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FERNANDO P. BÚRTDLÚZZD

WU WENTZ

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SUINOCULTURA EM A

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
NA SUINOCULTURA
TECNIFICADA

Fernando Pandolfo Bortolozzo


Ivo Wentz
Paulo Eduardo Bennemann
Mari Lourdes Bernardi
Eduardo Ballester Wollmann
Fabiane Mendonça Ferreira
Guilherme Borchardt Neto
SUINOCULTURA EM A O

INSEMINAÇÃD ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICRDA

Copyright © 2005

Fernando Pandolfo Bortolozzo e ivo Wentz

Todos os direitos reservados

A reprodução não autorizada desta publicação. no todo ou em parte..


canstitui violação do Copyright © (Lei 5.983)

Projeto Gráfico e Editoração


Bene Sobrinho

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP-)

;59 inseminação artificial na suinocultura tecnificada I Fernando


Pandolfo Bortolozzo [et al.]. Porto Alegre : Pallotti,2005.
135 p.

Nº de lSBN: 973-85-907590-3—4
?. Suínos-Criação e Desenvolvimento 2 .lnseminação Artificial
Suínos. 3. Suinocultura. l. Bortolozzo. Fernando Pandolfo.
”.Titulo.

CDD: 636.41

Bibliotecária Responsável
Ginamara Lima jacques Pinto,
CRB 10/1204
SUINOCULTURA EM A O

INSEMINAÇÃD ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA

FERNANDO PANDOLFO BORTOLOZZO


Médico Veterinário UFRGS
Professor do Departamento de Medicina Animai da UFRGS
Doutorado em Reprodução Animal na Tieraerztiiche Hoçhschuie Hannover - Alemanha
IVO WENT?
Médico Veterinário UFRGS
Professor do Departamento de Medicina Animal da UFRGS
Doutorado em Reprodução Animal na Tieraerztiiche Hochschuie Hannover - Alemanha
PAULO EDUARDO BENNEMANN
Médico Veterinário UFRGS
Mestrado 'e Doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS
MARI LOURDES BERNARDI
Médica Veterinária UFRGS
Professora do Departamento de Zootecnia da UFRGS
Mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFSM
Doutorado em Reprodução Animal no institut Agronomique Paris-Grignon França
EDUARDO BALLESTER WOLLMANN
Médico Veterinário UFRGS
Mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS
FABIANE MENDONÇA FERREIRA
Médica Veterinária UFSM
Mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS
Doutorado em Reprodução Animal na fieraerztliche Hochschuie Hannover — Aiemanha
GUILHERME BORCHARDT NETO
Médico Veterinário UFRGS
Mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS
Doutorado em Reprodução Animal na Feraerztiiche Hochsçhuie Hannover - Alemanha
INSEMINAÇÃD ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICRDA

Editorial

Esse iivro é o segundo volume da série Suinocultura em Ação e aborda o tema lnseminação
Artificial em Suínos. Além dos editores Fernando Pandolfo Bortolozzo e ivo Wentz. o livro contou
com a valiosa participação de autores altamente experientes e especializados no assunto em
questão. Nos tivemos a oportunidade de "confeccionar" esse livro juntamente com os colegas
Eduardo Wollmann. Fabiane Mendonça Ferreira. Guilherme Borchardt Neto, Mari Lourdes Bernardi
e Paulo Eduardo Bennemann.
A série Suinocultura em Ação tem por objetivo reunir uma série de publicações que
apresentam uma abordagem direta de importantes temas que envolvem a produção de suinos. Nos
textos o leitor encontrará dicas práticas dos procedimentos descritos. bases tisiopatoiõgicas dos
mecanismos discutidos, bem como uma serie de referências a outros textos e publicações que
permitem um maior aprofundamento no assunto. Assim foi com o volume 1 (intervalo Desmame—
Estro eAnestro em Suinos) & esperamos o mesmo sucesso com o presente livro.
Ao agradecer as pessoas que foram imprescindíveis na elaboração dessa publicação nós
temos que destacar todos os nossos alunos. principalmente aqueles que são autores e co-autores de
artigos citados ao longo dos capitulos. Essa turma permanece quase anônima no contexto da obra,
mas sem eles não poderiamos empregara palavra "nossa experiência ” com tanta ênfase. Além dessa
turma quase anônima tem aquela, que não aparece no contexto da publicação. que muito nos
ajudou nas inúmeras revisões dos manuscritos e provas de gráfica de todo o conteúdo desse livro.
Aqui vão nossos sinceros agradecimentos a Anamaria Jung Vargas, Ana Paula Mellagi. André
Cavalheiro Schenkel, Cristiane Duarte Furtado e Fabiano Bonfim Garregaro.
Para concluir, descrevendo de forma sucinta o objetivo desse livro, buscamos o exemplo
dado pela publicação “O Segundo Diario Minimo” de Umberto Eco. Na segunda seção de crônicas,
Eco aborda as "instruções de Uso onde em 35 oportunidades ele explica, ponto-a-ponto "Como"
proceder frente a várias situações. sempre com um enfoque óbvio e irõnico. O autor aborda desde
"Como ser um indio” em 28 passos. ou “Como comer a bordo de um avião " ou ate mesmo “Como
reconhecer um filme porno". Nesse sentido, obviamente sem dar o tom de paródia de Eco. o nosso
objetivo e informar ao leitor "Como proceder com sucesso na implementação de um programa de
inseminação artificial em suinos Bom proveito!

Os editores.
INSEMINAÇÃD ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA

"Não há" fatos ete-mas, assim como, não há verdades absolutas"

Nietzsche
SUINOCULTURA EM A O

INSEMINAÇÃD ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICRDA

SIGLAS 13
1. mmoovçâo 15

2. SITUAÇÃO DA LA EM SUÍNDS NO BRASIL E no MUNDO 1?


2.1 Introdução 17
2.2 Tipos de programas de inseminação artificial 19
2.3 Referências bibliográficas 21

3. VANTAGENS E LIMITAÇÓES NO USO DA IA EM suínos- 23


3.1 Vantagens da inseminação artificial em suínos 23
3.2 Limitações da inseminação artificial em suinos 25
3.3 Referências bibliográficas 26

VIABILIDADE E IMPA T E N l M D A I 27
4.1 Custos funcionais e de implantação de uma central de IA em programas fechados 29
4.1.1 Custos da dose inseminante e custos por parto 32
4.1.2 Custos anuais de uma central de IA 34
4.1.3 Viabilidade da implantação de uma central de IA 34
4.2 Custos funcionais e de implantação de uma central de IA em programas abertos 35
4.3 Custo da dose inseminante na IA intra-uterina 38
4.4 Ganhos associados a implantação de um programa de IA 40
4.5 Conclusão 41
4.6 Referências bibliográficas 42

. MPLANTA " DE M PR M 43
5.1 Introdução 43
5.2 Localização das instalações 43
5.2.1 Central para programa aberto de 1A 43
5.2.2 Central para programa fechado de IA 45
5.3 Desenho da central de inseminação artificial 45
5.3.1 Barreira sanitária 45
5.3.2 Pavilhão dos machos 46
5.3.3 Área laboratorial 52
5.4 Equipamentos e material necessários para uma central de IA 53
5.5 Materiais utilizados na coleta, avaliação e processamento do sêmen 55
5.6 Referências bibliográficas 56

6. COLETA DO ElACULAm 57
6.1 Local de coleta 57
6.2 Condicionamento dos doadores para a coleta 59
6.3 Metodologia e cuidados a serem observados na coleta 60
6.3.1 Higienização 60
6.3.2 Coleta de sêmen propriamente dita 61
6.4 Frequência de coletas 64
6.5 Referências bibliográficas 67
SUINOCULTURA EM A O

INSEMINAÇÃD ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICRDA

7. M E DQ EIAQELAQQ 69
7.1 Introdução 69
7.2 Avaliação macroscópica 70
7.2.1 Volume 70
7.2.2 Cor 70
7.2.3 Odor 70
7.2.4 Aspecto 71
7.3 Avaliação microscópica 71
7.3.1 Motilidade 71
7.3.2 Vigor 73
7.3.3 Aglutinações 74
7.3.4 Concentração eSpermática 74
7.3.4.1 Contagem direta dos espermatozóides em câmara hemocitométrica 75
7.3.4.2 Determinação da concentração espermática pelo fotõmetro 78
7.3.4.3 Determinação da concentração espermática pelo coulter counter 78
7.3.4.4 Determinação da concentração eSpermática pelo espermodensimetro de Karras 79
7.3.4.5 Comentário final sobre determinação da concentração 80
7.3.5 Morfologia espermática 80
7.3.6 Integridade da membrana espermática 86
7.3.7 Integridade do acrossoma e da cromatina 87
7.3.8 Teste de temo—resistência 87
7.4 Outras avaliações 88
7.4.1 Exame do pH do ejaculado 33
7.4.2 Exame microbiológico 88
7.5 Referências bibliográficas 89

M W 91
8.1 introdução 91
8.2 Processamento das doses inseminantes 94
8.2.1 Diluição do sêmen suíno 94
8.2.1.1 Diluentes 94
8.2.1.2 Escolha do diluente 97
8.2.1.3 Preparação do diluente 98
8.2.1.4 Taxa de diluição 98
8.2.1.5 Intervalo entre coleta e diluição 99
8.2.1.6 Diluição propriamente dita 99
3.2.2 Envase do sêmen 100
8.2.3 Temperatura e armazenamento da dose inseminante 100
8.2.4 Efeito da agitação do sêmen 101
3.3 Protocolo de contaminação minima: procedimentos para controle da contaminação
bacteriana do sêmen in natura e diluído 101
8.4 Referências bibliográficas 104
SUINOCULTUM EM A O

INSEMINAÇÃD ARTIFICIAL HA SUINOCULTURA TECNIFICADA

9. FATORES REQCIONAPOS CO . '. -* _ _ _ 107


9.1 Introdução 107
9.2 Ciclo Estral 107
9.2.1 Proestro 108
9.2.2 Estro 108
9.2.3 Metaestro. 109
9.2.4 Diestro 109
9.3 Diagnóstico do estro 110
9.3.1 Importância 110
9.3.2 Fatores a serem considerados no diagnóstico do estro 111
9.3.2.1 Estímulo do Macho 111
9.3.2.2 Tipo de alojamento 112
9.3.2.3 Tamanho do lote e lotação das baias 113
9.3.2.4 Interação homem-animal e animal-animal 113
9.3.2.5 Época do ano 113
9.3.2.6 Freqíiência do diagnóstico do estro 113
9.4 Duração do Estro 115
9.4.1 Genotipo 116
9.4.2 Ordem do parto 116
9.4.3 Estação do ano 117
9.4.4 Duração da lactação 117
9.4.5 Intervalo desmame-estro 118
9.5 Momento da ovulação 119
9.5.1 Duração do estro 121
9.5.2 Intervalo desmame-estro 122
9.5.3 Periodo de lactação 123
9.5.4 Ordem do parto 124
9.6 Referências bibliográficas 125

10. rÉcmca, MOMENTO E FREQÚÉNQIA og EEAuzaçÁo oa IA EM suinos 127


10.1 Introdução 12.7
10.2 Técnica de Inseminação artificial no suíno com deposição intra-cervical da
dose inseminante 127
10.3 Freqtiência e momento ideal para realizar a inseminação artificial no suíno 132
10.3.1 Viabilidade dos gametas no trato genital feminino 133
10.3.2 Intervalo ideal entre a IA e a ovulação 134
10.3.3 Inseminações realizadas após a ovulação 136
10.3.4 Desempenho de inseminações realizadas em um intervalo superior a 24 horas
antes da ovulação 138
10.3.5 Fatores que influenciam o intervalo ideal entre a IA e a ovulação 140
10.4 Recomendações práticas sobre freqiiência e momento ideal para realizar a IA 143
10.5 Conclusões a respeito da freqiiência e momento ideal para realizar a IA 147
10.6 Inseminação artificial com deposição intra-uterina profunda da dose inseminante 147
10.7 Inseminação artificial com deposição intra-uterina da dose inseminante 148
10.8 Referências bibliográficas 156
SUINOCULTURA EM A O

INSEMINAÇÃD ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICRDA

11. EMPREGO DE SÉMEN CONGELADO NA M DE SUÍNDS 159


11.1 Introdução 159
11.2 Eventos fisicos e quimicos relacionados ao congelamento 159
11.2.1 Transição de fase dos lipídios da membrana espermática 160
11.2.2 Mudanças de volume 162
11.2.3 Aumento da concentração de solutos e formação e dissolução dos cristais de gelo 162
11.3 Processamento do sêmen para o congelamento 166
"3.1 Número de espermatozóide por dose 167
11.3.2 Aparelhos programáveis de congelamento 167
11.33 Descongelamento das amostras 168
11.4 Alterações da qualidade espermática decorrentes do congelamento 168
11.5 Fatores que afetam a qualidade e a fertilidade do sêmen congelado 170
11.5.1 Diluentes de congelamento e descongelamento 170
11.5.2 Crioprotetores, velocidade de congelamento e de descongelamento 171
11.5.3 Embalagens para o congelamento 173
11.5.4 Tempo de incubação 174
11.5.5 Variação entre machos na congelabiiidade do sêmen 175
11.5.6 Momento de inseminação em relação à ovulação 176
11.6 Índices de fertilidade após M com sêmen congelado 177
11.7 Considerações finais 178
11.8 Referências bibliográficas 180
SUINOCULTUM EM A O

INSEMINAÇÃD ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICRDA

BHT Butilato de Hidroxitolueno


BSA Albumina Sérica Bovina
BTS Beltsville Thawing Solution
CFDA Diacetato de Carboxifiunresceina
CIA Central de Inseminação Artificial
CIAb Central de Inseminação Artificial Básica
ClAp Central de Inseminação Artificial de Ponta
DI Dose lnseminante
EDTA Ácido Etileno-Diamino-Tetracético
GCD Gota Citopiasmática Distal
GCP Gota Citapiasmatica Proxima]
inseminação Artificial
IA 0V Intervalo Inseminação-Ovulação
IA'I' Inseminação Artificial Tradicional
MU inseminação Artificial Intra-uterina
IA UP inseminação intra-uterina Profunda
IDE intervalo Desmame-Em
MN Manta Natural
MO Mão-de-obra
NF Notas Fiscais
DEP Om: Es Paste
RTH Reflexo de Tolerância ao Homem
RTM Reflexo de Tolerância a Monta pelo Macho
SPTZ ESpennatazóide
TD Taxa de Diluição
TPA Taxa de Parto Ajustada
TRE Taxa de Retorno ao Estro

UFC Unidades Fonnadaras de Colônia


UPS Unidades de Produção de Suínos

l3
SUINOCULTURA EM A

A inseminação artificial (IA) 5’? uma biotécnica aplicada ã reprodução que consolidou seu
emprego comercial em várias espécies domésticas ao longo da segunda metade do século XX. No
caso do suino, a IA foi amplamente difundida ao longo da década de setenta e oitenta,
consolidando—se nos anos noventa. Estimativas do emprego dessa biotecnologia são bastante
dificeis de serem realizadas. Como será discutido no capitulo 2, vários fatores associados impedem
uma precisa determinação de quantas fêmeas são inseminadas mundialmente, entretanto, alguns
pontos são bem evidentes, Em um primeiro, nos paises ou regiões que exploram suinos de forma
tecnificada e ainda não empregam a IA na quase totalidade de seus rebanhos, o emprego dessa
biotécnica e' crescente. Além de ser crescente ele deverá atingir nos anos subsequentes a quase
totalidade dos rebanhos que exploram a espécie de forma tecniticada, inclusive nas granjas em
nosso meio. Um segundo aspecto a ser apontado é que, o emprego da IA é irreversível. Ou seja,
granjas que migram da monta natural para a IA ou já são projetadas para empregarsomente a IA em
seu rebanho, não irão retornar à cobertura natural. Rarissimas exceções ainda podem ser
encontradas em pequenas propriedades, entretanto, mesmo nessas situações, as vantagens
advindas do uso da IA (capitulos 3 e 4) consolidam definitivamente o emprego dessa biote'cnica.
lndiscutivelmente, a IA na espécie suina tem algumas limitações, A principal delas seria o
curto periodo de armazenamento da dose inseminante. Apesar de existir uma tecnologia de
congelação de sêmen no suino (capitulo I I ). o seu emprego comercial, ao contrário de outras
espécies, ainda não foi viabilizado. Com isso, os programas de IA em suinos são estruturados para
empregar sêmen refrigerado, cujas doses possuem um curto periodo de viabilidade quando
armazenadas. Alem disso, existem algumas limitações associadas a logística na comunicação e
transporte das doses entre as centrais produtoras e as granjas, no caso de centrais abertas. A
estrutura laboratorial minima, bem como as demais instalações necessáriasa um programa de IA são
fundamentais, conforme discutido no capitulo 5.
No ponto de vista técnica. os procedimentos que envolvem a coleta e exame do ejaculado
(capitulos 6 e 7), bem como o processamento das doses para emprego sob forma refrigerada
(capitulo 8), não configuram uma limitação para o emprego da IA. pois são ações simples de serem
realizadas. No entanto, exigem treinamento e acompanhamento periódico da equipe que o
executa. Na sequência, após a produção das doses, a definição do momento da inseminação e a
técnica de IA (capitulos 9 e IO) também são de execução simples. Pode-se dizer que, apesar de
algumas limitações, a simplicidade técnica para implementar a IA bem como suas vantagens,
principalmente associadas aos ganhos genéticos e a redução de custos de cobertura, são os fatores
que levaram a consolidação no emprego comercial dessa biotécnica,
O objetivo desse livro é disponibilizar ao leitor uma serie de informações, advindas de
dados de literatura e da experiência vivenciada pelos autores, que permitam a correta
implementação de um programa de IA na espécie suína.

15
SUINOCULTURA EM A

Fernando Pandolfo Bortolozzo e ivo Wentz

2.1 introdução
A inseminação artificial (1A). na espécie suína, teve seu inicio na década de trinta no japão e na
Rússia, ocorrendo, a partir de então, uma evolução lenta e gradativa do uso desta biotecnica em
diferentes paises, principalmente na Europa (Wentz & Bortolozzo 1998). Os primeiros relatos sobre
inseminação artificial. na espécie suina, no Brasil, datam do final da década de quarenta (Fazano, 19?8).
embora essas primeiras tentativas estivessem restritas a um plano experimental. Somente na década de
setenta, periodo no quai começaram a ocorrer profundas mudanças estruturais na criação de suinos em
nosso pais, é que foram implantados os primeiros programas comerciais de IA. No ano de l975, esforços
concentrados reunindo o Ministério da Agricultura, Associações Estaduais de Criadores de Suínos,
Associação Brasileira de Criadores de Suínos, Secretarias Estaduais de Agricultura e Prefeituras
Municipais, culminaram com a instalação das duas primeiras centrais brasileiras de M de suinos, uma em
Estrela—RS e a outra em Concórdia—SC. A partir dessas duas centrais, estrategicamente localizadas em
regiões de grande produção de suínos. ocorreu a difusão dessa técnica para Unidades de Produção de
Suínos (UPS) com central própria e para outras centrais criadas em outros estados da Federação
(Bortolozzo & Wentz, 1997).
Weitze (2000) fez um levantamento mundial sobre o emprego da inseminação artificial em
suinos. Baseado nos dados de 29 paises, o autor estima que 24,1 milhões de porcas são inseminadas
anualmente, o que representa 48% do total de matrizes, e uma produção de 152 milhões de doses de
sêmen. Nos próximos anos, o autor prevê uma adição de 10-20% no número de porcas inseminadas. o
que representaria um incremento de 6,6 a 12.7 milhões de porcas a serem inseminadas e uma demanda
anual adicional de 42, 7 a 83 milhões de doses de sêmen.
Na Figura 2.1 são apresentados alguns dados referentes à evolução da M no Brasil. Com a
construção das centrais de lA de Estrela-RS e Concórdia—SC iniciou o emprego dessa biotêcnica.
Entretanto, os dados referentes à primeira década são, numericamente, inexpressivos. Os relatos de
1986 a 1989 são relativos às atividades das centrais de M e às informações fornecidas pelos colegas em
programas internos de lA (Scheid, 1990). Os dados de 1993 e 1996 referem-se, respectivamente, a
informações fornecidas por especialistas na área, reunidos por ocasião do l Curso de Atualização em lã
de Suinos, (Scheid et al., 1993) e por um levantamento, extra-oficial, realizado pelo Setor de Suínos da
UFRGS (Bortolozzo & Wentz, 1997). Apesar da falta de levantamentos estatisticos oficiais que espelham
a realidade, pode—se observar que o emprego da IA em suinos no Brasil tem aumentado,
consideravelmente, ano a ano, acompanhando o incremento do uso dessa biotécnica ocorrido
mundialmente, no mesmo periodo. Esse aumento foi considerável a partir do levantamento realizado
em 1996. e deve—se, principalmente, ao inicio da tipificação das carcaças nos frigoríficos do sul do Brasil,

17
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Estima-se que em 1996 foram realizadas 400.000 primeiras inseminações (Bortolozzo & Wentz. 1997).
Se levarmos em conta um plantel de i, 1-1.2 milhões de matrizes, alojadas em granjas tecnilicadas nesse
periodo. com 2.2-2.3 partos ao ano, aproximadamente, 15% desse rebanho foi submetido à IA. No ano
de 1999, foram realizadas em torno de 950.000 primeiras inseminações. Nesse caso, considerando um
rebanho alojado em granjas tecnificadas da ordem de 1.4-1.5 milhões de matrizes. com a mesma
produtividade estimada anterionnente. 27 a 30% desse rebanho foi submetido à IA (Bortolozzo &
Wentz. 1998). Para o ano 2000. o número de inseminações foi baseado em uma estimativa do número
de embalagens de sêmen comercializadas (garra fas, tubos, flexitubos e blisters) pelas principais
empresas que produzem/comercializam esse material no nosso meio. Esta estimativa de comercialização
foi da ordem de 5 milhões de embalagens. Mantendo a mesma linha de raciocinio, realizando 3
inseminações por estro, e estimando que o plantel de matrizes alojadas em granjas tecnificadas seja
semelhante ao de 1999, estima-se que em 2000 tenham sido realizadas 1,67 milhões de primeiras
inseminações. isso significa que, aproximadamente 50% do plantel. alojado em granjas tecnilicadas. foi
inseminado (Wentz et al., 2000). Cabe salientar que. pela escassez na disponibilidade de levantamentos
estatísticos e pelas oscilações na politica econômica nacional. e' possivel que ocorram algumas variações
nessas expectativas.

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1996
1988

1989

1993

Figura 2.1: Evolução do número de primeiras Ms no Brasil.

18
SUINOCULTURA EM A

2.2 Tipos de programas de inseminação artificial


Os programas de inseminação artificial podem ser divididos em abertos e fechados ou internos
(Wentz & Bortolozzo 1998). A viabiiidade econômica e técnica, bem como os pontos criticos, ficam na
dependência do programa de m em questão. Na Figura 2.2 e possivei observar o fluxo de
funcionamento dos diferentes programas de M.
Nos programas abertas, as doses de sêmen são produzidas e comercializadas por uma
central de M. estando ao alcance de qualquer produtor interessado. Nesse caso. as doses podem ser
remetidas à propriedade e o produtor/funcionário realiza a M. Também tecnicos treinados. ligados à
contrai, podem prestar esse serviço, diretamente, nas granjas. O emprego dessa técnica, por
inseminadores itinerantes, está caindo em desuso, principalmente pelos grandes riscos sanitários
envolvidos com o deslocamento e entrada dos técnicos nas granjas, e pelo aito custo do procedimento.
Nesse tipo de programa, é fundamental que haja uma perfeita comunicação entre o produtora a central,
bem como faciiidade com a remessa das doses à propriedade. Espera-se que, nas centrais abertas, haja
maior controle na qualidade das doses de sêmen produzidas, pois, devido ao seu dimensionamento, há a
possibilidade de contar com uma equipe altamente qualificada e especializada no assunto. Dessa forma,
acredita-se que as doses produzidas nessas centrais tenham condições de serem submetidas a um
controle de qualidade mais rigoroso do que as produzidas em centrais internas que atendam programas
de 300 a 2000 matrizes. Por outro lado, o potencial risco sanitário de disseminação de enfermidades e
muito maior nos programas abertos. indicando assim a importância que deve ser dada a admissão dos
machos no plantel da central.
Nos programas fechados. as doses de sêmen são produzidas por uma contrai de M instaiada
na própria granja. Nesse caso, a produção atende a demanda da granja, não havendo a necessidade de
preocupação com o pedido e transporte das doses até a propriedade. Na maioria dos casos, as centrais
são pequenas e muitas 1vezes não têm condições de realizar um controle de qualidade rigoroso das doses
de sêmen produzidas, principalmente devido a mão-de-obra. Nessas situações, o acompanhamento, o
treinamento e a reciclagem periódica da equipe envolvida com a produção das doses de sêmen e' de
fundamental importância. Os aspectos referentes ao tamanho minimo da granja para viabilizar
economicamente a instalação de um programa fechado de M serão discutidos no capitulo 4.
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i cm cm

oz 62
+
cm
Figura 2.2: Fluxo de distribuição das doses de sêmen nos diferentes programas de inseminação
artificial [CIA-Central de inseminação Artificial e ('.-Granja).

19
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Mais recentemente. uma variação dos programas fechadosfinternos pode ser observada no
Brasil. Essa variação é caracterizada pela existência de uma central. de propriedade de uma empresa. que
produz e comercializa as doses entre os seus produtores integrados ou associados. Nesses casos, é
comum encontrar no nosso meio centrais com 50 a 300 machos alojados que produzem doses de sêmen
a serem empregadas em granjas localizadas próximas à central. Essas centrais têm condições, pelas
mesmas razões expostas para as centrais de programas abertos, de realizar um rigido controle na
qualidade das doses de sêmen produzidas.
O Brasil é um pais de dimensões continentais e. portanto, os programas de IA vinculados ao
fornecimento das doses inseminantes, por parte de uma centrai. devem ser muito bem pianificados,
levando em conta, principalmente, as dificuldades no transporte e comunicação. Essas premissas
praticamente restringem os programas abertos a regiões onde predominam as pequenas propriedades,
onde há maior concentração de criadores. Com a expansão da suinocultura na região centro-oeste do
Brasil. onde predominam temperaturas elevadas durante todo ano, as condições de armazenamento e
transporte das doses inseminantes são fundamentais para manutenção da qualidade espermática.
Oscilações térmicas. nesse sentido, são extremamente prejudiciais à capacidade fecundante dos
espermatozóides, pois podem acontecer com frequência. dependendo do equipamento utilizado para
armazenamento e dos procedimentos adotados em um eventual transporte das doses. Desta forma. é
possivel produzir uma dose inseminante de boa qualidade, que pode ser mantida por um periodo de 48-
72 horas, mas devido às falhas no transporte e armazenamento, pode haver comprometimento na
viabilidade dessas doses, afetando os dados de fertilidade das fêmeas inseminadas.

20
SUINOCULTURA EM A

2.3 Referências Bibliográficas

BORTDLOZZO, F.P.,WENTZ, Ive. InseminacfioArtificial de Suinosno Brasil. RevistaBrasileira de ReproducfioAnimal. v.21,p. 13-15. 1997.
BORTOLOZZO, F.P.; WENTZ, Ivo. Viabilidade Técnica e Eeenõnúea da Inseminação Artificial {IA} em Suinos: Pontos Crlticos da IA. In.
SEMINARIDINTERNACIONALDESUINDCULTUM,3.,1998,35oPau1o. Anais.SfioPaulo-SP1993. p. 101-112
FAZANG, F. A.T. Inseminação artificialemsuinos. Avicnltm'aeSuinocnltIIra Industrial.1:. ?O,n. 826, p. 101- 102. 1928
SCI-IEID, 1. Commercial swine artificial insemination in Brazil: Development. and current use. Reproduction in Domestic Animals Supplement. Ir.
1,p.299-301. I990.
SCHEID, 1.; WEN'I'Z, he.; BÚRTÚLÚZZO, F.P. 1 Curso de atualização em inseminação artificial de suinos. Concordia, SC: EMBRAPA-
CNPSA,1993.
WEITZE, K.F. Update on worldwide application of swine AI . In: INTERNATIONAL CONFERENCE DN BOAR SEMEN PRESERVATION,4.,
1999,Maryland, USA, Proceedings, Lawrence,USA,Allen Press, p. 141-145. 2000.
WENTZ, Ivo; BDRTOLÚZZO, F.P. Inseminação Artificial cm Suínos, In: SOBESTIANSKY, I.; WENTZ, Ive; SILVEIRA, PKR—S,; SESTI,
L....AC Suinoculturalntensiva: Produção,ManejoeSaude do Rebanho,Brasilia, Embrapa—SPI 1998. p. 209—220
WENTZ, Ive; VARGAS, A.l.; BÚRTÚLDZZÚ, ER; CASTAGNA, C.D. Situação atual da inseminação artificial em suínos no Brasil e
wabiiizacfio do emprego desea 11ietéeniee.1n:SMÓSIÚ INTERNACIGNAL DE MSEMINACAO ARTIFICIAL EM SUÍNÚS, 3. Flores Ila
CuntS Anais. 2000. p 5-12.

21
SUINOCULTURA EM A

Fernando Pandoifo Bortoiozzo e ivo Wentz

Ao ser tomada a decisão sobre a viabilidade de introduzir um programa de (A em uma


propriedade, deve haver pieno conhecimento dos aspectos positivos e das limitações inerentes à técnica.
Mesmo com a grande demanda que essa biote'cnica tem apresentado nos últimos 10 anos, é importante
que o produtor seja conscientizado, de forma bem clara, sobre as vantagens que poderão ser alcançadas,
bem como as limitações, principalmente de cunho técnico e sobre os investimentos iniciais, inerentes ao
emprego da IA na especie suina.
3.1 Vantagens da inseminação artificial em suinos
A redução do número de machos necessários para a reprodução é uma das principais
vantagens associadas ao emprego da IA. Com o emprego da Monta Natural (MN), são necessários «fl-5%
de machos em reiação ao plantel de matrizes ( 1 macho para cada 20—25 fêmeas), enquanto na IA,
empregando a técnica tradicional, ha uma redução, ficando este indice entre 0,5 e 1% ( 1 macho para
cada toa-200 fêmeas). Essa redução no número de reprodutores está diretamente associada a uma
diminuição nos custos de cobertura de cada matriz, pois representa uma economia na compra dos
machos (não no custo unitário do macho, mas sim no custo total dos reprodutores da propriedade), nas
instalações, manutenção, ração e medicamentos. Recentemente, com a introdução de novas
tecnologias. como a deposição do sêmen diretamente no como uterino, é possivel reduzir ainda mais o_
percentual de machos com relação ao plantei de matrizes.
Apesar dessa sensivel redução no número de machos no rebanho, e importante salientar que,
além dos reprodutores utilizados como doadores de sêmen da central, as granjas necessitam de machos
para a estimulação das fêmeas e reaiização do diagnóstico de estro. Considerando o tamanho do plantel,
Rotava ( i997) afirma que granjas com lOO, 200, 300 e 500 matrizes devem manter uma relação
macho,-fêmea da ordem de 1:33, 1:50, 1:60 e 1:100. Nas propriedades com um número superiora 500
matrizes, a proporção de machos pode ser reduzida, atingindo ate', no máximo, 0.5- 1% de machos com
relação ao plantel de matrizes, aplicando a tecnologia de IA tradicional, com deposição intra-cervical da
dose de sêmen.
Nas unidades que promovem a mudança do sistema de MN para a IA. e possivel alojar maior
número de fêmeas ( 10— 15% do plantei) no lugar dos machos descartados, Consequentemente,
poderá haver um aumento substancial do número de leitões produzidos, com redução do custo final de
produção. Obviamente, esse aumento no potencial da granja em alojar mais matrizes fica restrito ao
setor de gestação, sendo necessários investimentos adicionais na área de maternidade, creche e
tenninação.
Um outro aspecto importante a ser ressaltado com o uso da IA é a redução nos custos da
mão-de-obra envolvida com os procedimentos de cobertura. Entretanto, deve-se saiientar que, com o

23
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA

uso da lA. há a necessidade de empregar mão-de—obra mais qualificada, com remuneração diferenciada.
Apesar disso, o aumento nos gastos de remuneração da mão-de-obra e compensado pela racionalização
do trabalho a ser desenvolvido com o emprego da inseminação artificial. Na lA, as atividades de rotina
associadas a cobertura são muito mais facilmente conduzidas quando comparadas ã MN. Embora seja
necessário despender um tempo minimo por lA. que compreende o ato de inseminar e o de preparar o
material necessário para esta tarefa (como produzir as doses de sêmen, organizar o laboratório de lA e
esterilizar as pipetas de M, por exemplo), não ha’ a necessidade de conduzir as matrizes para a baia dos
machos nem acompanhar as coberturas. O tempo necessário requerido por matriz coberta ao dia, para
realizar as atividades de rotina associadas à cobertura, é um fator importante capaz de identificar os
limites entre a utilização da MN e a passagem para a lA. Flowers & Alhusen ( 1992) levaram em conta o
tempo gasto para realizara detecção do estro e supervisão da MN e. na lA, foi acrescentado, ao tempo
gasto no diagnóstico do estro, o tempo empregado com a coleta, processamento do ejaculado, lA
propriamente dita e limpeza do material. Segundo os autores, a partir de 4 animais cobertos ao dia, o
tempo gasto com a M é inferiorao necessário com o uso da MN (Tabela 3. 1).

Tabela 3. !: Tempo médio necessário por fêmea (em minutos) para realizar as atividades associadas
a MN e |A, baseado na demanda diária de coberturas.

úmero de. fêmeas-. Manta Natural"?!


cobertas ao die _
23,4: 1,7*(19) 34,522,: (13)
m u m u - h m m —

24,4:2,o (18) 25,7:22 (13)


24,7: 1,5 (22) 21,721.: (19)
24,1:1,2*(37) 19,3: 1,1 (28)
23,4: !, t*(25) 13.9203 (29)
23,931,6*(15) 13,0: 1,1 (m)
22,9:1,8*(12) 17,611,] (IO)
22,8: 1.4*{10) 17321.0 (os)
*Difere significativamente da inseminação Artificial (P<0.05)
Flowers & Aihusen (I 992)

A redução no número de reprodutores necessarios permite ao produtor adquirir animais com


custo individual superior. Com isso, e possivel potencializar o uso de machos geneticamente
superiores, o que agregaria caracteristicas de carcaça desejáveis, padronizando os animais produzidos
para o abate e diminuindo a variabilidade entre os terminados. O emprego de machos de melhor
qualidade tem reflexos diretos na progênie como o aumento no percentual de carne na carcaça e
melhora na conversão alimentar. Com isso ha redução do tempo necessário para atingir o tempo de
abate, racionalizando o uso das instalações e, também, reduzindo o volume de dejetos produzidos.
Nos programas de melhoramento genético, a lA pode reduzir as diferenças entre o núcleo
genético e as multiplicadores, com consequente beneficio para o extrato comercial. O produtor, por sua
vez, poderá, nas centrais abertas, escolher entre as linhagens disponiveis, aquela que mais lhe
convir, sempre avaliando a possibilidade de ganhos potenciais que essas lhe oferecem.

24
SUINOCULTURA EM A

O uso da M permite maior segurança sanitária diminuindo os riscos de introdução de


doenças no sistema de produção, Embora não seja descartada a possibilidade de introduzir doenças via
dose de sêmen, os riscos são menores quando comparados a entrada de animais na granja. É importante
salientar que, para admissão & periodicamente, os doadores de centrais de IA são testados frente a várias
enfermidades. reduzindo assim os riscos na transmissão de doenças. Apesar dessa maior segurança
sanitária. cabe ressaltar que os riscos na difusão de algumas doenças infecciosas ficam potencializados,
principalmente, em programas abertos de M,
Com o emprego da M, os ejaculados são, obrigatoriamente, submetidos a uma avaliação quali
e quantitativa antes e após a diluição. Com isso, ejaculados considerados impróprios para o uso
são eliminados, o que, com o emprego da MN, não seria possivei de ser aicançado.
A M é acompanhada de maiores cuidados higiênicos quando comparada à MN. Esse
aspecto é obtido pelo maior cuidado com a limpeza das fêmeas e na higiene dos procedimentos de
cobertura, quando comparada à MN.
Paralelamente, com a adoção de uma nova tecnologia na rotina da granja, é observada uma
maior evolução técnica da equipe de funcionários. Na prática, ocorre maior cuidado em relação ao
manejo reprodutivo do rebanho como um todo, e acredita-se que isso ocorra devido a uma maior
compreensão da fisiologia da reprodução, principalmente dos eventos associados ao diagnóstico de
estro, ã fecundação e ao periodo inicial da gestação.
3.2 Limitações da inseminação artificial em suinos
O emprego da iA. no entanto, apresenta algumas limitações de ordem técnica e
organizacional. A principal limitação, sob o ponto de vista organizacional, e a necessidade de mão-de-
obra qualificada. Em propriedades com um número inferior a 500 matrizes, com central própria, esse
ponto e decisivo na implementação de um programa de M. A equipe deve ser muito bem treinada e
reciclada devendo ser submetida a atualizações periódicas. É fundamental, mesmo em propriedades
consideradas de pequeno porte para um programa interno de M (<300—500 matrizes), que 2-3
funcionários estejam aptos a desenvolver todos os procedimentos que envolvem o programa de M.
Na impiementação de um programa interno de [A, na a necessidade de uma estrutura
laboratorial mínima para coleta, avaliação e diiuição do ejaculado, preparo do diluente, iimpeza e
esterilização do material empregado para coleta, processamento e iA propriamente dita. Atualmente,
estima-se que esse investimento seja da ordem de R$ 16.000,00 (ver capitulo 4). No caso de granjas que
compram sêmen de uma central de iA aberta, não ha a necessidade de uma estrutura iaboraton'al.
Entretanto, e' necessário o investimento em equipamento para conservação das doses de sêmen &
dependendo da frequência de fornecimento das doses, deve-se avaliar a possibiiidade de investir em
equipamentos que permitam a avaliação da motilidade espermática antes da iA.
Sob o ponto de vista técnico. a principal limitação da [A em suinos está associada ao curto
período de armazenamento da dose inseminante. A capacidade de preservação do sêmen sob a
forma resfriada, iimitada na reiação custo—beneficio ao periodo de 72 horas, exige facilidade de
comunicação para encomenda e transporte das doses a partir das centrais de M. Em programas internos,
como o sêmen é processado na própria granja e, dificilmente, é utiiizado após 36 horas de
armazenamento, esta limitação desempenha um papel menos importante se comparada aos programas
abertos.

25
INSEMIHAÇÃO ÁRTIFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

3.3 Referências Bibliográficas

FLOWERS “EL.; ALHLÍSEN, HD. Reproductive performance and estimates of labor requirements associated with combinations of artificial
insemination and natural service. Journal of Animal Science. 70, 615-621. 1992.
RÚTAVA,!. Implantação de Central de Produção dc sémen resfriado em ulna granja dc suíno-s. In: Congressc Brasileiro dc cmduçâoànimal. 2 l
, Belo Horizºnte. 1997.

26
SUINOCULTURA EM A

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Fernando Pandolfo Bortoiozzo, Paulo Eduardo Bennemann e ivo Wentz

A viabilização econômica de um processo leva, obrigatoriamente, em conta a viabilidade


técnica do mesmo. Neste sentido, ao se decidir pelo emprego da IA em substituição a monta natural,
parte-se do pressuposto que os resultados obtidos pelas duas técnicas são semelhantes. Na realidade.
com o aprimoramento técnico alcançado com o emprego da IA. comparativa a MN. esta afirmativa a
verdadeira. isto pode ser comprovado pelo trabalho de Flowers (I995). qua. ao comparar ambas
técnicas. observou taxas de parto e tamanhos de leitegada muito próximos (85.4% vs. 87.2% e 10.6 vs.
I0.5. respectivamente. para MN e IA). Para alcançar estes resultados. vários fatores, que inHuenciam a
eficiência reprodutiva com o emprego da IA. devem estar sob controle, evitando que falhas técnicas
revertam a viabilidade econômica do processo (Bortolozzo & Wentz, I997).
As informações técnicas sobre a viabilidade econômica na implantação de uma Central de
inseminação Artificial (CIA) no Brasil são poucas. Alves ( I996) realizou um estudo comparativo entre
MN e IA utilizando os dados de II4I partos de uma granja com 220 matrizes. Estes dados foram
utilizados para simular diferentes condições no sentido de avaliar a viabilidade econômica para a
utilização da IA. O autor observou que, dependendo do nivel tecnologico adotado pela granja, a IA 6-
possivel de ser aplicada em granjas a partir de 213 matrizes. Segundo Rotava (I997). a IA é viável,
economicamente. em uma granja a partir de 500 matrizes. chamando a atenção para duas variáveis
importantes para a composição dos custos, 0 valor do macho e mão-de—obra. Também Castagna et al.
(I 999). através de um estudo comparativo entre os custos de implantação de uma CIA em programas
fechados com os da monta natural. determinaram a viabilidade do emprego da IA em plantéis com
diferentes números de fêmeas, variando con forme o nivel de tecnificação adotado na CIA.
Ao estudar a viabilidade econômica com o emprego da IA. deve-se levar em conta o tipo de
programa a ser implementado. Em programas abertos, no qual a dose é adquirida pela granja. o custo
principal será o valor pago pela dose de sêmen (incluindo o valor de transporte e comunicação com a
CIA). Nos programas fechados ou internos, o cálculo sera' um pouco mais complexo, pois o ejaculado
serã manipulado e beneficiado na propriedade.
No caso de programas fechados, os custos diretos, levam em conta a substituição do emprego
da MN pela IA (Tabela 4. I). Em uma granja com 1000 matrizes. substituindo a MN pela IA. seria possivel
uma redução direta de R$ 20. 900.00. nos custos relacionados à cobertura dos animais. Neste exemplo,
entretanto, não foram considerados aspectos como a mão—de—obra empregada e não foram
contabilizados os ganhos genéticos. alem da possibilidade de alojar um maior número de matrizes no
lugar dos machos antes empregados para a MN. De imediato, surge um questionamento: para
programas internos, que irão produzir as próprias doses inseminantes (Dis). qual ,o tamanho minimo da
propriedade para viabilizar o investimento? Ou seja, no minimo, quantas fêmeas deverão ser atendidas
pelo programa?

27
E lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Tabela 4.1: Custos (em R$) associados comparando—se inseminação Artificial (M) e Monta Natural (MN).

Tamanho da Propriedade (Matrizes) 1000 1000


Número de Reprodutores 60 10
Vida Útil do Reprodutor (anos) 2,5 2,5
Custo de Aquisição do Reprodutor (R$) 800,00 1.500,00

Custos Fixos com Reprodutores ao Ano (R$) 19.200,00 6.000,00


Custos Variáveis corn Reprodutores ao Ano (RSJ' 12.900,00 2.150,00
Custos Fixes com a implementação da [A (RS)I » 350,00
Custos Variáveis com a [A (R$? - 2.200,00

Total (R$) 32.100,00 11.200,00


Diferença (R$) +20. 900,00 -
' Custo de ração &RS 167,00) e outros (R$ 48.00) ae ano
º Custo fixo de R 8.500,00 (10 anos de depreciação), segundo Rotava (1997)
º Custo do material empregado para inseminar 1 fêmea (R$ 0,88 x 2,5 iNfêmealano)

Na análise do custo de cobertura de cada fêmea. e necessário computaras variáveis referentes


aos custos fixes e variáveis com os reprodutores. Os custos fixos dos reprodutores estarão na
dependência, principalmente, do valor de aquisição do animal, do número de reprodutores necessários
e do tempo médio que cada um permanece em reprodução. Os custos variáveis com os machos estão
associados ao consumo de ração, ao alojamento. medicamentos e mão-de-obra empregada no manejo
com os mesmos (limpeza e arraçoamento). Rotava (1997) avaliou o custo de implantação de um
programa de M frente a diferentes tamanhos de plantéis (Tabela 4.2). Os custos relacionados a
implementação do laboratório foram fixados em R$ 8.500.00. Considerando um periodo de
depreciação de 10 anos. R$ 850.00 anuais devem ser amortizados nos custos das fêmeas cobertas. Os
custos variáveis envolvem 0 material gasto por fêmea inseminada, sendo este valor de,
aproximadamente. R$ 0,88. Com relação a mão-de—obra, Rotava ( 1997) afirma que o custo por fêmea
panda varia nos programas internos de acordo com o tamanho da granja/número de fêmeas
inseminadas ao ano. Segundo o autor, o custo da mão—de—obra com o uso da MN é de R$ 12,50 por
fêmea pan'da e com o emprego da M este custo varia entre R$ 31,30; R$ 15,60 e R$ 12,50, em granjas
com 100, 200 e 300 matrizes, respectivamente. Com isso, o custo da mão-de-obra tende a inviabilizar o
emprego desta tecnologia em granjas com até 200 matrizes. Em qualquer uma das simulações, a mão-
de-obra representa o principal encargo a incidir sobre o custo da cobertura, representando de 65 a 75%
deste valor, reduzindo, parciaimente, sua participação com o aumento no custo fixo com os
reprodutores. Paralelo ao valor da mão-de-obra, encontra-se o valor destinado à aquisição do
reprodutor. Quanto maior o valor do macho, maior será sua participação nos custos de cobertura.
Entretanto. deve ser levado em conta que o emprego de reprodutores de melhor qualidade promove
uma aceleração dos ganhos genéticos.

28
SUINOCULTURA EM A

Tabela 4.2: Custo (em R$) por fêmea fecundada, de acordo com o tamanho do plantel, utilizando
a comparação entre inseminação artificial (IA) e a monta natural (MN).
sistema de Mach-o -.-Raçaa Equipa Bisnagas- mao
Cobertura '' mento Pipetas elo"-
Diluente Obra
MN“ 6,08 3,34 - - 12,5 0,97 22,89

IA 100 fêmeas* 4,60 2,76 2,22 0,88 31,3 1,55 43,26


200 fêmeasª'ª 3,04 1,82 1,12 0,88 15,6 0,87 23,33
300 fêmeasª'ª 2,53 1,52 0,74 0,88 12,5 0,64 18,81
400 fêmeasªª 1,90 1,14 0,55 0,88 12,5 0,48 17,45
500 fêmeasªª 1,52 0,91 0,44 0,88 12,5 0,38 16,63
M 100 fêmeas“ 7,29 2,76 2,22 0,88 31,3 1,55 45,95
200 fêmeas" 7,29 1,82 1,12 0,88 15,6 0,87 27,58
300 fêmeas" 7,29 1,52 0,74 0,88 12,5 0,87 23,80
500 fêmeas“ 7,29 1,14 0,44 0,88 12,5 0,38 22,63
* macho de R$ 800,00,- “ macho de R$ 3.500,00 Rotava [1997].

4.1 Custos funcionais e de implantação de uma CIA em programas fechados


Para avaliar os custos envolvidos na implantação de uma CIA, uma série de variáveis capazes
de influenciar na viabilidade da M, devem ser levadas em consideração. Como base para esta avaliação
deve ser levado em conta o plantel de matrizes a ser inseminado & consequentemente, a demanda de
sêmen diária, semanal ou mensal. Nesse sentido, foi realizado um estudo, no qual foram elaboradas
planilhas classificando as CIA: em dois tipos: uma básica e uma de ponta (Wentz et al,. 2000). A CIA
básica (CiAb) oferece espaço e equipamentos necessários para atender um plantel máximo de 1500
matrizes, enquanto que a CIA de ponta (ClAp) atende, no minimo. 1000 matrizes. Para calcular os custos
de implantação dessas centrais, foram levados em consideração os indices técnicos do rebanho,
instalações, equipamentos, material de consumo, mão-de-obra, custos com machos e custos com
manutenção/depreciação.
Como indices técnicos, foram considerados 2,4 partos/porca/ano, 3 inseminaçoes/estro e 85%
de taxa de parto, estimando uma produção de 1500 doses inseminantes por macho ao ano. Para a CML)
foram considerados plantéis de 100 a 1500 matrizes, e para a ClAp de 1000 a 5000 matrizes. Para a CiAb
foi determinada uma área de lºmº destinada ao laboratório, P'mºpara sala de coleta e ªlmªpara sala de
higienização. Para a ClAp foi determinada a mesma área para a sala de higienização, 14 m" para duas
salas de coleta, lõmº para o laboratório e Smª para o almoxarifado. Para realizar as adaptações das
instalações existentes, foram computadas para a sala de higienização, sala de coleta e almoxarifado um
indice de 40% do custo unitário básico da construção civil (CUB-RS de maio/2000), e para o laboratório
60%. Para a área construida, foi considerada depreciação em 20 anos com valor residual de 10%, com
custo de manutenção em 1% ao ano.
Os equipamentos prºpostos para a ClAb foram microscópio com contraste de fase, banho-
maria, forno de Pasteur, estufa 16ºC, balança digital, destilador, deionizador, refrigerador doméstico,
platina de aquecimento, fogão e manequim. Para a ClAp foram considerados os mesmos equipamentos,
acrescidos de um fotômetro, uma balança analítica, uma mesa térmica, uma autoclave, um manequim e
um forno Pasteur. Para os equipamentos considerou-se uma vida útil de 10 anos, com valor residual de

29
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA

20%, com 1,5% de manutenção anuai.


Os componentes do material de consumo foram diluente BTS (Beltsville Thawing Solution),
embalagens para as doses de sêmen, termômetros, lâminas, iaminulas, backers. pipetas, erlenmeyers,
câmaras hemocitometricas, tubos de ensaio, pipetas para realizar a IA. copos coletores, material de
limpeza e desinfecção, luvas e recipientes plásticos, em quantidade adequada a cada CIA.
Para a comparação de custos entre a MN e a IA, foram avaliados somente os custos de
produção relativos ao manejo reprodutivo. Para a monta natural foram considerados machos de
R$500,00 e para a lA machos de R$ 1.500,00. Também entraram na análise machos de R$500,00 e
R$3.500, 00, empregados na IA sendo comparados aos custos da MN. Entre os custos de mão—de—obra,
foram considerados o tempo para o diagnóstico de estro, para a coleta-processamento do ejaculado e IA
propriamente dita ou o tempo necessário para o acompanhamento da MN. Nesse caso, o custo unitário
de mão—de—obra para a CIA foi maior, pois este recurso deve ser especializado. A quantidade de machos
utilizados para o cálculo na MN foi 5% do total de fêmeas, enquanto que na CIA foi 1%. sendo que o
número total de machos nunca foi inferior a três. Nos dois sistemas foi considerado um indice de
reposição de 50% ao ano, considerando como valor residual de venda de macho, 200 kg de suíno.
Quanto ao consumo de ração foi levado em conta 3 kg/dia por macho. Não foram avaliados os
ganhos implícitos da melhora genética imposta por machos de maior valorzootécnico utilizados na IA.
Como custo anual, foram considerados a depreciação e manutenção de equipamentos e
instalações, custos de renovação do plantel de machos, alimentação e medicamentos para machos do
plantel, material de consumo e mão-de-obra.
Na Tabela 4.3 e 4.4 são apresentados os custos de implementação de uma CIA básica e os da
CIA de ponta, respectivamente. Chama a atenção nestes custos, das duas CIAs. que as instalações e
equipamentos permanecem fixos, independente do número de matrizes atendidas, vedando apenas os
valores de material de laboratório, a medida que aumenta o número de matrizes atendidas. Entretanto,
quando são incluidos os valores dos machos, a medida que aumenta o número de matrizes atendidas
ocorre, paralelamente, um aumento substancial dos custos de implantação com a incorporação de um
maior número de machos necessários para atendera demanda de sêmen.

Tabela 4.3: Custos para a implantação de uma Central de Inseminação Artificial básica para suinos
(em R$), de acordo com o tipo de instalações, equipamentos, material de laboratório e machos
utilizados e o número de fêmeas a serem atendidas.

Instalações 5.115 5.115 5.115 5.115 5.115 5.115 5.115


Equipamentos 9.825 9.825 9.825 9.825 9.825 9.825 9.825
Mat.1.abarat6rla 537 660 835 950 1.1 14 1.745 2.297
Sub-total 15.477 15.600 15.776 15.891 16.055 16.686 17.238
Machos 4.500 4.500 4.500 6.000 6.000 12.000 15.000
Total 19.997 20.100 20.276 21.890 22.055 28.686 32.238

Wentz et al. {2000)

30
SUINOCULTURA EM A

Tabela 4.4: Custos para a implantação de uma Central de Inseminação Artificial de ponta para suínos
(em R$), de acordo com o tipo de instalações, equipamentos, material de laboratório e machos
utilizados e o número de fêmeas a serem atendidas

instalações 9.247 9.247 9.247 9.247 9.247


Equipamentos 17.342 17.342 17.342 17.342 17.342
Mat.l.aborat6río 1.742 2.294 2.856 4. 157 6.381
Sub-total 28.330 28.882 29.444 30.746 32.970
Machos 12.000 15.000 24.000 36.000 60.000
Total 40.330 43.882 53.444 66.746 92.970

Wentz et al. (2000}

Em outro trabalho, Weber et al. (2003) compararam o custo de implantação de uma CIA
fechada de acordo com o número de matrizes atendidas. Houve uma redução de até 69,4% do custo de
implantação de uma CIA por matriz & medida que o número de matrizes atendidas passou de 250 para
5000 (Tabela 4.5)

Tabela 4.5: Custo de implantação das ClAs(em R$), em sistema fechado de produção, de acordo com o
número de fêmeas atendidas.
_ —

Nit-hero de fêmeas atendidas


250 500 1000 2000

Custo total das instalações 16. 7 96. 13 18.011.22 24.869,26 38.905,70 65.766,92
Custo total dos reProdutores 12.330.00 16.440,00 32.880,00 57.540,00 143.850,00
Custo total dos equipamentos 7.904,66 7.904,66 9.282,26 13.764,69 16.977,69
'- ' Total arma.-rs 42.355,88 67.031,52 "0.210,39 226.594.,6152._ i
Adaptado de Weber et al. (2003)

Os custos de implantação das 0145 merecem a atenção individual a cada unidade, pois muitas
vezes é possivel adaptar instalações e reduzir custos na aquisição de reprodutores e equipamentos.

31
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

4.1.1 Custos da dose inseminante & custos por parto


Os custos da dose ínseminante de uma central básica e de uma centrai de ponta são
apresentados na Figura 4. 1. Na CiAb o custo da dose inseminante cai de valores superiores a R$ 20,00
para valores próximos a R$ 5.00, quando se compara um plantel de 100 e 500 matrizes.
respectivamente. Na CiAp há uma queda de R$ 3,50 para R$ 2,50 quando se compara um plantei de
1000 e 5000 matrizes respectivamente. Os custos reiacionados ao parto, comparando a MN, na CIA!) &
CiAp são apresentados na Figura 4.2. Pode ser observado que os custos com a IA passam a ser menores
do que os da MN na CIA básica entre 600 e 700 matrizes, enquanto na CA de ponta a partir de 1000
matrizes.

