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Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e


Geografia – FAENG
Curso de Graduação em Engenharia Ambiental

ESPÉCIES ARBÓREAS PARA RECUPERAÇÃO ECOLÓGICA DE


MATAS CILIARES EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL NO
BIOMA CERRADO

Natália da Costa Selles Barbosa

CAMPO GRANDE – MS

2015
Curso de Graduação em Engenharia Ambiental / UFMS

ESPÉCIES ARBÓREAS PARA RECUPERAÇÃO ECOLÓGICA DE


MATAS CILIARES EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL NO
BIOMA CERRADO

Natália da Costa Selles Barbosa

Trabalho desenvolvido durante a disciplina de


Trabalho de Conclusão de Curso II como
parte da avaliação do Curso de Graduação
em Engenharia Ambiental da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul.

Orientador: Cláudia Vianna Bacchi


Coorientador: Teodorico Alves Sobrinho

Campo Grande – MS

2015

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 4
2. OBJETIVO ........................................................................................................... 6
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 7
3.1 O Bioma Cerrado ................................................................................ 7
3.2 Degradação Ambiental ........................................................................ 8
3.3 Mata Ciliar ......................................................................................... 9
3.4 Restauração Ecológica ......................................................................... 9
3.5 Breve Histórico da Restauração Ecológica no Brasil ........................... 11
3.6 Técnicas de Restauração Ecológica .................................................... 13
3.7 Sucessão Ecológica ............................................................................ 16
4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 18
4.1 Caracterização da Área de Estudo ..................................................... 18
4.2 Seleção De Espécies ........................................................................... 21
4.3 Metodologia Adotada ........................................................................ 22
5. RESULTADOS ................................................................................................... 28
5.1 Análise e discussão dos Resultados e de Possíveis Erros ...................... 30
6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 37
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 38

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1. INTRODUÇÃO

A ocupação antrópica ao longo do tempo sempre esteve associada à utilização dos


recursos naturais para a manutenção do seu bem estar e sua sobrevivência. Contudo a
exploração descontrolada dos mesmos, assim como a supressão vegetal, somados a poluição,
vem causando nos últimos tempos a degradação do ambiente, diminuindo a qualidade da
água, do solo e do ar impactando assim o meio biótico.

Ao longo da história do Brasil, a cobertura florestal nativa, representante dos


diferentes biomas, vem sendo fragmentada, cedendo espaço para culturas agrícolas, pastagens
e cidades (MARTINS, 2013). Por conta dessa realidade, a restauração ou a recuperação de
áreas degradadas tem se tornado instrumento essencial para diminuição dos efeitos negativos
da destruição dos ambientes naturais. São áreas degradadas àquelas submetidas a impactos
que diminuíram ou impediram a sua capacidade de restabelecer-se naturalmente por meio de
processos sucessionais. Dependendo das condições físicas de onde se encontra, o impacto
poderá afetar no regime do sistema hidrológico da região, contaminar a água, levando também
à diminuição da fertilidade do solo e sua capacidade de uso.

A poluição dos mananciais, assim como o assoreamento dos mesmos em virtude de


desmatamento, e o mau uso e ocupação do solo, têm seus impactos potencializados quando as
Áreas de Preservação Permanente (APPs) são alteradas ou removidas. Sem um planejamento
de preservação dessas áreas os regimes de vazão dos cursos d’água são alterados,
promovendo enchentes frequentes o que leva a prejuízos materiais, além de impedirem que as
matas ciliares correspondam a suas funções no ecossistema (FRANCISCO et al. 2008).

A microbacia hidrográfica do córrego Guariroba, com aproximadamente 360 km2, é


o principal produtor de água bruta, responsável por aproximadamente 50% do sistema de
abastecimento de água de Campo Grande, capital do estado do Mato Grosso do Sul. Devido a
sua importância e à necessidade de recuperação e conservação do principal sistema produtor
de água bruta para abastecimento público da cidade, a Bacia do Córrego Guariroba foi
instituída como área de Proteção Ambiental (APA do Guariroba) pelo Decreto Municipal
Decreto Nº 7.183, de 21 de setembro de 1995.

Atualmente, mais de 82% do território da APA do Guariroba é ocupado por


pastagem exótica, que associado à pecuária e ao manejo inadequado do solo, têm gerado

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impactos expressivos na bacia, sobretudo no que se refere a processos erosivos e ao
assoreamento dos corpos d’água e do Reservatório Guariroba (PMCG, 2009). Então, tendo
em vista a necessidade da conservação deste importante recurso hídrico, foi criado o
programa Manancial Vivo/PMCG pelo decreto Nº11. 303 de 2010, sendo também
contemplado pelo Programa Água Brasil, que estabelece entre suas metas a recuperação das
matas ciliares desta bacia, tendo como parceiros a Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul (UFMS), a Organização Não Governamental (ONG) ambiental WWF-BRASIL, o Banco
do Brasil, a Fundação Banco do Brasil, a Agência Nacional de águas (ANA) e a Empresa
Brasileira de Pesquisa em Agropecuária (EMBRAPA).

A restauração ecológica é uma ferramenta para a conservação ambiental através do


uso de técnicas capazes de facilitar o processo sucessional em áreas degradadas. Esse
processo envolve todos os componentes do ecossistema, no qual se destaca a importância dos
fragmentos florestais mais próximos das áreas a serem restauradas, de forma a criar uma
conectividade dentro da paisagem envolvida. Assim espera-se que ao longo do tempo será
restabelecida a composição da fauna e flora primitiva daquela região e dos processos
ecológicos responsáveis pela construção e manutenção de uma comunidade funcional (REIS
et al. 2007).

As ações de restauração florestal tendem a se concentrar nas regiões ciliares de


corpos hídricos, devido a sua importante função nas bacias hidrográficas. Segundo a lei
N°12.651 de 2012, a faixa de matas situadas nas margens dos rios se enquadra em uma Área
de Preservação Permanente (APP). A sua importância é devida à alta retenção de sedimentos
e de poluição, proteção e manutenção de nascentes, recarga dos aquíferos e abrigo da
biodiversidade, devido a sua heterogeneidade do ambiente ciliar causado pelo corredor
ecológico interligando os fragmentos naturais na paisagem (GANDOLFI & RODRIGUES,
2007).
Para que o resultado da ação de restauração seja satisfatório, é necessário que seja
feita uma avaliação particular em cada ambiente a ser recuperado. Dessa forma implanta-se o
método mais apropriado, aliado à escolha correta das espécies a serem introduzidas no local,
tornando a paisagem o mais próximo possível da vegetação original (MORATELLI, 2014).

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2. OBJETIVO

Segundo Hoffmann e Haridansan (2008), a seleção de um número restrito de


espécies, cujo bom desempenho é previsível, é mais importante do que buscar alta diversidade
no ato do plantio. Para o Cerrado, onde o crescimento lento das plantas, a sazonalidade
pluviométrica e as gramíneas invasoras, são fortes obstáculos que podem encarecer e
dificultar as ações de restauração, essa afirmação facilita as tomadas de decisão e o foco do
projeto.
Também, Pilon e Durigan (20013), admitem que o conhecimento das espécies mais
adequadas para superar os obstáculos em diferentes condições ambientais é uma ferramenta
importante para a restauração ecológica. Portando este trabalho irá avaliar dentre as espécies
plantadas quais são as mais indicadas para projetos de recuperação ambiental em regiões com
condições de clima e solos semelhantes, pertencentes ao bioma cerrado.

