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IMPORTÂNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA


Felipe da Costa WECKNER(1)
1Graduado em Agronomia pela universidade Federal do Amazonas – UFAM e
Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais – PPGCA. e-
mail: felipec.weckner@gmail.com

Resumo

A chamada revolução verde trouxe o desenvolvimento esperado para o combate a


fome mundial, promovendo um aumento expressivo na produção de alimentos, os
resultados das lavouras eram nítidos e satisfatórios, tendo excelentes níveis de
produção. Mas, apesar de todo esse desenvolvimento, houve problemas recorrentes
ao uso exacerbado de agroquímicos, se tornando uma das principais causas de
impactos ambientais. Neste contexto, busca-se por alternativas sustentáveis que
visem o cuidado e preservação do meio ambiente, a adubação orgânica é uma
alternativa de extrema importância que compõe a agricultura sustentável, pois está
estreitamente ligada aos princípios que regem a agroecologia. A adubação orgânica
é considerada um sistema não-convencional baseado em princípios ecológicos. É
tida também como um elo principal que constitui à agricultura sustentável,
caracterizada pelo aproveitamento do uso de resíduos de origem animal e vegetal
para a produção de adubos orgânicos utilizados em solos e plantas que seriam
descartados de forma errônea ao meio ambiente, causando impactos futuros. o
presente artigo tem o objetivo de abordar as características e importância da
adubação orgânica em diferentes segmentos e vieses. É necessário entender que
não existe apenas o uso de adubação orgânica como meio de tentar minimizar esses
impactos gerados ao meio ambiente, mas muito pelo contrário, existe diversas
alternativas que podem ser utilizadas para o uso racional dos recursos disponíveis
da natureza, existem muitas alternativas sustentáveis que devem ser colocadas em
práticas, que no final somados, fazem total diferença para o bem do meio ambiente.
Deste modo, cada prática ou atividade sustentável é essencial para a preservação
do meio ambiente, e a adubação orgânica é uma atividade que tem grande
importância para o meio ambiente, economia e sociedade.

Palavras-chave: adubação orgânica, meio-ambiente, sustentabilidade


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Abstract

The so-called green revolution brought the expected development to combat world
hunger, promoting a significant increase in food production, the results of crops were
clear and satisfactory, with excellent levels of production. But, despite all this
development, there were recurring problems with the exacerbated use of
agrochemicals, becoming one of the main causes of environmental impacts. In this
context, search is made for sustainable alternatives that aim to care for and preserve
the environment, organic fertilization is an extremely important alternative that makes
up sustainable agriculture, as it is closely linked to the principles that govern
agroecology. Organic fertilization is considered an unconventional system based on
ecological principles. It is also seen as a main link that constitutes sustainable
agriculture, characterized by the use of residues of animal and vegetable origin for the
production of organic fertilizers used in soils and plants that would be erroneously
discarded in the environment, causing future impacts. This article aims to address the
characteristics and importance of organic fertilization in different segments and
biases. It is necessary to understand that there is not only the use of organic fertilizer
as a means of trying to minimize these impacts generated on the environment, but
quite the contrary, there are several alternatives that can be used for the rational use
of the available resources of nature, there are many sustainable alternatives that must
be put into practice, which in the end added up, make a total difference for the good of
the environment. In this way, each sustainable practice or activity is essential for the
preservation of the environment, and organic fertilization is an activity that has great
importance for the environment, economy and society.

