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autor do original
EVERTON BUZZO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial durval corrêa meirelles, luiz alberto gravina belmiro,
ornella pacífi co
Diagramação fabrico
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
Prefácio 7
7
1
Distribuição
física, cadeia de
suprimentos e análise
integrada de
distribuição
1 Distribuição física, cadeia de suprimentos e
análise integrada de distribuição
Este capítulo define o que é distribuição física e logística, sua relação com a
cadeia de suprimentos em uma organização e aborda o conceito da análise in-
tegrada de distribuição.
OBJETIVOS
• Compreender o conceito de logística, centros de distribuição e sistemas de controle.
• Entender a gestão dos fluxos de transferência dos produtos.
• Compreender a gestão integrada da logística e como realizá-la.
REFLEXÃO
A movimentação de produtos de um lugar para o outro é algo que acontece desde o início
do comércio. Você deve se lembrar de suas aulas de história que o comércio mundial faz
parte da história do descobrimento do Brasil, já que inicialmente os portugueses buscavam
uma nova rota para as Índias (visando o transporte de especiarias desta região para a Euro-
pa). Desde os tempos da revolução comercial até os dias atuais, a logística não parou mais
de desenvolver-se, sempre buscando atender os mercados consumidores da melhor forma
possível e ao menor custo possível. Neste capítulo você compreenderá os conceitos funda-
mentais de logística e distribuição física.
Segundo Peter Drucker (1969), “distribuição física é apenas uma maneira dife-
rente de falar do processo integral dos negócios”.
A logística empresarial é um campo relativamente novo e envolve áreas
como marketing, finanças e produção. Segundo Ballou (2006). o contexto de
novidade nesta área está na gestão coordenada, onde diversas atividades inter
-relacionam-se, partindo do contexto que a logística agrega valor a produtos e
serviços e desta forma aumenta a satisfação dos consumidores e possibilita au-
10 • capítulo 1
mento de vendas.
Chapman et al (2000) aborda a distribuição física como parte da atividade
logística, sendo que esta tem como funções principais a embalagem, o manu-
seio dos materiais, o estoque e o transporte de produtos.
Martins (1999) aponta que a distribuição física possui as funções de nego-
ciação de fretes, a seleção de toas e meios de transporte, incluindo serviços ofe-
recidos e sua qualidade.
Especificamente sobre o conceito de logística, Rodrigues (2002) afirma que
o conceito pode ser entendido como adquirir, manusear, transportar, distri-
buir e controlar eficazmente os bens disponíveis.
A partir dos conceitos abordados observa-se que um negócio pode gerar
quatro tipos de valor em produtos e serviços: forma, tempo, lugar e posse. Para
o consumidor o que interessa é encontrar um produto com na forma adequada,
no lugar certo e disponível para a compra. Um produto ou um serviço só terá
valor efetivo se o cliente encontrá-lo onde e quando precisar.
É neste ponto que a logística possui seu papel, ela administra o valor de tempo
e lugar nos produtos, por meio dos transportes, fluxos de informações e estoques.
capítulo 1 • 11
sideram as embalagens como argumentos de vendas, os engenheiros de
produção como elemento de proteção aos produtos e os gestores de dis-
tribuição como forma ampla, na qual estabelecem alterações no projeto,
dimensões e configurações segundo o modo de transporte dos produtos.
A embalagem do ponto de vista do consumidor é um atrativo de compra,
pois apresenta os atributos do produto, o projete e identifica seu fabri-
cante e marca. No aspecto de proteção, a embalagem destina-se a evitar
danos durante a movimentação do produto e a aumentar a eficiência da
distribuição. Ballou (2006) acrescenta que, após a embalagem, os pro-
dutos são manuseados e esta é a atividade de movimentação de produ-
tos que ocorre em todos os seus deslocamentos tanto internamente, na
indústria ou centro de distribuição, como externamente, no transbordo
entre veículos de transporte. Este manuseio pode ser repetido diversas
vezes até o produto chegar aos consumidores, o que aumenta o risco de
dano ou perda de produto, quando não são observados os requisitos ade-
quados. Uma boa parte da facilitação dos manuseios está em embalar
os produtos adequadamente, dimensionar áreas de estocagem e veícu-
los de movimentação e transporte, bem como especificar os processos e
equipamentos necessários.
12 • capítulo 1
formais, uso de sistemas eletrônicos, entre outros. Johnston (1999) in-
clui as seguintes atividades no processamento de pedidos:
a) Checagem completa do pedido quanto à informação necessária ao
processamento;
b) Controle de crédito;
c) Entrada do pedido nos sistemas de gestão de negócios;
d) Crédito ao profissional de vendas que obteve o pedido do cliente;
e) Seleção do pedido no estoque;
f) Disponibilização para embarque;
g) Transporte e entrega ao cliente.
ATENÇÃO
Controle é uma das funções do administrador definidas por Peter Drucker – Planejar, Orga-
nizar, Dirigir e Controlar. Todas as áreas dentro das organizações precisam ter sistemas de
controle para verificação rotineira da execução das atividades.
capítulo 1 • 13
Elementos de controle do Padrões ou
processo metas
· Monitoramento
Ação corretiva
· Comparação por
gerente, consultor ou
Relatórios de
desempenho
Forças externas e
internas e mudanças
14 • capítulo 1
Viana (2002) apresenta algumas tendências para a logística que foram resul-
tado do conceito de gestão da cadeia de suprimentos, tais tendências podem
ser observadas abaixo.
• Centralização.
• Redução do número de centros de distribuição.
• Utilização de instalações onde são realizadas operações de “crossdoking”
– fracionamento de grandes cargas em pequenas cargas, em docas de des-
carga e despacho – desta forma, tal operação não necessita de estocagem.
• Transporte intermodal (os tipos de modais serão abordados mais a fren-
tes neste capítulo).
• Terceirização – utilização de operadores logísticos.
• Estratégias conjuntas de componentes da cadeia, visando melhorar a efi-
ciência.
• Utilização intensiva de tecnologia de informação.
Planejamento de rede
Planejamento
Tático
de demanda
Gestão de Planejamento
estoque de distribuição
capítulo 1 • 15
1.5 Definição de uma logística de distribuição
16 • capítulo 1
1.7 Sucesso no processo de distribuição física
Johnson et al (1998) aponta que devido à importância dos clientes, muitas ins-
talações são decididas em função destes, com preferência frente aos demais
fatores. Diserio (2001) aborda a necessidade de focalizar as necessidades dos
clientes sendo que nas empresas pelo menos uma competência central precisa
estar diretamente relacionada ao atendimento e serviço aos clientes.
Lambert (1992) define serviço ao cliente como a medida de quão bem o sis-
tema logístico está atuando de forma a criar uma utilidade de tempo e espaço
para o produto, bem como um suporte pós-venda.
Heskett et al (1997) abordam a visão estratégica de serviços ao cliente como
baseada em quatro elementos básicos, os quais são observados abaixo.
• O serviço de entrega (logística);
• A estratégia operacional (coordenação interfuncional);
• O conceito de serviço (agregração de valor à oferta);
• Os segmentos de mercado-alvo (características, necessidades e com-
petidores).
capítulo 1 • 17
O conhecimento sobre as necessidades dos clientes auxilia na definição de
localizações. Em produtos de consumo, busca-se uma localização em grandes
centro consumidores, sendo que os sistemas de distribuição são desenhados
desta forma. Produtos industriais tem suas fábricas ou centros de distribuição
muitas vezes localizados estrategicamente próximos aos consumidores. Há ca-
sos de algumas empresas instalarem centros de distribuição muito próximos
de aeroportos ou de fornecedores logísticos que podem garantir um alto nível
de atendimento de seus clientes pela eficácia de seu processo logístico (JOHN-
SON ET AL, 1998).
Outros pontos podem ser abordados frente a características dos clientes,
são eles:
• Localização geográfica;
• Restrições de tempo;
• Tamanho da encomenda;
• Condições de venda;
CONEXÃO
A Dell representa um exemplo de como a abordagem centrada no serviço pode produzir
vantagens mercadológicas. Veja mais em: <http://www.evef.com.br/artigos-e-noticias/ma-
nagement/232-logistica-orientada-para-o-cliente>.
