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Gestão da Operação

de Importação
Professor Me. Alexsandro Cordeiro Alves da Silva
Diretor Geral
Gilmar de Oliveira

Diretor de Ensino e Pós-graduação


Daniel de Lima

Diretor Administrativo
Eduardo Santini

Coordenador NEAD - Núcleo


de Educação a Distância
Jorge Van Dal

Coordenador do Núcleo de Pesquisa


Victor Biazon
UNIFATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Secretário Acadêmico Centro, Paranavaí-PR
Tiago Pereira da Silva (44) 3045 9898

Projeto Gráfico e Editoração UNIFATECIE Unidade 2


André Oliveira Vaz Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Revisão Textual Paranavaí-PR
Kauê Berto (44) 3045 9898

UNIFATECIE Unidade 3
Web Designer Rua Pernambuco, 1.169,
Thiago Azenha Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898

UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102,
Saída para Nova Londrina
FICHA CATALOGRÁFICA Paranavaí-PR
FACULDADE DE TECNOLOGIA E (44) 3045 9898
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ.
Núcleo de Educação a Distância;
SILVA, Alexsandro Cordeiro Alves da. www.fatecie.edu.br
Gestão da Operação de Importação.
Alexsandro. Cordeiro Alves da Silva.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 94 p.
As imagens utilizadas neste
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária livro foram obtidas a partir
Zineide Pereira dos Santos. do site ShutterStock
AUTOR

Professor Me. Alexsandro Cordeiro Alves da Silva

● Mestre em Desenvolvimento de Tecnologia, UFPR/Lactec (universidade Federal


do Paraná);
● Licenciado em Letras - Port./Inglês Plena, UEM (Universidade Estadual de
Maringá);
● Bacharel em Administração, FAPAN (Faculdade de Paraíso do Norte);
● Graduando em Pedagogia, UniFCV (Centro Universitário Cidade Verde);
● Graduando em Ciências Econômicas, UniFCV (Centro Universitário Cidade
Verde);
● Especialização em Comércio Exterior pela UNIFAMMA (União de Faculdades
Metropolitanas de Maringá);
● Docente do Curso de Direito, Administração, Marketing, Logística, Ciências
Econômicas, Processos Gerenciais, Letras, Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo e Ciências Contábeis da UniFCV;
● Coordenador do Curso de Administração presencial/EAD (UniFCV);
● Coordenador do Curso de Ciências Econômicas presencial/EAD (UniFCV);
● Coordenador do Curso de Letras presencial/EAD (UniFCV);
● Coordenador do Curso de Marketing presencial/EAD (UniFCV);
● Coordenador do Curso de Logística presencial/EAD (UniFCV);
● Coordenador do Curso de Empreendedorismo presencial/EAD (UniFCV);
● Coordenador do Curso de Comércio Exterior EAD (UniFCV);
● Coordenador Científico em Ciclos de Estudos do UniFCV;
● Gestor Educacional do Colégio Axia;
● Docente de pós-graduação no Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV).

Ampla experiência como analista de Comércio Exterior (10 anos), produtor de ma-
terial didático, tradutor, coordenação de cursos superiores, e grupos de estudos.

http://lattes.cnpq.br/8228698800793385
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo(a)!


Prezado(a) aluno(a), que bom que você escolheu aprender mais sobre o tema que
mais tem crescido nos últimos tempos no Brasil! Proponho um compartilhar de informações
que te ajudará a trilhar o caminho de sua graduação. Este material são reflexões de nossa
experiência, acertos, processos e acima de tudo, um pedaço de muitas etapas que pode-
mos construir sobre o Comércio e a Gestão da Operação de Importação.
Na unidade I iniciaremos nosso trajeto pelo conceito aduaneiro, custos logísticos,
tipos de pagamentos, os tratamentos administrativos as Licenças de Importação (LI), e
os tipos de importação de material usado, assim como a legislação que respalda cada
processo.
Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre as operações espe-
ciais de importação. Veremos algumas possibilidades de isenção e benefícios encontrados
na legislação aduaneira, em destaque trataremos da admissão temporária, EX-tarifário, os
acordos internacionais, os tipos de despachos aduaneiros, os procedimentos documentais
e físicos nas aduanas nacionais, os tipos de desembaraço aduaneiro e finalizaremos com
a análise dos pagamentos dos tributos incidentes na importação.
Na sequência, nas unidade III e IV, trataremos das peculiaridades dos tributos que
envolvem os produtos importados, as defesas comerciais e a nova proposta de sistema
único de importação. Nessa etapa você verá que o sistema de importação tem mudado
e os profissionais da área de comércio exterior terão novas oportunidades para oferecer
recentes serviços, como é o caso do profissional em Perícia Aduaneira.
Venha conosco conhecer mais sobre o Comércio Exterior (COMEX)! É uma área
fascinante e repleta de possibilidades. Esperamos contribuir para o seu crescimento pro-
fissional e aguçar a vontade de continuar pela busca do conhecimento. Seja curioso, cada
assunto tratado neste material abre a possibilidade de muita pesquisa e temos certeza que
você estará à frente no mercado de trabalho.

Muito obrigado e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 6
Métodos de Importação

UNIDADE II.................................................................................................... 28
Operações Especiais de Importação

UNIDADE III................................................................................................... 53
Tratamento Tributário das Importações

UNIDADE IV................................................................................................... 73
Despacho de Importação
UNIDADE I
Métodos de Importação
Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves

Plano de Estudo:
• Conceitos aduaneiros
• Tratamento administrativo
• Tipos de licenciamento e material usado
• Pagamentos internacionais e custos logísticos

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar as teorias da Importação
• Compreender os tipos de tratamentos na Importação
• Estabelecer a importância da Legislação Aduaneira

6
INTRODUÇÃO

Caro (a) aluno (a), bem vindo (a) a primeira unidade do livro.

Vamos dar início ao estudo sobre os Métodos de Importação. Essa é uma área
do conhecimento que estuda as regras e implicações da importação relacionada com o
Comércio Exterior. Os métodos da importação são importantes devido ao impacto finan-
ceiro e de planejamento no processo de importação. No entanto, antes de iniciar o estudo
dos métodos de importação, foi abordado neste primeiro momento os conceitos gerais da
importação, ou seja, as regras gerais aduaneiras.
Com o propósito de atingir o crescimento das importações, mas dentro dos contro-
les fronteiriços, foram estabelecidas regras de importação para que os órgãos responsáveis
pudessem ter maior controle dos processos e dos produtos importados. Após a verificação
da necessidade de parâmetros que respeitassem as normas internacionais da Organização
Mundial do Comércio (OMC), surgiram legislações específicas para determinados tipos de
produtos e serviços.
A partir do Decreto nº 6759 – Planalto, foram criadas inúmeras Instruções Norma-
tivas (IN) e estabelecidos os órgãos responsáveis por cada tipo/categoria de produtos e
serviços a serem importados. Para cada setor as regras são evidenciadas com a finalidade
de auxiliar o importador e a fiscalização na entrada de produtos no país. A discrepância
entre legislação e a importação pode gerar custos adicionais, como multas, perdas da
mercadoria e devolução do produto à origem, se for o caso.
Em seguida, serão apresentadas as legislações específicas para o Licenciamen-
to de Importação de Produtos e Serviços, os tratamentos administrativos, os custos na
importação, os impostos incidentes e os tipos de pagamento internacional, assim como o
conceito aduaneiro no processo de importação.

Desejamos um ótimo estudo a todos!

UNIDADE I Métodos de Importação 7


1 CONCEITOS ADUANEIROS

Em linhas gerais o conceito aduaneiro está ligado ao comércio exterior que se


relaciona com a compra e venda de produtos e serviços entre empresas e governos de
diferentes países ao redor do mundo. Essa correlação acompanha os acontecimentos
internacionais (políticos e econômicos), logo a legislação aduaneira vem ao encontro da
definição de tratativas administrativas e processuais, ou seja, tudo está sendo acompanha-
do desde a saída do produto - na origem - até a chegada no país - destino -, e, as regras
devem ser observadas criteriosamente.
Assim como as tendências de consumo, a legislação aduaneira também pode so-
frer alterações, por meio de emendas, Instruções Normativas, etc, para que os tratamentos
de cada caso sejam coerentemente assertivos no que diz respeito ao cumprimento da
legislação e ao que ela propõe. Ainda, é importante ressaltar que as questões aduaneiras
do país estabelecem regras de estocagem, fretes, classificação fiscal de mercadorias, tipos
de pagamento, produtos permitidos e proibidos de serem importados, e, dentro outros, os
impostos incidentes na importação.
É na Legislação Aduaneira (LA), por meio do Decreto nº 6759 de 5 de fevereiro de
2009, que encontramos também os órgãos governamentais responsáveis pela fiscalização
e execução dos procedimentos legais estabelecidos no processo de importação. Para
tanto, tudo começa pela classificação fiscal do produto por meio da Nomenclatura Comum

UNIDADE I Métodos de Importação 8


do Mercosul (NCM) e consequentemente a verificação do tratamento administrativo que a
legislação prevê para cada produto.
Contudo, há regras gerais que devem ser observadas na importação, mas é a partir
da classificação fiscal da mercadoria que serão consultadas as tratativas aduaneiras para
cada tipo de Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).
De início, a legislação é observada antes da importação da mercadoria, mas é na
aduana que todo o processo é verificado, ou seja, antes da entrada da mercadoria no país
e apenas em raros casos é permitido que o produto seja vistoriado diretamente na empresa
importadora, mas no geral, mesmo nessas situações a aduana é o primeiro contato com o
produto estrangeiro.
Segundo Assumpção (2007), o conceito de aduana é semelhante a Alfândega (do
árabe: ‫ ;قدنفلا‬transl.: al-fundaq, “hospedaria”, “estalagem”) ou aduana (do árabe: ‫;ناويدلا‬
transl.: ad-dīwān, “registro”, “escritório”). Para a autora, trata-se de uma repartição governa-
mental e oficial para o controle de movimentos de entrada e saída de mercadorias do país,
ou seja, entradas (importações) e saídas (exportações).
É inclusive nesse local (aduana) que os órgãos como ANVISA, INMETRO,
fiscalização da Receita Federal e Estadual, dentre outros, fazem a verificação das condições
da mercadoria. É importante ressaltar que esses órgão tratam apenas da fiscalização de
produtos e serviços e não do controle de tráfego de pessoas, para isso, há outras regras e
legislações que é regido pela polícia de fronteira.
É na aduana (escritório) que são cumpridas as regras dispostas no decreto 6759/09
e na alfândega (local de hospedagem) que são armazenados os produtos que serão
exportados ou importados. Pensando assim, por isso que se denomina a legislação de
importação como legislação aduaneira, ou seja, órgãos governamentais fazendo cumprir
determinações legais do país sobre determinado processo de importação. Já a estocagem
e armazenamento podem ser contempladas pela legislação aduaneira, possuindo assim
as regras alfandegárias de armazenagem, como local propício para determinados produtos
perecíveis, perigosos, muito pesados, muito leves, etc.
Na organização geral e fiscalização das aduanas encontramos a Secretaria da
Receita Federal do Brasil, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, ambos estipulados
com os devidos poderes no Regulamento aduaneiro do Brasil (dec. 6759/09).
Antes de prosseguirmos, é extremamente importante que você estudante entenda a
lógica e organização de atuação aduaneira na gestão da operação de importação. Sabendo

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quais órgão estão envolvidos na aduana e seus processos, ficará mais fácil saber a quem
recorrer nos casos de organização de uma importação.
No mesmo decreto 6759/09 estão esclarecidos os órgãos intervenientes e os anuen-
tes. Os intervenientes têm relacionamento com comércio exterior de alguma forma, mas
nem sempre são impeditivos de importação (banco do exportador, vendedor, despachante,
dentre outros); nem sempre trabalham somente com comércio exterior. Já os anuentes
legislam e tem papel de permitir a importação, ou seja, diretamente ligado à importação
(órgãos como DECEX, MAPA, EXÉRCITO, dentre outros).
De modo geral, os órgãos anuentes trabalham diretamente no país em que a mer-
cadoria se encontra no momento da análise, por isso, a estrutura do comércio no Brasil
tem como seu maior organizador o próprio governo. Já os demais órgãos analisam os
produtos e comparam com a legislação. Por exemplo, se um importador está trazendo um
cavalo, será de responsabilidade do importador juntamente com o (Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (MAPA) verificar a classificação e após a permissão, trazer a
mercadoria - sempre respaldado pela legislação aduaneira.
Dentre os órgãos anuentes e intervenientes, destacam-se: Conselho Monetário Na-
cional (CMN), Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), Ministério das Relações Exteriores
(MRE), Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) - atual Ministério da
Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Ministério da Fazenda (MF), Ministério
das Comunicações (MC), Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento (MAPA),
Agência de Promoção de Exportações S/A (APEX), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas (SEBRAE), Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação S/A
(SBCE), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Associação de Comércio Exterior do
Brasil (AEB), Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX), Federações
Estaduais, Câmaras de Comércio, dentre outros.
Ainda, cada órgão acima pode se subdividir, dependendo da necessidade e da
legislação. Obviamente você não precisa saber de todos eles, mas é importante saber
que cada setor desse é um órgão responsável para determinadas ações na importação.
Importante: esta é a distribuição geral, mas é devemos acompanhar os acontecimentos
do governo, pois cada presidente reorganiza suas partes, podendo renomear, adicionar,
subtrair ou até mesmo incluir em outras pastas alguns órgãos de atuação.
Nem sempre todos os órgãos estarão envolvidos em todas as importações, mas
dependendo do tipo de produto será necessário verificar com esses departamentos o que
deve fazer para que o processo de importação não seja barrado no momento da entrada no

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país. Todos eles estão interligados e respondem a legislação aduaneira e é na aduana que
serão efetivamente observados. Para resumir, observe a estrutura de atuação e conceito
aduaneiro:

Figura 1 - Estrutura da Presidência da República na aduana

Fonte: o autor (2020)

A presidência da república, Figura 1, estabelece e assina decretos sobre a impor-


tação e exportação interna de acordo com a legislação nacional e internacional. O MRE
(Ministério das Relações Exteriores ou Itamaraty) está diretamente ligado as relações in-
ternacionais e responsável pelas políticas internacionais (Bilateral, regional e Multilateral).
Já o MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) atua nas políticas de
desenvolvimento do comércio exterior.
Por sua vez, o Ministério da Fazenda fórmula e regulamenta as políticas econô-
micas do país, ou seja, é um órgão administrativo do comércio exterior; é nele que estão
os órgãos relacionados ao fisco, como Receita Federal (responsável também pela vistoria
e parametrização da mercadoria) e BACEN (responsável pelas verificações de contratos,
câmbio e pagamentos). Estes últimos são responsáveis pela parte tributária da União.
Como citado anteriormente, cada órgão acima ainda tem sob sua responsabilidade
outras subdivisões de departamentos, como pode ser observado na Figura 2.

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Figura 2 – Subdivisão de responsabilidades aduaneiras

Fonte: o autor (2020)

Observe que cada departamento acima atua de maneira direta ou indireta na impor-
tação e por isso é importante relembrar que cada órgão tem seu regimento e normativas.
Essas normativas é que estabelecem critérios na importação aduaneira de determinados
produtos. Dependendo do tipo de tratamento administrativo é que teremos que observar a
Instrução Normativa (IN) para a importação de determinado produto.

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2 TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

O tratamento administrativo é a base para a sequência da importação. Antes mes-


mo de começar a importar o interessado deve começar a classificação da mercadoria;
é somente a partir dela que é possível consultar os procedimentos a serem tomados, a
saber, podemos definir os três primeiros passos: 1) escolhe-se o produto a ser importado;
2) classifica o número NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul); 3) consulta o tratamento
administrativo do NCM do produto.
Dependendo do produto e sua classificação poderá ser observado se aquele produto
será analisado pelo INMETRO, ou pelo MAPA, ou pela ANVISA, etc. Ainda, se é permitido
importar aquele produto, se o país de origem está autorizado a enviar determinado produto
para o Brasil, se os impostos serão maior de determinadas empresas de origem, ou, se
precisa ter autorização para o embarque (mas esses tipos de autorizações trataremos em
tópico específico).
No passo 1, classificação do NCM, verifica-se o tipo de produto, sua constituição e sua
finalidade (Revenda, uso e consumo ou ativo e imobilizado). É sabido que os países possuem
sua cultura e códigos linguísticos que nem os maiores linguistas do mundo seriam capazes de
entender a todos. Imagine agora relacionar cultura e produtos. Pense em uma caneta! Simples
assim. Mas nos EUA se diz “pen”, já na china se diz (bi), ou seja, para diminuir o número de
erros é melhor tratar os produtos com códigos numéricos em que cada um deles signifique uma
coisa, como seu peso, sua composição, sua função, sua finalidade, material constituinte, etc.

UNIDADE I Métodos de Importação 13


O NCM está presente tanto na Tarifa Externa Comum (TEC) como na Tabela de Incidência
do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), podendo ser consultado no site do MDIC
e junto com o NCM, encontra-se as alíquotas de II, IPI, PIS e COFINS, além é claro do
manual de classificação de mercadorias, assim como o tratamento administrativo do NCM.
A Receita Federal (RF) ajuda na classificação da mercadoria por meio de consulta
pública (item a item), mas seria impossível importar se todas as vezes fosse preciso esperar
a RF classificar para o cliente os produtos, por isso, é de domínio público a lista de NCMs
dos produtos comuns nas transações de comércio exterior. Mas e os produtos que vão
surgindo no decorrer do tempo? E os produtos que deixam de existir? Bem, para esses
casos, a classificação é feita por associação ou aproximação de produtos.
Se fosse necessário classificar um disco voador, por exemplo, não há número de
NCM para esse produto, mas há um relacionado: 8803.30.00 - Aeronaves e aparelhos
espaciais, e suas partes. Mesmo sendo estabelecido números para a classificação da
mercadoria, na prática é comum os fornecedores enviarem documentos com classificação
distintas, pois muitas vezes no país de origem o número não está atualizado ou a fiscaliza-
ção é mais branda quanto a classificação fiscal.
A saber, a classificação incorreta, para o Brasil, é passiva de multas altíssimas,
onerando o importador/exportador; este sistema é adotado desde 1995 pelo Sistema Har-
monizado (SH), criado pela OMC e define o tratamento administrativo.
Observando o número de classificação do produto, é possível constatar que a
classificação fiscal é composta por 4 dígitos: 0000 (xxxx). Entretanto, para o Brasil, deve-se
atentar para a classificação mais específica do produto. No exemplo da caneta, seu material
constituinte poderia ser de madeira, logo o tratamento administrativo seria pelo Ministério
da agricultura (MAPA), poderia dar choque (ANVISA), poderia ser banhada à ouro, poderia
ser de plástico, etc.
Para cada tipo de caneta há uma subclassificação. Há livros específicos e discipli-
nas detalhadas para a classificação da mercadoria, mas para você entender a estrutura da
classificação que designa o tratamento administrativo de um produto você pode observar
a Figura 3

UNIDADE I Métodos de Importação 14


Figura 3 – Estrutura do NCM

Fonte: o autor (2020)

Na estrutura anterior é notório que dependendo do tipo da caneta haverá uma


classificação específica e a classificação incorreta pode gerar multas na importação. Isso
acontece pelo motivo de que cada tipo de caneta haverá um custo envolvido, logo, a tri-
butação sofrerá variações. A classificação de mercadoria é um trabalho árduo até mesmo
para os profissionais do comércio exterior. Alguns produtos possuem também uma defesa
chamada Antidumping, para tornar o produto concorrente, outras simplesmente podem não
seguir os padrões nacionais de segurança estabelecidos pelo INMETRO.
Para Assumpção (2007), o controle administrativo nas importações é realizado pelo
tratamento administrativo, podendo ser consultado no site do MDIC e nele consta se o
produto pode ser trazido livremente ou se precisa de autorização, ou seja, por meio da
Licença de Importação (LI) sujeita a anuência de órgãos do governo ou podem ser trazidos
para o tratamento administrativo já estabelecido na NCM de cada produto. Sobre a Licença
de importação trataremos mais adiante.

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3 TIPOS DE LICENCIAMENTO E MATERIAL USADO

De acordo com o art. 13 da Portaria SECEX nº 23/2011, de modo geral, as “importa-


ções brasileiras estão dispensadas de licenciamento, exceto nas hipóteses de importações
sujeitas ao tratamento de Licenciamento Automático, Licenciamento Não-Automático ou
Impedimento”. Desse modo, cabe aos importadores e despachantes aduaneiros a obser-
vação da classificação dos produtos e seus tratamentos administrativos.
Em caso de autorização automática, o importador pode trazer a mercadoria e pro-
videnciar o registro da Declaração de Importação (DI) no Sistema Integrado de Comércio
Exterior (SISCOMEX), e, consequentemente proceder com o Despacho Aduaneiro junto à
Receita Federal do Brasil.
A Receita Federal disponibiliza aplicativos como o “importador” e no site da RF
para simular se o produto está sujeito a liberação automática ou Licenciamento prévio, ou
seja, se precisará de autorização de algum órgão anuente para a importação. Ainda, para
auxiliar o importador, a RF também disponibiliza uma tabela de informativa a respeito do
Tratamento Administrativo aplicado às Importações denominada “bens sujeitos à Licença
ou Proibição na Importação”.
A Licença de Importação (LI), é um documento ou informação na Nomenclatura
Comum do Mercosul (NCM - explicada anteriormente) emitido pelo SISCOMEX que libe-
ra a importação de mercadoria. Todo produto tem o processo de licenciamento, sendo
a maioria automático e liberado diretamente no NCM indicado. Dependendo do produto,

UNIDADE I Métodos de Importação 16


deverá passar pela liberação por meio do licenciamento. Vejamos a seguir os principais
Licenciamentos de Importação (LI).