Em geral, será feita a comparação do desempenho de crescimento entre as espécies


arbóreas escolhidas para o projeto de recuperação ambiental da mata ciliar em uma
propriedade rural localizada na Bacia do Guariroba, e assim indicar as dez espécies que
melhor se estabeleceu na área, após um ano e três meses das ações de intervenção. Este
trabalho servirá como modelo e critério de escolha das espécies a serem plantadas para novos
projetos de recuperação de áreas ciliares degradas, dentro da Bacia do Guariroba ou em
regiões semelhantes.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 O Bioma Cerrado

O bioma cerrado possui área de 204,7 milhões de hectares (IBGE, 2004) e concentra
sua maior parte na região central do Brasil, se estendendo até o nordeste do pais (EMBRAPA,
2008), contemplando todo o Distrito Federal, mais da metade dos estados de Goiás (97%),
Maranhão (65%), Mato Grosso do Sul (61%), Minas Gerais (57%) e Tocantins (91%), além
de porções de outros seis estados (IBGE, 2004).

É um ecossistema similar às Savanas da África e da Austrália, constituído por


árvores relativamente baixas, distribuídas entre arbustos e gramíneas. O bioma Cerrado é um
composto vegetal constituído por três diferentes tipos de formações, que são estes, a formação
florestal, savânica e campestre (EMBRAPA, 2008). A vegetação típica do Cerrado possui
troncos e ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas (IBGE, 2004).

O Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo em


biodiversidade: a flora tem 4.400 espécies exclusivas; a fauna apresenta 837 espécies de aves,
67 gêneros de mamíferos, 150 espécies de anfíbios e 120 de répteis. A partir da década de 90,
o governo e diversos setores da sociedade começaram a se preocupar com a conservação do
que restou do Cerrado devido, principalmente, à ocupação desordenada e aos sucessivos
incêndios (IBGE, 2004). A região do Cerrado é conhecida também como o berço das águas do
Brasil, pois nessa região encontra-se grande parte das nascentes de importantes bacias
hidrográficas, desempenhado um papel fundamental no processo de captação e distribuição
das águas pelo País, sendo, portanto uma região estratégica (AQUINO et al. 2012).

No Mato Grosso do Sul, na porção ocupada pelo bioma cerrado apenas 32% dessa
área ainda é coberta pela vegetal natural. Nelas predominam as fitofisionomias florestal e
campestre, ocupando 13% e 17% respectivamente da área total do cerrado. As coberturas
vegetais antrópicas nesse estado são representadas basicamente por pastagens cultivadas
(EMBRAPA, 2008).

Pelas características do seu terreno, e por ser de fácil desmatamento, o Cerrado é


considerado um bom lugar para a agricultura e pecuária, sendo então esse o fator que mais o
ameaça. As transformações da paisagem ocorridas no bioma do Cerrado causaram grandes
danos ao meio ambiente, principalmente pela fragmentação dos habitats, a diminuição da

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biodiversidade, a invasão e substituição por espécies exóticas, o aumento de processos
erosivos, a contaminação dos aquíferos, a degradação dos ecossistemas, alteração nos regimes
de queimada e as modificações climáticas regionais, como por exemplo, ciclo hidrológico.
Por esses fatores, o Cerrado hoje é considerado um dos principais biomas a serem
conservados, devido ao alto número de espécies endêmicas ameaçadas (PILON &
DURIGAN, 2013).

A destruição do cerrado teve início na década de 1960, quando a construção de


estradas facilitou a chegada de criadores de gado. Em seguida, na década de 1980, ocorreu a
ocupação por plantações. Apesar do alto estado de degradação do cerrado, e principalmente
das matas ciliares, ainda é possível devolver às florestas suas características originais, tanto na
composição de espécies quanto na diversidade ecológica e suas funções no ecossistema, a
partir do processo de maturação das florestas secundárias ao passar do tempo. Para isso é
necessária à conservação dos fragmentos remanescentes e a adoção de estudos e práticas de
recuperação (OPA, 2007).

3.2 Degradação Ambiental

A degradação ambiental é definida como o impacto negativo da intervenção do


homem sobre a estrutura e o funcionamento de um ecossistema. Este efeito resulta na redução
da capacidade produtiva primária dos solos, da biodiversidade e das funções ambientais que
transcendem a área afetada (DURIGAN et al. 2011).

Em busca de alta produtividade, a maximização das áreas produtivas nas zonas rurais
geralmente acaba se estendendo até próximo às margens dos rios, extraindo a vegetação
nativa das matas ciliares. Por esse motivo os corpos d’água se tornam vulneráveis a
contaminações e ao assoreamento, acelerando o processo de degradação ambiental (REIS et
al. 2014).
Os ecossistemas que necessitam de intervenção são aquele que por alguma razão
foram degradados, perturbados, transformados ou inteiramente destruídos, como resultado de
ações diretas ou indiretas do homem (RODRIGUES, 2004). E de acordo com esse mesmo
autor, em alguns casos as degradações ambientais podem ser causadas ou agravadas por fatos
provenientes de algum fenômeno natural, como fogo, enchentes, tempestades, erupções
vulcânicas, nos quais afetam o ecossistema de tal maneira que o mesmo não possui mais a
capacidade de se auto recuperar.

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3.3 Mata Ciliar

A vegetação ciliar pode ser definida como aquela característica de margens ou áreas
adjacentes a corpos d’água, sejam esses rios, lagos, represas, córregos ou várzeas, que
apresenta em sua composição espécies típicas resistentes ou tolerantes ao encharcamento ou
excesso de água no solo. Podem ser conhecidas por formações florestais ribeirinhas, matas de
galeria, veredas, mata de várzea, florestas ciliares e matas ripárias (TRES et al. 2007).

Nas matas de galeria, a copa das árvores das duas margens se toca sobre o curso
d’água, formando túneis ou galerias. Já nas matas ciliares, a copa das arvores da beira de uma
margem não encosta na copa das árvores da beira de uma margem. (AQUINO et al. 2012).

A sua importância é devido a proteção e manutenção das nascentes, na recarga dos


corpos hídricos subterrâneos, refúgio e alimento para fauna, a manutenção do microclima, na
proteção da qualidade da água, na contenção de processos erosivos e no abrigo da
biodiversidade devido a heterogeneidade do ambiente ciliar causado pelo corredor ecológico
interligando os fragmentos naturais na paisagem (GANDOLFI & RODRIGUES, 2007). A
vegetação ciliar também reduz o impacto de fontes de poluição de áreas a montante, através
de mecanismos de filtragem (retenção de sedimentos), barreira física processos químicos,
minimiza processos de assoreamento dos corpos d’água e a contaminação por lixiviação ou
escoamento superficial de defensivos agrícolas e fertilizantes. Além disso, mantém a
estabilidade dos solos marginais, minimizando os processos erosivos e o solapamento das
margens. A vegetação ciliar pode ainda reduzir a entrada de radiação solar e, desta forma,
minimizar flutuações na temperatura da água dos rios (KAGEYAMA et al. 2001).

