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Subjetividade
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof. José Carlos Lunelli
Prof. Luciana Gregorio de Oliveira
a
L962m
ISBN 978-85-515-0648-6
ISBN Digital 978-85-515-0649-3
CDD 380
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, este livro didático é sobre Mídia e Subjetividade. Este é um
campo vasto que abrange diversas áreas, justamente pela sua relação direta com a
sociedade. O estudo da Mídia e Subjetividade envolve diversos aspectos, como o
surgimento da mídia, as relações estabelecidas e desenvolvidas com a sociedade e o
espaço conquistado pela mídia.
Bons estudos!
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
TÓPICO 2 — A CIBERCULTURA..................................................................................25
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................25
2 A REVOLUÇÃO CIBERNÉTICA................................................................................25
3 O SURGIMENTO DA INTERNET............................................................................... 27
3.1 AS FASES DA WEB...................................................................................................................28
RESUMO DO TÓPICO 2...............................................................................................32
AUTOATIVIDADE........................................................................................................33
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 51
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 109
TÓPICO 1 — LEGISLAÇÃO.........................................................................................113
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................113
2 RESOLUÇÕES DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA................................. 114
2.1 RESOLUÇÃO CFP Nº 11/2018...............................................................................................118
RESUMO DO TÓPICO 1............................................................................................. 127
AUTOATIVIDADE...................................................................................................... 128
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 172
UNIDADE 1 -
MÍDIA E SUBJETIVIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 2 – A CIBERCULTURA
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
CONTEXTUALIZAÇÃO DA MIDIA
1 INTRODUÇÃO
A mídia faz parte do cotidiano das pessoas desde tempos mais remotos.
Entender como a mídia se desenvolveu historicamente e se transformou durante
este tempo auxilia na compreensão do seu papel na atualidade. A mídia não pode ser
entendida como algo estático ou imutável. Ela envolve um sistema de comunicação
amplo, direto ou indireto, entre os sujeitos (de forma individual ou institucional)
e possui finalidades diversas, como o entretenimento e a produção, divulgação e
recepção de notícias e informações. Estes conteúdos são divulgados e repassados
por alguns meios, que podem ser os digitais, impressos e eletrônicos (BRIGGS; BURKE,
2016; MOREIRA, 2010).
3
A divulgação de pensamentos e ideias surgiu inicialmente por meio da oratória
na Grécia e Roma Antigas. Também se utilizava dos recursos da escrita na tentativa
de “imortalizar” as ideias e repassá-las para gerações futuras. Conceitos filosóficos,
tratados entre nações, obras literárias e ensinamentos religiosos ou espiritualistas
foram passados de geração em geração e atravessaram continentes devido a estes
recursos. Com a invenção da imprensa, atribuída a Johann Gutenberg no século XV, um
grande passo foi dado. Aumentou-se consideravelmente a quantidade de publicações,
pois, agora, as obras não seriam mais escritas à mão. Esta invenção alavancou de
forma vertiginosa a acessibilidade e a forma de comunicação entre os sujeitos. Partiu-
se, então, da fala e da escrita até se chegar à reprodução massificada de notícias,
informações e entretenimento por meio da imprensa, do telégrafo, do rádio, da televisão
e, com muita força hoje em dia, da internet, utilizando-se principalmente dos textos e
recursos imagéticos (BRIGGS; BURKE, 2016; MOREIRA, 2010; PEREIRA; SILVA, 2010).
2 O QUE É MÍDIA
A mídia envolve o entretenimento, a divulgação de notícias e a publicidade. Ela
possui aspectos de ordem econômica, cultural, política, entre outros. Por isso entende-
se que a sociedade e a mídia se influenciam mutuamente. Deve-se discutir que
conteúdo é este sendo divulgado, por quem, para quem, com qual finalidade e formato.
Pode-se pensar na leitura de romances de trovadores, de obras realistas, de colunas
de jornais e revistas, na interação por telefone e pela internet, nos sites e serviços de
redes sociais, na apreciação de quadros surrealistas, óperas e cinema, nos serviços
de streaming, nas novelas da televisão ou suas antecessoras no rádio. São muitas
formas de entretenimento e de informação a nível local, nacional ou mundial que são
veiculadas por alguns desses recursos citados. Isso faz parte da vida em sociedade e da
construção da subjetividade humana (BRIGGS; BURKE, 2016; MOREIRA, 2010; PEREIRA;
SILVA, 2010).
4
FIGURA 2 – A COMUNICAÇÃO
5
FIGURA 3 – A REDE
FONTE: <https://digitalks.com.br/noticias/midias-sociais-10-tendencias-para-2017/>.
Acesso em: 21 jun. 2022.
IMPORTANTE
Como exemplo de algumas TIC, pode-se citar: a internet,
computadores e notebooks, smartphones, câmeras, aparelhos de
realidade virtual, tablets, satélites, entre outros. Entre suas múltiplas
aplicações, pode-se pontuar na área hospitalar, educacional,
governamental, auxiliando os sistemas bancários, industriais,
organizacionais e em tantos outros que possam surgir (PEREIRA e
SILVA, 2010; PINOCHET, 2014; SILVA e SANTOS, 2009).
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Nas décadas seguintes, com a expansão das tecnologias de rede, surgiram
inúmeras possibilidades de comunicação via internet, incluindo o seu acesso por meio
de variados tipos de dispositivos eletrônicos, o que viria a revolucionar a forma como
as pessoas compartilham informações e buscam entretenimento. Essas mudanças
impactam a vida em sociedade como um todo e, também, a construção da subjetividade
de cada sujeito, pois influencia o desenvolvimento humano e seus modos de ser, agir,
pensar, se comunicar e se relacionar com os outros (PEREIRA; SILVA, 2010).
3 SOCIEDADE MIDIÁTICA
Como já citado, por meio da mídia, as pessoas interagem, compartilham
informações e buscam entretenimento. Pode ser um processo comunicativo entre
pequenos grupos ou, principalmente, de forma massificada. Com a maior amplificação
das TIC na vida dos sujeitos, entende-se que se abrem possibilidades para uma
expansão do conhecimento, pois, em tese, todos teriam como ter acesso a ele de forma
mais abrangente através da popularização de smartphones e do acesso à internet
(apesar de serem recursos que ainda são inatingíveis para grande parte da população)
(QUARTIERO, 1999).
FONTE: <https://www.implantandomarketing.com/comunicacao-organizacional-em-tempos-de-
midias-sociais/>. Acesso em: 21 jun. 2022.
7
Foi facilitado o acesso ao conhecimento, mas isso não quer dizer que todos
tenham conseguido capturá-lo. Retirando os fatores econômicos e sociais, por exemplo,
hoje é possível consultar qualquer informação na internet em qualquer espaço. Talvez
o único empecilho seja a falta de sinal para conexão ou a falta do dispositivo em si. No
mais, em tese, qualquer pessoa pode buscar informações na internet. Ficou tão fácil que
qualquer um pode falar sobre tudo a partir de uma breve leitura dinâmica dos primeiros
capítulos de qualquer site que esteja nos primeiros resultados durante a busca realizada
no seu navegador. Mas que informações são essas coletadas tão prontamente? O acesso
pode ter sido, até certo ponto, popularizado, mas o conhecimento ainda se constrói de
forma desigual e, por isso, ainda é visto, de forma competitiva, como moeda de troca
devido ao seu poder econômico e político na sociedade (CASTELLS, 1999; PINOCHET,
2014; QUARTIERO, 1999).
Então, entende-se que não basta somente ler três parágrafos de um site sobre
determinado assunto que você se tornará especialista no tema. Apesar de, muitas
vezes, ser tratado dessa forma, a busca pelo conhecimento exige troca, reflexão, crítica
e compartilhamento. O ser humano não é um mero receptáculo de informações. Existe
uma via de mão dupla na construção do conhecimento e, antes de tudo, tem que saber
onde buscá-lo e como aplicá-lo. Também se deve filtrar e separar o conhecimento que
possui valor (sobretudo econômico e social) agregado. Para isso, é preciso escutar, ler,
assistir versões diversas do tema a qual se tenha interesse, ou seja, apropriar-se da
teoria, mas também deve se aproximar da prática e das vivências de outras pessoas
sobre o tema. As TIC possibilitam a aproximação entre a sociedade e os fenômenos
humanos, muitos deles experienciados e compartilhados por meio dos recursos
tecnológicos (CASTELLS, 1999; COLL; MONEREO, 2010; PINOCHET, 2014; QUARTIERO,
1999; SILVA; SANTOS, 2009).
A sociedade, na atualidade, passa por mudanças cada vez maiores e mais rápidas.
Algo que é hoje pode não ser amanhã. É preciso acompanhar essas transformações, pois
a sociedade ocidental está pautada na informação e no conhecimento e, quem os têm,
detém de poder e status, pois, como já foi dito, a produção e distribuição das informações
ainda não se dá de forma abrangente e equitativa. A economia e a sociabilidade giram em
torno de quem tem o poder da informação, conquistada e construída com o suporte das
TIC. Isso tem tido tanta relevância que os avanços das novas TIC têm sido comparados
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com os avanços surgidos na Revolução Industrial ocorrida no século XVIII devido à
influência que possui em alterar os modos de produção, a economia, a dominação, o
controle e a organização da sociedade, ou seja, impactando, direta e indiretamente,
a vida das pessoas (CASTELLS, 1999; COLL; MONEREO, 2010; PEREIRA; SILVA, 2010;
PINOCHET, 2014; SILVA; SANTOS, 2009).
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FIGURA 5 – COMUNICAÇÃO
Acerca da relação entre as TIC e a sociedade, deve-se ter em mente que modelo
de sociedade é esse, pois os valores e normas podem mudar tanto dentro da mesma
sociedade quanto em culturas distintas. Como já citado, uma sociedade ocidental
pautada na pós-modernidade apresenta um cenário que favorece e é favorecido
pelas TIC, pois elas contribuem, em alguns aspectos, para o desenvolvimento desta
cultura. As TIC viabilizam o crescimento econômico por meio de pesquisas com alto
valor de investimento. As novas tecnologias mobilizam as pessoas a buscarem bem-
estar social e qualidade de vida. As TIC possuem aplicabilidade em áreas sensíveis ao
desenvolvimento da sociedade como a saúde, a educação e os serviços destinados à
população e à promoção da cidadania (PEREIRA; SILVA, 2010).
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DICA
FILME: O ABUTRE
Enfrentando dificuldades para conseguir um emprego formal, o jovem Louis Bloom (Jake
Gyllenhaal) decide entrar no agitado submundo do jornalismo criminal independente de
Los Angeles. A fórmula é correr atrás de crimes e acidentes chocantes, registrar tudo e
vender a história para veículos interessados.
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além disso ser possível, as pessoas não teriam seus rendimentos prejudicados ou
passariam a render menos no trabalho. Os avanços nas TIC também possibilitaram o
acesso à educação institucional, possibilitando às pessoas uma formação acadêmica e
profissional em diversos níveis e áreas (PEREIRA; SILVA, 2010; PINOCHET, 2014; SILVA;
SANTOS, 2009).
IMPORTANTE
A comunicação de massa vai além da simples emissão e recepção de
uma mensagem, pois não envolve, necessariamente, sujeitos neste
processo, ou seja, instituições e/ou organizações (econômicas, religiosas,
políticas) podem tomar o lugar, de forma unificada, do sujeito emissor,
transmitindo seus valores éticos, morais e estéticos, sob a forma de
mensagem, para milhões de pessoas ao mesmo tempo. Democratizar
as comunicações é também proporcionar esta multiplicidade ideológica
a ser transmitida para todos, fazendo com que as pessoas se encontrem
na diversidade entre as variadas formas de comunicação (CONDE;
GUARESCHI; ANTOUN, 2009).
A mídia faz parte do dia a dia das pessoas. Adentrou nas casas dos sujeitos
através da televisão, geralmente um aparelho grande, situado na sala de casa e
compartilhado pela família. Com o passar do tempo, a tela grande se dividiu em diversas
outras telas, como os smartphones, computadores, notebooks e tablets, possibilitando
que o conteúdo midiático permanecesse no cotidiano das pessoas de forma cada vez
mais presente. Assim, onde houver um sinal de televisão e/ou de internet, é possível
adentrar em um mundo ao mesmo tempo paralelo e complementar ao seu. As pessoas
mais velhas tinham o costume de dar boa noite ao âncora do telejornal. Hoje, é possível
não só dar boa noite, como também curtir, comentar ou fazer qualquer outro tipo de
interação por meio dos sites de redes sociais com os jornalistas, artistas e até mesmo
com personagens da ficção, estreitando ainda mais a presença da mídia na vida das
pessoas (CONDE, GUARESCHI; ANTOUN, 2009; SILVA; SANTOS, 2009).
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A subjetividade humana é construída nessa interação entre o mundo interior e
o mundo exterior do sujeito. Assim, o conteúdo de fora vai sendo internalizado e passa a
fazer parte da vida das pessoas, como pode ser observado, de modo geral, na realidade
brasileira. As pessoas não apenas consomem a mídia e os recursos tecnológicos,
elas tecem aproximações mais íntimas com seus artistas e ídolos, levando-os para a
sua dinâmica familiar e, até mesmo, adentrando na deles, como acontece nos casos
dos programas de reality show, onde pessoas são vigiadas por câmeras durante
vinte e quatro horas por dia. E tudo isso chega ao espectador, ou receptor, por meio
de um emissor e sua mensagem cuidadosamente elaborada para, com seu discurso,
conquistar as pessoas. Assim, é possível incentivar à publicidade, ao consumo, à criação
de tendências estéticas e, inclusive, ao debate de temas que, por conta do poder de
alcance da mídia, pode se expandir para outros espaços (CONDE, GUARESCHI; ANTOUN,
2009; VYGOTSKY, 2010).
FONTE: <https://www.bastidoresdatv.com.br/colunas/coluna-midia-e-poder-politico-qual-a-
relacao>. Acesso em: 21 jun. 2022.
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Estas discussões podem impactar profundamente a vida de pessoas e até
mesmo de grupos sociais. Diversos coletivos, institutos e centros de estudos vinculados
ao movimento negro chamam a atenção para a forma como a mídia reproduz e, com
isso, tende a perpetuar o racismo. Atitudes racistas são observadas na forma como
as pessoas negras são representadas em novelas, por exemplo, e, também, na forma
que a mídia aponta as religiões de matrizes africanas. Posicionamentos como esses
reproduzem nas pessoas que assistem uma subjetividade racista que pode fazer com
que o sujeito possa replicar esse comportamento em terceiros ou reforçar estereótipos a
fim de afetar a autoestima de pessoas negras, pois elas não se sentiriam representadas
de forma correta na mídia (BENTO, ARAÚJO; SANTOS, 2009; MOREIRA, 2010).
A mídia reforça a construção de uma identidade nacional, pois por meio dela e
de TIC, como o rádio e a televisão, é que produtos culturais são forjados e transmitidos.
Assim, foram construídas ideias como a de que os brasileiros adoram assistir jogos de
futebol na televisão entre amigos e familiares, ou se sentar na frente da TV no domingo
à tarde, ou acompanhar o final da novela e o desfecho dos personagens da ficção, entre
outras programações que são referência nacionalmente. Com isso, a mídia reforça o que
deve ser visto, como deve ser visto e, também, o que deve ser excluído, ou seja, posto
para fora das vistas dos espectadores. A mídia reforça comportamentos, atitudes, corpos,
padronagem estética. Como afirmado, todo esse delineamento tende a favorecer formas
de dominação por meio da manutenção de estereótipos, discriminações e preconceitos
de diversas ordens. Além do racismo, um outro tema para discussão em relação à mídia
envolve os estudos de gênero, principalmente aqueles acerca da população feminina
(BENTO, ARAÚJO; SANTOS, 2009).
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Pode-se observar, por meio da mídia, a maneira como seus conteúdos expres-
sam as relações de gênero. Cada veículo de comunicação terá sua linguagem própria,
incluindo adaptações a fatores sociais, econômicos, entre outros, porém, de forma ge-
neralizada, os conteúdos tendem a ser separados em cada público alvo (feminino ou
masculino) obedecendo a normas e padrões comportamentais estabelecidos pela so-
ciedade, pois é desta forma que ocorre a divisão entre os sexos, distinguindo-os não
apenas biologicamente, mas também sob uma perspectiva histórica e social. Nesta dis-
tinção, há não apenas uma separação entre os sexos, mas também uma tentativa de
clara delimitação entre que elementos pertencem ao mundo de cada gênero, adotan-
do-se um olhar dicotomizado (BURBULHAN; GUIMARÃES, 2011).
FONTE: <https://www.implantandomarketing.com/o-que-voce-precisa-saber-para-ser-um-
profissional-de-midia-digital-nos-dias-de-hoje/>. Acesso em: 21 jun. 2022.
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A mídia, em consonância com a sociedade, regula o que e como homens e
mulheres devem consumir conteúdo. Burbulhan e Guimarães (2011) apontaram que
algumas pequenas adaptações podem ser permitidas, portanto que não rompam com o
status quo, ou seja, com aquilo que a sociedade como um todo espera que seja destinado
ao padrão comportamental de cada sexo. Dessa forma, percebe-se o papel da mídia,
nesse jogo de forças, enquanto delimitador e controlador do tipo de consumo que deverá
ser realizado por homens e por mulheres (BORIS; CESÍDIO, 2007; MOREIRA, 2010).
