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DISCIPLINA DE AGRO-PECUARIA -20 CICLO

TRABALHO DE PESQUISA DE CARACTER AVALIATIVO DA 12a CLASSE

GRUPO VI

AQUACULTURA

 Aquacultura de Camarão
 Aquacultura de Algas
 Aquacultura de Moluscos

Elementos do Grupo:

Márcio NO 51

Maria Ornalda N0 52

Marleny Filomena Matomato N0 53

Miloca Antonio Caldas N0 54

Muksito Saide N0 55

Nladina Abu N0 56

Narciso António N0 57

Natercia Isaura N0 58

Osvaldo Da Donesia N0 59

Paulo Torres N0 60

Zainadine Abdul Salimo N0 61

Estefania Joaquim N0 63

Pemba, Junho de 2022


RESUMO

Nos últimos anos, o consumo de alimento proveniente do mar tem vindo a aumentar
substancialmente, como consequência de uma maior consciencialização do seu elevado valor
nutricional. A aquacultura surge com o objectivo de garantir alimento à população mundial, de
uma forma mais sustentável, e sem colocar em causa o stock das espécies aquáticas.

A Aquacultura é, simultaneamente, um sector tradicional e moderno, que permite a produção de


plantas (algas e outras espécies similares) e animais aquáticos (peixes, crustáceos, moluscos,
etc.) nas diferentes fases de desenvolvimento dos seus ciclos biológicos, em condições
controladas de crescimento e repovoamento, em água salgada ou doce e evitando os efeitos
nefastos que acarreta a selecção do meio natural. O presente trabalho tem como objectivo
debruçar sobre a aquacultura de: Camarão, Algas e Moluscos.

Ao longo dos séculos, as algas marinhas, têm vindo a ser utilizadas por todas as partes do
mundo. Para além de serem bastante utilizadas em diversas indústrias, contribuem de forma
significativa para o estado nutricional do ser humano, devido à sua composição em
macronutrientes (proteínas, lípidos e hidratos de carbono) em minerais (sódio, cálcio, magnésio,
potássio, cloro, enxofre, fósforo, iodo, ferro, zinco, cobre, selénio, molibdênio, fluoreto,
magnésio, boro, níquel e cobalto) e em vitaminas (FAO, 2018a).

Os Moluscos estão entre os animais invertebrados mais abundantes na natureza e familiares para
os seres humanos. Muitos moluscos são utilizados na alimentação humana, tais como: mariscos
(mexilhões), ostras, lulas, polvos e caramujos.

Em relação à produção mundial de camarões (pesca + carcinicultura), em 1982 foram produzidas


1.751.200 toneladas e, desse total o camarão cultivado representava apenas 6,39%. Já em 2013,
após três décadas, a produção mundial de camarões aumentou cerca de 4,5 vezes (7.808.263 t), e
a carcinicultura passou a ter uma participação de 57,04% (FAO 2015).

Palavras-Chave: Aquacultura, Camarão, Algas, Moluscos


INDICE DE FIGURAS

Figure 1: Produção aquícola por grupo ........................................................................................... 3


Figure 2: Exemplar de camarão de água salgada Figure 3: Exemplar de
camarão de água doce ..................................................................................................................... 4
Figure 4: Bandeja para alimentação dos camarões. ........................................................................ 6
Figure 5: Porta da água com bagnet para despesca dos camarões. ................................................. 7
Figure 6: Espécie gracitaria birdiae conhecida popularmente como macarrão Figure 7:
Algas na rede de cultivo .................................................................................................................. 8
Figure 8: Cultivo de algas ............................................................................................................... 9
Figure 9: Limpeza das balsas ........................................................................................................ 11
Figure 10: Limpeza das algas ....................................................................................................... 11
Figure 11: Retirada das algas para beneficiamento após colheita em mar ................................... 12
Figure 12: Secagem de algas......................................................................................................... 13
Figure 13: Principais moluscos cultivados: mexilhão e ostra ....................................................... 14
Figure 14: Concha do molusco bibalve Tridacna gigas ................................................................ 14
Figure 15: Anatomia de um bivalve.............................................................................................. 15
Figure 16: Embarcação apropriada para o cultivo de moluscos ................................................... 16
Figure 17: Representação da disposição de redes colocadas sobre as áreas de cultivo de fundo. 17
Figure 18: Estacas ......................................................................................................................... 18
Figure 19: Cultivo fixo do tipo mesa ............................................................................................ 18
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

