Você está na página 1de 16

1

INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO, COMÉRCIO E FINANÇAS

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO

Construções desordenadas no bairro de Napipine no Município de Nampula

Discentes: Docente:
Isabel Ana Jaime MA: Carlos Mafumissa
Zainabo Orlando

Nampula, Junho de 2022


2

INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO, COMÉRCIO E FINANÇAS

FACULADADE DE ADMINISTRACÃO E GESTÃO

Construções desordenadas no bairro de Napipine no Município de Nampula

Discentes:

Isabel Ana Jaime

Zainabo Orlando
Trabalho de carácter avaliativo a ser apresentado
na cadeira de Técnica de Elaboração e Gestão de
Projectos, curso de Licenciatura em Gestão dos
Recursos Humanos, Regime Laboral, 3º ano,
turma única, sob orientação de:

MA: Carlos Mafumissa

Nampula, Junho de 2022


3

Índice

Introdução...............................................................................................................................................4

1. A problemática...................................................................................................................................5

2. Relevância da temática de ocupações desordenadas..........................................................................7

3. Objectivos...........................................................................................................................................7

3.1. Geral................................................................................................................................................7

3.2. Específicos.......................................................................................................................................8

4. Impacto ambiental..............................................................................................................................9

4.1. Principais impactos gerados pelo homem.......................................................................................9

4.2. Tipos de impactos ambientais.......................................................................................................10

5. A ocupação desordenada: um dos problemas urbanos contemporâneo...........................................10

5.1. Factores que levam às construções desordenadas.........................................................................12

5.2. Consequências das construções desordenadas..............................................................................13

5.3. Ocupação habitacional em áreas de risco no bairro de Napipine..................................................14

5.4. Erosão no bairro de Napipine........................................................................................................15

5.5. Saneamento e lixo no bairro de Napipine.....................................................................................15

Bibliografia...........................................................................................................................................16
4

Introdução

O presente projecto sob tema: Construções desordenadas no bairro de Napipine no Município de


Nampula. fará uma abordagem concisa dos factos existentes em relação a este processo. Como
objectivo principal do projecto, é compreender o impacto que essas construções trazem no bairro de
Napipine.

Sabe-se que o crescimento populacional é um factor que provoca mudanças na dinâmica de uma
cidade, o que necessita de serviços para suprir as necessidades da densidade populacional vigente,
visto que a demanda e a procura pelos serviços essenciais como saúde, educação, segurança, moradia
também aumentam. A marginalidade é uma prática comum nas cidades, ocasionada principalmente
pelo acelerado crescimento populacional, causando sentimento de medo e revolta nas cidades.

Esta projecto irá cingir-se a buscar problematizar e chamar alguns toques de respostas para o
município de Nampula, concretamente no bairro de Nampula. O estudo terá como metodologias, a
entrevista e o questionamento como métodos pertinentes.

Numa análise do referido impacto das construções desordenadas no bairro de Napipine, levantar-se-á
um conjunto de questões e hipoteses, tendentes a proporcionar melhores soluções ou qualidades de
vida entre os elementos em estudo nesta comunidade, contribuindo automaticamente para uma
eficiência no ordenamento populacional.
5

1. A problemática

A questão das construções desordenadas tem gerado vários questionamentos a nivel mundial
levantando-se discussões que vão se acalorando em vários circulos de debate. Desde o famoso “baby
boom” que ganhou notoriedade com a revolução industrial que trouxe forte impulso para o
crescimento populacional a nível mudial. Este crescimente trouxe consigo, obviamente, grandes
alterações no modo de vida da população, notando-se um forte exodo rural e aglomeração das
pessoas na cidade o que provocou construções desordenadas.

Em Moçambique, tal como vários países da África, enfrenta problemas severos relacionados ao meio
ambiente. No período pós II Guerra Mundial, as alterações climáticas e as questões ambientais
passaram a ser discutidas com mais vigor. As inúmeras catástrofes que assolaram o mundo nesse
período despertaram na comunidade a consciência da gravidade dessas alterações no clima e de suas
consequências para o planeta. Era, portanto, necessário propor medidas que diminuíssem os impactos
provocados pela acção humana.

Nos últimos tempos tem-se verificado fortes impactos ambientais devido a pressão exercida pelas
comunidades. Se nas zonas rurais discute-se a questão de destruição do meio ambiente através de
queimadas descontroladas, abate das árvores, nas zonas urbanas debate-se com a questão das
construções desorganizadas, assim como o problema de lixo.