3.1 Importações Dispensadas de Licenciamento


A maioria dos produtos não precisam de Licença de Importação (LI). São produ-
tos que geralmente já são trazidos para o país com certa frequência e também já foram
analisadas as possibilidades de comercialização, ou que não ferem nenhuma legislação
estabelecida. Isso não significa que um produto que não tenha LI será sempre assim, pois
em algum momento o governo pode entender que determinado produto ou país começou a
ir contra a legislação interna do país de origem ou destino.

3.2 Importações Sujeitas a Licenciamento Automático


Os produtos classificados nesta modalidade são liberados automaticamente. A
diferença em relação com a anterior é que neste caso irá precisar registrar a LI no sistema
do órgão anuente, mas assim que for registrado aparecerá que está liberada. Essa moda-
lidade normalmente é usada apenas para que os órgãos anuentes tenham maior controle
de quantidade de determinado produto está entrando no país, ou para acompanharem
determinados desempenhos econômicos do produto. Normalmente uma LI com licencia-
mento automático passa a ter licenciamento obrigatório dependo do que for constatado no
processo de análise.
Costumeiramente o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA)
considera móveis de madeira com o Licenciamento automático e quando a mercadoria
chega é feita a vistoria da carga. Alguns licenciamentos automáticos podem levar alguns
dias para a liberação; isso ocorre quando o sistema irá verificar alguns dados do registro da
LI e se estão de acordo, por exemplo país de origem e tipo de material constituinte.

3.3 Importações Sujeitas a Licenciamento Não Automático


Nesta modalidade a mercadoria não poderá embarcar para o Brasil até que o órgão
anuente analise o caso. Ainda, o tempo de deferimento é maior, pois o produto está sob
análise. Essa análise pode estar relacionada a diversos motivos, desde sub preços (para
prevenir defesa comercial), cargas perigosas, venenos, produtos de marca, alimentos, san-
ções internacionais pela Organização Mundial do Comércio (OMC) feitas a alguns países,
dentre outras.
Produtos dessa categoria estão sob controle do governo principalmente no que se
diz respeito a qualidade e quantidade de produtos importados (alimentos, medicamentos,

UNIDADE I Métodos de Importação 17


brinquedos etc.), visando sempre a proteção do mercado interno. Os produtos mais comuns
que constam com impeditivo são os que precisam de certificações do MAPA, INMETRO,
ANVISA, DECEX, IBAMA, dentre outros. Por fim, mesmo após a liberação da importação
pelos órgãos anuentes, a maioria dos produtos deste tratamento administrativo (constantes
na NCM) passam por uma vistoria física assim que chegam na alfândega com a finalidade
de verificação de irregularidade, como é o caso de pneus, bebidas, brinquedos, animais,
ferramentas, etc.

3.4 Importações de Material Usado (Licenciamento)


Em consonância com o art. 13 da Portaria SECEX nº 23/2011, de modo geral é
proibido a importação de Material usado. Entretanto, o governo abre exceção para alguns
produtos, e, obviamente esses produtos passam pelo tratamento administrativo da LI não
automático, uma vez que será analisado caso a caso.
Para as exceções destacamos (apenas algumas) do que pode ser importado como
material usado: a) Máquinas, equipamentos, aparelhos, instrumentos, ferramentas, moldes
e contêineres para utilização como unidade de carga, na condição de usados, desde que
não sejam produzidos no país (Brasil), ou seja, que não tem similar aqui em nosso país
para atender a demanda; b) partes e peças de equipamentos de produtos importados e que
somente o fabricante possui; c) equipamentos, partes e peças que sejam destinados para
a reconstrução do país (em caso de catástrofes); d) veículos antigos para colecionadores,
desde que classificados nas NCMs 8701, 8702, 8703, 8704, 8705, 8709, 8711 e 8716, e no
sub item 8903.91.00 da NCM; e) Instrumentos para a aeronáutica ou marinha; f) Importação
de equipamentos, partes e peças de regime drawback, ou seja, de equipamentos que serão
trazidos para fabricação de produtos a serem exportados; g) importação de vestuário para
desfiles e equipamentos para utilização em jogos olímpicos, dentre outras situações.
Por fim, cabe ressaltar que o prazo de liberação de cada modalidade de Licença de
Importação vai depender de sua categoria, ou seja, deferimento diferente para cada tipo de
LI. Os processos mais ágeis são os do MAPA e DECEX (de 3 a 5 dias), já os processos com
deferimento pela ANVISA e INMETRO levam mais tempo (de 20 a 30 dias) para análise,
uma vez que precisarão de mais tempo para a aferição do que é exigido na importação.
Os registros e acompanhamentos são feitos por meio do Sistema Integrado de Comércio
Exterior (SISCOMEX).

UNIDADE I Métodos de Importação 18


4 PAGAMENTOS INTERNACIONAIS E CUSTOS LOGÍSTICOS INTERNACIONAIS

O transporte da mercadoria oriunda de outros países fica a cargo dos agentes


logísticos, muitas vezes conhecidos como “agentes de carga”. Trata-se de um grupo de
empresas responsáveis pela logística das empresas e para entender melhor o seu funda-
mental papel no translado de mercadorias e serviços é importante entender as regras que
regem o transporte de mercadorias e a responsabilidade de cada envolvido.
De modo geral, há dois momentos envolvendo custos internacionais. Primeiro o
momento em que se paga a mercadoria ao fornecedor; e, o segundo momento em que
se paga pelo transporte da mercadoria. No primeiro, a negociação é entre o comprador
e vendedor e o pagamento da mercadoria é feita por intermédio dos canais bancários
devidamente credenciados para esse fim. Já no segundo momento, pode ou não estar
envolvido o fornecedor, trata-se do transporte da mercadoria. Nesse caso, o fornecedor só
será envolvido caso a modalidade de transporte necessite sua influência, a saber, chama-
dos essa modalidade de transporte de Incoterms (International Commercial Terms / Termos
Internacionais de Comércio).
Segundo o site governamental (http://www.aprendendoaexportar.gov.br/), os
Incoterms servem para definir as responsabilidades e obrigações de cada envolvido na
importação, logo, entende-se que o custo logístico deve ser assumido pelos envolvidos no
processo e delimitados pelas regras de transporte de mercadorias, assim como a respon-
sabilidade de cada envolvido. Importante saber que essas regras não são leis, mas foram

UNIDADE I Métodos de Importação 19


editadas e reunidas pela Câmara de Comércio Internacional (CCI) com a finalidade de
ajudar os negociadores internacionais.
Vigente desde 2010, em resumo, os principais Incoterms que devem aparecer na
fatura de compra podem ser classificados como: a) EX WORKS - EXW (Local de Entrega
Nomeado) em que o fornecedor apenas fabrica ou vende a mercadoria e o comprador paga
o transporte desde a fábrica, na origem, até a empresa do comprador, no destino; b) já no
FREE CARRIER - FCA (Livre no Transportador) o vendedor entrega a mercadoria em local
combinado, para que o comprador retire e dali em diante o vendedor não tem mais res-
ponsabilidade de custos de transporte pela mercadoria; c) FREE ALONGSIDE SHIP - FAS
(Livre ao Lado do Navio) como o nome já diz, o combinado será o exportador deixar a mer-
cadoria não em um local qualquer, mas sim ao lado do navio para embarque. Nesse caso,
os custos da alfândega são incorporados ao exportador, uma vez que a mercadoria será
entregue livre para embarcar; d) FREE ON BOARD - FOB (Livre Embarcado) o exportador
fica responsável pelos custos logísticos até o momento em que a mercadoria embarcar no
transporte internacional. A diferença deste Incoterms é que é utilizado unicamente para
transportes marítimos; e) COST AND FREIGHT - CFR (Custo e Frete) nesta modalidade o
custo e o frete é pago pelo exportador, ou seja, na negociação o exportador já considerará
os custos que terá para o translado da mercadoria e incluirá no valor da mercadoria, desta-
cando na nota o que é valor de mercadoria e o que é valor de frete internacional; f) COST,
INSURANCE AND FREIGHT - CIF (Custo, Seguro e Frete), nesta modalidade o seguro da
mercadoria, os custos dos bens e frete são incluídos na nota, destacando cada um deles
devidamente, além é claro de combinar o local de entrega da mercadoria. Em suma, temos:

Tabela 1 – Resumo do Incoterms


PONTO DE TRANFERÊNCIA DO
GRUPO INCOTERMS 2010 PONTO DE TRANFERÊNCIA DO CUSTO
RISCO
E EXW - EX-WORK ORIGEM ARMAZÉM NA ORIGEM
FAS - FREE ALONG SIDE SHIP TRANSPORTE PRINCIPAL NÃO PAGO AO LADO DO NAVIO

F FOB - FREE ON BOARD TRANSPORTE PRINCIPAL NÃO PAGO PRIMEIRA MURADA DO NAVIO
PRIMEIRO TRANSPORTE
FCA - FREE CARRIER TRANSPORTE PRINCIPAL NÃO PAGO
INTERNACIONAL
CFR - COST AND FREIGHT TRANSPORTE PRINCIPAL PAGO PRIMEIRA MURADA DO NAVIO
CIF - COST, INSURANCE AND
TRANSPORTE PRINCIPAL PAGO PRIMEIRA MURADA DO NAVIO
FREIGHT
C PRIMEIRO TRANSPORTE
CPT - COST AND FREIGHT TRANSPORTE PRINCIPAL PAGO
INTERNACIONAL
CIP - COST, INSURANCE AND PRIMEIRO TRANSPORTE
TRANSPORTE PRINCIPAL PAGO
FREIGHT PAID INTERNACIONAL
LOCAL DETERMINADO DO
DAP - DELIVERY AT PLACE DESPESAS ATÉ LOCAL DE ENTREGA
DESTINO
DESPESAS ATÉ TERMINAL DE LOCAL DETERMINADO DO
DAT - DELIVERY AT TERMINAL
ARMAZENAMENTO DESTINO
D
DESPESAS INCLUINDO IMPOSTOS ATÉ LOCAL DETERMINADO DO
DDP - DELIVERY DUTY PAID
LOCAL FINAL DE ENTREGA DESTINO

Fonte: o autor (2020)

UNIDADE I Métodos de Importação 20


Os termos EXW, FCA, CIP, CPT, DAP, DAT, DDP são utilizados para qualquer
modalidade de transporte (terrestre, marítimo, aéreo e ferroviário), incluindo multimodal.
Já os termos FAS, FOB, CFR, CIF são utilizados somente para transporte de mercadorias
via marítima ou fluvial. Os termos do Grupo “F” e do Grupo “E” correspondem ao transporte
internacional não pago. Os do Grupo “D” (Delivered) e os do Grupo “C” correspondem ao
transporte pago.
Além desses Incoterms destacados há uma lista que pode ser consultado no site
da Receita Federal, e, é importante esclarecer que cada Incoterms destaca as responsa-
bilidades e deveres de cada envolvido, além de delimitar a modalidade de transporte de
cada um, ou seja, alguns só podem ser usados para o transporte marítimo, outros para o
transporte aéreo e outros para os rodoviários. Além disso, a logística internacional prevê as
questões de armazenagem, viabilidade de modalidade, seguro da mercadoria, transporte
interno e externo, além é claro das responsabilidades e riscos das partes envolvidas.
Considerando as modalidades de transporte, é importante que o importador tenha
em mente que dependendo do modo que trata a mercadoria terá mais ou menos custos.
Entretanto, há transportes que são mais rápidos e mais custosos o que pode ajudar o
importador em iminente necessidade de determinada mercadoria.
Os custos internacionais dependem da distância em que a mercadoria irá percorrer,
para isso, há a necessidade de uma cotação de frete internacional que pode ser feita dire-
tamente pelos agentes de carga. Logo, os agentes de carga terão tabelas internacionais de
origem e destinos logísticos e é calculado pelo peso e cubagem da mercadoria. Somente
com o peso e a cubagem é possível fazer uma cotação de preço de transporte, além é claro
da origem e destino da mercadoria.
Você deve estar se perguntando: mas e como se faz o pagamento dessa mercado-
ria e transporte? Bem, vamos por partes! Pense assim: primeiro devo pagar a mercadoria
ao fornecedor e segundo pagar pelo transporte dessa mercadoria. Szabo (2016) citando
Ballou (2004) esclarece que a “logística é lida, além de bens materiais, como o fluxo de ser-
viços, (...) o que significa que inclui todas as atividades importantes para a disponibilização
de bens e serviços”.
Considerando isso, para enviar o dinheiro pela mercadoria o comprador deve ser
cadastrado regularmente como importador e cumprir as regras de envio de valor constantes
na Resolução n° 3.568, de 29.05.2008 do Banco Central. Se a negociação doméstica é cheia
de regras e parametrizações, imagine no comércio exterior! Os fatores que mais influenciam
na negociação são os fatores culturais, pois a confiança da modalidade de pagamento varia

UNIDADE I Métodos de Importação 21


de país para país. No momento em que se prepara para entrar no comércio internacional,
deve-se ter em mente que os costumes estarão envolvidos também na negociação, por
isso, a distância e a língua pode ser impeditivos para o sucesso de uma relação comercial.
Normalmente os próprios bancos “fecham o câmbio” por meio das regras específicas
de câmbio que são regulamentadas pela Lei 4.595, de 1964, Resolução CMN 3.265, 2005,
dentre outras, sempre com a fiscalização e atualizações feitas pelo Sistema Financeiro
Nacional, Conselho Monetário Nacional (CMN) e Banco Central.
Em regras gerais os pagamentos da mercadoria são feitos pelos bancos via con-
tratos internacionais nas seguintes modalidades: Antecipado (antes do embarque), À vista
(do momento do embarque até o registro da Declaração de Importação (DI)), A prazo (após
o registro da mercadoria), ou, ROF (Registro sobre Operação Financeira) para os casos
de negociação com pagamento acima de 360 dias. O cálculo de custo de cada operação é
feito exclusivamente pelos bancos e deve ser consultado de acordo com o montante a ser
enviado, logo não há fórmula prévia estabelecida para essa movimentação financeira.
Para cada contrato os bancos ou agentes financeiros cobram uma pequena taxa
de operação e o custo maior está na observação da taxa cambial no dia do pagamento.
Logo, o acompanhamento do mercado financeiro e a cotação do dólar é fundamental para
o momento em que for pagar uma mercadoria internacional. Normalmente as empresas
importadoras combinam com seus agentes financeiros (bancos) para que acompanhem
o melhor momento para envio do dinheiro. Após o envio é obrigatoriamente necessário
declarar à Receita Federal o motivo do envio e após a mercadoria Registrada, vincular o
valor na nota de registro.
Nesse momento é importante pensar em mercadoria como o bem tangível che-
gando até o destino. Já no caso de serviços, por exemplo, um molde ou hora trabalhada
no produto, caso seja cobrado à parte, também deve ser negociado à parte e pago em
contratos distintos, pois um contrato será na modalidade de ferramental e serviços e outro
de mercadoria a ser embarcada, o que está previsto nas normal da Lei 4.595, de 1964,
Resolução CMN 3.265, 2005.
Os custos logísticos internacionais, segundo Szabo (2016) citando Ballou (2004),
“é uma somatória dos custos dos elementos-chaves dessa cadeia, como por exemplo, o
custo de transporte, o custo de armazenagem, processamento de pedido, ou seja, todos os
custos ligados direta ou indiretamente aos produtos”.
Devemos considerar as variáveis de custos na separação da mercadoria, embala-
gem e marcação dos produtos, além das licenças necessárias junto aos órgão anuentes,

UNIDADE I Métodos de Importação 22


taxas e tributos envolvidos no manuseio, documentações de transporte e desembaraço da
mercadoria, seguros e frete internacional/nacional, modal de transporte e monitoramen-
to de saída e chegada da mercadoria (Follow-up). Só é possível calcular os custos da
mercadoria por meio de uma previsão de despesas! Normalmente tudo é calculado pela
cubagem da mercadoria, como a seguir: Cubagem x custo da armazenagem + cubagem x
frete + cubagem x taxas. O cálculo que fazemos entre custos internacionais e impostos de
mercadoria chega a 80% do valor real do produto.
É comum entre os importadores a previsão de despesas para que tenham uma
estimativa de custos. Sendo assim, os custos logísticos podem ser classificados como
variáveis e invariáveis, sendo os variáveis de acordo com o volume da atividade (arma-
zenagem nos portos e aeroportos) e os fixos que não variam de acordo com o volume da
atividade (armazenagem própria).
Cada tributo na previsão de despesas deve ser considerado como internacional
e nacional e ambos estão envolvidos no custo da mercadoria e a divisão entre eles é
proporcionalmente regido por legislação própria, que serão vistos em outras unidades.
Para que se comece a entender a previsão de despesas é importante fazer a classi-
ficação da mercadoria, após, cotar o valor do frete, considerar o valor do seguro, escolher a
modalidade de importação, consultar os impostos incidentes no tipo de importação e tipo de
produto. Separadamente da taxa de câmbio utilizada para o envio de pagamento ao exterior,
é necessário consultar a taxa PTAX, que será usada na nacionalização da mercadoria. É
considerando essa taxa para os cálculos dos impostos na incidentes na importação. A taxa
PTAX é uma média da variação do dólar calculado em determinado período de tempo, ou
seja, é uma taxa de câmbio calculada durante o dia pelo Banco Central do Brasil. Consiste
na média das taxas informadas pelos dealers de dólar durante 4 janelas do dia. É a taxa de
referência para o valor do Dólar de D2 (em dois dias úteis).
Para facilitar o entendimento elaboramos uma previsão de despesas padrão consi-
derando uma importação FOB marítimo de USD 150000,00:

UNIDADE I Métodos de Importação 23


Tabela 2 - Proposta de previsão de despesas

Fonte: o autor (2020).

Observe que o custo internacional está inserido no valor aduaneiro (Custo, Seguro
e Frete); as taxas incidentes no processo, mesmo que internacional, entram na base de
cálculo para os impostos nacionais. Sobre cada imposto nacional trataremos nas unidades
seguintes e ajudará a entender o fato gerador de cada imposto.

UNIDADE I Métodos de Importação 24


SAIBA MAIS

Você pode fazer uma simulação dos impostos e do custo de importação. Para isso, a
Receita Federal disponibiliza dois aplicativos importantes para verificação da NCM e
também dos possíveis custos de importação. Além disso, nestes aplicativos (Importa-
dor) pode ser consultado o tratamento administrativo, ou seja, se a mercadoria precisa
de Licença de Importação e se é permitido importar. Consulte a NCM de algum produto
no site do MDIC e faça um teste do App:

Fonte: Receita Federal em <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/> (2020).

REFLITA

“Existe o risco que você não pode jamais correr, e existe o risco que você não pode
deixar de correr.”

Peter Drucker.

UNIDADE I Métodos de Importação 25


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro aluno, nesta unidade percebemos que o método de importação é vasto e cheio
de detalhes a serem observados. Em uma importação, vimos que é importante considerar
a classificação fiscal da mercadoria ou do serviço por meio da Nomenclatura Comum do
Mercosul (NCM). É a partir dela que poderemos começar a entender os tratamentos admi-
nistrativos de cada serviço ou produto, ou seja, se é um produto novo, usado, para uso e
consumo, revenda, industrialização, ou para ativo e imobilizado. Partindo da classificação,
é importante observar o local de origem e destino da mercadoria e se há Licenciamento da
Importação e o tipo de licenciamento (automático, não automático).
Em um segundo momento, após a mercadoria ser devidamente classificada e estar
pronta para o embarque, chega o momento de pagar, nesse sentido, observamos nesta uni-
dade que há regras e modalidades para o envio do pagamento. Na sequência é o momento
de fazer a cotação do frete internacional, pois é dele que dependemos dos valores para a
verificação dos custos internacionais. Os custos internacionais devem ser considerados de
acordo com a negociação, ou seja, por meio dos Incoterms previstos na legislação.
Por fim, o método de importação mais inteligente é aquele que antes de tudo é
respaldado por cálculos aduaneiros, para isso, é importante que o importador faça uma
previsão de despesas. É nela que o importador terá uma ideia dos gastos que terá em uma
determinada importação. Normalmente quem faz as previsões de despesas são os des-
pachantes aduaneiros, profissionais de comércio exterior que estão aptos a buscarem as
informações do agente de carga, exportador e importador, unindo todas as informações em
uma tabela simples de cálculos dos impostos e despesas aduaneiras. Sobre os impostos
incidentes na importação trataremos em uma unidade específica.
Foi um prazer passar alguns processos de importação! Saiba que o campo de
trabalho para os estudantes envolvidos nesta temática é vasto. Espero você em nossas
próximas unidades desse curso.

