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Criatividade e

Inovação

Prof. Giovani Mendonça Lunardi

Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof. Giovani Mendonça Lunardi

Copyright © UNIASSELVI 2022

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

L961c

Lunardi, Giovani Mendonça

Criatividade e inovação. / Giovani Mendonça Lunardi. – Indaial:


UNIASSELVI, 2020.

219 p.; il.

ISBN 978-65-5663-055-7

1. Inovação tecnológica. – Brasil. 2. Criatividade. – Brasil. Centro


Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 658.56

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Prezado acadêmico! Este livro didático foi elaborado para a construção de novos
conhecimentos que servirão de base para ideias, projetos e entendimentos em relação
ao processo criativo e sua inovação. A geração de novas ideias possibilitou a evolução e
desenvolvimento do ser humano desde a pré-história até os dias atuais.

Em nosso atual cenário, a criatividade e inovação são cada vez mais


essenciais em diversos contextos, principalmente, nas organizações, garantindo maior
competitividade. Assim, é imprescindível compreendermos a definição e evolução de
tais conceitos, como alguns fatores podem influenciá-los, as principais características
das pessoas criativas e as estratégias para inovação e criação.

Para isso, o livro foi dividido em três unidades:

A primeira trata de aspectos relacionados ao funcionamento da mente, como


questões relacionadas ao conhecimento humano, compreender como nossa mente
funciona. Além disso, iremos identificar algumas características e influências sociais no
processo criativo, e compreender a relação da inovação no design.

A segunda unidade abordará a criatividade e inovação tecnológica, sendo


externalizados os principais conceitos de criatividade e inovação, como as principais
teorias sobre o processo criativo. Iremos conhecer, também, algumas ferramentas que
podem aprimorar a criatividade e as principais características, classificações e tipos de
inovação.

Já a terceira unidade trará a criatividade e inovação nas organizações,


dissertando sobre as revoluções industriais e sua relação com as inovações tecnológicas,
os campos de aplicação da inovação nas organizações e como gerir tais processos
criativos e inovadores nas empresas.

Esperamos que com este conteúdo você consiga perceber a importância da


criatividade e inovação para o desenvolvimento econômico de nossa sociedade.

Bons estudos!

Prof. Giovani Mendonça Lunardi
GIO
Olá, eu sou a Gio!

No livro didático, você encontrará blocos com informações


adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender
melhor o que são essas informações adicionais e por que você
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais
e outras fontes de conhecimento que complementam o
assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos


os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina.
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada
também digital, em que você pode acompanhar os recursos
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que
também contribui para diminuir a extração de árvores para
produção de folhas de papel, por exemplo.

Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente,


apresentamos também este livro no formato digital. Portanto,
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Preparamos também um novo layout. Diante disso, você


verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos,
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.

QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você –
e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR
Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite
que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois,
é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


mento, construímos, além do livro que está em
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que


preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE...................................................................... 1

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA.....................................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 O CONHECIMENTO HUMANO..............................................................................................3
3 DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO.........................................................................6
4 A EPISTEMOLOGIA OU TEORIA DO CONHECIMENTO ........................................................9
4.1 MITOLOGIA.............................................................................................................................................. 11
4.1.1 Mitologia grega............................................................................................................................. 13
4.2 SENSO COMUM.................................................................................................................................... 16
4.3 FILOSOFIA..............................................................................................................................................17
4.3.1 O Mito da Caverna .....................................................................................................................20
4.3.2 Conceitos de Platão e Aristóteles para a construção do conhecimento....................22
4.4 TEOLOGIA..............................................................................................................................................25
4.5 CIÊNCIA E TECNOLOGIA – SUAS COMPLEXIDADES................................................................... 27
RESUMO DO TÓPICO 1.......................................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 32

TÓPICO 2 — DINÂMICAS DO PENSAMENTO: COMO A MENTE FUNCIONA........................ 33


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 33
2 RACIONALISMO VERSUS EMPIRISMO............................................................................. 33
3 A PSICOLOGIA................................................................................................................... 36
4 PERCEPÇÃO DA MENTE................................................................................................... 38
5 A INTELIGÊNCIA HUMANA E AS TECNOLOGIAS............................................................. 40
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 43
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 44

TÓPICO 3 — A MENTE HUMANA: CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E INFLUÊNCIAS


SOCIAIS............................................................................................................ 45
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 45
2 CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E INFLUÊNCIAS SOCIAIS......................................... 45
3 TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS...................................................................... 46
4 INTELIGÊNCIA COGNITIVA X INTELIGÊNCIA EMOCIONAL............................................ 48
5 HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NA EDUCAÇÃO....................................................... 50
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 53
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 54

TÓPICO 4 — INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO NO DESIGN.......................................................57


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................57
2 O PROCESSO CRIATIVO NA PRÁTICA...............................................................................57
3 IMITAÇÃO, INVENÇÃO E INOVAÇÃO................................................................................ 60
4 INOVAÇÃO NA CIÊNCIA.................................................................................................... 60
5 INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO EM DESIGN ....................................................................... 63
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 66
RESUMO DO TÓPICO 4..........................................................................................................70
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 71
UNIDADE 2 — CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA................................................73

TÓPICO 1 — MODELOS E FERRAMENTAS DA CRIATIVIDADE.............................................75


1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................75
2 EM BUSCA DO CONCEITO DE CRIATIVIDADE ..................................................................75
3 MODELOS DE CRIATIVIDADE........................................................................................... 80
3.1 TEORIA DE INVESTIMENTO EM CRIATIVIDADE DE STERNBERG..............................................83
3.2 MODELO COMPONENCIAL DE CRIATIVIDADE DE AMABILE......................................................86
4 FERRAMENTAS DA CRIATIVIDADE.................................................................................. 89
4.1 SCAMPER: TÉCNICA PARA GERAÇÃO DE IDEIAS..................................................... 89
4.2 MAPA MENTAL............................................................................................................. 91
4.3 BUSINESS MODEL CANVAS..............................................................................................................93
4.4 BRAINWRITING.....................................................................................................................................94
4.5 DESIGN THINKING...............................................................................................................................95
4.6 BENCHMARKING..................................................................................................................................98
4.7 BRAINSTORMING.................................................................................................................................98
RESUMO DO TÓPICO 1..........................................................................................................99
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................100

TÓPICO 2 — CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA INOVAÇÃO...............................103


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................103
2 O QUE É INOVAÇÃO..........................................................................................................103
3 TIPOS DE INOVAÇÃO.......................................................................................................107
3.1 INOVAÇÃO EM PRODUTO.................................................................................................................. 107
3.2 INOVAÇÃO EM SERVIÇO...................................................................................................................108
3.3 MODELO DE NEGÓCIO......................................................................................................................108
3.4 INOVAÇÃO EM PROCESSO..............................................................................................................109
3.5 INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL........................................................................................................109
3.6 INOVAÇÃO NA COMUNICAÇÃO.......................................................................................................109
3.7 INOVAÇÃO EM MARKETING..............................................................................................................110
4 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA INOVAÇÃO................................................ 110
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................ 114
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 115

TÓPICO 3 — CARACTERÍSTICAS DA CRIATIVIDADE E A IMPORTÂNCIA DA


MOTIVAÇÃO.....................................................................................................117
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................117
2 CARACTERÍSTICAS DA PESSOA CRIATIVA E INOVADORA........................................... 118
3 TEORIAS DE PESSOAS CRIATIVAS.................................................................................120
3.1 TEORIA DAS QUATRO DIMENSÕES DA CRIATIVIDADE...............................................................121
3.2 TEORIA DA ADAPTAÇÃO-INOVAÇÃO............................................................................................ 122
3.3 FERRAMENTA AVALIATIVA – TESTE TORRANCE DE PENSAMENTO CRIATIVO OU
TORRANCE TEST OF CREATIVE THINKING................................................................................... 125
4 A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO PARA A CRIATIVIDADE............................................ 127
4.1 PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES DE ABRAHAM H. MASLOW................................................... 127
4.2 TEORIA DOS DOIS FATORES............................................................................................................128
4.3 TEORIA X E Y....................................................................................................................................... 129
4.4 CAMINHOS PARA GERAR MOTIVAÇÃO..........................................................................................131
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................132
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................136
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 137
UNIDADE 3 — CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES..................................139

TÓPICO 1 — AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS........... 141


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 141
2 AS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS E OS CICLOS ECONÔMICOS...................................... 141
3 FATORES INDUTORES DA MUDANÇA TECNOLÓGICA...................................................155
3.1 INDICADORES DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ............................................................................. 159
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................163
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................164

TÓPICO 2 — CAMPOS DE APLICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES...........................................165


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................165
2 AS FONTES DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO .................................................................165
3 AS FONTES DE CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES.............................168
RESUMO DO TÓPICO 2.........................................................................................................171
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 172

TÓPICO 3 — O PROCESSO DE GESTÃO CRIATIVA E DE INOVAÇÃO NAS EMPRESAS..... 173


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 173
2 A IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE NO PROCESSO DE INOVAÇÃO (PI)...................... 173
3 PROCESSO CRIATIVO E DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ................................ 177
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................186
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................187

TÓPICO 4 — BARREIRAS DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO...............................................189


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................189
2 BARREIRAS À MANIFESTAÇÃO CRIATIVA E INOVADORA.............................................189
3 COMO EXERCITAR A CRIATIVIDADE...............................................................................192
4 IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE NAS EMPRESAS...................................................... 197
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................201
RESUMO DO TÓPICO 4....................................................................................................... 203
AUTOATIVIDADE................................................................................................................ 204

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 205
UNIDADE 1 —

O FUNCIONAMENTO DA
MENTE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os significados e a evolução dos conceitos de conhecimento a partir


dos momentos históricos mais relevantes;

• analisar as categorias de conhecimento e as influências culturais que impactaram na


definição destes conceitos;

• refletir sobre o processo de construção do conhecimento (ideias, pensamento) a


partir do olhar da ciência;

• examinar a relação entre a inteligência humana e as tecnologias;

• investigar as influências sociais no desenvolvimento do conhecimento humano e os


tipos de inteligências.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

TÓPICO 2 – DINÂMICAS DO PENSAMENTO: COMO A MENTE FUNCIONA

TÓPICO 3 – A MENTE HUMANA: CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E INFLUÊNCIAS SOCIAIS

TÓPICO 4 – INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO NO DESIGN

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —
O CONHECIMENTO HUMANO E SUA
EPISTEMOLOGIA

1 INTRODUÇÃO
A fim de compreendermos a relação existente entre criatividade e inovação
tecnológica, precisamos, primeiramente, olhar para traz para poder compreender o
processo de construção do conhecimento. Para isso, além de conceitualizá-la, iremos
compreender a diferença entre dados, informação e conhecimento, e investigar as
teorias do conhecimento. Nesse sentido, no decorrer deste tópico iremos abordar as
principais definições e conceitos evidenciados na literatura sobre o termo conhecimento
para contribuir na sua concepção de criatividade e inovação.

Além disso, também iremos examinar de forma mais detalhada as crenças e


principais características das seguintes categorias do conhecimento humano: mitologia,
senso comum, filosofia, teologia, ciência e tecnologia. Vamos analisar a evolução desses
conhecimentos, sendo, em um primeiro momento, baseado, principalmente, em crenças e
fantasias, e, posteriormente, uma visão científica e tecnológica.

2 O CONHECIMENTO HUMANO
Quando nos deparamos em pensar no significado da palavra “conhecimento”,
chegamos à conclusão de que a vida é um processo cíclico e contínuo. Mas o que é
conhecimento? Como ocorre seu processo de construção, essencial para a vida, e que
permitiu nossa evolução desde os primórdios?

Diversas são as teorias que visam explicar como construímos e nos apropriamos
do conhecimento. Tais teorias se embasam em diferentes aportes teóricos, que
abrangem visões das áreas de filosofia, sociologia, biologia, tecnologia, entre outras
(MATURANA; VARELA, 2011).

3
FIGURA 1- APORTES TEÓRICOS PARA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Filosofia Sociologia

Conhecimento

Tecnologia Biologia

FONTE: Adaptado de Maturana e Varela (2011)

O conhecimento é um tema que sempre desperta interesse, é estudado desde


a antiguidade, gerando, assim, diversos conceitos na literatura. Para compreendermos
o conceito de conhecimento, inicialmente, listamos, no quadro a seguir, algumas das
principais definições de sua evolução.

QUADRO 1 – EVOLUÇÃO DAS DEFINIÇÕES DO TERMO CONHECIMENTO

Autor Abordagem
Confúcio (séc. IV a.C.) O "saber" é saber que nada se sabe.
Platão (428 a.C.) É uma “crença verdadeira justificada”.
Locke (1689) É o resultado da experiência.
Polanyi (1966) O indivíduo pode conhecer mais do que é capaz de expressar.
Pears (1972) É o estado da mente.
É composto por processo dinâmico de um sistema de crenças pessoais
Nonaka e Takeuchi
justificadas. É o resultado da interação entre o conhecimento explícito
(1997)
e o tácito.
É capacidade humana de caráter tácito, que orienta para a ação.
Baseado em regras, é individual e está em constante transformação.
O conteúdo revela-se em ações de competência individual, pois, na
Sveiby (1998)
prática, se expressa através do conhecimento explícito, habilidades,
experiências, julgamentos de valor e rede social. Não há como definir
conhecimento de forma completa com apenas uma palavra.
Davenport e Prusak O conjunto de informações combinado com experiências, vivências e
(1998) intuição, que possibilitam ao indivíduo interpretar, avaliar e decidir.
É a informação modificada através da razão e da reflexão em crenças,
Choo (1998)
e é composto pelo acúmulo de experiências.
É construído a partir de relações sociais sucessivas, é fruto de uma
Maturana e Varela
interação do homem com o mundo, estruturando se pelo viés da
(2001)
interpretação individual.
Diferencia o conhecimento produzido pela ação (implícito) e o
Spender (2001)
produzido pela comunicação (explícito).
São os dados e informações que os indivíduos utilizam na ação, na
Schreiber et. al.,
prática diária, para a realização de tarefas e produção de novas
(2002)
informações.

4
É a junção de cognição com habilidades, uso da teoria, da prática,
Probst, Raub e
das regras diárias, do modo de agir do ser humano, para resolver seus
Romhardt (2002)
problemas.
É a combinação de fatores como contexto, interpretação, experiência
Siqueira (2005) pessoal, aplicabilidade e processo cognitivo, que se somam à
informação.
Deriva da informação, mas é mais rico e significativo do que esta,
pois inclui consciência, familiaridade e compreensão adquiridas
Servin (2005)
pela experiência, possibilitando comparações, identificação das
consequências e novas conexões.
É, portanto, um fenômeno multidimensional, de maneira inseparável,
Morin (2005) simultaneamente físico, biológico, cerebral, mental, psicológico,
cultural, social.
É um conjunto de informações, elaborado crítica e valorativamente,
Angeloni (2008)
por meio da legitimação empírica, cognitiva e emocional.
É o conjunto completo de informações, dados, relações que levam
os indivíduos a tomar decisões, a desempenhar atividades e a criar
Fialho et. al. (2010) novas informações ou conhecimentos. Um conjunto de informações
contextualizadas e dotadas de semânticas inerentes ao agente que o
detém.
Informações subjetivas e valiosas que foram validadas e organizadas
Dalkir (2011) em um modelo mental. Normalmente é originário da experiência
acumulada, e incorpora percepções, crenças e valores.

FONTE: Adaptado de Freire (2012, p. 83-86)

A partir da leitura da evolução das definições do termo “conhecimento” podemos


constatar o seu devido potencial, o que pode alterar comportamentos e fornecer
habilidades a fim de transformar informação em ação efetiva.

O conhecimento é uma relação (interação) entre o sujeito e o objeto. Na


visão epistemológica, os termos sujeito e objeto se referem aos dois polos envolvidos
na produção do conhecimento: o homem, que tem por finalidade conhecer algo, e o
aspecto da realidade a ser conhecido. Assim, a discussão do papel do sujeito torna-se
central para se compreender a ciência, uma vez que se refere à forma como o cientista
(o sujeito) deve se comportar para produzir conhecimento, e, assim, revela pressupostos
subjacentes a toda pesquisa (ABRANTES; MARTINS, 2007).

ATENÇÃO
Para Piaget (1988, p. 17), o conhecimento vem sempre associado a
compreender, que por sua vez: “[...] é inventar, ou reconstruir através
da reinvenção, e será preciso curvar-se ante tais necessidades se
o que se pretende, para o futuro, é moldar indivíduos capazes de
produzir ou de criar, e não apenas de repetir”.

5
Ainda nesse viés, para a transformação dos dados (informações) em
conhecimento há uma importante variável: a criatividade. A criatividade é o primeiro
passo na direção da mobilização e aplicação do conhecimento, definindo criatividade
como o princípio de uma nova ideia ou perspectiva derivada de uma dada base de
conhecimento.

A partir da definição da palavra “conhecimento”, é possível perceber sua relação


com os dados e informação. Dados, informação e conhecimento possuem o mesmo
significado? Qual é a relação entre esses termos? Vamos investigar essas variáveis a seguir.

DICA
Se você gostou desse assunto, seguem algumas dicas de sites:

• http://eliana-rezende.com.br/dados-informacao-e-conhecimento-o-que-sao/;
• https://blog.pandora.com.br/dado-informacao-e-conhecimento-voce-sabe-
diferenca/.

3 DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO


Antes de continuarmos nossa discussão sobre o conhecimento e suas teorias
(tema da próxima seção), é primordial distinguir o significado de três termos muito
importantes: dados, informação e conhecimento.

Essas palavras, muitas vezes, são utilizadas de forma errada, como sinônimas,
sendo necessário entendermos os principais pontos de sua diferenciação (DAVENPORT;
PRUSAK, 2003).

QUADRO 2 - DIFERENCIAÇÃO ENTRE DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

DADOS INFORMAÇÃO CONHECIMENTO


Informação valiosa da
Simples observações sobre o
Dados dotados de mente humana.
estado do mundo:
relevância e propósito: Inclui reflexão, síntese,
• facilmente estruturado;
• requer unidade de análise; contexto:
• facilmente obtido por
• exige consenso em relação • de difícil estruturação;
máquinas;
ao significado; • de difícil captura em
• frequentemente
• exige necessariamente a máquinas;
quantificado;
mediação humana. • frequentemente tácito;
• facilmente transferível.
• de difícil transferência.

FONTE: Vieira (2014, p. 537)

6
Conforme observamos no Quadro 2, os dados são os fatos brutos, são os números,
as palavras, os símbolos, as figuras, entre outros, sendo que não há interpretação de
um dado, não é considerado seu contexto. Angeloni (2008, p. 1) define dados como
“elementos descritivos de um evento” sem tratamento lógico ou contextualização.

Já a informação refere-se à interpretação dos dados sendo considerado seu


contexto, ou seja, a informação pode modelar os dados. Para isso é necessária a análise
dos dados, proporcionando um novo ponto de vista para a interpretação de eventos ou
objetos, que tornam visíveis os significados previamente.

A informação é entendida por Angeloni (2008, p. 1) como “um conjunto de


dados selecionados e agrupados segundo um critério lógico para a consecução de
um determinado objetivo”. Nesse viés podemos perceber que a informação depende
de um conjunto de dados, isto é, sem dados para interpretação não há informação
(CARVALHO, 2012).

A partir da informação é que podemos construir conhecimento, desse modo, o


conhecimento é a compreensão da informação (DAVENPORT; PRUSAK, 1998; MARTINS
FILHO, 2016). Quando a informação é trabalhada na mente humana, ela possibilita
a realização de comparação e análise da consequência de tal informação, podendo,
assim, gerar o conhecimento.

FIGURA 2 - RELAÇÃO ENTRE DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

FONTE: Adaptado de Davenport e Prusak (1998)

Conforme podemos perceber na Figura 2, temos inicialmente os dados que,


quando agrupados e interpretados, geram informação. Essa informação, por sua vez,
quando passa a ser compreendida, guardada em nossa mente torna-se conhecimento.

7
IMPORTANTE
Primeiro, o conhecimento, ao contrário da informação, diz
respeito a crenças e compromissos. O conhecimento é uma
função de uma atitude, perspectiva ou intenção específica.
Segunda, o conhecimento, ao contrário da informação, está
relacionado à ação. É sempre o conhecimento “com algum
fim”. E terceira, tanto o conhecimento como a informação,
dizem respeito ao significado. É específico ao contexto e
relacional (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 63, grifos nossos).

Assim, constatamos que o conhecimento resulta de misturas que abrangem


crenças e verdades, sendo que a interação entre essas variáveis possibilita a identificação
de novas informações e criação de novos conhecimentos (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).

FIGURA 3 – CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Crenças Conhecimento Verdades

FONTE: Adaptado de Davenport e Prusak (1998)

Percebemos, no decorrer desta seção, que o estudo sobre o conhecimento


humano é extremante complexo e gera uma nova área de investigação denominada de
Epistemologia ou Teoria do Conhecimento (do grego episteme ciência, conhecimento;
logos, discurso), que é um ramo da filosofia dedicado aos problemas filosóficos
relacionados ao conhecimento.

Até aqui abordamos as principais definições da palavra conhecimento e


compreendemos melhor seu significado, agora vamos aprofundar nossos estudos. Para
isso, será necessário investigar sobre a “Epistemologia” ou também denominada de
“Teoria do Conhecimento” (TESSER,1995).

8
DICA
Veja alguns sites interessantes sobre Teoria do Conhecimento:

• http://www.criticanarede.com/fil_conhecimento.html;
• https://descomplica.com.br/artigo/teoria-do-conhecimento/4nS/;
• https://www.todamateria.com.br/teoria-conhecimento/.

4 A EPISTEMOLOGIA OU TEORIA DO CONHECIMENTO


Você deve pensar, o que é epistemologia? Etimologicamente, de acordo com
Tesser (1995) "Epistemologia" significa discurso (logos) sobre a ciência (episteme).
Assim, epistemologia: é a Ciência da Ciência ou Filosofia da Ciência, em outros termos,
é o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências.
É a teoria do conhecimento.

De acordo com Mário Bunge (1980, p. 17 apud TESSER, 1995, p. 92):

Uma epistemologia é útil se satisfaz às seguintes condições:


• refere-se à ciência propriamente dita;
• ocupa-se de problemas filosóficos que se apresentam no curso da
investigação científica ou na reflexão sobre os problemas, métodos
e teorias da ciência;
• propõe soluções claras para tais problemas, soluções consistentes
em teorias rigorosas e inteligíveis, adequados à realidade da inves-
tigação científica;
• é capaz de distinguir a ciência autêntica da pseudociência;
• é capaz de criticar programas e mesmo resultados errôneos, como
conseguir novos enfoques promissores.

Para Silvano, Silva e Silva (2018, p. 141), a epistemologia trata de quatro áreas
fundamentais:

• análise filosófica da natureza do conhecimento e como o conheci-


mento se relaciona com a verdade, crença e justificação;
• problemas relativos ao ceticismo ou questões derivadas deste;
• critérios para se afirmar que algo é conhecido e justificado;
• o alcance do conhecimento e as fontes da crença justificada.

Como podemos compreender, a Epistemologia, ou Teoria do Conhecimento,


investiga, ao longo da história humana, os diversos tipos de “conhecimentos” utilizados
para explicar, entender e compreender o mundo a sua volta e, também, a sua relação
com a natureza. Os principais tipos de conhecimento desenvolvidos pelo homem
de acordo com essa teoria são: mitologia, senso comum, filosofia, teologia, ciência e
tecnologia (SCHMAELTER, 2018).

9
FIGURA 4 – PRINCIPAIS TIPOS DE CONHECIMENTO

Mitologia

Senso
Tecnologia
Comum

EPISTEMOLOGIA

Ciência Filosofia

Teologia

FONTE: Adaptado de Schmaelter (2018)

A partir da ilustração apresentada na Figura 4, observamos que os principais


tipos de conhecimentos são formas de compreender o mundo a partir de diferentes
abordagens. Cada um, a seu modo, tem como objetivo desvendar os segredos do
mundo, explicando-o e/ou atribuindo-lhe um sentido.

DICA
Veja mais sobre os tipos de conhecimento em:

• https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/conhecer-o-mundo-
mitologia-religiao-ciencia-filosofia-senso-comum.htm?cmpid=copiaecola.

Agora que você já sabe quais são os principais tipos de conhecimento


identificados na literatura, vamos examinar mais de perto cada um deles.

10
QUADRO 3 - TIPOS DE CONHECIMENTO

MODOS DE
CRITÉRIOS DE
COMPREENDER MÉTODOS IDEIA BÁSICA
VERDADE
O MUNDO
Mitologia Crenças Tradição oral Natureza
Experiência pessoal
Senso comum Costumes e hábitos Natureza e cultura
e cultural
Razão discursiva e Natureza e Pólis
Filosofia Reflexão racional
dialética (comunidade)
Conciliação entre a
Teologia Fé e Razão razão discursiva e a Deus
revelação divina
Razão crítica e Observação e
Ciência e Tecnologia Homem
sistematizada experimentação

FONTE: Adaptado de Schmaelter (2018) e Tesser (1995)

Analisando o Quadro 3, percebemos que cada tipo de conhecimento é baseado


em critérios que são considerados verdadeiros a partir de um fundamento distinto
(filosofia, mitologia, ciência, tecnologia), mas você deve questionar: por que estudar
os tipos de conhecimento? Compreender como ocorre o processo de construção do
conhecimento e suas abordagens, seus diferentes tipos, irá nos permitir, no percurso
desta unidade, entender os conceitos de criatividade e inovação que serão abordados
mais à frente.

Para auxiliar sua compreensão sobre os tipos de conhecimentos, vamos


brevemente conceituar e exemplificar cada um deles.

4.1 MITOLOGIA
A palavra “mitologia” não é um termo incomum na nossa vida, geralmente,
vários filmes ou livros são baseados ou abordam algum tipo de mitologia. Mas você sabe
qual é o significado da palavra mitologia? A palavra mito vem do grego mythos e deriva
de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do
verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar).

No princípio dos tempos, quando o homem começou a refletir, surgiu-lhe


automaticamente a necessidade de explicar o mundo. As explicações que o homem
primitivo dava aos fatos eram repletas de fantasias e crenças, sem bases racionais
(ilusões). Foram essas explicações fantásticas da realidade que deram origem aos
mitos. Os mitos explicavam o desconhecido com base na experiência particular de cada
comunidade (CHAUÍ, 2005).

11
Na sua acepção original, mito é a narrativa tradicional, integrante da cultura
de um povo, que utiliza elementos simbólicos e sobrenaturais para explicar o mundo
e dar sentido à vida humana. Conforme Eliade (1972, p. 11) “O mito conta uma história
sagrada: ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial [...]. O mito narra
como, graças às façanhas dos entes sobre naturais, uma realidade passou a existir [...]”.

Percebemos que os seres humanos, desde os seus primórdios, utilizaram muita


“criatividade” para explicar os seus acontecimentos diários, como, por exemplo, suas
caçadas; a queda de um raio; o nascimento de uma criação; a morte de um familiar etc.

DICA
Aprenda mais sobre mitologia em:

• https://www.infoescola.com/mitologia/o-que-e-mitologia/.

Os mitos assumem em praticamente todos os povos da antiguidade — assírios,


babilônicos, chineses, indianos, persas, egípcios e hebreus — o importante papel de
tornar a realidade inteligível ao homem.

O recurso às explicações mitológicas, portanto, não aparece como uma


opção, mas sim como uma necessidade de povos que se deparam todos os dias com
acontecimentos para os quais não encontram outras explicações se não as forças de
criaturas com poderes sobrenaturais.

Esta criatividade já estava registrada desde a Pré-História (antes do surgimento


da escrita) na chamada Arte Rupestre — nome da mais antiga representação artística
da história do homem.

Os mais antigos indícios dessa arte são datados no período Paleolítico Superior
(40.000 a.C.), e consistiam em pinturas e desenhos gravados em paredes e tetos
das cavernas. Isso demonstra que o homem pré-histórico já sentia a necessidade de
expressão através das artes, algo inerente ao ser humano.

As representações feitas nas cavernas eram de grandes animais selvagens, na


tentativa de tentar reproduzir as caçadas da forma mais real possível.

O homem pré-histórico usava ossos de animais, cerâmicas e pedras como


pincéis, além de fabricar suas próprias tinturas por meio de folhas de árvores, sangue
de animais e excrementos humanos (PINTO, 2018).

12
O homem pré-histórico usava ossos de animais, cerâmicas e pedras como
pincéis, além de fabricar suas próprias tinturas por meio de folhas de árvores, sangue
de animais e excrementos humanos (PINTO, 2018).

FIGURA 5 - PINTURA EXISTENTE NO COMPLEXO DE CAVERNAS LASCAUX – FRANÇA

FONTE: <https://cultura.culturamix.com/blog/wp-content/gallery/pinturas-de-lascaux-4/Pinturas-de-
Lascaux-11.jpg>. Acesso em: 22 jun. 2020.

Já no período denominado História Antiga, após o surgimento da escrita,


podemos identificar diferentes tipos de mitologias, como a mitologia grega que iremos
estudar na próxima seção.

4.1.1 Mitologia grega


Ao escutarmos a palavra "mitologia" quase automaticamente a associamos à
palavra "grega". De fato, a mitologia grega ganhou destaque sobre a mitologia de vários
outros povos pela própria influência que a civilização e o pensamento grego exerceram
sobre o mundo, em particular sobre o Ocidente (PESQUISAR ESCOLA, 2019).

Três obras podem ser consideradas fontes básicas para o conhecimento da


mitologia grega: a "Teogonia", de Hesíodo (século IX a.C.) e "Ilíada" e "Odisseia", de Homero
(Século VIII a.C.). No quadro 4, a seguir, temos algumas informações dessas obras.

13
QUADRO 4 – TEOGONIA, ILÍADA E ODISSEIA

Teogonia

"Teogonia", de Hesíodo, narra a origem dos


deuses (theos, em grego, significa deus), no
qual o narrador é o próprio poeta. É um poema
mitológico em 1022 versos hexâmetros (seis pés
métricos iguais por verso). O poema se constitui
da descrição da origem do mundo, a partir dos
mitos dos gregos, que se desenvolve com geração
sucessiva dos deuses e na parte final, com o
FONTE: <http://twixar.me/qWFm>. envolvimento destes com os homens originando
Acesso em: 21 nov. 2019. assim os heróis.

Ilíada

líada, assim como Odisseia foi escrita por


Homero, poeta épico grego. Essas duas obras
são decorrentes do contexto de evolução da
Grécia Antiga. Em Ilíada é descrito um estágio
mais primitivo da sociedade. Homero conta a
Guerra de Troia, mostrando sua tomada pelos
gregos. O poema concentra-se na figura do
herói “Aquiles”, que se negou a combater os
FONTE: <http://twixar.me/nZFm>.
troianos devido a sua cólera contra Agamenon Acesso em: 21 nov. 2019.
que lhe roubou a escrava Briseida.

Odisseia

Odisseia descreve um momento mais estável e


pacífico repleto de sucessos legendários. Nessa
obra, Homero ilustra o retorno do guerreiro
Odisseu (Ulisses) ao seu reino na ilha grega
de Ítaca. Ela pode ser dividida em três temas
fundamentais: a viagem de Telêmaco; as viagens
FONTE: <http://twixar.me/TZFm>. de Ulisses; e o massacre dos pretendentes da
Acesso em: 21 nov. 2019. esposa de Ulisses, Penélope.

FONTE: <http://estudosliterariosculturaafinsppgl.blogspot.com/2012/10/teogonia-iliada-e-
odisseia.html>. Acesso em: 21 nov. 2019.

14
DICA
Sugestões de filmes que apresentam contextos mitológicos:

• Troia, 2004. Direção: Wolfgang Petersen.


• Helena de Troia, 2004. Direção: John Kent Harrison.

Além de Teogonia, Ilíada e Odisseia, temos outra importante obra da mitologia


grega: o Mito de Prometeu. Há várias versões sobre o Mito de Prometeu, herói da mitologia
grega, nelas ele era considerado um Titã, que, em defesa da humanidade, enganou
Zeus roubando-lhe o fogo e a esperança. Assim, Prometeu cria um novo destino para a
humanidade. A partir do roubo do fogo divino, ele permite que a existência dos homens
seja inteligente e proativa, e deu o pensamento aos homens, uma vez que faziam tudo
sem razão, revelando, assim, como surgiu a sabedoria humana (SANTOS, 2015).

FIGURA 6 - PROMETEU COM O FOGO DIVINO. PINTURA DE HEINRICH FUEGER (1817)

FONTE: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/08/prometeu-245x350.jpg>.
Acesso em: 17 jun. 2020.

DICA
Quer conhecer outras mitologias? Acesse:

• https://brasilescola.uol.com.br/mitologia/.

15
4.2 SENSO COMUM
O senso comum é o modo de pensar, noções admitidas no cotidiano, soma de
saberes formado a partir de hábitos, costumes, crenças criadas pelos indivíduos. Na
epistemologia, o termo senso comum é utilizado para explicar as interpretações feitas
pelos indivíduos a partir de experiências e vivências da realidade que os circundam sem
provas científicas, ou estudos anteriores (BEZERRA, 2019).

Ele é transmitido de geração em geração, sendo considerado como uma


herança cultural. Em termos gerais é um saber que não possui como base os métodos
científicos, nos quais o homem tem como alicerce ações do cotidiano para explicar a
realidade em que vive. Sua principal característica é a subjetividade, individualidade que
reflete sentimentos e opiniões construídos por um grupo de indivíduos que interagem
entre si, podendo variar de pessoa para pessoa e de grupo para grupo (BEZERRA, 2019).

O filósofo norte-americano, John Dewey, procura refletir sobre o que é senso


comum afirmando:

[...] visto que os problemas e as indagações em torno do senso comum


dizem respeito às interações entre os seres vivos e o ambiente, com o
fim de realizar objetos de uso e de fruição, os símbolos empregados
são determinados pela cultura corrente de um grupo social. Eles
formam um sistema, mas trata-se de um sistema de caráter mais
prático que intelectual. Esse sistema é constituído por tradições,
profissões, técnicas, interesses e instituições estabelecidas no grupo.
As significações que o compõem são efeito da linguagem cotidiana
comum, com a qual os membros do grupo se intercomunicam
(DEWEY, 1949, p. 170 apud MENEGHETTI, 2007, p. 5).

A exemplificação que ajuda a definir o senso comum são os ditados populares


descritos por Olivieri (2010, s.p.):

"Cada cabeça, uma sentença."


"Quem desdenha quer comprar."
"Quem ri por último ri melhor."
"A pressa é a inimiga da perfeição."
"Se conselho fosse bom, não era dado de graça."

ATENÇÃO
O senso comum é o conhecimento adquirido com base
em experiências vividas e crenças, que, muitas vezes, não
são verdadeiras.

16
4.3 FILOSOFIA
Philos significa amizade, Sophia sabedoria, logo, filosofia é definida como amiga
da sabedoria. Ela é um tipo de conhecimento que está em constante transformação.
Surge da relação do homem com seu dia a dia, porém está relacionada ao estudo de
problemas relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais
e à mente humana (SCHMAELTER, 2018).

O conhecimento filosófico é um conhecimento que tem como objetivo a


identificação e elaboração de problemas. Em outras palavras, ela utiliza o questionamento
e o pensamento como base.

É um conhecimento do dia a dia, mas se preocupa em questionar o relacionamento


do indivíduo com o meio em que está inserido, fornecendo respostas para questões já
identificadas e criando novos questionamentos (PORTAL EDUCAÇÃO, 2019).

A cada período da história, Porfírio (2019) identificou definições distintas, mas


que se complementam, cada qual ao seu modo. Vamos ver, a seguir, algumas definições
de acordo com Porfírio (2019).

QUADRO 5 - DEFINIÇÕES

Período da história Definição


Uma maneira racional de se investigar a origem do universo por meio
da formulação de teorias contrárias, muitas vezes, às afirmações dos
Gregos
mitos. Para Sócrates, a filosofia seria um olhar para dentro de si e uma
pré-socráticos
forma de extrair as ideias verdadeiras sobre aquilo que o próprio ser
humano desenvolveu mediante a criação das sociedades.
A filosofia era uma espécie de prática de vida para alcançar a plenitude
Helenistas
e a felicidade.
Estaria submetida à teologia e a sabedoria infinita de Deus teria dado
Medievais
ao ser humano a possibilidade do conhecimento racional.
Voltaram-se para a questão do conhecimento e da ciência, além da
Modernos política e da ética, desenvolvendo um pensamento que resgatava
certas características dos gregos, mas as aprimorava.
A Filosofia abraçou novos problemas, característicos de nossa época,
Contemporaneidade
para desenvolver novos problemas e novos conceitos sobre eles.

FONTE: Adaptado de Porfírio (2019)

Platão, enfatiza que a filosofia possibilita o uso do saber a favor do homem,


implicando a construção de um conhecimento válido e amplo a seu favor (PASSEIWEB,
2010). Assim, Platão (427-348 a.C.) constrói a primeira grande teoria filosófica de que se
tem notícia. Sua obra mais famosa é A República, na qual podemos encontrar discutidas
questões acerca da justiça, da educação, da organização da sociedade, do governo, da
ciência, da verdade e do método adequado à filosofia (GOMES, 2010).

17
FIGURA 7 – ESCOLA DE ATENAS, ACADEMIA DE PLATÃO. PINTURA DE RAFAEL SANZIO (1510)

FONTE: <https://www.infoescola.com/educacao/academia-de-platao/>. Acesso em: 17 jun. 2020.

Em sua obra A República, Platão faz a relação entre o conhecimento válido e


a política. De acordo com Platão, teremos uma sociedade mais justa se os cidadãos
tiverem acesso ao conhecimento por meio da educação. Tal afirmação está escrita no
capítulo VII de A República no qual está descrito o “Mito da Caverna”. No texto do Mito
da Caverna, há um diálogo realizado entre Sócrates e Glauco. O texto visa apresentar ao
leitor a teoria platônica sobre o conhecimento da, até então, “verdade” e a necessidade
de que o governante da cidade tenha acesso a esse conhecimento (PORFÍRIO, 2015).

DICA
Filmes para compreender a filosofia de Platão:

• Edward mãos de tesoura,1990. Diretor: Tim Burton.


• O dia da besta, 1995. Diretor: Alex de la Iglesia.
• O show de Truman – o show da vida, 1998. Direção: Peter Weir.
• Matrix, 1999. Direção: Lana e Lilly Wachowsky.

Com base na importância da obra de Platão (Mito da Caverna),


iremos estudá-la na próxima seção. Mas, antes, vamos complementar nosso
conhecimento adquirido até aqui, e analisar o que alguns filósofos dizem sobre
filosofia.

18
O que alguns filósofos dizem sobre o que é a Filosofia

Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.): “A admiração sempre foi, antes como agora, a
causa pela qual os homens começaram a filosofar: a princípio, surpreendiam-se com
as dificuldades mais comuns; depois, avançando passo a passo, tentavam explicar
fenômenos maiores, como, por exemplo, as fases da lua, o curso do sol e dos astros
e, finalmente, a formação do universo. Procurar uma explicação e admirar-se é
reconhecer-se ignorante”.

Epicuro (341 a.C. – 270 a.C.): “Nunca se protele o filosofar quando se é jovem,
nem o canse fazê-lo quando se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro
nem demasiado maduro para conquistar a saúde da alma. E quem diz que a hora
de filosofar ainda não chegou ou já passou assemelha-se ao que diz que ainda não
chegou ou já passou a hora de ser feliz”.

Edmund Husserl (1859-1938): “O que pretendo sob o título de filosofia, como fim
e campo de minhas elaborações, sei-o naturalmente. E, contudo, não o sei... Qual o
pensador para quem, na sua vida de filósofo, a filosofia deixou de ser um enigma?”

Friedrich Nietzsche (1844-1900): “Um filósofo: é um homem que experimenta,


vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é
atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de
baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode
ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um
homem fatal, em torno do qual sempre tomba e rola e rebenta e se passam coisas
inquietantes” (Para além do bem e do mal, p. 207).

Kant (1724-1804): “Não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar”.

Ludwig Wittgenstein (1889-1951): “Qual o seu objetivo em filosofia? – Mostrar à


mosca a saída do vidro”.

Maurice Merleau-Ponty (1908-1961): “A verdadeira filosofia é reaprender a ver o


mundo”.

Gilles Deleuze (1925-1996) e Félix Guattari (1930-1993): “A filosofia é a arte de


formar, de inventar, de fabricar conceitos... O filósofo é o amigo do conceito, ele é
conceito em potência... Criar conceitos sempre novos é o objeto da filosofia”.

Karl Jaspers (1883-1969): “As perguntas em filosofia são mais essenciais que
as respostas e cada resposta transforma-se numa nova pergunta” (Introdução ao
pensamento filosófico, p. 140).

19
García Morente (1886-1942): “Para abordar a filosofia, para entrar no território
da filosofia, é absolutamente indispensável uma primeira disposição de ânimo. É
absolutamente indispensável que o aspirante a filósofo sinta a necessidade de levar
seu estudo com uma disposição infantil. […] Aquele para quem tudo resulta muito
natural, para quem tudo resulta muito fácil de entender, para quem tudo resulta
muito óbvio, nunca poderá ser filósofo” (Fundamentos de filosofia, p. 33-34).

FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/>. Acesso em: 15 dez. 2019.

4.3.1 O Mito da Caverna


O Mito da Caverna, ou Alegoria da Caverna, é uma história narrada por Platão.
A história relata um diálogo entre o personagem principal Sócrates e o interlocutor Glauco.
Ela consiste em comparações entre uma caverna com prisioneiros presos desde a
infância, que nunca conheceram o mundo real, e a “verdade” que havia fora da caverna
(PORFÍRIO, 2015).

Em seu resumo, Sócrates fala para Glauco imaginar a existência de uma caverna
onde prisioneiros vivessem desde a infância, acorrentados na parede. Na caverna
havia a interação apenas entre os prisioneiros, que viviam à luz de uma fogueira, e à
existência de algumas sombras. Um dia um prisioneiro conseguiu sair da caverna. Ao
sair, ele percebe que as sombras eram apenas ilusão de ótica, cópias imperfeitas do
que, para ele, era a realidade (PORFÍRIO, 2015).

FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO MITO DA CAVERNA

FONTE: <https://bit.ly/3sYY9yZ>. Acesso em: 22 jun. 2020.

20
Quando sai da caverna ele tem um susto ao deparar-se com o mundo exterior.
Com dificuldade de enxergar, aos poucos, sua visão acostuma-se com a luz e ele
começa a perceber o mundo que existe fora da caverna. O prisioneiro liberto, após
conhecer o mundo real, volta para avisar seus companheiros, quando sofre ataques e é
julgado como louco, em que seus companheiros preferem ficar presos à caverna do que
conhecer a realidade (PORFÍRIO, 2015).

O antro subterrâneo é o mundo visível. O fogo que o ilumina é a luz


do sol. O cativo que sobe à região superior e a contempla é a alma
que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que o queres saber,
é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se
é verdadeiro. Quanto a mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos
extremos limites do mundo inteligível está a ideia do bem, a qual só
com muito esforço se pode conhecer, mas que, conhecida, se impõe
à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da
luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no
mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos
fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e públicos
(CHAUÍ, 2005, p. 9).

Assim, nessa narrativa, Platão aborda os graus de conhecimento, em que há


modos de conhecer, de saber, mais adequado para se pensar em um governante capaz
de fazer política com sabedoria e justiça (PORFÍRIO, 2015). Mas, e nos dias atuais? Ainda
vivemos em cavernas sem enxergar a realidade?

O MITO DA CAVERNA NOS DIAS ATUAIS

A atualidade deste texto de Platão, escrito há mais de 2.500, pode ser


comprovada através do filme Matrix de 1999. No filme, o personagem Neo Anderson,
um hacker de computador que, por meio de invasões pela internet, descobre a
existência de um estranho programa na rede, a Matrix. Após suas descobertas, Neo
é procurado por um grupo de pessoas que se dizem hackers e afirmam saber de
uma verdade que a maioria não sabe, deixando a critério do protagonista: optar por
conhecer a verdade e mudar sua vida para sempre ou continuar sendo enganado
pela Matrix e esquecer todas as suas descobertas.

FONTE: <https://bit.ly/35iSo6V>. Acesso em: 17 jun. 2020.