1.1. OBJECTIVOS .................................................................................................................. 2

1.1.1. Geral .......................................................................................................................... 2

1.1.2. Específicos ................................................................................................................ 2

2. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO ....................................................................................... 3

2.1. Aquacultura de Camarão .................................................................................................. 4

2.1.1. Infra-estrutura Para a Produção de Camarão ................................................................. 4

2.1.2. Aspectos Produtivos ...................................................................................................... 5

2.1.3. Práticas de Maneio......................................................................................................... 6

2.2. Aquacultura de Algas ....................................................................................................... 8

2.2.1. Considerações Sobre a Produção de Algas ............................................................... 8

2.2.2. Etapas do Processo Produtivo ................................................................................... 9

2.3. Aquacultura de Moluscos ............................................................................................... 13

`2.3.1. Classe bivalvia............................................................................................................ 14

2.3.2. Tecnologia de Cultivo dos Moluscos .......................................................................... 15

2.3.3. Estruturas de cultivo .................................................................................................... 16

2.4. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 19

2.5. REFERÂNCIAS BIBLIOGÁAFICAS .............................................................................. 20


1. INTRODUÇÃO
A Aquicultura consiste na criação ou na cultura de organismos aquáticos, através da aplicação de
técnicas concebidas para aumentar a produção desses mesmos organismos, para além das
capacidades naturais do meio (DGRM, 2019).

A criação de camarões é chamada tecnicamente de carcinicultura ou carcinocultura, actividade


produtiva contemplada dentro da aquacultura que, por sua vez, abrange toda a criação de
organismos que vivem em ambiente aquático em todo seu ciclo de vida ou em pelo menos parte
dele, como os crustáceos (camarões, lagostas, caranguejos, etc.), peixes, moluscos (ostras,
vieiras, sururuca, mexilhões, etc.), anfíbios (rãs), répteis (jacarés e tartarugas), plantas aquáticas
(algas), entre outros. Dentro da carcinicultura, encontramos tanto o cultivo de camarões
marinhos, como de água doce.

As macroalgas marinhas são utilizadas há milénios, sobretudo por povos orientais, como parte de
sua dieta alimentar, na produção de rações, adubos, na indústria farmacêutica e alimentícia.
Durante as últimas décadas, as técnicas de cultivo têm sido aperfeiçoadas e a produção de algas
tem aumentado para atender à demanda crescente do mercado global. Actualmente, os métodos
utilizados são o de cultivo de fundo, em gaiolas, em cordas ou espinhel e em balsas flutuantes.

Os moluscos bivalves (animais com uma concha dividida em duas partes ou valvas – ostras,
mexilhões, vieiras) representam um dos grupos cultivados na Aquacultura mais importante sob
os pontos de vista produtivo e económico, ainda mais quando comparados ao custo de produção,
muitas vezes mais baixo que o verificado na produção de peixes (Piscicultura) e de camarões
(Carcinicultura), por exemplo.

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1.1. OBJECTIVOS

1.1.1. Geral
 O trabalho tem como objectivo principal conhecer como é feita a aquacultura
(criação/produção) de camarão, de algas e de moluscos num contexto geral.

1.1.2. Específicos

 Dar o conceito da aquacultura;


 Conhecer os métodos de produção de camarão, algas e moluscos;
 Identificar os diferentes tipos de moluscos;

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2. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO

O cultivo de organismos aquáticos, também chamado de Aquicultura ou Aquacultura, surge


como alternativa para suprir o aumento da demanda por produtos de origem marinha. A
aquacultura é a criação de peixes, mariscos e plantas marinhas em águas costeiras e continentais.
É um sector que está crescendo mais depressa do que qualquer outro no âmbito da produção
animal, incluída aí a pesca marinha tradicional.

A aquacultura é a forma mais eficaz e sustentável de garantir que haja proteínas suficientes para
alimentar um mundo cuja população não pára de crescer. A aquacultura tem como meta a
sustentabilidade do sector pesqueiro.

