Você está na página 1de 96

Legislação Aduaneira

e Tributária
Professor Me. Alexsandro Cordeiro Alves da Silva
Diretor Geral
Gilmar de Oliveira

Diretor de Ensino e Pós-graduação


Daniel de Lima

Diretor Administrativo
Renato Valença Correia

Coordenador NEAD - Núcleo


de Educação a Distância
Jorge Van Dal

Coordenador do Núcleo de Pesquisa


Victor Biazon
UNIFATECIE Unidade 1
Secretário Acadêmico Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
Tiago Pereira da Silva
(44) 3045 9898

Projeto Gráfico e Editoração UNIFATECIE Unidade 2


André Dudatt Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Revisão Textual Paranavaí-PR
Beatriz Longen Rohling (44) 3045 9898
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Caroline da Silva Marques
Geovane Vinícius da Broi Maciel UNIFATECIE Unidade 3
Jéssica Eugênio de Azevedo Rua Pernambuco, 1.169,
Kauê Berto Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
Web Designer
Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102,
FICHA CATALOGRÁFICA Saída para Nova Londrina
UNIFATECIE - CENTRO UNIVERSITÁRIO EAD. Paranavaí-PR
Núcleo de Educação a Distância; (44) 3045 9898
SILVA, Alexsandro Cordeiro Alves da.

Legislação Aduaneira e Tributária. www.unifatecie.edu.br/site


Alexsandro. Cordeiro Alves da Silva.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 96 p.
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária do site ShutterStock
Zineide Pereira dos Santos.
AUTOR

Professor Me. Alexsandro Cordeiro Alves da Silva


• Mestre em Desenvolvimento de Tecnologia, UFPR/Lactec (Universidade Fede-
ral do Paraná);
• Licenciado em Letras - Port./Inglês Plena, UEM (Universidade Estadual de
Maringá);
• Bacharel em Administração, FAPAN (Faculdade de Paraíso do Norte);
• Graduando em Pedagogia, UniFCV (Centro Universitário Cidade Verde);
• Graduando em Ciências Econômicas, UniFCV (Centro Universitário Cidade
Verde);
• Especialização em Comércio Exterior pela UNIFAMMA (União de Faculdades
Metropolitanas de Maringá);
• Docente do Curso de Direito, Administração, Marketing, Logística, Ciências
Econômicas, Processos Gerenciais, Letras, Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo e Ciências Contábeis da UniFCV;
• Coordenador do Curso de Administração presencial/EAD (UniFCV);
• Coordenador do Curso de Ciências Econômicas presencial/EAD (UniFCV);
• Coordenador do Curso de Letras presencial/EAD (UniFCV);
• Coordenador do Curso de Marketing presencial/EAD (UniFCV);
• Coordenador do Curso de Logística presencial/EAD (UniFCV);
• Coordenador do Curso de Empreendedorismo presencial/EAD (UniFCV);
• Coordenador do Curso de Comércio Exterior EAD (UniFCV);
• Coordenador Científico em Ciclos de Estudos do UniFCV;
• Gestor Educacional do Colégio Axia;
• Docente de Pós-Graduação no Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV).

Ampla experiência como analista de Comércio Exterior (10 anos), produtor de ma-
terial didático, tradutor, coordenação de cursos superiores e grupos de estudos.

Currículo: http://lattes.cnpq.br/8228698800793385
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo(a)!


Prezado(a) aluno(a), é sempre um prazer falar com você que quer saber mais
sobre comércio exterior! Aqui você pode encontrar reflexões e análises sobre a legislação
aduaneira. Sempre que falamos de legislação é um tema bem complexo, pois envolve um
processo de leis e atualizações de leis, por isso, sempre que precisar é importante buscar
e verificar se as leis previstas neste material ainda estão vigentes.
Na Unidade I iniciaremos nosso trajeto pelo fundamento da legislação, ou seja,
quais leis bases servem como respaldo para as demais, as particularidades e as especifi-
cidades de cada departamento envolvido no processo de importação e exportação, além
disso, vamos descrever as atividades aduaneiras e as naturezas tributárias, assim como os
principais impostos incidentes na importação e exportação, além dos conceitos de naciona-
lização e desembaraço de mercadorias.
Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre as franquias adua-
neiras, ou seja, trataremos dos portos e aeroportos que também são considerados como
recintos alfandegados, continuares as definições sobre zonas francas e daremos ênfase
na Zona Franca de Manaus (ZFM) e as principais características e benefícios das zonas
francas pelo mundo. Por fim, relataremos também sobre as áreas de livre comércio e sua
importância para o sistema de comércio exterior brasileiro.
Na sequência, nas Unidades III e IV, trataremos das peculiaridades das infrações,
delitos e fraudes que acontecem nas importações e exportações brasileiras. Mais espe-
cificamente, na última unidade falaremos também do papel do profissional de comércio
exterior na tomada de decisão e na análise da classificação fiscal de mercadoria, regimes
especiais e atípicos, documentações e processos de importação e exportação.
Esperamos contribuir para o seu crescimento profissional e aguçar a vontade de
continuar na busca do conhecimento. Seja curioso(a), cada assunto tratado neste material
abre a possibilidade de muita pesquisa e temos certeza que você estará à frente no mer-
cado de trabalho.

Muito obrigado e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 6
Fundamentos da Legislação

UNIDADE II.................................................................................................... 28
Franquias Territoriais

UNIDADE III................................................................................................... 44
Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação

UNIDADE IV................................................................................................... 64
Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária,
Documental e Operacional
UNIDADE I
Fundamentos da Legislação
Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves

Plano de Estudo:
• Fato aduaneiro e realidade aduaneira
• Atividades aduaneira
• Tributos aduaneiros
• Políticas Brasileira de Comércio Exterior
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar sobre aduana e alfândega
• Compreender os tipos de tributos no comércio exterior
• Rever as políticas Brasileiras no Comércio Exterior

6
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à primeira unidade da apostila.


Vamos dar início ao estudo sobre os Fundamentos da legislação. Essa é uma área
do conhecimento que estuda as regras e implicações da importação relacionada com o
Comércio Exterior, quase todas as regras também são aplicadas à exportação. A legislação
aduaneira não é nova, entretanto é nela que se baseiam todos os processos de importação
e exportação do país, a saber, a legislação é única, mas os decretos, Instruções Normati-
vas, leis e pareceres é que ajudam o comércio exterior na contínua busca pela organização
do sistema alfandegário.
Visando o crescimento das importações, mas dentro dos controles fronteiriços,
foram estabelecidas regras de importação para que os órgãos responsáveis pudessem ter
maior controle dos processos e dos produtos importados. Após a verificação da necessida-
de de parâmetros que respeitassem as normas internacionais da Organização Mundial do
Comércio (OMC), surgiram legislações específicas para determinados tipos de produtos e
serviços. É no Decreto nº 6759, Planalto, que teremos a base de nossas reflexões. Ainda,
nesta legislação teremos os órgãos que atuam na área de comércio exterior brasileiro.
De início, vamos tratar das condições aduaneiras brasileiras, legislação aduaneira,
direito aduaneiro, e falaremos sobre os temidos impostos e tributos envolvidos na importa-
ção e exportação. Por fim, veremos também algumas restrições e barreiras alfandegárias
que a constituição prevê. Em seguida, serão apresentadas as legislações específicas para
acordos internacionais, os conceitos de nacionalização e também de importação.

Desejamos um ótimo estudo!

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 7


1. FATO ADUANEIRO E REALIDADE ADUANEIRA

O fato aduaneiro foi desenvolvido para dar agilidade e porta de entrada e saída de
mercadorias para diversos fins. Para início, é importante entender que fato aduaneiro é a
necessidade de um departamento inserido em cada alfândega brasileira para a agilidade
na fiscalização. Quem faz parte do fato aduaneiro são os órgãos governamentais. É na
aduana que teremos toda mercadoria importada ou exportada sendo verificada, analisada
e liberada para as devidas finalidades.
Entretanto a realidade aduaneira é outra. O que deveria ser agilidade se tornou um
sistema moroso em que cada processo de importação ou exportação demora em média 20
dias para concluir. Essa realidade aduaneira é diferente de outros países que buscam agili-
zar em apenas algumas horas o desembaraço aduaneiro. Nesse sentido, vamos diferenciar
cada setor e tratar das particularidades de cada setor e legislação aduaneira. Incluiremos
também em nossas discussões as questões do Direito Aduaneiro.

1.1. Alfândega ou Aduana


Segundo Assumpção (2007), o conceito de aduana é semelhante a Alfândega (do
árabe: ‫ ;قدنفلا‬transl.: al-fundaq, “hospedaria”, “estalagem”) ou aduana (do árabe: ‫;ناويدلا‬
transl.: ad-dīwān, “registro”, “escritório”). Para a autora, trata-se de uma repartição governa-
mental e oficial para o controle de movimentos de entrada e saída de mercadorias do país,
ou seja, importações (entradas) e exportações (saídas).

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 8


Como já visto durante o curso, é inclusive nesse local (aduana) que os órgãos
anuentes e intervenientes, como Receita Federal e Estadual, dentre outros, fazem a ve-
rificação das condições da mercadoria. É importante ressaltar que esses órgãos tratam
apenas da fiscalização de produtos e serviços e não do controle de tráfego de pessoas,
para isso, há outras regras e legislações, regidas pela polícia de fronteira.
É nesse “escritório” que são cumpridas as regras dispostas no decreto 6759/09,
e é na alfândega (local de hospedagem) que são armazenados os produtos que serão
exportados ou importados. Pensando assim, é por isso que se denomina a legislação de
importação como legislação aduaneira, ou seja, órgãos governamentais fazendo cumprir
determinações legais do país sobre determinado processo de importação. Já a estocagem
e o armazenamento podem ser contemplados pela legislação aduaneira, possuindo, assim,
as regras alfandegárias de armazenagem, como local propício para determinados produtos
perecíveis, perigosos, muito pesados, muito leves etc.
Na organização geral e fiscalização das aduanas encontramos a Secretaria da
Receita Federal do Brasil, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, ambos estipulados
com os devidos poderes no Regulamento aduaneiro do Brasil (dec. 6759/09).

1.2. Conceito e Natureza do Direito Aduaneiro


Entendido o que é aduana e alfândega, você precisa saber que há uma área do
direito que se dedica às questões do trânsito de mercadoria e de pessoas. Sim, você leu
corretamente! O conceito é o mesmo para pessoas e produtos, a diferença é que os produ-
tos serão comercializados ao chegar a seu destino e as pessoas entram e saem do país por
diversos motivos, mas é o direito aduaneiro que estabelece regras de trânsito entre países.
De modo geral, podemos entender como um conjunto de normas que julgam e
disciplinam o tráfego de pessoas, produtos ou serviços e também a fiscalização e cum-
primento das leis nacionais e internacionais. Para cada caso, como supracitado, deverá
ser consultada a legislação específica, principalmente de produtos e serviços controlados
pelos órgãos anuentes. A relação aduaneira será entre países, entre empresas e governo
e também entre empresas e consumidor final.
Antes de prosseguirmos, é extremamente importante que você, estudante, entenda
a lógica e organização de atuação aduaneira na gestão da operação de importação. Sa-
bendo quais órgãos estão envolvidos na aduana e seus processos, ficará mais fácil saber
a quem recorrer nos casos de organização de uma importação.

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 9


No mesmo decreto 6759/09 estão esclarecidos os órgãos intervenientes e os
anuentes. Os intervenientes têm relacionamento com comércio exterior de alguma forma,
mas nem sempre são impeditivos de importação (banco do exportador, vendedor, des-
pachante, dentre outros); nem sempre trabalham somente com comércio exterior. Já os
anuentes legislam e têm papel de permitir a importação, ou seja, diretamente ligado à
importação (órgãos como DECEX, MAPA, EXÉRCITO, dentre outros).

1.3. O Direito Aduaneiro Brasileiro e Atividade Aduaneira


O direito aduaneiro atua, por meio de profissionais de comércio exterior e advo-
gados, analisando as leis e normas que regem a entrada e saída de mercadorias do país.
No Brasil, a grande batalha está na burocracia, pois com o aumento de importações e
exportações durante as décadas, o país passou a se tornar pouco eficiente na liberação
de mercadorias. Por isso, o direito aduaneiro vem impetrar a análise da legislação e dá
pareceres sobre os processos de importação e importação.
Para Sosa (2008) apud TREVISAN (2008 p. 24),
Exercício do Poder de Soberania é atividade estatal típica, e como tal, dotada
de um poder capaz de impor o interesse do Estado aos particulares. Em
verdade é a Alfândega que primeiro exerce, em tempos normais, o poder
de soberania. Tal se manifesta, com efeito, através do controle aduaneiro
exercido sobre veículos que demandam território sob jurisdição política de
um determinado Estado. Pode a Alfândega, nesse mister, abordar o veículo
para exigir-lhe contas dos efeitos comerciais que transporta, indagar sobre
seu destino, vistoriá-lo e, em casos justificados, até arrestar cargas que
porventura não estejam devidamente documentadas. Em contrapartida,
nenhum veículo sairá do território, conduzindo ou não cargas, sem prévia
autorização aduaneira. (TREVISAN, 2008 p. 24)

Nesse sentido, conforme expressado na citação, a autorização de fluxo é dada pe-


los responsáveis aduaneiros. No Brasil, esse papel fica a cargo dos órgãos governamentais
(anuentes e intervenientes).
Os órgãos anuentes trabalham diretamente no país em que a mercadoria se
encontra no momento da análise, por isso, a estrutura do comércio no Brasil tem como
seu maior organizador o próprio governo. Já os demais órgãos analisam os produtos e
comparam com a legislação. Por exemplo, se um importador está trazendo um cavalo, será
de responsabilidade do importador, juntamente com o Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento (MAPA), verificar a classificação e após a permissão, trazer a mercadoria –
sempre respaldado pela legislação aduaneira.
No direito aduaneiro brasileiro englobam-se: Conselho Monetário Nacional (CMN),
Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), Ministério das Relações Exteriores (MRE), Mi-

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 10


nistério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) – atual Ministério da Economia,
Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Ministério da Fazenda (MF) –, Ministério das Co-
municações (MC), Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento (MAPA), Agência
de Promoção de Exportações S/A (APEX), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE), Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação S/A (SBCE), Con-
federação Nacional da Indústria (CNI), Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB),
Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX), Federações Estaduais,
Câmaras de Comércio, dentre outros.
Ainda, cada órgão citado pode se subdividir, dependendo da necessidade e da
legislação. Obviamente você não precisa saber de todos eles, mas é importante saber que
cada um desses setores é um órgão responsável para determinadas ações na importação.
Nem sempre todos os órgãos estarão envolvidos em todas as importações, mas depen-
dendo do tipo de produto será necessário verificar com esses departamentos o que deve
fazer para que o processo de importação não seja barrado no momento da entrada no país.
Todos eles estão interligados e respondem à legislação aduaneira e é na aduana que serão
efetivamente observados.

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 11


2. ATIVIDADE ADUANEIRA

As atividades aduaneiras mostram o poder de controle do país. Desta feita, são


os países que, de acordo com suas legislações, preveem as questões sobre o comércio
exterior nacional, validam normas e regulamentos, cumprem leis nacionais e internacio-
nais e controlam a entrada e saída de mercadorias. Essas atividades visam, no primeiro
momento, o combate a fraudes, doenças, pandemias, drogas, armas, tráfico de pessoas e
animais, defesa do patrimônio histórico, materiais perigosos ou contaminantes e alimentos
e bebidas danosas à saúde.
De acordo com Sosa (2008) apud TREVISAN (2008 p. 24) as atividades aduaneiras
servem para
O Controle Aduaneiro de Mercadorias. Também as mercadorias destinadas
ao país, ou dele egressas, submetem-se ao controle aduaneiro. Os objetivos
desse controle são múltiplos, como, por exemplo, verificar se as mercadorias
objeto de importação ou exportação podem, efetivamente, ser transaciona-
das, e se podem ingressar ou sair do território nacional. Com efeito, os Esta-
dos poderão vir a proibir ingressos de mercadorias consideradas danosas à
saúde e à ordem públicas, ou admiti-las sob severas condições de controle
sanitário ou de segurança. Também podem decretar proibições por razões
políticas, em razão da origem da mercadoria ou país de procedência. Essas
proibições poderão ser definitivas ou temporárias, absolutas ou relativas,
dizendo se então, que esta ou aquela operação está proibida ou suspensa.
(TREVISAN, 2008 p. 24)

Considerando isso, países como o Brasil coordenam as ações dos portos e aero-
portos para que eles se transformem não somente em alfândegas (transito e armazenagem)
de mercadorias, mas também atuem mundialmente com regras e atividades coordenadas.

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 12


Para isso, há acordos e facilitações aduaneiras, visando a entrada de mercadoria mais
flexível, o que não significa que sejam normas e legislações rígidas, mas sim coordenadas
e coerentes entres os países.
A atuação da aduana não é no sentido de impedimento da mercadoria e sim de fis-
calização, se todos os documentos e mercadoria estão seguindo normas preestabelecidas.
O fluxo da mercadoria é o alvo principal, logo, as questões tributárias não deveriam ser
impedimentos para que a mercadoria seguisse seu fluxo.

2.1. Natureza das Normas Aduaneiras


Se você é um(a) estudante atento(a), já deve ter notado que a legislação aduaneira
segue um fluxo que culmina no órgão máximo legislador, a Presidência da República. É ela
que atua diretamente com a finalidade de legislar as questões aduaneiras, sempre atenta
às orientações da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Vale a pena relembrar que a natureza legal das normas aduaneiras parte de um
decreto “mãe” de todas as demais oriundas. Trata-se do Decreto nº 6759 de 5 de fevereiro
de 2009, que “regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o
controle e a tributação das operações de comércio exterior”.
Podemos entender a estrutura operacional hierárquica da seguinte maneira:

Figura 1 - Estrutura da Presidência da República na aduana

Fonte: o autor.

A presidência da república (Figura 1) estabelece e assina decretos sobre a importa-


ção e exportação interna de acordo com a legislação nacional e internacional. O Ministério
das Relações Exteriores (MRE ou Itamaraty) está diretamente ligado às relações inter-
nacionais e é responsável pelas políticas internacionais (Bilateral, regional e Multilateral).

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 13


Já o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) atua nas políticas de
desenvolvimento do comércio exterior.
Por sua vez, o Ministério da Fazenda formula e regulamenta as políticas econô-
micas do país, ou seja, é um órgão administrativo do comércio exterior; é nele que estão
os órgãos relacionados ao fisco, como Receita Federal (responsável também pela vistoria
e parametrização da mercadoria) e BACEN (responsável pelas verificações de contratos,
câmbio e pagamentos). Estes últimos são responsáveis pela parte tributária da União.
As normativas é que estabelecem critérios na importação aduaneira de determina-
dos produtos. Dependendo do tipo de tratamento administrativo é que teremos que observar
a Instrução Normativa (IN) para a importação de determinado produto.

2.2. Conceito de Importação


Historicamente, a primeira relação de comércio se deu em 1808, com o Decreto de
Abertura dos Portos às Nações Amigas, também conhecido como Carta Régia, promulgada
pelo Príncipe-regente de Portugal, Dom João de Bragança. Desde então, a importação
passou por inúmeras mudanças, seja pelos tipos de mercadorias, seja pelas tramitações
legais.
Fontes (2018) descreve a importação como sendo o processo de entrada de pro-
dutos originários de outro país. Além disso, com as modificações que o comércio exterior
passou, podemos definir também como a entrada de mercadorias, bens e serviços que
visam fatores comerciais e respaldados pelas leis fiscais. Todo processo de importação
deve passar pelo processo de nacionalização, ou seja, em relações comerciais entre paí-
ses, somente na importação será possível trazer uma mercadoria para ser comercializada.
Na importação, devem-se observar alguns critérios, como condições comerciais,
condições de armazenagem e transporte, legislações específicas de cada produto por meio
do tratamento administrativo, negociações internacionais e cambiais, viabilização por meio
da previsão de despesas, dentre outros.

2.3. Conceito de Nacionalização


Nacionalizar os produtos e serviços é passá-los por um processo burocrático de
verificação e fiscalização. Em suma, assim que a mercadoria chega no Brasil, passa a
ser considerada em entreposto, ou seja, não é nem nacional e nem internacional. Nesse
momento fica armazenada no recinto alfandegário para que seja vistoriada pelos órgãos
competentes. Somente após o pagamento dos impostos e cumprida às exigências é que a
mercadoria pode ser considerada nacional e seguir o destino para a empresa do importador.

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 14


Entretanto para determinados produtos essa liberação pode ser condicionada à verificação
ainda na empresa importadora, como é o caso de máquinas e bebidas. O outro nome dado
para a nacionalização da mercadoria é desembaraço aduaneiro.
Conforme o decreto 6759/09, para a nacionalização da mercadoria há a necessi-
dade de apresentação de documentos obrigatórios que devem acompanhar a mercadoria,
citamos: Certificado de origem, Packing list ou romaneio, Proforma Invoice, Conhecimento
de embarque e Licenciamento de Importação (LI), se for o caso. Segundo a legislação
6759/09, é no momento da nacionalização que também devem ser recolhidos todos os
tributos e taxas referentes à importação.

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 15


3. TRIBUTOS ADUANEIROS

Como visto durante o curso, vale relembrar que o momento do recolhimento dos
tributos de importação (Imposto de Importação - II, Imposto sobre Produtos Industrializados
- IPI, Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS e Taxa de Utilização do Siscomex) está
previsto na Instrução Normativa SRF nº 98, de 29 de dezembro de 1997, e estabelece que
sempre será o momento do registro da Declaração de Importação (DI), já o ICMS é no
momento da liberação da mercadoria, quando ela poderá circular em território nacional.
Trataremos na unidade IV das especificações de cada tributo, mas, de modo geral,
os tributos aduaneiros são: Imposto de Importação (II): com base na Lei nº 3.244, de 14 de
agosto de 1957; Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): estabelecido no Decreto
nº 7.212, de 15 de junho de 2010; Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS): com base na Lei Complementar
nº 7, de 7 de Setembro de 1970, (PIS) e Lei Complementar nº 70, de 30 de Dezembro de
1991 (COFINS); Taxa de Utilização do Siscomex (TUS): de acordo com o Decreto n° 660,
de 25.9.92.
Na sequência temos o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação
de Serviços (ICMS): primeiramente deve ficar claro que o ICMS é um imposto estadual,
logo trataremos aqui das regras gerais e você precisará consultar as alíquotas do ICMS
de seu estado; a regra do ICMS do Paraná, por exemplo, está respaldada no Decreto nº
7.871, de 2017. Esse imposto incide sobre a circulação de mercadorias devido ao transpor-

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 16


te interestadual e intermunicipal para “qualquer que seja a sua finalidade, por pessoa física
ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto” e é de responsabilidade
de cada estado, conforme ratificado na Lei Complementar nº 114, de 16 de dezembro de
2002; e AFRMM: o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM)
está previsto no Decreto-lei nº 2.404/1987 e respaldado pela Lei nº 10.893/2004 (alterações
trazidas pelas Leis nº 12.599/2012 e 12.788/2013).

