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Liderança
Indaial – 2021
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Taciana Lucas de Afonseca Salles
S168d
ISBN 978-65-5663-978-9
ISBN Digital 978-65-5663-979-6
CDD 658
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático da disciplina de Desenvolvimento
Liderança. Esta é a disciplina que aborda a liderança em seus diferentes aspectos.
Nesse sentido, este Livro Didático enfoca em aspectos relevantes para que seja
possível entender o conceito de gestão e gestor, bem como analisar as organizações a
partir de sistemas abertos e reconhecer os desafios atuais e as tendências futuras da
liderança.
Bons estudos!
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e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR
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é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 51
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 111
REFERÊNCIAS.......................................................................................................171
UNIDADE 1 —
GESTÃO, AMBIENTE E
DECISÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —
PRINCÍPIOS DE GESTÃO
1 INTRODUÇÃO
Gerir os mais diversos aspectos da vida pessoal e profissional é uma necessidade
que surgiu com a existência humana. O cenário instável e complexo no qual estamos
inseridos, porém, torna mais evidente a necessidade de gerir profissionais e realça a
importância da gestão no mundo corporativo.
2 O AMBIENTE COMPLEXO
A palavra “gestão” significa ato ou efeito de gerir, tendo como palavras
semelhantes: administração, condução, direção, entre outras. Podemos, assim, fazer a
gestão de qualquer processo, rotina ou sequência de ações, administrando o tempo, os
recursos e as pessoas envolvidas em certa atividade, dando uma direção e conduzindo
os elementos para que cheguemos ao objetivo esperado.
3
Pense, por exemplo, nas atividades relacionadas à produção de um carro.
Trata-se de um processo que envolve recursos materiais e humanos que devem ser
organizados no tempo e articulados de forma que seja possível chegar no objetivo final:
fabricar o carro. Percebemos que a gestão dos elementos internos e diretamente ligados
à produção do carro precisam ser geridos, porém, se não considerarmos o ambiente
externo e fabricarmos um automóvel que não é atrativo ao consumidor – um carro
que não funciona corretamente nas estradas por onde vai andar, que não oferece a
segurança necessária, não tem valor compatível ao conforto que oferece e inacessível à
compra – de nada serviu fazer uma excelente gestão dos fatores internos, se os fatores
externos do ambiente não foram considerados.
Percebemos, assim, que não só o ambiente que ficou mais complexo, mas
também as habilidades e competências dos profissionais também tiveram que ir para
um outro nível de complexidade.
4
Sobre isso, Le Boterf (2003 apud DUTRA, 2013, p. 40) afirma que o profissional é
“aquele que sabe administrar a situação profissional complexa”, entendendo complexidade
como um conjunto de características objetivas de uma situação que estão em transformação
contínua. Em outras palavras, a complexidade está ligada a elementos de uma situação e
exige diferentes níveis de articulação do repertório da pessoa.
Dessa forma, podemos dizer que, quanto mais o ambiente fica complexo, mais as
organizações precisam ser flexíveis e estarem prontas para tomarem decisões rápidas e
realizar mudanças a qualquer momento. Para tanto, as organizações precisam de gestores e
profissionais diferenciados e comprometidos com os objetivos organizacionais.
5
Para entendermos melhor, o Quadro 1 ilustra as fases conceituais e os principais
teóricos envolvidos no desenvolvimento do tema.
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FIGURA 1 – GESTÃO POR COMPETÊNCIAS
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FIGURA 2 – DIMENSÕES DE COMPLEXIDADE
Tratamento
Nível de Nível de Autonomia e
Eixo Abrangência Responsabilidade da
atuação estruturação Supervisão
informação
Baixo nível de
padronização, Decide/ Auto nível de
VI Estratégica Internacional Organização
estruturação responde autonomia
e rotina
Participa da
V Várias unidades
decisão
IV Nacional
Unidade de Analisa e
III Tática
negócio recomenda
Sistematiza/
II Regional
organiza
Alto nível de
padronização, Baixo nível de
I Operacional Local Atividades Coleta
estruturação autonomia
e rotina
Nesse sentido, as novas formas de gestão foram buscando, então, lidar com
a complexidade interna e externa das empresas, valorizando os profissionais que
apresentavam as características desejadas, adequando políticas de gestão, entre outras
medidas. Dessa forma, o conceito de competência ganha força atrelado ao conceito de
complexidade, dando à noção de competência uma maior aplicabilidade às práticas e às
políticas de gestão de pessoas como um todo.
3 LÍDER E GESTOR
A discussão sobre o papel da liderança é recente no Brasil e se tornou alvo do
interesse das organizações somente em 1990, após a globalização, quando o nível de
competitividade e de exigência do mercado aumentou extraordinariamente (DUTRA;
DUTRA; DUTRA, 2017).
8
Quando se trata de liderança, uma questão importante é o papel que o profissional
líder deve exercer, entre outras questões comportamentais, como comunicação e
delegação. Por isso, buscamos compreender as diferenças entre um líder e um gestor.
INTERESSANTE
Michael Useem (1999 e 2002) realizou estudos sobre liderança
e percebeu que os líderes que fizeram a diferença em várias
situações. Os líderes eram pessoas comuns que, a partir de
várias pequenas ações, criaram resultados relevantes para as
organizações e para si próprios (DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017).
9
Nesse sentido, um novo perfil de liderança tornou-se fundamental para que as
organizações conseguissem sobreviver em um contexto de ambiguidades e incertezas.
Aquele personagem que era responsável por distribuir e delimitar as tarefas, entregar as
ferramentas e cobrar os resultados, estava com seus dias contados.
10
A literatura aponta diversas diferenças entre os conceitos de líder e gestor,
gerando certa confusão e dificuldade em se dizer ao certo quem é quem. Alguns
estudiosos sustentam a ideia de que o líder atua em ambientes instáveis e o gestor
atuaria em ambientes mais estáveis. Outros apontam que o gestor está ligado a um
papel burocrático e centrado nas atividades diárias, já o líder estaria ligado ao papel de
motivar e mobilizar as pessoas a um propósito.
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FIGURA 5 – ARENA POLÍTICA ORGANIZACIONAL
NOTA
A arena política de uma organização consiste no palco organizacional
em que ocorrem as relações de poder e os jogos de interesses dos
diferentes públicos evolvidos na dinâmica da empresa. os principais
autores sobre o assunto são Mintzberg (1985) e Ferris (2010 e 2012)
(DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017).
É por isso que, muitas vezes, temos um ótimo gestor, mas um péssimo líder.
Um profissional que articula bem na arena política, viabilizando projetos e ganhando
respeito dos pares e chefes, mas que, enquanto gestor, não apoia e não valoriza, ao
contrário, humilha e desrespeita sua equipe.
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FIGURA 6 – O GESTOR
Pode-se dizer, então, que o cenário ideal é quando o mesmo profissional é capaz
de exercer. no contexto organizacional, os papéis de líder e de gestor, sabendo equilibrar
os dois personagens na medida que a situação pede.
4 RELAÇÕES DE PODER
Poder é uma palavra de amplo uso e que pode ter diferentes significados,
dependendo do contexto em que é usada. No âmbito organizacional, o termo “poder”,
geralmente, diz respeito à capacidade ou à autoridade que um colaborador A, por
exemplo, tem de influenciar o comportamento de um colaborador B, de modo que B
aja de acordo com o que A deseja. Nesse sentido, quanto mais B depender de A para
fazer cumprir as funções, mais A tem poder sobre B. Essa dependência está vinculada
à percepção de B sobre as opções existentes, e na importância que dá às opções que A
oferece (ROBBINS, 2009).
13
FIGURA 7 – PODER DO LÍDER
Assim, o poder sobre alguém pode aumentar ou diminuir se aquilo que B quer
está de posse ou é controlado por A.
Basicamente, podemos dizer que uma pessoa tem poder sobre outra quando
esta quer algo que aquela possui. Nesse sentido, quando alguém tem informações,
conhecimentos, habilidades e recursos outros querem, mais poder alguém tem.
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O nível de dependência existente entre as pessoas e os recursos vai definir a
relação de poder estabelecida. Assim, é preciso que haja certo nível de dependência
para que as fontes de poder tenham efeito sobre o comportamento. A dependência é
maior ou menor em função do quanto o fator é importante/relevante, escasso e não
substituível. Vejamos como isso acontece.
As pessoas, por sua vez, utilizam o poder funcional que está atrelado às
habilidades em realizar o trabalho necessário para que a empresa tenha um produto
ou serviço de qualidade para oferecer aos consumidores. Dessa forma, diante de
insatisfações e necessidades não atendidas, as pessoas podem fazer algum tipo de
retaliação, gerando desperdícios, retrabalhos, gastos desnecessários com manutenção
de máquinas utilizadas erradamente, ou, ainda, desperdiçando os recursos como água
e insumos de higiene, por exemplo.
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Nesse contexto, o gestor-líder deve ser capaz de interpretar a realidade,
buscando encontrar um ponto de equilíbrio entre essas forças, de modo que ambos
(empresa e empregados) tenham as necessidades suficientemente satisfeitas a ponto
de não se sentirem impelidos de utilizar o poder.
O líder deve, assim, ter certo poder sobre os membros da equipe, sabendo
identificar as necessidades das pessoas e o que elas dão importância, bem como quais
são os recursos que são escassos e não substituíveis e que, portanto, podem servir
de elemento de troca para se obter das pessoas o engajamento e comprometimento
necessários ao alcance dos melhores resultados possíveis.
Por fim, podemos dizer que uma das características do líder eficaz é aceitar
e lidar habilmente com a política das organizações, sendo capaz de prever ações e
articular os recursos de modo a formular estratégias que tragam vantagens para ele,
para o grupo e para a empresa.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A dinâmica organizacional ocorre por meio de relações de poder nas quais aqueles
que detêm os recursos mais escassos, importantes e não substituíveis, são os que
possuem maior poder.
17
AUTOATIVIDADE
1 A complexidade sempre existiu e foi utilizada para diferenciar cargos, profissões,
situações etc., porém, apenas recentemente a complexidade passou a ser estudada
com mais profundidade e de forma estruturada, compreendendo, de fato, os aspectos
e a influência em diversos aspectos da vida e das organizações. Nesse sentido, é
importante entender que existe uma diferença entre uma atividade ou situação
complexa e uma situação difícil. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Uma atividade é difícil quando envolve uma gama de etapas que podem ser
sistematizadas.
b) ( ) Uma atividade é complexa quando envolve uma gama de etapas que podem ser
sistematizadas.
c) ( ) Uma atividade é complexa quando envolve situações inesperadas e conhecimentos
diversos.
d) ( ) Uma atividade não é difícil quando seus processos podem ser sistematizados.
2 Várias são as diferenças que os teóricos propõem entre o líder e o gestor dentro das
organizações. O gestor tem como principal atribuição a gestão dos recursos escassos,
tais como orçamento, equipamentos, investimentos, massa salarial, espaço etc. O
líder, por sua vez, deve saber usar os recursos de forma otimizada, além de conduzir
e incentivar as pessoas a realizarem o trabalho. Sobre o exposto, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para falsas:
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3 As relações de poder são inerentes à dinâmica organizacional. Em todas as relações
que a empresa estabelece, seja com fornecedores, clientes ou colaboradores, um
jogo de interesses e de poder está em pauta. Sobre os elementos que podem ser
usados como fonte de poder dentro e fora das organizações, assinale a alternativa
CORRETA:
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20
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —
COMPETÊNCIAS DE GESTÃO
1 INTRODUÇÃO
É possível distinguir uma pessoa competente por meio do seu comportamento
diferenciado dos outros. O líder, por si só, já deve possuir atitudes e comportamentos
que o destacam dos demais colaboradores, mas, dentro desse papel de gestor, existem
aqueles comportamentos, habilidades e atitudes que são considerados mais adequados
e assertivos, aos quais chamamos de competências.
Todos os itens apontados isso serão abordados de modo que seja possível
entender o que envolve ser competente e de que maneira esses comportamentos
podem ser considerados um diferencial no perfil do líder.
2 SABER PLANEJAR
O surgimento de novas tecnologias tem gerado mudanças no trabalho, de modo
que os conhecimentos, as habilidades e as competências necessárias para o profissional ter
um desempenho satisfatório também estão passando por atualizações (KANAANE, 2017).
21
No entanto, é importante lembrar que um bom gestor possui certas características
que podem ser aplicadas em diversas organizações e gerar bons resultados, porém, existem
aquelas características que só resultarão em sucesso dentro de um determinado contexto,
ou seja, dentro de determinada organização, e podem não funcionar da mesma forma em
outras organizações.
Nesse sentido é essencial que o líder possua algumas competências. Uma das
competências é a habilidade de saber planejar, ou seja, saber aonde chegar e como
chegar, o que traçar uma rota, um caminho que seja claro e possível de ser percorrido.
Para tanto, o líder precisa saber lidar com as informações presentes e projetar o futuro,
além de saber lidar com as incertezas (MAXIMIANO, 2000).
FIGURA 9 – PLANEJANDO
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Além disso, para que o planejamento seja adequado, é preciso que o líder saiba
responder apropriadamente aos desafios internos e externos da organização, ou seja, o
líder deve ter a atitude mais correta ao contexto, podendo esta ser uma atitude proativa
ou reativa (MAXIMIANO, 2000).
Proativa Reativa
• forças que desejam e preservam a
• forças que impulsionam e desejam a
estabilidade.
mudança.
• apego as tradições.
• espírito renovador.
• espírito conservador.
• capacidade de adaptação a novas situações.
• incapacidade de adaptação a novas
• antecipação de novas situações.
situações.
Nesse sentido, muitas vezes, o líder passa a incluir como prática frequente a
autogestão das equipes, delegando aos grupos a autoridade para tomar certas decisões.
