainda
mais fina de partículas de cementita e ferrita, em contraste com a estrutura lamelar
da perlita. A seguir, na Figura 10, é possível observar a bainita em uma micrografia.
150
TÓPICO 2 — DIAGRAMAS, TEMPO, TRANFORMAÇÃO E TEMPERATURA
151
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
3.3 ESFEROIDITA
A esferoidita é a um microconstituinte onde nódulos de cementita estão
dispostos em uma matriz ferrítica. Isto só é possível através de um longo patamar
de aquecimento.
3.4 MARTENSITA
Até agora, nós falamos sobre três microconstituintes, a perlita, a bainita
e a cementita. Agora vamos falar de uma fase metaestável que não aparece
no diagrama de fases no equilíbrio, porém se você perguntar para qualquer
engenheiro que lida com aços tratados termicamente, ele irá reconhecer sua
importância, estamos falando da martensita.
153
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
NTE
INTERESSA
154
TÓPICO 2 — DIAGRAMAS, TEMPO, TRANFORMAÇÃO E TEMPERATURA
4 RESFRIAMENTO CONTÍNUO
Até agora estávamos tratando de diagramas isotérmicos, quando
mantemos a temperatura constante durante a transformação, porém, na prática,
a maioria dos casos ocorrem com resfriamentos contínuos. Para esse tipo de
resfriamento, o tempo necessário para o início de uma transformação, bem como
o seu término, são retardados, ou seja, as curvas devem ser deslocadas para
tempos maiores e para temperaturas menores. Essas curvas recebem o nome de
Transformações a Resfriamento Contínuo, ou curvas TRC.
NOTA
155
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
Outra diferença que podemos notar é que não há linha contínua abaixo
do “joelho”, isso se deve ao fato que é impossível alcançar uma transformação
abaixo do joelho, sem que se mantenha a temperatura constante. Dessa forma,
podemos ver que, nesse diagrama, não temos a bainita representada, isso se deve
ao fato de que para um aço eutetoide, é impossível a obtenção da bainita sem
um patamar de temperatura, abaixo do “joelho”. Duas curvas com resfriamentos
contínuos podem ser observadas na Figura 17, a seguir.
156
TÓPICO 2 — DIAGRAMAS, TEMPO, TRANFORMAÇÃO E TEMPERATURA
157
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
Agora que falamos dos diagramas TTT e TRC, vamos falar sobre os fatores
que deslocam ou modificam as curvas desses diagramas.
• teor de carbono;
• tamanho de grão austenítico;
• elementos de liga (composição química);
158
TÓPICO 2 — DIAGRAMAS, TEMPO, TRANFORMAÇÃO E TEMPERATURA
O teor de carbono mais alto age no sentido de deslocar as curvas TTT para
a direita, ou seja, ele dificulta a formação da martensita. Para teores de carbono
menores que a composição eutetoide, torna-se praticamente impossível a obtenção
de uma estrutura completamente martensítica. A Figura 19 demonstra esse
comportamento.
O aço AISI ABNT 1020, que possui 0,2%p C, possui sua curva TTT
deslocada para a esquerda, de tal modo que para qualquer resfriamento com
intervalo de tempo, não teremos uma estrutura completamente martensítica,
pois parte da austenita já terá se transformado em ferrita + cementita. Já o aço
que possui 0,5%p C (AISI ABNT 1050), é possível, ainda que para tempos muito
pequenos, a obtenção de uma estrutura completamente martensítica, pelo menos
na superfície do aço, pois a curva está levemente deslocada para a direita.
Isso ocorre, pois quanto maior o tamanho de grão, menor será o contorno
de grão. Sabemos que os contornos de grão favorecem a difusão, e que a formação
da perlita, diferente da formação da austenita, necessita de difusão para ocorrer.
Dessa forma, quanto menor forem os contornos dos grãos, pior será a difusão no
estado sólido do material, dificultando a formação de perlita.
159
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
FIGURA 20 – DIAGRAMA TTT DO AÇO AISI 1335 (À ESQUERDA) E DO AÇO AISI 4340 (À DIREITA)
160
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A martensita é uma fase metaestável muito dura, que ocorre através de uma
transformação adifusional e atérmica, em que o reticulado CFC da austenita
se transforma em martensita TCC, na velocidade do som.