18 • capítulo 1
1. Compreender os 2. Analisar as 3. Analisar
requisitos dos capacidades capacidades da
clientes internas concorrência
4. Identificar
diferenças
5. Identificar as
opções para
ganhar vantagens
estratégicas
6. Avaliar
alternativas
7. Selecionar
características do
serviço em que
competir
8. Estruturar oferta
de serviços e
estabelecer
objetivos
capítulo 1 • 19
• Política de nível de serviço: qual política de nível de serviço a empresa
quer seguir, o mínimo necessário para atender os clientes, prestar o me-
lhor serviço possível, atingir um nível intermediário? Quanto maior o ní-
vel de serviço maior o custo envolvido.
• Política de tempos de entrega: assim como o nível de serviço, é necessá-
rio estudar os tempos de entrega que a empresa pretende trabalhar, qual
o tempo máximo que os clientes suportam esperar? A empresa está dis-
posta a pagar mais a transportadoras que entreguem mais rápido.
• Vendas territoriais: a empresa segmenta seus clientes de forma geográ-
fica? Há territórios nos quais devem ser dadas prioridades de entrega ou
serviço? Ou todos os clientes podem ser tratados da mesma forma?
• Localização de armazéns e centros de distribuição: onde estão localiza-
dos e quantos são os armazéns e centros de distribuição atuais?
• Localização de instalações fabris: onde estão localizadas as instalações
fabris da empresa, estão próximas ou distantes dos maiores clientes? Es-
tão próximas ou distantes dos centros de distribuição?
• Políticas financeiras: qual a política financeira da empresa no que diz
respeito a investimentos na área de logística?
• Performance da concorrência: qual a performance da concorrência em rela-
ção à logística, nível de serviço, tempo de entrega, etc?
Fernandes e Correia (2012) abordam que algumas empresas fecham por não
administrarem corretamente e não darem a devida atenção à armazenagem de
seus produtos, considerando o ambiente adequado sob aspectos como refrige-
ração, ventilação, luminosidade, umidade, espaço suficiente e equipamentos.
Armazenagem é definida como uma denominação genérica que inclui ati-
vidades de um ponto destinado à guarda temporária e à distribuição de ma-
teriais. Já estocagem trata-se de uma das atividades do fluxo de materiais no
armazém e ponto destinado à locação estática dos materiais (MOURA, 1997).
A armazenagem visa utilizar o espaço nas três dimensões da forma mais efi-
ciente possível, sendo que as instalações de um armazém precisam proporcio-
nar a movimentação rápida e fácil de suprimentos a partir do recebimento até
a expedição (VIANA, 2000).
20 • capítulo 1
Segundo Candido e Campos (2010) o problema de localização de armazéns
se insere no estudo de localização de facilidades, visando minimizar custos de
transporte. Moreira (1990) afirma que a questão da localização de facilidades
remete a escolher um ou mais locais dentre uma série de locais possíveis, que
servirão como pontos de oferta de determinados tipos de serviços para atender
a demanda de outro conjunto de pontos, considerados de demanda, buscando
encontrar a localização que maximize o resultado, obedecendo as restrições do
problema específico em estudo.
Para Ballou (2006) os custos de transporte e a distância de transporte tem
sido os parâmetros mais usados nos estudos sobre a seleção dos locais das fa-
cilidades, principalmente dos armazéns. Taniguchi (2001) aponta que os ele-
mentos básicos para localização de facilidades são os seguintes:
• Número de facilidades a serem localizadas;
• Tamanho de cada facilidade;
• Número de facilidades existentes;
• Objetivo do tomador de decisão;
• Demanda (distribuição, demanda atual, variação);
• Locais candidatos a facilidades (distribuição, número);
• Comportamento do usuário da facilidade;
• Limites de capacidade das facilidades.
Para Ballou (2006) o transporte é uma atividade importante não somente pela
responsabilidade na movimentação física dos produtos como também pelos dis-
pêndios envolvidos que têm participação nos custos logísticos. Os transportes são
subdivididos em várias formas, conhecidas como modais de transporte: aéreo, ro-
doviário, marítimo/fluvial e ferroviário. A intermodalidade consiste no emprego de
mais de um modal para a execução da atividade de transporte até o cliente.
Chapman (2000) aponta as características e os custos de cada modal de
transporte, conforme os tópicos apresentados abaixo.
• Modal a éreo: apresenta um custo maior. Oferece a habilidade de redução
no tempo de transporte, entregas de um dia para o outro em localidades dis-
tantes, garantia de disponibilidade e facilidade de rastreamento. É um tipo
de transporte destinado especificamente ao atendimento de entregas emer-
genciais, ou transporte de produtos de alto valor unitário, de forma a evitar
sinistros com este tipo de produtos.
capítulo 1 • 21
• Modal rodoviário: emprega menor capital em seu investimento quando
comparado com o ferroviário. Oferece serviço de porta a porta, rápido e com
flexibilidade. Em particular atende melhor a volumes menores de carga.
22 • capítulo 1
As principais variáveis envolvidas na seleção dos modais de transporte são:
• Disponibilidade e frequência do transporte;
• Confiabilidade do tempo de trânsito;
• Valor do frete;
• Índice de faltas e/ou avarias;
• Nível de serviços prestados.
ATIVIDADE
1. Explique com suas palavras o que é logística.
3. Quais os possíveis tipos de modais que existem? Escolha um dos tipos e descreva suas
características.
REFLEXÃO
Lembre de cinco produtos que você tenha comprado recentemente, reflita sobre todo o pro-
cesso logístico para que tais produtos chegassem até você, quais modais provavelmente fo-
ram utilizados, por quantos tipos de empresas eles passaram, entre outros.
LEITURA
Recomenda-se a leitura do seguinte artigo:
FERNANDES, A. P. L. M.; CORREIA, J. D. Processo de Armazenagem e Distribuição Físi-
ca dos Produtos do Gênero Alimentício. VII Congresso Nacional de Excelência em Ges-
tão, 2012. Disponível em: <http://www.excelenciaemgestao.org/portals/2/documents/cneg8/
anais/t12_0563_2860.pdf>. Acesso em: 14 out. 2014.
capítulo 1 • 23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AROZO, R. Softwares de supplychain management: Definições, principais funcionalidades
e implantação por empresas brasileiras. In: FIGUEIREDO, K. F.; FLEURY, P. F.; WANKE, P.
Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: Planejamento do fluxo de
produtos e dos recursos. São Paulo: Atlas, 2003.
CHAPMAN, S. et al. Basics of Suppy Chain Management. USA: APICS The Education
Society for Resource Management, 2000.
24 • capítulo 1
The Service Profit Chain: how leading companies link profit and growth to loyal-
ty, satisfaction and value. New York: The Free Press, 1997.
JOHNSON, J., WOOD, D.F, WARDLOW, D.L., MURPHY, P.R. Contemporary Logistics.
USA: Prentice Hall, 1998.
MARTINS, P.G., LAUGENI, F.P. Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 1999.
TANIGUCHI, E.; THOMPSON, R. G.; YAMADA, T.; DUIN, R. V. City Logistics: Network Mo-
deling And Intelligent Transport Systems. Oxford: Elsevier, 2001.
VIANA, F. L. E. Entendendo a Logística e seu Estágio Atual. R. Cient. Fac. Lour. Filho, v.
2, n. 1, 2002.
capítulo 1 • 25
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo você aprenderá sobre o planejamento e a gestão da distribuição física
e dos estoques.
26 • capítulo 1
2
Planejamento e
gestão da
distribuição física e
dos estoques
2 Planejamento e gestão da distribuição física e
dos estoques
OBJETIVOS
• Entender o conceito de planejamento logístico e seus fatores fundamentais;
• Entender os atributos logísticos e sua influência na margem de lucro das organizações;
• Compreender os sistemas de distribuição;
• Entender o papel dos centros de distribuição.
REFLEXÃO
No capítulo 1 você estudou os conceitos fundamentais de distribuição física, cadeia de su-
primentos e análise integrada da distribuição. Neste capítulo aprofundaremos mais nestes
conceitos, discutindo aspectos de planejamento logístico, sistemas de distribuição e centros
de distribuição.
28 • capítulo 2
que. Desta forma, a armazenagem passa a cumprir um papel de prover capacida-
de de resposta rápida, sendo que muitos dos serviços executados visam reduzir
as necessidades de estoques.
