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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRARIAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQUICULTURA

Leonardo Schorcht Bracony Porto Ferreira

Microbioma e parâmetros de operação de MBBR em um sistema de recirculação na


piscicultura intensiva

FLORIANÓPOLIS
2020
Leonardo Schorcht Bracony Porto Ferreira

Microbioma e parâmetros de operação de MBBR em um sistema de


recirculação na piscicultura intensiva

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em


Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina
para a obtenção do título de Doutor em Aquicultura.

Orientador: Prof. Dr. Alex Pires de Oliveira Nuñer


Coorientadora: Profa. Dra. Katt Regina Lapa

Florianópolis
2020
Leonardo Schorcht Bracony Porto Ferreira
Microbioma e parâmetros de operação de MBBR em um sistema de
recirculação na piscicultura intensiva

O presente trabalho em nível de doutorado foi avaliado e aprovado por banca


examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Alex Pires de Oliveira Nuñer, Dr.


Instituição Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Celso Lopes de Albuquerque Junior, Dr.


Instituição Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável

Prof. José Luiz Pedreira Mouriño, Dr.


Instituição Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Rodrigo de Almeida Mohedano, Dr.


Instituição Universidade Federal de Santa Catarina

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado
adequado para obtenção do título de doutor em Aquicultura

___________________________________________________
Prof. Dra. Leila Hayashi
Coordenação do Programa de Pós Graduação em Aquicultura

________________________________________
Prof. Dr. Alex Pires de Oliveira Nuñer
Orientador

Florianópolis, 2020
Este trabalho é dedicado aos meus queridos familiares, em
especial meu pai José Lauro e aos meus queridos amigos.
AGRADECIMENTOS

Dos muitos privilégios que tive na vida, destaco a minha família, que me permite viver
em harmonia, com afeto, amor e cuidado. Minha Mãe Liz, Meu Pai José Lauro, minha irmã
Laura, e a Ângela que juntos me ensinaram a sonhar e me deram todas as possibilidades de
realizar todos os meus sonhos.
Meu agradecimento especial ao meu orientador Professor Alex Pires de Oliveira Nuñer,
pela oportunidade concedida, agradeço sobretudo, à seriedade, serenidade, paciência e
dedicação que desde 2008, sempre me guiou no sentido de fazer o melhor. E além de tudo
aceitou me orientar e construir uma grande amizade.
Ao Carlito, Secretario da Pós-Graduação por sua presteza e orientações em todas as
dúvidas do programa. Profa. Leila Hayashi, Professora Debora Fracalossi. Agradeço também
pelos muitos anos de parceria o professor Evoy Zaniboni Filho.
No meu percurso acadêmico fui agraciado por grandes professores que me inspiraram
profissionalmente. Além disso tive o privilégio de compartilhar grande parte dessa caminhada
com a minha Coorientadora professora Katt Regina Lapa obrigado por me ensinar, por me
acolher e tudo mais. Será um exemplo que levarei para toda a vida.
Aos colegas e amigos da pós-graduação, Bruno, Marilyse, Clara, Bruna. À Izabella,
minha estagiária, por toda a dedicação e paciência.
Aos meus queridos colegas do LAPAD, todo o meu amor e agradecimentos, Edson,
Mauricio, Ronaldo, Jeanderson, David, Jana, Josiane, Sunshine, Carol, Luciano, Vinicius,
Renata (RÊ), A todo o pessoal do LABNUTRI, Michele, Katharinne, Bruna, Jorge e em
especial para a Rosa que esteve junto e me acompanhou em parte dessa caminhada. Um
agradecimento muito especial à Claudinha, que tanto me ensinou e por tantas conversas
esclarecedoras. Obrigado
Ao meu grande amigo/chefe/coordenador, Celso Lopes de Albuquerque Junior, por
tudo, mas principalmente pela amizade.
A todos os amigos que carrego no peito. O presente trabalho foi realizado com apoio
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código
de Financiamento 001.
E um agradecimento especial para o Oliver da empresa que acreditou na ideia e cedeu
material para execução da pesquisa.
“É preciso, antes de mais nada, querer” (Amyr Klink)
RESUMO

O crescimento da indústria aquícola, nas últimas décadas, tem estimulado a produção intensiva
de organismos aquáticos, o que gera resíduos mais concentrados que podem levar a problemas
de poluição. Os sistemas de recirculação da aquicultura (RAS) são uma alternativa
potencialmente sustentável para a atividade. O Biorreator de Leito Móvel com Biofilme,
conhecido como MBBR (Moving Bed Biofilm Reactor) é uma tecnologia que foi desenvolvida
para melhorar o desempenho e aumentar a capacidade de carga das estações de tratamento. A
amônia e o nitrito, mesmo em concentrações reduzidas são danosas aos peixes, e devem ser um
dos principais parâmetros de dimensionamento dos sistemas de tratamentos em RAS. O
objetivo desse estudo foi avaliar o desempenho de biorreatores de leito móvel com biofilme em
escala piloto no tratamento da água de um sistema de recirculação aquícola no cultivo de tilápias
(Oreochromis niloticus). O primeiro artigo teve como objetivo analisar o processo e a
maturação de reatores de biofilme de leito móvel (MBBR) sem inoculação bacteriana,
avaliando os biofilmes e investigando as comunidades microbianas viáveis por 122 dias. Dois
biorreatores (MBBR1 e MBBR2) acoplados em série receberam água de tanques de cultura de
peixes que abrigavam a espécie Oreochromis niloticus. A biomassa para armazenamento de
peixes foi aumentada e registrada no início de cada fase experimental, ou seja, fase 1 (duração:
28 dias, biomassa: 2,40 kg / m3), fase 2 (40 dias, 4,95 kg / m3), fase 3 (25 dias, 8,71 kg / m³) e
fase 4 (25 dias, 12,23 kg / m³). O sucesso da maturação dos biorreatores ocorreu em torno de
100 dias do experimento, quando o índice de nitração aumentou para ~ 57% no MBBR1 e ~
38% no MBBR2. Identificamos 105 espécies nos biofilmes, que foram agrupados em 65
gêneros, 3 dos quais foram além da adição: Pseudomonas (21,7%), Nitrospira (15,1%) e
Gemmobacter (11,2%). Nitrospira foi identificada como o principal gênero bacteriano
responsável pelo processo de nitrificação (ou seja, responsável por 12,0%). O segundo artigo
teve como objetivo avaliar o impacto do tempo de retenção hidráulica (TRH) e da Fração de
enchimento (FE) no desempenho de biorreator de leito móvel (MBBR) para o tratamento da
água em um cultivo de tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus). Foram avaliados dois diferentes
tempos de retenção hidraulico TRH (Alta e Baixa) e três frações de enchimento de suporte FR
de 60%, de 45% e de 15%. Foram utilizados seis tratamentos em esquema fatorial 3x2, para os
quais foram avaliados os parâmetros NH4+, NO2-, NO3-, N-Total, P-total e a porcentagem de
células bacteriana vivas. As taxas de remoção no biorreator de amônia e o nitrito foram as que
mais sofreram influência da TRH, quanto maior a TRH mais eficiente foi remoção destes
compostos. Foi observada influência dos fatores na quantidade de células bacterianas viáveis
no biofilme, indicando que as células bacterianas possuem capacidade adaptativa as condições
operacionais do MBBR. Esse é o primeiro trabalho que descreve os efeitos na qualidade da
água, variando-se FE e TRH em RAS.

Palavras-chave: Aquicultura; MBBR; Microbioma; Nitrificação; RAS.


ABSTRACT

The growth of the aquaculture industry, in the last decades, has stimulated the intensive
production of aquatic organisms, which generates more concentrated residues that can lead to
pollution problems. Aquaculture recirculation systems (RAS) are a potentially sustainable
alternative to the activity. The Biofilm Moving Bed Bioreactor, known as MBBR (Moving Bed
Biofilm Reactor) is a technology that was developed to improve performance and increase the
loading capacity of treatment plants. Ammonia and nitrite, even in lower concentrations, are
harmful to fish, and should be one of the main parameters for sizing treatment systems in RAS
The objective of this study was to evaluate the performance of moving bed bioreactors with
biofilm at scale pilot in the treatment of water from an aquaculture recirculation system in the
cultivation of tilapia (Oreochromis niloticus). The first article aimed to analyze the process and
the maturation of moving bed biofilm reactors (MBBR) without bacterial inoculation,
evaluating the biofilms and investigating their viable bacterial colonies for 122 days. Two
bioreactors (MBBR1 and MBBR2) coupled in series received water from fish culture tanks that
housed the species Oreochromis niloticus. The biomass for fish storage was increased and
recorded at the beginning of each experimental phase, that is, phase 1 (duration: 28 days,
biomass: 2.40 kg / m3), phase 2 (40 days, 4.95 kg / m3 ), phase 3 (25 days, 8.71 kg / m³) and
phase 4 (25 days, 12.23 kg / m³). The successful maturation of the bioreactors occurred around
100 days after the experiment, when the nitration index increased to ~ 57% in MBBR1 and ~
38% in MBBR2. We identified 105 species in the biofilms, which were grouped into 65 genera,
3 of which went beyond the addition: Pseudomonas (21.7%), Nitrospira (15.1%) and
Gemmobacter (11.2%). Nitrospires were identified as the main bacterial genus responsible for
the nitrification process (that is, responsible for 12.0%). The second article aimed to evaluate
the impact of hydraulic retention time (TRH) and filling fraction (FE) on the performance of
moving bed bioreactor (MBBR) for water treatment in a culture of Nile tilapia (Oreochromis
niloticus). Two TRH (High and Low) and three fractions of 60%, 45% and 15% FR support
were evaluated. Six treatments in a 3x2 factorial scheme were used, where the parameters NH4
+, NO2-, NO3-, N-Total, P-total and% of live bacterial cells were evaluated. The removal rates
in the ammonia bioreactor and nitrite were the most affected by TRH, the higher the TRH the
more efficient the removal of these compounds was. The influence of factors on the amount of
viable bacterial cell in the biofilm was observed, indicating that the bacterial cells have adaptive
capacity to the operational conditions of MBBR. This is the first work that describes the effects
on water quality varying FE and TRH in RAS.

Keywords: Aquaculture; MBBR; Microbiome; Nitrification; RAS.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama esquemático do sistema de recirculação (RAS) construído, bem como


suas estruturas e pontos de monitoramento. .......................................................... 29

Figura 2 - Mudanças nas concentrações de compostos nitrogenados nos tanques de peixes de


um sistema de aquicultura em recirculação ao longo do período experimental (n =
124 d), que foi dividido em quatro fases, de acordo com a metodologia. ............. 33

Figura 3 - Evolução dos compostos de nitrogênio dentro de todos os reatores de biofilme de


leito móvel (MBBRs) utilizados. A) Concentrações totais de amônia e nitrito no
MBBR1. B) Concentrações totais de amônia e nitrito em MBBR2 C) Concentração
de nitrato em MB MBBR1. D) Concentração de nitrato em MBBR2................... 34

Figura 4 - Imagens de microscopia de fluorescência de biofilmes foram coradas com um Kit


de Viabilidade Bacteriana Live / Dead ® BacLight ™. As células vivas são
iluminadas em verde e as células mortas são iluminadas em vermelho. A) A
formação de biofilme é mostrada no MBBR1 na fase 3. B) Condição de MBBR2
na fase 3. C) Formação de biofilme durante a fase 4 no MBBR1. D) Condição de
MBBR2 na fase 4................................................................................................... 37

Figura 5 - Gráfico representando as comunidades microbianas (no nível de gênero)


encontradas na amostra de biofilme. Apenas gêneros com abundância relativa
superior a 0,5% em pelo menos uma amostra, são mostrados. Todas as demais taxas
foram agrupadas na categoria "Outros". ................................................................ 38

Figura 6 - Diagrama esquemático do sistema de recirculação (RAS) construído, bem como


suas estruturas e pontos de monitoramento. .......................................................... 47

Figura 7 - Gráficos demonstrando o comportamento dos parâmetros: (A) N-H4+, NO2-, (B)
NO3-; N-total e P-total monitorados nos tanques dos peixes (P1). ........................ 53

Figura 8 - Gráfico representando as diferentes comparações entre cada nutriente analisado os


tratamentos e as taxas de eficiência de remoção (%) do biorreator. Letras diferentes
indicam diferenças estatísticas entre os tratamentos e são comparados apenas dentro
de cada nutriente (p < 0,05). Valores expressos em média ± desvio padrão. Letras
minúsculas representam diferenças significativas entre as três frações de
enchimento (FE60, FE45 e FE15) e uma única TRH (Alto ou Baixo). Letras
maiúsculas representam diferenças entre as duas TRH (Alto e Baixo) para uma
única FE (FE60 ou FE45 ou FE15). ...................................................................... 58

Figura 9 - Gráfico comparativo dos diferentes tratamentos em relação a porcentagem de


células bacterianas vivas, contidas no biofilme formado nas mídias do biorreator.
Letras diferentes indicam diferenças estatísticas entre os tratamentos (p < 0,05).
Valores expressos em média ± desvio padrão........................................................ 60

Figura 10 - Imagens de microscopia de fluorescência do biofilme foram coradas com o Kit de


Viabilidade Bacteriana Live / Dead ® BacLight ™, de acordo com os materiais e
métodos, como células vivas são iluminadas em verde e células mortas são
iluminadas em vermelho. As figuras demonstram a formação de biofilme nas
mídias do MBBR nos tratamentos (A) T1 (TRH Alto : FE60), (B)T2 (Baixo: FE60),
(C) T3 (Alto: FE45), (D) T4 (Baixo: FE45), (E) T5 (Alto: FE45) e(F) T6 (Baixo:
FE45). .................................................................................................................... 62
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Parâmetros gerais da qualidade da água para a cultura de peixe em RAS. ........... 19

Tabela 2 - Fases experimentais, durações das fases e biomassa armazenada em tilápia do Nilo
(Oreochromis niloticus). ........................................................................................ 30

Tabela 3 - Temperatura, pH, concentração de oxigênio dissolvido e alcalinidade das amostras


dos diferentes reatores de biofilme de leito móvel (MBBRs) durante as diferentes
fases do experimento (124 dias). ........................................................................... 34

Tabela 4 - Gêneros e espécies mais abundantes presentes nas amostras de biofilme analisadas
nas mídias dos reatores MBBR.............................................................................. 38

Tabela 5 - Etapas do delineamento experimental, em que foram comparadas três frações


diferentes de enchimento (FE) dos biorreator (FE60: 60%, FE45: 45%; FE15: 15%)
e dois tempos de retenção hidráulica diferentes - TRH (Alto e Baixo). ................ 48

Tabela 6 - Representação dos resultados da biomassa inicial dos peixes, peso inicial médio dos
peixes, peso final médio e sobrevivência. ............................................................. 51

Tabela 7 - Resultados dos parâmetros físicos e químicos de tempo de retenção hidráulica


(TRH), temperatura (ºC), alcalinidade (mgCaCO3 / L), pH e oxigênio dissolvido
(mg / L), medidos diariamente nos diferentes tratamentos.................................... 52

Tabela 8 - Resultados dos valores de DQO (mg/l) medidos nos diferentes ........................... 54

