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AQüicultura
HedenLuizMaruucsMoreira
Lauro Vargas
Ricardo Pereira Ribeiro
Sergio Zimmermann (Organiador)
INDICE
- FISIOLOGIA DE PEIXES
- Sistema Nervoso
3.2 - Órgãos dos Sentidos 24
3.3-A rod aoeoCicloRe rodutivo 26
3.4 - Sistema Endócrino 28
Materialcom autoras
8 - NUTRIÇÃO DE PEIXES 59
8.1 - Introd 59
8.2 - Nutrientes e Exigências Nutricionais 59
- Alimentos 63
8.4 - Alimen 65
85 - t Jnjformidade do L,ote 67
Ambiente 67
9- REPRODU O DE PEIXES 69
9.1 - Introdução 69
9.2 - Formacao dos Gametas 69
9.3 - Reprodução como um evento cíclico 70
9.4 - Mecanismos Endócrinos da Reprodução 70
95 - ReproduçãoInduzida 71
9.6 - Coleta e Preservacao de Glândulas Pituitárias 76
v
0.1 - Introd ao 83
10.2 - Pacu e Tambaqui 83
10.3 - Piapara e Piavuçu 85
10.8 - Tucunaré 89
10.9 - Trairão 89
- FSP$,CIFS EXÓTICAS 91
111-
. Cria ao de ias 91
autorais
Subfamília Characinae:peixes com den- forrageiros, ou em áreas de desova.
tes fora da cavidade bucai, além dos normais, co-
nhecidosvulgarmente como "dentudos". Família Curimatidae: apresentama boca
desprovida de dentes, se alimentamde lodo ou
Roeboidesparanensis (Pignalberi, 1975) — vasa, no sedimento, e são chamados de
"saicanga" - de pequeno porte, usado como pei- "saguirus".
xe ornamental. Em ambientes naturais, utiliza os Steindachnerina insculpta (Fernández-
dentes externos para arrancar escamas dos ou- Yépez, 1948)- "saguiru" - de porte pequeno,
tros peixes, das quais se alimenta. apresenta a boca sub-inferior e região pós-ven-
Subfamília Acestrorhynchinae: de porte tral arredondada.
dio, são carnívoros,habitam ambientescom Potamorhina squamoralevis (Braga &
correnteza e são "peixes-cachorro . Azpelicueta, 1983)- "sairu-liso" - porte médio,
Acestrorhvnchuslacustris (Reinhardt, 1874) tem a região pós-ventral quilhada, e é encontra-
"peixe-cachoiro" - de porte médio, apresenta o da no rio Paraná abaixo da UNE de Itaipu,
corpo alongado, boca ampla e corpo recoberto Família Cynodontidae: muito caracterís-
de pequenas escamas. ticos por terem o corpo em forma de faca, muito
Subfamília Myleinae: alcançam grande alongado e comprimido, além de fenda bucal
porte, possuem o corpo alto e comprimido AI- bem inclinada.comdentescaninosmuito desen-
gumas espécies sao muito apreciadas na pesca volvidos; sào conhecidos como "dourados-ca-
comercial e amadora. Sáo os chamados "pacus". chorro" ou "dourados-facào".
Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1891) Rhaphiodonvulpinus (Agassiz, 1829)• "dou-
- "pacu" ou "pacu-caranha" - alcança porte gran- rado•cachorro" - com escamas muito pequenas
de, mas é mais apreciado quando alcança cerca recobrindo o corpo; alimentam-se de outros pei-
de três quilos, devido ao acúmulo de gordura que xes e alcançam porte médio, rnas n50 sao muito
apresentam os indivíduos maiores. E considera- explorados comercialmente, no rio Paraná.
do nobre para o consumo humano. Tem dentes Família Parodontidae: representada pelos
molariformes.Em ambientes naturais alin•wnta- "canivetes", sáo peixes pequenoscom nadadei-
se de frutos duros. É a espécte nativa mais estu-
dada e cultivada, em termos de piscicultura. ras peitorais muito desenvolvidas e mandil'ula
com poucos ou nenhum dente lateral.
Colossomamacropmunt (Cuvier, 1816)- Apareiodonafinis (Steindachner, 1879)- "ca-
"tambaqui" - espécie amazónica que pode atin- nivete" - apresenta uma faixa lateral escura e sete
gir até 30 kg de peso vivo; é de alto valor, como verticaisacima da linha lateral, não possui den-
animal de pesca para a região, e de grande po- tes na mandíbula.
tencial para a piscicultura, mas apresenta pouca
resistência ao frio. Part%lontortuosus(Eigenmann & Norris,
Colossomabrachypomum (Cuvier, 1817) - 1900)- "canivete" .com dois ou três dentes Iate-
"pirapitinga" - espécie amazónica pouco culti- tais no dentário, faixa horizontal escura com pro-
vada no Sul/Sudeste do Brasil. jeçóes alternadas, para oma e para fora, forman-
do um zigue-zague.
Mglossoma orbisnganum (Valenciennes, Família Hemiodontidae: corpo alongado
1849)- "pacu prata" - um pouco menor. também e nadadeiras longas, dentário desprovido de den-
é muito consumido; nio apresenta espinho pré-
dorsal. tes; sao chamados de "bananas".
Hemiodus orthonops (Eigenmann &
Subfamília Serrasalminae: de corpo alto Kennedy, 1903)- "sardinha" - escamas pequenas,
e comprimido, apresentam dentes fortes e cor- porte médio, cada lobo caudal com um faixa es-
tantes em poderosas mandil»ulas; sao conheci- cura paralela à margem externa.
das popularmente como "piranhas" ou
"pirarnbebas" e, a despeito de não oferecerem Família Prochilodontidae-"curimbatás"
grande perigo à espécie humana e, sim, aos ani- ou "curimbas" • de hábitos migratório-
mais debi litados e a outros peixes, principalmen- reprodutivos, atingem grandes portes e sao mui-
te os emalhados, são rotulados como perigosas to importantes na pesca comercial.
ao homem. Prochiloduslineatus (Valenciennes, 1836)
Serrasalntus marginatus (Valenciennes, (=P. scrofa steindachner, 1881)- "curimbatá" - es-
1836)- "pirambeba" - nào cresce muito e normal- camas grandes, boca em forma de ventosa, com
mente não ataca o ser humano; apresenta a mar- muitos denticulos implantados sobre os lábios
gem da nadadeira caudal com uma faixa escura. grossos, que lhe ptNsibilitam alimentar-se do
lodo ou vasa, no fundo.
PygocentrttsItattereri(Kner,1858)- "pira-
nha" - embora alcance um porte maior, oferece Família Anostomidae: peixes de vários
perigo somente em ambientes com alta concen- portes, geralmente herbívoros,com dentes cor-
traçáo de espécimes e baixa concentraçãode
Fundamentos da
Moderna Aquicultura
M aterki Cireétc,sautorais
tantes; são os chamados "piaus". Ctenopharyngodonidella (Valenciennes,
Leporinus elongatus (Valenciennes, 1849) -
1844) - "carpa capim" , espécie herbívora, boa
"piapara" - de grande porte, é muito apreciada para consorciação.
na pesca profissional e amadora; apresenta boca Hypphthalmichthys molitrix(Vallenciennes,
sub-inferior,com três dentes incisiviformesde 1844)- "carpa prateada", espécie fitoplanctófaga.
cada lado do pré-maxilar e dentário. Hypophthalmichthys
nobilis(Richardson,
Leporinusfriderici (Bloch. 1794) - "piau" - 1845) - "carpa cabeça-grande", espécie
porte médio, utilizado pela população ribeirinha z.(K'planctófaga.
para subsistência, apresenta dentes incisi- Carassiusaurafus (Linnaeus, 1758)- "japo-
viformes cortantes, quatro de cada lado do pré-
maxilar e do dentário. nês", "peixe dourado" ou "kingio" - peixe colo-
rido, grandemente difundido na aquariofilia.
Inporinus striatus (Kner, 1859)- "canivete"
- de pequeno porte, apresenta listras longitudi-
nais nos flancos, uma mancha vermelha no can- • ORDEMSILURIFORMES
to da boca e, às vezes, pode ser encontrado em Família Hypophthalmidae: porte médio
lojas de aquariofilia. a grande. corpo nu, sào peixes pelágicos, com
Lepotinus obtusidens (Valencienes, 1836) boca e aberturas branquiais muito amplas e co-
"piau" - é encontrado na bacia do rio Paraná, nio nhecidos como "maparás".
havendo relatos de sua exploração comerc:alem
cativeiro.
Hgpophthalmus edentatus Spix, 1829 -
"mapará" - possui o trato digestivo adaptado
Leporinus macrocephalus (Garavello & para se alimentar de organismos planctônicos.
Britski, 1988)- "piauçu" ou "piavuçu" - espécie Em algumas regiões. como o reservatório de
já explorada comercialmente, atingindo em tor- Itaipu, esta espécie tornou-se muito abundante
no de um quilograma com aproximadamente um e tem uma participaçãoconsiderável na pesca
ano de idade. comercial.
Família Erythrinidae: peixes de porte rné- Família Ageneiosidae: de corpo nu e cha-
dio a grande, exímios predadores, de boca am- mados "manduvês", têm como característica
pla com muitos dentescaninose outros menores apresentaremos barbilhOesmuito reduzidos e
no palato e, às vezes, também sobre a língua; semiocultos, dando a impressão de serem estes
possuem fontanela e sao vulgarmente chamadas ausentes; apresentam fecundaçao interna e
de "traíras". dimorfismo sexual na época de reproduçáo.
Hoplias aff. malabaricus (Bloch, 1794) - "tra- Ageneiosus brevifilis (Valenciennes, 1840) -
ira" - porte médio, muito comum principalmen- "manduvê" - de porte médio, apresenta cabeça
te em ambientes Iénticos,é um predador muito larga e achatada; dorso escuro.
voraz de peixes menores e apresenta denticulos
sobre a língua. Família Pimelodidae: com muitas espéci-
es, são conhecidas no geral como "bagres"; têm
Hoplias lacerdae (Ribeiro, 1908) - "trairio" • corpo nu e barbilhõesbem desenvolvidos;alguns
por alcançar um tamanho relativamentemaior, podem apresentar o primeiro raio das nadadei-
é apreciada por pescadores profissionais e ama- ras transformado em esp:nho.
dores, sendo sua carne muito saborosa. Apresen-
ta lingua lisa e também é predadora. Na década Subfamília Pimelodinae
de 70 e início dos anos 80, foram difundidas, tanto Pimelodusmaculatus (Lacépêde, 1803) -
na piscicultura, para consorciaçãocom tilápias, "mandi" - de porte médio, é muito abundante,
quanto para serem usadas em reintroduções em apresenta espinhos fortes nas nadadeiras dorsal
alguns reservatórios de hidrelétricas. e peitorais. E comercializado pelos pescadores, a
Família Lebiasinidae: peixes pequenos, despctto de não ser consideradanobre.
sem fontanela, conhecidos como "charutinhos". Subfamília Luciopimelodinae
Pyrrhulina australis (Eigenmann & Pinirampus pirinampu (Spix, 1829) -
Kennedy, 1903)- "charutinhos" - de porte muito "barbado" - de grande porte, é muito apreciada
pequeno, apresenta a forma do corpo e o padrão e pescada, apresenta os barbilhões bem desen-
de colorido muito bonitos, sendo bem acena por volvidos, porém achatados, em forma de fita.
aquariofilistas. SubfamíliaSorubiminae
Família Cyprinidae: peixes de água doce Paulicea luetkeni (Steindachner, 1875) - "jaú"
muito cultivados em todo o mundo, como espé-
- espécie que atinge maior parte nos rios do cen-
cies para consumoou ornamentos. Iro/ sul do Brasil. Os espécimes mais velhos po-
Cyprinus carpio (Linnaeus, 1758)-"carpa co- dem ultrapassar os cem quilos. É muito aprecia-
mum"' ou "carpa húngara". da e comercializada, principalmente os exempla-
autorais
res não muito grandes. SubfamíliaAncistrinae
Pseudoplatystomacorruscans (Agassiz, 1829) Megalancistrus aculeatus (Perugia, 1891) -
"pintado" e P.fasciatum (Linnaeus, 1766) - "cascudo-abacaxi" - alcança grande porte, apre-
"cachara" - peixes considerados nobres, alcan- senta o corpo amarelado, com muitas manchas
çam altos preços quando comercializados. A pri- marronsarredondadas,e cobertocom muitos
meira apresenta manchas arredondadas e a se- odontóidesbem desenvolvidos,que conferem
gunda, faixas verticais sobre os flancos. Resulta- um aspecto muito áspero, mesmo aos indivídu-
dos obtidosem cultivo apontampreliminarmen- os jovens;sua carne é muito apreciada e é parte
te como uma boa perspectiva para a piscicultu- considerável da pesca comercial, principalmen-
ra, apesar da alta demanda protéicaexigida no te do reservatório de Itaipu,
seu arraçoamento. Subfamília Hypostominae
Família Auchenipteridae: de corpo nu, Rhinelepis aspera (Agassiz, 1829) - "cascudo-
apresentam aberturas branquiais reduzidas, fe- preto" - também é parte expressiva da pesca pro-
cundaçaointerna,dimorfismosexualno perío- fissionaldo reservatóriode Itaipu, principalmen-
do reprodutivo e são conhecidos como te na região de Guaíra, onde teve sua população
"canga tis".
drasticamente reduzida pela sobrepesca. Apre-
Auchenipterus nuchalis (Spix, 1829) — senta grande potencial para a piscicultura.
"surumanha" - com olhos laterais e boca superi- Família Ictaluridae: familia de bagres da
or, alimenta-se predominantemente de insetos. América do Norte, onde são muito difundidos
Família Doradidae: de corpo nu, com uma na aqúicultura.
fileira de placas ósseas na região da linha lateral Ictalurus punctalus (Rafinesque, 1818) -
e, às vezes, nas porçõessuperiorese inferiores "catfish" ou "bagre-de-canal"- espécie muito
do pedúnculo caudal; são os chamados "arma- cultivada no centro/sul dos EUA, responsável
dos".
por boa parte da produçao piscícola de água doce
Pterodoras granulosas (Valenciennes, 1821) daquele país.