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Nesse sentido, o processo de planejamento envolve algumas etapas, as quais
são definidas a seguir:
Assim, para ser capaz de planejar adequadamente, o líder pode utilizar algumas
ferramentas e técnicas específicas, como (MAXIMIANO, 2000):
Por fim, perceba que planejar é uma competência que parece fácil e simples, mas
que requer do líder grande capacidade de análise, habilidade de articular as informações
que possui e atitude para saber se deve tomar uma postura mais proativa ou reativa.
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3 SABER CONDUZIR
Dentre as várias características essenciais em um líder, uma das mais relevantes
é saber conduzir as pessoas para que elas empreguem seus esforços na direção dos
objetivos organizacionais.
Nesse sentido, podemos dizer que, para que a competência de saber conduzir
possa ser exercida com maestria, o líder deve atingir os seguintes objetivos:
Vejamos, então, cada um dos objetivos e como eles podem contribuir para
compor a competência do líder em saber conduzir.
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3.1 COMUNICAR-SE COM EXCELÊNCIA
A comunicação pode ser elencada como uma das primeiras coisas que o
líder deve saber fazer com excelência, considerando que uma ótima ou uma péssima
comunicação tem diferentes efeitos no comportamento das pessoas.
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• Facilitar as decisões: proporciona a circulação de informações necessárias para que
o líder tome decisões mais assertivas (ROBBINS, 2009).
DICA
O tema comunicação é bastante vasto, devendo o líder conhecer
todas as suas particularidades no que diz respeito à comunicação
entre homens e mulheres, comunicação não-violenta e assédio
moral, comunicação multicultural e comunicação politicamente
correta, as quais podem ser encontradas no livro intitulado
Comportamento Organizacional, de Robbins (2009).
27
3.2 ESTABELECER BOM RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
Os estudos sobre relacionamento interpessoal sempre despertaram o interesse
das mais variadas áreas científicas como da sociologia, psicologia e da administração,
afinal, historicamente, entendeu-se que o relacionamento interpessoal pode ser a
origem dos maiores conflitos ou a solução deles.
Uma vez que as pessoas se tornaram o principal ativo das organizações e a fonte
de vantagem competitiva, manter e estabelecer bons relacionamentos interpessoais
passou a ser o foco das organizações e dos gestores, na busca por garantir os benefícios
da relação interpessoal e minimizar as falhas na comunicação.
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e que o liderado goste e precise de interações mais profundas e regadas de “com
licença”, “por favor”, “muito obrigado”, para se sentir seguro, respeitado e apoiado. Nesse
caso, o perfil do líder não irá satisfazer as expectativas e as necessidades do liderado,
que, provavelmente, classificará o líder como grosseiro, mal-educado e, talvez, como
péssimo líder.
Para ser seguido por seus subordinados e ter a confiança deles, o líder deve,
basicamente, demonstrar (ROBBINS, 2009):
29
3.3 CONHECER AS COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS
Outro ponto importante no processo de conduzir as pessoas é, além de ter uma
visão clara e holística, tanto do ponto de partida quanto do ponto de chegada, que o
líder conheça muito bem sua equipe e o status atual em que ela se encontra.
O líder precisa conhecer sua equipe, deve conhecer cada membro em seus
aspectos profissionais, como: formação, experiências, habilidades e competências,
para que possa ter noção de suas potencialidades e limitações; e nos aspectos
pessoais, como: composição e condições familiares; breve histórico; anseios; sonhos
e necessidades individuais, para entender as motivações, comportamentos e hábitos
e saber oferecer recompensas que sejam de grande valor para a pessoa (DUTRA, 2017).
Além disso, o líder deve conhecer as capacidades que seus liderados possuem
no momento, também, conhecer o potencial futuro dos liderados. A partir disso, o líder
será capaz de programar processos de desenvolvimento para que as competências em
potencial se tornem competências efetivas e possam ser aplicadas.
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A competência coletiva nada mais é do que o resultado da aprendizagem
de um grupo diante de um desafio. A competência coletiva provém da interação das
competências individuais dos membros, que, diante de uma situação-problema, podem
desenvolver competências que não poderiam ser realizadas por apenas um deles
(MICHAUX, 2011 apud DUTRA, 2017).
4 SABER AVALIAR
Dentro de um processo de gestão, vimos que várias competências são necessárias.
As competências envolvem conhecimentos, habilidades e atitudes específicas, que,
juntas, formam um líder competente. No entanto, de nada adianta saber planejar e
conduzir as pessoas, se o líder não for capaz de medir os resultados dessas ações.
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• Resultado – capacidade do liderado em entregar os resultados desejados.
• Comportamento – nível de adesão dos liderados aos valores organizacionais, à
qualidade dos relacionamentos interpessoais estabelecidos e às atitudes no trabalho.
DICA
Acadêmico, para um estudo mais aprofundado sobre avaliação de
desempenho, no livro de Dutra, Dutra e Dutra (2017), no Capítulo
13, temos o tópico intitulado “Avaliação de Desenvolvimento”, no
qual você conhecerá como medir o desenvolvimento das pessoas
a partir de descrições de complexidade e competências.
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
33
AUTOATIVIDADE
1 Desde a globalização, o mundo tem se apresentado extremamente hostil e incerto.
Nesse cenário, possuir o controle sobre o futuro é o desejo de qualquer empresa,
pois este controle permitirá que ela saia na frente e ganhe vantagem competitiva.
Diante disso, dependendo da postura e das atitudes do líder, a empresa poderá ter
seu sucesso garantido ou não. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA:
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Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença III está correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão erradas.
d) ( ) Somente a sentença I está correta.
4 A comunicação eficaz é uma das principais habilidade que o líder deve desenvolver
para ser competente na tarefa de saber conduzir as pessoas aos objetivos
organizacionais. Nesse sentido, a comunicação flui de diferentes maneiras dentro da
organização. Na relação entre líder e liderado, a comunicação pode ter duas direções.
Nesse sentido, explique as duas direções que pode ter o fluxo de comunicação entre
o líder e o liderado.
5 Um bom líder sempre sabe conduzir seus liderados ao ponto desejado. Para conduzir
os liderados com eficácia e eficiência, o líder deve possuir várias habilidades, dentre
as quais se destaca a capacidade de estabelecer bons relacionamento interpessoais.
Diante disso, cite alguns dos benefícios que o líder obtém quando consegue fazer
bons vínculos com seus liderados.
35
36
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —
TOMADAS DE DECISÃO
1 INTRODUÇÃO
Decidir faz parte da rotina. Diariamente, no mundo corporativo, são tomadas
decisões que podem mudar o rumo de uma negociação, um serviço ou, ainda, de uma
equipe. Nesse sentido, é necessário que o líder de equipe considere diversos fatores
para tomar decisões que favoreçam a equipe e a organização.
2 ELEMENTOS DA DECISÃO
Decidir envolve a presença de alguns elementos. A tomada de decisão sempre
se dá com relação a algum problema ou conflito, ou seja, deve existir uma situação que
esteja incomodando as pessoas envolvidas e que requeira um desenlace, um desfecho
diferente daquele que aconteceria se ninguém fizesse nada (ROBBINS, 2009).
37
Por exemplo, uma queda de 5% nas vendas pode ser interpretada por um gestor
como extremamente desastroso e digno de uma ação imediata, ou ser avaliada como
algo esperado e aceitável por outro líder.
Por fim, o último elemento que aparece é a escolha final, ou seja, a alternativa
preferida e considerada como a que atende melhor às necessidades e expectativas das
pessoas envolvidas no problema. Automaticamente, assim, surgirá também a alternativa
ou as alternativas preteridas, que são aquelas que foram rejeitadas e não escolhidas.
• A situação-problema.
• As informações da situação-problema.
• As pessoas envolvidas.
38
• A percepção e interpretação das pessoas.
• As alternativas para a escolha e seus pontos fortes e fracos.
• A opção preferida e a preterida.
3 ETAPAS DA DECISÃO
O processo de tomada de decisão é um processo basicamente racional em
que a pessoa se utiliza da lógica e da razão para fazer uma escolha. Essas escolhas
são então feitas a partir de um modelo de tomada de decisão racional que possui as
seguintes etapas (ROBBINS, 2009):
Se decidir é algo tão simples e estruturado, por que vemos pessoas tomarem
decisões erradas a todo instante? Se uma decisão levou a uma consequência indesejada,
é preciso reavaliar os passos, pois, certamente, em algum deles houve uma falha.
39
Uma outra possível causa pode estar na definição dos critérios de decisão e
na atribuição de pesos, pois, se o tomador de decisão estiver diante de um problema
corporativo e ele definir critérios baseados em seus interesses pessoais, ele pode gerar
várias consequências negativas para a empresa e outras pessoas.
Nesse contexto, a Figura 15 a seguir ilustra alguns dos fatores que interferem
no processo decisório.
40
FIGURA 15 – FATORES QUE AFETAM A TOMADA DE DECISÃO
Tempo
Inteligência Ética
COMPORTAMENTO
Recursos TOMADOR DE Informação
DECISÕES
Percepção Percepção
ao risco
Competências
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4 EMPODERAR PARA DECIDIR
Empoderar é liberar o poder que existe nas pessoas com seu conhecimento,
experiência e motivação, direcionando-os para o alcance dos resultados da organização.
Nesse sentido, empoderar não é dar poder para as pessoas e deixar que elas decidam
sobre tudo, mas estimular, desenvolver e incentivar para que elas usem os recursos
internos que possuem (BLANCHARD, 2019).
IMPORTANTE
O empoderamento tem origem na palavra inglesa empowerment e,
quando aplicado no âmbito corporativo, pode, ainda, auxiliar na vida
pessoal dos colaboradores, ajudando a aumentar a autoestima dos
tomadores de decisão (CHIAVENATO, 2014).
42
Em termos práticos, a mudança para o empoderamento inicia-se com uma
mudança na forma de se posicionar diante das situações. Tradicionalmente, somos
ensinados a assumir uma postura passiva e não ativa. Exemplos disso estão na escola e
no trabalho, quando nos questionamos “o que será que a professora quer que eu faça?”
e “o que meu chefe vai pedir que eu faça agora?”.
O líder por sua vez, quando empodera sua equipe abandona a ideia de que deve
ser o responsável por dizer o que, como e quando as pessoas devem fazer e passa a
estimular as pessoas para que elas pensem, priorizem, analisem e decidam o que fazer.
Dessa forma, as perguntas do líder para as pessoas são: “O que você acha que é mais
importante e que precisa ser feito?”, “Quais devem ser os objetivos na sua opinião?”,
“Que caminho você escolheria para atingir os objetivos?”.
43
QUADRO 4 – COMPARAÇÃO ENTRE CULTURAS
44
• Criar equipes autodirigidas: requer que as pessoas deixem de depender da hierarquia
para resolver os problemas, substituindo-as por equipes compostas por pessoas
capacitadas, informadas, confiantes, com habilidades para se autogerenciarem e
com autonomia. Não há como criar equipes autodirigidas sem dar a elas autonomia
e poder de decisão. É comum, portanto, observarmos líderes informais surgindo a
partir dos membros da equipe e assumindo vez ou outra uma posição de destaque
na resolução de certos problemas.
Nesse sentido, podemos concluir que líder não é alguém extraordinário, mas,
sim, uma pessoa comum com um compromisso extraordinário, que busca a informação,
capacita-se e assume os riscos por suas decisões.
O empoderamento nos mostra que apenas mostrar o destino não basta. É preciso
envolver as pessoas e qualificá-las a traçarem o destino e percorrerem o caminho.
Por fim, podemos ficar esperando uma grande liderança surgir, nos guiar e
se responsabilizar por nós, ou, ainda, podemos assumir a liderança daquilo que está
em nós (recursos internos e potencialidades) e para nós (recursos externos e físicos),
participando e sendo protagonistas de nossas histórias.
45
LEITURA
COMPLEMENTAR
COMPROMISSO E MUDANÇA
Jim Selman
46
Não sugiro que esse fenômeno restrinja-se à América Latina; todas as culturas
são normalmente transparentes para os que vivem nelas. Conheço pessoas que
distinguem entre o compromisso como elemento essencial para criar ou se relacionar
intencionalmente com a mudança e o compromisso como mera expressão dos desejos,
um gesto bem-intencionado.
47
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• No mundo corporativo, tomamos decisões a todo momento e, para que ela seja
efetiva, deve possuir elementos específicos.
48
AUTOATIVIDADE
1 Nas organizações, pessoas tomam decisões sobre as mais diversas situações. Em
qualquer nível hierárquico que se possa imaginar, sobre qualquer assunto, não
importa se a decisão é fácil ou difícil, demorada ou rápida. Assim, qualquer que
seja a característica da tomada de decisão, as decisões sempre terão os mesmos
elementos. Sobre os elementos presentes em toda decisão, assinale a alternativa
CORRETA:
49
I- Empoderar consiste em dar poder aos subordinados para que tomem decisões e
assumam os riscos.
II- Empoderar envolve dar autonomia para que as pessoas tomem decisões operacionais
enquanto o líder continua a tomar as decisões estratégicas.
III- Empoderar é liberar o poder que existe nas pessoas em termos de seus
conhecimentos, experiências e motivação.
4 Decidir é algo que temos prática diária, porém, nem por isso é algo fácil de se fazer.
O processo decisório feito a partir do modelo racional envolve várias etapas que se
cumpridas levam a pessoa a uma boa decisão. No entanto, sabemos que existem
muitas decisões acabam por ter uma consequência indesejada. Nesse sentido, cite e
explique dois motivos pelos quais uma decisão pode vir a ter resultados negativos.
50
REFERÊNCIAS
BLANCHARD, K. Liderança de alto nível: como criar e liderar organizações de alto
desempenho. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2019.
51
52
UNIDADE 2 —
A CARREIRA DO
GESTOR E AS TEORIAS
MOTIVACIONAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
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CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
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UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A presença de um líder sempre foi importante na história, especialmente da
humanidade. Tais pessoas tomam lugar de destaque nos grupos por possuírem um
perfil diferente dos demais, por exemplo, na condução e motivação do grupo, fazendo-o
comprometer-se com os objetivos.