No Município de Nampula, no bairro de Napipine, o problema de construções desordemandas, tem


criado forte preocupação às entidades reguladoras, fazendo em muitas vezes que haja necessidade da
intervenção da mesma autoridade para regular esta situação. Nos ultimos anos notou-se aceleração
destas construções, levando-nos até ao questionamento desta prática nociva ao meio ambiente.

Sabe-se que cidade é uma forma da organização espacial, o uso e ocupação do solo são os termos
determinantes do adensamento demográfico, o espaço urbano transforma e modifica o meio físico, a
paisagem, ciclo hidrológico pelo intenso processo de urbanização desequilibrando deforma geral o
ecossistema (Magda, 2001). Mas esta ocupação requer geralmente a consciencialização da população
dos impactos que o meio ambiente sofre.

Desde modo, as atividades da construção desordenada, geram aspectos ambientais, que por sua vez
provocam impactos ambientais. São esses que atingem o meio ambiente alterando suas propriedades
6

naturais. De acordo com Vieira (2015), “a construção de edificações consome até 75% dos recursos
extraídos da natureza, com o agravante que a maior parte destes recursos não é renovável”.

Como referimos de antemão, o problema das construções desordenadas é debatido em todos os


centros urbanos, mas neste projecto tomamos o bairro de Napipine como o lugar de referencia para o
nosso estudo.

Contudo, entendemos nós que diante desta toda problemática, é imperioso colocar-nos a seguinte
questão como pano de fundo desta pesquisa: Quais são os impactos causados pelas construções
desordenadas no bairro de Napipine?

Fig1: árvore do problema

Presença de uma população carenciada

Marginazação Desempregada Exclusão social

Deliquente Maior custo de vida Falta de oportunidade


s

Alta taxa de mortalidade Aumento do lixo urbano


Habitações precárias

Construções desordenadas no bairro de Napipine no Município de Nampula

Falta de Higiene e Falta de vias de acesso Poluição do meio


Saneamento básico ambiente

Fraca qualidade de vida Erosão e poluição do meio


da população de Dificuldade de abastecimento
ambiente
Napipine de rede eléctrica

Contaminação de águas Grande perigo em acidentes locais


7

2. Relevância da temática de ocupações desordenadas

A ocupação do solo em áreas indevidas é uma prática comum nas cidades Moçambicanas em
particular na cidade de Nampula ocasionada principalmente pelo acelerado crescimento populacional
e utilização de áreas consideradas impróprias à moradia pelo processo intenso de urbanização,
causando desequilíbrio ambiental no espaço urbano.

Ao escolher este tema nos é confrontado primeiramente por uma relevância académica que se ajusta
no contorno de aprofundamento de conhecimentos na área conservação do meio ambiente, com
expectativa de que a sua abordagem traga elementos fundamentais na forma como tem que ser
tratado, não só, mas também, demonstre como a consciencialização da população sobre os problemas
do meio ambiente são na sua maioria provocada pelo próprio homem.

Ao nível social, o tema foi escolhido tendo em vista a urgência de se colocar em debate desta
problemática, tendo em conta o nível social que a população do bairro de Napipine tem. Sem um
conhecimento profundo sobre os impactos ambientais que as construções desordenadas podem
causar, jamais serão resolvidos. Buscamos não só apresentar os impactos, mas também chamar
atenção a cada residente deste bairro a seguir com ordenamento territorial ajustado pelas entidades
municipais.

No que tange a relevância política que o tema tem, é justamente ajudar ao governo a compreender
que os problemas ambientais também são problemas do homem. O governo precisa traçar políticas
habitacionais que confluam as ansiedades populacionais, limitar e vigiar as zonas em expansão de
modo que não aconteça o mesmo está a acontecer em várias cidades. O ordenamento territorial pode
facilitar no censo da população e habitação. A pesquisa traz também elementos pertinentes que
podem ajudar a encontar formas de como, apesar de já existirem essas construções, criar-se novas
condições para se reorganizar o espaço.

3. Objectivos

3.1. Geral

 Compreender o impacto das construções desordenadas no bairro de Napipine, Município de


Nmpula.
8

3.2. Específicos

 Discutir sobre os impactos ambientais das construções desordenadas no bairro de Napipine;


 Apresentar medidas para amenizar os impactos ambientais das construções desordenadas.

