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Sumário
SENAI - 2009 1
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Classificação e
características de materiais
Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:
Conhecer
Estar informado sobre:
• Classificação dos materiais naturais, artificiais, ferrosos e não-ferrosos;
• Propriedades dos materiais.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Estrutura dos metais;
• Formação da estrutura na solidificação;
• Componentes da estrutura: átomo, cristais, grão, contorno do grão;
• Propriedades físicas dos metais.
Introdução
Para tanto, o material deve ser avaliado sob dois aspectos: suas qualidades mecânicas e seu
custo.
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
Classificação de materiais
Apresentamos a seguir uma classificação dos materiais mais comumente utilizados, tendo cada
um sua importância e emprego definidos em função de suas características e propriedades.
materiais
FoFo
madeira
mouro
etc.
resinóides
plásticos
pesados
leves
Conhecidas as classes dos materiais passemos agora a especificá-los por grupos e emprego a
que se destinam, pois todos os materiais possuem características próprias que devemos conhecer
para podermos empregá-los mais adequadamente.
Materiais metálicos
Ao estudarmos a classe dos materiais metálicos podemos dividi-los em dois grupos distintos: os
ferrosos e os não-ferrosos.
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
Como esses materiais são fáceis de serem trabalhados, com eles é construída a maior parte de
máquinas, ferramentas, estruturas, bem como instalações que necessitam materiais de grande
resistência.
Esses materiais são geralmente utilizados isoladamente ou em forma de ligas metálicas, algumas
delas amplamente utilizadas na construção de máquinas e equipamentos.
Normalmente, os não-ferrosos são materiais caros, logo não devemos utilizá-los em componentes
que possam ser substituídos por materiais ferrosos.
Esses materiais são amplamente utilizados em peças sujeitas a oxidação, dada a sua resistência,
sendo muito utilizados em tratamentos galvânicos superficiais de materiais.
São também bastante utilizados em componentes elétricos.
Nos últimos anos, a importância dos metais leves e suas ligas têm aumentado consideravelmente,
principalmente na construção de veículos, nas construções aeronáuticas e navais, bem como na
mecânica de precisão, pois têm-se conseguido ligas metálicas de alta resistência e de menor peso
e, com isto, tende-se a trocar o aço e o ferro fundido por esses metais.
Materiais não-metálicos
Existem numerosos materiais não-metálicos que podem ser divididos em:
• Naturais – madeira, couro, fibras, etc.
• Artificiais ou sintéticos – baquelite, celulóide, acrílico, etc.
Os materiais plásticos estão sendo empregados em um número cada vez maior de casos como
substitutos de metais.
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
Daí a necessidade de conhecermos um pouco mais esses materiais que vêm-se tornando uma
presença constante nos campos técnico, científico, doméstico, etc. Deles nos ocuparemos um
pouco mais na unidade Materiais plásticos.
A maioria dos metais ao se solidificar experimenta uma contração de volume, o que indica uma
menor separação entre os átomos no estado sólido.
Nesse estado, os átomos animados de pequena energia cinética não conseguem deslizar
livremente uns em relação aos outros.
No estado sólido, os átomos não estão em repouso, mas vibram em torno de determinadas
posições de equilíbrio assumidas espontaneamente por eles ao se solidificarem.
Essas posições não são assumidas ao acaso, pelo contrário, apresentam uma ordenação
geométrica especial característica, que é uma função da natureza do metal.
Essa disposição ordenada, característica dos metais sólidos e de outros materiais não-metálicos,
denomina-se estrutura cristalina.
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3) Hexagonal compacta
Metais: Mg, Zn, Cd, Ti.
- A dimensão da rede varia de tipo para tipo.
A transformação mecânica dos metais (tais como laminação, dobramento, estampagem) depende
do tipo da estrutura cristalina.
Nas estruturas do tipo (1) a transformação ocorre facilmente, enquanto na estrutura (3) a
transformação é mais difícil de ser verificada.
No processo de dobramento de metais que possuem o tipo (3) – exemplo: Mg e Zn, a peça pode
quebrar mais facilmente do que nos metais que possuem estrutura do tipo (1) – exemplo: aço ou
Al.
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À medida que esses cristais crescem em direções definidas, encontram-se e estabelecem uma
superfície de contato que chamamos de limite ou contorno de grãos.
O tamanho do grão na estrutura do metal varia de acordo com o número de embriões formados e
com o tipo de metal.
Num mesmo metal podem-se formar grãos pequenos ou grandes, se modificarmos o tempo de
solidificação (velocidade de resfriamento e pressão).
Se diminuirmos o tempo de solidificação, teremos uma estrutura formada por maior número de
grãos (estrutura fina). Caso contrário, ocorre o inverso (estrutura grossa).
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Diagrama de solidificação
Elasticidade
Uma mola deve ser elástica. Por ação de uma força, deve se deformar e, quando cessada a força,
deve voltar à posição inicial.
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Para comprovarmos a elasticidade do aço para molas, prendemos a mola na morsa por um lado e
a estiramos pelo outro lado até que se estique.
Quando a soltamos, se a mola voltar à posição inicial é porque o aço possui boa elasticidade.
Fragilidade
Materiais muito duros tendem a se quebrar com facilidade, não suportando choques, enquanto
que os materiais menos duros resistem melhor aos choques. Assim, os materiais que possuem
baixa resistência aos choques são chamados frágeis. Exemplos: FoFo, vidro, etc.
Ductilidade
Pode-se dizer que a ductilidade é o oposto da fragilidade. São dúcteis os materiais que por ação
de força se deformam plasticamente, conservando a sua coesão, por exemplo: cobre, alumínio,
aço com baixo teor de carbono, etc.
Na figura seguinte temos um fio de cobre de 300mm de comprimento. Se puxarmos este fio, ele
se esticará até um comprimento de 400 a 450mm sem se romper porque uma das qualidades do
cobre é ser dúctil.
Ductilidade
Tenacidade
Se um material é resistente e possui boas características de alongamento para suportar um
esforço considerável de torção, tração ou flexão, sem romper-se, é chamado tenaz.
A chave da figura seguinte pode ser tracionada e flexionada sem romper-se facilmente porque é
de um material tenaz.
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Tenacidade
Dureza
As ferramentas devem ser duras para que não se desgastem e possam penetrar em um material
menos duro.
Resistência
Resistência de um material é a sua oposição à mudança de forma e ao cisalhamento. As forças
externas podem exercer sobre o material cargas de tração, compressão, flexão, cisalhamento,
torção ou flambagem.
Flexão Cisalhamento
Torção Tração
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Flambagem Compressão
Toda força externa gera no material tensões de acordo com o tipo de solicitação.
Elasticidade e plasticidade
São propriedades de mudança de forma. Denominamos deformação elástica à deformação não
permanente e deformação plástica à deformação permanente.
Densidade
A densidade de um material está relacionada com o grau de compactação da matéria.
Fisicamente, a densidade (ρ) é definida pela massa (M) dividida pelo volume (V).
M Kg
ρ=
V dm 3
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Questionário – resumo
4. Cite três tipos de estrutura cristalina dos metais e como elas se comportam frente à
transformação mecânica?
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Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:
Conhecer
Estar informado sobre:
• Processo de obtenção do ferro gusa no alto-forno e os materiais utilizados;
• Reações químicas que ocorrem no alto-forno;
• Obtenção, classificação e tipos de ferro fundido;
• Fundição em areia.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Características da estrutura do carbono nos ferros fundidos lamelar e globular;
• Propriedades e exemplos de aplicação do ferro fundido branco, cinzento, nodular e maleável;
• Normas ABNT, DIN e ASTM.
Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Selecionar os ferros fundidos em função de suas propriedades.
Introdução
O elemento químico ferro é o metal mais usado para as construções mecânicas. Nesta unidade,
estudaremos como ele é extraído do minério e transformado em ferro gusa e depois em ferro
fundido. Na próxima unidade (Aço), estudaremos como o ferro gusa se transforma em aço.
Obtenção do ferro gusa
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Os minérios de ferro são rochas que contêm óxidos de ferro ou carbonatos de ferro agregados a
quartzo, argila, composto de enxofre, fósforo, manganês.
Hematita parda ou
Óxido de ferro hidratado 2Fe2O3 + 3H2O 20...45%
limonita
Antes da fusão do minério no alto-forno para a obtenção do ferro gusa, o minério deve ser britado
(quebrado). As impurezas pétreas são separadas por flotação e, em seguida, elimina-se a
umidade e parte do enxofre. Os minérios de granulometria fina são compactados formando
briquetes.
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
A transformação do minério em metal é feita no alto-forno que é um forno de cuba com uma altura
de 30 a 80m e um diâmetro máximo de 10 a 14m.
Neste forno entra o minério e sai o ferro gusa que contém 5 – 6% de carbono, ± 3% de silício (Si),
± 6% de manganês (Mn) assim como altos teores de enxofre e fósforo. Um teor alto de carbono,
enxofre e fósforo tornam o ferro gusa muito frágil, não forjável e não soldável.
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Alto-forno (funcionamento)
A transformação do minério em ferro gusa é feita em dois movimentos: o movimento descendente
de carga (sólidos) em oposição ao movimento ascendente dos gases.
Alto-forno
As cargas introduzidas na goela do alto-forno para ser obtido o ferro gusa são as seguintes:
• Minério
Óxido de ferro (Fe2O3) quebrado e aglomerado.
• Coque metalúrgico
Possui grande resistência ao esmagamento e uma excelente
Porosidade para deixar passar a corrente gasosa.
• Fundente adicional
Permite a separação do metal da ganga numa temperatura relativamente baixa. A composição
do fundente depende da natureza da ganga.
Exemplos de fundentes:
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• Mn
Atua como dissulfurante, desoxidante e elemento de liga, 33 a 35kg/ton de aço.
• Cal
Adicionada para facilitar a fusão da escória e é também um desfosforizante.
• Fluorita CaF2
Ajuda na fluidificação da escória.
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Ferro fundido
É uma liga de ferro carbono com um teor de carbono de 2% a 4,5%. Esse material se caracteriza
frente ao aço por um ponto de fusão mais baixo e uma moldabilidade mais fácil. Portanto, para
peças de forma complicada, a fundição em ferro fundido é mais econômica do que a fundição em
aço.
O ferro gusa é transformado numa segunda fusão em ferro fundido (FoFo). Esta fusão é feita em
fornos tipo cubilô ou forno elétrico.
A carga desses fornos é formada de lingotes de ferro gusa, sucata de aço e ferro fundido, coque e
fundente (calcário), podem-se também adicionar elementos de liga como o cromo, níquel ou
molibdênio. Através desta segunda fusão, obtém-se uma estrutura mais densa com a granulação
mais fina e uniforme.
Forno cubilô
O forno cubilô é um forno de cuba, cilíndrico com um diâmetro de aproximadamente um metro, e
uma altura de seis a oito metros.
Forno cubilô
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O carbono contido no ferro fundido pode estar combinado com o ferro formando a cementita que é
dura e quebradiça e apresenta uma fratura clara (ferro fundido branco).
Quando o carbono está separado do ferro formando veios de grafite, apresenta uma fratura
cinzenta (ferro fundido cinzento).
A quantidade e o tamanho dos veios de grafite que se formam dependem da composição química
e da velocidade de resfriamento.
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
Nesse tipo de ferro fundido, o carbono se apresenta na forma de veios de grafite. Esses veios de
grafite (lamelas) são formados devido a um resfriamento lento no momento da fundição e/ou
devido à composição química do material (alto teor de silício).
O ferro fundido cinzento ou lamelar (GG ou GGL) é, comercialmente, barato e tem as seguintes
características quanto ao processo de fabricação:
• Funde-se com facilidade
• Contrai-se pouco ao esfriar
• Tem pouca tendência a formar vazios internos
• Apresenta boa usinabilidade
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
O grafite estando na forma globular proporciona ao ferro fundido maior resistência a tração, flexão
e alongamento.
Outra característica do ferro fundido nodular é que ele resiste bem a agentes químicos e ao calor.
Por isso é muito usado em tubos e fornos de indústrias químicas, em máquinas agrícolas, na
construção de tratores e automóveis, na construção de bombas e turbinas.
C...................................2,8 a 4,0%
Si..................................0,2 a 1,0%
Mn................................0,6 a 1,5%
S..................................0,2 a 0,45%
P...................................0,15 máx.
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Pela escolha adequada da composição química do ferro fundido e pelo controle da velocidade de
resfriamento do metal no molde, é possível fazer uma peça onde a superfície seja de ferro fundido
duro e o núcleo de ferro fundido cinzento.
Essas características são interessantes para alguns tipos de peças como, por exemplo, a roda de
trem que deve ter resistência ao desgaste e, ao mesmo tempo, resistência a impactos.
Essas peças são fundidas em ferro fundido branco e depois, por um longo tratamento
térmico de descarbonetação, reduz-se o teor de carbono da superfície da peça de 2 a 4% para 1 a
1,5% (com isso conseguimos um material menos frágil).
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
Através do aquecimento, o óxido de ferro se decompõe, liberando o oxigênio que irá reagir com o
carbono contido na peça. Com isso se reduz o teor de carbono na superfície da peça de 2,5 a
3,5% para 0,5 a 1,8% C.
Nesse caso, a cementita do ferro fundido branco se decompõe em grafite em forma de nódulos e
ferrita. Esse tipo de tratamento não depende da espessura da parede da peça.
Observação
Na figura seguinte, observamos um resumo de como são obtidos os vários tipos de ferros
fundidos.
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
O processo de fundição
Para fundir uma peça, confecciona-se primeiro um modelo em madeira, aço, alumínio ou plástico,
de acordo com os planos técnicos.
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
Esse modelo deve ser um pouco maior do que a peça, devido à contração do metal ao se
solidificar e esfriar conforme tabela seguinte.
Aço 2
FoFo 1
Alumínio 1,25
Liga CuZnSn 1,50
Desenho da peça
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
É importante notar que as propriedades mecânicas das peças fundidas variam dentro de uma
mesma peça em função da espessura da parede, da forma da secção, da maior ou menor
velocidade de resfriamento em cada ponto.
As figuras a seguir mostram os defeitos mais comuns que aparecem nas peças fundidas.
Inclusões de escórias
Escórias e óxidos metálicos que se misturaram no metal durante o vazamento.
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Poros
O material fundido não se solidifica uniformemente. A solidificação se produz de fora para dentro.
Nos lugares mais grossos da peça, formam-se vazios que são denominados poros ou cavidades.
Para evitar esse problema, é conveniente que as peças fundidas não tenham uma variação
brusca de espessura das paredes, ou que se acrescentem partes na peça que se solidifiquem por
último e que irão conter os poros, bolhas e inclusões. Essas partes são chamadas de massalote e
serão eliminadas depois.