Segundo os dados da FAO (2015), a produção mundial de pescados proveniente da aquacultura


apresentou um crescimento da ordem de 80,44% entre os anos de 2003 a 2013, saltando de cerca
de 39 milhões de toneladas para quase 70 milhões de toneladas, enquanto o crescimento da pesca
extractivista teve um aumento de apenas 6,06%, passando de 89 milhões para 92,5 milhões de
toneladas. Estes dados demonstram a elevada importância da aquacultura no abastecimento do
mercado mundial de pescados.

Ao avaliar a produção da aquicultura por grupo de espécie, verifica-se que os peixes são o grupo
de maior produção, correspondendo a quase metade da produção aquícola mundial, enquanto que
o grupo dos crustáceos, no qual se inserem os camarões, ocupa a quarta posição, com uma
participação de 7% da produção total.

Figure 1: Produção aquícola por grupo (FAO, 2015)

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2.1. Aquacultura de Camarão

O termo camarão é a designação comum a diversos crustáceos da ordem dos decápodes, podendo
ser marinhos ou de água doce. Tais crustáceos possuem o abdome longo, corpo lateralmente
comprimido, primeiros três pares de pernas com quelas e rostro geralmente desenvolvido. A
pesca e a aquacultura de camarões é uma das actividades económicas mais importantes, devido
ao elevado valor comercial destes produtos de luxo da alimentação humana

A criação de camarões é chamada tecnicamente de carcinicultura, actividade produtiva


contemplada dentro da aquacultura que, por sua vez, abrange toda a criação de organismos que
vivem em ambiente aquático em todo seu ciclo de vida ou em pelo menos parte dele, como os
crustáceos (camarões, lagostas, caranguejos, etc.), peixes, moluscos (ostras, vieiras, mexilhões,
etc.), anfíbios (rãs), répteis (jacarés e tartarugas), plantas aquáticas (algas), entre outros.

Dentro da carcinicultura, encontramos tanto o cultivo de camarões marinhos, como de água doce.
Dentre as espécies produzidas, as principais são o Litopenaeus vannamei (Figura 2),
popularmente chamado de camarão cinza (espécie de água salgada) e o Macrobrachium
rosenbergii (Figura 3), conhecido como camarão de água doce).

Figure 2: Exemplar de camarão de água salgada Figure 3: Exemplar de camarão de água doce

2.1.1. Infra-estrutura Para a Produção de Camarão


Como infra-estrutura para o cultivo de camarões, faz-se necessário basicamente:

 Viveiros para o cultivo escavados directamente no solo, com declividade no fundo de 0,5
a 1%, para facilitarmos a drenagem completa (tamanho e formato dos viveiros dependem
do formato da área e topografia do terreno);

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 Canal de acesso entre o rio e os viveiros, por onde a água entra e sai dos viveiros;
 Porta d'água de alvenaria ou concreto em cada viveiro, que possibilite regular o nível de
água e esgotamento completo, geralmente com altura entre 2 e 2,5 m;
 Depósito para armazenamento de equipamentos, ferramentas, utensílios e insumos (ração,
cal e fertilizantes entre outros);
 Equipamentos: caiaque para alimentação, comedouros, telas para abastecimento,
compressor de ar, tarrafa, balança, caixa d'água, caixas plásticas, bagnet, rede de pesca,
carrinho de mão, balde, instrumentos de medição de temperatura, transparência da água,
oxigénio dissolvido, salinidade, pH, dente outros.

2.1.2. Aspectos Produtivos

A carcinicultura marinha é uma actividade económica praticada predominantemente em viveiros


escavados no solo, situados à beira de rios, geralmente margeadas por mangues, tendo em vista
que os camarões se adaptam muito bem a áreas estuarinas, cujas águas recebem influência da
maré e apresentam amplitude de salinidade da água que pode variar de 5 a 35 partes por mil (g
de sal/ 1 L de água).