Fig 2. Árvore dos objectivos

Maior fiscalização do espaço


Arruamento condigno
urbano

Higiene e saneamento do
Redução do lixo
Redução de indice do meio
(plástico)
desemprego

Melhor ordenamento territorial (construções


organizadas)

Evacuação das pessoas que


não respeitam o Melhoria da qualidade de
ordenamento Ambiente saudável vida

Criar-se equipe de fiscalização Abertura de vias de acesso

Remoção de esgoto Implementação de novas políticas de


construção
9

4. Impacto ambiental

O impacto ambiental pode ser definido como “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas
e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da
população; as atividades sociais e econômicas; a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente e a qualidade dos recursos ambientais” (Muacanhia & Denisse, 2010, p. 21).

No entender de Megda (2011, p. 48), os impactos ambientais são “as diversas formas de afetar o
meio ambiente desestruturando o ecossistema. Eles alteram as condições normais de funcionamento
da natureza e podem causar danos irreversíveis ao mundo”. Podemos destacar que os impactos
ambientais são fortemente provocados pela ação humana sobre o meio ambiente. De entre vários,
podemos destacar o aumento da urbanizaçao, a implementaçao de industrias (sobretudo energéticas,
petrolíferas e mineradoras), a massificação do turismo, etc.

Nesse sentido, os fenómenos naturais como a tempestades, cheias, terremotos e incêndios florestais
não podem ser caracterizados como impacto ambiental.

4.1. Principais impactos gerados pelo homem

No entender de Silva (2007), o ser humano é o maior e importante protagonista da aceleração dos
impactos ambientais, o que leva, dentre outras coisas, as alterações climáticas, perdas de espécies e
de habitats. Essas páticas levadas a cabo pelo ser humano decorrem pela falta de consciência
ambiental na população, visto que cada vez mais utilizam de forma indiscriminada os recursos
naturais (renováveis e não renováveis) para suprir as suas necessidades.

Algumas dessas práticas que perigam o meio ambiente são intensificadas pelo crescimento das
cidades, desde construções de estradas, ferrovias, rodovias, pontes, implementação de indústrias. Nas
zonas urbanas, com o fluxo populacional, verifica-se a separação de camadas sociais.

Vieira (2015) faz-nos perceber que o problema de desemprego e fraco planejamento e fiscalização
urbano, leva a emergência de bairros periféricos, com índice de pobreza acentuado, buscando
sobreviver na densa luta para as famílias. No entanto, essas novas zonas que emergem nas periferias
de zonas urbanas, muitas vezes não respeitam o planejamento urbano, atropelando todos os marcos
10

de urbanização o que obviamente pode causar fortes impactos, como os que mencionamos
anteriormente.

Naturalmente, o governo levanta várias medidas para evitar o aceleramento desses impactos
causados pelo homem ao meio ambiente. Oferecer serviços básicos leva com que reduza alguns
desses impactos, como é no caso de evitar o desperdício de água e de energia, assim como o descarte
adequado do lixo. Essas medidas são práticas simples que podem reduzir os danos causados ao meio
ambiente. As construções desorganizadas podem causar erosão, acelerar a degradação do solo, criar
acidentes domésticos que poderiam ser evitados, poluição do ar e sonora, destruição do ecossistema
terrestre, entre outros.

4.2. Tipos de impactos ambientais

Como referenciamos anteriormente, os impactos ambientais são mananciais das práticas do homem
ao meio ambiente. Estes podem ser divididos em dois grandes grupos:

 Positivo – são ditos assim, quando a ação resulta na melhoria da qualidade de um fator ou
parâmetro ambiental;

 Negativo – quando a ação resulta em danos à qualidade de um fator ou parâmetro ambiental;

Dentro destas duas divisões, encontramos também várias subdivisões, a saber: Direto (quando resulta
de uma simples relação de causa e efeito); Indireto (quando é uma reação secundária em relação à
ação ou quando é parte de uma cadeia de reações); Local (quando a ação afeta apenas o próprio sítio
e suas imediações); Regional (quando o efeito se propaga por uma área e suas imediações); Imediato
(quando o efeito surge no instante em que se realiza a ação); A médio e longo prazo (quando o efeito
se manifesta depois certo tempo após a ação); Temporário (quando o efeito permanece por um tempo
determinado); Permanente (quando os efeitos não param de se manifestar, em um horizonte temporal
conhecido).

