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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA

SISTEMA SUPER INTENSIVO DE CRIAÇÃO DE PEIXES ORNAMENTAIS

IVAN OLIVEIRA NOGUEIRA DA SILVA

TRABALHO SUPERVISIONADO (ESTAGIO


SUPERVISIONADO) APRESENTADO AO DEPARTAMENTO
DE ENGENHARIA DE PESCA DO CENTRO DE CIÊNCIAS
AGRÁRIAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ,
COMO PARTE DAS EXIGÊNCIAS PARA A OBTENÇÃO DO
TÍTULO DE ENGENHEIRO DE PESCA.

FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL


DEZEMBRO / 2007
11

COMISSÃO EXAMINADORA:

Pro Francis o Hira Farias Costa M. Sc.


Orientador/Presidente

Profa. Elenise Gonçalves de Oliveira D.Sc.


Membro

Prof. Marcelo Vinícius do Carmo e Sá D.Sc.


Membro

Orientador Técnico:

Engenheiro de Pesca José Girão Blanchard Ribeiro Filho


PISCICULTURA TANGANYIKA

VISTO:
Prof. Moises Almeida de Oliveira D.Sc.
Chefe do Departamento de Engenharia de Pesca

Prof. Raimundo Nonato Lima Conceição D.Sc.


Coordenador do Curso de Engenharia de Pesca
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

S58s Silva, Ivan Oliveira Nogueira da.


Sistema super intensivo de criação de peixes ornamentais / Ivan Oliveira Nogueira da
Silva. – 2007.
42 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro


de Ciências Agrárias, Curso de Engenharia de Pesca, Fortaleza, 2007.

Orientador Técnico: Bel. José Girão Blanchard Ribeiro Filho.


Orientação: Prof. Me. Francisco Hiran Farias Costa.

1. Peixe ornamental - Brasil, Nordeste. 2. Peixe ornamental - Criação. 3. Peixe de


aquário. 4. Engenharia de Pesca. I. Título.

CDD 639.2
111

DEDICATÓRIA

A minha esposa Denise que me


apoiou, estava presente durante toda a
graduação e que amo muito.
A minha filha Julia que foi meu
presente de final de curso.
Aos meus pais, a minha avó e
irmãos que me incentivaram a terminar o
curso.
Aos meus amigos e sócios
Leopoldo e Eduardo que me ajudaram
durante este trabalho.
iv

AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal do Ceara em especial ao Departamento


de Engenharia de Pesca pelo apoio dado.

A Coordenação do curso de graduação em Engenharia de Pesca,


em especial o Prof. Raimundo Nonato.

Ao meu orientador de campo, José Girão Blanchard Ribeiro Filho,


pela oportunidade e apoio durante o estagio.

Ao meu orientador Prof. Francisco Hiran Farias Costa PhD, pela


ajuda durante a confecção deste relatório.

Aos funcionários da Piscicultura Tanganyika pela ajuda durante o


estagio.

E a todos aqueles que contribuíram de maneira direta ou indireta


para o desenvolvimento deste trabalho.
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO 1
1. 1. A aquariofilia 1
1. 2. Sistemas superintensivos 3
2. ATIVIDADES ACOMPANHADAS 5
2.1. Caracterização do local de estágio 5
2.2. Construção dos sistemas superintensivos 9
2.3. Montagem do filtro 10
2.3.1. Filtragem mecãnica 14
2.3.2. Filtragem biológica 14
2.3.3. Lãmpada ultravioleta 15
2.3.4. Plantas hidrófilas 17
2.4. Parâmetros físico-químicos 21
2.4.1. Temperatura 21
2.4.2. Transparência 21
2.4.3. Oxigênio dissolvido (OD) 21
2.4.4. pH 22
2.4.5. Dureza de carbonatos (KH) 22
2.4.6. Dureza total (GH) 22
2.4.7. Compostos nitrogenados 23
2.4.8. Fosfatos 23
2.5. Peixes 25
2.5.1. Matrizes 25
2.5.2. Larvicultura 27
2.5.3. Crescimento 27
2.5.4. Seleção e comercialização 29
2.6. Manutenção do sistema 29
2.6.1. Trocas de água 29
2.6.2. Algas 31
2.6.3. Limpeza equipamentos 31
2.6.4. Controle das plantas 31
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 33
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 34
5. ANEXOS 35
vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 — Vista aérea das unidades da criação Tanganyika. 6