Tabela9- Valores médios (± DP) dos parâmetros químicos e biológicos da água ao longo do
experimento, utilizando diferentes tempos de retenção hidráulica (TRH) Alta e
Baixa, adicionando diferentes Frações de Enchimento de mídias (FE) no biorreator
(60%, 45% e 15%). ................................................................................................ 55
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14
1.1 AQUICULTURA, SISTEMAS DE RECIRCULAÇÃO E TRATAMENTO DE
EFLUENTES ........................................................................................................... 14
1.2 QUALIDADE DA ÁGUA PARA PEIXES EM RAS .............................................. 18
1.3 NITRIFICAÇÃO ..................................................................................................... 19
1.3.1 Processos gerais e microbiologia ................................................................... 19
1.4 BIOFILME ............................................................................................................... 21
1.5 FATORES QUE AFETAM A ESTRUTURA E A DINÂMICA DO BIOFILTRO .. 22
1.5.1 Concentração de Amônia e Nitrito ................................................................ 22
1.5.2 Oxigênio dissolvido ........................................................................................ 23
1.5.3 Temperatura .................................................................................................. 23
1.5.4 pH ................................................................................................................... 23
1.6 IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS COM BIORREATORES EM MBBR .............. 24
1.7 OBJETIVOS ............................................................................................................ 25
1.7.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 25
1.7.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 25
2 CAPÍTULO I – PRIMEIRO ARTIGO ................................................................ 26
2.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 27
2.2 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 29
2.2.1 Instalação e operação do MBBR ................................................................... 29
2.2.2 Qualidade de Água ........................................................................................ 30
2.2.3 Métodos Analíticos ......................................................................................... 30
2.2.4 Análise da Microbiota .................................................................................... 31
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 32
2.3.1 Desempenho do RAS e do MBBR.................................................................. 32
2.3.2 Estrutura da Comunidade Microbiana ......................................................... 36
2.4 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 40
2.5 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 40
3 CAPÍTULO II – SEGUNDO ARTIGO ................................................................ 43
3.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 44
3.2 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 46
3.2.1 Configuração e operação experimental do MBBR ....................................... 46
3.2.2 Métodos Analíticos ......................................................................................... 48
3.2.3 Microscopia e Ensaios de Viabilidade bacteriana LIVE / DEAD®
BacLightTM ................................................................................................... 49
3.2.4 Estatística ....................................................................................................... 50
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 50
3.4 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 62
3.5 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 63
3.6 CONCLUSÕES GERAIS ........................................................................................ 66
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA INTRODUÇÃO ............................. 67
14

1 INTRODUÇÃO

1.1 AQUICULTURA, SISTEMAS DE RECIRCULAÇÃO E TRATAMENTO DE


EFLUENTES
O crescimento da indústria aquícola, nas últimas décadas, tem estimulado a produção
intensiva de organismos aquáticos, o que gera resíduos mais concentrados que podem levar a
problemas de poluição, com a consequente degradação dos ecossistemas aquáticos e da
qualidade de água de ambientes de cultivo (TURCIOS e PAPENBROCK, 2014).
Para contornar o potencial poluidor da aquicultura, os sistemas de recirculação da
aquicultura, ou RAS, Recirculating Aquaculture Systems, como são mais conhecidos, são uma
alternativa potencialmente sustentável para a atividade, porque reduzem o uso de água e limitam
a concentração de nutrientes descarregados nas águas receptoras (FAO, 2015; TIMMONS e
EBELING, 2010). Em um sistema de recirculação aquícola é necessário tratar a água
continuamente para remover os resíduos de produtos excretados pelos peixes, bem como
adicionar oxigênio dissolvido para manter os peixes vivos e saudáveis.
Um sistema de recirculação é, em teoria, bastante simples: a água escoa da saída dos
tanques com os peixes para um filtro mecânico, e depois é conduzida para um filtro biológico
ou biorreator, antes de ser arejada e devolvida aos tanques de peixes. Este é o princípio básico
da recirculação, sendo que dependendo dos requisitos específicos do cultivo várias outros
procedimentos podem ser adicionados, como a oxigenação com oxigênio puro, o uso de luz
ultravioleta, a desinfecção com ozônio, a regulação automática do pH e a manutenção da
temperatura, entre outros (FAO, 2015).
Atualmente são encontrados dois tipos básicos de sistemas de tratamento da água em
RAS: a) tratamento em tanques e reservatórios, nos quais ocorre a decantação e a ação de
bactérias livres na água; b) tratamento com combinação de remoção de sólidos (filtragem
mecânica) e tanques de nitrificação, semelhante ao utilizado no tratamento de esgotos
domésticos.
Para sua operação os RAS necessitam de filtros biológicos para oxidar a amônia e o
nitrito tóxicos, o que também propicia a oxigenação da água para remoção do dióxido de
carbono e o aumento da concentração de oxigênio dissolvido (BROWN et al., 2013). Nos
tratamentos biológicos podem ser utilizados processos aeróbios, no qual o sistema de aeração
mantém o material biológico em suspensão, ou processos anaeróbios.
15

Esses sistemas podem ainda ser classificados quanto ao tipo de biorreator, que pode
apresentar crescimento dos flocos de microrganismos em suspensão livre na massa líquida ou
de crescimento da biomassa de microrganismos aderida a algum substrato. Nos reatores de
crescimento em suspensão livre não há suporte inerte para a aderência dos microrganismos, e
normalmente esses reatores são utilizados em sistemas do tipo lagoas de estabilização ou de
lodo ativado (DONG et al., 2015; MINEGATTI, 2015; TIMMONS e EBELING, 2010).
Nos biorreatores com biomassa aderida ao substrato são utilizados suportes
poliméricos que podem estar fixos ou livres (móveis) dentro do reator, o que garante a aderência
da biomassa microbiana sob a forma de biofilme aderido ao meio de suporte. Os biorreatores
com biomassa aderida ao meio de suporte são geralmente utilizados em filtros biológicos,
biodiscos, biofiltros aerados, filtros anaeróbios, reatores anaeróbios de fluxo ascendente e
reatores de leito (fluxo) móvel com biofilme para tratamento da água (ALMADA, 2012;
TIMMONS e EBELING, 2010).
Ainda que o princípio da degradação biológica da água seja o mesmo para ambas as
formas de sustentação e crescimento dos microrganismos, a eficiência e a estabilidade funcional
para a remoção de nutrientes da água está diretamente relacionada com o tempo de contato dos
microrganismos com o efluente (CRAB et al., 2007; VON SPERLING, 1996) e com o grupo
de microrganismos presentes no processo de degradação, sendo que as bactérias representam o
principal grupo de microrganismos responsáveis pela biodepuração dos efluentes. No biofilme
outros organismos também estão presentes, mas realizam, sobretudo, ação de regulação das
populações bacterianas (QIQI et al., 2013).
Quando biorreatores de crescimento em suspensão livre na massa líquida são
utilizados, a retenção dos microrganismos do biorreator é realizada através da recirculação doo
lodo sedimentado em decantadores posicionados depois do reator biológico, o que mantém por
mais tempo os microrganismos em contato com o efluente. Já nos filtros biológicos de biomassa
aderida de fluxo móvel, a retenção é garantida pela aderência dos microrganismos ao meio
suporte e pelo maior contato dos microrganismos com o efluente dentro do biorreator, o que
propicia a formação de biofilmes. Estes são conhecidos como sistemas compactos, pois além
de propiciarem maior concentração de microrganismos apresentam maior capacidade para
processamento de carga de matéria orgânica do que outros sistemas com biofilme, e deste modo,
este modelo pode reduzir significativamente o tamanho e a capacidade operacional das plantas
de tratamento de efluente (VON SPERLING, 1996; ALMADA, 2012).
16

Para os sistemas de recirculação da aquicultura as maiores vantagens de se utilizar


filtros MBBR estão no menor tamanho das estruturas utilizadas e na baixa necessidade de
manutenção (TIMMONS, e EBELING, 2010).
Na aquicultura os sistemas de recirculação mais utilizados são os que possuem
biofiltros para a remoção da amônia presente na água.
As bactérias nitrificantes, presentes no biofilme, tem um papel importante no controle
da qualidade da água, pois convertem o nitrogênio amoniacal em nitrito e posteriormente em
nitrato. Ou seja, a nitrificação ocorre no biofilme e sua eficiência está relacionada com uma
série de parâmetros, tais como o substrato, a concentração de oxigênio dissolvido e de matéria
orgânica, a temperatura, o pH, a salinidade e o tempo de retenção hídrica (CHEN et al., 2006).
A eficiência da nitrificação em sistemas com biorreatores também está relacionada
com a comunidade de microrganismos do biofilme e, ao se conhecer os tipos de bactérias
nitrificantes presentes, é possível observar se as condições físicas e químicas do efluente são
adequadas para atingir a boa eficiência do sistema (MADIGAN e MARTINKO, 2006).
O Biorreator de Leito Móvel com Biofilme, conhecido como MBBR (Moving Bed
Biofilm Reactor) é uma tecnologia que foi desenvolvida para melhorar o desempenho e
aumentar a capacidade de carga das estações de tratamento de lodo ativado existentes, sem que
fossem implementadas grandes obras de adaptação (ØDEGAARD et al., 1994). Esta tecnologia
está baseada na união dos sistemas de biomassa aderida e de massa suspensa livre. Dentro dos
biorreatores MBBR são colocados e mantidos em suspensão meios de suporte poliméricos
móveis, também chamados de biomídias ou simplesmente mídias, que são o ponto central desta
tecnologia.
As mídias podem diferir tanto no material com que são fabricadas, quanto no formato,
tamanho e área específica (QIQI et al., 2013), e apresentar diferentes formas: cilíndricas, com
ranhuras, com áreas internas, cubos, esferas, cerâmicas porosas, polietileno entre outros. As
mídias são mantidas em suspensão por aeração ou através de um misturador, e apresentam alta
mobilidade no biorreator e constante exposição e contato com o efluente.
Os suportes mais conhecidos e estudados para sistemas MBBR são os da série K (K1,
K2, K3, entre outros), fabricados pela empresa Anox- Kaldnès (Veolia Water) (DONG et al,.
2015), mas atualmente há outros fabricantes, inclusive nacionais por exemplo os da
Nanoplastic®. O acréscimo de biomídias ao birreator é uma forma de aumentar a área para
crescimento do biofilme e melhorar a sua eficiência.
17

A quantidade de material de suporte é conhecida como Fração de Enchimento de


Suporte (FE), ou de fração de recheio, que é calculada através da razão entre o volume ocupado
pelas mídias e o volume total do reator (SALVETTI et al., 2006), ou seja, ela representa o
espaço ocupado pelas peças dentro do reator.
No entanto recomenda-se que está fração não ultrapasse 70% do volume do reator,
para que as mídias possam se movimentar livremente (ØDEGAARD, 2006; RUSTEN et al.,
2006; SALVETTI et al., 2006). Os MBBR podem ser considerados sistemas híbridos, pois as
colônias de microrganismos biotransformadoras são mantidos tanto em suspensão na massa
líquida, quanto aderidas a um substrato. Consequentemente, é possível manter uma quantidade
maior de biomassa de microrganismos em um reator biológico de mesmo tamanho dos
convencionais, o que permite o recebimento de um maior aporte de nutrientes para a
biodecomposição (MINEGATTI, 2015).
A redução de volume do biorreator garantida pelo sistema do MBBR pode ser
entendida como a redução da taxa de retenção hidráulica (TRH) necessária e como um aumento
da capacidade de suporte para a concentração de nutrientes no efluente. Deste modo o sistema
pode ser classificado como compacto, com características robustas para o enfrentamento de
choques de variação de carga orgânica/nutrientes e hidráulica (WANG et al, 2006;
ØDEGAARD et al., 1994). No Brasil, a NBR 12.209/2011 define como MBBR os sistemas
com fração de enchimento entre 30 e 70% (ABNT, 2011).
Os primeiros trabalhos sobre a tecnologia MBBR já se apoiavam na ideia de que a
remoção de nutrientes poderia ser mais eficiente com o aumento da fração de suporte (RUSTEN
et al., 1995). Wang et al. (2005) afirmaram que existe um volume ideal de suportes associado a
cada biorreator, pois testes com diversas frações de suporte (de 10 a 75%) em reatores
biológicos alimentados com efluente sintético mostraram uma diminuição nos níveis de
demanda química de oxigênio em frações de 50% de enchimento de suporte. Calderón et al.
(2012) concluíram que a fração de enchimento de suporte foi o fator operacional de maior
influência sobre a comunidade bacteriana e sobre a estrutura do biofilme em escala laboratorial
alimentado com esgoto sanitário.
Devido às suas características de funcionamento os biorreatores de leito móvel com
biofilme apresentam, em relação ao biofiltro comum, um incremento das taxas de
nitrificação/desnitrificação e em remoção de sólidos. Desta forma, representam um benefício
para os sistemas atuais de recirculação na aquicultura, além de apresentarem simplicidade de
construção e facilidade para adaptação aos sistemas normalmente utilizados.
18

1.2 QUALIDADE DA ÁGUA PARA PEIXES EM RAS


São encontrados diversos parâmetros que precisam ser considerados na avaliação da
qualidade da água dos sistemas de recirculação para a aquicultura, por exemplo a concentração
de amônia (N-NH4 +), nitrito (NO2-), nitrato ( NO3- ), oxigénio dissolvido (OD), temperatura
(T), pH, compostos de fósforo, entre outros (COLT, 2005). A amônia e o nitrito, mesmo em
concentrações mais reduzidas são danosas aos peixes, e devem ser um dos principais parâmetros
de dimensionamento dos sistemas de tratamentos em RAS, pois em diversos momentos a
amônia será considerada o nutriente chave e deve estar limitando a qualidade da água para o
cultivo (ZHU; CHEN, 2002). Os biorreatores devem estar dimensionados de forma a serem
atingidos eficientemente os limites seguros dos parâmetros de qualidade da água (Tabela 1), de
forma a evitar qualquer stress, doenças e mortalidade dos peixes (WHEATON et al., 1994).
+
Não existe uma concentração de NH4 segura para peixes, na maioria dos casos
estudados os valores inferiores a 0,0125 mgL / L são valores que não afetam o cultivo (MEADE,
1985;). O NH4+ é extremamente tóxico devido à sua capacidade de se mover através da
membrana celulares (COLT, 2005). Contudo, a sua concentração nos RAS depende
principalmente do pH e da Temperatura (CHEN et al., 2006). Ou seja, a fracção de amônia
toxica na amônia total aumenta com o acréscimo da temperatura e/ou pH (MASSER et al.,
1999).
O NO2- deve conservar-se preferencialmente abaixo de 1 mg/L, e nunca deverá
exceder 10 mg/L, pois se torna extremamente tóxico, e a sua toxicidade pertence ao fato de se
agregar ao sangue junto a hemoglobina, obtendo-se metahemoglobina que não possui
competência para adsorver o oxigénio, e como consequência, não transporta oxigênio para os
tecidos (LOSORDO et al., 1998). Uma das formas para reduzir a sua perigosidade em sistemas
de água doce é aumentando a concentração de Cl- livre na água (Masser et ai., 1999; Colt, 2005),
no entanto o cloro presente na água também apresenta toxicidade para peixes, podendo assim
ser utilizado para desinfecção da água sem peixes.
19

Tabela 1 - Parâmetros gerais da qualidade da água para a cultura de peixe em RAS.

