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Processos de

Importação
Prof.ª Carla Piffer

2013
Copyright © UNIASSELVI 2013

Elaboração:
Prof.ª Carla Piffer

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

P627p
Piffer, Carla
Processos de importação / Carla Piffer. Indaial : Uniasselvi, 2013.

253 p. : il

ISBN 978-85-7830- 656-4

1. Importação. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CÓD: 382.5

Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico!

Vivemos em um mundo globalizado, em que trocas, negociações


comerciais e relações entre pessoas não obedecem mais aos limites do
território dos países envolvidos. Podemos estar hoje no hemisfério sul do
planeta e, em poucas horas, do outro lado do mundo. E o mesmo ocorre com
as mercadorias, que são negociadas a todo o momento, em qualquer ponto
do globo terrestre.

Deste modo, o comércio exterior apresenta papel de destaque, por


regulamentar e ordenar a disposição e circulação de muitos bens que chegam
às nossas casas e aos nossos postos de trabalho com uma grande facilidade.

Consequentemente, a interdependência criada entre as nações


participantes do comércio internacional vem atingindo patamares nunca
antes vistos. E a tendência é que isso aumente cada vez mais.

Neste contexto, os profissionais de comércio exterior são “peças-


chave” para a instrumentalização do comércio entre as nações. Em uma
futura, ou já atual atividade profissional, vocês, como operadores do comércio
exterior, estarão diante de situações inovadoras, instigantes e desafiadoras.
E para que consigam superar os obstáculos e dificuldades, como ocorre em
qualquer profissão, precisarão estar preparados para tal.

E é baseado nisto que este Livro Didático foi preparado. Esperamos


que com ele você possa obter valiosas informações que contribuam para
o seu aprendizado e atuação profissional, com o intuito de auxiliá-lo(a)
em operações de importação. A ordem que escolhemos para seus estudos
será a seguinte:

Na Unidade 1 analisaremos o comércio exterior brasileiro e a


importância das importações. Para tanto, iniciaremos com conceitos que
envolvem o termo importação, seguido pela demonstração de algumas
dificuldades que envolvem esta operação, as motivações que levam à sua
concretização, demonstrar algumas vantagens e desvantagens de importar.
Também apresentaremos a estrutura do comércio exterior brasileiro.
Iniciaremos com conceitos e definições de comércio internacional e comércio
exterior, delinearemos a política brasileira de importação e conheceremos
os órgãos que intervêm nas operações de importação no Brasil. Além disso,
estudaremos os principais acordos comerciais existentes, iniciando com
ideias acerca da globalização, fases da integração, dados e informações sobre
os principais blocos econômicos, bem como pretendemos expor os mais
importantes acordos de preferência tarifária existentes.
III
Na Unidade 2 estudaremos a merceologia, seus objetivos e
finalidades, o Sistema Harmonizado e a Nomenclatura Comum do Mercosul
– NCM, seguidos pela Tarifa Externa Comum – TEC. Estudaremos o
fluxo operacional que envolve as importações e a importação de serviços.
Também analisaremos o SISCOMEX e sua operacionalização. Além disso,
estudaremos o tratamento administrativo atribuído às importações. Para
tanto, demonstraremos as classificações das importações existentes, seu
exame de similaridade, verificação de preços, licenciamento das importações
e as declarações de importação.

Na Unidade 3 estudaremos os documentos utilizados na importação:


licenças, declarações, fatura comercial e fatura pró-forma, romaneios
e documentos emitidos pelo importador. Também apresentaremos o
despacho aduaneiro na importação, bem como todos os detalhes que o
circundam: conceitos, prazos, documentos, parametrização e formação de
preços. Além disso, analisaremos as espécies de regimes aduaneiros de
importação considerados atípicos e especiais, dentre eles: trânsito aduaneiro
de mercadorias, admissão temporária de bens com e sem o pagamento
de tributos, Drawback importação, entreposto aduaneiro de importação e
entreposto industrial.

Desejo a você uma excelente trajetória. Bons estudos!

Profa. Carla Piffer

IV
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

V
VI
Sumário
UNIDADE 1 - COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES............ 1

TÓPICO 1 - A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES................................................................. 3


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 3
2 O QUE É IMPORTAR......................................................................................................................... 3
3 RUMO AO DESCONHECIDO: DIFICULDADES DA IMPORTAÇÃO.................................. 5
4 MOTIVAÇÕES DA IMPORTAÇÃO................................................................................................ 7
5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA IMPORTAÇÃO........................................................... 8
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................ 16
RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 18
AUTOATIVIDADE.............................................................................................................................. 19

TÓPICO 2 - ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO................................... 21


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................. 21
2 COMÉRCIO INTERNACIONAL................................................................................................... 21
3 COMÉRCIO EXTERIOR.................................................................................................................. 30
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................ 35
4 POLÍTICA BRASILEIRA DE IMPORTAÇÃO............................................................................. 44
5 PRINCIPAIS ÓRGÃOS INTERVENIENTES NA IMPORTAÇÃO......................................... 45
6 ÓRGÃOS GESTORES...................................................................................................................... 46
7 ÓRGÃOS ANUENTES..................................................................................................................... 54
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................ 56
RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 58
AUTOATIVIDADE.............................................................................................................................. 59

TÓPICO 3 - ACORDOS E ORGANISMOS INTERNACIONAIS.............................................. 61


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................. 61
2 GLOBALIZAÇÃO E RELAÇÃO COM OS BLOCOS ECONÔMICOS...................................... 61
3 INTEGRAÇÃO, ÁREAS DE PREFERÊNCIA E LIVRE COMÉRCIO...................................... 63
4 PRINCIPAIS BLOCOS ECONÔMICOS....................................................................................... 67
5 ACORDOS DE PREFERÊNCIAS TARIFÁRIAS......................................................................... 70
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................ 71
RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 75
AUTOATIVIDADE.............................................................................................................................. 76

UNIDADE 2 - SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES................................................................. 77

TÓPICO 1 - MERCEOLOGIA............................................................................................................ 79
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................. 79
2 OBJETIVOS, FINALIDADES DA MERCEOLOGIA E HISTÓRICO DA MERCEOLOGIA.. 79
3 SISTEMA HARMONIZADO.......................................................................................................... 82
4 NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM)........................................................... 84
5 TARIFA EXTERNA COMUM (TEC).............................................................................................. 91
6 IMPORTAÇÃO DE SERVIÇOS...................................................................................................... 94

VII
LEITURA COMPLEMENTAR 1......................................................................................................... 97
LEITURA COMPLEMENTAR.......................................................................................................... 101
RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................. 104
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................ 105

TÓPICO 2 - SISCOMEX
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 107
2 DEFINIÇÕES CONCEITUAIS ACERCA DO SISCOMEX..................................................... 107
3 REGISTRO DE IMPORTADOR................................................................................................... 116
4 CREDENCIAMENTO E HABILITAÇÃO................................................................................... 118
LEITURA COMPLEMENTAR.......................................................................................................... 125
RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................. 127
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................ 128

TÓPICO 3 - TRATAMENTO ADMINISTRATIVO..................................................................... 129


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 129
2 CLASSIFICAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES: IMPORTAÇÕES PERMITIDAS, PROIBIDAS,
SUSPENSAS, EM CONSIGNAÇÃO, SEM COBERTURA CAMBIAL E IMPORTAÇÃODE
MATERIAL USADO.......................................................................................................................... 129
3 EXAME DE SIMILARIDADE....................................................................................................... 142
4 VERIFICAÇÃO DE PREÇOS........................................................................................................ 143
5 LICENCIAMENTO DAS IMPORTAÇÕES................................................................................ 143
6 DECLARAÇÕES DE IMPORTAÇÃO......................................................................................... 148
LEITURA COMPLEMENTAR.......................................................................................................... 154
RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................. 156
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................ 157

UNIDADE 3 - DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA


IMPORTAÇÃO................................................................................................................................... 159

TÓPICO 1 - DOCUMENTOS NA IMPORTAÇÃO...................................................................... 161


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 161
2 LICENÇA DE IMPORTAÇÃO...................................................................................................... 161
3 FATURAS: PRO FORMA (PRO FORMA INVOICE) E COMERCIAL (COMMERCIAL
INVOICE) ............................................................................................................................................. 162
4 ROMANEIO (PACKING LIST)...................................................................................................... 166
5 DOCUMENTOS EMITIDOS PELO IMPORTADOR.............................................................. 169
6 OUTROS DOCUMENTOS............................................................................................................ 169
LEITURA COMPLEMENTAR.......................................................................................................... 171
RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................. 173
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................ 174

TÓPICO 2 - DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO.................................................. 175


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 175
2 CONCEITUAÇÃO E ABRANGÊNCIA....................................................................................... 175
LEITURA COMPLEMENTAR 1....................................................................................................... 176
LEITURA COMPLEMENTAR 2....................................................................................................... 190
3 PRAZOS DO DESPACHO ADUANEIRO.................................................................................. 197
4 DOCUMENTOS NECESSÁRIOS................................................................................................ 197
5 PARAMETRIZAÇÃO: CANAIS DE CONFERÊNCIA............................................................. 198
6 FORMAÇÃO DE PREÇOS NA IMPORTAÇÃO....................................................................... 199
LEITURA COMPLEMENTAR 3....................................................................................................... 206
RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................. 209
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................ 210
VIII
TÓPICO 3 - REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO...... 211
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 211
2 TRÂNSITO ADUANEIRO............................................................................................................. 211
3 ADMISSÃO TEMPORÁRIA DE BENS...................................................................................... 213
4 ADMISSÃO SEM PAGAMENTO DE IMPOSTOS.................................................................. 219
5 ADMISSÃO COM PAGAMENTO PARCIAL DE IMPOSTOS.............................................. 222
6 DRAWBACK IMPORTAÇÃO........................................................................................................ 223
7 ENTREPOSTO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO.................................................................. 232
8 ENTREPOSTO INDUSTRIAL...................................................................................................... 236
9 IMPORTAÇÃO VIA REMESSA POSTAL.................................................................................. 238
LEITURA COMPLEMENTAR.......................................................................................................... 240
RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................. 242
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................ 243
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................... 245

IX
X
UNIDADE 1

COMÉRCIO EXTERIOR E A
IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

● compreender o significado de importação e suas modalidades;

● identificar as dificuldades existentes quando da decisão de importar;

● reconhecer as motivações que conduzem às importações;

● compreender as vantagens e desvantagens das importações.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em três tópicos. Em cada um deles você
encontrará diversas atividades que o(a) ajudarão na compreensão das
informações apresentadas.

TÓPICO 1 – A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

TÓPICO 2 – ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

TÓPICO 3 – ACORDOS E ORGANISMOS INTERNACIONAIS

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Como já mencionamos, o comércio entre as nações atinge atualmente
índices nunca antes vistos ou esperados. Neste contexto, surge a importância
das importações, tendo em vista que as nações não conseguem manter níveis
normais de vida ou comércio sem a participação no comércio internacional e,
consequentemente, sem importar.

Nesta unidade vamos obter os conhecimentos básicos para que você possa
saber o significado de uma importação e qual o papel desempenhado por ela nas
organizações.

Para que possamos estudar a importância das importações, além de saber


seu significado, se faz necessário analisar: quais as dificuldades encontradas
pelas empresas para a realização de importações; quais os fatores que motivam
a realização de importações; e quais são as reais vantagens e desvantagens
verificadas a partir da importação

2 O QUE É IMPORTAR
Com o advento da globalização e a abertura dos mercados mundiais,
podemos verificar um considerável aumento da circulação de mercadorias,
serviços e pessoas. Deste modo, as fronteiras geográficas dos países deixaram de
ser um empecilho para a compra ou venda de bens em qualquer ponto do globo
terrestre.

TUROS
ESTUDOS FU

Prezado acadêmico, no Tópico 3 desta unidade abordaremos alguns conceitos,


características e efeitos que envolvem o tema globalização.

3
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

A interdependência entre os países tornou-se evidente, diante da


necessidade de adquirir ou vender o que é interessante para sua subsistência e
desenvolvimento. E é neste momento que devemos enfatizar a importância do
papel desempenhado pelas importações.

Sobre este assunto, Schulz (2000, p. 104) nos ensina que:

As importações desempenham um papel vital na vida econômica de


qualquer país desenvolvido, subdesenvolvido ou em desenvolvimento,
pois nenhum país é totalmente autossuficiente. Todos os países
dependem, de alguma forma, do resto do mundo para suprir suas
necessidades. Quanto mais desenvolvido e industrializado, maior será
sua necessidade de relacionamento com outros países.

Para tanto, precisamos conhecer alguns significados atribuídos à palavra


importação.

De acordo com Souza (2003, p.143), “podemos conceituar a importação


como uma relação de trocas entre países distintos, relativamente à entrada de
mercadorias contra a saída de divisas”.

Bizelli e Barbosa (2006, p. 40) nos ensinam que existem dois tipos de
importações: as definitivas e as não definitivas.

A importação definitiva ocorre quando a mercadoria estrangeira


importada é nacionalizada, independentemente da existência de
cobertura cambial, o que significa integrá-la à massa de riquezas do
país com a transferência de propriedade do bem para qualquer pessoa
aqui estabelecida. As importações não definitivas acontecem quando
não ocorre nacionalização e não se sujeitam ao pagamento de impostos,
exceto no caso de admissão temporária com utilização econômica do
bem no país que implicará no recolhimento proporcional calculado
em razão do tempo de sua permanência e no prazo de vida útil
considerado pela Secretaria da Receita Federal.

O Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC,


em seu site, define a importação da seguinte forma: “A importação compreende
a compra de produtos no exterior, observadas as normas comerciais, cambiais e
fiscais vigentes”.

Além do mais, todo processo de importação será dividido em três fases:


administrativa, fiscal e cambial, conforme demonstra o site do Ministério de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio – MDIC:

A administrativa está ligada aos procedimentos necessários para


efetuar a importação, que variam de acordo com o tipo de operação
e mercadoria. A fiscal compreende o despacho aduaneiro, que
se completa com os pagamentos dos tributos e retirada física da
mercadoria da Alfândega. Já a cambial está voltada para a transferência
de moeda estrangeira por meio de um banco autorizado a operar em
câmbio. (MDIC, 2012).

4
TÓPICO 1 | A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Deste modo, podemos verificar que o ato de importar nada mais é do que
adquirir bens ou mercadorias vindos de outro país. Estas mercadorias ou bens
são trazidos ao território nacional através da realização de uma importação. Por
isso, devemos nos atentar para o fato de que toda importação compreende as três
fases acima dispostas e deve ocorrer sempre em atenção às normas e diretrizes
vigentes no país importador.

TUROS
ESTUDOS FU

Prezado(a) acadêmico(a), no Tópico 2 desta unidade apresentaremos os


principais órgãos intervenientes na importação, o que proporcionará a você uma melhor
compreensão dos departamentos públicos responsáveis pela emissão de normas
administrativas relacionadas às importações.

3 RUMO AO DESCONHECIDO: DIFICULDADES DA IMPORTAÇÃO


Devido à abertura comercial brasileira ter ocorrido em meados da década
de 1990, é possível afirmar que o Brasil é considerado um jovem participante nas
relações comerciais internacionais.

Isto significa que, passadas duas décadas do início da intensificação das


relações de comércio exterior por parte das empresas brasileiras – seja como
importadoras ou exportadoras –, muitas dúvidas e incertezas ainda existem.

Notadamente quanto às importações, muitas críticas, dúvidas e


questionamentos surgem quando alguém cogita a possibilidade de se tornar um
importador.

Antes de qualquer coisa, devemos compreender quem é considerado


importador no Brasil. De acordo com o art. 104, inciso I do Regulamento
Aduaneiro Brasileiro, o importador é assim considerado qualquer pessoa que
promova a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro.

Deste modo, é possível afirmar que a importação pode ser realizada


por uma pessoa física ou por uma pessoa jurídica, sempre quando as normas
brasileiras assim o permitirem.

É verdade que verificamos com mais frequência a realização de importações


por parte de empresas. Este fato ocorre, pois muitas delas procuram a importação
de determinados produtos devido à qualidade dos mesmos ou devido à expansão
da sua organização no âmbito nacional e também internacional.

5
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Segundo Keedi (2007, p. 22):

A importação, por sua vez, visa permitir ao país a obtenção daqueles


produtos que ele não tem condições ou não tem interesse em produzir,
possibilitando suprir eventuais falhas em sua estrutura econômica,
ou, quiçá, o desinteresse mencionado. Através da importação, o país
propicia à sua população o alcance destes produtos aparentemente
distantes.

As empresas, na maioria das vezes, recorrem ao mercado internacional para


poder obter os produtos que não são produzidos internamente ou mesmo para
obter matérias-primas que serão utilizadas na fabricação de outras mercadorias,
que no caso do Brasil são, principalmente, destinadas ao abastecimento do setor
industrial, de máquinas e equipamentos.

No entanto, muitas empresas relatam várias dificuldades para a realização


da importação. Na maioria dos casos, esta dificuldade é atribuída à burocracia
e ao desconhecimento das normas ou programas governamentais de apoio ao
importador.

Antes de qualquer coisa, ao decidir pela importação a organização deve estar


atenta para:

● identificar quais são as melhores condições comerciais em função dos vários


vendedores que estão disponíveis;

● verificar se a importação que deseja realizar é permitida ou se possui alguma


exigência;

● fazer o levantamento do custo da importação em questão e verificar se é viável


ou não realizá-la;

● efetuar a negociação desta operação e considerar que é uma operação que traga
benefícios à empresa.

FONTE: Adaptado de: <tecnicasecretariado.wikispaces.com/.../Trab.+Comércio+Internacional...>.


Acesso em: 8 nov. 2012.

Dentre outras dificuldades existentes, as quais desestimulam ou dificultam


as importações, podemos citar as barreiras tarifárias e as barreiras não tarifárias.

Conforme expõe Hartung (2002, p. 331):

- Barreiras tarifárias compreendem mecanismos de controle e


reguladores utilizados pelos governos mediante a alteração de tarifas
aduaneiras.
- Barreiras não tarifárias são mecanismos utilizados pelos governos no
intuito de controlar a compra ou venda de produtos.

6
TÓPICO 1 | A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

E
IMPORTANT

Para facilitar a compreensão das principais dificuldades da importação, convém


atentarmos para o significado de barreiras tarifárias e barreiras não tarifárias:
● Barreiras tarifárias: são as barreiras criadas pela incidência de tarifas para importação de
produtos. [...].
● Barreiras não tarifárias: aquelas que não se referem ao pagamento de tributos sobre a
importação/exportação. Estas barreiras podem decorrer da necessidade de atendimento
a requisitos técnicos, como aqueles estabelecidos num regulamento técnico, ou a
requisitos administrativos, como é o caso de limitação da exportação por cotas prefixadas.

FONTE: CNI; MDIC; AEB (2003).

4 MOTIVAÇÕES DA IMPORTAÇÃO
Embora existam muitos fatores que contribuam negativamente para a
realização de importações, devemos atentar para o fato de que a maioria das
empresas é motivada a importar pelo fato de buscarem maiores lucros, bem como
diante da possibilidade de participarem de negociações comerciais internacionais,
com vistas à sua internacionalização.

Segundo Acuff (2004, p. 43), “existe uma dinâmica que tende a minimizar
as diferenças nas negociações. Essa dinâmica inclui um objetivo comum (como o
lucro) e, geralmente, um referencial comum (na medida em que as partes envolvidas
aprendem a trabalhar em conjunto)”.

Conforme nos ensinam Lopez e Gama (2008, p. 30), “a internacionalização


torna-se uma importante estratégia empresarial face à globalização dos mercados.
Dentre as diferentes formas de atuação no mercado internacional, destacamos a
exportação e importação. [...]”.

De acordo com Souza (2003, p. 144), “hoje muitas empresas recorrem a


produtos importados para atender à demanda interna, ou seja, quanto mais alta
for a sua demanda, mais alta será a demanda por esses bens, tanto os produzidos
internamente quanto os estrangeiros”.

Deste modo, a partir da realização de importações, as empresas envolvidas


têm a possibilidade de diversificar seus mercados de atuação, obter maiores
lucros diante da diminuição de custos, aumentar a qualidade dos seus produtos
e, consequentemente, sua produtividade.

7
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA IMPORTAÇÃO


Além dos fatores que interferem positiva ou negativamente na decisão de
importar, devemos analisar quais são as vantagens e desvantagens verificadas em
um país que possui empresas que realizam importações.

Para que possamos ter uma ideia aproximada da quantidade de


importações realizadas no Brasil, convém analisarmos os dados que compõem a
balança comercial brasileira referente aos meses de janeiro a maio de 2012:

QUADRO 1- IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS

* JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO Saldo

SALDO - 1.296 1.714 2.019 881 2.953 6.271

IMPORTAÇÃO 17.437 16.314 18.892 18.685 20.262 91.590

EXPORTAÇÃO 16.141 18.028 20.911 19.566 23.215 97.861

* Valores expressos em milhões de dólares.


