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Indaial – 2018
1a Edição
Elaboração:
Prof. Kleber Renan de Souza Santos
Profª. Ana Clarisse Alencar Barbosa
Prof. Arildo João de Souza
Prof. Fábio Roberto Tavares
Profª. Francieli Stano Torres
Profª. Graciela Márcia Fochi
Profª. Grazielle Jenske
Profª. Greisse Moser
Profª. Luciane da Luz
Prof. Lírio Ribeiro
Profª. Maquiel Duarte Vidal
Profª. Meike Schubert
Profª. Vânia Konell
Profª. Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
657
S237t Santos, Kleber Renan
Tópicos Especiais / Kleber Renan Santos et al. Indaial:
UNIASSELVI, 2018.
304 p. : il
ISBN 978-85-515-0131-3
1. Tópicos Especiais.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Vamos iniciar os estudos do Livro Didático de Tópicos Especiais.
Este livro está dividido em três unidades e tem o intuito de apresentar e reforçar temas
no componente de Formação Geral, conforme orientação da Portaria Inep nº 239, de 10
de junho de 2015, art. 3º:
Bons estudos!
GIO
Olá, eu sou a Gio!
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 290
UNIDADE 1 -
CIDADANIA
E SOCIEDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoa-
tividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
1 INTRODUÇÃO
Entraremos no mundo do comportamento humano em sociedade e suas regras
de conduta e participação social, política e econômica, no qual trabalharemos a questão
da formação dos princípios morais e éticos dos homens que vivem e convivem em
sociedade, além de abordarmos questões pertinentes à democracia e à cidadania.
A mesma portaria, em seu Art. 5º, indica como referência do perfil do concluinte,
no âmbito da Formação Geral, as seguintes características:
3
IV. interpretar diferentes representações simbólicas, gráficas e
numéricas de um mesmo conceito;
V. formular e articular argumentos consistentes em situações
sociocomunicativas, expressando-se com clareza, coerência e
precisão;
VI. organizar, interpretar e sintetizar informações para tomada de
decisões;
VII. planejar e elaborar projetos de ação e intervenção a partir da
análise de necessidades, de forma coerente, em diferentes contextos;
VIII. buscar soluções viáveis e inovadoras na resolução de situações-
problema;
IX. trabalhar em equipe, promovendo a troca de informações e a
participação coletiva, com autocontrole e flexibilidade;
X. promover, em situações de conflito, diálogo e regras coletivas de
convivência, integrando saberes e conhecimentos, compartilhando
metas e objetivos coletivos.
2 A DEMOCRACIA EM PAUTA
Estamos vivendo em um país apresentado como democrático! Será que todos
nós compreendemos o sentido real da democracia e seus reflexos na sociedade
brasileira? Em outros termos, o que realmente é este Estado Democrático de Direito em
que vivemos?
Neste sentido, Moisés (2010, p. 277) expõe que “o significado mais usual da
democracia se refere aos procedimentos e aos mecanismos competitivos de escolha
de governos através de eleições”, ou seja, a democracia é compreendida habitualmente
somente como um processo de escolha dos nossos representantes legais em todas
as esferas, tanto local, municipal, estadual quanto federal, no qual a população dessas
esferas, por meio de seu voto, seleciona e elege o seu representante para legislar em
nome dessa mesma população. Assim, “podemos considerar que a democracia nada
mais é do que um sistema de governo, no qual o povo governa para sua própria
sociedade” (PIERITZ, 2013, p. 133, grifos do original).
Deste modo, pode-se observar que a democracia pode ser exercida de duas
formas distintas, pois ela pode ser direta ou indireta (Quadro 1). O conceito de democracia
é notoriamente o entendimento de toda massa populacional brasileira nos dias de hoje,
pois quando se indaga às pessoas com relação ao conceito de democracia, é este
conceito de escolha de nossos representantes legais, por intermédio do voto popular,
que aparece nos discursos da população de nosso país.
4
QUADRO 1 – FORMAS DE DEMOCRACIA
FORMAS DE DEMOCRACIA
Democracia Na qual o povo decide diretamente, por meio de referendo/plebiscito,
direta se aceita ou não determinadas questões políticas e administrativas de
sua localidade, Estado ou país.
Democracia Nesta, o povo participa democraticamente, por meio do voto, elegendo
indireta seu representante político, ou seja, uma pessoa que o represente nas
diversas esferas governamentais, para tomar decisões cabíveis em
nome do povo que o elegeu.
Cunha (2011, p. 105) expõe que a democracia pode ser compreendida como
“método de organização social e política tendente à maior realização da liberdade e
da igualdade. [é um] Sistema político em que o povo constitui e controla o governo, no
interesse de todos”.
Outro fator que não podemos esquecer é que, quando falamos em democracia,
também falamos de Estado Democrático de Direito. Segundo Cunha (2011, p. 138), o
“Estado de direito [é aquele] que se organiza e opera democraticamente”. Nossa Carta
Magna de 1988, já em seu preâmbulo, instituiu um Estado Democrático de Direito,
ou seja, a Constituição da República Federativa do Brasil se organizou e definiu suas
normativas em prol de um Estado Democrático, no qual a democracia deverá ser a
base fundamental da República Federativa do Brasil. Assim, segundo Pieritz (2013, p.
133), “este sistema de governo democrático possui formatos diferentes nas diversas
sociedades, pois em cada uma existem regras e normas diferentes, e isto acontece por
causa da constituição dos princípios ético-morais de cada localidade”.
Vale salientar que a democracia vai muito além desse discurso sintético de
representação e de voto, pois Moisés (2010, p. 277, grifos nossos) coloca-nos que:
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Além disso, não podemos esquecer um elemento fundamental da democracia,
que é a questão da “participação do povo”, em que cada cidadão brasileiro é
elemento fundamental no processo democrático do Brasil, pois direta ou indiretamente
é parte do processo democrático instaurado neste país. Ao proferir sua escolha,
independentemente do que for ou de que escolha fora feita, torna-se automaticamente
parte do Estado Democrático de Direito e integra-se ao sistema vigente de democracia
daquele determinado Estado.
FONTE: Os autores
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O direito à participação pode ser tanto reativo quanto proativo. Em sua
forma reativa, a participação consiste na articulação coletiva de
respostas a políticas de desenvolvimento. Na forma proativa, ela invoca
a responsabilidade popular no desencadeamento da articulação de
políticas de desenvolvimento. No primeiro caso, os governos propõem e
os cidadãos reagem; no segundo, os cidadãos propõem e os governos
reagem. Em ambas as formas, o direito de participação assume
a lógica de colaborar com o desenvolvimento. “No coração da
democracia repousa, assim, o direito do cidadão de opinar nos assuntos
públicos e de exercer controle sobre o governo, em pé de igualdade com
os demais”.
Aqui fica claro que a população, ao exercer seu direito de participação de forma
proativa, demonstra seus direitos e responsabilidades perante os efeitos da decisão
coletiva. Entretanto, também existem quatro condições necessárias para que se possa
instaurar um regime governamental pautado na democracia.
FONTE: Os autores
ATENÇÃO
Caro acadêmico, para colaborar com seus estudos, veja que a junção
das Figuras 1 e 2 proporciona o entendimento global do que é
democracia.
3 A QUESTÃO DA ÉTICA
O tema que abordaremos neste momento é relativo à questão da ética, a qual
permeia constantemente nosso dia a dia, seja no âmbito familiar, social ou profissional.
Aparentemente, compreendemos o seu significado e seus efeitos, mas será que
realmente compreendemos o seu sentido real? Será que sabemos o que é certo ou
errado para nós na sociedade em que vivemos?
Neste sentido, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89) expõem que “a ética é uma das
áreas da filosofia que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros [...]”.
Em outros termos, as nossas ações perante a sociedade em que vivemos são orientadas
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por princípios éticos e morais, e esses princípios são norteadores de consciência moral
do certo e do errado, do bem e do mal.
De modo mais abrangente, a ética pode ser conceituada como a área da filosofia
que investiga o agir humano, tanto aqueles com repercussão social, quanto aqueles sem
maiores impactos na sociedade, ou seja, não somente os atos relativos à convivência
com os outros, mas também consigo mesmo.
O que são valores? Pedro (2014, p. 490) faz um resgate etimológico da palavra
Axiologia, de origem grega, que significa estudo dos valores ou ciência do valor, e aponta
para um significado, o da vivência do valor, independentemente do valor que for, pois
este é experienciado como um fenômeno que se apresenta à consciência como tal e
como um acontecimento que nos é imediatamente dado.
Para a filósofa húngara Agnes Heller (1972, p. 4), “valor é tudo aquilo que faz
parte do ser genérico do homem e contribui, direta ou mediatamente para a explicação
desse ser genérico”. Vejamos no Quadro 3 quais são os atributos dos valores humanos
na perspectiva de Heller:
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Portanto, os atributos dos valores humanos apresentados no Quadro 3 são
os elementos constitutivos do ser humano, do ser social, que formam os nossos
valores morais. Complementando, no Quadro 4 apresentamos mais exemplos
dos valores e virtudes do ser humano, que vive e convive em sociedade.
Deste modo, podemos expor que “todos nós possuímos princípios e valores que
foram e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a esses valores, cada um
de nós possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal” (PIERITZ,
2012, p. 57).
Não podemos nos esquecer de que “esta consciência moral é determinada por
um consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe
as normas de conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal
e outras regras e normas de nossa sociedade” (PIERITZ, 2013, p. 4).
São estas regras e normativas jurídicas e sociais que determinam o nosso agir
em sociedade, e cada grupo social possui suas características, ou seja, não se pode
dizer que todos nós somos iguais, que todas as nações e Estados são iguais, porque não
somos, pois, independentemente do Estado, do país ou grupo social, fomos moldando
nossos valores e princípios de forma diferente ao longo de nossa existência.
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Em outros termos, os problemas éticos permeiam todas as nossas ações em
sociedade. Neste sentido, vale salientar que “cada sociedade possui suas normas de
conduta comportamental e seus princípios morais, ou seja, cada grupo social constitui o
que é certo e errado, o que é o bem e o mal para o seu povo, portanto, nem sempre o que é
certo para nós pode ser certo para um outro grupo social e vice-versa” (PIERITZ, 2013, p. 4).
Então, como desvelar esta situação? Como saber se estamos no caminho certo?
Se estamos fazendo certo ou errado? Ou se realmente estamos fazendo o bem ou o mal
a alguém? São muitas indagações!
Para auxiliar a reflexão sobre essas questões, Finnis (filósofo e jurista australiano)
identifica sete valores básicos, os quais são os seguintes:
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Por conseguinte, “o ético transforma-se assim numa espécie de legislador do
comportamento moral dos indivíduos ou da comunidade” (VÁZQUEZ, 2005, p. 20), ou
seja, a ética está para regular o nosso comportamento em sociedade.
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FIGURA 3 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL
Assim, podemos observar que existem diferenças concretas entre estes dois
conceitos, no entanto, ainda devemos compreender que:
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Assim, concluímos que a moral:
Por conseguinte, segundo Pieritz (2013, p. 21, grifo nosso), “a ética é precursora
da TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos diversos sistemas ou estruturas sociais. Sistemas
estes que imprimiam suas mudanças sociais, tais como: Capitalismo e Socialismo”.
Por fim, Pieritz (2013, p. 21) expõe que “quando é constituída uma nova estrutura
social, a ética, os valores e princípios morais são modificados para constituir assim esta
nova concepção de sociedade”. Ou seja, historicamente, com as transformações sociais,
políticas e econômicas de um povo, automaticamente o sistema de valores morais e
éticos se transforma, para que assim seja possível constituir um novo padrão sócio-
histórico daquele determinado grupo.
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Vejamos: cidadania “é um conjunto de direitos e deveres que denotam e
fundamentam as condições do comportamento de cada indivíduo em relação à
sociedade, ou seja, a cidadania designa normas de conduta para o convívio social,
determinando nossas obrigações e direitos perante os outros integrantes da nossa
sociedade” (PIERITZ, 2013, p. 132). Neste sentido:
DIMENSÕES DA CIDADANIA
Cidadania São aqueles direitos advindos da LIBERDADE de cada indivíduo, por
civil exemplo:
• o livre-arbítrio para expressar nossos pensamentos;
• o direito de propriedade (venda e compra de um
imóvel, um bem ou serviço);
• entre outros.
Cidadania Podemos considerar que a cidadania política se legitima quando os
política homens exercem seu poder político de ELEGER e SER ELEITOS
para o exercício do poder político, independentemente da instituição
pública ou privada na qual venham exercer suas atribuições.
Cidadania Compreendida como o conjunto de direitos concernentes ao
social CONFORTO de cada cidadão, no que tange à sua vida econômica e
social, ou seja, do seu bem-estar social.
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Deste modo, Maciel (2012, p. 29) expõe que hoje em dia a cidadania é “sinônimo
de participação que remete ao exercício da democracia para além das eleições. Somos
‘controladores’ da política, do orçamento, ou seja, das ações do Estado como um todo”.
Cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços democráticos do
seu município, Estado ou Federação.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A democracia pode ser exercida de duas formas distintas, pois ela pode ser direta ou
indireta.
• A ética é uma das áreas da filosofia que investiga o agir humano na convivência com
os outros.
• Todos nós possuímos princípios e valores que foram e são constituídos por nossa
sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui uma visão do que
é certo e errado, do que é o bem e o mal.
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• Existem diferenças nítidas entre ética e moral, sendo que a ética regula a moral,
a ética é generalista e a moral reflete o comportamento socialmente construído e
legitimado pelo seu povo.
• A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada pessoa
ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado, o que é bom
ou mal.
• O valor da ética está naquilo que ela explica, o fato real daquilo que foi ou é, e não no
fato de recomendar uma ação ou uma atitude moral.
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AUTOATIVIDADE
Considerando as acepções acima, elabore um texto dissertativo, com até 15 linhas, acerca
do seguinte tema: Comportamento ético nas sociedades democráticas.
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A charge acima representa um grupo de cidadãos pensando e agindo de modo
diferenciado, frente a uma decisão cujo caminho exige um percurso ético. Considerando
a imagem e as ideias que ela transmite, avalie as alternativas que seguem.
Estão corretas:
a) ( ) I e II.
b) ( ) I e V.
c) ( ) II e IV.
d) ( ) III e IV.
e) ( ) III e V.
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
SOCIEDADE E A DIVERSIDADE
1 INTRODUÇÃO
Vamos iniciar o nosso tópico apresentando algumas definições e conceitos
a respeito dos problemas sociais ocasionados pela diversidade que gera diferenças
entre coisas e seres, que por consequência geram os mais diversos preconceitos,
desigualdades e conflitos sociais.
Neste sentido, Gomes (2012, p. 678) afirma que “a diversidade, entendida como
construção histórica, social, cultural e política das diferenças, realiza-se em meio às
relações de poder e ao crescimento das desigualdades e da crise econômica que se
acentuam no contexto nacional e internacional”.
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3 DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL
A diversidade no contexto cultural significa uma grande quantidade de coisas,
ações, pensamentos, ideias e pessoas que se diferenciam entre si dentro de grupos
sociais ou dentro de uma mesma sociedade, e os mesmos são passíveis de discussão,
apelos, protestos, discórdia e geralmente acabam em conflitos, chegando até às
desigualdades sociais.
22
Podemos citar como exemplo o que aconteceu com os judeus, conhecido
como o holocausto, ou o caso da África do Sul, que teve repercussão mundial, também
conhecido como segregação racial (Apartheid), que significa separação entre negros e
os brancos das classes dominantes.
DICAS
Sugerimos que você assista ao filme Mandela, que fala sobre a vida do ex-
presidente da África do Sul e líder da luta contra o Apartheid. O filme tem
como diretor Justin Chadwick.
De acordo com Silva (2007, p. 133), “[...] os diferentes grupos sociais, situados em
posições diferenciadas de poder, lutam pela imposição de seus significados à sociedade
mais ampla”. Assim, é fundamental que percebamos as diferenças e desigualdades não
de forma natural, mas como uma construção histórica possível de ser desestabilizada
em sua forma rígida, para ser transformada em algo que possa ser identificado e
23
reconhecido como base para a construção de relações interpessoais mais democráticas
dentro da sociedade, isto é, devemos pensar e repensar o seu conceito histórico e a sua
trajetória futura, pois, de acordo com Gomes (2007, p. 22):
Como nos diz Carlos Rodrigues Brandão (1986 apud GOMES, 2007, p. 25), “por
diversas vezes, os grupos humanos tornam o outro diferente para fazê-lo inimigo”.
Aprofundando essa reflexão, tomamos como exemplo a Constituição Federal de 1988, que
trata no Artigo 5º dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos:
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano
ou degradante; [...] (BRASIL, 1988, s.p.).
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Nessa perspectiva, percebemos que “somos todos iguais como seres humanos.
Por isso devemos combater qualquer forma de discriminação e de arrogância, agindo
solidariamente uns com os outros” (AQUINO et al., 2002, p. 16). O ser humano veio ao
mundo não somente para compor ou contribuir para o povoamento da Terra, mas para
ser útil, participativo, democrático, ético, moral e solidário para com os seus semelhantes.
AUTOATIVIDADE
Chegou a sua vez!
Escreva o seu conceito para Diversidade.
Assim, a diversidade faz parte da natureza das coisas existenciais, sendo elas a
diversidade relacionada à situação socioeconômica, ou à diversidade cultural, em que as
mesmas foram se transformando em essência no decorrer dos tempos, principalmente
em se tratando das diferenças relacionadas às diferentes raças e suas manifestações
culturais, incluindo-se aí a sua descendência, que, por consequência, deixam de fazer
parte da cultura original e passam a fazer parte de outra cultura produzida para atender
a uma demanda econômica. Como foi o caso da cultura da cana-de-açúcar, explorada
pelos grandes latifundiários, gerando um longo período de uma relação conflitante e
tumultuada entre o poder daqueles grupos de exploradores e a submissão dos negros,
dos índios, das mulheres, das crianças e adolescentes.
26
Nenhum povo que passasse por isso como sua rotina de vida, através
de séculos, sairia dela sem ficar marcado indelevelmente. Todos
nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios
supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa
que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui
se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos
e a gente insensível e brutal, que também somos. Descendentes de
escravos e de senhores de escravos, seremos sempre servos da
malignidade destilada e instalada em nós, tanto pelo sentimento
da dor intencionalmente produzida para doer mais, quanto pelo
exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre
crianças convertidas em pasto de nossa fúria (RIBEIRO, 1995, p. 120).
Portanto, são essas diferenças que geram o princípio da desigualdade social, que
vão além das características humanas, ultrapassando o bom senso, descaracterizando o
princípio da igualdade e do amor ao próximo, modificando ou alterando outros princípios
considerados de grande importância para as questões relacionadas com o respeito, a
dignidade, a reciprocidade e as boas práticas das relações humanas no contexto social.
AUTOATIVIDADE
Qual o seu conceito para desigualdade social?
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Assim, a desigualdade significa não só a diferença existente entre pessoas ou
coisas que compõem o universo, mas significa também a diferença no tratamento e no
respeito para com o outro. Nesse caso, estamos nos referindo à desigualdade humana,
que na maioria das vezes está caracterizada pelo preconceito e pelos diversos tipos
de violências e pelas suas relações conflitantes dentro do contexto social. Exemplo: a
desigualdade socioeconômica, as desigualdades raciais, a falta de segurança, a falta
de acesso à moradia, ao saneamento básico, dentre outras formas de exclusão social.
Muitas vezes, essas diferenças são ocasionadas pela falta de oportunidade, excluindo
até o mais digno do ser humano, o que não deixa de ser uma forma preconceituosa de
relação e convivência social. Aquino et al. (2002, p. 34-35) afirmam que:
No entanto, parece que pouco têm efeito as leis que reprimem essas práticas
discriminatórias, preconceituosas e racistas, visto que, infelizmente, parece existir
uma autorrejeição por parte de algumas pessoas ou grupos que ainda mantêm certos
padrões de comportamento que não mais condizem com a realidade dos padrões
atuais e universais, dos direitos constituídos e com o processo democrático, com
as leis de proteção às crianças, aos idosos, aos negros, às mulheres, aos indígenas,
aos deficientes físicos, entre outros. São seres humanos que sofrem discriminação e
negação de direitos que estão incluídos na Declaração Universal dos Direitos Humanos,
conforme citado no parágrafo acima.
Sem diversidade não há estímulos para pensar diferente, não há estímulos para
pensar no princípio da igualdade. Portanto, pensar diferente é o caminho para viver
e compreender o sentimento solidário que devemos ter. Apesar de que, no dia a dia,
relacionar-se com as inúmeras diferenças humanas e sociais do mundo atual nem
sempre traz harmonia.
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somos diferentes, somos iguais como seres humanos. A isso se dá o nome de equidade.
Convém lembrar que ser igual não é ser idêntico. Ao contrário, somos semelhantes,
embora diversos. Afinal de contas, em que nos diferenciamos uns dos outros? A resposta
é óbvia: em praticamente tudo. A começar pela nossa história de vida, passando pelas
características biológicas (raça, cor, sexo), até as de cunho social (escolaridade, condição
econômica, opções políticas etc.). Mesmo sendo únicos, continuamos a pertencer à
mesma espécie, à raça humana. Por essa razão, não há seres humanos “superiores”
ou “inferiores”. Cada um é especial a seu modo. Só teremos um convívio democrático e
pacífico se tratarmos o outro da mesma forma que gostaríamos de ser tratados.
Todos esses conceitos fazem parte de uma cultura geral, ou seja, da construção
e da desconstrução do processo de desenvolvimento humano, e da sua própria
sobrevivência. A cultura é, pois, “o conteúdo da construção histórica da humanidade
dos seres humanos, humanizando-os ou desumanizando-os” (SOUZA, 2002, p. 53). O
principal objetivo do nosso estudo é justamente conscientizar os nossos acadêmicos
rumo a uma reflexão mais humanista a respeito das nossas ações e na superação
definitiva da desigualdade social, o que diz respeito ao cidadão e à relação com o meio
em que ele vive, em que o respeito pelas diferenças forma o espírito da academia e a
humanização social.
Com base no que foi dito e analisado até aqui, nos parece que o ponto de
partida para a solução, pelo menos de parte dos problemas raciais, das diferenças, da
exclusão e da inclusão social, pode estar na educação de base, ou seja, se o aluno
tiver uma educação inicial que o motive a ultrapassar essas barreiras. A partir daí ele
poderia formar uma base sólida para ingressar na faculdade melhor preparado, o que
sem dúvida é parte integrante para o seu desenvolvimento profissional e pessoal.
DICAS
Você quer descansar um pouco, sem deixar de refletir sobre o conteúdo?
Assista ao filme “O Visitante”, ele contribuirá com seus estudos.
Sinopse: Walter, solitário professor universitário, tem 62 anos e já não
encontra prazer na vida. Ao viajar a Nova York para uma conferência,
encontra o casal Tarek e Zainab, imigrantes sem documentos,
morando em seu apartamento. Eles não têm para onde ir, e Walter
acaba deixando que fiquem. Para retribuir, o talentoso Tarek ensina
Walter a tocar o tambor africano e os dois ficam
amigos. Quando a polícia prende o jovem e decide
deportá-lo, Walter faz de tudo para ajudá-lo, com
uma garra que há muito não sentia. Surge então a mãe de Tarek em busca
do filho e um improvável romance tem início.
30
4 INCLUSÃO ESCOLAR E SOCIAL DA DIVERSIDADE
Acadêmicos! Já compreendemos o caráter plural de nossas sociedades e as
complexas relações estabelecidas socialmente. Diante disso, percebemos que vivemos
em uma sociedade dividida em classes, em que a luta pela manutenção ou superação
das divisões sociais é constante.
Ainda com base nesse raciocínio, “[...] a educação escolar não pode ser pensada
nem realizada senão a partir da ideia de uma formação integral do aluno – segundo
suas capacidades e seus talentos – e de um ensino participativo, solidário, acolhedor”
(MANTOAN, 2006, p. 9). Reverter o que historicamente foi construído é difícil, implica
em construir alternativas que possibilitem a emancipação social dos diferentes sujeitos,
fazendo uma clara opção política por um compromisso contra as discriminações, as
desigualdades e o respeito à diversidade cultural.