Parâmetro Intervalo Referências


+
N-NH4 (mg/L) < 0,125 MEADE,1985
NO2- (mg/L) <1 LOSORDO et al, 1999
NO3- (mg/L) < 300 MASSER et al, 1999
OD (mg/L) >5 LOSORDO et al, 1999
Temperatura (°C) Depende da espécie cultivada MASSER et al, 1999
pH 6 - 9,5 MASSER et al, 1999

O NO3- é o produto final da nitrificação, e normalmente tem característica acumulativa


nos RAS, exigindo estruturas mais especificas para sua remoção e sendo relativamente não
tóxico para os peixes, menos a concentrações elevadas, superiores a 300 mg/L (MASSER et al.,
1999).
Os peixes em geral toleram uma faixa de pH grande, normalmente entre 6 a 9,5, apesar
que uma alteração drástica de duas ou mais unidades de pH possa ser prejudicial; faixas de pH
inferiores a 4,5 são perigosos para os peixes (LOSORDO et ai., 1998; MASSER et al., 1999).
Valores baixos de pH juntamente com uma Alcalinidade da água baixa pode ser um fator
importante na deposição de Alumínio nas brânquias dos peixes. O pH pode também influenciar
outros parâmetros da qualidade da água e, como já foi comentado anteriormente, levar à
formação de amônia toxica (LOSORDO et al., 1998; COLT, 2005).

1.3 NITRIFICAÇÃO

1.3.1 Processos gerais e microbiologia


A nitrificação ocorre a partir da oxidação biológica de NH4+ a NO3- em condições de
aerobiose, existem dois principais grupos de bactérias aeróbias quimiolitoautotróficas da
família Nitrobacteraceae, filogeneticamente distintos, que em conjunto realizam a Nitrificação
em duas etapas seriais: as bactérias oxidantes da amónia (AOB) e as bactérias oxidantes do
nitrito (NOB). Na Natureza estas bactérias são o grupo mais importante de organismos que
produzem NO2- e NO3- a partir da Amônia, embora algumas outras bactéria e alguns fungos
tenham sido reportados como produtores de NO2- e NO3-, mas em baixas concentrações e
geralmente utilizando fontes de orgânicos em vez de NH4+ (DAIMS et al., 2015). As bactérias
nitrificantes obtêm energia a partir da oxidação de compostos inorgânicos e utilizam CO2 como
fonte de carbono para produção de biomassa (HAGOPIAN & RILEY, 1998).
20

A nitrificação é um processo lento e está relacionada com a baixa taxa de crescimento


bacteriano específico. Em condições ideais de crescimento das nitrificantes, o tempo de
duplicação poderá ser de aproximadamente 10 horas, muito inferior ao das bactérias
heterotróficas; no entanto, nos RAS, as bactérias nitrificantes podem chegar a representar mais
de 20% do rRNA bacteriano total (HOVANEC; DELONG, 1996; HAGOPIAN; RILEY, 1998).
A primeira etapa da nitrificação é chamada de nitritação, Eq. (1), sendo comumente
realizada por AOB do género Nitrosomonas, Nitrosococcus, Nitrosospira, Nitrosolobus, e
Nitrosovibrio, que são normalmente encontradas a partir do solo, oceanos, rios, e sistemas de
tratamento de efluentes, ou seja, de muitos ambientes aeróbios com presença de matéria
orgânica (TOMIYAMA et al., 2001). A segunda etapa é conhecida como Nitratação, Eq. (2), e
é realizada por NOB do género Nitrobacter, Nitrococcus, Nitrospira e Nitrospina, que são
encontradas nos mesmos ambientes que as AOB; porém, possuem um tempo de geração maior,
pelo que poderá demorar mais de um ano a obtenção de culturas puras nas mesmas condições
que as AOB (CHEN et al., 2006). As Equações que representam a oxidação de NH4+ e oxidação
de NO2- são:

NH4++3/2 O2 ------ > N02 - + H20 + 2H+ (1)

N02- + 1/2 02 ------> NO3- (2)

Essa separação das duas etapas de nitrificação em diferentes organismos leva a uma
estreita interação de alimentação cruzada e à co-agregação frequentemente observada de AOB
com NOB em consórcios de nitrificação (ARP; BOTTOMLEY, 2006). No entanto, a separação
de funções é um fenômeno intrigante, pois a nitrificação completa produziria mais energia do
que qualquer passo único. Assim, um organismo que catalisa a nitrificação completa deve ter
vantagens de crescimento sobre a AOB e as NOB "incompletos".
A capacidade de nitrificação completa foi estudada mais profundamente inicialmente
como uma ação hipotética, onde Costa e Perez (2006), apontaram que um nitrificador completo
pode ser competitivo sob condições que favorecem a maximização do rendimento do
crescimento, e inventou o termo “comammox” (oxidador completo de amônia) para descrever
um micróbio hipotético. As condições selecionadas para o comammox podem ser
caracterizadas por um crescimento lento, limitado pelo influxo de substrato, com um
agrupamento espacial de biomassa em agregados microbianos e biofilmes.
21

Descoberto no final de 2015 (DAIMS et al.,2015; VAN KESSEL et al., 2015) a


Comammox Nitrospira, pode ser um organismo desse tipo. O nome “comammox” deriva de
sua capacidade de realizar oxidação completa de amônia até o nitrato (NO3-). O metabolismo
do comammox anulou um paradigma de mais de 100 anos de que a nitrificação é um processo
de duas etapas que requer atividade coordenada de bactérias oxidantes de amônia ou (AOB,
amônia [NH3] em nitrito [NO2] e bactérias oxidantes de nitrito NOB). Contudo, o
conhecimento ecofisiológico da bactéria comammox ainda é muito limitado.
Até agora, quatro espécies ou genomas foram classificados, Candidatus Nitrospira
inopinata, Canatus Nitrospira nitrosa, Candidatus Nitrospira nitrosa, Candidatus Nitrospira
nitrificans e Nitrospirae sp. genome_bin_8, (Daims et al., 2015; van Kessel et al., 2015).
Nitrospira. inopinata é a única espécie de comammox que foi isolada até agora, com a cinética
completa de complementação genética e de nitrificação elucidada (LU et al., 2020).
A presença de N. inopinata foi amplamente divulgada em muitos ambientes. Por
exemplo, em Biorreatores de leito móvel, águas residuais de fluxo lateral (ANNAVAJHALA et
al., 2018), biofilmes híbridos e reatores de lodo ativado (CHAO et al., 2016) e água da torneira
em Cingapura (WANG et al., 2017). Recentemente, N. inopinata foi enfatizada em um estudo
de sedimentos de rios, que compreendeu 11% das leituras metagenômicas relacionadas ao ciclo
do nitrogênio no habitat dos mexilhões de água doce (BLACK; JUST, 2018).

1.4 BIOFILME
Biorreatores são caracterizados por terem bactérias nitrificantes aderidas a um meio
de suporte sólido formando o biofilme, que é uma elevada concentração de populações
microbianas embebidas numa matriz polimérica, que aderem entre si e/ou a superfícies ao
excretar substâncias poliméricas extracelulares (EPS). Numa reduzida área de superfície podem
desenvolver grandes agregados, chamados de Zoogleias, que proporcionam estabilidade e
efeito protetor, aumentando assim a resistência a tóxicos, predadores e condições
hidrodinâmicas (FLEMMING; WINGLINDER, 2001).
Diversos fatores não biológicos influenciam no processo inicial de adesão das
bactérias nitrificantes, sendo que a concentração e difusão dos nutrientes no interior do biofilme
terão autoridade direta na sua estruturação (WIJEYEKOON et al., 2004). O biofilme de um
Biofiltro em um RAS é constituído por populações bacterianas de crescimento bastante
diferenciado, com uma camada interior geralmente formada por uma população rica em
22

microrganismos nitrificantes, de crescimento mais lento, e com microrganismos heterotróficos,


de crescimento mais rápido, dominando a camada exterior (MALONE; PFEIFFER, 2006).
A formação e estruturação do biofilme dependem também de alguns fatores físico-
químicos, como por exemplo o Tempo de Retenção Hidráulica (TRH) e a taxa de
desprendimento de biomassa ("dettachment") (WIJEYEKOON et al., 2004). A espessura do
Biofilme varia geralmente entre 1 e 100um, dependendo da velocidade e da temperatura da
água e pode aumentar com o incremento da carga de amónia e com as modificações no TRH
(SANDU et al., 2002). Assim, é possível recuperar o biofilme nitrificante que está coberto com
bactéria heterotróficas ou que de alguma forma foi danificado (LEE et al., 2004) realizando
modificações nos fatores que afetam a estrutura e a dinâmica da formação do biofilme.

1.5 FATORES QUE AFETAM A ESTRUTURA E A DINÂMICA DO BIOFILTRO

1.5.1 Concentração de Amônia e Nitrito


Devido às características dos sistemas de cultivo na aquicultura, os biorreatores de
RAS vão operar com concentrações de amônia total e nitrito muito mais baixas do que as en-
contradas em sistemas de tratamento de efluentes convencionais. No entanto, existe uma con-
centração mínima necessária para suportar o biofilme nitrificante. Para uma temperatura apro-
ximada de 27,2°C este valor é de 0,07 mg/L de N-NH4+ (Zhu & Chen, 1999), o que é bem
inferior aos níveis tóxicos para os peixes.
A concentração de amônia total para a nitrificação em biorreatores pode tornar-se um
parâmetro que limita o processo, pois normalmente em um cultivo de peixes a concentração
será próximo de 1 mg/L de N-NH4+ (WHEATON et al., 1994; RUSTEN et al., 2006).No
entanto a Nitrificação é inibida pelas formas não ionizadas da amônia e Nitrito. No início de
funcionamento do Biofiltro, o efeito inibitório do amoníaco depende da concentração de mi-
crorganismos presentes no biofilme, e diminui com a aclimatação das NOB ao meio (VILLA-
VERDE et al., 2000).
Alguns autores demonstraram que a concentração de Amónia vai determinar qual a
família de AOB dominante no Biofiltro (PRINCIC et al., 1998; BURRELL et al., 2001; WIJE-
YEKOON et al., 2004).
23

1.5.2 Oxigênio dissolvido


A concentração de oxigênio dissolvido na água (OD) é um fator determinante para
diversas variáveis, como por exemplo a concentração de compostos orgânicos, a temperatura e
a biomassa bacteriana presente no biofiltro (WHEATON et al., 1994).
O OD representa um pré-requisito para a oxidação de amônia, como demonstrado nas
equações (1) e (2) e é considerado um substrato extremamente quando em baixas concentrações,
concentrações inferiores a 2 mg/L a taxa de Nitrificação praticamente nula (CHEN et al., 2006).
Com isso, torna-se imprescindível a manutenção do OD nos biofiltros em concentra-
ções sempre acima de 2 mg/L (WHEATON et ai., 1994; MASSER et ai., 1999), sendo que as
NOB são mais sensíveis a baixas concentrações de O2 do que as AOB (CIUDAD et al., 2006).
Para uma remoção optimizada do N-NH4+ são consumidos aproximadamente 4,25 mg
de O2 por mg de N-NH4 oxidado a nitrato (METCALF; EDDY, 2003), e para os biorreatores
em MBBR operados com concentrações próximas de 6 mg/L, o OD só se torna limitante com
concentrações de amônia total superiores a 1,7 mg/L, (RUSTEN et ai., 2006).

1.5.3 Temperatura
A temperatura da água no RAS está diretamente relacionada com a eficiência dos
biorreatores (MASSER et ai., 1999). A faixa ideal para o crescimento bacteriano é próximo de
25°C, e existe uma relação de resposta linear entre 7 e 35°C. No entanto, para temperaturas
inferiores e superiores a taxa de Nitrificação tende a decrescer de forma rápida (HAGOPIAN;
RILEY, 1998).
A influência da temperatura na taxa de Nitrificação em biorreatores que utilizam
biofilme fixo, quando comparados aos de crescimento em suspensão, é mais reduzida, e a sua
influência na taxa de nitrificação depende do OD e das concentrações de amônia total (ZHU &
CHEN, 2002). Além do mais as bactérias nitrificantes são mais sensíveis a variações de
temperatura do que as heterotróficas, e o biofilme nos reatores estabiliza mais rapidamente em
temperaturas mais altas do que em temperaturas mais baixas (CHEN et al., 2006).

1.5.4 pH
O pH é um parâmetro que influencia diretamente a Nitrificação, tendendo a diminuir
nos sistemas de recirculação e biorreatores à medida que as bactérias nitrificantes metabolizam
a amônia e produzem H+ consumindo alcalinidade. Da mesma forma o pH tende a diminuir com
o tempo através da geração de CO2 pelos peixes e pelos microrganismos (MASSER et al., 1999).
24

A faixa ideal para os processos de Nitrificação está entre 7,0 e 9,0 (CHEN et al., 2006),
contudo, o valor de pH considerado ideal para o desenvolvimento das bactérias nitrificantes é
7,80 (HAGOPIAN; RILEY., 1998).
Em alguns casos pode existir paralização total da Nitrificação, em águas com pH
inferior a 6,45 e superiores a 9,05 (RUIZ et ai., 2003). Além do mais o aumento de uma unidade
de pH pode provocar um acréscimo de até 13% na taxa de Nitrificação (VILLAVERDE et al.,
1997). A inibição causada pelo NH3 e HNO2 no processo de nitrificação é dependente dos
valores de pH, pois estes são formados, respectivamente, a partir de NH4+ em pH alto, Eq. (3)
e a partir do NO2- em pH baixo, Eq. (4) (EDING et al., 2006).

NH4+ + OH- < ----------- > NH3 + H20 (3)


NO2- + H+ < ----------- > HN02 (4)
A manutenção pH em valores fora da faixa de tolerância das bactérias escolhe e altera
irreversivelmente a estrutura da comunidade de bactérias nitrificantes (PRINCIC et al., 1998).
A variação repentina no pH do meio, de até uma unidade em poucos minutos, reduz a eficiência
da nitrificação até as bactérias se readaptarem às novas condições de ph, e são as NOB que
exibem uma maior sensibilidade a esta variação. (WHEATON et al., 1994).
Ao manter um pH baixo nos tanques de cultivo (dentro dos valores ideais para os
peixes) é bom para reduzir a quantidade de amônia; no entanto, nos biorreatores, é necessário
um pH próximo do limite mínimo do intervalo ideal para as bactérias nitrificantes pois ira
melhorar a eficiência da Nitrificação significativamente (CHEN et al., 2006).

1.6 IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS COM BIORREATORES EM MBBR


A crescente conscientização acerca da limitação de água e sua inevitável escassez em
algumas regiões, em breve tornará necessário o desenvolvimento de alternativas que façam do
consumo sustentável da água uma prática comum. Com o acesso a água cada vez mais voltado
para captações de volumes para o consumo humano direto (TUNDISI, 2008), o reuso de água
é uma alternativa importante, pois reduz significativamente a demanda sobre os mananciais.
Nesse contexto, o emprego de reatores de leito móvel com biofilme (MBBR) ganha
destaque, principalmente por permitir facilidade operacional e boa qualidade do efluente final.
O uso do sistema de tratamento de água utilizando tecnologia MBBR vem sendo utilizado em
alguns países, inclusive no Brasil, no tratamento de efluentes domésticos e industriais.
Atualmente, cresce o número de estudos relacionados ao uso de biorreatores com tecnologia
25

MBBR para tratamento de efluentes (BROWN et al, 2013; CHEN,. et al, 2006), porém poucos
são os trabalhos que utilizam efluentes da piscicultura intensiva, tornando difícil o
entendimento da dinâmica de funcionamento do biofiltro e sua aplicação na realidade da
aquicultura. A maior parte das informações disponíveis sobre o uso do MBBR está ligada a
efluentes domésticos e resíduos industriais (MINEGATTI, 2015), para os quais geralmente
demonstra boa eficiência na remoção de compostos nitrogenados. Entretanto, o efluente gerado
na aquicultura, de modo geral, apresenta carga de nutrientes e matéria orgânica muito inferior
à produzida por efluentes domésticos, sendo que pouco se sabe sobre seu uso em sistemas de
recirculação aquícola especialmente para a piscicultura intensiva em água doce.
Com isso, a busca de informações concretas acerca da eficiência da remoção de
nitrogênio e do fósforo se faz relevante para a aplicação na produção aquícola, assim como a
busca das caraterísticas do biofilme, da atividade biológica do reator e das demandas
bioquímicas de oxigênio dentro do reator, que podem servir de base para o desenvolvimento de
projetos de sistemas de recirculação com tecnologia MBBR voltados especificamente para a
aquicultura.