FONTE: Disponível em: <http://www.portalbrasil.net/economia_balancacomercial.htm>. Acesso
em: 20 set. 2012

E
IMPORTANT

Balança comercial: em seu sentido estrito, é a diferença entre o valor de exportações


e importações de um país. A balança comercial não usa como referência quantidades dos
produtos que entram e saem do país, mas sim seus valores. Isto é, o valor conseguido com as
vendas (exportações), menos o valor gasto nas compras (importações) de um país. A intenção
é que sempre haja um lucro, ou seja, que o valor das exportações seja maior do que o das
importações. Nesse caso, houve um superávit. Caso ocorra o contrário, as importações tenham
tido valor maior que as exportações, é dito que houve um déficit.

FONTE: Disponível em: <http://balanca-comercial.info/mos/view/Conceito/>. Acesso em: 20 set. 2012.

DICAS

Caso você queira se aprofundar no assunto, sugerimos o acesso ao site do


Ministério da Indústria e Comécio do governo brasileiro, no seguinte link: <http://www.
desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1088>.

8
TÓPICO 1 | A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Ao analisar o quadro acima, verificamos que o saldo da balança comercial


brasileira - compreendendo os meses de janeiro a maio de 2012 – é positivo,
caracterizando um superávit. Isso significa que o valor das exportações foi maior
que o valor das importações, embora a diferença não seja tão expressiva.

Quando se fala de comércio internacional, a maioria dos autores é uníssona


em afirmar que os países devem estar aptos a praticá-lo: “A prática do comércio
internacional é essencial para todos os países, sejam eles desenvolvidos ou não,
pois tal prática contribui com as atividades de circulação de capitais e com o
desenvolvimento econômico”. (REBONO, 2004, p. 237).

No entanto, muitos autores tendem a afirmar que somente as exportações


seriam lucrativas e importantes para um país, nos fazendo pensar que as
importações são maléficas à economia do país importador, bem como às empresas
que nele estão inseridas.

Em contraposição a esta afirmação, é importante que tenhamos em mente que:

A importação pode suprir falhas na estrutura econômica, colaborando


na complementação dos produtos disponíveis à população de um país,
ou de bens de capital necessários às empresas, cumprindo também o
papel de modernização da economia, por estimular a competição e
permitir a comparação de processos e produtos. Visto que nenhuma
nação consegue sobreviver apenas com seus recursos próprios, a
importação é necessária e tão importante quanto a exportação para
um país. (REBONO, 2004, p. 237).

Tendo em vista que nenhum país consegue desenvolver-se isoladamente,


conforme dissemos anteriormente, a importação pode ser uma alternativa muito
eficiente para contribuir para o melhor desenvolvimento dos países importadores,
tendo em vista que estes podem ser necessitados de capacidade produtiva de
mão de obra, possuir limitação de recursos naturais ou diferente estágio de
desenvolvimento tecnológico, por exemplo.

E
IMPORTANT

Conforme nos ensina Rebono (2004, p. 238):

A troca entre países ocorre, entre outras razões, para garantir


divisas, como as que pagam os serviços de nossa dívida externa,
e para adquirir bens e serviços os quais não se tem, produz-se
pouco ou mal, em razão de qualidade, preço, tempo, tecnologia
etc. Com isso, alguns países se especializam em determinados
segmentos, sendo essa uma consequência natural, uma vez que, ao
se dedicarem às coisas que fazem melhor, têm condições de gerar
excedentes em condições de vendê-los ou trocá-los por outros
produtos de que necessitem.

9
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

A quantidade de importações realizadas pelo Brasil depende da demanda


interna existente. Isso significa que sua variação ocorrerá de acordo com a situação
econômica das empresas aqui localizadas. Ou seja, quanto maior a produção
e desenvolvimento, maior a demanda por produtos importados. Além disso,
quanto maior a renda da população – consumidores finais dos produtos –, maior
a demanda por produtos importados ou produtos que contenham componentes
originários de importações.

Para que possamos verificar quais os principais produtos importados pelo


Brasil no ano de 2011, apresentamos os dados a seguir, fornecidos pela Receita
Federal do Brasil.

No ano de 2011, as 20 principais mercadorias importadas representaram


42,26% da pauta, indicando um significativo grau de concentração.
Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos lideraram a
importação (6,77%), enquanto que o petróleo e os automóveis de
passageiros ocuparam o segundo (6,36%) e terceiro (5,01%) lugares,
respectivamente.
O gasto de divisas com os automóveis de passageiros (US$ 7.353
milhões) e com as partes e acessórios dos veículos automotores (US$
4.234 milhões) atingiu US$ 11.587 milhões FOB.
Vale destacar as compras externas de aparelhos elétricos p/telefonia
ou telegrafia por fio (US$ 3.163 milhões), circuitos integrados e
microconjuntos eletrônicos (US$ 2.946 milhões), gás de petróleo
e outros hidrocarbonetos (US$ 2.856 milhões), hulhas (US$ 2.811
milhões), adubos e fertilizantes químicos (US$ 2.281 milhões). A
importação de medicamentos atingiu US$ 2.278 milhões no período
considerado, ficando em nono lugar na relação das principais
mercadorias importadas. (RECEITA FEDERAL, 2012).

QUADRO 2 - IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS NO ANO DE 2011 POR TIPO DE PRODUTOS

Valor (em Particip.


Nr. NCM Produto
US$ 1.000) %
Óleos de petróleo ou de
1 2710 9.936.555 6,77
minerais betuminosos.
2 2709 Petróleo. 9.339.702 6,36
3 8703 Automóveis de passageiros. 7.353.038 5,01
Partes e acessórios dos
4 8708 4.234.184 2,89
veículos automotores.
Aparelhos elétricos p/
5 8517 telefonia ou telegrafia por 3.162.583 2,16
fio.
Circuitos integrados e
6 8542 2.945.637 2,01
microconjuntos eletrônicos.
Gás de petróleo e outros
7 2711 2.855.951 1,95
hidrocarbonetos.
8 2701 Hulhas. 2.811.347 1,92

10
TÓPICO 1 | A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Adubos ou fertilizantes
9 3104 2.280.698 1,55
minerais ou químicos.
10 3004 Medicamentos. 2.278.275 1,55
11 8529 Partes de aparelhos de som. 2.267.486 1,55
Sangue humano ou animal
12 3002 1.647.608 1,12
p/usos terapêuticos.
Adubos (fertilizantes)
13 3105 1.588.528 1,08
minerais ou químicos.
Cobre refinado e ligas de
14 7403 1.486.666 1,01
cobre, em formas brutas.
Máquinas automáticas p/
15 8471 1.447.049 0,99
processamento de dados.
Turborreatores,
16 8411 turbopropulsores e outras 1.379.823 0,94
turbinas a gás.
Veículos automotores p/
17 8704 1.285.615 0,88
transporte de mercadorias.
Trigo e mistura de trigo com
18 1002 1.260.901 0,86
centeio.
Adubos ou fertilizantes
19 3102 1.228.792 0,84
minerais ou químicos.
Compostos heterocíclicos
20 2933 1.200.204 0,82
exclus. Heteroátomo.
FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/Aduana/
RelatorioImportacao/2011/ImportacoesAgosto2011.pdf>. Acesso em: 20 set. 2012.

ATENCAO

Não podemos deixar de registrar o significado da sigla FOB (Free on Board).


O exportador deve entregar a mercadoria, desembaraçada, a bordo do navio indicado pelo
importador, no porto de embarque. Esta modalidade é válida para o transporte marítimo
ou hidroviário interior. Todas as despesas, até o momento em que o produto é colocado
a bordo do veículo transportador, são da responsabilidade do exportador. Ao importador
cabem as despesas e os riscos de perda ou dano do produto, a partir do momento em que
este transpuser a amurada do navio.

FONTE: Disponível em: <http://www.brasilglobalnet.gov.br/PaginasBase/GlossarioP.aspx#f> .


Acesso em: 20 set. 2012.

Pois bem, verificamos que nosso país necessita importar por vários
motivos: acesso a produtos e bens diferenciados ou com grau de inovação
tecnológica diversa, possibilidade de concorrência com diferenciação de preços

11
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

e maior gama de escolha por parte dos consumidores, satisfação de necessidade


de matéria-prima ou produtos que não produzimos, dentre tantos outros fatores.

Mas nem sempre as importações são vistas como favoráveis a um país.


A respeito deste assunto, muitos autores dedicam seu tempo a discussões
infindáveis, alguns afirmando que as importações são necessárias e benéficas e,
outros, tratando-as como exterminadoras da indústria nacional.

Então perguntamos: se importarmos teremos desemprego? As indústrias


nacionais serão fechadas?

Para iniciar a reflexão sobre o assunto, sugerimos a leitura abaixo,


transcrita da obra de Maia (2007, p. 28):

Em 1963, o economista Glycon de Paiva dizia: “Dos 300 minerais


normalmente necessários ao progresso e à sobrevivência de um país, até agora
nos faltam 250”. Hoje, embora alguma coisa tenha mudado, ainda importamos
petróleo, cobre, borracha e muitas outras matérias-primas.

A Europa necessita da borracha da Ásia, do petróleo do Oriente Médio


e, mesmo com sua agricultura invejável, para seu conforto importa café, chá e
cacau. Em decorrência das diferenças geográficas (clima e solo), os países têm
suas produções em função do custo menor. Assim, é melhor ao país B produzir
café e ao país A produzir trigo. Por meio do comércio internacional, B adquire
trigo de A e vende café a A.

Na década de 70, a produção de soja do Brasil era dez vezes menor que a
dos Estados Unidos. Um operador de commodities (produtos primários como soja,
café, cacau etc.) da Bolsa de Chicago propunha o seguinte: o Brasil deveria exportar
toda sua produção de soja e comprar, para seu consumo, a soja americana. A
explicação era a seguinte: devido a estações climáticas opostas (quando é verão no
Brasil é inverno nos Estados Unidos e vice-versa), as safras brasileiras e americanas
entram no mercado em épocas diferentes. Quando a brasileira era comercializada,
o mercado estava escasso e os preços altos. Quando a americana entrava, devido a
seu volume muito grande, os preços caíam. Assim, o Brasil vendia caro e comprava
barato. Hoje, isso não seria mais possível devido ao crescimento da nossa safra.

A importação ainda pode ser conveniente, porque permite ao país


comprador adquirir uma mercadoria de alta tecnologia obtida por meio de
caríssima pesquisa e de muitos anos de experiência.

É o caso dos produtos farmacêuticos. O país comprador poderá, com o


correr dos anos, produzir esse produto, mas nesse espaço de tempo comprará de
quem já dispõe da mercadoria pronta.

12
TÓPICO 1 | A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Muitas vezes, é mais barato comprar do que produzir. No começo do


século XX, as indústrias americanas de seda se instalaram na China, porque devido
à mão de obra mais barata, era conveniente produzir naquele país e vender nos
Estados Unidos. Atualmente, estamos vendo a repetição desse fato; indústrias dos
principais países estão se instalando novamente na China para produzir a preços
mais competitivos.

Ao ler as palavras do autor, nos deparamos com alguns temores relativos


à importação, notadamente no que diz respeito à China. Devido ao fato da China
ser o maior país exportador do mundo, significa que o Brasil é um importante
mercado de recebimento de produtos chineses. É inevitável, também, que existam
inúmeras críticas acerca da entrada de produtos chineses no Brasil.

E
IMPORTANT

A OMC (Organização Mundial do Comércio) publicou, no início de 2011, os dados


do comércio internacional de 2010. A China mantinha sua posição de liderança no comércio
mundial, com exportações de US$ 1,58 trilhão, deslocando os EUA, com US$ 1,28 trilhão e
a Alemanha, com US$ 1,27 trilhão, que, tradicionalmente, figuravam nas primeiras posições
das exportações. Nas importações, os EUA ainda lideraram o comércio internacional, com
US$ 1,97 trilhão, contra US$ 1,4 trilhão da China e US$1,07 trilhão da Alemanha. Em 2000, a
China exportava US$ 250 bilhões e importava US$ 225 bilhões, ocupando o sétimo e o oitavo
lugares da classificação da OMC. Em 10 anos, a China multiplicou por 6,3 suas exportações e
por 6,2 suas importações. [...]
Importações do Brasil provenientes da China do lado das importações brasileiras originadas
da China, em 2010. A participação de manufaturados apresentou aumento, atingindo 98%,
contra 91%, em 2000. Em 2010, os capítulos mais relevantes da pauta foram: máquinas e
aparelhos elétricos (31%), caldeiras e máquinas mecânicas (22%) e químicos orgânicos (5%).
As importações apresentam tendência de diversificação. Os produtos que mais cresceram,
entre 2003 e 2009, com altas taxas anuais de crescimento, foram: tecidos de malha (205%),
ferro e aço (81%), cerâmicos (77%), veículos e tratores (64%), móveis (62%), máquinas mecânicas
(57%), plásticos (56%), obras de ferro e aço (57%), vestuário (50%) e borracha (58%). FONTE:
Thorstensen (2011, p. 3)

Não podemos esquecer também que a maioria das críticas existentes,


envolvendo o comércio entre Brasil e China, se refere ao fato de que o Brasil
importa da China uma infinidade de produtos manufaturados, conforme
podemos observar no gráfico a seguir:

13
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

GRÁFICO 1 – IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DA CHINA POR VALOR AGREGADO

FONTE: Thorstensen (2011, p. 6)

DICAS

Sugerimos a leitura do artigo “Quem precisa temer a China”, disponível no


link:<http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=arti-
cle&id=759:catid=28&Itemid=23>.

Deste modo, conseguimos compreender que o Brasil é um potencial


exportador de commodities ou produtos primários (minério de ferro, soja, petróleo
bruto, óleo de soja e açúcar, por exemplo) para a China. Possuindo um parque
fabril com invejável capacidade de industrialização de matéria-prima, acabamos
comprando uma grande quantidade de produtos manufaturados, como: telas
de cristal líquido para televisores, aparelhos de celular, microcomputadores,
aparelhos de ar-condicionado, produtos têxteis e tantas outras mercadorias lá
produzidas.

E
IMPORTANT

A palavra originária da língua inglesa commodities, plural de commodity, significa


mercadorias, e tem uma enorme importância na economia mundial. Apesar de significar
mercadorias na língua inglesa, commodities é um termo genérico para definir produtos de
base, homogêneos, de alto consumo, pouca industrialização, produzidos e negociados por
várias empresas, com qualidade quase uniforme. Esses produtos “in natura” (alimentos de
origem vegetal ou natural consumidos em seu estado natural), definidos como soft commoditty
ou de extração mineral (hard commodity), podem ser estocados por determinado período de
tempo sem que percam a qualidade.

FONTE: Disponível em: <http://universodalogistica.blogspot.it/2010/02/conceito-de-


commodities.html>. Acesso em: 20 set. 2012.

14
TÓPICO 1 | A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Estas são as principais razões de fundamento das críticas às importações


de produtos chineses, sem falar no baixo valor de muitos produtos em razão
do baixo custo de mão de obra, por exemplo. Mas também não devemos deixar
de ressaltar que as críticas às importações não são única e exclusivamente aos
produtos chineses. Estados Unidos, outros países do Mercosul e também alguns
europeus são potenciais fornecedores de produtos ao Brasil, o que não os deixa
fora do alvo de críticas.

No entanto, podemos reafirmar que as importações baseadas em regras


justas de concorrência são imprescindíveis e muito úteis para um país.

15
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

LEITURA COMPLEMENTAR

IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO

Julio Gomes de Almeida

Dois pontos devem ser destacados na análise dos coeficientes de comércio


exterior da indústria brasileira: a) a intensa perda de expressão das exportações
para as empresas industriais poderá deixar sequelas para a dinâmica da economia;
b) a maior dependência de insumos importados na produção de bens industriais
brasileiros pode desestruturar cadeias produtivas inteiras, dentre elas as mais
representativas das etapas superiores da evolução industrial.

O coeficiente de exportação, que avalia a relação entre o quanto o país


exporta em valor e o que produz sua indústria de transformação, chegou a
alcançar, segundo estimativas da CNI e da Funcex, 21,6% em 2005, o que denotava
uma significativa orientação exportadora da indústria brasileira.

Desde então um processo intenso de reversão fez com que em 2011


baixasse a 15%, um nível próximo à média do final dos anos 90. Este retrocesso
pode levar a uma menor propensão ao investimento e menor inovação por parte
da empresa brasileira caso o mercado interno, do qual ela passou a depender
excessivamente, diminua seu dinamismo.

Já o coeficiente de insumos importados avalia, em valor, o peso do insumo


produzido no exterior na produção interna. Em um contexto de valorização do
real, a maior utilização desses insumos foi uma alternativa que as empresas
encontraram para baratear a fabricação de seus produtos. Daí o grande aumento
nos últimos anos: de 17,2% em 2005 para 22,4% em 2011. Em alguns setores o
processo teve muito mais força.

Em produtos de informática e eletrônica, os insumos importados passaram


a representar 76,7% da produção em 2011, contra 49,0% em 2005; em metalurgia,
46,4% em 2011 (26,2% em 2005); em produtos farmacêuticos, 44,4% (38,8%); em
produtos químicos, 44,1% (28,1%) e em aviões e outros equipamentos de transporte,
38,1% (26,4%).

Em outros ramos, o coeficiente também aumentou, porém menos, como


em produtos têxteis, máquinas e equipamentos e veículos. Possivelmente, um
determinante cíclico condicionou em alguns casos o aumento do coeficiente, mas
não nos parece ser este o caso geral.

A penetração das importações através da produção finca raízes mais


profundas do que a penetração do produto importado nos mercados de bens
finais, de forma que não é de fácil reversão quando muda o ciclo econômico.

16
TÓPICO 1 | A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Por outro lado, as elevações do coeficiente de insumos importados


ocorreram mais em setores de maior tecnologia e mais representativos de
revoluções industriais recentes. Somente mudanças mais profundas na economia,
em seus padrões de custo, produtividade e competitividade, associadas à
execução de políticas industriais, poderão mudar este quadro.

Como solução isolada para os problemas vivenciados pela indústria


brasileira, o aumento do coeficiente de insumos importados pode ter alcance
limitado se os fatores da menor competitividade industrial não forem atacados.

Além disso, como a maior importação empobrece as cadeias produtivas


domésticas e pode restringir o poder de encadeamento da indústria sobre outros
setores econômicos, o potencial de crescimento da economia pode ser reduzido.

(Julio Gomes de Almeida é professor da Unicamp e ex-secretário de Política


Econômica do Ministério da Fazenda)

FONTE: Disponível em: <http://www.brasileconomico.ig.com.br/noticias/exportacao-e-


importacao_116726.html>. Acesso em: 20 set. 2012.

17
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:

• A importação consiste na entrada de produtos estrangeiros em um país.

• É considerado importador qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica, que


promova a entrada de produtos estrangeiros no território brasileiro.

• Ainda hoje os importadores possuem muitas dúvidas e dificuldades acerca da


importação.

• Tal fato se dá diante da burocracia existente, desconhecimento técnico do tema


e existência de barreiras tarifárias ou não tarifárias.

• Com a globalização e abertura dos mercados, muitas empresas se sentem


motivadas a importar e assim podem aprimorar os negócios já existentes, bem
como buscar inovações e novas oportunidades.

• O ato de importar pode trazer muitas vantagens a um país, como, por exemplo,
o acesso a novas tecnologias, a produtos com melhor qualidade, produtos
escassos ou inexistentes, aumento da concorrência e maior possibilidade de
escolha por parte dos consumidores finais.

• A China é o país que mais exporta para o Brasil, ou seja, o Brasil adquire grande
parte dos seus produtos importados da China.

18
AUTOATIVIDADE

Para verificar seu aprendizado, responda o questionário a seguir:

1 Em um mundo globalizado, onde constantes trocas de mercadorias são


realizadas a cada momento, é possível que um país decida por não adquirir
matéria-prima ou produtos originários de outros países. Fundamente sua
resposta.

2 É importante para uma empresa realizar importações? Fundamente sua


resposta.

3 Indique e explique o porquê das principais dificuldades que inibem a


realização de importações.

4 Explique o que você entendeu por barreiras tarifárias e barreiras não


tarifárias, indicando um exemplo de cada.

5 A China é objeto de críticas por parte de empresários e organizações ligadas


ao comércio exterior brasileiro. Responda por qual motivo isso ocorre, bem
como qual prejuízo teria o Brasil caso suas relações comerciais com a China
fossem interrompidas totalmente.

19
20
UNIDADE 1 TÓPICO 2

ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

1 INTRODUÇÃO
Como já mencionamos, as importações são imprescindíveis para um
país. No entanto, para que possamos compreender como estas são processadas,
necessitamos analisar a estrutura do comércio exterior brasileiro.

Para tanto, analisaremos, detalhadamente, as principais características


e conceitos referentes ao comércio internacional e, após isso, sobre o comércio
exterior.

Posteriormente, apresentaremos a política brasileira de importação e os


principais órgãos governamentais interferentes no processo de importação.

2 COMÉRCIO INTERNACIONAL
Em termos de negócios, as expressões comércio internacional e comércio
exterior não significam a mesma coisa. Embora pareça que a diferença entre
ambos não cause preocupações, entendemos que os profissionais que atuam na
área não podem fazer confusão ao tratar do assunto.

Então, começaremos pelo comércio internacional.