2 CONCEITO DE MOTIVAÇÃO
Todo comportamento consciente ou inconsciente é motivado por algo, ou seja,
tem uma causa. Conhecer essas causas e identificar o que move o comportamento das
pessoas é fundamental para o líder fazer bem o seu papel, pois ajuda a compreender as
atitudes de cada colaborador.
O termo motivação é muito utilizado em nosso dia a dia. Sempre que queremos
dizer que estamos animados, entusiasmados e empenhados a fazer algo, dizemos que
estamos motivados. Da mesma forma, quando não nos sentimos assim, dizemos que
estamos desmotivados. Entretanto, existe um equívoco na utilização do termo.
55
FIGURA 1 – MOTIVAÇÃO E SATISFAÇÃO
56
FIGURA 2 – PROCESSO DE MOTIVAÇÃO
Recompensas intrínsecas ou
Fator de motivação
extrínsecas - fator de satisfação
Necessidade
Comportamento
não satisfeita Satisfação Reputação
Tensão Impulso dirigido para
da necessidade da tensão
a meta
Carência
Retroação
FONTE: A autora
ATENÇÃO
Quando a empresa opta por oferecer reconhecimento aos
colaboradores, deve buscar sempre variá-lo e diversificá-lo pois
o fator de satisfação pode, ao longo do tempo, perder sua força
e deixar de ser valorizado pelas pessoas caso o incentivo vire
uma rotina.
57
Então, a forma mais adequada de nos expressarmos com relação às nossas
motivações é dizendo que estamos animados, felizes, satisfeitos e empenhados em
conseguir mais daquilo que atendeu às nossas necessidades.
É importante entender que não é possível gerar motivação nas pessoas, pois
dizer isso seria o mesmo que dizer que estamos criando uma necessidade não satisfeita,
e necessidades são elementos internos e particulares de cada um, não se pode criá-los. O
máximo que conseguimos fazer, e que os livros de autoajuda também fazem, é despertar
uma necessidade interna que já existia, mas que estava “adormecida” e latente.
58
Outro fator que é afetado pela motivação é a prontidão para o aprendizado.
Aprender não é simplesmente sentar em uma cadeira e assistir a um treinamento. É
preciso ter vontade de aprender e estar pré-disposto ao aprendizado. A motivação da
pessoa irá, então, influenciar diretamente no entusiasmo para realizar todo o processo
de aprendizado, desde ir ao treinamento até praticar o que foi aprendido. Entretanto,
se a pessoa acredita que o conteúdo não acrescentará em nada, ou se está com
muitos problemas pessoais, dificilmente terá disposição e motivação necessárias ao
aprendizado.
Logo, o que nos faz ter motivação, vontade e ânimo para a acordar cedo e ir
trabalhar todos os dias é o quanto nós precisamos do resultado que essa ação de ir
trabalhar nos traz, ou seja, o quanto precisamos do dinheiro e dos benefícios que a
empresa oferece.
59
Um outro fator que impacta na motivação são os tipos de recompensas que a
empresa oferece e a forma como ela as administra (CHIAVENATO, 2014). Vejamos como.
Cabe destacar que não existe competição e recompensa “justa”, pois sempre
alguém se sentirá injustiçado. Assim, o gestor deve deixar claro aos colaboradores
quais são as metas, o porquê e mudar a fórmula para compensar as injustiças; variar os
prêmios; evitar premiar com dinheiro, priorizando presentes, viagens, excursões, bolsa
de estudos (CHIAVENATO, 2014).
Nesse sentido, lembre-se sempre que os benefícios, por sua vez, não aumentam
necessariamente a motivação das pessoas, pois funcionam como fatores higiênicos, ou
seja, apenas evitam a desmotivação.
60
3 TEORIAS DE CONTEÚDO
O estudo do comportamento humano, incluindo a motivação, é algo de grande
interesse das ciências que estudam o comportamento organizacional. O que as
empresas mais querem é ter trabalhadores motivados e empenhados a realizarem seus
trabalhos com perfeição. Nessa busca por entender o que faz as pessoas terem vontade
de fazer algo, surgiram duas abordagens sobre o tema, que são as teorias de conteúdo
e as teorias de processo.
61
FIGURA 3 – PIRÂMIDE DE HIERARQUIA DE NECESSIDADES DE MASLOW
AUTO
REALIZAÇÃO
(auto-desenvolvimento)
EGO OU ESTIMA
(reputação, autoconfiança)
SOCIAIS
(aceitação, amizade, pertencer ao grupo)
SEGURANÇA
(proteção sua e de sua família, estabilidade no lar e emprego)
FISIOLÓGICAS
(sobrevivência, alimentação, salário, roupa, teto, ...)
ATENÇÃO
Perceba que não é necessário que as necessidades básicas
sejam completamente satisfeitas para que outras necessidades
superiores apareçam. Quando o indivíduo já se sente satisfeito
com relação a uma certa necessidade, outras vão surgindo e
dando sentido a novas buscas.
62
Para motivar alguém é preciso saber em que nível da hierarquia a pessoa se
encontra no momento e focar a satisfação naquele nível ou no patamar imediatamente
superior. Os gerentes devem, então, descobrir e se preocupar com as necessidades dos
seus colaboradores e clientes, buscando satisfazê-las (CARAVANTES; CARAVANTES;
KLOECKNER; KLOECKNER, 2008).
Por fim, embora genérica e ampla, essa teoria representa um valioso modelo de
atuação sobre o comportamento humano.
63
FIGURA 4 – NECESSIDADE DE AFILIÇÃO
A Teoria X pressupõe que o ser humano sempre que puder evitará o trabalho e,
por isso, as pessoas devem ser dirigidas, controladas coagidas, ameaçadas de punição
para que se esforcem na realização dos objetivos organizacionais.
A Teoria Y, por sua vez, considera que as pessoas não são passivas, nem resistem
a necessidades organizacionais, ou seja, são dotadas de motivação, capazes de assumir
responsabilidades e dirigir o próprio comportamento para as metas da empresa. Isto
significa dizer que cabe à empresa criar um ambiente que encoraje o comprometimento
com os objetivos organizacionais e as pessoas irão exercer autodireção e autocontrole
(CARAVANTES; CARAVANTES; KLOECKNER, 2008).
64
De acordo com Mc Gregor ([s. d.] apud CARAVANTES; CARAVANTES; KLOECKNER,
2008, p. 96), “o homem é motivado por natureza, pois ele é um sistema orgânico e não
mecânico”. Desse modo, cabe à gerência criar condições para que todos os membros da
organização possam atingir seus próprios objetivos, direcionando esforços aos objetivos
organizacionais.
TEORIA X TEORIA Y
• Os funcionários são preguiçosos,
• As pessoas são esforçadas e gostam
não gostam de trabalhar.
de ter responsabilidade.
• As pessoas tentam evitar o trabalho.
• O trabalho é algo tão natural quanto
• As pessoas são ingênuas e sem iniciativa.
brincar ou descansar.
• As pessoas precisam ser coagidas,
• As pessoas demonstrarão auto orientação
controladas, dirigidas e ameaçadas.
e autocontrole se estiverem comprometidas
• As pessoas evitam responsabilidades e
com os objetivos.
buscam orientação formal sempre.
• As pessoas procuram e aceitam
• A maioria dos trabalhadores coloca a segurança
responsabilidades e desafios.
acima de todos os fatores associados ao
• As pessoas são criativas e competentes.
trabalho e mostra pouca ambição.
Por outro lado, numa perspectiva mais moderna, dentro da Teoria Y, o líder
tende a ser mais democrático e participativo, predominando o respeito às pessoas e às
suas individualidades, pois considera-se que as pessoas gostam de trabalhar e assumir
responsabilidades especialmente se puderem participar das decisões. Assim, o trabalho
é organizado de forma a dar condições para a autorrealização e satisfação das pessoas,
por meio da autonomia.
65
FIGURA 5 – LÍDER PARTICIPATIVO
Na prática, essa teoria nos dá indícios sobre como lidar com os diferentes perfis
profissionais e ainda nos permite perceber que para aumentar a motivação de um grupo
é mais indicado que os líderes busquem um processo decisório mais participativo,
proponham tarefas desafiadoras e criem um bom relacionamento intergrupal.
66
Criada para estudar quais fatores são responsáveis pela satisfação no trabalho,
a Teoria dos dois Fatores descobriu que a satisfação e a insatisfação são representadas
por duas escalas diferentes. Ou seja, que os fatores que tinham influência na satisfação
profissional eram diferentes dos fatores que levaram à insatisfação. Por isso, quando se
procura eliminar o que gera insatisfação, pode-se conseguir melhoras, porém não será
esse o fator que irá motivar o colaborador.
ATENÇÃO
Quando a empresa oferece condições adequadas de trabalho,
segurança, qualidade de vida no trabalho e salário compatível
com o mercado, por exemplo, ela não estará gerando motivação
as pessoas, apenas estará evitando a insatisfação.
67
QUADRO 3 – FATORES HIGIÊNICOS
FONTE: A autora
FONTE: A autora
• delegação de responsabilidade;
• liberdade de exercer discrição;
• promoção e oportunidades de futuro;
• uso pleno das habilidades e competências pessoais;
• estabelecimento de objetivos e avaliação relacionada com eles;
• simplificação do cargo (pelo próprio ocupante);
• ampliação ou enriquecimento do cargo (horizontal ou vertical).
68
Um ambiente realmente satisfatório incluiria a criação de desafios, o
enriquecimento dos cargos, entre outros fatores, para estimular e garantir a satisfação
dos colaboradores.
A Teoria dos dois Fatores acredita que a relação que os colaboradores possuem
com o seu trabalho é básica e que esta atitude pode determinar o seu sucesso ou fracasso.
Para motivá-lo, é necessário ênfase nos fatores associados ou nos resultados do trabalho
como promoções, oportunidades de crescimento, reconhecimento, responsabilidade e
realização (ROBBINS, 2009).
4 TEORIAS DE PROCESSO
Após as várias teorias de conteúdo e seus achados inconsistentes, os estudiosos
continuaram buscando respostas para os comportamentos humanos, buscando
entender por que alguns eram tão empenhados e dedicados e outros tão apáticos e
desengajados.
69
FIGURA 7 – COMPARAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO
Na medida que se trata de uma comparação, aquilo com que se está sendo
comparado irá interferir na percepção do fato como justo ou injusto. Assim, existem
quatro pontos de referência que o colaborador pode usar na comparação (ROBBINS,
2009):
70
2. Próprio-externo: experiências do funcionário em situação ou posição fora da atual
empresa;
3. Outro-interno: outra pessoa ou grupo da mesma empresa;
4. Outro-externo: outra pessoa ou grupo fora da empresa.
71
FIGURA 8 – FÓRMULA DA MOTIVAÇÃO DE VROOM
FONTE: A autora
Dessa forma, é possível entender por que tantos trabalhadores não se sentem
motivados em seu trabalho e fazem o mínimo esforço necessário para continuarem
empregados (ROBBINS, 2009). Cabe aos líderes encontrarem meios de tornar a
expectância, a instrumentalidade e a valência positivas, para assim conseguirem altos
níveis de produtividade.
Mesmo assim, pode-se dizer que é possível estimar, pelo menos em parte,
o impacto que o trabalho causa na percepção do esforço, do desempenho e da
recompensa, a partir do que se conhece sobre o comportamento humano, e assim
adequar a recompensa oferecida ao esforço exigido, por exemplo.
Por fim, esta teoria ainda é considerada como um tanto idealista, pois não foi
possível validar por completo suas premissas. Ao invés disso invalidar a teoria, serve
de apoio, pois ela explica por que boa parte dos trabalhadores despende tão poucos
esforços na realização de suas tarefas.
72
4.2 TEORIA DA FIXAÇÃO DE OBJETIVOS
Edwin Locke, no final da década de 1960, notando a importância do objetivo
no empenho dos trabalhadores, pôs-se a estudá-lo e “propôs que a intenção de lutar
por um objetivo é a maior fonte de motivação no trabalho” (ROBBINS, 2009, p. 141).
Neste sentido, objetivos específicos e difíceis, com feedback, conduzem a melhores
desempenhos, do que metas genéricas do tipo “faça o melhor possível”. Ter um objetivo
claro funciona como um estímulo interno, dizendo ao colaborador o que precisa ser feito
e quanto esforço deve ser despendido (ROBBINS, 2009, p. 141).
Com relação à origem das metas, estudos revelam que em alguns casos quando
os objetivos são estabelecidos de forma compartilhada, ou seja, com a participação da
própria pessoa, ela tende a ficar mais comprometida a alcançá-lo. Em outros casos há
evidências de que os funcionários desempenham melhor suas tarefas quando esta é
imposta por outras pessoas como o caso do chefe/líder.
Por fim, é importante saber que a teoria da fixação de objetivos tem limitações
culturais, por esse motivo não é adequada em qualquer país, sendo bastante
apropriadas em países de cultura norte-americana, pois parte do pressuposto de que
os trabalhadores são independentes, que os executivos e funcionários querem metas
desafiadoras e que o desempenho é importante para todos.
73
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Existem várias teorias de motivação que buscam explicar o que e como nos
motivamos, que são as teorias de conteúdo e as de processo.
• As teorias de conteúdo buscam explicar o que nos motiva, estando entre elas as
teorias de Maslow, McGregor, McClelland e Herzberg.
74
AUTOATIVIDADE
1 A motivação pode ser definida como um estado entusiasmado que nos impulsiona
a um comportamento que terá uma recompensa que desejamos. Nesse sentido, a
motivação se dá por meio de um processo que envolve vários elementos. Sobre os
elementos do processo motivacional, assinale a alternativa CORRETA:
75
I- A Teoria X afirma que os funcionários não gostam de trabalhar, fogem de
responsabilidades e precisam ser coagidos, controlados para atingirem as metas.
II- A Teoria X é mais apropriada para ambientes dinâmicos, pouco estruturados e com
estilo de gestão participativo.