- "armado" - apresenta boca anterior e é onivo- Família Clariidae: são os "bagres-africa•
ra. Possui placas da série lateral maiores na par-
nos" , ou "catfish-africano" , do género Clarias, que
te posterior do corpo e pedúnculo caudal nú. É foram introduzidos nos últimos anos no Brasil,
de grande potencial para piscicultura devido ao
seu hábito alimentar. É chamado de "porquinho- mas o interesse por seu cultivo está em declínio.
do-rio".
Família Callichthyidae: geralmente de pe- • ORDEM GYMNOTIFORMES
queno porte, caracterizam-se por apresentar duas Ordem Gymnotiformes: possuemcorpo
fileiras de placas ósseas recobrindoos flancos, muito alongado e comprimido, coberto de pe-
uma superior e outra inferior. São " tamboatás" uenasescamas,com attsénciade nadadeiras
e "coridoras". orsal e ventrais, sendo a anal muito longa e as
Corydoras aeneus (Gil, 1858) - "coridoras" aberturas branquiais muito reduzidas.
- peixe pequeno, de boca pequena, subinferior, Família Gymnotidae: podem alcançar
comercializado por aquariofiltstas. grande porte, possuem boca superior, com man-
Família Loricariidae: são popularmente dibula prognata e são predadores; também não
Chamadosde "cascudos".alcançando va- apresentam nadadeira caudal e são conhecidos
riados; apresentam os flancos cobertos por algu- como"morenitas".
mas fileiras de placas. C,ymnotus carapo (Linnaeus, 1758)
Subfamília Loricariinae "morenita" - é utilizado na pesca,em geral não
Farlowella oxyrhynchus (Kner. 1853) - como presa, mas como isca viva, principalmente
"cascudo-graveto" - pequenos, apresentam o fo-
para pescadoresque se utilizam de artefatosde
cinho prolongado num rostro longo e corpo pesca como espinhéis e anzóis de galho, para
muito fino e alongado. São apreciados por captura de grandes predadores.
aquariofilistas. Família Sternopygidae: são de porte mé-
Subfamflia Hypoptopomatinae dio, não possuem nadadeira caudal e são cha-
mados "ituís". Algumas espécies sào apreciadas
Otocinclus vittatus (Regan, 1904)- "limpa- por aquariofilistas devido a seu peculiar padrao
vidro" - muito pequenos. apresentam a boca in- de colorido e formas.
ferior,em forma de ventosae se alimentamdo Eisenmannia virescens (Valenciennes, 1842)
perifíton aderido aos substratos submersos, em
aquários e dos organismos aderidos nos vidros, - "ituí" - quando jovens são comercializados por
vindo daí seu nomepopular. aquariofilistas.
Família Apteronotidae: de porte médio,
Fundamentosda
Moderna Aqu•cuttura
possuemnadadeira caudalreduzida e também "apaiari" - é apreciada tanto por pescadores
são popularmente conhecidoscomo "ituís". quanto por aquaristas, sendo chamado nas lojas
Apteronotus albifrons (Linnaeus, 1766) -
de aquário de "oscar".Atualmenteexistemal-
"ituí-cavalo" - comercializado em lojas de aquá- gumas linhagens melhoradas geneticamente fora
rio, possui uma faixa branca estreitasobre a ca- do Brasil,para uso ornamental.
becae outra sobre o pedúnculocaudal;nadadei- Oreochromisniloticus (Linnaeus, 1757)-
ra caudal presente, embora reduzida. "tilápia nilótica" - uma das muitas espécies de
"tilápias" importadas da África e introduzida
nas nossas bacias com 0 intuito de colaborarcom
• ORDEM SALMONIFORMES a pesca profissional e amadora. MO obteve muito
Família Salmonidae: agrupa espécies es- sucesso nas bacias naturais, sendo bem captura-
tranhas aos nossos ambientes naturais, que são
da apenas em alguns reservatórios brasileiros.
muito apreciadas em seus paízes de origem, da Oreochromis hornorum (Trewavas, 1966)
Américado Norte e Europa.Difundiram-senas "tilápiahornorum"- espéciemuito utilizada
pisciculturasbrasileiras devido às facilidadesde como macho.no acasalamentocom a espécie
cultivo geradas a partir de anos de estudo sobre anterior, visando a obtenção de progénie estéril,
seus diversos aspectcrsbiológicosno mundo in- para cultivo de monossexo.Atualmente em de
teiro. São os chamados "salmões" e "trutas". suso.
Salmo trutta (Linnaeus, 1758) e Salmo Tilariarendalli (Boulenger, 1897) - "tilápia
cairdineri (Richardson, 1836) "truta-marrom" e ccn•num".introduzida no Brasil no início da dé-
truta arco-íris"- duas das muitas espéciesde cada dc 70, mas deixada de lado devido a sua
"truta" trazidas para o Brasil,mas que têm en- alta prolificidade e baixa produtividade. Atual-
contrado problemas de cultivo devido à sua pre- mente pode ser encontrada em alguns rios do
feréncia por águas frias, restringindo sua cria- Brasil.
são a essas áreas, ou a ambientescontrolados. Família Sciaenidae: apresentam a nada-
deira dorsal com um entalhe separando a parte
anterior,de raiosduros,da posterior,de raiosmo-
• ORDEM SYNBRANCHIFORMES les. sao conhecidascomo "corvinas".
Família Synbranchidae: conhecidos vul- Plasioscion squamosissimus (Heckel, 1840)-
garmente por "mussuns", apresentam o corpo "corvina -originária da região nordeste do Bra-
serpentiforme, muito fino e alongado e as aber- sil, foi introduzida na bacia do rio Paraná há
turas branquiais fundidas em uma só. muito tempo, obtendo sucesso em alguns, reser-
Synbranchus marmoratus (Bloch, 1795) - vatóriosde UHE,como o de Itaipu. E bem
"mussum" - de porte médio, resiste a condições comercializada pelos pescadores.
de seca, ficando enterrado na lama até a próxi- Família Centrarchidae: também apresen-
ma chuva. Causa transtornoaos piscicultores ta o entalhe na dorsal. Os espécimessao chama-
pela dificuldade em ser eliminado dos tanques e
é utilizado como isca viva para captura de gran- dos vulgarrnentede "black-bass".
des predadores. Micropterus salmoides (Lacépêde, 1802) -
"black-bass" - espécie trazida de outros países, é
pouco encontrada em águas naturais, sendo mais
• ORDEM PERCIFORMES difundida em pesque-pagues e estações de pis-
Família Cichlidae: são os chamados cicultura; tem preferência por regiões de climas
"carás". Apresentam padrões de coloração mui- temperados.
to variados, agradando muito aos aquariofilistas;
mas também englobam espécies importantes na •ORDEM PLEURONECTIFORMES
pesca comercial.
setequedas (Reis, Família Achiridae: engloba as espécies de
Gymnogeophagus "linguados", muito características por apresen-
Malabarba& Pavanelli,1W2)- "cará"- muito tarem os dois olhos do mesmo lado da cabeça. É
colorido, é bem explorado por aquaristas. uma familia com maior representatividadena
Cic•hlamonocultts (Spix, 1831) - "tucunaré" água salgada, poucas espécies habitando a água
espécieoriginária da baciaamazónica.há mui- doce. Sà0 todos peixes possuidores de carne de
to tempointroduzidana nossaregiãocom fins excelente qualidade e sabor.
comerciais, por alcançar grande porte e ser apre- Catathyridiumjenynsii (Giinther, 1862)-
Ciadapor pescadores amadores. Não obteve mui- "linguado" - carnívoro por excelência, fica en-
to sucesso em cultivo, mas pode ser encontrada terrado no sedimentoà espera de sua presa, a
em alguns reservatóriosde hidrelétricas. qual abocanha em um bote muito rápido. As es-
Astronotus ocellatus (Agassiz, 1831) - pécies de água salgada sho maiores e muito va-
com
lorizadas comercialmente,enquanto a de água que se desenvolveram a contento, nem os even-
doce é menor e ainda não Obtevemuito sucesso tuais danos causadosàs espéciesnaturais do
entre os pescadores. ambiente. Tampoucoconhecemosa endo e
ectofaunaassociadaa esses indivíduos e, menos
ainda, a sua atuaçào e quando em con-
• ORDEMATHERINIFORMES tato comespécies nativas. Seguramente, por corn-
FamíliaAtherinidae:a maioriadassuas petição ou predação, uma espécie introduzida
espécies povoam as águas salgadas e salobras e
com sucesso em um ambiente novo pode alterar
são conhecidascomo "peixes-rei". acentuadamente o equilmrio do ecossistema, le-
vando à extinçãoou a um possíveldecréscimoa
thesteslutariensis(Valenciennes,1835) população de alguma espécie de importância di-
"peixe-rei"- introduzidana regiãodo alto rio reta ou de espécies forrageiras importantes, o
Paraná originária do Rio Grande do Sul - tam- que, indiretamente,também desequilibrana o sis-
bém não foi multo bem sucedida. tema. Com relaçáoaos parasitas transportados
junto com os indivíduos, sabe-se que, pelo me-
Cabe abrir aqui um parêntese e esclarecer nos em pesque-pagues, atualmente eles causam
e muitas espécies de peixes neotropicais ain- surtcyscatastróficos, responsáveis muitas vezes
Iau não foram descritas e muitas das que lá pos- pela drástica diminuição na quantidade e quali-
suem nome foram descritas há muito tempo. por dade do pescadoconfinado,o que tem ocorrido
pesquisadores em sua maioria estrangeiros, os quando a introdução é feita sem controle ou sem
quais não faziamidéia da biodiversidadeexis- acompanhamentotécnico.Em ambientes natu-
tente aqui. Em vista disso, muitas revisões rais, mais uma vez não se tem certeza de nada,
taxonómicasse fazem necessárias para uma cor- mas acredita-se que a introduçaode um parasita
reta identificaçáo das espécies, principalmente nà0 muito específicoque possa se utilizar de di-
das que foram mal descritas, pois qualquer es- ferentes hospedeiros, pode ser mais prejudicial
pécie morfologicamente semelhante se encaixa ao sistema como um todo que a própria espécie
em tais descrições. Essas descriçóes poderáo ser de peixe introduzida, a qual normalmentenem
feitas com o auxílio de novas técnicas, por exem- é bem sucedida.Isso torna muitas vezes uma im-
PIO,as técnicasde biologta molecular.Estudos portaçáo uma verdadeira incógnita, sendo que,
relativos à biologia das nossas espécies também com certeza, estará havendo a introduçao de pro-
se fazem necessáriospara íundarnentar qualquer blemas (enfermidades, principalmente) e nem
direcionamento aplicado que se queira dar a elas. sempre de soluçOes.
O parco conhecimentoque temos sobre nossa Portanto,o estudo das nossas espécies
ictiofauna tem levado importaçées de espécies deve ser muito incentivado,tornando-seuma
exóticas, acompanhadas de "pacotes tec- condiçào "sine qua non" para ampliar nossos
nológicos"de cultivo. A despeito de termos na conhecimentosrelativosà ictiofauna.Talestudo
nossa fauna nativa muitas espécies nobrese bem visaria inclusivedesenvolvertécnicasadequadas
equilibradas no meio natural, são elas pouco ex- para o cultivo, de modo a auxiliar nas medidas
pioradas, principalmente no que diz respeito ao de manejo, bastante requeridas principalmente
cultivo,em vista de poucosestudosteremsido nas regióes mui to impactadas. As introduçoes de
efetuados.Com o manejo adequado e o conheci- espécies exóticasatualmente estôo sendo
mentodas suas característicasreprodutivase desestimuladas, mormente por segmentos do
nutricionais, estas espécies seriam opções tao Setor Elétrico. principal responsável pelo culti-
boas ou até melhores que as exóticas, urna vez vo dessasespécies,emborafossemas introdu-
que estão adaptadas às nossas condições ambi- çôes até pouco tempo atrás o tipo de peixamento
entais, aí incluídas interaçôes com outras espéci- mais recomendado. Porém, mesmo para este proe
es, parasitas, etc. Entretanto, as muitas importa- cedimento.é necessárioconhecera biologia da
Góesou introduçõesde espécies exóticas, espécie em ambiente natural e suas técnicasde
verificadasmormentea partir de meados do sé- cultivo. bem como monitorar seu sucesso na co-
culo XX- destinadas em geral ao povoamento munidadenatural.
de grandes reservatórios e hidrelétricas, de res- Entretanto,nio poderíamosdeixar de con-
ponsabilidade dos governos municipais, estadu- siderar aquelas espéciesexóticas que apresentam
ais e federal - foram acompanhadas de muita pu- um grande potencial de produção e São criadas
blicidade no ato e pouco ou nenhum em vários países do mundo. Apenas, devemos
monitoramento posterior que pudesse verificar cultivá-lasem confinamento,evitandoo escape
o sucesso ou o insucesso da espécie no ambiente e a hibridizaçãoindiscriminada.Dessemodo,
colonizado. acreditamos que a iscicultura caminha para a
Estudos que tenham precedido as introdu- exploração tanto espécie nativas como exó-
Góes, objetivando prever as alteraçOes ticas, que ofereçam alimento de qualidade e re-
provocadaspela espécie exótica no ambiente na- torno económico rápido.
tural, são ainda mais escassos,praticamente
inexistentes. Com isso, não se conhecem os cus-
tos ecológicos das poucas espécies introduzidas
Fundamentos da
16 MadernaAqúicuttura
Mateyia\ autô'a)s
ANATOMIA DE PEIXES
BernadeteRi:zo da Rocha Loures,M. sc.