31
Dessa forma, a escola pode fazer o anúncio da construção de novos tempos na
educação, contribuindo para formar alunos não conformistas, e sim, questionadores,
reagentes e competentes, aptos a rejeitar valores celebrados pela nova ordem mundial,
como o egoísmo e o individualismo. Mantoan (2006, p. 14) nos coloca que, seja ou
não “uma mudança radical, toda crise de paradigma é cercada de muita incerteza e
insegurança, mas também de muita liberdade e ousadia para buscar outras alternativas,
novas formas de interpretação e de conhecimento [...] para realizar a mudança”.
Assim, falar sobre inclusão escolar e/ou social é falar sobre a conscientização
humana na democratização das relações entre os povos e os demais indivíduos que
fazem parte do contexto social como um todo, independentemente de credo, raça,
poder aquisitivo ou posição social, visto que fazemos parte de uma mesma sociedade e
32
as diferenças fazem parte integrante do equilíbrio social e da própria espécie humana.
No entanto, fica aqui a indagação: quais as oportunidades que estão sendo oferecidas
pelos agentes sociais a essa massa de desamparados e excluídos do sistema social?
33
A diversidade é muito mais do que o conjunto das diferenças.
Ao entrarmos nesse campo, estamos lidando com a construção
histórica, social e cultural das diferenças, a qual está ligada às
relações de poder, aos processos de colonização e dominação.
Portanto, ao falarmos sobre a diversidade (biológica e cultural) não
podemos desconsiderar a construção das identidades, o contexto
das desigualdades e das lutas sociais.
A diversidade indaga o currículo, a escola, as suas lógicas, a sua
organização espacial e temporal. No entanto, é importante destacar
que as indagações aqui apresentadas e discutidas não são produtos
de uma discussão interna à escola. São frutos da inter-relação entre
escola, sociedade e cultura e, mais precisamente, da relação entre
escola e movimentos sociais. Assumir a diversidade é posicionar-se
contra as diversas formas de dominação, exclusão e discriminação. É
entender a educação como um direito social e o respeito à diversidade
no interior de um campo político (GOMES, 2007, p. 41).
34
Só será viável se o professor e toda a comunidade escolar mudarem
seu jeito de lidar com a diferença, via aceitação de formas relacionais
de afetividade, de escuta e de compreensão, suspendendo juízos
de valores como pena, repulsa e descrença. Uma mudança como
desejo interior, porque algo interior nos diz que vale a pena mudar
(STRIEDER; ZIMMERMANN, 2011, p. 148).
AUTOATIVIDADE
Então, acadêmico, você acredita que ainda existe perspectiva e
esperança de dias melhores? Como podem ser superadas as barreiras
que afetam a harmonia entre os humanos?
35
Horizonte de esperança não é algo que se toma dentre as ofertas
do mercado, nem pode ser produzido individualmente. Como
todo horizonte de compreensão, ele deve ser tecido no diálogo,
na construção de uma linguagem e esperanças comuns. Por isso,
um horizonte de esperança que nos abra e nos interpele para a
sensibilidade solidária só pode ser fruto de um desejo de dialogar
com os\as que estão dentro e fora da sociedade, do nosso mundo
(o mundo de cada um, o mundo de cada grupo social). Diálogo que
pressupõe o reconhecimento mútuo (ASSMANN; SUNG, 2000, p. 103).
O que Assmann e Sung (2000) nos esclarecem é que o ser humano precisa,
em primeiro lugar, conscientizar-se do seu papel na sociedade, e que isso não pode
ser uma ação única, mas sim uma ação conjunta, como um grande suporte em prol da
democratização solidária. Essa solidariedade deve trazer benefícios tanto para o indivíduo,
quando analisado separadamente, quanto na sua convivência em sociedade, ou seja, a
relação do indivíduo com ele mesmo ou no convívio social. E na sequência os autores
analisam com muita propriedade o resultado ocasionado por esse processo de interação:
36
Estamos nos referindo ao processo de educação e aprendizagem, e já ficou
evidente que esse é o caminho. No entanto, é preciso levantar algumas bandeiras e
eliminar algumas barreiras, principalmente as do descaso, da arrogância e da intolerância,
que são ações que principiam e dão origem ao preconceito e à desigualdade social, que,
pelo visto, parece povoar e circular por quase todas as fases da questão educacional.
A começar pelas dificuldades de acesso à educação de base, ou pela falta de espaço
adequado, não só em termos de locomoção e acesso, mas, principalmente, para aquelas
pessoas com certo grau de dificuldades.
Com relação às dificuldades de acesso, estas parecem não ser privilégio somente
daqueles com alguma deficiência física, mas de todos aqueles motivados por razões
circunstanciais, sejam elas pela distância, pelas condições de transporte ou, ainda, pelo
descaso das autoridades, que deveriam ser os mentores, incentivando e facilitando o
acesso às escolas da rede pública e privada, oferecendo escolas e ensino de qualidade,
com professores qualificados e comprometidos com o processo educacional. Isso
evitaria, pelo menos em parte, a desagregação, a degradação e o êxodo escolar, em que
o abandono ou o afastamento de alunos das salas de aulas podem ter diversos motivos,
muitos deles justificados pelas condições precárias de algumas escolas, bem como a
falta de compromisso e atitude das autoridades, a improbidade administrativa, o desvio
de verbas, dentre outras formas de descaso das autoridades públicas.
Acadêmicos, percebemos que os que mais sofrem com essa situação de penúria
são os menos afortunados, os que não possuem as mínimas condições de frequentar
uma escola particular, ou os deficientes físicos, que, muitas vezes, além das condições
financeiras, também lhes faltam as condições principais ao acesso e permanência no
âmbito escolar.
37
Dessa maneira, a sociedade continuará a produzir saberes e realidades relativas,
seja em relação à diversidade existente, seja em relação ao comportamento humano na
convivência social, ou na interação da pessoa com ela mesma, com os outros, bem
como as abordagens relacionadas aos contrastes da vida cotidiana, caracterizadas
pelas desigualdades sociais. Portanto, essas verdades continuarão a ser questionadas,
até que outras verdades as sobreponham.
Caros acadêmicos, de acordo com o que vimos, percebemos que uma das
verdades absolutas é que: sempre haverá o eu e o outro, e esse outro será sempre
diferente do eu, e essa diferença continuará sendo o fio condutor responsável pela
diversidade cultural e pelos diversos tipos de conflitos sociais, seja no sentido negativo
ou no sentido positivo.
38
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Falar sobre inclusão escolar e/ou social é falar sobre a conscientização humana
na democratização das relações entre os povos e os demais indivíduos que fazem
parte do contexto social como um todo, independentemente de credo, raça, poder
aquisitivo ou posição social, visto que fazemos parte de uma mesma sociedade e as
diferenças fazem parte integrante do equilíbrio social e da própria espécie humana.
39
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE-2014, Pedagogia) Da visão dos direitos humanos e do
conceito da cidadania fundamentado no reconhecimento das
diferenças e na participação dos sujeitos decorre uma identificação
dos mecanismos e processos de hierarquização que operam na
regulação e produção de desigualdades. Essa problematização explicita os
processos normativos de distinção dos alunos em razão de características
intelectuais, físicas, culturais, sociais e linguísticas, estruturantes do modelo
tradicional de educação escolar.
FONTE: BRASIL, MEC: Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008, p.
6 (adaptado).
40
( ) Na Educação Inclusiva, os alunos com deficiência têm a chance de se prepararem para
a vida em sociedade, os professores de melhorarem suas habilidades profissionais e
a sociedade passa a valorizar a igualdade para todos.
( ) Na Educação Inclusiva, o aluno com deficiência tem a facilidade de construir
conhecimento como os demais e de demonstrar a sua capacidade cognitiva,
principalmente nas escolas que mantêm um modelo conservador de atuação e uma
gestão autoritária e centralizadora.
( ) Na Educação Inclusiva, a escola se baseia na lógica do concreto e na repetição
alienante e descontextualizada das atividades.
( ) A Educação Inclusiva requer que os sistemas educacionais modifiquem não apenas
as suas atitudes e expectativas em relação aos alunos com deficiência, mas que
se organizem para construir uma real escola para todos, onde o currículo leve em
conta a diversidade e seja concebido com o objetivo de reduzir barreiras atitudinais
e conceituais e se pautar por uma ressignificação do processo de aprendizagem na
sua relação com o desenvolvimento humano.
41
42
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA,
TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE
GÊNERO
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, vamos trabalhar o conceito de multiculturalismo, enfatizando as
origens do surgimento do movimento e os campos de conhecimento que acolhem os
estudos multiculturais. Nesse sentido, temos como objetivo situar o multiculturalismo do
ponto de vista político (movimentos sociais multiculturais e políticas públicas) e teórico
(ciências multiculturalistas), visando oferecer conteúdo de base para a interpretação
desse campo de estudos.
2 CONCEITUANDO MULTICULTURALISMO
Como a própria etimologia da palavra nos sugere, o termo “multi” significa vários;
o termo “culturalismo” refere-se à cultura; e o sufixo “ismo” está associado às posições
assumidas ou ideias aceitas sobre a possibilidade do conhecimento, ou seja, no caso do
multiculturalismo significa uma posição assumida sobre as diferentes relações entre as
várias culturas.
43
Dito de outra forma, multiculturalismo significa a existência de grupos de
diversas culturas, assim como o embate político, econômico e social travado pelos
diferentes grupos sociais na luta pelo respeito à diversidade. Por isso, além de estudos
teóricos e empíricos, o termo implica na conquista de reivindicações das chamadas
minorias ou grupos marginalizados, como os negros, índios, mulheres, homossexuais e
outros tantos que buscam assegurar seus direitos sociais através de políticas públicas
de ação afirmativa.
Nesse sentido, entendemos que igualdade e diferença não são termos opostos.
Na verdade, a igualdade opõe-se à desigualdade, enquanto diferença opõe-se à
padronização, à homogeneização, à produção em série. O que o multiculturalismo quer
é lutar pela igualdade e pelo reconhecimento das diferenças.
Por esse motivo, um dos temas centrais do multiculturalismo tem sido o Direito
à Diferença e à Diminuição das Desigualdades, bandeira de luta de vários movimentos
sociais contemporâneos espalhados pelo mundo inteiro.
44
3 SURGIMENTO DO MULTICULTURALISMO
O termo multiculturalismo é relativamente recente e sua utilização ocorreu pela
primeira vez na Inglaterra, entre as décadas de 1960 e 1970. De acordo com Fernandes
(2006), o multiculturalismo surgiu na linguagem oficial do Canadá e na Austrália, para
designar as políticas públicas com o objetivo de valorizar e/ou promover a diversidade
cultural. Ainda nesse período, o autor destaca que outros países anglo-saxônicos, como
o Reino Unido, a Nova Zelândia e os EUA, também iniciam políticas públicas qualificadas
como multiculturais.
NOTA
Países anglo-saxônicos são países cujos descendentes são provenientes
de povos germânicos (anglos, saxões e jutos). Esta denominação é
resultado da fusão desses povos que se fixaram ao sul e leste da Grã-
Bretanha, no século V.
O que queremos destacar neste momento é que, a exemplo do caso dos EUA, o
movimento multiculturalista surgiu em grande escala nas sociedades nas quais o direito
à diversidade cultural foi historicamente negado.
45
Segundo Silva (2000), o multiculturalismo teve início em países em que a
diversidade cultural era vista como um problema para a construção da unidade nacional.
Muitas nações construíram suas identidades por intermédio de processos autoritários,
pela imposição de uma cultura, dita superior, a todos os membros da sociedade.
NOTA
GENEALOGIA: estudo da origem das famílias.
EPISTEMOLOGIA: estudo do grau de certeza do conhecimento científico
em seus diversos ramos.
46
NOTA
Abordagem Interdisciplinar: refere-se ao trabalho e estudo de
profissionais de diversas áreas do conhecimento ou especialidades
sobre um determinado tema ou área de atuação, implicando
necessariamente na integração dos mesmos para uma compreensão
mais ampla do assunto.
5 MOVIMENTO FEMINISTA
O surgimento dos estudos atuais sobre a condição feminina, o Estudo de
Gênero só foi possível porque, ao longo do tempo, o movimento social de mulheres “fez
muito barulho”, denunciando as situações de opressão, preconceito e dominação que
sofreram. A amplitude do movimento feminista não pode e não deve ser reconhecida
apenas como um dos movimentos de luta das mulheres, porque muitas mulheres com
perfis e histórias diferentes participaram. Se hoje o gênero representa uma categoria
de análise tão importante para as ciências humanas e sociais, é porque se fez legítimo
pelas tantas batalhas dos movimentos feministas, tornando-se fundamental para a
compreensão das relações humanas.
5.1 FEMINISMO
O feminismo é um conceito múltiplo, ele possui uma dimensão política, que se
refere aos movimentos de luta por direitos, e uma dimensão acadêmica, que se refere
aos estudos da condição feminina. A dimensão acadêmica, ou seja, o campo de pesquisa
e de conhecimento sobre as mulheres, pode ser considerada multidisciplinar, porque
ocorre em diferentes campos disciplinares, como: Antropologia, História, Educação,
Sociologia, Direito e vários outros.
47
O principal objetivo do movimento feminista não foi alcançar a igualdade entre
homens e mulheres, mas sim a equidade entre eles. Para assegurar a igualdade não
deve ser necessário que as mulheres assumam posturas “masculinas”. Elas devem
preservar suas identidades. Por isso a ideia de “equidade” e não igualdade.
48
5.3 A SEGUNDA ONDA FEMINISTA
A Segunda Onda Feminista culminou com os movimentos sociais em andamento
nos Estados Unidos, e o país foi, desta vez, a referência do movimento para o restante
do mundo. A segunda onda se refere a um período da atividade feminista que teve início
na década de 60 e durou até o fim da década de 80.
49
Friedan, especificamente, localiza esse sistema nas comunidades
suburbanas de classe média pós-Segunda Guerra Mundial; ao mesmo tempo, o
boom econômico pós-guerra nos Estados Unidos levou ao desenvolvimento de
novas tecnologias que tornaram o trabalho das donas de casa menos difícil, mas
que frequentemente tinham o resultado de tornar o trabalho das mulheres menos
significante e menos valorizado.
Nesse período, várias teses são desenvolvidas, porém, segundo Grossi (2010,
p. 4), a referência utilizada para o reconhecimento das mulheres enquanto grupo está
ainda associada a uma “unidade biológica (vagina, útero, seios)”.
6 CONCEITUANDO GÊNERO
O conceito de gênero surge no Brasil através de pesquisadoras norte-americanas,
que vão tratar as relações entre homens e mulheres de forma a negar as diferenças
biológicas como constituidoras das identidades dos seres humanos, e introduzir a
perspectiva de que somos construídos a partir de determinados mecanismos sociais.
Uma das pensadoras responsáveis por essa nova perspectiva é a autora Joan Scott. No
artigo intitulado “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”, ela diz que:
50
O gênero torna-se uma maneira de indicar ‘construções sociais’ –
a criação inteiramente social de ideias sobre os papéis adequados
aos homens e às mulheres. É uma maneira de se referir às origens
exclusivamente sociais das identidades subjetivas dos homens e das
mulheres. O gênero é, segundo esta definição, uma categoria social
imposta sobre um corpo sexuado (SCOTT, 1990, p. 7).
A partir dessa observação, a autora constata: ainda que, de uma forma geral, as
sociedades se organizem levando em conta as diferenças entre os sexos, não significa
dizer que essa organização esteja baseada em sistemas de oposição ou dominação.
51
Uma teoria é uma hipótese verificada experimentalmente. Uma
ideologia é um corpo fechado de ideias, que parte de um pressuposto
básico falso – que por isto deve impor-se evitando toda análise racional
-, e então vão surgindo as consequências lógicas desse princípio
falso. As ideologias se impõem utilizando o sistema educacional
formal (escola e universidade) e não formal (meios de propaganda),
como fizeram os nazistas e os marxistas (SCALA, 2012, s.p.).
Para concluir sua explicação, Scala responde à seguinte pergunta: quais são,
então, as consequências para nossos filhos, para a próxima geração, caso a ideologia de
gênero seja incentivada nas escolas infantis?
Eu respondo com um fato real. Dei uma palestra sobre esta ideologia,
a todos os professores de uma cidade de 7.000 habitantes, numa
área rural da minha província. Gente simples e trabalhadora. Ao
concluí-la, uma professora comentou em voz alta: ‘Agora eu entendo
porque há alguns dias meu filho de sete anos me perguntou: mamãe,
eu sou menino ou menina …? As pessoas formadas e maduras estão
imunes dessa ideologia, mas se a permitirmos penetrar nas crianças
desde tenra idade – cinema, rádio, TV, escola, revistas -, em muitos
casos, teremos que lamentar com o tempo tragédias de todo tipo
(SCALA, 2012, s.p.).
Vejamos o que nos apresenta o autor Dale O’Leary (1997, p. 1), em sua obra “A
agenda de gênero”.
52
No decorrer de seu texto, O’Leary (1997) faz menção à Conferência da ONU sobre
População, realizada no Cairo, em 1994, e a Conferência sobre as Mulheres, realizada
em Pequim, em 1995, em que foi incluída na plataforma de ação destas conferências a
“perspectiva de gênero”. Sobre este tema, o autor faz os seguintes questionamentos:
Caro acadêmico, agora é com você. Diante das discussões apresentadas até o
momento, como você define gênero? O que você pensa sobre o assunto? Você considera
que o objetivo da ideologia de gênero é promover a defesa da mulher? Promover a
defesa do homem? Defender a vida humana e as crianças? Lutar pela equidade entre
homens e mulheres? São muitas as indagações que precisam ser feitas para elucidar
seu pensamento, e para que de modo crítico e racional você possa chegar às suas
próprias conclusões.
DICAS
Para complementar nossa conversa, leia atentamente a introdução do livro de Marilena Chauí
sobre “O que é ideologia” e tire suas próprias conclusões sobre os fundamentos da “ideologia
de gênero”.
“Frequentemente, ouvimos expressões do tipo “partido político ideológico”, é preciso ter uma
“ideologia”, “falsidade ideológica”.
Essas expressões tomam a palavra ideologia para com ela significar “conjunto
sistemático e encadeado de ideias”. Ou seja, confundem ideologia com
ideário.
Nossa tarefa, aqui, será desfazer a suposição de que a ideologia é um
ideário qualquer ou qualquer conjunto encadeado de ideias e, ao contrário,
mostrar que a ideologia é um ideário histórico, social e político que oculta
a realidade, e que esse ocultamento é uma forma de assegurar e manter a
exploração econômica, a desigualdade social e a dominação política.
53
7 ESTUDOS DE GÊNERO
Especialmente nas três últimas décadas, os estudos de gênero passaram a
se preocupar com várias questões relativas ao universo das relações sociais. Observar
a realidade a partir da análise de gênero possibilitou novas interpretações sobre o
comportamento humano e a observação das desigualdades de gênero. Vejamos, a
seguir, alguns estudos de gênero e suas principais contribuições.
54
A imagem das mulheres nos meios de comunicação: Os estudos
demonstram que os meios de comunicação parecem dar às mulheres "visibilidade" e
"espaço para discussão", mas que reforçam constantemente o seu papel de "objeto de
consumo", de "utilidade pública" e "sexual". Por exemplo, nas propagandas de bebidas
alcoólicas.
Por outro lado, a questão tornou-se tão polêmica a ponto de gerar a elaboração
de um projeto de lei (Projeto de Lei 7382/2010), que prevê a penalização pela
discriminação contra heterossexuais e determina que as medidas e políticas públicas
antidiscriminatórias atentem para essa possibilidade, ou seja, pune a “heterofobia”. No
momento, o projeto encontra-se em pedido de vista pela Comissão de Direitos Humanos
e Minorias (CDHM).
55
o espaço privado para a mulher, a casa, o cuidado com os filhos e marido; e o espaço
público ao homem, relações sociais, políticas e de trabalho. Essa “ordem” social criou
diferenças e justificou desigualdades sexuais ao longo da história, sendo que muitas
ainda permanecem nos dias de hoje.
Você deve ter percebido que nos últimos cinco ou dez anos houve, no Brasil,
uma evidente tendência ao uso do termo gênero – em referência aos papéis masculinos
e femininos das pessoas – em substituição ao termo sexo – referente ao sexo biológico
– em muitos sites governamentais e não governamentais, quando da necessidade de
informar dados pessoais para cadastros. Já se deparou com isso?
Apesar de serem conceitos diferentes (sexo e gênero), observe que são perguntas
semelhantes, que nos remetem ao reconhecimento das diferenças entre homens e
mulheres e ao respeito para com ambos. No entanto, até pouco tempo não se fazia
esse questionamento, mesmo reconhecendo que há manifestações de comportamento
afetivo ou sexual diferente do sexo de nascimento. Contudo, o momento delicado em
que a sociedade vivencia esse debate não pode motivar violência e intolerância e, muito
menos, a adoção do relativismo, teoria filosófica que admite que todo conhecimento é
relativo. Pois se assim o fosse, perguntas como “de onde vim?”, “o que sou?” e “para onde
vou?” não seriam tão intrigantes quanto são para a única espécie capaz de raciocinar
sobre si mesma, o Homo sapiens.
Assim, o modo como o termo gênero vem sendo utilizado nos diversos meios
de comunicação apresenta uma fragilidade. Por exemplo, se o gênero representa o
comportamento social da pessoa e o sexo a determinação biológica, as duas perguntas
deveriam ser feitas. Agora, se só existe uma espécie humana e nesta se manifestam
apenas dois sexos (ou dois gêneros), estaria coerente discutir relações de gênero?
56
A produção foi sempre mais valorizada do que a reprodução, por este
motivo é que as atividades ditas reprodutivas, como as funções domésticas, são
desvalorizadas. De acordo com Faria (1997), referindo-se ao trabalho das mulheres
rurais no Brasil:
• O relativismo cultural significa uma perspectiva mais ampla sobre o outro, uma
perspectiva que vê e compreende o outro a partir dos parâmetros e regras sociais do
outro.
• O feminismo como conceito múltiplo. Ele possui uma dimensão política, que se refere
aos movimentos de luta por direitos, e uma dimensão acadêmica, que se refere aos
estudos da condição feminina.
58
• A segunda onda feminista tem como cenário de surgimento os Estados Unidos já
no século XX, na década de 1960, na medida em que o processo de industrialização
se acelera. O movimento feminista, neste momento histórico, luta por melhores
condições de trabalho e renda, além de questionar as relações na família.
59
AUTOATIVIDADE
1 As mulheres frequentam mais os bancos escolares que os homens,
dividem seu tempo entre o trabalho e os cuidados com a casa, geram
renda familiar, porém, continuam ganhando menos e trabalhando
mais que os homens.
60
III- No fragmento de reportagem apresentado, ressalta-se a diferença entre o tempo
dedicado por mulheres e homens ao trabalho remunerado, sem alusão aos afazeres
domésticos.
61
( ) Uma das autoras mais importantes da Segunda Onda Feminista é Betty Friedan. Ela
ficou conhecida por escrever o livro "A Mística Feminina". Nele, a autora enobrece a
vida vazia das donas de casa de classe média nos Estados Unidos, destacando que
a identidade da mulher deve ser exclusiva da família.
( ) Na Segunda Onda, a revolucionária Olímpia de Gouges, em 1791, escreveu uma
declaração muito importante, argumentando que as mulheres deveriam ter os
mesmos direitos que os homens, podendo participar da vida política, governando
e formulando leis.
( ) A Segunda Onda Feminista culminou com os movimentos sociais em andamento
nos Estados Unidos. Esse momento do feminismo começa na década de 1960 e
dura até o fim da década de 1980.
( ) A Terceira Onda Feminista inicia na década de 1990, com o objetivo de compreender
os problemas femininos de um ponto de vista mais amplo, e não apenas do ponto
de vista das "mulheres brancas de classe média-alta", como fez a segunda onda.
TEXTO 1
TEXTO 2
O Ministério da Saúde anunciou que há uma epidemia de sífilis no Brasil. Nos últimos
cinco anos, foram 230 mil novos casos, um aumento de 32% somente entre 2014 e
2015. Por que isso aconteceu?
Primeiro, ampliou-se o diagnóstico com o teste rápido para sífilis realizado na unidade
básica de saúde e cujo resultado sai em 30 minutos. Aí vem o segundo ponto, um dos
mais negativos, que foi o desabastecimento, no país, da matéria-prima para a penicilina.