1.7 OBJETIVOS

1.7.1 OBJETIVO GERAL


Avaliar o desempenho de biorreatores de leito móvel com biofilme em escala piloto
no tratamento da água de um sistema de recirculação aquícola no cultivo de tilápias
(Oreochromis niloticus).

1.7.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


a) Avaliar o tempo de maturação dos biorreatores de leito móvel
b) Avaliar e comparar a eficiência da remoção de nitrogênio e de fósforo de um reator
de leito móvel com biofilme submetido dois tempos de retenção hidráulica (TRH)
e três diferentes frações de enchimento de suporte - FE (%);
c) Analisar o biofilme, observando a morfologia, formação e viabilidade, através de
análises microscópicas;
26

2 CAPÍTULO I – PRIMEIRO ARTIGO


Este artigo foi formatado de acordo com as normas da revista Water Research.

Inicialização e monitoramento de um reator de biofilme em leito móvel em escala-piloto


(MBBR) em um sistema de aquicultura em recirculação

Start-up and monitoring of a pilot-scale moving bed biofilm reactor (MBBR) in a


recirculating aquaculture system
Leonardo Schorcht Bracony Porto Ferreira a, b *, Katt Regina Lapa b, Alex Pires de Oliveira
Nuñer a, b
a
Laboratory of Biology and Freshwater Fish Cultivation, Federal University of Santa Catarina,
Florianopolis, 88066-260, Brazil.
b
Aquaculture Department, Federal University of Santa Catarina, Florianópolis 88034-001,
Brazil.
* Corresponding author. Email address: leo.portoferreira@hotmail.com (Ferreira, L. S. B. P.).
Laboratory of Biology and Freshwater Fish Cultivation, Federal University of Santa Catarina,
Florianopolis, 88066-260, Brazil. 55+48999342598

Resumo
O objetivo deste estudo foi analisar o processo e a maturação de reatores de biofilme de leito
móvel (MBBR) sem inoculação bacteriana, avaliando os biofilmes e investigando suas colônias
bacterianas viáveis por 122 dias. Dois biorreatores (MBBR1 e MBBR2) acoplados em série
receberam água de tanques de cultura de peixes que abrigavam a espécie Oreochromis niloticus.
A biomassa para armazenamento de peixes foi aumentada e registrada no início de cada fase
experimental, ou seja, fase 1 (duração: 28 dias, biomassa: 2,40 kg / m3), fase 2 (40 dias, 4,95
kg / m3), fase 3 (25 dias, 8,71 kg / m³) e fase 4 (25 dias, 12,23 kg / m³). O sucesso da maturação
dos biorreatores ocorreu em torno de 100 dias do experimento, quando o índice de nitração
aumentou para ~ 57% no MBBR1 e ~ 38% no MBBR2. Identificamos 105 espécies nos
biofilmes, que foram agrupados em 65 gêneros, 3 dos quais foram além da adição:
Pseudomonas (21,7%), Nitrospira (15,1%) e Gemmobacter (11,2%). A Nitrospira foi
identificada como o principal gênero bacteriano responsável pelo processo de nitrificação (ou
seja, responsável por 12,0%).
Palavras-chave: MBBR; Comunidade microbiana; Nitrificação; RAS.
27

Abstract
The objective of this study was to analyze the process and the maturation of moving bed biofilm
reactors (MBBR) without bacterial inoculation, by assessing the biofilms and investigating their
viable bacterial colonies over 122 days. Two bioreactors (MBBR1 and MBBR2) coupled in
series, received water from fish culture tanks housing the species Oreochromis niloticus. Fish
stocking biomass was increased and recorded at the start of each experimental phase, i.e. phase
1 (length: 28 days, biomass: 2.40 kg/m3), phase 2 (40 days, 4.95 kg/m3), phase 3 (25 days, 8.71
kg/m³), and phase 4 (25 days, 12.23 kg/m³). Maturation success of the bioreactors occurred
around 100 days of the experiment, when the nitration index had increased to ~57% in MBBR1
and ~38% in MBBR2. We identified 105 species in the biofilms, which were grouped into 65
genera, 3 of which were beyond addition: Pseudomonas (21.7%), Nitrospira (15.1%), and
Gemmobacter (11.2%). Nitrospira was identified as the main bacterial genera responsible for
the nitrification process (i.e., accounting for 12.0% of it).
Keywords: MBBR; Microbial community; Nitrification; RAS.

2.1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a aquicultura contribui para ~ 50% da produção global de peixes e é
provavelmente o setor produtor com o crescimento mais rápido. Considerando o aumento da
população humana, mas a estagnação ou diminuição das populações de peixes capturados na
natureza, espera-se que o suprimento de peixes da aquicultura aumente bastante para atender à
demanda por essa proteína animal
O crescimento da indústria da aquicultura estimula a produção intensiva, que gera
resíduos mais concentrados que podem levar a problemas de poluição e a consequente
degradação dos ecossistemas aquáticos (Turcios e Papenbrock, 2014). Os sistemas de
recirculação da aquicultura (RAS) apresentam alternativas potencialmente sustentáveis a essa
atividade, pois reduzem o uso da água e limitam as concentrações de nutrientes descarregadas
nas águas receptoras (FAO, 2015; Timmons e Ebeling, 2010). Em um RAS, a descarga de
resíduos pode ser minimizada em até 99%, recirculando e filtrando a água (Badiola et al., 2012).
O efluente gerado na aquicultura intensiva contém quantidades significativas de
desperdício de alimentos, excrementos de peixes e nitrogênio. Os níveis de nitrogênio da
amônia, mesmo em baixas concentrações (2,0 mg / L), são altamente tóxicos para a maioria dos
peixes em cultura (Zhu e Chen, 1999). Assim, A remoção do nitrogênio amoniacal é a principal
melhoria no projeto e operação do RAS.
28

A nitrificação biológica através do uso de bactérias oxidantes de amônia (AOB) e


bactérias oxidantes de nitrito ou nitrificação (NOB) tem sido amplamente utilizada para a
remoção de compostos nitrogenados do efluente da aquicultura e apresenta desempenho
considerável (Cho et al., 2017; Fontenot et al. , 2007; Sudarno et al., 2011).
O Biorreator de Leito Móvel (MBBR) foi desenvolvido para melhorar o desempenho
e aumentar a capacidade de carga das estações de tratamento, sem a necessidade de implementar
grandes adaptações (Ødegaard et al., 2006). Essa tecnologia é baseada nos conceitos de sistemas
de biomassa aderida e de biomassa bacteriana suspensa livre, e a peça central dessa tecnologia
são as Mídias, os MBBRs que suportam as mídias ou a biomídias, que são colocadas e mantidos
em suspensão por aeração ou por um misturador, apresentando alta mobilidade. e exposição
constante e contato com o efluente. A biomídia pode diferir no material do qual é feita, bem
como no formato do design, tamanho e área específica (Qiqi et al., 2013).
Os biofilmes são uma combinação estruturada de células bacterianas que produzem
substâncias poliméricas extracelulares agregando uma variedade de microorganismos
(Toyofuku et al., 2016). No entanto, a baixa taxa de formação de biofilme durante o estágio de
maturação é um dos inconvenientes nas aplicações MBBR (Toyofuku et al., 2016),
especialmente em sistemas de aquicultura, nos quais as concentrações de nutrientes da água são
relativamente baixas quando comparadas aos efluentes industriais e domésticos.
A formação de biofilme é um processo dinâmico, ligado à adesão, crescimento e
desprendimento de micróbios, e é influenciado por vários fatores. Tais fatores incluem o
material e a forma do substrato, pH, concentrações de nutrientes, ferro, oxigênio, temperatura,
atividade microbiana e substâncias poliméricas extracelulares, que desempenham papéis
importantes na taxa de formação e na composição das comunidades microbianas de biofilmes
(Andrews et al., 2010; Toyofuku et al., 2016). A falta de informações na literatura sobre o uso
de MBBRs em RAS com baixas concentrações de nitrogênio dificulta a melhoria efetiva do
estágio de maturação durante o estágio de iniciação dos MBBRs (Steinberg et al., 2018; Liu et
al., 2019).
A identificação de culturas e espécies viáveis em um sistema MBBR permitiria
maiores previsões e um melhor controle dos processos no RAS envolvendo uma espécie de
peixe, por exemplo A tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) e, portanto, permite uma melhor
gestão durante o processo de cultivo. A tecnologia de microscopia de fluorescência e análises
metagenômicas, podem ser usadas para identificar a viabilidade e atividade, bem como obter
29

acesso ao conteúdo genético de comunidades inteiras de organismos (Chavez de Paz, 2009;


Thomas et al., 2012)
Os objetivos deste estudo foram monitorar a maturação dos MBBRs (tempo e processo)
sem inoculação bacteriana, identificar as espécies presentes no biofilme e avaliar a formação
de colônias de bactérias viáveis com atividade celular que aderiram ao meio filtrante.

2.2 MATERIAL E MÉTODOS

2.2.1 Instalação e operação do MBBR

O experimento foi conduzido no Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água


Doce (Universidade Federal de Santa Catarina), utilizando um RAS piloto. O sistema consistia
em cinco tanques com volume útil de 200 L com peixes (total de 1.000 L), acoplados a dois
MBBRs (250 L cada) em série e com aeração (para agitação e oxigenação), dois tanques de
suplementação de alcalinidade (100 L cada, compostos por concha de ostra) para compensar o
consumo de alcalinidade durante o processo de nitrificação sem afetar a qualidade da água e
uma caixa (100 L) com um reservatório e uma bomba submersa para a distribuição da água
(Figura 1).

Figura 1 - Diagrama esquemático do sistema de recirculação (RAS) construído, bem como suas
estruturas e pontos de monitoramento.

O volume de midias dentro dos biorreatores correspondeu a uma fração de volume de


60% (Vsupport / Vreactor - aprox. 120 L) com mídia Nanoplastic® de polipropileno cobrindo
uma área superficial específica de 687 m2 / m3. Após os biorreatores, a água foi direcionada
para uma caixa de 200 L com uma bomba submersa para recirculação da água.
Foram utilizados juvenis de tilápia do Nilo revertidas sexualmente (Oreochromis
niloticus) com pesos médios estocados de 102,56 ± 11,65 g. O experimento foi conduzido por
30

122 dias e dividido em quatro fases, conforme mostrado na Tabela 1. Após cada fase, o sistema
teve 1 dia para se adaptar ao aumento da biomassa dos peixes. A vazão da água foi medida
diariamente e registrada em 293,36 ± 5,92 L / h (média ± DP). Todo o sistema compreendeu
um volume total de 1.900 L.
Os peixes foram alimentados com dieta comercial (Guabi, Aqua, Brasil, 5,0 mm), com
perfil nutricional medido e conteúdo garantido: umidade 10%, proteína 36%, gordura 6,5%,
matéria mineral 14%, fósforo 6% sódio 1,85% , fibra bruta 6%, vitamina A8000 UI, vitamina
D3 2250 UI, vitamina E; e micronutrientes (ac de acordo com o produtor): Cu 0,01%, ferro
0,06%, manganês 0,03% e zinco 0,1%. Os peixes foram alimentados de acordo com sua
biomassa (ou seja, 2,5% do seu peso vivo). O feed foi dividido em duas rações diárias,
oferecidas às 10:00 e 16:00.

Tabela 2 - Fases experimentais, durações das fases e biomassa armazenada


em tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus).
Duração da fase Biomassa
Fases
(days) estocada (kg/m³)
1*
28 2,40
2 40 4,95
3 25 8,71
4 25 12,23
*
(sem inoculação bacteriana)

2.2.2 Qualidade de Água


As variáveis de qualidade da água (oxigênio dissolvido, pH, temperatura, N-NH4+,
NO2- e NO3-) nos tanques dos peixes (Figura 2) permaneceram dentro dos padrões para as
espécies (Delong et al., 2009). As amostras de água foram coletadas na saída dos tanques de
cultivo, ao mesmo tempo em que as amostras de biorreator foram coletadas.

2.2.3 Métodos Analíticos


As amostras de água foram coletadas nos tanques de peixes, na entrada e saída dos
reatores em série, e imediatamente filtradas através de um filtro de fibra de vidro (Whatman,
GF / C; diâmetro de poro aproximadamente 1,0 mm). As concentrações de N-NH4+, NO2- e
NO3- foram determinadas usando o Método de Fenato 4500 F e os Métodos 4500-NO2-B e
4500-NO3-B, respectivamente (APHA, 2005). As amostras das fases 1 e 2 foram coletadas a
cada 5 dias, enquanto nas fases 3 e 4 as amostras foram coletadas a cada 3 dias. O oxigênio
31

dissolvido (DO), pH e temperatura foram monitoradas diariamente usando um medidor portátil


(YSI550 A, YSI, EUA).

2.2.4 Análise da Microbiota

2.2.4.1 Microscopia de Fluorescência


Amostras de biofilme foram coletadas de cada um dos biorreatores usando espátulas
plásticas de cinco mídias diferentes no final da Fase 3 (no dia 77) e Fase 4 (no dia 124). As
amostras foram colocadas em lâmina de vidro e coradas com 50 μL de Kit de Viabilidade
Bacteriana Live / Dead® BacLight L7012 (Molecular Probes, Inc., Eugene, OR, EUA),
gotejadas no biofilme e misturadas com 50 μL de água deionizada . As amostras foram então
incubadas com o corante à temperatura ambiente por 15 min e observadas sob microscopia de
fluorescência.
O corante Live / Dead® BacLight, que ilumina células viáveis como verde e células
inviáveis ou mortos como vermelho (Hoang et al., 2014; Ge et al., 2015), foi preparado
imediatamente antes do uso. Cada amostra foi processada e analisada individualmente usando
microscopia de fluorescência com uma lente objetiva de ampliação de 100 × (HCX PL
FLUOTAR 100.0 × 1.30 OIL).

2.2.4.2 Análise da comunidade microbiana por sequenciamento de alto rendimento


As comunidades microbianas foram identificadas através de análises metagenômicas
que foram realizadas no final do experimento (dia 124), utilizando uma amostra de 20 meios
filtrantes de cada um dos dois biorreatores, para os quais foi feito um pool do biofilme removido.
Os biofilmes foram colocados em tubos Eppendorf (sem DNA), centrifugados a 7.000 rpm por
5 min e coletados usando um cotonete de algodão umedecido com solução fisiológica estéril.
As amostras swabbed foram submetidas a lise celular e subsequentes protocolos de extração de
DNA, utilizando a técnica de esferas magnéticas com um protocolo proprietário (Neoprospecta
Microbiome Technologies, Brasil) (Christoff et al., 2017). Os microrganismos isolados foram
diluídos em escala 10 × para análise de DNA e em escala logarítmica para determinar as
unidades formadoras de colônias (UFC).
Além disso, moléculas de DNA sintético foram inseridas em algumas amostras antes
da extração do DNA e em diferentes concentrações (~ 600; 6.000; e 60.000 moléculas) para
avaliar seu perfil de recuperação após o sequenciamento. As identificações bacterianas foram
32

realizadas usando o sequenciamento de alto rendimento das regiões V3 / V4 do gene 16S rRNA.
O sequenciamento foi realizado no equipamento MiSeq (Illumina Inc., EUA), usando o kit V2
de 300 ciclos de extremidade única, sem normalização da biblioteca.
As sequências de DNA dos microrganismos foram analisadas através de um pipeline
proprietário (Neoprospecta Microbiome Technologies, Brasil), considerando um máximo de
1,0% de erro acumulado no sequenciamento. Para identificar os microrganismos presentes nas
amostras, as sequências de DNA foram comparadas com um banco de dados contendo outras
sequências de DNA já caracterizadas para as espécies de interesse. Após a aplicação das análises
básicas de bioinformática, os resultados foram carregados na plataforma Neobiome para
visualização.