Por estes motivos é que as ações de restauração florestal tendem a se concentrar nas
regiões ciliares, além da sua importante função nas bacias hidrográficas. Esta faixa ciliar é
legalmente conhecida como Área de Preservação Permanente hídrica (APP), instituída pela lei
nº 12.651, de 25 de Maio de 2012, art. 3°, parágrafo II (BRASIL, 2012).

3.4 Restauração Ecológica

A restauração ecológica é a iniciativa que visa favorecer a persistência da


biodiversidade e a permanência de serviços ecossistêmicos. Essas ações ocorreram por meio
do estabelecimento de elementos estruturais na paisagem florestal, aumentando a
conectividade dos sistemas, da ampliação da cobertura florestal, da recuperação de

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remanescentes florestais degradados, pelo controle de distúrbios antrópicos e pelo
restabelecimento da trajetória sucessional.

É importante ressaltar que ações de suporte ao desenvolvimento socioeconômico de


comunidades rurais marginalizadas estão ligadas indiretamente a preservação dos recursos
naturais. Observa-se que onde há falta de oportunidades e de geração de emprego e renda, há
também o aumento de incidência de casos de desmatamentos e degradação florestal
(BRANCALION et al. 2013).

É conhecida também como uma atividade intencional que inicia ou acelera a


recuperação de um ecossistema em relação a sua saúde, integridade e sustentabilidade. Ela
visa à reconstrução de um ecossistema natural, no qual ao longo do tempo será restabelecida a
composição da fauna e flora primitiva daquela região. Também devolve ao ecossistema, em
longo prazo, os processos ecológicos responsáveis pela construção e manutenção de uma
comunidade funcional, com elevada diversidade. (RODRIGUES, 2004).

Para a restauração dos ecossistemas é necessário o resgate das características


originais do ambiente em questão, assim, por meio de técnicas devolvendo os elementos de
origem na área além de controlar os agentes que levam à descaracterização ou degeneração do
mesmo (BONINI, 2012). Segundo Albuquerque (2012), essa metodologia visa recuperar
princípios básicos das funções do ambiente, como a capacidade de provocar a
autorregeneração do ecossistema por meio da ativação dos processos ecológicos.

Na literatura, podem-se encontrar diferentes nomenclaturas dadas as ações que se


referem a intervenções positivas no ambiente, desde o mais comumente usado, recuperação,
até o mais recentemente proposto, restauração, passando por reabilitação, revegetação e
recomposição. Esses termos são bastante utilizados para referir-se às práticas de recuperação
ecológica (MORAES et al. 2010).

Assim, o termo recuperação está focado no restabelecimento da estrutura e da


produtividade em uma área degradada, usando espécies nativas e exóticas. Exerce a função da
proteção do ecossistema, que refletiria em benefícios socioeconômicos. O termo reabilitação
refere-se ao restabelecimento da estrutura, da produtividade e de alguma diversidade vegetal e
animal (não necessariamente todas) que existiam originalmente no local, sendo permitido
ainda a introdução de espécies exóticas desde que seja por razões e cológicas ou econômicas

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significativas. E por fim a restauração é definida como o restabelecimento da estrutura, da
produtividade e diversidade de espécies da floresta original, em médio e longo prazo (LAMB
& GILMOUR, 2003).

De acordo com alguns autores, entende-se que os termos que diferenciam as práticas
são diferenciados pelo horizonte temporal, ou seja, onde em longo prazo todas as técnicas
convergem para a restauração. Assim, se uma intervenção que proponha o uso inicial de
espécies exóticas para restabelecer os teores de matéria orgânica e de nutrientes no solo, mas
que no longo prazo vise a um ecossistema com estrutura e função similar ao ecossistema
original pode ser classificada como uma restauração (MORAES et al. 2010).

3.5 Breve Histórico da Restauração Ecológica no Brasil

Ainda no Brasil Colônia e no Império, a falta de água e a preservação desta, assim


como dos recursos naturais, já eram fatores que recebiam tratamento preferencial nas questões
administrativas daquela época, pela compreensão de suas devidas importâncias. Uma das
imagens significativas nesse período, que demonstra a preocupação com a preservação dos
recursos hídricos foi a desapropriação de terras na cidade do Rio de janeiro, na região das
bacias hidrográficas dos rios que abasteciam a cidade. Essa desapropriação teve a finalidade
de recompor a vegetação nativa do local, que teria sido devastada pela ocupação antrópica e
ocupada pela plantação de café (CASTRO & KAGEYAMA, 1989). O histórico de ações de
restauração florestal teve início no século XIX, tendo a primeira iniciativa de restauração
iniciada em 1862 na floresta, hoje conhecida como Floresta nacional da Tijuca, na cidade do
Rio de Janeiro, realizada com o objetivo da preservação dos corpos d'água e as nascentes dos
córregos que eram responsáveis pelo abastecimento público de água (DRUMMOND, 1988;
CÉZAR & OLIVEIRA, 1992; FREITAS et al., 2006).

Um processo semelhante foi realizado no ano de 1954, que foi responsável pela
recomposição da vegetação arbórea do Parque Nacional de Itatiaia, com plantios que
privilegiaram espécies de rápido crescimento (CASTRO & KAGEYAMA, 1989). Em 1955,
também outro importante trabalho foi realizado na cidade de Cosmópolis, às margens do rio
Jaguai, onde foram utilizadas 71 espécies arbustivo-arbóreas sendo estas a maioria nativa,
sem um espaçamento definido entre as mudas plantadas. Assim, este trabalho foi finalizado
em 1960, onde as espécies foram distribuídas de forma a constituir grupos heterogêneos,
tendo como meta a reconstrução da forma original da floresta fornecendo alimento à

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ictiofauna (NOGUEIRA, 1977).

Já no final da década de 1970, houve alguns exemplos de iniciativas de plantios


realizados pela CESP (Companhia Energética de São Paulo), iniciados nos reservatórios da
Usina Hidrelétrica de Paraibuna (Paraibuna, SP) e UHE Mário Lopes Leão (Promissão, SP),
partindo dos objetivos de “consolidar as áreas de empréstimo para controle de deslizamentos
de solo e de reafeiçoar a paisagem adulterada, recuperando os padrões visuais predominantes
na região”. Esses reflorestamentos basearam-se no modelo de plantio com distribuição ao
acaso das espécies, resultando em florestas mistas, com longo tempo para o estabelecimento
(fechamento das copas) e insucesso de diversas espécies nas condições existentes, o que
determinou a reavaliação da metodologia (KAGEYAMA et al. 1990) e possibilitou a
incorporação de novos objetivos.

Embora as condições não tenham sido controladas experimentalmente, os resultados


obtidos mostram tendências a serem testadas no consórcio de espécies arbóreas. Esses
resultados, aliados aos conceitos da sucessão secundária, permitiram delinear os experimentos
instalados a partir de 1989, que iriam se constituir numa nova fase da restauração
(KAGEYAMA et al. 1990).