Figura 2 — Vista parcial de uma das unidades da criação. 6
Figura 3 — Galpão de quarentena e embalagem. 7
Figura 4 - Tanque no sistema intensivo com gaiola para separar reprodutores e
filhotes através da tela 7
Figura 5 - Fotos de peixes ovulíparos com cuidado parental (ciclídeos). 8
Figura 6 — Fotos de peixes ovovivíparos (poecilídeos). 8
Figura 7 — Fotos de peixes ovulíparos sem cuidado parental (outras famílias) 8
Figura 8 — Vista de um dos sistemas grandes (crescimento). 11
Figura 9 — Vista de dois sistemas pequenos (reprodutores). 11
Figura 10 — Esquema filtro (sistema grande) com as seqüências de passagem
da água, caixa de lã acrílica, paredes de nível, lâmpada UV e retorno bomba 12
Figura 11 — Filtro recém montado (sistema grande), com paredes internas para
passagem da água em vários níveis. 12
Figura 12 — Filtro (sistema pequeno) já instalado com fragmentos de tijolos e
granito (brita), caixa com lã acrílica, lâmpada ultravioleta e bombas. 13
Figura 13 — Esquema filtro (sistema pequeno) com as seqüências de
passagem da água, caixa de lã acrílica, paredes de nível, lâmpada UV e
retorno bomba. 13
Figura 14 — Caixa de coleta de água com lã acrílica. 16
Figura 15 — Lâmpada ultravioleta utilizada para lagos ornamentais, 40w. 16
Figura 16 — Planta "elodea" (Egeria densa) 19
Figura 17 — Sistema pequeno com Spatiphilum wellisi, e algumas outras
plantas sobre isopores 19
Figura 18 — Sistema grande com Cordyline terminalis, plantadas sobre a brita.
19
Figura 19 — Detalhe das grandes ramificações das raízes dentro da água 20
Figura 20 — Planta "aguapé" (Eichhornia crassipes) à esquerda 20
Figura 21 — Exemplo de sistema hidropõnico de plantas ornamentais para
aquário na fazenda (Aquatic Plant Grow) em São José do Rio Preto — SP. 20
Figura 22 — Parâmetros químicos acompanhados durante cinco meses em um
dos sistemas de crescimento. 24
Figura 23 - Parâmetros químicos acompanhados durante cinco meses em um
dos sistemas de reprodutores. 24
Figura 24 — Haréns de saulosi, Metriaclima saulosi, em sistema super intensivo.
Machos azuis e fêmeas laranjas. 26
Figura 25 — Fêmea de ciclídeo auratus, Melanocromis auratus, com maxilar
estendido indicando presença de ovos, prontos para serem coletados. 26
Figura 26 — Bacias com ovos e alevinos em desenvolvimento 28
Figura 27 — Ciclídeos juvenis prontos para venda. 28
Figura 28 — Seleção dos peixes para venda 30
Figura 29 — Lavagem do tanque, para retirada de algas e desinfecção com
cloro, muito comum e constante no sistema intensivo tradicional. 30
Figura 30 — Água cristalina, mas com presença de algas filamentosas em
suspensão e também nas paredes do tanque 32
Figura 31 — Peixes cascudo, Plecostomus sp., utilizado na remoção de algas
filamentosas das paredes dos tanques. 32
vil

LISTA DE ANEXOS

Figura 32 — Sistema superintensivo de carpas ornamentais em Israel 35


Figura 33 — Vista do tanque com carpas koi em alta densidade, em Israel 35
Figura 34 — Vista do tanque externo de plantas ornamentais do sistema 36
Figura 35 — Planta Lili (Nimphea Caerulea) vendida para lagos ornamentais 36
vai