Quanto ao sistema de produção, o camarão pode ser cultivado em uma, duas ou três etapas,
sendo que, em Sergipe, empregam-se basicamente os sistemas com uma (monofásico) ou duas
etapas (bifásico). No sistema monofásico, as pós-larvas são povoadas directamente em um único
viveiro e permanecem nele até o momento da despesca (captura) para a comercialização. Já no
sistema bifásico, temos o viveiro berçário e o de engorda. As pós-lavas são povoadas
inicialmente no berçário, que ocupa de 10 a 20% da área da engorda, geralmente anexo ao
primeiro. Após um período de três a quatro semanas de cultivo, os juvenis de camarões, já com
cerca de 2 g, são transferidos deste berçário para o viveiro de engorda, no qual permanecem até o
momento da despesca. A transferência dos camarões juvenis do berçário para a engorda se faz
geralmente por meio de uma porta d'água (comporta), que conecta essas duas estruturas.

O uso do viveiro berçário facilita o monitoramento e alimentação do lote povoado, pois, nesta
fase inicial as pós-larvas são muito pequenas e frágeis, carecendo de atenção e acompanhamento
especial. Outra vantagem do uso do viveiro berçário é a redução do tempo de ocupação do

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viveiro de engorda, o que possibilita a optimização de seu uso, e o aumento do número de lotes
povoados ao longo do ano.

Em termos de produção, as carciniculturas em Sergipe geralmente obtêm produtividades que


variam de 0,5 a 2 toneladas/ha/ciclo, em 70 a 110 dias de cultivo, tendo como peso médio de
despesca, camarões que variam de 8 a 12 gramas de peso médio individual. Podem desta forma,
produzir de dois a três ciclos por ano na mesma estrutura.

2.1.3. Práticas de Maneio

Antes do povoamento do viveiro com as pós-lavas, os viveiros devem ser previamente


preparados com aplicação de calcário e fertilizantes químicos e orgânicos que contribuirão na
produção da alimentação natural, formada por uma grande diversidade de microorganismos
(algas, fito e zooplânctons, larvas de insectos, anelídeos, moluscos, entre outros) que ficam
dispersos na coluna da água e no fundo do viveiro, sendo eles fundamentais para a alimentação
dos camarões.

As rações empregadas na alimentação dos camarões são politizadas, tendo geralmente de 30 a


35% de proteína bruta, sendo que na fase inicial recomenda-se empregar ração triturada com teor
de proteína bruta variando de 35 a 40%. A ração geralmente é fornecida em bandejas, com fundo
telado (Figura 4), que são distribuídas ao longo de todo o viveiro, mas em algumas
propriedades, verifica-se que as rações são distribuídas somente a lanço.

Figure 4: Bandeja para alimentação dos camarões. (Nakanishi, 2007)

6
Ao atingir tamanho comercial, os camarões são capturados por meio de uma rede (com formato
cilíndrico - bagnet) acoplada na face externa da porta da água (Figura 5). Ao abri-la, os
camarões são arrastados pela força da água e ficam retidos no bagnet, sendo colectados por meio
de cestos. Posteriormente os camarões são imersos em uma caixa d'água contendo gelo e água,
para que sofram um choque térmico, e depositados em caixas plásticas ou de isopor com gelo
para conservação e transporte.

Figure 5: Porta da água com bagnet para despesca dos camarões. (Nakanishi, 2007)

Entre um ciclo de produção e o próximo, é importante que o viveiro despescado permaneça vazio
e receba insolação, durante pelo menos uma a duas semanas. Além da insolação, recomenda-se
que seja feito um expurgo principalmente nas eventuais poças existentes, por meio de aplicação
de cal virgem ou hidratada, de modo a eliminar eventuais espécies competidoras e até mesmo,
predadoras.

A partir deste procedimento, segue-se com a aplicação de calcário e demais fertilizantes,


conforme já citado inicialmente, seguindo assim o ciclo produtivo.

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2.2. Aquacultura de Algas

Durante as últimas décadas, as técnicas de cultivo têm sido aperfeiçoadas e a produção de algas
tem aumentado para atender à demanda crescente do mercado mundial, uma vez que as reservas
dos bancos naturais não têm suportado este aumento.

Figure 6: Espécie gracitaria birdiae conhecida popularmente como macarrão Figure 7: Algas na rede de cultivo

2.2.1. Considerações Sobre a Produção de Algas

Segundo o Ohno & Largo (1998), as algas marinhas têm sido cultivadas há séculos, com registos
por volta de 1650, em vários países asiáticos como a China, Japão e Coreia. Inicialmente, os
cultivos foram desenvolvidos de forma empírica e voltados essencialmente para o consumo
humano. Posteriormente, diferentes técnicas de cultivo foram surgindo e os métodos foram sendo
adaptados a diferentes espécies e aos locais seleccionados para cultivá-las.