Keywords: organic fertilization, environment, sustainability


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1. Introdução
Na década de 1960 a chamada revolução verde trouxe o
desenvolvimento esperado para o combate a fome mundial, promovendo um
aumento expressivo na produção de alimentos, os resultados das lavouras
eram nítidos e satisfatórios, tendo excelentes níveis de produção, isso foi
devido a introdução de novas tecnologias. Mas, apesar de todo esse
desenvolvimento, houve problemas recorrentes ao uso exacerbado de
agroquímicos, se tornando uma das principais causas de impactos ambientais,
distanciando a agricultura dos princípios e processos ecológicos, fundamentais
para a integridade ambiental dos agroecossistemas (BARROS e ARAÚJO,
2016).
Atualmente, existe uma grande e contínua demanda por produtos de
origem naturais, e esta demanda não é saciada pois há um aumento
gigantesco da população mundial, atrelada ao interesse de grandes capitalistas
que visam sempre usufruir de forma irracional tendo a natureza como principal
alvo para a oferta/retirada destes produtos tais como madeira, minérios, óleos e
outras atividades exploratórias como a pesca predatória, e vale salientar que
quando não é isso, acontece inúmeras e desordenadas derrubadas da floresta
para a abertura de novas áreas de produção vegetal e animal, as chamadas
grandes lavouras e fazendas de pecuária, isso é bastante observado na região
Amazônica.
De acordo com FAO (2017), a agricultura convencional participa de 70%
do consumo da água do planeta, sem contar o uso descontrolado de inseticidas
e fertilizantes que contribuem para a contaminação da água de lençóis freáticos
e mananciais subterrâneos. Perante a isto, existe um grande desafio em buscar
alternativas eficientes para o aumento de produção de alimentos e energias
renováveis sem causar grandes impactos ao meio ambiente. Portanto, o
estabelecimento de práticas sustentáveis, que preservem o meio ambiente e
possam proporcionar segurança alimentar futura, é um fator primordial para o
desenvolvimento da humanidade perante as mudanças climáticas e o declínio
das reservas energéticas não renováveis.
Neste contexto, a agricultura sustentável oriunda da agroecologia
incentiva os agricultores a resgatarem os seus conhecimentos do campo, para
ampliar o bem-estar ecológico sem a necessidade de insumos químicos e
energéticos externos. Além disso, promove o equilíbrio na relação dos
componentes da natureza entre as plantas, solo, nutrientes, luz solar, umidade
e organismos coexistentes, prezando para que os agricultores sejam os
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agentes de seu próprio desenvolvimento (CARMO, 2008). Neste mesmo


ambiente de buscas por alternativas sustentáveis que visem o cuidado
e preservação do meio ambiente, a adubação orgânica é uma alternativa de
extrema importância que compõe a agricultura sustentável, pois está
estreitamente ligada aos princípios que regem a agroecologia. É uma ligação
harmônica entre o homem e a natureza, pois é nesse sentido, junto com outras
práticas racionais sustentáveis que o homem passa a compreender a natureza
como essencial a sua vida e a vida de seus descendentes.
A adubação orgânica é considerada um sistema não-convencional
baseado em princípios ecológicos. Este sistema visa utilizar de forma
sustentável e racional os recursos naturais, empregando métodos tradicionais e
tecnologias ecológicas para a exploração da terra (PENTEADO, 2003). É tida
também como um elo principal que constitui à agricultura sustentável,
caracterizada pelo aproveitamento do uso de resíduos de origem animal e
vegetal para a produção de adubos orgânicos utilizados em solos e plantas que
seriam descartados de forma errônea ao meio ambiente, causando impactos
futuros. Portanto, o presente artigo tem o objetivo de abordar as características
e importância da adubação orgânica em diferentes segmentos e vieses.

2. Características da adubação orgânica


A adubação orgânica é uma prática ecológica que faz o uso de materiais
orgânicos para serem utilizados na fertilização de solos e plantas, promovendo
uma produção satisfatória e racional, através desta prática há uma manutenção
e equilíbrio da vida do solo pelo simples fato da reposição dos nutrientes e
energia ao mesmo, promovendo a ciclagem natural destes, seria uma
reprodução da própria natureza, pois a prática de adubação orgânica tem essas
premissas, ele promove através dos seus agentes esse resgate de
entendimento, conhecimento e harmonia do homem com a natureza. O adubo
orgânico é um fertilizante orgânico produzido pela decomposição aeróbica de
resíduos orgânicos de origem vegetal e animal, realizada por diferentes
populações de microrganismos presentes nestes materiais.
Esta prática é muito utilizada pelos pequenos e médios produtores,
principalmente na fase de produção de mudas, uma vez que os adubos
industriais possuem preços onerosos, as vezes levando ao êxodo rural de
grande parte dos produtores que não têm alto poder aquisitivo. Os adubos
orgânicos são ricos em macro e micro nutrientes, se tornando essenciais as
plantas, pois elevam sua produtividade e protegem as mesmas contra o ataque
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moléstias, além de fornecerem nutrientes, melhoram também a estrutura física,


