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CAMPO GRANDE – MS
2015
Curso de Graduação em Engenharia Ambiental / UFMS
Campo Grande – MS
2015
ii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 4
2. OBJETIVO ........................................................................................................... 6
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 7
3.1 O Bioma Cerrado ................................................................................ 7
3.2 Degradação Ambiental ........................................................................ 8
3.3 Mata Ciliar ......................................................................................... 9
3.4 Restauração Ecológica ......................................................................... 9
3.5 Breve Histórico da Restauração Ecológica no Brasil ........................... 11
3.6 Técnicas de Restauração Ecológica .................................................... 13
3.7 Sucessão Ecológica ............................................................................ 16
4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 18
4.1 Caracterização da Área de Estudo ..................................................... 18
4.2 Seleção De Espécies ........................................................................... 21
4.3 Metodologia Adotada ........................................................................ 22
5. RESULTADOS ................................................................................................... 28
5.1 Análise e discussão dos Resultados e de Possíveis Erros ...................... 30
6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 37
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 38
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1. INTRODUÇÃO
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impactos expressivos na bacia, sobretudo no que se refere a processos erosivos e ao
assoreamento dos corpos d’água e do Reservatório Guariroba (PMCG, 2009). Então, tendo
em vista a necessidade da conservação deste importante recurso hídrico, foi criado o
programa Manancial Vivo/PMCG pelo decreto Nº11. 303 de 2010, sendo também
contemplado pelo Programa Água Brasil, que estabelece entre suas metas a recuperação das
matas ciliares desta bacia, tendo como parceiros a Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul (UFMS), a Organização Não Governamental (ONG) ambiental WWF-BRASIL, o Banco
do Brasil, a Fundação Banco do Brasil, a Agência Nacional de águas (ANA) e a Empresa
Brasileira de Pesquisa em Agropecuária (EMBRAPA).
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2. OBJETIVO
6
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O bioma cerrado possui área de 204,7 milhões de hectares (IBGE, 2004) e concentra
sua maior parte na região central do Brasil, se estendendo até o nordeste do pais (EMBRAPA,
2008), contemplando todo o Distrito Federal, mais da metade dos estados de Goiás (97%),
Maranhão (65%), Mato Grosso do Sul (61%), Minas Gerais (57%) e Tocantins (91%), além
de porções de outros seis estados (IBGE, 2004).
No Mato Grosso do Sul, na porção ocupada pelo bioma cerrado apenas 32% dessa
área ainda é coberta pela vegetal natural. Nelas predominam as fitofisionomias florestal e
campestre, ocupando 13% e 17% respectivamente da área total do cerrado. As coberturas
vegetais antrópicas nesse estado são representadas basicamente por pastagens cultivadas
(EMBRAPA, 2008).
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biodiversidade, a invasão e substituição por espécies exóticas, o aumento de processos
erosivos, a contaminação dos aquíferos, a degradação dos ecossistemas, alteração nos regimes
de queimada e as modificações climáticas regionais, como por exemplo, ciclo hidrológico.
Por esses fatores, o Cerrado hoje é considerado um dos principais biomas a serem
conservados, devido ao alto número de espécies endêmicas ameaçadas (PILON &
DURIGAN, 2013).
Em busca de alta produtividade, a maximização das áreas produtivas nas zonas rurais
geralmente acaba se estendendo até próximo às margens dos rios, extraindo a vegetação
nativa das matas ciliares. Por esse motivo os corpos d’água se tornam vulneráveis a
contaminações e ao assoreamento, acelerando o processo de degradação ambiental (REIS et
al. 2014).
Os ecossistemas que necessitam de intervenção são aquele que por alguma razão
foram degradados, perturbados, transformados ou inteiramente destruídos, como resultado de
ações diretas ou indiretas do homem (RODRIGUES, 2004). E de acordo com esse mesmo
autor, em alguns casos as degradações ambientais podem ser causadas ou agravadas por fatos
provenientes de algum fenômeno natural, como fogo, enchentes, tempestades, erupções
vulcânicas, nos quais afetam o ecossistema de tal maneira que o mesmo não possui mais a
capacidade de se auto recuperar.