De acordo com Lopez e Gama (2007, p. 193):

Comércio internacional é definido como o conjunto de operações


realizadas entre países onde há intercâmbio de bens e serviços ou
movimento de capitais. Este comércio é regido por regras e normas,
resultantes de acordos negociados em órgãos internacionais, a exemplo
da OMC, da OMA e da CCI (Câmara de Comércio Internacional) e que
são adotadas pelos governos dos países signatários.
Acerca do tema, Maluf (2000, p. 23) nos ensina que:

O comércio internacional é o intercâmbio de bens e serviços entre


países, resultantes das especializações na divisão internacional do
trabalho e das vantagens comparativas dos países. Os fatores que
contribuem para a decisão de inserção em um mercado-alvo seriam
o grau de mobilidade de fatores de produção, natureza do mercado,
existência de barreiras aduaneiras, distância e variações monetárias e
de ordem legal.

21
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Verificados os conceitos acima apresentados, é interessante que


conheçamos um pouco da evolução do comércio internacional.

Desde as primeiras civilizações da história do mundo, sempre foi


necessário realizar troca de mercadorias. Existem muitos motivos que fazem com
que as pessoas efetuem compras, quer seja apenas para satisfazer um desejo de
consumo ou pela real necessidade de obter o bem.

Podemos dizer que a base do comércio internacional foi na Idade


Antiga, onde os costumes e tradições eram utilizados como princípios. Para que
conseguissem realizar o comércio internacional, utilizavam vários caminhos e
predeterminavam qual o caminho que seria percorrido. Algumas rotas terrestres
foram exterminadas e foi dado início então ao ciclo marítimo, através do
Mediterrâneo, pelos atenienses.

Com o início dos processos de trocas de mercadorias entre países, realizados


pelo meio marítimo, teve início uma nova forma de comercialização, sendo que
as cidades com capacidade para receber navios cresceram significativamente.

A Idade Moderna é caracterizada por um novo ciclo histórico de comércio:


o mercantilismo. Vários foram os responsáveis pela criação do mercantilismo.
Podemos citar as grandes invenções, a reforma religiosa, a centralização
monárquica e os descobrimentos marítimos. Por isso, Portugal e Espanha eram
os países com maior destaque no cenário mundial.

A expansão dos mercados exigiu que os transportes fossem mais rápidos


e a cada dia tornassem as operações mais fáceis, visto que o mundo estava
realizando suas primeiras grandes trocas comerciais entre os países.

Na Idade Contemporânea, a Revolução Industrial foi um marco na história


da humanidade, uma vez que desencadeou diversas mudanças no âmbito social.
Estas mudanças ocorreram através da aceleração no ritmo de produção e também
através do rápido progresso técnico.

Nos anos de 1939 até 1945, ocorreu a II Guerra Mundial. Neste período,
os países que estavam envolvidos tiveram problemas em suas economias e estas
foram arruinadas. Por isso, necessitavam urgentemente de reconstrução. Assim,
os EUA exerceram importante papel, pois ajudaram a realizar a reconstrução
econômica de países como Alemanha, França e Itália.

Em síntese, conforme nos ensina Rebono (2004, p. 147), “a expressão


comércio internacional, em seu sentido mais amplo, se traduz nos dias de hoje
nas significativas modificações estruturais ocorridas na economia internacional
durante o século XX”.

Além disso, devemos ressaltar que para chegar às condições atuais de


funcionamento e atuação, o comércio internacional precisou passar por fases de

22
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

regulamentação, e para isso foram criados órgãos que seriam responsáveis pela
sua regulamentação.

Começaremos a demonstrar esta evolução partindo do período posterior


à Segunda Guerra Mundial. Esta data é importantíssima, pois a necessidade de
reconstrução física, política e econômica dos países atingidos pelos conflitos foi
percebida, com clareza, após o término do conflito.

De acordo com Stelzer (2007, p. 32), “a devastação deixada nas zonas


de conflito era evidente, como minas inundadas, estradas de ferro destruídas
e máquinas retiradas das fábricas”. A ideia de reinício impulsionou os países
a integrarem-se. Esta integração e o desejo de união foram responsáveis pela
eliminação das rivalidades vistas nestas nações anteriormente.

Ao final da Segunda Guerra Mundial, o mundo iniciou um processo de


reorganização do espaço em geral, exigindo mudanças em várias áreas. Assim,
os países aliados necessitavam urgentemente de órgãos que delimitassem o
comércio entre as nações, com o intuito de criar um ambiente pacífico na área da
economia internacional.

Assim, em 1944 foi concluído um acordo para criar um ambiente de


cooperação entre os países:

Em 1944 foi concluído um acordo, em Breton Woods, EUA, com


o objetivo de criar um ambiente de maior cooperação na área
da economia internacional, baseado no estabelecimento de três
instituições internacionais [...]. A primeira seria o FMI (Fundo
Monetário Internacional), com função de manter a estabilidade das
taxas de câmbio e assistir os países com problemas de balanço de
pagamentos através de acesso a fundos especiais, e assim desestimular
a prática da época de se utilizar restrições ao comércio cada vez que
surgisse um desequilíbrio do balanço de pagamentos. A segunda seria
o Banco Mundial ou Banco Internacional para a Reconstrução e o
Desenvolvimento, com função de fornecer os capitais necessários para
a reconstrução dos países atingidos pela guerra. A terceira seria a OIC
– Organização Internacional do Comércio, com função de coordenar
e supervisionar a negociação de um novo regime para o comércio
mundial baseado nos princípios do multilateralismo e do liberalismo.
(THORSTENSEN, 2001, p. 29).

23
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

E
IMPORTANT

Finalizada a guerra, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional


para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD) foram criados e, posteriormente, exerceram
suas atividades. A Organização Internacional do Comércio (OIC) acabou não saindo do papel,
pois o maior parceiro comercial - os EUA –, defendendo interesses próprios, nunca a ratificou.
Diante da não participação deste importante Estado, os demais parceiros aderiram à criação
de um Acordo Provisório contando com 23 países, visando à redução de tarifas alfandegárias
no comércio internacional, chamado de Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, o (GATT).
(BARRAL, 2000, p. 78-79).

Barral (2000, p. 79) nos relata que “entre os países que participaram da
criação do GATT foi negociado um Protocolo de Aplicação Provisória (PAP), pelo
qual as partes integrantes negociaram as regras que fariam parte do GATT, sendo
esta a única forma encontrada para legitimar o acordo”.

ATENCAO

“O GATT foi assinado em 1947, originalmente por 23 países, entre eles o Brasil,
tendo entrado em vigor a partir de janeiro de 1948”. (NORONHA, 1994, p. 11). Mas não
podemos esquecer que, na verdade, o GATT nunca entrou juridicamente em vigor. Ou seja,
nunca foi aprovado definitivamente como organização internacional, pois o que entrou em
vigor foi o PAP e não o próprio GATT. Mesmo assim, o GATT tornou-se um foro de intensas
negociações e importantes rodadas, sendo reconhecido como a principal organização de
comércio internacional.

A partir de então, o GATT passou a representar um conjunto de normas e


comportamentos que deveriam ser observados na condução das trocas econômicas
internacionais.

Embora efetivamente não funcionasse como uma organização internacional,


o GATT ficou encarregado de suportar as negociações diplomáticas que fossem
destinadas a solucionar os contratempos que pudessem vir a existir entre os
países associados. Porém, as soluções que na maioria das vezes emergiam eram
consideradas muito primitivas e com alcance reduzido, pois envolviam apenas a
anulação e diminuição dos direitos e obrigações que já haviam sido preestabelecidas.

E foi assim que o GATT tomou conta do comércio internacional por algumas
décadas. As inovações e necessidade sentidas pelos países membros eram inseridas
em pautas de negociação, que eram chamadas de Rodadas de Negociação do GATT.

24
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

E
IMPORTANT

As rodadas de negociações realizadas no período do GATT foram muito


importantes para o desenvolvimento do comércio internacional. “A continuidade do
processo de liberalização do comércio internacional, através de rodadas, também passou
a ser incorporado como um dos pontos fundamentais do sistema [...]. Assim, para que o
sistema consiga o seu equilíbrio é necessário um contínuo processo de liberalização, que
impeça fases protecionistas, com uma série de rodadas até a liberalização completa de todo
o comércio internacional”. (THORSTENSEN, 2001, p. 36).

Apresentamos a seguir as oito rodadas de negociação ocorridas, bem


como a matéria tratada em cada uma delas:

QUADRO 3 – RODADAS DE NEGOCIAÇÃO REALIZADAS NO ÂMBITO DO GATT

FONTE: Faro e Faro (2010, p. 281)

Ao analisar as matérias tratadas nas oito rodadas de negociações,


verificamos que na última delas ocorreu a implantação da OMC.

Então nos perguntamos: o que é a OMC e por qual motivo ela foi criada?
25
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Compreendendo a estrutura do antigo GATT e abrangendo todos os temas


abordados na última rodada de negociações, a OMC foi criada em 15 de abril de
1994 pelo Acordo de Marraquech, momento em que os 125 países participantes do
GATT reiteraram os princípios e objetivos deste, visando ampliar sua aplicação.

FONTE: Adaptado de: <proxy.furb.br/ojs/index.php/juridica/article/download/836/658>. Acesso


em: 8 out. 2012.

ATENCAO

Desde sua criação, a OMC possui como principais atividades:

• a negociação da redução ou eliminação dos obstáculos ao comércio e acordos sobre as


normas pelas quais se rege o comércio internacional;
• a administração e a vigilância da aplicação das normas acordadas na OMC que regulam
o comércio de mercadorias e serviços e os aspectos de direito de propriedade intelectual
relacionados ao comércio;
• a vigilância e o exame das políticas comerciais dos seus membros, bem como a
consecução da transparência nos acordos regionais e bilaterais;
• a solução de controvérsias entre os membros sobre a interpretação e aplicação dos
acordos;
• o fortalecimento da capacidade dos funcionários públicos dos países em desenvolvimento
em assuntos relacionados com o comércio internacional;
• a prestação de assistência no processo de adesão dos países que ainda não são membros
da organização;
• a realização de estudos econômicos e a coleta e difusão de dados comerciais em apoio
às demais atividades principais da OMC;
• a explicação e difusão ao público de informação sobre a OMC, sua missão e suas
atividades.

FONTE: <http://www.wto.org/spanish/thewto_s/whatis_s/wto_dg_stat_s.htm>. Acesso


em: 20 set. 2012.

A respeito das funções e importância da OMC, Johannpeter (1996, p. 46)


salienta que:
A OMC facilitará a implementação e operacionalização de todos os
acordos e instrumentos legais negociados na Rodada Uruguai. Uma
inovação radical trazida pela OMC foi o fato de estar contida num
único acordo [...] incluindo os resultados do GATT 1947, os esforços
de liberação comercial do passado e os resultados da Rodada Uruguai
de negociações multilaterais. O Acordo de criação da OMC integra
os cerca de 30 acordos da Rodada Uruguai e os 200 instrumentos
anteriores do GATT em uma única estrutura legal.

Com a criação da OMC, a partir de 1995, o comércio internacional teve,


pela primeira vez na história, como órgão regulamentador, um organismo
internacional com princípios fundamentais que devem ser atendidos por todos
os países membros.
26
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

E
IMPORTANT

• As organizações internacionais são “associações voluntárias de Estados que podem ser


definidas da seguinte forma: sociedade entre Estados, constituída através de um tratado,
com a finalidade de buscar interesses comuns, através de uma permanente cooperação
entre seus membros”. (STEINFUS, 2002, p. 27).
• Em 10 de maio de 2012, a OMC contava com a participação de 155 países membros.
Para saber quais países fazem parte da OMC, acesse o site: <http://www.wto.org/spanish/
thewto_s/whatis_s/tif_s/org6_s.htm>.

A respeito das principais funções da OMC, Goyos (1994, p. 26-27) nos


ensina que “a OMC tem por objetivo facilitar a implementação, administração
e operação do ACORDO e demais instrumentos legais que dele fazem parte,
proporcionando um foro de negociações sobre comércio multilateral entre os
estados-membros”.

Desde a criação da OMC, as matérias mais importantes relativas ao


comércio internacional são discutidas entre os representantes dos países membros
através das conferências ministeriais.

Estas são os órgãos máximos da OMC. Delas participam todos os


membros desta organização, normalmente representados pelos
seus ministros de Comércio Externo ou pelos ministros de Relações
Exteriores, que reúnem-se pelo menos uma vez a cada dois anos. Eles
têm autoridade de tomar decisões sobre os assuntos discutidos nos
acordos da OMC. (THORSTENSEN, 2001, p. 399).

NOTA

Até o ano de 2011 foram realizadas oito Conferências Ministeriais no âmbito da


OMC:

- Conferência Ministerial de Cingapura em 1996.


- Conferência Ministerial de Genebra em 1998.
- Conferência Ministerial de Seattle em 1999.
- Conferência Ministerial de Doha em 2001.
- Conferência Ministerial de Cancún em 2003.
- Conferência Ministerial de Hong Kong em 2005.
- Conferência Ministerial de Genebra em 2009.
- Conferência Ministerial de Genebra em 2011.

Para saber mais sobre as Conferências Ministeriais, acesse o site da Organização Mundial do
Comércio. Disponível em: <http://www.wto.org/spanish/thewto_s/minist_s/minist_s.htm>.

27
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Podemos observar, a seguir, a atual estrutura da OMC:

FIGURA 1- ESTRUTURA DA OMC

FONTE: Aguilar; Kweitel (2007, p. 16)

Outrossim, não podemos deixar de mencionar que as controvérsias que


surgirem entre os países membros serão encaminhadas ao Órgão de Solução de
Controvérsias da OMC.

28
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

O objetivo do Mecanismo de Solução de Controvérsias da OMC é


reforçar a observância das normas comerciais multilaterais e a adoção de
práticas compatíveis com os acordos negociados. Não há o propósito de
punir membros pela adoção de práticas consideradas inconsistentes com
as regras da OMC. O sistema permite, a qualquer momento, a solução do
conflito por meio de um acordo entre as partes em contenda.
Guia prático sobre a OMC e outros acordos comerciais para
defensores dos direitos humanos.
FONTE: Disponível em: <http://www.3dthree.org/pdf_3D/GuiaPratico.pdf>. Acesso em: 20 set. 2012.

A partir da leitura do organograma a seguir, você poderá compreender


qual a estrutura e os procedimentos realizados pelo Órgão de Solução de
Controvérsias:

FIGURA 2 - ORGANOGRAMA DO ÓRGÃO DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS DA OMC

FONTE: Aguilar; Kweitel (2007, p. 19)

29
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Com a criação do Órgão de Solução de Controvérsias, as consultas


e decisões tornaram as matérias relativas ao comércio internacional mais
democráticas e transparentes, conforme percebemos a partir das palavras de
Thorstensen (2001, p. 371):

O que se afirma é que, agora, a OMC “tem dentes”. Tal afirmação


significa que, agora, a OMC tem poder para impor as decisões dos
painéis e permitir que os membros que ganhem a controvérsia
possam aplicar retaliações aos membros que mantenham medidas
incompatíveis com as regras da OMC. Tal retaliação, por exemplo,
pode ser efetuada através do aumento de tarifas para os bens
exportados pelo membro infrator, em um valor equivalente ao das
perdas incorridas.

DICAS

Caso você queira consultar as decisões do Órgão de Solução de Controvérsias,


bem como os casos envolvendo o Brasil, sugerimos o link: <http://www.wto.org/spanish/
tratop_s/dispu_s/dispu_s.htm#dsb>.

3 COMÉRCIO EXTERIOR
O comércio exterior, diferentemente do comércio internacional, não trata
das relações entre países. Ou seja, não envolve questões de ordem pública, pois
os países não são envolvidos diretamente.

Os envolvidos nas operações de comércio exterior são as empresas


localizadas em um determinado país com outras, localizadas em países distintos.

De acordo com Lopez e Gama (2007, p. 193):


De outro modo, comércio exterior representa a relação comercial de
um país específico com os demais, expressa em termos, regras e normas
internas (legislação), em função de interesses, prioridades, limitações e
exigências, visando resguardar os interesses do país, preferencialmente
sem colidir com as normas do comércio internacional. A expressão
“comércio exterior” deve ser seguida do nome do país referido, isto é,
convém ser utilizada em alusão a um país específico. (Ex.: Comércio
exterior do Brasil).

Diante do ensinamento dos autores, verificamos que toda vez que nos
depararmos com a expressão comércio exterior brasileiro, estaremos diante
de uma operação, seja de importação ou exportação, que envolva alguma(s)
empresa(s) aqui localizada(s). Ou seja, são operações de origem estritamente
privada.

30
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Segundo Souza (2003, p. 38):


Na prática do comércio exterior ocorre o envolvimento das transações
comerciais de cunho totalmente capitalista, sem a participação direta
do governo nas operações comerciais, funcionando tão somente como
normatizador e controlador das operações comerciais entre empresas
de diferentes países.

Neste momento convém apresentarmos qual o papel desempenhado pelo


governo brasileiro na função de normalizador nas operações de importação ou
exportação.

Ocorre que hoje em dia estamos acostumados a verificar uma grande


quantidade de produtos importados nas mercadorias das lojas brasileiras.
Mas isso nem sempre foi assim. Os mercados brasileiros não foram sempre
abertos para a entrada de produtos estrangeiros, pois o governo não permitia
a maioria das operações deste gênero. No entanto, antes devemos apresentar a
evolução do comércio exterior brasileiro para que, após isso, compreendamos a
regulamentação atual.

As primeiras operações do comércio exterior brasileiro referiram-se à


exportação do pau-brasil enviado à coroa portuguesa, durante o Período Colonial
(1500 a 1822).
Desde o descobrimento até 1808, o comércio exterior do Brasil era
monopólio da coroa portuguesa. De 1649 a 1755, este monopólio foi
transferido, respectivamente, à Cia. Brasileira de Comércio e à Cia. do
Grão-Pará e Maranhão. Todavia, este sistema, em função dos abusos,
foi eliminado. Em 1808, com a vinda da família real para o Brasil,
forçada pela invasão de Portugal, abriram-se os portos às nações
amigas e foi determinada uma taxa de imposto de importação única
de 24%, mas logo esta política foi alterada, reduzindo-se as taxas de
importação dos produtos oriundos de Portugal. (SCHULZ, 2000, p. 8).

No período sucessivo – Brasil Império de 1822 a 1888 – as condições


do nosso comércio exterior permaneceram inalteradas, e “somente em 1844 o
imposto de importação foi alterado para 30% para a maior parte dos produtos”
(SCHULZ, 2000, p. 8) e posteriormente, em 1874, a nova tarifa chegou a 40%.

Durante este período chamamos a atenção para a produção do café


brasileiro, o qual propiciou novo dinamismo à economia brasileira, com o
aumento de investimento estrangeiro e aumento das exportações deste produto.
No entanto, como qualquer economia eminentemente agroexportadora, muitas
vulnerabilidades eram verificadas. Notadamente, devido ao fato de que dependia
da demanda externa do produto.

Durante o período do Brasil República – 1889 a 1930 –, inúmeras mudanças


na política alfandegária brasileira foram introduzidas pelo governo. No período
sucessivo, a economia brasileira vivenciou vários problemas devido à quebra da
Bolsa de Nova York e a instalada crise econômica mundial proporcionada pela
Segunda Guerra Mundial, ocasionando a queda do preço do café brasileiro e um
consequente desequilíbrio da nossa balança comercial.

31
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

E
IMPORTANT

A quebra da Bolsa de Valores de Nova York repercutiu na maioria dos países


capitalistas. No período de 1929 a 1933, o comércio internacional teve uma redução de 25%
e a produção industrial teve uma queda de aproximadamente 39%.
Na Europa, os americanos retiraram o dinheiro emprestado, provocando; falências em
bancos; falências em empresas; aumento do número de desempregados. Na América Latina
a repercussão da crise foi muito grande, pois os países forneciam basicamente produtos
agrícolas e matérias-primas aos Estados Unidos.
Com a crise, os Estados Unidos reduziram ou cortaram as compras que faziam desses países.
Com menos dinheiro, os países latino-americanos deixaram de investir, gerando com isso
desemprego e miséria.
O Brasil também foi afetado pela crise de 1929. O café era o principal produto de exportação
brasileiro, e os Estados Unidos, o nosso principal comprador. Por causa da crise, os Estados
Unidos diminuíram suas compras de café, provocando o aumento dos estoques do produto
no Brasil.
FONTE: <http://www.historiamais.com/crise_de_1929.htm>. Acesso em: 20 set. 2012.

Visando o equilíbrio da balança de pagamentos, o governo brasileiro criou


o controle cambial, cuja administração ficou a cargo do Banco do Brasil S/A:

O controle de câmbio foi uma das medidas básicas para a industrialização


do país, teve início em 1947 e permaneceu até 1953. Durante esse período o
cruzeiro tornou-se crescentemente valorizado, o que estimulava as importações.
Foi utilizado um sistema de licenciamento de importações para manter a demanda
sob controle.

As importações tornaram-se acessíveis de acordo com um sistema de


categorias definido pelo CEXIM (departamento de exportação e importação do
Banco do Brasil). Gêneros de primeira necessidade, como remédio, inseticidas,
fertilizantes, podiam ser livremente importados. Já outros, considerados
supérfluos, tinham a importação desencorajada por longas listas de espera para a
obtenção de licença. Com a crescente pressão do excesso de demanda por moeda
estrangeira, o sistema de licenciamento foi se tornando demorado e cheio de
falhas.