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.3.1 Desempenho do RAS e do MBBR


Os parâmetros de qualidade da água medidos nos tanques de peixes foram mantidos
dentro dos padrões para as espécies. As concentrações totais de amônia, nitrito e nitrato
atingiram no máximo 1,07 mg / L, 0,46 mg / L e 2,91 mg / L, respectivamente, durante o
experimento (Figura 2).
Nos MBBRs, a temperatura ao longo do experimento oscilou em torno de 26 ° C, o
pH foi ligeiramente básico e a alcalinidade estava em uma faixa ideal para o crescimento dos
peixes e também para os processos de nitrificação e formação de bactérias nos biofilmes (Tabela
3); o oxigênio dissolvido foi mantido em torno de 7,0 mg / L.
33

Figura 2 - Mudanças nas concentrações de compostos nitrogenados nos tanques de peixes


de um sistema de aquicultura em recirculação ao longo do período experimental (n = 124
d), que foi dividido em quatro fases, de acordo com a metodologia.

Durante os primeiros 28 dias do experimento (fase 1 - período inicial), foi observado


um pequeno aumento no NO2- (Fig. 3A e 3B) no MBBR1 e no MBBR2. Considerando o
balanço de equilíbrio de nitrogênio, a amônia produzida provavelmente evaporou da água como
gás de amônia, pois tende a se acumular em pHs e temperaturas mais altos (pH 8,07 e 8,1,
temperatura 25,9 e 25,6 ° C) nesta fase do estudo (Mayo e Hanai, 2014). Nenhuma produção
de nitrato foi registrada durante os primeiros 30 dias (Figura 3C e Figura 3D).
A partir dos 30 dias do experimento (fase 2), observou-se um aumento gradual nos
parâmetros analisados, embora fossem mantidos em baixa concentração (<0,2 mg / L), e não
houve redução nas concentrações de nutrientes ou compostos nitrogenados, isto é, as
concentrações de amônia, nitrito e nitrato foram equivalentes nas amostras de entrada e saída
dos MBBRs.
34

Tabela 3 - Temperatura, pH, concentração de oxigênio dissolvido e alcalinidade das amostras dos diferentes
reatores de biofilme de leito móvel (MBBRs) durante as diferentes fases do experimento (124 dias).
Oxigênio
Temperatura Alcalinidade
MBBR Fase pH Dissolvido
(°C) (mg - CaCO3 /L)
(mg/L)
Fase 1 26,14 ± 0,59 8,07 ± 0,52 120,01 ± 5,52 7,17 ± 0,96

Fase 2 26,12 ± 1,12 7,91 ± 0,51 121,44 ± 4,99 6,98 ± 0,95


1
Fase 3 26,07 ± 0,71 7,88 ± 0,53 129,52 ± 6,28 7,11 ± 0,84
Fase 4 26,11 ± 0,77 7,81 ± 0,36 131,09 ± 4,44 7,01 ± 1,01
Fase 1 26,55 ± 0,64 7,99 ± 0,19 119,85 ± 4,25 7,12 ± 1,39
Fase 2 26,29 ± 0,69 8,1 ± 0,28 118,22 ± 6,11 7,05 ± 1,22
2
Fase 3 26,22 ± 0,46 8,14 ± 0,15 124,17 ± 5,03 7,11 ± 1,15
Fase 4 26,18 ± 0,81 8,17 ± 0,30 128,04 ± 7,05 7,14 ± 1,08
Nota: Os dados representam médias ± desvios padrão (n = 20 amostras)

Figura 3 - Evolução dos compostos de nitrogênio dentro de todos os reatores de biofilme de leito móvel
(MBBRs) utilizados. A) Concentrações totais de amônia e nitrito no MBBR1.
B) Concentrações totais de amônia e nitrito em MBBR2
C) Concentração de nitrato em MB MBBR1. D) Concentração de nitrato em MBBR2.

Somente no dia 55 um aumento na concentração de NO2- foi registrado na saída de


ambos os MBBRs, provavelmente devido à ação das primeiras colônias de bactérias oxidantes
de amônia. Após o aumento da biomassa de peixes (dia 73; fase 3) e consequente aumento de
35

nutrientes na água, foi observado um aumento na concentração de todas as formas de nitrogênio;


os níveis de amônia, nitrito e nitrato aumentaram até 1,0 mg / L. A partir do dia 73, observou-
se uma variação maior nos parâmetros analisados, com uma taxa média de remoção total de
amônia na fase 3 de 21,41 ± 11,43% e 25,37 ± 11,57%, para MBBR1 e MBBR2,
respectivamente.
Considerando que um aumento na concentração de nutrientes estimula a maturação
das colônias de bactérias (Liu et al., 2019), na Fase 4, foi registrado um novo aumento na
biomassa de peixes, resultando em um aumento na biomassa de peixes e nas concentrações de
nutrientes no sistema. Inesperado, ocorreu uma redução nos níveis de nitrogênio e nitrito
amoniacal como resultado de uma maior taxa de remoção de N-NH4+, com valores médios de
54,87 ± 16,24 no MBBR1 e 38,82 ± 11,57 no MBBR2, e uma consequente redução na
concentração de nutrientes na água do peixe. Esse resultado indicou que o aumento da carga de
amônia na fase 3 possivelmente levou a uma maior taxa de crescimento de bactérias oxidantes
de amônia (AOB), enquanto os oxidantes de nitrito (NOB) ainda não estavam desempenhando
um papel importante, provavelmente devido à sua sensibilidade a baixas concentrações de
nutrientes (She et al., 2016), portanto, o acúmulo de nitrito no sistema apresentou efeito
inibitório no crescimento bacteriano (Liu et al., 2019).
Esses resultados são consistentes com os de estudos anteriores nos quais as colônias
de bactérias oxidantes de amônia cresceram mais rapidamente que as bactérias oxidantes de
nitrito e nitrato (Von Ahnen et al., 2015).
Nas Figura 3C e Figura 3D, foram observados aumentos na concentração de nitrato a
partir do dia 76 e mais acentuadamente a partir do dia 100. No mesmo período, observou-se
uma maior quantidade de nitrato entrando no filtro no MBBR1 (entre os dias 73 e 91), mas a
partir do dia 100, esse fenômeno não foi mais observado, resultando em uma inversão das
concentrações de nitrato. A partir do dia 115, observou-se uma concentração mais alta de nitrato
saindo do filtro do que entrando no filtro. No MBBR2, o fenômeno oposto ocorreu a partir do
dia 112, observando-se um consumo de nitrato nesse período.
Esse resultado ocorreu simultaneamente com uma redução nas concentrações de
amônia e nitrito (Fase 4), o que indicou a formação bem-sucedida do biofilme maduro para
nitrificação e algumas atividades de desnitrificação. Assim, foi observada uma provável
indicação de maturação, especificamente no que diz respeito à atividade de bactérias
nitrificantes que seriam capazes de metabolizar os compostos nitrogenados residuais alvo,
principalmente amônia e nitrito. O aumento acelerado nas concentrações de nitrato em MBBR1
36

e 2 representou uma importante taxa de nitrificação, pois esse fenômeno ocorre


simultaneamente com as reduções nas concentrações de amônia e nitrito. Em um estudo anterior
com efluente de truta em um RAS com filtro MBBR, o aumento de nutrientes no suprimento
do sistema também foi responsável por um acúmulo evidente de nitrato, garantido pelo processo
de nitrificação (Von Ahnen et al., 2015).
A absorção de amônia por bactérias nitrificantes é um dos fatores potenciais que reduz
a amônia, principalmente porque é uma fonte preferida de nitrogênio que o nitrato (Mayo;
Hanai, 2014). A nitrificação foi outra causa de remoção do nitrogênio amoniacal, uma vez que
o nitrato aumentou principalmente nas fases 3 e 4 com acumulação até o dia 115. Esses achados
indicam que alguns compostos nitrogenados foram nitrificados em nitrato e, portanto, os
biofilmes contribuíram para a diminuição do nitrogênio amoniacal ao longo do dia. sistema.

2.3.2 Estrutura da Comunidade Microbiana


As comunidades bacterianas presentes nos biorreatores foram avaliadas por análise de
sequenciamento HTS do gene 16rRNA do biofilme formado no meio filtrante e utilizando
imagens de microscopia de fluorescência.
A primeira imagem do biofilme formado foi processada após o final da fase 3 (dia 97).
Nas Figs. 4 A e B, é possível observar a formação de uma baixa biomassa de colônias
bacterianas de maneira dispersa, e as estruturas de fixação do biofilme ainda não foram
identificáveis. Nas Figs. 4C e D, é possível observar colônias bem estabilizadas (no dia 122 do
experimento), especialmente no MBBR1, em que são evidentes as estruturas filamentares e uma
maior diversidade de bactérias no emaranhamento de substâncias poliméricas extracelulares,
isto é, aspectos característicos de um biofilme que se formou com estabilidade e uma grande
quantidade de células viáveis (verde fluorescente).
37

Figura 4 - Imagens de microscopia de fluorescência de biofilmes foram coradas com um Kit


de Viabilidade Bacteriana Live / Dead ® BacLight ™. As células vivas são iluminadas em
verde e as células mortas são iluminadas em vermelho.
A) A formação de biofilme é mostrada no MBBR1 na fase 3. B) Condição de MBBR2 na fase
3. C) Formação de biofilme durante a fase 4 no MBBR1. D) Condição de MBBR2 na fase 4.
A B

C D

O sequenciamento HTS do gene 16S rRNA produziu uma visão mais aprofundada da
comunidade bacteriana nos reatores. Neste estudo, identificamos 14.320 sequências de DNA de
bactérias presentes nas amostras de biofilme. No geral, foram observados 65 grupos (Figura 5)
e 105 espécies bacterianas diferentes foram identificadas nas amostras de biofilme, com
predominância nos gêneros Pseudomonas (21,74%), Nitrospira (15,13%) e Gemmobacter
(11,24%) (Fig. 5).
Como observado na Tabela 4, as espécies desses três grupos que apresentaram maior
abundância de biofilme foram Pseudomonas pseudoalcaligenes (com 199 sequências de DNA
encontradas na amostra), Candidatus Nitrospira defluvii (sequências de 1785) e Gemmobacter
aquaticus (sequências de 1533). Três outros gêneros bacterianos com abundância considerável
também foram encontrados: Devosia, Altererythrobacter e Woodsholea, comumente
encontrados em água doce e em sedimentos marinhos.
38

Figura 5 - Gráfico representando as comunidades microbianas (no nível de gênero) encontradas na


amostra de biofilme. Apenas gêneros com abundância relativa superior a 0,5% em pelo menos uma
amostra, são mostrados.
Todas as demais taxas foram agrupadas na categoria "Outros".

Tabela 4 - Gêneros e espécies mais abundantes presentes nas amostras de biofilme analisadas nas mídias dos
reatores MBBR.
Número de sequencias de
Gênero Espécie
DNA identificadas
Pseudomonas Pseudomonas pseudoalcaligenes 1997
Pseudomonas putida 599
Pseudomonas koreensis 472
Pseudomonas alcaligenes 21
Pseudoclavibacter soli 15
Pseudomonas stutzeri 15
Pseudomonas moraviensis 9
Nitrospira Candidatus Nitrospira defluvii 1785
Nitrospira sp. 381
Gemmobacter Gemmobacter aquaticus 1533
Gemmobacter tilapiae 68
Gemmobacter lanyuensis 9

Assim, essas três espécies representaram 37% de todas as bactérias presentes nos dois
MBBRs. Os desnitrificadores detectados em maior abundância foram dos gêneros
39

Flavobacterium, Nitrospira, Pseudomonas e Rhodobacter. Nitrospira e Pseudomonas


mostraram ser os dois gêneros comuns de NOBs em águas residuais (Daims et al., 2001;
Siripong e Rittmann, 2007). Outros estudos revelaram que Nitrospira, não Pseudomonas ou
Nitrobacter, são os oxidantes dominantes de nitrito em sistemas de águas residuais (Daims et
al., 2001; Zeng et al., 2009).
Atualmente, representantes do gênero Pseudomonas são definidos como bacilos
Gram-negativos levemente curvos, com capacidades oxidativas e aeróbicas positivas, embora
em muitos casos possam usar nitrato como aceitador de elétrons. Este gênero é um dos mais
propensos à degradação de compostos orgânicos potencialmente tóxicos, especialmente as
espécies Pseudomonas putida e P. pseudoalcaligenes (Palleroni, 2010).
O presente estudo demonstrou o grande potencial colonizador dos representantes do
grupo Pseudomonas, principalmente P. pseudoalcaligenes, que foi o mais abundante no
biofilme de ambos os reatores MBBR. Essa espécie também é encontrada tanto em solos quanto
em águas contaminadas, e tem a capacidade de usar uma variedade de compostos de nitrogênio
como fontes de nitrogênio, energia e carbono. Pseudomonas spp. participa diretamente na
biodegradação de compostos nitrogenados e, portanto, seria altamente benéfico e teria potencial
de desinoculação nos sistemas MBBR (Tremaroli et al., 2010).
O gênero Nitrospira, o segundo mais abundante nas amostras de biofilme, desempenha
um papel crucial na nitrificação como um grupo de bactérias com maior capacidade de oxidar
nitrito. Essas bactérias geralmente ocorrem em associação com bactérias oxidantes de amônia
que convertem amônia em nitrito, que é posteriormente oxidado em nitrato por Nitrospira
(Daims et al., 2015). Algumas espécies do gênero Nitrospira catalisam etapas da nitrificação,
como é o caso de Candidatus Nitrospira inopinata, que são chamados de oxidantes completos
de amônia ou organismos "comammox" (Kessel et al., 2015). Em particular, estudos mostraram
que Nitrospira prospera quando as concentrações de substrato são escassas ou quando o sistema
experimenta elevação temporária de nitrito (Huang et al., 2010; Haseborg et al., 2010). O
aumento da concentração de nitrito e a concentração relativamente baixa de amônia observada
no presente estudo demonstraram que o gênero Nitrospira teve as condições ideias para
apresentar uma abundância relativa significativa no biofilme.
Neste estudo, a presença de duas espécies de Nitrospira no biofilme, C. N. defluvii e
Nitrospira sp. foi confirmado. C. N. defluvii é possivelmente a espécie mais relevante
identificada para o funcionamento de filtros biológicos; apresenta características metabólicas
diferentes quando comparada a outras espécies redutoras de nitrito, uma vez que o modelo de
40

metabolismo energético dessa espécie compreende uma cadeia respiratória ramificada para a
oxidação de NO2-, que resulta em uma afinidade com doadores de elétrons de baixo potencial,
como substratos orgânicos (Maixner et al., 2008; Lücker et al., 2010). Embora a capacidade de
desnitrificação desta espécie ainda não tenha sido demonstrada experimentalmente, segundo
Lücker et al. (2010) pode desnitrificar NO2- usando substratos orgânicos como doador de
elétrons. Essa C. N. defluvii apresenta capacidade para um estilo de vida mixotrófico, ou seja,
usar compostos orgânicos, NO2- 'e CO2 para a sobrevivência, demonstra um potencial
importante para a colonização de biorreatores nitrificantes e desnitrificantes.