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 17


4. POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR

Podemos observar que a história e o comércio internacional andam juntos. Se


considerarmos o final da Segunda Guerra Mundial (1942), justamente por não estar di-
retamente envolvido na guerra, teve uma manutenção positiva do comércio internacional
de importação e exportação. O café, por exemplo, teve grande importância para que o
crescimento de vendas fosse alcançado, ou seja, somente com o café foi um acréscimo
de 70% da exportação no período pós-guerra. Entretanto, com uma inflação de 14,6% em
1946, o Brasil focou em reestabelecer a ordem interna.
Nessa época, observa-se que surgiram as primeiras regras de acordos e restrições
para que a exportação de café fosse controlada e que a demanda interna não sofresse
tanto impacto, o que culminou anos demais em uma demanda interna saturada e o governo
tomando atitudes drásticas para a elevação do preço de produtos que outrora eram expor-
tados. Em 1953, o Brasil passa a ter regras mais severas e taxações de seus produtos e
múltiplas taxas cambiais.
Com a criação da Organização Mundial do Comércio (OMS), em 1995, ficou mais
claro que a política nacional deveria seguir critérios internacionais, dessa feita, o que já
estava acontecendo foi formalizado por meio dos acordos e tratados internacionais. Vamos
analisar alguns acordos e tratados que auxiliaram na efetivação da política nacional de
comércio exterior.

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 18


4.1. Tratados, Convenções e Outros Atos Internacionais
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), desde 1990, atua para que o Bra-
sil tenha planejamento estratégico na comercialização e a redução de barreiras, em sua
maioria a redução tarifária, entre países com relacionamento comercial. Além das reduções
tarifárias, os acordos estabelecem regras e disciplinas, condições iguais de competição em
mercados estratégicos, maior participação do Brasil nas cadeias de produção internacional
e maior acesso ao conhecimento de novas tecnologias.
Tem como objetivo também as reformas domésticas, maior produtividade em escala
e redução do custo de produção e, finalmente, a competitividade. Os acordos servem para
a não discriminação de produtos oriundos do Brasil. Os acordos comerciais recentemente
analisados pela CNI são:

Quadro 1 - Principais acordos, tratados e convenções com o Brasil

ENVOLVIDOS OBJETIVO
Defender a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia
União Europeia com a inclusão dos pleitos de maior impacto para a indústria, sobretudo
em acesso a mercados e regras de origem.
Defender a conclusão de um acordo de livre comércio ou de um acordo
parcial – o mais amplo possível na cobertura de bens – que inclua regras
México de origem satisfatórias para a indústria e capítulos sobre barreiras
técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias, compras governamentais,
facilitação de comércio e serviços.
Defender a importância do Mercosul para a indústria; apresentar e
defender propostas para influenciar e estimular o avanço da agenda
econômica e comercial do bloco, em particular para a ampliação do livre
Mercosul
comércio intrabloco e negociação de acordos em serviços e facilitação
de comércio; e defender o aperfeiçoamento da governança técnica e
administrativa do Mercosul.
Apresentar e defender propostas para o aprofundamento da integração
entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, prioritariamente em acumulação
Aliança do Pacífico
de origem e facilitação de comércio; e defender o aprofundamento dos
acordos bilaterais com o México e a Colômbia.
Defender o lançamento de negociações para acordos de livre comércio
Estados Unidos e com os Estados Unidos e o Japão com base nos roadmaps apresentados
Japão pelo setor privado brasileiro e pelas suas contrapartes americana e
japonesa.
Elaborar posicionamento para a defesa da abertura comercial do
Tarifa Externa Co- Brasil via acordos comerciais e, em paralelo, avaliar as opções para
mum do Mercosul a racionalização da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul e suas
exceções, com o intuito de aumentar a competitividade industrial.

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 19


Elaborar e apresentar propostas que contribuam para a acessão do
Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), sobretudo nos temas de comércio, investimentos e tributação
OCDE
internacional; e defender, junto às congêneres da Confederação Nacional
da Indústria (CNI) no exterior, o apoio dos seus respectivos governos
para o processo de acessão do Brasil.
Fonte: o autor.

Embora os acordos supracitados estejam em andamento, sempre antes da impor-


tação é importante consultar a vigência dos acordos internacionais, uma vez que os eles
têm características específicas e prazos limitados por decreto, ou seja, vigoram por um
determinado tempo e posteriormente são renovados ou atualizados, conforme o caso.
Os acordos mais comuns firmados pelo Brasil são Mercado Comum do Sul (MER-
COSUL), Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), Acordo de Livre Comércio
da América do Norte (NAFTA), Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP),
Sistema Geral de Preferências (SGP), Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC).
Já os acordos comerciais e negociações internacionais são os estabelecidos com a Organi-
zação Mundial do Comércio (OMC), União Europeia (EU), UNCTAD, Área de Livre Comércio
das Américas (ALCA), Ministério da Economia e o Grupo dos 77. Todos os acordos estão
disponíveis nos canais eletrônicos e também em legislações específicas.
Já nos acordos com preferência tarifária destacamos os de Regimes de Origem,
Certificado de Origem, Certificado de Origem Digital (COD), ABC das Regras de Origem e
Pesquisa de Mercado. Caso queira consultar o que prevê cada um deles, é importante que
leia os acordos na íntegra.
Os acordos firmados exclusivamente com países são: Acordo de Sementes entre
países da ALADI (AG-02), Acordo de Bens Culturais entre países da ALADI (AR-07), Brasil -
Uruguai (ACE-02), Brasil - Argentina (ACE-14), Mercosul (ACE-18), Mercosul - Chile (ACE-
35), Mercosul - Bolívia (ACE-36), Brasil - México (ACE-53), Mercosul - México (ACE-54),
Automotivo Mercosul - México (ACE-55), Mercosul - Peru (ACE-58), Mercosul - Colômbia,
Equador e Venezuela (ACE-59), Brasil/Guiana/São Cristóvão e Névis (AAP.A25TM 38),
Brasil - Suriname (ACE-41), Brasil - Venezuela (ACE-69), Mercosul - Colômbia (ACE-72),
Mercosul - Cuba (ACE-62), Mercosul/Índia, Mercosul/Israel, Mercosul/SACU, Mercosul/
Egito, Mercosul/Palestina - AINDA SEM VIGÊNCIA, Acordo de Ampliação Econômico-Co-
mercial Brasil - Peru (AINDA SEM VIGÊNCIA) e Brasil - Paraguai (ACE-74).
Dentre os tratados que podem influenciar no comércio exterior estão: Convenção
para a prevenção e a repressão do crime de genocídio (1948); Convenção Internacional

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 20


sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965); Pacto Internacio-
nal sobre Direitos Civis e Políticos (1966); Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais (1966); Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discri-
minação contra as Mulheres (1979).
Na sequência destacamos a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar
(1982); Convenção sobre os Direitos da Criança (1989); Tratado de Proibição Completa de
Testes Nucleares (1996); Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do
Terrorismo (1999); Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006).
Todos os acordos, tratados, convenções e atos normativos comerciais estão respal-
dados por regras de ambas as partes, por isso, não cabe aqui a análise de cada um deles,
mas é importante esclarecer que, em caso de importação, os acordos internacionais devem
ser consultados para a facilitação das negociações e possíveis benefícios tributários.

4.2. Medidas Restritivas às Práticas Comerciais Internacionais


Também conhecidas como barreiras comerciais, as medidas restritivas às práticas
comerciais devem ser entendidas como restrições de acesso a bens e serviços oriundos de
outros países. Essas barreiras visam, em suma, a tentativa de restringir a entrada de capital
estrangeiro no país. Entretanto, para que isso aconteça, o país deve estar atento às regras
preestabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
Os acordos bilaterais garantem que as restrições sejam realizadas de acordo com
a legislação internacional vigente, por isso, as tarifas que seriam aplicadas ou retiradas
dependerão de negociação bilateral; normalmente as restrições devem ser respaldadas
na proteção de interesses pertinentes, como é o caso da proteção da saúde pública, meio
ambiente, segurança nacional, dentre outros.
É importante que você saiba que as medidas restritivas não são medidas impedi-
tivas, logo, não significa que determinada compra ou venda de mercadoria deixará de ser
realizada, mas pode passar por mais ou menos barreiras impeditivas. Ainda, elas podem
restringir por meio de medidas tarifárias ou não tarifárias.
As medidas tarifárias são aquelas que impõem determinado imposto, mas não im-
pedem que a mercadoria entre no país; um exemplo disso é o Imposto de Importação (II).
Toda mercadoria que entra no país precisa obrigatoriamente seguir as medidas restritivas,
aplicando a coleta de um determinado valor, denominado Imposto de Importação. Para
a exportação também há uma medida que restringe a exportação, por isso também será

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 21


aplicado o Imposto de Exportação, afinal, todo país deve controlar o que entra e o que sai
de seu país como uma forma de defesa comercial.
Já as medidas não tarifárias são aquelas que impedem a importação ou exportação
de uma quantidade muito elevada de determinado produto, com isso, ao consultar o trata-
mento administrativo aparecerá que determinada mercadoria tem restrição de importação
ou exportação de uma quantidade “x” de mercadorias. Isso também pode acontecer para
pessoas físicas que vão até os países fronteiriços e compram mercadorias. Por exemplo,
quem vai ao Paraguai pode trazer “x” de quantidade de mercadoria e limita-se a “y” de valor
em dinheiro. Para facilitar a visualização, observe a tabela:

Quadro 2 - Barreira Tarifária Brasileira

RESTRIÇÃO TARIFÁRIA QUANDO É APLICADA? COMO É APLICADA?


Quota Tarifária de Exporta- Alíquota menor é aplicada a
Entrada do produto
ção QTI uma quantidade limitada do
produto; para quantidades
Quota Tarifária de Exporta- importadas ou exportadas
ção QTE Saída do produto além da quota, aplica-se à
alíquota maior
Imposto de Exportação IE Mesma alíquota aplicada a
Imposto de Importação II Entrada do produto todas as unidades
Fonte: o autor (2020).

Outra medida que o Brasil, por exemplo, tem adotado como medida restritiva e não
tarifária é quanto à importação de produtos com anuência pelo Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (MAPA). Para alguns casos, o MAPA restringe (não impede) a
importação e exportação por meio de regulamentações técnicas e solicitação de fumigação
(desinfestação de fungos e parasitos) de pallets e cargas com animais vivos. O Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), por exemplo, pode ter medidas
restritivas de entrada de pneus no país, com isso ajudará na manutenção e acompanha-
mento contra a poluição do país.
As medidas restritivas, por estarem ligadas a OMC, tendem a restringir a circulação
de mercadorias entre países envolvidos em guerras e/ou conflitos comerciais de interesse.
Um exemplo disso, os Estados Unidos da América, no ano de 2020, devido à pandemia
(COVID-19), restringiu a venda de máscaras para quaisquer países. Isso porque a restrição
irá beneficiar os EUA em caso de necessidade.

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 22


Além desses casos, um que chama a atenção é a restrição de propriedade inte-
lectual. Mas o que é isso? Bem, a restrição de propriedade intelectual tenta controlar que
a quantidade de obras de arte, músicas, livros, marcas e patentes sejam distribuídas a
outros países sem a expressa autorização ou pelo menos identificação que determinada
produção intelectual saia sem o certificado de origem (de onde foi feita). Com isso, o país
preserva e protege tudo o que for produzido intelectualmente no país, incluindo as novas
tecnologias, animais silvestres, jazidas de petróleo, pedras preciosas e todo material que é
de pertencimento nacional.
Essas regras têm origem após a Segunda Guerra Mundial, momento em que se
pensa na criação de um órgão que projeta os interesses e cooperação internacional, para
isso, surge o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT) de 1947. Na época,
o GATT era responsável pelo acordo de redução de restrições ou tarifas entre países que
estavam se recuperando com a guerra. Com o passar do tempo, o GATT torna-se um órgão
internacional de controle das medidas restritivas às práticas comerciais internacionais.
Brogini (2013) alerta que para as importações serem bem sucedidas é importante
observar os benefícios que são oferecidos pelo governo ou pelos acordos entre países.
Além disso, há também as defesas comerciais, salvaguardas e medidas compensatórias
que devem ser consultadas caso a caso. Portanto, nesta parte de nossos estudos vamos
apenas esclarecer brevemente o que cada uma delas prevê.

4.2.1. Defesa comercial


O departamento de Defesa Comercial (DECOM) é responsável por fiscalizar e
cumprir as determinações legais. É o DECOM que examina os preços das importações
oriundas de diversos países e compara com os valores praticados no mercado interno,
gerando, assim, um valor padrão de cada mercadoria a ser importada e comercializada no
mercado nacional. É esse departamento que recebe também as denúncias de competição
desleal e aplica o dumping (subida de preço) ou antidumping (baixa de preço) quando
necessário, além disso analisa as medidas compensatórias e de salvaguardas.

4.2.2. Salvaguardas
As medidas de salvaguarda visam observar determinados produtos e aplicar o au-
mento de tributação de importações que estejam previstos como prejuízo grave ou ameaça
de prejuízo grave na comercialização devido à grande quantidade de importação. Essas
medidas são denominadas salvaguardas devido a sua periodicidade que trata de sobretaxa
de impostos, normalmente II, por determinado tempo e depois de analisado pode voltar ao

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 23


preço normal ou continuar com mais tributos. Tem essa tratativa a finalidade de manuten-
ção da indústria e do comércio de produtos domésticos. A indústria doméstica (conjunto
de produtores de bens similares ou diretamente concorrentes ao produto importado) pode
entrar com pedido de salvaguardas sempre que se sentir ameaçada pela grande demanda
de importação e será analisado pelo DECOM.

4.2.3. Medidas compensatórias


As medidas compensatórias são administradas pelo Ministério da Economia e
visa contribuir, em alguns casos, para o acordo de suspensão ou isenção de impostos de
mercadorias que serão importadas e/ou exportadas, industrializadas no mercado interno e
em seguida reexportadas.
Para o Ministério da Economia (2020):
As medidas compensatórias têm como objetivo compensar subsídio concedi-
do, direta ou indiretamente, no país exportador, para a fabricação, produção,
exportação ou ao transporte de qualquer produto, cuja exportação ao Brasil
cause danos à indústria doméstica. País Exportador: É o país - de origem ou
de exportação - onde é concedido o subsídio. Quando os produtos não forem
exportados para o Brasil diretamente do país exportador, mas a partir de
um país intermediário, as transações em questão serão consideradas como
tendo ocorrido entre o país exportador e o Brasil. (ECONOMIA, 2020)

Sendo assim, as medidas compensatórias são aquelas que requerem algumas


ações da importadora ou exportadora por terem conseguido um benefício, normalmente
fiscal e, consequentemente, devem compensar esse subsídio com ações diversas, seja na
comercialização mais barata da mercadoria, seja na geração de emprego, dentre outras.

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 24


SAIBA MAIS

O link direto para os tratados que o Brasil integra podem ser buscados no site https://
treaties.un.org em “Depositary”, depois
“Status of Treaties”, depois “Participant
Search”, e depois selecionando “Brazil”.
Aparecerá a lista de tratados na ordem
de sua ratificação/adesão. O governo
brasileiro também mantém uma base
de dados dos atos internacionais em:
https://concordia.itamaraty.gov.br.

REFLITA

“O espírito egoísta do comércio não conhece países e não sente paixão ou princípio
exceto o do lucro” (Thomas Jefferson).

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 25


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), nesta unidade observamos a diferença entre aduana e alfândega


e, dentre as características elencadas, destaca-se a importância da atuação dos órgãos
anuentes e intervenientes. Além disso, a alfândega é o local em que as mercadorias aden-
tram ao país, por isso, podemos considerar os portos e aeroportos brasileiros como zonas
primárias das alfândegas. Já as aduanas são escritórios que contém a permanência de
representantes legais e governamentais para o acompanhamento do despacho, nacionali-
zação da mercadoria.
Observamos também que os tributos e impostos incidentes na importação são para
que os países recolham de acordo com o tratamento administrativo de cada mercadoria.
Cada imposto tem uma finalidade que veremos nas unidades a seguir. Além disso, é impor-
tante relembrar que a política brasileira de comércio exterior está presente e que ajuda na
manutenção e no controle de entrada e saída de mercadorias no país.
Destaque também para os acordos e tratados internacionais. Como vimos, foi
com eles que, a partir da segunda guerra mundial e com mais robustez a partir de 1946,
pudemos ter acesso ao livre comércio entre países e, observadas as regras internacionais,
pudemos defender nossa balança comercial e ao mesmo tempo suprir as necessidades
importadoras e exportadoras.
As barreiras adotadas pelo Brasil podem ser tarifárias e não tarifárias, com isso,
podemos reafirmar que a palavra restrição é cabível para o momento, ou seja, nem todos
os casos são impedidos de entrar no país, mas podem ser observados de perto e com
controle, por isso a restrição visa a manutenção e a defesa comercial de nosso país.
Espero que você esteja gostando da temática e das reflexões desses estudos. Na
Unidade II vamos aprofundar um pouco mais sobre as Franquias Territoriais, ou seja, sobre
as alfândegas secundárias, mais conhecidas como zonas alfandegárias.
Espero você na próxima fase deste estudo!

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 26


MATERIAL COMPLEMENTAR

FILME/VÍDEO
Título: Captain Phillips
Ano produção: 2013
Duração: 134 minutos
Classificação: 14 anos
Gênero: Ação
Sinopse: Richard Phillips (Tom Hanks) é um comandante naval
experiente, que aceita trabalhar com uma nova equipe na missão de
entregar mercadorias e alimentos para o povo somaliano. Logo no
início do trajeto ele recebe a mensagem de que piratas têm atuado
com frequência nos mares por onde devem passar. A situação não
demora a se concretizar, quando dois barcos chegam perto do
cargueiro, com oito somalianos armados, exigindo todo o dinheiro
a bordo. Uma estratégia inicial faz com que os agressores recuem,
apenas para retornar no dia seguinte. Embora Phillips utilize
todos os procedimentos possíveis para dispersar os inimigos, eles
conseguem subir a bordo, ameaçando a vida de todos. Quando
pensa ter conseguido negociar com os piratas, o comandante é
levado como refém em um pequeno bote. Começa uma longa e
tensa negociação entre os sequestradores e os serviços especiais
americanos para tentar salvar o capitão antes que seja tarde.

LIVRO
Título: Noções Básicas De Importação
Autor: João Dos Santos Bizelli e Ricardo Barbosa
Editora: Aduaneiras
Sinopse: A obra apresenta, de forma prática, todas as informações
básicas para uma visão ampla dos principais aspectos fiscais
e administrativos do processo de importação, analisando,
após a definição da política brasileira das últimas décadas, a
estrutura governamental com a indicação dos principais órgãos
intervenientes, inclusive da Camex, que deve estabelecer uma
política de comércio exterior mais uniforme e eficaz, os principais
conceitos da área, inclusive o Incoterms, o regime cambial
vigente, a estrutura das nomenclaturas utilizadas no País (NCM,
NBM e Naladi) com as regas de classificação fiscal, o sistema
administrativo para o Licenciamento Não-Automático (LI) ou
Automático (DI) das operações no Siscomex, os principais tributos
e encargos que oneram as importações (I.I, IPI, ICMS e outros),
transporte obrigatório, regimes aduaneiras especiais (drawback,
admissão temporária, entreposto aduaneiro etc.) e atípicos (DEA,
ZFM, Free Shop, Recof, Recom, Repex, Repetro etc.) os acordos
internacionais que o Brasil é membro (GATT-OMC, NCPD, SGPC,
Aladi e Mercosul). Conta também com o demonstrativo detalhado
do cálculo dos tributos de uma importação, incluindo a nova
sistemática de cálculo por dentro do ICMS, e uma planilha de
preço para compreensão mais adequada dos impostos e outros
encargos que oneram estas operações. Traz informações sobre a
solicitação de “Ex-tarifário” e estruturas (organogramas): MF-SRF
e BCB, MDIC, Camex; e dos organismos internacionais OMC,
Mercosul e Aladi.

UNIDADE I Fundamentos da Legislação 27


UNIDADE II
Franquias Territoriais
Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves

Plano de Estudo:
• Zonas Francas no Mundo;
• Portos Livres e Depósitos Francos;
• Áreas de Livre Comércio (ALC).

Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar sobre zonas francas;
• Compreender os tipos de portos e depósitos;
• Estabelecer a importância das áreas de livre comércio.

28
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à segunda unidade da apostila.


Nesta unidade eu te convido a estudar e entender o processo interno das Alfân-
degas brasileiras. De início, é importante relembrar que as alfândegas são os locais em
que as mercadorias adentram no país, ou seja, são consideradas os portos e aeroportos,
os principais locais de entrada de mercadorias. A nação brasileira tem 8.515.767,049 km²,
quinto maior país do mundo em extensão e com rodovias inúmeras; como fazer a manuten-
ção e distribuição das importações e exportações?
É justamente esse estudo que vamos trabalhar nesta unidade. Falaremos sobre
os principais portos, os tipos de portos, as zonas francas, os portos secos e a definição de
zona primária e secundária. Você entenderá como são as estruturas dos portos brasileiros
e as particularidades de algumas regiões do Brasil. Hoje, temos mais de dois mil portos
primários em funcionamento e será impossível falar de todos, mas falaremos de alguns
que já são conhecidos, pelo menos de ouvir falar, pelos nossos estudantes de Comércio
Exterior ou de estudiosos de áreas correlatas.
A denominação de franquias é muito pertinente para as zonas secundárias e pri-
márias, uma vez que, embora tenham casos particulares, todos devem proceder e seguir
as regras internacionais e nacionais para a manutenção dos portos e aeroportos. Ainda,
como são os primeiros locais de entrada de mercadoria no país a legislação trata dos
casos de vistoria e prevenção de fraudes que podem acontecer, dentre eles, destaca-se o
contrabando, assunto este que é rigorosamente vistoriado pela Receita Federal Brasileira
(RFB).
Como você deve ter observado, o comércio exterior vai além das legislações e
burocracias. Trata-se de uma seara sedenta por profissionais que entendam o processo
logístico e se respaldem na legislação. O profissional que atua com a prática no Comércio
Exterior é o mais requisitado e admirado, uma vez que tem acesso a legislação, logística e
procedimentos particulares do Comex.
Sinta-se à vontade e esteja aberto(a) aos novos conhecimentos. Vamos ao estudo!