UNIDADE I Métodos de Importação 26


MATERIAL COMPLEMENTAR

FILME/VÍDEO
Título: Captain Phillips (Original)
Ano produção: 2013 | Duração: 134 minutos | Classificação: 14
anos | Gênero: Ação
Sinopse: Richard Phillips (Tom Hanks) é um comandante naval
experiente, que aceita trabalhar com uma nova equipe na missão
de entregar mercadorias e alimentos para o povo somaliano. Logo
no início do trajeto, ele recebe a mensagem de que piratas têm
atuado com frequência nos mares por onde devem passar. A si-
tuação não demora a se concretizar, quando dois barcos chegam
perto do cargueiro, com oito somalianos armados, exigindo todo o
dinheiro a bordo. Uma estratégia inicial faz com que os agressores
recuem, apenas para retornar no dia seguinte. Embora Phillips uti-
lize todos os procedimentos possíveis para dispersar os inimigos,
eles conseguem subir à bordo, ameaçando a vida de todos. Quan-
do pensa ter conseguido negociar com os piratas, o comandante
é levado como refém em um pequeno bote. Começa uma longa e
tensa negociação entre os sequestradores e os serviços especiais
americanos, para tentar salvar o capitão antes que seja tarde.

LIVRO
Título: Noções Básicas De Importação
Autor: João Dos Santos Bizelli E Ricardo Barbosa
Editora: Aduaneiras
Sinopse: A obra apresenta, de forma prática, todas as informa-
ções básicas para uma visão ampla dos principais aspectos fiscais
e administrativos do processo de importação, analisando, após a
definição da política brasileira das últimas décadas, a estrutura
governamental com a indicação dos principais órgãos intervenien-
tes, inclusive da Camex, que deve estabelecer uma política de co-
mércio exterior mais uniforme e eficaz, os principais conceitos da
área, inclusive o Incoterms, o regime cambial vigente, a estrutura
das nomenclaturas utilizadas no País (NCM, NBM e Naladi) com
as regras de classificação fiscal, o sistema administrativo para o
Licenciamento Não-Automático (LI) ou Automático (DI) das opera-
ções no Siscomex, os principais tributos e encargos que oneram
as importações (I.I, IPI, ICMS e outros), transporte obrigatório,
regimes aduaneiras especiais (drawback, admissão temporária,
entreposto aduaneiro, etc) e atípicos (DEA, ZFM, Free Shop, Re-
cof, Recom, Repex, Repetro, etc.) os acordos internacionais que
o Brasil é membro (GATT-OMC, NCPD, SGPC, Aladi e Mercosul).
Conta também com o demonstrativo detalhado do cálculo dos tri-
butos de uma importação, incluindo a nova sistemática de cálculo
por dentro do ICMS, e uma planilha de preço para compreensão
mais adequada dos impostos e outros encargos que oneram estas
operações. Traz informações sobre a solicitação de “Ex-tarifário” e
estruturas (organogramas): MF-SRF e BCB, MDIC, Camex; e dos
organismos internacionais OMC, Mercosul e Aladi.

UNIDADE I Métodos de Importação 27


UNIDADE II
Operações Especiais de Importação
Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves

Plano de Estudo:
• Admissão temporária, importação triangular, EX-tarifário e acordos
• Despacho aduaneiro e desembaraço aduaneiro
• Peculiaridades das operações de importação
• Pagamentos dos tributos e AFRMM

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar os casos especiais
• Compreender os tipos de tratamentos especiais
• Estabelecer a importância dos processos especiais

28
INTRODUÇÃO

Caro (a) aluno (a), bem vindo (a) a segunda unidade do livro.

Vamos dar início ao estudo sobre as operações especiais de importação. Esta é


uma unidade muito interessante, pois trataremos aqui dos processos individualmente e os
momentos em que eles ocorrem. Em uma importação comum, já estão estabelecidas algu-
mas regras vigentes para que o governo acompanhe a importação do começo ao fim. Como
vimos na unidade anterior, cada órgão anuente ou envolvido no processo fica responsável
por uma parte da importação, então nesta unidade veremos alguns dos procedimentos
especiais para casos diferenciados na importação.
Com o propósito de agilizar o processo de importação, o governo estabeleceu por
meio de Instruções Normativas ou até mesmo leis como proceder nos casos em que os
produtos ou modalidades de importação fogem do estabelecido. Dessa forma, o principal
agente para a verificação dos casos especiais é a Receita Federal. É ela que irá conferir
os documentos e o respaldo da legislação vigente, desde o momento que a mercadoria for
embarcada até o desembaraço da mercadoria.
Surge neste processo a persona do despachante, profissional da área de comércio
exterior que monta o processo, como um advogado, e entrega à Receita Federal que a
partir deste momento interage com o despachante, que responde junto com o importador
às exigências legais previstas.
Começaremos por tratar dos casos especiais, alguns, e chegaremos ao momento
do desembaraço da mercadoria, ou seja, quando a mercadoria está liberada para a utiliza-
ção de acordo com o exposto na Declaração de Importação (DI).
Em seguida, serão apresentadas as legislações específicas para cada caso espe-
cial elencado nesta unidade. É importante salientar que os casos especiais estão previstos
em lei, entretanto, como o próprio nome já diz, são especiais e a Receita Federal poderá
a qualquer momento solicitar comprovações e estabelecer regras que auxiliem no cumpri-
mento da lei.

Desejamos um ótimo estudo a todos!

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 29


1 ADMISSÃO TEMPORÁRIA, IMPORTAÇÃO “TRIANGULAR”, EX-TARIFÁRIO E ACOR-
DOS COMERCIAIS

Para entender o que são casos especiais de importação precisamos pensar em


algumas situações! Imagine que você é um esportista e competidor em várias campeonatos
de tiro ao alvo. Um dia você é convidado para participar de um evento no Brasil. No primeiro
momento você fica muito feliz, pois poderá competir em outro país e além disso pode
mostrar seus talentos a todo o mundo, afinal esta é uma competição mundial que está
acontecendo no Brasil e transmitido em diversas redes sociais. Você tem um agente no
Brasil que te ajudará a alugar um hotel, e você fica responsável por trazer todos os seus
instrumentos de competição. Mas para trazer no avião deverá despachar a mercadoria,
pois são muitos instrumentos. Nesse caso, o seu agente aqui no Brasil terá que trazer seus
pertences temporariamente e depois devolver ao país de origem.
Agora imagine que você é um profissional que promove feiras e eventos em um
grande evento em São Paulo. Você quer trazer o que há de mais novo no mercado mundial,
por exemplo, os carros que ainda nem foram lançados aqui no Brasil. Então organiza tudo
e traz um carro híbrido único que deverá ficar no Brasil somente no período da feira. O
embarque dessa mercadoria não é definitivo, logo, não é uma importação comum e se trata
de uma importação em regime especial.

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 30


1.1 Importação Temporária
Nesses casos, a Instrução Normativa (IN) número 1600, de 14 de dezembro de
2015 irá respaldar que essa mercadoria entre e saia do Brasil de forma adequada e seu
evento ocorra conforme o planejado. Entretanto, na feira, um investidor gostou muito do
carro híbrido e agora fez uma proposta irrecusável a você. Ele vai comprar o carro, mas
legalmente você não fez a importação para revenda e sim para exposição. Bem nesse caso
é possível você fazer a importação definitiva da mercadoria, desde que previsto em lei.
Esse exemplo que foi dado é um caso de importação temporária, segundo o site
da Receita Federal, uma importação temporária é um regime aduaneiro que possibilita a
entrada de algumas mercadorias no país com uma finalidade específica e com período
previamente determinado de permanência em território nacional. Para esses casos os im-
postos ficarão suspensos e o importador terá que assinar um termo de compromisso com
data prevista de devolução da mercadoria ao país de origem.
Basicamente essas exportação são feitas para feiras, exposições, congressos,
eventos (de caráter científico, comercial, técnico, cultural ou esportivo) que visem a promoção
comercial e/ou para o uso individual em exercício temporário de atividade profissional de
não residente (que não more no país).
Segundo a IN 1600/14, o processo para a importação temporária, por ser uma
importação especial deve seguir basicamente os seguintes passos: a) pode ser solicitado
por pessoa física ou jurídica mediante a solicitação; b) o pedido deve ser feito diretamente
na unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) pelo importador ou seu re-
presentante legal, nesse caso o despachante; c) assinar o Termo de Responsabilidade em
que consta multa e penalidades legais se o regime de importação temporária for descum-
prida; d) será realizada uma importação de importação simplificada, ou seja, Declaração
Simplificada de Importação (DSI) -eletrônica ou em papel; e) caso a mercadoria venha
junto com o exportador para a feira ou evento deverá declarar a situação por meio da
Declaração de Bagagem Acompanhada/Desacompanhada, a Declaração de Importação
(DI) ou outras documentações solicitadas pela Receita Federal; f) o prazo para a concessão
ou indeferimento do regime tem prazo estabelecido de até 30 dias, caso toda a documen-
tação e exigências estiverem corretas na solicitação; g) por fim, a legislação defende que
a fiscalização pode solicitar vistoria da mercadoria, inclusive no evento para a constatação
da finalidade da mercadoria.
Caso o interesse secundário da mercadoria também seja para venda, o solicitante
deve esclarecer nos documentos de importação temporária, alertando que caso a mercado-

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 31


ria seja vendida fará a nacionalização normal do produto; seguindo os procedimento de uma
importação para revenda e novo processo administrativo será aberto para a nacionalização
da mercadoria.

1.2 Importação “triangular”


Também conhecido como importação por conta e ordem, a importação triangular
tem respaldo legal e são estabelecidas regras por meio da Instrução Normativa nº 1.861,
de 27 de dezembro de 2018. Segundo esta IN, nota-se que:
Art. 2º Considera-se operação de importação por conta e ordem de terceiro
aquela em que a pessoa jurídica importadora é contratada para promover, em
seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria estrangeira,
adquirida no exterior por outra pessoa jurídica. § 1º Considera-se adquirente
de mercadoria estrangeira importada por sua conta e ordem a pessoa jurí-
dica que realiza transação comercial de compra e venda da mercadoria no
exterior, em seu nome e com recursos próprios, e contrata o importador por
conta e ordem referido no caput para promover o despacho aduaneiro de im-
portação. § 2º O objeto principal da relação jurídica de que trata este artigo é
a prestação do serviço de promoção do despacho aduaneiro de importação,
realizada pelo importador por conta e ordem de terceiro a pedido do adqui-
rente de mercadoria importada por sua conta e ordem, em razão de contrato
previamente firmado, que poderá compreender, ainda, outros serviços rela-
cionados com a operação de importação, como a realização de cotação de
preços, a intermediação comercial e o pagamento ao fornecedor estrangeiro.
(IN 1.861/18)

De acordo com a legislação, uma empresa importadora pode ser contratada para
trazer uma mercadoria, em sua totalidade, para outra empresa no Brasil que não é impor-
tadora. A negociação é simples: o cliente entra em contato com a empresa importadora e
compra uma carga inteira de determinado produto, entretanto esta empresa compradora,
por algum motivo, não pode importar diretamente o produto. Então essa empresa estabelece
que pagará por toda a importação, inclusive o recolhimento dos impostos, mas o nome do
importador será o da empresa que tem o know-how ou capacidade de importação junto ao
RADAR (departamento responsável pelo credenciamento de uma empresa importadora).
O RADAR define inclusive a quantidade em valor de moeda (USD) que uma
empresa pode importar, logo a empresa passa por um momento de análise e a Receita
Federal acompanha a capacidade de importação da importadora. Normalmente o Radar
inicialmente é Limitado e após determinado tempo passa a ser ilimitado, dependendo da
frequência da importação.
Para que a importação por conta e ordem (triangular) aconteça, a empresa contra-
tada como importadora precisa atuar também no seguimento do produto que está sendo
embarcado, caso contrário deve solicitar a liberação temporária do tipo de produto a ser
embarcado, ou seja, se uma empresa é importadora de papel toalha, não pode importar

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 32


carros para uma concessionária, por isso terá que explicar para a Receita Federal que se
trata de uma compra por conta e ordem.
Todos os documentos de importação terão em sua declaração que trata-se de uma
compra triangular, uma vez que os impostos e demais tratativas devem ser observadas
diretamente com o comprador final do produto importado.
Para entender melhor, observe:

Figura 1 – Fluxo da Operação Triangular

Exportador

Comprador Importador

Fonte: o autor (2020)

Observe que em todo momento os três agentes do processo estão envolvidos e a


Receita Federal precisa saber deste processo. O comprador pode enviar o dinheiro ao ex-
portador por meio do importador. O mesmo acontece com os impostos e os custos totais da
importação que é pago pelo Comprador do produto, mas por intermédio do importador. Na
Figura 1 fica claro que o importador, nessa situação, é apenas um facilitador no processo
e este recebe pelos seus serviços conforme previsto na da Instrução Normativa nº 1.861
que define “a transação comercial de compra e venda de mercadoria nacionalizada, me-
diante contrato previamente firmado entre o importador por encomenda e o encomendante
predeterminado”. Note que como a legislação é precisa, ambas as empresas devem estar
cadastradas no Sistema de Comércio Exterior conforme RFB nº 1.603, de 15 de dezembro
de 2015, que estipulam os limites financeiros de importação.

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 33


1.3 EX-tarifário
O regime de EX-tarifário (ou “exceção tarifária”) é um sistema governamental para
a estimulação ou desestimulação de importação de determinados produtos. Basicamente
tem objetivo para rever as questões tributárias de determinados insumos ou máquinas
importadas.
O EX-tarifário não é imutável, por isso o importador que quer se beneficiar de
reduções de tributos devem observar sempre as modificações que são feitas pelo governo,
por exemplo, pode ocorrer a isenção tributária na área de determinados medicamentos,
com o objetivo de suprir o mercado brasileiro com alguma medicação que esteja com falta
de demanda, entretanto um tempo depois não existe mais essa redução devido à saturação
de mercado. As últimas portarias revisadas pelo governo foram as de número 309, de 24 de
junho de 2019, e número 324, de 29 de agosto de 2019.
De modo geral, o EX-tarifário consiste na redução por um determinado tempo da
alíquota do imposto de importação (II) de bens de capital (BK), de informática e telecomuni-
cação (BIT), na Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) que pode ser encontrado na lista
de Nomenclatura (NCM), quando não houver a produção nacional equivalente. No ano de
2019 o Ministério da Economia promoveu a redução a 0% (zero), ao amparo do Ex-Tarifário.
Caso o importador não opte pelo EX-tarifário, as importações de BK têm incidência de 14%
de Imposto de Importação, e as de BIT 16%.
É notório que o regime especial de EX-tarifário ajuda no investimento do país, uma
vez que o custo da importação fica melhor com o recolhimento do II reduzido. A promoção
desse regime visa: a) investimento em bens de capital (BK); b) investimento em informática
e telecomunicação (BIT) - desde que não tenham produção considerável no país; c) ino-
vação e tecnologia; d) estimula a empregabilidade e renda sobre diferentes segmentos da
economia nacional.
Ainda, algumas máquinas, segundo a legislação, podem ser importadas com o
benefício do EX-tarifário, uma vez que comprovada que a entrada desse maquinário irá
produzir produtos inovadores, inéditos ou mesmo a empregabilidade das pessoas.
Para essa comprovação, o importador pode pedir EX-tarifário excepcional, caso
não esteja na classificação da mercadoria que aquele produto pode gerar emprego ou
inovações de mercado. Para isso o importador precisa passar por um processo rigoroso de
análise. Já na nova tratativa, as Portarias do Ministério da Economia nº 309, de 24 de junho
de 2019, e nº 324, de 29 de agosto de 2019 estabelecem as regras para a solicitação de
análise de EX-tarifário.

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 34


Para conhecimento, o modelo simples disponibilizado para análise deve conter em
carta:

Assunto: Redução do Imposto de Importação - EX-tarifário

Prezados Senhores:
A (nome da Empresa ou Entidade), nos termos da Resolução nº 35, de 22 de novembro de
2006, da Câmara de Comércio Exterior, vem solicitar a essa Secretaria de Desenvolvimento
da Produção a redução do imposto de importação na forma de EX-tarifário, para o produto
sem produção nacional abaixo descrito.

I - Da entidade de classe ou empresa:


a) Razão Social:
b) CNPJ:
c) Pessoa de contato (representante):
d) Endereço:
e) Telefone:
f) Fax:
g) e-mail:
Obs.: As comunicações entre o MDIC e a empresa sobre o processo serão efetuadas apenas por meio dos endereços,
telefones e fax listados aqui. É de responsabilidade da empresa mantê-los atualizados. Se a pessoa de contato não for
um funcionário da empresa legalmente competente para representá-la, anexar procuração específica para pleitos desta
natureza.

II - Dos produtos:
Obs.: Cada requerimento deve se referir a um único produto, em papel timbrado da empre-
sa requerente, não se admitindo pedido por meio de fax, telegrama ou semelhantes. No
caso de a entidade de classe ou a empresa pretender mais de um produto, deve solicitar
em requerimentos separados.
a) Código da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM): (que entende ser classificado
o produto.) b) Sugestão de descrição para o produto: (utilizando o padrão da NCM, sem
incluir marca comercial, modelo ou tipo de equipamento ou procedência do mesmo.) c)
Especificações técnicas detalhadas, descrição do funcionamento e informações adicionais:
(tudo aquilo que se julgar necessário para a análise do pleito, acompanhado de catálogos
técnicos originais e/ou literatura técnica pertinente.) c.1) Os documentos que instruírem o
pleito de redução tarifária, não escritos no idioma português, deverão estar acompanhados
de tradução. c.2) Quando o bem se apresentar em um único corpo e possuir mais de uma
função, detalhar a função principal e as demais funções; c.3) Quando o bem se apresentar
em vários corpos, especificar a função do conjunto, bem assim a função de cada corpo e
como tais corpos estão integrados, observado o disposto no subitem anterior.

III - Da previsão de importação:


a) Previsão do valor FOB unitário do produto em US$:
b) Quantidade de produtos a serem importados:
c) Data prevista de embarque do produto a ser importado:
d) Previsão de chegada em portos brasileiros:

IV - Dos investimentos:
a) Objetivos específicos do projeto: (especialmente os vinculados ao aumento das exporta-
ções, à substituição de importações, ao aumento da oferta de produtos ao mercado interno,
aos ganhos de competitividade, aos avanços tecnológicos e à melhoria da infraestrutura
e dos serviços. Sempre que possível quantificar os objetivos mencionados neste item) b)
Investimentos totais em bens importados, em dólares dos Estados Unidos (US$) e em reais

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 35


(R$): (= FOB x Quantidade de produtos a serem importados) c) Investimentos em obras,
instalações e bens nacionais, em reais (R$) d) Investimentos globais vinculados ao pleito,
em dólares dos Estados Unidos (US$) e em reais (R$):

ANEXOS: (citar a relação de documentos que acompanham o processo)

Atenciosamente,
Pessoa Responsável / Cargo

O prazo para a análise do pedido varia de acordo com a complexidade das caracte-
rísticas do produto. Ainda, uma vez conseguido o EX-tarifário para determinada importação,
o prazo da liberação é por aproximadamente dois anos de validade, logo, se precisar im-
portar novamente o produto deverá ser observado a vigência da liberação, que consta em
órgão oficial do governo.
O EX-tarifário é um regime que tem característica de planejamento, pois a importa-
ção de produtos dessa modalidade devem começar bem antes de sua comercialização ou
utilização para geração de empregos. Desse modo, o governo prevê alguns maquinários
e produtos com EX-tarifário no momento em que o importador vai fazer a classificação da
mercadoria e pode ser observado em Tratamento Administrativo. Os demais casos não
previstos na classificação devem ser pleiteados junto aos órgãos competentes.