62
O Ministério da Saúde importou essa penicilina, mas, por um bom tempo, não esteve
disponível, e isso fez com que mais pessoas se infectassem. O terceiro ponto é a
prevenção. Houve, nos últimos dez anos, uma redução do uso do preservativo, o que
aumentou, e muito, a transmissão.
A incidência de casos de sífilis, que, em 2010, era maior entre homens, hoje recai sobre
as mulheres. Por que a vulnerabilidade neste grupo está aumentando?
As mulheres ainda são as mais vulneráveis a doenças sexualmente transmissíveis
(DST), de uma forma geral. Elas têm dificuldade de negociar o preservativo com o
parceiro, por exemplo. Mas o acesso da mulher ao diagnóstico também é maior, por
isso, é mais fácil contabilizar essa população. Quando um homem faz exame para a
sífilis? Somente quando tem sintoma aparente ou outra doença. E a sífilis pode ser uma
doença silenciosa. A mulher, por outro lado, vai fazer o pré-natal e, automaticamente,
faz o teste para a sífilis. No Brasil, estima-se que apenas 12% dos parceiros sexuais
recebam tratamento para sífilis.
FONTE: Entrevista com Ana Gabriela Travassos, presidente da regional baiana da Sociedade
Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Disponível em: <http://www.agenciapatricia-
galvao.org.br>. Acesso em: 25 jul. 2017 (adaptado).
TEXTO 3
GOMES, R.; NASCIMENTO, E.; ARAUJO, F. Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as
mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cad. Saúde
Pública [on-line], v. 23, n. 3, 2007 (adaptado).
63
A pessoa trans precisa que alguém ateste, confirme e comprove que ela pode ser
reconhecida pelo nome que escolheu. Não aceita que se autodeclare mulher ou homem.
Exige que um profissional de saúde diga quem ela é. Sua declaração é o que menos
conta na hora de solicitar, judicialmente, a mudança dos documentos.
Usava meu nome oficial, feminino, no currículo porque diziam que eu estava cometendo
um crime, que era falsidade ideológica se eu usasse outro nome. Depois fui pesquisar
e descobri que não é assim. Infelizmente, ainda existe muita desinformação sobre os
direitos das pessoas trans.
Uma vez o segurança da balada achou que eu tinha, por engano, mostrado o RG do
meu namorado. Isso quando insistem em não colocar meu nome social na minha ficha
de consumação.
Com base nessas falas, discorra sobre a importância do nome para as pessoas
transgêneras e, nesse contexto, proponha uma medida, no âmbito das políticas públicas,
que tenha como objetivo facilitar o acesso dessas pessoas à cidadania.
64
UNIDADE 1 TÓPICO 4 -
RESPONSABILIDADE SOCIAL: SETOR PÚBLICO,
SETOR PRIVADO E TERCEIRO SETOR
1 INTRODUÇÃO
Nosso tempo apresenta enormes desafios éticos que decorrem da diversidade
cultural das sociedades contemporâneas, do consumismo, do individualismo, do
hedonismo, do desprezo ao próximo e à natureza, gerando um quadro de crise que tem
sérias implicações sobre a ética, sobre os valores e sobre a responsabilidade social.
2 SETOR PRIVADO
Toda a realidade relatada anteriormente vem acompanhada do entendimento
de que cada setor da sociedade tem suas responsabilidades.
O setor privado, por mais óbvio que seja, não deveria ter participação do
setor público. Esse setor também é conhecido como ‘iniciativa privada’ e tem papel
preponderante na economia e desenvolvimento de um país.
65
3 TERCEIRO SETOR
Tradicionalmente, as organizações são pensadas e divididas a partir de uma
lógica política administrativa que dirige a organização, partindo de dois pontos: de
ordem pública ou de ordem privada. As organizações que estão fora desses dois grupos,
que não apresentam objetivo meramente lucrativo ou não (apenas) desempenham
funções públicas, são as organizações sociais, ou seja, todas as organizações residuais
são definidas nesse guarda-chuva, o que abarca um conjunto muito heterogêneo
de tipos e práticas. Não podemos aqui confundir com o terceiro setor do ponto de
vista econômico, ou também conhecido como setor terciário, que se caracteriza por
desenvolver as atividades de comércio da produção industrial, e por serviços, como
transportes, telecomunicações e energia.
• iniciativas privadas que buscam suprir uma utilidade de ordem pública, ou seja, seus
fins são públicos;
• constituído em grande parte por voluntários. Isso quer dizer que alguns membros
devem trabalhar sem remuneração;
• sem fins lucrativos (o que não quer dizer que não haverá salário para alguns membros,
mas sim que o objetivo não é enriquecer);
• deve ser formalmente constituída. Isso não significa que deve necessariamente ser
uma instituição legalizada, mas sim possuir regras, procedimentos que assegurem a
existência e atuação da organização;
• a gestão é própria, não deve ser realizada por grupos externos;
• passar por processo de regulamentação nesses últimos anos.
Assim, pode-se afirmar que o terceiro setor não é público nem privado. Ele se
situa num entremeio, preenchendo lacunas do Estado através de uma atuação na esfera
privada. Assim, as organizações visam prestar serviços com fins de atender demandas
66
sociais em áreas como saúde, educação, cultura etc. Seu formato típico não é da
Organização Não Governamental (ONG), e sim do setor estatal e do setor privado, que
visam suprir as falhas do Estado e do setor privado no atendimento às necessidades da
população, numa relação conjunta. Entretanto, algumas organizações estão evitando
tal denominação, motivos explicados por Fischer e Falconer (1998, p. 4):
De fato, a imagem das Organizações Sociais colou nas ONGs, mas elas são, na
verdade, múltiplas e assumem vários formatos. Uma das críticas a essas organizações
seria sobre uma atuação que serviria apenas a fins privados, não abrangendo a dimensão
social da questão. Outro ponto seria sobre o enriquecimento de algumas organizações,
que obtinham lucro irregularmente. Entretanto, as organizações sociais se apresentam
como uma alternativa que, quando considerados todos os seus preceitos, funcionam
efetivamente junto à população.
3.1 HISTÓRICO
O surgimento das Organizações Sociais acontece no contexto de crise do
último quarto do século XX, a partir da proposta de Estado mínimo nos anos 1980 pelo
neoliberalismo, que significa a maior redução possível do Estado na economia, o que
significou um corte nos programas destinados ao apoio da população. Na década de
1990 essa proposta começa a se mostrar irreal e se inicia um retorno do Estado a uma
posição mais atuante.
67
Uma dessas inovações refere-se justamente ao fortalecimento do controle
social através do público não estatal. Isso a tal ponto que se pode afirmar que o século
XXI é o momento em que o público não estatal torna-se chave para a manutenção
da vida social. Outro ponto que fortalece é a visão dessas organizações como espaço
possível para a prática da cidadania, tornando efetiva a democracia participativa.
68
FIGURA 7 – OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO – ODM
69
Segundo avaliação da experiência de São Paulo pelo Banco Mundial em 2006
(apud CAMARGO et al., 2013), a solução gerou uma experiência de modernização
positiva em relação ao modelo anterior, mais produtiva e barata. Entretanto, há muitas
críticas na proposta, a primeira seria o desvio de função, com alta probabilidade de as
organizações passarem a atuar para fins privados; segundo, que há pouca transparência
na sua atuação em relação à disponibilidade de informações (CAMARGO et al., 2013).
Isso não apenas por parte das organizações, como também a postura do próprio Estado.
IMPORTANTE
É interessante pensar que quem começa com as discussões ambientais são as ONGs. Na
Amazônia, não se sabe ao certo o número de ONGs que atuam. As informações variam de
1.000 a 100.000. Abaixo, seguem os símbolos de algumas delas.
70
Outros temas relativos a grupos minoritários no país, como sobre as mulheres,
direitos homoafetivos, indígenas, moradores de rua, são sistematicamente trabalhados
e elaborados pelas ONGs. É bom esclarecer que as vozes desses grupos não são
substituídas pelas ONGs, mas elas servem como intermediadoras na realização de
projetos e sistematização das demandas, já que possuem uma preocupação maior em
termos de organização que os movimentos sociais (PINTO, 2006). Dentro das ONGs
também atuam indivíduos pertencentes a essas minorias, não existe uma fronteira, mas
uma integração.
DICAS
O diretor Sergio Bianchi desenvolve uma crítica sobre a atuação das ONGs
no Brasil. Busque e assista!
71
O que se espera de uma sociedade que se vê desafiada pelos seus indivíduos é
que ela seja capaz de:
72
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
73
AUTOATIVIDADE
1 Os direitos humanos são compartilhados por todos os indivíduos,
contudo, a charge mostra a violação deles em um período específico
da história brasileira: a ditadura militar. A personagem, através de
uma fala irônica, narra fatos que aconteceram na época. A partir
desse contexto, analise as sentenças a seguir:
I- A charge mostra a violação do direito à vida por conta das perseguições e mortes
ocorridas.
II- Segundo a charge, os direitos humanos são respeitados universalmente em todos
os períodos da história.
III- A charge mostra um contexto histórico de grandes liberdades para o indivíduo se
expressar, apesar das perseguições narradas.
IV- A charge mostra a violação do direito à liberdade, tanto pela perseguição aos
indivíduos como pela censura da imprensa e intelectuais.
74
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a sentença IV está correta.
b) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.
75
76
UNIDADE 1 TÓPICO 5 -
CULTURA E ARTE
1 INTRODUÇÃO
A cultura e a arte são áreas que interagem entre si e com as demais áreas
de conhecimento. Estudar, pesquisar e refletir sobre as diferentes culturas e suas
manifestações artísticas possibilita a compreensão da vida e das relações entre os
sujeitos no meio social. A cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme
o tempo e o espaço. A cultura e a arte devem ser estudadas a partir de três concepções:
erudita, popular e de massa.
E, por último, a cultura popular, que está relacionada ao que pertence à maioria
do povo e que não é ensinada necessariamente em espaços formais de educação.
É a definição de várias áreas de conhecimento, como: folclore, dança, música, festa,
literatura, arte, artesanato etc. O conhecimento da cultura popular é passado de geração
a geração.
2 CULTURA
A cultura é um aspecto social mutante em constante questionamento, pois é
considerada por muitos pesquisadores como representação da intervenção da sociedade
nos ambientes, sendo por isso difícil de conceituar. Para José Luiz dos Santos (2006, p. 45):
77
Cultura é uma construção histórica, seja como concepção, seja como
dimensão do processo social. Ou seja, a cultura não é algo natural,
não é decorrência de leis físicas e biológicas. Ao contrário, a cultura
é produto coletivo da vida humana. Isso se aplica não apenas à
percepção da cultura, mas também à sua relevância, à importância
que passa a ter. Aplica-se ao conteúdo de cada cultura particular,
produto da história de cada sociedade. Cultura é um território bem
atual das lutas sociais por um destino melhor. É uma realidade e uma
concepção que precisam ser apropriadas em favor do progresso
social e da liberdade, em favor da luta contra a exploração de uma
parte da sociedade por outra, em favor da superação da opressão e
da desigualdade.
José Luiz dos Santos (2006, p. 7) descreve que a cultura é uma preocupação do
mundo atual, buscando “entender os caminhos que conduziram os grupos humanos às
suas relações presentes e suas perspectivas de futuro”. O autor, quando relata cultura e
diversidade, descreve que:
78
A partir de então, o termo cultura passa a ter uma abrangência que
não possuía antes, sendo agora entendida como produção e criação
da linguagem, da religião, da sexualidade, dos instrumentos e das
formas do trabalho, das formas da habitação, do vestuário e da
culinária, das expressões de lazer, da música, da dança, dos sistemas
de relações sociais, particularmente os sistemas de parentesco ou
a estrutura da família, das relações de poder, da guerra e da paz, da
noção de vida e morte. A cultura passa a ser compreendida como
o campo no qual os sujeitos humanos elaboram símbolos e signos,
instituem as práticas e os valores, definem para si próprios o possível
e o impossível, o sentido da linha do tempo (passado, presente e
futuro), as diferenças no interior do espaço (o sentido do próximo
e do distante, do grande e do pequeno, do visível e do invisível), os
valores como o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, o justo e o injusto,
instauram a ideia de lei, e, portanto, do permitido e do proibido,
determinam o sentido da vida e da morte e das relações entre o
sagrado e o profano.
A cultura pode ser entendida como importante agente para debater o estar
e ser no mundo, que é entendido como um movimento que está intimamente ligado
a tudo e a todos os aspectos sociais, culturais, históricos e filosóficos. Segundo José
Luiz dos Santos (2006, p. 8), “cada realidade cultural tem sua lógica interna, que
devemos conhecer para que façam sentido suas práticas, costumes, concepções e as
transformações pelas quais passam”.
79
AUTOATIVIDADE
Analise e responda esta questão da prova ENADE 2007:
Cada povo, cada região tem suas especificidades culturais que compreendem
a sua forma de pensar e de agir, evidenciando a diversidade cultural existente. A partir
da diversidade cultural compreende-se a identidade cultural de cada povo. Para Oliveira
(2006, p. 84): “a identidade se constrói com relação à alteridade. Com aquilo que não sou
eu. É diante da diferença do outro que a minha diferença aparece”. Diferentes nações,
etnias, identidades regionais, comunidades ou outros tipos de grupos sociais organizam
e dão sentido à sua existência.
O Brasil, por exemplo, apresenta uma diversidade cultural ampla, pois é resultado
de uma miscigenação étnica e cultural, principalmente dos povos indígenas, africanos e
europeus. Esta miscigenação se dá devido ao processo histórico que ocorreu no Brasil.
80
negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira, o negro e
o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas
social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
3 ARTE
“A ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas,
como se sente que são”. (Fernando Pessoa, 1986)
81
O homem primitivo, por exemplo, precisou criar objetos que correspondessem
às suas necessidades de sobrevivência, representando por meio de desenhos nas
cavernas os seus anseios para suas caçadas. A partir da concepção de arte primitiva,
Marilena Chauí (2008, p. 403) questiona sobre o “que dizem os desenhos nas paredes
da caverna”. A autora afirma que “o mundo é visível, e para ser visto é que o artista dá
a ver o mundo”. Com isso, a arte inicialmente teve aspecto de utilidade, mas com o
passar do tempo, os utensílios e as representações começaram a ser criados pelo prazer
em si, desvinculando da ideia unicamente de utilidade. Assim, a arte surge com novas
compreensões, como cita Marilena Chauí (2003, p. 406-407):
O belo para a arte passa a ser concebido pela experiência artística. A partir da
abordagem do belo ou juízo do gosto, a arte também é estudada por uma disciplina
filosófica que é conhecida como estética. A palavra estética é a tradução da palavra
grega aesthesis, que significa conhecimento sensorial, experiência e sensibilidade. A
estética estuda as sensações que a arte provoca no ser humano, desde sensações boas
até sensações que causam desconforto, inquietude, aflição etc.
A arte é muitas coisas. Uma das coisas que a arte é, parece, é uma
transformação simbólica do mundo. Quer dizer: o artista cria um
mundo outro – mais bonito ou mais intenso ou mais significativo, ou
mais ordenado – por cima da realidade imediata [...]. Naturalmente,
esse mundo do outro que o artista cria ou inventa nasce de sua
cultura, de sua experiência de vida, das ideias que ele tem na cabeça,
enfim, de sua visão de mundo [...] (GULLAR, 1982 apud CHAUÍ, 2003,
p. 271).
82
A palavra arte deriva do latim ars, artis, que significa profissão ou habilidade
natural ou adquirida. Também corresponde ao termo grego tékhne, “técnica”, que
significa “toda atividade humana submetida a regras em vista da fabricação de alguma
coisa” (CHAUÍ, 2003, p. 275). Este conceito também se tem na cultura greco-romana,
que significava ofício. Assim, a primeira definição da arte estava ligada ao propósito de
fazer ou produzir. A segunda definição de arte é compreendida como conhecimento,
visão ou contemplação, isto significa que a obra pode retratar aspectos históricos,
sociais e educativos. Já a terceira definição está ligada à arte como expressão, que é
uma experiência com o sensível.
Óleo sobre madeira de álamo, color. 77 cm x 53,5 cm. Museu do Louvre, Paris.
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mona_Lisa#/media/File:Mona_Lisa,_by_Leonardo_da_
Vinci,_from_C2RMF_retouched.jpg>. Acesso em: 20 maio 2015.
83
Séculos depois de Leonardo da Vinci, o artista do movimento artístico Dadaísmo,
Marcel Duchamp, atuou como um dos maiores expoentes da vanguarda artística
do século XX. Duchamp reproduziu a obra original Mona Lisa em cartões postais,
desenhando na imagem um bigode e escrevendo embaixo da mesma: L.H.O.O.Q. A obra
do artista Duchamp não se trata de uma ofensa à obra original, mas uma brincadeira
irônica com reverência aos antigos mestres da pintura.
Foi com o princípio de repensar o sentido de arte do seu tempo que Duchamp
colocou em questão o que seria arte. Isso leva a pensar que conceituar arte não é
definitivo, uma vez que cada um pode conceber a obra de uma forma.
Chauí (2003, p. 403) descreve que “a obra de arte dá a ver, a ouvir, a sentir,
a pensar, a dizer. Nela e por ela, a realidade se revela como se jamais a tivéssemos
visto, ouvido, sentido, pensado ou dito”. Assim, para a autora (2003, p. 407), as artes na
atualidade tornam-se:
84
Trabalho da expressão e mostram que, desde que surgiram
pela primeira vez, foram inseparáveis da ciência e da técnica.
Assim, por exemplo, a pintura e a arquitetura da Renascença são
incompreensíveis sem a matemática e a teoria da harmonia e das
proporções; a pintura impressionista, incompreensível sem a física e
a óptica, isto é, sem a teoria das cores etc. A novidade está no fato
de que, agora, as artes não ocultam essas relações, os artistas se
referem explicitamente a elas e buscam nas ciências e nas técnicas
respostas e soluções para problemas artísticos.
Pintura a óleo. 349 cm x 776 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia.
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Guernica_%28quadro%29#/media/File:Mural_del_Ger-
nika.jpg>. Acesso em: 20 maio 2015.
Nota-se que a arte é uma ciência do conhecimento que representa um elo entre
o passado, o presente e o futuro, pois demonstra o pensar, o agir e todos os aspectos
culturais existentes desde o homem primitivo até o homem contemporâneo.
85
A arte pertence à cultura erudita, que são as artes desenvolvidas a partir de um
conhecimento acadêmico, são aquelas que estão dentro de lugares como galerias de
arte e museus, mas também, a arte faz parte da cultura popular, e este conhecimento
popular é reconhecido como patrimônio cultural. Para Suíse Monteiro Leon Bordest:
86
FIGURA 11 – JANA STERBAK, VANITAS. VESTIDO DE CARNE PARA ALBINO ANORÉXICO.1987
87
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme o tempo e espaço,
e são duas áreas de conhecimento de difícil definição, porém elas interagem entre si
e com as demais áreas de conhecimento.
88
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE – 2008, questão 1) O filósofo alemão Friedrich Nietzsche
(1844-1900), talvez o pensador moderno mais incômodo e
provocativo, influenciou várias gerações e movimentos artísticos. O
Expressionismo, que teve forte influência desse filósofo, contribuiu
para o pensamento contrário ao racionalismo moderno e ao trabalho mecânico
através do embate entre a razão e a fantasia. As obras desse movimento deixam
de priorizar o padrão de beleza tradicional para enfocar a instabilidade da vida,
marcada por angústia, dor, inadequação do artista diante da realidade. Das
obras a seguir, a que reflete esse enfoque artístico é:
A B C
Homem idoso na poltrona. Rem- Figura e borboleta. Milton O grito. Edvard Munch, Oslo.
brandt van Rijn – Louvre, Paris. Dacosta. Disponível em: <http://members.
Disponível em: <http://www. Disponível em: <http://www. cox.net>.
allposters.com>. unesp.br>.
C D
POLÍTICA, TECNOLOGIA
E GLOBALIZAÇÃO: OS
IMPACTOS SOBRE A
SOCIEDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoa-
tividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
91
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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92
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE E
AMBIENTE
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, para adentrarmos nos assuntos relacionados à Ciência,
Tecnologia e Sociedade é necessário entendermos os fundamentos de cada tema, e,
somente então, relacionarmos com o todo. Desta forma, convidamos você a discutir
ciência sob diferentes óticas, analisar definições e pensamentos acerca da tecnologia e
interpretar a sociedade.
2 CIÊNCIA
Entender eventos, situações ou fatos novos é sempre uma tarefa fácil para você?
Se fosse designado para a incrível tarefa de defender um determinado episódio, como
você procederia? Essas indagações fazem-se necessárias para que ampliemos nossos
horizontes sobre o fato de que as pessoas constroem formas próprias para compreender
a realidade, seja observando pelo viés cultural, histórico, geográfico, ambiental.
93
tais conflitos são indissociáveis da epistemologia e da política, uma vez que ocorre
a tentativa de autoridade de uma ciência sobre a outra. Desta forma, a realidade é
comumente explicada pela ciência.
Nessa mesma perspectiva, Omnés (1996) também propõe que o método deve
cumprir ainda algumas etapas que visam diminuir a distância entre a cientificidade do
conhecimento e a proposta de explicação do mesmo, que seriam:
• EMPÍRICA OU EXPLORATÓRIA
• análise dos fatos e determinação de regras baseadas na experiência.
Etapa 1
• CONCEPÇÃO OU PERCEPÇÃO
• apropriação de conceitos e criação de princípios.
Etapa 2
• ELABORAÇÃO
• indicação das consequências dos princípios.
Etapa 3
• CONSTATAÇÃO OU COMPROVAÇÃO
• aprovação ou não das hipóteses propostas.
Etapa 4
94
Faz-se de suma importância a compreensão sobre ciência e o conhecimento
gerado por ela. Porém, não se pode deixar de lembrar que o conhecimento científico
avança pelo campo da prática e não só pelo patamar teórico.
3 TECNOLOGIA
O que surge no seu pensamento ao ouvir a palavra tecnologia? Porventura
seriam máquinas sofisticadas, ou, quem sabe, computadores de última geração?
Exatamente, esses são sinônimos de tecnologia, mas convidamos você a aprofundar
seus conhecimentos ainda mais. Veja, pelo menos, outras três vertentes possíveis para
a utilização dessa palavra, segundo Ferreira (2004):
Por mais simplificadas que sejam estas três conceituações, elas permitem a
análise inicial acerca da discussão sobre tecnologia.
IMPORTANTE
Há de se destacar uma situação relevante nas questões tecnológicas, no
âmbito de país, a capacidade de produção de tecnologia também diferencia
os países desenvolvidos dos em desenvolvimento.
95
Maior complexidade há quando analisamos a tecnologia do ponto de vista técnico,
pois incluímos o campo de atuação da atividade humana e aumentamos os dados acerca
do que vem a ser tecnologia. Como já exposto, a tecnologia está em todos os meios, seja
científico, cultural, social; com isso, ratificamos as colocações de que em todas as ações
humanas há técnica e, portanto, a tecnologia está amplamente disseminada, como
preconiza Abbagnano (2000). Outrossim, é relacionada às implicações sobre todo esse
conhecimento desenvolvido; segundo Dias e Silveira (2005), o uso, o aproveitamento e
os resultados são de acordo com o objetivo para o qual foi desenvolvida e o meio em
que está inserida.
Pode-se perceber que a técnica está tão enraizada entre a natureza e o ser
humano que, para Santos (2006), é quase impossível separá-la, pois o homem já não
se vê mais sem o uso de tecnologia, que facilita, medeia e auxilia em muitos processos.
Talvez possa surgir aí um fator de preocupação: substituição (em demasia) dos elementos
naturais por processos artificiais. Fica a deixa para você pesquisar e analisar o que se
apresenta de prós e contras nessas questões.
