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Gestão de Operações

de Exportação
Professor Me. George Lucas Máximo Ferreira
Diretor Geral
Gilmar de Oliveira

Diretor de Ensino e Pós-graduação


Daniel de Lima

Diretor Administrativo
Eduardo Santini

Coordenador NEAD - Núcleo


de Educação a Distância
Jorge Van Dal

Coordenador do Núcleo de Pesquisa


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UNIFATECIE Unidade 1
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Secretário Acadêmico Centro, Paranavaí-PR
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Credenciado pela Portaria N.º 527 de 10 de junho de 2020,
(44) 3045 9898
publicada no D.O.U. em 15 de junho de 2020.
Núcleo de Educação a Distância;
FERREIRA, George Lucas Máximo. www.unifatecie.edu.br
Gestão de Operações de Exportação.
George. Lucas Máximo Ferreira.
Paranavaí - PR.: UniFatecie, 2020. 87 p.
As imagens utilizadas neste
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária livro foram obtidas a partir
Zineide Pereira dos Santos. do site ShutterStock
AUTOR

Professor Me. George Lucas Máximo Ferreira

Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Regional de Joinville – UNI-


VILLE (2017). Mestre em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de Maringá – UEM
(2020). Tutor Educacional no Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV).
Tem experiência na área de Economia, atuando como Instrutor com ênfase em
Consultorias econômico-financeira e valoração de Empresas, bem como nas áreas de
Mercado de Capitais por meio do Programa Bom Negócio Paraná.

http://lattes.cnpq.br/7384837321788311
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja bem-vindo(a)!

Olá, caro(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a) ao material de Gestão de Operações


de Exportação. Sou o Professor George Lucas Máximo Ferreira e é com grande satisfação
que lhe apresento este conteúdo de minha autoria, cuja finalidade consiste em introduzir os
conceitos, definições e operacionalização das operações de exportações por meio da litera-
tura concernente ao tema e legislação aduaneira atualizada, preceitos estes fundamentais
para o aprendizado acerca dessa disciplina.

Inicialmente, na Unidade I, serão apresentados a hierarquia dos órgãos interve-


nientes do sistema de Comércio Exterior brasileiro evidenciando a importância da SECEX
e seus respectivos departamentos bem como a atuação da Receita Federal do Brasil (RFB)
nos processos aduaneiros. Adentraremos, nos conceitos e problemas fundamentais acerca
dos custos logísticos internos, formas de pagamentos e variações cambiais finalizando com
o Tratamento Administrativo nas operações de exportações.

Na Unidade II estudaremos sobre as principais políticas aduaneiras, começando


pelos Acordos Comerciais e Blocos Econômicos e a participação brasileira nesse contex-
to, bem como sua atuação em acordos bilaterais e multilaterais. Nessa unidade vamos
aprender sobre as modalidades e operacionalização das exportações, introduzindo os tipos
de exportação, Certificados de Origem como medida de compensação tarifária concluindo
com o fluxo de despacho aduaneiro e os processos inerentes.

Na Unidade III trataremos da incidência tributária sobre as operações de expor-


tação, evidenciando as estratégias adotadas pelos operadores de comércio exterior para
obter benefícios fiscais por meio de isenção, suspensão ou desoneração dos impostos
sobre tais operações. Abordaremos os aspectos que envolvem a utilização do SISCOMEX
e adentraremos sobre os aspectos da Defesa Comercial, conceitos, definições e medidas.
Por sua vez, apresentaremos os Incoterms, significados, estruturas e utilização nas opera-
ções de exportação.

Finalizando, na Unidade IV vamos aprender sobre o Portal Único de Comércio


Exterior e a iniciativa do Novo Processo de Exportação e suas consequências para o setor.
Abordaremos acerca da Declaração Única de Exportação (DU-E) e as implicações sobre o
processo anteriormente utilizado pelos operadores de comércio exterior. Seguimos com a
introdução ao sistema informatizado da RFB, o SISCOSERV. Ademais, serão apresentadas
as Classificações Fiscais e Regimes Aduaneiros Especiais sob as modalidades de drawba-
ck.

Reitero ainda, caro(a) aluno(a), que o ato de estudar e obter conhecimento acerca
de um tema é imprescindível para o nosso enriquecimento intelectual e pessoal, pois per-
mite o ganho e a elevação que jamais serão perdidos.

Desejo bons estudos!

Prof. Me. George Lucas Máximo Ferreira


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 7
Conceitos Aduaneiros

UNIDADE II.................................................................................................... 25
Tipos de Exportação

UNIDADE III................................................................................................... 43
Tributos e Incentivos

UNIDADE IV................................................................................................... 62
Diferenciais na Exportação
UNIDADE I
Conceitos Aduaneiros
Professor Mestre George Lucas Máximo Ferreira

Plano de Estudo:
● Conceitos aduaneiros (Sistema de exportação brasileiro)
● Custos logísticos nacionais na exportação
● Tratamento administrativo

Objetivos de Aprendizagem:
● Apresentar os órgãos intervenientes do Sistema de Comércio Exterior brasileiro;
● Conceituar e contextualizar a Taxa de Câmbio PTAX;
● Descrever as modalidades de pagamentos;
● Estabelecer a importância do Tratamento administrativo nas operações de
exportação de acordo com a legislação vigente.

7
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), da disciplina de Gestão de Operação de Exportação vamos iniciar


a nossa jornada pelo conhecimento e ampliar os nossos horizontes. Na Unidade I desta
disciplina serão apresentadas a distribuição por meio de um organograma hierárquico,
as competências e atribuições dos órgãos intervenientes do comércio exterior, desde a
presidência da república, instituição que pertence a um dos três poderes, cuja finalidade
consiste, entre outras, na execução das atividades de governo por meio dos ministérios.
Por sua vez, o Ministério da Economia, Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio
Exterior (MIDC) entre outros ministérios que compõem a organização, regulação e nor-
matização das operações de comércio exterior no país, por meio de suas secretarias e
departamentos.
Adentraremos nos conceitos, definições e características aduaneiras, como os
custos logísticos envolvidos nas operações de exportações. Vamos abordar sobre a taxa
de câmbio PTAX, como é elaborada, quem regulamenta e como afeta o comércio exterior
brasileiro finalizando o tópico com as modalidades de pagamentos.
Ademais, vamos introduzir os aspectos dos tratamentos administrativos necessários
à operacionalização das exportações de acordo com a legislação aduaneira representada
pelo Decreto 6.759/2009 e Portaria da SECEX n 23, de 14 de julho de 2011, que engloba
os fatores, regras e normas que determinam, entre outras finalidades, o Registro de Expor-
tação (RE), documento sem o qual as exportações não podem ser liberadas.

Desejamos bons estudos!

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 8


1 CONCEITOS ADUANEIROS (SISTEMA DE EXPORTAÇÃO BRASILEIRA)

O sistema de exportação facilita as trocas entre os diversos países. Isso posto,


Vazquez (1998) afirma que a principal motivação por trás desse sistema econômico é obter
recursos para pagamento dos bens importados essenciais para a manutenção da compe-
titividade do país, porque, após a entrada de divisas cambiais, a absorção de tecnologia e
métodos de gerenciamento são os ativos mais importantes para aumentar a produtividade.
Segalis, França e Shirley (2012) reafirmam que, para um sistema de exportações se for-
taleça, é essencial o desenvolvimento de uma estratégia que detecte as necessidades do
importador, englobando a qualidade do produto exportado, precisão na entrega e apreça-
mento correto da mercadoria, sendo competitivo no mercado em que atua.
A comercialização internacional se assemelha às condições domésticas, com ex-
ceções e particularidades, como o envio para longas distâncias, negociação em moeda
estrangeira (Dólar, Yuan, Euro, Iene etc.), essas variáveis podem tornar as operações de
exportação complexas. As operações de exportações podem ocorrer por meio direto ou
indireto. Utilizando a primeira forma, as empresas enviam suas mercadorias sem a inter-
mediação no seu mercado doméstico por outra empresa, portanto, a empresa é produtora
e exportadora. Por meio do segundo método, as empresas que manufaturam os seus
produtos no mercado doméstico vendem seus produtos para empresas especializadas em
exportação, como as comerciais exportadoras ou trading companies (SEGALIS; FRAN-

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 9


ÇA; SHIRLEY, 2012). Essas características são denominadas por Werneck (2008) como
aspectos que envolvem as transações de comércio exterior, as quais veremos em seguida.
Os diversos aspectos que envolvem as operações de comércio exterior são, de
acordo com Werneck (2008), (i) negocial, (ii) logístico, (iii) cambial, (iv) tributário e (v) ad-
ministrativo-fiscal. Na forma negocial temos como, nas negociações entre compradores e
vendedores, acontece a formalização da transação que ocorre com o envio de uma fatura
pro-forma ou pro-forma invoice, que representa uma oferta oficial pelo vendedor do produto;
e caso o comprador aceite, ele envia uma mensagem confirmando a compra. A confirma-
ção pode acontecer por meio de contrato formal de compra e venda ou simplesmente por
emissão de fatura ou invoice.
No aspecto logístico são abrangidos os aspectos inerentes ao transporte dos pro-
dutos, isto é, da origem (vendedor) até o destino final (comprador), incluindo embalagem,
trajetória e armazenagem das mercadorias. Por sua vez, as negociações acontecem em
moedas diferentes (aspecto cambial), cuja operação é intermediada pelos bancos centrais
dos respectivos países envolvidos na transação comercial. No que concerne à tributação,
esse aspecto abrange o pagamento de impostos e tarifas relacionadas às operações de
comércio internacional. E, por fim, a composição administrativa-fiscal engloba a presença
do governo para que sejam aplicadas as devidas regulamentações, verificações e norma-
tizações necessárias ao pleno funcionamento das operações de comércio exterior (WER-
NECK, 2008).
A estrutura técnica e administrativa do comércio exterior brasileiro é composta
por: presidência da república, Secretaria de Comunicação Social (Secom), Ministério da
Economia (ME), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior1 (MDIC),
Ministério das Relações Exteriores (MRE), Ministério da Defesa (DF), Comando da Marinha
(CM), Diretoria de Portos e Costas (DPC), Secretaria da Receita Federal (SRF), Banco
Central do Brasil (BCB), Banco do Brasil( (BB), Secretaria de Comércio Exterior (SECEX),
Câmara de Comércio Exterior (Camex), Agência Brasileira de Promoção de Exportações
e Investimentos (Apex), Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex), De-
partamento de Negociações Internacionais (Deint), Departamento de Defesa Comercial
(Decom), Departamento de Normas e Competitividade no Comércio Exterior (Decoe) e
Departamento de Estatística e Apoio a Exportação (Deaex) (Figura 1).

1 A estrutura do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) é parte integrante


do Ministério da Economia, de acordo com Lei 13.844 de 2019, que estabelece a organização básica dos
órgãos da Presidência da República e dos Ministérios.

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 10


Figura 1 - Organograma do Sistema do Comércio Exterior Brasileiro

Nota: Estrutura do MDIC passou a integrar o Ministério da Economia, segundo a Lei 13.844/2019.
Fonte: adaptado de Behrends (2006) e Segalis, França e Shirley (2012).

O organograma apresentado na Figura 1 demonstra a distribuição das responsa-


bilidades de cada órgão governamental na estrutura técnica-administrativa do comércio
exterior brasileiro. Os ministérios devem se reportar à presidência da república, os quais
possuem, em suas respectivas pastas, órgãos competentes e especializados em determi-
nado tema, a exemplo temos o Banco Central do Brasil (BCB) e a Receita Federal do Brasil
(RFB), ambos sob a tutela do Ministério da Economia.
O BCB foi constituído por meio da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, pos-
suem atuação em todo território nacional, zelando pela execução das determinações do
Conselho Monetário Nacional (CMN), responsável pela regulação do Sistema Financeiro
Nacional (SFN). Tendo o objetivo de preservar o poder de compra da moeda e a solidez
e eficiência do SFN. A Receita Federal do Brasil é um órgão que possui abrangência de
responsabilidades e competências, como: estratégia, operação, elaboração e interpretação
de normas e regulamentos e combate ao contrabando (SEGALIS; FRANÇA; SHIRLEY,
2012). A Secretaria da Receita Federal (SRF) atua, segundo Werneck (2008), em duas
frentes: arrecadação dos tributos federais e no controle aduaneiro.
O segundo ministério destacado no organograma é o Ministério do Desenvolvi-
mento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) cuja função envolve detectar o fluxo físico de
mercadorias e serviços que entram e saem do país, tendo por prerrogativas o planejamento,
definição das estratégias comerciais e questões operacionais. São subordinados ao MDIC:
a Câmara de Comércio Exterior (Camex) que assume a formulação, adoção, implantação
e coordenação de políticas e atividades correlatas ao comércio exterior, serviços e turismo;

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 11


A SECEX, cujas atribuições incluem: emitir licenças de exportação e importação, fiscalizar
preventivamente ou a posteriori os preços, pesos, medidas, classificação, qualidade e tipos
declarados nas operações que envolvem operações de exportações e importações, prover
regras de financiamento da exportação e da manufatura que envolva exportação, e, entre
outras competências, normatiza, supervisiona, orienta, planeja, controla e avalia as ativida-
des de aduana (VAZQUEZ, 1998).
A SECEX é composta por cinco departamentos: Deint, Deaex, Decex, Decom e
Decoe, com ênfase no Decex, que está mais envolvido com as ações da Secretaria do
Comércio Exterior. As principais competências do Decex são de aprimorar, simplificar e ade-
quar os instrumentos do Comércio Exterior Brasileiro por meio de incentivos que aumentem
a competitividade das empresas exportadoras, como a utilização do Drawback para reduzir
a quantidade dos impostos pagos nos insumos importados e criar regulamentos para o
funcionamento das exportadoras comerciais (trading companies) (SEGALIS; FRANÇA;
SHIRLEY, 2012).
Por fim, a Apex foi criada em novembro de 1997, como uma Gerência Especial da
Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário (SEBRAE) Nacional, poste-
riormente denominada de Apex-Brasil. A atuação da Apex engloba a preparação das em-
presas para a exportação, com o objetivo de inserir mais empresas no contexto econômico
internacional, investindo em treinamentos e assessoria, desenvolvendo o relacionamento e
divulgação das marcas e produtos brasileiros no exterior em parceria com as embaixadas
(STELZER; NASCIMENTO; MORELLA, 2009).
Uma inspeção visual no organograma da Figura 1 permite analisar que as transa-
ções de comércio exterior são registradas por meio dos sistemas informatizados do governo
federal – Sistema Integrado do Comércio Exterior (SISCOMEX) –, em que são computadas
as declarações de importação e exportação, cuja finalidade consiste em mitigar e dificultar
as tentativas de entradas ilegais de mercadorias (contrabando, descaminho), e para o de-
sembaraço das operações de importação, exportação e trânsito, esse último com o objetivo
de rastrear a mercadoria atualizando a sua localização (trânsito aduaneiro). O segundo
sistema apresentado é o Sistema do Banco Central (SISBACEN), nesse são controlados
os pagamentos e recebimentos em moeda estrangeira (contratos de câmbio) (WERNECK,
2008).

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 12


2 CUSTOS LOGÍSTICOS NACIONAIS NA EXPORTAÇÃO

Os custos logísticos domésticos englobam, segundo Borges, Rosa e Oliveira


(2016), embalagem, unitização, manuseio, armazenagem, previsão da demanda, custos
e seleção do(s) modal(ais) de transporte(s), equipamentos envolvidos nas operações e
processamento dos pedidos. Por sua vez, como são inúmeros os custos envolvidos no
transporte das mercadorias até o local combinado com o importador, surgiu a necessidade
de regras e normas claras acerca desses custos.
Diante do exposto, a Câmara de Comércio Internacional (CCI) elaborou essas re-
gras para orientar as transações entre exportadores e importadores, abrangendo o trânsito
das mercadorias, despesas implícitas nessas negociações, responsabilidade sobre danos,
avarias ou prejuízos decorrentes do manuseio e transporte da(s) carga(s), o resultado foram
os Incoterms, os quais serão abordados e esclarecidos na Unidade III desta disciplina.

2.1 Pagamentos Internacionais na Exportação

Como cada país possui sua própria moeda, quando são efetuadas transações co-
merciais entre países distintos, como operações de exportação e importação, é essencial um
sistema para a troca de moedas, originando o sistema cambial. Diante do exposto, câmbio
pode ser definido como a troca de uma moeda estrangeira pela moeda de outro país, para
realizar essa troca aplica-se uma taxa de câmbio (SEGALIS; FRANÇA; SHIRLEY, 2012).

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 13


De acordo com Assaf Neto (2018), a taxa de câmbio é o preço entre as duas
moedas estrangeiras, ou seja, pressupondo que a troca cambial seja realizada entre a
moeda dólar norte-americano e o real brasileiro, a taxa é definida pela quantidade de reais
necessários para adquirir uma unidade de dólar ou caso contrário. A valorização cambial
da moeda nacional (real) ocorre quando há um aumento do seu poder aquisitivo, isto é,
quando é necessária uma quantidade menor de moeda nacional para obter uma unidade de
moeda estrangeira. Se a necessidade de moeda nacional aumenta para efetuar essa troca,
o cenário predominante é de desvalorização cambial.
Qual o interesse em saber sobre a taxa cambial? Se a taxa cambial está valorizada,
há um incentivo para a exportação, dado que, ao exportar as mercadorias, a quantidade
de moeda nacional obtida será maior (ceteris paribus2). O contrário se verifica com a taxa
cambial desvalorizada, os exportadores reduziram seus interesses em vender a merca-
doria no exterior, tendo por alternativa direcionar ao mercado interno. Em contrapartida, o
importador será incentivado, dado que poderá adquirir produtos no exterior utilizando uma
quantidade menor de unidades monetárias estrangeira (exemplo: dólar, euro, yuan, iene
etc.). Os efeitos dessa dinâmica são observados, segundo Assaf Neto (2018), na balança
de pagamentos, cujo resultado será positivo (superavitário) com a valorização cambial e
negativo (deficitário) com a desvalorização cambial.
No Brasil, o Banco Central (BCB), apresentado no organograma da Figura 1, é o
responsável pela divulgação da taxa cambial denominada como taxa PTAX (Figura 2), cuja
atribuição é representar a média das taxas, ou seja, a cotação das moedas estrangeiras
com relação à moeda nacional (real). Os dados são registrados por meio do SISBACEN
(SEGALIS; FRANÇA; SHIRLEY, 2012).
Conforme o Decreto 6.759/09 (regimento aduaneiro) e Circular BCB n 2.767/1997 a
qual regulamenta o câmbio de exportação determinam que o valor em reais da mercadoria
a ser exportada no Registro de Exportação (RE) deverá ser a taxa de câmbio disponível
no SISBACEN referente à compra da moeda estrangeira, denominada transação PTAX800
relativa ao dia útil imediatamente anterior ao da sua emissão (Figura 2).