1.4 Acordos Comerciais


A Confederação Nacional da Indústria (CNI) desde 1990 atua para que o Brasil
tenha planejamento estratégico na comercialização e a redução de barreiras, em sua maio-
ria a redução tarifária, entre países com relacionamento comercial. Além das reduções
tarifária, os acordos estabelecem regras e disciplinas, condições iguais de competição em
mercados estratégicos, maior participação do Brasil nas cadeias de produção internacional,
e, maior acesso ao conhecimento de novas tecnologias.
Tem como objetivos também as reformas domésticas, maior produtividade em es-
cala e redução do custo de produção, e finalmente a competitividade. Os acordos servem
para a não discriminação de produtos oriundos do Brasil. Os acordos comerciais recente-
mente analisados pela CNI são:

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 36


Tabela 1 – Principais acordos com o Brasil (em andamento)

ENVOLVIDOS OBJETIVO
Defender a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Euro-
União Europeia peia com a inclusão dos pleitos de maior impacto para a indústria,
sobretudo em acesso a mercados e regras de origem.
Defender a conclusão de um acordo de livre comércio ou de um
acordo parcial – o mais amplo possível na cobertura de bens – que
México inclua regras de origem satisfatórias para a indústria e capítulos so-
bre barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias, compras
governamentais, facilitação de comércio e serviços.
Defender a importância do Mercosul para a indústria; apresentar e
defender propostas para influenciar e estimular o avanço da agenda
econômica e comercial do bloco, em particular para a ampliação do
Mercosul
livre comércio intrabloco e negociação de acordos em serviços e fa-
cilitação de comércio; e defender o aperfeiçoamento da governança
técnica e administrativa do Mercosul.
Apresentar e defender propostas para o aprofundamento da inte-
gração entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, prioritariamente
Aliança do Pacífico
em acumulação de origem e facilitação de comércio; e defender o
aprofundamento dos acordos bilaterais com o México e a Colômbia.
Defender o lançamento de negociações para acordos de livre co-
Estados Unidos e mércio com os Estados Unidos e o Japão com base nos roadmaps
Japão apresentados pelo setor privado brasileiro e pelas suas contrapartes
americana e japonesa.
Elaborar posicionamento para a defesa da abertura comercial do
Tarifa Externa Co- Brasil via acordos comerciais e, em paralelo, avaliar as opções para
mum do Mercosul a racionalização da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul e suas
exceções, com o intuito de aumentar a competitividade industrial.
Elaborar e apresentar propostas que contribuam para a acessão do
Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Eco-
nômico (OCDE), sobretudo nos temas de comércio, investimentos
OCDE
e tributação internacional; e defender, junto às congêneres da Con-
federação Nacional da Indústria (CNI) no exterior, o apoio dos seus
respectivos governos para o processo de acessão do Brasil.
Fonte: o autor (2020)

Embora os supracitados estejam em andamento, sempre antes da importação é


importante consultar a vigência dos mesmos, uma vez que os acordos tem características
de serem por um determinado e tempo e posteriormente renovados, conforme o caso.
Os acordos mais comuns firmados pelo Brasil são Mercado Comum do Sul - MER-
COSUL, Associação Latino-Americana de Integração - ALADI, NAFTA - Acordo de Livre

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 37


Comércio da América do Norte, OPEP - Organização dos Países Produtores de Petróleo,
Sistema Geral de Preferências - SGP, SGPC - Sistema Global de Preferências Comerciais.
Já os acordos comerciais e negociações internacionais são os estabelecidos com a Organi-
zação Mundial do Comércio - OMC, União Europeia - EU, UNCTAD, Área de Livre Comércio
das Américas - ALCA, Ministério da Economia e o Grupo dos 77. Todos os acordos estão
disponíveis nos canais eletrônicos e também em legislações específicas.
Já os acordos com preferência tarifárias, destacamos os de Regimes de Origem,
Certificado de Origem, Certificado de Origem Digital (COD), ABC das Regras de Origem e
Pesquisa de Mercado. Caso queira consultar o que prevê cada um deles é importante que
leia os acordos na íntegra.
Os acordos firmados exclusivamente com países são: Acordo de Sementes entre
países da ALADI (AG-02), Acordo de Bens Culturais entre países da ALADI (AR-07), Brasil -
Uruguai (ACE-02), Brasil - Argentina (ACE-14), Mercosul (ACE-18), Mercosul - Chile (ACE-
35), Mercosul - Bolívia (ACE-36), Brasil - México (ACE-53), Mercosul - México (ACE-54),
Automotivo Mercosul - México (ACE-55), Mercosul - Peru (ACE-58), Mercosul - Colômbia,
Equador e Venezuela (ACE-59), Brasil/Guiana/São Cristóvão e Névis(AAP.A25TM 38),
Brasil - Suriname (ACE-41), Brasil - Venezuela (ACE-69), Mercosul - Colômbia (ACE-72),
Mercosul - Cuba (ACE-62), Mercosul/ Índia, Mercosul/ Israel, Mercosul/ SACU, Mercosul/
Egito, Mercosul/Palestina - AINDA SEM VIGÊNCIA, Acordo de Ampliação Econômico-Co-
mercial Brasil – Peru (AINDA SEM VIGÊNCIA) e Brasil - Paraguai (ACE-74).
Todos os acordos comerciais estão respaldados por regras de ambas as partes,
por isso, não cabe aqui a análise de cada um deles, mas é importante esclarecer que em
caso de importação os acordos internacionais devem ser consultados para a facilitação das
negociações e possíveis benefícios tributários.

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 38


2 DESPACHO ADUANEIRO E DESEMBARAÇO ADUANEIRO

Para Tripoli e Prates (2016), a organização do processo de importação vai além


da atividade entre importador e exportador, dessa forma podemos garantir que os órgãos
governamentais, por sua complexidade, estabelecem alguns critérios para a verificação da
mercadoria e também estabelecem os respondentes em cada fase do processo.
O despacho aduaneiro fica a cargo do despachante aduaneiro, pessoa responsável
pela tratativa com a Receita Federal e a entrega de todo documento solicitado. Normalmen-
te, é o representante legal da empresa junto a aduna. Esse profissional passa por provas
específicas e somente após comprovado o período de experiência na profissão é que pode
atuar como despachante. Primeiro deve começar como ajudante de despachante, por uma
média de 5 anos, após, realiza uma prova nacional de despachante e daí começa a atuar
como despachante aduaneiro.
É dele a função de acompanhar o desembaraço aduaneiro que é feito exclusiva-
mente pela Receita Federal e órgãos envolvidos na importação do produto específico. Em
suma, o despacho aduaneiro é a reunião de informações sobre a importação e a declaração
de todas as informações em um sistema denominado Siscomex (Sistema de Comércio
Exterior). Somente o despachante e a Receita Federal tem acesso às informações cons-
tantes no despacho aduaneiro.
O Despacho Aduaneiro trata-se do procedimento de fiscalização que toda merca-
doria deve passar, seja na importação ou exportação, no caso da importação é o momento

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 39


em que se solicita a autorização da nacionalização da mercadoria. Tem o objetivo de uma
verificação precisa de todos os dados que foram fornecidos previamente pelo importador
em relação a mercadoria importada, pois com base nessas informações que são cobrados
os tributos e taxas de importação.
O regulamento aduaneiro, estudado na unidade anterior, estabelece os tipos de
documentos e prazos necessários para o despacho da mercadoria e consequentemente
culmina no desembaraço da mercadoria, feito pela fiscalização.
Para que o despacho aduaneiro siga um fluxo de tempo razoável é importante
seguir alguns passos como: 01. Conclusão da Transação Comercial, envio da FATURA
PROFORMA ou PROFORMA INVOICE; 02. Classificação da Mercadoria (NCM) e descri-
ção de acordo com a NCM definida; 03. Verificar se a NCM tem L.I., e se o deferimento
é antes ou após o embarque; 04. Confirmar com o importador se o Credenciamento no
RADAR, procuração e Tela RADAR estão ok; 05. Verificar a modalidade de transporte e
fazer a cotação de frete; 06. Solicitar o seguro internacional provisório; 07. Enviar instrução
de embarque para o exportador com dados do agente, NCM’s e demais dados a serem
mencionados nos conhecimentos; 08. Enviar dados do exportador para o agente de carga
do Brasil enviar para o agente na origem; 09. Solicitar ao exportador a cópia da Invoice
e Packing para conferência do DRAFT do B/L; 10. Acompanhar o embarque e conferir
DRAFT do B/L; 11. Fazer Follow up da posição dos processos para o cliente;
Seguindo temos os passos: 12. Conferência Documental - solicitar ao exportador
para enviar a cópia dos documentos originais e assinados por e-mail, antes do envio dos
originais para o Brasil; 13. Solicitação dos documentos originais de importação para desem-
baraço; 14. Acompanhar com o agente de carga e SISCARGA a chegada da mercadoria
no Brasil; 15. Verificar o local onde será o desembaraço aduaneiro; 16. Verificar se os
documentos originais chegaram; 17. Solicitar o Seguro Internacional definitivo; 18. Cotar
o frete do transporte Rodoviário; 19. Fazer a Solicitação de Numerários; 20. Confirmar a
atracação porto/Aeroporto; 21. Verificar se houve AVARIAS para comunicar a seguradora/
cliente; 22. Pagar taxas e providenciar a liberação do BL/AWB; 23. Providenciar a DTA
(caso seja remoção para EADI) e ADTA no MAPA para container ou mercadorias que te-
nham deferimento da L.I. pelo MAPA, ANVISA e outros; 24. Providenciar o deferimento da
L.I. (se houver); 25. Registrar a D.I. e verificar parametrização; 26. Acompanhamento de
desembaraço junto a Receita Federal; 27. Mercadoria desembaraçada, informar ao cliente;
28. Providenciar o carregamento; 29. Acompanhar até a entrega no cliente; 30. Separar

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 40


processo no operacional e enviar para o financeiro; 31. Prestação de contas da Operação;
32. Fim do processo.
Com esses procedimentos provavelmente a mercadoria seguirá o fluxo corretamen-
te de importação. Para Melhor entendimento do fluxo e tempo do processo de despacho,
observe o esquema:

Figura 2 – Fluxo da importação

Fonte: http://www.techimpex.com.br/tech_servicos/conteudo/fluxogramas/importacao_maritima_amarelo-
-vermelho.htm (2020)

O desembaraço da mercadoria acontece logo após o registro da Declaração de Im-


portação (DI). No primeiro momento, o desembaraço envolve a verificação dos documentos
que acompanham a mercadoria, com a finalidade de verificação legal dos procedimentos
documentais, ou seja, se tem a Invoice (nota fiscal de compra), o Packing List (romaneio) e
certificações, se for o caso.
O desembaraço aduaneiro pode envolver dois procedimentos: 1) a verificação
documental; e, a verificação da carga (física). Os documentos necessários para o desem-
baraço e também a verificação física da carga estão estabelecidos no Decreto 4.543/2002.

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 41


Assim que a mercadoria chega no Brasil, a carga é colocada em uma fila de espera,
é neste momento que a aduana verifica junto aos portos e aeroportos a “presença de carga”,
ou seja, se o peso e dimensões fornecidas na documentação está correta.
O sistema Siscomex é usado para completar o Registo da Mercadoria. Após o
Registro da mercadoria o próprio sistema emite um documento denominado Declaração de
Importação (DI). Após este registro a carga é parametrizada, para isso, usa-se um sistema
de código para saber se está tudo correto com a mercadoria a ser nacionalizada. É no
momento do registro da DI que são recolhidos automaticamente os impostos previstos em
lei.
Na parametrização da mercadoria a carga pode ser classificada como: canal Verde
(não há análise); canal amarelo (conferência documental), vermelho (conferência documen-
tal e física), e canal cinza (todas as conferências anterior e também a consulta legal dos
produtos e também possível auditoria da carga ou na empresa). Nesse último normalmente
acontece em caso de suspeita de sonegação ou irregularidades na arrecadação do imposto.
Em resumo temos: 1º os bens chegam à alfândega nos portos ou aeroportos; 2º
verificação e registro da mercadoria; 3 º após desembaraço da DI e desembaraçada a
mercadoria é liberada com o Certificado de Importação (CI) e a mercadoria pode ir para a
empresa.
Em consonância com o decreto 6.759/06 visto na unidade anterior, a Instrução
Normativa (IN) 680/06 os tipos de despacho aduaneiro como sendo: Art. 2º - I) despacho
para consumo/revenda; a) ingressada no País com o benefício de drawback (aquele que
é industrializado e devolvido); b) destinada à ZFM (Zona Franca de Manaus), à Amazônia
Ocidental ou a ALC; c) contida em remessa postal internacional ou expressa ou, ainda, con-
duzida por viajante, se aplicado o regime de importação comum; e d) admitida em regime
aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, na forma do disposto no inciso II, que
venha a ser submetida ao regime comum de importação; e III - despacho para admissão
em regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, de mercadoria que ingresse
no País nessa condição.

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 42


3 PECULIARIDADES DAS OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO

Durante o processo de desembaraço da mercadoria há algumas peculiaridades a


serem observadas na INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF Nº 680, DE 02 DE OUTUBRO DE
2006. Dentre elas destacam-se: Verificação de Mercadoria pelo Importador, Declaração de
Importação, Registro Antecipado da DI, Documentos de Instrução da DI, Exame Documen-
tal, Agendamento da Verificação da Mercadoria, Formalização de Exigências E Retificação
da DI, Desembaraço Aduaneiro, e Comprovante de Importação. A seguir, algumas especi-
ficações considerando a IN 680/06 (recorte nosso):

3.1 Verificação de Mercadoria pelo Importador


No Art. 10, o importador poderá requerer, previamente ao registro da DI, a verifi-
cação das mercadorias efetivamente recebidas do exterior, para dirimir dúvidas quanto ao
tratamento tributário ou aduaneiro, inclusive no que se refere à sua perfeita identificação
com vistas à classificação fiscal e à descrição detalhada. Isso ocorre nos casos de descon-
fiança se o exportador realmente enviou a mercadoria com os critérios estabelecidos.

3.2 Declaração de Importação


Art. 4º, a Declaração de Importação (DI) será formulada pelo importador no Sis-
comex e consistirá na prestação das informações constantes do Anexo Único, de acordo
com o tipo de declaração e a modalidade de despacho aduaneiro. § 1º Não será admitido
agrupar, numa mesma declaração, mercadoria que proceda diretamente do exterior e

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 43


mercadoria que se encontre no País submetida a regime aduaneiro especial ou aplicado
em áreas especiais. § 2º Será admitida a formulação de uma única declaração para o des-
pacho de mercadorias que, procedendo diretamente do exterior, tenha uma parte destinada
a consumo e outra a ser submetida ao regime aduaneiro especial de admissão temporária
ou a ser reimportada. § 3º Não será permitido agrupar, numa mesma adição, mercadorias
cujos preços efetivamente pagos ou a pagar devam ser ajustados de forma diversa, em
decorrência das regras estabelecidas pelo Acordo de Valoração Aduaneira.

3.4 Registro Antecipado da DI


Art. 17, a DI relativa a mercadoria que proceda diretamente do exterior poderá ser
registrada antes da sua descarga na unidade da RFB de despacho, quando se tratar de:
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1759, de 13 de novembro de 2017).
I - mercadoria transportada a granel, cuja descarga deva se realizar diretamente para ter-
minais de oleodutos, silos ou depósitos próprios, ou veículos apropriados; II - mercadoria
inflamável, corrosiva, radioativa ou que apresente características de periculosidade; III
- plantas e animais vivos, frutas frescas e outros produtos facilmente perecíveis ou suscetí-
veis de danos causados por agentes exteriores; IV - papel para impressão de livros, jornais
e periódicos.

3.5 Documentos de Instrução da DI


Art. 18, a DI será instruída com os seguintes documentos: I - via original do conhe-
cimento de carga ou documento equivalente; II - via original da fatura comercial, assinada
pelo exportador; III - romaneio de carga (packing list), quando aplicável; e IV - outros, exigi-
dos exclusivamente em decorrência de Acordos Internacionais ou de legislação específica.

3.6 Exame Documental


Art. 21, após o registro, a DI será submetida a análise fiscal e selecionada para um
dos seguintes canais de conferência aduaneira: I - verde, pelo qual o sistema registrará o
desembaraço automático da mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação
da mercadoria; II - amarelo, pelo qual será realizado o exame documental, e, não sendo
constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, dispensada a verificação
da mercadoria; III - vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada após
a realização do exame documental e da verificação da mercadoria; e IV - cinza, pelo qual
será realizado o exame documental, a verificação da mercadoria e a aplicação de pro-
cedimento especial de controle aduaneiro, para verificar elementos indiciários de fraude,

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 44


inclusive no que se refere ao preço declarado da mercadoria, conforme estabelecido em
norma específica.

3.7 Agendamento da Verificação da Mercadoria


Art. 26, a verificação da mercadoria, no despacho de importação, será realizada
mediante agendamento, que será realizado conforme as regras gerais estabelecidas pelo
chefe da unidade da RFB responsável pelo despacho aduaneiro. (Redação dada pelo(a)
Instrução Normativa RFB nº 1759, de 13 de novembro de 2017). §1º Alternativamente ao
estabelecimento de regras gerais de agendamento das verificações físicas, poderá ser
adotado o critério de escalonamento das DI cujas mercadorias serão objeto de conferência.
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 957, de 15 de julho de 2009). §2º O
depositário das mercadorias será informado sobre o agendamento das verificações, de-
vendo providenciar com antecedência o posicionamento das correspondentes mercadorias
para a realização da verificação física. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº
1759, de 13 de novembro de 2017) §3º As regras de agendamento para verificação física
das mercadorias, ou os escalonamentos, conforme o caso, deverão ser afixados em local
de fácil acesso aos importadores, exportadores e seus representantes. Posicionamento da
Mercadoria para Verificação

3.8 Formalização de Exigências e Retificação da DI


Art. 42, as exigências formalizadas pela fiscalização aduaneira e o seu atendimento
pelo importador, no curso do despacho aduaneiro, deverão ser registrados no Siscomex.
§1º Sem prejuízo do disposto no caput, na hipótese de a exigência referir-se a crédito
tributário ou direito comercial, o importador poderá efetuar o pagamento correspondente,
independentemente de formalização de processo administrativo fiscal. §2º Havendo mani-
festação de inconformidade, por parte do importador, em relação à exigência de que trata
o §1º, o crédito tributário ou direito comercial será constituído mediante lançamento em
auto de infração, que será lavrado em até 8 (oito) dias. (Redação dada pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1813, de 13 de julho de 2018)

3.9 Desembaraço Aduaneiro


Art. 48, concluída a conferência aduaneira, a mercadoria será imediatamente de-
sembaraçada pelo Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil responsável pelo despacho.
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1759, de 13 de novembro de 2017);
§ 1º A mercadoria objeto de exigência fiscal de qualquer natureza, formulada no curso do

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 45


despacho aduaneiro na forma do caput do art. 42, somente será desembaraçada após
o respectivo cumprimento. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1759, de
13 de novembro de 2017); § 3º A mercadoria cuja declaração receba o canal verde será
desembaraçada automaticamente pelo Siscomex. § 4º A mercadoria poderá ser desem-
baraçada, ainda, quando a conclusão da conferência aduaneira dependa unicamente do
resultado de análise laboratorial, mediante assinatura de Termo de Entrega de Mercadoria
Objeto de Ação Fiscal, pelo qual o importador será informado que a importação se encontra
sob procedimento fiscal de revisão interna. § 5º Nos casos em que, comprovadamente, se
tiver conhecimento de processo administrativo fiscal formalizado para exigência de crédito
tributário, com base em laudo laboratorial emitido para importação anterior de mercadoria
de mesma origem e fabricante, com igual denominação, marca e especificação, o desem-
baraço na forma do § 4º ficará condicionado à prestação de garantia do crédito tributário
anteriormente constituído, em uma das formas estabelecidas no parágrafo único do art.
759 do Decreto nº 6.759, de 2009, ou à sua extinção. (Redação dada pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1759, de 13 de novembro de 2017); § 6º O disposto no § 4º não se aplica
quando houver indícios que permitam presumir tratar-se de mercadoria cuja importação es-
teja sujeita a restrição ou proibição de permanência ou consumo no País. § 7º Na hipótese
prevista no art. 47, decorridos 5 (cinco) dias úteis da realização da entrega antecipada, ou
do fim do prazo para a entrega dos documentos de instrução da DI, a eventual exigência
fiscal não cumprida será formalizada em termo próprio e, depois da ciência deste pelo
importador, a DI será desembaraçada. § 8º Caso a exigência mencionada no § 1º refira-se a
crédito tributário ou direito comercial que tenha sido constituído mediante auto de infração,
conforme § 2º do art. 42, o desembaraço fica condicionado ao seu respectivo pagamento
integral, e não será autorizado com base apenas no seu parcelamento. § 9º Em caso de
impugnação do auto de infração a que se refere o § 8º, o importador poderá requerer o
desembaraço das mercadorias ao chefe da unidade da RFB de análise fiscal, mediante
a prestação de garantia sob a forma de depósito em dinheiro, fiança bancária ou seguro
aduaneiro, no valor do montante exigido. § 10. Não estão obrigados à apresentação da
garantia mencionada no § 9º os órgãos da Administração Pública, observado o disposto
no § 2º do art. 34 do Decreto-Lei nº 1.455, de 7 de abril de 1976. § 11. O desembaraço
aduaneiro previsto no § 9º não é cabível nas seguintes hipóteses: I - quando houver indícios
de que a importação da mercadoria esteja sujeita a restrição, ou a sua permanência ou o
seu consumo seja proibido no País; II - mercadorias amparadas por isenção ou redução de
tributos quando não atendidas as condições para usufruir tais benefícios; III - mercadorias

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 46


importadas sob regimes aduaneiros especiais, exceto para os casos de drawback, Recof,
Recof-Sped e exportação temporária; IV - quando o litígio versar sobre a pena de perdimento
dos bens; § 12. A garantia prestada na forma prevista no § 9º subsistirá até a satisfação
do respectivo crédito tributário ou até a decisão definitiva do litígio favorável ao importador.

