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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL

CAIQUE PARO FELICE

ANÁLISE DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PARA USO DOS


RECURSOS NATURAIS NA FAZENDA PRIMAVERA
MUNICÍPIO DE JABORANDI - SP

Bebedouro/SP
2016
CAIQUE PARO FELICE

ANÁLISE DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PARA USO DOS


RECURSOS NATURAIS NA FAZENDA PRIMAVERA
MUNICÍPIO DE JABORANDI - SP

Trabalho apresentado ao curso de


Tecnologia em Gestão Ambiental da
UNOPAR - Universidade Norte do Paraná,
como requisito parcial para a obtenção de
média semestral nas disciplinas de
Sistemas de Gestão e Auditoria Ambiental;
Recursos Naturais e Fontes de Energia;
Responsabilidade Social e
Desenvolvimento Sustentável; Tecnologias
Aplicadas ao Meio Ambiente; Seminário
Interdisciplinar III. Professores: Jeanedy
Maria Pazinato, Rosimeire Suzuki Lima,
Cristina Célia Krawulski, Fábio Luiz Zanardi
Coltro, Carlos Roberto da Silva Júnior,
Kenia Zanetti Molinari.
.

Bebedouro/SP
2016

Sumário
1. Introdução................................................................................................................4
1.1. Área de estudo...................................................................................................5

2. Referencial teórico..................................................................................................8
2.1 Plano de auditoria..............................................................................................13

3. Conclusões............................................................................................................16
4. Referências Bibliográficas...................................................................................17
___________________________________1. Introdução

A palavra sustentabilidade tem sido cada vez mais utilizada pela sociedade,
devido às crescentes preocupações em relação à degradação da qualidade do meio
ambiente. Contudo, atualmente, relacionar economia, sociedade e meio ambiente –
os três pilares da sustentabilidade – não tem sido tarefa fácil, visto que o
desenvolvimento de atividades que visam suprir as necessidades da população tem
pressionado a base limitada e escassa dos recursos naturais (STEPHANOU, 2013).
Desde o início da formação das cidades, apesar de ocupar cerca de 70% da
superfície da terra, a água é um recurso natural conflitante (MELLO & SILVA, 2013).
Essencial à vida e à manutenção de atividades econômicas, o crescimento
populacional, o alto grau de urbanização e os usos múltiplos do recurso afetam sua
quantidade e qualidade, remetendo à condução dos usos de forma racional.
Nos últimos anos, com o êxodo rural, a evolução técnica e cultural, as cidades
tornaram-se o foco na busca por melhores condições de vida. Este desenvolvimento
da sociedade implica em modificações na paisagem natural para um ambiente
urbano, podendo desencadear problemas físicos, sociais e ambientais irreversíveis
(COLLODEL, 2009). Dessa forma, para a criação e/ou revisão de planos diretores
de diversas cidades, problemas que antes eram tratados de forma pontual e
emergencial, como os eventos extremos – inundações e estiagens - recentemente
têm tido maior relevância, a fim de garantir o bem estar social e econômico da
população.
Apesar das vantagens do processo civilizatório como, por exemplo, ampliação
das relações econômicas e sociais, oportunidades de trabalho e serviços de saúde,
recentemente, as agências de controle ambiental tem suas preocupações centradas
na derivação dos impactos negativos, isto porque, a falta de uma gestão otimizada
pode ocasionar, em uma mesma cidade, problemas de inundações e escassez de
água potável, que ocorrem em um mesmo dia em grandes capitais. Além deste, a
retirada da cobertura vegetal, uso e ocupação desordenados do solo, uso abundante
de recursos energéticos, inexistência de sistemas de tratamento de efluentes,
descarte inadequado de resíduos sólidos são exemplos de impactos trazidos pela
urbanização que comprometem a saúde do ecossistema e da população habitante
(POLETO, 2008). Como consequência dessas alterações antrópicas tem-se o

