Você está na página 1de 28

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

ANA VICTÓRIA PERES RIBEIRO


DARLES DHEYMIS SILVA
HUGO FERREIRA PASSOS
MATHEUS HENRIQUE GOMIDES
SAMIRA RÚBIA DA CUNHA

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA COM REUSO PLUVIAL


SUSTENTÁVEL

GOIÂNIA - GO
2018
ANA VICTÓRIA PERES RIBEIRO
DARLES DHEYMIS SILVA
HUGO FERREIRA PASSOS
MATHEUS HENRIQUE GOMIDES
SAMIRA RÚBIA DA CUNHA

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA COM REUSO PLUVIAL


SUSTENTÁVEL

Trabalho referente à parcial da disciplina Estudo


Ambiental e Saneamento Urbano, componente da
grade do curso de graduação em Engenharia Civil
da Universidade Paulista – UNIP.

ANA VICTÓRIA PERES RIBEIRO C5975A0 9A


DARLES DHEYMIS SILVA C481JH2 9A
HUGO FERREIRA PASSOS C4826G5 9A
MATHEUS HENRIQUE GOMIDES C63BEJ8 9A
SAMIRA RÚBIA DA CUNHA D391240 8A
Profª. Gisela Souza

GOIÂNIA - GO
2018
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 3

2. Objetivos ......................................................................................................... 4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 5

3.1 Água ............................................................................................................ 5

3.2 Escassez ..................................................................................................... 6

3.3 Sistemas de águas pluviais ......................................................................... 9

3.4 Métodos de cálculos para dimensionamento de reservatórios .................... 10

3.4.1 Método de Rippl ................................................................................... 10

3.4.2 Método da simulação ........................................................................... 11

3.4.3 Método Azevedo Neto .......................................................................... 12

3.4.4 Método inglês ....................................................................................... 12

4. METODOLOGIA .............................................................................................. 13

4.1 Caracterização da edificação ....................................................................... 13

4.2 Consumo estimado ..................................................................................... 15

4.3 Sistema de distribuição sem o reuso de água pluvial .................................. 16

4.4 Sistema de distribuição com o reuso de água pluvial ................................... 17

4.4.1 Quantitativos de uso de água para fins não potáveis ........................... 19

4.4.2 Custo de Implantação ........................................................................... 20

4.4.3 Considerações acerca do reservatório ................................................. 22

5. ANÁLISE COMPARATIVA ............................................................................. 24

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 26

RERERÊNCIAS ........................................................................................ 27

ANEXOS ............................................................................................................. 28
1. INTRODUÇÃO

No decorrer dos anos a indústria da construção civil chegou num patamar


grandioso e esse sucesso esbarrou em uma das questões mais discutidas do século
XXI, a sustentabilidade. Como é de conhecimento da grande maioria, essa indústria
gera grandes impactos ambientais ao redor do mundo e, tendo em vista essa
problemática, alguns chefes de estados, arquitetos e engenheiros vem encontrando
formas de fazer com que a construção civil ande lado a lado com o meio ambiente.

A ideia deste trabalho é exatamente essa, focalizando no reaproveitamento de


água da chuva para uso doméstico residencial. Será feito um projeto explicando o
funcionamento do sistema adotado de acordo com a NBR-15.527 e também um
estudo orçamentário estimado dos materiais utilizados no projeto, assim como o
tempo de retorno do investimento.
2. Objetivos

Este trabalho tem por objetivo propor um sistema de reuso de água pluvial,
demonstrando sua forma de funcionamento, assim como os gastos envolvidos e os
impactos gerados.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Água

A água é fonte da vida. A biologia ensina que não há vida sem água e que o
corpo humano é basicamente constituído por 70% de água (imagem 01), isso mostra
o quão importante é este recurso. No entanto, por mais importante que seja, grande
parcela da humanidade continua usando-a de forma errada, desperdiçando-a,
poluindo os afluentes e destruindo as nascentes, com uma falsa ideia de que a água
no estado que conhecemos nunca acabará.

Imagem 01 – Porcentagem de água corporal

Fonte: Site – Nature Force, 2015.