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3.3 Mata Ciliar
A vegetação ciliar pode ser definida como aquela característica de margens ou áreas
adjacentes a corpos d’água, sejam esses rios, lagos, represas, córregos ou várzeas, que
apresenta em sua composição espécies típicas resistentes ou tolerantes ao encharcamento ou
excesso de água no solo. Podem ser conhecidas por formações florestais ribeirinhas, matas de
galeria, veredas, mata de várzea, florestas ciliares e matas ripárias (TRES et al. 2007).
Nas matas de galeria, a copa das árvores das duas margens se toca sobre o curso
d’água, formando túneis ou galerias. Já nas matas ciliares, a copa das arvores da beira de uma
margem não encosta na copa das árvores da beira de uma margem. (AQUINO et al. 2012).
Por estes motivos é que as ações de restauração florestal tendem a se concentrar nas
regiões ciliares, além da sua importante função nas bacias hidrográficas. Esta faixa ciliar é
legalmente conhecida como Área de Preservação Permanente hídrica (APP), instituída pela lei
nº 12.651, de 25 de Maio de 2012, art. 3°, parágrafo II (BRASIL, 2012).
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remanescentes florestais degradados, pelo controle de distúrbios antrópicos e pelo
restabelecimento da trajetória sucessional.
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significativas. E por fim a restauração é definida como o restabelecimento da estrutura, da
produtividade e diversidade de espécies da floresta original, em médio e longo prazo (LAMB
& GILMOUR, 2003).
De acordo com alguns autores, entende-se que os termos que diferenciam as práticas
são diferenciados pelo horizonte temporal, ou seja, onde em longo prazo todas as técnicas
convergem para a restauração. Assim, se uma intervenção que proponha o uso inicial de
espécies exóticas para restabelecer os teores de matéria orgânica e de nutrientes no solo, mas
que no longo prazo vise a um ecossistema com estrutura e função similar ao ecossistema
original pode ser classificada como uma restauração (MORAES et al. 2010).
Um processo semelhante foi realizado no ano de 1954, que foi responsável pela
recomposição da vegetação arbórea do Parque Nacional de Itatiaia, com plantios que
privilegiaram espécies de rápido crescimento (CASTRO & KAGEYAMA, 1989). Em 1955,
também outro importante trabalho foi realizado na cidade de Cosmópolis, às margens do rio
Jaguai, onde foram utilizadas 71 espécies arbustivo-arbóreas sendo estas a maioria nativa,
sem um espaçamento definido entre as mudas plantadas. Assim, este trabalho foi finalizado
em 1960, onde as espécies foram distribuídas de forma a constituir grupos heterogêneos,
tendo como meta a reconstrução da forma original da floresta fornecendo alimento à
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ictiofauna (NOGUEIRA, 1977).
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3.6 Técnicas de Restauração Ecológica
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nativas, mas a indução e condução da regeneração natural. Após aviação ao longo tempo, as
ações de condução a regeneração natural, podem receber ações complementares a restauração,
como adensamento, enriquecimento de diversidade florística e genética, pelas técnicas de
semeadura direta, poleiros naturais e artificiais, entre outros (MORAES et al, 2010).
O além das técnicas a serem adotadas, o principal fator que deve ser considerado é a
capacidade de auto-recuperação da área evidenciando a existência de fragmentos florestais
vizinhos, que estes por sua vez serão fontes do banco de sementes para as áreas a ser
restauradas, como aumentará a chance da chegada de sementes de espécies nativas pela
dispersão, desenvolvendo assim vigorosamente a regeneração natural nessas, podendo até ser
dispensado o plantio de mudas (MORAES et al., 2010). Portanto, a restauração por meio da
indução, condução e manejo da regeneração natural é a metodologia mais adequada na região
do cerrado, devido ao alto índice de rebrotamento dos regenerantes nativos (BORDINI, 2007).
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Outra técnica é a indução do banco de sementes autóctone, que é o estoque de
sementes que existe no próprio solo do local a ser restaurado. Alguns processos de degradação
podem eliminar a floresta, porém sem destruir o potencial de germinação das espécies que
estão estocadas na forma de sementes na camada superficial do solo. Quando identificada a
presença de bancos de semente na área ser restaurada, para induzir a germinação dessas
sementes o ideal é promover o revolvimento da camada superficial do solo e a exposição das
sementes à luz (ESPINDOLA, 2006).
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essas ações humanas tenderão a permitir evidente aumento da biodiversidade local,
condizente com as características ecológicas daquela comunidade (TRES et al., 2007).