Trincas
A variação de secção provoca também diferentes velocidades de resfriamentos o que pode
ocasionar diferentes estruturas e tensões internas na peça, provocando trincas. Para uniformizar a
velocidade de resfriamento, podem-se alojar no molde placas de resfriamento.
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
Bolhas
A umidade da areia do molde se
decompõe em hidrogênio e oxigênio com
a temperatura de vazamento do metal e
esses gases penetram na estrutura do
material.
As normas especificam os ferros fundidos com letras e números onde cada um possui um
significado.
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DIN GG 40
2
Resistência a tração 400N/mm
GGG 60
2
Resistência a tração 600N/mm
Ferro fundido nodular
ABNT FC 40
2
Resistência a tração 400N/mm
Símbolo GG –
3
Densidade: 7,25kg/dm
0
Ponto de fusão: 1150 – 1250 C
0
Temperatura de fundição: 1350 C
2
Resistência a tração: 10 – 40kp/mm
Alongamento: insignificante
Contração: 1%
Composição: 2,6 - 3,6% C
1,8 - 2,5% Si
0,4 - 1,0% Mn
0,2 - 0,9% P
0,08 - 0,12% S
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FC10 10 201 -
FC15 23 241 34
18 223 32
15 212 30
11 201 27
FC20 28 255 41
23 235 39
20 223 36
16 217 33
FC25 33 269 -
28 248 46
25 241 42
21 229 39
FC30 33 269 -
30 262 48
26 248 45
FC35 38 - -
35 277 54
31 269 51
FC40 40 - 60
36 - 57
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
A ASTM agrupa os ferros fundidos cinzentos em sete classes. Os números das classes ASTM
representam valores de resistência a tração em l b/pol2, os valores métricos para o limite de
resistência a tração são aproximados.
A título informativo
Limite de
Limite de
resistência
escoamento Alongamento
Classe a tração, Faixa de Estruturas
(0,2%) min. (5d), min. %
min. 2 dureza predominantes
2 Kg/min
Kg/mm aproximada
brinell
RI*
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
Limite de
Limite de Alongamento
escoamento
Classe resist. a tração min. Em 2” Condição Aplicações
2 min.
min. Kg/mm 2 %
Kg/mm
ASTM-A 339-55
ASTM-A 396-58
Para elevada
Tratado
120-90-02 84 63 2 resistência
termicamente
mecânica
ASTM-A 395-56T
Equipamento
60-45-15 42 31,5 15 Recozido
pressurizado a
temperaturas
60-40-18 42 28 18 Recozido
elevadas
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
Símbolo Resist. a Resist. a tração Densidade Ferro fundido com grafite lamelar
2 2 3
tração N/mm N/mm kg/dm
Propriedades
GG-25 250 420 7.35 Ferro fundido de alta qualidade para peças
altamente solicitadas como por exemplo
GG-35 340 530 cilindros, êmbolos.
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Questionário – Resumo
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Aço
Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:
Conhecer
Estar informado sobre:
• Processos de obtenção do aço.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Influência dos elementos de liga nas propriedades dos aços;
• Processo de refinação e enriquecimento do aço;
• Normalização conforme ABNT, SAE, AISI e DIN.
Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Selecionar os aços em função de suas propriedades mecânicas;
• Interpretar normas de identificação dos aços.
Definição de aço
É uma liga de ferro e carbono que contém no máximo 2,0% de carbono, além de certos elementos
residuais resultantes dos processos de fabricação.
Obtenção do aço
O ferro gusa que sai do alto-forno tem alto teor de carbono (3 a 5%) e elevado teor de impurezas
como enxofre, fósforo, manganês e silício.
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
Para transformar o ferro gusa em aço, é necessário reduzir o seu teor de carbono (0 – 2,0%),
manganês, silício e eliminar, ao máximo, o seu teor de fósforo e enxofre. Para tanto, existem
vários processos.
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
A escória do conversor Thomas-Bessemer é moída e utilizada como adubo por possuir alto teor
de fósforo.
SENAI - 2009 39
Fundamentos da Mecânica - Materiais
A oxidação do carbono e dos acompanhantes do ferro libera grande quantidade de calor. Para
neutralizar essa elevada temperatura que prejudicaria o refratário, adiciona-se sucata ou minério
de ferro.
Pela adição de fundentes como a cal, os acompanhantes do ferro como o manganês, silício,
fósforo e enxofre unem-se formando a escória.
Para aumentar a qualidade do aço, adicionam-se os elementos de liga no final ou quando o aço
está sendo vertido na panela.
Os aços produzidos no LD não contêm nitrogênio pois não se injeta ar, daí a alta qualidade obtida.
Esse conversor oferece vantagens econômicas sobre os conversores Thomas-Bessemer e
Siemens-Martin.
Conversor Siemens-Martin
O forno Siemens-Martin é um forno de câmara fixo. A carga do forno pode ser constituída de 70%
de sucata de aço e o resto de ferro gusa e fundentes (cal) para formar a escória.
Forno elétrico
Com o aço vindo do conversor a oxigênio ou Siemens-Martin e mais sucata selecionada alimenta-
se o forno elétrico. Nesse forno, o aço é purificado e adicionam-se os elementos de liga
desejados. Como a geração de calor se dá por uma corrente elétrica, não existe nenhuma chama
de gás que desprenda enxofre.
O forno de arco voltaico tem dois ou três eletrodos de carvão. Ao ligar, a corrente elétrica salta
em arco voltaico das barras de carvão passando pelo material a fundir. A temperatura obtida neste
processo é da ordem de 36000C, o que torna possível fundir elementos de liga como o tungstênio
(temperatura de fusão 33700C) ou molibdênio (temperatura de fusão 26000C).
SENAI - 2009 41
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Forno de indução
Solidificação do aço
Os aços produzidos nos conversores são colocados em panelas e destas panelas são vertidos em
moldes de fundição ou em lingoteiras onde se solidificam em forma de lingotes quadrados ou
redondos.
O aço líquido dentro do molde começa a se solidificar das paredes para o centro da peça. Com o
processo de solidificação, há a formação de gases devido a reações químicas, tais como
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
O aço solidificado acalmado possui uma boa homogeneidade e , desta forma, diminui-se a
segregação. Os aços de qualidade são sempre acalmados, pois caso contrário o oxigênio oxidaria
os componentes da ligação.
Tratamento a vácuo
SENAI - 2009 43
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Os gases absorvidos pelo aço líquido são prejudiciais, por isso aços ligados de alta qualidade
devem ser desgaseificados.
Os óxidos (de ferro ou elementos de liga) tornam o aço quebradiço; o nitrogênio produz
envelhecimento; o hidrogênio produz fortes tensões e pequenas trincas entre os cristais.
Para desgaseificar o aço líquido se emprega o tratamento a vácuo. A figura seguinte mostra dois
tipos desse tratamento.
Tratamento a vácuo
Os aços que passam por esse processo apresentam maior grau de pureza, o que resulta em
maior tenacidade e melhor resistência à fadiga.
44 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Por esse processo, um bloco de aço ligado fundido em forno elétrico se torna um eletrodo e goteja
através de uma escória, desembocando em uma coquilha de cobre refrigerada por água. A escória
faz a vez de uma resistência elétrica, gerando calor necessário para a fusão, ao ser percorrida
pela corrente elétrica.
Nessa escória, são retidas ao mesmo tempo as substâncias não desejadas e os gases dissolvidos
no aço.
Por esse processo, obtêm-se blocos (tarugos) de aço altamente ligados com uma textura uniforme
sem segregação ou inclusões.
alongamento, soldabilidade e
forjabilidade
SENAI - 2009 45
Fundamentos da Mecânica - Materiais
46 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
devem satisfazer a exigências tais como forjabilidade e soldabilidade. Nesse último caso, são
controlados os teores de carbono, fósforo e enxofre.
Norma DIN
Esta propriedade (cavaco curto) obtém-se mediante um teor conveniente de enxofre. Os aços
para tornos automáticos contêm: 0,07 a 0,65% de carbono, 0,18 a 0,4% de enxofre, 0,6 a 1,5% de
manganês, 0,05 a 0,4% de silício e, quando se pede uma melhor fragilidade do cavaco e
superfícies lisas, o aço deve conter, além dos elementos já citados, 0,15 a 0,3% de chumbo.
Exemplos:
10 S 20
11 S Mn 28
11 S Mn Pb 28
SENAI - 2009 47
Fundamentos da Mecânica - Materiais
35 S 20
Exemplos:
C 10
CK 10
16 Mn Cr 5
17 Cr Ni Mo 6
As aplicações comuns desses aços são em: eixos, parafusos, engrenagens, molas.
Exemplos:
C 30
CK 60
42 Cr Mo 4
Esses aços contêm cromo, molibdênio e alumínio que favorecem a absorção do nitrogênio.
As aplicações comuns desses aços são em: engrenagens, matrizes de trabalho a quente.
Exemplos:
31 Cr Mo 12
48 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
34 Cr A l Ni 7
Aços inoxidáveis
São aços que possuem um teor mínimo de 12% de cromo e se caracterizam pela sua grande
estabilidade frente a substâncias agressivas (água, ar, gases, ácidos e bases).
Exemplos:
X 3 Cr Ni 18 10
X 10 Cr Ni Mo Ti 18 12
X 5 Cr Ni 18 9
As aplicações comuns desses aços são em facas e punções de corte, estampos de dobramento,
estampagem, cunhagem, matrizes, trefilação, etc.
Exemplos:
X 210 Cr 12
X 210 Cr W 12
X 155 Cr V Mo 12 1
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Fundamentos da Mecânica - Materiais
Suas principais características são alta resistência a revenimento, elevada resistência mecânica a
quente, boa tenacidade, grande resistência a abrasão em temperaturas elevadas, boa
condutividade térmica, elevada resistência a fadiga e boa resistência à formação de trincas
provocadas por aquecimento e resfriamentos sucessivos.
As aplicações comuns desses aços são em matrizes de forjamento, matrizes para fundição de
latão ou alumínio sob pressão, matrizes para extrusão a quente, etc.
Exemplos:
X 37 Cr Mo W 5 1
X 40 Cr Mo V 5 1
50 Ni Cr 13
Aços rápidos
São aços onde os elementos de liga formam carbonetos complexos que são duros e resistentes
ao desgaste e a altas temperaturas.
Norma DIN
A seqüência dos componentes é sempre a mesma: W – Mo – V – Co
Exemplo:
S - 6 - 5 - 2
- 5
↓ ↓ ↓ ↓
↓
aço rápido 6% W 5% Mo 2% V 5% Co
São assim designados pela sua capacidade de usinar metais com velocidade de corte maiores do
que as possíveis com aços ferramenta ao carbono.
As aplicações comuns desses aços são em: bits, fresas, brocas especiais, machos, brochas.
Normas
50 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Aço é a liga composta de ferro (Fe) e carbono (C). Contém, ainda, pequenas porcentagens de
manganês (Mn), silício (Si), enxofre (S) e fósforo (P), que são considerados elementos residuais
do processo de obtenção.
O elemento que exerce maior influência é o carbono e o seu teor nos aços ao carbono varia de
0,008 a 2% C aproximadamente.
Exemplos:
Os aços mais usados industrialmente possuem teores de carbono que variam entre 0,1 a 0,95%C,
ou seja, aço 1010 a 1095. Acima de 0,95%C são considerados como aços ao carbono especiais.
Para fins de aplicações industriais e de tratamentos térmicos, os aços ao carbono classificam-se
em:
• Aços de baixo teor de carbono 1010 a 1035
• Aços de médio teor de carbono 1040 a 1065
• Aços de alto teor de carbono 1070 a 1095
SENAI - 2009 51
Fundamentos da Mecânica - Materiais
52 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
SENAI - 2009 53
Fundamentos da Mecânica - Materiais
A tabela seguinte apresenta as classes de aços com suas respectivas composições segundo
normas SAE – AISI – ABNT
54 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Observações:
Letras adicionais na nomenclatura do aço têm os seguintes significados:
Exemplos:
B1113
C1145
E3310
46 B 12
12 L 14
Aços de baixa qualidade – são tipos de aços de baixa pureza, sem ligas e que não podem ser
tratados termicamente. São designados através das letras St (aço) e da resistência mínima a
ruptura.
Para caracterizar a diferença dos aços finos não-ligados, além da letra C colocam-se letras com
os seguintes significados:
K -Aço fino com teor de enxofre mais fósforo menor do que 0,01%
f -Aço para têmpera a chama e por indução
q -Aço para cementação e beneficiamento, adequado para deformação a frio.
SENAI - 2009 55
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Normalização
Exercício:
Aços ao carbono
Exercício:
56 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Para designar o teor dos elementos de liga, os números na norma devem ser divididos pelos
fatores correspondentes ao elemento químico. Os fatores são apresentados na tabela a seguir.
Exercício:
16 Mn Cr 5
17 Cr Ni Mo 6
SENAI - 2009 57
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Todos os elementos, exceto o carbono, têm o fator 1, ou seja, os números apresentam o valor de
teor real.
S6–5–2–5
58 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Exemplo:
E C35 V70
Forno elétrico Aço de carbono Beneficiado até
de 0,35% de C uma resistência
de 700N/mm2
SENAI - 2009 59
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60 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
SENAI - 2009 61
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62 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Questionário-Resumo
SENAI - 2009 63
Fundamentos da Mecânica - Materiais
9. Qual o teor dos elementos de liga dos aços 17CrNiMo6, X5CrNiMo1813 e S12-1-4-5?
64 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:
Conhecer
Estar informado sobre:
• Tipos das ligas metálicas com cristais mistos, mistura de cristais e combinações
intercristalinas.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Curvas características da liquefação e solidificação de metais puros;
• Pontos críticos de transformação (sólido, líquido , ponto de parada);
• Curvas características de liquefação e solidificação de ligas típicas em função da composição
no diagrama Cu-Ni e Sn-Pb;
• Influência dos elementos de liga no tempo de transformação.
Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Interpretar diagramas para ligas com dois componentes;
• Transferir conhecimentos na interpretação do diagrama ferro-carbono.
SENAI - 2009 65
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Toda matéria possui três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. Fundamentalmente o que
diferencia um estado do outro é o grau de agregação dos átomos. O sólido é um estado no qual
os átomos estão fortemente ligados, já no estado líquido essa ligação não é tão forte e, no estado
gasoso, essa ligação não existe.
Para o estudo dos metais, o estado gasoso é pouco importante, portanto, trataremos apenas das
fases sólida e líquida.
Ao fornecermos calor a um material sólido, sua fusão ocorre em duas fases bem distintas:
• Ao receber energia, os átomos aumentam sua vibração. Isso se traduz fisicamente em um
aumento de temperatura do corpo, até o ponto de sua temperatura de fusão. Nesta altura os
átomos ainda estão fortemente ligados.
• Uma vez atingido o ponto de fusão, inicia-se o enfraquecimento das ligações entre os átomos.
Isso ocorre através do calor fornecido ao material.