UNIDADE II Franquias Territoriais 29


1. ZONAS FRANCAS NO MUNDO

Quando tratamos de alfândega já vem à mente os marítimos, entretanto as alfân-


degas podem ser consideradas todo local em que se adentra ou sai mercadoria de deter-
minado país. Para entendermos, no Brasil temos oficialmente cinco tipos de modalidades
de transporte internacional, logo, cinco tipos de alfândegas, são elas: Aéreo, Ferroviário,
Hidroviário, Marítimo e Rodoviário. Sendo assim, é fácil pensar que cada modalidade pos-
sui uma estrutura base para a efetivação da entrada de mercadorias no país. Além disso,
cada modalidade dessa terá uma aduana (escritório) em que os órgãos governamentais
atuarão segundo os procedimentos legais previstos por meio de leis, decretos, Instruções
Normativas, regulamentos, dentre outros.
As despesas diversas na importação dependem da modalidade em que se está
fazendo o traslado da mercadoria. Caso a importação seja marítima, ocorrerá incidência
de algumas taxas que no aéreo não tem e vice e versa. Para tanto, o importador deve
fazer seus cálculos das vantagens e desvantagens de cada modalidade e optar dentre as
categorias de transporte qual a mais vantajosa para determinado momento. As modalida-
des mais comuns são: Aéreo, Ferroviário, Hidroviário, Marítimo e Rodoviário, dentre elas,
destacam-se as modalidades aérea e marítima.
A escolha da modalidade de importação influenciará onde a mercadoria irá chegar
e também quais procedimentos a serem adotados. Para fins de comparação, escolhemos
duas modalidades mais comuns para análise:

UNIDADE II Franquias Territoriais 30


Quadro 1 - Transporte Aéreo

Vantagens: Desvantagens:
● É o transporte mais rápido; ● Menor capacidade de carga;
● Não necessita embalagem mais refor- ● Valor do frete mais elevado em relação
çada (manuseio mais cuidadoso). aos outros modais.
Fonte: o autor.

Observe que para a modalidade aérea o que se destaca é a agilidade do processo,


entretanto a quantidade da mercadoria embarcada vai influenciar diretamente no custo
da mercadoria. Se o custo da mercadoria é impactante, o cliente deverá fazer a previsão
de despesas para que afira a possibilidade de ganho com a importação. Geralmente essa
modalidade é usada para cargas rápidas, pequenas e urgentes para a continuidade dos
trabalhos na fábrica.
A base de cálculo do frete aéreo é obtida por meio do peso ou do volume da mer-
cadoria, sendo considerado aquele que proporcionar o maior valor. As despesas diversas
também acompanharão esta base de cálculo. Por exemplo, para desembaraço da merca-
doria, armazenagem, manuseio da carga, dentre outras taxas. A International Air Transport
Association (IATA) estabeleceu a seguinte relação (peso/volume): 1 kg = 6000 cm³ ou 1 ton
= 6 m³. Por exemplo: no caso de um peso de 1 kg acondicionado em um volume maior que
6.000 cm³, considera-se o volume como base de cálculo do frete, caso contrário, conside-
ra-se o peso. Cálculo do peso cubado, exemplo: 45 CM X 37 CM X 58 CM = 0,45 M X 0,37
M X 0,58 M = 0,09657 M³ / 0,006 = 16,09 kg cubados. Essa será a base para as demais
taxas e despesas de manuseio da carga. Quem envia essas despesas ao despachante/
importador é o agente de cargas.
As despesas mais comuns são chamadas de “Charges”, que podem ser classifi-
cadas como: manuseio da mercadoria, estocagem, armazenagem, repeso, conferência,
contagem de mercadoria, taxa de segurança, dentre outras que poderão ocorrer.
Já no transporte marítimo podemos observar:

Quadro 2 - Transporte Marítimo

Vantagens: Desvantagens:
● Maior capacidade de carga; ● Necessidade de transbordo nos portos;
● Carrega qualquer tipo de carga; ● Distância dos centros de produção;
● Menor custo de transporte. ● Maior exigência de embalagens;
● Menor flexibilidade nos serviços aliado a
frequentes congestionamentos nos portos.
Fonte: o autor.

UNIDADE II Franquias Territoriais 31


O mesmo que acontece no transporte aéreo acontece no transporte marítimo. De-
pendendo do tipo de carga que está sendo importada e do tamanho do container escolhido,
haverá maior ou menor incidência de despesas diversas.
Uma carga consolidada (compartilhada no mesmo container) terá que ser aberta
assim que chegar ao porto para pesagem e disposição para a Receita Federal. Esse ma-
nuseio também gera uma despesa, chamada de Handling. A saber, há uma despesa de
armazenagem do tempo em que a mercadoria estiver esperando para o desembaraço, uma
taxa para contar a quantidade de caixas, taxa para pesagem, taxa para verificar se a carga
passou por inspeção e assim por diante.

Quadro 3 - Transporte marítimo

STANDARD HIGH CUBE

Medidas Internas 20 PÉS 40 PÉS 40 PÉS

Comprimento (mm): 5.900 mm 12.030 mm 12.075 mm

Largura (mm): 2.340 mm 2.345 mm 2.370 mm

Altura (mm): 2.395 mm 2.395 mm 2.735 mm

Peso Máximo da Carga (Kg): 21.600 Kg 26.480 Kg 25.930 Kg


Cubagem Disponível (M³): 33,1 m³ 67,6 m³ 78,0 m³

Fonte: o autor.

As despesas diversas dependem da opção que o importador faz, para isso, o despa-
chante normalmente faz uma previsão de despesas para a verificação do que é mais barato
na importação. Normalmente são usados para cargas soltas a consolidação (compartilhar
mercadoria no mesmo container) e rateio das despesas, tudo depende do tamanho e peso
da carga. Uma carga que foi estufada em um container de 20” será diferente de uma carga
de um container de 40” e, consequentemente, se a carga vier compartilhada dentre vários
importadores no mesmo container irá ter um rateio das despesas.
As despesas diversas no transporte marítimo mais comuns são: Capatazias (THC):
atividade de movimentação de cargas e mercadorias nas instalações portuárias em geral;
Liberação de BL (BL Fee): a atividade de emitir e liberar o BL original ao exportador/im-
portador; Gate: Taxa de recepção das unidades no terminal; International Scurity and Port
Security (ISPS) ou Terminal Security Fee (TSF): para controle de acessos e monitoramento;
Lacre (Seal): fornecimento do Lacre; Foodgrade: Taxa para unidade padrão alimento; ENS/
AMS/Transmission Fee: para transmissão dos dados de embarque para alfândega; VGM:

UNIDADE II Franquias Territoriais 32


cobrada para a transmissão dos dados; Damage Protection Surcharge (DPP – Proteção
de danos):- valor de seguro cobrado pela Cia Marítima; Drop Off: cobrada para utilizar um
depot e deixar o container vazio armazenado; Taxa de Registro de Siscarga (TRS); Des-
consolidação: cobrada pelo manuseio da documentação na importação. Entendido isso,
você deve ter notado que a zona alfandegada de sua escolha impactará diretamente em
sua importação ou exportação.
Mas se os portos e aeroportos são Alfândegas em que chegam as mercadorias, o
que são Zonas Francas?

1.1. Zona Franca


Zona Franca tem a ver com a logística e os benefícios que podem ocorrer se o pla-
nejamento de entrada de mercadoria for melhor distribuído. Imagine se houvesse apenas o
porto de Santos e o Porto de Paranaguá... Como faríamos e quanto custaria para transportar
toda essa mercadoria? É possível por meio da logística e cadeia de suprimentos.
Para Ballou (2007, p. 27),
Logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo
eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde
o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender às
exigências dos clientes.

Nesse sentido, zona franca é uma “filha” da alfândega, pois é a delimitação de uma
área em algum lugar do país que funcionará como uma pequena alfândega e que pode ser
regida por regulamentos próprios, mas respeitando a legislação e demais procedimentos
obrigatórios. Inclusive, dentro de um porto pode ser separado um local para ser uma zona
franca. Ela terá alguns benefícios, como valores mais baixos para a armazenagem de mer-
cadorias. Normalmente a isenção as tarifas alfandegárias de armazenagem, (re)pesagem
e movimentação da carga é o grande atrativo para se levar uma mercadoria para as zonas
francas.
Você deve estar se perguntando: mas como uma pessoa tiraria uma carga de uma
alfândega e levaria para uma zona franca ou zona alfandegada e ela ter taxas e custos
menores que a alfândega tradicional? Simples, a lei da oferta e procura! Os portos, aero-
portos e zonas francas são administradas por empresas privadas e legisladas por empresa
governamental por meio das aduanas.
Imagine se você tivesse um terreno muito grande ao lado de um porto ou aeroporto.
Você poderia estruturá-lo e colocar à disposição para que os importadores e exportadores
fossem até esse local e alugassem o espaço para guardar a mercadoria ou armazenar até

UNIDADE II Franquias Territoriais 33


a vistoria dos órgãos competentes. É isso mesmo! As empresas entram com o pedido de
“alfandegar” um espaço e se tornar uma zona franca.
Normalmente o governo autoriza essas zonas com a finalidade de manutenção e
incentivo econômico. Por exemplo, os portos secos são considerados zonas secundárias,
ou seja, a zona primária é a alfândega (portos e aeroportos) e os portos secos, zonas se-
cundárias. Desse modo, uma mercadoria que chega em Paranaguá, como leva em média
20 dias o desembaraço da mercadoria, compensa, se tiver incentivos financeiros, levar
para os portos secos e lá serem nacionalizadas e fiscalizadas.
Um exemplo disso é a Estação Aduaneira do Interior (Eadi), também conhecida
como porto seco, da cidade de Maringá, que fornece alguns incentivos fiscais caso o im-
portador tire a mercadoria dos portos e desembaracem nessa estação (zona). Um dos
benefícios desses locais é o valor mais baixo da armazenagem, carência de dias sem custo
para estadia da mercadoria, agilidade no desembaraço – já que a quantidade de cargas é
menor que na alfândega normal –, dentre outros.
Nas zonas francas pelo mundo, dependendo da carência de investimentos, o go-
verno libera alguns benefícios, como a isenção de alguns impostos, que é o caso da Zona
Franca de Manaus, que trataremos a seguir.

1.2. Zona Franca de Manaus


Segundo a Receita Federal Brasileira, a Zona Franca de Manaus (ZFM) faz parte
de um projeto econômico regido e organizado pelo governo brasileiro e tem como objetivo
principal a viabilidade econômica na Amazônia Ocidental, além disso, tem a percepção em
desenvolver a melhor integração produtiva e social dessa região com os demais estados do
país, o que garante a sua soberania nacional em relação a sua fronteira e entrada e saída
de mercadorias.
Como dito anteriormente, as zonas francas tem o papel de instalar procedimentos
independentes e com benefícios próprios com o intuito de gerar maior sucesso econômico,
Nesse caso, podemos afirmar que a Zona Franca de Manaus (ZFM) é a mais bem-sucedida
estratégia, uma vez que leva a região a um patamar elevado de competitividade. A saber,
a ZFM é composta pelo Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima e as cidades de Macapá e
Santana, no Amapá e o seu impacto tem sido observado na qualidade de vida à população
local.
Foi dividida em três setores ou polos econômicos: comercial, industrial e agro-
pecuário. Segundo o portal da SUFRAMA (http://www.suframa.gov.br/), o setor comercial

UNIDADE II Franquias Territoriais 34


teve grande destaque na década de 80, quando o Brasil era conduzido para o regime de
economia fechada. Já a área industrial é considerada a base de sustentação da ZFM,
com mais de 600 indústrias somente em Manaus, o que oportunizou inúmeros empregos e
desenvolvimentos regionais, principalmente na área de eletroeletrônicos e químicos. Ainda,
destacam-se: aparelhos celulares e de áudio e vídeo, televisores, motocicletas, concentra-
dos para refrigerantes, entre outros, já o polo agropecuário fica responsável pela atividade
de produção de alimentos, agroindústria, piscicultura, turismo, beneficiamento de madeira,
dentre outras.
A base legal para a ZFM é o Decreto-lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, que,
dentre outras regras, define:
Art 1º A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação
e exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade
de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuá-
rio dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em
face dos fatores locais e da grande distância, a que se encontram, os centros
consumidores de seus produtos. Art 2º O Poder Executivo fará, demarcar,
à margem esquerda dos rios Negro e Amazonas, uma área contínua com
uma superfície mínima de dez mil quilômetros quadrados, incluindo a cidade
de Manaus e seus arredores, na qual se instalará a Zona Franca. § 1º A
área da Zona Franca terá um comprimento máximo continuo nas margens
esquerdas dos rios Negro e Amazonas, de cinquenta quilômetros a jusante
de Manaus e de setenta quilômetros a montante desta cidade. § 2º A faixa da
superfície dos rios adjacentes à Zona Franca, nas proximidades do porto ou
portos desta, considera-se nela integrada, na extensão mínima de trezentos
metros a contar da margem. § 3º O Poder Executivo, mediante decreto e por
proposta da Superintendência da Zona Franca, aprovada pelo Ministério do
Interior, poderá aumentar a área originalmente estabelecida ou alterar sua
configuração dentro dos limites estabelecidos no parágrafo 1º deste artigo.

O órgão federal que acompanha a ZFM é a Superintendência da Zona Franca


de Manaus (SUFRAMA) e é possível verificar que os benefícios da ZFM vão além das
importações e exportações, pois, com uma legislação robusta, consegue benefícios e cré-
ditos, inclusive de comercializações nacionais. Essa Autarquia vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior que administra a Zona Franca de Manaus
possui principais benefícios, apresentado na figura a seguir.

UNIDADE II Franquias Territoriais 35


Figura 1 - Principais Benefícios (ZFM)

Política tributária diferenciada


A política tributária vigente
na Zona Franca de Manaus Tributos federais
é diferenciada do restante
do país, oferecendo Redução de até 88% do Tributos estaduais
benefícios locacionais, Imposto de Importação (I.I.)
sobre os insumos destinados à
objetivando minimizar os industrialização; Isenção do Restituição parcial ou total, Vantagens locacionais
custos amazônicos. Além Imposto sobre Produtos variando de 55% a 100% –
de vantagens oferecidas Industrializados (I.P.I.); dependendo do projeto – No parque industrial de Manaus,
pelo Governo Federal, o Redução de 75% do Imposto do Imposto sobre o investidor tem à disposição
modelo é reforçado por de Renda de Pessoa Jurídica, terreno a preço simbólico, com
Operações Relativas à infraestrutura de captação e
políticas tributárias inclusive adicionais de Circulação de Mercadorias
empreendimentos tratamento de água, sistema
estadual e municipal: e sobre Prestação de viário urbanizado, rede de
classificados como prioritários
para o desenvolvimento Serviços de Transporte abastecimento de água, rede de
regional, calculados com base Interestadual e telecomunicações, rede de
no Lucro da Exploração até Intermunicipal e de esgoto sanitário e drenagem
2013; e Isenção da Comunicação (ICMS). pluvial. A área industrial é de 3,9
contribuição para o PIS/PASEP mil hectares, sendo que as
e da Cofins nas operações empresas instaladas atualmente
internas na Zona Franca de ocupam menos de 1,7 hectare,
Manaus. estando disponível para receber
novos empreendimentos mais de
2,2 hectares.

Fonte: o autor.

1.3. Zonas de Processamento de Exportação (ZPE)


Com a finalidade de reafirmar a Lei nº 11.508/2007, foram publicados os Decretos
nº 9.993/2019, que dispõe sobre os conceitos de Zona de Processamento de Exportação
(ZPE), e o nº 6.814/2009 estabeleceu o regime tributário, cambial e administrativo das ZPE.
As ZPE são áreas de livre comércio com o exterior. Em outras palavras, são áreas
em que as empresas podem se instalar com o propósito de produção de bens a serem
comercializados diretamente com o exterior, diferentemente dos portos secos e zonas
alfandegárias, a ZPE é considerada zona primária de exportação, ou seja, como se fosse
um porto convencional. É importante ressaltar que as ZPE tem também regime tributário
específico e se beneficiam de algumas alternativas governamentais para isenção, suspen-
são ou exoneração de impostos.
No Brasil, até o ano de 2020, constam aproximadamente 16 ZPE, sendo elas: ZPE
do Acre (AC); ZPE do Açú (RJ); ZPE de Araguaína (TO); ZPE de Barcarena (PA); ZPE de
Bataguassu (MS); ZPE de Boa Vista (RR); ZPE de Cáceres (MT); ZPE de Fernandópolis
(SP); ZPE de Ilhéus (BA); ZPE de Imbituba (SC); ZPE de Macaíba (RN); ZPE de Parnaíba
(PI); ZPE de Pecém (CE); ZPE de Suape (PE); ZPE de Teófilo Otoni (MG), e ZPE de
Uberaba (MG).

UNIDADE II Franquias Territoriais 36


2. PORTOS LIVRES E DEPÓSITOS FRANCOS

Embora o Brasil não expresse muito as questões dos portos livres e depósitos
francos, a temática é recente e complexa e a Lei nº 12.815, de 5 de junho de 2013, instrui
sobre a instalação e fiscalização desses locais. A saber,
Art. 1º Esta Lei regula a exploração pela União, direta ou indiretamente,
dos portos e instalações portuárias e as atividades desempenhadas pelos
operadores portuários. § 1º A exploração indireta do porto organizado e
das instalações portuárias nele localizadas ocorrerá mediante concessão
e arrendamento de bem público. § 2º A exploração indireta das instalações
portuárias localizadas fora da área do porto organizado ocorrerá mediante
autorização, nos termos desta Lei. § 3º As concessões, os arrendamentos
e as autorizações de que trata esta Lei serão outorgados a pessoa jurídica
que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Art.
2º Para os fins desta Lei, consideram-se: I - porto organizado: bem público
construído e aparelhado para atender a necessidades de navegação, de
movimentação de passageiros ou de movimentação e armazenagem de
mercadorias, e cujo tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição
de autoridade portuária; II - área do porto organizado: área delimitada por
ato do Poder Executivo que compreende as instalações portuárias e a
infraestrutura de proteção e de acesso ao porto organizado; III - instalação
portuária: instalação localizada dentro ou fora da área do porto organizado
e utilizada em movimentação de passageiros, em movimentação ou
armazenagem de mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte
aquaviário; IV - terminal de uso privado: instalação portuária explorada
mediante autorização e localizada fora da área do porto organizado;
V - estação de transbordo de cargas: instalação portuária explorada
mediante autorização, localizada fora da área do porto organizado e
utilizada exclusivamente para operação de transbordo de mercadorias
em embarcações de navegação interior ou cabotagem; VI - instalação
portuária pública de pequeno porte: instalação portuária explorada mediante
autorização, localizada fora do porto organizado e utilizada em movimentação
de passageiros ou mercadorias em embarcações de navegação interior; VII
- instalação portuária de turismo: instalação portuária explorada mediante

UNIDADE II Franquias Territoriais 37


arrendamento ou autorização e utilizada em embarque, desembarque
e trânsito de passageiros, tripulantes e bagagens, e de insumos para o
provimento e abastecimento de embarcações de turismo (PLANALTO, 2013,
grifo nosso).

Nesse sentido, as empresas privadas podem atuar como zonas e depósitos fran-
cos, uma vez que há “a concessão do regime de Entrepostos, Áreas Livres, Zonas Francas
e Portos Livres, com vistas a atender às conveniências da política de comércio exterior”
(PLANALTO, 2013).
Antes de definir sobre portos livres e depósitos francos, observe os principais portos
considerados recintos alfandegados:

Quadro 4 - Principais Portos do Brasil (2020)

Fonte: o autor.

UNIDADE II Franquias Territoriais 38


A definição de portos livres e depósitos francos é bem esclarecida por Silva
(1977, p. 20), quando expõe:
1) As zonas livres ou francas são instaladas em áreas reduzidas de terreno,
poucos hectares; 2) Os portos livres são cidades inteiras ou ilhas; 3) As zonas
francas carecem de população residente, uma vez que as pessoas que ali
ingressam só o fazem unicamente para realizar um trabalho específico e resi-
dem fora dessa área; ao passo que os portos livres têm população residente
que usufrui dos benefícios fiscais. 4) As zonas francas, por sua característica,
têm personalidade jurídica e patrimônio próprio, portanto, possuem admi-
nistração institucional autônoma; e os portos livres possuem administração
estatal comum, com exceção da parte fiscal. O controle aduaneiro das zonas
francas é mais estrito e permanente que nos portos livres.

Juano (1964) distingue a utilização desses locais entre finalidades de natureza pu-
ramente fiscal, regida pela legislação aduaneira, e também para a obtenção de recursos; ou
ainda de natureza econômica que, por sua vez, visa incentivar as exportações e dificultar
as operações de importação de mercadorias e produtos que não sejam convenientes para
a economia local. Ainda define que essas “franquias aduaneiras” podem ser puramente
tarifárias em relação a determinados produtos e territórios. Com isso, podemos afirmar que
os entrepostos aduaneiros, em casos especiais de importação, é viável para a utilização
dos portos francos. Já Faracchio (1972) diferencia “franquias aduaneiras” e “franquias ter-
ritoriais”, estando inseridas entre as segundas as zonas, os portos e os depósitos francos.
Em suma, para o autor, nos depósitos francos o concessionário recebe mercadorias
próprias para introdução ao consumo, para a destinação a outro depósito, para a reexpedi-
ção ou ainda para a simples exportação, quando se trata de efeitos nacionais, logo, pode
ter alguns benefícios governamentais para agilizar o processo.
No Brasil atuam como franquias aduaneiras alguns recintos alfandegados como
Área de Controle Integrado (ACI); Bases Militares; Lojas Francas; Aeroportos de Remessas
Expressas; portos; Silos e Tanques e podem ser solicitados pelo Termo de Compromisso de
Ajuste de Conduta Técnica e Operacional de Alfandegamento (TCAC).

UNIDADE II Franquias Territoriais 39


3. ÁREAS DE LIVRE COMÉRCIO

O Brasil conta com seis áreas de livre comércio, dentre elas está o que citamos
anteriormente como a Zona Franca de Manaus. As demais podem ser nominadas como:
Área de Livre Comércio de Tabatinga; Área de Livre Comércio de Macapá/Santana; Área de
Livre Comércio de Guajará-Mirim; Áreas de Livre Comércio de Boa Vista e Bonfim; Áreas
de Livre Comércio de Brasileia, Epitaciolândia e Cruzeiro do Sul e Área de Livre Comércio
das Américas.
As áreas de livre comércio são localidades estabelecidas como lugares de pro-
dução para exportação e importação de produtos com benefícios, normalmente fiscais, e
facilitações no processo de desembaraço, nacionalização de mercadorias, também são
criadas por meio de acordos de livre comércio (ALC).
Exemplo de Área de Livre Comércio fica em Boa Vista e Bonfim (RR) que con-
cede benefícios tributários para comercialização de produtos produzidos, importados ou
exportados dessa região. Dentre os diversos benefícios estão a suspensão do: Imposto de
Importação (II); Imposto de Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS); Contribuição para Financiamento da Seguri-
dade Social (Cofins); Programa de Integração Social (PIS).
Para as regiões de livre comércio é necessário que as empresas interessadas em
usufruir dos benefícios façam Inscrição junto à SUFRAMA (www.suframa.gov.br); estejam
em dia com o fisco, para que sejam emitidas as certidões negativas de FGTS, INSS e da

UNIDADE II Franquias Territoriais 40


receita federal; enviem todos os documentos da empresa para a SUFRAMA; e paguem a
Taxa de Serviço, que custa em média R$ 140,37.
Entretanto, para Tripoli e Prates (2016), por questões legais, alguns produtos não
possuem benefícios, tais como armas e munições; automóveis de passageiros; bebidas
alcoólicas; perfumaria; fumo e seus derivados, conforme previsto na Lei nº 11.732, de 30
de Junho de 2008.