24 -
I CIA Bisica
20 "' I ClAde Ponta

Monta Natural

" uh n]
ent: et al. (.2000)

Figura 4.1: Custo da dose inseminante [em R$) produzida em centrais de inseminação artificial. de
minus. básica e de ponta,.

80 ª
70 —
60 - I maasica
50 _ I ClAde Ponta
40 -
30 -
20 - Monta Natural
10 :
º -

Figura 4.2.- Custo por parte (em RS). com o uso da inseminação artificial em uma central básica ou
de ponta comparado ao uso da manta natural, de acordo com o número de fêmeas e serem atendidas.

32
SUINOCULTURA EM A

Weber et al. (2003), trabalhando com os custos envolvidos na produção de doses


inseminantes para ClAs fechadas atendendo de 250 a 5000 matrizes, observaram que o custo final da Di
variou de R$ 4,17 (5000 matrlzes) a R$ l4. 72 (250 matrizes) entre as diferentes ClAs (Tabeia 4.6). Estes
valores são superiores aos praticados atualmente por ClAs de sistemas abertos em nosso meio, cujos
preços variam entre R$ 3,00 e R$ 4,00 por Dl. Porém, comparando-se com estudos realizados em
granjas que realizam a MN como método de cobertura, verifica-se a viabilidade da implantação de ClAs
em granjas com mais de 400 matrizes. Quando se avalia a composição do custo da Dl, observa-se que os
reprodutores representam de 19,38 (250 matrizes) a 41,07% (5000 matrizes) de custo final da Di. A
mão-de—obra também foi um ponto importante na composição do custo, principalmente nas ClAs
menores, chegando a 43,03% do valor Final nas ClAs que atendem 250 matrizes. Desta forma, podemos
constatar que na média das CiAs simuladas 58% do custo da Dl está concentrado nestes dois itens. No
material de consumo, o item material de processamento do sêmen corresponde de 7,03% (250
matrizes) a 15,87% (5000 matrizes). No entanto, quando se avalia os constituintes deste item, observa-
se que 58,33% (250 matrizes) a 86,5% (5000 matrizes) do custo do material empregado no
processamento do sêmen está representado por diluente e bisnaga de envase da Di. Os demais itens
como instalações (1.65 a 2, 19%), equipamentos (1.04 a 5.44%). medicamentos, vacinas e exames dos
machos (0,53 a 0,61%), custo Fixo (2.37 a 4.08%) e ração (3, 19 a 7, 15%) têm uma menor participação
no custo da Dl. O custo dos reprodutores representou até 41,07% do total da Dl (5000 matrizes). O
valor da mão—de—obra e & depreciação dos equipamentos são os fatores que mais comprometem no
custo das Dls nas ClAs menores. Quando comparamos a mão-de-obra e a amortização dos
equipamentos nas CiAs que atendem 250 e 5000 matrizes, observamos uma variação de 212,7% e
452,2%, respectivamente.

Tabela 4. 6: Composição do custo da dose inseminante (Di) em centrais de inseminação artificial de


suínos de acordo com o número de fêmeas atendidas.

N' o' f“ t d'd


Constituintes do Custo da III- "mam e ªmº” ª E" ' ªs
250 500 1000 2000 5000

mais: de Consumo (ao... 4=.-,_ _ _ _ _ -


Material para o Proces. Sêmen 7,04 10,87 11,31 14,3? 15,88
Medicamentos, Vacinas e Exames o,5 7 0.58 0, 78 0.62 0.56
Ração 3. 67 6,02 5,84
man de cara (%) _ m '- - - ' -
o Fixo (%)
momma 6%) _ _; . ; :
Reprodutores 22,56 3 1,83 30,90 41,07
instalações (0,1% a.m.) 2,51 2,35 2,29 1,99 1.?9
Eqmpamentºs (01% ª "ª.-) -. _. . ..."-'ª',
Custa DilRS) 4.72 8,68 6.15 4,17
Weber et al. (2003)

33
. lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA

4.1.2 Custos anuais de uma central de inseminação artificial

Os custos anuais das ClAs básicas e de ponta são apresentados na Figura 4.3. O custo da mão-
o‘o—obra para as CIAs do pequeno porte aparece como principal componente do custo por femea panda.
0 ligeiro aumento dos custos de mão-de-obra das ClAs, verificado na passagem de 1000 para 15.00
matrizes, deve-se à inclusão de um novo funcionário, justiiicado devido ao aumento da rotina de coleta e
processamento de ejaculados. Nas ClAs maiores, embora o custo da mão-de-obra seja o mais
importante, com a inclusão de novos empregados, a mão—de—obra fica diluída devido ao aumento da
participação do custo dos machos e dos materiais de consumo que passam a ter maior importância. Com
isso, o custo anual por fêmea acaba diminuindo ã medida que aumenta o número de matrizes atendidas
pela CIA.

80 80 ª _
*ª 70 70 & Machos

É ªº 50 É Mão-de-obra
g3 50 50 :; ..........
ª 4a 4a % Mat. de Consumo
a ao ao 5 -----
u m Equipamentos
1, 20 20 13
É IO 10 g instalação

100 200 300 400 500 1000 1500 1000 1500 2000 3000 5000
Número de Matrizes Wont: et al. (.2000)

Figura 4.3: Custos anuais (em R$) de Centrais de inseminação Artificial básica e de ponta atendendo
a diferentes números de matrizes.

4.1.3 Viabilidade da implantação de uma central de inseminação artificial

A viabilidade de uma CIA está na dependência do custo dos machos que formarão seu plantel,
como mostra a Figura 4.4. Trabalhando com machos de R$ 500,00 a R$ 1.500,00, torna-se
economicamente viável a implantação de uma CIA a partir de 600 matrizes, sem considerar as vantagens
advindas da melhoria genética como melhor remuneração de carcaças, melhor eãciência alimentar,
maior ganho de peso diário e menor tempo para atingir o peso de abate. Entretanto, com o aumonto do
valor dos machos, uma CIA torna-se viável somente com um número maior de matrizes, pois con forme
demonstrado por Weber et al. (2003), os reprodutores podem representar até 41% do custo total da
dose inseminante.
O retorno do investimento em uma CIA básica para 500 matrizes, incluindo os custos com os
machos, ocorrerá em 35 meses, enquanto que a mesma centralpara 1500 matrizes trará um retorno em
16 meses. Para uma CIA do ponta. adicionando o valor dos machos, o tempo do rotorno é do 22 meses,
para atender 1500 matrizes e 15 moses para 5000 matrizes,
A instalação de uma central de inseminação artificial em uma granja de suínos, da forma como
foi analisada neste estudo, torna-se viável a partir de aproximadamente 600 matrizes. Deve ser
salientado, entretanto, que neste estudo não foram levadas em consideração as vantagens advindas de

34
SUINOCULTURA EM A

utilização de machos geneticamente superiores. Esses reprodutores tem condições de produzir uma
progênie que apresentará uma melhor conversão alimentar, permanecendo na granja por um menor
periodo de tempo e com melhor remuneração de suas carcaças. Alem disso, não foi incluida a
possibilidade de utilização de mão-de-obra existente na granja ou mesmo familiar para o trabalho na
central, bem como nas adaptações simplificadas das instalações pré-existentes, A inclusão desses fatores
na avaliação da relação custo-beneficio com a implementação de um programa de IA, é possivel que haja
uma alteração substancial nos custos apresentados. Para uma avaliação fidedigna é necessário um estudo
individual, de caso a caso. Entretanto, com a inclusão desses novos fatores na análise bioeconômica do
processo, haverá uma redução drástica do número minimo de matrizes a serem inseminadas para
viabilização do processo.

É 100
E 30 - - - - Monta Natural
0 so — Macho: 051500.00
E:. 40
É 20 - - — - Riachos R$500.00

5 _ Madras 053.500,00
100 200 300 400 500 I000 1500 2000 3000 5000
Número de Matrizes Wentz et al. (2000)

Figura 4.4: Viabilidade da implantação de uma Central de Inseminação Artificial de Suínos, com machos
de R$ 500,00: 051.500,00 0 053.500,00. comparando com custos de Monta Natural, atendendo
a diferente número de matrizes.

4.2 Custos funcionais e de implantação de uma CIA em programas abertos


Ao lado da viabilização econômica dos programas internos ou fechados. existem os programas
abertos que comercializam as doses diretamente aos usuários. As ClAs, em programas abertos. estão
basicamente ligadas a associações de criadores e a programas de integração, São raros os exemplos, de
ClAs abertas que comercializam doses de sêmen fora destas condições. No Brasil, com a melhora no
sistema de comunicação rural, a maior limitação na expansão deste programa e a dificuldade no
transporte das doses ate a propriedade (Bortolozzo & Wentz, 1997). Os custos por dose comercializada
variam entre R$2,00 e R$41,00, sendo adicionado o valor da IA propriamente dita e o
transporte/comunicação com a CIA. Na Tabela 4. 7, foram simulados os custos da IA por fêmea parida,
em programas abertos de IA. 0 custo final variou entre R$ 6,83 e R$ I2. 83, de acordo com o tamanho da
propriedade e o custo da Dl, Os custos referentes ao transporte e comunicação, por variaram
enormemente nas diferentes situações, não foram computados, assim como os custos referentes à mão—
de-obra para executara IA.

35
E ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Tabela 4. ?: Custo (em RS) em programas abertos de IA, por fêmea parida, levando em conta variações
no tamanho da propriedade e no custo da dose fornecida.

Número de [As realizadas ao ano' 172 345 690


Custos fixos com a JA,/fêmea parida (RS); 0,58 0,29 0,15
Custos variáveis/fêmea [mourl'cfa(RS)3 0,25 0,25 0,25

Dose & R$ 2,00


Dose & R$ 3,00 9,83 9,54 9,40
Dose à R$ 4,00 12,83 12,54 12,40
Custos com Comunicação e 'n'ansporte NC“ NC NC

' 2,3 iAslfãmeafano :: 3 iAs/Estro Wªit?- ªt ª- (2000)


* Depreciação de equipamentos (geladeira, esterilizadol; etc...) R$ 1.000,00 em 1'0 anos
ª Material de consumo em cada IA (R$ 0,25)
" NC - Não Contabilizado

O custo da Dl e composto por uma série de itens, os quais assumem maior ou menor
importância em relação ao tamanho da CIA. Bonnemann ot al. (2003) calcularam os custos de Dis e a
importância dos seus componentes para três diferentes ClAs. Nesse trabalho, foram avaliadas despesas
com materiais de consumo, mão-de-obra, custos fixos (energia elétrica, teiefonia, consumo de água,
manutenção). de aquisição de reprodutores. de instalações, de equipamentos, amortização e capital
investido. Nos indices técnicos foram considerados uma produção de 2. 000 doses de
sêmen/reprodutor/ano e uma taxa de reposição de 50% ao ano (produção estabilizada). Foram
consideradas ClAs com 50. 150 e 500 reprodutores, planejadas de maneira similar, respeitando as
devidas proporções. Para as instalações foi considerado o custo unitário de construção civil (CUB-RS de
junho de 2003), sendo 1,2 CUB o calculado para a área do laboratório e 0,6 CUB para a área do galpão
de reprodutores e barreira sanitária. As ClAs de 150 e 500 reprodutores foram planejadas com galpão
climatizado. A CIA do 50 reprodutores foi planejada para trabalhar de forma não automatizada. As ClAs
de 150 e 500 reprodutores, alem dos equipamentos básicos (microscópio com contraste de fase, banho-
maria, balança, conservador de sêmen, estufa, entre outros). possuiam ainda um tanque para preparo
do diluente e equipamentos semi-automáticos de diluição e envase do sêmen. Os componentes do
material de consumo foram: diluente ETS. bisnagas/garrafas de IA. sacos plásticos para coleta de sêmen,
luvas e demais materiais envolvidos na avaliação e processamento de sêmen. Todo material que entrou
em contato direto com o sêmen era descartavel. Em todas as CIAs foram utilizados reprodutores a um
custo de R$ 4. 110,00, Para a ração foi considerado um consumo de 2,7 kg/reprodutor/dia a um custo de
R$ DAO/kg. O quadro de funcionários foi de 4 para a CIA do 50 reprodutores, 6 para a CIA do 150 e 10
para a CIA do 500. As ClAs de 150 e 500 reprodutores contaram ainda com 1 veterinário. Para a CIA do
50 reprodutores considerou-se o valor de 33% do custo de um veterinário. No item mão-de-obra, foram
considerados encargos de 64% sobre o salário base. O custo financeiro foi calculado sobre 1% do capital
investido. As instalações foram amortizadas em 20 anos. Como custo de manutenção de instalações e
equipamentos foi calculado em 0. 1%,ao mês sobre o valor das instalações e equipamentos.

36
SUINOCULTURA EM A

O custo final da Dl, bem como o valor percentual de cada componente do custo da mesma, de
acordo com a CIA é apresentado na Tabela 4.8. O custo da Dl foi similar nas ClAS de 50 (R$ 3,04) e i50
(R$ 2.99) reprodutores, apresentando uma variação de 1.64% entre elas. Na CIA de 500 reprodutores,
o custo da Di (R$ 2,54) foi 16.44% e 15.05% inferior as CIAs de 50 e 150 reprodutores.
respectivamente. Esta redução se deve, principalmente, a diluição do custo da DI pelo aumento do
número de Dls produzidas. Na CIA de 500 reprodutores, a redução dos custos ocorre, principalmente,
no item mão-de-obra (32. 99% e 68.18% menor que as ClAs de 150 e 50 reprodutores). Nas três
situações simuladas, o material de consumo e a amortização dos raprodutores representaram 64 a 77%
do custo total da Dl. Quando se estratificou o material de consumo, o diluente representou.
aproximadamente, 7 a 8% do custo total da DI. No entanto, quando foi avaliado 0 item material de
consumo. isoladamente (material para o processamento Sêmen), o diluente foi responsável por
aproximadamente 23% do custo desta variável, independentemente do tamanho da CIA. 0 item
embalagem (bisnaga) correspondeu a, aproximadamente, 32% deste custo nas três situações. Desta
forma podemos observar que 55% do custo do material de consumo foi concentrado em apenas dois
componentes. A aquisição de reprodutores foi outro ponto importante na composição do custo da DI.
representando 34 a 41% (Tabela 4.8) do custo final da DI. isso demonstra a importância de um manejo
otimizado, capaz de usufruir ao máximo do potencial reprodutivo dos animais. Nas três simulações, os
demais itens como mão-de-obra (4.34 a 13.64%). custo fixo (2.08 a 3.55%). amortização de
instalações (1. 13 a 2.25%). de equipamentos (0,93 a 1.85%). ração (6.58 a 7.84%) e medicamentos,
vacinas e exames (0.26 a 0.40%) tiveram uma menor infiuãncia no custo da Dl. Desta maneira, quando
se pensa em redução de custo da DI produzida. deve-se agir, principalmente, no item aquisição de
reprodutores e eficiência de produção (doses/reprodutor/ano). Novas tecnologias baseadas na redução
do número de Sptz, bem como do volume da DI tem sido estudadas como uma alternativa de otimizara
produção de Dis. A redução do número de sptz por dose de 3 para 2 bilhões de sptz significa um ganho
de 50% no número de Dis produzidas sem que haja prejuizo a performance reprodutiva.
O custo da DI está fortemente relacionado ao custo dos reprodutores e ã eficiência produtiva
dos mesmos. No entanto, o ganho genético assume importância fundamental no melhoramento de
indices técnicos e de carcaça. Assim. para que esse custo não inviabiliza a implantação da CIA. devem ser
adotadas medidas que otimizem a eficiência produtiva dos reprodutores, como aumento na produção
anual de doses inseminantes.

37
E lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTUM TECNIFICHDA

Tabela 4.8: Composição do custo da dose inseminante em centrais de inseminação artificial de


suinos de acordo com o número de reprodutores alojados.
Número de Reprodutores
iii-itens da Composição do Custo Dl
(' 50 150 500

ªtada] de Consumo (%) l — — - -


Material para o Processamento de Sêmen 23,14 25,12 28,22
Medicamentos, Vacinas e Exames 0,40 0,32 0,26
Ração 6,58 ªº?
Intão-depara (95); ' así—a
Em Fixo (96). as aos
ortfzaçãa (96) _ ;
Reprodutores (Royaits) 34,77 35,25
instalações 2,04 2,25
Equipamentos _ _ _ L62 1,85
s "ª. .:::-E.“, ª;.“ :";

Custa D: (R$) 3,04 2,99 ,4


Bennemann et al. (2003)

4.3 Custo da dose inseminante na inseminação artificial intra-uterina


Nos últimos anos, vários trabalhos têm demonstrado que é possivel a redução do número de
espennatozõides por dose sem prejuizo ã perfomance reprodutiva da fêmea quando a técnica de
inseminação intra—uterina (MW) e utilizada. Esses estudos permitiram a quebra de muitos paradigmas
técnicos envolvendo a lAU. Entretanto. permanece a pergunta: É viável implementar essa tecnologia
comercialmente na suinocultura tecniiicada?
Visando realizar uma analise bio-econômica do processo, realizou-se uma simulação dos
custos de produção de doses para a M tradicional (MT) e lAU. Para a iAT. a simulação foi realizada
analisando os custos de produção de uma Chªt com 50 machos alojados e com a produção de 8 mil doses
inseminantes ao mês (doses com 3 bilhões de espermatozóides). No caso da lAU, foi simulada uma CIA
que produziria as mesmas 8 mil doses ao mês com a produção de 80% de doses para lAU ( l bilhão de
espennatozõides) e 20% de doses de MT (3 bilhões de espermatozóides, para empregar em leitoas).
Com isso, a CIA passou a operar com somente 20 machos. Ambas as CiAs estavam com a idade dos
reprodutores estabilizada. mantendo uma taxa de reposição de 50% ao ano e trabalhavam somente
com machos terminais de uma linhagem a um custo de R$ 3.000,00 cada reprodutor.
Avaliando o custo das doses produzidas na CIA que produzia doses para mu, o valor bruto
associado aos reprodutores foi reduzido (custo de amortização dos machos, ração, medicamentos.
vacinas, manutenção e amortização de instalações). Os custos relacionados a mão-de-obra foram
mantidos nas duas ClAs, embora tenha havido uma sutil redução das atividades na CIA com lAU, optou-
se por uma melhor remuneração da equipe devido ao trabalho mais especializado. Com relação ao
material de consumo, houve também uma sutil redução nos custos com a iAU devido, principalmente, à
redução do volume da dose inseminante e no número de coletas. O custo final da dose produzida, bem
como a participação percentual de cada componente, na cm com 50 machos para lAT e na ClA com 20

38
SUINOCULTURA EM A

machos para lAU e apresentado na Tabela 4.9. Adicionalmente foram simulados dois cenários
complementares na ClA com 20 machos para mu: em um cenário foram empregados machos de maior
valor genético a um custo de R$8.000,00 e no outro cenário, além de manter machos de maior valor
genético, empregou-se um diluente de sêmen de longa duração a um "custo cinco vezes superior ao
empregado na lAT. Nos dois primeiros cenarios, o custo da dose na lATe na lAU ficaram em R$4,24 e
R$2.85, respectivamente. Entretanto, nos dois cenários complementares da lAU o custo da dose variou
de R$44,46 a R$5.00 (Tabela 4.9).
Partindo do custo das doses MT e lAU, foi simulado o custo estimado por fêmea coberta
(Tabela 4. 9). Foi observado que, ao utilizar-se uma Dl similar, sem agregação de valor, na lAT (custo Di
R$4,24) e na lAU (custo Dl R$2,85), o custo final por fêmea coberta Ficou muito próximo, R$10,55 e
R$ l0,45, respectivamente. No entanto, quando a Dl utilizada tem agregada em seu valor o custo de
machos geneticamente superiores (custo Dl R$ 4,46) e o uso de diluentes de melhor qualidade (custo Di
R$5,00), 0 custo da fêmea coberta passa para R$ 13. 99 e R$ 15. 18, respectivamente.
Baseado nessas simulações é possivel concluir que, o emprego da M U. quando comparado a
lAT. não proporciona uma redução direta expressiva no custo de cobertura das matrizes. Ou seja, aquela
redução nos custos de cobertura obtidos quando se passou da monta natural para a Mi“, tenderá a não
ocorrer se, por ventura, a lAT for substituida pela lAU. Dentro das disponibilidades do momento, no
máximo, o custo da fêmea coberta na lAU ficará próximo a Mi", mas não expressivamente inferior. Com
isso, a grande expectativa com o emprego da lAU ficará relacionada aos ganhos genéticos oriundos de
machos geneticamente superiores, conforme pode ser observado na simulação onde machos de maior
valor genétlco associado a diluente de melhor qualidade foram empregados. Por exemplo, se ao
empregara lAU com um custo de cobertura da ordem de R$ 15. 18 (utilizando a Dl com custo superior) e
produzindo 10 terminados/fêmea/coberta, o custo da cobertura por terminado será R$ 1,52. Na lATo
custo da cobertura por terminado sera R$ i,06, ou seja há uma diferença de R$a-ªlô por terminado
oriunda do custo de cobertura, que deve ser amortizada no ganho genético diferenciado desses animais.
Entretanto ao empregar a lAU. deve-se estar atento às mudanças implicitas no emprego da
tecnologia, pois, a partir de um ejaculado, produz-se 70-90 doses. Possiveis falhas na produção das
doses terão uma resposta proporcionalmente maior quando comparadas a lAT. Além disso, uma atenção
cada vez maior deverá ser dada ao treinamento e qualificação do ser humano empregado no processo,
seja na ClA no processamento dos diferentes ejaculados, seja na granja procedendo as inseminações,

39
E lNSEMlHAÇÃO ARHFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Tabela 4.9: Custo estimado por fêmea coberta (R$) através da inseminação artificial tradicional (IA'U
e intra-uterina (MU) com diferentes pipetas/cateteres, levando em consideração que foram
realizadas 2,2 inseminações por estro.
i . _ [AU com Cateter descartáºve
Dl Básico Dl Médio Dl M$"

Custo Dose lnseminante (Dl) (R$) 4,24 4,24 2,85 4,46 5,00
Custo Cateter (R$) 0,15 0,60 1,50 1,50 1,50
Custo mão—de—obra (MO) por IA (RS) 0,40 0.35 0.40 0,40 0,40
Custo por [A (RS) (Dl+cateter+MD) 4,79 5,19 4,75 6,36 6,90
Custo totalifêmea (R$) (2,2 IA/Estro) 10,55 11,42 10,45 13,99 15,18
MR: Pipeta Melrose reutilizável; DS = Pipeta 'li'adicional Descartável. Weber ªt ai. (2005)
Dl básico: Dose de [All com macho R$3.000,00
Dl médio: Dose de MU com macho R$ 0.000,00
Dl superior: Dose de MU com macho R$ 8.000,00 e diluente com custo 5 vezes superior

4.4 Ganhos associados a implantação de um programa de IA


Os beneficios obtidos, através do melhoramento genético do rebanho, com o emprego da M.
seria uma das principais vantagens da técnica. lndiscutivelmente, o inicio da tipificação de carcaças,
implementada pela maioria dos frigoríficos nos últimos anos, foi um dos principais responsáveis pelo
aumento no emprego da M. Através da diferenciação na remuneração no frigorifico, o produtor foi
estimulado a produzir carcaças com um maior rendimento para obter bonificações ou, caso contrário,
estaria sujeito a penalizações (lrgang et al., i996; Favero et ai., 1997). Baseado nesse raciocinio, não é
fácil estimar os ganhos obtidos através do emprego da IA. refletidos no melhoramento das carcaças.
Wentz & Bortolozzo ( 1998) estimaram que a cada ponto percentual de carne magra agregado a carcaça
de suinos terminados, abatidos com 98 kg de peso vivo, a partir de uma média anterior de 50 a 54% de
carne magra, seria possivel obter uma bonificação próxima a R$ i.00 por animal terminado (Tabela
4.10). isto representaria. em uma granja de 1000 matrizes (conforme o exemplo da Tabela 4. 10). com
22 animais terminados por fêmea ao ano, um rendimento anual extra de R$ 22.000,00. Entretanto, não
é fácil quantificar com precisão qual será o lucro real a ser obtido com o melhoramento genético do
rebanho, apos a introdução da IA, pois, paralelo a uma possivel bonificação no pagamento das carcaças,
deve—se computar, também, os beneficios, referentes a um aumento no ganho de peso dos animais e a
redução no periodo necessário para terminar os suinos, alcançados com o emprego de machos
geneticamente superiores.

40
SUINOCULTURA EM A

Tabela 4.10: Avaliação do ganho em R$fano e a bonificação (em R$) a cada ponto percentual
( l, 2. 3 e 4%) de carne magra agregado a carcaça de 70kg (peso vivo 100kg) utilizando o indice
estimado de valorização sugerida por Fávero et al. ( 1997). a partir de carcaças com percentual médio
de 50, 52 e 54%.
Ganho % Carne na carcaça Banificagéa Ganho RS/ano
%“ partindo de ' -. Granja com
“50% 52% 54% 500 matrizes

1 51 53 55 1,18 1,18 11.110,00


2 52 54 56 2,37 2,37 22.440,00
3 53 55 57 3,55 3.55 33550.00
4 54 56 58 4.74 4. 74 44. 880, 00
*Preçº dº k9 de peso vivo = R$ 0.36 Wentz & Bortoloazo (1998).

Com a mudança da MN para a (A, deve ser levado em conta, também, o espaço gerado nas
instalações que eram anteriormente ocupados pelos reprodutores. Se, na granja exemplificada na Tabela
4. I. ocorrer uma redução de 60 para 10 machos no plantel, quando ocorreu a mudança de MN para IA,
estarão sendo geradas 50 baias. com um espaço de ó-Bmº cada. Em cada bala e possivel alojar 2 a 3
fêmeas por macho descartado. o que representaria uma possibilidade real de aumentar o número de
matrizes do rebanho em it)-15%. Este aumento, no entanto. deverá estar associado a um investimento
paralelo, aumentando a capacidade de alojamento dos setores de maternidade. creche e terminação.

4.5 Conclusão

A viabilidade econômica na implementação da IA dependerá, em primeiro lugar, do tipo de


programa fomentado. No caso de um programa aberto, as facilidades de comunicação e transporte
entre a CIA e a propriedade serão os principais fatores a serem avaliados na viabilização do processo. Nos
programas fechados. o principal aspecto a ser considerado é o número de matrizes a ser atendido pela
CIA. Nesse caso, os pontos principais que in liuenciarão no processo são os custos associados a instalação
do programa, o valor da mão-de—obra e a interação entre o custo dos machos/tamanho do plantel a ser
atendido. Por exemplo. na Figura 4.4, sem computar os ganhos genéticos, observa-se que a partir de um
plantei de 600 matrizes e com o emprego de machos com um custo de R$ 1.500,00 já seria via'vel
implementar um programa fechado de IA. Cabe salientar, entretanto, que em propriedades menores.
com a racionalização de custos de mão-de-obra (emprego de mão-de-obra familiar) e reduções de
custos adaptando alguns passos na implementação do programa, obviamente, sem comprometer a
viabilidade técnica do mesmo. ja' é possivel implementar programas fechados que atendem de 200 a 300
matrizes.

41
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TECNIFICADA

4.6 Referências Bibliográficas

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daCunhaRS. Anais. 11.542.

42
SUINOCULTURA EM A

ivo Wentz, Paulo Eduardo Bennemann, Eduardo Wollmann e Fernando Pandolfo Bortolozzo

5.1 introdução
O sucesso de um programa de lA em suinocultura está relacionado a algumas variáveis
importantes a serem definidas durante a fase de implantação. Este exito pode ser avaliado pela
manutenção ou melhoria da produtividade do plantel atendido, segurança na movimentação de
material bioiógico entre plantéis, logistica eficiente de distribuição e baixo custo de produção das doses
inseminantes,
A M na espécie suina apresenta algumas vantagens em relação ã monta naturai que devem ser
presenradas e priorizadas durante o projeto e a implantação do programa, A biosseguridao'e do plantel
atendido está diretamente reiacionada aos cuidados a serem tomados quanto a localização e quanto ao
manejo a ser adotado na central de inseminação artificial, enquanto que a manutenção da produtividade
destes plante'is está diretamente ligada à qualidade das doses inseminantes produzidas, a partir dos
machos alojados na ClA,
A construção da CIA engloba além do dimensionamento e do desenho do pavilhão dos machos
e laboratório, também normas de biossegun'dade, preocupação com a funcionalidade e segurança dos
trabalhadores envolvidos no processo e eficiência produtiva do plantel de machos. Uma ClA bem
projetada deve apresentar eficiência na operacionalidade de seus processos, enquanto que um projeto
mai desenhado, pode dificultar todo o processo de produção, aumentando, consequentemente, os
custos de produção. Outro aspecto importante a ser considerado para as ClAs, está relacionado a
biosseguridade e a decisão de solucionar problemas, principalmente no fornecimento/atendimento ao
produtor das Dis em caso de aparecimento súbito de problemas sanitários que impeçam a centrai de
comercializar sêmen, Como o fornecimento de Dis não pode sofrer interrupção, deve ser previsto o
atendimento ao produtora partir de uma outra CIA em caso emergencial,

5.2 Localização das instalações


5.2.1 Central para programa aberto de IA
Uma central de lA disposta a vender doses inseminantes ã granjas de terceiros necessita estar
implantada em um local estratégico que combine uma quantidade suficiente de suinocuitores dispostos
a utilizara lA, gerando demanda para a produção, fácil acesso para a distribuição das Dis e que atenda as
exigências iegais de biosseguridade para a comercialização de sêmen suino. Portanto, os fatores
determinantes na definição do local de instalação de uma ClA são a locaiização dos clientes potenciais, os
métodos de distribuição das Dis e a proximidade a outras granjas de suinos.

43
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

A distribuição das Dis aos clientes da CIA pode ser considerada um ponto critico em programas
abertos e. portanto, deve ser anaiisado durante a fase de planejamento do projeto. A distribuição
envolve aspectos técnicos do acondicionamento das doses inseminantes (temperatura. incidência de luz
UV, tempo de transporte, etc), logistica de distribuição (regiões e responsáveis). biosseguridade (manejo
das caixas acondicionadoras e trânsito de veiculos) e custos. bem como comunicação.
A necessidade de comunicação e' imprescindível para o funcionamento de uma CIA. seja para
o recebimento de encomendas de Dis ou para remessa das mesmas aos clientes. Um sistema de telefonia
desenvolvido e estradas em bom estado, seriam as premissas básicas para uma boa comunicação entre os
produtores e a central, permitindo que o sêmen seja recebido com facilidade e pontuaiidade pelos
produtores. A possibilidade de recebimento de encomendas e envio de sêmen através de um sistema de
transporte municipal ou inter-municipal regular (ex: ônibus), é uma possibilidade potencial, desde que
todas as pessoas envolvidas no processo, sejam devidamente esclarecidas e que tenham
responsabilidade sobre a importancia do procedimento. Também a utilização de outros transportadores
regionais (ração e ieite), seriam possibiiidades que poderiam ser acionadas na distribuição de sêmen para
as propriedades. Mais recentemente, a utilização de transporte especifico (motos ou carros) está sendo
utilizado com maiorsegurança e eficiência na maior parte dos programas de IA.
A biossegunidade deve ser priorizada no momento da definição da localidade atendendo às
exigências legais. As instalações devem ser construidas com uma distância minima de 3 a 5 km de outras
instalações de suinos, matadouros, estradas principais e estradas com grande fluxo de animais e centros
urbanos. Embora dificilmente possa ser comprovado a possibilidade de contaminação de criatórios de
suinos por agentes ou microbiota especifica, quando as distâncias forem menores, deve-se sempre
pianejar a construção o mais distante possivel de outras criações e estradas, otimizando a logistica de
transporte (recebimento de ração e insumos, e, envio de doses inseminantes) o máximo possivel. Na CIA
o planejamento de barreiras sanitárias para o fluxo de pessoal e de materiais bem como a construção de
cercas de isolamento na periferia das instalações para dificultar a entrada de animais silvestres e com
placas de advertência sobre a proibição de entrada de pessoas estranhas ao serviço devem fazer parte do
projeto. Deve ser considerada a previsão de futuras instalações para suinos nas propriedades vizinhas.
evitado o descumprimento da distância minima recomendada.
Dentre as medidas de biosseguridade adotadas , a quarentena talvez seja a mais importante e
decisiva, pois muitas enfermidades são transmitidas através do ingresso de animais doentes ou
portadores de agentes infecciosos no plantel. Para tanto devem ser construidas instalações específicas
para este fim, sendo isoladas da instaiação principal e de outras criações animais. utilizando barreiras
naturais entre ambas. O tamanho da quarentena dependerá da taxa de reposição planejada para o
plantei. da disponibilidade da entrega de machos peios fornecedores e das doenças a serem
monitoradas. Nesta instalação poderá ser prevista a construção de uma baia de treinamento com
manequim para que sejam treinados os machos de reposição para realizar os primeiros saitos.
A CIA aberta e uma alternativa para pequenos produtores que desejam utilizara inseminação
artificial. para os quais o investimento em uma CIA própria seria inviável ou para produtores grandes que
não desejem investir neste tipo de produção. Permite também, o acesso ao sêmen de machos de alta
qualidade genética que seriam dificeis de serem adquiridos pelos produtores, devido a preços muito
elevados praticados pelos programas de melhoramento genético.
SUINOCULTURA EM A

5.2.2 Central para programa fechado de M


As centrais destinadas ao fornecimento de doses inseminantes para uma Única granja devem
ser construidas na área fisica da granja. O local indicado para a instalação do laboratório e das baias dos
machos doadores de sêmen poderá ser em uma área anexa ao local de desmame, quando este for em
local fixo, ou em outra área próxima ao setor de gestação e reposição, Esta proximidade possibilita a
utilização dos doadores para o estimulo das fêmeas pós-desmame e diagnóstico de estro e racionaliza a
mão—de—obra, pois normalmente a equipe do setor de gestação administra o funcionamento da CM.

5.3 Desenho da central de inseminação artificial


Uma vez escolhido o local a ser construida a central. e importante situar no terreno as
construções necessárias: barreira sanitária com escritório, refeitório e vestiário, o pavilhão dos machos e
laboratório, corredor de entrada e saida de animais, lagoas de dejetos, silo para ração, poço artesiano,
galpão para depósito e cercas entre outros, Dependendo do tamanho da CM, também e importante a
construção de um localpara destinar os animais mortos (composteira, fossa septica). A funcionalidade da
disposição das instalações tornam mais fácil e segura a movimentação de machos, a entrada de pessoas e
materiais, a entrega de ração e a remoção de animais mortos sem comprometera biosseguridade,

5.3.1 Barreira sanitária

Além dos cuidados em termos de localização, cercas de isolamento e barreiras verdes que
procuram isolar a central de outras propriedades, a ClA deverá ter uma área construida anexa a central
ou separada, na qual estará localizado o escritório, almoxarifado, refeitório e banheiros, denominado de
barreira sanitária, Esse deve ser o único local de entrada para a central, não havendo outras portas ou
portões para a passagem de pessoas ao longo da cerca. Nesta instalação a única maneira das pessoas
entrarem deve ser através de vestiários, que comunicam a área externa e interna da CM, 0
dimensionamento dos vestiários deve ser adequado ao número de funcionários devendo ser previsto
banheiro masculino e feminino, O fluxo dos vestiários deve permitir a retirada completa das roupas e
pertences particulares na entrada (considerada área suja), o banho na parte intermediária e colocação de
uniforme da central na parte final do vestiário (considerada área limpa). Este procedimento evita a
entrada de pessoas com a roupa, eventualmente, contaminada. O vestiário deve contemplar, também na
área limpa, um banheiro para os funcionários. É importante que o vestiário possua um fluxo único de
entrada ou saida.
Neste prédio podem ser previstos espaços destinados ao escritório/expedição, refeitório e
furnigador para desinfecção do material que irá entrar na CIA, A venda de Di exige a emissão de notas
fiscais (NF) para transporte, sendo necessário uma estrutura para este firn, O escritório deve contar com
equipamentos informatizados para a emissão de NF e administração geral da CIA, A expedição das Dl
pode ser feita a partir do escritório e por esta razão a barreira sanitária deve estar situada distante do
pavilhão dos machos e do laboratório. A construção de um refeitório em uma central que trabalhe em
horário integral é essencial em vista do isolamento de outras instalações e da necessidade de promovera
minima movimentação possivel do pessoal.

45
lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

5.3.2 Pavilhão dos machos

Um desenho funcional contribui para acelerar o ritmo de coletas facilitando o deslocamento


dos machos para as baias de coleta e promove a segurança da pessoas que manejam os animais. Pontos
como o sistema de alimentação e água, manejo de dejetos, entrada e saidas de machos da instalação,
sistema de limpeza dos animais e do ambiente, e condições ambientais (temperatura, circulação de ar e
insolação) devem ser cuidadosamente avaliados buscando funcionalidade e equilibrio na instalação. 0
desenho do pavilhão dos machos pode influenciar diretamente o estado sanitario dos anim-ais podendo
prevenir ou predispor situações indesejáveis como estresse térmico, problemas locomotores e
respiratórios que podem interferir na qualidade final das doses inseminantes.

_ - Tipos de alojamento
Os machos podem ser alojados em baias individuais ou gaiolas. Existem poucas evidências
sobre qual o melhor sistema de alojamento. Ha' um consenso que machos alojados em baias individuais
apresentam vida reprodutiva mais longa, menores indices de problemas no aparelho locomotor e maior
produção de celulas esperrnãticas que machos alojados em gaiolas (Glossop, 1996; Gail. 2000). Em
centrais com alojamento em gaiolas com pisos de boa qualidade, manejo preventivo para problemas
locomotores e alta taxa de reposição (acima de 50%). a ocorrência de problemas locomotores é
semelhante ao de centrais com machos alojados em baias, O sistema misto de baias e gaiolas pode ser
utilizado visando diminuição do tamanho da instalação. reduzindo o investimento inicial em até 30%.
Existe, ainda, a possibilidade de alojar uma parte dos machos. que não se adaptam ã gaiola, nas baias,
bem como aliara mesma ao bem estar animal. Para OAS com sistema misto recomenda-se proporções
de 70% gaiolas e 30% baias, podendo chegar ao máximo de 80% de gaiolas e 20% de baias. Pode-se
optar por um sistema misto de 50% gaiolas e 50% baias buscando mais opções de manejo para animais
em crescimento e redução de problemas locomotores,
Para a definição do tamanho das baias e gaiolas é necessária a definição da idade de ingresso e
descarte dos machos e do material genético a ser utilizado. pois há variações fenotípicas entre as
linhagens. As dimensões recomendadas para gaiolas variam de 0,65 m x 2.20 m a 0.70 m x 2.40 m,
enquanto para as baias é recomendado entre 6 a 8 mª de área, A altura das gaiolas não deve ser in feriora
i, 17 m para prevenir escoriações lombares nos animais (Gail, 2000). A visualização dos animais entre si
estimula a libido, torna-os mais calmos e fáceis de manejar. Por esta razão recomenda-se o uso de barras
metálicas de 1/: polegada para a construção de baias e gaiolas. As grades devem possuir barras dispostas
no sentido vertical impossibilitando o apoio dos animais nas grades, evitando lesões e brigas.

— l Pisos

A escolha do tipo de piso a ser utilizado em baias e gaiolas reflete no investimento inicial e,
principalmente, na incidência de problemas locomotores e no estado de higiene da instalação e dos
animais. Pisos compactos apresentam menor custo e propiciam maior aderência e bem estar aos machos
do que os pisos ripados. Por outro lado os pisos ripados são mais fáceis de serem mantidos limpos e
diminuem a umidade do local onde está o macho, melhorando a higiene geral da instalação e dos
animals.

46
SUINOCULTURA EM A

As baias podem ser construídas com piso totalmente compacto ou, caso, haja um sistema de
recolhimento de dejetos sob as baias, com 30% a 40% de sua área com piso ripado. Em ambos os casos
deve haver uma inclinação para canaleta externa (piso 100% compacto) ou para a area ripada.
facilitando a limpeza e diminuindo a umidade das baias e do ambiente,
O alojamento de machos em gaiolas com piso compacto toma o ambiente e os animais
extremamente contaminados, podendo comprometera higiene da coleta e a qualidade final das doses
inseminantes, As gaiolas destinadas ao alojamento de machos devem apresentar maior área de piso
ripado, principalmente em sua área central (no minimo 80% de sua área), e o piso compacto deve ter
uma leve inclinação para o ripado, devido ao direcionamento da urina para frente, Para estas instalações
existem, a disposição no mercado, pisos de concreto, metal e derivados do plástico, Derivados de
plástico e pisos de metal geralmente apresentam menor atrito, e, conseqiientemente, não promovem
um desgaste adequado nos cascos dos animais. No entanto, este problema e' minimizado em ClAs com
alta taxa de reposição e com cuidados especiais direcionados ao aparelho locomotor. Nestes pisos pode
ser observado maior higiene e menor umidade comparados aos pisos de concreto. Caso haja a opção por
uso de pisos de concreto, a qualidade do piso é fundamental para a saúde do aparelho locomotor dos
doadores. A ahrasividade excessiva e a presença de arestas, associado ao desgaste prematuro da
superficie do concreto, pode comprometer o planejamento inicial de reposições, forçando descartes
precoces devido a lesões que aparecem no aparelho locomotor.
As baias de coleta, higienização e corredores de manejo devem ter piso compacto de concreto
sem abrasividade excessiva, principalmente em ClAs grandes nas quais os machos se deslocam da baia
ou gaiola até a baia de coleta, por distâncias maiores. Da mesma forma, deve ser evitado pisos muito
lisos, os quais dificultam o deslocamento dos animais quando houver umidade e até mesmo ocasionar
lesões devido a quedas e torções.
_ - Movimentação dos machos
O fluxo de movimentação dos machos durante as coletas é decisivo para a redução do tempo
entre coletas e agilidade do processo, Os portões das gaiolas, baias de alojamento e baias de coleta
devem ter abertura para os dois lados, favorecendo o fluxo nos dois sentidos. As gaiolas devem
possibilitara retirada dos machos por um portão dianteiro e entrada por um portão traseiro. Este sistema
exige um corredor na frente e outro na parte de trás da fileira de gaiolas, permitindo um fluxo continuo
na instalação. Em ClAs com varios coletadores e grande número de coletas, isso possibilita a
movimentação de dois animais ao mesmo tempo (Figura 5, 1),
Os corredores de manejo devem ter ate' 0,80 m de largura, evitando que os animais possam se
virar durante o deslocamento para a coleta. Esta medida contribui com a segurança dos funcionários do
setor prevenindo acidentes, Em ClAs com várias linhas de baias e gaiolas devem ser colocados portões de
manejo em pontos estratégicos, com o objetivo de bloquear os demais corredores, permitindo e
facilitando o deslocamento dos animais direto para a baia de coleta ou o retorno a gaiola.
Para a entrada de machos de reposição e saida dos machos descartados é necessário um
corredor externo até o embarcadouro o qual deve ser construido junto a cerca de isolamento. Por
questões de biosseguridade não deve haver entrada de veículos no perimetro da central ou da área
cercada e, no caso de entrada ou saida de machos, estes são conduzidos pelos funcionários até o
embarcadouro. Animais mortos ou impossibilitados de andar podem ser transportados em um
"carrinho " especialmente construido para esta finalidade, facilitando a remoção.

47
E iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

ida IF ida F |: ida


para para para
coleta " coleta r r coleta
E E E
I'I n n
t t. t
,e Retorno £ Retorno [E
da ' da
coleta coleta

. 4— Gaiola de Higienização + l 4—— Gaiola de Higienização —I> I

|
[Salas de Coleta]

Figura 5.1: Fluxo de movimentação simultânea dos doadores de sêmen.

— I Sistema de alimentação

Em ClAs grandes. com mais de 200 machos doadores. um sistema automatizado de


arraçoamento pode trazer muitas vantagens como, agilidade na rotina diária de fornecimento de ração e
diminuição do estresse provocado no arraçoamento. uma vez que todos os animais são arraçoados ao
mesmo tempo, com isso o inicio das coletas pode ser antecipado. Porém em centrais menores o
investimento inicial e os custos com manutenção são elevados em relação ao beneficio alcançado.
O sistema de alimentação dos animais alojados em gaiolas individuais pode ser tipo calha ou a
ração colocada diretamente no chão. O sistema de calha gera um grande desperdício de água. visto que a
água mantida na calha deve ser trocada no minimo duas vezes ao dia. Outro inconveniente desse sistema
é que ele exige uma adaptação dos animais para a passagem por cima da calha no momento em que ele e
retirado da gaiola para a sala de coleta (há a possibilidade de se colocar uma “ponte" na canaleta para
evitar que o macho apresente problemas). O arraçoamento no chão exige um espaço de piso compacto
de 0.50 m na parte anterior da gaiola com caimento para evitar acúmulo de umidade, e a adaptação de
Chupetas, reduzindo o desperdício de agua. O sistema utilizado para machos alojados em baias consiste
de Cºmedouros de concreto ou anaçoamento diretamente sobre o piso e bebedouros tipo chupeta.

48
SUINOCULTURA EM A

_ - Controle de ambiente

Uma das condições essenciais para a produção de ejaculados férteis, com grande quantidade
de espermatozóides e com percentual aceitável de células anormais, e o controle da temperatura no local
de alojamento dos animais. Machos submetidos a 30°C (Stone, 1982) por três dias (Mcnitt & First,
i970) apresentaram aumento no percentual de alterações na morfologia espermática. Machos
mantidos em temperaturas entre 26°C a 29°C por cinco a seis semanas apresentaram aumento no
número de ejaculados rejeitados por baixa qualidade, resultando em uma diminuição do número de
doses produzidas por macho alojado em algumas CIA:nos EUA (Flowers. 1997).
Devido a este efeito, é importante o planejamento das instalações buscando o melhor conforto
térmico aos animais. Pontos como posicionamento e largura da instalação (direção dos ventos, entrada
de sol). altura do pri-direito e material utilizado na cobertura, influenciam diretamente no conforto
térmico dos animais. Em ClAs de pequeno porte esses pontos são fundamentais, visto que pequenas
instalações não comportam a utilização de sistemas de resfriamento. Além da observação desses pontos.
o plantio de árvores sazonais ( falhadas no verão e desfolhadas no inverno) na periferia das instalações e
uma forma importante a ser utilizada para melhorar o controle da temperatura. As árvores escolhidas
para o plantio devem ter copa alta com o objetivo de diminuira incidência de sol no telhado e apresentar
poucos galhos baixos, permitindo a ventilação adequada na instalação. A pintura externa das telhas com
tinta branca, também é uma prática barata que pode ser utilizada em pequenas centrais.
Em centrais de médio e grande porte que atendem um grande número de fêmeas podem ser
usados, além dos recursos descritos anteriormente, sistemas internos de resfriamento. A escolha do
sistema ideal dEpende do tipo de instalação e das temperaturas alcançadas na região em que a CIA está
localizada. Em ClAs com 100% dos machos alojados em baias pode ser utilizado um sistema de
ventiladores e nebulizadores acionados nos periodos mais quentes do dia. Centrais grandes com machos
alojados no sistema misto (baias e gaiolas) podem optar por sistemas de climatização automatizados que
associam exaustores e resfriadores (coolers) evaporativos. Estes sistemas são capazes de diminuir em até
1'0 ° C a temperatura interna em relação á externa. É recomendado esse tipo de sistema, principalmente,
para instalações mistas, por serem instalações relativamente menores comparadas aquelas que tem
somente baias e por apresentarem uma densidade animal elevada, o que gera muito calor dentro da
instalação. É impor-tante salientar que, tanto os sitemas de nebulizadores quando de resfriadores
evaporativos são mais eficientes em regiões que apresentam uma baixa umidade relativa do ar. Apesar
de todos esses cuidados que podem ser tomados com relação ao conforto térmico ambiental, existe uma
variação sazonal na produção espermática. Mesmo em uma CIA climatizada onde a temperatura
máxima interna não superou os 26 ° C ao longo do ano, Wollmann et al. (2002) observaram uma
variação de 25,3% na produção espermática (Figura 5.2). Ou seja, um programa de IA com demanda
estabilizada no número de doses a serem produzidas deve levar em conta variações sazonais na
produção espermática dos doadorespara atendersuas metas de produção.

49
lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

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I— 40‘

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In
a.
JAN-FEV-MAR nan-mmgtr" JUL-AGO-ser
Verão Outono ..
Meses

a, b. c, d, e. f P<0,05 Wollmann et al. (2002)


Figura 5.2: Número médio de espennatozóides por ejaculado ao longo do ano
em uma central de inseminação artificial climatizada.

_! Sistema de limpeza
A qualidade microbiológica das Dis produzidas na CIA está diretamente relacionada ao grau de
higiene das instalações e dos machos. Por essa razão a central deve ter um sistema prático & ser usado
para a limpeza a seco e para lavação. bem como para a desinfecção das instalações e machos. Este
manejo para ser eficiente, deverá ser realizado peios funcionários na freqiiãncia determinada pela
assistência técnica.
Pontos de água e energia devem ser previstos em toda a instalação de acordo com as
especificações de vazão e voltagem exigidas pelos equipamentos adotados. O uso de bombas de alta
pressão e baixa vazão favorece a retirada de matéria orgânica das instalações com baixo consumo de
água. A associação deste manejo com desinfecção periódica reduz consideravelmente a microbiota na
instalação.
-——l Gaiola de higienização dos machos
Uma das principais fontes de contaminação do sêmen suíno é proveniente dos liquidos
contidos nos diverticulos prepuciais. A disposição e formação anatômica dessas estruturas favorece o
acúmulo de urina. céluias de descamação e uma grande microbiota. A limpeza dos diverticulos por
compressão antes de cada coleta, deve ser feita com o objetivo de reduzir os riscos de contaminação do
ejaculado durante a coleta. Esta limpeza deverá ser feita em um local apropriado, que é a gaiola de
higienização, evitando desta forma a deposição do material do prepúcio na área de coleta e reduzindo a
contaminação do local.
A gaiola de higienização também possibilita uma limpeza mais eficiente devido a melhor
contenção do macho e maior segurança para os coletadores para a realização. desta atividade. A gaiola
deve estar posicionada imediatamente antes das baias de coleta com passagem obrigatória dos machos
antes da coleta e deve medir O, 70 rn X 2,20 m apresentando portão traseiro e dianteiro. Próximo a “esta

50
SUINOCULTURA EM A

gaiola deve haver um suporte para papel toalha. descartável para realização da limpeza. Esta gaiola
também poderá s'er utilizada para outras atividades como tratamentos e cuidados especiais que exijam
melhor contenção.

— l Baias de coleta

As baias de coleta devem propiciar um salto rápido e seguro para os machos, ambiente seco e
com a menor contaminação possivel. visando a qualidade das Dis produzidas e segurança para os
coletadores.
As baias de coleta devem estar localizadas entre o laboratório de processamento do sêmen e as
baias de alojamento, O número de baias depende do tamanho da CIA e do nitmo de coletas planejado.
Estima-se que um coletador possa realizar 4 a 5 coletas por hora, incluindo o tempo de deslocamento do
macho até a sala de coleta, limpeza. salto, coleta e retorno do macho até o alojamento. A necessidade
futura do aumento do ritmo de coletas deve ser previsto considerando a construção de baias excedentes
às necessidades momentaneas.
Para que os machos saltem rapidamente no manequim. a baia não deve ser grande e não deve
conter objetos que distraiam os animais antes da coleta. O tamanho ideal para baias de coleta e de 7 a. 9
mº. Os itens para compor uma baia de coleta ideal são um manequim com altura regulável. um tapete de
borracha que permita firmeza do macho nos membros posteriores durante a coleta, piso de concreto
com declive e drenagem para limpeza, fonte de água para limpeza pós-coleta. pia para higiene dos
coletadores e áreas de escape para os coletadores. Caso o piso da baia de coleta, na região posterior ao
manequim, possua uma boa aderência e não seja muito abrasivo. o uso do tapete pode ser
desconsiderado.
O manequim utilizado deve ter altura regulável e ser de facil higienização, não necessitando
cobertura de couro. A recomendação do posicionamento do manequim na baia e bastante variada.
Manequins colocados no meio da baia permitem maior movimentação e podem contribuir para
distração dos machos. O uso dos manequins colocados em ângulo de 45 º no canto da baia permite que o
coletador direcione melhor o macho para o mesmo. É recomendável que o manequim seja colocado de
tal forma que o macho fique de costas para o fluxo de outros machos que estão sendo direcionados para
a área de coleta, evitando distração e retardo nas coletas.
A área de escape é importante para a segurança dos coletadores. O sistema recomendado é a
fixação de postes nas laterais das baias de coleta de maneira que os coletadores possam sair rapidamente
em caso de agressão dos machos. Os postes podem ser de ferro galvanizado ou cano de PVC com
concreto armado. Devem ter 10 cm de diametro. 75 a i 10 cm de altura e espaçados entre si de 22 a 30
cm, dependendo da idade e tamanho dos machos coletados. Nos casos em que duas ou mais baias de
coletas são contíguas. a divisão entre as mesmas deve ser de parede sólida. evitando contato visual entre
os machos coletados simultaneamente. Nesses casos as áreas de fuga com os postes, podem ser as
laterais das baias de coleta em contato com os corredores. No caso da área de escape ficar na própria baia
de coleta. ela não deverá ser contada no dimensionamento da baia. Na baia de coleta deve haversuporte
para copos de coleta e papel descartável a uma altura em que o macho não tenha acesso. A comunicação
da área de coleta com o laboratório, deve ser feita através de uma janela dupla para passagem dos
ejaculados. O uso de janelas grandes de vidro lixo permite a visualização entre as equipes da área externa

51
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

(coietadores) e interna (técnicos do laboratório) favorecendo a integração dos funcionários do setor.

5.3.3 Área laboratorial


A área laboratorial e destinada à manipulação do sêmen apos a coleta e a outras atividades
necessárias ao processamento como purificação de água e lavagem de materiais. A manipulação do
sêmen suíno (analise, diluição, envase), apesar de relativamente simples, exige treinamento de pessoal e
estrutura física mínima, que alcance as condições ideais de higiene, temperatura e acurácia necessárias
ao processo, A estrutura laboratorial necessária varia de acordo com o tamanho da CIA e o volume
semanal de Dis produzidas e é composta por um laboratório de processamento de sêmen, sala- de
lavagem e esterilização de materiais, almoxarifado e. dependendo do tamanho da CIA, uma sala de
estocagem de Dis.