O calor não mais servirá para aumentar as vibrações dos átomos, mas sim para enfraquecer as
suas ligações, não haverá aumento em sua temperatura até que todas as ligações sejam
enfraquecidas, tornando-se líquido o material.
Ao calor necessário para aumentar o estado de vibração dos átomos (aumentar a temperatura)
chamamos de calor sensível.
66 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Liquefação e solidificação do Zn
Embaixo do ponto sólido, o estado de agregação é sólido, acima do ponto de líquido, passa a ser
líquido.
SENAI - 2009 67
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Ligas metálicas
Antes de falarmos sobre ligas metálicas, é importante definir o que vem a ser uma solução sólida.
Dá-se o nome de solução a uma mistura na qual não se consegue distinguir os seus diversos
componentes.
Exemplo: nos aços temos uma solução sólida de Fe e C. Essa solução é chamada cementita.
Exemplo: Cu – Ni
Cu – Zn (latão)
Cu – Sn (bronze)
Fe – C (aço)
Praticamente, todos os metais utilizados na indústria não são puros, mas sim ligas de uma ou
mais fases.
68 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
SENAI - 2009 69
Fundamentos da Mecânica - Materiais
No processo de solidificação de uma liga de dois metais, que formam cristais mistos, a
transformação do estado líquido para o estado sólido não se faz no ponto de parada, mas durante
um intervalo de solidificação.
Unindo todas as temperaturas de ponto líquido e todas as temperaturas de ponto sólido, obtemos
o diagrama de fases.
70 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
• A linha horizontal mostra a composição (em %). Quando temos 20% Ni, automaticamente
teremos 80% Cu.
• Para cada composição temos uma temperatura inicial e uma final de solidificação.
• Para a liga com 80% Cu – 20% Ni, a solidificação inicia-se no ponto B e termina no ponto D,
abaixo do qual a liga está totalmente sólida.
• Acima do ponto B a liga está totalmente líquida.
• Para cada composição, temos então dois pontos que geram duas linhas, dividindo o diagrama
em três partes.
• Para resfriamento, a linha chamada líquidus indica, para cada composição, a temperatura em
que se inicia a solidificação e a sólidus, onde termina.
• Cada região do diagrama indica fases. Acima da linha líquidus, fase totalmente líquida, abaixo
da linha sólidus – fase totalmente sólida, e, entre as duas, temos o intervalo de solidificação,
onde estão presentes duas fases, sólida e líquida.
• Seguindo a linha ABCDE (figura anterior), traçada no diagrama, teremos para a liga 80 Cu –
20 Ni o que está descrito na tabela a seguir.
o
Ponto N de fases Tipo da fase Interpretação
presentes da liga
A 1 líquida totalmente líquido
B 1 líquida inicia-se solidificação
C 2 líquida e sólida líquido – sólido
D 1 sólida final de solidificação
E 1 sólida totalmente sólido
SENAI - 2009 71
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Mistura de cristais
A liga com essa concentração tem o ponto líquido mais baixo que todas as outras concentrações e
é chamada de liga eutética.
0 0
Ferro fundido Ferro 96% 1535 C 1200 C
0
Carbono 4% 3840 C
0 0
Solda prata Cobre 55% 1083 C 620 C
0
Prata 45% 961 C
0 0
Alumínio fundido Alumínio 88% 660 C 577 C
0
por pressão Silício 12% 1414 C
0 0
Chumbo duro Chumbo 87% 327 C 251 C
0
Antimônio 13% 630 C
Na solidificação de uma liga que tem composição diferente da composição eutética, o elemento
que está em maior proporção que a liga eutética começa a se solidificar até que a fase líquida
atinja a composição eutética, ocorre então a solidificação da fase eutética em uma única
temperatura.
72 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Na figura abaixo vemos o diagrama de fases Pb – Sn que forma uma mistura de cristais.
A forma de obter este diagrama é análoga à do diagrama de fases de cristais mistos vista na
figura “Desenvolvimento de um diagrama de fases para uma liga Cu-Ni (cristais mistos)”.
Combinações intermetálicas
SENAI - 2009 73
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Questionário – Resumo
3. Descreva um processo de solidificação de uma liga de dois metais que formam cristais mistos.
4. Consulte o diagrama de fases para uma liga Cu – Ni (cristais mistos) e diga em quais
porcentagens de Cu – Ni o intervalo de solidificação é maior.
7. Defina o que significa eutético, usando o diagrama de fases para o sistema Sn – Pb.
74 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Diagrama ferro-carbono
Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:
Conhecer
Estar informado sobre:
• Diagrama de resfriamento do ferro puro;
• Pontos característicos de temperatura, transformações e estrutura das fases.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Transformações estruturais das ligas ferro-carbono na solidificação;
• Diagrama ferro-carbono para aço com as variáveis: carbono, temperatura, linhas e zonas;
• Componentes estruturais nas zonas do diagrama ferro-carbono para aço;
• Classificação dos aços em função da porcentagem de carbono (eutetóide, hipo e
hipereutetóide).
Ser capaz de
• Descrever e interpretar o diagrama ferro-carbono simplificado;
• Determinar as zonas e temperaturas de transformação, sistemas estruturais e constituintes
para aços com diferentes teores de carbono.
SENAI - 2009 75
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Da mesma forma como foram apresentados os metais na unidade anterior, podemos apresentar a
curva de solidificação (liquefação) do ferro puro, como mostra o gráfico seguinte.
76 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
A distância entre os átomos na estrutura c.f.c. é maior do que na estrutura de c.c.c., portanto
nesse estado é mais fácil aceitar átomos estranhos, como por exemplo, átomos de carbono.
A esse fenômeno damos o nome de solubilidade no estado sólido.
O ferro puro raramente é usado, o mais comum é estar ligado com o carbono. Em função da
adição de carbono no ferro puro, as temperaturas de transformação irão se alterar conforme
veremos a seguir.
Diagrama ferro-carbono
Para melhor entendermos o diagrama completo, que será visto no fim da unidade, façamos uma
série de experiências com seis corpos de provas conforme tabela seguinte.
SENAI - 2009 77
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Determinando as temperaturas Ac1 e Ac3 ou Accm dos outros corpos de prova, conforme figuras
abaixo, poderemos construir parte do diagrama ferro-carbono simplificado, unindo todas as
temperaturas Ac1 e todas as temperaturas Ac3, conforme veremos no exercício a seguir.
Exercício
1. Com base na tabela abaixo, construa o diagrama Fe – C simplificado (figura abaixo):
• Coloque no gráfico todos os pontos de parada.
• Trace uma linha ligando todos os pontos Ac1.
• Trace outra linha ligando todos os pontos Ac3 e Accm.
Observação
O diagrama Fe – C completo pode ser visto na figura “Diagrama ferro-carbono completo”.
78 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
A presença do carbono faz com que o ferro mude de estrutura cúbica de face centrada (austenita)
para cúbica de corpo centrado (ferrita) a uma temperatura diferente de 9110C.
SENAI - 2009 79
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Essa temperatura varia em função do teor de carbono no ferro e é representada no gráfico abaixo
pela linha G – S – E .
Acima da linha G – S – E há uma solução com uma única fase: o ferro γ + C = austenita.
Estrutura austenítica
Abaixo da linha G – S – E o ferro começa a mudar de estrutura, de cúbica de face centrada (ferro
γ) para cúbica de corpo centrado (ferro α).
Como o ferro α não consegue dissolver todo o carbono, forma-se uma segunda fase que é a
cementita (Fe3C) que contém 6,67% de C.
80 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Abaixo da linha P – K, vamos ter uma solução sólida com duas fases – ferro α + cementita.
Agora vamos estudar novamente os corpos de prova.
Começamos com o corpo de prova nº 4 com 0,86% de carbono.
Aço eutetóide
Este aço quando está acima de 7230C tem uma estrutura cúbica de face centrada (austenita) e
todo o carbono está dissolvido nela.
Abaixo de 7230C o ferro muda de estrutura para cúbica de corpo centrado (ferrita).
A ferrita não consegue dissolver o carbono e por isso forma-se uma estrutura mista constituída de
lâminas de ferrita (ferro puro) e lâminas de cementita (Fe3C). A essa estrutura dá-se o nome de
perlita.
SENAI - 2009 81
Fundamentos da Mecânica - Materiais
O aço com 0,86% de carbono tem uma única temperatura de transformação e por isso ele é
chamado também de aço eutetóide.
A figura anterior mostra um aço eutetóide visto ao microscópio, observa-se que 100% da estrutura
é perlita.
Vamos agora estudar o corpo de prova no 3 com 0,6% de carbono.
Aço hipoeutetóide
O diagrama da figura abaixo
indica que acima da linha G – S o
aço apresenta-se com a estrutura
do ferro γ ou austenita.
82 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Aço hipereutetóide
Os aços com teor de carbono acima de 0,86% até 2,06% são denominados aços hipereutetóides.
O diagrama da figura ao lado
indica que acima da linha S – E
o aço apresenta-se com a
estrutura de ferro γ (austenita).
Abaixo da linha S – E, a austenita já não consegue dissolver todo o carbono e por isso começa a
se formar cementita (Fe3C) que contém 6,7% de carbono. Essa cementita vai se localizar nos
contornos dos grãos de austenita. A austenita por sua vez vai se empobrecendo de carbono.
Ao atingir 7230C no resfriamento, tem-se cementita (Fe3C) e austenita com 0,86%C. Ao abaixar
mais a temperatura, essa austenita se transforma em perlita (lamelas de ferrita + cementita).
Na figura seguinte vemos um aço hipereutetóide onde observamos a perlita e a cementita (parte
clara) nos contornos dos grãos.
SENAI - 2009 83
Fundamentos da Mecânica - Materiais
84 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Exercícios
1. A figura seguinte mostra as várias regiões do diagrama Fe – C pelas quais passa um aço com
0,4%C ao ser resfriado.
Temperatura Fases
Ponto Estado físico Comentários
aproximada presentes
A > 1 5000C líquido líquida Todo o C dissolvido
B 15000C
C 14500C
D 14300C
E 10000C
F 8000C
G 7600C
H 7230C (T. crítica)
I < 7230C
SENAI - 2009 85
Fundamentos da Mecânica - Materiais
2. A figura seguinte mostra as várias regiões do diagrama Fe – C pelas quais passa um aço
0,9%C ao ser resfriado.
Temperatura Estado
Ponto Fases presentes Comentários
aproximada físico
A > 1 6000C líquido líquida Todo o C dissolvido no Fe
0
B 1 480 C
C 1 4500C
D 1 3500C
E 1 0000C
F 7800C
G 7500C
H 7230C
I <7230C
86 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Considerações gerais
• Tudo o que foi dito com relação ao resfriamento vale também para o aquecimento.
• A condição para que essas transformações de estrutura ocorram é a baixa velocidade de
resfriamento.
• Se resfriarmos um aço rapidamente, outras estruturas diferentes das descritas no diagrama Fe
– C se formarão. Esse é o princípio dos Tratamentos térmicos, que veremos na próxima
unidade.
Resumo
Ferrita
• Ferro na forma cúbica de corpo centrado.
• carbono é insolúvel na ferrita.
• É mole e dúctil.
Cementita
• Carbeto de ferro – a composição da cementita corresponde à fórmula Fe3C. Isso corresponde
a um teor de carbono de 6,67%.
• É muito dura.
Perlita
• É uma combinação de ferrita e cementita.
• Possui um teor médio de carbono de 0,86%.
Austenita
• Ferro na forma cúbica de face centrada.
• Consegue dissolver até 2% de carbono.
SENAI - 2009 87
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Questionário – Resumo
1. Qual é a nomenclatura dos aços em função do teor de carbono?
3. Qual a composição estrutural de um aço com 0,45% de carbono, esfriado lentamente até a
temperatura ambiente?
4. Qual a composição de um aço com 1,2% de carbono, esfriado lentamente até a temperatura
ambiente?
8. Denomine a estrutura dos aços abaixo em função da temperatura. Consulte o diagrama ferro-
carbono.
0,3%C - a 8100C
0,86%C - a 7230C
1,4%C - a 5600C
1,7%C – a 9000C
88 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:
Conhecer
Estar informado sobre:
• Diferentes tipos de tratamentos térmicos e termoquímicos;
• Leitura da curva;
• Mecanismo da difusão;
• Tratamentos térmicos dos aços ligados.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Transformação da estrutura e estrutura resultante após a têmpera;
• Fatores que influenciam nos tratamentos térmicos;
• Temperaturas aplicadas nos diferentes processos de tratamento térmico;
• Aplicação dos processos em função do teor de carbono do aço;
• Efeitos dos processos do material.
Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Indicar e selecionar o processo de tratamento térmico adequado para a produção;
• Interpretar tabelas e diagramas.
SENAI - 2009 89
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Introdução
Velocidade de aquecimento
A velocidade de aquecimento deve ser adequada à composição e ao estado de tensões do aço.
Como tendência geral o aquecimento muito lento provoca um crescimento excessivo dos grãos
tornando o aço frágil.
Entretanto, um aquecimento muito rápido em aços ligados ou em aços com tensões internas
(provocadas por fundição, forjamento, etc.) poderá provocar deformações ou trincas.
Temperatura de aquecimento
90 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Se o tempo de permanência for além do necessário, pode haver indesejável crescimento dos
grãos.
Resfriamento
As estruturas formadas no diagrama de equilíbrio Fe – C só vão se formar se o resfriamento for
muito lento.
Diagrama Fe – C
A austenita possui um reticulado cúbico de face centrada (c.f.c.) e consegue dissolver o carbono;
já na ferrita (cúbico de corpo centrado – c.c.c.) o carbono é praticamente insolúvel.
SENAI - 2009 91
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Quando resfriamos rapidamente um aço ele se transforma de c.f.c. para c.c.c. e o carbono
permanece em solução. Isso cria uma estrutura deformada, supersaturada de carbono que recebe
o nome de martensita que é tetragonal e não cúbica.
Devido a essas microtensões criadas no reticulado cristalino pelo carbono é que a martensita é
dura, resistente e não dúctil.
Com o auxílio do diagrama de transformação isotérmica também chamado de curva T.T.T. (tempo,
temperatura, transformação), poderemos entender melhor os fenômenos que ocorrem quando o
aço é resfriado a diferentes velocidades de resfriamento.
92 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
A austenita
E ferrita
P perlita
B bainita
M martensita
D dureza em HRC
Curva T.T.T.
Curva T.T.T.
A figura anterior mostra a curva T.T.T. do aço 43 MnCr6. Se esfriarmos esse aço lentamente, com
a velocidade de esfriamento da curva V, obtém-se uma estrutura com 15% de ferrita e 85% de
perlita, que terá uma dureza de 22 rockwell C.
Se aumentarmos a velocidade de resfriamento, obtém-se uma estrutura mais fina e com maior
dureza (curva IV).