SAIBA MAIS

Você pode acompanhar uma carga que esteja em um avião vindo para o Brasil por meio
do site https://pt.flightaware.com/live/. Para isso, basta ter em mãos o número do voo e
será possível ver a imagem de um pequeno avião e acompanhar a chegada e saída de
sua mercadoria, mesmo que seja de pessoa física!

Fonte: Flightaware (2020).

REFLITA

“O ‘livre comércio’ entre os países serve para desenvolver os desenvolvidos e subde-


senvolver os subdesenvolvidos” (Kelve Elias).

UNIDADE II Franquias Territoriais 41


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), nesta unidade notamos que a legislação brasileira prevê alguns
regimes especiais para a importação e exportação de produtos e serviços, além disso,
destaca-se as legislações brasileira para as zonas de livre comércio, que tem como base a
isenção, suspensão ou exoneração de tarifas e tributos para a manutenção do crescimento
regional de determinadas localizações do Brasil. Citamos novamente a zona franca de
Manaus que vem, há muito tempo, se valendo de benefícios fiscais para a implantação de
empresas que visam o crescimento econômico daquela região.
Além disso, você pode observar que há diferença entre zona primária e secundária.
A primária é aquela que a mercadoria chegou primeiramente no território brasileiro. Já a
secundária é aquela que as empresas levam a sua mercadoria para o desembaraço mais
próximo de seu domicílio. Essa flexibilidade de levar as mercadorias para o desembaraço
é devido à grande expansão territorial do Brasil e também por causa dos benefícios que
determinada região pode fornecer.
Estudamos também sobre a Zona de Processamento de Exportação que são áreas
de livre comércio com o exterior, em outras palavras, são áreas em que as empresas podem
se instalar com o propósito de produção de bens a serem comercializados diretamente com
o exterior. Diferentemente dos portos secos e zonas alfandegárias, a ZPE é considerada
zona primária de exportação, ou seja, como se fosse um porto convencional. É importante
ressaltar que as ZPE têm também regime tributário específico e se beneficiam de algumas
alternativas governamentais para isenção, suspensão ou exoneração de impostos.
Sabemos que é muita lei para se observar, mas garanto que, com pesquisa e muito
esforço, você já tem o caminho para pesquisar a legislação aduaneira de nosso país.
É sempre um prazer estudar sobre as regras de comércio exterior! Espero você em
nossas próximas unidades desse curso.

UNIDADE II Franquias Territoriais 42


MATERIAL COMPLEMENTAR

FILME/VÍDEO
Título: Despachado para a Índia
Ano produção: 2006
Duração: 99 minutos
Classificação: 14 anos
Gênero: Comédia
Sinopse: Despachado Para a Índia é uma comédia de diferenças
culturais com um toque de romance. Todd Anderson (Josh
Hamilton) dirige um call center de apoio ao cliente em Seattle,
até que o seu chefe lhe dá a má notícia: o seu emprego vai ser
alvo de Outsourcing e, ainda por cima, ele terá de ir até á Índia
para treinar o seu substituto. Ele espera a pior experiência da sua
vida e certamente é assim que as coisas começam. O caos de
Bombaim assalta os seus sentidos e o seu novo escritório está
paralisado devido a equívocos culturais. Mas à medida que vai
conhecendo melhor os seus colegas de trabalho, descobre que
não é fácil odiá-los, incluindo o seu amistoso substituto Puro (Asif
Basra) e a adorável teimosa Asha (Ayesha Dharker). Rapidamente
descobre que tem muito a aprender acerca da Índia, da América e
dele próprio.

LIVRO
Título: Regimes Aduaneiros Especiais
Autor: Liziane Angelotti Meira
Editora: Síntese
Sinopse: O objetivo do presente estudo é o exame aprofundado dos
regimes aduaneiros especiais à luz dos princípios constitucionais
da legalidade, da publicidade e da isonomia tributária. Em que
pese a sua importância para o sistema tributário nacional e para
os interesses estratégico-comerciais, o tema praticamente não
tem sido visitado pela dogmática jurídica nos últimos 20 anos,
certamente em razão da vasta e complexa legislação que o regula.
As conclusões alcançadas por este trabalho ressaltam que os
regimes aduaneiros especiais constituem isenções ou reduções
condicionais dos impostos incidentes sobre as operações de
comércio exterior – adstritos, portanto, ao princípio constitucional
da legalidade –, nas quais os bens importados ou exportados são
submetidos a controle aduaneiro. Essas inferências não somente
conduzem a uma mudança do conceito dos regimes aduaneiros
especiais, aceito quase sem dissonância no país, como também
reclamam profundas alterações na respectiva legislação.

UNIDADE II Franquias Territoriais 43


UNIDADE III
Sujeição Passiva dos Impostos de
Importação e de Exportação
Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves

Plano de Estudo:
• O contencioso aduaneiro.
• Infrações, fraudes e delitos aduaneiros.
• O contrabando e o descaminho.
• Análise de problemas aduaneiros.

Objetivos da Aprendizagem
• Estudar as contestações que ocorrem nas aduanas.
• Compreender as irregularidades e curiosidades nas importações.
• Verificar o impacto legal e penalidades das infrações.

44
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à terceira unidade da apostila sobre a legislação


relacionada ao processo de comércio exterior.
Desta vez falaremos um pouco sobre as questões das fraudes e tentativas de
importação e exportações ilegais. Esse assunto é muito delicado, uma vez que não pode-
remos citar casos específicos, mas vamos abordar os casos que encontramos de algumas
empresas tentando fraudar o sistema de importação por meio de importações ilegais, prin-
cipalmente produtos oriundos da China.
Observaremos, nesta unidade, que a Receita Federal é muito rígida na legislação
e a penalidade vai desde multas até a suspensão da autorização para importar ou exportar.
Entretanto, muitas empresas ainda tentam burlar o sistema, principalmente nas questões
de roupas de marca e brinquedos é que encontramos os mais diversos casos de tentativa
de importação de produtos falsificados.
É nesta unidade que poderemos analisar as grandes questões entre empresários
e o governo, pois há a possibilidade de importar produtos e serviços de marcas famosas,
entretanto o processo para a importação e exportação de produtos patenteados é complexa
e justamente por isso as empresas tentam trazer de forma equivocada os produtos que
deveriam ter, principalmente, coleta de impostos diferenciados. Além disso, há também a
tentativa de importação de produtos proibidos, como armas, cigarros e algumas bebidas.
Em geral, as mercadorias irregulares devem ser devolvidas à origem, mas muitas
são destruídas (nos casos de falsificação) e algumas ficam em posse da Receita Federal
para bazares; as arrecadações são destinadas à instituições de caridade.
Caro(a) estudante, vamos começar nossos estudos sobre essa temática! Tenho
certeza que você vai se surpreender sobre os ocorridos nos portos e aeroportos brasileiros.
Desejamos um ótimo estudo a todos!

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 45


1. O CONTENCIOSO ADUANEIRO

Você deve ter percebido que a quantidade de pessoas envolvidas na nacionali-


zação da mercadoria é grande. Além disso, a importação e a exportação não são apenas
o momento do desembaraço da mercadoria. Elas começam desde o contato com o for-
necedor, até o transporte nacional da mercadoria e culmina na contabilidade fazendo os
procedimentos fiscais.
Note que na efetivação da vistoria da mercadoria há também uma demanda enorme
de fiscais e pessoas envolvidas para aferir se tudo o que está descrito nos documentos é
realmente o que está na carga física. Contencioso é tudo que é passível de contestação,
logo, uma carga pode ser contestada a todo momento, seja pelo peso que está sendo indica-
do e precisa ser verificado se está correto, seja pelo valor da mercadoria, pela constatação
se o produto descrito nos documentos é o mesmo importado, se o material constitutivo do
produto é mesmo o aço, o plástico etc., que foi indicado na Invoice.
Saiba de uma coisa: na importação e exportação TUDO será contencioso, ou seja,
tudo será contestado. Não há uma relação de confiança (não que a fiscalização esteja
duvidando do importador/exportador), mas é a função da fiscalização justamente contestar
e aferir se tudo está seguindo as normas e padrões estabelecidos em lei.
Para isso, todos os órgãos governamentais, vistos nas unidades anteriores e tam-
bém na Unidade IV, são responsáveis por verificar e proceder com as medidas legais de
seu departamento. Por exemplo, se a carga for verificada pelo Ministério da Agricultura

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 46


Pecuária e Abastecimento (MAPA), vai verificar se a carga é realmente da madeira que foi
indicada na Invoice, se foi fumigada (desinfetada) conforme está dizendo o certificado de
origem, se o peso é realmente o indicado nos documentos, se a quantidade está correta
da importação etc. O mesmo acontecerá com o INMETRO ao verificar se o produto está
realmente dentro das normas e regulamentações estabelecidas.
Você deve estar pensando: mas isso demanda muito tempo e a carga vai demorar
muito para ser liberada. Justamente! Por isso a maioria dos órgãos governamentais tem a
Licença de Importação, com isso, o importador já consegue prever o que será questionado
e verificado quando a mercadoria chegar e parte das proibições já serão impedidas na
análise prévia da documentação.
Nesse contexto de procedimentos fiscais, trâmites, regimes especiais, classifica-
ções fiscais, relacionamentos tributários, infrações, penalidades, perdimento de mercado-
rias, dentre outras, atua a fiscalização brasileira. Para entender melhor esse processo,
Oliveira (2020, on-line) elenca o fluxo do contencioso aduaneiro na visão de um importador
no caso de não concordar com o fiscal a análise ou a penalidade imputada em determinada
importação:
(i) A Fiscalização Aduaneira realiza a inspeção documental ou física,
discorda de algum critério apontado pelo Particular em sua declaração prévia
(classificação, valoração, origem, licenciamento, etc) e formula verbalmente
uma exigência ao representante do Particular; (ii) O Particular discorda da
exigência e pede para que seja formalizada no Siscomex; (iii) A Fiscalização
Aduaneira, depois de muita insistência, formaliza no Siscomex sua exigência;
(iv) O Particular formaliza os argumentos pelos quais discorda da exigência;
(v) A Fiscalização mantém a sua posição. Nesse momento, caberia à
Fiscalização lavrar imediatamente o Auto de Infração, instrumento necessário
para que possa, o Particular, apresentar a sua defesa e liberar a mercadoria.
Contudo, a Fiscalização não lavra o Auto, alegando que não tem recursos
para isso e não possui prazo legal; (vi) O Particular é obrigado a recorrer
à Justiça, mas não pede o desembaraço da mercadoria – porque isso o
juiz não costuma conceder – mas para que seja obrigada a Fiscalização a
lavrar Auto de Infração; (vii) Deferida a decisão judicial, a Fiscalização lavra
o Auto de Infração; (viii) O Particular apresenta a Impugnação Administrativa,
mas, por força de Portaria de 1976 – que ao nosso entender é totalmente
inconstitucional, mas que, pela velocidade com que o Particular necessita
da mercadoria é recomendado que preste a garantia para depois requerer
o levantamento judicialmente – é obrigado a depositar o valor questionado
ou prestar garantia, para então poder desembaraçar a mercadoria. Pior
ainda pode ser se a discussão versar sobre licenciamento da importação,
quando não é somente um valor econômico o motivo da discussão; (ix) Para
realização do depósito ainda podem existir dificuldades, pois normas arcaicas
da RFB exigem que o mesmo seja feito numa agência de banco federal da
localidade da unidade de desembaraço e, muitas vezes, há dificuldade de
se transitar vultosos valores pelas contas bancárias; (x) Humilhado pela
situação que gera o ar vitorioso da Fiscalização, o Particular desembaraça
suas mercadorias depois de praticamente um mês de espera, com o óbvio
pagamento da armazenagem e a absoluta certeza que mesmo se o Auto
de Infração recebido for anulado pela Delegacia de Julgamento da RFB em
primeira instância, nenhuma consequência haverá para o Oficial Aduaneiro
que causou incalculável prejuízo para a economia do Brasil. (OLIVEIRA,
2002, on-line).

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 47


Caso você não tenha lido a longa citação, convido você a retornar e ler, pois, em-
bora longa, é exatamente possível você perceber qual é o contencioso de uma aduana
diariamente e em muitas cargas. De um lado está a fiscalização, fazendo a sua parte, e do
outro, um cliente, que possivelmente está com sua carga regular. Entretanto a fiscalização
deve seguir um procedimento padrão e desconfiar de tudo e de todos, pois ela também será
cobrada se houver irregularidades.
Caro(a) estudante, a padronização para a contestação de qualquer carga que entre
ou saia do país está respaldada no Decreto 70.235/72 junto com a Instrução Normativa
RFB nº 1169, de 29 de junho de 2011 e, por isso, é importante que depois você consulte
com calma os procedimentos que a RFB faz para a fiscalização de mercadorias. Já o
despacho aduaneiro está previsto na Instrução Normativa RFB nº 680, de 02 de outubro de
2006, que prevê “art. 1º A mercadoria que ingressar no País, importada a título definitivo ou
não, ficará sujeita ao despacho aduaneiro de importação, salvo as exceções [...] em normas
específicas”.
A Receita Federal Brasileira (RFB, 2011), conforme IN 1169 verifica:
Art. 2º As situações de irregularidade mencionadas no art. 1º compreendem,
entre outras hipóteses, os casos de suspeita quanto à: I - autenticidade,
decorrente de falsidade material ou ideológica, de qualquer documento
comprobatório apresentado, tanto na importação quanto na exportação,
inclusive quanto à origem da mercadoria, ao preço pago ou a pagar, recebido
ou a receber; II - falsidade ou adulteração de característica essencial da
mercadoria; III - importação proibida, atentatória à moral, aos bons costumes e
à saúde ou ordem públicas; IV - ocultação do sujeito passivo, do real vendedor,
comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação,
inclusive a interposição fraudulenta de terceiro; V - existência de fato do
estabelecimento importador, exportador ou de qualquer pessoa envolvida
na transação comercial; ou VI - falsa declaração de conteúdo, inclusive nos
documentos de transporte. § 1º As dúvidas da fiscalização aduaneira quanto
ao preço da operação devem estar baseadas em elementos objetivos e,
entre outras hipóteses, na diferença significativa entre o preço declarado e
os: I - valores relativos a operações com condições comerciais semelhantes
e usualmente praticados em importações ou exportações de mercadorias
idênticas ou similares; II - valores relativos a operações com origem e condições
comerciais semelhantes e indicados em cotações de preços internacionais,
publicações especializadas, faturas comerciais proforma, ofertas de venda,
dentre outros; III - custos de produção da mercadoria; IV - valores de revenda
no mercado interno, deduzidos os impostos e contribuições, as despesas
administrativas e a margem de lucro usual para o ramo ou setor da atividade
econômica.

É importante que você, estudante, tenha a ciência que a fiscalização também pode
se enganar, por isso há sempre a possibilidade de conversar e explicar as situações para
a RFB, mas isso acontece sempre por meio de documentos constantes no Siscomex,
sistema governamental, para que tudo fique registrado. Além disso, o despachante adua-
neiro (normalmente profissional de comércio exterior) tem acesso ao fiscal e pode (e deve)

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 48


acompanhar os fiscais no momento da verificação documental e física das importações e
exportações.
Para os casos constatados de irregularidades, os importadores e exportadores têm
a possibilidade de retificar o registro. Logo, caso tenha, por exemplo, mercadoria a mais,
será retificada (corrigido) e recolhidos os impostos sobressalentes, quando for o caso. Em
alguns casos, se for ilegal a quantidade a mais, será dado perdimento da mercadoria. As
mercadorias classificadas incorretamente, por exemplo, podem sofrer mais penalidades
além da simples correção no sistema. Veremos melhor sobre esse assunto na próxima
seção desta unidade.
Outro detalhe importante, pelo menos no sistema atual, é que se em algum nível a
mercadoria foi constatada com irregularidade todo o processo será moroso e muitas vezes
até interrompido. A exemplo disso, caso o MAPA veja irregularidade em algum produto, a
Receita Federal Brasileira irá aguardar todo o procedimento para que prossiga com a veri-
ficação das demais demandas do processo. O governo tem tentado dirimir esse problema
com o novo sistema de importação denominado DUIMP (Declaração Única de Importação)
e a Declaração Única de Exportação (DU-E), como você pode observar na disciplina de
Gestão da Operação de Importação.

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 49


2. INFRAÇÕES, FRAUDES E DELITOS ADUANEIROS

É o artigo 675 do Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, que estabelece as


punições pertinentes às infrações, fraudes e delitos aduaneiros. Nela são previstas puni-
ções no âmbito: I - perdimento do veículo; II - perdimento da mercadoria; III - perdimento
de moeda; IV - multa; e, V - sanção administrativa. Vamos observar cada uma delas na
sequência.
Nyegray (2016) define como infração aduaneira, segundo o Decreto-Lei 37/66, no
artigo 94, e com base no RA, toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária; fraude é
falsificação de produtos, documentos, marcas etc.; qualquer ação ilícita, desonesta, ardi-
losa; já delito é omissão voluntária ou imprudente castigada e penalizada pela lei, sendo
assim, os delitos são passíveis de multas, mas normalmente mais brandas. A seguir vamos
elencar as infrações, fraudes e delitos, que são cumpridas segundo a Legislação Aduaneira
(RA) e Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 96; Decreto-Lei nº 1.455, de 1976, arts. 23, § 1º, com
a redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002, art. 59, e 24; Lei no 9.069, de 1995, art. 65, §
3º; e Lei nº 10.833, de 2003, art. 76.
Segundo o Decreto 6759/09, “Art. 676. A aplicação das penalidades a que se refere
o art. 675 será proposta por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil”, nesse sentido,
constatada a irregularidade o fiscal da receita federal irá aplicar as penalidades conforme a
lei, “a autoridade fixará a pena mínima prevista para a infração, só a majorando em razão
de circunstância que demonstre a existência de artifício doloso na prática da infração”.

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 50


Caso sejam encontradas mais irregularidades no mesmo processo “a autoridade
fixará a pena mínima prevista para a infração, só a majorando em razão de circunstância
que demonstre a existência de artifício doloso na prática da infração”, conforme artigo 679
do mesmo decreto. Cabe ao irregular, seja na importação ou exportação, percebido anteci-
padamente o delito, fazer denúncia espontânea e recolhimento das multas, conforme “Art.
683. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento dos
tributos dos acréscimos legais” e poderá solicitar que se excluía a imposição da correspon-
dente penalidade.
Embora tenham penalidades bem claras, além das multas, em alguns casos poderá
o importador e exportador perder a mercadoria, conforme Regulamento Aduaneiro (RA), a
saber:
I - em operação de carga ou já carregada em qualquer veículo, ou dele
descarregada ou em descarga, sem ordem, despacho ou licença, por escrito,
da autoridade aduaneira, ou sem o cumprimento de outra formalidade
essencial estabelecida em texto normativo; II - incluída em listas de
sobressalentes e de provisões de bordo quando em desacordo, quantitativo
ou qualitativo, com as necessidades do serviço, do custeio do veículo e da
manutenção de sua tripulação e de seus passageiros; III - oculta, a bordo
do veículo ou na zona primária, qualquer que seja o processo utilizado; IV -
existente a bordo do veículo, sem registro em manifesto, em documento de
efeito equivalente ou em outras declarações; V - nacional ou nacionalizada,
em grande quantidade ou de vultoso valor, encontrada na zona de vigilância
aduaneira, em circunstâncias que tornem evidente destinar-se a exportação
clandestina; VI - estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação,
se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver
sido falsificado ou adulterado; VII - nas condições do inciso VI, possuída
a qualquer título ou para qualquer fim; VIII - estrangeira, que apresente
característica essencial falsificada ou adulterada, que impeça ou dificulte sua
identificação, ainda que a falsificação ou a adulteração não influa no seu
tratamento tributário ou cambial; IX - estrangeira, encontrada ao abandono,
desacompanhada de prova do pagamento dos tributos aduaneiros; X -
estrangeira, exposta à venda, depositada ou em circulação comercial no
País, se não for feita prova de sua importação regular; XI - estrangeira, já
desembaraçada e cujos tributos aduaneiros tenham sido pagos apenas em
parte, mediante artifício doloso; XII - estrangeira, chegada ao País com falsa
declaração de conteúdo; XIII - transferida a terceiro, sem o pagamento dos
tributos aduaneiros e de outros gravames, quando desembaraçada com a
isenção referida nos arts. 142, 143, 144, 162, 163 e 187; XIII - transferida a
terceiro, sem o pagamento dos tributos aduaneiros e de outros gravames,
quando desembaraçada com a isenção referida nos arts. 142, 143, 162, 163
e 187; XIV - encontrada em poder de pessoa física ou jurídica não habilitada,
tratando-se de papel com linha ou marca d’água, inclusive aparas; XV -
constante de remessa postal internacional com falsa declaração de conteúdo;
XVI - fracionada em duas ou mais remessas postais ou encomendas aéreas
internacionais visando a iludir, no todo ou em parte, o pagamento dos
tributos aduaneiros ou quaisquer normas estabelecidas para o controle das
importações ou, ainda, a beneficiar-se de regime de tributação simplificada
(Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 105, inciso XVI, com a redação dada pelo
Decreto-Lei no 1.804, de 1980, art. 3o); XVII - estrangeira, em trânsito no
território aduaneiro, quando o veículo terrestre que a conduzir for desviado
de sua rota legal, sem motivo justificado; XVIII - estrangeira, acondicionada
sob fundo falso, ou de qualquer modo oculta; XIX - estrangeira, atentatória
à moral, aos bons costumes, à saúde ou à ordem públicas; XX - importada

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 51


ao desamparo de licença de importação ou documento de efeito equivalente,
quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa, na forma da legislação
específica; XXI - importada e que for considerada abandonada pelo decurso
do prazo de permanência em recinto alfandegado, nas hipóteses referidas no
art. 642; e XXII - estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação,
na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador
ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a
interposição fraudulenta de terceiros.