Maricultura é o termo que se emprega para designar o cultivo de organismos aquáticos marinhos.
Esta forma de cultivo apresenta a vantagem de facilitar a colheita e o controlo do produto. Evita
a exploração excessiva dos bancos naturais e torna possível o cultivo de espécies de algas
seleccionadas, com rendimento mais elevado e previsível (UNCTAD/GATT, 1981).

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2.2.2. Etapas do Processo Produtivo

2.2.2.1. Selecção da área de cultivo

A selecção da área de cultivo é fundamental para o sucesso da produção de algas, haja vista que
depende de vários factores que podem contribuir e interferir na produção, como a disponibilidade
de mudas, condições ambientais favoráveis e o conflito de uso da área. A seguir, estão listados
alguns tópicos considerados importantes na implementação de cultivos de algas:

 Presença de bancos de algas

De modo geral, os bancos de algas se desenvolvem em formações recifais e estruturas rochosas


que se encontram localizados a uma distância que varia de 0 a 500 metros em relação à linha de
praia.

A avaliação técnica para a escolha da área a ser instalado o cultivo de algas passa
necessariamente pela presença de um banco natural de algas abundante, com uma grande
biodiversidade de espécies que deverá ser analisada de forma quantitativa e qualitativa, sempre
com um olhar focado para a escolha da espécie a ser cultivada.

Figure 8: Cultivo de algas

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 Conflitos de uso

A utilização de uma área potencialmente propícia ao cultivo de algas passa por um processo de
discussão em que os pescadores, que utilizam área para a pesca, o fundeio e a manobra das
embarcações sejam envolvidos de forma participativa, compartilhada e democrática para que
haja harmonia entre o projecto de algicultura e as demais actividades relacionadas à área em
pauta.

 Variáveis ambientais favoráveis ao cultivo de algas

Listamos abaixo algumas condições básicas que deverão ser levadas em consideração para a
produção de algas, como forma de garantir o sucesso do cultivo, em áreas de mar aberto e semi-
aberto.

Profundidade: A profundidade mínima ideal para a instalação das balsas flutuantes de cultivo é
de 1,5 m na maior amplitude de maré baixa. Essa condição se faz necessária, devido à
possibilidade das redes de cultivo tocarem o substrato marinho e com isso provocar sérios
prejuízos ao crescimento das algas e danos às redes tubulares.

Salinidade: O cultivo de algas deverá ser distante de estuários, rios, riachos ou maceiós que
possam alterar a salinidade na área de cultivo de forma significativa, mesmo que sazonalmente.
A salinidade é um factor determinante na sobrevivência e crescimento das algas, e deverá estar
entre 30-35 ups.

Temperatura: A temperatura é também um factor limitante, mas como estamos utilizando


mudas de espécies algas nativas, as mesmas são adaptadas a algumas das condições limitantes de
sobrevivência, sendo que a temperatura ideal para a espécie testada é entre 22-30 °C.

Cultivos em mar aberto: A proximidade do cultivo de algas em relação à linha de praia e ao


banco de algas é fundamental, como forma de baratear os custos com deslocamentos longos e
onerosos para as actividades de manejo, instalação de balsas, colecta de mudas, plantio e colheita
das algas. Além disso, outra vantagem da proximidade das estruturas de produção de algas em
relação à praia é que se torna mais fácil a vigilância das estruturas de cultivo.

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Figure 9: Limpeza das balsas

Doenças: Algas com necroses ou manchas incolores ou brancas ao longo do talo estão
acometidas de doenças que contribuirão para a morte das algas ou as espécies terão o
crescimento afectado.

Epífitas: Outras algas de diferentes espécies das que foram plantadas poderão se fixar nas algas
cultivadas. Com o passar do tempo podem encontrar condições ideais de crescimento e se
sobrepor e invadir as redes de cultivo, matando as algas cultivadas ou retardando o crescimento
das mesmas.