ATENÇÃO
Nos dias atuais, a distribuição passou a ser fator de competitividade das organizações. Em um
ambiente com consumidores cada vez mais informados e adquirindo produtos por meio de sis-
temas eletrônicos, uma distribuição precisa pode fazer toda a diferença para as organizações.
capítulo 2 • 29
logística, Wright et al (2000) apontam que após a implementação de determi-
nada estratégia, muitas vezes são necessárias modificações devido a mudanças
ambientais ou organizacionais, pois muitas vezes tais alterações são difíceis de
prever, como por exemplo, quebras de veículos, incêndios em centros de dis-
tribuição, interrupção de estradas e greves, fatores estes que podem dificultar
o desenvolvimento do nível de serviço inicialmente programado com o cliente.
É importante durante o planejamento logístico levar em consideração o
conceito de logística integrada, discutido no capítulo 1, sendo que a logística
deve atender os níveis de serviço ao cliente (estabelecidos pela estratégia de
marketing) ao menor custo total de todos os seus componentes (transporte,
armazenamento, processamento de pedidos, estoques, compras e vendas). A
figura a seguir apresenta o modelo conceitual de logística integrada.
Produto
Preço Promoção
Praça
Serviço
ao cliente
Compras
Transporte
ou vendas
Estoques Armazenagem
Serviço
ao cliente
30 • capítulo 2
2.3 Fatores fundamentais
capítulo 2 • 31
2.4 Atributos do serviço logístico
32 • capítulo 2
• Confiança e conhecimento da equipe de contato com o cliente: Conhe-
cimento e profissionalismo demonstrado pela equipe e a confiabilidade
das informações prestadas por estes.
Segundo Martel (2010), os custos logísticos do Brasil chegam a 12% do PIB, en-
quanto nos EUA eles correspondem a 9% do PIB. Em termos mundiais, a média
é de 11%. As empresas brasileiras trabalham com custos logísticos que variam
de 4 a 30% das vendas, dependendo do tipo de segmento de mercado.
Santos (2011) aponta que somente os custos do produto são maiores que
os custos logísticos, e estes envolvem grandes dispêndios financeiros, muitas
vezes sendo maiores inclusive que a margem de lucro. Assim sendo, qualquer
redução em ais custos representaria um aumento nas margens de lucro.
Ainda segundo a autora, para um país com dimensões continentais e infra-
estrutura logística deficiente, focar em custos logísticos é bastante crítico, os
gestores precisam ter uma maior visibilidade dos custos envolvidos e analisa-
rem detalhadamente os custos logísticos totais.
capítulo 2 • 33
Posse física Posse física Posse física
34 • capítulo 2
2.8 Tipos de distribuição
Há duas filosofias básicas para distribuição dos produtos pelo canal de distri-
buição, o sistema de empurrar e o de puxar, que serão discutidos abaixo.
capítulo 2 • 35
tes, de forma a determinar o total a ser alocado em cada ponto de estoca-
gem.
CPn(prejuízo) = (1-CPn)(Lucro)
36 • capítulo 2
Onde CP representa a frequência cumulativa de vender pelo menos n unida-
des do produto, resolve-se a expressão anterior para CPn tem-se:
Lucro
CPn =
Lucro + prejuízo
Ds ICQ
TC = +
Q 2
Onde:
TC = custo do estoque total anual relevante, em valor financeiro
Q = tamanho do pedido para reposição do estoque, em unidades
D = demanda anual dos itens ocorrendo a uma taxa determinada e constan-
te no tempo, unidades/ano
S = custo de aquisição – valor financeiro/pedido
C = valor de manutenção do item no estoque – valor financeiro/item
I = custo da manutenção como porcentagem do valor do item, %/ano
Assim, o termo D/Q apresenta quantas vezes por ano um pedido de reposi-
ção é encaminhado à fonte de suprimento e o termo Q/2 o total médio do esto-
que disponível. Conforme Q varia em tamanho, um custo aumenta enquanto
capítulo 2 • 37
o outro diminui. Assim há uma quantidade ótima de pedidos quando os dois
custos estão em equilíbrio:
2 DS
Q* =
IC
*Q*
Sendo o intervalo ótimo de pedidos: T =
D
D
E o número ótimo de pedidos anuais para ser feito: N=
Q*
- Reposição com prazo de entrega: neste caso há a ideia de ponto de repo-
sição, o qual seria a quantidade que se permite que o estoque baixe antes de
encaminhar o pedido de reposição. O ponto de reposição (ROP) é dado por:
ROP = d x LT
Onde:
ROP = quantidade de pontos de reposição, em unidades
D = taxa de demanda, em unidades de tempo
LT = prazo médio de entrega, em unidades de tempo
38 • capítulo 2
2.10 Planejamento e gestão da distribuição física
A distribuição física tem por objetivo cumprir todas as etapas entre a produção
e o consumidor final: estocagem, armazenagem, embalagem e transporte, sen-
do que seu planejamento e gestão levam em consideração os diversos aspectos
referentes a tais atividades, como decisões sobre armazéns, veículos, equipa-
mentos de movimentação, mão de obra, formas de manutenção de estoque
entre outros. Os próximos tópicos deste e dos próximos capítulos discutirão o
processo de planejamento e gestão da distribuição física.
capítulo 2 • 39
Fornecedor Cliente
Centro de
distribuição
Carga Carga
consolidada fracionada
Endereçamento
Crossdocking Suporte
· Embalagem
· Etiquetagem
Expedição Separação
40 • capítulo 2
• Recebimento: o recebimento é a primeira etapa da trajetória do produ-
to no centro de distribuição, ela envolve o descarregamento de cargas, a
conferência de quantidades e da qualidade dos produtos entregues.
Segundo Hill (2003), há alguns fatores que levam as empresas a optarem por
utilizar centros de distribuição, são eles:
• Redução do lead time;
• Desempenho nas entregas;
• Localização geográfica;
• Melhoria no nível de serviço;
• Redução dos custos logísticos;
• Aumento do marketshare.
capítulo 2 • 41
CONEXÃO
Veja matéria publicada pela exame em 20/02/2014, que trata sobre a atração de investi-
mentos em depósitos devido ao crescimento da Walmart.com - http://exame.abril.com.br/
negocios/noticias/crescimento-da-walmart-com-atrai-investimentos-em-depositos.
c) Recebimento de mercadorias no CD
• Planejamento do recebimento pelo agendamento das entregas dos
fornecedores;
• Recebimento e expedição de mercadorias de forma rápida pelo uso
de “cross-docking”;
42 • capítulo 2
• Adoção de dispositivos e equipamentos para descarga e movimen-
tação de materiais;
• Input de dados por meio de código de barras e rádio frequência.
capítulo 2 • 43
2.14 Conceito do cross-docking
ATIVIDADE
1. Quais os fatores fundamentais que uma estratégia logística deve abordar?
REFLEXÃO
O canal eletrônico de vendas está cada dia mais presente na vida das pessoas, cada vez
mais o brasileiro tem comprado através de sistemas eletrônicos, como computadores, tablets
e celulares. Reflita sobre as implicações desta realidade sob o ponto de vista da logística.
LEITURA
Recomenda-se a leitura do seguinte texto: SANTOS, I. Eficiência Logística e seus Impac-
tos Financeiros. Artigos – Administradores.com. Disponível em: <http://www.administrado-
res.com.br/artigos/marketing/eficiencia-logistica-e-seus-impactos-financeiros/57765/>.
Acesso em: 20 out. 2014.
44 • capítulo 2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Pedro L. (2000) - Implantação de tecnologias de automação de depósitos: um es-
tudo de casos. Dissertação de Mestrado – Administração, Universidade Federal do Rio e
Janeiro, 2000.
HARRIS, F. W. “How Many parts to Make at Once”, Factory, the Magazine of Manage-
ment, v. 10, n. 2, p. 135-136, 1913.
MARTEL, A. Análise e projeto de redes logísticas. 2. Ed, São Paulo: Saraiva, 2010.
HEIKKILÄ, J. From supply to demand chain management: efficiency and customer satisfac-
tion. Journal of Operations Management. v. 20, p. 747-767, 2002.
capítulo 2 • 45
RODRIGUES, G. G.; PIZZOLATO, N. D. Centros de Distribuição: armazenagem estratégica.
XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção – Ouro Preto-MG, 2003.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo você conhecerá os métodos de planejamento da demanda e de geren-
ciamento de transportes.
46 • capítulo 2
3
Métodos de previsão
da demanda e
gerenciamento dos
transportes
3 Métodos de previsão da demanda e
gerenciamento dos transportes
OBJETIVOS
• Conhecer os diferentes métodos de previsão da demanda;
• Entender o efeito chicote e a sua implicação no canal de distribuição;
• Conhecer os fatores que afetam a demanda;
• Entender sobre o processo de operações e gerenciamento dos transportes.
REFLEXÃO
No capítulo 2 você estudou o planejamento e a gestão da distribuição física e dos estoques.
Neste capítulo você aprenderá sobre outros aspectos que são importantes também para o
planejamento e para a gestão dos processos logísticos de uma empresa.
48 • capítulo 3
adas em séries temporais (concentrando-se em padrões históricos e variações
destes padrões para fazer previsões) ou em relações causais (que utilizam, por
exemplo, técnicas de regressão e prevêem a demanda utilizando variáveis expli-
cativas ou independentes para descrever uma relação entre um evento e suas
principais causas).
Um dos métodos que podem ser utilizados para auxiliar na precisão das técnicas qua-
litativas de previsão de vendas é o Delphi. O método Delphi parte do princípio que
as previsões por um grupo estruturado de especialistas serão mais precisas do que
aquelas de grupos não estruturados ou individuais. O método consulta um grupo de
especialistas sobre previsões de vendas futuras por meio de um questionário, que é
repassado seguidas vezes até que seja obtida uma convergência entre as respostas,
que representa um consenso. Suas premissas são o anonimato dos respondentes, a
representação estatística da distribuição dos resultados e o feedback de respostas ao
grupo. A grande vantagem deste método é evitar o efeito de grupo.
capítulo 3 • 49
3.1.1.2 Métodos quantitativos
Os métodos quantitativos são divididos entre os baseados em séries temporais
e os baseados em relações causais.
∑ Ai
MMSt +1 = i =t +1− n
50 • capítulo 3
Onde:
MMSt+1 = Média móvel simples no final do período t (pode ser usada como
previsão para o período t+1)
Ai = demanda atual no período i
n = Número de períodos incluídos em cada média
Exemplo, calcular uma previsão pela média móvel com base em vendas de
356, 387 e 288:
Pt = Rt-1 + (1 - a) x Pt-1
Onde:
Pt = vendas projetadas para o período t
Pt-1 = previsão para o período t-1
Rt-1 = demanda real para o período t-1
a = fator alfa ou constante de amortecimento (0<a<1,0)
capítulo 3 • 51
Como exemplo, suponhamos que a previsão do período mais recente tenha
sido de 80 unidades e as vendas reais de 95 unidades. Considerando um fatos
alfa de 0,3, a nova previsão seria a seguinte:
Pt = Rt-1 + (1 - a) x Pt-1
= (0,3) (95) + (1-0,3) (80)
= 28,5 + 56
= 84,5
Desta forma, a nova previsão de vendas é de 84,5 unidades.
52 • capítulo 3
3.1.1.2.2 Técnicas causais
A previsão de vendas por regressão leva em consideração a relação entre variá-
veis e o conhecimento sobre variáveis independentes. Por exemplo, as vendas
de pneus se dão em função das vendas de automóveis.
O exemplo abaixo mosta uma tabela hipotética de vendas de pneus e auto-
móveis em 12 períodos.
2 60.000 318.000
3 75.000 367.500
4 65.000 344.500
5 63.000 327.600
6 80.000 448.000
7 53.000 270.300
8 57.000 307.800
9 86.000 438.600
10 90.000 468.000
11 74.000 392.200
12 72.000 388.800
onde:
y = venda de pneus
x = venda de automóveis
capítulo 3 • 53
A relação quantitativa, calculada por regressão linear, tendo a venda de
automóveis como variável independente, é mostrada no fim da tabela. O co-
eficiente de correlação (r2) indica o grau de associação entre duas variáveis e
varia de 0 a 1, sendo que o valor 1 indicaria que as duas variáveis, dependentes
e independentes correspondem perfeitamente. No caso do exemplo citado, a
variação na venda de automóveis explica 96% da variação da venda de pneus.
Quando são identificadas boas relações entre duas variáveis, como no
exemplo citado, a informação pode ser útil para a determinação de previsões.
No caso, bastaria ter acesso a informações sobre vendas de automóveis para
prever com bastante precisão a venda de pneus.
Entretanto, conforme apontam Bowersox e Closs (2007), tais tipos de situa-
ções não são muito comuns na logística.
Adicionalmente, se a previsão de um produto é baseada em uma única va-
riável explicativa, a técnica tem o nome de regressão simples, se SAP utilizadas
mais de uma variável explicativa, ela recebe o nome de regressão múltipla.
54 • capítulo 3
Divergências entre oferta e demanda resultam em alto custo, levando a pre-
juízos com efeito cascata nos demais componentes da cadeia de suprimentos.
Para a área de vendas, um aumento na demanda não previsto pode significar
uma não entrega de produtos ou entrega com prazos muito maiores do que o
esperado, reduzindo a relação de confiança entre vendedores e clientes. Em re-
lação à gestão de logística, a previsão incorreta pode levar a problemas relacio-
nados à utilização da capacidade de armazenamento (ou um armazenamento
superior ao necessário, levando a altos custos ou inferior ao necessário, levan-
do a problemas com entregas) e quebra de estoque (levando a perdas de vendas
devido a indisponibilidade do item necessário no estoque).
CONEXÃO
Saiba mais sobre os erros de previsão e os impactos que podem causar em <http://produ-
caoonline.org.br/rpo/article/viewFile/959/926>. Acesso em: 20 out. 2014.
capítulo 3 • 55
Lee et al (2004) verificaram que uma pequena variação no consumo de de-
terminado produto levava a uma grande variação nos pedidos dos clientes no
canal de distribuição.
Segundo Svensson (2005) o efeito chicote indica que a variabilidade no nível
de estoques tende a ser maior quanto maior a distância do membro do canal
de distribuição do ponto de consudo. Os fatores que podem causar o efeito são
a deficiência no compartilhamento de informações e insuficiência de dados
mercadológicos, que geram previsões incorretas.
Coelho, Follman e Rodriguez (2009) fizeram a adaptação de uma ilustração
gráfica do efeito chicote de Slack at al (1999), que pode ser observada na figura
abaixo.
250
200
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
–50
56 • capítulo 3
da atual, sendo que o distribuidor, a montadora e o fornecedor, sucessivamente,
fazem o mesmo. Desta forma, pode ser observado que uma pequena variação de
demanda no mercado pode causar grande variação no fornecedor inicial.
Diversos autores estudaram o efeito chicote e verificaram que o mes-
mo pode ser danoso para as organizações. Coelho, Follman e Rodriguez (2009)
propuseram o alinhamento estratégico e o compartilhamento de dados entre
os membros do canal de distribuição como forma de reduzir o efeito chicote.
capítulo 3 • 57
Já com relação aos fatores externos, alguns exemplos são:
• Preço de bens substitutos dos concorrentes;
• Preço de vens complementares;
• Renda dos consumidores;
• Regulamentação governamental;
• Comportamento do consumidor
58 • capítulo 3
3.2.2 Atividades de transporte
Segundo Ribeiro e Ferreira (2002), para a maioria das empresas o transporte re-
presenta o elemento mais importante do custo logístico. Ele pode variar entre
4 e 25% do faturamento bruto, superando em muitos casos o lucro operacional.
Bowersox e Closs (2007) abordam que a economia de transporte é afetada
pelos fatores a seguir.
• Distância: a distância afeta diretamente os custos variáveis, como o com-
bustível, a manunteção e, algumas vezes, a mão de obra.
capítulo 3 • 59
veículo, possibilidade de deterioração, suscetibilidade de roubo, suscep-
tibilidade de combustão ou explosão expontânea e valor por unidade de
peso. Todos estes fatores demandam a contratação de seguro e, conse-
quentemente, aumentam os custos.