— I Laboratório
As principais atividades realizadas no laboratório são a análise e diluição dos ejaculados e 'o
envase e resfriamento das Dis. Os métodos para reaiizar este processo e os equipamentos necessários
devem ser considerados para se obter um laboratório eficiente. Laboratorios pequenos demais tornam o
trabalho desconfortável e ineficiente pela falta de espaço. enquanto que laboratorios muito grandes,.
trazem transtornos ao fluxograma dos ejaculados no processamento, alem de aumentar o investimento
desnecessariamente. Durante o planejamento do laboratório é muito importante a projeção das
bancadas com a disposição dos equipamentos de acordo com o fluxo de produção desejado, auxiliando
na definição do tamanho ideal do mesmo. A previsão das bancadas ajuda a dimensionara necessidade e
localização de tomadas em número e voltagem adequados às necessidades,
O laboratório deve oferecer as condições ideais de higiene e temperatura necessárias ao
processamento e, para tanto, deve ser uma área isolada e restrita. A entrada neste setor deve ser
independente da entrada para o pavilhão dos machos. As pessoas que trabalham no laboratório devem
sempre usarindumentãria adequada e especial. A entrada de pessoas no interior do laboratório deve ser
permitida somente com o uso de vestimenta exclusiva do setor. Em GAS para programas fechados, em
que o funcionário responsável pela coleta e, muitas vezes, o mesmo que processa o ejaculado, a
passagem para o laboratório deve ser feita somente após a colocação de avental, troca dos calçados e
higienização das mãos. O treinamento dos funcionários para a manutenção da higiene no laboratório é
fundamental para a qualidade das Dis.
A escolha dos materiais a serem utilizados no revestimento de pisos, paredes e bancadas
favorecem ou dificultam a higienização. O piso deve ser revestido de material não poroso, de fácil
limpeza e que permita a utilização de desinfetantes quimicos. As bancadas devem ser preferencialmente
de alvenaria revestidas com tinta lavável. Bancadas de madeira favorecem o desenvolvimento de fungos,
principalmente em ambientes úmidos, As paredes e teto devem ser revestidas com tinta clara e lavável.
As janelas existentes no laboratório devem ser fixas, não permitindo a abertura. A única abertura
disponivel nas janelas deve ser a destinada a passagem do sêmen, Esta janela deve ser dupla e pequena
para evitar o fluxo de ar do galpão dos machos para o interior do iaboratorio, possibilitando a passagem
somente do copo de coleta, É recomendável a utilização de uma porta de vai e vem entre o laboratório e

52
SUINOCULTURA EM A

as demais dependências da área laboratorial, para minimizara entrada de contaminantes.


A temperatura ambiente no interior do laboratório deve ser constante entre 22ºC a 24ºC
durante o processamento. Este detalhe deve ser observado durante o planejamento do laboratório e da
disposição dos equipamentos, procurando evitar, na medida do possivel, a colocação de equipamentos
geradores de calor no interior do laboratório. O correto dimensionamento dos condicionadores dear em
relação a dimensão da sala é determinante para mantera temperatura desejada no verão e no inverno.

_ . Sala de lavagem e esterilização


Esta sala tem um nível intermediário de limpeza em relação ao laboratório. Este ambiente é
destinado a lavagem e esterilização de materiais utilizados no processamento.. produção de água para
preparo do diluente e armazenamento das doses inseminantes. O desenho das bancadas e previsão de
colocação dos equipamentos também é importante neste setor.
Para a lavagem dos materiais deve haver pia de inox com cubas profundas. que facilitam o
manuseio de materiais durante a lavagem. além de um local para guardar os materiais necessários ã
lavagem. A maior ou menor utilização de materiais descartáveis no processamento poderá facilitar todo
o processo de limpeza de materiais pela redução do trabalho. Para secagem e esterilização dos materiais
devem estara disposição fornos adequados para o tamanho da vidraria utilizada.
Neste ambiente também são instalados o destilador e o deionizador de água. Estes
equipamentos são importantes para melhorar as condições microbiológicas e químicas da água a ser
utilizada no processamento. Para a instalação destes equipamentos deve ser previsto fluxo d'água com
pressão recomendada pelo fabricante dos equipamentos alem de tomadas com voltagem adequada.
Dependendo do tamanho da CIA. outros equipamentos de purificação de água como o de osmose
reversa pode ser considerado.
As Dis necessitam de um ambiente para armazenamento com temperatura constante entre
IS º C a 18 º C. Neste setor deve ficar instalado um conservador próprio para sêmen suino regulado para
manter a temperatura ideal. As dimensões necessárias para o conservador dependem do tamanho da
CIA e do número de Dis que serão armazenadas por dia.
— l Almoxarifado

É importante a previsão de um almoxarifado para a estocagem de todos os materiais de


consumo envolvidos no processo. O tamanho do almoxarifado varia de acordo com o tamanho da CIA e
da quantidade de material desejado em estoque. É importante a manutenção de um estoque de
materiais para pelo menos um mês de produção para evitar falhas nas coberturas do plantel atendido
caso haja algum contratempo na compra/envio de materiais para a CIA.

5.4 Equipamentos e material necessários para uma CIA


A escolha dos equipamentos a serem adquiridos depende do tamanho da CIA e do nivel de
automação e tecnilicação desejado. independente do seu tamanho. existe uma necessidade minima
(para todas as ClAs) para que não comprometa a qualidade do trabalho. A tabela 5. I a seguir apresenta a
sugestão de alguns equipamentos de acordo com o tamanho da CIA.

53
lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TECNIFICADA

Tabela 5. 1: Equipamentos recomendados de acordo com o tamanho da Central de Inseminação Artificial.

Microscópio de campo claro com oculares Avaliação da motilidade espennãtica P-M laboratório
de rox e objetivas de 20 e «rox Contagem em câmara hemocitométrica
Microscópio de campo claro com oculares Avaliação da motilidade spennãtica Ail-G laboratório
de rox e objetivas de 20. 40 e max com Contagem em câmara hemodtométdca
, contraste de fase Avaliação de morfologia espennãtica
Placadeaquecimentocomtemperanrra Aqrredmentodelãminaseiammldasm MI: W
_regirlável em 25 a «seªt avaliação de motilidade
Platina de aquecimento para microscópio Manutenção do aquecimento de lâminas e P-M-G laboratório
com temperatura regulável em 25 a eoºc Iammuias durante avaliação de motilidade
Banho-nuno pequeno com temperaolm Mação do ejaculado aquecido após Hill-G laboratório
regulávelentreBU'Cewºc coletaeavaliaçãodalsmantidasemestoque
Banho-mada médio com temperatura Aquecimento de diluentes F-M Laboratorio
regulável entre BTC e «mªr:
Balança digital com capacidade Pesagem ejaculaw P Laboratório
para 5 kg e divisões em lg Diluição
Balança digital com capacidade Pesagem ejaculado F-M Laboratório
para 2 kg e divisãesem 0.19
Balm digital com capacidade Diluição M—G Laboratório
para m kg e divisães em tg
Câmaras hemotitométricas Avaliação da concentração espemlãtica M-G laboratório
Espumodemfmetro Avaliação da concentração espermática m.;; laboratório
' Espectrofotõmetro proprio para Avaliação da concentração espermática P Laboratório
sêmen suíno
Tanque com regulagem de tama-atura Mamrtenção do diluente na tomaram lit-G laboratório
parapreParaçãodediluentes desejadaduranteopromamento
Envasadora manual de sêmen Envase das Dl (: Laboratorio
Seladora a quente de br'magas Lacre das Dl M—G Laboratorio
Condicionadores de ar Manter temperatura ambiente entre 22 e 24 ªC M-G Laboratório
Refrigerador doméstlooasºc Armazenagem dedtluenteevaclnas P-M-G Salade lavagem
Conservador de sêmen a 17°C Armazenagem de Di P-M-G Sala de lavagem
Destr'ladoredeionizadordeágua Purificaçãodaãguautilizadanoprocecsamento M—G Saladelavagem
Forno de Pasteur Secagem e esterilização de materiais P-M-G Sala de lavagem
Bontbaperistáutica Retiradadodiluentedotanquedediiuiçãopara P-M-G Laboratorio
as jarras da fracionadora (mucha)
Computador com software especitico Controle e administração da produção e M-G Editoria
custos da CIA
Geradordeenergiaelêtrica Motasãodapªoduçãomsofaiteenergia (: Baneirasanitãria
Danilo-te com cap. de 50 ! Annatenarnento de água desolada M-G Sala de lavagem

P=Pequena, M= Média e G=Grande

54
SUINOCULTURA EM A

5.5 Materiais utilizados na coleta, avaliação e processamento do sêmen


A manipulação do sêmen após a coleta e ponto fundamental para uma boa conservação da
qualidade da Dl. Dessa forma, o material que entra em contato direto com o sêmen tem uma
importância critica no processo. Para evitar que problemas de contaminação quimica e/ou
microbiológica, é recomendado, principalmente para ClAs médias e grandes, a utilização de materiais
descartáveis, os quais, além de diminuirem o risco de problemas de contaminação, facilitam a rotina de
trabalho, pois não é necessário fazer a limpeza e esterilização desse material. Dentre os materiais
descartáveis estão: copos ou sacos de coleta, atilhos de borracha, canudos plasticos e sacos plásticos de
diluição e preparo de diluente. No entanto, independentemente do tamanho da CIA, alguns materiais
utilizados não são descartáveis e necessitam atenção especial de limpeza e desinfecção. Dentre esses
materiais estão: lâminas e laminuias de vidro, frascos de vidro, pipetas e jarras de diluição e de envase.
O importante quando se fala em materiais de processamento de sêmen, seja ele descartável ou
não, é que este esteja sempre higienizado e livre de contaminantes quimicos que possam afetar a
qualidade da Dl.

55
INSEMIHAÇÃO ÁRTIFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICADA

5.6 Referências Bibliográficas

GLOSSÚP, CE. Boar stud and laboratoryr design. In: AMERICAN ASSOCIATION OF SWWE PRACTITIONERS 27TH ANNUAL
MEETING. 1996. Proceedings. 11.449455.
BALL, T. Boar stud design as it relates to functionality. In: INTERNATIONAL CONFERENCE DN BOAR SEMEN PRESERVATION, 4-,, I999,
Beltsville, Maryland, USA. Proceedings. Lawrence,KS USA: Allen Press, Inc, 2000. p. 199-6205.
STONE, B.A. Heat induced infertility of boars: the interrelationship between depressed sperm output and fertility and stimulation of the critical air
temperature above which span-n output is impaired. Animal Reproduction Science. 1:. 4, p. 283-299. I982.
McNITT, 1.1;FIRST, N.L. Effect of 72 hours heat stress on semen quality in boars. International Journal of Biometrics. v. 14. p. 3T3—3BO. 1970.
FLOWERS, WL. Management of boars for efficient semenproduction. Journal of Reproduction andFertility. Supplement 52, pá?-TB. 1997,
WOLLMANN, E.B.; BÚRTDLÚZZÚ, EP.; WENTZ, Ive; BENNEMANN, EE.; BÚRCHARDT NETO, G.; FERREIRA, EM,; PERUZZO, ].
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IoWa. Proceedings. v.2,p. 489.

56
SUINOCULTURA EM A

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Fernando Pandolfo Bortolozzo, Paulo Eduardo Bennernann, Mari Lourdes Bemardi e lvo Wentz

6.1 Local de coleta


A coleta do ejaculado deve ser realizada em sala especifica para esta finalidade, próxima ao
local de alojamento dos cachaços e, se possivel, em uma área anexa ao laboratório. Devido a problemas
de contaminação, deve-se evitar o manejo com o macho em suas baias. A ligação entre o laboratório e a
sala de coleta pode ser feita por uma janela de comunicação com abertura dupla, como pode ser
observado na Figura 6. ?. Entretanto, é possivel que, em algumas situações, nas quais o laboratório está
localizado em um prédio central, a sala de coleta se encontre no galpão de alojamento dos machos. Neste
caso, é fundamental que haja um sistema de transporte eficiente que leve o ejaculado do local de coleta
ao de processamento, de maneira rápida e segura. Como isso está restrito a centrais com grande volume
de atividades, o transporte manual do ejaculado fica descartado. Uma opção para realizar este
transporte é o emprego de tubos pneumáticos que comunicam a sala de coleta com o laboratório.

2.5 m I 0.70 m
:: .“: H — H

ª a...., “arumª _ _ , “
anata de Comunic o

: Manequim &
. “Pia

3,0 m .
.

.
ª 'N, . . . . O . .
Barras de Mangueira
Segurança
(duas podem ser móveis para proporcionar a entrada da sala)
Figura 6.I: Disposição da sala de coleta do ejaculado.

A sala de coleta propriamente dita deve ter uma área total de 7-9 rnª, delimitada por barras
verticais de proteção que podem ser de ferro ou PVC (com enchimento de concreto). O piso não deve ser
escorregadio e nem muito abrasivo. O emprego de areia ou maravalha não é recomendado, pois a sala
de coleta deve ser livre de objetos que possam distrair a atenção do macho durante o manejo (tomadas
de energia, torneiras, mangueiras, armários, entre outros). O único objeto instalado na sala de coleta

57
iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

deve ser o manequim. Este deve ser fixado ao solo. com altura regulável. confeccionado com material
que permita a sua fácil higienização (aço inox, metal galvanizado) tomando o cuidado para não possuir
bordos cortantes. O manequim pode ser colocado na parte central da sala ou em um dos cantos,
localizado de forma obliqua, ou mesmo contra uma das paredes. Na figura 6.2 é apresentado um
manequim que atende os detalhes descritos anteriormente. Entretanto, nas diferentes centrais de IA.
podom ser observados diferentes modelos de manequins.
O material a ser empregado na coleta (luvas. papei toalha. copo coietor) deve ter um lugar
próprio de armazenamento e de fácil acesso por parte do coletador. junto à sala de coleta e importante
que sejam previstas áreas laterais de proteção. que podem ser delimitadas por barras verticais de ferro ou
PVC. fixadas ao piso, conforme descrição anterior. Duas podem ser móveis, de encaixe no piso, gerando
local de entrada do macho & sala de coleta. O coletador deve ter acesso a estes locais de fuga peio menos
em duas das extremidades da sala de coleta. Recomenda—se, também. a instalação de uma pia para
limpeza e higienização de materiais a serem usados na coleta, em localanexo à sala de coleta.
Próximo ao local de coleta, e importante que seja reservada uma área para a instalação de uma
gaiola de higienização dos machos. Esta gaiola deve ter acesso por todos os lados, e deverá ser
empregada na higienização pré-coleta e no banho periódico dos machos. com possivel instalação de um
pedilúvio.

A 15.

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Vista Lateral Vista frontal Vista superior do manequim

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ªl L ª ' º | l = .! º | Formato dos pés


* do manequim
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_ _ 12° 1r _ ”_ li “ª
Pés do manequim Encaixe do manequim * Pino do encaixe
no Pisa

Figura 6.2: Manequim a ser empregado na coleta de sêmen de suinos (valores em cm).

58
SUINOCULTURA EM A

6.2 Condicionamento dos doadores para a coleta


Os machos prê—puberes chegam nas centrais/granjas com uma idade média de 150- i 70 dias,
permanecendo no quarentenario. No período de quarentena deve iniciar o treinamento dos
reprodutores para saitar no manequim. Para tanto, o quarentenário necessita ser equipado com uma sala
de coleta e contar com pessoas capacitadas para realizar os procedimentos recomendados. Esse manejo
e possivei quase que exclusivamente em centrais de grande porte,
A fase inicial de treinamento deve ser realizada diretamente na sala de coleta, após o manejo
dos demais reprodutores (antes da higienização/limpeza da sala), O encarregado do treinamento deve
zelar para que o ambiente esteja calmo e não ocorram ações que possam distraira atenção dos cachaços.
Para facilitar o procedimento, os machos em treinamento podem ser alojados em locais com acesso
visual à rotina de coleta dos demais doadores. No caso de programas internos de M, o coletador pode
impregnaro manequim com urina e secreção vulvar de fêmeas em cio.
Recomenda-se que o cachaço em treinamento seja conduzido à sala de coleta uma vez ao dia,
5-7 vezes por semana, em sessões de 10-15 minutos. Nesses momentos o coletador deve estimular o
cachaça a saltar no manequim. A regulagem de altura do manequim deve estar de acordo com a altura
do macho. No momento do salto, deve-se proceder com a coieta. Posteriormente, esse animai deve ser
submetido a coietas com intervalos de uma semana para manter o condicionamento ao saite. Se o animai
não saltar em um periodo de 2-3 semanas, recomenda-se reaiizar o mesmo treinamento, com 5—7
sessões, na baia onde o animal está alojado, empregando um manequim movel. Esse e o único momento
em que se recomenda a coleta na baia de alojamento. Caso ele venha a saltar, realiza—se a coieta e, na
próxima vez, tenta-se condicionar o doadora realizar o salto na sala de coleta. Caso o animal não salte
nas sessões reaiizadas na baia de alojamento, em ClAs localizadas na granja, é possivel a exposição do
macho frente a uma fêmea em estro. Ao saltar na fêmea em estro, deve-se proceder com a fixação do
pênis e tenta—se transferir o doador para cima do manequim, colocado previamente ao lado, onde a
coleta deverá ser concluida. No quarentenãnio, uma aiternativa é colocar outro macho jovem juntamente
na baia de coleta. A presença do outro macho aumentará a libido de ambos os machos, fazendo com que
um saite sobre o outro, Ao saltar, procede-se conforme descrito anteriormente. Nas próximas coletas,
deve-se condicionar o cachaço a saltar diretamente sobre o manequim na sala de coleta, Com esses
procedimentos, 90 a 95% dos cachaços são condicionados a saltar sobre o manequim na sala de coleta.
Os animais que não aceitam saltar na sala de coleta devem ser descartados.
Alguns pesquisadores afirmam que a aplicação de PGalfa ou seus análogos levam a
diminuição do número de sessões de treinamento necessário para condicionar o doador a saitar.
Estienne et al. (2000) descreveram que a apiicação de 10 mg de Dinoprost lM (lutalyse)© no inicio das
sessões de treinamento, aumentou a libido de cachaços sexualmente maduros e ativos (com 1-4 anos de
idade) que haviam sido empregados em programas de monta natural. Os autores afirmam que 85% dos
machos saltaram no manequim e foram coletados na primeira sessão de treinamento. Os demais foram
condicionados em um total de 4 sessões. Posteriormente a mesma equipe, utiiizando cachaços jovens
sem experiência na monta natural ( i 77 dias de idade e i 13 kg de peso vivo), observaram aumento da
libido do grupo tratado com lutalyse® mas sem alteração no percentual de animais condicionados a
saltar sobre o manequim, quando comparado ao grupo controle (Kozink et al, 2002). Por outro lado,
Szurop et al, (1985) descrevem que a aplicação de enzaprost levou a um aumento na libido e no

59
. iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

percentual de cachaços jovens condicionados a saltar sobre o manequim. Os autores também utilizaram
animais sem prévia experiência sexual, porêm machos mais velhos (2! 0-225 dias de idade e i 10 kg de
peso vivo) e com outra composição genética, quando comparados aos do trabalho de Kozink et al.
(2002). O mecanismo de ação pelo quai a PGF; alfa poderia estimular a libido não está plenamente
esclarecido, mas alguns autores acreditam que ocorra uma estimulação na secreção de testosterona
(Kozink et al., 2002), Entretanto, Fonda et al. (1981), após a administração de lutalyseCÉ) em cachaços,
observaram um aumento nas concentrações de prolactina e cortisol, sem nenhuma alteração nos niveis
de LH e testosterona. Com isso, pesquisas complementares são necessárias para esclarecer possivel
mecanismo de ação, bem como a real eficácia dessa substância no condicionamento dos cachaças ao

6.3 Metodologia e cuidados a serem observados na coleta

A coleta do ejaculado na espécie suína e um procedimento bastante simples de ser realizado,


mas deve ser dada atenção aos detalhes deste procedimento para evitar, principalmente, a
contaminação microbiológica e quimica do mesmo.
A coleta do ejaculado compreende a higienização pré-coleta e a coleta propriamente dita, Para
realizar estas tarefas ha’ a necessidade de dispor de alguns itens, tais como:
— l Recipiente de coleta, que pode ser:
Copo de vidro com escala volumétrica (500 ml),
Copo de plastico descartavel (500 ml),
Saco plástico descartável (3000-4000 ml)
— I Suporte de isolamento térmico para os recipientes de coleta,
——l Gaze hidróiila (ou papel filtro) para retera fração gelatinosa,
— I Luvas de vinil ou látex para fixação do pênis durante a coleta propriamente dita,
_ - Luvas descartáveis para higienização prepucialpré-coleta, e,
_ - Papel toalha.

6.3.1 Higienização
Os machos condicionados ao salto devem ser levados à sala de coleta e submetidos a uma
higienização a seco promovendo o esvaziamento do diverticulo prepucial. Nas centrais que contam com
uma gaiola de higienização os machos devem ser previamente higienizados, sendo este o local de espera
até a condução à sala de coleta. Para realizar esta higienização é recomendado que o coletador utilize
uma luva descartavel especifica para este fim (não empregar esta luva posteriormente na coleta) e, por
pressão mecânica, promova a eliminação do conteúdo dos diverticulos prepuciais. Simultaneamente, o
coletador deve secara região prepucial com papel toalha descartável. Caso este procedimento seja feito
na saia de coleta, o coletador deve aguardar que o macho salte sobre o manequim. No momento que
inicia o procedimento de exteriorização do pênis, a higienização descrita é realizada. Ao concluir esta
atividade, o coletador deve estar preparado para realizar a coleta do ejaculado, removendo a luva de
higienização e vestindo a luva empregada especificamente para a fixação do pênis, Além de ser
empregada somente para esta finalidade, a luva de coleta deve ser mantida limpa e protegida até o
momento da coleta propriamente dita, 0 coletador deve evitar a realização da coleta sem o uso da luva,
pois dependendo de como a fixação do pênis e realizada, pode ocorrer aumento da contaminação

60
SUINOCULTURA EM A

bacteriana do ejaculado pela microbiota normal existente na sua mão, Alem disso, a coleta sem o uso de
uma luva para fixação do pênis e anti-higiênica.
O recipiente de coleta deverá ser preparado previamente e ter sobre a sua abertura uma gaze
dupla ou um filtro especifico para essa Finalidade, evitando que a fração gelatinosa entre no recipiente e
fique em contato com o restante do ejaculado. O recipiente de coleta, bem como o suporte térmico,
deverão estar na temperatura de 35-37ºC. Para reduzir a choque térmico, o suporte isolante deve
acompanhar o ejaculado ate o momento em que o mesmo seja remetido ao laboratório. Enquanto não
iniciara coleta propriamente dita, o recipiente de coleta/suporte térmico deverão permanecer em uma
estufa ou em ambiente aquecido. Em centrais pequenas, por exemplo, ele pode permanecer na janela de
comunicação com o laboratório sendo mantido aquecido por uma lâmpada. Evitar o choque térmico
durante todo a processo, que vai desde a coleta, exame e processamento do ejaculado, passando pelo
armazenamento das doses até a realização da IA. é de fundamentalimportância.

6.3.2 Coleta de sêmen propriamente dita


A coleta propriamente dita é realizada pelo método da mão enluvada (Hancock & Havel.
I959). Ao saltar sobre a manequim, a macho inicia o processo de exteriorização do pênis, Neste
momento, a coletador tixa o pênis na extremidade livre exercendo pressão continnada, O pênis não deve
ser tracionado, O operador simplesmente acompanha os movimentos de exteriorização que o cachaço
realiza. Ao completara exteriorização, o pênis pode ser posicionado lateralmente para facilitara coleta, A
correta fixação deve permitir que 1-2 cm da ponta do pênis permaneçam livres, fazendo com que o
ejaculado escorra diretamente do meato uretral para a recipiente de coleta sem entrar em contato com a
luva (Figura 6.3).
Durante o procedimento, o coletador deve ser bastante criterioso para evitar elevada
contaminação microbiana do ejaculado, já que a coleta de um ejaculado sem contaminação e
praticamente impossivel de ser realizada na rotina das centrais de inseminação (WALTZ et al., 1968;
BORAH et al,, I991; WElTZE, i996). Entretanto, o coletador deve estar atento para coletar com o
minimo grau de contaminação. É possivel elaborar um protocolo de coleta com baixa contaminação.
Para tanto, deve-se ter cuidado com as possiveis fontes de contaminação:
_ . O proprio macho,
_ . Falhas na higienização prepucial,
__. Falhas na fixação do pênis,
_ . Falhas na limpeza e esterilização dos recipientes de coleta,
_ . Falhas na higienização das luvas de coleta,
_ . Falhas na higienização da sala de coleta (piso, paredes, manequim),
_ . Contaminação ambientalpor particulas de poeira,
_ - Falhas na limpeza das baias de alojamento dos cachaços, e,
_ . inabilidade do coletador para realizaro procedimento.

Ao coletar ejaculados com absolutos cuidados higiênicos, sob condições experimentais,


Bennemann et al, (2000) não observaram crescimento bacteriano até 48 horas de incubação no sêmen
in natura, Na rotina das centrais é possivel minimizar estas fontes de contaminação citadas, permitindo a

61
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

coleta de um ejaculado com baixo número de UFC/ml (Unidades Formadoras de Colônia). Com o
objetivo de avaliar o grau de contaminação bacteriana pela contagem do número de UFC/ml. Dias et al.
(2000) submeteram os cachaços a dois métodos de higienização pré-coleta e coleta do ejaculado. No
tratamento ? (T1). os animais e as instalações foram lavados dois dias antes da coleta e, diariamente, as
baias foram submetidas a duas limpezas a seco. Antes da coleta, os animais foram submetidos a uma
higienização com a remoção completa do conteúdo dos "diverticulos prepuciais, durante a qual o
coletador utilizava 'sobre—luvas'. No momento da coleta, o pênis foi fixado deixando l—2 cm da
extremidade livre, direcionando o ejaculado diretamente do meato uretral para o recipiente de coleta.
No tratamento 2 (T2). os animais e as instalações foram lavados 5-7 dias antes da coleta e as balas
submetidas à limpeza a seco. duas vezes ao dia. Antes da coleta foi realizada pré-higienização sem o uso
de 'sobre—luvas' e com esvaziamento incompleto dos diverticulos prepuciais. Na coleta foi realizada a
fixação completa do pênis sem deixar sua extremidade livre. Como pode ser observado na Tabela 6. 1, no
Tl um número médio de UFC/ml foi 38 vezes inferior quando comparado ao T2. Esses resultados
mostram a importância de um bom manejo higiênico na pre-coleta e na coleta propriamente dita, para a
produção de um ejaculado com baixa contaminação bacteriana.

Tabela 6.1: Número de unidades formadoras de colônia (UFC/ml. médiaidesvio padrão) por tratamento.
' | = . | ; . — . ' . . - | : , : n ,
.- - - = -;-r_r 1.- |. ---J ~_-'_.«:
Éiªr'uiídfuaísywwàe—sàúxir.-::“!

Tl 12 490 t 975' 100 3.500


T2 I I 18.862 3 14.634” 100 45.000
Médias seguidas por letras distintas diferem (p <0.01) Dias et al. (2000)

Além da contaminação microbiológica, deve—se estar atento à contaminação quimica do


ejaculado. Willey ( 1993) observou redução no desempenho reprodutivo de uma propriedade onde foi
confirmado o efeito tóxico das luvas de latex empregadas na coleta de sêmen. As luvas empregadas na
coleta, principalmente as de látex. podem possuir substâncias tóxicas aos espennatozóides que levam a
redução no percentual de espermatozóides móveis (Ko et al., 1989: Scheid et al., 1995). Desta forma.
nos procedimentos de coleta realizados erroneamente, principalmente no que tange à fixação do pênis,
é possivel que o ejaculado entre em contato com as luvas. gerando quedas na motilidade espermática
devido a toxicidade destas substâncias (Figura 6.4). Se o contato for intenso. a queda na motilidade
normalmente e imediata e evidente. Entretanto, se o contato for moderado, muitas vezes a queda na
motilidade pode não ocorrer imediatamente e o funcionário acaba processando o ejaculado sem
observaro problema. Posteriormente, com o passar das primeiras horas após a coleta, ocorre uma queda
lenta e gradual da motilidade, comprometendo a qualidade das doses de sêmen produzidas. Este
problema pode ser resolvido corrigindo a técnica de Fixação do penis, impedindo que o ejaculado entre
em contato com a luva. e dando preferência ao uso de luvas de vinil. Caso seja necessário. e possivel
avaliara toxicidade das luvas empregadas na coleta de sêmen. Realiza-se este procedimento. cortando
um pequeno pedaço da mesma e colocando o fragmento em contato com l0- l 5 ml de sêmen in natura
por 10-15 minutos. Posteriormente, é avaliada a motilidade espermática.
Estando o materialpronto e o macho devidamente higienizado. procede-se a coleta do sêmen.

62
SUINOCULTURA EM A

O ejaculado pode ser dividido em quatro fases distintas. sendo elas:


Fase das Uretrais: Composta pelos primeiros 10-15 ml liberados, provenientes das
glândulas uretrais. apresentando coloração translúcida, cuja função é limpar a uretra para a passagem
das demais fases. Esta fase deve ser sempre descartada. diminuindo, com isto. a contaminação do
ejaculado;
Fase Rica: A fase rica possui aspecto que varia de leitoso a leitoso denso e contém o maior
percentual de espermatozóides do ejaculado, sendo constituida de plasma seminal e, em torno de, 70%
do total de espermatozóides liberados:
Fase Pobre: A fase pobre é de aspecto soroso e é composta pela secreção das vesículas
seminais e o restante dos espermatozóides do ejaculado. Muitas vezes, as fases rica e pobre podem ser
intercaladas:
Fase Gelatinosa: Esta fração é composta pela secreção das glândulas bulbo-uretrais e é
eliminada lentamente, normalmente em maior quantidade ao longo dos 2/3 finais da ejaculação.
Para o processamento do ejaculado. é recomendada a coleta da fase rica e da fase pobre. A
inclusão da fase pobre na coleta do ejaculado a ser processado é recomendada pois esta pode conter de
lO—30% do total das células espermáticas ejaculadas e. além disso, contém grande parte do plasma
seminal que desempenha um papel importante no trato genital feminino e na taxa minima de diluição do
ejaculado.

Figura 6.3: Fixação correta do pênis durante a coleta. permitindo que o ejaculado vá
diretamente para o recipiente de coleta.

63
iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Figura 6.4: Fixação inadequada de pênis durante a coleta, permitindo que o ejaculado
entre em contato com a luva.

6.4 Frequência de coletas


Deve-se ter em mente que, na média de uma central de M, um doador de sêmen em regime de
coleta tem condições de produzir, aproximadamente, 4,5 trilhões de espermatozóides/ano, ou seja,
1500 doses de 3 bilhoes. Quando se visa otimizar o emprego desses machos, antes mesmo de pensarem
'mirabolantes' alterações no modelo e protocolo de IA, deve-se questionar se a meta acima descrita é
atingida. Existem certos procedimentos e ações simples que, muitas vezes, não são adotados e que
permitem a melhor utiiização da produção dos animais e da estrutura laboratoriai, que por si só já
otimizariam a produção (Bortolozzo et al., 2003).
Para determinara frequência com que os machos são coletados na rotina de uma central de M,
deve ser levada em consideração a idade dos mesmos e a produção espermática individual, bem como a
demanda de sêmen do doador dentro do programa. A produção espermática varia de acordo com o
macho, raça, época do ano, meio ambiente, idade (Kennedy & Wilkins, 1984), nivel nutricional (Kemp &
Den Hartog, l989) e tamanho dos testiculos (Reed, 1982). Nesse sentido, o fornecimento de condições
ambientais adequadas para a plena produção espermática utilizando sistemas de ambiente controlado
ou ventilação e aspersão, investimentos em instalações de melhor qualidade de piso em baias ou gaiolas,
são fundamentais para otimizara produção espermática (Bortolozzo etal., 2003).
Ao otimizar esses procedimentos. a freqiiência de coleta passa a ter um papel importante na
quantidade de doses produzidas por macho ao ano. Entretanto. deve-se estar atento que a maior
frequencia de coletas, principalmente em intervalos muito curtos, pode causar prejuizos à qualidade do
ejaculado (Ferreira et al. 1996). Assim. o intervalo entre as coletas deve variar de acordo com a idade do
macho, a produção espermática individual e o tamanho dos testículos (Reed, 1982). Desta maneira,
machos adultos ( > 15- 18 meses de idade) podem ser submetidos a duas ou, até mesmo, a três coletas

64
SUINOCULTURA EM A

semanais, sem que haja comprometimento da sua capacidade de produção espermática, enquanto
machos jovens (8 a 12 meses de idade), por sua vez, podem ser coletados uma a duas vezes por semana
(Colenbrander et al., 1993: Wentz et al., 1996).
Na frequência de coietas deve ser levada em consideração a existência de diferenças
individuais na produção espermática, tanto em machos jovens como em adultos. Em uma avaliação da
produção espermática por doador ao longo do ano, em uma central de (A com 160 cachaços, Woilmann
(2002) observou que os animais com menos de 11 meses de idade, mesmo com uma baixa frequencia
de coletas, apresentaram um número total de espermatozóides ejaculados abaixo do patamaralcançado
pelos animais com idade superior a 11 meses (Figura 6.5). Os machos entre 1 1 e 13 meses.
apresentaram um ligeiro aumento numérico em reiação á categoria anterior, porém sem diferença
estatistica. A partir dos 13 meses há um pequeno aumento na produção, mesmo com aumento da
frequência de coletas, estabilizando em torno dos 88 x 109 espermatozóides. aos 19 meses de idade. com
variação de 5.02%, até em torno de 31 meses. A partir dessa idade percebe—se claramente uma queda na
produção para patamares de 80 x iOª espermatozóides. Como a idade influencia fortemente na
produção espermática, para manter constante a produtividade da central, e' fundamental a organização
das práticas de reposição e dos descartes de forma planejada, para que não existam contratempos que
alterem a idade média do plantel, prejudicando assim a produção espermática e o uso das instalações
(Bortolozzo et al., 2003).
SPTZ Totais (Bilhões)

120"

IUD- b c b c b b b C ª ª b ª b b ª b ª b
CL

nI ll! E!! m #2: lvl? em TI? Til Ti,! fl l' EOE 433 m l 98

a,.h. c," d e<o,os Idade (meses)

Figura 6.5: Número total de espermatozóides ejaculados de acordo com a idade. Waflmann (2002)

No entanto, em doadores com uma boa produção espermática, é possivel aumentar o ritmo de
coletas sem que haja prejuizos ao macho, nem à relação custo—beneficio do número de doses produzidas
por coleta. As caracteristicas individuais de produção espermática devem ditar o ritmo de coleta desses
animais.
Mesmo os machos que não estão sendo utilizados temporariamente, devem ser coletados
rotineiramente, pelo menos uma vez por semana, chamada coleta de esgotamento. Com isso são
mantidos a qualidade espermática e o condicionamento dos animais ás coletas. A utilização de fichários
ou "softwares" para o controle individual (ou uma simples tabela de coletas em centrais menores), aiám

65
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

de permitirem a organização das atividades. permite uma visualização individual da qualidade da


produção de cada animal. facilitando a identificação de animais problema e sua adequada remoção do
plantel. Essas formas de controle, porém. nem sempre funcionam adequadamente e as infomações ali
registradas às vezes não são fidedignas ou submetidas a uma avaliação global.
Embora seja possivel manter um ritmo de duas coletas semanais em machos adultos, Esse
indice não é alcançado na rotina da maioria das centrais de M do nosso meio. Como as granjas
concentram os desmames semanais na quinta e sexta—feira, há uma maior concentração de estros no
periodo de segunda até quarta—feira da semana subsequente. Com isso a produção de doses de sêmen
nesses dias é aumentada e nos demais dias ocorre uma sensivel queda. Portanto. a maioria dos animais é
coletada no inicio da semana e, devido à redução das inseminações a partir de quinta-feira, não é
necessário realizar uma segunda coleta em muitos machos. Essa situação leva as centrais à sub—utilizar seu
potencial de produção mantendo uma média de l. l- i.4 coletas por macho na semana.

66
SUINOCULTURA EM A

6.5 Referências Bibliográficas

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semen suino refri geradas e inoculadas com Escherichia coli e Staphylococcus aureus. Ciência Rural. v.31);n.2, 313-318. 20011.
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Rio Grande do Sul:, 21102.

67
SUINOCULTURA EM A

r.:"fo gig-127$“? ** tf" ---.- - *,

Fernando Pandoifo Bortoiozzo, ivo Wentz, Fabiane Mendonça Ferreira,


Paulo Eduardo Bennemann e Mari Lourdes Bernardi,
7.1 Introdução

Muitas decisões de manejo envolvendo a difusão do material genético são baseadas nas
avaliações in vitro do sêmen. A avaliação qualitativa do ejaculado é realizada com o objetivo de predizera
capacidade fecundante de uma amostra de sêmen ou o potencial reprodutivo do um animal, não
informando do manoira definitiva so um dotorminado macho é fértil ou não. Também é empregada para
a identificação de possiveis causas de infertilidade no rebanho ou para detectara tempo alterações que
possam comprometer a capacidade fecundante de uma determinada partida de sêmen. Nesse sentido,
detectar um aumento na probabilidade de ocorrência de uma redução na fertilidade do rebanho e muito
mais importante que a predição da fertilidade individual de um animal. Na prática, o exame qualitativo
do ejaculado e empregado em caráter eliminatório para determinar a viabilidade de processar o
mesmo. já o exame quantitativo e realizado com o objetivo de determinar o número de doses
inseminantes a serem produzidas a partir de um ejaculado.
Segundo Woelders (1990). o julgamento do potencial fecundante do sêmen, baseado nos
testes in vitro, deve ser considerado com certa reserva. Os testes atualmente disponiveis estão pouco
correlacionados com a fertilidade obtida in vivo. Apesar disso, é fundamental que o ejaculado seja
submetido a um exame detalhado e acurado antes de ser liberado para a M, sempre levando em
consideração o valor e as limitações dos parâmetros obtidos in vitro e a fertilidade do rebanho observada
a campo. Na monta natural, devido ao alto número de celulas espermáticas depositadas no trato genital
feminino (valores normalmente superiores a 50-70 bilhões de espermatozóides). até mesmo ejaculados
de qualidade sub-ótima podem alcançar taxas de fecundação aceitáveis. Tendo em vista um melhor
aproveitamento do ejaculado, na técnica tradicional de lã, são empregadas doses inseminantes
contendo de 1.5 até 4.0 bilhões de espermatozóides Com isso, o exame de todos os ejaculados
coletados assume um papel importante com vistas à eliminação de amostras inadequadas para o
processamento.
Logo após a coleta, deve ocorrera remoção da fração gelatinosa, que tica retida na gaze fixada
na borda do recipiente de coleta, e o ejaculado deve ser remetido diretamente ao laboratório. O
ejaculado deve ser protegido durante a remessa, fechando o recipiente de coleta, para evitar a entrada
de impurezas. É importante cuidar para que o recipiente com o ejaculado não permaneça fechado por
mais que alguns minutos, pois há o risco de condensação de água na tampa ou paredes do recipiente de
coleta. No caso de centrais, onde haja o transporte do ejaculado de um prédio ao outro, deve—se também
evitara incidência direta de raios solares e o choque térmico. Nas centrais bem planejadas este transporte
é foito diretamente pela janela de comunicação entre a sala de coleta e o laboratório, ou. nas centrais

69
ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

maiores, onde a sala de coleta está a certa distância do laboratório, por um sistema de tubos
pneumáticos.
No laboratório. durante todo o periodo de avaliação, recomenda—se que o ejaculado
permaneça em banho- maria à temperatura de 32 º C. Neste momento, o sêmen é submetido ao exame
macro e microscópico. Nesta bateria de exames os ejaculados são submetidos a avaliações que objetivam
determinar a viabilidade de processamento do mesmo e o numero de doses inseminantes possíveis de
serem produzidas.
Um ponto importante e a correta identificação do ejaculado, que deve ser realizada
imediatamente após o recebimento do mesmo no laboratório. Para a CIA de grande porte, a utilização de
softwares especiticos é uma ferramenta útil para o gerenciamento de informações a respeito de coleta e
processamento de sêmen, dentre outras informações.

7.2 Avaliação macroscópica

O exame macroscópico consiste na avaliação do volume. cor. odor e aspecto.


7.2. I Volume
A determinação do volume do ejaculado pode ser feita pela leitura direta em um copo de
coleta graduado (técnica considerada pouco precisa) ou colocando o ejaculado em uma proveta prê-
aquecida, na mesma temperatura do sêmen, Nesse método, há a necessidade de trocara proveta para
cada macho avaliado, o que toma o procedimento um tanto trabalhoso. A forma mais prática de estimar
o volume do ejaculado é através do seu peso, Para efeito pratico, cada grama de sêmen corresponde a l
ml, e, para facilitar esta forma de avaliação, o ejaculado deve ser coletado em recipientes com peso
conhecido. A precisão dessa medida e importante para determinar o número total de espermatozóides
do ejaculado.

7.2.2 Cor

A cor do ejaculado suíno van'a do branco ao branco—acinzentado, podendo também


apresentar coloração amarela clara. Esta variação depende de caracteristicas individuais ou da nutrição
do cachaço. Cores amareladas fortes ou rosadas, podem indicar presença de células inflamatórias ou de
sangue no ejaculado. respectivamente, Devido ao grande volume ejaculado pelo suíno e, consequente
diluição, estas alterações não são muito fáceis de serem observadas. Nestes casos, a sua identificação
macroscópica fica restrita a observações realizadas pelo operador no momento da coleta.
7.2.3 Odor
O odor do ejaculado suíno é caracteristico, e, eventuais contaminações, por secreções
prepuciais ou urina, são facilmente detectadas. Para minimizar este problema, devem ser tomados
cuidados na higiene prepucial pre—coleta e durante a coleta (Discutidas no capitulo 6).

70
SUINOCULTURA EM A

7.2.4 Aspecto

Baseado no aspecto do ejaculado, muitos te'cnicos procuram estimar a concentração do


mesmo. Na realidade, esta técnica pode ser empregada por operadores treinados, somente nos animais
de ejaculação vaginal (ruminantes, por exemplo), que, devido ao baixo volume ejaculado, permitem
baixo percentual de erro. No entanto, nos animais de ejaculação uterina (suinos, equinos, caninos), o
volume ejaculado é maior, portanto o grau de diluição e alto. Neste caso, mesmo os técnicos treinados
com a rotina de uma central de lA de suínos teriam um percentual de erro muito alto, impedindo a
maximização na produção de doses de sêmen por doador alojado. As centrais com maior volume de
coletas devem introduzir métodos mais precisos para determinar o número de espermatozóides no
ejaculado. Apesar destas dificuldades, é apresentada na Tabela 7.l uma relação entre o aspecto e a
concentração espermática.

Tabela 7. I: Relação entre aspecto do sêmen e concentração espermática no suíno.

Aquoso Ausência ou número reduzido


Soroso (LUSO-0,200 x IDª
Soro-leitoso 0,200-0,450 x 10‘
Leitoso 0,4so-o,soo x w‘
Leitao-denso :=- O,800 x toª
(adaptado de Smidt, 1965)

7.3 Avaliação microscópica


7.3.1 Motilídade

Apesar da avaliação“ da motilidade ser efetuada de forma subjetiva, ela indica a viabilidade
espermática, sendo um exame indispensável nos laboratórios de processamento de sêmen. Em vista
disto, e' fundamental que o laboratorista esteja bem treinado e faça periodicamente reciclagens para a
correção de eventuais erros na realização deste exame. Além da qualificação do operador, a exatidão da
técnica dependerá da qualidade dos equipamentos disponiveis no laboratório, principalmente do
microscópio e da platina de aquecimento de lâminas e laminulas.
A determinação da motilidade consiste em colocar uma gota de sêmen entre lâmina e
laminula, pré-aquecidas a 35°C. e examinar ao microscópio óptico (de preferência com contraste de
fase) em aumento de "30 a 200 vezes. Como os espermatozóides reduzem rapidamente sua atividade,
devido à baixa tensão de oxigênio existente entre lâmina e laminula e, para evitar erros de avaliação, é
recomendado que a motilidade seja estimada logo após a colocação da laminula sobre a gota de sêmen.
Outro aspecto importante é o volume da gota de sêmen colocada para exame, que deve variar de 8 a
20 microlitros, mas estará na dependência da concentração espermática do ejaculado. Deve-se evitar
preparados espessos onde seja visualizada a movimentação de uma onda de espermatozóides sem a
identificação da motilidade individual. Nessas situações, os espermatozóides imoveis são movimentados
pelos demais, dando, muitas vezes, uma falsa impressão ao examinador. Em ejaculados com alta

71
E ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

concentração espermática, caso o examinador não tenha muita experiência e não consiga realizar um
preparado de qualidade, e possivel estimar a motilidade após uma diluição prévia do ejaculado. Dasta
forma, realiza—se, por exemplo, uma diluição em partes iguais de diluente e de ejaculado ou de sêmen,
depois de 5 a 10 minutos de equilibrio, avalia—se a motilidade. Nesse procedimento, o examinador deve
estar atento aos cuidados com a diiuição como a qualidade do diluente, evitando o choque térmico e
diluições rápidas. Alem disso, deve—se levar em conta essa diluição prévia no cálculo do volume de
diluente a seracrescentado na preparação das doses de sêmen,
A motilidade e baseada no número total de células espermáticas moveis nos vários campos
examinados, de preferencia em três preparados diferentes, sem considerar os diferentes tipos de
movimentação. Entretanto, é possivel realizar um julgamento subjetivo da velocidade média e do tipo de
movimento apresentado ( Woelders, l990). Por ser um exame subjetivo, podem existir variações entre
examinadores. O percentual minimo aceitável de espermatozóides móveis para liberar um ejaculado
para processamento e de 70%. Ejaculados com percentuais de células móveis abaixo deste valor devem
ser descartados (Colenbrander et al., 1993). Flowers ( l 997) mostra que, com o emprego de doses com
66,2 a 94,7 % de motilidade, a taxa de parto e o tamanho da leitegada não sofreram redução (Tabela
7.2). O autor sugere que o uso de ejaculados com motilidade inferior a 60% possa trazer prejuizos no
desempenho reprodutivo. Sob o ponto de vista prático, adota-se o minimo de 70% de motilidade
espermática, como margem de segurança, contra eventuais falhas individuais que possam acontecer no
momento da estimativa desta variável.

Tabela 7.2: Taxa de penetração in vitro, taxa de parto e leitões nascidos vivos de acordo com
a motilidade estimada no ejaculado in natura.

”ºº'-iª m ”fªxªdªr enetracãa


in vitro (%)ª
mas
pª,-m m) maesu
Vimamdw
(%)_'
89, 5‘ 86,9“ 10,6”
94,7
87": 10,5.
82,3 81,7“
84,3” 34.5: 10,5“
76,1
66.2 74,7ª' estª tonª
9,2],
52,4 55,5“ 72141:
34,7“ 7231, 9,2,,
44,2
21,3' 51:7 7,8‘
32,6
I Os valores nª tªl-Tªlª remontam a média de todas as amostras dentro da categoria, Flowers (1997).
ª Taxa de Penetração = número de oócitos fecundadositotal de oócitos mandados.
a,b,c,d,e indicam médias diferentes, na mesma coluna (p<0,05).

As técnicas computadorizadas de avaliação da motilidade (Computer-Assisted Semen


Analysis) tiveram um desenvolvimento considerável nos últimos anos, permitindo a medida de
parâmetros múltiplos de motilidade, individualmente, de centenas ou milhares de células espermáticas
de uma detenninada amostra (Holt & Medrano, 1997; Budworth et al., 1988). Vãn'as caracteristicas do
tipo de movimento efetuado pelos espermatozóides podem ser analisadas com estes equipamentos,

72
SUINOCULTURA EM A

como a velocidade curvilinear. velocidade linear, amplitude do deslocamento lateral da cabeça.


deslocamento angular médio, linearidade e progressividade do movimento, entre outras (Holt et al,,
I997). Segundo Holt et al. ( I 997), um incremento no tamanho da leitegada e na taxa de concepção está
relacionado com a velocidade linear e a linearidade no movimento dos espermatozóides durante um
periodo de 2 horas de armazenamento In vitro. Segundo os autores, 20% da variação da fertilidade
obtida in vivo pode ser explicada pelas medidas da velocidade espermática. Embora o emprego desta
tecnologia permita acessar vários parámetros com maior precisão, o custo elevado do equipamento
limita seu emprego a pesquisa (Weitze & Móller, I99 I).
Ao avaliar a motilidade, o iaboratorista deve estar atento a possiveis fatores que podem afeta-
la, tais como a toxicidade das luvas empregadas na coletas, (cujos efeitos nocivos dependem
grandemente da técnica de coleta de sêmen) da qualidade dos componentes do diluente e da água (do
diluente e de limpeza) e da higiene na limpeza e esterilização do material que entra em contato com o
sêmen/diluente (Bortolozzo & Wentz, I995). Logo após a coleta, a motilidade á satisfatória, mas no
decorrer de poucas horas, pode ocorrer uma queda da mesma, inviabilizando o uso do sêmen. Portanto,
a avaliação da dose de sêmen logo após a diluição é fundamental. Da mesma forma, se a dose for
armazenada para ser usada nos turnos subseqiientes, recomenda-se que uma amostra da partida seja
avaliada previamente no laboratório. Para avaliará motilidade espermática em doses armazenadas a I5—
iBºC. uma amostra (2 a 5 ml) deve ser aquecida a 35—37ºC. em banho-maria, por I5 a 20 minutos, para
então realizara avaliação conforme descrito anteriormente.
A motilidade e a viabilidade estão intimamente relacionadas, ou seja, a percentagem de células
espermáticas móveis e altamente correlacionada com a percentagem de células espennáticas vivas ou
viáveis (Flowers, I996; Levis, I997). Entretanto, em algumas situações, esta afirmativa não é verdadeira.
Quando o sêmen á diluído, em meios hiper-osmóticos (Androhepâ, ou quando é armazenado por mais
de 3 dias, a viabilidade e normalmente maior que a observada ao exame microscópico de motilidade
(Flowers, I996: Levis. I997). Meios hiper-osmóticos normalmente suprimem a motilidade
espermática, deixando os espermatozóides com aparência de inativos, mesmo após prévio
aquecimento, antes da avaliação microscópica. Segundo Martin Rlllo et al. (I996). nesta situação, é
necessário que se faça uma avaliação utilizando uma solução de ca feina O. 1% em citrato de sódio,
De acordo com Flowers (1996). as discrepâncias existentes entre motilidade espermática e
fertilidade podem ser decorrentes do fato de que a integridade acrossoma! e das enzimas envolvidas no
processo de fertilização não estejam relacionadas com a motilidade das células espennáticas.

7.3.2 Vigor
Em algumas centrais de coleta de sêmen também é efetuada a avaliação do vigor, parâmetro
que avalia a qualidade do movimento espermática. O vigor e' normalmente estabelecido com base em
um escore de 0 a 5 e corresponde aos espermatozóides que se movimentam progressivamente, levando
em consideração o tipo e a direção do movimento. Este parâmetro, assim como a motilidade
espermática, é determinado empiricamente, e serve, em parte, para auxiliar na avaliação da qualidade
do sêmen.

73
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

7.3.3 Aglutinações
As aglutinações são observadas em grande parte dos ejaculados na espécie suina, com
pequenas variações na intensidade. Essas aglutinações normalmente são do tipo cabeça-cabeça e são
visíveis no momento em que se examina a motilidade do sêmen in natura ou, mesmo. diluido. As
aglutinações são classificadas de acordo com o numero observado por campo no microscópio. Essa
classificação é bastante empírica e varia. obviamente, com o aumento utilizado para realizar a
observação. bem como com a abertura de campo do microscópio empregado. Para essa avaliação são
atribuidos escores que variam de O a 3 de acordo com o numero de aglutinações observadas em um
campo. Dessa forma, ã uma amostra que apresenta ausência de aglutinações é atribuído o grau 0.
Quando o número de aglutinaçoes é de i a 2. 3 a 5 e ::=-6 por campo são atribuídos graus de l. 2 e 3,
respectivamente.
A aglutinação espermática. quando muito intensa. causa dificuldade e erro na avaliação da
concentração, independente do método utilizado, sendo o motivo de descarte do ejaculado. Flowers
( l 996) relata que, em muitas centrais. ejaculados que apresentam um percentual muito alto ”de
aglutinações espermáticas ( >30%) são rejeitados, mesmo não sendo bem esclarecida a relação entre as
aglutinações e um possivel efeito sobre a fertilidade. Estas aglutinações podem ser causadas pela
presença de impurezas no material que entram em contato com o ejaculado ou, também, por bactérias
(Kuster & Althouse, 1997). Flowers (1996) cita que as aglutinaçôes podem ser originadas pela adição ao
ejaculado de células epiteliais e espermáticas mortas, colocação dos espermatozóides em contato com
uma superficie de vidro. refrigeração muito rápida do ejaculado após a coleta. lesões na membrana
acrossomal a adição de componentes com propriedades antigênicas. Segundo o autor. a relação entre o
grau de aglutinação e a fertilidade ainda não foi claramente determinada para o sêmen suíno, mas é
recomendado o processamento de ejaculados com um grau máximo de 40% de aglutinações. Em muitas
situações podem ser observadas aglutinações no primeiro exame de motilidade do sêmen in natura,
podendo desaparecerapós a diluição. Portanto, o exame apos a diluição e sempre antes da utilização das
doses inseminantes preservadas por mais tempo e de fundamental importância.

7.3.4 Concentração espermática


A concentração espermática e um parâmetro quantitativo que deve ser analisado na rotina das
centrais de IA. pois, aliada ao volume do ejaculado, permite a determinação do número total de
espermatozóides do mesmo e, consequentemente, do número de doses que podem ser obtidas desse
ejaculado. Os métodos empregados para a determinação da concentração podem ser divididos em
diretos, aqueles em que o número de espermatozóides é determinado pela contagem direta dos
mesmos, e indiretos, quando a determinação e feita por estimativa (aspecto e grau de absorbância do
ejaculado).
Na espécie suína, sob o ponto de vista prático, & determinação da concentração espermática
pode ser feita pela contagem direta em câmara hemocitome'trica, pela lotocolorimetria e pela contagem
eletrônica de particulas. A estimativa baseada no aspecto do ejaculado é bastante empírica e pouco
precisa, não sendo recomendado o seu uso na rotina das centrais.

74
SUINOCULTURA EM A

7.3.4.1 Contagem direta dos espennatozóides em câmara hemocitométiica


A contagem dos espermatozóides em câmara hemocitometrica é considerado o método mais
preciso para a determinação da concentração (Weitze & Miilier, 1991). embora Pauienz et al. ( 1995)
consideram que o mesmo apresenta falhas. Uma das desvantagens deste método é que, para ter boa
precisão. o número de células a ser contado deve ser alto (Woelders, 1990). Segundo o autor. quando
LODO células são contadas, o coeficiente de variação é 3.2% (coeficiente de variação = i] Ví: onde n =
número de espermatozóides contados). Entretanto. para 100 e 300 células contadas. o valor fica em
i0% e 5.8%. respectivamente. Alto grau de diluição da amostra de sêmen a ser contada e outro possivel
fator que influencia diretamente a precisão do metodo. principalmente devido ã distribuição não
homogênea das células na câmara de contagem (Woelders. 1990). A contagem na câmara é um método
muito trabalhoso. e requer mão-de-obra qualificada. É um método indicado para ClAs pequenas. desde
que não exista limitação de pessoal treinado & disposição.
Existem várias câmaras que podem ser empregadas na contagem direta dos espermatozóides.
cada uma delas com suas particularidades (labeia 7.3).