Na legislação contam mais casos, entretanto resumimos as mais relevantes na


citação. As penalidades variam e podem ser observadas também no RA 6.759/09. Para
facilitar, a própria receita Federal resumiu em seu site as principais aplicações de multas na
importação e exportação, que resumimos no quadro a seguir:

Quadro 1 - Resumo de multas na importação


LIMITE MÍNI- LIMITE
INFRAÇÃO BASE LEGAL PENALIDADE REDUÇÃO
MO MÁXIMO
Uso de falsidade nas provas
Art. 702, inciso Sim
exigidas para obtenção dos be- 100% do Imposto
I, alínea “c”,   Não Não
nefícios e incentivos previstos de Importação
do RA Art. 732 do RA
no Decreto-Lei nº 37/66
Importação, como bagagem,
de mercadoria com finalidade
comercial Observação: Esta
multa encontra-se sem aplica-
Art. 702, inciso Sim
bilidade, pois não é permitida a 50% do Imposto
III, alínea “b”,   Não Não
importação, por pessoa física, de Importação
do RA Art. 732 do RA
de bens para fins comerciais ou
industriais (vide art. 161, § 1º,
do RA) com nova redação dada
pelo Decreto nº 7.213/2010

Art. 702, inciso Sim


Extravio de mercadoria, inclusi- 50% do Imposto
III, alínea “c”,   Não Não
ve em ato de vistoria aduaneira de Importação
do RA Art. 732 do RA
Chegada ao País de bagagem Sim
Art. 702, inciso
e bens de passageiro fora dos 20% do Imposto  
IV, alínea “a”, Não Não
prazos regulamentares, quando de Importação
do RA Art. 732 do RA
sujeitos a tributação
Apresentação de fatura comer- Art. 702, inciso
10% do Imposto Sim
cial sem o visto consular, quan- V, alínea “a”, Não Não
de Importação  Art. 732 do RA
do exigível do RA
Preço declarado diferente do Não
arbitrado na forma do art. 86 100% da diferen-  
Art. 703 do RA Não Não
do RA ou do efetivamente pra- ça apurada
Art. 734 do RA
ticado
R$500,00
Art. 706, I, a, 30% do Valor Sim
Ausência de LI Art. 706, § 2º, Não
do RA Aduaneiro  Art. 732 do RA
inciso I, do RA
R$5.000,00
R$500,00
Art. 706, I, b, 30% do Valor Sim Art. 706, §
LI deferida após o embarque Art. 706, § 2º,
do RA Aduaneiro  Art. 732 do RA 2º, inciso II,
inciso I, do RA
do RA
Embarque da mercadoria de- Sim R$5.000,00
R$500,00
pois de vencido o prazo de Art. 706, II, do 20% do Valor    Art. 706, §
Art. 706, § 2º,
validade da LI, de mais 20 até RA Aduaneiro 2º, inciso II,
Art. 732 do RA inciso I, do RA
40 dias do RA

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 52


Sim R$500,00 R$5.000,00
Embarque da mercadoria de-      
Art. 706, III, 10% do Valor
pois de vencido o prazo de Art. 706, §
do RA Aduaneiro Art. 706, § 2º,
validade da LI, até 20 dias Art. 732 do RA 2º, inciso II,
inciso I, do RA
do RA
Não 10% do total
R$500,00
Art. 711, I, do 1% do Valor  Art. 734 do RA da DI.
Classificação Incorreta NCM  Art. 711, § 2º,
RA Aduaneiro    Art. 711, §
do RA
  5º, do RA
10% do total
Não R$500,00
da DI.
Quantificação errônea na medi- Art. 711, II, do 1% do Valor
     
da estatística RA Aduaneiro
Art. 711, § 2º, Art. 711, §
Art. 734 do RA
do RA 5º, do RA
10% do total
Omitir ou prestar de forma ine- Não R$500,00
da DI.
xata informação necessária à Art. 711, III e § 1% do Valor
     
determinação do procedimento 1º, do RA Aduaneiro
Art. 711, § 2º, Art. 711, §
de controle aduaneiro Art. 734 do RA
do RA 5º, do RA
Não prestação de informações, Não
na forma e no prazo estabeleci-  
Art. 728, IV,
dos pela RFB, pelas empresas
alíneas “e” e  R$ 5.000,00  Não  Não
de transporte internacional, Art. 734, inciso I, do
“f” do RA
agentes de carga, depositários RA
ou operadores portuários
Não
R$ 200,00 por
Incorreção na Fatura Comercial Art. 715 do RA   Não Não
Fatura
Art. 734 do RA
Multa de Ofício por falta de Não
75% do valor to-
pagamento de “Direitos Anti-  
Art. 717, II, do tal ou da diferen-
dumping ou Compensatórios” Não Não
RA ça dos “Direitos
não recolhidos na data do Re- Art. 734 do RA
Anti-dumping”
gistro da DI

Multa de Ofício por falta de 75% do valor to- Sim


Art. 725, I, do
pagamento dos Tributos (II, PIS, tal ou da diferen-   Não Não
RA
COFINS etc.) ça dos tributos Art. 732 do RA
Sim
PJ que ceder nome para opera- 10% do Valor da
Art. 727 do RA   R$5.000,00 Não
ções de terceiros Operação
Art. 732 do RA
Art. 728, III,
do RA
Não
Desacato à autoridade adua-  Art. 76, Inci- R$10.000,00
Art. 734 do RA Não Não
neira so II, alínea  Suspensão
 Art. 734 do RA
“f” da Lei nº
10.833/2003
R$ 5.000,00 por Sim
dia, contados da  
Importação de produto sub- data do registro
metido a restrição quantitativa da Declaração de Arts. 732 e 734
Art. 41 da Lei
quando a origem declarada não Importação até do RA, art. 6º, Não Não
nº 12.546/2011
for comprovada e tiver de ser a data da efetiva § 3º, da Lei nº
devolvido ao exterior. devolução do 8.218/1991 e ADI
produto ao ex- SRF nº 18/2002
terior

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 53


Sim
Falta de comprovação da ori-  
gem não preferencial (exceto 30% do valor Arts. 732 e 734
Art. 42 da Lei
no caso de devolução ao exte- aduaneiro da do RA, art. 6º, Não Não
nº 12.546/2011
rior cuja penalidade é prevista mercadoria § 3º, da Lei nº
no art. 41 da mesma Lei) 8.218/1991 e ADI
SRF nº 18/2002
Sim
 
§ 4º do Art. Arts. 732 e 734
Destruição de Mercadoria que R$ 10,00 por
46 da Lei nº do RA, art. 6º, Não Não
não Obteve Licenciamento quilograma
12.715/2012 § 3º, da Lei nº
8.218/1991 e ADI
SRF nº 18/2002
Não destruição nem devolução Sim
de mercadoria cuja importação  
não foi autorizada por órgão § 8º, inciso
Arts. 732 e 734
anuente de proteção ao meio I, do Art. 46 R$ 20,00 por
do RA, art. 6º, Não Não
ambiente, saúde, segurança da Lei nº quilograma
§ 3º, da Lei nº
pública ou controles sanitários 12.715/2012
8.218/1991 e ADI
em sessenta dias da respectiva
SRF nº 18/2002
ciência da determinação
Extravio de mercadoria cuja Sim
importação não foi autorizada  
por órgão anuente de proteção § 5º do Art. Arts. 732 e 734
R$ 30,00 por
ao meio ambiente, saúde, se- 46 da Lei nº do RA, art. 6º, Não Não
quilograma
gurança pública ou controles 12.715/2012 § 3º, da Lei nº
sanitários e cuja devolução ou 8.218/1991 e ADI
destruição foi determinada SRF nº 18/2002
Não cumprimento da devolução Sim
ou autorização de destruição  
§ 2º, inciso II,
de mercadoria cuja importação Arts. 732 e 734
e § 4º, do Art. R$ 10,00 por
não foi autorizada por órgão do RA, art. 6º, Não Não
46 da Lei nº quilograma
anuente de proteção ao meio § 3º, da Lei nº
12.715/2012
ambiente, saúde, segurança 8.218/1991 e ADI
pública ou controles sanitários SRF nº 18/2002

Fonte: Receita Federal (2020).

As multas na exportação também estão previstas no Regulamento Aduaneiro (RA)


6.759/09, a partir do artigo 718, e prevê, dentre outras medidas,
Art. 718. Aplicam-se ao exportador as seguintes multas, calculadas em
função do valor das mercadorias: I – de sessenta a cem por cento no caso
de reincidência, genérica ou específica, de fraude compreendida no inciso
II; e II – de vinte a cinquenta por cento: a) no caso de fraude, caracterizada
de forma inequívoca, relativamente a preço, peso, medida, classificação
ou qualidade; e b) no caso de exportação ou tentativa de exportação de
mercadoria cuja saída do território aduaneiro seja proibida, considerando-se
como tal aquela que assim for prevista em lei, ou em tratados, acordos ou
convenções internacionais firmados pelo Brasil, sem prejuízo da aplicação da
pena de perdimento da mercadoria. § 1o Não constituirá infração a variação,
para mais ou para menos, não superior a dez por cento quanto ao preço
e a cinco por cento quanto à quantidade da mercadoria, desde que não
ocorram concomitantemente. § 2o Ressalvada a hipótese referida na alínea
“b” do inciso II, a apuração das infrações de que trata este artigo, quando
constatadas no curso do despacho aduaneiro, não prejudicará o embarque
ou a transposição de fronteira das mercadorias, desde que assegurados os
meios de prova necessários. Art. 719. A aplicação de penalidade decorrente de

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 54


infrações de natureza fiscal ou cambial não prejudica a imposição de sanções
administrativas pela Secretaria de Comércio Exterior. Art. 720. Consumando-
se a exportação das mercadorias com qualquer das infrações a que se refere
o art. 718, o procedimento fiscal instaurado poderá ser instruído, também,
com elementos colhidos no exterior. Art. 721. A imposição das penalidades
de que trata o art. 718 não excluirá, quando verificada a ocorrência de ilícito
penal, a apuração da responsabilidade criminal dos que intervierem na
operação considerada irregular ou fraudulenta. Art. 722. Nos casos previstos
neste Capítulo, a aplicação de multa pela autoridade aduaneira sujeita-se
à prévia manifestação da Secretaria de Comércio Exterior. Art. 722. Nos
casos previstos no art. 718, a aplicação de multa pela autoridade aduaneira
sujeita-se à prévia manifestação da Secretaria de Comércio Exterior. Art. 723.
Quando ocorrerem, na exportação, erros ou omissões que não caracterizem
intenção de fraude e que possam ser de imediato corrigidos, a autoridade
aduaneira alertará o exportador e o orientará sobre a maneira correta de
proceder. Aplica-se a multa de cinco por cento do preço normal da mercadoria
submetida ao regime aduaneiro especial de exportação temporária, ou de
exportação temporária para aperfeiçoamento passivo, pelo descumprimento
de condições, requisitos ou prazos estabelecidos para aplicação do regime.
§ 1o O valor da multa referida no caput será de R$ 500,00 (quinhentos reais),
quando do seu cálculo resultar valor inferior. § 2o A aplicação da multa a
que se refere o caput não prejudica a exigência dos impostos incidentes, a
aplicação de outras penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins
penais, quando for o caso.

Segundo Brogini (2013), existem leis que tratam desses assuntos, mas muitas vezes
o empresário desconhece e corre risco de perder um bom negócio ou de ser prejudicado,
tudo por não fazer uma programação correta de negociação e também de observação das
questões fiscais e legais. Como você deve ter observado, a legislação é bem robusta e visa
penalizar as infrações, delitos e fraudes que possam ocorrer na importação e exportação.
Dentre os supracitados e que temos experiência em nossos dez anos de atuação como
analista de importação, é possível afirmar que o perdimento da mercadoria é o que causa
mais danos na importação e exportação.
Por fim, a título de compartilhamento de experiência, as cargas vindas da China,
por questões culturais, costumam ser acompanhadas de alguns “mimos” ou presentes
chineses. É comum, ao se abrir o container, encontrar mercadorias a mais, pois a cultura
chinesa costuma mandar presentes a mais aos seus clientes e, muitas vezes, pode se
encontrar tablets, ursos de pelúcia dentre outros presentes no meio da mercadoria. Ob-
viamente não fazem por mal, mas isso acaba tendo problemas na conferência física da
mercadoria, gerando multas ou perdimento da mercadoria.

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 55


3. O CONTRABANDO E O DESCAMINHO

A pergunta que você deve se fazer é: qual é a diferença entre contrabando e des-
caminho? Bem, vamos por partes! Segundo a Lei 13.008/14, os crimes de contrabando e
de descaminho também se aplicam legalmente para os processos de importação e expor-
tação. Nesse sentido, Oliveira et al. (2017), ao tratar do regulamento aduaneiro, afirma que
as previsões e penalidades são inerentes aos importadores e exportadores e, com isso,
afirmamos que o contrabando e descaminho é fator presente nos processos aduaneiros.
Para a lei Lei 13.008/14, descaminho é “art. 334 iludir, no todo ou em parte, o
pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria”, isso acontece muito com a tentativa de trazer mercadorias como cigarros e
bebidas de outros países sem pagar as devidas taxas e trâmites legais previstos em lei.
Não é proibido trazer armas e cigarros, por exemplo, mas o processo e as taxas impostas
são tão altas que acabam favorecendo o descaminho da mercadoria. A pena para o infrator
de descaminho é reclusão de um a quatro anos. Já o contrabando é caracterizado pela
mesma lei, 13.008/14, como “art. 334(a) importar ou exportar mercadoria proibida”, com
pena de reclusão de dois a cinco anos, ainda, para os casos de serem pessoas jurídicas,
cabe a suspensão da permissão de importador e exportador.
Dentre os produtos proibidos de importar ou restritos com fiscalização prévia estão,
de acordo com o decreto nº 3.000, de 1999, Objetos de valor monetário, como: notas;
moedas; cheques; ouro; prata; medalhas; joias; pedras preciosas. Brinquedos e livros:

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 56


jogos de carta; jogos de vídeo e cartuchos; jogos ativados por ficha ou moeda; simulacros
ou réplicas de armas de fogo; livros infantis que não estejam em português. Drogas: cigar-
ros, charutos, cachimbos e tabaco; utensílios que promovam o fumo; bebidas alcoólicas;
substâncias químicas e psicotrópicas; remédios não aprovados pela ANVISA. Materiais
biológicos: animais vivos; carne e alimentos de origem animal; substâncias perecíveis,
infecciosas ou não; sementes e mudas de café, arbustos; produtos contendo organismos
geneticamente modificados. Armas e objetos relacionados: punhais, facas, estiletes,
lâminas e espadas; armas de fogo, pistolas de ar e de pressão; objetos pontiagudos, como
bengalas e guarda-chuvas; munições, silenciadores e outros acessórios para armas; ma-
teriais para produção e recarga de munições; cassetetes, aparelhos de choque e algemas;
lunetas, binóculos, miras e visores para armas de fogo. Outros itens: produtos inflamáveis;
cartões de desconto, cupons ou vale presentes; produtos comprados com vale presentes;
itens frágeis, como louça, porcelana ou vidro; produtos que possam causar danos a equi-
pamentos ou pessoas; objetos de valor artístico e histórico, como antiguidades e pinturas;
materiais radioativos; produtos falsificados.
Ainda, o site da Receita Federal (http://receita.economia.gov.br/) fez uma lista
simplificada de itens proibidos na seção de orientação aduaneira em que consta como
proibições comuns:
Cigarros e bebidas fabricados no Brasil, destinados à venda exclusivamente
no exterior; Cigarros de marca que não seja comercializada no país de
origem; Réplicas de arma de fogo; Espécies animais da fauna silvestre sem
um parecer técnico e licença; Espécies aquáticas para fins ornamentais e de
agricultura, sem permissão do órgão competente; Produtos falsificados e/ou
pirateados; Produtos contendo organismos geneticamente modificados; Os
agrotóxicos, seus componentes e afins; Mercadoria atentatória à moral, aos
bons costumes, à saúde ou à ordem pública; e Substâncias entorpecentes ou
drogas (RECEITA, 2020).

Segundo Brito (2018), o cigarro é o item que mais tem incidência de contrabando
no Brasil, com cerca de 75% do total notificado, a autora relata que a maioria vem do
Paraguai e soma em média 2,3 bilhões por ano. Com essas constatações podemos afirmar
que, embora a legislação não seja branda para esses tipos de crimes, não é incomum que
as empresas e pessoas físicas tentem trazer essas mercadorias proibidas para a comer-
cialização no Brasil.

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 57


4. ANÁLISE DE PROBLEMAS ADUANEIROS

Como todo sistema, há problemas também nas questões aduaneiras, por isso é
importante que o profissional de Comex saiba quais são os mais comuns e ajudem na
possibilidade de diminuição para que o cliente tenha sucesso em suas importações e
exportações. Há muitas regras envolvidas, o que causa morosidade nos processos. Nos
processos de exportação ainda são mais rápidos, mas na importação, um único processo
pode levar até 20 dias para a finalização, caso parametrize em canal verde.
O primeiro problema que elencamos é a questão documentária. Os documentos
de instrução de desembaraço devem ser carimbados, assinados à mão e com caneta esfe-
rográfica na cor azul. Parece simples, mas todos os documentos do exterior são enviados
pelo exportador e, na China, por exemplo, apenas um carimbo é o suficiente para a expor-
tação da mercadoria, entretanto, quando chega no Brasil, os documentos são considerados
errados. Na China o carimbo é uma assinatura e para eles é incabível uma falsificação de
carimbo, mas para o Brasil isso não é suficiente e, por isso, atrasa o processo quando os
documentos não estão devidamente assinados.
O segundo problema é com a quantidade da mercadoria efetivamente embarcada.
Como dissemos na seção anterior, as mercadorias oriundas de alguns países costumam vir
a mais, pois os exportadores entendem que fazer “um agrado” vai ajudar o cliente e aumen-
tar a sua credibilidade, mas na efetivação do desembaraço, constatado o peso diferente,
é preciso abrir todos os produtos e aferir a quantidade. Imagine se for o caso de parafusos

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 58


ou produtos muito pequenos; nesses casos é melhor considerar a carga por peso e pagar
a diferença por peso.
O terceiro fator é o processual, ou seja, o percurso que uma mercadoria passa até
ser efetivamente liberada. Os portos e aeroportos são equipados para o recebimento da
mercadoria, mas os terminais de carga levam alguns dias até “dar presença de carga” da
mercadoria. Isso acontece porque as mercadorias que são trazidas em container conjuntos
precisam passar por uma certa triagem e identificação de carga. Apenas para identificar e
armazenar uma mercadoria solta pode levar até três dias e somente após a identificação e
notificação é que pode se dar o início ao processo de desembaraço.
Em quarto lugar temos os procedimentos fiscais que, após o registro da Decla-
ração de Importação (DI), precisam liberar a mercadoria. Em muitos casos é necessário
fazer a retificação da DI por inúmeros problemas, e até o fiscal colocar essa irregularidade
no sistema pode levar até três dias. Somando os dias de carga parada, a mercadoria fica
à mercê dos administradores aduaneiros, o que nos leva ao quinto lugar: os custos de
armazenagem.
É nesse momento que o profissional de Comércio Exterior deve agir: ajudando os
importadores e exportadores a organizarem seus embarques e programações para que
possam reduzir os custos na importação e exportação. Assim como o advogado, o despa-
chante aduaneiro é o único que responde diretamente ao Fiscal da Receita Federal. Dentre
as possíveis ajudas elencamos:

Quadro 2 - Problemas e atuação do profissional de Comex

PROBLEMA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE COMÉRCIO EXTERIOR


Representar as empresas (importadores e exportadores, armazéns
REPRESENTAÇÃO alfandegários e transportadores) perante a fiscalização e os órgãos
intervenientes.
Evitar multas e custos desnecessários, atuando de forma preventiva para
LEGISLAÇÃO
garantir o cumprimento de todas as regras legais e fiscais.
Indicar o regime tributário ao qual está submetida a carga, podendo melhor
TRIBUTAÇÃO
enquadrar o processo e buscar incentivos e benefícios.
Organizar logística, evitando atrasos e agilizando o processo para que a
LOGÍSTICA
carga chegue no menor tempo possível.
CLASSIFICAÇÃO
Auxiliar no enquadramento da classificação fiscal.
FISCAL
Fazer o compliance de documentos, organizando a documentação antes,
DOCUMENTAÇÃO durante e até a liberação da carga, como a Declaração de Importação ou
de Exportação.

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 59


Identificar previamente a viabilidade do processo (tratamento administrativo),
já que é necessário pesquisar e levantar dados do que é preciso para
ADMINISTRATIVO importar/exportar determinado produto, como restrições ou não para o
mercado, licenciamentos, regras sanitárias, de embalagem ou rotulagem
etc.
Gerenciar toda a cadeia de intervenientes, mantendo contato com o Porto,
ANUÊNCIA Receita Federal, transportadora, empresa de frete etc. até a carga chegar
ao seu destino final.
Verificar condições, identificar e quantificar a carga recebida ou exportada
CONFERÊNCIA
por meio de qualquer modal.
REPRESENTATIVIDADE
Representar pessoas físicas no desembaraço de bagagem desacompanhada.
LEGAL
Fonte: Interseas (2020).

Sugerimos que você se dedique aos seus estudos e busque cada vez mais cursos
extras que possam te auxiliar a entender melhor ainda o processo de importação e expor-
tação brasileira. Você verificará que o mercado de trabalho está ansioso por profissionais
qualificados e que entendam principalmente da legislação fiscal aduaneira e da previsão de
despesas aduaneiras.
Desejo a você bons estudos e continue sempre na busca de conhecimento, você
terá muito sucesso.

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 60


SAIBA MAIS
Não são somente algumas empresas que tentam burlar o sistema de importação. Os
aeroportos brasileiros, que também funcionam como aduana, passam diariamente por
fiscalização rigorosa e encontram muitas mercadorias de contrabando. Sugiro que você
assista a uma série que está disponível no link a seguir. Trata-se da série Área Restrita.
Este programa é a junção da atuação de vários fiscais em diversos países e mostra o dia
a dia da fiscalização nos aeroportos. Assista principalmente os casos brasileiros. Tenho
certeza que você vai se surpreender:

Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UCqK8L0jBk9gP0TC3GNpNkBQ/videos

REFLITA
“O comércio é o grande civilizador. Trocamos ideias quando trocamos tecidos” (Robert
Ingersoll).