A ação de restauração de plantio total deve ser adotada nos programas de restauração
identificadas com baixo potencial de auto-recuperação, por conta do elevado estado de
degradação. Para a implementação do plantio total o modelo mais utilizado é a combinação e
distribuição no campo de espécies pertencentes a dois grupos distintos, espécies de
preenchimento ou linhas de preenchimento ou em espécies de diversidade ou linhas de
diversidade (DURIGAN et al, 2011).
Horn (1974) também define sucessão ecológica como um fenômeno que envolve
gradativas variações na composição específica e na estrutura da comunidade, iniciando-se o
processo em áreas que, mediante ações perturbatórias ou não, se apresentam disponíveis à
colonização de plantas e animais, prosseguindo até determinado período onde tais mudanças
se tornam bastante lentas, sendo a comunidade resultante designada como clímax.
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reabilitação de áreas degradadas deve envolver um conjunto de fatores ambientais, de tal
forma que propicie condições para que os processos ambientais sejam similares ao de uma
vegetação secundária da região (VALCARCEL & SILVA, 2003).
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4. MATERIAIS E MÉTODOS
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Esta região apresenta uma homogeneidade climática, bem como a característica do
Centro-Oeste brasileiro, predominando, de acordo com o modelo de classificação climática de
Köppen, o clima do tipo Aw, definido como Clima quente e úmido com chuvas de verão. Esse
tipo climático é ainda definido como clima de Savana, tendo como característica a ocorrência
de 4 a 5 meses seca e temperatura do mês mais frio superior a 18º C (PMCG, 2009). Verifica-
se que o período entre outubro e março concentra parte significativa da precipitação anual. O
trimestre mais chuvoso é verificado entre novembro, dezembro e janeiro. Já o período
considerado seco é definido entre maio e setembro, onde julho, junho e agosto são o trimestre
de menos precipitação (Tabela 1).
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várzea dos rios, tipos pedológicos classificados como Neossolo Quartzarênico hidromórfico
ou glêico, e eventualmente Neossolos Flúvicos (Solos Aluviais).
No que se refere aos usos da água, verifica-se na APA usos consultivos e não
consultivos, englobando desse modo, dentre os usos consultivos, o abastecimento humano e
animal e a irrigação em setores restritos. Dentre os usos não consultivos, verifica-se a pesca
amadora, a piscicultura e o afastamento e diluição de efluentes domésticos de algumas das
residências rurais. Além da modalidade de uso da água associada ao abastecimento público, a
dessedentação de animais é o outro uso marcante na bacia, sendo verificado essencialmente
em setores da várzea de todos os canais de drenagem. Nos locais de acesso aos cursos d’água,
em razão do pisoteamento do gado, é comum a ocorrência de processos de erosão acelerada e
de assoreamento.
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A área experimental, pertence à mata ciliar do córrego saltinho, possuindo dimensão
de um hectare. A APP havia sito desmatada, e seu local estava ocupado por pastagens
exóticas, com pouco ou nenhum elemento remanescente. Esses fatores agravam as más
condições do solo e o assoreamento dos rios. Constata-se que a área adjacente vizinha é área
úmida. A área escolhida na faixa da APP encontrava-se cercada à seis meses antes do início
da intervenção na área (Figura 3).
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Tabela 2. Listas de Espécies Arbóreas a serem introduzidas na área experimental
A técnica de recuperação adotada foi o plantio total em linhas. Esta técnica é mais
indicada para recuperar grandes áreas e tem como prioridade recobrir rapidamente o solo
desmatado e, assim, competir com a população de capim. Após esta etapa o ambiente começa
se tornar mais atrativo à fauna e favorável ao desenvolvimento de outras espécies vegetais.