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comprometimento do ciclo hidrológico, por exemplo, a diminuição da
evapotranspiração e da infiltração, mudanças do nível do lençol freático, alterações
no controle de erosão e drenagem pluvial, redução do tempo de concentração da
bacia e mudanças no coeficiente de escoamento (MENEZES, 2010). Assim, estudos
sobre o regime hidrológico da bacia, considerando diferentes cenários de
urbanização (adensamento e verticalização) são de extrema importância para um
avanço no sistema de gestão no Brasil.
Desta maneira, para dar suporte à implementação de uma gestão
descentralizada, é necessária a participação do poder público, usuários e da
comunidade, a fim de garantir a multiplicidade dos recursos naturais e ainda
assegurar à atual e às futuras gerações, padrões adequados aos usos, bem como
prevenir contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou antrópica
(BRASIL, 1997). Além disso, o apoio à pesquisa acadêmica para análise de
informações contribuem para a elaboração de medidas preventivas e/ou corretivas e
projetos voltados a preservação e conservação de recursos naturais podendo
facilitar a tomada de decisões.
Em razão das complexas situações dos recursos hídricos e suas
intervenções, a área escolhida para estudo foi a Fazenda Primavera, localizada no
município de Jaborandi – SP. Nesta, se faz necessária a análise das condições dos
recursos naturais, bem como os procedimentos de utilização e adoção de práticas
sustentáveis para tratamento de materiais residuais. O objetivo é estabelecer, com
base nas informações coletadas, medidas para minimização ou eliminação dos
problemas que comprometem a saúde do meio ambiente, assegurando o
desenvolvimento sustentável e a manutenção da qualidade dos recursos.

__________________________________1.1. Área de estudo

Apesar dos problemas citados oriundos do processo de urbanização, vale


ressaltar que as áreas rurais também contribuem para a ocorrência de impactos
adversos aos meio ambiente; por este motivo, se justifica a escolha do local de
estudo.

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A Fazenda Primavera está localizada na área rural do município de Jaborandi
– SP (Figura 1). Em virtude da presença de latossolos roxos ou, também conhecidos
por Terras Roxas, a atividade agrícola é potencializada sendo que, atualmente, o
cultivo de café e algodão deram lugar à produção de soja, laranja e cana-de-açúcar.
Mesmo não estando no topo da produção, os primeiros contribuíram para o
processo de degradação do solos devido, principalmente, ao manejo inadequado,
desencadeando processos erosivos e assoreamento de cursos d’água. Com base
nisto, a área da fazenda estudada (25 ha) é dividida em 60% destinados ao cultivo
de cana-de-açúcar e o, restante, compreende a área construída e a atividade
pecuarista.

Figura 1. Localização geográfica da cidade de Jaborandi – SP. Fonte: ABREU, 2016.

Em relação à disponibilidade de recursos hídricos, a região estudada está


contida na Unidade geográfica de gerenciamento de recursos hídricos UGRHI 12 –
Baixo Pardo/Grande, a qual se estende por aproximadamente 100 km, desde a foz
do Rio Mogi-Guaçu até o Rio Grande, na divisa com o estado de Minas Gerais
(Figura 2) (CBH – BPG, 2013). No município, a hidrografia é constituída,
essencialmente, pelo Rio Pardo, Ribeirão das Palmeiras e Ribeirão Turvo e, na
fazenda, há ocorrência de nascentes, bem como de um córrego que cruza a
propriedade.
Além disso, na unidade, os dados hidrológicos mostram que a disponibilidade
per capita apresenta-se acima da média estadual, ocorrendo algumas variações em
virtude dos baixos índices pluviométricos nos últimos anos. As águas superficiais
são intensamente utilizadas, porém, devido à alta demanda para irrigação, a qual
não é atendida pelas vazões superficiais, há uma tendência de se buscar águas

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subterrâneas para o abastecimento. Neste cenário, sabe-se que a área estudada
tem seus usos domésticos abastecidos por um poço artesiano e, para a irrigação e
pecuária, ocorre a captação dos recursos em um manancial à montante. Vale
ressaltar também que, a concessionária de água no município é a Companhia de
saneamento básico do Estado de São Paulo (SABESP) e, o órgão responsável por
controlar as outorgas, o Departamento de águas e energia elétrica (DAEE).

Figura 2. Representação da UGRHI 12 – Baixo Pardo/Grande. Fonte: SIGRH.