• Decisão sobre propriedade de frota: neste ponto decide-se sobre ter frota
própria ou utilizar ativos de terceiros, levando em consideração o custo,
a qualidade do serviço e a rentabilidade financeira das alternativas. Algu-
mas características da operação e também do setor também contribuem
para a decisão, como o tamanho da operação, a competência gerencial
interna da empresa, a competência e a competitividade do setor, a exis-
tência de carga de retorno e os modais a serem utilizados.
60 • capítulo 3
• Confiabilidade;
• Preço;
• Flexibilidade operacional;
• Flexibilidade comercial;
• Saúde financeira;
• Qualidade do pessoal operacional;
• Informações de desempenho.
O sistema rodoviário traz uma vantagem indiscutível no que diz respeito ao ofe-
recimento de um serviço porta a porta, pois os outros modais estão limitados a
instalações fixas como trilhos, hidrovias, dutovias e aerovias (CAIXETA FILHO;
MARTINS, 2001).
Segundo Rosa (2007), o transporte rodovidário é um dos mais simples e efi-
cientes, sua única exigência é a existência de rodovias. Entretanto, este modal
apresenta um elevado nível de consumo de combustível.
Ainda segundo o autor, as principais vantagens do sistema rodoviário são
as seguintes:
• Alta disponibilidade de vias de acesso;
• Serviço porta a porta;
• Facilidade na substituição do veículo em caso de quebra ou acidente;
• Velocidade de entrega.
capítulo 3 • 61
Com relação às desvantagens, são as seguintes:
• Maior custo operacional e menor capacidade de carga;
• Congestionamento nas estradas em épocas de safras;
• Desgaste prematuro da infraestrutura da malha rodoviária.
ATIVIDADE
1. Quais os principais métodos de previsão da demanda e qual a aplicação de cada um?
REFLEXÃO
Em 12 de novembro de 2013, a revista Logística publicou o artigo abaixo, de Antonio Carlos da
Silva Rezende. Disponível em <https://logisticatreinamentos.wordpress.com/2014/09/13/
transporte-de-cargas/> . Acesso em: 20 out. 2014. Leia o artigo, faça uma relação com o
conteúdo aprendido neste capítulo e reflita sobre as implicações na logística das empresas
brasileiras.
62 • capítulo 3
rentes modais, o que aponta para a necessidade de readequações que promovam maior
competitividade e desenvolvimento econômico sustentável.
Porém, o desequilíbrio em si não é o problema, e sim a grande diferença de custos e a ade-
quação a cada um dos modais. Por exemplo: para a safra de grãos de 2013, que segundo a
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) está prevista para 184 milhões de tonela-
das (10,8% maior que a safra passada), os transportes mais adequados são prioritariamente
os modais ferroviário e aquaviário (marítimo, cabotagem e hidroviário), ideais para grandes
volumes, longas distâncias e de baixo valor agregado, e não o transporte rodoviário de cargas
(TRC), que é adequado para produtos de médio e alto valor agregado para médias e curtas
distâncias e para operações “porta a porta”.
Para uma análise um pouco mais detalhada vamos analisar cada modal:
Transporte rodoviário
O TRC (Transporte Rodoviário de Cargas) é, segundo a matriz de transportes, de longe o
mais utilizado (59%), e bom (custo e agilidade) para operações “porta a porta”, para produtos
de médio e alto valor agregado para médias e curtas distâncias, como já citei acima. Entre-
tanto existem grandes distorções, como por exemplo o transporte de grãos do Mato Grosso
para os portos de Santos e Paranaguá. Além da distorção citada acima, o TRC enfrenta um
grave problema devido à deficiência da infraestrutura, ou seja, em grande parte do país as
estradas estão em péssimo estado de conservação (buracos, acostamento, etc), e naquelas
em bom estado os pedágios são considerados elevados.
Recentemente foi aprovada a lei 12.619/12 que regulamenta a jornada de trabalho, que por
um lado eleva a segurança nas estradas, mas por outro causa apreensão devido à falta de
locais adequados para o repouso e o provável aumento dos fretes gerado pela diminuição
da ocupação dos veículos.
Transporte ferroviário
O modal ferroviário representa apenas 24% do volume transportado, porém considerando
as dimensões do país e o grande volume de produtos agrícolas, minérios, etc, (baixo e médio
valor agregado) transportados a grandes distâncias, indica que tal percentual deveria ser
no mínimo o dobro para permitir significativa redução dos custos de transportes, com maior
competitividade na exportação e aumento na margem de lucro e no saldo da balança de co-
mércio exterior. Existem grandes projetos em andamento (ferrovias Norte-Sul e Integração
Centro-Oeste), porém o andamento está muito abaixo das necessidades e com registros de
enormes atrasos.
capítulo 3 • 63
Transporte aquaviário
O modal aquaviário representa 13% do volume transportado e, por motivos semelhantes
ao do transporte ferroviário, considerando os valores dos produtos transportados e grandes
distâncias, indica que o percentual deveria ser bem maior, principalmente com a utilização
dacabotagem (transporte marítimo na costa). Como aproximadamente 60% da economia
do Brasil está a menos de 250 km da costa, este seria um modal extremamente adequado.
No caso específico do transporte aquaviário existem dois pontos críticos. O primeiro é a in-
fraestrutura portuária, que é absolutamente insuficiente e inadequada para as necessidades
do país. O segundo é a legislação, que somada à deficiência dos órgãos de fiscalização são
gargalos absolutamente graves.
Transporte aeroviário
O modal aeroviário tem um impacto muito pequeno no transporte de carga, sendo relevante
apenas para produtos de altíssimo valor agregado e carga expressas, representando maior
preocupação para transporte de passageiros.
Transporte dutoviário
O modal dutoviário é um transporte específico principalmente de derivados de petróleo e que
poderia ser ampliado, mas depende de Projetos específicos.
Nos próximos artigos detalharemos os assuntos tratados acima e que certamente serão
muito mais esclarecedores que aqueles emanados pelos “palpiteiros de plantão”.
LEITURA
É sugerida a leitura do texto: PEIXOTO, E. C.; PINTO, R. L. Gerenciamento de estoques via
previsão de vendas agregadas utilizando simulação. Produção, v. 16, n. 3, p. 569-581, 2006.
Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/prod/v16n3/a16v16n3>. : 20 out. 2014.
64 • capítulo 3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos / Logística Empresarial.
5. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
LEE, H. L.; PADMANABHAN, V.; WHANG, S. Information distortion in a supply chain: the
bullwhip effect. Management Science, v. 43, n. 4, p. 546-558, 1997
capítulo 3 • 65
ROSA, A. C. (2007) Gestão do Transporte na Logística de Distribuição Física: uma
análise da minimização do custo operacional. Dissertação (mestrado) Universidade
de Taubaté, Taubaté, São Paulo, 2007.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo você aprenderá sobre o dimensionamento da frota de distribuição e a espe-
cificação de veículos e conhecerá sobre os princípios de armazenagem e as instalações de arma-
zenagem.
66 • capítulo 3
4
Dimensionamento da
frota de distribuição
e dos depósitos,
armazéns e centros
de distribuição
4 Dimensionamento da frota de distribuição
e dos depósitos, armazéns e centros de
distribuição
Este capítulo abordará os conceitos de dimensionamento da frota de distribui-
ção e dos depósitos, armazéns e centros de distribuição.
OBJETIVOS
• Conheçer os tipos de veículos utilizados para a frota de distribuição;
• Entender como calcular a frota de distribuição;
• Conhecer os princípios básicos da operação de armazenagem;
• Compreender como é feito o planejamento dos depósitos de distribuição.
REFLEXÃO
No capítulo 3 você aprendeu sobre previsão de demanda e gerenciamento de transportes.
Neste, você aprenderá um pouco mais sobre o gerenciamento de transportes (a partir de
conhecimentos sobre tipos de veículos e dimensionamento de frotas) e aprenderá sobre o
planejamento dos depósitos a serem utilizados para o processo de distribuição.
Bowersox e Closs (2007) apontam que a logística tem como missão satisfazer
as necessidades dos clientes e tenta atingir esta necessidade utilizando sua ca-
pacidade operacional, sendo desafiada a equilibrar as expectativas de serviços
68 • capítulo 4
e os gastos para atingir os objetivos do negócio. De forma que a logística busca
integrar informações, transporte, estoque, armazenamento, manuseio de ma-
teriais e está relacionada com a disponibilidade de tais materiais e produtos no
local onde são demandados e com a menor despesa possível.