161
AUTOATIVIDADE
I- Martensita.
II- Perlita.
III- Bainita.
IV- Esferoidita.
4 Uma fase muito importante, que não aparece no diagrama de fases Fe-C
é a martensita. Com base nisso, responda, o que é martensita? Descreva
a transformação martensítica. O que gera a diferença da morfologia entre
placas e ripas?
163
FONTE: Adaptada de Chiaverini (1998, p. 56)
164
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, nós vimos os mecanismos de transformações de fases
que ocorrem nas etapas de um tratamento térmico, vimos ainda as diferentes
microestruturas possíveis de se obter no resfriamento após o tratamento térmico
de um aço.
• Recozimento.
• Normalização.
• Têmpera.
• Revenido.
• Martêmpera.
• Austêmpera.
2 RECOZIMENTO
O tratamento térmico de recozimento consiste em expor o material ou peça
por um longo período a uma elevada temperatura, seguido de um resfriamento
lento. O recozimento é um tratamento térmico que possui os seguintes objetivos:
166
TÓPICO 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS EM AÇOS
167
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
168
TÓPICO 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS EM AÇOS
3 NORMALIZAÇÃO
O tratamento térmico de normalização é muito semelhante ao recozimento,
principalmente, no que se diz respeitos aos seus objetivos. No entanto, duas
diferenças devem ser destacadas. A primeira delas diz respeito às etapas de
aquecimento e permanência na temperatura, que são maiores que as temperaturas
utilizadas no recozimento pleno. Na normalização, atingem-se temperaturas cerca
de 80 °C acima de A3 para aço hipoeuteoides e temperaturas também cerca de 80
°C acima de ACM para aços hipereutetoides. Essas faixas de temperaturas já foram
demonstradas anteriormente na Figura 21.
169
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
FONTE: O autor
170
TÓPICO 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS EM AÇOS
Como ilustrado no gráfico (Figura 27), o aço recozido terá maior ductilidade
do que o aço normalizado, enquanto o segundo terá maior resistência à tração. O
esquema do tratamento térmico de normalização, bem como a estrutura refinada
após o resfriamento está ilustrado na Figura 28.
4 TÊMPERA
O tratamento térmico conhecido como têmpera requer um resfriamento
brusco, normalmente em meio aquoso ou óleo, para um tratamento ainda mais
veloz, uma solução aquosa de água + NaCl (salmoura) pode ser aplicada.
E
IMPORTANT
172
TÓPICO 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS EM AÇOS
5 REVENIDO
Apesar de ser um dos tratamentos térmicos mais comuns, dificilmente,
na indústria, a têmpera é aplicada sozinha, isso porque a estrutura martensítica
criada é uma estrutura extremamente frágil e não possui tantas aplicações práticas,
devido ao alto grau de tensões internas provocadas por esse tratamento térmico.
174
TÓPICO 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS EM AÇOS
O 2° estágio ocorre entre 200 a 300 °C. Nesse estágio, a austenita retida na
martensita se transforma em bainita. Essa transformação ocorrerá apenas em aços
médio e alto carbono ligados. Nesse estágio, a dureza Rockwell continua a cair. A
dureza Rockwell segue decrescendo.
175
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
Quando a temperatura atinge a faixa de 400 a 600 °C, a dureza Rockwell cai
para valores de 45 a 25 devido à recuperação das discordâncias e os aglomerados
de cementita passam a uma forma esferoidal, ficando mantida uma estrutura de
ferrita fina acicular.
A martensita TCC, que está saturada de carbono, após receber energia térmica,
acaba sofrendo o processo de difusão e se transforma em um microconstituinte
formado por duas fases, a ferrita e a cementita. Na micrografia, os pontos são de Fe₃C,
enquanto a matriz é ferrítica.
176
TÓPICO 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS EM AÇOS
177
UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
TUROS
ESTUDOS FU
6 MARTÊMPERA
No tratamento térmico de martêmpera é feito um patamar de temperatura
durante o resfriamento, logo acima da temperatura de transformação martensítica.
