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AQUAPONIA COMO ALTERNATIVA PARA O CULTIVO DE PEIXES E


HORTALIÇAS

Conference Paper · October 2016


DOI: 10.5151/engpro-eneeamb2016-rh-004-4914

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Ágatha Della Rosa


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UNIVERSIDADE
CATÓLICA DE
BRASÍLIA
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
TRABALHO DE PROJETO II

Curso de Engenharia
Ambiental

AQUAPONIA COMO ALTERNATIVA PARA O


CULTIVO DE PEIXES E HORTALIÇAS

Autor: Ágatha Della Rosa, Gabriela Moura, Lucas
Alencar, Renata Nogueira, Tainah Camargo.
Orientador: Willem Barbosa.

BRASÍLIA 2013
2

AQUAPONIA COMO ALTERNATIVA PARA CULTIVO DE PEIXES E


HORTALIÇAS

Ágatha Della Rosa Kuhnen


Gabriela Moura
Lucas Alencar
Renata Nogueira
Tainah Camargo
agatha_dr@hotmail.com
gabiaraujo123@hotmail.com
lpaq.lucas@gmail.com
renatanogueira__@hotmail.com
tainah_sousa@hotmail.com
Willem Barbosa
willem@ucb.com.br
Curso de Graduação em Engenharia Ambiental – Universidade Católica de Brasília
3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecemos a Deus pela força e coragem durante toda esta caminhada.
Agradecemos também a nosso orientador, professor Willem Barbosa, que nos acompanhou
durante este projeto, pela orientação e ensinamentos que tornaram possível a conclusão do
mesmo. Ao laboratório de águas da Universidade Católica de Brasília, que nos ajudou na
análise dos dados. Ao professor Nilo, que gentilmente cedeu o espaço para a confecção do
projeto e contribuiu na construção e no monitoramento, sempre de forma prestativa e com
comentários construtivos. Ao professor Cláusio, pela compreensão nos momentos de
dificuldade.
4

RESUMO

A aquaponia é um método que une dois tipos de produção em um só local: produção de


peixes em cativeiro e hidroponia (cultivo de hortaliças em meio aquoso). O presente projeto
foi realizado no Campo-Escola de Tecnologia Social (CELOGS), situado no Campus I da
Universidade Católica de Brasília. Partindo-se do interesse de demonstrar que a aquaponia é
uma alternativa para o cultivo de hortaliças e também uma forma de tratamento da água, o
presente trabalho teve como objetivo geral dimensionar um projeto de pequeno porte de
aquaponia. Foi montado um sistema que se dividiu em três etapas: A-Hidroponia, B-Filtro
biológico e C-Tanque de piscicultura. O monitoramento do sistema foi realizado durante três
semanas (18/10 a 01/11). Foram analisados 10 parâmetros de qualidade de água, resultante
das coletas no final de cada etapa, a fim de verificar se havia diferença significativa entre
estas etapas. Para a avaliação do crescimento das mudas de manjericão, utilizou-se uma
amostragem sistemática de 25 indivíduos dispostos na bancada hidropônica. A avaliação do
desenvolvimento dos peixes foi feita pela medição do seu comprimento total, comprimento
útil e pesagem. De modo geral, os parâmetros de qualidade da água não apresentaram
diferenças significativas entre as três etapas, com exceção do nitrogênio amoniacal. Os
indivíduos de manjericão apresentaram desenvolvimento em suas raízes e início de floração.
Os peixes também se desenvolveram, aumentando peso e comprimento. Conclui-se que o
sistema aquapônico revelou-se viável, mostrando rendimento comercial das plantas cultivadas
e apresentando valores desejáveis de qualidade de água.

Palavras-chave: Aquaponia. Qualidade da água. Desenvolvimento vegetal e animal.