Baloou (2006) aborda que a logística estuda como os administradores po-
dem aproveitar melhor o nível de rentabilidade nos serviços prestados de dis-
tribuição aos clientes, por meio de planejamento, organização e controle da ati-
vidades de movimentação e armazenagem que possuem como objetivo facilitar
o fluxo de mercadorias.
capítulo 4 • 69
ponto de vista dos varejistas com relação ao canal é parecido com o ponto
de vista dos consumidores, o processo de distribuição é seu próprio ne-
gócio, a diferença básica é que o varejista cria valor principalmente pela
conveniência e pelo seu conhecimento íntimo sobre os consumidores.
• Clientes: os clientes estão na outra ponta do canal de distribuição, eles
compram ou utilizam os produtos oriundos dos fabricantes que chega-
ram até eles por meio dos diferentes elos do canal.
• Fornecedores de serviços: outros atores importantes do processo de dis-
tribuição são os prestadores de serviços, que oferecem serviços aos pro-
dutores, distribuidores, varejistas e clientes, tendo interesse direto no
processo de distribuição e exercendo atividades particulares dentro da
cadeia logística. Exemplos de prestadores de serviços são transportado-
res, bancos, consultores, prestadores de serviços de engenharia e presta-
dores de serviços de tecnologia da informação.
CONEXÃO
O site http://www.varejista.com.br/ possui diversas informações sobre o varejo, números do
setor e artigos com diversos conteúdos.
70 • capítulo 4
grande ou peso unitário.
capítulo 4 • 71
4.1.4 Cálculo simplificado da frota de distribuição de carga urbana
Punit = T disponível
Ciclo
Nveículos = D
Punit
72 • capítulo 4
à operação de áreas de armazenagem, independente dessas serem depósitos,
armazéns, ou centros de distribuição.
ATENÇÃO
Os estoques são necessários basicamente para corrigir divergências entre a oferta e a de-
manda, porém são sempre custosos, desta forma, o princípio básico é a manutenção de
estoques no menor nível possível. Consequentemente, o mesmo raciocínio deve ser seguido
para os depósitos.
capítulo 4 • 73
• Break Bulk e Cross-dock: tais operações são similares à consolidação de car-
ga, com a diferença que neste caso não há estoque de produtos. No caso
do break bulk são recebidas quantidades do fabricante para atender a di-
versos clientes, tais quantidades são separadas e enviadas a clientes indivi-
duais. O depósito responsável pelo break bulk seara pedidos individuais e
providencia entregas locais. Já o cross-dock envolve mais de um fabricante.
Os operadores recebem carretas completas de diversos fabricantes, sepa-
ram por clientes e realizam as entregas.
74 • capítulo 4
• Combinação: no caso da combinação, quando fábricas são separadas ge-
ograficamente, o custo de transporte e as necessidades de armazenagem
podem ser reduzidos pela combinação de cargas em trânsito, por meio
da utilização de depósitos de transbordo. Utilizam-se carretas fechadas
das fábricas para os depósitos e, à chegada, os produtos são descarrega-
dos e combinados com outros, segundo desejos dos clientes ou necessi-
dades do mercado.
capítulo 4 • 75
é limitada pela segurança de equipamentos de manuseio, pela capacida-
de de elevação de equipamentos e regulamentos contra incêndios, por
exemplo, entretanto, deve-se sempre buscar a máxima altura útil. Em re-
lação ao fluxo dos produtos, os projetos devem permitir a movimentação
dos produtos em linha reta, ou seja, devem ser recebidos em uma ponta
do edifício, armazenados no meio e despachados pela outra ponta. A fi-
gura abaixo apresenta este fluxo. Logicamente, as condições ideais nem
sempre são possíveis, entretanto, devem sempre ser buscadas.
Área de recebimento
Área de Área de
armazenagem armazenagem
no solo no solo
76 • capítulo 4
escala na movimentação obtem-se quando todas as atividades são exe-
cutadas com a maior quantidade possível de produtos, ao invés de mo-
vimentos caixa a caixa, as atividades devem ser programadas para movi-
mentar grupos grandes de caixas, por meio de pallets ou contêineres, o
que é chamado de processo de unitização. Tal processo exige que grande
quantidade de produtos ou pedidos sejam separados ao mesmo tempo,
tal recurso reduz a quantidade todal de atividades e o respectivo custo.
Plataformas de recebimento
Espaço de armazenagem de
Espaço de produtos de alta rotação Espaço de
armazenagem de armazenagem de
produtos de baixa produtos de baixa
rotação rotação
capítulo 4 • 77
4.2.3 Planejamento dos depósitos de distribuição
78 • capítulo 4
os equipamentos escolhidos precisam ter a menor relação possível
entre peso e carga útil;
sempre que for possível a força da gravidade deve ser aproveitada em
projetos de sistema de manuseio.
• Layout de depósitos: os layots de depósitos devem ser idealizados para
atender requisitos específicos. Deve-se sempre buscar a utilização de pal-
lets de tamanho padrão, adotar um sistema de arrumação de pallets (o mo-
delo básico é o perpendicular ao solo, que é demonstrado na figura abaixo.
Corredor
capítulo 4 • 79
• Estoque inicial do depósito: idealmente deve-se compor o estoque inicial
de produtos com a lista completa dos mesmos, antes de iniciar as opera-
ções, a dificuldade está na chegada das mercadorias, para o trabalho ser
feito num fluxo ordeiro de entrada. O tempo necessário para efetuar o su-
primento inicial de um depósito irá depender da quantidade de itens e da
quantidade a ser adquirida de cada item. Na área de armazenamento são
designados endereços para conjuntos completos de pallets de produtos.
80 • capítulo 4
ATIVIDADE
1. Cite três tipos de veículos utilizados para o processo de distribuição.
2. Quais as principais decisões que precisam ser tomadas para planejar os depósitos de
distribuição? Explique cada uma dessas decisões.
REFLEXÃO
Leia o texto abaixo que foi publicado no meio & mensagem em 05/11/2013 21/10/2013
e reflita sobre as aplicações dos seus conhecimentos em distribuição física no investimento
realizado pelo Habbibs. Disponível em: <http://www.meioemensagem.com.br/home/marke-
ting/noticias/2013/11/05/Habibs-investe-R-35-milhoes-para-crescer.html#ixzz3GjBiVn-
cA>. Acesso em: 20 out. 2014.
Habib’s investe R$ 35 milhões para crescer
No aniversário de 25 anos, rede apresenta reposicionamento e anuncia loja conceito próxima
ao novo estádio do Corinthians
Em agosto de 1988, o imigrante português Alberto Saraiva inaugurou a primeira unidade do
Habib´s. Pouco mais de 25 anos e mais de 7,6 bilhões de Bib’sfihas depois, a rede conta com
430 lojas espalhadas pelo país e traça planos agressivos. O Grupo Habib’s, que inclui ainda as
marcas Ragazzo, Box30, Tendall e Picanha Grill, pretende investir cerca de R$ 400 milhões nos
próximos 10 anos no crescimento e consolidação da rede, atingindo a marca de mil lojas (são
480 atualmente).
Nos próximos dois anos, apenas a rede Habib’s irá desembolsar R$ 35 milhões para abrir
um centro de armazenagem e distribuição de frios, uma empresa de vegetais processados e
outra de frutas e sucos congelados, e para modernizar e transferir a Arabian Bread (confei-
taria, panificadora e sorveteria) do município de Diadema para Itapevi, ambos em São Paulo.
A iniciativa faz parte da estratégia de verticalização dos processos da companhia, que possui
as empresas Upstage/Voxline (delivery e call center), Franconsult (consultoria em franchi-
sing), Vector 7 (projetos e estruturas), PPM – Propaganda, Promoção e Marketing (housea-
gency) e Promilat (laticínios), além da própria Arabian Bread.
capítulo 4 • 81
Aniversário e Copa do Mundo
A comemoração dos 25 anos conta ainda com um projeto de branding implementado em
parceria com o GADLippincott que resultou numa releitura de logos, tipografia e cores, e num
novo posicionamento, sintetizado pelo slogan “Muito Mais”. Foram investidos R$ 2 milhões
no trabalho.