Agora, partimos para a análise do último item sobre tecnologia, esse pode ser
traduzido como tecnocracia, ou seja, o uso do conhecimento científico nos demais
meios, porém, com a divulgação exclusiva a partir do que a ciência e a técnica propõem
como resultado. Nesse último, tal ação elimina as demais análises feitas a partir da
concepção política, ideológica e social, o que, por sua vez, pode causar o determinismo
tecnológico. Não se esqueça, tais ações terão reflexo direto nas questões relacionadas
à sobreposição das ciências humanas e às ciências da natureza.
96
Pelo que foi apresentado nesta breve explanação, pode-se perceber que as ações
são interligadas e que agem como reação em cadeia. Nesse processo, faz-se necessário
entender a sociedade como agente integrante e mediador de todos os processos descritos.
4 SOCIEDADE
Ao entender a importância de discutir a sociedade como parte integrante de todo
o processo relacionado à tecnologia, se abre precedentes para muitas indagações. As
discussões seriam inúmeras, pois haveria necessidade de abrir alinhamentos no mais amplo
sentido a fim de ajustar as arestas para que se forme o conhecimento acerca do assunto.
Seja no âmbito político, econômico, social, cultural, ambiental, faz-se necessário apurar o
contexto em que ocorrem, a fim de compreender seu impacto. Lembrando que a ciência
humana apresenta grande diversidade de pressupostos metodológicos e epistemológicos,
e estes serão abordados, através de alguns autores e suas perspectivas, a seguir.
Fenomenologia
• Edmund Husserl (1859): apregoava que a sociedade necessitava apenas
de análise no âmbito da consciência e que o mundo exterior poderia ser
desconsiderado nesta análise.
Existencialismo
• Heidegger e Jean-Paul Sartre (1905): apresentaram correntes filosóficas que
analisavam a relação entre o homem e o mundo, considerando homem um
ser independente e, portanto, capaz de definir suas próprias ações.
97
Pode-se perceber que cada autor defende uma linha de pensamento, ora
específica, ora compartilhada por outro autor, porém, divergentes; no entanto, nas
propostas de conceituação sobre sociedade, cada um nas suas perspectivas defende
seus pontos de vista. Vejamos, por exemplo, Comte, em cuja teoria fez uso de leis e
métodos das ciências naturais, entendendo a sociedade como um grande organismo
vivo, interligado e interdependente. O principal conceito defendido por Comte era
de que a sociedade evoluía apenas em uma direção, ou seja, sua postura frente às
mudanças era conservadora. Com base nesta teoria surgiram outras, nesta mesma
linha de pensamento, denominadas como Neopositivismo.
Por outro lado, Spengler entendia que a sociedade evoluía em ciclos que se
encerravam em grandes períodos, citando como exemplos as sociedades babilônica,
egípcia, romana.
Marx, por sua vez, defendia a ideia de que a sociedade, como capitalista,
começara a dividir as classes sociais e tal divisão proporcionava observar a evolução da
sociedade num viés de produtividade e capitalismo.
Husserl tinha grande preocupação com a essência dos objetos e não com o
materialismo. Desta forma, considerava mais importante a experiência da consciência
do que os demais fatores materiais ou ideias.
98
FIGURA 15 – O PROGRESSO DO PONTO DE VISTA DA TECNOCRACIA
Como fora visto, mais precisamente após a II Guerra Mundial, a parceria entre
ciência e tecnologia passou por profundas mudanças, principalmente por começar a
levar em conta o bem-estar social. O primeiro avanço foi no sentindo de considerar o
desenvolvimento tecnológico um dos impulsionadores do progresso. A ciência, de certa
maneira, também passou por mudanças, ganhando a cada período maior importância.
Passemos, agora, a analisar algumas reações entre a parceria da ciência, da tecnologia
e da sociedade, que se deu após essas grandes adequações e modificações.
99
6 CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE E AMBIENTE (CTSA) –
INTERPRETAÇÕES SOBRE A NOVA FORMAÇÃO
Sob a nova ótica de formação, agora com o criticismo social, ciência e tecnologia
passam a ter uma conotação diferente e menos isolada. O ensino de Ciências com enfoque
ciência, tecnologia, sociedade e ambiente (CTSA) a partir de questões sociocientíficas
(QSC), “tem por objetivo a emancipação dos sujeitos ao fazer com que eles problematizem
a ciência e participem de seu questionamento público, engajando-se na construção de
novas formas de vida e de relacionamento coletivo” (MARTINEZ, 2012, p. 55).
100
O meio natural
Quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza aquelas suas
partes ou aspectos considerados fundamentais ao exercício da vida, valorizando,
diferentemente, segundo os lugares e as culturas, essas condições naturais que
constituíam a base material da existência do grupo.
Esse meio natural generalizado era utilizado pelo homem sem grandes
transformações. As técnicas e o trabalho se casavam com as dádivas da natureza,
com a qual se relacionavam sem outra mediação.
O meio técnico
101
corpo, mas que representam prolongamentos do território, verdadeiras próteses.
Utilizando novos materiais e transgredindo a distância, o homem começa a fabricar
um tempo novo, no trabalho, no intercâmbio, no lar. Os tempos sociais tendem a se
superpor e contrapor aos tempos naturais. [...].
O meio técnico-científico-informacional
Essa união entre técnica e ciência vai dar-se sob a égide do mercado. E o
mercado, graças exatamente à ciência e à técnica, torna-se um mercado global. A ideia
de ciência, a ideia de tecnologia e a ideia de mercado global devem ser encaradas
conjuntamente, e desse modo podem oferecer uma nova interpretação à questão
ecológica, já que as mudanças que ocorrem na natureza também se subordinam a
essa lógica.
103
apenas a grupos profissionais especializados, mas a diferentes tipos de grupos
sociais. Segundo Bijker, existiriam diferentes graus de inclusão nessas estruturas,
isto é, de envolvimento.
Após esta leitura, você pode traçar os principais pontos elencados pelo autor?
104
7 CARACTERIZANDO O MUNDO ATUAL
Ao caracterizar o mundo atual, faz-se necessário observar três vertentes
singulares: modernidade, pós-modernidade e globalização. É importante analisar esses
três pontos para que se possa avançar nos estudos sobre CTSA. Vamos lá?
105
A globalização está amparada, principalmente, nos avanços tecnológicos,
assim como nas relações sociais e econômicas, no mercado da conectividade e da
virtualidade. A compressão da globalização, conhecida como compressão tempo-
espaço, é abordada como sendo a responsável por alterar a forma de comunicação
entre as pessoas, como a telefonia móvel (HARVEY, 2003). Porém, como tudo tem seu
outro lado, assim também é na globalização, podendo proporcionar tanto a inclusão
como a desigualdade social.
Uma importante observação precisa ser feita sobre esse ponto: deve-se cuidar
para que os avanços tecnológicos não venham a causar o determinismo tecnológico,
o que ocasionaria o mesmo pensamento de que a ciência e a tecnologia são neutras.
Nesse momento, o que se deve buscar é usar a tecnologia como ferramenta e não
como base.
106
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A tecnologia, como sinônimo de técnica, nos permite pensar das tecnologias mais
simples até as mais avançadas, como roupa, ferramentas e celulares; e, quando
falamos em tecnocracia, podemos entender como ideologização da técnica.
107
AUTOATIVIDADE
1 Leia a charge a seguir:
108
c) ( ) A comunicação de massa fundamenta-se na premissa de que tudo pode ser
mostrado e dito, não estabelecendo critérios sobre quem pode dizer e quem
pode ouvir.
d) ( ) O receptor autorizado tem um espaço da fala para opinar e contradizer, não
sendo necessário que suas funções sejam definidas na estrutura do campo
comunicativo.
e) ( ) Na comunicação de massa, o espaço social sui generis é transformado em
um espaço social heterogêneo, em que emissor e receptor têm papéis bem
definidos.
109
110
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO (TIC)
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, ao falarmos das tecnologias da informação e comunicação
como fator determinante no advento da sociedade da informação, estamos a falar
das transformações resultantes do processo da globalização de mercados e dos
avanços do uso dos processos tecnológicos na vida cotidiana dos indivíduos. Desse
mosaico de transformações exercidas pelos meios tecnológicos na vida cotidiana dos
indivíduos emerge o conceito de sociedade da informação. Sob este prisma, o que
iremos apresentar nas próximas páginas busca assinalar as tecnologias da informação
e comunicação como fator determinante no advento da sociedade da informação.
Portanto, esperamos que este tópico possa contribuir, de certa forma, para inseri-lo no
debate sobre a sociedade da informação e que sirva de ferramenta para expandir o seu
horizonte pensante.
111
FIGURA 17 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
Esse processo, que teve a sua origem no fim dos anos 1960 e início dos anos
1970, não foi, por si só, responsável pela nova forma de organização social. Centrado
na ideia de informação e comunicação, o uso das TIC resultou da interação de três
processos independentes: revolução da tecnologia da informação; da economia (crise
econômica do capitalismo e do estatismo e a consequente reestruturação de ambos);
e apogeu de movimentos sociais e culturais, tais como a afirmação das liberdades
individuais, dos direitos humanos, do feminismo e do ambientalismo (CASTELLS, 2001).
112
importância, pois seu papel conferiu uma dinâmica e formação de redes das diversas
esferas da atividade humana. Esta nova lógica preponderante de redes, sobre a qual a
nova sociedade se assenta, transformou todos os domínios de vida social e econômica.
113
3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO – TIC
Desde os primórdios da humanidade, o homem sempre sentiu a necessidade de
se comunicar com os outros homens. As novas tecnologias vêm efetuando mudanças
sociais drásticas nos diversos segmentos da sociedade. As chamadas Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) têm se apresentado como um fator decisivo na nova
organização social, sem precedentes na história.
O termo tecnologia provém do verbo grego tictein, que significa "técnica, arte,
ofício", juntamente com o sufixo "logia", que significa "estudo", portanto, o conhecimento
prático que almeja alcançar um determinado fim concreto.
114
Na sociedade industrial, o conceito de tecnologia esteve associado à forma
de produto, passando, portanto, a não mais designar a forma de produção, ou seja,
concentra-se nos produtos, nos processos, nos equipamentos e nas operações.
Assim, na visão de Masi (1999), esta lógica, em que a tecnologia se torna uma
ferramenta indispensável nas relações de produção, obrigou o mundo da produção
industrial a sofrer grandes mudanças, tanto no processo de regulamentação da
empresa, como na organização do trabalho, de forma a responder aos imperativos que
a própria tecnologia trouxe para o aperfeiçoamento das condições de vida do homem.
Nesse sentido, para Masi (1999, p. 158), as principais transformações provocadas por
esses imperativos são as seguintes:
115
Na visão de Castells (2001, p. 49), a tecnologia corresponde:
Com base nessa citação, torna-se claro que a tecnologia não determina a
sociedade, nem a sociedade escreve o curso da transformação tecnológica. Portanto,
para Castells (2001), a tecnologia e a sociedade são categorias interdependentes,
na medida em que a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas
“ferramentas tecnológicas”. Nesse sentido, para Castells (2001), a tecnologia é uma
condicionante, e não determinante, da sociedade.
Sob esta ótica, a tecnologia não pode ser vista como uma “ferramenta” que
busca resolver problemas imediatos que se apresentam numa determinada sociedade,
mas sim como um meio integrante e compatível com a sociedade em que está inserida.
Para o sociólogo espanhol Manuel Castells Oliván, o suposto dilema do determinismo
tecnológico é falso. Portanto, não se trata de perguntar se a tecnologia determina
comportamentos na sociedade ou se a sociedade é quem controla a tecnologia.
Como diz Castells (2001, p. 25), “a tecnologia é a sociedade e a sociedade não pode
ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas”. Isso não impede
de admitir que no começo é uma parte da sociedade que dá o start, para depois os
outros se apropriarem das inovações. Foi o que aconteceu nos EUA, quando um setor
específico da sociedade introduziu essas novas formas de produção, comunicação,
gerenciamento e vida (CASTELLS, 2001).
116
Sem dúvida, informação e conhecimento sempre foram elementos
cruciais no crescimento da economia, e a evolução da tecnologia
determinou em grande parte a capacidade produtiva da sociedade
e os padrões de vida, bem como formas sociais de organização
econômica [...]. A emergência de um novo paradigma tecnológico
organizado em torno de novas tecnologias da informação, mais
flexíveis e poderosas, possibilita que a própria informação se torne
o produto do processo produtivo. Sendo mais preciso: os produtos
das novas indústrias de tecnologia da informação são dispositivos de
processamento da informação. Ao transformarem os processos de
processamento da informação, as novas tecnologias da informação
agem sobre todos os domínios da atividade humana e possibilitam
o estabelecimento de conexões infinitas entre diferentes domínios,
assim como entre os elementos e agentes de tais atividades
(CASTELLS, 2001, p. 88).
Assim, para Castells (2001), o que caracteriza a atual revolução tecnológica não
é a centralização do conhecimento e da aplicação, senão o uso da informação para
a gestão de todo o processamento da informação e gerenciamento, num processo
de retroalimentação eterno, promovendo a passagem de três estágios das novas
tecnologias de telecomunicações nas últimas décadas, quais sejam: a automação das
tarefas, as experiências de usos e a reconfiguração das aplicações. “Nos dois primeiros
estágios, os avanços tecnológicos se caracterizam pelo learn by using, isto é, pelo
aprender usando. No último, são os usuários que aprenderam a tecnologia fazendo, o
que acabou resultando na configuração das redes e na descoberta de novas aplicações”
(CASTELLS, 2001, p. 51).
117
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O termo tecnologia provém do verbo grego tictein, que significa criar, produzir,
significando, portanto, o conhecimento prático que almeja alcançar um determinado
fim concreto.
• Tecnologia não pode ser confundida com ciência, na medida em que ela consiste
de conhecimentos práticos sobre como usar recursos materiais, ao passo que
a ciência consiste de conhecimento abstrato e teorias sobre como o processo do
conhecimento se constrói.
118
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE - 2011) Exclusão digital é um conceito que diz respeito às
extensas camadas sociais que ficaram à margem do fenômeno
da sociedade da informação e da extensão das redes digitais. O
problema da exclusão digital se apresenta como um dos maiores
desafios dos dias de hoje, com implicações diretas e indiretas sobre os mais
variados aspectos da sociedade contemporânea.
119
2 (ENADE – 2011) A cibercultura pode ser vista como herdeira
legítima (embora distante) do projeto progressista dos filósofos
do século XVII. De fato, ela valoriza a participação das pessoas
em comunidades de debate e argumentação. Na linha reta das
morais da igualdade ela incentiva uma forma de reciprocidade essencial nas
relações humanas. Desenvolveu-se a partir de uma prática assídua de trocas de
informações e conhecimentos, coisa que os filósofos do Iluminismo viam como
principal motor do progresso.
120
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
AVANÇOS TECNOLÓGICOS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, ao falarmos de avanços tecnológicos, se torna importante
compreendermos sobre as práticas de inovação, compreender comunidades virtuais e
seus impactos e conhecer um pouco das novidades tecnológicas existentes.
A tecnologia faz parte do nosso dia a dia e vem se expandindo cada vez mais.
Neste tópico, queremos apenas trazer algo sobre as novas tecnologias, mas fique
antenado nos noticiários, todos os dias temos o lançamento de uma nova tecnologia.
121
FIGURA 18 – COISAS QUE VAMOS DIZER PARA NOSSOS NETOS
3 COMUNIDADES VIRTUAIS
Você já ouviu falar em comunidade virtual? Também encontramos com o nome
de grupo virtual, mas perante a bibliografia vamos trabalhar com comunidade virtual.
122
As comunidades virtuais são redes virtuais de comunicação interativa,
organizadas em interesses compartilhados. Ao analisarmos o passado, na origem das
primeiras civilizações, o ser humano era nômade, vivia da caça, pesca e coleta de produtos
na natureza. Com o passar dos anos o ser humano aprendeu a se organizar em grupos,
assim nascendo as primeiras comunidades, as quais deram origem às civilizações. Esses
grupos humanos definiram formas de expressar valor moral e cultural, de acordo com
cada época. Com as novas tecnologias constituíram-se grupos de sujeitos ligados por
vínculos não formalizados, com características comuns, formando-se as comunidades
virtuais (MUSSOI; FLORES; BEHAR, 2007).
NOTA
As comunidades virtuais se constituem de grupos de pessoas interconectadas
em busca da inteligência coletiva.
FONTE: Os autores
123
Uma comunidade virtual é uma inteligência coletiva em potencial. Um grupo
humano se interessa em constituir-se como comunidade virtual para aproximar-se do
ideal do coletivo inteligente, mais imaginativo, mais capaz de aprender e inventar. A
virtualização ou desterritorialização das comunidades no ciberespaço são condições
para haver inteligência coletiva em grande escala. A inteligência coletiva é o terceiro
princípio da cibercultura. O ciberespaço é a ferramenta de organização de comunidades
de todos os tipos, o melhor uso do ciberespaço pode ser alcançado ao se colocar
em sinergia os saberes, as imaginações e as energias espirituais daqueles que estão
conectados a ele. A cibercultura é a expressão da aspiração de construção de um
laço social, fundado sobre a reunião em torno de centros de interesses comuns, no
compartilhamento de informações, na cooperação e nos processos de colaboração
(MUSSOI; FLORES; BEHAR, 2007).
DICAS
Quer conhecer mais sobre a Cibercultura? Então leia o livro de Pierre Lévy.
Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999.
124
interesse sejam sérios, frívolos ou escandalosos. A inteligência coletiva,
enfim, seria o modo de realização da humanidade que a rede digital
universal felizmente favorece, sem que saibamos a priori em direção
a quais resultados tendem as organizações que colocam em sinergia
seus recursos intelectuais. Em resumo, o programa da cibercultura é o
universal sem totalidade (LÉVY, 1999, p. 132).
• Acesso e habilidade: o professor deve utilizar apenas tecnologias que sirvam aos
objetivos da aprendizagem; a tecnologia deve ser mantida em um nível simples, para
que seja transparente ao aluno; o professor deve se certificar de que o aluno tenha
habilidade necessária para usar a tecnologia.
• Abertura: sempre comece a atividade com apresentação; use atividades de
aprendizagem que levem em consideração a experiência e a resolução de problemas.
• Comunicação: deixe claro ao aluno as diretrizes para a comunicação, incluindo a net
etiqueta; exemplifique como realizar uma boa comunicação; estimule a participação;
acompanhe os alunos que não participam.
• Comprometimento: explique suas expectativas em relação à utilização do tempo;
explique a realização de trabalhos, prazos de entrega e meios pelos quais a
avaliação será elaborada; crie uma agenda de publicação junto aos alunos; apoie o
desenvolvimento de boas habilidades de gerenciamento de tempo.
• Colaboração: trabalhe com estudos de caso, trabalhos em pequenos grupos,
simulações e utilização do pensamento crítico; faça com que os alunos enviem seus
trabalhos para a comunidade, para maior interação com os demais colegas; faça
perguntas abertas para estimular a discussão.
• Reflexão: coloque regras quanto ao tempo de postagem da mensagem; estimule
os alunos a refletir, escrever off-line e depois transcrever para a comunidade; faça
perguntas abertas e estimule a reflexão sobre o material utilizado.
• Flexibilidade: varie as atividades para atender todos os estilos de aprendizagem e
oferecer um interesse adicional; negocie as diretrizes da atividade com os alunos,
assim promovendo maior engajamento; use a internet como uma ferramenta e um
recurso de ensino e estimule os alunos a buscar referências que possam compartilhar.
125
3.1 REDES SOCIAIS
As redes sociais podem ser vistas como uma tecnologia com menos seguidores
para a sua utilização como uma ferramenta de trabalho, mas não deve ser, devido ao
número de assinantes dessa tecnologia. Esses sites permitem que o usuário faça várias
atividades, tais como: postar um perfil, fotos, vídeos, chat, blog, e se conectar com seus
pares através de boletins individuais, grupos privados e fóruns.
Quais são os aspectos críticos que definem uma tecnologia de rede social?
Tradicionalmente, os traços dessas ferramentas incluem a criação de um login no site,
que fornece uma página de perfil, em que muitas vezes você pode adicionar fotos e
outros conteúdos. Você pode se conectar com outras pessoas que conhece ou pode
encontrar novas pessoas através do site, tornando-se o seu "amigo". Este título serve
para designar, no site, que duas pessoas estão ligadas de alguma forma. Isso proporciona
a capacidade de receber atualizações em suas páginas "de amigos", comunicar-se com
eles através de e-mail no local/comentários/chat, e criar grupos específicos no site em
torno de temas ou conteúdo. A seguir, veremos algumas novidades tecnológicas.
DICAS
Alguns sites que você deve acessar para ficar dentro das atualidades
tecnológicas:
<http://www.cienciahoje.pt/3445>
<http://olhardigital.uol.com.br/home>
<http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia>
<http://revistapesquisa.fapesp.br/>
<http://www2.uol.com.br/sciam/>
<http://www.abc.org.br/centenario/>
<http://www.scielo.org/php/index.php?lang=pt>
126
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
127
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE – 2014) O trecho da música “Nos bailes da vida”, de Milton
Nascimento, “todo artista tem de ir aonde o povo está”, é antigo, e
a música, de tão tocada, acabou por se tornar um estereótipo de
tocadores de violões e de roda de amigos em Visconde de Mauá, nos
anos de 1970. Em tempos digitais, porém, ela ficou mais atual do que nunca. É
fácil entender o porquê: antigamente, quando a informação se concentrava em
centro de exposição, veículos de comunicação, editoras, museus e gravadoras,
era preciso passar por uma série de curadores, para garantir a publicação de
um artigo ou livro, a gravação de um disco ou a produção de uma exposição.
O mesmo funil, que poderia ser injusto e deixar grandes talentos de fora,
simplesmente porque não tinham acesso às ferramentas, às pessoas ou às
fontes de informação, também servia como filtro de qualidade. Tocar violão ou
encenar uma peça de teatro em um grande auditório costumava ter um peso
muito maior do que fazê-lo em um bar, um centro cultural ou uma calçada. Nas
raras ocasiões em que esse valor se invertia, era justamente porque, para uso
do espaço “alternativo”, havia mecanismos de seleção tão ou mais rígidos que
o espaço oficial.
PORQUE
II- As novas tecnologias possibilitam que artistas sejam independentes, montem seus
próprios ambientes de produção e disponibilizem seus trabalhos, de forma simples,
para um grande número de pessoas.
128
2 (ENADE – 2013) Uma revista lançou a seguinte pergunta em um
editorial: “Você pagaria um ladrão para invadir sua casa?”. As pessoas
mais espertas diriam provavelmente que não, mas companhias
inteligentes de tecnologia estão, cada vez mais, dizendo que
sim. Empresas como a Google oferecem recompensas para hackers que
consigam encontrar maneiras de entrar em seus softwares. Essas companhias
frequentemente pagam milhares de dólares pela descoberta de apenas um
bug, o suficiente para que a caça a bugs possa fornecer uma renda significativa.
As empresas envolvidas dizem que os programas de recompensa tornam seus
produtos mais seguros. “Nós recebemos mais relatos de bugs, o que significa
que temos mais correções, o que significa uma melhor experiência para nossos
usuários”, afirmou o gerente de programa de segurança de uma empresa. Mas
os programas não estão livres de controvérsias. Algumas empresas acreditam
que as recompensas devem apenas ser usadas para pegar cibercriminosos,
não para encorajar as pessoas a encontrar as falhas. E também há a questão
de double-dipping, a possibilidade de um hacker receber um prêmio por ter
achado a vulnerabilidade e, então, vender a informação sobre o mesmo bug
para compradores maliciosos.
129
130
UNIDADE 2 TÓPICO 4 -
GLOBALIZAÇÃO E POLÍTICA
INTERNACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Os elementos que compõem o repertório da civilização ocidental em termos
de instituições, códigos jurídicos, leis, estatutos reguladores e pacificadores, por
muito tempo encontraram-se centrados em favorecer o poder político e os sistemas
econômicos, os quais, no momento presente, encontram-se em situação de crise e
mal-estar dos indivíduos, e a alternativa diante deste cenário tem sido a retomada das
formas de viver e fazer, dos costumes, valores, relações e vínculos de interdependência
e reciprocidade no interior das comunidades.