De acordo com Rubens Rizek JR. (2014), Secretário de Estado do Meio


Ambiente do estado de São Paulo, 71% da superfície do planeta são constituídos de
água em sua forma líquida (imagem 02), desse volume 97,4% estão nos oceanos.
Assim, somente 2,5% são de água doce e, desses 2,5% quase 98% estão no
subterrâneo e nas geleiras. Por isso, é importante saber usar a água de maneira
correta, e a forma adequada de consumo para evitar a escassez.
Imagem 02 – Porcentagem de água distribuída pelo globo

Fonte: Site – Mundo educação, 2015.

3.2 Escassez

A escassez da água é um crise que assombra todo o globo. As diferenças


registradas entre os países desenvolvidos e os demais chocam e evidenciam que a
crise mundial está diretamente ligada ás desigualdades sociais. Segundo Cetesb
(2016) nos países do continente Aficano, onde a media de consumo de água por
pessoa é de dezenove L/dia, já em Nova York, há consumo medio de água tratada de
dois mil litros/dia.

Em todo o mundo, cerca de três em cada dez pessoas — em um total de 2,1


bilhões — não têm acesso a água potável em casa, e seis em cada dez — ou 4,5
bilhões — carecem de saneamento seguro, de acordo com novo relatório
da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF) divulgado (13/07/2017).
Imagem 03 – Escassez de água pelo globo

Fonte: Site – UNESCO, 2016.

No Brasil, apesar de ser o país com mais recursos hídricos do mundo, a crise
de abastecimento também nos atinge. Isso ocorre por conta de vário fatores, como:
poluição, má distribuição da água, clima, desperdício entre outros. Cerca 48 milhões
de pessoas foram afetadas por secas (duradoura) ou estiagens (passageiras) no
território nacional entre 2013 e 2016.

Segundo relatório da ANA (Agência Nacional das Águas), publicado em 2017,


de 2003 a 2016, as secas e estiagens levaram 2.783 municípios a decretarem
Situação de Emergência (SE) ou Estado de Calamidade Pública (ECP), sendo que
1.409 cidades do Nordeste (78,5% da região) tiveram que declarar SE ou ECP.

Tabela 01 – Concentração de recursos hídricos por Região

Fonte: Site – IBGE/ANA 2010.


Como sanar esse problema

A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que hoje já existam 1,1 bilhão
de pessoas sem acesso à água potável. Mas como isso é possível sendo que 71% da
superfície do planeta é composta por água? O geólogo Aldo Rebouças, da
Universidade de São Paulo (USP) explica: “A questão fundamental não é a quantidade
de água, por enquanto, consumimos apenas 12% do líquido disponível. O problema é
o mau uso desse recurso. Isso, sim, pode agravar ainda mais a crise de
abastecimento”.

Para diminuir os gastos a solução mais óbvia é conter o consumo, evitando ao


máximo desperdícios, diminuir os minutos do banho, lavar as louças menos vezes por
dia, não lavar calçadas, e também a utilização da água da chuva nas residências.

De acordo com Deca (2007) citado por Marinoski (2007), pode-se ressaltar que
um dos grandes vilões do consumo de água residencial são os aparelhos de vasos
sanitários. O que se pode observar é que 44% da utilização da água são para fins de
uso não potável. As águas pluviais ainda podem ser usadas em sistemas preventivos
contra incêndios em qualquer tipo de edificação.

A tabela apresenta a relação da distribuição do uso de água potável e não


potável em uma residência em São Paulo (SP), e destaca-se o uso de 44% de toda
água tratada é usada para fins não potáveis (Tabela 02).

Tabela 02 – Distribuição de gastos de água em São Paulo

Fonte: Fonte: Deca (2007) citado por MARINOSKI (2007).


Para implantação do sistema de captação de água da chuva é necessário fazer
o dimensionamente do reservatório, através dos métodos estabelecidos na ABNT
NBR 15527 – “Água de chuva - Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para
fins não potáveis”. São seis os tipos de métodos: Método de Rippl, Método da
simulação, Método Azevedo Neto, Método Prático Alemão, Método prático Inglês e
Método prático Australiano.

3.3 Sistema de águas pluviais

Um sistema de reaproveitamento de água pluvial precisa de alguns itens


específicos para ser construído. Os principais são: calha, condutores verticais e
horizontais e reservatório.

Calhas: Elemento construtivo instalado nos beirais do telhado usado para a


captação e condução da água pluvial até o reservatório, normalmente feitas de
chapas de aço galvanizado ou canos de PVC entrecortados. Devem atender à
ABNT NBR 10844.