Figure 10: Limpeza das algas

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2.2.2.2. Selecção da área de beneficiamento da produção

O processo de beneficiamento de algas é constituído por lavagem, secagem e branqueamento da


produção. Para se escolher um local ideal para essa actividade, são recomendados alguns
cuidados que devem ser levados em consideração:

 Proximidade do cultivo

A área de apoio e de beneficiamento deve estar o mais próxima possível da área de cultivo. Isso
minimiza os custos com transporte das algas produzidas, deslocamento com equipamentos e
agilidade na colheita da produção.

Figure 11: Retirada das algas para beneficiamento após colheita em mar

 Ventilação e Intensidade Solar

Para a realização de uma secagem eficiente das algas produzidas, o local deverá ser bem
ventilado, pois a acção dos ventos ajuda no processo de secagem. Assim como a acção dos
ventos a energia solar influi directamente na velocidade de secagem das algas, portanto, deve-se
evitar locais sombreados para que não haja um maior tempo desprendido na secagem.

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Figure 12: Secagem de algas

 Disponibilidade de água doce de qualidade e monitoramento

A abundância e oferta de água potável a um custo baixo é um factor preponderante no


processamento das algas, em virtude da necessidade das algas serem lavadas várias vezes para se
obter um produto de qualidade. A qualidade da água de lavagem é importante. É comum a
verificação de águas contaminadas com coliformes fecais e isso inviabiliza a lavagem das algas.
Dessa forma, é necessária a análise bacteriológica prévia da água a ser utilizada para a lavagem
das algas produzidas.

2.3. Aquacultura de Moluscos

Os Moluscos estão entre os animais invertebrados mais abundantes na natureza e familiares para
os seres humanos. Muitos moluscos são utilizados na alimentação humana, tais como: mariscos
(mexilhões), ostras, lulas, polvos e caramujos (Escargot).

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Figure 13: Principais moluscos cultivados: mexilhão e ostra

Os moluscos mais conhecidos são os gastrópodes, que correspondem aos caramujos ou búzios,
os bivalves que possuem uma concha dividida em duas partes (valvas), como os mexilhões,
ostras e amêijoas e os cefalópodes, que são quase todos sem concha como os polvos e lulas.

`2.3.1. Classe bivalvia


Vieiras, ostras e mexilhões pertencem à classe dos Bivalves por terem uma concha dividida em
duas valvas duras, que protegem as partes moles do animal. São comprimidos lateralmente e com
tamanho variado, que vai de alguns poucos milímetros a mais de 1 metro.

Figure 14: Concha do molusco bibalve Tridacna gigas

Fonte: http://www.esacademic.com/dic.nsf/eswiki/818326

14
Os moluscos bivalves são aquáticos e a maioria é marinha. Habitam o fundo de rios, mares e
lagos, podendo escavar a areia ou a lama com o órgão denominado “pé”, que se expande para
fora das valvas, quando elas se abrem.

Figure 15: Anatomia de um bivalve

Fonte: Programa Brasileiro de Intercâmbio em Maricultura. 2003.

2.3.2. Tecnologia de Cultivo dos Moluscos

Os métodos utilizados para o cultivo de bivalves variam segundo a espécie cultivada, as


características topográficas da região, o embasamento sociocultural e a disponibilidade
económica.

Tabela 1: Métodos de cultivo dos bivalves.

Finalidade Repovoamento Maneio de áreas ou recursos

Produção Fins Comerciais


Ciclo de vida Semicultivo Colecta de larvas ou jovens ou no ambiente

Integral Independente do meio


Monocultivo Uma única espécie
Espécies Policultivo Duas ou mais espécies

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Ambiente Cultivos abertos Sem controlo das variáveis
Cultivos fechados Com controlo das variáveis
Experimental Pesquisa
Escala Artesanal Produção e nível tecnológico baixo

Industrial Produção e nível tecnológico altos


De fundo Lançamento directo de sementes
Fixos Não acompanham a variação das marés
Estrutura ondas
Flutuantes Acompanham a variação das marés e ondas
Subsidio natural Sem adição de rações
Alimentação Subsídio artificial Com adição de rações ou alimento vivo
(cultivos secundários)
Maturação Manutenção de adultos/reprodutores
Larvicultura Desova, ovos e larvas
Etapas Berçário Manutenção de larvas

Engorda Manutenção de jovens até adultos (colheita)

2.3.3. Estruturas de cultivo


As estruturas de cultivo no mar podem ser suspensas ou fixas e estarem posicionadas no fundo
do mar, na superfície ou em uma posição intermediária (meia água).

