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FERNANDO P. BÚRTDLÚZZD
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UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO GRANDE DO SUL
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INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
NA SUINOCULTURA
TECNIFICADA
Copyright © 2005
Nº de lSBN: 973-85-907590-3—4
?. Suínos-Criação e Desenvolvimento 2 .lnseminação Artificial
Suínos. 3. Suinocultura. l. Bortolozzo. Fernando Pandolfo.
”.Titulo.
CDD: 636.41
Bibliotecária Responsável
Ginamara Lima jacques Pinto,
CRB 10/1204
SUINOCULTURA EM A O
Editorial
Esse iivro é o segundo volume da série Suinocultura em Ação e aborda o tema lnseminação
Artificial em Suínos. Além dos editores Fernando Pandolfo Bortolozzo e ivo Wentz. o livro contou
com a valiosa participação de autores altamente experientes e especializados no assunto em
questão. Nos tivemos a oportunidade de "confeccionar" esse livro juntamente com os colegas
Eduardo Wollmann. Fabiane Mendonça Ferreira. Guilherme Borchardt Neto, Mari Lourdes Bernardi
e Paulo Eduardo Bennemann.
A série Suinocultura em Ação tem por objetivo reunir uma série de publicações que
apresentam uma abordagem direta de importantes temas que envolvem a produção de suinos. Nos
textos o leitor encontrará dicas práticas dos procedimentos descritos. bases tisiopatoiõgicas dos
mecanismos discutidos, bem como uma serie de referências a outros textos e publicações que
permitem um maior aprofundamento no assunto. Assim foi com o volume 1 (intervalo Desmame—
Estro eAnestro em Suinos) & esperamos o mesmo sucesso com o presente livro.
Ao agradecer as pessoas que foram imprescindíveis na elaboração dessa publicação nós
temos que destacar todos os nossos alunos. principalmente aqueles que são autores e co-autores de
artigos citados ao longo dos capitulos. Essa turma permanece quase anônima no contexto da obra,
mas sem eles não poderiamos empregara palavra "nossa experiência ” com tanta ênfase. Além dessa
turma quase anônima tem aquela, que não aparece no contexto da publicação. que muito nos
ajudou nas inúmeras revisões dos manuscritos e provas de gráfica de todo o conteúdo desse livro.
Aqui vão nossos sinceros agradecimentos a Anamaria Jung Vargas, Ana Paula Mellagi. André
Cavalheiro Schenkel, Cristiane Duarte Furtado e Fabiano Bonfim Garregaro.
Para concluir, descrevendo de forma sucinta o objetivo desse livro, buscamos o exemplo
dado pela publicação “O Segundo Diario Minimo” de Umberto Eco. Na segunda seção de crônicas,
Eco aborda as "instruções de Uso onde em 35 oportunidades ele explica, ponto-a-ponto "Como"
proceder frente a várias situações. sempre com um enfoque óbvio e irõnico. O autor aborda desde
"Como ser um indio” em 28 passos. ou “Como comer a bordo de um avião " ou ate mesmo “Como
reconhecer um filme porno". Nesse sentido, obviamente sem dar o tom de paródia de Eco. o nosso
objetivo e informar ao leitor "Como proceder com sucesso na implementação de um programa de
inseminação artificial em suinos Bom proveito!
Os editores.
INSEMINAÇÃD ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA
Nietzsche
SUINOCULTURA EM A O
SIGLAS 13
1. mmoovçâo 15
VIABILIDADE E IMPA T E N l M D A I 27
4.1 Custos funcionais e de implantação de uma central de IA em programas fechados 29
4.1.1 Custos da dose inseminante e custos por parto 32
4.1.2 Custos anuais de uma central de IA 34
4.1.3 Viabilidade da implantação de uma central de IA 34
4.2 Custos funcionais e de implantação de uma central de IA em programas abertos 35
4.3 Custo da dose inseminante na IA intra-uterina 38
4.4 Ganhos associados a implantação de um programa de IA 40
4.5 Conclusão 41
4.6 Referências bibliográficas 42
. MPLANTA " DE M PR M 43
5.1 Introdução 43
5.2 Localização das instalações 43
5.2.1 Central para programa aberto de 1A 43
5.2.2 Central para programa fechado de IA 45
5.3 Desenho da central de inseminação artificial 45
5.3.1 Barreira sanitária 45
5.3.2 Pavilhão dos machos 46
5.3.3 Área laboratorial 52
5.4 Equipamentos e material necessários para uma central de IA 53
5.5 Materiais utilizados na coleta, avaliação e processamento do sêmen 55
5.6 Referências bibliográficas 56
6. COLETA DO ElACULAm 57
6.1 Local de coleta 57
6.2 Condicionamento dos doadores para a coleta 59
6.3 Metodologia e cuidados a serem observados na coleta 60
6.3.1 Higienização 60
6.3.2 Coleta de sêmen propriamente dita 61
6.4 Frequência de coletas 64
6.5 Referências bibliográficas 67
SUINOCULTURA EM A O
7. M E DQ EIAQELAQQ 69
7.1 Introdução 69
7.2 Avaliação macroscópica 70
7.2.1 Volume 70
7.2.2 Cor 70
7.2.3 Odor 70
7.2.4 Aspecto 71
7.3 Avaliação microscópica 71
7.3.1 Motilidade 71
7.3.2 Vigor 73
7.3.3 Aglutinações 74
7.3.4 Concentração eSpermática 74
7.3.4.1 Contagem direta dos espermatozóides em câmara hemocitométrica 75
7.3.4.2 Determinação da concentração espermática pelo fotõmetro 78
7.3.4.3 Determinação da concentração espermática pelo coulter counter 78
7.3.4.4 Determinação da concentração eSpermática pelo espermodensimetro de Karras 79
7.3.4.5 Comentário final sobre determinação da concentração 80
7.3.5 Morfologia espermática 80
7.3.6 Integridade da membrana espermática 86
7.3.7 Integridade do acrossoma e da cromatina 87
7.3.8 Teste de temo—resistência 87
7.4 Outras avaliações 88
7.4.1 Exame do pH do ejaculado 33
7.4.2 Exame microbiológico 88
7.5 Referências bibliográficas 89
M W 91
8.1 introdução 91
8.2 Processamento das doses inseminantes 94
8.2.1 Diluição do sêmen suíno 94
8.2.1.1 Diluentes 94
8.2.1.2 Escolha do diluente 97
8.2.1.3 Preparação do diluente 98
8.2.1.4 Taxa de diluição 98
8.2.1.5 Intervalo entre coleta e diluição 99
8.2.1.6 Diluição propriamente dita 99
3.2.2 Envase do sêmen 100
8.2.3 Temperatura e armazenamento da dose inseminante 100
8.2.4 Efeito da agitação do sêmen 101
3.3 Protocolo de contaminação minima: procedimentos para controle da contaminação
bacteriana do sêmen in natura e diluído 101
8.4 Referências bibliográficas 104
SUINOCULTUM EM A O
l3
SUINOCULTURA EM A
A inseminação artificial (IA) 5’? uma biotécnica aplicada ã reprodução que consolidou seu
emprego comercial em várias espécies domésticas ao longo da segunda metade do século XX. No
caso do suino, a IA foi amplamente difundida ao longo da década de setenta e oitenta,
consolidando—se nos anos noventa. Estimativas do emprego dessa biotecnologia são bastante
dificeis de serem realizadas. Como será discutido no capitulo 2, vários fatores associados impedem
uma precisa determinação de quantas fêmeas são inseminadas mundialmente, entretanto, alguns
pontos são bem evidentes, Em um primeiro, nos paises ou regiões que exploram suinos de forma
tecnificada e ainda não empregam a IA na quase totalidade de seus rebanhos, o emprego dessa
biotécnica e' crescente. Além de ser crescente ele deverá atingir nos anos subsequentes a quase
totalidade dos rebanhos que exploram a espécie de forma tecniticada, inclusive nas granjas em
nosso meio. Um segundo aspecto a ser apontado é que, o emprego da IA é irreversível. Ou seja,
granjas que migram da monta natural para a IA ou já são projetadas para empregarsomente a IA em
seu rebanho, não irão retornar à cobertura natural. Rarissimas exceções ainda podem ser
encontradas em pequenas propriedades, entretanto, mesmo nessas situações, as vantagens
advindas do uso da IA (capitulos 3 e 4) consolidam definitivamente o emprego dessa biote'cnica.
lndiscutivelmente, a IA na espécie suina tem algumas limitações, A principal delas seria o
curto periodo de armazenamento da dose inseminante. Apesar de existir uma tecnologia de
congelação de sêmen no suino (capitulo I I ). o seu emprego comercial, ao contrário de outras
espécies, ainda não foi viabilizado. Com isso, os programas de IA em suinos são estruturados para
empregar sêmen refrigerado, cujas doses possuem um curto periodo de viabilidade quando
armazenadas. Alem disso, existem algumas limitações associadas a logística na comunicação e
transporte das doses entre as centrais produtoras e as granjas, no caso de centrais abertas. A
estrutura laboratorial minima, bem como as demais instalações necessáriasa um programa de IA são
fundamentais, conforme discutido no capitulo 5.
No ponto de vista técnica. os procedimentos que envolvem a coleta e exame do ejaculado
(capitulos 6 e 7), bem como o processamento das doses para emprego sob forma refrigerada
(capitulo 8), não configuram uma limitação para o emprego da IA. pois são ações simples de serem
realizadas. No entanto, exigem treinamento e acompanhamento periódico da equipe que o
executa. Na sequência, após a produção das doses, a definição do momento da inseminação e a
técnica de IA (capitulos 9 e IO) também são de execução simples. Pode-se dizer que, apesar de
algumas limitações, a simplicidade técnica para implementar a IA bem como suas vantagens,
principalmente associadas aos ganhos genéticos e a redução de custos de cobertura, são os fatores
que levaram a consolidação no emprego comercial dessa biotécnica,
O objetivo desse livro é disponibilizar ao leitor uma serie de informações, advindas de
dados de literatura e da experiência vivenciada pelos autores, que permitam a correta
implementação de um programa de IA na espécie suína.
15
SUINOCULTURA EM A
2.1 introdução
A inseminação artificial (1A). na espécie suína, teve seu inicio na década de trinta no japão e na
Rússia, ocorrendo, a partir de então, uma evolução lenta e gradativa do uso desta biotecnica em
diferentes paises, principalmente na Europa (Wentz & Bortolozzo 1998). Os primeiros relatos sobre
inseminação artificial. na espécie suina, no Brasil, datam do final da década de quarenta (Fazano, 19?8).
embora essas primeiras tentativas estivessem restritas a um plano experimental. Somente na década de
setenta, periodo no quai começaram a ocorrer profundas mudanças estruturais na criação de suinos em
nosso pais, é que foram implantados os primeiros programas comerciais de IA. No ano de l975, esforços
concentrados reunindo o Ministério da Agricultura, Associações Estaduais de Criadores de Suínos,
Associação Brasileira de Criadores de Suínos, Secretarias Estaduais de Agricultura e Prefeituras
Municipais, culminaram com a instalação das duas primeiras centrais brasileiras de M de suinos, uma em
Estrela—RS e a outra em Concórdia—SC. A partir dessas duas centrais, estrategicamente localizadas em
regiões de grande produção de suínos. ocorreu a difusão dessa técnica para Unidades de Produção de
Suínos (UPS) com central própria e para outras centrais criadas em outros estados da Federação
(Bortolozzo & Wentz, 1997).
Weitze (2000) fez um levantamento mundial sobre o emprego da inseminação artificial em
suinos. Baseado nos dados de 29 paises, o autor estima que 24,1 milhões de porcas são inseminadas
anualmente, o que representa 48% do total de matrizes, e uma produção de 152 milhões de doses de
sêmen. Nos próximos anos, o autor prevê uma adição de 10-20% no número de porcas inseminadas. o
que representaria um incremento de 6,6 a 12.7 milhões de porcas a serem inseminadas e uma demanda
anual adicional de 42, 7 a 83 milhões de doses de sêmen.
Na Figura 2.1 são apresentados alguns dados referentes à evolução da M no Brasil. Com a
construção das centrais de lA de Estrela-RS e Concórdia—SC iniciou o emprego dessa biotêcnica.
Entretanto, os dados referentes à primeira década são, numericamente, inexpressivos. Os relatos de
1986 a 1989 são relativos às atividades das centrais de M e às informações fornecidas pelos colegas em
programas internos de lA (Scheid, 1990). Os dados de 1993 e 1996 referem-se, respectivamente, a
informações fornecidas por especialistas na área, reunidos por ocasião do l Curso de Atualização em lã
de Suinos, (Scheid et al., 1993) e por um levantamento, extra-oficial, realizado pelo Setor de Suínos da
UFRGS (Bortolozzo & Wentz, 1997). Apesar da falta de levantamentos estatisticos oficiais que espelham
a realidade, pode—se observar que o emprego da IA em suinos no Brasil tem aumentado,
consideravelmente, ano a ano, acompanhando o incremento do uso dessa biotécnica ocorrido
mundialmente, no mesmo periodo. Esse aumento foi considerável a partir do levantamento realizado
em 1996. e deve—se, principalmente, ao inicio da tipificação das carcaças nos frigoríficos do sul do Brasil,
17
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Estima-se que em 1996 foram realizadas 400.000 primeiras inseminações (Bortolozzo & Wentz. 1997).
Se levarmos em conta um plantel de i, 1-1.2 milhões de matrizes, alojadas em granjas tecnilicadas nesse
periodo. com 2.2-2.3 partos ao ano, aproximadamente, 15% desse rebanho foi submetido à IA. No ano
de 1999, foram realizadas em torno de 950.000 primeiras inseminações. Nesse caso, considerando um
rebanho alojado em granjas tecnificadas da ordem de 1.4-1.5 milhões de matrizes. com a mesma
produtividade estimada anterionnente. 27 a 30% desse rebanho foi submetido à IA (Bortolozzo &
Wentz. 1998). Para o ano 2000. o número de inseminações foi baseado em uma estimativa do número
de embalagens de sêmen comercializadas (garra fas, tubos, flexitubos e blisters) pelas principais
empresas que produzem/comercializam esse material no nosso meio. Esta estimativa de comercialização
foi da ordem de 5 milhões de embalagens. Mantendo a mesma linha de raciocinio, realizando 3
inseminações por estro, e estimando que o plantel de matrizes alojadas em granjas tecnificadas seja
semelhante ao de 1999, estima-se que em 2000 tenham sido realizadas 1,67 milhões de primeiras
inseminações. isso significa que, aproximadamente 50% do plantel. alojado em granjas tecnilicadas. foi
inseminado (Wentz et al., 2000). Cabe salientar que. pela escassez na disponibilidade de levantamentos
estatísticos e pelas oscilações na politica econômica nacional. e' possivel que ocorram algumas variações
nessas expectativas.
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18
SUINOCULTURA EM A
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Figura 2.2: Fluxo de distribuição das doses de sêmen nos diferentes programas de inseminação
artificial [CIA-Central de inseminação Artificial e ('.-Granja).
19
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Mais recentemente. uma variação dos programas fechadosfinternos pode ser observada no
Brasil. Essa variação é caracterizada pela existência de uma central. de propriedade de uma empresa. que
produz e comercializa as doses entre os seus produtores integrados ou associados. Nesses casos, é
comum encontrar no nosso meio centrais com 50 a 300 machos alojados que produzem doses de sêmen
a serem empregadas em granjas localizadas próximas à central. Essas centrais têm condições, pelas
mesmas razões expostas para as centrais de programas abertos, de realizar um rigido controle na
qualidade das doses de sêmen produzidas.
O Brasil é um pais de dimensões continentais e. portanto, os programas de IA vinculados ao
fornecimento das doses inseminantes, por parte de uma centrai. devem ser muito bem pianificados,
levando em conta, principalmente, as dificuldades no transporte e comunicação. Essas premissas
praticamente restringem os programas abertos a regiões onde predominam as pequenas propriedades,
onde há maior concentração de criadores. Com a expansão da suinocultura na região centro-oeste do
Brasil. onde predominam temperaturas elevadas durante todo ano, as condições de armazenamento e
transporte das doses inseminantes são fundamentais para manutenção da qualidade espermática.
Oscilações térmicas. nesse sentido, são extremamente prejudiciais à capacidade fecundante dos
espermatozóides, pois podem acontecer com frequência. dependendo do equipamento utilizado para
armazenamento e dos procedimentos adotados em um eventual transporte das doses. Desta forma. é
possivel produzir uma dose inseminante de boa qualidade, que pode ser mantida por um periodo de 48-
72 horas, mas devido às falhas no transporte e armazenamento, pode haver comprometimento na
viabilidade dessas doses, afetando os dados de fertilidade das fêmeas inseminadas.
20
SUINOCULTURA EM A
BORTDLOZZO, F.P.,WENTZ, Ive. InseminacfioArtificial de Suinosno Brasil. RevistaBrasileira de ReproducfioAnimal. v.21,p. 13-15. 1997.
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CuntS Anais. 2000. p 5-12.
21
SUINOCULTURA EM A
23
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA
uso da lA. há a necessidade de empregar mão-de—obra mais qualificada, com remuneração diferenciada.
Apesar disso, o aumento nos gastos de remuneração da mão-de-obra e compensado pela racionalização
do trabalho a ser desenvolvido com o emprego da inseminação artificial. Na lA, as atividades de rotina
associadas a cobertura são muito mais facilmente conduzidas quando comparadas ã MN. Embora seja
necessário despender um tempo minimo por lA. que compreende o ato de inseminar e o de preparar o
material necessário para esta tarefa (como produzir as doses de sêmen, organizar o laboratório de lA e
esterilizar as pipetas de M, por exemplo), não ha’ a necessidade de conduzir as matrizes para a baia dos
machos nem acompanhar as coberturas. O tempo necessário requerido por matriz coberta ao dia, para
realizar as atividades de rotina associadas à cobertura, é um fator importante capaz de identificar os
limites entre a utilização da MN e a passagem para a lA. Flowers & Alhusen ( 1992) levaram em conta o
tempo gasto para realizara detecção do estro e supervisão da MN e. na lA, foi acrescentado, ao tempo
gasto no diagnóstico do estro, o tempo empregado com a coleta, processamento do ejaculado, lA
propriamente dita e limpeza do material. Segundo os autores, a partir de 4 animais cobertos ao dia, o
tempo gasto com a M é inferiorao necessário com o uso da MN (Tabela 3. 1).
Tabela 3. !: Tempo médio necessário por fêmea (em minutos) para realizar as atividades associadas
a MN e |A, baseado na demanda diária de coberturas.
24
SUINOCULTURA EM A
25
INSEMIHAÇÃO ÁRTIFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
FLOWERS “EL.; ALHLÍSEN, HD. Reproductive performance and estimates of labor requirements associated with combinations of artificial
insemination and natural service. Journal of Animal Science. 70, 615-621. 1992.
RÚTAVA,!. Implantação de Central de Produção dc sémen resfriado em ulna granja dc suíno-s. In: Congressc Brasileiro dc cmduçâoànimal. 2 l
, Belo Horizºnte. 1997.
26
SUINOCULTURA EM A
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27
E lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 4.1: Custos (em R$) associados comparando—se inseminação Artificial (M) e Monta Natural (MN).
28
SUINOCULTURA EM A
Tabela 4.2: Custo (em R$) por fêmea fecundada, de acordo com o tamanho do plantel, utilizando
a comparação entre inseminação artificial (IA) e a monta natural (MN).
sistema de Mach-o -.-Raçaa Equipa Bisnagas- mao
Cobertura '' mento Pipetas elo"-
Diluente Obra
MN“ 6,08 3,34 - - 12,5 0,97 22,89
29
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA
Tabela 4.3: Custos para a implantação de uma Central de Inseminação Artificial básica para suinos
(em R$), de acordo com o tipo de instalações, equipamentos, material de laboratório e machos
utilizados e o número de fêmeas a serem atendidas.
30
SUINOCULTURA EM A
Tabela 4.4: Custos para a implantação de uma Central de Inseminação Artificial de ponta para suínos
(em R$), de acordo com o tipo de instalações, equipamentos, material de laboratório e machos
utilizados e o número de fêmeas a serem atendidas
Em outro trabalho, Weber et al. (2003) compararam o custo de implantação de uma CIA
fechada de acordo com o número de matrizes atendidas. Houve uma redução de até 69,4% do custo de
implantação de uma CIA por matriz & medida que o número de matrizes atendidas passou de 250 para
5000 (Tabela 4.5)
Tabela 4.5: Custo de implantação das ClAs(em R$), em sistema fechado de produção, de acordo com o
número de fêmeas atendidas.
_ —
Custo total das instalações 16. 7 96. 13 18.011.22 24.869,26 38.905,70 65.766,92
Custo total dos reProdutores 12.330.00 16.440,00 32.880,00 57.540,00 143.850,00
Custo total dos equipamentos 7.904,66 7.904,66 9.282,26 13.764,69 16.977,69
'- ' Total arma.-rs 42.355,88 67.031,52 "0.210,39 226.594.,6152._ i
Adaptado de Weber et al. (2003)
Os custos de implantação das 0145 merecem a atenção individual a cada unidade, pois muitas
vezes é possivel adaptar instalações e reduzir custos na aquisição de reprodutores e equipamentos.
31
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
24 -
I CIA Bisica
20 "' I ClAde Ponta
Monta Natural
" uh n]
ent: et al. (.2000)
Figura 4.1: Custo da dose inseminante [em R$) produzida em centrais de inseminação artificial. de
minus. básica e de ponta,.
80 ª
70 —
60 - I maasica
50 _ I ClAde Ponta
40 -
30 -
20 - Monta Natural
10 :
º -
Figura 4.2.- Custo por parte (em RS). com o uso da inseminação artificial em uma central básica ou
de ponta comparado ao uso da manta natural, de acordo com o número de fêmeas e serem atendidas.
32
SUINOCULTURA EM A
33
. lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA
Os custos anuais das ClAs básicas e de ponta são apresentados na Figura 4.3. O custo da mão-
o‘o—obra para as CIAs do pequeno porte aparece como principal componente do custo por femea panda.
0 ligeiro aumento dos custos de mão-de-obra das ClAs, verificado na passagem de 1000 para 15.00
matrizes, deve-se à inclusão de um novo funcionário, justiiicado devido ao aumento da rotina de coleta e
processamento de ejaculados. Nas ClAs maiores, embora o custo da mão-de-obra seja o mais
importante, com a inclusão de novos empregados, a mão—de—obra fica diluída devido ao aumento da
participação do custo dos machos e dos materiais de consumo que passam a ter maior importância. Com
isso, o custo anual por fêmea acaba diminuindo ã medida que aumenta o número de matrizes atendidas
pela CIA.
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É IO 10 g instalação
100 200 300 400 500 1000 1500 1000 1500 2000 3000 5000
Número de Matrizes Wont: et al. (.2000)
Figura 4.3: Custos anuais (em R$) de Centrais de inseminação Artificial básica e de ponta atendendo
a diferentes números de matrizes.
A viabilidade de uma CIA está na dependência do custo dos machos que formarão seu plantel,
como mostra a Figura 4.4. Trabalhando com machos de R$ 500,00 a R$ 1.500,00, torna-se
economicamente viável a implantação de uma CIA a partir de 600 matrizes, sem considerar as vantagens
advindas da melhoria genética como melhor remuneração de carcaças, melhor eãciência alimentar,
maior ganho de peso diário e menor tempo para atingir o peso de abate. Entretanto, com o aumonto do
valor dos machos, uma CIA torna-se viável somente com um número maior de matrizes, pois con forme
demonstrado por Weber et al. (2003), os reprodutores podem representar até 41% do custo total da
dose inseminante.
O retorno do investimento em uma CIA básica para 500 matrizes, incluindo os custos com os
machos, ocorrerá em 35 meses, enquanto que a mesma centralpara 1500 matrizes trará um retorno em
16 meses. Para uma CIA do ponta. adicionando o valor dos machos, o tempo do rotorno é do 22 meses,
para atender 1500 matrizes e 15 moses para 5000 matrizes,
A instalação de uma central de inseminação artificial em uma granja de suínos, da forma como
foi analisada neste estudo, torna-se viável a partir de aproximadamente 600 matrizes. Deve ser
salientado, entretanto, que neste estudo não foram levadas em consideração as vantagens advindas de
34
SUINOCULTURA EM A
utilização de machos geneticamente superiores. Esses reprodutores tem condições de produzir uma
progênie que apresentará uma melhor conversão alimentar, permanecendo na granja por um menor
periodo de tempo e com melhor remuneração de suas carcaças. Alem disso, não foi incluida a
possibilidade de utilização de mão-de-obra existente na granja ou mesmo familiar para o trabalho na
central, bem como nas adaptações simplificadas das instalações pré-existentes, A inclusão desses fatores
na avaliação da relação custo-beneficio com a implementação de um programa de IA, é possivel que haja
uma alteração substancial nos custos apresentados. Para uma avaliação fidedigna é necessário um estudo
individual, de caso a caso. Entretanto, com a inclusão desses novos fatores na análise bioeconômica do
processo, haverá uma redução drástica do número minimo de matrizes a serem inseminadas para
viabilização do processo.
É 100
E 30 - - - - Monta Natural
0 so — Macho: 051500.00
E:. 40
É 20 - - — - Riachos R$500.00
5 _ Madras 053.500,00
100 200 300 400 500 I000 1500 2000 3000 5000
Número de Matrizes Wentz et al. (2000)
Figura 4.4: Viabilidade da implantação de uma Central de Inseminação Artificial de Suínos, com machos
de R$ 500,00: 051.500,00 0 053.500,00. comparando com custos de Monta Natural, atendendo
a diferente número de matrizes.