Uma outra pauta muito presente nas discussões e espaços proporcionados pela
mídia é a atenção à saúde, através da conscientização e da promoção dela. A relação
entre a mídia, as TIC e a saúde pode ser entendidas de duas maneiras: as tecnologias
como apoio operacional à serviço dos sistemas de saúde e outras demandas surgidas no
contexto assistencial, como nos atendimentos, principalmente envolvendo a promoção
da saúde (PINOCHET, 2014).
Além da prevenção, também se pode refletir nos impactos das TIC e da mídia na
saúde das pessoas, trazendo adoecimentos físicos e/ou psíquicos ocasionados pela
relação com a mídia e as tecnologias, afetando, assim, a qualidade de vida das pessoas.
Sujeitos podem adoecer caso não estabeleçam relações saudáveis seja com outras
pessoas ou com objetos e serviços do seu dia a dia. Pensando assim, as pessoas podem
adoecer devido à dependência de recursos tecnológicos, por exemplo. Sujeitos buscam
aprovação social e acesso à informação e ao conhecimento. Para isso, eles deverão
estabelecer estreita relação com as TIC para que possam se sentir integrantes de um
grupo social (PINOCHET, 2014).
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Como citado, vive-se uma era da informação. A todo instante e em qualquer
lugar os sujeitos se deparam com muitas informações na internet. Como saber quais
informações são úteis ou verdadeiras? Esse questionamento pode ser prejudicial e
ocasionar episódios de ansiedade por não saber quais direções tomar em um terreno
de proporções gigantescas como o da internet. Adoecimentos físicos devido às TIC
também são possíveis, principalmente quando não se tem um cuidado com a ergonomia
de dispositivos ou instrumentos ligados a eles, seja em ambiente de trabalho ou de lazer
(PINOCHET, 2014).
A mídia é uma dessas pontes entre esses mundos, pois foi a partir de
artefatos tecnológicos que os sujeitos puderam elaborar a comunicação em massa.
Como citado, a imprensa derrubou barreiras e expandiu a comunicação por meio
de publicações impressas como panfletos e livros. De forma processual, outras TIC
foram desenvolvidas, como o telégrafo, o jornal, a carta e a televisão, e possibilitaram
mudanças na subjetividade humana, considerando os aspectos biológicos, afetivos,
políticos e socioculturais (BORIS; CESÍDIO, 2007; CONDE, GUARESCHI; ANTOUN, 2009;
MOREIRA, 2010; SILVA; SANTOS, 2009).
FONTE: <https://www.psicologia.pt/artigos/ver_artigo.php?a-influencia-das-redes-sociais-sob-a-
construcao-da-subjetividade-humana&codigo=A1365&area=d9>. Acesso em: 21 jun. 2022.
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Essas mudanças ocorreram de forma processual, até mesmo por se considerar
a historicidade e os contextos sociais de cada período no decorrer de todos esses anos.
Assim, nota-se os impactos da mídia na vida das pessoas, pois os sujeitos passaram
a organizar sua existência a partir da relação deles com as tecnologias surgidas,
considerando as particularidades de cada uma. A era do rádio, por exemplo, apresentou
transformações na sociedade, pois as pessoas passaram a criar rotinas para acompanhar
seus programas preferidos. A televisão, principalmente com as telenovelas, traz desde
mudanças aparentemente mais simples, como a forma de se vestir das pessoas, a
mudanças mais complexas, como a maneira de se comportar e se relacionar.
IMPORTANTE
Já a atual configuração, com o uso massivo das mídias digitais, desperta
reflexões devido ao grande alcance que as TIC passaram a ter na vida dos
sujeitos, trazendo consequências para diversos âmbitos como a educação,
o trabalho, a saúde, além de que ajudaram a transformar a percepção das
pessoas acerca da sua realidade e as suas motivações, alterando a sua
interpretação do mundo (MOREIRA, 2010; SILVA; SANTOS, 2009).
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conceber separações entre “real” e “virtual”, como se o que consumimos na internet
ficasse lá dentro preso na tela. O conteúdo de “dentro” e de “fora” se funde na atualidade:
a comida que você pede, as compras, os meios de transporte, seu dinheiro. Essas e
outras coisas coexistem “dentro” e “fora” da internet pois hoje em dia tudo é uma coisa
só. E o que se passa no ambiente digital, como as interações e as emoções vividas,
também são válidas e reais (MOREIRA, 2010).
Régis (2008) e Siqueira (2007 apud PINOCHET, 2014) apontaram que alguns
processos psicológicos podem ser estimulados na relação dos sujeitos com as TIC, mais
precisamente por meio da mídia digital. O processamento da informação, o raciocínio, a
argumentação, o processo criativo, a atenção e a percepção podem ser desenvolvidos
por mediação das TIC e recursos imagéticos visuais e auditivos, presentes no ambiente
on-line. Como estão sempre sendo elaborados dispositivos que possibilitam esta
mediação, o contato com novas tecnologias favorece e estimula os processos mentais
citados, pois os sujeitos estão sempre ressignificando suas práticas e aprendendo a lidar
com os recursos que surgem a todo instante. Além disso, essa permanente atualização
das tecnologias faz com que as pessoas se aproximem cada vez mais das informações
e conteúdos veiculados, aprimorando a construção de conhecimento e a sociabilidade.
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Um exemplo dessa permanente atualização pode ser compreendido por meio
da forma como as pessoas percebem a realidade. Os órgãos sensoriais e perceptuais
humanos sofrem adaptações frente aos dispositivos surgidos, como a tecnologia da
realidade virtual, onde os ambientes on-line e off-line do sujeito se incorporam na vida
cotidiana. A mídia digital possui um caráter participativo na vida dos sujeitos. Ela tem
afetado a cognição humana e a forma como os sujeitos interagem uns com os outros e
com o mundo ao seu redor (RÉGIS, 2008).
IMPORTANTE
Salas de aula, formais ou não, tornam-se mais próximas no ambiente
digital. É possível aprender sobre qualquer coisa, desde o ensino
regular até idiomas, artesanato, música e demais expressões artísticas,
sob mediação das TIC. Elas possibilitam não só a aproximação teórica
como também o estreitamento com a prática e o objeto a ser estudado.
As ferramentas e recursos da comunicação podem ser adaptados para
diversas áreas. Com isso, a aprendizagem mediada pelas TIC ganhou
novos formatos, desenvolvendo-se mediante uma comunicação plena,
dinâmica e multidirecional. Assim, abriu-se variadas possibilidades de
interação entre as tecnologias, a sociedade e os sujeitos (educadores
e/ou educandos), fazendo-se uso de diversos recursos como os textos,
imagens, vídeos e sons, todos eles compartilhados por meio da mídia
(COLL; MONEREO, 2010; PEREIRA; SILVA, 2010; QUARTIERO, 1999;
RÉGIS, 2008).
A mediação das TIC nos processos educacionais deve ser entendida de forma
natural, pois, como já citado, as tecnologias e veículos de comunicação fazem parte da
vida dos sujeitos desde a sua inserção na sociedade. Ambos facilitam a comunicação
entre sujeitos por meio da linguagem, que é um instrumento pelo qual torna-se possível
a socialização dos sujeitos. Assim, podemos entender a articulação entre mídia, TIC
e o processo de ensino-aprendizagem a partir de dois vieses: as tecnologias como
forma de mediação que favorecem a aprendizagem, ou seja, as TIC como veículos de
comunicação e instrumentos na construção e transmissão do conhecimento. A forma
como as tecnologias impactam a cognição humana e o desenvolvimento de processos
psicológicos (como atenção, criatividade, tomada de decisão, entre outros), afetando a
maneira como as pessoas produzem conhecimento e interagem umas com as outras
(COLL; MONEREO, 2010; PINOCHET, 2014; QUARTIERO, 1999; RÉGIS, 2008).
20
Dessa forma, entende-se que as tecnologias podem afetar o desenvolvimento
humano, já que este envolve a internalização de instrumentos pertencentes ao meio
social do sujeito, adaptando essas ferramentas para a vida cotidiana dessas pessoas.
Esses instrumentos tecnológicos podem ser desde a escrita aos mais recentes
dispositivos eletrônicos que possibilitam o acesso à internet, entre eles o computador,
que podem ser utilizados para diversas finalidades, entre elas o entretenimento e na
elaboração de atividades escolares, auxiliando nos processos educacionais (COLL,
MAURI; ONRUBIA, 2010; LALUEZA; CRESPO; CAMPS, 2010; VYGOTSKY, 2010).
21
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A mídia, enquanto sistema de comunicação em massa, por si só, não tem como
atingir as pessoas. Recursos como o rádio, televisão, imprensa e internet servem a
esta finalidade.
• Vive-se uma era da informação onde a todo instante e em qualquer lugar os sujeitos
se deparam com muitas informações na internet.
• A sociedade, na atualidade, passa por mudanças cada vez maiores e mais rápidas. É
preciso acompanhar essas transformações, pois a sociedade ocidental está pautada
na informação e no conhecimento que está em constante mudança.
• A mídia faz parte do dia a dia das pessoas. Adentrou nas casas dos sujeitos através da
televisão, geralmente um aparelho grande, situado na sala de casa e compartilhado
pela família.
• Entende-se que a mídia, assim como outros aspectos da vida cotidiana, possui
influência na construção da subjetividade humana, ou seja, no modo como as
pessoas elaboram seus modos de agir, pensar, existir e se relacionar com os outros.
• Já foi afirmado que, por meio das tecnologias e da mídia, é possível construir
conhecimento sobre determinado assunto.
22
AUTOATIVIDADE
1 A mídia faz parte do cotidiano das pessoas desde os tempos mais remotos. Entender
como a mídia se desenvolveu historicamente e se transformou durante este tempo
auxilia na compreensão do seu papel na atualidade. A divulgação de informações
acontece através de vários meios. Assinale a alternativa CORRETA que corresponde à
primeira forma de divulgação da informação:
a) ( ) Rádio.
b) ( ) Jornal.
c) ( ) Oratória.
d) ( ) Televisão.
a) ( ) Internet.
b) ( ) Computadores.
c) ( ) Tablets.
d) ( ) Todas as opções.
3 Ações e políticas públicas devem ser elaboradas a fim de ampliar o acesso às TIC,
pois o sujeito, enquanto ser político e social, tem sua vida atravessada pela forma
que a mídia influencia e molda a sociedade. Com base nessa afirmação, assinale a
alternativa CORRETA:
23
4 Em tese, qualquer pessoa pode buscar informações na internet. Ficou tão fácil
que qualquer um pode falar sobre tudo a partir de uma breve leitura dinâmica dos
primeiros capítulos de qualquer site que esteja nos primeiros resultados durante a
busca realizada no seu navegador. Disserte sobre as problemáticas da facilidade da
comunicação.
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
A CIBERCULTURA
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas duas décadas, a revolução cibernética transformou radicalmente a
comunicação e a cultura. O desenvolvimento tecnológico no campo da microinformá-
tica, dos computadores e das telecomunicações aumentaram as potencialidades dos
sistemas de armazenamento, processamento e difusão de informações.
O jornalista precisa estar atento a esse novo cenário, para que possa estabelecer
uma relação pertinente com o seu público. Neste capítulo, você vai estudar a cibercultura
e entenderá como a revolução cibernética ajudou a constituir esse tipo específico de
cultura. Além disso, vai descobrir o que é ciberespaço e como ele funciona. Por fim, você
vai identificar os impactos que o surgimento da Internet impõe ao jornalismo.
2 A REVOLUÇÃO CIBERNÉTICA
Iniciamos este capítulo com o seguinte questionamento: o que é revolução
cibernética e como ela afeta a nossa cultura? Para começar, é interessante notarmos
que a cibernética é uma área de conhecimento interdisciplinar vinculada à teoria dos
sistemas. Como contextualiza Castells (2002), as inovações nessa área surgiram a partir
de demandas e experiências tecnológicas da Segunda Guerra Mundial e possibilitaram o
surgimento de um novo paradigma tecnológico.
Em seu livro “A sociedade em rede”, Castells (2002) traça uma revisão histórica
dessa revolução tecnológica, pontuando algumas inovações importantes na área da
microeletrônica, dos computadores e das telecomunicações. Segundo o teórico, os es-
tágios de inovação desenvolvidos nesses três campos são responsáveis por criar essa
paisagem tecnológica. No campo da microeletrônica, a criação do primeiro transistor,
em 1947, pela Bell Laboratories, marca o início desse ciclo de inovação de máquinas ca-
pazes de processar informações em velocidade rápida de modo binário. Duas décadas
depois, em 1971, a invenção dos microprocessadores pelo engenheiro Ted Hoff, da Intel,
fez com que a microeletrônica fosse amplamente difundida. A partir de então, esse chip
com grande capacidade de processamento passou a ser instalado em vários equipa-
mentos (CASTELLS, 2002).
25
FIGURA 9 – A CIBERNÉTICA
FONTE: <https://securityinformationnews.com/2019/07/27/defesa-cibernetica-e-seguranca-
cibernetica-diferencas-e-semelhancas/>. Acesso em: 21 jun. 2022.
Segundo lembra Castells (2002), a criação dos computadores também está re-
lacionada à Segunda Guerra Mundial e seus avanços tecnológicos. Ele também comenta
que o primeiro computador, criado em 1946 para usos bélicos, pesava 30 toneladas e sua
estrutura metálica tinha 2,75 metros de altura, ou seja, a máquina era bem diferente do
que conhecemos hoje. A microeletrônica — capaz de gerar minúsculas estruturas de pro-
cessamento de informações — foi responsável por revolucionar também o computador.
Além dessas tecnologias, Castells (2002) também comenta que as estruturas de tele-
comunicações sofreram grandes transformações, com o surgimento de tecnologias de
transmissão mais velozes e dinâmicas, como fibra ótica, laser e pacotes de dados. Essas
estruturas forneceram a base física para a criação da Internet.
26
O paradigma da tecnologia da informação não evolui para seu
fechamento como um sistema, mas rumo a abertura como uma rede
de acessos múltiplos. É forte e impositivo em sua materialidade, mas
adaptável e aberto em seu desenvolvimento histórico. Abrangência,
complexidade e disposição em forma de rede são seus principais
atributos (CASTELLS, 2002, p. 113).
3 O SURGIMENTO DA INTERNET
Nessa esteira tecnológica, temos a criação da Internet, cuja história merece
um espaço próprio. A Internet nasceu da cooperação entre militares e universidades
públicas norte-americanas, passando, em seguida, a agregar iniciativas tecnológicas
e inovações contraculturais. A chamada ARPANET, criada em 1969 por especialistas da
Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA) do Departamento de Defesa dos
Estados Unidos, tinha o objetivo militar estratégico de ser um sistema de comunicação
invulnerável a ataques nucleares para troca de pacotes de informação (CASTELLS,
2002). Assim, a rede passou a ser utilizada pela comunidade de cientistas para troca de
mensagens informais entre seus colegas. Em um determinado momento, lá por volta de
1995, a estrutura da rede foi privatizada. Aos poucos, desenvolvedores começaram a criar
condições para expandir a rede em nível global, para que abarcasse uma conexão entre
vários computadores. Para isso, criaram um protocolo de comunicação que possibilitou
que várias redes já existentes conseguissem se conectar à Internet (CASTELLS, 2002).
FONTE: <https://www.convergenciadigital.com.br/Inclusao-Digital/Conexao-a-internet-ficou-mais-
cara-no-mundo-com-pandemia-de-Covid-19-59743.html>. Acesso em: 21 jun. 2022.
27
pela Internet (CASTELLS, 2002). Nesse momento, foram criados os buscadores da
Internet, a linguagem de hipertexto (HTML) e de transferência de arquivos (HTTP) e um
formato padronizado de endereços (URL), elementos que formatam a Internet tal como
a conhecemos.
Encarada como plataforma, a Web passa a ser o meio onde acontece a troca de
informações e conexão entre os usuários de forma mais intensa, por meio de sites de
colaboração. Sites estáticos cedem lugar para sites dinâmicos, mantidos com banco de
dados e linguagens de programação mais simples. Também vemos que a Web 2.0 segue
um modelo aberto de programação, permitindo que o próprio usuário colabore com o
desenvolvimento de software e produtos. Por essa razão, o uso da inteligência coletiva
torna-se um dos princípios dessa nova geração da Web.
28
FIGURA 11 – COMUNICAÇÃO NAS REDES SOCIAIS
CURIOSIDADE
A Wikipedia é um bom exemplo de projeto que se alimenta da inteligência
coletiva. Trata-se de uma enciclopédia on-line escrita pelos usuários e criada
pela Fundação Wikimedia em meados do ano 2000. Os colaboradores são
responsáveis por criar páginas sobre temas específicos ou editar páginas
já existentes, atualizando ou acrescentando informações ao conteúdo
de terceiros. Atualmente, a Wikipedia tem uma vasta quantidade de
informações sobre diversos assuntos. Além da Wikipedia, outros projetos
da Wikimedia vão nesta mesma linha de colaboração: Wikilivros (páginas
sobre livros), Wikinotícias (páginas sobre notícias) e Wikiversidade (espaço
de construção de conhecimento e saberes).