Enfim, somente na década de 1980, com o desenvolvimento da ecologia de florestas


naturais e o início da consolidação da Ecologia da Restauração como ciência, os trabalhos de
restauração passaram a incorporar os conceitos e paradigmas da ecologia florestal para a
sustentação conceitual das metodologias de restauração (Rodrigues & Gandolfi, 2004; Engel
& Parrotta, 2003), trabalhando com a concepção dos reflorestamentos mistos com espécies
nativas, associando critérios de como combinar as diferentes espécies, agora sim agrupadas
segundo suas características ou seu papel na sucessão secundária.

O desafio de conservar a biodiversidade em paisagens intensamente cultivadas tem


como principal problema o processo de degradação de fragmentos florestais regionais.
Tamanho, forma, grau de isolamento, tipo de vizinhança e histórico de perturbações
apresentam relações com fenômenos biológicos e, consequentemente, afetam a dinâmica dos
fragmentos florestais. Deve ser feito o manejo destes fragmentos e as paisagens em que estão
inseridos, assim como desenvolver atividades de educação ambiental com a população local
com relação à importância da cobertura florestal para o desenvolvimento sustentável
(VIANA, 1998).

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3.6 Técnicas de Restauração Ecológica

A restauração de ecossistemas exige o resgate das características originais do


ambiente em questão, assim, por meio de técnicas devolvendo os elementos de origem na área
além do controle dos agentes que levam à descaracterização ou degeneração do mesmo
(BONINI, 2012).

A escolha da ação de restauração mais adequada requer a identificação correta e


precisa de conceitos relacionados à dinâmica do ecossistema degradado e ao histórico de uso
do solo, não havendo um modelo pré-estabelecido que seja válido para todos os sítios e
situações. Cada sítio degradado possui sua história de degradação, estando sujeito a um
conjunto de características ecossistêmicas, tendo assim a necessidade de uma estratégia
específica (MORAES et al. 2010).

O potencial de recuperação de uma área degrada está associada ao seu histórico de


uso, cobertura atual, características da paisagem local, e no caso de áreas de cerrado, está
ligado predominantemente à capacidade de regeneração natural por brotação de estruturas
subterrâneas dos indivíduos que tiveram sua parte aérea destruída (BORDINI, 2007).
Também o conhecimento florístico e estrutural da comunidade arbórea da região a sofrer
intervenção, são fundamentais para subsidiar estratégias de restauração florestal (SILVA et al.
2013).
Partindo desses princípios, entende-se que a realização do diagnóstico ambiental é
primordial para a identificação da degradação ou não cumprimento das leis ambientais, assim
como deve ser feito um zoneamento ambiental, reconhecendo e distinguindo os níveis de
variação de degradação das áreas, do tipo de vegetação nos diferentes locais, e a capacidade
de auto-recuperação das mesmas, sendo possível julgar qual a melhor ação de restauração
apropriada a cada região identificada (VARGAS et al, 2014). O sucesso do projeto de
restauração baseia-se na restauração do funcionamento da comunidade final, sem que
necessariamente se obtenha de imediato o conjunto de espécies que devem compor a
comunidade final local (GANDOLFI & RODRIGUES, 2007).

Deve-se observar o potencial de auto-recuperação ainda existente nessas áreas em


processo de restauração, pelo histórico de degradação da referida área e pelas características
das áreas vizinhas. Logo, reconhecidos esse potencial, recomenda-se não o plantio de mudas

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nativas, mas a indução e condução da regeneração natural. Após aviação ao longo tempo, as
ações de condução a regeneração natural, podem receber ações complementares a restauração,
como adensamento, enriquecimento de diversidade florística e genética, pelas técnicas de
semeadura direta, poleiros naturais e artificiais, entre outros (MORAES et al, 2010).

Como exemplo de técnicas que priorizam o resgate da comunidade florestal


funcional, com elevada diversidade, são empregadas estratégias como o transplante de
plântulas alóctones (originado de outras áreas), transplante de serapilheira e banco de
sementes alóctones, semeadura direta, uso de espécies atrativas da fauna, uso de poleiros
(naturais e artificiais) e galharias. Estes animais por sua vez tem a função de proporcionar o
resgate da diversidade florística podendo até incorporar outras espécies não existentes na
região (DURIGAN et al. 2011).

O além das técnicas a serem adotadas, o principal fator que deve ser considerado é a
capacidade de auto-recuperação da área evidenciando a existência de fragmentos florestais
vizinhos, que estes por sua vez serão fontes do banco de sementes para as áreas a ser
restauradas, como aumentará a chance da chegada de sementes de espécies nativas pela
dispersão, desenvolvendo assim vigorosamente a regeneração natural nessas, podendo até ser
dispensado o plantio de mudas (MORAES et al., 2010). Portanto, a restauração por meio da
indução, condução e manejo da regeneração natural é a metodologia mais adequada na região
do cerrado, devido ao alto índice de rebrotamento dos regenerantes nativos (BORDINI, 2007).

Áreas a serem restauradas que apresentam grande quantidade de regenerantes, em


número e espécies, como também em áreas que foram isoladas e seus agentes de degradação
removidos, a condução da regeneração é feita por um período entre 6 a 12 meses, para que
ocorra de forma garantida a autorregeneração desta área sem a presença de espécies
competidoras. Essa ação consiste no “coroamento”, ou limpeza de 30 a 40 centímetros de
diâmetro entorno dos indivíduos regenerantes, assim como a adubação dos mesmos (BONINI,
2012).
Em relação às técnicas, primeiramente deve ser feito o isolamento da área e a retirada
dos fatores de degradação. Só depois que as ações de degradação forem identificadas e
suprimidas é que devem desencadear ações de restauração, como o controle de espécies
exóticas que competem com os regenerantes e impedem a auto-regeneração. O controle das
espécies competidoras pode ser feita manualmente ou com agentes químicos, de forma
cuidadosa sem que haja contaminação ambiental (GANDOLFI & RODRIGUES, 2007).

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Outra técnica é a indução do banco de sementes autóctone, que é o estoque de
sementes que existe no próprio solo do local a ser restaurado. Alguns processos de degradação
podem eliminar a floresta, porém sem destruir o potencial de germinação das espécies que
estão estocadas na forma de sementes na camada superficial do solo. Quando identificada a
presença de bancos de semente na área ser restaurada, para induzir a germinação dessas
sementes o ideal é promover o revolvimento da camada superficial do solo e a exposição das
sementes à luz (ESPINDOLA, 2006).

A técnica de restauração de adensamento consiste no preenchimento de espaços


vazios entre os regenerantes por indivíduos de espécies que já se expressam na regeneração
natural ou de outras espécies mais iniciais da sucessão, de forma que ocupem totalmente a
área de restauração. A introdução desses indivíduos geralmente é feita ou pelo plantio de
mudas ou de sementes (GANDOLFI & RODRIGUES, 2007).

O modelo de nucleação é biocentrica, ou seja, tem a função de organizar a natureza


em núcleos que recobrem em torno de 10% a 30% da área degradada permitindo que os
demais espaços sejam restabelecidos por uma complexa rede de interações entre os
organismos e uma heterogeneidade sucessional, em que o ecossistema poderá convergir para
múltiplos pontos de equilíbrio. A nucleação prioriza refazer processos naturais da sucessão
estocásticas, direcionando a comunidade para sua integração com a paisagem que a envolve,
onde os formados mostram que pequenas interferências a nível local e de contexto,
representam “gatilhos ecológicos” que promovem a conectividade e a integração das áreas
naturais e produtivas (REIS et al., 2014).

