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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

Tema: Evolução da constituição económica moçambicana e modelos económicos adoptados

Marrufo Saíde

Código
81220283
Nampula, Agosto de 2023

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Nome:
Marrufo Saíde

Tema: Evolução da constituição económica moçambicana e modelos económicos


adoptados

Trabalho de campo de Direitos Económico


a ser submetido na coordenação do curso
de Direito na UnIsced do 2º ano

Código
81220283
Nampula, Agosto de 2023

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Índice

Introdução...............................................................................................................................3

1. Evolução Histórica da Constituição Económica Moçambicana.........................................4

2. Constituição da República de 1975.....................................................................................4

3. Constituição da República de 1990.....................................................................................5

4. Constituição da República de 2004.....................................................................................5

5. Características da Constituição económica de Moçambique..............................................6

Conclusão................................................................................................................................7

Bibliografia.............................................................................................................................8

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Introdução

Falar da evolução da constituição económica moçambicana e modelos económicos


adoptados significa rebuscar inúmeros aspetos da história de um País do século XX e,
tentar condensá-los para justificar o grande progresso que o país vem demonstrando. Sendo
assim, não se mostra tarefa fácil e muito menos algo que possa ser esgotado numa reflexão
apenas, contudo, a necessidade de fazer este trabalho e tentar entender a real essência de
Direitos Económico em Moçambique, devido aos conturbados momentos que marcam o
quotidiano moçambicano.

2. Objetivos

2.1. Objetivo geral

 Analisar a evolução da constituição económica em Moçambique.

2.2. Objetivos específicos

 Conhecer o Sistema Económico;


 Apresentar Modelo Económico adoptado pelo legislador moçambicano;
 Compreender a evolução da Constituição económica moçambicana;

Para este trabalho, como metodologia enquanto procedimento, realizar-se-á uma análise
documental e do seu respectivo conteúdo para obter um parecer, de um ponto de vista
generalizado sobre o tema em alusão.

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1. Evolução Histórica da Constituição Económica Moçambicana

A necessidade de existência de uma constituição económica em Moçambique não é questão


meramente de capricho, mas sim, conforme explica Francisco (2002). O Estado
Moçambicano actua para coibir os excessos da iniciativa privada e evitar que desatenda às
suas finalidades, ou para realizar o desenvolvimento nacional e a justiça social, fazendo-o
pela repressão ao abuso do poder económico, do controle dos mercados e do tabelamento
de preços.

Por razões de espaço, a presente reflexão circunscreve-se à evolução da Constituição


económica moçambicana, apenas no período do Estado Soberano, ou seja, desde a
Independência de Moçambique em 1975. Esta opção pode incorrer no erro muito comum
de se assumir que o Estado Soberano herdou do passado, unicamente, obstáculos,
dificuldades e problemas tais que o partido no poder desmantelou por completo a máquina
administrativa e burocrática de governação, tendo criado um novo Estado do nada.

De igual modo, Watty (2009, p.112) tem razão em destacar, na sua periodização da
Constituição da República de Moçambique, o período de pré-Constituição Económica do
Governo de Transição entre 20 de Setembro de 1974 e 25 de Junho de 1975. Período no
qual foram introduzidos alguns princípios, normas e instituições novas, incluindo
“disposições limitativas ou restritivas do direito de propriedade” e “disposições tendentes a
estabelecer uma reforma agrária”.

2. Constituição da República de 1975

A Constituição da República Popular de Moçambique (CRPM75) entrou em vigor aquando


da proclamação da independência nacional, a 25 de Junho de 1975, tendo sido finalizada e
definida pelo Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), em
sessão realizada na praia do Tofo, Província de Inhambane. A partir de 1978 a
responsabilidade pela revisão constitucional passou para a Assembleia Popular, com
poderes constituintes, mas, na prática, a liderança do Partido FRELIMO manteve um forte
controlo das mudanças constitucionais realizadas nos anos seguintes (Abrahamsson, H. &
Nilsson, A. 1994).