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Figuras 4 e 5. Aplicação do herbicida de baixo impacto (Glifosato)
Figuras 6 e 7. Preparação da área e abertura das covas para o recebimento das mudas
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Figuras 8 e 9. Plantio das mudas
Quantidade
Nome Popular Espécie
Plantada
Amargoso Vatairea macrocarpa 80
Amendoim Pterogyne nitens 100
Angico Anadenanthera sp. 40
Aroeira Myracrodruon urundeuva 60
Cajamirim Spondia sp. 4
Canafistula Peltophorum dubium 100
Cedro Cedrela fissilis 90
Cerejeira Amburana cearensis 35
Chico Magro Guazuma ulmifolia 185
Embaúba Cecropia pachystachya 3
Genipapo Genipa americana 80
Guarita Astronium fraxinifolium 100
Ingá Inga sp. 100
Ipê-amarelo Tabebuia chrysotricha 70
Ipê-amarelo de folha lisa Tabebuia sp. 80
Ipê-branco Tabebuia cf. roseo-alba 70
Ipê-roxo Tabebuia heptaphylla 110
Jacarandá cuspidifolia 140
Osso burro Priogymnanthus hasslerianus 70
Saboneteira Sapindus saponaria 18
Urucum Bixa urucurana 35
Ximbuva Enterolobium cortisiliiquum 100
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No projeto inicial, foi proposto um sistema de plantio de mudas em linhas alternadas
que combinassem espécies dos estágios finais de sucessão (secundárias tardias e clímax) com
espécies dos estágios iniciais de sucessão (pioneiras e secundárias iniciais), resultando num
gradual de substituição de espécies dos diferentes grupos ecológicos no tempo. Sendo assim,
as espécies foram distribuídas em campo, mesclando sempre que possível, espécies
secundárias iniciais, tardias e clímax (Figura 10).
Clímax
12%
Secundário
30%
Pioneira
58%
Após o plantio foi realizado o coroamento das mudas com um raio mínimo de 50 cm
e recoberto por palhada. A primeira irrigação das mudas plantadas foi realizada com
aproximadamente 05 litros de água por planta no dia do plantio. Foi também realizado o
combate a formigas e cupins periodicamente (Figuras 11 e 12).
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Figuras 11 e 12. Coroamento das mudas plantadas
Durante os 120 dias após o término das intervenções foram feitas todas as
manutenções necessárias para garantir o sucesso das técnicas aplicadas. Dentre as atividades
realizadas estão principalmente o combate a formigas, a irrigação das mudas, combate da
vegetação exótica através de herbicida de baixo impacto (Glifosato) e a roçada manual
também chamada de coroamento de todas as mudas plantadas. Ao longo deste trabalho foi
realizado 2 repetições de coroamento das mudas plantadas.
Após o período de um ano e três meses do termino das ações de plantio, verificou-se
dentre as espécies plantadas aquelas que obtiveram sucesso em desenvolvimento e adaptação
na área. O progresso das espécies foi avaliado conforme seu crescimento dentro desse
período, julgando os indivíduos com sucesso em se estabelecer aqueles que obtiveram dentro
deste prazo altura igual ou superior a 1m (um metro) de altura.
Este critério foi adotado devido ao tamanho apresentado pela Brachiaria sp., sendo
este o principal fator inibidor de crescimento das mudas, devido a sua altura entorno de 80
cm. Portanto, as espécies arbóreas encontradas com alturas superiores a 80 cm à um metro de
altura ou mais, são as que apresentam melhor possibilidade de se estabelecer, pois já seriam
capazes de romper essa barreira de crescimento. Assim espera-se que a partir desta altura, o
indivíduo conseguirá se desenvolver naturalmente sem intervenção ou manutenção humana,
como irrigação ou diminuição da competição por espécies exóticas. Em Albuquerque (2012),
diz que este monitoramento subsequente da sobrevivência e do desempenho de crescimento,
garantirá efetiva avaliação das espécies mais promissoras para serem utilizadas em programas
de restauração ecológica (Figuras 13, 14 e 15).
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Figuras 13 e 14. Espécies identificadas como sucesso: Amendoim e Chico-magro
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5. RESULTADOS
Dentre as vinte e duas espécies plantadas, apenas treze foram identificadas como
sucesso em campo. São elas, o Urucum (Bixa urucurana), o Amendoim (Pterogyne nitens), o
Chico Magro (Guazuma ulmifolia), a Canafistula (Peltophorum dubium), o Ipê-Roxo
(Tabebuia heptaphylla), o Ipê-Amarelo (Tabebuia chrysotricha), a Aroeira (Myracrodruon
urundeuva), o Amargoso (Vatairea macrocarpa), o Ingá (Inga sp.), o Osso Burro
(Priogymnanthus hasslerianus), o Cedro (Cedrela fissilis) e a Guarita (Astronium
fraxinifolium) (Figura 17). Dentre essas espécies 81% são do tipo sucessional Pioneiras, 11%
Clímax e 8 % Secundárias (Figura 16). Isto comprova a idéia de Kageyama (1990), quando
refere-se às espécies Pioneiras, como as mais propícias a se estabelecerem na área, devido o
grande fornecimento de luz, a sua pouca exigência nutricional e o seu crescimento rápido, se
livrando rapidamente dos fatores de degradação.