O Habib’s fará uma mudança gradual da marca em todos os pontos de contato até o final
de novembro, quando será inaugurada sua primeira loja conceito. Localizada na Zona Leste
da capital paulista, a unidade fica próxima ao novo estádio do Corinthians, que será palco da
abertura da Copa do Mundo de 2014.
LEITURA
Recomendamos a leitura do artigo: SANTOS, A. CRUZ, R.; PACHECO, D. A. J. Análise das
implicações do layout em um centro de distribuição logístico. VIII SAEPRO – Simpósio Aca-
dêmico de Engenharia de Produção – Universidade Federal de Viçosa, 2013.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACKERMAN, K. B. The changing role of warehousing. Warehousing Forum, v. 8, n. 12, p. 1,
1993.
HUGOS, Michael – Essentials of supply chain management. Nova Jersey: John Wiley and
Sons, Inc., 2003.
82 • capítulo 4
de distribuição logístico. VIII SAEPRO – Simpósio Acadêmico de Engenharia de
Produção – Universidade Federal de Viçosa, 2013. Disponível em: <http://www.sae-
pro.com.br/downloads/41.pdf>. Acesso em: 20 out. 2014.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo você aprenderá sobre a localização de redes, sobre a roteirização e progra-
mação de veículos, sobre as decisões de canais de marketing e os conflitos de canal.
capítulo 4 • 83
5
Localização,
roteirização e
gestão dos canais
5 Localização, roteirização e gestão dos
canais
OBJETIVOS
• Compreender a teoria sobre localização de áreas de distribuição;
• Conhecer os fundamentos de roteirização;
• Compreender os fundamentos de gestão de canais de distribuição.
REFLEXÃO
No capítulo 4 discutimos questões de dimensionamento de frota e dos depósitos, arma-
zéns e CDs, neste capítulo discutiremos como decidir localização dos depósitos, como
definir roteiros de distribuição e por fim como fazer a gestão dos canais de distribuição.
86 • capítulo 5
localização, a roteirização e a programação de veículos e os canais de marketing/
distribuição.
Mín TC = ∑ Vi Ri di
Onde:
TC = custo total do transporte
Vi = volume no ponto i
Ri = taxa de transporte até o ponto i
di = distância até o ponto i da instalação a ser localizada
A localização é então determinada pela resolução de equações para as coor-
denadas de localização.
capítulo 5 • 87
problemas envolvem o fluxo de materiais como água, óleo, gás através de uma
rede de tubos ou cabos; entretanto, também podem representar o fluxo máximo
de carros em uma malha rodoviária, por exemplo. O problema a ser considerado
também é de pesquisa operacional, tratando-se de maximizar o escoamento de
dois nós especiais, um chamado de origem (nó o) e outro chamado de destino (nó
D), sujeito às limitações das capacidades dos arcos.
10
25
D (destino)
8
O (origem)
25
15
B
88 • capítulo 5
• Características da rede;
• Restrições de capacidade dos veículos;
• Requisitos de pessoal;
• Tempos máximos de rotas;
• Operações envolvidas;
• Custos;
• Objetivos.
capítulo 5 • 89
5.2 Funcionamento e decisões sobre os canais
90 • capítulo 5
• Os novos produtos ajustam-se aos sortimentos atuais dos membros do
canal?
• Serão necessários treinamentos especiais para preparar os membros do
canal a fazerem um trabalho eficaz de venda para os novos produtos?
• O novo produto poderá causar algum problema especial aos membros
do canal?
capítulo 5 • 91
e a forma como estes são exibidos, divulgados e vendidos podem ser muito im-
portantes para o posicionamento.
Desta forma, o gestor de canal precisa examinar as interações entre a estra-
tégia de posicionamento dos produtos que está lançando e onde estes produtos
serão exibidos e vendidos aos consumidores finais, para então realizar a gestão
deste posicionamento com os canais, realizando adequações nos canais, treina-
mentos, incentivos de propaganda cooperativa, negociações especiais, etc, visan-
do o compromisso dos canais com o posicionamento desejado dos produtos.
Considerações
Considerações Considerações Considerações
de mercado-
internas de custo competitivas do canal
alvo
92 • capítulo 5
5.2.2.3.1 Diretrizes para o desenvolvimento de estratégias eficazes de preços no canal
Há algumas diretrizes básicas para o desenvolvimento de estratégias eficazes
de preços no canal. Rosenbloom (2008) apresenta algumas, que são demons-
tradas abaixo.
1. Cada revendedor eficiente precisa obter margens brutas unitárias que
excedam os custos operacionais unitários.
2. Cada classe de margens do revendedor deve variar proporcionalmente
de forma direta ao custo das funções que ele desempenha.
3. Em todos os pontos da cadeia vertical, os preços cobrados devem estar
alinhados aos preços cobrados por marcas rivais comparáveis.
4. Arranjos especiais de distribuição (como separações do fluxo usual do
produto) devem estar acompanhados de variações correspondentes
nos arranjos financeiros.
5. As margens permitidas para qualquer revendedor devem estar de acor-
do com as normas convencionais de porcentagem.
6. As variações das margens dos modelos e estilos individuais de uma li-
nha de produtos são permitidas e esperadas, porém precisam ficar pró-
ximas à margem convencional do comércio.
7. Uma estrutura de preço precisa conter ofertas de preços especiais,
quando estas ofertas são possíveis.
8. A estrutura de preços de um fabricante precisa refletir variações na atra-
tividade das ofertas de seus produtos individuais.
capítulo 5 • 93
5.2.2.3.3 Diferentes Classes de Revendedores
Guiltinan (1987) aponta que os gestores de canal em geral gostariam de estabele-
cer margens que variassem proporcionalmente às funções desempenhadas pelos
diferentes tipos de membros do canal. Todavia, conforme aponta Rosenbloom
(2008), poucos fabricantes tem o poder necessário ou os dados sobre custos para
estabelecer margens conforme esta diretriz. O que os gestores precisam e têm
condições de fazer é verificarem sempre as estruturas de margens para os dife-
rentes membros de canal e revisarem tais estruturas sempre que necessário.
94 • capítulo 5
Estratégia de puxar Estratégia de empurrar
Fluxo de
2 3 + negociação
capítulo 5 • 95
5.2.3 Decisões de projeto do canal
Especificar as tarefas de
distribuição
Desenvolver alternativas de
estrutura de canal
96 • capítulo 5
5.2.3.1 Reconhecer a Necessidade de Uma Decisão de Desenho de Canal
Diversas situações podem requerer a necessidade de uma decisão de desenho de
canal. A lista abaixo apresenta algumas dessas situações (ROSEMBLOOM, 2008):
• desenvolver um novo produto ou linha de produtos;
• levar um produto existente a um novo mercado-alvo;
• fazer uma grande mudança em algum outro componente do composto
de marketing;
• estabelecer uma nova empresa, começando do zero ou resultado de fu-
sões/aquisições;
• adaptar-se a mudanças;
• lidar com mudanças na disponibilidade de tipos de intermediários;
• abrir novas áreas geográficas de comercialização;
• enfrentar a ocorrência de grandes mudanças ambientais;
• lidar com o conflito ou outros problemas comportamentais.
capítulo 5 • 97
• permitir a experimentação do produto;
• processar e preencher pedidos específicos de clientes;
• transportar o produto;
• estruturar o fornecimento de crédito;
• prestar serviços de garantia;
• prestar serviços de conserto e reparo;
• estabelecer procedimentos de devolução.
98 • capítulo 5
5.2.3.6 Escolher a “Melhor” Estrutura de Canal
Após avaliar todas as variáveis anteriores, o gestor deverá definir a “melhor”
estrutura de canal. Esta “melhor” está entre aspas porque na realidade não é
possível para o gestor atingir uma estrutura ótima, isso só seria possível se o
gestor tivesse considerado todas as alternativas possíveis para a estrutura do ca-
nal e pudesse calcular os retornos exatos associados a cada uma das estruturas
alternativas segundo um critério (por exemplo, lucro) (SIMON, 1959).
Entretanto, o modelo proposto prevê que a partir das tarefas anteriores
o gestor tenha condições de estar preparado para escolher estruturas que se
aproximem de uma alocação ótima das tarefas de distribuição.
capítulo 5 • 99
Custo total Custo total
Custo de manutenção
Custo mínimo
Custo de ressuprimento
Tamanho do lote
Figura 16 – Trade off dos custos de distribuição
Fonte: Ballou (2006)
Para Ballou (2006), nem todos os produtos podem ser oferecidos ao mesmo
nível de serviços aos clientes. A existência de demandas diferentes exige tam-
bém uma distribuição diferenciada conforme o nível de exigências.