.
Para manutenção e desenvolvimento da fazenda, esta consta da energia
elétrica produzida pela UEH Porto Colômbia e distribuída ao município pela
Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL).
Em última abordagem, a maior parte dos municípios que compõem a UGRHI
12 possuem ampla rede de coleta de esgoto, porém, alguns ainda não possuem
tratamento total dos seus resíduos, seja por falta de recursos financeiros ou por
problemas de eficiência da rede (CBH – BPG, 2013). Assim como a destinação dos
efluentes líquidos, o descarte adequado de resíduos sólidos é uma medida
importante a ser tratada nas políticas públicas a fim de se evitar, principalmente, a
contaminação de águas superficiais e subterrâneas.

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__________________ ______________2. Referencial teórico

O ciclo hidrológico é uma representação dos processos físicos que permite o


entendimento sobre o armazenamento e a circulação da água no ecossistema. Pode
ser estudado como um balanço hídrico global, sendo composto pelos processos de
precipitação, interceptação, infiltração, evapotranspiração, escoamento (superficial,
subsuperficial e subterrâneo) e armazenamento, impulsionados pela energia solar
(REIS, 2015). Com este ciclo, fica claro que o gerenciamento das águas é o maior
problema a ser enfrentado pela humanidade, visto que a quantidade de água
disponível é praticamente a mesma há 2 bilhões de anos (ANA, 2015).
Em termos quantitativos, o Brasil possui disponibilidade abundante de
recursos hídricos, porém, vale ressaltar que estes não se distribuem de maneira
uniforme pelo território nacional – aproximadamente, 81% das reservas estão
concentradas na região norte, a qual possui menos de 5% da população nacional.
Em contrapartida, a região sudeste - com maior índice de desenvolvimento - sofre
com problemas relacionados à falta de planejamento e manejo adequado dos
recursos, enfrentando problemas de poluição e escassez de água potável
(MARINHO, 2007).
Nos últimos trinta anos, além do aumento da demanda que tem gerado muitos
conflitos de utilização, houve um crescimento alarmante da degradação da
qualidade das águas dos rios devido à intensificação das atividades antrópicas
como, por exemplo, industriais, agropecuárias (em termos mundiais, 70% da água é
destinada a esta atividade) e de mineração. Assim, mesmo em locais em que não há
restrições de natureza quantitativa, a perda da qualidade dos recursos tem
inviabilizado o seu uso para fins mais nobres. Essa é a situação nos grandes centros
urbanos brasileiros exemplificada, em 2014, pela maior crise hídrica vivida pela
região metropolitana de São Paulo desde 1930 (ABRIL, 2014).
Além disso, o manejo e ocupação inadequados e vastas extensões de solos
descobertos tornam o ambiente grande produtor de sedimentos e substâncias

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poluidoras podendo desencadear alterações físicas, químicas e biológicas ao meio
ambiente. Em virtude da variabilidade temporal e espacial dos eventos de
precipitação, a composição e a concentração dessas substâncias no escoamento
variam de evento para evento de acordo, principalmente, com as condições de usos
do solo. Estudos relacionados a este tema mostram que existe um grande número
de materiais, adsorvidos aos sedimentos ou depositados na superfície, que
merecem atenção devido ao potencial de toxicidade e a participação em processos
de bioacumulação (POLETO, 2008).
Ademais, vale ressaltar também que os recursos hídricos estão intimamente
relacionados à energia elétrica, uma vez que esta é o fator-chave para o
desenvolvimento de sistemas agrícolas, industriais e residenciais. No Brasil, 70,6%
da energia são provenientes de usinas hidrelétricas, sendo consideradas fonte de
energia limpa, além de mais barata quando comparada à energia nuclear, por
exemplo. No entanto, a construção de represas, alagamento de áreas, alterações na
fauna e na flora são impactos ambientais associados à atividade (ABRIL, 2014).
Neste contexto, o desenvolvimento sustentável visa manter o equilíbrio entre
a exploração e a manutenção do meio ambiente, preservando-o em benefício às
gerações futuras. Segundo o artigo 225 da Constituição Federal, cabe à coletividade
defender e preservar o meio, a fim de garantir não só rentabilidade do ponto de vista
econômico, mas também como garantia de preservação da vida.