21
Neo Anderson decide então conhecer a verdade.

Realizando uma comparação, Neo Anderson é a figura do escravo que


consegue se libertar da caverna. Esse escravo liberto da caverna representa o filósofo.
O filósofo é quem consegue se livrar da prisão que mantém os homens escravos da
percepção, dos sentidos, e que por eles são enganados.

Libertar-se da caverna significa, em uma linguagem platônica, acessar o


famoso mundo das ideias, que seria um lugar onde os homens estariam livres dos
enganos, mantendo-se em contato, por meio do pensamento, com as essências
puras das coisas do mundo.

Para Platão, o conhecimento verdadeiro advém das ideias puras e do intelecto.


Todo conhecimento advindo das sensações do corpo é enganoso. Neo, assim como o
escravo liberto, descobre haver uma realidade totalmente diferente daquela em que
acreditamos. No filme, o responsável pelo nosso engano é o software Matrix.

FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/mito-caverna-matrix.htm>. Acesso em: 4 jan. 2020.

DICA
A professora Marilene Chauí, do departamento de Filosofia da
USP, escreveu um excelente texto didático explorando as relações
do filme Matrix com o diálogo de Platão. Este texto está publicado
no início do livro Convite à Filosofia (CHAUÍ, Marilena.  Convite à
filosofia. São Paulo: Ática, 1995).

4.3.2 Conceitos de Platão e Aristóteles para a construção


do conhecimento
Após a morte de Platão, seu discípulo Aristóteles continuou o desenvolvimento
do pensamento filosófico através da Lógica. Aristóteles (384-322 a.C.) foi aluno de Platão
na Academia. Apesar de ter passado quase 20 anos próximo ao mestre, sentiu-se à
vontade para criticá-lo em muitos pontos de sua doutrina, iniciando uma nova tradição.
O principal ponto de discordância, a partir do qual todos os outros passaram a surgir,
é em relação à postulação do mundo das ideias. Segundo Aristóteles, não existe tal
mundo separado do mundo material. As ideias inatas, que seriam as únicas verdadeiras,
são também combatidas, e Aristóteles afirma a experiência como base da formação de
nossas ideias (LOBO, 2013).

22
FIGURA 9 – PLATÃO E ARISTÓTELES – PINTURA DE RAFAEL

FONTE: <https://i.em.com.br/HbkC82RceglnU-Dn09wOE7eIzbw=/675x0/smart/imgsapp.em.com.br/
app/noticia_127983242361/2016/08/12/793593/20160812171928660506o.jpg>.
Acesso em: 22 jun. 2020.

A preocupação de Aristóteles estava em como obter o conhecimento válido


a partir da experiência (empirismo) da realidade. A importância de Platão e Aristóteles
para o desenvolvimento do conhecimento na sociedade ocidental é inquestionável. Por
exemplo, na tradição filosófica iniciada por Platão e Aristóteles, introduziu-se o conceito
substância entendido como o gênero supremo de todas as coisas (LOBO, 2013).

No século III d.C., o filósofo neoplatônico Porfírio (233-305 d.C.) apresentou seu
próprio modelo explicativo. Nele é detalhada uma classificação sobre as substâncias,
ficando tal modelo conhecido como a Árvore de Porfírio. Fica conhecida por esse
nome devido sua estrutura se assemelhar a forma de árvore onde tudo o que existe é
concebido de maneira gradual, ou seja, da substância mais geral para a mais particular
(CONCEITOS, 2019).

Esse modelo irá servir como método de classificação para as ciências naturais,
na forma que chamamos hoje de Mapas Mentais.

23
FIGURA 10 – ÁRVORE DE PORFÍRIO

FONTE: Adaptado de Conceitos (2019)

Depois de Aristóteles, teremos a expansão da filosofia grega para todo o mundo


antigo graças às conquistas de Alexandre Magno. Este período histórico é denominado
de Helenismo. Com a conquista da Grécia pelo exército de Filipe, e o posterior domínio
de seu filho, Alexandre, a antiga unidade política das cidades-estados deixou de existir
(LOBO, 2013).

A autonomia, que antes caracterizava a vida de cada uma das comunidades


políticas cedeu espaço para o império de Alexandre. O efeito disso foi o surgimento de
várias escolas que tentaram teorizar a vida dos homens a partir dessa nova realidade.

24
Na sequência, teremos o surgimento do Império Romano que irá absorver a
filosofia grega e incorporar ao que chamamos de filosofia latina.

DICA
Algumas sugestões de filmes e séries interessantes sobre esse período:

• Filmes: Gladiador, 2000. Direção de Ridley Scott; e Alexandre, 2005.


Direção de Oliver Stone.
• Série: ROMA, 2005 – 2 temporadas.

O pensamento filosófico greco-latino perdurou até o fim do Império Romano em


476 d.C., com o surgimento de uma nova forma de conhecimento: a Teologia.

4.4 TEOLOGIA
O nascimento de Jesus Cristo, durante o Império Romano, aponta o início de
uma transformação social, política, religiosa e epistemológica na sociedade ocidental.
A mensagem cristã, transmitida pelos seus discípulos, após sua morte, e espalhada
pelo mundo greco-latino, traz novidades na forma de compreensão do mundo e da vida
em sociedade:

Vida após a morte, a ideia do perdão, a adesão a não violência,


a ideia de igualdade – “todos somos filhos de Deus”.

Todas essas ideias produziram uma revolução dentro do Império Romano. No


entanto, do ponto de vista da epistemologia, os pensadores cristãos enfrentaram um
outro problema fundamental: os filósofos já tinham provado que um conhecimento
somente baseado em crenças não era válido. Dessa forma, os pensadores cristãos
tiveram que desenvolver uma nova forma de pensar que pode validar a fé cristã: a
Teologia. Com isso temos um novo período histórico, a Idade Média, que será marcada
pelo poder da Igreja com um conhecimento que tem como ideia central “Deus”
(Teocentrismo) (CHAUÍ, 2005).

25
FIGURA 11 - A ASCENSÃO DE CRISTO – PINTURA DE JOHN SINGLETON COPLEY

FONTE: <https://images.freeart.com/comp/art-print/fan16225811/ascension.
jpg?units=cm&pw=20.3&ph=20.3&fit=True>. Acesso em: 22 jun. 2020.

O conhecimento teológico cristão teve como base a tentativa da conciliação


entre Fé e Razão – Fides et Ratio. Provar as verdades da fé com as certezas da razão, ou
seja, a teologia cristã não enfrentou a filosofia greco-latina, mas sim procurou trazê-la
para o seu interior (CHAUÍ, 2005).

Os principais filósofos cristãos que fundamentaram o conhecimento teológico


são: Santo Agostinho (354-430 d.C.) e São Tomás de Aquino (1225-1274). Ambos, por
meio da difusão das obras de Platão e Aristóteles cristianizaram a filosofia greco-latina.
A frase de Santo Agostinho — “Crer para compreender, compreender para crer” —
representa este período, quanto mais tenho fé, mais posso compreender o mundo e
vice-versa.

O período histórico da Idade Média, que abrange desde 476 a.C. até 1453 d.C.
com a queda de Constantinopla, representa também o fim do poder da Igreja. Com o
Renascimento, o Mercantilismo, as Grandes Navegações, a Reforma Protestante, e a
expansão do Islamismo, consolida-se um processo de separação do que a Idade Média
unira: a Razão separa-se da Fé; a Natureza e o Homem, de Deus; o Estado, da Igreja.

Temos o advento do Antropocentrismo como filosofia dominante, ou seja, o


homem como centro das discussões filosóficas e políticas em oposição ao Teocentrismo.
Configura-se, assim, o período da Idade Moderna, ou Modernidade com um novo tipo de
conhecimento: a CIÊNCIA MODERNA (CHAUÍ, 2005).

26
DICA
Dica de filmes:

• Período da Reforma protestante: Lutero, 2003. Direção: Eric Till.


• Sobre a expansão do Islamismo: Cruzada, 2005. Direção: Ridley Scott.

4.5 CIÊNCIA E TECNOLOGIA – SUAS COMPLEXIDADES


Augusto Comte, filósofo francês do século XIX, fundador de uma corrente
filosófica chamada Positivismo, defende que a evolução da espécie humana se deu em
três fases: a mítica (religiosa), a filosófica (metafísica) e a científica (PORFÍRIO, 2012).

FIGURA 12 – FASES DA EVOLUÇÃO DA ESPÉCIE HUMANA

Científica

Evolução
espécie
humana

Mítica Filosófica

FONTE: Adaptado de Porfírio (2012)

A fase científica foi o ápice do desenvolvimento humano. Essa etapa não só


é considerada superior às outras, como também seria a única válida para se chegar
à verdade. Segundo os positivistas, a ciência é o único conhecimento válido para
compreender o sujeito, a natureza e a sociedade. Em suma, só a ciência pode nos ajudar
a entender a nossa realidade.

Mas, então, o que seria o conhecimento científico?

27
A palavra scire significa, em latim, saber [...]. O conceito de scientia,
portanto, apenas podia ser atribuível a um determinado tipo de
conhecimento: ao que possuía o saber correto, diferente de outros
pretensos conhecimentos que não o possuíam, que não podiam ser
scientia. Como havia vários conhecimentos, um poderia ser o correto
e os outros não. Havia assim, a necessidade de se descobrir algum
meio ou algum critério que distinguisse o correto do não correto, isto
é a ciência da não ciência (KÖCHE, 1997, p. 67).

Segundo Chauí (2000, p. 220), “a ciência é o conhecimento que resulta de um


trabalho racional, baseado em pesquisas, investigações metódicas e sistemáticas e na
exigência de que as teorias sejam internamente coerentes e digam a verdade sobre a
realidade”.

Por sua vez, para Cupani (2014, p. 1):

a “Ciência” é, como muitas palavras, uma expressão ambígua,


podendo significar conforme os contextos, uma atividade social,
endereçada à produção de certo tipo de conhecimento, ou bem o
conhecimento por ela produzido. “Ciência” designa também uma
entidade que muda, como tudo quanto existe, evoluindo de uma
maneira específica decorrente do objetivo que lhe é próprio, porém
não apenas dele, pois está sujeita às condições em que existe (uma
das quais é hoje, precisamente, a tecnologia).

Além disso, o autor enfatiza que:

“Ciência” é, além do mais, o nome de uma instituição social (análoga


ao Direito, a Religião, a Educação), que é muito prestigiada em nossa
época e cultura, mas não em todas (povos e épocas houve e há
em que a sociedade é indiferente à ciência ou hostil a ela). Por fim,
“ciência” pode referir-se a determinada atitude perante a realidade,
diferente de outras atitudes, como a técnica, a religiosa ou a artística
(o cientista busca conhecer, não modificar a realidade, reverenciá-la
ou exprimir as vivências que ela lhe suscita). Essas diversas acepções
de “ciência” estão obviamente intervinculadas (CUPANI, 2014, p. 2).

DICA
Se você se interessou e quer saber mais sobre Positivismo, acesse:

• https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/positivismo.

28
A história da ciência está atrelada à tecnologia, portanto, o avanço tecnológico
marcou e interferiu no avanço do conhecimento científico. No Quadro 6, a seguir,
poderemos evidenciar a evolução do conhecimento até chegarmos à Idade Moderna,
em que a ciência e tecnologia se tornam as únicas bases para a construção do
conhecimento.

QUADRO 6 - PERÍODOS HISTÓRICOS DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

IDADE ANTIGA IDADE MODERNA


PERÍODOS IDADE MÉDIA (SÉCULO
(SÉCULO V a.C. – IV (SÉCULO XVI d.C. – XX
HISTÓRICOS V d.C. – XVI d.C.)
d.C.) d.C.)
HOMEM (razão do
PHYSIS (razão da
DEUS (razão de Deus). homem).
Ideia Básica natureza).
Agir é contemplação. Natureza a dominar.
(razão última) Agir é contemplação.
Valem princípios. Agir é fabricação.
Valem princípios.
Prevalecem resultados.
Senhor de si (eu sou), da
Servo de Deus.
Servo da natureza. natureza e de Deus.
Ser humano Igualdade entre si e
Livre e escravo. Livres e iguais pela
irmãos da natureza.
razão.
Adequação do sujeito Adequação do sujeito Construção (Kant)
Verdade ao objeto. ao objeto. ou representação.
Objetivismo. Objetivismo. Subjetivismo.
Mito e Filosofia. Ciência e tecnologia.
Saber mais Teologia. Contemplação
Contemplação da Produção humana.
importante de Deus – Fé.
natureza – Ócio. Fruto do trabalho.
Ação autocriadora,
Atividade de escravos Castigo devido ao
Trabalho homem – senhor de si e
(negativo). pecado (negativo).
da natureza (positivo).
Atividade artificial,
Cidade dos homens,
mal necessário (e
Atividade natural – só na separação entre política
Política e ética passageiro).
Pólis se realiza a ética. e moral.
Separação entre ética
Política = mal.
e política.
Fisiológica. Teológica. Antropológica.
História Eterno retorno do Início e fim em/com Início com homem.
mesmo. Deus. Progresso (processo).

FONTE: Asmann (2008, p. 53)

Conforme evidenciado no Quadro 6, na Idade Moderna, o saber mais importante


torna-se a Ciência e Tecnologia, frutos do trabalho e produção humana. Com o
desenvolvimento científico e tecnológico ocorre a Revolução Industrial e o homem
deixa de depender dos caprichos da natureza. Antes, a produção rural dependia das
estações do ano, das tempestades, suas estiagens, seu tempo cíclico. Com a indústria,
ao contrário, o homem introduz uma jornada linear de produção, em processo executado
pelos trabalhadores e completado com o produto vendido aos consumidores. Neste

29
período, que marca a transição da Idade Média para a Idade Moderna, há uma migração
da área rural para a área urbana, impondo o crescimento das cidades. Na Modernidade,
o trabalhador rural transforma-se em trabalhador urbano, com um novo processo de
socialização do trabalho dado pelo desenvolvimento industrial (CUNHA, 2005).

O trabalhador recebe não mais na forma de produtos de sobrevivência, mas na


forma de salário. Ampliam-se as opções de trabalho e a liberdade de ação do indivíduo.
Assim, com a Revolução Industrial e o surgimento da burguesia, e, posteriormente,
amparado nos ideais da Revolução Francesa que, entre outros, pressupunham a liberdade
individual e inclusive o direito à propriedade, consolida-se o sistema capitalista, o qual
dissolve os laços que prendiam os trabalhadores aos limites previamente definidos pela
ordem feudal (CUNHA, 2005).

30
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Os termos “dados, informação e conhecimento”, muitas vezes, são utilizados


erroneamente como sinônimos.

• O estudo do termo conhecimento além de complexo, desencadeia uma nova área


de estudos: a Epistemologia ou Teoria do Conhecimento.

• A Teoria do Conhecimento aborda os diversos tipos do conhecimento, decorrentes da


evolução humana, sendo eles: mitologia, senso comum, filosofia, teologia, ciência e
tecnologia e que esses tipos de conhecimento visam explicar o mundo a nossa volta,
e desvendar alguns segredos.

• Os tipos de conhecimentos surgiram da necessidade de explicar o mundo, por meio


de fantasias e crenças sem bases racionais, dando origem assim, aos mitos.

• A mitologia grega e suas principais obras (Teogonia, Ilíada e Odisseia), onde cada uma
conta a história e cultura de seu povo.

• O senso comum é considerado a soma dos saberes do cotidiano, formado a partir de


hábitos, costumes, crenças, preconceitos e tradições.

• A filosofia surge da relação do homem com seu dia-a-dia, mas que usa o questionamento
e o pensamento como base. É um conhecimento do dia a dia, que se preocupa em
questionar o relacionamento do indivíduo com o meio em que está inserido.

• Na teologia, a partir da Igreja, surgiu uma nova percepção de mundo visando conciliar
a Fé e Razão. Nessa categoria enfatiza-se que Deus é o centro do mundo.

• No decorrer das categorias do conhecimento, nós podemos compreender as


mudanças culturais, influenciadas pelas formas de entender o mundo a nossa volta.

31
AUTOATIVIDADE
1 O conhecimento é uma relação (interação) entre o sujeito e o objeto. Ele é um
conjunto de informações adquirida por meio da experiência em vivência. Mas, para
interpretação da informação é necessário em um primeiro momento converter
dados em informação, para que, assim, possa gerar um novo conhecimento. Com
base na importância dos termos: dados, informação e conhecimento, selecione as
características a seguir de cada variável. Para isso, informe com a letra D, para dados,
I para Informação e C para conhecimento.

( ) Facilmente obtido por máquinas.


( ) De difícil estruturação.
( ) De difícil captura em máquinas.
( ) Frequentemente quantificado.
( ) Exige consenso em relação ao significado.
( ) Exige necessariamente a mediação humana.
( ) Frequentemente tácito.
( ) Exige necessariamente a mediação humana.
( ) De difícil transferência.

2 A Epistemologia, ou Teoria do Conhecimento, investiga ao longo da história humana


os diversos tipos de “conhecimentos” utilizados para explicar, entender e compreender
o mundo a sua volta e, também, a sua relação com a natureza. Cada conhecimento
representa uma forma de compreender o mundo e tem uma ideia básica central. Com
base nisso relacione as colunas:

MODOS DE COMPREENDER O MUNDO IDEIA BÁSICA


(1) Mitologia. ( ) Natureza e Pólis (comunidade).
(2) Senso comum. ( ) Natureza e cultura.
(3) Filosofia. ( ) Deus.
(4) Teologia. ( ) Homem.
(5) Ciência e Tecnologia. ( ) Natureza.

3 Assista ao filme Matrix, e verifique a relação do filme com o Mito da Caverna de Platão.
Em seguida, reflita sobre essa metáfora e sua relação com os dias atuais.

32
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —
DINÂMICAS DO PENSAMENTO:
COMO A MENTE FUNCIONA

1 INTRODUÇÃO
Estudamos, no Tópico 1, o desenvolvimento do conhecimento humano ao
longo da sua história, com seus vários tipos até chegarmos aos dias atuais, marcados
pelo exponencial avanço do conhecimento científico com alto grau de sofisticação
tecnológica. Este avanço da ciência e da tecnologia permitiu o surgimento de novas
áreas na fronteira do conhecimento, tais como a neurociência, a psicologia e a
inteligência artificial, que desta forma, nos possibilitaram adentrar ao cérebro humano
para compreendermos o seu funcionamento, assunto que nos interessa para o tema de
nossa disciplina de Criatividade e Inovação.

2 RACIONALISMO VERSUS EMPIRISMO


De acordo com Descartes (1596-1650), no início da Idade Moderna, o
conhecimento humano teve origem na própria mente, através de ideias inatas. Esta
corrente de pensamento é denominada de Racionalista, Idealista ou Inatista. Seguindo
Platão (428/27-347 a.C.) e Santo Agostinho (354-430), Descartes acreditava na doutrina
das ideias inatas, ou inatismo, a qual sustenta que o homem nasce com determinadas
crenças verdadeiras, ou seja, o conhecimento nasce na mente humana — é inato —
através da razão e das ideias.

A famosa frase de Descartes — “Penso, logo existo” — marca o início da


modernidade, o período em que o ser humano, dotado da sua racionalidade, pode
determinar a sua própria existência e dominar a natureza para a sua sobrevivência. A
modernidade é marcada, então, pelo Antropocentrismo — o homem é o centro do
conhecimento — iluminado pelas luzes da razão humana — Iluminismo (SALATIEL, 2012).

33
NOTA
O iluminismo tornou-se intenso na Europa, ainda mais na França e atingiu o
seu apogeu no século XVIII, sendo chamado de Século das Luzes. Essas ideias
trouxeram seguidores e foram as principais motivações para o surgimento da
Revolução Francesa, cujo lema era liberdade, igualdade e fraternidade.

FONTE: <http://idade-moderna.info/iluminismo.html>. Acesso em: 22 jun. 2020.

De forma contrária, na mesma época, empiristas, como John Locke (1632-1704),


consideravam que o conhecimento humano surge da experiência, dos sentidos, e que a
mente humana é vazia. Somente após termos a experiência dos sentidos é que a nossa
mente é preenchida com o conhecimento do que nos cerca. John Locke pregou a teoria
da tábula rasa, cuja mente humana era como uma folha em branco, que se preenchia
apenas com a experiência.

ATENÇÃO
Locke detalhou a tese da tábula rasa em seu livro Ensaio Acerca do
Entendimento Humano, de 1690. Para ele, todas as pessoas nascem
sem conhecimento algum, comparando a mente a uma "folha em
branco". O conhecer, é aprendido por meio da experiência.

FONTE: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/john-locke-e-o-
empirismo-britanico-todo-conhecimento-provem-da-experiencia.htm>.
Acesso em: 22 jun. 2020.

Essa teoria é uma crítica à doutrina das ideias inatas, segundo a qual princípios
e noções são inerentes ao conhecimento humano e existem independentemente
da experiência. Basicamente é isso que o empirismo sustenta: contrapondo-se ao
racionalismo, que privilegia a razão como fonte segura do conhecimento, esta escola
enfatiza o papel da experiência.

Junto com Locke, fazem parte do empirismo britânico os filósofos George


Berkeley (1685-1753), David Hume (1711-1776) e John Stuart Mill (1806-1873).

Contrariando o inatismo, Locke (1978) afirma que, ao nascermos, somos como


uma folha em branco — "tábula rasa", diziam os empiristas — que é escrita na medida em
que vivemos e temos experiência de mundo (LOCKE, 1978, p. 1-2):

34
Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel em
branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer ideias;
como ela é suprida? De onde lhe provém este vasto estoque, que
a ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou nela com uma
variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais
da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da
experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela
deriva fundamentalmente o próprio conhecimento.

FIGURA 13 – FILÓSOFOS EMPIRISTAS DO SÉCULO XVII E XVIII

FONTE: <https://www.profwilliam.com/2018/07/empiristas-dos-seculos-xvii-e-xviii.html>.
Acesso em: 24 jun. 2020.

Na continuação da modernidade, o filósofo Immanuel Kant (1724-1804) realizou


uma síntese entre o racionalismo e o empirismo. Kant afirmou que a nossa mente
precisa tanto da razão quanto da experiência. Em Kant, há duas principais fontes de
conhecimento no sujeito: a sensibilidade, por meio da qual os objetos são dados na
intuição (empirismo) e o entendimento (racionalismo), por meio do qual os objetos são
pensados nos conceitos. “Pensamentos (razão) sem conteúdo são vazios; intuições
(experiência) sem conceitos são cegas” (CAIMI, 1974, p. 177). “Todo nosso conhecimento
nasce no sentido, passa pelo entendimento e termina na razão” (PIZZINGA, 2020, s.p.).

A partir do pensamento de Kant, a ciência avançou para explicar o funcionamento


da mente para a construção do conhecimento. Teremos, a seguir, o surgimento de uma
nova área da ciência: A PSICOLOGIA.

DICA
Leia mais sobre racionalismo e empirismo em:

• http://www.acervofilosofico.com/racionalismo-x-empirismo.

35
3 A PSICOLOGIA
A palavra “psicologia” vem do grego antigo psyque, que significa “mente”, e logos,
que significa “conhecimento ou estudo”. Psiquê ou psique (em grego antigo: Ψυχή, transl.:
Psychē), na mitologia grega, é uma divindade que representa a personificação da alma.

Como a Psicologia é uma ciência, ela tenta investigar as causas, motivação que
desencadeiam um determinado comportamento. Para isso, utiliza além de procedimentos
de forma sistemática e objetivos de observação, medição e análise, apoiados esses por
interpretações teóricas, explicações e previsões (BATTISTELLI, 2018).

IMPORTANTE
A psicologia tem como objetivo imediato a compreensão de
grupos e indivíduos tanto pelo estabelecimento de princípios
universais como pelo estudo de casos específicos, e tem, segundo
alguns autores, como objetivo final o benefício geral da sociedade.

A psicologia é o estudo científico da mente e do comportamento. Seu estudo


inclui subcampos, como áreas de desenvolvimento humano, esportes, saúde,
comportamento clínico, social e processos cognitivos. Assim, qualquer tentativa que
vise explicar por que os seres humanos pensam, o desenvolvimento do pensamento,
e seu comportamento sempre estará ligada a um dos ramos da psicologia, que podem
ser (BATTISTELLI, 2018):

• Psicologia clínica: relaciona ciência, teoria e prática para promover a adaptação e


desenvolvimento pessoal. Em outras palavras tem como objetivo compreender
e prever problemas atrelados à adaptação para contribuir com o bem-estar e o
desenvolvimento pessoal do indivíduo.
• Psicologia cognitiva: área de estudos sobre os processos mentais internos,
relacionados à resolução de problemas, memória, aprendizagem, entre outros. Visa
analisar como um indivíduo capta, processa e armazena as informações, e aplica
ações para estimular os processos mentais internos.
• Psicologia do desenvolvimento: investiga como ocorre as mudanças psicológicas
vivenciadas na vida das pessoas que afetam fatores como habilidade motora,
personalidade, desenvolvimento da linguagem, entre outros. Essas mudanças
ocorrem deste a infância (bebê, criança), adolescência, adultos e idosos.
• Psicologia evolucionária: está atrelada a como as transformações, evoluções humanas
interferem no comportamento humano. Em outras palavras, investiga como ocorrem
as adaptações dos traços psicológicos na evolução da espécie humana, desde a pré-
história até os dias atuais.

36
• Psicologia forense: analisa os fatores psicológicos que influenciam no comportamento
humano. É aplicada em investigações criminais e a lei.
• Psicologia da saúde: nessa psicologia, ao invés de analisar as causas biológicas
de uma doença, é observado o contexto social, comportamento, que muitas vezes
influenciam o desenvolvimento ou agrava doenças.
• Neuropsicologia: estuda a estrutura do cérebro de acordo com comportamentos.
Pode estar relacionada avaliações de registro de atividades elétricas celebrais, e a
condições para desenvolvimento de lesões celebrais.
• Psicologia ocupacional: investiga ações relacionadas a maior produtividade no
trabalho. Contribuem na avaliação e desenvolvimento de ações para melhorar o
desempenho da equipe e em treinamentos, e auxiliam as organizações a compreender
o comportamento das pessoas no trabalho.
• Psicologia social: analisa como as influências sociais podem interferir no comporta-
mento humano.

Além dos tipos de Psicologia, temos os seguintes estados mentais:

FIGURA 14 – ESTADOS MENTAIS

FONTE: Adaptado Battistelli (2018)

37
4 PERCEPÇÃO DA MENTE
A percepção mental, de acordo com Predebon (2008), é decorrente do ato
de observar determinada realidade, tornando essa realidade, não considerada antes,
evidente para as pessoas. Ela possibilita a manifestação de um novo aspecto da
realidade que as pessoas não perceberam antes.

FIGURA 15 – MÃOS QUE DESENHAM. – M. C. ESCHER (1948)

FONTE: <https://image.cleveland.com/home/cleve-media/width960/img/plain-dealer/photo/2011/02/-
ee28c90adf631557.JPG>. Acesso em: 22 jun. 2020.

Um exemplo importante de percepção mental foi a utilização de objetos


cilíndricos para auxiliar na locomoção de cargas pesadas pelo homem nômade. A partir
dessa percepção, surgiu a ideia de eixo e roda. Seus primeiros registros são de 3000 a
2000 a.C. na Mesopotâmia. Os eixos eram compostos de três tábuas presas por suportes
em forma de cruz e a tábua central possuía um furo natural no nó da madeira. Isso
tornou o transporte mais rápido e fácil, além de contribuir para transformar as primeiras
aglomerações humanas em cidades maiores (SANTIAGO, 2010).

38
FIGURA 16 - PERCEPÇÃO DA MENTE

Como eu não
percebi isso
antes?

FONTE: <http://twixar.me/cbFm>. Acesso em: 22 jun. 2020.

Assim, Steven Pinker (2000 apud TIMM, 2004), no livro Como a mente funciona,
relata como nos deparamos com diversos aspectos relacionados ao processamento da
mente humana, e enfatiza suas principais características e causas nesse processo. De
acordo como Timm (2004), Steven Pinker considera as características genéticas que são
moldadas pela seleção natural, e relata suas consequências na formação das relações
humanas, sendo elas na sociedade, cultura, religião, arte, entre outras.

Segundo Pinker (2000), a mente humana processa informações seguindo


um padrão já existente há séculos, destinado a viabilizar a sobrevivência dos seres
humanos ao longo da competição darwinista (competição pela sobrevivência entre
os seres humanos). De acordo com Steven Pinker (2000), esse padrão está gravado
em nossa mente, onde o autor compara o cérebro humano a um “software” mental,
transmitido geneticamente e adaptado a partir de nossas transformações e evoluções
na vida contemporânea.

INTERESSANTE
No livro Como a mente funciona, Pinker (2000) utiliza a teoria computa-
cional da mente e a teoria da evolução. O objetivo principal de sua obra
é sugerir e até mesmo explicar nossa capacidade de amar, manter — ou
não — relações sociais, criar, julgar, ver figuras em 3D, assistir à televisão
e se emocionar com música.

39
Assim, um dos primeiros passos realizados pela nossa mente é, a partir da
necessidade de sobrevivência, identificar ações que contribuam para ela. Segundo Pinker
(2000), a operação básica de nosso cérebro, consiste no desenvolvimento de estratégias
para realizar tais ações, visando eliminar ou sanar as necessidades encontradas. Segundo
o autor, esse impulso por sobrevivência, possibilitou o enfrentamento de obstáculos, e
aprimorando a capacidade de processar informações de forma inteligente (TIMM, 2004).

A partir desse processo, o ser humano aprendeu a desenvolver práticas baseadas


na colaboração mútua. Aprendeu também a desenvolver suas habilidades naturais para
transformar o mundo a sua volta, chegando ao Século XXI com várias informações
estruturadas aplicáveis ao mesmo objetivo inicial de tudo — a sobrevivência. Esse
repertório cresceu, vem crescendo consideravelmente, e diversificando-se nas formas
da Física, da Matemática, da Biologia, Psicologia e da Engenharia contemporâneas
(TIMM, 2004).

DICA
Um resumo dos principais pontos do modelo adotado por Pinker
é descrito pelo próprio autor. Acesse: http://www.cinted.ufrgs.br/
renoteold/mar2004/artigos/05-computador_neural.pdf.

[...] a mente é um sistema de órgãos de computação, projetados


pela seleção natural para resolver os tipos de problemas que nossos
ancestrais enfrentavam em sua vida de coletores de alimentos, em
especial entender e superar em estratégias os objetos, animais,
plantas e outras pessoas. [...] A mente é o que o cérebro faz;
especificamente, o cérebro processa informações, e pensar é um
tipo de computação (PINKER, 2000, p. 32).

5 A INTELIGÊNCIA HUMANA E AS TECNOLOGIAS


Para Steven Pinker (2000) a inteligência humana é decorrente da capacidade do
cérebro humano de interpretar e processar dados e informações. Assim, Pinker em suas
pesquisas compara o cérebro como um computador neural, que processa informações
que estão na forma de símbolos, e por sua vez o conteúdo é transmitido na forma de
padrões de conexão e de padrão de atividade dos neurônios (TIMM, 2004).

Os símbolos formados por esse mesmo cérebro-mente podem conter, além


da informação representacional, propriedades causais. Isso significa que contêm
informações e que simultaneamente tais informações fazem parte de uma cadeia de
eventos físicos, podendo assim gerar novas informações ou resultar em ações. Nesse
viés essas informações interpretadas e processadas pelo cérebro-mente humano podem

40
ser combinadas a outros dados, símbolos, já armazenados no cérebro, produzindo a
validação ou não de informações, ou por sua vez podem acionar redes conectados aos
músculos, resultando em movimento (TIMM, 2004).

Assim, percebemos como é complexa a computação mental. Ela viabiliza a


combinação de processamentos, para isso, possibilita, por exemplo, que um símbolo
processado, sob determinado conjunto de regras, inicie um evento mecânico. De acordo
com Timm (2004), isso também é o que ocorre com um computador. Como pensava
Alan Turing, em 1937, um processador seria capaz de ler símbolos, e operar ações a partir
de um conjunto fixo de regras (TIMM, 2004).

Nossa máquina racional deve sua racionalidade a duas propriedades


unidas uma à outra na entidade que denominamos símbolo: um
símbolo transmite informação e faz com que coisas aconteçam.
Quando as próprias coisas causadas transmitem informação,
chamamos todo o sistema de processador de informações ou
computador (PINKER, 2000, p. 78 apud TIMM, 2004, p. 2).

Alan Turing, considerado o pai da computação, na década de 1930, elaborou um


modelo teórico que seria responsável pela criação de conceitos como o algoritmo e o
desenvolvimento dos computadores modernos. Esse modelo ficou conhecido como a
Máquina de Turing, e escrevia e interpretava símbolos limitados em 0, 1 e conjunto vazio.
Esses símbolos ainda compõem basicamente a mesma estrutura das linhas de códigos
dos dias atuais (GALILEU, 2018).

De acordo com Timm (2004), a Máquina de Turing é uma espécie de computador


universal. Ela foi composta a partir da ideia de que qualquer cálculo poderia ser realizado
por uma máquina que siga instruções (programação, algoritmos), se assemelhando a
ideia de processamento neural de símbolos de Pinker.

FIGURA 17 - MÁQUINA DE TURING

FONTE: <https://s2.glbimg.com/TN-UfMlb4a_pVWXQMQaxaif9MFQ=/e.glbimg.com/og/ed/f/
original/2018/03/13/dx4mp8cw0aavtuz.jpg>.Acesso em: 17 jun. 2020.

41
INTERESSANTE
Inspirado pelo filme O Jogo da Imitação, 2015, direção de Morten
Tyldum, o entusiasta por tecnologia, Richard J. Ridel passou seis
meses desenvolvendo uma Máquina de Turing em madeira, em
um processo que envolveu tentativa e erro até o funcionamento
do dispositivo.

A partir de Alan Turing, vamos ter o surgimento dos computadores e da ciência


da computação e a discussão se uma máquina pode pensar, originando posteriormente
uma nova área do conhecimento denominada de Inteligência Artificial.

DICA
Para saber mais sobre inteligência artificial assista ao filme:

• Ex Machina: instituto artificial, 2014. Direção: Alex Garland.

42
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Racionalismo e Empirismo visam explicar a forma como os seres humanos adquirem


o conhecimento, porém elas têm filosofias fundamentalmente opostas.

• O racionalismo afirma que a fonte do conhecimento é a razão e o Empirismo alega


que é a experiência sensorial.

• A psicologia visa explicar o funcionamento da mente para construção do


conhecimento, estudo científico da mente e do comportamento humano.

• A partir da Psicologia alguns estudiosos objetivaram compreender a percepção


mental, como Predebon (2008) e Pinker (2000). No livro Como a mente funciona,
Pinker relaciona a evolução da mente humana com a teoria computacional, realizando
uma comparação com a combinação de processamento idealizado por Alan Turing.

43
AUTOATIVIDADE
1 Nesta unidade estudamos alguns aspectos relacionados ao funcionamento da
mente. Constatamos que a evolução tecnológica possibilitou o surgimento de novas
áreas na fronteira do conhecimento, possibilitando adentrar ao cérebro humano para
compreendermos o seu funcionamento, como a psicologia. A partir desse contexto
defina psicologia, e identifique seus principais ramos:

2 Pinker (2000) compara o funcionamento do cérebro humano a um computador


neural, processando informação. Nesse viés, reflita sobre o nosso atual contexto
tecnológico, em que a inteligência artificial se faz cada vez mais presente, e identifique
suas vantagens e desvantagens.

3 Conforme descrito nesta unidade, o estudo da psicologia inclui subcampos. Assim,


a partir dos distintos ramos da psicologia listados a seguir, relacione as colunas e
selecione a alternativa correta.

Ramos da
Descrição/Características
Psicologia

(1) Psicologia ( ) Estuda a estrutura do cérebro de acordo com com-


clínica portamentos. Pode estar relacionada avaliações de
registro de atividades elétricas celebrais, e a condi-
(2) Psicologia ções para desenvolvimento de lesões celebrais.
cognitiva ( ) Área de estudos sobre os processos mentais internos,
relacionados a resolução de problemas, memória,
(3) Neuropsicologia aprendizagem, entre outros.
( ) Está atrelada a como as transformações, evoluções
(4) Psicologia humanas interferem no comportamento humano.
evolucionária ( ) Analisa como as influências sociais podem interferir no
comportamento humano.
(5) Psicologia ( ) Relaciona ciência, teoria e prática para promover a
social adaptação e desenvolvimento pessoal.

a) ( ) 2 – 3 – 4 – 5 – 1.
b) ( ) 3 – 2 – 4 – 5 – 1.
c) ( ) 3 – 2 – 4 – 1 – 5.
d) ( ) 5 – 2 – 4 – 3 – 1.
e) ( ) 3 – 2 – 1 – 5 – 4.

44
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —
A MENTE HUMANA: CARACTERÍSTICAS
INDIVIDUAIS E INFLUÊNCIAS SOCIAIS

1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade iniciamos nossa trilha de aprendizagem abordando inicialmente
a definição e a evolução do termo conhecimento. Estudamos também os tipos de
conhecimento e suas visões distintas a cada momento da história. Nos dias atuais,
identificamos algumas teorias relacionando o conhecimento a sistemas computacionais.

Neste tópico, vamos estudar as características individuais e influências sociais


da mente humana, propulsoras de nossas ações, comportamentos e emoções. Vamos
também identificar os tipos de inteligências relacionados pelo psicólogo americano
Howard Gardner, sendo elas: Lógico-matemática, Linguística, Musical, Espacial,
Corporal-cinestésica, Intrapessoal, Interpessoal, Naturalista e Existencial.

Além das inteligências múltiplas, também vamos investigar os tipos de


inteligência cognitiva e emocional, suas habilidades, e relataremos a importância do
desenvolvimento das habilidades socioemocionais no contexto acadêmico.

Vamos começar este novo tópico? Bons estudos!

2 CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E INFLUÊNCIAS


SOCIAIS
Em 1994, o neurologista António Damásio publicou o livro O erro de Descartes,
emoção, razão e cérebro humano. Essa obra, de acordo com Tomaz e Giugliano (1997,
p. 407) demonstra que “as emoções são indispensáveis para a nossa vida racional”. As
emoções — sentimentos — tornam cada ser humano único, sendo elas (as emoções) as
principais responsáveis por cada comportamento emocional, nos diferenciado uns dos
outros (TOMÁZ; GIUGLIANO, 1997).

Assim, nossas ações, comportamentos e emoções são resultado não somente


do nosso cérebro, mas da interação entre o corpo, e a mente. Como diz Damásio (1994
apud TOMÁZ; GIUGLIANO, 1997, p. 407): “o corpo representado no cérebro constitui-se num
quadro de referência indispensável para os processos neurais que nós experienciamos
como sendo a mente”.

45
IMPORTANTE
O livro O erro de Descartes, emoção, razão e cérebro humano
lida com a teoria do dualismo mente/corpo proposto por René
Descartes. O erro de Descartes, segundo Damásio (1994), foi não
considerar que o cérebro não foi apenas criado por cima do corpo,
mas também a partir dele e junto com ele.

De acordo com Tomaz e Giugliano (1997, p. 408)

[...] através da análise sistemática de casos clínicos e da


experimentação neuropsicológica com animais de laboratório,
António e sua esposa Hanna nos mostram como as emoções são
indispensáveis na gênese e na expressão do comportamento.
De acordo com Damásio, a inter-relação entre as emoções e a
razão remontam à história evolutiva dos seres vivos. Durante a
evolução natural o estabelecimento de respostas comportamentais
adaptativas é moldado por processos emocionais e a escolha de
respostas em determinadas situações reflete o uso da razão. Ou seja,
o estabelecimento de repertórios adaptativos seria moldado pelas
emoções e a seleção de comportamentos no futuro determinados
pela razão.

Então, a partir do desenvolvimento da neurociência, descrita na obra de


Damásio (1994), percebemos que o conhecimento depende também dos aspectos
socioemocionais.

3 TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS


Na teoria das inteligências múltiplas, Howard Gardner (1994), psicólogo
americano, enfatiza que podemos encontrar nove tipos diferentes de inteligência
humana e que grande parte das pessoas possuem um ou dois tipos de inteligência
mais aguçada.

Os tipos de inteligência são:

46
QUADRO 7 – TIPOS DE INTELIGÊNCIA MÚLTIPLAS

TIPOS DE
DESCRIÇÃO
INTELIGÊNCIA
A capacidade de confrontar e avaliar objetos e abstrações, discernindo
Lógico- as suas relações e princípios subjacentes. Habilidade para raciocínio
matemática dedutivo e para solucionar problemas matemáticos. Cientistas possuem
esta característica.
Caracteriza-se por um domínio e gosto especial pelos idiomas e pelas
Linguística palavras e por um desejo em os explorar. É predominante em poetas,
escritores e linguistas.
Identificável pela habilidade para compor e executar padrões musicais,
executando pedaços de ouvido, em termos de ritmo e timbre, mas
Musical
também os escutando e discernindo-os. Pode estar associada a outras
inteligências como a linguística, espacial ou corporal-cinestésica. É
predominante em compositores, maestros, músicos e críticos de música.
Expressa-se pela capacidade de compreender o mundo visual com
precisão, permitindo transformar, modificar percepções e recriar
Espacial
experiências visuais até mesmo sem estímulos físicos. É predominante
em arquitetos, artistas, escultores, cartógrafos, geógrafos, navegadores e
jogadores de xadrez, por exemplo.
Traduz-se na maior capacidade de controlar e orquestrar movimentos do
Corporal-
corpo. É predominante entre atores e aqueles que praticam a dança ou os
cinestésica
esportes.
Expressa na capacidade de se conhecer, é a mais rara inteligência sob
domínio do ser humano pois está ligada a capacidade de neutralização
Intrapessoal
dos vícios, entendimento de crenças, limites, preocupações, estilo de vida
profissional, autocontrole e domínio dos causadores de estresse.
Expressada pela habilidade de entender as intenções, motivações e
desejos dos outros. Encontra-se mais desenvolvida em políticos, religiosos
Interpessoal
e professores, como por exemplo Mahatma Gandhi, John F. Kennedy e
Silvio Santos.
Traduz-se na sensibilidade para compreender e organizar os objetos,
Naturalista fenômenos e padrões da natureza, como reconhecer e classificar plantas,
animais, minerais. É característica de biólogos e geólogos, por exemplo.
Investigada no terreno ainda do “possível”, carece de maiores evidências.
Existencial Abrange a capacidade de refletir e ponderar sobre questões fundamentais
da existência. Seria característica de líderes espirituais e de pensadores
filosóficos.

FONTE: Adaptado de W-pós (2017)

Além da classificação das inteligências múltiplas, temos também a identificação


de dois grandes aspectos da inteligência: emocional e cognitiva.

47
4 INTELIGÊNCIA COGNITIVA X INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Os estudos sobre inteligência cognitiva e inteligência emocional sempre foram
realizados, mas com o lançamento do livro de Daniel Goleman, em 1995 denominado
“Inteligência emocional”, tal temática ganhou maior destaque. Daniel Goleman é
psicólogo e jornalista do The New York Times, e, em 2011 a partir de suas pesquisas sobre
ciência do cérebro, defendeu que existe uma grande limitação no nosso conhecimento
sobre como ocorre a maneira de pensar (EDUCADOR 360, 2018).

De acordo com EDUCADOR 360 (2018), esse livro, que foi um paradigma para
estudos sobre emoções, identifica dois tipos de inteligência.

QUADRO 8 – TIPOS DE INTELIGÊNCIA

Inteligência Emocional
Inteligência Cognitiva
Medida pelo Q.E. (quociente emocional),
Avaliada pelo Q.I (quociente de inteligência),
diz respeito a capacidade de compreender e
representa o nosso lado intelectual e de
lidar com as emoções tanto a nível pessoal,
raciocínio lógico.
quanto exterior.