Tabela 7.3: Descrição das câmaras de contagem mais comumente empregadas na determinação da
concentração espermática

Neubauerlmpmved Hmiumrededegnnfim mmmmz sqmm 0,1mm


ecpacb'admde-lnnf Mftmmrôqemiánlóqmm
WOW!-Inf)
Ne‘ubauer mmmdegmim W m m m m m D.!mn'I
engqmmdermf mmfimflflflmfim
mflflflfimfl
Thoma I I . . MatãMemlE-qmm D,]mm
i ' m m m m “ miinannnqemzsqmm
MEUHWMÓ
m m m m m m 0.1mm
mornaNeu Oqadadocanaimimáma
núnes/ZSmÓcpemlán lõcpmhlh
deLZIn'mª um(IMnmª)

Para preparara câmara é necessário colocar uma laminula opticamente plana, umedecendo o
local de fixação na câmara e deslizar a laminula sobre o mesmo. Após atingido o local de fixação da
laminula. deve-se exercer uma pressão leve com os dedos sobre a mesma fazendo com que se observe as
cores do prisma de Newton (listas que vão do violeta escuro até o marrom) no local de fixação. Com estes
cuidados, a laminula serã fixada a uma altura (profundidade) de 1/10 mm.
Como foi descrito. para executar esta técnica é necessário realizar uma diluição que tem a
função de fixar os espermatozóides e permitir sua contagem com maior precisão. Para tanto, no suino. a
partir do sêmen in natura emprega-se uma diluição de 1:100 ou 1:200. A alíquota de sêmen pode ser
diluída em uma solução de formol—citrato. soiução de cloreto de sódio a 10% ou na solução de Hayem. A
técnica deve ser executada do seguinte modo:

75
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

— l Pipetar 10 ml de uma solução lixadora em um frasco.


— l Homogeneizar o ejaculado.
— l Pipetar 0,1 ml ou 0, 05 ml de sêmen in natura para as diluições de 1:100 "e 1:200.
respectivamente (não há a necessidade de pipetar O. 1ml em 9,9 ml e 0,05 ml em 9,95 ml de solução
fixadora).
— l Coleta-r uma amostra da solução diluída e preencher o espaço. entre lâmina e laminula por
capilaridade.
— l Aguardar5 minutos, para sedimentação das células espermã'ticas.
— l Realizara contagem em um aumento de 400x.

Ao realizar a contagem. deve-se ter o cuidado de incluir os espermatozóides que pertencem


aos quadrados a serem avaliados de acordo com o seguinte critério: são contados todos os
espermatozóides cujas cabeças encontram-se no interior do quadrado em questão e, também, as que
estiverem sobre as linhas divisórias esquerda e inferior (as linhas a serem contadas são convencionadas
pelo examinador). Deve—se definir pela contagem de no minimo 1O quadrados centrais ( 1/16 ou 1/25
mmº, dependendo da câmara empregada), sendo 5 no retículo inferior e 5 no superior. Nas figuras 7. 1,
7.2 e 7.3 estão as representações esquemáticas da câmara de Neubauer improved. com visualização do
retículo central e contagem dos espermatozóides convencionadas.

Câmara de Neubauer Improved

Retículo ampliado na fig. 7.2.

retículo bloco de vidro


Profundidade 0,1 mm
laminula opticamente plana

' : l — bloco de vidro

Figura 7.1: Representação da câmara de Neubauer improvedtª

76
SUINOCULTURA EM A

Figura 7.2: Retículo central da câmara de Neubauer lmproved®

“ contar
w não contar

Figura 7.3: Representação de um quadrada (1/25 mmª) do retículo central da


câmara de Neuhauer Improve-diª e espermatozóides convencionadas para contagem

77
. ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Na determinação do número de espermatozóides de um ejaculado realizada em câmara de


Neubauer improvedsão contados, normalmente, cinco quadrados de cada lado conforme demonstrado
nas liguras 7.2 e 7.3. Nesse caso, deve-se executaro seguinte calculo:

Concentração : Número total de esªnnatozáides contados nos Quadrados


(spa./mmª) área contada X altura da cámara X diluição
Área contada: 10(quadrados) X 1/25 mmª
Altura da câmara = 1/10 mm
Diluição = 1/200
Concentração = Número total de espermatozóides contados nos quadrados
(spa./mmª) IO (quadrados) )( t/25mmº )( momm x 1/2oo
Concentração : Número total de espennatozõicles contados nos (10)quadrados X 5000
(Spa-1mm!)

7.3.4.2 Determinação da concentração espermática pelo fotômetro


A determinação da concentração espermática pela fotometria &! uma técnica indireta, sendo o
número de células por unidade de volume estimado pela opacidade do ejaculado. a qual é medida pela
percentagem de transmissão ou absorbância da amostra. Para empregar essa técnica, é necessário
realizar algumas aferiçães iniciais, associando a absorbância da amostra com a concentração observada
na mesma pela contagem direta em câmara hemocitométrica. Cada instrumento necessita de sua curva
de calibração ou tabela própria. Hoje em dia. esses equipamentos são comercializados já com uma
calibração especifica para ejaculados suinos. Este método apresenta uma percentagem de erro aceitável
quando submetido à rotina de uma CIA, sendo um metodo prático e simpies de ser utilizado em centrais
de coleta (Borchardt Neto et al.. 1995). As falhas observadas com o uso do espectofotômetro estão. na
maioria das vezes, associadas a variações individuais na opalescência do ejaculado dos doadores
(Woelders, l990) e. também, à presença de aglutinaçães nos mesmos. Segundo Woelders ( l990), as
leituras do espectofotâmetro podem sub- ou superestimar a real concentração do ejaculado em até
30%. Assim, embora sejam mais práticos que os demais processos. a CIA deve estar ciente da
possibilidade de erros na avaliação. e. principalmente. da necessidade de limpeza e manutenção
constantes dos equipamentos e materiais usados.

7.3.4.3 Determinação da concentração espermática pelo coulter counter


Embora essa técnica possa determinar o número de particulas por unidade de volume, não
pode ser considerada como um metodo direto de determinação da concentração. pela impossibilidade
de se ter certeza que todas as particulas contadas são espermatozóides (Woelders, 1990). Embora a
técnica permita uma contagem rápida de um número suficientemente grande de partículas com o sêmen
suino, a concentração foi subestimada ao ser comparada com a contagem direta em câmara
hemocitométrica. O autor acredita que a aglutinação de dois ou mais espennatozóides. formando
particulas maiores não identificadas pelo equipamento com sendo células espermáticas, possa ser o
mecanismo responsável pela concentração subestimada com o emprego do coulter counter. Paulenz et

78
SUINOCULTURA EM A

al. (1995) sugerem que a avaliação da concentração pelo coulter counter & mais rápida e bastante
precisa, permitindo o exame de um grande número de amostras em pouco tempo, mas salientam a
necessidade de aferição prévia dos resultados com a avaliação realizada pela câmara hemocitométrica.
Da mesma forma, esses equipamentos necessitam de cuidados especiais de manutenção e limpeza
constantes cuidadosa, alem de possuirem custos elevados.

7.3.4.4 Determinação da concentração espermática pelo espermodensímetm


de Karras
A determinação da concentração espermática pelo espermodensimetro baseia-se na turbidez
de uma amostra de sêmen diluido colocada no interior do aparelho após a leitura, a "olho nu", de uma
escala marcada na parede do recipiente. Os valores da referida escala estão associados à concentração
espermática por ml. O método e' bastante empírico e pode—se esperar a ocorrência de um aumento na
margem de erro quando comparado ã contagem direta em câmara hemocitométrica ou até mesmo no
espectofotometro. Entretanto. em centrais de pequeno porte, quando não existem recursos para a
aquisição de um espectofotômetro e onde a mão-de-obra não é suficientemente qualificada para realizar
a determinação da concentração espermática por contagem direta em câmara hemocitométnlca, o
emprego do espermoclensimetro de Karras seria uma alternativa na determinação do número
aproximado de celulas espermáticas no ejaculado. Da mesma forma como salientado para os demais
métodos, o examinador deve tomar cuidados quanto à diluição a ser usada e não utilizar a escala do
equipamento para fazera diluição, pois este equipamento tem a forma de cunha, sendo que os valores
indicados na escala, não correspondem a uma escala volumétrica.
A determinação da concentração espermática por este método deve ser realizada da seguinte
maneira:
— l Pipetar 9.0 ml de solução lislologica ou diluente no interior do espennodenslmetro.
— l Pipetar LO ml do ejaculado a seravaliado e misturar com a solução pipetada anterionnente:
— l Misturar as duas soluções de forma homogênea.
— l RealiZar a leitura da escala visualmente. A escala marcada no espermodensimetro vai de zero a
100 (com identificação a cada IO números e traços intermediários). O examinador deve identificar qual
o último número da escala que pode ser lido com clareza.
_ - Verificar na tabela de estimativa (Tabela 7.4) a que concentração espermática corresponde _o
valoridentificado como legível na leitura efetuada no espennodensimetro.

Tabela 7.4: Concentração espermática estimada após leitura no espennodenslmetro de Karras.

Leitm'a realizada no espennodensimeh'o de Karras


95908530.757065605550454035302520
. 45 - 375142;
. . Ill-1":- ._
l'. .
.
..__., . "JH-'J--
I
.
r.“ “

79
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

7.3.4.5 Comentário final sobre detenninção da concentração


A avaliação da concentração espermática é um procedimento obrigatório para a determinação
do número de doses de sêmen a serem produzidas a partir de um ejaculado e no cálculo do número de
células espermáticas por dose inseminante. Na escolha do método a ser empregado, devem ser
consideradas sua viabilidade técnica e econômica, dependendo de cada situação. Na rotina de centrais
de IA quo processam até 10 ejaculados. por exemplo, nos dias de maior movimento. é perfeitamente
possivel determinar a concentração espermática por contagem direta em câmara hemocitometrica. Em
centrais maiores, o tempo empregado com a utilização dessa tecnologia prejudica a rotina de
processamento dos ejaculados. Portanto, é recomendado empregar uma técnica de determinação da
concentração mais rápida, como a espectofotometria. mesmo que esta apresente maior margem de erro
na determinação do número de espermatozóides quando comparada á contagem direta. A
determinação da concentração espermática por métodos empíricos (por exemplo, pelo aspecto) deve
ser evitada por apresentarem grande margem de erro. ocorrendo. na maioria das vezes. subestimação
do número de espermatozóides. Corno consequencia da utilização dessas técnicas, há a necessidade de
manter um maior número de doadores de sêmen para que a demanda de produção de doses da central
do lA seja atendida.

7.3.5 Morfologia espermática


Este exame tem como objetivo a avaliação qualitativa das células espermáticas para
determinar o percentual de alterações morfológicas. Um percentual elevado de celulas anormais pode
ser indicativo da ocorrência de alterações na espermatogênese. na maturação espermática ou de que o
ejaculado tenha sido manipulado de forma imprópria. Com esse exame. é possivel descartar
reprodutores com ejaculados de baixa qualidade para emprego na inseminação artificial. No entanto,
quando os parâmetros morfológicos estão dentro dos limites aceitáveis, o resultado do exame de
morfologia espermática não permite estabelecer o nivel real de fertilidade do ejaculado (Rodriguez-
Martinez & Eriksson. 2000).
A determinação da morfologia espermática exige mão-de-obra especializada. razão pela qual
não é normalmente realizada diretamente na central IA. mas remetida a laboratórios melhor equipados.
Todos os machos jovens, ao serem introduzidos na central e. periodicamente. todos os doadores em
coleta devem ser submetidos ao exame. Os machos jovens. ao serem introduzidos no plantel de
doadores devem ser submetidos a 4-7 coletas em um periodo de 4-6 semanas (durante o periodo de
quarentena) e. somente após esse período. deve-se submeter uma amostra para o exame de morfologia
espermática. Com relação aos demais doadores do plantel,. preconiza—se a realização de exames
periódicos em intervalos máximos de 60 dias. ou quando nos exames de rotina de avaliação da
motilidade houversuspeita de alterações morfológicas.
Uma alíquota de sêmen deve ser lixada em solução tamponada (preparação úmida) ou pode
ser realizado um esfregaço lino em lâmina para ser posteriormente corado e observado, utilizando
microscopia óptica com grande aumento. Na preparação úmida, coloca-se 2 a 3 gotas de sêmen (200-
300 microlitros) em 3-4 ml de uma solução de formol-citrato (96 ml de uma solução de citrato de sódio
2.94% e 4 ml de fonnalina) previamente aquecida (32-35ºC). Coloca-se uma alíquota de 5 a 10

80
SUINOCULTURA EM A

microlitros do preparado entre lâmina e laminula e observa-se em microscópio óptico de campo claro
com contraste de fase, utilizando aumento minimo de 1000x. No esfregaço em lâmina pode—se
empregar as colorações de eosina-negrosina ou Cerowski. A avaliação é efetuada em microscópio óptico
de campo claro com aumento minimo de iOOOx.
No exame ao microscópio, devem ser observados no minimo 200 espermatozóides por
amostra. A avaliação é realizada considerando alterações de cabeça, colo, peça intermediária e cauda.
No quadro 7. 1 são apresentadas as alterações na morfologia espermática mais comumente observadas
no suíno. Rodriguez-Martinez & Eriksson (2000) consideram como aceitável quando as anormalidades
de cabeça não ultrapassam 10% e quando nenhum dos outros defeitos ultrapassar 5%
(individualmente) ou 10— 15% no total. No entanto, no manual para exame androlõgico e avaliação de
sêmen animal (CBRA. 1998). as alterações totais não devem ultrapassar 20% e, quando individualizadas
por região do espermatozõide. deve—se considerar os limites apresentados na Tabela 7.5. Quando um
espermatozõide apresentar mais de um defeito. usualmente somente o mais severo é registrado.
Durante a espermatogênese. uma porção remanescente do citoplasma forma a gota
cltoplasma'tlca proximal (GCP), que situa-se no colo. Durante o trânsito pelo epidídimo, a gota migra
para a porção final da peça intermediária -gota citoplasmátlca distal (GCD)— de onde é perdida. A
ocorrência de gota citoplasmática geralmente é indicativo de maturação espermática incompleta no
epidídimo. causada, por exemplo, por alta frequência de ejaculação. Gotas citoplasmáticas podem estar
presentes em todos os ejaculados. No suino, GCD não tem sido qualificada como tendo significado
patológico e, conseqtientemente. não é computada para o total de alterações. Deve ser questionada,
entretanto, essa interpretação. principalmente nos casos de percentuais elevados de GCD. A presença de
GCD e o percentual de gotas. independentemente se GCP ou GCD. não possuem correlação com
fertilidade, mas quando GCP superior a 5%. especialmente em sêmen diluído e resfriado. pode haver
redução da fertilidade (Leidi et al., 1999).
Também é possivel a realização de esfregaços, a serem corados com hematoxilina-eosina ou
Papanicolau. para determinar a presença de células estranhas como, por exemplo. células do epitélio
seminífero e epldidimárlo, da uretra, do prepúcio/pênis, das glândulas anexas e células inflamatórias
(leucócitos, linfócitos. monócitos/macrófagos). Um aumento no número dessas células, principalmente
as da linhagem espermatogênica e as inflamatórias, é um claro sinal de processos patológicos que
necessitam acompanhamento (Rodriguez-Martinez & Eriksson. 2000). Além dos espermatozóides
completamente formados, podem ser encontradas no sêmen células que não alcançaram a maturação
completa, células multinucleadas e gigantes presentes em casos de hipoplasia e de degeneração
seminal. Devem ser considerados outros elementos como as formações em medusa - fragmentos
destacados do conduto seminal - consideradas indicativos de hipoplasia ou degeneração seminal. Estas
formas também podem aparecer no sêmen de animais jovens.

81
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Quadra 7.1: Alterações na morfologia espermática no suíno.

Tipos de Alterações
Cabªça

:6'1. Base Cabeça a - Normal


b — Reta
c - Invertida
d - Estreita
i __ _ E - Larga.
65?- Gabeça Normal
* 63 Cabeça Pmranne m
64 Cabeça Glubnsa
05; Micracefafia
66. Cabeça Estreita na Base

Acrossoma

IT: 61Acmssoma Norma! “


.E 66 Acrossama fusa
E 69 Atmssoma Defumado
E 5:159. Acmssama Gautama Irregular
=... ªÉ'Í-TÍ'.“ Acmssoma em Destacamenth
1’ 1-2.“ Acmssama Desta—cada:-
D.
In
I-l-I .

E _lmplantªção da Caudª '


U1
G
O .. . '
h:... 1'3.- Sfmétfica

E. “Ab-axial
E fil-5". ataxia!

ºi?; &:ptura de Cola

ªrmªs Teratnlógíg;

- Ea; cabeça com“ 63663 Dupla


119; Cabeça com Cauda Multiplá;
26 Cabeça Dupla
2] Cabeça & Cauda Dupla
2 Cabeça Dupla d Várias Cauda;

82
SUINOCULTURA EM A

www.ufrgs.brlsetarsuínas Tipos de Alterações


Peca Intermediária

33 Penta Jurema—diaria Menna!


34 Peca intermediária Dupla
iPS-Peca fntennedía'ría apegada--
26 Foca Intermediária Fibrflar
ªz.“- Hera Intermediária Fibrilar

23 24 25 26 27

«: 23 Peca Intennedíâría
U
Segmentada
: 29 Peca Intennedíãda-Axia!
~05
33. Peca !ntennedía'ría Curva
E
3— .231. Peca JntEn'nedEãda Dobrada-
cu
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Lu
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Us
o
o
"L- .32. Gauda Rudímentar
L..
, .33 Cauda Dobrada
o - ' _34. Cauda Dobrada
E . - 35... Cauda Dobrada ( Bent Iai!)“
., .36. iCauda Fortemente Enrolada,
3-7. Cauda Fortemente Enmíada

32 33 34 35 36 37

&& Cauda Enrolada


39. Guta Cítepfasmátíca Distal
cum Cauda Dobrada
_ 4ª. Gota Citopfasmática Dista!
' :. com Cauda Dobrada
' 3'47. Gata Citopíasmátíca Proxima!
' tl 42 para Citopíasmática Dista!
143. Gota Citopíasmâtica Destacada.

38 39 40 4! 42 43

83
lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Tabela ?.5: Percentual maximo de alterações morfológicas aceitáveis no sêmen suino.


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5,0
Acrossomo 5,0
Colo 5.0
Peça intermediária 5,0
Gota Citoplasmática Proximal 10,0
Cauda lgg
i Iota:.de-Aftemgfies. *
--ao,o i
Fonte: Adaptado de CERA (1998)

No software de Leidi etal. (1999). as técnicas de avaliação morfológica do sêmen, bem como a
classificação das anormalidades espermáticas estão bem detalhadas. As anormalidades espermáticas
podem ser classificadas. de acordo com sua origem. em:
———I Primárias (de origem intra-ganadal, indicativas de problemas na espermatogênese)
_ . Secundárias (de origem extra-gonadal, indicativas de disfunção apididimária)
——l Terciãrias (de origem exógena, advindas da manipulação pós—ejaculação. durante o
processamento do sêmen para armazenamento ou associada a técnica de preparação para avaliação
morfológica)
As anormalidades primárias são divididas em especificas e não—especificas. A maioria das
anormalidades primárias não são especificas e podem ocorrer por distúrbios da espennatogênese.
afetando qualquer uma das porções do espermatozóide (cabeça, colo. peça intermediária e/ou cauda).
O aparecimento de número elevado de formas anormais de cabeça está geralmente relacionado com
casos de degeneração e hipoplasia testiculares. Espermatozóides anormais. principalmente com
anormalidades primárias. podem estar associados a alterações cromossômicas. Com percentuais de 6 a
l0% de anormalidades primárias. pode ocorrer redução na fertilidade. As anormalidades primárias da
peça intermediária são raras e. mais comumente, observadas em associação com os defeitos de cabeça.
Nem sempre podem ser diferenciadas de anormalidades secundárias, pela microscopia óptica. e
eventualmente podem não ser claramente atribuídas à peça intermediária ou à cauda.
As anormalidades primárias especificas são raras e. quase sempre. são de origem genética. A
sua presença pode levar a redução acentuada da fertilidade ou mesmo ã esterilidade. Citam—se como
exemplos a ocorrência de 'knobbed sperml (inversão ou expansão. em forma de botão. no acrossoma).
crater defect' (imaginações da membrana do núcleo e formações vesiculosas que podem se dispor na
região equatorial e assumir aspecto semelhante a um diadema - 'diadem defect'), 'SME- defect'
(aparecimento de formações semelhantes a cistos no bordo apical da cabeça, algumas vezes em conexão
com o acrossomo). 'tail stump' (caudas curtas ou mutiladas), 'corkscrew defect' (peça intermediária em
saca-rolha) & 'dag defect' (cauda totalmente enrolada, como se estivesse envolta em membrana e não
tivesse sido separada do colo e cabeça). Andersson et al. (2000) relataram a ocorrência de defeito
denominado 'short tail' com espermatozóides cuja cauda era mais curta que o normal. Esse defeito foi
diagnosticado em l2 machos da raça Yorkshire, cujo sêmen apresentava ausência de motilidade e baixa
concentração espennãtica. Foi con firmada a esterilidade desses machos e. com base em estudos

84
SUINOCULTURA EM A

genealógicas, os autores acreditam tratar-se de defeito causado por um gene autossõmico recessivo.
As anormalidades secundárias originam-se primariamente no epididimo. Há a possibilidade de
que estas anormalidades já estejam presentes nos túbulos seminiferos após a liberação dos
espermatozóides do epitélio germinativo, ou durante a passagem pela rate testis. No entanto. isto não
apresenta importância no diagnóstico. Como exemplos, podem ser citados: cabeças destacadas, caudas
dobradas ou em forma de clave & anormalidades da peça intermediária ou cauda. As cabeças destacadas
originam-se possivelmente de uma disfunção do epidídimo, por ser o colo, o qual estabelece a conexão
da cabeça com a peça intermediária, uma das estruturas mais frágeis do espermatozóide. As
anormalidades secundárias da peça intennediãria/cauda estão entre as mais frequentes. Elas originam-se
no epidídimo, ou durante a ejaculação. devido a alterações das secreções das glândulas acessórias, Os
defeitos da cauda são, em sua maioria, considerados como expressão de uma disfunção epidídimãria,
Algumas anomalias do acrossomo (granulações no bordo apical. edemaciado, em destacamento,
destacado, ausência de acrossoma) podem ser consideradas como de origem secundária e aparecem,
em suinos. em percentuais de l a 2%.
Há vários tipos de anormalidades terciárias, algumas vezes também chamadas de artefatos.
Pela aparência, nem sempre são diferenciadas das anormalidades secundárias. O acrossomo e o colo são
estruturas muito sensiveis sendo, por isto, com frequência acometidos por anormalidades terciárias.
Algumas anormalidades, anteriormente consideradas como secundárias, como cauda dobrada, cabeças
destacadas e problemas no acrossomo (edema, em destacamento e inicio da perda do acrossoma).
podem ser de origem terciária. Além disto, ruptura do colo, da peça intermediária ou da cauda também
são exemplos de anormalidades terciárias. Os defeitos de acrossomo ocorrem principalmente devido a
fatores como envelhecimento, rápido decréscimo da temperatura, congelamento/descongelamento,
indicando que as causas são, na maioria das vezes, de natureza exógena.
As causas das anormalidades terciãrias podem ser mecânicas, fisicas ou quimicas. No caso de
preparação de esfregaços para avaliação por coloração, os espermatozóides podem ser 'dilacerados'. Se
há um aumento das anormalidades acompanhando a direção do esfregaço, é um indicativo de dano
induzido mecanicamente. Anormalidades advindas de danos mecânicos na preparação da lâmina não
possuem efeito no potencial de fertilidade do sêmen sendo avaliado. Para evitar falsas interpretações, e
importante que a causa das anormalidades terciárias seja identificada. Quando há dúvidas, o
procedimento deve ser repetido (obter nova amostra ou preparar nova lâmina). Como causas fisicas e
químicas de anormalidades terciárias podem ser consideradas a rápida queda de temperatura,
composição do meio, alteração de pH ou pressão osmõtica ou. não incomum, a combinação de várias
fatores pode causar o aparecimento de caudas dobradas, danos no acrossomo, entre outros.
Defeitos terciários do acrossomo devem seravaliados como as outras anormalidades terciárias,
Dependendo da quantidade de tais formas, elas podem determinar redução do potencial de fertilidade
do sêmen que está sendo examinado. Por exemplo, isto pode ocorrer quando um diluente com
composição inadequada estiversendo usado.

85
ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

7.3.6 integridade da membrana espermática

A avaliação da integridade morfológica e funcional da membrana espermática e um ponto


importante na avaliação dos espermatozóides. Uma membrana celular intacta é essencial, pois o
aumento na permeabilidade da membrana torna o espermatozóide incapaz de mantera concentração
intracelular necessária de ions e solutos. As células espermáticas perderão metabólitos essenciais e
coenzimas, interrompendo sua motilidade e cessa as funções vitais,
Um dos métodos descritos para avaliar a integridade funcional da membrana e a exposição
dos espermatozóides a uma solução hipo-osmótica. Entretanto, os resultados obtidos nem sempre estão
relacionados com a fertilidade in vivo (Rodriguez-Martinez & Eriksson, 2000). O teste hipo-osmótico de
curta duração consiste em expor os espermatozóides a uma solução de baixa osmolaridade (75
mOsm/kg), durante 5 minutos a 37ºC (Pérez-Uano et al., 2003). Em microscópio de contraste de fase,
com aumento de 1000 vezes, é observado se os espermatozóides enrolam a cauda, em resposta à
diminuição da osmolaridade, sinal de que a sua membrana estã funcional. Pórez—Llano et al, (2003)
observaram que a subpopulação de espermatozóides que reagiu positivamente ao teste tinha um menor
percentual de acrossomos danificados do que os espermatozóides que não reagiram ao teste.
Se a membrana espermática está danificada, torna-se permeávela certos corantes. Os corantes
usados para marcar o estado das membranas espermáticas são ditos corantes vitais. Uma membrana
alterada ou desintegrada e sinal de espermatozóide daniõcado, sendo classificado como não-vital,
Ha colorações vitais cuja avaliação é efetuada por microscopia ótica, Dentre elas podem ser
citadas & coloração de eosina-nigrosina, a azul de bromofenol e a azul de bromofenol—nigrosina. Em
todas elas, o corante (azul de bromofenol ou ensina) passa através da membrana celular se ela estiver
danificada.
Hã as colorações cuja avaliação e' efetuada em microscopia de fluorescência, Os corantes
fluorescentes mais utilizados para a avaliação da integridade da membrana espermática são o Hoechst
33253, iodeto de propidio, diacetato de carboxifiuoresceina (CFDA) e SYBR 14 (Harrison & Vickers,
1990: Maxwell & johnson, 1997: juonala et al., I999). É comum o uso da associação do iodeto de
propidio com o CFDA ou com o SYBR I4. 0 iodeto de propidio penetra somente nas membranas
danificadas. CFDA, Hoechst e 5 YBR l4 penetram normalmente, em todas as membranas, O CFDA não é
fluorescente, mas & hidrólise com esterases intracelulares resulta no composto fluorescente 6-
carboxifluoresceina (Galli et al,, I998). Esta substância é retida nas mitocôndrias e citoplasma, mas e
dispersa novamente, nas células com membranas danificadas. A vantagem da combinação SYBR I4-
iodeto de propidio é que ambos ligam-se ao DNA. A exposição simultânea aos dois corantes resulta em
espermatozóides vivos corados em verde e espermatozóides mortos em vermelho. Todas as colorações
fluorescentes são adequadas para a espécie suína, mas devido aos custos e equipamentos necessários
ainda são, em geral, reservadas para estudos cientificos. As colorações fluorescentes apresentam a
vantagem da análise poder ser automatizada (citometria de fluxo) tornando a avaliação mais rápida.
Segundo juonala et al. ( 1999). a avaliação da motilidade não pode ser inteiramente
substituida pela avaliação da integridade de membrana, Sêmen armazenado em diluente inadequado
pode apresentar bons resultados nas colorações fluorescentes mesmo que os espermatozóides estejam
imóveis. Esta condição já foi observada em doses de sêmen com osmolaridade muito alta ou contendo
muitas bactérias.

86
SUINOCULTURA EM A

7.3.7 integridade do acrossoma e da cromatina

Por ser essencial no processo de fecundação. espera—se que qualquer degeneração, má


formação ou dano no acrossoma elimine a chance da célula espermática em fecundar o óvulo. Portanto,
o percentual de espermatozóides com acrossoma intacto é considerado um parâmetro seminal
importante.
Corantes fluorescentes e iectinas, conjugadas a corantes fluorescentes, também podem ser
aplicados para verificar a integridade do acrossoma, com a avaliação podendo ser efetuada em
microscópio óptico de fluorescência ou em citómetro de fluxo, É possivel avaliar se a membrana do
acrossoma está desestabilizada e apresenta caracteristicas de capacitação ou de reação acrossómica,
sobretudo para verificar as mudanças de espermatozóides submetidos ao resfriamento ou
congelamento, Para esta avaliação, pode ser utilizada a ciortetraciclina. O antibiótico clortetraciclina, um
composto fluorescente, acumula-se em compartimentos com altas concentrações de cálcio, o que
permite sua utilização para visualizar a sequência de alterações associadas ã capacitação ou à reação
acrossómica, Três padrões de coloração podem ser observados: fluorescência uniforme na cabeça,
caracteristica de espermatozóides com acrossoma intacto e não capacitados: presença de banda livre de
fluorescência na região pós-acrossómica, caracteristica de espermatozóides capacitados mas com
acrossoma intacto e, sem fluorescência na cabeça, com exceção de fina banda na região equatorial,
caracteristica de espermatozóides que sofreram a reação acrossómica (Maxwell &johnson, 1997: Tardif
et al,, 1999; Hua et al., 2002: Kaneto et al,, 2002). A exposição dos espermatozóides & uma lectina
conjugada ao isotiocianato de fiuaresceina (Pisum sativum: PSA-HTC) também permite verificar se a
acrossoma apresenta ou não a reação acrossómica (Holt et al,, 1997), Os espermatozóides que tiveram
reação acrossómica são aqueles que fixam a lectina fluorescente.
O grau de desnaturação do DNA pode ser avaliado pela exposição ao corante laranja de
acridina. Quando exposta ao corante, a dupla helice do DNA espermática apresenta coloração verde,
enquanto o DNA de hélice simples, por estar danificado, apresenta coloração vermelha (Galli et al.,
i998), O método mede o grau de aumento da heterogeneidade estrutural da cromatina, a qual estã
associada a distúrbios da espermatogênese, traduzida em anomalias espermáticas e, como
conseqiiência, porpassivel redução da fertilidade (Rodriguez-Martinez & Eriksson, 2000).

7.3.8 Teste de temo-resistência

Consiste em submeter os espermatozóides ã incubação a 37-39ºC por várias horas. Vários


parámetros podem ser avaliados (motilidade, morfologia, integridade da membrana plasmática e do
acrossoma, conteúdo de ATP, entre outros) para verificar quantas espermatozóides são capazes de
suportar esse estresse e de permanecer viáveis após o teste (Rodriguez-Martinez & Eriksson, 2000). Fiser
(1991) propôs um teste rápida de apenas 45 minutos de incubação a 42,5%. para avaliar sêmen
congelado de suínos, e relatou que, além da maior rapidez, esse teste seria mais sensivel para distinguiras
amostras em termos de danos do acrossoma,

87
. lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

7.4 Outras avaliações


7.4.1 Exame do pH do ejaculado
O pH do sêmen varia de acordo com a espécie animal. Entretanto. os valores sempre giram em
torno de um valor neutro, ou seja, pH em torno de 7,0 (Mies Filho, I987). Alguns autores consideram
que o pH do sêmen da espécie suína é levemente alcalino. podendo variar entre 7.3 a 7. 9 (Ha fez, I993;
Weitze & Múller, I991: Mies Filho, 1987).
0 pH é avaliado logo após a coleta, no sêmen in natura. Para isso». é utilizado papel indicador
ou potenciômetro digital (Weitze & Miiller, 1991). Entretanto, os métodos eletrometricos (pH-metro).
dada a aparelhagem exigida. são utilizados em laboratórios com mais recursos (Mies Filho. 1987).
As variações de pH suportadas pelos espermatozóides das diferentes espécies são bastante
amplas. podendo inclusive acentuara atividade das células espermáticas em meio de pH superiora 8.9 e
ate mais de i0.0 (Mies Filho. 1987, Weitze & Miiller. 1991).

7.4.2 Exame microbiológico

0 exame microbiológico fornece dados sobre a qualidade bacteriológica do ejaculado e da Dl


processada. podendo ser utilizado como forma de monitoramento higiênico da CIA. A contaminação
bacteriana pode estar relacionada à qualidade do sêmen e à capacidade de armazenamento (Hideout et
al., 1982; Sone, 1990; Martin Rillo et al., 1996;Edmondson etal., I948).

88
SUINOCULTURA EM A

7.5 Referências Bibliográficas

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89
SUINOCULTURA EM A

III-I_IÍIIII“IIIIIIIIIII-I-I—IIII-IIIII-I I I I I - I I I - I I - I I I I I I - I I I — I I I I

Fabiane Mendonça Ferreira, Paulo Eduardo Bennemann. Mari Lourdes Bernardi.


Fernando Pandolfo Bortolozzo e ivo Wentz
8.1 Introdução
A manutenção do sêmen suino sob condições de refrigeração tem se mostrado uma técnica
eficiente para a difusão de material genético através dos programas de inseminação artificial. Quando o
sêmen é adequadamente processado, é possivel a obtenção de ótimos resultados de prenhez e de
tamanho de leitegada. Esses resultados são, no minimo, semelhantes aos obtidos na monta natural.
É importante ter em mente que a garantia da qualidade das doses de sêmen que chegam ao
produtor deve sera prioridade da central de inseminação artificial (ClA). Muitas vezes, o sêmen coletado
é do excelente qualidade, mas erros de processamento. armazenamento ou transporte podem reduzir ou
comprometer o potencial fecundante dos espennatozóides, acarretando quedas na fertilidade do
rebanho. A adoção de um padrão de processamento do sêmen para fins comerciais aumenta as chances
de sucesso dos programas de inseminação artificial. Devido ao impacto que a qualidade das doses
inseminantes tem sobre a fertilidade do rebanho, e fundamental que as unidades que desejarem optar
por essa tecnologia façam alguns investimentos minimos em equipamentos e pessoal qualificado. O
propósito deste capitulo é apresentar, de maneira simples e concisa. os procedimentos básicos para o
processamento e armazenamento de doses de sêmen suíno resfriado.
O entendimento desta seção requer algumas considerações iniciais sobre a fisiologia do
espermatozóide. O sêmen e' uma amostra biológica e, como tal, deve ser submetida a procedimentos
que evitem comprometimento de sua qualidade. O espermatozóide é uma célula altamente
especializada, com metabolismo e sistemas enzimáticos especializados na obtenção do energia. Além
disso. tem como caracteristica a extrema sensibilidade a alterações de temperatura. Durante o
processamento do sêmen, o espermatozóide é submetido a alterações nas condições fisico-quimicas do
meio que o circunda. Dependendo do grau em que essas mudanças ocorrem. elas podem ter um
impacto indesejável sobre a qualidade das doses inseminantes. comprometendo a sobrevivência e
viabilidade da célula espermática submetida a refrigeração. Uma série de medidas deve ser
rigorosamente seguida de forma a minimizar eventuais efeitos deletérios da manipulação inadequada do
sêmen.
Nesse sentido. preconiza—se que entre a coleta e o armazenamento das doses haja uma queda
gradual e continua de temperatura até alcançar o ponto de armazenamento entre 15 o 18 º C. Da mesma
forma, da retirada da dose inseminante da conservadora ate' a inseminação. recomenda—se que a mesma
apresente uma curva continua do aquecimento até a deposição no trato genital feminino. Esses
procedimentos podem ser observados na Figura 8.1. Durante a coleta e processamento do sêmen. não
ha aquecimento do ejaculadojdose. somente o seu resfriamento. Durante o periodo de armazenamento

91
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

|.
deve-se minimizar as oscilações de temperatura, sendo tolerada uma variação máxima de 2ºC. Dentro
da atual tecnologia empregada, o sêmen nunca deve alcançar temperaturas inferiores a 15 º C.
Posteriormente, da retirada da dose da conservadora até a IA. há um aumento natural da temperatura,
sem oscilações. Devem ser evitadas alterações na temperatura com resfriamento e aquecimento durante
o processamento. transporte, armazenamento e condução da dose até a IA (Figura 8.2). Essas oscilações
térmicas são altamente prejudiciais ao sêmen. Cabe salientar que o leitor, ao observar as figuras 8.1 e
8.2. não deve analisa—las como curvas de resfriamento, pois a variação da temperatura está associada aos
oito eventos descritos e não está proporcionalao tempo.

ªC
4o -
35 -
30 -
25 .. ]. Coleta;
20 _ 2. Chegada no laboratório.
3. Temperatura do banho maria,
15 ' 4. Temperatura após 90 minutos à 24ºC.
IO - 5. Temperatura de annazenamento.
_ __ _ _ 6. Mada das doses do annazenamento.
5 ' Coleta Ia processamento ' sm|aaarmuam| ;, Mªç㺠da m,
8. Temperatura no trato genital feminino
1 2 3 4 5 6 7 8
Etapas entre a coleta e a IA

Figura 3. I: Curva de resfriamento e aquecimento durante a manipulação do sêmen suíno.

"C
40 - Evitar essas
35 _ oscilações na
temperatura
30 -
25 - I. Coleta.
20 _ 2. Chegada no laboratório.
3. Banho mana com temperatura alta,
15 - 4. Temperatura após 90 minutos 31 24ºC,
IO _ 5. Variação na temperatura de annazenamEnto.
_ 6. ita-tirada das doses do annazenamento.
5 - cam gmmma Amazonantentollteàlizaçãã da M | 7. Aquecimento das doses antes da IA.
8. Temperatura no trato genital feminino
1 2 3 4 5 6 7 B
Etapas entre a coleta e a IA

Figura 8.2: Oscilações térmicas indesejáveis durante a manipulação do sêmen suíno.

92
SUINOCULTURA EM A

Durante todo o periodo de processamento das doses inseminantes, dois principios básicos
devem ser considerados:
_ - Evitar variações bruscas de temperatura (Quadro 8. l ).
—-l Adotar um protocolo de contaminação minima (bacteriana e química).

Quadro 8.1: Medidas a serem tomadas para minimizar oscilações térmicas prejudiciais durante a
produção das doses de sêmen.
-
"L fli- ' . I r l ‘ :

Realizar um pré-aquecimento do copo de coleta (incluindo o protetor térmico), certificando-se que permaneça
aquecido até o término da coleta do sêmen.
Fansportar o ejaculado rapidamente até o laboratório, no interior do protetor térmico.
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—I Controlar a climatização do laboratório mantendo uma temperatura ambiente de 22 blºc.


_ - Ao chegar ao laboratório, o ejaculado é imediatamente pesado. Evitar colocar o recipiente de coleta na
plataforma fria da balança de pesagem.
_ - Colocar o ejaculado no banho-maria. Observar se a temperatura do banho-maria não é superior à do ejaarlado.
_ . Controlar a temperatura do diluente. Evitar diferenças superiores a PC entre cr diluente e o ejaculado.
_ - Realizar uma diluição prévia, na proporção de H (entre o diluente e o ejaculado), mantendo-a no banho-maria.
_ - Se necessário. pré-aquecer as embalagens para envase das doses.

—I Ter conservadoras adequadas para annazenamento. ou seja, que refrigeram e aqueçam, mantendo a
temperatura em I? :2 ºC.
_ . Racionalizar a manipulação da estufa de armazenamento das doses.
_ - Dispor de uma ficha de controle diário de temperatura da estufa de conservação de sêmen para que oscilações
de temperatura sejam detectadas.
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_ - No transporte até o setor de cobertura, empregar embalagens isoténnicas e transportar apenas as Dis que
serão utilizadas. Evitar a exposição solar das embalagens durante o procedimento de IA.
—I Evitar o aquecimento das doses antes da M..
——I Importante: Doses enviadas ao setor de cobertura e que não foram utilizadas devem ser descartadas. Jamais
retorna-las ao conservador de sêmen.

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, .. r." _

—I Controlar periodicamente a temperatura das doses durante os circuitos de distribuição do sêmen.


_ . Empregar embalagem adequadas.
_*- Evitar a exposição solar durante o transporte.
—I Conscientizar as pessoas envolvidas dos efeitos deletérios das oscilações de temperatura sobre a qualidade
espennátíca.

93
. iNSEMIHAÇÃO ÁRTIFICML NA SUINOCULTUM TECNIFICHDA

8.2 Processamento das doses inseminantes

8,2,1 Diluição do sêmen suíno


Apesar da metodologia de produção das doses ser simples e de fácil execução, o
processamento do ejaculado necessita de pessoal qualificado e atenção a pequenos detalhes que, se não
observados, poderão comprometera qualidade da dose inseminante. Na preparação da dose, devem ser
levados em conta aspectos como diluente e técnica de diluição empregada, intervalo entre coleta e
processamento do sêmen e taxa de diluição (Flowers, 1996).

8.2.1.1 Diluentes
A energia do espermatozóide suino deriva principalmente do metabolismo de substratos
energéticos, tais como os carboidratos. e da produção endógena de lactato (Kamp et al., 2003).
Os diluentes de sêmen são compostos com uma ampla variedade de substâncias
quimicamente diferentes entre si, que têm a Finalidade de manter os espermatozóides viáveis até o
momento de serem introduzidos no trato genital da fêmea (Tabela 8. 1).

Tabela 8.1: Com osi ão, em ramas, dos principais diluentes utilizados na 111 de suinos.
11110 de afluente
Curta Duragfio Longa Duração

Cªmpº“—ªntª (9'); 01's x1£w Reading Andrahep Mit-.A—


Giicose Anidra 37,0 60,0 1 1,5 26,0 +
Cifl'ato de Sódio 6,0 3,75 11,65 8,0 +
Bicarbonato de Sódio 1,25 1,25 1,75 1,2 +
EDTA 1,25 3,70 2,35 2,4 +
Coreto de Potássio 0,75 - 0,75 - -
Acetato de Potássio +
Tampão TRIS - - 5,5 - -
Ácido Cíaico - - 4,1 - -
Cisteina - — 0,7 — +
Mose - - 1,0 - -
Álcool Poliviníh'co - - 1.0 - -
Albumina Sérica Bovina - - - 2,5 +
Tampão HEPES - - - 9,0 -
Tampão MOP$ +
Água destilada/deionizada qsp adicionar qsp qsp qsp
1000m1 10001111 10001111 10001111 10001111
*Composição mantida como segredo comercial. Adaptado de Weitze (1991) e Almond et al. (1994}.
SUINOCULTURA EM A

A fonte primária de energia, nos diluentes, é a glicose. Outras fontes de energia como
galactose, frutose. ribose e trealose foram utilizadas em diluentes de sêmen suino, porém a glicose foi a
que apresentou melhores resultados (Levis. 2000). A degradação da glicose, pelo metabolismo
espermática, tem como componentes finais CO,, H_,O e produtos ácidos que alteram o meio em que os
espermatozóides estão diluídos (Hammerstedt, 1993).
0 pH do sêmen na espécie suina é levemente alcalino, oscilando de 7,3 a 7,9 (Hafez, 1993). O
ácido láctico produzido altera o pH do meio (Levis. 2000) e. conseqiientemente, o periodo de
viabilidade espermática. Dessa forma, para que 0 pH no sêmen diluído se mantenha dentro do intervalo
ideal, são acrescidos tampões ao diluente. Os ions comumente introduzidos são o bicarbonato de sódio.
citrato de sódio e. em alguns diluentes, o cloreto de potássio (BTS, NT e Schonow lll). Estes
componentes, em baixas concentrações (minimo de 4 mMK). são utilizados como tampões para manter
a bomba de sódio e potássio da célula, prevenindo a exaustão de potássio e perda de motilidade
(lonhson et al., 2000). O bicarbonato possui uma ação limitada, não evitando grandes oscilações no
valor do pH. Alguns tampões orgânicos, chamados de anfóteros, especialmente o TES, MOP$ (MR—A) e
HEPES (Androhep) são capazes de tolerar maiores flutuações de pH.
0 EDTA (ácido etileno-diamino-tetracético) e um quelante de íons metálicos bivalentes,
especialmente do Ca". cuja função e limitar o movimento desses ions através da membrana (lonhnson et
al.. 2000). prevenindo o inicio da capacitação e reação acrossomal.
Alguns diluentes ainda apresentam em sua composição estabilizadores de membrana. A
membrana plasmática do espermatozóide e', essencialmente, uma fina camada de lipideos e proteinas e
sofre modificações durante o trãnsito no epidídimo, armazenamento e ejaculação (Hammerstedt &
Parks, 1987). Alguns componentes especiais têm sido acrescentados aos dlluentes na tentativa de
prevenir ou retardar alterações indesejáveis na estrutura e função da membrana plasmática. Esses
componentes são a albumina sérica bovina (BSA), o EDTA. butilato de hidroxitolueno (BHT) e álcool
polivinilico (Levis. 2000). A BSA pode aumentar a sobrevivência do espermatozóide do touro após a
diluição, efeito decorrente da troca ou manutenção da camada lipoproteica do espermatozóide ( Weitze,
1991). O mecanismo protetor pelo qual a BSA atua ainda e desconhecido. Aparentemente, uma
propriedade especifica de proteinas pode estar envolvida. A ação primária da BSA é estimular a
motilidade espermática devido a sua alta afinidade por várias substâncias de baixo peso molecular que
estão envolvidas na remoção do fator inlbitório do espermatozóide. Além disso, está ligada à remoção de
produtos lipidicos danificados da membrana, modificando a sua permeabilidade. A BSA,
aparentemente, tem influência direta sobre a motilidade espermática e não no metabolismo de energia.
Este fato é evidenciado por um estimulo da motilidade sem modificações na quantidade de ATP ( Weitze,
1991). O autorsupõe que a BSA oferece proteção contra o “efeito da diluição".
A osmolaridade do diluente é um fator importante para evitar danos à célula espermática. A
pressão osmótica do sêmen oscila entre 210 a 290 mOsm (Levis, 2000). Esta e mantida, principalmente,
por componentes não iõnicos como a glicose (lohnson et al., 2000). Íons inorgânicos como o cloreto de
potássio e o cloreto de sódio são acrescentados para balancear a pressão osmótica (Levis, 2000). O
espermatozóide suíno tolera uma osmolaridade entre 240 e 380 mOsm, mas parece que um meio
lsotõnico ou levemente hipertõnico oferece melhor preservação da capacidade fecundante do que
diluentes com maior hipertonicidade (Weitze, 1991).
Outros componentes como antimicrobianos são acrescentados ao diluente com a finalidade de

95
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

inibir o crescimento bacteriano, uma vez que a temperatura na qual as doses inseminantes são estocadas
não é capaz de impedi-lo, As bacterias contaminantes do sêmen podem levar a lesões na célula
espermática seja por aderência a membrana espermática ou por metabólitos tóxicos liberados no meio.
Embora o emprego de alguns antimicrobianos traga prejuizos a motilidade espermática
(Bortolozzo et al., 2000), o seu uso reduz o número de unidades formadoras de colônia nas doses
produzidas. Segundo jasko et al, (1993), no sêmen resfriado e armazenado, o efeito negativo do
antimicrobiano sobre a motilidade espermática é maior devido ao seu maior periodo de ação sobre a
célula espermática. Um aspecto importante a salientar a a origem dos antimicrobianos empregados.
Deve—se evitar o emprego de especialidades farmacêuticas e substâncias destinadas ao uso parenteral,
pois pode ocorrer algum efeito danoso do veiculo ou excipiente acrescentado à formulação do
preparado sobre a célula espermática (Bortolozzo et al., 2000). já em formulações comerciais do
diluente, o antimicrobiano acrescentado e', em geral, uma substância pura e, teoricamente, inerte em
relação a célula espermática.
A baixa qualidade do diluente tem sido apontada como uma das principais causas de redução
da fertilidade do sêmen, Por isso, a data de validade das partidas deve ser con ferida. Um diluente pode
sofrer vários tipos de aiteraçães qualitativas quando armazenado em condições inadequadas. Nesse
sentido, as recomendações do fornecedor, no que se refere à temperatura de armazenamento, devem
ser rigorosamente seguidas. Os pacotes de diluente abertos que não forem totalmente utilizados podem
ser usados posteriormente, desde que sejam bem fechados e armazenados a 4°C. Da mesma forma, é
recomendado que, mesmo os pacotes fechados permaneçam sob refrigeração, para evitar eventuais
problemas na quaiidade.
Outro aspecto importante é a qualidade da água utilizada para o preparo do diluente, O ideal é
que seja usada água bidestilada. Com base em determinadas características, a água pode ser classificada
em Tipos l, ll, lll ou lv (Sociedade Americana de Testes e Materiais: Tabela 8.2).

Tabela 8.2: Classificação dos Tipos de água de acordo com a Sociedade Americana de Testes e
Materiais SATM .

Condutividade elétrica (USlcm a 25°C) máximo 0,056 1.0 2.5 5,0


pH a 25ºCª'ª - - - 5,0 a 8,0
Sócio (iJ/Iiho) — nfindmo I 5 IO 50
* Águas do tipo !, H e m não devem conter componentes em quantidade suficiente para que o pH seja alterado.

Tipo ! - usado em procedimentos que exigem alta precisão, como absorção atômica e cultura
de tecidos,
Tipo ll — utilizado para procedimentos laboratoriais que podem dispensaro Tipo I, como testes
sorológicos, hematológicos ou microbiológicos.
'l'ipo m ou IV - usado para procedimentos como exames urinários, parasitologicos,
histológicos e preparo de soluções.

96
SUINOCULTURA EM A

A água usada para o preparo do diluente deve ser, no minimo, do Tipo li. 0 desejável e' que
esta água não possua agentes contaminantes, como determinadas bactérias, e possua baixa
condutividade elétrica. o que significa minima ou nenhuma presença de minerais. Quando a água possui
elevada concentração de sais e minerais, ocorre um desequilíbrio osmótico entre sêmen e diluente.
acarretando lesões esperrnãticas. principalmente no acrossoma.
Os equipamentos mais utilizados para a purificação da água são os destiladores e os
deionizadores. É aconselhado que o deionizador seja colocado antes do destilador. uma vez que impede
o acúmulo de minerais. como o cálcio, no destilador. Alem disso. a água que sai do destilador tem maior
chance de ser recontaminada durante a passagem pelo deionizador, prejudicando a eficiência do
processo.

8.2.1.2 Escolha do diluente


Deve-se partir do principio de que não existe um diluente ideal que possa ser recomendado
para uso geral. No Quadro 8.2 são apresentadasas caracteristicas desejáveis para um diluente.

Quadro 8.2: Caracteristicas desejáveis de um diluente.

—-I Conservar a capacidade de fecundação por um date-unmade peflodo, possibilitar-ido atingir índices de
.|..|..|..L.|.J..|.

fertilidade satisfatórios.
Fomecer nutrientes às células espennáticas.
Possuir capacidade tamponante.
Ser isotônico.
Proteger as células espennáticas de alterações hmscas na temperatura.
Possuir efeito antimicrobiano.
Ser de fácil solubilidade em água.
Ter uma boa relação entre o custo e o heneã'cio.

Na prática. a escolha do diluente deve considerar as condições especificas em que a


inseminação artificial ocorre. 0 tempo que normalmente decorre entre o processamento das doses e a
IA, ou seja, se o sêmen se destina ao uso imediato ou ao armazenamento durante alguns dias, é um dos
fatores que deve ser levado em consideração. Outro aspecto relevante é se as doses são preparadas na
mesma unidade em que são empregadas ou relativamente próximo à ela. ou se provêm de uma central
distante.. O manejo da IA adotado em cada unidade (número de [As realizadas/fêmea/estro e intervalo
entre iAs) e o custo do diluente são também fatores que influenciam enormemente na escolha do
diluente. Como implica em custos adicionais. a escolha de um diluente de longa conservação deve ser
criteriosamente analisada.

97
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

8.2.1.3 Preparação do diluente


Em muitas centrais, a decisão do número de doses inseminantes & serem produzidas e feita no
dia anterior, com base na rotina sema-nal, Dessa forma, é possivel realizar uma previsão da quantidade
aproximada de diluente a ser preparado. A preparação do diluente deve ser realizada, no mínimo. uma
hora antes de ser utilizado, pois esse periodo possibilita a estabilização do pH, da osmolaridade e
completa dissolução dos solutos.
Conforme citado anteriormente, a água empregada no preparo do diluente deve ser destilada
e de boa qualidade (no minimo com a classificação tipo il). O prá—aquecimento da mesma facilita a
diluição dos solutos. O diluente deve ser aquecido em banho-maria, evitando-se o aquecimento direto
na chama. É importante salientar que a temperatura do diluente deve estar, no máximo, a 1 °C abaixo
da temperatura do sêmen, no momento da diluição.
O diluente que não foi usado no dia do preparo pode ser armazenado ã temperatura de 4—6 ª C
e utilizado nas próximas 24 horas. Procedimentos padrão adotados no preparo de qualquer solução
devem ser seguidos na preparação do diluente, lnicialmente, deve—se diluir os solutos em um pequeno
volume de água e, depois, acrescentar o volume restante, para que as substâncias sejam uniformemente
dissolvidas. Dependendo do volume a ser preParado, a solução pode ser mantida sob agitação no
momento da dissolução.

8.2.1.4 Taxa de diluição


A taxa de diluição (TD) do sêmen é um fator que pode interferir no periodo de conservação e
viabilidade da célula espennãtica, reduzindo a sua fertilidade. Considera-se uma TD (sememdiluente)
ótima a de 1:10 (Martin Rillo et al., 1994) ou entre 1:5 e 1:15 (Ruvalcaba, 1994). Entretanto, esta vai
depender da concentração espermática do ejaculado a ser diluido. Dis cuja TD é pequena, ou seja,
menor que 1:5. apresentam baixa viabilidade espermática devido á carência de substratos energéticos e
ã perda da capacidade tamponante do meio (Levis, 1997: Flowers, l996). Alexopoulos et al. (1996)
observaram decréscimo siqniâcativo na motiiidade espermática em Dls com menor diluição (5x109
sptz/Dl) quando comparada com maior diluição ( lx 1Gº e 3x 1Oº spa/DI). Os autores atribuíram o fato ao
pobre ambiente metabólico gerado nas doses com TD menores. já a razão pela qual ocorre uma redução
da fertilidade e viabilidade espermática das Dls submetidas a uma alta TD ( ::> 1:15) não e claramente
conhecida (Flowes, 1996). Entretanto, acredita-se que o fenômeno chamado choque osmótico esteja
envolvido (Flowers, 1996: Levis, 1997).
Segundo Levis (1997), a taxa ótima de diluição também depende das caracteristicas fisicas do
diluente utilizado (pH, pressão osmótica, capacidade tamponante). Quando diluentes de longa duração,
como o MR—A, são utilizados, a taxa ideal de diluição e de 1:8 a 1:15 (Ruvalcaba, 1994). No entanto,
quando foi utilizado o diluente de Kiew, esta taxa ficou entre 1:7 e 1:11 (Perez Marcos et a1., 1991).