Há a possibilidade, por exemplo, de postergar operações, tornando o pro-
duto semiacabado, para no momento da entrada do pedido fazer a conclusão,
uma operação que possibilita até a personalização do produto, conforme a von-
tade do cliente, o que melhora o nível de serviços e piora os custos.
Outra possibilidade é consolidar uma carga, que significa obter grandes vo-
lumes que tornem a unidade de carga completa, aproveitando perfeitamente a
capacidade de carga de transporte e possibilitando a redução de custos, entre-
tanto, isso pode reduzir o nível de serviços pelo aumento do prazo de entregas.
Desta forma, é papel do gestor resolver o trade off segundo o que trará mais
retorno para a organização.
ATENÇÃO
Não há uma tradução ideal para o termo trade off em português, alguns autores traduzem
como “relação de compromisso” ou “perde ganha”, trata-se de uma expressão que define
uma situação em que há conflito de escolha, normalmente usa-se o termo em inglês.
100 • capítulo 5
5.2.6 Canal de Distribuição Escolhido e Implementado
capítulo 5 • 101
5.2.7.3.3 Distribuição Exclusiva
Utilizam-se distribuidores exclusivos para determinadas áreas, de preferência
que o distribuidor mantenha exclusividade com a marca do fabricante. Este
tipo de distribuição permite uma parceria de longo prazo com o distribuidor
e uma boa gestão da estratégia de marketing, porém o controle sobre os resul-
tados precisa ser bem apurado (um mal desempenho do distribuidor exclusivo
representará um mal desempenho para aquela região atendida).
102 • capítulo 5
CONEXÃO
Um exemplo de sistema multicanal são as lojas próprias da Nike. Veja no link uma matéria
sobre o tema: <http://www.francap.com.br/noticia/varejistas-temem-avanco-de-lojas-da-ni-
ke-no-brasil> . Acesso em: 23 out. 2014.
capítulo 5 • 103
5.2.11 Tipos de Conflitos de Canal
104 • capítulo 5
FONTES DE DESCRIÇÃO OBSERVAÇÃO
CONFLITO
Relacionados principalmente a
Objetivos e metas dos
Objetivos objetivos financeiros, públi-
membros muito diferentes
concorrentes co-alvo desejado e produtos e
entre si.
contas desejados.
O material de mercandising,
interpretado pelo fabrican-
Os estímulos podem ser os te como uma importante e
Diferenças de mesmos, mas os membros dispendiosa arma estratégia
percepção do canal podem interpretá pode ser encarada como uma
-los de maneira diferente. “parafernália inútil” pelo ataca-
dista, que possui a função de
posicioná-la nos varejistas.
capítulo 5 • 105
FONTES DE DESCRIÇÃO OBSERVAÇÃO
CONFLITO
Normalmente os membros
do canal possuem entre si
expectativas sobre resulta-
Diferenças de
dos e comportamento futuro.
expectativa
Essas expectativas podem
ser inexatas, gerando previ-
sões frustadas.
Um papel é um conjunto de
prescrições que definem Se um franqueador observar
Incongruência que seu franqueado opera fora
como deveria ser o compor-
de papéis dos padrões, um conflito pode
tamento de cada um dos se estabelecer.
membros do canal.
106 • capítulo 5
Alta cooperação
Colaboração
Acomodação Cooperação: ou resolução
Interesse pelos de problemas
resultados da outra
parte.
Transigência
Agressividade:
Abstenção Competição ou Interesse pelos
agressão próprios resultados
Baixa cooperação
ATIVIDADE
1. O que significa roteirização de veículos?
capítulo 5 • 107
REFLEXÃO
Um dos canais de distribuição que mais tem crescido nos últimos anos é o canal eletrônico.
Reflita sobre os possíveis conflitos que podem surgir entre os canais tradicionais e o eletrô-
nico e como os gestores podem resolver estes conflitos.
LEITURA
Recomenda-se a leitura do artigo ENOMOTO, L. M.; LIMA, R. S. Análise da distribuição fí-
sica e roteirização de um atacadista. Produção, v. 17, n. 1, p. 94-108, 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-65132007000100007&script=sci_arttext>
. Acesso em: 23 out. 2014.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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crews: The state of the art. Computers and Operations Research, v. 10, n. 2, 1983.
CHURCHILL, G. A., PETER, P. J. Marketing criando valor para os clientes. 2. Ed. São
Paulo: Saraiva, 2003.
GERTSNER, E.; HESS, J. D. Pull promotions and channels coordination. Marketing Scien-
ce, p. 43-60, 1995.
108 • capítulo 5
GUILTINAN, J. P. The price bundling of services: a normative framework. Journalof Marke-
ting, p. 50-51, 1962.
LAPORTE, G.; GENDREAU, M.; POTVIN, J. Y.; SEMET, F. Classical and Modern Heuristics for
the Vehicle Routing Problem. International Transactions in Operational Research, v. 7,
n. 4/5, p. 285-300, 2000.
LEVY, M.; WEBSTER, J.; RERIN, R. A. Formulating push marketing strategies: a method and
application. Journal of Marketing, p. 25-34, 1983.
ROSENBLOOM, B. Canais de marketing: uma visão gerencial. 1. Ed. São Paulo: Atlas,
2008.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Capítulo 1
2. Como a logística pode agregar valor aos produtos/serviços de uma empresa?
Por meio da administração do valor de tempo e lugar nos produtos, por meio dos trans-
portes, fluxos de informações e estoques.
3. Quais os possíveis tipos de modais que existem? Escolha um dos tipos e
descreva suas características.
Aéreo, rodoviário, aquaviário, ferroviário, dutoriário e cabotagem. O modal aéreo apre-
senta um custo maior. Oferece a habilidade de redução no tempo de transporte, en-
tregas de um dia para o outro em localidades distantes, garantia de disponibilidade
capítulo 5 • 109
e facilidade de rastreamento. É um tipo de transporte destinado especificamente ao
atendimento de entregas emergenciais, ou transporte de produtos de alto valor unitário,
de forma a evitar sinistros com este tipo de produtos.
Capítulo 2
1. Quais os fatores fundamentais que uma estratégia logística deve abordar?
O nível de serviços oferecido aos clientes, a localização das instalações de centros de
distribuição, as decisões e nível de estoque e decisões de transportes que devem ser
utilizados no desenvolvimento de todo o processo.
Capítulo 3
110 • capítulo 5
2. O que é efeito chicote?
O efeito chicote é resultado da discrepância entre a demanda real à prevista em con-
junto com a intenção das empresas em alinharem sua oferta a esta demanda, para não
deixar de atendê-la. Pelo fato das empresas não possuírem informações precisas sobre
seus clientes, elas buscam proteger-se por meio de estoque para garantir o atendimento
devido uma possível variação na demanda. Desta forma, variações na demanda na ponta
da cadeia possuem efeitos maiores de variação ao longo da cadeia, como um “chicote”.
Capítulo 4
2. Quais as principais decisões que precisam ser tomadas para planejar os
depósitos de distribuição?
Explique cada uma dessas decisões.
• Escolha de localização. Os principais fatores para o processo de seleção de
escolha de localização são a disponibilidade de serviços e custo. Em geral os
depósitos não precisam ser localizados em grandes distritos industriais, a loca-
lização não costuma ter impedimentos legais para a maioria dos depósitos, já
que quase a totalidade deles podem operar dentro das restrições normalmente
impostas às áreas comerciais.
capítulo 5 • 111
• Expansão. A possibilidade de expansão futura muitas vezes não é levada em
consideração pelas empresas quando estão implantando um depósito. Entre-
tanto, é necessário incluir planos de expansão nos projetos, é comum que em-
presas comprem (ou tenham opção de compra) de terrenos três a cinco vezes
a área da estrutura inicial.
Capítulo 5
112 • capítulo 5
3. Quais os tipos de conflito de canal?
Conflito de objetivos concorrentes, conflitos de domínio, competição intracanal, dife-
renças de percepção, diferenças de expectativa, incongruência de papéis, escassez de
recursos, dificuldades de comunicação.
capítulo 5 • 113