Condutores Verticais: "Tubulação vertical destinada a recolher as águas de


calhas, coberturas, terraços e similares e conduzi-las até a parte inferior do
edifício". (in Edler, 2006).

Condutores Horizontais: Tem por função levar a água até sua determinada
finalidade, este caso, o reservatório.

Reservatório: Local onde a água será armazenada.


Imagem 04 – Sistema de águas pluviais

Fonte: Site – Avant Engenharia, 2014.

3.4 Métodos de cálculos para dimensionamentos de reservatórios

A NBR 15.527 cita alguns métodos de dimensionamento de reservatórios de


água pluvial, entre eles destacam se:

3.4.1 Método de Rippl

Neste método podem-se usar as séries históricas mensais ou diárias:

𝑆 (𝑡) = 𝑂 (𝑡) − 𝑄 (𝑡)

Q (t) = C x precipitação da chuva (t) x área de captação

V= ∑ S (t), somente para valores S (t) > O

Sendo que: ∑ D (t) < ∑ Q (t)

Onde:
S (t) é o volume de água no reservatório no tempo t;

Q (t) é o volume de chuva aproveitável no tempo t;

D(t) é a demanda ou consumo no tempo t;

V é o volume do reservatório;

3.4.2 Método da simulação

Neste método a evaporação da água não deve ser levada em conta. Para um
determinado mês, aplica-se a equação da continuidade a um reservatório finito:

𝑆 (𝑡) = 𝑄 (𝑡) + 𝑆 (𝑡 − 1) − 𝐷(𝑡)

Q (t) =C x precipitação da chuva (t) x área de captação

Sendo que: 0<=5(t)<=V

Onde:

S (t) é o volume de água no reservatório no tempo t;

S (t-1) é o volume de água no reservatório no tempo t -1;

C é o coeficiente de escoamento superficial.

Q (t) é o volume de chuva no tempo t;

D(t) é o consumo ou demanda no tempo t;

V é o volume do reservatório fixado;

De acordo com a NBR 15.527, para este método, duas hipóteses devem ser
feitas, o reservatório está cheio no início da contagem do tempo "t”, os dados históricos
são representativos para as condições futuras.
3.4.3 Método Azevedo Neto

O volume de chuva é obtido pela seguinte equação:

𝑣 = 0,042 𝑥 𝑃𝑥𝐴 𝑥𝑇

Onde:

P é o valor numérico da precipitação média anual, expresso em milímetros (mm);

T é o valor numérico do número de meses de pouca chuva ou seca;

A é o valor numérico da área de coleta em projeção, expresso em metros quadrados


(m²)

V é o valor numérico do volume de água aproveitável e o volume de água do


reservatório, expresso em litros(L)

3.4.4 Método prático inglês

Um método simples e prático que por estes motivos será usado nessa
pesquisa, de acordo com a NBR 15.527. O conceito deste método, de acordo com a
Revista Brasileira de Engenharia e Sustentabilidade, baseia-se no volume ideal para
o reservatório de 5% da precipitação média anual aproveitada pela área de captação,
sendo que a demanda é desprezada. O volume do reservatório a ser utilizado é o
maior valor resultante, e pode ser calculado a partir da equação:

𝑉 = 0,05 ∗ 𝑃 ∗ 𝐴

Sendo que:
V - Volume do reservatório (m³);
P - Precipitação média anual (mm);
A - Área de captação (m²).
4. METODOLOGIA

Para se estabelecer a quantidade de água pluvial a ser feita o reuso, foi-se


necessário, primeiramente, estabelecer a edificação na qual o sistema seria
empregado (Projeto arquitetônico – Anexo A). E em seguida estabelecer a quantidade
de moradores na residência e o consumo estimado de água potável dessa residência
(item 4.2).

Após a obtenção desses dados, foi efetuado o projeto hidráulico (Anexo B) para
averiguar a quantitativo de material necessário para a distribuição de água sem o
reuso de água pluvial, realizando assim o orçamento apenas em relação ao consumo
de material.

Em seguida, escolheu-se o método de cálculo para volume de reservatório,


conforme apresentado no item 3.4. Com o volume de necessário para o
armazenamento, foi-se efetuado um novo projeto hidráulico (Anexo C), integrando o
sistema de uso de água pluvial, consequentemente um novo orçamento foi efetuado
averiguando o quantitativo e os custos de implantação do sistema.