3.10 Comprovante de Importação.


Art. 66, o Comprovante de Importação será emitido pelo importador mediante tran-
sação específica do Siscomex. Parágrafo único. Para efeito de circulação da mercadoria
no território nacional, o Comprovante de Importação não substitui a documentação fiscal
exigida nos termos da legislação específica.
Esses artigos selecionados esclarecem as tratativas aduaneiras mais comuns na
importação de mercadoria. É importante que todos eles sejam lidos e observados em caso
de necessidade.

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 47


4 PAGAMENTO DOS TRIBUTOS E AFRMM

Ainda que o assunto dos tributos sejam tratados na Unidade III, é importante neste
momento entender o que a legislação entende, de forma geral, os tributos e a AFRMM.
O Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) está previsto
no Decreto-lei nº 2.404/1987 e respaldado pela Lei nº 10.893/2004 (alterações trazidas
pelas Leis nº 12.599/2012 e 12.788/2013). O AFRMM foi criado para atender aos encargos
da União e também para o apoio da Marinha Mercante Nacional. O entendimento é para
que este tributo seja cobrado e posteriormente usado na manutenção de nossos portos,
contribuindo para melhorias e investimentos na recepção de mercadorias.
O fato gerador deste tributo é exatamente no momento em que a mercadoria chega
ao Brasil, ou seja, no momento em que o navio atraca já estão utilizando a estrutura física
responsável pela Marinha Mercante, logo, um valor deve ser recolhido. Nesse sentido, o
governo, por meio do decreto acima estabelece 25% (vinte e cinco por cento) na navegação
de longo curso; II - 10% (dez por cento) na navegação de cabotagem; e III - 40% (quarenta
por cento) na navegação fluvial e lacustre, quando do transporte de granéis líquidos nas
regiões Norte e Nordeste.
Já os demais pagamentos de tributos podem ser observados também na IN 680/06
que estabelece:
Art. 11. O pagamento dos tributos e contribuições federais devidos na impor-
tação de mercadorias, bem assim dos demais valores exigidos em decorrên-
cia da aplicação de direitos antidumping, compensatórios ou de salvaguarda,

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 48


será efetuado no ato do registro da respectiva DI ou da sua retificação, se
efetuada no curso do despacho aduaneiro, por meio de Documento de Arre-
cadação de Receitas Federais (Darf) eletrônico, mediante débito automático
em conta corrente bancária, em agência habilitada de banco integrante da
rede arrecadadora de receitas federais. § 1º Para a efetivação do débito, o
declarante deverá informar, no ato da solicitação do registro da DI, os códigos
do banco e da agência e o número da conta corrente. § 2º Após o recebi-
mento, via Siscomex, dos dados referidos no § 1º, e de outros necessários à
efetivação do débito na conta corrente indicada, o banco adotará os proce-
dimentos necessários à operação, retornando ao Siscomex o diagnóstico da
transação. § 3º Para efeito do disposto neste artigo, o banco integrante da
rede arrecadadora interessado deverá apresentar carta de adesão e forma-
lizar termo aditivo ao contrato de prestação de serviços de arrecadação de
receitas federais mantido com a SRF. § 4º A Coordenação-Geral de Adminis-
tração Tributária (Corat) e a Cotec poderão expedir normas complementares
para a implementação do disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo. § 5º O Darf
apresentado após o desembaraço da mercadoria, para pagamento dos crédi-
tos tributários exigidos pela autoridade aduaneira, será confirmado na forma
estabelecida em ato da Coana. § 6º O importador é responsável por verificar
se o pagamento foi devidamente debitado pela instituição financeira no ato
do registro da DI, e estará sujeito a penalidades caso o pagamento não seja
concluído. Art. 11-A. Nas hipóteses de impossibilidade de identificação da
mercadoria importada, em razão de seu extravio ou consumo, e de descri-
ção genérica nos documentos comerciais e de transporte disponíveis, será
aplicada alíquota única de 80% (oitenta por cento) em regime de tributação
simplificada relativa aos tributos incidentes na importação, nos termos do art.
67 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 1º A base de cálculo da tri-
butação simplificada prevista neste artigo será arbitrada em valor equivalente
à mediana dos valores por quilograma de todas as mercadorias importadas
a título definitivo, pela mesma via de transporte internacional, constantes de
declarações registradas no semestre anterior, incluídas as despesas de frete
e seguro internacionais. § 2º Caberá à Coana realizar o cálculo da mediana
dos valores por quilograma a que se refere o § 1º e emitir Ato Declaratório
Executivo (ADE), a ser publicado no sítio da RFB, para divulgação da tabela
com esses valores no primeiro mês de cada semestre. § 3º Para efeito de cál-
culo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador no dia do lançamento
do correspondente crédito tributário, quando se tratar de mercadoria extravia-
da, constante de manifesto ou de outras declarações de efeito equivalente,
nos termos do art. 73 do Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. § 4º Na
falta de informação sobre o peso da mercadoria, será adotado o peso líquido
admitido na unidade de carga utilizada no seu transporte. (IN 680/06)

Por fim, é importante que esses tributos sejam considerados na previsão de despe-
sas. A maioria dos tributos na importação são considerados fixos e por isso fica mais fácil
considerar o valor que será cobrado no desembaraço da mercadoria.

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 49


SAIBA MAIS

Nos casos de bagagem desacompanhada a legislação prevê que um residente de outro


país que venha morar definitivamente no Brasil pode trazer todos os seus pertences,
desde que comprovado que são de uso pessoal no país de origem. Você pode ler a le-
gislação de bagagem desacompanhada em:

http://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/viagens-internacionais/guia-do-viajante/entrada-no-
-brasil/mudanca-brasil

REFLITA

“O comércio é a arte de abusar do desejo ou da necessidade que alguém tem de alguma


coisa.”

Jules Goncourt.

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 50


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro aluno, nesta unidade notamos que na importação podem acontecer casos
especiais. Esses casos especiais devem ser observados antes da importação para que se
possa consultar a legislação vigente de cada caso.
Um dos destaques das modalidades especiais é a importação temporária para
feiras e eventos, em que o importador pode se beneficiar da suspensão dos impostos da
importação. Outro caso interessante é o EX-tarifário, que dependendo de sua característica
pode reduzir a zero o imposto de importação (II). Para esses casos há uma análise mais
detalhada em que pode levar muito tempo, por isso o planejamento na importação é de
fundamental importância.
Ainda, tivemos a oportunidade de observar algumas Instruções Normativas que re-
gem o sistema de importação no Brasil. Dentre os destaques dos INs estão as que orientam
sobre o despacho aduaneiro e também o desembaraço das mercadorias. São nas Instru-
ções Normativas que podemos verificar os prazos de desembaraço de uma mercadoria, as
tratativas para os canais parametrizados e também como devemos recolher os impostos e
tributos estabelecidos.
Nas próximas unidades falaremos mais da questão dos impostos incidentes na
importação e esperamos que você se torne um profissional capacitado a agir nas diversas
situações. É importante destacar também o papel do despachante aduaneiro! É ele que faz
toda a instrução ao importador e acompanha a carga desde o momento que sai da origem
até a empresa do cliente importador.
Sabemos que é muita lei para se observar, mas garanto que com pesquisa e muito
esforço você já tem o caminho para pesquisar a legislação aduaneira de nosso país.
É sempre um prazer estudar sobre as regras de importação! Espero você em
nossas próximas unidades desse curso.

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 51


MATERIAL COMPLEMENTAR

FILME/VÍDEO
Título: Outsourced (Original) | Despachado para a China
Ano produção: 2006 | Duração: 99 minutos | Classificação: 14
anos | Gênero: Comédia
Sinopse: Despachado Para a Índia é uma comédia de diferen-
ças culturais com um toque de romance. Todd Anderson (Josh
Hamilton) dirige um call center de apoio ao cliente em Seattle até
que o seu chefe lhe dá a má notícia: o seu emprego vai ser alvo
de Outsourcing e, ainda por cima, ele terá de ir até á Índia para
treinar o seu substituto. Ele espera a pior experiência da sua vida e
certamente é assim que as coisas começam. O caos de Bombaim
assalta os seus sentidos e o seu novo escritório está paralisado
devido a equívocos culturais. Mas à medida que vai conhecendo
melhor os seus colegas de trabalho, descobre que não é fácil
odiá-los, incluindo o seu amistoso substituto Puro (Asif Basra) e a
adorável teimosa Asha (Ayesha Dharker). Rapidamente descobre
que tem muito a aprender - acerca da Índia, da América e dele
próprio.

LIVRO
Título: Regimes Aduaneiros Especiais
Autor: Liziane Angelotti Meira
Editora: Síntese
Sinopse: O objetivo do presente estudo é o exame aprofundado
dos regimes aduaneiros especiais à luz dos princípios constitu-
cionais da legalidade, da publicidade e da isonomia tributária. Em
que pese a sua importância para o sistema tributário nacional e
para os interesses estratégico- comerciais, o tema praticamente
não tem sido visitado pela dogmática jurídica nos últimos vinte
anos, certamente em razão da vasta e complexa legislação que
o regula. As conclusões alcançadas por este trabalho ressaltam
que o regimes aduaneiros especiais constituem isenções ou redu-
ções condicionais dos impostos incidentes sobre as operações de
comércio exterior - adstritos, portanto, ao princípio constitucional
da legalidade -, nas quais os bens importados ou exportados são
submetidos a controle aduaneiro. Essas inferências não somente
conduzem a uma mudança do conceito dos regimes aduaneiros
especiais, aceito quase sem dissonância no País, como também
reclamam profundas alterações na respectiva legislação.

UNIDADE II Operações Especiais de Importação 52


UNIDADE III
Tratamento Tributário das Importações
Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves

Plano de Estudo:
• Tratamento tributário da importações
• Impostos e taxas na importação
• Defesa comercial, salvaguardas e medidas compensatórias

Objetivos de Aprendizagem:
• Estudar o tratamento tributário nas importações
• Compreender os custos agregados aos produtos importados.
• Verificar o impacto financeiro dos impostos e tributos

53
INTRODUÇÃO

Caro (a) aluno (a), bem vindo (a) a terceira unidade do livro.

Seja bem-vindo a mais uma unidade deste livro sobre os processos e gestão na
importação. Desta vez falaremos um pouco sobre as questões tributárias na importação.
Este assunto assombra a maiorias dos importadores, uma vez que os custos na importa-
ção estão ligados diretamente no planejamento e análise de custos dos produtos a serem
comercializados.
Veremos a diferenciação entre tributo e imposto, também estudaremos um pouco
sobre o Imposto de Importação (II), imposto sobre produtos industrializados (IPI), PIS,
COFINS, CIDE, ICMS e os tributos de defesa comercial, como o Dumping. Em seguida,
verificaremos sobre o cálculo dos impostos de importação, mas antes alinharemos na defi-
nição de cada imposto e produto e o impacto que esses tributos trazem para a formulação
do preço de venda dos produtos.
É nesta unidade que poderemos analisar as grandes questões entre empresários
e o governo, uma vez que o cálculo dos impostos, em sua maioria, influenciam de forma
negativa a importação, uma vez que os importadores não veem com bons olhos o fato de
estarem contribuindo com o crescimento do país e ainda assim serem taxados com altos
impostos. Entretanto, com muito planejamento, conhecendo as bases legais e os benefícios
fiscais, é possível a programação dos impostos, possibilitando, inclusive, se beneficiar de
medidas compensatórias, e salvaguardas.
Na importação, os impostos incidentes são recolhidos no momento do registro da
Declaração de Importação (DI), por meio de cálculos preestabelecidos pela legislação e
sempre visa a proteção da produção nacional, logo, não é essencialmente fiscal, mas sim
um método de controle governamental quando se faz necessário.

Desejamos um ótimo estudo a todos!

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 54


1 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DAS IMPORTAÇÕES

Nesta parte trataremos sobre os tributos, impostos e taxas incidentes na importa-


ção. A relevância é muito grande, uma vez que são eles que, de modo geral, encarecem
uma mercadoria, já que faz parte do custo do produto importado e será passada adiante
para o consumidor, no preço final do produto. As regras para a contribuição dos impostos,
tributos e taxas variam de estado para estado e é importante que cada importador consulte
a legislação vigente e as regras de arrecadação.
Na importação, estabelecido pela Legislação Aduaneira (Decreto No. 6.759/09),
a base de cálculo é o valor aduaneiro (convertido em moeda nacional), ou seja, Valor da
Mercadoria no Local de Descarga (+) Valor do Frete Internacional (+) Seguro (+) THC
(VMLD+VFI +S+A). Essa é a base de cálculo para tributações dos impostos na importação,
normalmente conhecida como valor CIF (Cost, Insurance and Freight + Custo, Seguro e
Frete), lembrando que o THC (Terminal Handling Charge - manipulação de carga no ter-
minal) está vinculado ao frete, uma vez que se trata da taxa recolhida junto com o valor do
frete para o manuseio da carga.
Antes de explicar o fato gerador dos recolhimentos você precisa entender a dife-
rença entre Tributo, Imposto, Contribuição e Taxa! Cada definição tem um fato gerador e
também são regidos por legislações específicas de cada estado que você pode consultar
nos canais de informação. Também é importante saber qual o regime fiscal (Simples Na-

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 55


cional, Lucro Presumido e Lucro Real, etc.) a empresa se enquadra, pois cada regime tem
regras específicas de arrecadação.
Os Tributos formam as arrecadações da União, estado ou município e englobam as
taxas, impostos e contribuições. Os tributos são obrigações que se deve pagar ao gover-
no por determinado serviço oferecido à sociedade; os Impostos não tem uma destinação
específica e fica a cargo dos governantes a destinação para serviços universais, como a
educação e a segurança; as Taxas são vinculadas a um serviço público específico, como
a taxa de recolhimento de lixo, taxa de emissão de carteira de identidade, etc.; já as Con-
tribuições está vinculada a melhoria direta para o contribuinte, por exemplo o Programa de
Integração Social (PIS) e o Patrimônio do Servidor Público (PASEP).
A alíquota dos impostos é variável e está indicada na Tarifa Externa Comum (TEC),
disponível no site do Ministério da Economia, podendo ser mais alta para os produtos em
que o país deseja restringir o seu ingresso ou mais baixa para os produtos cuja a entrada
no país seja interessante. As contribuições, segundo Brogini (2013), é parte integrante
da importação, são inúmeras e importantes para quem importa. A seguir vamos detalhar
algumas arrecadações pertinentes para nosso escopo, importações.

1.1 Não-Cumulatividade dos Tributos


Para iniciar as questões sobre os impostos, tributos e taxas, precisamos delimitar
o que é não cumulatividade! Imagine que você ligue para seu amigo empresário e soli-
cite a realização de um determinado serviço. O seu amigo analisa o seu pedido e cobra
R$1.000,00 para a realização. Assim que seu amigo desliga o telefone ele percebe que não
conseguirá cumprir os prazos e as exigências; então ele liga para um terceiro que pode
realizar o serviço em nome dele e consegue que o parceiro faça o serviço que você pediu
por R$800,00. Bem o parceiro do seu amigo empresário faz o serviço e seu amigo entrega
o serviço do teu pedido. O seu amigo empresário emite uma nota fiscal com o valor do
combinado, ou seja, R$1.000,00. Dos mil reais que seu amigo recebeu, ele tira R$200,00
e “guarda” para ele e solicita que o parceiro emita uma nota de R$800,00 pelo serviço
terceirizado.
Vamos imaginar que o serviço tem um Imposto Sobre Serviço (ISS), logo o parceiro
vai pagar 5% dos R$800,00 pelo serviço e seu amigo paga 5% sobre os R$1.000,00. Note
que nesse caso a prefeitura vai receber 5% de R$1800,00, ou seja, ambos pagam um
imposto sobre o mesmo valor de R$1.000,00 a diferença é que como houve duas Notas
Fiscais (NF), há cobrança duas vezes. Essa é a característica do imposto cumulativo.

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 56


Agora suponhamos que você ligue para mim, vendedor de câmeras de seguran-
ça, e quer comprar minhas câmeras para revender em tua loja. Você faz uma compra de
R$2.000,00 e quando eu vou ao meu estoque percebo que não tenho o material. Para não
perder a venda eu vou até outro fornecedor e compro as câmeras dele por R$1.500,00;
emito a NF de R$2.000,00 e te envio o produto no dia seguinte. Todo mundo fica feliz! Bem,
nesse caso, pegando o exemplo do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços
(ICMS), é um imposto não-cumulativo. Ou seja, pensando que o ICMS do meu estado seja
18%, meu fornecedor pagará ICMS sobre os R$1.500,00 e eu pagarei o ICMS sobre os
R$500,00 (diferença entre o preço de compra e preço de venda), uma vez que o tipo do im-
posto é não cumulativo. Quando você for vender as câmeras de segurança, provavelmente
irá agregar o seu preço de venda e também pagará o imposto sobre essa diferença. Cada
um paga o imposto sobre o valor que agrega na venda!

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 57


2 IMPOSTOS E TAXAS NA IMPORTAÇÃO

O momento do recolhimento dos tributos de importação (Imposto de Importação - II,


Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS
e Taxa de Utilização do Siscomex está previsto na INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF Nº 98,
DE 29 DE DEZEMBRO DE 1997 e estabelece que sempre será o momento do registro
da Declaração de Importação (DI), já o ICMS é no momento da liberação da mercadoria,
quando ela poderá circular em território nacional.

2.1 Imposto de Importação (II)


Com base na LEI Nº 3.244, DE 14 DE AGOSTO DE 1957 está sujeita ao Imposto
de Importação (II) a mercadoria estrangeira que entrar em território nacional. Este imposto
federal está regulamentado por uma tabela denominada “ad valorem”, ou seja, sobre o
valor da mercadoria e sua variação está contida na tabela de Nomenclatura Comum do
Mercosul (NCM), vista na unidade um. Essa alíquota tem como base a média de valor do
produto enquadrado na NCM de cada produto, por exemplo, se o valor de uma caneta es-
ferográfica importada tem uma média de valor custando USD0.98, a alíquota será aplicada
considerando essa média de preço da caneta importada. Cálculo = (Valor CIF*Alíquota),
exemplo, R$128.000,00*5% = R$6.400,00.
A tabela com os valores estão no site do Ministério da Economia, antigo MDIC,
conforme informado nas unidades anteriores. O Imposto de Importação tem como fato ge-

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 58


rador a entrada de mercadoria oriunda de país estrangeiro no território aduaneiro (território
nacional). Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data
de registro da DI da mercadoria a ser submetida a despacho para consumo, ou no dia do
lançamento respectivo, nos casos definidos em lei.

2.2 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)


O governo estabelece no DECRETO Nº 7.212, DE 15 DE JUNHO DE 2010 o Im-
posto sobre Produtos Industrializados, o entendimento, de acordo com o decreto, é que
incide IPI em “qualquer operação com produto industrializado, nacional ou estrangeiro,
mesmo incompleta, parcial ou intermediária”, por esse entendimento, mesmo as mercado-
rias que entraram no país para industrialização são tributadas e obviamente as que já estão
industrializadas e o fato gerador para a importação é o registro da DI, não considerando
o destino a ser dado aos produtos importados, se para consumo, utilização, comércio,
industrialização, locação e outros.
Segundo o decreto, a base de cálculo do IPI é o valor aduaneiro (VLMD+VFI +S+A),
acrescido do Imposto de Importação, ou seja, o II faz parte da base de cálculo do IPI, em-
bora controverso e muitos importadores alegam, compreensivelmente, que pagam imposto
sobre imposto. Cálculo considerando o exemplo do II (item 2.1): = (Valor CIF+II)*Alíquota,
exemplo, (R$128.000,00+R$6.400,00)*10%=R$13.440,00. A alíquota constante na TIPI
(Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados), constante no site do Ministério da
Economia, é também com base na classificação da NCM do produto, ou, segundo o decreto
7.212/10, “no caso de alíquotas específicas (valores fixos em reais) o valor do IPI será
alcançado com a aplicação desses valores sobre a quantidade de produto industrializado
importado”.

2.3 Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento


da Seguridade Social (COFINS)
Com base na Lei Complementar nº 7 de 7 de Setembro de 1970 (PIS) e Lei Com-
plementar nº 70 de 30 de Dezembro de 1991 (COFINS) e suas alterações, foram estabele-
cidos dois tributos e se aplicam também na importação, com fato gerador no registro da DI.
O PIS, conforme art. 1º “é instituído, na forma prevista nesta Lei, o Programa de
Integração Social, destinado a promover a integração do empregado na vida e no desen-
volvimento das empresas”, já o COFINS conforme art. 1º “nos termos do inciso I do art. 195
da Constituição Federal, devida pelas pessoas jurídicas (...) destinadas exclusivamente
às despesas com atividades fins das áreas de saúde, previdência e assistência social”.

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 59


O destino da arrecadação desses tributos é distinta; o PIS é para promover a integração
social do empregado, já o COFINS é para o financiamento da Seguridade Social - inclusive
a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde Pública.
Conforme Instrução Normativa - RFB nº 1.401 de 09/10/2013, a base de cálculo
tanto para o PIS como para o COFINS é o valor CIF (Custo, Seguro e Frete)*Alíquota. A
alíquota estabelecida é de 1,65% para o PIS e de 7,6% para o COFINS, salvo exceções
na tabela de classificação fiscal da mercadoria pela NCM, conforme site do Ministério da
Economia.

