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FACULDADE DE JUAZEIRO DO NORTE – FJN

CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO


MEIO AMBIENTE E SAÚDE

MARIA IRLES DE MATOS RAMOS


MONYQUE RODRIGUES MARTINS
RAIANE VITÓRIA LOPES SILVA
RICHELLE MOREIRA MARQUES

O POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL E DA ALIMENTAÇÃO


HUMANA PELOS AGROTÓXICOS USADOS NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA

JUAZEIRO DO NORTE
2018
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3
2 OBJETIVOS 5
2.1 GERAL 5
2.2 ESPECÍFICOS 5
3 REFERENCIAL TEÓRICO 6
3.1 AGROTÓXICOS 6
2.2 AGROTÓXICOS E MEIO AMBIENTE 7
2.3 AGROTÓXICO E CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS 8
4 METODOLOGIA 9
5 RESULTADOS ESPERADOS 10
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REFERÊNCIAS 11
1 INTRODUÇÃO
A produção agrícola pode ser afetada por diversas pragas, e para
combate-las são utilizados produtos químicos, como inseticidas, fungicidas,
acaricidas, nematicidas, bactericidas e vermífugos (ALVES FILHO, 2002).
Os agrotóxicos são produtos químicos utilizados na agricultura, com o
objetivo de combater pragas e organismos patógenos que possam
comprometer a produção agrícola. No entanto, a utilização desses insumos é
responsável pela contaminação ambiental, além de também ser a causa de
muitos problemas de saúde pública, já que, quando aplicados
inadequadamente, prejudicam o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores
rurais e dos consumidores (BOHNER et al., 2011).
A utilização de agrotóxicos é um dos recursos mais utilizados pelos
agricultores para elevar a produtividade agrícola e o consumo destes produtos
no Brasil é crescente. Sendo assim a degradação do meio ambiente tem
consequências em longo prazo e seus efeitos podem ser irreversíveis, já que a
aplicação de agrotóxicos pode contaminar o solo e os sistemas hídricos,
culminando numa degradação ambiental que teria como consequência
prejuízos à saúde e alterações significativas nos ecossistemas. (LAABS et al,
2002).
Menos de 10% dos agrotóxicos aplicados por pulverização atingem seu
alvo. Segundo Alves filho (2002), Scorza Junior et. al. (2010) explicam que os
agrotóxicos são aplicados diretamente nas plantas ou no solo, e mesmo
aqueles aplicados diretamente nas plantas têm como destino final o solo,
sendo lavados das folhas através da ação da chuva ou da água de irrigação.
As práticas agrícolas e a vulnerabilidade natural do aquífero podem
representar um alto nível de impactos negativos, tornando assim a água
imprópria para o consumo. Segundo Foster et al (2006), a contaminação de um
sistema hídrico não representa só a contaminação da água consumida pela
população local, mas também a contaminação de toda a população abastecida
por esta água contaminada (VEIGA et al, 2006). Quando utilizados
inadequadamente, em excesso ou próximos da época de colheita, os
agrotóxicos podem acarretar, ainda, riscos à saúde dos aplicadores e dos
consumidores, causando intoxicações, mutações genéticas, câncer e morte.
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Segundo Gonsalves (2001). Além disso, pesticidas químicos também


são aplicados no transporte e armazenamento, aumentando mais ainda a
possibilidade de danos à saúde. Devido à contaminação ambiental e os
resíduos de agrotóxicos nos alimentos, Miranda et al (2007) estima que as
populações que habitam áreas próximas aos locais de cultivo, e os moradores
urbanos também estão significativamente expostos aos efeitos nocivos destes
agentes químicos.
Abramovay (2002) ressalta ainda que os registros de casos de
intoxicações humanas são crescentes. Deste modo, há uma necessidade de
minimizar o impacto destes produtos no meio ambiente e na saúde pública.
Diante dos malefícios que o consumo diário de agrotóxicos pode causar
para a sociedade e para o meio ambiente, este projeto torna-se relevante por
beneficiar pequenos agricultores e consumidores a partir da conscientização do
uso de agrotóxicos, da produção e consumo de alimentos orgânicos e seus
benefícios e assim possibilitar uma melhor saúde para os moradores da
comunidade e para o meio ambiente e a população consumidora.
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2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
 Causar impacto positivo na saúde da comunidade a partir da venda de
produtos orgânicos.
2.2 ESPECÍFICOS
 Capacitar os feirantes da comunidade a produzirem seus produtos de
forma orgânica;
 Conscientizar os feirantes da importância de produzir orgânicos para o
meio ambiente e para a saúde do indivíduo.
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3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 AGROTÓXICOS
Desde a Antiguidade clássica agricultores desenvolvem maneiras de
lidar com insetos, plantas e outros seres vivos que se difundem nos cultivos,
competido pelo alimento. Escritos de Romanos e Gregos mencionavam o uso
de certos produtos como o arsênico e o enxofre para o controle de insetos nos
primórdios da agricultura. A partir do século XVI registra-se o emprego de
substâncias orgânicas como a nicotina e o piretros extraídos de plantas na
Europa e EUA (RICOTTO, 2014).