131
FIGURA 21 – GLOBALIZAÇÃO
132
Resumidamente, o mercado atendia às demandas de economia (comércio,
circulação e consumo de produtos); o Estado, por sua vez, atendia a necessidades de
serviços junto à população (serviços educacionais, infraestrutura, habitação, saúde e lazer).
Ianni (1994) foi categórico quando refletiu que a fábrica global é tanto metáfora
quanto realidade, altamente determinada pelas exigências da reprodução ampliada do
capital.
133
2.1 O TERCEIRO SETOR
O terceiro setor ganhou espaço de constituição e atuação a partir dos anos
de 1990. E instalou-se como alternativa em meio ao setor público/estatal (primeiro
setor) e o setor privado/industrial/mercado (segundo setor), no sentido de intermediar,
gerenciar e prestar serviços de interesse público em situações e contextos que os dois
outros setores não atingem/alcançam.
3 GLOBALIZAÇÃO: UM BALANÇO
A globalização pode apresentar sua face mais bem-sucedida, que reside no
fato de que foi capaz de favorecer a intercomunicação entre povos e as pessoas das
mais diferentes e inusitadas regiões do planeta, diminuir as fronteiras no campo dos
transportes e promover intercâmbios nas atividades de comunicação e informações.
A formação dos grupos regionais é capaz de conferir aos seus membros uma
melhor possibilidade de negociação e barganhas no jogo das relações que se dão no
cenário mundial. Por outro lado, quando interpretadas nas relações internas, em especial
com os membros que compõem o grupo do qual fazem parte, evidenciam-se realidades
sociais, culturais, condições de produção e capacidade de consumo desigual, de forte
dependência tecnológica e vulnerabilidades política e econômica (a exemplo disso
pode-se considerar o grupo NAFTA, que é composto pelos países: Canadá, Estados
Unidos da América e México).
134
Todavia, acabou por prevalecer o caráter de fazer com que as relações políticas,
os governos, os grupos sociais e movimentos culturais fossem colocados a favor
dos interesses da economia. Acabou-se por padronizar cada vez mais os processos
de produção, os desejos de consumo, os estilos de vida e as culturas, anulando cada
vez mais as diferenças, identidades, as especificidades, as tradições locais e regionais,
qualquer tipo de fronteiras e valores morais tradicionais.
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE – 2014) Com a globalização da economia social por meio das
organizações não governamentais, surgiu uma discussão do conceito
de empresa, de sua forma de concepção junto às organizações
brasileiras e de suas práticas. Cada vez mais é necessário combinar
as políticas que priorizam modernidade e competitividade com incorporação dos
setores atrasados mais intensivos de mão de obra. A respeito desta temática, avalie
as afirmações a seguir:
I- O terceiro setor é uma mistura dos dois setores clássicos da sociedade, o público
representado pelo Estado, e o privado representado pelo empresariado em geral.
II- É o terceiro setor que viabiliza o acesso da sociedade à educação e ao desenvolvimento
de técnicas industriais, econômicas, financeiras, políticas e ambientais.
III- A responsabilidade tem resultado na alteração do perfil corporativo e estratégico
das empresas, que têm reformulado a cultura e a filosofia que orientam as ações
institucionais.
135
Está correto o que se afirma em:
a) ( ) I, apenas.
b) ( ) II, apenas.
c) ( ) I e III, apenas.
d) ( ) II e III, apenas.
e) ( ) I, II e III.
4 A POLÍTICA INTERNACIONAL
A política ganhou um caráter internacional a partir do século XVIII, quando do
surgimento do Estado Moderno, em que o sistema capitalista irá se instalar a fim de
obter condições e favorecimentos para expandir seus alcances em termos de matérias-
primas, frentes de investimento e mercado consumidor. Ela pode ser identificada
ainda quando da vigência do regime de Colonialismo, que vigorou na era das grandes
navegações, quando Espanha e Portugal estabeleciam e organizavam politicamente
suas colônias de exploração nos continentes americano e africano.
136
O Estado Moderno e o Liberalismo concatenam todo um processo histórico, com
múltiplas determinações: a ideia moderna de indivíduo (que não se restringe ao ideário
liberal) e que surgiu em meio a mudanças profundas e que abrangiam as mais diversas
relações humanas, tais como religião, política, economia, trabalho, família, ideias, artes:
tudo convergindo e reforçando mutuamente para produzi-la.
A ‘terceira via’ foi apresentada como alternativa frente às crises que emergiam
das políticas neoliberais, que propõe uma espécie de humanização do capitalismo,
nos aspectos do malefício do Estado neoliberal e da sociedade de livre mercado. Na
qual estariam engajados tanto dirigentes políticos de países ricos e representantes de
empresas transnacionais, que em meio às crises econômicas se dedicariam a amenizar
os impactos sociais, as injustiças, revoluções e caos, no sentido de manter a paz e
coesão social.
137
Anthony Giddens (2001), um dos principais estudiosos e defensores da ‘terceira
via’, a explica como sendo uma estratégia de âmbito mais global, a fim de favorecer e
melhorar as sociedades burguesas e democráticas, uma perspectiva de que os Estados/
governos devem se reformar e a sociedade civil se qualificar/educar no sentido de os
indivíduos exercerem a cidadania para participar e decidir diante das demandas de
caráter coletivo.
Os defensores da ‘terceira via’ interpretam que grande parte dos problemas que
acometem os países pobres e subdesenvolvidos não são fruto da economia global ou
das práticas de exploração das nações ricas, e sim das condições internas das próprias
sociedades.
138
QUADRO 6 – EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE GOVERNO - LADISLAU DOWBOR
DICAS
Acesse a página do professor da Universidade de São Paulo/USP Ladislau
Dawbor. Aprofunde seus conhecimentos sobre política, governo, economia,
tecnologia e sociedade com as dicas e sugestões de livros, artigos e filmes lá
indicados. Disponível em: <http://dowbor.org/>. Acesso em: 4 jun. 2015.
139
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
140
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE – 2014) Ideais liberais e métodos democráticos vieram,
gradualmente, se combinando num modo tal que, se é verdade que
os direitos de liberdade deram início à condição necessária para
a direta aplicação das regras do jogo democrático, é igualmente
verdadeiro que, em seguida, o desenvolvimento da democracia se tornou o
principal instrumento para a defesa dos direitos de liberdade.
141
142
UNIDADE 2 TÓPICO 5 -
RELAÇÕES DE TRABALHO
1 INTRODUÇÃO
Um indivíduo/trabalhador, consciente de si e de seu fazer profissional,
geralmente pergunta-se sobre aspectos inerentes ao ofício, tais como: saber fazer,
técnica, matéria-prima e energia, os meios de produção, o produto, custo, margem de
lucro, jornada de trabalho, remuneração, condições de trabalho, comércio, consumo,
categoria de trabalho, reconhecimento e valor/sentido social e a realização, a satisfação/
sentido pessoal, os âmbitos e as instituições que intermedeiam seu fazer profissional.
Conta-se com todo um processo e imaginário histórico para que isso ocorra,
no sentido de que as relações de trabalho se encontram forjadas em meio a elementos
religiosos, sociais, econômicos e políticos, e procura-se apresentar as principais
concepções e dinâmicas que o homem atribuiu ao trabalho ao longo de sua jornada
histórica, bem como as possibilidades do momento presente e vislumbrar tendências
que as relações de trabalho podem trilhar.
Na Grécia antiga, pode ser associada à noção de poiesis, que significava o fazer,
a fabricação, o que o ser humano produz tanto material: uma obra de arte executada
por um artista, escultor, ceramista; como não material: instituições sociais, referências
culturais etc.
143
A expressão trabalho, tal como é escrita e utilizada na língua portuguesa, deriva
da expressão latina tripalium, que ao longo da Idade Média era o nome dado a um
instrumento de tortura que apresentava três paus reunidos, utilizado pelos camponeses
e servos para bater o trigo, as espigas de milho, e para desfiar e esfiapar o linho; certa vez
foi adaptado e utilizado como instrumento de tortura (ALBORNOZ, 2008).
Labor e trabalho são expressões muito utilizadas e até sinônimos, porém Arendt
(2007) nos propõe que se faça distinção entre elas. Por labor a autora relaciona o ato de
trabalhar, que está na labuta, numa lógica de estar em curso, na disposição de verbo no
gerúndio, está ocorrendo, não comporta a noção de produto final. Por trabalho designa
as atividades feitas com as mãos, a noção de produto, trata-se de um trabalho que é
apresentado como acabado.
144
e a prosperidade material em vida deveriam ser compreendidos como uma forma de
conquistar a benevolência de Deus. Ambas as teorias favoreceram o contexto no qual
implantavam-se políticas de mercantilismo e capitalismo.
Foi nesta época que surgiram as noções de divisão de trabalho, na qual cada
indivíduo, com a fração/parte que desempenha, na sua especialidade, contribui à soma
de trabalho coletivo, que por sua vez gera a riqueza de cada nação, o que se tornaria
uma espécie de consciência e interesse coletivo e comum a todo indivíduo. É nesse
momento que a mudança de percepção da noção de trabalho passa a ocorrer, no
sentido de que as pessoas passam a trabalhar para poder consumir, e não mais para
produzir algo.
145
No entanto, a perspectiva de Marx era a de que o exercício crítico, através
da intelectualidade, não era suficiente, para ele o mundo não se transforma com o
pensamento e leis, o mundo deveria ser transformado pela práxis, na organização
dos trabalhadores e na realização de atos revolucionários. A divisão do trabalho era
responsável pela alienação do homem na sociedade capitalista, que por sua vez se
revelava em face à perda da totalidade e da dignidade humana. Caberia ao proletariado a
responsabilidade pelo ato de fazer a revolução e transformar a sociedade, tomar o poder
e abolir a relação capitalista de produção. Em meio ao campo de luta e revoluções, os
trabalhadores deveriam estar conscientes de si e de sua classe/categoria e empreender
as revoluções que fossem necessárias a fim de desfazer o quadro de desigualdade,
injustiças e exploração que o trabalho favorecia. Marx defendia a superação do sistema
capitalista pelo comunismo, numa espécie de sociedade associativa em que o livre
desenvolvimento individual seria a condição do livre desenvolvimento de todos (MARX;
ENGELS, 2010).
A nova concepção que foi atribuída ao trabalho combina com os valores das
mudanças no interior da fabricação de produtos. O homem, reconhecendo que o trabalho
não era mais motivo de sofrimento e castigo, mas sim uma atividade que o tornaria
socialmente reconhecido, sentiu-se motivado e disposto a se dedicar e doar a fim de
preencher as oportunidades e a demanda da manufatura e indústria nascente, bem
como o campo das invenções de máquinas e técnicas e o próprio sistema capitalista,
que estavam exigindo.
146
organizar seu trabalho, a seleção de sua matéria-prima, o começo, a forma, a técnica, o
ritmo, os detalhes, o acabamento, a entrega. Não ocorre a distinção de trabalho e lazer,
divertimento e cultura, ambos se fundem.
No século XIX, pode-se falar que a produção capitalista, que introduziu a máquina
a vapor e a modernização dos métodos de produção, desintegrou costumes e introduziu
novas formas de organização da vida social. A transição da produção artesanal para a
manufatureira e desta para a produção fabril, a migração do campo para a cidade; o fim
da servidão; o desmantelamento da família patriarcal; a introdução do trabalho feminino
e infantil.
147
Diante da reflexão de Arendt (2007), podemos afirmar que, desde o século XIX,
o Homo faber foi perdendo sua aura e passou a ser valorizado o “princípio da felicidade”.
De fato, o progresso da civilização não produziu uma sociedade de indivíduos políticos
ou de trabalhadores que amam seu ofício, e sim uma sociedade de consumidores, de
indivíduos isolados e desenraizados, uma cultura de massa imersa em futilidade. E a
construção da identidade deixou de ser pautada em atividades criativas e produtivas, à
medida que o trabalho se tornou apenas um meio de satisfazer necessidades ou desejos
de consumo.
As roupas que deveriam ser usadas no interior das indústrias precisavam ser
justas, retas e que cobrissem o corpo o máximo possível. A condição e imposição
do meio de trabalho foram responsáveis por depreciar a feminilidade, fragilidade e
sensibilidade da mulher e favorecer uma postura rígida, tenaz e ereta. Foi neste contexto
que a estilista francesa Coco Chanel (1883-1971) começa a projetar roupas com design
mais favorável às atividades no interior das fábricas e empresas, nas quais se destacam
cortes e precisão geométrica das roupas e modelos ajustados ao corpo, ausentes de
babados, volumes, acessórios, entre outros.
148
ATENÇÃO
1º de Maio: Dia do Trabalhador, Dia do Trabalho ou Dia Internacional
dos Trabalhadores
Esta data, que é comemorada em diversos países, como Brasil,
Portugal, Austrália, Angola, França, Suécia, Moçambique, é resultante
de uma greve geral de trabalhadores que ocorreu no ano de 1886,
no interior de Chicago, nos Estados Unidos da América. A paralisação
foi responsável por envolver diversos parques industriais da cidade.
Dentre as causas da paralisação encontrava-se a redução da jornada de
trabalho. A presença dos manifestantes na rua se estendeu por diversos
dias e acabou por ser reprimida com violência pelas tropas do governo,
causando inúmeras mortes.
Uma das questões cruciais de tal processo diz respeito à passagem do regime
fordista (século XIX) ao regime chamado de produção toyotista. A técnica tornou cada
vez mais fragmentado o processo de trabalho e, consequentemente, independente dos
indivíduos, bem como aleatório com quem o faz, em que já não importa como cada
um o faz; importa sim que cada indivíduo mantenha-se submetido ao todo, mantenha
os laços, as passagens, o fluxo do processo, com o mínimo de interferência criativa,
inovação que possa tornar os fluxos ainda mais eficientes.
149
Trabalhar em uma mesma empresa por muitos anos, ser homenageado e receber
condecorações de três, cinco, dez, 15, 20 anos de empresa, faz parte da geração anterior
à qual nos encontramos e que tende a se tornar cada vez mais raro. Especialmente no
ramo do terceiro setor.
150
4.2 RELAÇÕES DE TRABALHO E OS PROCESSOS LEGAIS NO
BRASIL
O trabalho livre e assalariado ganhou espaço após a abolição da escravidão
aplicada aos trabalhadores negros no Brasil em 1888 e com a gradual vinda dos
imigrantes europeus. As condições impostas eram ruins, acabaram por gerar no interior
do país as primeiras discussões sobre leis trabalhistas. Os imigrantes traziam consigo a
experiência do movimento operário e sindical no interior dos países europeus, o que por
sua vez favoreceu a estruturação de organizações de trabalhadores, círculos operários,
sindicatos e demais frentes de representação.
DICAS
Caro estudante, procure saber mais sobre a atuação da Organização
Internacional do Trabalho-OIT. Trata-se do órgão responsável pelas
convenções e recomendações que norteiam as questões relacionadas
ao trabalho em nível internacional.
151
No Brasil de 1964, com o golpe militar e a instalação da ditadura, ocorreram fortes
medidas de repressão à classe trabalhadora, com o Decreto nº 4.330, as intervenções
atingiram sindicatos em todo o Brasil. Este decreto é conhecido como a lei antigreve,
que impôs tantas regras para realizar uma greve que, na prática, elas ficaram proibidas.
DICAS
Conheça o site do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE. Lá você encontrará
resoluções sobre o funcionamento das centrais sindicais, leis e convenções ao
exercício das profissões, orientações sobre os trâmites contratuais e demissionais,
seguro-desemprego, trabalho temporário, políticas de microcrédito, trabalho de-
cente, entre outros.
152
LEITURA
COMPLEMENTAR
A TERCEIRIZAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO
154
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A palavra trabalho tem origem nas práticas e atividades das mais antigas sociedades,
comporta muitas diferenças de escrita, em especial na forma como as sociedades
concebiam e ao valor moral que atribuíram à mesma.
155
AUTOATIVIDADE
1 Karl Marx (1818-1883), pensador alemão que se dedicava a denunciar
as contradições no interior do sistema capitalista, ao longo de sua
vida precisou mudar-se por diversas vezes de país, pois o teor de
suas ideias acabava por lhe render inimigos de forte influência
e poder político. Além disso, também passou por problemas com renda, sendo
socorrido pelo amigo e colega/escritor F. Engels. Pergunta-se: no que consistiam
as principais ideias e teorias de Marx?
156
De acordo com a afirmação acima, a acumulação flexível:
157
158
UNIDADE 3 —
POLÍTICAS PÚBLICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• refletir sobre como o aumento populacional e o avanço tecnológico impactam sobre os ecos-
sistemas;
• identificar os modos de vida urbano e rural, sua organização social, semelhanças e diferenças
e sua interdependência;
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em sete tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoati-
vidades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
159
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
QR Code abaixo:
160
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
POLÍTICAS PÚBLICAS: EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Quando falamos em políticas públicas, estamos nos referindo aos direitos e
deveres do Estado para com as pessoas que compõem a sociedade e, assim como o
Estado, gozam de seus direitos civis e políticos. Estamos também sujeitos ao conjunto
de normas jurídicas e sociais, formando assim um marco regulatório previamente fixado
no que diz respeito à distribuição harmônica dos elementos que formam os direitos,
deveres e responsabilidades em prol do desenvolvimento educacional, econômico e
social. A vida em sociedade está ligada à política e não há ação social sem ação política,
quer seja promovida pelo Estado ou pela sociedade (RAMOS, 2014).
161
2012, p. 2). Assim, as políticas públicas são de responsabilidade do Estado, com base em
organismos políticos e entidades da sociedade civil, que derivam de normatizações, ou
seja, se estabelece um processo de tomada de decisões – nossa legislação. Ao iniciarmos
nossos estudos sobre a organização da educação no Brasil, precisamos ter em mente
que a educação é intencional, principalmente no que diz respeito ao sistema escolar. Os
atores que permitem discussões sobre um determinado problema da sociedade são: a
sociedade civil organizada; os servidores públicos e os políticos.
Desta forma, a LDB 9.394/96 regulamentou o que foi tratado sobre educação
na Constituição Federal abordando a educação escolar. O Título V trata dos Níveis e
das Modalidades de Educação e Ensino; em seu Capítulo I, demonstra a composição
dos níveis escolares, formada pela Educação Básica; Educação de Jovens e Adultos;
Educação Profissional; Educação Superior e Educação Especial.
162
Educação Básica é formada de três etapas: Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio. Conforme a LDB, são finalidades
da Educação Básica ‘[...] desenvolver o educando, assegurar-lhe
a formação comum indispensável para o exercício da cidadania
e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores’ (art. 22).
As modalidades importam em atendimentos afeitos a peculiaridades
que podem dizer respeito a uma população específica ou a objetivos
de formação mais especializada ou complementar. No primeiro caso,
encontramos a educação de jovens e adultos e a educação especial.
No segundo caso, a educação profissional.
A educação de jovens e adultos (EJA) enseja a escolarização
daqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no
Ensino Fundamental ou Médio. Contempla cursos de EJA e exames
supletivos. Os cursos e os exames são acessíveis para estudantes
maiores de 15 anos (Ensino Fundamental) e de 18 anos (Ensino
Médio).
A educação especial destina-se aos educandos portadores de
necessidades especiais e deve estar contemplada em todas as
etapas da educação. A legislação estabelece a sua oferta preferencial
na rede regular de ensino e em classes comuns, embora possibilite a
oferta desta modalidade em classes e escolas especiais.
Pode-se identificar a inserção da educação profissional na Educação
Básica de três modos: ensino técnico - concomitante, integrado
ou sequencial ao Ensino Médio, inclusive EJA; formação inicial e
continuada de trabalhadores articulada ao Ensino Fundamental ou
Médio, inclusive EJA; preparação básica para o trabalho no Ensino
Fundamental e Médio, inclusive EJA (FARENZENA, 2010).
163
outras que indiretamente também enfocam a formação docente. Dentre as 20 metas
traçadas do PNE para até 2020, seis (da 13 até a 18) pretendem aumentar a qualidade do
ensino com base na formação inicial e principalmente continuada, em diferentes níveis.
AUTOATIVIDADE
(IFRN – Concurso Público – Grupo Magistério – Políticas e Gestão Escolar
2012) A concepção curricular que articula o Ensino Médio à formação
técnica, além de estabelecer o diálogo entre os conhecimentos
científicos, tecnológicos, sociais, humanísticos, habilidades relacionadas
ao trabalho e de superar o conceito da escola dual e fragmentada, pode representar,
em essência, a quebra da hierarquização de saberes e colaborar, de forma efetiva,
para a educação brasileira como um todo, no desafio de construir uma nova
identidade para essa última etapa da educação básica. A proposta curricular a que
esse enunciado se refere é:
a) ( ) Currículo integrado.
b) ( ) Currículo tecnicista.
c) ( ) Currículo tradicional.
d) ( ) Currículo profissionalizante.
Para atualizar a temática da Educação em nosso país, a leitura a seguir trata dos
trâmites da implantação do Sistema Nacional de Educação (SNE). Assim, com o objetivo
de efetivar a implantação do SNE, o Decreto de 26 de abril de 2017, da Presidência da
República, convoca a 3ª Conferência Nacional de Educação, prevista para ocorrer em
Brasília no ano de 2018, conforme detalhes do texto a seguir.
164
§ 2º A etapa nacional da 3ª CONAE, a ser realizada em 2018, será
precedida pelos seguintes eventos:
165
deveriam discutir e fornecer subsídios sobre a efetivação da implantação SNE e do PNE,
em preparação às conferências estaduais e a Nacional, prevista para o ano de 2018.
No entanto, devido ao turbulento momento político enfrentado no Brasil, apenas duas
capitais (Belo Horizonte/MG e São Paulo/SP) realizaram o evento naquele ano, e dois
terços das capitais brasileiras não tem sequer a previsão de data para organizá-las.
NOTA
Até a conclusão deste livro, em janeiro de 2018, a última atualização sobre a implantação do Plano
Nacional de Educação, prevista pelo Projeto de Lei Complementar PLP 413/2014, foi o Parecer do
Relator, Dep. Glauber Braga (PSOL-RJ), pela aprovação deste, e do PLP 448/2017, apensado, como
substitutivo. O parecer foi apresentado em 22/dez./2017 à Comissão de Educação. Portanto, o
projeto encontra-se ainda em tramitação no Congresso Nacional.
Na nota, a entidade posiciona-se em acordo com vários pontos do texto apresentado pelo MEC, pelo
fato do seu conteúdo exprimir conceitos referendados nas duas Conferências Nacionais de Educação
(CONAEs), e por absorver propostas das entidades educacionais, como a CNTE, apresentadas ao
longo do processo histórico do debate sobre o Sistema Nacional de Educação (SNE).
166
Para o presidente da entidade, Roberto
Franklin de Leão, o Brasil possui leis que
estruturam o sistema, como a lei que estipula
o piso nacional salarial dos professores e a
própria LDB. Destaca que precisamos de mais
uma legislação nacional para organização da
educação nacional, a fim de que as políticas
sejam mais orgânicas, como é o SNE, que
"respeita a diversidade e as diferenças
do federalismo brasileiro, considerando a
qualidade e distanciando-se da centralização
da gestão da educação".
Entretanto, mesmo em consenso sobre vários pontos apresentados no documento do MEC, a CNTE
reafirma a necessidade de um olhar especial na regulamentação do Custo Aluno-Qualidade e do
piso salarial dos profissionais da educação, conjugada com as diretrizes nacionais de carreira; na
autonomia das escolas e de seus profissionais; no aperfeiçoamento e fortalecimento dos espaços de
participação; no estabelecimento de critérios para as ações distributivas e supletivas da União e dos
estados, via regulamentação do art. 23, V, da CF; na regulamentação das receitas para a educação e
na definição das normas vinculantes para a organização dos sistemas de ensino.
167
FIGURA 22 – CONSTITUIÇÃO CIDADÃ DE 1988
168
ATENÇÃO
Você imagina quais foram as metas traçadas no encontro mundial que
resultou na Declaração Mundial sobre Educação para Todos?
O texto dos PCN tem função definidora do currículo mínimo, orienta práticas
pedagógicas e organiza a estrutura escolar. Estabelece o plano curricular indicando
conteúdos, objetivos, práticas educativas e sugestões de avaliação. Como é um
documento de nível nacional, tenta abranger e ter aplicabilidade em todo o território
nacional, de maneira homogênea (BARBOSA; FAVERE, 2013).