35
E ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 4. ?: Custo (em RS) em programas abertos de IA, por fêmea parida, levando em conta variações
no tamanho da propriedade e no custo da dose fornecida.
O custo da Dl e composto por uma série de itens, os quais assumem maior ou menor
importância em relação ao tamanho da CIA. Bonnemann ot al. (2003) calcularam os custos de Dis e a
importância dos seus componentes para três diferentes ClAs. Nesse trabalho, foram avaliadas despesas
com materiais de consumo, mão-de-obra, custos fixos (energia elétrica, teiefonia, consumo de água,
manutenção). de aquisição de reprodutores. de instalações, de equipamentos, amortização e capital
investido. Nos indices técnicos foram considerados uma produção de 2. 000 doses de
sêmen/reprodutor/ano e uma taxa de reposição de 50% ao ano (produção estabilizada). Foram
consideradas ClAs com 50. 150 e 500 reprodutores, planejadas de maneira similar, respeitando as
devidas proporções. Para as instalações foi considerado o custo unitário de construção civil (CUB-RS de
junho de 2003), sendo 1,2 CUB o calculado para a área do laboratório e 0,6 CUB para a área do galpão
de reprodutores e barreira sanitária. As ClAs de 150 e 500 reprodutores foram planejadas com galpão
climatizado. A CIA do 50 reprodutores foi planejada para trabalhar de forma não automatizada. As ClAs
de 150 e 500 reprodutores, alem dos equipamentos básicos (microscópio com contraste de fase, banho-
maria, balança, conservador de sêmen, estufa, entre outros). possuiam ainda um tanque para preparo
do diluente e equipamentos semi-automáticos de diluição e envase do sêmen. Os componentes do
material de consumo foram: diluente ETS. bisnagas/garrafas de IA. sacos plásticos para coleta de sêmen,
luvas e demais materiais envolvidos na avaliação e processamento de sêmen. Todo material que entrou
em contato direto com o sêmen era descartavel. Em todas as CIAs foram utilizados reprodutores a um
custo de R$ 4. 110,00, Para a ração foi considerado um consumo de 2,7 kg/reprodutor/dia a um custo de
R$ DAO/kg. O quadro de funcionários foi de 4 para a CIA do 50 reprodutores, 6 para a CIA do 150 e 10
para a CIA do 500. As ClAs de 150 e 500 reprodutores contaram ainda com 1 veterinário. Para a CIA do
50 reprodutores considerou-se o valor de 33% do custo de um veterinário. No item mão-de-obra, foram
considerados encargos de 64% sobre o salário base. O custo financeiro foi calculado sobre 1% do capital
investido. As instalações foram amortizadas em 20 anos. Como custo de manutenção de instalações e
equipamentos foi calculado em 0. 1%,ao mês sobre o valor das instalações e equipamentos.
36
SUINOCULTURA EM A
O custo final da Dl, bem como o valor percentual de cada componente do custo da mesma, de
acordo com a CIA é apresentado na Tabela 4.8. O custo da Dl foi similar nas ClAS de 50 (R$ 3,04) e i50
(R$ 2.99) reprodutores, apresentando uma variação de 1.64% entre elas. Na CIA de 500 reprodutores,
o custo da Di (R$ 2,54) foi 16.44% e 15.05% inferior as CIAs de 50 e 150 reprodutores.
respectivamente. Esta redução se deve, principalmente, a diluição do custo da DI pelo aumento do
número de Dls produzidas. Na CIA de 500 reprodutores, a redução dos custos ocorre, principalmente,
no item mão-de-obra (32. 99% e 68.18% menor que as ClAs de 150 e 50 reprodutores). Nas três
situações simuladas, o material de consumo e a amortização dos raprodutores representaram 64 a 77%
do custo total da Dl. Quando se estratificou o material de consumo, o diluente representou.
aproximadamente, 7 a 8% do custo total da DI. No entanto, quando foi avaliado 0 item material de
consumo. isoladamente (material para o processamento Sêmen), o diluente foi responsável por
aproximadamente 23% do custo desta variável, independentemente do tamanho da CIA. 0 item
embalagem (bisnaga) correspondeu a, aproximadamente, 32% deste custo nas três situações. Desta
forma podemos observar que 55% do custo do material de consumo foi concentrado em apenas dois
componentes. A aquisição de reprodutores foi outro ponto importante na composição do custo da DI.
representando 34 a 41% (Tabela 4.8) do custo final da DI. isso demonstra a importância de um manejo
otimizado, capaz de usufruir ao máximo do potencial reprodutivo dos animais. Nas três simulações, os
demais itens como mão-de-obra (4.34 a 13.64%). custo fixo (2.08 a 3.55%). amortização de
instalações (1. 13 a 2.25%). de equipamentos (0,93 a 1.85%). ração (6.58 a 7.84%) e medicamentos,
vacinas e exames (0.26 a 0.40%) tiveram uma menor infiuãncia no custo da Dl. Desta maneira, quando
se pensa em redução de custo da DI produzida. deve-se agir, principalmente, no item aquisição de
reprodutores e eficiência de produção (doses/reprodutor/ano). Novas tecnologias baseadas na redução
do número de Sptz, bem como do volume da DI tem sido estudadas como uma alternativa de otimizara
produção de Dis. A redução do número de sptz por dose de 3 para 2 bilhões de sptz significa um ganho
de 50% no número de Dis produzidas sem que haja prejuizo a performance reprodutiva.
O custo da DI está fortemente relacionado ao custo dos reprodutores e ã eficiência produtiva
dos mesmos. No entanto, o ganho genético assume importância fundamental no melhoramento de
indices técnicos e de carcaça. Assim. para que esse custo não inviabiliza a implantação da CIA. devem ser
adotadas medidas que otimizem a eficiência produtiva dos reprodutores, como aumento na produção
anual de doses inseminantes.
37
E lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTUM TECNIFICHDA
38
SUINOCULTURA EM A
machos para lAU e apresentado na Tabela 4.9. Adicionalmente foram simulados dois cenários
complementares na ClA com 20 machos para mu: em um cenário foram empregados machos de maior
valor genético a um custo de R$8.000,00 e no outro cenário, além de manter machos de maior valor
genético, empregou-se um diluente de sêmen de longa duração a um "custo cinco vezes superior ao
empregado na lAT. Nos dois primeiros cenarios, o custo da dose na lATe na lAU ficaram em R$4,24 e
R$2.85, respectivamente. Entretanto, nos dois cenários complementares da lAU o custo da dose variou
de R$44,46 a R$5.00 (Tabela 4.9).
Partindo do custo das doses MT e lAU, foi simulado o custo estimado por fêmea coberta
(Tabela 4. 9). Foi observado que, ao utilizar-se uma Dl similar, sem agregação de valor, na lAT (custo Di
R$4,24) e na lAU (custo Dl R$2,85), o custo final por fêmea coberta Ficou muito próximo, R$10,55 e
R$ l0,45, respectivamente. No entanto, quando a Dl utilizada tem agregada em seu valor o custo de
machos geneticamente superiores (custo Dl R$ 4,46) e o uso de diluentes de melhor qualidade (custo Di
R$5,00), 0 custo da fêmea coberta passa para R$ 13. 99 e R$ 15. 18, respectivamente.
Baseado nessas simulações é possivel concluir que, o emprego da M U. quando comparado a
lAT. não proporciona uma redução direta expressiva no custo de cobertura das matrizes. Ou seja, aquela
redução nos custos de cobertura obtidos quando se passou da monta natural para a Mi“, tenderá a não
ocorrer se, por ventura, a lAT for substituida pela lAU. Dentro das disponibilidades do momento, no
máximo, o custo da fêmea coberta na lAU ficará próximo a Mi", mas não expressivamente inferior. Com
isso, a grande expectativa com o emprego da lAU ficará relacionada aos ganhos genéticos oriundos de
machos geneticamente superiores, conforme pode ser observado na simulação onde machos de maior
valor genétlco associado a diluente de melhor qualidade foram empregados. Por exemplo, se ao
empregara lAU com um custo de cobertura da ordem de R$ 15. 18 (utilizando a Dl com custo superior) e
produzindo 10 terminados/fêmea/coberta, o custo da cobertura por terminado será R$ 1,52. Na lATo
custo da cobertura por terminado sera R$ i,06, ou seja há uma diferença de R$a-ªlô por terminado
oriunda do custo de cobertura, que deve ser amortizada no ganho genético diferenciado desses animais.
Entretanto ao empregar a lAU. deve-se estar atento às mudanças implicitas no emprego da
tecnologia, pois, a partir de um ejaculado, produz-se 70-90 doses. Possiveis falhas na produção das
doses terão uma resposta proporcionalmente maior quando comparadas a lAT. Além disso, uma atenção
cada vez maior deverá ser dada ao treinamento e qualificação do ser humano empregado no processo,
seja na ClA no processamento dos diferentes ejaculados, seja na granja procedendo as inseminações,
39
E lNSEMlHAÇÃO ARHFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 4.9: Custo estimado por fêmea coberta (R$) através da inseminação artificial tradicional (IA'U
e intra-uterina (MU) com diferentes pipetas/cateteres, levando em consideração que foram
realizadas 2,2 inseminações por estro.
i . _ [AU com Cateter descartáºve
Dl Básico Dl Médio Dl M$"
Custo Dose lnseminante (Dl) (R$) 4,24 4,24 2,85 4,46 5,00
Custo Cateter (R$) 0,15 0,60 1,50 1,50 1,50
Custo mão—de—obra (MO) por IA (RS) 0,40 0.35 0.40 0,40 0,40
Custo por [A (RS) (Dl+cateter+MD) 4,79 5,19 4,75 6,36 6,90
Custo totalifêmea (R$) (2,2 IA/Estro) 10,55 11,42 10,45 13,99 15,18
MR: Pipeta Melrose reutilizável; DS = Pipeta 'li'adicional Descartável. Weber ªt ai. (2005)
Dl básico: Dose de [All com macho R$3.000,00
Dl médio: Dose de MU com macho R$ 0.000,00
Dl superior: Dose de MU com macho R$ 8.000,00 e diluente com custo 5 vezes superior
40
SUINOCULTURA EM A
Tabela 4.10: Avaliação do ganho em R$fano e a bonificação (em R$) a cada ponto percentual
( l, 2. 3 e 4%) de carne magra agregado a carcaça de 70kg (peso vivo 100kg) utilizando o indice
estimado de valorização sugerida por Fávero et al. ( 1997). a partir de carcaças com percentual médio
de 50, 52 e 54%.
Ganho % Carne na carcaça Banificagéa Ganho RS/ano
%“ partindo de ' -. Granja com
“50% 52% 54% 500 matrizes
Com a mudança da MN para a (A, deve ser levado em conta, também, o espaço gerado nas
instalações que eram anteriormente ocupados pelos reprodutores. Se, na granja exemplificada na Tabela
4. I. ocorrer uma redução de 60 para 10 machos no plantel, quando ocorreu a mudança de MN para IA,
estarão sendo geradas 50 baias. com um espaço de ó-Bmº cada. Em cada bala e possivel alojar 2 a 3
fêmeas por macho descartado. o que representaria uma possibilidade real de aumentar o número de
matrizes do rebanho em it)-15%. Este aumento, no entanto. deverá estar associado a um investimento
paralelo, aumentando a capacidade de alojamento dos setores de maternidade. creche e terminação.
4.5 Conclusão
41
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TECNIFICADA
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42
SUINOCULTURA EM A
ivo Wentz, Paulo Eduardo Bennemann, Eduardo Wollmann e Fernando Pandolfo Bortolozzo
5.1 introdução
O sucesso de um programa de lA em suinocultura está relacionado a algumas variáveis
importantes a serem definidas durante a fase de implantação. Este exito pode ser avaliado pela
manutenção ou melhoria da produtividade do plantel atendido, segurança na movimentação de
material bioiógico entre plantéis, logistica eficiente de distribuição e baixo custo de produção das doses
inseminantes,
A M na espécie suina apresenta algumas vantagens em relação ã monta naturai que devem ser
presenradas e priorizadas durante o projeto e a implantação do programa, A biosseguridao'e do plantel
atendido está diretamente reiacionada aos cuidados a serem tomados quanto a localização e quanto ao
manejo a ser adotado na central de inseminação artificial, enquanto que a manutenção da produtividade
destes plante'is está diretamente ligada à qualidade das doses inseminantes produzidas, a partir dos
machos alojados na ClA,
A construção da CIA engloba além do dimensionamento e do desenho do pavilhão dos machos
e laboratório, também normas de biossegun'dade, preocupação com a funcionalidade e segurança dos
trabalhadores envolvidos no processo e eficiência produtiva do plantel de machos. Uma ClA bem
projetada deve apresentar eficiência na operacionalidade de seus processos, enquanto que um projeto
mai desenhado, pode dificultar todo o processo de produção, aumentando, consequentemente, os
custos de produção. Outro aspecto importante a ser considerado para as ClAs, está relacionado a
biosseguridade e a decisão de solucionar problemas, principalmente no fornecimento/atendimento ao
produtor das Dis em caso de aparecimento súbito de problemas sanitários que impeçam a centrai de
comercializar sêmen, Como o fornecimento de Dis não pode sofrer interrupção, deve ser previsto o
atendimento ao produtora partir de uma outra CIA em caso emergencial,
43
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
A distribuição das Dis aos clientes da CIA pode ser considerada um ponto critico em programas
abertos e. portanto, deve ser anaiisado durante a fase de planejamento do projeto. A distribuição
envolve aspectos técnicos do acondicionamento das doses inseminantes (temperatura. incidência de luz
UV, tempo de transporte, etc), logistica de distribuição (regiões e responsáveis). biosseguridade (manejo
das caixas acondicionadoras e trânsito de veiculos) e custos. bem como comunicação.
A necessidade de comunicação e' imprescindível para o funcionamento de uma CIA. seja para
o recebimento de encomendas de Dis ou para remessa das mesmas aos clientes. Um sistema de telefonia
desenvolvido e estradas em bom estado, seriam as premissas básicas para uma boa comunicação entre os
produtores e a central, permitindo que o sêmen seja recebido com facilidade e pontuaiidade pelos
produtores. A possibilidade de recebimento de encomendas e envio de sêmen através de um sistema de
transporte municipal ou inter-municipal regular (ex: ônibus), é uma possibilidade potencial, desde que
todas as pessoas envolvidas no processo, sejam devidamente esclarecidas e que tenham
responsabilidade sobre a importancia do procedimento. Também a utilização de outros transportadores
regionais (ração e ieite), seriam possibiiidades que poderiam ser acionadas na distribuição de sêmen para
as propriedades. Mais recentemente, a utilização de transporte especifico (motos ou carros) está sendo
utilizado com maiorsegurança e eficiência na maior parte dos programas de IA.
A biossegunidade deve ser priorizada no momento da definição da localidade atendendo às
exigências legais. As instalações devem ser construidas com uma distância minima de 3 a 5 km de outras
instalações de suinos, matadouros, estradas principais e estradas com grande fluxo de animais e centros
urbanos. Embora dificilmente possa ser comprovado a possibilidade de contaminação de criatórios de
suinos por agentes ou microbiota especifica, quando as distâncias forem menores, deve-se sempre
pianejar a construção o mais distante possivel de outras criações e estradas, otimizando a logistica de
transporte (recebimento de ração e insumos, e, envio de doses inseminantes) o máximo possivel. Na CIA
o planejamento de barreiras sanitárias para o fluxo de pessoal e de materiais bem como a construção de
cercas de isolamento na periferia das instalações para dificultar a entrada de animais silvestres e com
placas de advertência sobre a proibição de entrada de pessoas estranhas ao serviço devem fazer parte do
projeto. Deve ser considerada a previsão de futuras instalações para suinos nas propriedades vizinhas.
evitado o descumprimento da distância minima recomendada.
Dentre as medidas de biosseguridade adotadas , a quarentena talvez seja a mais importante e
decisiva, pois muitas enfermidades são transmitidas através do ingresso de animais doentes ou
portadores de agentes infecciosos no plantel. Para tanto devem ser construidas instalações específicas
para este fim, sendo isoladas da instaiação principal e de outras criações animais. utilizando barreiras
naturais entre ambas. O tamanho da quarentena dependerá da taxa de reposição planejada para o
plantei. da disponibilidade da entrega de machos peios fornecedores e das doenças a serem
monitoradas. Nesta instalação poderá ser prevista a construção de uma baia de treinamento com
manequim para que sejam treinados os machos de reposição para realizar os primeiros saitos.
A CIA aberta e uma alternativa para pequenos produtores que desejam utilizara inseminação
artificial. para os quais o investimento em uma CIA própria seria inviável ou para produtores grandes que
não desejem investir neste tipo de produção. Permite também, o acesso ao sêmen de machos de alta
qualidade genética que seriam dificeis de serem adquiridos pelos produtores, devido a preços muito
elevados praticados pelos programas de melhoramento genético.
SUINOCULTURA EM A
Além dos cuidados em termos de localização, cercas de isolamento e barreiras verdes que
procuram isolar a central de outras propriedades, a ClA deverá ter uma área construida anexa a central
ou separada, na qual estará localizado o escritório, almoxarifado, refeitório e banheiros, denominado de
barreira sanitária, Esse deve ser o único local de entrada para a central, não havendo outras portas ou
portões para a passagem de pessoas ao longo da cerca. Nesta instalação a única maneira das pessoas
entrarem deve ser através de vestiários, que comunicam a área externa e interna da CM, 0
dimensionamento dos vestiários deve ser adequado ao número de funcionários devendo ser previsto
banheiro masculino e feminino, O fluxo dos vestiários deve permitir a retirada completa das roupas e
pertences particulares na entrada (considerada área suja), o banho na parte intermediária e colocação de
uniforme da central na parte final do vestiário (considerada área limpa). Este procedimento evita a
entrada de pessoas com a roupa, eventualmente, contaminada. O vestiário deve contemplar, também na
área limpa, um banheiro para os funcionários. É importante que o vestiário possua um fluxo único de
entrada ou saida.
Neste prédio podem ser previstos espaços destinados ao escritório/expedição, refeitório e
furnigador para desinfecção do material que irá entrar na CIA, A venda de Di exige a emissão de notas
fiscais (NF) para transporte, sendo necessário uma estrutura para este firn, O escritório deve contar com
equipamentos informatizados para a emissão de NF e administração geral da CIA, A expedição das Dl
pode ser feita a partir do escritório e por esta razão a barreira sanitária deve estar situada distante do
pavilhão dos machos e do laboratório. A construção de um refeitório em uma central que trabalhe em
horário integral é essencial em vista do isolamento de outras instalações e da necessidade de promovera
minima movimentação possivel do pessoal.
45
lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
_ - Tipos de alojamento
Os machos podem ser alojados em baias individuais ou gaiolas. Existem poucas evidências
sobre qual o melhor sistema de alojamento. Ha' um consenso que machos alojados em baias individuais
apresentam vida reprodutiva mais longa, menores indices de problemas no aparelho locomotor e maior
produção de celulas esperrnãticas que machos alojados em gaiolas (Glossop, 1996; Gail. 2000). Em
centrais com alojamento em gaiolas com pisos de boa qualidade, manejo preventivo para problemas
locomotores e alta taxa de reposição (acima de 50%). a ocorrência de problemas locomotores é
semelhante ao de centrais com machos alojados em baias, O sistema misto de baias e gaiolas pode ser
utilizado visando diminuição do tamanho da instalação. reduzindo o investimento inicial em até 30%.
Existe, ainda, a possibilidade de alojar uma parte dos machos. que não se adaptam ã gaiola, nas baias,
bem como aliara mesma ao bem estar animal. Para OAS com sistema misto recomenda-se proporções
de 70% gaiolas e 30% baias, podendo chegar ao máximo de 80% de gaiolas e 20% de baias. Pode-se
optar por um sistema misto de 50% gaiolas e 50% baias buscando mais opções de manejo para animais
em crescimento e redução de problemas locomotores,
Para a definição do tamanho das baias e gaiolas é necessária a definição da idade de ingresso e
descarte dos machos e do material genético a ser utilizado. pois há variações fenotípicas entre as
linhagens. As dimensões recomendadas para gaiolas variam de 0,65 m x 2.20 m a 0.70 m x 2.40 m,
enquanto para as baias é recomendado entre 6 a 8 mª de área, A altura das gaiolas não deve ser in feriora
i, 17 m para prevenir escoriações lombares nos animais (Gail, 2000). A visualização dos animais entre si
estimula a libido, torna-os mais calmos e fáceis de manejar. Por esta razão recomenda-se o uso de barras
metálicas de 1/: polegada para a construção de baias e gaiolas. As grades devem possuir barras dispostas
no sentido vertical impossibilitando o apoio dos animais nas grades, evitando lesões e brigas.
— l Pisos
A escolha do tipo de piso a ser utilizado em baias e gaiolas reflete no investimento inicial e,
principalmente, na incidência de problemas locomotores e no estado de higiene da instalação e dos
animais. Pisos compactos apresentam menor custo e propiciam maior aderência e bem estar aos machos
do que os pisos ripados. Por outro lado os pisos ripados são mais fáceis de serem mantidos limpos e
diminuem a umidade do local onde está o macho, melhorando a higiene geral da instalação e dos
animals.
46
SUINOCULTURA EM A
As baias podem ser construídas com piso totalmente compacto ou, caso, haja um sistema de
recolhimento de dejetos sob as baias, com 30% a 40% de sua área com piso ripado. Em ambos os casos
deve haver uma inclinação para canaleta externa (piso 100% compacto) ou para a area ripada.
facilitando a limpeza e diminuindo a umidade das baias e do ambiente,
O alojamento de machos em gaiolas com piso compacto toma o ambiente e os animais
extremamente contaminados, podendo comprometera higiene da coleta e a qualidade final das doses
inseminantes, As gaiolas destinadas ao alojamento de machos devem apresentar maior área de piso
ripado, principalmente em sua área central (no minimo 80% de sua área), e o piso compacto deve ter
uma leve inclinação para o ripado, devido ao direcionamento da urina para frente, Para estas instalações
existem, a disposição no mercado, pisos de concreto, metal e derivados do plástico, Derivados de
plástico e pisos de metal geralmente apresentam menor atrito, e, conseqiientemente, não promovem
um desgaste adequado nos cascos dos animais. No entanto, este problema e' minimizado em ClAs com
alta taxa de reposição e com cuidados especiais direcionados ao aparelho locomotor. Nestes pisos pode
ser observado maior higiene e menor umidade comparados aos pisos de concreto. Caso haja a opção por
uso de pisos de concreto, a qualidade do piso é fundamental para a saúde do aparelho locomotor dos
doadores. A ahrasividade excessiva e a presença de arestas, associado ao desgaste prematuro da
superficie do concreto, pode comprometer o planejamento inicial de reposições, forçando descartes
precoces devido a lesões que aparecem no aparelho locomotor.
As baias de coleta, higienização e corredores de manejo devem ter piso compacto de concreto
sem abrasividade excessiva, principalmente em ClAs grandes nas quais os machos se deslocam da baia
ou gaiola até a baia de coleta, por distâncias maiores. Da mesma forma, deve ser evitado pisos muito
lisos, os quais dificultam o deslocamento dos animais quando houver umidade e até mesmo ocasionar
lesões devido a quedas e torções.
_ - Movimentação dos machos
O fluxo de movimentação dos machos durante as coletas é decisivo para a redução do tempo
entre coletas e agilidade do processo, Os portões das gaiolas, baias de alojamento e baias de coleta
devem ter abertura para os dois lados, favorecendo o fluxo nos dois sentidos. As gaiolas devem
possibilitara retirada dos machos por um portão dianteiro e entrada por um portão traseiro. Este sistema
exige um corredor na frente e outro na parte de trás da fileira de gaiolas, permitindo um fluxo continuo
na instalação. Em ClAs com varios coletadores e grande número de coletas, isso possibilita a
movimentação de dois animais ao mesmo tempo (Figura 5, 1),
Os corredores de manejo devem ter ate' 0,80 m de largura, evitando que os animais possam se
virar durante o deslocamento para a coleta. Esta medida contribui com a segurança dos funcionários do
setor prevenindo acidentes, Em ClAs com várias linhas de baias e gaiolas devem ser colocados portões de
manejo em pontos estratégicos, com o objetivo de bloquear os demais corredores, permitindo e
facilitando o deslocamento dos animais direto para a baia de coleta ou o retorno a gaiola.
Para a entrada de machos de reposição e saida dos machos descartados é necessário um
corredor externo até o embarcadouro o qual deve ser construido junto a cerca de isolamento. Por
questões de biosseguridade não deve haver entrada de veículos no perimetro da central ou da área
cercada e, no caso de entrada ou saida de machos, estes são conduzidos pelos funcionários até o
embarcadouro. Animais mortos ou impossibilitados de andar podem ser transportados em um
"carrinho " especialmente construido para esta finalidade, facilitando a remoção.
47
E iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
|
[Salas de Coleta]
— I Sistema de alimentação
48
SUINOCULTURA EM A
_ - Controle de ambiente
Uma das condições essenciais para a produção de ejaculados férteis, com grande quantidade
de espermatozóides e com percentual aceitável de células anormais, e o controle da temperatura no local
de alojamento dos animais. Machos submetidos a 30°C (Stone, 1982) por três dias (Mcnitt & First,
i970) apresentaram aumento no percentual de alterações na morfologia espermática. Machos
mantidos em temperaturas entre 26°C a 29°C por cinco a seis semanas apresentaram aumento no
número de ejaculados rejeitados por baixa qualidade, resultando em uma diminuição do número de
doses produzidas por macho alojado em algumas CIA:nos EUA (Flowers. 1997).