São conhecidas como técnicas nucleadoras a transposição de solo, poleiros artificiais,


coleta de sementes de espécies nucleadoras com manutenção de variabilidade genética,
plantio de mudas em ilhas de diversidade e transposição de chuva de sementes (REIS et al.,
2007).Os usos de técnicas nucleadoras aceleraram o processo sucessional, resgatando não só
aspectos estruturais, mas também a funcionalidade entre os organismos da comunidade local.
A formação de núcleos com o banco de sementes e o incremento da chuva de sementes,
através dos poleiros artificiais, são fundamentais para estabelecer pontos de ligação entre
áreas abertas e fragmentos preservados. Essas estratégias representam a oportunidade de
restaurar uma paisagem onde os processos ecológicos sejam mantidos e capazes de garantir
estabilidade e resiliência ambiental. No sentido do compromisso ético com a conservação,

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essas ações humanas tenderão a permitir evidente aumento da biodiversidade local,
condizente com as características ecológicas daquela comunidade (TRES et al., 2007).

Em áreas de restauração que apresentam baixa diversidade de espécies regenerantes,


assim como arbustivo-arbóreas, a técnica de restauração indicada é a de enriquecimento. Essa
técnica pode ser feita pelo plantio de mudas ou por semeadura direta, de novas espécies tendo
como base a diversidade de fragmentos florestais pouco degradados da região priorizando
espécies atrativas da fauna (SÃO PAULO, 2011).

A ação de restauração de plantio total deve ser adotada nos programas de restauração
identificadas com baixo potencial de auto-recuperação, por conta do elevado estado de
degradação. Para a implementação do plantio total o modelo mais utilizado é a combinação e
distribuição no campo de espécies pertencentes a dois grupos distintos, espécies de
preenchimento ou linhas de preenchimento ou em espécies de diversidade ou linhas de
diversidade (DURIGAN et al, 2011).

3.7 Sucessão Ecológica

O termo sucessão ecológica é usado para descrever processos de alteração na


vegetação sobre várias escalas, como temporal, espacial ou vegetacional. Sucessão Ecológica
é um dos mais antigos e fundamentais conceitos em ecologia e compreender sua dinâmica é
necessário para o entendimento das comunidades (MIRANDA, 2009). Ainda segundo o
mesmo autor, sucessão é o processo ordenado de mudanças no ecossistema, resultante da
modificação do ambiente físico pela comunidade biológica, culminando em um tipo de
ecossistema persistente, o clímax.

Horn (1974) também define sucessão ecológica como um fenômeno que envolve
gradativas variações na composição específica e na estrutura da comunidade, iniciando-se o
processo em áreas que, mediante ações perturbatórias ou não, se apresentam disponíveis à
colonização de plantas e animais, prosseguindo até determinado período onde tais mudanças
se tornam bastante lentas, sendo a comunidade resultante designada como clímax.

O uso de princípios teóricos da sucessão vegetal, em ecossistemas degradados, é uma


importante ferramenta para a reabilitação ambiental, pois se esta utilizando os próprios
mecanismos da natureza local, induzindo o surgimento de novos estágios sucessionais. A

16
reabilitação de áreas degradadas deve envolver um conjunto de fatores ambientais, de tal
forma que propicie condições para que os processos ambientais sejam similares ao de uma
vegetação secundária da região (VALCARCEL & SILVA, 2003).

O processo de sucessão ecológica inicia-se em áreas disponíveis a colonização, tendo


como as espécies colonizadoras as “pioneiras”, espécies dependentes de luz, intolerantes à
sombra, possuem crescimento rápido, vida curta, alta dispersão de semente pelo vento e por
animais (KAGEYAMA et al. 1990). As espécies de transição possuem crescimento lento,
intolerância a luz, florescimento e frutificação tardios, baixa produção de sementes, difícil
dispersão e grande porte. Neste estágio a comunidade se torna mais heterogênea (LEITÃO-
FILHO, 1993).
O estágio final de uma comunidade é mais evoluído e equilibrado. As espécies
crescem lentamente, têm ciclo de vida longo, são tolerantes à sobra. O solo possui grande
quantidade de matéria orgânica proveniente das camadas vegetais superiores, o solo é pobre
em vegetação rasteira (VALCARCEL & SILVA, 2003).

17
4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Caracterização da Área de Estudo

A área que será estudada é a sub-bacia hidrográfica do Córrego Guariroba, no qual


encontra-se no município de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, região centro-oeste do
estado, com dimensão de aproximadamente 8.096,051 km² (Figura 1). A sub-bacia do córrego
Guariroba por sua vez, possui área total de 36.190 hectares, localizada na região rural do
município, onde sua ocupação é predominantemente por pastagens exóticas.

Figura 1. Localização da Bacia Hidrográfica do córrego Guariroba.


Fonte: ALMAGRO A.; ALVES SOBRINHO, T. 2014

A sub-bacia hidrográfica do córrego Guariroba é tributária do ribeiro Botas, que por


sua vez é um dos contribuintes do rio Pardo, um dos afluentes do rio Paraná. Os fundos de
vale caracterizam-se pela extensiva ocorrência de campos úmidos, veredas e outras formações
ribeirinhas típicas do Cerrado. Além do curso d’água principal correspondente ao córrego
Guariroba, a APA é drenada pelos córregos Rondinha, dos Tocos, Desbarrancado e Saltinho.

Merece destaque ainda como importante elemento hidrográfico o Reservatório


Guariroba. Em operação desde 1985, a captação de água existente nesse reservatório responde
por aproximadamente 50% do abastecimento público urbano de Campo Grande. A vazão
atualmente explorada é de 4.433 m3/h.

18
Esta região apresenta uma homogeneidade climática, bem como a característica do
Centro-Oeste brasileiro, predominando, de acordo com o modelo de classificação climática de
Köppen, o clima do tipo Aw, definido como Clima quente e úmido com chuvas de verão. Esse
tipo climático é ainda definido como clima de Savana, tendo como característica a ocorrência
de 4 a 5 meses seca e temperatura do mês mais frio superior a 18º C (PMCG, 2009). Verifica-
se que o período entre outubro e março concentra parte significativa da precipitação anual. O
trimestre mais chuvoso é verificado entre novembro, dezembro e janeiro. Já o período
considerado seco é definido entre maio e setembro, onde julho, junho e agosto são o trimestre
de menos precipitação (Tabela 1).

Tabela 1. Precipitação Pluviométrica na cidade de Campo Grande - 1996 – 2005.


Fonte: PMCG, 2009.

Em relação aos fatores bióticos, o bioma predominante no município de Campo


Grande é o Cerrado, apresentando fitofisionomias típicas do bioma, como um mosaico de
fisionomias dos tipos savânicos, campestres e florestais, cujas variações decorrem de
condicionantes edáficos e geomorfológicos, mas também caracteriza-se pela ocorrência de
áreas de tensão ecológica representadas pelo contato Cerrado/Floresta Estacional
Semidecidual.

