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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO

LICENCIATURA EM GESTÃO AMBIENTAL

Impacto das Mudanças Climáticas Aos Ecossistemas Marinhos Em Moçambique.

Caso de Estudo as zonas costeiras em Moçambique.

Rosária Francisco Mangue

Código: 81230586

Beira, Setembro de 2023


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO

LICENCIATURA EM GESTÃO AMBIENTAL

Impacto das Mudanças Climáticas Aos Ecossistemas Marinhos Em Moçambique.

Caso de Estudo as zonas costeiras em Moçambique.

Rosária Francisco Mangue

Código: 81230586

Trabalho de Carácter avaliativo,


desenvolvido no Campo, na Cadeira de
Ecologia a ser submetido Departamento de
Economia e Gestão do Curso de
Licenciatura em Gestão Ambiental da
UnISCED, 1º ano.

Tutor:

MSc. Gerson Albino Moura Chitula

Beira, Setembro de 2023

1
Índice

1. Introdução.............................................................................................................................4

1.1. Objectivos:........................................................................................................................5

1.1.1. Objectivo geral:.............................................................................................................5

1.1.2. Objectivos específicos:..................................................................................................5

1.1. Metodologia:.....................................................................................................................5

2. Conceitos básicos..................................................................................................................6

3. Quadro legal..........................................................................................................................7

3.1. Lei das Pescas (Lei nº 3/90 datada de 26 de Setembro)....................................................7

3.2. Lei do Ambiente (Lei 20/1997 de 1 de Outubro)..............................................................8

3.3. Lei do Mar (Lei n.º 20/2019, de 8 de Novembro).............................................................8

3.4. Regulamento da Pesca Marítima (REPMAR) (Decreto 89/2020 de 8 de Outubro).........8

3.5. Regulamento para prevenção da Poluição e Protecção do ambiente Marinho e Costeiro


(Decreto 45/2006, de 30 de Novembro).......................................................................................8

4. Zonas costeiras em Moçambique e seu potencial econômico..............................................9

4.1. Descrição da zona costeira de Moçambique.....................................................................9

4.2. Potencial econômico das zonas costeiras..........................................................................9

5. Mudanças climáticas e seus impactos sobre as populações e a biodiversidade na zona


costeira de Moçambique............................................................................................................10

6. Principais ecossistemas costeiros em riscos resultantes das mudanças climáticas.............12

6.1. Mangal............................................................................................................................12

6.1.1. Importância dos Mangais............................................................................................12

6.2. Dunas costeiras...............................................................................................................13

6.3. Praia................................................................................................................................14

6.4. Os recifes de coral...........................................................................................................15

6.5. Ervas marinhas................................................................................................................15


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7. Medidas de prevenção e mitigação dos ecossistemas costeiros face as mudanças
climáticas...................................................................................................................................17

7.1. Prevenção sobre Mangal.................................................................................................17

7.2. Outras medidas de prevenção.........................................................................................18

8. Conclusão...........................................................................................................................19

9. Referências Bibliografias....................................................................................................20

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1. Introdução

A zona costeira de Moçambique, estende-se por mais de 2,700Km, é caracterizada por


um lado, por uma importante variedade de ecossistemas (tanto marinhos quanto terrestres), e por
outro lado, por uma densidade populacional superior às restantes áreas do país. Com um total de
48 distritos costeiros onde vive cerca de 60% da população. A costa moçambicana é constituída
por formações geológicas recente e de grande variabilidade natural e apresenta em geral
ecossistemas fisicamente inconsolidados e ecologicamente imaturos e complexos. Essas
circunstâncias lhe conferem características de vulnerabilidade e fragilidade que, aliadas a um
consumo de recursos sempre crescente e aos impactos previstos de mudanças climáticas, tendem
a uma situação de desequilíbrio.