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A CRPM75 consagrou postulados constitucionais de âmbito da soberania do Estado e do
domínio económico, assente na ideologia e projecto constitucional da então FRELIMO, dos
quais merecem particular destaque as seguintes características jurídico-económicas:

 Foi estabelecida na República Popular de Moçambique (RPM) um Estado de


democracia popular e uma economia marcadamente socializante, onde o partido no
poder declarou propor-se eliminar a acumulação produtiva privada e proceder à
redistribuição da riqueza. (Sal & Caldeira n.d.; Waty 2009, p.115).
 O Comité Central da Frelimo, declarou o Estado Moçambicano legalmente único e
exclusivo proprietário da terra em Moçambique, abrangendo todo o território
constituído pelo Estado colonial e reconhecido internacionalmente, desde a última
década do Século XIX;
 Houve nacionalização de propriedades e da nacionalização da terra.

3. Constituição da República de 1990

A Constituição da República de Moçambique de 1990 (CRM90) introduziu alterações


suficientemente profundas, praticamente, em todos os campos da vida do País, para
merecer a designação de 2ª República de Moçambique independente (Assembleia Popular
1990).

Parte das mudanças visou formalizar transformações de ordem económica, iniciadas a partir
1984, ano em que o Estado Moçambicano aderiu, formalmente, às Instituições de Bretton
Woods, solicitando a ajuda financeira e técnica internacional (Hunguana, 2010).

4. Constituição da República de 2004

De acordo com Cistac (2011b), a Constituição da República de 2004 (CRM2004),


diferentemente da CRM90 em relação CRPM75, não apresenta uma ruptura com o regime
constitucional que substituiu. Surgiu com disposições que supostamente procuraram
reforçar e solidificar o regime de Estado de Direito e democrático trazido em 1990, através
de melhores especificações de disposições já existentes, criação de novas figuras, princípios
e direitos e elevação de alguns institutos e princípios existentes na legislação ordinária à
categoria constitucional (Assembleia da República 2004).

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Relativamente à Constituição Económica, em particular, a CRM2004 não só perdeu a
oportunidade de introduzir alterações de fundo com vista a instaurar uma ordem económica
mais consistente com as políticas que visem desenvolver uma economia de mercado, mas
também, no caso específico da política de terra, retrocedeu em relação à CRM90.

Em resumo, quatro pontos relativos à propriedade, na CRM2004, merecem ser destacados,


no âmbito desta reflexão:

 Primeiro, a principal inovação positiva digna de referência, no bloco sobre a


Constituição Económica da CRM2004, foi formal, ao apresentar uma nova ordem
dos artigos e melhor sistematização dos conteúdos relativos à organização
económica;
 Reforçou, no Título III, “Direitos, deveres e liberdades fundamentais”, a
manutenção do monopólio estatal sobre a terra;
 à luz de uma Constituição económica consistente com um Estado de Direito, o
direito de propriedade é a capacidade plena e exclusiva de uso, fruição e disposição
das coisas que pertencem ao proprietário. A terra não só é declarada propriedade
única e exclusivamente do Estado, mas também impedida de ser vendida, ou por
qualquer outra forma alienada (Artigo 109).

Watty (2009), não admite explicitamente que a Constituição de 2004, tal como a de 1990,
continuou e continua a fingir que não existem razões de maior preocupação com as
questões económicas, em domínios como a questão fundiária e a questão agrária, a
crescente informalidade económica, a natureza cronicamente falida mas não falhada do
Estado, entre muitos outros aspectos.

5. Características da Constituição económica de Moçambique

A Constituição da Republica de Moçambique, consagra um modelo de economia Mista,


pois estabelece os princípios básicos de uma economia de mercado, impondo ou permitindo
a regulação pública de alguns aspectos do seu funcionamento e salvaguardando os direitos
dos próprios trabalhadores enquanto limites ao poder económico, privado ou público.