FONTE: Adaptado de Goleman (2011)

Conforme especificado no Quadro 8, a inteligência cognitiva representa o lado


intelectual e de raciocínio lógico. Já a inteligência emocional corresponde à capacidade
de compreender e lidar com as emoções. A inteligência emocional ainda é dividida por
Goleman (2011) em uma estrutura de cinco pilares:

FIGURA 18 – PILARES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Autoconhecimento
emocional

Habilidades em
Controle
relacionamentos
emocial
interpessoais

Reconhecimento de
emoções de outras Automotivação
pessoas

FONTE: Adaptado de Goleman (2011)

48
Goleman (2011) também cita que essas duas inteligências são bem diferentes,
não existe correlação entre QI e empatia emocional. Eles são controlados por diferentes
partes do cérebro. Porém, de acordo com EDUCADOR 360 (2018), mesmo que tais
inteligências atuem em campos diferentes, eles se afetam entre si. Uma pessoa com
baixo nível de inteligência emocional enfrentara maior dificuldade de desenvolvimento
intelectual de forma plena. EDUCADOR 360 (2018) relata que “um exemplo comum é
quando alguém está tão nervoso para realizar uma prova, que não consegue pensar
com clareza e por isso se sai mal. Isso pode acontecer mesmo que haja alto nível de
conhecimento sobre o tema da avaliação” (EDUCADOR 360, 2018, s.p.).

Além disso, estudos indicam que alunos submetidos a um programa de ensino


baseado em habilidades socioemocionais, apresentam melhor desempenho nas áreas
de matemática, português e ciências naturais (EDUCADOR 360, 2018). A Inteligência
Emocional é considerada por muitas pessoas mais importante do que a Inteligência
Cognitiva, uma vez que além de envolver o indivíduo como um todo e pode ser aplicada
tanto na esfera profissional quanto pessoal (EDUCADOR 360, 2018).

Mas, quais são essas habilidades?

A partir da importância da Inteligência Emocional, EDUCADOR 360 (2018)


a identifica como um conjunto de habilidades socioemocionais, dividindo essas
habilidades em três grandes pilares:

FIGURA 19 - HABILIDADES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

FONTE: Adaptado de EDUCADOR 360 (2018)

49
• Habilidades emocionais: referem-se a como lidar com as próprias emoções a partir
das situações a que somos expostos no cotidiano. Representa habilidades como:
aprender a ganhar e a perder, aprender com os erros, desenvolver autoconfiança,
senso de autoavaliação e de responsabilidade.
• Habilidades sociais: englobam aspectos de como se relacionar com o mundo
externo e com as pessoas ao redor. Dizem respeito às capacidades de saber cooperar
e colaborar, lidar com regras, comunicar-se bem, resolver conflitos e atuar em
ambientes de competição saudáveis.
• Habilidades éticas: envolvem ações de como agir positivamente para o bem
comum. Respeito, tolerância e aceitação das diferenças são qualidades importantes
nessa área.

DICA
Leia mais sobre inteligência emocional em:

• https://www.sbcoaching.com.br/blog/inteligencia-emocional/.

Compreender sobre esses três pilares é fundamental para maior aperfeiçoamento


de tal inteligência, e para entender de que forma esses itens se influenciam entre si.
EDUCADOR 360 (2018) ressalta que muitas vezes pode acontecer de um lado ser mais
ressaltado que outro, por exemplo, alguém que tenha a habilidade da comunicação,
que diz respeito às habilidades sociais, pode expressar-se com coerência e clareza,
no entanto, se essa mesma pessoa não possuir habilidades éticas, sua comunicação
pode se tornar tendenciosa e manipuladora, a ponto inclusive de prejudicar as outras
pessoas.

Por isso, EDUCADOR 360 (2018) ressalta a importância em desenvolver todas


as áreas de habilidades socioemocionais de forma simultânea e equilibrada. Tais
habilidades, além do desenvolvimento pessoal, também dizem respeito sobre o impacto
que cada um pode gerar no mundo.

5 HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NA EDUCAÇÃO


Nas últimas décadas, pesquisas em torno das competências socioemocionais
ganharam importância e destaque no mundo inteiro. O surgimento do Paradigma do
Desenvolvimento Humano, proposto pelo PNUD — Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento —, na década de 1990, e a publicação do Relatório Jacques Delors,
organizado pela Unesco, foram primordiais para a necessidade e importância de uma
educação plena, considerando o ser humano em sua integralidade (MAMONE, 2018).

50
DICA
Você pode ter acesso ao relatório Jacques Delors, organizado
pela UNESCO, pelo link:

• https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000109590_por.

De acordo com Saarni (1999, p. 57 apud MAMONE, 2018, p. 2) competência


emocional é a “demonstração da eficácia pessoal nos relacionamentos sociais que
evocam emoção”. De acordo com Porvir (2014), essas habilidades podem ser praticadas
e ensinadas. Assim, PNUD identifica a educação como oportunidade central para
preparação e transformação de tais competências. O relatório da UNESCO, de acordo
com DELORS (2012), por sua vez, sugere um sistema de ensino fundado nos seguintes
pilares: (i) aprender a conhecer; (ii) aprender a fazer; (iii) aprender a ser; e (iv) aprender
a conviver.

FIGURA 20 – QUATRO PILARES PARA UM SISTEMA DE ENSINO

Aprender a conhecer Aprender a fazer

Sistema de ensino

Aprender a conviver Aprender a ser

FONTE: Adaptado de Delors (2012)

Assim, diversos especialistas começaram a analisar e definir quais são as


competências necessárias para aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser, e
aprender a conviver. Para isso, os estudos investigaram a relação entre desenvolvimento
socioemocional e desenvolvimento cognitivo. Além disso, investigaram também qual
é a relação entre ambos em diversos contextos de aprendizagem, como na escola,
família, comunidade, ambiente de trabalho, entre outros, e os diversos indicadores de
bem-estar ao longo da vida (PORVIR, 2014).

Recentemente, diversos autores investigam em como desenvolver as


competências socioemocionais nas escolas. A partir da importância do aprimoramento
de tais competências algumas organizações como a Organização para a Cooperação

51
e o Desenvolvimento Econômico — OCDE — passaram a realizar pesquisas para criar
conhecimento visando apoiar a elaboração de políticas e práticas para a promoção
dessas competências (PORVIR, 2014).

De acordo com Educador, o nosso sistema educacional prioriza ações para o


aprimoramento das habilidades cognitivas, relacionadas ao raciocínio intelectual. Desde
cedo, é incentivado o ensino de conhecimentos específicos, mas que não incluem áreas
de conhecimentos relacionadas a habilidades emocionais (EDUCADOR 360, 2018). Tais
habilidades são mais difíceis de mensurar, uma vez que atuam em campos subjetivos do
cérebro (EDUCADOR 360, 2018).

A metodologia vigente, no entanto, não acompanha as necessidades individuais e


do atual mercado de trabalho, relacionadas a esse outro pilar da inteligência que é tão ou
mais importante quanto as outras habilidades (EDUCADOR 360, 2018). As escolas e pais
têm grande responsabilidade visto que devem enxergar seus alunos e filhos como seres
humanos completos, e não capazes de assimilar apenas conhecimentos específicos.
Todavia, isso só será possível a partir do momento em que houver abertura para uma
aprendizagem inovadora, capaz de expandir a experiência do ensino em níveis mais
profundos e para além da sala de aula (EDUCADOR 360, 2018).

DICA
Você pode encontrar mais sobre as competências Gerais da BNCC em:

• http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base.

52
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• As emoções são indispensáveis para a nossa vida racional. São as emoções que
nos fazem únicos, é o nosso comportamento emocional que nos diferencia dos
outros. Assim, percebemos que o conhecimento depende também dos aspectos
socioemocionais, surgindo estudos sobre inteligência cognitiva e inteligência
emocional e suas subdivisões.

• As competências socioemocionais na educação, segundo especialistas, estão


intimamente conectadas com as chamadas soft skills (habilidades maleáveis, em livre
tradução), que compreendem um conjunto de características sociais, reguladoras e
comportamentais.

• A maior parte do sistema educacional foca nas habilidades cognitivas relacionadas


apenas ao raciocínio intelectual, uma vez que, diferente das métricas cognitivas que
podem ser medidas pelo Q.I (quociente de inteligência), as habilidades emocionais,
que são medidas pelo Q.E (quociente emocional), são mais difíceis de mensurar.

• A necessidade de inovação no processo de ensino e aprendizagem serve para


desenvolvimento e mensuração das habilidades emocionais.

53
AUTOATIVIDADE
1 A Inteligência Emocional é considerada por muitas pessoas mais importante do
que a Inteligência Cognitiva, visto vez que, além de envolver o indivíduo como um
todo, pode ser aplicada tanto na esfera profissional quanto pessoal (EDUCADOR 360,
2018). Assim, EDUCADOR 360 (2018), classifica essas habilidades em três grupos:
habilidades emocionais, habilidades sociais, e habilidades éticas. Com base na
importância de tais habilidades, relacione as colunas a seguir:

( ) Dizem respeito às capacidades de saber cooperar e


colaborar, lidar com regras, comunicar-se bem, resolver
conflitos e atuar em ambientes de competição saudáveis.
(1) Habilidades emocionais.
( ) Envolvem ações de como agir positivamente para o
bem comum.
(2) Habilidades sociais. ( ) Referem-se a como lidar com as próprias emoções a
partir das situações a que somos expostos no cotidiano.
(3) Habilidades éticas. Representa habilidades como: aprender a ganhar e a
perder, aprender com os erros, desenvolver autocon-
fiança, senso de autoavaliação e de responsabilidade.

2 Na teoria das inteligências múltiplas, Howard Gardner, psicólogo americano, enfatiza


que podemos encontrar alguns tipos diferentes de inteligência humana e que grande
parte das pessoas possuem um ou dois tipos de inteligência mais aguçada. Assim,
identifique as sentenças falsas (F), e as verdadeiras (V):

( ) Linguística traduz-se na maior capacidade de controlar e orquestrar movimentos do


corpo. É predominante entre atores e aqueles que praticam a dança ou os esportes.
( ) Lógico-matemática é a capacidade de confrontar e avaliar objetos e abstrações,
discernindo as suas relações e princípios subjacentes. Habilidade para raciocínio
dedutivo e para solucionar problemas matemáticos.
( ) Musical é identificável pela habilidade para compor e executar padrões musicais,
executando pedaços de ouvido, em termos de ritmo e timbre, mas também os
escutando e os discernindo.
( ) Intrapessoal expressa na capacidade de se conhecer, é a mais rara inteligência
sob domínio do ser humano, pois está ligada à capacidade de neutralização dos
vícios, entendimento de crenças, limites, preocupações, estilo de vida profissional,
autocontrole e domínio dos causadores de estresse.
( ) Interpessoal expressa na capacidade de se conhecer, é a mais rara inteligência
sob domínio do ser humano, pois está ligada à capacidade de neutralização dos
vícios, entendimento de crenças, limites, preocupações, estilo de vida profissional,
autocontrole e domínio dos causadores de estresse.

54
3 De acordo com Daniel Goleman (1995), existem dois tipos de inteligência. Identifique
quais são esses tipos de inteligências elencadas pelo autor, e descreva suas principais
características.

55
56
UNIDADE 1 TÓPICO 4 —
INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO NO DESIGN

1 INTRODUÇÃO
Agora que já compreendemos algumas questões relacionadas à construção dos
conhecimentos, suas teorias com base em períodos e culturas distintas, inteligência
e habilidades diversas, vamos continuar nossa trilha do conhecimento, inicialmente,
abordando criatividade, inovação e a relação entre design e inovação.

Para isso, iremos estudar como ocorre o processo de criatividade na prática,


suas perspectivas, e as etapas para o processo de criatividade.

Além disso, também investigaremos os termos: imitação, invenção e inovação,


e a transformação (modificação) do sentido desses termos a partir da evolução
tecnológica.

Também vamos abordar a inovação na ciência, o processo de evolução humana,


para então podermos relatar sobre a importância da inovação no design.

Vamos iniciar? Bons estudos!

2 O PROCESSO CRIATIVO NA PRÁTICA


Criatividade, em termos gerais, é caracterizada em indivíduos que têm ideias
úteis, expressam comportamentos diferentes dos demais, visando sempre à resolução
de problemas a partir de um novo olhar.

Na teoria, como vamos perceber, sua definição está vinculada, de acordo com
Pinheiro (2016), à originalidade e flexibilidade.

Na literatura, os modelos de criatividade abordam diferentes focos, como o


incentivo da criatividade nas pessoas; outros autores já dizem o contrário e enfatizam
a importância no processo de criação e, ainda, outros no produto, no ambiente de
trabalho, enfim, várias perspectivas distintas, com um ponto em comum a “criatividade”.

57
QUADRO 9 - PERSPECTIVAS SOBRE CRIATIVIDADE

Autores Perspectivas sobre criatividade


Dean Simonton Propôs que a mensuração e, por conseguinte, compreensão, desse
(1975) fenômeno deve basear-se em produtos e não em pessoas.
Mihaly Acredita que mais importante que a pessoa criativa ou que o produto
Csikszentmihalyi criativo, é o processo de criação, cerne da terceira linha teórica abordada
(1999) nesta revisão, a perspectiva sistêmica.
Retoma as definições operacionais baseadas no produto criativo,
inaugurando o quarto grande viés teórico da criatividade, a perspectiva
Teresa Amabile componencial. Para essa linha, considera-se um produto como criativo na
(1982) medida em que observadores apropriados concordam, independentemente,
quanto à sua criatividade, o que caracteriza a sua definição consensual
(AMABILE, 1983; PLUCKER; RENZULLI, 1999; RUNCO; SAKAMOTO, 1999).
Dá sequência à empreitada de Amabile conceituando igualmente, em
sua teoria integrativa da criatividade, esse fenômeno como um conjunto
Robert Sternberg
de fatores, porém, dá ênfase ao ambiente criativo. Sternberg (2006)
(2006)
compreende as pessoas criativas como aquelas capazes e dispostas a
“comprar barato e vender caro” novas ideias.
Uma nova proposta teórica voltada para a compreensão da problemática
criativa é o modelo geral da criatividade de Pinheiro (2009), que se fundamenta
nas teorias de processamento de distribuição paralela. Conforme esse
Pinheiro (2009) modelo, a criatividade é o resultado da integração matricial em rede de nós
semânticos, os quais podem assumir, complementarmente, configurações
retilíneas, dispersas, elípticas e paralelas, as quais caracterizam os padrões
de pensamento lógico, intuitivo, reflexivo e extrovertido, respectivamente.

FONTE: Adaptado de Pinheiro (2016)

Quando nos referimos à novidade, já a relacionamos ao termo “ineditismo”, algo


que não é frequente em nosso cotidiano. A criatividade, de acordo com Pinheiro (2016,
p. 51), “refere-se à percepção subjetiva de que há disparidade entre a realidade ideal
de alguém e a sua realidade factual, e que tal tensão requer ação corretiva por meio
alterações ambientais, ao invés de adaptações pessoais”.

FIGURA 21 – MODELO GERAL DA CRIATIVIDADE

FONTE: Pinheiro (2016, p. 50)

58
De acordo com Pinheiro (2016), existem duas dinâmicas divulgadas para o
processo criativo. Uma dinâmica ocorre em duas etapas, proposta por Campbell (1960
apud PINHEIRO, 2016, p. 51), sendo elas: a) variação cega, na qual se gera ou se encontra
alguma novidade e b) retenção seletiva, na qual se filtra a novidade de acordo com
algum parâmetro de utilidade.

A outra dinâmica é composta por quatro etapas, proposta por Wallas (1926 apud
PINHEIRO, 2016, p. 51) é descrita a seguir:

• preparação, na qual se obtém as informações necessárias para se


trabalhar com algum problema;
• incubação, na qual se opera o processamento paralelo dessas
informações pela retirada do foco de atenção do problema;
• iluminação, na qual se realiza a associação por fusão das informações
pertinentes;
• verificação, na qual se testa e se refina os produtos da etapa anterior.

FIGURA 22 – DINÂMICA PROPOSTA POR WALLAS (1926)

FONTE: Adaptado Pinheiro (2016)

De acordo com Pinheiro (2016, p. 51), “na prática do design, Clinton e Hokanson
(2012) apontam que esse mesmo processo de quatro etapas é sempre desencadeado
pela detecção de algum problema a ser resolvido e que ele é recorrente nos estágios de
análise, desenvolvimento, implementação e avaliação de projetos”.

Após a etapa de avaliação, os designers decidem entre avançar o projeto, ou


iterar um novo ciclo do processo criativo, sendo que para aumentar a fluidez, é comum a
criação de ambientes que valorizam a inovação, com várias referências visuais expostas
pelo espaço (PINHEIRO, 2016).

Com base na importância de processos colaborativos para a criatividade, é


essencial uma estrutura e ambiente de trabalho que favoreça a diversidade, e práticas
de comunicação aberta, competição igualitária e da independência de julgamento
(PINHEIRO, 2016).

59
NOTA
O processo criativo se configura como um passo a passo que algumas
pessoas seguem e que todos nós podemos elaborar o nosso próprio e
segui-lo, com o objetivo de estimular a criatividade em nossa mente e
aplicá-la nos mais diversos âmbitos da vida.

FONTE: https://www.ibccoaching.com.br/portal/comportamento/
processo-criativo-entendendo-conceito-importancia-desenvolvimento/.

3 IMITAÇÃO, INVENÇÃO E INOVAÇÃO


Quando falamos em inovação, um nome surge em nossa mente: Joseph
Schumpeter, considerado pai da inovação. De acordo com Pinheiro (2016), ele
revolucionou o campo da economia, mudando a dinâmica dos mercados. Mas quando
falamos em inovação, surgem dúvidas sobre invenção e imitação.

Assim, Godin (2008 apud Pinheiro 2016, p. 54) visa compreender tais conceitos,
voltando-se inicialmente para o entendimento da imitação e da invenção e a própria
existência da inovação.

Enquanto para o dualista Platão a imitação consistia das imagens


ou das demais sensações imperfeitas que os seres humanos são
capazes de apreender sobre a verdade ou a realidade ideal dos
deuses, para o monista Aristóteles a imitação referia-se às práticas
que, de alguma forma, buscavam copiar ou reproduzir a natureza. Tais
concepções, apesar de fundamentalmente distintas, atribuem valor
ético e estético similar ao ato da imitação, especialmente a artística,
o qual era engrandecido conforme a qualidade da interpretação
individual e dos artifícios empregados para a imposição da verdade
ou da natureza ao meio artificial.

Pinheiro (2016) também enfatiza que a inovação valoriza o empreendedor como


indivíduo e o termo invenção, refere-se à articulação de uma ideia, de um argumento
ou de um fato para convencer ou persuadir os outros. A inovação é vista como uma
força propulsora da sociedade, a capacidade de combinar ou interpretar, diferentes
elementos da natureza.

4 INOVAÇÃO NA CIÊNCIA
Desde os primórdios, na evolução da espécie humana, nós identificamos o
desenvolvimento da observação, criatividade e inovação, possibilitando a diferenciação
da espécie humana do seus ancestrais primatas. Assim, o ser humano começou a
aprimorar a capacidade de compreensão do mundo ao seu redor, e criar ferramentas e
estratégias para sobrevivência (OLIVA; SILVA, 2012).

60
FIGURA 23 – EVOLUÇÃO HUMANA

FONTE: <https://veja.abril.com.br/saude/o-papel-da-carne-na-evolucao-humana/>. Acesso em: 25 jun. 2020.

Conhecer e aplicar criatividade, e o conhecimento até então adquirido pela


vivência e observação contribuíram para evolução da nossa espécie humana. Podemos
citar, como exemplo, a criação e domínio de tecnologias agrícolas, e de produção de
metais, que possibilitam a colonização humana (OLIVA; SILVA, 2012). O avanço social
e a divisão de trabalho proporcionaram o desenvolvimento de grupos e indivíduos
dedicados à criação de conhecimento, dando início à ciência moderna, vital para
o desenvolvimento, econômico, social e tecnológico (OLIVA; SILVA, 2012). Assim, a
busca constante por novos conhecimentos científicos, promoveu, e ainda promove, o
desenvolvimento tecnológico, social e econômico (OLIVA; SILVA, 2012).

QUADRO 10 – LINHA DO TEMPO DAS INOVAÇÕES

Período Inovação
1,6 milhão Pedra Lascada como instrumento
Aproximadamente 70 mil a.C. Fogo
500 a.C. Aquedutos
1769 Motor a vapor
1879 Lâmpada elétrica
1886 Carro
1906 Avião
1928 Penicilina
1969 Arpanet
1976 Microcomputador Apple
2012 iPhone 5

FONTE: Adaptado de <http://s3.amazonaws.com/cdn.infografiaepoca.com.br/768inovacoesTimeline/


images/inovacoesBase.jpg>. Acesso em: 17 jun. 2020.

Constamos, então, que ciência e inovação são as duas faces de uma mesma
moeda e constituem a força propulsora maior do avanço da humanidade ao longo de
toda a sua história (OLIVA; SILVA, 2012).

61
DICA
Conheça a linha do tempo das inovações, acessando o
endereço: http://s3.amazonaws.com/cdn.infografiaepoca.
com.br/768inovacoesTimeline/images/inovacoesBase.jpg.

A partir da área de ciências, Benz (2014) considera área de humanas e áreas de


design como outras duas culturas. O design tem um modo particular de ver, de conhecer
e, principalmente, de descobrir coisas, sendo, de certo modo, distinto das diferentes das
disciplinas ligadas à área das ciências ou as ligadas à área das humanas, conforme
descrito no Quadro 11.

QUADRO 11 – AS TRÊS CULTURAS DO CONHECIMENTO

Ciências Humanas Design


O fenômeno Mundo feito pelo
O mundo natural Experiência humana
de estudo homem
Controle,
Os métodos Analogia, metáfora Modelagem, criação
experimentação,
apropriados crítica, avaliação de pattern, síntese
classificação, análise
Objetividade, Subjetividade, Praticidade,
racionalidade, imaginação, engenhosidade,
Os valores neutralidade e uma compromisso e uma empatia, e uma
preocupação com a preocupação com a preocupação com a
“verdade” “justiça” “adequação

FONTE: Cross (1982, p.221-222 apud BENZ, 2014, p. 57)

O design tem como foco de estudo o mundo criado e transformado pelo


homem, utilizando como métodos a modelagem, planejamento e a síntese. Além
disso, seus principais valores são a praticidade, engenhosidade, empatia e adequação.
Todavia, devido não conseguir dividir o sujeito do objeto, uma vez que seu foco está
nas transformações realizadas pelo ser humano no mundo, o design acaba não se
enquadrando na área de conhecimento puramente científico (BENZ, 2014).

62
DICA
Dica de filmes e séries sobre design:

• A invenção de Hugo Cabret, 2012, direção de Martin Scorsese.


• Abstract: the art of design, 2017, documentário exibido pelo Netflix.
• Logorama, 2010, curta-metragem dirigido por Ludovic Houplain, François
Alaux, Hervé de Crécy.

5 INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO EM DESIGN


Além desses termos e de acordo com a importância da inovação para esta
área, nos perguntamos o que é design e qual sua relação com inovação? Designer é
definido por Moura (2019, p. 25 ) “como uma atividade de planejamento e concepção de
estratégias com o intuito de atender demandas e oportunidades”.

De acordo com Mota (2008), o design envolve o planejamento, seleção de


pensamentos e valores, e é responsável pelas relações entre as pessoas e a sociedade.
O termo design foi potencializado na era industrial, e, a partir das transformações e
avanços tecnológicos, ganha cada vez maior destaque.

Mota (2008, s.p.) enfatiza que a conceituação de design é complexa, na qual vários
fatores influenciam: “as condições de produção, as ideias do designer, as determinantes
tecnológicas, contexto cultural, e até a situação política do país pode influenciar
diretamente o modo como este será produzido”. Assim, Pinheiro (2016) constata que
a capacidade de inovação é um dos aspectos mais exaltados e fundamentais para
diversas áreas incluindo o design. O design comporta um “amplo conjunto de atividades
que são voltadas para o planejamento e o desenho de procedimentos, as especificações
técnicas e outras características funcionais de uso para novos produtos e processos”
(OCDE, 2006, p. 108 apud MOURA, 2019, p. 30).

Em consonância entendemos, então, que o design e a inovação


caminham lado a lado, uma vez que, em termos gerais, o sucesso do design depende
primordialmente de inovação, transformando também a sociedade, e possibilitando
o progresso das organizações (MOURA, 2019). Além disso, no design, a inovação é
essencial, uma vez que contribui para enfrentar as incertezas de projetos elaborados
com problemas estruturais, e torna-se, também, um diferencial, garantindo maior
competitividade aproximando a tecnologia dos usuários finais.

63
FIGURA 24- RELAÇÃO DESIGN E INOVAÇÃO

Design Inovação

FONTE: O autor

Podemos confirmar que inovar é uma necessidade constante na profissão do


design, uma vez que é considerado responsável pela ligação do produto (indústria)
até o consumidor. Todavia, de acordo com Pinheiro (2016), o profissional de design
enfrenta comportamentos de resistência da sociedade, e também hábitos conflitantes,
prioridades, orientações entre outros obstáculos. Responsável entre a ligação do
produto (indústria) até o consumidor, o designer contribui para a diferenciação entre os
concorrentes, tornando-se fundamental para:

Inovação em processos, produtos ou em comunicação com o


cliente, e posicionamento da imagem, o resultado esperado será
sempre orientado para a diferenciação perante os concorrentes para
a distinção entre vários; e a participação de um designer se torna
fundamental em todos esses cenários (MOTA, 2008, s.p.).

QUADRO 12 – ENTRADAS NO PROCESSO DE INOVAÇÃO NO SEGMENTO DE DESIGN

Entrada Conceitos Autores


A inovação relaciona-se com o conhecimento contido
Bertola e Teixeira
na interação entre os indivíduos e produtos, as rotinas
(2002).
e práticas formalizadas por indivíduos e grupos.
O trabalho desenvolvido com os usuários reduz tempo, Ravasi e Stigliani
Clientes custos e riscos. (2012).
(Usuários)
Bons resultados do design são decorrentes da
Sunley et al., (2008)
combinação entre a funcionalidade do produto e as
Best, K. (2010).
necessidades e as expectativas dos usuários.
Os gerentes desempenham um papel fundamental no Ravasi e Lojacono
processo de design. (2005).
Práticas deliberativas e sistemáticas na empresa
Petre (2004) Salter e
promovem a inovação tais como conversas face-a-face
Gann (2003), Sunley
com outros designers, trabalhar com outras pessoas e a
et al., (2008).
Organização experiência anterior.
Um ambiente virtual e um baixo nível de comunicação Leenders, Van
centralizada influenciam na criatividade das equipes de Engelen e Kratzer
desenvolvimento de produtos. (2003).

64
A principal contribuição do conhecimento da rede é a
Bertola e Teixeira
troca contínua de descobertas, um dos componentes
Rede do (2002), Sunley et
fundamentais para fomentar a inovação. Envolver
cliente al., (2008), Ravasi e
os fornecedores dentro do processo ajuda no
Stigliani (2012).
desenvolvimento eficaz do design.
Verganti e Dell’era
Rede do
A inovação depende da diversidade trazida pelos (2010), Ravasi e
escritório
designers. Envolver outros designers dentro do processo Stigliani (2012), Salter
(designers
ajuda no seu desenvolvimento eficaz. e Gann (2003) Sunley
externos)
et al., (2008).

FONTE: López (2015, p. 44)


Assim, López (2015) cita como características para influenciar na inovação:
empatia com os usuários; a multiplicidade possibilitando a mistura de diferentes
disciplinas e culturas; a intuição, palpite; a implementação de prototipagem; tentativas
e erros; inovar, apostar em novas ideias; trabalhar com pessoas com idades e culturas
distintas. López (2015) enfatiza que essas fontes podem gerar inovação no processo
de design.

65
LEITURA
COMPLEMENTAR
IMITAÇÃO INVENÇÃO E INOVAÇÃO

Igor Reszka Pinheiro


Eugênio Nadrés Díaz Merino
Leila Amaral Gontijo

É costume referir-se a J. Schumpeter como o pai da inovação e, destarte, como


o primeiro expoente desse fenômeno (GODIN, 2008- 2012; HOSPERS, 2005). Apesar de
ser verdade que em uma série de trabalhos (Schumpeter, 1912-1928-1947) ele, sozinho,
revolucionou o campo da economia, mudando o seu foco do equilíbrio para a dinâmica
dos mercados, não é sensato deixar de reconhecer aqueles que o precederam, sobretudo
porque isso enviesaria a compreensão ontológica e epistemológica da própria inovação.

Sendo assim, conforme sugere Godin (2008), esta revisão volta-se inicialmente
para o entendimento da imitação e da invenção, conceitos que fundamentam a
genealogia e, por conseguinte, a própria existência da inovação.

Uma vez que a tradição filosófica oriental concebe a própria realidade como
uma entidade cíclica e harmônica, sem início e sem fim, as primeiras contribuições
ontológicas no que diz respeito ao conceito de imitação, até onde os registros escritos
permitem saber, estão presentes na cultura grega (Albert & Runco, 1999).

Enquanto para o dualista Platão a imitação consistia das imagens ou das


demais sensações imperfeitas que os seres humanos são capazes de apreender sobre
a verdade ou a realidade ideal dos deuses, para o monista Aristóteles a imitação referia-
se às práticas que, de alguma forma, buscavam copiar ou reproduzir a natureza. Tais
concepções, apesar de fundamentalmente distintas, atribuem valor ético e estético
bastante similar ao ato da imitação, especialmente a artística, o qual era engrandecido
conforme a qualidade da interpretação individual e dos artifícios empregados para a
imposição da verdade ou da natureza ao meio artificial (GODIN, 2008).

Neste período, a imitação, então, em nada era considera pejorativa, uma vez que
ela possibilitava não somente o próprio aprendizado a respeito do mundo físico por meio
da experimentação, mas também o barateamento dos bens de consumo, a aquisição
de novas tecnologia alheias e, em geral, a difusão de boas práticas (GODIN, 2008). Nisso,
percebe-se que os critérios utilizados para se avaliar as imitações no decorrer da história
não necessariamente dizem respeito à proximidade entre os objetos verdadeiros e seus
representantes (fidedignidade), mas sim à capacidade que a mímica tem de sensibilizar

66
um ou mais indivíduos, cujas opiniões passam a incentivar tal reprodução (utilidade).
Destarte, a imitação, em certos aspectos, até hoje é indistinguível da inovação, já
que ambas consistem da adoção e da posterior multiplicação de novas tendências
sociais, sejam elas hábitos de consumo, técnicas expressivas, concepções políticas ou
científicas, práticas culturais ou estratégias empresariais.

A diferença essencial que resta entre a inovação e a imitação, todavia, é a


valorização do elemento individual que deu início à referida dinâmica social. Enquanto
no conceito de inovação reconhece-se e valoriza-se o empreendedor como indivíduo
essencial e, portanto, central no sistema social, no conceito de imitação relega-se ao
reprodutor o papel de artífice geral, o qual é passível de substituição estrutural (GODIN,
2008; MEHEUS; NICKLES, 1999). Surge, então, daqueles envolvidos em qualquer tipo
de tarefa voltada para a mudança social (arte, ciência, política, comércio, guerra etc.), a
necessidade de se proteger da indiferença cultural por meio da exaltação do elemento
individual, o que ocorre, no século XIV, pela difusão do antigo termo invenção para
designar as mesmas práticas interpretativas das até então chamadas de imitação
(GODIN, 2008-2012).

O termo invenção, originário da clássica arte da retórica, não pôde, porém, ser
considerado um mero substituto da palavra imitação, pois, ao conferir identidade às
forças motrizes da sociedade, ele adentrou no domínio do deus criador cristão. A palavra
invenção, então, apesar de primordialmente referir-se à articulação de uma ideia, de um
argumento ou de um fato para convencer ou persuadir os outros, enviesou-se para o
simples ato de criação ex nihilo (DE MASI, 2003). Nisso, a vertente monista predominante
no contexto da imitação, este estruturado em um sistema social fechado, perdeu o seu
lugar para a vertente dualista no contexto da invenção, uma vez que a própria concepção
da absoluta novidade requer o acesso a outra dimensão da realidade. Tal perspectiva
romântica da invenção perdura até os dias de hoje em algumas concepções a respeito
da criatividade, as quais se sustentam em explicações de genialidade, inspiração, sorte
ou dotação (PINHEIRO; CRUZ, 2009). Com o advento do empirismo de Francis Bacon
no século XVII, a ciência, contudo, ganhou força por seu caráter utilitário e, finalmente,
a prática de explicitar um determinado uso ou interpretação da natureza, inclusive
nas artes e nas humanidades, passou a ser compreendida prioritariamente como uma
questão de reconhecimento social (ALBERT; RUNCO, 1999). Conforme Godin (2008), o
marco que melhor sinaliza a transformação da ideia de invenção, da noção de divina
criação para o reconhecimento de uma descoberta em um dado campo de atuação,
é o início da concessão de patentes nominais aos novos produtores de tecnologias
funcionais. Neste momento histórico, o termo invenção, mesmo afastado de suas
concepções exotéricas, não se aproxima, porém, novamente da imitação, pois esta é
tomada arbitrariamente como sua antítese no processo de registro legal.

A diferenciação entre invenções e imitações pode ser considerada arbitrária, não


somente no sistema jurídico, mas também em qualquer outra área do conhecimento,
sobretudo nas mais complexas, pois o critério último para a atestar a originalidade

67
de um produto ou de uma ideia é o reconhecimento subjetivo de profissionais pares
(AMABILE, 1982; CSIKSZENTMIHALYI, 1996). Tal procedimento, mesmo obedecendo
à rigorosa metodologia científica, ainda é limitado à expertise dos avaliadores, ao
limiar de descontinuidade adotado por eles e, principalmente, aos seus interesses
individuais (NAGEL, 2001; SIMONTON, 1991). Desse modo, em última instância, o termo
invenção caracteriza-se apenas como o objeto físico ou conceitual capaz de oferecer
reconhecimento formal a um indivíduo que promove, de alguma forma, a descontinuidade
em seu sistema social. Isso é coerente com o modelo de propulsão de Sternberg (1999),
no qual um organismo individual ou coletivo qualquer pode alterar a inércia de seu
sistema, basicamente, de sete diferentes maneiras: replicação; redefinição; incremento;
incremento progressivo; redirecionamento; reconstrução e; reinicialização.

Tais mudanças sociais, mesmo sem possuírem igual formalização, foram


justamente o objeto de estudo das primeiras teorias sociológicas e antropológicas
de cunho evolucionista, incluindo a primeira teoria sobre a inovação, que é atribuída
a Gabriel Tarde (MOLDASCHL, 2010). Tarde, como a maioria dos outros sociólogos do
século XIX, não estava, porém, interessado no processo de inovação propriamente dito,
mas sim no de difusão ou mudança cultural. Em seu trabalho, a inovação consistia
apenas da proposição de novidades, as quais obtinham sucesso cultural na medida em
que eram imitadas em detrimento de outras invenções concorrentes (GODIN, 2008).
Desde o seu primeiro tratado, a inovação, então, é vista como uma força propulsora
da sociedade, a qual emerge da capacidade individual de combinar ou interpretar, em
tempo certo, diferentes elementos da natureza que passam a ser adotados, em função
de sua utilidade, por todo um grupo de pessoas. Tal conceituação, apesar de bastante
abrange, difere-se da imitação, cuja essência é a difusão social, e da invenção, cujo foco
é a propulsão social, ao posicionar-se de maneira clara como a dialética existente entre
o processo de invenção e o processo de imitação. Este terceiro processo, o de inovação,
caracteriza-se, portanto, como o mediador entre a oferta individual e a demanda social,
especialmente pelo recurso à eficiência empresarial (GILBERT; BIRNBAUM-MORE, 1996).

Sobre esta base conceitual, iniciam-se os modelos da inovação desenvolvidos


pelas ciências econômicas, de onde finalmente emerge a figura de J. Schumpeter.
Segundo esse autor (1928), as invenções tecnológicas levavam às inovações
empresariais, as quais, por sua vez, eram difundidas e geravam lucros reais. Ao contínuo
e múltiplo processo de invenções, inovações e difusões foi dado o nome de “destruição
criativa”, uma vez que as novidades mais eficientes sempre ganham espaço no
mercado pela queda de seus concorrentes (FOSTER; KAPLAN, 2002). Outros modelos
posteriores ao seu, porém, propõem que a força motriz da inovação é a demanda social,
o barateamento dos custos de produção, as tendências sociais amplas, a quantidade
de informação dos consumidores, as alianças estratégicas ou, mesmo, a integração
extensiva dos sistemas hierarquicamente superiores e inferiores de uma empresa
(GREENACRE, GROSS; SPEIRS, 2011; TIDD, 2006).

68
A visão conjunta de todos os modelos da inovação permite a compreensão
desse processo como a profunda integração de inúmeros atores, tanto internos
quanto externos às empresas, com a intenção de gerar desenvolvimento econômico
sustentável por toda a rede de relações (TIDD, 2006). O processo de inovação, então,
por fim, torna-se conceitualmente um mecanismo de homeostase social que equilibra
os interesses e as necessidades individuais através da sua reorganização estrutural,
sempre que houver a percepção de mudanças ambientais. Para promover a integração
entre a miríade de conceitos apresentados, a seguir descreve-se o método empregado
para estruturar uma definição única e compreensiva da inovação no campo do design.

FONTE: PINHEIRO, I. R.; MERINO, E. A.; GONTIJO, L. A. Sobre a definição de inovação em design: o uso da
análise de redes para explorer conceitos complexos. Revista Brasileira de Design da Informação,
São Paulo, v. 12, n. 3, p. 357-375, 2015. p. 359 à 362. Disponível em: https://www.infodesign.org.br/
infodesign/article/download/362/251. Acesso em: 17 jun. 2020.

69
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A criatividade é caracterizada em indivíduos que têm ideias úteis, e que sempre visam
à resolução de problemas a partir de um novo olhar, sendo identificado por alguns
autores como Campbell (1960) e Wallas (1926) algumas dinâmicas e etapas para o
processo criativo como: variação cega e retenção seletiva; preparação, incubação,
iluminação e verificação.

• Os conceitos imitação, invenção e inovação possuem significados distintos, mas


que de certa forma interagem entre si, uma vez que uma imitação com alterações
positivas gera uma invenção, e tornar essa invenção em algo novo gera a inovação.

• A relação entre inovação e a ciência são importantes para o processo de evolução


humana, possibilitando a criação do conhecimento, e seu aprimoramento.

• A inovação no design é essencial, e que as principais características para influenciar na


inovação no processo de design de acordo com López (2015) são: a empatia com os
usuários; a multiplicidade possibilitando a mistura de diferentes disciplinas e culturas;
a intuição, palpite; a implementação de prototipagem; tentativas e erros; inovar,
apostar em novas ideias; trabalhar com pessoas com idades e culturas distintas.

70
AUTOATIVIDADE
1 De acordo com Pinheiro (2016), existem duas dinâmicas para o processo criativo.
Uma é dividida em duas etapas: variação cega, e retenção seletiva (CAMPBELL, 1960),
e outra composta por quatro etapas, proposta por Wallas (1962): preparação, incubação,
iluminação e verificação. A partir de tais etapas relacione as colunas a seguir:

( ) Obtém as informações necessárias para se trabalhar com


(1) Variação cega. algum problema.
(2) Retenção ( ) Realiza a associação por fusão das informações pertinentes.
seletiva. ( ) Gera ou se encontra alguma novidade.
(3) Reparação. ( ) Testa e se refina os produtos da etapa anterior.
(4) Incubação. ( ) Opera o processamento paralelo dessas informações pela
(5) Iluminação. retirada do foco de atenção do problema.
(6) Verificação. ( ) Filtra a novidade de acordo com algum parâmetro de utilidade.

2 Neste tópico, identificamos qual é a importância da inovação em nosso contexto


histórico, e podemos verificar que existe uma relação direta entre inovação e design.
Com base nessa afirmação, descreva qual é a relação entre design e inovação?

3 De acordo com Moura (2005), o design e a inovação caminham lado a lado, sendo
a inovação uma constante necessidade do profissional de design. A partir do que
aprendemos até aqui, cite as principais características que podem influenciar o
processo criativo:

71
72
UNIDADE 2 —

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• analisar os significados e definições dos termos criatividade e inovação;

• compreender as principais teorias da criatividade;

• conhecer as principais classificações da inovação;

• refletir sobre as principais características das pessoas criativas e a importância da


motivação nesse processo.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – MODELOS E FERRAMENTAS DA CRIATIVIDADE

TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA INOVAÇÃO

TÓPICO 3 – CARACTERÍSTICAS DA CRIATIVIDADE E A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

73
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

Acesse o
QR Code abaixo:

74
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
MODELOS E FERRAMENTAS
DA CRIATIVIDADE

1 INTRODUÇÃO
Os termos Criatividade e Inovação estão cada vez mais frequentes e presentes
em nosso cotidiano. Com base na importância desses termos, vamos abordar seus
conceitos e suas relações com a criação de novos conhecimentos. Vamos investigar,
também, como ocorre o processo de criatividade na nossa mente por meio do modelo
de pensamento vertical e lateral identificado por Bono (1995).

A partir dessa percepção mental, entenderemos qual é a importância dos fatores


externos no processo de criação de novas ideias das principais teorias identificadas na
literatura: Teoria de Investimento em Criatividade de Sternberg e a Teoria Componencial
de Criatividade de Amabile.

Trataremos do processo de criatividade, analisando algumas ferramentas


elaboradas para incentivar a criação de novas ideias como: Brainstorming, Benchmarking,
Design Thinking, Brainwriting, Business Model Canvas, Mapa mental e SCAMPER.

Vamos lá?

Bons estudos!

2 EM BUSCA DO CONCEITO DE CRIATIVIDADE


Para dar continuidade aos nossos estudos, primeiramente, é necessário ter bem
definido o conceito, o significado de criatividade. Se analisarmos a literatura, nós vamos
encontrar inúmeras pesquisas que conceituam este termo. Na visão de Baer (2012), a
criatividade pode ser considerada como a primeira etapa do processo de inovação, pois
está relacionada ao desenvolvimento de ideias que são novas e úteis. Uma inovação
pode ser considerada o resultado de uma ideia criativa após sua implementação. Devido
a essa possível relação entre “criatividade” e “inovação”, muitas vezes os dois termos são
utilizados erroneamente como sinônimos.

Coconete et al. (2003) por sua vez, afirma que a criatividade é um processo
que consiste de quatro estágios principais: (1) preparação; (2) imaginação; (3)
desenvolvimento; e (4) ação.

75
FIGURA 1 – QUATRO ESTÁGIOS DO PROCESSO DE CRIATIVIDADE

FONTE: Coconete et al. (2003)

Já na visão de Datta (2007), é necessário agregar ao conceito de criatividade


uma variável considerada importante, o conhecimento. Para este autor, a criatividade
é o primeiro passo na direção da mobilização e aplicação do conhecimento, definindo
criatividade como sendo o princípio de uma nova ideia ou perspectiva derivada de uma
dada base de conhecimento.

FIGURA 2 – MODELO PROPOSTO POR DATTA

Dados

Inovação Informação

Criatividade Conhecimento

FONTE: Adaptado de Datta (2007)

Neste modelo, os agentes identificados contribuem para otimizar o conhecimento,


transformações, isto é, dados em informação, informação em conhecimento,
conhecimento em criatividade, criatividade em inovação e, finalmente, a difusão da
inovação em dados. É um ciclo de conhecimento dirigido por agentes criação, uso e
reutilização (DATTA, 2007). Os agentes de criatividade estimulam a criatividade a partir
do conhecimento e sintetizam ideias criativas. Já os agentes de inovação transformam
ideias criativas em inovação, empurrando conceitos viáveis ​​para o pipeline de inovação
à medida que o produto ou processo avança (DATTA, 2007).

76
Jessop (2002) acrescenta que a criatividade não é um conceito mágico, é apenas,
o exercício de habilidades de alto nível já classificadas pela literatura científica: análise,
síntese e avaliação. Assim, tem-se que a criatividade é um processo de transformação
de conhecimento e ideias prévias em uma ideia inovadora que, em si, constitui um
novo conhecimento. O autor enfatiza que o pensamento é o processo intelectualmente
disciplinado de conceituar, aplicar, analisar, sintetizar e/ou avaliar informações ativamente
e habilmente coletadas de — ou geradas por — observação, experiência, reflexão, raciocínio
ou comunicação, como um guia para crença e ação. Nesse viés, Jessop (2002) infere que
o pensamento crítico abre o caminho do processo criativo.