2.4 CONCLUSÃO
A maturação dos MBBRs ocorreu após 97 dias de início e, ao final do experimento
(124 dias), três gêneros de bactérias foram identificados como os mais abundantes, com duas
espécies desses gêneros, Pseudomonas e Nitrospira, ou seja, P. pseudoalcaligenes e CN defluvii,
sendo os representantes com maior potencial para metabolizar compostos nitrogenados.
Destacou-se a presença abundante, sem inoculação inicial, de C. N. defluvii, pois é descrita
como uma das bactérias mais relevantes para processos específicos de nitrificação.

Agradecimentos
O Autor Agradece ao Laboratório Central de Microscopia Eletrônica - UFSC (LCME)
por imagens de microscopia. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento
001.

2.5 REFERÊNCIAS

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43

3 CAPÍTULO II – SEGUNDO ARTIGO


Este artigo foi formatado de acordo com as normas da revista Aquacultural Engineering.

Dinâmica da qualidade da água no sistema MBBR para diferentes condições de


Fração de Enchimento (FF) e vazão no Sistema de Aquicultura de Recirculação

Dynamics of water quality in MBBR system for different conditions of Filling


Fraction (FF) and flow on Recirculation Aquaculture System

Leonardo Schorcht Bracony Porto Ferreiraa,b *, Katt Regina Lapab, Alex Pires de Oliveira
Nuñera, b
a
Laboratory of Biology and Freshwater Fish Cultivation, Federal University of Santa Catarina,
Florianopolis, 88066-260, Brazil.
b
Aquaculture Department, Federal University of Santa Catarina, Florianópolis 88034-001,
Brazil.
* Corresponding author. Email address: leo.portoferreira@hotmail.com (Ferreira, L. S. B. P.).
Laboratory of Biology and Freshwater Fish Cultivation, Federal University of Santa Catarina,
Florianopolis, 88066-260, Brazil, Brazil. 55+48999342598

Resumo
O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto do tempo de retenção hidráulica (TRH) e da
Fração de enchimento (FE) no desempenho de biorreator de leito móvel (MBBR) para o
tratamento da água em um cultivo de tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus). Foram avaliados
duas TRH (Alta e Baixa) e três frações de enchimento de suporte FR de 60%, de 45% e de 15%.
Foram utilizados 6 tratamentos esquema fatorial 3x2, onde foram avaliados os parâmetros
NH4+, NO2-, NO3-, N-Total, P-total e % de células bacteriana vivas. As taxas de remoção no
biorreator de amônia e o nitrito foram as que mais sofreram influência da TRH, quanto maior a
TRH mais eficiente foi remoção destes compostos. Foi observada influência do dos fatores na
quantidade de célula bacteriana viáveis no biofilme, indicando que as células bactérias possuem
capacidade adaptativa as condições operacionais do MBBR. Esse é o primeiro trabalho que
descreve os efeitos na qualidade da água variando FE e TRH em RAS.
44

Abstract
The objective of this study was to evaluate the impact of hydraulic retention time (HRT) and
drilling fraction (FE) on the performance of the moving bed bioreactor (MBBR) for the
treatment of water in the cultivation of nile tilapia (Oreochromis niloticus). Two TRHs (High
and Low) and three fractions of FR support support were reduced by 60%, 45% and 15%. Six
treatments of the factorial factor 3x2 were used, where the parameters NH4 +, NO2-, NO3-, N-
Total, P-total and% of live bacterial cells were used. As ammonia and nitrite bioreactor removal
rates were the ones that most influence HRT, the higher the HRT the more efficient the removal
of substances used. It was observed that bacterial cellulite factors are not viable in biofilm,
including those that celiac bacteria have adaptable capacity as operational conditions of MBBR.
This is the first work that describes the effects on water quality varying FE and HRT in RAS

3.1 INTRODUÇÃO
O crescimento da indústria aquícola, nas últimas décadas, tem estimulado a produção
intensiva de organismos aquáticos, o que gera resíduos mais concentrados que podem levar a
problemas de poluição, com a consequente degradação dos ecossistemas aquáticos e da
qualidade de água de ambientes de cultivo (Turcios and Papenbrock, 2014).
Os sistemas de recirculação da aquicultura (RAS) para a produção de peixes
confinados são uma alternativa potencialmente sustentável em comparação com os sistemas
tradicionais, pois reduzem as necessidades de água e limitam a concentração de nutrientes
descarregados nos efluentes. (Brown et al., 2013).
Os RAS requerem filtros biológicos para oxidar amônia e nitrito tóxicos e aerar a água
para remover o dióxido de carbono e aumentar as concentrações de oxigênio (Ebeling, 2000).
Os biofiltros nitrificantes tendem a manter as concentrações de amônia e nitrito abaixo
dos níveis tóxicos, a nitrificação é um processo de duas etapas no qual a amônia é oxidada em
nitrito pelas bactérias oxidantes de amônia (AOB) e o nitrito é oxidada em nitrato pelas
bactérias oxidantes de nitrito (NOB). A sensibilidade da AOB e NOB a uma ampla variedade
de fatores ambientais é bem conhecida, tanto que a nitrificação foi considerada uma das maiores
barreiras ao tratamento de águas residuais (Daims et al., 2006). As bactérias nitrificantes estão
presentes principalmente no biofilme e têm um papel importante no controle da qualidade da
água, convertendo nitrogênio amoniacal em nitrito e posteriormente em nitrato. Ou seja, a
nitrificação ocorre no biofilme e sua eficiência está relacionada a uma série de parâmetros,
45

como substrato, concentração de oxigênio dissolvido e matéria orgânica, temperatura, pH,


salinidade e tempo de retenção de água. (Chen et al., 2006).
A eficiência da nitrificação em sistemas com biorreatores também está relacionada à
comunidade de microrganismos presentes no biofilme e, quando se conhece os tipos de
bactérias nitrificantes presentes, é possível observar com mais facilidade se as condições físicas
e químicas do efluente são mais apropriadas para se alcançar a eficiência do sistema.
(MADIGAN e MARTINKO, 2006).
Embora a amônia seja o principal produto catabólico nos peixes, os efluentes da
aquicultura também carregam nitrato formado pela nitrificação microbiana. Embora a remoção
eficiente de nitrato seja menos crítica para a saúde dos peixes, sua descarga pode prejudicar e
contaminar ecossistemas aquáticos sensíveis (Howarth and Marino, 2006). Na recirculação da
aquicultura, o nitrato se acumula ao longo do tempo (Van Rijn, 1996) e pode prejudicar os
peixes no cultivo, reduzindo o consumo de ração e consequentemente o crescimento (Schram
et al., 2014) .
O biorreator de leito móvel, conhecido como MBBR (Moving Bed Biofilm Reactor) é
uma tecnologia desenvolvida para melhorar o desempenho e aumentar a capacidade de carga
das estações de tratamento existentes, sem que grandes obras de adaptação sejam
implementadas (QIQI et al., 2013; ØDEGAARD et ai., 1994). Esta tecnologia é baseada na
união de biomassa aderida e sistemas de massa biológica suspensa livre. Dentro dos biorreatores
MBBR, os meios de suporte poliméricos móveis, também chamados de biomídia ou
simplesmente meios, são colocados e mantidos em suspensão, que são o ponto central dessa
tecnologia.
As mídias são mantidas em suspensão por aeração ou através de um misturador, e
apresentam alta mobilidade no biorreator e exposição constante e contato com o efluente. A
adição de mídia ao biorreator é uma maneira de aumentar a área de crescimento de biofilme e
melhorar sua eficiência. A quantidade de material de suporte é conhecida como Fração de
Enchimento (FE), que é calculada usando a razão entre o volume ocupado pelo meio e o volume
total do reator (Salvetti et al., 2006) , ou seja, representa a espaço ocupado pelas partes dentro
do reator
Os primeiros trabalhos sobre a tecnologia MBBR já se baseavam na ideia de que a
remoção de nutrientes poderia ser mais eficiente com o aumento da fração de suporte (Rusten
et al., 1995; Tomaszek e Grabas, 2007). Wang et al., (2005) afirmaram que existe um volume
ideal de suportes associados a cada biorreator, pois testes com vários FEs de suporte (de 10 a
46

75%) em reatores biológicos alimentados com efluente sintético mostraram uma diminuição
nos níveis de demanda química de oxigênio em frações de 50% da carga de suporte. Calderón
et al., (2012) concluíram que a FE foi o fator operacional de maior influência na estruturação
e equilíbrio da comunidade bacteriana e na estrutura do biofilme.
Outro parâmetro importante para a operação dos biorreatores é o Tempo de Retenção
Hidráulica (TRH), que pode ser definido como uma relação entre o volume dos biorreatores e
o fluxo de alimentação de efluentes ou, no caso de RAS, o fluxo de recirculação ou o tempo
que o efluente permanece dentro do biorreator. A TRH está sujeita a variações dependendo do
efluente utilizado (Ødegaard, 2006). Além disso, tempos mais longos para o processo de
nitrificação mais complexo são usados devido ao lento crescimento das bactérias ativas (Rusten
et al., 2006). Sistemas caracterizados com altos valores de TRH, podem propiciar o processo
de nitrificação, uma vez que há tempo suficiente para o desenvolvimento de bactérias
quimiolitoautotróficas ativas na nitrificação (Dezotti et al., 2011).
Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho no tratamento de efluentes
da aquicultura em RAS em biorreator de leito móvel MBBR para diferentes condições de taxas
de retenção hidráulica e fração de fração de suporte no cultivo de tilápia (Oreochromis niloticus).

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

3.2.1 Configuração e operação experimental do MBBR


O experimento foi conduzido no Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água
Doce (Universidade Federal de Santa Catarina), utilizando um RAS piloto. O sistema consistia
em cinco tanques com volume útil de 200 L com peixes (total de 1.000 L), acoplados a dois
MBBRs (250 L cada) em série e com aeração (para agitação e oxigenação), com dois tanques
de suplementação de alcalinidade (100 L cada, compostos por concha de ostra) para compensar
o consumo de alcalinidade durante o processo de nitrificação sem afetar a qualidade da água.
Os reatores foram preenchidos com mídias do tipo polipropilen Nanoplastic® com uma área
superficial específica de 687 m2 / m3, Altura/Diâmetro: 15mm x 30mm, Após os biorreatores,
a água era direcionada para uma caixa de 200 L com uma bomba submersa para recirculação
da água com auxílio de uma caixa (100 L) com reservatório e bomba submersa para distribuição
de água (Figura 6). A temperatura da água foi mantida com o uso de aquecedores.
47

Figura 6 - Diagrama esquemático do sistema de recirculação (RAS) construído, bem como suas estruturas e
pontos de monitoramento.

Antes do início da fase experimental, o sistema ficou funcionando, com peixes, por
um período de 125 dias para colonização biológica de biofiltros. Após a estabilização dos
principais parâmetros, os peixes que estavam no sistema para maturação dos filtros foram
removidos e novos peixes foram alocados no sistema. Estes novos peixes foram coletados em
uma cultura mantida separada. A partir do novo momento, a fase de testes experimentais
começou. Nesta fase, foram testadas três frações de enchimento (FE) do mídias no biorreator,
de 60% (FE60), 45% (FE45) e 15% (FE15) do volume total do reator e dois tempos de retenção
hidráulica (ALTA e BAIXA), primeiro com 292,27 ± 0,86 L / hora (ALTA) e depois com 586,60
± 2,58 L / hora (BAIXA). Ou seja, quanto menor a vazão de recirculação do sistema maior será
o tempo de retenção hidráulica (TRH).
O delineamento experimental utilizado foi em esquema fatorial 2x3, resultando em
seis tratamentos com cinco repetições ao longo do tempo em cada tratamento. O experimento
foi realizado durante um período de 150 dias em que cada tratamento foi realizado em 25 dias
(Tabela 5). Em cada início e fim de cada tratamento, foram realizadas biometrias; no final de
cada tratamento, todos os peixes foram substituídos por amostras de peso semelhantes para
garantir a mesma biomassa entre os tratamentos (Tabela 6).
48

Tabela 5 - Etapas do delineamento experimental, em que foram comparadas três frações diferentes de
enchimento (FE) dos biorreator (FE60: 60%, FE45: 45%; FE15: 15%) e dois tempos de retenção hidráulica
diferentes - TRH (Alto e Baixo).
Tempo de Fração de enchi- Taxa de Retenção Hidráulica
Tratamentos
cada estágio mento (FE) (TRH)
T1 25 Dias F60 ALTO
T2 25 Dias F60 BAIXO
T3 25 Dias F45 ALTO
T4 25 Dias F45 BAIXO
T5 25 Dias F15 ALTO
T6 25 Dias F15 BAIXO

Os alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), adquiridos de um produtor


comercial, foram armazenados em cinco tanques circulares de 200 L cada um, com uma
biomassa inicial total de T1: 5,8, T2: 5,75, T3: 5,83, T4: 5,74, T5: 5,84 e T6: 5,80 kg / m³ em
cada fase de tratamento. Foram estocados 110 peixes com peso inicial médio ~ 100g (Tabela
6). Os peixes, em todos os tratamentos, foram alimentados com dieta comercial (Guabi, Aqua,
Brasil, 5,0 mm), com perfil nutricional medido e conteúdo garantido: umidade 10%, proteína
32%, gordura 6,5%, matéria mineral 14%, fósforo 6 % de sódio 1,85%, fibra bruta 6%, vitamina
A8000 UI, vitamina D3 2250 UI, vitamina E; e micronutrientes ( de acordo com o produtor):
Cu 0,01%, ferro 0,06%, manganês 0,03% e zinco 0,1%. Os peixes foram alimentados de acordo
com sua biomassa (ou seja, 5% do seu peso vivo). A alimentação foi dividida em duas ofertas
diárias, oferecidas às 10h e 16h.

3.2.2 Métodos Analíticos


As amostras de água foram coletadas nos tanques de peixes (P1), na entrada (P2) e na
saída (P3) dos reatores em serie (Figura 6), e imediatamente filtradas através de um filtro de
fibra de vidro (Whatman, GF / C; 1,0 mm). As concentrações de N-NH4+, NO2-, NO3-, N-total
e P-total foram determinadas usando o Método de Fenato 4500 F e os Métodos 4500-NO2-B e
4500-NO3-B, respectivamente (APHA, 2005). A DQO foi analisada de acordo com o método
14XXXCOD Demanda Química de Oxigênio (DQO) por Oxidação com Dicromato e
Fotometria pela Merck®. As amostras foram coletadas a cada cinco dias, representando cinco
repetições para cada tratamento e cada parâmetro coletado. O oxigênio dissolvido (OD), pH e
temperatura foram monitorados diariamente usando um medidor portátil (YSI550 A, YSI, EUA)
dentro dos tanques de peixes e na saída do biorreator.
49

A eficiência da remoção de nutrientes no biorreator foi calculada usando os resultados


das amostras coletadas na entrada P2 do biorreator e P3 na saída, conforme a equação:

S0 - Sf
ƞ (%) = ___________ x 100
S0

onde,
ƞ: Eficiência de Remoção DQO, N-NH4+, NO2-, NO3-, P-total e N-total (mg/l);
S0: Concentração Inicial (P2) de DQO, N-NH4+, NO2-, NO3-, P-total e N-total (mg/
l);
Sf: Concentração Final (P3) de DQO, N-NH4+, NO2-, NO3-, P-total e N-total (mg / l).