29
escrita; assíncrono e persistente, ou seja, seu conteúdo se mantém armazenado na
Web, e fácil de ser operado, pois não requer habilidades técnicas. Essas características
fizeram com que essa ferramenta fosse utilizada por pessoas na forma de um diário
pessoal, sendo posteriormente apropriada por empresas, jornalistas e outros usuários
para fins jornalísticos, de comunicação empresarial, entre outros.
Na Web 3.0, vemos um aprimoramento das ferramentas colaborativas e,
também, uma automatização dos sistemas e mecanismos de busca da Internet. Diante
de um cenário de caos informativo crescente, surge a Web Semântica, cujo princípio
basilar consiste na organização das informações e páginas a partir da colaboração entre
computadores e humanos. Ela funciona segundo um mecanismo interpretativo, em que
o computador é ensinado a reconhecer e conectar significados de palavras. Há uma
integração entre linguagens e tecnologias globais que tornam todas as informações
compreensíveis para as máquinas. Podemos chamar essa fase de Web Inteligente.
Nessa etapa, a interação entre computador-usuário se torna mais funcional.
Uma grande quantidade de informações e dados sobre o usuário e seu perfil de
comportamento on-line abastece os sistemas de inteligência dos sites e portais, que, a
partir dessa leitura, conseguem predizer hábitos de compra e consumo deste sujeito e
oferecer serviços mais personalizados e customizados. Sites buscadores de conteúdo
passam a utilizar técnicas de Search Engine Otimization (SEO) para mapear quais são
as buscas mais frequentes dos seus usuários sobre determinado tema. Essas análises,
passam, então, a ser usadas pelo jornalismo e outras esferas de produção de conteúdo
para formatar conteúdos de interesse do consumidor.
Por fim, a última fase da Web que começa a despontar no horizonte é a Web
4.0. Ela tem como elemento central o uso de dispositivos móveis para o consumo de
informação. As tecnologias dessa fase, como o Wi-Fi, permitem um descolamento do
lugar físico (modem e computador) para pontos móveis de conexão, por onde o usuário
transita munido de um smartphone, enquanto se desloca pelos espaços físicos da
cidade. Essas tecnologias always on fazem com que a comunicação seja ubíqua, ou
seja, aconteça em todos os lugares. A separação entre ambiente on-line e off-line tende
a se dissipar, criando um contexto de conexão total (SANTAELLA, 2007). O Quadro 1
resume as fases da Web e seus principais elementos.
30
QUADRO 1 – FASES DA WEB
DICA
FILME: A REDE SOCIAL
Em uma noite de outono em 2003, Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), analista de sistemas
graduado em Harvard, se senta em seu computador e começa a trabalhar em uma nova
ideia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais
jovem bilionário da história com o sucesso da rede social Facebook. O sucesso, no entanto,
o leva a complicações em sua vida social e profissional.
31
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Podemos classificar o uso da Web em quatro fases: a Web 1.0, a Web 2.0, a Web 3.0 e
a Web 4.0.
• Web 2.0 segue um modelo aberto de programação, permitindo que o próprio usuário
colabore com o desenvolvimento de software.
• A Web 4.0. tem como elemento central o uso de dispositivos móveis para o consumo
de informação.
32
AUTOATIVIDADE
1 Podemos classificar o uso da Web em quatro fases: a Web 1.0, a Web 2.0, a Web
3.0 e a Web 4.0. Essas fases se moldam de acordo com o tipo de tecnologia e as
possibilidades de consumo ofertadas pelas páginas da Internet. Dessa forma,
assinale a alternativa CORRETA que corresponde ao elemento central de uso os
dispositivos moveis:
a) ( ) Web 2.0.
b) ( ) Web 4.0.
c) ( ) Web 1.0.
d) ( ) Web 3.0.
3 A Web 1.0, por exemplo, se origina com a própria tecnologia www, na década de 1990,
e se caracteriza pelas páginas estáticas, que permitem ao usuário apenas ler, sem
poder interagir ou modificar a informação. Assinale a alternativa CORRETA que se
refere à pessoa que coordenou o grupo de cientistas na criação do www:
a) ( ) Monereo.
b) ( ) Bell.
c) ( ) Berners Lee.
d) ( ) Castells.
33
4 Podemos classificar o uso da Web em quatro fases: a Web 1.0, a Web 2.0, a Web
3.0 e a Web 4.0. Essas fases se moldam de acordo com o tipo de tecnologia e as
possibilidades de consumo ofertadas pelas páginas da Internet. Disserte sobre
essas quatro fases.
34
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
MÍDIA E CULTURA
1 INTRODUÇÃO
A cultura popular está presente em vários produtos midiáticos, de propagandas
a canais digitais, da música da periferia urbana ao sertanejo. Quando os saberes e as
práticas da cultura popular são consumidos massivamente, tornam-se pop. Estudando a
cultura pop, podemos conhecer os processos de construção e ressignificação pelo qual
passam os hábitos, conhecimentos e crenças populares.
Neste capítulo, você vai estudar como os significados da cultura popular são
construídos diariamente, como a mídia constrói a cultura popular ressignificando suas
práticas e saberes e como o pop é disputado pelas instâncias sociais.
35
também o caráter ontológico que o folclore lhe atribuiu. O popular não consiste no que o
povo é ou tem, mas no que é acessível para ele, no que gosta, no que merece sua adesão
ou usa com frequência”. Quando o autor remete à ontologia na citação, ele refere-se à
pergunta filosófica: “o que é algo?”. Neste caso, “o que é o popular?”, como se a resposta
pudesse ser fechada, tal como o folclore foi estagnado no tempo.
É essa dinamicidade que faz com que se compreenda a noção de cultura popular
como uma construção de significados. O sentido das práticas e dos saberes não está
dado de antemão, como uma receita passada entre gerações ou compartilhada entre
grupos; ele é construído pelos usuários no seu cotidiano, nos afazeres domésticos, no
transporte, no trabalho, na comunicação e no comércio, entre vizinhos e na família.
Gírias, vestuário, ritmos, orações e ditos populares apenas ganham sentido se forem
praticados e tiverem êxito no que propõem. Os recursos disponíveis devem servir
à comunicação, à manutenção da fé, à saúde, ao saber, à produção econômica; do
contrário, não serão mais praticados. Isso é muito comum com gírias e vestuário que
respondem à curta periodicidade da moda. Por exemplo, gírias de cinco anos atrás
podem cair em esquecimento e não mais pertencer à cultura de uma comunidade
se não puderem significar, expressar, representar interesses, desejos, expectativas e
receios de outro período e contexto. Em vez de tornarem a comunicação exitosa, essas
gírias podem causar ruído.
DICA
Para conhecer mais sobre os conceitos de cultura popular, de massa, de
elite e suas diferenças, busque pelos livros: A moderna tradição brasileira,
e Mundialização e cultura, ambos de Renato Ortiz. Sobre antropologia e
compreensão da cultura com base nos significados, leia A interpretação das
culturas, de Clifford Geertz.
36
Para compreender a construção dos significados, deve-se considerar a
polissemia e a significação como processos não estanques, além de ultrapassar a
noção de que cada coisa, palavra, discurso ou ação tem um significado. A polissemia
é um conceito da semântica que se refere à capacidade de uma palavra ter mais de
um significado. Por exemplo, a palavra “manga” pode se referir à fruta ou à parte do
vestuário. Contudo, autores da filosofia que estudam a semântica, como Charles
S. Pierce e Jacques Derrida, ampliam a noção de polissemia para além de situações
específicas. Para Derrida (2000), o significado é fruto das diferenças entre elementos ou
termos. O significado das palavras, atividades e coisas está relacionado ao contexto de
significação, às outras palavras, outras atividades e coisas. Portanto, não se pode fixar
os significados, pois se houver mudanças contextuais, eles também se transformam.
37
A ressignificação da prática rural nos subúrbios de cidades brasileiras pode ser
explorada a partir dos diversos contextos e pode nunca chegar a uma significação final.
Ao ser apropriada, a contação de histórias pode gerar infinitamente novos significados.
Em algumas comunidades, é muito comum ouvir rádio e assistir à televisão em família,
entre vizinhos, no bar ou em lugares públicos. Os meios audiovisuais já constituem um
novo contexto, pois é preciso considerar a mídia e seus programas, a comunicação
unidirecional (dos meios para o público), o custo de ter aparelhos e energia elétrica. No
entanto, a oralidade, a reunião em torno da comunicação e a sociabilidade produzida
ali não deixam de ser rastros da antiga contação de histórias no contexto do rádio e da
televisão, ou, segundo Peirce (2008), não deixam de se referir à antiga ideia do lazer
na área rural. Antes, os trabalhadores se reuniam em torno de alguém, o ancião da
comunidade ou o viajante que trazia as novidades; agora, o contador de histórias vem
de outra parte da cidade, do país ou do mundo; é a voz do locutor do rádio de pilha que
traz a conversa para os vizinhos, família e amigos; são as novelas que emocionam, os
reality shows e os programas de auditório que promovem debates e expectativas para o
dia seguinte; e são os jornais que trazem as novidades.
38
IMPORTANTE
Atualmente, a capacitação educacional, profissional e tecnológica das
populações quilombola, ribeirinha e indígena, de periferia urbana e
da área rural têm por objetivo prover recursos para que os próprios
membros proponham recortes da cultura que sejam melhores para a
comunidade.
Esse recorte implica destacar uma prática e/ou um saber do fundo comum
da cultura. No cotidiano, o saber e a prática estão imersos em uma rede contínua de
ações, significações e comunicação, com a qual estão intrinsecamente relacionados,
ganhando seu sentido. Podemos pensar nos ritmos musicais produzidos pela cultura
popular, como os da periferia urbana, o rap, o hip hop e o funk, ou de áreas rurais, como
o sertanejo, além do pagode, do axé, do brega, entre outros. Frequentemente, os grupos
que obtêm reconhecimento da comunidade a que pertencem passam por caminhos
semelhantes; chamam a atenção de pesquisadores acadêmicos, produtores musicais,
emissoras, jornalistas e publicitários, destacando-se. A prática assim recortada é
descontextualizada e ressignificada.
39
Por mídia, compreende-se a indústria midiática voltada para a informação, o
entretenimento e a propaganda, como as grandes emissoras, produtoras, agências,
jornais e revistas, além das produções da comunicação digital, que hoje disputam
a atenção com os meios de massa. A internet, as redes sociais e o celular já fazem
parte do cotidiano da sociedade, inclusive do segmento popular, e funcionam de
modo diferente de como ocorria com os outros meios de comunicação de massa, cuja
produção, direção ou transmissão dependia das grandes gravadoras, emissoras, jornais,
revistas e agências. Na internet, a produção e a transmissão ficam a cargo de quem
produz o programa, pessoa ou equipe, pertencente à classe popular e que já incorporou
a produção à rotina da vida familiar, da culinária caseira e da vida escolar. A internet
já ressignificou práticas e saberes cotidianos da cultura popular que, como vimos, é
dinâmica e está em constante construção. Esse tipo de produção digital começa a se
aproximar da mídia de massa — em termos de investimentos financeiros, maquinário e
qualificação profissional de equipe, propaganda — quando atinge um público massivo.
Nesse momento, as mídias digitais e de massa produzem descontextualizações da
mesma ordem, inserindo a produção (religiosa, musical, culinária etc.) em outra rede de
coisas, pessoas e significações.
IMPORTANTE
Com as redes sociais, ampliou-se o acesso das classes populares à
mídia por meio da figura do influencer. Muitos deles se originam das
camadas populares, de fora das grandes capitais, deslocando os centros
produtores de cultura e suas características, como sotaques, gostos
musicais, vestuário etc.
40
disputa por audiência entre programas semelhantes na televisão, que ocupam o mesmo
dia e o mesmo horário da semana, frequentemente aos fins de semana. No imaginário
da cultura popular, o circo e o teatro popular ainda permanecem como lugares de
participação social, de acolhimento lúdico e, sobretudo, de lazer. Por isso, conversam
com seu público e com outros, já que essa construção esquematizou e organizou o que
havia de informal nessas práticas – por exemplo, substituir a participação espontânea
do público pelo acesso controlado ao microfone, controlar as palavras e os gestos do
apresentador, de sua equipe e do público, apresentar atrações nem sempre pertencentes
à cultura popular, mas promovidas pelo programa. No entanto, há, ainda, no interior
do país, a produção de programas de auditório que remetem à informalidade popular,
cuja participação da plateia é menos controlada. Esses programas são transmitidos por
emissoras locais ou regionais e tendem a atender apenas a um público-alvo específico.
41
DICA
FILME: Bye Bye Brazil (1979)
Salomé (Betty Faria), Lorde Cigano (José Wilker) e Andorinha são três artistas ambulantes
que cruzam o país juntamente com a Caravana Rolidei, fazendo espetáculos para o setor
mais humilde da população brasileira e que ainda não tem acesso à televisão. A eles se
juntam o sanfoneiro Ciço (Fábio Jr.) e sua esposa, Dasdô (Zaira Zambelli), e a Caravana
cruza a Amazônia até chegar a Brasília.
42
produto e de sua garantia, ainda sobrevivem na propaganda, no merchandising e no
anúncio. Os memes e os programas de humor respondem também a essa lógica do
excesso e do exagero. De fato, uma das características do humor popular é a reunião do
contraditório, a parte superior (em termos de valores, como a virtude, o bem, o belo) que
se aproxima ao seu oposto e perde sua condição superior, tornando-se objeto de riso.
Por isso, muitas vezes, o humor popular está associado à obscenidade e à linguagem
chula, pois é uma das formas de rebaixar a autoridade, a educação formal e os bons
modos (BAKHTIN, 1987).
43
que estão sempre na mídia e/ou têm canal e perfil em mídias sociais são celebridades
disputadas por diversas instâncias da sociedade. De anunciantes a políticos, há um
grande número de marcas que deseja seus fãs, público e seguidores. Estão presentes
no uniforme, no cenário da entrevista coletiva e nos painéis eletrônicos no campo ou na
quadra da partida.
CURIOSIDADE
“Balão de ensaio” é um termo jornalístico para a antiga prática de políticos,
empresários e pessoas públicas avaliarem a repercussão de uma nova
ideia, o fechamento de um negócio ou uma candidatura. Alguém influente
comenta a informação e, dependendo da repercussão, o interessado recua
desmentindo publicamente.
44
A ascensão dos agentes da cultura pop passa a dar visibilidade a questões pró-
prias do segmento social, como a precariedade das condições de vida do jogador em
matéria jornalística, os preconceitos de classe, racial e de gênero, denunciados pelo
funk, a ausência do poder público e a violência nas mensagens de rap e hip hop, a des-
centralização cultural de grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, visibilizada
na ascensão dos sertanejos, entre outros.
45
frequentemente operam. À medida que o ideal europeu de identidade é disputado
abertamente ou negociado, a hegemonia (o domínio) cultural se desnaturaliza. Essa
identidade não pode mais ser concebida como natural, sem história e eterna, mas,
como qualquer elemento da cultura, uma construção social. A história social, o acúmulo
de tempo, sua passagem e as rupturas de um período a outro constroem e naturalizam
representações que parecem naturais e eternas. Quando essas disputas trazem para
o centro do debate as identidades sociais, como representações de sujeitos, grupos,
segmentos e países (por exemplo, a identidade nacional), é possível recuperar sedimentos
de histórias perdidas e memórias nunca escritas, como as de negros escravizados e
índios no Brasil.
Quando as estrelas pop emergem, elas trazem consigo a diferença, não como
oposição, mas como desnaturalização da sociedade. A possibilidade de compreender
as identidades a partir dos processos históricos de construção permite que diferenças
aflorem. Por exemplo, a possibilidade de a mulher negra ocupar posições de razão e
liberdade, como intelectuais, jornalistas, escritoras, coloca novas identificações no centro
da sociedade. As identidades estão associadas a categorias em que as pessoas devem se
encaixar, enquanto as identificações são constantes, complementares e não excludentes,
considerando a dinâmica social e a construção histórica. Diversas identificações podem
ser criadas com celebridades, pessoas públicas, ideais, causas e grupos (FREIRE FILHO,
2013). As diferenças promovidas pelo pop, portanto, tornam a sociedade menos idealizada
e mais próxima de seus membros, sendo integradora e diversa.
46
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A cultura popular é muito rica, porque comporta diversas práticas e saberes, da religião
à medicina popular, da culinária aos ditos populares, mesmo que não sistematizados
pelo conhecimento formal.
47
AUTOATIVIDADE
1 A cultura popular é composta por diversas práticas e saberes, como as crenças
religiosas e a vida familiar, a comunicação cotidiana e a experiência passada entre
gerações e o conhecimento não formal. O contexto e as circunstâncias organizam e
selecionam essas práticas e saberes. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Bolinho de feijoada.
b) ( ) Pizza de queijo brie ou camembert.
c) ( ) Tango.
d) ( ) Poemas de Carlos Drummond de Andrade.
48
4 O programa de auditório é um dos lugares de construção da cultura popular pela
mídia. Ele remete ao antigo circo em que os espectadores tinham grande participação.
O formato tipo arena ou teatro do cenário reproduz a estrutura típica desses antigos
lugares de lazer popular. Disserte sobre as alterações midiáticas nessa prática da
cultura popular.
49
50
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto
de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 1987.