Em 1951 o CEXIM relaxou o controle, por acreditar que a guerra na Coreia


se transformaria em um conflito mundial e que traria consigo uma escassez geral
de suprimentos do estrangeiro. Como resultado, as importações subiram ainda
mais, mas parte foi compensada com o aumento das exportações do café. Porém,
o sistema do CEXIM enfraqueceu devido ao surgimento de abusos, e estímulo à
remessa de lucro e a uma evasão de capital, ao mesmo tempo que desencorajou a
entrada do capital novo.

FONTE: Disponível em: <http://drummerman.sites.uol.com.br/extra_eco40e50prim.htm>. Acesso


em: 20 set. 2012.

32
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

NOTA

Embora utilizado na época, devemos destacar que o controle cambial não


ocorre mais hoje em dia, conforme disposto no site do Banco Central do Brasil. O Banco
Central não exerce mais referidos controles. O controle cambial de exportação é o controle
das receitas de exportação de determinado exportador, comparando-as com os embarques
de referido exportador.
Já o controle cambial de importação é o controle dos pagamentos de importação realizados
por determinado importador, comparando-os com o ingresso das mercadorias para referido
importador. Atualmente, existe acompanhamento a cargo da Secretaria da Receita Federal do
Brasil para fins tributários das receitas de exportação.
FONTE: <http://www.bcb.gov.br/glossario.asp?Definicao=341&idioma=P&idpai=GLOSSARIO>.
Acesso em: 20 set. 2012.

NOTA

Política de comércio exterior pode ser entendida como “o ato do Estado de


governar com vistas à consecução e à salvaguarda de objetivos nacionais, no que concerne
ao comércio entre o Brasil e os demais países”. (LOPEZ; GAMA, 2007, p. 193).

E
IMPORTANT

Não podemos esquecer que, conforme estudamos anteriormente, neste período


o Brasil havia apenas firmado o acordo para a instituição do GATT juntamente com outros 22
países. Ou seja, o mundo estava começando a se organizar para a criação e estabelecimento
de regras para a realização do comércio entre as nações.

Durante os anos de 1946 a 1990, muitas foram as alterações que delinearam


o futuro do comércio exterior brasileiro. Dentre elas, destacamos as principais:
• 1948: o controle cambial brasileiro foi restabelecido, através da criação da
Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC).

A SUMOC, criada em 1945 com a finalidade de exercer o controle


monetário e preparar a organização de um banco central, tinha a responsabilidade
de fixar os percentuais de reservas obrigatórias dos bancos comerciais, as
taxas do redesconto e da assistência financeira de liquidez, bem como os juros
sobre depósitos bancários. Além disso, supervisionava a atuação dos bancos
comerciais, orientava a política cambial e representava o país junto a organismos
internacionais.
FONTE: Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?HISTORIABC>. Acesso em: 20 set. 2012.
33
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

No mesmo ano foi estabelecido um rigoroso controle das importações,


através da criação da Carteira de Exportação e Importação (CEXIM), também
pertencente ao Banco do Brasil.
• 1953: o comércio exterior brasileiro vivenciava momentos difíceis. Isso
desencadeou a tomada de posições radicais por parte do governo brasileiro,
visando estabilizar a crítica situação.

Rebono (2004, p. 240-241) nos relata a situação evidenciada na época:

Na década de 1940, com a taxa de câmbio sobrevalorizada diante do


dólar, ocorreu um estímulo de compra de bens e serviços do exterior; comprava-
se muito e sem seletividade. Com isso, o saldo de dívidas brasileiro acabou e
as exportações foram desestimuladas, obrigando o governo brasileiro a adotar o
modelo de substituição de importações.

Esse modelo consistiu em atrair para o Brasil empresas que produzissem


bens até então importados. Esse objetivo idealizado – uma produção local
atendendo à demanda interna – não foi alcançado, pela impossibilidade de
qualquer país produzir todos os bens de que necessita, tornando-se realidade
apenas uma substituição de importações “relativa”.

O mercado interno mostrava preços acima do mercado internacional,


onerando outros segmentos interligados à sua linha de produção. A existência
de empresas aqui no Brasil não reduzia o montante de importações, pois elas
criavam novas necessidades, dependendo de bens de capital importado, como
máquinas e equipamentos, e de produtos intermediários, como partes, peças e
componentes.

Tal situação levou o governo a montar um esquema de “exportar é


preciso”, com financiamentos e programas de incentivo, como Benefícios fiscais a
Programas Especiais de Exportação (Befiex), nos quais os bens a serem importados
(máquinas, equipamentos etc.) eram isentos de impostos para as exportações, ou
tinham seus tributos reduzidos. A economia, ano a ano, foi se fechando e, como o
comércio exterior é um caminho de mão dupla, os empresários sentiam que quem
não comprava tinha dificuldades para vender.

Passaram então a pressionar o governo pela liberação do câmbio e do


comércio exterior, pois assim teria liberdade de importar, a exemplo dos países
do Primeiro Mundo, em que as grandes potências e as economias emergentes
apresentavam, no comércio exterior, um índice elevado de participação sobre o
Produto Interno Bruto (PIB).

Assim, foi promulgada a Lei n◦ 1807, que criava o mercado livre de câmbio
para as operações comerciais. Tal legislação, devido à sua importância para a
compreensão da evolução do comércio exterior brasileiro, foi extraída na íntegra
do site do Planalto Brasileiro, conforme se depreende na Leitura Complementar
a seguir:

34
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

LEITURA COMPLEMENTAR

LEI No 1.807, DE 7 DE JANEIRO DE 1953

Dispõe sobre operações de câmbio e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO


NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º. Serão efetuadas por taxas fixadas pelo Conselho da Superintendência
da Moeda e do Crédito, resultantes de paridade declarada no Fundo Monetário
Internacional, as operações de câmbio referentes:

a) à exportação e à importação de mercadorias, com os respectivos serviços de


fretes, seguros e despesas bancárias;
b) aos serviços governamentais, inclusive os relativos às sociedades de economia
mista em que a maioria do capital votante pertença ao poder público;
c) aos empréstimos, créditos ou financiamentos de indubitável interesse para
a economia nacional, obtidos no exterior e registrados pelo Conselho da
Superintendência da Moeda e do Crédito;
d) às remessas de rendimentos dos capitais estrangeiros registrados pelo Conselho
da Superintendência da Moeda e do Crédito, nos casos de investimentos de
especial interesse para a economia nacional, de acordo com o disposto no art. 5º.

Art. 2º. As operações de câmbio, não incluídas na enumeração do artigo anterior,


serão efetuadas pelas taxas livremente convencionadas entre as partes, salvo
deliberação em contrário do Poder Executivo, por via de decreto, em caso de
excepcional gravidade, mediante proposta do Conselho da Superintendência
da Moeda e do Crédito, vedadas quaisquer discriminações para operações da
mesma natureza.
§ 1º As operações de que trata este artigo obedecerão, apenas quanto à forma
de sua realização, às disposições legais que regem as operações mencionadas no
artigo 1º.
§ 2º Os estabelecimentos autorizados a operar em câmbio não poderão manter
posições, compradas ou vendidas, acima dos limites fixados, de modo geral, pelo
Conselho da Superintendência da Moeda e do Crédito.
§ 3º As decisões do Conselho da Superintendência da Moeda e do Crédito,
alterando os limites a que se refere o parágrafo anterior, só entrarão em vigor 30
(trinta) dias depois de publicado o respectivo ato.

Art. 3º. Poderão ser excluídas, total ou parcialmente, da obrigatoriedade de


realização pelas taxas de que trata o artigo 1º, e mediante autorização do Conselho
da Superintendência da Moeda e do Crédito, as operações de câmbio referentes:
I - à exportação de produtos nacionais que atendam, cumulativamente, às
seguintes condições:

35
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

a) não tenham, no triênio anterior, representado isoladamente mais de 4% (quatro


por cento) do valor médio anual da exportação brasileira no mesmo período,
excetuada dessa limitação a exportação de produtos cuja propriedade haja sido
adquirida pelo Governo anteriormente à vigência desta Lei,
(VETADO) .........................................................................................
b) não possam, dada a sua formação de custos, ser exportados aos preços da
respectiva paridade internacional, dentro das taxas do artigo 1º.
II - à importação de mercadorias, cujo licenciamento seja condicionado ao não
fornecimento de cobertura cambial, pelas taxas mencionadas no art. 1º.
§ 1º A autorização relativa aos produtos de que tratam os itens I e II e será sempre
dada em caráter geral, para cada espécie de produto, e fixará o prazo de vigência,
não interior a 3 (três) meses, nem superior a 12 (doze) meses.
§ 2º O prazo de vigência da autorização poderá ser prorrogado, sucessivamente,
por período não excedente de 12 (doze) meses, mediante novo ato do Conselho
da Superintendência da Moeda e do Crédito.
§ 3º Os atos do Conselho da Superintendência da Moeda e do Crédito que tenham
por base este artigo somente terão vigor a partir da data da respectiva publicação
no Diário Oficial da União.
§ 4º Não se aplica às exportações feitas de acordo com o presente artigo o disposto
no artigo 6º na Lei nº 842, de 4 de outubro de 1949.
§ 5º A concessão de licenças de importação ou exportação dos produtos a que se
referem os itens I e II deste artigo obedecerá a normas gerais estabelecidas pelo
Conselho da Superintendência da Moeda e do Crédito, e:
a) não poderá especificar marca ou qualidade que importe em privilégio para
determinadas firmas, limitando-se, no máximo, a fixar a natureza da moeda em
que a operação será feita, ou o país de onde poderá ser importada a mercadoria;
b) permitirá que a obtenham todos os que, dentro do prazo de que trata o § 1º ou
de sua prorrogação prevista no § 2º, ambos deste artigo, a requererem, ou
c) quando houver limite no total das mercadorias a importar ou exportar seja
dado conhecimento aos interessados por edital publicado, durante 15 (quinze)
dias, no mínimo, no Diário Oficial da União e, dentro desse período, por três
vezes, ao menos, no órgão oficial de cada Estado, fixando prazo não menor
de 30 (trinta) dias para solicitação da licença; o total das mercadorias deverá
ser rateado, segundo critério geral fixado previamente entre os que tenham
solicitado a licença.

Art. 4º. A concessão de licença para os produtos cuja importação ou exportação


esteja compreendida na letra a do artigo 1º, respeitada a legislação vigente,
obedecerá a normas gerais estabelecidas pelo Conselho da Superintendência
da Moeda e do Crédito, as quais deverão assegurar princípios de igualdade e
impedir privilégios.

Art. 5º . Para os fins da letra d do artigo 1º, consideram-se investimentos de


especial interesse para a economia nacional os que se destinarem:
a) à execução de planos, aprovados pelo poder público federal, de aproveitamento
econômico de regiões sob condições climáticas desfavoráveis ou áreas menos
desenvolvidas;

36
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

b) à instalação ou desenvolvimento de serviços de utilidade pública nos setores


de energia, comunicações e transportes, desde que realizados dentro de tarifas
fixadas pelo poder público.

Art. 6º. As transferências previstas no artigo 1º, letras c e d, dependerão das


possibilidades do balanço de pagamento e não ultrapassarão anualmente as
seguintes percentagens do capital registrado pelo Conselho da Superintendência
da Moeda e do Crédito:
I - 8 % (oito por cento) para juros, nos casos da letra c.
II - 10 % (dez por cento) para rendimentos, nos casos da letra d.

Art. 7º. Os atos do Conselho da Superintendência da Moeda e do Crédito,


concedendo o registro previsto nas letras c e d do artigo 1º, somente terão vigência
a partir da sua publicação no Diário Oficial da União.

Art 8º. A prática das operações de câmbio, de que trata o artigo 2º desta lei, é
privativa dos estabelecimentos bancários e sociedades de crédito autorizados
pelo Governo, na forma da legislação em vigor.
Parágrafo único. A falta de despacho na petição de estabelecimento interessado
dentro de 120 (cento e vinte) dias, contados da data da sua apresentação, importará
na concessão automática da licença.

Art. 9º. É vedado à Carteira de Exportação e Importação do Banco do Brasil


conceder licenças com vinculação direta ou indireta entre a exportação e a
importação.

Art. 10. O disposto na alínea a do artigo 4º da Lei nº 1.521, de 26 de dezembro de


1951, não se aplica às operações de câmbio efetuadas com base no artigo 2º desta lei.

Art. 11. A taxa a que se referem as Leis n◦s 156, de 27 de novembro de 1947, e
1.383, de 13 de junho de 1951, não incide sobre as operações de câmbio previstas
no artigo 2º desta lei.

Art. 12. A Carteira de Câmbio do Banco do Brasil organizará semestralmente


um orçamento das receitas ou disponibilidades cambiais, com base no qual o
Conselho da Superintendência da Moeda e do Crédito indicará:
a) à Carteira de Exportação e Importação do Banco do Brasil, as verbas dentro das
quais poderão ser concedidas as licenças de importação;
b) à Carteira de Câmbio do Banco do Brasil, os limites destinados à concessão de
câmbio para importação excluídas, por lei, do regime de licença prévia.

Art 13. VETADO.


Art. 14. Revogam-se as disposições em contrário, expressamente os artigos 6º, 7º,
8º, 17 e 18 do Decreto-Lei nº 9.025, de 27 de fevereiro de 1946.

Rio de Janeiro, em 7 de janeiro de 1953; 132º da Independência e 65º da República.


GETÚLIO VARGAS Horácio Lafer
FONTE: Disponível em: <www2.camara.gov.br › Atividade Legislativa › Legislação>. Acesso em:
20 set. 2012.
37
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Embora a iniciativa estivesse cheia de boas expectativas, quando da sua


aplicação, a legislação não produziu os efeitos esperados, o que levou o governo
brasileiro a adotar outras medidas específicas para solucionar a crise que se
instalava.

Foi publicada então a Instrução n◦ 70 da SUMOC, datada de 9 de outubro


de 1953, a qual continha as seguintes instruções: “1 – Distribuição das mercadorias
importadas em cinco categorias. 2 – Leilão das divisas para importação de
mercadorias. 3 – Pagamento de uma bonificação aos exportadores”. (SCHULZ,
2000, p. 9).

Podemos verificar então que o momento vivenciado pelo Brasil era um


tanto quanto conturbado, evidenciado pelo incentivo às exportações, mediante
o pagamento de bonificação a quem quisesse exportar e, em contrapartida, pelo
estabelecimento de taxas sobre as importações.

A instrução 70 da Sumoc restabeleceu o monopólio cambial do Banco


do Brasil e substituiu o controle quantitativo das importações pelo sistema de
leilões. Neste sistema, as importações foram divididas em cinco categorias de
acordo com o critério de essencialidade; as três primeiras categorias absorviam
aproximadamente 80% das importações.

As taxas sobre a importação passaram a ser três: uma taxa oficial sem
sobretaxa (válida para importações especiais como trigo e papel imprensa),
uma taxa oficial com sobretaxa fixa (para importações dos governos, autarquias
e sociedades de economia mista) e, por último, uma taxa oficial acrescida de
sobretaxa variável (segundo lances feitos em bolsa) para as demais importações.

Com relação às exportações, as taxas mistas foram substituídas por


bonificações de Cr$ 5/US$ para o café e Cr$ 10/US$ para as demais exportações.

FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAWywAH/resumo-a-ordem-


progresso>. Acesso em: 20 set.2012.

Nesse mesmo ano foi promulgada a Lei nº 2.145, de 29 de dezembro,


instalando no país um novo regime de comércio exterior. A CEXIM - Carteira
de Exportação e Importação foi dissolvida e foi criada a Carteira de Comércio
Exterior – Cacex, instalada no interior do Banco do Brasil com a atribuição de
administrar o sistema a ser inaugurado, possuindo uma participação fundamental
no desenvolvimento do comércio exterior brasileiro, pois possuía competência
para “baixar normas, emitir licenças de exportação e importação, fiscalizar preços,
pesos e medidas, classificações etc.” (VAZQUEZ, 2007, p. 9).

Os anos seguintes foram caracterizados por algumas mudanças e


inovações na política comercial brasileira: em 1961 estabeleceu o fechamento do
câmbio, antes do efetivo embarque das mercadorias; em 1968 foi instituída a taxa
de câmbio flexível; em 1969 o Brasil passou de exportador de produtos primários
em exportador de produtos manufaturados, através da criação de subsídios para
a exportação de produtos manufaturados.

38
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

NOTA

No Tópico 1 desta unidade pudemos verificar quais são os produtos


manufaturados. Convém, neste momento, compreendermos o que significa e quais seriam
os produtos primários. Os produtos primários pertencem ao setor primário da economia, o
qual “está relacionado à produção através da exploração de recursos da natureza. Podemos
citar como exemplos de atividades econômicas do setor primário: agricultura, mineração,
pesca, pecuária, extrativismo vegetal e caça. É o setor primário que fornece a matéria-prima
para a indústria de transformação.
FONTE: Disponível em:<http://www.suapesquisa.com/geografia/setores_economia.htm>.
Acesso em: 20 set. 2012.

A Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil - Cacex centralizava as


ações e decisões sobre as políticas de comércio exterior no país. Ela definia desde o
provimento de recursos financeiros, crédito e incentivos fiscais, a regulamentação
e a operacionalização, até a comercialização dos produtos brasileiros. Por meio
de uma relação de forte subordinação à vontade do Estado, a Câmara exercia
a arbitragem entre interesses divergentes. A Cacex tinha estruturação interna
caracterizada por três eixos que se relacionavam fortemente: o “setorialismo”, a
falta de transparência e a “informalidade” das relações entre agentes públicos e
privados.
FONTE: Disponível em: <http://www.aace.org.br/_include/aace/historico.php>. Acesso em: 20 set.
2012.

UNI

Não podemos passar em branco a expressão citada acima: produto similar. Ainda
hoje ela é muito utilizada por profissionais da área de comércio exterior. Para tanto, adotamos
como definição de produto similar: quando dois ou mais bens, em condições de uso na
finalidade a que se destinam, serão considerados similares quando, simultaneamente:
tiverem a mesma natureza e a mesma função; puderem substituir-se mutuamente, na
função a que se destinem; tiverem especificações equivalentes.

FONTE: <http://gpex.aduaneiras.com.br/gpex/gpex.dll/infobase/atos/instrucao%20
normativa%20srf/instr_norm_srf243_02/insrf243_02_07.pdf?f=templates&fn=document-
frame.htm&2.0&t=document-frame.htm&tc=tools-contents.htm&fc=toc>. Acesso em: 20
set. 2012.

39
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

É possível verificar que esta época foi marcada por rígidos controles quanto
à atuação brasileira no comércio exterior. Ou seja, as operações dependiam da
autorização da Cacex para serem realizadas, principalmente quanto à importação
mediante autorização do órgão, evidenciando as características de um comércio
exterior rígido e fechado.

Uma importante narrativa da situação evidenciada na época pode ser


retirada da obra de Bizellie Barbosa (2006, p. 15-17):

Reproduzimos, a seguir, dois parágrafos insertos no Manual do


Importador, editado na década de 70 pela Carteira de Comércio Exterior do
Banco do Brasil S/A (Cacex), por dois motivos os quais convém aduzir:

1º - a Cacex constitui-se em verdadeiro “Ministério de Comércio Exterior”,


executora que era das principais medidas administrativas inerentes ao comércio
exterior brasileiro;
2º - esses parágrafos que serão reproduzidos sintetizam, com muita
propriedade, a essência da política de importação do Brasil e de outros países,
desenvolvidos ou não.

A política de comércio exterior brasileira está voltada basicamente para


o desenvolvimento econômico, tendo como meta prioritária a elevação das
receitas provenientes da exportação em níveis compatíveis com as exigências
do progresso do país, isto é, aqueles necessários ao atendimento da crescente
procura de matérias-primas, produtos semielaborados, máquinas e equipamentos
imprescindíveis à expansão e à renovação do parque industrial e bem assim dos
compromissos decorrentes de importação destinados à execução de projetos
prioritários setoriais e regionais.

No Brasil, particularmente, notou-se no início da década de 70 um


processo de liberalização das importações, incrementado, notadamente, pelo
chamado “milagre brasileiro”.

Entretanto, com o advento da crise mundial do petróleo, principalmente,


o comércio internacional, em seu todo, viu-se amplamente prejudicado diante da
criação dos mais diversos mecanismos protecionistas, somados aos já existentes.

O Brasil, por seu turno, lançou mão de determinados expedientes


igualmente protecionistas, visando, de um lado, rígido controle das importações
em face da conjuntura (prevenção da evasão de divisas e favorecimento do
controle da dívida externa) e, de outro, a substituição das importações objetivando
o fortalecimento de seu parque industrial.

Dessa forma, os principais mecanismos utilizados foram:

a) Sobretaxas tarifárias: implicando na elevação das alíquotas do Imposto de


Importação, incidentes sobre vários produtos, entre 30 e 100 pontos percentuais.