Devido a este efeito, é importante o planejamento das instalações buscando o melhor conforto
térmico aos animais. Pontos como posicionamento e largura da instalação (direção dos ventos, entrada
de sol). altura do pri-direito e material utilizado na cobertura, influenciam diretamente no conforto
térmico dos animais. Em ClAs de pequeno porte esses pontos são fundamentais, visto que pequenas
instalações não comportam a utilização de sistemas de resfriamento. Além da observação desses pontos.
o plantio de árvores sazonais ( falhadas no verão e desfolhadas no inverno) na periferia das instalações e
uma forma importante a ser utilizada para melhorar o controle da temperatura. As árvores escolhidas
para o plantio devem ter copa alta com o objetivo de diminuira incidência de sol no telhado e apresentar
poucos galhos baixos, permitindo a ventilação adequada na instalação. A pintura externa das telhas com
tinta branca, também é uma prática barata que pode ser utilizada em pequenas centrais.
Em centrais de médio e grande porte que atendem um grande número de fêmeas podem ser
usados, além dos recursos descritos anteriormente, sistemas internos de resfriamento. A escolha do
sistema ideal dEpende do tipo de instalação e das temperaturas alcançadas na região em que a CIA está
localizada. Em ClAs com 100% dos machos alojados em baias pode ser utilizado um sistema de
ventiladores e nebulizadores acionados nos periodos mais quentes do dia. Centrais grandes com machos
alojados no sistema misto (baias e gaiolas) podem optar por sistemas de climatização automatizados que
associam exaustores e resfriadores (coolers) evaporativos. Estes sistemas são capazes de diminuir em até
1'0 ° C a temperatura interna em relação á externa. É recomendado esse tipo de sistema, principalmente,
para instalações mistas, por serem instalações relativamente menores comparadas aquelas que tem
somente baias e por apresentarem uma densidade animal elevada, o que gera muito calor dentro da
instalação. É impor-tante salientar que, tanto os sitemas de nebulizadores quando de resfriadores
evaporativos são mais eficientes em regiões que apresentam uma baixa umidade relativa do ar. Apesar
de todos esses cuidados que podem ser tomados com relação ao conforto térmico ambiental, existe uma
variação sazonal na produção espermática. Mesmo em uma CIA climatizada onde a temperatura
máxima interna não superou os 26 ° C ao longo do ano, Wollmann et al. (2002) observaram uma
variação de 25,3% na produção espermática (Figura 5.2). Ou seja, um programa de IA com demanda
estabilizada no número de doses a serem produzidas deve levar em conta variações sazonais na
produção espermática dos doadorespara atendersuas metas de produção.
49
lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
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_! Sistema de limpeza
A qualidade microbiológica das Dis produzidas na CIA está diretamente relacionada ao grau de
higiene das instalações e dos machos. Por essa razão a central deve ter um sistema prático & ser usado
para a limpeza a seco e para lavação. bem como para a desinfecção das instalações e machos. Este
manejo para ser eficiente, deverá ser realizado peios funcionários na freqiiãncia determinada pela
assistência técnica.
Pontos de água e energia devem ser previstos em toda a instalação de acordo com as
especificações de vazão e voltagem exigidas pelos equipamentos adotados. O uso de bombas de alta
pressão e baixa vazão favorece a retirada de matéria orgânica das instalações com baixo consumo de
água. A associação deste manejo com desinfecção periódica reduz consideravelmente a microbiota na
instalação.
-——l Gaiola de higienização dos machos
Uma das principais fontes de contaminação do sêmen suíno é proveniente dos liquidos
contidos nos diverticulos prepuciais. A disposição e formação anatômica dessas estruturas favorece o
acúmulo de urina. céluias de descamação e uma grande microbiota. A limpeza dos diverticulos por
compressão antes de cada coleta, deve ser feita com o objetivo de reduzir os riscos de contaminação do
ejaculado durante a coleta. Esta limpeza deverá ser feita em um local apropriado, que é a gaiola de
higienização, evitando desta forma a deposição do material do prepúcio na área de coleta e reduzindo a
contaminação do local.
A gaiola de higienização também possibilita uma limpeza mais eficiente devido a melhor
contenção do macho e maior segurança para os coletadores para a realização. desta atividade. A gaiola
deve estar posicionada imediatamente antes das baias de coleta com passagem obrigatória dos machos
antes da coleta e deve medir O, 70 rn X 2,20 m apresentando portão traseiro e dianteiro. Próximo a “esta
50
SUINOCULTURA EM A
gaiola deve haver um suporte para papel toalha. descartável para realização da limpeza. Esta gaiola
também poderá s'er utilizada para outras atividades como tratamentos e cuidados especiais que exijam
melhor contenção.
— l Baias de coleta
As baias de coleta devem propiciar um salto rápido e seguro para os machos, ambiente seco e
com a menor contaminação possivel. visando a qualidade das Dis produzidas e segurança para os
coletadores.
As baias de coleta devem estar localizadas entre o laboratório de processamento do sêmen e as
baias de alojamento, O número de baias depende do tamanho da CIA e do nitmo de coletas planejado.
Estima-se que um coletador possa realizar 4 a 5 coletas por hora, incluindo o tempo de deslocamento do
macho até a sala de coleta, limpeza. salto, coleta e retorno do macho até o alojamento. A necessidade
futura do aumento do ritmo de coletas deve ser previsto considerando a construção de baias excedentes
às necessidades momentaneas.
Para que os machos saltem rapidamente no manequim. a baia não deve ser grande e não deve
conter objetos que distraiam os animais antes da coleta. O tamanho ideal para baias de coleta e de 7 a. 9
mº. Os itens para compor uma baia de coleta ideal são um manequim com altura regulável. um tapete de
borracha que permita firmeza do macho nos membros posteriores durante a coleta, piso de concreto
com declive e drenagem para limpeza, fonte de água para limpeza pós-coleta. pia para higiene dos
coletadores e áreas de escape para os coletadores. Caso o piso da baia de coleta, na região posterior ao
manequim, possua uma boa aderência e não seja muito abrasivo. o uso do tapete pode ser
desconsiderado.
O manequim utilizado deve ter altura regulável e ser de facil higienização, não necessitando
cobertura de couro. A recomendação do posicionamento do manequim na baia e bastante variada.
Manequins colocados no meio da baia permitem maior movimentação e podem contribuir para
distração dos machos. O uso dos manequins colocados em ângulo de 45 º no canto da baia permite que o
coletador direcione melhor o macho para o mesmo. É recomendável que o manequim seja colocado de
tal forma que o macho fique de costas para o fluxo de outros machos que estão sendo direcionados para
a área de coleta, evitando distração e retardo nas coletas.
A área de escape é importante para a segurança dos coletadores. O sistema recomendado é a
fixação de postes nas laterais das baias de coleta de maneira que os coletadores possam sair rapidamente
em caso de agressão dos machos. Os postes podem ser de ferro galvanizado ou cano de PVC com
concreto armado. Devem ter 10 cm de diametro. 75 a i 10 cm de altura e espaçados entre si de 22 a 30
cm, dependendo da idade e tamanho dos machos coletados. Nos casos em que duas ou mais baias de
coletas são contíguas. a divisão entre as mesmas deve ser de parede sólida. evitando contato visual entre
os machos coletados simultaneamente. Nesses casos as áreas de fuga com os postes, podem ser as
laterais das baias de coleta em contato com os corredores. No caso da área de escape ficar na própria baia
de coleta. ela não deverá ser contada no dimensionamento da baia. Na baia de coleta deve haversuporte
para copos de coleta e papel descartável a uma altura em que o macho não tenha acesso. A comunicação
da área de coleta com o laboratório, deve ser feita através de uma janela dupla para passagem dos
ejaculados. O uso de janelas grandes de vidro lixo permite a visualização entre as equipes da área externa
51
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
— I Laboratório
As principais atividades realizadas no laboratório são a análise e diluição dos ejaculados e 'o
envase e resfriamento das Dis. Os métodos para reaiizar este processo e os equipamentos necessários
devem ser considerados para se obter um laboratório eficiente. Laboratorios pequenos demais tornam o
trabalho desconfortável e ineficiente pela falta de espaço. enquanto que laboratorios muito grandes,.
trazem transtornos ao fluxograma dos ejaculados no processamento, alem de aumentar o investimento
desnecessariamente. Durante o planejamento do laboratório é muito importante a projeção das
bancadas com a disposição dos equipamentos de acordo com o fluxo de produção desejado, auxiliando
na definição do tamanho ideal do mesmo. A previsão das bancadas ajuda a dimensionara necessidade e
localização de tomadas em número e voltagem adequados às necessidades,
O laboratório deve oferecer as condições ideais de higiene e temperatura necessárias ao
processamento e, para tanto, deve ser uma área isolada e restrita. A entrada neste setor deve ser
independente da entrada para o pavilhão dos machos. As pessoas que trabalham no laboratório devem
sempre usarindumentãria adequada e especial. A entrada de pessoas no interior do laboratório deve ser
permitida somente com o uso de vestimenta exclusiva do setor. Em GAS para programas fechados, em
que o funcionário responsável pela coleta e, muitas vezes, o mesmo que processa o ejaculado, a
passagem para o laboratório deve ser feita somente após a colocação de avental, troca dos calçados e
higienização das mãos. O treinamento dos funcionários para a manutenção da higiene no laboratório é
fundamental para a qualidade das Dis.
A escolha dos materiais a serem utilizados no revestimento de pisos, paredes e bancadas
favorecem ou dificultam a higienização. O piso deve ser revestido de material não poroso, de fácil
limpeza e que permita a utilização de desinfetantes quimicos. As bancadas devem ser preferencialmente
de alvenaria revestidas com tinta lavável. Bancadas de madeira favorecem o desenvolvimento de fungos,
principalmente em ambientes úmidos, As paredes e teto devem ser revestidas com tinta clara e lavável.
As janelas existentes no laboratório devem ser fixas, não permitindo a abertura. A única abertura
disponivel nas janelas deve ser a destinada a passagem do sêmen, Esta janela deve ser dupla e pequena
para evitar o fluxo de ar do galpão dos machos para o interior do iaboratorio, possibilitando a passagem
somente do copo de coleta, É recomendável a utilização de uma porta de vai e vem entre o laboratório e
52
SUINOCULTURA EM A
53
lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TECNIFICADA
Microscópio de campo claro com oculares Avaliação da motilidade espennãtica P-M laboratório
de rox e objetivas de 20 e «rox Contagem em câmara hemocitométrica
Microscópio de campo claro com oculares Avaliação da motilidade spennãtica Ail-G laboratório
de rox e objetivas de 20. 40 e max com Contagem em câmara hemodtométdca
, contraste de fase Avaliação de morfologia espennãtica
Placadeaquecimentocomtemperanrra Aqrredmentodelãminaseiammldasm MI: W
_regirlável em 25 a «seªt avaliação de motilidade
Platina de aquecimento para microscópio Manutenção do aquecimento de lâminas e P-M-G laboratório
com temperatura regulável em 25 a eoºc Iammuias durante avaliação de motilidade
Banho-nuno pequeno com temperaolm Mação do ejaculado aquecido após Hill-G laboratório
regulávelentreBU'Cewºc coletaeavaliaçãodalsmantidasemestoque
Banho-mada médio com temperatura Aquecimento de diluentes F-M Laboratorio
regulável entre BTC e «mªr:
Balança digital com capacidade Pesagem ejaculaw P Laboratório
para 5 kg e divisões em lg Diluição
Balança digital com capacidade Pesagem ejaculado F-M Laboratório
para 2 kg e divisãesem 0.19
Balm digital com capacidade Diluição M—G Laboratório
para m kg e divisães em tg
Câmaras hemotitométricas Avaliação da concentração espemlãtica M-G laboratório
Espumodemfmetro Avaliação da concentração espermática m.;; laboratório
' Espectrofotõmetro proprio para Avaliação da concentração espermática P Laboratório
sêmen suíno
Tanque com regulagem de tama-atura Mamrtenção do diluente na tomaram lit-G laboratório
parapreParaçãodediluentes desejadaduranteopromamento
Envasadora manual de sêmen Envase das Dl (: Laboratorio
Seladora a quente de br'magas Lacre das Dl M—G Laboratorio
Condicionadores de ar Manter temperatura ambiente entre 22 e 24 ªC M-G Laboratório
Refrigerador doméstlooasºc Armazenagem dedtluenteevaclnas P-M-G Salade lavagem
Conservador de sêmen a 17°C Armazenagem de Di P-M-G Sala de lavagem
Destr'ladoredeionizadordeágua Purificaçãodaãguautilizadanoprocecsamento M—G Saladelavagem
Forno de Pasteur Secagem e esterilização de materiais P-M-G Sala de lavagem
Bontbaperistáutica Retiradadodiluentedotanquedediiuiçãopara P-M-G Laboratorio
as jarras da fracionadora (mucha)
Computador com software especitico Controle e administração da produção e M-G Editoria
custos da CIA
Geradordeenergiaelêtrica Motasãodapªoduçãomsofaiteenergia (: Baneirasanitãria
Danilo-te com cap. de 50 ! Annatenarnento de água desolada M-G Sala de lavagem
54
SUINOCULTURA EM A
55
INSEMIHAÇÃO ÁRTIFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICADA
GLOSSÚP, CE. Boar stud and laboratoryr design. In: AMERICAN ASSOCIATION OF SWWE PRACTITIONERS 27TH ANNUAL
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56
SUINOCULTURA EM A
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Fernando Pandolfo Bortolozzo, Paulo Eduardo Bennernann, Mari Lourdes Bemardi e lvo Wentz
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Barras de Mangueira
Segurança
(duas podem ser móveis para proporcionar a entrada da sala)
Figura 6.I: Disposição da sala de coleta do ejaculado.
A sala de coleta propriamente dita deve ter uma área total de 7-9 rnª, delimitada por barras
verticais de proteção que podem ser de ferro ou PVC (com enchimento de concreto). O piso não deve ser
escorregadio e nem muito abrasivo. O emprego de areia ou maravalha não é recomendado, pois a sala
de coleta deve ser livre de objetos que possam distrair a atenção do macho durante o manejo (tomadas
de energia, torneiras, mangueiras, armários, entre outros). O único objeto instalado na sala de coleta
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iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
deve ser o manequim. Este deve ser fixado ao solo. com altura regulável. confeccionado com material
que permita a sua fácil higienização (aço inox, metal galvanizado) tomando o cuidado para não possuir
bordos cortantes. O manequim pode ser colocado na parte central da sala ou em um dos cantos,
localizado de forma obliqua, ou mesmo contra uma das paredes. Na figura 6.2 é apresentado um
manequim que atende os detalhes descritos anteriormente. Entretanto, nas diferentes centrais de IA.
podom ser observados diferentes modelos de manequins.
O material a ser empregado na coleta (luvas. papei toalha. copo coietor) deve ter um lugar
próprio de armazenamento e de fácil acesso por parte do coletador. junto à sala de coleta e importante
que sejam previstas áreas laterais de proteção. que podem ser delimitadas por barras verticais de ferro ou
PVC. fixadas ao piso, conforme descrição anterior. Duas podem ser móveis, de encaixe no piso, gerando
local de entrada do macho & sala de coleta. O coletador deve ter acesso a estes locais de fuga peio menos
em duas das extremidades da sala de coleta. Recomenda—se, também. a instalação de uma pia para
limpeza e higienização de materiais a serem usados na coleta, em localanexo à sala de coleta.
Próximo ao local de coleta, e importante que seja reservada uma área para a instalação de uma
gaiola de higienização dos machos. Esta gaiola deve ter acesso por todos os lados, e deverá ser
empregada na higienização pré-coleta e no banho periódico dos machos. com possivel instalação de um
pedilúvio.
A 15.
J 'I 10 t 60
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Vista Lateral Vista frontal Vista superior do manequim
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Pés do manequim Encaixe do manequim * Pino do encaixe
no Pisa
Figura 6.2: Manequim a ser empregado na coleta de sêmen de suinos (valores em cm).
58
SUINOCULTURA EM A
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. iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
percentual de cachaços jovens condicionados a saltar sobre o manequim. Os autores também utilizaram
animais sem prévia experiência sexual, porêm machos mais velhos (2! 0-225 dias de idade e i 10 kg de
peso vivo) e com outra composição genética, quando comparados aos do trabalho de Kozink et al.
(2002). O mecanismo de ação pelo quai a PGF; alfa poderia estimular a libido não está plenamente
esclarecido, mas alguns autores acreditam que ocorra uma estimulação na secreção de testosterona
(Kozink et al., 2002), Entretanto, Fonda et al. (1981), após a administração de lutalyseCÉ) em cachaços,
observaram um aumento nas concentrações de prolactina e cortisol, sem nenhuma alteração nos niveis
de LH e testosterona. Com isso, pesquisas complementares são necessárias para esclarecer possivel
mecanismo de ação, bem como a real eficácia dessa substância no condicionamento dos cachaças ao
6.3.1 Higienização
Os machos condicionados ao salto devem ser levados à sala de coleta e submetidos a uma
higienização a seco promovendo o esvaziamento do diverticulo prepucial. Nas centrais que contam com
uma gaiola de higienização os machos devem ser previamente higienizados, sendo este o local de espera
até a condução à sala de coleta. Para realizar esta higienização é recomendado que o coletador utilize
uma luva descartavel especifica para este fim (não empregar esta luva posteriormente na coleta) e, por
pressão mecânica, promova a eliminação do conteúdo dos diverticulos prepuciais. Simultaneamente, o
coletador deve secara região prepucial com papel toalha descartável. Caso este procedimento seja feito
na saia de coleta, o coletador deve aguardar que o macho salte sobre o manequim. No momento que
inicia o procedimento de exteriorização do pênis, a higienização descrita é realizada. Ao concluir esta
atividade, o coletador deve estar preparado para realizar a coleta do ejaculado, removendo a luva de
higienização e vestindo a luva empregada especificamente para a fixação do pênis, Além de ser
empregada somente para esta finalidade, a luva de coleta deve ser mantida limpa e protegida até o
momento da coleta propriamente dita, 0 coletador deve evitar a realização da coleta sem o uso da luva,
pois dependendo de como a fixação do pênis e realizada, pode ocorrer aumento da contaminação
60
SUINOCULTURA EM A
bacteriana do ejaculado pela microbiota normal existente na sua mão, Alem disso, a coleta sem o uso de
uma luva para fixação do pênis e anti-higiênica.
O recipiente de coleta deverá ser preparado previamente e ter sobre a sua abertura uma gaze
dupla ou um filtro especifico para essa Finalidade, evitando que a fração gelatinosa entre no recipiente e
fique em contato com o restante do ejaculado. O recipiente de coleta, bem como o suporte térmico,
deverão estar na temperatura de 35-37ºC. Para reduzir a choque térmico, o suporte isolante deve
acompanhar o ejaculado ate o momento em que o mesmo seja remetido ao laboratório. Enquanto não
iniciara coleta propriamente dita, o recipiente de coleta/suporte térmico deverão permanecer em uma
estufa ou em ambiente aquecido. Em centrais pequenas, por exemplo, ele pode permanecer na janela de
comunicação com o laboratório sendo mantido aquecido por uma lâmpada. Evitar o choque térmico
durante todo a processo, que vai desde a coleta, exame e processamento do ejaculado, passando pelo
armazenamento das doses até a realização da IA. é de fundamentalimportância.
61
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
coleta de um ejaculado com baixo número de UFC/ml (Unidades Formadoras de Colônia). Com o
objetivo de avaliar o grau de contaminação bacteriana pela contagem do número de UFC/ml. Dias et al.
(2000) submeteram os cachaços a dois métodos de higienização pré-coleta e coleta do ejaculado. No
tratamento ? (T1). os animais e as instalações foram lavados dois dias antes da coleta e, diariamente, as
baias foram submetidas a duas limpezas a seco. Antes da coleta, os animais foram submetidos a uma
higienização com a remoção completa do conteúdo dos "diverticulos prepuciais, durante a qual o
coletador utilizava 'sobre—luvas'. No momento da coleta, o pênis foi fixado deixando l—2 cm da
extremidade livre, direcionando o ejaculado diretamente do meato uretral para o recipiente de coleta.
No tratamento 2 (T2). os animais e as instalações foram lavados 5-7 dias antes da coleta e as balas
submetidas à limpeza a seco. duas vezes ao dia. Antes da coleta foi realizada pré-higienização sem o uso
de 'sobre—luvas' e com esvaziamento incompleto dos diverticulos prepuciais. Na coleta foi realizada a
fixação completa do pênis sem deixar sua extremidade livre. Como pode ser observado na Tabela 6. 1, no
Tl um número médio de UFC/ml foi 38 vezes inferior quando comparado ao T2. Esses resultados
mostram a importância de um bom manejo higiênico na pre-coleta e na coleta propriamente dita, para a
produção de um ejaculado com baixa contaminação bacteriana.
Tabela 6.1: Número de unidades formadoras de colônia (UFC/ml. médiaidesvio padrão) por tratamento.
' | = . | ; . — . ' . . - | : , : n ,
.- - - = -;-r_r 1.- |. ---J ~_-'_.«:
Éiªr'uiídfuaísywwàe—sàúxir.-::“!
62
SUINOCULTURA EM A
Figura 6.3: Fixação correta do pênis durante a coleta. permitindo que o ejaculado vá
diretamente para o recipiente de coleta.
63
iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Figura 6.4: Fixação inadequada de pênis durante a coleta, permitindo que o ejaculado
entre em contato com a luva.
64
SUINOCULTURA EM A
semanais, sem que haja comprometimento da sua capacidade de produção espermática, enquanto
machos jovens (8 a 12 meses de idade), por sua vez, podem ser coletados uma a duas vezes por semana
(Colenbrander et al., 1993: Wentz et al., 1996).
Na frequência de coietas deve ser levada em consideração a existência de diferenças
individuais na produção espermática, tanto em machos jovens como em adultos. Em uma avaliação da
produção espermática por doador ao longo do ano, em uma central de (A com 160 cachaços, Woilmann
(2002) observou que os animais com menos de 11 meses de idade, mesmo com uma baixa frequencia
de coletas, apresentaram um número total de espermatozóides ejaculados abaixo do patamaralcançado
pelos animais com idade superior a 11 meses (Figura 6.5). Os machos entre 1 1 e 13 meses.
apresentaram um ligeiro aumento numérico em reiação á categoria anterior, porém sem diferença
estatistica. A partir dos 13 meses há um pequeno aumento na produção, mesmo com aumento da
frequência de coletas, estabilizando em torno dos 88 x 109 espermatozóides. aos 19 meses de idade. com
variação de 5.02%, até em torno de 31 meses. A partir dessa idade percebe—se claramente uma queda na
produção para patamares de 80 x iOª espermatozóides. Como a idade influencia fortemente na
produção espermática, para manter constante a produtividade da central, e' fundamental a organização
das práticas de reposição e dos descartes de forma planejada, para que não existam contratempos que
alterem a idade média do plantel, prejudicando assim a produção espermática e o uso das instalações
(Bortolozzo et al., 2003).
SPTZ Totais (Bilhões)
120"
IUD- b c b c b b b C ª ª b ª b b ª b ª b
CL
nI ll! E!! m #2: lvl? em TI? Til Ti,! fl l' EOE 433 m l 98
Figura 6.5: Número total de espermatozóides ejaculados de acordo com a idade. Waflmann (2002)
No entanto, em doadores com uma boa produção espermática, é possivel aumentar o ritmo de
coletas sem que haja prejuizos ao macho, nem à relação custo—beneficio do número de doses produzidas
por coleta. As caracteristicas individuais de produção espermática devem ditar o ritmo de coleta desses
animais.
Mesmo os machos que não estão sendo utilizados temporariamente, devem ser coletados
rotineiramente, pelo menos uma vez por semana, chamada coleta de esgotamento. Com isso são
mantidos a qualidade espermática e o condicionamento dos animais ás coletas. A utilização de fichários
ou "softwares" para o controle individual (ou uma simples tabela de coletas em centrais menores), aiám
65
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
66
SUINOCULTURA EM A
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67
SUINOCULTURA EM A
Muitas decisões de manejo envolvendo a difusão do material genético são baseadas nas
avaliações in vitro do sêmen. A avaliação qualitativa do ejaculado é realizada com o objetivo de predizera
capacidade fecundante de uma amostra de sêmen ou o potencial reprodutivo do um animal, não
informando do manoira definitiva so um dotorminado macho é fértil ou não. Também é empregada para
a identificação de possiveis causas de infertilidade no rebanho ou para detectara tempo alterações que
possam comprometer a capacidade fecundante de uma determinada partida de sêmen. Nesse sentido,
detectar um aumento na probabilidade de ocorrência de uma redução na fertilidade do rebanho e muito
mais importante que a predição da fertilidade individual de um animal. Na prática, o exame qualitativo
do ejaculado e empregado em caráter eliminatório para determinar a viabilidade de processar o
mesmo. já o exame quantitativo e realizado com o objetivo de determinar o número de doses
inseminantes a serem produzidas a partir de um ejaculado.
Segundo Woelders (1990). o julgamento do potencial fecundante do sêmen, baseado nos
testes in vitro, deve ser considerado com certa reserva. Os testes atualmente disponiveis estão pouco
correlacionados com a fertilidade obtida in vivo. Apesar disso, é fundamental que o ejaculado seja
submetido a um exame detalhado e acurado antes de ser liberado para a M, sempre levando em
consideração o valor e as limitações dos parâmetros obtidos in vitro e a fertilidade do rebanho observada
a campo. Na monta natural, devido ao alto número de celulas espermáticas depositadas no trato genital
feminino (valores normalmente superiores a 50-70 bilhões de espermatozóides). até mesmo ejaculados
de qualidade sub-ótima podem alcançar taxas de fecundação aceitáveis. Tendo em vista um melhor
aproveitamento do ejaculado, na técnica tradicional de lã, são empregadas doses inseminantes
contendo de 1.5 até 4.0 bilhões de espermatozóides Com isso, o exame de todos os ejaculados
coletados assume um papel importante com vistas à eliminação de amostras inadequadas para o
processamento.