BLOOD, R. The weblog handbook: practical advice on creating and maintaining your
blog. Cambridge: Perseus Books, 2002.
BRIGGS, A.; BURKE, P. Uma história social da mídia: de Gutenberg à internet. Rio de
Janeiro: Editora Zahar, 2016.
COLL, C.; MAURI, T.; & ONRUBIA, J. A incorporação das tecnologias da informação e da
comunicação na educação. In: C. COLL; C. MONEREO (org.). Psicologia da educação
virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação.
Porto Alegre: Artmed. 2010.
51
COLL, C.; MONEREO, C. Educação e aprendizagem no século XXI: novas ferramentas,
novos cenários, novas finalidades. In: C. COLL; C. MONEREO (org.). Psicologia da
educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da
comunicação. Porto Alegre: Artmed. 2010.
CONDE, D. L. G.; GUARESCHI, P.; ANTOUN, H. A produção dos sujeitos: a tensão entre
cidadania e alienação. In: Conselho Federal de Psicologia. Mídia e psicologia: produção
de subjetividade e coletividade. Brasília: Conselho Federal de Psicologia. 2009.
MARTINS, C. V.; RADTKE, P. T.; SOUZA, M. B. Projeto Aquarela. Revista Educar Mais,
[s. l.], v. 3, n. 3, p. 1-8, 2019. Disponível em: https://periodicos.ifsul.edu.br/index.php/
educarmais/article/view/1606. Acesso em: 23 jun. 2022.
52
PINOCHET, L. H. C. Tecnologia da informação e comunicação. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2014.
STOLTZ, T. Mídia, cognição e educação. Educar em Revista, [s. l.], n. 26, p. 147-156, 2005.
53
54
UNIDADE 2 —
A RELAÇÃO ENTRE O
INDIVIDUAL, O COLETIVO
E A COMUNICAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• estudar a interação entre indivíduo e sociedade como duas instâncias distintas, que
interagem entre si a partir de atitudes, preconceitos, comunicação, relações grupais,
liderança etc.;
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
55
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
56
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
OS CAMPOS PARA A COMUNICAÇÃO E A
PSICOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Na Bíblia, o livro do Eclesiastes (BÍBLIA, Ecl. 4:9-12) já confirmava que o homem
não foi feito para viver só, sendo mais feliz quando vive junto com outro, pois, quando
um cair, terá o outro para o apoiar. A Psicologia, que surgiu cerca de 2000 anos depois,
a partir de Freud e Jung, apontou essa mesma realidade. Vimos, anteriormente, que
a interdisciplinaridade se faz presente nesse estudo e constatamos que, enquanto a
Psicologia abraça o indivíduo, a Sociologia esmiúça a sociedade. Queremos, sim, estudar
a interação entre indivíduo e sociedade como duas instâncias distintas, que interagem
entre si a partir de atitudes, preconceitos, comunicação, relações grupais, liderança etc.
e de como tudo isso, indivíduo e sociedade, se ajusta (STREY, 1998).
57
• O destinatário pode ser a própria pessoa, outra pessoa (na comunicação interpessoal)
ou de outra entidade (como uma empresa ou grupo).
58
Na verdade, existem modelos simples de comunicação, mas cada processo
de comunicação é muito complexo. Assim, um dos componentes mais importantes
é a personalidade humana, que tem um grande impacto sobre qualquer processo de
comunicação, independentemente do seu contexto.
É apenas à luz dos nossos interesses, das nossas aspirações, das nossas
esperanças e dos nossos medos que podemos atribuir qualquer função e qualquer meta
para a sociedade. Por outro lado, os indivíduos têm interesses, aspirações e objetivos
somente porque eles são uma parte da sociedade. Enfim, a relação que se estabelece
entre o indivíduo e a sociedade não é unilateral.
59
Pode-se concluir que o indivíduo e a sociedade são interdependentes. Nem os
indivíduos pertencem à sociedade como células nem a sociedade é um mero artifício
para satisfazer certas necessidades humanas. O indivíduo e a sociedade interagem uns
com os outros e dependem um do outro – ambos são complementares.
60
• Mental: raciocínio, objetividade, antevisão, visão global, estrutura e valores.
• Emocional: sentimento, subjetividade, relacionamento, comunicação, organização
e imaginação criativa.
• Físico: realização, execução, concretização, experiência sensorial, praticidade e
experiência sistêmica.
DICA
Acadêmico, para ilustrarmos melhor e entendermos a importância da comunicação,
sugerimos que você assista ao filme Coach Carter, que ilustra como se comunicar com os
outros é difícil, mas que a persistência pode trazer resultados além do esperado. O filme
utiliza o basquete para desenvolver o trabalho do treinador em uma escola que apresenta
baixo rendimento educacional, em que a repetência, a evasão e o desempenho refletiam o
fracasso de um sistema que não se preocupava com o ser humano por detrás do estudante.
Os dirigentes da escola, habituados com os péssimos resultados, ano após ano, não
enxergavam a possibilidade de êxito e se acomodaram em repetir formas ultrapassadas de
ensino, não acreditando no bom desempenho dos alunos.
É nesse contexto que chega o treinador Carter, técnico de basquete que havia estudado na
mesma escola. Preocupado com o desempenho escolar dos alunos que jogam no time de
basquete, em meio ao desânimo e à descrença de professores, pais e alunos, ele desafia a
sua equipe a buscar algo além das quadras: a união do grupo e a busca de transformação
de suas vidas e também de suas famílias.
Vale a pena ver as interações que se desenrolam durante o filme, transformando vidas.
61
A sociedade não existe independentemente das pessoas. Há uma interdepen-
dência, uma combinação de atos e de ações que acontecem dentro da sociedade, em
um esforço cooperativo que deve levar a uma sociedade plena, que só tem a sua razão
de existir enquanto estiver a serviço das pessoas.
Esse raciocínio lança uma luz inteiramente diferente sobre a relação entre os
indivíduos e a sociedade, embora não seja novo. Os indivíduos têm a percepção de
que eles possam satisfazer a sua necessidade de relações e de interações por meio
do intercâmbio e da associação com outros. A grande recompensa e satisfação de tal
cooperação faz com que a interação social se torne a mais eficaz e eficiente ferramenta
do indivíduo para atingir seus objetivos.
Quanto mais uma sociedade for complexa e organizada e quanto maior for o
grau de individualidade entre os membros, mais ela proporcionará oportunidade para
iniciativa e empreendimento. Não há antagonismo inerente entre individualidade e
sociedade, pois um é essencialmente dependente do outro. No entanto, seria enganoso
dizer que existe completa harmonia entre a individualidade e a sociedade.
62
3 PSICOLOGIA, CULTURA, SAÚDE E TRABALHO
A relação entre o indivíduo e a sociedade tem a incumbência de aproximá-los,
e não de os distanciar. Essencialmente, a “sociedade” estabelece normas, costumes
e regras básicas de comportamento humano. Essas práticas são tremendamente
importantes para saber como os seres humanos agem e interagem uns com os outros.
A sociedade não existe de forma independente, sem o indivíduo. Por outro lado, a
sociedade existe para servir as pessoas, e não o contrário. A vida humana e a sociedade
praticamente andam juntas. O homem é biológica e psicologicamente preparado para
viver em grupos, na sociedade.
Dessa forma, a sociedade passou a ser uma condição essencial para a vida
humana, para o seu surgimento e a sua continuidade e evolução. A relação entre o
indivíduo e a sociedade é, em última análise, um dos mais profundos de todos os
problemas da filosofia social, mais filosófico que sociológico, pois envolve a questão dos
valores. O homem depende da sociedade. É na sociedade que um indivíduo é cercado
(e por que não) pela cultura, como uma força social.
É na sociedade, mais uma vez, que ele tem que estar em conformidade com
as normas, já que vive integrado como membro de um grande grupo. Essa questão da
relação entre o indivíduo e a sociedade é o ponto de partida de muitas discussões. Ela
está intimamente ligada com a questão da relação do homem e da sociedade. A relação
entre os dois depende do fato de que o indivíduo e a sociedade são dependentes
mutuamente e um cresce com a ajuda do outro.
Já vimos que a Psicologia não está sozinha no trato com o ser humano. Uma
variante muito interessante e de muita valia é a Psicologia cultural, que permite que
os profissionais de saúde mental possam aumentar a eficácia do tratamento das
pessoas de diferentes origens. Por ter uma grande sensibilidade às diferentes origens
culturais, o tratamento pode se tornar mais bem-sucedido. Além disso, a partir do
estudo de culturas diferentes, uma maior compreensão dessas realidades pode facilitar
o acompanhamento.
63
Pode parecer redundante, mas parte importante da Psicologia cultural é
compreender as diferenças sociais de diferentes culturas. Algo que pode parecer
estranho em uma cultura pode ser uma norma em outra; portanto, ao se dirigir a pessoas
de diferentes culturas, é importante entender essas diferenças. Essa atenção não é
apenas para evitar sentimentos de mágoa, mas também obter uma maior compreensão
do indivíduo.
64
A tecnologia e sua relação com a psicologia têm se expandido muito nos últimos
anos. Algumas instituições de ensino superior recomendam a realização de cursos
secundários completos em programação de computadores ou outra área relacionada
com a tecnologia na preparação dos futuros psicólogos.
O trabalho solidário não foge das regras básicas de qualquer outro ofício,
conforme regulamentado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT):
65
Vemos, portanto, que uma nova economia, não capitalista,
ecologicamente sustentável e sociologicamente justa, centrada nos
valores da participação democrática e distribuição de riqueza está
crescendo, trazendo consigo a proposta de um novo modelo de
desenvolvimento e a esperança de um mundo melhor para todos
(MANCE, 2007, p. 14).
ESTUDOS FUTUROS
No Tópico 2, entenderemos melhor como se dá a relação entre a
comunicação e a linguagem, bem como a comunicação, o conhecimento
e a informação e sua contribuição para uma melhor interação social.
66
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Tudo o que sabemos sobre o ser humano tende a mostrar que nenhum pode, em
geral, se desenvolver isoladamente.
• A sociedade tornou-se uma condição essencial para a vida humana, para o seu
surgimento e a sua continuidade e evolução.
67
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE, 2012) O modo como a Psicologia tenta dar conta das relações sociais apresenta
dupla característica. Uma consiste em focalizar as dimensões ideais e simbólicas e
os processos psicológicos e cognitivos que se articulam aos fundamentos materiais
dessas relações. A outra aborda essas dimensões e esses processos considerando
o espaço de interação entre pessoas ou grupos, no seio do qual elas se constroem e
funcionam (JODELET, 2004).
PORQUE
2 Não é nenhuma surpresa que a dificuldade com a comunicação está no centro de muitas
outras coisas que prejudicam o convívio social e é, por isso, que sempre buscamos
melhorar a nossa comunicação. Nessa busca, percebemos como é importante
compreender o porquê das ações e das atitudes das pessoas. Tendo em mente os
elementos que fazem parte dos princípios que podem nos ajudar a compreender as
atitudes e a forma de pensar das pessoas, assinale a alternativa INCORRETA:
a) ( ) Físico.
b) ( ) Emocional.
c) ( ) Mental.
d) ( ) Comportamental.
68
3 Não há antagonismo inerente entre individualidade e sociedade, pois um é
essencialmente dependente do outro. No entanto, seria enganoso dizer que
existe completa harmonia entre a individualidade e a sociedade. Sobre o sujeito e
a sociedade, tendo em mente que a sociedade é um sistema de relações entre os
indivíduos, assinale a alternativa CORRETA:
69
70
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
A COMUNICAÇÃO, O CONHECIMENTO E A
INFORMAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Muitas vezes, tomamos como certo que as nossas palavras transmitem
exatamente o que pretendemos. Contudo, essa é uma suposição que carece de certezas
e, por isso, as palavras, os conceitos tendem a não ser recebidos da mesma forma como
quem envia pretende que seja entendido. No momento em que algumas frases são
pronunciadas, podemos ter uma comunicação totalmente desperdiçada. Quantas vezes
precisamos refazer uma pergunta para poder entender o significado da(s) palavra(s)?
Para nós, seres humanos, as palavras são mais que um meio de comunicação,
pois podem moldar nossas crenças, comportamentos, sentimentos e definir nosso
agir. Assim, como ferramenta eficaz de comunicação, nada é mais poderoso do que as
palavras para moldar nossas opiniões.
Hoje, temos uma preocupação constante com o futuro das próximas gerações,
e, para nos ajudar, surgiram as ciências do comportamento humano, que oferecem uma
base de conhecimento e prática para o desenvolvimento de políticas que promovam,
entre outras coisas, a paz, a justiça social, a plena realização dos direitos humanos a
todos os seres humanos e, é claro, o olhar atento ao meio ambiente, para que um futuro
ecologicamente sustentável não seja apenas um sonho. A Psicologia, então, tem papel
fundamental nesses anseios e se torna uma ferramenta para possibilitar mudanças
sociais positivas, com o intuito de ajudar indivíduos, grupos e toda a sociedade.
71
• Reconhecer os erros e buscar sempre a união de forças, resistindo à tendência de
negar a responsabilidade e culpar os outros quando as coisas dão errado.
• Avaliar alternativas realizando uma análise ponderada e empática, rejeitando apelos
de medo e raiva, que, muitas vezes, tornam mais difícil o nosso julgamento.
• Evitar, quando houver, qualquer tipo de conflito de incompreensão e falta de
comunicação que podem causar outros problemas.
• Evitar a transmissão de vingança de uma geração para a seguinte, curando as
feridas causadas pela violência e por traumas.
2 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
A linguagem pode ser entendida como uma construção da comunicação, como
um sistema gramatical, sendo que os sons, suficientemente normatizados para serem
usados por duas pessoas, podem transmitir informações de uma para outra.
72
Skinner (1977) argumentou que as crianças aprendem a linguagem com base em
princípios de reforços behavioristas, por associarem palavras com significados. Quando
a criança se expressa corretamente, é recompensada para que perceba o valor do que
foi comunicado por meio das palavras e frases. Skinner (1977) era um estudioso, um
pesquisador que serviu de base para o avanço de muitos estudos do comportamento
humano, que foi criticado, principalmente, por Noam Chomsky, criador da Teoria da
Gramática Universal.
DICA
Acadêmico, busque mais informações sobre Skinner, Pavlov e Chomsky para
aumentar o seu conhecimento sobre essa temática.
73
Com a idade de seis anos, a média das crianças aprendeu a usar
e entender cerca de 13.000 palavras; por dezoito anos ele terá um
vocabulário de trabalho de 60.000 palavras. Isso significa que ele
tem aprendido uma média de dez novas palavras por dia desde o
seu primeiro aniversário, o equivalente a uma nova palavra a cada 90
minutos da sua vida de vigília.
Ao recorrer à Bíblia, novamente, para explicar por que os seres humanos são
capazes de se comunicar em linguagem humana, encontramos que Deus os criou com
a capacidade de fazê-lo, sendo a única explicação plausível para a origem da linguagem
humana no livro do Gênesis: “Então Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; [...] E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de
Deus o criou; macho e fêmea os criou” (BÍBLIA, Gn. 1:26-27).
A comunicação não verbal é um tema muito delicado e, por isso, muitos autores
se debruçaram sobre ele, trazendo contribuições importantes para o conceito e a
caracterização dessa discussão.
De acordo com Corraze (1982), para o ser humano, as comunicações não verbais
se processam a partir de três suportes: o corpo, nas suas qualidades físicas, fisiológicas
e nos seus movimentos; no homem, ou seja, nos objetos associados ao corpo, como
os adornos, as roupas, ou mesmo as mutilações, marcas ou cicatrizes de tatuagens,
74
de rituais ou não – ainda podem ser relacionados os produtos da habilidade humana,
que podem servir à comunicação; e, finalmente, o terceiro suporte se refere à dispersão
dos indivíduos no espaço, que engloba desde o espaço físico, que cerca o corpo, até o
espaço que a ele se relaciona, o espaço territorial.
• índices de sexo;
• comportamentos de namoro;
• o mundo silencioso da cinética;
• o corpo é a mensagem;
• o rosto humano;
• o que dizem os olhos;
• a dança das mãos;
• mensagens próximas e distantes;
• interpretando posturas físicas;
• o ritmo do corpo;
• os ritmos do encontro humano;
• a comunicação pelo olfato;
• a comunicação pelo tato, entre outros tópicos.
75
e a postura. O segundo também apresenta várias unidades de expressão, como a moda,
os objetos do cotidiano e da arte, até a própria organização dos espaços físico (pessoal
e grupal) e ambiental (doméstico, urbano e rural).
A semiologia pode ser definida, segundo Buyssens (1972), como o estudo dos
processos de comunicação, que envolvem o uso de meios para influenciar outrem,
devendo estes ser reconhecidos por aqueles a quem se quer influenciar. O signo, por
definição, é algo que está no lugar de outra coisa. Esse algo é a representação de algum
aspecto ou capacidade, segundo o ponto de vista a partir do qual o objeto é recortado
de um determinado contexto.
76
De acordo com a análise de Coelho Netto (1980), a partir de Pierce, a relação
do signo com o seu objeto pode se dar com base em três tipos de representação: o
ícone, que tem uma relação de semelhança com seu objeto; o índice, que apresenta
uma relação existencial de causa e efeito, e o símbolo, cuja ligação é arbitrária, porém,
quando se constitui, tem uma força coercitiva e se torna uma convenção.