Silvia Lima,M. sc.
direÉ10s auto:ais
músculosSãoesqueléticos,estriadose
2.2. MORFOLOGIA EXTERNA voluntários possuindo inserção no esqueleto.
Para esse tópicoserá usadocomobase o O sistema axial apresenta fibras muscu-
Conaton nobilis.O corpo dos peixes pcsui três re- lares longitudinais, que se estendem desde a re-
giôes: a cabeça, o tronco e a cauda. A cabeça es- giàOmedianadorsal até a região medianaven-
tendese do focinho até a região branquial, o tron- tral e são unidas por uma faixa de tecido con-
co vai até o orifício anal, onde a cauda inicia-se. juntivo denominado linha alba, a qual percorre
A boca é terminal e rodeada pelos maxila- todo o ventre do peixe. Os feixesde músculos
res superior e inferior; no assoalho da boca fica do tronco e da cauda situam-se longitudinal-
presa a língua, que não é extensível para fora. mente, alternando as faces, e seu movimento
Os olhos não possuem pálpebras, portanto não dá aos peixes o sentido da locomoção longitu-
se fecham, porém são recobertos por uma dobra dinal por ondulação, atuando a nadadeira cau-
de pele transparente para protegê-los. dal comoleme.
De cada lado da cabeça,entre os olhcs e a O sistema muscular apendicular une os
boca, situam-se dois orifícios interligados às na- ossos das nadadeiras ao esqueleto. Esse sistema
rinas. Atrás dos olhosexisteuma placa em for- é composto por dois feixes musculares, que pos-
ma de meia-lua,o opérculo,que serve como suem funçãode estabilizaros movimentosdos
"tampa" para a cavidade branquial. Levantan- peixes. O feixe dorsal possui as nadadeiras
do-se o opérculo é possível observar-se as abdutoras, para cima e para trás. O feixe ventral
brânquias, em número de quatro pares. é composto de músculos adutores, que determi-
Cada brânquia é formada por um arco, O nam os movimentos das nadadeiras para baixo
arco branquial,onde se inseremfilamentos e para frente.
avermelhados. Entre as brânquias ficam as fen-
das branquiais, por onde passa a água. 2.4. SISTEMA ESQUELÉTICO
As nadadeiras sao em número de sete ou O esqueletoé basicamenteconstituídoda
oito, dividindo-se em pares e ímpares, sendo as notocordae de tecidosósseoe cartilaginoso.Fun-
primeiras, duas peitorais e duas pélvicas e as ciona cornoelemento de sustentaçaodos mús-
outras, a dorsal (que pode ser bifurcada, como é culos e das demais partes do corpo. Atua ainda
o caso do nosso exemplo - Figura 2.C.), a anal, a na proteçào dos órgãos e, juntamente com a mus-
caudal e a adiposa, quando presente. culatura, dá forma ao corpo do peixe. Divide-se
O orifício urogenital situa-se na frente da em exoesqueleto (ou esqueleto dérmico), que é
nadadeira anal (muitos peixes têm o orifício constituído pelas escamas e pelos apêndices de
genital e urinário separados). locomoção; e endoesqueleto, que por sua vez se
Em toda a extensao da face lateral, desde subdivide em esqueletos axial, apendicular e
o opérculoaté a cauda, observa-seuma linha es- visceral.
cura, a linha lateral,sob a qual situam-sebastões
sensoriais especializados em captar vibrações da • 24.1. Esqueleto Axial
água. A linha lateral dá ao peixe, o sentido de É formado pelos ossos do crânio e da co-
tato, de distância e de recepçao de sons de baixa luna vertebral. O crânio é composto por ossos
frequência. achatados, que formam uma cavidade para alo-
jar principalmente o encéfalo. Possui dois ossos
frontais, dois parietais, dois pré-frontais, dois
pós-frontais, dois supratemporais, um
suboccipital e um infra-occipital.
A região da boca está provida de maxila e
mandibula, que se movem verticalmente. No in-
terior da boca existem dois ossos, o vómer e o
palatino. Na face localiza-se a região apendicular,
formada de ossos móveis, que auxiliam na fun-
çào respiratória e estão situados em ambos os
lados da cabeça.
A coluna vertebralestá formada por vér-
FIGURA2.B.: Morfologiaexterna dc um te•ósteo tebras de número a forma variados. As vértebras
possuemem sua estrutura: arcos dorsais
(neurais), arcos ventrais (hemais), processos
23. SISTEMAMuscut AR transversais, e um corpo ósseo, que une a coste-
A musculatura dos peixes é simples e pode Ia espinhosa aos arcos neurais.
ser dividida em sistema axial e sistema
apendicular. • 2.42. Esqueleto Apendicular
O sistema axialcorrespondeaos músculos É formado pelas nadadeiras.
que formam a cabeça e o tronco (eixo longitudi- As nadadeiras são órgãos periféricosque
nal do corpo); e o sistema apendicular, aos apên- r«ssuem funçãopropulsora,estabilizadora ou de
dices locomotores. direçao, constituídas por uma prega dérmica
da
18 Moderna Aquicultura
com
volvimento da idade, da altitude, da temr quadO e elimina resíduos nitrogenados, resultan-
tura ambiente,e da naturezado meioque tes do metabolismo protélco. Está constituído de
tam (lagos e rios). rins e ureteres, respectivamente órgãos secretores
Para desenvolver-seem embrião,o ovo e excretores.
consome mais oxigénio do que na fase de larva; Os rins apresentam-secomoduas massas
e esta mais do que as formas adultas, que em sanguíneas, paralelas e dispostas longitudinal-
período de produção aumentam sua exigéncia. mente junto à coluna vertebral. Geralmente os
Os peixes de água doce são mais exigen- ductos excretores(ureteres),ao sair dos rins,
tes em oxigénio do que os do mar. unem-se, formando apenas um, que desembo-
De maneira geral, os peixes respiram pe- ca em uma bexiga urinária ou diretamente no
Ias brânquias, local onde ocorrem as trocas ga- orifício urogenital, ou na cloaca, dependendo
sosas e o sangue se arterializa. Mesmo em espé- do peixe.
cies que se adaptaram à respiração aérea, as A bexiga urinária que pode ser considera-
brânquias estão presentes de forma reduzida ou da a união dos ureteresexcretores)está situada
rudimentar. atrás dos ri:us.é relativamentecontráctile pos-
As brânquias são quatro estruturas lisas, sui formato bastante irregular. Ela abre-se para
lamelarese pares, localizadasdentro da cavida- para o exteriorpor um ducto denominadode
de branquial, ao lado da faringe. Nelas ramifica- uretra ou canal urinário, que desembocana
se urna extensa rede capilar sangüínea, protegi- cloaca ou no orifício urogenital.
da por uma delgada membrana de coloração Existem dois tipos básicos de rins: pronefro
vermelha. (cefálico)e mesonefro.
As brânquias estáo constituídas de O rim pronefro aparece nos primeiros es-
filamentos que se apóiam em arcos tágiCFda vida do peixe, podendo permanecer até
(arcos branquiais). Nesses arcos ainda se apói- a fase adulta. Caracteriza-se por nào possuir a
am os rastros branquiais,que são estruturas cápsula de Bowman e os glomérulos renais, apre-
especializadas na retençáo e seleçao dos alimen- sentando apenas túbulos simples (ducto
tos encontrados na água e comunicam-sedireta- pronéfricos). que drenam o conteúdo renal dire-
mente com a faringe. Os rastros branquiais vari- tamente na corrente sanguínea.
am conforme os hábitos alimentares dos peixes A irrigaçào dos rins é feita pelo sistema
e, além de reter alguns alimentos, orientam-os porta-renale pela artéria renal; e a drenagem,
para o esófago. pela veia pós-cardtnal.
O trânsito da água para a oxigenaçãodo Os peixes de água doce possuem rins mai-
sangue dá-se da seguinte maneira: a água entra ores,com maior número de glomérulos, pois vi-
pela boca, percorre a faringe, passa através dos vem em meto externomenos concentrado(água
arcos branquiais e sai pela abertura do opérculo; menos salgada). Nos peixes de água salgada
à medida que a água passa pelos filamentos ocorre o contrário. Vivemem meio externo mais
branquiais, o oxigénio (02)nela dissolvido pene- concentrado e, portanto, perdem água. Apresen-
tra nos capilares que irrigam o filamento. ao tam por isso glomérulos peq uenos e em número
mesmo tempo em que o gás carbOmco(C02) reduzido. Essespeixes tambémeliminam exces-
passa do sangue para a água. so de sais pelas brânquias.
A bexiga natatória (vesícula gasosa) é o
apêndice hidrostático dos peixes, pois ajuda a - SISTEMA DIGESTIVO
manter a posição na coluna de água. alterando Os peixes possuem hábitos alimentares
sua densidade corporal. Ela é um órgão alonga- distintos. Eles exploram diferentes niveis tróficos
do, cheio de gases, apresentando-se em diferen- do ecossitema aquático sendo, portanto, entre os
tes formatos. Possui, além da função hidrtFtática, grupos de vertebrados,os que possuem maior
as funçóes sensorial, acústica e às vezes a respi- número de especializações.De acordo com os
ratória (ex: pirarucu - Arapaima gigas). hábitos alimentares,os peixespodem ser:
Os peixes que possuem a vesicula gasosa
ligada ao esófago através de um ducto pneumá- a. Fitoplanctófagos - buscam os alimen-
tico são denominados de fisóstomos,e aqueles tos no nívei mais baixo da cadeiaalimentar- as
não possuem tais estruturas são chamados algas do fitoplâncton.Possuemcomocaracterís-
Itensóclitos. ticas principal numerosos rastros branquiais, que
Geralmente as espécies de água corrente filtram c selecionam as algas da água.
são desprovidas de bexiga natatória (vesícula
gasosa), ao mesmo tempo em que esta é bem b. Zooplanctófagos • alimentam-se de
desenvolvidanas espéciesmesopelágicas,que zooplâncton, situado no segundo grau da cadeia
dela necessitampara subida e descidaao nível alimentar. Possuem rastros desenvolvidos para
da coluna de água para a alimentação. selecionar e separar os organismos do
zooplâncton. Tanto os zooplanctófagos como os
227. SISTEMA URINÁRIO fitoplanctófagosnão apresentam dentes, ou se os
O sistema excretorregula o conteúdo da apresentam,estes são diminutos. Possuemboca
água no corpo, mantém o equiiibrio salino ade- pequena e são protráteis (capazes de projetar-se).
da
20 Moderna Aquicultura
21
direitos autorais
uma túnica mucosa que, por sua vez, apresenta
duas regiões: glandular e aglandular.
A região gland ular compreende as porções
cárdica e fúndica, que produzem o suco gástrico
corvstituído principalmente de pepsina, ácido clo-
rídrico e muco, A região pilórico é isenta de glân-
dulas e possui musculatura forte.
c. Intestino posterior - inicia-se na válvu-
Ia pilórica ou região dos cecos pilóricos (quando
presentes), e corresponde ao intestino verdadei-
ro, onde ocorremos processosquímicosda di-
gestão e absorçãode alimentos. Possui forma e
comprimento variáveis de acordo com a espé-
cie, podendo ser curto, como carnívor(F, eno-
velado, comonos herbívorose intermediário,
como nos onívoros.
Nessa parte do intestino temos os cecos
pilóricos, que são evaginaçóes da parede intesti-
nal, com abertura junto à região duodenal. Esse
órgào auxilia no aumento da digestibilidade no
intestino,através da ativaçaoda hidrólise de
componentes protéicos.
Nos peixes sem estômago ou apenas com
moela, a perda da digestao gástrica é compensa-
da pela produçào de tripsina no intestino médio.
No final do intestino médio, encontramos
uma região mais delgada e esbranquiçada, que
corresponde ao reto, e na continuidade termina
no ânus ou cloaca, onde desembocam as abertu-
ras dos sistemas digestivo, reprodutor e urinário.
2.9. ANEXAS
Fígado: é uma glândula derivada
embrionariamente
do intestino.Situa-sedentro
da cavidade abdominal e é separada da cavida-
de pericárdica por um septo transversal. Pos-
sui formas diversas, com lobos pares e ímpares,
de coloração escura, tendo como anexo a
vesícula biliar, tambémde formatosdiversos.
Esteúltimo órgão possui
funções biliar, glicogénica
e adipogênica.
Pancreas: órgao
difuso, de localização
mais difícil que o fígado,
encontra-se espalhado no
mesentérioou dentrodo
fígado ou do baço. Possui
ductos comaberturasna
região intestinal,onde de-
sembocam as enzimas
produzidas. Aí encon-
tram-se também, além
das estruturas como os
ácidos pancreáticos (enzi-
mas), as ilhotas de Langerhans,responsáveispela FIGURA2.F.: órgãos internos
produção de insulina. A função básica do pân- um teleósteo.
Creasé digestiva e nele encontramos a produção Fonte: SA
de amílase, lipase, tripsina e erepsina.
Fundamentos da
22 M"erna Aqüicultura
Material
FISIOLOGIA
DE PEIXES
Silvia Lima, M. sc.
BernadeteRizzo da Rocha Loures,M.SC.