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (Art. 225 da
Constituição Federal de 1988).

Diante do cenário mundial de recursos hídricos e devido aos elevados custos


para tratamento e recuperação de corpos d´água, fica evidente a necessidade de
serem elaborados projetos para a conservação dos recursos bem como a criação de
normas legais, em âmbito municipal, estadual e/ou federal, tendo como metas a
redução da demanda hídrica, minimização de perdas e desperdícios, utilização de
práticas agrícolas econômicas, preservação de mananciais, redução dos níveis de
poluição e a otimização do consumo de água (TOMAZ, 2001). Como exemplo, a Lei
nº 9.433/97, trata os recursos hídricos como bem de domínio público, além de lhe

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atribuir valor econômico, pois quanto mais escasso este for, maior será seu valor.
Assim, a Lei das Águas estabelece entre seus instrumentos a cobrança pelo uso dos
recursos hídricos, com a finalidade de conscientizar a sociedade de que a água é
limitada e que deve ser utilizada de forma racional, além de contribuir para a
geração de recursos financeiros, os quais podem ser investidos em projetos na
bacia hidrográfica visando melhorar aspectos quali-quantitativos.
Nesta perspectiva, um dos problemas encontrados na área de estudo é a
ocupação irregular em área de preservação permanente (APP). Segundo o Código
Florestal (Lei nº 12.651/12) estas referem-se a espaços legalmente protegidos, em
áreas particulares ou públicas, em condições de vulnerabilidade ambiental,
exercendo funções como, por exemplo, proteção do solo e de corpos d’água,
manutenção do regime hídrico e atenuação de desequilíbrios climáticos. O grande
impacto ambiental da ocupação dessas áreas está ligado à impossibilidade de
regeneração da vegetação natural, desvalorização da paisagem e do patrimônio
natural e perda de funções sociais e educativas. Além disso, pode-se perceber ainda
a degradação de áreas de nascentes – também consideradas APP – devido ao
desenvolvimento de atividade pecuária. O gado é criado no entorno dessas áreas, o
que compromete a quantidade e qualidade da nascente, em virtude do pisoteamento
e consequente assoreamento.
Desta forma e embasado no exemplo do Projeto Água Viva desenvolvido no
estado do Paraná, o primeiro passo a ser feito seria uma conversa com o
proprietário da área com o objetivo de expor a importância de preservar os recursos
hídricos (SNA, 2014). A seguir, com auxílio de trabalho técnico, a identificação
dessas nascentes e a limpeza externa do local dão início ao trabalho de
recuperação. Camadas de pedra, lona e terra são utilizadas para a filtração da água
e evitar contaminações, enquanto que, canos de PVC direcionam o fluxo; ao final,
recomenda-se o cercamento da área para que os animais não consigam chegar até
o local. Este trabalho tem efeito multiplicador por trazer benefícios à toda
comunidade; além da melhoria da qualidade de vida, os resultados trazem a
valorização a propriedade rural, aumento do fluxo das nascentes, garantia da
qualidade da água, aumento da produtividade de animais (gado, por exemplo) e
ajuda na manutenção das famílias no campo. Outra forma de compensação dos