98
SUINOCULTURA EM A

8.2.1.5 intervalo entre coleta e diluição


Após coletado e avaliado, o ejaculado deve ser diluído o mais rapidamente possivel (Glossop,
1996). Segundo Wentz & Bortolozzo (1998). o periodo ideal entre a coleta e a diluição do sêmen é de 5
minutos, embora, segundo Ruvalcada (1994). este periodo possa se estender ate 20 minutos após a
coleta. O intervalo de tempo entre a coleta e a diluição do sêmen pode influenciar na qualidade das Dls.
Segundo Flowers (1996), há uma relação inversa entre viabilidade espermática e intervalo entre coleta e
inicio da diluição. Nas centrais com grande volume de ejaculados coletados, é possivel, através de uma
pró-diluição, diminuiro intervalo entre a coleta e a adição inicial de diluente.

8.2.1.6 Diluição propriamente dita

No momento da diluição, é importante que semen e diluente estejam à mesma temperatura


(BO—35°C). a fim de evitar o choque térmico e conseqiiente lesão do espermatozóide (Pedersen, 1995;
Simmer. 1996: Thompson, 1981). Assim, durante a avaliação microscópica, o sêmen é mantldo em
banho-man'a (30-35%) para atingir o equilibrio de temperatura com o diluente, Almond et al. (1994)
sugerem que antes da diluição seja aferida a temperatura do sêmen e do diiuente, sendo aceitáveis
diferenças de até iºC entre os dois (Almond et al.. 1994). Caso a diferença de temperatura exceda a zªc,
há risco de redução da viabilidade dos espermatozóides (Flowers, l 996).
Após ter sido determinada a concentração espermática e a TD, a diluição propriamente dita e
realizada, Esta deve ser lenta e gradual (Soares, 1996). Bamba & Cran (1985) observaram que, quando a
diluição era realizada de forma muito rápida, havia uma grande proporção de espermatozóides com
defeitos de acrossoma. A fim de evitar o choque térmico e osmótico causado entre espermatozóide e
diluente, é sugerido que a diluição seja efetuada em dois estágios (Levis. 1997: Flowers. 1996). No
primeiro estágio é realizada uma diiuição de H. Após 10 minutos de estabilização, é acrescentado o
volume totai do diluente, completando o segundo estágio, Desta forma, ocorre um lento equilibrio de
pH e osmolaridade entre sêmen e diluente. Após 10- 15 minutos da conclusão da diluição, a motilidade
deve ser avaliada novamente (Glossop, l996) e, se esta apresentar um minimo de 70% de
espermatozóides móveis, procede-se o envase das doses inseminantes. Caso contrário, o ejaculado
diluido e descartado. Além disso, deve—se estar atento para a diferença entre a motilidade observada no
ejaculado in natura e após a diluição. Caso a diferença seja superiora 10 pontos percentuais, o operador
deve verificar possiveis falhas no procedimento de diluição, Problemas referentes à contaminação
(quimica e microbiológica), qualidade do diluente e da diluição propriamente dita podem levará queda
do percentual de espermatozóides móveis e, consequentemente, baixa qualidade da dose inseminante,
Uma vez diluida e envasada, & Dl é submetida a uma diminuição gradual de temperatura.
Durante 90 minutos esta Di é mantida à temperatura ambiente (20-24ºC), quando então é armazenada
a lS—lSºC (Glossop, 1996).

99
. ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

8.2.2 Envase do sêmen

Após a diluição e aprovação do ejaculado e realizado o envase das doses inseminantes.


Existem, no mercado, várias embalagens destinadas ao acondicionamento de sêmen. As mais comuns
são as garrafas plásticas com capacidade para 100 ml de sêmen. Em ClAs onde o envase de semen & semi-
automatizado, podem ser utilizados flexitubos. os quais são selados através do calor, resultando em uma
embalagem hermética. Outras embalagens que também necessitam de certa automação são os blisters.
As embalagens de acondicionamento de sêmen podem ser de material plástico transparente, colorido ou
aluminizado. O último tem a vantagem de proteger o seu conteúdo da radiação ultravioleta no momento
da inseminação. É importante que todas as embalagens sejam constituidas de plástico virgem e não
tóxico ao espermatozóide.

8.2.3 Temperatura e armazenamento da Dl

A redução da temperatura tem sido um método utilizado para prolongar a viabilidade dos
espermatozóides ejaculados, devido ao seu efeito de desaceleração dos processos metabólicos celulares
(Almond et al., 1994). O fato de que baixas temperaturas de armazenamento prolongam a duração da
motilidade foi demonstrado em aves (Giesen & Sexton, 1983). bovinos (Foot & Bretton, 1960) e
humanos (Appell et al., i 977). Entretanto, o espermatozóide suino é, particularmente, muito sensível ao
resfriamento (Leeuvv et al,, 1991). Um resfriamento até temperaturas inferiores a iSºC resulta em
diminuição da taxa de sobrevivência espermática. Este fenômeno é atribuido a alterações estruturais e
bioquimicas que levam à ruptura da membrana plasmática, degeneração do acrossoma e perda da
permeabilidade seletiva da membrana, com perda de ions e enzimas (Leeuw et al., 1991). Com isso, o
armazenamento do sêmen suíno fica restrito a temperaturas superiores a lSªC. Segundo vários autores
(Levis, 1997; Glossop, 1996; Almond et al., 1994). a temperatura ideal para o armazenamento do
sêmen suíno diluio'o e de 16-17”C. Este pode ser armazenado em estufas especiais ou, em alguns casos,
em refrigeradores adaptados para atingir esta temperatura, porém nunca em refrigeradores
convencionais (2-8"C) ou em temperaturas superiores a 20ºC (Almond et ai., 1994). O tempo máximo de
armazenamento das Dis não deve sersuperiora 72 horas, pois isto pode comprometera qualidade da Di
(Weitze, 1991).
Para que a qualidade de uma Dl se mantenha durante o armazenamento e importante que o
conservador seja de boa qualidade, evitando oscilações de temperatura. É recomendado que se
mantenha no seu interior um termômetro de máxima e minima e que seja reaiizado, diariamente, um
controle rigido da temperatura. Quando a temperatura externa estiver acima daquela preconizada para
o armazenamento das doses, o conservador de sêmen deve ser capaz de resfriar internamente. As
geladeiras domésticas adaptadas para esse tim, com a inclusão de um termostato, realizam esse
resfriamento sem problemas. Quando a temperatura externa estiver abaixo do recomendado,
principalmente em regiões de inverno mais rigoroso, como o Sul do pais, o conservador tem que ter a
capacidade de aquecero sistema. As geladeiras adaptadas somente com termostato não têm capacidade
de aquecimento, pois não são, na maioria das vezes, equipadas com uma resistência que permita o
aquecimento. Consequentemente, é comum observar, nos dias frios, que esses equipamentos mal

100
SUINOCULTURA EM A

adaptados atingem temperaturas minimas abaixo do recomendado. Um bom equipamento não deve
apresentar variações de temperatura que excedam a i º C. acima ou abaixo da temperatura preconizada
para o armazenamento .
Outro ponto a ser avaiiado é o manejo do conservador de sêmen. Quando este se situa na
granja, é importante que esteja localizado em ambiente limpo e seco. Deve-se evitar o contato direto da
radiação solar e a abertura excessiva do mesmo.

8.2.4 Efeito da agitação do sêmen


A qualidade da Dl pode ser influenciada por diferentes fatores, dentre eles a sedimentação dos
espennatozóides durante o armazenamento (Rodriguez & Rigau. 1995). A rotação suave da Dl,
ressuspendendo os espermatozóides no diluente. parece aumentar o tempo de conservação do sêmen
(Glossop, 1996: Mattos, 1995; Levis. 1997). A ressuspensão dos espermatozóides é importante para
minimizar os efeitos da aglutinação das células, que prejudicam o metabolismo espennãtico. Este
procedimento propicia condições para que a maioria dos espermatozóides se mantenha em contato com
os substratos produtores de energia e crioprotetores, garantindo a integridade das membranas
plasmáticas e acrosomas e. conseqiientemente, a manutenção da viabilidade espermática por um
periodo maior de tempo.
Rodriguez & Rigau ( 1995) demonstraram que o armazenamento do sêmen suíno a Its-17°C,
sem agitação. por 48 horas, resultou em decréscimo na viabilidade das células espermáticas, e que o
mesmo não foi observado nas amostras submetidas a uma movimentação de 300 rotaçóes por minuto.
Os autores observaram também uma maior percentagem de defeitos de acrossoma nas amostras
mantidas estáticas. A maneira pela qual a agitação de Di pode alterara conservação do sêmen suíno não
foi identificada. Os autores especulam que este efeito se deva a uma distribuição uniforme dos nutrientes
e outros componentes do diluente para cada célula espermática e que a sedimentação pode evitar trocas
no meio comprometendo a sobrevivência espermática.
A rotação das Dls deve ser realizada pelo menos uma vez ao dia. tendo o cuidado de evitar o
excessivo contato das mãos com as doses para não aquecer as mesmas. O ideal seria armazenar as doses
em bandejas de plástico e realizar a ressuspensão movimentando a bandeja como um todo. Entretanto,
ao empregar essas bandejas deve-se ter o cuidado para que as mesmas não prejudiquem a circulação de
ar no interior do conservador.

8.3 Protocolo de contaminação mínima: procedimentos para controle da


contaminação bacteriana do sêmen in natura e diluído

O suprimento continuo de doses de sêmen livres de patógenos é uma exigência dos atuais
padrões de biossegurança que exigem a manutenção do status sanitario nas criações comerciais.
Como em qualquer trabalho laboratorial prático. as indicações do protocolo devem ser
rigorosamente seguidas. Alguns conselhos úteis, referentes à manutenção do status de contaminação
minima. são considerados a seguir.
Toda & vidraria, frascos e equipamentos utilizados no preparo das doses de sêmen devem estar
perfeitamente iimpos antes do uso, pois a presença de residuos aderidos em suas paredes internas

101
iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

constitui uma fonte de contaminação indesejável no laboratório. No final do trabalho. o material e


vidrarla utilizados, que não forem imediatamente lavados, devem ser colocados de molho em água para
evitara formação de crostas e residuos que dificultam a posterior lavagem e esterilização. O tempo de
contato do detergente com o material não precisa ser longo. mas deve-se cuidar para que os resíduos
sejam realmente removidos. Caso este procedimento não seja suficiente, como medida alternativa,
recomenda-se deixara vidraria imersa em água acrescida de detergente antes de ser novamente lavada.
Após, o matErial deve ser muito bem enxaguado para eliminação da solução residual de detergente. Em
geral, considera—se suficiente lavar e enxaguar o material por dez vezes com água corrente da torneira,
seguido de três passagens de água destilada. Ao verificar que a água destilada escorre uniformemente
pelas paredes internas da vldraria, o material é considerado limpo e deve ser colocado em estufa para
secagem. Para evitar esses pontos de risco com lavagem e esterilização de material, recomenda-se que
todo o material que entra em contato com o sêmen e diluente seja descartável.
O controle da contaminação bacteriana do sêmen in natura e diluído é importante, pois
bactérias irão concorrer diretamente com a célula espermática pelos substratos existentes no meio. além
de levarem a alterações eletrolíticas (pH) e, consequentemente, diminuição da viabilidade espermática.
Bennemann ( F 998). trabalhando com doses inseminantes oriundas de 5 ClAs da região Sul do
Brasil, observou que os contaminantes mais comuns isolados do sêmen suíno in natura foram bactérias
Gram negativas (Tabela 8.3).

Tabela 8.3: Bactérias mais prevalentes, isoladas do sêmen ln nature e diluído em 5 centrais de inseminação
artificial de suínos.

Stnpkybcaccns aureus I I
Somhybcoccus ep. I I I I I
Streptowccus Sp. I I I I I
Escherichia coli I I
W e dim-sus I
Proteus vulgaris I I I I I
Pseudomm sp. I I I
Aciuerobader animations I
Miele mane I I
Enterobader WIRE I I
P r o m alcalifhm I I
M M M I
Bacillus sp. I

Bennernann ( 1998)

102
SUINOCULTURA EM A

Muitas dessas bacterias tem ação esperrnicida quando incubadas com o sêmen diluido. No
entanto, o significado patogênico de muitos organismos isolados do sêmen ainda não está claro (Tamuli
et al., 1984). Produtos do metabolismo bacteriano, como endotoxinas, parecem ter um efeito negativo
na sobrevivência espermática (Almond & Poolperm, I996). Segundo Rideout et al. ( I982). a perda da
viabilidade do sêmen contaminado é devido à competição entre bactéria e espermatozóide pelo mesmo
substrato, por efeito tóxico de metabólitos bacterianos ou por alterações de pH. Appell & Evans (1978)
observaram que a menor motilidade espermática no sêmen contaminado por bactérias pode ser
atribuida, em parte, às alterações de pH devido ao metabolismo bacteriano. Muitas das bactérias
presentes no sêmen podem não ser patogênicas, mas seus produtos metabólicos têm um efeito deletério
ã viabilidade do espermatozóide (Sone et al., I982). Conseqiientemente, a qualidade do sêmen,
levando—se em conta o número de espermatozóides viáveis, pode ser reduzida com o aumento da
contaminação bacteriana (Almond & Poolperm, 1996).
A adição de antimicrobianos aos diluentes de sêmen tem sido uma maneira de minimizar a
contaminação bacteriana do sêmen diluido (Wallgren, 1996: Brinsko & Varner, 1992). Vários agentes
antimicrobianos, dentre eles gentamicina, neomicina, penicilina e a estreptomicina, têm sido utilizados
nos diluentes comerciais para controlar problemas associados ã presença de bactérias (Back et al., 1975;
Burns et al., 1975:Sone et al., 1982; Danowski, I989: Brisko & Varner, 1992).
A adoção do protocolo de contaminação minima já começa durante a preparação do macho
para a coleta de sêmen. A adoção conjunta das medidas de controle da contaminação durante a coleta e
no laboratório resulta em maior controle do nivel de contaminação bacteriana do sêmen diluído.
Mesmo quando medidas de higienização das baias e dos machos são adotadas, os ejaculados
podem conter contaminantes que nem sempre são removidos pela simples eliminação do conteúdo
preputial. A presença de aerossóis, bem como partículas de poeira, são importantes fontes de
contaminação ambiental do sêmen. Esses contaminantes podem ser incorporados ao ejaculado durante
a coleta.
As temperaturas do diluente e do ambiente onde o sêmen é processado são fatores
importantes que devem ser considerados durante a preparação das doses inseminantes. Appell & Evans
(1978), comparando o efeito da temperatura sobre a proliferação bacteriana observaram que as
amostras mantidas a 37ºC tiveram maior proliferação bacteriana em relação às mantidas a 20 º C. Dessa
forma, trabalhar em um laboratório que possibilite a manutenção da temperatura entre JED—24°C é de
extrema importância para produzir doses inseminantes de alta qualidade.

103
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA

8.4 Referências Bibliográficas

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1'05
SUINOCULTURA EM A

9 FATORES RELAaONAoos-CUM o amenos-neo ms esmo .


MOMENTO DA ovucAçÃo

Guilherme Borchardt Neto, lvo Wentz e Fernando Pandolfo Bortolozzo

9.1 introdução
Na espécie suina, estro é o periodo do ciclo estral em que a fêmea se deixa montar por um
macho, ou aceita o estimulo da pressão lombar desenvolvido pelo homem na presença do macho, o que,
usualmente, ocorre em média, a cada Zi dias. A ovulação tende a ocorrer no inicio do terço final do
estro (Weitze et al., 1994: Mburu et al., 1995: Nissen et al.. 1997). Como ainda não é possivel prevero
momento da ovulação. na prática. o conhecimento de quando iniciou o estro (% essencial para o
planejamento de protocolos de inseminação artificial a serem usados. isso é imprescindivel para a
obtenção de altas taxas de fecundação com a utilização de um menor número de inseminações por estro.
diminuindo-se, desta forma. os custos de um programa de IA. As falhas no diagnóstico do estro. por sua
vez, poderão trazer sérios problemas no desenvolvimento dos programas de IA e. consequentemente.
no desempenho reprodutivo do plantel. Dessa forma, os funcionários que desempenham a atividade
rotineira de diagnóstico de estro, devem conhecer aspectos flSÍÚlÓglCÚS básicos do ciclo estral,
principalmente aqueies relacionados as fases em que as fêmeas apresentam sinais e sintomas evidentes
como o proestro e estro.

9.2 Ciclo Estral


O suino doméstico e considerado uma especie poliéstrica anual. isto é, apresenta cicios estrais
durante todo o ano. Ao longo do cido estral ocorrem alterações nos níveis de determinados hormônios e
estes determinam mudanças anatômicas e comportamentais. O ciclo estral dura, em media. 21 dias
(variação de 18-24 dias) e é usualmente ciassificado, dependendo do ciclo ovariano, como fase folicular.
com presença de folículos, ou fase luteal, com presença de corpos hemorrágicos/iúteos.
A fase folicular é sub-dividida em proestro e estro, uma vez que existem folículos em processo
decrescimento e/ou maturação. Já na fase luteal. observa-se a presença de corpos lúteos em formação
ou em manutenção e é sub-dividida em metaestro e diestro. Na prática, o conhecimento do ciclo estral é
fundamental, principalmente quando é usada a IA, pois a partir do diagnóstico correto do estro é que
será determinado o inicio das inseminações.

107
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

9.2.1 Proastro

É o periodo caracterizado pelo crescimento folicular e, conseqiientemente, aumento da


produção de estrógenos por estes folículos. Este aumento determina o aparecimento de algumas
modificações anatõmicas e comportamentais da fêmea dentre elas, o edemaciamento, a hiperemia e o
aumento da secreção vulvar e o inicio da atração da fêmea pelo macho e do macho pela fêmea. Pode ser
observado também neste periodo, as tentativas de monta sobre outras fêmeas, sem, no entanto, tolerar
a mesma. O período de proestro varia de 1 a 3 dias sendo que os sinais externos são mais evidentes e
perduram por um periodo mais longo nos primeiros dois estros pós-puberais (Anderson & Einarsson,
1980).

9.2.2 Estm
O estro a a fase de receptividade sexual ou o periodo em que a fêmea apresenta o reflexo de
tolerância a monta pelo macho (RTM) (Hunter, 1982) ou mediante a pressão lombar exercida pelo
homem na presença de um macho sexualmente maduro (Signoret, 1970). Este raflaxo e conseqiiência
da influência dos altos niveis de estrógeno produzidos pelos folículos ovarianos agindo sobre o sistema
nervoso central (Gore-Langton & Armstrong, 1994).
Assim como no proestro. o estro também pode ser caracterizado por alterações
comportamentais e anatômicas desencadeadas, principalmente, pelos altos niveis de estrógenos. Com
relação às alterações comportamentais, as fêmeas procuram a companhia de machos ou outras fêmeas
em proestro ou estro, apresentando tolerância à monta, tanto do macho como de fêmeas no estro e
proestro e, normalmente, apresentam redução do apetite. As alterações anatômicas que ocorrem no
periodo do estro são edema, hiperemia e secreção vulvar, com tendência a redução destas caracteristicas
a partir da metade do estro, quando comparado ao período do proestro. A presença de edema e de
hiperemia são caracteristicas mais acentuadas em leitoas do que nas fêmeas mais velhas, que já
apresentaram mais partos, pois apresentam maior área de pele e quantidade de tecido conjuntivo na
vulva. Estas alterações são provocadas )lá a partir do final do proestro, com o aumento das concentrações
de estrógeno, ocasionando um rápido crescimento e maturação folicular (Hendricks et al., l972).
Almond & Dial ( 1990) sugerem que os altos niveis de estradiol boqueiam a liberação de LH por um
mecanismo de “feedback" negativo. Ao atingir uma determinada concentração, o estradiol. via
"feedback” positivo, desencadeia primeiro a sintomatologia de estro e depois o pico pre-ovulatõrio de
LH (Sesti & Britt, 1993). Esta pico de LH é o responsável pela ovulação e posterior luteinização das células
da granulosa e teca interna (Ainsworth et al., 1990).
Na prática, o conhecimento das caracteristicas fisiológicas e as modificações anatômicas e
comportamentais que ocorrem em cada uma das fases do ciclo estral é fundamental para um correto
diagnostico do estro. As fases mais importantes dentro do ciclo estral são aquelas nas quais as fêmeas
apresentam sintomas e alterações que podem ser identificados facilmente pelos funcionários (proestro e
estro), e que são importantes para o diagnóstico do estro (Tabela 9. 1).
A duração média do estro varia de 50 a 60 horas, com uma grande amplitude (Weitze et al.,
l994; Soede et al., 1995a) sando mais curta em fêmeas mais jovens (Dias, 2000). A duração do estro,
entretanto, pode apresentar uma grande variabilidade entre fêmeas de um mesmo rebanho e entre
rebanhos (Steverink et al., 1999). bem como entre rebanhos em diferentes épocas (Borchardt Neto,
1998).

108
SUINOCULTURA EM A

Tabela 9.1: Características anatômicas e comportamentais do estro e proestro.

9.2.3 Metaestro

É a fase que acontece logo após o término do reflexo de tolerância ao macho e dura 2—3 dias.
Neste periodo as concentrações de estrógenos encontram—se em niveis basais e os folículos ovarianos.
que liberaram os oócitos. são transformados em corpos hemorrágicos e iniciam a transformação em
corpos lúteos. Os corpos lúteos, então, começam a produzir a progesterona, que tem como função
principal preparar o endométrio para o recebimento e prover nutrientes para os embriões, relaxar a
musculatura uterina e interrompera ciclicldade (Kolb, 1979).

9.2.4. Diestro

Esta fase do ciclo estral dura 742 dias e é caracterizada pela presença de corpos lúteos
produzindo niveis máximos de progesterona entre os dias 12-14 do ciclo. A regressão luteal inicia no dia
15-16 do ciclo em fêmeas vazias e as concentrações plasmáticas de progesterona diminuem a valores
basais nos dias l7- 18 ( 1 ng/ml ou menos). caracterizando o reinicio do ciclo. No caso de fecundação com
reconhecimento da gestação, os corpos lúteos mantem a sua atividade atraves da secreção de
progesterona. impedindo o desenvolvimento de novos folículos (Clark et al., 1982). Caso não ocorra o
reconhecimento da gestação. ocorrerá a luteólise com redução dos niveis de progesterona circulante.
desbloqueio do eixo hipotálamo—hipófise, provocando aumento dos niveis de LH e FSH e o inicio de um
novo ciclo (Kalb. 1979).

109
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

9.3 Diagnóstico do estro

9.3.1 Importância
O diagnóstico do estro e uma das práticas de manejo mais importantes a ser realizada, pois a
partir deste controle será determinado o momento no qual a fêmea deverá ser coberta ou inseminada
artificialmente. Portanto, é fundamental a realização de um diagnóstico eficiente determinando, com a
maior precisão possivel, o momento no qua! a fêmea está iniciando o estro. A detecção do estro em uma
criação tecnificada de suinos é uma tarefa laboriosa, que exige do grupo de trabalho paciência, senso de
observação, conhecimento técnico e tempo para executã-la. Dependendo do tamanho do lote de
animais, esta tarefa pode durar de alguns minutos até mais de uma hora. É importante que a detecção do
estro ocorra em um ambiente calmo e apos o atendimento das necessidades vitais das fêmeas, como o
caso do arraçoamento e a limpeza dos bebedouros.
Didaticamente, o processo de detecção do estro compreende 3 fases (Figura 9. l ). Na primeira
fase a equipe de diagnostico procura identificar as fêmeas que apresentam modificações anatômicas,
como edema e hiperemia vulvar e alterações comportamentais como inquietude e faita de apetite. Esta
etapa pode ocorrer simultaneamente ao arraçoamento. Com base na evolução destes sinais, ao decorrer
dos turnos de diagnóstico, a equipe poderá utilizar estas informações para auxiliar nas atividades
seguintes, que são de estimulação como uso do macho.
A segunda etapa é a estimulação sexual das fêmeas pela exposição destas a um macho
sexualmente maduro e com boa libido. Nesta etapa é ideal que cada fêmea possa ter um contato direto
inicial "focinho-focinho” de mais ou menos l a 2 minutos. Após este periodo, ainda com o macho em
contato direto com a fêmea, inicia-se a terceira etapa do processo, que é a verificação da presença do
reflexo de tolerância à pressão lombar. Somente as fêmeas que apresentam o reflexo de tolerância a
monta são consideradas em estro. Em casos duvidosos, espera-se alguns minutos e retoma-se à mesma
fêmea procedendo-se a segunda e terceira etapa do processo,
Após a detecção do estro, recomenda-se deixar o macho mais alguns minutos em contato
direto com as fêmeas, de forma a estimulara função reprodutiva do lote.
Na escolha do pessoal responsável pelo diagnóstico do estro é fundamental selecionar pessoal
experiente, bem treinado, dedicado, observador e que tenha tempo suficiente para executar esta tarefa.

.. çâodas fêmeas pecªm .


sexualmentemadm
& Repetir

'.13f'ftitlcação do reflexo cre-tot )


fa pressâolombar

Figura 9.1: Fases do processo de diagnóstico do astro.

HO
SUINOCULTURA EM A

9.3.2 Fatores a serem considerados no diagnóstico do estro


A eficiência da detecção do estro pode ser determinada por diversos fatores apresentados a
seguir.
9.3.2.1 Estímulo do macho

Os efeitos da presença do macho sobre o comportamento reprodutivo da fêmea foram


descritos em várias espécies.. entre elas o camundongo (Whitten, I958). ratos (Purvis et al., I971).
bovinos (Burns & Spitzer. I992). Ovinos (Pearce & Oldham, I988) e Suínos (Hughes. I982).
Em suinos, a importância da presença de um macho sexualmente maduro na eficiência da
detecção do estro, já foi demonstrada em vários trabalhos (Signoret, I970: Hemsworth & Barnett, I990;
Suede, 1993). Signoret ( 1970) demonstrou que somente 59% de um grupo de leitoas apresentaram
reflexo de imobilidade ã pressão lombar, no entanto. 100% delas foram diagnosticadas em estro apos a
introdução de um macho adulto. Também no periodo pós-desmame. o estimulo do macho é essencial
para um diagnóstico do estro mais preciso. conforme demonstraram Langendijk et al. (2000). Estes
autores observaram que o percentual de fêmeas detectadas em estro aumentou de 46% para 90% no
grupo não exposto ao estimulo do macho comparativamente ao exposto. respectivamente. Apesar de
estarem em estro. aproximadamente. 50-60% das nuiiparas e 20-30% das multiparas não se
imobilizam quando o homem realiza o teste de pressão lombar para desencadear o reflexo de tolerância,
sem a presença do macho (Dias, 2000). As fêmeas que se imobilizam na ausência do cachaço. poderiam
ter manifestado este reflexo na presença do cachaço 6- lt) horas mais cedo. Estes fatos reforçam que é
indispensávela presença do cachaço por ocasião do diagnóstico do estro.
O efeito do macho na estimulação do reflexo de tolerância ã monta está relacionado.
principalmente, com os feromônios esteróides (3alfa-androstenol e Salfa—androstenona) produzidos e
armazenados nas glândulas salivares do cachaço. e a outros estimulos. como a presença fisica e outros
odores corporais (Hughes et al., I990). Desta forma, é essencial que o diagnóstico do estro sempre seja
realizado com o auxilio de um macho sexualmente maduro, ou seja. com i 1 meses ou mais de idade. Ao
redor do I l º mês de vida. o macho adquire a capacidade máxima de estimulação em leitoas (Tabela
9.2). O efeito do estimulo do macho pode ser intensificado com a utilização de machos diferentes, em
diferentes turnos de diagnóstico, manejo este conhecido por "rodizio de machos".

Tabela 9.2: Efeito do contato diário com machos de diferentes idades na estimulação da puberdade
em leitoas

dadedas .-

Ausente
6.5 42 207
1I 18 182
24 18 182
Fonte: Kirkwood & Hughes (198.2)

111
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

A presença do reflexo de imobilidade à pressão lombar quando realizado sem a presença do


cachaço, também chamado de "reflexo de tolerância ao homem" (RTH). foi inicialmente descrito por
Willemse & Boender. (1966) como manejo auxiliar durante o diagnóstico do estro, com o objetivo de
predizero momento de se iniciara inseminação artificial e/ou monta natural. Na prática, no entanto, este
método é muito trabalhoso e com resultados questionáveis, conforme demonstrou recentemente Dias
(2000). Este autor analisando 3 i 7 fêmeas observou que l 1,1% das fêmeas não apresentaram o RTH e
nas fêmeas que apresentaram o RTH, o perfil de apresentação foi extremamente variável, isto, na
prática, torna o uso do RTH como ferramenta de diagnóstico do estro e/ou para determinação do
momento de inicio da inseminação, questionável.
Portanto, o diagnóstico do estro deve ser realizado sempre com o auxilio do cachaço
sexualmente maduro, com mais de l l meses deidade. que tenha boa libido, bom "status" sanitário.
principalmente do aparelho locomotor, para poder desempenhar bem a sua atividade de rotina na
granja. O som, o odor e o contato macho e fêmea “focinho com focinho", no caso de alojamento das
fêmeas em gaiolas individuais ou em baias coletivas, são absolutamente importantes para provocar a
imobilidade das fêmeas em estro, desde que o funcionário auxilie e provoque a pressão lombar para o
desencadeamento do reflexo de tolerância.

9.3.2.2 Tipo de alojamento


As fêmeas podem ser alojadas em baias coletivas ou em gaiolas individuais, sendo que ambos
apresentam vantagens e desvantagens. O alojamento em baias permite um contato mais intenso entre as
fêmeas e os machos, os sintomas comportamentais são melhor expressados e, quando a fêmea não está
em estro, ao não aceitar o estímulo e a monta do macho, ela consegue fugir; enquanto na gaiola, ela
apenas consegue demonstrar agitação e grita. Nas baias as brigas hierárquicas podem, dependendo de
sua intensidade, mascarar os sintomas de estro ou mesmo. pela situação de estresse intenso, dificultar o
retorno ao estro. Portanto, este sistema de alojamento exige bom senso de observação por parte do
funcionário e e' mais trabalhoso. No alojamento em gaiolas, as fêmeas ao estarem alinhadas, permitem
melhor visualização dos sinais externos de estro manifestos na vulva, mas o diagnóstico do estro é, em
geral, mais problemático, pois exige muito mais conhecimento, experiência e dedicação do funcionário,
pelo fato das fêmeas terem a sua mobilidade limitada e terem menor contato direto com o macho,
principalmente quando este é mal conduzido. Dias (2000) avaliou a eficiência do diagnóstico de estro
em fêmeas desmamadas alojadas em baias (6 fêmeas por baia) e gaiolas, e não observou diferenças na
taxa de detecção do estro, intervalo desmame estro, duração do estro e momento da ovulação entre os
sistemas de alojamento estudados.
De qualquer forma, a qualidade do diagnóstico do estro é fundamental para evitar problemas
com a definição do momento do inicio das inseminaçães e ele, depende basicamente, da eficiência com
que os funcionários desempenham esta tarefa, da qualidade dos machos utilizados e da regularidade dos
intervalos entre os diagnósticos.

112
SUINOCULTURA EM A

9.3.2.3 Tamanho do lote e lotação das baias


Em granjas onde as leitoas e/ou fêmeas são manejadas em baias coletivas. o tamanho do lote
pode ser um fator limitante na eficiência do diagnóstico do estro. Afonso et al. (1997) observaram que
leitoas alojadas em baias com 12 animais (1.2 mº/ fêmea) apresentaram uma menor percentagem de
animais inseminados quando comparado com 6 animais por baia. Quando é alojado um grande número
de leitoas em uma baia, ou seja. maior que i2, há necessidade de prestar mais atenção no
desenvolvimento da estimulação, para que o macho tenha contato com todas as fêmeas e haja
diminuição dos riscos de redução nos indices de detecção do estro devido a superlotação. Nestes casos,
existe uma dificuldade natural de todas as fêmeas terem um contato satisfatório com o macho. Além
disso. o funcionário que executa o diagnóstico do estro tem dificuldade de avaliar o RTM
individualmente.
9.3.2.4 lnteração homem—animal e animal—animal
No suino, hierarquia social que se estabelece em uma baia apos a mistura de lotes pode ter
efeitos importantes na eficiência do diagnóstico do estro. Esta hierarquia se forma entre as fêmeas
durante os três primeiros dias após o alojamento. Segundo Pedersen et al. ( 1993) as fêmeas
dominadoras tiveram mais habilidade de externar os sinais de estro que as dominadas. Desta forma, a
inibição da exteriorização dos sinais de estro. provavelmente. é mais evidenciada em baias com uma
lotação excessiva. Animais tratados constantemente com agressividade apresentam estresse crônico.
É importante salientar que independente da freqiiência do diagnóstico do estro. esta tarefa
jamais deve ser realizada por funcionários sem qualificação ou sobrecarregados. Do ponto de vista
prático. este e um dos pontos mais importantes quando se refere a faihas no diagnóstico do estro em
granjas tecnifrcadas e, em geral. e' o que os técnicos menos valorizam.

9.3.2.5 Época do ano


Apesar da fêmea suina doméstica ser considerada poliéstrica estacional, na prática se observa
um maior indice de leitoas e porcas manifestando anestro (Enne & Greppi, 1993) ou ciclos estrais
irregulares (Edwards et al.. 1968) nos periodos de verão e inicio do outono. Segundo Carvalho (1990).
altas temperaturas podem determinar a supressão do ciclo estral em 10 % das leitoas, quando estas não
estão adaptadas e este estresse. isso se deve. provavelmente, a distúrbios endocrinos causados pelo
estresse calórico que dificultam a liberação de GnRH pelo hipotálamo, afetando a liberação de
gonadotroiinas pela hipófise (Barb et al., 1991). Além disso, devido ao estresse calórico, aigumas
fêmeas podem apresentar dificuldade de expressar o estro. Na prática, um aumento dos indices de
anestro em épocas muito quentes pode ser observado. principalmente. em granjas com instalações
inadequadas para o clima subtropical ou tropical. Para minimizar este problema. deve-se orientar que o
diagnóstico do estro seja feito no inicio da manhã e no final da tarde. quando. em geral. a temperatura
ambiente é mais amena.

9.3.2.6 Freql'iência do diagnóstico do estro


O estro na espécie suína deve ser diagnosticado duas vezes ao dia em um intervalo ótimo de 12

113
ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

horas. isto significa a realização do, diagnóstico do estro pela manhã às 7 horas e à tarde as 19 horas. Na
prática, em função dos tumos de trabalho estabelecidos pela granja e legislado por leis trabalhistas, este
intervalo em geral não é seguido. Outro fator importante e decisivo para fazer o diagnóstico
corretamente, dentro do intervalo sugerido, é o número de fêmeas a serem testadas (reposição,
desmamadas e gestantes) e o número de funcionários alocados para a realização deste manejo.
Considerando os turnos de trabalho e deficiências de pessoal, pode ser observada a realização de
diagnóstico de estro em granjas industriais entre 8:30 até as 10:00 horas pela manhã, e 15:30 e 16:45
horas pela tarde, ocorrendo um intervalo de 7 a 8 horas da manhã até a tarde e 16 a 17 horas da tarde até
a manhã seguinte. Para solucionar estes problemas, sugere-se uma adaptação de horários ou turnos
diferenciados para entrada e saida de funcionários, sem prejuizo ao cumprimento das leis trabalhistas,
Com estas variações observadas no horário de realização do diagnóstico de estro, torna-se
muito dificil determinar o momento exato do inicio do astro. Diagnosticando o estro 2 vezes ao dia,
quando uma fêmea apresenta o RTM pela manhã ela, provavelmente, deveria já estar em estro 2 a 5
horas atrás, No entanto, se este exame é realizado, em média, com 12 horas de intervalo, é possivel que
esta fêmea já esteja em estro ha 1 1 horas, por exemplo, ou até mesmo em periodos de tempo superiores
caso o intervalo de 12 horas entre um controle e o outro não seja seguido, Portanto, na prática, é muito
importante saber o dimensionamento destas variáveis, para que o diagnóstico de estro seja o mais
correto e eficiente possivel, dentro das possibilidades da propriedade,
Atualmente, a recomendação padrão para uma granja tecnificada é que o diagnóstico do estro
seja realizado duas vezes ao dia, com espaçamento entre eles o mais próximo possivel de 12 horas, Dias
(2000) observou em 639 fêmeas examinadas em intervalos de 8/8 horas que a manifestação percentual
de fêmeas em estro nos turnos da manhã, tarde e noite, foram respectivamente 3 1, 3 1 e 38%, não sendo
diferentes estatisticamente. isto mostra que, quando os intervalos entre os diagnósticos de estro são
regulares, tende a se observar percentuais semelhantes de entrada em estro nos turnos de avaliação,
Quando estes intervalos são irregulares, isto a intervalos curtos durante o dia (manhã a tarde) e longos
durante a noite (tarde até a próxima manhã), um percentual maior tende a apresentar o inicio do estro
pela manhã, portanto estas fêmeas já poderão ter iniciado o estro muitas horas antes da detecção prática.
Para as leitoas de reposição, caso elas não sejam alojadas na mesma área das fêmeas
desmamadas, uma vez definido o estro da in, elas devem ser manejadas quanto ao diagnóstico de estro
com o mesmo protocolo das fêmeas desmamadas, isto é, duas vezes ao dia em intervalos regulares.
Mais recentemente, e somente para as fêmeas pn'miparas ou pluriparas, algumas granjas tem
realizado o diagnóstico do estro somente uma vez ao dia, Esta freqiiência não se recomenda para as
nuliparas (leitoas). uma vez que vários trabalhos tem demonstrado que um percentual razoável delas
apresentam um intervalo inicio do estro-ovulação menor que 24h (Tabela 9.7), o que poderia
comprometer a taxa de fecundação nesta categoria de animais. Nas demais categorias de ordem de
parto, este manejo pode ser adotado. No entanto, a sua recomendação deve ser feita com restrições, A
recomendação de realizar um diagnóstico de estro por dia, deveria ser feita somente para granjas com
ótimos indices reprodutivos e que tenham uma equipe altamente qualificada para a realização do
manejo da fêmea vazia, o que inclui o diagnóstico do estro e as inseminações, entre outras,
É importante salientar que, independente da freqtiãncia do diagnóstico do estro, esta tarefa
jamais deve ser realizada por funcionários sem qualificação ou sobrecarregados com outras atividades na
grama.

H4
SUINOCULTURA EM A

9.4 Duração do Estro

A duração do estro é definido como o periodo em que a fêmea apresenta o reflexo de


tolerância ao macho ou à pressão lombar exercida pelo homem na presença de um macho sexualmente
maduro. Em geral a duração média do estro na espécie suina parece variar entre 50-60 h (Weitze et al.,
i994: Soede et al., i995a). No entanto. grandes amplitudes nesta caracteristica podem ser observadas
conforme dados apresentados na Tabela 9.3. independente se as observações foram realizadas na
Europa ou em trabalhos realizados no Brasil. Nas Figuras 9.2 e 9.3 são apresentados os dados de
distribuição de duração do estro, respectivamente de porcas e ieitoas.

35 -
30 _ ªº I Diasetal..1999(n=297}
ao I Heck eta-1.. 1997 (n=384)
& 25 - 219 21.9

- I??
E 20
ª 15 - 'ª
*
IO - ta
5 _ _6 3

O o..? ªº "26 os o:
16 24 32 ao 4e se 54 72 ao se 96 104 m—
Duração de estro (horas)
Figura 9.2: Distribuição percentual da duração do estro em porcas.

] Martini. 1993 (n=36)


. Hemoto. 1999 (n=102)

ao Jaelea [ i m l n z l
Duração de estro (horas)
Figura 9.3: Distribuição percentual da duração do estro em leitoas.

Estas variações observadas na duração do estro podem ser explicadas parcialmente por alguns
fatores. entre eles: genótipo, ordem do parto.. estação do ano, duração da lactação, intervalo desmame-
estro. manejo utilizado para a detecção do estro, estimulação do macho, presença de situações
estressantes crônicas e efeito da presença do homem (Suede & Kemp, 199?).

115
E lNSEMlHAÇÃO ARHFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Tabela 9.3: Média, desvio padrão e amplitude da duração do estro em suinos por diferentes autores.

“sara xsd (a) (a)


50,0 : 13,0 24-88 Porcas 144 Europa Soede et al. (1995b)
60,7 t 14, 1 32- 120 Porcas 354 Europa Bordlardt Neto (1998)*
61,6 : 14,0 36- 120 Porcas 418 Europa Bonhardt Neto (1998 **
56,3 : 13,0 10-64 Porcas 224 Europa Borchardt Neto ( 1998?"
50, 11 1,1 32-69 Porcas 1 1246**** Europa Steverink et al. (1999)
60,1 3 13,2 16-104 Porcas 639 Brasil Dias (2000)
49,3 : 1, 93 32—72 Leitoas 134 Brasil Martini (1998)
41,25 i 9,25 24-1 12 Porcas 561 Brasil Marchetti (2001)
41,2 à 1,0 19-52 Leitoas 2180**** Europa Steverink et al. (1999)
*: rebanho "AÍ"; **: rebanho "A2"; “ * : rebanho "B"; "ª": dados de 55 granjas

9.4.1 Genótipo
Ate o momento, poucos trabalhos foram feitos com o objetivo de se comparar as diferenças na
duração do estro entre raças ou linhagens diferentes. Neste sentido, Borchardt Neto (1998) analisando
rebanhos europeus, encontraram diferenças de i5h na duração do estro, quando compararam dois
rebanhos com fêmeas Landrace 9 Large White, respectivamente. Neste trabalho, no entanto, os autores
não puderam excluir outros possiveis efeitos advindos das diferenças de manejo, nutrição, entre outras,
sobre a duração do estro. Trabalho semelhante foi relatado por Wentz et al. (1999). que observaram que
a duração do estro foi, em media. 48,44h e 50,66h, para as linhagens comerciais Camborough22ª e
Camborough iãº, respectivamente, sendo esta diferença estatisticamente não comprovada (p = 0,38) e
biologicamente pouco importante, Soede & Kemp ( 1997) também citam que fêmeas da linha fêmea
comparadas a fêmeas da linha macho. isto é, geneticamente muito diferentes, apresentaram duração de
estro semelhantes (56 vs. 57 horas). Desta forma, pode-se sugerir que diferenças entre genótipos
provavelmente existam. mas elas não parecem serem grandes o suficiente para justificar a adoção. de
manejo reprodutivo diferenciado.

9.4.2 Ordem do parto


Como regra geral, fêmeas nuliparas apresentam estro mais curto que as demais categorias. já
as primiparas, apresentam uma duração do estro média intermediária entre as nuliparas e as piuriparas.
Na prática, uma duração do estro mais curta tem, na maioria dos casos, efeito direto sobre o momento
da ovulação. conforme será abordado posteriormente. Este fato poderá justificar a adoção de um
tratamento especial às nuliparas, no que se refere ao manejo da inseminação artificial. A duração média
do estro no estudo de Dias (2000) foi 60.10: 13.3 horas, sendo que as primíparas apresentaram estro
significativamente mais curto do que as ordens de parto 2 e :> 2 e Martini (1998) observou em leitoas
média de duração do estro de 49.3 horas. As fêmeas mais jovens. dessa forma. tendem a apresentar estro
mais curto do que as fêmeas mais velhas.

116
SUINOCULTURA EM A

9.4.3 Estação do ano

O efeito da epoca do ano sobre a duração do estro é muito controverso. Alguns trabalhos.
como o de Martini (1998). demonstraram que as nuliparas apresentaram um estro de i 5 horas mais
curto no verão comparativamente ao inverno (P-=:0.05). já Afonso (I997), também trabalhando com
nuliparas, não observou diferenças na duração do estro (P:-0,10). Em primiparas e pluriparas, Brandt
(1996) também não observou diferenças na duração do estro entre o inverno e o verão em um rebanho
localizado no sul do Brasil. Apesar de controverso, o efeito das estações do ano sobre a duração do estro
parece ser pouco importante para a fixação de normas ou protocolos de manejo diferenciados.

9.4.4 Duração da lactação


O efeito do periodo de lactação sobre a duração do estro foi inicialmente descrito por
Borchardt Neto (1998). Este trabalho baseou-se na análise das médias de três rebanhos europeus. O
autor demonstrou uma associação negativa entre periodo de lactação e a duração do estro. isto significa.
em termos gerais. que a medida que aumenta o periodo de lactação diminui o periodo do estro. Em
rebanho nacional. este efeito foi confirmado por Heck (I999). mas não observado por Dias (2000)
conforme Tabela 9.4.

Tabela 9.4. Efeito da categoria de duração da lactação sobre a duração do estro.


;- E .r
_ __ um = e
Heck (1999) 14-21 dias 210 58,230?“
22-28 dias 174 55,810,?”
Dias (2000) a 20 dias 405 57,420.32
> 21 dias 234 56,021.07
* Letras diferentes na mesma coluna diferem para Panos

Embora a duração da lactação seja um dos fatores que podem alterar a duração do estro, a
significância biológica e prática desta associação ainda é questionável, uma vez que, a análise dos dados
dos trabalhos acima publicados revelam um grande número de animais que são exceções a esta regra.
Santos et al. (2004) observaram em piuriparas com periodo de lactação de 9 a 10 dias, que o primeiro
estro pós-desmame foi mais longo comparado ao segundo, respectivamente 61,911 vs. 55,5h (P<: 0,05).
Entretanto. fêmeas com repetição de estro após a IA. apresentaram duração de estro semelhante aquele
apresentado no primeiro estro pos-desmame (Steverink et al.. 1999).

H7
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

9.4.5 Intervalo desmame-estro

Vários trabalhos demonstraram que a duração média do estro estã negativamente associado
com a media do intervalo desmame—estro Meitze et al.. 1994: Kemp & Soede, 1996; Nissen et al.,
1997). Observando a Figura 9.4 A. B, C e D, pode ser concluido que este efeito, na prática, é muito
pequeno ou mesmo não existe (Dias, 2000: Marquetti. 2001: Castagna, 2002). Steverink et al. ( 1999)
ao avaliarem 55 rebanhos não encontraram essa associação em 1 1 deles. A pequena influencia do lDE
sobre a duração do estro pode ser comprovada pelos baixos valores observados do coeficiente de
determinação da regressão (Rº). Pela análise mais detalhada da Figura 9.4 A,B,C e D, pode-se observar
que existem muitos animais que desviam do comportamento global. Esta in formação estã resumida no
coeficiente de determinação da regressão (Rº) que nestes trabalhos foi de, no máximo, 5%. isto significa
dizer que somente 5% da variação observada na duração do estro pode ser matematicamente explicada
pela variação no intervalo desmame-estro.
Neste sentido, é possivel admitir que o intervalo demame—estro possa. em algumas granjas.
influenciar a duração do estro. No entanto, vários outros trabalhos concluíram que esta associação não
ocorre, ou se presente é pouco importante. Portanto, deve-se ter cautela ao avaliar esta caracteristica.

Figura A Figura E
me . n=633 Ina . o=280
ao
a..., a" * * * «I'll... É * * *

£ m * * * . * * & ? º * * * '. . *

ª 6D :"“"*“'iª'ª—-—'—ª*———-.._._º,____ & e + à 60 r"—%-——e——mw—£Hm__ * ' '


5ª e e e e . -h—ͪªª—ª—o 5n e e e e . Tmn—*Tªªªª—e
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'ª ao 2 * ao ;
É m honre-arame e = meses "ª v=er.re-a,ra IDE e = o.osoe
o t a a 4 5 e ? e o t a a e 5 e r o
Intervalo Desmame Em (d) Intervalo Desmame Estm (d]

Figura C Figura D
too. n=955 too :: . n=7fl2
90 o C 90 o e e e
"""“ BD e e e o ""'" ªº
& HI 1- . . , , £ .70 e o e o e

“ª ªº " ' * ' ' ª ao :- A . . . ..


I: 50 . . .. . o e o º 5ª e e e e o "e
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3D Ir e e e o

20 = 20 '" ;
lª r=55.a9-o,21 me a = mono-I ª lº r=ea.ea- LHIDE :: = moans

o l a a e 5 e r a o l' 2 3 4 s e r o
Intervalo Desmame Estro (d) Intervalo Desmame Estro (d)

Figura 9.4 A,B.C,D: Relação entre o Intervalo desmame-estro sobre a duração do estro em quatro trabalhos
experimentais. Figura A (Dias, 2000); Figura B (Marchetti. 2001): Figura C e D [Castagna 2002).

118
SUINOCULTURA EM A

9.5 Momento da ovulação


A ovulação é definida como o momento em que ocorre a ruptura dos folículos terciários e
liberação dos oócitos. É um fenõmeno dinâmico, que ocorre de forma espontânea, caracterizado pela
ruptura de um sistema vasculare pela destruição do tecido conectivo da parede do foliculo de Graal, com
a liberação dos oõcitos maduros para a fecundação (l_ipner, 1988). desencadeada pelo pico de LH, que
promove alterações funcionais e estruturais na parede folicular (Hafez, 1995). O intervalo de tempo
compreendido entre o inicio do RTM e o momento em que se processa a ovulação é definido por
momento da ovulação. A possibilidade de previsão do momento da ovulação é alvo de extensas
pesquisas pelo mundo todo, isto porque possibilitaria a adoção de um manejo da inseminação mais
adequado do ponto de vista técnico e também economicamente mais interessante.
Como regra geral, diz-se que a ovulação ocorre no inicio do terço final do estro (Weitze et al.,
I994 : Soede et ai., l995a; Mburu et al., 1995; Nissen et al., 1997), havendo, entretanto, uma grande
variação individual. O diagnóstico mais preciso sobre o momento da ovulação somente foi possivel após
o desenvolvimento da técnica de ultrasonografia em tempo real transcutãnea (Weitze et al., 1989) e
posteriormente transretal (Soede et al., I992). Através desta técnica é possível acompanhar o
desenvolvimento folicular ate' o seu desaparecimento da imagem e assim determinar o momento da
ovulação. Somente após o inicio do uso da ultrasonografia pode—se verificar que a ovulação ocorre em
média, 35 i- 8 h a 44,6 i 12,8 h do inicio do estro e quando decorridos 64% e 70% do período do estro
(Weitze et al., 1994 : Soede & Kemp, 1997).
As médias observadas nestes trabalhos comprovam a afirmativa geral que a ovulação ocorre
no inicio do terço final do estro. No entanto, quando se analisa a dispersão das observações em torno da
média, evidencia-se que ha” uma grande variabilidade nesta caracteristica, conforme demonstrado na
Tabela 9.5. isto significa dizer que existem muitas exceções a esta regra. Desta forma, uma análise
baseada somente nas médias observadas do momento da ovulação pode ser problemática,
principalmente quando se objetiva a fixação de normas de manejo ou de protocolos de inseminação.
Na Tabela 9.5 são apresentados dados de media de ocorrência de ovulação, a variabilidade
(momento minimo e máximo), o número de animais estudados, o local e os autores que realizaram as
observações. Pode ser observado que o momento medio de ovulação nos diferentes trabalhos variou de
37 a 45 horas, mas amplitude foi de 8 a 85 horas. Esta enorme amplitude dificulta a elaboração de
protocolos de inseminação, pois existem fêmeas que ovulam mais cedo e outras mais tarde durante o
periodo de estro. embora a média esteja em torno de 40 a 42 horas após o inicio do estro.

H9
E lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Tabela 9.5. Momento da ovulação (MOV) determinado em porcas e leitoas pelo método da
ultrasonografia por diferentes autores.
H

427 Pluri'paras Europa Weitze et al. (1994)


144 Pluriparas Europa Soede et al. (1995‘)
41:8 22—58 91 Pluriparas Europa Suede et al. (1995")
41.2 ::.: 9.2 16-72 561 Pluriparas Brasil Matthetti (2001)
40,419,? 8-72 639 Pluriparas Brasil Dias (2000)
37:10.4 16-72 384 Pluri'paras Brasil Heck (1999)
43.2: 13.8 16-80 rs Primiparas Brasil Vªrgªs (2002)
28.71 8-56 134 Leitoas Brasil Martini (1998)
34. 12 i 9,14 16-56 102 Leitoas Brasil Uemoto (1999)
* Intervalo entre inicio do diagnóstico do estro e diagnóstico da ovulação.

Nas figuras 9.5 e 9.6 são apresentadas a distribuição de porcas e leitoas de acordo com o
intervalo inicio do estro—ovulação.
O
&

30 . I Dias et al.,1999 (n=z9z)


. Heck et a1..1997{n=384)
% Fêmeas

intervalo inicio do estro-ovulação (horas)


Figura 9.5: Distribuição percentual de porcas de acordo com o intervalo inicio do estro-ovulação..

Vários estudos foram realizados com o objetivo de determinar quais as variáveis que poderiam
melhor explicar a extrema variação observada e. conseqiientemente, possibilitar a predição do
momento em que a ovulação irá ocorrer. Até o momento foi possivel associar o momento da ovulação
com algumas variáveis, entre elas a duração do estro, a ordem de parto, o intervalo desmame-estro e o
periodo de lactação. Com exceção da duração do estro. as demais variáveis citadas, embora estejam
associados com o momento da ovulação em muitos trabalhos, não conseguem explicar mais do que 20%
da variação observada nesta caracteristica. Assim sendo. não são bons preditores do momento da
ovulação e, portanto, não devem ser utilizadas para a fixação de regras de manejo da IA. A associação
destas variáveis com o momento da ovulação será discutida a seguir.

120
SUINOCULTURA EM A

45
4a
35 I Martini I993 (n=36]
I Uemoto 1999(n= 102)
so
25
% Fêm eas

zo
15
ID

IDts«sm]'ª.'i's.vmíao | as | 96] 104]


intervalo início do estro-ovulação (horas)
Figura 9.6: Distribuição percentual de leitoas de acordo com a duração do estro.