2 Expressão em latim que significa “permanecendo constante todas as demais variáveis”. Muito
utilizada em economia quando se deseja avaliar as consequências de uma variável sobre a outra, supondo-
se as demais inalteradas (SANDRONI, 1999).

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 14


Figura 2 - Taxa de câmbio: Dólar dos Estados Unidos

Nota: • Taxa de câmbio – livre – dólar americano (compra), registrada no SISBACEN PTAX800.
• Série do câmbio organizada semanalmente (quarta-feira).
Fonte: adaptado do BCB (2020).

Por sua vez, as modalidades de pagamento operacionalizam o recebimento entre


exportadores e importadores, incluindo as trocas entre moedas, sistema de crédito e demais
transações pertinentes às operações do comércio internacional. As condições de pagamen-
to são estipuladas no conjunto de documentos que compõem os trâmites aduaneiros e o
importador só poderá ter acesso à mercadoria na alfândega, geralmente por meio de um
despachante aduaneiro, caso essa documentação esteja completa e correta (LA TORRE;
SILVA, 2016).
As condições de pagamento podem ser classificadas e divididas em três, a saber:
(i) pagamento antecipado; (ii) pagamento à vista, (iii) pagamento a prazo e (iv) exporta-
ções financiadas (Quadro 1). Assim sendo, na modalidade de pagamento antecipado já
foi efetuado o pagamento da mercadoria a ser exportada, sendo necessário o envio da
documentação para que o importador possa liberar a(s) carga(s) na alfândega. Na moda-
lidade de pagamento à vista, o importador somente paga a mercadoria quando ela chegar
ao porto de destino. Confirmada a chegada e efetuado o pagamento, o banco intermediário
da transação comercial liberará os documentos para posterior trâmite alfandegário.
Por sua vez, na modalidade de pagamento a prazo (usualmente representado por
uma letra de câmbio3) o banco intermediário da transação comercial só poderá entregar os

3 Letra de Câmbio: de acordo com Assaf Neto (2018), a Letra de câmbio (LC) é uma ordem de
pagamento emitida pelo credor ou sacador contra o devedor ou sacado, sendo que o favorecido da LC pode

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 15


documentos após análise criteriosa das garantias do importador e, por fim, na modalidade
de exportações financiadas é considerado o pagamento superior a 360 dias do embarque
(com exigência de ROF4) e, para esses financiamentos, são utilizados fontes de recursos
próprias ou de terceiros como o Programa de Financiamentos às Exportações (Proex) e/ou
por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) (ASSUMP-
ÇÃO, 2007; LA TORRE; SILVA, 2016).
Diante do exposto, a(s) garantia(s) de segurança do exportador está na documen-
tação de embarque, pois, sem a posse dessa documentação, o importador não consegue
desembaraçar e nacionalizar os produtos, isto é, não consegue adentrar o país com a
mercadoria de forma legal.

ser o próprio sacador ou um terceiro envolvido a ser indicado pelo sacador.


4 ROF: é um documento eletrônico autorizado pelo Banco Central (Bacen) por meio do SISBACEN,
cujo objetivo é controlar os montantes superiores a 360 dias (longo prazo) que entram e saem do país através
de operações de crédito e por serviço de transferência de tecnologia como em casos de empréstimos de
moedas, lançamento de títulos, antecipações de pagamentos de exportações e operações dessas naturezas
operacionais (ASSUMPÇÃO, 2007).

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 16


3 TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

As diretrizes do comércio exterior são dispostas por meio do DECRETO n 6.759,


de 5 de fevereiro de 2009, que regulamenta a administração das atividades aduaneiras e a
fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior.
Assim sendo, o tratamento administrativo necessário para operacionalizar as
exportações no Brasil como licenciamentos, acompanhamentos e autorizações envolvem
diversas instituições governamentais. Cada instituição ou órgão do governo possui uma
competência definida como normatizar ou regular o processo de exportação. Isso posto,
Segalis, França e Shirley (2012) afirmam que o órgão responsável por normatizar as ope-
rações de comércio exterior é o Decex (Figura 1), cujo departamento segue as diretrizes
impostas pela SECEX, que, por sua vez, é órgão subordinado ao Ministério do Desenvolvi-
mento, Indústria e Comércio Exterior (MIDC).
Para iniciar o processo de exportação, é necessário que o exportador se habilite por
meio do Ambiente de Registro e Rastreamento de Atuação dos Intervenientes Aduaneiros
(RADAR), cujo sistema é administrado pela Receita Federal do Brasil (RFB), os procedi-
mentos para o cadastro dos agentes importadores e exportadores de natureza física ou
jurídica estão descritos por meio da Instrução Normativa RFB n 1.288, de 31 de agosto de
2012 e no Ato Declaratório Executivo Coana n 33, de 28 de setembro de 2012 (BORGES;
ROSA; OLIVEIRA, 2016).

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 17


O objetivo desse sistema é disponibilizar às unidades aduaneiras da RFB infor-
mações contábil e fiscal das operações de comércio exterior. Diante do exposto, o agente
devidamente registrado no RADAR estará habilitado a atuar nos processos de exportação e
importação. O procedimento a ser adotado pelo exportador, após ser habilitado no RADAR,
é solicitar o licenciamento ou autorização fornecida pelo Decex conhecida por Registro de
Exportação (RE). O RE, de acordo com Segalis, França e Shirley (2012), é um conjunto de
informações disponibilizadas sobre a natureza fiscal, comercial, financeira e cambial, que
caracterizam a operação de exportação de uma mercadoria e definem as condições de
enquadramento por meio do código NCM5.
Esse registro deve passar pelos critérios de análise do Decex e, em casos especiais,
é examinado por algum órgão governamental, como na intervenção da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), quando envolve a exportação de alguns medicamentos, e
deve ser solicitada antecipadamente à declaração para o despacho aduaneiro (BORGES;
ROSA; OLIVEIRA, 2016).
Assim sendo, o exportador deve consultar previamente o Tratamento Administrativo
do SISCOMEX, cujas normas e procedimentos estão consolidadas na Portaria SECEX, n
23, de 14 de julho de 2011. Por sua vez, a Portaria SECEX n 19, de 02 de julho de 2019,
dispõe sobre as licenças de exportação, permissões, certificados e outros documentos.
Por sua vez, os documentos solicitados, por meio do Portal Único de Comércio Exterior, de
acordo com o Decreto 660, de 25 de setembro de 1992, referido no art. 9-A são realizada
utilizando o módulo de Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos (LPCO).

3.1 Exportações de Material Usado

De acordo com a portaria SECEX n 23, de 14 de julho de 2011, art. 257, a exporta-
ção de material usado deve ter o seu RE ou ato concessório de drawback, da classificação
NCM/TEC e do Decex, Decoe e Coordenação-Geral ou Coordenação responsável pelo
assunto encaminhados à seção de protocolos do MIDC. Na seção XXIX, art. 255, o texto
da lei preconiza que o material usado e a mercadoria nacionalizada poderá ser objeto de
exportação, desde que sejam observadas as normas gerais dispostas na referida portaria.

5 NCM: de acordo com Werneck (2008), trata da classificação fiscal de mercadorias e só foi possível
após sucessivos esforços, o que acabou por consolidar em 1983 a Convenção Internacional Sobre o Sistema
Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias ou Convenção do Sistema Harmonizado
(NESH). O Brasil adotou a nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM), sendo modificado posteriormente
para Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 18


As regras de combinação e códigos de enquadramento de exportação são descritas
por meio do quadro de Tratamentos Administrativos, Modelos de LPCO e Atributos na
Exportação disponível no portal do SISCOMEX (Quadro 1).

Quadro 1 - Classificação dos tipos de operações de exportação de material usado

Cód. Descrição
80106 Exportação de material usado, nacional;
Exportação temporária de obras de arte e de bens destinados a feiras e exposi-
90003
ções semelhantes
Exportação temporária de bens a serem submetidos a conserto, reparação ou
90005
manutenção
90055 Exportação temporária para aperfeiçoamento passivo artigo 109 IN RFB 1600/2015
90098 Exportação temporária sem nota
90099 Outras exportações temporárias não enquadradas em outros códigos
Exportação temporária de aeronave/material aeronáutico a ser submetido a con-
90115
serto, manutenção, reparo, revisão ou inspeção
Exportação para conserto, manutenção, reparo, revisão ou inspeção no exterior
90199
de bens anteriormente admitidos temporariamente (artigo 40 IN RFB 1600/2015) a
90001 Exportação temporária de recipientes/embalagens, reutilizáveis
Reexportação de recipientes/embalagens, reutilizáveis, admitidos temporaria-
99132
mente
Exportação sem expectativa de recebimento para fins de divulgação comercial e
99101
envio de amostras
Exportação sem expectativa de recebimento para complementação (peso/quanti-
99103
dade) de exportação anterior
Exportação sem expectativa de recebimento para fins de doação de bens (ativida-
99104
des religiosas, filantrópicas etc.) b
Devolução de mercadoria ao exterior - efetivação de vínculo com Drawback isen-
99105
ção c
Exportação sem expectativa de recebimento para indenização de mercadoria sem
99106
devolução daquela exportada originalmente
Exportação sem expectativa de recebimento para envio de bens sob a forma de
99107
herança d
Reexportação de mercadoria admitida temporariamente, exceto operações en-
99108
quadradas no código 99123
Exportação sem expectativa de recebimento para envio de partes e peças desti-
99109
nadas à reparação de navios com bandeira brasileira
Exportação sem expectativa de recebimento para envio de material para manu-
99110
tenção de rota de voo de empresa aérea brasileira no exterior
Exportação sem expectativa de recebimento para envio de peças sobressalentes
99111
sob contrato de garantia
Exportação sem expectativa de recebimento para envio de bens sob a forma de
99112
investimento de capital brasileiro no exterior

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 19


Exportação sem expectativa de recebimento para indenização de mercadoria com
99114
devolução daquela exportada originalmente
Exportação sem expectativa de recebimento para devolução de mercadoria im-
99122
portada (Portarias MF 150/82, 326/83 e 240/86)
99123 Reexportação de aeronaves ou material aeronáutico
Reexportação de mercadoria admitida em entreposto aduaneiro, industrial ou De-
99124
pósito Especial Alfandegado (DEA)
Exportação sem expectativa de recebimento para envio de bens sob a forma de
99128
arrendamento operacional
Exportação sem expectativa de recebimento ao amparo do Regime Especial de
99130
Importação de Insumos (RECOM)
Exportação sem expectativa de recebimento para envio de partes, peças, compo-
99131 nentes e/ou acessórios destinados a atividades de manutenção ou assistência de
aeronaves exportadas de fabricação nacional estacionadas no exterior
Reexportação de produtos admitidos no regime aduaneiro especial de depósito
99133
afiançado
Devolução de mercadoria importada ao amparo do regime de drawback isenção,
99194
sem cobertura cambial, pré-vínculo e
Devolução de mercadoria importada ao amparo do regime de drawback, sem ex-
99195
pectativa de recebimento
99196 Exportação definitiva de bens exportados temporariamente sem nota fiscal f
99197 Reexportação sem nota
99198 Exportação definitiva sem nota
Outras exportações sem expectativa de recebimento para envio de bens ao exte-
99199
rior não enquadradas em outros códigos
99200 RECOF SPED sem expectativa de recebimento
81101 Drawback suspensão (Notícia SISCOMEX N.003, de 20/02/2013) g
81105 Exportação ao amparo do regime de Drawback Isenção g
Devolução ao exterior de mercadoria importada ao amparo do Regime de Drawba-
81195
ck, com expectativa de recebimento g
81501 Exportação financiada - PROEX/Equalização g
81502 Exportação financiada - PROEX/Financiamento g
81503 Exportação financiada-recursos próprios de terceiros, sem PROEX g
Nota: apesar de se tratar de uma operação em que, fisicamente, o bem sai do País com intenção de
voltar,
não se enquadra no regime de exportação temporária descrito no Regulamento Aduaneiro
b
não pode ser usado para exportação sem nota fiscal.
c
impede o registro na DU-E (mesmo constando na tabela).
d
não pode ser usado para exportação sem nota fiscal.
e
impede o registro na DU-E (mesmo constando na tabela).
f
sem nota
g
se usar um enquadramento Grupo 7 com Grupo 8, todos os itens da DU-E devem ter os dois
enquadramentos.
Fonte: adaptado de SISCOMEX (2020).

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 20


O RE possui dois grupos de exceções, segundo Borges, Rosa e Oliveira (2016), são
estes: (i) alimentos, combustíveis e os demais produtos direcionados ao consumo/bordo de
aeronaves e embarcações que façam rotas internacionais e (ii) joias, metais preciosos,
pedras as quais sejam negociadas em lojas francas, cujos passageiros possuam como
destino o exterior ou operação que caracterize em moeda estrangeira a não residentes no
país. Diante do exposto, nem todas as operações de exportação necessitam de RE ou guia
eletrônica, sendo elegível para dispensa:
● Demonstração ou amostra de mercadorias sem valor comercial;
● Bagagens;
● Caixões contendo cadáveres ou restos mortais;
● Outras mercadorias dispostas na Portaria SECEX n 23/2011;

Por sua vez, o SISCOMEX, ao receber as informações da operação de exportação,


as analisa e, caso não apresente inconsistências ou pendências, o RE é validado.

SAIBA MAIS

Durante a Pandemia de Sars-Cov-2 vírus causador da doença COVID-19, o presidente


em exercício dos EUA, Donald Trump, invocou uma lei que remete a períodos de guerra,
conhecida por Lei de Produção de Defesa. Essa Lei permite que todos os recursos e
insumos do setor produtivo norte-americano sejam redirecionados para a produção em
escala de equipamentos hospitalares e produtos relacionados para o combate ao avan-
ço da doença. Por sua vez, o presidente adotou uma medida mais extrema ao proibir
que a empresa 3M exportasse seus produtos médicos para outros países.

Fonte: o autor.

REFLITA

“O Segredo do comércio está em levar as coisas de onde abundam para onde são mais
caras” (Ralph Waldo Emerson).

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 21


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) estudante, nesta primeira unidade da disciplina de Gestão de Operação


de Exportação aprendemos sobre a organização, competência e atribuições dos órgãos
intervenientes do comércio exterior brasileiro. Começamos por entender a hierarquia do
comércio exterior a partir da presidência da república, ministérios, secretarias, departa-
mentos, agentes bancários e fiscal envolvidos nos processos que definem, normatizam e
regulam as operações de importação e exportação.
Estudamos, por meio de uma breve introdução, os conceitos, elaboração e opera-
cionalização da taxa cambial (PTAX), como é registrada no SISBACEN e sua importância
para as transações de exportações finalizando o tópico com as modalidades de pagamen-
tos abrangendo os quatro tipos, a saber: pagamento antecipado, à vista, a prazo e os
financiamentos de exportação
Por fim, chegamos no tratamento administrativo regido pelo Decreto 6.759/2009
(legislação aduaneira) e Portaria da SECEX n 23, de 14 de julho de 2011, que dispõe sobre
as regras para o Registro de Exportação (RE), que permite aos agentes envolvidos no
processo de exportação a compreensão das etapas necessárias a serem cumpridas para
ter o RE validado e a mercadoria embarcada.
Dando sequência aos nossos estudos, na próxima unidade vamos abordar os tipos
de exportação, os acordos comerciais, o que é um despacho aduaneiro e suas formas,
seguindo com a Declaração de Exportação (DE) e os processos de natureza correlata.

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 22


LEITURA COMPLEMENTAR

KUSSANO, M. R.; BATALHA, M. O. Custos logísticos agroindustriais: Uma avaliação do es-


coamento da soja em grão do Mato Grosso para o mercado externo. Gestão & Produção,
São Carlos, v. 19, n. 3, 2012.

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 23


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: ABC do Comércio Exterior: Abrindo as Primeiras Páginas
Autor: Samir Keedi
Editora: Aduaneiras
Sinopse: Esta nova edição apresenta, em linhas gerais, sem apro-
fundamento operacional, o que existe e como é feito o comércio
exterior. São apresentados os assuntos que os profissionais da
área precisam conhecer para obterem sucesso. Samir Keedi tem
como principal objetivo inserir tanto o aluno como o profissional
iniciante nos meandros do comércio exterior. Assim, todos aqueles
que convivem com o comércio internacional podem contar com
mais esta ferramenta para ajudá-los nesta tarefa.

FILME/VÍDEO
Título: Death by China (Morte pela China)
Ano: 2012
Sinopse: Em 2001, a China ingressou na Organização Mundial
do Comércio com o forte apoio de um Presidente Democrata e de
um Congresso Republicano. Antes de secar a tinta desse acor-
do de livre comércio, a China começou a inundar os mercados
dos EUA com exportações subsidiadas ilegalmente, enquanto as
grandes empresas multinacionais, que pressionaram fortemente
pelo acordo, aceleraram rapidamente o escoramento de empre-
gos americanos na China. Hoje, como resultado do maior jogo
de aparências da história americana, a China roubou milhões de
nossos empregos, os lucros das empresas estão aumentando e
agora devemos mais de US $ 3 trilhões à maior nação totalitária
do mundo.