Logo após a coleta, deve ocorrera remoção da fração gelatinosa, que tica retida na gaze fixada
na borda do recipiente de coleta, e o ejaculado deve ser remetido diretamente ao laboratório. O
ejaculado deve ser protegido durante a remessa, fechando o recipiente de coleta, para evitar a entrada
de impurezas. É importante cuidar para que o recipiente com o ejaculado não permaneça fechado por
mais que alguns minutos, pois há o risco de condensação de água na tampa ou paredes do recipiente de
coleta. No caso de centrais, onde haja o transporte do ejaculado de um prédio ao outro, deve—se também
evitara incidência direta de raios solares e o choque térmico. Nas centrais bem planejadas este transporte
é foito diretamente pela janela de comunicação entre a sala de coleta e o laboratório, ou. nas centrais
69
ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
maiores, onde a sala de coleta está a certa distância do laboratório, por um sistema de tubos
pneumáticos.
No laboratório. durante todo o periodo de avaliação, recomenda—se que o ejaculado
permaneça em banho- maria à temperatura de 32 º C. Neste momento, o sêmen é submetido ao exame
macro e microscópico. Nesta bateria de exames os ejaculados são submetidos a avaliações que objetivam
determinar a viabilidade de processamento do mesmo e o numero de doses inseminantes possíveis de
serem produzidas.
Um ponto importante e a correta identificação do ejaculado, que deve ser realizada
imediatamente após o recebimento do mesmo no laboratório. Para a CIA de grande porte, a utilização de
softwares especiticos é uma ferramenta útil para o gerenciamento de informações a respeito de coleta e
processamento de sêmen, dentre outras informações.
7.2.2 Cor
70
SUINOCULTURA EM A
7.2.4 Aspecto
Apesar da avaliação“ da motilidade ser efetuada de forma subjetiva, ela indica a viabilidade
espermática, sendo um exame indispensável nos laboratórios de processamento de sêmen. Em vista
disto, e' fundamental que o laboratorista esteja bem treinado e faça periodicamente reciclagens para a
correção de eventuais erros na realização deste exame. Além da qualificação do operador, a exatidão da
técnica dependerá da qualidade dos equipamentos disponiveis no laboratório, principalmente do
microscópio e da platina de aquecimento de lâminas e laminulas.
A determinação da motilidade consiste em colocar uma gota de sêmen entre lâmina e
laminula, pré-aquecidas a 35°C. e examinar ao microscópio óptico (de preferência com contraste de
fase) em aumento de "30 a 200 vezes. Como os espermatozóides reduzem rapidamente sua atividade,
devido à baixa tensão de oxigênio existente entre lâmina e laminula e, para evitar erros de avaliação, é
recomendado que a motilidade seja estimada logo após a colocação da laminula sobre a gota de sêmen.
Outro aspecto importante é o volume da gota de sêmen colocada para exame, que deve variar de 8 a
20 microlitros, mas estará na dependência da concentração espermática do ejaculado. Deve-se evitar
preparados espessos onde seja visualizada a movimentação de uma onda de espermatozóides sem a
identificação da motilidade individual. Nessas situações, os espermatozóides imoveis são movimentados
pelos demais, dando, muitas vezes, uma falsa impressão ao examinador. Em ejaculados com alta
71
E ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
concentração espermática, caso o examinador não tenha muita experiência e não consiga realizar um
preparado de qualidade, e possivel estimar a motilidade após uma diluição prévia do ejaculado. Dasta
forma, realiza—se, por exemplo, uma diluição em partes iguais de diluente e de ejaculado ou de sêmen,
depois de 5 a 10 minutos de equilibrio, avalia—se a motilidade. Nesse procedimento, o examinador deve
estar atento aos cuidados com a diiuição como a qualidade do diluente, evitando o choque térmico e
diluições rápidas. Alem disso, deve—se levar em conta essa diluição prévia no cálculo do volume de
diluente a seracrescentado na preparação das doses de sêmen,
A motilidade e baseada no número total de células espermáticas moveis nos vários campos
examinados, de preferencia em três preparados diferentes, sem considerar os diferentes tipos de
movimentação. Entretanto, é possivel realizar um julgamento subjetivo da velocidade média e do tipo de
movimento apresentado ( Woelders, l990). Por ser um exame subjetivo, podem existir variações entre
examinadores. O percentual minimo aceitável de espermatozóides móveis para liberar um ejaculado
para processamento e de 70%. Ejaculados com percentuais de células móveis abaixo deste valor devem
ser descartados (Colenbrander et al., 1993). Flowers ( l 997) mostra que, com o emprego de doses com
66,2 a 94,7 % de motilidade, a taxa de parto e o tamanho da leitegada não sofreram redução (Tabela
7.2). O autor sugere que o uso de ejaculados com motilidade inferior a 60% possa trazer prejuizos no
desempenho reprodutivo. Sob o ponto de vista prático, adota-se o minimo de 70% de motilidade
espermática, como margem de segurança, contra eventuais falhas individuais que possam acontecer no
momento da estimativa desta variável.
Tabela 7.2: Taxa de penetração in vitro, taxa de parto e leitões nascidos vivos de acordo com
a motilidade estimada no ejaculado in natura.
72
SUINOCULTURA EM A
7.3.2 Vigor
Em algumas centrais de coleta de sêmen também é efetuada a avaliação do vigor, parâmetro
que avalia a qualidade do movimento espermática. O vigor e' normalmente estabelecido com base em
um escore de 0 a 5 e corresponde aos espermatozóides que se movimentam progressivamente, levando
em consideração o tipo e a direção do movimento. Este parâmetro, assim como a motilidade
espermática, é determinado empiricamente, e serve, em parte, para auxiliar na avaliação da qualidade
do sêmen.
73
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
7.3.3 Aglutinações
As aglutinações são observadas em grande parte dos ejaculados na espécie suina, com
pequenas variações na intensidade. Essas aglutinações normalmente são do tipo cabeça-cabeça e são
visíveis no momento em que se examina a motilidade do sêmen in natura ou, mesmo. diluido. As
aglutinações são classificadas de acordo com o numero observado por campo no microscópio. Essa
classificação é bastante empírica e varia. obviamente, com o aumento utilizado para realizar a
observação. bem como com a abertura de campo do microscópio empregado. Para essa avaliação são
atribuidos escores que variam de O a 3 de acordo com o numero de aglutinações observadas em um
campo. Dessa forma, ã uma amostra que apresenta ausência de aglutinações é atribuído o grau 0.
Quando o número de aglutinaçoes é de i a 2. 3 a 5 e ::=-6 por campo são atribuídos graus de l. 2 e 3,
respectivamente.
A aglutinação espermática. quando muito intensa. causa dificuldade e erro na avaliação da
concentração, independente do método utilizado, sendo o motivo de descarte do ejaculado. Flowers
( l 996) relata que, em muitas centrais. ejaculados que apresentam um percentual muito alto ”de
aglutinações espermáticas ( >30%) são rejeitados, mesmo não sendo bem esclarecida a relação entre as
aglutinações e um possivel efeito sobre a fertilidade. Estas aglutinações podem ser causadas pela
presença de impurezas no material que entram em contato com o ejaculado ou, também, por bactérias
(Kuster & Althouse, 1997). Flowers (1996) cita que as aglutinaçôes podem ser originadas pela adição ao
ejaculado de células epiteliais e espermáticas mortas, colocação dos espermatozóides em contato com
uma superficie de vidro. refrigeração muito rápida do ejaculado após a coleta. lesões na membrana
acrossomal a adição de componentes com propriedades antigênicas. Segundo o autor. a relação entre o
grau de aglutinação e a fertilidade ainda não foi claramente determinada para o sêmen suíno, mas é
recomendado o processamento de ejaculados com um grau máximo de 40% de aglutinações. Em muitas
situações podem ser observadas aglutinações no primeiro exame de motilidade do sêmen in natura,
podendo desaparecerapós a diluição. Portanto, o exame apos a diluição e sempre antes da utilização das
doses inseminantes preservadas por mais tempo e de fundamental importância.
74
SUINOCULTURA EM A
Tabela 7.3: Descrição das câmaras de contagem mais comumente empregadas na determinação da
concentração espermática
Para preparara câmara é necessário colocar uma laminula opticamente plana, umedecendo o
local de fixação na câmara e deslizar a laminula sobre o mesmo. Após atingido o local de fixação da
laminula. deve-se exercer uma pressão leve com os dedos sobre a mesma fazendo com que se observe as
cores do prisma de Newton (listas que vão do violeta escuro até o marrom) no local de fixação. Com estes
cuidados, a laminula serã fixada a uma altura (profundidade) de 1/10 mm.
Como foi descrito. para executar esta técnica é necessário realizar uma diluição que tem a
função de fixar os espermatozóides e permitir sua contagem com maior precisão. Para tanto, no suino. a
partir do sêmen in natura emprega-se uma diluição de 1:100 ou 1:200. A alíquota de sêmen pode ser
diluída em uma solução de formol—citrato. soiução de cloreto de sódio a 10% ou na solução de Hayem. A
técnica deve ser executada do seguinte modo:
75
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
76
SUINOCULTURA EM A
“ contar
w não contar
77
. ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
78
SUINOCULTURA EM A
al. (1995) sugerem que a avaliação da concentração pelo coulter counter & mais rápida e bastante
precisa, permitindo o exame de um grande número de amostras em pouco tempo, mas salientam a
necessidade de aferição prévia dos resultados com a avaliação realizada pela câmara hemocitométrica.
Da mesma forma, esses equipamentos necessitam de cuidados especiais de manutenção e limpeza
constantes cuidadosa, alem de possuirem custos elevados.
79
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
80
SUINOCULTURA EM A
microlitros do preparado entre lâmina e laminula e observa-se em microscópio óptico de campo claro
com contraste de fase, utilizando aumento minimo de 1000x. No esfregaço em lâmina pode—se
empregar as colorações de eosina-negrosina ou Cerowski. A avaliação é efetuada em microscópio óptico
de campo claro com aumento minimo de iOOOx.
No exame ao microscópio, devem ser observados no minimo 200 espermatozóides por
amostra. A avaliação é realizada considerando alterações de cabeça, colo, peça intermediária e cauda.
No quadro 7. 1 são apresentadas as alterações na morfologia espermática mais comumente observadas
no suíno. Rodriguez-Martinez & Eriksson (2000) consideram como aceitável quando as anormalidades
de cabeça não ultrapassam 10% e quando nenhum dos outros defeitos ultrapassar 5%
(individualmente) ou 10— 15% no total. No entanto, no manual para exame androlõgico e avaliação de
sêmen animal (CBRA. 1998). as alterações totais não devem ultrapassar 20% e, quando individualizadas
por região do espermatozõide. deve—se considerar os limites apresentados na Tabela 7.5. Quando um
espermatozõide apresentar mais de um defeito. usualmente somente o mais severo é registrado.
Durante a espermatogênese. uma porção remanescente do citoplasma forma a gota
cltoplasma'tlca proximal (GCP), que situa-se no colo. Durante o trânsito pelo epidídimo, a gota migra
para a porção final da peça intermediária -gota citoplasmátlca distal (GCD)— de onde é perdida. A
ocorrência de gota citoplasmática geralmente é indicativo de maturação espermática incompleta no
epidídimo. causada, por exemplo, por alta frequência de ejaculação. Gotas citoplasmáticas podem estar
presentes em todos os ejaculados. No suino, GCD não tem sido qualificada como tendo significado
patológico e, conseqtientemente. não é computada para o total de alterações. Deve ser questionada,
entretanto, essa interpretação. principalmente nos casos de percentuais elevados de GCD. A presença de
GCD e o percentual de gotas. independentemente se GCP ou GCD. não possuem correlação com
fertilidade, mas quando GCP superior a 5%. especialmente em sêmen diluído e resfriado. pode haver
redução da fertilidade (Leidi et al., 1999).
Também é possivel a realização de esfregaços, a serem corados com hematoxilina-eosina ou
Papanicolau. para determinar a presença de células estranhas como, por exemplo. células do epitélio
seminífero e epldidimárlo, da uretra, do prepúcio/pênis, das glândulas anexas e células inflamatórias
(leucócitos, linfócitos. monócitos/macrófagos). Um aumento no número dessas células, principalmente
as da linhagem espermatogênica e as inflamatórias, é um claro sinal de processos patológicos que
necessitam acompanhamento (Rodriguez-Martinez & Eriksson. 2000). Além dos espermatozóides
completamente formados, podem ser encontradas no sêmen células que não alcançaram a maturação
completa, células multinucleadas e gigantes presentes em casos de hipoplasia e de degeneração
seminal. Devem ser considerados outros elementos como as formações em medusa - fragmentos
destacados do conduto seminal - consideradas indicativos de hipoplasia ou degeneração seminal. Estas
formas também podem aparecer no sêmen de animais jovens.
81
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tipos de Alterações
Cabªça
Acrossoma
E. “Ab-axial
E fil-5". ataxia!
ªrmªs Teratnlógíg;
82
SUINOCULTURA EM A
23 24 25 26 27
«: 23 Peca Intennedíâría
U
Segmentada
: 29 Peca Intennedíãda-Axia!
~05
33. Peca !ntennedía'ría Curva
E
3— .231. Peca JntEn'nedEãda Dobrada-
cu
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Lu
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"L- .32. Gauda Rudímentar
L..
, .33 Cauda Dobrada
o - ' _34. Cauda Dobrada
E . - 35... Cauda Dobrada ( Bent Iai!)“
., .36. iCauda Fortemente Enrolada,
3-7. Cauda Fortemente Enmíada
32 33 34 35 36 37
38 39 40 4! 42 43
83
lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
5,0
Acrossomo 5,0
Colo 5.0
Peça intermediária 5,0
Gota Citoplasmática Proximal 10,0
Cauda lgg
i Iota:.de-Aftemgfies. *
--ao,o i
Fonte: Adaptado de CERA (1998)
No software de Leidi etal. (1999). as técnicas de avaliação morfológica do sêmen, bem como a
classificação das anormalidades espermáticas estão bem detalhadas. As anormalidades espermáticas
podem ser classificadas. de acordo com sua origem. em:
———I Primárias (de origem intra-ganadal, indicativas de problemas na espermatogênese)
_ . Secundárias (de origem extra-gonadal, indicativas de disfunção apididimária)
——l Terciãrias (de origem exógena, advindas da manipulação pós—ejaculação. durante o
processamento do sêmen para armazenamento ou associada a técnica de preparação para avaliação
morfológica)
As anormalidades primárias são divididas em especificas e não—especificas. A maioria das
anormalidades primárias não são especificas e podem ocorrer por distúrbios da espennatogênese.
afetando qualquer uma das porções do espermatozóide (cabeça, colo. peça intermediária e/ou cauda).
O aparecimento de número elevado de formas anormais de cabeça está geralmente relacionado com
casos de degeneração e hipoplasia testiculares. Espermatozóides anormais. principalmente com
anormalidades primárias. podem estar associados a alterações cromossômicas. Com percentuais de 6 a
l0% de anormalidades primárias. pode ocorrer redução na fertilidade. As anormalidades primárias da
peça intermediária são raras e. mais comumente, observadas em associação com os defeitos de cabeça.
Nem sempre podem ser diferenciadas de anormalidades secundárias, pela microscopia óptica. e
eventualmente podem não ser claramente atribuídas à peça intermediária ou à cauda.
As anormalidades primárias especificas são raras e. quase sempre. são de origem genética. A
sua presença pode levar a redução acentuada da fertilidade ou mesmo ã esterilidade. Citam—se como
exemplos a ocorrência de 'knobbed sperml (inversão ou expansão. em forma de botão. no acrossoma).
crater defect' (imaginações da membrana do núcleo e formações vesiculosas que podem se dispor na
região equatorial e assumir aspecto semelhante a um diadema - 'diadem defect'), 'SME- defect'
(aparecimento de formações semelhantes a cistos no bordo apical da cabeça, algumas vezes em conexão
com o acrossomo). 'tail stump' (caudas curtas ou mutiladas), 'corkscrew defect' (peça intermediária em
saca-rolha) & 'dag defect' (cauda totalmente enrolada, como se estivesse envolta em membrana e não
tivesse sido separada do colo e cabeça). Andersson et al. (2000) relataram a ocorrência de defeito
denominado 'short tail' com espermatozóides cuja cauda era mais curta que o normal. Esse defeito foi
diagnosticado em l2 machos da raça Yorkshire, cujo sêmen apresentava ausência de motilidade e baixa
concentração espennãtica. Foi con firmada a esterilidade desses machos e. com base em estudos
84
SUINOCULTURA EM A
genealógicas, os autores acreditam tratar-se de defeito causado por um gene autossõmico recessivo.
As anormalidades secundárias originam-se primariamente no epididimo. Há a possibilidade de
que estas anormalidades já estejam presentes nos túbulos seminiferos após a liberação dos
espermatozóides do epitélio germinativo, ou durante a passagem pela rate testis. No entanto. isto não
apresenta importância no diagnóstico. Como exemplos, podem ser citados: cabeças destacadas, caudas
dobradas ou em forma de clave & anormalidades da peça intermediária ou cauda. As cabeças destacadas
originam-se possivelmente de uma disfunção do epidídimo, por ser o colo, o qual estabelece a conexão
da cabeça com a peça intermediária, uma das estruturas mais frágeis do espermatozóide. As
anormalidades secundárias da peça intennediãria/cauda estão entre as mais frequentes. Elas originam-se
no epidídimo, ou durante a ejaculação. devido a alterações das secreções das glândulas acessórias, Os
defeitos da cauda são, em sua maioria, considerados como expressão de uma disfunção epidídimãria,
Algumas anomalias do acrossomo (granulações no bordo apical. edemaciado, em destacamento,
destacado, ausência de acrossoma) podem ser consideradas como de origem secundária e aparecem,
em suinos. em percentuais de l a 2%.
Há vários tipos de anormalidades terciárias, algumas vezes também chamadas de artefatos.
Pela aparência, nem sempre são diferenciadas das anormalidades secundárias. O acrossomo e o colo são
estruturas muito sensiveis sendo, por isto, com frequência acometidos por anormalidades terciárias.
Algumas anormalidades, anteriormente consideradas como secundárias, como cauda dobrada, cabeças
destacadas e problemas no acrossomo (edema, em destacamento e inicio da perda do acrossoma).
podem ser de origem terciária. Além disto, ruptura do colo, da peça intermediária ou da cauda também
são exemplos de anormalidades terciárias. Os defeitos de acrossomo ocorrem principalmente devido a
fatores como envelhecimento, rápido decréscimo da temperatura, congelamento/descongelamento,
indicando que as causas são, na maioria das vezes, de natureza exógena.
As causas das anormalidades terciãrias podem ser mecânicas, fisicas ou quimicas. No caso de
preparação de esfregaços para avaliação por coloração, os espermatozóides podem ser 'dilacerados'. Se
há um aumento das anormalidades acompanhando a direção do esfregaço, é um indicativo de dano
induzido mecanicamente. Anormalidades advindas de danos mecânicos na preparação da lâmina não
possuem efeito no potencial de fertilidade do sêmen sendo avaliado. Para evitar falsas interpretações, e
importante que a causa das anormalidades terciárias seja identificada. Quando há dúvidas, o
procedimento deve ser repetido (obter nova amostra ou preparar nova lâmina). Como causas fisicas e
químicas de anormalidades terciárias podem ser consideradas a rápida queda de temperatura,
composição do meio, alteração de pH ou pressão osmõtica ou. não incomum, a combinação de várias
fatores pode causar o aparecimento de caudas dobradas, danos no acrossomo, entre outros.
Defeitos terciários do acrossomo devem seravaliados como as outras anormalidades terciárias,
Dependendo da quantidade de tais formas, elas podem determinar redução do potencial de fertilidade
do sêmen que está sendo examinado. Por exemplo, isto pode ocorrer quando um diluente com
composição inadequada estiversendo usado.
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SUINOCULTURA EM A
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SUINOCULTURA EM A
III-I_IÍIIII“IIIIIIIIIII-I-I—IIII-IIIII-I I I I I - I I I - I I - I I I I I I - I I I — I I I I
91
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
|.
deve-se minimizar as oscilações de temperatura, sendo tolerada uma variação máxima de 2ºC. Dentro
da atual tecnologia empregada, o sêmen nunca deve alcançar temperaturas inferiores a 15 º C.
Posteriormente, da retirada da dose da conservadora até a IA. há um aumento natural da temperatura,
sem oscilações. Devem ser evitadas alterações na temperatura com resfriamento e aquecimento durante
o processamento. transporte, armazenamento e condução da dose até a IA (Figura 8.2). Essas oscilações
térmicas são altamente prejudiciais ao sêmen. Cabe salientar que o leitor, ao observar as figuras 8.1 e
8.2. não deve analisa—las como curvas de resfriamento, pois a variação da temperatura está associada aos
oito eventos descritos e não está proporcionalao tempo.
ªC
4o -
35 -
30 -
25 .. ]. Coleta;
20 _ 2. Chegada no laboratório.
3. Temperatura do banho maria,
15 ' 4. Temperatura após 90 minutos à 24ºC.
IO - 5. Temperatura de annazenamento.
_ __ _ _ 6. Mada das doses do annazenamento.
5 ' Coleta Ia processamento ' sm|aaarmuam| ;, Mªç㺠da m,
8. Temperatura no trato genital feminino
1 2 3 4 5 6 7 8
Etapas entre a coleta e a IA
"C
40 - Evitar essas
35 _ oscilações na
temperatura
30 -
25 - I. Coleta.
20 _ 2. Chegada no laboratório.
3. Banho mana com temperatura alta,
15 - 4. Temperatura após 90 minutos 31 24ºC,
IO _ 5. Variação na temperatura de annazenamEnto.
_ 6. ita-tirada das doses do annazenamento.
5 - cam gmmma Amazonantentollteàlizaçãã da M | 7. Aquecimento das doses antes da IA.
8. Temperatura no trato genital feminino
1 2 3 4 5 6 7 B
Etapas entre a coleta e a IA
92
SUINOCULTURA EM A
Durante todo o periodo de processamento das doses inseminantes, dois principios básicos
devem ser considerados:
_ - Evitar variações bruscas de temperatura (Quadro 8. l ).
—-l Adotar um protocolo de contaminação minima (bacteriana e química).
Quadro 8.1: Medidas a serem tomadas para minimizar oscilações térmicas prejudiciais durante a
produção das doses de sêmen.
-
"L fli- ' . I r l ‘ :
Realizar um pré-aquecimento do copo de coleta (incluindo o protetor térmico), certificando-se que permaneça
aquecido até o término da coleta do sêmen.
Fansportar o ejaculado rapidamente até o laboratório, no interior do protetor térmico.
'
—I Ter conservadoras adequadas para annazenamento. ou seja, que refrigeram e aqueçam, mantendo a
temperatura em I? :2 ºC.
_ . Racionalizar a manipulação da estufa de armazenamento das doses.
_ - Dispor de uma ficha de controle diário de temperatura da estufa de conservação de sêmen para que oscilações
de temperatura sejam detectadas.
--.-"-_'-_; . . . . iª.-172" . _; _ .__.. .____.._ ._ª
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" , . -T. ' . -'- : . '.
I q i in.“]
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- .— ---_=. . .-..-' :--.-w-.--—_-:-.-.1r.-.l.
_ - No transporte até o setor de cobertura, empregar embalagens isoténnicas e transportar apenas as Dis que
serão utilizadas. Evitar a exposição solar das embalagens durante o procedimento de IA.
—I Evitar o aquecimento das doses antes da M..
——I Importante: Doses enviadas ao setor de cobertura e que não foram utilizadas devem ser descartadas. Jamais
retorna-las ao conservador de sêmen.
93
. iNSEMIHAÇÃO ÁRTIFICML NA SUINOCULTUM TECNIFICHDA
8.2.1.1 Diluentes
A energia do espermatozóide suino deriva principalmente do metabolismo de substratos
energéticos, tais como os carboidratos. e da produção endógena de lactato (Kamp et al., 2003).
Os diluentes de sêmen são compostos com uma ampla variedade de substâncias
quimicamente diferentes entre si, que têm a Finalidade de manter os espermatozóides viáveis até o
momento de serem introduzidos no trato genital da fêmea (Tabela 8. 1).
Tabela 8.1: Com osi ão, em ramas, dos principais diluentes utilizados na 111 de suinos.
11110 de afluente
Curta Duragfio Longa Duração
A fonte primária de energia, nos diluentes, é a glicose. Outras fontes de energia como
galactose, frutose. ribose e trealose foram utilizadas em diluentes de sêmen suino, porém a glicose foi a
que apresentou melhores resultados (Levis. 2000). A degradação da glicose, pelo metabolismo
espermática, tem como componentes finais CO,, H_,O e produtos ácidos que alteram o meio em que os
espermatozóides estão diluídos (Hammerstedt, 1993).