FIGURA 3 - FATORES PARA CONSTRUÇÃO DE UM NOVO CONHECIMENTO

Análise

Jessop (2002)

Avaliação Síntese

FONTE: Adaptado de Jessop (2002)

ATENÇÃO
Cabe destacar que criatividade e inovação podem estar relacionadas como
vimos no decorrer desta unidade, mas possuem conceitos distintos! Vamos
ver essa questão de forma mais detalhada no Tópico 2.

A criatividade pode ser aprimorada com o tempo, sendo necessária muita


dedicação e trabalho duro. Claro que em cada pessoa o desenvolvimento é diferente,
uma vez que algumas habilidades são mais aguçadas que outras. Quando ouvimos a
palavra criatividade, muitas vezes, nossa imaginação a relaciona com pessoas tendo
insights, ou algo parecido.

77
FIGURA 4 – INSIGHT

FONTE: <https://definicao.net/wp-content/uploads/2019/05/insight-3.jpg>. Acesso em: 18 jun. 2020.

Os insights surgem da chamada habilidade sintética produzida por meio da


inteligência, um dos fatores da Teoria do Investimento de Sternbeg, que será descrita
mais à frente.

Por traz de uma grande ideia existem várias outras, assim, Jessop (2002) enfatiza
que o novo conhecimento decorre da combinação do conhecimento já existente (ideias
prévias), com novas ideias. Para isso, em um primeiro momento, é necessário identificar
e esclarecer um problema (JESSOP, 2002).

FIGURA 5 – NOVO CONHECIMENTO

FONTE: Adaptado de Jessop (2002)

A seguir, listamos as principais definições encontras na literatura sobre criatividade.

78
QUADRO 1 – DEFINIÇÕES DO TERMO “CRIATIVIDADE”

AUTORES CONCEITO – DEFINIÇÃO


A criatividade é um conceito relativo, os produtos são
Alencar e Fleith
considerados criativos somente em relação a outros em um
(2009, p. 13)
determinado momento da história.
A criatividade implica a emergência de um produto novo,
Alencar e Fleith
seja uma ideia, uma invenção original, seja a reelaboração e
(2009, p. 13, 14)
aperfeiçoamento de produtos ou ideias já existentes.
Criatividade não é uma lâmpada na cabeça, como muitos
Richard Snow (1947) desenhos animados a representam. É uma conquista nascida
de intenso estudo, longa reflexão, persistência e interesse.
Criatividade é a capacidade de encontrar respostas inusitadas,
Joy Guilford (1986)
as quais se chega por associações muito amplas.
Criatividade é qualquer ato, ideia ou produto que muda um
M. Csikzentmihalyi
campo já existente, ou que transforma um campo já existente
(1996)
em outro novo.
É o processo de mudança, de desenvolvimento, de evolução,
Ghiselin (1952)
na organização da vida subjetiva.
Criatividade ocorre quando manipulamos símbolos ou objetos
Fliegler (1959) externos para produzir um evento incomum para nós ou para
nosso meio.
O termo pensamento criativo tem duas características
Suchman (1981) fundamentais: é autônomo e é dirigido para a produção de
uma nova forma.
Criatividade é o processo que resulta em um produto novo,
Stein (1974) que é aceito como útil, e/ou satisfatório por um número
significativo de pessoas em algum ponto no tempo.
Anderson (1965) Criatividade representa a emergência de algo único e original.
Criatividade é o processo de tornar-se sensível a problemas,
deficiências, lacunas no conhecimento e desarmonia.
Torrance (1965) Identificar a dificuldade, buscar soluções, formulando
hipóteses a respeito das deficiências. Testar e retestar estas
hipóteses; e, finalmente, comunicar os resultados.
Um produto ou resposta serão julgados como criativos na
extensão em que: a) São novos e apropriados, úteis ou de valor
Amabile (1983)
para uma tarefa e, b) A tarefa é heurística (arte ou a ciência do
descobrimento) e não algorística.
FONTE: Adaptado de <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/principais-conceitos-
de-criatividade/60845>. Acesso em: 18 jun. 2020.

79
Com a descoberta do potencial da criatividade, modelos de processos
criativos foram introduzidos nas mais diversas áreas do conhecimento, incentivando
o desenvolvimento de novos produtos, e a transformação de algo que já existe em algo
inovador.

DICA
Dicas de livros sobre criatividade:

• A coragem de criar, do psicólogo Rollo May, 1982. Editora: Nova Fronteira.


• Criatividade: abrindo o lado inovador da mente, de José Predebon, 2013.
Editora: Atlas.

3 MODELOS DE CRIATIVIDADE
O conceito criatividade é principalmente alvo de estudos da área de psicologia e
sociologia, dando origens a várias teorias que objetivam explicar tal processo.

Elas podem ser decorrentes de quatros aspectos: “do ponto de vista da pessoa
criativa, do ponto de vista dos processos mentais envolvidos no acontecimento criador,
do ponto de vista da influência ambiental e cultural na emergência do potencial criativo e
do ponto de vista do produto criativo” (SAKAMOTO, 2000, p. 51).

O modelo do pensamento lateral e vertical são exemplos de teorias que têm


como base os aspectos de processo mentais. Bono (1995) enfatiza que o pensamento
vertical é responsável pelo desenvolvimento do raciocínio lógico, já o lateral está
relacionado à utilização criativa da mente humana.

Como acompanhamos na Unidade 1, o conhecimento humano, a partir de sua


racionalidade, sempre teve como fundamento diversas crenças e mitologias de acordo
com sua cultura. A razão era uma verdade absoluta, em que só existe uma resposta real,
ou verdadeira, para isso qualquer problema pode ser resolvido se seguirmos até o fim
uma habilidade lógica para resolvê-lo (BONO, 1995).

Assim, o modelo do pensamento vertical, também conhecido como racional


ou lógico segue uma linha de raciocínio linear, que tem uma trajetória pré-definida por
meio de conhecimentos existentes, como por exemplo, a resolução de um problema de
matemática por meio de fórmulas já estabelecidas. Em outras palavras são pensamentos
que partem de conhecimentos validados (BASTARDAS, 2019).

80
O pensamento lateral, todavia, é responsável pelo desenvolvimento da nossa
criatividade, pelo surgimento de novas ideias. De acordo com Alencar (1996), também
é conhecido como pensamento criativo, divergente ou ampliativo. Essa modalidade de
pensamento que se caracteriza pela produção de muitas ideias, em especial novas e
originais, não lembradas anteriormente pela pessoa ou pelo seu grupo (ALENCAR, 1996).

No modelo de pensamento lateral, a criatividade é um fator de mudança


constante, que reestrutura os modelos já estabelecidos. Assim, visa mudança, inovação
em ideias deliberadas há muito tempo. Tal modelo procura criar novos focos e explorar
todas as possibilidades possíveis (ALENCAR, 1996).

FIGURA 6 – PENSAMENTO VERTICAL X PENSAMENTO LATERAL

PENSAMENTO VERTICAL PENSAMENTO LATERAL


Modo específico de pensar estimulado pela
Modo óbvio de encarar as situações; necessita
atitude e pelo hábito mental (pensamento
de uma estrutura conceitual básica aceita.
criativo).
Estimula a flexibilidade da mente para modos
Direciona o pensamento de acordo com o
alternativos de resolver problemas, com baixa
processo convencional de resolver problemas,
probabilidade de acertos se comparando ao
obtendo alta probabilidade de acertos.
convencional.
A lógica está a serviço da mente.
A lógica assume o controle da mente.
Ideias novas, promovidas pelo aguçamento da
Ideias dominantes, adequadas e polarizantes.
percepção e dos sentidos.
Classifica as coisas para controlar a imprecisão.
Fluidez dinâmica que se alimenta do potencial
Contexto rigidamente definido (estar certo a
ilimitado do caos.
cada passo).
Exige talento e originalidade.

FONTE: Parolin (2003 apud ARANDA, 2009, p. 23)

De acordo com a Figura 6, podemos constatar que o pensamento vertical limita


a criação de novas ideias, devido consistir em conhecimento prévio. Vale ressaltar que
os dois se complementam (BONO, 1995).

81
FIGURA – DIFERENÇAS ENTRE PENSAMENTO LATERAL E VERTICAL

FONTE: <http://gestor.pt/imagens/pensamento-vertical-lateral-150x150.png>.
Acesso em: 18 jun. 2020.

• A importância do processo a seguir. No pensamento lateral, o que importa é a


eficácia da conclusão, sem dar importância aos caminhos seguidos para alcançar
esta conclusão ou sem ter em conta se os mesmos são corretos, uma vez que
todos são contemplados. Ao invés, para alcançar a solução correta no pensamento
vertical, o mais é importante, é a corrente de ideias para chegar a essa conclusão.
• O objetivo do processo. Como consequência da diferença anterior, o pensamento
vertical busca alcançar uma solução através de uma única direção previamente
definida. Por sua vez, o pensamento lateral não busca seguir uma direção para
alcançar uma solução, se move para elaborar uma nova direção, busca uma
restruturação das ideias, a mudança.
• O respeito pelos passos estabelecidos. O correto funcionamento do
pensamento vertical implica uma sequência de ideias, os passos previamente
estabelecidos para alcançar a solução correta devem ser seguidos e pular os
passos altera a resposta, cada passo depende do anterior. O pensamento lateral
permite saltar passos, efetuar saltos de um passo a outro, não importando a
sequência dos mesmos. Assim, a validez da solução não depende do fato de o
caminho ser o correto, se atribui importância a criação da nova conclusão.
• Relação com outros temas. No pensamento vertical, não se têm em conta
as considerações que não parecem estar relacionadas com o tema que se está
trabalhando, no pensamento lateral todas as opções são baralhadas, embora
estas possam parecer alheias ao contexto sobre o qual se trabalha, uma vez que
quanto menor for a relação com a ideia estabelecida, mais possibilidades existem
de estabelecer novos conceitos.
• A missão. O pensamento vertical é regido pela evidência, enquanto que o lateral
procura encontrar o foco menos óbvio.
• A solução. O objetivo do pensamento vertical é alcançar uma solução, existindo
sempre uma solução mínima. Por outro lado, o pensamento lateral não garante
sempre que se possa encontrar uma solução, mas incrementa a oportunidade de
encontrar uma solução melhor.

FONTE: <https://br.psicologia-on-line.com/pensamento-lateral-o-que-e-caracteristicas-e-
exemplos-211.html>. Acesso em: 18 jun. 2020.

82
Além desse modelo, iremos abordar, na seção a seguir, a Teoria de Investimento
em Criatividade de Sternberg e Lubart (1996), e o Modelo Componencial da Criatividade,
de Amabile (1997). Ambas partem da percepção de criatividade como um fenômeno
sociocultural, considerando como principais variáveis as interações do indivíduo com a
da sociedade, possibilitando o desenvolvimento do potencial criativo, independente de
idade, sexo ou condição social (OLIVEIRA, 2010).

DICA
Quer saber mais sobre o modelo de pensamento vertical e lateral?

Acesse: https://www.hellerdepaula.com.br/pensamento-lateral/

3.1 TEORIA DE INVESTIMENTO EM CRIATIVIDADE DE


STERNBERG

Na Teoria de Investimento em Criatividade de Sternberg, o autor enfatiza a


necessidade da interação de um conjunto de fatores, entre eles, variáveis culturais,
sociais e históricas. Além disso, nesse modelo é integrado o fator ambiente, e alguns
atributos internos que contribuem para o funcionamento criativo, destacando-se a
inteligência, estilo cognitivo e personalidade/motivação (ALENCAR; FLEITH, 2003).

Oliveira (2010) enfatiza que a Teoria do Investimento em Criatividade, defende


que a criatividade é decorrente de seis fatores distintos que se inter-relacionam e não
podem ser vistos isoladamente:

83
FIGURA 7 - FATORES DA TEORIA DE STERNBEG

FONTE: Adaptado de Oliveira (2010)

De acordo com Sternberg e Lubart (1996), a criatividade requer uma confluência de


seis recursos distintos, mas inter-relacionados: habilidades intelectuais (inteligência),
conhecimento, estilos Intelectuais, personalidade, motivação e ambiente:

• Habilidades Intelectuais (Inteligência): na inteligência são três as habilidades


cognitivas essenciais: (1) a habilidade sintética para enxergar um problema de
novas maneiras; (2) a habilidade analítica de reconhecer quais ideias de alguém
são viáveis e não viáveis; (3) a habilidade prática-contextual para convencer/
persuadir outras pessoas. Essas três habilidades devem ser usadas em conjunto.
• Estilos Intelectuais: nos estilos intelectuais, Sternberg divide em estilo legislativo
(formula problemas, preferência por pensar em novas maneiras de sua própria
escolha); estilo executivo (gosto pela implementação de ideias, prefere problemas
com estrutura clara e bem definida); e estilo judiciário (avalia constantemente
pessoas, tarefas e regras, tem prazer em dar opiniões e analisar as dos demais).
• Conhecimento: é preciso saber o suficiente sobre um campo para avançar. Não se
pode ir além de onde está um campo se não se sabe onde está o campo. É fundamental
para se entender o problema, sendo distintos em conhecimento formal (adquirido
por meio da educação formal, racional); e conhecimento informal (adquirido por
meio de autodedicação/autodidatismo, é intuitivo).

84
• Personalidade: predisposição a correr riscos, autoconfiança, tolerância à
ambiguidade, coragem de expressar as próprias ideias, perseverança, autoestima,
fatores nem sempre presentes juntos. Esses traços podem ser influenciados por
condições ambientais e, portanto, também podem ser adquiridos.
• Motivação: tanto intrínseca (que vem do interior da pessoa) como extrínseca
(influenciada por fatores externos), juntam-se para fortalecer a criatividade.
• Ambiente: pode-se ter todos os recursos internos necessários para pensar
criativamente, mas sem algum apoio ambiental (por exemplo, um fórum para propor
essas ideias), a criatividade que uma pessoa tem dentro dela pode nunca ser exibida.
Ele facilita a expressão da criatividade e interage com variáveis pessoais e situacionais
de uma forma complexa.

A partir da habilidade de enxergar um problema (inteligência), Sternberg e


Lubart (1996) evidenciam três tipos de insights:

FIGURA 8 - TIPOS DE INSIGHTS

FONTE: Adaptado Sternberg e Lubart (1996)

De acordo com Sternberg e Lubart (1996), no insight de codificação seletiva a


pessoa consegue na resolução de um problema, distinguir a importância de dados que
podem ou não ser prontamente óbvios. No insight de comparação seletiva utiliza-se
a história para resolver problemas atuais. E no insight de combinação seletiva ocorre
o agrupamento de informações que não se inter-relacionam entre si (STERNBERG;
LUBART, 1996).

85
Assim, a teoria de Sternberg inclui distintos elementos identificados em
pesquisas anteriores considerados importantes na produção criativa, por exemplo,
aspectos presentes no modelo componencial, proposto por Amabile (1997), que
descreve a criatividade como resultado da motivação, habilidades relevantes de domínio e
processos criativos relevantes.

Engloba também estudos sobre os traços de personalidade, sendo altamente


enfatizados nas contribuições de MacKinnon (1965) e Barron (1969). Tais autores que
investigaram atributos de personalidade de profissionais de diversas áreas que se
destacaram por sua produção criativa (ALENCAR; FLEITH, 2003).

Na teoria de Sternberg também evidenciamos elementos comuns com a


abordagem sistêmica de Csikszentmihalyi (1988a, 1988b, 1988c, apud ALENCAR;
FLEITH, 2003), que considera a criatividade como resultado de elementos da pessoa,
do domínio (área do conhecimento) e do campo (especialistas de uma área específica
que têm o poder de determinar a estrutura do domínio).

Mesmo descrevendo esses fatores, Sternberg e Lubart (1996) ressaltam que


nem todos são relevantes para a criatividade. Cada um deles deve ser visto de forma
interativa com os demais e jamais de forma isolada, salientando: alta inteligência na
ausência de motivação, ou conhecimento amplo na ausência de habilidade intelectual
para compreender e utilizar tal conhecimento, levará no máximo a níveis moderados de
performance criativa (ALENCAR; FLEITH, 2003)

IMPORTANTE
Na Teoria do Investimento, os fatores que se inter-relacionam
estão atrelados à habilidade cognitiva sintética de redefinir
problemas, ver o mesmo sob um novo ângulo.

Além disso, utiliza sua inteligência por gosto, prazer em criar


suas próprias regras de trabalho e maneiras de resolver
problemas (estilo legislativo).

3.2 MODELO COMPONENCIAL DE CRIATIVIDADE DE AMABILE


O Modelo Componencial da Criatividade explica de que forma os fatores
cognitivos, motivacionais, sociais e de personalidade influenciam o processo criativo
(OLIVEIRA, 2010).

86
Conforme já abordamos no início desta unidade, a criatividade é considerada o
primeiro passo da inovação. Assim, o Modelo Componencial da Criatividade visa explicar
como fatores cognitivos, motivacionais e sociais podem influenciar no processo criativo
(OLIVEIRA, 2010). Nesse modelo, sugerido por Teresa Amabile, é necessário um conjunto
de componentes considerados necessários e suficientes para a produção criativa em
qualquer domínio (ARANDA, 2009).

Esse modelo possui três componentes essenciais:

• capacidades relevantes num determinado domínio;


• capacidades relevantes de criatividade;
• motivação para uma determinada tarefa. 

Após várias tentativas, Amabile (1997) elabora um Modelo Componencial de


Criatividade descrito na figura a seguir:

FIGURA 9 - MODELO PROPOSTO POR AMABILE

Motivação

Criatividade

Habilidades
Expertise
criativas

Fonte: Adaptado de ARANDA (2009)

O modelo visa explicar de que maneira os fatores cognitivos, a motivação do


indivíduo, os fatores sociais e a personalidade influenciam no processo criativo. Afirmando
que estes três componentes têm, obrigatoriamente, que estar em interação, Amabile
(1997) aponta que se isso não acontecer, não haverá processo criativo.

87
De acordo com Amabile (1997), a expertise é fundamental para criatividade,
sendo como um conjunto de percursos cognitivos seguido para resolver um determinado
problema. A habilidade criativa é um estilo cognitivo favorável para tomar novas
perspectivas sobre problemas. Já a motivação contribui para adquirir competências de
outras áreas.

Além de tais componentes o modelo elaborado por Amabile (1997) é dividido em


cinco estágios:

FIGURA 10 – ESTÁGIOS DA CRIATIVIDADE

V. Resultado

IV. Comunicação e
validação da resposta

III. Geração de resposta

II. Preparação

I. Identificação do problema

FIGURA 10 – ESTÁGIOS DA CRIATIVIDADE

Sendo a base do modelo de criatividade, o item identificação do problema (i)


está relacionado ao momento em que o indivíduo identifica um problema específico
como tendo valor para ser solucionado. Na preparação (ii) são armazenadas informações
relevantes para solução do problema.

Após a preparação ocorre a fase de geração de resposta (iii), em que são


geradas várias possibilidades de respostas relativas ao problema, em que é necessário a
comunicação da ideia — comunicação e validação da resposta — (iv). Por fim, temos o
resultado (v), em que é realizada a tomada de decisão (CONCEPT BOARD, 2013).

88
ATENÇÃO
Segundo Amabile (1997, p. 35), “um produto, ou resposta, será
julgado como criativo na medida em que é novo e apropriado,
útil, correto ou de valor para a tarefa em questão, e a tarefa é
heurística e não algorística”.

4 FERRAMENTAS DA CRIATIVIDADE
Além dos modelos e teorias apresentados até aqui, existem diversas ferramentas
que visam incentivar o processo de criatividade, tanto de forma individual ou como coletiva.
Esses são potenciais recursos, que cada vez mais são utilizados pelas empresas visando
inovações em processos e produtos.

Vamos conhecer alguns desses instrumentos e suas principais características


no decorrer desta seção.

4.1 SCAMPER: TÉCNICA PARA GERAÇÃO DE IDEIAS


O método Scamper foi criada por Bob Eberle (1971), e é uma técnica que visa
estimular a criatividade. Ele visa incentivar a geração de ideias sobre uma determinada
problemática, estimulando a inovação em um produto já existente ou novo. Essa técnica
também é conhecida como instrumento de aprendizagem que possibilita a flexibilidade
e originalidade (SANTOS, 2012). Seu nome é composto pelas iniciais de sete ações da
técnica (SANTOS, 2012, p. 102):

Substituir.
Combinar.
Adaptar.
Modificar.
Procurar outros usos.
Eliminar.
Rearrumar.

Essa ferramenta pode ser aplicada para uso geral, sendo poderosa na medida
em que recorre a um conjunto estruturado e completo de questões que objetivam
potencializar o nascimento de novas soluções, fácil de usar e que recorre a uma checklist
de questões para estimular o aparecimento de ideias. Também é adequado seu uso
para redefinição de processo ou produto, possibilitando um olhar distinto do habitual
(SANTOS, 2012). O método SCAMPER é composto pelas etapas descritas na Figura 11:

89
FIGURA 11 – SCAMPER

FONTE: <http://aprendeai.com/wp-content/uploads/2018/07/scamper.png>. Acesso em: 20 jun. 2020.

De acordo com Ruggieri (2013) cada etapa deve:

• Substituir: visa à intenção de determinar o que é que pode ser utilizado como
substituto daquele pensamento. Nessa etapa é primordial analisar qual produto
ou serviço existente pode ser substituído. Em termos gerais essa fase consiste na
substituição.
• Combinar: nessa etapa, o objetivo é investigar como combinar ideias e objetos para
desenvolver novos produtos ou serviços.
• Adaptar: consiste em saber como se pode adaptar uma ideia existente ou a ideia
de outra pessoa.

90
• Modificar: neste processo, a partir de uma ideia já existente, tenta-se atribuir-lhe
uma nova utilização, uma modificação no produto ou serviço a qualquer nível (forma,
dimensão, peso, tempo, frequência, velocidade, entre outros). Nessa fase, a questão
a ser colocada é a seguinte: “de que forma o produto ou serviço pode ser modificado,
aumentado e/ou reduzindo”?
• Procurar outros usos: o objetivo nesta fase é encontrar utilizações alternativas para
ideias existentes, isto é, identificar se a ideia elaborada também pode ser utilizada em
outros mercados.
• Eliminar: este é o processo da eliminação, redução ou adição de novos ingredientes,
componentes, partes de produção ou serviços, de modo a alterar uma ideia ou
pensamento na eliminação de várias partes ou características do produto ou serviço,
de forma a solucionar alguns problemas.
• Rearrumar: reverter o produto ou o serviço de modo a criar outra ideia. A inversão da
sequência em que as tarefas estão sendo executadas ou a conversão do espaço na
possibilidade de criação de um novo conceito ou a chamada de exploração de novas
possibilidades no tempo e no espaço.

4.2 MAPA MENTAL


O mapa mental é uma técnica que auxilia na organização das informações e
memorização de conteúdo, contribuindo, assim, para a sua compreensão e assimilação.
Essa ferramenta foi elaborada por Tony Buzan e objetiva organizar as informações de
forma sistemática e harmônica, auxiliando, também, na identificação de oportunidades
e planejamento de projetos.

Geralmente é elaborada no papel, inserindo imagens ou palavras, relacionadas


a uma lembrança, e desencadeando novas ideias (BUZAN, 2009).

Ele deve ser construído no formato de um neurônio, e contribui na organização do


pensamento de forma visual, em um tipo de diagrama que visa, por meio da visualização
da informação e organização das mesmas, explicar, relacionar conceitos complexos de
forma simples e objetiva (SBCOACHING, 2018b).

91
FIGURA 12 – MODELO DE MAPA MENTAL
FONTE: <https://www.mapamental.org/wp-content/uploads/2015/02/como-fazer-mapa-mental-1024x450.jpg>.
Acesso em: 18 jun. 2020.

92
Nas organizações, essa técnica vem sendo amplamente utilizada, uma vez que
auxilia na identificação de oportunidades e no planejamento de negócio. Ela serve para
organizar ideias ordenadamente, sendo extremante útil nos cenários corporativos. De
acordo com Buzan (2009), podemos utilizá-los em diversas áreas, como no trabalho, na
escola, entre outros, podendo ser empregados para leitura, desenvolvimento de novas
ideias, revisão de conteúdo.

As vantagens da elaboração de mapas mentais são: definição nítida da ideia


principal; reconhecimento imediato das ideias mais importantes; torna a revisão de
informações é mais efetiva; e permite inserção de conceitos adicionais a cada tópico
do mapa mental (BUZAN, 2009).

4.3 BUSINESS MODEL CANVAS


Criada por Alexander Osterwalder (2010), o Business Model Canvas é uma
ferramenta que auxilia na criação de modelo de negócio, e reúne as informações
importantes de forma rápida e sistêmica. Ele permite a identificação de todas as
estratégias do negócio de forma visual, e objetiva auxiliar as empresas a visualizarem o
futuro de forma sistêmica.

Consiste em um quadro composto por quatro blocos divididos por nove etapas
no total. Recomenda-se que seja elaborado em tamanho grande para que a equipe tenha
uma boa visualização, contribuindo para constantes alterações com uso de post-its
ou marcadores.

FIGURA 13 – MODELO CANVAS


parcerias
principais relacionamento
proposta de valor
com clientes

atividades-chave segmentos de clientes

estrutura de custos fonte de


receitas
canais
recursos principais

FONTE: <https://bit.ly/3JKQg76>. Acesso em: 18 jun. 2020.

93
As nove etapas são descritas a seguir (ANDRADE, 2018):

• Seguimento de clientes: neste item é identificado para quem estamos criando


valor, os consumidores importantes. Esse componente define grupos de pessoas/
organizações que a empresa tem como público-alvo, divisão desses grupos e suas
necessidades.
• Proposta de valor: para identificar a proposta de valor, deve-se mensurar qual é o
valor que será entregue aos clientes, e qual problema se objetiva ajudar a resolver.
Esse componente é relativo ao motivo dos clientes escolherem uma determinada
empresa. A proposta de valor no Canvas deve resolver um problema ou satisfazer
alguma necessidade do cliente.
• Canais: os canais referem-se à forma que a empresa se comunica com os clientes,
desde o momento da aquisição do produto até o suporte após a compra.
• Relacionamento com os clientes: no relacionamento precisa-se definir o cliente
de acordo com as motivações da empresa em relação à sua conquista, retenção e
ampliação das vendas.
• Fontes de receita: as fontes de receita da empresa representam o dinheiro gerado
a partir de cada segmento de clientes.
• Recursos principais: esses são os recursos que a empresa necessita para criar
sua proposta de valor. Eles podem ser recursos físicos, como fábricas, máquinas e
veículos.
• Atividades-chave: as atividades-chave são as atividades que não podem deixar
de acontecer para a empresa funcionar bem. Elas são as ações mais importantes a
serem executadas.
• Parcerias principais: são os fornecedores e os parceiros que permitem que o
negócio desenvolva de forma otimizada e mais econômica. Com essas alianças, fica
mais fácil conseguir recursos e reduzir a competitividade.
• Estrutura de custo: essa estrutura pode envolver custos fixos e variáveis. Algumas
empresas focam em modelos de negócios direcionados pelo custo, portanto, tendem
a minimizá-lo em suas atividades ao máximo.

4.4 BRAINWRITING
O Brainwriting criado por Rohrbach (1969) foi desenvolvido com base no
brainstorming, a partir da percepção que algumas ideias iniciais são desenvolvidas de
maneira intensiva, os resultados, soluções podem ser melhores. Para criação de novas
ideias por esse método, primeiramente é necessário a análise e conhecimento do
problema (DE CARVALHO; BACK,2000).

Em termos gerais, essa técnica permite criar 108 ideias em 30 minutos


(BALTAZAR, 2019).

94
FIGURA 14 – BRAINWRITING

FONTE: <https://cms-assets.tutsplus.com/uploads/users/23/posts/26451/image/brainwriting-
idea-generation-process.jpg>. Acesso em: 18 jun. 2020.

O Brainwriting é uma excelente ferramenta para criação de ideias, na qual os


envolvidos devem se reunir em círculo, com uma folha em branco ou um formulário. A
dinâmica consiste na criação de ideias a partir de um determinado tempo.

Ao encerrar o tempo, o participante deve repassar sua folha ao colega da


esquerda e pegar a folha do colega da direita complementando suas ideias, também
em tempo pré-estabelecido. No final, quando cada folha de ideias retornar à pessoa que
iniciou escrevendo, terá mais de 108 ideias criadas. Por fim, as ideias são analisadas e
debatidas em grupo. É muito utilizada para criação de campanhas ou novos produtos,
bem como, novas metodologias (BALTAZAR, 2019).

4.5 DESIGN THINKING


O Design Thinking, de acordo com Vianna et al. (2012, p. 13), “se refere à maneira
do designer de pensar, que utiliza um tipo de raciocínio pouco convencional no meio
empresarial, o pensamento abdutivo”. Ele contribui na resolução de problemas e no
desenvolvimento de produtos e/ou projetos, colocando as pessoas no centro das
decisões. Para isso, visa ao mapeamento e à integração da experiência cultural, a visão
de mundo e os processos inseridos na vida dos indivíduos, no intuito de obter uma visão
mais completa na solução de problemas e, dessa forma, melhor identificar as barreiras e
gerar alternativas viáveis para transpô-las (ENDEAVOR BRASIL, 2018).

95
FIGURA 15 - DESIGN THINKING

Entendimento Observação Ponto de Vista Ideação Prototipagem Teste Iteração

FONTE: <https://aprendeai.com/wp-content/uploads/2018/07/Design-Thinking-03-2.png>.
Acesso em: 18 jun. 2020.

As etapas do Design Thinking, de acordo com Endeavor Brasil (2018), são as


seguintes:

• Identificar onde encontrar oportunidades de inovação: nesta etapa é necessário


conhecimento próprio e do ambiente externo para poder descobrir onde encontrar
caminhos para inovar. “Conhecer os pontos fortes, as fragilidades da concorrência,
as condições macroeconômicas etc.  Análise SWOT,  Benchmarking, pesquisas de
mercado e reuniões multidisciplinares conduzirão às respostas para esse ponto”
(ENDEAVOR BRASIL, 2018, s.p.).

ATENÇÃO
Criada por Kenneth Andrews e Roland Cristensen, professores
da Harvard Business School, e posteriormente aplicadas por
inúmeros acadêmicos, a análise SWOT estuda a competitividade
de uma organização segundo quatro variáveis: Strengths (Forças),
Weaknesses (Fraquezas), Oportunities (Oportunidades) e Threats
(Ameaças) (SILVA et al., 2011, p. 2).

• Descobrir a Oportunidade de Inovação: etapa resultante do item anterior.


“Pesquisas qualitativas e trabalho com soluções de Big Social Data podem indicar,
muito além do setor, qual é, de fato, a oportunidade que o mercado desenha ao seu
negócio” (ENDEAVOR BRASIL, 2018, s.p.).

96
NOTA
“Big Data é o grande volume de dados produzidos por diferentes fontes
autônomas, distribuídas e descentralizadas. A análise de Big Data em
redes sociais on-line é denominada de Big Social Data” (FRANÇA et al.,
2014, p. 23).

• Desenvolver a Oportunidade de Inovação (Produto ou Serviço): o Design


Thinking começa a tomar corpo nesta etapa. “O produto ou serviço começa a ser
desenvolvido, partindo, não de pressuposições ou análises estatísticas frias (algo
comum no mercado), mas a partir das necessidades e percepção de valor do cliente”
(ENDEAVOR BRASIL, 2018).
• Testar as ideias – protótipos: uma boa opção nessa etapa são as startups, para
lançar “uma versão mais simples de um produto, que pode ser lançada em período de
testes, para verificar, sem grandes gastos, se a ideia realmente atinge as necessidades
do consumidor final” (ENDEAVOR BRASIL, 2018, s.p.).

NOTA
O termo startup surgiu nos Estados Unidos, e se popularizou no Brasil
entre os anos de 1996 e 2001. Define-se como um grupo de pessoas
à procura de um modelo de negócio inovador, repetível e escalável,
trabalhando em condições de extrema incerteza e com soluções a
serem desenvolvidas.

FONTE: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-que-
e-uma-startup,6979b2a178c83410VgnVCM1000003b74010aRCRD>.
Acesso em: 18 jun. 2020.

• Implementar a solução: após testes com respostas positivas acerca do produto,


ele já está pronto para ser lançado. “É importante entender que o processo de
desenvolvimento do produto é contínuo e incremental, ou seja, a ideia será
melhorada permanentemente através um processo de copartipação entre todos os
seus stakeholders (clientes, fornecedores, colaboradores internos etc.)” (ENDEAVOR
BRASIL, 2018, s.p.).

97
4.6 BENCHMARKING
O Benchmarking consiste na análise das melhores práticas utilizadas pelas
empresas de mesmo setor. Benchmarking vem da palavra de origem inglesa benchmark,
que significa “referência”. É essencial para o aprimoramento de processos, produtos e
serviços, possibilitando inovação e maior competitividade entre as organizações. De
acordo com Costa (1999, p. 22), “é uma poderosa ferramenta de gestão empresarial,
mundialmente difundida e utilizada para transformar as organizações e introduzir as
mudanças necessárias à melhoria de seus processos, práticas e resultados”.

4.7 BRAINSTORMING
O Brainstorming, também chamado de “tempestade de ideias”, é uma
ferramenta que visa incentivar a criatividade de um determinado grupo. Consiste em
reuniões realizadas para identificar possíveis soluções de um problema. Os participantes
devem expor sugestões e discutir sobre elas. Após a chuva de ideias ocorre uma
seleção, e, posteriormente, uma definição de quais descartar e quais sugestões devem
ser aprofundadas (MEIRELES, 2001).

98
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A partir de aspectos relacionados ao desenvolvimento da mente humana conhecemos


o modelo de pensamento lateral responsável pela utilização criativa da mente
humana, e o modelo de pensamento vertical relacionado ao raciocínio lógico.

• As principais teorias de criação do conhecimento são: a Teoria de Investimento em


Criatividade de Sternberg e a Teoria Componencial de Criatividade de Amabile.

• Na Teoria de Investimento em Criatividade de Sternberg é enfatizado que nosso


comportamento criativo é resultado da interação entre estilos intelectuais,
conhecimentos, personalidade, motivação, contexto ambiental e inteligência.

• Na Teoria Componencial de Criatividade de Amabile, existe um conjunto de


componentes considerados necessários e suficientes para a produção criativa
em qualquer domínio. Nesse modelo distinguimos três componentes essenciais:
capacidades relevantes num determinado domínio; capacidades relevantes de
criatividade; motivação para uma determinada tarefa. Essa teoria objetiva explicar
de que maneira os fatores cognitivos, a motivação do indivíduo, os fatores sociais e a
personalidade influenciam no processo criativo.

• Além dos modelos e teorias, há funcionalidades de algumas ferramentas que


podem aprimorar e incentivar a criatividade, sendo algumas delas: Brainstorming,
Benchmarking, Design Thinking, Brainwriting, Business Model Canvas, Mapa mental
e SCAMPER.

99
AUTOATIVIDADE
1 Bono (1995) identificou em suas investigações o modelo do pensamento lateral e
vertical. Para isso, ele dividiu o processo de criatividade em dois modelos a partir
do funcionamento do cérebro humano: pensamento lateral e o pensamento vertical.
Identifique quais das características listadas a seguir são do Pensamento Lateral (PL)
e do Pensamento Vertical (PV):

( ) Modo óbvio de encarar as situações; necessita de uma estrutura conceitual básica


aceita.
( ) Direciona o pensamento de acordo com o processo convencional de resolver
problemas, obtendo alta probabilidade de acertos.
( ) Modo específico de pensar estimulado pela atitude e pelo hábito mental (pensamento
criativo).
( ) Estimula a flexibilidade da mente para modos alternativos de resolver problemas,
com baixa probabilidade de acertos se comparando ao convencional.
( ) Lógica assume o controle da mente.
( ) Ideias novas, promovidas pelo aguçamento da percepção e dos sentidos.
( ) Exige talento e originalidade.
( ) Classifica as coisas para controlar a imprecisão.

Assinale a alternativa correta:


a) ( ) PV, PV, PL, PL, PL, PL, PL, PV.
b) ( ) PV, PL, PL, PL, PV, PL, PL, PV.
c) ( ) PV, PV, PL, PV, PV, PL, PL, PV.
d) ( ) PV, PV, PL, PL, PV, PL, PL, PV.
e) ( ) PL, PV, PL, PL, PV, PL, PL, PV.

2 Conforme descrito, existem diversas ferramentas que visam incentivar o processo de


criatividade, tanto de forma individual ou coletiva. Essas são potenciais ferramentas,
que cada vez mais, são utilizadas pelas empresas visando inovações em processos
e produtos. Com base na importância de tais ferramentas, escolha três delas e
identifique suas principias características:

3 Com base nas ferramentas estudadas para incentivar a criatividade, tanto de forma
individual ou como coletiva, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as
falsas, e, em seguida, assinale a resposta correta.

100
( ) O Brainwriting foi desenvolvido com base no brainstorming, a partir da percepção
que algumas ideias iniciais são desenvolvidas de maneira intensiva, os resultados,
soluções podem ser melhores.
( ) O Brainwriting, também chamado de “tempestade de ideias”, é uma ferramenta que
visa incentivar a criatividade de um determinado grupo.
( ) O Benchmarking consiste na análise das melhores práticas utilizadas pelas empresas
de mesmo setor.
( ) O Benchmarking é uma ferramenta que auxilia na criação de modelo de negócio, e
reúne as informações importantes de forma rápida e sistêmica.
( ) O mapa mental é uma técnica que auxilia na organização das informações e
memorização de conteúdo, contribuindo, assim, para a sua compreensão e
assimilação.

a) ( ) V – F – V – F – V.
b) ( ) V – F – V – F – F.
c) ( ) V – V – V – F – V.
d) ( ) V – F – F – F – V.
e) ( ) V – V – V – V – V.

101
102
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —
CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO
DA INOVAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Agora que já compreendemos os modelos e ferramentas da criatividade, vamos
estudar a inovação. A inovação e a criatividade estão relacionadas, uma vez que para
inovar precisamos criar novas ideias, sermos criativos.

Vamos diferenciar os termos: descoberta, invenção e inovação, que muitas


vezes são utilizados como sinônimos, mas iremos detectar que esses termos têm
significados distintos.

Após essa contextualização, conheceremos os principais tipos de inovação,


sendo eles: inovação de produto, serviço, modelo de negócio, processo, organizacional,
comunicação e marketing. Iremos analisar suas principais características.

Estudaremos a classificação da inovação: inovação radical, inovação realmente


nova, inovação incremental e inovação imitativa. Finalizando este tópico, aprofundaremos
nossos estudos, abordando a história e evolução do processo de inovação, também
falaremos a respeito de uma grande tendência atual: a inovação aberta.

Ansioso para iniciar os estudos?

Vamos lá?

2 O QUE É INOVAÇÃO
Agora que já estudamos a criatividade, é essencial conhecermos os conceitos sobre
a inovação e quais são as suas características, uma vez que criatividade e inovação podem
estar diretamente relacionadas.

Na literatura, quando pesquisamos sobre o termo “inovação”, encontramos


diversas definições conforme ilustrado no Quadro 2.

103
QUADRO 2 – DEFINIÇÕES DE INOVAÇÃO

AUTORES DEFINIÇÃO
O impulso fundamental que estabelece e mantém a máquina capitalista
em movimento vem de novos bens de consumo, de novos métodos
de produção ou transporte, de novos mercados e de novas formas de
organização industrial que a empresa capitalista cria.
[...] A abertura de novos mercados, estrangeiros ou nacionais e o
SCHUMPETER
desenvolvimento organizacional a partir da manufatura e da indústria
(2003, p. 82-83)
[...] ilustram o mesmo processo de mutação industrial [...] que
incessantemente revoluciona a estrutura econômica a partir de dentro,
incessantemente destruindo uma velha, incessantemente criando uma
nova. Esse processo de Destruição Criativa é o fato essencial acerca do
capitalismo.
THOMPSON Inovação é a geração, aceitação e implantação de novas ideias,
(1965, p. 2) processos, produtos e serviços.
BECKER e WHISLER [Inovação é] o primeiro ou inicial uso de uma ideia por parte de um
(1967, p.463) conjunto de organizações com objetivos similares.
ROGERS Uma inovação é uma ideia, prática ou objeto que é percebido
(1983, p. 12) como novo por um indivíduo ou outra unidade de adoção.
ROTHWELL e A inovação não implica, necessariamente, apenas a comercialização de
GARDINER grandes avanços tecnológicos (inovação radical), mas também inclui a
(1985, 3 apud TIDD utilização de mudanças de know-how tecnológico em pequena escala
et al., 2008, p. 86) (melhoria ou inovação por incremento).
Inovação é a ferramenta específica dos empreendedores, o meio
DRUCKER através do qual exploram a mudança como uma oportunidade para um
(1985, p. 19) negócio ou serviço diferente. É capaz de ser apresentada como uma
disciplina, de ser aprendida e de ser praticada.
Contanto que a ideia seja percebida como nova para as pessoas
VAN De VEN
envolvidas, é uma “inovação”, mesmo que possa parecer ser para outros
(1986, p. 592)
uma “imitação” de algo que já existe em outro lugar.
Companhias alcançam vantagem competitiva através de atos de
PORTER (1990, p. 74) inovação. Elas abordam a inovação em seu sentido mais amplo, incluindo
tanto novas tecnologias quanto novas formas de fazer as coisas.
Inovação diz respeito a processos de aprendizado e descoberta sobre
novos produtos, novos processos de produção e novas formas de
DOSI organização econômica, sobre os quais, ex ante, os atores econômicos,
(1990, p. 299 apud muitas vezes, possuem apenas crenças não estruturadas sobre
BAREGHEH et al., algumas oportunidades não exploradas, e que, ex post, geralmente
2009, p. 1329) são verificadas e selecionadas, em economias descentralizadas e não
planejadas, por algumas interações competitivas, de alguma forma, no
mercado de produtos.
Inovação é uma mudança organizacional não rotineira, significante e
MEZIAS e GLYNN
descontínua que incorpora uma nova ideia que não é consistente com o
(1993, p. 78)
atual conceito de negócio da organização.
Inovação é concebida como um meio de mudar uma organização
seja como resposta às mudanças no ambiente externo ou como uma
ação preventiva para influenciar o ambiente. Assim, a inovação é aqui
DAMANPOUR
amplamente definida de forma a abranger uma variedade de tipos,
(1996, p. 694)
incluindo novos produtos ou serviços, novas tecnologias de processo,
novas estruturas organizacionais ou sistemas administrativos, ou novos
planos ou programas pertencentes aos membros da organização.

104
Inovação é tanto a criação de novos significados quanto a criação de
novos artefatos materiais. Ou – mais exatamente – é muito mais a criação
de significado que apenas a criação de artefatos. Devemos, portanto,
entender a inovação como um processo multifocal de desenvolvimento,
no qual uma ecologia de comunidades desenvolve novos usos
TUOMI para artefatos tecnológicos existentes, ao mesmo tempo mudando
(2002, p. 423) ambas as características dessas tecnologias e suas próprias práticas.
A inovação é um fenômeno social. É gerada em interações complexas
entre várias comunidades, cada uma com seus próprios estoques de
conhecimento e significado. Projetos tecnológicos e práticas sociais
coevoluem. Portanto, toda a inovação é fundamentalmente uma
inovação social.
Inovação é, por definição, novidade. É a criação de algo qualitativamente
novo, através de processos de aprendizagem e construção de
conhecimento. Envolve mudanças de competências e capacidades,
SMITH (2005, p. 149) produzindo resultados de desempenho qualitativamente novos. [...] De
forma mais genérica, inovação envolve novidades multidimensionais
em aspectos de aprendizado e organização do conhecimento que são
difíceis de medir ou intrinsecamente imensuráveis.
Uma inovação é a implantação de um novo ou significantemente
melhorado produto (bem ou serviço) ou processo, um novo método de
OECD (2005, p. 46)
marketing ou um novo método organizacional nas práticas de negócio,
na organização do ambiente de trabalho ou nas relações externas.
Inovação é a substancial criação de novo valor para clientes e para a
empresa através da mudança criativa de uma ou mais dimensões do
SAWHNEY et al.
sistema do negócio.
(2006, p. 76)
A inovação é relevante apenas se cria valor para clientes – e, portanto,
para a empresa.
Uma distinção é normalmente feita entre invenção e inovação.
Invenção é a primeira ocorrência de uma ideia para um novo produto
ou processo, enquanto inovação é a primeira tentativa de realizá-la na
FAGERBERG
prática.
(2006, p. 4)
[...] Para ser capaz de converter uma invenção em uma inovação,
a empresa precisa combinar diferentes tipos de conhecimentos,
capacidades, habilidades e recursos.
[Inovação é] a criação de novos conhecimentos e ideias para facilitar
os resultados de novos negócios, visando a melhoria dos processos
DU PLESSIS
internos e das estruturas do negócio e a criação de produtos e serviços
(2007, p. 21)
orientados para o mercado. Inovação abrange tanto a inovação radical
quanto a incremental.
BESSANT e TIDD Inovação é o processo de tradução de ideias em produtos, processos ou
(2009, p. 47) serviços úteis – e utilizáveis.