III- A Teoria Y afirma que as pessoas gostam de trabalhar, são capazes de tomar
decisões, se autogerenciarem e busca responsabilidades.
76
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —
PLANO DE CARREIRA
1 INTRODUÇÃO
O mundo está em constante mudança, passando por diversas transformações
em seus paradigmas e conceitos. Nesse cenário, o conceito de carreira também está se
transformando, e a tendência é que ocorram mudanças mais profundas nos próximos
dez anos.
Para o senso comum, aquele que tem carreira é quem trabalham em uma
empresa por vários anos e é remunerado por isso, ou que carreira é uma evolução do
status da remuneração. Entretanto, não é bem assim.
77
Até antes da Segunda Guerra Mundial, não se falava muito em carreiras. Com
a chegada da Era Industrial, o mercado se tornou mais dinâmico e as organizações
se fizeram presentes em maior número e de forma mais complexa, iniciando o
estabelecimento de cargos ligados a postos de trabalho, primeiro, nas atividades fabris,
e, depois, nas administrativas.
78
Esses ciclos de carreira são medidos pelo crescimento da complexidade nas
atribuições até um nível em que a pessoa não vê mais perspectiva de crescimento
na organização e no mercado. Nesse sentido, o grande desafio do líder será criar
possibilidades para que esses profissionais tenham chances de se desenvolver segundo
suas expectativas e, ao mesmo tempo, atendendo às expectativas da organização
(DUTRA; DUTRA; DUTRA 2017).
Isso acontece pois cada vez mais as pessoas estão tomando decisões de
carreira baseadas em seus valores, sonhos, conceito de família, compromissos sociais
e aspiração de estilo de vida, em detrimento de escolherem a partir de salários e status
profissional, o que significa que as pessoas pensam mais no que elas querem para si,
suas famílias, filhos e qualidade de vida futura, do que no glamour, prestígio e salário de
um cargo elevado.
Assim, para conseguir lidar com a maior complexidade do mercado, o líder deve
passar por situações mais exigentes, ser estimulado e preparado para isso. É assim que
a carreira do líder começa a ser trilhada. Dessa forma, para desenvolver-se na carreira
de líder, é importante que se execute as seguintes ações (DUTRA, 2017):
79
• crie objetivos de desenvolvimento visando assumir responsabilidades de maior
complexidade gradativamente;
• faça avaliações e ações de desenvolvimento visando desafios futuros;
• crie ações de desenvolvimento que permitam ampliar sua visão do negócio, bem
como aumentar sua exposição na empresa e diante de parceiros estratégicos;
• crie ações que ampliem sua rede de relacionamentos e permita sua multiplicação
para a equipe;
• busque orientação para trabalhar os pontos mais importantes que te farão alcançar
seus objetos de carreira;
• crie ações de desenvolvimento que incluam exposição a situações de trabalho
diferenciadas.
80
Segundo Dutra (2017), até 2017, as pessoas dificilmente mudaram de carreira,
elas mudaram de função, de empresa, de país, mas, geralmente, permanecem na
mesma trajetória. Com relação às organizações, algo parecido acontece, pois, mesmo
que haja mudanças na estrutura organizacional, as trajetórias oferecidas continuam
iguais. As mudanças na trajetória parecem acontecer apenas quando a natureza do
negócio muda (DUTRA, 2017).
De modo geral, saiba que toda trajetória de carreira tem três momentos: o início,
o crescimento e o final. O início é o momento em que a pessoa atendeu aos requisitos da
empresa e é contratada. O crescimento é a fase de desenvolvimento do profissional, em
que a empresa mantém registos sobre suas avaliações de desempenho, treinamentos
e cursos realizados. Por fim, o final é a fase na qual a pessoa chega no teto de sua
profissão e não tem mais perspectivas de crescimento. Raramente as organizações e
as pessoas sabem exatamente quando é o final de uma carreira, dificultando, assim, o
preparo para dar o próximo salto em direção à outra carreira, ou outra empresa, se assim
o quiser (DUTRA, 2017).
Por exemplo, podemos ter um profissional técnico sem perfil para carreira
gerencial, mas que pode ser preparado para a carreira acadêmica como professor, para
ter o próprio negócio, para torna-se um profissional liberal, freelancer etc. Assim, é
preciso entender que existem três categorias de trajetórias, que são (DUTRA, 2017):
81
DICA
O subtópico intitulado “Transição de carreira”, do capítulo 7 do livro
de Dutra, Dutra e Dutra (2017), traz a explicação completa sobre
como podemos fazer a transição de uma carreira técnica para a
carreira gerencial. Vale a leitura!
Note que essas três categorias estão diferenciadas por níveis de complexidade
das atribuições e responsabilidades. Vejamos como isso ficaria na prática analisando a
Figura 12 a seguir.
82
3.1 ESTRUTURAS DE CARREIRA
Muitas empresas definem estruturas de carreira, dando, assim, certa previsão
aos colaboradores sobre as possíveis trilhas e trajetórias que eles podem seguir. Temos,
então, as seguintes carreiras:
83
Assim, as colunas são as trilhas de carreira e os retângulos são os cargos.
Cargos que estejam na mesma linha horizontal possuem mesma remuneração e nível
de complexidade de tarefas. Caso o profissional esteja no cargo A3, ele poderá então
mudar para a trilha B indo para o cargo B2 e, quando estiver no cargo B3, poderá ir para
o cargo C3.
FIGURA 14 – CARREIRA EM Y
Especialista 3 Diretor
Especialista 2 Gerente
Especialista 1 Coordenador
Analista Sênior
Analista Pleno
Analista Júnior
Auxiliar
Estagiário
FONTE: A autora
• Carreira em rede: oferece várias opções para as diferentes trilhas, permitindo que
a pessoa opte pela que mais lhe agradar no momento da decisão, ou seja, a pessoa
escolhe livremente a direção na qual quer se movimentar, podendo ser na vertical,
84
horizontal ou diagonal (FRANÇA, 2014). A mudança na diagonal é a grande diferença
dessa estrutura de carreira, pois permite que a pessoa suba na hierarquia e ao mesmo
tempo mude de trajetória, conforme ilustra a Figura 15 a seguir.
FONTE: A autora
Por fim, cabe destacar que, para que o profissional possa se movimentar dentro
da organização pelas trajetórias de carreira, ele deve atender aos critérios e às exigências
estipulados pela empresa no que diz respeito ao tempo, formação, desempenho etc.
85
Atualmente, muitas empresas já adotam uma estrutura mais horizontal, na
qual há poucos níveis hierárquicos. Dessa forma, o encarreiramento também está mais
horizontalizado e a responsabilidade por preparar as pessoas para assumirem nova
posições não é mais exclusividade da empresa. A essa nova forma de conduzir a carreira,
chamamos de autogerenciamento de carreira (CHIAVENATO, 2014; DUTRA, 2017).
Nesse sentido, existe uma resistência natural das pessoas em planejar suas
vidas profissionais, pois, culturalmente, no Brasil, não somos estimulados a pensar
sobre isso, nem tampouco a buscarmos autoconhecimento para fazermos escolhas
mais assertivas. É predominante, ainda, as pessoas escolherem suas carreiras por
apelos externos como remuneração e prestígio social, e não por suas preferências e
características pessoais.
Por outro lado, o mercado mais competitivo tanto para as empresas quanto
para as pessoas tem impulsionado empresa e indivíduos a adotarem posturas mais
proativas com relação ao desenvolvimento e à carreira. As empresas precisam que as
pessoas se desenvolvam para que possam aumentar seu nível de contribuição para o
desenvolvimento organizacional; e as pessoas precisam se desenvolver continuamente
para aumentarem sua mobilidade de carreira dentro ou fora da empresa. Devido a isso,
na década de 1990, muitos cursos de pós-graduação foram criados, e o movimento
da universidade corporativa e da educação continuada ganhou força, assim como
as pessoas passaram a trocar melhores remunerações por oportunidades de
desenvolvimento (DUTRA, 2017).
86
Considerando essa dinâmica entre empresa e indivíduo no atual mercado, é
fundamental saber que cada um exerce um importante papel para que a engrenagem
funcione e todos possam se beneficiar.
Após os anos 2000, o aumento da longevidade das pessoas fez com que elas
percebessem que era importante se manterem úteis profissionalmente por mais tempo,
bem como se tornarem financeiramente independentes e terem mais qualidade de vida
(DUTRA, 2017).
Todos esses fatores fizeram com que as pessoas entendessem o quão essencial
era elas assumirem as rédeas de suas carreiras, direcionando suas vidas profissionais e
pessoais exatamente para onde desejavam. Nesse sentido, é urgente que as pessoas
sejam protagonistas de suas carreiras e não mais coadjuvantes da própria história,
ou seja, que participem ativamente do planejamento e da execução do seu programa
de desenvolvimento, a partir de escolhas conscientes e baseadas em seus anseios e
prioridades.
87
A organização, por sua vez, tem o papel de auxiliar no processo de construção do
plano de carreira, apresentando as oportunidades existentes dentro da própria empresa
e as possibilidades de desenvolvimento que a empresa está disposta a investir, como
pós-graduações, treinamento internos e processo de mentoria e coaching.
INTERESSANTE
Na década de 1990, uma discussão feita com gestores constatou que a
maioria deles não tinha um projeto profissional e utilizava referenciais
passados para projetarem suas carreiras, como o organograma da
empresa, e os fatos que explicavam os acontecimentos do passado.
Por fim, quanto mais o ambiente for competitivo e incerto, mais será necessário
que as pessoas assumam o protagonismo de suas carreiras, e as organizações precisarão
dar ainda mais suporte necessário para que isso se concretize. Ser protagonista de sua
carreira certamente trará um diferencial no mercado de trabalho, mas tenha em mente
que nem sempre a organização e o mercado irão estimular e ajudar nesse processo,
sendo necessário um esforço da parte do indivíduo.
88
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A empresa oferece condições básicas, mas não pode ser a única responsável pela
carreira das pessoas, pois são as pessoas que precisam ser os protagonistas de suas
histórias profissionais, analisando suas necessidades e fazendo as escolhas.
89
AUTOATIVIDADE
1 Nos últimos 20 anos, o mercado tem se mostrado bastante volátil, incerto e cheio
de altos e baixos. A antiga constância e previsibilidade já não faz mais parte do
cenário atual. Conseguir um emprego hoje não é garantia de emprego futuro.
Consequentemente, as pessoas também estão revendo seus parâmetros e
prioridades diante de suas carreiras. Sobre o exposto, analise as sentenças a seguir:
2 A carreira não deve ser entendida como um caminho rígido, mas como uma sequência
de posições e de trabalhos realizados pela pessoa dentro da área profissional que
escolheu. Nas organizações, existem várias possibilidades de estruturas de carreira
que podem ser adotadas. Uma delas é a estrutura em múltiplos paralelos, que
possui uma importante vantagem em relação as outras. Sobre o exposto, assinale a
alternativa CORRETA:
90
( ) Nas carreias em Y e em X, a empresa permite que a pessoa se movimente nas áreas,
mas sem mudar de carreira.
( ) Na carreira em Y as pessoas só podem mudar de área a partir de um certo cargo.
( ) Na carreia em X, o profissional pode ser oriundo de uma carreira técnica e, a partir
de certo ponto, mudar para a carreira gerencial.
4 Antigamente, a gestão de carreiras era realizada a partir de cargos fixos e rígidos, aos
quais as pessoas buscavam se adequar para serem promovidos no futuro. No entanto,
atualmente, as estruturas de carreira são bastante flexíveis e possibilitam que as
pessoas transitem de uma carreira a outra sem perdas de salários, de benefícios ou
de possibilidades de crescimento. Nesse sentido, explique a carreira em W e suas
vantagens.
91
92
UNIDADE 2 TÓPICO 3 —
DESENVOLVIMENTO GERENCIAL
1 INTRODUÇÃO
Desenvolver gestores não é tarefas fácil. É preciso entender muito bem quais
são as habilidades e as competências que fazem do líder-gestor um profissional de
excelência para que, então, possamos elaborar programas eficientes de desenvolvimento.
93
Em outras palavras, uma pessoa só será competente se suas habilidades,
comportamentos e atitudes forem relevantes para aquela organização sobreviver e se
diferenciar no mercado.
Em marketing, em finanças, em
Competências
produção/operação, em gestão de
FUNCIONAIS
talentos, em tecnologia.
94
Pensando na distribuição das carreiras em: operacional, profissional e gerencial,
podemos definir as competências básicas de cada uma e depois definir as específicas, que
serão particulares da natureza de cada organização, conforme ilustra a Figura 19 a seguir.
• trabalho em equipe
• aprendizado contínuo
• facilidade de adaptação
• comunicação
• relacionamento
interpessoal
95
• Nível 3: exerce amplo conjunto de atividades, incluindo as mais complexas e não
rotineiras, exercendo com autonomia as funções de baixa ou nenhuma complexidade.
• Nível 4: exerce todo tipo de atividade de sua função em diferentes contextos, assume
médio grau de responsabilidade e autonomia para realizar funções que envolvam
alocação de recursos.
• Nível 5: possui as competências do nível 4 além de formação para analisar e
estabelecer diagnósticos, fazer planejamentos de avaliações de desempenho.
Por fim, é possível concluir que existe uma infinidade de competências que
podem ser atribuídas ao líder-gestor, como competências relacionadas à comunicação,
comando, relacionamento, solução de problemas, alocação de recursos, entre outras. O
que irá, portanto, definir quais competências serão necessárias é a natureza do negócio,
as competências essenciais da empresa, seus objetivos estratégicos e mercado. É a partir
desses fatores que a empresa poderá traçar o perfil de competências necessárias para
estruturar toda sua liderança, definindo critérios de seleção, políticas de remuneração e
reconhecimento, além de programas de desenvolvimento e encarreiramento.