77
FIGURA 2 – CÓDIGOS NA COMUNICAÇÃO
4 DIFICULDADES NA COMUNICAÇÃO
A nossa forma de codificar e decodificar mensagens é baseada no processo de
comunicação que desenvolvemos nas fases anteriores da nossa vida.
78
Todas as palavras são realmente apenas símbolos que representam certas
coisas, e cada pessoa pode ter uma compreensão um pouco diferente, mesmo no
nível da palavra individual. Além disso, o número real de palavras que conhecemos, a
complexidade das alterações de linguagem com mais experiência e as formas como
codificar e decodificar mensagens são determinados por nossa cultura, padrões de
família e outras experiências.
Referente ao uso das redes sociais (Instagram, LinkedIn, Facebook, entre outras)
para publicizar os serviços e promover discussões pertinentes à ciência psicológica,
o(a) profissional necessita:
79
que a troca de mensagens virtuais facilita a comunicação, mas também pode gerar
situações de desconforto, devido ao grau de ambiguidade e possíveis ruídos de
interpretação. A visualização de mensagens sem, porém, enviar-se uma resposta,
por exemplo, pode ser entendida pelo(a) beneficiário(a) como omissão ou negligência
nas suas demandas.
80
FIGURA 3 – EMISSOR E RECEPTOR
81
FIGURA 4 – BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO
82
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Todas as palavras são realmente apenas símbolos que representam certas coisas,
e cada pessoa pode ter uma compreensão um pouco diferente, mesmo no nível da
palavra individual.
• O receptor, quando recebe uma mensagem, pode não ter habilidade suficiente para
decodificar a mensagem e pode adicionar significado próprio que não coaduna com
a intenção do remetente da mensagem.
83
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE, 2015) Em homenagem ao Dia do Motorista, comemorado em 25 de julho,
foi veiculado o seguinte anúncio publicitário: “Esse. Anúncio. É. Assim. Mesmo. Com.
Uma. Série. De. Pontos. Um. Atrás. Do. Outro. Porque. É. Para. Lembrar. A. Você. Que.
Hoje. É. Dia. De. Homenagear. O. Motorista. De. Ônibus”.
FONTE: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2015/06_cs_publicidade_propaganda.
pdf>. Acesso em: 1 jun. 2022.
84
Com base na situação apresentada e tendo como referência o Código de Ética
Profissional do Psicólogo, analise as sentenças a seguir:
3 O sistema não verbal considera como os canais que fazem parte de uma categorização
denominada como “diferentes sinais corporais”: expressão facial; olhar; gestos e
movimentos posturais; contato corporal; comportamento espacial; roupas, aspecto
físico e outros aspectos da aparência. Quanto ao pesquisador responsável por
distinguir esses canais, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Corraze.
b) ( ) Argyle.
c) ( ) Knapp.
d) ( ) Davis.
5 A comunicação não verbal é um tema muito delicado e, por isso, muitos autores
se debruçaram sobre ele, trazendo contribuições importantes para o conceito e a
caracterização dessa discussão. Disserte sobre a visão de Corraze sobre a comunicação
não verbal.
85
86
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
A PSICOLOGIA COMO FUNDAMENTO DA
RESPONSABILIDADE NA COMUNICAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
As mídias sociais de todos os tipos e formas se tornaram uma parte tão importante
da nossa sociedade que olhar para elas de forma negativa só irá provocar retrocessos
de tudo o que já foi construído até os dias atuais, no que tange à comunicação. Como
sociedade, devemos promover e continuar a incorporar a mídia social de modo cada
vez mais positivo, porque sites de redes sociais são ferramentas poderosas quando
precisamos entrar em contato com pessoas que estão distantes.
87
tipo de preocupação e especulação sociológica venha à tona. Assim, os indivíduos
tenderiam, crescentemente, ao isolamento doméstico. Até as necessidades afetivas
poderiam, como em grande parte podem, ser atendidas virtualmente.
Estudos sobre a competência social dos jovens que passam grande parte de
seu tempo em redes sociais são, por vezes, muito conflitantes. Há sempre análises de
lados extremos, que fazem julgamentos sem fundamentos em relação às pessoas que
passam muito tempo nas mídias sociais. Nesse contexto, a Psicologia é mais necessária
como acompanhamento e orientação do que em pesquisas e investigações apenas
para detectar os males que podem advir do uso das redes sociais, no que tange aos
comportamentos antissociais.
Por outro lado, vemos, com bastante frequência, nas últimas duas décadas,
uma superação dos isolamentos comportamentais pela intensificação das formas
de comunicação virtual. Não sendo físicas, essas formas de comunicação pela
web provocam, não obstante, um aumento exponencial dos diálogos e da troca de
informação. Amplificam, em vez de diminuírem, os relacionamentos. Permitem, por
extensão, a amplificação de grupos sociais distantes fisicamente.
No mesmo sentido, é possível lançar mão dos e-mails e dos recursos de busca na
internet para o restabelecimento de contatos afetivos e profissionais jamais imaginados
pelos nossas bisavós. Em outra perspectiva, é possível utilizar a tecnologia para
88
conversas e agendamentos de encontros presenciais, fruto do incansável, audacioso e
ambicioso esforço humano na busca do conhecimento e ao encontro de alternativas e
soluções que, não importa se imbuídas do desejo de lucro ou poder, facilitam, melhoram
e trazem felicidade às vidas humanas.
Outra realidade muito importante que merece destaque é a inclusão digital, que,
para ser autêntica, precisa estar ligada à inclusão social. Nesse sentido, como afirma
Ferreira (2004), o computador é uma ferramenta de construção e aprimoramento do
conhecimento, permitindo o acesso à educação e ao trabalho, o desenvolvimento
pessoal e uma melhor qualidade de vida.
Diante do cenário high tech (de alta tecnologia), a inclusão digital faz-
se necessária para todos. As situações rotineiras geradas pelo avanço
tecnológico produzem fascínio, admiração, euforia e curiosidade
em alguns, mas, em outros, provoca sentimento de impotência,
ansiedade, medo e insegurança. Algumas pessoas ainda olham
para a tecnologia como um mundo complicado e desconhecido. No
entanto, conhecer as características da tecnologia e sua linguagem
digital é importante para a inclusão na sociedade globalizada
(FERREIRA, 2004, p. 86).
89
possível a qualquer pessoa produzir uma “notícia” e “postar na internet”, para que milhares
de pessoas possam visualizar e compartilhar. Os 15 minutos de fama preconizados por
Andy Warhol se tornaram realmente possíveis nos nossos tempos.
90
Embora tais participações apontem para reflexões sobre temas gerais, entendemos
que somente a partir de um trabalho de atendimento e/ou acompanhamento
minimamente sistemáticos, pode-se apontar hipóteses diagnósticas tecnicamente
balizadas, e que tal trabalho se dá em um processo em que interagem ambos,
analisador(a) e analisada(o).
Cabe ainda ao(à) psicólogo(a) ser crítico(a) quanto aos convites de participação
recebidos, devendo tomar cuidado não somente com sua fala, mas também atentar
ao que essa mídia está falando. Salientamos que alguns programas podem se valer
da presença do(a) profissional da Psicologia para corroborar ideias e posicionamentos
destoantes daqueles defendidos e preconizados pela ética profissional.
FONTE: Adaptado de CRP/SP. A(o) psicóloga(o), a mídia e a ética profissional: série CRP SP
orienta. São Paulo: CRP/SP, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3u4jDMa.
91
Como a mídia social afetará a interação em nossa sociedade? Já não é de hoje que
o face a face nas interações pessoais diminuiu por causa dessas novas tecnologias sociais.
Várias teorias em psicologia social tentam compreender o papel da
mídia na sociedade. Todas, de um modo ou de outro, tentam iluminar
essa problemática. Algumas teorias, contudo, não dão conta de explicar
determinados mecanismos e obscurecem a compreensão global da
realidade. Elas explicam algo, mas ficam no meio do caminho. Assim,
por exemplo, o que está por detrás do comportamentalismo, cognitivo e
psicanálise é uma visão cartesiana: a dicotomia entre o mundo externo
e interno. Cada abordagem tem sua maneira específica de explicar
e lidar com essa dicotomia. Tanto os comportamentalistas quanto os
cognitivistas partem da concepção de que existem seres humanos que
podem saber o que é melhor para a humanidade e, portanto, são dignos
de controlar e construir desejos nas pessoas (ROSO, 1998, p. 134).
DICA
Um filme que retrata bem a realidade do jornalismo investigativo é Spotlight, que relata
a situação difícil de um grupo de jornalistas que apresenta um número enorme de
documentações que provam o abuso de crianças por padres na cidade de Boston. A
história, baseada em fatos, é pesada, mas mostra a importância da investigação na busca e
na apresentação da comunicação da verdade.
92
É muito difícil um mesmo meio de comunicação de massa ter unanimidade
com o seu público receptor, pois há muita seletividade, e a reação ocorre de diferentes
formas, a partir de sua própria experiência e da orientação de acordo com a mídia de
massa. Algumas dessas mídias são: revistas, televisão, jornais e internet.
Cada meio de comunicação de massa quer ser o único a atingir o público, o que
aumenta a concorrência. Como exemplo, temos a transmissão dos jogos de futebol.
Há empresas que compram o horário de transmissão porque, a partir de pesquisas de
mercado, identificam o público receptor daquele programa e querem vender seu produto
para esse público. É praticamente uma via de mão dupla: os meios de comunicação
precisam das empresas e as empresas precisam dos meios de comunicação, e ambos
miram no público receptor. É a opção de escolha.
Já virou senso comum que, na atualidade, cada vez mais esportes, equipes,
organizações não governamentais lançam programas de mídia social, participando e
interagindo nas redes e nas mídias sociais. Por que está acontecendo isso e qual a sua
importância?
93
• Primeiro: os admiradores do esporte, do esportista, mudaram os seus hábitos e estão
migrando para mídias e plataformas sociais, sem deixar a TV e a mídia impressa.
• Segundo: criaram-se possibilidades de maior interação entre fã/admirador com o
esportista, com o time.
• Terceiro: a valorização do esportista caminha com sua “entrada” nas mídias sociais:
quantos seguidores, quantos twits, quantas curtidas, quantos compartilhamentos etc.
• Quarto: as mídias sociais servem para reforçar uma marca.
• As mídias sociais, de alguma forma, motivam a participação em alguma instituição,
como forma de ajudar outras pessoas.
Parece óbvio, mas somente a criação de uma página com fãs no Facebook
ou conta no Twitter, sem a compreensão das regras de engajamento social, não
garante os itens elencados anteriormente. Pode acontecer o inverso: pode resultar em
oportunidades perdidas ou provocar um isolamento no mundo digital, diminuindo as
relações no mundo real.
94
• da tecnologia utilizada como difusora das informações: TV, rádio e imprensa são
compreendidos de maneira distinta uns dos outros. A televisão, por exemplo, possui
conteúdo fragmentado e maior visibilidade;
• do acesso: há regiões no Brasil onde o rádio é o meio mais acessível;
• das diferenças culturais, sociais e econômicas que influenciam na escolha e no
acesso aos meios: os jornais são mais lidos pelas classes A e B;
• do papel que cada meio possui na sociedade em que atua: jornais, por exemplo, são
mais relevantes para a opinião pública em alguns países da Europa do que no Brasil.
Mesmo com todas essas possibilidades, a mídia impressa ainda é o tipo mais
influente na formação de opinião. Vivemos momentos de grandes incorporações,
fusões, de encerramento de edições, tanto de revistas quanto de jornais impressos. Por
que essa reestruturação ocorre?
DICA
Acadêmico, se você não for nenhum “famoso” jogador de futebol, você é consumidor disso
tudo, de uma forma ou de outra. Nessa perspectiva, somos apenas espectadores e a intenção,
ou a motivação, não deveria ser essa.
Um filme que mostra essa situação de um mero espectador que demora a reagir, seja em
frente à TV ou atuando nela, é O Show de Truman, que, de forma muito interessante, mostra
um personagem criado em um mundo que simula a realidade. No filme, milhões de pessoas
assistem a Truman desde o seu nascimento até o momento em que ele passa a desconfiar
que algo está errado em sua vida e começa, então, uma busca pela verdade.
95
FIGURA – FILME O SHOW DE TRUMAN
NOTA
O filme O Show de Truman é muito bacana, pois mostra o que acontece
hoje no mundo do esporte: a falta de autocrítica, o narcisismo exacerbado
e a falta de escrúpulos que transborda por toda a sociedade. Para sairmos
dessa situação, é preciso cultivar, em primeiro lugar, a autocrítica.
96
Uma forma de essas expectativas se tornarem aparentes é quando olhamos
para os papéis que as pessoas desempenham na sociedade. Os papéis sociais são a
parte em que as pessoas agem como membros de um grupo social.
NOTA
Acadêmico, do seu ponto de vista, sabendo que a função que transparece
das mídias é a de informar, documentar, analisar, interpretar, mediar e
mobilizar, criando e encontrando soluções, os meios de comunicação são
um instrumento para o desenvolvimento social?
97
LEITURA
COMPLEMENTAR
A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS SOB A CONSTRUÇÃO DASUBJETIVIDADE
HUMANA
1 INTRODUÇÃO
98
Dessa forma, este trabalho apresentou como objetivo geral descrever sob a
importância das redes sociais e os fatores que auxiliam na subjetividade, bem como
a contribuição da Psicologia nesse contexto, evidenciando o objetivo específico em
identificar o conceito de subjetividade, a relação com a Psicologia e explanar sobre essa
necessidade de produção, dentro das limitações dos conceitos de redes sociais.
Para discutir tal relação, foi realizada a revisão de pesquisa bibliográfica nas
bases de dados BVS-PSI e SciELO, com a finalidade de analisar textos relacionados a
essa temática em artigos científicos no período de 2013 a 2019.
2 REDES SOCIAIS
Para Silibia (2008) explica que “as novas formas de expressão e comunicação que
conformam a Web 2.0 são também ferramentas para a criação de si. Esses instrumentos
de auto estilização agora se encontram à disposição de qualquer um”.
100
Atualmente, em especial neste século, os autores destacam que a tecnologia
possibilitou ao homem novas formas de relacionamento com o meio social, proporcionando
um novo modelo de se utilizar o tempo e o espaço (OLIVEIRA; ARAUJO; FIGUEIREDO, 2017).
De acordo com Oliveira, Araújo e Figueiredo (2017), o intuito desses novos meios
de comunicação é possibilitar a troca de informações entre os membros agregados a
mesma rede social, “embasados no compartilhamento e convergências da pluralidade
dos conhecimentos dos sujeitos”. Entretanto, observa-se certo grau de vulnerabilidade
com relação às más interpretações que os usuários estão expostos.
De acordo com Colvara (2007), essa nova cultura (dominada pela tecnologia) fez
surgir também “o prazer de aparentar ser alguém, de pôr em práticas suas idealizações”.
A autora afirma ainda que a “tecnologia é um componente que exige racionalidade para
o seu uso, mas também uma grande porção de criação por parte de seus idealizadores”.
101
3 INFLUÊNCIAS DAS REDES SOCIAIS NA SUBJETIVIDADE HUMANA
Félix Guattari (apud MANSANO, 2009) também esclarece esse mesmo consenso
de que a subjetividade é essencialmente fabricada e modelada no meio social, tendo
como matéria-prima os sentidos, valores e ideais. Percebe-se, assim, que as redes sociais
servem como novos modos de relacionamento, consequentemente servindo de “molde”
da subjetividade de seus usuários. Seguindo essa linha de raciocínio, poderíamos afirmar
que as redes sociais se colocam como “construtor” das imagens de seus respectivos
usuários, na medida em que estes expõem suas emoções e sentimentos, sejam elas
expostas verbalmente ou não.
Dalmaso (2013) esclarece que, nas redes sociais, os emoticons são utilizados a fim
de demonstrar simpatia e que letras maiúsculas podem servir para inserir algum tipo de
sentimento à postagem, além da linguagem informal que soa como um ar de conversação.
A autora ressalta ainda que é através dessa relação “do que somos” que construímos
nossas autoidentidades, reinventadas do verdadeiro “eu” e que “os outros” influenciam e
constituem essa definição através de compartilhamentos de ideias e pensamentos.
Desse modo, as relações estabelecidas nas redes sociais não apenas expõem
como também interferem na construção da identidade individual (do “eu”). A autora
esclarece que a construção do nosso eu não está sob nosso total controle, pelo fato de
nossas interações on-line interferirem na construção desta. Portanto, ressalta-se que a
construção de identidades multifacetadas é reflexo de interações entre o eu e o outro,
seja on-line ou não (DALMASO, 2013).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
102
Do ponto de vista social, considera-se que a subjetividade está relacionada às
ideias que só se tornam subjetivas quando há compartilhamento de opiniões, ou seja,
um meio de socialização. O fato é que a identidade da pessoa se modifica de acordo
com o convívio no meio social e, consequentemente, as redes sociais mostram o que é
agradável ou não à sociedade. Contudo, caberá a outras pessoas concordarem ou não,
isto é, há solidificação ou não interligando os meios de socialização que acontecem
nas próprias redes. Porquanto, é onde expressam opiniões e também influenciam na
subjetividade de outros indivíduos.