5. A ocupação desordenada: um dos problemas urbanos contemporâneo

De acordo com o artigo 32 do manual do Ministério de Terra e Meio Ambiente, “todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
11

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo


para as presentes e futuras gerações”.

Mas “o crescimento populacional das grandes cidades, aliado com a falta de uma política
habitacional eficaz, provoca uma preocupante situaçao de uso e ocupaçao do solo em área
naturalmente de riscos à habitaçao humana que é gravado, sobretudo, pela constante retirada de mata
ciliar, ameaçando a presença da populaçao local em área de encostas sujeitas à erosao, assoreamento,
enchentes e inundaçoes” (Megda, 2011, p. 83). Sendo assim, as áreas urbanas que deviam ser
protegidas e estarem permanentemente desocupadas, passam a ser habitáveis.

Doravante, Zacarias (2015, p. 51), afirma que ocupação desordenada “é resultante da ocorrência de
uma conjunção de diversos fatores como a falta de fiscalização por parte das autoridades públicas,
que por negligência agem somente após a ocorrência de acidentes com perdas de vidas humanas. E
de uma séria política de planejamento urbano, que não visasse, apenas e tão-somente, fins
eleitoreiros”. Nisto, nota-se que é importante ressaltar que a ocupação habitacional nos grandes
centros urbanos ocorre de maneira irracional e infelizmente, sem distinção de classes sociais, o que
nos leva a entender que a ocupação/construção desordenada não só é praticada pela população mais
desprovida de recursos financeiros.

Portanto, as relações do homem com o meio ambiente há muito tem criado vários circulos de debate
na comunidade científica. Torna-se cada vez mais importante o estudo e manejo adequado das áreas,
visando o seu uso racional, minimizando-se os impactos (Domingos, 2010, p. 138). A urbanização do
planeta cresce aceleradamente, a população das cidades deverá dobrar, atingindo a marca de milhões
de habitantes.

Actualmente, essas ocupações desordenadas são provocadas por todos os tipos de classes sociais,
rompendo com alguns mitos urbanos que acreditavam que a ocupação de encostas era um problema
normalmente associado à população carente de recursos financeiros. É notório que a própria
paisagem natural atrai também as camadas mais abastadas da população para a ocupação de áreas,
que se beneficiam de privilégios facilitando a realização se seus projetos e interesses pessoais,
alterando o ambiente com obras e edificações sem planejamento, ocupando áreas de preservação
permanente, que deveriam ser estar protegidas por leis ambientais ou áreas, que pela sua natural
12

topografia, representa risco à habitação humana. Portanto, essas ocupações desordenadas criam
danos e muitas vezes irreversíveis.

Essa crescente problemática social demonstra uma urgente necessidade de uma conscientização da
sociedade como um todo e principalmente dos órgãos públicos responsáveis pela gestão e
fiscalização do uso do dinheiro público. Além do que, não há como saber quais serão os reais danos e
impactos ambientais causados ao meio ambiente e, o que é pior, não existe nenhuma política de
planejamento ou ação social em evidência por parte das autoridades responsáveis, buscando mitigar
esse risco iminente de impacto negativo (Chiavenato, 1999).

Contudo, Farias (2002, p. 12), entende que “a sociedade vem enfrentando esse grande desafio de
resolver de forma segura e ambientalmente equilibrada o problema da ocupação urbana, em virtude
do grande crescimento populacional. E, por conta disso, muitas pessoas acabam pagando um preço
muito alto por conta da atual ocupação inadequada do espaço urbano nos grandes centros urbanos”.

5.1. Factores que levam às construções desordenadas

A ocupação desordenada é um fenômeno geográfico e social principalmente em Moçambique, cujo


nome é, de fato, muito auto-explicativo, pois ocorre quando os seres humanos ocupam uma
determinada área ou certo lugar de maneira não planejada, de modo desorganizado (Andrade, 1997).
Ou seja, as pessoas passam a habitar um espaço físico sem uma prévia análise dos efeitos dessa
ocupação sobre o referido espaço.

Não são levadas em consideração, portanto, as consequências que tal ocupação pode causar tanto ao
ambiente quanto, a médio ou a longo prazo, às próprias pessoas responsáveis pela ocupação
desordenada. Sendo necessário destacar, desde logo, que a responsabilidade não pode recair apenas
sobre estas pessoas, devendo ser dividida com os governantes (como Estado, de modo geral) por não
tomarem as medidas adequadas à contenção desse fenómeno.