Se resfriarmos como na curva II, obtém-se a estrutura de bainita que é uma estrutura
intermediária entre a martensita e a perlita, isto é, é cementita dispersa em ferrita.
Com a velocidade de resfriamento da curva I, obtém-se uma estrutura de 100% de martensita que
terá uma dureza máxima para esse aço (61HRC). Essa velocidade é chamada de velocidade
crítica.
SENAI - 2009 93
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Meios de resfriamento
Solução aquosa a 10% NaOH
Solução aquosa a 10% NaCl
Solução aquosa a 10% Na2CO3
0
Água 0 C
0
Água a 18 C
0
Água a 25 C
Óleo
0
Água a 50 C
Tetracloreto de carbono
0
Água a 75 C
0
Água a 100 C
Ar líquido
Ar
Vácuo
Os elementos de liga no aço, de uma forma geral, diminuem a velocidade crítica de resfriamento
para a formação da martensita.
Portanto, o meio de resfriamento deve ser mais brando, como é, por exemplo, o óleo, ou mesmo o
ar.
Recozimento
94 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Obtém-se desse recozimento uma estrutura de perlita grosseira que é a estrutura ideal para
melhorar a usinabilidade dos aços de baixo e médio teor de carbono (0,2 a 0,6%); para aços com
alto teor de carbono é preferível a estrutura de esferoidita que veremos no recozimento de
esferoidização.
A figura seguinte mostra a curva T.T.T. do aço AISI 5140 com a curva de resfriamento do
recozimento.
SENAI - 2009 95
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Recozimento de esferoidização
O recozimento de esferoidização objetiva transformar a rede de lâminas de cementita em
carbonetos mais ou menos esféricos ou esferoiditas.
Esse tratamento melhora a usinabilidade e a ductilidade dos aços de alto teor de carbono.
Para ocorrer essa transformação, o aço deve ser aquecido a uma temperatura entre 6800C a
7500C, em função do teor de carbono.
96 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Processos de recozimento
Esta temperatura deve ser mantida o tempo suficiente para homogeneizar a temperatura em toda
a peça e o resfriamento deve ser lento, cerca de 100C a 200C por hora.
Recozimento subcrítico
Consiste em aquecer o aço a uma temperatura entre 550 a 6500C (abaixo da zona crítica – figura
a seguir) com a finalidade de promover uma recristalização em peças que foram deformadas a frio
(laminação, forjamento) ou para aliviar tensões internas provocadas nos processos de soldagem,
corte por chama, solidificação de peças fundidas.
Normalização
SENAI - 2009 97
Fundamentos da Mecânica - Materiais
O objetivo deste tratamento é obter uma granulação mais fina e uniforme dos cristais, eliminando
as tensões internas.
A têmpera é um tratamento térmico que executamos em um aço quando desejamos aumentar sua
dureza e resistência mecânica. Conseguimos isso mudando a estrutura do aço (de ferrita + perlita)
para uma estrutura martensítica.
Aquecimento
98 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Temperatura de têmpera
Para os aços hipereutetóides, a temperatura pode ser mais baixa (± 500C acima da linha S – K –
figura acima). Nessa temperatura a perlita se transforma em austenita e a cementita já é um
constituinte duro.
Manutenção da temperatura
É o tempo necessário para que toda a peça chegue a uma mesma temperatura e se solubilize
totalmente o carbono.
Resfriamento
O resfriamento deve ser feito em um meio que possibilite uma velocidade crítica, permitindo obter
a estrutura de martensita.
Esse meio pode ser: água, sal moura, óleo ou mesmo o próprio ar dependendo da velocidade de
resfriamento que se precise.
SENAI - 2009 99
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Beneficiamento
Consiste em fazer uma têmpera, seguida de um revenimento a uma temperatura entre 4500 a
6500C.
Os fabricantes de aço costumam fornecer diagramas semelhantes aos da figura seguinte de onde
se escolhe a temperatura de revenimento em função das características mecânicas desejadas.
Essa faixa de temperatura deve ser evitada revenindo-se a uma temperatura mais baixa ou a uma
temperatura mais alta seguida de um resfriamento rápido (água ou óleo).
Por exemplo:
Aços Cr – Ni (tipo SAE 3140 e semelhantes) quando revenidos na faixa de 4550C a 5930C ou se
aquecidos acima desta temperatura e resfriados lentamente, apresentam baixa resistência ao
choque. Entretanto se aquecidos, por exemplo, a 6200C e resfriados rapidamente, sua resistência
ao choque será satisfatória.
Atribui-se esse fato a uma possível precipitação de uma fase frágil dentro desta faixa de
temperatura. Sabe-se que elevados teores de manganês, fósforo e cromo acentuam o fenômeno
enquanto o molibdênio o retarda.
O resfriamento é menos brusco (óleo, ar) e a estrutura obtida é mais fina (grãos menores).
O revenimento após a têmpera deve ser iniciado o mais depressa possível, e em alguns casos é
recomendado mais de um revenimento devido ao problema da austenita retida.
Austenita retida
Alguns aços ligados ao serem resfriados da temperatura de têmpera não se transformam
inteiramente de austenita em martensita.
Essa austenita que não se transformou (austenita retida) pode se transformar depois de algum
tempo. Isso provoca uma variação dimensional da peça que poderá causar uma trinca.
Outro tratamento que pode ser executado nesses aços é o tratamento subzero.
Tratamento subzero
Consiste em se resfriar o aço a temperaturas muito inferiores a ambiente, para que ele atinja a
linha de fim da transformação martensítica Mf, na curva T.T.T.
Em instrumentos de alta precisão podem ser adotadas séries de cinco a seis ciclos sucessivos de
resfriamentos subzeros e revenimentos.
Os meios usados podem ser uma mistura de gelo seco em álcool (-700C) ou nitrogênio líquido (-
1950C).
A figura abaixo apresenta a curva T.T.T. do aço SAE D3 que apresenta forte tendência à retenção
de austenita após a têmpera. Devido a essa tendência, recomenda-se resfriar o material a
temperaturas de –70 a –800C, logo após a têmpera, seguido de revenimento normal.
A figura seguinte mostra a variação da dureza em função da temperatura usada para revenir.
Têmpera superficial
Na têmpera superficial produz-se uma mudança da estrutura cristalina localizada apenas na
superfície do aço, que adquire as propriedades e características típicas da estrutura martensítica.
A têmpera superficial pode ser realizada por dois processos: chama e indução.
A peça a ser temperada é colocada dentro de uma bobina. Um gerador fornece a corrente elétrica
de alta freqüência, que cria um campo magnético na bobina. Esse campo magnético provoca um
fluxo de corrente elétrica na peça (princípio da indução). O aquecimento da peça é gerado pela
resistência do material ao fluxo da corrente elétrica.
Alcançada a temperatura de têmpera, resfria-se rapidamente a peça por meio de um jato de água
ou óleo.
Tratamentos termoquímicos
106 SENAI - 2009
Fundamentos da Mecânica - Materiais
Os processos termoquímicos são aplicados nos aços com baixo teor de carbono com o objetivo
de aumentar sua dureza superficial e a resistência ao desgaste, mantendo o núcleo dúctil e tenaz.
Cementação
A cementação se aplica a aços com até 0,25% de carbono e com baixo teor em elementos de
ligas.
Temperatura de cementação
As temperaturas de cementação mais elevadas favorecem a penetração reduzindo o tempo de
cementação, porém, conferem uma granulação mais grosseira, o que reduz os limites de
resistência a tração, torção, flexão, etc.
Tempo de cementação
O tempo de cementação é determinado em função da espessura da camada cementada
desejada, da temperatura e do meio cementante. Obviamente, quanto maior for o tempo e mais
alta a temperatura, mais profunda será a camada.
Meios de cementação
A cementação, quanto aos meios cementantes (tabela abaixo), pode ser:
• Sólida (caixa)
• Liquida (banho em sais fundidos)
• Gasosa (fornos de atmosfera)
Aplicação da cementação
Peças como engrenagens, eixos, parafusos, etc., que necessitam de resistência mecânica e de
alta dureza na superfície e núcleo dúctil com boa tenacidade.
Nitretação
A nitretação, semelhantemente à cementação, é um tratamento de endurecimento superficial em
que se introduz superficialmente nitrogênio no aço até uma certa profundidade, a uma
temperatura determinada em ambiente nitrogenoso.
Exemplos:
34 Cr A l Mo 5
31 Cr Mo 12
34 Cr A l Ni 7
A nitretação é realizada com temperatura inferior à zona crítica de 500 a 5600C, tornando as
peças menos suscetíveis a empenamentos ou distorções. Após a nitretação não há necessidade
de qualquer tratamento.
A nitretação pode ser feita em meio líquido ou gasoso, devendo ser aplicada em peças
temperadas. O nitrogênio introduzido na superfície combina-se com o ferro, formando uma
camada de nitreto de ferro de elevada dureza.
Nesse processo, o tempo de formação da camada é muito grande, como mostra o gráfico
seguinte.
Na nitretação líquida, o meio nitretante são banhos de sais fundidos, em geral cianetos e cianatos,
responsáveis pelo fornecimento do nitrogênio.
A nitretação líquida apresenta vantagens sobre a gasosa, pois confere ao aço camadas mais
profundas em menos tempo e reduz a possibilidade de deformações. Oferece bons resultados
também para os aços comuns ao carbono.
O gráfico abaixo nos mostra a influência do carbono e das ligas na profundidade da camada
nitretada.
Boretação
É o processo mais recente dos tratamentos superficiais nos aços liga, ferro fundido comum e
nodular.
A alta dureza da camada boretada oferece elevada resistência ao desgaste e, inclusive, elevada
resistência à corrosão.
Essa camada é resultado do tempo de boretação. Um aço SAE 1 045 boretado a 9000C
apresentou o seguinte resultado:
• Camada 100µ em 4 horas
• Camada 150µ em 8 horas
• Camada 200µ em 12 horas
Tratamento Finalidade
Exercício
Questionário – Resumo
1. Qual a propriedade que a têmpera confere aos aços e como se realiza a operação?
2. Compare a estrutura do aço existente antes da têmpera com a estrutura formada após a
têmpera.
3. Quais são os fatores (e suas características) que influem nos tratamentos térmicos?
9. Que tipos de aço podem ser utilizados para os processos de cementação e nitretação?
Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:
Conhecer
Estar informado sobre:
• Classificação dos metais em leves ou densos;
• Processos de obtenção.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Propriedades e aplicação dos materiais não-ferrosos;
• Características e simbologia nas normas usando tabelas;
• Características e aplicações de ligas metálicas.
Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Interpretar e especificar as normas dos materiais não-ferrosos e suas ligas através do uso das
tabelas;
• Selecionar o material adequado em função das propriedades exigidas.
Introdução
Os metais não-ferrosos têm aumentado cada vez mais a sua importância no mundo moderno,
quer substituindo o ferro, quer formando ligas com o ferro para melhorar as suas características.
A maioria dos metais puros são moles e têm baixa resistência a tração. Mas essas propriedades
podem ser melhoradas pela adição de elementos de liga.
Pela adição de elementos de liga quase sempre aumentam-se a dureza e a resistência a tração,
diminui-se o alongamento, e a condutibilidade elétrica piora.
Os minérios de onde são retirados os metais, além do próprio metal, contêm também impurezas,
tais como: oxigênio, hidrogênio e enxofre. A quantidade (porcentagem) de metal varia em função
do tipo de minério.
Para obter um metal quase que totalmente puro (99,99%) usam-se normalmente outros processos
além do processo normal de obtenção do metal siderúrgico, os quais dependem do tipo de metal.
Normalização
Exemplos:
1. GD-Zn A l 4 Cu1 → Liga de zinco fundido sob pressão com 4% de A l , 1% de Cu.
Exercício
G l Sn80
A l Cu Mg1 W
A l Mg Si1 dek F28
Gk Cu A l 10 Ni
Cobre(Cu)
Propriedades: é um metal de cor avermelhada, bom condutor de eletricidade e calor, resistente a
corrosão, dúctil e maleável (pode atingir mais de 90% de deformação a frio, sem recozimento
intermediário).
Propriedades do cobre
Densidade 8,96g/cm3
Ponto de fusão 1 0830C
Resistência a tração 200...360N/mm2
Alongamento 50...35%
Coeficiente de dilatação 16,5X10-6cm/cm/0C
térmica (200C)
É utilizado para transmissão de energia elétrica (fios, chaves, conexões) e energia térmica
(trocadores de calor).
Quando são necessárias propriedades mecânicas mais elevadas, usam-se ligas de cobre.
Exemplo de alpaca
Cu Ni25 Sn5 Zn2 Pb2
São utilizadas para confecção de peças decorativas, talheres e utensílios semelhantes, molas de
contato de equipamentos elétricos e telefônicos, arames de resistores elétricos, válvulas
hidráulicas.
Liga cobre-alumínio
São utilizadas para confecção de cestos de decapagem, sapatas de laminador, engrenagens
internas, bombas resistentes a álcalis, assentos de válvulas, hastes, hélices navais, mancais,
buchas.
Exemplos de liga cobre-alumínio
Cu A l 10 Fe1
Cu A l 11 Fe5 Ni5
Propriedades mecânicas
Limite de
Liga resistênci Alongamento Dureza Uso
a a tração % brinell
2
kgf/mm
Cu – ETP* Cabos condutores de eletricidade,
22 – 45 48 – 6 45 – 105 motores, geradores,
transformadores, bobinas.
(latões) Tubos de trocadores de calor para
CuZn30 água não poluída, cápsulas e roscas
de lâmpadas, cartuchos,
33 – 85 62 – 3 65 – 160 instrumentos musicais, carcaças de
extintores de incêndio, componentes
estampados e conformados (tais
como rebites, pinos e parafusos).
CuZn9Pb2 (Boa usinabilidade e condutibilidade
elétrica). Parafusos, componentes
27 – 40 45 – 12 55 – 105 rosqueados de dispositivos elétricos,
conectores fêmea-macho para
computadores.
(bronzes) (Possui pequeno teor de fósforo 0,02
CuSn6 – 0,40%). Tubo de condução de
águas ácidas de mineração,
componente para a indústria química,
37 – 100 60 – 2 80 – 225
têxtil e de papel, engrenagens,
componentes de bombas, molas
condutoras de eletricidade, eletrodos
de soldagem.
CuSn10Pb10 Mancais para altas velocidades e
grandes pressões, mancais para
18 28 69
laminadores.
Chumbo
É um metal com aspecto exterior característico, pois apresenta uma cor cinza azulada. Sua
superfície de ruptura (recente) é de uma cor branca prateada muito brilhante. É fácil de conhecê-lo
pelo peso: é um material muito denso e macio.