FONTE: Adaptada de SILVA, R. M.; COSTA, E. S. da; OLIVEIRA, M. R. de. A influência das redes sociais sob a
construção da subjetividade humana. Psicologia.pt, jan. 2020. Disponível em: https://www.psicologia.pt/
artigos/textos/A1365.pdf. Acesso em: 10 jun. 2022.
103
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Cada meio de comunicação de massa quer ser o único a atingir o público, aumentando
a concorrência.
104
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE, 2015) Hoje, o conceito de inclusão digital está intimamente ligado ao da
inclusão social. Nesse sentido, o computador é uma ferramenta de construção e
aprimoramento de conhecimento que permite acesso à educação e ao trabalho,
desenvolvimento pessoal e melhor qualidade de vida.
Diante do cenário high tech (de alta tecnologia), a inclusão digital faz-se necessária
para todos. As situações rotineiras geradas pelo avanço tecnológico produzem
fascínio, admiração, euforia e curiosidade em alguns, mas, em outros, provocam
sentimento de impotência, ansiedade, medo e insegurança. Algumas pessoas ainda
olham para a tecnologia como um mundo complicado e desconhecido. No entanto,
conhecer as características da tecnologia e sua linguagem digital é importante para
a inclusão na sociedade globalizada.
Nesse contexto, políticas públicas de inclusão digital devem ser norteadas por objetivos
que incluam:
105
2 (ENADE, 2015)
FONTE: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2015/06_cs_publicidade_propaganda.
pdf>. Acesso em: 21 jun. 2022.
PORQUE
106
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa
correta da I.
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
PORQUE
II- A sociedade civil, embora configure um campo composto por forças sociais
heterogêneas, está relacionada à esfera da defesa da cidadania e suas respectivas
formas de organização em torno de interesses públicos e de valores, não sendo
isenta de relações e conflitos de poder, de disputas por hegemonia e representações
sociais e políticas diversas e antagônicas.
107
5 Assim como afirma Pavarino (2003), a importância e a influência dos meios de
comunicação de massa nas sociedades são inegáveis e o processo de identificação
e avaliação desses efeitos depende de algumas variáveis. Descreva quais são as
variáveis segundo Pavarino (2003).
108
REFERÊNCIAS
ARGYLE, M. Bodily communication. London: Metheuen, 1978.
BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano, compaixão pela terra. 6. ed. Petrópolis:
Vozes, 1999.
109
JODELET, D. Os processos psicossociais da exclusão. In: SAWAIA, B. As artimanhas
da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. 5. ed. Petrópolis:
Vozes, 2004.
SILVA, R. M.; COSTA, E. S. da; OLIVEIRA, M. R. de. A influência das redes sociais sob a
construção dasubjetividade humana. Psicologia.pt, jan. 2020. Disponível em: https://
www.psicologia.pt/artigos/textos/A1365.pdf. Acesso em: 10 jun. 2022.
VAN DER MOLEN, H. T.; LANG, G. Habilidades da consulta na escuta médica. In: LEITE,
A. J. M.; CAPRARA, A.; COELHO FILHO, J. M. (org.). Habilidades de comunicação com
pacientes e famílias. São Paulo: Sarvier, 2007. p. 47-66.
110
UNIDADE 3 —
DISPOSITIVOS VIRTUAIS
DE INTERVENÇÃO
PSICOLÓGICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – LEGISLAÇÃO
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
111
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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112
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
LEGISLAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A atuação de psicólogos brasileiros é regida e orientada por leis, normas, notas
técnicas e resoluções. O Código de Ética Profissional do Psicólogo (CFP, 2005a) é um
instrumento que visa a orientar o exercício da Psicologia, por meio da autorreflexão e
da responsabilização das ações dos psicólogos no decorrer da sua atuação profissional.
Dessa forma, busca-se servir à sociedade ao garantir à população a qualidade do
serviço ofertado, direcionando os profissionais para o compromisso social da Psicologia
pautada em uma atuação ética, fortalecendo a categoria como um todo e reforçando a
Psicologia enquanto ciência e profissão (AMENDOLA, 2014).
ATENÇÃO
Além de orientar e regulamentar o exercício profissional dos psicólogos, o
Código de Ética também protege a população pela garantia de um serviço
de excelência para todos.
Como dito, mudanças surgem no contexto social, podendo refletir nos saberes
psicológicos e também no exercício profissional da Psicologia. Apontam-se novas
teorias, áreas e modos de atuação, que precisam ser pautados a partir de princípios
éticos. As demandas sociais surgidas exigem uma prática psicológica afinada com tais
mudanças. Assim, não poderia ser diferente quanto às inovações tecnológicas que
foram desenvolvidas e intensificadas nas últimas décadas. Houve a necessidade de
adequar as intervenções psicológicas às mudanças e inovações surgidas na era digital,
proporcionando, assim, uma nova forma de acesso aos serviços psicológicos. Uma
dessas adaptações surgiu por meio do atendimento e oferta de serviços no ambiente
digital, também denominado como virtual e/ou on-line (AMENDOLA, 2014; FORTIM;
COSENTINO, 2007; SOUZA; SILVA; MONTEIRO, 2020).
113
ATENÇÃO
A leitura do Código de Ética Profissional do Psicólogo é obrigatória
para toda a categoria, pois se trata de um instrumento norteador
do exercício profissional, sendo a legislação soberana para todos
os profissionais de Psicologia devidamente inscritos no Conselho
Regional da sua localidade. Além disso, estudantes de Psicologia
devem conhecer e responder ao Código de Ética desde a formação
inicial, durante a graduação.
114
Em 16 de dezembro do mesmo ano, foi publicada a Resolução CFP nº 6/2000
(CFP, 2000b), que instituiu a Comissão Nacional de Credenciamento e Fiscalização dos
Serviços de Psicologia pela Internet. A validação, a fiscalização e o acompanhamento
dos sites de atendimento psicológico era responsabilidade dessa comissão, sendo suas
atribuições:
A Resolução CFP nº 12, de 18 de agosto de 2005 (CFP, 2005b) teve como objetivo
regulamentar o atendimento psicoterapêutico, assim como outros serviços psicológicos
mediados por computador, e revogou a Resolução CFP nº 3/2000. O primeiro capítulo
da Resolução CFP nº 12/2005 tratava do atendimento psicoterapêutico, modalidade que
continuava sob caráter experimental e as condições oferecidas para tal eram as mesmas
de pesquisas realizadas com seres humanos. O segundo capítulo tratava dos demais
serviços psicológicos (desde que não psicoterapêuticos) e sua realização sob mediação
do computador. Ainda previu a manutenção da Comissão Nacional de Credenciamento
de Sites, que deveria avaliar os sites dos profissionais que realizavam atendimento on-
line e apresentar sugestões para o aprimoramento desse tipo de serviço.
115
publicação, foi revogada a Resolução CFP nº 12/2005 (CFP, 2005b). No primeiro capítulo
da CFP nº 11/2012, foram apresentados os serviços psicológicos autorizados por meios
tecnológicos de comunicação a distância:
ATENÇÃO
Pode haver discordâncias entre o uso dos termos paciente e/ou
cliente. Entende-se que essa diferença conceitual é de origem
teórica, pois algumas perspectivas psicológicas podem preferir
utilizar um termo em detrimento de outro. No decorrer desta
unidade, os termos são utilizados como sinônimos, para referir
pessoas em situação de atendimento psicológico.
116
I- Apresentar certificado de aprovação do protocolo em Comitê de
Ética em Pesquisa, conforme os critérios do Conselho Nacional
de Saúde do Ministério da Saúde.
II- Respeitar o Código de Ética Profissional da(o) psicóloga(o);
III- É vedado ao participante pesquisado, individual ou coletivamente,
receber qualquer forma de remuneração ou pagamento;
IV- A(o) psicóloga(o) deve se comprometer a especificar quais são
os recursos tecnológicos utilizados no seu trabalho e buscar
garantir o sigilo das informações;
V- As informações acima citadas deverão constar de maneira visível
e com fácil acesso no site que realiza a pesquisa (CFP, 2012, p. 3).
Após o recebimento da solicitação (que era gratuita), esta deveria ser julgada
no prazo de 60 dias pelo CRP, o qual emitiria um parecer justificado, podendo ser
considerado “favorável” ou “desfavorável”. Neste último caso, o parecer deveria
apresentar orientações quanto às adequações necessárias. A decisão ainda poderia
ser definida como “não se aplica” se os serviços oferecidos não se enquadrassem no
117
proposto pela resolução. Como dito, aos profissionais cabia recurso, junto ao CFP,
quanto às decisões tomadas pelo CRP. A permissão para funcionamento desses sites
deveria ser renovada a cada três anos e a solicitação de renovação precisava ser feita
três meses antes do prazo de validade. Ressalta-se que só deveriam ser cadastrados
os sites que tinham como finalidade o serviço de atendimento on-line. Essas regras não
eram aplicadas aos demais sites, como aqueles usados para divulgação de serviços
psicológicos presenciais (CFP, 2012).
118
a) Psicólogas(os) que atendem aos dispositivos previstos na
Resolução CFP nº 11/2018 ou normativa que venha a substituir
sobre esta matéria, bem como que atendam aos dispositivos
combinados da Resolução CFP nº 10/2005 – Código de Ética
Profissional do Psicólogo, da Lei nº 4.119, de 27 de agosto de
1962, do Decreto nº 53.464, de 21 de janeiro de 1964, da Lei nº
5.766, de 20 de dezembro de 1971 e do Decreto nº 79.822, de 17 de
junho de 1977 e demais normativas pertinentes ao objeto desta
questão estão habilitadas(os) a prestar serviços psicológicos por
meio de TICs, estando a(o) psicóloga(o) no Brasil, ou a partir de IPs
registrados e com validade no território nacional.
b) Psicólogas(os) que atendam os requisitos citados no item acima
podem prestar serviços psicológicos para clientes/usuárias(os)/
pacientes que estejam fora do território nacional, desde que
as(os) clientes/usuárias(os)/pacientes aceitem via instrumento
contratual que esta prestação de serviços será regulada pelas
legislações brasileiras pertinentes à matéria
c) O alcance da Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014, bem como
das Legislações da profissão fica restrito à prestação de serviços
que sejam oriundos do território brasileiro (com IPs registrados e
com validade no território nacional com base no que preconiza
os dispositivos do Art. 5º da supracitada legislação de regulação do
uso da internet), inclusive para fins de apuração e responsabilização
de profissionais previsto no Art. 3º, inciso VI.
d) O Conselho Federal de Psicologia não possui qualquer
responsabilidade em relação ao exercício da profissão perante
outros países, ainda que, mediados por TICS (sic).
e) Para prestação de serviços psicológicos mediados por TICs (sic) no
Brasil, ou a partir de IPs registrado (sic) e com validade no território
nacional, a(o) psicóloga(o) estrangeira(o) deve possuir inscrição no
Conselho Regional de Psicologia, nos termos da Lei nº 5.766/1971
(CFP, 2018b, p. 5).
NOTA
O termo IP significa Protocolo de Internet (a sigla refere-se ao termo
original em inglês – Internet Protocol) e consiste no número de identificação
de cada dispositivo que tenha acesso à internet. Serve para apontar o
protocolo de comunicação entre dispositivos e, assim, saber de onde
partiu determinada mensagem, postagem ou acesso a um determinado
site, por exemplo. Pode-se comparar o IP de um aparelho celular ou de um
computador ao número de CPF de cada pessoa, já que é uma identificação
única para cada brasileiro.
Em 2018, foi publicada a Lei nº 13.709/2018 (BRASIL, 2018), que assegura o direito
à privacidade e proteção dos dados do usuário como um todo, inclusive no meio digital
e, com isso, auxilia os profissionais que atendem pela internet. A lei conduz a uma maior
reflexão acerca dos cuidados éticos e garantia de sigilo profissional e confidencialidade
dos dados. Essa normativa consiste na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e entrou
em vigor de forma processual, a fim de que a sociedade se organizasse para tal, no
decorrer de dois anos (SOUZA; SILVA; MONTEIRO, 2020).
119
DICA
Como é importante conhecer a legislação brasileira, que, de certa forma,
se relaciona ao atendimento psicológico on-line. Leia mais sobre a Lei nº
12.965/2014 e a Lei nº 13.709/2018, por meio dos seguintes links:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm e
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm.
Por meio da Resolução CFP nº 11/2018 (CFP, 2018a), são autorizados os seguintes
serviços psicológicos realizados por meio das TIC:
120
a) não estar com sua inscrição cancelada, conforme estabelece o Art.
11 da Resolução CFP nº 3/07 ou normativa que venha a substituí-la;
b) cadastro atualizado nos termos desta normativa;
c) não estar com o pagamento das anuidades interrompido
temporariamente, de acordo com o Art. 16, da Resolução CFP nº
3/07 ou normativa que venha a substituí-la;
d) estar adimplente com relação às anuidades dos exercícios
anteriores, de acordo com o Art. 89, da Resolução CFP nº 3/07 ou
normativa que venha a substituí-la;
e) apresentar proposta de prestação de serviços por TICs
(fundamentar serviços oferecidos, relacionando-os com as
tecnologias a serem utilizadas);
f) preenchimento e concordância, por parte da(o) profissional ao
Termo de Orientação e Declaração para Prestação de Serviços
Psicológicos por meio de TICs (CFP, 2018b, p. 6).
O Conselho Regional de Psicologia - XXa Região, no uso de suas atribuições legais previstas na
Lei no 5.766/71, regulamentadas pelo Decreto no 79.822/77, vem por meio deste ato proceder
a orientação, direcionado para a(o) psicóloga(o) _____________________________________
CRP __________, para fins de regulamentação da prestação de serviços psicológicos mediados
por tecnologias da informação e da comunicação.
Cabe ao profissional:
121
4. Garantir uma adequada condição de guarda e sigilo do registro documental prontuário,
conforme a legislação pertinente. A guarda do registro documental/prontuário é de
responsabilidade da(o) psicóloga(o) prestadora do serviço, e preservado pelo período
de no mínimo 5 (cinco) anos, podendo ser ampliado nos casos previstos em lei, por
determinação judicial, ou ainda em casos específicos em que seja necessária a manutenção
da guarda por maior tempo. O registro documental/prontuário deve estar organizado e
disponível para eventual solicitação da Comissão de Orientação e Fiscalização do CRP
competente.
5. Utilizar recursos de tecnologia da informação e comunicação, adequados do ponto de
vista teórico, metodológico, técnico e ético da Psicologia, para prestação dos serviços,
para o cumprimento dos objetivos do trabalho e para o melhor beneficio da(o) usuária(o).
6. Somente divulgar e realizar práticas com evidência científica consolidada na ciência
psicológica. Com relação à divulgação, a(o) psicóloga(o) deve seguir as orientações do
Art 20 do Código de Ética Profissional do Psicólogo, Resolução CFP 10/2005.
7. Acompanhar e zelar pelo cumprimento das disposições legais e éticas.
8. Aguardar as verificações do Conselho Regional de Psicologia quanto à situação cadastral,
financeira e ética para que possa ser validada a inserção do nome no Cadastro e-Psi
(Cadastro Nacional de Profissionais para Prestação de Serviços Psicológicos por meio de
TICs) e autorização da prestação de serviços mediados por TICS.
Por ser a expressão da verdade, declara estar ciente e de acordo com o conteúdo acima
explicitado e do inteiro teor da Resolução no 11/2018.
Brasília, de de 2018.
__________________________________
Psicóloga(o) - CRP ___/______________
O cadastramento está sujeito à análise e avaliação pelo CRP, que tem como
base, para esse julgamento, fatores éticos, técnicos e administrativos em relação ao
serviço que se pretende prestar de forma on-line. Ao contrário da Resolução CFP nº
11/2012 (CFP, 2012), que previa que a autorização deveria ser renovada a cada três
anos, a Resolução CFP nº 11/2018 (CFP, 2018a) indica que a renovação deve ser anual
e a atualização dos dados do seu cadastro no site e-Psi é de responsabilidade do
profissional. Após o período de um ano, caso a renovação não seja solicitada e deferida,
o serviço prestado será considerado irregular e deverá ser suspenso. No caso de um
cadastro novo e que ainda não tenha completado um ano, se o profissional precisar
atualizar os dados referentes à prestação do serviço em si (como aspectos técnicos que
alterem a característica do atendimento) deverá ser realizado um novo cadastro (CFP,
2018a; 2018b).
122
Ressalta-se que atender on-line sem cadastramento e autorização do
Conselho caracteriza uma falta disciplinar sujeita a sanções. Já o não cumprimento
de informações (entre elas as técnicas e operacionais da oferta do serviço) presentes
no cadastro e/ou a utilização de métodos e técnicas não condizentes com o adequado
exercício profissional da Psicologia por meio das TIC e o disposto no Código de Ética
caracteriza falta ética (CFP, 2018a; CFP, 2018b).
123
IMPORTANTE
Você pode se perguntar por que é necessário conhecer tantos detalhes
da Resolução CFP nº 11/2018, uma vez que muitas informações são
burocráticas. Mesmo estando ainda na graduação, é importante
conhecer as normativas, as legislações e as ações que devem ser
realizadas, a fim de garantir um exercício profissional de excelência
que, nesse caso, inclui a possibilidade de atendimento psicológico on-
line. Conhecer as orientações propostas para o exercício da profissão
podem auxiliar nas suas práticas de estágio no decorrer da graduação.