5

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 06
2. OBJETIVOS ................................................................................................................ 07
3. JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 07
4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 08
4.1 Caracterização do sistema ..................................................................................... 08
4.2 Monitoramento do sistema .................................................................................... 10
5. RESULTADOS ........................................................................................................... 12
5.1 Descrição das fases e materiais do sistema ........................................................... 12
5.2 Monitoramento da qualidade da água ................................................................... 14
5.3 Desenvolvimento do manjericão e dos peixes ...................................................... 16
6. DISCUSSÃO ............................................................................................................... 17
6.1 Monitoramento da qualidade da água ................................................................... 17
6.2 Desenvolvimento do manjericão e dos peixes ...................................................... 19
7. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 19
8. REFERENCIA BIBLIOGRAFICA ............................................................................ 21
6

1. INTRODUÇÄO

Na ultima década a aquicultura que consiste no cultivo de organismos aquáticos é o


segmento da produção animal que mais cresce no cenário mundial atual, tendo superado as
taxas de crescimento da bovinocultura, da avicultura e da suinocultura (ONO; KUBITZA,
1999). Este crescimento é devido à pesca predatória, desmatamento, exploração mineral,
poluição e urbanização, contribuindo assim para suprir a demanda cada vez maior de pescado
(BRAZ FILHO, 2009). Porém, como tem mostrado alguns autores esta forma de criação pode
causar degradação da qualidade da água dos corpos receptores (MACINTOSH; PHILLIPS,
1992; VENÂNCIO; QUEIROZ, 1998; CHOPIN; SAWHNEY, 2009; PHILLIPS, 2009). Esta
degradação é proveniente das excretas e sobras de rações, que são convertidas em materiais
orgânicos suspensos, dióxido de carbono, nitrogênio amoniacal, fosfatos e outros compostos
(VENÂNCIO; QUEIROZ, 1998; MONTOYA et al., 2000).
Estudos (RAKOCY et al., 1993; QUILLERÉ et al., 1993; SEAWRIGHT et al. 1998)
mostram que é possível se ter uma criação intensiva de peixes associadas com o cultivo de
vegetais em hidroponia. Esta técnica consiste no cultivo de plantas em uma solução nutritiva,
sendo que, no Brasil a técnica de cultivo hidropônico é a do fluxo laminar de nutrientes
(Nutrient Film Technique - NFT) (FAQUIM; FURLANI, 1999). Nesta técnica, os resíduos
orgânicos resultantes do metabolismo dos peixes e dos restos de ração não ingeridos são
transformados e absorvidos pelas plantas em hidroponia, retornando posteriormente ao viveiro
de peixes (CORTEZ et al., 2009).
Uma boa opção de produção de pescado é a produção de peixes consorciada com
verduras, sistema chamado de aquaponia (BRAZ FILHO, 2009).
A aquaponia é uma prática ainda desconhecida no cenário mundial, embora nos
Estados Unidos, Austrália e em alguns países Asiáticos já se pratique essa modalidade de
produção há mais de 30 anos (SIPAÚBA-TAVARES, 2004).
No Brasil, o interesse de produtores rurais pelo cultivo de peixes em sistemas fechados
é ainda muito recente. Sistemas pioneiros visando a recria e engorda de tilápias foram
implementados no final da década de 1990 (KUBITZA, 2006). Contudo, projetos relativos ao
cultivo de peixes vêm ganhando cada vez mais força no País, pois se tratam de uma
alternativa de baixo custo e de complementação de renda para propriedades rurais e pequenas
comunidades (ANDRADE et al., 2005; ARAUJO; SÁ, 2008).
7

Dentre as vantagens da aquaponia podemos destacar o prolongado reuso da água e a


integração dos sistemas de produção de organismos aquáticos e plantas, que permitem uma
diminuição dos custos (ALDER et al., 2000) e melhoram a rentabilidade dos sistemas de
aquicultura.
Outra vantagem do sistema aquapônico é que ele pode se adaptar a várias
configurações. Uma configuração a ser destacada seria a técnica de ferro cimento, utilizada na
confecção dos reservatórios para projetos de pequeno porte de aquaponia.
A técnica de Ferro cimento permite autonomia na construção de estruturas para
auxiliar o sistema produtivo com baixo custo, sustentabilidade, versatilidade, praticidade e
durabilidade (LIMA, 2012). Sua estrutura une a solidez do concreto com a flexibilidade do
aço (UFSC, 2003). Ela se baseia numa camada de cimento sobre uma estrutura de ferro, feita
de vergalhões envoltos por uma tela do metal (Ferrocimento).
Portanto, considera-se a técnica de ferro cimento uma alternativa de baixo custo em
aplicações que não exijam muita resistência (LIMA, 2012).