96
FIGURA 20 – AS DIFERENTES EMOÇÕES
INTERESSANTE
É importante ressaltar que, somado ao conceito de IE, há, também, a
ideia de inteligências múltiplas, que também devem ser consideradas
quando se trata de entender as diferenças de desempenho, capacidades
e habilidades pessoais.
97
• Automotivação: envolver ter entusiasmo, confiança e persistência para alcançar os
objetivos propostos.
• Empatia: envolve ser capaz de perceber as emoções alheias.
• Habilidades sociais: envolver ser capaz de trabalhar em equipe, interagir e influenciar
pessoas.
FIGURA 21 – EMPATIA
98
FIGURA 22 – GERENCIANDO AS EMOÇÕES
No entanto, apenas saber o que se deve fazer não torna o líder inteligente
emocionalmente. A liderança é uma habilidade que deve ser aprendida, desenvolvida
e refinada continuamente. Isso significa que a prática constante é essencial para o
desenvolvimento da inteligência emocional.
99
4.1 COACHING
Pesquisas da American Management Association (AMA) realizadas em 2008
constataram que o coaching está associado ao desempenho de qualidade nas
organizações, pois permite o crescimento pessoal e profissional de tal maneira que
reflete positivamente na empresa (BLANCHARD, 2019).
Para tanto, o coach deve ter certas habilidades para que possa conduzir o
processo de forma adequada e com sucesso, que são (DUTRA, 2017):
100
O coaching tem sido muito utilizado em profissionais que ocupam posições de
liderança, visando prepará-los não só para terem um melhor desempenho, mas para
que sejam futuros coachs de suas equipes, potencializando resultados, melhorando o
clima, retendo talentos, otimizando custos, tempo e facilitando o acompanhamento e a
avaliação dos resultados.
Dessa forma, o coaching pode ser oferecido aos líderes, tendo cindo aplicações
(BLANCHARD, 2019):
4.2 MENTORIA
A mentoria consiste em uma pessoa mais experiente profissionalmente orientar
o desenvolvimento de outras pessoas menos experientes (DUTRA; DUTRA; DUTRA,
2017), buscando ajudar a pessoa a compreender a si própria e a relação que estabelece
com seu meio a partir de uma análise comportamental.
101
Nesse sentido, o papel do mentor não é só orientar, mas, também, ensinar e
praticar junto, tendo a função de preparar as pessoas para novos e extraordinários
saltos qualitativos, promovendo crescimento pessoal e profissional. Por isso, a mentoria
é conduzida por um profissional mais experiente, que pode ser um colaborador da
empresa ou alguém externo contratado apenas para isso (BLANCHARD, 2019).
FIGURA 25 – MENTORIA
Trata-se de uma prática difícil de ser implantada e possui armadilhas que devem
ser evitadas, que são (DUTRA, 2017):
• Escolha do mentor: deve ser uma pessoa com perfil definido, que personifique
os valores da empresa, que seja dois a três níveis acima do chefe da pessoa a ser
orientada para não gerar problemas de relacionamento devido ao fácil acesso a
informações específicas, e principalmente, que seja uma adesão voluntária.
• Preparação do mentor: deve ser orientado sobre seu papel, pois difere do papel do
gestor. O mentor se preocupa com a pessoa, buscando orientar e ajudar o mentorado
a se desenvolver a partir de si próprio. O gestor foca na organização, buscando
desenvolver as pessoas para que tragam resultados ao negócio.
102
• Estruturação do programa: não deve ser indefinido ou a longo prazo, para não
perder de vista os objetivos centrais, e não correr o risco de o mentor aliciar o jovem
para construir uma base de apoio político para seus projetos. O ideal é que tenha
duração de um a dois anos, com reuniões pré-determinadas (de seis a oito reuniões)
e com roteiro definido, visando resultados.
• Escolha do mentor e orientado: a formação da dupla deve ser feita de forma
deliberada em que o orientado escolhe três mentores de sua preferência, desde que
eles não tenham ascendência hierárquica sobre ele. Posteriormente, as solicitações
são enviadas aos mentores para verificar qual deles aceita a proposta.
Nesse contexto, a mentoria tem sido muito utilizada nos programas de trainees,
com jovens recém-formados que são contratados e preparados para assumirem futuros
postos de liderança, além de ser utilizado com pessoas que assumiram recentemente
postos gerenciais com exposição à arena política de negociações, e que, por isso,
necessitam de um interlocutor experiente, mas que não seja seu superior hierárquico.
Por fim, pode-se dizer que a mentoria foca em profissionais com muito potencial,
mas que precisam de ajuda para terem um desempenho de nível mais elevado. Dessa
forma, a mentoria enfatiza os valores e a estrutura política da empresa.
103
LEITURA
COMPLEMENTAR
6 DICAS PARA O DESENVOLVIMENTO GERENCIAL
Eduardo Teles
Levar uma pessoa ao sucesso está cada vez mais difícil, devido ao amento da
concorrência tanto em quantidade como em qualidade, e em tempos assim, ser proativo
e ágil para se adaptar às mudanças é fundamental, e, para isso, os gestores precisam
estar mais preparados para conduzir os membros de suas equipes da melhor maneira
possível.
Muitas empresas iniciam suas atividades com estrutura muito simples, com
o proprietário a frente do negócio, combinando funções estratégicas e operacionais,
e contando com um pequeno quadro de funcionários. Sejam uma pequena empresa,
ou numa grande corporação, com centenas de colaboradores e orçamento milionário,
a necessidade de desenvolvimento de uma visão comum a todos é elemento de
diferenciação.
104
Conheça a si próprio
Sabia comunicar-se
Outra técnica importante e que deve ser bem desenvolvida pelo gestor é a
comunicação, que seja aplicada de forma clara e assertiva, evitando-se conflitos e
maus entendidos. Ainda nesse campo, deve utilizar o feedback, como ferramenta de
desenvolvimento da sua equipe, não confundindo com desabafo ou conselho, tendo
sempre com fim a melhoria do colaborador.
O gestor tem o papel de definir objetivos e metas para o futuro, assim como
planos de ação que possam dar aos membros da equipe os rumos para alcançá-los,
assim como combinar bem as funções de gerente e de líder, onde no primeiro com
características voltadas ao planejamento, controle e mensuração, e no segundo atuando
mais na implementação, comunicação e incentivo.
105
Não pense somente a curto prazo
106
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A inteligência emocional é uma competência essencial a qualquer líder que almeja ter
sucesso na carreira.
107
AUTOATIVIDADE
1 As competências individuais requeridas pela organização não são as mesmas para
todas os colaboradores. Líderes e gestores precisam de competências específicas
e aqueles que estão na mesma trajetória de carreira precisam ter competências
semelhantes. Dessa forma, a organização deve definir o conjunto de competências
para cada carreira. Acerca das competências básicas essenciais na carreira gerencial,
assinale a alternativa CORRETA:
108
3 Desenvolver pessoas no cenário atual é uma das poucas formas de lidar com tantas
incertezas e mudanças. O coaching é um processo muito utilizado nos dias de
hoje, sendo aplicável a qualquer situação em que existem barreiras que impedem
o indivíduo a ir para o próximo nível, desenvolvendo-se em sua carreira. Sobre o
exposto, analise as sentenças a seguir:
I- Conduz a pessoa de forma que ela separe as emoções das ações, agindo de forma
mais prática a objetiva.
II- O processo de coaching leva o profissional a se autoconhecer, estimulando o que
tem de melhor e o apoiando na definição de metas e ações.
III- Tem como objetivo central desenvolver pessoas, independentemente de sua
posição dentro da empresa ou de sua profissão.
109
110
REFERÊNCIAS
BANOV, M. R. Psicologia no Gerenciamento de Pessoas. São Paulo: Atlas, 2008.
GIL, A. C. Gestão de Pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2013.
MASLOW, A. H. Motivation and personality. New York: Harper & Brothers, 1954.
111
ROBBINS, S. Comportamento Organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro.
São Paulo. Prentice Hall, 2012.
112
UNIDADE 3 —
LIDERANÇA NAS
ORGANIZAÇÕES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
113
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
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114
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
CONTEXTO ORGANIZACIONAL E O LÍDER
1 INTRODUÇÃO
O assunto liderança há tempos é foco do interesse dos estudiosos. Muitos
líderes surgiram ao longo da história da humanidade e se tornaram exemplos a serem
seguidos devido aos resultados que obtiveram. No contexto geral, a liderança sempre
esteve associada ao poder, à força e à dominação, visto que era assim que os líderes
conquistavam territórios e ganhavam as guerras.
2 ABORDAGENS DE LIDERANÇA
Falar em abordagens de liderança é o mesmo que falar em teorias da liderança.
Trata-se de compreendermos a forma como os estudiosos analisam e interpretam o líder
e o processo de liderança. Basicamente, podemos listar três abordagens de liderança,
que são: a teoria das características ou dos traços; a teoria comportamental e a teoria
das contingências situacionais (ROBBINS, 2009).
115
No entanto, apesar dos vários estudos realizados, nenhum teve consistência
suficiente para comprovar a existência dos traços. No fim, foi possível apenas listar
alguns atributos que líderes como Alexandre “o grande” e Napoleão tinham e que,
portanto, os que pretendiam ser líderes deveriam também ter.
Bennis (1989 apud GIL, 2013) considera cinco características essenciais ao bom
líder, que são: paixão, integridade, confiança, curiosidade e ousadia.
Já Gardner (1990 apud GIL, 2013) lista 14 atributos, que são: inteligência
e capacidade de julgamento, vitalidade física e energia, disposição para aceitar
responsabilidades, aptidão para as tarefas, compreensão dos seguidores e de suas
necessidades, habilidade com pessoas, foco em conquista, capacidade de motivar,
coragem, resolução e perseverança, capacidade de conquistar e manter confiança,
capacidade de administrar, decidir e estabelecer prioridades, confiança, ascendência,
domínio e afirmação e adaptabilidade.
Embora essa visão seja pouco aceita, ela ainda é usada por empresas que
investem mais na contração de pessoas com certo perfil de liderança do que no
treinamento e desenvolvimento de líderes.
Traços de personalidade não são aspectos que podem ser ensinados, pois são
formados a partir de características inatas sobre as quais não temos controle. Já os
comportamentos são totalmente aprendidos e, portanto, podem ser desenvolvidos
(GIL, 2013).
116
FIGURA 1 – ESTILOS DE COMPORTAMENTO DO LÍDER
A D
u e
t m
o o
c c
r r
á á
t t
i i
c c
o o
117
FIGURA 2 – GRADE DE LIDERANÇA DE BLAKE E MOUTON
Por fim, estudos escandinavos fizeram uma revisão da literatura e incluíram além
da orientação para as tarefas e para as pessoas, a orientação para o desenvolvimento, que
na época não era tão importante, mas que, no contexto incerto de hoje, é imprescindível
à boa liderança (ROBBINS, 2009).
118
2.3 TEORIA CONTINGENCIAL
A abordagem contingencial diz que não há uma forma única e ideal de administrar
e que isso irá variar conforme a situação, isso significa dizer que essa teoria considera
todas as técnicas e teorias administrativas eficientes, dependendo das circunstâncias
(CHIAVENATO, 2013).
119
Cabe lembrar que tais dimensões variam suas graduações e podem ser
combinadas entre si de diferentes maneiras, gerando situações que favorecem ou
desfavorecem a atuação eficaz do líder. Além disso, perceba que, de acordo com essa
teoria, é necessário que o líder saiba diagnosticar a situação para então escolher o
comportamento mais adequado.
ATENÇÃO
É comum vermos uma tendência em considerar o estilo democrático
como sendo o ideal. No entanto, essa visão está limitada, pois está
considerando apenas a personalidade do líder e desconsiderando os
demais fatores que influenciam a eficácia da liderança.
Nesse sentido, Fiedler propõe que o líder, para ser eficaz, deve ajustar seu estilo
a essas dimensões situacionais. No entanto,, quando isso não for possível, a organização
deve posicionar o líder em uma situação que seja mais apropriada ao seu estilo pessoal
(CHIAVENATO, 2013).
• Líder diretivo: faz com que os liderados saibam o que se espera deles, organiza o
trabalho e fornece instruções precisas sobre como as tarefas devem ser realizadas.
• Líder apoiador: é amigável e sensível às necessidades dos membros.
• Líder participativo: consulta os membros da equipe e utiliza as sugestões antes
das decisões.
• Líder orientado para conquista: cria metas desafiantes e espera que todos
ofereçam o seu melhor.
120
Note que essa teoria parte do princípio de que os líderes são dinâmicos e flexíveis
e podem adotar quaisquer desses comportamentos dependendo da situação. Nesse
sentido, há alguns aspectos situacionais ou contingenciais que irão interferir no tipo de
comportamento requerido pelo líder para que ele tenha sucesso (ROBBINS, 2009):
• Fatores ambientais: são os que estão fora do controle dos colaboradores como
estrutura da tarefa, sistema de autoridade e grupo de trabalho, que irão definir o
comportamento do líder.
• Fatores do colaborador: são as características pessoais dos membros do grupo
como centro de controle, experiência e capacidade percebida, que irão definir a
interpretação que eles terão dos fatores ambientais.
3 ESTILOS DE LIDERANÇA
Os estilos de liderança surgem a partir das abordagens comportamentais e
situacionais de liderança. Cada abordagem entende a liderança por uma perspectiva,
definindo sua origem e seus influenciadores, e assim nascem os estilos.
121
ESTUDOS FUTUROS
Neste subtópico, abordaremos os estilos de liderança mais básicos,
originários das teorias comportamentais e situacionais, deixando os
estilos mais modernos para o tópico seguinte em que falaremos da
liderança na atualidade.
122
◦ Vantagens: promove maior justiça quando há muitos interesses, melhora as
relações interpessoais, estimula o diálogo, a exposição de ideias e a ponderação,
incrementa o conhecimento e a experiência, traz satisfação e comprometimento
com os objetivos organizacionais.