No território da APA do Guariroba, a composição das rochas do Grupo Bauru e as


características do relevo condicionam a formação de solos de textura arenosa do tipo
Neossolos Quartzarênicos, Latossolos Vermelhos, de texturas média e argilosa, Latossolo
Vermelho-Amarelo textura média, associados aos relevos colinosos e aplanados que
predominam na região. Ocorrem ainda, associados às planícies fluviais e aos depósitos de

19
várzea dos rios, tipos pedológicos classificados como Neossolo Quartzarênico hidromórfico
ou glêico, e eventualmente Neossolos Flúvicos (Solos Aluviais).

No que se refere aos usos da água, verifica-se na APA usos consultivos e não
consultivos, englobando desse modo, dentre os usos consultivos, o abastecimento humano e
animal e a irrigação em setores restritos. Dentre os usos não consultivos, verifica-se a pesca
amadora, a piscicultura e o afastamento e diluição de efluentes domésticos de algumas das
residências rurais. Além da modalidade de uso da água associada ao abastecimento público, a
dessedentação de animais é o outro uso marcante na bacia, sendo verificado essencialmente
em setores da várzea de todos os canais de drenagem. Nos locais de acesso aos cursos d’água,
em razão do pisoteamento do gado, é comum a ocorrência de processos de erosão acelerada e
de assoreamento.

O local escolhido para receber intervenção de recuperação de APP pertence à


propriedade da fazenda Guariroba (Nossa Senhora Aparecida). Ela está localizada nas
coordenadas geográficas 20°35’0.24”S e 54°20’56.93”O, situada dentro da sub-bacia
hidrográfica do córrego Guariroba, e da micro-bacia Guariroba (Figura 2).

Figura 2. Localização da propriedade Guariroba dentro da Bacia

20
A área experimental, pertence à mata ciliar do córrego saltinho, possuindo dimensão
de um hectare. A APP havia sito desmatada, e seu local estava ocupado por pastagens
exóticas, com pouco ou nenhum elemento remanescente. Esses fatores agravam as más
condições do solo e o assoreamento dos rios. Constata-se que a área adjacente vizinha é área
úmida. A área escolhida na faixa da APP encontrava-se cercada à seis meses antes do início
da intervenção na área (Figura 3).

Figura 3. Área modelo de 1 ha na propriedade Guariroba

4.2 Seleção De Espécies

As espécies arbóreas a serem plantadas para o início das atividades de restauração


foram doadas pelo Viveiro Municipal Flora do Cerrado, de administração da Prefeitura
Municipal de Campo Grande. Inaugurado em 21 de setembro de 2010, o viveiro possui uma
extensa produção de mudas de árvores de espécies nativas, onde é vinculado à Secretaria
Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SEMADUR) (Tabela 2). O local
produz mudas que são destinadas para plantio em Áreas de Recuperação Ambiental (APP),
praças, passeios públicos, parques, escolas, assim também como alguns projetos
socioambientais, como o “Fruta no Quintal” e a “Semana da Árvore”.

21
Tabela 2. Listas de Espécies Arbóreas a serem introduzidas na área experimental

Nome Popular Espécie (Nome científico) Etapa Sucessional


Amargoso Vatairea macrocarpa Secundário
Amendoim Pterogyne nitens Pioneira
Angico Anadenanthera sp. Pioneira
Aroeira Myracrodruon urundeuva Clímax
Cajamirim Spondia sp. Secundário
Canafistula Peltophorum dubium Pioneira
Cedro Cedrela fissilis Pioneira
Cerejeira Amburana cearensis Clímax
Chico Magro Guazuma ulmifolia Pioneira
Embaúba Cecropia pachystachya Pioneira
Genipapo Genipa americana Pioneira
Guarita Astronium fraxinifolium Secundário
Ingá Inga sp. Secundário
Ipê-amarelo Tabebuia chrysotricha Secundário
Ipê-amarelo de folha lisa Tabebuia sp. Secundário
Ipê-branco Tabebuia cf. roseo-alba Secundário
Ipê-roxo Tabebuia heptaphylla Clímax
Jacarandá cuspidifolia Pioneira
Osso burro Priogymnanthus hasslerianus Pioneira
Saboneteira Sapindus saponaria Pioneira
Urucum Bixa urucurana Pioneira
Ximbuva Enterolobium cortisiliiquum Pioneira

4.3 Metodologia Adotada

A técnica de recuperação adotada foi o plantio total em linhas. Esta técnica é mais
indicada para recuperar grandes áreas e tem como prioridade recobrir rapidamente o solo
desmatado e, assim, competir com a população de capim. Após esta etapa o ambiente começa
se tornar mais atrativo à fauna e favorável ao desenvolvimento de outras espécies vegetais.

As atividades na fazenda Guariroba foram realizadas pelo Programa Água Brasil, e


iniciaram-se no dia 4 de Fevereiro de 2014. Foi realizado primeiramente o combate e controle
da vegetação exótica através da aplicação de herbicida de baixo impacto (glifosato), e em
seguida do controle por capina manual para melhor resultado (Figuras 4 e 5).

22
Figuras 4 e 5. Aplicação do herbicida de baixo impacto (Glifosato)

Após a campina, foi realizada a abertura das covas manualmente, adotando-se o


sistema quincônico com espaçamento de 2,00 metros na linha (entre covas) e 3,00 metros
entre linhas, tendo às covas a dimensão de aproximadamente 50cmx30cm (Figura 6 e 7). O
plantio das mudas foi realizado em covas adubadas com composto orgânico (2 litros),
Calcário (200 gramas) e fertilizante NPK fórmula 6-10-6 (20 gramas). Em cada cova utilizou-
se ainda 1 litro de hidrogel já dissolvido (polímero hidrorretentor). Para o preparo do hidrogel
foram dissolvidos 1,5kg de gel em 500 litros de água.

Figuras 6 e 7. Preparação da área e abertura das covas para o recebimento das mudas

23
Figuras 8 e 9. Plantio das mudas

O plantio total em linhas foi iniciado no dia 13/02/2014 e finalizado no dia 20 de


fevereiro de 2014. Ao total foram plantadas 1.670 mudas, com espécies doadas pelo Viveiro
Municipal Flora do Cerrado (Tabela 3).

Tabela 3. Quantidade plantada de cada espécie arbórea

Quantidade
Nome Popular Espécie
Plantada
Amargoso Vatairea macrocarpa 80
Amendoim Pterogyne nitens 100
Angico Anadenanthera sp. 40
Aroeira Myracrodruon urundeuva 60
Cajamirim Spondia sp. 4
Canafistula Peltophorum dubium 100
Cedro Cedrela fissilis 90
Cerejeira Amburana cearensis 35
Chico Magro Guazuma ulmifolia 185
Embaúba Cecropia pachystachya 3
Genipapo Genipa americana 80
Guarita Astronium fraxinifolium 100
Ingá Inga sp. 100
Ipê-amarelo Tabebuia chrysotricha 70
Ipê-amarelo de folha lisa Tabebuia sp. 80
Ipê-branco Tabebuia cf. roseo-alba 70
Ipê-roxo Tabebuia heptaphylla 110
Jacarandá cuspidifolia 140
Osso burro Priogymnanthus hasslerianus 70
Saboneteira Sapindus saponaria 18
Urucum Bixa urucurana 35
Ximbuva Enterolobium cortisiliiquum 100

24
No projeto inicial, foi proposto um sistema de plantio de mudas em linhas alternadas
que combinassem espécies dos estágios finais de sucessão (secundárias tardias e clímax) com
espécies dos estágios iniciais de sucessão (pioneiras e secundárias iniciais), resultando num
gradual de substituição de espécies dos diferentes grupos ecológicos no tempo. Sendo assim,
as espécies foram distribuídas em campo, mesclando sempre que possível, espécies
secundárias iniciais, tardias e clímax (Figura 10).