23
Material autorais
mentoexternos(curimbatá,dourado.acará,etc.); carpas (prateada, capim e cabeça grande)
• ovíparos:fecundaçãointernae o tarnanho e a idade são os principais aspectos sen-
vimentoexterno(raias); do que elas alcançam a maturidade sexual depois
• ovovivíparos: fecundação e desenvolvi- de 2 a 3 ancx de idade, em regiões trwicais.
mento internos (lebistes);o ovo é como
embrião desenvolvido,aindadentroda 3.33 Ciclo reprodutivo
• vivíparos:fecundaçãoe desenvolvimen- Um fatores importantes na exploração
to internos, com participação materna através da económica de peixes é o controle da reprodução,
placenta (seláquios). que só será possívelse houver conhecimentos
adequados fatores que governam os ciclos
3.3.3 Incubação dos ovos reprodutivos.
O processo de incubação dos ovos, após a ciclos reprodutivos de quase todos os
fecundação, depende da espécie de peixe e está peixes são regulados pelos estímulos ambientais.
sujeita a diversos fatores, como: temperatura, luz, Receptores sensoriais apropriados captam os es-
salinidade, gases e processos endócrinos. Os pei- tímulos ambientais e os levam para o cérebro,na
xes de clima frio produzem ovoscom mais vitelo, forma de sinais neurais. Essessinais alcançamo
portanto maiores, menos numerosose de desen- hipotálamo e causam a liberaçao de peptídeos
volvimento mais lento. Em clima tropical,com hipotalámicos, os hormónios liberadores, que
temperaturas mais elevadas,o desenvolvimen- chegam à glândula hipófise e aí induzem a libe-
to é mais rápido. raçáo hormónios gonadotróficos,que irão
Alguns peixes, como o curimbatá atuar nas gónadas. Estas,em resposta, produzem
(Prochilodusscrofa) e 0 piauçu (Leporinas os hormónios esteróides sexuais (estrógenos e
macrocephalus),apresentam ovos pelágicos, ou andrógenos), responsáveis pela formaçào e de-
seja, mantém-osem incubaçáolivre na coluna senvolvimento dos gametas, pela regulaçáo das
d'água. Outras espécies apresentam ovos características sexuais secundárias, pela colora-
demersais, ou seja, depositam-os sobre algum çào nupcial e pelo comportamento reprodutivo.
substratoou no fundo do corpod'água. geral- Nas fêmeas ovíparas, os embriões são dependen-
mente em ninhos, sendo os ovos aderentes ou tes da gema do óvo (vitelo) para suprir seus re-
tibo. Já o tucunaré (Cichla SP.) e o apaiari querimentos nutricionais. A vitelogénese, ou pro-
(Astronotus trellaris) apresentam ovos demersais cesso de deposiçào da gema em ovócitos, é cíclica
e aderentes e os depositam sobre superfície dura; ou sazonal. Todos os estágios, desde a
a traíra (Hopliasmalabaricus)põe ovos no fundo mobilização de de seus depósitos, a sin-
e estes não são aderentes. As tilápias (Ormchromis tese no fígado de urna glicolipofosfoproteina es-
nilottcus),em geral, depositam os ovos (nio ade- pecíftca, a vitelogenina, sua deposiçao no ovócito,
rentes)em ninhosescavadosno fundo.As car- sio gonadotroftna-dependen tes.
pas (C. carpi") põem seus ovos, que sio aderen- A estaçao de reproduçao é, geralmente,
tes, em substratos flutuantes. relacionada às estações climáticas, com períodos
A aderência dos ovos ocorrede dois mo- estacionais,em mesesdefinidos, comdesova to-
dos: por cobertura mucilaginosa ou por tal ou parcelada; ou pode ser anual, ao longo do
filamentos. As carpas apresentam cobertura ano todo. As espécies tropicais e subtropicais de
mucilaginosa. água doce desovam no verão, enquanto as de
clima temperado desovam na primavera ou no
33.4 Maturidade sexual outono, como os salmonídeos.
A maturidade sexual em peixes pode ocor- A desova está relacionadaaos fatores
rer numa fase precoce ou tardia, dependendo da endócrinos e também aos de ordem ambiental,
espéciee do seu ciclo de vida. Normalmente,o cornotemperatura da água, nível fluviométrico,
peixe estará sexualmente maduro quando as oxigénio e sais dissolvidos na água, pH,
gónadas (ovários, testículos) passarem a produ- condutividadeelétricae pressão atmosférica.
zir gametas viáveis. Esses mecanismos proporcionam a base
Em geral, a maturidade sexual depende da para os métodos de reprodução induzida, que
idade, do tamanho, da fisiologia, da alimenta- envolvem agóes dc estímulos ambientais e a
Cão,do fotoperíodo, da temperatura, da corren- administraçàode hormônios para maturação e
teza e da presença do sexo oposto. Muitas vezes, liberação de gametas (ovulação e espermiaçño).
as fêmeas são mais tardias que os machos. O ciclo reprodutivo pode ser manipulado
A idade de maturidadesexual varia assim que haja gametas disponíveis. A liberação
grandemente entre as espécies. Algumas podem de gametas pode ser obtida pela suplementação
tornar-se maduras em poucos meses, enquanto hormonal, pela manipulação de fatores ambien-
outras podem levar anos. O mesmo peixepode tais ou através da exploração de raças
amadurecer mais cedo em climas quentes e, selecionadas para desovar em diferentes épocas
muitomais tarde, em climasfrios. do ano.
A maturaçãosexualde espéciescomoo A reprodução de peixes pode se processar
peixe-rei, o jundiá, a tiiápia e a carpa comum de duas formasdistintas:naturale artificial.
ocorre entre 0 70 e 0 120mês de vida. Para as • Reprodução natural - os peixes sexual-
27
autorais
mentemaduroslançamseus gametasno meio se a micrópila, e o espermatozóide não pode mais
em que vivem, sem a intromissão do homem. entrar; e este, por sua Vez,só tem sua motilidade
Pode-se também preparar tanques artificiais para ativada quando em contato com a água.
esse fim (uso de substratos para desova). b. uso de esteróides para reversão sexual
• Reproduçãoartificial - há a interferén- Em certas situaçõese com certas espécies
Ciado homem no processo natural, com ou sem de peixes, será vantajoso restringir a fertilidade.
tratamentohormonal,visandoa fertilizaçãocon- Um exemplo bem conhecidoocorrecom a tilápia,
trolada,incubaçãoe cultura de larvase alevinos, que atinge a maturidade sexual mais cedo e se
com os objetivos de melhorar a sobrevivência dos reproduz repetidamente, a intervalos curtos, cau-
peixes e obter maiores produções, em cultivo sando superpopulação nos tanques e outras con-
semi-intensivo,intensivo,associadoou não ao seqüéncias. Como o peixe dispende grande par-
sistema de policultivo (assunto a ser tratado com te de sua energia para a reprodução, o crescimen-
mais detalhes em capítulos posteriores). to fica paralisado, resultando em populações
Durante a desova natural,capturam-seos deficientes.
peixesreprodutores,utilizando-sede cuidados Assim, usa-se como método aplicar
adequados, e procede-seà extrusãode óvulos e hormônios para produção de populações
esperma, mediante união artificial,sendo eles a monossexo. Usam-se androgénios (17@—
seguir incubados (emincubadoras)e cultivados metiltestosterona)para masculinizar fêmeas
até o estágio de alevinos. genotípicas (tilápias), e estrogénios (estrona,
Quanto à desovainduzida por hormónios, etinilestradiol) para feminilizar machos
sujeita às técnicas de hipofisaçáo, tem-se demons- pictF (truta arcoíris). Normalmente, pre-
trado ser efetiva em uma grande variedade de re-se monossexomacho, uma vez que se de-
peixes, principalmente naqueles que não se re- senvolve mais rápido que a fémea.
produzemem condiçõesde confinamento,ou Como a reversaosexual MOocorreem
fazem-nosomentesob condiçõesambientaises- 100%dos peixes, é necessário proceder-se a um
pecíficas. manejo eficiente para finalizar o peixe para aba-
a. Hipofisaçüo te, antes que atuya a maturidade sexual e come-
Os hormóniosutilizados para induzir a ce a reproduçao descontrolada.
maturaçao e ovulação em peixes sào: LHRH
(hormônio liberadosdo hormônio luteinizante), 3.4. SISTEMA ENQÓCRLNQ
IICG (gonadotrofinacorióniahumana),ou O sistema endócrino é constituído pelo
hormôntos das glândulas pituitárias de peixes, eixo hipotálamo-hipófise, pelas glândulas
"in natura"ou nào. tireóide, supra-renal (sistemacardio-vasculare
Parase obter os hormônios das glândulas urinário), gónadas, pâncreas (fígado, que pos-
pituitárias de peixe, é necessário proceder-se à sui receptores para muit(F hormônios, p. ex., GH,
extraçáo da glândula hipófise de petxe doador, insulina, glucagon, onde desempenham impor-
com tamanhoadequado (acimade I kg), sexual- tantesaçóes).
mente maduro e com desenvolvimentogonadal O sistema endócrino se integra com o sis-
adequado. As glândulas colhidas devem ser tema nervoso,o qual sinaliza as mensagens para
imersas em acetona,ou álcoolabsoluto, ou con- o hipotálamo-hipófise,que funciona como cen-
geladas. Após processamento adequado das tral receptora-decodificadorade estímulos, libe-
glândulas, é possível utilizar a soluçáo obtida rando mensageiros químicos, os hormónios.
para aplicaçao em peixes reprodutores escolhi- As glând ulas endócrinas são compostas de
dos. células especializadas, as quais não possuem
Existemvários métodosde administração e secretam seus produtos diretamente na
dos hormónios, dependendo da espécie do pei- corrente sanguínea, por mecanismo específico
xe, das condiçôeslocaise dos métodos de traba- (exocitose).Suas principais funçõessio: estimu-
lho. Sabe-se que para as fêmeas são necessárias lar outras glândulas e tecidos, regular o cresci-
doses maiores de hormónios do que para os ma- mento,controlaras atividadesmetabólicas,man-
chos. Injegóesde homogeneizado ou extrato de ter a função celular e conservar o equilibrio quí-
pituitárias são feitas,geralmente, nos músculos mico do organismo.
dorsais acima da linha lateral,ou abaixoda par- Principais glândulas endócrinas,
te anterior da nadadeira dorsal. Injeçóesna cavi- sua localizaçãoe função:
dade do corpo sio consideradasmenos eficien- • Hipotálamo
tes. A quantidade requerida para o preparo das Uralizado no diencéfalo,formao assoalho
doses depende do tamanho do peixe. do terceiroventrículo.Possuidiversos núcleos
O processo de ovulação demora algum hipotalàmicos parvicelulares. Os núcleos rece-
tempo (horas), dependendo da espécie e das bem os sinais neurais geradosno rneiointerno
dições ambientais.Transcorridoo tempo corres- (orgânico)e externo (ambiente). Responde atra-
pondente à espécie, os óvulos sào colhidos e fer- vés da liberaçãodos hormôniosliberadorese de
tilizados com o sêmen do macho.A fertilização outras substâncias.
ocorre em alguns segundos; em seguida, após • Hipófise
contato com maior quantidade de água, fecha- Localizada na parte ventral do hipotálamo,
da
28 Moderna Aqüicultura
Mateyia/
está conectadaa este por uma haste. nos te, a síntese e liberação de insulina.
peixes ósseos a mesma posição central regula- • Tireóide
dora que nos mamíferos. Possui duas regiões: O tecidotireoidiano(folículos)na maioria
nervosa e glandular, ambas com embri- dos peixes ósseos, aparece disperso ao redor da
onárias diferentes. A parte glandular aorta ventral.Os hormôniossecretadostiroxina
(adenohipófise) é dividida em três partes: 1) par- (T4)e triiodotironina (T3) parecem ser idênticos
te tuberal,regiãoonde está localizadaa eminên- aos dos rnamíferos. Em alguns peixes, pode-se
cia mediana a qual recebe uma rede de capilares, encontrar folículostireoidianosnos rins, coração,
chamada sistema porta-hipofisário, que faz cone- olhos e outras partes, esrcial mente se privados
xao com as terminações nervosas provenientes do de iodo. Como os folícu os não são envoltos por
hipotálamo, dando passagem aos hormônios tecido conjuntivo, eles podem migrar da região
liberadores,que fluem para a hipófise;2) parte faríngea. O peixe concentra iodo no folículo
intermediária, produz os hormónios que disper- tireoidiano, que depende do nível de iodo na
sarn os melanóforos,pigmentos que dão colora- água. A baixa concentraçao de iodo na água pro-
çáo à pele; 3) parte distal, produtora dos duz hiperplasia e bócio, o que pode ser preveni-
hormônios que estimulam o crescimento do iodoà água.
(hormónio do crescimento - GH), as gónadas O iodo plasmático (forma iónica) de pei-
(hormónio folículo estimulantes - FSII, hormônio xes de água doce é muito variável,sendo de 0,5
luteínizante - LH), a tireóide (hormónio a 2.000 pg/IO() mg. A água doce possui em mé-
tireotrófico-TSH),O tecido adrenal (hormónio dia I - 2 pg/litro; a água do mar, 45 60 pg/litro.
adrenocorticotrófico-ACTH), e provavelrnente, As iodotironinasT4 e T3, circulam ligadas
o pâncreas (insulina, glucagon, somatostatina) e às proteínas plasmáticas específicas e são trans-
fígado. A parte nervosa, ou posterior, armazena portadas para os vários tecidos do corpo, onde a
e secretaos hormônios hipotalámicosocitocina tiroxinaé transformadaem triiodotironina,a for
(contracho dos músculos lisos) e vasopressina ou ma de maior atividadebiológica.A produçáode
hormónioantidiurético- ADH,envolvidona T4 e T3 pode ser afetada por vários fatores, po-
reciclagem da água (Figura 3.G.). dendoser mais aceleradaou mais lenta.Por
exemplo, o TSH aumenta todos os aspectos da
funçat)tireoidiana,enquantoo iodo da dieta, a
temperaturae ortros hormôniosafetama via
biossintética. A resp,CFtado T4 plasmático ao TSH
não é influeaciada pelo estado nutricional ou por
outros fatores r,ao específicoscomo o estresse.
Os níveis de tiroxinasho baixosem peixes
sob restriçao alimentar e em peixes alimentados
com dietas contendobaixa proteína/ baixaencr-
gia, comparados com peixes alimentados com
FIGURA3.G.: Diagramada secçãosagaal mediana dietas contendoalta proteína/alta energia. Res-
da hipófidede um Teleósteo.
triçào ou alimentaçào com dietas com baixa pro-
teína/baixa energia parecemdeprimir a função
O hormónio do crescimento:embora não tireoidiana e também a conversão de T4 a T3.
tenha uma glândula-alvo especifica, ele afeta inú- Os hormóniostireoidianossão conhecidos
meras células somáticas, estimula muitos por aumentar a calorigénese celular e estimular
hormônios e tem as células do fígado como sítio a liberaçào de GH (também em peixes, a ativi-
receptor,para formaro metabólitoativo,IGF- dade da enzima sódio-potássio adenosina
I (Fator de Crescimento tipo Insulina) ou trifosfato (Na»-K+-ATPase),associada com 0
SomatomedinasC, que vão exercer os efeitos do movirnentodo sódio na membranacelular,per-
C,H. mite à célula aumentar o seu consumo de oxigé-
O hormônio do crescimento de teleósteos nio). Além disso, desempenham importante pa-
é diferentedo de outros vertebrados,incluindo pel no crescimentodos ossos,cartilagense mús-
outros peixes, Esse hormônio nao promove o culos, participam dos metabolismos de
crescimentoem mamíferos,mas o GH de mamí- carboidratos. proteínas e lipidios, ativam os even-
feros e elasmobránquiosmostrou habilidade na tos do CICIOsexual (reproduçào), a maturação das
promoção do crescimento de teleósteos. gónadas. e outros processos metabólicos.