0 pH do sêmen na espécie suina é levemente alcalino, oscilando de 7,3 a 7,9 (Hafez, 1993). O
ácido láctico produzido altera o pH do meio (Levis. 2000) e. conseqiientemente, o periodo de
viabilidade espermática. Dessa forma, para que 0 pH no sêmen diluído se mantenha dentro do intervalo
ideal, são acrescidos tampões ao diluente. Os ions comumente introduzidos são o bicarbonato de sódio.
citrato de sódio e. em alguns diluentes, o cloreto de potássio (BTS, NT e Schonow lll). Estes
componentes, em baixas concentrações (minimo de 4 mMK). são utilizados como tampões para manter
a bomba de sódio e potássio da célula, prevenindo a exaustão de potássio e perda de motilidade
(lonhson et al., 2000). O bicarbonato possui uma ação limitada, não evitando grandes oscilações no
valor do pH. Alguns tampões orgânicos, chamados de anfóteros, especialmente o TES, MOP$ (MR—A) e
HEPES (Androhep) são capazes de tolerar maiores flutuações de pH.
0 EDTA (ácido etileno-diamino-tetracético) e um quelante de íons metálicos bivalentes,
especialmente do Ca". cuja função e limitar o movimento desses ions através da membrana (lonhnson et
al.. 2000). prevenindo o inicio da capacitação e reação acrossomal.
Alguns diluentes ainda apresentam em sua composição estabilizadores de membrana. A
membrana plasmática do espermatozóide e', essencialmente, uma fina camada de lipideos e proteinas e
sofre modificações durante o trãnsito no epidídimo, armazenamento e ejaculação (Hammerstedt &
Parks, 1987). Alguns componentes especiais têm sido acrescentados aos dlluentes na tentativa de
prevenir ou retardar alterações indesejáveis na estrutura e função da membrana plasmática. Esses
componentes são a albumina sérica bovina (BSA), o EDTA. butilato de hidroxitolueno (BHT) e álcool
polivinilico (Levis. 2000). A BSA pode aumentar a sobrevivência do espermatozóide do touro após a
diluição, efeito decorrente da troca ou manutenção da camada lipoproteica do espermatozóide ( Weitze,
1991). O mecanismo protetor pelo qual a BSA atua ainda e desconhecido. Aparentemente, uma
propriedade especifica de proteinas pode estar envolvida. A ação primária da BSA é estimular a
motilidade espermática devido a sua alta afinidade por várias substâncias de baixo peso molecular que
estão envolvidas na remoção do fator inlbitório do espermatozóide. Além disso, está ligada à remoção de
produtos lipidicos danificados da membrana, modificando a sua permeabilidade. A BSA,
aparentemente, tem influência direta sobre a motilidade espermática e não no metabolismo de energia.
Este fato é evidenciado por um estimulo da motilidade sem modificações na quantidade de ATP ( Weitze,
1991). O autorsupõe que a BSA oferece proteção contra o “efeito da diluição".
A osmolaridade do diluente é um fator importante para evitar danos à célula espermática. A
pressão osmótica do sêmen oscila entre 210 a 290 mOsm (Levis, 2000). Esta e mantida, principalmente,
por componentes não iõnicos como a glicose (lohnson et al., 2000). Íons inorgânicos como o cloreto de
potássio e o cloreto de sódio são acrescentados para balancear a pressão osmótica (Levis, 2000). O
espermatozóide suíno tolera uma osmolaridade entre 240 e 380 mOsm, mas parece que um meio
lsotõnico ou levemente hipertõnico oferece melhor preservação da capacidade fecundante do que
diluentes com maior hipertonicidade (Weitze, 1991).
Outros componentes como antimicrobianos são acrescentados ao diluente com a finalidade de
95
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
inibir o crescimento bacteriano, uma vez que a temperatura na qual as doses inseminantes são estocadas
não é capaz de impedi-lo, As bacterias contaminantes do sêmen podem levar a lesões na célula
espermática seja por aderência a membrana espermática ou por metabólitos tóxicos liberados no meio.
Embora o emprego de alguns antimicrobianos traga prejuizos a motilidade espermática
(Bortolozzo et al., 2000), o seu uso reduz o número de unidades formadoras de colônia nas doses
produzidas. Segundo jasko et al, (1993), no sêmen resfriado e armazenado, o efeito negativo do
antimicrobiano sobre a motilidade espermática é maior devido ao seu maior periodo de ação sobre a
célula espermática. Um aspecto importante a salientar a a origem dos antimicrobianos empregados.
Deve—se evitar o emprego de especialidades farmacêuticas e substâncias destinadas ao uso parenteral,
pois pode ocorrer algum efeito danoso do veiculo ou excipiente acrescentado à formulação do
preparado sobre a célula espermática (Bortolozzo et al., 2000). já em formulações comerciais do
diluente, o antimicrobiano acrescentado e', em geral, uma substância pura e, teoricamente, inerte em
relação a célula espermática.
A baixa qualidade do diluente tem sido apontada como uma das principais causas de redução
da fertilidade do sêmen, Por isso, a data de validade das partidas deve ser con ferida. Um diluente pode
sofrer vários tipos de aiteraçães qualitativas quando armazenado em condições inadequadas. Nesse
sentido, as recomendações do fornecedor, no que se refere à temperatura de armazenamento, devem
ser rigorosamente seguidas. Os pacotes de diluente abertos que não forem totalmente utilizados podem
ser usados posteriormente, desde que sejam bem fechados e armazenados a 4°C. Da mesma forma, é
recomendado que, mesmo os pacotes fechados permaneçam sob refrigeração, para evitar eventuais
problemas na quaiidade.
Outro aspecto importante é a qualidade da água utilizada para o preparo do diluente, O ideal é
que seja usada água bidestilada. Com base em determinadas características, a água pode ser classificada
em Tipos l, ll, lll ou lv (Sociedade Americana de Testes e Materiais: Tabela 8.2).
Tabela 8.2: Classificação dos Tipos de água de acordo com a Sociedade Americana de Testes e
Materiais SATM .
Tipo ! - usado em procedimentos que exigem alta precisão, como absorção atômica e cultura
de tecidos,
Tipo ll — utilizado para procedimentos laboratoriais que podem dispensaro Tipo I, como testes
sorológicos, hematológicos ou microbiológicos.
'l'ipo m ou IV - usado para procedimentos como exames urinários, parasitologicos,
histológicos e preparo de soluções.
96
SUINOCULTURA EM A
A água usada para o preparo do diluente deve ser, no minimo, do Tipo li. 0 desejável e' que
esta água não possua agentes contaminantes, como determinadas bactérias, e possua baixa
condutividade elétrica. o que significa minima ou nenhuma presença de minerais. Quando a água possui
elevada concentração de sais e minerais, ocorre um desequilíbrio osmótico entre sêmen e diluente.
acarretando lesões esperrnãticas. principalmente no acrossoma.
Os equipamentos mais utilizados para a purificação da água são os destiladores e os
deionizadores. É aconselhado que o deionizador seja colocado antes do destilador. uma vez que impede
o acúmulo de minerais. como o cálcio, no destilador. Alem disso. a água que sai do destilador tem maior
chance de ser recontaminada durante a passagem pelo deionizador, prejudicando a eficiência do
processo.
—-I Conservar a capacidade de fecundação por um date-unmade peflodo, possibilitar-ido atingir índices de
.|..|..|..L.|.J..|.
fertilidade satisfatórios.
Fomecer nutrientes às células espennáticas.
Possuir capacidade tamponante.
Ser isotônico.
Proteger as células espennáticas de alterações hmscas na temperatura.
Possuir efeito antimicrobiano.
Ser de fácil solubilidade em água.
Ter uma boa relação entre o custo e o heneã'cio.
97
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
98
SUINOCULTURA EM A
99
. ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
A redução da temperatura tem sido um método utilizado para prolongar a viabilidade dos
espermatozóides ejaculados, devido ao seu efeito de desaceleração dos processos metabólicos celulares
(Almond et al., 1994). O fato de que baixas temperaturas de armazenamento prolongam a duração da
motilidade foi demonstrado em aves (Giesen & Sexton, 1983). bovinos (Foot & Bretton, 1960) e
humanos (Appell et al., i 977). Entretanto, o espermatozóide suino é, particularmente, muito sensível ao
resfriamento (Leeuvv et al,, 1991). Um resfriamento até temperaturas inferiores a iSºC resulta em
diminuição da taxa de sobrevivência espermática. Este fenômeno é atribuido a alterações estruturais e
bioquimicas que levam à ruptura da membrana plasmática, degeneração do acrossoma e perda da
permeabilidade seletiva da membrana, com perda de ions e enzimas (Leeuw et al., 1991). Com isso, o
armazenamento do sêmen suíno fica restrito a temperaturas superiores a lSªC. Segundo vários autores
(Levis, 1997; Glossop, 1996; Almond et al., 1994). a temperatura ideal para o armazenamento do
sêmen suíno diluio'o e de 16-17”C. Este pode ser armazenado em estufas especiais ou, em alguns casos,
em refrigeradores adaptados para atingir esta temperatura, porém nunca em refrigeradores
convencionais (2-8"C) ou em temperaturas superiores a 20ºC (Almond et ai., 1994). O tempo máximo de
armazenamento das Dis não deve sersuperiora 72 horas, pois isto pode comprometera qualidade da Di
(Weitze, 1991).
Para que a qualidade de uma Dl se mantenha durante o armazenamento e importante que o
conservador seja de boa qualidade, evitando oscilações de temperatura. É recomendado que se
mantenha no seu interior um termômetro de máxima e minima e que seja reaiizado, diariamente, um
controle rigido da temperatura. Quando a temperatura externa estiver acima daquela preconizada para
o armazenamento das doses, o conservador de sêmen deve ser capaz de resfriar internamente. As
geladeiras domésticas adaptadas para esse tim, com a inclusão de um termostato, realizam esse
resfriamento sem problemas. Quando a temperatura externa estiver abaixo do recomendado,
principalmente em regiões de inverno mais rigoroso, como o Sul do pais, o conservador tem que ter a
capacidade de aquecero sistema. As geladeiras adaptadas somente com termostato não têm capacidade
de aquecimento, pois não são, na maioria das vezes, equipadas com uma resistência que permita o
aquecimento. Consequentemente, é comum observar, nos dias frios, que esses equipamentos mal
100
SUINOCULTURA EM A
adaptados atingem temperaturas minimas abaixo do recomendado. Um bom equipamento não deve
apresentar variações de temperatura que excedam a i º C. acima ou abaixo da temperatura preconizada
para o armazenamento .
Outro ponto a ser avaiiado é o manejo do conservador de sêmen. Quando este se situa na
granja, é importante que esteja localizado em ambiente limpo e seco. Deve-se evitar o contato direto da
radiação solar e a abertura excessiva do mesmo.
O suprimento continuo de doses de sêmen livres de patógenos é uma exigência dos atuais
padrões de biossegurança que exigem a manutenção do status sanitario nas criações comerciais.
Como em qualquer trabalho laboratorial prático. as indicações do protocolo devem ser
rigorosamente seguidas. Alguns conselhos úteis, referentes à manutenção do status de contaminação
minima. são considerados a seguir.
Toda & vidraria, frascos e equipamentos utilizados no preparo das doses de sêmen devem estar
perfeitamente iimpos antes do uso, pois a presença de residuos aderidos em suas paredes internas
101
iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 8.3: Bactérias mais prevalentes, isoladas do sêmen ln nature e diluído em 5 centrais de inseminação
artificial de suínos.
Stnpkybcaccns aureus I I
Somhybcoccus ep. I I I I I
Streptowccus Sp. I I I I I
Escherichia coli I I
W e dim-sus I
Proteus vulgaris I I I I I
Pseudomm sp. I I I
Aciuerobader animations I
Miele mane I I
Enterobader WIRE I I
P r o m alcalifhm I I
M M M I
Bacillus sp. I
Bennernann ( 1998)
102
SUINOCULTURA EM A
Muitas dessas bacterias tem ação esperrnicida quando incubadas com o sêmen diluido. No
entanto, o significado patogênico de muitos organismos isolados do sêmen ainda não está claro (Tamuli
et al., 1984). Produtos do metabolismo bacteriano, como endotoxinas, parecem ter um efeito negativo
na sobrevivência espermática (Almond & Poolperm, I996). Segundo Rideout et al. ( I982). a perda da
viabilidade do sêmen contaminado é devido à competição entre bactéria e espermatozóide pelo mesmo
substrato, por efeito tóxico de metabólitos bacterianos ou por alterações de pH. Appell & Evans (1978)
observaram que a menor motilidade espermática no sêmen contaminado por bactérias pode ser
atribuida, em parte, às alterações de pH devido ao metabolismo bacteriano. Muitas das bactérias
presentes no sêmen podem não ser patogênicas, mas seus produtos metabólicos têm um efeito deletério
ã viabilidade do espermatozóide (Sone et al., I982). Conseqiientemente, a qualidade do sêmen,
levando—se em conta o número de espermatozóides viáveis, pode ser reduzida com o aumento da
contaminação bacteriana (Almond & Poolperm, 1996).
A adição de antimicrobianos aos diluentes de sêmen tem sido uma maneira de minimizar a
contaminação bacteriana do sêmen diluido (Wallgren, 1996: Brinsko & Varner, 1992). Vários agentes
antimicrobianos, dentre eles gentamicina, neomicina, penicilina e a estreptomicina, têm sido utilizados
nos diluentes comerciais para controlar problemas associados ã presença de bactérias (Back et al., 1975;
Burns et al., 1975:Sone et al., 1982; Danowski, I989: Brisko & Varner, 1992).
A adoção do protocolo de contaminação minima já começa durante a preparação do macho
para a coleta de sêmen. A adoção conjunta das medidas de controle da contaminação durante a coleta e
no laboratório resulta em maior controle do nivel de contaminação bacteriana do sêmen diluído.
Mesmo quando medidas de higienização das baias e dos machos são adotadas, os ejaculados
podem conter contaminantes que nem sempre são removidos pela simples eliminação do conteúdo
preputial. A presença de aerossóis, bem como partículas de poeira, são importantes fontes de
contaminação ambiental do sêmen. Esses contaminantes podem ser incorporados ao ejaculado durante
a coleta.
As temperaturas do diluente e do ambiente onde o sêmen é processado são fatores
importantes que devem ser considerados durante a preparação das doses inseminantes. Appell & Evans
(1978), comparando o efeito da temperatura sobre a proliferação bacteriana observaram que as
amostras mantidas a 37ºC tiveram maior proliferação bacteriana em relação às mantidas a 20 º C. Dessa
forma, trabalhar em um laboratório que possibilite a manutenção da temperatura entre JED—24°C é de
extrema importância para produzir doses inseminantes de alta qualidade.
103
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA
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1'05
SUINOCULTURA EM A
9.1 introdução
Na espécie suina, estro é o periodo do ciclo estral em que a fêmea se deixa montar por um
macho, ou aceita o estimulo da pressão lombar desenvolvido pelo homem na presença do macho, o que,
usualmente, ocorre em média, a cada Zi dias. A ovulação tende a ocorrer no inicio do terço final do
estro (Weitze et al., 1994: Mburu et al., 1995: Nissen et al.. 1997). Como ainda não é possivel prevero
momento da ovulação. na prática. o conhecimento de quando iniciou o estro (% essencial para o
planejamento de protocolos de inseminação artificial a serem usados. isso é imprescindivel para a
obtenção de altas taxas de fecundação com a utilização de um menor número de inseminações por estro.
diminuindo-se, desta forma. os custos de um programa de IA. As falhas no diagnóstico do estro. por sua
vez, poderão trazer sérios problemas no desenvolvimento dos programas de IA e. consequentemente.
no desempenho reprodutivo do plantel. Dessa forma, os funcionários que desempenham a atividade
rotineira de diagnóstico de estro, devem conhecer aspectos flSÍÚlÓglCÚS básicos do ciclo estral,
principalmente aqueies relacionados as fases em que as fêmeas apresentam sinais e sintomas evidentes
como o proestro e estro.
107
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
9.2.1 Proastro
9.2.2 Estm
O estro a a fase de receptividade sexual ou o periodo em que a fêmea apresenta o reflexo de
tolerância a monta pelo macho (RTM) (Hunter, 1982) ou mediante a pressão lombar exercida pelo
homem na presença de um macho sexualmente maduro (Signoret, 1970). Este raflaxo e conseqiiência
da influência dos altos niveis de estrógeno produzidos pelos folículos ovarianos agindo sobre o sistema
nervoso central (Gore-Langton & Armstrong, 1994).
Assim como no proestro. o estro também pode ser caracterizado por alterações
comportamentais e anatômicas desencadeadas, principalmente, pelos altos niveis de estrógenos. Com
relação às alterações comportamentais, as fêmeas procuram a companhia de machos ou outras fêmeas
em proestro ou estro, apresentando tolerância à monta, tanto do macho como de fêmeas no estro e
proestro e, normalmente, apresentam redução do apetite. As alterações anatômicas que ocorrem no
periodo do estro são edema, hiperemia e secreção vulvar, com tendência a redução destas caracteristicas
a partir da metade do estro, quando comparado ao período do proestro. A presença de edema e de
hiperemia são caracteristicas mais acentuadas em leitoas do que nas fêmeas mais velhas, que já
apresentaram mais partos, pois apresentam maior área de pele e quantidade de tecido conjuntivo na
vulva. Estas alterações são provocadas )lá a partir do final do proestro, com o aumento das concentrações
de estrógeno, ocasionando um rápido crescimento e maturação folicular (Hendricks et al., l972).
Almond & Dial ( 1990) sugerem que os altos niveis de estradiol boqueiam a liberação de LH por um
mecanismo de “feedback" negativo. Ao atingir uma determinada concentração, o estradiol. via
"feedback” positivo, desencadeia primeiro a sintomatologia de estro e depois o pico pre-ovulatõrio de
LH (Sesti & Britt, 1993). Esta pico de LH é o responsável pela ovulação e posterior luteinização das células
da granulosa e teca interna (Ainsworth et al., 1990).
Na prática, o conhecimento das caracteristicas fisiológicas e as modificações anatômicas e
comportamentais que ocorrem em cada uma das fases do ciclo estral é fundamental para um correto
diagnostico do estro. As fases mais importantes dentro do ciclo estral são aquelas nas quais as fêmeas
apresentam sintomas e alterações que podem ser identificados facilmente pelos funcionários (proestro e
estro), e que são importantes para o diagnóstico do estro (Tabela 9. 1).
A duração média do estro varia de 50 a 60 horas, com uma grande amplitude (Weitze et al.,
l994; Soede et al., 1995a) sando mais curta em fêmeas mais jovens (Dias, 2000). A duração do estro,
entretanto, pode apresentar uma grande variabilidade entre fêmeas de um mesmo rebanho e entre
rebanhos (Steverink et al., 1999). bem como entre rebanhos em diferentes épocas (Borchardt Neto,
1998).
108
SUINOCULTURA EM A
9.2.3 Metaestro
É a fase que acontece logo após o término do reflexo de tolerância ao macho e dura 2—3 dias.
Neste periodo as concentrações de estrógenos encontram—se em niveis basais e os folículos ovarianos.
que liberaram os oócitos. são transformados em corpos hemorrágicos e iniciam a transformação em
corpos lúteos. Os corpos lúteos, então, começam a produzir a progesterona, que tem como função
principal preparar o endométrio para o recebimento e prover nutrientes para os embriões, relaxar a
musculatura uterina e interrompera ciclicldade (Kolb, 1979).
9.2.4. Diestro
Esta fase do ciclo estral dura 742 dias e é caracterizada pela presença de corpos lúteos
produzindo niveis máximos de progesterona entre os dias 12-14 do ciclo. A regressão luteal inicia no dia
15-16 do ciclo em fêmeas vazias e as concentrações plasmáticas de progesterona diminuem a valores
basais nos dias l7- 18 ( 1 ng/ml ou menos). caracterizando o reinicio do ciclo. No caso de fecundação com
reconhecimento da gestação, os corpos lúteos mantem a sua atividade atraves da secreção de
progesterona. impedindo o desenvolvimento de novos folículos (Clark et al., 1982). Caso não ocorra o
reconhecimento da gestação. ocorrerá a luteólise com redução dos niveis de progesterona circulante.
desbloqueio do eixo hipotálamo—hipófise, provocando aumento dos niveis de LH e FSH e o inicio de um
novo ciclo (Kalb. 1979).
109
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
9.3.1 Importância
O diagnóstico do estro e uma das práticas de manejo mais importantes a ser realizada, pois a
partir deste controle será determinado o momento no qual a fêmea deverá ser coberta ou inseminada
artificialmente. Portanto, é fundamental a realização de um diagnóstico eficiente determinando, com a
maior precisão possivel, o momento no qua! a fêmea está iniciando o estro. A detecção do estro em uma
criação tecnificada de suinos é uma tarefa laboriosa, que exige do grupo de trabalho paciência, senso de
observação, conhecimento técnico e tempo para executã-la. Dependendo do tamanho do lote de
animais, esta tarefa pode durar de alguns minutos até mais de uma hora. É importante que a detecção do
estro ocorra em um ambiente calmo e apos o atendimento das necessidades vitais das fêmeas, como o
caso do arraçoamento e a limpeza dos bebedouros.
Didaticamente, o processo de detecção do estro compreende 3 fases (Figura 9. l ). Na primeira
fase a equipe de diagnostico procura identificar as fêmeas que apresentam modificações anatômicas,
como edema e hiperemia vulvar e alterações comportamentais como inquietude e faita de apetite. Esta
etapa pode ocorrer simultaneamente ao arraçoamento. Com base na evolução destes sinais, ao decorrer
dos turnos de diagnóstico, a equipe poderá utilizar estas informações para auxiliar nas atividades
seguintes, que são de estimulação como uso do macho.
A segunda etapa é a estimulação sexual das fêmeas pela exposição destas a um macho
sexualmente maduro e com boa libido. Nesta etapa é ideal que cada fêmea possa ter um contato direto
inicial "focinho-focinho” de mais ou menos l a 2 minutos. Após este periodo, ainda com o macho em
contato direto com a fêmea, inicia-se a terceira etapa do processo, que é a verificação da presença do
reflexo de tolerância à pressão lombar. Somente as fêmeas que apresentam o reflexo de tolerância a
monta são consideradas em estro. Em casos duvidosos, espera-se alguns minutos e retoma-se à mesma
fêmea procedendo-se a segunda e terceira etapa do processo,
Após a detecção do estro, recomenda-se deixar o macho mais alguns minutos em contato
direto com as fêmeas, de forma a estimulara função reprodutiva do lote.
Na escolha do pessoal responsável pelo diagnóstico do estro é fundamental selecionar pessoal
experiente, bem treinado, dedicado, observador e que tenha tempo suficiente para executar esta tarefa.
HO
SUINOCULTURA EM A
Tabela 9.2: Efeito do contato diário com machos de diferentes idades na estimulação da puberdade
em leitoas
dadedas .-
Ausente
6.5 42 207
1I 18 182
24 18 182
Fonte: Kirkwood & Hughes (198.2)
111
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
112
SUINOCULTURA EM A
113
ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
horas. isto significa a realização do, diagnóstico do estro pela manhã às 7 horas e à tarde as 19 horas. Na
prática, em função dos tumos de trabalho estabelecidos pela granja e legislado por leis trabalhistas, este
intervalo em geral não é seguido. Outro fator importante e decisivo para fazer o diagnóstico
corretamente, dentro do intervalo sugerido, é o número de fêmeas a serem testadas (reposição,
desmamadas e gestantes) e o número de funcionários alocados para a realização deste manejo.
Considerando os turnos de trabalho e deficiências de pessoal, pode ser observada a realização de
diagnóstico de estro em granjas industriais entre 8:30 até as 10:00 horas pela manhã, e 15:30 e 16:45
horas pela tarde, ocorrendo um intervalo de 7 a 8 horas da manhã até a tarde e 16 a 17 horas da tarde até
a manhã seguinte. Para solucionar estes problemas, sugere-se uma adaptação de horários ou turnos
diferenciados para entrada e saida de funcionários, sem prejuizo ao cumprimento das leis trabalhistas,
Com estas variações observadas no horário de realização do diagnóstico de estro, torna-se
muito dificil determinar o momento exato do inicio do astro. Diagnosticando o estro 2 vezes ao dia,
quando uma fêmea apresenta o RTM pela manhã ela, provavelmente, deveria já estar em estro 2 a 5
horas atrás, No entanto, se este exame é realizado, em média, com 12 horas de intervalo, é possivel que
esta fêmea já esteja em estro ha 1 1 horas, por exemplo, ou até mesmo em periodos de tempo superiores
caso o intervalo de 12 horas entre um controle e o outro não seja seguido, Portanto, na prática, é muito
importante saber o dimensionamento destas variáveis, para que o diagnóstico de estro seja o mais
correto e eficiente possivel, dentro das possibilidades da propriedade,
Atualmente, a recomendação padrão para uma granja tecnificada é que o diagnóstico do estro
seja realizado duas vezes ao dia, com espaçamento entre eles o mais próximo possivel de 12 horas, Dias
(2000) observou em 639 fêmeas examinadas em intervalos de 8/8 horas que a manifestação percentual
de fêmeas em estro nos turnos da manhã, tarde e noite, foram respectivamente 3 1, 3 1 e 38%, não sendo
diferentes estatisticamente. isto mostra que, quando os intervalos entre os diagnósticos de estro são
regulares, tende a se observar percentuais semelhantes de entrada em estro nos turnos de avaliação,
Quando estes intervalos são irregulares, isto a intervalos curtos durante o dia (manhã a tarde) e longos
durante a noite (tarde até a próxima manhã), um percentual maior tende a apresentar o inicio do estro
pela manhã, portanto estas fêmeas já poderão ter iniciado o estro muitas horas antes da detecção prática.
Para as leitoas de reposição, caso elas não sejam alojadas na mesma área das fêmeas
desmamadas, uma vez definido o estro da in, elas devem ser manejadas quanto ao diagnóstico de estro
com o mesmo protocolo das fêmeas desmamadas, isto é, duas vezes ao dia em intervalos regulares.