2.4 Taxa de Utilização do Siscomex (TUS)


De acordo com o Decreto n° 660, de 25.9.92, o Sistema Integrado de Comércio
Exterior (SISCOMEX) é um instrumento administrativo que engloba as atividades de “regis-
tro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, mediante fluxo único,
computadorizado, de informações (...) emite os documentos que envolvem as operações de
comércio exterior”. O simples fato de utilizar o software SISCOMEX no módulo Importação
gera taxa denominada Taxa de Utilização do Siscomex (TUS).
Essa taxa faz parte da base de cálculo do ICMS e o valor do recolhimento será
conforme a quantidade de adições (considerando cada NCM uma adição), a saber:
I - R$ 185,00 (cento e oitenta e cinco reais) por DI;
II - R$ 29,50 (vinte e nove reais e cinquenta centavos) para cada adição à DI,
observados os seguintes limites;
a) até a 2ª adição - R$ 29,50;
b) da 3ª à 5ª - R$ 23,60;
c) da 6ª à 10ª - R$ 17,70;
d) da 11ª à 20ª - R$ 11,80;
e) da 21ª à 50ª - R$ 5,90; e
f) a partir da 51ª - R$ 2,95.

2.5 Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS)


Primeiramente deve ficar claro que o ICMS é um imposto estadual, logo trataremos
aqui das regras gerais e você precisará consultar as alíquotas do ICMS de seu estado; a
regra do ICMS do Paraná, por exemplo, está respaldada no DECRETO N.º 7.871 de 2017!
Esse imposto incide sobre a circulação de mercadorias devido ao transporte interestadual e
intermunicipal para “qualquer que seja a sua finalidade, por pessoa física ou jurídica, ainda

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 60


que não seja contribuinte habitual do imposto” e é de responsabilidade de cada estado,
conforme ratificado na LEI COMPLEMENTAR Nº 114, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2002.
Na importação, conforme disposto do decreto 7.871/17, e, comum nos demais es-
tados, o fato gerador do ICMS é o desembaraço da mercadoria. Sendo assim, entende-se
que todos os impostos e mais as despesas ocorridas até o momento do desembaraço,
fazem parte da base de cálculo do ICMS.
Em suma, a base de cálculo do ICMS na importação é a soma do valor da mercado-
ria constante na DI, acrescido do valor do II, IPI, PIS/COFINS e quaisquer outros impostos,
taxas, contribuições e também as despesas aduaneiras. O montante do próprio imposto
integra a base de cálculo, por meio do chamado “cálculo por dentro”, nas operações de
importação. Por exemplo, numa importação de produto tributado a 18%, o cálculo será
efetuado com base de cálculo do ICMS “por fora”, dividido por 0,82 (fator oriundo de 100% -
18% = 82%), multiplicado por 18% (alíquota). Desse modo, partindo de uma base de cálculo
de 100 (base de cálculo “por fora”), ao invés de obtermos 18 (sistemática anterior), o ICMS
será de 21,95 (sistemática atual). A taxa de câmbio utilizada no cálculo do ICMS deverá ser
a mesma do imposto de importação, sem qualquer acréscimo ou devolução posterior caso
tenha variação da taxa de câmbio até o pagamento efetivo do preço.
Atualmente, existem níveis básicos de alíquotas para a incidência do imposto: 7%
(sete por cento), 12% (doze por cento) e 25% (vinte e cinco por cento), incidentes sobre
um grupo limitado de mercadorias, e 17% (dezessete por cento) e 18% (dezoito por cento),
estas duas últimas incidentes sobre a maioria dos produtos, conforme o Estado onde ocor-
rer a tributação, podendo existir situações ou operações com a utilização de percentuais
diferentes. No Estado do Paraná, por exemplo, a alíquota integral é de 18% sendo utilizado
o Regulamento do ICMS aprovado pelo Decreto 7.871/17 e o convênio ICMS 52/91 como
bases de consulta das alíquotas e benefícios.
Considerando o regime tributário, mercadoria específica e destinação do produto,
observe os exemplos a seguir (sempre atualizando com a legislação do ICMS vigente):

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 61


Tabela 1 - Mercadoria para Industrialização, Porto de Paranaguá/PR

Somatório para Base de Cálculo (●) 10.000,00


Base de cálculo (Final) 0,82 12.195,12
Valor do ICMS Total 0,18 2.195,12
Base de cálculo Reduzida 33,33% 1.463,42
Valor do ICMS Diferido (valor ICMS TOTAL X 33,33%) 33,33% 731,63
Valor do ICMS Após o Difererimento Parcial 1.463,49
Crédito Presumido (9% do Valor da BC Integral) 0,09 1.097,56
Valor MÍNIMO do ICMS (Base Cálculo Finall x 3%) 0,03 365,86
Valor do ICMS a recolher 365,86
Crédito Presumido Final 1.097,56
(●) já considerando o somatório de valor da mercadoria, frete, seguro, THC, Imp. Importação, IPI, PIS, Cofins, despesas aduaneiras e despesas acessórias.

ICMS a recolher no Desembaraço 0

NOTA - Não ocorrerá recolhimento no desembaraço aduaneiro em virtude de sua suspensão

NOTA FISCAL DE ENTRADA

Base de Cálculo do ICMS 0

Valor do ICMS (benefício para industrialização) 0

Valor Total da Nota 10.000,00

Informações Complementares

Diferimento parcial do ICMS, conforme art. 96, inciso ......, do RICMS-PR, no valor de : 731,63

Suspensão do ICMS no valor de: 365,86

conforme art. 615 do RICMS-PR do RICMS aprovado pelo Decreto 6.080/2012., – importação de materiais destinados à industrialização

Crédito presumido do ICMS lançado em “Outros Créditos” no LRAICMS : 1.097,56

O valor do crédito presumido é lançado em conta gráfica, conforme inteligência da Consulta n° 28/2007

Fonte: o autor (2020)

Tabela 2 - Mercadoria para Revenda, Porto de Paranaguá/PR

Somatório para Base de Cálculo (●) 10.000,00


Base de cálculo (Final) 0,82 12.195,12
Valor do ICMS Total 0,18 2.195,12
Base de cálculo Reduzida 33,33% 1.463,42
Valor do ICMS Diferido (valor ICMS TOTAL X 33,33%) 33,33% 731,63
Valor do ICMS Após o Difererimento Parcial 1.463,49
Crédito Presumido (9% do Valor da BC Integral) 0,09 1.097,56
Valor MÍNIMO do ICMS (Base Cálculo Finall x 3%) 0,03 365,86
Valor do ICMS a recolher 365,86
Crédito Presumido Final 1.097,56

(●) já considerando o somatório de valor da mercadoria, frete, seguro, THC, Imp. Importação, IPI, PIS, Cofins, despesas adua-
neiras e despesas acessórias.
ICMS a recolher no Desembaraço 365,86
NOTA – Recolhimento no momento do desembaraço aduaneiro através
de GR-PR

NOTA FISCAL DE ENTRADA


Base de Cálculo do ICMS 12.195,12
Valor do ICMS 1.463,49
Valor Total da Nota 10.365,86

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 62


Informações Complementares
Diferimento parcial do ICMS, conforme art. 96, inciso ......, do RICMS-PR, no valor de: 731,63
ICMS recolhido no momento do desembaraço aduaneiro no valor de: 365,86
art. 617-A acrescentado pelo Dec. 6.891/2012, do RICMS aprovado pelo Decreto 6.080/2012 – importação de
mercadorias para revenda
Crédito presumido do ICMS lançado na GR-PR referente ao pagamento do imposto - 1.097,56
Destacado o valor total do ICMS devido - após o diferimento parcial - conforme dispõe a Consulta n° 130/2006

Fonte: o autor (2020)

Mais uma vez é importante esclarecer que o cálculo acima é apenas para que você
estudante tenha noção de como é a aplicação da legislação sobre os impostos, mas é
importante que consulte a legislação de seu estado. Muitos estados, como Santa Catarina,
tem benefícios fiscais para a importação com entrada pelos portos e aeroportos de seu
estado. Já outros lugares, como Manaus, tem legislações específicas para produtos nacio-
nalizados e oriundos de importação.

2.6 CIDE-combustíveis
A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) é um tributo a ser
recolhido na importação e demais negociações de combustíveis e tem a finalidade de contri-
buir em investimentos em infraestrutura de transporte, em projetos ambientais relacionados
à indústria de petróleo e gás, e em subsídios ao transporte de álcool combustível, de gás
natural e derivados, e de petróleo e derivados.
Instituído pela LEI No 10.336, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2001, tem como base
geral “Art. 1º (...) a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a
importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados,
e álcool etílico combustível (Cide)”. Destacamos que a contribuição tem a distribuição do
recurso bem delimitado, por exemplo,

§ 2o A distribuição a que se refere o § 1o deste artigo observará os seguintes


critérios: I - 40% (quarenta por cento) proporcionalmente à extensão da malha
viária federal e estadual pavimentada existente em cada Estado e no Distrito
Federal, conforme estatísticas elaboradas pelo Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes - DNIT;. II - 30% (trinta por cento) proporcional-
mente ao consumo, em cada Estado e no Distrito Federal, dos combustíveis
a que a Cide se aplica, conforme estatísticas elaboradas pela Agência Na-
cional do Petróleo – ANP; III - 20% (vinte por cento) proporcionalmente à po-
pulação, conforme apurada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística - IBGE; IV - 10% (dez por cento) distribuídos em parcelas iguais
entre os Estados e o Distrito Federal. (LEI 10.336/01)

A distribuição da arrecadação é feita diretamente aos estados brasileiros e Distrito


Federal, conforme estabelecido em lei e tem o repasse feito no último dia útil de cada mês:

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 63


Tabela 3 - Distribuição dos recursos arrecadados (Lei 10.336/01)

ESTADO PERCENTUAL
ACRE 0,74%
ALAGOAS 1,60%
AMAPÁ 0,57%
AMAZONAS 1,39%
BAHIA 6,39%
CEARÁ 3,55%
DISTRITO FEDERAL 1,43%
ESPÍRITO SANTO 2,13%
GOIÁS 4,69%
MARANHÃO 3,00%
MATO GROSSO 2,76%
MATO GROSSO DO SUL 2,72%
MINAS GERAIS 10,72%
PARÁ 2,85%
PARAÍBA 1,95%
PARANÁ 7,23%
PERNAMBUCO 3,67%
PIAUÍ 1,98%
RIO DE JANEIRO 5,53%
RIO GRANDE DO NORTE 2,22%
RIO GRANDE DO SUL 6,50%
RONDÔNIA 1,23%
RORAIMA 0,74%
SANTA CATARINA 3,92%
SÃO PAULO 17,47%
SERGIPE 1,34%
TOCANTINS 1,68%
TOTAL 100,00%
Fonte: encurtador.com.br/hkoG4 (Planalto, 2020).

Além das atribuições da distribuição, a mesma lei estabelece o fato gerador como
sendo,
“Art. 3º A Cide tem como fatos geradores as operações, realizadas pelos
contribuintes de importação e de comercialização no mercado interno de:
I – gasolinas e suas correntes; II - diesel e suas correntes; III – querosene de
aviação e outros querosenes; IV - óleos combustíveis (fuel-oil); V - gás lique-
feito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e de nafta; e VI - álcool
etílico combustível”. (LEI 10.336/01)

Caso o importador atue na importação de produtos que incidam a CIDE-Combus-


tível, precisa verificar na classificação fiscal da mercadoria, por meio da NCM, se consta
como tratamento administrativo a incidência deste tributo. Caso tenha, deverá incluir em
sua base de cálculo e no Siscomex o valor descrito na legislação. Resumindo, a previsão
de coleta deste tributo é feita por metros cúbicos e/ou toneladas importados, por exemplo,

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 64


“Art. 5] A Cide terá, na importação e na comercialização no mercado interno,
as seguintes alíquotas específicas: I – gasolina, R$ 860,00 por m³; II – diesel,
R$ 390,00 por m³; III – querosene de aviação, R$ 92,10 por m³; IV – outros
querosenes, R$ 92,10 por m³; V – óleos combustíveis com alto teor de en-
xofre; VI – óleos combustíveis com baixo teor de enxofre, R$ 40,90 por t;
VII – gás liquefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e da na-
fta, R$ 250,00 por t; VIII – álcool etílico combustível, R$ 37,20 por m³”. (LEI
10.336/01)

Os demais casos devem ser consultados na legislação. É importante lembrar que,


como trata-se de um tributo bem definido sobre a arrecadação e ser por unidade de me-
dida, entra na base de cálculo em destaque e faz parte da base de cálculo do ICMS, por
exemplo, quantidade de m³ * alíquota = x, ou seja, (Ym³*AL)=x. O valor de “x” entra na
base de cálculo do ICMS como despesa, junto com os demais valores da base de cálculo,
salientamos que, por se tratar de um tributo variável, conforme art. 15º, “os Ministérios da
Fazenda e de Minas e Energia e a ANP poderão editar os atos necessários ao cumprimento
das disposições contidas nesta Lei” a qualquer momento e sempre revisado.

2.7 Despesas Diversas


As despesas diversas na importação dependem da modalidade em que se está
fazendo o traslado da mercadoria. Caso a importação seja marítima, ocorrerá incidência
de algumas taxas que no aéreo não tem, e vice e versa. Para tanto, o importador deve
fazer seus cálculos das vantagens e desvantagens de cada modalidade e optar dentre as
categorias de transporte qual a mais vantajosa para determinado momento. As modalida-
des mais comuns são: Aéreo, Ferroviário, Hidroviário, Marítimo e Rodoviário, dentre elas,
destacam-se as modalidades aérea e marítima.
Observe:

Tabela 4 - Transporte aéreo

Vantagens: Desvantagens:
● É o transporte mais rápido; ● Menor capacidade de carga;
● Não necessita embalagem mais re- ● Valor do frete mais elevado em rela-
forçada (manuseio mais cuidadoso). ção aos outros modais.
Fonte: o autor (2020)

A base de cálculo do frete aéreo é obtida por meio do peso ou do volume da mer-
cadoria, sendo considerado aquele que proporcionar o maior valor. As despesas diversas
também acompanharão esta base de cálculo. Por exemplo, para desembaraço da mer-
cadoria, armazenagem, manuseio da carga, dentre outras taxas. A IATA (International Air
Transport Association) estabeleceu a seguinte relação (peso/volume): 1 kg = 6000 cm³ ou 1

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 65


ton = 6 m³. Por exemplo: no caso de um peso de 1 kg acondicionado em um volume maior
que 6.000 cm³, considera-se o volume como base de cálculo do frete, caso contrário, con-
sidera-se o peso. Cálculo do peso cubado - exemplo: 45 CM X 37 CM X 58 CM = 0,45 M X
0,37 M X 0,58 M = 0,09657 M³ / 0,006 = 16,09 Kg cubados. Esta será a base para as demais
taxas e despesas de manuseio da carga. Quem envia essas despesas ao despachante/
importador é o agente de cargas.
As despesas mais comuns são chamadas de “Charges”, que podem ser classifi-
cadas como: manuseio da mercadoria, estocagem, armazenagem, repeso, conferência,
contagem de mercadoria, taxa de segurança, dentre outras que poderão ocorrer.

Tabela 5 - Transporte marítimo

Vantagens: Desvantagens:
● Maior capacidade de carga; ● Necessidade de transbordo nos portos;
● Carrega qualquer tipo de carga; ● Distância dos centros de produção;
● Menor custo de transporte. ● Maior exigência de embalagens;
● Menor flexibilidade nos serviços aliado a
frequentes congestionamentos nos portos.
Fonte: o autor (2020)

O mesmo que acontece no transporte aéreo acontece no transporte marítimo. De-


pendendo do tipo de carga que está sendo importada e do tamanho do container escolhido,
haverá maior ou menor incidência de despesas diversas.
Uma carga consolidada (compartilhada no mesmo container) terá que ser aberta
assim que chegar no porto para pesagem e disposição para a Receita Federal. Esse ma-
nuseio também gera uma despesa, chamada de Handling. A saber, há uma despesa de
armazenagem do tempo em que a mercadoria estiver esperando para o desembaraço, uma
taxa para contar a quantidade de caixas, taxa para pesagem, taxa para verificar se a carga
passou por inspeção e assim por diante.

Tabela 5 - Transporte marítimo

STANDARD HIGH CUBE

Medidas Internas 20 PÉS 40 PÉS 40 PÉS

Comprimento (mm): 5.900 mm 12.030 mm 12.075 mm

Largura (mm): 2.340 mm 2.345 mm 2.370 mm

Altura (mm): 2.395 mm 2.395 mm 2.735 mm


Peso Máximo da Carga (Kg): 21.600 Kg 26.480 Kg 25.930 Kg
Cubagem Disponível (M³): 33,1 m³ 67,6 m³ 78,0 m³

Fonte: o autor (2020)

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 66


As despesas diversas dependem da opção que o importador faz, para isso, o despa-
chante normalmente faz uma previsão de despesas para a verificação do que é mais barato
na importação. Normalmente, são usados para cargas soltas a consolidação (compartilhar
mercadoria no mesmo container) e rateio das despesas, tudo depende do tamanho e peso
da carga. Uma carga que foi estufada em um container de 20” será diferente de uma carga
de um container de 40” e consequentemente se a carga vier compartilhada dentre vários
importadores no mesmo container irá ter um rateio das despesas.
As despesas diversas no transporte marítimo mais comuns são: Capatazias (THC)
- atividade de movimentação de cargas e mercadorias nas instalações portuárias em geral;
Liberação de BL (BL Fee) - a atividade de emitir e liberar o BL original ao exportador/
importador; Gate - Taxa de recepção das unidades no terminal; ISPS (International Scurity
and Port Security) ou TSF (Terminal Security Fee) - para controle de acessos e monito-
ramento; Lacre (Seal) - fornecimento do Lacre; Foodgrade - Taxa para unidade padrão
alimento; ENS/A.M.S / Transmission Fee - para transmissão dos dados de embarque para
alfandega; VGM - cobrada para a transmissão dos dados; Damage Protection Surcharge
(DPP – Proteção de danos) - valor de seguro cobrado pela Cia Marítima; Drop Off - cobrada
para utilizar um depot e deixar o container vazio armazenado; Taxa de Registro de Siscarga
(TRS); Desconsolidação - cobrada pelo manuseio da documentação na importação.

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 67


3 DEFESA COMERCIAL, SALVAGUARDAS E MEDIDAS COMPENSATÓRIAS

Brogini (2013) alerta para que as importações sejam bem sucedidas é importante
observar os benefícios que são oferecidos pelo governo ou pelos acordos entre países.
Além disso, há também as defesas comerciais, salvaguardas e medidas compensatórias
que devem ser consultadas caso a caso. Portanto, nesta parte de nossos estudos vamos
apenas esclarecer brevemente o que cada uma delas prevê.

3.1 Defesa comercial


O departamento de Defesa Comercial (DECOM) é responsável para fiscalizar e
cumprir as determinações legais. É o DECOM que examina os preços das importações
oriundas de diversos países e compara com os valores praticados no mercado interno,
gerando assim um valor padrão de cada mercadoria a ser importada e comercializada no
mercado nacional. É este departamento que recebe também as denúncias de competição
desleal e aplica o dumping (subida de preço) ou antidumping (baixa de preço) quando
necessário, além disso analisa as medidas compensatórias e de salvaguardas.

3.2 Salvaguardas
As medidas de salvaguarda visam observar determinados produtos e aplicar o au-
mento de tributação de importações que estejam previstos como prejuízo grave ou ameaça
de prejuízo grave na comercialização devido à grande quantidade de importação. Essas
medidas são denominadas salvaguardas devido a sua periodicidade que trata de sobretaxa

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 68


de impostos, normalmente II, por determinado tempo e depois de analisado pode voltar ao
preço normal ou continuar com mais tributos. Tem essa tratativa a finalidade de manuten-
ção da indústria e do comércio de produtos domésticos. A indústria doméstica (conjunto
de produtores de bens similares ou diretamente concorrentes ao produto importado) pode
entrar com pedido de salvaguardas sempre que se sentir ameaçada pela grande demanda
de importação e será analisado pelo DECOM.

3.3 Medidas Compensatórias


As medidas compensatórias são administradas pelo Ministério da Economia e
visa contribuir, em alguns casos, para o acordo de suspensão ou isenção de impostos de
mercadorias que serão importadas e/ou exportadas, industrializada no mercado interno e
em seguida reexportadas.
Para o Ministério da Economia (2020):
As medidas compensatórias têm como objetivo compensar subsídio concedi-
do, direta ou indiretamente, no país exportador, para a fabricação, produção,
exportação ou ao transporte de qualquer produto, cuja exportação ao Brasil
cause danos à indústria doméstica. País Exportador: É o país - de origem ou
de exportação - onde é concedido o subsídio. Quando os produtos não forem
exportados para o Brasil diretamente do país exportador, mas a partir de um
país intermediário, as transações em questão serão consideradas como ten-
do ocorrido entre o país exportador e o Brasil. (MDIC 2020).