◦ Desvantagens: o processo decisório é moroso e requer a opinião madura de todos,
por isso não é indicado para situações em que a decisão seja muito importante, pois
nem sempre o grupo está maduro para solucionar; quando o grupo é composto por
pessoas descomprometidas e desmotivadas; quando o grupo é muito diverso nas
opiniões e não lida bem com conflitos; quando os membros estão geograficamente
distantes; quando a situação requer agilidade na resposta.
• Laissez-faire: é o líder liberal e permissivo, que não tem um foco específico nem
uma direção clara.
◦ Comportamento: distancia-se das atribuições administrativas, dando excesso
de autonomia, permitindo que as pessoas dividam as tarefas, distribuam as
responsabilidades, organizem os recursos e resolvam os problemas.
◦ Vantagens: quando o grupo é maduro, qualificado e motivado, como um grupo
de pesquisadores científicos ou consultores, esse estilo oferece dinamismo
e flexibilidade à resolução de problemas, aumentando a autoestima, gerando
identidade com as tarefas, desenvolvimento, crescimento e realização profissional.
◦ Desvantagens: traz consequências para a organização, como baixa produtividade,
má distribuição das tarefas e baixa qualidade e decisões equivocadas; para
as pessoas, traz excesso de responsabilidade, pressão, insegurança, estresse,
ansiedade, desmotivação; e para a relação líder-liderado, como perda da confiança
dos membros em si e no líder, gerando perda do poder de realização de ambos.
Por fim, pode-se dizer que a liderança liberal é uma tendência nos dias de hoje,
pois o contexto competitivo e incerto exige equipes autônomas, autogerenciadas,
capazes de tomarem decisões rápidas e resolver problemas de forma dinâmica.
123
• Dá e apoia: é afetivo e paternal, busca o respeito daqueles que considera importante,
tem necessidade de ser visto como uma “boa pessoa”, gosta de ajudar, mas fica
ressentido com deslealdades, tende a confiar nas pessoas.
◦ Características negativas: seu excesso de confiança, pode levá-lo a ser alvo de
oportunistas, tem dificuldade em dizer “não” e prioriza os direitos dos outros ao invés
dos seus, fazendo concessões que a longo prazo resultarão em um relacionamento
desinteressante.
• Toma e controla: gosta de ser visto como competente, independente e forte, tem
iniciativa, é empreendedor e gosta de dirigir os outros, reage rápido e gosta de
desafios, sendo bastante competitivo, luta para conseguir o que quer.
◦ Características negativas: irrita-se com excesso de explicações e fracassos,
tende a intimidar as pessoas com questionamentos agressivos, tem dificuldade em
delegar, mas reclama quando os outros não têm iniciativa.
• Adapta e negocia: quer ser aprovado, gosta de conhecer as pessoas, seus valores,
crenças e reações, expressa-se e comunica-se com facilidade, tem bom humor,
sensibilidade e habilidade de relacionamento interpessoal, pois é extrovertido,
otimista, entusiasmado, flexível e gosta de negociar.
◦ Características negativas: excessos nessas qualidades podem deixá-lo muito
maleável e dificultar posicionar-se com firmeza; a necessidade de aprovação pode
fazê-lo buscar por aplausos e atenção, e dificultar posicionar-se diante de conflitos;
tende a desperdiçar muito tempo socializando.
Por fim, essa teoria pressupõe que não existe estilo ideal e que o sucesso do
líder está na junção de fatores pessoais e do ambiente (situação e grupo).
É a partir daí, dos valores e princípios dos primeiros líderes, que serão criadas
as formas de lidar com todo o tipo de situação que aparecer na empresa. Com o tempo,
os elementos centrais desse “jeito de ser” da empresa vão sendo transferidos para os
demais gestores-líderes.
124
Nesse sentido, o gestor-líder é responsável por criar, manter e reformular a cultura
organizacional. Isso significa dizer que o estilo de liderança adotado é uma expressão
da cultura organizacional, ou seja, a forma como o líder estabelece as metas, controla
os comportamentos, toma decisões, recompensa o desempenho, lida com problemas
e conflitos, disciplina e desenvolve os liderados, comunica-se e estabelece relações
interpessoais, é reflexo direto dos valores, costumes, crenças e princípios da organização.
Isso quer dizer que, na medida em que fundadores, líderes e gestores definem
os objetivos e a conduta adequada (normas, procedimentos etc.) para se chegar aos
objetivos, estão delineando o jeito de ser da organização, isto é, sua cultura.
Essa visão é coerente com a Teoria do Ciclo Vital de Hersey e Blanchard, que
considera que o estilo ideal de liderança está associado a um conjunto de fatores e não
apenas a certas características do líder. Baseada nos dois comportamentos básicos do
líder, voltado para o trabalho e para as pessoas. Essa teoria afirma que diferentes estilos
de liderança devem ser utilizados, dependendo da maturidade do grupo, que consiste
na capacidade e experiência no trabalho e disposição para assumir a responsabilidade
de dirigir o próprio comportamento. Existem, então, níveis de maturidade, que são
(KANAANE, 2017):
125
Assim, antes de adotar qualquer um dos estilos, é necessário certificar-se
da maturidade dos membros, da experiência e capacidade para assumirem respon-
sabilidades. Isso significa que o líder deve ter alta capacidade de fazer diagnósticos
constantes sobre seus membros e o nível de maturidade geral da equipe.
126
QUADRO 3 – DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL E ESTILO DE LIDERANÇA
ESTÁGIO ESTILO DE
CARACTERÍSTICAS
ORGANIZACIONAL LIDERANÇA
Resultados: fracos, pois as metas são Diretivo: alto foco
novas e as pessoas nunca trabalharam no planejamento,
Estágio 1 - Início juntas. Relacionamentos: fortes, pois as nas instruções e no
pessoas tendem a se entusiasmarem acompanhamento
diante de um novo projeto. das tarefas.
Resultados: ascendentes, pois surgem as Coaching: alta ênfase
primeiras conquistas. Relacionamentos: no apoio às pessoas e
Estágio 2 - Melhoria
descendente, pois surgem dificuldades, alto grau de direção
longas jornadas de trabalho e pressão. nas tarefas.
Resultados: crescentes, pois as
habilidades estão se aprimorando e a Apoio: alta ênfase
Estágio 3 -
organização está mais criativa e eficaz. nas pessoas e baixa
Desenvolvimento
Relacionamentos: variáveis, pois surgem orientação nas tarefas.
novos desafios diariamente.
Resultados: altos, pois as metas estão Delegação: baixo foco
sendo cumpridas. Relacionamentos: nas tarefas e nos
Estágio 4 - Alto
altos, pois as pessoas sentem-se relacionamentos, dando
desempenho
motivadas, trabalham juntas com autonomia, confiança e
entusiasmo. novos desafios.
Por fim, perceba que todos esses teóricos identificaram as mesmas características
nas equipes (comportamento mesoorganizacional) e nas organizações (comportamento
macroorganizacional), e relacionaram-nas com estilos muito parecidos de atuação do
líder, havendo pequenas mudanças apenas na nomenclatura dada aos níveis e estilos
de liderança. O fato é que, tanto o nível de desenvolvimento da equipe quanto o da
organização irão afetar de igual maneira o estilo de liderança mais adequado.
127
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As primeiras teorias acreditavam que o líder já nascia líder, mas depois perceberam
que existiam certos comportamentos que poderiam ser desenvolvidos.
128
AUTOATIVIDADE
1 Há muito tempo a liderança é estudada, pois os teóricos queriam entender como e
por que algumas pessoas conseguem influenciar outras. Dentro das organizações é
ainda mais importante entender sobre esse fenômeno, especialmente no contexto
turbulento e incerto em que vivemos. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA.
I- Segundo a teoria dos traços, a liderança eficaz depende das características do líder,
dos seguidores e da situação.
II- A teoria dos traços afirma que os líderes possuem traços físicos, habilidades e traços
de personalidade específicos que são inatos, ou seja, já nascem com o indivíduo e não
podem ser adquiridas.
III- Na teoria dos traços, os traços são importantes, mas é preciso considerar a relação
entre líder e liderado e as necessidades do grupo.
129
( ) Os líderes podem dar ênfase nas tarefas, tornando extremamente práticos e
objetivos, sem se importarem com as necessidades das pessoas.
( ) Os comportamentos do líder podem ser treinados, mas seu desempenho eficaz
depende de características inatas.
( ) Vários comportamentos forma identificados, porém nenhum deles apresentou-se
como sendo realmente eficaz na maioria das situações.
130
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
LIDERANÇA DE EQUIPES
1 INTRODUÇÃO
O ser humano é um ser social, ou seja, tende a se organizar em grupos e não
individualmente, como fazem alguns animais como a águia por exemplo. Os grupos
estão presentes em nossas vidas desde a infância, quando iniciamos os grupos
escolares, os da rua, da igreja, do futebol, entre outros. Ao longo da vida, participamos
de diversos grupos e em todos eles podemos identificar certas características comuns
e específicas, bem como a presença de um líder.
131
FIGURA 5 – AVANÇOS TECNOLÓGICOS NAS ORGANIZAÇÕES
INTERESSANTE
Uma pesquisa realizada em 2017, em parceria com a revista
Training, envolvendo 1300 pessoas constatou que as pessoas
passam mais da metade do seu tempo trabalhando em equipes,
e que quanto mais elevado for o nível hierárquico ocupado pelo
indivíduo, mais esse tempo aumenta (BLANCHARD, 2019).
132
• Estabelecer desde o início um propósito, as metas e as expectativas sobre a equipe.
• Comunicar-se regularmente sobre o progresso e as conquistas.
• Conversar regularmente sobre feedbacks de desempenho.
• Reconhecer e celebrar as conquistas da equipe.
• falta de responsabilidade;
• tomada de decisão sem clareza;
• má liderança;
• planejamento precário ou ausente;
• desorganização e papéis indefinidos;
• falta de propósito e objetivos claros.
Constituir uma equipe pode ser relativamente fácil, como veremos no subtópico
a seguir, porém, fazer com que essa equipe tenha alto desempenho é um dos maiores
desafios dos executivos da atualidade.
133
• Alinham-se por resultados: estabelecem o propósito, definem metas e papéis,
concordam sobre normas de comportamento.
• Lidam bem com pressão: absorvem e enfrentam conflitos, estimulam a
autoexpressão, incentivam a franqueza, ouvem com curiosidade.
• Desenvolvem coesão: trabalham colaborativamente, promovem responsabilidade,
constroem relacionamentos confiáveis, valorizam as contribuições dos outros.
• Sustentam o alto desempenho: demonstram unidade, compartilham a liderança,
adaptam-se à mudança, aceitam desafios maiores.
3 ESTÁGIOS DA EQUIPE
Nas organizações, as pessoas se relacionam umas com as outras em função
das atividades e responsabilidades que assumem em seus trabalhos. Elas precisam
compartilhar informações, recursos, ideias e soluções para que toda a engrenagem
organizacional funcione.
Nesse sentido, interrelações são criadas a partir dos cargos e posições que as
pessoas ocupam, podendo formar grupos de trabalho, porém nem todos se constituirão
em equipes. É fundamental então que o líder conheça os vários tipos de interdependência
que há entre pessoas que trabalham juntas, para organizá-las e direcioná-las de forma
adequada.
134
FIGURA 8 – ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO
Agrupada Inclusiva
Sequencial Recíproca
135
Tenha em mente que para caracterizar uma equipe a relação entre os membros
deve pressupor um resultado não só coletivo, mas também individual. Assim, dentre os
tipos apresentados, podemos dizer que a inclusiva, a sequencial e a recíproca são as
relações grupais que permitem isso.
Dessa forma, a partir dos objetivos propostos e da natureza das tarefas, o líder
pode definir o tipo de equipe que irá constituir, determinando a interdependência entre
as pessoas. Por exemplo, se ele precisar de uma equipe, na qual os indivíduos produzam
partes complementares de um mesmo produto, será mais adequado organizá-los no
esquema sequencial, isto é, em uma linha de produção, em que cada um depende da
etapa anterior, para fazer a sua parte e assim por diante.
O que irá fazer com que a equipe esteja em um ou outro estágio são duas
importantes variáveis: a produtividade e o moral. A produtividade é a quantidade e a
qualidade do trabalho com relação aos objetivos propostos; e o moral é o sentimento
de orgulho e satisfação por pertencer a uma equipe e concretizar seu trabalho. Assim,
de modo geral no início a produtividade é baixa, pois as pessoas não se conhecem
direito, e com o passar do tempo tende a aumentar conforme o grupo vai se entrosando.
De forma contrária, o moral começa alto, devido a euforia gerada pelas novidades, cai
repentinamente diante das primeiras dificuldades, e depois se eleva novamente quando
as diferenças são resolvidas.
136
QUADRO 4 – ESTÁGIOS DA EQUIPE DE ALTO DESEMPENHO
Definir propósito,
1- ORIENTAÇÃO Fazer a equipe Curto: metas simples
metas, papéis
Moral alta se identificar e fáceis Longo: metas
e normas de
Produtividade baixa com o propósito complexas e difíceis
comportamento
Ajudar a equipe a
2- INSATISFAÇÃO Reafirmar as ações Depende a rapidez
lidar com problemas
Moral descendente do estágio anterior. com que os
de poder, controle
Produtividade Manter comunicação problemas forem
e conflito, para
ascendente e melhorar as relações resolvidos
trabalharem juntos
Tornar a equipe mais Depende da
3- INTEGRAÇÃO
Estimular a confiança, coesa e superar facilidade em resolver
Moral variável
a coesão e o respeito a tendência de insatisfações e
Produtividade
às diferenças concordar para incorporar novas
moderada/alta
evitar conflitos habilidades
Focar no Deve ser mantido
desempenho, Manter desempenho por toda a vida
4- PRODUÇÃO
estimular orgulho, com novos desafios da equipe com
Moral alta
comunicação e e crescimento flutuações moderadas
Produtividade alta
confiança nas constante de sentimentos de
habilidades da equipe satisfação
Entenda que para o líder ter uma atuação eficiente na formação e consolidação
de equipes produtivas e de alto desempenho, é essencial que ele saiba diagnosticar sua
equipe, avaliando seu estágio de desenvolvimento e suas necessidades. Para tanto, o
líder deve ter a capacidade de olhar holisticamente para a equipe, olhando-a como um
todo (BLANCHARD, 2019).