NOTA
Caro acadêmico, a Educação Infantil também tem documentos norteadores do currículo,
que são: Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – RECNEI e Parâmetros
Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. O primeiro documento pretende orientar
o professor, além de discutir conceitos importantes como educar e cuidar, entre outros. O
RECNEI está dividido em unidades, que são: Introdução, Formação Pessoal
e Social e Conhecimento de Mundo, Identidade e Autonomia das crianças
e Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza
e Sociedade e Matemática. Já o segundo documento está disponível em
dois volumes e apresenta recomendações para promover a igualdade de
oportunidades educacionais.
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf>;
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/eduinfparqualvol1.
pdf>.
170
Uma das preocupações centrais dos PCN é o tema da cidadania, da formação
cidadã. Mais do que o ensino de conteúdos básicos, hoje, na escola, a aprendizagem
da cidadania é legitimada e indispensável. A disseminação dessa aprendizagem
transita em documentos oficiais, em autores que escrevem sobre educação e em
projetos pedagógicos das escolas. Os PCN defendem que o fundamento da sociedade
democrática é reconhecer o sujeito de direito (BRASIL, 1997b).
Citando Barreto (2000, p. 35), “o governo federal passa pela primeira vez, em
meados dos anos noventa, a fazer ele próprio prescrições sobre currículo, que vão muito
além das normas e orientações gerais que caracterizaram a atuação dos órgãos centrais
em períodos anteriores”.
171
Com o intuito de transformar a realidade educacional, o documento defende
que “faz-se necessária uma proposta educacional que tenha em vista a qualidade da
formação a ser oferecida a todos os estudantes” (BRASIL, 1997a, p. 27).
A intenção dos PCN é que o professor tenha um auxílio em sua ação de reflexão
sobre o cotidiano da prática pedagógica, que continuamente esse cotidiano transforma-
se e exige novas competências docentes. Nesse sentido, com esse documento se prevê
que seja possível:
A proposta apresentada pelos PCN não tem uma concepção rígida de currículo; é
flexível, com o objetivo de considerar a diversidade brasileira e respeitando a autonomia
do professor e equipe pedagógica.
Ensino Fundamental
A figura acima nos indica uma organização que atualmente deve ser planejada
em seu conjunto, ou seja, projetando essa prática para o trabalho do professor, em
que “esta é uma oportunidade preciosa para uma nova práxis dos educadores, sendo
primordial que ela aborde os saberes e seus tempos, bem como os métodos de trabalho,
na perspectiva das reflexões antes tecidas” (BRASIL, 2004, p. 18).
172
Assim, temos que dar continuidade na definição e redefinição das práticas e das
ações, que devem ser realizadas com a mesma rapidez e complexidade com que ocorre
o processo de transformação, não só no Brasil, mas em escala mundial.
A tensão em que a escola se encontra não significa, no entanto, seu fim como
instituição socioeducativa ou o início de um processo de desescolarização da sociedade.
Indica, antes, o início de um processo de reestruturação dos sistemas educativos e da
instituição tal como a conhecemos. A escola, hoje, precisa não apenas conviver com
outras modalidades de educação não formal, informal e profissional, mas também,
articular-se e integrar-se a elas, a fim de formar cidadãos mais preparados e qualificados
para um novo tempo. Para isso, o ensino escolar deve contribuir para:
Assim, pensar o papel da escola nos dias atuais sugere levar em conta questões
relevantes. A primeira, e talvez a mais importante, é que as transformações mencionadas
representam uma reavaliação que o sistema capitalista faz de seus objetivos.
No entanto, quando o autor Libâneo (2012) faz o alerta de que o ensino escolar
deve contribuir para formar indivíduos capazes de pensar e aprender permanentemente
dentro do contexto tecnológico e das relações capital/trabalho, poderia, aí, ser
acrescentado o termo “harmonização das relações trabalhistas”. O que quer dizer que a
educação pode e deve ter uma relação próxima e significativa com o capitalismo, uma
vez que o desenvolvimento educacional deixou de ser estável, isto é, com hora e local
predeterminados. Hoje, a informação e o conhecimento não têm fronteira, eles estão
173
em toda parte, principalmente nas organizações produtoras de bens e serviços. Ainda
segundo o autor, “a escola deixou de ser o único meio de socialização do conhecimento”.
Seguindo a mesma linha de raciocínio com relação ao capital/trabalho, Liedke (2002, p.
345-346) afirma que:
174
LEITURA
COMPLEMENTAR
Universidade pra quê? A força e o futuro da UERJ
[...]
175
A UERJ é resultado de um amadurecimento histórico dessa nova universidade.
Criada em 1950, destaca-se pelo pioneirismo: primeira universidade pública do Brasil
a oferecer ensino superior noturno, permitindo a qualificação dos trabalhadores;
segunda instituição universitária a possuir um hospital das clínicas voltado para o
ensino; primeira a implantar o sistema de cotas para negros, indígenas e estudantes
oriundos de escolas públicas.
176
das décadas. Um exemplo dos efeitos nefastos dessa crise é a saída forçada de alguns
docentes do regime de dedicação exclusiva. Obrigados a acumular atividades paralelas,
muitos desses profissionais não retornarão ao regime após esse período.
177
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A vida em sociedade está ligada à política e não há ação social sem ação política, quer
seja promovida pelo Estado ou pela sociedade.
• Uma das preocupações centrais dos PCN é o tema da cidadania, que deve resultar
em uma formação cidadã.
178
AUTOATIVIDADE
1 Para retomar o que aprendemos até o momento, aponte as
características principais e o contexto histórico no qual foram
construídos os PCN:
I- A educação profissional técnica de nível médio articulada, segundo essa lei, será
desenvolvida nas formas integrada e concomitante.
II- A educação de jovens e adultos deverá ser oferecida, preferencialmente, articulada
à educação profissional.
III- As instituições de educação profissional e tecnológica oferecerão cursos regulares
e cursos especiais, abertos à comunidade.
IV- Na educação profissional técnica de nível médio, a preparação geral para o trabalho
e, facultativamente, a habilitação profissional, poderão ser desenvolvidas nos
próprios estabelecimentos de Ensino Médio ou em cooperação com instituições
especializadas em educação profissional.
V- A educação profissional técnica de nível médio, por ter total autonomia pedagógica,
prescinde de organizar cursos seguindo as orientações contidas nas diretrizes
curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação.
179
180
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao estudo que faremos sobre o Sistema de
Saúde brasileiro. Este tema levará você a refletir sobre a realidade da saúde pública
em nosso país e os seus desafios para assegurar o atendimento a todo cidadão com
dignidade e em igualdade de condições.
181
A saúde para os brasileiros, segundo a pesquisa do Instituto de Pesquisas
Datafolha (2014), é considerada o serviço público mais importante; mas diariamente
o usuário se depara com problemas, como a falta de médicos, filas de espera nas
emergências e nos hospitais, demora para realização de cirurgias e hospitais sem
Área de
recursos maior importância – nível federal
financeiros.
(Estimulada e única)
AUTOATIVIDADE
A questão da saúde no Brasil é complexa e dependente da atuação
dos vários agentes que a compõem. Cada um desses agentes, governo,
organizações e sociedade, tem suas responsabilidades sobre a
qualidade da saúde no Brasil. Ao governo cabe desenvolver políticas e
realizar investimentos adequados, dentro de um planejamento ao longo do tempo;
às organizações compete executar essas políticas, como também prestar serviços
à população com qualidade; e a sociedade, por seu lado, deve aderir às ações
preventivas promovidas pelo governo e pelas organizações, assim como deve ter
uma postura ativa, autônoma e corresponsável, em relação à sua qualidade de vida.
2 CONCEITO DE SAÚDE
Temos como conceito de saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde
(USP, 2015, s.p.): “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e
não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade”.
183
As cidades devem oferecer espaços coletivos, parques, praças, centros de
convivência, para que a comunidade usufrua de qualidade de vida, o que comprovadamente
vem reduzindo os custos em serviços médicos e assistenciais nos municípios.
184
Além dos problemas decorrentes da vida moderna que afetam a saúde da
população, temos ainda doenças epidemiológicas como dengue, malária e tuberculose,
por exemplo, e que causam a morte de milhões de pessoas no mundo todo e são
decorrentes da miséria, da precariedade no abastecimento de água potável, do
saneamento básico e pela falta de acesso aos serviços públicos de saúde e educação. A
globalização fortaleceu esse processo de disseminação de doenças ao redor do mundo,
principalmente pelo contingente de populações imigratórias.
AUTOATIVIDADE
(ENADE–2013 – Formação Geral) A Organização Mundial de Saúde
(OMS) menciona o saneamento básico precário como uma grave
ameaça à saúde humana. Apesar de disseminada no mundo, a falta
de saneamento básico ainda é muito associada à pobreza, afetando,
principalmente, a população de baixa renda, que é mais vulnerável devido à
subnutrição e, muitas vezes, à higiene precária. Doenças relacionadas a sistemas de
água e esgoto inadequados e a deficiências na higiene causam a morte de milhões
de pessoas todos os anos, com prevalência nos países de baixa renda (PIB per capita
inferior a US$ 825,00). Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam
que 88% das mortes por diarreia no mundo são causadas pela falta de saneamento
básico. Dessas mortes, aproximadamente 84% são de crianças. Estima-se que 1,5
milhão de crianças morram a cada ano, sobretudo em países em desenvolvimento,
em decorrência de doenças diarreicas. No Brasil, as doenças de transmissão feco-
oral, especialmente as diarreias, representam, em média, mais de 80% das doenças
relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (IBGE, 2012).
Com base nas informações e nos dados apresentados, redija um texto dissertativo
acerca da abrangência, no Brasil, dos serviços de saneamento básico e seus impactos
na saúde da população. Em seu texto, mencione as políticas públicas já implementadas
e apresente uma proposta para a solução do problema apresentado no texto acima.
185
3 SAÚDE: DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO
A Constituição da República Federativa de 1988 dispõe em seu art. 196: “A saúde
é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
186
Posteriormente, em 1990, foi promulgada a Lei Orgânica do SUS, com as Leis
nº 8.080 e nº 8.142, que têm como base de sustentação os princípios norteadores do
Sistema Único de Saúde brasileiro:
Na visão de Cony (2014, s.p.), o SUS pode ser considerado como direito humano:
“[...] é a maior conquista do povo brasileiro em política pública e é um sistema que é
referência em saúde para o mundo, sob a ótica gravada na Constituição de que o SUS
é um direito de todos e um dever do Estado e evoluindo para a compreensão de que é
um direito humano”.
187
A Unidade Básica de Saúde realiza os atendimentos em nível de atenção primária
“[...] enfatizando a função resolutiva dos cuidados primários sobre os problemas mais
comuns de saúde e a partir do qual se realiza e coordena o cuidado em todos os pontos
de atenção” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010, p. 4 apud ZETZSCHE, 2014, p. 32).
Posto de Saúde para a maior parcela dos usuários (48%). No entanto, 49% usam
algum serviço de emergência como porta de entrada.
49% utilizam
atendimento de
emergência como
porta de entrada
GIO
Pontos de atenção à saúde são entendidos como espaços em que se ofertam
determinados serviços de saúde, por meio de uma produção singular. Os domicílios,
as unidades básicas de saúde, as unidades ambulatoriais especializadas, os
serviços de hemoterapia e hematologia, os centros de apoio psicossocial, as
residências terapêuticas, entre outros. Os hospitais podem abrigar distintos
pontos de atenção à saúde: o ambulatório de pronto atendimento, a unidade
de cirurgia ambulatorial, o centro cirúrgico, a maternidade, a unidade de
terapia intensiva, a unidade de hospital/dia, entre outros. Todos os pontos
de atenção à saúde são igualmente importantes para que se cumpram os
objetivos da rede de atenção à saúde e se diferenciam, apenas, pelas distintas
densidades tecnológicas que os caracterizam (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010,
p. 4 apud ZETSCHE, 2014, p. 32).
188
Vejamos um exemplo de atendimento em rede:
Neste exemplo, podemos verificar como um usuário pode ter o seu cuidado
compartilhado entre uma equipe de atenção primária, a unidade de saúde da família, e
uma equipe de atenção secundária, a equipe do CAPS.
AUTOATIVIDADE
Mais de 20 anos após a criação do SUS, surge a necessidade de
regulamentação de dispositivos da Lei Orgânica da Saúde, em face
de lacunas legais quanto à organização do sistema, ao planejamento
da saúde, à assistência à saúde e à articulação interfederativa. A
regulamentação, pelo Poder Executivo Federal, da Lei nº 8.080/1990, por meio do
Decreto nº 7.508/2011, surge no momento em que os gestores, profissionais de saúde
e trabalhadores detêm maior compreensão sobre a organização constitucional e
legal do SUS e o usuário sobre o seu direito à saúde.
189
utilizada na identificação das necessidades de saúde e orientará o planejamento
integrado dos entes federativos, contribuindo para o estabelecimento de metas de
saúde.
III- Região de Saúde é o espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos
de municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e
sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados,
com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e
serviços de saúde.
190
O atendimento a domicílio feito pelo médico da Unidade Básica de Saúde visa
atender a pessoas impossibilitadas de deslocamento em virtude de graves acidentes,
por exemplo. São realizados os procedimentos mais comuns de recuperação, por meio
de curativos e fisioterapia; além destes, também se inclui aqui o atendimento a pacientes
acometidos das doenças ocupacionais como LER e DORT, o que leva um grande número
de trabalhadores à incapacidade funcional.
IMPORTANTE
O Brasil detém a tecnologia para a fabricação de muitas das vacinas
utilizadas nas campanhas de saúde pública do país. A Fiocruz – Fundação
Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro, e o Instituto Butantã, em São Paulo, são
considerados centros de excelência para a fabricação de imunobiológicos.
Ambas as instituições são órgãos públicos (ZETZSCHE, 2014, p. 244).
191
QUADRO 7 – DEMONSTRATIVO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS ESPECÍFICOS DE SAÚDE
POLÍTICA
PÚBLICA/ OBJETIVO
PROGRAMA
Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica
(PROVAB) - Estimular a formação do médico para a real
PROVAB
necessidade da população brasileira e levar esse profissional
para localidades com maior carência para este serviço.
Desde 2011, o Ministério da Saúde vem promovendo a
implantação e implementação de polos da Academia da
PROGRAMA Saúde nos municípios brasileiros. Os polos são espaços
ACADEMIA DA físicos dotados de equipamentos, estrutura e profissionais
SAÚDE qualificados, com o objetivo de contribuir para a promoção da
saúde e produção do cuidado e de modos de vida saudáveis
da população.
O Programa Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de
melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de
MAIS MÉDICOS Saúde, que prevê mais investimentos em infraestrutura dos
hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos
para regiões onde há escassez e ausência de profissionais.
Melhorar e ampliar a assistência no SUS a pacientes com
MELHOR EM CASA agravos de saúde, que possam receber atendimento
humanizado, em casa, e perto da família.
O Governo Federal criou o Programa Farmácia Popular do
Brasil para ampliar o acesso aos medicamentos para as
doenças mais comuns entre os cidadãos. O Programa possui
FARMÁCIA POPULAR
uma rede própria de Farmácias Populares e a parceria com
farmácias e drogarias da rede privada, chamada de "Aqui tem
Farmácia Popular".
Cartão Nacional de Saúde é um instrumento que possibilita
a vinculação dos procedimentos executados no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS) ao usuário, ao profissional
CARTÃO NACIONAL que os realizou e também à unidade de saúde em que foram
DE SAÚDE realizados. Para tanto, é necessária a construção de cadastros
de usuários, de profissionais de saúde e de unidades de saúde.
A partir desses cadastros, os usuários do SUS e os profissionais
de saúde recebem um número nacional de identificação.
As Unidades de Pronto Atendimento - UPA 24h são estruturas
PRONTO de complexidade intermediária entre as Unidades Básicas de
ATENDIMENTO Saúde e as portas de urgência hospitalares, onde, em conjunto
UPA 24h com estas, compõem uma rede organizada de Atenção às
Urgências.
A Política Nacional de Humanização existe desde 2003 para
efetivar os princípios do SUS no cotidiano das práticas de
HUMANIZASUS atenção e gestão, qualificando a saúde pública no Brasil e
incentivando trocas solidárias entre gestores, trabalhadores
e usuários.
192
O Sistema Nacional de Transplantes (SNT), instituído pelo
Decreto n° 2.268, de 30 de junho de 1997, é a instância
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS responsável pelo controle e pelo monitoramento dos
transplantes de órgãos, de tecidos e de partes do corpo
humano, realizados no Brasil.
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN),
aprovada no ano de 1999, integra os esforços do Estado
brasileiro, que por meio de um conjunto de políticas
PNAN – POLÍTICA públicas propõe respeitar, proteger, promover e prover os
NACIONAL DE direitos humanos à saúde e à alimentação. A completar-
ALIMENTAÇÃO E se dez anos de publicação da PNAN, deu-se início ao
NUTRIÇÃO processo de atualização e aprimoramento das suas bases
e diretrizes, de forma a consolidar-se como uma referência
para os novos desafios a serem enfrentados no campo da
alimentação e nutrição no Sistema Único de Saúde (SUS).
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192
tem como objetivo chegar precocemente à vítima após ter
ocorrido alguma situação de urgência ou emergência de
natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátrica,
SAMU
psiquiátrica, entre outras, que possa levar ao sofrimento, a
sequelas ou mesmo à morte. Trata-se de um serviço pré-
hospitalar, que visa conectar as vítimas aos recursos que elas
necessitam e com a maior brevidade possível.
O câncer de mama é o mais incidente na população feminina
mundial e brasileira, excetuando-se os casos de câncer
PROGRAMAS DE
de pele não melanoma. Políticas públicas nessa área vêm
CONTROLE DE
sendo desenvolvidas no Brasil desde meados dos anos 80
CÂNCER-
e foram impulsionadas pelo Programa Viva Mulher em 1998.
POLÍTICA NACIONAL
O controle do câncer de mama foi reafirmado como plano
DE ATENÇÃO
de fortalecimento da rede de prevenção, diagnóstico e
ONCOLÓGICA
tratamento do câncer, lançado pela presidente da República
em 2011.
QualiSUS - Rede é um projeto formalizado a partir de Acordo
QualiSUS - REDE
de Empréstimo com o Banco Mundial, com a finalidade de
contribuir para a organização de redes regionalizadas de
atenção à saúde no Brasil.
O Programa tem como objetivo reduzir a prevalência de
fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada
ao consumo de derivados do tabaco, seguindo um modelo
CONTROLE DO no qual ações educativas, de comunicação, de atenção à
TABAGISMO saúde, associadas às medidas legislativas e econômicas,
potencializam-se para prevenir a iniciação do tabagismo,
promover a cessação de fumar e proteger a população da
exposição à fumaça ambiental do tabaco.
A Rede BLH tem por missão a promoção da saúde da mulher e
BANCOS DE LEITE
da criança mediante a integração e a construção de parcerias
HUMANO
com órgãos federais, a iniciativa privada e a sociedade.
193
POLÍTICA DE
Estratégia criada pelo INCA visando à ampliação da assistência
PREVENÇÃO
oncológica no Brasil pela implantação de serviços que
AO CÂNCER
integram os diversos tipos de recursos necessários à atenção
GINECOLÓGICO E DA
oncológica de alta complexidade em hospitais gerais.
PREVENÇÃO DA DST
194
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O SUS é o sistema de saúde nacional que funciona em rede, norteado pelos princípios
de universalidade, integralidade e igualdade determinados na Lei Orgânica da Saúde.
195
AUTOATIVIDADE
1 Conforme determinado pela Constituição Federal de 1988, a questão
da saúde pública é dever do Estado, sendo operacionalizado pelo
SUS (Sistema Único de Saúde). Sem dúvida, atender a esta demanda
é um enorme desafio, pelas dimensões e complexidades existentes
em nosso país para garantir a todos qualidade nas políticas públicas de saúde.
Neste contexto, analise as sentenças a seguir:
I- A atenção básica é caracterizada por ser a porta de entrada dos tratamentos do SUS.
II- O usuário que for atendido no nível de atenção básica não poderá receber tratamento
nos demais níveis de atenção.
III- São considerados como atenção secundária os serviços realizados pelo SAMU (Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência) e UPAS (Unidades de Pronto-Atendimento).
IV- Os serviços de atenção terciária são realizados nos consultórios médicos.
196
3 No contexto do modelo de saúde existe a classificação de níveis de
atenção, que estão divididos em primário, secundário e terciário.
Sabemos que o maior número de atendimentos aos usuários do
sistema de saúde concentra-se no nível de atenção primário. Desta
forma, disserte sobre o que trata a Política Nacional de Atenção Básica.
a) ( ) Privado.
b) ( ) Parcial.
c) ( ) Universal.
d) ( ) Público.
197
198
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
HABITAÇÃO E SANEAMENTO
1 INTRODUÇÃO
A grande concentração populacional nos centros urbanos exige o atendimento
de necessidades básicas à dignidade humana. A moradia é um elemento essencial
ao homem. Entretanto, a construção de aglomerados habitacionais é responsável
por grandes impactos ambientais. Inicialmente, as áreas são desmatadas, os solos
desprotegidos, dá-se lugar às construções e, caso não haja condições adequadas de
saneamento, ocorre o acúmulo de lixo e a contaminação das fontes de água. Este é
um panorama simplificado e didático, apenas, pois outras tantas alterações ocorrem
simultaneamente.
2 DIREITO À MORADIA
Ainda dentro do contexto da habitação, são comuns os problemas ambientais
advindos da concentração desordenada de construções, muitas vezes irregulares
(clandestinas):
199
• A ocupação das encostas e a consequente destruição da vegetação que protege o
solo são responsáveis pelas tragédias registradas nos períodos chuvosos.
• As construções à beira de córregos e rios causam, pelo menos, dois grandes problemas:
as enchentes e a contaminação das águas por falta de saneamento básico.
Por tudo isso, é legítimo que o movimento pela reforma urbana foi incluído no
texto constitucional, através da emenda popular da reforma urbana, encaminhada ao
Congresso Nacional em 1988 e que inseriu o capítulo de Política Urbana da Constituição,
prevista nos artigos 182 e 183 (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2007).
200
FIGURA 28 - DÉFICIT HABITACIONAL
201
Quanto ao conceito de moradia, Costa (2007) a define como uma das principais
necessidades básicas do ser humano e está ligada à disponibilidade de trabalho, lazer
e livre circulação. A moradia representa o abrigo, o lar em família. Mesmo sendo um
direito de todos, o direito à moradia se configura como um dos principais problemas da
sociedade atual, visto que nem todos contam com uma moradia digna.
202
FIGURA 30 – DIREITO À MORADIA
203
FIGURA 31 – MORADIA, DIREITO DE TODOS
Foi durante a década de 1970, no governo da ditadura militar, que foram criados
o Banco Nacional da Habitação (BNH) e o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo
(SERFHAU), tendo por objetivo estimular a indústria e atender às necessidades
habitacionais. No entanto, esse processo atendeu, em especial, às classes média e
alta, deixando de lado as mais carentes. Depois, na década de 1980, o Brasil enfrentou
um crescimento muito abaixo do esperado, acompanhado do crescimento das dívidas
externa e interna. Grande parte dos trabalhadores, sem ter qualificação especializada
e carente de atendimento aos serviços básicos do Estado, como o direito à moradia,
sofreu com a revolução microeletrônica, o que gerou o fechamento de vários postos de
trabalho (ZANLUCA, 2011).
204
FIGURA 32 – NOVAS MORADIAS
205
• Possibilitar o acesso ao abastecimento de água e qualidade adequada ao consumo
humano.
• Apresentar estrutura para a disposição e manejo adequado de resíduos sólidos e
líquidos.
• Estar localizada em área adequada à moradia.
• Evitar a poluição no ambiente doméstico.
• Ser livre da presença de vetores e/ou hospedeiros intermediários de agentes
etiológicos.
Há muito que se fazer. Há muito que se cobrar das políticas públicas para que
se coloque em prática o que preconiza a legislação.
O Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001) não foi criado apenas para ser mais um
instrumento regulamentador de urbanização e regularização da situação habitacional
nas cidades brasileiras, ele é resultado de lutas, negociações e articulações entre o
poder público, os movimentos sociais e a sociedade civil.