3.2.3 Microscopia e Ensaios de Viabilidade bacteriana LIVE / DEAD® BacLightTM


Amostras de biofilme foram coletadas em dez meios de biorreatores ao final de cada
tratamento. Eles foram colocados em uma lâmina de vidro e corados com kits de viabilidade
bacteriana LIVE / DEAD® BacLightTM, que foram utilizados de acordo com as instruções do
fabricante (Invitrogen, Carlsbad, CA, Estados Unidos). O volume de reagente contendo uma
mistura de corante SYTO 9 (ácido nucleico verde fluorescente) e iodeto de propídio (vermelho
de ácido nucleico fluorescente) foi adicionado ao mesmo volume de amostra de bactérias,
misturado e incubado no escuro à temperatura ambiente por 15 minutos. As células foram então
observadas e contadas usando um microscópio fluorescente com filtros na faixa de 480/500 nm
para coloração com SYTO9 e 490/635 nm para iodeto de propídio. O corante SYTO 9 tende a
manchar todas as bactérias da população, enquanto o iodeto de propídio penetra apenas nas
paredes celulares das bactérias danificadas, mostrando bactérias "vivas" como bactérias verdes
e "mortas" como vermelhas (Ge et al., 2015; Hoang et al. 2014). Cada amostra foi processada
e analisada individualmente em microscopia de fluorescência com lente objetiva (HCX PL
FLUOTAR 100.0x1.30 OIL; ampliação = 40x).
Para avaliar as imagens geradas por microscopia e verificar a taxa de células vivas, as
imagens foram submetidas a uma análise biomatemática, onde foram transformadas e
calibradas para imagens de 8 bits com 256 em escalas de cinza. Após esse processo a quantidade
de pixels da imagem que representava as cores verde e vermelha, respectivamente,
representando células vivas e mortas, foram contabilizadas. As imagens foram analisadas
50

usando o programa ImageJ 1.52a National Institute of Health, USA. Posteriormente, foi
calculada a porcentagem de células vivas em relação às células mortas.

3.2.4 Estatística
Os dados sobre eficiência de remoção de nutrientes e DQO (ƞ), concentração de
nutrientes (N-NH4 +, NO2-, NO3-, P-total e N-total) nos tanques de peixes (P1) e DQO (P2)
na entrada do o biorreator e as células vivas (%) foram submetidas à análise de variância e as
médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância, utilizando o software
STATISTICA 11 (software de análise de dados), versão 10, StatSoft, Inc. (2011). Os dados
percentuais foram transformados em √P / 100 arco seno para fins de análise, com as médias
originais sendo apresentadas nos resultados.

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO


Os resultados experimentais mostrados indicam que a mudança na fração de
preenchimento do meio no biorreator com diferentes níveis de tempo de retenção hidráulica
influenciou os parâmetros de qualidade da água no cultivo da tilápia, influenciou a capacidade
do biorreator de remover nutrientes e DQO e fez alterações na estrutura do biofilme.
A sobrevivência dos peixes e o bem estrar não sofreram interferência e estiveram
dentro dos padrões da espécie em cultivo, a sobrevivência esteve ao final de cada tratamento
próxima dos 100% e a mortalidade encontrada nos tratamentos 5 e 6 não tiveram relação com
parâmetros avaliados (Tabela 6). O peso final alcançado entre os tratamentos não apresentou
diferença e esteve dentro dos padrões para a espécie. A biomassa inicial dos tratamentos foi
mantida praticamente igual (~ 5,80 kg/m3) e o peso inicial médio dos peixes foi de (~100 g).
51

Tabela 6 - Representação dos resultados da biomassa inicial dos peixes, peso inicial médio dos peixes,
peso final médio e sobrevivência.
TRH: ALTO TRH: BAIXO

FF60 FF45 FF15 FF60 FF45 FF15


Biomassa Ini-
5.80 (T1) 5.83 (T3) 5.84 (T5) 5.78 (T2) 5.74 (T4) 5.80 (T6)
cial (kg/m3)

Peso Inicial (g) 100,25±5,79 100,64±10,4 100,83±10,58 99,76±9,38 99,22±10,07 100,23±8,21

Peso Final (g) 130,12±29,94 147,26±26,12 130,42±24,88 134,72±25,92 154,64±23,75 125,36±29,55

Sobrevivência
100 100 98.18 100 100 96.36
(%)

Em relação aos parâmetros mensurados diariamente, os tempos de retenção hidráulico


(TRH) definidos (Tabela 7), se mantiveram nos valores próximos de ~ 290 l/h para a vazão
baixa e 585 l/h para a vazão alta. Representando aproximadamente o dobro uma da outra. A
temperatura se manteve estável ao longo de todo período experimental variando em uma faixa
de 24 a 25 ºC aproximadamente. Zhu e Chen (2002) ao testarem taxa de nitrificação com
efluente em diferentes temperaturas mostraram que temperaturas de 14 a 27 ° C não
apresentavam um impacto significativo na taxa de nitrificação. Uma menor taxa de nitrificação
foi observada apenas na temperatura mais baixa testada, 8 ºC
A alcalinidade média durante o período experimental esteve em uma faixa que variou
de 125,03±6,33 até 143,49±7,13 nos diferentes tratamentos. Não sendo observada influências
significativas na alcalinidade entre os diferentes TRHs e FEs, valores também registrados como
uma boa faixa de valores para um funcionamento adequado MBBRs, conforme Summerfelt et
al. (2015).
Os valores de pH apresentados na Tabela 7 ficaram na faixa de 8,03±0,22 a 8,16±0,27
ao longo do experimento, não sendo observada nenhuma alteração por conta dos tratamentos.
O oxigênio dissolvido (OD) esteva na faixa de 6,41±0,82 a 6,93±0,34 e não apresentou
diferenças significativas entre os diferentes tratamentos, demonstrando que os aeradores
colocados no biorreator foram suficientes para incorporação de oxigênio na água e garantindo
que os níveis de OD na água fossem mantidos.
Wang et al. (2006) recomendam que o oxigênio dissolvido (OD) em biorreatores seja
mantido acima de 2 mg/L para remoção eficiente do DQO. Eles também apontam que,
diminuindo a OD 2 para 1 mg/L, a redução na remoção de DQO diminuiu 13%. Por outro lado,
o aumento do OD de 2 para 6 mg / L, melhora a eficiência da remoção de DQO em apenas
5,8%. A maior eficiência na remoção de N foi quando o OD esteve mantido alto. Em outro
52

estudo, Schubert et al. (2013) também observaram que, com o crescimento do biofilme, a
concentração de OD diminui rapidamente devido à maior atividade bacteriana. Assim, neste
trabalho, as concentrações de OD foram mantidas acima de 6 mg / L para garantir o oxigênio
necessário à nitrificação.

Tabela 7 - Resultados dos parâmetros físicos e químicos de tempo de retenção hidráulica (TRH), temperatura
(ºC), alcalinidade (mgCaCO3 / L), pH e oxigênio dissolvido (mg / L), medidos diariamente nos diferentes trata-
mentos.
Vazão T Alcalinidade
Tratamentos pH DO (mg/l)
(l/h) (ºC) (mgCaCO3/l)
TR1 293,18± 5,92 24,51±0,76 130,05±5,25 8,06±0,33 6,41±0,82

TR2 584,18± 9,72 24,97±0,75 125,03±6,33 8,10±0,13 6,57±0,44

TR3 291,47± 7,67 25,46±0,78 143,49±7,13 8,16±0,27 6,93±0,34

TR4 586,314± 9,90 25,77±0,91 140,60±4,55 8,14±0,02 6,68±0,57

TR5 292,15± 6,85 25,59±0,58 133,29±4,23 8,07±0,18 6,77±0,41

TR6 589,31± 6,24 25,63±0,77 137,48±6,21 8,03±0,22 6,89±0,52

Conforme é demonstrado na Figura 7, os valores de N-NH4+ nos tanques com os


peixes (P1) variou de 0,114 mg L a te 0,770 mg/L tendo um pico de concentração no 95° dia de
experimento. Os valores mais baixos foram observados durante o período do em que a TRH
estava BAIXA e com FE 45 e FE15 (Tabela 7 A). Os valores de NO2- durante o período
experimental variaram em uma faixa de 0,110 mg / L a 1,139 mg /L, onde o maior valor foi
observado no dia 125 de experimento, início do tratamento 5 (TRH: ALTO; FE:15).
O período em que em que o sistema operava com TRH Alto com FE45 (dia 55 a 70) e
com FE15 (dia 105 ao 125), foi registrado um valor de nitrito superior ao da amônia, indicando
que ocorre um acúmulo de nitrito nessas condições e portanto, o acúmulo de nitrito no sistema
pode apresentar efeito inibitório no crescimento bacteriano (Liu et al., 2019). Na sequência,
após o dia100 de cultivo, os níveis de nitrito se mantiverem sempre superiores aos valores de
amônia.
Os parâmetros NO3-; N-total e P-total representados na Figura 7 B, apresentaram
características acumulativas no sistema como um todo. No entanto em algumas condições de
operação do sistema o nitrato acompanhado do N-total apresentou redução em suas
concentrações de forma visível e de forma geral apresentaram tendência de redução em
estabilidade nos períodos que variaram do dia 55 ao dia 125 onde houve redução e estabilização
respectivamente.
53

Figura 7 - Gráficos demonstrando o comportamento dos parâmetros:


(A) N-H4+, NO2-, (B) NO3-; N-total e P-total monitorados nos tanques
dos peixes (P1).

Conforme apresentado na Tabela 8, os valores analisados de DQO na entrada do filtro


nos diferentes tratamentos, variaram de 129.78 ± 11.13 durante o TR1 até 147.10 ± 2.5 no TR¨.
Já na saída do MBBR os valores de DQO variaram de 116.30 ± 12.15 no TR2 até 127.79 ± 4.38
no TR6. Os valores indicam uma regularidade nas variações do parâmetro DQO, os valores
mais altos podem indicar um maior desprendimento de partículas dos filtros e do reservatório,
e possivelmente servindo de alimento para os peixes em cultivo (TIMMONS; EBELIMG,
2010).
54

Tabela 8 - Resultados dos valores de DQO (mg/l) medidos nos diferentes Tratamentos.

DQO (mg/l)
Tratamentos
P2* P3**
TR1 129.78 ± 11.13 116.46 ± 17.59
TR2 144.6 ± 3.06 116.30 ± 12.15
TR3 145.60 ± 2.15 116.46 ± 1.80
TR4 141.10 ± 3.30 124.62 ± 4.24
TR5 143.10 ± 1.09 120.46 ± 1.86
TR6 147.10 ± 2.5 127.79 ± 4.38
*
Entrada do MBBR.
**
Saída do MBBR.

Na Tabela9 a baixo são apresentados os valores da eficiência de remoção de nutrientes


do Biorreator (ŋ %) para os parâmetros de amônia (N-NH4+), nitrito (NO2-), nitrato (NO3-),
nitrogênio total (N-total), fosforo total (P-total) e demanda bioquímica de oxigênio (DQO). Os
valores são apresentados com médias ± desvio-padrão e são comparados, ao nível de
significância de 5%, em relação as interações e efeitos das variações do TRH (Baixo e Alto) e
da FE (FE60, FE45 e FE15) de mídias. A eficiência de remoção dos nutrientes durante o período
experimental variou significativamente, desde valores altos de mais de 90% até valores bem
baixo e próximos de zero.
Foi observada efeito e influências das mudanças no TRH para a amônia e para a
porcentagem de células vivas. Os outros parâmetros não sofreram efeito pela mudança no TRH.
O fator FE apresentou efeito sobre as os parâmetros amônia, nitrato, N-total e % de células
vivas.
Os parâmetros amônia, nitrito, nitrato, N-total, DQO e % de células vivas,
apresentaram alterações com a interação dos fatores TRH e FE. Ou modificações em conjunto
com tempo de retenção somados as frações de enchimento influenciaram quase todos os
parâmetros citados.
Interação entre condições operacionais, como TRH e FE já foram estudas por Calderón
et al. (2012) Estudaram o efeito da fração de enchimento (FE) e o tempo de retenção hidráulico
(TRH) no desempenho do biofiltro em MBBR. No estudo a FE teve um efeito direto na estrutura
da comunidade microbiana, enquanto o tempo de retenção hidráulica (TRH) não influenciou.
Em MBBRs Wang et al., (2005) estudando aguas residuais verificaram que com FR > 50%
existe uma maior restrição do movimento dos mídias no biorreator e um aumento das colisões,
no entanto as forças de abrasão entre as partículas transportadoras, tendem a levar à seleção de
55

bactérias capazes de crescer mais e com mais estabilidade sob essas condições (Martin-Pascual
et al. 2012; 2014).

Tabela9- Valores médios (± DP) dos parâmetros químicos e biológicos da água ao longo do experimento,
utilizando diferentes tempos de retenção hidráulica (TRH) Alta e Baixa, adicionando diferentes Frações de
Enchimento de mídias (FE) no biorreator (60%, 45% e 15%).
Fração de Enchimento (FE)
Variáveis TRH (L/h)
FE60 FE45 FE15
Alto 37,86 ± 7,35 bA 65,76 ± 8,6 aA 48,96 ± 4,12 bA
N-NH4+ (ƞ %)
Baixo 36,83 ± 3,55 aA 43,98 ± 9,32 aB 35,04 ± 7,98 aB
Alto 32,97 ± 12,27 bB 66,12 ± 3,79 aA 42,46 ± 3,60 bA
NO2- (ƞ %)
Baixo 47,57 ± 6,46 aA 40,78 ± 10,25 aB 37,38 ± 16,37 aA
Alto -5,14 ± 8,96 aB 4,51 ± 11,81 aA -3,29 ± 5,32 aA
NO3- (ƞ %)
Baixo 7,65 ± 10,15 aA 4,34 ± 5,68 aA -10,55 ± 7,28 bA
Alto 0,93 ± 3,58 bB 31,7 ± 11,55 aA 13,33 ± 5,72 bA
N-total (ƞ %)
Baixo 27,21 ± 4,82 aA 35,75 ± 16,87 aA 1,69 ± 6,77 bA
Alto 4,43 ± 8,34 8,33 ± 4,23 4,62 ± 2,56
P-Total (ƞ %)
Baixo 3,42 ± 4,17 4,76 ± 1,32 0,90 ± 1,60
Alto 10,58 ± 7,46 bB 20,01 ± 0,47 aA 15,82 ± 1,24 abA
DQO (ƞ %)
Baixo 19,42 ± 10,12 aA 11,62 ± 4,24 aB 13,14 ± 2,10 aA
Alto 90,45 ± 2,36 a 88,41 ± 2,60 a 73,47 ± 4,65 b
Células Vivas (%)
Baixo 86,88 ± 6,20 a 74,58 ± 3,54 b 73,43 ± 2,81 b
ANOVA two-way
Células
Fatores N-NH4+ NO2- NO3- N-Total P-Total DQO
Vivas
TRH < 0,001 0,1594 0,5708 0,0827 0,0977 0,7153 < 0,001
FE < 0,001 0,0076 0,0188 < 0,001 0,1645 0,8623 < 0,001
TRH x FE 0,0120 < 0,001 0,0445 < 0,001 0,7417 0,0062 0,0018
* Efeito TRH: Representa o efeito dos diferentes tempos de retenção hidráulica nos parâmetros analisados, p<0,05
representa que houve efeito.
** Efeito FE: Representa o efeito das diferentes frações de enchimento de suporte (FE) nos parâmetros analisados,
p<0,05 representa que houve efeito.
*** Interação (TRH x FE): Representa se houve interação entre os diferentes tempos de retenção hidráulica e
fração de enchimento nos dos parâmetros mensurados.
Os dados representam médias ± desvios padrão (n = 5 amostras). Letras minúsculas representam diferenças
significativas entre as três frações de enchimento (FE60, FE45 e FE15) e uma única TRH (Alto ou Baixo). Letras
maiúsculas representam diferenças entre as duas TRH (Alto e Baixo) para uma única FE (FE60 ou FE45 ou FE15).
56