WEB
O vídeo a seguir narra a história dos pais fundadores da economia
do Brasil em meados da década de 20. No formato de documen-
tário mostra o desfecho das famílias que ajudaram a construir
a economia brasileira como os Guinle, proprietários do porto de
Santos, os Matarazzo donos de um conglomerado com diversas
empresas desde o processamento de banha até importação e
exportação e os Martinelli com foco na indústria de transporte ma-
rítimo. O cenário que serve como plano de fundo da época era da
I Guerra Mundial a qual estabeleceu sérias restrições econômicas
no mundo e instituiu medidas agressivas com relação ao transpor-
te de cargas como os ataques com submarinos realizados pelos
alemães o que afetou os negócios no Brasil.
Link: https://youtu.be/aAorwr5bTMQ?list=PLtw3KQvH0Qw8Lx-
tRhwcANo74OTqQd8bHe

UNIDADE I Conceitos Aduaneiros 24


UNIDADE II
Tipos de Exportação
Professor Mestre George Lucas Máximo Ferreira

Plano de Estudo:
● Exportação temporária
● Exportação “triangular”
● Exportação e EX-tarifário
● Acordos comerciais
● Despacho aduaneiro

Objetivos de Aprendizagem:
● Descrever as modalidades de exportação
● Discorrer sobre as características dos Certificados de Origem para enquadramento
no Regime de Tarifação Preferencial
● Apresentar os Acordos Comerciais e Blocos Econômicos
● Introduzir os procedimentos aduaneiros para o desembaraço e averbação da
mercadoria

25
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a) da disciplina de Gestão de Operações de Exportação, seguimos


em nossa jornada pelo conhecimento nesta Unidade II, em que vamos abordar as moda-
lidades de exportação abrangendo definições, legislação vigente e aplicações. Seguimos
com a Política aduaneira começando com os acordos comerciais, como o Mercosul, Nafta,
Alca dentre outros, e as relações do Brasil com os blocos econômicos.
Discorreremos acerca dos aspectos operacionais e administrativos que envolvem
as operações de exportação com a introdução dos conceitos de despacho aduaneiro, quais
são os tipos de despacho com a interpretação pautada no Regulamento Aduaneiro (RA),
redação dada por meio do Decreto 6.759/2009, Instruções Normativas (IN) da Receita
Federal do Brasil, e Portarias da SECEX.
Vamos adentrar sobre as características que envolvem os Certificados de Origem
e os benefícios trazidos pelo Tratamento Tarifário Preferencial como medida de ressarci-
mento tributário ao produtor nas operações de exportações. Vamos aprender juntos os
aspectos da operacionalização das exportações por meio do fluxo de despacho aduaneiro,
verificação da mercadoria, Declaração de Exportação (DE) e os documentos exigíveis que
compõem o processo aduaneiro, bem como a sua análise.
Por fim, serão apresentados os aspectos de finalização do processo aduaneiro de
exportação com a posse do Comprovante de Exportação (CE) e Averbação no SISCOMEX
da operação de exportação com a saída definitiva da mercadoria do território nacional.

Desejo bons estudos!

UNIDADE II Tipos de Exportação 26


1 ACORDOS COMERCIAIS

As economias dos países desenvolveram, supriram e mantêm as negociações


com países diversos aos seus, parte desses esforços contribuíram para a globalização da
economia mundial, isto é, o trânsito de mercadorias, serviços, ideias, políticas, conflitos etc.
Segundo Keedi (2015), o mundo começou um processo de união em blocos econômicos,
cujo objetivos e combinações abrangem as mais distintas intenções, como a intensificação
do comércio entre os países por meio de acordos bilaterais ou multilaterais entre os paí-
ses ou blocos. Evidentemente, os acordos de comércio desejam reduzir ou expurgar os
impostos, taxas, tarifas ou qualquer incidências dessas naturezas sobre as mercadorias e
ou transações comerciais facilitando o trânsito de produtos, serviços, pessoas etc. entre os
países do acordo, ou membros de um bloco econômico, haja visto a União Europeia e a
Zona do Euro.
Áreas ou Zonas com preferência tributária ou tarifária são constituídas a partir
do acordo entre dois ou mais países. Isso posto, para reduzir as tarifas alfandegárias no
comércio utilizando o mecanismo de concessão de preferência tarifária é necessário eleger
um conjunto de mercadorias será permitida a realização dessas negociações reduzindo as
tarifas de importação.
Condições podem ser exigidas para que essa preferência seja válida, como a com-
provação de origem do país exportador. Com a adoção de áreas ou zonas de livre comércio
os países estabelecem o acordo mútuo de trânsito de produtos entre eles, sem tributação

UNIDADE II Tipos de Exportação 27


sobre importação os chamados direitos alfandegários (KEEDI, 2015). No Quadro 1 são
apresentados alguns acordos comerciais, a saber:

Quadro 1 - Apresentação dos Acordos Comerciais ou Blocos Econômicos

Acordo
Comercial Descrição do acordo ou união comercial
ou bloco
União Europeia é composta pela formação de blocos econômicos cuja for-
mação aconteceu no século XX. É considerada o mais avançado estágio de
acordo econômico entre países caracterizando-se como uma União Econô-
mica estabelecendo uma moeda única em jan./2002, o EURO.
UE Países membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Di-
namarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Gré-
cia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Bai-
xos, Polônia, Portugal, Reino Unido da Grã-Bretanha† e Irlanda do Norte,
República Tcheca, Romênia e Suécia.
Acordo de Livre Comércio da América do Norte (North American Free Trade
Agreement - Termo em inglês). Sua formação inicial era composta por Cana-
dá e EUA em 1988 e em 1992 o México aderiu ao acordo
NAFTA Países membros: Estados Unidos (EUA), Canadá e México.
Objetivos: Eliminação total das barreiras alfandegárias sobre as mercadorias
transacionadas entre esses países violando sua premissa inicial que era de
zona de preferência tarifaria.
Cooperação Econômica Ásia-Pacifico (Apec, Asian Pacific Economic Coope-
ration – Termo em inglês) sua formação abrange economias asiáticas, ame-
ricanas e da Oceania. Foi criada em 1989 cujo objetivo era um fórum de
discussão entre os países da Association of the South East Asian Nations
(Asean) junto a alguns parceiros da região do Pacifico sendo consolidado em
APEC
bloco econômico em 1994 quando o objetivo passou a ser a transformação
da região do Pacifico em uma área de livre circulação de mercadorias
Países Membros: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul,
EUA, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelân-
dia, Papua Nova guiné, Peru, Rússia, Singapura, Taiwan, Tailândia e Vietnã.
A Área de Livre Comércio das Américas tinha por objetivo, um acordo entre
os países para livre circulação de mercadorias começando com preferências
tarifárias reduzindo os impostos de importação que no limite seria zero. En-
tretanto o acordo não prosseguiu porque o Brasil não seguiu com as nego-
ciações sem estimativa de retomada nas conversações. Os possíveis países
membros seriam:
ALCA
Países membros: Antígua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Barbados, Belize,
Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Dominica, El Salvador,
Equador, EUA, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, Mé-
xico, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Santa Lú-
cia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e
Tobago, Uruguai e Venezuela;
Associação Latino-Americana de Livre Comércio, instituída pelo Tratado de
Montevidéu de 1960 cujos objetivos englobava o estabelecimento de uma
ALALC
zona de livre comércio começando um processo de reduções tarifárias entre
os países do acordo.

UNIDADE II Tipos de Exportação 28


Associação Latino-Americana de Integração nas Américas do Sul, Central e
Norte substituta da ALALC. Constitui uma área de preferência tarifaria, por-
tanto, trata-se de um acordo para redução de impostos de importação e não
total isenção. Permite acordos bilaterais entre os países membros com prefe-
ALADI
rências tarifarias maiores que o previsto no tratado geral da Aladi.
Países membros: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Equador,
México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela;
Panamá aderiu em 2009 e Nicarágua em 2001.
Mercado Comum do Sul, teve início com o Tratado de Assunção, celebrado
em 26 de março de 1991 entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Seu
objetivo é uma união aduaneira cuja tarifa é denominada de Tarifa Externa
M E R C O - Comum (TEC). Entre os membros originais há livre trânsito de mercadorias
SUL sendo imposta uma tarifa única de importação para os demais países. O
Mercosul possui acordos de preferência tarifárias com a Aladi, comunidade
andina (CAN) e negociações em andamento para fechar acordos com outros
blocos⊥.
Nota 1: †BREXIT: Junção das palavras “British Exit” ou Saída do Reino Unido, que foi oficializado as 23h
(20h horário de Brasília) em 31 de janeiro de 2020 da União Europeia. Na prática, a saída do
Reino Unido da UE recria fronteiras alfandegarias entre os seus vizinhos, como é o caso das
inspeções que serão submetidas às mercadorias e produtos vindos da Irlanda do Norte, os quais
precisaram pagar impostos de importação (BBC, 2018).

A previsão é que o acordo reduza em dez anos as tarifas de exportação da América do Sul para
a Europa e que no limite esta seja zero, isto é, não será aplicada cobrança tarifária nas negociações
futuras e, em contrapartida, a Europa precisa reduzir as tarifas de exportação que aplica nas merca-
dorias do Mercosul. Lembrando que o Brasil é um dos maiores exportadores agrícolas que destinam
mercadorias a Europa (BRASIL, 2016).
Fonte: adaptado de Keedi (2015) e Werneck (2008).

Ademais, o Brasil participa de acordos multilaterais, como o celebrado com o Acor-


do de Complementação Econômica 18 (ACE 18), em que se estabelecem as preferências
tarifárias com os países, a saber: Argentina, Paraguai e Uruguai independente da classifica-
ção dada pela Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Isso posto, a tarifa de importação
entre esses países não incide, ou seja, é zero com a particularidade da indústria automotiva
que é considerada por meio do acordo ACE-14 (Brasil-Argentina). Assim sendo, o Brasil
está envolvido com outros acordos dessa natureza, como ACE 2 (Brasil-Uruguai), ACE 53
(Brasil-México), ACE 38 (Brasil-Guiana) e ACE 41 (Brasil-Suriname) (KEEDI, 2015).
Ademais, são apresentados os seguintes acordos que o Mercosul está inserido
e, por consequência, o Brasil, a saber: ACE 35 (Brasil-Chile), ACE 36 (Mercosul-Bolívia),
ACE 55 (Mercosul-México), ACE 58 (Mercosul-Peru), ACE 59 (Mercosul-CAN) e ACE 62
(Mercosul-Cuba). Associados a esses acordos comerciais são firmadas parcerias entre o
Mercosul e a Índia, Mercosul e Israel, estabelecendo preferências tarifarias, englobando
diversas mercadorias de acordo com a classificação NCM.

UNIDADE II Tipos de Exportação 29


2 EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA, “TRIANGULAR” E EX-TARIFÁRIO

Caro (a) aluno (a), você já imaginou como são complexos os processos para expor-
tação das mercadorias? Isso se deve à finalidade, destino, natureza do produto, classificação
fiscal, legislação aduaneira nacional e internacional, precificação da mercadoria, entre outros
fatores. As exportações estão em ritmo de crescimento devido aos interesses dos empresá-
rios em diversificar as suas operações, negociar em moeda estrangeira estando, portanto,
exposto às variações cambiais inerentes a essas operações.
No entanto, as exportações, com sua formação complexa e conjunto de variáveis e
atribuições associadas aos desafios constantes de interpretação da legislação aduaneira,
são consideradas um benefício para o país por captar divisas, gerar empregos, renda e
aumento da qualificação do capital intelectual envolvido nos processos. Diante do exposto,
vamos introduzir alguns conceitos sobre as modalidades e operacionalização dos processos
de exportação.
A Exportação temporária é o regime cuja finalidade permite a exportação e importação
por um tempo pré-determinado com a aplicação da suspensão do pagamento de tributação
durante o período acordado. Isso posto, esse regime é utilizado para expor produtos em feiras,
uso de equipamentos por atletas em competições como Olimpíadas, Circuito Automobilístico
(carros de Fórmula 1) etc. De acordo com La Torre e Silva (2016), o uso desse instrumento
é comum por empresas que se enquadram segundo os dispositivos legais, Decreto-Lei n
37/1966, art. 92, com a redação dada pelo Decreto n 2.472/1988, art. 1 e por meio do Decreto
n 6.759, art. 431 que estabelece os termos da exportação temporária.

UNIDADE II Tipos de Exportação 30


Por sua vez, a Exportação “triangular”, a operação de exportação por conta e or-
dem, foi criada com a Lei 12.995/2014, que estipula que para efeitos fiscais a mercadoria
foi exportada pelo produtor ou revendedor contratante da exportação e deverá ocorrer no
prazo de 30 dias, contados da contratação da pessoa jurídica exportadora por conta e
ordem. Diante do exposto, não se considera exportação por conta e ordem de terceiro,
a operação de venda de mercadorias para empresas exportadoras (trading companies).
Nesse tipo de exportação o importador (comprador) determina que a mercadoria adquirida
seja entregue para uma empresa em país diverso ao destino final, método semelhante é
aplicado nas operações de exportação triangular1.
Por sua vez, o respaldo dessa operação é concedido por meio do Convênio ICMS
59/2007, que dispõe sobre os procedimentos para a emissão de documentos fiscais nas
remessas de mercadoria para exportação direta, por conta e ordem de terceiros, situadas
no exterior. Isso posto, o exportador deverá emitir a nota fiscal de exportação em nome do
importador no exterior (Uruguai) com as seguintes diretrizes:
● No campo natureza da operação - “Operação de exportação direta”;
● No campo do CFOP – código 7.101 ou 7.102 (em consonância com a situação);
● No campo informações complementares preencher:
== O número do Registro de Exportação (RE) do SISCOMEX;
== Demais obrigações definidas nas legislações das entidades federadas.

O exportador deverá emitir a nota fiscal de saída de remessa devido o transporte


da mercadoria em nome do destinatário que se encontra em país diverso daquele do adqui-
rente (EUA). Nessa etapa do processo de exportação deverá constar:
● no campo natureza da operação - “Remessa por conta e ordem”;
● no campo do CFOP – código 7.949 (outras saídas de mercadorias não especi-
ficadas);
● No campo informações complementares preencher:
== O número do Registro de Exportação (RE) do SISCOMEX;
== Número, série e a data da nota fiscal da operação de exportação direta
(primeira etapa do processo).
1 A operação de exportação triangular não é uma operação comumente utilizada devido à algumas
especificidades. Nesse tipo de exportação um importador (exemplo: Itália), adquire um produto do Brasil
(exportador), entretanto, a mercadoria é produzida nos Estados Unidos (fabricante). Isso posto, devido a
estratégias de comércio exterior protegidos por acordos contratuais, é escolha do exportador omitir a presença
do fabricante declarando apenas o local de origem, porém sem os dados de identificação para dificultar a venda
direta entre comprador e fabricante, dito isso é raro a aplicação desse método de exportação, observando que
o importador com frequência deseja adquirir a mercadoria direto do vendedor eliminando intermediários e os
custos inerentes ao processo.

UNIDADE II Tipos de Exportação 31


Ademais, o regime de EX-tarifário consiste na redução temporária da alíquota do
imposto na importação de máquinas, equipamentos etc. (mercadorias que se configurem
como Bens de Capital - BK), e na área de informática e telecomunicações (BIT), previstos
na Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) quando a produção nacional for inexistente.
A Portaria do Ministério da Economia (ME) n 309, de 24 de junho de 2019, estabelece as
regras dos procedimentos para análise de pedidos de redução temporária e excepcional da
alíquota do imposto de importação para os bens supracitados. Entretanto, esse regime de
isenção tributário não se aplica em operações de exportações. Isso posto, trataremos do
Certificado de Origem, cujos benefícios fiscais são elegíveis e similares.
O Certificado de Origem2 Formulário A (Form “A”) é um documento que atesta o
país de origem dos produtos exportados e deve ser apresentado junto ao conhecimento
de embarque, fatura comercial, Registro de Exportação (RE) ou Registro de Exportação
Simplificado (RES) ou Declaração Simplificada de Exportação (DES), Incoterm (FOB ou
Ex-works) e outros documentos de comprovação a serem exigidos. O produto a ser certifi-
cado precisa cumprir alguns requisitos como se enquadrar nas regras de origem.
As regras de origem do produto podem ser classificadas em duas categorias: (i)
Regras de Origem Preferenciais e (ii) Regras de Origem Não-Preferenciais3. As regras
preferencias são termos negociados entre as partes interessadas em acordos preferenciais
de comércio, estabelecidos para uma determinada mercadoria, objetivando um tratamento
tarifário preferencial. Nessa categoria se destaca o Sistema Geral de Preferência (SGP),
cuja finalidade é a inserção de países em desenvolvimento na economia internacional. Isso
posto, na segunda regra, o produtor que exportou mercadorias manufaturadas poderá obter,
para fins de ressarcimento parcial ou total, o valor remanescente (residual) dos impostos
federais cobrados no seu processo produtivo (BRASIL, 2020).
Segundo Assumpção (2007), é requerido pelas autoridades da alfândega, quando
os produtos estão enquadrados em tratamento preferencial tarifário, ou seja, para elegibi-
lidade à isenção ou redução tributária de importação (II) em consonância com os acordos
internacionais ou legislação doméstica. A emissão desse certificado ocorre por meio da

2 Para efeitos de conferência, convido você, caro(a) aluno(a), a acessar o Sistema sobre Tarifas, Regras
de Origem e Serviços dos Acordos Comerciais Brasileiros (CAPTA), cujo objetivo é facilitar a consulta on-line
dos acordos comerciais firmados pelo Brasil.
3 Por meio da Lei nº 12.546/2011 em que dispõe sobre as regras de origem não preferenciais aplicadas
como instrumentos não-preferenciais na política comercial brasileira. No art. 1 do referido dispositivo legal
é possível encontrar a instituição do Regime Especial de Reintegração de Valores para as Empresas
Exportadoras (Reintegra), cuja finalidade consiste em reintegrar valores relacionados a custos tributários
federais residuais existentes do processo produtivo. A Portaria SECEX nº 38/2015 dispõe sobre as regras de
verificação no âmbito das importações das mercadorias destinadas ao Brasil, sob a prerrogativa do DEINT
departamento vinculado a SECEX.

UNIDADE II Tipos de Exportação 32


apresentação da fatura comercial pelas federações da agricultura, indústria e do comércio,
associações comerciais, centros e câmaras de comércio. De acordo com a Portaria da
SECEX N 16/2011, que dispõe sobre a emissão de certificados de origem preferenciais na
Exportação, define uma lista de instituições autorizadas a emitir o certificado (Quadro 2).