206
3 SANEAMENTO
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no seu relatório de 2011,
apresenta a universalização da rede de abastecimento de água, coleta de esgoto e de
manejo de resíduos sólidos. Sabemos que essa condição constitui parâmetro mundial
de qualidade de vida já alcançado em grande parte dos países mais ricos. Infelizmente,
no Brasil, a desigualdade verificada no acesso da população a esses serviços ainda
constitui o grande desafio posto ao Estado e à sociedade em geral nos dias atuais.
4 SANEAMENTO BÁSICO
A política pública de saneamento básico foi promulgada através da Lei n°
11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabeleceu diretrizes nacionais para esta área
em específico. Sob os efeitos desta lei, considera-se saneamento como o conjunto de
serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável,
207
esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, drenagem e
manejo das águas pluviais urbanas. Alochio (2007) define cada um desses conjuntos de
serviços da seguinte maneira:
208
FIGURA 33 – TRATAMENTO DE ESGOTO
Vamos iniciar a nossa revisão histórica pela década de 1970. Naquela época
não se dava a devida atenção aos serviços de saneamento básico e não havia um
órgão específico para execução do serviço, que era realizado por diversos órgãos. As
entidades que realizavam esse trabalho eram contratadas pelo município, porque a
responsabilidade da atividade cabia a ele. As políticas de saneamento eram elaboradas
pelos órgãos federais, estaduais, municipais, junto à Fundação SESP – Fundação
Serviços de Saúde Pública –, uma entidade supervisionada pelo Ministério da Saúde.
A supervisão maior sempre acontecia sobre os estados e municípios com maiores
receitas e os serviços prestados eram: abastecimento de água e coleta e tratamento de
esgoto. A contratação dessas entidades para a execução do trabalho se dava por meio
de autarquias e pelos órgãos públicos.
209
A ação do plano se dava basicamente no abastecimento de água e esgotamento
sanitário, usando os recursos do FGTS gerados pelo BNH (Banco Nacional da
Habitação). A criação de companhias estaduais de saneamento (água e esgoto) era de
responsabilidade do BNH, controladas por empresas públicas.
210
O governo importou-se com saneamento de tal modo que criou a Secretaria de
Saneamento Ambiental, responsável por formular e articular políticas de saneamento
para estados e municípios em conjunto com o governo federal.
Abastecimento de água
Esgotamento sanitário
Drenagem e manejo
das águas pluviais
211
5 PRECARIZAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO
Parece estranho falarmos em doenças causadas por falta de saneamento básico
em pleno século XXI, mas infelizmente elas ainda existem e, para considerarmos esse
contexto, abordaremos neste tópico algumas doenças causadas pela não prestação
do serviço de saneamento básico. As doenças causadas na população procedentes de
ausência de saneamento decorrem de:
Toda água a ser consumida precisa ser tratada, pois a saúde do ser humano é
o seu bem maior, e o consumo e uso inadequados de água causam sérios problemas à
saúde do homem. Pode parecer estranho, porém há situações nas quais encontramos
doenças infecciosas trazidas pela água até quando a usamos para higienizar os
ambientes, bem como no preparo dos alimentos.
212
São doenças causadas por agentes microbianos e agentes químicos. Pode-se
contrair essas doenças na ingestão da água ou por algum alimento já contaminado. As
doenças relacionadas com a água são:
• Cólera.
• Febre tifoide.
• Disenteria bacilar.
• Hepatite infecciosa.
As doenças trazidas pela água não ocorrem somente por ingestão ou contato
com alimentos, elas aparecem também quando não há higienização correta. Várias
pesquisas realizadas em comunidades carentes concluíram que a quantidade de
água tem tanta importância quanto a qualidade, em destaque a importância maior à
quantidade. Foi provado que o aumento de volume de água usado pela comunidade
reduz a incidência de algumas doenças do trato intestinal; constatou-se também que
a falta de água influencia diretamente na higiene pessoal e doméstica, provocando
doenças como:
• Diarreias.
• Infecções de pele e olhos.
• Infecções causadas por piolhos.
FIGURA 37 - LIXO
213
O lixo também favorece o acúmulo de água, o qual pode facilitar a reprodução do
mosquito transmissor da dengue. Para evitar o aparecimento de seres tão indesejados
é preciso:
6 AVANÇOS NO SANEAMENTO
A Política Nacional de Saneamento Básico dá as diretrizes necessárias para
o cumprimento das atividades nos quatro eixos do saneamento. Para alguns desses
serviços também já foram criadas políticas nacionais específicas, que visam delimitar
ainda mais as práticas que deverão nortear as ações nesses âmbitos.
214
Uma delas é a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sendo esta instituída pela
Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, e que representa um marco histórico na evolução
das diretrizes do saneamento básico brasileiro. Com a nova legislação, conforme o
Capítulo II, em seu artigo 3º, inciso XVI, os resíduos sólidos são denominados como:
215
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Foi durante a década de 1970, no governo da ditadura militar, que foram criados o
Banco Nacional da Habitação (BNH) e o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo
(SERFHAU), tendo por objetivo estimular a indústria e atender às necessidades
habitacionais.
• Infelizmente, ainda é comum termos doenças causadas pelo mau uso da água e
também pela pouca abrangência do saneamento básico.
216
AUTOATIVIDADE
1 No ano de 2005, entrou em vigor a Lei 11.124, que veio para estruturar
as ações voltadas à habitação no Brasil. A partir disso, criou-se o
Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), com o
Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS).
a) ( ) V - V - V - F.
b) ( ) F - F - V - V.
c) ( ) V - F - F - V.
d) ( ) F - V - F - F.
217
IV- O Conselho de Habitação é um instrumento para efetivar o controle social no que
tange aos serviços habitacionais e ao planejamento urbano das cidades.
( ) O Estatuto, na realidade, é um código que foi criado por cada município, a fim de ser
mais um instrumento de regularização da situação habitacional nas cidades e nos
campos.
( ) O Estatuto da Cidade não surgiu ao acaso, ele foi criado em função de muita
mobilização e reivindicação social, incluindo a pressão dos movimentos sociais.
Ele compreende o resultado de diversas negociações e articulações entre o poder
público e a sociedade civil.
( ) Além de estabelecer a função social da cidade e da propriedade, o Estatuto procura
definir uma nova regulamentação para o uso do solo urbano para a melhoria da
qualidade da vida urbana.
( ) O Estatuto da Cidade, também chamado de Código Habitacional, institui princípios,
regras e normas no âmbito público e no privado, regulando o uso da propriedade
urbana e rural, ou seja, no campo e na cidade.
218
I- Atualmente, grande parte dos resíduos sólidos produzidos pelas atividades humanas
no Brasil é destinada aos aterros sanitários, não sendo mais uma preocupação
governamental.
II- O aterro controlado é considerado a melhor opção com relação ao aterro sanitário e
lixão, uma vez que a camada de resíduo é sempre coberta, evitando o contato com
vetores de doenças.
III- Um dos grandes problemas atuais relacionados ao estabelecimento e manutenção
de aterros sanitários diz respeito aos elevados custos envolvidos.
IV- Atualmente, já existem alternativas mais modernas de destinação de resíduos,
sendo, inclusive, possível gerar energia a partir desse produto.
I- Doenças podem ser veiculadas pela água e pelo esgoto quando não há tratamento.
II- A poluição atmosférica das grandes cidades afeta, principalmente, a população de
baixa renda.
III- O mau cheiro e impactos visuais na água não apontam riscos de disseminação de
doenças.
IV- As faixas sociais de menor renda normalmente estão mais expostas à água
contaminada e aos resíduos sólidos urbanos.
219
220
UNIDADE 3 TÓPICO 4 -
TRANSPORTES E SEGURANÇA
1 INTRODUÇÃO
221
FIGURA 40 – VEÍCULOS PROVIDOS DE RODA
222
2 CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSPORTES
Podemos movimentar pessoas ou cargas de um local a outro por meios
terrestres (carros, ônibus, trens, dutos – no caso de cargas – etc.), aquaviários (navios,
canoas, barcos etc.) ou aéreos (aviões, helicópteros, balões etc.).
2.1 TERRESTRES
Os transportes terrestres são os mais essenciais para o ser humano, pois através
deles o homem pode se locomover tanto para locais com pouca distância, como para
grandes distâncias, bem como transportar cargas. Podemos classificar os transportes
terrestres em: rodoviários, ferroviários e dutoviários.
223
IMPORTANTE
Segundo o Boletim Estatístico de 2014 da Confederação Nacional do
Transporte (CNT), o meio de transporte rodoviário tem uma participação
superior a 60% no transporte de cargas no Brasil.
224
As mercadorias transportadas pelo modal ferroviário são de baixo valor agregado
e em grandes quantidades, como: minério, produtos agrícolas, fertilizantes, carvão,
derivados de petróleo etc.
2.2 AQUAVIÁRIOS
De acordo com Novaes (2004, p.151), “o transporte aquaviário, como sua
denominação indica, envolve todos os tipos de transportes efetuados sobre a água.
Inclui o transporte fluvial, lacustre e o transporte marítimo”.
225
FIGURA 45 - TRANSPORTE FLUVIAL
226
O transporte lacustre é restrito a lagos navegáveis para transportar qualquer
carga, mas sua característica é ligar cidades e países vizinhos. É um meio de transporte
bastante restrito, em razão de existirem poucos lagos navegáveis, especialmente em
termos de profundidade.
2.3 AÉREO
É o meio de transporte mais rápido do planeta, sendo mais comum em aviões
e helicópteros, mas também pode ser feito em balões. É eficaz para o transporte de
passageiros, porém, em razão dos elevados custos, não é o mais adequado para o
transporte de cargas pesadas.
Para cumprir sua função, os meios de transporte se utilizam das vias aéreas,
aquáticas ou terrestres, ou seja, necessitam de infraestrutura. Assunto este que
abordaremos a seguir.
227
3 INFRAESTRUTURA
A infraestrutura de uma localidade é composta por um conjunto de programas
e ações que possam proporcionar condições de bem-estar social e de desenvolvimento
econômico. Uma dessas ações é o serviço de transporte, que, conforme estudamos, é
essencial para o deslocamento de pessoas e cargas.
• PIL – Rodovias
• PIL – Ferrovias
• PAC - Rodovia
• PAC - Ferrovia
• PAC - Hidrovia
228
Planos Estratégicos
Serviços ao Cidadão
Incentivos Fiscais
• Debêntures
• REIDI - Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura
• CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
• FMM - Fundo da Marinha Mercante
ATENÇÃO
Acadêmico, conheça mais sobre cada um dos programas para o
desenvolvimento do setor de transportes em: <http://www.transportes.gov.
br/acoes-e-programas.html>.
229
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Os meios de transportes são classificados em: terrestres (carros, ônibus, trens, dutos,
no caso de cargas etc.), aquaviários (navios, canoas, barcos etc.) ou aéreos (aviões,
helicópteros, balões etc.).
230
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE – 2014) Os desafios da mobilidade urbana associam-se à
necessidade de desenvolvimento urbano sustentável. A ONU define
esse desenvolvimento como aquele que assegura qualidade de
vida, incluídos os componentes ecológicos, culturais, políticos,
institucionais, sociais e econômicos que não comprometam a qualidade de vida
das futuras gerações.
O espaço urbano brasileiro é marcado por inúmeros problemas cotidianos e por várias
contradições. Uma das grandes questões em debate diz respeito à mobilidade urbana,
uma vez que o momento é de motorização dos deslocamentos da população, por meio
de transporte coletivo e individual.
231
Tempo de deslocamento Brasil Rio de Janeiro São Paulo Curitiba
Até cinco minutos 12,70 5,80 5,10 7,80
De seis minutos até meia hora 52,20 32,10 31,60 45,80
Mais de meia hora até uma hora 23,60 33,50 34,60 32,40
Mais de uma hora até duas
9,80 23,20 23,30 12,90
horas
Mais de duas horas 1,80 5,50 5,30 1,20
232
UNIDADE 3 TÓPICO 5 -
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA EM
ÂMBITO NACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao estudo sobre políticas públicas de segurança
em âmbito nacional. Este tema levará você a refletir sobre a realidade das políticas
públicas em relação à segurança, seja em nível municipal, estadual e federal.
233
Nas universidades, centros de pesquisa (que recebem recursos públicos e
privados) têm se tornado espaço importante para formação complementar e para
a realização de pesquisas acadêmicas ou aplicadas em decorrência dos problemas
e questões que interferem na qualidade do serviço das instituições.
234
Por exemplo, a internacionalização do crime, a nova configuração do crime
eletrônico, a desestruturação do mercado de trabalho interno, a nova fluidez das
fronteiras e novos marcos do crime como empreendimento lucrativo são problemas
que exigem uma nova configuração da segurança pública que desafia nossa tradição
criminal, essencialmente inquisitorial. Em grande parte, a morosidade do processo,
um policial ainda fortemente cartorial, a falta de comunicação entre as instituições
da segurança, a formação pouco flexível dos profissionais, a baixa capacitação,
a incitação ao crime e à violência policial como forma de controle social, o baixo
arejamento das estruturas estatais, a dificuldade com que a informação é produzida
e circula no contexto institucional, e mesmo uma concepção militar da segurança
dificultam a assimilação das experiências internacionais e impedem a presença de
pesquisadores no cotidiano das instituições.
235
aumento do quantum de cidadania e participação democrática. Em outros termos,
como bem lembrou Paulo Sérgio Pinheiro, a redemocratização política do Brasil
não foi ainda capaz de lançar suas luzes sobre as práticas de nossas instituições
criminais – estas, ao contrário, parecem resistir à democratização, formando um
enclave autoritário no cerne do Estado democrático. Toda essa violência, inclusive
contra o Estado de Direito, não é privilégio do Brasil.
236
por toda parte, a expansão da segurança privada, a disseminação de dispositivos
eletrônicos de segurança, o aumento do sentimento de insegurança e a constituição
de verdadeiros enclaves fortificados em que a tolerância em relação às violações
das liberdades civis corre de par com a aceitação das hierarquias e das múltiplas
faces da exclusão social. As políticas de segurança pública são parte integrante do
contexto político, social, econômico, cultural em que são formuladas, apresentadas
e implantadas por meio da elaboração de planos nacionais, estaduais e municipais.
237
FIGURA 50 - DESPERDÍCIO
238
Além disso, sabe-se que nem todos os meninos de rua ou jovens
desempregados são candidatos naturais a uma carreira criminosa. Estudos que
acompanharam jovens de uma cidade americana ao longo de suas vidas mostram
que, se um número significativo deles teve problemas com a polícia alguma vez em
suas vidas, o número dos que reincidiram outras vezes é muito menor — menos
de 6%. O mais curioso, entretanto, é que esse pequeno número de criminosos era
responsável por mais de 50% das queixas criminais. Isto significa que apenas uma
parcela muito pequena desses jovens seguiu uma carreira criminosa (WOLFANG et
al., 1972).
Um exame mais atento, entretanto, mostra que tais modelos e teorias não
são necessariamente excludentes, mas complementares. Um modelo de segurança
que se preocupe com a contenção e controle do Estado em relação ao direito dos
cidadãos não pode furtar-se à constatação de que segurança é igualmente um
direito humano, aliás, consagrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
239
4 SEGURANÇA PÚBLICA E O PAPEL DO ESTADO
O crime é uma coisa muito séria para ser deixada apenas nas mãos de
policiais, advogados ou juízes, pois envolve dimensões que exigem a combinação
de várias instâncias sob o encargo do Estado e, sobretudo, a mobilização de forças
importantes na sociedade.
ESTADO
1
SISTEMA BUROCRACIA
POLÍTICO ESTATAL
INTERESSES E
DEMANDAS POLÍTICAS
DA 3 E BENS
SOCIEDADE PÚBLICOS
CIVIL
5
BUROCRACIA
SEGMENTO
PÚBLICA
SOCIAL
NÃO-ESTATAL
3º SETOR
FEEDBACK
240
A diferença está em que a alocação desses recursos se daria não em
torno de prioridades governamentais (educação, saúde ou segurança), mas da
identificação de locais e grupos no interior da sociedade que mereceriam um
tratamento prioritário. Por outro lado, isto não significa que o Estado devesse
paralisar suas atividades nessas áreas em favor do atendimento de populações e
áreas assoladas pela criminalidade violenta, mas simplesmente reconhecer que o
atendimento nessas áreas é realmente prioritário.
ATENÇÃO
Surgem aqui alguns questionamentos pertinentes: qual nível de governo é responsável
no trato e na prioridade pela segurança pública? O que é de responsabilidade do governo
federal quando concentra a maior fatia da arrecadação de impostos?
É fato que temos hoje uma onda de violência sem controle efetivo do Estado. E todos nós
exigimos que o Estado se utilize da repressão como se fosse a melhor
solução dos conflitos. Isso ocasiona um emaranhado de normas penais
visivelmente ineficazes, fruto de uma clara predileção vingativa adotada
por nosso ordenamento proveniente desde épocas remotas. Dessa
forma, a criminalidade continuará aumentando, porque está ligada a
uma estrutura social profundamente injusta e desigual. Caso não se atue
nesse ponto, será inútil punir e continuará sendo um engano a ideia de
que se pode corrigir castigando.
241
Torna-se urgente, portanto, um aprimoramento da política de segurança pública, pois
enquanto a sociedade não se conscientizar da importância da prevenção, será muito difícil
implantar uma atuação correta em resposta à criminalidade.
Não acreditamos que a mudança de valores das pessoas deva ser objeto de políticas
governamentais. O que deve ser oferecido às pessoas são orientações acerca das
consequências de suas ações, tanto em direção ao crime como em relação ao não crime
(WILSON, 1983; CLARKE, 1997; CLARKE; CORNISH, 1985).
242
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Nas duas últimas décadas, o Brasil presenciou uma crescente preocupação com as
questões relativas à segurança pública e à justiça criminal.
243
AUTOATIVIDADE
1 A violência urbana persiste como um dos mais graves problemas
sociais no Brasil, totalizando mais de 1 milhão de vítimas fatais nos
últimos 24 anos. A taxa de mortes por agressão saltou de 22,2 no ano
de 1990 para 28,3 por 100 mil habitantes em 2013, com variações
importantes entre diferentes estados. Outro dado alarmante é que o Brasil possui
2,8% da população mundial, mas acumula 11% dos homicídios de todo o mundo.
FONTE: LIMA, R, S.; BUENO, S.; MINGARDI, G. Estado, polícias e segurança pública no Brasil. Revista DIREI-
TO GV, São Paulo, vol. 12, n. 1: 49-85, 2016.
O sistema prisional brasileiro convive ainda com um sistema de justiça que não é capaz
de julgar os 222.190 encarcerados em situação provisória nas prisões do país, mesmo
frente a um déficit de 203.531 vagas, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança
Pública para o ano de 2014. A realidade de oito estados é ainda mais grave à medida
em que verificamos que mais de 50% da população prisional não foi julgada: Sergipe
com 70,9%; Piauí com 63,6%; Pernambuco com 59,1%; Amazonas com 56,6%; Bahia com
54,9%; Maranhão com 54,8%, Mato Grosso com 52,8%; Roraima com 50,3%.
FONTE: LIMA, R, S.; BUENO, S.; MINGARDI, G. Estado, polícias e segurança pública no Brasil. Revista DIREI-
TO GV, São Paulo, vol. 12, n. 1: 49-85, 2016.
244
O Ministério da Justiça informa que, em junho de 2016, a população carcerária no Brasil
atingiu a marca de 726.712 pessoas presas, mais que o dobro de 2005, quando o estudo
começou a ser realizado. Esses 726 mil presos ocupam 368 mil vagas, média de dois
presos por vaga – uma evidência da superlotação.
FONTE: G1-Política. Brasil dobra número de presos em 11 anos, diz levantamento; de 726 mil detentos,
40% não foram julgados. 2017. Disponível em: <https://goo.gl/WWb6a3> Acesso em: 18 jan. 2018.
245
246
UNIDADE 3 TÓPICO 6 -
VIDA RURAL, URBANA E ECOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
O ser humano, desde os seus primórdios na Terra, enfrentou desafios das mais
diferentes formas, diferentes momentos, diferentes situações. E tanto o ser humano
quanto os desafios foram modificando o meio, o espaço ocupado por este ser e
tantos outros seres. Assim, podemos nos perguntar: Quais os novos paradigmas que
se apresentam para o ser humano? Como acontecerá o desenvolvimento humano
respeitando a natureza em meio a tantos desafios e o que pode facilitar esse processo
de desenvolvimento, tanto para o ser humano como para tudo o que o circunda, de
modo especial a natureza, seja ela presente no meio urbano ou no meio rural? Como
avançar no desenvolvimento sem prejudicar ainda mais o próprio ser humano e o seu
meio? O primeiro passo é conhecendo onde ele vive. É o que queremos fazer nesse
pequeno estudo. Vamos lá!
2 VIDA URBANA
Urbano tem origem no latim urbanus, que significa “pertencente à cidade”.
Segundo o Dicionário Web (2009-2017, s.p.), “urbano é tudo aquilo que está relacionado
com a vida na cidade e com os indivíduos que nela habitam, por oposição a rural, que é
relativo ao campo e ao interior”.
Repare que o rural e o urbano mexem com a vida, com o modo de vida das
pessoas, da qualidade de vida. Vemos então que o urbano se formou a partir do rural, e
criou tal separação, dicotomia e função. O antagonismo de um mesmo espaço só pode
ser percebido no entendimento do que é, e qual a relação deste com o homem e com
outros espaços.
• Cidade global: grandes centros econômicos. São divididos em alfa, beta e gama.
• Metrópole: principal cidade dentre várias que ocupam o mesmo perímetro.
• Megacidade: cidade ou região com mais de 10.000.000 de habitantes.
• Megalópole: conjunto de várias metrópoles e cidades grandes.
Como vimos, a cidade é uma realidade bastante difícil de definir. Por estranho
que possa parecer, não há nenhuma definição universal de cidade. Cada país adapta os
seus critérios de definição.
248
As zonas urbanas, como as cidades, caracterizam-se pelo desenvolvimento
do seu setor secundário (industrial) e terciário (serviços). Se, por um lado, os
produtos e os serviços da cidade têm influência no comportamento do campo,
já este, por sua vez, abastece as regiões urbanas com mercadorias agrícolas e
pecuárias.
O olhar sobre o urbano em nosso país chega à ONU (Organização das Nações
Unidas), que aponta que até 2050 o Brasil terá aproximadamente 93% de sua população
vivendo nos centros urbanos. Já a população no meio rural terá um decréscimo, com
moradores neste meio de aproximadamente 16 milhões de habitantes.
3 VIDA RURAL
Caro acadêmico! Todos nós sabemos que há pessoas que moram na cidade,
outras no campo, ou no meio rural. É preciso desmistificar aquela imagem que temos
do meio rural bucólico, como descrito em filmes ou em poesia. O agronegócio não nos
deixa mentir, o meio rural alcançou grau de desenvolvimento ímpar nos últimos anos.
249
FIGURA 53 – VIDA TRANQUILA NO CAMPO
• A população que vive no campo ou na zona rural recebe o nome de população rural
(do latim rural, is).
• Já aquela que vive em meio aos grandes centros urbanos é denominada população
urbana (do latim urbe, que significa cidade).
Para definir o termo “rural”, devemos recorrer à sua origem, vinda do latim “rural,
is”. Segundo o Dicionário Web (2009-2017, s.p.), “é um adjetivo que corresponde ao que
pertence ou relativo ao campo” (um terreno extenso que se encontra fora das regiões
mais povoadas e são terras de cultivo). É exatamente o oposto do que conhecemos
como zona urbana, de cidades.
250
O rural transcende o agropecuário, e mantém elos fortes de
intercâmbio com o urbano. Na provisão não só de alimentos, mas
também de grandes bens e serviços, entre os quais vale a pena
destacar a oferta e cuidado de recursos naturais, os espaços para
o descanso, e as contribuições à manutenção e desenvolvimento
da cultura. Disponível em: <http://artigos.netsaber.com.br/resumo_
artigo_7430/artigo_sobre_novos_conceitos_de_urbano_e_rural
>. Acesso em: 27 ago. 2013.