2. OBJETIVOS

Objetivo geral: Dimensionar um projeto de pequeno porte de aquaponia.

Objetivos específicos:
- Descrever detalhadamente as fases e materiais utilizados para confecção do projeto.
- Monitorar a qualidade da água do sistema;
- Identificar o incremento da biomassa (vegetal e animal).

3. JUSTIFICATIVA

A aquaponia ainda é uma prática desconhecida por muitas pessoas do mundo inteiro.
Esse tema é importante porque fala sobre produção orgânica, sobre recirculação de água (não
há perda de água nesse sistema) e sua área de produção para animal e hortaliças é uma área
muito menor do que a convencional.
Partindo-se do interesse de tornar essa prática uma alternativa para o cultivo de
hortaliças e também uma forma de tratamento da água, é importante verificar a eficiência
desse sistema num projeto de pequeno porte, para então socializar com a sociedade em geral
as vantagens e desvantagens do uso da aquaponia.
8

Mas já de início, pode-se informar que o produto gerado do sistema aquapônico é


orgânico, pois em nenhuma parte do sistema é adicionado algum tipo de produto. A água do
próprio sistema chega às hortaliças com bastante nutriente, não necessitando elas assim de
outra fonte de alimento.
Como citado na introdução, esse sistema se adapta a muitas configurações. Dessa
forma, sua confecção pode ser feita em qualquer lugar, se adequando às necessidades e
condições do autor do projeto.
Além de todas essas vantagens, um ponto importante a ser ainda destacado é que a
aquaponia vem como uma possibilidade de aperfeiçoar e popularizar uma técnica que poderia
reduzir significativamente os custos da produção de peixes e de verduras. Nesse sistema é
possível unir dois tipos de produção em um só local.
Importante também destacar o papel que as bactérias realizam no sistema aquapônico.
O resíduo gerado nesse sistema (água saturada de amônia) é processado por colônias de duas
bactérias, Nitrosomonas e Nitrobactérias. A primeira transforma a amônia em nitrito, e a
segunda transforma esse nitrito em nitrato, um fertilizante poderoso.
Pensando mais adiante, pode-se imaginar a aquaponia como uma forma de mitigar
dificuldades econômicas, sociais e ambientais. Um exemplo disso seria adotar o sistema de
aquaponia próximo a centros populacionais. Isso traria emprego para a sociedade (na
confecção e manutenção do sistema), serviria de fonte de alimento à população (já que temos
problemas com a escassez de populações naturais de peixe e importação de alimentos
estragados) e ajudaria na economia local.

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Caracterização do sistema

O projeto foi realizado no Campo-Escola de Tecnologia Social (CELOGS), situado no


Campus I da Universidade Católica de Brasília.
Foi elaborado um Croqui ilustrativo do sistema utilizando o software de desenho
técnico livre Sketchup (Figura 1).
9

Figura 1 - Croqui esquemático representando uma configuração básica, que pode ser utilizada como modelo para
a confecção de um modelo aquapônico. A configuração desse sistema se dá pelos seguintes itens: 1-
Reservatório de peixe, 2- Sistema hidropônico, 3- Filtro biológico e 4-Bomba.

O sistema foi dividido basicamente em três etapas: tanque de piscicultura, filtro


biológico e hidroponia.
O tanque de piscicultura foi feito em um reservatório de ferro cimento circular de
pequeno porte. Foram introduzidos nesse tanque aproximadamente 50 peixes da espécie
tilápia, os quais se alimentaram da ração introduzida diariamente e também das macrófitas
presentes no tanque.
Após o tanque de piscicultura, a água passava por bombeamento para a bancada
hidropônica, montada em uma telha de amianto, onde foram cultivadas 25 mudas de
manjericão, distribuídas em quatro fileiras.
Em seguida, a água seguia por gravidade para outro reservatório, esse de menor porte,
também de ferro cimento, que funcionou como filtro biológico, cuja função foi permitir a
fixação por bactérias nitrificantes.
Após todo esse processo, a água voltou para o tanque de piscicultura, completando o
ciclo.
Todas essas etapas estão representadas na Figura 2 e Figura 3, tiradas na época de
montagem do sistema.
10

Figura 2: Etapas de confecção do sistema.