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Osso burro Priogymnanthus hasslerianus 1
Saboneteira Sapindus saponaria 0
Urucum Bixa urucurana 20
Ximbuva Enterolobium cortisiliiquum 0
11%
Pioneira
8%
Secundária
Climáx
81%
Figura 16. Porcentagem das Etapas Sucessionais dentre as espécies que melhor se estabeleceram
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Figura 17. Gráfico do desempenho das espécies plantadas
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Espécies Adaptadas
60,0 Urucum
55,0 Amendoim
Porcentagem de espéies identificadas
Espécies Arbóreas
Além da Brachiaria, foram identificados outros tipos de capim que também podem
causar a mato-competição sobre as mudas arbóreas. São esses: o Campim Vassoura
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(Andropogon Bicornis), o Capim Barba-de-bode (Aristida Longiseta), o Capim agulha
(Bachiaria Humidicola) e o Capim Gordura (Melinis Minutiflora).
Outro fator que possa ter influenciado no desenvolvimento das mudas é a utilização
de herbicida de baixo impacto pré-emergente. Segundo Contieri (2004), não é recomendável a
aplicação do herbicida em plantios com essências nativas, pois este pode prejudicar
diretamente no sadio desenvolvimento das mudas. Este também diz que as técnicas de preparo
de solo para plantio podem influenciar consideravelmente a sobrevivência e o crescimento das
árvores, assim pode-se supor que talvez o preparo do solo assim como o plantio das mudas
pode ser sido feito de forma irregular por pessoas não capacitadas ao serviço.
O que também pode ter interferido no completo sucesso das ações de recuperação
ambiental é a escolha das espécies, não priorizando as espécies presentes na área de estudo.
Ainda em relação às mudas a serem plantadas, admite-se que o tamanho desta influencia em
sua maior capacidade de se desenvolver e a resistir a mato-competição e a fatores físicos do
ambiente.
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Apenas com o cercamento da área em apenas seis meses antes do início das ações de
recuperação, já era possível observar a presença de regenerantes. Após um ano e três meses
do final das ações de intervenção, a área encontra-se com várias espécies de regenerante com
altura superior a um metro.
Algumas dessas espécies nos quais são típicas de área úmida são estas: a Samambaia
(Pleopeltis pleopeltifolia), a Cruz-de-malta (Ludwigia octovalvis), o Marmelo (Alibertia
edulis), o Cambuí (Myrcia selloi), a Pixirica (Leandra purpurascens), a Orelha-de-onça
(Tibouchina grandifolia), e o Fedegoso (Senna pendula). Outras espécies de regenerantes
encontradas que são comuns em áreas secas são: a Goiaba-do-mato (Psidium guajaraa),
Coqueiro Bocaiuva (Acrocomia aculeata), o Caraguatá (Bromelia balansae Mez), Assa-peixe
(Vernonia polyanthes), Banana de macaco (Xylopia aromatica), Laranjinha do mato (Styrax
ferrugineus), Jacarandá-bico-de-pato (Machaerium acutifolium), Ata-do-mato (Duguetia
furfuracea), e o Coqueiro Rasteiro (Syagrus sp).
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Figuras 23 e 24. Regenerantes de área seca: Caraguatá e Assa-peixe.
34
Figuras 27 e 28. Urubu e Tamanduá-bandeira
35
A iniciativa de recuperação ambiental dessa área teve como função servir de modelo
experimental para que os proprietários das fazendas pertencentes à Bacia do Guariroba, e
outros possam recriá-lo em outros locais com as mesmas características de degradação em
mata ciliar, em prol da preservação dos mananciais e da qualidade da água.
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6. CONCLUSÃO
Através deste estudo também é possível afirmar que a manutenção da área por no
mínimo um ano após o plantio é essencial para o melhor estabelecimento das mudas. Dentre
essas técnicas, são as principais a capina manual da área para a eliminação de espécies
competidoras como o capim Brachiaria decumbens, a manutenção a regeneração natural, rega
periódica no período de seca, o combate às formigas e cupins, correção do pH do solo e seus
nutrientes.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
38
nativa. Brasília, 25 de maio de 2012. Disponível em: <http://www.planalto.
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43