Distribuição das Estapas Sucessionais

Clímax
12%

Secundário
30%
Pioneira
58%

Figura 10. Porcentagem plantada de cada Etapa Sucessional

Após o plantio foi realizado o coroamento das mudas com um raio mínimo de 50 cm
e recoberto por palhada. A primeira irrigação das mudas plantadas foi realizada com
aproximadamente 05 litros de água por planta no dia do plantio. Foi também realizado o
combate a formigas e cupins periodicamente (Figuras 11 e 12).

25
Figuras 11 e 12. Coroamento das mudas plantadas

Durante os 120 dias após o término das intervenções foram feitas todas as
manutenções necessárias para garantir o sucesso das técnicas aplicadas. Dentre as atividades
realizadas estão principalmente o combate a formigas, a irrigação das mudas, combate da
vegetação exótica através de herbicida de baixo impacto (Glifosato) e a roçada manual
também chamada de coroamento de todas as mudas plantadas. Ao longo deste trabalho foi
realizado 2 repetições de coroamento das mudas plantadas.

Após o período de um ano e três meses do termino das ações de plantio, verificou-se
dentre as espécies plantadas aquelas que obtiveram sucesso em desenvolvimento e adaptação
na área. O progresso das espécies foi avaliado conforme seu crescimento dentro desse
período, julgando os indivíduos com sucesso em se estabelecer aqueles que obtiveram dentro
deste prazo altura igual ou superior a 1m (um metro) de altura.

Este critério foi adotado devido ao tamanho apresentado pela Brachiaria sp., sendo
este o principal fator inibidor de crescimento das mudas, devido a sua altura entorno de 80
cm. Portanto, as espécies arbóreas encontradas com alturas superiores a 80 cm à um metro de
altura ou mais, são as que apresentam melhor possibilidade de se estabelecer, pois já seriam
capazes de romper essa barreira de crescimento. Assim espera-se que a partir desta altura, o
indivíduo conseguirá se desenvolver naturalmente sem intervenção ou manutenção humana,
como irrigação ou diminuição da competição por espécies exóticas. Em Albuquerque (2012),
diz que este monitoramento subsequente da sobrevivência e do desempenho de crescimento,
garantirá efetiva avaliação das espécies mais promissoras para serem utilizadas em programas
de restauração ecológica (Figuras 13, 14 e 15).

26
Figuras 13 e 14. Espécies identificadas como sucesso: Amendoim e Chico-magro

Figura 15. Urucum com sucesso em estabelecimento na área

27
5. RESULTADOS

Dentre as vinte e duas espécies plantadas, apenas treze foram identificadas como
sucesso em campo. São elas, o Urucum (Bixa urucurana), o Amendoim (Pterogyne nitens), o
Chico Magro (Guazuma ulmifolia), a Canafistula (Peltophorum dubium), o Ipê-Roxo
(Tabebuia heptaphylla), o Ipê-Amarelo (Tabebuia chrysotricha), a Aroeira (Myracrodruon
urundeuva), o Amargoso (Vatairea macrocarpa), o Ingá (Inga sp.), o Osso Burro
(Priogymnanthus hasslerianus), o Cedro (Cedrela fissilis) e a Guarita (Astronium
fraxinifolium) (Figura 17). Dentre essas espécies 81% são do tipo sucessional Pioneiras, 11%
Clímax e 8 % Secundárias (Figura 16). Isto comprova a idéia de Kageyama (1990), quando
refere-se às espécies Pioneiras, como as mais propícias a se estabelecerem na área, devido o
grande fornecimento de luz, a sua pouca exigência nutricional e o seu crescimento rápido, se
livrando rapidamente dos fatores de degradação.

Tabela 4. Espécies identificadas na área modelo como sucesso em estabelecimento

Nome Popular Espécie Quantidade identificada


Amargoso Vatairea macrocarpa 3
Amendoim Pterogyne nitens 32
Angico Anadenanthera sp. 0
Aroeira Myracrodruon urundeuva 3
Cajamirim Spondia sp. 0
Canafistula Peltophorum dubium 18
Cedro Cedrela fissilis 1
Cerejeira Amburana cearensis 0
Chico Magro Guazuma ulmifolia 46
Embaúba Cecropia pachystachya 0
Genipapo Genipa americana 0
Guarita Astronium fraxinifolium 1
Ingá Inga sp. 2
Ipê-amarelo Tabebuia chrysotricha 5
Ipê-amarelo de folha lisa Tabebuia sp. 0
Ipê-branco Tabebuia cf. roseo-alba 0
Ipê-roxo Tabebuia heptaphylla 15
Jacarandá cuspidifolia 0

28
Osso burro Priogymnanthus hasslerianus 1
Saboneteira Sapindus saponaria 0
Urucum Bixa urucurana 20
Ximbuva Enterolobium cortisiliiquum 0

Sucesso das Etapas Sucessionais

11%
Pioneira
8%

Secundária

Climáx
81%

Figura 16. Porcentagem das Etapas Sucessionais dentre as espécies que melhor se estabeleceram

Sobre as espécies plantadas, algumas delas não foram encontradas nenhum


indivíduo, sendo estes o Angico (Anadenanthera sp.), o Cajamirim (Spondia sp), a cerejeira
(Amburana cerensis), a embaúba (Cedropia pachystachya), o Ipê-amarelo de folha lisa
(Tabebuia Sp.), o Ipê-branco (Tabebuia roseo-alba), Saboneteira (Sapindus saponaria) e
Ximbuva (Enterolobium cortisiliiquum). Dessas, 50% são Pioneiras, 37,5% são Secundárias e
12,5% são Clímax. Segundo Figueiredo (2008), admite-se que esses indivíduos sofreram
algum fator externo de degradação que influenciou na sua mortalidade ou na sua capacidade
de se desenvolver da mesma forma que os outros indivíduos da mesma espécie.

29
Figura 17. Gráfico do desempenho das espécies plantadas

5.1 Análise e discussão dos Resultados e de Possíveis Erros

Analisando então os resultados obtidos da quantidade de indivíduos considerados


como sucesso em relação à porcentagem plantada, obteve-se o seguinte gráfico expondo as
mais adaptáveis às condições encontradas em campo.