química e biológica, aumentando a CTC e a matéria orgânica do solo.
Sua decomposição é lenta e os nutrientes são liberados em menor quantidade
para as plantas. Por outro lado, contribuem para o acúmulo de matéria orgânica
no solo (BRAGA, 2010). A compostagem, vermicompostagem, adubação
verde e biofertilizantes são os principais exemplos de adubos orgânicos.
Compostagem é o processo de decomposição biológica da matéria orgânica
sob condições controladas de aerobiose, temperatura e umidade, gerando
um produto estável (DE BERTOLDI; VALLINI; PERA, 1983), denominado
composto ou adubo orgânico.
Já a vermicompostagem é a decomposição da matéria orgânica por
minhocas vermelhas da Califórnia e minhocas Africanas, esses animais
consomem o equivalente ao seu peso em matéria orgânica por hora,
diminuindo assim o tempo para se obter o composto pronto. A adubação verde
consiste no cultivo de plantas para serem mantidas em cobertura ou
incorporadas ao solo com a finalidade de preservar a fertilidade das terras
(CALEGARI et al., 1993). Os biofertilizantes são definidos como produtos que
contêm componentes ativos ou agentes biológicos capazes de atuar, direta ou
indiretamente, sobre o todo ou sobre partes das plantas cultivadas,
elevando sua produtividade.
É importante salientar também os principais materiais utilizados para a
produção dos adubos orgânicos citados anteriormente, tais como o esterco de
gado que aumenta a capacidade de troca catiônica, a capacidade de retenção
da água, a porosidade do solo e a agregação do substrato. A eficiência do
esterco depende do grau de decomposição, da origem do material, os teores de
elementos essenciais às plantas e da dosagem empregada (PRESTES, 2007).
De acordo com AGNOL (2013) outro importante esterco, é o de galinha, rico
em nitrogênio, nutriente essencial para o desenvolvimento e produção das
plantas.
Os resíduos de agroindústrias são importantíssimos também para a
fabricação e produção dos adubos orgânicos, um grande exemplo a ser citado
é o caroço de açaí, que tem como a região norte uma das maiores produtoras
deste fruto, e por ser uma das maiores produtoras, logo se tem uma maior
quantidade de caroços produzidos, e grande parte destes caroços são
descartados de forma errônea ao meio ambiente após o seu processamento, e
a maior parte deste descarte são em córregos e rios, levando a contaminação
destes mananciais. Outro resíduo de alto potencial para ser utilizado na
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produção de adubo orgânico é a casca de arroz. Isso também depende de


região para região, mas na maioria, observa-se manejo de descarte irracional.
Por isso a importância de buscar alternativas que diminuam esses impactos
futuros.
É verdade dizer que a adubação orgânica não possui a mesma eficiência
quando comparada com a adubação química. A adubação química promove
uma resposta rápida e eficiente para o produtor, decorrente a isto, originou-se
um paradigma baseado em que só se tem uma alta produção se for feito o uso
de produtos químicos, em partes pode-se afirmar que isso é verdade, mas o
contrário também é verdadeiro, a importância da adubação orgânica vai além
de promover altas produções, ela parte do princípio de preservar o meio
ambiente, que é o essencial para a manutenção da vida, além do mais tem sua
importância na vida fértil dos solos e plantas, na fauna e flora, principalmente na
fase de plântulas, contribui com aquele pequeno produtor que não tem o poder
aquisitivo de adquirir insumos químicos, que possuem preços exorbitantes, mas
que conseguem produzir de forma satisfatória utilizando a adubação orgânica,
promovendo bem estar para si próprio e o meio ambiente, e nos dias atuais,
isso é o que mais interessa, a manutenção da vida na terra.
Desta forma, a adubação orgânica, além de oferecer produtos saudáveis
e totalmente livres de pesticidas, também preserva a diversidade biológica,
recicla resíduos orgânicos, promove o correto uso do solo e ainda desenvolve a
sustentabilidade.