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 61


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) estudante, você pode observar nesta unidade que as regras para a im-
portação e exportação de produtos são rígidas! Além disso, pode observar que as fraudes
acontecem na tentativa de pagar menos impostos, falsificação de produtos, e, infelizmente,
na tentativa de importação e exportação de drogas e materiais ilícitos.
Foi observado também que os portos e aeroportos estão equipados com instrumen-
tos de aferição e que, em caso de constatação de fraudes e irregularidades, há o perdimento
da mercadoria. Tudo isso para que a proteção do comércio e as relações internacionais não
sejam abaladas por pessoas que tentam burlar o sistema de fiscalização.
Em suma, há a tentativa de busca por redução de despesas nos impostos tribu-
táveis, recebimento de mercadorias proibidas ou impedidas de procedimento de naciona-
lização, mercadorias a mais dentro das importações, materiais escondidos nos produtos
autorizados. Vimos também que, para todos esses casos, a fiscalização atua com rigor e
efetividade, que vai desde multas, suspensão de autorização de importação e exportação,
até prisões efetivas, conforme previsto em lei.
As mercadorias apreendidas seguem destinos conforme previsto nas legislações,
por exemplo, para casos de mercadoria a mais, a Receita Federal pode solicitar que se
nacionalize legalmente o produto sobressalente, dar perdimento da mercadoria ou apreen-
são para posterior realização de bazares de caridade. Já para os casos de sonegação há
a aplicação de prisões e multas e nos casos de produtos falsificados e entorpecentes há a
destruição devidamente acompanhada pelos órgãos competentes.
Espero que esta unidade tenha trazido a você muito conhecimento e reforço que
assista a série gratuitamente no YouTube denominada Área Restrita! Eu garanto a você que
vale muito a pena para que você tenha conhecimento dos efetivos e ações da fiscalização
brasileira. Somos, inclusive, exemplo internacional no combate à tentativa de irregularida-
des e contrabandos.
Espero você na próxima e última unidade de nosso estudo!

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 62


MATERIALCOMPLEMENTAR

FILME/VÍDEO
Título: Diamente de Sangue
Ano produção: 2007
Duração: 2h 23min
Classificação: 14 anos
Gênero: Aventura
Sinopse: Serra Leoa, final da década de 90. O país está em
plena guerra civil, com conflitos constantes entre o governo e a
Força Unida Revolucionária (FUR). Quando uma tropa da FUR
invade uma aldeia da etnia Mende, o pescador Solomon Vandy
(Djimon Hounsou) é separado de sua família, que consegue fugir.
Solomon é levado a um campo de mineração de diamantes, onde
é obrigado a trabalhar. Lá ele encontra um diamante cor-de-rosa,
que tem cerca de 100 quilates. Solomon consegue escondê-lo
em um pedaço de pano e o enterra, mas é descoberto por um
integrante da FUR. Neste exato momento ocorre um ataque do
governo, que faz com que Solomon e vários dos presentes sejam
presos. Ao chegar na cadeia lá está Danny Archer (Leonardo
DiCaprio), um ex-mercenário nascido no Zimbábue que se dedica
a contrabandear diamantes para a Libéria, de onde são vendidos
a grandes corporações. Danny ouve um integrante da FUR acusar
Solomon de ter escondido o diamante e se interessa pela história.
Ao deixar a prisão, Danny faz com que Solomon também saia,
propondo-lhe um trato: que ele mostre onde o diamante está
escondido, em troca de ajuda para que possa encontrar sua família.
Solomon não acredita em Danny, mas, sem saída, aceita o acordo.

LIVRO
Título: Comércio internacional e legislação aduaneira. Esquema-
tizado
Autores: Roberto Caparroz (Autor), Pedro Lenza (Autor, Coeditor)
Editora: Saraiva
Sinopse: A obra Comércio Internacional e Legislação Aduaneira é
recomendada para cursos de graduação e concursos na área fiscal.
As matérias são abordadas de forma teórico-prática, com farta
utilização de exemplos e gráficos, que influem positivamente na
fixação dos conteúdos. O autor traz importantes temas do Comércio
Internacional e Legislação Aduaneira, como o mercantilismo, o
sistema multilateral do comércio, organizações e organismos
internacionais relacionados ao comércio, processos de integração
econômica, Mercosul, contratos internacionais, entre outros. A
metodologia empregada na obra permite que o leitor tenha acesso
a mais completa e atualizada teoria, exposta em linguagem clara e
acessível, e acrescida de questões especialmente selecionadas e
comentadas em detalhe.

UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 63


UNIDADE IV
Operações de Importação e Exportação
- Panorâmica Tributária, Documental e
Operacional
Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves

Plano de Estudo:
• Natureza e tributos aduaneiros
• Tributos e encargos
• Despacho aduaneiro

Objetivos da Aprendizagem
• Estudar a os órgãos anuentes e intervenientes.
• Compreender o regimento tributário aduaneiro.
• Verificar os procedimentos para o despacho de mercadorias e serviços.

64
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à quarta unidade da apostila sobre Legislação


Aduaneira e Tributária.
Desta vez falaremos um pouco sobre as questões tributárias na importação e ex-
portação. Esse assunto assombra a maiorias dos importadores e exportadores, uma vez
que os custos na importação e exportação estão ligados diretamente no planejamento e
análise de custos dos produtos a serem comercializados.
Assim, como visto na disciplina de Gestão da Operação de Importação, veremos a
diferenciação entre tributo e imposto. Também estudaremos um pouco sobre o Imposto de
Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS, COFINS, CIDE, ICMS
e os tributos de defesa comercial, como o Dumping. Em seguida, verificaremos sobre o
cálculo dos impostos de importação, mas antes alinharemos na definição de cada imposto
e produto e o impacto que esses tributos trazem para a formulação do preço de venda dos
produtos.
É nesta unidade que poderemos analisar as grandes questões entre empresários e
o governo, uma vez que o cálculo dos impostos, em sua maioria, influenciam de forma ne-
gativa a importação e exportação, uma vez que os importadores e exportadores não veem
com bons olhos o fato de estarem contribuindo com o crescimento do país e, ainda assim,
serem taxados com altos impostos. Entretanto, com muito planejamento, conhecendo as
bases legais e os benefícios fiscais, é possível a programação dos impostos, possibilitando,
inclusive, se beneficiar de medidas compensatórias, e salvaguardas.
Na importação, os impostos incidentes são recolhidos no momento do registro da
Declaração de Importação (DI), por meio de cálculos preestabelecidos pela legislação e
sempre visa a proteção da produção nacional, já na exportação é no momento do envio da
mercadoria pelo registro da Declaração de Exportação (DE).
Desejamos um ótimo estudo a todos!

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 65


1. NATUREZA E TRIBUTOS INCIDENTES

Nesta parte trataremos sobre os tributos, impostos e taxas incidentes na importa-


ção e exportação. A relevância é muito grande, uma vez que são eles que, de modo geral,
encarecem uma mercadoria, já que fazem parte do custo do produto importado e serão
passados adiante para o consumidor, no preço final do produto. As regras para a contribui-
ção dos impostos, tributos e taxas variam de estado para estado e é importante que cada
importador e exportador consulte a legislação vigente e as regras de arrecadação.
A natureza dos impostos depende dos órgãos que estão envolvidos no processo de
importação e exportação. Sendo assim, relembre o que você aprendeu em outras discipli-
nas e na Unidade I deste material! Isso mesmo, relembre como é organizado o sistema de
comércio exterior, ou seja, se há órgãos anuentes ou intervenientes. Mas fique calmo(a),
vamos rever a seguir.
No decreto 6759/09 estão esclarecidos os órgãos intervenientes e os anuentes.
Os intervenientes têm relacionamento com comércio exterior de alguma forma, mas nem
sempre são impeditivos de importação (banco do exportador, vendedor, despachante,
dentre outros); nem sempre trabalham somente com comércio exterior. Já os anuentes
legislam e têm papel de permitir a importação, ou seja, diretamente ligado à importação
(órgãos como DECEX, MAPA, EXÉRCITO, dentre outros descritos na Unidade I).
De modo geral, os órgãos anuentes trabalham diretamente no país em que a
mercadoria se encontra no momento da análise, por isso, a estrutura do comércio no Brasil

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 66


tem como seu maior organizador o próprio governo. Já os demais órgãos analisam os
produtos e comparam com a legislação. Por exemplo, se um importador está trazendo um
cavalo, será de responsabilidade do importador, juntamente com o Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (MAPA), verificar a classificação e, após a permissão, trazer a
mercadoria – sempre respaldado pela legislação aduaneira.
Ainda, cada órgão citado pode se subdividir, dependendo da necessidade e da
legislação. Obviamente você não precisa saber de todos eles, mas é importante saber que
cada setor é um órgão responsável para determinadas ações na importação.
Importante: essa é a distribuição geral, mas devemos acompanhar os aconte-
cimentos do governo, pois cada presidente reorganiza suas partes, podendo renomear,
adicionar, subtrair ou até mesmo incluir em outras pastas alguns órgãos de atuação.
A Natureza dos impostos é de acordo com os órgãos anuentes e intervenientes na
importação e na exportação. Nem sempre todos os órgãos estarão envolvidos em todas
as importações, mas, dependendo do tipo de produto, será necessário verificar com esses
departamentos o que deve fazer para que o processo de importação não seja barrado
no momento da entrada no país. Todos eles estão interligados e respondem à legislação
aduaneira e é na aduana que serão efetivamente observados. Para resumir, observe a
estrutura de atuação e conceito aduaneiro.
A presidência da república (Figura 1) estabelece e assina decretos sobre a importa-
ção e exportação interna de acordo com a legislação nacional e internacional. O Ministério
das Relações Exteriores (MRE ou Itamaraty) está diretamente ligado às relações inter-
nacionais e é responsável pelas políticas internacionais (Bilateral, regional e Multilateral).
Já o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) atua nas políticas de
desenvolvimento do comércio exterior.

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 67


Figura 1 - Estrutura da Presidência da República na aduana

Fonte: o autor.

Por sua vez, o Ministério da Fazenda formula e regulamenta as políticas econô-


micas do país, ou seja, é um órgão administrativo do comércio exterior; é nele que estão
os órgãos relacionados ao fisco, como Receita Federal (responsável também pela vistoria
e parametrização da mercadoria) e BACEN (responsável pelas verificações de contratos,
câmbio e pagamentos). Estes últimos são responsáveis pela parte tributária da União.
Como citado anteriormente, cada órgão ainda tem sob sua responsabilidade outras
subdivisões de departamentos, como pode ser observado na Figura 2.

Figura 2 – Subdivisão de responsabilidades aduaneiras

Fonte: o autor.

Observe que cada departamento atua de maneira direta ou indireta na importação


e, por isso, é importante relembrar que cada órgão tem seu regimento e normativas. Essas
normativas é que estabelecem critérios na importação aduaneira de determinados produtos.
Dependendo do tipo de tratamento administrativo é que teremos que observar a Instrução
Normativa (IN) para a importação de determinado produto.

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 68


1.1. Tributos e Outros Encargos
É importante esclarecer que a legislação, para a base de cálculos nos processos
de importação e exportação, é oriunda da mesma legislação, entretanto na importação, os
impostos é que estão. Isso ocorre para que o incentivo nas exportações sejam maiores que
na importação, inclusive há diversos incentivos fiscais para a exportação de mercadoria.
Dentre os benefícios está o regime de Drawback.
As alíquotas dos impostos na exportação são isentas, conforme legislação própria
(Decreto-lei nº. 1.578/77). Nela o exportador tem imunidade de pagamento do Imposto de
Produtos Industrializados (IPI) e a não-incidência do Imposto sobre Circulação de Mer-
cadorias e Serviços (ICMS). Isso não significa que os impostos não existem, trata-se de
incentivos fiscais para a exportação. A Contribuição para Financiamento da Seguridade
Social (COFINS) e Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) também não
precisam ser pagas. Além disso, outro incentivo é o crédito presumido do IPI, quando o ex-
portador se valer de insumos nacionais que sofreram incidência de PIS e COFINS. O único
tributo incidente na exportação é o Imposto de Exportação (IE), entretanto cabe analisar
caso a caso, já que só há incidência em alguns produtos que não são interessantes ao
governo para a exportação.
Importante: para essa verificação é feita a classificação fiscal da mercadoria nor-
malmente, como na importação.
Já na importação, estabelecido pela Legislação Aduaneira (Decreto nº 6.759/09),
a base de cálculo é o valor aduaneiro (convertido em moeda nacional), ou seja, Valor da
Mercadoria no Local de Descarga (+) Valor do Frete Internacional (+) Seguro (+) THC
(VMLD+VFI +S+A). Essa é a base de cálculo para tributações dos impostos na importação,
normalmente conhecidas como valor CIF (Cost, Insurance and Freight + Custo, Seguro
e Frete), lembrando que o THC (Terminal Handling Charge - manipulação de carga no
terminal) está vinculado ao frete, uma vez que se trata da taxa recolhida junto ao valor do
frete para o manuseio da carga.
Os Tributos formam as arrecadações da União, estado ou município e englobam
as taxas, impostos e contribuições. Os tributos são obrigações que se deve pagar ao gover-
no por determinado serviço oferecido à sociedade; os Impostos não têm uma destinação
específica e ficam a cargo dos governantes a destinação para serviços universais, como a
educação e a segurança; as Taxas são vinculadas a um serviço público específico, como a
taxa de recolhimento de lixo, taxa de emissão de carteira de identidade etc.; já as Contri-
buições estão vinculadas à melhoria direta para o contribuinte, por exemplo, o Programa

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 69


de Integração Social (PIS) e o Patrimônio do Servidor Público (PASEP). A alíquota dos
impostos é variável e está indicada na Tarifa Externa Comum (TEC), disponível no site do
Ministério da Economia, podendo ser mais alta para os produtos em que o país deseja res-
tringir o seu ingresso ou mais baixa para os produtos cuja entrada no país seja interessante.
As contribuições, segundo Brogini (2013, p. 43), é parte integrante da importação, são
inúmeras e importantes para quem importa. A seguir vamos detalhar algumas arrecadações
pertinentes para nosso escopo, importações.

1.2. Imposto de Importação (II)


Com base na Lei nº 3.244, de 14 de agosto de 1957, está sujeita ao Imposto de
Importação (II) a mercadoria estrangeira que entrar em território nacional. Esse imposto
federal está regulamentado por uma tabela denominada “ad valorem”, ou seja, sobre o
valor da mercadoria, e sua variação está contida na tabela de Nomenclatura Comum do
Mercosul (NCM), vista na Unidade I. Essa alíquota tem como base a média de valor do
produto enquadrado na NCM de cada produto, por exemplo, se o valor de uma caneta esfe-
rográfica importada tem uma média de valor custando USD$ 0.98, a alíquota será aplicada
considerando essa média de preço da caneta importada. Cálculo = (Valor CIF*Alíquota),
exemplo, R$128.000,00*5% = R$6.400,00.
A tabela com os valores está no site do Ministério da Economia, antigo MDIC,
conforme informado nas unidades anteriores. O Imposto de Importação tem como fato ge-
rador a entrada de mercadoria oriunda de país estrangeiro no território aduaneiro (território
nacional). Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data
de registro da DI da mercadoria a ser submetida a despacho para consumo, ou no dia do
lançamento respectivo, nos casos definidos em lei.

1.3. mposto sobre Produtos Industrializados (IPI)


O governo estabelece no Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, o Imposto
sobre Produtos Industrializados, o entendimento, de acordo com o decreto, é que incide
IPI em “qualquer operação com produto industrializado, nacional ou estrangeiro, mesmo
incompleta, parcial ou intermediária”. Por esse entendimento, mesmo as mercadorias
que entraram no país para industrialização são tributadas e, obviamente, as que já estão
industrializadas e o fato gerador para a importação é o registro da DI, não considerando
o destino a ser dado aos produtos importados, se para consumo, utilização, comércio,
industrialização, locação e outros.

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 70


Segundo o decreto, a base de cálculo do IPI é o valor aduaneiro (VLMD+VFI
+S+A), acrescido do Imposto de Importação, ou seja, o II faz parte da base de cálculo do
IPI, embora controverso e muitos importadores alegam, compreensivelmente, que pagam
imposto sobre imposto. Cálculo considerando o exemplo do II (item 2.1): = (Valor CIF+II)*A-
líquota, exemplo, (R$128.000,00+R$6.400,00)*10%=R$13.440,00. A alíquota constante na
Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), constante no site do Ministério da
Economia, é também com base na classificação da NCM do produto ou, segundo o decreto
7.212/10, “no caso de alíquotas específicas (valores fixos em reais) o valor do IPI será
alcançado com a aplicação desses valores sobre a quantidade de produto industrializado
importado”.

1.4. Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento


da Seguridade Social (COFINS)
Com base na Lei Complementar nº 7, de 7 de Setembro de 1970, (PIS) e Lei
Complementar nº 70, de 30 de Dezembro de 1991, (COFINS) e suas alterações, foram
estabelecidos dois tributos que se aplicam também na importação, com fato gerador no
registro da DI. O PIS, conforme art. 1º “é instituído, na forma prevista nesta Lei, o Programa
de Integração Social, destinado a promover a integração do empregado na vida e no de-
senvolvimento das empresas”, já o COFINS conforme art. 1º “nos termos do inciso I do art.
195 da Constituição Federal, devida pelas pessoas jurídicas [...] destinadas exclusivamente
às despesas com atividades fins das áreas de saúde, previdência e assistência social”.
O destino da arrecadação desses tributos é distinto; o PIS é para promover a integração
social do empregado, já o COFINS é para o financiamento da Seguridade Social – inclusive
a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde Pública.
Conforme Instrução Normativa RFB nº 1.401, de 09/10/2013, a base de cálculo
tanto para o PIS como para o COFINS é o valor CIF (Custo, Seguro e Frete)*Alíquota. A
alíquota estabelecida é de 1,65% para o PIS e de 7,6% para o COFINS, salvo exceções
na tabela de classificação fiscal da mercadoria pela NCM, conforme site do Ministério da
Economia.

1.5. Taxa de Utilização do Siscomex (TUS)
De acordo com o Decreto n° 660, de 25/09/92, o Sistema Integrado de Comércio
Exterior (SISCOMEX) é um instrumento administrativo que engloba as atividades de “regis-
tro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, mediante fluxo único,
computadorizado, de informações [...] emite os documentos que envolvem as operações de

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 71


comércio exterior”. O simples fato de utilizar o software SISCOMEX no módulo Importação
gera taxa denominada Taxa de Utilização do Siscomex (TUS).
Essa taxa faz parte da base de cálculo do ICMS e o valor do recolhimento será
conforme a quantidade de adições (considerando cada NCM uma adição), a saber:
I - R$ 185,00 por DI; II - R$ 29,50 para cada adição à DI, observados os seguintes
limites: a) até a 2ª adição - R$ 29,50; b) da 3ª à 5ª - R$ 23,60; c) da 6ª à 10ª - R$ 17,70; d)
da 11ª à 20ª - R$ 11,80; e) da 21ª à 50ª - R$ 5,90; e f) a partir da 51ª - R$ 2,95.

1.6. Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços


(ICMS)
Primeiramente deve ficar claro que o ICMS é um imposto estadual, logo, trataremos
aqui das regras gerais e você precisará consultar as alíquotas do ICMS de seu estado. A
regra do ICMS do Paraná, por exemplo, está respaldada no Decreto nº 7.871, de 2017.
Esse imposto incide sobre a circulação de mercadorias devido ao transporte interestadual e
intermunicipal para “qualquer que seja a sua finalidade, por pessoa física ou jurídica, ainda
que não seja contribuinte habitual do imposto” e é de responsabilidade de cada estado,
conforme ratificado na Lei complementar nº 114, de 16 de dezembro de 2002.
Na importação, conforme disposto do decreto 7.871/17, e comum nos demais es-
tados, o fato gerador do ICMS é o desembaraço da mercadoria. Sendo assim, entende-se
que todos os impostos e mais as despesas ocorridas até o momento do desembaraço,
fazem parte da base de cálculo do ICMS.
Em suma, a base de cálculo do ICMS na importação é a soma do valor da mercado-
ria constante na DI, acrescido do valor do II, IPI, PIS/COFINS e quaisquer outros impostos,
taxas, contribuições e também as despesas aduaneiras. O montante do próprio imposto
integra a base de cálculo, por meio do chamado “cálculo por dentro”, nas operações de
importação. Por exemplo, numa importação de produto tributado a 18%, o cálculo será
efetuado com base de cálculo do ICMS “por fora”, dividido por 0,82 (fator oriundo de 100% -
18% = 82%), multiplicado por 18% (alíquota). Desse modo, partindo de uma base de cálculo
de 100 (base de cálculo “por fora”), ao invés de obtermos 18 (sistemática anterior), o ICMS
será de 21,95 (sistemática atual). A taxa de câmbio utilizada no cálculo do ICMS deverá ser
a mesma do imposto de importação, sem qualquer acréscimo ou devolução posterior caso
tenha variação da taxa de câmbio até o pagamento efetivo do preço.
Atualmente, existem níveis básicos de alíquotas para a incidência do imposto:
7%, 12% e 25%, incidentes sobre um grupo limitado de mercadorias, e 17% e 18%, estas

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 72


duas últimas incidentes sobre a maioria dos produtos, conforme o estado onde ocorrer a
tributação, podendo existir situações ou operações com a utilização de percentuais dife-
rentes. No Estado do Paraná, por exemplo, a alíquota integral é de 18%, sendo utilizado
o Regulamento do ICMS aprovado pelo Decreto 7.871/17 e o convênio ICMS 52/91 como
bases de consulta das alíquotas e benefícios.
Mais uma vez é importante esclarecer que o cálculo apresentado é apenas para
que você, estudante, tenha noção de como é a aplicação da legislação sobre os impostos,
mas é importante que consulte a legislação de seu estado. Muitos estados, como Santa
Catarina, têm benefícios fiscais para a importação com entrada pelos portos e aeroportos
de seu estado. Já outros lugares, como Manaus, têm legislações específicas para produtos
nacionalizados e oriundos de importação.

1.7. CIDE - Combustíveis


A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) é um tributo a ser
recolhido na importação e demais negociações de combustíveis e tem a finalidade de contri-
buir em investimentos em infraestrutura de transporte, em projetos ambientais relacionados
à indústria de petróleo e gás e em subsídios ao transporte de álcool combustível, de gás
natural e derivados e de petróleo e derivados.
Instituído pela Lei no 10.336, de 19 de dezembro de 2001, tem como base geral “Art.
1º [...] a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação
e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool
etílico combustível (Cide)”. Destacamos que a contribuição tem a distribuição do recurso
bem delimitado, por exemplo,
§ 2o A distribuição a que se refere o § 1o deste artigo observará os seguin-
tes critérios: I - 40% (quarenta por cento) proporcionalmente à extensão
da malha viária federal e estadual pavimentada existente em cada Estado
e no Distrito Federal, conforme estatísticas elaboradas pelo Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT;. II - 30% (trinta por cento)
proporcionalmente ao consumo, em cada Estado e no Distrito Federal, dos
combustíveis a que a Cide se aplica, conforme estatísticas elaboradas pela
Agência Nacional do Petróleo – ANP; III - 20% (vinte por cento) proporcio-
nalmente à população, conforme apurada pela Fundação Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística - IBGE; IV - 10% (dez por cento) distribuídos em
parcelas iguais entre os Estados e o Distrito Federal (BRASIL, 2001).