Mais recentemente, e somente para as fêmeas pn'miparas ou pluriparas, algumas granjas tem
realizado o diagnóstico do estro somente uma vez ao dia, Esta freqiiência não se recomenda para as
nuliparas (leitoas). uma vez que vários trabalhos tem demonstrado que um percentual razoável delas
apresentam um intervalo inicio do estro-ovulação menor que 24h (Tabela 9.7), o que poderia
comprometer a taxa de fecundação nesta categoria de animais. Nas demais categorias de ordem de
parto, este manejo pode ser adotado. No entanto, a sua recomendação deve ser feita com restrições, A
recomendação de realizar um diagnóstico de estro por dia, deveria ser feita somente para granjas com
ótimos indices reprodutivos e que tenham uma equipe altamente qualificada para a realização do
manejo da fêmea vazia, o que inclui o diagnóstico do estro e as inseminações, entre outras,
É importante salientar que, independente da freqtiãncia do diagnóstico do estro, esta tarefa
jamais deve ser realizada por funcionários sem qualificação ou sobrecarregados com outras atividades na
grama.
H4
SUINOCULTURA EM A
35 -
30 _ ªº I Diasetal..1999(n=297}
ao I Heck eta-1.. 1997 (n=384)
& 25 - 219 21.9
- I??
E 20
ª 15 - 'ª
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IO - ta
5 _ _6 3
O o..? ªº "26 os o:
16 24 32 ao 4e se 54 72 ao se 96 104 m—
Duração de estro (horas)
Figura 9.2: Distribuição percentual da duração do estro em porcas.
ao Jaelea [ i m l n z l
Duração de estro (horas)
Figura 9.3: Distribuição percentual da duração do estro em leitoas.
Estas variações observadas na duração do estro podem ser explicadas parcialmente por alguns
fatores. entre eles: genótipo, ordem do parto.. estação do ano, duração da lactação, intervalo desmame-
estro. manejo utilizado para a detecção do estro, estimulação do macho, presença de situações
estressantes crônicas e efeito da presença do homem (Suede & Kemp, 199?).
115
E lNSEMlHAÇÃO ARHFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 9.3: Média, desvio padrão e amplitude da duração do estro em suinos por diferentes autores.
9.4.1 Genótipo
Ate o momento, poucos trabalhos foram feitos com o objetivo de se comparar as diferenças na
duração do estro entre raças ou linhagens diferentes. Neste sentido, Borchardt Neto (1998) analisando
rebanhos europeus, encontraram diferenças de i5h na duração do estro, quando compararam dois
rebanhos com fêmeas Landrace 9 Large White, respectivamente. Neste trabalho, no entanto, os autores
não puderam excluir outros possiveis efeitos advindos das diferenças de manejo, nutrição, entre outras,
sobre a duração do estro. Trabalho semelhante foi relatado por Wentz et al. (1999). que observaram que
a duração do estro foi, em media. 48,44h e 50,66h, para as linhagens comerciais Camborough22ª e
Camborough iãº, respectivamente, sendo esta diferença estatisticamente não comprovada (p = 0,38) e
biologicamente pouco importante, Soede & Kemp ( 1997) também citam que fêmeas da linha fêmea
comparadas a fêmeas da linha macho. isto é, geneticamente muito diferentes, apresentaram duração de
estro semelhantes (56 vs. 57 horas). Desta forma, pode-se sugerir que diferenças entre genótipos
provavelmente existam. mas elas não parecem serem grandes o suficiente para justificar a adoção. de
manejo reprodutivo diferenciado.
116
SUINOCULTURA EM A
O efeito da epoca do ano sobre a duração do estro é muito controverso. Alguns trabalhos.
como o de Martini (1998). demonstraram que as nuliparas apresentaram um estro de i 5 horas mais
curto no verão comparativamente ao inverno (P-=:0.05). já Afonso (I997), também trabalhando com
nuliparas, não observou diferenças na duração do estro (P:-0,10). Em primiparas e pluriparas, Brandt
(1996) também não observou diferenças na duração do estro entre o inverno e o verão em um rebanho
localizado no sul do Brasil. Apesar de controverso, o efeito das estações do ano sobre a duração do estro
parece ser pouco importante para a fixação de normas ou protocolos de manejo diferenciados.
Embora a duração da lactação seja um dos fatores que podem alterar a duração do estro, a
significância biológica e prática desta associação ainda é questionável, uma vez que, a análise dos dados
dos trabalhos acima publicados revelam um grande número de animais que são exceções a esta regra.
Santos et al. (2004) observaram em piuriparas com periodo de lactação de 9 a 10 dias, que o primeiro
estro pós-desmame foi mais longo comparado ao segundo, respectivamente 61,911 vs. 55,5h (P<: 0,05).
Entretanto. fêmeas com repetição de estro após a IA. apresentaram duração de estro semelhante aquele
apresentado no primeiro estro pos-desmame (Steverink et al.. 1999).
H7
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Vários trabalhos demonstraram que a duração média do estro estã negativamente associado
com a media do intervalo desmame—estro Meitze et al.. 1994: Kemp & Soede, 1996; Nissen et al.,
1997). Observando a Figura 9.4 A. B, C e D, pode ser concluido que este efeito, na prática, é muito
pequeno ou mesmo não existe (Dias, 2000: Marquetti. 2001: Castagna, 2002). Steverink et al. ( 1999)
ao avaliarem 55 rebanhos não encontraram essa associação em 1 1 deles. A pequena influencia do lDE
sobre a duração do estro pode ser comprovada pelos baixos valores observados do coeficiente de
determinação da regressão (Rº). Pela análise mais detalhada da Figura 9.4 A,B,C e D, pode-se observar
que existem muitos animais que desviam do comportamento global. Esta in formação estã resumida no
coeficiente de determinação da regressão (Rº) que nestes trabalhos foi de, no máximo, 5%. isto significa
dizer que somente 5% da variação observada na duração do estro pode ser matematicamente explicada
pela variação no intervalo desmame-estro.
Neste sentido, é possivel admitir que o intervalo demame—estro possa. em algumas granjas.
influenciar a duração do estro. No entanto, vários outros trabalhos concluíram que esta associação não
ocorre, ou se presente é pouco importante. Portanto, deve-se ter cautela ao avaliar esta caracteristica.
Figura A Figura E
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Intervalo Desmame Em (d) Intervalo Desmame Estm (d]
Figura C Figura D
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o l a a e 5 e r a o l' 2 3 4 s e r o
Intervalo Desmame Estro (d) Intervalo Desmame Estro (d)
Figura 9.4 A,B.C,D: Relação entre o Intervalo desmame-estro sobre a duração do estro em quatro trabalhos
experimentais. Figura A (Dias, 2000); Figura B (Marchetti. 2001): Figura C e D [Castagna 2002).
118
SUINOCULTURA EM A
H9
E lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 9.5. Momento da ovulação (MOV) determinado em porcas e leitoas pelo método da
ultrasonografia por diferentes autores.
H
Nas figuras 9.5 e 9.6 são apresentadas a distribuição de porcas e leitoas de acordo com o
intervalo inicio do estro—ovulação.
O
&
Vários estudos foram realizados com o objetivo de determinar quais as variáveis que poderiam
melhor explicar a extrema variação observada e. conseqiientemente, possibilitar a predição do
momento em que a ovulação irá ocorrer. Até o momento foi possivel associar o momento da ovulação
com algumas variáveis, entre elas a duração do estro, a ordem de parto, o intervalo desmame-estro e o
periodo de lactação. Com exceção da duração do estro. as demais variáveis citadas, embora estejam
associados com o momento da ovulação em muitos trabalhos, não conseguem explicar mais do que 20%
da variação observada nesta caracteristica. Assim sendo. não são bons preditores do momento da
ovulação e, portanto, não devem ser utilizadas para a fixação de regras de manejo da IA. A associação
destas variáveis com o momento da ovulação será discutida a seguir.
120
SUINOCULTURA EM A
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Duração do Em (horas)
Figura 9.7: Reiação entre a duração do estro e o momento da ovulação [Dias. 2000).
122
SUINOCULTURA EM A
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123
E INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 9.6: Influência do periodo de lactação sobre a média da duração do estro, do momento da
ovulação e da relação entre momento da ovulação e duração do estro (REL).
Gama Feriado de n. Duração do Estro Momento da. 3,
lactaçâo(d) Médiaª't EP ovulação
Média =EP
(46,3
A 15-19 129 61.111.6‘ 47.911.3‘ 78:15ª
20-24 176 60,311,5" 45,13 1.2” 75 = L2"
25-29 49 55,722,2_ª 41,1t1,9_ª 7321.0”
Tabela 9.7: Momento da ovulação, amplitude e relação entre o momento da ovulação e a duração
do estro, de acordo com autor citado e a categoria estudada.
124
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1'26
SUINOCULTURA EM A
Fernando Pandolfo Bortolozzo, Paulo Eduardo Bennemann. lvo Wentz e Mari Lourdes Bernardi
10.1 Introdução
A técnica de lA propriamente dita é muito simples porém. se não forem tomados cuidados
básicos como higiene, adequada estimulação da fêmea pelo macho e tempo de infusão da Dl os
resultados podem ser revertidos. Da mesma forma. o momento em que é realizada a lA e sua frequencia
são fundamentais para atingir bons resultados de prenhez,
127
ÍNSEMIHAÇÃO ÁRTIFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Após a limpeza a seco, os lábios vulvares devem ser abertos e a pipeta de M, que pode ser
previamente umedecida com algumas gotas da dose inseminante, deve ser introduzida no sentido
dorso—cranial evitando, com isso, a introdução da mesma no meato uretral (Figura 10. l ). Durante a
introdução, a pipeta deve ser girada, repetidamente, no sentido anti—horário em direção a cérvix (Figura
10.2). 0 funcionário observa que o cateter está fixado ã cérvix, quando, ao tracionã-lo em direção
caudai, o mesmo permanece preso no interior do trato genital feminino. Nesse momento procede-se
com a infusão da dose inseminante. tendo a atenção de homogeneizã—la, através de movimentos suaves,
observando a ressuspensão dos espermatozóides. A infusão da dose inseminante deve perdurar por
aproximadamente 5 minutos sendo a matriz constantemente estimulada pela presença do macho
(estimulação naso-nasal). A estimulação tátil, olfatória e auditiva realizada pelo cachaça durante a
inseminação artificial são de fundamentai importância no desencadeamento do reflexo de tolerância e,
especula-se que essa estimulação poderia potencializar o transporte espermático passivo através do
aumento dos niveis de ocitocina (Suede. 1993). Ao ser concluida, a M deve-se proceder com a retirada
da pipeta realizando o mesmo movimento da introdução da mesma, porém agora no sentido horário
(Figura 10.2).
ªªh—:..., _!
“Faltavª-..,
128
SUINOCULTURA EM A
A deposição do sêmen durante a inseminação artificial no suíno pode ser realizada adaptando-
se a pipeta na cérvix, como descrito anteriormente, e fixando-a externamente, junto com a dose
inseminante, através de uma cinta presa no abdômen da matriz. Dessa forma o inseminador não precisa
permanecer inseminando uma única matriz. Esse sistema de fixação por cintas abdominais, seguido de
uma “auto-M“, permite que um inseminador acompanhe, simultaneamente, a inseminação em vários
animais. Outro aspecto a ser considerado na "auto-1A" é a velocidade na quai a dose de sêmen e
infundida no trato genital feminino. Nas doses de sêmen envasadas em embalagens com paredes
flexiveis o conteúdo é praticamente aspirado para o interior do trato genital feminino, sendo todo o
procedimento regulado individualmente de acordo com os padrões fisiológicos de cada matriz.
Flores et al. (2004) desenvolveram um trabalho para avaliar as vantagens e limitações da
"auto-l ". Para empregar essa técnica foi utilizado um aparato de M constituido por duas partes: a
primeira uma cinta abdominal? com regulagem de abertura, uma porção livre com velcro para fixar a
cauda e um cordão para sustentar a pipeta longa na posição vertical durante a M; a segunda parte.
constituida de uma mala dorsal com pesos laterais ( 10- 12 kg no total), colocada sobre o dorso da fêmea
durante a M. O experimento foi realizado empregando—se 604 matrizes submetidas a 3 tratamentos: T1-
i99 femeas inseminadas com pipetas supertip'ª. com o sêmen acondicionado em flexi-tubosª que
permitiam o colabamento do frasco ao esvaziamento, associado a utilização do aparato de {A do método
"Auto M" em questão; T2 - 207 femeas inseminadas com pipetas supertipª. com o sêmen acondicionado
em flexi-tubosº, sem utilização do aparato de lA. sendo a Dl mantida na posição vertical e no nivel mais
elevado que o trato reprodutivo da fêmea pelo próprio funcionário durante a execução da M e T3-i98
fêmeas que foram inseminadas de acordo com o manejo normal adotado pela unidade, ou seja,
utilizando pipetas do tipo Melrose, com o sêmen acondicionado em bisnagas e sem qualquer aparato de
TA. ficando o tempo de inseminação atrelado a pressão exercida pelo inseminador sobre a Dl durante a
TA. Além do desempenho reprodutivo. foi avaliado o tempo necessário para cada inseminação, o volume
de refluxo durante a infusão e nos primeiros 120 minutos após a lA e o grau de dificuldade encontrado
ao empregar os 3 procedimentos. Foram observadas diferenças na duração da M nos 3 tratamentos
(P< 0. 02), como pode ser observado na Tabela 10.1. Da mesma forma ocorreram diferenças com
relação ao refluxo de sêmen no momento (P<0,02) e nos primeiros 120 minutos (P<0.0 i) após a IA.
Entretanto. essas diferenças. embora asseguradas estatisticamente. têm um significado biológico
praticamente inexpressivo. Por sua vez o número de espermatozóides no refluxo não diferiu entre os
tratamentos. Com relação ao desempenho reprodutivo, também não foram observadas diferenças entre
as 3 variações na técnica de lA empregadas. Na Figura 10.3 observa-se o grau de dificuldade entre as
tecnicas empregadas. Essa variável foi categorizada em: grau de dificuldade 0, quando não foi necessário
a intervenção durante a iA: grau de dificuldade i. quando foi necessário 1 intervenção durante a M; grau
de dificuldade 2. quando foram necessárias 2 intervenções durante & 1A e grau de dificuldade 3, quando
foram necessárias 3 ou mais intervenções durante a lA. A estimativa do grau de dificuldade serviu para
avaliar, indiretamente. a qualidade do serviço efetuado pelos funcionários após o treinamento inicial
(aceitação do método) e. diretamente, a eficiência do aparato de M, quanto a sustentação da Di com a
pipeta longa lamelada e a aceitação do método pela fêmea no T1. Todas as fêmeas em estro aceitaram a
colocação do aparato de M. Para o T2 e T3, logicamente, a dificuldade deveria ser menor uma vez que
estavam sob a supervisão do funcionário, mesmo assim foram estimados os graus de dificuldade ligados
principalmente aos problemas de não descida da Dl (T2) e reposicionamento da pipeta (T2 e T3). Ainda
129
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
100 '
90 '" .
30 -
7O " "' 934 [| Off 3-3 ou mais intervenções
Sê“ 60 ' D nn2-2 intervenções
"" 50 -
4O _ . . .. , : I . . Dif l-I intervenções
130
SUINOCULTURA EM A
Apesar da técnica empregada na IA em suinos ser bastante simples, não se deve relegar a um
segundo plano o treinamento e a reciclagem dos funcionários destinados a realizar tal tarefa. Com isso
recomenda-se que os funcionários (e a equipe envolvida nessa atividade) tenham um treinamento
apropriado que envolva noções de anatomia e fisiologia da reprodução, conhecimentos básicos de
manipulação e armazenamento da dose inseminante (se possivel um treinamento breve envolvendo os
cuidados com a preparação da mesma - desde a coleta até o armazenamento), conhecimentos a respeito
de higiene e desinfecção e o dominio de técnicas inerentes ao manejo reprodutivo do rebanho
(diagnóstico de estro, manejo com o cachaço, entre outros), Pode-se considerar um funcionário apto
para realizar tal tarefa aquele que, após um periodo de treinamento, obteve sucesso ao realizar a IA em
um grupo de 25 matrizes, alcançando taxas de retorno ao estro compativeis com os valores que vinham
sendo obtidos pelos colegas (entre 5—7%) ou, no caso de granjas que introduziram a IA no rebanho,
pelos indices alcançados pela MN. Na rotina dos sistemas produtores de suinos, recomenda—se , sempre
que possivel, um único funcionário realize as inseminações destinadas a uma determinada matn'z
durante o respectivo estro. Dessa maneira é possivel acompanhar o desempenho individual dos
integrantes da equipe, avaliando a performance reprodutiva das matrizes por eles inseminadas, Caso não
ocorra essa padronização no treinamento e qualificação técnica da equipe, fatalmente se observará uma
variação no desempenho dos funcionários que realizam a (A. isso pode ser observado no trabalho de
Wentz et al, ( I 997) que avaliaram o desempenho de 8 funcionários baseando-se na taxa de retorno ao
estro obtida pelos mesmos (Figura iG,-ªi), Os funcionários tiveram o mesmo nivel de treinamento e cada
um deles se responsabilizou pelas matrizes inseminadas. Quando comparado com o funcionário A, que
foi referenciado como padrão, por apresentar uma taxa de retomo ao estro semelhante a média do
rebanho em questão, verificou-se que as fêmeas inseminadas pelos funcionários H e G tiveram
respectivamente 5,2 e 3,7 vezes mais chances de retornarem ao estro (P<:0, 05).
Um outro exemplo relacionado a oscilações na qualidade da mão-de-obra comparando dados
de duas propriedades e apresentado na Tabela 10.2, Dentro de cada propriedade foram avaliados os
dados referentes a um grupo de animais controlados, mantidos no manejo da granja e a outro grupo,
mantido nas mesmas condições dos anteriores, porém submetidos a um controle realizado por um
técnico qualificado. Esse técnico não apresentava muito tempo de experiência na área, mas havia
recebido um treinamento intensivo e realizou as tarefas propostas meticulosamente, Levando em conta
que a única diferença entre os grupos foi a qualificação e o treinamento da equipe que realizou o manejo
reprodutivo, fica evidente, em ambas as propriedades, a importância que desempenha o treinamento e a
motivação dos funcionários que desempenham as tarefas. Estas diferenças são evidentes ao observar a
taxa de retorno ao estro e a taxa de parto/taxa de prenhez. Com relação ao tamanho da leitegada, a
comparação direta, lamentavelmente, não pode ser realizada. Entretanto, observando o número de
embriões viáveis aos 30-34 dias de gestação, e levando em conta que o periodo critico das perdas
gestacionais, neste momento, já foi ultrapassado, pode-se estimara grande perda que está ocorrendo no
número de leitões nascidos. Esses dois exemplos deixam bem clara a importância que deve ser dada no
treinamento, na qualificação, na reciclagem e na motivação da equipe responsável pelo manejo
reprodutivo,
131
. iNSEMlHAÇÃO ARHFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
2° " 18.36
18 -
16 -
14 -
12 -
10 -
%RE
3 _
6 _
4
2 -
O
A B C D E F G H
Funcionário
B C D E F G H
MIA 109 92 100 23 91 63 ?? 49
p - 0,20 O,92 0,88 0,44 D, 18 0,01 0,01
ODDS - 0,242 1,069 1,178 1,650 2,413 3.?09 5.234
Wentz et al., 19-97
Figura 10.4: Taxa de retornos ao estro (RE) (%) de acordo com o funcionário que realizou a m.
Tabela 10. 2: Taxa de retorno ao estro gm_E), taxa de parto (TM)/taxa de prenhez gre R), tamanho da
ieitegada (T[.)/numero de embriões w 1treis (NEV) levando em consideração os da os obtidos na
rotina da granja (Granja) ou em um grupo controlado (Controle), em observação realizada no mesmo
período. e nas mesmas propriedades
Propriedade i
Granja' 282 20,5% 76,8% — 8.6 -
Controle '80 12.8% - 87,2% - 12,5
Propriedade 2
Granja' I46 13, 7% 78. 1% - 10.0 -
Controle 82 9,6% — 90,4% - 13.3
immdognmomanjaemmranmeddmaommmmejomprodudmmmm
pmpriedade, aúnicadiferençaenoeosgmposfoiaequipequerealizouestastarefaa
21hxadeprenhezemimemdeembriõesviáveisaos30—34diasdegestação.
132
SUINOCULTURA EM A
Logo após a deposição dos espermatozóides no trato genital feminino, seja através de monta
natural ou da M, ocorre um transporte rápido dessas células em direção a extremidade cranial das camas
uterinas. Esse transporte rápido, denominado transporte espermática passivo decorre, principalmente,
das contrações uterinas, A motilidade da célula espermática é responsável pelo chamado transporte
espermática ativa ou migração espermática. Praporcianalmente, a maior grau de deslocamento das
células no trato genital deve—se. principalmente, ao transporte espermática passivo. O transporte ativo
assume importância vital na passagem atraves da junção utero-tubán'ca e, posteriormente, no processo
de fecundação. O útero, por sua vez, é um ambiente hostil aos espermatozóides A motilidade
espermática reduz-se rapidamente no seu interior e muitas células espermáticas são removidas do
mesmo por fagocitose e refluxo (Baker et al., l968: Lovell e Getty, 1968: Pursel et al., 1978: Viring e
Einarssan, 1980: Steverink etal., l998).
Aproximadamente duas horas após a IA há a formação de um reservatório espermática na
junção ótero-tubárica e porção caudal do istmo ( 1-2 cm aproximadamente). Os espermatozóides que
estão no reservatório apresentam-se móveis por um periodo de 36-48 horas após a M. isso não significa
que, durante esse periodo, exista uma população espermática apta a fecundar toda a população de
oócitos que venha a se encontrar na aviduto durante esse intervalo de tempo. Acredita-se que os
espennatazóides depositados no útero, quando oriundas de uma dose de sêmen de boa qualidade ou de
um macho potencialmente fértil, permaneçam viáveis para fecundar a população de oócitos por um
periodo de 16-24 horas. A variação no periodo de viabilidade pode ser explicada por diferenças
intrínsecas ao macho, a fêmea e, no caso da M, a tecnologia de produção das doses de sêmen, como
tempo de armazenamento da dose e número de espermatozóides por dose, por exemplo.
O envelhecimento da população espermática in vivo assume maior importância nas discussões
dessa natureza, pois, no suíno, há uma tendência de que a primeira inseminação ocorra no periodo pré-—
ovulatório. Entretanto em alguns casos quando, por exemplo, as fêmeas apresentam estro de curta
duração ou o inicio do estro é detectado tardiamente, pode ocorrera realização da primeira lA após a
ovulação. Nessas situações a viabilidade do aócita no trato genital feminino terá in fluência direta na taxa
de fecundação, Após a ovulação, a oócita é transportada em 30-45 minutos até a local de fecundação
(Hunter. 1974), na junção da ampola com o istmo, e permanece viável por um periodo de 4-8 haras
(Hunter, 1967). Passado esse tempo, inicia um processo de degeneração das organelas citoplasmáticas,
principalmente dos grânulos da cortical, estruturas essas que participam no bloqueio espermática que
ocorre após a penetração, levando a polispermia. A M realizada no periodo pós-ovulatório, não
precedida de uma lA realizada no periodo prê—ovulatório, resulta, na maioria dos casos, em falhas na
fecundação com retorno regular ao estro.
Baseado na viabilidade dos gametas no trato genital feminino conclui-se que os melhores
resultados serão obtidos nas lA realizadas próximas ao momento da ovulação. Seja em um periodo pré-—
ovulatório, que envolve o envelhecimento in vivo dos espermatozóides (até 24 horas), ou em um
pedoda pós-avulatória (até 4-8 horas), que envolve a degeneração das oócitos. Entretanto, como foi
visto no capitulo 9, existe uma grande variação no momento da ovulação, Desta forma, ainda não e
possivel, sob condiçoes práticas, identificar se a fêmea se encontra no periodo prá ou pós—ovulatório e
por isso preconiza-se a realização de repetidas lA ao longo do estro.
133
. lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 10.3: Estimativa do momento ideal para a inseminação com relação à ovulação no suíno.
Mªmma: m u d a m hahçã: m
wdn-(9:10) (flatworm c o m
134
SUINOCULTURA EM A
cautela. Da mesma forma, Heimond et al. (1986) assumiram que a ovulação ocorreu após um aumento
nos niveis basais de progesterona acima de 1 ng/ml. Posteriormente, entretanto, Soede et al. (1994)
demonstraram que concentrações de progesterona acima de 1 ng/ml ocorrem 6- 19 horas (média 13 h)
após a ovulação determinada via ultra—sonografia. Com isso, os resultados de Helmond et al. (1986)
também devem ser avaliados com certa cautela.
A técnica ultra sonografica para o exame do ovário (Weitze et al. 1994) foi empregada em
leitoas por Waberski et al, (1994a) que avaliaram a taxa de fecundação em diferentes intervalos iA—
ovulação. Os autores concluiram que o intervalo ideal para inseminar essa categoria situa-se de O a 12
horas antes da ovulação. Entretanto, os autores avaliaram um periodo de somente 0 a 16 horas antes da
ovulação, sendo o grupo de 12-16 horas pouco representativo (somente 5 animais). No trabalho de
Waberski et al. (199413), o objetivo principal foi avaiiar o efeito do envelhecimento in vitro dos
espermatozóides (diferentes períodos de armazenamento da dose inseminante) e o envelhecimento in
vivo dos mesmos (diferentes intervalos entre a IA e a ovulação). Dessa forma foram avaliados três
periodos de armazenamento da dose de sêmen em três intervalos entre a IA e a ovulação (fatorial 3x3).