Figura 3: Estrutura do sistema finalizada, antes de começar a funcionar.

4.2 Monitoramento do sistema

O monitoramento do sistema foi realizado semanalmente, durante três semanas. As


amostras foram coletadas e levadas ao Laboratório de Águas da Universidade Católica de
Brasília (bloco M) para posterior análise.
O monitoramento do sistema aquapônico se deu das seguintes formas: monitoramento
da qualidade da água, avaliação do crescimento das mudas de manjericão e avaliação da
11

biometria dos peixes. Com relação ao monitoramento da qualidade da água foram utilizados
os parâmetros na Tabela 1.

Tabela 1- Parâmetros analisados no monitoramento das amostras de água coletadas.


Parâmetros
1o pH
2o Condutividade elétrica
3o Temperatura da água
4o Sólidos dissolvidos totais
5o Turbidez
6o Nitrato
7o Nitrogênio amoniacal
8o Fósforo total
9o Dureza
10º Oxigênio Dissolvido

Ainda quanto ao monitoramento da qualidade da água foram aferidas três amostragens


no sistema, a primeira na saída da hidroponia, a segunda na saída do filtro biológico e a
terceira na saída do tanque de piscicultura, conforme Figura 4 e 5.

Figura 4 - Croqui esquemático dos componentes do sistema aquapônico.

Na Figura 4, o sistema hidropônico está representado pela letra A, o filtro biológico


pela letra B e o tanque de piscicultura pela letra C.
12

Figura 5 - Croqui esquemático dos componentes do sistema


aquapônico.

.
Para a figura a cima, temos as seguintes representações: A- Sistema hidropônico, B-
Filtro biológico e C- Tanque de piscicultura. 1- Amostra de água na saída da hidroponia, 2-
Amostra de água na saída do filtro biológico e 3- Amostra de água na saída do tanque de
piscicultura. As setas representam a direção do fluxo de água no sistema aquapônico.
A avaliação do crescimento das mudas se deu pela amostragem do total dos indivíduos
plantados e aconteceu por meio da medição horizontal dos indivíduos. A biometria dos peixes
foi realizada pela medição do seu comprimento total, comprimento útil e pesagem. Essa
amostragem foi feita aleatoriamente, coletava-se cerca de 20 indivíduos para calcular sua
respectiva massa. O experimento iniciou-se com 50 alevinos e 25 mudas de manjericão.

5. RESULTADOS

5.1 Descrição das fases e materiais do sistema

O sistema foi ilustrado no croqui esquemático em duas dimensões, composto por


tanque de piscicultura, filtro biológico e bancada hidropônica, como mostra a Figura 6.
13

Figura 6 – Croqui esquemático do sistema aquapônico.

O tanque de piscicultura foi feito em um reservatório de ferro cimento, com 55cm de


diâmetro e 46cm de profundidade. Foram utilizados 50 alevinos de tilápia do Nilo
(Oreocromis niloticus), os quais foram alimentados com ração com frequência diária.
Após o tanque de piscicultura, a água seguia por meio de bombeamento para a
bancada hidropônica, em fluxo contínuo, onde se cultivou manjericão. Os indivíduos foram
plantados com cerca de 8,5cm de altura, já com foliação. Destaca-se que a hidroponia ocorreu
sobre uma telha de amianto, com 97cm de comprimento e 80cm de largura, apoiada em um
suporte de ferro. Foram cultivados 25 indivíduos de manjericão.
Após o tanque de piscicultura, a água passava por gravidade por um cano de PVC de
100 polegadas repartido ao meio, com 90cm de comprimento, até chegar ao filtro biológico,
um reservatório de ferro cimento de 34cm de profundidade e 28,5cm de diâmetro, preenchido
até a metade com argila expandida. Após esse processo, a água voltava ao reservatório de
cultivo de peixe, completando o ciclo. A Figura 7 apresenta uma visão geral do sistema.
14

Figura 7 – Visão geral do sistema aquapônico.