Entretanto, é válido frisar que ele é fruto da rápida industrialização ocorrida no período do pós-guerra
e da conseguinte urbanização acelerada. “De acordo com o Programa das Nações Unidas para
Assentamentos Humanos (UN-Habitat), a população urbana foi multiplicada por cinco entre 1950 e
2011 no mundo todo” (Megda, 2011, p. 103). Esse crescimento exponencial da população urbana em
13

tão pouco espaço de tempo teve como consequência a ocupação desordenada das áreas urbanas, que
receberem um enorme número de novos moradores sem, porém, estar preparada para tanto.

A falta de planejamento para o crescimento populacional urbano faz com que, sem possuírem lugares
adequados para se alocarem, as pessoas passem a ocupar locais inapropriados, como morros,
encostas, planícies fluviais e periféricas, acarretando não só a ocupação desordenada do espaço
urbano das cidades, como também dando início ao processo de subúrbios urbano. A ocupação
irregular às margens de rios, por exemplo, é uma das principais causas de assoreamento dos rios e,
consequentemente, de inundações.

5.2. Consequências das construções desordenadas

Com aquilo que arrolamos a cima, demonstra que é nesse ponto em que o problema se agiganta, uma
vez que, não bastassem os problemas de ordem ambiental causados pela ocupação desordenada
(poluição do ar, sonora e hídrica; destruição dos recursos naturais, etc), surgem ainda questões como
desintegração social, desemprego, perda de identidade cultural e de produtividade econômica, entre
outros. Via de regra, os lugares onde ocorrem as ocupações são lugares marginalizados, no sentido de
que estão à margem da ocupação original da área urbana. Sendo assim, trata-se de lugares aos quais o
Estado não dedica a atenção que deveria. É justamente isto que acontece no bairro de Napipine, as
pessoas se encontram nas margens do rio napipine sem condiçoes condignos habitacionais.

Neles dificilmente se encontra saneamento básico, eletricidade e água de qualidade. São locais
abandonados à própria sorte. Comunidades que cresceram sozinhas, sem planejamento ou auxílio
estatal, e que continuam sozinhas, sem estado. O que se iniciou como um problema ambiental resta
claro, transformou-se em um problema que atinge uma infinidade de pessoas em diversos aspectos da
vida.

Com efeito, a rápida urbanização, ligada com a escassez de planejamentos e crises econômicas,
provoca a desorganização no uso do espaço, o que gera bairros sem nenhuma infraestrutura pelo
preço da devastação de áreas verdes e fluviais. Desse modo, Zacarias (2015, p. 67), afirma que “as
peculiaridades da ocupação desordenada, portanto, é o surgimento de subúrbios urbanos (ocupação
em morros e encostas), a ocupação das planícies fluviais (margens de rios) e de outros assentamentos
irregulares, tais como loteamentos clandestinos e áreas de risco”.
14

Em fim, existem outros problemas decorrentes da urbanização como a impermeabilização do solo,


poluição visual, poluição sonora, alterações climáticas, chuva ácida, ausência de saneamento
ambiental, falta adequada de destinação e tratamento dos resíduos sólidos, efeito estufa, entre outros
os quais serão descritos minunciosamente abaixo (Vieira, 2015).

5.3. Ocupação habitacional em áreas de risco no bairro de Napipine

Um dos problemas mais debatido e chama atenção aos planejadores de áreas urbanas, é o
deslizamento, que “é um fenómeno provocado pelo escorregamento de materiais sólidos, como solos,
rochas, vegetação e/ou material de construção ao longo de terrenos inclinados, denominados de
encostas” (Zacarias, 2015, p. 92). Este ocorre em áreas de relevo acidentado, das quais foram
retiradas a cobertura vegetal original que é responsável pela consistência do solo e que impede,
através das raízes, o escoamento das águas.

O deslizamento de terra se difere dos processos erosivos pela quantidade de massa transportada a
uma grande velocidade. Esses fenómenos naturais e antrópicos causam problemas imediatos para a
população, independente de sua condição social, e também para o meio ambiente. É notório que os
deslizamentos em encostas e morros urbanos vêm ocorrendo com uma frequência alarmante nestes
últimos anos, devido ao crescimento desordenado das cidades, com a ocupação de novas áreas de
risco, principalmente pela população mais carente.