Adotar uma postura ética desde já só tende a aprimorar ainda mais a
sua formação e futura profissão.
Mesmo com a ampliação dos serviços, a resolução prevê que alguns tipos de
atendimento deverão ser conduzidos de forma presencial, pois o atendimento mediado
pelas TIC não é considerado adequado. Entre eles, está o atendimento de pessoas e
grupos em situação de violência, em situação de violação de direitos e em situação de
urgência, emergência e/ou desastres (CFP, 2018b). Entende-se como desastre:
124
serviços aos quais o sujeito em atendimento poderia precisar, tomando, assim, para a
pessoa do psicólogo, a única responsabilidade pela situação do atendido e que pode
colocar em risco a si e a terceiros. Considerando esse contexto, a resolução previa
que o atendimento de forma remota só poderia ser oferecido às equipes presenciais
(incluindo aquelas que atendem emergencialmente), com o objetivo de lhes prestar
suporte técnico. Nesse caso, as equipes emergenciais (por exemplo, na situação de
desastre) devem se apresentar ao Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil da região
afetada para ser integrado à rede de atendimento e suporte à população (CFP, 2018b).
DICA
Para saber mais sobre alguns cuidados e restrições de atendimento
on-line, assista ao seguinte vídeo Atendimento on-line: o que não fazer?,
disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wFEi56mRSQM.
ESTUDOS FUTUROS
O Brasil, assim como o restante do planeta, passou por um estado de
emergência com a pandemia da Covid-19, tema que será discutido
no Tópico 3, com a discussão de como ocorreram as práticas em
Psicologia e a oferta de atendimento on-line nesta situação.
125
Apesar das mudanças e adaptações surgidas, todo o conteúdo da atual
resolução e demais práticas psicológicas devem obedecer ao disposto no Código de Ética,
que é a legislação maior que rege a atuação do profissional de Psicologia no Brasil. Por
isso, entende-se que não seria necessário pensar em padrões éticos específicos para
o atendimento on-line, pois estes deverão ser consonantes com os demais tipos de
intervenções psicológicas, seja presencial ou não. Quaisquer adaptações que poderão
surgir visando aprimorar o atendimento ou ajustar à realidade da população atendida
(criança, adulto, idoso, ou atendimento a casais ou grupos) devem obedecer, sobretudo,
ao Código de Ética Profissional (CFP, 2018b; RODRIGUES, 2020).
DICA
Saiba mais sobre a Resolução CFP nº 11/2018, principalmente após
as novidades em comparação com a resolução anterior, assistindo
ao vídeo Diálogo digital: novidades sobre o atendimento on-line,
produzido a partir de uma roda de diálogo promovido pelo CFP:
https://www.youtube.com/watch?v=8aqWwrczeq0.
126
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
127
AUTOATIVIDADE
1 O Código de Ética Profissional do Psicólogo (CFP, 2005a) é um instrumento norteador
do exercício profissional da Psicologia, capaz de apontar para novos modos de
atuação, teorias e áreas. Sobre a legislação que rege a atuação dos psicólogos
brasileiros, com base nas modalidades normativas que esse profissional é orientado,
assinale a alternativa CORRETA:
128
( ) Apenas as consultas e/ou os atendimentos psicológicos de diferentes tipos, de
maneira síncrona.
( ) Os processos de seleção de pessoal.
( ) A supervisão técnica dos serviços prestados por psicólogas e psicólogos.
129
130
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
CARACTERÍSTICAS DA
INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA ON-LINE
E ASPECTOS ÉTICOS
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, as pesquisas que envolvem as várias formas de intervenção
psicológica mediada por tecnologias são relativamente recentes, porém, em outros
países, os estudos e as práticas no ambiente digital já são realizados há décadas.
Nota-se a relevância dada às pesquisas sobre o tema por parte do CFP na elaboração
de resoluções, conforme visto anteriormente. As primeiras intervenções só foram
autorizadas no contexto das pesquisas e, com a consolidação destas e dos resultados
discutidos e apresentados, pôde-se abrir às possibilidades de atendimento até se
chegar à atual oferta apresentada na mais recente resolução sobre o tema (CFP, 2018a;
SIEGMUND et al., 2015).
Com o decorrer dos anos e o avanço das pesquisas e da própria tecnologia, foi
possível ampliar a concepção sobre o atendimento, hoje, acessado pela internet. Uma das
formas pioneiras de intervenção foi a mediação por telefone, por meio das teleconsultas
com a telemedicina. Atualmente, com a disponibilidade de acesso à internet cada vez
maior, os atendimentos podem ser realizados em praticamente qualquer dispositivo que
se conecte à rede (SIEGMUND et al., 2015; SOUZA; SILVA; MONTEIRO, 2020).
131
aspectos giram em torno, principalmente, do cuidado com o respeito e a dignidade do
sujeito em atendimento. Um olhar para a responsabilidade do profissional de Psicologia
nesse processo deve ser ainda maior, a fim de que riscos envolvendo a intervenção
psicológica mediada pelas TIC sejam diminuídos. O bem-estar e a segurança do sujeito
devem guiar esse cuidado (SIEGMUND et al., 2015).
132
O maior investimento deve ser do psicólogo, que deve se atentar ao fato de os
seus clientes precisarem de conhecimentos e dispositivos mínimos para a realização
dos atendimentos, além de reforçar os cuidados necessários em relação ao risco de
vazamento de dados (RODRIGUES, 2020; SIEGMUND et al., 2015; SOUZA; SILVA;
MONTEIRO, 2020).
133
FIGURA 6 – ROSA MARIA FARAH
DICA
Para conhecer mais sobre a trajetória da professora Rosa Maria
Farah e do professor Lorival de Campos Novo, fundadores do
NPPI e os primeiros pesquisadores de Psicologia e as tecnologias,
acesse os links: https://www.pucsp.br/janus/rosa-maria-farah e
https://www.pucsp.br/janus/lorival-de-campos-novo.
134
Outro fato que podemos observar é a maior oferta de serviços psicológicos
no decorrer dos 23 anos que transcorrem entre a primeira resolução até a mais
recente, publicada em 2018. Anteriormente, os atendimentos deveriam ser em caráter
experimental, não poderia haver a cobrança de honorários, além de muitos serviços
serem restritos ou proibidos no contexto mediado pelas TIC. Atualmente, apesar de ainda
haver uma grande referência à psicoterapia on-line, quando se fala de atendimento
nesse ambiente, há uma abrangência maior dos serviços psicológicos cuja prestação
é autorizada nesse contexto. Independentemente do serviço prestado de forma on-
line ou presencial, o Código de Ética Profissional deve ser o instrumento norteador das
ações e das práticas dos psicólogos (CFP, 2000a; 2005a; 2012; 2018a; 2018b).
135
Avaliação Psicológica é definida como um processo estruturado de
investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos,
técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à
tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional,
com base em demandas, condições e finalidades específicas (CFP,
2018c, p. 2).
FONTE: <https://elements.envato.com/pt-br/feedback-comment-survey-support-response-bar-word-KWXRXEY>.
Acesso em: 10 jun. 2022.
136
São várias as motivações e os contextos de realização da avaliação psicológica.
O profissional, com sua expertise teórica e prática, tem o poder de decidir qual(is)
instrumento(s) fará uso no processo avaliativo, desde que sejam fundamentados tanto
na literatura científica quanto pelo que está proposto pelas normas técnicas e resoluções
do Conselho Federal. A Resolução CFP nº 9/2018 (CFP, 2018c) ressalta que o uso de
métodos e técnicas psicológicas é privativo dos profissionais de Psicologia e preconiza o
compromisso da categoria com a ética durante a utilização dos testes psicológicos. Por
isso, seja no contexto presencial ou on-line, é importante que se siga o recomendado
pelo Código de Ética Profissional do Psicólogo (CFP, 2005a) e que os testes envolvidos
nesse processo sejam padronizados e específicos para tal finalidade. Deve-se atentar
ainda para que os testes aplicados sejam específicos para a modalidade on-line,
caso a avaliação ocorra nesse ambiente. Para isso, é importante que o profissional de
Psicologia se atente aos testes listados e recomendados pelo Sistema de Avaliação de
Testes Psicológicos (SATEPSI), seguindo a orientação fornecida no próprio sistema, que
foi regulamentado pela Resolução CFP nº 9/2018 (CFP, 2018c; MARASCA et al., 2020).
FIGURA 8 – ORIENTAÇÕES SOBRE O USO DE TESTES PSICOLÓGICOS SOB MEDIAÇÃO DAS TIC
137
de Psicologia sobre quais instrumentos psicológicos possuem qualidade técnica e
psicométrica com a sua adequada aplicação, mantendo, assim, a fidedignidade e a
validade esperadas com aquele instrumento. Revisões são feitas periodicamente para
que os instrumentos possam serem aplicados (MARASCA et al., 2020).
Com isso, é importante ressaltar que alguns testes possuem parecer favorável
para a aplicação de forma remota via on-line, ou seja, a distância. Dessa forma, o
sujeito avaliado e o profissional encontram-se em ambientes diferentes, porém juntos,
por meio das TIC. Ainda há a possibilidade de alguns testes serem aplicados de forma
informatizada (Figura 7), ou seja, o sujeito responderia a um teste, por exemplo, usando
um computador, mas essa aplicação seria conduzida junto ao avaliador, de forma
presencial. Como já dito, cabe ao profissional estudar e conhecer os testes que utilizará
na Avaliação Psicológica proposta e que se adequa melhor a esta necessidade. Todas
essas informações podem e devem ser obtidas no site do SATEPSI. A plataforma lista
todos os testes psicológicos, seja com parecer favorável à aplicação ou desfavorável.
Também elenca os instrumentos não privativos da categoria e que estão aptos à
aplicação pelos profissionais de Psicologia (MARASCA et al., 2020).
FIGURA 9 – FORMA DE ACESSO PARA A RELAÇÃO DOS TESTES PSICOLÓGICOS FAVORÁVEIS AO USO
138
FIGURA 10 – FORMA DE ACESSO PARA A RELAÇÃO DOS TESTES PSICOLÓGICOS DESFAVORÁVEIS PARA USO
DICA
Acesse o site do SATEPSI e confira os testes, utilizando os campos
de busca: https://satepsi.cfp.org.br/.
139
Além do processo de avaliação psicológica, o profissional deve ter os mesmos
cuidados éticos em qualquer que seja o serviço psicológico que ofereça, seja de forma
presencial ou on-line. A viabilidade da oferta do serviço deve ser analisada refletindo
sobre a demanda, a aproximação do paciente com as tecnologias, se há ansiedade,
estresse, desconforto e/ou fadiga em contato com dispositivos tecnológicos, habilidade
de uso e, até mesmo, qualidade dos dispositivos e da conexão à internet. Também
podemos incluir, nessa reflexão, fatores como idade, cultura e condições físicas e/ou
cognitivas do sujeito, que podem afetar os resultados de um teste e, assim, interferir no
processo de avaliação psicológica. Pesando todos os fatores, o psicólogo deve avaliar
os benefícios, os riscos e possíveis prejuízos advindos da avaliação psicológica on-line
com determinado sujeito (MARASCA et al., 2020).
140
Existem outros tipos de documentos psicológicos que não são oriundos de uma
avaliação psicológica, como a declaração, que tem como objetivo “registrar, de forma
objetiva e sucinta, informações sobre a prestação de serviço realizado ou em realização”
(CFP, 2019, p. 5). Outro tipo de documento é o parecer psicológico, que apresenta uma
análise técnica para responder a uma questão surgida, por meio de um problema. O
parecer pode ter um caráter indicativo ou conclusivo, dependendo das respostas
elaboradas para o problema em questão (CFP, 2019).
141
A supervisão abrange, entre outras atividades, o compartilhamento de
experiências e casos clínicos presentes na realidade dos profissionais envolvidos.
Pode ocorrer de forma individual ou coletiva e de maneira presencial ou on-line. Essa
modalidade tem sido muito proveitosa, principalmente porque permite um maior alcance
de profissionais especializados e a possibilidade de aprender com eles em contato por
meio de uma supervisão técnica (MARASCA et al., 2020; TAVORA, 2002).
142
optam por fazer somente algumas etapas, enquanto outras realizam todo o processo
de seleção de forma on-line. De fato, uma organização pode mesclar a forma de fazer
seleção, seja on-line ou presencial, dependendo, por exemplo, de períodos específicos
ou do tipo de cargo (CFP, 2018a; LIMA; RABELO, 2018).
FONTE: <https://elements.envato.com/pt-br/mature-confident-woman-counselor-recording-video-s-3GY3LLW>.
Acesso em: 10 jun. 2022.
143
são esperadas para a investidura no cargo. Essas ferramentas também podem ser
adaptadas ao ambiente digital, podendo ser aplicadas em um processo de seleção
on-line, fundamentada por uma avaliação psicológica (FERREIRA; SOEIRA, 2013; LIMA;
RABELO, 2018).
NOTA
Profissiografia é o termo referente à descrição sistemática e minuciosa de uma determi-
nada profissão, levantando características como: definição e histórico da ocupação e sua
importância; número de profissionais (considerando idade, gênero e/ou outros fatores);
atribuições do cargo; instrumentos e equipamentos necessários; remuneração; carga ho-
rária; riscos à saúde; formação, treinamentos, experiência, requisitos e restrições para o
exercício profissional; entre outras informações.
A entrevista de seleção é uma dessas técnicas que também podem ser realizadas
sob mediação das TIC. Seu objetivo é aproximar-se e conhecer o candidato. Para isso, de
forma on-line, essas entrevistas geralmente são realizadas via chamada de vídeo, pois,
assim, é possível obter informações e detalhes através da linguagem verbal e não verbal. As
entrevistas podem ser feitas em qualquer etapa da seleção, podendo acontecer mais de uma,
comum em seleções que contam com uma entrevista inicial e outra devolutiva ao final do
processo (ALMEIDA, 2004; KNAPIK, 2008; LIMA; RABELO, 2018).
As provas situacionais e específicas são técnicas que também podem ser utilizadas
em processos de seleção realizados de forma on-line, visando, respectivamente, a avaliar o
desempenho do candidato em situações que poderiam acontecer no ambiente de trabalho
e analisar seus conhecimentos sobre assuntos relacionados, de maneira direta ou indireta,
à área do trabalho. De modo remoto, podem ocorrer via chamada de vídeo e por aplicação
de questionários on-line, por exemplo. As dinâmicas de grupo são outras ferramentas
utilizadas. Também podem ocorrer de forma on-line, de preferência em uma comunicação
de forma imediata, pois envolve muitas pessoas avaliadas a partir da sua capacidade de
trabalhar em equipe (ALMEIDA, 2004; KNAPIK, 2008; LIMA; RABELO, 2018).
144
Por fim, os testes psicológicos também foram citados por Knapik (2008) como
técnicas de seleção. Nesse contexto organizacional, sua aplicação busca conhecer as
características de perfil e personalidade do candidato, atentando-se a testes que avaliem
constructos que sejam almejados no desempenho da função pretendida. A aplicação
on-line (e/ou informatizada) de testes psicológicos encontra-se fundamentada em
estudos e práticas profissionais, sendo discutida desde a Resolução CFP nº 3/2000,
conforme apresentado anteriormente (ALMEIDA, 2004; CFP, 2000a).
145
DICA
Para conhecer mais sobre os processos de seleção de pessoal on-
line, acesse o artigo E-recrutamento: a internet como ferramenta
no recrutamento e seleção, disponível em: https://administradores.
com.br/artigos/e-recrutamento-a-internet-como-ferramenta-no-
recrutamento-e-selecao.
ESTUDOS FUTUROS
Muitos aspectos da psicoterapia on-line e da relação terapêutica estabelecida
entre psicólogo e cliente foram apontados, porém outros ainda serão
discutidos mais adiante nesta unidade, a fim de trazer um foco maior para
esse tipo de serviço psicológico mediado pelas TIC.
146
A orientação psicológica pode ser oferecida por diversos formatos tecnológicos,
como o e-mail. Também pode estar presente em fóruns de discussão (como em redes
sociais), em sites, salas de bate-papo e aplicativos (ou softwares) de comunicação,
telefone, troca de mensagens e/ou chamadas de vídeo (FORTIM; COSENTINO, 2007;
PRADO; MEYER, 2006; SIEGMUND; LISBOA, 2015).
147
em um espaço físico. Hoje em dia, é possível acessar a rede a partir de qualquer lugar
que tenha sinal de internet, seja móvel ou de banda larga (RODRIGUES, 2020; SOUZA;
SILVA; MONTEIRO, 2020).
Ainda, pode-se refletir sobre qual seria o melhor local para fazer os atendimentos.
Entende-se que não existe uma regra exata de um determinado local no caso do
cliente, até porque se pressupõe que, para o psicólogo, isso já é bem delimitado,
devido a sua prática e experiência profissional. Cabe tanto ao psicoterapeuta quanto ao
cliente escolherem um local apropriado dentro das suas possibilidades, de preferência,
um ambiente silencioso e seguro, com o objetivo de resguardar o sigilo profissional
(RODRIGUES, 2020; SOUZA; SILVA; MONTEIRO, 2020).