5.2 Monitoramento da qualidade da água

Observou-se que entre as três etapas do sistema não houve diferença significativa na
maioria dos parâmetros utilizados, com exceção do nitrogênio amoniacal. Os valores médios
das variáveis de qualidade da água das três etapas, bem como seus valores mínimos e
máximos, estão apresentados na Tabela 2.
O pH variou entre 7,41 e 8,01 (Tabela 2), o que caracteriza como basicamente neutro.
A Tabela 2 vai indicar que ao longo do tempo houve o aumento do pH.
A turbidez variou de 13,75 UT a 31,85 UT (Tabela 2). Esse parâmetro tende a
aumentar ao longo das semanas, mas houve oscilações durante o período de tempo analisado.
Ela teve um aumento da primeira para segunda semana, mas diminui significativamente na
última semana de análise.
O fósforo total variou de 0,01mg/L a 0,590mg/L (Tabela 2). Isso demonstra que ao
longo das semanas as concentrações de fósforo total aumentaram.
Os valores para nitrogênio amoniacal variaram de 1,4mg/L a 4,91mg/L (Tabela 2). Já
o nitrato variou de 0,087mg/L a 0,278mg/L (Tabela 2). O nitrato teve um aumento constante
ao longo das semanas em análise. Já a concentração de nitrogênio amoniacal se inverte ao
longo das etapas.
15

A dureza apresento variação de 59,4 mg/L a 118,8mg/L (Tabela 2). Houve um


decaimento nos valores da primeira para segunda semana, mas a partir da última análise os
valores começaram a subir.
A temperatura da água apresentou valores entre 23,4ºC e 25,8ºC, se mantendo quase
que constante nas três etapas.
Os sólidos dissolvidos totais variaram de 344mg/L a 361mg/L. Os menores valores
foram constatados na primeira análise, destacando-se um aumento ao longo das semanas.
A condutividade elétrica variou de 688 µS/cm a 721 µS/cm, observando um aumento
constante da primeira à terceira semana.
O oxigênio dissolvido variou de 5,19mg/L a 6,23mg/L (Tabela 3). As concentrações
deste parâmetro oscilaram durante o período de análise.

Tabela 2 – Valore dos parâmetros físicos e químicos da água nas três etapas do sistema durante as três semanas.
Parâmetros Etapa A Etapa B Etapa C
S1 S2 S3 S1 S2 S3 S1 S2 S3
pH 7,56 7,51 7,93 7,44 7,41 7,84 7,53 7,51 7,93

Turbidez (UT) 20,15 31,85 13,75 25,65 21,05 18,85 29,05 31,85 13,75

Fósforo Total (mg/L) >0,01 0,127 0,590 >0,01 0,287 0,530 >0,01 0,127 0,590

Nitrogênio 2,5 2,32 4,58 2,0 2,1 4,91 1,4 2,32 4,58
Amoniacal (mg/L)
Nitrato (mg/L) 0,087 0,145 0,278 0,127 0,122 0,205 0,119 0,145 0,278

Dureza (mg/L) 70,29 89,1 115,34 83,16 61,87 110,88 77,22 89,1 115,34

Temperatura (ºC) 25,8 24,2 23,4 25,7 24,3 23,4 25,4 24,2 23,4

Sólidos Dissolvidos 344 355 361 345 353 360 345 355 361
Totais (mg/L)
Condutividade 688 710 721 691 702 721 690 710 721
(µS/cm)
Oxigênio Dissolvido 5,70 5,86 6,12 6,23 5,46 5,63 5,19 6,15 6,12
(mg/L)

Na Tabela 2, Etapa A representa análises da telha, Etapa B do filtro biológico e Etapa


C tanque de piscicultura. As semanas de análise estão representadas por S1, S2 e S3, onde S1
– Semana 1 (21/10/2013), S2 – Semana 2 (28/10/2013) e S3 - Semana 3 (04/11/2013).
16

5.3 Desenvolvimento do manjericão e dos peixes

Os indivíduos de manjericão cresceram de 8,5cm a 12,5cm ao longo do experimento.