O hormóniodo crescimento aumentao Ainda em peixesósseos,os hormônios
crescimentolinear em peixese participa de inú- tireoidianosestão envolvidosna deposiçãode
meras funçõesfisiológicas,como aumentodo pigmentos, na atividade central nervosa, na
apetite,melhorada conversàoalimentar,aumen- osmorregulaçàoe movimentos de migraçào. Este
to da síntese de proteínas, diminuição da perda amplo espectro de atividades fisiológicas dos
de nitrogénio,estímulo à entrada de sulfato na hormóniostireoidianosé devido ao papel que
cartilagem de condroitina (que proporciona o eles desempenhamno metabolismobasal,ativan-
crescimentodos ossos), estímulo à mobilização do e modulando um grande número de diferen-
e oxidação das gorduras, e direta ou indiretamen- tes Vias bioquímicas (Figura 3.}1.).
• Tecido pancreático
O pâncreas possui duas funções principais,
uma exócrina,relacionadacom a liberaçãode
hormônios e enzimas digestivas na luz do trato
gastrintestinal; e uma endócrina, relacionada
com a liberaç,iode hormónios glucagon, insuli-
na e somatostatinana corrente sanguínea,os
quais controlamo metabolismo de carboidratos.
A estrutura do pâncreas de teleósteos é si-
milar à dos mamíferos, contendo três tipos de
células L', g e Oque produzem glucagon, insuli-
na e somatostatina, respectivamente.
A insulina é responsável pela formaçao dos
depósitos de carboidratos (glicogénio. a partir de
glicose) no fígado e músculos, e depósitos de
gordura (trighcerídeos, a partir de glicose) no
tecido adiposo. A insulina aumenta a entrada de
glicose e aminoácidos nas células, os quais, por
sua vez, aumentam a proteinogênese,a
lipogênese e a glicogênese muscular e hepática.
O glucagon é um potente agente
glicogenolítico, depletando os depósitos de
glicogénio, aumentando o nível de glicose sanguí-
nea. O glucagon também molibiza aminoácidos e
ácidos graxos, para alimentar a via gliconeogênica,
como via alternativapara aumentara glicemia.
A somatostatinaé um inibidor tanto de
insulina como de glucagon, mantendo o equili-
brio. A insulina e o glucagon se integram de tal
forma, que um estimula o outro, para juntos
manterem a homeostase da glicose.
•G1andulas últimobranquiais
Tambémchamada de glândula de forma-
çÃopós-branquial, devido a sua localizaçào pró-
ximo ao arco branquial posterior e estão relacio-
nadas com o metabolismodo cálcio,ou seja,
secretam a calcitonina. Os peixes teleósteos não
possuem paratireóides, como os mamíferos, para
regular o metabolismodo cálcio,portanto,essa
função é exercida pelas células ultimobranqttiais.
31
ESTRUTURA DAS
COMUNIDADES AQUÁTICAS
Ricardo Pereira Ribeiro, Dr.
Um tanque de criação de peixes, apesar de detritos que são encontrados no meio aquático
ser um ambiente total ou parcialmente controla- aderidos a todo tipo de substrato submerso, tais
do, não deixa de constitutr um sistema ecológi- como, pedras, canos, troncos, raízes, partes
co, que deve ser estudado e conhecido todos submersas de macrófitas, pedras, sedimentos, etc.;
os aspectos de sua dinâmica, pois com exceçáo • Metafíton - encontram-se ao redor do
dos ambientes totalmentecontroladosem nivel •ton, porém náo apresentam estruturas com
de laboratório, todas as outras modalidades so- de aderência.
frem influência das condições físicas,químicas e • Macrófitas - vegetais superiores que per,
biológicas do meio. Desse modo, o tanque de manecemou mo enraizados, no fundo dos cora
peixes sendo um ecossistema, mesmo que artifi- pos de água (sedimentos).Podemestar totalou
cial, é importanteque se tenha a idéia real dos parcialmente submersas, algumas permanecem
organismos que o compõem,bem como um co- flutuantes com as raízes submersas, mas geral-
nhecimentobásicode cadeiaalimentar.para ve- mente estao relacionadas com a presença de ma-
rificarmos as perdas de energia na passagem de téria orgânica na água. Como macrófitas aquáti-
um nível trófico a outro (Figura 4.A.). cas com folha flutuante podemos citar os géne-
Os componentes do ambiente aquático fo- ros Nymphaea (Intus)e Vitoria (VitóriaRégia);e
ram didaticamente divididos em categorias ou entre macrófitas aquáticas submersas enraizadas,
classesque primeiramenteconceituaremos: citam-se a Elodea,a Valisneriae a Cabomba
Plâncton • são organismos micrCFcópicos, (comumente utilizadas em aquários de peixes
animais (zooplâncton) ou vegetais (fitoplâncton), ornamentais); como macrófita aquática submersa
com pequena capacidade Icx•omotorae pequena livre tem-sea Utriculariae, finalmente,como
resistência às correntezas, que por isso flutuam macróíltas aquáticas flutuantes podem-se citar
livremente nas águas abertas.O fitoplânctoné a Pistia (alface d'água) e a Eicchornia crassipes
constituído por organismtF autotróficos, tais como (aguapé),entre outras.
alguns tipcxsde bactériase algas de distintas clas-
ses - Bacilariofíceas,Clorofíceas, Cianofíceas, FIGURA 4.A: Cac%iaalimentar no meio aquático
Crisofíceas, Xantoficeas,Euglenofíceas,etc.; e o
zooplâncton é representado principalmente
(quando se trata de piscicultura) pelos
Protozoários, Rotíferos. Ciadóceros e Copépod(F.
• Nêuston - sio organismos microscópicos
que ocupam a interface água-ar, representados
por fungos, bactérias, alguns tipos de algas, or-
ganisrnos animais, etc..;
• Plêuston - constituído por representan-
tes das macrófitas flutuantes;
• Nécton - organismos vertebrados que Fonte:
apresentam grande poder de locomoção,sendo AMBIO 1979. &
capazes de vencer a correnteza, são representa-
dos principalmente pelos peixes, além de alguns O conhecimento do sistema aquático pas-
anfíbios, répteis e alguns mamíferos; sa obrigatoriarnente pelo estudo das comunida-
• Bentos - organismos que habitamo fun- des que o compõem. Deste modo, passaremos a
do (sedimento) dos tanques, representados seguir a tratar dos aspectos particulares de cada
parcialmente por oligoquetos, estágios larvais uma delas, procurando comentaras interaçoes
de insetos, algumas algas diatomáceas, que normalmenteocorrementreelas.
moluscos, algumas bactérias e fungos. De
modo geral esses organismos atuam direta ou 4.1. ORGANISMOS AUTOTROFICOS
indiretamente como decompositores na (X organisrncF autotróficos sao conhecidos
reciclagem dos nutrientes; como produtores primários, pois pela
• Perifíton - organismos microscópicos, fotossíntese,através da energia solar, produzem
formados por bactérias, fungos, algas, animais e seu próprio alimento, na presença de água e gás
33
autorais
sentamtambémuma estruturaciliada(chama- mentede ambientemarinho,congregandoo
da de corona ciliar) na região superior do corpo, maior número de espécies entre todos os outros
com a função na movimentação e alimentação. grupos animais. Sua reprodução é bissexuada,
Habitam os mais diferentes tipos de ambientes havendodimorfismo sexual,e fecundaçãointer-
aquáticos e de habita's em um mesmo corpo de na; o núrnero de ovos é variável e esses perma-
água. A partenogénese (reprodução sem a pre- necem por um certo tempo aderidos à fén•tea,
senga do macho)é a forma de reproduçãomais não sendo imediatamentedispersosno meio.
comum entre estes organismos. Com respeitoa Durante seu ciclo de vida, ocorrem cinco ou seis
seus hábitos alimentares. podem-se encontrar fases de náuplios, seguidas da fase de
representantes onívoros, carnívoros (podem ser copepoditos, que após maduros, originam as fê-
até canibais)e herbívoros.Os indivíduosdesse meas e machos adultos. De modo geral, o Ciclo
grupo apresentam as seguintes formas de alimen- de vida desse grupo é mais longo do que o dos
taçáo: outros. Com respeito à alimentação, as larvas
• Tipo Redemoinho: engloba a maioria (náuplios) e adultos apresentam dietas diferen-
das espécies. Os indivíduos são basicamente tes, diminuindo a competição intraespecífica. Há
algívoros ou detritivoros. uma correlação inversa entre a ocupação dos di-
• Tipo Fórceps: os indivíduos quais 0 ferentes estratos do ambiente aquático. AOlon-
mástax é eversível e adaptado a "pinçar" o ali- go de um período de 24 horas, dentre os náuplios
mento. São chamados de rotíferos predadores, e copepoditos (estes últimos em seus estágios
pois alimentam-se de pequenos rotíferos, iniciais) e os copepoditos (em seus estágios fi-
cladóceros, pequenos copépodos e/ou algas. nais) e os adultos, os primeiros permanecemna
•1ipo Sugador: os indivíduos possuem upcríície durante 0 dia, descendo às camadas
também a capacidade de eversáo do mástax, mas inferiores da coluna de água à noite, enquanto
são adaptados para sugar, alimentando-se essen- que no caso dos últimos ocorre o inverso. Esse
cialmente do protoplasma de algas. fenómeno só foi bem estudado em ambientes
naturais, podendo haver algumas variações em
A presença de rotíferos na água está geral- tanques de piscicultura.
mente associada às florações de algas; essa pre- Trés ordens compõem o grupo dos
sengaem grandes quantidades(alta biomassade copépodos: a Calanoyda, que apresenta antenas
rotíferos de pequeno porte) é bastante importante grandes e pernas com muitas cerdas, todos são
para a piscicultura, principalmente, nos primei- filtradores de algas e, esporadicamente de detri-
ros estágios de vida dos peixes cultivados (logo tos; e a Cyclopoida, com espécies princiçalmen-
após o início da alimentaçào externa) pois, devi- te bentónicas, mas também a gumas
do ao seu pequeno tamanho e conteúdo protéico, Planctônicas.Este grupo de copépodos não é
sio os prirneiros organismos zooplanctônicos a filtrador, ou seja,os indivíduos são essencialmen-
serem consumidos. Como observaçao prática, te predadores e, sempre vão em direçao à sua
pode-se recomendar que, para a induç,io de presa, podendo ser herbívoros ou carnívoros. Os
"blooms" de rotíferos em tanques destinados à náuplios de calanóides são todos filtradores (al-
alevinagem, faça-se uma adubaçao por volta de gas ou detritos) e os de ciclopóides são todos
três dias antes do povoamento, desde que os tan- filtradores herbívoros. A ordem Harpacticóida,
ques sejam de terra (para que a adubação seja cuias espécies apresentam antenas curtas, são um
efetiva), na base de 500g/m2 de estercofresco grupo basicamente bentónico e algumas espéci-
de bovinos, o que tern trazido melhores resul- es não realizam reproduçào sexuada.
tactos. Entre os copépodos, existem muitas espé-
os cladóceros(pulgas d'água) são um gru- cies que são parasitas de peixes e outros animais
po de organismos bem estudados Apresentam marinhos (género Laernea bem como espécies
um ciclo de vida muito semelhante ao dos rotíferos carnívoras (género Mesocyclops, por exemplo),
e a maior parte das espécies é de água doce. As que podem predar larvas de peixes, as quais ata-
estruturas responsáveispor seus movimentCFsio cam Isoladamente ou em grupo, aderindo-se às
suas antenas (segundo par), as quais são bem de- mesmas através de seu "aparelho bucal", provo-
senvolvidas. No entanto, há espécies que. por vi- cando-lhes ferimentos e comprometendo-lhes a
verem em habitats lénticos (habitats litorâneos, sobrevivência. Dependendo da densidade des-
regiões de pouca ou nenhuma correnteza), podem ses organismos em um tanque destinado à
apresentá-las menos desenvolvidas. Suas "per- 'arvicultura de peixes, a taxa de mortalidade das
nas" são providas de uma rede de cerdas, impor- larvas pode atingir índices altíssimos, chegando
tantosna filtragem dos alimentos.A maioriadas até 1000/0,o que inviabiliza a criação.
espécies alimenta-se de algas e detritos, através As larvas de dípteros, como as da famí-
do processode filtragem da água, mas alguns lia Chaoboridae, são chamadas de
poucos géneros são carnívoros. Sua locomoção meroplanctónicas.
ocorreem formade saltoserráticos,e apresentam Quando se fala em piscicultura profissio-
geralmente um olho compostoque é utilizado na ml, com taxas de produtividade aceitáveis, as
sua orientação de natação. comunidadesque ocupam baixo nivel trófico
Os copépodos são um grupo principal- (plâncton, bentos, perifíton, etc.), apresentam
Fundamentos da
Moderna Aquicultura
HOM 20
Boyd, 1982
39
FIGURA5.F.: Concentraçóosde oxigéniodis- FIGURA5.G.: Concentraçãode oxigéniodis•
solvidoem diferentes profundidadesem tan- solvidoá tarde e de manhã em um tanque de
ques com 'blooms-de plâncton,leve, modera- peixes com um problema crónicocom relação
do e forte a este gás. As setas indicam o efeito do uso
emergencialde aeração.