O impacto de um nível de mar médio mais elevado nas zonas costeiras pode ser
extremamente maior durante marés elevadas e tempestades e como resultado as inundações
litorais que surgem das tempestades cobrirão área maiores. Largos trechos de terras costeiras
poderão ser potencialmente inundadas e danificadas. Os ecossistemas costeiros particularmente
em risco incluem pântanos, ecossistemas de mangais, terras húmidas litorais, praias arenosas, os
recifes corais e os deltas dos rios. As mudanças nestes ecossistemas teriam efeitos negativos
principais na biodiversidade, em fontes de água potável, no turismo, na indústria, energia, infra-
estruturas, assentamento humano e nos valores e sistemas culturais

As zonas costeiras assumem uma importância estratégica em termos ambientais,


económicos, culturais e recreativos. Por isso, a Estratégia Nacional para a Gestão Integrada da
Zona Costeira (ENGIZC) realça a necessidade de intensificar as medidas de salvaguarda dos
riscos naturais na faixa costeira, designadamente por via de operações de monitorização e
identificação de zonas de risco, aptas a fundamentar os planos de acção necessários a uma
adequada protecção, prevenção e socorro. Desde logo, devido à grande susceptibilidade da zona
costeira aos fenómenos de erosão, aos temporais e às situações meteorológicas extremas, por
vezes com perdas de território e pesados prejuízos para os recursos naturais.

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1.1. Objectivos:

1.1.1. Objectivo geral:

 Falar de Impacto das mudanças climáticas aos ecossistemas marinhos em moçambique,


no caso das zonas costeiras em Moçambique.

1.1.2. Objectivos específicos:

 Descrever as zonas costeiras em Moçambique e seu potencial econômico;

 Contextualizar as mudanças climáticas e seus impactos sobre as populações e a


biodiversidade na zona costeira de Moçambique;

 Abordar sobre os principais ecossistemas costeiros em riscos resultantes das mudanças


climáticas;

 Propor medidas de prevenção e mitigação dos ecossistemas costeiros face as mudanças


climáticas.

1.1. Metodologia:

A metodologia adoptada para a realização da pesquisa consta de amplo


levantamento bibliográfico, com consultas a materiais como livros, artigos e textos com
informações consideradas relevantes para a composição do trabalho.

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2. Conceitos básicos

Mudanças climáticas (MC): qualquer alteração no clima que é directa ou indirectamente


atribuída à actividade humana (que altera a composição global da atmosfera) e que é adicional à
variabilidade natural do clima observada ao longo de períodos de tempo comparáveis.

Erosão costeira: é um problema global, afetando virtualmente todos os países do mundo.


Em alguns casos, a erosão atinge estágios que resultam na ocorrência de elevados riscos de
desastres socioambientais. As repercussões econômicas desses problemas são diversas,
implicando por exemplo em degradação do meio natural, perdas de infraestrutura pública e
destruição de propriedades privadas. Esses fatos podem ter sérias consequências na economia
(sobretudo turismo e pesca), ecossistemas e saúde pública (UNESCO, 2001).

As causas principais da erosão costeira estão associadas com a subida do nível do mar
que se encontra em curso globalmente na atualidade, e com o manejo e uso inadequado das áreas
costeiras, além de algumas propriedades naturais desses ambientes. Do ponto de vista dos usos,
frequentemente os riscos de desastres estão associados com a instalação de equipamentos
urbanos e indústrias ou infraestrutura associadas com habitação, lazer e turismo

Estuários: Segundo (EMERY, 1982) define Estuário como sendo um corpo de água
costeiro sem confinado com ligação livre ao oceano, estendendo-se rio acima até o limite da
influência das marés, sendo que em seu interior a água do mar é imensuravelmente diluída pela
água doce oriunda da drenagem continental.

Marés: Maré é a oscilação vertical da superfície do mar ou outra grande massa de água
sobre a terra, causada primariamente pelas diferenças na atracção gravitacional da lua e, em
menor extensão, do Sol sobre os diversos pontos da terra. A oscilação da maré é consequência,
basicamente, da Lei da Gravitação Universal de Newton, segundo a qual as matérias se atraem
na razão directa de suas massas e na razão inversa do quadrado da distância que as separa
(DUARTE, 1996).

A subida e decida cíclica do nível do mar produz uma onda que se desloca da boca do
estuário para a montante. O estudo da propagação da onda de mare pode ser usado para estimar

6
as características da geometria do estuário. A propagação da onda de mares depende da
geometria do estuário e da descarga das águas do rio.

Biodiversidade: é a grande variedade de formas de vida, (animais e Vegetais) que são


encontradas nos mais diferentes ambientes . Podemos concluir que a biodiversidade é formada
por espécies vivas desde plantas, toda espécie de animais, micro-organismos que povoam desde
as profundezas dos oceanos até as mais altas montanhas.