Farias (2002, p. 29) observa que “muitas cidades, em sua expansão, avançam para terrenos
topograficamente mais inclinados e geologicamente instáveis”. É o caso da ocupação de vertentes de
morros ou de obras efetuadas em áreas extremamente suscetíveis à intempéries intensas ou solos
fragilizados. Esses deslizamentos coincidem na sua maioria com o período das chuvas, intensas e
prolongadas, visto que as águas escoadas e infiltradas vão desestabilizar as encostas. Nos morros, os
terrenos são sempre inclinados e, quando a água entra na terra, pode acontecer um deslizamento e
destruir as casas que estão em baixo.

Os motivos que desencadeiam esse processo estão ligados à retirada da cobertura vegetal de áreas de
relevo acidentado, habitação humana em locais impróprios, oferecendo condições propícias para o
desenvolvimento de deslizamentos em encostas.
15

5.4. Erosão no bairro de Napipine

Em áreas de grande expansão urbana, os processos erosivos se tornam uma ameaça para a população.
A erosão pode estar relacionada a obras civis ou ser resultado de processos naturais, decorrentes das
características do sítio no qual a cidade foi instalada. Há, ainda, lugares onde essas duas causas
influem nos eventos e catástrofes resultantes da erosão em solo urbano. Neste bairro, o desgante da
terra é notório, acompanhado com vias menos saneadas.

5.5. Saneamento e lixo no bairro de Napipine

Com o crescimento e multiplicação da população, surgiu outro grande problema ambiental: a


escassez de áreas para destinação do lixo sólido. O maior consumo de produtos industrializados e,
sobretudo, de produtos descartáveis, aumentou o volume do lixo assustadoramente, tornando seu
destino um dos maiores problemas na comunidade.

Na maioria dos das cidades do mundo menos desenvolvido, as montanhas de lixo geradas
diariamente são depositadas a céu aberto. Esse modo de destinação final do lixo causa graves
problemas ambientais e a deterioração dos materiais, exala fortes odores, contamina as águas
superficiais e subterrâneas pela infiltração do chorume – líquido proveniente da decomposição do
lixo – e é foco de transmissão de doenças à população do seu entorno.
16

Bibliografia

Andrade, N. (1997). Problemas ambientais na era contemporânea. Rio de Janeiro, Brasil: Livros
Técnicos e Científicos Editora S.H.Carvalho, E. J. (2009). Metodologia do trabalho científico.
(2ª ed.). Lisboa, Portugal: Martins Forntes.

Chiavenato, I. (1999). Meio ambiente. (3ª ed.). São Paulo, Brasil: Cortez.

Domingos, T. A. (2010). Relação do Homem e Meio Ambiente. Lisboa, Portugal: Livraria.

Farias, C. E. G. (2002). Construções desordenadas e o Meio Ambiente. Disponível em:


http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/minera.pdf. Acesso em 17 de Novembro.
de 2021.

Gil, A. C. (1999). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo, Brasil: ASA.

Gil, A. C. & Ivala, A. Z. (2007). Orientações para Elaboração de Projecto e


MonografiasCientificas. Nampula, Universidade Pedagógica.

Lakatos, E. M. & Marconi, M. A. (2005). Metodologia do trabalho científico. (3ª ed.). São Paulo,
Brasil: Cortez.

Megda, O. R. (2011). Impactos das erosões aceleradas em meio urbano: São Paulo, Brasil: Letras.

Muacanhia, T. & Denisse, O. A. (2010). Relação Ambiente – Recursos Naturais – Desenvolvimento.


Monografia Científica apresentada na Universidade Eduardo Mondlane. Maputo, Moçambique.

Oliveira, S. L. (1985). Metodologia Científica Aplicada ao Direito. São Paulo, Brasil: Thonsom.

Silva, J. P. S. (2007). Impactos ambientais causados por construções desorganizadas. Revista


Espaço da Sophia, n. 8, ano 1, nov.

Vieira, L. S. (2015). O papel da indústria da construção civil na organização do espaço e do


desenvolvimento regional. Lisboa, Portugal: vozes editora.

Zacarias, G. (2015). Ocupação desordenada nas grandes cidades. (3ª ed.). Belo Horizonte, Brasil:
Livros editora.

Você também pode gostar