Entretanto, há cerca de 60 anos, o uso de agrotóxicos vem se difundindo


intensamente na agricultura, e também no tratamento de madeiras, construção
e manutenção de estradas, nos domicílios e até nas campanhas de saúde
pública de combate a malária, doença de chagas, dengue, etc (SILVA et al,
2005).

Esta escalada inicia-se a partir da segunda metade do século XX,


quando pesquisadores e empreendedores de países industrializados
prometiam, através de um conjunto de técnicas, aumentar estrondosamente a
produtividade agrícola e resolver o problema da fome nos países em
desenvolvimento. Conformava-se a chamada Revolução Verde, como modelo
de produção racional, voltado à expansão das agroindústrias, com base na
intensiva utilização de sementes híbridas, de insumos industriais (fertilizantes e
agrotóxicos), mecanização da produção, uso extensivo de tecnologia no
plantio, na irrigação e na colheita, assim como no gerenciamento (MOREIRA,
2000).

Findas as grandes guerras, foi um caminho encontrado pelas indústrias


de armamentos para manter os grandes lucros; assim, os materiais explosivos
transformaram-se em adubos sintéticos e nitrogenados, gases mortais em
agrotóxicos, e os tanques de guerra em tratores (FIDELES, 2006).

No Brasil, o Plano Nacional de Desenvolvimento Agrícola – PNDA,


lançado em 1975, incentivava e exigia o uso de agrotóxicos, oferecendo
investimentos para financiar estes “insumos” e também ampliar a indústria de
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síntese e formulação no país, passando de 14 fábricas em 1974 para 73 em


1985 (FIDELES, 2006).

Desde 2008 o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de


agrotóxicos (SINDAG, 2009), movimentando 6,62 bilhões de dólares em 2008,
para um consumo de 725,6 mil toneladas de agrotóxicos – o que representaria
3,7 quilos de agrotóxicos por habitante. Em 2009 as vendas atingiram 789.974
toneladas.

2.2 AGROTÓXICOS E MEIO AMBIENTE


O agronegócio tem nos agrotóxicos um insumo básico porque utiliza
largas extensões de terras para implantação de monocultivos. Esses cultivos
de um único produto destroem a biodiversidade do local e desequilibram o
ambiente natural, tornando o ambiente propício ao surgimento de elevadas
populações de insetos e de doenças, demandando o uso de produtos químicos
para combatê-los (BURIGO, 2008).

Uma vez utilizados na agricultura, os agrotóxicos podem seguir


diferentes rotas no ambiente. Independentemente do modo de aplicação, há
uma grande chance de que ele venha a atingir o solo e as águas. Menos de
10% dos agrotóxicos aplicados por pulverização atingem seu alvo e mesmo
aqueles aplicados diretamente nas plantas têm como destino final o solo,
sendo lavados das folhas através da ação da chuva ou da água de irrigação.
BOHNER, ARAÚJO, NISHIJIMA, 2013).