Propriedades do chumbo
kg
Densidade 11,3
dm 3
Ponto de fusão 0C 3270C
N
Resistência a tração 15...20
mm 2
Alongamento 50...30%
O chumbo é muito dúctil, fácil de dobrar, laminar, martelar (a frio). Os tubos são curvados com
auxílio de uma mola, ou enchendo-os de areia fina e seca, ou com ajuda de um aparelho de
curvar.
Liga-se com dificuldades a outros metais, exceto com o estanho, com o qual se produz a solda de
estanho.
É bem resistente a corrosão, pois, quando exposto ao ar, recobre-se de uma camada protetora de
óxido.
Designação do chumbo
Denominação Norma Impureza
Chumbo fino Pb 99,99 0,01%
Chumbo siderúrgico Pb 99,9 0,1%
Chumbo refundido Pb 98,5 1,5%
Precaução
Partículas de chumbo que aderem às mãos podem penetrar no organismo e provocar uma
intoxicação; por isso é indispensável lavar bem as mãos após o trabalho.
Aplicação
É utilizado no revestimento de cabos elétricos subterrâneos e no revestimento de recipientes para
ácidos usados na indústria química.
O chumbo fino aplica-se em placas de acumuladores, cristais óticos e proteção contra raios X.
Zinco (Zn)
É um metal branco azulado. Sua superfície de ruptura é formada de cristais que se distinguem
facilmente.
Entre os metais, é o que tem maior coeficiente de dilatação térmica (0,000029/0C). Exposto à
umidade do ar, combina-se com o bióxido de carbono (CO2), formando uma capa cinzenta de
carbonato de zinco (Zn+CO2) que protege o metal.
É muito sensível aos ácidos, que o atacam e destroem, sendo portanto, impossível conservar
ácidos em recipientes de zinco.
Propriedades do zinco
kg
Densidade 7,1
dm 3
Ponto de fusão 4190C
N
Resistência à tração 20...36
mm 2
Alongamento 1%
As propriedades do zinco podem ser sensivelmente melhoradas por adição de outros metais.
Designação do zinco
Denominação Norma Impureza
Zinco fino Zn 99,95 0,005%
Zinco siderúrgico Zn 99,5 0,5%
Zinco fundido G-Zn.A l 6.Cu 1%
Com liga de alumínio se torna mais resistente, com liga de cobre, mais duro. O magnésio
compensa as impurezas existentes e igualmente o torna mais duro. Também o bismuto, o chumbo
e o tálio melhoram consideravelmente as propriedades do zinco para sua usinagem.
Aplicação
Peças de aço, que estejam sujeitas a oxidação do tempo, devem receber uma zincagem (banho
de zinco) para sua proteção.
SENAI - 2009 123
Fundamentos da Mecânica - Materiais
As ligas de zinco, também chamadas de zamac, são muito utilizadas para obter peças
complicadas através de fundição por injeção. Esse processo facilita a fabricação em série e
aumenta a precisão das peças.
Essas ligas são usadas na confecção de maçanetas, componentes de relógio, botões de controle,
brinquedos (particularmente em miniaturas), componentes de máquinas de escrever, de calcular e
de eletrodomésticos.
Estanho (Sn)
É um metal branco azulado e macio que se funde facilmente e é resistente a corrosão.
Dobrando-se uma barra de estanho, ouve-se um ruído como se o metal estivesse trincado. Esse
ruído é produzido em conseqüência do deslizamento dos cristais, que atritam entre si (grito do
estanho).
Não se altera quando em contato com ácidos orgânicos ou quando exposto às intempéries.
Propriedades do estanho
Densidade 7,3kg/dm3
Temp. de liquefação 2320C
Resistência a tração 40...50N/mm2
Ductilidade 40%
Em temperaturas inferiores a –150C, o estanho se decompõe formando um pó de cor cinzenta.
O estanho puro não é empregado em construções de peças devido a sua pequena resistência a
tração.
Graças a sua grande ductilidade podem-se laminar folhas muito delgadas, de até 0,008mm de
espessura.
Liga-se perfeitamente com outros metais, tais como: cobre, chumbo e antimônio.
Símbolo Aplicação
Sn 99,9 Para revestir aço usado para embalar alimentos (folha de flandres).
0 0
L – Sn50 Pb Sb Solda para indústria elétrica (temperatura de fusão 183 C..215 C).
0 0
L – Sn60 Pb Ag Solda para a indústria eletrônica (temperatura de fusão 178 C..180 C).
Metais leves
Alumínio puro
A figura seguinte mostra o
processo de obtenção do alumínio
por meio da energia elétrica. A
matéria-prima é o minério bauxita,
que é submetido a diversos
processos para secagem,
separação das impurezas e
transformação em óxido de
alumínio puro.
Obtenção do alumínio
O óxido de alumínio é transformado em alumínio puro por eletrólise (decomposição por corrente
elétrica em alumínio e oxigênio). Pode ser transformado em produtos fundidos ou laminados.
Propriedades
É um metal muito macio e muito dúctil. Pode ser identificado pela sua cor branca prateada. É bom
condutor de calor e de corrente elétrica. Tem uma grande resistência a corrosão e liga-se muito
bem a outros metais.
0
Ponto de fusão 658 C
2
Resistência a tração 90 – 230N/mm
Ductilidade 20%...35%
Em contato com o ar se recobre de uma camada muito delgada de óxido que protege o metal
(A l +O2 →A l 2O3).
Por causa de sua capacidade de alongamento é fácil de dobrar, trefilar e repuxar. Pode ser
usinado com grandes velocidades de corte e grandes ângulos de saídas na ferramenta (γ).
Ligas de alumínio
Quando o alumínio é ligado a outros metais, obtêm-se ligas de alta resistência e dureza, enquanto
que suas maleabilidade e condutibilidade elétrica diminuem.
As ligas de alumínio com cobre, zinco, magnésio e silício podem ser submetidas a um tratamento
especial de têmpera. Esse processo aumenta a dureza e mais ainda a resistência a tração (duas
vezes).
As peças moldadas sob pressão são obtidas injetando-se o metal líquido a alta pressão em
moldes de aço. Esse processo é aplicado para peças de alta precisão e boa resistência a tração.
Ligas de magnésio
O magnésio é um metal leve (δ = 1,74kg/dm3). O magnésio puro não pode ser empregado como
material para construção, somente suas ligas encontram aplicações industriais.
As ligas são obtidas com resistência satisfatória com adições de alumínio, zinco e silício. Podem
ser soldadas e se fundem facilmente.
Ligas de magnésio
Liga Composição
G – Mg Al 9 Zn1 8,3 a 10% A l
0,3 a 1,0% Zn
0,15 a 0,3% Mn
Propriedades
Densidade 1,8kg/dm3
Resistência a tração 24 a 28 kp/mm2
Alongamento 10 a 6%
Aplicações
As ligas de magnésio são utilizadas na confecção de carcaça de motores e mecanismos portáteis
que devem ser leves, tais como, serras e roçadeiras portáteis.
Precauções
Os cavacos finos que são produzidos durante a usinagem podem inflamar-se e provocar incêndio.
Para esfriar os cavacos de magnésio usa-se areia, cavacos de ferro-fundido, jamais água.
Questionário – Resumo
Sinterização
Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:
Conhecer
Estar informado sobre:
• Processo de sinterização;
• Princípio da normalização de peças sinterizadas.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Características físicas e mecânicas das peças sinterizadas;
• Propriedades das peças sinterizadas e aplicação na confecção de ferramentas.
Metalurgia do pó ou sinterização
Processo de sinterização
Processo de sinterização
Para obter pós metálicos existem vários processos. O mais comum consiste em se injetar ar
comprimido ou água sobre o metal líquido.
Compactação
Operação de compactação
Pressão
Materiais
KN/cm2
Peças de latão 4,0 a 7,0
Buchas autolubrificantes de bronze 2,0 a 3,0
Escovas coletoras
3,5 a 4,5
Cu – grafite
Metal duro 1,0 a 5,0
Peças de aço
baixa densidade 3,0 a 5,0
média densidade 5,0 a 6,0
alta densidade 6,0 a 10,0
Peças que devem ter alta densidade, elevada dureza e resistência a tração são compactadas a
quente, é o caso por exemplo do metal duro.
Sinterização
A sinterização é feita em forno com gás protetor ou a vácuo para evitar a oxidação. O tempo é de
30 a 150 minutos.
Em peças em que se deseja uma alta densidade e melhores propriedades de resistência, volta-se
a prensar e a sinterizar (duplo prensado e sinterizado).
Princípio da sinterização
As partículas só têm contato em poucos pontos; por isso, o efeito da coesão é muito baixo.
Através de uma alta pressão (40-80kN/cm2) a secção de contato aumenta, ou seja, a força de
coesão também aumenta.
Nos contornos dos grãos os átomos são deslocados e formam novos grãos. Os novos grãos
diminuem os poros e formam uma nova estrutura com grande densidade.
Calibragem
Após a sinterização, prensam-se as peças em uma ferramenta (matriz) para melhorar a precisão
dimensional e a qualidade superficial.
Acabamento final
As peças sinterizadas podem sofrer operações de usinagem, tratamentos térmicos e tratamentos
superficiais.
• Tratamentos térmicos
Para melhorar a resistência a tração e a dureza de aços sinterizados pode-se
recorrer a tratamentos térmicos como a têmpera, cementação ou carbonitretação.
• Tratamentos superficiais
Para melhorar a resistência a desgaste e a corrosão empregam-se tratamentos
superficiais como a oxidação (tratamento com vapor de água), cromeação,
fosfatação, etc.
Normalização
A normalização dos materiais sinterizados é feita em função da porosidade.
Designação
Volume
Classe de Porosidade Aplicação
de material
material em %
em %
AF < 73 > 27 Filtros
A 75 25 Mancais
Mancais
B 80 20
Peças de perfis
C 85 15 Peças de perfis
D 90 10 Peças de perfis
Numeração Material
00 Ferro sinterizado
10 Aço
20 Aço com cobre
30 Aço/Cu/Ni
50 Cu Sn
54 Cu Ni Zn
Exemplos:
Sint AF 50 Sint D 10
Bronze Aço sinterizado
Porosidade – 27% Porosidade – 10%
Volume de material – 73% Volume de material – 90%
Para filtros Para peças de perfis
Filtros
Materiais sinterizados com grande volume de poros, como por exemplo aço cromo – níquel (Sint
A41) ou bronze sinterizado (Sint A50), são utilizados para filtros de gases e líquidos.
Buchas
Buchas de bronze sinterizadas podem absorver até 30% de seu próprio volume de óleo que ao
ser aquecido sai dos poros lubrificando as superfícies de contato (figura a seguir). Buchas
sinterizadas de bronze com grafite ou bissulfeto de molibdênio não necessitam de lubrificante
líquido. Com o deslizamento sobre pressão, forma-se na superfície de contato uma película com
baixo coeficiente de atrito que tem a função do lubrificante líquido.
Escovas coletoras
O emprego de sinterizados de grafite com cobre na fabricação de escovas coletoras oferece
vantagens sobre o grafite já que possui maior condutividade elétrica.
Escovas coletoras
Peças de precisão
Peças sinterizadas
O metal duro é composto de carbonetos de tungstênio, de titânio e de tântalo, mais cobalto, que
atua como elemento de liga. Esses elementos são submetidos a altas temperatura e pressão no
processo de sinterização.
Ferramentas cerâmicas
Os materiais cerâmicos, tais como, A l 2O3, SiO2, unidos com metais como Co, Cr, Fe são
sinterizados para produzir ferramentas de corte (ferramentas cerâmicas).
Materiais cerâmicos e metálicos não podem ser ligados, só sinterizados, chamam-se também
cermets, ou seja, cerâmica + metais.
Depois de sinterizadas, as pastilhas de corte têm as propriedades dos materiais brutos, tais como:
a dureza de A l 2O3 e a resistência à tração do Cr. Os pós dos metais servem como aglutinantes.
Exemplo: Co.
A velocidade de corte desse material é mais elevada do que as indicadas para o metal duro. As
pastilhas são de baixo custo e não são retificadas após o uso.
Questionário – Resumo
1. Descreva as etapas fundamentais do processo de sinterização.
Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:
Conhecer
Estar informado sobre:
• Definição de corrosão;
• Tipos de corrosão;
• Proteção dos metais por revestimentos metálicos e não-metálicos.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Princípio da corrosão em função do potencial elétrico dos materiais;
• Linha de voltagem;
• Mecanismo da corrosão química, eletroquímica e intercristalina;
• Aplicação dos diversos tipos de proteção à corrosão.
Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Evitar a corrosão das peças utilizando os tipos adequados de proteção;
• Utilizar corretamente os materiais de proteção em função de seus potenciais elétricos.
Introdução
Nunca a questão da proteção dos metais contra a corrosão foi objeto de tantas pesquisas como
atualmente.
Definição de corrosão
Corrosão uniforme
A corrosão forma uma película uniforme que recobre toda a superfície alterada. Nesse caso,
ocorre uma perda de resistência mecânica proporcional à perda da espessura.
Corrosão localizada
A corrosão localizada forma uma superfície rugosa no metal e surgem marcas que diminuem a
resistência a deformação.
Exemplo
Chapa de ferro que esteve em contato com água do mar, ou, chapa de alumínio que esteve em
contato com mercúrio são exemplos de corrosão localizada (figura seguinte). O metal é recoberto
de marcas, a superfície é rugosa. A perda do peso é pequena, porém, a capacidade de
deformação e a resistência a tração são reduzidas.
Corrosão localizada
Tipos de corrosão
Corrosão química
Esse tipo ocorre em um metal em contato com um meio corroente (sal, ácido, base, água, ar). Por
exemplo, quando o cobre entra em contato com a água e o ar, forma-se uma camada de
azinhavre, ou seja, carbonato de cobre, resultando na corrosão do metal.
Nos metais ferrosos, quando em contato com meios corroentes, forma-se a ferrugem, que os
destrói lentamente.
Quanto maior for o teor do carbono no aço ou no ferro fundido, tanto maior (ou mais forte) será a
corrosão.
Corrosão eletroquímica
Para que ocorra a corrosão
eletroquímica, deve existir um
líquido condutor de eletricidade
chamado eletrólito e dois metais
chamados de eletrodos. A esse
conjunto chamamos célula
galvânica.
Corrosão eletroquímica
São eletrólitos, por exemplo, soluções de água com ácido, base ou sal.
Ao se colocar em contato dois eletrodos de metais diferentes, o metal que tem um potencial
eletroquímico maior (catodo) atrai elétrons do metal que tem menor potencial eletroquímico
(ânodo). O ânodo, que fica com falta de elétrons, liberta então para a solução átomos com falta de
elétrons (íons positivos) gerando a corrosão.