Sendo assim, as medidas compensatórias são aquelas que requerem algumas


ações da importadora ou exportadora por terem conseguido um benefício, normalmente
fiscal, e, consequentemente devem compensar esse subsídio com ações diversas, seja na
comercialização mais barata da mercadoria, seja na geração de emprego, dentre outras.

SAIBA MAIS
Você pode acompanhar uma carga se tiver o número de container pelo site mundialmen-
te conhecido como https://www.track-trace.com/container. Além disso, as cargas aéreas
podem ser acompanhadas pelo site https://www.track-trace.com/aircargo.

REFLITA
“O comércio é o grande civilizador. Trocamos ideias quando trocamos tecidos.”
Robert Ingersoll.

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 69


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro aluno, nesta unidade verificados os tipos de tributos cumulativos e não cumu-
lativos, os impostos e taxas incidentes da importação, além das taxas e medidas que o
governo toma para a manutenção da coleta e vistoria dos impostos. Além disso, tratamos
também sobre a importância de se verificar quais impostos incidem em cada tipo de impor-
tação.
Na sequência, notamos que a modalidade de transporte e o estado em que a mer-
cadoria é desembaraçada pode influenciar no custo total da importação e por isso, sempre
orientamos consultar a legislação vigente e local do estado em que se deseja fazer a impor-
tação. Além disso, refletimos sobre o processo de desembaraço das mercadorias e o papel
do despachante aduaneiro, principalmente na chegada da mercadoria no Brasil. Por fim,
além das medidas de contribuição e defesa comercial, tratamos também dos importantes
documentos envolvidos na importação de qualquer produto para ser nacionalizado. Confor-
me as legislações estabelecidos, foi possível entender que o processo de importação, da
origem ao destino, é tomada de detalhes importantes e cada departamento solicitará uma
documentação específica.
Sugiro que busque conhecer alguma empresa que faz estes processos de despa-
cho aduaneiro e também, quando possível, vá fazer uma visita aos portos e aeroportos que
têm departamento de importação. Você entenderá que o processo é complexo, mas cheio
de possibilidades de atuação.
Com este material, muitas vezes o estudante pode se perguntar se realmente vale
a penas importar mercadorias de outros países. Não tenha dúvidas disso. Seja pela falta
de mercadoria ou por novidades de mercado, sempre é interessante fazer comércio com
outros países e acima de tudo, o custo de produção dos outros países faz com que a oferta
e demanda seja cada vez mais universal.
Na próxima unidade falaremos das novidades e processos modernos nas importa-
ções brasileiras. Espero você em nossa próxima unidade curso.

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 70


MATERIAL COMPLEMENTAR

FILME/VÍDEO
Título: Outsourced (Original) | Despachado para a China
Ano produção: 2007 | Duração: 2h 23min | Classificação: 14 anos
| Gênero: Aventura.
Sinopse: Serra Leoa, final da década de 90. O país está em plena
guerra civil, com conflitos constantes entre o governo e a Força
Unida Revolucionária (FUR). Quando uma tropa da FUR invade
uma aldeia da etnia Mende, o pescador Solomon Vandy (Djimon
Hounsou) é separado de sua família, que consegue fugir. Solomon
é levado a um campo de mineração de diamantes, onde é obri-
gado a trabalhar. Lá ele encontra um diamante cor-de-rosa, que
tem cerca de 100 quilates. Solomon consegue escondê-lo em um
pedaço de pano e o enterra, mas é descoberto por um integrante
da FUR. Neste exato momento ocorre um ataque do governo, que
faz com que Solomon e vários dos presentes sejam presos. Ao
chegar na cadeia lá está Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um
ex-mercenário nascido no Zimbábue que se dedica a contraban-
dear diamantes para a Libéria, de onde são vendidos a grandes
corporações. Danny ouve um integrante da FUR acusar Solomon
de ter escondido o diamante e se interessa pela história. Ao deixar
a prisão Danny faz com que Solomon também saia, propondo-lhe
um trato: que ele mostre onde o diamante está escondido, em
troca de ajuda para que possa encontrar sua família. Solomon não
acredita em Danny mas, sem saída, aceita o acordo.

LIVRO
Título: Coleção de Importação e Exportação
Autores: José Marcelo Fernandes Araújo, Renata Correia de
Queiroz, Neusa Maria Ferreira Barbosa e Andrea Teixeira Nicolini.
Editora: Sage
Sinopse: coleção de Importação e Exportação é composta por:
Volume I – Tratamento Administrativo e Aduaneiro da Importação
e Exportação O tratamento administrativo dispensado às importa-
ções e exportações de produtos e serviços é bastante complexo
em decorrência das diversas esferas legais que devem ser ob-
servadas, bem como da análise de possíveis benefícios fiscais
existentes, quanto da aplicação dos Regimes Especiais. Volume II
– ICMS, IPI, ISS Considerando a complexidade legal que envolve
algumas operações de importação e exportação elaboramos neste
volume da Coleção IOB de Tratamento Tributário na Importação
e Exportação um manual envolvendo as principais operações
com suas respectivas bases legais, cuja abordagem é de âmbito
Municipal, Estadual e Federal em relação aos seguintes tributos:
ISS, ICMS e IPI. Volume III – PIS/PASEP, COFINS, IRPJ, CSLL,

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 71


RTU, IRRF, CIDE, IOF Este volume trata da incidência dos tributos
federais (exceto o IPI) e seus principais reflexos, sendo o PIS/PA-
SEP-Importação e COFINS-Importação, o Pis/Pasep e a COFINS
sobre a receita bruta de exportação, o IRPJ e a CSLL sobre a ex-
portação, o Regime de Tributação Unificada (RTU), que permite a
importação, por microempresa importadora varejista habilitada, de
determinadas mercadorias procedentes do Paraguai, o IRRF sobre
as remessas feitas ao exterior, a incidência da CIDE-Royalties e
ainda considerações sobre o IOF.
Disponível:https://www.iob.com.br/newsletterimages/iobstore/
sumarios/2013/jun/LIV21559.pdf

UNIDADE III Tratamento Tributário das Importações 72


UNIDADE IV
Despacho de Importação
Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves

Plano de Estudo:
• Análise e reflexão histórica das importações
• Projeto nova importação
• O novo projeto de importação
• Declaração Única de Importação - DUIMP

Objetivos de Aprendizagem:
• Estudar a evolução das importações no Brasil.
• Compreender o cenário atual das importações.
• Verificar os avanços para o Brasil no novo processo de Importação.

73
INTRODUÇÃO

Caro (a) aluno (a), bem vindo (a) a quarta unidade do livro.

Na reta final de nossas considerações sobre Gestão da Operação de Importação


você já deve ter percebido que há muito campo de trabalho para quem se interessa por
comércio exterior, em específico, a importação. Há muitos caminhos, processos e detalhes
a serem observados e por isso esta área conta com profissionais qualificados para dar todo
o suporte aos importadores. O importante neste processo é saber em qual local buscar as
informações, sendo assim, os sites governamentais auxiliam e atualizam todas as regras
de importação e comércio exterior.
Nesta unidade você será capaz de observar o processo de importação como um
todo, ou seja, desde o momento da saída da mercadoria da origem até o seu destino final
no país. Para isso, pensamos em fazer um panorama geral da importação até o momento
de seu desembaraço e posteriormente observarmos as atividades modernas e as novas
tecnologias que estão sendo desenvolvidas pelos governantes para unir as informações em
um processo único de importação. Esse projeto não é novo, mas tem passado pela fase de
implantação e você fará parte desta análise juntamente conosco.
Observe como era a importação e para qual caminho está seguindo. Você ficará
encantado com a proposta de agilidade de desembaraço e junção de informações em um
único sistema. Enquanto em alguns países o desembaraço da mercadoria demora horas
para o desembaraço, no Brasil leva em média 20 dias para todo o processo estar finalizado.
A diminuição do tempo de espera do desembaraço contribuirá para o desenvolvimento
contínuo e sistemático das importações, e, incidindo menos gastos aduaneiros.
Convido você a adentrar nesse processo histórico e a se empenhar para contribuir,
como futuro profissional, deste novo sistema de gestão na importação.

Desejamos um ótimo estudo a todos!

UNIDADE IV Despacho de Importação 74


1 ANÁLISE E REFLEXÃO HISTÓRICA DAS IMPORTAÇÕES

Estimados(as) discentes, como todo processo de gestão, a importação passou


por inúmeras etapas até chegar no sistema em que adotamos no Brasil, a saber, Sistema
Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). Entretanto, nem sempre foi assim! O sistema
de gestão de importação passa por constantes mudanças e a perspectiva é que, com o
aumento das importações, os processos sejam repensados para que possa atender as
demandas com agilidade.
Imagine você como era a importação há 200 anos atrás! As primeiras regulamenta-
ções eram de fato superficiais e ficaram robustas após muitos processos revistos e muitas
regulamentações e legislações surgindo, tudo isso para não perder o mercado de venda
e compra de produtos, mas acima de tudo, para a proteção do mercado interno brasileiro.
Em termos históricos, a primeira organização, segundo o Ministério da Economia,
tudo começou em 1808 com a conhecida Carta Régia de Abertura dos Portos brasileiros às
Nações Amigas. Foi nesse momento que a história do Brasil mudaria no que diz respeito às
questões comerciais. Estava firmado o primeiro acordo internacional, ainda que prematuro
e com interesses de extrair matéria prima do até então Brasil Colônia.
Com o passar do tempo as adaptações foram sendo feitas, entretanto, em média, o
Brasil leva em torno de 14~20 dias para a finalização de desembaraço de uma importação,
isso se tudo ocorrer conforme o planejado e não seja necessário retificações. Por isso, antes
de entrarmos no tópico específico sobre o Projeto Nova Importação e Declaração Única de

UNIDADE IV Despacho de Importação 75


Importação (DUIMP), que visam a modernidade do setor, será interessante fazermos uma
reflexão do processo de importação desde o seu início.
Os dados a seguir foram retirados do site do Ministério da Economia (MDIC), que
disponibilizou em comemoração aos 200 anos de comércio exterior brasileiro um panorama
histórico.

Tabela 1 - 200 anos das relações comerciais brasileiras (por décadas)

A corte portuguesa se estabeleceu no Brasil, em 1808. Em 28 de janeiro


daquele ano, foi publicada a Carta Régia de Abertura dos Portos brasileiros
1808-1820
às Nações Amigas. Com isso, o Brasil passou a exercer autonomia inédita
sobre seu próprio comércio exterior.
O principal fato histórico desse período para os brasileiros foi a indepen-
dência do país em 1822. O Brasil assinou o Tratado de Comércio com a
1821-1830
Inglaterra, ato que revalidou os termos do Tratado de Comércio firmado entre
Portugal e a Grã-Bretanha em 1810.
A terceira década do século XIX foi marcada, no Brasil, pelo aumento da
demanda mundial pela borracha produzida na região amazônica. Entretanto,
1831-1840
a balança comercial registra sucessivos déficits. Nesta década, o café come-
çou a se destacar na pauta das exportações brasileiras.
No ano de 1844 o governo brasileiro extinguiu o Tratado Comercial com a
Grã-Bretanha. Esta medida aumentou o custo dos produtos importados, es-
1841-1850
timulando a instalação de indústrias no país. As exportações de café aumen-
taram, mas a balança comercial ainda é desfavorável para Brasil.
Pela primeira vez o Brasil conseguiu diversificar os destinos de suas expor-
tações, mas as importações continuaram concentradas na Grã-Bretanha. O
1851-1860 primeiro saldo positivo da balança comercial foi obtido em 1860 graças ao
café, que nesta década correspondia a 48,8% das exportações, seguido pelo
açúcar (21,2%), algodão (6,2%), fumo (2,6%) e cacau (1%).
Nesta década, o café e o algodão são os principais produtos exportados pelo
Brasil. O total das exportações entre 1851 e 1860 é de 150 milhões de libras
1861-1870
esterlinas, equivalentes a 11,8% do PIB e as importações somam 132 mi-
lhões de libras. O superávit comercial do período foi de 18 milhões de libras.
Entre os anos de 1871 e 1880, os embarques brasileiros de café, açúcar,
1871-1880 algodão, couros, borracha, cacau, mate e fumo, continuavam crescendo e
representavam 95% de toda a pauta exportadora.
A balança comercial brasileira registrava sucessivos saldos positivos, contri-
buindo para um acúmulo de capital, que parte era direcionado para a expan-
1881-1890 são das atividades manufatureiras. Em maio de 1888, a Lei Áurea aboliu a
escravidão no Brasil e em 15 de novembro de 1889 houve a proclamação da
República.
O comércio exterior continua dependente do café, que constituía o setor mais
dinâmico da economia e responde por mais de 60% das exportações brasi-
1891-1900
leiras. Na região Amazônica intensificou-se a exploração da borracha, valori-
zada pela nascente indústria automobilística nos Estados Unidos.

UNIDADE IV Despacho de Importação 76


Nesta década, iniciou-se uma longa fase de expansão do comércio exterior
brasileiro. A Região Norte viveu o auge do ciclo da borracha e o Brasil res-
1901-1910 pondia por 97% da produção mundial. Em 1906, foi colocado em prática o
Acordo de Taubaté, para manter em alta o preço internacional do café e ga-
rantir os lucros dos cafeicultores.
O acontecimento histórico que marca a segunda década do século XX é a
Primeira Guerra Mundial. A entrada do Brasil na guerra coincide com uma cri-
1911-1920 se no setor cafeeiro, que obrigou o governo a colocar em prática o segundo
plano de valorização do produto. Os principais produtos de exportação eram
café, açúcar, cacau, mate, fumo, algodão, borracha, couros e peles.
A quebra da bolsa de Nova York, em 1929, provoca uma crise que se alastra
pelo mundo e atinge em cheio a economia cafeeira brasileira. Isso coincide
1921-1930 com extraordinária expansão das lavouras de café e o resultado foi uma ofer-
ta superior à demanda internacional. A solução encontrada pelo governo é a
destruição dos estoques excedentes do produto.
Os efeitos da quebra da bolsa de Nova York e da crise do setor cafeeiro
comprometem o desempenho do comércio exterior brasileiro. No início desta
década, grande parte da safra do grão se acumula em armazéns. A oferta
continua muito maior que demanda mundial e para contornar a crise do setor,
1931-1940
o governo destruiu milhões de sacas de café. O algodão brasileiro desponta
como o segundo principal de exportação. A política de substituição de im-
portações favorece o desenvolvimento da indústria nacional. Nesta década,
houve o início da Segunda Grande Guerra.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o intercâmbio comercial brasileiro era
feito principalmente com os Estados Unidos. Com a guerra, os preços inter-
1941-1950
nacionais do café se tornam mais uma vez atrativos. A produção e a expor-
tação desse produto volta a sua posição de destaque na economia nacional.
Neste período, houve a diversificação da pauta exportadora brasileira e tam-
bém dos destinos desses produtos. No início dos anos 50, a normalização
1951-1960
das trocas internacionais já tinha feito com que o café voltasse a concentrar
a maior parte das exportações, tendo os EUA como principal mercado.
Os anos JK foram bastante proveitosos para a indústria nacional, com su-
cessivos aumentos da produtividade, mas não houve avanços do comércio
exterior brasileiro. Café, açúcar, algodão e minérios ainda são responsáveis
1961-1970
por 70% da pauta exportadora do país. Na segunda metade da década, a
participação de produtos manufaturados nas exportações brasileiras passou
de 7% em 1965 para 30% em 1974.
Nesta década, a economia brasileira conseguiu crescer de forma considerá-
vel. O milagre econômico, iniciado em 1967, chegou a seu auge, com taxas
1971-1980 de crescimento anual acima de 11%. A participação dos produtos manufatu-
rados na pauta exportadora brasileira aumenta em 47% de 1974 a 1979 e o
Brasil conquistou novos mercados no Oriente Médio e na África.
Brasil e Argentina assinaram a Ata de Buenos Aires, que fixou a data de 31
de dezembro de 1994 para início das atividades do Mercado Comum do Sul
(Mercosul) e, no âmbito da Associação Latino-americana de Integração (Ala-
1981-1990
di), foi firmado o Acordo de Complementação Econômica N.º 14, que conso-
lidou os protocolos de natureza comercial e propôs uma redução tarifária a
partir de 1990.

UNIDADE IV Despacho de Importação 77


No início da década de 90, o Brasil implementou a abertura comercial com
redução de tarifas de importação e reformulação dos incentivos às exporta-
1991-2000 ções. Os fluxos comerciais se intensificaram e foi criado o Mercosul. Nesta
década também foi instituída a Organização Mundial de Comércio (OMC),
organismo multilateral responsável pela regulamentação do comércio.
A partir de 2000, o comércio exterior brasileiro aumentou num ritmo mais
vigoroso. O crescimento econômico mundial, o aumento dos preços inter-
nacionais de produtos básicos, a diversificação dos mercados importadores
2001-atual
e a maior produtividade da indústria nacional são fatores que favoreceram
o dinamismo das exportações brasileiras, que passou a atingir sucessivos
recordes”.
Fonte: o autor com base em Ministério da Economia Indústria, Comex e Serviços (2020).

Conforme resumo acima, é notório que a importação e exportação tendem a au-


mentar, para isso, o Serpro ou Serviço Federal de Processamento de Dados, implantado
em 1964, tem a tarefa de reunir o máximo de informações possíveis de um único processo
para que, em sua base de dados, sejam registrados os padrões e procedimentos de cada
movimentação de comércio internacional. Assim, com um sistema de gerenciamento de
informações e dados, de forma inteligente, poderá agilizar todo processo e expor as infor-
mações necessárias à comunidade e gestores.
Para tanto, vamos verificar nos tópicos a seguir o que se tem feito para que o
sistema de importação seja incrementado.

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2 PROJETO NOVA IMPORTAÇÃO

O mercado internacional e o processo de nacionalização de mercadoria estão


passando por constantes mudanças. Assim como em 2018 a exportação passou por um
processo de modernização, a saber, a implantação da Declaração única de Exportação
(DU-E), chegou a vez da importação.
O Projeto Nova Importação é uma movimentação governamental que se deu por
meio de consulta pública no ano de 2017 em diversos sites governamentais. A intenção
foi coletar diversas opiniões de profissionais da área de comércio exterior (Comex), dentre
eles estão os fiscais, despachantes, importadores, agentes de carga, órgãos anuentes e
intervenientes e profissionais da área da Tecnologia da Informação (TI).
Essa consulta está em análise e pode voltar a ser feita a qualquer momento, caso
o ministério da Economia entenda que é importante rever as propostas feitas na consulta
pública. A consulta ratificou o que é notório pelos profissionais envolvidos no processo de
importação: a duplicidade de informações e a burocracia desnecessária que resulta na
morosidade do processo de importação.
Ainda em 2020, para que uma importação seja realizada, o importador deve plane-
jar muito bem o fluxo das informações com muitos setores envolvidos. Cada setor tem seus
prazos, instruções normativas, legislações, análises, deferimentos e documentos inúmeros
a serem preenchidos.

UNIDADE IV Despacho de Importação 79


Por exemplo, uma empresa que quer importar vasos de cerâmica, deverá consul-
tar o tratamento administrativo e verificará que terá LI (Licença de Importação) a serem
deferidas pelo MAPA, após o embarque terá que preparar toda a documentação para a
vistoria, após, terá que preparar o processo para a Receita Federal fazer a vistoria da
carga, assim como o MAPA também fará a vistoria. Em seguida, terá que realizar o registro
da DI, consultar o Banco Central para a verificação da taxa cambial, na sequência, coletar
os impostos e tributos na Receita Estadual e liberar a mercadoria no recinto alfandegário.
Caso algum desses procedimentos dê divergência, o processo todo será interrom-
pido até que o setor libere a mercadoria para a competência de outro setor. Como você
deve notar, o processo é árduo e mais, caso ele volte a fazer a importação da mesma mer-
cadoria, mesmo exportador, mesmos valores ou mesmos portos e aeroportos a estrutura
da importação permanecerá a mesma, ainda que ele faça a mesma importação por anos.
Em resumo, observe como é complexo o sistema de nacionalização de mercadoria,
importação:

Quadro 1 - Fluxograma de importação

Fonte: o autor (2020).

Observando o fluxograma você foi capaz de identificar diversos setores que se


conversam, mas ao mesmo tempo possuem sistemas e estruturas distintas. Um exemplo

UNIDADE IV Despacho de Importação 80


mais claro são os órgãos anuentes e intervenientes. Observe na sequência todos os órgãos
que possivelmente terão acesso à informação de importação de um único processo:

Quadro 2 - Envolvidos governamentais no processo de importação

Fonte: o autor (2020).

Conforme definido na unidade I (volte a unidade I e reveja cada órgão), todos esses
departamentos são regidos por normas e regulamentações internas e em cada importação,
dependendo do tratamento administrativo, NCM, tipo de produto, etc., terão mais ou menos
setores envolvidos, mesmo na incidência de importação pelo.
Após ouvir diversos setores, o governo entende a necessidade de unificação de
informações e após a análise e liberação de um departamento os outros, concomitante-
mente, podem se valer das informações já deferidas para agilidade do processo. Foram
ouvidos 2145 contribuições de 133 agentes distintos, segundo o portal Siscomex (www.
portal.siscomex.gov.br).