40
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

b) Depósito compulsório: correspondendo ao depósito obrigatório de 100% (cem


por cento) do valor FOB da Guia de Importação, pelo prazo de 1 (um) ano, para
fins de emissão do mencionado documento.
c) Suspensão temporária da emissão de GI: para determinadas mercadorias
consideradas supérfluas ficou vedada e emissão da GI.
d) Depósito de garantia: apesar de ter sido concebido sob forma de garantia
cambial, constituiu-se em barreira não tarifária, na medida em que implicava
na obrigatoriedade de depósito em valor equivalente ao do contrato de câmbio,
para liquidação futura, assegurado por carta de crédito.
e) Eliminação de benefícios fiscais: medida legal (Decreto-Lei n◦ 1726/79)
adotada para suprimir vasto conjunto de reduções e isenções do Imposto de
Importação e do Imposto sobre Produtos Industrializados.
f) Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): cobrado sobre as operações de
liquidação de câmbio em pagamento de importações de bens e serviços.
g) Programa de importação: limites quantitativos anuais de importação em valor
(US$), autorizados pela Cacex para cada empresa.
h) Prazos mínimos de pagamento: fixação de prazos para pagamento de
importações mediante obtenção de financiamento externo, obrigatoriamente.
i) Centralização cambial: retenção, pelo Banco Central do Brasil, das divisas
compradas para pagamento de importação, com liberação a partir do
cronograma governamental.

NOTA

No contexto do comércio exterior e do comércio internacional, protecionismo


significa “o conjunto de medidas tomadas no âmbito do comércio internacional para
modificar o seu fluxo” (BARRAL, 2002, p.14), tendo em vista que a OMC estabelece que o
comércio entre seus membros deve ser livre e justo.

O que se observou, nesse período, foi uma crescente tendência liberalizante


da política de comércio exterior brasileiro, motivada pela necessidade de adequação
dessa política à configuração que o parque industrial implantado tinha assumido
nos últimos anos. Assim como face aos compromissos internacionais assumidos pelo
país. Nesse sentido, parte considerável dos mecanismos restritivos anteriormente
alinhados foi extinta e outras medidas foram tomadas para que as operações de
importação fossem conduzidas com o mínimo de intervenção estatal.

FONTE: Disponível em: <arquivo.fmu.br/prodisc/admfiam/jo.pdf>. Acesso em: 8 out. 2012.

41
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

De acordo com Bresser Pereira (1996, p. 183):

O governo Collor mudou a agenda política do país, pois conseguiu


implementar reformas corajosas e muito necessárias, e buscou o
ajustamento fiscal. Embora outras tentativas tenham sido feitas desde
1987, foi durante o governo Collor que as velhas ideias nacional-
desenvolvimentistas foram efetivamente enfrentadas e combatidas
[...] por um programa corajoso de reformas econômicas orientadas
para a liberalização comercial e a privatização

DICAS

As diretrizes para a política industrial e de comércio exterior estabelecidas neste


período constam na Portaria MEFP nº 365, de 26 de junho de 1990. Para contribuir com seus
estudos, sugerimos a leitura do referido documento, disponível em: <http://gpex.aduaneiras.
com.br/gpex/gpex.dll/Infobase/atos/portaria%20mefp/port_mefp365_90/pmefp365_90_01.
pdfn>. Acesso em: 20 set. 2012.

No que se refere especificamente à política de importações, em março de


1990 medidas decisivas foram adotadas:

Foram eliminados os controles quantitativos representados pelos


programas de importação das empresas, além do fim da proibição
de importar cerca de 1.200 produtos, que datava de 1975. A Medida
Provisória n. 158, transformada na Lei n◦ 8032, de 12/04/90, eliminou as
isenções e reduções aplicáveis ao Imposto de Importação – II e o Imposto
sobre Produtos Industrializados – IPI. Nessa etapa, foi fundamental
a implementação de medidas que indicassem inequivocadamente
ao setor privado as novas diretrizes de importação adotadas, de
forma a orientar as decisões empresariais. No segundo semestre de
1990 começou a vigorar a nova política de importações, baseada,
principalmente, na tarifa aduaneira como único instrumento. A tarifa
aduaneira – cuja média atingia a 35%, com níveis que variavam entre
0% a 105% – era reconhecidamente elevada. Assim, foi implementada
a partir de 1991 uma política de importações que definia a estratégia
a ser seguida nos próximos quatro anos para atingir, em 1994, níveis
tarifários entre 0% e 40%. (BIZELLI; BARBOSA, 2006, p. 19).

Para que possamos verificar, em números, a quantidade das importações


após as mudanças trazidas pela nova política comercial brasileira, bem como as
alíquotas aplicadas às importações, analisemos o quadro a seguir:

42
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

QUADRO 4 - IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E VALOR IMPORTADO ENTRE 1990 E 1996


Ano Alíquota média simples (%) Valor importado(US$ milhões FOB)
1990 32,12 20.661
1991 25,19 21.042
1992 20,78 20.554
1993 16,49 22.797
1994 13,97 33.106
1995 13,07 49.263
1996 (jan. a set.) 13,10 49.619
FONTE: Baumann (1997, p. 5)

Em 1995 foi criada a CAMEX (Câmara de Comércio Exterior), diretamente


ligada ao Presidente da República, a SECEX (Secretaria de Comércio Exterior),
que está vinculada ao Ministério da Indústria, Comércio e Turismo (MDICT)
(atual Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), e a APEX –
Brasil, que é a Agência de Promoção das Exportações Brasileiras.

TUROS
ESTUDOS FU

Nesta unidade estudaremos detalhadamente os órgãos intervenientes no


comércio exterior brasileiro.

Posteriormente à implantação da CAMEX e com a consolidação do Plano


Real e a consequente redução da inflação e da taxa de juros, outras consideráveis
mudanças ocorreram no âmbito do comércio exterior.

[...] muitas empresas diminuíram suas exportações e, por outro lado,


aumentaram suas importações, principalmente de insumos e matérias-
primas, gerando um déficit na balança comercial. É certo que o Brasil
sempre foi um grande exportador de produtos básicos de pouco valor
agregado; no entanto, importamos produtos com alto valor agregado.
No período de 1995 até 1999, passamos a importar produtos de baixo
valor agregado, como produtos manufaturados, matérias-primas e
insumos, e continuamos a exportar produtos com baixo valor agregado,
com exceção do setor automobilístico e da Embraer, que aumentaram
muito as suas vendas no mercado internacional. (SCHULZ, 2000, p. 11).

Para que possamos analisar a evolução do volume das exportações e


importações brasileiras durante os anos de 1994 a 1999, apresentamos a tabela
a seguir para que, após isso, possamos estudar as diretrizes da atual política
brasileira de importação:

43
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

QUADRO 5 - EXPORTAÇÕES X IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS – 1994 A 1999


Total (em US$
Ano Exportação Importação Saldo
milhões)
1994 43.545 33.079 10.466 76.624
1995 46.506 49.972 -3.466 96.478
1996 47.747 53.346 -5.599 101.093
1997 52.994 59.840 -6.845 112.834
1998 51.140 57.733 -6.593 108.873
1999 48.011 49.218 -1.206 97.229
FONTE: Hartung (2002, p. 15)

DICAS

Para saber mais sobre os acontecimentos da época, sugerimos a leitura do artigo:


“A política brasileira de importação no período 1987-1998: descrição e avaliação”. Disponível
no link: <http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/Capitulo_1_politica.pdf>.

4 POLÍTICA BRASILEIRA DE IMPORTAÇÃO


No item anterior verificamos como ocorreu a evolução do comércio exterior
brasileiro. Cabe, portanto, neste momento, estudarmos a política brasileira de
importação.

Diante da evolução do comércio internacional, globalização,


interdependência entre as nações e evolução tecnológica, não é possível que um
governo que possua suas fronteiras abertas ao comércio exterior não atribua a
importância devida às importações.

Afirmamos isso, pois não é mais possível imaginar um país que pratique
somente exportações. As ações governamentais devem abranger tanto as
exportações quanto as importações.

Neste caso, o governo deve oferecer as condições necessárias para que as


empresas nele inseridas possam realizar as operações de comércio exterior de
uma forma segura e eficaz. Para isso, deve oferecer mecanismos e instrumentos
de apoio nas seguintes áreas:

- Administrativa: determinar normas e regulamentos que permitam


o controle necessário das operações e propiciem racionalização e
condições ideais de competição.
- Fiscal/Tributária: utilizar medidas que desonerem exportações e
diferenciem as importações, por meio de adequação de alíquotas
de tributos ou adoção de regimes aduaneiros especiais (tratamento
operacional e tributário diferenciado, de modo a facilitar, racionalizar

44
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

ou desonerar determinadas operações sob interesse particular, a


exemplo da não incidência de tributos na importação de insumos
utilizados ou a serem utilizados em produtos exportados ou a
exportar).
- Financiamento: oferecer ou facilitar a oferta de linhas de crédito que
estimulem as exportações (custos competitivos), complementadas
por instrumentos de garantia de crédito (aspecto muito importante
em virtude das dificuldades de capital das empresas brasileiras, que
se acentuam no comércio internacional, que contempla quantidade
maior de tarefas e giros financeiros geralmente mais longos).
- Cambial/Monetária: procurar manter equilibrado o valor da moeda,
gerando segurança aos segmentos envolvidos com comércio exterior.
- Promoção: colaborar no auxílio da localização de parceiros comerciais
com o menor custo possível.
- Infraestrutura: oferecer meios físicos eficientes.
- Logística: propiciar integração e facilitação dos processos de comércio
exterior. (LOPEZ; GAMA, 2007, p. 194).

A seguir estudaremos os principais órgãos governamentais que intervêm


no comércio exterior brasileiro.

5 PRINCIPAIS ÓRGÃOS INTERVENIENTES NA IMPORTAÇÃO


A atual estrutura de comércio exterior brasileiro é composta por vários
órgãos que possuem suas ações delimitadas pelo governo e atuam direta ou
indiretamente na operacionalização do comércio exterior.

Diferentemente da Cacex, que, conforme estudamos, era vinculada ao


Banco do Brasil, hoje não existe mais um único órgão específico que desempenha
tal atividade.

Também não existe no Brasil um ministério específico para o Comércio


Exterior, como, por exemplo, a Itália, que possui o Ministério do Comércio
Exterior para realizar a gestão e administração de todas as matérias da área.

Antes de tratarmos, especificamente, de cada órgão especializado,


analisemos o organograma do comércio exterior brasileiro:

45
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

FIGURA 3 - ORGANOGRAMA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Presidência da
República

CAMEX

Ministério das MIDIC Ministério da


Órgãos Anuentes
Relações Exteriores Fazenda

Aeronáutica
SECOMS SECEX RFB BACEN

Exército

Saúde

Agricultura
DEINT DECEX DECOM DEPIA

FONTE: Disponível em: <http://www.comexblog.com.br/importacao/a-estrutura-do-comercio-


exterior-brasileiro>. Acesso em: 8 out. 2012.

Como podemos observar no organograma acima, todos os órgãos estão


subordinados à Presidência da República. Com sede no Palácio do Planalto na
Capital Federal, possui como órgãos no exercício da sua administração direta
relacionado ao comércio exterior:

- Órgãos essenciais: Secretaria Nacional Antidrogas, subordinado ao


Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Órgãos específicos colegiados: Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE), Conselho Nacional Antidrogas (Conad), Conselho
Nacional de Integração de Políticas de Transporte (Conit) e o Conselho
do Governo ao qual está subordinada a Camex. (BIZELLI; BARBOSA,
2006, p. 23)

Segundo a classificação existente, os órgãos acima são classificados


em: órgãos gestores e órgãos anuentes, todos subordinados à Presidência da
República. Os estudaremos individualmente a seguir.

6 ÓRGÃOS GESTORES
São responsáveis por efetuar o controle e a operacionalização do comércio
exterior brasileiro, com base nas regras e normativas existentes.

● CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR-CAMEX:

A Camex é uma câmara do Conselho de Governo com atribuição de


formular políticas públicas que não se restringem ao exercício de um exclusivo
ministério.
46
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

O órgão mais importante e atuante no comércio exterior brasileiro é


ligado diretamente à Presidência da República. Trata-se da Camex (Câmara de
Comércio Exterior). A Camex foi criada em 1995, composta por um Conselho de
Ministros e uma Secretaria Executiva.

A criação desta câmara foi uma tentativa de responder às rápidas


transformações e crescimento do setor externo brasileiro, que sempre fora
tratado de forma isolada por cada um dos ministérios do país, limitando
demasiadamente o processo decisório no comércio exterior. Atualmente,
nenhuma medida que afete o comércio exterior brasileiro pode ser editada sem
discussão prévia da Câmara.

Participam da Camex os seguintes ministérios: MDIC, Casa Civil, Relações


Exteriores, Fazenda, Agricultura, Planejamento e Desenvolvimento Agrário.

Entre as principais atribuições/competências, podemos destacar:

1. Definir diretrizes e procedimentos relativos à implementação da política


de comércio exterior visando à inserção competitiva do Brasil na economia
internacional.
2. Estabelecer as diretrizes para as negociações de acordos e convênios relativos
ao comércio exterior, de natureza bilateral, regional ou multilateral.
3. Orientar a política aduaneira, observada a competência específica do Ministério
da Fazenda.
4. Formular diretrizes básicas da política tarifária na importação e exportação.
5. Fixar as alíquotas do Imposto de Exportação.
6. Fixar as alíquotas do Imposto de Importação.
7. Fixar direitos antidumping e compensatórios, provisórios ou definitivos, e
salvaguardas.
FONTE: Disponível em: <http://www.comexblog.com.br/importacao/a-estrutura-do-comercio-
exterior-brasileiro>. Acesso em: 20 set. 2012.

Atualmente, compõem a Camex os seguintes ministérios:

(i) Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que


o presidirá; (ii) Chefe da Casa Civil da Presidência da República;
(iii) Ministro das Relações Exteriores; (iv) Ministro da Fazenda;
(v) Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; (vi) Ministro
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;(vii) Ministro do
Desenvolvimento Agrário.
O órgão de deliberação superior e final da Camex é o Conselho de
Ministros. Os outros órgãos que compõem a Camex são a Secretaria
Executiva (SE), o Comitê Executivo de Gestão (GECEX), o Comitê
de Financiamento e Garantia às Exportações (COFIG) e o Conselho
Consultivo do Setor Privado (CONEX). A SE/CAMEX é o órgão
permanente da Camex, com competências próprias previstas no
Decreto nº 4.732/2003 e no Decreto nº 7.096/2010, com destaque para:
• a assistência direta ao Presidente do Conselho de Ministros da
Camex;

47
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

• a preparação das reuniões do Conselho de Ministros, do GECEX e


do CONEX;
• o acompanhamento da implementação das deliberações e diretrizes
fixadas pelo Conselho de Ministros e pelo GECEX;
• o acompanhamento do trabalho do COFIG;
• a coordenação de grupos técnicos interministeriais;
• promover estudos, pareceres, reuniões e publicações sobre assuntos
pertinentes ao comércio exterior. (CAMEX, 2012).

Além disso, a Camex estabelece diretrizes, especialmente sobre:

- política de comércio exterior;


- medidas protecionistas;
- estímulo ao seguro de crédito às exportações;
- alteração de alíquotas dos impostos de importação e exportação;
- desregulamentação do comércio exterior;
- orientação de parâmetros a serem negociados em acordos interna-
cionais;
- criação de áreas específicas de comércio exterior e promoção de bens
e serviços brasileiros no exterior;
- avaliação das ações diretas e indiretas de comércio exterior praticadas
pelos órgãos controladores do comércio exterior. (MORAIS JUNIOR,
2005, p. 26-27).

Sendo um colegiado de ministros, a CAMEX é composta pelos ministros:


do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Presidente); Chefe da Casa
Civil da Presidência da República; das Relações Exteriores; da Fazenda; da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Planejamento, Orçamento e Gestão.
FONTE: Adaptado de: <intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/.../1928>. Acesso
em: 9 out. 2012.

Quando da tomada de decisões acerca do comércio exterior, estas serão


sempre por consenso nas reuniões colegiadas e formalizadas por resoluções
Camex que são publicadas no Diário Oficial da União, a fim de dar conhecimento
público aos atos e decisões praticados pela Câmara.

Além disso, a Camex é a autoridade brasileira competente para aplicar


medidas de defesa comercial (nos termos do artigo 2º, incisos XV, XVI e XVII, do
Decreto nº 4.732, de 10 de junho de 2003).

● MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES (MRE)

Sendo um órgão político da administração direta, possui como objetivo


institucional auxiliar o Presidente da República na formulação da política exterior
do Brasil, visando assegurar sua execução, manter relações diplomáticas com
governos de estados estrangeiros, organismos e organizações internacionais e
promover os interesses do Estado e da sociedade brasileiros no exterior.

48
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

O MRE possui as seguintes áreas de competência:

1. política internacional;
2. relações diplomáticas e serviços consulares;
3. participação nas negociações comerciais, econômicas, técnicas e
culturais com governos e entidades estrangeiras;
4. programas de cooperação internacional e de promoção comercial; e
5. apoio a delegações, comitivas e representações brasileiras em
agências e organismos internacionais e multilaterais.
No trato dos assuntos de sua competência, o MRE possui as seguintes
incumbências:
1. executar as diretrizes de política exterior estabelecidas pelo
Presidente da República;
2. propor ao Presidente da República linhas de atuação na condução
dos negócios estrangeiros;
3. recolher as informações necessárias à formulação e execução da
política exterior do Brasil, tendo em vista os interesses da segurança e
do desenvolvimento nacionais;
4. contribuir para a formulação e implementação, no plano
internacional, de políticas de interesse para o Estado e a sociedade em
colaboração com organismos da sociedade civil brasileira;
5. administrar as relações políticas, econômicas, jurídicas, comerciais,
culturais, científicas, técnicas e tecnológicas do Brasil com a sociedade
internacional;
6. negociar e celebrar tratados, acordos e demais atos internacionais;
7. promover os interesses governamentais, de instituições públicas
e privadas, de empresas e de cidadãos brasileiros no exterior.
(MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2012).

FIGURA 4 – ORGANOGRAMA DO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES

Repartição de
MINISTRO Gabinete do Ministro
Expediente

Vice-Ministros Gab. Vice-Ministros


Conselho Consultivo
Instituto Sup. Relações Internacionais
Conselho de Direção Instituto de Apoio à Emigração e às
Comunidade Angolanas
Inspecção Diplomática Consular
Missões Diplimáticas Consulares,
Temporárias, Representações Permanentes
Gab. Informação e documentação Direcção de ADM e Gestão de Orçamento

Gabinete de Protocolo Secretaria Geral Direcção De Recrusos Humanos


Repartição Geral Direcção De Transmissões E Criptografia
do Expediente

Direcção geral dos Direcção Geral dos Assuntos Direcção Geral da Cooperação
Assuntos Políticos Jurídicos,Consulares e e Assuntos Econômicos
Contenciosios
Direcção Europa
Direcção dos assuntos Direcção da Direcção da Direcção Direcção de
Direcção América Jurídicos e Contenciosios Cooperação Cooperação de Integração Assistência
Bilateral Multilateral Econômica Técnica e
Direcção África e Médio Oriente Direcção dos assuntos Regional Humanitária
Consulares
Direcção Ásia e Oceania

Direcção de Organizações
Internacionais

FONTE: Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/o-ministerio/conheca-o-ministerio/


organograma-1>. Acesso em: 20 set. 2012.
49
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

● MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO


EXTERIOR (MDIC)

É o ministério responsável pelas decisões e execução das diretrizes


políticas de comércio e exerce sua função através do órgão gestor Secretaria de
Comércio Exterior–SECEX.

O MDIC foi criado em 1999 e tem como área de competência, no


comércio exterior, os seguintes assuntos, entre outros:
1. Política de desenvolvimento da indústria, do comércio e dos serviços.
2. Políticas de comércio exterior.
3. Regulamentação e execução dos programas e atividades relativas ao
comércio exterior.
4. Aplicação dos mecanismos de defesa comercial e participação em
negociações internacionais relativas ao comércio exterior. (MDIC, 2012).

Através do organograma a seguir, podemos compreender a estrutura do MDIC:

FIGURA 5 – ORGANOGRAMA DO MDIC

Ministério do
Desenvolvimento,
Indústria e Comércio
Exterior
MDIC
Secretaria Executiva
Secretaria
da Camara de
Executiva
comércio Exterior
SE/CAMEX SE
Secretaria Executiva Sub-Secretaria
Gabinete do
do Conselho de Planejamento, Ouvidoria
Ministro
Nacional das Zonas Orçamento e
de Processamento
de Exportação GM Administração OUV
SE/CZPE SPOA

Consultoria
Jurídica

CONJUR

Secretaria do Secretaria de Secretaria de


Secretaria de
Desenvolvimento Comércio Comércio
Inovação
da Produção Exterior e Serviços
SDP SECEX SCS SIN

Conselho Nacional de Conselho Nacional das


Metrologia, Normalização Zonas de Processamento
e Qualidade Industrial de Exportação
CONMETRO CZPE

Superintendência Instituto Nacional de Instituto Nacional


Fundo Nacional de
da Zona Franca Metrologia, Normalização e da Propriedade
Desenvolvimento
de Manaus Qualidade Industrial Industrial
FND SUFRAMA INMETRO INPI

Banco Nacional de
LEGENDA
Desenvolvimento
Econômico e Social Subordinação:
Supervisão:
BNDES
FONTE: Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.
php?area=1&menu=1652>. Acesso em: 20 set. 2012.
50
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

● SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR (SECEX)

Conforme mencionamos, a SECEX é subordinada ao MDIC e é “o órgão


licenciador do comércio exterior brasileiro, incumbido, portanto, do tratamento
administrativo no contexto comercial”. (LOPEZ; GAMA, 2007, p. 199).