Devido ao delineamento experimental, que não teve como objetivo principal avaliar o intervalo ideal
entre a IA e a ovulação, visto que os exames foram realizados a cada 12 horas e devido ao reduzido
número de fêmeas inseminadas com semen armazenado de O a 48 horas ( 14 no intervalo lA-ovulação <
1211, 13 no :>12a24 e 3 no :>24), os resultados resumidos na tabela 1 devem ser vistos com certa
cautela. Detalhando um pouco mais esse periodo pré—ovuiatório, Bortolozzo et al. (2005) verificaram
que em um pen'odo de 0-24 horas antes da ovulação não foi observado diferença na sobrevivência
embrionária e no numero de embriões viáveis produzidos pelas leitoas (Tabela 10.4). Entretanto, nas [As
reaiizadas em um intervalo superiora 16 horas antes da ovulação, chama a atenção um possivelaumento
da taxa de retorno ao estro. Cabe salientar que nesse trabalho as doses de sêmen continham 4x109
espermatozóides, um número superior ao usualmente empregado na IA.
Elemento ”dam
--da'ªMiaç-ão (h) . . ... .. .....___, 'E'“SWITCͪ
Ma {95’ . 585“
. _, .. __i
135
ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA
-28 -24 46 42 % +4 +8
Waherskietai. (1994a)
Porcas I E m Bortoloazo et al. (2005)
Leitoas I
Suede et al. (1995a)
Figura 10.5: Intervalo ideal entre a realização da inseminação artificial e a ovulação em portas e ieitoas.
Reforçando o que foi citado anteriormente. se ocorrer uma IA em um periodo superiora 4-6
horas após a ovulação, não tendo sido precedida por uma IA realizada no intervalo preconizado antes da
ovulação. as chances de obter uma fecundação com sucesso são baixas. No momento em que a
população espenna'tica estiver capacitada e encontrar os oócitos, esses já estarão em processo de
degeneração. Entretanto. sob condições práticas, a maioria das matrizes recebe pelo menos uma IA
antes da ovulação. sendo as células espennãticas depositadas nesse momento aquelas de eleição para
promoverem a fecundação, em detrimento aquelas oriundas de eventuais iAs pós-ovulatorias. Apesar da
maioria das matrizes receberem uma IA pré-ovulatoria, deve-se estar atento para fêmeas de estro curto
(que tendem a ovular precocemente) e para falhas na detecção do inicio do estro. Nesses casos É possivel
que a primeira IA já ocorra após a ovulação levando a falhas na taxa de fecundação, culminando com
retornos regulares ao estro.
136
SUINOCULTURA EM A
Devido à estratégia de realizar múltiplas IAs no mesmo estro, algumas delas podem ser
realizadas após a ovulação. Castagna et al. (2003) observaram que mais de 70% das matrizes recebem
pelo menos uma IA apos a ovulação. Seriam essas IAs pós-ovulatórias, precedidas de pelo menos uma
pre-ovulatória realizada no momento preconizado, prejudiciais ao desempenho reprodutivo das
matrizes? Quando foram realizadas uma IA pré-ovulatoria e outra pós-ovulatória foi observado que,
quando a IA foi realizada até 5 horas após a ovulação, houve um aumento no número de
espennatozoides acessórios. que não influenciou o percentual de embriões normais (Suede et al,,
i995b). Na opinião de Weitze et al. (2001), a realização de uma IA pós—ovulatoria, realizada até 12— 15
horas após a ovulação, não traz prejuizos & sobrevivência embrionária. Avaliando grupos de matrizes de
acordo com u número de IAs realizadas, considerando a realização de intervenções após a ovulação, os
autores concluiram que a realização de IAs pós-ovulatorias, independente do número, não influenciaram
o desempenho reprodutivo das matrizes.
Castagna et al. (2003) constataram que, além de 70% das fêmeas terem recebido pelo menos
uma IA após a ovulação, um grupo de matrizes chegou a receber duas ou mais IAs apos a ovulação. Em
nenhum dos grupos, mesmo recebendo uma, duas ou até três IAs após a ovulação, foi observado efeito
sobre a taxa de retorno ao estro. taxa de parto e tamanho da leitegada (Tabela 10.5). Ou seja, desde que
a matriz esteja em estro no momento em que a IA 9 realizada. não é esperada uma redução no
desempenho reprodutivo. Entretanto, para que não haja esse comprometimento no desempenho
reprodutivo, é fundamental que uma IA pré-ovulatória tenha sido realizada.
_Tabela 10.5: Desemfenho reprodutivo de fêmeas suinas submetidas a inseminações artificiais com
intervalo de 12 ou 4 horas, de acordo com o numero de msemmações artificrais recebidas no estro
e com o numero de msemmações recebidas após a ovulação.
n ”andem 191910999110 mordem
aol-"showw WM») (rnétiatElªª'ªjl|
137
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Cabe salientar que em alguns casos, normalmente devido a falhas no manejo, ocorrem lAs
durante o metaestro. Nesses. as conseqt'iências sobre o desempenho reprodutivo são desastrosas.
Rozeboom et al. ( 1997) avaliaram leitoas e pluriparas submetidas a repetidas lAs durante o estro. sendo
que metade delas também inseminadas no metaestro. Neste trabalho foi demonstrado que fêmeas
inseminadas após o término do estro apresentaram uma redução de 1.1 leitões em relação as fêmeas
inseminadas somente durante o estro (P< 0.05). Para a taxa de parto. diferenças foram observadas
somente nas ordens de parto 1 e 2. onde houveram quedas de 20% nas fêmeas inseminadas no
metaestro (Pan.05). Marquetti et al. (2000) observaram 328 fêmeas, divididas em dois grupos, onde o
grupo 1 recebeu três lAs durante o estro (n =268) e o grupo 2. duas iAs no estro e uma no metaestro
(n = 60). A detecção do estro foi realizada às 8:30 e às 16:30 h. pela equipe da granja. e às 1:00. 9:00 e
17:00 h por uma outra equipe independente. Foi observada uma elevação da taxa de retomo do estro
(l RE) e consequente queda na taxa de parto ajustada (TPA) de 15.6% (P<:0,01) nas fêmeas com uma 1A
no metaestro. acompanhado de redução de 1.3 leitões nas leitegadas (P<:0.01) (Tabela 10.6). Falhas
que levam a realização de MS no metaestro normalmente ocorrem em granjas que inseminam as
matrizes em protocolos fixos e não controlam se a fêmea que esta sendo inseminada ainda está
manifestando o estro. Erros desse tipo são inadmissíveis na suinocultura tecniticada.
Tabela 10.6: Duração do estro (DUE), momento da ovulação (MD). relação estro-ovulação (REL),
taxa de retorno ao estro (TRE). taxa de parto ajustada (TPA) e tamanho de leitegada (TI.) de
fêmeas submetidas a três 045 no estro ([A-estro) ou duas bºts no estro e uma m no metaestro (lA-metaestro).
- — - —
n 60
DUE (m* 62.8:11.03' 41.421137"
MO (m* 41,6:9,45' 32.6: 9.91”
REL % meª 66,4“
TRE % 6,3' 21,3”
TPA % 93.4“ 77,8”
TL“ 11,412.93“ 10.133,13”
* Média idesvio padrão a, 13 na linha p<0,05 Marchetti et al., 2000
138
SUINOCULTURA EM A
sobrevivência embrionária superior a 80% (Figura IO. 7). Especula—se que vários fatores podem
influenciar o sucesso na performance das fêmeas inseminadas em intervalos superiores a 24 horas antes
da ovulação. É possivel que haja uma variação entre cachaças no periodo de sobrevivência espermática
no trato genital feminino. Essas variações poderiam estar associadas a alterações nos fatores de
capacitação (Xu et al., 1998), devido a alterações na qualidade espermática dos doadores (Waberski et
al., 1994c) ou até mesmo relacionadas a composição protéica do plasma seminal (Flowers, 1998a). Cabe
salientar que aspectos qualitativos e quantitativos ligados a dose inseminante não podem ser totalmente
descartados. Por outro lado. essas diferenças poderiam estar associadas a fêmea. onde determinadas
matrizes promoveriam melhores condições de sobrevivência embrionária no seu trato genital. Na
realidade. até o presente momento. existem Somente especulações a respeito dos fatores que poderiam
explicar os bons resultados de fertilidade obtidos em fêmeas inseminadas em intervalos de 24-32 horas
antes da ovulação. Entretanto maiores estudos são necessários para elucidar esse relevante tema. Pois,
por exemplo. a identificação de possiveis fatores associados ao macho que permitam a obtenção de uma
boa performance reprodutiva do mesmo em lAS realizadas em intervalos superiores a 24 horas,
preferencialmente entre 24 e 32 horas. permitiria o uso estratégico desses reprodutores, racionalizando
os custos em programas de IA.
A. 100 - I I I I I
É. I II II Il
_m 90 ' .
.
“ª 80 “ . _ . | _ ! —
'=
an
70 - ' ' I I I
"E, 60 - : | ' !
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W 20 - I
.
10
0-3 8- 'I 6 16-24 24-32 22-32
Bor-telmo et al.. 2005
139
. iNSEMlHAÇÃO ÁRTIFICML NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
| Eram demorar.-ina da um I
0-431: 96-12011
| | I |
IGO ' — "_ — _ —
90 '
80 - % Sobrevivência
% 7O _ Embrionária
ªg.; 60 - _
[| >eu-too
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E 40 - _
ª “ LL . >4o-so
É 30 '
III
e 20 - I >040
& to -
Figura 10.7: Categorização das leitoas de acordo com o grau de sobrevivência embrionária após uma
única inseminação artificial com 1,5 bilhão de espennatozóides armazenados por 0-48 horas
ou 96-12!) horas à ISªC.
Variações inerentes a Fêmea: Observa-se que nas lAs reaiizadas no intervaio ideal (até 24
horas antes da ovulação) existem fêmeas que apresentam bons resultados de fecundação e outras que
apresentam resultados ruins. Soede et al. (1995a,b) apresentam um possivel efeito da linha genética
sobre a taxa de fecundação de matrizes inseminadas em diferentes intervalos de acordo com o momento
da ovulação. As fêmeas da linha fêmea apresentaram melhores taxas de fecundação no periodo pós-
ovulatón'o quando comparadas as da linha macho (94% vs. 62% P= 0,007). No periodo pré-ovulatorio
(iA realizada até 24 horas antes da ovulação) o resultado foi superior nas fêmeas da linha macho (92%
vs. 83% P=0.07). Os autores sugerem que a sobrevivência dos oócitos, o transporte espermático. &
sobrevivência espermática no reservatório e a capacitação podem variar de acordo com o materia!
genético empregado influenciando, conseqiientemente, o intervalo ideal da inseminação. Outro aspecto
a ser considerado são as diferenças obtidas entre leitoas e porcas. Em leitoas o intervalo ideai entre a M e
a ovulação é de 16 horas (Bortoiozzo et ai., 2005), enquanto em porcas obtêm—se bons resultados em
140
SUINOCULTURA EM A
intervalos de até 24 horas (Soede et al., ] 995a) ou até mesmo 28 horas (Nissen et al., 1997).
141
. ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 10.7: Taxa de prenhez (TP), número de corpos kite-as (Cl.), número total de embriões (TE) e
sobrevivência embrionária {SE} em leitoas inseminadas em diferentes intervalos inseminação-ovulação (IA-OV).
_ Tempo de
. ena m .. _ . _ _ ._ _ _
"'.-..Dose da fiat) IAG-V (h) 11: (m;) u at 11*-
0-12 93.4 (sz/enª ss 17,622.15 14.123.2‘ 78,6 : 17,5ª
0-48 13-23 91,9 (34/37)“ 33 18,013.4 14,214,8‘ 711120.9‘
24-30 85.7 (18/21)“ 18 17.1125 13,213.9‘ 71.91210
142
SUINOCULTURA EM A
10.4Recunmdaçõesprádcassohefreqãêm'aenmlenmidealpaamauzaram
Tabela 10.8: Número de inseminações por estro, taxa de retorno ao estro (TRE), taxa de parto ajustada
(TPA) e número total de leitões nascidos totais (NT) em pluríparas inseminadas uma e duas vezes ao
dia em duas propriedades.
Propriedade 1
Urna IA ao dia 239 2,00:0,50 6,69 92,92 1 13113201
Duas lAs ao dia 244 3,302: 0,90 4,92 94,78 1 1,25 12,95
Pªi 0,01 0,40 0,40 0,80
PropfiedadLZ
Uma lA ao dia 357 2,16 : 0,45 9,52 87,75 11,53 32,91
Duas lAs ao dia 361 3,08: 0,56 6, 09 91,98 1 1,34 i 2, 90
1” 0,01 0,09 0,06 0,39
* Nível de signrficfinaa'
' estaum
' Dados UFRGS - não publicados
143
ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Cabo salientar que para nuliparas a população espermática depositada no trato genital
feminino por um periodo superiora 16 horas antes da ovulação, leva, aparentemente, a uma queda no
desempenho reprodutivo. Nesse sentido. conduziu-se um experimento, sob condições práticas, onde
um grupo de 105 leitoas foi submetido a dois diagnósticos de estro diários. sendo inseminadas duas
vezes ao dia, em intervalos de 12 horas. ou uma vez ao dia, com intervalos de 24 horas (Tabela IO.9). A
primeira IA foi conduzida sempre no turno subsequente ao inicio do estro. As leitoas submetidas a lAs
com 24 horas de intervalo apresentaram uma redução de 1. 1 leitões nascidos (P:-10,09) isso representa.
em 100 leitoas inseminadas, submetidas a duas [As diárias uma produção de 1881eitoes a mais que nas
inseminadas em intervalos de 24 horas. Com base no apresentado. conclui—se que, em leitoas sob
condições práticas, o intervalo entre as lAs não deve ser superiora 16 horas.
Tabela 10.9: Taxa de Retorno ao Estro, Taxa de Parto Ajustada o Tamanho da leite-yada em leitoas
Totalde leitoas 53 52 -
Dmaçãodoesn'ofh) 49,321.15 44,121.45 0,01
Intervalodainra‘adomamflasfiom) 23.1213 24.4215 0.17
MervahdaªtimªMPIÉ-ºwiªfódªàºwdªs㺪ú 11.731,11 {Loam «com
fixaderetomoaoeshufifi) 13,2 7,7 0,35
Tandepartoajwtadaw) 31,1 90,2 11,19
mºl-ªtªcªdª 9,530; ram-:03 0,119
Bortolozzo et al., 2005
Sabendo—se do intervalo máximo entre as 1115. considerando sempre as diferenças entre leitoas
e porcas, e importante discutir o momento de realização da primeira IA. O ponto de partida para definir
o momento da primeira {A o o inicio da manifestação do estro (apresentação do reflexo de tolerância ao
macho). Logo. é importante que se saiba a frequência na qual o diagnóstico do estro é realizado. No caso
do pluriparas, entre 5.5 % (Heck et al., 1997) e 7,7% (Dias et al., 1999) das matrizes ovularam no
periodo entre 12 e 20 horas apos o inicio do estro. Com isso. se o diagnóstico é realizado duas vezes ao
dia (intervalos de 8— 16 horas). é possivel realizar a primeira IA no turno seguinte ao inicio do estro. pois
há uma tendência de que nenhuma fêmea tenha ovulado até então.
No caso de leitoas. o percentual de matrizes que ovulam entre 12 e 20 horas após o inicio do
estro é maior. Martini et al. (1997) e Uemoto (1999) observaram que 12,8% e 20,6% das leitoas.
respectivamente. haviam ovulado nesse periodo. A principio. em leitoas submetidas a duas detecções
diárias de estro seria possivel realizar a primeira IA no turno seguinte a detecção do inicio do estro, da
mesma forma que nas pluriparas. Entretanto os riscos são maiores. Caso existam falhas na detecção do
estro, por exemplo, é possivel que a primeira IA seja realizada após a ovulação em um grande número de
animais. Como foi comentado anteriormente, os oócitos permanecem via'veis por um periodo de 4-8
horas após a ovulação (Hunter, 1967). Entretanto ao se realizar a IA deve-se considerar que os
espermatozóides necessitam de um determinado periodo de tempo para capacitação, periodo esse que
tende a variar de 2 a 8 horas conforme o macho doador. Com isso, quando se procede uma IA. por
144
SUINOCULTURA EM A
exemplo, 4 horas após a ovulação, deve—se considerar que ainda é necessário um periodo de tempo para
a capacitação espermática antes que ocorra a fecundação. Consequentemente, quando os
espermatozóides estiverem capacitados, os oócitos já estariam. no caso do exemplo, envelhecidos em 6 a
I2 horas. Com isso aumentam as chances de falhas na fecundação e o percentual de fêmeas com retorno
regular ao estro. Portanto. nas leitoas. devido ao maior percentual de animais ovulando entre I2 e 20
horas após o inicio do estro. adicionado a possíveis falhas de manejo na identiãcação do estro nessa
categoria, em alguns casos, é procedente recomendar que a primeira IA seja realizada no momento em
que o estro é detectado, mesmo quando o diagnóstico de estro é realizado duas vezes ao dia.
Paralelo a essas recomendações, existem protocolos de IA baseados no intervalo Desmame—
Estro (l DE). Como foi apresentado no capitulo 9. existe uma correlação positiva entre a duração do estro
e o momento da ovulação (intervalo inicio do estro—ovulação). ou seja, fêmeas com estro longo tendem a
apresentar um maior intervalo entre o inicio do estro e a ovulação que fêmeas com estro curto.
Paralelamente. trabalhos alemães e holandeses observaram que existe uma correlação negativa entre o
IDE e a duração do estro, ou seja. fêmeas com I DE curto (até 3 a 4 dias) tendem a ter um estro longo e.
conseqiientemente. tendem a apresentar um maior intervalo inicio do estro-ovulação (Weitze et al..
I994; Soede et al., I995a: Borchardt Neto, I998). Logo. essas fêmeas não necessitariam de uma
primeira IA nas primeiras 24 horas após o inicio do estro. Baseado nessa associação entre o IDE e a
duração do estro/momento da ovulação foiproposto um protocolo de IA (Tabela I0. IO)
Tabela IO. IO: Protocolo de lã./MN baseado no intervalo Desmame-Estro em propriedades que apresentam
uma associação entre IDE e Momento da Ovulação e realizam dois diagnósticos de estro ao dia.
Cabe salientar que, nesses trabalhos, a associação entre o i DE e a duração do estro apresentou
um coeficiente de determinação (rª) que variou de 0. I0 a 0.30. ou seja, somente I0 até 30% da variação
encontrada na duração do estro/momento da ovulação pode ser explicada pelo intervalo desmame estro
da fêmea. Por outro lado, em trabalho realizado por nossa equipe. avaliando o I DE e a duração do
estro/momento da ovulação, em 384 matrizes, não foi observada uma correlação entre as variáveis
(Heck et aL, I997). Essa informação está de acordo com o que foi posteriormente descrito por Steverink
et al. ( I 999). onde em 20% das 55 propriedades analisadas não foi observada uma associação entre o
IDE e a duração do estro.
145
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 10.11: Taxa de parto e número total de leitões nascidos em matrizes submetidas a um protocolo
de IA de acordo com o intervalo desmame estro, em duas propriedades,
TP (%)
Controle ut nos
i
Propriedade 1
IDE 55 dias 88,1 84,6 11,1 10,9
IDE 6-7 dias 82,4 83,1 10,6 10,7
IDE 28 dias 84,5 85,6 10,8 10,5
Propriedade 2
IDE s5 dias 83,3 86,2 10,5 10,7
IDE 6-7 dias 85,1il 72,1” 10,1"“ 9,9”
IDE 28 dias 84,4ª 70,3“ 10,5ª 9,8"
leoas diferentes na linha: P<0.05 Flowers (1998b)
146
SUINOCULTURA EM A
Figura 10.12: Duração do estro em dois rebanhos de acordo com o intervalo desmame estro.
Propriedade I
IDE 55 dias 1 10 89
IDE 6-7 dias 23 65 12
IDE 28 dias 77 ' II 12
Propriedade;
IDE 55 dias 9 I3 78
IDE 6-7 dias 14 47 39
IDE 28 dias I4 58: 28
letras diferentes na linha: P<D.05 Flowers (19981:)
147
E ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
foram alcançados com 50 milhões, 200 milhões e i bilhão de espermatozóides na dose em comparação
ao grupo controle com a MT (3 bilhões). Na seqõência dos trabalhos, foi desenvolvido um cateter para
realização da lAUP, sem a necessidade de um endoscópio (Martinez et al., 200 lb; Martinez et al., 2002).
A inserção desse cateter foi possivel em 95,4% das fêmeas, em 3-5 minutos, e a ponta do mesmo ficou
localizada de 8 a 55 cm da junção útero-tubãrica. Apesar dos espermatozóides serem depositados
somente em um corno uterino, a fecundação bilateral ficou próxima a 100%. a0 avaliar embriões
coletados 65h após a inseminação. Ainda não está claro como os espermatozóides alcançam o oviduto
contra—lateral, mas ha evidências de migração transuterina e transperitoneal (Vazquez et al., 2005). Esse
novo cateter foi avaliado empregando doses de 10, 25, 50 e i50 milhões de espermatozóides frente a
um grupo controle com lAT (dose de 3 bilhões de espermatozóides). A taxa de parto não diferiu entre o
grupo controle (lAT) e lAUP com 50 e 150 milhões, alcançando resultados superiores aos grupos
inseminados com i0 e 25 milhões de espermatozóides (P<0,05). O tamanho da leitegada não diferiu
entre os 5 grupos (Tabela lO. l3). Entretanto, quando a M UP foi empregada comercialmente, com l50
milhões de espermatozóides, em duas avaliações distintas, foi observado comprometimento na taxa de
parto (redução de 2,3 e 7%) e no tamanho da leitegada. com 1.2 a 2.4 leitões a menos (Vazquez et al.,
2001: Day et al., 2003). Os autores salientam que essa redução na fertilidade poderia ser evitada
aumentando o número de espermatozóides por dose, Entretanto, pesquisas complementares devem ser
realizadas para definir qualseria esse número mínimo. Alem disso, cabe salientar que a grande vantagem
no emprego da lAUP está associada à possibilidade de incrementaro uso do sêmen congelado ou sexado
(Vazquez et al., 2005).
Tabela 10.13: Desempenho reprodutivo ao parto após a deposição intra-uterina profunda (IAUP)
ou intra-cervical |C da dose inseminante.
10.7lmemhaçãoardãdalmdeposiçãOMa-utainadadosemsenúwrte
148
SUINOCULTURA EM A
Sob condições experimentais. Wolken et al. (2002) empregaram a [AU com 500 milhões de
espermatozóides/dose em 20 ml, 100 milhões de espermatozõides/dose em 20 ou 10 ml. e avaliaram a
taxa de prenhez aos 23 dias põs-iAU e número de embriões viáveis após o abate das matrizes entre 28-35
dias põs-lAU. Ao empregar 500 milhões de espermatozõides/dose foram alcançados resultados
promissores de 77,3% de prenhez e 12,6 embriões viáveis. Em avaliação sob condições comerciais,
Watson & Behan (2002). empregando as duas técnicas (lAU e lAT) com 3 diferentes números de
espennatozõides por dose ( I. 2 e 3 bilhões). demonstraram que é possivel alcançar resultados
semelhantes. empregando 1 bilhão de espermatozóides por dose na lA U. em comparação a 2 e 3 bilhões
na iAT (Tabela 10.14). Somente na [AT com I bilhão de espermatozóides foram observadas reduções
significativas na taxa de parto e no número total de leitões nascidos.
Em teste de validação de campo, Dallanora et al. (2004a) compararam o emprego da lAT com
3 bilhões de espermatozóides, em doses com 90 ml. frente à lAU com 1,5 bilhões de espennatozõides.
em doses de 60 ml. Ao avaliar o desempenho de 608 matrizes, os autores não observaram diferenças
entre os dois tratamentos para a taxa de parto ajustada ({AU = 94.9% e MT: 943%) e número total de
leitões nascidos ((AU= 11.6 e iAT= I 1.8) (Tabela IO. i 5).
Tabela 10.15: Desempenho reprodutivo de fêmeas suinas após inseminação intra-uterina com 1,5 bilhão
ou tradicional com 3 bilhões de espermatozóides.
149
. ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Os resultados de Watson & Behan (2002) e Dallanora et al. (2004a) permitem concluir que
indices satisfatórios de desempenho podem ser obtidos na lAU com o emprego de l—l,5 bilhões de
espermatozóides por dose. Entretanto, ainda não estava definido se esse seria o número minimo de
espermatozóides a ser empregado rotineiramente. Com isso, na seqóência. foi realizado um
experimento avaliando a possibilidade de emprego de número inferiora 1 bilhão de espermatozóides na
dose com a lAU (Mezalira et al., 2005). Um total de 21 l porcas foram alocadas em 3 grupos submetidos
a uma única lAU com 250 milhões. 500 milhões ou 1 bilhão de espermatozóides por dose, em volume de
20 ml. em intervalo inferior a 24 horas antes da ovulação. As matrizes foram abatidas 28—35 dias após a
iAU e não foram observadas diferenças na taxa de prenhez entre os tratamentos (Tabela 10.16).
Entretanto. o número de embriões foi superior nas fêmeas inseminadas com 500 milhões de
espermatozóides quando comparadas às inseminadas com 250 milhões. Ao avaliar a taxa de prenhez
dos quatro reprodutores empregados no experimento, observou-se que mesmo empregando 0,5 e 1,0
3009 espermatozóides por dose, o reprodutor D teve comprometimento na taxa de prenhez. Por outro
lado, o reprodutor C, mesmo com 0.25 xiOª espermatozóides por dose, alcançou taxa de prenhez
superior a 95%. Com o emprego de um baixo número de espermatozóides por dose, a tendência é que
as diferenças de fertilidade entre os reprodutores sejam mais acentuadas ou mais facilmente
evidenciadas. Essas diferenças não foram identificadas in vitro, quando a motilidade dos quatro
reprodutores foi avaliada até as 240 horas após a diluição (Figura 10.8).