Na célula galvânica da figura anterior, observamos a corrosão do zinco, porque o cobre tem um
potencial de +0,34 volts e o zinco –0,76 volts em relação ao hidrogênio (tabela abaixo). Subtraindo
um do outro teremos:
+0,34 V – (-0,76V) = 1,1V
Alumínio - 1,67
Zinco - 0,76
Ferro - 0,44
Níquel - 0,25
Estanho - 0,14
Chumbo - 0,13
Hidrogênio - 0,00
Reação no ânodo
Zn – 2e- → Zn ++
Reação no catodo
2H3O+ + 2e- → H2O + H2
O Zn++ entra na solução e este eletrodo é corroído. O gás hidrogênio (H2) vai para a atmosfera e o
eletrodo de cobre se mantém intacto.
No segundo exemplo, o zinco é menos nobre que o ferro e é atacado em primeiro lugar,
protegendo o ferro da corrosão.
1 1
O zinco corroe-se com uma velocidade sensivelmente menor que a do aço ( a ).
10 14
Corrosão intercristalina
Nesse tipo de corrosão ocorre uma verdadeira rede de fissuras no metal, enquanto a superfície
não apresenta nenhuma alteração visível (figura seguintes). A perda de peso do material é
insignificante, entretanto pode romper-se sob um esforço muito pequeno. Sua resistência elétrica
é aumentada e pode servir para localizar a existência desse tipo de corrosão, pouco visível ao
microscópio.
Corrosão intercristalina
No exemplo da figura acima, o ferro puro é menos nobre que o Fe3C. Os íons, ao se dissolverem,
geram uma decomposição do ferro, provocando um enfraquecimento do material pela destruição
da rede.
Os fatores que influem na corrosão dependem do metal, da peça usinada e do meio corroente.
Meio corroente
É o meio em que se encontra o metal. O tipo de meio corroente (ácido, salino ou básico), sua
composição química, concentração, pureza, temperatura, pressão, viscosidade e estado de
agitação (figura a seguir) influem na corrosão.
Trabalho mecânico
Os trabalhos mecânicos de dobramento, estampagem e forjamento a frio podem favorecer a
corrosão, pois alteram a forma geométrica das peças e podem lhes atribuir impurezas ou
inclusões, o que modifica a resistência do material à corrosão.
O recobrimento de um metal por uma camada protetora não tem somente a finalidade de protegê-
lo contra a corrosão; pode também aumentar, em certos casos, a sua resistência ao desgaste
(cromagem grossa), corrigir um defeito de usinagem ou embelezar uma peça.
Revestimentos metálicos
A superfície a ser revestida sempre deve ser submetida a um ou mais destes tratamentos:
• Polimento
• Desengorduramento
• Decapagem
Polimento
Operação na qual se obtêm superfícies lisas e brilhantes através da ação de discos de feltros
impregnados com uma massa abrasiva de granulação muito fina. Os discos são aplicados com
uma velocidade periférica em torno de 30 a 35m/s.
As operações de polimento são utilizadas para a desoxidação das peças metálicas de funilaria e
são executadas quando a peça apresenta traços ou depósitos superficiais de óxidos (ferrugem).
O polimento pode ser eletroquímico, também chamado de polimento anódico, que se utiliza do
princípio de metalização galvânica, ou seja, as peças são introduzidas em um eletrólito (ácido
fosfórico, ácido sulfúrico ou ácido crômico) com passagem de corrente contínua. Esse tipo é muito
usado no polimento de instrumental cirúrgico.
Desengorduramento
As operações de desengorduramento precedem à fase final de proteção. São feitas nas peças
antes do acabamento com o objetivo de remover eventuais resíduos de óleo, gordura e outras
substâncias provenientes das operações anteriores e que, na peça, poderiam anular os efeitos da
proteção.
Clorobenzeno
Vapores de solventes
Trielina
Soda cáustica
Soluções alcalinas
Carboneto de sódio
Processo eletrolítico Solução de fosfato lissódico em água
Decapagem
A decapagem mecânica é feita com jato de areia ou granalha de FoFo.
Na decapagem química os aços são decapados com soluções sulfúricas ou clorídricas (10%), que
eliminam os óxidos superficiais, mas também podem atacar o ferro subjacente.
A peça a ser revestida constitui o catodo de uma célula galvânica (figura seguinte). O eletrólito é
uma solução que contém um sal do metal, que irá ser depositado na peça, e algumas substâncias
destinadas a melhorar o revestimento (melhorar a aderência, o brilho, etc.).
Cobreação eletrolítica
O ânodo pode ser do mesmo metal que será depositado na peça, ou de um metal insolúvel, como
por exemplo na eletrodeposição de cromo, usa-se ânodo de chumbo.
As gotículas fundidas na saída da pistola são lançadas sobre a peça a proteger com uma
velocidade tal (da ordem de 100m/s) que, na chegada, chocam-se e se soldam, formando um
depósito muito aderente, de 0,03mm de espessura média.
O zinco e o alumínio são cada vez mais empregados para proteger, por esse processo, os metais
contra a corrosão.
Ensaios em vários meios corroentes permitiram determinar a duração da vida média dos
revestimentos como podemos ver na tabela seguinte.
0,20 a 0,25 10 a 20
0,25 a 0,30 20 a 40
O objetivo desse tipo de proteção é evitar que os meios agressivos ataquem as superfícies das
peças.
Revestimentos orgânicos
São os óleos e graxas normalmente empregados na proteção de peças de aço cujas superfícies
são acabadas e brilhantes, tais como, instrumentos de medição, roscas, etc.
Os óleos e as graxas não devem conter ácidos, para não atacarem as superfícies metálicas.
Pinturas e vernizes
Pintura é um revestimento que, aplicado a uma peça, confere-lhe determinadas propriedades
estéticas e protege sua superfície contra a oxidação e corrosão.
A pintura dever ser flexível e aderente (de forma que acompanhe as possíveis deformações da
peça), impermeável e resistente a choques, resistente aos agentes corroentes e ela deve penetrar
o máximo possível nas depressões ou reentrâncias do material.
Esse revestimento é vulgarmente conhecido como zarcão, que é produzido à base de óxido de
chumbo e normalmente diluído em óleo de linhaça.
Volátil
São os solventes que desaparecem por evaporação durante a secagem. Seu objetivo é fornecer à
pintura um grau de fluidez que permita sua aplicação em finas camadas.
Não-volátil
É a parte que forma uma película após a secagem. É composta de dois elementos:
• Elementos filmogêneos – formam, durante a secagem, uma película contínua,
aderente e resistente.
• Elementos corantes (pigmentos) – dão cor e opacidade à pintura.
Esmaltagem
Os esmaltes são vidros (borossilicatos de Ca, K ou Pb) tornados opacos pelo óxido estânico ou
pela cinza de ossos. São aplicados sobre o metal decapado. Depois da secagem, a fusão se faz
entre 800 a 1 0000C.
Devem ter um coeficiente de dilatação igual ao do metal recoberto e convêm somente para as
peças rígidas ou maciças que não devem sofrer deformações (recipientes para a indústria química
e tinturaria, utensílios de cozinha, etc.).
Fosfatação
A peça de aço desengordurada é mergulhada numa solução de fosfato ácido de manganês ou de
zinco a 1000C. O aço é atacado. Forma-se, então, um depósito de fosfatos de ferro ±0,01mm
(nomes comerciais: parquerização, bonderização).
O banho é de ácido sulfúrico. O oxigênio nascente formado no ânodo dá uma camada protetora
de óxido de alumínio (Al2O3) de 0,04mm.
Após a anodização, a peça deve ser colocada em água a 900C para diminuir a porosidade da
camada de óxido. Se adicionarmos corante a essa água, ele entrará nos poros dando um efeito
decorativo à peça.
O processo de anodização só pode ser aplicado em peças de alumínio ou de ligas desse metal.
Questionário – Resumo
5. Na proteção dos metais por revestimento metálico, qual é o tratamento preliminar que se deve
dar às peças?
6. Por que razão o estanho não pode ser utilizado para a proteção do aço?
9. Comente a proteção dos metais por modificação superficial do metal a ser protegido
(fosfatação e oxidação).
Ensaios de materiais
Objetivos
Conhecer
Estar informado sobre:
• Finalidade dos ensaios;
• Classificação dos ensaios: simples, destrutivos e não-destrutivos.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Como se processam e interpretam os ensaios simples.
Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Determinar de forma simples falhas e características físico-químicas de materiais.
Introdução
Nesta unidade, estudaremos a forma pela qual determinamos as propriedades dos materiais, ou
seja, estudaremos os ensaios de materiais.
Propriedades de materiais
Materiais metálicos podem ser classificados, segundo suas propriedades, da seguinte maneira:
• Propriedades físicas em geral: dimensões, forma, densidade, porosidade, misturas
constituintes, macro e microestruturas, calor específico, condutibilidade elétrica, etc.
• Propriedades químicas e físico-químicas: componentes químicos, acidez, resistência a
corrosão, etc.
• Propriedades mecânicas: resistência mecânica (estática e dinâmica), elasticidade,
plasticidade, fragilidade, ductilidade.
Para determinar qualquer dessas propriedades faz-se necessário realizar um ensaio específico.
Ensaios mecânicos
Antes de nos aprofundarmos no estudo dos ensaios mecânicos, valos citar algumas das mais
importantes finalidades dos ensaios dos materiais.
Evidentemente, os ensaios não traduzem valores absolutos e imutáveis. Os ensaios podem ser
realizados na própria peça ou em um corpo de prova, entretanto os valores obtidos vão refletir
sempre uma situação particular. Por esse motivo, adota-se um fator de segurança para garantir
que as peças suportem os esforços reais a que serão submetidas.
A normalização dos ensaios e dos materiais leva a inúmeras vantagens, dentre as quais
destacamos:
• Reduz o desentendimento entre produtor e consumidor.
• Torna a qualidade de produção mais uniforme.
• Reduz os tipos similares de peças e materiais.
• Diminui o custo unitário de produção.
• Orienta o projetista na escolha do material existente.
• Permite a comparação de resultados obtidos em diferentes laboratórios, pela adoção do
mesmo método.
Por meio desses tipos de ensaios não se obtêm valores precisos, apenas conhecimentos de
propriedades específicas dos materiais.
Ensaio virtual
É utilizado para controlar a qualidade de superfícies (por exemplo, acabamento superficial de aço
laminado) bem como para distinguir os metais em função de suas cores (aço, latão, cobre, etc.).
Os materiais moles são mais facilmente cortados sendo o volume de cavaco bem maior que o de
um material de maior dureza.
A comparação com padrões conhecidos e a boa observação são fatores importantes para obter
bons resultados.
A figura seguinte apresenta a forma das centelhas para um aço com 0,1% de carbono e apresenta
apenas alguns indícios de bifurcação das centelhas.
A figura seguinte apresenta maiores bifurcações nas centelhas em função da maior quantidade de
carbono.
Questionário – Resumo
Ensaios destrutivos
Objetivos
Conhecer
Estar informado sobre:
• Equipamentos e métodos de ensaios de: tração, impacto, dobramento e embutimento ou
estampabilidade.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Representação do diagrama de tensão-deformação;
• Zonas elástica e plástica;
• Limite de elasticidade e limite de resistência de um material.
Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Descrever o princípio e a aplicação dos ensaios destrutivos;
• Interpretar os resultados obtidos;
• Reconhecer as propriedades dos materiais em função do comportamento registrado nos
diagramas.
Ensaio de tração
Esse tipo de ensaio consiste em submeter um corpo de prova a um esforço de tração na direção
axial até sua ruptura.
Corpo de prova
A figura seguinte mostra o princípio da máquina de ensaio de tração. A força e o alongamento são
medidos através de instrumentos e registrados no diagrama tensão-deformação.
Cálculo:
Força
Tensão =
Secção
F
σ= em N/mm2
S
Deformação:
∆L
ξ= . 100 (%)
L0
∆L = alongamento (mm)
L0 = comprimento inicial (mm)
L = comprimento final do corpo deformado (mm)
∆L = L – L0
O regime elástico termina no ponto A e recebe este nome porque, até este ponto, quando o
material estiver sem a ação da carga voltará ao seu tamanho natural, como um elástico.
Terminada a fase elástica tem início o regime plástico (II), onde começa ocorrer fenômeno
chamado de escoamento. O escoamento é caracterizado por uma deformação permanente
(plástica).
O limite de escoamento (ponto B) é a tensão que se atingida o corpo sofre uma deformação
permanente, isto é, se deixarmos de aplicar a carga, o corpo não volta mais ao comprimento
inicial.
Ainda na região plástica, a máxima tensão atingida corresponde ao limite de resistência (ponto C).
Devemos tomar cuidado para não confundir limite de resistência com tensão de ruptura (ponto F).
A partir do ponto C ocorre um alongamento com a redução da tensão causada pela deformação
do corpo de prova (redução de diâmetro).
Existem materiais (exemplos: aço endurecido, Cu, Al) que não apresentam o fenômeno de
escoamento com nitidez. Mas o limite de escoamento (ponto B) é necessário para cálculos de
resistência. Para solucionar esse problema foi convencionado um valor internacional que define o
limite de escoamento, isto é, n% de deformação permanente. Por exemplo, para aço endurecido a
deformação é de 0,2%.
Traça-se uma paralela ao trecho linear, e, quando ela interceptar a curva, determinará o limite de
escoamento (τB).
Diagrama tensão-deformação
para diversos materiais
Ensaios de impacto
Um fator muito importante que contribui para o aparecimento de fraturas do tipo frágil em peças é
a alta velocidade de aplicação da carga, isto é, carga aplicada por impacto.
Faz-se necessário padronizar um tipo de ensaio para determinar a resistência ao impacto (ou
choque), ou melhor, a energia absorvida pelo corpo de prova por ação de impacto, expresso em
Nm.
Como a energia de impacto medida depende das condições do ensaio (forma e dimensão do
corpo de prova, maneira de aplicação da carga) há necessidade da padronização dos tipos de
ensaios para permitir, posteriormente, a comparação entre os valores obtidos para o mesmo ou
diferentes materiais.
Nós vamos falar apenas do método charpy, porque os demais são bem semelhantes.
Método charpy
Consiste em se percutir um corpo de prova, de dimensões padronizadas (figura seguinte),
convenientemente apoiado, com um martelo de dimensão também padronizado, e medir a energia
A energia necessária para fraturar o corpo de prova (figura abaixo) é dada por:
E = G (h1 – h2) Nm
Onde: E = energia em Nm
G = peso do martelo em N
h1 = posição inicial do pêndulo
h2 = posição final do pêndulo
Corpo de prova
Aplicação:
• Depois de processos de tratamento térmico.
• Para comprovar o envelhecimento do material.
Ensaio de dobramento
Dobramento guiado
Dobramento livre
Entretanto, sempre que possível, deve-se fazer o ensaio de tração, ficando o ensaio de
dobramento como substitutivo.
Quanto mais duro for o material, mais empregado é o ensaio de dobramento transversal, tendo
em vista a dificuldade de usinar o corpo de prova para o ensaio de tração. Na realidade, o ensaio
de dobramento transversal para materiais frágeis é uma extensão do ensaio de flexão e é
normalizado pela ASTM (Sociedade americana de testes em materiais) método A-438.