Tendo em vista sua importante função de assessorar o MDIC, é considerado


o órgão estratégico do ministério, pois é responsável pela gestão do controle
comercial.

Dentre seus principais objetivos institucionais destacamos:

1. Propor medidas de políticas fiscal e cambial, de financiamento, de


seguro, de transporte e fretes e de promoção comercial;
2. Participar das negociações em acordos ou convênios internacionais
relacionados ao comércio exterior;
3. Formular propostas de políticas de comércio exterior e estabelecer
normas necessárias à sua implementação. (SECEX, 2012).

A SECEX está estruturada da seguinte forma:

● DECEX (Departamento de Comércio Exterior) – É a parte operacional


da SECEX. É encarregado por elaborar e implementar os dispositivos
regulamentares, no aspecto comercial, do comércio exterior brasileiro. Envolve
o licenciamento de mercadorias, importação e exportação, além da gestão do
Sistema Brasileiro de Comércio Exterior (SISCOMEX).

● DEINT (Departamento de Negociações Internacionais) – Coordena os


trabalhos de negociações internacionais brasileiras das quais o Brasil participa.

● DECOM (Departamento de Defesa Comercial) – Coordena as atividades de


combate ao comércio desleal às empresas e produtos brasileiros. O DECOM
acompanha e supervisiona os processos instaurados no exterior contra
empresas brasileiras, dando-lhes assistência e assessoria cabível.

● DEPLA (Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio


Exterior) – Coordena as políticas e programas aplicáveis ao comércio exterior.
É um departamento que coleta, analisa e sistematiza os dados e informações
estatísticas, de onde partem as propostas objetivando o desenvolvimento do
comércio externo brasileiro.

FONTE: Disponível em: <http://www.comexblog.com.br/importacao/a-estrutura-do-comercio-


exterior-brasileiro>. Acesso em: 20 set. 2012.

51
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

FIGURA 6 – ORGANOGRAMA DA SECEX

Secretaria de Comércio
Exterior

SECEX

Gabinete

GAB/SECEX

Coordenação de Apoio
Administrativo

COAAD

Divisão de Assuntos
Administrativos

DIVAD

Serviço de Controle de Serviço de Controle de


Passagens e Diárias Pessoal

SEPAD SEPES
Departamento Departamento Departamento de Planejamento Departamento de Normas
Departamento de
de operações de de Negociações e Desenvolvimento de e Competitividade no
Defesa Comercial
Comércio Exterior Internacionais Comércio Exterior Comércio Exterior
DECEX DEINT DECOM DEPLA DENOC
FONTE: Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1267557975.gif>.
Acesso em: 20 set. 2012.

● MINISTÉRIO DA FAZENDA

Dentre suas atribuições, é o responsável por determinar as políticas


favoráveis ou não ao comércio exterior, como, por exemplo, a política cambial.
Atua também no campo fiscal, tributário, administrativo, aduaneiro e cambial.

O Ministério da Fazenda é responsável pela fiscalização, arrecadação


e controle do comércio exterior. Ele é composto pela Secretaria da
Receita Federal – SRF, que supervisiona a atividade de administração
tributária federal, regulamenta e aplica a legislação tributária federal,
arrecada os tributos, estabelece medidas preventivas de combate
ao contrabando e outros descaminhos; pelo Comitê Brasileiro de
Nomenclatura (CBN), que mantém a nomenclatura de classificação de
mercadorias permanentemente atualizada; pelo Conselho Monetário
Nacional (CMN), integrante do Sistema Financeiro Nacional (SFN),
que formula a política da moeda e do crédito, objetivando o progresso
econômico e social do país pelo Banco Central do Brasil (Bacen),
outro integrante do Sistema Financeiro Nacional e órgão executor das
deliberações do Conselho Monetário Nacional que também regula o
mercado cambial e a estabilidade relativa das taxas de câmbio e do
equilíbrio do balanço de pagamentos. (REBONO, 2004, p. 246).

Na estrutura do ministério, cabe destacar a atuação de quatro secretarias


na área de comércio exterior: SAIN, SEAE, SPE e SRF:

52
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

QUADRO 6 - SECRETARIAS DO MINISTÉRIO DA FAZENDA

-Trata de questões que envolvam a economia brasileira no seu


relacionamento com os demais países, blocos econômicos e or-
ganismos internacionais, tais como o Fundo Monetário Inter-
nacional – FMI, a Organização Mundial do Comércio – OMC,
o Mercosul, a ALCA etc.
- Participa do Grupo de Trabalho de Defesa Comercial – GTDC.
SECRETARIA Organiza e coordena, em conjunto com o MDIC/SECEX, as
DE ASSUNTOS reuniões do Comitê de Crédito às Exportações – CCEx.
INTERNACIONAIS - Coordena o Comitê Gestor do Seguro de Crédito às Exporta-
– SAIN ções – CFGE.
- Coordena e acompanha o processo de negociação de progra-
mas e projetos junto a fontes multilaterais e bilaterais de finan-
ciamento.
- Analisa as políticas de organismos internacionais, a conjuntu-
ra econômica internacional e promove a avaliação de projetos
financiados com recursos externos.
- A SPE é responsável pela formulação, acompanhamento e
coordenação da política econômica.
SECRETARIA - Monitora, analisa e sugere alternativas de políticas ao setor
externo, incluindo política cambial, comercial, balanço de
DE POLÍTICA
pagamentos e mercado internacional de crédito.
ECONÔMICA - SPE
- Elabora relatórios periódicos sobre a evolução da conjuntura
econômica; e pronuncia-se sobre a conveniência da
participação do Brasil em acordos ou convênios internacionais
relacionados com o comércio exterior.
- Encarregada de acompanhar os preços da economia,
subsidiar decisões em matéria de reajustes, revisões de tarifas
públicas, bem como apreciar atos de concentração entre
SECRETARIA DE empresas e reprimir condutas anticoncorrenciais.
ACOMPANHAMENTO Secretaria o GTAR-69, Comitê Interministerial responsável
ECONÔMICO – SEAE pelo exame de pleitos de redução tarifária por razões de
abastecimento e de risco à saúde.
A atuação de SEAE reflete-se em suas três principais esferas de
atuação: promoção e defesa comercial; regulação econômica e
acompanhamento de mercados.
Dentro da SRF, a Coordenação-Geral do Sistema Aduaneiro –
COANA assume grande importância no comércio exterior em
função de sua competência de planejar, orientar, supervisionar,
controlar e avaliar as atividades aduaneiras, bem como aplicar
SECRETARIA DA a legislação aduaneira e correlata, baixando os atos normativos
necessários. Sua estrutura administrativa tem, além da
RECEITA FEDERAL -
COANA, a seguinte composição: Coordenação de Assuntos
SRF
Tarifários e Comerciais, Coordenação de Fiscalização e
de Controles Aduaneiros Informatizados, Coordenação de
Regimes, Logística e Auditorias Aduaneiras.
A SRF é órgão gestor, junto com a SECEX e o BACEN, do Sistema
Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX, responsável
pelo controle de procedimentos aduaneiros e fiscais.
FONTE: Adaptado de: <http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1251143349.pdf>.
Acesso em: 20 set. 2012.
53
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

E
IMPORTANT

Convém ressaltarmos que o Ministério da Fazenda participa da gestão do


SISCOMEX, por meio do Banco Central do Brasil e da Secretaria da Receita Federal. Deste
modo, o SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior), instituído pelo Decreto n°
660, de 25.9.92, é a sistemática administrativa do comércio exterior brasileiro, que integra
as atividades afins da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), da Receita Federal do Brasil
(RFB) e do Banco Central do Brasil (BACEN), no registro, acompanhamento e controle das
diferentes etapas das operações de exportação.
A partir de 1993, com a criação do SISCOMEX, todo o processamento administrativo relativo às
exportações foi informatizado. As operações passaram a ser registradas, via Sistema e analisadas
“on-line” pelos órgãos que atuam em comércio exterior, tanto os chamados órgãos “gestores”
(SECEX, RFB e BACEN) como os órgãos “anuentes”, que atuam apenas em algumas operações
específicas (Ministério da Saúde, Departamento da Polícia Federal, Comando do Exército etc.).
Na concepção e no desenvolvimento do Sistema foram harmonizados conceitos, códigos
e nomenclaturas, tornando possível a adoção de um fluxo único de informações, tratado
pela via informatizada, que permite a eliminação de diversos documentos utilizados no
processamento das operações.
O sistema de registro de exportações totalmente informatizado permitiu um enorme ganho
em agilização, confiabilidade, rápido acesso a informações estatísticas, redução de custos etc.
O acesso ao SISCOMEX IMPORTAÇÃO é feito por meio de conexão com o Serpro, a fim de
que as operações que necessitam de Licenciamento de Importação possam ser efetuadas.
O SISCOMEX tem sido constantemente aprimorado, tendo incorporado o Módulo Drawback
Eletrônico, em novembro de 2001.
FONTE: Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.
php?area=5&menu=256>. Acesso em: 20 set. 2012.

7 ÓRGÃOS ANUENTES
Os órgãos anuentes são aqueles que realizam as funções de análise
complementar das operações de exportação ou importação, variando de acordo
com sua área específica de atuação, com competência determinada, através de
normas e atuando, principalmente, para fins de desembaraço da mercadoria ou
licenciamento da operação.

UNI

Será muito útil a você saber o significado de desembaraço aduaneiro. Para tanto,
utilizaremos a redação do Regulamento Aduaneiro Brasileiro – Decreto nº 6759, de 5 de
fevereiro de 2009:
Art. 571. Desembaraço aduaneiro na importação é o ato pelo qual é registrada a conclusão
da conferência aduaneira. [...].
Art. 591. Desembaraço aduaneiro na exportação é o ato pelo qual é registrada a conclusão da
conferência aduaneira, e autorizado o embarque ou a transposição de fronteira da mercadoria.

54
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Tendo em vista o desenvolvimento de atuação específica na área


relacionada, os órgãos anuentes emitem pareceres técnicos relacionados aos
produtos que estão sendo importados ou exportados. Isso significa que eles atuam
como auxiliadores dos órgãos gestores. Deste modo, quando se fizer necessária
uma análise ou emissão de relatório técnico de um produto a ser importado ou
exportado, quando assim for necessário, os órgãos anuentes desempenham seus
papéis.

Como exemplo de órgãos anuentes e algumas funções por estes


desempenhadas, apresentamos o quadro a seguir:

QUADRO 7 – ÓRGÃOS ANUENTES E SUAS FUNÇÕES

ÓRGAO ANUENTE Competência

Política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos,


conservação sustentável dos recursos naturais, integração e
Ministério do Meio Ambiente – MMA
sustentabilidade entre meio ambiente e produção industrial,
biodiversidades e florestas etc.

Autorização para a fabricação de produtos controlados e


Comando do Exército – Cex fiscalização da sua produção e comercialização. Supervisão
da indústria de material bélico.
Ministério da Agricultura, Pecuária Defesa e vigilância de produtos animais e vegetais.
e Abastecimento – MAPA Fiscalização e controle da política agrícola e agropecuária.
Cidadania, Polícia Federal, defesa da ordem econômica e
Ministério da Justiça – MJ
concorrência e direitos do consumidor.
Ação preventiva na área de saúde e vigilância sanitária
Ministério da Saúde – MS nos pontos de fronteira, portos e aeroportos. Controle e
fiscalização de drogas, alimentos e medicamentos.

Ministério da Cultura – MinC Fiscalização para o cumprimento da legislação audiovisual.

UNI

Caro(a) acadêmico(a) , leia com atenção o artigo “O futuro do comércio exterior


brasileiro”.

55
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

LEITURA COMPLEMENTAR

O FUTURO DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Fernando Damata Pimentel

Nas exportações, diversificamos os destinos. Nas importações, apoiaremos


a indústria sem criar entraves travestidos de barreiras sanitárias ou de segurança.

Dezembro de 2002. Fechado o ano, a balança comercial brasileira registra


US$ 13 bilhões de superávit. A corrente de comércio alcança US$ 107,5 bilhões.

Dezembro de 2011. No ano, a soma de exportações e importações cresceu


mais de 450%, chegando a R$ 482,29 bilhões. O superávit é fechado em US$ 29,7
bilhões.

Houve uma mudança de patamar.

Há nove anos, nossas vendas se concentravam nos mercados americano e


europeu, na casa de US$ 15 bilhões cada.

Hoje, diversificamos os destinos das exportações: a Ásia (US$ 76,6 bilhões)


e a região que engloba América Latina e Caribe (US$ 57,1 bilhões) são os principais
mercados. Para os países africanos e para a região do Oriente Médio, houve salto
substancial. Em ambos os casos, de US$ 2 bilhões para US$ 12 bilhões.

As importações no período também tiveram forte crescimento, com a Ásia


(US$ 70 bilhões) à frente.

Apesar dessas alterações drásticas decorrentes do crescimento da


economia e da atuação do ex-presidente Lula, que desbravou novas fronteiras
para o produto brasileiro, o país convive ainda com um arcabouço jurídico e
institucional do passado.

Um conjunto de medidas, capitaneadas pelo Plano Brasil Maior, no


entanto, está em curso para adequar o país ao estágio atual da economia. Todas
elas respeitam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e espelham
as melhores práticas internacionais. Verdade que, em alguns casos, com quase 80
anos de atraso.

Um exemplo: desde as décadas de 1930 e 1940, os Estados Unidos e o


Japão, respectivamente, mantêm políticas de compras locais.

A partir deste ano, o Brasil seguirá o exemplo, com uma margem de


preferência de até 25% para o produto nacional nas compras governamentais.
O percentual para têxteis, calçados e artefatos já foi fixado em 8% e, em breve, a
margem será estabelecida nas áreas de saúde e tecnologia de informação.
56
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

Para garantir a competitividade da indústria nacional e atrair investimentos


em áreas nas quais o país não tem domínio tecnológico, o governo federal vem
instituindo uma série de desonerações tributárias, incluindo a desoneração da
folha de pagamentos e a devolução ao exportador de 3% da receita das vendas de
manufaturados para o mercado externo.

Essa última ação tem base em uma regra não escrita do comércio
internacional adotada por todos: não se exporta tributos.

Há ainda os regimes tributários especiais, que diminuirão a carga tributária


sobre setores estratégicos, como os de semicondutores e telecomunicações. Em
outra frente, ainda neste ano, a equipe de investigadores do Departamento de
Defesa Comercial ganhará mais 120 profissionais selecionados por concurso
público.

Em um cenário de crise nos países centrais, cada vez mais cautelosos em


relação às suas economias, por que o Brasil deveria ser o único a não olhar com
atenção o seu mercado interno?

O governo federal lançará mão de todos os mecanismos que estejam


previstos nas regras da OMC para fazer frente aos novos tempos e responder
emergencialmente à crise, desencadeada nos Estados Unidos em 2009, e na
Europa, em 2011.

Convém sempre lembrar que nenhuma das medidas adotadas impediu


importações ou criou entrave ao comércio, travestidas de barreiras de segurança
ou sanitárias.

Aqui, não há burocracia secreta ou taxa discriminatória. Há, sim, a


necessidade de defender a sólida e secular indústria nacional do comércio desleal
e predatório e de criar as condições para que ela possa se modernizar e dar o salto
de qualidade rumo ao padrão de produção do século 21. O mundo mudou. O
Brasil precisa acompanhá-lo.

Fernando Damata Pimentel é ministro do Desenvolvimento, Indústria e


Comércio Exterior.
Foi prefeito de Belo Horizonte entre 2003 e 2008.

(Texto publicado originalmente na coluna Tendências/Debates do jornal


Folha de S. Paulo, edição de 18/03/2012)
FONTE: Disponível em: <http://www.pt.org.br/noticias/view/artigo_o_futuro_do_comercio_
exterior_brasileiro_por_fernando_damata_pimente>. Acesso em: 9 out. 2012.

57
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:

• Comércio internacional e comércio exterior não significam a mesma coisa.

• O comércio internacional refere-se às relações comerciais entre os países, ou


seja, trata-se de uma relação pública, envolvendo os estados soberanos.

• Por sua vez, o comércio exterior diz respeito às operações de importação e


exportação realizadas pelas empresas localizadas em um determinado país.

• Até o final da Segunda Guerra Mundial, o comércio mundial não dispunha de


normas regulamentadoras.

• Após a criação do GATT, importantes regulamentações passaram a nortear as


relações comerciais entre as nações.

• A criação da OMC pode ser vista como uma vitória no âmbito do comércio,
tendo em vista sua gama de matérias e normas regulamentadoras do comércio
mundial.

• Notáveis diferenças dividem o comércio exterior brasileiro em duas fases:


fase anterior à década de 1990, com fronteiras relativamente fechadas para o
comércio exterior e manutenção do protecionismo e proibição das importações;
e pós-década de 1990, com a abertura das fronteiras e consequente aumento da
participação das empresas brasileiras no comércio exterior.

• A política brasileira de importação envolve as atividades de característica


administrativa, fiscal-tributária, financiamento, cambial monetária,
infraestrutura e logística.

• Os principais órgãos intervenientes possuem suas ações delimitadas pelo


governo e atuam direta ou indiretamente na operacionalização do comércio
exterior.

• Os órgãos intervenientes no comércio exterior brasileiro desempenham funções


de gestão - controle e a operacionalização do comércio exterior brasileiro – e
anuência – através do desempenho de funções de análise complementar das
operações de exportação ou importação.

58
AUTOATIVIDADE

Para verificar seu aprendizado, responda às questões a seguir:

1 Apresente as principais características que definem o comércio internacional.

2 A partir da resposta da questão acima, trace um comparativo entre comércio


internacional e comércio exterior, visando diferenciá-los.

3 Demonstre quais foram os fatores que contribuíram para a criação do GATT.

4 Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.

( ) O principal objetivo do GATT era o aumento das barreiras comerciais.


( ) O GATT visava o comércio livre entre seus membros.
( ) O GATT foi uma organização internacional.
( ) As negociações do GATT e evolução das matérias tratadas se davam
através da realização de conferências ministeriais.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – F – F – V.
b) ( ) F –V – F – F.
c) ( ) V – F – F – F.
5 Com relação à OMC, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as
falsas.

( ) A Conferência Ministerial é o órgão diretor da OMC.


( ) As Rodadas de Negociações são órgãos anuentes da OMC.
( ) O Conselho Geral é o órgão decisório de nível mais alto da OMC quando
a Conferência Ministerial não está reunida.
( ) Além de tratar de matérias relacionadas estritamente ao comércio, a
OMC realiza pesquisa e discussões em outras áreas, como meio ambiente,
tecnologia e produtos fitossanitários.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – V – V.
b) ( ) F – V – V – V.
c) ( ) V – V- V – F.

6 Estudamos que os órgãos que compõem a estrutura organizacional do


comércio exterior brasileiro são divididos entre: órgãos gestores e órgãos
anuentes. Deste modo, responda às questões a seguir:
a) Demonstre as principais características que diferenciam os órgãos gestores e
anuentes.

b) Cite dois órgãos gestores e dois órgãos anuentes, apresentando suas principais
funções.
59
60
UNIDADE 1
TÓPICO 3

ACORDOS E ORGANISMOS INTERNACIONAIS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico analisaremos a globalização, seus efeitos e características.
Deste modo, fazendo a ligação da globalização ao comércio internacional,
demonstraremos como ela contribuiu para a formação dos principais blocos
econômicos existentes.

Posteriormente, antes de verificarmos quais os principais blocos


econômicos, necessitamos compreender como a integração das economias
e países, juntamente com a interferência da globalização, pode auxiliar para
o estabelecimento de importantíssimas áreas de preferência, visando o livre
comércio entre os países.

Em seguida, apresentaremos quais as fases de um processo de integração


e as principais características de cada fase.

Ao final, estudaremos quais são os principais blocos econômicos existentes


e qual a função dos acordos de preferências tarifárias estabelecidos entre estes,
bem como a função de tais acordos no comércio mundial.

2 GLOBALIZAÇÃO E RELAÇÃO COM OS BLOCOS


ECONÔMICOS
Muito se tem falado em globalização. Todos os dias ouvimos algum
noticiário que a menciona. Nós mesmos sempre afirmamos que vivemos em um
mundo globalizado. Mas, o que seria, afinal, a globalização?

O termo começou a ser veiculado no início da década de 80 nos Estados


Unidos e passou a ser difundido com o objetivo de caracterizar as
profundas mudanças que ocorreram nas últimas décadas na economia
internacional, ou seja, a rápida expansão mundial da produção, do
consumo e da inversão de bens, serviços, capital e tecnologia (DIAS,
2004, p. 179).

Ludovico (2009, p. 12) nos apresenta que: “A importância da globalização


da economia é tão grande, e se faz presente de maneira tão intensa no dia a
dia das pessoas e empresas, que não chega a causar espanto, pela facilidade de
penetração dos produtos nas economias do mundo”.

61
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

Não podemos negar que as rápidas e profundas transformações verificadas


na atualidade econômica mundial se devem à globalização. Fronteiras foram
transpostas, relações entre pessoas e empresas facilitadas, moedas de toda a parte
do mundo são transferidas a outras nações em razão das negociações realizadas.

Deste modo, quando pensamos em globalização, inevitavelmente a


ligamos à economia. No entanto, vários autores defendem que existem várias
espécies de globalização: a globalização social, globalização econômica,
globalização cultural, dentre tantas outras.