Por fim, foi efetuado um comparativo entre os dois projetos, mostrando a


viabilidade de implantação e o payback (tempo de retorno) do projeto. As análises
finais sobre o comparativo estarão dispostas no item conclusivo deste projeto.

4.1 Caracterização da edificação

A edificação a ser desenvolvida nesse projeto é uma residência familiar de alto


padrão, com dois pavimentos e com cerca de 204m² de área construída (Imagem 05
e06). O projeto arquitetônico está disposto no Anexo A, para uma melhor visualização.
Sendo ela localizada na cidade de Goiânia-Go.
Imagem 05 – Planta Baixa - Térreo

Fonte: Próprio Autor, 2019.

Imagem 06 – Planta Baixa – Primeiro Pavimento

Fonte: Próprio Autor, 2019.


4.2 Consumo estimado

Conforme apresentada a edificação anteriormente (item 4.1), pode-se supor


que o total de residentes seja igual a 06 pessoas. Segundo a Resolução N° 305/2018
– CG, pode-se determinar o consumo estimado de água diário de uma residência com
base no total de moradores.

A tabela 03 abaixo representa apenas uma parcela dos itens da Resolução N°


305/2018, sendo possível o acesso aos demais itens da resolução no Anexo D.

Tabela 03 – Tabela de determinação de consumo estimado

Fonte: AGR, 2008.

Como a edificação apresenta cerca de 204m², ela se enquadra na Subcategoria


04 e o consumo de água estimado por pessoa em um dia nessa residência, conforme
a tabela acima, é de 300L/pessoa/dia. Ou seja, em apenas um dia, os moradores
consomem em resolução estimada cerca de 1800L/dia. Consequentemente o
consumo mensal estimado é de 54000L/mês.

Para a averiguação do valor consumido em reais sobre os litros mensais de


consumo estimado de água, foi usada a Resolução Normativa N° 125/2018 – CG
(Tabela – 04), que relaciona o custo/m³ com o consumo mensal.
Tabela 04 – Tabela de custo relacionado com consumo de água.

Fonte: AGR, 2018.

Tendo em vista os dados da tabela 04, é possível determinar o custo estimado


de consumo de mensal de água na residência apresentada (Item 4.1). Como o
consumo de água previsto foi de cerca de 54m³, a valor em reais por m³, conforme
dados, é de R$ 10,24. Portanto, o custo mensal de água é no valor de R$ 552,96.

4.3 Sistema de distribuição sem reuso de água pluvial

Para esse tópico, foi-se efetuado um projeto hidráulico (Anexo B) da edificação


apenas considerando o uso de água convencional, sem o reuso hidráulico. Em
seguida, foi-se efetuado um orçamento (tabela 05) em relação ao custo total de
material necessário para a realização da rede de distribuição.
Tabela 05 – Relatório orçamentário da rede distribuição.

LISTA DE MATERIAIS
ITEM DESCRIÇÃO UNID. QTDE VALOR UM. VALOR UM.

RESERVATÓRIO
Reservatório em PVC, cap. 5.000
01 pç 1 R$ 1.799,90
lts, Fortleve R$ 1.799,90

REGISTROS E VÁLVULAS
01 Registro de Gaveta metálico 3/4" pç 10 R$ 189,90 R$ 1.899,00
02 Registro de Esfera metálico 3/4" pç 2 R$ 189,90 R$ 379,80
Registro de Pressão metálico 3/4"
03 pç 4 R$ 199,44
- monocomando R$ 49,86
04 Válvula de retenção 3/4" pç 3

TUBOS
01 Tubo PVC Marron Soldável 25mm m 153,00 R$ 9,09 R$ 463,59
02 Tubo PVC Marron Soldável 50mm m 126,00 R$ 39,09 R$ 1.641,78

CONEXÕES
Adaptador L/R PVC sold. marron
01 pç 9 R$ 5,00 R$ 45,00
25mm x 3/4"
Luva L/R PVC sold. marron 25mm
02 pç 24 R$ 5,40 R$ 129,60
x 3/4"
Joelho 90º L/L PVC sold. marron
03 pç 22 R$ 5,50 R$ 121,00
25mm
Joelho 90º L/L PVC sold. marron
04 pç 11 R$ 4,54 R$ 49,94
50mm
Joelho 90º B/L PVC sold. marron
05 pç 9 R$ 21,00 R$ 189,00
25mm x 3/4"
Redução L/L sold. marron
06 pç 18 R$ 4,99 R$ 89,82
50mmx25mm
07 Tê L/L sold. marron 25mm pç 3 R$ 1,03 R$ 3,09
08 Tê L/L sold. marron 50mm pç 3 R$ 7,50 R$ 22,50
09 Tê L/L sold. marron 50mmx25mm pç 4 R$ 10,99 R$ 43,96
TOTAL R$ 7.077,42
Fonte: Próprio Autor, 2019.