Praia: é a área coberta e descoberta periodicamente pelas águas, acrescida pela faixa
subsequente de areia, cascalho e pedregulhos, até ao limite onde se inicia a vegetação natural, ou,
na sua ausência, onde comece um outro ecossistema.

Pesca: é uma actividade que inclui, todas as actividades de captura ou de apanha de


espécies aquáticas, a procura, a tentativa de captura ou de apanha de espécies aquáticas e
qualquer operação em relação com ou de preparação para a captura ou apanha de espécies
aquáticas compreendendo nomeadamente a instalação ou a recolha de dispositivos para as atrair
ou para a sua procura. Inclui a pesca submarina, a caça de mamíferos aquáticos e a apanha de
corais e de conchas ornamentais ou de colecção.

Costa: é a área do território nacional formada pelo ambiente terrestre directamente


influenciado pela acção do mar, incluindo a praia, as dunas, os mangais e pelo ambiente marinho
localizado junto à terra.

Corais: são pequenos animais de corpo em forma de pólipos, que vivem nos mares quentes, em
colónias, produzindo à volta de cada indivíduo uma parede de calcário, formando verdadeiras
cidades submersas, de cores diversas, que atraem inúmeras formas de vida animal e vegetal

3. Quadro legal

3.1. Lei das Pescas (Lei nº 3/90 datada de 26 de Setembro)


Esta lei define o enquadramento legal relativo ao planeamento e gestão da pesca, a
implementação de sistemas de licenciamento, a adopção de medidas de conservação dos
recursos, a auditoria da qualidade dos produtos da pesca destinados à exportação e supervisão da
auditoria à actividade das pescas.

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3.2. Lei do Ambiente (Lei 20/1997 de 1 de Outubro)

Estabelece bases legais para uma utilização e gestão correctas do ambiente e seus
componentes, com vista à materialização de um sistema de desenvolvimento sustentável no país.
Inclui as bases gerais do regime de protecção da biodiversidade, e promove uma gestão
participativa que permita envolvimento local, cooperação nacional e internacional.

3.3. Lei do Mar (Lei n.º 20/2019, de 8 de Novembro)

Estabelece o regime jurídico aplicável ao exercício dos poderes de soberania e de


jurisdição sobre o espaço marítimo nacional, à exploração dos recursos marinhos vivos e não-
vivos, bem como à utilização do domínio público marítimo

3.4. Regulamento da Pesca Marítima (REPMAR) (Decreto 89/2020 de 8 de Outubro)

Regulamenta as disposições da Lei de Pescas que estão relacionadas à Pesca Marítima.


Aprova planos de desenvolvimento, esclarece como os Conselhos Comunitários de Pesca (CCP)
podem tornar-se entidades legalmente reconhecidas e regula o licenciamento das actividades de
pesca. Apresenta uma lista de espécies marinhas protegidas.

3.5. Regulamento para prevenção da Poluição e Protecção do ambiente Marinho e


Costeiro (Decreto 45/2006, de 30 de Novembro)

Decretado para assegurar que sejam tomadas medidas para prevenir, controlar e combater
a poluição marinha por navios dentro das águas jurisdicionais e ao largo da costa moçambicana
ou por fontes de origem telúrica. Estabelece a necessidade e as formas de compensação por todas
as formas de poluição causadas por embarcações e plataformas.

3.6. Regulamento de Gestão da Zona Costeira e das Praias (Decreto n.º 97/2020, de 4
de Outubro)

Define os princípios e normas para a gestão, ordenamento e desenvolvimento sustentável e


integrado da zona costeira e das praias, no território nacional.

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4. Zonas costeiras em Moçambique e seu potencial econômico

4.1. Descrição da zona costeira de Moçambique

A Zona Costeira Moçambicana é a terceira mais extensa de África com cerca de 2 600
km. Está compreendida entre os paralelos 100 27´ S (Rio Rovuma) e 260 52´ S (Ponta do Ouro),
nas fronteiras com a República da Tanzânia e com a República da África do Sul, a Norte e Sul
respectivamente (Lopes, 1977).

A zona costeira abarca oito das onze Províncias do País e 40 dos 128 Distritos.Das vinte
e três cidades, doze estão localizadas na costa. Cerca de 43 % da população (num total de 19
milhões de habitantes, doze estão localizadas na costa. (censo de 2001) vive em zonas litorais
ocupando cerca de 154 000 km2 (área do País 799 380 km 2), correspondendo a cerca de 19 % do
território nacional. Este facto indica haver grande apetência da população pelas zonas costeiras.