Morais Junior (2005, p. 127) classifica a globalização em três espécies,


expondo que cada espécie envolve uma parte de um complexo fenômeno:

1) Globalização das empresas: Empresas globais são as que surgem


originariamente em um determinado país e, por meio de grupos
corporativos, espalham suas operações por vários países.
2) Globalização dos mercados: Os mercados financeiros são o exemplo-
padrão do mercado globalizado.
3) Globalização das legislações: não significa que as regulamentações
serão harmonizadas, mas que terão estruturas semelhantes. O
conjunto de normas regulatórias será semelhante, embora as leis que
regulam possam ser bem diferentes. Um exemplo é a maioria dos
países adotarem leis de marcas e patentes (estrutura globalizada) para
que possam se tornar um ambiente de negócios favorável a receber
investimentos diretos estrangeiros, necessários para a dinâmica da
economia de qualquer nação.

Outros autores, por sua vez, atribuem um conceito mais amplo à


globalização. Baumann (1999, p. 73), por exemplo, entende que “a globalização
nada mais é que a extensão totalitária de sua lógica a todos os aspectos da vida”.

Para Beck (1999, p. 27), a globalização restringe-se somente ao “[...] aspecto


econômico”, complementando que “já vivemos há tempos em uma sociedade
mundial, ao menos no sentido de que a ideia de espaços isolados se tornou fictícia.
Nenhum país, nenhum grupo pode se isolar dos outros”. (BECK, 1999, p. 30).

Dias nos apresenta, de maneira sintética, as principais características da


globalização:
a) ocorrência de profundas transformações, provocadas pela chamada
Terceira Revolução Científico-Tecnológica;
b) criação de um sistema de produção mundial, integrando um
grande número de países e caracterizado pela produção das partes,
componentes e serviços em escala mundial;
c) aumento de produtos globais, não produzidos integralmente em
nenhum país em particular;
d) movimento acelerado da integração das economias nacionais com
a nova dinâmica do mercado global por meio, principalmente, da
abertura comercial, com a queda das barreiras alfandegárias;
e) formação de grandes blocos regionais;
f) diminuição da capacidade dos Estados nacionais de exercer
controles rígidos sobre todos os processos econômicos e políticos
internos (DIAS, 2004, p. 17-18).
62
TÓPICO 3 | ACORDOS E ORGANISMOS INTERNACIONAIS

Relacionado ao comércio internacional, pudemos verificar a primeira


ocorrência da globalização com a criação do GATT em 1948. Neste momento,
em que alguns países se sujeitaram, pela primeira vez na história, a um regime
internacional de comércio, estávamos diante de uma forma de comércio
extrafronteiras propiciado pela globalização.

E a partir daí, tantos outros acordos e relações comerciais se originaram,


sempre pautados pela presença dos fatores da globalização.

A evolução da globalização também pode ser facilmente percebida


quando se analisa o considerável número de empresas nacionais e multinacionais
que são voltadas para o mercado externo.

Deste modo, diante da facilitação das negociações entre empresas localizadas


em vários pontos do planeta, os países passaram a sentir a necessidade de estabelecer
“laços” comuns para a facilitação e regulamentação das trocas. Surgiram, portanto,
as primeiras ideias de integração, conforme estudaremos a seguir.

3 INTEGRAÇÃO, ÁREAS DE PREFERÊNCIA E LIVRE COMÉRCIO


Com o aumento e a evolução das relações econômicas entre estados,
originou-se, de maneira inevitável, o que chamamos de comunidade internacional.
Visando aperfeiçoar tais relações, os países acabam se unindo em busca de
objetivos e facilidades comuns. “Em nenhum outro momento da história, o
desenvolvimento tecnológico permitiu que a expressão comunidade ganhasse o
significado atual”. (MORAIS JUNIOR, 2005, p. 40).

A palavra comunidade refere-se à união de esforços – através de um


modelo de integração - de vários Estados no âmbito internacional, e também é
chamado por muitos de modelo comunitário.

Sua principal característica que devemos ressaltar é a seguinte:


No modelo comunitário, os países têm sua soberania limitada porque
partilham do poder com outros Estados membros. [...]. De um modelo
de cooperação ao modelo comunitário de integração, cada país ou grupo
de países busca o arranjo mais conveniente aos interesses nacionais,
que podem ser entendidos como sendo aspirações da população
e do governo, a defesa dos interesses do governo ou de cidadãos de
determinado Estado. Cada evolução para uma fase de maior integração
significa maior transferência de temas inerentes à sua soberania para o
fórum de decisão comunitário (MORAIS JUNIOR, 2005, p. 40).

A integração econômica, dentre a qual podemos citar o exemplo da União


Europeia, para que seja efetivamente concretizada deve atender a algumas fases
ou etapas. Estas fases são chamadas de fases ou etapas do processo de integração.

63
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

A primeira delas é a Zona de Livre Comércio. Neste momento de


integração, dois ou mais territórios aduaneiros se unem a fim de eliminar tributos
e demais regulamentações comerciais restritivas.

Muitos autores preferem denominar esta fase como área de comércio


preferencial ou simplesmente área de preferências tarifárias, caracterizando-se
por ser:

A forma mais simples de liberalização comercial, consistindo na rebaixa


tarifária seletiva de algumas linhas de produtos dos parceiros envolvidos, sem
chegar a um desarme alfandegário total, como é o caso das zonas de livre comércio.
Essas áreas foram regulamentadas pela “cláusula de habilitação” da Rodada
Tóquio de negociações comerciais multilaterais do GATT (1979), cuja introdução
no sistema multilateral de comércio permitiu aos países latino-americanos passar
da Associação Latino-Americana de Livre Comércio, uma tentativa frustrada de
livre comércio, justamente para a Associação Latino-Americana de Integração
(1980), que nada mais é do que uma rede de acordos comerciais preferenciais.

FONTE: Disponível em: <http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/2316GlossarioIntegrRegBook.


pdf>. Acesso em: 9 out. 2012.

E
IMPORTANT

Neste momento, não podemos deixar de atribuir importância ao conceito de


Território Aduaneiro.
"O território aduaneiro compreende todo o território nacional e a ele estende-se toda a
jurisdição dos serviços aduaneiros. Divide-se em zona primária e zona secundária: A zona
primária: é por onde entram no território nacional os produtos estrangeiros importados pelo
país, e por onde saem os produtos nacionais exportados para outros países. Compreende:
a área terrestre e aquática, contínua ou descontínua; além da área terrestre e adjacente
de fronteiras alfandegadas. Zona secundária: é o restante do território aduaneiro, isto é, o
território nacional, incluindo as águas territoriais e o nosso espaço aéreo. Na zona secundária
também há zonas alfandegadas" (KEEDI, 2004, p. 71).

NOTA

De acordo com o art. 3º do Código Tributário Nacional, “tributo é toda


prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada”. Deste modo, o tributo é um gênero, do qual fazem
parte os impostos, taxas e contribuições.

64
TÓPICO 3 | ACORDOS E ORGANISMOS INTERNACIONAIS

Deste modo, uma zona de livre comércio caracteriza-se por estabelecer


tarifas preferenciais para, no momento seguinte, eliminar todas as barreiras
interiores à circulação de mercadorias, sejam de natureza aduaneira ou não.

Em outras palavras, são abolidos quaisquer obstáculos às importações e


exportações de produtos originários de Estados membros da zona, desde que se
cumpra um requisito: a comprovação, através de certificados de origem, de que
a maior parte da mão de obra e das matérias-primas provém efetivamente de um
dos países do bloco de livre comércio.

FONTE: Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/12833/as-etapas-do-processo-de-


integracao-regional#ixzz1yzpAOYdo>. Acesso em: 20 set. 2012.

A segunda fase de integração é a união aduaneira.

Esta fase é mais ampla que a primeira, pois, além de eliminar as barreiras
alfandegárias (Zona de Livre Comércio) existentes entre os países da área
abrangida, adota uma política tarifária comum a ser aplicada aos países de fora
da “comunidade”.

A União Aduaneira “uniformiza tanto as tarifas para o ingresso de


produtos quanto os processos de documentos exigidos”. (MORAIS JUNIOR,
2005, p. 41).

O Mercosul pode ser citado como um exemplo de União Aduaneira, pois:


[...] está adotando paulatinamente a tarifa zero para as mercadorias
produzidas na área e também está paulatinamente adotando a TEC
(Tarifa Externa Comum). Quando a TEC for totalmente implantada,
uma mercadoria importada de um país de fora da área (por exemplo,
a importação de um automóvel francês) estará sujeita à mesma tarifa
no Brasil, na Argentina, no Uruguai ou no Paraguai (CAMPOS, 2003,
p. 206).

TUROS
ESTUDOS FU

Na próxima unidade estudaremos a TEC.

Como terceira fase, citamos o Mercado Comum.

Também chamada de Mercado Interior ou Mercado Único, abrange a livre


circulação de produção, capital e trabalho, assim como pelo livre estabelecimento
e a livre prestação de serviços pelos cidadãos dos países membros.

65
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

A primeira das liberdades traduz-se na livre circulação de bens, escopo


das duas primeiras fases [...]. Pela livre circulação de trabalhadores, vê-se o
obreiro como um fator econômico, com liberdade de entrada, deslocamento,
residência e possibilidade de trabalhar em igualdade de condições com as dos
trabalhadores nacionais.

Pouco a pouco, entretanto, passa-se a desconsiderar o trabalhador apenas


no sentido econômico e surgem regulamentações, as chamadas diretivas de
liberdade de circulação e residência para outros casos, quando se começa a falar
não de livre circulação de trabalhadores, mas sim de liberdade de circulação de
pessoas [...]. A terceira das liberdades fundamentais desdobra-se em duas: a livre
prestação de serviços e a liberdade de estabelecimento, ambas relacionadas
também ao trabalhador como fonte produtiva, mas não àquele obreiro assalariado,
e sim aos trabalhadores por conta própria, ou seja, os empresários individuais, as
sociedades e os trabalhadores autônomos.

FONTE: Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/12833/as-etapas-do-processo-de-


integracao-regional#ixzz1yzpAOYdo>.Acesso em: 20 set. 2012.

O Mercosul, por exemplo, ainda não atingiu esta fase de integração. No


entanto, a prevê para o futuro, momento no qual um dentista brasileiro, por
exemplo, pode exercer suas funções na Argentina.

A quarta e última fase de integração diz respeito à União Econômica e


Monetária.

Esta, por sua vez, refere-se, principalmente, ao estabelecimento de uma


moeda única. “Além do estabelecimento do Mercado Comum, procura harmonizar
as políticas econômicas nacionais. Assim, os países membros mudam suas
legislações para torná-las coerentes com os principais princípios estabelecidos na
União Econômica”. (SCHULZ, 2000, p. 129).

66
TÓPICO 3 | ACORDOS E ORGANISMOS INTERNACIONAIS

NOTA

Como exemplo da União Econômica, citamos a União Europeia, através


da instituição do euro. O euro é atualmente a moeda única de 17 Estados membros da
União Europeia, que em conjunto formam a Zona do Euro. A introdução do euro em 1999
representou um passo muito importante no processo da integração europeia e constitui
também um dos seus maiores êxitos: cerca de 330 milhões de cidadãos da União Europeia
utilizam-no atualmente como moeda e usufruem de vantagens que continuarão a aumentar,
à medida que outros países da União Europeia forem adaptando a moeda única.

Quando o euro foi introduzido, em 1º de janeiro de 1999, tornou-se a nova moeda oficial de 11
Estados membros, substituindo, em duas fases, as antigas moedas nacionais – como o marco
alemão e o franco francês. Foi inicialmente utilizado como moeda virtual nas operações
de pagamento que não envolviam notas e moedas, bem como para fins contabilísticos,
enquanto as antigas moedas continuavam a ser utilizadas nas operações de pagamento em
numerário e a ser consideradas subdivisões do euro.

Posteriormente, em 1º de janeiro de 2002, o euro foi introduzido fisicamente sob a forma


de notas e moedas. O euro não é a moeda de todos os Estados membros. Dois países, a
Dinamarca e o Reino Unido, acordaram uma opção de exclusão no Tratado, que os dispensa
de participar na Zona do Euro, enquanto os restantes (muitos dos novos Estados membros e
a Suécia) ainda não preenchem as condições estabelecidas para a adoção da moeda única.
Quando preencherem, substituirão as suas moedas nacionais pelo euro.

FONTE: Disponível em: <http://ec.europa.eu/economy_finance/euro/index_pt.htm>. Acesso


em: 20 set. 2012.

Uma importante característica desta fase de integração é o funcionamento


integrado do Banco Central da Comunidade com os bancos centrais de cada país
membro, visando estabelecer um desenvolvimento uniformizado da política
econômica da comunidade.

Deste modo, podemos observar que, independentemente da fase de


integração em que a comunidade se encontra, é imprescindível que haja um certo
índice de interação e interdependência, o que caracteriza, principalmente, os
principais blocos econômicos existentes.

4 PRINCIPAIS BLOCOS ECONÔMICOS


A formação de blocos econômicos possui como característica principal
a proximidade geográfica. Este arranjo geopolítico de Estados, que possuem
também uma certa proximidade de culturas, visa a facilidade de negociação e o
alcance de objetivos comuns.

Como principal bloco econômico, citamos a União Europeia. Outrossim,


outros blocos, não menos importantes, foram criados. Para facilitarmos a
compreensão e sem a intenção de exaurir o tema, elaboramos o quadro a seguir,
que contém, sinteticamente, os dados de alguns blocos econômicos existentes:
67
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

QUADRO 8 - PRINCIPAIS BLOCOS ECONÔMICOS

- Bélgica, Alemanha, França, Itália, Luxemburgo e Países


Baixos fundaram, em 1951, a Comunidade Europeia do
Carvão e do Aço, a que se seguiram, em 1957, a Comunidade
União Europeia Econômica Europeia e a Comunidade Europeia de Energia
Atômica, através da assinatura do Tratado de Roma.
- Atualmente conta com 27 países membros.
- População em 2011: 502.122.750.

- Criada em 1989 para promover a cooperação econômica


da Ásia – Pacífico.
- Países membros: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China,
Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, México, Nova
Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia,
Associação de Cooperação
Cingapura, Tailândia, Vietnã, EUA, Taiwan e Hong Kong.
Econômica Ásia-Pacífico -
- Visa o crescimento econômico, a cooperação, o comércio e
APEC
o investimento na região Ásia-Pacífico.
- Um dos principais objetivos é a redução das tarifas
e outras barreiras comerciais em toda a região Ásia-
Pacífico, proporcionando eficientes economias nacionais e
aumentando as exportações.

- Composto por Hong Kong, Coreia do Sul, Cingapura e


Taiwan, devido ao seu acelerado desenvolvimento industrial
e econômico.
- Possuem um modelo IOE - Industrialização Orientada para
Tigres Asiáticos a Exportação.
- Com exceção da Coreia do Sul, os demais países criaram as
Zonas de Processamento de Exportações, a fim de incentivar
e atrair as
Indústrias multinacionais.

- Criada em 1980.
- Formado por: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia,
Cuba, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai
e Venezuela.
- A ALADI promove a criação de uma área de preferências
econômicas na região, objetivando um mercado comum
Associação Latino-
latino-americano, através de três mecanismos:
Americana de Integração
-uma preferência tarifária regional, aplicada a produtos
- ALADI
originários dos países membros frente às tarifas em vigor
para terceiros países;
-acordos de alcance regional (comuns a todos os países
membros); e
- acordos de alcance parcial, com a participação de dois ou
mais países da área.

68
TÓPICO 3 | ACORDOS E ORGANISMOS INTERNACIONAIS

- Surgiu através da iniciativa de aproximação dos governos


brasileiro e argentino no ano de 1985.
- Em 1991 foi assinado seu tratado constitutivo – Tratado de
Assunção, envolvendo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Mercado Comum do Sul –
- Em 1995 foi instalada a Zona de Livre Comércio.
Mercosul
- Em matéria de política tarifária, o Mercosul conta, desde
1995, com uma Tarifa Externa Comum (TEC) que abrange
todo o universo de produtos comercializados com terceiros
países.
- Negociações foram iniciadas em 1988 entre norte-
americanos e canadenses através de acordo de liberalização
econômica de 1991.
- O México aderiu ao acordo em 1992.
Acordo de Livre Comércio
- Entrou em funcionamento em 1994.
da América do Norte -
- Principais objetivos: garantir livre comércio, derrubando
NAFTA
as barreiras alfandegárias, reduzir os custos comerciais,
aumentar a competitividade e, consequentemente, as
exportações de mercadorias e serviços entre os países
membros.
- Surgiu como proposta da Cúpula das Américas em 1994.
- Objetivo principal de eliminar as barreiras alfandegárias
entre os 34 países das Américas, exceto Cuba.
- A maior dificuldade para a consecução do bloco é a grande
Área de Livre Comércio das
grande
Américas - ALCA
disparidade existente entre os Estados Unidos e os de mãos
países americanos.
- Seu projeto de idealização não foi mais desenvolvido desde
o ano de 2005.
FONTE: Elaborado pela autora

Não podemos deixar de mencionar que o Brasil, devido à sua inserção e


participação efetiva do comércio internacional, faz parte de foros de negociações
muito importantes. Dentre eles, citamos o Mercosul, tratativas e conferências
ministeriais junto à OMC, estudos acerca da viabilização da instalação da Alca
e tratativas para assinatura de um acordo de Livre Comércio entre Mercosul e
União Europeia.

DICAS

Para saber mais acerca das tratativas entre Mercosul e União Europeia,
sugerimos a leitura dos artigos disponíveis nos sites: <http://agenciabrasil.ebc.com.
br/noticia/2011-04-28/mercosul-e-uniao-europeia-devem-fechar-acordo-de-livre-
comercio-no-proximo-ano> e <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.
php?area=5&menu=2635&refr=1893>.

69
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

No âmbito da OMC, qualquer acordo comercial regional, indepen-


dentemente de sua abrangência, deve ser informado à OMC.

DICAS

Para que você saiba quais são os países membros da OMC, acesse o link: <http://
www.wto.org/spanish/thewto_s/whatis_s/tif_s/org6_s.htm>.

Os membros da OMC (como anteriormente as partes contratantes do


GATT) têm a obrigação de notificar os acordos comerciais regionais (ACR) de que
participem. Quase todos os membros da OMC têm notificado sua participação
em um ou mais acordos comerciais regionais (alguns membros fazem parte de 20
ou mais). As notificações também podem se referir à adesão de novas cláusulas
de um acordo já existente [...]. Durante o período compreendido entre 1948 e
1994 o GATT recebeu 123 notificações e, desde o surgimento da OMC, foram
notificados mais de 300 acordos regionais.

FONTE: Disponível em: <http://www.wto.org/spanish/tratop_s/region_s/regfac_s.htm>. Acesso


em: 20 set. 2012.

O principal fundamento para a obrigatoriedade da notificação justifica-se


pela necessidade de cumprir um dos objetivos da OMC, que é o comércio livre e
sem concorrência desleal, fazendo com que o comércio se realize da maneira mais
livre e previsível possível.

5 ACORDOS DE PREFERÊNCIAS TARIFÁRIAS


Estes acordos são realizados entre países para redução de tarifas
alfandegárias no comércio entre os seus membros, por meio da concessão de
preferências, que são chamadas preferências tarifárias.

Esses arranjos podem estabelecer a seleção de um grupo ou a inclusão


da totalidade das mercadorias negociadas, em acordos de redução das tarifas
de importação. Por preferência tarifária entende-se a redução do Imposto de
Importação (I.I) em determinados percentuais. Como exemplo, uma mercadoria
tem I.I de 15% e preferência tarifária de 20%, ou seja, em três pontos percentuais,
pagando-se um imposto de 12% na sua entrada no país.

FONTE: Disponível em: <http://economiape.wordpress.com/2009/07/03/area-ou-zona-de-


preferencia-tarifaria/>. Acesso em: 20 set. 2012.

70
TÓPICO 3 | ACORDOS E ORGANISMOS INTERNACIONAIS

Devemos mencionar que quando um acordo de preferências tarifárias é


estabelecido entre dois ou mais países pertencentes à OMC, este é chamado de
Ajuste de Preferências Comerciais.

Em dezembro de 2010 o Conselho Geral da OMC decidiu estabelecer um


mecanismo de transparência para os ajustes de preferências comerciais (ACPR).
Estes são esquemas preferenciais não recíprocos.

FONTE: Disponível em: <http://ptadb.wto.org/About.aspx>. Acesso em: 9 out. 2012.

Neste caso, envolvendo dois ou mais Estados membros da OMC, o ajuste


também deve ser comunicado ao organismo.

LEITURA COMPLEMENTAR

O BRASIL E SEUS TRÊS VIZINHOS DO SUL: DUAS DÉCADAS DE


INTEGRAÇÃO EM SETE DIMENSÕES

Marcel Vaillant

A maioria dos acordos de integração da América Latina é de difícil


compreensão e avaliação. O Mercosul não escapa à regra: o que se anuncia como
acordo não é o que ele, de fato, conseguiu ser. Esse problema se verifica em
questões tão básicas como poder responder quais são os países membros desse
acordo.

Sabemos que são quatro, embora nos anúncios regularmente sejam cinco.
Este artigo organiza a análise de um conjunto de fatos selecionados e organizados
em sete dimensões fundamentais. Não apresentamos uma proposta de redesenho
nem de mudanças de orientação nas políticas em termos de integração. O artigo
se limita a avaliar os fatos escolhidos, buscando destacar tanto os acertos como os
aspectos inacabados do acordo.