Por fim, lembre-se de que equipes de alto desempenho não acontecem por
acaso, sendo necessário muito empenho do líder para maximizar o trabalho em equipe,
investindo na diversidade, na motivação, na confiança e na união dos membros.
4 INSTRUMENTOS DE GESTÃO
A era da gestão de cima para baixo acabou. As empresas modernas mudaram
suas estruturas e estão mais horizontalizadas, de modo que a forma de trabalhar, gerar
resultados e resolver problemas mudou drasticamente.
137
FIGURA 11 – MERCADO DINÂMICO
Assim, cada vez mais as empresas operam como redes de equipes, usando
constantemente ferramentas, plataformas, análise de dados, coaching, monitoramento
e avaliações desenvolvidas especialmente para as equipes. A maior necessidade
das organizações hoje é ter ferramentas e instrumentos de gestão que lhes permita
capacitar e empoderar as equipes, gerando o envolvimento e apoiando as práticas de
Gestão de Pessoas (BLANCHARD, 2019).
ATENÇÃO
Saber engajar as pessoas e ter líderes que saibam avaliar as circunstâncias
e aplicar o estilo mais adequado, formando equipes de alto desempenho é
um fator de vantagem competitiva no mercado atual.
138
Empresas que adotam uma cultura colaborativa para gerir seus processos
internos, beneficiam-se internamente do aumento das vendas, da maior inovação e
de negócios melhores, e externamente beneficiam-se de novos produtos e serviços
e de um negócio mais estável capaz de satisfazer o cliente e gerar maiores receitas. A
empresa também ganha com aumento no compartilhamento do conhecimento e maior
competência do seu capital humano (BLANCHARD, 2019).
FIGURA 12 – COLABORAÇÃO
139
4.2 REUNIÕES COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO
Quem nunca participou de uma reunião de trabalho logo depois que saiu
dela, pensou “para que fizemos essa reunião?”, ou “quanta perda de tempo!”, ou ainda
“acabamos por fim não decidindo nada”.
Fazer reuniões é uma prática constante dos líderes e cada vez mais frequente
nas organizações, pois é através dela que o líder comunica os propósitos e as metas,
deixa claro os papéis de cada um, transmite conhecimentos, compartilha informações,
toma decisões, dá feedback, reconhece e comemora os resultados.
140
• Dificuldade para ordenar as discussões.
• Descontrole com relação ao tempo.
• Dificuldade para lidar com opiniões divergentes.
Já com relação aos fatores ligados aos participantes, podemos citar (GIL, 2013):
Em primeiro lugar, o líder deve saber quando convocar ou não uma reunião. De
modo geral, reuniões não são o melhor caminho para tarefas que podem ser melhor
executadas, individualmente ou em duplas, tal como quando o intuito é organizar
informações, redigir documentos, preparar um treinamento, analisar dados, passar
informações restritas, entre outros.
Ou, ainda, quando não há elementos suficientes para promover uma discussão
e quando o grupo não tem condições emocionais de se reunir. Assim, reuniões são mais
adequadas para (GIL, 2013):
141
• obter a opinião do grupo;
• buscar solução para certos problemas;
• solucionar problemas que envolvem pessoas e grupos de unidades diferentes;
• compartilhar informações, situações e decisões;
• estimular e obter ideias novas.
Dessa forma, após decidir se a reunião é viável e conveniente para o caso, o líder
precisa definir a modalidade de reunião que irá fazer, pois isso também ajudará a definir
o papel que o líder irá desempenhar nela. As modalidades de reunião estão associadas
ao seu objetivo, e as mais comuns estão apresentadas no Quadro 5 a seguir.
Dessa forma, para conduzir reuniões com excelência o líder deve utilizar várias
habilidades, conhecimentos e atitudes como (GIL, 2013):
142
ter domínio das técnicas de trabalho em grupo: envolve conhecer formas e
técnicas de negociação, administração de conflitos, persuasão, entre outras;
• ter conhecimento de si: significa conhecer suas habilidades e competências, bem
como suas características pessoais e limitações.
Por fim, o líder não pode esquecer de avaliar a reunião, solicitando feedback dos
participantes quanto ao tipo de reunião, aos participantes, ao espaço físico, à agenda e
à condução e desenvolvimento da reunião.
143
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
144
AUTOATIVIDADE
1 Nos dias de hoje, as equipes são muito importantes para o sucesso da empresa.
Organizações que adotam equipes como forma de trabalho tendem a ser mais
ágeis nas decisões e mais criativas. Para ser uma equipe não basta termos pessoas
reunidas e um objetivo comum. É necessário mais do que isso. Sobre o conceito de
equipe, assinale a alternativa CORRETA:
3 Existem vários instrumentos de gestão que o líder-gestor pode utilizar para exercer
seu papel com excelência, como as reuniões. No entanto, é muito comum ouvirmos
as pessoas reclamando de reuniões intermináveis, infrutíferas e sem nexo. Essas
queixas têm diversas causas, que estão relacionadas com a falta de preparo do líder,
as atitudes dos participantes, a natureza do tema, entre outros. Sobre o exposto,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
145
( ) Quando o tema é muito complexo, não é aconselhado tratá-lo em reuniões, pois
dificilmente se chegará a um consenso.
( ) Quando algum participante da reunião sabe mais do assunto do que o líder da
reunião, isso pode se tornar um problema.
( ) Não é recomendado agendar reuniões como objetivo de obter a opinião das pessoas
e tomar uma decisão.
146
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —
LIDERANÇA NA ATUALIDADE
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, o cenário que enfrentamos jamais teve precedentes, nem tampouco
foi imaginado ou projetado pelos especialistas. A interconexão que se estabeleceu entre
todas as coisas, por meio dos avanços tecnológicos, fez com que nossas vidas pessoais
e profissionais atingissem um nível de complexidade incrível, e a perspectiva é de que
isso fique cada vez mais complexo.
2 O LÍDER E A COMPLEXIDADE
As organizações são afetadas e afetam o ambiente em que estão inseridas,
consequentemente, as pessoas que estão nas organizações e no ambiente ao mesmo
tempo, também são afetadas e afetam o ambiente organizacional e o mercado, mesmo
que seja de forma indireta. Nesse sentido, podemos dizer que ambiente, pessoas e
organização são elementos mutuamente influenciados e se interrelacionam, de modo
que um gera o outro e o outro gera o um.
Nesse cenário, o líder é a figura que faz o intermédio entre tais elementos,
buscando entender e analisar o ambiente, as pessoas e as organizações para de alguma
forma articulá-los na tentativa de atender às expectativas tanto das organizações
quanto das pessoas, sem falar no ambiente que pode ser representado pelo cliente.
147
A partir do momento em que o mercado ficou dinâmico, mutável e altamente
competitivo, ou seja, após 1990, o papel do líder ganhou proporções nunca antes
vistas e sua importância aumentou consideravelmente. Em um ambiente ambíguo e
em constante transformação é essencial que haja uma pessoa capaz de dar respostas
rápidas, adequadas e efetivas, capaz de atender às demandas exigidas sem abrir mão
da ética e dos valores organizacionais (DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017).
Diante desse cenário, podemos dizer que o líder tem dois grandes desafios
(DUTRA; DUTRA; DUTRA, 2017):
148
3 GERAÇÃO X, Y, Z E O LÍDER
O contexto organizacional configura-se por ser diverso em vários aspectos,
como cultura, gênero, experiência e idade. Dentre esses aspectos, um que merece
destaque é a questão da idade que nos remete às diferentes gerações existentes dentro
das empresas e que irão compor as equipes.
Nesse sentido, uma geração possui uma forte e visível identidade histórica,
ao mesmo tempo em que possui implícito os costumes e comportamentos que
caracterizam a experiência de cada um (KANAANE, 2017).
Antigamente uma geração era identificada a cada 25 anos, mas hoje uma nova
geração surge a cada 10 anos apenas. Por isso, é de grande importância entender como
essas gerações irão interagir no ambiente organizacional de modo a encontrarem um
ponto comum que os façam ter sinergia para promoverem o sucesso organizacional.
149
Nos dias de hoje, dentro das organizações podemos encontrar a geração dos
Baby boomers (mais de 55 anos), a geração X (entre 55 e 44 anos), a geração Y (entre
43 e 29 anos) e a geração Z (entre 28 e 18 anos). Vejamos como cada uma se comporta
e o papel do líder diante disso (KANAANE, 2017).
150
• Geração Y: nascidos entre 1978 e 1992.
◦ Contexto: viveram a democracia e o desenvolvimento socioeconômico, sem
passar por grandes rupturas; viram as mulheres ganharem espaço no mercado de
trabalho e independência no relacionamento; foram educados por babás, creches
ou pela televisão; tinham agenda lotada pois enquanto os pais trabalhavam, eles
faziam curso de idioma, esporte, dança, artes etc.; viveram a inflação brasileira.
◦ Características: imediatistas e fortemente envolvidos com as tecnologias,
individualistas, ambiciosos, instáveis, preocupados com meio ambiente e com os
direitos humanos; expressam suas opiniões sem preocupações com relações de
poder e autoridade; são multitarefa, gostam de desafios e aceitam a diversidade;
estão sempre conectados à internet, não são fiéis à marcas, buscam inovações;
prezam pela liberdade total; gostam de festas e relacionamentos interpessoais.
◦ No trabalho: gostam de empresas modernas que ofereçam desafios; não se fixam a
hierarquias e sabem que são responsáveis por suas carreiras; privilegiam a criatividade,
o conhecimento e o compartilhamento; são orientados para o mercado global e a
liberdade; buscam empresas que ofereçam crescimento e desenvolvimento, pois
têm ânsia por aprender, podendo ser inconstantes e superficiais; gostam de trabalhar
em equipe, têm pressa em atingir altos cargos na carreira e são competitivos; são
proativos, podendo ser empreendedores e gestores.
• Geração Z: nascido entre 1993 e 2009, também são chamados de Geração Digital,
Geração Pontocom, entre outras.
◦ Contexto: a globalização já estava instalada; viveram a resseção global, ameaças
do terrorismo e mudanças climáticas; presenciaram a explosão tecnológica e o
acesso livre e imediato a várias mídias; foram influenciados pela complexidade e
velocidade do mundo; a internet deixou o mundo pequeno para eles.
◦ Características: são imediatistas e ansiosos; tem pensamento acelerado; são
multitarefa, usam várias tecnologias ao mesmo tempo (televisão, computador,
celular, rádio etc.); veem o mundo sem fronteiras; estão sempre um passo à frente
dos mais velhos; estão sempre bem informados, pois tudo o que precisam buscam
na internet; têm pouca habilidade social, são reservados, vivem mais virtualmente
do que presencialmente; estão sempre com fones de ouvido e possuem
comunicação precária, tendendo ao egocentrismo.
◦ No trabalho: imediatistas, querem crescer rapidamente, por isso uma estrutura
verticalizada não faz sentido para eles; buscam empresas que permitam a
integração com a tecnologia, o diálogo aberto, a velocidade e a globalidade; tem
dificuldade de concentração e de levarem as coisas a sério.
151
FIGURA 15 – GERAÇÃO Z
Nesse sentido, podemos resumir dizendo que os babby boomers são mais
adeptos das lideranças diretivas, mais voltadas para o controle e o comando. A geração
X respeita hierarquias, mas gostam de ter um espaço para exporem suas ideias. Já
a geração Y é tida como insubordinada, indisciplinada e informal, mas as empresas
aprenderam a valorizar seu perfil, pois perceberem os resultados que eram capazes de
trazer quando se propunham a fazer algo. No entanto, para ganhar sua atenção, o líder
tem que ser mais participativo e flexível.
Por fim, o estudo das gerações não visa generalizar o comportamento, pois
sabemos que nem todos agem de forma igual. Somos seres individuais, com vivências
particulares e podemos sim apresentar características de duas ou mais gerações. O
objetivo é apresentar as diferenças predominantes para que o líder saiba o que esperar de
cada geração, mas ele deve sempre buscar conhecer seus liderados para compreender
quais características são reflexos de um grupo de pessoas e quais são individuais.
152
4 DESAFIOS DA LIDERANÇA MODERNA
Por muito tempo a liderança foi concebida como um processo de influência que
visava atingir determinados resultados pessoais e/ou organizacionais. No entanto, essa
ênfase na realização de objetivos e na obtenção de resultados foi dando espaço ao foco
na capacidade de influenciar as pessoas para que liberassem seu poder e potencial
internos e usassem para o bem maior.
Isso significa dizer que ser líder e exercer liderança não se resume a conseguir
resultados. Perceba que, a partir desse novo conceito, o objetivo da liderança é o “bem
maior”, ou seja, aquilo que é melhor e benéfico para o coletivo, para todos os envolvidos.
Nesse sentido, a liderança é um chamado e deve ser vista como um propósito mais
elevado para aqueles que já se livraram das necessidades individuais e até egoístas
de querem apenas o benefício próprio. Se não for para todos terem vantagens não há
motivos para guiar as pessoas por este caminho, é assim que se pensa e deve pensar o
líder da atualidade (BLANCHARD, 2019).
Alguns podem achar que isso não é possível, ou seja, que não podem focar nos
seus objetivos e no bem-estar coletivo ao mesmo tempo, mas estão equivocados. Na
liderança de alto nível, como é chamada por Blanchard (2019), o foco é nos resultados e
na satisfação humana, de modo que o desenvolvimento das pessoas é tão importante
quanto o desempenho do líder. Nesse conceito, a liderança de alto nível busca alcançar
resultados que valham a pena ao mesmo tempo em que garante o respeito, consideração
e justiça, para o bem-estar de todos os envolvidos.