UNIDADE IV Despacho de Importação 81


3 O NOVO PROCESSO DE IMPORTAÇÃO

Com a finalidade de coordenação das atividades de registro, o novo processo de


importação tem muito trabalho pela frente, haja vista que os órgãos envolvidos precisam
passar por adaptações, treinamentos e sistema de informática capaz de “conversar” simul-
taneamente como uma base de dados nacional.
Essa base de dados, deverá envolver pelo menos 3 procedimentos que permeiam
uma importação. Para Araújo (2013) a base para qualquer importação pode ser subdividida
em três, a saber:
Administrativa: todos os procedimentos necessários para efetuar uma im-
portação, são aplicados de acordo com a operação e/ou tipo de mercadoria
a ser importada. Compreende todos os atos que estão a cargo da Secex,
envolvendo a autorização para importar, que se completa com a emissão
da licença de importação, tudo realizado via on-line no Siscomex (Sistema
Integrado de Comércio Exterior), e interligados aos órgãos governamentais,
Receita Federal, Banco Central do Brasil (Bacen) e todos os agentes que
participam ativamente nos processos de exportação e importação. Cambial:
é a transferência da moeda estrangeira para o exterior para o pagamento das
importações, cujo controle está a cargo do Banco Central e que se processa
por meio de um banco autorizado a operar em câmbio. Fiscal: que com-
preende o despacho aduaneiro, mediante o recolhimento de tributos, e que
se completa com a retirada física da mercadoria da alfândega. (ARAÚJO, p.
8, 2013, grifo nosso)

Segundo o autor, a etapa administrativa inicia o processo de importação, logo, está


ligada a autorização de entrada de mercadoria no país. Já o setor cambial é de responsa-

UNIDADE IV Despacho de Importação 82


bilidade dos bancos e agentes financeiros, e, por fim, o setor fiscal fica responsável pelas
fiscalizações aduaneiras e recolhimento de taxas e tributos, conforme a legislação.
Após o Projeto Nova Importação ter finalizado a primeira etapa de pesquisa em
2017, conforme visto no tópico anterior, todas as contribuições estão sendo analisadas pela
Receita Federal Brasileira (RFB) e a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), entretanto,
no site do Portal Único Siscomex, já está disponível as primeiras tratativas e a fase de teste
que já foi implantada desde o final do ano 2018, com mais robustez em meados de 2019.
Na nova estrutura, a unificação das informações é o objetivo geral. Diferente do que
foi apresentado no tópico 1 desta unidade, o esquema de fluxo de informações pode ser
demonstrado da seguinte maneira:

Quadro 3 - Novo processo de Importação

Fonte: https://www.fazcomex.com.br/blog/duimp-e-o-novo-processo-de-importacao/ (2020).

Observe que a proposta do novo processo de importação não diminui a quantidade


de participantes/envolvidos na importação, mas concentra em um único sistema todas as
informações necessárias para o processo ser consultado por qualquer órgão governamental
que precise no momento da nacionalização. Destaque em especial para LPCO (Licenças,
Permissões, Certificados e Outros Documentos) que contará com todos os deferimentos de
Licença de Importação e uma vez liberada por um dos órgãos será inerente a liberação da
mercadoria pelos demais envolvidos, assim como a Guia de Recolhimento (GR) e Relató-
rios de Inteligência Financeira (RIF) totalmente interligados e com liberações simultâneas.
Para Borges (2017), os riscos financeiros de financiamentos na importação são
grandes, logo, as questões financeiras unificadas ajudarão inclusive em novas linhas de

UNIDADE IV Despacho de Importação 83


créditos para pagamentos de impostos com antecedência e planejamento, o que ajudará a
empresa importadora na manutenção e prevenção de gastos.
Com a nova estrutura, não haverá mais a necessidade de vários registros, possibi-
litando a Declaração Única de Importação (DUIMP), e a consulta de importações anteriores
(catálogo) como base de dados, que será abordado no tópico a seguir.

UNIDADE IV Despacho de Importação 84


4 DECLARAÇÃO ÚNICA DE IMPORTAÇÃO – DUIMP

Para que você possa relembrar, o despacho aduaneiro é a reunião de informações


sobre a importação e a declaração de todas as informações em um sistema denominado
Siscomex (Sistema de Comércio Exterior). Somente o despachante e a Receita Federal
tem acesso as informações constantes no despacho aduaneiro.
O Despacho Aduaneiro trata-se do procedimento de fiscalização que toda merca-
doria deve passar, seja na importação ou exportação, no caso da importação é o momento
em que se solicita a autorização da nacionalização da mercadoria. Tem o objetivo de uma
verificação precisa de todos os dados que foram fornecidos previamente pelo importador
em relação a mercadoria importada, pois com base nessas informações que são cobrados
os tributos e taxas de importação.
Como observado nos tópicos anteriores desta unidade, surge um sistema que inte-
gra todas as informações do despacho aduaneiro em uma Declaração Única de Importação,
doravante denominada DUIMP.
A primeira vantagem da DUIMP é a antecipação do risco aduaneiro, ou seja, hoje
chegam nas aduanas brasileiras as importações e são feitas as verificações de condições
financeiras, legislações, capacidade financeira do importador e tudo isso contribui para a
parametrização da mercadoria. Em outras palavras, o que se coloca no sistema de im-
portação (Siscomex) é que vai influenciar se a mercadoria será parametrizada em canal
vermelho, verde, amarelo ou cinza.

UNIDADE IV Despacho de Importação 85


O novo fluxo, os casos de armazenamento da mercadoria serão solicitados ape-
nas se for necessário, essa análise só será possível graças a DUIMP, que armazenará
informações de importações anteriores antevendo o processo. Ou seja, durante o trajeto
da mercadoria a fiscalização já irá informar se precisa ver a mercadoria no momento que
chegar no porto. Na antecipação da parametrização, ou despacho antecipado, conforme
o que acontece em mercadorias perecíveis, o importador será informado antes mesmo do
navio atracar na aduana.
Ser para Fontes (2018) o sucesso para a importação é o planejamento, com a
DUIMP há uma interligação de informação, das quais destaca-se: a) Catálogo de produtos
- ainda que algumas empresas já tenham em seus bancos de dados, agora os produtos
tenham descrição detalhada padrão, com isso, a própria receita federal passa a unir essas
descrições de mercadorias e estipular como descrição padrão e serão usados em impor-
tações futuras, órgãos anuentes e de outros importadores, uma vez validada a anuência
será automática sem a necessidade de nova Licença de Importação; b) Única licença de
importação para diversas operações - caso o importador traga mais de um tipo de produto
na mesma importação, tem a possibilidade de fazer uma única licença de importação e seja
liberada pelos órgãos anuentes responsáveis ao mesmo tempo e em um único processo,
diminuindo o tempo de análise; c) Conferência aduaneira e inspeções em janela única de
tempo - na conferência física estabelecida ao mesmo tempo para todos os órgãos anuentes
e não mais agendado por cada departamento para vistoria.
Na sequência, d) Pagamento centralizado de tributos e despesas - apenas uma
realização de pagamento, ou seja, no momento do registro da declaração, tirando a ne-
cessidade de impostos serem recolhidos no registro e demais encargos posteriormente ao
registro, o que diminuirá o tempo de espera para a liberação; e) Entrega da carga desvin-
culada dos documentos - a desvinculação do processo em que envolve a carga física da
documentação (papel); e, f) Desembaraço parcial - permite que libere a mercadoria que
estiver em conformidade e deixar parte da mercadoria em desacordo para posteriormente
prosseguir com os procedimentos cabíveis em lei.
Robles e Nobre (2016) inclui em seus estudos a necessidade de estruturação
logística na importação e o impacto financeiro que pode decorrer de má gestão logística
na importação. Sobre esse fato, a DUIMP também pode trazer alguns benefícios! A saber,
conforme explicado nas unidades anteriores sobre os tipos de importação, em suma, temos
a importação por conta própria, Importação por conta e ordem e Importação por encomenda
que podem ser beneficiadas pela nova estrutura.

UNIDADE IV Despacho de Importação 86


Relembrando: na importação própria o fornecedor tem relação direta com o impor-
tador; na importação por conta e ordem há uma empresa específica (trade) que importa
para vender toda sua importação para determinada empresa no Brasil; e, importação por
encomenda mudam algumas questões de quem recolhe os tributos, mas é semelhante a
importação por conta e ordem. Para esses casos, após a realização da primeira importação,
o sistema único irá padronizar o processo e não será necessário entender cada importação
como isolada.
Por fim, ainda que tenham diversas mudanças, destaca-se a possibilidade de uma
carga consolidada (LCL - Less Container Load - Menos de um container embarcado), aque-
la que vem “isolada” dentro de um container com cargas de diferentes importadores, poderá
ser registrada antes mesmo de chegar na alfândega, ou seja, desembaraço sobre águas.
Em razão disso, poderá ter carga liberada e desembaraçada antes mesmo de chegar na
aduana.
Segundo o site do Portal Siscomex todos esses processos que elencamos já estão
em fase de testes e as empresas foram selecionadas aleatoriamente para a fase de testes
que se deu início em 2018 e permanece de forma gradual até os dias atuais. Na versão
piloto os critérios para que as empresas possam testar é: apenas empresas certificadas
no programa Operador Econômico Autorizado - OEA, tipo C2; Importação destinada a
consumo (equivalente a DI Tipo 01); Modal aquaviário; Recolhimento integral de tributos;
Mercadorias e operações não sujeitas a licenciamento de importação; Preenchimento ape-
nas por tela (sem uso de serviço/XML); Permite importação por conta e ordem (OEA C2);
Uso obrigatório do Catálogo de Produtos.
Muito em breve todas as importações passarão a utilização da DUIMP e muitas
novas possibilidades de atuação do profissional de Comércio Exterior estará no mercado
de trabalho. Um deles é a auditoria aduaneira, em que formará profissionais que serão
capazes a montar catálogos de produtos e auxiliar na adaptação das empresas para o
Sistema Único de importação. Você estudante terá uma gama ainda maior de atuação no
mercado de trabalho e das relações internacionais.
Agradeço imensamente a sua atenção e espero que nossas reflexões aqui expos-
tas sejam apenas janelas para que você possa construir o seu futuro profissional. Será um
prazer te encontrar em breve e compartilharmos nossas experiências.

UNIDADE IV Despacho de Importação 87


SAIBA MAIS

A Receita Federal disponibiliza um site para treinamento do novo processo de importa-


ção (DUIMP. Para acessar é necessário ter um certificado digital, vale a pena conferir:
http://www.siscomex.gov.br/sistema/sistemas-em-treinamento/.

REFLITA

“O país onde o comércio é mais livre será sempre o mais rico e próspero, guardadas as
proporções”.

Voltaire.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na parte final de nossos estudos pudemos observar a evolução dos processos de


importação no país. Foi possível observar que a demanda de mercado cresceu e continua
em constante crescimento, não somente no Brasil, mas em todos os países que se dispõem
às negociações do comércio internacional.
A gestão nesses processos é de extrema importância, e, por isso, o estudante
pode observar que o Brasil está em constante mudança para atender aos importadores
com agilidade e desburocratização do desembaraço aduaneiro. Enquanto em outros países
desenvolvidos a importação é feita em horas, no Brasil ainda se leva dias para o desemba-
raço e comercialização do produto importado, por isso, as constantes mudanças visam a
agilidade dos processos.
A grande novidade é o sistema de desembaraço único de importação (DUIMP),
que ainda em fase de testes, já pode contribuir para que, no mínimo, as informações e
os envolvidos na importação “se conversem” por meio de uma plataforma única, podendo
assim contribuir para o ágil desembaraço da mercadoria.
Nesta unidade você pode constatar onde estamos e quais os objetivos de nossos
governantes para a eficiência e eficácia nos portos e aeroportos. Obviamente, o inves-
timento nesses processos são enormes e para isso conta com etapas de implantação e
treinamento, tanto de pessoal interno (órgãos públicos) como de todos os envolvidos na
importação, ou seja, desde o transportador da carga até o consumidor final. Você que
está estudando esse módulo pode ser o futuro profissional que terá acesso a todas essas
facilidades projetadas.
Finalizamos aqui as nossas reflexões sobre os novos processos de importação e os
rumos que a tecnologia contribuem para a agilidade na importação brasileira. Desejamos
que você busque cada vez mais conhecer sobre o comércio exterior que é apaixonante e
cheio de possibilidades.
Até a próxima.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

FILME/VÍDEO
Título: A dama de Ferro
Ano produção: 2012 | Duração: 1h 44min| Classificação: 14 anos
| Gênero: Biografia.
Sinopse: Antes de se posicionar e adquirir o status de verdadeira
dama de ferro na mais alta esfera do poder britânico, Margaret
Thatcher (Meryl Streep) teve que enfrentar vários preconceitos
na função de primeira-ministra do Reino Unido em um mundo
até então dominado por homens. Durante a recessão econômica
causada pela crise do petróleo no fim da década de 70, a líder
política tomou medidas impopulares, visando a recuperação e
comércio do país. Seu grande teste, entretanto, foi quando o Reino
Unido entrou em conflito com a Argentina na conhecida e polêmica
Guerra das Malvinas.

LIVRO
Título: negociações Internacionais
Autor: Tânia Manzur
Editora: Saraiva
Sinopse: É fundamental que a preparação de negociadores inter-
nacionais atenda a um rol de exigências que permita alcançar con-
sensos, promover acordos, superar barreiras, sugerir caminhos,
inovar e empreender. Pensando nisso, este livro, além de apre-
sentar um balanço teórico-conceitual da negociação internacional
e sugerir técnicas e estratégias para a formação do negociador
internacional eficiente, também busca contribuir para uma inser-
ção internacional mais eficaz do Brasil a partir da formação de
negociadores capazes e conscientes de seu papel.

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REFERÊNCIAS

ARAÚJO, José Marcelo Fernandes. Tratamento Administrativo e Aduaneiro da Importação e Expor-


tação: Volume 1. São Paulo: IOB. Disponível em: http://www.iob.com.br/newsletterimages/iobstore/
sumarios/2013/jun/liv21128.pdf

ASSUMPÇÃO, ROSSANDRA MARA. Exportação e Importação: Conceitos Procedimentos Bá-


sicos. Curitiba: IBPEX, 2007. Disponível em: HTTPS://BV4.DIGITALPAGES.COM.BR

BANCO DO BRASIL. Licença de Importação. Disponível em: http://www.bb.com.br/portalbb/


page44,109,4454,12,0,1,3.bb <Acesso 07 fev. 2020 às 16:15>

BANCO DO BRASIL. Termos Internacionais do Comércio (Incoterms 2000). Disponível em: http://
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worldbank.org/curated/en/403101468742539055/pdf/Project0Inform1nt010January01802005.pdf
<Acesso 08 fev. 2020, às 17:03>

BORGES, Joni Tadeu. Financiamento Ao Comércio Exterior: O Que Uma Empresa Precisa Saber.
Curitiba: Intersaberes, 2017. Disponível em: https://bv4.digitalpages.com.br

BROGINI, Gilvan. Tributação e Benefícios Fiscais no Comércio Exterior. Curitiba: Intersaberes,


2013. Disponível em: https://bv4.digitalpages.com.br

FONTES, Kleber. 7 Passos para o Sucesso na Importação: O Manual para Ser Bem Sucedido
no Comércio Exterior. São Paulo: Labrador, 2018. Disponível em: https://bv4.digitalpages.com.br

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PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto Nº 7.212, DE 15 de junho de 2010 Disposições sobre IPI. Dis-
ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7212.htm <Acesso
10 fev. 2020, às 13:00>

PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto-lei nº 2.404/1987 e disciplinado pela Lei nº 10.893/2004.


Com as alterações trazidas pelas Leis nº 12.599/2012 e 12.788/2013. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12599.htm<Acesso 10 fev. 2020, às 16:01>

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei 9.019, de 30 de março de 1995, e pelo Decreto nº 1.751, de 19


de dezembro de 1995. Disposições sobre medidas e subsídios. Disponível em: http://www.mdic.
gov.br/index.php/comercio-exterior/defesa-comercial/205-defesa-comercial-2/o-que-e-defesa-co-
mercial/1774-medidas-subsidios-e-medidas-compensatorias. <Acesso 22 mar. 2020, às 17:00>

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei Complementar Nº 114, de 16 de dezembro de 2002 Disposições


sobre poderes dos Estados. Disponível em: <Acesso 10 mar. 2020, às 16:00>

PALÁCIO DO PLANALTO. Lei Complementar nº 70 de 30 de Dezembro de 1991. Disposições


sobre COFINS. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp70.htm <Acesso
10 mar. 2020, às 16:00>

UNIDADE IV Despacho de Importação 91


PALÁCIO DO PLANALTO. Lei Nº 3.244, de 14 De Agosto De 1957 Disposições sobre II. Dispo-
nível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3244.htm <Acesso 10 mar. 2020, às 12:00>

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Declaração Única de Importação. Disponível em: <www.portal.


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RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Decreto N.º 7.871 de 2017 Disposições sobre ICMS Paraná.
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RECEITA FEDERAL DO BRASIL. DUIMP e o Novo Processo de Importação. Disponível em:


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RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa Nº 1.861, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2018.


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RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa RFB nº 1.401 de 09/10/2013 Disposi-


ções sobre base de cálculo PIS/COFINS. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/
sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=46792 <Acesso 10 mar. 2020, às 17:00>

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa RFB nº 1.603, de 15 de dezembro de 2015.


Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=70354<Aces-
so 10 fev. 2020, às 16:34>

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa RFB Nº 1600/15. Disponível em: http://
normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=70297&visao=anotado <Acesso 10
fev. 2020, às 16:34>

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa SRF Nº 680, DE 02 DE OUTUBRO DE


2006. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anota-
do&idAto=15618<Acesso 10 fev. 2020, às 16:00>

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa SRF Nº 98, DE 29 DE Dezembro de 1997


Disposições sobre recolhimento. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2con-
sulta/link.action?visao=anotado&idAto=15618#123476 <Acesso 10 mar. 2020, às 16:00>

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Lei 10.336/2001 Disposições sobre CIDE. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10336.htm <Acesso 10 mar. 2020, às 11:00>

RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Portaria Nº 309, De 24 De Junho De 2019, E Nº 324, De 29 De


Agosto De 2019. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?vi-
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RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Tratamento Administrativo. Disponível em: http://idg.receita.


fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-importacao/back-up/topicos/procedi-
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ROBLES, Léo Tadeu; NOBRE, Marisa. Logística Internacional: Uma Abordagem para a Inte-
gração de Negócios. Curitiba: Intersaberes, 2016. Disponível em: https://bv4.digitalpages.com.br

SZABO, VIVIANE (ORG.) Planejamento de Cenário Logístico. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
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TRIPOLI, Angela Cristina K.; PRATES, Rodolfo Coelho. Comércio Internacional: Teoria e Prática.
Curitiba: Intersaberes, 2016. Disponível em: HTTPS://BV4.DIGITALPAGES.COM.BR

UNIDADE IV Despacho de Importação 92


CONCLUSÃO

Prezado(a) aluno(a),
Neste estudo foi exposto a você os principais conceitos sobre Gestão da Operação
de Importação. Para tanto, iniciamos o nosso material com os conceitos teóricos que envol-
vem a gestão e o comercio exterior, ficando claro a você que a legislação e os processos
aduaneiros são mutáveis, ou seja, devem ser pesquisados toda vez que necessário, pois
trata-se de muito respaldo por meio de legislações e podem mudar dependendo do mercado
interno e externo, assim como a oferta e a demanda.
Destacamos, principalmente na última unidade as novidades que o comércio exte-
rior tem trazido nos últimos tempos, a saber, a Declaração Única de Importação (DUIMP),
que tenho certeza que você vai ouvir falar muito sobre esse assunto. Seja o primeiro a ser
um especialista neste assunto, garanto que haverá muito mercado de trabalho quando o
sistema estiver completamente em funcionamento!
Ao pensar em gestão de processos de importação você precisa lembrar que tra-
tamos da fundamentação teórica, ou seja, a base legal para cada processo na gestão.
Hoje, quem faz a gestão do processo de importação é o despachante aduaneiro, logo, com
essas empresas estão os profissionais mais atualizados no mercado de trabalho sobre a
legislação. Caso você tenha oportunidade, converse com um profissional desta área.
Por fim, quero respaldar nossa pesquisa em fatores práticos. O que isso quer dizer?
Tente elaborar uma previsão de despesas com os modelos apresentados nesse material;
procure fazer uma classificação de uma mercadoria e consultar os tratamentos administra-
tivos, baixe os aplicativos indicados nesse material e insta tempo em seu conhecimento.
Afirmo que a área da gestão é pautada por experiências, logo, faça testes, converse com
seus parceiros de estudo e compartilhem informações.
Nosso desejo é que possamos nos encontrar em breve!

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

UNIDADE IV Despacho de Importação 93

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