Esse ensaio consiste em apoiar o corpo de prova sobre dois apoios distanciados entre si por uma
distância L, sendo a carga de dobramento aplicada no centro (figura seguinte). A carga é aplicada
lentamente até o rompimento do corpo de prova. Esse ensaio permite ainda obter dados sobre
outras propriedades, como módulo de ruptura ou resistência ao dobramento.
O ensaio consiste em forçar uma esfera, acionada por um pistão hidráulico, de encontro a um
corpo de prova tirado de uma chapa metálica, presa por um dispositivo de fixação.
O esforço produz uma deformação plástica, sob a forma de uma elevação (calota esférica) na
superfície da chapa que progride à medida que a esfera avança.
O ensaio termina quando ocorre a ruptura da chapa, com um som característico (estalo). O índice
de estampabilidade, dado pela altura da calota esférica formada, depende, além da constituição
metalúrgica da chapa, também de sua espessura. Quanto maior a altura, maior será a
estampabilidade da chapa. Para o caso das chapas de aço ou outros metais não-ferrosos (latão,
alumínio) para estampagem, os fabricantes costumam classificá-los segundo o índice de
estampabilidade e espessura.
Recomenda-se que a carga de fixação da chapa seja de 10 000N. A chapa e o corpo esférico
deverão ser untados com um composto à base de graxa, grafite e óleo mineral.
Questionário – Resumo
7. Dois materiais – um aço dúctil e um aço endurecido – devem ser ensaiados aplicando-se o
método de ensaio charpy. Qual o resultado? Explique o porquê.
Ensaios não-destrutivos
Objetivos
Conhecer
Estar informado sobre:
• Aplicação do ensaio de dureza shore para materiais moles;
• Tipos de ensaios especiais, tais como: espectro-magnético, líquidos penetrantes, ultra-som e
raio X.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Diversos tipos de ensaios de dureza: brinell, rockwell, vickers e suas aplicações;
• Penetradores, cargas aplicadas e características da medição;
• Utilização de tabelas de conversão de dureza;
• Características e aplicações dos ensaios especiais.
Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Selecionar o tipo de ensaio em função da peça e condições dos materiais;
• Especificar cargas através de tabelas;
• Interpretar resultados obtidos em diversos ensaios.
Ensaio de dureza
Por definição, a dureza de um metal é a resistência que ele oferece à penetração de um corpo
duro.
Escalas de dureza
Em função dos materiais, características e métodos dos ensaios, temos vários tipos de escalas de
dureza:
• Brinell
• Rockwell
• Vickers
• Shore
• Mohs
Esse método é baseado na relação existente entre a carga aplicada (F) a uma esfera que está
sobre a peça a ser controlada e a área da impressão produzida pela esfera na peça.
Execução do ensaio
• Uma esfera de diâmetro (D) conhecido é comprimida por uma carga (F) também conhecida.
• Medem-se na impressão dois diâmetros (d1 e d2) perpendiculares entre si através de aparelho
ótico, e tira-se a média (d).
• Calcula-se a dureza pela fórmula acima. Na prática, usam-se tabelas que veremos a seguir.
Usando cargas e esferas diferentes, pode-se chegar a um mesmo valor de dureza. Por isso, foram
estabelecidas certas normas como segue:
1. a carga e a esfera devem ser escolhidas de modo que o diâmetro d da impressão obtida
esteja entre 0,25D<d<0,5D.
2. a carga usada depende do material a ser ensaiado e de sua espessura. Para manter a relação
F
do item 1 foram estabelecidos níveis de carga dados pela relação 2 .
D
Para metais excessivamente duros (HB maior que 500kgf/mm2) substitui-se a esfera de aço por
esfera de carboneto de tungstênio para minimizar a distorção da esfera, o que acarretaria em
valores falsos para d e, portanto, para HB.
Na prática usamos a tabela abaixo para determinar o diâmetro da esfera e a carga a ser utilizada.
Carga F (kgf)
2
Espessura Nível de carga F/D
θ
de 10 1,25
esfera 30 5 2,5
material ligas Al Pb, Sn
mm aço e ferro Al puro metais para
mm bronze latão metais
fundido zinco mancais
duro cobre moles
Exemplo → usando uma esfera de 1mm de diâmetro e uma carga de 30kgf, obtém-se um
diâmetro da impressão d=0,212mm o que dá uma dureza de 840HB.
É amplamente empregado pela facilidade de aplicação, pois pode ser efetuado em qualquer
máquina à compressão ou, mesmo, com aparelhos portáteis de baixo custo.
Simbologia
A dureza brinell possui uma indicação completa que fornece, inclusive, as condições do ensaio
como apresentada nos exemplos:
120HB5 / 250 / 30
↑ ↑↑ ↑ ↑
120HB – Dureza brinell
5 – Diâmetro da esfera
250 – Carga 250kgf
30 – Duração do ensaio
170HB2,5 / 62,5
Se o diâmetro da esfera for 10mm, a carga do ensaio for 3 000kgf e o tempo de duração for de
dez a quinze segundos, suprimem-se esses dados indicando somente o tipo de ensaio de dureza
(HB):
350HB
Cuidados especiais
• A espessura da peça a ser medida deve ser no mínimo igual a duas vezes o diâmetro da
impressão obtida.
• A superfície a medir deve ter um raio de curvatura no mínimo de cinco vezes o diâmetro da
esfera utilizada.
• Cada impressão deve estar distante de uma impressão vizinha, no mínimo 2,5 vezes o seu
diâmetro (distância de centro a centro).
• A carga de ensaio deve ser mantida sobre a peça a ser medida no mínimo durante trinta
segundos. Exceções: para materiais em que HB>300, esse tempo pode ser reduzido a dez
segundos. Para materiais moles em que HB<60, a carga deve ser mantida durante sessenta
segundos.
Nesse método as forças de ensaio agem em etapas, ou seja, nos modernos aparelhos de ensaio
tipo rockwell o grau de dureza pode ser verificado imediatamente no relógio acoplado ao aparelho.
Seqüência do ensaio
a) b) c)
Pré-carga Carga total. Retirar a carga. Fazer
Relógio em 0. leitura.
D = Penetrador
F0 = Pré-carga
F0 + F1 = Carga nominal
U = Relógio 1 rotação = 0,2mm; Divisão = 0,002mm
to = Profundidade de penetração para pré-carga
f = Deflexão
t = Profundidade de penetração real
t
HRB = 130 -
0,002
t
HRC = 100 -
0,002
Dureza rockwell
Esses dois grupos são ainda decompostos em várias escalas (ver tabela anterior e próxima),
conforme a carga e o penetrador usado no ensaio.
0
15N Cone de diamante 120 15 Aços cementados ou temperados
0
30N Cone de diamante 120 30 Aços cementados ou temperados
0
45N Cone de diamante 120 45 Aços cementados ou temperados
15T Esfera de 1/16” 15 Aço, ferro e outros metais até 240HB, chapas, etc.
30T Esfera de 1/16” 30 Aço, ferro e outros metais até 240HB, chapas, etc.
45T Esfera de 1/16” 45 Aço, ferro e outros metais até 240HB, chapas, etc.
Na escala rockwell normal, os tipos mais importantes são o B e C (sendo os demais apenas
auxiliares). Na escala B o penetrador é uma esfera e na escala C o penetrador é um cone de
diamante.
Ao escolhermos o tipo de ensaio, devemos levar em consideração diversos fatores tais como:
• Material e tratamento térmico eventual.
• Espessura do material a ser controlado e porosidade, etc.
O ensaio HRB deve ser aplicado a materiais moles e o HRC a materiais duros e de média dureza.
Simbologia
A indicação da dureza rockwell é feita como nos exemplos abaixo:
Recomenda-se uma espessura mínima para a peça a ser medida igual a dez vezes o valor da
profundidade de penetração. As próximas tabelas fornecem as espessuras mínimas
recomendáveis em mm.
Quando se mede a dureza de peças cilíndricas pelo método rockwell C, devido à deformação da
peça, é necessária uma correção conforme a tabela seguinte.
Cuidados especiais
• No primeiro ensaio rockwell, após a troca do penetrador, o resultado não deve ser
considerado, já que o penetrador ainda não está bem assentado no seu alojamento.
• A peça deve estar bem assentada sobre a mesa de apoio e devem estar bem limpas.
• O penetrador deve estar perpendicular à peça. É tolerada um inclinação de 70.
• Se, por engano, for ensaiada uma peça temperada com o penetrador de esferas, deve-se
trocar a esfera que ficará inutilizável.
• A carga deve ser aplicada sem choque e sem vibração, o que, nos aparelhos, é conseguido
por um amortecedor hidráulico.
Essa aplicação deve durar de seis a dez segundos. Nos metais moles, pode ser prolongada para
trinta segundos, devido à maior capacidade de deformação do material.
A pirâmide possui uma base tetragonal com um ângulo entre faces de 1360.
Conhecendo-se a área e a carga aplicada, podemos estabelecer a dureza pela fórmula da figura
seguinte.
d1 = d 2
d=
2
F F
HV = = 1,854 . 2
A d
Onde:
HV = dureza vickers (kgf/mm2)
F = carga aplicada em kgf
A = área (mm2)
1,854 = constante
d = média das diagonais da impressão (mm)
Determinação da dureza vickers
Determinação de dureza vickers com tabelas
Conhecendo a média das diagonais da impressão e consultando a tabela de dureza vickers,
encontraremos a dureza do material que ensaiamos.
Simbologia
Quando o ensaio for realizado com 30kgf e uma duração de dez a quinze segundos conforme
norma, representamos assim:
640HV30
108HV50/30
108 = dureza vickers
50 = carga 50kgf
30 = duração do ensaio em segundos
A dureza vickers produz uma impressão pequena, o que evita a inutilização da peça.
Para macrodureza a carga normal é de 30kgf, porém podem-se usar cargas entre 50 e 100kgf.
Podem também ser utilizadas cargas reduzidas, que variam de 0,1 a 2 kgf.
A macrodureza se aplica a uma vasta gama de materiais, exceto ferros fundidos e materiais
sinterizados.
O ensaio com cargas reduzidas é usado para pequenas molas, grampos, dureza de camada
cementada.
Microdureza vickers
Muitas aplicações da dureza vickers, mencionadas anteriormente estão atualmente voltadas para
o ensaio de microdureza.
Os fatores acima provocam erros no ensaio, resultando em valores de dureza maiores que os
verdadeiros.
Aplicações da microdureza
• Peças de espessura delgada 0,03mm.
• Peças espelhadas utilizadas em instrumentos de precisão.
• Medição da dureza do gume da ferramenta.
• Ensaios em camadas duras e delgadas (cromação dura, nitretação, boretação, etc.).
• Determinar variação de dureza da periferia em função da descarbonetação.
• Determinação de dureza de microconstituintes da estrutura.
Designação do ensaio
Segundo norma ASTM e ASA
DPH500 345 – (microdureza 345, com penetrador em pirâmide de diamante, carga de 500 gramas).
Anomalias na impressão
a) Losango irregular
d1>d2
É um método dinâmico para a determinação de dureza que utiliza um aparelho conhecido como
escleroscópio shore.
Escleroscópio shore
A dureza é determinada pela altura do rebote de um pequeno martelo com ponta de diamante,
colocado no interior de um tubo de vidro graduado. A altura do rebote é medida na escala
graduada no tubo de vidro, dividida em 140 partes.
A norma E-448 da ASTM é uma das normas existentes para a dureza escleroscópica.
A máquina shore é leve, portátil e pode, portanto, ser adaptada em qualquer lugar, podendo medir
a dureza de peças muito grandes, impossíveis de serem colocadas nas máquinas de dureza por
penetração.
O tubo graduado deve ser colocado bem na vertical. É praxe fazer pelo menos cinco medidas de
dureza em pontos diversos do material para garantir bem o resultado.
O número de dureza lido é um número relativo e serve somente para a comparação de materiais.
Entretanto, verificou-se que existe uma relação entre a dureza shore e a dureza brinell.
A escala de dureza shore é contínua, cobrindo toda a gama de variação de dureza dos metais.
Não é recomendada para peças muito finas, que possam mascarar a medida da altura do rebote.
Superfícies não lisas resultam em durezas menores que a real.
415 130 124 71,2 96,4 1 485 460 437 66,1 73,6
450 140 133 75 99 1 555 480 (456) 47,7 74,5
480 150 143 78,7 (101,4) 1 595 490 (466) 48,4 74,9
510 160 152 81,7 (103,6) 1 665 510 (485) 49,8 75,7
545 170 162 85 (105,5) 1 740 530 (504) 51,1 76,4
610 190 181 89,5 (108,7) 1 880 570 (542) 53,6 77,8
640 200 190 91,5 (110,1) 1 955 590 (561) 54,7 78,4
675 210 199 93,5 (111,3) 2 030 610 (580) 55,7 78,9
705 220 209 95 (112,4) 2 105 630 (599) 56,8 79,5
Podemos utilizar a tabela acima quando necessitamos saber uma dureza conhecendo outras.
Exemplo:
Consiste em submeter tubulações, dutos, etc. a uma pressão interna, utilizando, para isso, um
líquido ou um gás.
Ensaio pneumático
Essa pressão dever ser duas vezes a pressão de serviço ou 1,5 vezes a pressão de projeto, no
caso de não haver uma norma específica para o ensaio.
A pressão pode ser tanto interna (bombas ou compressões) como externa (bombas de vácuo).
Líquidos penetrantes
Seqüência do ensaio
• Limpeza da superfície
A limpeza da superfície deve ser feita com um líquido solvente.
Revelação da trinca
O ensaio com líquidos penetrantes é capaz de localizar qualquer tipo de descontinuidade
superficial em qualquer tipo de material.
Ensaio radiográfico
Consiste na aplicação de raios X e Y, visando à obtenção de uma imagem nítida e fiel dos defeitos
que possam existir na estrutura de uma peça.
Baseia-se nas propriedades das radiações ionizantes de atravessarem os materiais opacos à luz,
absorvidas em maior ou menor proporção em função da natureza e espessura desses materiais.
Ensaio radiográfico
Raios X e Y
Os raios X são radiações eletromagnéticas geradas por um tubo de raios X, sendo sua energia e
intensidade reguláveis.
Os raios Y emitidos por isótopos radioativos também são radiações eletromagnéticas procedentes
da desintegração de núcleos atômicos de um elemento radioativo.
Aplicação
Para a detecção de trincas internas ou poros em peças fundidas, soldadas, etc.
Proteção radiológica
A superexposição a raios X e Y podem provocar danos aos tecidos do corpo ou órgãos. Por esta
razão, estabelecem-se regras, regulamentos e procedimentos que devem ser sempre observados,
visando a uma proteção radiológica, tanto aos operadores como aos que trabalham nas
proximidades.