Quadro 2 - Instituições autorizadas à emissão dos certificados de origem

Entidade emissora Unidade da Federação


Associação Comercial de Porto Alegre RS
Associação Comercial de Santos SP
Associação Comercial do Estado do Paraná PR
Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Paranaguá PR
Centro de Comércio do Café do Rio de Janeiro RJ
Federação da Agricultura do Pará PA
Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia BA
Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina SC
Nota: se trata de uma lista parcial, para obter a lista completa, acessar a Portaria SECEX n 16/2011.
Fonte: adaptado do Brasil (2011b).

As autorizações para a emissão de certificados de origem por parte das instituições


deverão ser requisitadas junto ao sistema do DEINT por meio de documento escrito, confor-
me determina a Portaria SECEX n 16/2011. Para efeito do regime de tarifação preferencial
auferida com a Certificação de Origem se entende por mercadoria originária a mercadoria
originária do país em que foi realizado o seu processo de produção, independentemente
do uso de insumos importados na confecção deste produto. É usual a definição em duas
categorias por meio dos Acordos Comerciais da origem dos produtos, a saber: (i) originária,
a mercadoria é fabricada no país membro do acordo ou mais de um país e os (ii) bens com
alguma adição de insumo importado, mas que respeitam os termos dos acordos do regime
de origem (BRASIL, 2020).
Por fim, o processo de emissão e verificação de origem da mercadoria exige aten-
ção, cumprimento a um conjunto de normas e especificações nacionais e internacionais e
meticulosidade na forma de cálculo respeitando a composição do produto em consonância
com os insumos empregados de acordo suas respectivas classificações NCM.

UNIDADE II Tipos de Exportação 33


3 DESPACHO ADUANEIRO

Toda mercadoria a ser exportada, inclusive a reexportada (BRASIL, 2009, art. 581),
precisa ser internacionalizada, isto é, passa por um processo de desembaraço aduaneiro de
exportação e verificação da legitimidade dos documentos. Segundo La Torre e Silva (2016),
usualmente o exportador realiza essa operação denominada de Despacho Aduaneiro de
Exportação por meio de um despachante aduaneiro4 cadastrado na Secretaria da Receita
Federal (SRF), o qual deverá cumprir os seguintes passos:

Figura 1 - Etapas do processo de Despacho Aduaneiro

Fonte: adaptado de Assumpção (2007) e La Torre e Silva (2016).

O conjunto de operações descriminados na Figura 1 compõe os procedimentos


alfandegários necessários que são processados por meio do SISCOMEX e tem início com
a Declaração de Exportação (DE), exame dos documentos, verificação das mercadorias,
desembaraço aduaneiro e averbação de embarque. A solicitação do despacho deve ser
requisitada pelo exportador ou despachante, funcionário ou servidor público relacionado
a área de atuação aduaneira. Por sua vez, a conferência aduaneira é de competência da
SRF, conforme legislação aduaneira vigente representada pelo Decreto 6.759/2009, sub-
seção IV, art. 325. Diante do exposto, a SRF realiza, por amostragem e estabelece a rigor,
três canais de parametrização nas operações de exportações, a saber:
4 O despachante aduaneiro é o agente responsável pela liberação das mercadorias na alfândega.
Deve ser um profissional habilitado e registrado na Secretaria da Receita Federal (SRF). Suas competências
abrangem a organização da documentação necessária, como registros, pagamentos da tributação,
acompanhamento da conferência das mercadorias até que seja liberada no setor alfandegário (BORGES;
ROSA; OLIVEIRA, 2016).

UNIDADE II Tipos de Exportação 34


Figura 2 - Canais de Parametrização nas operações de Exportações

Fonte: adaptado de Assumpção (2007)

A seleção parametrizada (Figura 2) é constituída em níveis distintos de conferência


aduaneira para a Declaração de Exportação (DE). Dividida em canais, o canal verde segue
ao desembaraço automático da declaração; no canal laranja, segundo a Instrução Normativa
(IN) SRF n 28, de 27 de abril de 1994, arts. 22 a 24, é obrigatório o exame documental a ser
aplicado pela fiscalização aduaneira; e, por fim, se a mercadoria for classificada no canal
vermelho estará sujeita ao exame documental e verificação. A verificação da Classificação
da parametrização pode ser realizada por meio do SISCOMEX em histórico de despacho.

3.1 Tipos de Despacho

Tendo em vista o disposto na IN SRF n 28/1994, alterada pela IN RFB n 1.742, de


22 de setembro de 2017, e legislação aduaneira por meio do Decreto n 6.759/2009, capítulo
II, art. 580, fica entendido por despacho de exportação o procedimento fiscal mediante o
qual se processa o desembaraço aduaneiro da(s) mercadoria(s), cujo destino é o exterior.
Isso posto, os tipos de despacho de exportação são: (i) com registro e (ii) sem registro no
SISCOMEX. Os despachos de exportação com registro podem ser no Grande Porte ou na
Web. Se no Grande Porte, este subdivide-se em:

UNIDADE II Tipos de Exportação 35


Quadro 3 - Subdivisão dos registros de despacho no Grande Porte

Subdivisão
Descrição
Grande Porte
DE anterior ao A Declaração de Exportação é efetuada antes do embarque ou da saída
embarque da mercadoria
DE posterior ao A Declaração de Exportação é efetuada após o embarque ou saída da
embarque a mercadoria do país.
Nota: a Segundo a IN SRF n 28/1994; IN RFB n 1.742/2017.
Fonte: o autor.

Exemplificando as subdivisões apresentados no Quadro 3, a DE posterior ao


embarque é efetuada após o embarque da mercadoria ou sua saída do país com o RE
previamente registrado nos termos do parágrafo único do art. 52 da supracitada Instrução
Normativa SRF n 28/1994. Assim sendo, são elegíveis algumas mercadorias a esse tipo de
despacho aduaneiro, a saber: de granéis – inclusive petróleo bruto e derivados, de produtos
da indústria metalúrgica e de mineração, de produtos agroindustriais acondicionados em
fardos ou sacaria etc. Por sua vez, associado aos despachos com DE – Grande Porte,
se tem o Despacho com DSE (Declaração Simplificada de Exportação) informatizada, a
qual poderá ser utilizada segundo IN SRF n 611/2006, art. 30, que entre outras operações
incluem: bens exportados por pessoa física com ou sem a cobertura cambial respeitando
o limite de US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares dos Estados Unidos da América) ou equi-
valente em outra moeda estrangeira, desde que em quantidades que não designe a prática
de comércio ou que se configure em hábito com exceção de produtos para os quais haja
complacência de algum órgão governamental, respeitando a Portaria da SECEX n 23/2011,
art. 183.
Por fim, do registro no SISCOMEX Exportação Web, denominada de Declaração
de Exportação Web no SISCOMEX (DE Web). Poderá segundo a IN RFB n 1.742/2017, art.
5, ser realizada uma única declaração para o despacho de exportação da mercadoria no
exterior, cuja entrega terá participação de mais de um estabelecimento da mesma empresa
exportadora no mesmo embarque. O despacho aduaneiro será processado por meio da
DE Web quando da utilização da via de transporte internacional rodoviário e mercadorias
sendo transportadas em veículos com autorização de caráter ocasional ou frota própria,
deverá ser indicada na DE na via de transporte: meios próprios, e a apresentação deve ser
na forma impressa (papel físico) – Conhecimento Internacional de Transporte Rodoviário
(CRT) junto com o manifesto de carga – Manifesto Internacional de Carga Rodoviária/De-

UNIDADE II Tipos de Exportação 36


claração de Trânsito Aduaneiro (MIC/DTA) de saída, compondo o conjunto de documentos
de instrução de embarque.
A legislação prevê a possibilidade de realização de despacho de exportação sem o
registro no SISCOMEX, por meio dos modelos de Declaração Simplificada de Exportação
(DSE) que, segundo Assumpção (2007), é um documento alternativo a DE com a vantagem
de dispensar a emissão de Registro de Exportação e do Registro Simplificado de Expor-
tação (DES). Pode ser emitida via SISCOMEX, anterior ao embarque, sendo aplicada em
operações sem(com) cobertura cambial e de contrária a RES admite mais de um produto
da classificação NCM, desde que destinado ao mesmo comprador (importador).
Exemplificando de acordo com a IN SRF n 611, de 18 de janeiro de 2006, as ex-
portações realizadas por missão diplomática, repartição consular de carreira e de caráter
permanente que esteja em representação de instituição internacional da qual o Brasil seja
integrante ou delegação membro do governo, tanto seus associados como funcionários;
peritos e técnicos não necessitam de registro no SISCOMEX.

3.2 Verificação de Mercadoria

A verificação da mercadoria acontece no âmbito da conferência aduaneira, segun-


do a legislação pertinente (BRASIL, 2009, seção V, art. 589), cujo objetivo consiste em
identificar o exportador, verificar a(s) mercadoria(s) e a correção das informações relativas
a sua natureza, examinar o enquadramento segundo a classificação fiscal, quantidade e
preço e confirmar se estão sendo cumpridas todas as demais obrigações. Sendo que a
realização da verificação da mercadoria é de competência de Auditor-Fiscal da RFB ou
com a supervisão de Analista Tributário na presença do exportador ou seus representantes
(despachante aduaneiro).

3.3 Declaração de Exportação

O processo de despacho aduaneiro tem início com a elaboração da Declaração de


Exportação (DE), conforme Decreto n 6.759/2009, seção III, art. 586. Sendo assim, a SRF
poderá estabelecer diferentes tipos e formas de apresentação da DE, segundo a natureza
dos despachos aduaneiros ou características especificas com relação à(s) mercadoria(s)
ou concernente à aplicação do regime tributário.

UNIDADE II Tipos de Exportação 37


3.4 Registro da DE

Por sua vez, o registro da DE é realizado no sistema SISCOMEX e pode conter


um ou mais registros de exportação desde que sejam referentes ao mesmo exportador, as
mercadorias negociadas na mesma unidade monetária e termos de vendas (Incoterms),
unidades da SRF, de despacho e embarque. Realizado o registro, a DE é enumerada pelo
sistema e o exportador recebe um prazo de 15 dias para efetuar a entrega da documenta-
ção à SRF competente do despacho. Caso o prazo não seja respeitado a DE é cancelada
exigindo a reinicialização do processo (ASSUMPÇÃO, 2007).

3.5 Formalização de Exigências e Retificação da DE (Retificações)

Ademais, a formalização de exigências e retificação da DE acontecerá mediante


alteração das informações prestadas ou observada a inclusão de novas, será realizada
pela autoridade aduaneira, de ofício ou por meio de requerimento do exportador na forma
determinada pela SRF.

3.6 Documentos de Instrução da DE

A Declaração de Exportação (DE) será instruída com a primeira via da nota fiscal,
com a via original do conhecimento de embarque e do manifesto internacional de carga para
as exportações realizadas por via terrestre, fluvial ou lacustre e outros documentos que a
legislação aduaneira demandar. Os documentos que compõem essa instrução deverão ser
entregues à autoridade aduaneira, observada a forma correta de preenchimento, normas e
o prazo nas condições determinadas pela SRF.

3.7 Exame Documental

A análise documental consiste em examinar o conjunto de documentos que envol-


vem o processo de exportação, que é dividido em documentos comerciais e administrati-
vos. Os documentos comerciais de exportação são: fatura proforma (pro forma invoice),
nota fiscal, fatura comercial (commercial invoice), romaneio (packing list), conhecimento
de embarque (bill of landing), apólice ou certificado de seguro, documento financeiro. Na
sequência tem-se os documentos administrativos, a saber: certificado de origem e fatura
consular (consular invoice) (ASSUMPÇÃO, 2007).

UNIDADE II Tipos de Exportação 38


Conforme disposto no Decreto 6.759/2009, capítulo V, art. 15, parágrafo 1, para
efeitos da administração aduaneira, que compreende a fiscalização e o controle sobre o
comércio exterior, necessários à defesa dos interesses do erário nacional, os documentos
anteriormente citados compreendem o conjunto de documentos de instrução das declara-
ções aduaneiras, a correspondência comercial, incluídos os documentos de negociação e
cotação dos preços, os instrumentos de contrato comercial, financeiro, cambial, transporte
e referentes aos seguros das mercadorias, bem como outros que a SRF possa exigir.

3.8 Desembaraço Aduaneiro

Realizada a verificação da carga o fiscal responsável registra a operação no sistema


de acordo com o canal de conferência. Borges, Rosa e Oliveira (2016), reitera que o desem-
baraço aduaneiro é a ação pela qual é registrada a conclusão da conferência aduaneira.
Por sua vez, a legislação aduaneira (DECRETO n 6.759/2009, Seção IV, art.591) reitera
a transposição de fronteira ou a autorização para liberação da mercadoria ao importador
somente concluídos os procedimentos de desembaraço aduaneiro.

3.9 Comprovante de Exportação

Finalmente, de acordo com IN SRF n 28/1994, art. 50, a emissão do Comprovante


de Exportação (CE) é um documento com valor fiscal a ser emitido pela SRF por meio do
SISCOMEX, cujo objetivo é comprovar a realização efetiva da operação de exportação.
Não é obrigatória a sua impressão, entretanto é usual que o exportador solicite para even-
tual necessidade probatória da exportação com a receita fiscal (ASSUMPÇÃO, 2007). O
processo aduaneiro será considerado finalizado e a mercadoria exportada se o despacho
de exportação estiver averbado no SISCOMEX.

UNIDADE II Tipos de Exportação 39


SAIBA MAIS

O Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) e sua agenda


de negociações superam os acordos tradicionais sobre questões de reduções tarifárias,
zonas de livre comércio ou acordos aduaneiros. Parte dos esforços para firmar esse
acordo é devido à ascensão da China e da Ásia-Pacifico no cenário econômico e geopo-
lítico internacional. Isso posto, a união entre EUA e UE objetiva o alinhamento das práti-
cas regulatórias entre essas potências, gerando consequente aumento do PIB europeu,
ganhos nas exportações e facilitação do mercado norte-americano nas relações com a
UE, criação de empregos e aumento da renda das famílias.

Fonte: Fernandes (2017).

REFLITA

Segundo o relatório Trade and Statistcs Outlook, divulgado pela Organização Mundial
do Comércio (OMC) para o ano de 2018, o Brasil está na posição 27 do rank de expor-
tadores mundiais, com o equivalente a 240 bilhões de dólares e participação de 1,2%
das exportações globais. Sendo assim, um aumento da interação das relações inter-
nacionais com os mercados estrangeiros por meio de acordos bilaterais, multilaterais
ou participando de blocos econômicos, zonas de livre comércio, de redução tarifária ou
mesmo o acordo entre Mercosul e União Europeia que despontará as exportações bra-
sileiras cujo fator contribuirá para o crescimento da economia doméstica com a geração
de empregos, oferta de crédito, fomento ao investimento e medidas afins.

Fonte: o autor.

UNIDADE II Tipos de Exportação 40


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) estudante, nessa segunda unidade de Gestão de Operações de Exportação


abordamos as modalidades de exportação, conceitos, definições e aplicações utilizando o
Regulamento Aduaneiro (RA) redação do Decreto 6.759/2009, conjuntamente às Instruções
Normativas da SRF e Portarias da SECEX. Discorremos sobre os regimes de exportação
temporária e exportação por conta e ordem e introduzimos as características dos Certifica-
dos de Origem como medida alternativa ao benefício fiscal concedido aos produtores de
produtos originários ou não-originários, isto é, com ou sem adição de insumos importados.
Isso posto, o produtor que optar pela operação de exportação e o seu produto obter o certi-
ficado de origem é elegível ao ressarcimento do imposto, denominado de Regime Tarifário
Preferencial.
Apresentamos os acordos comerciais e alguns blocos econômicos, bem como
acordos bilaterais e multilaterais do Brasil com outros países, blocos econômicos ou uniões
econômicas, finalizando com os Acordo de Complementação Econômica (ACE).
Adentramos nos conceitos, prática e definição do conjunto de procedimentos admi-
nistrativos aduaneiros, começando com o despacho aduaneiro, modalidades de despacho,
verificação da mercadoria, Declaração da Exportação (DE) com e sem registro no SISCO-
MEX, análise documental necessária a finalização do processo de internacionalização da
mercadoria com o desembaraço aduaneiro e averbação, etapa final que, de acordo com a
legislação vigente, considera a saída definitiva da mercadoria do solo nacional.
Na Unidade III vamos seguir o nosso aprofundamento nas características que
envolvem as operações aduaneiras de exportação, abordando a incidência tarifária, fatos
geradores da tributação, tipos de impostos, taxa de utilização do SISCOMEX finalizando a
Defesa Comercial com medidas compensatórias e protetivas de antidumping e salvaguar-
das.

UNIDADE II Tipos de Exportação 41


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Acordos Comerciais Internacionais
Autor: Neusa Maria Pereira Bojikian
Editora: UNESP
Sinopse: Empregando instrumentos de análise forjados nos estu-
dos sobre negociações internacionais, e mobilizando copiosa in-
formação sobre as negociações a respeito de serviços financeiros
no âmbito do GATT/OMC e em outras frentes - ALCA; Mercosul;
Mercosul-União Europeia -, bem como sobre o processo de aber-
tura financeira no Brasil, Neusa Bojikian mostra convincentemente
porque a opção pela “liberalização administrada” (adoção de
medidas desse teor, com a prerrogativa de altera-las, em caso de
necessidade, por decisão do Executivo) se impôs às autoridades
brasileiras como uma escolha racional. Mas a autora faz mais, ao
enfrentar o desafio de refletir sobre as conclusões alcançadas em
seu estudo, à luz dos acontecimentos precipitados pela crise finan-
ceira internacional ainda em curso, sem calar os seus juízos de
natureza normativa. Por isso não é exagero afirmar que, embora
tenha tratado com rigor um tema difícil, comumente visitado por
especialistas, o livro de Neusa Bojikian tem alcance amplo e alto
interesse para o grande público.