Portanto, com base no orçamento proposto, tem-se que que o custo total
referente a instalação do sistema de distribuição de água fria será em cerca de R$
7799,26. Esse valor será evidenciado mais adiante, quando for efetuado o
comparativo entre dos dois sistemas no tópico conclusivo desde trabalho.
4.4 Sistema de distribuição com reuso de água pluvial

Primeiramente, para se efetuar o projeto de reuso pluvial, deve-se determinar


o volume de água da chuva captada para armazenamento, com base em métodos
especificados pela NBR 15.527 (Item 3.4). O método adotado nesse trabalho será o
método inglês (Item 3.4.4), pela sua praticidade e simplicidade, sendo o volume
calculado pela seguinte fórmula:

𝑉 = 0,05 ∗ 𝑃 ∗ 𝐴

Com base no projeto arquitetônico (Anexo A) á área de cobertura se


compreende em um valor total de 96,45m². Já o valor da precipitação anual será
determinado através de gráficos da INMET – Instituto Nacional de Meteorologia
(Imagem 07).

Imagem 07 – Chuvas acumulada mensal.

Fonte: INMET, 2018.


Para determinar a precipitação média anual, basta realizar a média aritmética
entre o quantitativo de chuva mensal acumulado.

𝑃 = ∑ 𝐶ℎ

𝑃 = 1400𝑚𝑚

Portanto o volume de água pluvial acumulado durante um ano, segue conforme


o cálculo abaixo, através do método inglês:

𝑉 = 0,05 ∗ 𝑃 ∗ 𝐴
𝑉 = 0,05 ∗ 1400 ∗ 96,45
𝑉 = 6.751,50 𝐿𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑜𝑢 6,75𝑚³

O volume necessário para o reservatório seria de 6,75m³, porém, para uma


maior segurança, será adotado um reservatório de 6,8m³.

O que vale ressaltar é que, nesse projeto, a água pluvial coletada servirá
apenas pra usos de descargas sanitárias, usos de lavagem da residência e
automóveis, e usos de jardinagem. Ou seja, usos que necessitam de água não
potável, para que na utilização da água não seja necessário o tratamento, diminuindo
assim os custos gerados pelo sistema. Portanto, para dados comparativos, será
apresentado a quantidade de metros cúbicos de água pluvial usados, e pôr fim a
economia mensal que essa residência terá com o novo sistema implantado. Como
dito anteriormente, os resultados finais de viabilidade serão demonstrados no tópico
de análise desse projeto.

4.4.1 Quantitativos de uso de água para fins não potáveis

De acordo com o engenheiro Osvaldo Martins de Carvalho Netto, estudos da


ONG Universidade da Água indicam que as bacias sanitárias consomem em torno de
14 % da água de uma residência. Portanto, o uso equivalente de água pluvial mensal
para essa residência seria de 14% do consumo mensal previsto no item 4.2, que é
estimado em 54m³. Assim, o consumo de água pluvial seria em torno de 7,56m³.
Para lavagem de carro, segundo o DEMAE, 30 minutos com a mangueira pouco
aberta resulta num consumo de 216 litros de água e com a mangueira meia volta
aberta gastam-se 560L. A residência conta com 3 carros, considerando o primeiro
dado do DEMAE gastam-se 216L para lavagem de cada veículo, e levando em conta
que sejam lavados três vezes ao mês, tem-se 1,94m³ de consumo estimado.

Para jardinagem em 10 minutos são gastos 186L (DEMAE), regando o jardim


15 vezes por mês gastam-se 2,79m³ de água.

Na lavagem do piso, de acordo com o DEMAE, para um piso de 6m² gastam-


se em média 22L, considerando que se lave 204m² de piso 4 vezes ao mês, o
consumo estimado é de 8,98m³.

Somando todos os consumos de água não potável mensal, tem-se cerca de


21,27m³. Sendo assim, o consumo de água da rede convencional decai para 32,73m³
mensais. Calculando, em consequência, um novo custo para consumo de água
convencional conforme a tabela 04 (item 4.2), é de R$ 7,94/m³, ou seja, o novo custo
mensal estimado é de cerca de R$ 259,88.