FONTE: Narcizo et al. (2012, p. 3790-3792).

105
Conforme evidenciado no Quadro 2, são várias as definições encontradas na
literatura, contudo todas estão relacionadas à criação, implementação de um produto,
processo ou serviço.

Quando falamos em inovação, esse termo nos remete à ideia de algo novo,
uma novidade. Ela sempre esteve relacionada à evolução da humanidade e aplicação
gradativa da informação e conhecimento, resultando na criação de novos processos
e produtos.

Mas, a partir dessas definições, você deve pensar: uma descoberta ou invenção
é considerada uma inovação? Para responder à sua pergunta elaboramos o seguinte
quadro:

QUADRO 3 – DEFINIÇÃO DE DESCOBERTA, INVENÇÃO E INOVAÇÃO

DESCOBERTA INVENÇÃO INOVAÇÃO


Implementação de um produto
Revelação ou (bem ou serviço) novo ou
Criação de algo
identificação de significativamente melhorado, ou
anteriormente
algo existente na um processo, ou um novo método
inexistente, como
natureza, alcançada de marketing, ou um novo método
resultado da
através da capacidade organizacional nas práticas de
capacidade inventiva
de observação do negócios, na organização do
do homem.
homem. local de trabalho ou nas relações
externas (OECD, 2005).
FONTE: Adaptado de CODEMEC (2014)

A partir do Quadro 2, podemos concluir que as palavras “Descoberta”, “Invenção”


e “Inovação” possuem conceitos distintos, mas de certa forma estão relacionadas. Em
uma definição mais ampla, Schumpeter (1982) enfatiza que a inovação é o processo de
descoberta das aplicações econômicas para as invenções. Assim, percebemos que uma
invenção poderá ser uma inovação apenas se for levada ao mercado.

No mercado atual, é quase uma obrigação pensar em inovação no dia a dia,


seja qual for a área de atuação.

106
FIGURA 16 – PROCESSO PARA INOVAÇÃO

Concepção Exploração
Invenção Inovação
teórica comercial

FONTE: O autor

A inovação não está relacionada somente aos produtos, mas também a


ideias, processos, ferramentas e/ou serviços. Seu contexto é amplamente utilizado no
contexto empresarial, sendo considerado um dos principais diferenciais, garantindo
maior competitividade na atual sociedade do conhecimento, mas quando a inovação
passou a ser uma estratégia em potencial para as organizações?

Para responder a essa questão, primeiramente, é necessário conhecer os tipos


de inovações, e poder assimilar seus impactos nas organizações.

DICA
Dicas de filmes e uma série sobre inovação que irão lhe inspirar:

• Steve Jobs (2016), direção de Danny Boyle; e O Jogo da Imitação


(2014), dirigido por Morten Tyldum.
• Silicon Valley (2014 – atualmente), com seis temporadas exibidas
pelo canal HBO.

3 TIPOS DE INOVAÇÃO
A inovação pode ser classificada de acordo com algumas características, sendo
dividida em diversos modelos. A seguir iremos conhecer os principais tipos de inovação
identificados na literatura.

3.1 INOVAÇÃO EM PRODUTO


É a introdução de um bem, em que a inovação é decorrente do lançamento de
um novo produto, uma alteração, ou uma nova versão. Ela é essencial no ciclo de vida
do produto, uma vez que incluem melhorias significativas em especificações técnicas,
componentes, matérias, podendo substituir um produto (alteração, ou nova versão) que
está na fase de declínio iniciando assim, um novo ciclo (OCDE, 1997).

107
FIGURA 17 - CICLO DE VIDA DO PRODUTO

FONTE: <https://lirp-cdn.multiscreensite.com/87c8e234/dms3rep/multi/opt/ciclo-de-vida-do-produto-
1080x494-960w.png>. Acesso em: 18 jun. 2020.

DICA
Saiba mais sobre o ciclo de vida do produto em: https://administradores.
com.br/artigos/ciclo-de-vida-do-produto-e-a-necessidade-da-inovacao-
sustentavel-como-cultura.

3.2 INOVAÇÃO EM SERVIÇO


A inovação em serviço consiste na mesma visão da inovação em produto, uma
vez que objetiva oferecer um serviço novo, ou novas funcionalidades, melhorar o serviço
já existente em seu segmento. Nesse tipo de inovação, o intuito é agregar mais valor ao
cliente. Lembramos que o setor de serviço é responsável pela comercialização de bens
não tangíveis (SBCOACHING, 2018c).

3.3 MODELO DE NEGÓCIO


Esse tipo de inovação refere-se à forma de fazer negócio na empresa atuando
sobre dois componentes fundamentais da oferta: a proposta de valor oferecida aos
clientes (inovando no segmento-alvo de clientes, na oferta em si e no modelo de gerar
receita) e o modelo de operação (incluindo aí mudanças em toda a cadeia de valor)
(SBCOACHING, 2018c).

Destaca-se que o modelo de negócio abrange as principais informações sobre:


parcerias, atividades, recursos, relação com clientes, canais, segmentos de mercado,
custos, fontes de rendimento e, claro, proposta de valor. Em outras palavras é promover
mudanças no modelo de operação. Este tipo de inovação está atrelada à forma que a
empresa conduz o próprio negócio (SBCOACHING, 2018c).

108
Inovar o modelo de negócio é promover mudanças no modo de gerar receita
para a empresa e também no modelo de operação.

De acordo com SBCoaching (2018c), ocorre inovação em um modelo de negócio


quando a empresa cria uma lógica de funcionamento que nunca foi usada.

3.4 INOVAÇÃO EM PROCESSO


A inovação em processo é caracterizada pela implementação de um método
de produção ou distribuição melhorado ou novo. Ela ocorre quando a empresa cria um
método novo relativo a algum processo operacional da empresa.

Geralmente essa inovação visa à redução de custos, diminuir o impacto das


atividades no ambiente, gestão de tempo e qualidade do produto ou serviço. Nesse
sentido, também se inova em processos ligados a funções como finanças, recursos
humanos e vendas. “Incluem-se, nesse tipo de inovação, mudanças significativas em
técnicas, equipamentos e/ou softwares” (OCDE, 1997, p. 58).

3.5 INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL


A inovação organizacional aborda mudanças na organização da empresa, seja no
organograma, nos métodos de gestão, adaptação de uma nova cultura organizacional,
nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas
relações externa, entre outros.

É quando a empresa adota novas maneiras de organizar as pessoas e o próprio


trabalho para sustentar e ampliar a capacidade competitiva, utilizando novos métodos
de recrutamento, treinamento e desenvolvimento de colaboradores, introduzindo
sistemas de gestão de qualidade, produção e logística, mudanças em ambientes de
trabalho, novas estratégias de comunicação interna, descentralização de atividades,
entre outros (OCDE, 1997).

3.6 INOVAÇÃO NA COMUNICAÇÃO


A inovação ocorre principalmente na forma de comunicação com o público alvo.
Com as tecnologias, esse tipo de inovação tornou-se uma estratégia em potencial para
as organizações, uma vez que surgiram diversos novos canais de comunicação por
meio das tecnologias digitais (SBCOACHING, 2018c).

109
3.7 INOVAÇÃO EM MARKETING
A inovação em marketing está relacionada ao preço do produto ou serviço,
posicionamento no mercado, distribuição, embalagem, designer do produto, segmentação
de clientes, entre outras (OCDE, 1997).

DICA
Para saber mais sobre inovação, acesse o manual de Oslo em: https://
www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf. Esse
documento é composto de Proposta de diretrizes para a coleta e
interpretação de dados sobre inovação tecnológica e está editado
conjuntamente pela OCDE, dentro da denominada “Família Frascati” e
EUROSTAT.

4 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA INOVAÇÃO


Além dos tipos, a inovação pode ser classificada a partir do impacto que pode
causar. Para isso, inicialmente, iremos diferenciar os termos: inovação e inovatividade.

Assim:

inovação é um processo iterativo iniciado pela percepção de um novo


mercado e/ou nova oportunidade de serviço para uma invenção
baseada em tecnologia que leva a tarefas de desenvolvimento, produção
e comercialização que buscam o sucesso comercial da invenção.
Para Garcia e Calantone (2002) a inovação deve envolver tecnologia e
mercado. Assim, uma inovação efetiva deve desenvolver uma tecnologia
e ser disponibilizada no mercado para usuários finais.  Uma invenção
não se torna uma inovação até que seja processada por meio de
tarefas de produção, comercializada e difundida no mercado (GARCIA;
CALANTONE, 2002 apud KIANE, 2019, s.p.).

E a inovatividade? Você sabe o que é?

A inovatividade é o grau de “novidade” de uma inovação. Assim, uma


inovação pode possuir uma alta ou baixa inovatividade. Quanto mais
alta for a inovatividade maior será o grau de novidade da inovação.
Porém os autores ressaltam que o conceito de novo é relativo na
literatura. Uma inovação pode ser nova para o mercado, para um
grupo de usuários ou para uma organização (GARCIA; CALANTONE,
2002 apud KIANE, 2019, s.p.).

110
Além dos tipos de inovação, conforme descrito na seção anterior, ela ainda
pode ser caracterizada como inovação radical, realmente nova, incremental e imitativa
(KIANE, 2019).

De acordo com Kiane (2019, s.p.):

• Inovação radical: são inovações que incorporam uma nova


tecnologia e que resulta em uma nova infraestrutura de mercado.
Também resulta em descontinuidades tanto no nível macro (para
mundo, ou todo um setor industrial) quanto no micro (para um
grupo de usuários específicos ou uma organização).
• Inovação realmente nova:  um produto realmente novo resultará
em uma descontinuidade de mercado ou em uma descontinuidade
tecnológica, mas não incorporará ambos.
• Inovação incremental:  produtos que fornecem novos recursos,
benefícios ou melhorias à tecnologia existente no mercado atual.
• Inovação imitativa: a  inovação ocorre apenas na primeira
empresa a concluir a Pesquisa e Desenvolvimento — P&D —
industrial, que culmina no lançamento do primeiro produto nos
mercados. Produtos imitativos são frequentemente novos para a
empresa, mas não são novos no mercado.

IMPORTANTE
Um exemplo de inovação radical é a Uber. Nessa inovação, eles
mudaram a lógica do mercado de transporte, baratearam o
serviço e criaram uma força de trabalho informal gigantesca!

A inovação também pode ser classificada de acordo com o nível de colaboração,


e entre as interações de grupos, podendo ser aberta ou fechada.

A inovação colaborativa é a união entre as empresas para buscar soluções, ideias


inovadoras quanto ao desenvolvimento de produtos ou serviços para um determinado
problema, visando à satisfação do cliente. Também conhecida como inovação aberta,
segundo Magalhães (2018), ela pode ocorrer na interação entre a empresa e fornecedores,
Instituição Científica e Tecnológica (ICT), consumidores, competidores e intermediários.

111
FIGURA 19 - PRINCIPAIS COLABORADORES DA INOVAÇÃO COLABORATIVA

Fornecedores

Competidores ICT

EMPRESA

Intermediários Consumidores

FONTE: Adaptado de Magalhães (2018)

Visando contribuir com a prática de inovação colaborativa, foram criadas


plataformas abertas que possibilitam parcerias pelo mundo, voltadas principalmente
para a inovação. De acordo com SODA (2011), ela não é gerada apenas por meio de
recursos internos, mas também através do acesso de recursos e de capacidades de
organizações externas, podendo ser integrados por meio de alianças e de acordos de
cooperação.

ATENÇÃO
Exemplos de empresas que utilizam práticas de inovação
colaborativa são: Nestlé, Embraer, 3M e Procter&Gamble.

A inovação aberta possibilita, além de maior rapidez no processo de inovação, a


expansão dos mercados, uma vez que é caracterizada pela absorção de conhecimento
externo à organização. Ela é um processo que envolve parceiros externos, entrada de
clientes, projetos de fontes abertas e solicitações de ideias externas. Para isso, adota
práticas para construção de vínculos com agentes externos à organização visando
identificar, prover e implementar inovações (TIDD; BESSANT, 2015).

112
De acordo com Tidd e Bessant (2015), os princípios da inovação aberta são:

• aproveitamento de conhecimentos externos;


• pesquisa e desenvolvimento têm valor significativo;
• pesquisa não é essencial para obter lucro;
• melhor uso de ideias internas e externas, não a sua geração.

A abordagem de inovação aberta possibilita (TIDD; BESSANT, 2015):

• aumento da base de conhecimento;


• redução de dependência de conhecimento interno limitado;
• redução de custos relacionados a pesquisa e desenvolvimento internos;
• ênfase na captura, e não na criação de valor;
• equilíbrio de recursos para buscar e identificar ideias.

Todavia, na abordagem de inovação aberta ainda existem alguns desafios


encontrados como a identificação de fontes relevantes de conhecimentos, e seu
compartilhamento. Outro obstáculo está relacionado a conflitos de interesses
comerciais, e negociações dos termos de licenças e o uso da propriedade intelectual
(TIDD; BESSANT, 2015). Na inovação fechada, o gerenciamento das atividades de
inovação, a pesquisa e desenvolvimento ocorre de forma isolada e interna na empresa,
por meio de laboratórios próprios de pesquisa. Nesse modelo, a fonte de conhecimento
é da própria organização, que tem controle absoluto e único em todas as etapas do
processo, sendo eles: desenvolvimento de ideias, protótipo, manufatura, mercado,
distribuição e serviço (THOMAS, 2009). Assim, a principal diferença entre inovação
aberta e inovação fechada, é que, de acordo com Thomas (2009), a construção do
conhecimento as ideias, invenções, pesquisas e os desenvolvimentos necessários para
colocar um produto no mercado são gerados dentro da própria organização. Contudo,
no sistema aberto, a empresa utiliza, também, recursos externos, como a tecnologia, e
ao mesmo tempo disponibiliza suas próprias inovações para outras organizações.

Características da Inovação Fechada (DINO, 2017):

• Todas as pessoas inteligentes do mercado trabalham para o desenvolvimento de um


produto em comum.
• Para ter lucro através de P&D, as empresas precisam fazer descobertas, desenvolvê-las
e comercializá-las.
• Controle da PI (Propriedade Intelectual), de modo que os competidores não lucrem
com as ideias desenvolvidas pela organização.
• Desconfiança de toda contribuição, informação que vem de fora da empresa.

113
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A inovação acontece não somente nos produtos, mas também nos serviços.

• A descoberta, invenção e inovação possuem significados distintos, sendo a descoberta


a identificação, por meio da observação, de algo existente na natureza. A invenção é a
criação de algo anteriormente inexistente. E a inovação é a implementação de um
produto, bem ou serviço novo ou melhorado.

• A inovação é considerada um processo de descoberta das aplicações econômicas


para as invenções, e que uma invenção só poderá ser uma inovação se for levada ao
mercado.

• Os principais tipos de inovação são: de produto, de serviço de modelo de negócio,


de comunicação, de marketing, de processo e organizacional.

• A inovação é classificada como: inovação radical; inovação realmente nova;


inovação incremental; e inovação imitativa.

• Na história do processo de inovação, destacou-se o fordismo, uma vez que inovou no


processo de fabricação de carros, e a Xerox interface gráfica.

• O avanço tecnológico impulsionou ainda mais as inovações e possibilitou a colaboração


da troca de ideias por meio de plataformas digitais. Essas plataformas incentivaram a
inovação aberta, ou seja, a troca de ideias entre as empresas, e também a inovação
fechada, caracterizada pela criação de ideias dentro da mesma organização.

114
AUTOATIVIDADE
1 Conforme evidenciado no decorrer do conteúdo deste tópico, os termos invenção,
descoberta e inovação muitas vezes são utilizados de forma errônea, como sinônimas.
Com base no significado desses termos, diferencie descoberta, invenção e inovação.

2 Relacione as colunas a seguir:

( ) A inovação ocorre apenas na primeira empresa a concluir a P&D


(1) Inovação industrial, que culmina no lançamento do primeiro produto nos
radical. mercados. Produtos imitativos são frequentemente novos para a
empresa, mas não são novos no mercado.
(2) Inovação ( ) Inovações que incorporam uma nova tecnologia que resulta
realmente em uma nova infraestrutura de mercado. Também resultam em
nova. descontinuidades tanto no nível macro (para mundo, ou todo
um setor industrial) quanto no micro (para um grupo de usuários
(3) Inovação específicos ou uma organização).
incremental. ( ) Um produto realmente novo resultará em uma descontinuidade
de mercado ou em uma descontinuidade tecnológica, mas
(4) Inovação não incorporará ambos.
imitativa. ( ) Produtos que fornecem novos recursos, benefícios ou melhorias
à tecnologia existente no mercado atual.

Assinale a sequência CORRETA:


a) ( ) 4, 1, 2, 3.
b) ( ) 3, 1, 2, 4.
c) ( ) 1, 4, 2, 3.
d) ( ) 4, 1, 3, 2.

3 Neste tópico estudamos também sobre os tipos de inovação aberta e fechada. No


sistema aberto, uma das principais características é utilização de recursos externos
pela empresa, como a tecnologia, e, ao mesmo tempo, ela disponibiliza suas próprias
inovações para outras organizações. E na Inovação Fechada? Descreva as principais
características.

115
116
UNIDADE 2 TÓPICO 3 —
CARACTERÍSTICAS DA CRIATIVIDADE E A
IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, vamos identificar as principais características e comportamentos
de uma pessoa criativa que, segundo Predebon (2008), poderá ser circunstancial e
compulsivo.

Para isso, iremos compreender como ocorre o processo de criatividade, e


a imaginação nas mentes humanas por meio das principais teorias evidenciadas na
literatura: Teoria das Quatro Dimensões da Criatividade; Teoria da Adaptação – Inovação,
e a ferramenta avaliativa Teste Torrance de Pensamento Criativo ou Torrance Test of
Creative Thinking. Essas teorias têm como objetivo explicar e aprimorar o comportamento
criativo.

A partir desses estudos perceberemos a importância da motivação como fonte


para a criatividade, abordaremos algumas teorias que tiveram o intuito de identificar
os principais fatores que motivaram as pessoas no sentido da inventividade, sendo
elas: Teoria X e Y; Teoria dos Dois Fatores; e Pirâmide das Necessidades de Abraham H.
Maslow.

Também trataremos das possibilidades para gerar motivações nas pessoas a


partir dos estudos de José Predebon (2008).

Finalizando este tópico, vamos conhecer algumas das mentes mais brilhantes
da humanidade para inspirá-lo ainda mais a ser criativo e a inovar.

Bons estudos!

117
2 CARACTERÍSTICAS DA PESSOA CRIATIVA E
INOVADORA
Uma pessoa criativa possui várias características específicas que a difere das
pessoas que não possuem essas qualidades tão desenvolvidas. Claro que a criatividade
em cada indivíduo é diferente, e cada um possui atributos em níveis distintos.

De acordo com Predebon (2008), a criatividade é produto de uma visão de vida,


de uma opção quanto ao seu papel no planeta. Esses itens incentivam o desenvolvimento
mais aguçado em algumas competências no que diz respeito à criatividade.

Alguns cientistas enfatizam que a linguagem oral humana já é um exercício


para a criatividade, e o que chamamos de comportamento criativo é o exercício da
imaginação acima da média, sendo uma das principais características humanas, nos
diferenciando das demais espécies (PREDEBON, 2008). Nas pesquisas de Predebon
(2008), o autor evidencia dois tipos de comportamento criativo: o criativo compulsivo
e o criativo circunstancial.

QUADRO 4 - CARACTERÍSTICAS CRIATIVO COMPULSIVO E CRIATIVO CIRCUNSTANCIAL

Criativo compulsivo Criativo circunstancial


Com o indivíduo que as circunstâncias
tornaram criativo acontece algo diferente:
ele passa a deslumbrar-se com o prazer
Se caracteriza principalmente pela
que advém de sua criatividade e torna-se
compulsividade. O indivíduo que nasce com
também um fã dessa condição nova para si,
o comportamento criativo como que fazendo
adquirindo o "vício" não pela via compulsiva,
parte de sua personalidade tem uma postura
mas pelo caminho hedonístico. Busca o
de "viciado pelo novo" diante do mundo. Claro
prazer de criar, pelo prazer da conquista do
que o exercício de sua compulsão inclui o
"novo". Descobre, sem analisar por que, que o
prazer, mas este sequer é procurado como
novo é irmão do diferente e que o diferente,
um fim. Ao acabar cada tarefa de criação,
quando relevante, é chamado de criativo. O
a pessoa relaxa com a sensação de dever
conceito de relevância é muito mais aplicado
cumprido, perante si própria. Quando não tem
à criatividade no dia a dia ou no campo
obrigações de criar, ele descobre desafios no
profissional do que nas artes, que têm outro
cotidiano, imaginando modificações em tudo,
compromisso com a realidade. O funcionário
ou até mesmo fica "treinando", como no caso
criativo percebe que suas ideias são
de um diretor de arte meu conhecido, que
chamadas de devaneios e rejeitadas quando
começa a criar layouts em guardanapos de
não se articulam com a realidade, isto é,
papel, já na segunda semana de férias.
quando não apresentam evidentes vantagens
que compensem o risco que as mudanças
sempre apresentam, em algum grau.

FONTE: Predebon (2008, p. 20)

118
Assim, podemos perceber algumas diferenças nesses tipos de comportamentos
criativos. Outro item que incentiva o aprimoramento da criatividade é a necessidade de
solução, e está relacionado, principalmente, ao campo de atuação profissional, uma vez
que cada vez mais as empresas prezam por profissionais qualificados e criativos, em
razão de a inovação possibilitar mais competitividade no mercado.

Em outras palavras, podemos destacar, então, que uma pessoa criativa possui a
mente aberta para o novo, e sempre pergunta o “por quê”? Além disso, Predebon (2008)
cita a capacidade de visualizar as coisas sob um ângulo diferente, a partir de um outro
ponto de vista, é fundamental para o processo de criatividade.

Conforme mencionamos, a criatividade é um diferencial no acirrado mercado


de trabalho, mas não é porque não nascemos com características de pessoas criativas,
que não podemos desenvolvê-las. Para isso, Baxter (1998), implementou um dos
primeiros modelos do pensamento criativo identificando a partir da inspiração outras
quatro etapas nesse processo:

FIGURA 20 – ETAPAS DO PENSAMENTO CRIATIVO

FONTE: Adaptado de Baxter (1998)

119
A Inspiração é considerada como um primeiro sinal para a descoberta.
Já na fase de Preparação, ocorre a coleta de informações necessárias sobre o
problema em questão, envolvendo associações, combinações e contextualizações do
problema; em seguida, na Incubação, ocorre o afastamento temporário do problema,
o armazenamento das informações, para descanso mental; na fase de Iluminação, a
pessoa tem uma ideia (momento eureca) e chega a uma solução criativa; e por fim, na
Verificação, ocorre o ajuste e implementação da solução idealizada (BAXTER, 1998).

A partir desse modelo, percebemos que a criatividade é a união de esforço


e de imaginação, uma vez que as pessoas devem estar preparadas para tal objetivo.
Assim, foram surgindo várias técnicas para incentivar a criatividade nas organizações,
e novas teorias que passaram a considerar um grupo de fatores aos quis estão
relacionados e o ambiente em que vivem.

IMPORTANTE
Em 1961, Rhodes desenvolveu o modelo das Quatro Dimensões
da Criatividade: pessoa, produto, processo e ambiente (pressão).
Rhodes concluiu que somente haveria criatividade se todos esses
fatores fossem estudados e entendidos em conjunto.

3 TEORIAS DE PESSOAS CRIATIVAS


A partir da importância de características de criatividade nas pessoas, diversos
estudos foram realizados visando aprimorar tal comportamento. De acordo com Alves
e Castro (2015, p. 55) “o desenvolvimento humano é um processo contínuo e dinâmico
que envolve a personalidade, por isso, a criatividade está ligada às características
psicológicas das etapas evolutivas do ser [...]”.

Assim, o estudo de traços de personalidade, aptidões, interesses e motivações


contribui para o desenvolvimento da capacidade criativa. Diversas técnicas que
incentivam o autoconhecimento possibilitam o aprimoramento de criatividade,
apresentando também a percepção de que o mundo pode ser transformado (ALVES;
CASTRO, 2015). Dessa maneira, em nossos estudos, abordaremos as principais teorias
da criatividade: Teoria das Quatro Dimensões da Criatividade; e Teoria da Adaptação-
Inovação ou Kirton Adaptation-Innovation Theory (KAI).

120
3.1 TEORIA DAS QUATRO DIMENSÕES DA CRIATIVIDADE
Essa teoria foi criada pelo cientista educacional norte-americano James Melvin
Rhodes em 1961. Em suas pesquisas ele visou identificar uma definição universal para
criatividade.

Todavia, em suas investigações, principalmente nas décadas de 1950 e 1960,


ele não obteve sucesso, uma vez que eram inúmeras conceituações. Mas, a partir delas,
ele identificou convergências, possibilitando agrupá-las em quatro grandes aspectos
essenciais para a criatividade, também conhecido como 4Ps: pessoas (person),
processo (process), produto (product) e ambiente (press). O autor enfatiza que só
há criatividade se esses quatro fatores são estudados e entendidos em conjunto e não
como itens separados sem relação (RHODES, 1961).

Rhodes (1961, p. 305) conceituou a criatividade como “o substantivo que nomeia


o fenômeno em que uma pessoa comunica um novo conceito, este novo conceito é o
produto. O processo é a atividade ou processo mental e, como não se concebe um
indivíduo operando em um vácuo, o termo ambiente (Press) está implícito”.

Nesse viés, Fox (2012) e Rhodes (1961) destacam que no item pessoa são
identificadas informações de personalidade, intelecto, temperamento, físico, traços,
hábitos, atitudes, autoconceito, crenças, mecanismos de defesa e comportamentos;
em processo, engloba estudos sobre questões relacionadas às etapas da experiência
criativa como estratégias, métodos e técnicas para gerar e analisar ideias, resolver
problemas, tomar decisões e gerenciar seu pensamento durante o processo criativo
com a promoção do seu desenvolvimento e de elementos cognitivos como motivação,
percepção, aprendizagem, pensamento e comunicação; no ambiente, atrela-se a
relação entre os indivíduos e o seu ambiente, é o lugar onde os outros “Ps” convivem
e integram-se, exerce uma pressão sobre o indivíduo e esta tanto pode ajudar como
dificultar a expressão criativa; e, por fim, o produto refere-se ao pensamento que foi
comunicado a outros sujeitos na forma de palavras, quadros, metal, pedra, tecido ou
outro material.

121
FIGURA 21 – 4Ps

Pessoa

Processo Produto

Ambiente

FONTE: Adaptado de Fox (2012)

3.2 TEORIA DA ADAPTAÇÃO-INOVAÇÃO


A Teoria da Adaptação-Inovação, ou Kirton Adaptation-Innovation Theory
(KAI). Kirton (1976) analisa e classifica pessoas em termos de padrões da criatividade,
tomada de decisões e resolução de problemas. A partir de tal análise, o indivíduo pode
ser classificado em adaptadores e/ou inovadores. Os adaptados, para Kirton (1976), são
as pessoas que preferem resolver um problema sem ter que modificar uma estrutura,
ou paradigma existente, e que possuem como características a precisão, eficiência,
disciplina e atenção às normas. Já os inovadores resolvem problemas revolucionando
paradigmas, e são caracterizados por propor soluções inovadoras, indisciplina e desafiar
regras. A partir desses dois polos de tomada de decisão e solução de problemas, Kirton
(1976) indica as seguintes percepções por “fazer as coisas melhor” ou “fazer as coisas
diferentemente”.

FIGURA 24 – TEORIA DA ADAPTAÇÃO-INOVAÇÃO

"Fazer as coisas
"Fazer as coisas melhor"
diferentemente"
Adaptação
Inovação

FONTE: Adaptado de Vasconcelos, Guedes e Cândido (2007)

122
Tal teoria visa contribuir para que as pessoas compreendam suas preferências
e de outras pessoas e comportamentos, auxiliando na tomada de decisão e solução
de problemas (KIRTON, 1976) Características existentes entre as pessoas consideradas
adaptadoras e inovadores (PUCCIO, 1999):

Adaptadores:
• São precisos, confiáveis, eficientes, metódicos, prudentes, disciplinados e
conformistas.
• Preocupam-se mais em resolver problemas do que em edificá-los.
• Preferem resolver problemas por métodos já conhecidos e testados.
• Amenizam problemas investindo no aperfeiçoamento da eficiência; tentam
preservar ao máximo a continuidade e a estabilidade.
• São vistos como sensatos, bem ajustados e confiáveis.
• Tendem a transformar meio em objetivos.
• Parece que o tédio nunca os atinge. São capazes de manter alta precisão mesmo
em longas jornadas de trabalho minucioso.
• Assume a liderança dentro de estruturas predefinidas.
• Desafiam regras raramente, cautelosamente e apenas quando contam com forte
apoio.
• Tendem a ser bastante autocríticos; reagem a críticas aderindo ainda mais ao
sistema.
• São vulneráveis à autoridade e à pressão social; tendem a seguir regras.
• São essenciais ao funcionamento rotineiro da organização, mas de vez em quando
precisam ser “arrancados” de seus paradigmas.

Inovadores:
• São vistos como pessoas indisciplinadas, que pesam tangencialmente e abordam
os problemas por ângulos diferentes.
• Descobrem problemas quanto soluções. Lidam com os problemas questionando
os paradigmas preexistentes.
• “Ateiam fogo” em equipes mornas; tratam os consensos com irreverência; são
tidos como cáusticos, criadores de dissonância.
• São vistos como insensatos e pouco práticos; muitas vezes entram em choque
com seus opositores.
• Ao perseguir seus objetivos, dão pouca atenção aos meios tradicionais.
• Suportam uma rotina de trabalho minucioso (manutenção de sistemas) apenas
por períodos curtos; rapidamente delegam tarefas rotineiras.
• Em situações não estruturadas, tendem a assumir o controle.
• Desafiam regras com frequência; têm pouco respeito por tradições.
Parecem não duvidar de suas novas ideias; não precisam da aprovação alheia
para manter a autoconfiança.
• Saem-se muito bem em momentos de crise; podem até mesmo evitá-las, caso
consigam canalizar seus esforços para isso.

123
Adaptadores ao colaborar com inovadores:
• São precisos, confiáveis, eficientes, metódicos, prudentes, disciplinados e
conformistas.
• São fontes de estabilidade, ordem e continuidade.
• Mantêm a coesão e a cooperação da equipe – são sensíveis a questões
interpessoais.
• Fornecem uma base segura para operações mais arriscadas.

Inovadores ao colaborar com adaptadores:


• São vistos como pessoas indisciplinadas, que pesam tangencialmente e abordam
os problemas por ângulos diferentes.
• Estabelecem orientação para tarefas, rompendo com as teorias aceitas do
passado.
• Muitas vezes ameaçam a coesão e a cooperação da equipe – são insensíveis a
questões interpessoais.
• Fornecem a dinâmica para que mudanças radicais periódicas sejam
desencadeadas.

A princípio pode parecer que somente os inovadores são os criativos, porém


os adaptadores também o são, mas dentro do seu ambiente. Já os inovadores
procuram romper o ambiente em busca da criatividade. Por exemplo, a criatividade
inovadora proporcionou a criação do automóvel, e a adaptadora permitiu a utilização
de diversos tipos de combustíveis. Portanto, há uma sinergia entre aqueles que são
adaptadores e os inovadores. Os dois tipos se complementam.

FONTE: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/administracao/criatividade-nas-
organizacoes-a-pessoa-criativa-e-suas-dimensoes/43648>. Acesso em: 23 jun. 2020.

ESTUDOS FUTUROS
Sabia que o conceito da Barbie foi rejeitado em diversos Focus Group
(discussão em grupo)? Um insight de uma mãe que falou que gostou
da boneca, pois a ajudaria a ensinar a filha a se vestir, fez com que a
empresa pensasse que não só essa poderia ser a abordagem correta
para o mercado, como uma nova fonte de receita.

124
3.3 FERRAMENTA AVALIATIVA – TESTE TORRANCE DE
PENSAMENTO CRIATIVO OU TORRANCE TEST OF
CREATIVE THINKING
Além da definição, a avaliação da criatividade vem sendo alvo de diversos
estudos, resultando em algumas ferramentas que visam mensurar o nível de criatividade.
Em nossos estudos, tendo como base a multiplicidade de métodos e de instrumentos
que têm surgido ao longo de meio século, iremos investigar sobre o Torrance Tests of
Creative Thinking (TTCT), devido a ser o teste de criatividade mais divulgado e estudado
internacionalmente (AZEVEDO; MORAIS, 2012).

Desenvolvido pelo psicólogo americano Ellis Paul Torrance, em 1996, é o teste


mais utilizado para tentar mensurar o nível de criatividade de uma pessoa. No Teste
Torrance de Pensamento Criativo ou Torrance Test of Creative Thinking (TTCT), as pessoas
são submetidas a um esforço com o intuito de descobrir uma solução criativa para um
determinado problema ou mesmo finalizar o que está incompleto. Ele é constituído
por provas verbais e figurativas compostas por tarefas diversas como questões, e a
descoberta de causa e consequência, aperfeiçoamento e complemento de figuras,
entre outros (AZEVEDO; MORAIS, 2012).

FIGURA 22 – EXEMPLO DE TESTE DE TTCT

FONTE: <https://criatividade.files.wordpress.com/2007/12/torrance.jpg>. Acesso em: 18 jun. 2020.

É um processo de autoavaliação e desenvolvimento que tem como objetivo


identificar alguns indicativos da pessoa criativa, como (PORTAL EDUCAÇÃO, 2012, s.p.):

125
• Fluência: refere-se à quantidade de respostas. Quanto mais
possibilidades a pessoa levantar, mais fluente é.
• Flexibilidade: refere-se ao número de categorias em que as
respostas se encaixam. Por exemplo, uma pessoa poderia sugerir
pouco uso para o celular, porém em categorias diferentes, como:
falar, mandar uma mensagem, fotografar, utilizar na função GPS,
pagar conta, ler e-mail, entre outros.
• Originalidade: refere-se à raridade da resposta. Os resultados
do participante são comparados com os de outros e as respostas
mais raras são consideradas as mais originais.
• Elaboração: refere-se ao detalhamento da resposta. Quanto mais
pormenorizada e precisa, mais elaborada ela é.

Portal Educação (2012, s.p.) também evidencia outras habilidades como


características da pessoa criativa:

• Análise: capacidade de decompor um elemento em fragmentos


menores. Está ligada à habilidade de isolar problemas.
• Síntese: capacidade de compilar fragmentos e formar um todo.
Essa característica também está relacionada à habilidade de extrair
os elementos mais importantes de diferentes ideias, fazendo um
resumo dos “principais pontos”.
• Abertura: capacidade de se desvincular de esquemas mentais
rígidos e preconcebidos.
• Comunicação: capacidade de verbalizar seus pensamentos e
emoções e de explicar aos outros as suas ideias.
• Sensibilidade para problemas: capacidade de perceber pontos
que podem ser melhorados.
• Redefinição: capacidade de encontrar novas aplicações para um
objeto.
• Nível de inventividade: capacidade de criar elementos novos e,
ao mesmo tempo, valiosos, úteis.

FIGURA 23 - HABILIDADES COMO CARACTERÍSTICAS DA PESSOA CRIATIVA

FONTE: Adaptado de Azevedo e Morais (2012)

126
4 A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO PARA A
CRIATIVIDADE
A motivação é essencial para o processo de criatividade. Ela é responsável pelo
impulso no comportamento do ser humano para uma determinada ação, estimulando a
realização de tarefas para que o objetivo esperado seja alcançado de forma satisfatória.
Possui três pilares, sendo eles: foco, intensidade e permanência (GOIS, 2011).

"A motivação é específica. Uma pessoa motivada para trabalhar pode não ter
motivação para estudar ou vice-versa. Não há um estado geral de motivação, que leve
uma pessoa a sempre ter disposição para tudo" (MAXIMIANO, 2007, p. 250).

Precisamos conseguir desenvolver motivações para desbloquear e ativar


nossa ação inovadora. Achar esse tipo de estímulo, por um lado, é essencial, e por
outro lado, simplesmente, tem efeitos mágicos. O pensamento criativo contraria o fluxo
normal do raciocínio lógico, e por isso só tem lugar quando existe uma força específica
motivadora. Precisamos encontrá-la se quisermos ser criativos. Onde a procuraremos?
(PREDEBON, 2008).

Com base na importância da criatividade e motivação nas empresas, uma


vez que estão diretamente relacionadas, diversos estudos foram realizados visando
compreender a motivação humana (GOIS, 2011).

Entre diversas investigações podemos destacar:

4.1 PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES DE ABRAHAM H.


MASLOW
A Pirâmide das Necessidades de Maslow, também chamada de hierarquia das
necessidades de Maslow, é um conceito criado na década de 1950 pelo psicólogo norte-
americano  Abraham H.  Maslow. Seu objetivo é determinar o conjunto de condições
necessárias para que um indivíduo alcance a satisfação, seja ela pessoal ou profissional.

Essa teoria apresenta uma hierarquia para as necessidades humanas. Ele


identificou que algumas necessidades são qualitativamente diferentes, por exemplo,
a necessidade de comer é diferente da necessidade de tornar-se presidente de
um país. Assim, ele descreve quais são as mais básicas, sendo a base da pirâmide,
e as mais elaboradas que estão evidenciadas no topo da pirâmide. As necessidades
base são aquelas consideradas necessárias para a sobrevivência, enquanto as mais
complexas são necessárias para alcançar a satisfação pessoal e realização profissional
(BUENO, 2002).

127
FIGURA 25 – PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES

Autorrealização

Estima

Sociais

Segurança

Fisiológicas

FONTE: BUENO ( 2002)

ATENÇÃO
A teoria de Maslow enfatiza que apenas quando uma necessidade
for satisfeita o ser humano terá necessidade da próxima.

Em termos gerais, e como citado por Abraham Maslow na década de 1960,


destaca-se a relação de sua teoria com a necessidade a partir da seguinte afirmação: “o
homem criativo não é o homem comum ao qual se acrescentou algo; o homem criativo
é o homem comum do qual nada se tirou”.

A partir dessa frase percebemos que para a criatividade é necessário o estímulo,


a necessidade de autorrealização, sendo esse o topo da pirâmide. Logo, se todas as
necessidades anteriores forem supridas, o indivíduo não terá dificuldade em ser criativo
(PREDEBON, 2008).

4.2 TEORIA DOS DOIS FATORES


A Teoria dos Dois Fatores, desenvolvida pelo americano Frederick Herzberg, 
foi elaborada a partir de entrevistas realizadas com diversos profissionais da área industrial.
O objetivo de Herzberg era identificar quais fatores causavam a satisfação e a insatisfação
dos empregados no ambiente de trabalho. Para isso, nas entrevistas realizadas ele
questionava sobre o que atraia e não atraia os entrevistados nas empresas que trabalhavam
(PERIARD, 2011a).

128
A partir da identificação desses itens Herzberg, dividiu os entrevistados em
dois grupos: motivacionais e higiênicos.

QUADRO 5 – FATORES HIGIÊNICOS E MOTIVADORES, SEGUNDO HERZBERG

Fatores que previnem a insatisfação Fatores que geram satisfação


(higiênicos) (motivadores)
Salário Realização
Condições de trabalho Reconhecimento
Relação com pares, com supervisor e com
Responsabilidade
subordinados
Segurança Progresso
política e administração da companhia Desenvolvimento

FONTE: Bueno (2002, p. 14)

Os fatores higiênicos referem-se às condições físicas do ambiente de trabalho,


salário, benefícios sociais, políticas da organização, clima organizacional, oportunidades
de crescimento etc. Esses fatores são suficientes apenas para evitar que as pessoas
fiquem desmotivadas, mas não é o elemento motivador. Já os fatores motivacionais
estão relacionados ao do conteúdo do cargo, às tarefas e às atividades relacionadas
com o cargo em si, incluem liberdade de decidir como executar o trabalho, uso pleno
de  habilidades pessoais, responsabilidade total pelo trabalho, definição de metas e
objetivos relacionados ao trabalho e autoavaliação de desempenho. São chamados
fatores satisfacientes. A presença produz motivação, enquanto a ausência não produz
satisfação. Também chamados de intrínsecos (BUENO, 2002).

A partir de tal teoria percebemos que os fatores motivacionais permitem


a autorrealização (topo da pirâmide de Maslow), contribuindo também para o
desenvolvimento do potencial intelectual e criativo.

4.3 TEORIA X E Y
A Teoria X e Y foi criada por McGregor. Ela parte do pressuposto de que os
trabalhadores não gostam de obter responsabilidades e não gostam das tarefas do
trabalho, sendo necessárias ordens superiores para realizar as atividades. “Estas
ordens vêm sempre acompanhadas de punição, elogios, dinheiro, coação etc.; artifícios
utilizados pelos gestores para tentar gerar um empenho maior do colaborador” (PERIARD,
2011b, s.p.).

129
Os princípios básicos da Teoria X são:
• Um indivíduo comum, em situações comuns, evitará sempre que
possível o trabalho;
• Alguns indivíduos só trabalham sob forte pressão. Eles precisam ser
forçados, controlados e às vezes ameaçados com punições severas
para que se esforcem em cumprir os objetivos estabelecidos pela
organização.
• O ser humano ordinário é preguiçoso e prefere ser dirigido, evita
as responsabilidades, tem ambições e, acima de tudo, deseja sua
própria segurança.
[...]
Os princípios básicos da Teoria Y são:
• O esforço físico e mental empregado no trabalho é tão natural
quanto o empregado em momentos de lazer;
• O atingimento dos objetivos da organização está ligado às
recompensas associadas e não ao controle rígido e às punições;
• O indivíduo comum não só aceita a responsabilidade do trabalho,
como também a procura.
• Os indivíduos são criativos e inventivos, buscam sempre a solução
para os problemas da empresa;
• Os trabalhadores têm a capacidade de se autogerirem nas tarefas
que visam atingir objetivos pessoais e estratégicos da organização.
Sem a necessidade de ameaças ou punições;
• O trabalhador normalmente não faz aquilo que não acredita. Por
isso exige cada vez mais benefícios para compensar o incômodo
de desempenhar uma função desagradável (PERIARD, 2011b, s.p.).

Assim, Periard (2011b, s.p.) cita que “na teoria X o indivíduo é motivado pelo
menor esforço, demandando um acompanhamento por parte do líder. Já na Teoria Y, as
pessoas são motivadas pelo máximo esforço, demandando uma participação maior nas
decisões e negociações inerentes ao seu trabalho”.

IMPORTANTE
• Na Teoria X: o trabalho é, em si mesmo, desagradável
para a maioria das pessoas.
• Na Teoria Y: o trabalho é tão natural como o lazer, se as
condições forem favoráveis.

130
4.4 CAMINHOS PARA GERAR MOTIVAÇÃO
Manter uma equipe motivada é um constante desafio enfrentado pelas
empresas. Para manter o grupo de trabalho motivado é essencial manter uma boa
energia no ambiente, o incentivo por meio de metas atingidas, bom clima organizacional,
e possibilitar a realização pessoal do empregado. De acordo com Predebon (2008),
quando conseguimos transformar nossas tarefas em meios de afirmação e nossos
obstáculos em desafios, passamos a colher muitas oportunidades de aprimoramento
em nosso dia a dia e, também, mobilizamos a motivação necessária para a ação criativa.

Não há uma receita para a motivação, mas manter uma visão mais leve,
pensamento positivo, esperança, ânimo e fé contribuem para maior entusiasmo e
motivação. No entanto, além de tais aspectos, existem também alguns recursos que
podem contribuir, portanto muito cuidado, muitas vezes as pessoas acabam se tornando
refém do materialismo. O ideal, de acordo com Predebon (2008), é balancear o idealismo
e o materialismo, e sempre ter um objetivo, um caminho para o crescimento pessoal.