R.yd, 1982
3
Para o monitoramento do oxigénio, pode
10 20 ser utilizado o método químico de Winkler (mé-
todo colorimétrico,por titulação),ou através do
1982 uso de aparelhos eletrônicos te-
nham esta função. O uso deste aparelho é bas-
tante prático, pela rapidez com que faz-se as,
Em tanques de piscicultura, por serem de medidas,mas apresenta a desvantagemdo alto
forma geral ambientes rasos, a concentraoo de custo de aquisição,pode proporcionarimpreci-
02 apresentaseus menoresvaloresno período soes nas medidas devido ao uso inadequado ou
da madrugada ou da manha,o que torna a co- descalibragem dos mesmos.
luna d'água frequentementeanaeróbia,daí a É importante salientar que cada espécie
alta taxa de mortalidade apresentada,em alguns de peixe possui um limite de resistênciaquanto
casos, nesses horários principalmente.Outro à concentraçãode 02 dissolvidona água e isso
fator complicadordessa situaçaoé a formaçao varia com a idade e o estado fisiológico,por este
de gases nocivos,tais como : gás sulfídrico e o motivo é importante o acompanhamento visual
metano,formadosem condiçõesanaeróbiasno dos animais para que as providênciasnecessári-
ambienteaquático. as posam ser tomadas de imediato.Entretanto,
De modo geral, os valores entre zero e a partir do momentoque as concentraçóesdes-
um miligrama de oxigénio por litro de água é se elementoatinjamníveis inferioresa quatro
letal aos peixes,de dois a três, os peixes perma- miligramas por litro, é importante ao piscicultor
necem em estresse e, de quatro a seis miligramas ficar atento, principalmente no período noturno,
de oxigénio por litro de água. é a condição ideal em dias nubladose na fase finalde terminação,
para a maior parte das espécies de peixes culti- casos em que a demanda bioquímica de 02 é
vadosno Brasil. maior.
Sabendo-seda importanciado 02 dissol• Comonota prática, problemas com02
vido para a piscicultura, o produtor deve preo- dissolvido em qualquer tanque podem ser no-
cupar-se com esse fator, de forma que seu suces- tados a partir da observaçãoda aparência da
so na atividadeestá diretamenterelacionadoao água, como mudança rápida dacor da mesma,
esforço gasto no seu controle . Desta íorrna pre- verde para marrom ou cinza, por exemplo e, do
coniza-se que para a implantaçãode uma comportamento dos peixes com presença de um
piscigranja,há necessidadede água em quanti• grande númerodeles na superficie da água,
dade e de boa qualidade (10a 15 1/ ha/ segun- "boqueando" ou tentando "sugar" o oxigénio
do), ou se essa premissa básica não for possível existente no limite ar-água.
de ser atingida, resta ao produtor lançar mao de Alguns autores informamque pode-se
formasalternativasde controlede 02 comopor estimar o consumode oxigéniode um peixe,
exemplo,através da observaçaodo comportamen- conhecendo-seseu peso,a temperatura da água
to dos peixes, uso de aeradores, oxigenadores, fil- e de algumas constantes matemáticas
tros biológic• para a reciclagemde água,etc. A preestabelecidas,calculadasa partir da tempe-
Figura 5.G.nos dá idéia do comportamento das ratura da água e outrosfatores.Comoilustra-
concentra«ksde O, dissolvidoem um tanque «ao podemoscitar que em um tanque com
de peixes com problemascrónicos em relaçãoa 3.200Kg de peixe, assumindo-se 12 horas de noi-
este elemento e, efeito do uso de aeraçào,para a te , podem assumir de 02/ Kg de pei-
convivência com o problema. xc, por hora, multiplicado por 12horas, totaliza-
se um consumo de 10,75Kg de 02 /noite.
Fundamentos da
Moderna Aquicultura
• 5.1.4Potencial Hidrogeniônico (pH) FIGURA5.H.: Exemploilustrativodo compor-
O processode dissociaçãoda molécula de tamentodo pH e das de 02 e C02 livre, para
água liberando ao meio uma certa quantidade um ciclodiário de 24 horas em um ambiente
de íons semquebraro equilibrio(H20= aquático.
H+ *OH).
Quandoa quantidade de íons1-14é igual
a de íons OH- em uma solução, ela é dita como
neutra. Já quando há uma "vantagem" para os
íons a solução é dita ácida,quando o con- 1
trário é alcalina ou básica.
O pH, que é definido como logarítmo ne-
gativo da concentração molar de íons hidrogé-
nio é a medida que expressaa acidez ou
alcalinidade de urna soluçãoe, além de ser in-
fluenciado pela quantidade de íons e OH-.
ainda é afetado fortemente por sais, ácidos e ba-
ses que ocorram no meio. coa-gvr. OZO
Os valores de pH variam de a 14,0sen-
do que abaixo de 5,0 é fatal à maioria dos pei- • 5.13. Gás Carbónico
xes, entre 5,0 e 6,0 causa queda no desenvolvi- É um gás que apresentauma grande im-
mento, entre a 9,5 permite um desenvolvi- portáncia no :neio aquático, como visto anteri-
mento satisfatório,entre 7,0 a 8,5 é a faixa ideal ormente o (02 dissolvido em pH).Esse gás pode
ao desenvolvimento dos peixes e, acima de 11,0 causar problemas para a piscicultura, no entan-
é letal. to, seus efeitos patogénicos sao geralmente cau-
Em tanques de piscicultura o pH é influ- sados pela asfixia que pode provocar. Nem sem-
enciado pela concentração de íons origina- pre o C02 é tóxico para os peixes; a maior parte
dos da dissociaçãodo ácidocarbónico(H2C03 das espécies podem sobreviver por vários dias
H + C03'2) , pelas reaçóes de íons carbo- em água contendo mais que 60 mg/ , desde que
nato e bicarbonato (C03•2+H20< >HC03 esta água apresente um aporte substancial de 02
pelo processo de para o peixe e,comojá foi visto, normalmente
fotossínteseda respiração c/ luze as altas concentrações de C02 na água estão sem-
> s/ luz CH20 + causas do manejo pre acompanhadasde baixasconcentraçõesde
como adubaçaoe calagem,ou mesmo pela 02, por terem estes comportamentos inversamen-
poluição. Ainda é importante salientar que al- te proporcionais(Figura5.H,)
teraçóesno pH da água podemcausar mortali- Considerando-se os processos naturais no
dade em peixes. Essas alteraçóes em diferen- ambiente, particularrnente altas concentrações
tes proporções,dependendo da capacidade de de C02 ocorrem em tanques após grande morta-
adaptação da espécie ,através da maior ou me- lidade de fitoplâncton, após a desestratificação
nor dificuldade de estabelecer o equillbrio térmica c quando o clima apresenta-se nublado.
osmótico em nível de brânquias, podem deter- Éde difícilconstatação,tendo em vista que
minar grandes dificuldades respiratórias nas ele sc transforma em carbonatos e bicarbonatos,
espécie ou indivíduos menos versáteis ou re- mas é sabido que é capaz de acidificar a água
sistentes, levando-os à morte. quando esta apresenta baixa alcalinidade.Há
O comportamento do pH no período de estudos ue indicam que em águas com concen-
24 horas de um dia, segue de maneira direta- traçóes Ie C02 superioresa 20mg/litro, tem-se
mente proporcionalo do 02 dissolvidoe, in- constatado a existência de lesOescalcificadas, isto
versamente o do C02 (Figura 5.EI).Portanto pode se agravar em águas com baixas concen-
intensos "blooms"de algas.em tanques com traçôes de magnésio (águas moles),nesta con-
baixas taxas de renovação de água, dependen- dição, 30 mg de C02 na água pode levar o pH
do da densidade de estocagem, poderáo apre- da mesma a 4,8.
sentar altas taxas de mortalidadede peixes,
principalmentedurante a noite e na madruga- •5.1.6.Alcalinidade
da, devido às altas concentraçõesde C02 no É a capacidadeda água em neutralizar
meio, oriundo do processo de respiração. Este ácidos. Referese à concentraç,iototal de sais na
gás quandoesta livre no meioaquático,reage água, sendo expressaem miligrama por litro,em
coma água promovendoa liberaçãode íons equivalente de carbonato de cálcio (CaC03 bi-
(C02 +1120< > H2C03 < > HC034H+ < > carbonato (1-1C03), carbonato (C03 ) ,amónia
2+ ), consequentemente baixando o pH e, (NH3 hidroxila (OH), fosfato (POÍ2), sílica
devido ao conjunto destes processos,a concen- (Si04) e algunsácidos orgânicospodemreagir
traçao de 02 poderá chegar a zero. para neutralizar íons hidrógênio(H+). Para tan-
ques de piscicultura sao desejáveisvalores de
alcalinidade acima de 20mg/1, sendo que valo-
res entre 200-300mg/1 são os mais indicados.
Existem pelo menos três tipos de alcanilidade : FIGURA5.1.:O ciclo do fósforo em um tanque
• alcalinidade total- OH - , C03•2 e FICOS , de peixes.
• alcalinidade de fenolftaleína- OH- e C03 2;
•alcalinidade de carbonato - COS2 e 1-1C03*2 ;
FIGURA5.H..•Resumo esquemátk;o
do nitrogénio.
HUMUS
Células
Microbianas
Animais
Plantas
A - Amonificaçao
B - Mineralização
C - Nitrificaçao
D • Reduçao a Nitrato
Imobilizaçao
Denitrificaçao
G -Fixaçao de N,
1982
CONSTRUÇÃO
DE TANQUES
RicardoPereiraRibeiro,Dr.
• Topografia; Vale V
•Natureza do solo; trurx.do (e)
•Quantidade e qualidade da água.
6-1. TOPOGRAFIA
Quanto ao terreno, este deve possuir uma
declividade suficiente para que os tanques POS-
sam ser abastecidospor gravidade.O ideal é a V" emV
vale amplo e lar"
escolha de áreas com declividadesuave, para
baratear a corFtruçao,sendo que esta declividade
deve estar na faixa de 2 a 5%. Huri, 1994
O comprimento do tanque deve acompa-
nhar a declividade do terreno. profundos, significando, portanto, barragens ca-
Todaconstruçàodeve ser feita aproveitan- ras em relaçàoà área inundada.
do-se as condiçõesdo terreno, sendo que a terra Outro fator prejudicial desse tipo de terre-
deslocada deverá ser usada para a no é que a grande profundidade de seus tanques
complementaçãodos aterros,que por sua vez torna-os pouco produtivos, em virtude da pene-
devem ser bem compactados.Osvales constitu- traçao parcialde luz na coluna d'água,
em-se no perfil topográfico mais indicado, pois Valesmedianamente largos e vales amplos
muitas vezes dispensamou reduzemo trabalho e rasos - podem ser aproveitados para a constru-
com escavações.Porém o tipo de vale também çào de tanquespara piscicultura,uma vez que
deve ser considerado em seus aspectosde pro- necessitam de barragens de altura reduzida para
fundidade e largura (a Figura 6.A. mostra alguns proporcionaruma boaárea inundada,sem a ne-
exemplosde tiposde vales): cessidade do uso de tanques profundos, que
Vales estreitos e profundos - nio sao indi- comojá visto sao menosprodutivose também
cados, pois pelo seu perfil exige-se que as barra- dificultam o manejo. A Figura 6.B. nos dá idéia
gens a serem construídas sejammuito elevadas, de qual o tipo de tanque os diferentes contornos
as quais darão origema tanquespequenose topográficos podem fornecer.
po soto C ARACItRfSTICAS
GFRAIS
2,0 a 0,05mm Partículasde solo quando friccionadasentre os
dedos parecem pedregulho. Não apresenta
plasticidade nem é grudenta quando úmida
Silte mm Lisas e purulentas quando friccionadasentre
dedos. Não é plásticanem grudenta quando úmida
< 0,002mm Liso ao tato, grudenta e plásticaquando tími-
da. Partículaspodempermanecersuspensasna
água por um longo período de tempo.
TABELA Diâmetroe característicasdas diferentesfraçõesconstituintesdo solo
FIGURA6.
a ÃHra 6.3. QUANTIDADE DE ÁGUA
A condiçaoessencialpara a instalaçãode
uma pisciculturaé que o terreno tenha água em
quantidade suficiente e de boa qualidade. Sem-
pre que possível, o abastecimento da piscicultu-
ra deve ser feito por gravidade, a utilização de
bombasdeveser evitada,devidoao alto custoe
ao consumode energia,manutençãoe prejuízo
da qualidade da água, pois o processo de
centrifugação pode matar grande parte do
plânctonexistente.
A quantidade mínima de água que se deve
dispor dependede váriosfatorestendo,no mí-
nimo, de ser suficientepara repor as perdas por
Fundamentos da
• 63.1. Método para o cálculo da vazio Para o nosso exemplo, temos um canal de pa-
através do uso de flutuador em canais naturais redes lisas,então:
ou artificiais Vm 0,26x 0,9 Vrnc (corrigida) = 0,23m/s
flutuador Cálculo da área (S):
02-3m espaço de 8 a IO m S = Profundidade média do canal x largura
média do canal
Ml S 0,081rn2
espaçopara que o
flutuadorvença a inérciaMarcador A vazio (0) é dada por:
@ Área x Velocidademédia corrigida
S x Vrnc
As medidas de profundidade e largura do @ = 0,081m x 0,23m2 = 0,01863rn3
canal de abastecimentodevemser tomadasem @ 18,6litros/segundo
três pontos diferentes no espaço M2 e a medida
de tempo de percursodo flutuadordeve tam- Portanto para um canal Com estas
bém ser tomadas trés vezes, também nesse es- especificações,considerando-se as regras básicas
paço M2. anteriormente citadas, podemos calcular qual a
área que pode ser inundada para o estabeleci-
mentode uma piscicultura:
Entãoconsiderando-se a medida recomen-
• Profundidade dada de vazão igual a IO a 15 1/ha/s. Pergunta-
(tomada em três pontos diferente). se, qual a área que poderemos inundar com urna
- 26 cm vazão de 18,61/s.
- 27 cm média = 27 cm
-28 cm Resposta:
12,51/S 10.000
rn2
• Largura (tornada em três pontos diferentes) 18,61/S
- 30 cm x. 18,6x • x • 14.gsom20u1,488ha
- 29 cm média 30 cm
- 31 cm A partir destes dados, conhecendo-se o ci-
CIOde produçao e produtividade da espécie es-
• Tempo de percurso do flutuador co hida, pode-se estimar a rentabilidade da cria-
(tomadastrês medidas) çao a ser implantada, como veremos mais adi-
- 33 segundos ante neste capítulo.