153
de uma mesma engrenagem, saindo do paradigma individualista e de escassez, em que
temos que competir uns com os outros para conseguir um lugar de destaque pois os
privilégios são escassos e são para poucos.
Assim, podemos dizer que se faz urgente uma mudança profunda na forma
como as pessoas veem o mundo, os outros e a si mesmos, e, portanto, na forma como
estabelecemos relações o que inclui o modo como as empresas lidam com o seu
ambiente externo e interno.
154
No entanto, o que observamos no comportamento e na visão de mundo das
pessoas é a noção de que a competição, o egoísmo, o individualismo, o oportunismo,
as relações de exploração e desigualdade, são estimulados como formas adequadas e
necessárias para a sobrevivência.
Ou seja, uma grande maioria das empresas ainda parece buscar soluções e
modelos baseados na visão científica do século XVII, que gerencia as coisas separando-
as em partes, buscando predizer e estabilizar um cenário factualmente caótico. A ciência
mudou há mais de um século, mas ficamos presos em paradigmas que continuam a
perceber e explicar o mundo objetivamente (NOBREGA, 1996).
Existe uma diferença clara entre a visão da física clássica e da física quântica,
de modo que a transposição dos conceitos da física quântica para o dia a dia e para o
ambiente organizacional, envolve sete habilidades quânticas (SHELTON, 1997):
155
É fato que não existe ainda um modelo completo estruturado de forma
conceitual e institucional em todos os seus aspectos, mas pessoas, comunidades e
organizações já buscam desenvolver novas formas de pensar e se relacionar a partir
destes princípios (LOUZADA, 2016).
156
• bondade, honestidade e confiabilidade nas pessoas;
• busca por desenvolver seu pleno potencial, dando importância não só aos valores
instrumentais (dinheiro) mas também aos valores éticos e estéticos ligados à
plenitude, grandeza, liberdade, igualdade, fraternidade, altruísmo, etc.
• compreensão de cada ser como único e a empresa como facilitadora na busca por
encontrar o sentido da contribuição de cada um;
• descentralização das decisões complexas;
• liderança aberta, participativa, compartilhada e consciente dos objetivos organizacionais
em todos os níveis;
• espírito de cooperação e união de esforços, ao invés de competição;
• visão ampla que considera as necessidades da sociedade e não só da empresa;
• prática da liberdade, honestidade e responsabilidade como geradores de bons negócios.
DICA
Entenda mais sobre como estrutura a empresa e a nós mesmos
usando as sete novas habilidades quânticas lendo o livro de Shelton
(1997) intitulado “Gerenciamento quântico”, em que a autora explica
as bases científicas desse novo paradigma quântico e sua aplicação
nas organizações.
157
4.2 LIDERANÇA E HOME OFFICE
O ano de 2019 foi encerrado com a notícia de que um novo vírus denominado
COVID-19 começava a se alastrar pelo Oriente e Europa. Em meados de fevereiro de
2020, o Brasil registrava os primeiros casos e cerca de um mês depois uma pandemia
estava instalada.
158
A modalidade de trabalho home office não é nova em nossa sociedade. Em 1857,
J. Edgar Thompson utilizou o sistema privado de telegrafia para manter o controle do
trabalho e dos equipamentos em sua empresa, iniciando assim o conceito de remoto, ou
seja, o teletrabalho. Foi na década de 1970 que várias companhias nos EUA e na Europa
iniciaram em pequenas escalas o teletrabalho, surgindo assim o trabalho home office.
• a localidade, pois não existe mais um único local, e sim vários, onde o funcionário
poderia exercer a sua função.
• a flexibilização do horário de trabalho, ou do tempo que se dedica à tarefa;
• o meio de comunicação, pois os dados e informações podem transitar por e-mails,
internet, redes sociais, telefones, entre outros.
O home office é considerado uma das opções mais seguras para as empresas
continuarem competitivas no mercado, reduzirem custos e assim gerenciarem seus
negócios à distância, utilizando meios tecnológicos e maximizando os recursos
existentes. No entanto,, para que isso funcione bem e a produtividade continue é
necessário que seus colaboradores estejam comprometidos com essa modalidade de
trabalho (BARROS; SILVA, 2010).
Dessa forma, nota-se que a satisfação das pessoas em home office se altera em
relação à quantidade de horas trabalhadas, ao grau de autonomia sobre as atividades
e, também, ao nível de isolamento social sentido no contexto laboral. A diminuição
dos deslocamentos tem relação direta com a redução do estresse e com a melhora da
qualidade de vida no trabalho, o que reflete diretamente numa maior satisfação com o
trabalho à distância.
159
FIGURA 19 – PRESENÇA DA FAMÍLIA NO HOME-OFFICE
160
Concentração; refeições em casa;
Aumento do custo de água e luz;
flexibilidade de horários; maior
dificuldade de controle; distração
interação com a família; menos
com atividades domiciliares; falta
Freitas (2008) interrupções; privacidade; redução
de infraestrutura; isolamento
de custos para a empresa e o
profissional e social e receio de má
empregado; redução no tempo de
avaliação.
deslocamento; segurança e silêncio.
Flexibilidade de horários; maior
produtividade; menos exposição Conflito trabalho e vida familiar;
Barros e Silva
violência/stress em deslocamentos; falta infraestrutura e supervisão;
(2010)
redução de custos para a empresa e isolamento profissional e cobrança.
o empregado.
Autonomia para organizar tarefas; Conflito trabalho e vida familiar;
Nohara, Acevedo, maior interação com a família; dificuldade controle; falta de
Ribeiro et al. melhor qualidade de vida; menos reconhecimento colegas de
(2010) stress em deslocamentos e redução trabalho e de supervisão;
no tempo de deslocamento. isolamento; mais trabalho.
Melhor qualidade de vida;
melhoria da produtividade; menor Não citado pelo autor.
Boscatte (2010)
absenteísmo e redução de custo
empregado.
Gaspar et al. Conflito trabalho e vida familiar; Dificuldade de controle e de
(2011) dificuldade desenvolvimento; falta avaliação de desempenho; falta
Nogueira e Patini supervisão; isolamento social; maior de infraestrutura e isolamento
(2012) cobrança, montar estrutura em casa. profissional.
Autonomia para organizar tarefas e
flexibilidade de horários. Equilíbrio Conflito trabalho e vida familiar;
entre trabalho e vida pessoal; dificuldade desenvolvimento; falta
Costa (2013)
flexibilidade de horários; melhor supervisão; isolamento social; maior
qualidade de vida e redução no cobrança, montar estrutura em casa.
tempo de deslocamento.
Melhor qualidade de vida; maior
Mello, Santos, produtividade e qualidade;
Shoiti et al. oportunidade para pessoas com Não citado pelo autor.
(2014) deficiência e redução de custos
para a empresa.
Autonomia para organizar tarefas;
Hislop et al.
equilíbrio entre trabalho e vida Isolamento social.
(2015)
pessoal e flexibilidade de horários.
Equilíbrio trabalho/vida pessoal;
Isolamento profissional e social e
Eom, Choi, sung melhor qualidade, produtividade no
não adequação ao teletrabalho.
(2016) trabalho; redução poluição/tempo
deslocamento.
Melhor qualidade de vida,
Villarinho e
produtividade; menos interrupções, Isolamento social e tecnologia falha.
Paschoal (2016)
stress e tempo em deslocamentos.
Aderaldo,
Amadurecimento profissional Precarização e descontrole da carga
Aderaldo e Lima
dos jovens. de trabalho.
(2017)
161
O líder encontra, então, vários desafios com relação ao trabalho home office que
pode ser resumido em continuar mantendo proximidade com os membros da equipe,
atender às necessidades individuais e ao mesmo tempo manter as pessoas unidas sob
o senso de equipe e com propósitos coletivos, apesar da distância.
Além disso, podemos listar alguns cuidados que o líder deve ter para não
desengajar a equipe que está em home office, que são:
Para tanto, o líder deverá assumir uma postura bem diferente da atual, aderindo
à moderna visão sistêmica e integradora, para que possa assim, conquistar a atenção
das pessoas para a importância da unificação e colaboração mútua.
162
No entanto, o home-office vem de encontro com várias solicitações antigas
dos trabalhadores em termos de flexibilidade de horário, autonomia, menor pressão na
execução das tarefas, avaliação por resultados e não por disciplina e obediência e o
fim de certas burocracias. Isso significa que a adoção do trabalho home-office de certa
forma rompe com os valores mecanicistas de controle, comando e produtividade, e os
substitui por valores de interdependência entre os setores, relações de parceria entre
todos os envolvidos com a organização (cliente, fornecedor, parceiros, comunidade etc.),
de globalização da economia, entre outros que refletem na interdependência como uma
mola propulsora dessas novas tendências (KANAANE, 2017).
Por fim, é possível predizer que todas essas mudanças aceleradas em nosso
contexto certamente estão gerando e irão gerar resistências nas pessoas, pois terão
que fazer alterações na forma de ver as coisas, conceber relações, ou seja, em seus
comportamentos.
163
LEITURA
COMPLEMENTAR
VISÃO SISTÊMICA: O QUE É E COMO DESENVOLVÊ-LA
Rosângela Souza
Visão sistêmica. Você já deve ter ouvido alguém falar que tem, não tem ou
precisa ter. Parece ser uma habilidade muito desejada nas organizações e também na
vida pessoal. Mas será que sabemos mesmo o que é isso? E se sabemos o que é mas
não a temos, como fazemos para desenvolvê-la?
E quais fatores dificultam a nossa visão sistêmica? Um deles é que nossa mente
tem necessidade de dar sentido às coisas rapidamente, e busca sempre a analogia mais
próxima disponível em nossa memória.
Na Companhia de Idiomas, empresa da qual sou sócia e diretora, usamos
frequentemente a história do “garçom que cai”:
164
O fato:
O garçom caiu no meio do restaurante, com a bandeja cheia de copos na mão.
A causa:
O médico diz que o garçom teve algum mal-estar. O sindicalista diz que o garçom já
estava trabalhando havia doze horas e isso não é correto. O técnico em segurança
do trabalho acha que a bandeja estava pesada demais. O psicólogo diz que o garçom
estava passando por uma fase bastante difícil. O fofoqueiro vai dizer que este garçom é
sempre distraído mesmo.
E por aí vai.
Qual a verdade? Qual a causa? A visão sistêmica faz com que analisemos mais
cuidadosamente os fatos, para não considerarmos a “verdade” mais próxima da nossa
realidade como a única existente.
Parece que temos certezas demais. Mas há outras razões para fazermos isso.
165
Eu me reconheço neste vídeo, quando estou cheia de afazeres pessoais
e profissionais, muitos que eu amo. O que será que não estou vendo e que é super
importante? Não percebo que há porções enormes de mundo que eu torno invisíveis,
porque estou prestando atenção demais a coisas (pessoas, fatos) que podem nem ser
tão importantes assim.
Talvez um bom treino de visão sistêmica seja ter menos certezas, olharmos
mais à volta, compreendermos mais as diversas razões para as pessoas serem como
são, para os fatos serem como são. Entender que fatos podem já ser a consequência
de algo que fizemos (intencionalmente ou não), algo não fizemos, que não vimos. Talvez
seja saudável ter um leve distanciamento emocional, pois quando estamos imersos em
afazeres e emoções não enxergamos quase nada.
166
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Dentro de uma visão sistêmica o líder tem o desafio de alinhar a visão de seus
liderados evitando a competição e estimulando a colaboração como o caminho que
poderá atender às necessidades de todos.
• O home office veio para ficar e nessa modalidade de trabalho o líder tem o desafio de
manter os membros engajados e unidos, além de garantir condições adequadas de
trabalho e justiça na avaliação de desempenho.
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AUTOATIVIDADE
1 A partir do momento em que o mercado ficou dinâmico, mutável e altamente
competitivo, ou seja, após 1990, o papel do líder ganhou proporções nunca antes
vistas e sua importância aumentou consideravelmente. Sobre o papel de destaque
exercido pelo líder, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) O líder deve ser capaz de dar respostas rápidas e efetivas, que atendam às
demandas sem abrir mão da ética e dos valores organizacionais.
b) ( ) O líder deve ser capaz de instigar a competição entre os membros de modo que
eles busquem ser cada vez melhores.
c) ( ) O líder deve ser capaz de assumir as responsabilidades das decisões da equipe
mesmo que esta tenha certa autonomia.
d) ( ) O líder deve ser capaz de aumentar a qualidade percebida pelo produto/serviço,
pois assim garantirá maior fatia no mercado.
2 O estudo das gerações é importante para que se consiga entender o modo de agir,
as preferências e formas de pensar e sentir de cada geração. Para o líder, conhecer
as gerações é importante para saber lidar com elas no ambiente de trabalho. Sobre a
geração baby boomer, analise as sentenças a seguir:
3 Por muito tempo a liderança foi concebida como um processo de influência que
visava atingir determinados resultados pessoais e/ou organizacionais. No entanto,,
essa ênfase na realização de objetivos e resultados foi dando espaço ao foco na
capacidade de influenciar as pessoas para que liberassem seu poder e potencial
internos e usassem para o bem maior. Sobre o exposto, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas.
168
( ) Exercer liderança não é apenas alcançar os resultados propostos, mas alcançar
aquilo que é melhor e benéfico para o coletivo.
( ) O líder da atualidade deve pensar que se não for para ele ter vantagens não há
motivos para se esforçar a difícil tarefa de guiar as pessoas
( ) A liderança é um chamado para aqueles que já se livraram das necessidades
individuais e até egoístas de querem apenas o benefício próprio.
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, R. Desenhando a nova morfologia do trabalho no Brasil. Estud. av., São
Paulo, v. 28, n. 81, p. 39-53, Aug. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142014000200004&lng=en&nrm=iso. Acesso
em: 5 ago. 2021.
GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas,
2013.
171
KANAANE, R. Comportamento humano nas organizações: o desafio dos líderes no
relacionamento intergeracional. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
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