30
Espécies Adaptadas
60,0 Urucum
55,0 Amendoim
Porcentagem de espéies identificadas

50,0 Chico Magro


45,0 Canafistula
40,0 Ipê-roxo
35,0 Ipê-amarelo
30,0 Aroeira
25,0
Amargoso
20,0
Ingá
15,0
Osso burro
10,0
Cedro
5,0
Guarita
0,0
Angico

Espécies Arbóreas

Figura 18. Gráfico das espécies mais adaptáveis à área de estudo

Através da tabela, é possível identificar de acordo com os resustados obtidos em


campo, que dentre as espécies plantadas, as dez consideradas mais susceptíveis a se
estabelecer em regiões e condições semelhantes, são: O Urucum (Bixa urucurana),
Amendoim (Pterogyne nitens), Chico Magro (Guazuma ulmifolia), Canafistula (Peltophorum
dubium), Ipê-Roxo (Tabebuia heptaphylla), Ipê-Amarelo (Tabebuia chrysotricha), Aroeira
(Myracrodruon urundeuva), Amargoso (Vatairea macrocarpa), Ingá (Inga sp.) e o Osso
Burro (Priogymanthus hasslerianus).

Porém deve-se levar em consideração que os fatores físicos e ambientais encontrados


na área de estudo possa ter influenciado direta ou indiretamente nos resultados. Na área
escolhida como modelo, identificou-se a presença do capim Brachiaria decumbens, que está
com altura aproximadamente de 50 a 80 cm. De acordo com Holanda et al (2010), a grande
densidade e o agressivo crescimento da espécie Brachiaria decumbens na área pode causar
danos para o desenvolvimento das mudas arbóreas (Figuras 19 e 20).

Além da Brachiaria, foram identificados outros tipos de capim que também podem
causar a mato-competição sobre as mudas arbóreas. São esses: o Campim Vassoura

31
(Andropogon Bicornis), o Capim Barba-de-bode (Aristida Longiseta), o Capim agulha
(Bachiaria Humidicola) e o Capim Gordura (Melinis Minutiflora).

Figuras 19 e 20. Genipapo e Ipê Roxo morrendo pelo sufocamento da Brachiaria

Outro fator que possa ter influenciado no desenvolvimento das mudas é a utilização
de herbicida de baixo impacto pré-emergente. Segundo Contieri (2004), não é recomendável a
aplicação do herbicida em plantios com essências nativas, pois este pode prejudicar
diretamente no sadio desenvolvimento das mudas. Este também diz que as técnicas de preparo
de solo para plantio podem influenciar consideravelmente a sobrevivência e o crescimento das
árvores, assim pode-se supor que talvez o preparo do solo assim como o plantio das mudas
pode ser sido feito de forma irregular por pessoas não capacitadas ao serviço.

O que também pode ter interferido no completo sucesso das ações de recuperação
ambiental é a escolha das espécies, não priorizando as espécies presentes na área de estudo.
Ainda em relação às mudas a serem plantadas, admite-se que o tamanho desta influencia em
sua maior capacidade de se desenvolver e a resistir a mato-competição e a fatores físicos do
ambiente.

Para que se potencializem as ações de recuperação ambiental na área indica-se a


condução a regeneração natural, quando a mesma se mostra com vigor em determinadas
áreas. Isso ocorre com mais frequência quando próximo às áreas a serem restauradas existe
algum fragmento ambiental capaz de dissipar sementes tanto pelo vento quanto por animais
ou insetos. Na área estudada ocorre fortemente a regeneração, por estar próxima a mata ciliar.

32
Apenas com o cercamento da área em apenas seis meses antes do início das ações de
recuperação, já era possível observar a presença de regenerantes. Após um ano e três meses
do final das ações de intervenção, a área encontra-se com várias espécies de regenerante com
altura superior a um metro.

Algumas dessas espécies nos quais são típicas de área úmida são estas: a Samambaia
(Pleopeltis pleopeltifolia), a Cruz-de-malta (Ludwigia octovalvis), o Marmelo (Alibertia
edulis), o Cambuí (Myrcia selloi), a Pixirica (Leandra purpurascens), a Orelha-de-onça
(Tibouchina grandifolia), e o Fedegoso (Senna pendula). Outras espécies de regenerantes
encontradas que são comuns em áreas secas são: a Goiaba-do-mato (Psidium guajaraa),
Coqueiro Bocaiuva (Acrocomia aculeata), o Caraguatá (Bromelia balansae Mez), Assa-peixe
(Vernonia polyanthes), Banana de macaco (Xylopia aromatica), Laranjinha do mato (Styrax
ferrugineus), Jacarandá-bico-de-pato (Machaerium acutifolium), Ata-do-mato (Duguetia
furfuracea), e o Coqueiro Rasteiro (Syagrus sp).

Figuras 21 e 22. Regenerantes de área úmida: Samambaia e Orelha-de-onça

33
Figuras 23 e 24. Regenerantes de área seca: Caraguatá e Assa-peixe.

Um dos fatores positivos encontrados na área sobre a situação da recuperação


ambiental da área é a grande presença da fauna dispersora e insetos polinizadores. São esses
animais que transitam pela área, auxiliando na dispersão de sementes, e consequentemente
aumentando a variabilidade genética das espécies presentes. Isso é possível, pelo fato de que
há presença de certas espécies arbóreas que oferecem alimentos a alguns desses animais e
pelo estado atual da área oferecer um ambiente propício e seguro a sobrevivência desses
animais. Foram observadas a possível presença dos seguintes animais: Papagaio, Seriema,
Maritaca, Macaco, Tucano, Tatu, Urubu e Tamanduá.

Figuras 25 e 26. Buraco de Tatu e presença de polinizadores

34
Figuras 27 e 28. Urubu e Tamanduá-bandeira

Outro fator observado na área é a grande população de cupins, que é um indicativo


de solo pobre e ácido.

Figura 29. Cupinzeiro

35
A iniciativa de recuperação ambiental dessa área teve como função servir de modelo
experimental para que os proprietários das fazendas pertencentes à Bacia do Guariroba, e
outros possam recriá-lo em outros locais com as mesmas características de degradação em
mata ciliar, em prol da preservação dos mananciais e da qualidade da água.

36
6. CONCLUSÃO

Em relação à lista de espécies selecionadas para o plantio total em linhas no projeto


de recuperação ambiental da mata ciliar, as espécies consideradas melhor adaptáveis as
condições ambientais são o Urucum (Bixa urucurana), Amendoim (Pterogyne nitens), Chico
Magro (Guazuma ulmifolia), Canafistula (Peltophorum dubium), Ipê-Roxo (Tabebuia
heptaphylla), Ipê-Amarelo (Tabebuia chrysotricha), Aroeira (Myracrodruon urundeuva),
Amargoso (Vatairea macrocarpa), Ingá (Inga sp.) e o Osso Burro (Priogymanthus
hasslerianus). Deve-se priorizar a seleção de espécies nativas que sejam pioneiras a serem
plantadas, de forma que seu tamanho seja igual ou maior a 80cm.

Através deste estudo também é possível afirmar que a manutenção da área por no
mínimo um ano após o plantio é essencial para o melhor estabelecimento das mudas. Dentre
essas técnicas, são as principais a capina manual da área para a eliminação de espécies
competidoras como o capim Brachiaria decumbens, a manutenção a regeneração natural, rega
periódica no período de seca, o combate às formigas e cupins, correção do pH do solo e seus
nutrientes.

37
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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