A distribuição da arrecadação é feita diretamente aos estados brasileiros e Distrito


Federal, conforme estabelecido em lei e tem o repasse feito no último dia útil de cada mês.
Além das atribuições da distribuição, a mesma lei estabelece o fato gerador como sendo,

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 73


Art. 3º A Cide tem como fatos geradores as operações, realizadas pelos
contribuintes de importação e de comercialização no mercado interno de:
I – gasolinas e suas correntes; II - diesel e suas correntes; III – querosene
de aviação e outros querosenes; IV - óleos combustíveis (fuel-oil); V - gás
liquefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e de nafta; e VI -
álcool etílico combustível.

Caso o importador atue na importação de produtos que incidam a CIDE-Combustí-


vel, precisa-se verificar na classificação fiscal da mercadoria, por meio da NCM, se consta
como tratamento administrativo a incidência desse tributo. Caso tenha, deverá incluir em
sua base de cálculo e no Siscomex o valor descrito na legislação. Resumindo, a previsão
de coleta deste tributo é feita por metros cúbicos e/ou toneladas importados, por exemplo,
Art. 5 A Cide terá, na importação e na comercialização no mercado interno,
as seguintes alíquotas específicas: I – gasolina, R$ 860,00 por m³; II – diesel,
R$ 390,00 por m³; III – querosene de aviação, R$ 92,10 por m³; IV – outros
querosenes, R$ 92,10 por m³; V – óleos combustíveis com alto teor de en-
xofre; VI – óleos combustíveis com baixo teor de enxofre, R$ 40,90 por t;
VII – gás liquefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e da nafta,
R$ 250,00 por t; VIII – álcool etílico combustível, R$ 37,20 por m³ (BRASIL,
2001).

Os demais casos devem ser consultados na legislação. É importante lembrar que,


como se trata de um tributo bem definido sobre a arrecadação e ser por unidade de me-
dida, entra na base de cálculo em destaque e faz parte da base de cálculo do ICMS, por
exemplo, quantidade de m³ * alíquota = x, ou seja, (Ym³*AL)=x. O valor de “x” entra na
base de cálculo do ICMS como despesa junto com os demais valores da base de cálculo.
Salientamos que, por se tratar de um tributo variável, conforme art. 15º, “os Ministérios da
Fazenda e de Minas e Energia e a ANP poderão editar os atos necessários ao cumprimento
das disposições contidas nesta Lei” a qualquer momento e sempre revisado.

1.8. Despesas Diversas


As despesas diversas na importação dependem da modalidade em que se está
fazendo o traslado da mercadoria. Caso a importação seja marítima, ocorrerá incidência de
algumas taxas que no aéreo não há e vice e versa. Para tanto, o importador deve fazer seus
cálculos das vantagens e desvantagens de cada modalidade e optar dentre as categorias
de transporte qual a mais vantajosa para determinado momento. As modalidades mais co-
muns são: Aéreo, Ferroviário, Hidroviário, Marítimo e Rodoviário, dentre elas, destacam-se
as modalidades aérea e marítima.
A base de cálculo do frete aéreo é obtida por meio do peso ou do volume da mer-
cadoria, sendo considerado aquele que proporcionar o maior valor. As despesas diversas
também acompanharão essa base de cálculo. Por exemplo, para desembaraço da merca-

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 74


doria, armazenagem, manuseio da carga, dentre outras taxas. A International Air Transport
Association (IATA) estabeleceu a seguinte relação (peso/volume): 1 kg = 6000 cm³ ou 1 ton
= 6 m³. Por exemplo: no caso de um peso de 1 kg acondicionado em um volume maior que
6.000 cm³, considera-se o volume como base de cálculo do frete, caso contrário, considera-
-se o peso. Cálculo do peso cubado - exemplo: 45 cm x 37 cm x 58 cm = 0,45 m x 0,37 m x
0,58 m = 0,09657 m³ / 0,006 = 16,09 kg cubados. Essa será a base para as demais taxas e
despesas de manuseio da carga. Quem envia essas despesas ao despachante/importador
é o agente de cargas.
As despesas mais comuns são chamadas de “Charges”, que podem ser classi-
ficadas como manuseio da mercadoria, estocagem, armazenagem, repeso, conferência,
contagem de mercadoria, taxa de segurança, dentre outras que poderão ocorrer.
O mesmo que acontece no transporte aéreo acontece no transporte marítimo. De-
pendendo do tipo de carga que está sendo importada e do tamanho do container escolhido,
haverá maior ou menor incidência de despesas diversas.
Uma carga consolidada (compartilhada no mesmo container) terá que ser aberta
assim que chegar ao porto para pesagem e disposição para a Receita Federal. Esse ma-
nuseio também gera uma despesa, chamada de Handling. A saber, há uma despesa de
armazenagem do tempo em que a mercadoria estiver esperando para o desembaraço, uma
taxa para contar a quantidade de caixas, taxa para pesagem, taxa para verificar se a carga
passou por inspeção e assim por diante.
As despesas diversas no transporte marítimo mais comuns são: Capatazias (THC):
atividade de movimentação de cargas e mercadorias nas instalações portuárias em geral;
Liberação de BL (BL Fee): a atividade de emitir e liberar o BL original ao exportador/importa-
dor; Gate: taxa de recepção das unidades no terminal; ISPS (International Scurity and Port
Security) ou TSF (Terminal Security Fee): para controle de acessos e monitoramento; Lacre
(Seal): fornecimento do Lacre; Foodgrade: taxa para unidade padrão alimento; ENS/A.M.S
/ Transmission Fee: para transmissão dos dados de embarque para alfândega; VGM: co-
brada para a transmissão dos dados; Damage Protection Surcharge (DPP – Proteção de
danos): valor de seguro cobrado pela Cia Marítima; Drop Off: cobrada para utilizar um depot
e deixar o container vazio armazenado; Taxa de Registro de Siscarga (TRS); Desconsolida-
ção: cobrada pelo manuseio da documentação na importação.

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 75


2. SISTEMA INTEGRADO DE COMÉRCIO EXTERIOR - SISCOMEX

De acordo com o Decreto n° 660, de 25 de setembro de 1992, o Sistema Integrado


de Comércio Exterior (SISCOMEX) é um instrumento administrativo que engloba as ativida-
des de “registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, median-
te fluxo único, computadorizado, de informações [...] emite os documentos que envolvem
as operações de comércio exterior”. O simples fato de utilizar o software SISCOMEX no
módulo Importação gera uma taxa denominada Taxa de Utilização do Siscomex (TUS).
Essa taxa faz parte da base de cálculo do ICMS e o valor do recolhimento
será conforme a quantidade de adições (considerando cada NCM uma adição), conforme
expressado no tópico dos impostos incidentes.
Com a finalidade de coordenação das atividades de registro, o SISCOMEX é um
sistema operacional que integra todos os dados de importação e exportação. Essa base de
dados envolve pelo menos três procedimentos que permeiam uma importação. A base para
qualquer importação pode ser subdividida em três, a saber:
Administrativa: todos os procedimentos necessários para efetuar uma im-
portação, são aplicados de acordo com a operação e/ou tipo de mercadoria
a ser importada. Compreende todos os atos que estão a cargo da Secex,
envolvendo a autorização para importar, que se completa com a emissão
da licença de importação, tudo realizado via on-line no Siscomex (Sistema
Integrado de Comércio Exterior), e interligados aos órgãos governamentais,
Receita Federal, Banco Central do Brasil (Bacen) e todos os agentes que
participam ativamente nos processos de exportação e importação. Cambial:
é a transferência da moeda estrangeira para o exterior para o pagamento
das importações, cujo controle está a cargo do Banco Central e que se pro-
cessa por meio de um banco autorizado a operar em câmbio. Fiscal: que

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 76


compreende o despacho aduaneiro, mediante o recolhimento de tributos, e
que se completa com a retirada física da mercadoria da alfândega (ARAÚJO,
2013, p. 52, grifo nosso).

Segundo o autor, a etapa administrativa inicia o processo de importação, logo, está


ligada à autorização de entrada de mercadoria no país. Já o setor cambial é de responsa-
bilidade dos bancos e agentes financeiros e, por fim, o setor fiscal fica responsável pelas
fiscalizações aduaneiras e recolhimento de taxas e tributos, conforme a legislação.

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 77


3. DESPACHO ADUANEIRO DE MERCADORIAS

Para Tripoli e Prates (2016), a organização do processo de importação vai além
da atividade entre importador e exportador, dessa forma podemos garantir que os órgãos
governamentais, por sua complexidade, estabelecem alguns critérios para a verificação da
mercadoria e também estabelecem os respondentes em cada fase do processo.
O despacho aduaneiro fica a cargo do despachante aduaneiro, pessoa responsável
pela tratativa com a Receita Federal e a entrega de todo documento solicitado. Normalmen-
te, é o representante legal da empresa junto à aduna. Esse profissional passa por provas
específicas e somente após comprovado o período de experiência na profissão é que pode
atuar como despachante. Primeiro deve começar como ajudante de despachante, por uma
média de cinco anos, após isso, realizar uma prova nacional de despachante e daí começa
a atuar como despachante aduaneiro.
É dele a função de acompanhar o desembaraço aduaneiro que é feito exclusiva-
mente pela Receita Federal e órgãos envolvidos na importação do produto específico. Em
suma, o despacho aduaneiro é a reunião de informações sobre a importação e a declaração
de todas as informações em um sistema denominado Siscomex (Sistema de Comércio Ex-
terior). Somente o despachante e a Receita Federal tem acesso às informações constantes
no despacho aduaneiro.
O Despacho Aduaneiro trata-se do procedimento de fiscalização que toda merca-
doria deve passar, seja na importação ou exportação. No caso da importação é o momento

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 78


em que se solicita a autorização da nacionalização da mercadoria. Tem o objetivo de uma
verificação precisa de todos os dados que foram fornecidos previamente pelo importador
em relação à mercadoria importada, pois, com base nessas informações que são cobrados
os tributos e taxas de importação.
O regulamento aduaneiro, estudado na unidade anterior, estabelece os tipos de
documentos e prazos necessários para o despacho da mercadoria e consequentemente
culmina no desembaraço da mercadoria, feito pela fiscalização.
Para que o despacho aduaneiro siga um fluxo de tempo razoável é importante
seguir alguns passos como: 01. Conclusão da Transação Comercial, envio da FATURA
PROFORMA ou PROFORMA INVOICE; 02. Classificação da Mercadoria (NCM) e des-
crição de acordo com a NCM definida; 03. Verificar se a NCM tem L.I. e se o deferimento
é antes ou após o embarque; 04. Confirmar com o importador se o Credenciamento no
RADAR, procuração e Tela RADAR estão ok; 05. Verificar a modalidade de transporte e
fazer a cotação de frete; 06. Solicitar o seguro internacional provisório; 07. Enviar instrução
de embarque para o exportador com dados do agente, NCM’s e demais dados a serem
mencionados nos conhecimentos; 08. Enviar dados do exportador para o agente de carga
do Brasil enviar para o agente na origem; 09. Solicitar ao exportador a cópia da Invoice
e Packing para conferência do DRAFT do B/L; 10. Acompanhar o embarque e conferir
DRAFT do B/L; 11. Fazer Follow up da posição dos processos para o cliente.
Seguindo, temos os passos: 12. Conferência Documental: solicitar ao exportador
para enviar a cópia dos documentos originais e assinados por e-mail, antes do envio dos
originais para o Brasil; 13. Solicitação dos documentos originais de importação para desem-
baraço; 14. Acompanhar com o agente de carga e SISCARGA a chegada da mercadoria
no Brasil; 15. Verificar o local onde será o desembaraço aduaneiro; 16. Verificar se os
documentos originais chegaram; 17. Solicitar o Seguro Internacional definitivo; 18. Cotar
o frete do transporte Rodoviário; 19. Fazer a Solicitação de Numerários; 20. Confirmar a
atracação porto/Aeroporto; 21. Verificar se houve AVARIAS para comunicar a seguradora/
cliente; 22. Pagar taxas e providenciar a liberação do BL/AWB; 23. Providenciar a DTA
(caso seja remoção para EADI) e ADTA no MAPA para container ou mercadorias que te-
nham deferimento da L.I. pelo MAPA, ANVISA e outros; 24. Providenciar o deferimento da
L.I. (se houver); 25. Registrar a D.I. e verificar parametrização; 26. Acompanhamento de
desembaraço junto a Receita Federal; 27. Mercadoria desembaraçada, informar ao cliente;
28. Providenciar o carregamento; 29. Acompanhar até a entrega no cliente; 30. Separar

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 79


processo no operacional e enviar para o financeiro; 31. Prestação de contas da Operação;
32. Fim do processo.
Com esses procedimentos provavelmente a mercadoria seguirá o fluxo corretamen-
te de importação. Para melhor entendimento do fluxo e tempo do processo de despacho,
observe o esquema:

Figura 3 - Fluxo da importação

Fonte: TechImpex (2020).

Figura 4 - Fluxo da Exportação

Fonte: Brasil (2020).

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 80


O desembaraço da mercadoria acontece logo após o registro da Declaração de
Importação (DI) ou de Exportação (DE). No primeiro momento, o desembaraço envolve a
verificação dos documentos que acompanham a mercadoria, com a finalidade de verificação
legal dos procedimentos documentais, ou seja, se tem a Invoice (nota fiscal de compra), o
Packing List (romaneio) e certificações, se for o caso.
O desembaraço aduaneiro pode envolver dois procedimentos: a verificação docu-
mental e a verificação da carga (física). Os documentos necessários para o desembaraço
e também a verificação física da carga estão estabelecidos no Decreto 6.759/2009, artigo
553.
Assim que a mercadoria chega ao Brasil, a carga é colocada em uma fila de espera,
é nesse momento que a aduana verifica junto aos portos e aeroportos a “presença de
carga”, ou seja, se o peso e dimensões fornecidos na documentação estão corretos. O
sistema Siscomex é usado para completar o Registo da Mercadoria. Após o Registro da
mercadoria o próprio sistema emite um documento denominado Declaração de Importação
(DI). Após esse registro, a carga é parametrizada, para isso, usa-se um sistema de código
para saber se está tudo correto com a mercadoria a ser nacionalizada. É no momento do
registro da DI que são recolhidos automaticamente os impostos previstos em lei.
Na parametrização da mercadoria a carga pode ser classificada como canal Verde
(não há análise); canal amarelo (conferência documental), vermelho (conferência docu-
mental e física), e canal cinza (todas as conferências anteriores e também a consulta legal
dos produtos e também possível auditoria da carga ou na empresa). Nesse último normal-
mente acontece em caso de suspeita de sonegação ou irregularidades na arrecadação do
imposto. Em resumo temos: 1º -os bens chegam à alfândega nos portos ou aeroportos;
2º - verificação e registro da mercadoria; 3º - após desembaraço da DI e desembaraçada a
mercadoria, ela é liberada com o Certificado de Importação (CI) e pode ir para a empresa.

3.1. Documentação Gerada nas Operações de Comércio


Para a importação, conforme regulamento aduaneiro, é necessário: Certificado
de origem; Packing list ou romaneio; Proforma Invoice; Conhecimento de embarque;
Licenciamento de Importação (LI), quando necessário; Declaração de importação (DI) e
Comprovante de Importação (CI)
Já para a exportação são necessários: Fatura Pró-Forma; Nota fiscal; Fatura
Comercial (Commercial Invoice); Conhecimento ou Certificado de Embarque; Romaneio
(Packing List) e Certificado de Origem (Certificate of Origin).

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 81


3.2. Classificação Fiscal de Produtos
A Receita Federal (RF) ajuda na classificação da mercadoria por meio de consulta
pública (item a item), mas seria impossível importar se todas as vezes fosse preciso esperar
a RF classificar para o cliente os produtos, por isso, é de domínio público a lista de NCMs
dos produtos comuns nas transações de comércio exterior. Mas e os produtos que vão
surgindo no decorrer do tempo? E os produtos que deixam de existir? Bem, para esses
casos, a classificação é feita por associação ou aproximação de produtos.
Se fosse necessário classificar um disco voador, por exemplo, não há número de
NCM para esse produto, mas há um relacionado: 8803.30.00 - Aeronaves e aparelhos
espaciais e suas partes. Mesmo sendo estabelecidos números para a classificação da
mercadoria, na prática, é comum os fornecedores enviarem documentos com classifica-
ções distintas, pois, muitas vezes, no país de origem o número não está atualizado ou a
fiscalização é mais branda quanto à classificação fiscal. A saber, a classificação incorreta,
para o Brasil, é passiva de multas altíssimas, onerando o importador/exportador; esse
sistema é adotado desde 1995 pelo Sistema Harmonizado (SH), criado pela OMC e define
o tratamento administrativo.
Observando o número de classificação do produto, é possível constatar que a
classificação fiscal é composta por quatro dígitos: 0000 (xxxx). Entretanto, para o Brasil,
deve-se atentar para a classificação mais específica do produto. No exemplo da caneta,
seu material constituinte poderia ser de madeira, logo o tratamento administrativo seria
pelo Ministério da agricultura (MAPA), poderia dar choque (ANVISA), poderia ser banhada
a ouro, poderia ser de plástico etc.
Para cada tipo de caneta há uma subclassificação. Há livros específicos e disci-
plinas detalhadas para a classificação da mercadoria, mas, para entender a estrutura da
classificação que designa o tratamento administrativo de um produto, você pode observar
a Figura 5.

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 82


Figura 5 – Estrutura do NCM

Fonte: o autor.

Na estrutura anterior é notório que, dependendo do tipo da caneta, haverá uma


classificação específica e a classificação incorreta pode gerar multas na importação. Isso
acontece pelo motivo de que em cada tipo de caneta haverá um custo envolvido, logo, a
tributação sofrerá variações. A classificação de mercadoria é um trabalho árduo, até mesmo
para os profissionais do comércio exterior. Alguns produtos possuem também uma defesa
chamada Antidumping, para tornar o produto concorrente, outras simplesmente podem não
seguir os padrões nacionais de segurança estabelecidos pelo INMETRO.
Para Assumpção (2007), o controle administrativo nas importações é realizado pelo
tratamento administrativo, podendo ser consultado no site do MDIC e nele consta se o
produto pode ser trazido livremente ou se precisa de autorização, ou seja, por meio da
Licença de Importação (LI) sujeita a anuência de órgãos do governo ou podem ser trazidos
para o tratamento administrativo já estabelecido na NCM de cada produto.

3.3. Regimes Aduaneiros Especiais e Atípicos


Para entender o que são casos especiais de importação e exportação precisamos
pensar em algumas situações! Imagine que você é um(a) esportista e competidor(a) em vá-
rias campeonatos de tiro ao alvo. Um dia você é convidado(a) para participar de um evento
no Brasil. No primeiro momento você fica muito feliz, pois poderá competir em outro país
e, além disso, pode mostrar seus talentos a todo o mundo, afinal essa é uma competição
mundial que está acontecendo no Brasil e é transmitida em diversas redes sociais. Você
tem um agente no Brasil que te ajudará a alugar um hotel e você fica responsável por trazer
todos os seus instrumentos de competição. Mas, para trazer no avião, deverá despachar
a mercadoria, pois são muitos instrumentos. Nesse caso, o seu agente aqui no Brasil terá

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 83


que trazer seus pertences temporariamente e depois devolver ao país de origem. Vamos
observar alguns regimes especiais a seguir.

3.3.1. Importação exportação temporária
Nesses casos, a Instrução Normativa (IN) número 1600, de 14 de dezembro de
2015, irá respaldar que essa mercadoria entre e saia do Brasil de forma adequada e seu
evento ocorra conforme o planejado. Entretanto, na feira, um investidor gostou muito do
carro híbrido e agora fez uma proposta irrecusável a você. Ele vai comprar o carro, mas
legalmente você não fez a importação para revenda e sim para exposição. Bem, nesse
caso, é possível você fazer a importação definitiva da mercadoria, desde que previsto em
lei.
Esse exemplo que foi dado é um caso de importação temporária, segundo o site
da Receita Federal, uma importação temporária é um regime aduaneiro que possibilita a
entrada de algumas mercadorias no país com uma finalidade específica e com período
previamente determinado de permanência em território nacional. Para esses casos, os
impostos ficarão suspensos e o importador terá que assinar um termo de compromisso
com data prevista de devolução da mercadoria ao país de origem.
Basicamente, essas exportações são feitas para feiras, exposições, congressos,
eventos (de caráter científico, comercial, técnico, cultural ou esportivo) que visem a promo-
ção comercial e/ou para o uso individual em exercício temporário de atividade profissional
de não residente (que não more no país).
Segundo a IN 1600/14, o processo para a importação temporária, por ser uma
importação especial deve seguir basicamente os seguintes passos: a) pode ser solicitado
por pessoa física ou jurídica mediante a solicitação; b) o pedido deve ser feito diretamente
na unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) pelo importador ou seu re-
presentante legal, nesse caso, o despachante; c) assinar o Termo de Responsabilidade em
que consta multa e penalidades legais se o regime de importação temporária for descum-
prida; d) será realizada uma importação de importação simplificada, ou seja, Declaração
Simplificada de Importação (DSI) – eletrônica ou em papel; e) caso a mercadoria venha
junto com o exportador para a feira ou evento, deverá declarar a situação por meio da
Declaração de Bagagem Acompanhada/Desacompanhada, a Declaração de Importação
(DI) ou outras documentações solicitadas pela Receita Federal; f) o prazo para a concessão
ou indeferimento do regime tem prazo estabelecido de até 30 dias, caso toda a documen-
tação e exigências estiverem corretas na solicitação; g) por fim, a legislação defende que

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 84


a fiscalização pode solicitar vistoria da mercadoria, inclusive no evento para a constatação
da finalidade da mercadoria.
Caso o interesse secundário da mercadoria também seja para venda, o solicitante
deve esclarecer nos documentos de importação temporária, alertando que, caso a merca-
doria seja vendida, fará a nacionalização normal do produto; seguindo os procedimentos
de uma importação para revenda e novo processo administrativo será aberto para a nacio-
nalização da mercadoria.

3.3.2. Importação exportação “triangular”


Também conhecida como importação por conta e ordem, a importação triangular
tem respaldo legal e são estabelecidas regras por meio da Instrução Normativa nº 1.861,
de 27 de dezembro de 2018. Segundo esta IN, nota-se que:
Art. 2º Considera-se operação de importação por conta e ordem de terceiro
aquela em que a pessoa jurídica importadora é contratada para promover, em
seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria estrangeira,
adquirida no exterior por outra pessoa jurídica. § 1º Considera-se adquirente
de mercadoria estrangeira importada por sua conta e ordem a pessoa ju-
rídica que realiza transação comercial de compra e venda da mercadoria
no exterior, em seu nome e com recursos próprios, e contrata o importador
por conta e ordem referido no caput para promover o despacho aduaneiro
de importação. § 2º O objeto principal da relação jurídica de que trata este
artigo é a prestação do serviço de promoção do despacho aduaneiro de
importação, realizada pelo importador por conta e ordem de terceiro a pedido
do adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem, em razão
de contrato previamente firmado, que poderá compreender, ainda, outros
serviços relacionados com a operação de importação, como a realização de
cotação de preços, a intermediação comercial e o pagamento ao fornecedor
estrangeiro.