FILME/VÍDEO
Título: SERGIO
Ano: 2020
Sinopse: Baseado no livro O homem que queria salvar o mundo
de Samantha Power, e produzido pela Netflix, Sergio relata a
biografia de Sergio Vieira de Mello (Wagner Moura), diplomata
brasileiro das Nações Unidas que morreu em Bagdá, em 2003,
durante um bombardeio à sede da ONU local.

UNIDADE II Tipos de Exportação 42


UNIDADE III
Tributos e Incentivos
Professor Mestre George Lucas Máximo Ferreira

Plano de Estudo:
● Tributos incidentes na Exportação
● Taxa de utilização do SISCOMEX
● Defesa comercial
● INCOTERM na exportação

Objetivos de Aprendizagem:
● Introduzir os aspectos sobre a tributação, tipos e a legislação vigente
● Discorrer sobre a Taxa de utilização do SISCOMEX
● Apresentar as características e dispositivos legais da Defesa Comercial
● Explicar as medidas antidumping, compensatórias e salvaguardas
● Estudar os Incoterms, siglas, composições e aplicações

43
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a) da disciplina de Gestão de Operações de Exportação, segui-


mos em nossa jornada pelo conhecimento nesta Unidade III, em que vamos incorporar e
aprofundar o arcabouço tributário por meio da Regulamentação Aduaneira (RA), Código
Tributário Nacional (CTN), Decretos, Instruções Normativas, Acordos e outras medidas.
Vamos compreender quais são os órgãos governamentais responsáveis por essa etapa do
processo das exportações. Na sequência discorreremos sobre os impostos e suas nomen-
claturas, formas de incidência, isenção, suspensão ou outra modalidade de aplicação sob
as exportações.
Adentraremos na Taxa de utilização do SISCOMEX para operações de exportações
e seguiremos com as estratégias de Defesa Comercial, abordando as práticas de dumping
e medidas antidumping, direitos compensatórios devido à prática de subsídios antecipado
e combatido pelo GATT, com Acordos Compensatórios e medidas de Salvaguarda.
Finalmente, vamos aprender sobre os Incoterms, principais siglas, definições, con-
ceitos e operacionalização. Por sua vez, são elencadas as despesas diversas ou adicionais
que incorrem sob os custos das operações de exportação, caso sejam elegíveis.

Desejo bons estudos!

UNIDADE III Tributos e Incentivos 44


1 TRIBUTOS INCIDENTES NA EXPORTAÇÃO, LEGISLAÇÃO

A política de comércio exterior é regida por meio da aplicação do Código Tributário


Nacional (CTN) por meio da Lei n 5.172, de 25 de outubro de 1966, Instruções Normativas
(IN) e Decretos da Receita Federal do Brasil (RFB). Isso posto, a definição de Tributo,
segundo o CTN no art. 3, é de toda a prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em Lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

De acordo com Werneck (2008), a tributação possui duas características, a saber:


(i) fiscal, cujo objetivo é arrecadar recursos para pagar despesas públicas e (ii) extrafiscal,
que se utiliza com a finalidade de intervenção na economia para incentivar ou desincentivar
setores da economia. Por sua vez, há a tributação parafiscal que é atribuição de Conselhos
de fiscalização e manutenção da ordem profissional, como Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Conselho Federal de Economia (COFECON), Conselho Federal de Medicina (CRM),
entre outros. Por fim, os tributos são classificados de acordo com o CTN como:

UNIDADE III Tributos e Incentivos 45


Quadro 1 - Classificação da tributação

Classificação Descrição
O fato gerador não depende da natureza da atividade estatal específica
1

ao contribuinte, isto é, o contribuinte deve pagar, mas não deve esperar


Impostos
contrapartida excluídas a utilização com critério dos recursos amealhados
nas atividades governamentais de forma geral.
O fato gerador deve configurar o exercício regular do poder de polícia, ou
Taxa a utilização do serviço público prestado ao contribuinte a colocado à sua
disposição.
Arrecadação já possui objetivo específico e o poder público não detêm
Contribuição
obrigação direta com o contribuinte.
Nota: 1 Fato Gerador: é a situação prevista em Lei como condição necessária e suficiente para a
incidência da tributação.
Fonte: adaptado de Brasil (1966) e Werneck (2008).

As informações sobre a incidência de tributação sobre as operações de exportação


são fornecidas pela Secretaria da Receita Federal (SRF). De acordo com a legislação
tributária, o imposto sobre exportação é de competência da União, para o estrangeiro, de
produtos nacionais ou nacionalizados e tem como fato gerador a saída destes do território
doméstico (BRASIL, 1966, seção II, art. 23).
Segundo Souto e Barbosa (2011), as exportações brasileiras são favorecidas com
benefícios fiscais e tributários, que contemplam a não incidência de Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e a
isenção da Contribuição para Fins Sociais (COFINS) e Programa para Integração Social
(PIS).
Nesse arcabouço fiscal há a preservação dos créditos de IPI e ICMS, crédito pre-
sumido do IPI1, a diminuição da alíquota do Imposto de Renda (IR) na remessa de divisas
(Dólar, EURO, Yuan etc.), para o exterior com o objetivo de pagar por serviços de promoção
comercial dos produtos domésticos e, por fim, há a disponibilidade do drawback.

1.1 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços – ICMS

Para incentivar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacio-


nal, o governo brasileiro, por meio da estrutura do comércio exterior, utiliza mecanismos de

1 Tendo em vista o disposto na Lei nº 10.276/2001, art. 1, I, II, é estabelecido como procedimento
alternativo a Lei nº 9.363/1996 em que, para fins de determinação do crédito presumido do IPI, para
ressarcimento do PIS e COFINS pelo exportador, permite a inclusão na base de cálculo, além dos materiais,
do valor da prestação de serviços industrializados, energia elétrica e combustíveis, adquiridos no mercado
interno e utilizados no processo de produção.

UNIDADE III Tributos e Incentivos 46


isenção fiscal destinado à exportação, tendo como fato gerador a saída da mercadoria do
território nacional (SEGALIS; FRANÇA; SHIRLEY, 2012). As modalidades de compensação
vão desde obter desoneração à dispensa do pagamento de determinados impostos que
usualmente são aplicados no mercado doméstico. Segundo Assumpção (2007), os seguin-
tes benefícios são concedidos nas operações de exportação (Quadro 2).

Quadro 2 - Descrição da tributação aplicada (isenta) sobre as exportações

Sigla Descrição Ação adotada sob Operações de Exportação


● Incentivo na forma de isenção fiscal na saída (exporta-
ção) de mercadorias primarias, semimanufaturados ou
manufaturados.
● Suspensão quando se tratar de produto primário, se-
Imposto sobre mielaborado e manufaturado quando produzido por
IPI Produtos Indus- empresa cujo destino seja a exportação ou o direcio-
trializados namento a empresa intermediária (trading companies)
● Conservação dos créditos gerados nas compras de
insumos (matérias-primas, embalagens), bens interme-
diários cujo objetivo seja a produção de bens exportá-
veis.
● Incentivo na forma de isenção fiscal na saída (exporta-
ção) de mercadorias primarias, semimanufaturados ou
manufaturados.
● Suspensão quando se tratar de produto primário, se-
Imposto sobre
mielaborado e manufaturado quando produzido por
Circulação de
ICMS empresa cujo destino seja a exportação ou o direcio-
Mercadorias e
namento a empresa intermediária (trading companies)
Serviços
● Conservação dos créditos gerados nas compras de
insumos (matérias-primas, embalagens), bens interme-
diários cujo objetivo seja a produção de bens exportá-
veis.
Contribuição so-
● Imunidade (isenção fiscal) no pagamento dessa con-
bre Financiamen-
COFINS tribuição quando se tratar de serviço ou produto, seja
to da Seguridade
manufaturado, semimanufaturado ou primário.
Social
Imposto sobre
● Alíquota não incide (zero) sobre as operações de câm-
IOF Operações Finan-
bio relacionadas com a exportação.
ceiras
Fonte: adaptado de Assumpção (2007).

UNIDADE III Tributos e Incentivos 47


O ICMS é um tributo que incide no âmbito dos Estados e do Distrito Federal (DF),
cujo fato gerador, de acordo Segalis, França e Shirley (2012), é o despacho aduaneiro da
mercadoria a ser importada. Evidentemente, uma inspeção visual no Quadro 2 permite
verificar que nas operações de Exportação é usual que, por meio da política de comér-
cio exterior, a tributação seja desonerada, isenta ou suspensa com vistas ao aumento de
competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional, isto é, imposto não é
produto tipo exportação.

1.2 CIDE - Combustíveis

A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) de Combustíveis


incide de acordo com o Regulamento Aduaneiro (RA) por meio do Decreto 6.759/2009,
art.298 sob as operações de importação e da comercialização de petróleo e seus derivados,
gás natural e derivados, álcool etílico combustível. Entretanto, de acordo com a redação da
Lei n 10.336, de 19 de dezembro de 2001, art. 3, parágrafo 2, a CIDE não incidirá sobre as
receitas de exportação, para o exterior com relação aos produtos, a saber: (i) gasolinas e
suas correntes, (ii) diesel e suas correntes, (iii) querosene de aviação e outros querosenes
(iv) óleos combustíveis (fuel-oil), (v) gás liquefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás
natural e de nafta e (vi) álcool etílico combustível.

UNIDADE III Tributos e Incentivos 48


2 TAXA DE UTILIZAÇÃO DO SISCOMEX

O Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) tem a finalidade de integrar


os órgãos do governo, como Decex, BCB e SRF e os demais intervenientes do sistema de
comércio exterior brasileiro que participam das operações, a saber: os bancos, corretoras,
permissionários, depositários, transportadores, despachantes aduaneiros. As ações exe-
cutadas no sistema envolvem a padronização do tratamento dos dados e informações de
importação e exportação, colaboração na aplicação da legislação em decorrência da trans-
parência das operações, tempo reduzido no desembaraço e liberação das mercadorias e,
consequentemente, a redução no tempo de armazenamento (ASSUMPÇÃO, 2007).
Diante do exposto, a Taxa de utilização do SISCOMEX foi instituída por meio da
Lei n 9.716, de 26 de novembro de 1998, art. 3. Assim entendido, a responsabilidade da
administração da taxa é da Secretaria da Receita do Ministério da Fazenda2, sendo que
o fato gerador consiste no ato de Declaração de Importação (DI) e como base de cálculo
um valor adicional por declaração registrada. A Instrução Normativa RFB n 1.158, de 24 de
maio de 2011, estabelece os valores no ato do registro da DI a razão de: R$185,00 (cento
e oitenta e cinco reais) por DI e R$29,50 (vinte e nove reais e cinquenta centavos) por mer-
cadoria adicional. De acordo com os dispositivos legais, Decreto 6.759/2009, art. 306, IN
RFB n 1.158/2011 e redação da Lei n 9.716/1998, não são mencionadas cobranças sobre
o Registro de Exportação (RE), eximindo a operação da Taxa de registro no SISCOMEX.
2 O ministério da Fazenda foi extinto em 1º de janeiro de 2019 por meio da MP 870/2019, posteriormente
convertida na Lei nº 13.844, de 18 de junho de 2019, art. 57, inciso I – o Ministério da Fazenda, o Ministério
do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e o
Ministério do Trabalho no Ministério da Economia.

UNIDADE III Tributos e Incentivos 49


3 DEFESA COMERCIAL

3.1 Dumping e Direitos Antidumping

O órgão governamental do comércio exterior responsável por estabelecer direitos


antidumping, compensatórios, salvaguardas de caráter provisórios ou definitivos é a Câmara
de Comércio Exterior (CAMEX) cujas cobranças são realizadas pela Secretaria da Receita
Federal (SRF) e compete à SECEX3 a abertura de investigações sob a suspeita de prática
de dumping (Decreto n 10.044/2019). Tendo em vista o disposto no Decreto n 6.759/2009,
art. 784, inciso I, e amparados por meio dos dispositivos legais, Decreto n 1.355/1994 e
Decreto n 8.058/2013, a prática de dumping consiste na introdução de uma mercadoria no
mercado nacional, inclusive sobre a modalidade de drawback com o preço de exportação
inferior ao preço praticado em operações mercantis normais, isto é, o produto adentra o
país (nacionalizado) com o preço menor a produtos similares comercializados no mercado
doméstico.
Por entendimento, se um produtor brasileiro considerar que as vendas no mercado
interno em que atua são afetadas por determinadas importações, que se caracterizam como
“condições desleais”, pode fazer uma petição redigida por escrito junto ao DECOM para a
abertura de investigação, objetivando obter medidas antidumping.

3 Keedi (2015) afirma que é de competência do Decom, secretaria pertencente à SECEX, as reuniões
do Grupo Técnico de Defesa Comercial (GTDC), cuja finalidade consiste em examinar as proposições acerca
de medidas antidumping e compensatórias com caráter provisório ou definitivo. Por sua vez, deve homologar
os compromissos de investigações de prática de dumping e subsídios, bem como da aplicação de medidas
de salvaguardas.

UNIDADE III Tributos e Incentivos 50


São condições desleais no comércio internacional o dumping e o subsídio, consi-
dera-se a prática de dumping quando o Brasil exporta um produto a preço de exportação
(Incoterms) inferior ao preço praticado em solo nacional. Diante do exposto, Werneck
(2008), reitera que o direito antidumping é a soma compensatória em dinheiro solicitado
com o intuito de neutralizar os efeitos danosos (negativos) provocados pelas importações
objeto de dumping à indústria nacional.
Por meio do Acordo antidumping fica vedada a importação de produtos objeto de
dumping prejudicial à indústria nacional, assim entendido, medidas antidumping serão
aplicadas conforme Decreto n 8.058/2013 e pela Lei n 9.019/1995.
O acordo antidumping terá a sua base calculada por meio das alíquotas ad valo-
rem4, isto é, um percentual sobre o valor aduaneiro, tomando como referência o Incoterm
CIF ou específicas, cotadas em dólar dos Estados Unidos da América (EUA), convertida em
moeda nacional (Real), fixa ou variável ou a conjugação de ambas.
Deverá se observar as características da composição da mercadoria para efeitos
de similaridade do produto com respeito a: (i) matérias-primas, (ii) composição química, (iii)
características físicas, (iv) normas e especificações técnicas, (v) processo de produção, (vi)
usos e aplicações, (vii) grau de substituição e (viii) canais de distribuição. Em relação ao
valor, será considerado valor normal o preço usualmente praticado no mercado doméstico
do país exportador da mercadoria.

3.2 Direitos Compensatórios

É um direito especial, cuja exigibilidade é aplicável no sentido de equilibrar os


subsídios concedidos na forma direta ou indireta para a fabricação, manufatura, ou exportação
da mercadoria importada (WERNECK, 2008). Por meio do Decreto n 6.759/2009, art. 784,
inciso III, é sabido que o direito compensatório trata de um direito especial, com a finalidade
de contrabalançar qualquer subsídio concedido direta ou indiretamente à fabricação, à
produção ou à exportação de mercadoria, redação dada pelo Decreto n 1.751/1995, e vista
nos Acordos Sobre Subsídios e Medidas Compensatórias e o GATT/1994.
Isso posto, antes que a Segunda Guerra Mundial chegasse ao seu fim, as nações
articularam negociações em Bretton Woods (EUA), objetivando acordos de união, recupe-
ração e reconstrução econômica, política e social. As instituições que se sucederam aos

4 Ad valorem – Expressão em Latim que significa “segundo valor” ou “conforme valor”. Na cobrança ou
no cálculo de um imposto, tributo ou taxa, é aquele estimado como uma percentagem do valor da mercadoria.
Não se trata de uma quantia fixa, mas dependente do valor da mercadoria objeto da tributação (SANDRONI,
1999, p.13).

UNIDADE III Tributos e Incentivos 51


acordos foram: o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial (Word Bank) e o
Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (General Agreement on Tariffs and Tra-
de - GATT), este último passou a integrar a estrutura da Organização Mundial do Comércio5
(OMC) (Word Trade Organization – WTO, termo em inglês) (LA TORRE; SILVA, 2016).
A finalidade do GATT, segundo Assumpção (2007), é de impulsionar a liberalização
e regulamentar as relações comerciais entre os países pertencentes ao acordo, incluso o
Brasil, combatendo as práticas protecionistas, como resultado desses esforços, em conjun-
to com negociações multilaterais, surgiu a OMC, em 1995.
Por sua vez, os objetivos contemplam a redução de tarifas, medidas antidumping,
medidas não-tarifárias, cláusula de habilitação, acordos relativos à segurança jurídica,
solução de controvérsias, agricultura, mercadorias têxteis, preservação da propriedade
intelectual entre outros tópicos (BRASIL, 2011b).
Ademais, os Acordos Sobre Subsídios e Medidas Compensatórias (ASMC) são
acordos de característica multilateral pertencente ao GATT, estabelecidos no Brasil por meio
dos Decretos n 93.941/1987 e n 93.962/1987, que dispõem acerca das práticas antidum-
ping, reconhecendo que estas não devem ser consideradas empecilhos para o comércio
internacional, sendo, portanto, um disposto legal praticado somente quando da constatação
do dumping. Por sua vez, o segundo Decreto supracitado promulga a incorporação dos
Artigos VI, XVI, XXIII do GATT, isto é, assegura o respeito e aplicação das regras descritas.

3.3 Medidas de Salvaguardas

O Regulamento Aduaneiro (RA) por meio do Decreto n 6.759/2009, seção única,


art. 770, II, III, e dispositivos legais do Decreto n 1.355/1994 e Decreto n 1.488/1995 quais
dispõem acerca do GATT e regulamentam os procedimentos de salvaguardas e funda-
mentam as medidas de defesa comercial. Diante do exposto, a medida de salvaguarda
consiste na elevação do imposto sob a mercadoria importada ou para fins do nosso estudo
quando ocorre a exportação do Brasil para um país diverso. Isso acontece nos casos em
que a importação de determinada mercadoria aumenta em quantidades tais que causem
ou ameacem causar prejuízo grave à indústria nacional de bens similares ou diretamente
concorrentes (BRASIL, 2009, art. 770, I).