4.4.2 Custo de Implantação

Com base nos dados anteriores (item 4.4.1), foi-se efetuado um novo projeto
Hidráulico (Anexo C), contendo captação da água pluvial, os condutores que levam
água até o sistema, o reservatório aterrado e todo o sistema de recalque da água até
a edificação, incluindo um novo reservatório aterrado e uma nova rede de destruição
(Item 3.3). Segue abaixo no novo relatório orçamentário (tabela 06) os custos para a
implantação do novo projeto hidráulico.
Tabela 06 – Relatório orçamentário da nova rede distribuição.

LISTA DE MATERIAIS

ITEM DESCRIÇÃO UNID. QTDE VALOR UM. VALOR UM.

RESERVATÓRIO
01 Reservatório em PVC, cap. 500 lts, Fortleve PÇ 1 R$ 139,90 R$ 139,90
02 Reservatório concreto armado aterrado 7000Lts m³ 5 R$ 667,50 R$ 3.337,50
03 Moto bomba centrífuga multiestágio pç 1 R$ 1.799,00 R$ 1.799,00
04 Reservatório em PVC, cap. 3.000 lts, Fortleve pç 1 R$ 1.295,90 R$ 1.295,90

REGISTROS E VÁLVULAS
01 Registro de Gaveta metálico 3/4" pç 10 R$ 189,90 R$ 1.899,00
02 Registro de Esfera metálico 3/4" pç 4 R$ 189,90 R$ 759,60
03 Registro de Pressão metálico 3/4" - monocomando pç 14 R$ 49,86 R$ 698,04
04 Chave boia automática pç 1 R$ 24,26 R$ 24,26
05 Torneira Boia pç 1 R$ 64,99 R$ 64,99
06 Válvula de retenção 3/4" pç 3

TUBOS
01 Tubo PVC Marron Soldável 25mm m 165,00 R$ 9,09 R$ 499,95
02 Tubo PVC Marron Soldável 50mm m 207,00 R$ 39,09 R$ 2.697,21

CONEXÕES
01 Adaptador L/R PVC sold. marron 25mm x 3/4" pç 9 R$ 5,00 R$ 45,00
02 Luva L/R PVC sold. marron 25mm x 3/4" pç 24 R$ 5,40 R$ 129,60
03 Joelho 90º L/L PVC sold. marron 25mm pç 32 R$ 5,50 R$ 176,00
04 Joelho 90º L/L PVC sold. marron 50mm pç 11 R$ 4,54 R$ 49,94
05 Joelho 90º B/L PVC sold. marron 25mm x 3/4" pç 9 R$ 21,00 R$ 189,00
06 Redução L/L sold. marron 50mmx25mm pç 18 R$ 4,99 R$ 89,82
07 Tê L/L sold. marron 25mm pç 10 R$ 1,03 R$ 10,30
08 Tê L/L sold. marron 50mm pç 4 R$ 7,50 R$ 30,00
09 Tê L/L sold. marron 50mmx25mm pç 3 R$ 10,99 R$ 32,97
TOTAL R$ 13.967,98
Fonte: Próprio Autor, 2019.
4.4.3 Considerações acerca do reservatório

A primeira consideração que deve ser analisada é o consumo de água pluvial


diário. Como visto anteriormente (item 4.4.1), o consumo de mensal foi de 21,27m³,
em conseguinte, o consumo diário é em média de 0,71m³. E, apesar do volume do
reservatório já ter sido estipulado anteriormente (item 4.4), é necessário calcular a
quantidade de água pluvial coletada pelo sistema. Para isso os demais procedimentos
foram baseados na norma NBR 10844/1989.

A quantidade de água escoada pelo telhado, é determinada pela forma abaixo,


com embasamento na NBR 10844/1989.

𝐼𝐴
𝑄= 60

Onde:

Q = Vazão de projeto, em L/min

I = intensidade pluviométrica, em mm/h

A = área de contribuição, em m²

A intensidade pluviométrica pode ser determinada pela tabela 07 abaixo


retirada da NBR 10844/1989, sendo dependente da localidade da edificação, e do
tempo de retorno. Essas especificações dependem exclusivamente da edificação.
Tabela 07 – Chuvas intensas no Brasil (Duração – 5min).