3. Importância da adubação orgânica para o meio ambiente, economia e


sociedade
A grande produção das lavouras é o resultado obtido através de manejos
e técnicas aplicadas aos solos e plantas, a prática de calagem, associada ao
manejo de adubação química, seguido da aplicação de herbicidas e inseticidas
são exemplos do que é chamado de agricultura convencional. Com o passar dos
anos, esta atividade cresce cada vez mais, e o crescimento de forma contínua
significa dizer que o desmatamento irá aumentar, consequentemente
queimadas irão surgir, mananciais serão poluídos, ou seja, o uso exacerbado
destes produtos químicos para a obtenção de altas produções é o principal
vilão do meio ambiente.
Atualmente, apesar das pesquisas voltadas para a sustentabilidade terem
crescido, pouca coisa mudou. ASH (2017), estimou que em 2050 a população
mundial alcançará a marca de nove bilhões de habitantes. À vista disso, existe
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um grande desafio em buscar alternativas eficientes para o aumento de


produção de alimentos e energias renováveis sem causar grandes impactos ao
meio ambiente. O estabelecimento de uma agricultura sustentável, que
preserve o meio ambiente e proporcione segurança alimentar futura, é um fator
primordial para o desenvolvimento da humanidade perante as mudanças
climáticas e o declínio das reservas energéticas não renováveis.

A agricultura familiar representa 84% de todas as propriedades rurais do


país e emprega pelo menos cinco milhões de famílias. A agricultura familiar
responde no Brasil por sete de cada 10 empregos no campo e por 40% da
produção agrícola (FAGUNDES, 2015). Em outras palavras, no Brasil, apenas
20% das terras agricultáveis pertencem aos pequenos produtores familiares,
segundo dados do Censo Agropecuário, 2006. Mesmo assim, a agricultura
familiar é responsável por mais de 80% dos empregos gerados no campo, o
que evidencia a importância desse segmento na geração de trabalho e renda e
também na contenção do êxodo rural (IBGE, 2017). E apesar desta grande
importância, o que se mais observa é a falta de políticas públicas e incentivos
para estes trabalhadores rurais.
Deste modo, é essencial o estimulo e valorização do agricultor familiar,
pois é um principal agente que está diariamente lutando contra as práticas
convencionais. E neste contexto se enfatiza a importância da adubação
orgânica para o meio ambiente. Sua importância se dá pelo uso de materiais de
origem animal e vegetal que seriam descartados de formas erradas ao meio
ambiente, causando impactos futuros, como desastres ambientais tais como
desmoronamento de barrancos, entupimento de esgotos, poluição de rios e
lagos, poluição e acidificação dos solos e o surgimento de novas doenças; mas
são utilizados para um segmento de produção racional e ecológico,
principalmente pelos agricultores familiares. É uma forma de devolver para a
natureza os nutrientes que foram retirados dela.
Os impactos causados ao meio ambientes funcionam como um efeito
dominó, onde os mais prejudicados além da natureza somos nós, os próprios
seres humanos, e mesmo após essa percepção, não há um grande movimento
em tentar brecar essas ações de destruir o meio ambiente. Explicando o
porquê é parecido um efeito dominó, é no sentido de que por exemplo, têm-se
a atividade de pecuária, que é movida pelas práticas convencionais, onde se
tem o uso gigantesco de adubos químicos, sem contar na produção de esterco,
que grande parte não pode ser usado para a produção de adubo orgânico, pois
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há presença de substâncias não orgânicas, sendo assim observa-se a