5 OMC – Foi criada oficialmente em janeiro/1995 sob o Acordo de Marraqueche, após as negociações
da Rodada Uruguai (1986-1994). Seu objetivo é ajudar os produtores de mercadorias e serviços, operadores
do comércio exterior (exportadores, importadores) por meio da mediação de conflitos recorrendo ao Órgão
de Solução de Controvérsias, sempre tentando resolver impasses através de acordos bilaterais. Diante do
exposto, os agentes do comércio exterior podem realizar suas negociações sob a ordem de regras claras as
quais serão respeitadas por todos os países envolvidos (ASSUMPÇÃO, 2007; KEEDI, 2015).

UNIDADE III Tributos e Incentivos 52


Assim sendo, de acordo com o disposto no Artigo XIX do GATT (BRASIL, 1994),
uma união aduaneira ou membro poderá aplicar a medida de salvaguarda a uma determi-
nada mercadoria após verificar que as importações desse produto tenham aumentado em
quantidade absoluta ou em proporção ao produzido no país de destino que cause prejuízo
grave ao segmento da economia, cuja produção seja similar ou diretamente concorrente.
As medidas de salvaguarda, segundo Decreto n 1.488/1995, poderão ser aplicadas
a um produto se for constatado por meio de investigação, fundamentadas pela legislação e
acordos comerciais de que as importações dessa mercadoria aumentaram na quantidade
prejudicial provocando assim grave prejuízo a indústria doméstica.
No cenário em que o Brasil é o exportador, este pode sofrer essas sanções sobre
as mercadorias que adentrem o país de destino (importador) se a quantidade exportada for
superior à permitida e venha a provocar danos ou prejuízos na indústria do bem similar ou
concorrente.

UNIDADE III Tributos e Incentivos 53


4 INCOTERM NA EXPORTAÇÃO

Os Incoterms definem as responsabilidades que abrangem os custos e riscos de


cada parte envolvida nos processos de importação e exportação. O termo é uma abreviação
que, segundo La Torre e Silva (2016), deriva do inglês International Commercial Terms,
que traduzido significa Termos Internacionais do Comércio. A sigla surgiu em 1936 e foi
compilado pela Câmara de Comércio Internacional (CCI) (ou do inglês: International Cham-
ber of Commerce – ICC) cujas atribuições envolvem as condições de venda (exportação),
delimitando os direitos e obrigações fundamentais do vendedor (exportador) e comprador
(importador) em relação ao frete, seguros, trânsito e liberação alfandegária e a posse de
documentos do contrato internacional de venda dos produtos (WERNECK, 2008).

São 11 as modalidades de Incoterms, que indicam os direitos e responsabilidades


de ambas as partes envolvidas no processo de compra e venda das mercadorias, ou seja,
entre exportação/importação. Os termos preestabelecem e padronizam as condições ne-
cessárias para o frete e seguro, acordados até a entrega da mercadoria no local designado,
entretanto não contemplam as negociações relacionadas aos preços, nem como será pago
(LA TORRE; SILVA, 2016). Os termos são apresentados no Quadro 3.

UNIDADE III Tributos e Incentivos 54


Quadro 3 - Modalidades de Incoterms

ABREV. Termo em inglês Termo em português


EXW Ex Works Na origem (local de entrega designado)
FCA Free Carrier Transportador livre
CPT Carriage Paid to Transporte pago
CIP Carriage and Insurance Paid Transporte e Seguro pagos
to
DAT1 Delivered at terminal Entregue no terminal
DAP Delivered at Place Entregue no local
DDP Delivered Duty Paid Entregue com os direitos pagos
FAS Free Alongside Ship Livre no costado do navio; embarque
FOB Free on Board Livre a bordo; porto de embarque defi-
nido
CFR Cost and Freight Custo e Frete
CIF Cost, Insurance and Freight Custo, Seguro e Frete
Nota: 1A atualização dos Termos de Comércio Internacional 2020 (Incoterms 2020), promulgado pelo ICC,
apresentou novidades como a substituição do termo DAT por DPU – Delivery at Place Unloaded. que
significa Entregue no Local desembarcado
Fonte: adaptado de La Torre e Silva (2016) e Werneck (2008).

● O termo Ex Works representa no local de produção ou na origem e significa que


o exportador prepara a mercadoria acomodando na embalagem adequada para
o transporte e deixa junto da fatura a disposição do importador. Nesse caso,
compete ao importador todos os trâmites necessários para a movimentação da
mercadoria, os quais incluem retirada do local de origem, embarque para o des-
tino no exterior, licenciamentos, negociação do frete e seguros, riscos inerentes
ao trânsito aduaneiro como perdas e danos. Por sua vez, é uma modalidade
aplicada a quaisquer sistemas de transporte, ou seja, é multimodal (WERNECK,
2008).
● FCA (free carrier) ou transportador livre, o transportador entrega os produtos
desembaraçados para a exportação no local designado (combinado) com o
importador (comprador) no seu país de origem, a partir desse ponto encerra as
responsabilidades do exportador (vendedor) (WERNECK, 2008).
● CPT (Carriage Paid to) ou transporte pago até, significa que é de responsabilida-
de do exportador a contratação do frete internacional (embarque da mercadoria)
e envio até o local combinado com o importador, entretanto, uma vez que as
mercadorias são entregues aos cuidados do exportador, os riscos inerentes ao
processo, tais como danos ou avarias, são de competência do importador, bem

UNIDADE III Tributos e Incentivos 55


como a contratação do seguro de cobertura internacional, cabendo ao expor-
tador o desembaraço das mercadorias para a exportação (LA TORRE; SILVA,
2016);
● CIP (Carriage and Insurance Paid to) ou Frete e Seguro Pago parte do princípio
adotado no CPT, o exportador é responsável pelas despesas de embarque das
mercadorias e do frete até o local combinado com o importador contudo são
assumidas agora o seguro de transporte da mercadoria até o país de destino.
Nessa modalidade, o importador assume o frete em seu território nacional, as
despesas com o desembaraço, impostos e nacionalização das mercadorias (LA
TORRE; SILVA, 2016);
● DAT (Delivered at terminal) ou Entregue no Terminal determina a entrega da
mercadoria em um terminal portuário permitindo a mudança de entrega para um
terminal distinto (SEGALIS; FRANÇA; SHIRLEY, 2012).
● DAP (Delivered at Place) ou Entregue no Local, segundo Segalis, França e Shir-
ley (2012) a palavra “entregar” é associada ao sentido de transferir os riscos.
Essa regra do Incoterm permite a transferência dos produtos para o importador
no país de destino no convés do navio ou em outro local.
● DDP (Delivered Duty Paid) ou Entregue com os Direitos Pagos, ou, segundo
definição de Segalis, França e Shirley (2012), despesas de entrega pagas até o
armazém do importador (comprador). É uma regra aplicável a qualquer meio de
transporte, portanto, tem abrangência multimodal. Um ponto fundamental nesse
termo, de acordo com La Torre e Silva (2016), é da quantidade de responsa-
bilidades atribuídas ao exportador, como: compromisso de entregar a merca-
doria, desembaraçada pronta para ser importada, no local combinado com o
importador, cobrindo todas as despesas, impostos e encargos de importação.
O exportador deve pagar o frete do local de desembarque da mercadoria até
o armazém ou local designado pelo importador. Isso posto, é uma modalidade
usualmente aplicada às compras realizadas por meio eletrônico.
● FAS (Free Alongside Ship) ou livre no costado do navio (embarque). Nesse
termo as responsabilidades do exportador se limitam a entregar as mercadorias
livres de quaisquer embaraços no cais, de forma livre, no costado do navio.
O importador assume todos os riscos e custos a partir desse ponto, inclusive
os custos para entrada da mercadoria no navio. É comum o uso desse termo
quando em transporte marítimo ou hidroviário (LA TORRE; SILVA, 2016);

UNIDADE III Tributos e Incentivos 56


● FOB (Free on board) ou livre a bordo, livre no navio. A entrega deve ser efetua-
da pelo exportador a bordo do navio selecionado pelo importador, no porto de
embarque. Nesse termo, os custos e responsabilidades até que a carga esteja
no interior do navio são de competências do exportador contrário ao termo FAS.
Uma vez que a mercadoria adentrou a embarcação, as responsabilidades pas-
sam a ser do importado;
● CFR (Cost and Freight) ou Custo e Frete. A entrega da carga deve ser realizada
pelo exportador no porto de destino escolhido pelo importador, cabe ao exporta-
dor desembaraçar as mercadorias. Isso posto, após a mercadoria ser entregue
à custódia do exportador no porto de origem, as responsabilidades e cobertura
de riscos, danos ou avarias ou quaisquer aumentos de custos são transferidos
do exportador para o importador. Cabe ao importador assumir as despesas de
seguro internacional e desembarque da carga (LA TORRE; SILVA, 2016).
● CIF (Insurance and Freight) ou Custo, Seguro e Frete pagos até o porto de desti-
no. Nesse termo, as responsabilidades são semelhantes às do CFR, entretanto
são acrescentadas as despesas de seguro que passam a ser do exportador.
Assim sendo, o exportador deve entregar a carga a bordo do navio, no porto de
embarque com as despesas de seguro e frete pagos. A partir do momento em
que a carga foi embarcada, as obrigações e responsabilidades passam a ser do
importador.

4.1 Despesas Diversas

Considerados a tributação sobre as operações de exportação quando aplicável, as


despesas diversas ou adicionais consistem em valores acrescidos a despeito da opção do
modal para o transporte da mercadoria, a saber: marítimo, terrestre ou aéreo.
Ademais, há o adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM)
cujo destino é um fundo de apoio ao desenvolvimento da Marinha Mercante e para a Indús-
tria Naval nacional. No transporte por via aérea incorre a cobrança da Tarifa de Capatazia
devida nas operações de importação pelo manuseio da carga no terminal de embarque. Por
sua vez, no modal aéreo é cobrado o Adicional de Tarifa Aeroportuária (Ataero), que é con-
vertida manutenção da infraestrutura da navegação aérea (SEGALIS; FRANÇA; SHIRLEY,
2012). Entretanto, nas operações de Exportação essas exigibilidades são isentas por meio
da Modalidade Integrada de Suspensão, cuja intenção deve ser registrada no SISCOMEX.

UNIDADE III Tributos e Incentivos 57


SAIBA MAIS
Um marco de subsídios no Brasil foi o Programa Nacional do Álcool - Proálcool, instituído
em novembro/1975 por meio do Decreto n 76.593, cujo objetivo consistia em estimular
o aumento da produção do Álcool e reduzir a dependência do petróleo e seus derivados
na década de 70. Por sua vez, havia facilitação na obtenção de crédito subsidiado para a
construção das usinas, aditivação de álcool anidro na gasolina, manutenção dos preços
em toda a rede de postos de combustíveis, inclusive essa política gerou pressões sobre
o caixa da Petrobras. Isso posto, tais medidas se mantiveram justificáveis enquanto pre-
valecia as altas sucessivas provocadas pelos choques do Petróleo no período.
Fonte: Shikida e Pedrosa (2012).

REFLITA
Os principais produtos exportados no período 2019/2020* foram, a saber: soja (34,55%),
óleos brutos de petróleo (-13,73%), minérios de ferro e seus concentrados (-3,66%), car-
ne de bovino congelado, fresca ou refrigerada (32,93%), Celulose (-28,95%), Farelo e
resíduos da extração de óleo de soja (-1,78%), carne de frango congelada, fresca ou re-
frigerada (-7,91%), açúcar de cana, em bruto (47,27%), café cru em grão (-0,51%) e de-
mais produtos manufaturados (-25,73%). As exportações brasileiras têm seus principais
destinos na China, Estados Unidos, Itália, Holanda, França, Arábia Saudita, Emirados
Árabes Unidos Coréia do Sul, Malásia, Indonésia entre outros. Isso posto, entre parên-
teses se observa as variações da quantidade exportada do período 2020 comparado ao
ano anterior, isto é, 2019 e se concentram em torno de commodities, cujo preço é es-
tabelecido pelo mercado. Diante do exposto, por que a economia brasileira não investe
em especialização e produtos de alto valor agregado?
Nota: * Dados de exportações dos principais produtos, variações e países obtidos do MDIC

(BRASIL, 2020).

* Dados obtidos para o período janeiro - junho (2020)

Fonte: o autor.

UNIDADE III Tributos e Incentivos 58


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) estudante, nessa terceira unidade de Gestão de Operações de Exportação


abordamos sobre os aspectos tributários nas operações de exportações, com embasamento
na Regulamentação Aduaneira (RA), CTN, Decretos, Instruções Normativas e outros dispo-
sitivos legais sob a regulamentação, normatização e execução dos órgãos governamentais
responsáveis, como o Ministério da Economia, SECEX, Decom e RFB.
Diante do exposto, foram enfatizados os tipos de impostos, formas de incidência e
condições de isenção, suspensão ou redução com o intuito de preservar a competitividade
das empresas brasileiras no comércio internacional. Na sequência abordamos sob a taxa-
ção dos registros no SISCOMEX e a isenção dos Registros de Exportação com respaldo
na legislação vigente.
Seguimos com os aspectos de defesa comercial, a necessidade em utilizar me-
didas antidumping, compensatórias ou salvaguardas devido à possibilidade de produtos
estrangeiros adentrarem o país com preço inferior ao praticado em seu próprio contexto
nacional ou a políticas de subsídios patrocinadas por governos com o objetivo de proteger
suas indústrias e economias.
Finalizamos nossos estudos nessa unidade com os Incoterms aprendendo sobre
o significado de cada sigla, seu conceito, definição, composição e aplicação. E lembramos
sobre os custos adicionais como a cobrança de AFRMM, tarifa de capatazia, Adicional de
tarifa Aeroportuária (Ataero) e descobrimos que essas exigibilidades são suspensas em
caso de exportação.
Na Unidade IV chegaremos ao fim da nossa jornada pelo conhecimento, cuja
finalidade é aprender sobre as Operações de Exportações e destacaremos os assuntos re-
lacionados às novas práticas de operacionalização do processo de exportação por meio da
Nova Exportação, Declaração única de Exportação (DU-E), práticas da logística brasileira,
aspectos, cenários e entraves, finalizando com o sistema SISCOSERV, Classificação NCM
e modalidade Drawback.

UNIDADE III Tributos e Incentivos 59


LEITURA COMPLEMENTAR

FLEURY, P. F.; MEIRA, R. A. SCHMIDT, A. M. R. A decisão de exportar e a escolha de


mercados de exportação: dos aspectos conceituais às práticas gerenciais nas empresas
brasileiras produtoras de manufaturados. Revista de Administração de Empresas, São
Paulo, v. 21, n. 3, jul./set. 1981.

PEROBELLI, F. S.; BETARELLI JUNIOR, A. A.; VALE, V. A.; CUNHA, R. G. Impactos Eco-
nômicos do Aumento das Exportações Brasileiras de Produtos Agrícolas e Agroindustriais
para Diferentes Destinos. Revista de Economia e Sociologia Rural, Brasília, v. 55, n. 2,
abr./jun. 2017.

MORTATTI, C. M.; MIRANDA, S. H. G.; BACCHI, R. P. Determinantes do Comércio Brasil-


-China de commodities e produtos industriais: uma aplicação VECM. Economia Aplicada,
Ribeirão Preto, v. 1, n. 2, abr./jun. 2011.

UNIDADE III Tributos e Incentivos 60


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Tributação no Comércio exterior brasileiro
Autor(es): Tom Pierre Fernandes da Silva; Gabriel Segalis; Naila
Meyre De Céia Freire Sanderson; Romulo Francisco Vera Del
Carpio.
Editora: FGV
Sinopse: O objetivo deste livro é contribuir para a disseminação
do conhecimento sobre os benefícios fiscais e logísticos dos
regimes aduaneiros, que são tratamentos não tarifários ou admi-
nistrativos e tratamentos tarifários ou tributários aplicados a bens,
produtos, mercadorias ou itens que são importados ou exportados.
O primeiro capítulo do livro versa sobre as formas de controle do
Estado brasileiro, nos aspectos fiscal e aduaneiro, em âmbito
federal, que incidem sobre as importações e exportações do nos-
so comércio exterior, a fim de permitir melhor compreensão dos
benefícios que existem nos regimes aduaneiros especiais. Para
melhor visualização dos benefícios dos regimes especiais, iremos
distribuir, no segundo, terceiro e quarto capítulos, os regimes
especiais atualmente existentes no Brasil, sendo que o quarto
capítulo inclui também os regimes aduaneiros aplicados em áreas
especiais.

FILME/VÍDEO
Título: Beyond Fordlândia (Muito além de Fordlândia)
Ano: 2017
Sinopse: Há 90 anos, a maior floresta tropical do mundo enfren-
tava um de seus primeiros grandes embates contra o mercado.
Henry Ford, pai da primeira linha de produção automobilística do
mundo, conseguia concessão do Governo do Pará para utilizar
cerca de um milhão de hectares da Amazônia. Ele plantaria 800 mil
hectares de seringueiras para produção de borracha para pneus
e construiria uma cidade inteira – Fordlândia – às margens do
rio Tapajós. A empreitada seria uma alternativa contra o controle
inglês do mercado e um reavivamento da belle époque da Era da
Borracha na Amazônia. Assim, dono da então maior riqueza do
mundo tentou, por 18 anos, subjugar a floresta. E foi derrotado.
Esta e outras histórias, como a da recente ameaça da soja, são
contadas no premiado documentário Beyond Fordlândia, do diretor
Marcos Colón.