Para adotar um novo posicionamento no trabalho é necessário organização e


disciplina. Neste sentido, temos que realizar um balanço sincero, de como estamos,
evidenciar o ponto de partida e para onde queremos chegar. Esse pode ser um momento
delicado, é importante que não ocorra sentimento de culpa ou arrependimento.
Predebon (2008) enfatiza que somos imperfeitos, e que não temos muito orgulho dos
nossos erros, mas saber que estamos tentando melhorar, faz toda a diferença.

DICA
Dica de filmes sobre o assunto abordado neste tópico:

• O Lobo de Wall Street (2013), dirigido por Martin Scorsese.


• Um sonho possível (2009), direção de John Lee Hancock.
• Capitão Phillips (2013), direção de Paul Greengrass.

131
LEITURA
COMPLEMENTAR
MENTES MAIS BRILHANTES DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA

Ruan Bitencourt Silva

[...]

Nicolau Copérnico (1473-1543)

A partir de suas observações do céu a olho nu,


pois a luneta ainda não havia sido inventada, o polonês
Nicolau Copérnico fez uma descoberta que causou
a primeira grande revolução em nossa concepção
do universo. Estudioso de astronomia, matemática
e medicina, ele escreveu “Sobre as Revoluções das
Esferas Celestes”, na qual afirmou que a Terra gira em
torno de seu próprio eixo uma vez por dia e em torno do
Sol uma vez por ano.

Numa época em que os dogmas da então poderosa Igreja Católica afirmavam que
a Terra ficava parada no espaço e era o centro do universo, a descoberta de Copérnico
era fantástica e ousada. Sua concepção de heliocentrismo, ainda que imperfeita, pois
previa órbitas circulares dos planetas em torno do Sol, quando na verdade elas são
elípticas, iniciou um fabuloso processo de descobertas astronômicas e físicas nas
décadas a seguir.

Galileu Galilei (1564-1642)

O italiano Galileu Galilei foi um dos primeiros a


perceber como a matemática aplicada aos fenômenos
naturais nos propicia um poder extraordinário para
compreender o que acontece no cosmo. Algumas
décadas depois de Copérnico ter concebido o sistema
heliocêntrico, Galilei o confirmou após dedicar sua vida
à pesquisa, à observação dos planetas, aos cálculos
e ao aperfeiçoamento do telescópio.

Além da concepção heliocêntrica, Galilei cometeria outra heresia ao contestar


os pensamentos inquestionáveis de Aristóteles sobre o movimento. Mas foi sua afirmação
de que a Terra, assim como os outros planetas conhecidos, girava em torno do Sol, o que
o levou ao tribunal da Santa Inquisição. Para escapar da morte na fogueira, Galilei assinou
uma declaração na qual se considerava um pecador por tal afirmação. No entanto, após
tê-la assinado, ele teria murmurado: “Contudo, ela se move”.

132
Johannes Kepler (1571-1628)

Contemporâneo de Galileu Galilei, Kepler foi responsável


por descobrir que a volta que os planetas dão em torno do Sol
é elíptica e não circular como acreditavam Copérnico e Galilei.
Sua dedicação à matemática euclidiana era tal que acreditava
que a geometria em si era a manifestação de Deus no mundo. O
talento matemático do alemão Kepler o levou a trabalhar ao lado
do nobre dinamarquês e matemático imperial Tycho Brahe.

O dinamarquês possuía observações astronômicas


muito mais precisas do que qualquer um naquela época
e elas foram fundamentais para as conclusões de Kepler. O
movimento orbital de Marte, observado por Brahe, levou Kepler
a descobrir que as órbitas dos planetas em torno do Sol eram elípticas. E ele foi além. O
alemão desenvolveu as três leis fundamentais dos movimentos planetários e com isso
fundou a astronomia moderna.

Isaac Newton (1642-1727)

O legado de Copérnico, Galilei e Kepler foi


fundamental para que o inglês Isaac Newton desenvolvesse
suas ideias sobre gravitação universal, uma audaciosa
suposição que mudou o destino da ciência. Ainda jovem,
Newton desenvolveu o cálculo, uma das mais importantes
áreas da matemática moderna, além de ter elaborado o
conceito de força e a teoria mecânica. O cálculo possibilitou
a Newton ter as técnicas necessárias para suas descobertas
a respeito da gravidade.

A primeira de suas três famosas leis diz que um corpo permanece em repouso
ou em movimento uniforme ao longo de uma linha reta, a menos que sofra ação de
uma força externa (lei da inércia). A segunda afirma que o efeito de uma força contínua
sobre um corpo inicialmente em repouso ou em movimento uniforme é fazê-lo acelerar.
E a terceira diz que se um corpo exerce uma força sobre o outro, o segundo exercerá
ao mesmo tempo força oposta e da mesma intensidade sobre o primeiro. Newton, ao
combinar teoria mecânica e matemática, explicou como o mundo funciona e como é
possível calcular o que acontece nele.

[...]

Charles Darwin (1809-1882)

Antes dele, a ciência já havia mostrado que a


Terra não era o centro do universo. Com as descobertas
de Charles Darwin um novo e definitivo golpe foi desferido
nos dogmas religiosos e nos mitos de criação divina do
cosmo e do ser humano. Se dependesse de seu pai,
Darwin teria concluído os cursos de medicina ou teologia,
mas o interesse do inglês por botânica o fez embarcar
na expedição que o navio HSM Beagle fez para a América
do Sul, numa missão de pesquisa científica.

133
Foi durante essa viagem que ele fez as observações que o levariam a desenvolver
a revolucionaria teoria da evolução das espécies. Suas conclusões mostravam que a
humanidade era somente um passo a mais num processo evolutivo de sobrevivência e
de seleção natural. A revolução que colocava o ser humano no seu devido lugar no
universo, iniciada por Copérnico, estava concluída com a publicação de “Sobre a origem
das espécies por meio da seleção natural”, de Charles Darwin.

[...]

James Clerk Maxwell (1831-1879)

As teorias de Faraday acerca das linhas de força


movendo-se entre corpos com propriedades elétricas ou
magnéticas fizeram James Clerk Maxwell formular um
modelo matemático exato para a teoria de propagação
de ondas eletromagnéticas. Em 1865, Maxwell provou
matematicamente que os fenômenos eletromagnéticos
são propagados em ondas pelo espaço com a velocidade
da luz, lançando as bases para a rádio comunicação que
foi confirmada experimentalmente por Hertz em 1888 e
desenvolvida com Guglielmo Marconi na virada do século.
O seu trabalho em electromagnetismo foi a base da
relatividade restrita de Einstein e o seu trabalho em teoria
cinética de gases foi fundamental para o desenvolvimento
posterior da mecânica quântica.

[...]

Albert Einstein (1879-1955)

Quando Albert Einstein nasceu fazia quase dois séculos que Isaac Newton
havia provado que tempo e espaço eram absolutos e não tinham nenhuma relação com
coisas exteriores. Desde então acreditava-se que o tempo fluía de modo equitativo e o
espaço permanecia sempre semelhante e inamovível. Essas certezas cairiam por terra
com as ideias de Einstein. O cientista alemão supôs que não
há nada que se possa chamar de movimento absoluto.

Segundo Einstein, toda velocidade é relativa ao


referencial específico que a define. Assim, se há movimento
relativo, o tempo e o espaço se tornam relativos e o tempo
é tão intrinsecamente ligado ao espaço que se torna uma
quarta dimensão dele. Com sua Teoria da Relatividade,
Einstein provocou uma revolução na nossa visão sobre o
universo. Suas ideias anunciaram o fim da física clássica e
o início da era da física quântica e da energia nuclear.

134
Leonardo da Vinci (1452 – 1519)

Pintor, inventor, cientista, arquiteto, músico,


escritor… conhecido também como o “homem do
Renascimento”. Sempre que ouvimos seu nome,
imediatamente, nos vêm à mente obras como A Última
Ceia, Dama com Arminho ou Homem Vitruviano.
No entanto, por vezes negligenciamos as inúmeras
contribuições de da Vinci à área da engenharia. Sua
máquina voadora, seu anemômetro, seu paraquedas,
seus equipamentos de mergulho ou suas máquinas de
guerra foram alguns esboços. Foi, acima de tudo, um
pioneiro no método experimental, e conseguiu estar à
frente, sem saber, de figuras tão importantes quanto
Descartes ou Francis Galton.

O que sempre o guiou foi sua ávida curiosidade, a qual fez dele um autodidata
apaixonado pela natureza, pela ciência e pela pesquisa. Ele preencheu seus cadernos
com cada uma de suas nervosas ideias, projetos, esboços e teorias que, hoje em dia,
continuam sendo tão difíceis de interpretar. Um dos mais interessantes é, sem dúvida,
O Codex Atlânticus. Nele, vemos a famosa máquina voadora, a qual já indicava as bases
precoces da aeronáutica e da física.

FONTE: <https://universoracionalista.org/as-doze-mentes-mais-brilhantes-da-historia-da-ciencia/>. Acesso


em: 15 dez. 2019.

135
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Os comportamentos de uma pessoa criativa, identificados por Predebon (2008), são:


circunstancial e compulsivo.

• As principais teorias da criatividade são: Teoria das Quatro Dimensões da Criatividade;


Teoria da Adaptação-Inovação; e a ferramenta avaliativa Teste Torrance de Pensamento
Criativo ou Torrance Test of Creative Thinking.

• A “motivação” influência diretamente na criatividade,

• As principais teorias da motivação são: Teoria X e Y; Teoria dos Dois Fatores; e Pirâmide
das Necessidades de Abraham H. Maslow.

• A pirâmide de Maslow identifica as necessidades consideradas essenciais para a


sobrevivência, as mais básicas, estando na base da pirâmide, enquanto as do topo
da pirâmide, referentes à satisfação pessoal e realização profissional, são as mais
complexas.

• A teoria do dos fatores de Herzberg identificou quais fatores causam a satisfação


e a insatisfação dos empregados no ambiente de trabalho, dividindo-os em dois
grupos: Motivacionais e Higiênicos.

• Na teoria X e Y, McGregor criou duas dimensões: a teoria X, em que o indivíduo é


motivado pelo menor esforço, demandando um acompanhamento por parte do líder;
e na Teoria Y, cujas pessoas são motivadas pelo máximo esforço, demandando uma
participação maior nas decisões e negociações inerentes ao seu trabalho.

• As possibilidades para gerar motivações nas pessoas a partir dos estudos de Predebon
(2008), sendo algumas delas: uma boa energia no ambiente, o incentivo por meio
de metas atingidas, bom clima organizacional, e possibilitar a realização pessoal do
empregado.

136
AUTOATIVIDADE
1 Nas pesquisas de Predebon (2008), o autor evidencia dois tipos de comportamento
criativo: o criativo compulsivo e o criativo circunstancial. Assim, identifique, nas
características listadas a seguir, quais são do comportamento criativo compulsivo
(CO), e quais são do comportamento criativo circunstancial (CI):

( ) Se caracteriza principalmente pela compulsividade.


( ) Busca o prazer de criar, pelo prazer da conquista do "novo".
( ) Ao acabar cada tarefa de criação, a pessoa relaxa com a sensação de dever
cumprido, perante si própria.
( ) O conceito de relevância é muito mais aplicado à criatividade no dia a dia ou no
campo profissional do que nas artes, que têm outro compromisso com a realidade.
( ) Adquire o "vício" não pela via compulsiva, mas pelo caminho hedonístico.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) CO, CI, CO, CI, CI.
b) ( ) CI, CO, CI, CI, CO.
c) ( ) CO, CO, CI, CI, CO.
d) ( ) CI, CO, CI, CO, CI.
e) ( ) CI, CO, CI, CI, CI.

2 A motivação é essencial para o processo de criatividade. Com base na importância da


criatividade e motivação nas empresas, uma vez que estão diretamente relacionadas,
diversos estudos foram realizados visando compreender a motivação humana. As
principais teorias da motivação são Teoria X e Y, Teoria dos Dois Fatores, e Pirâmide
das Necessidades de Maslow. Com base em tais teorias relacione as colunas a seguir:

( ) Identifica as necessidades consideradas essenciais


para a sobrevivência, e as mais complexas referentes
à satisfação pessoal e realização profissional.
( ) Cria duas dimensões, uma em que o indivíduo é
(1) Teoria X e Y. motivado pelo menor esforço, demandando um
acompanhamento por parte do líder, e outra em que
(2) Teoria dos dois fatores. as pessoas são motivadas pelo máximo esforço,
demandando uma participação maior nas decisões
(3) Pirâmide de Maslow. e negociações inerentes ao seu trabalho.
( ) Identificou quais fatores causavam a satisfação
e a insatisfação dos empregados no ambiente de
trabalho, dividindo-os em dois grupos: motivacionais
e higiênicos.

137
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) 3, 1, 2.
b) ( ) 3, 2, 1.
c) ( ) 2, 1, 3.
d) ( ) 2, 3, 1.
e) ( ) 1, 3, 2.

3 De acordo com o conteúdo estudado, a motivação é muito importante no processo


de criatividade. Com base nisso, abordamos algumas teorias que têm como objetivo
estudar as variáveis que motivam as pessoas, sendo uma delas a pirâmide de
necessidades de Maslow. Essa teoria apresenta uma hierarquia para as necessidades
humanas, sendo que as mais básicas ficam na base, e as mais elaboradas no topo da
pirâmide. À medida que o ser humano alcança uma das necessidades evidenciadas
por Maslow, ele tem motivação para alcançar a próxima. Com base nesse contexto,
identifique quais são essas necessidades.

138
UNIDADE 3 —

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO
NAS ORGANIZAÇÕES

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender as principais mudanças tecnológicas que impactaram no desenvolvimento


da sociedade e das organizações;

• analisar os principais aspectos que estimulam a criatividade e a inovação no âmbito


das organizações;

• refletir sobre o processo de gestão criativo de inovação nas empresas;

• investigar a importância da criatividade e inovação nas organizações contemporâneas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

TÓPICO 2 – CAMPOS DE APLICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

TÓPICO 3 – O PROCESSO DE GESTÃO CRIATIVA E DE INOVAÇÃO NAS EMPRESAS

TÓPICO 4 – BARREIRAS DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

139
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

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140
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E AS
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, nós vamos iniciar nossos estudos abordando as revoluções
industriais e suas principais características nos respectivos períodos.

Além de compreender o papel da evolução tecnológica em cada período


industrial, vamos analisar os principais aspectos relacionados às mudanças tecnológicas
e os seus impactos nos ciclos econômicos para uma melhor compreensão das suas
implicações no âmbito das organizações. Já vimos que a criatividade possui um papel
relevante no desenvolvimento de inovações tecnológicas sendo, desta forma, cada vez
mais uma competência requerida pelas instituições em geral.

2 AS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS E OS CICLOS


ECONÔMICOS
Para compreendermos a evolução e as mudanças tecnológicas, vamos dar um
salto histórico para o século XVIII. Nesse período, na Europa, predominavam as atividades
rurais e os portos eram a única alternativa para ir de uma região à outra. Nessa época,
as mercadorias existentes eram produzidas de forma artesanal, ou seja, todas as etapas
para construção do produto eram realizadas por uma única pessoa.

Com o passar do tempo, e devido ao crescimento da população, a relação


de compra e venda aumentou e o método de produção, até então utilizado, tinha
dificuldades em atender à demanda. A partir disso, surgiu um novo sistema caracterizado
principalmente pela divisão do trabalho artesanal, a manufatura.

Esse modelo predominou no período da Idade Moderna, foi o responsável pelo


aumento de produção e, consequentemente do mercado consumidor, impulsionando o
desenvolvimento do comércio monetário. Assim, os efeitos de novas formas de trabalho
e de novas tecnologias aplicadas à agricultura, proporcionaram maior produção com mão
de obra reduzida, ocasionando o deslocamento de grandes massas populacionais de
regiões rurais em direção às grandes cidades da época.

141
Logo, o deslocamento dessas massas provocaram a concentração e o excesso
de mão de obra disponível que, junto com o desenvolvimento científico — neste
momento ressalta-se a invenção da máquina a vapor, além de outras novas tecnologias
— desencadeou o fenômeno da industrialização mundial (MARCOVITCH, 1983 apud
KILIAN, 2005).

A Revolução Industrial provocou uma profunda mudança histórica nos meios


de produção até então conhecidos, alterando os modelos econômicos e sociais de
sobrevivência. O modelo feudal entrou em decadência cedendo espaço para o modelo
industrial, dando início à Revolução Industrial de produção em larga escala (KILIAN, 2005).

FIGURA 1 – ESTÁGIOS DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL

FONTE: <https://3.bp.blogspot.com/-S9oKLQf1NmA/V9630CRHQGI/AAAAAAAAADU/XXXxpc-nFAkVkX-
XPHLDRZoM9miCpMZkACLcB/s640/daarteaindustria.png>. Acesso em: 19 jun. 2020.

A Revolução Industrial significou a substituição da ferramenta manual pelo


uso da máquina e contribuiu para consolidar o capitalismo como modo de produção
predominante. Esse fenômeno deu origem à produção em larga escala dos mais variados
artefatos, de forma quase ilimitada. Neste primeiro período, existia ainda uma demanda
muito grande por todos os tipos de produtos, desta forma, os novos consumidores
aceitavam os bens produzidos sem ter uma consciência das filosofias de melhoria e
qualidade que na atualidade são de importância relevante para os clientes.

142
DICA
Sugestão de filme sobre a Revolução industrial:

• Tempos Modernos, de Charles Chaplin. Duração: 87 min. Warner, 1936.

O avanço tecnológico possibilitou, e ainda interfere, diretamente na evolução


da indústria. Por meio dele surgiram novos processos e métodos, conforme podemos
analisar a seguir:

QUADRO 1 – EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA

A Primeira Revolução Industrial começou no século XVIII e teve como


base o uso da água, do vapor (início dos combustíveis fósseis) e a mecanização de
equipamentos para a produção de bens de consumo.

Segundo Bastos Tigre (2006), “por volta de 1820, um garoto operando dois
teares mecânicos era capaz de produzi até 15 vezes mais do que o artesão doméstico,
resultando na perda de empregos e drásticas reduções de salários”. Surgiu, assim,
o primeiro confronto homem-máquina, simbolizado pelo movimento liderado por
Martin Ludd — o Movimento Ludita. A cada dia, novas máquinas facilitavam os
processos de produção, reduziam custos e ampliavam a quantidade de riqueza
fabricada. De fato, podemos ver nessa experiência histórica um momento nunca
antes vivido no desenvolvimento da economia.

Contudo, em meio a tanta riqueza, vemos que essa nova situação se


contrastava com a situação miserável dos vários operários que trabalhavam nos
centros fabris. Essa situação contraditória, em pouco tempo passou a ser percebida
por vários trabalhadores que trocavam o extensivo uso de sua força de trabalho por
salários que não supriam suas necessidades materiais elementares.

Em muitos casos, essa situação era explicada pelo fato de as fábricas


reduzirem sensivelmente a demanda por mão de obra, graças ao uso das máquinas.
Nesse contexto, se organizava uma grande massa de desempregados que se sujeitava
a um pagamento baixo mediante a falta de empregos e a grande disponibilidade
de mão de obra. Aos poucos, alguns trabalhadores responderam a essa deplorável
realidade.

143
No fim do século XVIII, corria o boato de que um enfurecido operário britânico
chamado Ned Ludd havia quebrado as máquinas de seu patrão. Mesmo não tendo
comprovação, a história serviu de inspiração para vários operários que viam nas
máquinas a razão de sua condição de miséria. Nascia assim, na Inglaterra, o Ludismo
ou Movimento Ludita.

Os luditas geralmente agiam de forma secreta, endereçando cartas anônimas


aos seus patrões exigindo o fim do uso das máquinas que restringiam a oferta de
emprego. Muitas vezes, organizavam grupos que invadiam fábricas e depredavam
todas as máquinas presentes. Enquanto a destruição acontecia, uma massa de
operários e desempregados aprovava a ação com gritos de apoio e calorosas palmas.

FONTE: <https://beduka.com/blog/wp-content/uploads/2019/06/revolucao-industrial.jpg>.
Acesso em: 19 jun. 2020.

A reação das autoridades inglesas contra esses levantes foi marcada por
vários conflitos entre os policiais e os trabalhadores. Finalmente, no ano de 1812,
o Parlamento Britânico aprovou a Frame Braking Act, lei que punia a quebra de
máquinas com a pena de morte. Dessa forma, observamos que a rebelião ludita
causou impacto significativo e determinou uma experiência de oposição entre o
homem e a tecnologia.

Apesar de não carregar um conteúdo ideológico, os luditas foram de suma


importância para que o molde de desenvolvimento do capitalismo fosse questionado.
Afinal de contas, qual relação garantia que o surgimento de tantas máquinas traria
reais benefícios à coletividade?

A Segunda Revolução ampliou a divisão do trabalho e iniciou o uso da


energia elétrica para criar a produção em massa.

144
FONTE <https://www.trabalhosescolares.net/wp-content/uploads/2008/07/revolucao_industrial_
fabricas_automobilisticas.jpg>. Acesso em: 19 jun. 2020.

Dessa forma foi um marco para o início da industrialização mundial, vivida,


primeiramente, pela Inglaterra.

Nesse sentido, todo o processo envolvendo a Revolução Industrial servia para


que novas formas de produção fossem desenvolvidas. Além disso, foram processos
não interrompidos que auxiliaram nos avanços de tecnologias. Assim também, novas
indústrias e a forma de produção foram fortemente beneficiadas pelas novas formas
de realização.

A Terceira Revolução utilizou a tecnologia da informação para automatizar


a produção e ampliar a informação. Também é chamada de Revolução Informacional,
se iniciou em meados do século XX.

FONTE: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/mages?q=tbn%3AANd9GcTTvBNTheXlxSkX6QxXNTuqF_
RPOTKvS8ubW5-spYFid5YmpOYC&usqp=CAU>. Acesso em: 19 jun. 2020.

145
Nessa época, a eletrônica surge como verdadeira modernização da indústria.
Destacou-se pelos avanços tecnológicos e científicos na indústria, bem como na
agricultura, na pecuária, no comércio e na prestação de serviços.

Agora, a Quarta Revolução Industrial deve ampliar a revolução digital que


vinha ocorrendo desde meados do século passado, com um grande potencial devido
a sua natureza hiperconectada, em tempo real, por causa da internet.

FONTE: <https://bit.ly/36LYOfN>. Acesso em: 19 jun. 2020.

Com a chegada da Quarta Revolução Industrial, também chamada de


Revolução 4.0, temos hoje o que se denomina de Industria 4.0. Há três vetores
propulsores: fatores físicos, digitais e biológicos.

As três primeiras Revoluções Industriais trouxeram a produção em massa, as


linhas de montagem, a eletricidade e a tecnologia da informação, elevando a renda
dos trabalhadores e fazendo da competição tecnológica o cerne do desenvolvimento
econômico. A Quarta Revolução Industrial, que terá um impacto mais profundo e
exponencial, se caracteriza, por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão
do mundo físico, digital e biológico.

FONTE: Adaptado de <https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/ludismo.htm>;


<https://conhecimentocientifico.r7.com/segunda-revolucao-industrial/>;
<https://conhecimentocientifi­co.r7.com/como-a-terceira-revolucao-industrial-mudou-o-mundo-e-as-
relacoes-humanas/>; e <http://www.industria40.gov.br/>. Acesso em: 19 jun. 2020.

Assim, podemos destacar como principais características tecnológicas das


revoluções industriais:

146
QUADRO 2 – CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS DAS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS

Revolução
Período Características Tecnológicas
Industrial
Iniciou da segunda metade
• Máquina a vapor.
Primeira do século XVIII e avançou até
• Substituição da produção artesanal pela
Revolução meados do século XIX.
produção fabril.
Industrial Ocorreu entre as décadas
• Tear mecânico.
de 1760 e 1840.
• Energia elétrica.
Iniciou do século XIX e avançou até • Petróleo.
Segunda
a primeira metade do século XX. • Sistema de produção taylorista – fordista
Revolução
Ocorreu entre as décadas – divisão do trabalho manual e intelectual.
Industrial
de 1860 e 1900. • Automação e produção em massa.
• Linha de Montagem móvel.
• Surgimento da informática e avanço das
Iniciou na segunda metade do
comunicações.
Terceira século XX e avançou até o final
• Surge a sociedade do conhecimento.
Revolução deste século.
• Sistema de produção flexível.
Industrial Ocorreu entre as décadas
• Tecnologia da informação (TI).
de 1960 e 1990.
• Computação.
• Internet mais ubíqua e móvel, sensores
menores e mais poderosos.
• Fusão das tecnologias e a interação entre
Quarta
Iniciou na primeira década do domínios físicos, digitais e biológicos.
Revolução
século XXI, na década de 2000. • Sistemas e máquinas inteligentes
Industrial
conectados possibilitando um modelo de
produção de personalização em massa.
• Robótica avançada.

FONTE: Aires, Moreira e Freire (2017, p. 4)

A constante busca por “inovações” tecnológicas que desencadeiam as revoluções


são decorrentes do sistema capitalista, que geram, de acordo com Schumpeter (1961), a
denominada “destruição criativa”. A inovação é considerada um fator intrínseco que cria
constantemente: novos bens de consumo, novos métodos e processos de produção e
transportes, novos mercados e novas formas de organização industrial (SCHUMPETER,
1961). Esse movimento constante vai gerar os ciclos econômicos a partir das inovações
tecnológicas como podemos perceber na figura a seguir sobre a revolução industrial.

147
FIGURA 2 - BREVE HISTÓRIA DAS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS

INDÚSTRIA 4.0
INDÚSTRIA 3.0
Sistemas
INDÚSTRIA 2.0 cibernéticos,
Automação,
INDÚSTRIA 1.0 internet das coisas,
robótica,
Produção em escala, redes e inteligência
computadores,
linha de montagem, artificial
Mecanização, tear internet e
eletricidade e
e força à vapor eletrônicos
combustão

FONTE: <https://netscandigital.com/wp-content/uploads/2019/02/industria4.0-1024x768.jpg>.
Acesso em: 19 jun. 2020.

Da indústria 1.0 até os dias atuais (indústria 4.0), percebemos que a sociedade
se diferencia das anteriores, pela importância dada ao trabalho intelectual e à
criatividade dentro das empresas. Além disso, o comportamento do consumidor
muda, e os clientes passam a ser mais exigentes, causando, nas organizações,
mudança no pensamento estratégico em função da busca pela satisfação dos clientes,
provocando a aceleração no ciclo de vida dos produtos. Por consequência, dois fatores-
chave para a produção de novos produtos foram estimulados com o objetivo de se
manter competitivos no mercado: inovação e criatividade.

Na indústria 4.0, a inovação tecnológica possibilita maior segurança,


planejamento e eficiência nas organizações por meio de novas abordagens como:
segurança da informação; realidade aumentada; big data; robôs autônomos; simulações;
manufatura aditiva; sistemas integrados; computação em nuvem; e internet das coisas.

148
FIGURA 3 - INDÚSTRIA 4.0

FONTE: <https://russellbedford.com.br/wp-content/uploads/2018/06/industria-4-0.jpg>.
Acesso em: 19 jun. 2020.

Vamos falar um pouco mais sobre a quarta revolução industrial a seguir.

Quarta Revolução Industrial ou estagnação secular?

José Eustáquio Diniz Alves

No mês de janeiro de 2016 foram lançados, de forma independente, dois livros


que discutem as possibilidades e as limitações que a tecnologia teve no passado
e terá no futuro no sentido de avançar com as forças produtivas rumo à estagnação
ou ao progresso e a melhoria das condições de vida da humanidade. Um é otimista
e o outro é pessimista.

O livro The fourth industrial revolution, de Klaus Schwab, foi lançado durante
o Fórum Econômico Mundial, de Davos e serviu de tema central para o encontro que
reúne a elite da economia mundial. Numa visão otimista, o livro diz que estamos à
beira de uma revolução tecnológica que alterará fundamentalmente a maneira como
vivemos, trabalhamos e nos relacionamos uns com os outros. A “Quarta Revolução
Industrial, em sua escala, escopo e complexidade, será diferente de tudo que a
humanidade já experimentou antes”, como diz o autor. A Primeira Revolução Industrial
começou no último quartel do século XVIII e teve como base o uso da água, do vapor
(início dos combustíveis fósseis) e a mecanização de equipamentos para a produção

149
de bens de consumo. A Segunda Revolução ampliou a divisão do trabalho e iniciou o
uso da energia elétrica para criar a produção em massa. A Terceira Revolução utilizou
a tecnologia da informação para automatizar a produção e ampliar a informação.

Agora, a Quarta Revolução Industrial deve ampliar a revolução digital que


vinha ocorrendo desde meados do século passado, mas, segundo Klaus, ela traz
um grande potencial devido a sua natureza hiperconectada, em tempo real, por
causa da internet. O livro aponta três vetores propulsores: fatores físicos, digitais e
biológicos. Dentre os físicos, como o desenvolvimento de novos materiais, destaca-se o
aperfeiçoamento do grafeno, que é 200 vezes mais resistente que o aço e milhares
de vezes mais fino que um fio de cabelo, tendo potencial de mudar a indústria e a
infraestrutura. Os celulares conectados à internet provocaram uma reorganização
de diversos aspectos da vida, como na educação, saúde e no transporte urbano. A
biotecnologia, poderá erradicar doenças e até mesmo retardar o envelhecimento das
pessoas. Além das mudanças nos sistemas de produção e consumo e amplo uso de
inteligência artificial, ela também traria o desenvolvimento de energias verdes.

Portanto, Klaus considera que as transformações de hoje não representam


apenas um prolongamento da Terceira Revolução Industrial, mas sim a chegada de
um quarto e distinto período, em função: “da velocidade, do alcance e dos sistemas
de impacto, pois a velocidade dos avanços atuais não tem precedente histórico,
quando comparado com as revoluções industriais anteriores”. A Quarta Revolução
avança em ritmo exponencial em vez de linear. Além disso, está envolvendo quase
todos os setores em todos os países. A amplitude e a profundidade dessas mudanças
anunciam a transformação dos sistemas inteiros de produção, gestão e governança.
Assim, para o autor, bilhões de pessoas conectadas por dispositivos móveis, com um
poder sem precedentes de processamento, capacidade de armazenamento e acesso
ao conhecimento, oferecem possibilidades ilimitadas. Essas possibilidades poderão
ser multiplicadas por avanços tecnológicos emergentes em áreas como inteligência
artificial, robótica, a Internet das Coisas, veículos autônomos, a impressão 3-D,
nanotecnologia, biotecnologia, ciência de materiais, armazenamento de energia e
computação quântica.

Ainda no raciocínio do autor, a Quarta Revolução Industrial, assim com as


revoluções anteriores, tem o potencial de elevar os níveis de renda global e melhorar
a qualidade de vida das populações em todo o mundo. A inovação tecnológica
também pode levar a um milagre do lado da oferta, com ganhos a longo prazo em
termos de eficiência e produtividade. Transporte e comunicação a custos baixos
tornariam as cadeias de fornecimento globais e a logística mais eficazes, abrindo
novos mercados, impulsionando o crescimento econômico. Não menos importante,
a Quarta Revolução Industrial, segundo o autor, pode aperfeiçoar a democracia.
Como os mundos físico, digital e biológicos continuam a convergir, novas tecnologias
e plataformas vão permitir que os cidadãos participem da gestão governamental,

150
exprimindo suas opiniões, juntando esforços na implementação de políticas públicas
e supervisionando as autoridades constituídas. Simultaneamente, os governos
ganharão novos poderes tecnológicos, com base em sistemas de vigilância e
capacidade de controlar a infraestrutura digital, aumentando a concorrência, a
redistribuição das funções e a descentralização do poder.

Para não dizer que tudo são flores, o autor reconhece que a Quarta
Revolução Industrial poderia aumentar a desigualdade social, especialmente
afetando os mercados de trabalho. Como a automação substitui o trabalho em toda
a economia, o deslocamento líquido de trabalhadores por máquinas poderá agravar
o fosso entre os retornos de capital e os retornos do trabalho (gerando uma crise de
desemprego). O pior cenário seria aquele vislumbrado por Martin Ford (Rise of Robots)
em que a ascensão dos robôs levaria a um futuro sem emprego. Mas Klaus aposta
no efeito positivo, pois a tecnologia, em termos macroeconômicos, poderá não só
trazer aumento líquido nos postos de trabalho, como também pode transformar as
ocupações em atividades seguras e gratificantes.

Evidentemente, toda esta visão cornucopiana e de redenção tecnológica


soa como música aos ouvidos da elite econômica que frequenta o Fórum Econômico
Mundial. Para Klaus, a Quarta Revolução Industrial seria a prova de que o capitalismo é
um sistema não só eficiente, mas que pode ser também justo e democrático. Em sua
quarta reedição, a revolução capitalista universalizaria o progresso econômico, social
e ambiental. Seria o triunfo da abundância do paraíso na Terra. Contudo, esse tipo
de delírio tecnológico é contestado no livro The Rise and Fall of American Growth: The
U.S. Standard of Living since the Civil War do professor da Universidade Northwestern,
Robert J. Gordon. Há muito tempo o autor tem criticado o tecno-otimismo e as
afirmações, de forte cunho ideológico, de que estamos em meio a uma mudança
tecnológica revolucionária. Por exemplo, em relação à apologia feita às TICs
(Tecnologia de Informação e Comunicação), Gordon argumenta que elas são menos
importantes do que qualquer uma das cinco grandes invenções que alimentou o c
rescimento econômico entre 1870-1970: eletricidade, saneamento urbano, químicos e
farmacêuticos, o motor de combustão interna e a comunicação moderna.

Gordon não discorda do papel histórico desempenhado pela tecnologia no


passado. Ele recapitula os vínculos entre períodos de rápida expansão econômica
e as inovações das três Revoluções Industriais (RI) precedentes: 1ª) a das ferrovias,
energia a vapor (carvão mineral) e indústria têxtil, de 1750 a 1830; 2ª) a da eletricidade,
motor de explosão, água encanada, banheiros e aquecimento dentro de casa, petróleo
e gás, farmacêuticos, plásticos, telefone, de 1870 a 1900; 3ª) a dos computadores,
internet, celulares, de 1960 até hoje. Segundo Gordon, a segunda RI teria sido mais
importante em termos de acelerar o crescimento econômico, garantindo 100 anos
de acelerado avanço na produtividade. Ele argumenta que este evento excepcional
é único no tempo e não vai se repetir.

151
Ele dá exemplo da velocidade do transporte (que é confirmada pelo fracasso
do Boeing 787 Dreamliner): “Até 1830, a velocidade de tráfego de passageiros e de
mercadorias era limitado pelo ‘casco e vela’, mas aumentou de forma constante até a
introdução do Boeing 707, em 1958. Desde então, não houve nenhuma mudança na
velocidade e, de fato, os aviões voam mais lento agora do que em 1958 por causa da
necessidade de economizar combustível e normas de segurança”.

Outro exemplo se dá pelo engarrafamento das grandes cidades e a crise da


mobilidade urbana. Uma carroça puxada por dois cavalos trafegava a 26 km/hora,
mas nossos potentes carros atuais não trafegam a 20 km/hora no horário de pico
das metrópoles. Nas estradas é grande o número de acidentes e mortes. Desastres
e restrições à mobilidade urbana significam perda de eficiência econômica e pressão
sobre a qualidade de vida. Nas grandes cidades brasileiras é comum os moradores da
periferia gastarem duas horas da casa para o serviço e mais duas horas de volta.

A soma do aumento do custo da extração dos combustíveis fósseis e


a perda dos ganhos de produtividade pode funcionar como freio ao crescimento
econômico. Considerando a economia dos Estados Unidos da América (EUA),
Gordon argumenta que existem seis “ventos contrários” (headwinds) que devem
desacelerar o crescimento americano: 1) aumento das desigualdades sociais, 2)
educação deteriorada; 3) degradação ambiental; 4) maior competição provocada
pela globalização; 5) envelhecimento populacional; e 6) o peso dos déficits e do
endividamento privado e público.

O autor sugere que estes “ventos contrários” não estão atingindo apenas os
EUA, mas todas as economias avançadas, o que deve provocar taxas de crescimento
econômico abaixo de 1% nas próximas décadas. Para as sociedades emergentes,
os “ventos contrários” também existem, mas sopram com menos intensidade, por
enquanto. Mas, numa economia cada vez mais internacionalizada, é difícil imaginar
que os países em desenvolvimento possam manter altas taxas de crescimento
econômico sem contar com uma dinâmica parecida nos países desenvolvidos.

Evidentemente, a tecnologia contribui para o progresso e o bem-estar da


população. O avanço das tecnologias de higiene e de saneamento básico reduziram
a mortalidade infantil e aumentaram a esperança de vida, contribuindo para tornar
as pessoas mais longevas, mais educadas e mais produtivas. Aliás, a revista britânica
The Economist, com base nos estudos de Robert Gordon, fez uma capa (12/01/2013)
mostrando que toda a força do pensamento tecnológico recente foi incapaz de
inventar uma coisa mais útil e de maior impacto na saúde dos povos do que o vaso
sanitário. Os efeitos positivos de uma invenção tão simples desmistificam a apologia
das tecnologias mirabolantes.

152
A tecnologia pode ser aliada do desenvolvimento humano e ambiental, mas
também pode ser fonte de dominação, exploração e de autoengano. O livro de Robert
Gordon, portanto, não rejeita a tecnologia, mas apresenta um forte argumento sobre
seus limites. Também reforça a tese da “estagnação secular” e do baixo crescimento
econômico no restante do atual século. Neste início de ano, enquanto o FMI prevê um
crescimento de 2,4% para o PIB dos EUA em 2016, diversos outros estudos apontam
um crescimento abaixo de 2% ou mesmo uma recessão. Tudo indica que a Era do alto
crescimento econômico é coisa do passado. A América Latina, por exemplo, vai ter
dois anos de recessão e sem uma recuperação forte a vista.

A ideia de hiperprogresso e de avanço sem limite das forças produtivas é


alimentada tanto por pensadores neoliberais, quanto marxistas, que acreditam na
revolução científica e tecnológica. Por exemplo, a Singularidade tecnológica seria um
evento histórico previsto para o futuro próximo no qual a humanidade atravessaria
um estágio de colossal avanço tecnológico em um curtíssimo espaço de tempo. Os
aceleracionistas, seguindo utopias de esquerda, sonham com um “tecnocapitalismo
desterritorializado” e uma “infiltração tecnológica da agenda humana”. Mas como
mostraram Danowski e Castro (2014), os chamados “tecnófilos cornucopianos”
acreditam em um “capitalismo pós-industrial e vibrante”, mas desconsideram os
limites colocados pelo Sistema Terra para viabilizar o grande salto adiante. O Paradoxo
de Jevons mostra que os ganhos de eficiência provocados pela tecnologia podem
reduzir o consumo de recursos naturais em termos microeconômicos, mas não em
termos macroeconômicos. O próprio Painel Internacional de Recursos da ONU, que
busca estabelecer políticas que possibilitem dissociar os efeitos do crescimento
econômico do uso dos recursos naturais e dos seus impactos ambientais (decoupling),
reconhece que, a despeito de todo avanço tecnológico, o uso global per capita de
materiais continua crescendo, pois era de seis toneladas, em 1970, passou para oito
toneladas, entre 1970 e 2000, chegando a dez toneladas, em 2010. Houve, portanto,
aumento absoluto no uso dos materiais extraídos do meio ambiente. Mas também
ocorreu crescimento relativo, pois a quantidade de material (kg) para produzir uma
unidade de PIB (US$) passou de 1,2 kg, em 2000, para 1,4 kg, em 2010 (UNEP, 2015).

Além disto, o nível de reciclagem é muito baixo e os ganhos microeconômicos


são minimizados pela ampliação da demanda agregada. Desta forma, não custa lembrar
o recado deixado por Mary Shelley, no livro Frankenstein, que já tinha alertado, em 1818,
sobre os efeitos indesejados da tecnologia e da racionalidade, que em vez de gerar o
progresso prometeico, pode gerar um monstro que assusta a raça humana.

Para quem faz apologia da tecnologia e acha que a ideia de desenvolvimento


sustentável é o caminho para conciliar os avanços materiais e o meio ambiente, seria
bom ler o livro de Ted Trainer: Renewable Energy Cannot Sustain a Consumer Society.

153
Ele diz que a sociedade atual, assentada no triângulo indústria-riqueza-consumismo, é
insustentável e injusta, envolvendo taxas de utilização de recursos per capita que
são impossíveis de atingir e universalizar para toda a população. Ao contrário de um
mundo de riquezas infinitas, ele propõe a simplicidade voluntária e o decrescimento.
O sonho do desenvolvimento economicamente inclusivo, socialmente justo e
ambientalmente sustentável virou um oxímoro e o tripé da sustentabilidade virou um
trilema (Martine e Alves, 2015 e Alves, 2015).

Ninguém sabe, com certeza, como será o futuro. Neste segundo quindênio
(2015-2030) do século XXI, quando a agenda global da ONU está centrada nos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e no Acordo de Paris, aprovado na COP-21, o
monitoramento mundial da agenda pós-2015 deveria contrabalançar a atenção entre o
oba-oba da Quarta Revolução Industrial, de Klaus Schwab e a crítica realista dos limites
tecnológicos feitas por Robert Gordon. A sociedade afluente ainda é um sonho distante
para a maioria da população mundial.

FONTE: <https://www.ecodebate.com.br/2016/02/17/quarta-revolucao-industrial-ou-estagnacao-
secular-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/>. Acesso em: 19 jun. 2020.

A partir das Revoluções Industriais podemos perceber sua relação com os


ciclos econômicos, ou seja, as mudanças tecnológicas propiciadas pelas inovações
provocaram, também, transformações na economia. Como vimos no capítulo anterior
deste livro de estudos, um dos primeiros autores a destacar o papel da inovação para
as organizações foi Schumpeter (1961), que a apresenta como um fator de vantagem
competitiva. Tal vantagem surge a partir da destruição criativa (destruir as velhas
ideias para criar novas ideias), podendo ser originada a partir de uma invenção ou
uma tecnologia já existente. A invenção se encontra associada com o conceito de
insight, que corresponde ao momento do processo criativo no qual uma ideia ou
uma solução para um problema surge de forma repentina (ALENCAR; FLEITH, 2003).
Dessa forma, vão surgir diversas teorias e tipos para analisar o fenômeno da inovação
no âmbito dos países e das organizações, como veremos a seguir.

DICA
Assista ao filme A Revolução Industrial, disponível no endereço:
https://www.youtube.com/watch?v=DmvL6vy_6Qg.

154
NOTA
Revolução Industrial foi a transição para novos processos de manufatura no período
entre 1760 a algum momento entre 1820 e 1840. Esta transformação incluiu a transição
de métodos de produção artesanais para a produção por máquinas, a fabricação de
novos produtos químicos, novos processos de produção de ferro,
maior eficiência da energia da água, o uso crescente da energia a vapor
e o desenvolvimento das máquinas-ferramentas, além da substituição
da madeira e de outros biocombustíveis pelo carvão. A revolução teve
início na Inglaterra e em poucas décadas se espalhou para a Europa
Ocidental e os Estados Unidos.

FONTE: <http://pt.dbpedia.org/resource/Revolu%C3%A7%C3%A3o_
Industrial>. Acesso em: 24 jun. 2020.

3 FATORES INDUTORES DA MUDANÇA TECNOLÓGICA


Baseado no pensamento de Schumpeter (1961), a Organização para Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE) elaborou o Manual de Frascati que “consolidou
conceitos e definições sobre atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e permitiu
a criação de sistemas de indicadores de inovação tecnológica para empresas e países”
(BASTOS TIGRE, 2006, p. 71).

FIGURA 4 - MANUAL DE FRASCATI

FONTE: <http://www.ipdeletron.org.br/wwwroot/pdf-publicacoes/14/Manual_de_Frascati.pdf>.
Acesso em: 19 jun. 2020.

155
Em seguida, a OCDE, com uma abrangência muito maior, lançou o Manual de
Oslo (1992, 1997, 2005), já em sua terceira versão, que colocam o monitoramento das
inovações tecnológicas como ponto crucial para o desenvolvimento econômico da
sociedade ocidental.

FIGURA 5 - MANUAL DE OSLO

FONTE: <https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2020.