O motivo desse patamar é justamente uniformizar as temperaturas no interior da
peça, de forma a diminuir a tensão residual proveniente do processo de têmpera.
Logo em seguida e feito um resfriamento total da peça.
178
TÓPICO 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS EM AÇOS
7 AUSTÊMPERA
Outro método alternativo à têmpera convencional, visando justamente
acabar com problemas de trincas provenientes do processo, é a austêmpera.
Diferente da têmpera e da martêmpera, a vantagem da austêmpera é a remoção de
uma etapa posterior, o revenido. Isso ocorre, pois, o objetivo da austêmpera não é
formação de martensita, mas sim a formação de bainita. Dessa forma, é executado
um patamar de temperatura logo acima da temperatura de formação da martensita.
Você deve ter percebido que para ilustração dos processos de têmpera,
martêmpera e austêmpera foi utilizado um diagrama TTT com aço de composição
eutetoide para simplificar o entendimento dos processos. No entanto, esses
tratamentos podem ser indicados às mais diferentes composições de ligas.
É claro que para algumas composições de liga, eles também podem não
ser recomendados. Podemos citar um caso estudado aqui, o do aço AISI 4340.
Se analisarmos o diagrama TTT desse aço, vemos que os elementos de ligas
promoveram um deslocamento do joelho de formação da bainita. Então, para esse
aço, não é necessário um tratamento isotérmico de austêmpera para a produção
de bainita. Um simples resfriamento contínuo no meio adequado irá promover o
aparecimento da estrutura bainítica.
8 PATENTEAMENTO
Existe outro tratamento isotérmico (em que aplicado um patamar de
temperatura) que vale a pena citar, o patenteamento. Nesse caso, o objetivo não
é a formação de martensita, ou martensita revenida ou até mesmo de bainita
inferior. No patenteamento, o objetivo é a formação de uma estrutura homogênea
de perlita fina ou até mesmo bainita superior. Uma ilustração do diagrama do
processo de patenteamento é apresentada, a seguir, na Figura 37.
180
TÓPICO 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS EM AÇOS
Como visto, duas condições são necessárias para que ocorra o endurecimento
por precipitação. Dessa forma, podemos dividir esse processo em dois tratamentos
térmicos distintos, um tratamento térmico de solubilização e outro tratamento
térmico de precipitação. Vamos exemplificar esses dois tratamentos com base no
diagrama hipotético apresenta na Figura 38.
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UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
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TÓPICO 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS EM AÇOS
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UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
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TÓPICO 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS EM AÇOS
LEITURA COMPLEMENTAR
FRAGILIZAÇÃO AO REVENIDO
Introdução
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UNIDADE 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS
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TÓPICO 3 — TRATAMENTOS TÉRMICOS EM AÇOS
b) A MPT geralmente varia de 171 ºC (350 ºF) para os aços mais antigos e mais
altamente fragilizados, até abaixo de 52 ºC (125 ºF) ou menos para aços mais
novos, resistentes à fragilização ao revenido.
c) Se forem necessários reparos de solda, os efeitos da fragilização por revenido
podem ser temporariamente revertidos por aquecimento a 620 °C (1150 °F) por
duas horas por polegada de espessura, e resfriamento rápido à temperatura
ambiente. É importante notar que a refragilização ocorrerá ao longo do tempo,
se o material é reexposto à faixa de temperatura de fragilização.
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
189
AUTOATIVIDADE
190
6 Normalmente, quando falamos do tratamento térmico de têmpera, devemos
também falar do tratamento térmico de revenimento. Neste sentido, qual é
a função do revenido? Disserte sobre a fragilidade ao azul.
191
8 Tratamentos térmicos nos aços é uma prática comum realizada, com o
objetivo de alterar os níveis de resistência mecânica, dureza, ductilidade e
tenacidade. Dessa forma, com relação aos tratamentos térmicos, assinale a
alternativa CORRETA:
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/2MmUcmz>. Acesso em: 10 fev. 2021>.
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REFERÊNCIAS
ASM International. Asm handbook: Heat Treating.10. ed. Russell Township:
ASM Intl, 1991.
TOTTEN, G. E. Steel heat treatment handbook. 2. ed. Boca Raton: Taylor & Francis
Group, 2006.
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