Figura 1: Mapa da zona costeira de Moçambique. (Fonte:www.google.com.br)

4.2. Potencial econômico das zonas costeiras


Na zona costeira de Moçambique podem tipificar-se quatro sistemas fisiográficos: •
Costa de Corais, com uma extensão de cerca de 770 km, do Rio Rovuma no limite a Norte
(10°32' S) ao Arquipélago das Primeiras e Segundas (17° 20' S); • Costa de Mangal, com uma
extensão de cerca de 978 km, de Angoche (16° 14' S) ao Arquipélago do Bazaruto (21° 10' S); •
Costa de Dunas Parabólicas, com uma extensão de cerca de 850 km, do Arquipélago do Bazaruto

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a Ponta do Ouro (26° 52' S), atingindo o Rio Mlalazi (28° 57' S), na África do Sul; • Costa do
Delta, ocorrendo com grande singularidade nas regiões da foz dos Rios Zambeze e Save.

Moçambique é rico em praias ao longo dos seus 2 600 km de costa. A zona Norte do país
(do Rovuma a Angoche), é caracterizada por praias rochosas. A zona centro possui praias
lodosas (nesta zona desaguam muitos rios e há elevada abundância de mangais) e a zona Sul
caracteriza-se por praias arenosas, com dunas muito altas e cobertas por uma vegetação bastante
frágil. Estas praias são ambientes muito dinâmicos (Lopes, 1977).

A actividade turística movimenta anualmente mais de 550 000 turistas nacionais e


estrangeiros. Esta actividade é acompanhada pela crescente instalação de infra-estruturas
turísticas como hotéis, parques de campismo, aldeamentos turísticos e restaurantes. A Ilha de
Moçambique, classificada pela UNESCO como património Mundial, a Ilha da Inhaca e a Ilha de
Bazaruto, embora apresentem uma densidade populacional relativamente modesta
comparativamente aos grandes centros urbanos, têm valores naturais e histórico/culturais que
suscitam uma razoável procura que deverá ser mantida dentro de limites de sustentabilidade.

As actividades pesqueiras integram a pesca artesanal, a pesca semi-industrial e a pesca


industrial. A pesca artesanal (pesca de subsistência), maioritariamente feita através de
embarcações a remo, a vela e a motor, era praticada até 1995 por cerca de 100 000 pescadores
com uma média total de 10 000 embarcações. A pesca semi-industrial albergava, até 1995, 70
empresas com uma média de 74 embarcações. A pesca industrial albergava 48 empresas com um
total de 135 embarcações. Não está assegurada a sustentabilidade dos ecossistemas costeiros
(UNESCO, 2001).

5. Mudanças climáticas e seus impactos sobre as populações e a biodiversidade na zona costeira


de Moçambique
Moçambique tem uma das costas mais longas de África, aproximadamente 2.470 km, lar
de 60% da população e vários ecossistemas importantes tais como recifes de coral, mangais e
ervas marinhas. Estes ecossistemas protegem as linhas costeiras dos surtos de tempestades e da
erosão e proporcionam habitats para uma variedade de espécies, incluindo tartarugas marinhas
verdes e falcões em perigo de extinção e dugongos vulneráveis. Os recifes de coral, em
particular, são críticos para a manutenção da pesca costeira (muitos dos quais são de pequena

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escala), que apoiam cerca de 6,6 milhões de pessoas e fornecem cerca de metade das proteínas
animais dos moçambicanos. Os recifes de coral são também a base para o rápido crescimento do
turismo costeiro. O aumento da temperatura e acidificação dos oceanos, a subida do nível do mar
e a intrusão salina ameaçam estes ecossistemas e aumentam o risco de perda de da pluviosidade
variável, combinado com as exigências de irrigação a montante, pode ter um impacto negativo na
produção hidroeléctrica de Moçambique (UNESCO, 2001).