- 31 segundos média 31 segundos
- 29 segundos 6.4. TIPOS PE TANQUES
Os tanq ues são classificadossegundo o sis-
•Cálculo da Velocidademédia (Vrn) = tema de alimentação, levando-se em considera-
Vm = Espaço/ tempo çáo sempre a topografia do terreno, aqui tratare-
8m / 31s mos especificamente dos tanques abastecidos por
Vrn 2581m/s cursos de água, deixando de lado os abastecidos
por poços artesianos, ou por bombeamento, por
Como normalmente os canais de abasteci- acreditarmos que para esse tipo de exploração
mento sao constituídosde diferentestipos de ainda nao caracterizaa nossa realidade atual.
materiais ou substratos, os quais apresentam di- Tanquesde barragem(sem derivaçãode
ferentesvaloresde resistência(atrito)sobre a curso de água) - esses tanquesproporcionam
água em movimento, há a necessidade de que se para uma igual área inundada, um custo menor
faça a correçào da Vm através do uso de um fa- de construção. Porém apresentam alguns incon-
tor de correçao, o qual tem a funçao de corrigir o venientes, como estarem sujeitos à transborda-
atrito que a água tem com a parede do canal e mentos, com perdas de peixes, e ruptura da bar-
com o ar. É importante destacar que quanto mais ragem,peloaumento do volumede água, na épo-
o valor deste fator de correçàoaproximar-se de ca das chuvas. Nem sempre um sangradouro
1,00, menor resistênciade atrito o canal exerce previne acidentes; se na área houver mais de um
sobre a movimentação da água. Portanto quanto tanque,a tomadade água será uma só para to-
mais próximode 1,00melhor. dos, o que é desaconselhável, pois além de difi-
cultar o manejo,faz-seo usode águas já utiliza-
I - Para canais com paredes lisas das nos tanquesanteriores,com menoresquan-
(cimento, azulejo, etc.) = 0,85 a 0,95 tidades de oxigénio dissolvido e rica em subs-
II - Para canais com paredes pouco tânciastóxicas,oriundasdos organismosaquá-
lisas ( terra) aO,S5 ticosque povoam os tanques anteriores.
III - Para canais com paredes irregulares Tanquesde derivação- são um tipo de
com vegetação no fundo 0,65a 0,75 construção mais cara, mas proporcionam uma
série de vantagens em relaçào ao tipo anterior, • g.l. • "Valois"ou Monge;
comoo controledo volumede entrada de água,
evitando-sedesse modo os perigosde danos cau- FIGURA6.C.: O monge,acima uma secção
sados por enchentes. cruzada do taludee abaixodetalhes de cons-
Apresenta como característica principal a truçào
possibilidadede abastecimentoe escoamento
individuais,atendendoassimexigênciastécni-
cas (ideais) de uma instalação piscícola.
É o sistema mais oneroso, porém pode ser
mais económico,uma vez que nà0 apresentane-
nhum dos inconvenientesdos demais tipos, nao
havendoo perigode transbordamentos,ou rup-
turas de barragens por efeito enchentes; a qua- 'Lia
lidadeda água é a mesmaem todCFos tanques;
permite um melhor manejo,pois pode-seesgotar
ualquer tanque da série sem que haja a necessi-
de de interferirnos demais,tornandoviável
assim a elaboração de um programa de produção
periódico, com despescas semanais, quinzenais,
mensais,bimensais,semestraisou anuais.
•6.7.6.Receitamensalestimada
Com aerador
Estimativade = 4.964kg de peixes
•venda do peixe inteiro (RS 1,00/ kg) = RS4.964,00
•venda do filé (RS4,00 RS 6.949,60
Semaerador
Estimativade = 1.241kg de peixes
•venda do peixeinteiro(RS1,00/kg) = RS
•venda do filé (RS4,00/kg) = R$ 1.737,40
Fundamentos
da
Moderna Aqüicuttura
CALAGEM E ADUBAÇÃO DE
TANQUFS PARA PISCICULTURA
Ricardo Pereira Ribeiro, Dr.
Érico Sengik, Dr.
53
mais correta é realizar-se a análise do solo do monitoriamento visual e, se possívelatravés de
fundo dos tanques e colocar a quantidade ideal equipamento, a qualidade da água, pois o exces-
recomendada pelo técnico o povoamento dos so de matéria orgânica quase sempre é prejudi-
tanques deve ser feito 15dias depois da calagem. ciai, pois diminui significativamente a qualida-
de de água, devido à decomposição, que conso-
7,2, pos IANOVES me oxigénio e libera ao meio substâncias tóxi-
A adubaçào dos tanques é de vital impor- cas, podendo provocar a mortalidade dos peixes
uncia na criaçao dos peixes , pois tanques bem .Especificamentepara tilápias,é muito impor-
adubados fornecerão um ambiente propício tante salientar que a partir de 180 a 200 g de
para a reproduçào, engorda e produção de peso vivo não há mais necessidade de se efetuar
alevinos, devido ao incremento da produçao pri- adubações, sendo neste caso, a ração balanceada
múria(algas). ( dieta completa), a forma mais correta de ofere-
O bom desenvolvimento dos peixes, é fun- cer alimento a esta espécie de peixe, a insistência
çao da proliferaçãodas algas que compõemo na adubação a partir desta fase poderá trazer
fitoplâncton, que é alimento do zooplâncton e, sérios danos à criação,principalmentequando
por sua vez, ambos são fundamentais para os as densidades de estocagem superarem a propor-
"iode peixes/m2 e quando a remoçao(troca)
A três tipos de adubação, a orgânica, a de água por dia for inferiora 15%do volume
química ou inorgânica e mista. A primeira é a total de água do tanque, correndo-seo risco de
mais rica e a mais barata, bastando que se provi- depressão no crescimento e mesmo mortalidade
dencie uma fonte de estercoorgânico (fezes de de peixes devido ao excesso de produçao de subs-
aves, de suínos, de bovinos, ou de outros ani- tânciasnitrogenadastóxicasem excesso,como
mais de criação) em quantidades adequadas amónia, nitrito e nitrato.
A segunda,em alguns casos,pode ser a A Tabela 7.B, apresenta uma proposta de
mais recomendada, quando há a dificuldade em adubação indicada pela SUDEPEem 1982,e a
se conseguir esterco animal, ou quando se de- Tabela 7.C. apresenta os resultados de alguns
seja uma rápida resposta da adubação.O ter- experimentos com adubação em tanques para
ceiro tipo é o uso de adubos orgânicos e peixes.
inorgânicosconjuntamente. Devido à grande variabilidade dos tipos
O adubo, ou seja qual for escolhido,deve de solos, para a determinaçáo da dose a ser apli-
ser aplicado 7 a IO dias após a calagem tan- cada de adubo e, sobre qual deve ser utilizada,
ques para os nutrientes, por ele fornecido, per- com vistas a seu mais efetivo aproveitamento, já
manegam disponíveis na água. As formas da foi obtida a indicação genérica de que o esterco
aplicação são. a lanço de maneira uniforme no de aves aplicado na proporção de 4 a 8 tonela-
fundo do tanque seco,ou na superfície da água, das por hectare por ano, em aplicaçóes quinze-
ou aplicado através de um balde ou saco plásti- nais e associado a pequenas dosagens de nitro-
co com várias mergulhando ou flu- génio e / ou fósforo,proporcionam significativos
tuandono tanque,para que os nutrientessejam aumentos na produção primária de (plâncton) e
liberados gradativarnente ao meio. secundária (peixes).Outra recomendaçao de uso
Nos solCFbrasileircF,os principais elemen- de fertilizantes orgânicos é que esta deve oscilar
tos recornendados a serem utilizados em aduba- entre 4,0 a 6,0 toneladas de esterco seco de aves
São sio o nitrogénio e o fósforo, principalmente ou suínos, em aplicações quinzenais (200 a
o segundodevido à sua escassezgeneralizada 250Kg/háem cada aplicaçao).propiciando0
em nossos solos. melhor aproveitamentoda matéria orgânica
Em solos com altos teores de ferro, por como fertilizante e/ ou alimento aos peixes.
exemploLatossolos,observaçõespráticasem Para a preparação de tanques para
pisciculturana regiao de Maringá-PR,permi- larvicultura e alevinagem,recomenda-seque
tem-nos informar a seguinte recomendaçáo de sete a dez dias após a calagem, deve-se aplicar
adubação: 500g de esterco frescode bovinos por metro qua-
Após IO dias da calagem, recomenda-se drado semanalmente, sendo que após a primei-
o uso de 200Kg/há de sulfatode amónia,apli- ra aplicação deverá espera-se em torno de 3 dias
cado a lanço no fundo do tanque, espera-se mais para realizar-se o povoamento•do tanque com o
7 dias e inicia-se a aplicaçào de 150 Kg/há de pico de produção de rotíferos, (o qual está rela-
superfosfato triplo (46%de P205) de forma par- cionadodiretamentecoma temperaturada água
celada, sendo utilizado 50% desta quantidade ou seja,quantomaiora temperaturamais rápi-
na primeira aplicação e 10%da quantidade to- do é o seu ciclo).
tal a cada 15 dias até que se complete a dosa- Atualmente,em funçãode exigências
gem recomendada.Quantoà adubaçãoorgâni- comerciais, principalmente quanto à
ca , caso se opte por ela , recomenda-se dosa- palatabilidade da carne de peixe não se reco-
gens entre 4,0 a toneladas de esterco seco de menda a utilização de resíduos frescos de suí-
aves por hectare por ano, dividido em aplica- nos em piscicultura, seja como alimento ou
çôesquinzenais. como adubo orgânico.
É importante salientar que é vital o Uma outra recomendaçãode adubaçao
Fundamentosda
Maderna Aquicultura
inorgânicas em tanques de piscicultura é a apli- há/dia de cama de frango (30 a 40%de esterco).
caçãode 50 Kg/ há de N:P:Kna seguinte propor- Com relaçãoa adubaçãomista, há indi-
çao: e 4%, respectivamente, ou mesmo caçao para o uso de 3.000Kg/há/ mês de ester-
16%de N e 20%de P,visto que a maior parte dos co seco de aves e 100Kg Kg/há/mês de fertili-
solos apresentam deficiênciade K, pois este zante inorgânico N•.P(16 : 20%respectivamen-
último, exigido em pequenas concentrações, te), para produção de alevinos de tilápias em
ocorre em quantidades suficientes tanques de terra.
nas águas comumente utilizadas para o abaste- É importante lembrar que para qualquer
cimento de piscigranjasAplicações com IOa 14 espécie de peixe, quando for observada a depres-
dias de intervalo, cessando-a sempre que a trans- sao no consumode raçà0ou a incidênciaacima
paréncia de Secchiatingir 30cm. Em temperatu- do normal de peixes "boqueando" na superfície
ras muito altas, esta adubação pode proporcio- da água, principalmente durante o dia, a aduba-
nar o aparecimento de algas filamentosas inde- çáo devera ser cessada imediatamente.
sejáveis.
Outra indicaçao de adubaçao para a cria- TABELAZA : Quantidade de calcário ou cal, de acor-
çao de tilápias áurea é o uso de 70 a 140Kglha/ do corno pH e de solo.
dia de estercosecode aves,sem a necessidade
do uso de ração,mas para tanquesde água com PHdo fundo Kg de Calcário/ha
baixa alcalinidade. Para alevinos de tilápia Argiloso roucoArgiloso Arenoso
nilótica 100Kg/há/dia de esterco seco de aves.
Bons resultados foram obtidos no crescimentoe 5,5-5/) 3.000 1.800 1.000
sobrevivênciacriando-seo catfish(Clarias 6,0-6,4 3.000 1.000
ishariensis)em tanquesfertilizadoscom90 Kg/ 6,5-6,9 1.000
< 0,001
- Malathion
- Parathion < 0,04
< 0,02
Metais
- Cádmio 3,0 em águas duras
- Cobre 0,1+ estreitamente dependente do pH e dureza
< l.cm
- Mercúrio < 0,05 0,1 no mar
- Níquel < 0,02+
- Chumbo(mg/l) < 0,03
0,05+ estreitamente dependente do pH e dureza
Fenóis
%/0r que deverá ser multiplicado pela LC.Wda espéciemais sensível,colocadaem água com
fisico-quimicasidênticasà situaçãoconsiderada,para obter-sea concentraçãodesejada.
propriedades
56 Fundamentos
Moderna
da
NUTRIÇÃO
DE PEIXES
WilsonMassamitu Furuya, Dr.
sistemasmais intensivos,sendonecessáriocon-
sideraro desempenhodos peixese tambéma Idade (dias) TA -c FA
influência do manejo alimentar sobre a qualida- Ipeso(g) (% peso (númerode
de da água. A alimentação de peixes deve consi- vivo/dia) vezes por dia)
derar o tipo de dieta a taxa, a frequência e forma
de arraçoamento. Até o,5g 20-10
1-5g 10-5
• 8.4.1. Taxade Arraçoamento 5-15g 4-3
A taxa de arraçoamento representa a quan- 15-40/50g 6-3 4-3
tidade de dieta que será fornecida aos peixes.A > 100g 4-2 3-2
determinaçãoda taxa de arraçoamentodeveas-
sociar o ganho de peso, a conversao alimentar, o TA = taxa de arraçoamento
retorno económicoe a qualidade da água. A e FA = frequência de arraçoamento
subalimentaçào piora o desempenho sem corn- Luquet(1991).
prometer a qualidade da água e, por outro lado,
o excessode dieta poderá comprometer o desem-
penho de forma direta, pela piora na conversão
alimentar e, indiretamente, pela redução na qua-
lidadeda água.
Tabela 8.9. Taxa e frequênciade arraçoamentopara é muito utilizado por não proporcionar adequa-
tilápias do Nilo em funçao da temperaturada água. do acessode todos os peixes até as dietas, po-
dendo resultar em lotes desuniformes. A utiliza-
Temperatura Taxade Frequênciade çao de comedouros automáticos é recomendada
água (oc) arraçoamento arraçoamento nas criações intensivas, sendo necessário consi-
(vezes/dia) derar a relaçãocusto/benefício.
T>24 100 4 • 8.4.4.Fase Inicial
50 2 Logo após o inicioda alimentaçao exógena,
40 2 no seu habitat natural, a maioria dos peixes con-
25 2 somem o plâncton (fitoplâncton e zooplâncton).