9.5.1 Duração do estro


É sem dúvida ate' o momento a variável que melhor prediz o momento da ovulação. isso deve-
se ao fato que um grande número de fêmeas ovulam proximo do inicio do terço tina! do estro. Em
rebanhos europeus Borchardt Neto ( 1998) demonstrou que mais da metade da variação observada no
momento da ovulação poderia ser atribuida a duração do estro. No entanto, trabalhos realizados no sul
do Brasil mostram associações menores entre estas caracteristicas (Dias, 2000; Uemoto, 1999). Na
Figura 9.7 é apresentada a relação entre a duração do estro e o momento da ovulação & pode ser
observado que o Rº mostra uma fraca associação entre estas variáveis.
Apesar de existir, em muitas situações. uma boa associação entre a duração do estro e o
momento da ovulação, a utilização da duração do estro para a predição do momento da ovulação
infelizmente não e possivel. isto porque a ovulação se processa durante o periodo estral e a duração do
estro so pode ser determinada após o final do estro. Assim. para fins de fixação de protocolos de manejo
da IA. a predição do momento da ovulação baseado na duração do estro não é possivel. Desta forma,
torna se necessário o estudo de outras variáveis que também possam estar associadas com o momento
da ovulação.

121
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

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Duração do Em (horas)

Figura 9.7: Reiação entre a duração do estro e o momento da ovulação [Dias. 2000).

9.5.2 intervalo desmame-estro

A relação existente entre o intervalo desmame-estro ( “DE) e a duração do estro e o momenta


da ovuiação ainda é motivo para discussão. Em alguns trabaihos foi demonstrado que a duração do estro
e o momento da ovuiação está negativamente relacionado com o !DE. isto significa dizer que, à medida
que aumenta o [DE, diminui a duração do estro ou o momento da ovuiação. Este fato foi demonstrado
por Weitze et ai. ( I 994). Soede & Kemp. ( I 997) e Nissen et ai. ( I 997) entre outros. Segundo Weitze et
al. (1994). esta relação seria suficientemente boa para se justificar a adoção de um maneio diferenciado
da IA. No entanto, os coeficientes de determinação (Rº) obtido na associação entre o ! DE e momento da
ovulação dos trabalhos acima citados nunca foram superiores a 0.25. isto indica que muitas fêmeas são
exceção a associação entre [DE e a duração do estro ou momento da ovulação. Além disso, vários outros
trabalhos, inclusive reaiizados nas condições brasileiras, observaram apenas uma associação muito
discreta entre estas variáveis (Figura 9.8).
Desta forma, pode-se sugerir que, em alguns casos, existe uma associação entre l DE e duração
do estro ou com o momento da ovulação, em outros. no entanto ela é pouco importante ou mesmo
inexistente. As causas desta variação ainda não são conhecidas, desta forma, sugere-se cauteia na adoção
de normas de manejo da inseminação artificialbaseado na duração do !DE.

122
SUINOCULTURA EM A

__ FiguraA __ Figura 5
Ev ªº "=633 É. ªº 11:30:

ª ao * lª se '
ll EU o o e e e ll ªº "' " .
É " 'I III
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I º . III II- .: ' ª . * I ; 0

£ v=44,rr- LBSIDE n = emos £ Y=39,89-D.EIIDE n = entras


º l' 2 3 4 5 E ? E fl 1 2 3 II 5 E .? !

Intervalo Desmame Estre [d) intervalo Desmame Estm {d}

__ Figura C __ Figura D _
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O 1 2 3 4 5 d 7 8 U I 2 3 II 5 G ? &

intervalo Desmame Estro (cl) intervalo Desmame Em (d]


Figura 9.8: Relação entre o intervalo desmame—estro e o momento da ovulação em quatro trabalhos
experimentais. Figura A [Dias, 2000): Figura B (Marchetti, .2001); Figura C e D (Castagna, 2002).

9.5.3 Periodo de lactação


A semelhança da duração do estro, o momento da ovulação parece ser influenciado pelo
periodo de lactação. Borchardt Neto ( 1998) analisando rebanhos europeus demonstrou que, a medida
que diminui o periodo de lactação de 25 até 15 d, há um aumento na intervalo inicio do estro ovulação
(Tabela 9.6). Esta mesma relação foi observada nos dois rebanhos analisados, mas as médias do rebanho
foram estatisticamente significantes, devido ao maior número de fêmeas analisadas em cada categoria.
Heck (1998), em trabalho realizado em uma granja no sul do Brasil, observou o mesmo tipo de
associação, entretanto Dias (2000), ao analisar o comportamento estral de 639 fêmeas desmamadas,
não observou diferenças entre a duração da lactação e o momento da ovulação.
Convém ressaltar, no entanto, que os dados acima expostos descrevem o comportamento
médio dos rebanhos analisados, mas existem muitos animais que não apresentam este comportamento.
Devido ao alto indice de exceções observados nesta associação também inviabiliza a utilização do
periodo de lactação como regra para a âxação de protocolos de inseminação artificial.
Neste sentido, é possivel admitir que o intervalo demame-estro possa, em algumas granjas,
inlluenciara duração do estro. No entanto, vários outros trabalhos concluiram que esta associação não
ocorre, ou, se presente e pouco importante. Portanto, deve-se ter cautela ao tentar adaptar protocolos
de M em uma granja, levando em consideração esta caracteristica devido a grande variação que pode ser
observada entre animais e mesmo entre granjas.

123
E INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Tabela 9.6: Influência do periodo de lactação sobre a média da duração do estro, do momento da
ovulação e da relação entre momento da ovulação e duração do estro (REL).
Gama Feriado de n. Duração do Estro Momento da. 3,
lactaçâo(d) Médiaª't EP ovulação
Média =EP
(46,3
A 15-19 129 61.111.6‘ 47.911.3‘ 78:15ª
20-24 176 60,311,5" 45,13 1.2” 75 = L2"
25-29 49 55,722,2_ª 41,1t1,9_ª 7321.0”

20-24 46 60.612.0“ 33.4: 1.5‘ 56 :2.1'


25-29 123 54,9: 1,6” 32,531;ª 59=1,8ª
30-34 43 52,412,:" 31,331.13“ 6122.31a
*: na mesma granja, ano na coluna P:: 0.05. Adaptado de Borchardt Neto (1998)

9.5.4 Ordem do parto


Vários trabalhos demonstraram que fêmeas nuliparas apresentam duração do estro e,
conseqiientemente, momento da ovulação mais curto, quando comparadas com as demais categorias
de ordem do parto (Tabela 9.7). Nestes trabalhos pode-se observar que a média do momento de
ovulação varia de 28 a 40 horas. entretanto, a amplitude observada vai de 8 a 72 horas. A grande maioria
das fêmeas ovula entre 24 e 60 horas, mas em alguns dos trabalhos apresentados, já existe um alto
percentual de fêmeas ovulando antes de 24 horas. O mais interessante dessa situação é que tanto Martini
(1998), em leitoas. como Dias (2000) em porcas, observaram que já 8 horas após o inicio do estro
algumas fêmeas já haviam ovulado. Na Tabela 9. 7 pode ser observado, no entanto, que o percentual de
leitoas que ovularam ate' 24 horas após o inicio do estro e bem maior que 0 percentual de porcas (6,9 a
18,2% nas leitoas e de 0.5 a 4,5% nas porcas) e entretanto, a relação entre a duração do estro 'e o
momento da ovulação variou de 61 a 73%.

Tabela 9.7: Momento da ovulação, amplitude e relação entre o momento da ovulação e a duração
do estro, de acordo com autor citado e a categoria estudada.

Referência Categoría " aun-racao mode na ' % dª fêmeas cºm Mir


(h) lh) .)“ ' 424.4 244 GD 11' s-
Uemoºto (1999) Leltoas 102 34 16-56 68 6.9 93. 1 O. 0
Martini (1999) Leitoas 134 28 8-56 61 18,2 81,8 0,0
Hed: (1999) Porcas 384 37 16-72 65 4.5 93.6 1.8
Dias (2000) Porcas 636 40 8-72 68 0.6 95.6 3.5
Marchetti (2001) Porcas 193 40 12-60 ?3 0.5 99.5 0,0
Puzzobon (2001) Porcas 134 38 16-56 68 2,2 97,8 0,0
Santos (1999) Porcas 74 38 18-64 62 4,1 91.9 4,1

*: na mesma granja, ai: na coluna lª'—10,05. Adaptado de Borchardt Neto (1998)

124
SUINOCULTURA EM A

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1'26
SUINOCULTURA EM A

to. TÉCNICA, MOMENTO E FREQUENCIA DE REALI .; çÃo


DA lNS'EMlNAÇÃO ARTIFICIAL EM suinos

Fernando Pandolfo Bortolozzo, Paulo Eduardo Bennemann. lvo Wentz e Mari Lourdes Bernardi

10.1 Introdução
A técnica de lA propriamente dita é muito simples porém. se não forem tomados cuidados
básicos como higiene, adequada estimulação da fêmea pelo macho e tempo de infusão da Dl os
resultados podem ser revertidos. Da mesma forma. o momento em que é realizada a lA e sua frequencia
são fundamentais para atingir bons resultados de prenhez,

10.2 Técnica de inseminação artificial no suíno com deposição


intra-cervical da dose inseminante
A técnica tradicional de inseminação artificial na especie suina visa fixar a pipeta na cervix com
deposição intra-cervicai profunda da dose inseminante. Objetivando racionalizar o procedimento.
através de redução do número de espermatozóides por dose, mais recentemente foi desenvolvida uma
técnica de deposição intra—uterina da dose inseminante. Nesse sentido, é possivel dividir as tecnicas de
inseminação artificial da acordo com o local de deposição da dose inseminante em intra-cervical, intra—
uterina e intra-uterina profunda que serão abordadas no final desse capitulo.
A deposição intra-cervical profunda da dose inseminante é a técnica tradicionalmente
empregada na espécie suina. Trata—se de uma tecnologia simples e de fácil execução sob o ponto de vista
prático. Apesar dessa simplicidade, .=:- necessãrio um treinamento adequado e uma conscientização da
equipe a respeito da importância da atividade desenvolvida, pois após consolidara implantação de um
programa de inseminação artificialjamais se retornará a monta natural.
Uma vez identificado o momento da inseminação, é importante que a mesma seja realizada
com calma. sem agitar os animais. e que se atente para a higiene e a estimulação adequada das matrizes.
A fêmea. antes de serinseminada. deve tera sua vulva submetida a uma limpeza a seco com papel toalha.
Essa limpeza deve estar limitada a parte externa dos lábios vulvares, evitando-se a abertura dos mesmos
para uma limpeza interna. Caso o posterior da matriz esteja demasiadamente sujo, a mesma deve ser
lavada. com água e detergente, no turno anterior ao da primeira inseminação. Se esse problema for
generalizado, sendo observado na maioria das matrizes a serem inseminadas. deve-se estar atento na
solução do mesmo, sendo que esse. muitas vezes, está associado a falhas na higiene no pavilhão de
cobertura-gestação. Deve-se evitar limpeza com água, bem como a aspersão de desinfetantes próximo
ao momento da M.

127
ÍNSEMIHAÇÃO ÁRTIFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Procedimentos para realizara inseminação artificial com deposição intra-cervicalprofunda:

_ - desencadearo reflexo de tolerância na presença do macho;


——l realizara limpeza "a seco" da vulva:
———l lubrificara pipeta (lubrificante ou gotas da dose):
— I introduzira pipeta de há no sentido dorso cranial (para cima e para frente):
—-I girara pipeta no sentido anti-horário:
—-l iixara pipeta no trato genital feminino;
_ - procedera infusão da dose lentamente (3 a 5 min):
_ - estimulara fêmea durante a lA - sempre na presença do macho (estimulo focinho-focinho).

Após a limpeza a seco, os lábios vulvares devem ser abertos e a pipeta de M, que pode ser
previamente umedecida com algumas gotas da dose inseminante, deve ser introduzida no sentido
dorso—cranial evitando, com isso, a introdução da mesma no meato uretral (Figura 10. l ). Durante a
introdução, a pipeta deve ser girada, repetidamente, no sentido anti—horário em direção a cérvix (Figura
10.2). 0 funcionário observa que o cateter está fixado ã cérvix, quando, ao tracionã-lo em direção
caudai, o mesmo permanece preso no interior do trato genital feminino. Nesse momento procede-se
com a infusão da dose inseminante. tendo a atenção de homogeneizã—la, através de movimentos suaves,
observando a ressuspensão dos espermatozóides. A infusão da dose inseminante deve perdurar por
aproximadamente 5 minutos sendo a matriz constantemente estimulada pela presença do macho
(estimulação naso-nasal). A estimulação tátil, olfatória e auditiva realizada pelo cachaça durante a
inseminação artificial são de fundamentai importância no desencadeamento do reflexo de tolerância e,
especula-se que essa estimulação poderia potencializar o transporte espermático passivo através do
aumento dos niveis de ocitocina (Suede. 1993). Ao ser concluida, a M deve-se proceder com a retirada
da pipeta realizando o mesmo movimento da introdução da mesma, porém agora no sentido horário
(Figura 10.2).

ªªh—:..., _!
“Faltavª-..,

Figura 10.1 Figura 10.2


Figura 10. I: Introdução da pipeta no trato genital feminino
Figura 10.2: Fixação da pipeta no trato genital feminino

128
SUINOCULTURA EM A

A deposição do sêmen durante a inseminação artificial no suíno pode ser realizada adaptando-
se a pipeta na cérvix, como descrito anteriormente, e fixando-a externamente, junto com a dose
inseminante, através de uma cinta presa no abdômen da matriz. Dessa forma o inseminador não precisa
permanecer inseminando uma única matriz. Esse sistema de fixação por cintas abdominais, seguido de
uma “auto-M“, permite que um inseminador acompanhe, simultaneamente, a inseminação em vários
animais. Outro aspecto a ser considerado na "auto-1A" é a velocidade na quai a dose de sêmen e
infundida no trato genital feminino. Nas doses de sêmen envasadas em embalagens com paredes
flexiveis o conteúdo é praticamente aspirado para o interior do trato genital feminino, sendo todo o
procedimento regulado individualmente de acordo com os padrões fisiológicos de cada matriz.
Flores et al. (2004) desenvolveram um trabalho para avaliar as vantagens e limitações da
"auto-l ". Para empregar essa técnica foi utilizado um aparato de M constituido por duas partes: a
primeira uma cinta abdominal? com regulagem de abertura, uma porção livre com velcro para fixar a
cauda e um cordão para sustentar a pipeta longa na posição vertical durante a M; a segunda parte.
constituida de uma mala dorsal com pesos laterais ( 10- 12 kg no total), colocada sobre o dorso da fêmea
durante a M. O experimento foi realizado empregando—se 604 matrizes submetidas a 3 tratamentos: T1-
i99 femeas inseminadas com pipetas supertip'ª. com o sêmen acondicionado em flexi-tubosª que
permitiam o colabamento do frasco ao esvaziamento, associado a utilização do aparato de {A do método
"Auto M" em questão; T2 - 207 femeas inseminadas com pipetas supertipª. com o sêmen acondicionado
em flexi-tubosº, sem utilização do aparato de lA. sendo a Dl mantida na posição vertical e no nivel mais
elevado que o trato reprodutivo da fêmea pelo próprio funcionário durante a execução da M e T3-i98
fêmeas que foram inseminadas de acordo com o manejo normal adotado pela unidade, ou seja,
utilizando pipetas do tipo Melrose, com o sêmen acondicionado em bisnagas e sem qualquer aparato de
TA. ficando o tempo de inseminação atrelado a pressão exercida pelo inseminador sobre a Dl durante a
TA. Além do desempenho reprodutivo. foi avaliado o tempo necessário para cada inseminação, o volume
de refluxo durante a infusão e nos primeiros 120 minutos após a lA e o grau de dificuldade encontrado
ao empregar os 3 procedimentos. Foram observadas diferenças na duração da M nos 3 tratamentos
(P< 0. 02), como pode ser observado na Tabela 10.1. Da mesma forma ocorreram diferenças com
relação ao refluxo de sêmen no momento (P<0,02) e nos primeiros 120 minutos (P<0.0 i) após a IA.
Entretanto. essas diferenças. embora asseguradas estatisticamente. têm um significado biológico
praticamente inexpressivo. Por sua vez o número de espermatozóides no refluxo não diferiu entre os
tratamentos. Com relação ao desempenho reprodutivo, também não foram observadas diferenças entre
as 3 variações na técnica de lA empregadas. Na Figura 10.3 observa-se o grau de dificuldade entre as
tecnicas empregadas. Essa variável foi categorizada em: grau de dificuldade 0, quando não foi necessário
a intervenção durante a iA: grau de dificuldade i. quando foi necessário 1 intervenção durante a M; grau
de dificuldade 2. quando foram necessárias 2 intervenções durante & 1A e grau de dificuldade 3, quando
foram necessárias 3 ou mais intervenções durante a lA. A estimativa do grau de dificuldade serviu para
avaliar, indiretamente. a qualidade do serviço efetuado pelos funcionários após o treinamento inicial
(aceitação do método) e. diretamente, a eficiência do aparato de M, quanto a sustentação da Di com a
pipeta longa lamelada e a aceitação do método pela fêmea no T1. Todas as fêmeas em estro aceitaram a
colocação do aparato de M. Para o T2 e T3, logicamente, a dificuldade deveria ser menor uma vez que
estavam sob a supervisão do funcionário, mesmo assim foram estimados os graus de dificuldade ligados
principalmente aos problemas de não descida da Dl (T2) e reposicionamento da pipeta (T2 e T3). Ainda

129
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

no Ti salienta-se que a dificuldade de grau 1 (19.2%) normalmente esteve relacionada com a


inadequada ceiocaçãe/âxaçãe do aparato de IA, visto que, com uma única intervenção foi passive!
corrigir o problema surgido. Com esses resuitados pode-se afirmar que é possivel empregar a "auto-IA"
sem prejuizos ao desempenho reprodutivo das matrizes.

Tabela 10.1: Desempenho de matrizes submetidas a 3 diferentes variações na técnica de inseminação.

Númtataidenunizs 199 207 196 -


mªção da IA (min) 1.7:1.6‘ 2.2 e 1,3“ 3.6: 1,1" <0.02
Hem m m m da M (mn 17:13.9 5,7: 13,5“ 5,3: 10,8“ <0,02
Vohm de rem até 120 min mªs a 14 (ml) 73.51215 66.01233 * es,—:iezaz'“ «:no:
W total de spt: ne rem (trªvões) 1,320.? 1,210,6“ Ll: 0,6“ >0.05
% de spt: da dose no refluxo 32 30 28 :::-0,05
Ema de rein-m regida ao seu (%) 6,53 5,80 6,06 >0,05
Fixa de parto gastaria (%) 90,7 92,5 90,9 >0,05
m de Mais nasddos(n1édia : desvio padrãº) meme: 11,130,4 11.110,41 seus
*Tl: pipetas supertiplâ), Di acondicionada em Heximbosiâ associada ao método ir:iªlntn IA": Flores et al., 2004
12: pipetas supertiptª, Di acondicionada em flexitubosiãl. não associada a Mo M";
T3: pipetas do tipo Melrose, Di acondicionada em bisnagas associada a inseminação traditional

100 '
90 '" .
30 -
7O " "' 934 [| Off 3-3 ou mais intervenções
Sê“ 60 ' D nn2-2 intervenções
"" 50 -
4O _ . . .. , : I . . Dif l-I intervenções

30 ' I Dif 0 sem intervenções


20 -
10 -

T1 T2 T3 Flores et al,, 2004


Tratamentos
*Tl: ' superti (E), Dl acondicionada em Hexitubostª associada ao método “Mo IA”;
112: petas su ,Di acondicionada em Hexituhosâ), não associada a “kite IA";
T3: pipetas do tipo Melrose, Dl acondicionada em bisnaga-s associada & inseminação Uadidmal
Figura 10.3: Representação percentual da estimativa de grau de dificuldade para a execução da M avaliada
em cada tratamento

130
SUINOCULTURA EM A

Apesar da técnica empregada na IA em suinos ser bastante simples, não se deve relegar a um
segundo plano o treinamento e a reciclagem dos funcionários destinados a realizar tal tarefa. Com isso
recomenda-se que os funcionários (e a equipe envolvida nessa atividade) tenham um treinamento
apropriado que envolva noções de anatomia e fisiologia da reprodução, conhecimentos básicos de
manipulação e armazenamento da dose inseminante (se possivel um treinamento breve envolvendo os
cuidados com a preparação da mesma - desde a coleta até o armazenamento), conhecimentos a respeito
de higiene e desinfecção e o dominio de técnicas inerentes ao manejo reprodutivo do rebanho
(diagnóstico de estro, manejo com o cachaço, entre outros), Pode-se considerar um funcionário apto
para realizar tal tarefa aquele que, após um periodo de treinamento, obteve sucesso ao realizar a IA em
um grupo de 25 matrizes, alcançando taxas de retorno ao estro compativeis com os valores que vinham
sendo obtidos pelos colegas (entre 5—7%) ou, no caso de granjas que introduziram a IA no rebanho,
pelos indices alcançados pela MN. Na rotina dos sistemas produtores de suinos, recomenda—se , sempre
que possivel, um único funcionário realize as inseminações destinadas a uma determinada matn'z
durante o respectivo estro. Dessa maneira é possivel acompanhar o desempenho individual dos
integrantes da equipe, avaliando a performance reprodutiva das matrizes por eles inseminadas, Caso não
ocorra essa padronização no treinamento e qualificação técnica da equipe, fatalmente se observará uma
variação no desempenho dos funcionários que realizam a (A. isso pode ser observado no trabalho de
Wentz et al, ( I 997) que avaliaram o desempenho de 8 funcionários baseando-se na taxa de retorno ao
estro obtida pelos mesmos (Figura iG,-ªi), Os funcionários tiveram o mesmo nivel de treinamento e cada
um deles se responsabilizou pelas matrizes inseminadas. Quando comparado com o funcionário A, que
foi referenciado como padrão, por apresentar uma taxa de retomo ao estro semelhante a média do
rebanho em questão, verificou-se que as fêmeas inseminadas pelos funcionários H e G tiveram
respectivamente 5,2 e 3,7 vezes mais chances de retornarem ao estro (P<:0, 05).
Um outro exemplo relacionado a oscilações na qualidade da mão-de-obra comparando dados
de duas propriedades e apresentado na Tabela 10.2, Dentro de cada propriedade foram avaliados os
dados referentes a um grupo de animais controlados, mantidos no manejo da granja e a outro grupo,
mantido nas mesmas condições dos anteriores, porém submetidos a um controle realizado por um
técnico qualificado. Esse técnico não apresentava muito tempo de experiência na área, mas havia
recebido um treinamento intensivo e realizou as tarefas propostas meticulosamente, Levando em conta
que a única diferença entre os grupos foi a qualificação e o treinamento da equipe que realizou o manejo
reprodutivo, fica evidente, em ambas as propriedades, a importância que desempenha o treinamento e a
motivação dos funcionários que desempenham as tarefas. Estas diferenças são evidentes ao observar a
taxa de retorno ao estro e a taxa de parto/taxa de prenhez. Com relação ao tamanho da leitegada, a
comparação direta, lamentavelmente, não pode ser realizada. Entretanto, observando o número de
embriões viáveis aos 30-34 dias de gestação, e levando em conta que o periodo critico das perdas
gestacionais, neste momento, já foi ultrapassado, pode-se estimara grande perda que está ocorrendo no
número de leitões nascidos. Esses dois exemplos deixam bem clara a importância que deve ser dada no
treinamento, na qualificação, na reciclagem e na motivação da equipe responsável pelo manejo
reprodutivo,

131
. iNSEMlHAÇÃO ARHFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

2° " 18.36
18 -
16 -
14 -
12 -
10 -
%RE
3 _

6 _

4
2 -

O
A B C D E F G H
Funcionário
B C D E F G H
MIA 109 92 100 23 91 63 ?? 49
p - 0,20 O,92 0,88 0,44 D, 18 0,01 0,01
ODDS - 0,242 1,069 1,178 1,650 2,413 3.?09 5.234
Wentz et al., 19-97

Figura 10.4: Taxa de retornos ao estro (RE) (%) de acordo com o funcionário que realizou a m.

Tabela 10. 2: Taxa de retorno ao estro gm_E), taxa de parto (TM)/taxa de prenhez gre R), tamanho da
ieitegada (T[.)/numero de embriões w 1treis (NEV) levando em consideração os da os obtidos na
rotina da granja (Granja) ou em um grupo controlado (Controle), em observação realizada no mesmo
período. e nas mesmas propriedades

Propriedade i
Granja' 282 20,5% 76,8% — 8.6 -
Controle '80 12.8% - 87,2% - 12,5
Propriedade 2
Granja' I46 13, 7% 78. 1% - 10.0 -
Controle 82 9,6% — 90,4% - 13.3
immdognmomanjaemmranmeddmaommmmejomprodudmmmm
pmpriedade, aúnicadiferençaenoeosgmposfoiaequipequerealizouestastarefaa
21hxadeprenhezemimemdeembriõesviáveisaos30—34diasdegestação.

10.3 Freqiiência e momento ideal para realizar a inseminação artificial no suíno


Para se discutir a respeito da freqiiência e o momento ideal para realizar a IA no suino, é
necessário considerar alguns aspectos, como a viabilidade dos gametas no trato genital feminino, o
momento da ovulação e o intervalo ideal entre a M e a ovulação.

132
SUINOCULTURA EM A

10.3.1 Viabilidade dos gametas no trato genital feminino

Logo após a deposição dos espermatozóides no trato genital feminino, seja através de monta
natural ou da M, ocorre um transporte rápido dessas células em direção a extremidade cranial das camas
uterinas. Esse transporte rápido, denominado transporte espermática passivo decorre, principalmente,
das contrações uterinas, A motilidade da célula espermática é responsável pelo chamado transporte
espermática ativa ou migração espermática. Praporcianalmente, a maior grau de deslocamento das
células no trato genital deve—se. principalmente, ao transporte espermática passivo. O transporte ativo
assume importância vital na passagem atraves da junção utero-tubán'ca e, posteriormente, no processo
de fecundação. O útero, por sua vez, é um ambiente hostil aos espermatozóides A motilidade
espermática reduz-se rapidamente no seu interior e muitas células espermáticas são removidas do
mesmo por fagocitose e refluxo (Baker et al., l968: Lovell e Getty, 1968: Pursel et al., 1978: Viring e
Einarssan, 1980: Steverink etal., l998).
Aproximadamente duas horas após a IA há a formação de um reservatório espermática na
junção ótero-tubárica e porção caudal do istmo ( 1-2 cm aproximadamente). Os espermatozóides que
estão no reservatório apresentam-se móveis por um periodo de 36-48 horas após a M. isso não significa
que, durante esse periodo, exista uma população espermática apta a fecundar toda a população de
oócitos que venha a se encontrar na aviduto durante esse intervalo de tempo. Acredita-se que os
espennatazóides depositados no útero, quando oriundas de uma dose de sêmen de boa qualidade ou de
um macho potencialmente fértil, permaneçam viáveis para fecundar a população de oócitos por um
periodo de 16-24 horas. A variação no periodo de viabilidade pode ser explicada por diferenças
intrínsecas ao macho, a fêmea e, no caso da M, a tecnologia de produção das doses de sêmen, como
tempo de armazenamento da dose e número de espermatozóides por dose, por exemplo.
O envelhecimento da população espermática in vivo assume maior importância nas discussões
dessa natureza, pois, no suíno, há uma tendência de que a primeira inseminação ocorra no periodo pré-—
ovulatório. Entretanto em alguns casos quando, por exemplo, as fêmeas apresentam estro de curta
duração ou o inicio do estro é detectado tardiamente, pode ocorrera realização da primeira lA após a
ovulação. Nessas situações a viabilidade do aócita no trato genital feminino terá in fluência direta na taxa
de fecundação, Após a ovulação, a oócita é transportada em 30-45 minutos até a local de fecundação
(Hunter. 1974), na junção da ampola com o istmo, e permanece viável por um periodo de 4-8 haras
(Hunter, 1967). Passado esse tempo, inicia um processo de degeneração das organelas citoplasmáticas,
principalmente dos grânulos da cortical, estruturas essas que participam no bloqueio espermática que
ocorre após a penetração, levando a polispermia. A M realizada no periodo pós-ovulatório, não
precedida de uma lA realizada no periodo prê—ovulatório, resulta, na maioria dos casos, em falhas na
fecundação com retorno regular ao estro.
Baseado na viabilidade dos gametas no trato genital feminino conclui-se que os melhores
resultados serão obtidos nas lA realizadas próximas ao momento da ovulação. Seja em um periodo pré-—
ovulatório, que envolve o envelhecimento in vivo dos espermatozóides (até 24 horas), ou em um
pedoda pós-avulatória (até 4-8 horas), que envolve a degeneração das oócitos. Entretanto, como foi
visto no capitulo 9, existe uma grande variação no momento da ovulação, Desta forma, ainda não e
possivel, sob condiçoes práticas, identificar se a fêmea se encontra no periodo prá ou pós—ovulatório e
por isso preconiza-se a realização de repetidas lA ao longo do estro.

133
. lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

10.3.2 Intervalo ideal entre a IA e a ovulação


Com base nos conceitos descritos sobre a viabilidade dos gametas no trato genital feminino
conclui-se que os oócitos que chegam ao oviduto após a ovulação estão viáveis por um curto periodo de
tempo e. por isso, devem ser fecundados rapidamente apos a ovulação por uma população de células
espermáticas capacitadas (Kemp & Soede, 1997). Portanto, o intervalo ideal no qual as inseminações
serão realizadas depende do periodo de tempo que os oócitos estão viáveis após a ovulação e o do
periodo que permanece uma população espermática apta em fecunda—los apos a IA. Com o
desenvolvimento de uma técnica empregando a ultra—sonogra fia no diagnóstico da ovulação (citada no
capitulo 9). foi possivel estudar mais detalhadamente o intervalo ideal entre a deposição do sêmen no
trato genital feminino e a ovulação.
Na Tabela 10.3 e apresentado um resumo dos trabalhos realizados avaliando o intervalo ideal
entre a deposição do sêmen e a ovulação, sendo essa controlada pela aplicação de hCG, monitorada pela
concentração de progesterona ou por ultra-sonogra fia.
Os trabalhos de Dziuk ( l 970) e Hunter (1967) determinaram o momento da ovulação apos a
aplicação do hCG. O primeiro autor concluiu que o intervalo ideal para realizar a IA foi 12 horas antes da
ovulação, e que uma variação de 6-18 horas teria um efeito adverso moderado no tamanho da leitegada.
Hunter ( i 967) estudou o eleito de inseminações pós-ovulatórias sobre a taxa de fecundação e concluiu
que os oócitos permanecem viáveis até 8 horas após a ovulação, Os autores partiram do pressuposto que
a ovulação ocorreria 40-42 horas após a aplicação do bCG. Posteriormente, entretanto. em
experimentos que avaliaram o momento da ovulação submetendo as fêmeas ao abate, iaparotomia ou
ultra-sonogralia demonstraram que a ovulação pode ocorrer de 35 a 48 horas após a aplicação do hCG
(Kemp & Soede, 1997). Portanto os resultados obtidos por esses autores devem ser avaliados com certa

Tabela 10.3: Estimativa do momento ideal para a inseminação com relação à ovulação no suíno.

Mªmma: m u d a m hahçã: m
wdn-(9:10) (flatworm c o m

1.2(6—18) 6-30 IOa IS'ltrcbdam'tdo mªes-eo mhmáshcs tamem


6-8 6-20 m-lmnidesàrm Dia3 41-42t m a m
13—28 46-48 Al Dia:-HD m m da Huge-stem tan-ddd mas
0-12 0-16 2 mas, +28 [hamacada4h Wie-tá 1994a
Dªo—24 2 Diaz-4 Macadamia W a r d 1999!:
0-16 Goa-32 4 maze-32 Macaubal: ma.-am
Portas
lil-24 45-48 3 Dias Matarªcª]: Snack-3119953
-8-24 ~532- 3 DiaS M a m “ : Soaieetd 1995:
4-28 MI 2 mun-ram) lha-unamõh Metal 1997

Adaptado de Kemp & Suede. 1997

134
SUINOCULTURA EM A

cautela. Da mesma forma, Heimond et al. (1986) assumiram que a ovulação ocorreu após um aumento
nos niveis basais de progesterona acima de 1 ng/ml. Posteriormente, entretanto, Soede et al. (1994)
demonstraram que concentrações de progesterona acima de 1 ng/ml ocorrem 6- 19 horas (média 13 h)
após a ovulação determinada via ultra—sonografia. Com isso, os resultados de Helmond et al. (1986)
também devem ser avaliados com certa cautela.
A técnica ultra sonografica para o exame do ovário (Weitze et al. 1994) foi empregada em
leitoas por Waberski et al, (1994a) que avaliaram a taxa de fecundação em diferentes intervalos iA—
ovulação. Os autores concluiram que o intervalo ideal para inseminar essa categoria situa-se de O a 12
horas antes da ovulação. Entretanto, os autores avaliaram um periodo de somente 0 a 16 horas antes da
ovulação, sendo o grupo de 12-16 horas pouco representativo (somente 5 animais). No trabalho de
Waberski et al. (199413), o objetivo principal foi avaiiar o efeito do envelhecimento in vitro dos
espermatozóides (diferentes períodos de armazenamento da dose inseminante) e o envelhecimento in
vivo dos mesmos (diferentes intervalos entre a IA e a ovulação). Dessa forma foram avaliados três
periodos de armazenamento da dose de sêmen em três intervalos entre a IA e a ovulação (fatorial 3x3).
Devido ao delineamento experimental, que não teve como objetivo principal avaliar o intervalo ideal
entre a IA e a ovulação, visto que os exames foram realizados a cada 12 horas e devido ao reduzido
número de fêmeas inseminadas com semen armazenado de O a 48 horas ( 14 no intervalo lA-ovulação <
1211, 13 no :>12a24 e 3 no :>24), os resultados resumidos na tabela 1 devem ser vistos com certa
cautela. Detalhando um pouco mais esse periodo pré—ovuiatório, Bortolozzo et al. (2005) verificaram
que em um pen'odo de 0-24 horas antes da ovulação não foi observado diferença na sobrevivência
embrionária e no numero de embriões viáveis produzidos pelas leitoas (Tabela 10.4). Entretanto, nas [As
reaiizadas em um intervalo superiora 16 horas antes da ovulação, chama a atenção um possivelaumento
da taxa de retorno ao estro. Cabe salientar que nesse trabalho as doses de sêmen continham 4x109
espermatozóides, um número superior ao usualmente empregado na IA.

Tabela 10.4:Taxa de prenhez, sobrevivência embrionária e número de embriões viáveis em leitoas


submetidas a inseminação artificial (IA) em diferentes intervalos antes da ovuiação.

Elemento ”dam
--da'ªMiaç-ão (h) . . ... .. .....___, 'E'“SWITCͪ
Ma {95’ . 585“
. _, .. __i

all-<3 9 74,22i17,30' 12,32i2,95'


38456 18 71,0312231' 11,95 $3.159I

?,.24-í32 30 625313142” 10.601536“


2.32 13. 50.881211?" 3,44 24,33”
a.]: P<0.05 Bortolozzo et al., 2005

135
ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA

Em multiparas. Soede et al. ( l995a) avaliaram o efeito da IA (dose com 3xlOº


espermatozóides) realizada em diferentes intervalos antes e apos a ovulação (de 48 horas antes até lá
horas após a ovulação) sobre a taxa de fecundação, o desenvolvimento embrionário precoce e o número
de espermatozóides acessórios. Os resultados de fecundação obtidos estiveram fortemente relacionados
com o intervalo entre a IA e a ovulação. Quando a IA foi realizada no periodo de O a 24 horas antes da
ovulação o percentual de embriões normais foi signiâcativamente maior comparado aos resultados de IA
reaiizadas antes e depois desse intervalo. Segundo os autores quando o intervalo entre a IA e a ovulação é
superiora 24 horas. aparentemente poucas células espermáticas estão presentes no local de fecundação.
Os autores baseiam essa in formação no baixo número de espermatozóides acessórios encontradas nos
embriões obtidos de fêmeas inseminadas fora do periodo ideai descrito. Nissen et al. (1997) avaliaram o
desempenho reprodutivo de porcas inseminadas de 36 horas antes até 9 horas apos a ovulação. Baseado
na taxa de parto e no tamanho da leitegada, o intervalo ideai para realizar a inseminação foi 28 horas
antes até 4 horas após a ovulação. Na figura 10.5 pode ser observado o intervalo ideai entre a realização
da IA e o momento da ovulação, tanto para porcas como leitoas.

-28 -24 46 42 % +4 +8
Waherskietai. (1994a)
Porcas I E m Bortoloazo et al. (2005)

Leitoas I
Suede et al. (1995a)

m Nissan et al. (1997)

Figura 10.5: Intervalo ideal entre a realização da inseminação artificial e a ovulação em portas e ieitoas.

10.3.3 lnseminações realizadas após a ovulação

Reforçando o que foi citado anteriormente. se ocorrer uma IA em um periodo superiora 4-6
horas após a ovulação, não tendo sido precedida por uma IA realizada no intervalo preconizado antes da
ovulação. as chances de obter uma fecundação com sucesso são baixas. No momento em que a
população espenna'tica estiver capacitada e encontrar os oócitos, esses já estarão em processo de
degeneração. Entretanto. sob condições práticas, a maioria das matrizes recebe pelo menos uma IA
antes da ovulação. sendo as células espennãticas depositadas nesse momento aquelas de eleição para
promoverem a fecundação, em detrimento aquelas oriundas de eventuais iAs pós-ovulatorias. Apesar da
maioria das matrizes receberem uma IA pré-ovulatoria, deve-se estar atento para fêmeas de estro curto
(que tendem a ovular precocemente) e para falhas na detecção do inicio do estro. Nesses casos É possivel
que a primeira IA já ocorra após a ovulação levando a falhas na taxa de fecundação, culminando com
retornos regulares ao estro.

136
SUINOCULTURA EM A

Devido à estratégia de realizar múltiplas IAs no mesmo estro, algumas delas podem ser
realizadas após a ovulação. Castagna et al. (2003) observaram que mais de 70% das matrizes recebem
pelo menos uma IA apos a ovulação. Seriam essas IAs pós-ovulatórias, precedidas de pelo menos uma
pre-ovulatória realizada no momento preconizado, prejudiciais ao desempenho reprodutivo das
matrizes? Quando foram realizadas uma IA pré-ovulatoria e outra pós-ovulatória foi observado que,
quando a IA foi realizada até 5 horas após a ovulação, houve um aumento no número de
espennatozoides acessórios. que não influenciou o percentual de embriões normais (Suede et al,,
i995b). Na opinião de Weitze et al. (2001), a realização de uma IA pós—ovulatoria, realizada até 12— 15
horas após a ovulação, não traz prejuizos & sobrevivência embrionária. Avaliando grupos de matrizes de
acordo com u número de IAs realizadas, considerando a realização de intervenções após a ovulação, os
autores concluiram que a realização de IAs pós-ovulatorias, independente do número, não influenciaram
o desempenho reprodutivo das matrizes.
Castagna et al. (2003) constataram que, além de 70% das fêmeas terem recebido pelo menos
uma IA após a ovulação, um grupo de matrizes chegou a receber duas ou mais IAs apos a ovulação. Em
nenhum dos grupos, mesmo recebendo uma, duas ou até três IAs após a ovulação, foi observado efeito
sobre a taxa de retorno ao estro. taxa de parto e tamanho da leitegada (Tabela 10.5). Ou seja, desde que
a matriz esteja em estro no momento em que a IA 9 realizada. não é esperada uma redução no
desempenho reprodutivo. Entretanto, para que não haja esse comprometimento no desempenho
reprodutivo, é fundamental que uma IA pré-ovulatória tenha sido realizada.

_Tabela 10.5: Desemfenho reprodutivo de fêmeas suinas submetidas a inseminações artificiais com
intervalo de 12 ou 4 horas, de acordo com o numero de msemmações artificrais recebidas no estro
e com o numero de msemmações recebidas após a ovulação.
n ”andem 191910999110 mordem
aol-"showw WM») (rnétiatElªª'ªjl|

2 Ms! estru Nenhuma IA pus-0W6 13? 8.56 89,19 10.961182


(1 IA dia) I IA pós-ovulatóiía 350 8.29 90.17 10.531327
P —- 0,914 0,721 0.1519
3 [As! em u m 01pós-Miafú'ías. 9 0,00 100,00 99714.42
(114004) llApós-awdatória 7s 0,00 90,41 194413.37
2 Ms pésmdataias ;53 11.32 04,31 103115345
P --- 0,508" 0,333 0,355
3 MS! em Nenhuma IA pés-owIafléfias ms 0.03 09,30 11.031234
(2 Ms dia; I IA pés-owflatéria 101 3,37 94.92 103412.69
2 Ms pas-0mm 109 0,26 90.74 193712.93
P -— 0.28? 0,184 13,380
Mam IApés-mflafiias— 40 2,00 05,03 10.30-13.01
l IA m m 85 8.24 91.36 10.46:.234.
2 IAs pas-0mm 67 4,40 95,45 10.751.93.23
3 IAs pós-ourlatfirias 10 5.55 00,09 11.691296
P ---- W 9.559- um _
* EP: Erro Padrão Castagna et al., 2003

137
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Cabe salientar que em alguns casos, normalmente devido a falhas no manejo, ocorrem lAs
durante o metaestro. Nesses. as conseqt'iências sobre o desempenho reprodutivo são desastrosas.
Rozeboom et al. ( 1997) avaliaram leitoas e pluriparas submetidas a repetidas lAs durante o estro. sendo
que metade delas também inseminadas no metaestro. Neste trabalho foi demonstrado que fêmeas
inseminadas após o término do estro apresentaram uma redução de 1.1 leitões em relação as fêmeas
inseminadas somente durante o estro (P< 0.05). Para a taxa de parto. diferenças foram observadas
somente nas ordens de parto 1 e 2. onde houveram quedas de 20% nas fêmeas inseminadas no
metaestro (Pan.05). Marquetti et al. (2000) observaram 328 fêmeas, divididas em dois grupos, onde o
grupo 1 recebeu três lAs durante o estro (n =268) e o grupo 2. duas iAs no estro e uma no metaestro
(n = 60). A detecção do estro foi realizada às 8:30 e às 16:30 h. pela equipe da granja. e às 1:00. 9:00 e
17:00 h por uma outra equipe independente. Foi observada uma elevação da taxa de retomo do estro
(l RE) e consequente queda na taxa de parto ajustada (TPA) de 15.6% (P<:0,01) nas fêmeas com uma 1A
no metaestro. acompanhado de redução de 1.3 leitões nas leitegadas (P<:0.01) (Tabela 10.6). Falhas
que levam a realização de MS no metaestro normalmente ocorrem em granjas que inseminam as
matrizes em protocolos fixos e não controlam se a fêmea que esta sendo inseminada ainda está
manifestando o estro. Erros desse tipo são inadmissíveis na suinocultura tecniticada.

Tabela 10.6: Duração do estro (DUE), momento da ovulação (MD). relação estro-ovulação (REL),
taxa de retorno ao estro (TRE). taxa de parto ajustada (TPA) e tamanho de leitegada (TI.) de
fêmeas submetidas a três 045 no estro ([A-estro) ou duas bºts no estro e uma m no metaestro (lA-metaestro).
- — - —

n 60
DUE (m* 62.8:11.03' 41.421137"
MO (m* 41,6:9,45' 32.6: 9.91”
REL % meª 66,4“
TRE % 6,3' 21,3”
TPA % 93.4“ 77,8”
TL“ 11,412.93“ 10.133,13”
* Média idesvio padrão a, 13 na linha p<0,05 Marchetti et al., 2000

10.3.4 Desempenho de inseminações realizadas em um intervalo superior a


24 horas antes da ovulação

Apesar de evidenciado o intervalo inseminação-ovulação (lA—OV) ótimo para a garantir uma


taxa de fecundação satisfatória, foi observado que, mesmo em lAs realizadas em intervalos superiores a
24 horas, algumas matrizes apresentaram taxas de fecundação (Soede et al.. 1995a) e de sobrevivência
embrionária (Bortolozzo et al., 2005) dentro de niveis plenamente aceitáveis. Nas fêmeas inseminadas
nos intervalos de 24 a 32 horas antes ou 0 a 8 horas após a ovulação. taxas de fecundação de 100%
foram obtidas em mais de 50% dos casos (Soede et al., 1995a). No trabalho de Bortolozzo et al. (2005),
26.7% das fêmeas inseminadas no intervalo de 24 a 32 horas antes da ovulação apresentaram taxa de
sobrevivência embrionária superiora 78% (Figura 10.6). Da mesma forma. Bennemann et al. (2005a).
i'nseminando em intervalo lA—OV de 25-36 h observaram que 15.8% destas apresentavam taxa de

138
SUINOCULTURA EM A

sobrevivência embrionária superior a 80% (Figura IO. 7). Especula—se que vários fatores podem
influenciar o sucesso na performance das fêmeas inseminadas em intervalos superiores a 24 horas antes
da ovulação. É possivel que haja uma variação entre cachaças no periodo de sobrevivência espermática
no trato genital feminino. Essas variações poderiam estar associadas a alterações nos fatores de
capacitação (Xu et al., 1998), devido a alterações na qualidade espermática dos doadores (Waberski et
al., 1994c) ou até mesmo relacionadas a composição protéica do plasma seminal (Flowers, 1998a). Cabe
salientar que aspectos qualitativos e quantitativos ligados a dose inseminante não podem ser totalmente
descartados. Por outro lado. essas diferenças poderiam estar associadas a fêmea. onde determinadas
matrizes promoveriam melhores condições de sobrevivência embrionária no seu trato genital. Na
realidade. até o presente momento. existem Somente especulações a respeito dos fatores que poderiam
explicar os bons resultados de fertilidade obtidos em fêmeas inseminadas em intervalos de 24-32 horas
antes da ovulação. Entretanto maiores estudos são necessários para elucidar esse relevante tema. Pois,
por exemplo. a identificação de possiveis fatores associados ao macho que permitam a obtenção de uma
boa performance reprodutiva do mesmo em lAS realizadas em intervalos superiores a 24 horas,
preferencialmente entre 24 e 32 horas. permitiria o uso estratégico desses reprodutores, racionalizando
os custos em programas de IA.

A. 100 - I I I I I
É. I II II Il
_m 90 ' .
.
“ª 80 “ . _ . | _ ! —
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70 - ' ' I I I
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ª |
ª 30 ' .
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W 20 - I
.
10
0-3 8- 'I 6 16-24 24-32 22-32
Bor-telmo et al.. 2005

Figura 10.6: influência do intervalo inseminação-ovulação sobre a sobrevivência embrionária.

139
. iNSEMlHAÇÃO ÁRTIFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

| Eram demorar.-ina da um I
0-431: 96-12011
| | I |
IGO ' — "_ — _ —
90 '
80 - % Sobrevivência
% 7O _ Embrionária

ªg.; 60 - _
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0-12 13-23 24-30 D-l'2 13-23 24-30


("'55) ("ªªª-?) ("=**-ii ("=-ªªª) ("ªiªi [l'-4) Benne'niannetal..2005a
intervalo inseminação—ovulação (h)

Figura 10.7: Categorização das leitoas de acordo com o grau de sobrevivência embrionária após uma
única inseminação artificial com 1,5 bilhão de espennatozóides armazenados por 0-48 horas
ou 96-12!) horas à ISªC.

10.3.5 Fatores que influenciam o intervalo ideal entre a M e a ovulação

Como foi visto, o sucesso no desempenho reprodutivo estará na dependência do intenralo


entre a IA e a ovulação. Entretanto esses resultados podem ser influenciados por aspectos individuais da
fêmea e pelas caracteristicas espermãticas.

Variações inerentes a Fêmea: Observa-se que nas lAs reaiizadas no intervaio ideal (até 24
horas antes da ovulação) existem fêmeas que apresentam bons resultados de fecundação e outras que
apresentam resultados ruins. Soede et al. (1995a,b) apresentam um possivel efeito da linha genética
sobre a taxa de fecundação de matrizes inseminadas em diferentes intervalos de acordo com o momento
da ovulação. As fêmeas da linha fêmea apresentaram melhores taxas de fecundação no periodo pós-
ovulatón'o quando comparadas as da linha macho (94% vs. 62% P= 0,007). No periodo pré-ovulatorio
(iA realizada até 24 horas antes da ovulação) o resultado foi superior nas fêmeas da linha macho (92%
vs. 83% P=0.07). Os autores sugerem que a sobrevivência dos oócitos, o transporte espermático. &
sobrevivência espermática no reservatório e a capacitação podem variar de acordo com o materia!
genético empregado influenciando, conseqiientemente, o intervalo ideal da inseminação. Outro aspecto
a ser considerado são as diferenças obtidas entre leitoas e porcas. Em leitoas o intervalo ideai entre a M e
a ovulação é de 16 horas (Bortoiozzo et ai., 2005), enquanto em porcas obtêm—se bons resultados em

140
SUINOCULTURA EM A

intervalos de até 24 horas (Soede et al., ] 995a) ou até mesmo 28 horas (Nissen et al., 1997).

Características Espermáticas: Os cuidados e critérios na preparação da dose inseminante


podem influenciara taxa de fecundação mesmo nas lAs realizadas no intervalo ideal. isso fica evidente ao
se avaliar o número de espermatozóides por dose, sob o ponto de vista quantitativo, e o tempo de
armazenamento da dose, sob o ponto de vista qualitativo. Entretanto não se deve relegar a um segundo
plano os aspectos qualitativos que envolvem a coleta, exame e o processamento do ejaculado, tema
abordado nos capitulos 6, 7 e 8. Aplica-se aqui também os cuidados no armazenamento e transporte das
doses inseminantes, bem como a qualificação-da-mão de obra envolvida em todo o processo.

Número de Espermatozóides na Dose lnseminante: Baker et al. (1968) avaliaram o


efeito do número de espermatozóides por dose ( l, 5 e 10 x 109 espermatozóides) e do volume da dose
inseminante (20, 100 e 200 ml). Os autores obtiveram os melhores resultados com o emprego de doses
com 5 e 10 x 109 de espermatozóides em um volume de 100 ml. Atualmente. com uma melhora na
confecção das doses e com o desenvolvimento de novos diluentes, emprega-se, comercialmente, doses
que contenham de 2 a 3.5 x i09 de espermatozóides, em um volume de 80 a 100 mi (Colenbrander et
al., i993). Steverink et al. ( i997) realizaram a M em diferentes intervalos antes da ovulação
empregando doses de sêmen com lxiOº, Balaº, óxiOª espermatozóides e observaram a taxa de
fecundação e o número de espermatozóides acessórios. A taxa de fecundação e o número médio de
espermatozóides acessórios observados foi 95% e l l, 100% e 17 , i 00% e 3 1 nas lAs realizadas de 12 a
24 horas antes da ovulação nos grupos inseminadas com moª, 3x10º, 6x109 espermatozóides por
dose, respectivamente. Quando a M foi realizada de 24-36 horas antes da ovulação os resultados foram,
respectivamente. 38% e 6, 95% e 8. 97% e l 1. para as mesmas variáveis nos mesmos grupos citados
anteriormente. Esses resultados demonstram que, nas lAs realizadas no periodo ótimo (0-24 horas antes
da ovulação), o número de espermatozóides por dose não influenciou a taxa de fecundação. Entretanto
cabe salientar que as doses empregadas foram armazenadas, em média, por 23 i 7 horas (variando de
i l a 36 horas), Talvez, com o aumento do tempo de armazenamento in vitro das doses, fosse possivel
observar um efeito do número de espermatozóides na dose sobre o desempenho reprodutivo das
matrizes. Sob o ponto de vista prático, o reflexo seria muito importante, principalmente nas lAs
realizadas nos finais de semana, quando as doses são armazenadas porperiodos superiores.

Tempo de Armazenamento cla Dose de Sêmen: O armazenamento do sêmen suino por


períodos superiores a 3 dias compromete a qualidade espermática (Weitze, i99 l ) reduzindo a taxa de
parto em 5- i 0% e o tamanho da leitegada em i leitão (Reed, i991). Sob condições práticas. durante o
periodo de armazenamento, não é possivel prevenir uma redução na capacidade fecundante dos
espermatozóides, mesmo com o emprego dos chamados diluentes de longa ação (Weitze, i99l).
Poucos trabalhos avaliaram o efeito do tempo de armazenamento da dose de sêmen sobre o
desempenho reprodutivo, considerando o intervalo entre a M. e a ovulação. ou seja, a interação entre o
envelhecimento in vitro e in vivo dos espermatozóides. Waberski et al. (1994b) avaliaram a taxa de
fecundação e o número de espermatozóides acessórios de fêmeas inseminadas em diferentes intervalos
antes da ovulação ( g 12h, > i2z§24h e >24h) com doses de sêmen armazenadas em 3 diferentes
periodos (C)—48h, 48-87h e 87-118h). Com o emprego das doses armazenadas ate' 48 horas não

141
. ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

ocorreram reduções na fertilidade mesmo com o aumento no intervalo entre a IA e a ovulação.


Entretanto, cabe ressaltar que somente 3 fêmeas foram inseminadas com intervalos superiores a 24
horas. com doses armazenadas por até 48 horas. Quando a dose de sêmen foi armazenada por 48 a 87
horas ocorreu uma queda na taxa de fecundação, até mesmo nas [As realizadas I2 a 24 horas antes da
ovulação. A dependência existente entre o intervalo lA-OV e o periodo de armazenamento ficou mais
evidente no grupo inseminado com as doses armazenadas por 87 a l 17 horas. Os resultados sugerem
que, com o emprego de uma dose de sêmen armazenada por periodos superiores a 48 horas (48 a 87
horas), haverá uma queda na taxa de fecundação nas lAs realizadas em um intervalo superiora 12 horas
antes da ovulação. Seguindo essa mesma linha de pesquisa, Bennemann et al. (2005a) avaliaram três
intervalos entre a IA e a ovulação com dois periodos de armazenamento das doses (Tabela l0.7),
Segundo os autores, com o emprego de doses armazenadas por 96- l20 horas há um grande
comprometimento na taxa de prenhez quando comparado às doses armazenadas por 0-48 horas,
independente do intervalo entre a M e a ovulação. Também são interessantes os resultados satisfatórios
de prenhez e número de embriões obtidos com as doses armazenadas por 0-48 horas em um intervalo
de até 23 horas antes do momento da ovulação, Cabe salientar que a lA foi realizada uma unica vez
(fundamental nesse tipo de delineamento experimental) com 1.5 bilhão de espermatozóides.
lndiscutivelrnente, é necessario que sejam realizados novos trabalhos que avaliem diferentes tempos de
envelhecimento dos espermatozóides in vitro e in vivo. Além disso, deve—se considerar que pode existir
uma grande variação de acordo com o macho utilizado. Por exemplo, alguns cachaços apresentam
diferenças na viabilidade espermática in vitro, ou seja, há doadores que mantém os espermatozóides
viáveis por periodos mais longos durante o armazenamento, o que poderia se refletir em diferenças no
periodo de viabilidade in vivo.

Tabela 10.7: Taxa de prenhez (TP), número de corpos kite-as (Cl.), número total de embriões (TE) e
sobrevivência embrionária {SE} em leitoas inseminadas em diferentes intervalos inseminação-ovulação (IA-OV).