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impactos seria o reflorestamento de uma área degradada, com objetivo de voltar as
funções desempenhadas pela vegetação no ambiente.
Ainda dentro das condições quantitativas dos recursos hídricos, para
desenvolvimento da atividade pecuarista e agrícola (cana-de-açúcar), o proprietário
tem permissão para captação em um manancial localizado à montante. Porém, com
vistas à sustentabilidade e à minimização de desperdícios, recomenda-se a revisão
e/ou troca do sistema utilizado para captação/distribuição (e também para irrigação)
por aqueles que sejam mais econômicos e modernos, uma vez que os operantes
apresentam-se bastante degradados pelo tempo, além de utilizarem grande
quantidade de recursos energéticos. Já em relação à residência, o abastecimento é
feito por um poço artesiano localizado na propriedade, o qual possui autorização
para operação.
Uma proposta para a utilização racional dos recursos hídricos é a reutilização.
A propriedade contém uma horta com legumes e verduras, os quais são vendidos na
feira do município; para a irrigação, é utilizada a água do manancial. A exemplo de
um projeto desenvolvido no semiárido brasileiro – Sistema do Bioágua – a água
utilizada na residência poderia ser bombeada para a irrigação dos canteiros de
hortaliças. Por gravidade, a água seria direcionada para um conjunto de filtros no
chão, os quais são compostos por camadas de seixos, britas, areia, serragem,
húmus e minhocas, a fim de garantir uma boa filtragem; a seguir, a água é
conduzida a um reservatório (GLOBO RURAL, 2012). Através de ajustes como a
quantidade adequada de filtros e o sistema de irrigação utilizado, os resultados
trazem mais economia, qualidade das culturas produzidas e minimização do
desperdício. Além dessa forma, outras opções de reaproveitamento seria a
utilização da água da máquina de lavar para limpeza no quintal, lavagem de carros e
tratores. Por um sistema de reserva dessa água, está pode ser bombeada para as
demais atividades.
No aspecto qualitativo, devido à crescente preocupação com a poluição de
mananciais, alguns padrões de qualidade foram instituídos com o objetivo de limitar
aspectos da água com base nos usos prioritários (pH, turbidez, cor, sólidos totais,
oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, entre outros) - esses padrões foram
estabelecidos pelas resoluções CONAMA nº 357/2005, 274/2000, 396/2008,
430/2011, e Portaria N° 2914/2011 do Ministério da Saúde, Lei Federal 6.938/1981

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(Política Nacional de Meio Ambiente) e Lei Federal 9.433/1997 (Política Nacional de
Recursos Hídricos) (UMBUZEIRO, 2010).
Dentro desta visão, a área estudada apresenta vários impactos trazidos pela
agricultura, principalmente, o cultivo de cana-de-açúcar que ocupa grande parte da
propriedade, com consequente ocupação das áreas de preservação permanente
(APP) e de reserva legal (RL). Além da utilização de defensivos agrícolas e
fertilizantes, o intenso desmatamento e falta de manejo adequado do solo
contribuem para a deterioração da qualidade dos mananciais e processo erosivos.
Dessa forma, o transporte de sedimentos para a calha fluvial acarreta maior turbidez
da água e assoreamento de córregos e rios, bem como, as substâncias tóxicas
introduzidas podem prejudicar as características químico-físicas e também a biota
aquática do ecossistema. Como forma de compensação, primeiramente, deveria ser
realizado um estudo sobre as condições de utilização dos aditivos agrícolas, a fim de
determinar as quantidades necessárias; a seguir, analisar as características e a
condução de manejo do solo, aumentando a fertilidade com o processo de rotação
de culturas, atenuando a compactação do solo e evitando o desencadeamento de
processos erosivos. Para tal, a recuperação da vegetação no entorno de córregos e
rios – mata ciliar – seria a opção, pois além de atuar como uma barreira para o
transporte de sedimentos e substâncias poluidoras, garante o afastamento do plantio
em relação aos corpos hídricos.
Outro ponto a ser frisado é o descarte de resíduos sólidos e o lançamento de
esgoto. Por resíduos sólidos entende-se:

material, substância, objeto ou bem descartado resultante de


atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se
procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos
estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em
face da melhor tecnologia disponível (Art. 3º da Lei 12.305/10).