150
SUINOCULTURA EM A
a
II
"E IA
E I B
É
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inn
all:
i n
" 240]!
ªll-ªh 96h 144:: 19.21:
Figura 10.3: Matilidade espennática das 4 reprodutores, avaliada. durante 240 horas de
materialmente in film (Mezallra et al., 2005).
Baseado nos dados experimentais de Mezalira et al. (2005). Bennemann et al. (2005b)
realizaram um teste de validação de campo empregando a lAU com 500 milhoes de espermatozóides
por dose frente a lAT com 3 bilhões. A taxa de parto não diferiu entre os tratamentos. porem houve, na
IA U. redução signilicativa no número total de leitóes nascidos (P:: O,05). Esses resultados indicam que o
emprego da lAU em larga escala, com doses de 500 milhões de espermatozóides. pode comprometer o
tamanho da leitegada.
Ao empregar a MU ficou a dúvida se o intervalo ideal permaneceria ou não semelhante ao da
MT. ou, se a redução demasiada do número de espermatozóides, na lAU, implicaria em necessidade de
deposição do sêmen próximo ao momento da ovulação. Com isso. talvez fosse necessário aumentar o
número de bºis por estro. Nesse sentido, Bennemann et al. (2004) realizaram um experimento
empregando dois números de espermatozóides por dose ( i e 2 bilhões) e inseminando em dois
intervalos pre-ovulatórios (0-24 e 25-32 horas antes da ovulação). As matrizes foram submetidas a uma
única lAU e foram abatidas 28—35 dias após a inseminação. Na análise, não foi observada interação entre
o número de espermatozóides na dose e o intervalo inseminação-ovulação (P> O,05). O número total de
embriões não diferiu com o emprego de I ou 2 bilhões de espermatozóides por dose. Entretanto,
quando a [AU foi realizada entre 25—32 horas antes da ovulação, foi observada redução de 2.0 embriões
(P-c0.05; Tabela 10. I7).
151
E INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 10.17: Taxa de prenhez, (PR), número de corpos lúteos (Cl.), total de embriões (TE) e sobrevivência
embrionária em porcas submetidas à inseminação artificial intra-uterina com 1 ou l o º espemtatozóides
e intervalos de 0—24 ou 25—36 h antes da ovulação,
Tabela 10.18: Grau de dificuldade encontrado durante a passagem do cateter através da cérvix da
fêmea suína.
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i- P: 'Í-Í'e'“, ,. ' Flii
Willºw & Behan [2002) 2-11 Fipeta tipo Melrose com cateter 95,0%
W et ªl- (2002l 2-6 Cateter flexivel 95,4%
Mªm ªiªi. (ZW-1) 2-4 Fipeta tipo Melrose com cateter 97,4%
152
SUINOCULTURA EM A
Com a tecnologia disponivel até o momento, não é possivel empregara [AU em leitoas e, como
apresemtado anteriormente, em aproximadamente 2-3% das pluriparas. Em primiparas, os resultados
são bastante promissores. No trabalho de Diehl et al. (2005) ficou claro que o grau de dificuldade na
passagem do cateter e sempre maior nas primiparas, independentemente da técnica de lAU empregada.
Além disso, ficou evidente que o desempenho reprodutivo nas primiparas submetidas a iAU, com o
cateter sem o auxilio da pipeta tipo Melrose, foi reduzido quando comparado às multiparas do mesmo
tratamento ("Tabela 10.19), Entretanto, com o emprego da lAU utilizando o cateter guiado pela pipeta
tipo Melrose. as primiparas obtiveram desempenho reprodutivo semelhante às multiparas do mesmo
tratamento (Diehl et al., 2005).
DP! = primiparas; DP:- I = fêmeas de DP superior a 1,- P= nível de probabilidade: Diehl et al., 2005
Grau alto de dificuldade : mais de 3 tentativas de passagem do cateter;
grau médio de dificuldade = 2 a 3 tentativas de passagem do cateter;
grau baixo de dificuldade = passagem do cateter na primeira tentativa.
O número total de leitões nascidos corresponde à média ajustada : desvio-padrão.
153
E lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 1O.20: Efeito do alto e baixo* percentual de espermatozóides no refluxo sobre a taxa de
prenhez e número de embriões após a inseminação artificial uterina de porcas.
250 nirõs 66% 14% 22/28 (78.6) 11/1961?) 12,8 34.7 10,035.?
soo trifle: 64% 14% 3M5 (85.7) 11312 (33,3) 14.5142 13,315,?
I blsão 68% 12% 3236 (88.9) 132! (71.4) 14,3153 113 34.3
154
SUINOCULTURA EM A
Williªns, 2002
Embora existam algumas limitações no emprego da {AU que, se não forem atendidas
comprometerão o uso dessa biotecnica, o dominio da tecnologia em questão está consolidado, Baseado
na avaliação econômica da técnica de (AU Eca evidente que, caso as doses sejam produzidas
individualmente e respeitando-se a proporção de fêmeas com (AU e lAT, o custo por fêmea inseminada
tende a não ser reduzido significativamente. Portanto, ao passar da [AT para a iA U, não se deve ter- a
expectativa de redução dos custos por fêmea inseminada como ocorreu no passado, quando a lATsurgiu
como alternativa a monta natural. O principal ganho com o emprego da [AU sera o melhoramento
genético com o emprego de machos superiores. Ou seja, como foi demonstrado na análise bio-
econômica, a lAU permitirá um aumento superiora 2,5 vezes no número de fêmeas a serem atendidas
com um macho em comparação & lAT. Obviamente que essa relação machomúmero de fêmeas
atendidas dependerá do número de fêmeas atendidas em todo programa de IA (tamanho do plantel a
ser inseminado), da idade média desejada no plantel de machos, da necessidade de diferenciar os
machos para determinadas fêmeas (avôs, bisavós ou outras linhas genéticas no mesmo plantel), do
manejo das granjas (principalmente com relação à demanda de sêmen ao longo da semana), da
qualidade das instalações de alojamento dos doadores, do manejo empregado com esses animais e da
qualidade na produção das doses. Entretanto, antes de realizar uma mudança drástica na técnica de
inseminação empregada na unidade, deve-se avaliar se a produção espermática por doador alojado e o
número de inseminações por estro estão otimizados, ou seja, se estão próximos aos valores deiinidos
anteriormente. Muitas vezes, vislumbra—se a possibilidade de alcançar metas distintas com o emprego de
uma nova tecnologia e esquece—se de consolidar pontos básicos importantes da rotina do programa de
produção. Nesse caso, as vantagens obtidas de um lado são, muitas vezes, anuladas ou minimizadas pela
omissão na consolidação desses pontos básicos descritos.
155
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TECNIFICADA
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157
SUINOCULTURA EM A
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11.1 Introdução
Os primeiros resultados positivos de fertilidade, com a utilização de sêmen suino congelado,
foram obtidos no inicio da decada de 70, primeiramente com a IA no oviduto & logo em seguida, com
IA intracervical, As pesquisas efetuadas durante os últimos 30 anos resultaram em avanços originados,
sobretudo, dos estudos efetuados para a avaliação do efeito de diferentes crioprotetores, embalagens de
congelamento, diluentes e curvas de congelamento e descongelamento. No entanto, o emprego de
sêmen congelado ainda está associado à redução de 10 a 20% na taxa de parto e de l a 2 leitões por
leitegada, quando comparado ao uso de sêmen resfriado,
Em comparação com outras espécies, um menor número de doses é obtido por ejaculado de
sêmen suino submetido ao congelamento, o que aumenta os custos por dose produzida. Além disto,. a
tecnologia preconizada no momento necessita de equipamentos e instalações apropriadas, elevando
ainda mais o custo de produção das doses congeladas,
Há grande variabilidade na resposta dos machos suinos ao congelamento, a qualnão e possivel
de ser identificada, até o momento, pelos parâmetros convencionais de avaliação do sêmen in natura,
Por estas razões, a IA com sêmen congelado tende a se restringirã exportação de sêmen entre
países. ao transporte em longas distâncias e à formação de bancos de sêmen de raças ou linhagens de
alto valor genético, ou que se encontram em via de extinção ou em risco sanitário. A aplicação comercial
da técnica dependerá da otimização das condições de congelamento e/ou da técnica de inseminação, as
quais estão sendo objeto de pesquisa.
1'59
. iNSEMiHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TECNIFICHDA
160
SUINOCULTURA EM A
Acredita—se que, pelo menos. parte das diferenças na sensibilidade dos espermatozoides ao
choque térmico estejam relacionadas com o seu conteúdo de iipidios. Não só as diferenças na
composição total parecem ser importantes. mas a composição das membranas em diferentes regiões da
céiula espermática parecem assumir papel importante na determinação da sensibilidade ãs baixas
temperaturas (Watson & Plummer, 1985). A composição da membrana espermática na porção anterior
da cabeça parece ser muito importante. jones & Mann ( i977) observaram menor proporção do ácido
docosahexaenõico nas membranas plasmática e acrossõmica do que na cauda ou em espermatozoides
ovinos sem cabeça. sugerindo que as membranas mais facilmente danificadas pelo frio são as que
contêm menor reiação de ácidos graxos poli-insaturados:saturados. Além disto, foi demonstrado (Bohr
et ai.. 1994; Buhr & Pettitt, i996: Ceroiini et al., 200 i ) que a criopreservação de espermatozoides suinos
está associada a modificações na composição lipidica (fosfolipidios, ácidos graxos, colesteroi.
trigliceridios) e consequentes alterações na fluidez da membrana da cabeça.
O colesterol, um dos principais componentes da membrana espermática. interfere no
comportamento dos lipídios, ampliando a sua transição de fase. prevenindo. portanto. mudanças
bruscas e minimizando a separação de fases. A membrana plasmática de espennatozoides suinos
apresenta relação coiesterolzfosfolipidios mais baixa do que a de espermatozoides de outras espécies
(Tabela 1 i. i) podendo ser um dos fatores responsáveis pela sua maiorsensibilidade ao resfriamento (De
Leeuw et al., I990; Parks & Lynch, 1992).
Além do menor conteúdo de colesterol. Parks & Lynch (I992) observaram que
espermatozoides suinos apresentam maior relação proteina:fosfolipidios ('l'abela 11.1) na membrana
plasmática, em reiação aos espermatozoides de espécies menos sensiveis ao choque térmico. como os
equinos, bovinos e galos. Somado a isto. Parks & Graham ( 1992) saiientam que a fração glicolipidica da
membrana de espermatozoides suinos possui ponto de fusão relativamente alto e proporção eievada de
etanoiamina. O conjunto destes aspectos aumentaria a probabilidade de mudanças irreversiveis na
membrana, advindas da separação lateral de fase e de aiterações na interação lipídios—proteinas.
tornando os espermatozoides suinos mais sensiveis do que os de outras espécies.
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Referência A = De Leeuw et al. (1990); B= Parks & Lynch (1992}; C = Gilmore et al. (1998)
161
. lNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
162
SUINOCULTURA EM A
É pouco provável qua um único valor da permeabilidade da membrana ou energia de ativação possa ser
utilizado para prever a resposta da célula como um todo. frente a uma determinada velocidade de
congelamento (Fiser, 1991; Holt, 1997/2000ab).
Após a nucleação do gelo. os cristais crescem rapidamente em todas as direções, conduzindo à
saida de água de dentro da célula e aumento progressivo da concentração dos solutos, nos
compartimentos intra e extracelular; quando a viscosidade da fração não congelada torna-se muito alta,
a formação de gelo é interrompida. A velocidade adequada de congelamento resulta em desidratação
adequada, deixando a célula em ambiente restrito e compactado. dominado pelos efeitos da alta
concentração de solutos e dos cristais de gelo (Hammerstedt etal., 1990).
Embora Hess et al. ( 1960) tenham considerado a faixa entre - 15 e -70°C como a zona critica
para os danos aos espermatozoides suinos. durante o congelamento, trabalhos posteriores
demonstraram qua danos substanciais ocorrem já na faixa entre 0 e -10ºC (Bwanga. 1991). Por outro
lado, Maxwell & johnson (1997) consideram que os danos da formação de cristais de gelo ou a
toxicidade do glicerolseriam menores do que os danos causados pelo resfriamento dos espermatozoides
até sºc, pois constataram que a maior parte das alterações da membrana. de espermatozoides
congelados em palhetas de 0,5 ml. ocorreu durante o resfriamento.
Outros autores chamam a atenção para os efeitos das condições de descongelamento no
sucesso da criopreservação de espermatozoides suinos. De um modo geral, se o descongelamento e
muito rápido. há um desequilibrio entre a saida de crioprotetor e a entrada de água; se for muito lento.
ocorre a recristalização dos microcn'stais de gelo intracelulares, os quais aumentam de tamanho e
danificam as organelas celulares. Courtens & Paquignon (1985) avaliaram as alterações sofridas pelos
espematozoides suinos durante todo o processo de congelamento. por microscopia eletrônica. e
verificaram percentual elevado (60%) de acrossomas edemaciados. logo após a diluição do sêmen
descongelado, contrastando com uma conservação razoável da integridade da cabeça espermática,
durante o congelamento. Da mesma forma, outros autores que efetuaram o congelamento em bolsas
plásticas (Bwanga et al.. l991c: Ortman & Rodriguez-Martinez, 1994) observaram alterações na
integridade da membrana plasmática e lesões acrossõmicas substanciais (presença de vesículas,
hidratação e edema), durante o descongelamento. Gilmore et al. ( i998) salientam que a formação de
gelo intracelular é menor do que 5%. independentemente da velocidade de congelamento dos
espermatozoides suinos, sugerindo que a perda de viabilidade deve—se mais ã expansão excessiva
durante o descongelamento do que pelos cristais de gelo intracelulares. Eriksson et al. (2001) reforçaram
a ideia de que os maiores danos não ocorrem durante o resfriamento ate SºC, tendo mostrado qua a
velocidade de descongelamento foi um dos fatores que mais influenciou na sobrevivência dos
espermatozoides congelados.
As mudanças qua vão ocorrer nas células submetidas ao congelamento/descongelamento
podem. segundo Woelders (1997), ser bastante prejudiciais às células e comprometer sua sobrevivência
ou funcionalidade, pelas seguintes razões:
163
INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
164
SUINOCULTURA EM A
. _) J.
Congelamento
Lento Rápido Muito rápido
-5ªc _ < - mªc——
Figura ". l. Representação esquemática das alterações ocorridas durante as etapas de criopreservação de
espennatoaoides. a) Com a adição do crioprotetor (cp), o aumento da pressão osmótica extracelular conduz
a saida inicial de água e ã rápida retração. Em seguida, há um lento retorno ao volume original, ã medida
que o crioprotetor penetra na célula. b] Com o inicio da formação de gelo extracelular a célula perde água
em função do aumento da concentração extracelular de sais. A saida de água causa rápido declínio no volume
das células para cerca de 50% do seu volume original, o que conclua a deformação estrutural das mesmas.
Mazur (1984) descreve o que acontece com as células. em função da velocidade de congelamento.
Se o congelamento é lento, a célula perderá água rapidamente, os solutos intracelulares se concentram de
modo a evitar o super-resfriamento e manter o potencial quimico da água intracelular em equilibrio com o da
água extracelulan Assim, a célula desidrata e não ha a formação de gelo intracelular. No entanto, se o
congelamento for muito rápido, a célula não consegue perder água suficientemente rápido para manter o
equilibrio, ela fica super-resfriada e há grande probabilidade de que atinja o equilibrio pela formação de gelo
intracelular. O tamanho e a posição destes cristais determinarão o grau de dano celular e a consequente
viabilidade espermática após o descongelamento. Microcristais de gelo intracelulares podem ser formados,
quando velocidades de congelamento bastante rápidas são utilizadas, mas isto não implica necessariamente
em danos celulares (Courtens & Paquignon, 1985; Koehler, 1985). c) Durante o descongelamento, as mudanças
de volume são semelhantes, mas em sentido inverso. A fusão dos cristais de gelo extracelulares reduz
rapidamente a concentração dos solutos, iniciando a rápida entrada de água na célula. A ausência de
crioprotetor nos diluentes de descongelamento implica em entrada de água, mais rápida do que a saida do
crioprotetor e, como consequência, o espennatoaoide pode expandir drasticamente, podendo aumentar muito
o seu tamanho original. A membrana plasmática nem sempre suporta estas grandes mudanças de redução e
expansão do volume, especialmente na região anterior da cabeça. Se o descongelamento for muito lento, há
a possibilidade de que os possiveis cristais de gelo formados durante o congelamento recristaliaem e aumentem
de tamanho, danificando as estruturas celulares.
165
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
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SUINOCULTURA EM A
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. ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
mais fusogênica;
_! As temperaturas baixas poderiam afetar os elementos do citoesqueleto responsáveis pela
estabiiização da membrana e. por ocasião do descongelamento, as mesmas estariam menos
estabilizadas e mais preparadas para a fusão.
Peio fato dos diluentes usados para as outras espécies não terem se mostrado satisfatórios para
a espécie suína, vários grupos de pesquisadores acabaram criando seus próprios diluentes de
congelamento. Por terem sido criados como parte de todo um processo de congeiamento. os diluentes
não são necessariamente transferiveis de um método para outro (Paguignon, 1985). sem que sejam
feitas avaliações prévias.
De modo geral, os principais componentes dos diluentes são os seguintes: açúcares, proteinas
ou lipoproteinas, tampões. crioprotetores e aditivos (Bwanga, 1991). Embora os componentes possam
variar, uma caracteristica comum para a grande maioria dos diluentes de congelamento e a presença de
gema de ovo (Quadro 11. 1). A fração iipoprotéica de baixa densidade, especificamente os fosfolipidios.
têm sido considerados os componentes que conferem proteção aos espermatozoides. O mecanismo
exato desta proteção não é conhecido, mas sabe-se que há perda de fosfolipidios da membrana. durante
o choque térmico (Cerolini et al.. 2000); a gema de ovo previniria esta perda ou modularia os efeitos
prejudiciais da mesma (Parks & Graham, 1992). Um detergente sintético, o amino-Na-Lauril-Sulfato.
comumente denominado Orvus Es Paste. também é um aditivo comumente acrescentado aos diluentes
de congelamento (Quadro 1 1. 1). O mesmo melhora os resultados em termos de motilidade e
integridade do acrossoma desde que gema de ovo esteja presente (Hofmo & Almlid. 1991). Acredita-se
que ele age indiretamente emulsificando e dispersando os lipidios da gema de ovo, tornando-os mais
disponives para a membrana espermática (Pettitt & Bohr. 1998) ou favorecendo a formação de
microcristais angulares de gelo (Courtens & Paquignon, 1985) durante o congelamento. Embora o
mecanismo de proteção ainda não seja conhecido, Yi et ai. (2002) observaram que a adição de O,05% de
N-acetil-D—glicosamina, no diluente de resfriamento, resuitou em aumento de motiiidade e de
acrossomas normais, em amostras congeladas em macrotubos de 5 ml.
170
SUINOCULTURA EM A
Vários estudos foram efetuados em busca de um criOprotetor ideal (Dalrymple & Macpherson,
1969: Wilmut & Folge, 1977; Scheid, 1980; Bwanga, 1991) mas, apesar do espermatozóide suino ser
mais sensivel ao glicerol do que o espermatozoide bovino (Fiser, 1991) e dos conhecidos danos que o
glicerol causa a membrana espermática (Bwanga, l991), não se encontrou ainda um crioprotetor que
substitua o glicerol. Em função de seus efeitos prejudiciais, niveis relativamente baixos são utilizados para
o congelamento de espermatozoides suinos. em comparação com as demais espécies.
Considera-se que os crioprotetores agem diminuindo a concentração dos sais e, talvez,
aumentando a fração de água não congelada, com consequente aumento do tamanho dos canais de
água, nos quais as células ficam inseridas (Watson, I995). O glicerol agiria, também, modificando a
membrana devido à sua inserção entre os fosfolipidios, alem de poder estar envolvido no metabolismo
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. ÍNSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TECNIFICHDA
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SUINOCULTURA EM A
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Em sua revisão, Hofmo & Almiid (1991) relatam a superioridade das palhetas de 0.5 ml e
bolsas de teflon ou PVC, em relação aos macrotubos. Nesta última década, foram intensificadas as
pesquisas com a utilização das bolsas plásticas (10 x 5 cm ou 12 x 7 cm), as quais são consideradas
adequadas pois permitem o armazenamento do volume total de uma dose, a rápida difusão do calor e o
resfriamento homogêneo da dose congeiada. Quando comparadas aos macrotubos convencionais, as
bolsas piãsticas testadas se revelaram superiores, em termos de qualidade espermática apos
descongelamento (Bwanga et al., 1991abd: Eriksson et al., 1998; Eriksson & Rodriguez-Martinez,
2000). Eriksson & Rodriguez-Martinez (1999) obtiveram bons indices em termos de taxas de parto e de
tamanho de leitegada (Tabela 11.3), com o uso de sêmen congelado em boisas. Maiores indices de
motilidade e penetração in vitro e maior número de espermatozoides por oócito foram constatados para
as amostras congeiadas em bolsas do que as congeladas em macrotubos de 5 ml ou palhetas de 0.5 ml
(Eriksson et al.. 2001).
174
SUINOCULTURA EM A
incubação, em temperaturas entre 15 e 25ºC. apresenta o aspecto benéfico de que amostras de sêmen
podem ser coletadas num local e enviadas para o processamento em local com estrutura e equipamentos
adequados para o congelamento.
Tabela 11.2: Diferenças entre machos suinos na viabilidade espermática apos descongelamento.
Machos do Experimento ]
! 60:1: L6“ 5033.? 33:1: 1.6‘ 46 iii.? 401:3.5'
2 5013.7” 3813.6” 76:1.4" 3911.9“ 34 24.0'
3 51323" 35114.8” 5833.5” 21:51.3” 33:114. !*
Machos do Experimento 2
4 55: 1,9“ 45 $2.9” 3113.?" 34:3.lª'” 41:3.3“
5 50:2.I' 343336" 5913,5“ 26 umª 33 22.3'
E 591: 1.5” 4821.0“ 64 22.0‘ 3222.0“ 44 21.8'
? 46: 1.8" 3013.4' 62 34.4: 2913.3“ 36 12.7“
3 4632.2‘ 34 $2.3“ 50 32.7“ 1511.5” 36 $2.8“
9 561-2. iª 4612.2“ 30:1,4‘ 47:2,5‘ 41:3.4'
:o 49 12,4“ 4123.3“ ?o 13.9“ 4113.4” 32 23.3"
H 501- 1.7‘ 43t1,4' 5612.6“ 26 12.3“ 40:2.9‘
Resultados apresentados como média 3 erro-padrão Adaptado de Chata (2001)
Motilidade pós-descongelamento (MPB) e após teste de tennorresistência (MUR);
âcrossomas normais pos-descongelamento (NARPD) e após teste de termorresistência (NARITR);
Membranas integras pós-descongelamento (Mil-"D).
a. b, c, d dentro da mesma coluna e mesmo experimento (P<0.05)
As causas da diferença na congelabilidade do sêmen entre machos ainda não são conhecidas,
mas o componente genético parece ser importante na detenninaçâo de certas caracteristicas da
estrutura da membrana, as quais favorecem a sobrevivência sob as condições estressantes da
criopreservação (Holt, 2000a; Watson. 2000). Em camundongos, por exemplo, diferenças na fertilidade
do sêmen de diferentes linhagens foram atribuídas, principalmente, à diferença na sensibilidade ao
choque osmótico, associado a adição e remoção do crioprotetor (Songsasen & Leibo, i997).
infelizmente, ainda não há um teste ou avaliação eficazes para selecionar os machos de boa
congeiabilidade do sêmen, na espécie suína.
Watson (1995) ressalta que a compreensão das modiãcaçães da estrutura e função da
175
. INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
176
SUINOCULTURA EM A
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. iNSEMlHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICHDA
Tabela 11.3. Exemplos de resultados de fertilidade in vivo, avaliada em fêmeas suinas abatidas após
a inseminação com sêmen congelado
178
SUINOCULTURA EM A
Tabela 11.4. Exemplos de resultados de taxas de prenhez e número de leitões nascidas após
inseminação cem sêmen congelada
Remnant:
nham
Berger & Fisdaefleiuler (1992) Pafl'letas' 5 30.0 55.0 9,9 total; 7,9 vivas
; Mid & Hofim U996) — - — am;-sm 9,740.5 44.3 J
& G'! et al. (1995) nuam 5 91,4% 37,5% 19,5 total; 9.4 m
Í Menam et ai. (1997) m “15. am 5995 9,: total i
Men (1997) m 4 4m 44% 7,2 viva: (597.5)
(35-67%) (35-59%)
E me w 5 -.-.- 7555 mam 9,4999951
mam-Martim (1999)
Martin et al. (2000) mm 5 -- 74% 12,5 vim
Macrotubos (5 ml): Bolsas“ (8 ml)“ (5 ml); Palhetas“ (! ml)” (0,5 ml)
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INSEMIHAÇÃO ARTIFICIAL NA SUINOCULTURA TEENIFICADA
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Saúde Animal
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performance reprodutiva P G 6 o 0 ®
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Anamaria ]. Vargas”. Mari L. Berrnaanilik'r Ivo Wentzªs Guilherme Bumhardt Meteº. Fernanda P. Bertoluzzeª
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