RESUMO

A aquariofilia, o hobby de criar peixes em aquários, nas ultimas décadas


vem se expandindo rapidamente em todo o mundo, num mercado que
movimenta mais de US$ 15 bilhões por ano, isso tem estimulado diversos
criadores a expandir suas atividades na produção de peixes ornamentais
criados em cativeiro. Procurando maior lucratividade e produtividade, alguns
criadores nacionais estão seguindo uma tendência mundial, de intensificar seus
sistemas de cultivo, com menor uso da terra, água e despejo de efluente.
Nestes sistemas superintensivos, a tecnologia de filtragem e recirculação
(reciclagem) da água, aliada ao controle de qualidade físicos e químicos da
mesma, rações de alto valor nutritivo e digestibilidade; multiplicam a
produtividade por unidade de área, Equipamentos como, filtros biológicos e
mecânicos, bombas de circulação, aeradores, ozonizadores, filtros de plantas
naturais e luz ultravioleta; mantêm ótimos níveis de oxigenação e baixos níveis
de compostos nitrogenados e patógenos na água. Devido ao alto custo destes
sistemas, somente criações de peixes de alto valor agregado como os peixes
ornamentais, podem trazer ótimo retorno financeiro. Com a demanda do
mercado aquarístico em expansão, a procura de peixes criados que evitem o
extrativismo (coleta de peixes selvagens), o aumento de produtividade e
lucratividade, e a economia de terra, água e mão de obra, fazem deste sistema
uma oportunidade promissora para piscicultura de peixes ornamentais. Durante
o estagio foram acompanhadas, a construção dos tanques, o projeto e
montagem dos filtros, os parâmetros físicos e químicos do sistema, os peixes
(Reprodutores e alevinos em crescimento), plantas adicionadas ao sistema; e a
manutenção rotineira feita pelos funcionários da piscicultura. Concluo então,
que é um sistema rentável, mas que ainda pode ser melhorado, para diminuir
os custos e facilitar a manutenção de uma piscicultura de peixes ornamentais.
-1

SISTEMA SUPERINTENSIVO DE CRIAÇÃO DE PEIXES ORNAMENTAIS: NA


PISCICULTURA TANGANYIKA EM AQUIRAZ — CE

IVAN OLIVEIRA NOGUEIRA DA SILVA

1. INTRODUÇÃO

1. 1. A aquariofilia

A criação de peixes ornamentais é um segmento da aqüicultura voltado


para a produção de peixes coloridos normalmente de pequeno porte, fazendo
uso de aquários e pequenos lagos de função paisagística, a qual sustenta o
segundo maior hobby do mundo, a aquariofilia; o primeiro é a filatelia, o hobby
de colecionar selos (PANORAMA DA AQUICULTURA, 2003).
Atualmente, os maiores mercados internacionais de peixes ornamentais
são o Japão, a Europa (principalmente a Alemanha e a Holanda) e os Estados
Unidos. Em termos globais, o comércio mundial de peixes ornamentais excede
US$ 3 bilhões, e uma indústria de produtos e serviços para aquariofilia em
torno de US$15 bilhões, crescendo 14% ao ano desde 1998 (FAO, 2005).
Nos Estados Unidos, uma em cada três residências possui um aquário.
No Japão, de cada duas residências, uma tem um aquário, sendo que hoje são
milhões de aquaristas espalhados pelo mundo. No Brasil não existem dados
sobre o número de aquários, somos o segundo maior mercado de cachorros,
gatos e pássaros do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos, mas a
aquariofilia ainda é um mercado pequeno (WIKIPEDIA, 2007).
Um exemplo de desenvolvimento do agro-negócio da piscicultura de
peixes ornamentais é encontrado em Cingapura, que estimula a implantação e
a competitividade do setor, na busca por uma fatia do mercado internacional. A
piscicultura de peixes ornamentais vivos na República de Cingapura começou
na forma de negócios familiares em criações de fundo de quintal,
transformando-se em uma indústria milionária com propriedades constituindo-
se em verdadeiros parques agrotecnológicos. Há atualmente 60 pisciculturas
2

em Cingapura ocupando 127,40 hectares, arrecadando anualmente US$ 61


milhões com a exportação de peixes ornamentais, sendo 100% de animais
cultivados. Nos Estados Unidos, somente o estado da Florida fatura US$ 41,7
milhões anualmente, com 200 produtores e mais de 800 variedades de peixes,
e produz 95% de todo o peixe criado naquele país (JEFFREY, 2006), enquanto
no Brasil são gerados apenas US$ 4 milhões por ano com a venda desse tipo
de produto ao exterior, mas neste caso, gerado pela pesca extrativista na
Amazônia (INSTITUTO DE PESCA SP, 2004).
No mundo mais de 90% dos peixes ornamentais de água doce são
oriundos de criações comerciais, enquanto que animais marinhos, somente 2%
das espécies são criadas. O restante ainda é coletado na natureza, devido à
dificuldade de reprodução das condições necessárias em cativeiro, por outro
lado, muitas empresas já vêm conseguindo mudar esse quadro,
desenvolvendo novas técnicas em sistemas mais modernos de tratamento de
água e alimentação dos alevinos.
No Brasil, estima-se em mais de 4.000 o número de produtores de
peixes ornamentais, ainda sem acesso à tecnologia e informação, com raras
exceções de criações intensivas (tanques de fibra ou cimento, com aeração e
alimentação diária), mas em sua maioria criações extensivas (tanques
escavados sem aeração). O produtor de peixe ornamental, vem lutando há
anos para se tornar mais competitivo, buscando também uma maior
participação no importante mercado internacional de peixes ornamentais
(PANORAMA DA AQUICULTURA, 2003).
O Ceará, dentro deste contexto, está entre os cinco maiores produtores
de peixes ornamentais cultivados do país, com condições climáticas ideais,
bom suporte de água subterrânea e bom mercado. Tendo como necessidade
somente a diminuição de custos, como mão de obra, manejo de águas
(lavagem, trocas e controles físico/químicos) e espaço físico (área utilizada).
Portanto, o uso de novas técnicas de cultivo superintensivo será de
fundamental importância para aqüicultura de peixes ornamentais,
possibilitando um incremento de lucratividade e economia em um mercado
muito promissor.
3