De acordo com o Manual de OSLO, a inovação torna-se um valor tangível


mensurável que determina o grau de evolução tecnológica de uma empresa ou país do
ponto de vista econômico.

Os fatores indutores de mudança tecnológica, segundo o Manual de Oslo


(OCDE, 2005, p. 26), “podem surgir em virtude de inúmeras razões”. No caso de
empresas, os fatores que levam à inovação envolvem, muitas vezes, objetivos com
relação aos produtos, mercados, eficiência, qualidade ou capacidade de aprendizado
e de implementação de mudanças.

Procurar identificar os motivos que levam as empresas a inovar e sua importância


auxiliam no exame das forças que conduzem as atividades de inovação, tais como a
competição e as oportunidades de ingresso em novos mercados.

Mais especificamente, Bastos Tigre (2006) identifica duas forças básicas que
induzem as mudanças tecnológicas:

• demanda (demand-pull): explicitadas pelas necessidades de usuários e consumidores;


• oferta (technology push): derivadas dos avanços da ciência que ofertam, a todo o
momento, novas aplicações tecnológicas de forma independente do mercado.

156
Bastos Tigre (2006, p. 77) também aponta que os custos dos fatores de
produção podem induzir mudanças tecnológicas, apresentando como exemplo que no
início do século XX, “o salário semanal de um trabalhador rural é suficiente para comprar
um acre de terra”. Ou seja, o alto custo da mão de obra impulsionou o investimento em
desenvolvimento tecnológico de máquinas que diminuíam este custo, tornando a
operação mais lucrativa.

Por sua vez, Castells (2006, p. 73) considera que “os fatores que induzem as
inovações tecnológicas não ocorrem de maneira isolada”. Estes fatores refletem:

• um determinado estágio de conhecimento;


• um ambiente institucional e industrial específico;
• uma certa disponibilidade de talentos para definir um problema técnico e resolvê-lo;
• uma mentalidade econômica que avalie a relação custo benefício da nova tecnologia;
• redes de fabricantes e usuários capazes de comunicar suas experiências de modo
cumulativo e aprender usando e fazendo.

Com esses fatores, segundo Castells (2006, 73), “quanto mais próxima for a
relação entre os locais de inovação, produção e utilização das novas tecnologias,
mais rápida será a transformação das sociedades e maior será o retorno positivo das
condições sociais sobre as condições gerias para favorecer futuras inovações”.

De acordo com a Academia Pearson (2011), os fatores indutores de mudança


tecnológica se resumem em três aspectos:

• fontes de tecnologias;
• natureza das necessidades dos usuários;
• relação custo/benefício de o investimento na inovação justificar os recursos gastos.

157
Estratégia tecnológica e competitiva das empresas industriais de Londrina

Marcos Antônio Marques


Marcia Regina Gabardo da Camara

[...]

Tecnologia e Competitividade

Na ótica neoschumpeteriana, o motor da luta competitiva, que condiciona


a capacidade de sobrevivência das firmas é a perspectiva de obter-se um diferencial
de lucratividade a partir de incorporação de inovações.

A disputa por novos mercados consumidores e a manutenção dos já


existentes, acirra a competitividade e tem induzido as empresas líderes internacionais
a acelerarem o ritmo de inovação ou introdução de novos atributos aos produtos
antigos, levando à redução do ciclo de vida dos produtos, à “descommoditização”
dos básicos e ao aprofundamento da segmentação dos mercados (KUPFER, 1994,
p. 47).

Em setores de elevada intensidade de capital tem crescido o porte empresarial


e o grau de integração produtiva dos grandes grupos, visando expandir ainda mais a
capacitação tecnológica e financeira.

Em setores de menor intensidade de capital, os aumentos dos gastos com


P&D (pesquisa e desenvolvimento), formação de mão de obra, aperfeiçoamento
gerencial tem induzido a formação de redes cooperativas horizontais que propiciem,
via melhor divisão de trabalho, maior especialização e compartilhamento dos
recursos produtivos.

Para compreender a dinâmica do processo de inovação tecnológica é


necessário estudar os fatores estruturais que desencadeiam a transformação dos
setores industriais envolvidos. Pavitt introduz uma taxonomia que identifica quatro
grandes grupos de setores, cada um deles associados a uma dinâmica tecnológica
genericamente similar (BRITTO, 1996):

1. Setores dominados por fornecedores: as inovações normalmente associam-se as


tecnologias de processo, incorporadas em equipamentos e insumos intermediários
adquiridos. Incluem as indústrias têxteis, de confecções e indústrias gráficas.
2. Setores intensivos em escala: as inovações podem estar relacionadas a produtos
e a processos; a atividade produtiva normalmente envolve o domínio de sistemas
complexos; as empresas tendem a ser grandes e empregam parcelas significativas
de seus recursos em atividade de P&D. Incluem-se, as indústrias químicas,
siderúrgicas, eletrônicas de consumo e de bens de consumo duráveis.

158
3. Setores de fornecedores especializados: a inovação relaciona-se à introdução de
produtos a serem utilizados por outros setores, principalmente como equipamentos
de capital. Exemplo são as indústrias de bens de capital e instrumentação.
4. Setores baseados na ciência: as inovações estão relacionadas diretamente ao
avanço do conhecimento científico; as firmas têm de ser ágeis e oportunistas em
suas estratégias, baseadas em atividades inovativas formalizadas em laboratórios
de P&D e investimentos na área de ciência básica. Incluem-se as indústrias de
eletroeletrônica, mecânica de precisão, farmacêutica e química de especialidades.

[...]

FONTE: <http://www.abphe.org.br/arquivos/marcos-antonio-marques_marcia-regina-gabardo-da-
camara.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2020.

DICA
Para saber mais leia: OCDE – ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO
E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Manual de Oslo: diretrizes
para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. Paris:
OECD, 2015.

Então, como vimos, a inovação é crucial para a sobrevivência das empresas,


mas é preciso assinalar que sua importância é maior ainda, pois, nos dias atuais, a
inovação é crucial para o desenvolvimento de um país. Inovação e mudança tecnológica
estão bastante interligadas sendo fator-chave para o crescimento econômico, mas,
de nada adianta, se não forem incorporadas ao sistema produtivo com indicadores de
mensuração como veremos a seguir.

3.1 INDICADORES DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA


O Manual de Oslo, segundo Bastos Tigre (2006, p. 87), “além de incorporar as
definições e parâmetros do Manual Frascati, aumentou sua abrangência identificando
outros indicadores quantitativos e qualitativos dos esforços e impactos das inovações”.
Baseado no Manual de OSLO (2006, p. 112), Bastos Tigre (2006, p. 88) lista, a seguir, os
indicadores utilizados pelo IBGE no Brasil para monitorar as atividades de inovação das
empresas:

1. Atividades internas de P&D.


2. Aquisição externa de P&D.
3. Aquisição de outros conhecimentos externos: Aquisição de
máquinas e equipamentos.

159
4. Treinamento: Introdução das inovações tecnológicas no mercado.
5. Projeto industrial e outras preparações técnicas para a produção e
distribuição.

Estes indicadores utilizados pelo IBGE/BRASIL fazem parte da Pesquisa de


Inovação (PINTEC) que é uma pesquisa realizada a cada três anos, cobrindo os setores
da indústria, serviços, eletricidade e gás. Ela faz um levantamento de informações para
a construção de indicadores nacionais sobre as atividades de inovação empreendidas
pelas empresas brasileiras. A importância da Pintec para o país se reflete em vários
aspectos. Seus resultados têm sido amplamente utilizados pela comunidade acadêmica,
associações de classe, empresas e órgãos governamentais de diversas esferas e regiões.
Eles pautam, por exemplo, uma série de políticas, especialmente de Ciência, Tecnologia
e Inovação (CT&I) (IBGE, 2020).

Propostas de indicadores sistêmicos de inovação para avaliação do


programa de pesquisa e desenvolvimento regulado pela Aneel

Antônio Pedro Lima


Renata Lèbre La Rovere
Guilherme Santos

[...]

Indicadores tradicionais de inovação

Indicadores são necessários para aferir se uma política pública está atingindo
seus objetivos. São fundamentos que permitem elaborar e avaliar programas e
projetos, além de acompanhar seu desempenho, seus resultados, efeitos e impactos
(LINS, 2003). Durante décadas, indicadores tradicionais de inovação contemplavam
dimensões de input, como gastos em P&D. Durante os anos 1980 e 1990, abordagens
evolucionárias se tornaram populares na agenda de pesquisa da Economia e das
Ciências Sociais.

O aumento do interesse no estudo do processo de inovação e da mudança


tecnológica, contudo, não foi acompanhado pela disseminação de dados estatísticos
adequados. Tem havido, no entanto, esforços em diversos países no sentido
de estender a série de dados para, além de atividades de P&D, investimentos
intangíveis, como softwares, design e marketing. (KLEINKNECHT, 2000). Pesquisas
como o Community Innovation Survey (CIS), elaborado para países da União Europeia,
e a Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), para o Brasil, são casos de iniciativas
que buscam explorar o conhecimento relacionado aos aspectos microeconômicos
das inovações.

160
Os indicadores tradicionais são basicamente de input, de output ou de
impacto. Nas análises tradicionais sobre processos de inovação, geralmente há
pelo menos um desses. Primeiro, uma mensuração de input mede gastos com P&D.
Uma outra, de produção intermediária, verifica o número de invenções patenteadas,
por exemplo. Finalmente, uma mensuração direta de produção avalia o impacto de
determinado número de inovações comercializadas (LINS, 2003).

Kelinknecht (2000) destacou forças e fraquezas destes três indicadores de


inovação tradicionais: P&D, patentes e vendas de produtos inovativos. Com relação
ao primeiro, os pontos positivos se devem ao fato de que dados de despesas de
P&D têm sido coletados há décadas, o que possibilita uma análise detalhada. Além
disso, a partir desses dados, é possível realizar uma subdivisão de P&D por produto
versus esforços de processos. Essa subdivisão é importante para a análise empírica
do impacto sobre o desempenho da empresa, pois esforços de inovação de produtos
e de outros processos são cruciais para o crescimento do empreendimento e para a
geração de empregos (KELINKNECHT, 2000).

As fraquezas, no entanto, se devem ao fato de que o indicador de P&D é só o


input do processo e, além disso, é apenas um entre vários. Outros incluem: design de
produto, produção experimental, análise de mercado, treinamentos de funcionários e
investimento em ativos fixos relacionados à inovação de produtos. Há uma série de
estudos que confirmam que os dados de P&D tendem a subestimar a inovação em
serviços, pois a metodologia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) está mais enviesada para capturar inovação em indústrias
manufaturadas. Outro problema com dados de P&D refere-se à medição. Evidências
de levantamentos apontam para o fato de que questionários tradicionais de P&D
tendem a subestimar atividades informais e de menor escala de P&D em empresas
pequenas (KELINKNECHT, 2000).

O segundo indicador apresentado por Kelinknecht (2000) diz respeito às


patentes, utilizadas como output para mensurar inovação. Os pontos positivos
referem-se às bases de dados de registros: diversas séries históricas e consolidadas
são disponibilizadas. Contudo, esses indicadores não captam diversas invenções não
patenteáveis. Além disso, uma patente pode servir para refletir pequenas melhorias
de baixo valor agregado, enquanto outras são muito valiosas. Ou seja, comparar
patentes é uma tarefa complexa, pois são muito diferentes entre si e seus valores
econômicos são, portanto, altamente heterogêneos.

O terceiro indicador tradicional de inovação é o de vendas de produtos


inovativos, que se baseia na avaliação de uma empresa em pesquisas do tipo survey
sobre introdução de novos produtos. O ponto positivo é que esse indicador mede

161
inovações introduzidas no mercado e que resultaram em fluxo de caixa positivo. As
fraquezas estão ligadas ao fato de que muitas empresas dão estimativas brutas das
participações das vendas de produtos inovadores. Não obstante, tais participações
podem ser sensíveis ao ciclo de negócios.

Em vista do que foi apresentado, é possível afirmar que a análise tradicional


do processo inovativo se restringe à P&D, patentes e quantidade de inovações
comercializadas. A visão sistêmica, tratada a seguir, valoriza aspectos para além de
input e output da empresa, como fatores organizacionais, institucionais e econômicos,
não contemplados nas métricas tradicionais. A análise de um setor e das empresas
do SEB, a partir de indicadores mais sofisticados, permite avaliar, de forma mais
acurada, a caracterização do processo de inovação, em um cenário no qual há cada
vez mais empresas de serviços intensivos em conhecimento e tecnologia.

[...]

FONTE: <http://seer.cgee.org.br/index.php/parcerias_estrategicas/article/viewFile/904/822>. Acesso


em: 19 jun. 2020.

DICA
Consulte o site do IBGE sobre a PINTEC: ibge.gov.br/pintec.
A Pintec segue a metodologia do Manual de Oslo da OCDE
(2005) e é estruturada a partir de dados coletados das próprias
empresas por meio de entrevista pautada por um questionário.

Dessa forma, percebemos que a inovação tecnológica é um fator importante


para as organizações. A seguir, vamos estudar as diferentes formas de aplicação dentro
das empresas.

162
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Os principais fatores indutores da mudança tecnológica, por meio, principalmente, de


duas forças básicas identificadas por Bastos Tigre (2006), são a Demanda e a Oferta.

• Os principais indicadores de inovação tecnológica do manual de Oslo são: atividades


internas de P&D; aquisição externa de P&D; aquisição de outros conhecimentos
externos: aquisição de máquinas e equipamentos; treinamento: introdução das
inovações tecnológicas no mercado; projeto industrial e outras preparações técnicas
para a produção e distribuição.

163
AUTOATIVIDADE
1 A Quarta Revolução Industrial possibilitou ampliar a revolução digital que vinha
ocorrendo desde meados do século XX. Ela traz um grande potencial devido a sua
natureza hiperconectada, em tempo real, por causa da internet. Nesse contexto,
identifique quais são as principais características tecnológicas da Quarta Revolução
Industrial.

2 A partir da Primeira Revolução Industrial, caracterizada pelo trabalho artesanal,


iniciaram-se novas percepções, entre elas, o primeiro confronto entre homem-máquina
liderado por Martin Ludd — o Movimento Ludita. Defina o que foi o Movimento Ludita.

3 Cada revolução industrial teve algumas características tecnológicas como marco,


em tais períodos. Dessa forma, relacione as colunas identificando características
correspondentes a cada revolução, e selecione a alternativa CORRETA:

Revolução Industrial Características Tecnológicas


( ) Surgimento da informática e avanço das
(1) Primeira Revolução Industrial. comunicações.
(2) Segunda Revolução Industrial. ( ) Internet mais ubíqua e móvel, sensores
(3) Terceira Revolução Industrial. menores e mais poderosos.
(4) Quarta Revolução Industrial. ( ) Energia elétrica.
( ) Máquina a vapor.

a) ( ) 4 – 2 – 1 – 3.
b) ( ) 3 – 4 – 2 – 1.
c) ( ) 3 – 4 – 1 – 2.
d) ( ) 3 – 1 – 4 – 2.
e) ( ) 1 – 4 – 2 – 3.

164
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
CAMPOS DE APLICAÇÃO NAS
ORGANIZAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, nós vamos estudar as fontes da criatividade e inovação, e sobre
seus processos e padrões para desenvolvimento, transformação de uma ideia inovadora,
em algo novo para o indivíduo, o mercado ou a empresa.

Iremos compreender também as principais fontes internas e externas de


criatividade e inovação nas empresas destacados no Manual de OSLO (OCDE, 2006).

2 AS FONTES DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO


Segundo Aranda (2009, p. 51), diversos autores afirmam que, “até finais do século
XIX, a inovação era associada à invenção, sendo essa considerada um mistério para
as pessoas e, por volta de 1914, à invenção denominada ‘pesquisa’ transformou-se em
uma atividade sistematizada, orientada para busca de resultados concretos”. Da mesma
forma, Aranda (2009) cita que não basta se ter uma grande ideia inovadora. Ela precisa,
desde o seu processo de desenvolvimento, incorporar o mercado e as necessidades do
cliente para atingir o estágio final de produto comercializado e, finalmente, ser percebida
como algo novo para o indivíduo, o mercado ou a empresa.

Mas, de onde vêm as boas ideias?

FIGURA 6 – DE ONDE VÊM BOAS IDEIAS?

FONTE: <https://1.bp.blogspot.com/-TLFeBHUTkvU/WOsMkrW5rZI/AAAAAAAAAeI/ftogtx-hzcAJsanDs-
uo0y5iuhTh27G5wCLcB/s640/grandes-ideias.jpg>. Acesso em: 19 jun. 2020.

165
Para responder a essa pergunta, durante cinco anos, Steven Johnson, um dos
mais importantes pensadores da internet, investigou a questão sobre de onde vêm as
boas ideias sob a perspectiva do meio em que vivemos.

Em seu livro De onde vêm as boas ideias – uma história natural da inovação
(2011), ele investiga o surgimento de mais de 200 descobertas e invenções científicas
para descobrir as condições ideais de geração de criatividade e inovação. Johnson
(2011) encontrou os seguintes padrões comuns para se gerar níveis extraordinários de
criatividade e inovação:

• Não há um gênio especial: contrariando a crença comum de que grandes


acontecimentos dependem de indivíduos especiais, Johnson (2011) afirma que ideias
revolucionárias quase nunca surgem num surto repentino de inspiração.
• Dar tempo ao tempo: as invenções levam muito tempo para evoluir e passam um
bom tempo hibernadas. Isso ocorre em parte porque as boas ideias normalmente
surgem da colisão entre dois palpites menores, que formam, portanto, algo maior que
eles próprios.
• Facilitar o fluxo de informações: é por isso que os cafés, durante o Iluminismo, e
os salões parisienses do Modernismo eram motores de criatividade, pois criavam um
espaço onde as ideias pudessem se misturar e gerar novas formas.
• Errar é importante: muitas descobertas somente surgiram após muitos fracassos.
• Invenções dependem de outras invenções: muitas vezes uma ideia inovadora irá
depender do surgimento de outra invenção para dar certo.

Genialidade é um conceito ridículo, diz professor do MIT

Claudia Gasparini

A História Secreta da Criatividade (Kevin Ashton)

Para o pesquisador britânico Kevin Ashton, gênios não existem: a criatividade


exigida para grandes feitos e descobertas é acessível a qualquer pessoa.

Inventar algo incrível não tem nada a ver com uma inspiração "celestial" ou
um cérebro excepcionalmente poderoso. O processo criativo — mesmo aquele que
dá origem a monumentais obras de arte ou descobertas científicas — é acessível a
qualquer mortal.

Essa é a tese do pesquisador britânico Kevin Ashton, professor do MIT


(Massachusetts Institute of Technology), em seu novo livro “A história secreta da
criatividade” (Editora Sextante, 2016). Para ele, gênios não existem.

166
“Todo o conceito de genialidade é ridículo e totalmente sem evidências”, diz o
pesquisador. “Algumas pessoas são melhores do que outras em algumas atividades,
mas isso não as torna diferentes ou especiais, apenas melhores”.

Ashton começou sua carreira na Procter & Gamble, empresa em que liderou
um trabalho pioneiro sobre identificação de produtos por radiofrequência. Também
fundou três startups de tecnologia, uma das quais foi vendida menos de um ano
após sua criação.

Ele foi a primeira pessoa a usar o termo IoT (“Internet of Things”, ou “Internet das
Coisas”), em 1999, no título de uma apresentação sobre seu projeto de radiofrequência
na P&G. A expressão se popularizou e descreve hoje a conexão de objetos do dia a dia,
como eletrodomésticos ou carros, à internet.

Considerado um visionário em sua área, o professor do MIT decidiu se


debruçar sobre a história da criatividade para escrever seu novo livro. Da revolução
no cultivo da baunilha no século XIX por um escravo de 12 anos à criação da icônica
latinha da Coca-Cola, seu estudo disseca os mecanismos da inovação desde
registros mais remotos até a atualidade.

Sua conclusão é categórica: criar não tem nada a ver com genialidade,
inspiração ou qualquer outra forma de excepcionalidade. Na verdade, o processo é
banal, ainda que o resultado não o seja — e pode ser empreendido por qualquer ser
humano.

“Os criadores passam quase todo o tempo perseverando, apesar da dúvida,


do fracasso, do ridículo e da rejeição, até conseguirem algo novo e útil”, escreve ele
no livro. “Não existem truques, atalhos ou esquemas para se tornar criativo de uma
hora para outra”.

FONTE: <https://exame.abril.com.br/carreira/genialidade-e-um-conceito-ridiculo-diz-professor-do-mit/>.
Acesso em: 19 jun. 2020.

DICA
Para aprofundar o tema estudado neste tópico sobre a origem da
criatividade sugerimos a seguinte leitura:

• JOHNSON, Steven. De onde vêm as boas ideias: uma história


natural da inovação. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

Por sua vez, qual seriam as fontes de criatividade e inovação dentro de uma
empresa?

167
3 AS FONTES DE CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NAS
ORGANIZAÇÕES
Segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2006, p. 27), “as atividades de inovação de
uma empresa dependem parcialmente da variedade e da estrutura de suas relações
com as fontes de informação, conhecimento, tecnologias, práticas e recursos humanos
e financeiros”. Basicamente, identificam-se três tipos de fontes externas de inovação
para as empresas:

• fontes abertas de informação: informações disponíveis que não exigem a compra


de tecnologia ou de direitos de propriedade intelectual, ou interação com a fonte;
• aquisição de conhecimentos e tecnologia: compras de conhecimento externo
e/ou conhecimentos e tecnologias incorporados em bens de capital (máquinas,
equipamentos, softwares) e serviços, que não envolvem interação com a fonte;
• inovação cooperativa: cooperação ativa com outras empresas ou instituições
públicas de pesquisa para atividades de inovação (que podem incluir compras de
conhecimento e de tecnologia).

Por sua vez, Bastos Tigre (2006, p. 93) identifica que:

[...] fontes de inovação na empresa podem ser de origem interna


quanto externa:
• fontes internas de inovação envolvem tanto as atividades
explicitamente voltadas para o desenvolvimento de produtos e
processos quanto a obtenção de melhorias incrementais por meio
de programas de qualidade, treinamento de recursos humanos e
aprendizado organizacional.
• fontes externas, por sua vez, envolvem:
◦ A aquisição de informações codificadas, a exemplo de livros e
revistas técnicas, manuais, software, vídeos etc.;
◦ Consultorias especializadas;
◦ Obtenção de licenças de fabricação de produtos;
◦ Tecnologias embutidas em máquinas e equipamentos.

Bastos Tigre (2006, p. 94) resume da seguinte forma as principais fontes de


inovação utilizadas pelas empresas:

• Desenvolvimento tecnológico próprio: Atividades de Pesquisa


e Desenvolvimento (P&D), Cooperação Em P&D.
• Contratos de transferência de tecnologia: licenças e patentes,
contratos com universidades e centros de pesquisas.
• Tecnologia incorporada: máquinas, equipamentos e softwares
embutidos.
• Conhecimento codificado: livros, manuais, revistas técnicas,
Internet, feiras e exposições, software aplicativo, cursos e programas
educacionais.
• Conhecimento tácito: consultoria, contratação de RH experiente,
informações de clientes, estágios e treinamento prático.
• Aprendizado cumulativo: processo de aprender fazendo, usando,
interagindo etc.

168
Gestão da inovação: a economia da tecnologia no Brasil

Paulo Bastos Tigre

[...]

Fontes de inovação na indústria brasileira

O estudo do comportamento inovador da empresa brasileira nos ajuda a


entender o processo de desenvolvimento industrial do país. A literatura internacional
está focada na experiência dos países avançados, onde a principal fonte de
aquisição de tecnologia são as atividades de P&D. Já no Brasil, existem algumas
ilhas de excelência tecnológica, formadas por poucas empresas de classe universal.
A maior parte da indústria, entretanto, adota estratégias imitativas ou dependentes
para inovar.

Segundo os dados da Pintec, a principal fonte de tecnologia na indústria


brasileira é a aquisição de máquinas e equipamentos, responsável por mais de 50%
do total dos gastos com inovação na indústria como um todo. A importância da
compra de máquinas e equipamentos no total dos gastos em inovação decresce
à medida que aumenta o porte das empresas, indicando que as maiores empresas
diversificam mais suas fontes de tecnologia. A maioria das empresas entrevistadas
pela Pintec reconhece que seus gastos com P&D são baixos. Elas geralmente não
introduzem inovações tecnológicas no mercado, não compram P&D externo nem
fazem projetos industriais. Suas principais motivações para inovar são aumentar
a qualidade do produto e manter a participação no mercado. Assim, a difusão de
inovações é condicionada por uma postura reativa das empresas, que buscam
apenas não perder mercado para a concorrência.

O esforço moderado de inovação desenvolvido pela indústria brasileira é


confirmado por uma pesquisa realizada para o Senai (Régnier, Caruso e Tigre, 2001)
junto a empresas clientes de projetos de assistência técnica e tecnológica. Assim
como a Pintec, a pesquisa do Senai mostrou que a principal fonte externa utilizada
por empresas brasileiras é a tecnologia incorporada em equipamentos e insumos
críticos. As informações repassadas pelos fornecedores sobre o funcionamento
das máquinas, componentes e insumos constituem a principal forma de absorver
conhecimentos e aperfeiçoar sua utilização. Outras fontes de tecnologia muito
utilizadas pelas empresas revelam estratégias de buscar informações já disponíveis
no mercado e de priorizar soluções internas aos problemas tecnológicos. Isso inclui
participações em feiras, congressos e exposições; cursos e treinamento gerencial;
desenvolvimento interno; e consultas à Internet e a publicações especializadas. As
universidades e centros de pesquisa também são utilizados, em diferentes graus,
pelas empresas. Esta fonte geralmente tem um custo relativamente mais baixo

169
quando comparada a outras formas externas de transferência de tecnologia. As
consultorias externas são adotadas, sobretudo, por empresas de grande porte. Outras
fontes externas utilizadas no Brasil são as consultas a informações disponibilizadas
por associações de classe e compra de tecnologia de outras empresas através
de contratos de licenciamento. Outra forma de adquirir tecnologia é participar de
redes globais.

O principal objetivo dos esforços tecnológicos das empresas brasileiras,


segundo a pesquisa do Senai, é o acompanhamento da dinâmica competitiva por
meio do lançamento de novos produtos, assim como a adaptação de produtos
existentes às necessidades do mercado, aos padrões mais rígidos de qualidade e
a maior aderência a normas técnicas internacionais. Já a demanda por tecnologia
de processos e mudanças organizacionais reflete a necessidade de reduzir custos
de produção por meio do desenvolvimento e/ou aperfeiçoamento dos processos
produtivos; da busca de soluções para problemas ambientais; de desenvolvimento e
análise de indicadores de desempenho (benchmarking); e do treinamento em uso de
equipamentos e controle de processos.

Do ponto de vista das inovações organizacionais, as empresas buscam


informações externas para introduzir novas formas de gestão; implantação de
comércio eletrônico e/ou soluções de informática; soluções de logística para
suprimentos e distribuição; e treinamento em novas práticas organizacionais. Na
área de qualidade, o maior interesse recai na certificação ISO 9000, seguida da
introdução de controle de qualidade total e certificação de produto. Finalmente,
na área de relações com o mercado, predominam os fatores relativos à introdução
de sistemas de assistência técnica e atendimento a clientes; análise e prospecção
de mercados.

[...]

FONTE: BASTOS TIGRE, P. Gestão da inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. Disponível em: https://adm2016sjcampos.files.wordpress.com/2017/03/gestao-da-
inovacao-paulo-tigre.pdf. Acesso em: 19 jun. 2020.

DICA
Para perceber a importância da gestão da inovação dentro das
organizações, leia na íntegra: BASTOS TIGRE, PAULO. Gestão da
Inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006. Disponível em: https://adm2016sjcampos.files.
wordpress.com/2017/03/gestao-da-inovacao-paulo-tigre.pdf.
Acesso em: 19 jun. 2020.

170
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• As fontes de criatividade e inovação, e os níveis identificados por Johnson (2011) são:


não há um gênio especial; dar tempo ao tempo; facilitar o fluxo de informações; errar
é importante; e invenções dependem de outras invenções.

• As principais fontes de criatividade e inovação nas organizações são: fontes abertas


de informação; aquisição de conhecimentos e tecnologia; e inovação cooperativa.

• As fontes de criatividade e inovação podem ser divididas em internas e externas. As


fontes internas envolvem atividades voltadas para o desenvolvimento de produtos
e processos, e melhorias incrementais na organização. Já as fontes externas
englobam aquisição de informações codificadas, consultoria especializada, licença
de fabricação de produtos, e tecnologias embutidas em máquinas e equipamentos.

• O desenvolvimento tecnológico, contratos de transferência, tecnologia incorporada,


conhecimento codificado, conhecimento tácito, e aprendizado cumulativo são as
principais fontes de inovação utilizados pelas empresas.

171
AUTOATIVIDADE
1 Bastos Tigre (2006) evidencia que as fontes de inovação nas empresas são de
origem interna e externa. Com base nessa afirmação identifique as fontes externas
de inovação listadas por Bastos Tigre (2006):

2 Johnson (2011) investiga o surgimento de mais de 200 descobertas e invenções


científicas para descobrir as condições ideais de geração de criatividade e inovação.
Ele encontrou alguns padrões comuns para gerar níveis de criatividade e inovação.
Com base nesse contexto, relacione as colunas a seguir, e assinale a alternativa
CORRETA:

( ) Muitas vezes uma ideia inovadora irá depender do


(1) Não há um gênio
surgimento de outra invenção para dar certo.
especial.
( ) É por isso que os cafés, durante o Iluminismo, e os
salões parisienses do Modernismo eram motores de
(2) Dar tempo ao
criatividade, pois criavam um espaço onde as ideias
tempo.
pudessem se misturar e gerar novas formas.
( ) Contrariando a crença comum de que grandes
(3) Facilitar o fluxo
acontecimentos dependem de indivíduos especiais,
de informações.
Johnson afirma que ideias revolucionárias quase nunca
surgem num surto repentino de inspiração.
(4) Invenções
( ) Isso ocorre em parte porque as boas ideias normalmente
dependem de
surgem da colisão entre dois palpites menores, que
outras invenções.
formam, portanto, algo maior que eles próprios.

a) ( ) 1 – 2 – 3 – 4.
b) ( ) 4 – 3 – 2 – 1.
c) ( ) 4 – 3 – 1 – 2.
d) ( ) 1 – 3 – 1 – 2.
e) ( ) 4 – 2 – 1 – 3.

3 Quais as principais fontes de inovação utilizadas pelas empresas elencadas por


Tigre (2006)?

172
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —
O PROCESSO DE GESTÃO CRIATIVA E DE
INOVAÇÃO NAS EMPRESAS

1 INTRODUÇÃO
Para inovação nas organizações é primordial incentivar a criatividade, assim
vamos compreender, neste tópico, a relação entre criatividade e inovação e sua
importância em estratégias coorporativas, liderança, estrutura organizacional, cultura
e recursos. Para isso iremos estudar as dez habilidades esperadas dos profissionais
do futuro identificadas pelo Fórum Econômico Mundial (2016).

Iremos identificar escalas criadas para medir a criatividade e inovação no


ambiente de trabalho como CQQ (Creative Climate Questionnaire) e ICC (Indicadores de
Clima para Criatividade).

Também iremos analisar o processo criativo e de desenvolvimento de produtos


tendo como base o Manual de Oslo.

2 A IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE NO PROCESSO DE


INOVAÇÃO (PI)
Como você estudou até o presente momento, a inovação e a criatividade são
conceitos que se encontram vinculados à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico,
sendo considerado o motor do próprio crescimento econômico das empresas. Segundo
Aranda (2009), a criatividade se tornou um tema importante de estudos sendo que
pesquisas contemporâneas de diferentes áreas do conhecimento identificaram relações
entre a criatividade e a inovação em determinadas configurações organizacionais como
estratégias corporativas, liderança, estrutura organizacional, cultura e recursos.

A criatividade pode ser considerada, hoje, a mola propulsora do processo de


inovação, tornando-a uma condição necessária para adicionar valor e alto grau de
novidade ao produto/processo/serviço dentro das organizações. Da mesma forma,
Aranda (2009, p. 72) acrescenta que “a criatividade é um dos fatores críticos por trás
da inovação, sendo importante, para geração de ideias, a resolução de problemas,
realização de invenções e novas descobertas, bem como para manter a vantagem
competitiva da organização”. Ou seja, a inovação é vital para o sucesso das empresas a
longo prazo, devido ao dinamismo do mercado (AMABILE, 1997).

173
A importância da criatividade para as organizações pode ser verificada no
documento do Fórum Econômico Mundial (2016), que a coloca dentro das dez habilidades
esperadas dos profissionais do futuro:

• Criatividade: segundo Pati (2016, s.p.):

[...] profissionais criativos terão a oportunidade de se beneficiar


desde cenários de rápidas transformações em produtos, tecnologias
e modos de trabalho. Lembre-se: os robôs perdem para nós em
criatividade. Ainda não conseguem ter ideias inusitadas e inteligentes
ou desenvolver alternativas criativas para resolver problemas. Por
isso, a habilidade que era a 10ª da lista de previsões das demandas
de mercado para 2015, agora faz parte das três habilidades mais
destacadas para 2020.

As demais habilidades listadas pelo documento do Fórum Econômico Mundial


(2016) são as seguintes:

• gestão de pessoas;
• pensamento crítico;
• resolução de problemas complexos;
• empatia-trabalho em equipe;
• inteligência emocional;
• capacidade de julgamento e tomada de decisões;
• orientação para serviços;
• negociação;
• flexibilidade cognitiva.

FIGURA 7 - TOP 10 HABILIDADES

FONTE: <https://www.oficinadanet.com.br/imagens/post/24077/top10skills.png>. Acesso em: 19 jun. 2020.

174
A criatividade como processo de geração de ideias potencialmente inovadoras
envolve o pensamento divergente e convergente, flexibilidade, originalidade e
desenvolvimento e, para o pleno desempenho do processo criativo, é necessário que
as empresas procurem, estimulem e mantenham profissionais criativos. No entanto,
segundo Aranda (2009), tanto o processo de inovação quanto o processo criativo,
devido as suas complexidades, necessitam de um clima organizacional apropriado
para se desenvolverem. Ou seja, é necessário um ambiente de inovação para que a
criatividade possa prosperar.

O ambiente de trabalho faz parte da estratégia da inovação sendo a base para


a criatividade, que é dependente da equipe de trabalho. Ou seja, é necessário um clima
que estimule a criatividade, promovendo a geração de ideias direcionadas para utilização
de produtos, serviços e fluxo de trabalho (ARANDA, 2009).

De acordo com Figueiredo (2017, p. 79), “depois de mais de 50 anos de pesquisas,


Ekvall (1996) criou a escala denominada CQQ (Creative Climate Questionnaire)”, utilizada
para medir o ambiente de trabalho sob a perspectiva da criatividade e inovação. Os
fatores de medição são: desafio e motivação; discussão e debates; ausência de conflitos,
tempo para ideias; ludismo e humor; suporte às ideias; alegria e dinamismo; confiança e
abertura; e correr risco e liberdade.

Da mesma forma, conforme Figueiredo (2017), também no estudo de Bruno-


Faria e Alencar (1998), as autoras desenvolveram o ICC (Indicadores de Clima para
Criatividade). Foram encontrados oito fatores que são estímulos à criatividade:

• ambiente físico adequado;


• clima social favorável entre colegas de trabalho;
• incentivo a novas ideias;
• liberdade de ação, atividades desafiantes;
• salários e benefícios adequados;
• ações da chefia e da organização em apoio a ideias novas;
• disponibilidades de recursos materiais.

E quatro fatores que são obstáculos à criatividade:

• bloqueio a ideias novas;


• excesso de serviços e escassez de tempo;
• resistência a ideias novas;
• problemas organizacionais.

175
DICA
• CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e
Terra, 2006. Com esta leitura, você irá perceber os desafios do
trabalho em sociedade conectada.

O futuro do trabalho e o trabalhador do futuro

Robson Braga

A vertiginosa revolução tecnológica que o mundo experimenta, em que


ambientes virtuais disputam a proeminência com a realidade física, impõe uma
nova forma de enxergar o mundo do trabalho. Diante desse cenário, são muitas as
adaptações necessárias para que empresas e trabalhadores sejam bem-sucedidos.
Independentemente do que vier a acontecer no futuro próximo, um aspecto parece
inquestionável: é preciso se preparar para um aprendizado contínuo.

Duas grandes tendências nos alertam para os desafios que teremos no Brasil
nesse campo. A primeira diz respeito ao fim do bônus demográfico, com a redução
do número de trabalhadores que entram no mercado em relação aos que o deixam.
A segunda está na crescente automatização e na digitalização do sistema produtivo,
que aumenta a busca por profissionais capazes de lidar com a dinâmica de uma
economia cada vez mais atrelada à tecnologia.

Trabalhadores mais qualificados são capazes de utilizar e interpretar as


novas tecnologias, antecipar tendências, e propor produtos inovadores e processos
mais eficientes. O problema é que as mudanças ocorrem a uma velocidade superior à
capacidade de preparar profissionais para os desafios atuais. Na prática, isso significa
que as novas tecnologias demandam habilidades específicas que não são ensinadas
no sistema de ensino tradicional. Por isso, mais do que nunca, tornou-se necessário
investir em cursos de qualificação técnica.

Estudo do Fórum Econômico Mundial mostra que, em grandes empresas,


quase metade dos empregados precisa passar por algum treinamento todos os anos,
seja no próprio ambiente de trabalho, seja em instituições privadas que oferecem
serviços de educação profissional. No Brasil, apesar do alto desemprego, 34% dos
empregadores reportam dificuldades em selecionar pessoas adequadas para as
vagas abertas. Eles dizem não encontrar candidatos com as habilidades requeridas
para os cargos, segundo dados do Manpower Group. De acordo com projeções do
Mapa do Trabalho Industrial, lançado no mês passado pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI), somente no setor industrial brasileiro, 1,6 milhão

176
de empregados precisarão passar por aperfeiçoamento profissional, anualmente, até
2023. Essa necessidade se dá em virtude das mudanças provocadas pela chamada
Indústria 4.0 e da pressão pelo aumento da produtividade e da competitividade.

O cenário é desafiador, mas repleto de oportunidades. A demanda por


trabalho mais qualificado tende a aumentar, com profissões mais analíticas,
interativas e não rotineiras ficando em evidência. Com máquinas assumindo cada
vez mais funções humanas, o diferencial do trabalhador talhado para o futuro incidirá
sobre competências como pesquisar, avaliar, planejar, elaborar regras e prescrições,
interpretar, negociar, coordenar, organizar e ensinar.

Com objetivo de jogar luz sobre esse tema, a Confederação Nacional da


Indústria (CNI) realiza, nesta quinta-feira — no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro
—, o Seminário Pelo Futuro do Trabalho, em parceria com as principais centrais de
trabalhadores do país. Especialistas e líderes vão debater as abruptas transformações
ocorridas nos sistemas produtivos e analisar suas implicações. Uma coisa é certa: em
um mundo cada vez mais disruptivo, governo, empresários e trabalhadores precisam
se unir para fazer frente ao desafio de promover uma contínua e eficaz qualificação
da mão de obra, fator indispensável para o crescimento sustentado da economia.

Como ensina Richard Branson, fundador do Virgin Group e um dos mais


visionários empreendedores do nosso tempo: “Capacite bem os seus colaboradores
para que eles possam partir. Trate-os bem para que eles prefiram ficar”. É basicamente
o mesmo ensinamento proclamado, no século passado, pelo lendário Henry Ford:
“Só há uma coisa pior do que formar colaboradores e eles partirem. É não os formar
e eles permanecerem”.

FONTE: <https://noticias.portaldaindustria.com.br/artigos/robson-braga-de-andrade/o-futuro-do-
trabalho-e-o-trabalhador-do-futuro/>. Acesso em: 19 jun. 2020.

3 PROCESSO CRIATIVO E DE DESENVOLVIMENTO DE


PRODUTOS
Como já vimos nos tópicos anteriores, a inovação tecnológica impacta na
competividade das empresas, exigindo das mesmas o desenvolvimento de novos
produtos (DNP) de forma constante. O desenvolvimento de novos produtos faz parte
da inovação, que, sem isto, não passariam de boas ideias. A empresa pode ganhar uma
vantagem competitiva por meio da introdução de um novo produto, o que lhe confere a
possibilidade de maior demanda e maiores margem sobre custos.

177
Segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2006, p. 57):

Uma inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço


novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas
características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos
significativos em especificações técnicas, componentes e materiais,
softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características
funcionais.

Ou seja, as inovações de produto podem utilizar novos conhecimentos ou


tecnologias, ou podem basear-se em novos usos ou combinações para conhecimentos
ou tecnologias existentes.

O termo “produto” abrange tanto bens como serviços. As inovações de produto


incluem a introdução de novos bens e serviços e melhoramentos significativos nas
características funcionais ou de uso dos bens e serviços existentes. Novos produtos
são bens ou serviços que diferem significativamente em suas características ou usos
previstos dos produtos previamente produzidos pela empresa. Como exemplo, podemos
citar os primeiros microprocessadores e câmeras digitais que foram novos produtos
usando novas tecnologias.

FIGURA 8 - EVOLUÇÃO DA FOTOGRAFIA

FONTE: <http://one2up.com.br/img/blog/ONE2UP---Dia-do-fot%C3%B3grafo---
Janeiro-2014_1389206640.png>. Acesso em: 19 jun. 2020.

Por sua vez, o primeiro tocador de MP3 portátil que combinou padrões de
softwares existentes com a tecnologia de disco rígido miniaturizado, foi uma nova
combinação de tecnologias existentes (OCDE, 2006).

178
FIGURA 9 - EVOLUÇÃO DOS APARELHOS SONOROS

FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/-7nfFzUkyu4Y/T15f2P3XcII/AAAAAAAAAKo/0FYdnNe3_zE/s320/
IMAGEM%2B1.jpg>. Acesso em: 19 jun. 2020.

Da mesma forma, segundo o Manual de Oslo:

O desenvolvimento de um novo uso para um produto com apenas


algumas pequenas modificações para suas especificações técnicas
é uma inovação de produto. Um exemplo é a introdução de um
novo detergente com uma composição química que já tinha sido
previamente utilizada como um insumo apenas para a produção de
revestimentos (OCDE, 2006, p. 58).

Concordando com o Manual de Oslo, Kotler e Keller (2012), afirmam que as


empresas para inovarem em produtos tem as seguintes alternativas:

• criação de produtos novos: criam um novo mercado;


• linhas de produtos novos: permitem a empresa entrar em mercados existentes, mas
ainda novos para ela;
• acréscimos a linhas de produtos já existentes;
• aperfeiçoamento e revisão de produtos existentes;
• reposicionamentos: redirecionam produtos para novos mercados ou segmentos;
• reduções de custo: criação de novos produtos, semelhantes aos existentes, mas com
custos menores.

Em seu livro Produtos que dão certo, Robert G. Cooper, professor da McMaster
University e da Pennsylvania State University, apresenta os sete principais pontos para
desenvolver um produto:

179
QUADRO 3 – 7 PASSOS PARA CRIAR UM PRODUTO QUE TODOS VÃO QUERER

1) Ter um produto de ponta exclusivo

Para Cooper, "um produto diferenciado que fornece vantagens únicas e uma
proposta de valor atraente é a conduta número para gerar rentabilidade em novos
produtos".

2) Incorpore a voz do cliente

O sucesso do projeto depende de ter um processo bem orientado para o


mercado e com foco no cliente, incorporando as suas necessidades e desejo. Para
"incorporar a voz do cliente" é necessário:

• compreenda as reais necessidades de quem o compra;


• busque satisfazer as necessidades do mercado;
• entre em contato de forma frequente com o seu cliente;
• faça bom uso de pesquisas de mercado;
• qualidade na execução das atividades de marketing é essencial;
• invista em atividades relacionadas ao front-ed.

Exemplo: A Apple - O iPhone de maior tela só foi possível graças ao apelo dos
clientes e entusiastas nas redes sociais e no feedback mantido pela empresa.