O comprimento final dos indivíduos está apresentado na Tabela 3 e demonstrado na Figura 8.

Tabela 3 – Comprimento dos indivíduos de manjericão no final do experimento.


1ª Fileira (cm) 2ª Fileira (cm) 3ª Fileira (cm) 4ª Fileira (cm)
17 14 15,5 14
14 9 12,5 11,5
13 13 13 12,5
10,5 14 12 12,5
14 13,5 16,5 5,5
7 14,5 12
11 14

Figura 8 – Desenvolvimento das mudas de manjericão durante o período experimental.

No inicio do experimento os peixes possuíam peso médio unitário de 0,67g,


totalizando uma biomassa média inicial de 33,5g. Após as três semanas de cultivo, os peixes
atingiram peso médio unitário de 0,92g, totalizando uma biomassa média final de 46g. A
Tabela 3 apresenta os valores de peso e biomassa inicial e final bem como dados do
crescimento dos peixes.
Quanto ao crescimento dos peixes, o comprimento médio inicial foi de 3,9cm e o
comprimento médio útil inicial foi de 2,4cm. Ao final das três semanas, os peixes
apresentaram comprimento médio de 5,3cm e comprimento médio útil de 3,7cm. Foram
17

registrados 5 perdas, num total de 50 indivíduos. Os dados de comprimento dos peixes estão
apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 – Valores médios do peso e biomassa inicial e final e valores médios de comprimento e comprimento
útil inicial e final dos peixes.
Parâmetros
Peso inicial (g) 0,67
Peso final (g) 0,92
Biomassa inicial (g) 33,5
Biomassa final (g) 46
Comprimento inicial (cm) 3,9
Comprimento final (cm) 5,3
Comprimento útil inicial (cm) 2,4
Comprimento útil final (cm) 3,7

6. DISCUSSÃO

6.1 Monitoramento da qualidade da água

Na aquicultura, observa-se uma produção elevada de resíduos, isso se dá devido aos


excrementos e à fermentação da ração (ASSAD; BURSZTYN, 2000), gerando rejeitos para o
meio ambiente. No presente caso, não houve descartes de efluente no meio ambiente, pois o
sistema mantinha um fluxo contínuo.
De modo geral, os parâmetros analisados mantiveram-se dentro dos resultados
esperados, sem grandes variações entre as etapas e com desenvolvimento ao longo das
semanas.
As análises laboratoriais identificaram temperaturas similares entre as três etapas.
Segundo Kubitza (1999), a temperatura ideal para o desenvolvimento da tilápia está entre
25ºC e 30ºC, tendo seu crescimento afetado abaixo de 15°C e não resistindo a temperaturas
menores de 10°C, o que não foi o caso do sistema avaliado.
Os valores de pH indicaram um pH basicamente neutro, o que é recomendado por
Kubitza (1999).
18