1. 2. Sistemas superintensivos

Neste tipo de sistema, a produção pode ser incrementada por unidade


de superfície, com suprimento de oxigênio, ração de qualidade, controle dos
parâmetros físicos e químicos, sistemas integrados de purificação e
recirculação da água.
Os custos embutidos por unidade de peso em relação ao sistema
extensivo são mais altos, custos como ração de alto valor nutricional, energia
elétrica, equipamentos e controle da qualidade da água e de doenças,
tornando esse sistema mais adequado para animais de alto valor agregado.
Isso é convertido em uma grande produção por unidade de área, com um
mínimo de trocas de água e com diversas vantagens sobre as aqüiculturas
convencionais, que incluem um maior potencial para mecanização, menos uso
da terra e da água, menor logística de transporte de água e de efluentes.
Quando as densidades de peixes são elevadas, os riscos de infecções
por parasitoses como piolhos dos peixes (Argulus sp. Learnea sp.), fungos
(Saprolegnia ssp.), parasitas intestinais (tais como nematodes ou trematodes),
bactérias (por exemplo, espécies de Yersinia, Pseudomonas ssp.), e protozoa
(tais como Dinoflagelados) são mais elevados do que no sistema extensivo,
por causa da facilidade com que os patógenos podem invadir o corpo dos
peixes (por exemplo, pelas brânquias) devido à alta densidade (estresse) e
menor volume de água. O mesmo acontece para a poluição e a depleção do
oxigênio na água, que pode matar um lote de peixes dentro de minutos.
Muito dinheiro foi aplicado nesse tipo de sistema, mas muitos
empreendimentos falharam devido aos riscos, pois a aqüicultura superintensiva
requer uma monitoração e um nível elevado de experiência do produtor de
peixes (WIKIPEDIA, 2007).
Um dos grandes problemas causados pela aqüicultura em água doce é
o uso de milhões de litros de água por hectare por ano. Os sistemas de
purificação permitem reciclar a água local. Grandes pisciculturas já utilizam
estes sistemas, com grandes tanques plásticos colocados em estufas e ligados
a sistemas hidropônicos. A água dos tanques é circulada lentamente nos
sistemas hidropônicos onde os restos orgânicos da alimentação dos peixes
são absorvidos pelas plantas e alimentam colheitas de espécies vegetais
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comerciáveis. Diversos tipos de vegetais podem adaptar-se a este sistema


hidropônico, desde plantas comestíveis a ornamentais.
Microorganismos cultivados nos sistemas biológicos transformam
amônia e nitritos tóxicos em nitratos que serão consumidos junto com os
fosfatos por esses vegetais. Este sistema foi desenvolvido primeiramente como
uma alternativa para produção de peixes de corte, mas atualmente vem sendo
utilizado também para peixes ornamentais devido ao melhor custo beneficio
para animais de maior valor agregado (peso x valor).
Peixes como as carpas coloridas "nishikigoi" (cyprinus carpio), kinguios
ou "peixes dourados" (Carassius auratus) entre outros peixes de água doce, já
estão sendo criados neste sistema em diversos paises como Alemanha, Israel
e Inglaterra (WIKIPEDIA, 2007). Peixes marinhos ornamentais como os peixes
palhaço, peixes donzela, gobys e anjos anões são exclusivamente criados no
sistema superintensivo, utilizando diversos aparelhos de controle da qualidade
de água, como skimmers, bombas de circulação, filtros de mídia biológica,
filtros de areia, aeradores, ozonizadores e sistemas de luz ultravioleta.
Portanto, este trabalho teve o objetivo de acompanhar de forma
detalhada, a instalação, maturação e manutenção de um novo sistema de
cultivo superintensivo de peixes ornamentais na Piscicultura Tanganyika,
comparando seus benefícios e desvantagens em relação ao sistema intensivo
tradicional das criações do estado do Ceará.

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