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Esse modelo de equilíbrio entre a economia de mercado e interesse público e social,
projeta-se em vários preceitos da Constituição da República de Moçambique. Assim sendo,
para garantir a democracia económica social que é uma das componentes do Estado de
direito Democrático (art. 3 da CRM) – a CRM faz assentar a organização económica,
social, financeira e fiscal do país (art. 96 da CRM). O Estado promove, coordena e fiscaliza
a actividade económica agindo directa ou indirectamente para a solução dos problemas
fundamentais do povo e para a redução das desigualdades sociais e regionais. O
investimento do Estado deve desempenhar um papel impulsionador na promoção do
desenvolvimento equilibrado (art. 101 da CRM).

A ordem económica do país está assente numa pluralidade de sectores de actividades


económicas (arts. 102-111 da CRM): Recursos Naturais; Agricultura; Industria; Sector
familiar; Produção de pequena escala; Empresariado nacional; Investimento estrangeiro;

Terra; Uso e aproveitamento de Terra; Direitos adquiridos por herança ou ocupação de


terra.

Segundo Moreira (2011) destacam-se como objectivos fundamentais do Estado


moçambicano com relevância económica as seguintes;

a) A edificação de uma sociedade de justiça social e a criação do bem-estar material,


espiritual e de qualidade da vida dos cidadãos;

b) A promoção do desenvolvimento equilibrado, económico, social e regional do país;

c) A defesa e a promoção dos direitos humanos da igualdade dos cidadãos perante a lei;

d) O reforço da democracia, da liberdade da estabilidade social e da harmonia social e


individual.

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Conclusão

No nosso país (Moçambique), a evolução do constituição económica moçambicana teve


vários contornos, podendo-se até confundir-se com a história do próprio país, a partir da
colonização, passando pelo processo de libertação, até nos dias atuais.

A conclusão que se chega é que a constituição actual moçambicana tem forte indícios de
uma constituição mista pelas seguintes razões: Há uma combinação, em graus diversos de
liberdade e iniciativa privada e a iniciativa pública social; Há tentativas de combinar o
plano com o mercado; e definição de regimes diversos, pelo que observa-se um simples
intervencionismo, um dirigismo relativamente a intervenção do Estado.

A Constituição Económica moçambicana deve ser um instrumento de impulso, incentivo


para a produção nacional, e deve ser responsável pela promoção da produção para o
empresariado nacional, especialmente a exploração de recursos naturais em especial
destaque para a agricultura por ser uma fonte inesgotável e não precisa de muitos
investimentos.

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Bibliografia

Abrahamsson, H. & Nilsson, A. (1994). Moçambique em Transição: Um estudo da história


de desenvolvimento durante o período 1974-1992. Maputo: Padrign &CEEI-ISRI.

Cistac, G. (2011). História Inacabada de uma Revisão Constitucional Anunciada. Proposta


de Revisão Constitucional para Boa Governação, pp. 23–51. Maputo; GDI - Instituto
de Apoio à Governação e Desenvolvimento.

Francisco, A. (2002). Evolução da Economia de Moçambique da Colónia à Transição para


a Economia de Mercado. A Economia Moçambicana Contemporânea - Ensaios.
Maputo: Gabinete de Estudos, Ministério do Plano de Finanças.

Hunguana, T. (2010). Os 20 Anos da Constituição. Available at: www.gdi.org.mz.


[Acessado no dia 18 de Agosto de 2023].

Moreira, V. (2011). Proposta de Revisão Constitucional para Boa Governação. Prefácio.


Maputo: GDI - Instituto de Apoio à Governação e Desenvolvimento.

ISCED. S/D. Manual do curso de licenciatura em Direito – Direito Económico. 2º ano.

Sal & Caldeira, (s/d.). Evolução Constitucional na República de Moçambique.


Sal&Caldeira Advogados, Lda. Available at: www.salcaldeira.com/Artigos.html.

Watty, T. (2009). Direito Económico. Maputo: WW Editora, Lda.

Legislação

Constituição da República de Moçambique aprovado na Assembleia da República em 16 de


Novembro de 2004.

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