3) Ter um projeto básico e bem montado (front-end)

De acordo com Cooper, diversos estudos mostram que os passos que


precedem o desenho e o desenvolvimento do produto fazem a diferença entre o
ganhar e o perder. Para isso fazer um front-end de qualidade é preciso seguir algumas
regras:

• análise inicial: a primeira decisão de entrar no projeto (triagem ou análise da ideia);


• avaliação do mercado: este é o primeiro estudo para avaliar a dimensão de
mercado e a possível probabilidade de aceitação do produto;
• avaliação técnica: aqui, a apreciação técnica do projeto é essencial para verificar
os riscos tecnológicos do produto;
• avaliação das operações: promover uma avaliação de operações é útil para quem
deve verificar as fontes de suprimentos e questões de operações e manufatura
que tanto serão essenciais no futuro lançamento;
• estudo detalhado de mercado: aqui vale elaborar uma pesquisa completa de
mercado baseada apenas nos clientes;
• teste de conceito: testar o produto com o cliente para garantir que o projeto é
apropriado e desejado;

180
• avaliação do valor: esta etapa visa definir o valor e a importância econômica do
produto para o possível cliente;
• análise financeira e comercial: essa última etapa deve ser elaborada antes da
criação do plano de negócio, pois os números lá citados serão obtidos aqui.

Outras questões que envolvem o seu possível projeto: ele é economicamente


atraente? Suas vendas serão suficientes e gerarão margens suficientes para justificar
os investimentos no desenvolvimento e na comercialização? Quem é o cliente-alvo?
Que aspectos e características de desempenho devem ser adicionados ao produto
para que ele seja superior ao concorrente e único? A fonte de suprimentos é própria?
Se não for, os custos e investimentos serão possíveis e uma segunda alternativa de
fonte já foi pensada?

4) Tenha uma definição precisa do seu projeto e produto

Conforme Cooper, "quanto antes o projeto for definido na etapa de


desenvolvimento, maior é o fator de sucesso, com impacto positivo tanto sobre a
rentabilidade como sobre o time-to-market, que será mais rápido".

5) Atue através do desenvolvimento em espiral

Os processos de trabalho em espiral costumam ser seis vezes mais


inovadores que o processo tradicional, pois elas fazem uso de loops interativos, nos
quais várias versões de um mesmo produto são mostradas aos clientes visando um
retorno (feedback) do público-alvo.

De acordo com Cooper, muitas empresas usam processos lineares e muitos


rígidos no desenvolvimento de produtos e isso é uma falha grave. "A etapa da de
desenvolvimento está encaminhada, mas prossegue de maneira linear e rígida.
A equipe de projetos se entrega e segue em frente, em uma abordagem mais de
'cabeça baixa' do que de 'cabeça erguida'.

6) Tenha um sólido plano de marketing

Conforme Cooper, é preciso entender que bons produtos não são vendidos
por conta própria e o lançamento do seu projeto não deve ser tardio, pois outras
empresas podem entrar na frente e roubar a cena. Nunca subestime a importância
do marketing no lançamento de um produto.

Cooper propõe quatro pontos para um bom lançamento de produto:

• Desenvolver um plano de mercado é tão central para o processo quanto


desenvolver o produto físico.

181
• O plano de lançamento deve ser elaborado já no início do projeto e não em seu final.
• Estudos de mercado projetados para produzir informações essenciais para ações de
marketing devem estar embutidos no projeto durante todo o seu desenvolvimento.
• A força de vendas e demais pessoas da linha de frente devem ter engajamento do
marketing e, portanto, podem fazer parte da equipe de planejamento do projeto.

7) Seja rápido

Segundo Cooper, a rapidez produz maior visibilidade, fazendo com que a


marca ganhe no marketing e, se tiver um plano de ações publicitárias bem feito,
ganhe também na conquista de clientes e lucro. o essencial é ser rápido, mas ter um
bom produto em mãos.

FONTE: Adaptado de <https://administradores.com.br/noticias/7-passos-para-criar-um-produto-que-todos-


vao-querer>. Acesso em: 24 jun. 2020.

Por sua vez, segundo Kloter e Keller (2006), a inovação em produtos é uma
necessidade para a sobrevivência das empresas, pois todo produto tem um ciclo de
vida composto por quatro fundamentos:

• Todo produto tem vida limitada.


• As vendas dos produtos atravessam diferentes estágios, necessitando de estratégias
ao longo do tempo por parte das empresas.
• Os lucros variam nos diferentes estágios do ciclo de vida do produto.
• Para cada estágio do ciclo de vida do produto é necessário desenvolver estratégias
diferenciadas.

Da mesma forma, os estágios do ciclo de vida de um produto também são


quatro: introdução, crescimento, maturidade e declínio.

FIGURA 10 - FASES DE UM PRODUTO

FONTE: <https://lirp-cdn.multiscreensite.com/87c8e234/dms3rep/multi/opt/ciclo-de-vida-do-produto-
1080x494-960w.png>. Acesso em: 19 jun. 2020.

182
Conforme Aranda (2009), a inovação de produtos pode ser compreendida em
função do grau das mudanças provocadas em aspectos como: vantagem do produto;
capacidades tecnológicas e padrões de utilização do consumidor. Por fim, Kotler e Keller
(2012, p. 619), baseados em Cooper (1998), sugerem dez maneiras de ter grandes ideias
para novos produtos:

1. Faça reuniões informais em que grupos de clientes se reúnam


com engenheiros e projetistas da empresa para discutir problemas
e necessidades e, por meio de brainstorming, tentem encontrar
soluções potenciais.
2. Permita que a equipe de técnicos tenha algum tempo livre para
desenvolver projetos próprios. O Google libera 20 por cento do
tempo; a 3M, 15 por cento do tempo; e a Rohm & Haas, 10 por cento.
3. Transforme uma sessão de brainstorming com clientes em uma
rotina durante as visitas às fábricas.
4. Pesquise seus clientes: descubra o que lhes agrada ou não em
seus produtos e nos dos concorrentes.
5. Faça pesquisas de observação com seus clientes ou convide-os
para alguma atividade em que você possa obter dados, a exemplo
da Fluke e da Hewlett-Packard.
6. Utilize sessões iterativas: um grupo de clientes, em uma sala,
procura identificar problemas; um grupo de funcionários de sua
equipe técnica, na sala ao lado, ouve e gera soluções por meio
de brainstorming. As soluções propostas são então testadas
imediatamente no grupo de clientes.
7. Faça uma pesquisa que analise rotineiramente publicações seto-
riais de vários países, procurando anúncios de novos produtos.
8. Trate feiras comerciais como missões de inteligência em que você
verá, reunido em um único local, tudo o que é novo em seu setor.
9. Faça sua equipe de técnicos e de marketing visitar os laboratórios
de seus fornecedores e reservar um tempo para conversar com a
equipe de técnicos deles — descubra as novidades.
10. Crie uma urna para depositar ideias. Deixe-a aberta e facilmente
acessível. Permita que os funcionários analisem as ideias e façam
críticas construtivas a elas.

DICA
Veja também a tese de doutorado de, Mariela Haidée Aranda
intitulada A importância da criatividade no processo de inovação (PI).
Com essa leitura, você vai aprofundar os fatores que tornam a
criatividade um elemento fundamental para o a inovação.

E como exemplo de inovações em produtos, o grupo Open Source


Ecology, que reúne engenheiros e tecnólogos do mundo inteiro,
fez uma lista das 30 inovações tecnológicas essenciais para o
mundo moderno que pode ser verificada no link a seguir: https://
super.abril.com.br/historia/as-30-maquinas-mais-importantes-
do-mundo/.

183
Pode-se perceber, também a importância das inovações tecnológicas do ponto
de vista dos valores de mercado ao identificarmos quais seriam as marcas mais valiosas
do mundo hoje.

IMPORTANTE
Veja a lista das 10 marcas mais valiosas do mundo, segundo a Brand Finance:

1. Amazon: US$ 221bilhões (varejo).


2. Google: US$ 160 bilhões (tecnologia).
3. Apple: US$ 141 bilhões (tecnologia).
4. Microsoft: US$ 117 bilhões (tecnologia).
5. Samsung: US$ 94 bilhões (tecnologia).
6. ICBC: US$ 81 bilhões (financeiro).
7. Facebook: US$ 80 bilhões (mídia).
8. Walmart: US$ 78 bilhões (varejo).
9. Ping An: US$ 69 bilhões (seguros).
10. Huawei: US$ 65 bilhões (tecnologia).

FONTE: <https://www.infomoney.com.br/consumo/este-grafico-
mostra-as-100-marcas-mais -valiosas-do-mundo-em-2020/>.
Acesso em: 19 jun. 2020.

Com estes exemplos das invenções mais importantes da humanidade, das


marcas e das empresas mais valiosas atualmente em nossa sociedade, podemos
perceber como as inovações tecnológicas e o desenvolvimento de novos produtos
transformaram nosso mundo e o sistema econômico ao longo de nossa história. Mas,
podemos fazer um questionamento crítico: será que o desenvolvimento tecnológico
propiciado pela criatividade e inovação contribuíram para a redução das desigualdades
sociais e melhoria da qualidade de vida da sociedade em geral?

O pesquisador francês Thomas Piketty em seu livro, O Capital no século XXI (2014),
mostra que o sistema capitalista permite mais concentração de renda e desigualdade
social do que crescimento econômico. Ou seja, o incentivo à inovação tecnológica para
incremento do sistema capitalista apenas produz mais desigualdade social.

Piketty (2014) sugere que para redução da desigualdade inerente ao capitalismo,


além da tributação da riqueza, o incentivo à difusão do conhecimento sem barreiras e
investimentos em educação. Para ele, "no longo prazo, a força que de fato impulsiona
o aumento da igualdade é a difusão do conhecimento e a disseminação da educação de
qualidade" (PIKETTY, 2014, p. 29). Desde 1840 os críticos do capitalismo já apontavam o
seguinte questionamento:

184
De que serve o desenvolvimento industrial, de que servem
todas as inovações tecnológicas, todo esse esforço, todos esses
deslocamentos populacionais, se ao cabo de meio século de
crescimento da indústria, a situação das massas continua tão
miserável quanto antes [...] (PIKETTY, 2014, p. 16).

Nos Estados Unidos, matriz das maiores empresas de tecnologias do Mundo


(Apple, Amazon, Google, Microsoft, Facebook, IBM etc.), a desigualdade social
“aumentou nas últimas décadas atingindo níveis que não eram vistos desde a década
de 1930” (SANDEL, 2011, p. 327).

Da mesma forma, destacamos contribuições de David Dicson, em seu livro,


Tecnologia Alternativa (1978), que apresenta críticas à visão determinista e neutra da
tecnologia:

A partir da Revolução Industrial, e particularmente durante os últimos


cinquenta anos, passou a ser geralmente aceito o fato de que uma
tecnologia em contínuo desenvolvimento é a única que oferece
possibilidades realistas de progresso humano. O desenvolvimento
tecnológico inicialmente consistiu na melhora das técnicas
artesanais tradicionais e posteriormente se estendeu à aplicação do
conhecimento abstrato aos problemas sociais, prometeu conduzir a
sociedade pelo caminho que leva a um próspero e brilhante futuro.
As revoluções tecnológicas reorganizaram de forma significativa
o sistema econômico na contemporaneidade. O desenvolvimento da
tecnologia tem servido inclusive como indicador do progresso geral
do desenvolvimento social, fazendo com que se tenda a julgar as
sociedades como avançadas ou atrasadas segundo seu nível de
sofisticação tecnológica (DICSON 1978 apud FBB, 2004, p. 26).

A alternativa que podemos considerar enquanto política pública, é que a inovação


tecnológica, em essência, é um processo de difusão e partilha de conhecimento e deve
ser tratado como “um bem público e não somente como mecanismo de mercado”
(PIKETTY, 2014, p. 28). O ponto chave é que investir em inovação tecnológica apenas
para garantir crescimento econômico, como mostra Piketty, é insuficiente para "satisfazer
as esperanças democráticas e meritocráticas, que devem se apoiar em instituições
específicas, e não apenas nas forças do progresso tecnológico e do mercado" (2014, p.
100). Estudos mostram que, para o futuro, ondas de inovação amparadas principalmente
nas tecnologias da informação e comunicação, possuem um potencial de crescimento
sensivelmente inferior (comparadas com as mudanças provocadas, por exemplo, desde
as máquinas a vapor e o advento da eletricidade), “alteram os modos de produção de
forma menos radical e trazem melhorias menos significativas para a produtividade
do conjunto da economia” (PIKETTY, 2014, p. 98). É esta reflexão crítica que também
devemos ter ao se estudar sobre criatividade e inovação.

A seguir, no próximo tópico, vamos verificar que existem diversas barreiras que
podem comprometer o desenvolvimento da cultura da criatividade e inovação dentro
das organizações.

185
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A importância da criatividade, considerada potencializadora da inovação nas


organizações, permite competitividade no mercado.

• As dez habilidades esperadas pelos profissionais do futuro pelo Fórum Econômico


Mundial (2016) são: criatividade; gestão de pessoas; pensamento crítico; resolução
de problemas complexos; empatia/trabalho em equipe; inteligência emocional;
capacidade de julgamento e tomada de decisões; orientações para serviços;
negociação; e flexibilidade cognitiva.

• A partir de indicadores CQQ e ICC os fatores que estimulam a criatividade são: ambiente
físico adequado; clima social favorável entre colegas de trabalho; incentivo a novas
ideias; liberdade de ação, atividades desafiantes; salários e benefícios adequados;
ações da chefia e da organização em apoio a ideias novas; disponibilidades de recursos
materiais. E os obstáculos à criatividade são: bloqueio a ideias novas; excesso de
serviço e escassez de tempo; resistência a ideias novas; problemas organizacionais.

• As opções, de acordo com o Manual de Oslo (OCDE, 2005), para inovação em produto
são:
◦ criação de produtos novos: criam um novo mercado;
◦ linhas de produtos novos: permitem a empresa entrar em mercados existentes,
mas ainda novos para ela;
◦ acréscimos a linhas de produtos já existentes;
◦ aperfeiçoamento e revisão de produtos existentes;
◦ reposicionamentos: redirecionam produtos para novos mercados ou segmentos;
◦ reduções de custo: criação de novos produtos, semelhantes aos existentes, mas
com custos menores.

• Os fundamentos de ciclo de vida dos produtos, e algumas maneira de ter ideias


inovadoras para produtos em que podemos destacar são: realização de reuniões
informais entre clientes e funcionários da empresa; tempo livre para elaboração
de projetos; realização de brainstorming com clientes; pesquisar os clientes; visitar
laboratórios dos fornecedores, entre outros.

186
AUTOATIVIDADE
1 O Fórum Econômico Mundial (2016) enfatiza a importância da criatividade para as
organizações, para tal ele lista dez habilidades esperadas para profissionais do futuro.
Com base em tais competências, assinale a alternativa correta:

( ) Gestão de pessoas.
( ) Pensamento crítico.
( ) Resolução de problemas complexos.
( ) Apatia-Trabalho em equipe.
( ) Inteligência emocional.

a) ( ) V – V – F – F – V.
b) ( ) V – V – V – F – V.
c) ( ) V – F – V – F – V.
d) ( ) V – V – V – V – F.
e) ( ) F – V – F – V – V.

2 Conforme descrito por Figueiredo (2017), Ekvall (1996) criou uma escala visando
medir no ambiente de trabalho alguns fatores que podem influenciar no processo
de criatividade e inovação, denominada CQQ (Creative Climate Questionnaire). Quais
são esses fatores?

3 Nos estudos de Bruno-Faria e Alencar (1998), as autoras desenvolveram o ICC


(Indicadores de Clima para Criatividade). Foram encontrados fatores que são
estímulos à criatividade (E) e fatores considerados obstáculos à criatividade (O). Com
base em tais fatores, assinale a alternativa CORRETA:

( ) Ambiente físico adequado.


( ) Bloqueio a ideias novas.
( ) Excesso de serviços e escassez de tempo.
( ) Clima social favorável entre colegas de trabalho.
( ) Incentivo a novas ideias.

a) ( ) E – E – O – O – E.
b) ( ) E – O – O – O – E.
c) ( ) E – O – O – E – E.
d) ( ) O – E – O – O – E.
e) ( ) E – O – E – O – E.

187
188
UNIDADE 3 TÓPICO 4 —
BARREIRAS DA CRIATIVIDADE
E INOVAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Compreendemos, no decorrer desta unidade, como o processo criativo é
desenvolvido em cada pessoa. Contudo é necessário termos em mente que existem
algumas barreiras que impedem tal processo.

Neste tópico, vamos estudar as barreiras de criatividade no ambiente


organizacional, as quais podem ser agrupadas em: barreiras de percepção, emocionais,
culturais, ambientais e intelectuais. Vamos identificar ações que podem amenizar o
efeito destas barreiras e até mesmo como superá-las.

Outro fator importante que iremos abordar são as atividades que podemos
realizar para exercitar a criatividade, sendo alguns deles: leitura, escrita, jogos, ouvir
música, pesquisa fonte de dados, entre outros exemplos que serão descritos no decorrer
deste tópico.

Encerrando esta unidade iremos abordar a importância da criatividade e


inovação, sendo um diferencial para maior competitividade no mercado.

2 BARREIRAS À MANIFESTAÇÃO CRIATIVA E


INOVADORA
Como enfatizamos, no decorrer desta unidade, a criatividade é muito importante
em todos os aspectos da nossa vida. Cada vez mais, práticas colaborativas são
elaboradas para aprimoramento, desenvolvimento dessa capacidade, principalmente
nas organizações, uma vez que profissionais criativos possibilitam a inovação, sendo
um grande diferencial para maior competitividade no cenário econômico.

Contudo, ainda encontramos algumas barreiras, uma vez que, ao contrário


das crianças, tememos as críticas, nas quais a não aprovação do próximo, ou opinião,
tornam-se uma grande barreira à criatividade e consequentemente à inovação. De
acordo com Guerra e Joly (2005), além de estimulada, a criatividade também pode ser
bloqueada por diversos fatores, sendo eles de natureza social ou pessoal, diminuindo
assim o potencial criativo.

189
Nos estudos iniciais sobre criatividade, a abordagem sobre as barreiras era
apenas individualista, uma vez que o processo criativo era entendido como individual,
deduzia-se que suas barreiras também eram internas, restringindo os estudos a uma
visão unidimensional. Todavia, passou-se a perceber que o bloqueio aconteceria por
estar ligado a aspectos sociais, culturais, momentos históricos, entre outros (GUERRA;
JOLY, 2005).

Em função do tipo de barreira foram organizadas várias classificações, como


a divisão em internas e externas, culturais e emocionais, estratégicas, de valores,
de autoimagem, perceptuais, sociodinâmicas, de percepção, emocionais, culturais,
ambientais, intelectuais, entre outras (GUERRA; JOLY, 2005; HICKS, 1991).

FIGURA 11 – GRUPOS DE BARREIRAS DE CRIATIVIDADES

FONTE: Adaptado de Dias (2017)

190
Vamos conhecer um pouquinho mais sobre alguns tipos de barreira de acordo
com Dias (2017) e Guerra e Joly (2005).

• Barreiras de percepção: essa barreira está relacionada à forma como percebemos


os acontecimentos, à forma como a mente processa os dados recebidos. Nesta
classificação encontram-se: estereótipos; dificuldade de isolar problemas; visão
restrita (visão tipo túnel); inabilidade de se perceber os acontecimentos de vários
pontos de vista; e falha na utilização eficiente de todos os sentidos.
• Barreiras emocionais: estão atreladas à interferência dos sentimentos na forma
de pensar, e, consequentemente, na criatividade. As emoções que podem agir de
forma negativa são: desejo exagerado por segurança e ordem; medo de cometer
erros; despreparo para assumir riscos; falta de motivação; dificuldade de reflexão;
incapacidade de uso da imaginação; e pressa em resolver os problemas.
• Barreiras culturais: essas barreiras são relativas a interferências da cultura tanto
da empresa, como da sociedade em si, que influenciam nosso modo de pensar e agir.
De acordo com Dias (2017), essa barreira pode ser cumulativa, restringindo ainda mais
a criatividade. Alguns exemplos de barreiras culturais são: crença que a melhoria não é
praticamente impossível; dizer que reflexão é pura perda de tempo; crença de que
pensar de um modo descompromissado é restrito a crianças; achar que a lógica é
sempre melhor que a intuição; acreditar que tradição é melhor que mudança; tabus
organizacionais; estilo de gerência e da liderança da organização; falta de suporte ao
trabalho em grupo; e relutância da organização em implementar as ideias geradas.
• Barreiras ambientais: diz respeito às manifestações de teor físico no ambiente
de trabalho. Essas manifestações interferem o desenvolvimento do pensar criativo.
Alguns exemplos dessas barreiras: distrações do ambiente (ruídos, chamadas
telefônicas constantes etc.); monotonia; desconforto físico e mental; e restrição de
acesso aos meios adequados de comunicação.
• Barreiras intelectuais: já as barreiras intelectuais estão atreladas às dificuldades
encontradas no relacionamento dos membros de uma equipe de trabalho. Algumas
formas de barreiras intelectuais são: escolha incorreta da linguagem de solução de
problemas; inflexível ou inadequado de estratégias e métodos; falta de informações
corretas; e dificuldade de comunicação entre pessoas.
• Barreiras internas e externas: barreiras internas estão relacionadas às características
pessoais do indivíduo, como “insegurança, falta de motivação, medo, dificuldade em
ver um problema por ângulos diferentes, timidez, acrescidos à falta de conhecimento
ou informação. As barreiras externas são as sociais que se relacionam aos elementos
culturais, institucionais, grupais, ideológicos, presentes no contexto do indivíduo”
(GUERRA; JOLY, 2005, p. 107). Alguns exemplos são: autoritarismo, falta de estímulo,
entre outros.

Agora que já identificamos algumas barreiras você deve estar se perguntando,


o que devemos fazer para superá-las?

Dias (2017) sugere as seguintes ações:

191
QUADRO 4 – AÇÕES PARA ENFRENTAR AS BARREIRAS DE CRIATIVIDADE

BARREIRAS AÇÕES
Podem ser trabalhadas com atividades em grupo, focadas em solução
Barreiras de de problemas, com foco no uso do conceito de empatia. As pessoas
percepção devem ser estimuladas a registrar suas percepções e não apenas fatos
e dados.
Deixar claro os objetivos da organização, reconhecer o erro como
oportunidade de aprendizado e dar autonomia para as pessoas para
Barreiras emocionais
que se sintam desafiadas, com o consequente reconhecimento, não
só de resultados, mas também de esforços.
É importante ter as lideranças como exemplo, sendo essencial para
combater as barreiras culturais. Os tabus organizacionais devem
ser debatidos, até que se chegue as reais causas destes modelos
mentais, e o uso dos 5 Porquês. Os “5 porquês” é uma técnica que
objetiva encontrar a causa de um defeito ou problema. Ela parte da
Barreiras culturais
premissa inicial, que após perguntar 5 vezes o porquê um problema
está acontecendo, será determinada a causa raiz do problema ao invés
da fonte de problemas. Ela costuma dar bons resultados. O modelo
de gestão não deve ser uma camisa de força, e sim um fio condutor,
resistente, mas flexível.
Fugir de ações que isolam as pessoas, de atividades altamente
especializadas e não conectadas na forma de processos, de ilhas
Barreiras ambientais
de conhecimento. Criar um ambiente de trabalho que não cause
sofrimento.
São combatidas com comunicação confiável, atualizada e acessível a
Barreiras intelectuais todos. A linguagem usada deve ser tão simples quanto possível, do
jeito que as pessoas entendam, sem eufemismos.

FONTE: Adaptado de Dias (2017)

ESTUDOS FUTUROS
Outras barreiras da criatividade são: falta de tempo; falta de
referência; conformismo; insegurança; medo do ridículo; tradição;
autoridade; e ciúme.

3 COMO EXERCITAR A CRIATIVIDADE


Continuando nossos estudos, veremos como podemos exercitar a criatividade.
Ela pode ser aprimorada por meio de exercícios simples, de forma divertida e prazerosa.
Ela permite que você encontre novas formas de realizar tarefas, novos produtos e
serviços, ou alterações (ABRANTES, 2017). Vamos descobrir algumas ações para estimular
a criatividade e inovação?

192
FIGURA 12 – FATORES QUE CONTRIBUEM PARA EXERCÍCIO DA CRIATIVIDADE

FONTE: Adaptado de Abrantes (2017)

Ações para estimular a criatividade segundo Abrantes (2017):

• Aprenda a observar: observar as coisas a sua volta pode ajudar a melhorar a


criatividade. Por meio da observação  você pode identificar novas demandas,
encontrar possíveis soluções para problemas existentes e  registrar fatos que podem
servir futuramente em outra situação. A partir da observação você pode aprender muito.
• Analisar características de produtos e situações diversas: em nosso cotidiano,
quando nos deparamos com algum problema, geralmente pensamos em diversas
possíveis soluções. Analisar as características do que gerou o problema é fundamental
para incentivar a criatividade, impulsionando uma visão crítica. Então, estimule sua
criatividade, analise situações e também as características dos produtos que você
visualiza em seu dia a dia. Após, reflita em como você poderia fazer de uma forma
nova, isso contribuirá para inovar.

193
• Escutar músicas: estudos demonstram que ouvir músicas incentiva a criatividade.
Assim, você pode encontrar novos sentidos e até mesmo achar uma solução ou uma
nova ideia de produto.
• Assistir a filmes: os filmes são obras que incentivam o processo criativo, assista aos
filmes, observe todos os detalhes, como os efeitos especiais utilizados, a trilha sonora
escolhida, recursos de iluminação, movimentação das câmeras, a fotografia, entre
outros.
• Dormir bem: uma boa noite de sono tem inúmeros benefícios, para a criatividade
não é diferente. Dormir bem contribui para melhor funcionamento do cérebro,
conseguindo, assim, analisar melhor as situações com mais assertividade. Outro fator
que pode auxiliar é tentar lembrar do sonho, a partir da lembrança dele você pode ter
uma inspiração.
• Hábito da leitura e escrita: a leitura e escrita contribuem para a criatividade. Durante
a leitura, o cérebro consegue recriar cenários e situações. Nesse viés, recomenda-se
ler pelo menos um livro por mês. Todavia desenvolver o hábito da escrita é mais difícil,
mas que ajuda você a sair da zona de conforto.
• Aproveitar o tempo de lazer: aproveitar o tempo de ócio pode contribuir para
aprimoramento de uma mente criativa. Para isso, aproveite o tempo vago para realizar
pesquisa na internet, uma ótima propulsora da criatividade.
• Organizar: a organização incentiva a criatividade, o surgimento de ideias novas.
Sabendo onde as coisas estão, além de otimizar seu tempo, contribui para exercício
do cérebro.
• Desafiar a si mesmo: impor limites desafiadores é uma maneira de aprender coisas
novas e não permanecer sempre parado no quesito profissional. Então sempre aprenda
novas coisas, tanto na área pessoal ou profissional, isso contribui significativamente
para novos conhecimentos e consequentemente para maior criatividade e inovação.
• Gostar das atividades que realiza: quanto mais você gosta de uma atividade, você
sente mais prazer ao realizá-la e o resultado é melhor. Goste do que faz e, se estiver
em um trabalho que não o agrade, procure uma alternativa.
• Informação: estar informado sobre os diversos assuntos contribui na maneira de
conversar, e interagir com as pessoas, auxiliando para obter novas ideias.
• Buscar novas experiências: novas experiências são uma poderosa fonte para
inovação. Contribui para novos conhecimentos e habilidades, e consequentemente
novas ideias, e soluções.
• Relaxar: para estimular a criatividade, manter um estado de espírito de tranquilidade
é fundamental. Por isso, mesmo com a estressante rotina que a maiorias das pessoas
estão acumulando, tente relaxar, ver o lado bom das coisas, aprender com os erros e
passar pelas dificuldades tentando encontrar o ponto de vista positivo.
• Ser curioso: a vontade de sempre tentar saber o “por que” das coisas é essencial.
Isso gera mais conhecimento, mais exercício para o cérebro e novas fontes para ser
uma pessoa mais criativa e inovadora.
• Resolver palavras cruzadas: as palavras cruzadas contribuem para exercitar o
pensamento criativo.

194
• Jogar: os jogos auxiliam para exercitar o cérebro, e assim impulsionam o surgimento
de novas ideias.
• Conhecer o mundo: conheça o mundo em que vive e explore-o, isso é essencial.
Aproveite para viajar, conhecer diferentes culturas e situações.

Além dessas ações, seguem algumas dicas para estimular a criatividade


segundo oito líderes de inovação:

QUADRO 5 – SEGREDOS DA CRIATIVIDADE PARA INOVAÇÃO

Líder Segredo da criatividade


Segundo o executivo, profissionais da inovação precisam enxergar o
propósito do que fazem, ou não vão muito longe. “Se você visualiza
Richard Chaves claramente o impacto do seu trabalho para a sociedade, você conta
Diretor de inovação e com uma fonte de energia inigualável”, afirma. Outro ingrediente
novas tecnologias da básico da criatividade para Chaves é o contato humano: interagir
Microsoft Brasil. e trocar ideias com pessoas muito diferentes, como estudantes
e empreendedores, é o que permite enxergar oportunidades até
então invisíveis.

Carlos Tadeu da Silva Organização e método são fatores essenciais para um bom
profissional de inovação, segundo Silva. “Ao contrário do que muita
Diretor de tecnologia gente pensa, criar não é um processo caótico, é muito racional”,
para refrigeração e ar explica. Contudo, a disciplina não pode endurecer o processo. “Você
condicionado da Whirlpool não pode ter medo de errar, ou só colocar na mesa de discussão
Latin America. as ideias que ‘fazem sentido’”, diz ele.
Como mediador de workshops de inovação, o executivo acredita
na importância da diversidade como um dos grandes combustíveis
Rony Sato para novas ideias. “É preciso dar abertura para que todos participem
da discussão e tragam pontos de vista muitas vezes antagônicos
Gerente de tecnologia e sobre o assunto”, explica. Além disso, ele menciona o papel do
inovação da BASF para a envolvimento emocional para o processo criativo. “Você precisa
América do Sul. acreditar na missão do projeto, enxergar um propósito importante
por trás de tudo aquilo”, diz Sato. “Inovação depende muito de
motivação”.
Na visão de Durlacher, formular soluções originais — e viáveis — é
Camila Durlacher sempre um trabalho coletivo. “Somos mais criativos quando temos
outras pessoas ao nosso redor, que nos dão respostas para o que
Diretora de P&D da 3M não sabemos, e nos fazem perguntas sobre o que achamos que
do Brasil. sabemos”, explica. “Sem colaboração, fica muito difícil ter uma
ideia realmente boa”.
Estar bem informado é uma condição essencial para promover a
inovação, segundo o executivo. “Você precisa ter um amplo leque
Eduardo Conejo de informações e referências para fazer associações de ideias”,
afirma. “Quanto maior o seu repertório, mais facilmente você poderá
Gerente sênior de inovação cruzar áreas do conhecimento e chegar a novas conclusões”.
da Samsung América Para alimentar sua criatividade, Conejo cultiva leituras ecléticas,
Latina. de artigos acadêmicos a notícias sobre assuntos aparentemente
desconexos da sua área. Para ele, informação nunca é demais:
quando menos se espera, ela pode ser a chave de um problema.

195
Para gerar inovação, um profissional precisa se sentir bem no seu
ambiente de trabalho, isto é, ter a certeza de que suas contribuições
Daniel Rosa serão ouvidas e apreciadas”, afirma o executivo. Ter autonomia para
Gerente de agir — sem precisar pedir “licença” — é outro ponto fundamental.
desenvolvimento para Rosa também destaca a importância de não ter medo do fracasso.
TV e mídia da Ericsson. “Se você só aposta em projetos seguros, não rompe com nenhum
paradigma”, explica. “A inovação começa com ideias loucas,
absurdas”.
Ex-líder de uma banda de rock, o executivo acredita que a rebeldia
e a polêmica são ingredientes importantes para a inovação.
“Apresento as ideias mais extravagantes para a minha mãe”, conta.
Caito Maia “Se ela fica espantada, sinto que é um caminho que devemos
Presidente da Chilli Beans. perseguir”. Ele também diz que gosta de estar perto de pessoas
criativas. “Para alimentar o meu espírito inovador, eu me cerco
de gente que respira criatividade, como publicitários, arquitetos
e designers".
Tanaka acredita que a criatividade para criar novos produtos e
Graciela Tanaka serviços se alimenta da empatia. “Para ter boas ideias, você precisa
se colocar no lugar do consumidor”, afirma. Ela também destaca
Diretora de operações do a importância da insatisfação com o status quo. “É importante
Grupo Netshoes. olhar para as tecnologias já empregadas e acreditar que sempre é
possível melhorá-las”, diz a diretora.
FONTE: Adaptado de Gasparini (2016)

FIGURA 13 – FRASE DE ALBERT EINSTEIN

FONTE: <https://kdfrases.com/frases-imagens/frase-o-segredo-da-criatividade-esta-em-dormir-bem-e-
abrir-a-mente-para-as-possibilidades-infinitas-o-albert-einstein-91259.jpg>. Acesso em: 24 jun. 2020.

196
4 IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE NAS EMPRESAS
Como já enfatizamos, a criatividade possui grande valor universal, uma vez que
possibilita a ocorrência de mudanças, de transformações, e que visam sempre solucionar
problemas e otimizar processos. Essa capacidade pode ser mais desenvolvida em
algumas pessoas do que em outras, todavia, existem alguns exercícios que incentivam
seu aprimoramento.

No mercado de trabalho, é cada vez mais constante a busca por profissionais


capacitados e que tem como característica ser uma pessoa criativa. Além disso, várias
práticas são realizadas na empresa visando impulsionar a criatividade e inovação
principalmente de forma colaborativa.

Para ter sucesso no atual mercado de trabalho, ter uma equipe criativa e
inovadora faz toda a diferença, contudo, é essencial que os líderes realmente conheçam
as pessoas que fazem parte da equipe, e que dê chances para que elas possam
desenvolver a criatividade. Outro item importante destacado por Pires (2018), é estimular
a criatividade em reuniões com o intuito de ouvir novas ideias e sugestões da equipe.

É importante ao gestor elogiar as novas ideias, esse tipo de estímulo é essencial


para que as pessoas não tenham vergonha de expor sua opinião e criatividade outro
fator que merece maior atenção é criar um ambiente e clima organizacionais propícios
a incentivar a criatividade (PIRES, 2018).

Além disso, Pires (2018) destaca os pilares da inovação e criatividade. O autor


enfatiza que o primeiro passo é entender quais são os principais objetivos da organização
e de qual forma ela pode adotar boas práticas dentro da sua realidade, uma vez que
cada organização tem características e objetivos distintos. Assim, as organizações
precisam ter em mente que a gestão da criatividade e inovação deve forçar no incentivo
dos processos criativos, e não apenas registrar ações no papel, e não por em práticas
as mesmas.

Nesse viés, os pilares para inovação e criatividade nas empresas são uma
comunicação eficiente e efetiva entre todos os setores, uma boa organização das
estratégias para assim poder pôr em prática as boas ideias, o constante controle das
atividades, a análise dos resultados e o justo reconhecimento dos colaboradores
responsáveis pela inovação (LAFS, 2019).

197
FIGURA 14 - PILARES DE INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE

FONTE: Adaptado de Lafs (2019)

Outro fator que as organizações devem estar atentas são as exigências de


mercado e a necessidade de investir em inovação. As empresas devem ter em mente
qual a importância para elas em de investir em inovação.

O avanço tecnológico modificou quase todos, senão todos os processos em


nosso cotidiano. A forma de comunicação, pesquisa, interação, entre outros, foram
impactadas pelas tecnologias digitais, não sendo diferente nas organizações. Todas
essas mudanças são reflexos da inovação e da tecnologia, mas sobre essa questão
vamos estudar mais no próximo tópico, e só sobrevivem nesse mercado as que
têm capacidade e condições de entender e se relacionar de forma ativa com ações
inovadoras (LAFS, 2019).

Assim, nesse cenário de constante alteração influenciado pelas Tecnologias da


Informação e Comunicação (TICs) o empresário precisa estar em constante busca por
um diferencial, tornando seu produto, ou serviço, interessante para atrair clientes.  A
inovação e a criatividade são dois mecanismos muito interessantes que possibilitam
maior competitividade, e contribuem para maior conquista de clientes.

198
FIGURA 15 - RELAÇÃO CRIAÇÃO, INOVAÇÃO E SUCESSO COMERCIAL

FONTE: <https://www.folhavitoria.com.br/economia/blogs/gestaoeresultados/wp-content/
uploads/2012/11/digitalizar0011.jpg>. Acesso em: 19 jun. 2020.

Ações de inovação e criatividade permitem compreender as necessidades


futuras de clientes, preparando soluções de forma antecipada e criativa, e se destacando
da concorrência. Pôr em prática técnicas de incentivo à inovação não é uma tarefa
simples, exige comprometimento e interesse na mudança, sendo que o primeiro passo
é a adaptação das políticas internas da organização (LAFS, 2019).

Para isso é essencial manter um diálogo aberto, incentivar as novas ideias


e demonstrar que a cultura da empresa está alinhada com o desejo e interesse pela
inovação. Outro fator interessante é investir em palestras, treinamentos, e-mails de
incentivo e demais ações focadas no desenvolvimento da criatividade (LAFS, 2019).

Além disso, organizar o tempo dos colaboradores para que eles tenham
condições de pensar em soluções inovadoras, faz toda a diferença. Mas não adianta
mudar toda a cultura da  empresa  se, na prática, o gestor não aceita mudanças e a
implementação de soluções criativas e o time possui resistência (LAFS, 2019).

199
IMPORTANTE
A criatividade tem a ver com o ato de criar algo e a inovação tem a
ver com o que se faz com aquilo que se criou. Nicolau Copérnico
teve um pensamento criativo e, através de seus estudos, construiu
a ideia de que a terra gira em torno do sol, contudo, a inovação só
aconteceu quando sua pesquisa foi publicada 26 anos mais tarde,
por Johann Abrecht Widmanstadt.

Na cultura da empresa podemos estimular a criatividade e inovação aplicando


as seguintes ações (SITEWARE, 2018, s.p.):

• conhecimento: estudando outras ações;


• curiosidade: para encontrar caminhos e resoluções únicas;
• imaginação: para desenvolver ideias diferenciadas;
• avaliação das opções: para escolher qual pode trazer os melhores
resultados.

Mas para conseguir estimular ainda mais rápido, novas abordagens


podem oferecer um ambiente de trabalho diferenciado. As novas abordagens
possibilitam a elaboração de novas saídas, encorajam os colegas a construírem os
pensamentos que sempre quiseram expor e que antes não tinham tanto espaço nem
se sentiam à vontade para isso. O ambiente de trabalho pode ser diferenciado por meio
de ações como: oferecendo refeições gratuitas; organizando excursões de equipe;
criando novos incentivos financeiros; gerando oportunidades para a equipe participar
de eventos; oferecendo descontos para academias; permitindo animais no local de
trabalho (SITEWARE, 2018).

Por fim, também é importante oferecer um bom equilíbrio entre a vida profissional
e pessoal. Essa ação não só ajuda a eliminar o estresse como desenvolve o ambiente
propício para ser mais criativo e inovador (SITEWARE, 2018).

Finalizando a Unidade 3, e também este Livro Didático, estudamos que a


Criatividade e a Inovação são fundamentais para o desenvolvimento de novas ideias,
propiciando a competitividade e a geração de riquezas. Um país, uma empresa ou
qualquer outra organização que almeje manter-se à frente de seus competidores
precisará de sistemas inovadores e criativos. Ao longo das unidades estudadas, foi
possível compreender como os processos de inovação e criatividade no âmbito das
organizações são gerenciados, conhecendo as mudanças tecnológicas que ocorreram
ao longo da história e quais foram os seus impactos para este ambiente, bem como
analisar os principais aspectos que influenciam o desenvolvimento da criatividade e da
inovação no contexto empresarial. Esperamos que tenha aproveitado o material estudado.

200
LEITURA
COMPLEMENTAR
Principal tipo de inovação

OCDE

[...]

Uma inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo ou


significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos.
Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e
materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais.

As inovações de produto podem utilizar novos conhecimentos ou tecnologias, ou


podem basear-se em novos usos ou combinações para conhecimentos ou tecnologias
existentes. O termo “produto” abrange tanto bens como serviços. As inovações de
produto incluem a introdução de novos bens e serviços, e melhoramentos significativos
nas características funcionais ou de uso dos bens e serviços existentes.

Novos produtos são bens ou serviços que diferem significativamente em suas


características ou usos previstos dos produtos previamente produzidos pela empresa.
Os primeiros microprocessadores e câmeras digitais foram exemplos de novos produtos
usando novas tecnologias. O primeiro tocador de MP3 portátil, que combinou padrões
de softwares existentes com a tecnologia de disco rígido miniaturizado, foi uma nova
combinação de tecnologias existentes.

O desenvolvimento de um novo uso para um produto com apenas algumas


pequenas modificações para suas especificações técnicas é uma inovação de produto.
Um exemplo é a introdução de um novo detergente com uma composição química
que já tinha sido previamente utilizada como um insumo apenas para a produção de
revestimentos.

Melhoramentos significativos para produtos existentes podem ocorrer por meio


de mudanças em materiais, componentes e outras características que aprimoram seu
desempenho. A introdução dos freios ABS, dos sistemas de navegação GPS (Global
Positioning System), ou outras melhorias em subsistemas de automóveis são exemplos
de inovações de produto baseadas em mudanças parciais ou na adição de um subsistema
em vários subsistemas técnicos integrados. O uso de tecidos respiráveis em vestuário
é um exemplo de uma inovação de produto que utiliza novos materiais, capazes de
melhorar o desempenho do produto.

201
As inovações de produtos no setor de serviços podem incluir melhoramentos
importantes no que diz respeito a como elas são oferecidas (por exemplo, em termos de
eficiência ou de velocidade), a adição de novas funções ou características em serviços
existentes, ou a introdução de serviços inteiramente novos. São exemplos as melhorias
significativas em serviços bancários via internet, tais como um grande aumento na
velocidade e na facilidade de uso, ou a introdução de serviços de retirada e devolução
em casa que melhoram o acesso de clientes a carros de aluguel.

A concepção é parte integrante do desenvolvimento e da implementação de


inovações de produto. Entretanto, mudanças na concepção que não implicam em
uma mudança significativa nas características funcionais do produto ou em seus usos
previstos não são inovações de produto. Ainda assim, elas podem ser inovações de
marketing, como será discutido a seguir. Atualizações de rotina9ou mudanças sazonais
também não configuram inovações de produto.

[...]

FONTE: OCDE – ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Manual de


Oslo: diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. Paris: OECD, 2015. p. 57-58.
Disponível em: https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf. Acesso em: 27
out. 2019.

202
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• As principais barreiras da criatividade são percepções emocionais, culturais,


ambientais, internas e externas e intelectuais, investigando, assim, sobre suas
principais características e exemplos.

• Além de compreender sobre as barreiras, estudamos algumas ações que podem


amenizar o efeito das mesmas e até mesmo as superar.

• A criatividade pode ser aperfeiçoada nos indivíduos, assim, conhecemos algumas


práticas que auxiliam para maior criatividade, como: leitura, escrita, ouvir música,
viajar, entre outros diversos exercícios que podemos realizar em nosso dia a dia.

• Existem segredos de líderes de sucesso para incentivar a criatividade.

• O estímulo à criatividade e à inovação nas organizações é um diferencial para maior


competitividade no mercado.

203
AUTOATIVIDADE
1 Neste tópico, algumas barreiras da criatividade, principalmente no ambiente
organizacional, foram encontradas. Identifique e descreva as principais barreiras
mensuradas por Hicks (1991).

2 A partir da importância da criatividade no contexto organizacional, as empresas vêm


realizando algumas ações para estimular a criatividade e inovação. Qual das ações a
seguir não é uma ação utilizada pelas empresas para incentivar a criatividade?

a) ( ) Conhecimento, estudando outras ações.


b) ( ) Restrições de acesso aos meios de comunicação.
c) ( ) Curiosidade, para encontrar caminhos e resoluções únicas.
d) ( ) Avaliação das opções, para escolher qual pode trazer os melhores resultados.
e) ( ) Imaginação, para desenvolver ideias diferenciadas.

3 Neste tópico estudamos sobre a criatividade, suas principais barreiras, formas de


aperfeiçoá-las e algumas dicas de líderes de sucesso para aprimoramento e incentivo
do processo criativo. Mas, porque a criatividade é importante para as empresas?

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