Os lençóis freáticos subterrâneos podem ser contaminados por


pesticidas através da lixiviação da água e da erosão dos solos. Esta
contaminação também pode ocorrer superficialmente, devido à
intercomunicabilidade dos sistemas hídricos, atingindo áreas distantes do local
de aplicação do agrotóxico. As práticas agrícolas e a vulnerabilidade natural do
aquífero podem representar um alto nível de impactos negativos, tornando
assim a água imprópria para o consumo (BOHNER, ARAÚJO, NISHIJIMA,
2013).
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A complexidade da avaliação do comportamento de um agrotóxico,


depois de aplicado, deve-se à necessidade de se considerar a influência dos
agentes que atuam provocando seu deslocamento físico e sua transformação
química e biológica. As substâncias sofrem processos físicos, ou químicos ou
biológicos, os quais podem modificar as suas propriedades e influenciar no seu
comportamento, inclusive com a formação de subprodutos com propriedades
absolutamente distintas do produto inicial e cujos danos à saúde ou ao meio
ambiente também são diferenciados (BRASIL, s.d.).

2.3 AGROTÓXICO E CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS


O monitoramento de resíduos de agrotóxicos em alimentos não é uma
atividade simples de monitorar, a dificuldade em controlar os efeitos
provocados pelo uso de agrotóxicos em alimentos está no fato de que essa é
uma contaminação invisível. Além de trazer problemas para a saúde do
trabalhador rural, a falta de instrução correta pode gerar reflexos na mesa do
consumidor (CARNEIRO, et al., 2012)

Para resolver esse problema foi a criação do Programa de Análise de


Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) tem monitorando, por meio do programa, nove culturas
presentes na mesa dos brasileiros. Mesmo assim, ainda é grande a quantidade
de irregularidades encontradas no uso de agrotóxicos. O risco dessas
irregularidades para a saúde humana não é imediato, mas os danos causados
pelo consumo de produtos com agrotóxicos a longo prazo. O Brasil destaca-se
como o segundo como segundo maior consumidor mundial de agrotóxico
(ANVISA, 2013)

A ingestão exagerado de produtos industrializados, de alimentos


contaminados por agrotóxicos e transgênicos e na homogeneização da cultura
alimentar que afetam a qualidade de vida das pessoas. Nesse senário,
observa-se o crescente aumento da incidência de doenças crônicas não
transmissíveis, proveniente do consumo de água e de alimentos contaminados
ou de baixa qualidade nutricional (COSTA; ROHLFS, 2012)
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4 METODOLOGIA
Através de uma parceria com o curso de Agronomia da Universidade
Federal do Cariri – UFCA, serão realizadas visitas domiciliares e plantações
dos pequenos agricultores da feira do bairro são Miguel, localizada no
município de Juazeiro do Norte - Ce. As visitas serão realizadas por estudantes
do curso de Nutrição da Faculdade de Juazeiro do Norte juntamente com
alunos do curso de agronomia da Universidade Federal do Cariri – UFC e
serão feitas mediante a aprovação e interesse do produtor de alimentos. A
partir das visitas serão idealizadas estratégias para adequar o espaço do
agricultor a fim de possibilitar a produção de alimentos orgânicos. Ao fim da
visita será marcada a capacitação que será dada pelos estudantes
supracitados juntamente com o agricultor(ar). Durante as visitas e a
capacitações serão abordados temas como os malefícios dos alimentos
produzidos com agrotóxico para saúde e a importância do consumo e produção
de alimentos orgânicos para a saúde e o meio ambiente.
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5 RESULTADOS ESPERADOS
É esperado que os pequenos agricultores se interessem pelo plantio de
alimentos orgânicos e passem a produzi-los e vende-los na feira do bairro,
trazendo assim benefícios para a população frequentadora da feira do bairro e
para o meio ambiente.
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REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, R. Construindo a ciência ambiental. São Paulo: Annablume,
2002
ALVES FILHO, J. P. Uso de agrotóxicos no Brasil: controle social e
interesses corporativos. São Paulo: Annablume, 2002.
ANVISA. Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos
(PARA). Relatório de Atividades de 2011 e 2012. Brasília: Agência Nacional de
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BOHNER, T. O. L; ARAÚJO, L. E. B; NISHIJIMA, T. O impacto do uso de
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Revista Eletrônica do Curso de Direito – UFSM. ISSN 1987 – 3694, 2011.
BOHNER, T.O. L.; ARAÚJO, L. E. B.; NISHIJIMA, T. O impacto ambiental do
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2006.
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