De acordo com a legislação, uma empresa importadora pode ser contratada para
trazer uma mercadoria, em sua totalidade, para outra empresa no Brasil que não é impor-
tadora. A negociação é simples: o cliente entra em contato com a empresa importadora e
compra uma carga inteira de determinado produto, entretanto esta empresa compradora, por
algum motivo, não pode importar diretamente o produto. Então, essa empresa estabelece
que pagará por toda a importação, inclusive o recolhimento dos impostos, mas o nome do
importador será o da empresa que tem o know-how ou capacidade de importação junto ao
RADAR (departamento responsável pelo credenciamento de uma empresa importadora).
Para que a importação por conta e ordem (triangular) aconteça, a empresa contra-
tada como importadora precisa atuar também no seguimento do produto que está sendo
embarcado.

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 85


3.3.3. EX-tarifário
O regime de EX-tarifário (ou “exceção tarifária”) é um sistema governamental para
a estimulação ou desestimulação de importação de determinados produtos. Basicamente
tem objetivo de rever as questões tributárias de determinados insumos ou máquinas impor-
tadas.
O EX-tarifário não é imutável, por isso o importador que quer se beneficiar de redu-
ções de tributos deve observar sempre as modificações que são feitas pelo governo. Por
exemplo, pode ocorrer a isenção tributária na área de determinados medicamentos, com
o objetivo de suprir o mercado brasileiro com alguma medicação que esteja com falta de
demanda, entretanto um tempo depois não existe mais essa redução devido à saturação
de mercado. As últimas portarias revisadas pelo governo foram as de número 309, de 24
de junho de 2019, e número 324, de 29 de agosto de 2019.
De modo geral, o EX-tarifário consiste na redução por um determinado tempo da
alíquota do imposto de importação (II) de bens de capital (BK), de informática e telecomuni-
cação (BIT), na Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) que pode ser encontrado na lista
de Nomenclatura (NCM), quando não houver a produção nacional equivalente. No ano de
2019 o Ministério da Economia promoveu a redução a 0% ao amparo do Ex-Tarifário. Caso
o importador não opte pelo EX-tarifário, as importações de BK têm incidência de 14% de
Imposto de Importação, e as de BIT, 16%.
É notório que o regime especial de EX-tarifário ajuda no investimento do país, uma
vez que o custo da importação fica melhor com o recolhimento do II reduzido. A promoção
desse regime visa: a) investimento em bens de capital (BK); b) investimento em informática
e telecomunicação (BIT) – desde que não tenham produção considerável no país; c) ino-
vação e tecnologia; d) estimula a empregabilidade e renda sobre diferentes segmentos da
economia nacional.
Ainda, algumas máquinas, segundo a legislação, podem ser importadas com o
benefício do EX-tarifário, uma vez que comprovada que a entrada desse maquinário irá
produzir produtos inovadores, inéditos ou mesmo a empregabilidade das pessoas.
Para essa comprovação, o importador pode pedir EX-tarifário excepcional, caso
não esteja na classificação da mercadoria que aquele produto pode gerar emprego ou
inovações de mercado. Para isso, o importador precisa passar por um processo rigoroso
de análise. Já na nova tratativa, as Portarias do Ministério da Economia nº 309, de 24 de
junho de 2019, e nº 324, de 29 de agosto de 2019 estabelecem as regras para a solicitação

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 86


de análise de EX-tarifário. O prazo para a análise do pedido varia de acordo com a comple-
xidade das características do produto.
Na exportação destaca-se o Drawback, que para Tripoli e Prates (2016, p. 109) é “é
um regime aduaneiro especial pelo qual se pode suspender ou eliminar tributos incidentes
sobre certos produtos, como o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI)”. É um bene-
fício usado principalmente para fabricar artigos destinados à exportação.

3.3.4. Acordos comerciais


Desde 1990 a Confederação Nacional da Indústria (CNI) atua para que o Brasil
tenha planejamento estratégico na comercialização e a redução de barreiras, em sua maio-
ria a redução tarifária, entre países com relacionamento comercial. Além das reduções
tarifárias, os acordos estabelecem regras e disciplinas, condições iguais de competição em
mercados estratégicos, maior participação do Brasil nas cadeias de produção internacional
e maior acesso ao conhecimento de novas tecnologias.
Tem como objetivos também as reformas domésticas, maior produtividade em es-
cala e redução do custo de produção e, finalmente, a competitividade. Os acordos servem
para a não discriminação de produtos oriundos do Brasil. Os acordos comerciais recente-
mente analisados pela CNI.
Os acordos mais comuns firmados pelo Brasil são Mercado Comum do Sul (MER-
COSUL), Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), Acordo de Livre Comércio
da América do Norte (NAFTA), Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP),
Sistema Geral de Preferências (SGP), Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC).
Já os acordos comerciais e negociações internacionais são os estabelecidos com a Organi-
zação Mundial do Comércio (OMC), União Europeia (EU), UNCTAD, Área de Livre Comércio
das Américas (ALCA), Ministério da Economia e o Grupo dos 77. Todos os acordos estão
disponíveis nos canais eletrônicos e também em legislações específicas.
Entre os acordos com preferência tarifárias destacamos os de Regimes de Origem,
Certificado de Origem, Certificado de Origem Digital (COD), ABC das Regras de Origem e
Pesquisa de Mercado. Caso queira consultar o que prevê cada um deles, é importante que
leia os acordos na íntegra.
Os acordos firmados exclusivamente com países são: Acordo de Sementes entre
países da ALADI (AG-02), Acordo de Bens Culturais entre países da ALADI (AR-07), Brasil -
Uruguai (ACE-02), Brasil - Argentina (ACE-14), Mercosul (ACE-18), Mercosul - Chile (ACE-
35), Mercosul - Bolívia (ACE-36), Brasil - México (ACE-53), Mercosul - México (ACE-54),

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 87


Automotivo Mercosul - México (ACE-55), Mercosul - Peru (ACE-58), Mercosul - Colômbia,
Equador e Venezuela (ACE-59), Brasil/Guiana/São Cristóvão e Névis(AAP.A25TM 38),
Brasil - Suriname (ACE-41), Brasil - Venezuela (ACE-69), Mercosul - Colômbia (ACE-72),
Mercosul - Cuba (ACE-62), Mercosul/ Índia, Mercosul/ Israel, Mercosul/ SACU, Mercosul/
Egito, Mercosul/Palestina - AINDA SEM VIGÊNCIA, Acordo de Ampliação Econômico-Co-
mercial Brasil – Peru (AINDA SEM VIGÊNCIA) e Brasil - Paraguai (ACE-74).
Todos os acordos comerciais estão respaldados por regras de ambas as partes,
por isso, não cabe aqui a análise de cada um deles, mas é importante esclarecer que, em
caso de importação, os acordos internacionais devem ser consultados para a facilitação
das negociações e possíveis benefícios tributários.

SAIBA MAIS

A Receita Federal disponibiliza um site para treinamento do novo processo de importa-


ção (DUIMP). Para acessar é necessário ter um certificado digital, vale a pena conferir.
Acesse: http://www.siscomex.gov.br/sistema/sistemas-em-treinamento/.

REFLITA

“Países que impedem o relacionamento comercial com outros, caminham para o caos
e causam a morte de centenas de pessoas da própria cidadania, gerando uma grande
insatisfação interna com outros simpatizantes internacionais” (Helgir Girodo).

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 88


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na última parte de nossos estudos verificamos os tipos de tributos cumulativos e


não cumulativos, os impostos e taxas incidentes da importação e exportação, além das
medidas que o governo toma para a manutenção da coleta e vistoria dos impostos. Além
disso, tratamos também sobre a importância de se verificar quais impostos incidem em
cada tipo de importação e exportação.
Na sequência, notamos que a modalidade de transporte e o estado em que a
mercadoria é desembaraçada podem influenciar no custo total da importação e, por isso,
sempre orientamos consultar a legislação vigente e estado em que se deseja fazer a impor-
tação. Além disso, refletimos sobre o processo de desembaraço das mercadorias e o papel
do despachante aduaneiro, principalmente na chegada da mercadoria no Brasil. Por fim,
além das medidas de contribuição e defesa comercial, tratamos também dos importantes
documentos envolvidos na importação de qualquer produto para ser nacionalizado. Confor-
me as legislações estabelecidas, foi possível entender que o processo de importação, da
origem ao destino é tomado de detalhes importantes e cada departamento solicitará uma
documentação específica.
Sugiro que busque conhecer alguma empresa que faz esses processos de despa-
cho aduaneiro e também, quando possível, vá fazer uma visita aos portos e aeroportos que
têm departamento de importação. Você entenderá que o processo é complexo, mas cheio
de possibilidades de atuação.
Com este material, muitas vezes o(a) estudante pode se perguntar se realmente
vale a penas importar mercadorias de outros países. Não tenha dúvidas disso. Seja pela
falta de mercadoria ou por novidades de mercado, sempre é interessante fazer comércio
com outros países e, acima de tudo, o custo de produção dos outros países faz com que a
oferta e demanda seja cada vez mais universal.
Até a próxima.

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 89


MATERIAL COMPLEMENTAR

FILME/VÍDEO
Título: A dama de Ferro
Ano produção: 2012
Duração: 1h 44min
Classificação: 14 anos
Gênero: Biografia.
Sinopse: Antes de se posicionar e adquirir o status de verdadeira
dama de ferro na mais alta esfera do poder britânico, Margaret
Thatcher (Meryl Streep) teve que enfrentar vários preconceitos na
função de primeira-ministra do Reino Unido em um mundo, até
então, dominado por homens. Durante a recessão econômica,
causada pela crise do petróleo no fim da década de 70, a líder
política tomou medidas impopulares, visando a recuperação do
comércio do país. Seu grande teste, entretanto, foi quando o Reino
Unido entrou em conflito com a Argentina na conhecida e polêmica
Guerra das Malvinas.

LIVRO
Título: Negociações Internacionais
Autor: Tânia Manzur
Editora: Saraiva
Sinopse: É fundamental que a preparação de negociadores inter-
nacionais atenda a um rol de exigências que permita alcançar con-
sensos, promover acordos, superar barreiras, sugerir caminhos,
inovar e empreender. Pensando nisso, este livro, além de apre-
sentar um balanço teórico-conceitual da negociação internacional
e sugerir técnicas e estratégias para a formação do negociador
internacional eficiente, também busca contribuir para uma inser-
ção internacional mais eficaz do Brasil a partir da formação de
negociadores capazes e conscientes de seu papel.

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 90


REFERÊNCIAS

APRENDENDO A EXPORTAR. Fluxo da Exportação. 2020. Disponível em: http://www.aprenden-


doaexportar.gov.br/index.php/operacionalizando-a-exportacao/fluxo-basico-da-exportacao

ARAÚJO, J. M. F. Tratamento Administrativo e Aduaneiro da Importação e Exportação: Volume


1. São Paulo: IOB, 2013.

ASSUMPÇÂO, R. M. Exportação e Importação: Conceitos Procedimentos Básicos. Curitiba:


IBPEX, 2007.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (Planejamento, Organização e Logís-


tica Internacional). 4. ed. Porto Alegre: Bookilometroan, 2007.

BRITO, D. Contrabando aumenta 9,4% e atinge R$2,3 bilhões no ano passado. 2018. Disponí-
vel em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-01/contrabando-aumenta-94-e-chega-r-
-23-bilhoes-no-ano-passado.

BROGINI, G. Tributação e Benefícios Fiscais no Comércio Exterior. Curitiba: Intersaberes, 2013.

BROGINI, Gilvan. Tributação e benefícios fiscais no comércio exterior. Ed. Intersaberes. 2013. p. 43.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970. Dispõe sobre


PIS. Disponível em: http://www.portaltributario.com.br/legislacao/lc7.htm.

ECONOMIA. Ministério da. Subsídios e Medidas Compensatórias. Disponível em: http://


www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/defesa-comercial/205-o-que-e-defesa-comercial/
1774-medidas-subsidios-e-medidas-compensatorias. Acesso em: 22 mai. 2020.

FARACCHIO, J. Tratado de Derecho Aduanero y Portuário. Montevideo: Jurídicas Amalio Fer-


nández, 1972.

FLIGHTWARE. Flightware. 2020. Disponível em: https://pt.flightaware.com/live/.

FONTES, K. 7 passos para o sucesso na importação: o manual para ser bem sucedido no co-
mércio exterior. São Paulo: Labrador, 2018.

INTERSEAS. Comércio Exterior. 10 problemas que os despachantes aduaneiros podem re-


solver. 2020. Disponível em: http://interseas.com.br/10-problemas-que-os-despachantes-aduanei-
ros-podem-resolver/#.XpJpSshKiUk.

JUANO, M. de. Curso de Finanzas y Derecho Tributário. Argentina: Molaquino. Rosário, 1964.

LEGISLATIVO. Lei nº 9.069, de 29 de junto 1995. Dispõe sobre o Plano Real, o Sistema Monetário
Nacional, Estabelece as Regras e Condições de Emissão do REAL e os Critérios para Conversão
das Obrigações para o REAL, e dá outras providências. Disponível em: https://www.camara.leg.br/
proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=244283.

NYEGRAY, J. A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios Internacionais. Curi-


tiba: Intersaberes, 2016.

OLIVEIRA, F. A. et al. Novos Olhares Sobre a Política Externa Brasileira. São Paulo: Contexto,
2017.

OLIVEIRA. A. L. O Pesadelo do Contencioso Administrativo Aduaneiro. 2020. Disponível em:


https://www.liraatlaw.com/conteudo/o-pesadelo-do-contencioso-administrativo-aduaneiro.

91
PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto n° 660, de 25 de setembro de 1992. Disposições sobre TUS.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0660.htm.

PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto n° 660, de 25.9.92 Disposições sobre TUS. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0660.htm. Acesso em: 10 mar. 2020.

PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto nº 3.000, de 1999, substituído por Decreto nº 9.580, de 22 de


novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do
Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm#art4.

PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto Nº 6.759, De 5 De Fevereiro De 2009. Disponível em: http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6759.htm <Acesso 09 fev. 2020, às 16:55>

PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Regulamenta a adminis-


tração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de co-
mércio exterior. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/
d6759.htm.

PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010. Disposições sobre IPI. Dis-
ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7212.htm. Acesso
em: 10 fev. 2020.

PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010. Disposições sobre IPI. Dis-
ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7212.htm.

PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Dispõe sobre o processo


administrativo fiscal e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/D70235cons.htm.

PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto-Lei nº 1.455, de 7 de abril de 1976. Dispõe sobre bagagem de


passageiro procedente do exterior, disciplina o regime de entreposto aduaneiro, estabelece normas
sobre mercadorias estrangeiras apreendidas e dá outras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1455.htm.

PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto-lei nº 1.578/77. Dispõe sobre o Imposto de Exportação. Dispo-


nível em: http://www.portaltributario.com.br/tributos/impostodeexportacao.htm

PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto-lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a Zona


Franca de Manaus. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0288.htm.

PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966. Dispõe sobre o impos-


to de importação, reorganiza os serviços aduaneiros e dá outras providências. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0037.htm.

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei 9.019, de 30 de março de 1995. Decreto nº 1.751, de 19 de de-


zembro de 1995. Disposições sobre medidas e subsídios. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/
index.php/comercio-exterior/defesa-comercial/205-defesa-comercial-2/o-que-e-defesa-comercial/
1774-medidas-subsidios-e-medidas-compensatorias. Acesso em: 22 mar. 2020.

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei Complementar nº 114, de 16 de dezembro de 2002. Disposições


sobre poderes dos Estados. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp114.htm

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei Complementar nº 70 de 30 de Dezembro de 1991. Disposições


sobre COFINS. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp70.htm. Acesso
em: 10 mar. 2020.

92
PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a não-cu-
mulatividade na cobrança da contribuição para os Programas de Integração Social (PIS) e de For-
mação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), nos casos que especifica; sobre o pagamento
e o parcelamento de débitos tributários federais, a compensação de créditos fiscais, a declaração
de inaptidão de inscrição de pessoas jurídicas, a legislação aduaneira, e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10637.htm.

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 10.833, de 29 de dezembro 2003. Altera a Legislação Tributária


Federal e dá outras providências. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2003/lei-
-10833-29-dezembro-2003-497045-publicacaooriginal-1-pl.html.

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 11.508/2007, nº 6.814/2009 e Decretos nº 9.993/2019. Dispõem


sobre Zona de Processamento de Exportação (ZPE). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11508compilado.htm.

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 11.732, de 30 de Junho de 2008. Benefícios áreas de livre comér-
cio. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/.

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 12.815, de 5 de junho de 2013. Dispõe sobre os portos e ae-
roportos brasileiros. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/
L12815.htm.

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 13.008, de 26 de junho de 2014. Dá nova redação ao art. 334
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal e acrescenta-lhe o art. 334-A.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13008.htm.

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 3.244, de 14 de agosto de 1957. Disposições sobre II. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3244.htm. Acesso em: 10 mar. 2020.

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 3.244, de 14 de agosto de 1957. Disposições sobre II. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3244.htm

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Decreto nº 7.871 de 2017. Disposições sobre ICMS Paraná.
Disponível em: http://www.fazenda.pr.gov.br/arquivos/File/Legislacao/RICMS2017.pdf. Acesso em:
10 mar. 2020.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Decreto nº 7.871/17. Disposições sobre ICMS Paraná. Disponí-
vel em: http://www.fazenda.pr.gov.br/arquivos/File/Legislacao/RICMS2017.pdf

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa nº 1.861, de 27 de dezembro de 2018.


Estabelece requisitos e condições para a realização de operações de importação por conta e ordem
de terceiro e por encomenda. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/
link.action?visao=anotado&idAto=97727.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa RFB nº 1.401 de 09 de outubro de 2013.


Disposições sobre base de cálculo PIS/COFINS. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.
br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=46792.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa RFB nº 1169, de 29 de junho de 2011. Es-
tabelece procedimentos especiais de controle, na importação ou na exportação de bens e mercado-
rias, diante de suspeita de irregularidade punível com a pena de perdimento. Disponível em: http://
normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=16141#129663.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa RFB nº 1600, de 14 de dezembro de


2015. Dispõe sobre a aplicação dos regimes aduaneiros especiais de admissão temporária e de
exportação temporária. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.ac-
tion?idAto=70297&visao=anotado

93
RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa SRF nº 680, de 02 de outubro de 2006.
Disciplina o despacho aduaneiro de importação. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.
br/sijut2consulta/link.action?idAto=15618.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa SRF nº 98, de 29 de dezembro de 1997.


Disposições sobre recolhimento. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consul-
ta/link.action?visao=anotado&idAto=15618#123476. Acesso em: 10 mar. 2020.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Lei nº 10.336, de 19 de dezembro de 2001. Institui Contribuição


de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação e a comercialização de petró-
leo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível (Cide), e dá outras
providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10336.htm.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Portaria nº 309, de 24 de junho de 2019, e nº 324, de 29 de


agosto de 2019. Estabelece regras procedimentais para análise de pedidos de redução temporária
e excepcional da alíquota do Imposto de Importação para bens de capital - BK e bens de informática
e telecomunicações - BIT sem produção nacional equivalente, por meio de regime de Ex-tarifário.
Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idA-
to=101914

RECEITA FEDERAL. Multas na Importação. 2020. Disponível em: http://receita.economia.gov.br/


orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-importacao/topicos-1/infracoes-e-penalidades/multas-
-na-importacao/quadro-resumo.

RECEITA FEDERAL. Proibições e Restrições. Disponível em: http://receita.economia.gov.br/


orientacao/aduaneira/viagens-internacionais/guia-do-viajante/entrada-no-brasil/proibicoes-restri-
coes. Acesso em: 22 mai. 2020.

SILVA. M. C. Zonas Libres Puertos Francos. Equador: Quito, 1977.

TECHIMPEX. Fluxo de importação. 2020. Disponível em: http://www.techimpex.com.br/tech_ser-


vicos/conteudo/fluxogramas/importacao_maritima_amarelo-vermelho.htm.

TREVISAN. Rosaldo. Temas atuais de direito aduaneiro. Porto Alegre: Editora Lex., 2008. p. 24.

TRIPOLI, A. C. K.; PRATES, R. C. Comércio Internacional: Teoria e Prática. Curitiba: Intersaberes,


2016.

UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 94


CONCLUSÃO

Prezado(a) aluno(a),

Neste estudo foi exposto a você os principais conceitos sobre Legislação Aduaneira

e Tributária. Para tanto, iniciamos o nosso material com os conceitos teóricos que envolvem

legislação e a base legal, ficando claro a você que a legislação e os processos aduaneiros são

mutáveis, ou seja, devem ser pesquisados toda vez que necessário, pois trata-se de muito

respaldo por meio de legislações e podem mudar dependendo do mercado interno e externo.

Destacamos, principalmente na terceira unidade, questões relativas às penalidades

aduaneiras e os processos que mais dão equívocos na importação e exportação. Escla-

recemos também alguns procedimentos internos e externos das aduanas. Neste material

você pode ver a diferença fiscal entre os tributos e taxas, assim como o papel da alfândega

e da aduana brasileira. Você pode observar que, ainda que moroso, o sistema brasileiro de

legislação aduaneira é bem rígido e cheio de regras e procedimentos bem concisos.

Ao pensar em legislação tributária e aduaneira você precisa lembrar que tratamos da

fundamentação teórica, ou seja, a base legal para cada processo e situação. Hoje, quem faz

a análise e previsão de possíveis multas e complicações é o despachante aduaneiro, logo,

com essas empresas estão os profissionais mais atualizados no mercado de trabalho sobre a

legislação. Caso você tenha oportunidade, converse com um profissional desta área.

Por fim, quero respaldar nossa pesquisa em fatores práticos. O que isso quer dizer?

Tente pensar em um processo de importação de um produto e depois vá até a base legal

e faça a classificação deste produto. Em seguida, veja as possíveis multas e complicações

que você possa ter na importação ou exportação. Saiba que você é quem dará respaldo

para as empresas importadoras e exportadoras.

Espero que você esteja preparado(a) para atuar no mercado de trabalho. Afirmo

que a área da gestão é pautada por experiências, logo, faça testes, converse com seus

parceiros de estudo e compartilhe informações.

Nosso desejo é que possamos nos encontrar em breve!

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

95

Você também pode gostar