As provas são claras e inequívocas:„

 As catástrofes nas zonas costeiras causam enormes perdas e danos. „


 O risco de perigos costeiros e os custos dos eventos extremos estão a aumentar porque
cada vez mais pessoas, e os respetivos bens, são vulneráveis aos perigos costeiros. „
 A erosão costeira, as inundações costeiras e os eventos climáticos extremos estão a
agravar-se em muitas localidades devido às alterações climáticas. „
 O nível do mar está a subir a um ritmo cada vez mais rápido, resultando num risco maior
para as comunidades costeiras. Há cada vez mais e maiores episódios de inundação
costeira devido a marés altas e a sobrelevações do nível do mar de origem meteorológica

As mudanças climáticas trarão impactos físicos nos ecossistemas nas águas dos rios e no
ambiente marinho onde a as actividades de pescas são desenvolvidas. A água e a temperatura do
ar está prevista que suba nas zonas de latitudes médias e altas. Estas mudanças poderão trazer
impactos benéficos com respeito as taxas de crescimento e na eficiência de conversão alimentar.
De qualquer forma, a elevação da temperatura da água e associado as mudanças físicas, tal como
a mudança na dissolução do oxigênio, tem estado ligado ao aumento da intensidade de
frequências de surtos de doenças e poderão resultar em freqüentes bloom de algas na zona
costeira.

Mudanças climáticas poderão trazer impactos dramáticos na produção pesqueira, que


poderá afectar o suprimento de proteína e óleos derivados dos peixes à população local.
Qualquer aumento da intensidade e frequência de eventos extremos climáticos tais como
ciclones, cheias e secas trarão impactos negativos na produção aquícola e resultará na destruição
significativa de infra estruturas. A elevação do nível do mar é esperada que traga efeitos
negativos nas paredes e nos tanques de aquacultura (UNESCO, 2001).

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A prática da agricultura terá implicações no uso de terra, recursos hídricos, espécies
selvagens e ecossistemas naturais. Lewandrowski e Schimmelpfinnig (1999), sugerem que esta
prática aumenta a demanda para a irrigação e possivelmente reduz a disponibilidade de água para
a vida selvagem e dos ecossistemas naturais. Porém é difícil ir além de tais generalidades com
estes modelos porque a maioria dos impactos ambientais da agricultura são especificamente
localizados.

6. Principais ecossistemas costeiros em riscos resultantes das mudanças climáticas

6.1. Mangal

O mangal é um ecossistema costeiro, situado nas regiões tropicais e subtropicais,


ocorrendo junto a desembocadura de rios, estuários e lagunas costeiras, até onde houver
influência de marés. Os mangais são ecossistemas de transição entre os ambientes oceânico e
terrestre (NOVELLI, 1999). A importância desse ecossistema tem sido destacada por diversos
autores, ao considerarem os mangais como ecossistemas altamente produtivos, devido à grande
quantidade de matéria orgânica gerada neste ambiente e liberada para as águas costeiras na forma
de detritos, compondo a base alimentar de várias espécies de caranguejos, camarões e peixes de
valor comercial.

Figura 2: Floresta de Mangal. (Fonte:www.google.com.br)

6.1.1. Importância dos Mangais

As florestas de mangal estão entre os ecossistemas mais produtivos e biologicamente


importantes do mundo, pois fornecem bens e serviços dos ecossistemas importantes para a
sociedade humana e os sistemas costeiros e marinhos (ANAC, 2006).

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Existem quatro categorias de serviços ambientais, sendo que os mangais realizam quase todas
elas a saber:

 Regular os serviços (processos naturais, como a protecção costeira, a regulação atmosfera


e clima, controle de doenças humanas, processamento de água, controle de inundações e
controle a erosão);
 Serviços de aprovisionamento (bens e produtos que incluem madeira e combustível
lenhoso, processamento de pescado, a produção de sal, carvão, construção);
 Serviços culturais (benefícios não matérias, tais como valor estético, recreação/ turismo,
áreas sagradas, pomadas e medicamentos tradicionais);
 Serviços de apoio (processos naturais que mantem outros serviços dos ecossistemas, tais
como reciclagem de nutrientes, a prestação de habitats de viveiro de peixes, sedimentos,
armadilhas, a filtragem de água e tratamento de resíduos).

6.2. Dunas costeiras

As dunas costeiras são formas de acumulação eólica de areias marinhas que integram um
sistema complexo de mobilidade morfodinâmica, comandado pelo vento e pela vegetação dunar
e respectivo ecossistema, o qual se adapta harmoniosamente à variabilidade das condições
ambientais (vento, temperatura, humidade, enterramento, agitação marinha e salinidade por
vagas ou “spray” marítimo), na maioria das vezes mantendo admiravelmente a integridade dos
cordões longilitorais no contacto com a linha de costa.