10 1 Essesorganismospossuemelevadovalorbioló-
16>T Não alimentar - gico, constituindo-seem excelentefonte de pro-
teína (aminoácidos),energia,ácidosgraxos,vi-
em relaçãoa taxa normal de arraçoamento taminas e minerais e, além disso, sua disponibi-
Luquet(1991) lidade no meio aquáticopossibilitamaior uni-
formidadedo lote.
O ideal seria a correçaoda taxa de Para espécies como as carpas prateada e
arraçoarnento diariamente, mas essa prática não cabeça-grande, esses organismos sao importantes
é aplicada, pelo excessivo manejo que pode afe- durante a fase adulta. As tilápias tambémutili-
tar o consumo e a qualidade da água de criaçao. zam eficientementeesses componentes, principal-
Assim, os peixes geralmente são pesados a cada mente nas criações extensivas, auxiliando para a
sete, quinze ou trinta dias, o que irá depender reduçãono custocom alimentação,atravésda re-
da fase de criação.A estimativado crescirnento duçao na taxa de arraçoamento ou pela utilizaçao
da tilápia do Nilo pode ser obtida corrigindo-se de dietas com níveis mais baixos de proteína.
a variável temperatura (Soderberg, 1990): É importante que a dieta seja distribuída
uniformementeem toda a extensãodo tanque,
uma vez que os peixes de menorporte percor-
DL = 0048T-OS53 rem pequenas distâncias para a captura do ali-
em que: mento. De forma geral, têm-se fornecido de 10a
DL = crescimento diário em comprimento
0
(mm); 5 % de dieta em função do peso vivo, parcelada
T = temperatura da água ( 0. em 4 a 6 vezes/dia,
Durante a reversão sexual de tilápias a di-
O peso individual pode ser estimado eta deve ser parceladaem 4 a 8 vezes/dia du-
através da equaçao: rante 28 a 30 dias, para evitar perdas na . A dieta
não consumida deve ser retirada para evitar pro-
PV = 0.02.e (Preechromis niloticus) blemas com a qualidade da água. Durante essa
PV = (2—33.10- (Oreochromisaureus) fase, os níveis de energia e nutrientes são mais
em que: elevados,pela exigênciae perdas por lixiviação
PV = pesovivo individual (g); e, ainda que as perdas sejam altas, é possível
C comprimentototalindividual (cm). obter conversao alimentar entre 1,5a 2:1, ou seja,
de 600 a 800 g de dieta para produzir 1000
alevinosrevertidoscom peso vivo individual
• 8.42. Frequênciade arraçoamento médio de 0,4 g.
A frequência de arraçoarnento é importan- Após reversão sexual, geralmente há ne-
te para melhorara conversaoalimentar.Cerca cessidadede transferênciados alevinos,que ain-
de 90 % do alimento fornecidoé consumido du- da utilizam eficientemente o plâncton como ali-
rante um período máximo de 15 minutos após mento, mas deve ser complementada com dieta
fornecimento, sendo que o aumento na balanceada com 30 a 32 % de proteína bruta, na
frequênciade arraçoamentoestá associadoao proporçao de 8 a 5 % do peso vivo, numa
aumento na uniformidade do lote e melhora na frequência de 4 a 6 vezes/dia. A adubação deve
conversao alimentar. A frequência de ser realizada anteriormente ao abastecimento do
arraçoarnento é mais elevada na fase inicial,em tanquee periodicamente,realiza-sea adubação
que é utilizada dieta na forma farelada de mantença, de acordo com a produtividade de
(lixiviaçào),podendo ser alterada de acordo com organismos-alimento.
a temperatura da água e fase de criação
• 8.4.5.Crescimento
• 8.43. Formasde Arraçoamento Nessa fase deve ser utilizada dieta desin-
O arraçoamentopodeser manualou atra- tegrada (peletizada) ou extrusada. Além disso, a
vés de comedouros.O arraçoamento manual adubação química e /ou orgânica pode ser utili-
pcssuia vantagemde permitirmaiorcontroledas z.ada,dependendoda espéciee sistema de cria-
ocorrências,tendocomodesvantagenso custo çáo. A dieta extrusada facilita o manejo e permi-
com mao-de-obra. O cornedouro tipo cocho nio te melhorvisualizaçaodo consumo.
Fundamentos da
Moderna
A dieta é fornecida em torno de duas a três das para permitir a produçãoracionalde pei-
vezes ao dia, na proporçao de 4 a 2 % do peso xes, considerando-se a necessidade de manter a
vivo, parcelada em duas a três vezes/dia. O teor qualidade da água para a criaçao e evitar a po-
de proteína varia de 32a 30 %, mantendo-se uma luiçaoambiental.
relação energia:proteína próxima de 100:1.O No Brasil,na décadade 80 Castagnolli
plâncton ainda contribui com boa parte da dieta (1981),já ressaltava sua preocupação com o meio
até o nível de biomassade aproximadamente ambiente.Segundoesse autor "O fornecimento
4000kg/ha. de dietas adequadas aos peixes pressupõe o co-
No caso de criações com elevada densida- nhecimento de várias informaçõessobre a espé-
des (tanques-redee "raceways"). para evitar cieconsiderada, bem como sobreo valor nutriti-
deficiênciasnutricionais, é necessário o empre- vo dos diferentes ingredientes que poderão ser
go de dietas completas com 32 a 36 % de proteí- utilizadosna formulaçãoda dieta. Essesconhe-
na bruta, que devemapresentarrutrientes de cimentosdevemainda ser acrescidosde noções
elevada digestibilidade para permitir adequado básicas sobre balanceamentode dietas,
crescimentoe não comprometera lualidade da processamentoe preservaçãodos alimentos"
água. A taxa de arraçoamento dev variar entre Mais pesquisas devem ser desenvolvidas
5 e 3% do peso vivo, sendo a dieta diária parce- para permitir a substituiçao da proteína da fari-
lada em duas a três vezes/dia. nha de peixe,ou de outro ingrediente de origem
animal, pela proteína de origem vegetal. Esses
• 8.4.6.Terminação estudos devemenvolvera suplementaçãode
Ainda que o custo do kg de dieta seja me- aminoácidos, minerais e vitaminas, o
nor, a demanda de dieta é elevoda nessa fase, processamento, a suplementaçáo de pró-nutrien-
necessitando de adequado manejo alimentar tes e o manejo alimentar para permitir a criaçao
para aumentar ainda mais a carga de nutrientes sustentável de peixes.
não digeridos e o comprometimento da qualida-
de da carcaçano período que antecede o abate.
Nos sistemastradicionaisutiliza-sedieta com
teor de proteína bruta variando de 28a 25% (2800
a 2600 kcal de energia digestível/ kg), com taxa
de arraçoamentovariandode 2 a 1 % do peso
vivo, distribuído em duas vezes/dia. Nesse pe-
ríodo a conversãopiora e a :ontribuiçaodo
plâncton é pequena. CAIN, GARLING,DL 1995.Pretreatmentof soybean
Nas criações em tanques-rede e "raceways: meal with phytase for salmonid diets to reduce
é recomendadaa utilizaçãode dietas com 35 a hos horusconcentrations in hatchery effluents.
32 % de proteína bruta (3000a 2800kcal de ED/ rogressireFish Culturist,
kg) e adequada suplementação de aminoácidos, CASTAGNOLLI,N. 1981.Nutriçao de peixes. In:
vitaminas e minerais.A taxa de arraçoamento SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AQUICULTURA, 2,
varia de 3 a 1 % da biomassa, distribuída em duas 1981,Florianópolis.Anais...Florianópolis:
SUDEPE,p. 31-52.
a três vezes ao dia. A utilizaçáo de dietas flutu- COWEY,C.B. 1994.Amino acid requirements of fish: a
antes é fundarnentalpara permitiracompanhar criticalappraisalof presentsvalues.Aquaculture.
o consumo. 124:1-11.
ENELL.M. 1995.Environmental impact Offish nutrients
8.5. VNJFORMJPAPE PO LOTE from Nordic fish farming. Wat. Sci. Tech.,31:61-
71.
Após O término da criação, a FLORETO, E.A.T.. BAYER. R.c., BROWN, P.B. 20(X).The
cornercializaçàodos peixes para recreaçãoou effects Ofsoybean-based diets, with and without
industrializaçao requer peixes uniformes. Para amino acid supplementation,on growth and
tal, são necessárioscuidados que vão desde a biochemicalcompositionof juvenileAmerican
seleçàodos animais destinados à criaçãoduran- lobster, Homarusamericanus.Aquacutlure.
te as fases de crescimentoe terminação,assim
como durante o adequado manejo alimentar, que FURUYA, W.M. Digestibihdade aparente de aminoácidos e
substituiçào da proteína da farinha de peixe pela pro•
deve permitir acesso dos peixes até a ração, que teína dofarelo de sop com base no conceito de protei-
deve apresentar grânulos com características na idealem Pira a tilápta do Nilo
adequadas para cada espéciee fase.Ê importan- niloticus).Botucatu, FMVZ/UENSP. 2000. 69
te considerar a palatabilidade,o tamanho e for- Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade
mato do grânulo, a forma, a taxa e a frequência Medicina Wterinária e Zootecnia, 2000.
de arraçoamento. FURUYA,w.M.. GONÇALVES,GS. FURUYA,V.R.B.,
HAYASHI,C. 2001b. Fitase na alimentaçáo da
8.6. Nu-rmçÃQ E MEIO AMBIENTE tilápiado Nilo(Oreochromis
niloticus desem-
penho e digestibilidade. Revista da Sociedade Bra•
Os dados obtidosno passadocom a cria- sileira de Zwtecnia (no prelo).
çao intensiva de peixesem diversos paísesasiá- FURUYA.w.M., HAYASHI. FURUYA,v.R.B. 1996.
ticos e europeusdemonstramque a criaçaoin- Exigênciade proteínaparamachosrevertidosde
tensiva de peixesdeve considerarvárias medi- tilápiado Nilo(Oreochromis
niloticus na fase
REPRODUÇÃO
DE PEIXES
Wilson Massamitu Furuya, Dr.
Valéria Rossetto Barriviera Furuya, M. sc.
69
Figura 9.t. - Diagramadas alteraçõesdurantea O crescimentodo ovócitovaria de espécie
espermatogénesenos peixes. JOBLING(1995) para espécie,sendo a ampliaçãodo mesmo cau-
sada em grande parte pela acumulação de vitelo.
Células O acúmulode vitelo ocorreduranteo período
de desenvolvimentoque é denominadode
vitelogénese.
O folículoovariano,envolveos ovócitos
Per%N'o
de em desenvolvimento, e é constituído de uma ca-
mada interna de célulasdenominadade
anulosa,e uma camada externa de célulasque
o envoltóriofolicular,denominada de teca.
Periodo& As camadasgranulosae teca são separadasen-
tre si por uma membranabasal,colvstituídade
células especiais que sintetizam e armazenam
hormôniosesteróides.
( maturaçiO 9-3. REPRQPUÇ&OCOMO
UM EVENTO CÍCLICO
Os utilizadCFna piscicultura
tam uma periodicidadeno seu proceso reprodutivo,
geralmente ocorrendo a a cada ano, poden-
do cx-orrermais de uma vez ao ano , como por exem-
plo para as tilápias. No meio natural a época da re-
prcx{uçáoé sincronizada com ambientais que
9.22.Ovulogênese garantirão a sobrevivênciada prole.
CXprimeirosestágiosde desenvolvimen-
to das célulasgerminativasdas fêmeassão se- O ciclo anual pde ser
melhantes ao estágio inicialda espermatogénese dividido em três fases:
(Figura92.). •Fase 1 - pós-desova - onde as gónadas se en-
contramde tamanhoreduzido,estando em
Figura 9.2. - Diagrama das alterações que ocor-
uma fasede repouso;
rem durante a ovulcgénese. JOBLING(1995) • Fase 2 - pré-desova - em que as gónadas inici-
am a produçãode gametas (gametogénese)e
ocorre a produção e incorporação de vitelo nos
ovócitos (vitelogénese), e é acompanhado por
uma aumento gradual no tamanho das
gónadas;
•Fase 3 - ovulação- que envolvea maturação
final dos gametas, esta faseculmina com a de-
Periodo de sova,com a liberaçãodos gametas e fertiliza-
multiplicaçao çao dos ovos.
.4.
Periodode Os fatoresambientaissão os principais
crescimento responsáveis pelo desenvolvimento dos gametas.
Em espécies q ue desovam no verão como as car-
pas e outros peixes, a maturação gonadal come-
ça no finaldo invernoou inicioda primavera.O
Periodode iniciodo processode maturaçãoé desencadea-
do pelo aumentodo fotoperíodoe elevaçãoda
O óvulos temperatura da água. Então, ambos temperatu-
ra e fotoperíodo sao os principais fatores respon-
sáveis pela mediação do ciclo reprodutivo em
As primeiras células germinativas sofrem várias es ies de peixes.
proliferaçõesatravés de urna série de divisões eventos reprodutivosnos teleósteos
mitóticase entao desenvolve-seos ovócitospri- são comandadospelohipotálamoque possuium
mários.O final da divisão reducionalcomexpul- centro controlador de liberaçào de
são do segundo corpúsculo polar não ocorre até gonadotrofinas pela hipófise. Há uma cadeia de
que ocorraa fertilizaçao,quandoo ovoé ativa- eventosdesde a percepçaodos estímulosexter-
do pelo espermatozóide. nos até a liberação dos gametas. (Figura 9.3).
Fundamentos da
70 Moderna Aqaicultura
Figura 9.3 - Eixohipotálamo-pituitária-gónada ura 9.4 - Relação do eixo hipotálamo-pituitária-
indicanc%os principais 'atores endócrinos envol- da no controleendócrinoda e
vidos no controle do ciclo reprodutivo.Adaptada çáo do vitelono desenvolvimentodo
de JOBLING(1995) ovócitoAdaptado de JOBLING(1995).
HIPOTALAMO
CLANDULA
Ovariano
FIGAOO
Incorporaçao
do vitelo
71