251
4 SEMELHANÇAS OU DIFERENÇAS
Quando for decidir onde morar e qual estilo de vida é apropriado para você,
existem diversos fatores que devem ser considerados, como empregabilidade, interação
social e saúde. Os estilos de vida rural e urbano variam de muitas formas e os indivíduos
podem fazer uma escolha entre os dois baseados naquilo que conhecem de si mesmos
e na qualidade de vida que apreciam.
252
GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO ENTRE 1940 E 2006
0
1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2006
FONTE: IBGE. Anuário estatístico do Brasil, 1986, 1990, 1993 e 1997; Censo demográfico, 2000;
Síntese de indicadores sociais, 2007.
FONTE: IBGE. Anuário estatístico do Brasil, 1986, 1990, 1993 e 1997; Censo demográfico, 2000; Síntese
de indicadores sociais, 2007.
Segundo Veiga (2003, p. 2), a partir disso, da noite para o dia, “ínfimos povoados”
ou “simples vilarejos” se tornaram cidades.
253
Rurais: aglomerados rurais do tipo extensão urbana, situados fora
do perímetro urbano, nem que seja uma extensão de uma cidade
com vila; povoado, aglomerado rural isolado sem caráter privado ou
empresarial que disponha do mínimo de serviços e equipamentos
e que os moradores exerçam atividades econômicas; núcleo
aglomerado rural isolado que pertença a um único proprietário e
outros aglomerados, os quais não representam as características de
nenhum dos outros três (VEIGA, 2003, p. 3, grifos do original).
254
Essas atividades não agrícolas fazem com que o rural assuma novas funções.
Entre as “novas funções” do campo que ganham cada vez mais destaque estão as
atividades de lazer, como o turismo em área rural, segundas residências e aposentadorias
rurais.
Dessa forma, crescem cada vez mais atividades de lazer, que buscam um
resgate às tradições culturais de determinadas áreas e valorizam os costumes da vida
rural.
5 ECOLOGIA
Ecologia ou eco-logia, do grego oikos = “casa” e logos = “estudo”; literalmente
significa o estudo da casa. Que casa? Nossa única casa, o planeta Terra (ODUM; BARRET,
2008).
Nossa casa, a Terra, é formada por vários ecossistemas complexos que apenas
existem porque estão interligados e inter-relacionados, ou seja, não podem viver
isoladamente. Quais são esses ecossistemas?
255
Quais as consequências de tamanha devastação e impactos sobre os
ecossistemas? Já estamos presenciando inúmeras consequências, como o aumento
de enxurradas, tufões, tornados ou secas prolongadas em regiões de clima úmido.
6 ECOSSISTEMA
Segundo Odum e Barret (2008, p. 19), “um sistema ecológico ou ecossistema
é qualquer unidade que inclui todos os organismos (a comunidade biótica) em uma
dada área, interagindo com o ambiente físico de modo que um fluxo de energia leve a
estruturas bióticas claramente definidas e à ciclagem de materiais entre componentes
vivos e não vivos”. O termo sistema é entendido como componentes regularmente
interativos e interdependentes formando um todo unificado.
256
6.1 ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS
Espécie: é o conjunto de indivíduos semelhantes estruturalmente,
funcionalmente e bioquimicamente que se reproduzem naturalmente, originando
descendentes férteis. Apresenta uma propagação genética própria em resposta
às pressões do ambiente ao longo da evolução. Exemplo: todos os seres humanos
pertencem a uma mesma espécie.
Hábitat: é o lugar preciso onde uma espécie vive, isto é, sua morada dentro
do ecossistema que determina o comportamento de sobrevivência e reprodutivo da
comunidade (local de abrigo, alimentação e reprodução).
257
Ecótono: é a região de transição entre duas ou mais comunidades/
ecossistemas. Nesta área de transição (ecótono) encontramos grande número de
espécies e, consequentemente, grande número de nichos ecológicos. Como exemplo
disso podemos citar a mata dos cocais, vegetação de transição entre a floresta
amazônica e a caatinga.
O que define uma região como floresta equatorial, mata atlântica, deserto,
pântano, geleira, mar, rio etc., é uma conjuntura de fatores que envolve a latitude, altitude,
climas, solo, regime hídrico. Nenhum destes sistemas é fechado, todos interagem e são
interdependentes. Não é possível destruir um sem afetar toda a ecosfera, ou o planeta
como um todo.
258
Um ecossistema se alimenta de entradas e saídas, ou seja, uma floresta recebe
a luz solar das chuvas e os nutrientes da Terra; em contrapartida, esta sustenta a vida
de milhares ou milhões de espécies vivas, plantas, animais, incluindo a humana, fornece
oxigênio, ajuda a regular o regime de chuvas etc.
AUTOATIVIDADE
Analise a questão e responda: (SINAES/ENADE – 2014) Pegada ecológica
é um indicador que estima a demanda ou a exigência humana sobre o
meio ambiente, considerando-se o nível de atividade para atender ao
padrão de consumo atual (com a tecnologia atual). É, de certa forma,
uma maneira de medir o fluxo de ativos ambientais de que necessitamos para
sustentar nosso padrão de consumo. Esse indicador é medido em hectare global,
medida de área equivalente a 10.000 m². Na medida hectare global são consideradas
apenas as áreas produtivas do planeta. A biocapacidade do planeta, indicador que
reflete a regeneração (natural) no ambiente, é medida também em hectare global.
Uma razão entre pegada ecológica e biocapacidade do planeta, igual a 1 (um), indica
que a exigência humana sobre os recursos do meio ambiente é reposta em sua
totalidade pelo planeta, devido à capacidade natural de regeneração. Se for menor
que 1 (um), indica que o planeta se recupera mais rapidamente.
O aumento da razão entre pegada ecológica e biocapacidade representado no
gráfico evidencia:
259
Disponível em: <http://financasfaceis.wordpress.com>. Acesso em: 10 ago. 2014.
260
Para Odum e Barret (2008), bastaria uma amostra de água de um lago,
um punhado de lodo do fundo ou solo de um prado para constituir uma mistura de
organismos vivos, tanto de micro-organismos como de macro-organismos, além de
inúmeros elementos inorgânicos.
7 OS GRANDES BIOMAS
Uma floresta, como a amazônica, por exemplo, possui grandes comunidades de
plantas e animais influenciados pela latitude, o regime hídrico, solo e altitude, formando
assim um bioma (ODUM; BARRET, 2008).
261
O Cerrado brasileiro, a Savana africana e a Mata Atlântica são exemplos de
biomas de clima tropical. O Cerrado e a Savana são formados por vegetação arbustiva,
intercalada com campos e gramíneas. Já a Mata Atlântica é vegetação de clima tropical
úmido, comum no litoral brasileiro.
262
DICAS
Para mais detalhes sobre os biomas e a biodiversidade no Brasil, acesse:
http://www.sibbr.gov.br/areas/?area=biodiversidade
Neste site você encontra Mapas com dados sobre o número de espécies
estimadas e a descrição de cada um dos seis biomas continentais brasileiros:
Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal.
263
RESUMO DO TÓPICO 6
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A cidade é uma realidade bastante difícil de definir. Por estranho que possa parecer,
não há nenhuma definição universal de cidade. Cada país adapta os seus critérios de
definição.
• Pegada ecológica é um conceito criado para definir a necessidade que cada indivíduo
ou a população de uma região, país ou a humanidade inteira tem de terra, água e
outros recursos naturais para sustentar a geração atual.
264
AUTOATIVIDADE
1 O enorme crescimento urbano dos últimos anos teve graves
consequências na qualidade das cidades brasileiras. Inúmeros
problemas daí decorreram, aumentando o problema da segregação
espacial. Diante deste quadro, é imprescindível uma reforma do
espaço urbano. Quanto às medidas propostas neste sentido, analise as seguintes
afirmativas:
265
3 A zona urbana é caracterizada pela sua relação com a cidade e o modo
de vida urbano. De modo geral, apresenta população igual ou superior
a 2000 habitantes, embora esta delimitação considere também
extensão geográfica e infraestrutura. Acerca das características das
zonas urbanas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) O custo de vida nas zonas urbanas é maior do que nas zonas rurais, mas a área
urbana apresenta mais possibilidades profissionais.
( ) Nas zonas urbanas predominam atividades econômicas dos setores secundários e
terciários, ou seja, indústrias e serviços.
( ) A produção econômica primária é superior nas áreas urbanas, se comparada com
as áreas rurais.
O Brasil está em uma posição privilegiada para enfrentar os enormes desafios que se
acumulam. Abriga elementos fundamentais para o desenvolvimento: parte significativa
da biodiversidade e da água doce existentes no planeta; grande extensão de terras
cultiváveis; diversidade étnica e cultural e rica variedade de reservas naturais.
266
c) ( ) O reconhecimento de que, apesar de os recursos naturais serem ilimitados, deve
ser traçado um novo modelo de desenvolvimento econômico para a humanidade.
d) ( ) A redução do consumo das reservas naturais com a consequente estagnação
do desenvolvimento econômico e tecnológico.
e) ( ) A distribuição homogênea das reservas naturais entre as nações e as regiões
em nível global e regional.
267
268
UNIDADE 3 TÓPICO 7 -
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
1 INTRODUÇÃO
As demandas ambientais vêm se configurando em demandas socioambientais
com o passar do tempo, o que exige mudança de atitude e do seu contexto político,
tanto no espaço quanto no tempo, tornando-se necessário e urgente adotar novas
medidas e novos olhares. No Brasil, país em desenvolvimento e caracterizado, em sua
maioria, por democracias não consolidadas, as particularidades sociais, econômicas,
ambientais e políticas exigem uma adaptação do conjunto de instrumentos que
englobam principalmente a dinâmica político-decisória, de modo a consolidar práticas
participativas, acessíveis e realizáveis em todos os níveis sociais.
IMPORTANTE
Recurso é qualquer coisa que podemos obter do meio ambiente para
satisfazer nossas necessidades e demandas. Em geral, são classificados
como:
- Renováveis (ar, água, solo, floresta), desde que não os utilizemos mais
rapidamente do que a natureza possa renová-los.
- Não renováveis (cobre, petróleo, carvão), que somente se tornam úteis
após passarem por processos de engenharia tecnológica, por exemplo,
o petróleo, que se converte em gasolina, óleo para aquecimento e outros
produtos (MILLER; SPOOLMAN, 2012).
269
ATENÇÃO
Meio ambiente é um conjunto de unidades ecológicas, ou seja, um
sistema natural formado por plantas, animais, micro-organismos, solo,
rochas, ar, água, clima e os fenômenos naturais que podem interferir no
seu equilíbrio dinâmico.
IMPORTANTE
Degradação ambiental: esgotamento ou destruição de um recurso
potencialmente renovável, como solo, pastagem, floresta ou vida selvagem,
que é usado mais rapidamente do que pode ser naturalmente regenerado.
Se tal uso continuar, o recurso torna-se não renovável (em uma escala de
tempo humano) ou inexistente (extinto) (MILLER; SPOOLMAN, 2012).
ATENÇÃO
As maiores causas dos problemas ambientais estão no crescimento
populacional, no uso insustentável e pouco eficiente de recursos, na
pobreza e a falta de inclusão dos custos ambientais do uso dos recursos,
nos preços de mercado e bens e serviços.
270
A exploração dos recursos naturais se intensificou nas últimas décadas e
adquiriu características diferenciadas com a Revolução Industrial, sendo somadas ao
desenvolvimento de novas tecnologias. A demanda mundial pelos recursos provém de
uma formação econômica cuja base é a produção e o consumo desenfreado. E o que
se tem atrelado a isso é a exploração da natureza, de fato responsável por boa parte da
destruição dos recursos naturais, base da economia mundial.
3 SUSTENTABILIDADE: SURGIMENTO
O tema da sustentabilidade começou a ganhar corpo em 1968, quando um
pequeno grupo de líderes da academia, indústria, diplomacia e sociedade civil se reuniu
num pequeno vilarejo em Roma, Itália. Esse grupo passou a ser chamado de Clube
271
de Roma. A partir deste, o tema sustentabilidade foi pauta em conferências mundiais
específicas em que se delinearam conceitos, ações, diretrizes e ementas na busca
de promover o chamado desenvolvimento sustentável. Veja a sequência cronológica
dessas importantes trajetórias em âmbito mundial.
• Comissão de Brundtland
• Lançamento do Relatório de Brundtland ou "Nosso Futuro Comum".
1987
FONTE: Os autores
272
3.1 RELATÓRIO BRUNDTLAND OU “NOSSO FUTURO COMUM”
A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento recomendou
que se criasse uma nova declaração universal sobre a proteção ambiental e
o desenvolvimento sustentável. De tal forma, esse documento foi elaborado e intitulado
Relatório Brundtland, também conhecido como “Nosso Futuro Comum”. O relatório
trouxe à comunidade global o conceito de desenvolvimento sustentável e delineou
medidas propostas para integrar a questão ambiental e o desenvolvimento econômico
(CMMAD, 1991). Dentre as medidas propostas no Relatório podemos citar:
3.2 AGENDA 21
A “Agenda 21” criada pela Cúpula da Terra, organizada pela ONU em 1992, é
utilizada no mundo todo para nortear discussões de políticas públicas e também para
ser um “guia para o planejamento de ações locais que fomentem um processo de
transição para a sustentabilidade”, conforme relatado pela ONU.
273
3.3 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – RIO+20
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, também
conhecida como Rio+20, foi realizada em junho de 2012, no Rio de Janeiro, e teve como
temas principais:
IMPORTANTE
A conferência foi intitulada como “Rio + 20” porque marca o vigésimo
aniversário da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92).
DICAS
Veja relatório completo da Conferência Rio+20 no site: <http://www.rio20.
gov.br>.
4 SUSTENTABILIDADE: CONCEITUAÇÃO
Há uma gama de autores que descrevem e conceituam sustentabilidade. Para
Ruscheinski (2003), sustentabilidade possui uma perspectiva dinâmica, o que não a
caracteriza como estática. Para Miller e Spoolmann (2012), é a capacidade dos sistemas
naturais da Terra e dos sistemas culturais humanos de sobreviver e se adaptar às
mudanças nas condições ambientais a longo prazo, conceito que também se refere
a pessoas preocupadas em transmitir um mundo melhor para as gerações vindouras.
274
Se formos analisar todas as conceituações, certamente ficaríamos um bom
tempo discutindo a respeito, pois são distintas as conotações para esse termo, quase
sempre em comunhão com os desejos e interesses. No entanto, possui um significado
intrínseco, histórico, que revela muito mais do que uma palavra “politicamente correta”.
Vejamos como a ONU (s.d., s.p.) aborda a sustentabilidade no seu relatório, associando
ao Desenvolvimento Sustentável: “é o desenvolvimento que encontra as necessidades
atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias
necessidades”.
Conforme você pode perceber, o ONU não trata de sustentabilidade como termo
isolado, e sim agregado ao desenvolvimento e com esse os demais índices, por isso a tem
como desenvolvimento sustentável, mas o contexto conceitual da sustentabilidade não
para por aqui. A sustentabilidade está alicerçada em pilares centrais, os quais veremos
a partir desse momento, ampliando assim seu entendimento sobre esse tema.
275
Vamos nos aprofundar mais a respeito das dimensões identificadas nessa
figura que alicerçam o desenvolvimento sustentável (SACHS, 2002). Vamos abordar
os seguintes pontos: econômico, social, ambiental, cultural, espacial, político e
psicológico.
276
FIGURA 60 – DESEMPENHO DAS NAÇÕES COM RELAÇÃO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – QUAN-
TOS PLANETAS?
USA, Europa
Necessid. Australia, do Norte Europa Países "emergentes" da Ásia
gerações Canadá e Oeste do Sul e América do Sul (+ Turquia)
atuais + "NPI"
Desenvolvimento
Sustentável
Índice de Desenvolvimento Humano - IDH
Países "emergentes"
da África do Norte,
Oriente Médio e Ásia
Países em via de
desenvolvimento
da Ásia e África
277
FIGURA 61 – ORGANISMOS E FERRAMENTAS INTERNACIONAIS E NORMAS DE CERTIFICAÇÃO BRASILEIRA
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
278
FIGURA 62 – PRINCÍPIOS DO PACTO GLOBAL
PRINCÍPIOS DO PACTO GLOBAL
RESPEITAR ASSEGURAR APOIAR ELIMINAR ERRADICAR
e apoiar os a não a liberdade todas efetivamente
direitos humanos participação da de associação as formas de todas as formas
reconhecidos empresa em e reconhecer trabalho forçado de trabalho
internacionalmente violações dos o direito à ou compulsório infantil da sua
na sua área direitos humanos negociação cadeia produtiva
de influência coletiva
279
Entre os dias 25 e 27 de setembro de 2015, mais de 150 líderes mundiais
se reuniram na sede da ONU, em Nova York, para estabelecerem 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS). Estes objetivos são ilustrados na figura a seguir.
NOTA
Os seis gases de efeito estufa monitorados pelo Protocolo de Kyoto são: o dióxido
de carbono (CO2); metano (CH4); óxido nitroso (N2O); hidrofluorocarbonos (HFCs);
perfluorocarbonos (PFCs); e hexafluoreto de enxofre (SF6). O ozônio (O3) presente
na baixa atmosfera (troposfera) é um gás poluente, responsável pelo aumento
da temperatura da superfície, e portanto, também é um gás de efeito estufa,
diferentemente do ozônio presente na alta atmosfera (estratosfera), onde forma a
camada de ozônio, a qual absorve a radiação ultravioleta do tipo B, protegendo a
vida na Terra.
280
O tratado originou-se em Toronto em 1988, seguido pelo IPCC (Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e culminou com a Convenção Quadro
das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC) na Rio-92. O objetivo do
Protocolo de Kyoto é obrigar os países desenvolvidos a reduzirem a quantidade de gases
poluentes com metas de curto, médio e longo prazo (LOUETTE, 2007).
NOTA
O IPCC é o principal organismo internacional responsável pelas pesquisas
e informações sobre a evolução das mudanças climáticas no mundo, seus
potenciais impactos ambientais e socioeconômicos. Foi estabelecido pela
Organização das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) e a Organização
Meteorológica Mundial (OMM).
NOTA
MDL: projetos previstos no Protocolo de Kyoto, criados para ajudar os países
Anexo I (países desenvolvidos com grandes emissões de GEE históricas e
que aderiram ao Protocolo de Kyoto) a atingirem suas metas de reduções
de emissões de gases de efeito estufa a menores custos e com maior
efetividade. Os projetos de reduções de emissões de GEE são realizados
em Países Não Anexo I (países em desenvolvimento com reduzida emissão
histórica de GEE) sendo financiados pelos Países Anexo I, por meio da
compra dos créditos de carbono (valor monetário correspondente a um
volume determinado de emissões de GEE que são reduzidos por meio da
implementação de Projetos MDL).
281
LEITURA
COMPLEMENTAR
Segurança Pública brasileira é improdutiva, violenta
e reproduz desigualdades
Apenas a polícia brasileira foi responsável por seis mortes por dia, em 2013,
reflexo da ideologia militar da corporação, segundo o relatório da Comissão. Hoje, o
Brasil é responsável por um em cada dez homicídios no mundo.
"A Polícia Militar tem uma organização e formação preparada para a guerra contra
um inimigo interno e não para a proteção. Desse modo, não reconhece na população pobre
uma cidadania titular de direitos fundamentais, apenas suspeitos que, no mínimo, devem
ser vigiados e disciplinados, porque assim querem os sucessivos governantes, ontem e
hoje". Essa é a conclusão do capítulo sobre a militarização da polícia brasileira, presente
no relatório final da Comissão da Verdade "Rubens Paiva", divulgado nesta quinta-feira 12.
282
O debate sobre a necessidade de reformar a Segurança Pública brasileira não
é exclusividade da Comissão da Verdade. Segundo pesquisa Datafolha de 2014, a
segurança já é a segunda maior preocupação dos brasileiros. E não é à toa. Hoje, o Brasil
é responsável por um em cada dez assassinatos cometidos no mundo. Diariamente, 154
pessoas são mortas no país. Por outro lado, fontes extraoficiais estimam que o número
de pessoas presas no Brasil já beira 600 mil, o que faz do país o terceiro maior em
população carcerária do mundo, apenas atrás de Estados Unidos e China. Em 12 anos,
o crescimento carcerário brasileiro foi de mais de 620%, enquanto o populacional foi em
torno de 30%.
Uma das causas deste cenário de caos reside, segundo o relatório, na incapacidade
da Polícia Militar se adaptar ao regime democrático. "A Polícia Militar foi e continua sendo
um aparelho bélico do Estado, empregada pelos sucessivos governantes no controle de
seu inimigo interno, ou seja, seu próprio povo, ora conduzindo-o a prisões medievais, ora
produzindo uma matança trágica entre os residentes nas periferias das cidades ou nas
favelas", afirma o texto. Segundo o documento, a concepção militar da polícia é voltada
para o controle político e não para a prevenção da violência e criminalidade. A avaliação
do relatório é reforçada por levantamentos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
e da Anistia Internacional. Segundo estas organizações, a polícia brasileira matou, em
média, seis pessoas por dia, em 2013. No ano anterior, 30 mil jovens brasileiros foram
mortos, sendo 77% deles negros.
283
violência policial. "É como se um colega produzisse provas contra outro, o que implica
em conflitos de interesse", afirma Vivian Calderoni, advogada da Conectas. O mesmo
raciocínio é utilizado pelo documento da comissão em relação às mortes decorrentes
de conflito com a polícia, os chamados autos de resistência. "Não há investigação sobre
os autos de resistência, o que garante, através da impunidade, a permissividade dos
crimes, com aval e promoção institucional", afirma o documento. Atualmente, existem
diversos projetos pelo fim dos autos de resistência no Congresso, porém, todos estão
emperrados na burocracia do parlamento.
284
Em 1969, o presidente ditador Costa e Silva, outra vez por meio de
decreto, reorganiza as polícias militares. No mesmo ano, tem início a Operação
Bandeirante, um órgão de repressão política criado por acordo entre as Forças Armadas
e a Polícia Militar paulista, sob ordem do governo estadual e com apoio político e material
de empresários. No ano seguinte, a relação entre militares e policiais militares se
intensifica e cria-se o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro
de Operações de Defesa Interna), que posteriormente terá sua atuação nacionalizada
com órgãos semelhantes fora do Estado de São Paulo.
285
RESUMO DO TÓPICO 7
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Recurso é qualquer coisa que podemos obter do meio ambiente para satisfazer
nossas necessidades e demandas. Em geral são classificados como renováveis (ar,
água, solo, floresta) e não renováveis (cobre, petróleo, carvão).
286
AUTOATIVIDADE
1 A sustentabilidade não está atrelada unicamente à área ambiental e
sim essa somada ao equilíbrio dinâmico do conjunto das relações
sociais, econômicas, culturais, espaciais e psicológicas, ou seja, é esse
conjunto que alicerça o desenvolvimento sustentável de fato. Com
relação às diretrizes e ferramentas que auxiliam as organizações a desenharem
seu caminho para o desenvolvimento sustentável, relacione as colunas:
287
2 O termo sustentabilidade é flexível, dinâmico e não consensual na
academia. Em meio às inúmeras definições e controvérsias do
termo, esse ainda possui um sentido próprio, o qual nós (empresas,
organizações, sociedade) buscamos alcançar. Fale a respeito de seu
real significado.
288
5 (ENADE – 2017) Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
compõem uma agenda mundial adotada durante a Cúpula das
Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em setembro
de 2015. Nessa agenda, representada na figura a seguir, são previstas
ações em diversas áreas para o estabelecimento de parcerias, grupos e redes que
favoreçam o cumprimento desses objetivos.
Considerando que os ODS devem ser implementados por meio de ações que integrem a
economia, a sociedade e a biosfera, avalie as afirmações a seguir.
I- O capital humano deve ser capacitado para atender às demandas por pesquisa e
inovação em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável.
II- A padronização cultural dinamiza a difusão do conhecimento científico e tecnológico
entre as nações para a promoção do desenvolvimento sustentável.
III- Os países devem incentivar políticas de desenvolvimento do empreendedorismo e
de atividades produtivas com geração de empregos que garantam a dignidade da
pessoa humana.
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