Fonte: NBR 10844/1989.

Como já foi especificado no item 4.1, a residência de alto padrão se encontra


localizado no município de Goiânia-GO, portanto, sua intensidade pluviométrica é de
178 mm/h. A área também já foi estabelecida anteriormente, com base no projeto
arquitetônico, e possui uma quantia de 96,45m² de capitação. Portanto:

𝐼𝐴
𝑄= 60

178∗96,45
𝑄= 60

𝑄 = 286,14 𝐿/𝑚𝑖𝑛
A norma estabelece que a duração da chuva deve ser de 5min. Então, a
quantidade de água pluvial diária captada pelo sistema é de 1,43m³, um valor acima
da metade do consumo previsto, sendo possível o sistema, na época de chuva,
abastecer as necessidades da residência.

5. ANÁLISE COMPARATIVA

Conforme já proposto, análise de viabilidade será feita entre os dois sistemas,


um sem o reuso de água pluvial e um sistema com o reuso. Para a análise também
será levado em consideração o custo do m³ de água consumido pela rede
convencional.

Começando pelo sistema sem o reuso de água da chuva, a tabela 08 baixo


demonstra o consumo de água da rede convencional em períodos mensais e anuais
e seus respectivos custos.

Tabela 08 – Custo e consumo de água em períodos mensais e anuais.

Descrição Consumo Custo


Consumo mensal 54m³ R$ 552,96
Consumo anual 648m³ R$ 6635,52
Fonte: Próprio Autor, 2019.

Para a implantação desse sistema convencional seria gasto, conforme


orçamento (item 4.3), cerca de R$ 7077,42.

Esses seriam os gastos para implantação e consumo de um sistema de


distribuição sem o reuso de água pluvial.

Utilizando o sistema de reuso pluvial, o consumo e os custos devem variar pois


no estado existem períodos de chuva e períodos de estiagem. Segundo o site Weather
Spark o período de precipitação da cidade de Goiânia dura em média de 6,2 meses,
sendo considerados para efeitos desse projeto, apenas como 6 meses. Portando, o
consumo e gastos podem ser demonstrados na tabela 09, com dados baseados em
itens anteriores (item 4.2 e 4.4.1).

Tabela 09 – Custo e consumo de água em períodos mensais e anuais e em


épocas chuvosas e de estiagem.

Descrição Consumo Custo


Consumo mensal (chuvoso) 32,73m³ R$ 259,88
Consumo mensal (estiagem) 54m³ R$ 552,96
Consumo anual 648m³ R$ 4877,04
Fonte: Próprio Autor, 2019.

Para a implantação do sistema de reuso seria gasto, conforme orçamento (item


4.4.2), cerca de R$ 13.967,98.

Esses seriam os gastos para implantação e consumo de um sistema de


distribuição com o reuso de água pluvial.

O valor de economia em um ano que esse sistema proporcionaria, seria de R$


1758,48 ao ano, e a diferença de implantação entre os sistemas é de R$ 6890,56. Ou
seja, o sistema teria um payback em cerca de 4 anos.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um bom profissional na área da engenharia deve avaliar a viabilidade de vários


projetos e sistemas, buscando sempre propor a melhor solução tanto para o
cliente, quanto para o meio ambiente. Em consequência disso, pode se concluir
com esse projeto que, apesar de o tempo de retorno do investimento ser um pouco
demorado – cerca de 4 anos – o impacto ambiental gerado pelo sistema é de
extrema importância para o tema crise hídrica, pois com o uso do mesmo foi-se
possível reusar cerca de 255,24m³ de água pluvial em um ano, quase chegando a
50% o nível de economia de água.
REFERÊNCIAS

GROUP RAINDROPS. Aproveitamento da água da chuva. Curitiba, Ed. Organic


Trading 2002, 196 p.

GOULD, JONH; NISSEN-PETERSEN; ERIK. Rainwwater catchment systems for


domestic supply: Design, construction and implementation. Londres, ITDG
Publishing 1999, 335p.

JÚNIOR, G. B. A.; DIAS, I. C. S.; GADELHA, C. L. M. Viabilidade econômica e


aceitação social do aproveitamento de águas pluviais em residências na cidade
de João Pessoa. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 8, n. 2, p. 85-98, 2008.

NBR 10844/1989 - Instalações prediais de águas pluviais

Você também pode gostar