Na unidade de gerenciamento de recursos hídricos que a fazenda está


incluída, as condições de saneamento apresentam-se favoráveis, porém, ainda
existem municípios que tratam baixa porcentagem do esgoto gerado ou não tratam
nenhum, sendo motivo suficiente para o comprometimento do estado sanitário dos
cursos d’água, principalmente aqueles localizados à montante da bacia. Na área
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estudada, os efluentes líquidos são lançados em uma fossa séptica, a qual atende
todas as normas exigidas pela ABNT - NBR 7.229 e NBR 13.969, preservando a
saúde pública e ambiental, a higiene e a segurança da populações servidas por este
sistema. Em relação aos resíduos sólidos, estes são descartados em caçambas
localizadas à frente da propriedade (esta disponibilidade de estocagem ocorre
devido à proximidade com a área urbana), onde o serviço de coleta da cidade passa
duas vezes na semana. Nesta questão, uma das alternativas para colaborar com a
saúde do meio ambiente, seria realizar a separação do lixo, pelo menos, em
resíduos recicláveis ou não, evitando que sigam para a destino inadequado; além da
redução da quantidade gerada.
Por fim, em relação aos recursos energéticos da propriedade, estes têm sua
energia distribuída pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). A partir das
questões sustentáveis e aproveitando-se dos benefícios oferecidos pelo
ecossistema, uma das alternativas para o racionamento seria a utilização de placas
fotovoltaicas, as quais convertem energia solar em energia elétrica, podendo ser
armazenada em uma bateria, por exemplo. Outra opção seria o sistema de
geradores de energia, os quais podem substituir a energia comprada no mercado.
Os resultados refletem em menores quantidades de energia elétrica produzida, além
da economia financeira, do estabelecimento do equilíbrio quali-quantitativo dos
recursos hídricos e da minimização das alterações do ecossistema, quando
relacionadas à instalação de uma usina hidrelétrica.

__________________ _____________2.1 Plano de auditoria

Manifestada no final da década de 70 nos Estados Unidos, a auditoria


ambiental era vista como ferramenta de gerenciamento para identificação
antecipada dos possíveis problemas provocados pelo desenvolvimento de atividades
(FREITAS et al., 2001). Segundo a NBR ISO 14.010 (1996):

auditoria ambiental é o processo sistemático e documentado de


verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva,
evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos,
sistema de gestão e condições ambientais especificados ou as
informações relacionadas a estes estão em conformidade com os

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critérios de auditoria, e para comunicar os resultados deste processo
ao cliente.

Dessa forma, utilizada no processo de Avaliação de impacto ambiental (AIA),


a auditoria de conformidade legal está intimamente ligada aos cumprimentos da
legislação vigente, com vistas a aprimorar o desempenho ambiental. Com base
nisto, a preparação da auditoria inclui as seguintes etapas (NICODERMO, 2013):
a) Pré-auditoria - definição dos objetivos, campo de aplicação e critérios
de auditoria. Nesta etapa, os responsáveis irão realizar a coleta de informações e
analisar a disponibilidade de recursos técnicos, determinando se o processo é
exequível; com o resultado positivo, então, forma-se a equipe de auditores tendo em
conta as competências necessárias em função dos objetivos. Após este
procedimento, é feita a elaboração do Plano de auditoria.
Este plano deve conter elementos como: objetivos, critérios/documentos de
referência, local de aplicação, datas e horários, alocação de recursos (humanos e
materiais), aspectos logísticos, questões relacionadas ao relatório (classificação de
conformidade/não conformidade); com isso, é possível que seja facilitado o processo
de coordenação de atividades.
b) Auditoria – o trabalho de campo permite a verificação do cumprimento
dos requisitos estabelecidos pela legislação, ou seja, verificação das conformidades
e não conformidades do sistema, dos riscos e controles inerentes. Ainda é feita a
coleta de evidências para avaliação e verificação e revisão documental.
c) Pós-auditoria – ao final, é feita a elaboração do relatório, constatando
as propostas de medidas corretivas, definição de responsabilidades e prazos, bem
como o acompanhamento da execução.

Assim, com base nestas informações, um Plano de auditoria hipotético e


simplificado é exemplificado abaixo:

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Tabela 1. Plano de auditoria de conformidade ambiental.
Auditoria de conformidade ambiental
Nome do
proprietário: José da Silva Data: 15.07.2016
Fazenda Primavera Horário: 10h
Localização da Rodovia Alegre km 03, s/n  
área: Caixa Postal 40, Jaborandi/SP  
Telefone - 17 3347-0000  
Verificação do atendimento aos requisitos legais
Objetivo:
vigentes
Maria Aparecida (auditora líder) - Engenheira
Equipe de Agrícola  
Auditores: João Clemente - Geógrafo  
Antônio Souza - Engenheiro Ambiental  
Outorga para captação de recursos hídricos  
Procedimentos operacionais  
Elementos a Manutenção de equipamentos  
serem Armazenagem de produtos agrícolas  
avaliados: Monitoramento de efluentes  
Projeto e operação de fossa séptica  
Manutenção de áreas de preservação permanente  
Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997  
Decreto 41.258, de 31 de outubro de 1996  
Lei nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991  
Critérios:
Lei nº 9.973, de 29 de maio de 2000  
Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012  
NBR 13.969 e NBR 7229      