contaminação de rios e lagos, onde que essa água era utilizada para consumo,
quanto para os fazeres domésticos, e devido a contaminação, não pode ser
mais utilizada, tornando-se um risco para a saúde dos moradores desta região,
principalmente os menos favorecidos. Ou seja, o que era um problema
ambiental, se torna também um problema de saúde e assim sucessivamente.
Contudo, é indispensável a busca por alternativas que amenizem os
impactos causados ao meio ambiente, oriundos do agronegócio, grande vilão
da natureza. Para tanto, a adubação orgânica é uma atividade importante para
mitigar grande partes destes impactos ao ambiente, pois de fato tem a sua
importância para a natureza. É importante também no sentido econômico para
o produtor, principalmente para o pequeno e médio, pois são os que tem menos
poder aquisitivo. Isso acontece pelo motivo do adubo orgânico ser mais viável
economicamente comparado ao adubo mineral. E principalmente nas fases de
mudas onde é primordial que se tenha nutrientes disponíveis para a
germinação e desenvolvimento das plantas.
E o adubo orgânico tem esse potencial, e quando utilizado de forma
correta, tem uma economia satisfatória comparada ao adubo mineral, logo, se
tem capital para outros investimentos ao produtor. Uma das principais
vantagens é que de fato se tem renda quando é feito o uso de adubos
orgânicos, são viáveis e fáceis de serem encontrados em diferentes regiões. E
principalmente no cultivo de hortaliças que respondem bem a este tipo de
adubação, observa-se um grande retorno financeiro. Uma das desvantagens
que podem ser observadas é que grande parte destes produtores que fazem o
uso do adubo orgânico, é a falta de transporte para a coleta que geralmente são
em grandes quantidades, e na maioria das vezes tem que ser pago o frete para
a coleta destes resíduos.
Na literatura científica voltada para o tema do uso de adubação orgânica
é facilmente encontrado inúmeros trabalhos que corroboram no sentido da
importância desta prática. LIMA et al. (2012), obtiveram resultados significativos
sob a altura, diâmetro caulinar e produção de matéria seca na folha de plantas
em solo cultivado com biofertilizante bovino aos sessenta dias após o plantio.
Segundo WECKNER (2016), observou que o biofertilizante constituído de
100% de esterco bovino promoveu resultados significantes nas variáveis de
crescimento e desenvolvimento nas mudas de mamão Havaí. O mesmo autor
testou a mesma composição de biofertilizante na cultura da pimenta de cheiro e
encontrou resultados satisfatórios no crescimento e produção de frutos. SILVA
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et al., (2019) testando o biofertilizante do tipo (Cresce fácil) observou o rápido