WEB
Mercosul, comércio e história é o tema do primeiro programa e
mostra como o comércio se transformou em um dos principais ele-
mentos de integração regional. O Brasil virou o principal parceiro
comercial de Argentina, Paraguai e Uruguai. Além das economias,
os cidadãos do bloco também estão cada vez mais próximos. Au-
mentou muito o número de turistas que circulam de um país para
outro, mostrando apenas a carteira de identidade. Mas o caminho
percorrido até hoje foi repleto de crises que, várias vezes, quase
desmancharam o maior motor de integração da América do Sul.
Mas os ganhos com o fortalecimento do bloco parecem ser maio-
res que as tensões ainda existentes
Link: https://youtu.be/kyQyeOcjJeA

UNIDADE III Tributos e Incentivos 61


UNIDADE IV
Diferenciais na Exportação
Professor Mestre George Lucas Máximo Ferreira

Plano de Estudo:
● O Novo Processo de Exportação
● Logística na Exportação Brasileira
● Classificação Fiscal na Exportação

Objetivos de Aprendizagem:
● Introduzir os principais conceitos e inovação sobre o Portal Único de Comércio
Exterior
● Apresentar o Novo Processo de Exportação
● Explanar sobre a Declaração Única de Exportação (DU-E)
● Descrever as características do SISCOSERV
● Discorrer acerca da Classificação fiscal e regimes aduaneiros

62
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a) da disciplina de Gestão de Operações de Exportação, chegamos


ao fim da nossa jornada pelo conhecimento. Na Unidade IV iniciamos os nossos estudos
sobre a implementação do Novo Processo de Exportação por meio do Portal Único de Co-
mércio Exterior, cujo objetivo consiste em substituir documentos anteriormente exigidos no
processo de exportação. Na sequência são apresentadas as características da Declaração
Única de Exportação (DU-E), aplicação, elaboração e finalidade.
Adentraremos na identificação, rastreabilidade e fiscalização das operações que
envolvem o envio e recebimento de remessas de divisas do exterior, tendo como contrapar-
tida operações de compra e venda de bens intangíveis por meio do sistema informatizado
da Receita Federal do Brasil (RFB), denominado SISCOSERV.
Finalizamos os nossos estudos com introdução à Classificação Fiscal das merca-
dorias, seguindo a legislação vigente sobre o tema e sobre os regimes aduaneiros especiais
de suspensão ou desoneração tributária como alternativa às empresas que destinam seus
produtos industrializados para as operações de exportações.

Desejo bons estudos!

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 63


1 O NOVO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO

Tendo em vista o disposto no Decreto n 8.229/2014, 22 órgãos governamentais


passaram a integrar o Programa Portal Único de Comércio Exterior (Portal SISCOMEX),
organizado pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) e Secretaria da Receita Federal
do Brasil (SRF), que integram o Ministério da Economia de acordo com a Lei n 13.844/2019.
Os principais objetivos do programa são reformular os processos das operações de expor-
tações e importações, convergindo todas as informações para um único canal de interação
entre governo e agentes do comércio exterior.
Por sua vez, para obter redução de tempo e burocracia através da simplificação e
aumento da eficiência e agilidade dos processos de exportação e importação com maior
transparência e previsibilidade serão utilizados os Novos Processos de Exportação e Im-
portação.
Assim sendo, as metas a serem alcançadas por meio dos novos processos consis-
tem no (i) acesso simplificado às normatização das exportações e importações brasileiras,
(ii) eficiência nos processos com a paralelização das etapas, (iii) anexação eletrônica dos
documentos (redução de documentos físicos, emissão de papel etc.), (iv) facilitação na ob-
tenção de autorização com a centralização das informações, certificações e licenças para
exportar e importar, (v) celeridade na solicitação das informações aos órgãos intervenientes
do sistema de comércio exterior, (vi) coordenação e harmonia entre os órgãos atuantes nos

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 64


trâmites aduaneiros e (vii) gestão de riscos, observando o aumento da transparência nos
processos de exportação e importação (BRASIL, 2014a, art.7).
Os objetivos elencados serão obtidos com base na fundamentação dos três pilares
do Programa Portal Único de Comércio Exterior, a saber:

Figura 1 - Pilares do Programa Portal Único de Comércio Exterior

Fonte: adaptado de Brasil (2014a).

O compartilhamento entre os órgãos intervenientes e os operadores do Comércio


Exterior (Figura 1) permitiram identificar as demandas nas operações, cuja finalidade con-
siste em reduzir os custos (economia nos processos) e maior previsibilidade por parte dos
operadores, isto é, estes obtêm maior controle, rastreabilidade e antecipação nos proces-
sos. Conjuntamente a cooperação entre setor público-privado resultou no mapeamento e
elaboração das propostas para os novos processos, principalmente na área da Tecnologia
da Informação (TI). Em relação ao Redesenho dos Processos de Exportação e Importação
foram identificadas ineficiências com a contribuição dos operadores do Comércio Exterior,
a saber: os exportadores, importadores, transportadores, armazenadores, despachantes
aduaneiros e outros envolvidos não mencionados, os quais evidenciaram gargalos e opor-
tunidades de aperfeiçoar o sistema, inclusive com a eliminação de etapas desnecessárias,
onerosas e burocráticas nas operações (SISCOMEX, 2019).
Diante do exposto, todas as exigências necessárias para a operacionalização do
comércio exterior deverão ser inseridas no SISCOMEX, parte integrante do Programa do
Portal Único de Comércio Exterior. O Novo Processo de Exportações promoveu simplifica-
ções nas operações, maior eficiência, integração com a Nota Fiscal Eletrônica, facilitação

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 65


no preenchimento dos dados, automatização na conferência das informações prestadas,
agilidade processual, abrangências nas licenças para mais de uma operação, Novo Sis-
tema de Controle de Carga e Trânsito Único e a eliminação de documentos por meio da
Declaração Única de Exportação (DU-E).

1.1 Declaração Única de Exportação (DU-E)

A Declaração Única de Exportação (DU-E) é um documento eletrônico, cuja finalida-


de é conter informações aduaneiras, administrativa, comercial, financeira, tributária, fiscal e
logística, que representam a operação de exportação das mercadorias com os respectivos
códigos de enquadramento. Tendo em vista o disposto na IN RFB n 1.702/2017, art. 7,
II, e Portaria Conjunta RFB/SECEX n 349/2017, a DU-E será utilizada como referência
para o despacho aduaneiro de exportação, substituindo o Registro de Exportação (RE),
Declaração de Exportação (DE), versões na web, Grande Porte e Declaração Simplificada
de Exportação (DSE).
O registro da DU-E configura a inicialização do processo de despacho aduaneiro
de exportação, será registrada via SISCOMEX por solicitação do declarante, não havendo
nenhuma irregularidade cadastral em seu nome ou nome do exportador, quando for o caso,
e que não seja constatada qualquer irregularidade sob o registro, como omissão de dados,
preenchimento com erro ou impossibilidade legal absoluta. Por sua vez, a DU-E receberá
uma numeração automática exclusiva sequencial e nacional, sendo reiniciada anualmente
(BRASIL, 2017a). Ademais, são apresentados alguns conceitos aplicados no preenchimen-
to da DU-E (Quadro 1).

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 66


Quadro 1 - Descrição das principais informações na elaboração da DU-E

Nomenclatura Informação
Pessoa responsável por apresentar a DU-E e promover o despa-
cho aduaneiro de exportação em nome próprio, caso seja o expor-
Declarante tador, ou em nome de terceiro, quando se tratar de pessoa jurídica
contratada com o objetivo de declarar. Deve estar habilitado no
SISCOMEX.
Qualquer pessoa que promova a saída da mercadoria do territó-
rio aduaneiro. Responsável pela emissão da nota fiscal quando a
Exportador
DU-E é instruída com essa nota. Deve estar habilitado no SISCO-
MEX
Pessoa física que, utilizando certificado digital, fará uso do am-
biente de operações do Portal Único SISCOMEX, com a finalidade
Usuário de operar o sistema. Deve possuir credenciamento no SISCOMEX
como representante ou responsável legal do declarante ou ser o
próprio. Exemplo de usuário: Despachante Aduaneiro
Casos em que a Matriz e filial de uma mesma empresa são con-
Exportação por conta
sideradas a mesma pessoa – para elaboração da DU-E, isto é,
própria
declarante e exportador são os mesmos.
Exportação por conta A DU-E é apresentada e o despacho aduaneiro é realizado por
e ordem de terceiro pessoa jurídica contratada sob esse fim.
Exportação por meio Declarante obrigatoriamente é uma empresa de transporte expres-
de operador de re- so internacional, respeitando a legislação específica ou a Empresa
messa expressa ou Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), cuja finalidade é promo-
postal ver o despacho em nome do exportador.
Referência Única de Código Identificador Único, cujo objetivo é ser referência para o
Carga (RUC) controle e armazenagem de cargas para a exportação.
Cada DU-E pode ser composta por um ou vários itens. DU-E ins-
Item de DU-E truída com NF-e: cada item é referente a um item da(s) NF-e DU-
E: é referente a uma única NCM.
Fonte: adaptado de Brasil (2015) e Brasil (2017a).

Estando em conformidade, segue ao desembaraço aduaneiro, cujo ato consiste


no registro da conferência aduaneira e autoriza embarque da carga aérea ou marítima ou
transposição de fronteira em casos de modais terrestres, rodoviário ou ferroviário (BRASIL,
2009a, art. 591). À mercadoria destinada à exportação fica vedado o embarque sem de-
sembaraço, sujeitando os responsáveis a sanções fiscais e administrativas. Na Figura 2 são
apresentados a interação entre a DU-E e alguns processos que envolvem o processo de
registro, verificação das informações, da mercadoria, enquadramento fiscal, entre outros.

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 67


Figura 2 - Declaração Única de Exportação (DU-E)

Fonte: adaptado de SISCOMEX (2019).

Uma inspeção visual na Figura 2 permite verificar a integração da DU-E com os


sistemas dos órgãos anuentes que emitem as Licenças, Permissões, Certificados (LPCO) e
as modalidades do regime especial de drawback, os sistemas mistos de Gestão de Riscos
(GR) e Pagamento Centralizado do Comércio Exterior (PCCE), finalizando com a integra-
ção dos Sistemas da RFB a saber: Tratamento Tributário (TT), Controle de Carga e Trânsito
aéreo, marítimo e terrestre1 (CCT) e Conferência Aduaneira (CA).
De acordo com a IN RFB n 1.702/2017, art. 67, a situação em que a DU-E não
seja selecionada no processo de parametrização nos canais laranja ou vermelho (Lem-
bre-se! Estudamos a parametrização nas exportações na Unidade III) de CA ou em caso
de seleção, entretanto após a conferência, não seja encontrada divergência, infração ou
pendência envolvendo tratamento administrativo, impeditiva de embarque, o desembaraço
aduaneiro e a autorização serão concedidos.

1 Portaria Coana nº 54/2017 dispõe sobre a utilização do módulo do CCT para o registro e recepção
em recintos aduaneiros de mercadorias a serem designadas ao despacho aduaneiro de exportação.

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 68


2 LOGÍSTICA NA EXPORTAÇÃO BRASILEIRA

2.1 SISCOSERV

Por determinação da Lei n 12.546/2011, arts. 25 a 27, foi instituída a obrigatoriedade


da prestação de contas ao MDIC sob a finalidade econômica e comercial cujas informações
são relacionadas às transações entre residentes ou domiciliados no Brasil e residentes ou
domiciliados no exterior. As operações contemplam, a saber: Serviços, Intangíveis e outras
Operações que Produzam Variações no Patrimônio (NBS) das pessoas de natureza física
e jurídica ou dos entes despersonalizados, conforme redação da Portaria MDIC n 113/2013
e IN RFB n 1.277/2012. Isso posto, ficam excluídas dessas declarações as operações de
compra e venda simples de mercadorias.
Diante o exposto, surgiu a necessidade de um sistema que agrupasse e monito-
rasse essas operações e declarações. Assim, por meio da Portaria Conjunta RFB/SCS n
1.908/2012, foi criado o Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e
Outras Operações que produzam Variações no Patrimônio (SISCOSERV).
Com a finalidade de registro no SISCOSERV foi autorizado o uso da Nomencla-
tura Brasileira de Serviços, Intangíveis e outras Operações que Produzam Variações no
Patrimônio (NBS) e as Notas Explicativas (NEBS), conforme redação dado pelo Decreto nº
7.708, de 2012.

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 69


O SISCOERV é composto por dois módulos, a saber: a) módulo de venda: cuja
finalidade é registrar as vendas efetuadas por residentes ou domiciliados no país (Brasil) a
residentes ou domiciliados no exterior, com relação às transações que contemplem servi-
ços, intangíveis e registro de outras operações que produzam variações patrimoniais das
pessoas físicas ou dos entes despersonalizados (BRASIL, 2012c, art. 3, I).
Assim sendo, pessoas físicas que prestarem serviço (intangível) no exterior, como
consultoria, elaboração de projetos (arquitetura, negócios, croquis etc.), entre outras ven-
das dessa natureza, deverão ser registradas via SISCOSERV, porque o recebimento do
pagamento em moeda estrangeira provocará variações patrimoniais. No segundo módulo
temos, b) módulo aquisição: em que são registradas as aquisições (compras) efetuadas
por residentes ou domiciliados no país de residentes ou domiciliados no exterior, referentes
às transações que compreendam serviços, intangíveis e registro de outras operações que
produzam variações patrimoniais das pessoas físicas, jurídicas ou entes despersonalizados
(BRASIL, 2012c, art. 3, II).
Ademais, as operações de compra realizadas por brasileiros no exterior, cujo obje-
tivo seja serviços intangíveis, como formação acadêmica, consultorias, auditorias, projetos,
entre outras modalidades, deverão ser registrados via SISCOSERV. Uma particularidade
da aplicação do rigor deste registro está no acesso da plataforma, que deve ser realizada
através do e-CAC da Receita Federal Brasileira, cuja finalidade é monitorar, identificar e
fiscalizar as movimentações realizadas por meio do CPF do declarante.

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 70


3 CLASSIFICAÇÃO FISCAL NA EXPORTAÇÃO

Caro(a) aluno(a), aprendemos que há regras gerais que devem ser observadas na
exportação, mas é a partir da classificação fiscal da mercadoria que serão consultadas as
tratativas aduaneiras para cada tipo de Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Antes
mesmo de começar a exportar, o interessado deve começar a classificação da mercadoria;
é somente a partir dela que é possível consultar os procedimentos a serem tomados, a
saber, podemos definir os três primeiros passos: 1) escolhe-se o produto a ser exportado;
2) classifica o número Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM); 3) consulta o tratamento
administrativo do NCM do produto. Dependendo do produto e sua classificação poderá
ser observado se aquele produto será analisado pelo INMETRO, ou pelo MAPA, ou pela
ANVISA etc.
Por sua vez, se verifica sobre as condições de exportação daquele produto, se o
país de destino está autorizado a importar o produto brasileiro, se incidiram impostos ou se
há enquadramento tarifário preferencial ou incentivos à exportação, como nas modalidades
de drawback. No passo 1, na classificação do NCM, verifica-se o tipo de produto, sua
constituição e sua finalidade (Revenda, uso e consumo ou ativo e imobilizado). É sabido
que os países possuem sua cultura e códigos linguísticos que nem os maiores linguistas do
mundo seriam capazes de entender a todos. Imagine agora relacionar cultura e produtos.
Pense em uma caneta! Simples assim. Mas nos EUA se diz “pen”, já na china se diz “bi”, ou
seja, para diminuir o número de erros é melhor tratar os produtos com códigos numéricos

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 71


em que cada um deles signifique uma coisa, como seu peso, sua composição, sua função,
sua finalidade, material constituinte etc. (SILVA, 2020).
O NCM está presente tanto na Tarifa Externa Comum (TEC) como na Tabela de
Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), podendo ser consultado no
site do MDIC. Junto ao NCM encontram-se as alíquotas de II, IPI, PIS e COFINS, além, é
claro, do manual de classificação de mercadorias, assim como o tratamento administrativo
do NCM. A Receita Federal (RF) ajuda na classificação da mercadoria por meio de consulta
pública (item a item), mas seria impossível importar se todas as vezes fosse preciso esperar
a RF classificar para o cliente os produtos, por isso, é de domínio público a lista de NCMs
dos produtos comuns nas transações de comércio exterior (BRASIL, 2014b).
Mas e os produtos que vão surgindo no decorrer do tempo? E os produtos que
deixam de existir? Bem, para esses casos, a classificação é feita por associação ou apro-
ximação de produtos. Se fosse necessário classificar um disco voador, por exemplo, não
há número de NCM para esse produto, mas há um relacionado: 8803.30.00 - Aeronaves e
aparelhos espaciais, e suas partes.
Mesmo sendo estabelecidos números para a classificação da mercadoria, na
prática é comum os fornecedores enviarem documentos com classificação distintas, pois,
muitas vezes, no país de origem o número não está atualizado ou a fiscalização é mais
branda quanto à classificação fiscal.
A saber, a classificação incorreta, para o Brasil, é passiva de multas altíssimas,
onerando o importador/exportador; este sistema é adotado segundo o Regulamento
Aduaneiro (RA), tendo em vista o disposto no Decreto n 6.759/2009, art. 90, parágrafo
único e Decreto-Lei n 1.154/1971, em que se estabelece a classificação das mercadorias
pelo Sistema Harmonizado (SH), criado pela OMC e define o tratamento administrativo.

3.1 Drawback

É um regime aduaneiro especial, cujo objetivo é incentivar as exportações e acontece


no momento da importação ou aquisição no mercado doméstico de insumos desonerado
de impostos (matérias-primas, peças, componentes que vão integrar produtos destinados
à exportação) (BRASIL, 2009a, art.383, redação dada pelo Decreto n 8.010/2013). Isso
posto, a principal finalidade desse regime, segundo Assumpção (2007), é reduzir os custos
do produto na fase de manufatura, mantendo os padrões de qualidade que o mercado inter-
nacional demanda. Dito isso, as empresas que adotam esse regime têm a oportunidade de

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 72


absorver tecnologia, novos processos que as tornem competitivas no mercado. O diagrama
do regime drawback é apresentado por meio da Figura 3.

Figura 3 - Diagrama da relação do regime drawback e órgãos intervenientes

Nota: • DECEX - Departamento de Operações de Comércio Exterior;


• RFB – Receita Federal do Brasil;
• Sefaz – Secretaria Estadual da Fazenda;
• ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária;
• BB – Banco do Brasil;
• MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
• Ministério dos Transportes passou a denominar Ministério da Infraestrutura por meio da Lei n 13.844/2019.
Fonte: adaptado de Souto e Barbosa (2011).