Os valores de condutividade elétrica podem ser uma maneira indireta de avaliar a


quantidade de nutrientes disponíveis nos ambientes aquáticos (BARBOSA, 2011). Em
comparação com os resultados obtidos de Martins (2007), que teve valores de condutividade
entre 79µS/cm e 101µS/cm, observa-se no presente estudo uma elevada taxa de condutividade
elétrica. Valores elevados de condutividade elétrica indicam elevada quantidade de matéria
orgânica em decomposição, associadas ao arraçoamento, suas excretas e perdas dos peixes
(BARBOSA, 2011), o que foi o caso do sistema avaliado.
A presença de sólidos dissolvidos totais na água indica a presença de sais e
constituintes minerais. Elevada concentração de sólidos dissolvidos totais podem dificultar a
entrada de radiação solar na coluna d’água, o que reduz a quantidade de oxigênio dissolvido.
Segundo o CONAMA 357/2005, valores recomendados para sólidos dissolvidos totais devem
permanecer abaixo de 500mg/L, e os valores registrados nesse estudo condizem com a
resolução CONAMA.
A turbidez é uma propriedade física da água observada na redução da
sua transparência devido à presença de materiais em suspensão, que podem interferir na
passagem da luz. Seus valores em níveis elevados podem representar grande quantidade de
materiais em suspensão, ocasionada, neste caso, pelas excretas dos peixes e/ou por nutrientes
presentes na água. Os valores de turbidez encontrados estão dentro do limite proposto pelo
CONAMA 357/2005, que admite valores inferiores a 40UT.
Diferença significativa de nitrogênio amoniacal foi identificada nos resultados de
qualidade da água, provavelmente essa diferença se deu em função do processo de nitrificação
no filtro biológico. O nitrogênio amoniacal, em concentrações superiores a 3,7mg/L, pode
causar morte por asfixia aos peixes (CONAMA, 2005). Isso nos remete à importância de um
filtro biológico em sistemas que envolvam aquicultura. Mesmo com valores de nitrogênio
amoniacal acima dos limites na última semana, o sistema funcionou normalmente. Essa
diferença pode ter sido ocasionada pelo sistema ter ficado desligado dias antes da última
coleta, com o não funcionamento do filtro biológico.
As concentrações de fósforo ultrapassaram os limites recomendados pelo CONAMA
357/2005. Elevadas concentrações de matéria orgânica e inorgânica podem ter sido a causa
dessa quantidade no sistema.
A dureza influencia na composição do plâncton e na ação das bactérias
decompositoras no filtro biológico (BARBOSA, 2011). Os valores de dureza apresentados
neste trabalho encontram-se acima do comum, de acordo com Braz; Psillakis; Yoshizumi
(2011), os valores devem ser mantidos entre 50mg/L e 75mg/L.
19

Os valores de oxigênio dissolvido foram superiores a 5mg/L, o que é exigido pela


resolução CONAMA. Valores acima de 5mg/L possibilitam adequada aeração para os peixes
(BARBOSA, 2011).
A produção de peixes em cativeiro integrado à hidroponia revelou dados satisfatórios,
ressaltando-se que os peixes são capazes de fornecer quantidades suficientes de quase todos
os nutrientes de planta (LEWIS et al. 1978; QUILLERÉ et al. 1995; CORTEZ et al. 2009).

6.2 Desenvolvimento do manjericão e dos peixes

Como já citado anteriormente no trabalho, as mudas de manjericão foram introduzidas


ao sistema já crescidas e com foliação. E mesmo durante um período curto de análise,
observou-se notável melhoria no aspecto físico, no crescimento das raízes e início de
florescimento em algumas mudas. O manjericão é uma planta perene bastante ramificada, que
cresce cerca de 0,6m a 1,0m de altura (ISLA, 2001). Durante as três semanas de análise, o
crescimento médio por indivíduo foi de 4cm.
Foi demonstrado um ganho médio no peso dos peixes de 0,12g por semana.
Exatamente cinco mortes foram evidenciadas durante o período experimental. Quatro
indivíduos apareceram mortos nos primeiros dias, possivelmente pelo stress causado pela
distância do local de aquisição dos peixes até o local do experimento. Outro peixe apareceu
morto depois que o sistema ficou desligado por dois dias, sem o funcionamento do
bombeamento, que pode ter diminuído as concentrações de oxigênio. Com exceção desses
eventos, os peixes se adaptaram bem e demonstraram contínuo desenvolvimento.

7. CONCLUSÃO

O sistema avaliado apresentou vantagens como fácil operacionalização e construção,


baixo custo e produto orgânico. Demonstrou ainda conversão alimentar entre peixes e plantas,
ganho de biomassa e pleno funcionamento do filtro biológico, que transformou o amônio em
nitrato.
Verificou-se também a fácil adaptação do manjericão e dos peixes da espécie tilápia
do Nilo em sistemas aquapônicos, mostrando-se eficiente durante o período experimental.
Sistemas como esses surgem como uma alternativa de produção de peixes, cultivo de
hortaliças e ainda como tratamento de água.
20

Verificou-se, portanto, que o sistema aquapônico é viável. A técnica da aquaponia


pode reduzir significativamente os custo da produção de peixes e verduras e o manejo pode
ser realizado por qualquer pessoa.
21

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ADLER, P.R; HARPER, J.K; WADE, E.M; TAKEDA, F; SUMMERFELT, S.T. Economic
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