_ Tempo de
. ena m .. _ . _ _ ._ _ _
"'.-..Dose da fiat) IAG-V (h) 11: (m;) u at 11*-
0-12 93.4 (sz/enª ss 17,622.15 14.123.2‘ 78,6 : 17,5ª
0-48 13-23 91,9 (34/37)“ 33 18,013.4 14,214,8‘ 711120.9‘
24-30 85.7 (18/21)“ 18 17.1125 13,213.9‘ 71.91210

0-12 78,3 (47160)” 43 17,512,6 13.2 t 4,4' 73,3 123,7“


96-120 13-23 73.1 (191'26)b 13 16.1: 1.7 14,3:4J' 36.12260
24-30 30.8 (dl/13)" 4 15,7:2,5 6,5:2.Iª 31.91-13.2’
*Mêdia : Desvio padrão: a, b. c na coluna são diferentes P-ca.05. Bennemann et al.. 20053

142
SUINOCULTURA EM A

10.4Recunmdaçõesprádcassohefreqãêm'aenmlenmidealpaamauzaram

Sob condições práticas. para aproximar a deposição dos espermatozóides no útero ao


momento da ovulação é necessário a realização de repetidas lAs ao longo do estro. Até o momento, é
prática comum no nosso meio o emprego de duas lAs diárias realizadas em intervalos de 8 a 16 horas.
Com os resultados dos trabalhos realizados em multiparas (Soede et al., 1995a,b e Nissen et al., 1997) é
possivel concluir que com uma 1A realizada ao dia (intervalo prê-ovulatório de no maximo 24 horas) é
possível obter resultados semelhantes ao de inseminações com intervalos de 8— 16 horas. Cabe salientar
que, no dia-a—dia, para recomendar o intervalo de 24 horas entre as lAs, é imprescindível que um
eficiente diagnóstico de estro e uma dose de sêmen de boa qualidade sejam empregadas.
Atendendo essas premissas. desenvolveu-se um trabalho. sob condições práticas, onde foram
utilizados diferentes intervalos entre as inseminaçc'ies em duas propriedades. O diagnóstico do estro foi
realizado duas vezes ao dia e a primeira 1A foi realizada no turno seguinte a apresentação do Reflexo de
Tolerância ao Homem na Presença do Macho (RTM), e as subseqiientes MS com 12 horas de intervalo
(duas lAs ao dia) para um grupo e 24 horas (uma 1A ao dia) para o outro. Paralelamente, foi realizado o
acompanhamento do momento da ovulação através de ultra-sonogratia transcutânea. A performance
reprodutiva das matrizes, levando em conta a taxa de retorno ao estro, taxa de parto e tamanho da
leitegada, não diferiu nos dois grupos, nas duas propriedades (P:—0,05) (Tabela 10.8). Baseado nos
dados da Tabela 10.8, o número de leitões produzidos em cada 100 matrizes inseminadas uma ou duas
vezes ao dia, respectivamente, (Propriedade 1: 1050 vs. i066 e Propriedade 2: 1043 vs. 1012) não
diferiu significativamente (P:—0, 05). Em multiparas, com o emprego de uma dose de sêmen de boa
qualidade, armazenada por um periodo inferiora 48 horas, aliada a um eficiente manejo na detecção do
estro é possivel obter bons resultados em inseminações realizadas com um intervalo de até 24 horas..

Tabela 10.8: Número de inseminações por estro, taxa de retorno ao estro (TRE), taxa de parto ajustada
(TPA) e número total de leitões nascidos totais (NT) em pluríparas inseminadas uma e duas vezes ao
dia em duas propriedades.

Propriedade 1
Urna IA ao dia 239 2,00:0,50 6,69 92,92 1 13113201
Duas lAs ao dia 244 3,302: 0,90 4,92 94,78 1 1,25 12,95
Pªi 0,01 0,40 0,40 0,80
PropfiedadLZ
Uma lA ao dia 357 2,16 : 0,45 9,52 87,75 11,53 32,91
Duas lAs ao dia 361 3,08: 0,56 6, 09 91,98 1 1,34 i 2, 90
1” 0,01 0,09 0,06 0,39
* Nível de signrficfinaa'
' estaum
' Dados UFRGS - não publicados

143
ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Cabo salientar que para nuliparas a população espermática depositada no trato genital
feminino por um periodo superiora 16 horas antes da ovulação, leva, aparentemente, a uma queda no
desempenho reprodutivo. Nesse sentido. conduziu-se um experimento, sob condições práticas, onde
um grupo de 105 leitoas foi submetido a dois diagnósticos de estro diários. sendo inseminadas duas
vezes ao dia, em intervalos de 12 horas. ou uma vez ao dia, com intervalos de 24 horas (Tabela IO.9). A
primeira IA foi conduzida sempre no turno subsequente ao inicio do estro. As leitoas submetidas a lAs
com 24 horas de intervalo apresentaram uma redução de 1. 1 leitões nascidos (P:-10,09) isso representa.
em 100 leitoas inseminadas, submetidas a duas [As diárias uma produção de 1881eitoes a mais que nas
inseminadas em intervalos de 24 horas. Com base no apresentado. conclui—se que, em leitoas sob
condições práticas, o intervalo entre as lAs não deve ser superiora 16 horas.

Tabela 10.9: Taxa de Retorno ao Estro, Taxa de Parto Ajustada o Tamanho da leite-yada em leitoas

Totalde leitoas 53 52 -
Dmaçãodoesn'ofh) 49,321.15 44,121.45 0,01
Intervalodainra‘adomamflasfiom) 23.1213 24.4215 0.17
MervahdaªtimªMPIÉ-ºwiªfódªàºwdªs㺪ú 11.731,11 {Loam «com
fixaderetomoaoeshufifi) 13,2 7,7 0,35
Tandepartoajwtadaw) 31,1 90,2 11,19
mºl-ªtªcªdª 9,530; ram-:03 0,119
Bortolozzo et al., 2005

Sabendo—se do intervalo máximo entre as 1115. considerando sempre as diferenças entre leitoas
e porcas, e importante discutir o momento de realização da primeira IA. O ponto de partida para definir
o momento da primeira {A o o inicio da manifestação do estro (apresentação do reflexo de tolerância ao
macho). Logo. é importante que se saiba a frequência na qual o diagnóstico do estro é realizado. No caso
do pluriparas, entre 5.5 % (Heck et al., 1997) e 7,7% (Dias et al., 1999) das matrizes ovularam no
periodo entre 12 e 20 horas apos o inicio do estro. Com isso. se o diagnóstico é realizado duas vezes ao
dia (intervalos de 8— 16 horas). é possivel realizar a primeira IA no turno seguinte ao inicio do estro. pois
há uma tendência de que nenhuma fêmea tenha ovulado até então.
No caso de leitoas. o percentual de matrizes que ovulam entre 12 e 20 horas após o inicio do
estro é maior. Martini et al. (1997) e Uemoto (1999) observaram que 12,8% e 20,6% das leitoas.
respectivamente. haviam ovulado nesse periodo. A principio. em leitoas submetidas a duas detecções
diárias de estro seria possivel realizar a primeira IA no turno seguinte a detecção do inicio do estro, da
mesma forma que nas pluriparas. Entretanto os riscos são maiores. Caso existam falhas na detecção do
estro, por exemplo, é possivel que a primeira IA seja realizada após a ovulação em um grande número de
animais. Como foi comentado anteriormente, os oócitos permanecem via'veis por um periodo de 4-8
horas após a ovulação (Hunter, 1967). Entretanto ao se realizar a IA deve-se considerar que os
espermatozóides necessitam de um determinado periodo de tempo para capacitação, periodo esse que
tende a variar de 2 a 8 horas conforme o macho doador. Com isso, quando se procede uma IA. por

144
SUINOCULTURA EM A

exemplo, 4 horas após a ovulação, deve—se considerar que ainda é necessário um periodo de tempo para
a capacitação espermática antes que ocorra a fecundação. Consequentemente, quando os
espermatozóides estiverem capacitados, os oócitos já estariam. no caso do exemplo, envelhecidos em 6 a
I2 horas. Com isso aumentam as chances de falhas na fecundação e o percentual de fêmeas com retorno
regular ao estro. Portanto. nas leitoas. devido ao maior percentual de animais ovulando entre I2 e 20
horas após o inicio do estro. adicionado a possíveis falhas de manejo na identiãcação do estro nessa
categoria, em alguns casos, é procedente recomendar que a primeira IA seja realizada no momento em
que o estro é detectado, mesmo quando o diagnóstico de estro é realizado duas vezes ao dia.
Paralelo a essas recomendações, existem protocolos de IA baseados no intervalo Desmame—
Estro (l DE). Como foi apresentado no capitulo 9. existe uma correlação positiva entre a duração do estro
e o momento da ovulação (intervalo inicio do estro—ovulação). ou seja, fêmeas com estro longo tendem a
apresentar um maior intervalo entre o inicio do estro e a ovulação que fêmeas com estro curto.
Paralelamente. trabalhos alemães e holandeses observaram que existe uma correlação negativa entre o
IDE e a duração do estro, ou seja. fêmeas com I DE curto (até 3 a 4 dias) tendem a ter um estro longo e.
conseqiientemente. tendem a apresentar um maior intervalo inicio do estro-ovulação (Weitze et al..
I994; Soede et al., I995a: Borchardt Neto, I998). Logo. essas fêmeas não necessitariam de uma
primeira IA nas primeiras 24 horas após o inicio do estro. Baseado nessa associação entre o IDE e a
duração do estro/momento da ovulação foiproposto um protocolo de IA (Tabela I0. IO)

Tabela IO. IO: Protocolo de lã./MN baseado no intervalo Desmame-Estro em propriedades que apresentam
uma associação entre IDE e Momento da Ovulação e realizam dois diagnósticos de estro ao dia.

.-.M9m.ento da.Primeira.IA— IASubsequentes j


Curto até 4 dias 24 horas após inicio do Estro Repetir a cada 24 horas
durante o estro
lntennediãrio 5-6 dias 8-16 horas após inicio do Estro Repetir a cada 24 horas
durante o estro
Tardio ::=-6 dias Ao detectar o inicio do Estro Repetir 8- I2 horas após a
primeira se a fêmea ainda
estiver em estro
Flowers {1998b}

Cabe salientar que, nesses trabalhos, a associação entre o i DE e a duração do estro apresentou
um coeficiente de determinação (rª) que variou de 0. I0 a 0.30. ou seja, somente I0 até 30% da variação
encontrada na duração do estro/momento da ovulação pode ser explicada pelo intervalo desmame estro
da fêmea. Por outro lado, em trabalho realizado por nossa equipe. avaliando o I DE e a duração do
estro/momento da ovulação, em 384 matrizes, não foi observada uma correlação entre as variáveis
(Heck et aL, I997). Essa informação está de acordo com o que foi posteriormente descrito por Steverink
et al. ( I 999). onde em 20% das 55 propriedades analisadas não foi observada uma associação entre o
IDE e a duração do estro.

145
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Com isso, para recomendar um protocolo de IA baseado no I DE e necessário saber se a


associação entre o l DE e a duração do estro é observada na propriedade. Deve-se evitar recomendações
generalistas de protocolos de IA baseados no IDE sem conhecer o comportamento do rebanho com
relação ao lDE e a duração do estro. Pode-se obter resultados diferenciados aplicando—se a mesma
recomendação em diferentes propriedades. “Ea! fato foi observado por Flowers (1998b) que aplicou um
protocolo de IA baseado no IDE em duas propriedades. No referido protocolo, o diagnóstico de estro foi
realizado uma vez ao dia e, no grupo controle, a primeira IA foi realizada logo apos o inicio do astro. com
repetições a cada 24 horas durante o estro. No outro grupo, as fêmeas com I DE de até 5 dias foram
inseminadas 24 e 48 horas após o inicio do estro, enquanto as que apresentaram um lDE de 6—7 dias
foram inseminadas 8 e 24 horas após o inicio do estro. Ja' as matrizes com IDE superior a 8 dias foram
inseminadas logo após o inicio do estro e 8 horas depois. Foram empregadas closes contendo 4 bilhões
de espermatozóides armazenadas por 36,4 i2, 1 horas. Os resultados podem ser observados na Tabela
10. I 1. Na propriedade 2 ocorreu uma significativa redução na taxa de parto e tamanho da leitegada das
matrizes inseminadas de acordo com o IDE quando o estro iniciou 6-7 ou :38 dias após o desmame. Em
parte isso pode ser explicado pela duração do estro das matrizes nessas duas categorias de IDE (Tabela
IO. 12). Nas categorias de IDE de 6-7 dias eaB dias esperava-se fêmeas com estro de curta duração.
Entretanto, aqui ocorreram diferenças entre as propriedades, Enquanto no IDE de 6 a 7 dias,na
propriedade 1, 12% das fêmeas apresentaram um estro de 3 dias na propriedade 2 esse índice chegou a
39%. Da mesma forma na categoria de lDEaB dias, enquanto na propriedade I. 23% das fêmeas
apresentaram um estro de 2 ou 3 dias, na propriedade 2 esse indice foi de 86%. Com isso, nessas fêmeas
com estro de maior duração, quando inseminadas de acordo com o IDE, o intervalo entre a IA e a
ovulação foi maior, possivelmente saindo do intervalo ideal (<24horas) levando a falhas no
desempenho reprodutivo das mesmas.

Tabela 10.11: Taxa de parto e número total de leitões nascidos em matrizes submetidas a um protocolo
de IA de acordo com o intervalo desmame estro, em duas propriedades,
TP (%)
Controle ut nos
i

Propriedade 1
IDE 55 dias 88,1 84,6 11,1 10,9
IDE 6-7 dias 82,4 83,1 10,6 10,7
IDE 28 dias 84,5 85,6 10,8 10,5
Propriedade 2
IDE s5 dias 83,3 86,2 10,5 10,7
IDE 6-7 dias 85,1il 72,1” 10,1"“ 9,9”
IDE 28 dias 84,4ª 70,3“ 10,5ª 9,8"
leoas diferentes na linha: P<0.05 Flowers (1998b)

146
SUINOCULTURA EM A

Figura 10.12: Duração do estro em dois rebanhos de acordo com o intervalo desmame estro.

Duraç㺓 do Estro (% dª fªult-"ªªi


O] dia 0-2 dias. O3 diª:"

Propriedade I
IDE 55 dias 1 10 89
IDE 6-7 dias 23 65 12
IDE 28 dias 77 ' II 12
Propriedade;
IDE 55 dias 9 I3 78
IDE 6-7 dias 14 47 39
IDE 28 dias I4 58: 28
letras diferentes na linha: P<D.05 Flowers (19981:)

10.5 Conclusões a respeito da freqiiênda e momento ideal para realizar & IA

Concluindo, ao definir o momento e a freqtiência ideal de realização da IA. deve-se partir do


princípio de que o diagnóstico do estro é realizado corretamente, duas vezes ao dia, e que a dose
inseminante empregada tem qualidade garantida, Em pluriparas, atendendo essas premissas, e possivel
realizar as lAs com intervalos de 24 horas, sendo a primeira realizada no turno subseqtiente a detecção
do estro, Em leltoas, entretanto, o intervalo entre as {As não deve ser superior a 16 horas. Caso haja
suspeitas de que o diagnóstico de estro não esta sendo realizado corretamente e/ou existam falhas na
confecção das doses de sêmen recomenda-se, até a correção desses problemas, que se realizem as lAs em
intervalos de 8-16 horas (duas repetições ao dia). Ao optar por realizar um manejo de detecção do estro
ao dia, alterando com isso a realização da primeira hª! para logo apos o inicio do estro, deve-se ter
bastante cuidado, pois, apesar de racionalizar a rotina de trabalho, os riscos de quedas no desempenho
reprodutivo aumentam, Com relação a um protocolo de IA de acordo com o DE. deve—se ter o cuidado
de não generaliza-lo para todas as situações. Assim, antes de preconiza-lo deve-se conhecer
detalhadamente comportamento estral do rebanho em relação ao IDE.

10.6 Inseminação artificial com deposição inha-uterina profunda da


dose inseminante
O emprego comercial da IA artificial tradicional com sêmen resfriado, cuja doposição da dose
inseminante é intracervlcal profunda, consolidou—se nas últimas duas décadas e está integrada de forma
irreversível no manejo reprodutivo da espécie suína, No final da década de 50. Hancock (1959) afirmou
que, com o emprego da deposição uterina da dose de sêmen, seria possivel reduziro volume e o número
de espermatozóides empregados. Somente meio século depois, os trabalhos empregando essa idéia
foram retomados, Nesse sentido, foi desenvolvida inicialmente uma técnica de inseminação intra-
uterina profunda (IAUP) de uma dose inseminante com o auxilio de um endoscopia (Martinez et al,,
2001a). Empregando essa tecnologia, resultados satisfatórios de taxa de parto e tamanho da leitegada

147
E ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

foram alcançados com 50 milhões, 200 milhões e i bilhão de espermatozóides na dose em comparação
ao grupo controle com a MT (3 bilhões). Na seqõência dos trabalhos, foi desenvolvido um cateter para
realização da lAUP, sem a necessidade de um endoscópio (Martinez et al., 200 lb; Martinez et al., 2002).
A inserção desse cateter foi possivel em 95,4% das fêmeas, em 3-5 minutos, e a ponta do mesmo ficou
localizada de 8 a 55 cm da junção útero-tubãrica. Apesar dos espermatozóides serem depositados
somente em um corno uterino, a fecundação bilateral ficou próxima a 100%. a0 avaliar embriões
coletados 65h após a inseminação. Ainda não está claro como os espermatozóides alcançam o oviduto
contra—lateral, mas ha evidências de migração transuterina e transperitoneal (Vazquez et al., 2005). Esse
novo cateter foi avaliado empregando doses de 10, 25, 50 e i50 milhões de espermatozóides frente a
um grupo controle com lAT (dose de 3 bilhões de espermatozóides). A taxa de parto não diferiu entre o
grupo controle (lAT) e lAUP com 50 e 150 milhões, alcançando resultados superiores aos grupos
inseminados com i0 e 25 milhões de espermatozóides (P<0,05). O tamanho da leitegada não diferiu
entre os 5 grupos (Tabela lO. l3). Entretanto, quando a M UP foi empregada comercialmente, com l50
milhões de espermatozóides, em duas avaliações distintas, foi observado comprometimento na taxa de
parto (redução de 2,3 e 7%) e no tamanho da leitegada. com 1.2 a 2.4 leitões a menos (Vazquez et al.,
2001: Day et al., 2003). Os autores salientam que essa redução na fertilidade poderia ser evitada
aumentando o número de espermatozóides por dose, Entretanto, pesquisas complementares devem ser
realizadas para definir qualseria esse número mínimo. Alem disso, cabe salientar que a grande vantagem
no emprego da lAUP está associada à possibilidade de incrementaro uso do sêmen congelado ou sexado
(Vazquez et al., 2005).

Tabela 10.13: Desempenho reprodutivo ao parto após a deposição intra-uterina profunda (IAUP)
ou intra-cervical |C da dose inseminante.

"- de " " ' ' if"; 'Í—“ª


Núvem de fêmeas 69 60 126 117 147
Local de deposição HUF IAUP HUF MDP IC
taxa de ram % sense 40.790 70.2%“ 02.9%“ 03.0%“
Nasdclos me sr,-imc; 9,330.4 9,410.2 9.7:02 9.9:02
um Vivos 0.0=0,4 00:04 0,010.2 03:02 9.4102
a, b: 0:0.05 Martinez et al., 2002

10.7lmemhaçãoardãdalmdeposiçãOMa-utainadadosemsenúwrte

Simultaneamente ao desenvolvimento da lAUP. foi criado um procedimento mais simples, no


intuito de facilitara deposição do sêmen, permitindo uma aplicação comercial dessa biotócnica. Trata-se
da inseminação, artificial intra—uterina (lAU). Na lAU. 0 cateter é introduzido no útero somente 20-
25 cm após a cérvix (Wolken et al., 2002: Watson & Behan, 2002). A técnica desenvolvida consiste no
emprego de um cateter que desliza pelo interior da pipeta tradicional, passa pela cérvix e é introduzido
até 20 a 25 cm no corpo ou como uterino. Resultados iniciais com essa tecnologia demonstraram ser
possivel empregar uma dose com l bilhão de espermatozóides, em um volume total de 50-60ml, o que
corresponde a 1/3 do total de células Empregadas na lAT (Watson & Behan, 2002).

148
SUINOCULTURA EM A

Sob condições experimentais. Wolken et al. (2002) empregaram a [AU com 500 milhões de
espermatozóides/dose em 20 ml, 100 milhões de espermatozõides/dose em 20 ou 10 ml. e avaliaram a
taxa de prenhez aos 23 dias põs-iAU e número de embriões viáveis após o abate das matrizes entre 28-35
dias põs-lAU. Ao empregar 500 milhões de espermatozõides/dose foram alcançados resultados
promissores de 77,3% de prenhez e 12,6 embriões viáveis. Em avaliação sob condições comerciais,
Watson & Behan (2002). empregando as duas técnicas (lAU e lAT) com 3 diferentes números de
espennatozõides por dose ( I. 2 e 3 bilhões). demonstraram que é possivel alcançar resultados
semelhantes. empregando 1 bilhão de espermatozóides por dose na lA U. em comparação a 2 e 3 bilhões
na iAT (Tabela 10.14). Somente na [AT com I bilhão de espermatozóides foram observadas reduções
significativas na taxa de parto e no número total de leitões nascidos.

Tabela 10.14: Desempenho reprodutivo de matrizes submetidas à [A uterina ao tradicional


com I. .2 e 3 bilhões de espermatozóides (sptz) por dose.

Mimoso de spa/dose (x105 I 2 3 I 2 3


Taxa de Parto (%) 55.3' 91,3“ 91,1” 36.9 ª 92,5” 90,5 "
lettõesNasa'dos Totais 10.31 12.6“ 12.5” 12,1” 12,3” 12,3 ª
a, b na mesma linha: P<0,05 Watson & Behan. 2002

Em teste de validação de campo, Dallanora et al. (2004a) compararam o emprego da lAT com
3 bilhões de espermatozóides, em doses com 90 ml. frente à lAU com 1,5 bilhões de espennatozõides.
em doses de 60 ml. Ao avaliar o desempenho de 608 matrizes, os autores não observaram diferenças
entre os dois tratamentos para a taxa de parto ajustada ({AU = 94.9% e MT: 943%) e número total de
leitões nascidos ((AU= 11.6 e iAT= I 1.8) (Tabela IO. i 5).

Tabela 10.15: Desempenho reprodutivo de fêmeas suinas após inseminação intra-uterina com 1,5 bilhão
ou tradicional com 3 bilhões de espermatozóides.

Número de inseminações(1,3) 3,3:(1413a 3.310,43“


”taxa de retonm ao 6110(2) 3,5 (11,1304)‘ 4,3 (13/304)‘
Tªxa de Meza) 99.5 (209/210)‘ 97.2 (205/211)'
Taxadepamp) 92.8 (232/3041 93,4 (zes/soar
Tàxa_de part9 airfield-a0} 94.9 (232129” 94.4 (2351302)“
Nascidos tatasf1.3) 11.5+2.5 (232)“ 11.s+2.s (zoar
(”médias 1- desvio-padrão. Dallanora et al., 20043
(2)valores seguidos da mesma letra. na linha. não diferem entre si (P:—0,05)
pelo teste de Qui—quadrado.
(ialores seguidos da mesma letra, na linha, não diferem entre si (P:-0.05)
pelo teste t.

149
. ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Os resultados de Watson & Behan (2002) e Dallanora et al. (2004a) permitem concluir que
indices satisfatórios de desempenho podem ser obtidos na lAU com o emprego de l—l,5 bilhões de
espermatozóides por dose. Entretanto, ainda não estava definido se esse seria o número minimo de
espermatozóides a ser empregado rotineiramente. Com isso, na seqóência. foi realizado um
experimento avaliando a possibilidade de emprego de número inferiora 1 bilhão de espermatozóides na
dose com a lAU (Mezalira et al., 2005). Um total de 21 l porcas foram alocadas em 3 grupos submetidos
a uma única lAU com 250 milhões. 500 milhões ou 1 bilhão de espermatozóides por dose, em volume de
20 ml. em intervalo inferior a 24 horas antes da ovulação. As matrizes foram abatidas 28—35 dias após a
iAU e não foram observadas diferenças na taxa de prenhez entre os tratamentos (Tabela 10.16).
Entretanto. o número de embriões foi superior nas fêmeas inseminadas com 500 milhões de
espermatozóides quando comparadas às inseminadas com 250 milhões. Ao avaliar a taxa de prenhez
dos quatro reprodutores empregados no experimento, observou-se que mesmo empregando 0,5 e 1,0
3009 espermatozóides por dose, o reprodutor D teve comprometimento na taxa de prenhez. Por outro
lado, o reprodutor C, mesmo com 0.25 xiOª espermatozóides por dose, alcançou taxa de prenhez
superior a 95%. Com o emprego de um baixo número de espermatozóides por dose, a tendência é que
as diferenças de fertilidade entre os reprodutores sejam mais acentuadas ou mais facilmente
evidenciadas. Essas diferenças não foram identificadas in vitro, quando a motilidade dos quatro
reprodutores foi avaliada até as 240 horas após a diluição (Figura 10.8).

Tabela 10.16 Número de embriões, sobrevivência embrionária e taxa de prenhez em fêmeas


submetidas a inseminação artificial uterina com diferente número de espermatozóides por dose.

Número de espermatozóides empregados na MU


ans-x mº pax to" 1.0x tºº“
70 69 72
s: 57 57
MW de corpos him 26,2241)a 23,8:73ª 25,624,?
Nm total de anbáões ",na? t4,3=4,2ª 13,315,?
Niimem de embriões viáms mea-4,0 12323.5" 12,224,3'”
Sobrevivência embdma'a'a % 43,0215? ser:15.3” 473213,?
I'lhxa de prenhez % . 77,1“ essª 84.7“

W A (11) 80,0“ (30) 79.2“” (24) 82a1“ (28)


.flemdutor B (n) 35.7 (7) 100,0“ (9) 87.7” (s)
qoduta' c (n) 95,6 (23) 96.3“ (27) Sªntª (26)
W D (n) 20,0” (10) 55.6" (9) 60,0a (m)
a, 1: na linha e A, B na coluna Ps:0.05. Mezaiira et al.. 2005

150
SUINOCULTURA EM A

9 0 - . ......,.................................................T ........He n t o d a s ..l ........


ªh..-

a
II

"E IA
E I B
É

% IC
inn

all:
i n
" 240]!
ªll-ªh 96h 144:: 19.21:

Figura 10.3: Matilidade espennática das 4 reprodutores, avaliada. durante 240 horas de
materialmente in film (Mezallra et al., 2005).

Baseado nos dados experimentais de Mezalira et al. (2005). Bennemann et al. (2005b)
realizaram um teste de validação de campo empregando a lAU com 500 milhoes de espermatozóides
por dose frente a lAT com 3 bilhões. A taxa de parto não diferiu entre os tratamentos. porem houve, na
IA U. redução signilicativa no número total de leitóes nascidos (P:: O,05). Esses resultados indicam que o
emprego da lAU em larga escala, com doses de 500 milhões de espermatozóides. pode comprometer o
tamanho da leitegada.
Ao empregar a MU ficou a dúvida se o intervalo ideal permaneceria ou não semelhante ao da
MT. ou, se a redução demasiada do número de espermatozóides, na lAU, implicaria em necessidade de
deposição do sêmen próximo ao momento da ovulação. Com isso. talvez fosse necessário aumentar o
número de bºis por estro. Nesse sentido, Bennemann et al. (2004) realizaram um experimento
empregando dois números de espermatozóides por dose ( i e 2 bilhões) e inseminando em dois
intervalos pre-ovulatórios (0-24 e 25-32 horas antes da ovulação). As matrizes foram submetidas a uma
única lAU e foram abatidas 28—35 dias após a inseminação. Na análise, não foi observada interação entre
o número de espermatozóides na dose e o intervalo inseminação-ovulação (P> O,05). O número total de
embriões não diferiu com o emprego de I ou 2 bilhões de espermatozóides por dose. Entretanto,
quando a [AU foi realizada entre 25—32 horas antes da ovulação, foi observada redução de 2.0 embriões
(P-c0.05; Tabela 10. I7).

151
E INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Tabela 10.17: Taxa de prenhez, (PR), número de corpos lúteos (Cl.), total de embriões (TE) e sobrevivência
embrionária em porcas submetidas à inseminação artificial intra-uterina com 1 ou l o º espemtatozóides
e intervalos de 0—24 ou 25—36 h antes da ovulação,

Dose I 32.1 (23/23) 21 20.6 $2.9 15.922,44 69.81120


6:10“) 2 95.5 (23/29) 2? 22.3 34.4 14,914; 64.71116

mm M4 83.2 (3‘3’34) 29 21.312.8 16.433.3‘ 70.3 = 13.6


(11) 25-36 913 (21123) 19 22.0:|:5,2 14.4iª.? 64.2121.2
*Média : Desvio padrão: a, b na coluna lªr-40,05, Bennemann et al. {2004)

A técnica de MU diferencia—se da lAT, basicamente, pela passagem do cateter. No momento,


são empregados dois procedimentos distintos na lAU: em um deles, uma pipeta tipo Melrose é fixada &
cérvix, da mesma forma que e feito na MT, e pelo seu interior é introduzido um cateter que passa os anéis
cervicais sendo deslocado no útero por 20-25 cm: no outro. se introduz diretamente o cateter, sem a
pipeta do tipo Melrose. Em ambos procedimentos, um certo grau de dificuldade na passagem do cateter
através da cérvix pode ser encontrado, porém, na maioria dos animais, a passagem ocorre com nenhuma
ou pouca dificuldade, como demonstrado na Tabela 10. I8. Portanto, a passagem do cateter deverá ser
uma limitação importante nas leitoas e nas primiparas quando se emprega a técnica sem o auxilio da
pipeta tipo Melrose (Tabela 10. 19).
Uma outra possivel limitação que pode ser questionada é o tempo para realizar a tecnica de
MU. De fato, a fixação do cateter na lAU & mais demorada que na MT, porém. o volume da dose &,
conseqiientemente, o tempo de infusão da mesma serão menores na lA U. Com isso, a demora na fixação
do cateter e' compensada pelo menor tempo de infusão da dose, não causando nenhuma dificuldade
adicional ã iAU. Empregando a técnica de (AU com o auxilio da pipeta tipo Melrose ou passando o
cateter diretamente sem empregara pipeta tipo Melrose, Diehl et al. (2005) gastaram 2, l 1 1,5 e 2,3 “_|—
i,2 minutos, respectivamente.

Tabela 10.18: Grau de dificuldade encontrado durante a passagem do cateter através da cérvix da
fêmea suína.
.__. , .. .J , .. , .|
.|.." ' "' ._ ._' ._""_ .! ‘ w “ '“", . ,_ ,,,. _
,.. fl :5- L . ; - " ; _,: .-.-I.J$|L l ' n . " .- I. l - h l i i . .. ' : 5 . ' . q _ - L i ‘ 1 ¢ .M:_' i- _h'l'L'iF:lªl:_I|:|j-J.
'.-::-|,-.,'.'.- -C-_..-_'- --- .' .-' . -. . ' . .- - . - -:: -.-_':. ' --'É" -;'.'--.-:-'- : ' , ' : '--.'-'-
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ª.:'-"- J
I _ hl:- -'-|

_ - ' f
' ::-r« 1'"?
"1. . “
i- P: 'Í-Í'e'“, ,. ' Flii

Willºw & Behan [2002) 2-11 Fipeta tipo Melrose com cateter 95,0%
W et ªl- (2002l 2-6 Cateter flexivel 95,4%
Mªm ªiªi. (ZW-1) 2-4 Fipeta tipo Melrose com cateter 97,4%

152
SUINOCULTURA EM A

Com a tecnologia disponivel até o momento, não é possivel empregara [AU em leitoas e, como
apresemtado anteriormente, em aproximadamente 2-3% das pluriparas. Em primiparas, os resultados
são bastante promissores. No trabalho de Diehl et al. (2005) ficou claro que o grau de dificuldade na
passagem do cateter e sempre maior nas primiparas, independentemente da técnica de lAU empregada.
Além disso, ficou evidente que o desempenho reprodutivo nas primiparas submetidas a iAU, com o
cateter sem o auxilio da pipeta tipo Melrose, foi reduzido quando comparado às multiparas do mesmo
tratamento ("Tabela 10.19), Entretanto, com o emprego da lAU utilizando o cateter guiado pela pipeta
tipo Melrose. as primiparas obtiveram desempenho reprodutivo semelhante às multiparas do mesmo
tratamento (Diehl et al., 2005).

Tabela 10.19: Grau de dificuldade na passagem do cateter e desempenho reprodutivo de fêmeas


inseminadas com o emprego da [AU com ou sem o auxilio da pipeta tipo Melrose.
. _ r-
flvcomcateter sem em iAUcom “cateter-Senª:?
do pipeta tipo Melrose” , pªla pipeta-;t-MI .
DP I(n=40) OP>Ifn= 173) P DP I(n =39) DP>l(n=171) P

Gmahodecfifiaflade. %(n) 25.000) asi 13} 0.001 mm 8.204) 0.07


Gia: mécio de m %(n) 22.5(9) 15,0(26) 0,25 33,3(13) 172660) 0.03
Gra:hilº de cilioldade. %(n) 52.5(2!) 77.5(134) 0.001 43,7{19) 74,1(126) 0.002
TP ajJstada, WM) 81.6(31/33) 92,7(153/165) 0.03 92.1(35/33) 95.8(161fl68) 0,33
m mm: ".5132 12,513.!) O," 12,712.19 123132 0,97

DP! = primiparas; DP:- I = fêmeas de DP superior a 1,- P= nível de probabilidade: Diehl et al., 2005
Grau alto de dificuldade : mais de 3 tentativas de passagem do cateter;
grau médio de dificuldade = 2 a 3 tentativas de passagem do cateter;
grau baixo de dificuldade = passagem do cateter na primeira tentativa.
O número total de leitões nascidos corresponde à média ajustada : desvio-padrão.

Com o emprego da iAT,o percentual de refluxo é próximo a 70% do volume da dose


lnfundida, contendo em torno de 30% do número total de espermatozóides inseminados (Steve-rink et
al., 1998: Flores et al., 2004). Em experimento que empregou a lAU, com doses de 20 ml (com 3
diferentes números de espermatozóides por dose), foi observado refluxo, na primeira hora após a IA U,
que variou de 64 a 68% do volume e de 12 a 14% dos espermatozóides infundidos (Tabela i0.20).
Durante a realização da inseminação propriamente dita, não foi observado refluxo em nenhuma das
matrizes. O alto ou baixo percentual de espermatozóides no refluxo não influenciou a taxa de prenhez
(P> 0,05). embora tenha sido observada correlação negativa (P<:0.0I: R=-0.34) entre percentual de
espermatozóides no refluxo e o número de embriões (Dallanora et al., 2004b).

153
E lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Tabela 1O.20: Efeito do alto e baixo* percentual de espermatozóides no refluxo sobre a taxa de
prenhez e número de embriões após a inseminação artificial uterina de porcas.

Rºªm (96) Taxa damª.—rm) , -


Nºdesptz %delrblurne %deSpiz aaamarsss) Abafa-15%) morasse) Alto(>15%)

250 nirõs 66% 14% 22/28 (78.6) 11/1961?) 12,8 34.7 10,035.?
soo trifle: 64% 14% 3M5 (85.7) 11312 (33,3) 14.5142 13,315,?
I blsão 68% 12% 3236 (88.9) 132! (71.4) 14,3153 113 34.3

* % de espermatozóides infundidos Dallanora et al., 2004b

No momento da passagem do cateter ou após a realização da (AU, algumas femeas


apresentam sangramento. Dallanora et al. (2004a) observaram que 9,5% das matrizes submetidas a
iAU apresentaram sangue no cateter ou no reHuxo de sêmen, coletado por bolsa de colostomia, na
primeira hora após a sua deposição. A taxa de retorno ao estro nas fêmeas que apresentaram vestigios de
sangue foi superiora das demais, 13,8% e 2,6%, respectivamente (P—e: 0.01). No trabalho de Watson &
Behan (2002), 1,8% das fêmeas apresentaram sangramentos, embora sem prejuizos ao desempenho
reprodutivo subsequente. Cabe salientar que, nesse trabalho, o registro de sangramentos foi observado
somente por ocasião da remoção do cateter de [AU e, além disso, os autores empregaram fêmeas com
ordem de parto de 2—1 1, ao contrário de Dallanora et al. (2004a) que utilizaram matrizes de ordem de
parto 2-4.
Outro aspecto que pode ser questionado é se a introdução do cateter no útero poderia levara
lesões capazes de comprometer o desempenho reprodutivo futuro da matriz. Nesse sentido, Watson &
Behan (2002) avaliaram o desempenho reprodutivo de porcas submetidas a um e lAT que pariram e, na
sequência, foram todas submetidas à lAT. Os autores não observaram diferenças na taxa de parto,
tamanho da leitegada e intervalo entre partos, indicando que a vida reprodutiva de matrizes submetidas
à lAU tende a não ser comprometida (Tabela 10.21).

Tabela 10.21: Desempenho reprodutivo de porcas submetidas inicialmente a [AU e MT e, posterionnente,


& MT com 2 bilhões de espermatozóides (n=1153).
..' V .'- -"- L.;-" hill-'1‘" F 't '>- - "'-*ª?!- .,: F:""'-'"":3='-' .' ".:l". :. - ._'"_t Í- ' fim-':". ”Ir-':: _- . .
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3.? 91,1 12,3 'l' 152,3


4,5 WJ 12,57 152,4

Watson & Behan, 2002

A implementação da técnica de MU, comercialmente, e um grande desafio a ser enfrentado,


Além dos importantes aspectos a serem ponderados na produção das doses, & tecnica de MU
propriamente dita requer cuidado adicional quando comparada & lAT. Recomenda-se que a equipe a ser
treinada para a [AU já esteja familiarizada com a lAT. Feito isso, deve-se proporcionar um treinamento
adicional em peças e em fêmeas de descarte. A equipe deve estar consciente que o cateter será inserido
dentro do útero, o que implica em cuidados adicionais de higiene e de manipulação do cateter dentro do
órgão. Além disso, o volume da dose é pequeno, não sendo admitidos desperdícios, como por exemplo,

154
SUINOCULTURA EM A

com a lubrificação da pipeta ou permanência de restos da dose na embalagem. Apesar de todos os


cuidados implementados, observa-se grande variação no desempenho reprodutivo entre granjas nas
quais a tecnologia de MU foi avaliada (Willians, 2002). Os dados apresentados, apesar de ponderarem &
utilização de doses com diferentes volumes e números de espermatozóides, alertam para as possiveis
diferenças marcantes entre propriedades, com a utilização da iAU (Tabela 1022).

Tabela 10.22: Desempenho reprodutivo após a inseminação intra-uterina em 3 diferentes rebanhos.

"Fretamento: Rebanho A RebanhoA RebanhoB Re'banhoC

semi - 1,5xto'qatz 75,0 66,7 92,3 12,77 10.65 12.69


1m ni - 33:10” spl: 79.2 64.6 96,3 12.45 11.28 13,33
Mécia dos trataram 80,2 64,6 95.2 11,76 11,06. 12,71

Williªns, 2002

Embora existam algumas limitações no emprego da {AU que, se não forem atendidas
comprometerão o uso dessa biotecnica, o dominio da tecnologia em questão está consolidado, Baseado
na avaliação econômica da técnica de (AU Eca evidente que, caso as doses sejam produzidas
individualmente e respeitando-se a proporção de fêmeas com (AU e lAT, o custo por fêmea inseminada
tende a não ser reduzido significativamente. Portanto, ao passar da [AT para a iA U, não se deve ter- a
expectativa de redução dos custos por fêmea inseminada como ocorreu no passado, quando a lATsurgiu
como alternativa a monta natural. O principal ganho com o emprego da [AU sera o melhoramento
genético com o emprego de machos superiores. Ou seja, como foi demonstrado na análise bio-
econômica, a lAU permitirá um aumento superiora 2,5 vezes no número de fêmeas a serem atendidas
com um macho em comparação & lAT. Obviamente que essa relação machomúmero de fêmeas
atendidas dependerá do número de fêmeas atendidas em todo programa de IA (tamanho do plantel a
ser inseminado), da idade média desejada no plantel de machos, da necessidade de diferenciar os
machos para determinadas fêmeas (avôs, bisavós ou outras linhas genéticas no mesmo plantel), do
manejo das granjas (principalmente com relação à demanda de sêmen ao longo da semana), da
qualidade das instalações de alojamento dos doadores, do manejo empregado com esses animais e da
qualidade na produção das doses. Entretanto, antes de realizar uma mudança drástica na técnica de
inseminação empregada na unidade, deve-se avaliar se a produção espermática por doador alojado e o
número de inseminações por estro estão otimizados, ou seja, se estão próximos aos valores deiinidos
anteriormente. Muitas vezes, vislumbra—se a possibilidade de alcançar metas distintas com o emprego de
uma nova tecnologia e esquece—se de consolidar pontos básicos importantes da rotina do programa de
produção. Nesse caso, as vantagens obtidas de um lado são, muitas vezes, anuladas ou minimizadas pela
omissão na consolidação desses pontos básicos descritos.

155
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TECNIFICADA

10.8 Referências Bibliográficas

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157
SUINOCULTURA EM A

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Mari Lourdes Bernardi, Fernando Pandolfo Bortolozzo e ivo Wentz

11.1 Introdução
Os primeiros resultados positivos de fertilidade, com a utilização de sêmen suino congelado,
foram obtidos no inicio da decada de 70, primeiramente com a IA no oviduto & logo em seguida, com
IA intracervical, As pesquisas efetuadas durante os últimos 30 anos resultaram em avanços originados,
sobretudo, dos estudos efetuados para a avaliação do efeito de diferentes crioprotetores, embalagens de
congelamento, diluentes e curvas de congelamento e descongelamento. No entanto, o emprego de
sêmen congelado ainda está associado à redução de 10 a 20% na taxa de parto e de l a 2 leitões por
leitegada, quando comparado ao uso de sêmen resfriado,
Em comparação com outras espécies, um menor número de doses é obtido por ejaculado de
sêmen suino submetido ao congelamento, o que aumenta os custos por dose produzida. Além disto,. a
tecnologia preconizada no momento necessita de equipamentos e instalações apropriadas, elevando
ainda mais o custo de produção das doses congeladas,
Há grande variabilidade na resposta dos machos suinos ao congelamento, a qualnão e possivel
de ser identificada, até o momento, pelos parâmetros convencionais de avaliação do sêmen in natura,
Por estas razões, a IA com sêmen congelado tende a se restringirã exportação de sêmen entre
países. ao transporte em longas distâncias e à formação de bancos de sêmen de raças ou linhagens de
alto valor genético, ou que se encontram em via de extinção ou em risco sanitário. A aplicação comercial
da técnica dependerá da otimização das condições de congelamento e/ou da técnica de inseminação, as
quais estão sendo objeto de pesquisa.

H .2 Eventos físicos e químicos relacionados ao congelamento


Ao serem congelados. os espermatozoldes são expostos a vários fatores estressantes: transição
de fase dos fosfolipidios da membrana, estresse osmõtico e tóxico pela adição e remoção de
crioprotetores, desidratação. aumento da concentração dos solutos e a formação e dissolução de cristais
de gelo. Em função disto, alterações podem ocorrer, tais como quebra da assimetria da membrana e
conseqiiente alteração da permeabilidade. modificações no citoesqueleto, na arquitetura das
mitocôndrias, na condensação da cromatina, entre outras (Watson. 1995). Estes eventos contribuem
para defeitos na membrana e nas organelas, que acabam por afetar a integridade funcional das células
(Bwanga etal., 1991c: Watson. 2000).

1'59
. iNSEMiHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TECNIFICHDA

1 1.2.1 Transição de fase dos lipídios da membrana espermática


A primeira mudança que os espermatozoides necessitam en frentar, ao serem submetidos ao
congelamento, é a transição de fase dos lipídios da membrana, decorrente da diminuição da
temperatura, antes do congelamento propriamente dito. Os aspectos referentes a esta mudança foram
revisados e descritos por Watson (1996). sendo resumidos a seguir. Á medida que a temperatura
diminui, os fosfolipídios apresentam restrição na sua movimentação lateral, Em duplas camadas
artificiais de lipídios, os fosfolipídios puros passam de uma fase fluida para uma fase de gel, em uma
determinada temperatura - a temperatura de transição - abaixo da quai eles formam um arranjo
hexagonal regular, Nas membranas naturais, a natureza dos fosfolipidios e mista e ha grande variedade
de possibilidades de composição das cadeias laterais; a temperatura da transição de fase para os lipídios
da membrana e mais ampla, mas para cada grupo de fosfolipidios, a transição ocorre numa faixa de
temperatura restrita. Em função desta variação na temperatura de transição para os diferentes grupos de
lipídios, a separação lateral pode ocorrer. Como consequência, podem ser formados locais ocupados
somente por lipídios e as proteínas ficam agrupadas e excluídas dos arranjos hexagonais dos lipídios
gelificados, permanecendo em locais onde ha’ lipídios ainda em estado fluido.
A natureza e proporção dos lipídios, juntamente com as proteínas, controlam a fluidez da
membrana. Muitas funções celulares dependem das proteínas da membrana e a fluidez da membrana &
essencial para estas funções, por manter a mobilidade das proteínas (Watson & Plummer, 1985). Pelo
fato de estarem em ambiente lipídico não fisiológico, por ocasião da separação lateral, a função das
proteínas da membrana, necessárias para a integridade estrutural ou para o funcionamento das bombas
de íons, pode ser afetada (Woelders, 1997).
Do total do conteúdo de lipídios de espermatozoides suinos, aproximadamente 75% são
fosfolipidios e 24% colesterol (Cerolini et al,, 2001). Apesar das diferenças entre espécies, nas classes dos
fosfolipidios espermáticos (De Leeuw etal., 1991). pouca vedação foi observada no pico de temperatura
de transição dos fosfolipidios da membrana, a qual foi de 24°Cpara espermatozoides suínos, e entre 21 e
25°C para espermatozoides de garanhões, perus e touros (Parks & Lynch, 1992). Hammerstedt et al.
(1990) citam que mudanças drásticas ocorrem nas propriedades físicas da membrana entre l5 e 20°C.
Watson (2000) reporta que a mudança de fase dos lipídios se concentra na faixa de 5 a 15°C. mas a
mesma pode não estar completa, até 0°C. isto significa que, durante o processo de criopreservação, ao
serem mantidos em equilíbrio a 15°C e a 5°C. os espermatozoides suinos estão sendo submetidos aos
efeitos da transição de fase dos lipídios da membrana.
A reorganização de partículas observada dentro da membrana espermática, a 0°C e,
ocasionalmente, a 1?°C. desaparece com o aumento de temperatura, mostrando que a separação lateral
de fases e um fenômento reversível, podendo não causar, por si só, danos ao espermatozoide (De Leeuw
et al., 1990/1991). No entanto, o funcionamento da membrana pode ser afetado, talvez de modo
irreversível, pelas seguintes alterações decorrentes da separação de fases: aumento da permeabilidade
com perda de cátions e enzimas; redução da atividade enzimática e perturbações nos processos de
difusão controlados pela membrana. O fato de espermatozoides suínos submetidos ao congelamento
apresentarem maior agregação de partículas, do que espermatozoides bovinos, pode estar associado a
sua maior sensibilidade à criopreservação, o que poderia implicar em maiores danos advindos da
separação lateral de fases, na espécie suína (De Leeuw et al., 1990).

160
SUINOCULTURA EM A

Acredita—se que, pelo menos. parte das diferenças na sensibilidade dos espermatozoides ao
choque térmico estejam relacionadas com o seu conteúdo de iipidios. Não só as diferenças na
composição total parecem ser importantes. mas a composição das membranas em diferentes regiões da
céiula espermática parecem assumir papel importante na determinação da sensibilidade ãs baixas
temperaturas (Watson & Plummer, 1985). A composição da membrana espermática na porção anterior
da cabeça parece ser muito importante. jones & Mann ( i977) observaram menor proporção do ácido
docosahexaenõico nas membranas plasmática e acrossõmica do que na cauda ou em espermatozoides
ovinos sem cabeça. sugerindo que as membranas mais facilmente danificadas pelo frio são as que
contêm menor reiação de ácidos graxos poli-insaturados:saturados. Além disto, foi demonstrado (Bohr
et ai.. 1994; Buhr & Pettitt, i996: Ceroiini et al., 200 i ) que a criopreservação de espermatozoides suinos
está associada a modificações na composição lipidica (fosfolipidios, ácidos graxos, colesteroi.
trigliceridios) e consequentes alterações na fluidez da membrana da cabeça.
O colesterol, um dos principais componentes da membrana espermática. interfere no
comportamento dos lipídios, ampliando a sua transição de fase. prevenindo. portanto. mudanças
bruscas e minimizando a separação de fases. A membrana plasmática de espennatozoides suinos
apresenta relação coiesterolzfosfolipidios mais baixa do que a de espermatozoides de outras espécies
(Tabela 1 i. i) podendo ser um dos fatores responsáveis pela sua maiorsensibilidade ao resfriamento (De
Leeuw et al., I990; Parks & Lynch, 1992).
Além do menor conteúdo de colesterol. Parks & Lynch (I992) observaram que
espermatozoides suinos apresentam maior relação proteina:fosfolipidios ('l'abela 11.1) na membrana
plasmática, em reiação aos espermatozoides de espécies menos sensiveis ao choque térmico. como os
equinos, bovinos e galos. Somado a isto. Parks & Graham ( 1992) saiientam que a fração glicolipidica da
membrana de espermatozoides suinos possui ponto de fusão relativamente alto e proporção eievada de
etanoiamina. O conjunto destes aspectos aumentaria a probabilidade de mudanças irreversiveis na
membrana, advindas da separação lateral de fase e de aiterações na interação lipídios—proteinas.
tornando os espermatozoides suinos mais sensiveis do que os de outras espécies.

Tabela H. I: Algumas características consideradas importantes na determinação da sensibilidade


dos espermatozoides â criopreservação.
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_______
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Coiesterol:fosfolipidios 0.12 0.38 036 -- —- -.. -— A


0,26 0.45 - 0.36 0.30 -.. -— B
Proteina:fosfoiipidios L26 0.80 —- 0,86 0.46 .... -— B
Limite de retração 0,97 -— —— -- -—- (175 0.75 C
Limite de expansão 1.02 -— —- —- -— L24 i, 1 C

Referência A = De Leeuw et al. (1990); B= Parks & Lynch (1992}; C = Gilmore et al. (1998)

161
. lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

11.2.2 Mudanças de volume


No processo de congelamento, os espermatozoides são submetidos a várias mudanças de
volume celular, às quais devem se ajustar para sobreviver. Estas mudanças de volume resultam em
estresse osmótico para a célula (Courtens & Paquignon, l985: Hammerstedt et al., 1990: Parks &
Graham, 1992: Watson, I995) e ocorrem durante as seguintes etapas do procedimento de
congelamento: exposição ao crioprotetor; congelamento e descongelamento da água extracelular e
saida do crioprotetor (Figura 1 l, 1),
Foi demonstrado por Gilmore et al. (1998) que os espermatozoides suinos são mais sensiveis às
mudanças osmóticas que espermatozoides humanos e de camundongos (Tabela 1H). Os
espermatozoides suinos podem suportar retração e expansão de apenas 0,97 e 1,02 vezes seu volume
isosmotico, respectivamente, de modo a manter motilidade superiora 70%. Estes limites de tolerância se
ampliam um pouco no sêmen diluído, o que pode ser o resultado da modificação ou estabilização da
membrana plasmática, devido aos componentes do diluente. A alta sensibilidade dos espermatozoides
suinos ao choque osmótico indica que a adição e remoção do crioprotetor em passos poderia minimizar
o problema e, talvez, resultar em maiores indices de sobrevivência. No entanto, protocolos de
congelamento deste tipo poderiam não ser práticos, além de aumentarem ainda mais o tempo de
processamento das doses congeladas.
É provável, segundo Hammerstedt et al. (1990), que haja ligação entre a morfologia dos
espermatozoides de várias espécies e sua habilidade em tolerar as alterações osmoticas de volume.
Watson & Plummer (1985) também chamavam a atenção para a possivel correlação entre a
sensibilidade ao choque ténnico e a morfologia da cabeça; espermatozoides das espécies mais sensiveis
ao choque térmico seriam os que apresentam cabeças maiores e mais achatadas, enquanto os mais
resistentes teriam cabeças menores e menos achatadas, com membranas mais convexas. No entanto,
Holt (2000a) salienta que espermatozoldes bovinos, ovinos e suinos, os quais apresentam a morfologia
da cabeça semelhante, diferem na sua sensibilidade ao congelamento.

11.2.3 Aumento da concentração de solutos e formação e dissolução


dos cristais de gelo
A velocidade de congelamento é um dos fatores que determina a viabilidade de células
congeladas, sendo a formação de gelo intracelular e o aumento da concentração de solutos as duas
principais causas de danos celulares durante o congelamento (Mazur, 1976). É bem conhecido o fato de
que tanto a velocidade de congelamento quanto a de descongelamento são importantes para que os
espermatozoides sobrevivam. Em geral, a velocidade de descongelamento, que resulta em maior
viabilidade espermática, deve ser ajustada de acordo com a velocidade de congelamento usada (Figura
l l. l).
O estabelecimento da curva ideal de descida da temperatura não é tarefa fácil quando se trata
de espermatozoides. O cálculo do fluxo de água depende de aspectos especificos da membrana, da
condutividade hidraulica e energia de ativação. Devido à complexidade morfológica da célula
espermática, esses parâmetros podem variar conforme o local da superfície espermática e em função da
interação dos lipídios da membrana com os crioprotetores, dificultando a determinação dos mesmos.