O regime de drawback não é considerado subsídio pelas regras acordadas da


OMC e, de acordo com a Portaria SECEX n 23/2011, seção I, art. 67, pode ser aplicado nas
modalidades a saber:
● Drawback integrado suspensão: envolve a aquisição no mercado doméstico
ou por meio de importação, de forma combinada ou não, com suspensão dos tri-
butos que incidem sobre a importação e no mercado doméstico, tendo em vista
os dispositivos legais na forma da Lei n 11.945/2009, art. 12, Lei n 12.058/2013
e Portaria Conjunta RFB/SECEX n 1.618/2014. Para efeito de comprovação da
aquisição de mercadorias nacional sob o amparo do regime terá como referência
a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) emitida pelo fornecedor e deverá ser registrada
no SISCOMEX pelo titular do ato concessório.

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 73


Na modalidade de drawback suspensão são permitidos a concessão das seguintes
operações especiais, segundo a Portaria SECEX n 23/2011, art. 69, I, II, a saber:
a) Drawback para embarcação: aplicado na operação de importação de matéria
prima utilizada em processo de industrialização de embarcação, com destino ao
mercado interno, conforme redação da Lei n 8.402/1992.
b) Drawback para fornecimento no mercado interno: é caracterizado pela
importação de matérias-primas, produtos intermediários e componentes des-
tinados à fabricação, no país (Brasil), de máquinas e equipamentos (Bens de
Capital) a serem oferecidos no mercado doméstico, em consonância de licita-
ção internacional, contra o pagamento em moeda conversível proveniente de
financiamento captados no exterior ou por meio do BNDES.

● Drawback integrado isenção: o objetivo dessa modalidade é obter a isenção


do Imposto de Importação (II), e desoneração do Imposto sobre Produtos In-
dustrializados (IPI), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(COFINS), da Contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Im-
portação (Lei n 12.350/2010 e Portaria Conjunta RFB/SECEX n 3/2010, cuja
finalidade é disciplinar a modalidade do drawback integrado isenção).
Ademais, tendo em vista o disposto na Portaria SECEX n 23/2011, art. 71, o regime
de drawback poderá ser aplicado nas operações que se caracterizem como:
a) Transformação: a que, exercida sobre a matéria-prima ou produto intermediá-
rio, importe na aquisição de espécie nova;
b) Beneficiamento: a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma,
alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto;
c) Montagem: a que consista na reunião de produto, peças ou partes e de que
resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classi-
ficação fiscal NCM;
d) Renovação ou recondicionamento: a que, exercida sobre produto usado ou
parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o
produto para utilização;
e) Acondicionamento ou reacondicionamento: a que importe em alterar a
apresentação do produto, pela colocação de embalagem, ainda que em subs-
tituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao
transporte de produto;

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 74


As modalidades de aplicação de drawback são uma alternativa para os empresários
brasileiros, cujas mercadorias industrializadas se destinam à exportação. Com a possibili-
dade de suspensão do recolhimento de tributações como II, IPI, PIS, COFINS, AFRMM e
desoneração do ICMS sob os insumos adquiridos no mercado interno ou via importação de
forma combinada ou não.

SAIBA MAIS

As empresas maquiladoras são um exemplo do beneficiamento tarifário concedido por


meio de incentivos, cuja finalidade é estimular a industrialização das mercadorias em
solo nacional, como é o caso do Paraguai que vem atraindo empresários brasileiros a
estabelecerem produção no país. O principal argumento consiste nos encargos traba-
lhistas que são da ordem de 1/3 dos custos brasileiros. Essa estratégia reduz os custos
de fabricação dos produtos, gera empregos, renda e competitividade no comércio exte-
rior.

Fonte: o autor.

REFLITA

Remessas de divisas remetidas ao exterior, com a finalidade de efetuar pagamento por


serviços prestados, são detectadas por meio do Siscoserv, facilitando a identificação,
fiscalização e combate à evasão de divisas. Essa atitude eleva os padrões brasileiros
frente à comunidade internacional como um país de credibilidade e com fundamentos
jurídicos respeitáveis, bem como o interesse e preocupação com a repressão a práticas
ilícitas, favorecendo o país em eventuais destinos para investimentos estrangeiros.

Fonte: o autor.

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 75


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), nesta unidade de Gestão de Operações de Exportação aborda-


mos a nova fase do comércio exterior brasileiro por meio da implementação do Programa
Portal Único de Comércio Exterior (Portal SISCOMEX), cuja finalidade consiste em reduzir
prazos, convergir a documentação exigida em único canal, facilitando os trâmites aduanei-
ros e a redução de custos. Aprendemos que a Declaração Única de Exportação (DU-E) foi
uma inovação no sentido de eliminar o Registro de exportação (RE) e a Declaração Expor-
tação (DE), bem como a Declaração Única de Exportação Simplificada (DES), de forma
objetiva sempre se pautando na legislação aduaneira por meio do Decreto n 6.759/2009,
INs, Portarias SECEX entre outros dispositivos legais imprescindíveis ao comércio exterior.
Adentramos sobre os conceitos e funcionalidades do sistema informatizado da Re-
ceita Federal do Brasil (RFB), SISCOSERV, cuja finalidade consiste em identificar, rastrear
e fiscalizar as movimentações (transações) entre residentes, domiciliados ou entes desper-
sonalizados de natureza física ou jurídica com o exterior em operações de compra e venda
de bens intangíveis. Um ponto importante a ser destacado é que o acesso do declarante
do sistema deve ser feito pelo e-CAC, isto é, o registro passa pelo CPF envolvido evitando
fraudes ou informações distorcidas.
Finalizamos nossa abordagem em Gestão de Operações de Exportação com a
Classificação das Mercadorias e os regimes aduaneiros especiais de drawback.

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 76


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: O Exportador: Construindo o seu Projeto de Internaciona-
lização
Autor (es): Nicola Minervini
Editora: Actual
Sinopse: Em 9 de Julho de 1991 começava a trajetória desse
livro, que em quase três décadas e seis edições tornou-se um íco-
ne na literatura do comércio exterior brasileiro, ajudando a formar
milhares de professores, consultores, e profissionais do comércio
exterior. Adotado em mais de 100 faculdades de norte a sul do Bra-
sil, é um livro que consta na bibliografia de centenas de trabalhos
de conclusão de curso e, principalmente, tem despertado a paixão
do estudo da internacionalização em muitos jovens.
Transcorridos todos esses anos, O Exportador, em sua 7ª edição,
continua tendo como diferencial seu enfoque didático, prático,
mantendo um estilo ameno, quase um “bate-papo” entre amigos.

FILME/VÍDEO
Título: Negócio das Arábias
Ano: 2016
Sinopse: Durante a recessão nos Estados Unidos, um homem
de negócios, falido, (Tom Hanks) procura recuperar suas perdas
financeiras viajando para a Arábia Saudita, a fim de vender sua
ideia “genial” para um monarca que está construindo um enorme
complexo no meio do deserto.

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 77


REFERÊNCIAS

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UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 78


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BRASIL. Decreto n 8.010, de 16 de maio de 2013. Altera o Decreto n 6.759, de 5 de fevereiro de


2009, que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a
tributação das operações de comércio exterior. Brasília, 2013a. Disponível em: http://planalto.gov.
br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D8010.htm#art1. Acesso em: jun. 2020.

BRASIL. Decreto n 8.058, de 26 de julho de 2013. Regulamenta os procedimentos administrativos


relativos à investigação e à aplicação de medidas antidumping; e altera o Anexo II ao Decreto n
7.096, de 4 de fevereiro de 2010, que aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos
Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-
mércio Exterior. Brasília, 2013. Disponível em: http://planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/
Decreto/D8058.htm#art201. Acesso em: jul. 2020.

BRASIL. Decreto n 8.229, de 22 de abril de 2014. Altera o Decreto n 660, de 25 de setembro de


1992, que institui o Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX, e dispõe sobre o Portal
Único de Comércio Exterior. Brasília, 2014a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2011-2014/2014/Decreto/D8229.htm#. Acesso em: jun. 2020.

BRASIL. Decreto n 93.941, de 16 de janeiro de 1987. Promulga o Acordo Relativo à Implemen-


tação do Artigo VI do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT). Brasília, 1987a.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/1985-1987/D93941.htm.
Acesso em: jul. 2020.

BRASIL. Decreto n 93.962, de 22 de janeiro de 1987. Promulga o Acordo Relativo à Interpretação


e Aplicação dos Artigos VI, XVI, XXIII do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT).
Brasília, 1987b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/1985-1987/
D93962.htm. Acesso em: jul. 2020.

BRASIL. Decreto-Lei n 1.154, de 1 de março de 1971. Estabelece a Nomenclatura Brasileira


de Mercadorias (NBM) baseada na Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas (NAB), adapta a Tarifa
Aduaneira a referida Nomenclatura e dá outras providências. Brasília, 1971. Disponível em: http://
planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/del1154.htm#art3 Acesso em: jul. 2020.

BRASIL. Decreto-Lei n 2.472, de 1 de setembro de 1988. Altera disposições da legislação adua-


neira, consubstanciada no Decreto-Lei n 37, de 18 de novembro de 1966, e dá outras providências.
Brasília, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del2472.
htm. Acesso em: jul. 2020.

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reorganiza os serviços aduaneiros e dá outras providências. Brasília, 1966. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0037.htm. Acesso em: jul. 2020.

BRASIL. Instrução Normativa RFB n 1.158, de 24 maio de 2011. Altera a Instrução Normativa
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BRASIL. Instrução Normativa RFB n 1.277, de 28 de junho de 2012. Institui a obrigação de pres-
tar informações relativas às transações entre residentes ou domiciliados no Brasil e residentes ou
domiciliados no exterior que compreendam serviços, intangíveis e outras operações que produzam
variações no patrimônio das pessoas físicas, das pessoas jurídicas ou dos entes despersonali-
zados. Brasília, 2012b. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.ac-
tion?visao=anotado&idAto=38212#:~:text=Institui%20a%20obriga%C3%A7%C3%A3o%20de%20
prestar,jur%C3%ADdicas%20ou%20dos%20entes%20despersonalizados. Acesso em: jul. 2020.

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 79


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BRASIL. Instrução Normativa RFB n 1.603, de 15 de dezembro de 2015. Estabelece procedi-


mentos de habilitação de importadores, exportadores e internadores da Zona Franca de Manaus
para operação no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e de credenciamento de
seus representantes para a prática de atividades relacionadas ao despacho aduaneiro. Brasília,
2015. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=70354.
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BRASIL. Instrução Normativa RFB n 1.702, de 21 de março de 2017. Disciplina o despacho


aduaneiro de exportação processado por meio de Declaração Única de Exportação (DU-E). Brasília,
2017a. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anota-
do&idAto=81483#:~:text=IN%20RFB%20N%C2%BA%201702%20%2D%202017&text=Discipli-
na%20o%20despacho%20aduaneiro%20de,Exporta%C3%A7%C3%A3o%20(DU%2DE). Acesso
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BRASIL. Instrução Normativa RFB n 1.742, de 22 de setembro de 2017. Altera a Instrução Nor-
mativa SRF nº 28, de 27 de abril de 1994, a Instrução Normativa RFB nº 1.381, de 31 de julho de
2013, e a Instrução Normativa RFB nº 1.702, de 21 de março de 2017. Brasília, 2017a. Disponível
em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=86522.
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BRASIL. Instrução Normativa SRF n 28, de 27 abril de 1994. Disciplina o despacho aduanei-
ro de mercadorias destinadas à exportação. Brasília, 1994. Disponível em: http://normas.receita.
fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=13448&visao=original#:~:text=IN%20SRF%20N%-
C2%BA%2028%20%2D%201994&text=Disciplina%20o%20despacho%20aduaneiro%20de%20
mercadorias%20destinadas%20%C3%A0%20exporta%C3%A7%C3%A3o.&text=Art.,sujeita%20
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mas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=15544&visao=anotado#:~:text=IN%20
SRF%20N%C2%BA%20611%20%2D%202006&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20utiliza%-
C3%A7%C3%A3o%20de%20declara%C3%A7%C3%A3o%20simplificada%20na%20importa%-
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pios - FPM, no exercício de 2009, com o objetivo de superar dificuldades financeiras emergenciais
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UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 80


BRASIL. Lei n 12.350, de 20 de dezembro de 2010. Dispõe sobre medidas tributárias referentes
à realização, no Brasil, da Copa das Confederações Fifa 2013 e da Copa do Mundo Fifa 2014;
promove desoneração tributária de subvenções governamentais destinadas ao fomento das ativi-
dades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica nas empresas; altera as
Leis nos 11.774, de 17 de setembro de 2008, 10.182, de 12 de fevereiro de 2001, 9.430, de 27 de
dezembro de 1996, 7.713, de 22 de dezembro de 1988, 9.959, de 27 de janeiro de 2000, 10.887, de
18 de junho de 2004, 12.058, de 13 de outubro de 2009, 10.865, de 30 de abril de 2004, 10.931, de
2 de agosto de 2004, 12.024, de 27 de agosto de 2009, 9.504, de 30 de setembro de 1997, 10.996,
de 15 de dezembro de 2004, 11.977, de 7 de julho de 2009, e 12.249, de 11 de junho de 2010, os
Decretos-Leis nos 37, de 18 de novembro de 1966, e 1.455, de 7 de abril de 1976; revoga dispositivos
das Leis nos 11.196, de 21 de novembro de 2005, 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, 9.718, de 27
de novembro de 1998, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003; e dá outras providências. Brasília,
2010a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12350.htm.
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BRASIL. Lei n 12.546, de 14 de dezembro de 2011. Institui o Regime de Reintegração de Valores


Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra); dispõe sobre a redução do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) à indústria automotiva; altera a incidência das contribuições previ-
denciárias devidas pelas empresas que menciona [...]. Brasília, 2011a. Disponível em: https://www.
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BRASIL. Lei n 12.995, de 18 de junho de 2014. Prorroga o prazo para a destinação de recursos
aos Fundos Fiscais de Investimentos, altera a legislação tributária federal; altera as Leis nºs 8.167,
de 16 de janeiro de 1991, 10.865, de 30 de abril de 2004, 12.350, de 20 de dezembro de 2010,
12.546, de 14 de dezembro de 2011, 12.859, de 10 de setembro de 2013, 9.818, de 23 de agos-
to de 1999, 11.281, de 20 de fevereiro de 2006, 12.649, de 17 de maio de 2012, 12.402, de 2 de
maio de 2011, 11.442, de 5 de janeiro de 2007, 9.718, de 27 de novembro de 1998, 12.865, de 9
de outubro de 2013, 12.599, de 23 de março de 2012, 11.941, de 27 de maio de 2009, e 12.249,
de 11 de junho de 2010; altera as Medidas Provisórias nºs 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, e
2.199-14, de 24 de agosto de 2001; revoga dispositivos do Decreto-Lei nº 1.437, de 17 de dezembro
de 1975, e das Leis nºs 11.196, de 21 de novembro de 2005, 4.502, de 30 de novembro de 1964,
11.488, de 15 de junho de 2007, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003; e dá outras providências.
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9.069, de 29 de junho de 1995, 11.457, de 16 de março de 2007, 9.984, de 17 de julho de 2000,
9.433, de 8 de janeiro de 1997, 8.001, de 13 de março de 1990, 11.952, de 25 de junho de 2009,
10.559, de 13 de novembro de 2002, 11.440, de 29 de dezembro de 2006, 9.613, de 3 de março de
1998, 11.473, de 10 de maio de 2007, e 13.346, de 10 de outubro de 2016; e revoga dispositivos
das Leis nos 10.233, de 5 de junho de 2001, e 11.284, de 2 de março de 2006, e a Lei nº 13.502,
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UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 82


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à capacitação de fornecedores, insumos estratégicos e ferramentaria, solicitação de habilitação, re-
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UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 84


CONCLUSÃO

Prezado(a) aluno(a),

Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos e fundamentos


acerca da Gestão de Operações de Exportações. Para tanto, apresentamos a hierarquia
dos órgãos intervenientes do Comércio Exterior brasileiro; neste aspecto acreditamos que
tenha ficado clara a importância em conhecer as principais instituições governamentais
responsáveis pelos processos que envolvem os trâmites aduaneiros, as modalidades de
pagamentos nas exportações e a influência da variação cambial sobre as negociações. Por
sua vez, aprendemos as características do Tratamento administrativo adequado às opera-
ções de exportações, bem como as condições necessárias para exportação de materiais
usados, tendo em vista o disposto na legislação aduaneira.

Destacamos também a importância sobre as políticas aduaneiras, enunciado por


meio dos acordos comerciais e blocos econômicos e a participação brasileira em negocia-
ções bilaterais e multilaterais. Vimos a necessidade em se conhecer sobre as modalidades
de exportação e o fluxo de despacho aduaneiro, cuja finalidade envolve a saída definitiva
da mercadoria do território nacional comprovada pela averbação de embarque.

Apresentamos também os aspectos tributários que envolvem as operações de ex-


portação e descobrimos, por meio da legislação, que há métodos, estratégias e incentivos
para a isenção, suspensão e desoneração dos impostos como medida de incentivo aos
empresários que destinam os produtos à exportação. Aprendemos sobre a necessidade
de o país deter uma sólida defesa comercial, com transparência jurídica e bem negociada
com os países parceiros para reduzir os efeitos de práticas desleais de comércio através
de dumping ou subsídios sobre sua indústria doméstica e preservar empregos e salários.
Adentramos sobre os significados de Incoterms, termos internacionais cujas atribuições en-
volvem as condições de exportação e importação condicionando seus direitos e obrigações
fundamentais.

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 85


Contemplamos em nossos estudos a nova abordagem acerca da inserção dos
dados e informações nos sistemas da Receita Federal do Brasil (RFB) por meio do SISCO-
SERV para transações entre residentes, domiciliados e entes despersonalizados no Brasil
e exterior, aprendemos sobre o Programa Portal Único do Comércio Exterior e acerca da
Declaração Única de Exportação (DU-E) cuja aplicação substitui o Registro de Exportação
(RE), Declaração de Exportação (DE) e Declaração de Exportação Simplificada (DES),
processo que chegou para reduzir prazos, facilitar as transações e reduzir custos, bem
como reduzir o imbróglio burocrático inerente as operações de exportações e importações
realizadas no Brasil.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

UNIDADE IV Diferenciais na Exportação 86

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