Os gráficos apresentados a baixo (Figura 8), descrevem as interações de forma


detalhada entre as diferentes Frações de Enchimento de mídias (FE) e os diferentes Tempos de
Retenção Hidráulico (TRH). Na figura Figura 8 A, é possível observar que a eficiência de
remoção de N-NH4+ no biorreator é maior quando o TRH é mais ALTO e a FE é de 45%
chegando a um valor de 65,76 ± 8,6 % de remoção do nutriente. Ainda assim, se o biorreator
for operado em TRH baixa não existe diferença significativa na utilização de qualquer uma das
FE testada, ou seja, alterações nas frações de enchimento influenciam na eficiência de remoção
da amônia em TRH alta.
Em um estudo realizado por Gu et al., (2014) foi avaliada diferentes FR com
tratamentos de 20%, 30%, 40%, 50% e 60% e observou-se que FR de 50% alcançou a eficiência
máxima de remoção de DQO e N-NH4+, quando comparado aos outros tratamentos. Essa
eficiência de remoção melhor em altos TRH para a amônia total é atribuída, ao maior contado
do efluente com as bactérias, resultando em um maior tempo de reação, é formado também uma
maior área de fixação para as colônias bacterianas (Barwal e Chaudhary, 2014; Magdum e
Kayanraman, 2019).
Com o mesmo comportamento da amônia total, na figura Figura 8B, é apresentada a
eficiência de remoção de NO2- (Nitrito) no biorreator, onde se observa que com o TRH Alto e
FE45 a taxa de remoção foi de 66,12 ± 3,79 superior as outras condições experimentais. A
eficiência de remoção de nitrito em condições de baixa TRH não sofre influência com a troca
da FE, ou seja, independente da fração de enchimento a eficiência remoção de nitrito não se
altera.
Mesmo que os valores de eficiência de remoção da amônia e do nitrito tenham apre-
sentado diferenças significativas nos diferentes tratamentos, eles estiveram sempre em faixas
bem aceitadas para sistemas de recirculação na aquicultura (Summerfelt et al., 2015; Kamstra
et al., 2017).
Os valores de eficiência na remoção de nitrato são apresentados na Figura 8C e
demonstram uma baixa eficiência, estando os resultados próximos de zero independente do
tratamento. Em condições de TRH alta e com FE de 15% foi observado que os valores de
nitrato, no sistema, estiveram inferiores que os outros tratamentos, indicando um ponto em que
ocorre acúmulo mais intenso desse nutriente.
Em um estudo com efluente de truta arco-íris em um RAS com filtro MBBR, o
aumento de nutrientes foi o principal responsável por um acúmulo ao longo do tempo de nitrato,
realizado pelo processo de nitrificação (Von Ahnen et al., 2015). O parâmetro N-total tem os
57

resultado de eficiência de remoção demonstrado na Figura 8D, onde foi observada influência
da FE sobre a eficiência de remoção do nutriente (p<0,05), Pois com FE45 tanto faz a TRH
(baixa ou alta) e a eficiência fica próxima de 35%. Com FE60 e TRH baixa, a eficiência de
remoção foi superior aos demais. Ao utilizar a FE 15% não foi observada diferença significativa
quando se altera o TRH. Provavelmente porque existia pouca área superficial de contato
efluente/bactéria, resultando em uma reduzida eficiência de remoção (Magdum e Kayanraman,
2019) para TRH.
O parâmetro fosforo total (Figura 8E) não sofreu mudanças significativas (p>0,005)
com as alterações nos fatores testados e os valores estiveram próximo de zero. Resultando em
um acúmulo de fósforo no sistema, independentemente dos tratamentos realizados
Os esforços para reduzir as concentrações de fósforo nos sistemas de aquicultura tra-
taram principalmente de melhorar a biodisponibilidade do fósforo na alimentação dos peixes,
pois as rações possuem um teor de fosforo muito elevados (Barak e Van Rijn, 2000). A efici-
ência de remoção do fosforo em RAS é limitada conforme aumentam as concentrações de ni-
trato, normalmente pela ação das bactérias nitrificantes. E o consumo de fosforo total no sis-
tema é mais celerado quando ocorre a desnitrificação com consumo de nitrato por bactérias que
utilizam o fosforo para formação bacteriana (Barak and Van Rijn, 2000)
Para a demanda química de oxigênios (DQO), observada na Figura 8 F. O valor de
eficiência de remoção de DQO em TRH alto com FE60 é inferior as demais frações de
enchimento, em TRH baixo os valores de eficiência de remoção não sofrem alteração na
modificação das FE. Ainda em TRH baixo não foi observada diferença entre as diferentes FE.
58

Figura 8 - Gráfico representando as diferentes comparações entre cada nutriente analisado os tratamentos e as
taxas de eficiência de remoção (%) do biorreator. Letras diferentes indicam diferenças estatísticas entre os
tratamentos e são comparados apenas dentro de cada nutriente (p < 0,05). Valores expressos em média ± desvio
padrão. Letras minúsculas representam diferenças significativas entre as três frações de enchimento (FE60, FE45
e FE15) e uma única TRH (Alto ou Baixo). Letras maiúsculas representam diferenças entre as duas TRH (Alto e
Baixo) para uma única FE (FE60 ou FE45 ou FE15).

Em um estudo com efluente sintético utilizando MBBR no tratamento, Magdum e Ka-


yanraman (2019) avaliaram conjuntamente, assim como esse estudo, a Fração de enchimento
de mídias (FE) e o Tempo de Retenção Hidráulico (TRH) e afirmaram que a mediada que a FE
e o TRH aumentavam, houve efeito notável na retenção de N-NH4+ e DQO. Esse aumento de
eficiência de remoção foi associado ao maior tempo de reação e mais área de superfície dispo-
nível para nitrificação, chegando a uma conformação ótima de TRH de 3 h, com FE de 43%.
Outros estudos também exploram e afirmaram que o aumento da TRH está correlacionado com
uma redução no conteúdo de DQO, nitrogênio e fósforo devido ao maior tempo de exposição
59

do conteúdo do reator à biodegradação e à eletro-coagulação (Giwa & Hasan, 2015; ElNaker et


al., 2018)
O resultado das análises de microscopia de fluorescência, onde foram comparadas a
formação da comunidade bacteriana (% de células vivas) nas diferentes condições
experimentais, é apresentado na Figura 9 . Todos os tratamentos apresentaram uma
porcentagem superior a 70% de células vivas ou viáveis no biofilme. Os tratamentos submetidos
a TRH baixa tiveram como melhor resultado as FE 60% e 45%, com TRH baixo o tratamento
com FE60 apresentou maior quantidade de células vivas. Ao comparar o uso da FE 45%,
quando colocado em TRH alto, observou-se resultado superior ao da TRH baixo. Pouca área
superficial de bactérias atrelada a um baixo tempo de retenção hidráulico influenciou na
comunidade bacteriana.

Outros estudos relataram os efeitos do TRH no desempenho e na comunidade


microbiana de um biorreator defluxo ascendente em laboratório, tratando águas residuais
sintéticas contendo tricloroetileno (TCE) (Zhang, Wang, Hu, & Li, 2015). Seus resultados
mostraram que as porcentagens de grupos bacterianos em cada amostra variavam dependendo
dos TRHs em diferentes níveis taxonômicos, onde a função potencial de gêneros dominantes
também mostrava e revelava toda a evolução bacteriana da biodegradação
Em um estudo de ElNaker et al., (2018) avaliando biorreatores em condições de
diferentes TRH, foi observado que a alta eficiência de remoção de DQO e NH4+ estava
associada ao aumento da TRH e consequentemente foi correlacionada a uma maior densidade
bacteriana presente no biofilme. Corroborando com os resultados obtidos neste estudo onde as
melhores eficiências de remoção geralmente foram encontradas em TRH alta juntamente com
uma maior quantidade de células vivas.
60

Figura 9 - Gráfico comparativo dos diferentes tratamentos em relação a


porcentagem de células bacterianas vivas, contidas no biofilme formado nas
mídias do biorreator. Letras diferentes indicam diferenças estatísticas entre os
tratamentos (p < 0,05). Valores expressos em média ± desvio padrão.

Nas figuras exibidas abaixo (Figura 10) são apresentadas imagens da comunidade
bacteriana presente no biofilme durante os diferentes tratamentos testados. De forma geral
observa-se um biofilme com elevada concentração de micro-organismos ativos em todas as
regiões do biofilme. No entanto, observa-se uma quantidade de micro-organismos com morte
celular.
Durante a observação microscópica, conforme se alterava o foco e o aumento para as
fotomicrografias era observado que havia baixa concentração de bactérias filamentosas, com
exceção do tratamento T6 (TRH Alto e FE 15%) e presença de leveduras, bem como, de
rotíferos e demais protozoários. O biofilme microbiano apresentou considerável variabilidade
na espessura apresentando diferenças em cada região da membrana.
No entanto de acordo com a coloração e a conformação da comunidade bacteriana é
possível observar que nas diferentes fases, as bactérias se comportam de forma diferente para
manutenção das colônias.
Na Figura 10A é apresentado a formação do biofilme quando o biorreator foi
submetido a um TRH alto e uma FE de 60% (T1), nessas condições as células bacterianas
coradas se apresentam com formação mais dispersa e com maior presença de células vivas com
relação as células mortas. Na Figura 10B, onde é representado o biofilme formado em uma
condição de TRH alto e FE de 60% (T2), é observada a presença de aglomerados bacterianos
menos disperso e mais densos, a relação células mortas/vivas se manteve a mesma do
tratamento anterior de aproximadamente 90% de células vivas.
61

O biofilme formado nas mídias submetidas ao tratamento com TRH alta e FE de 45%
é apresentado na
Figura 10 C (T3), e representa a formação de uma colônia que possui células
bacterianas dispersas e alguns grupos formando aglomerados bacterianos. A porcentagem de
células vivas nesse tratamento não apresentou diferença significativa dos tratamentos anteriores
estando próxima dos 90%.
Na Figura 10D com TRH baixo e FE45 (T4), observa-se a presença de poucas bactérias
no total porem com alguns aglomerados em atividade, no entanto a % de células vivas é mais
reduzida que os tratamentos anteriores com 74,58 ± 3,54 %.
Assim como em outros estudos, as colônias bacterianas presentes nos biofilmes dos
MBBR, apresentam uma alta capacidade de readaptação a noivas condições operacionais,
reafirmando a capacidade de reorganização das comunidades constantes (Brown et al., 2013;
Martín-Pascual et al., 2014; Van Duc et al., 2018).
As imagens analisadas do tratamento com TRH alto e FE15 (T5), apresentam poucas
colônias bacterianas dispersas (Figura 10) e com algumas colônias ativas, porém os valores de %
de células ativas também foi mais baixa que os tratamentos anteriores com 73,47 ± 4,65 % das
células em atividade no biofilme, sendo o único tratamento que em vazão baixa possui uma
reduzida porcentagem de células vivas. Da mesma forma em TRH alto e FE15 (T6) o biofilme
(Figura 10F) apresentou comportamento de formação de colônias aglomeradas porem com
reduzida porcentagem de células vivas 73,43 ± 2,81 %. Não diferindo significativamente do
tratamento com TRH alto.
Martín-Pascual et al. (2014) avaliaram diferentes tempos de retenção hidráulica em
MBBR e mostraram que a variável com maior influência no coeficiente de decaimento da
biomassa heterotrófica foi a TRH, ou seja, um aumento da TRH propiciou uma maior
quantidade de bactérias nitrificantes quimioautotróficas. Esse resultado mostrou a
adaptabilidade das bactérias nitrificantes a diferentes condições.
Nas figuras exibidas abaixo (Figura 10) estão apresentadas imagens da comunidade
bacteriana presente no biofilme durante os diferentes tratamentos.
62

Figura 10 - Imagens de microscopia de fluorescência do biofilme foram coradas com o Kit de


Viabilidade Bacteriana Live / Dead ® BacLight ™, de acordo com os materiais e métodos,
como células vivas são iluminadas em verde e células mortas são iluminadas em vermelho. As
figuras demonstram a formação de biofilme nas mídias do MBBR nos tratamentos (A) T1
(TRH Alto : FE60), (B)T2 (Baixo: FE60), (C) T3 (Alto: FE45), (D) T4 (Baixo: FE45), (E) T5
(Alto: FE45) e(F) T6 (Baixo: FE45).

3.4 CONCLUSÃO
Os sistemas MBBR estão se disseminando para o tratamento de águas em sistemas de
recirculação, e os estudos sobre o impacto das condições de operação sobre composição e
desempenho da comunidade bacteriana estão ganhando importância na melhoria dos projetos e
otimização dos biorreatores. Os resultados apresentados, mostram que a fração de enchimento
63

de mídias (FE) e o tempo de retenção hidráulico são importantes fatores que influenciam a
estrutura da comunidade bacteriana dos Biofilmes, em um RAS e em escala piloto para cultivo
de tilápia. Esses resultados estão de acordo com trabalhos anteriores vinculando o desempenho
do MBBR a FE e TRH, em termos de remoção biológica de DQO e nitrogênio. Portanto, os
dados apontam que existe uma otimização dos biorreatores em FE e TRH específicos para cada
sistema e fases de operação de um RAS com MBBR. Esse é o primeiro resultado que descreve
os efeitos na qualidade da água variando FE e TRH em RAS.

Agradecimentos
O Autor Agradece ao Laboratório Central de Microscopia Eletrônica - UFSC (LCME)
por imagens de microscopia. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento
001.

3.5 REFERÊNCIAS
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66

3.6 CONCLUSÕES GERAIS


Nossos resultados demonstraram que o conhecimento dos fatores dimensionamento dos
MBBRs tais como Fração de enchimento (FE) e Tempo de retenção Hidráulico (TRH) bom
como do tempo de maturação dos biorreatores são ferramentas para avançar em conjunto com
estudos em Sistemas de Recirculação para a aquicultura, tornando-os mais eficientes para o
cultivo intensivo de tilápias. Demonstramos que um filtro biológico, sem inoculação previa,
tipo MBBR com 60% FE, apresenta um tempo de maturação biológica próximo dos 100 dias
de operação. Esta informação é importante pois indica que somente após este período é possível
afirmar que as colônias de bactérias nitrificantes se apresentam estáveis, com maior potencial
para metabolizar compostos nitrogenados. Destacando a presença abundante, de Candidatus
Nitrospira defluvii, que é descrita como uma das bactérias mais relevantes para processos
específicos de nitrificação.
Podemos afirmar ainda que dependendo da condição de FE e TRH as taxas de remoção
de N-NH4+, NO2, N-total -, DQO podem alcançar patamares de 65 %, 66% 35% e 20%
respectivamente. Estudos futuros podem auxiliar a compreender quais mecanismos também
podem influenciar no desempenho do MBBR para uso em RAS. Nossos resultados
demonstraram um primeiro passo para o entendimento das interações entre fatores no
desempenho dos biofiltros para uso na aquicultura em sistema fechado. Portanto, surgem novas
questões a serem elucidadas principalmente relacionadas a comunidade microbiológicas
presentes nos biorreatores e da biotransformação do fósforo e do nitrogênio. Este é um passo
muito importante para desenvolver o melhor entendimento do uso de biofiltros de leito móvel
em sistemas dinâmicos como é o da aquicultura de água doce intensiva.
67

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA INTRODUÇÃO

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