162
SUINOCULTURA EM A

É pouco provável qua um único valor da permeabilidade da membrana ou energia de ativação possa ser
utilizado para prever a resposta da célula como um todo. frente a uma determinada velocidade de
congelamento (Fiser, 1991; Holt, 1997/2000ab).
Após a nucleação do gelo. os cristais crescem rapidamente em todas as direções, conduzindo à
saida de água de dentro da célula e aumento progressivo da concentração dos solutos, nos
compartimentos intra e extracelular; quando a viscosidade da fração não congelada torna-se muito alta,
a formação de gelo é interrompida. A velocidade adequada de congelamento resulta em desidratação
adequada, deixando a célula em ambiente restrito e compactado. dominado pelos efeitos da alta
concentração de solutos e dos cristais de gelo (Hammerstedt etal., 1990).
Embora Hess et al. ( 1960) tenham considerado a faixa entre - 15 e -70°C como a zona critica
para os danos aos espermatozoides suinos. durante o congelamento, trabalhos posteriores
demonstraram qua danos substanciais ocorrem já na faixa entre 0 e -10ºC (Bwanga. 1991). Por outro
lado, Maxwell & johnson (1997) consideram que os danos da formação de cristais de gelo ou a
toxicidade do glicerolseriam menores do que os danos causados pelo resfriamento dos espermatozoides
até sºc, pois constataram que a maior parte das alterações da membrana. de espermatozoides
congelados em palhetas de 0,5 ml. ocorreu durante o resfriamento.
Outros autores chamam a atenção para os efeitos das condições de descongelamento no
sucesso da criopreservação de espermatozoides suinos. De um modo geral, se o descongelamento e
muito rápido. há um desequilibrio entre a saida de crioprotetor e a entrada de água; se for muito lento.
ocorre a recristalização dos microcn'stais de gelo intracelulares, os quais aumentam de tamanho e
danificam as organelas celulares. Courtens & Paquignon (1985) avaliaram as alterações sofridas pelos
espematozoides suinos durante todo o processo de congelamento. por microscopia eletrônica. e
verificaram percentual elevado (60%) de acrossomas edemaciados. logo após a diluição do sêmen
descongelado, contrastando com uma conservação razoável da integridade da cabeça espermática,
durante o congelamento. Da mesma forma, outros autores que efetuaram o congelamento em bolsas
plásticas (Bwanga et al.. l991c: Ortman & Rodriguez-Martinez, 1994) observaram alterações na
integridade da membrana plasmática e lesões acrossõmicas substanciais (presença de vesículas,
hidratação e edema), durante o descongelamento. Gilmore et al. ( i998) salientam que a formação de
gelo intracelular é menor do que 5%. independentemente da velocidade de congelamento dos
espermatozoides suinos, sugerindo que a perda de viabilidade deve—se mais ã expansão excessiva
durante o descongelamento do que pelos cristais de gelo intracelulares. Eriksson et al. (2001) reforçaram
a ideia de que os maiores danos não ocorrem durante o resfriamento ate SºC, tendo mostrado qua a
velocidade de descongelamento foi um dos fatores que mais influenciou na sobrevivência dos
espermatozoides congelados.
As mudanças qua vão ocorrer nas células submetidas ao congelamento/descongelamento
podem. segundo Woelders (1997), ser bastante prejudiciais às células e comprometer sua sobrevivência
ou funcionalidade, pelas seguintes razões:

163
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

— l Ocorre desidratação das membranas e dos componentes intracelulares, com consequente


perda da estabilidade da membrana lipídica e desnaturação das proteinas:
— l A rápida saida de água causa rápido declinio no volume, conduzindo a deformação estrutural
das células: estas células ficam confinadas nos canais estreitos da solução não congelada. espremidas
entre massas de gelo em crescimento. o que pode conduzir ao estresse mecânico das mesmas;
——I As concentrações elevadas de solutos podem afetar a membrana celular ou os componentes
intracelulares: os componentes extracelulares podem migrar para o interior das células, modificando a
composição intracelular de ions:
— l A cristalização eutética dos solutos pode ocorrere daniâcaras células.

164
SUINOCULTURA EM A

. _) J.
Congelamento
Lento Rápido Muito rápido
-5ªc _ < - mªc——

Figura ". l. Representação esquemática das alterações ocorridas durante as etapas de criopreservação de
espennatoaoides. a) Com a adição do crioprotetor (cp), o aumento da pressão osmótica extracelular conduz
a saida inicial de água e ã rápida retração. Em seguida, há um lento retorno ao volume original, ã medida
que o crioprotetor penetra na célula. b] Com o inicio da formação de gelo extracelular a célula perde água
em função do aumento da concentração extracelular de sais. A saida de água causa rápido declínio no volume
das células para cerca de 50% do seu volume original, o que conclua a deformação estrutural das mesmas.
Mazur (1984) descreve o que acontece com as células. em função da velocidade de congelamento.
Se o congelamento é lento, a célula perderá água rapidamente, os solutos intracelulares se concentram de
modo a evitar o super-resfriamento e manter o potencial quimico da água intracelular em equilibrio com o da
água extracelulan Assim, a célula desidrata e não ha a formação de gelo intracelular. No entanto, se o
congelamento for muito rápido, a célula não consegue perder água suficientemente rápido para manter o
equilibrio, ela fica super-resfriada e há grande probabilidade de que atinja o equilibrio pela formação de gelo
intracelular. O tamanho e a posição destes cristais determinarão o grau de dano celular e a consequente
viabilidade espermática após o descongelamento. Microcristais de gelo intracelulares podem ser formados,
quando velocidades de congelamento bastante rápidas são utilizadas, mas isto não implica necessariamente
em danos celulares (Courtens & Paquignon, 1985; Koehler, 1985). c) Durante o descongelamento, as mudanças
de volume são semelhantes, mas em sentido inverso. A fusão dos cristais de gelo extracelulares reduz
rapidamente a concentração dos solutos, iniciando a rápida entrada de água na célula. A ausência de
crioprotetor nos diluentes de descongelamento implica em entrada de água, mais rápida do que a saida do
crioprotetor e, como consequência, o espennatoaoide pode expandir drasticamente, podendo aumentar muito
o seu tamanho original. A membrana plasmática nem sempre suporta estas grandes mudanças de redução e
expansão do volume, especialmente na região anterior da cabeça. Se o descongelamento for muito lento, há
a possibilidade de que os possiveis cristais de gelo formados durante o congelamento recristaliaem e aumentem
de tamanho, danificando as estruturas celulares.

165
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

”.3 Processamento do sêmen para o congelamento


Após a coleta da fração rica do ejaculado pelo método da mão enluvada, algumas avaliações
devem ser efetuadas de modo a decidir se o ejaculado está em condições de ser processado. Os critérios
para o congelamento de sêmen suíno são os seguintes:
1. Motilidade superiora 70-75%.
2. Concentração espermática minima de 45 x 109 espermatozoides totais.
3. Percentual de acrossomas normais superior a 90%.

O processamento do sêmen congelado e relativamente complexo e demorado, sendo


necessárias de 7 a 9 h. desde a coleta até o final do congelamento. A partir de um ejaculado, são
produzidas. em media. de 7 a i0 doses. com 5 a 6 bilhões de espennatozoides por dose (Almlid &
Hofmo, 1996: Martin et al.. 2000). Devido ao elevado número de espermatozoides por dose. este
rendimento e' bem mais baixo do que o obtido em outras espécies.
Durante o procedimento de congelamento propriamente dito, as amostras de sêmen são
submetidas a várias etapas, as quais são fundamentais para a manutenção da viabilidade dos
espermatozoides. Vários métodos de congelamento foram propostos nos meados da década de 70
(Larsson. l978: Pursel & Johnson, 1975;Westendorf et al.. 1975). basicamente com variações nos
diluentes utilizados e/ou nas embalagens de armazenamento do sêmen. A seguir são apresentadas as
etapas do congelamento de sêmen suíno, adaptadas de Pursel & Park ( 1985):
l. Diluição da fração rica do sêmen na proporção M, com BTS. a 30-34ºC.
2. Resfriamento para temperatura ambiente (20-23ºC) por 1.5 a 2 h.
3. Resfriamento e manutenção a lSºC (total de 3h).
4. Centrifugação a lSºC (800 x g]? 0 minutos) e retirada do sobrenadante.
5. Ressuspensão com solução lactose-gema i:l (concentração aproximada de 1,5 bilhões de
esparmatozoides/ml).
6. Resfriamento e manutenção a SºC (total de 2 h).
7. Diluição com solução de congelamento (lactose—gema + glicerol + orvus'es paste (OEP) na
proporção 2: l (concentração de LO bilhão de espermatozoides/ml).
8. Envase nas palhetas e fechamento com esferas metálicas.
9. Colocação das palhetas, de forma horizontal. em suporte, 5 cm acima, do vapor de
nitrogênio líquido por20 minutos.
10. Armazenamento em botijões contendo nitrogênio liquido.

166
SUINOCULTURA EM A

“3.1 Número de eSpermatozóide por dose


Em todas as espécies, o emprego de sêmen congelado, quando comparado com o sêmen in
natura ou resfriado, implica na utilização de maior número de espermatozoides por dose. de modo a
obter indices satisfatórios de fertilidade. Na espécie suina, o número de espermatozoides por dose já. é-
relativamente elevado quando se trabalha com sêmen resfriado. O uso de sêmen congelado requer um
número ainda maior (de LS a 2 vezes maior) de espermatozoides (em média 5 bilhões). para que os
indices de fertilidade não sejam muito baixos. Uma das possibilidades de não otiiizar um número tão
elevado de espermatozoides seria efetuar a inseminação cirúrgica. com deposição intrauterina do
sêmen, mas os custos da aplicação desta técnica. bem como o tempo de execução, ainda impedem o seu
uso para fins comerciais. Recentemente. tem sido desenvolvidos estudos com a introdução de pequenos
volumes (5 mi) de sêmen. contendo número reduzido de espermatozoides (200 milhões), mais
profundamente no útero, sem a necessidade de intervenção cirúrgica (Vazquez et al., 1999). A
viabilidade do emprego dessa técnica ou da deposição intrauterina superficial com sêmen resfriado
(Bennemann et al., 2004: Daiianora et al., 2004), no intuito de reduziro número de espermatozoides e
aumentar os indices de fertilidade, poderá ser investigada na [A com sêmen congelado.

11.3.2 Aparelhos programáveis de congelamento


Para a descida de temperatura durante o congelamento, a exposição de palhetas, 3 a 5 cm
acima da superficie de nitrogênio liquido, em aparelhos não programáveis. foi e ainda é utilizada por
diversos pesquisadores, apesar de possuir os seguintes inconvenientes: um número reduzido de doses
pode ser congelado simultaneamente: o congelamento das doses não é uniforme e há dificuldades para
estudara efeito de diferentes curvas de congelamento. Os primeiros trabalhos. nos quais a velocidade de
congelamento foi controlada. foram efetuados na segunda metade da década de 80 (Almlid &johnson,
1988: Hammitt & Martin, I989), tendo sido observados resultados comparáveis ou superiores aos
obtidos com os métodos cuja velocidade não foi controlada. Berger & Fischedeitner(1992) também
obtiveram melhores resultados com aparelhos programáveis do que com o congelamento estático sobre
vapor de nitrogênio. Além de tornar possivel a avaliação do efeito de diferentes curvas de congelamento,
os aparelhos programáveis permitem o congelamento simultâneo de grande número de doses, o que é
conveniente para o congelamento de sêmen em escala comercial.
Segundo Holt (200013). um dos inconvenientes dos aparelhos programáveis e que ainda não
foi desenvolvido um sistema eficiente para dissipar o calor latente de fusão liberado pelas amostras por
ocasião da nucleação do gelo. fazendo com que a descida de temperatura das amostras não ocorra em
paraleio a descida de temperatura da cámara (& temperatura da amostra pode permanecer estática p'or2
a 3 minutos, antes de iniciar novamente a descida).

167
. lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

11.3.3 Descongelamento do sêmen


De modo geral, velocidades rápidas de descongelamento são recomendadas, para a obtenção
de maior viabilidade espermática. O sêmen e descongelado pela agitação das amostras em banho-maria.
em temperatura e tempo especificos para cada embalagem e volume congelados. Pursel & Park ( 1935)
testaram vários tempos de descongelamento para macrotubos de 5 ml. a 52°C. obtendo melhores
resultados com 40 segundos. Desta forma, é comum o descongelamento de macrotubos em água a
50°C. por 40 segundos (Martin et al.. 2000: Eriksson et al., 2001). atingindo a velocidade de 290°C/mln
(Simmet, 1993). Palhetas de 0.5 ml podem ser descongeladas a 37°C por 20 segundos (Maxwell &
johnson, 1997). a 50°C por 12 segundos (Eriksson et al.. 2001) ou a 60°C por 8 segundos (Fiser et al.,
1991; Pettitt & Buhr, l998), resultando em velocidades próximas de SOOºC/min e de lZOOºC/min, no
primeiro e último caso, respectivamente (Fiser et al., 1993). Palhetas de 0,25ml e bolsas de 2,5 ou Sml
são descongeladas a 35°C por 12 segundos e 50°C por 13 segundos. respectivamente (Bwanga et al..
i99lb: Ortman & Rodriguez-Martinez. 1994: Eriksson & Rodriguez-Martinez. i999; Eriksson et al..
2001).
imediatamente após a amostra ter sido descongelada. o sêmen é misturado a um diluente
(comumente o BTS). numa proporção de 1:5 a 1:9. em temperatura entre 25 e 33°C. ou diretamente
com o volume da dose a ser inseminada (70 a 100 ml). A motilidade é avaliada cerca de 10 minutos após
a diluição e, logo em seguida, a lA deve ser efetuada.

11.4 Alterações da qualidade espermática decorrentes do congelamento


Embora a melhor avaliação para confirmar a integridade funcional de uma determinada
amostra de sêmen seja a sua capacidade de fecundar o õvulo e de manter a embriogênese, o tempo e os
recursos necessários para avaliar as taxas de parição lizeram com que vários testes laboratoriais fossem
utilizados para estimar a qualidade dos espermatozoides descongelados (Paquignon, l985). Apesar de
não poderem prever com exatidão a capacidade fecundante dos espermatozoides, a utilização destes
testes têm permitido a execução de experimentos para otimizar as condições de congelamento pois,
sobretudo quando usados em conjunto, permitem descartara utilização de protocolos que resultam em
viabilidade in vitro reduzida, antes de se efetuar os testes in vivo
Dentre as avaliações efetuadas comumente. para avaliar o sucesso do congelamento. estão a
motilidade. morfologia do acrossoma e a integridade das membranas plasmática e acrossõmica, esta
última por fluorescência (Ortman & Rodriguez-Martinez, 1994: Eriksson & Rodriguez-Martinez, 1996:
Rodriguez-Martinez et al., 1996; Maxwell & johnson, 1997). Estas avaliações são efetuadas logo após o
descongelamento ou após um teste de termoresistência (incubação dos espermatozoides por
determinado periodo a 35-37°C). Além destes testes, a medida de certas enzimas (transaminase
glutâmico-oxalacético. lactato desidrogenase. fosfatases, etc). liberadas após lesão celular. também
pode servir como parâmetro de viabilidade espennãtica (Graham & Pace. 1967; Watson & Plummer.
i985). A avaliação por microscopia eletrônica é de grande utilidade nos estudos de otimização da técnica
de congelamento/descongelamento. pois permite avaliar de forma mais detalhada a magnitude e
extensão dos danos advindos do congelamento.
Após o congelamento/descongelamento. há diminuição da viabilidade espermática.
caracterizada por redução no número de espermatozoides móveis e na velocidade de seu deslocamento,

168
SUINOCULTURA EM A

danos no acrossoma e membrana plasmática, perda de enzimas e aumento da sensibilidade das


membranas ao estresse osmõtico (Larsson, 7985: Watson. I995).
Embora uma redução da motilidade já ocorra com o resfriamento, esta é muito mais
acentuada no sêmen congelado. Em média, a motilidade após o descongelamento cai para um valor de
no máximo a metade do valor apresentado antes da criopreservação (Tull et al., 1992). sendo que, em
boa parte dos estudos, independentemente do protocolo de congelamento/descongelamento utilizado,
a motilidade após o descongelamento é normalmente inferior a 50% (Larsson, I985; Hofmo & Almlid,
1991; Almlid & Hofmo, 1996). No que se refere ã integridade do acrossoma, 50 a 60% dos
espermatozoides apresentam o acrossoma intacto, imediatamente após o descongelamento,
contrastando com indices próximos a 90%. no sêmen in natura (Hofmo & Almlid, I991). Considerando
que a integridade das membranas acrossõmica e plasmática são vitais para o processo de fecundação, o
dano destas estruturas pode explicar parcialmente a redução de fertilidade observada com o uso de
sêmen congelado. Ao avaliar espermatozoides com microscopia eletrônica, Eriksson & Rodriguez-
Martinez (1996) observaram, independentemente da embalagem empregada no congelamento
(macrotubos ou bolsas), fenestrações no plasmalema da cabeça e na membrana acrossõmica externa, o
que contribuiria para tornar estes espennatozoides menos aptos para a fecundação,
Nas avaliações efetuadas in vivo, um dos aspectos que evidencia a redução da capacidade
fecundante dos espermatozoides congelados e a observação de menor número de espermatozoides
acessórios, na zona pelúcida, nos embriões de fêmeas inseminadas com sêmen congelado, em
comparação ao sêmen resfriado (Reis, I993: Waberskietal., 1994: Bertaniet al,, I996).
Há evidências de que o congelamento e, mesmo o resfriamento abaixo de iSºC dos
espermatozoides de várias espécies, conduz a alterações semelhantes ã capacitação (Watson, 1996;
Watson & Green, 1999). Zheng et al. ( 1992) constataram maior formação de pro-núcleos com sêmen
congelado do que com sêmen in natura, o que comprovada que, logo após o descongelamento, os
espermatozoides não são necessariamente menos férteis, mas que abreviam o seu tempo para a
capacitação e consequente reação acrossõmica. A diminuição do teor de colesterol, observada por
Cerolini et al. (2001), em espermatozoides suinos, após o descongelamento, também é um indício da
ocorrência de fenômeno semelhante à capacitação.
Considerando que a capacitação e um evento que ocorre essencialmente na membrana, este
deve ser o principal local dos danos decorrentes da criopreservação. Esta suposição é confirmada pelo
fato de que as mudanças na resistência ao choque térmico, que ocorrem durante a maturação ou
envelhecimento dos espermatozoides, são acompanhadas por mudanças na composição da membrana
(De LeeuwetaL, I991).
Algumas hipóteses são apresentadas (Watson, l996: Watson & Green, i999) para explicar a
origem das alterações semelhantes à capacitação induzidas pelo resfriamento e/ou congelamento dos
espennatozoides:
——l Devido ã transição de fase dos lipidios, a membrana estaria mais permeável, possibilitando a
entrada de cálcio, estimulando eventos cálcio-dependentes associados com a capacitação:
— l A Ca-ATPase da membrana seria inibida pela redução de temperatura, com subsequente
entrada de cálcio e ativação de eventos cálcio-dependentes:
— I A arquitetura lipídica da membrana seria modificada, talvez inibindo os mecanismos
responsáveis pela manutenção da assimetria da dupla camada de lipídios, resultando numa membra-na

169
. ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

mais fusogênica;
_! As temperaturas baixas poderiam afetar os elementos do citoesqueleto responsáveis pela
estabiiização da membrana e. por ocasião do descongelamento, as mesmas estariam menos
estabilizadas e mais preparadas para a fusão.

11.5 Fatores que afetam a qualidade e a fertilidade do sêmen congelado


11.5.1 Diluentes de congelamento e descongelamento

Peio fato dos diluentes usados para as outras espécies não terem se mostrado satisfatórios para
a espécie suína, vários grupos de pesquisadores acabaram criando seus próprios diluentes de
congelamento. Por terem sido criados como parte de todo um processo de congeiamento. os diluentes
não são necessariamente transferiveis de um método para outro (Paguignon, 1985). sem que sejam
feitas avaliações prévias.
De modo geral, os principais componentes dos diluentes são os seguintes: açúcares, proteinas
ou lipoproteinas, tampões. crioprotetores e aditivos (Bwanga, 1991). Embora os componentes possam
variar, uma caracteristica comum para a grande maioria dos diluentes de congelamento e a presença de
gema de ovo (Quadro 11. 1). A fração iipoprotéica de baixa densidade, especificamente os fosfolipidios.
têm sido considerados os componentes que conferem proteção aos espermatozoides. O mecanismo
exato desta proteção não é conhecido, mas sabe-se que há perda de fosfolipidios da membrana. durante
o choque térmico (Cerolini et al.. 2000); a gema de ovo previniria esta perda ou modularia os efeitos
prejudiciais da mesma (Parks & Graham, 1992). Um detergente sintético, o amino-Na-Lauril-Sulfato.
comumente denominado Orvus Es Paste. também é um aditivo comumente acrescentado aos diluentes
de congelamento (Quadro 1 1. 1). O mesmo melhora os resultados em termos de motilidade e
integridade do acrossoma desde que gema de ovo esteja presente (Hofmo & Almlid. 1991). Acredita-se
que ele age indiretamente emulsificando e dispersando os lipidios da gema de ovo, tornando-os mais
disponives para a membrana espermática (Pettitt & Bohr. 1998) ou favorecendo a formação de
microcristais angulares de gelo (Courtens & Paquignon, 1985) durante o congelamento. Embora o
mecanismo de proteção ainda não seja conhecido, Yi et ai. (2002) observaram que a adição de O,05% de
N-acetil-D—glicosamina, no diluente de resfriamento, resuitou em aumento de motiiidade e de
acrossomas normais, em amostras congeladas em macrotubos de 5 ml.

170
SUINOCULTURA EM A

Quadro 11.1 Composição dos diluentes de resfriamento e de congelamento

"Componentes. do Dime-“nte de Restªrtamento


.. _“ Mme-(ml)
Solução de lactose a 11% 80
Gema de ovo 20

-.Componentes do diluente-'de congelamento 2% glicerºl 3%- alice-rol «Mafia-mi


Volume (ml)

Diluente de resfriamento 92,5 89,5 86,5


Glicerol 6 9 12
Orws-Es-Paste (DEP) L5 1.5 1.5

Os componentes do diluente de congelamento interferem na viabilidade dos espermatozoides


congelados. Pettitt & Buhr ( l 998) demonstraram a importância da presença de glicerol, gema de ovo e
surfactantes para maior motilidade e integridade do acrossoma.
Para o descongelamento, vários diluentes foram testados, sendo que a composição dos
eletrólitos, o pH e a pressão osmótica dos mesmos são importantes para a manutenção da viabilidade
espermática (Larsson et al., 1976). Entre os diluentes usados estão as soluções protéicas (plasma seminal
e leite desnatado) e as soluções salinas como BTS, diluente de Hulsenberger, OLEP, lNRA-lTP e Merk ll
(Paquignon, 1985: Bwanga, 1991; Berger & Fischerleitner, 1992).
A diluição em plasma seminal, após o descongelamento, implicou em maior número de
espermatozoides no oviduto, 4 h após a inseminação, quando comparada com a diluição no diluente
TES-NaK-glicose (Einarsson & Viring, 1973). Larsson & Einarsson ( l 975) observaram maior taxa de
prenhez e número de embriões aos 28 dias após IA. quando o sêmen foi diluido em plasma seminal, em
comparação com leite desnatado ou solução isotônica de glicose, Apesar dos resultados promissores do
uso de plasma seminal como diluente do sêmen descongelado, & sua aplicação em condições comerciais
não foi viavel. Atualmente, os diluentes utilizados para a manutenção de sêmen sob resfriamento servem
também para diluiro sêmen após o descongelamento.

11.5.2 Crioprotetores, velocidade de congelamento e de descongelamento

Vários estudos foram efetuados em busca de um criOprotetor ideal (Dalrymple & Macpherson,
1969: Wilmut & Folge, 1977; Scheid, 1980; Bwanga, 1991) mas, apesar do espermatozóide suino ser
mais sensivel ao glicerol do que o espermatozoide bovino (Fiser, 1991) e dos conhecidos danos que o
glicerol causa a membrana espermática (Bwanga, l991), não se encontrou ainda um crioprotetor que
substitua o glicerol. Em função de seus efeitos prejudiciais, niveis relativamente baixos são utilizados para
o congelamento de espermatozoides suinos. em comparação com as demais espécies.
Considera-se que os crioprotetores agem diminuindo a concentração dos sais e, talvez,
aumentando a fração de água não congelada, com consequente aumento do tamanho dos canais de
água, nos quais as células ficam inseridas (Watson, I995). O glicerol agiria, também, modificando a
membrana devido à sua inserção entre os fosfolipidios, alem de poder estar envolvido no metabolismo

171
. ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TECNIFICHDA

intermediário e interagir com proteinas microtubulares e do citoesqueleto (Hammerstedt & Graham,


1992).
Os efeitos do glicerol sobre a motilidade e sobre a integridade do acrossoma de
espermatozoides suinos são diferentes. Scheid (1980) observou aumento progressivo na motilidade e
redução no número de acrossomas normais, em espermatozoides suinos congelados com concentrações
crescentes de glicerol (0, 2, 4 e 6%). Ao comparar duas concentrações de glicerol, Wegmann ( 1990)
observou maior motilidade com o nivel de 4% e maior integridade de acrossoma com o nivel de 2%.
Fiser (1991) constatou a existência de interação entre a concentração de glicerol, a velocidade de
congelamento e de descongelamento para o processamento de sêmen em palhetas de 0.5 ml. Ao
trabalhar com concentrações de glicerol até 10%. este autor também observou que o nivel de glicerol
que resultou em maior motilidade (4%) foi superior ao que apresentou melhores resultados de
integridade do acrossoma (2%). Con forme mostraram Yi et al. (2002), a concentração de glicerol pode
ser diminuída de 3 a 4% para 2 a 3% se N-acetil—D-glicosamina estiver presente no diluente de
resfriamento.
No que se refere ao tempo de equilibrio em contato com o glicerol, na temperatura de 5ºC, os
resultados são conflitantes. Hess et al. ( 1960) não observaram diferenças entre 0. 4 e 24 h de contato
com glicerol, embora a viabilidade espermática tenha sido relativamente baixa para os 3 tempos. Almlid
& johnson (1988) não observaram diferenças entre 4 tempos de exposição, variando de 0,5 a 15
minutos, indicando que a penetração do glicerol e o equilibrio seriam atingidos rapidamente, em menos
de 30 segundos. Wegmann ( 1990) não observou diferença entre 5, 25, 45 e 65 minutos de equilibrio,
para o congelamento em macrotubos e macrotubos achatados, Posteriormente, Fiser et al. (1996)
avaliaram novamente este aspecto e observaram que para o sêmen congelado em palhetas (0,5 ml), o
periodo de equilibrio de 4 h, a 5°C. produziu os melhores resultados, Yi et al. (2002) constataram que o
periodo ótimo de equilibrio seria de 2 a 3h, para amostras congeladas em macrotubos de 5 ml.
De modo geral e considerando as diversas espécies, os espermatozoides são congelados em
velocidades que variam entre 15 e 60ºC/min, as quais foram determinadas empiricamente como sendo
as que resultavam em maiores taxas de sobrevivência espermática (Watson, 2000). Quando amostras de
sêmen suíno são congeladas em palhetas de 0.5 ml pela exposição direta ao vapor de nitrogênio, a
descida da temperatura de + 5°C até -6ºC é de 1 1ºC/min e, a partir de —6ºC até —80ºC, a velocidade é de
32 a 41ºC/min (Fazano, 1986). Nos protocolos com o uso de aparelhos programáveis, a velocidade de
congelamento ate -5 ou -6°C e de 3 a 5ºC/min: as amostras são mantidas por 1 min a —5ºC, apos o qual a
velocidade de congelamento empregada varia de 30 a SOºC/min. A temperatura na qual as amostras são
imersas em nitrogênio líquido. a -19õºC, podem variar desde -50°C (Fiser et al., 1991) até 440%
(Eriksson & Rodriguez-Martinez, 1999; Eriksson etal.. 2001).
Em termos de descongelamento, velocidades rápidas parecem ser benéficas, mesmo quando a
velocidade de congelamento é lenta. Fiser et al. (1993) constataram que velocidades lentas de
descongelamento, até 200ºC/min, foram prejudiciais, independentemente da velocidade de
congelamento e dos niveis de glicerol (2, 4 e 6%) utilizados. Para o descongelamento de amostras
congeladas em bolsas, Eriksson & Rodriguez-Martinez (2000) observaram maior motilidade ao
aumentar a temperatura de descongelamento de 35 para 50°C. não havendo aumento adicional com
70°C. Por outro lado, para amostras congeladas em macrotubos, a motilidade foi superior nas amostras
descongeladas a 70º'C. em comparação com 50°C.

172
SUINOCULTURA EM A

Considerando a necessidade de encontrar condições que favoreçam ao mesmo tempo a


manutenção da motilidade e da integridade do acrossoma. alguns autores (Fiser, 1991: Fiser et al..
1993) recomendam a concentração de 3% de glicerol e velocidades de 30ºC/min para o congelamento e
de iZOOºC/min para o descongelamento, em palhetas de 0,5 ml. Para palhetas de menor volume (0,25
ml) ou para bolsas plásticas (2,5 ml), e velocidade de congelamento de SOºCJmin parece ser adequada
(Woelders et al., 1996; Woelders, 1997; Eriksson & Rodriguez-Martinez, 2000).
O seeding (indução da nucleação do gelo), efetuado em temperaturas logo abaixo do ponto
de congelamento de uma solução, é de uso rotineiro no congelamento de células, sobretudo para
embriões mamiferos (Leibo & Mazur. 1978). Teoricamente, sem a realização de seeding, a nucleação
espontânea do gelo não ocorreria, até próximo de -15ºC, isto e, bem abaixo do ponto de congelamento,
e a amostra permaneceria num estado denominado super-resfriado. Se a nucleação ocorre nesta
temperatura bastante baixa, a temperatura da amostra retornaria para próximo do ponto de
congelamento, em função da liberação do calor latente de fusão. e iniciaria em seguida uma rápida
descida da temperatura, com riscos de formação de cristais de gelo intracelulares e o crescimento dos
cristais por agregação e fusão, sobretudo quando a velocidade de congelamento fosse lenta (Watson,
1995). Fazano (1986) não constatou nenhum beneh'cio da realização do seeding para amostras
congeladas em palhetas de 0,5 ml. Fiser et al. (1991) também avaliaram o efeito do seeding em amostras
congeladas em palhetas de 0.5 ml, na velocidade de BOT/min. com diversas concentrações de glicerol e
duas velocidades de congelamento e verificaram que o mesmo não foi necessário para a manutenção da
motilidade e integridade do acrossoma.

11.5.3 Embalagens para o congelamento

Após os primeiros trabalhos de congelamento em ampolas ou tubos de vidro, vários


protocolos foram desenvolvidos para o congelamento do sêmen suino sob a forma de pellets, nos
meados da década de 70. Os pellets são normalmente preparados pela colocação de sêmen em
depressões formadas em blocos de gelo seco, sendo posteriormente armazenados em nitrogênio
liquido, em tubos de 10 a 15 ml, em números correspondendo a uma dose inseminante. Devido aos
riscos de contaminação, dificuldade de armazenamento e manipulação dos pellets, vários estudos foram
posteriormente efetuados no sentido de encontrar embalagens que fossem adequadas para o
congelamento, armazenamento e manipuiação das doses inseminantes congeladas. Para serem
adequadas, as embalagens devem propiciar velocidades de congelamento e descongelamento que
sejam uniformes (Hofmo & Almlid, 1991), sendo sugerido que uma maior relação superficie:volume
deveria contemplar estas caracteristicas. Neste sentido, vários trabalhos resultaram em maior qualidade
espermática apõs descongelamento, quando foram usados macrotubos achatados ( 1,7 ml) ou palhetas
de 0,5 ou 0,25 ml, em comparação aos macrotubos, com volume de 5 ml (Fazano. 1986: Moura, 1988:
Stampa, 1989: Bwanga et al., 1990/1991bd; Berger & Fischerleitner, 1992: Simmet, 1993). A
velocidade de descongelamento do centro da dose, mantida em macrotubos, e 3,7 vezes menor que a
observada na periferia, mas esta variação não ocorre nas doses congeladas em macrotubos achatados
(Weitze et al., 1991), o que poderia explicar os melhores resultados com estes últimos. Eriksson &
Rodríguez-Martinez (2000) também atribuem os melhores resultados de motilidade das amostras
congeladas em bolsas, em comparação aos macrotubos, & maior velocidade de descongelamento.

173
. iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

Em sua revisão, Hofmo & Almiid (1991) relatam a superioridade das palhetas de 0.5 ml e
bolsas de teflon ou PVC, em relação aos macrotubos. Nesta última década, foram intensificadas as
pesquisas com a utilização das bolsas plásticas (10 x 5 cm ou 12 x 7 cm), as quais são consideradas
adequadas pois permitem o armazenamento do volume total de uma dose, a rápida difusão do calor e o
resfriamento homogêneo da dose congeiada. Quando comparadas aos macrotubos convencionais, as
bolsas piãsticas testadas se revelaram superiores, em termos de qualidade espermática apos
descongelamento (Bwanga et al., 1991abd: Eriksson et al., 1998; Eriksson & Rodriguez-Martinez,
2000). Eriksson & Rodriguez-Martinez (1999) obtiveram bons indices em termos de taxas de parto e de
tamanho de leitegada (Tabela 11.3), com o uso de sêmen congelado em boisas. Maiores indices de
motilidade e penetração in vitro e maior número de espermatozoides por oócito foram constatados para
as amostras congeiadas em bolsas do que as congeladas em macrotubos de 5 ml ou palhetas de 0.5 ml
(Eriksson et al.. 2001).

11.5.4 Tempo de incubação


já no inicio da década de 70 foi demonstrado que, ao serem incubados em temperaturas acima
de 15°C. antes de serem submetidos ao choque térmico, os espermatozoides adquirem maior resistência
ao resfriamento (Pursel et al., 1973). Sandoval et al. (1991) constataram que espermatozoides
incubados a 38°C por ate’ 120 min foram mais resistentes ao choque térmico. 1amuii & Watson
(1992/1994) observaram aumento gradual da motiiidade, integridade da membrana e percentual de
acrossomas normais, de 4 a 16 h de incubação, a 20°C. Weitze et al. (1999) constataram que a incubação
do sêmen, em temperaturas entre 15 e 25°C. antes de ser resfriado a 5°C. tornou-o mais resistente ao
resfriamento, com melhores resuitados de motilidade e integridade de acrossoma.
Não se sabe exatamente o que acontece com as células para tornã-las mais resistentes ao
resfriamento, mas ha evidências de que não são mudanças na configuração das proteinas da membrana,
nem variações nos terminais carboidratos do glicocãlice da superficie; acredita-se que a aquisição desta
resistência esteja mais relacionada com a mudança na composição lipídica, o que afetaria a fiuidez da
membrana plasmática (Watson, 1996). Mesmo que o mecanismo ainda não seja conhecido, é evidente
que menos alterações de membrana ocorrem se o sêmen é mantido por certo periodo entre 15 e 25°C.
antes do congelamento (Nath et al., 1994: Maxwell & johnson, 1997). Este aspecto tem sido, de certa
forma, contemplado nos protocolos de congelamento de sêmen suíno, nos quais ha comumente uma
pausa de 2 a 4 h apos a diluição, antes do resfriamento a 5°C. Kotzias-Bandeira (1997) demonstrou que
periodos mais longos (20 h) de incubação, entre 15 e 20°C. antes do resiriamen to a 5°C.
proporcionaram meihor qualidade espermática do que tempos mais curtos (4 h) de incubação, para
sêmen congelado em macrotubos e macrotubos achatados. Ohata (2001) comparou o periodo de 20 h
com 1,5 h de incubação a 20°C. antes do congeiamento de sêmen suino em palhetas (0.5 mi). O periodo
de 20 h de incubação resultou em indices superiores de acrossomas normais, logo apos o
descongelamento (70 x 61%) e apos teste de termorresistãncia (33 x 29%). embora não tenham sido
observadas diferenças na motilidade e integridade de membrana. Eriksson et al. (2001) observaram
maior integridade de membrana para espermatozoides congeiados apos incubação a 17°C. por 10 e 20
h. em comparação a 3 h. embora a motilidade tenha sido inferior com a incubação por 20 h.
Alem da possibilidade de aumentara viabilidade do sêmen congelado, um maiortempo de

174
SUINOCULTURA EM A

incubação, em temperaturas entre 15 e 25ºC. apresenta o aspecto benéfico de que amostras de sêmen
podem ser coletadas num local e enviadas para o processamento em local com estrutura e equipamentos
adequados para o congelamento.

11.5.5 Variação entre machos na congelabilidade do sêmen


Um dos inconvenientes da produção de sêmen congelado, na espécie suina, e' a ocorrência de
variação na qualidade espermática após congelamento/descongelamento, entre machos que não
apresentam diferenças evidentes, em termos de qualidade seminal prévia ao congelamento (Larsson &
Einarsson, 1976ab; Mariano, 1988: Fiser et al,, 1996: Rodriguez-Martinez et al., 1996; Ohata. 2001;
Eriksson et al., 200 l ). Ohata (2001) constatou diferenças entre machos suinos que foram de até T3, 18,
30 e 32 pontos percentuais na motilidade pós—descongelamento, motilidade apos tes-te de
tennon'esistência, acrossomas normais pos-descongelamento e após teste de tennon'esistência,-
respectivamente (Tabela 1 1.2).

Tabela 11.2: Diferenças entre machos suinos na viabilidade espermática apos descongelamento.

Machos do Experimento ]
! 60:1: L6“ 5033.? 33:1: 1.6‘ 46 iii.? 401:3.5'
2 5013.7” 3813.6” 76:1.4" 3911.9“ 34 24.0'
3 51323" 35114.8” 5833.5” 21:51.3” 33:114. !*
Machos do Experimento 2
4 55: 1,9“ 45 $2.9” 3113.?" 34:3.lª'” 41:3.3“
5 50:2.I' 343336" 5913,5“ 26 umª 33 22.3'
E 591: 1.5” 4821.0“ 64 22.0‘ 3222.0“ 44 21.8'
? 46: 1.8" 3013.4' 62 34.4: 2913.3“ 36 12.7“
3 4632.2‘ 34 $2.3“ 50 32.7“ 1511.5” 36 $2.8“
9 561-2. iª 4612.2“ 30:1,4‘ 47:2,5‘ 41:3.4'
:o 49 12,4“ 4123.3“ ?o 13.9“ 4113.4” 32 23.3"
H 501- 1.7‘ 43t1,4' 5612.6“ 26 12.3“ 40:2.9‘
Resultados apresentados como média 3 erro-padrão Adaptado de Chata (2001)
Motilidade pós-descongelamento (MPB) e após teste de tennorresistência (MUR);
âcrossomas normais pos-descongelamento (NARPD) e após teste de termorresistência (NARITR);
Membranas integras pós-descongelamento (Mil-"D).
a. b, c, d dentro da mesma coluna e mesmo experimento (P<0.05)

As causas da diferença na congelabilidade do sêmen entre machos ainda não são conhecidas,
mas o componente genético parece ser importante na detenninaçâo de certas caracteristicas da
estrutura da membrana, as quais favorecem a sobrevivência sob as condições estressantes da
criopreservação (Holt, 2000a; Watson. 2000). Em camundongos, por exemplo, diferenças na fertilidade
do sêmen de diferentes linhagens foram atribuídas, principalmente, à diferença na sensibilidade ao
choque osmótico, associado a adição e remoção do crioprotetor (Songsasen & Leibo, i997).
infelizmente, ainda não há um teste ou avaliação eficazes para selecionar os machos de boa
congeiabilidade do sêmen, na espécie suína.
Watson (1995) ressalta que a compreensão das modiãcaçães da estrutura e função da

175
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

membrana. e causas dos danos do congelamento pode auxiliar na eliminação do fenômeno da


congelabilidade ruim, Ao observarem pouca variação entre os machos, em termos de motilidade. apos o
congelamento em palhetas de 0,25 mi. Woelders et al, ( I996) sugerem que a otimização do protocolo
de congelamento pode diminuira variação na congelabilidade.

11.5.6 Momento de inseminação em relação à ovulação


O momento da inseminação é bastante critico quando se usa sêmen congelado, visto que os
espermatozoides suinos congelados permanecem férteis por aproximadamente I2 h (Larsson, I978).
contrastando com 24 h, estimadas para os espermatozoides resfriados (Soede et al., 1995). O transporte
para o local de fecundação depende de um minimo de motilidade progressiva, a qual e comprometida
na maioria dos espermatozoides congelados (Watson, 2000). O dano nas membranas espermáticas
estaria associado a menor capacidade de adesão ao epitélio do trato reprodutivo, o que explicaria,
segundo Hawk ( I 982), o reduzido número de espermatozoides presentes no trato reprodutivo feminino
após a IA com sêmen congelado, em comparação com o sêmen in natura, tanto em ovinos quanto em
suinos,
Em função das alterações semelhantes à capacitação, decorrentes do congelamento, os
espennatozoides apresentam tendência a sofrer reação acrossomica espontânea e coram com
clortetraciclina como se estivessem capacitados (Watson & Green, 1999). Espermatozoides que estão em
vias de capacitação ou de reação acrossômica reduzem sua longevidade no trato reprodutivo feminino e
precisam encontraro oócito, em tempo relativamente curto, para que a fecundação possa ocorrer antes
que eles morram (Watson, i 995/I 996).
Diferentemente de um ejaculado in natura, o qual é composto de subpopulações com vários
graus de capacidade de reação, de modo a permitira fecundação num periodo de tempo mais longo, a
população de espermatozoides que sobrevive ao congeiamento parece ser mais homogênea, capaz de
fecundar somente em tempo e condições restritos (Watson, I995). Por estas razões, na maioria das
espécies, maior fertilidade com o uso de sêmen congelado é obtida quando se efetua a deposição
intrauterina (Holt, 2000a) e/ou a inseminação próximo ao momento da ovulação.
Para superar este obstáculo, segundo johnson et al. (2000), em condições comerciais são
efetuadas inseminaçães duplas: a primeira IA é efetuada cerca de 30 h após a detecção do estro e a
segunda IA. 10-12 h após a primeira. Embora seja mais dificil de ser implantado, Martin et al. (2000)
propuseram um esquema denominado "3 x 4 x 6", com o qual obtiveram bons resultados de taxa de
parto e tamanho da leitegada (Tabela I L4). 0 mesmo consiste em efetuar 3 verificações da
manifestação de estro por dia e 4 inseminaçães com intervalo do 6 h entre as mesmas, a primeira sendo
efetuada 30 h apos o inicio do estro.
Larsson ( I 976) observou maiores taxas de concepção para femeas inseminadas entre 2 e 6 h
(83%). em comparação à inseminação entre 12 e 18 h (45%), antes da ovulação. Weggmann ( I990)
comparou os resultados obtidos com diferentes momentos de inseminação em relação à ovulação e,
embora não tenham sido estatisticamente significativos, maiores taxas de concepção e número de fetos,
aos 27-30 dias após IA. foram observados com inseminações efetuadas entre 0-I6h (??-85%; 8—10
fetos) em comparação a 24 h (67%; 7 fetos), antes da ovulação. Em eXperimentos desenvolvidos no
Brasil, Reis (1993) obteve altas taxas de fecundação (93%) com IA de sêmen congelado,

176
SUINOCULTURA EM A

aproximadamente 6 h antes da ovulação. Ao inseminar leitoas 6 h antes ou 6 h apos a ovulação, Bertani


et al. ( l996) também obtiveram altas taxas de prenhez (79 a 94%), as quais, juntamente com a
viabilidade embrionária, 96 h apos a IA. foram semelhantes para o uso de sêmen congelado e resfriado.
Waberski et al. (1994) confirmaram a importância de realizar a IA com sêmen congelado,
próximo ao momento da ovulação: em seus experimentos, das I6 leitoas inseminadas com sêmen
congelado. no periodo maior do que 8 h antes da ovulação, nenhuma ficou prenhe, contrastando com
92% de prenhez nas 12 fêmeas que foram inseminadas com sêmen resfriado, entre 12 e I6 h antes da
ovulação. Os melhores resultados de prenhez, taxa de fecundação e número de espermatozoides na
zona pelúcida, obtidos apos IA com sêmen congelado, ocorreram quando as fêmeas foram inseminadas
entre 0 e 4 h antes da ovulação.

11.6 Índices de fertilidade após IA com sêmen congelado


O emprego de sêmen congelado resulta, com frequência, em redução da fertilidade, se
comparado ao uso de sêmen não congelado (Almlid & Hofmo, i996: Mileham et al., 1997: Woelders,
I997). Hofmo & Almlid ( l 99 i ) citam que na redução de 10 a 20% na taxa de parto e de i a 2 leitões por
ieitegada. De um modo geral, a inseminação com sêmen congelado propicia a obtenção de taxas de
parição entre 40 e 70% e número de leitões entre 7 e 10 Gohnson, 1998; Hofmo & Grevie, 1999:
Johnson et al., 2000).
O declínio na motilidade, perda da integridade da membrana plasmática, degeneração do
acrossoma, redução da atividade metabólica, alteraçoes semelhantes à capacitação, o estresse oxidativo,
alterações na funcionalidade das proteinas da membrana e danos na estrutura do DNA são algumas das
consequências do congelamento. Estas alterações podem afetar o transporte espermático, a capacidade
de sobrevivência no trato feminino, o reconhecimento e ligação a receptores, bem como o
desenvolvimento embrionário. Esses aspectos, provavelmente, explicam a redução da fertiiidade do
sêmen congelado (Holt & Medrano, I997: Eriksson et al., 1998; Watson, 2000). As aiterações na
composição da membrana lipidica poderiam direta ou indiretamente afetar os eventos que conduzem à
fecundação sendo, pelo menos em parte, responsáveis pela redução da capacidade fecundante dos
espermatozoides congeiados (Buhr et al., 1994; Buhr& Pettitt, l996).
É importante salientar que, apesar de muitas vezes serem constatadas diferenças na qualidade
espermática in vitro, estas nem sempre se traduzem in vivo, em diferenças significativas na taxa de
prenhez, sobrevivencia embrionária ou taxa de parto (Fazano, l986: Stampa, I989; Weggmann, 1990;
Rodriguez-Martinez et al., 1996). Este aspecto demonstra a importância de reaiizar testes a campo para
coniirmara superioridade de um ou de outro método de congelamento.
Nas tabelas 11.3 e ? 1.4 são apresentados aiguns resultados da utilização de sêmen congelado
em nivel experimental ou em situações comerciais.

177
. iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA

I 1.7 Considerações finais


Embora a elucidação de alguns dos danos causados pelo congelamento tenha permitido
avanços, o sucesso da criopreservação de sêmen suíno requer que os trabalhos de pesquisa sejam
dirigidos no sentido de:
Desvendar os mecanismos que conduzem às alterações semelhantes à capacitação;“
Criar diluentes que contenham estabilizadores da membrana espennática;
Descobrir as causas da variação na resposta ao congelamento entre os machos e desenvolver
testes que permitam detectaro seu potencial de congelabilidade:
Reduziro número de espermatozoides por dose sem reduzira fertilidade;
Desenvolver novas técnicas de IA que permitam aumentar as taxas de parto e o tamanho da
leitegada,
O controle da velocidade de congelamento, com aparelhos programáveis, e o
desenvolvimento de novas embalagens, como é o caso das bolsas plásticas, são exemplos de inovações
que contribuiram para melhorar a viabilidade do sêmen congelado. Embora a fertilidade obtida com os
métodos de congelamento disponíveis atualmente ainda seja inferior & obtida com sêmen não
congelado, a mesma é satisfatória para permitir a utilização em situações especiais, como a exportação
ou preservação, a longo prazo, de material genético de alta qualidade.

Tabela 11.3. Exemplos de resultados de fertilidade in vivo, avaliada em fêmeas suinas abatidas após
a inseminação com sêmen congelado

Fazano (reas) Maoottm s 30% ..- 10,4


Palhetasª em 10,5
E Metal-419863) Mama-bu 5 mas --—--- sem ;
Scheid et al. (1986b) Martha: 5 30% _- 10,2 viáveis
Palheta? 37% 16mm
m m m 7m 13 total: 10
Wegnmn (1990) Macrombos —- 86% 68% IO
_ hummm 73% ma :1
r flaw-119a et al. (munir Magnum s“. -- 63% — .
Bolsas 75%.
Mama et al. (1992) Bolsas 5 64% —- & ! viáveis
[ 561111130993)" m m a 1—- em 9,4 (2-4 cálida)
Maamadm rm: 11,4 (2-4 ask-m):
Rodriguez-Martínez Macmillan; s 54% -- 9,9 viáveis
otal. (1995) Boisas 62% 9,4 viáveis
E _
Macrotubos e bolsas (5 ml); macrotubos achatados {1,7 ml): Falhetasª (0,5 ml) Palhetas“ ( I ml)
* Abate das fêmeas entre 2 e 4 dias após IA e, nos outros casos, entre 25 e 4O dias após IA

178
SUINOCULTURA EM A

Tabela 11.4. Exemplos de resultados de taxas de prenhez e número de leitões nascidas após
inseminação cem sêmen congelada

Remnant:
nham
Berger & Fisdaefleiuler (1992) Pafl'letas' 5 30.0 55.0 9,9 total; 7,9 vivas
; Mid & Hofim U996) — - — am;-sm 9,740.5 44.3 J
& G'! et al. (1995) nuam 5 91,4% 37,5% 19,5 total; 9.4 m
Í Menam et ai. (1997) m “15. am 5995 9,: total i
Men (1997) m 4 4m 44% 7,2 viva: (597.5)
(35-67%) (35-59%)
E me w 5 -.-.- 7555 mam 9,4999951
mam-Martim (1999)
Martin et al. (2000) mm 5 -- 74% 12,5 vim
Macrotubos (5 ml): Bolsas“ (8 ml)“ (5 ml); Palhetas“ (! ml)” (0,5 ml)

179
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA

11.8 Referências Bibliográficas

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1'82
SUINOCULTURA EM A

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183
A combinação
certa para
animais + saudáveis!
,
:“ : : u- M W m !
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Aoriantagiodumbmfaiarrmmàfmdamn tal pamummummmnm


Dimm: 1 : q ermishrams “I'll! umminação.
m a g n u m m º
0300 70 70 512 (“Erpª—EMM“
Saúde Animal
luflflflflflmifllflimlmh
WMA—I'll
Adiuvante Microsol Diluvac Forte,
Vacina de Subunidade inativada
contendo proteina ORF2 do PCV2.
Alta resposta frente aos desaãos de campo %

“ &
Imunização ativa como auxiliar na ª
prevenção da viremia e excreção viral ;
decorrentes da Circovirose suína

Análise do retorno sobre o investimento


TRATAMENTOS RETORNO :* INVESTIMENTO
Olmumuent & M+pac. 1,70
2 0,29-
ª4 se
0,12
Trabalho publicado no Congresso APVS 2011
u[Pinhoiro&Maohado & Integrall Soluções em Producão Animal]

Circumvent e M+pac demonstraram ser a melhor combinação do mercado na análise do ROI


(retorno sobre o investimento). Trabalho realizado por órgão independente, comparando todos
os programas de vacinas contra Mycoplasma e Circovirus do mercado brasileiro.

1ª etapa: A fase aquosa que contêm hidróxido de aluminio pem'lite uma


apresentação rápida de antígenos e produz resposta hun-oral sãgniªhcativa.

2ª etapa: A apresentação de antígenos lixados nas gotas maiores inicia um


resposta imunológica Mediada por Celulas.

3“ etapa—“1: As n'icrogotas prolongam a W N W dºs m m ªº Sªm


imune permitindo uma imunidade Hurmral e Celular completas de longa d '

Menor incidência de tosse - Menores índices de lesões pulmonares


Maior rapidez de ação - Maior tempo de proteção
O antígeno mais completo: 15 proteínas de superfície
º » _ w

PGGOO _ _ performanqe
Menos dlas nao produtivos. r e pr º dU tl Vª
Mais leitões por fêmea I ano.

Regumate0
Manejo em lotes.
Forme lotes adequados a sua necessidade.

MSD
Saúde Animal
Momento de ovulação e
performance reprodutiva P G 6 o 0 ®
dos três partes após a tratamento de primlparas com

Anamaria ]. Vargas”. Mari L. Berrnaanilik'r Ivo Wentzªs Guilherme Bumhardt Meteº. Fernanda P. Bertoluzzeª

ªSetnr de Sulnes — UFRGS. bDepartarnentcn de Zootemia — UFRGS, ‘Laboratdrio de Reprodução Animal — UNICRUZ

Resumo Intervalo desmame cie (IDC). taxa de parte ajustada (FPA),


número de coberturas (NC), tamanho da leitegada (TL) e taxa

Foram avaliados os efeitos da administração de eCG + hCG dª descarte partos 1 à 4 (T0)-


a
(P6600 Intervet} em Indices reprodutivas de primlparas
e Controle P6600" P Level
suinas durante e verão. o grupo PGGOD (n=-420) foi
. e
tratado com PGÉOO via SC, 24 h após a desmame
TL* 113123 11312.3 0.155
(5.0 rnL]. 0 grupo controle (n=408) recebeu 5,0 rnL de IDC, d 3.0 =|: 7_1 53 :1: 4'1 amam
solução salina. Após o desmame, todas as fêmeas foram ª; % 333393 (g1 7) 33131405 (92 1) "D 839
submetidas à detecção de cia. O momento de ovulação fui
determinada em aigumas delas (n=150) per ultra-sem .??“ 2 10:13:13 2 11 2 * 3 3. 0.001
transcutá nee. IDC, d 5.? :I: 4.6 5.7 :|: 4.3 11%3
. _ e, NC 369 381 —
J'd'ª. FIFIH'IIHIÉÍTãÇ-EIÚ de PGEDD Incra-menta; & DEP-[DUT]?! "3."? TPA, % 32%60 (91.4) 333858 (BCLS) 01.672

-r.'1':rndl_1t|va da sequlnte farma


. . Park: 3
«*)-“aumentou e nº de primíparas em Clo até cn 10° dia após cn TL 11.5 i. 2_9 11.4 3.1 Q553-
desmame (94.3% vs. 79.? %); E? d 3.2381 4.9 ªªi 5.5- 0.1118-

ªReduziu e intewalo desmame cobertura TPA-, % 290313 (92.6} 298.1313 (95.2) 0.131
(5.3 us. 8.0 (1) P<0.05; I I "'
'Aumenteu do número de nascidos totais aº segundo TL 11.2 a: 3.3 11.3 :l: 3.0
IDC-; d 5.2 =|: 4.1 5.5 :|: 4.2 .- _
Pªrtº “ 1ª “ª *º*” Pªº'ºª- e
te,-.as mma (24.5} 1121420 (26...?) o; '
.auªl'mmISTraçàú de PGBOD nae alterem es ae.-g;. era:--
l:.-HIDE“. repmduhms * A primeira Ieitegada foi obtida antes do tratamento das
a
'Memente de ovulação {45.5 vs. 43.3 h); fêmea!- mm P5500 -
‘RE'tOI'nO an Ciº E tªxªs de pªl-tº HUS tres pªl-tas Fémas remidas par W "50 I'Epmduti'b'as {Dram mlumas

subseqúentes; para o cálculo da taxa de parte ajustada (TPA).


-Taxa de descarte das fêmeas ªté a quarto parte P Level em negrito, dados estatisticamente significativus.

[26.17% vs. 24.5%).


m Funai - m r. 66. pun-1m m
Ilíªmzcluinde, P6600 e' eficaz na redução do IDC & nc: WMMMDMQMQ

.mmento das leitegadas ao Segunda parte em fêmeas traTadaã

i'd Imras avós a desmama.

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EEUU ?I] 70 5 'I 2 A mianmn du umHeterhàrin e hndammtal pela a mum um das mail.-amam.
03 MSD , ..
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