Figura 3: Dunas Costeiras. (Fonte:www.google.com.br)

As dunas costeiras são delimitadas do lado do mar pela base da duna embrionária ou da
duna frontal, ou pela base da escarpa de erosão entalhada no cordão dunar e abrangem as dunas
frontais em formação, as dunas frontais semi-estabilizadas (primárias ou não), as dunas
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secundárias, os espaços inter-dunares e outras dunas estabilizadas pela vegetação ou móveis, cuja
morfologia resulta de movimentos da própria duna. (ANAC, 2006).

As dunas costeiras são fundamentais para a preservação dos ambientes marginais porque, entre
outras funções de relevo:

 Constituem a principal barreira natural contra a erosão e o galgamento oceânico,


associados a tempestades de mar e outros eventos extremos (e.g. tsunami), incluindo o
vento;
 Acomodam os processos de dinâmica costeira, ora acumulando sedimentos ora
fornecendo-os à deriva litoral;
 Armazenam areias em quantidades suficientes que compensam os fenómenos erosivos e
os períodos mais críticos;
 Constituem admiráveis ecossistemas e habitats naturais com grande diversidade de
espécies da flora e da fauna;
 Contribuem para o equilíbrio dos sistemas biofísicos costeiros e litorais;
 Preservam a paisagem em toda a sua diversidade de componentes, incluindo a cénica e
geológica;
 São essenciais para a segurança de pessoas e bens.

6.3. Praia
De acordo com a definição de Muehe (1994), as praias são depósitos de sedimentos, mais
comumente arenosos, acumulados por ação de ondas que, por apresentar alta mobilidade, se
ajustam às condições de ondas e maré atuando como um importante elemento de proteção do
litoral.

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Figura 4: Praia. (Fonte:www.google.com.br)

6.4. Os recifes de coral

Os recifes de coral são estruturas rígidas formadas por organismos portadores de


esqueleto de calcário, como corais e algas. Eles constituem o habitat marinho mais diversificado
do planeta. Por apresentarem uma grande quantidade de biodiversidade, esses ecossistemas
podem ser comparados às grandes florestas tropicais. (ANAC, 2006).

Figura 5: Corais. (Fonte:www.google.com.br)

6.5. Ervas marinhas

As ervas marinhas são plantas aquáticas com flores que são encontradas ao longo de uma
ampla faixa latitudinal. Como um dos sistemas costeiros mais eficazes e eficientes do planeta
para o sequestro de carbono, a conservação e gestão adequadas dos prados de ervas marinhas são
essenciais para combater a perda global de ervas marinhas. O armazenamento de carbono é um
dos muitos serviços ecossistêmicos fornecidos pelos leitos de ervas marinhas. As ervas marinhas
também fornecem um berçário para espécies de peixes e invertebrados colhidos comercialmente

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e recreativamente, servem como um amortecedor de tempestades para costas desenvolvidas e
melhoram a qualidade da água (ANAC, 2006).

Figura 6: Ervas Marinhas. (Fonte:www.google.com.br)

6.6. Tartaruga-marinha

Tartaruga-marinha (Cheloniidae) é a família da ordem das tartarugas que inclui as espécies


de tartaruga que vivem no mar. O grupo é constituído por seis gêneros e sete espécies, todas elas
ameaçadas de extinção. As tartarugas-marinhas habitam todos os oceanos, em zonas de água
tropical e subtropical. (ANAC, 2006).

Figura 7: Tartaruga Marinha. (Fonte:www.google.com.br)

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7. Medidas de prevenção e mitigação dos ecossistemas costeiros face as mudanças climáticas.

7.1. Prevenção sobre Mangal


Gestão, protecção e uso sustentável do ecossistema de mangal

a) Assegurar a gestão e o uso sustentável dos mangais de forma participativa.


b) Promover a protecção, conservação e restauração ecológica do mangal.
c) Diversificar os meios de subsistência das comunidades dependentes do ecossistema de
mangal e seus recursos, através da promoção e disseminação de tecnologias que
promovem uma gestão efectiva deste ecossistema Identificar e implementar mecanismos
sustentáveis de financiamento para a conservação do mangal.