FONTE: <https://elements.envato.com/pt-br/young-confident-african-american-psychologist-talk-MPBGVWG>.
Acesso em: 10 jun. 2022.
148
No entanto, esse ambiente também pode ser interpretado de outra maneira.
Outras pessoas que dividem a casa podem não estar abertas para auxiliar o sujeito em
terapia. Barulhos incômodos, falta de privacidade e tentativa de escuta do atendimento
podem interferir na psicoterapia e dificultar a total entrega do cliente, o qual, junto ao
terapeuta, pode pensar em soluções, visando a superar esses obstáculos. Rodrigues
(2020) apresenta algumas ideias, como marcar os atendimentos em horários que
normalmente tem pouco movimento na casa e evitar locais públicos e/ou de trabalho,
tanto para resguardar a privacidade quanto para evitar distrações e interrupções.
Em alguns casos, se a psicoterapia por chamada de vídeo não for viável pela falta de
privacidade, pode-se adotar o uso de mensagens de texto em algumas sessões.
149
A aliança terapêutica pode ser construída de diversas formas, mas entende-
se que a modalidade síncrona pode reforçar essa construção, pois, em uma chamada
de vídeo, por exemplo, pode-se captar a linguagem não verbal ou outros aspectos
da comunicação, de forma mais atenta do que em uma troca de e-mails de forma
assíncrona. Além disso, pode haver maior grau de confiança, pois torna-se possível notar,
de modo quase que imediato, se quem está na interação é o próprio psicoterapeuta, e
não terceiros, que poderiam se passar por ele (RODRIGUES, 2020).
FONTE: <https://elements.envato.com/pt-br/asian-girls-study-with-a-tutor-private-lessons-at--ESB6JVM>.
Acesso em: 10 jun. 2022.
150
FIGURA 14 – ADOLESCENTE EM ATENDIMENTO NO CELULAR
FONTE: <https://elements.envato.com/pt-br/a-young-teenage-girl-is-browsing-social-networks-o-BGH3WZL>.
Acesso em: 10 jun. 2022.
151
ruídos na comunicação, oriundos de problemas tecnológicos. Por isso, o psicólogo deve
tentar ser o mais claro possível, gesticulando bastante e exacerbando sua entonação,
para tentar diminuir as chances de ser incompreendido, e também deve ter o apoio de
pais e/ou responsáveis para manejar o comportamento da criança e tentar mantê-la na
chamada de vídeo (SOUZA; SILVA; MONTEIRO, 2020).
FONTE: <https://elements.envato.com/pt-br/couple-using-a-laptop-while-calculating-their-mont-3BZZNKK>.
Acesso em: 10 jun. 2022.
152
que a sessão pode ocorrer, geralmente, na residência do casal e, com isso, possibilitar a
observação da dinâmica familiar, incluindo momentos de companheirismo e de conflitos.
Além disso, o atendimento de casal pode ser praticamente impossível devido a conflitos
na agenda dos envolvidos, porém esse empecilho pode ser superado com a flexibilidade
do atendimento on-line (RODRIGUES, 2020; SOUZA; SILVA; MONTEIRO, 2020).
ESTUDOS FUTUROS
Outras vantagens ou desvantagens da psicoterapia on-line de casal
são semelhantes aos outros tipos de atendimento e serão explicadas
no Tópico 3, de forma geral.
153
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Os cuidados que devem ser tomados para prezar pela segurança dos atendimentos
on-line.
154
AUTOATIVIDADE
1 Comumente, recebemos notícias na mídia sobre ataques virtuais a sites, incluindo
redes sociais, expondo perfis e causando vazamento de dados. Além desse risco, e
pensando na importância, como um todo, da segurança dos dados, para que eles
não sejam vazados e o atendimento on-line, comprometido, existem alguns cuidados
que devem ser tomados durante esses atendimentos para garantir a segurança dos
sujeitos e dos seus dados, assim como o sigilo e a confidencialidade. Nesse contexto,
assinale a alternativa CORRETA:
155
3 Um serviço que pode ser oferecido pelo profissional de Psicologia por mediação das
TIC é a “supervisão técnica dos serviços prestados por psicólogas e psicólogos
nos mais diversos contextos de atuação” (CFP, 2018a, p. 2), que é uma atividade
fundamental na formação (básica e complementar) e no aprimoramento profissional.
Sobre a supervisão técnica por meio digital, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
5 São observadas grandes contribuições do atendimento psicológico por meio das TIC
e sua larga utilização como consequência dos primeiros atendimentos experimentais
que proporcionaram a regulamentação desse serviço de forma ampla, como é
atualmente. Recursos tecnológicos também têm possibilitado mais segurança
para esses atendimentos – apesar desses avanços, alguns pontos ainda merecem
discussão. Disserte sobre as desvantagens (ou pontos críticos) da psicoterapia on-
line no atendimento de algumas populações específicas.
156
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —
AMPLIANDO DISCUSSÕES SOBRE AS
INTERVENÇÕES ON-LINE
1 INTRODUÇÃO
Conhecer as mudanças ocorridas na sociedade, nas tecnologias e como essas
transformações modificam o sujeito é importante para analisar o presente e construir
ações futuras de intervenções psicológicas. Com essas mudanças, os profissionais
podem se ver impelidos a se adaptar às novas possibilidades de atuação. O mesmo
deve ocorrer para aqueles que ainda estão em formação, ou seja, a discussão sobre
a intervenção psicológica on-line deve ocorrer desde a formação básica, incluindo o
formato de componente curricular e atividades complementares. Ainda na graduação,
os estudantes poderão ser convidados a discutir e a entender a necessidade das
mudanças ocorridas e outras mais que, porventura, poderão acontecer para que a
atuação e a prática em Psicologia acompanhem o desenvolvimento da sociedade e
das tecnologias (RODRIGUES, 2020; SIEGMUND et al., 2015; SOUZA; SILVA; MONTEIRO,
2020).
157
Conhecimentos sobre ferramentas tecnológicas são importantes, até mesmo,
para que se saiba operar os dispositivos utilizados nas intervenções, incluindo no
formato presencial. As trocas realizadas com outras áreas só tendem a enriquecer e
aprimorar as práticas em Psicologia e superar as barreiras e as dificuldades que podem
surgir (RODRIGUES, 2020; SIEGMUND et al., 2015; SOUZA; SILVA; MONTEIRO, 2020).
158
FIGURA 16 – MULHER COM CRIANÇA PEQUENA EM ATENDIMENTO ON-LINE
FONTE: <https://elements.envato.com/pt-br/young-mother-with-toddler-in-her-arms-talking-onli-V2WWU9X>.
Acesso em: 10 jun. 2022.
159
eletrônicos, pensando em aparelhos que estejam conectados à internet ou que possuam
requisitos mínimos e adequados para a realização de uma chamada de vídeo com imagem
nítida e de qualidade suficiente para uma boa comunicação (RODRIGUES, 2020).
160
3 OS DESAFIOS ENFRENTADOS DURANTE A PANDEMIA
DA COVID-19
No final de 2019, surgiu uma nova doença, de característica respiratória, a
Covid-19, causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). A enfermidade pode causar
sintomas como febre, tosse e dificuldade de respiração, além de dores no corpo, mal-
estar e cansaço. A transmissão ocorre por contato pessoal próximo (como apertos de
mão), por secreções (gotículas de saliva, por exemplo) e pelo ar. Durante a infecção
da doença, as pessoas podem apresentar desde sintomas leves a outros mais graves,
que podem evoluir para óbito. A enfermidade também pode ser assintomática. Sujeitos
idosos e portadores de doenças crônicas, como diabetes e asma, fazem parte da
população que apresenta maiores riscos de evoluir para um estado de maior gravidade,
incluindo óbito (HENRIQUES; VASCONCELOS, 2020; UFCA, 2020).
NOTA
A transmissão comunitária ocorre quando alcança o nível local
entre os integrantes da comunidade, com a impossibilidade de
se obter a identificação ou a origem do sujeito transmissor de
determinada infecção.
161
DICA
Conheça outros termos relacionados à pandemia da Covid-19
acessando o link: https://ictq.com.br/farmacia-clinica/1368-glossario-
do-coronavirus-entenda-os-termos-que-explicam-a-pandemia.
FONTE: <https://elements.envato.com/pt-br/multiracial-group-of-warehouse-workers-hold-delive-LW3FFJY>.
Acesso em: 10 jun. 2022.
162
sofrimento psíquico e psicopatologias diversas, normalmente presentes na sociedade.
Conflitos de ordem social, econômica, entre outros, também refletiram direta ou
indiretamente na saúde mental da população (ROCHA et al., 2021; RODRIGUES, 2020).
ATENÇÃO
Apesar da flexibilização do atendimento on-line, proporcionada
pela Resolução CFP nº 4/2020, para que a população não deixe
de receber atenção psicológica mesmo durante a pandemia, o
cadastramento do profissional no site e-Psi ainda é obrigatório.
Confira, na íntegra, o comunicado realizado pelo CFP, em 16 de
abril de 2020, sobre a nova decisão: https://site.cfp.org.br/cfp-
simplifica-cadastro-de-profissionais-na-plataforma-e-psi/.
163
procurarem o recurso digital para trabalhar demandas da própria pandemia e da situação
de estresse causada pela quarentena ou por outras questões que permeiam a vida dos
sujeitos (RODRIGUES, 2020; SCHMIDT et al., 2020; SOUZA; SILVA; MONTEIRO, 2020).
DICA
Para conhecer mais sobre o atendimento on-line durante a pandemia
e algumas recomendações oferecidas aos profissionais de Psicologia,
leia o documento criado pelo Governo Federal, por meio do Ministério
da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz, Saúde Mental e Atenção
Psicossocial na Pandemia Covid-19: recomendações aos psicólogos
para o atendimento on-line: https://bit.ly/3Npm0Qw.
164
LEITURA
COMPLEMENTAR
O “NOVO NORMAL” NO FAZER DA PSICOLOGIA
Ainda que haja incertezas acerca do uso das TIC nos atendimentos psicológicos,
são inegáveis as potencialidades que podem apresentar, especialmente no contexto da
pandemia da Covid-19. Destacam-se a acessibilidade para populações que não podem
ter o atendimento realizado no contexto presencial. O acesso à internet, especialmente,
quebrou barreiras de espaço e tempo que neste momento são fundamentais. A própria
OMS recomenda procedimentos de telessaúde, visando a diminuir as desigualdades
sociais no acesso à saúde, especialmente da saúde mental. Acrescenta-se ainda a
evitação de estigmas sociais, comuns em quem necessita fazer acompanhamento
psicológico. Nesse momento em que vivemos situações de constantes estigmatizações,
seja por ser portador do vírus ou por ser um profissional de saúde, mais uma vez
observamos as vantagens do uso das TIC no atendimento psicológico.
O anonimato é outra condição dita como uma vantagem dos atendimentos por
meio do uso das TIC. Pessoas tímidas, por exemplo, podem ficar mais desinibidas diante
do uso de tecnologias. Todavia, o uso das TIC pode crescer o senso de anonimato da
pessoa. Em contrapartida, o anonimato e a impessoalidade podem reduzir inibições em
pessoas que estão procurando ser menos inibidas.
165
Entretanto, há ainda uma série de desafios a serem superados para que essa
prática seja ainda mais legitimada. Um dos principais refere-se a questão da segurança
dos dados para garantia de privacidade e confidencialidade, aspectos centrais para um
atendimento psicológico em qualquer modalidade. Nesse sentido, o CFP tem orientado
os psicólogos a utilizarem plataformas que garantam a segurança dos dados da melhor
forma possível. Contudo, nesse contexto da pandemia, a questão da privacidade não está
apenas relacionada ao uso de plataformas digitais, mas também sobre a impossibilidade
de estar sozinho num ambiente em que as pessoas devem ficar em casa para manter
o distanciamento social. Estratégias devem ser pensadas para que os atendimentos
possam ser realizados com privacidade, mas mantendo o distanciamento social.
166
este tipo de atendimento. O próprio CFP trazia restrições a algumas dessas situações
para o atendimento por meio de TIC. Entretanto, neste contexto de pandemia, devemos
pensar que estas pessoas que estão em maior risco de desenvolver agravos de seus
problemas de saúde mental podem ficar sem acompanhamento devido às questões
impostas pelo distanciamento social. Se não houver possibilidade de manter este
atendimento presencialmente, algumas estratégias emergenciais podem ser pensadas
como em caso do cliente não morar com alguém, ter o contato de emergência de algum
vizinho para que o psicólogo possa contactar e solicitar suporte emergencial.
167
Precisam ainda ser melhor investigadas situações que ocorrem em frente à
tela e que não estão diretamente relacionadas ao processo psicoterápico, a exemplo
da presença de animais trazidos para frente da tela ou outros elementos presentes.
Recomenda-se que estes elementos devam ser explorados no contexto da psicoterapia.
Um outro aspecto refere-se ao fato de que o psicólogo pode se ver na tela durante os
atendimentos, o que pode aumentar sua autoconsciência, mas também seu narcisismo.
Embora isto possa ajudar a entender como o psicólogo aparece para o cliente, isto pode
afastá-lo de estar focado.
Este cenário reflete que o uso das TIC na Psicologia trouxe resistências, mas
também deu visibilidade a suas conveniências, disponibilidades e complexidades. Ainda
precisamos avançar em muitos aspectos para compreender esse novo fazer na Psicologia.
O psicólogo está sendo convocado a exercer novas habilidades e competências como
uma nova forma de atenção, uso de tecnologias, manejo de situações não previstas no
contexto presencial, além de ter que acolher questões não apenas de ordem subjetiva
concernentes ao acompanhamento psicológico, mas também questões objetivas
impostas pela pandemia de Covid-19 e que afetam a dinâmica de trabalho e vida de
seus clientes.
168
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
169
AUTOATIVIDADE
1 As mudanças ocorridas na sociedade e nas tecnologias abriram grandes
possibilidades para o atendimento virtual em Psicologia, com larga escala e forte
impacto psicossocial. A psicoterapia on-line é procurada, principalmente, devido às
vantagens da acessibilidade e da conveniência, mesmo que ainda existam algumas
barreiras a serem superadas. Sobre as falhas tecnológicas que podem ocorrer e
prejudicar o atendimento on-line, assinale a alternativa CORRETA:
I- É preciso uma interlocução com outras áreas e saberes para que o atendimento on-
line seja mais bem desenvolvido.
II- Discussões, trocas, capacitações, treinamentos e especializações são necessários
para que haja atualização, fortalecimento e aprimoramento do atendimento no
ambiente digital, de forma ética e segura para a população.
III- Basta uma leitura profunda das resoluções e normativas formuladas pelo principal
órgão fiscalizador e regulador da Psicologia no Brasil, o Conselho Federal de
Psicologia.
170
3 O atendimento psicológico virtual apresenta uma série de vantagens para as
pessoas que procuram esse serviço, algo que favoreceu enormemente a busca por
psicoterapia on-line. Sobre as vantagens do atendimento por meio digital, classifique
V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
171
172
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, W. Captação e seleção de talentos: repensando a teoria e a prática. São
Paulo: Atlas, 2004.
173
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA – CFP. Resolução nº 2, de 20 de fevereiro
de 1995. Dispõe sobre prestação de serviços psicológicos por telefone. Brasília:
Conselho Federal de Psicologia, 1995. Disponível em: https://atosoficiais.com.br/cfp/
resolucao-do-exercicio-profissional-n-2-1995-dispoe-sobre-prestacao-de-servicos-
psicologicos-por-telefone?origin=instituicao&q=02%201995. Acesso em: 6 jun. 2022.
174
CFP. Portaria nº 10, de 23 de agosto de 2006. Nomear os membros da Comissão
Nacional de Credenciamento e Fiscalização de Serviços de Psicologia pela internet.
Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2006. Disponível em: https://atosoficiais.com.
br/cfp/portaria-cfp-n-10-2006?origin=instituicao&q=resolu%C3%A7%C3%A3o%20
10%202006. Acesso em: 6 jun. 2022.
175
CFP. Resolução nº 9, de 25 de abril de 2018. Estabelece diretrizes para a realização
da Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo,
regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI e revoga as
Resoluções nº 2/2003, nº 6/2004 e nº 5/2012 e Notas Técnicas nº 1/2017 e 2/2017.
Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2018c. Disponível em: https://atosoficiais.com.
br/cfp/resolucao-do-exercicio-profissional-n-9-2018-estabelece-diretrizes-para-a-
realizacao-de-avaliacao-psicologica-no-exercicio-profissional-da-psicologa-e-do-
psicologo-regulamenta-o-sistema-de-avaliacao-de-testes-psicologicos-satepsi-
e-revoga-as-resolucoes-no-002-2003-no-006-2004-e-no-005-2012-e-notas-
tecnicas-no-01-2017-e-02-2017?origin=instituicao&q=%209%202018. Acesso em: 9
jun. 2022.
176
LIMA, A. S. H.; RABELO, A. A. A importância do e-recrutamento e seleção on-line no
processo organizacional. Revista Psicologia, Diversidade e Saúde, v. 7, n. 1, p. 139-
148, 2018.
177
SOUZA, V. B.; SILVA, N. H. L. P.; MONTEIRO, M. F. Psicoterapia on-line: manual para a
prática clínica. São Paulo: Ed. das Autoras, 2020.
178