desenvolvimento nas culturas de alface, rúcula, tomate, cebolinha e repolho.
Esses dados reforçam a importância econômica do uso da adubação
orgânica. Se tivessem sidos usados adubos minerais com certeza teriam
produções e respostas satisfatórias também, mas haveria mais gastos dentro
do ciclo de produção, sem contar que atualmente os produtos de origem
orgânica tem mais procura e interesse comparados com os demais alimentos
não orgânicos disponíveis nos mercados, e mesmo que em algumas regiões
os produtos orgânicos representam uma pequena porcentagem das
preferências do consumidor, a agricultura orgânica tem contribuído para a
fixação do homem no campo além de melhorar a renda de produtores
familiares anteriormente excluídos (CAMPANHOLA, 2001). Ou seja, esse
aumento na procura por alimentos orgânicos é refletido através da busca por
saúde e qualidade de vida, pois há uma percepção de que os alimentos
oriundos da agricultura convencional, mesmo que haja normas para o uso de
agrotóxicos há um risco para a saúde devido aos resíduos destas substâncias;
Outro ponto importante também pode ser explicado pela valorização do homem
do campo, e nesse contexto há uma observação de uma construção de uma
sociedade que aos poucos caminham para a busca de um mesmo interesse,
que é o uso racional dos recursos disponíveis da natureza.
Portanto, a adubação orgânica possuí grande importância na parte
social, isso é observado principalmente dentro do âmbito da agricultura familiar,
quando se tem uma interação harmônica entre os indivíduos destes núcleos, e
que são externados dentro da sociedade que fazem parte. Um outro exemplo
que pode ser encontrado é dentro das cooperativas que fazem o uso da
adubação orgânica para produção de alimentos. Quando gerenciada e
administradas de forma correta, há uma harmonia dentro deste ambiente e
assim gera-se um campo social benéfico para o crescimento de uma
determinada região. Pois, as cooperativas possuem grande influência de
crescimento dentro de uma cidade ou região, e quanto mais estimulados e bem
administrados e rentável for, significa que mais empregos e geração de renda
são criados, com isto o capital circula dentro desta região promovendo o
desenvolvimento da mesma, diminuindo a criminalidade, melhoria na qualidade
de vida e etc, além de ter a diminuição do êxodo rural do homem do campo,
buscando-se resgatar os conhecimentos primórdios e racionais do mesmo,
visando a harmonia entre ele e a natureza.
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4. Considerações finais
De maneira geral, existe um grande desafio na busca por alternativas
que promovam o uso racional do meio ambiente. Atualmente, a cada dia que
passa a natureza é depredada e cada vez mais vemos os resultados chamados
de impactos ambientais acontecendo. Uma coisa é certa, nossa natureza não
suporta mais ser o alvo de grandes explorações e derrubadas, seus recursos
estão se esgotando, principalmente os não renováveis.
Existem diversas práticas que visam essa mitigação, e entre elas estão
as práticas sustentáveis dando ênfase para o uso da adubação orgânica,
atividade essencial que participa deste apelo mundial que é usar os recursos
da natureza de forma consciente e sustentável, levando em conta os princípios
ecológicos, pensando no futuro das próximas gerações.
Sendo assim, é importante estimular desde o conhecimento básico
acerca da questão ambiental, de ensinar a compreender que temos o mais
importante patrimônio, que é a natureza (o meio ambiente). Esses
ensinamentos desde a base podem fazer a grande diferença para as futuras
gerações, uma vez que a educação ambiental no ensino público básico é
insipiente, pouquíssima desenvolvida, um resultado disto é a nossa geração
atual fazendo o que faz com o meio ambiente.
É necessário entender que não existe apenas o uso de adubação
orgânica como meio de tentar minimizar esses impactos gerados ao meio
ambiente, mas muito pelo contrário, existe diversas alternativas que podem ser
utilizadas para o uso racional dos recursos disponíveis da natureza, existem
muitas alternativas sustentáveis que devem ser colocadas em práticas, que no
final somados, fazem total diferença para o bem do meio ambiente.
Uma outra abordagem que precisa ser explanada é a escolha certa de
nossos representantes, escolher quem de fato se preocupa com o meio
ambiente, com o futuro da humanidade. Além disso, criar projetos e políticas
públicas que façam a diferença na vida destas pessoas do campo, pois elas
necessitam disto, entender que as más escolhas destes representantes
acarretam direto no meio ambiente, pois a grande maioria joga junto com os
grandes capitalistas, os principais vilões da natureza.
Além do mais, promover o incentivo e valorização dos pesquisadores e
cientistas na busca por novas pesquisas relacionadas a preservação e
sustentabilidade do meio ambiente, principalmente da nossa Amazônia que é o
principal alvo de ataque. E mesmo
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com toda sua riqueza e biodiversidade, a mesma pede escancaradamente


socorro, não aguenta mais ser mercadoria do mundo.
Deste modo, cada prática ou atividade sustentável é essencial para a
preservação do meio ambiente, e a adubação orgânica é uma atividade que
tem grande importância para o meio ambiente, economia e sociedade.
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5. Referências bibliográficas
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Agradecimentos
Programa de pós-Graduação em Ciências Ambientais – PPGCA
Universidade Federal do Amazonas – UFAM
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) Professor Dr. Douglas Marcelo Pinheiro da Silva
Professor Dr. Benono Otávio Oliveira

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