Fiscalização e legislação

a) Rever a legislação existente e criar legislação específica sobre o mangal.


b) Disseminar a legislação específica sobre gestão e conservação do mangal.
c) Promover a fiscalização do ecossistema de mangal e seus recursos.

Capacitação e coordenação

a) Reforçar a capacidade de intervenção a nível central e local para a gestão do mangal.


b) Reforçar a coordenação multissectorial com envolvimento de todos os actores-chave,
atraves de partilha de informação.

Educação e consciencialização ambiental

a) Desenvolver o interesse dos estudantes pelo ecossistema de mangal.


b) Promover e realizar a consciencialização pública sobre o mangal.

Pesquisa e gestão do conhecimento

a) Desenvolver pesquisa aplicada para reforçar o conhecimento sobre o mangal e apoiar a


tomada de decisões.
b) Criar e divulgar uma base de dados sobre o mangal.

7.2. Outras medidas de prevenção


 Evitar abate das tartarugas marinhas

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 Evitar a produção do fumo dos escapes dos automóveis e fumaça dos fogões em
detrimento da utilização do combustível lenhoso na preparação dos alimentos nas zonas
costeiras.
 Obras transversais (esporões);
 Obras longitudinais aderentes (muros verticais, muros com taludes, enrocamentos);
 Alimentação artificial de praias;
 Protecção, reconstrução e reabilitação de dunas.

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8. Conclusão

Do desenvolvimento do trabalho, conclui-se que ,a zona costeira moçambicana constitui-


se uma interessante área de análise, seja em uma dimensão ambiental, social, econômica e/ou
cultural, palco das mais distintas atividades humanas e de peculiares características físico-
ambientais. A relação espacial tão profunda entre a zona costeira e as atividades humanas nos
remetem a um pensamento cada vez mais voltado para a total compreensão das potencialidades e
fragilidades deste meio, além da ação e do papel de todos os atores sociais envolvidos nos
processos espaciais e de gerenciamento deste espaço de trocas e conflitos sócio-ambientais.

Portanto, os recursos costeiros existentes, são de uma importância primordial, não só para
a economia do País em geral, como também para a subsistência de quase metade da população
moçambicana. Pode-se afirmar que a costa moçambicana é um recurso natural muito valioso e
vulnerável. Esta gere valores sócio-económicos, os recursos costeiros que sob ponto de vista
ecológicas traduzem-se em valores ecológico-económicos. A exploração destes recursos, seja
sob a forma de turismo, pesca, agricultura ou florestas, necessita, no entanto, de uma gestão
integrada de modo a que se garanta a sua sustentabilidade, para uso das gerações vindouras.

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9. Referências Bibliografias

 ANAC (2006) - Administração Nacional das Áreas de Conservação (in prep. a) Plano de
Maneio da Reserva Nacional do Pomene. Volume 1, 76 pp. Maputo, ANAC, MITADER
 Bandeira, S. (1996) - Investigação sobre ervas marinhas e macroalgas em Moçambique.
O papel de investigação na gestão da zona costeira. Departamento de Ciências
Biológicas. Universidade Eduardo Mondlane.
 INAHINA (1999) Tabela de Marés 2000-Moçambique, INAHINA, Maputo.
 Lopes, M. E. (1977). Nota sobre o Ecossistema do Mangal no Sul de Moçambique,
Garcia de Orta, Sér. Geogr, Lisboa.
 Palalane, J., Grifoll, M., Oliveira. (2013). Monitorização e modelação da evolução
costeira em Moçambique. Práticas e desafios. VII Congresso de Planeamento e Gestão
de Zonas Costeiras, Maputo, Moçambique.
 Silva, R. Paula e (1984) - Outros recursos marinhos. Seminário sobre os recursos
marinhos de Moçambique, Maputo.
 Souza, C. R. (2005). Praias arenosas e Erosao costeira. São Paulo: Quaternario do brasil
 UNESCO (2001). Convention on the Protection of the Underwater Cultural Heritage.
Paris: WHC.

Legislação:

 O decreto Lei nº 3/90 datada de 26 de Setembro, atribui a Lei das Pescas

 O decreto-lei 20/1997 de 1 de Outubro, atribui a Lei do Ambiente

 O decreto Lei n.º 20/2019, de 8 de Novembro- Lei do Mar

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