Ensaio magnético
Esse ensaio consiste em magnetizar um corpo de prova e cobri-lo com finas partículas
magnetizáveis e interpretar a ocorrência de concentração local das partículas na superfície da
peça.
Ao criar-se um campo magnético num material ferromagnético (figura ao lado), as linhas de força
se distribuem homogeneamente no seu interior, exceto nas descontinuidades, onde sofrem
distorções que provocam um fluxo magnético mais denso.
Quando existem defeitos na peça, o local da trinca atrai um maior número de partículas, formando
uma camada larga e concentrada.
Os defeitos superficiais devem possuir uma certa profundidade para que sejam detectados. Além
de assinalar a existência de defeitos, o ensaio também indica a sua profundidade, visto que ela é
proporcional à concentração das partículas acumuladas.
O ensaio deve ser realizado em duas direções ortogonais, porque as descontinuidades ocorrem
em várias direções.
Nos materiais laminados ou trefilados é suficiente uma só direção, pois as descontinuidades são
sempre longitudinais.
Magnetização
A magnetização com corrente alternada deixa um reduzido magnetismo na peça, dispensando
desmagnetização posterior.
Partículas magnéticas
As partículas magnéticas sob a forma de pó são de materiais de baixo poder remanescente.
Podemos aplicar o pó seco ou em suspensão num líquido com óleo, querosene, etc.
Para maior realce e precisão na localização, as peças devem ser previamente limpas e
desengraxadas.
Desmagnetização
Torna-se necessária a desmagnetização das peças para evitar, após sua montagem, um acúmulo
de partículas magnetizáveis danosas às peças.
Ensaios de ultra-som
Quanto mais alta a freqüência das ondas sonoras, tanto mais concentradas elas se propagarão.
Essas ondas têm um grande poder de penetração e propagam-se em linha reta.
Os ensaios de ultra-som são empregados para detecção de defeitos internos dos materiais, tais
como: trincas, bolhas, incrustações, etc., bem como para medir a profundidade desses defeitos na
peça.
Num dos lados do corpo de prova, encosta-se um emissor sonoro e, no outro, um receptor (figura
abaixo, A, B, C).
A figura seguinte nos esclarece o princípio de formação do eco. Após a emissão da onda sonora,
ela se propaga no material até encontrar a parede posterior; quando isso ocorre, ela se reflete
num intervalo de tempo conhecido. A reflexão da onda sonora ocorre não só nas superfícies
posteriores, como também em regiões com defeitos, fissuras, trincas, etc.
A diferença do tempo de reflexão é que nos oferece a detecção do defeito, bem como sua
localização no interior da peça.
Questionário – Resumo
2. Descreva os métodos brinell, rockwell e vickers, sob os seguintes pontos de vista: carga, corpo
de prova, valor a ser medido, materiais em que são aplicados.
4. No método brinell, determine a carga F e o diâmetro da esfera utilizado para ensaiar ligas de
Al com espessura de 5mm, consultando a tabela.
5. Faça a conversão:
- 91,5 HRB em HB e em HV, utilizando a tabela comparativa de durezas.
Materiais plásticos
Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:
Conhecer
Estar informado sobre:
• Elementos químicos básicos dos plásticos.
Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Classificação dos termoplásticos, duroplásticos e suas características típicas;
• Tipos de conformação com materiais plásticos.
Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Aplicações dos plásticos em função de suas propriedades.
Definições básicas
Elasticidade
Quando submetida a uma carga ou força, uma peça deforma-se e, quando é cessada a carga ou
força que sobre ela atua, deve voltar a sua forma ou posição original.
Plasticidade
Quando submetida a uma carga ou força, uma peça deforma-se permanente e definitivamente,
não ocorrendo o fenômeno do retorno como na elasticidade. Isso ocorre quando essa força
aplicada é superior ao limite elástico do material.
Monômero
É a menor unidade molecular do plástico, constitui sua partícula elementar.
Polímero
É a combinação de monômeros por um processo chamado polimerização, formando uma cadeia.
Molécula
É a combinação química de dois ou mais átomos. Pode ser separada (decomposta) em átomos
através de processos químicos.
Macromoléculas
Consistem em milhares de moléculas formando grandes fios (macro = grande).
Materiais plásticos são tipos de um vasto grupo de materiais, construídos basicamente, ou em sua
maior parte, da combinação entre o carbono e hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e outros compostos
A matéria-prima utilizada para a fabricação dos plásticos pode ser largamente combinada,
resultando novos polímeros que terão propriedades individuais.
Alguns plásticos são semelhantes à borracha, enquanto que algumas borrachas, tratadas
quimicamente, são consideradas plásticas. Outros plásticos são obtidos a partir de substâncias
naturais, como é o caso da celulose e da caseína (proteína extraída do leite).
Os materiais plásticos não são materiais vulgares, mas, sim, materiais nobres, capazes de
substituir muitos outros materiais. O amplo uso dos plásticos, na era moderna, pode ser atribuído,
em grande parte, às combinações de propriedades e vantagens somente oferecidas por essa
classe de substâncias.
O plástico se transforma em qualquer tipo de produto, por ser moldável, versátil, leve, e barato
quando comparado à madeira, ao alumínio, ao cobre e ao aço.
Ele pode transformar-se em todo tipo de produto, assumindo as mais diversas formas, desde os
mais comuns do dia-a-dia aos projetos mais sofisticados, como os plásticos resistentes à
temperatura e altamente impermeáveis à corrosão (termofixos em geral), criados para resistir à
temperatura das naves espaciais.
Demanda no mercado
A partir da Segunda Guerra Mundial (1939), aumentou a demanda de plásticos de todos os tipos.
Além dos vários tipos de plásticos já existentes, plásticos completamente novos foram
introduzidos no mercado.
Os anos de guerra tiveram enorme influência no crescimento rápido das indústrias de plásticos já
estabelecidas e deram impulso a muitas outras indústrias. O consumo de plástico no Brasil
triplicou no período de 1964/70, passando de 84 mil para 252 mil toneladas, chegando a 865 mil
toneladas em 1975.
A produção mundial tem duplicado a cada cinco anos, sendo que três categorias representam
cerca de 60% do consumo total: o cloreto de polivinila (PVC), o polietileno (em alta ou baixa
densidade) e o poliestireno.
O poliestireno e o PVC têm uso no mercado de embalagens (sacos plásticos, tampas, garrafas),
no capeamento de fios e cabos, no revestimento de canais de irrigação, etc.
As fibras sintéticas, plásticos especiais, têm seu consumo voltado para a fabricação de peças de
vestuário (tergal, nycron, dracon, orlon), usos domésticos (tapetes) e industriais (cordas e
cordonéis para pneus).
Todos os plásticos consistem em macromoléculas que possuem como principal elemento químico
o carbono (C); por isso, chamam-se também combinações orgânicas.
Os produtos básicos dos materiais plásticos são as resinas sintéticas, obtidas através de reações
químicas.
Polimerização
São reações químicas que ocorrem entre moléculas iguais (monômeros) quimicamente não
saturadas, que se unem (por rompimento das duas ligações) em longas cadeias, formando
macromoléculas (polímeros).
Polimerização
Essas reações não alteram a composição química molecular, portanto, são reversíveis.
Policondensação
São reações químicas que ocorrem entre moléculas iguais ou diferentes (contendo grupos
funcionais característicos) que, ao reagirem entre si, originam moléculas mais complexas, com
eliminação de água, álcool ou outro composto simples. Essas reações alteram a composição
química molecular, portanto, são irreversíveis.
Reação de policondensação
(elimina água)
Poliadição
É uma reação que ocorre entre moléculas de iguais ou diferentes características funcionais, sem
eliminação de nenhum outro elemento.
Poliadição
Termoplásticos
São resinas que amolecem com o calor (superior a 800C) e endurecem com o frio. As
macromoléculas formam fios (linhas) (figura seguintes) e são ligadas somente pelas forças de
coesão e adesão, chamadas de forças de Van der Waals não existindo, portanto, na polimerização
uma reação química. Durante o aquecimento essas forças diminuem e as macromoléculas
tornam-se móveis. O plástico então amolece e pode ser transformado várias vezes. Os
termoplásticos também podem ser soldados.
Nas tabelas Propriedades e aplicações dos termoplásticos mais comuns, Características físicas e
de transformação dos termoplásticos mais comuns e Comportamento químico de alguns
termoplásticos quando em contato com agentes agressivos, apresentamos as propriedades,
aplicações e características físicas e químicas dos termoplásticos mais comuns.
Duroplásticos (termofixos)
São resinas obtidas por policondensação ou poliadição e portanto é uma reação irreversível.
Essas resinas, usualmente, são misturadas com farinha de soja, serragem ou pó de rocha, por
motivos econômicos, e com fibras, tecidos, papel e celulose para melhorar as características
mecânicas.
• Uréica
• Melamínica
• Epóxi
• Poliéster
Elásticos
São plásticos cujas macromoléculas possuem poucas pontes de redes.
O elemento de formação das pontes é o enxofre, que também é responsável pelo fenômeno da
recuperação elástica do material (vulcanização).
Estão neste grupo a borracha natural, a borracha sintética e a borracha de silicone. Veja na tabela
Propriedades e aplicações de elásticos mais comuns as propriedades e aplicações desses
materiais.
Silicone
Os silicones são menos ativos quimicamente do que os compostos de carbono e são mais
resistentes ao calor.
São usados como a borracha (veja a tabela Propriedades e aplicações de elásticos mais comuns,
vernizes, graxas e óleos que devem resistir a alta temperatura. São encontrados em produtos tais
como ceras para polimento, tinta, cosméticos, agentes antiespuma e fluidos dielétricos.
PVC Boa resistência, tenacidade e dureza, dielétrico. Tubos, placas, juntas, discos.
Rígido
PVC Muito elástico, não é indicado para embalagens de Mangueiras, frisos, guarnições, revestimento de fios
Flexível produtos alimentícios. e cabos elétricos, botas, solas de sapato.
PEHD (alta Elevada rigidez – boa dureza superficial, dielétrico, Garrafas, recipientes e vasilhas para uso doméstico,
densidade) resistente à ebulição. revestimento de fios, conduítes, brinquedos.
PELD (baixa Alta flexibilidade – boa resistência, baixa dureza Frascos flexíveis, saquinhos, embalagens, flores
PA Grande capacidade para suportar cargas dinâmicas Carcaças de aparelhos elétricos, engrenagens,
– dureza e rigidez elevada – resistência aos choques buchas, pás para ventiladores, rotores de bombas –
propriedades de deslizamento.
ABS Duro resistente a choques – amortece vibrações acústicas Utensílios domésticos: batedeiras, geladeiras;
– antitóxico – permite a produção de produtos repuxados indústria automobilística, grades, indústria
Baquelita Isolante elétrico – resistência à pressão de 12 a Plugs, tomadas elétricas, rádios, TV,
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Reriform 15kg/mm e resistência à tração de 2,5kg/mm . caixas para motores pequenos,
Eshalit aspiradores, baterias.
Trolitan
Lenax São bastante resistente à flexão e têm boa máquinas pneumáticas, martelos.
Durcoton tenacidade.
Novatext
Resitex
Celeron
Epoxim epóxis são inodoros e sódicos. No estado elétricos em geral, adesivos para
Metallon líquido são venenosos, os vapores irritam a metais, verniz ao fogo.
pele, mas endurecidos tornam-se atóxicos. Misturada com quartzo, talco, grafite,
Resistem aos ácidos e a lixívia. obtemos resina para fabricação de
Thermaflow É incolor e transparente, mas pode-se obter Peças de rádio e TV, vidraças de avião,
(uréia)
silicone.
Celulose sintética
Fibra vulcanizada, celulóide, celona e celofane.
Fibra vulcanizada
Massa específica 1,1 a 1,4kg/dm3. De cor natural cinzenta, adquirindo comumente as cores
marrom, roxa ou preta.
Emprego: guarnições, cabos para ferramentas, sapatas para freios.
Celulóide
Massa específica 1,38kg/dm3 (inflamável).
Emprego: placas de proteção, filmes, armação de óculos.
Celona
Massa específica 1,4kg/dm3 (não facilmente inflamável mas pega fogo).
É incolor e transparente mas com o tempo fica amarelada.
Emprego: pára-brisas, resinas, armação de óculos, capa intermediária para vidros de proteção.
Celofane
Papel transparente impermeável.
Chifre sintético
Massa específica 1,3kg/dm3. Esse material é fabricado de caseína (leite desnatado). Pode ser
tingido em todas as cores, é insípido e inodoro. Quando se queima, cheira a leite queimado. É
fácil de ser usinado e se deixa polir, a 700C é fácil de dobrar ou estampar.
Emprego: substitui o chifre e o marfim na fabricação de regüetas, réguas de cálculo, cabos para
facas e pentes.
Usinagem de plásticos
Devido à baixa condutividade térmica dos plásticos, o calor gerado pelo atrito entre a ferramenta e
a peça durante a usinagem não se dispersa, provocando, então, uma combustão nos
duroplásticos.
Portanto, durante a usinagem é muito importante que se faça um bom resfriamento com ar
comprimido.
Injeção
Na moldagem de materiais termoplásticos aquece-se o material até um estado de fluidez e, em
seguida, por meio de pressão, é lhe dada a forma de um molde.
Extrusão
A extrusão é um processo extremamente versátil e entre os artigos fabricados por esse processo
incluem-se tubos, mangueiras, filmes, folhas, chapas, cabos elétricos, etc.
Extrusão de filmes
Termoformação
Na termoformação, uma chapa de plástico amolecida pelo calor recebe uma determinada forma,
seja dentro de um molde, seja ao seu redor.
Formação a vácuo
Em sua formação mais simples, o método consiste em fixar a folha num quadro ligado à caixa de
molde.
A chapa é aquecida até ficar com a consistência de borracha e, por meio de vácuo, é estirada por
sobre o molde.
A pressão atmosférica, que existe acima da folha, força-a contra o molde enquanto é resfriada
suficientemente para poder manter a sua forma definitiva.
Sopro
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Aplicado na produção de
garrafas. Introduz-se um
tubo pré-formado em
estado plástico na matriz e
injeta-se ar (sopra-se). A
figura ao lado mostra a
seqüência de formação da
peça.
Sopro (esquema)
Calandragem
É o processo pelo qual se fabrica uma
chapa contínua passando o material
amolecido pelo calor entre dois ou mais
cilindros. As calandras foram originalmente
projetadas para o processamento de
borracha, porém, atualmente são utilizadas
também para a produção de lâmina dos
termoplásticos, especialmente de PVC
Calandragem (esquema)
flexível e para a preparação de
revestimentos sobre papel, tecidos, etc.
Questionário – Resumo
5. Quais as propriedades da resina fenólica, fenol formaldeído (PF) e da resina epóxi (EP)?