Neste exemplo, com o escopo de auditoria escolhido e seus objetivos


definidos são avaliadas as conformidades e não conformidades, por exemplo, se
propriedade segue o plano de resíduos sólidos do município; se há programas de
incentivo à redução do consumo de água e energia; se a outorga de direito de uso
da água está dentro do que foi estabelecido para captação e observado o prazo de
validade; análise das condições locais para armazenamento de produtos agrícolas;
aspectos de construção e operação de tanques sépticos, etc.

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Ao final deste processo, o relatório gerado deve mostrar as situações
conforme ou não conforme mediante a legislação vigente, as possíveis causas
associadas, bem como ações corretivas, os prazos para adequação e o responsável
pelo tarefa.

______________________________________3. Conclusões

O desenvolvimento sustentável tem sido cada vez mais abordado tendo como
objetivo a manutenção do equilíbrio entre a exploração e o meio ambiente.
Neste contexto é que se destaca a gestão territorial, a qual visa a
organização, desde o planejamento até a implementação de políticas públicas e
empresariais dentro do território. Na área de recursos, a bacia hidrográfica é a
unidade de gestão devido sua importância frente às múltiplas relações em que a
natureza e ações antrópicas estão ligadas. Nessa ocasião há a possibilidade de
análise do uso e ocupação do solo, contaminação e poluição das águas e de fatores
que influenciam na sua dinâmica, estabelecendo um conjunto de dados que servem
de subsídio para medidas mais precisas e compatíveis com a realidade.Pode-se
atribuir a questão da escassez da água à variabilidade temporal e espacial, ou seja,
inadequada distribuição geográfica dos recursos, degradação excessiva dos
mananciais, uso ilegal desse insumo, como, por exemplo, de águas subterrâneas.
Assim, a água passa a ser um recurso natural limitado não somente por sua
quantidade, mas também por sua qualidade e localização.
O investimento em pesquisas acadêmicas seria um primeiro ponto a ser
levantado. Este seria eficiente no que tange à implantação de redes de
monitoramento e interpretação da informação adequada para análise da situação
real; além disso, o conhecimento pode contribuir para decisões relacionadas à
infraestrutura e saúde pública, priorizando a sustentabilidade. Também, com o
aumento do número de redes de captação, há necessidade de melhorias no controle
e cadastramento de usuários e fiscalização, impedindo conflitos pelo uso da água e
outros impactos negativos, os quais podem levar ao encerramento de atividades.
Enfim, para que seja colocada em prática a ideia de manutenção quali-
quantitativa dos recursos naturais é necessário que haja programas de educação
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ambiental que incentivem à redução do consumo e a adoção de práticas
sustentáveis, além do aperfeiçoamento de políticas públicas voltadas à recuperação,
manutenção e proteção de áreas; articulação entre os poderes federais, estaduais e
municipais; parcerias com entidades públicas ou privadas visando sempre a
valorização do patrimônio natural e construído e garantindo o exercício de suas
funções.

__________________________4. Referências Bibliográficas

ABREU, R. L. de. Mapa local da cidade de Jaborandi, estado de São Paulo.


Disponível em: < Image:SaoPaulo MesoMicroMunicip.svg>. Acesso em: 19 jun 2016.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Curso de capacitação para o Singreh –


Lei das Águas. Brasília, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7229: Projeto,


construção e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio de Janeiro, 1993.

_______. NBR ISO 14.010: Diretrizes para auditoria ambiental – Princípios gerais.
Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio de Janeiro,
1996.

_______. NBR ISO 13.969: Tanque sépticos – Unidades de tratamento


complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e
operação. Rio de Janeiro, 1997.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

_______. Lei Federal nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional


de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, regulamento o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o
artigo 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 190, que modificou a Lei nº 7.990, de 28
de dezembro de 1989. Diário oficial da União, Brasília, 8 jan. 1997.

_______. Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção


da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de
19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis
nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida
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