Figure 16: Embarcação apropriada para o cultivo de moluscos

16
2.3.3.1. Cultivos fixos

 De fundo

Este tipo de cultivo se faz normalmente com espécies de bivalves que possuem condições de se
enterrarem como as almejas (berbigões, lambretas) ou suportar viver sob uma camada de
sedimento, como algumas espécies de ostras.

Neste tipo de cultivo, as sementes dos bivalves são “plantadas” ou lançadas em uma área
propícia ao seu desenvolvimento. Esta área deve ser previamente preparada, retirando-se pedras,
competidores e predadores, para que os moluscos bivalves permaneçam neste local até atingir o
tamanho comercial.

Figure 17: Representação da disposição de redes colocadas sobre as áreas de cultivo de fundo.

 Estacas

Sistema utilizado em cultivo de mexilhões, no qual as sementes são amarradas diretamente em


estacas feitas de madeira, bambu ou concreto, e fixadas na região entre marés ao longo do
litoral nas áreas de baixa energia. Apesar da facilidade do manuseio, esta técnica de cultivo não
evita a ação de predadores, deposição de lama e, por manter os bivalves fora da água durante a
maré baixa, pode diminuir seu potencial de desenvolvimento.

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Figure 18: Estacas

 Mesa, Tabuleiros, Varal ou Rack

Empregado em locais com profundidade de até 3 metros, estas estruturas são semelhantes a uma
“mesa”, onde os pés são enterrados em fileiras, espaçadas entre si a cada 2 ou 3 metros

Figure 19: Cultivo fixo do tipo mesa

18
2.4. CONCLUSÃO

Por fim, pode-se concluir que a produção de algas marinhas ainda representa uma inovação
tecnológica. É considerado um sector em desenvolvimento, com grandes perspectivas
económicas, sociais e ambientais. Todavia, como qualquer início, representa um campo com
muitos desafios a serem desbravados.

Também podemos salientar que antes de iniciar uma criação de camarões recomenda-se a busca
por orientação de profissionais que sejam competentes na actividade; visite algumas criações de
camarão em distintas localidades para conhecer a realidade e as dificuldades que os
carcinicultores enfrentam.

Os contaminantes microbiológicos, químicos (metais pesados) e biotoxinas são os que têm


prejudicado mais a qualidade do produto final. As biotoxinas não são prejudiciais para os
próprios animais, no entanto quando estas são consumidas pelo homem podem provocar diversos
problemas.

A Produção de moluscos tem cada vez mais importância socioeconómica, mas todos os factores
de risco que estão associados têm afectado essa produção. É fundamental haver um controlo
mais restrito em todas as fases de produção dos diferentes moluscos bivalves. Só assim
possibilitará melhorar o rendimento económico sem pôr em causa o bem-estar animal e ao
mesmo tempo eliminar o risco para a saúde dos consumidores.

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2.5. REFERÂNCIAS BIBLIOGÁAFICAS

[1]. Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Código de Conduta e de Boas


Práticas de Manejo para as Fazendas de Engorda de Camarão Marinho. Disponível em:
<h_p://www2.ufersa.edu.br/portal/view/uploads/setores/234/arquivos/ABCC%20-
%20BPM%20 Fazendas.pdf>. Acesso em: 17 out. 2017.

[2]. MIRANDA, G.E.C., Bezerra, C.A.B. & Texeira, D.I.A. Cultivo de Algas Marinhas –
Noções Básicas.

[3]. http://www.was.org

[4]. DUARTE, Marcos. Carcinicultura - Criação de camarões. Infoescola, [s.d]. Disponível


em:<https://www.infoescola.com/zootecnia/carcinicultura-criacao-decamaroes/>. Acesso em: 11
de dezembro de 2019.

[5]. APA, 2017. Agência Portuguesa do Ambiente. Boas Práticas em Cultivo de Ostras –
Algarve.

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