ZONA DE LIVRE COMÉRCIO EM CONSTRUÇÃO

Considerando-se os instrumentos tarifários, nos 20 anos de existência


o Mercosul conseguiu se constituir numa zona de livre comércio com uma
cobertura quase universal de produtos. É quase universal por dois motivos. No
nível de setores, existem dois nos quais não se aplica o comércio à tarifa zero para
os quatro países do Mercosul (automotivo e o açúcar). No nível de instrumentos,
no comércio intrarregional continuam vigentes os impostos às exportações por
parte da Argentina, o que implica um desvio das condições estabelecidas no
tratado originário.

Desde o ano 2001 não há avanços no que se refere à zona de livre comércio.
Houve tentativas de redução de outras restrições ao comércio (barreiras não
71
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

tarifárias), mas o êxito nesse sentido foi limitado. No período recente tem-se
empregado uma gestão bilateral dos conflitos comerciais entre os sócios, em
detrimento dos mecanismos institucionais previstos no acordo. Essas gestões têm
sido eficazes, se considerada a sua capacidade para administrar os recorrentes
conflitos comerciais.

UNIÃO ADUANEIRA EM RETROCESSO

No que se refere à União Aduaneira foram desenvolvidos alguns


elementos constitutivos de uma política comercial comum. O instrumento mais
mencionado é o estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum para os bens que
são importados de fora do bloco. Desde 1994 esse instrumento se encontra num
processo de convergência a partir das estruturas tarifárias nacionais em direção
à estrutura comum.

O processo não conseguiu se concretizar. Existem preferências por


políticas comerciais distintas (listas setoriais e listas nacionais de produtos com
tarifas diferentes). Além do mais, não houve avanços num vasto conjunto de
instrumentos que precisam ser harmonizados para que se tenha uma política
comercial comum. Desde o ano de 2001, as divergências na política comercial
com terceiros não se reduziram. A construção de uma união aduaneira implica
estabelecer uma nação comercial e compartilhar soberania em relação à política
comercial. Esse objetivo estabelecido no acordo sub-regional – como resultado
da reunião de Ouro Preto, em 1994 – está claramente distante de ser alcançado.

RELAÇÃO COM TERCEIROS MERCADOS RESTRITA À AMÉRICA DO SUL

Uma peculiaridade do arranjo comercial, e que contrasta com a


imaturidade da política comercial nos pontos anteriormente assinalados, é que
existe uma forte vocação para estabelecer uma disciplina estrita na assinatura
de acordos comerciais preferenciais comuns com terceiros mercados. Em termos
comparativos, essa característica tem dado ao Mercosul um formato original,
destacando-o como a única zona de livre comércio em que se aplicam restrições à
negociação bilateral com terceiros mercados por parte de seus membros.

Nos acordos com terceiros, embora tenha havido muita atividade na etapa
de negociação, verificou-se menos avanço na assinatura de acordos e menos ainda
na entrada em vigência dos mesmos. Nas suas duas décadas de vida o Mercosul
não conta com nenhum acordo preferencial com terceiros mercados que tenha
sido notificado à Organização Mundial do Comércio. Os únicos acordos vigentes
existentes são com países sul-americanos, dos quais dois são acordos comuns
(Chile e Bolívia), e com o restante dos países existe uma rede de relações bilaterais
contida em matrizes declaradas comuns.

INTEGRAÇÃO PROFUNDA: QUESTÃO PENDENTE

É na agenda de integração nos temas complementares ao processo


de conformação de uma integração mais profunda que se manifesta de forma
72
TÓPICO 3 | ACORDOS E ORGANISMOS INTERNACIONAIS

mais clara a síndrome do Mercosul em termos da distância entre aspirações e


resultados. Não há praticamente nenhum assunto da agenda de integração
econômica moderna no qual o Mercosul não conte com um protocolo (compras
governamentais, investimentos, propriedade intelectual, política de competição,
entre outros). No entanto, nenhum desses protocolos tem vigência efetiva para
promover uma real integração entre os países membros.

A maioria deles já foi abandonada na etapa de internalização, ou


seja, quando os países convertem em atos normativos domésticos as normas
estabelecidas no âmbito do acordo. Somente no setor de serviços é possível
verificar um certo avanço, embora também se verifique uma grande lentidão na
entrada em vigência do aprofundamento do acordo.

GOVERNO INTERGOVERNAMENTAL

A forma de governo do Mercosul mantém seu caráter puramente


intergovernamental. Na prática, funciona com base em um sistema de veto duplo.
As normas em nível institucional requerem o consenso de todos seus membros
(primeiro nível do veto). Para entrar em vigência, logo após serem aprovadas, as
normas tipicamente requerem que sejam incorporadas ao direito doméstico em
todos os países membros (segundo nível de veto).

Apesar de certas tentativas de reestruturação institucional, não se


verificou uma atenuação dessas características, mas sim uma intensificação. As
agências de governo que têm a competência fundamental e quase exclusiva do
governo do acordo regional são os ministérios de Relações Exteriores. Em termos
comparativos, trata-se de uma forma de governo original dentro da classe de
acordos de integração profunda, tal como estabelecido de forma clara no tratado
constitutivo (Tratado de Assunção).

INTEGRAÇÃO REAL DESVINCULADA DO DESEMPENHO DO ACORDO

A volatilidade e o desalinhamento de preços relativos têm sido uma


característica do desempenho econômico das economias da região na década
de 1990. Esse contexto não foi favorável para a integração econômica, pois a
incerteza que caracterizou esse período gerou limitações ao desenvolvimento do
comércio intrarregional.

No entanto, é preciso destacar que a macroeconomia não tem gerado


sobressaltos desde o fim das crises do início dos anos 2000, e tal estabilidade
constitui um relevante fator positivo para a integração real além dos acordos.
Na última década, o comércio intrarregional ganhou dinamismo, acompanhando
o ciclo de crescimento das economias da região. Também há evidências da
internacionalização de empresas na região, o que acarreta mais comércio e certos
níveis iniciais de integração produtiva que não existiam nas décadas iniciais.
Estabeleceu-se um processo de integração real – liderado pelo setor privado –
que atingiu uma dinâmica desvinculada do pobre desempenho do acordo.

73
UNIDADE 1 | COMÉRCIO EXTERIOR E A IMPORTÂNCIA DAS IMPORTAÇÕES

RELAÇÕES INTERNACIONAIS: QUAL É O VALOR DO ACORDO


REGIONAL?

As relações internacionais dos países da região estabilizaram-se de forma


positiva. Existem dois novos ingredientes do período recente. De um lado,
intensificou-se a modalidade bilateral para a solução de conflitos no Mercosul, e,
por outro, diversificou-se a agenda da integração no âmbito maior da América do
Sul, com um notório menor conteúdo econômico nas dimensões consideradas no
acordo do subcontinente (Unasul).

Ambos os fatores reduzem a relevância do acordo sub-regional. Um terceiro


ingrediente de continuidade nas relações internacionais, que foi aprofundado no
período recente, refere-se ao fato de o Brasil ser o grande articulador do acordo.
Tanto os resultados do desempenho político doméstico do Brasil como os êxitos
econômicos e o protagonismo internacional destacam o principal sócio do bloco
como uma das economias emergentes de maior relevância. Isso se expressa
de diferentes formas: uma delas é a participação do Brasil e sua associação a
vários grupos e coalizões internacionais que são construtores de regras no nível
internacional. Num momento em que o mundo quer se aproximar do Brasil, não
é adequado se afastar dele apenas porque o acordo sub-regional não funciona
como fora acordado.

Na prática, o acordo regional está se convertendo numa estrutura por meio


da qual o restante dos países organiza suas relações com o seu grande vizinho.
Argentina, Paraguai e Uruguai, com suas peculiaridades nacionais, possuem a
expectativa de obter um benefício desse maior protagonismo internacional do
sócio e de poder tirar proveito do fato de serem os únicos países com os quais
o Brasil tem um acordo que ambiciona alcançar uma integração econômica
profunda.

FONTE: VAILLANT, Marcel. Disponível em: <http://www.funcex.org.br/publicacoes/rbce/material/


rbce/107_MV.pdf>. Acesso em: 20 set. 2012.

74
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos que:

• A globalização, não obstante as inúmeras críticas existentes, foi importante


para o desenvolvimento do comércio mundial.

• Além disso, a globalização afeta não somente a economia dos países, mas sim
todas as suas áreas.

• Diante da globalização, a integração entre os países se tornou inevitável, devido


à necessidade destes se unirem a fim de alcançar objetivos comuns de maneira
mais rápida e eficaz.

• A Integração Econômica abrange quatro fases: Zona de Livre Comércio, União


Aduaneira, Mercado Comum e União Econômica e Monetária.

• Os blocos econômicos existentes estão em fases de integração diversas. Alguns


em fases mais avançadas, como a União Europeia, e outros que ainda não
saíram do papel, como a ALCA.

• O objetivo dos blocos econômicos é facilitar a circulação e compra e venda de


mercadorias entre os países membros.

• Os acordos de preferências tarifárias são realizados entre países para redução


de tarifas alfandegárias no comércio entre os membros, através da concessão
de preferências.

75
AUTOATIVIDADE

1 Complemente a segunda coluna sempre apresentando três características da


informação constante na primeira coluna.

Globalização
Zona de Livre Comércio
União Aduaneira
Mercado Comum
União econômica e monetária
Acordos comerciais regionais
Acordos de preferências tarifárias

76
UNIDADE 2

SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir dessa unidade você deverá ser capaz de:

• compreender o que é a merceologia e qual sua utilização nas operações


de importação;

• saber o motivo do surgimento do Sistema Harmonizado e de que forma o


mesmo deu origem à Nomenclatura Comum do Mercosul - NCM;

• entender a organização e composição da lista das NCMs;

• realizar buscas de NCMs, visando a correta classificação de mercadorias


a serem importadas;

• encontrar a tarifa de importação correspondente junto à tabela TEC;

• saber como se dá a importação de serviços;

• compreender a importância e o funcionamento do SISCOMEX, bem como


a forma como se procede o Registro, Credenciamento e Habilitação do
importador;

• identificar o tratamento administrativo despendido pelos órgãos


competentes às importações;

• saber qual a classificação e característica de cada espécie de importação;

• compreender o que é, bem como para que serve o exame de similaridade


e a verificação de preços em operações de importação;

• verificar qual a função e as espécies existentes de licenciamentos das


importações;

• examinar como se procede a uma declaração de importação.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em três tópicos. Em cada um deles você
encontrará diversas atividades que o(a) ajudarão na compreensão das
informações apresentadas.

TÓPICO 1 – MERCEOLOGIA

TÓPICO 2 – SISCOMEX

TÓPICO 3 – TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

77
78
UNIDADE 2
TÓPICO 1

MERCEOLOGIA

1 INTRODUÇÃO
Ao adentrar na Unidade 2 deste Livro Didático, chamamos sua atenção
para a importância da matéria que será aqui estudada. Afirmamos isso, pois
compreender o funcionamento da sistemática das importações é de crucial
importância para um profissional que atua em operações de importação.

Desta forma, nesta unidade estudaremos várias características, definições


e aplicações práticas de atos que envolvem operações de importação.

Neste Tópico 1 procuraremos compreender os objetivos e as finalidades


da merceologia. Ligando-a ao comércio exterior, verificaremos que a merceologia
deu origem ao Sistema Harmonizado de Classificação de Mercadorias, ou
simplesmente Sistema Harmonizado – SH. Este, por sua vez, foi incorporado pelos
países do Mercosul e dentre eles o Brasil, através da criação da Nomenclatura
Comum do Mercosul (NCM).

A lista que contém todas as NCMs classifica todas as mercadorias objeto


de importação. Sua individualização é composta pelos seis dígitos do SH mais
dois dígitos correspondentes à classificação adotada pela NCM.

Verificaremos também que a tabela que contém as alíquotas do Imposto


de Importação chama-se TEC (Tarifa Externa Comum), a qual, classificada
como ocorre na tabela das NCMs, contém a alíquota individualizada de cada
qualificação, possibilitando, assim, a aplicação de tarifas idênticas quando um
país participante do Mercosul importa bens de países não membros do grupo.

Além disso, estudaremos as principais características das importações de


serviços e verificaremos a importância do desenvolvimento deste setor para o
comércio mundial.

2 OBJETIVOS, FINALIDADES DA MERCEOLOGIA E HISTÓRICO


DA MERCEOLOGIA
Tendo em vista que o comércio mundial é movimentado e fomentado
por mercadorias e serviços, estes obviamente devem ser classificados de alguma
forma, a fim de facilitar a organização e classificação das operações de comércio
exterior.

79
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Neste contexto, de suma importância se faz o conhecimento da


merceologia.

Maluf (2000, p. 101) afirma que a merceologia:

É uma lista de produtos do mercado interno e/ou externo, ordenados


segundo convenções internacionais, levando-se em consideração
a matéria constitutiva, emprego, aplicação e outros aspectos
relacionados ao produto. Possui como objetivo evitar problemas de
desentendimento de ordem técnica entre os países, tais como questões
de impostos, nomenclaturas e denominação aduaneira dos produtos.

Como bem expressa seu nome, a merceologia se ocupa do estudo e


classificação das mercadorias, de acordo com sua composição - características
físicas, químicas, componentes etc., a fim de promover o seu reconhecimento e
sua classificação.

O Estudo Merceológico é importante instrumento na fiscalização


aduaneira. Seu principal objetivo é o de dotar a Coordenação Geral de
Administração Aduaneira da Receita Federal (COANA/RFB) de informações
de extrema relevância das mercadorias de interesse, de modo a aprimorar a
fiscalização aduaneira e, principalmente, atribuir um parâmetro objetivo de
análise de preço justo no mercado internacional.

De modo geral, a merceologia pode ser entendida como um estudo que


leva em consideração a análise das características técnicas e comerciais de uma
determinada mercadoria. Formalmente, divide-se em dois módulos: Módulo de
Informações Técnicas e Módulo de Informações Comerciais, pelos quais é possível
conhecer a mercadoria tanto técnica (sua identificação; suas características
operacionais e usuais; seus insumos e matérias-primas utilizados; entre outros),
como comercialmente (nomes usuais; canais de distribuição; comissões; preço
internacional; entre outros).

Finalizado o Estudo Merceológico, ele é entregue à COANA/RF, que o


distribui para toda a zona primária brasileira (alfandegados: porto, aeroporto;
fronteira; EADI). Com isso, quando do desembaraço da mercadoria, o fiscal
utiliza-se do Estudo como parâmetro e suporte para fiscalização. Nesse sentido,
à medida que o Estudo Merceológico instrumentaliza a fiscalização aduaneira
de informações, melhora satisfatoriamente a análise e a constatação de fraudes,
tornando-se uma ferramenta fundamental no combate ao subfaturamento,
classificação errada de mercadoria e fraude de origem para obtenção de benefícios
fiscais, entre outros.
FONTE: Disponível em: <http://www.abimaq.org.br/site.aspx/Estudo-Merceologico>. Acesso em:
20 set. 2012.

Não podemos deixar de mencionar que através da utilização da


merceologia é possível:

80
TÓPICO 1 | MERCEOLOGIA

- permitir que as autoridades fiscalizadoras reconheçam se a


importação pode ser autorizada ou não e em quais condições;
- facilitar a cobrança de impostos pela autoridade alfandegária;
- permitir o agrupamento conforme a natureza dos produtos e seu
grau de essencialidade, possibilitando ao governo a elaboração de
estatísticas, bem como um controle aperfeiçoado dos movimentos de
importação e exportação. (MALUF, 2000, p. 101).

Neste caso, fazendo-se uso da merceologia, a mercadoria que será objeto


de importação, devidamente classificada, determinará quais tratamentos de
ordem legal, administrativa e tributária serão aplicados ao longo de todos os
procedimentos presentes quando da importação de um produto, conforme nos
ensina Bizelli (2006, p. 498):

Desta maneira, torna-se crítica a definição formal do objeto de venda,


caracterizando-o de um modo bastante específico para que, em
seguida, possamos vincular um produto não somente aos eventos
meramente processuais, administrativos e de controle [...], mas
fundamentalmente criando uma correspondência direta entre esse
produto e sua respectiva classificação fiscal-tarifária.

A Receita Federal do Brasil, através da COANA – Coordenação Geral de


Administração Aduaneira, emitiu a Portaria n◦ 30/2003, que possui como objetivo
dispor um Formulário de Informações Merceológicas na forma do anexo à
portaria, quando do recebimento de informações técnicas e comerciais por parte
de importadores, produtores ou entidades representativas de classe ou setores
econômicos nacionais que tenham interesse em contribuir com o trabalho de
facilitação e controle exercido pela administração aduaneira.

DICAS

Para ter acesso ao conteúdo da Portaria Coana nº 30, de 21 de novembro de 2003,


acesse o site: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/portarias/2003/portcoana030.htm>.

E é neste contexto que foi criada a identificação de mercadorias no


comércio internacional para sua posterior classificação. Conforme mencionamos,
sua criação se deu porque se tornou necessária a invenção de um sistema que
facilitasse o comércio entre as nações, independente das diferenças culturais,
linguísticas ou consuetudinárias existentes.

Uma classificação fiscal-tarifária que, atribuindo a cada espécie


particular de mercadoria um único código, acabará, por vinculação à
norma, estabelecendo como, sob quais circunstâncias e em que medidas,
um dado produto será taxado, fiscalizado, incluso ou não em acordos
bilaterais-regionais de preferência tarifária e aduaneira e como se
sujeitará às formas de incidência e não incidência tributária vigentes
tanto em solo doméstico como, principalmente, nos países de destino
no caso de produtos destinados à exportação. (BARBOSA, 2004, p. 498).

81
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Em virtude dessa necessidade, foi elaborado um sistema para harmonizar


a designação e a respectiva codificação de mercadorias, conhecido como “Sistema
Harmonizado”, ou simplesmente SH, conforme estudaremos a seguir.

3 SISTEMA HARMONIZADO
Seguindo a sistemática de classificação, pelas razões acima expostas,
através de um padrão para a classificação de mercadorias, vigora no mercado
mundial o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias,
também conhecido simplesmente como Sistema Harmonizado - SH.

Aprovado em 1983, pelo Conselho de Cooperação Aduaneira


formado pelos países signatários da Convenção de Bruxelas, o SH
contribui no sentido da normatização, padronização e organização das
nomenclaturas, dos termos, das descrições e dos códigos dos produtos
normalmente comercializados no mundo inteiro. Com isso, o SH
permite não apenas aplicar a cada mercadoria as práticas de comércio
previstas na multitude dos acordos tarifários e de liberalização aduaneira
vigentes entre um sem-número de nações, como também facilita o
encaminhamento das negociações e dos tratados de intercâmbio,
tanto os de natureza nacional-regional como os que ocorrem na esfera
multilateral-global. (BARBOSA, 2004, p. 498-499).

No entanto, convém sabermos que as tentativas de harmonização não


foram sempre exitosas:
Durante muitas décadas perduraram três estruturas distintas, as quais,
pelo peso do bloco econômico que as utilizava (Japão, Europa e Estados
Unidos da América), criavam dificuldades ao comércio internacional. De fato,
dessa diversidade de nomenclaturas existentes resultava que uma mercadoria
produzida e exportada por um país, até a sua chegada ao mercado de consumo
de um outro, sujeitava-se, às vezes, a até 17 designações diferentes.

Em face disso, as transações comerciais tornavam-se morosas e


dispendiosas, porque para o cumprimento das formalidades aduaneiras ou para
os efeitos de transporte, seguro, câmbio, etc., era necessário, para cada um deles,
o preenchimento de documentos específicos e diferentes.

Essa falta de uma linguagem comum para a designação e codificação das


mercadorias dificultava sobremaneira a utilização da informática nas transações
internacionais, a análise dos dados comparativos de comércio, e criava incertezas
e imprecisões nas negociações tarifárias e em acordos comerciais internacionais.

Por outro lado, o próprio crescimento do comércio mundial contribuía,


significativamente, para que as diversas partes interessadas sentissem a necessidade
de criação de uma nomenclatura uniforme, mais precisa, mais moderna, para melhor
atendimento de seus problemas. Era necessário, consequentemente, harmonizar os
interesses distintos tendo em vista as finalidades aduaneiras, estatísticas, securitárias,
cambiais, etc., principalmente em relação à codificação das mercadorias.
FONTE: Disponível em: <http://haroldogueiros.wordpress.com/2010/08/27/apostila-de-
classificacao-haroldo-gueiros/>. Acesso em: 10 out. 2012.
82
TÓPICO 1 | MERCEOLOGIA

Verificou-se, por estes motivos, a necessidade da existência de uma


harmonização das classificações a fim de facilitar e ordenar as transações comerciais.

O site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior apresenta,


de forma clara e explicativa, como se dá a composição do Sistema Harmonizado:

O Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, ou


simplesmente Sistema Harmonizado (SH), é um método internacional de classificação
de mercadorias, baseado em uma estrutura de códigos e respectivas descrições.

Este sistema foi criado para promover o desenvolvimento do comércio


internacional, assim como aprimorar a coleta, a comparação e a análise das
estatísticas, particularmente as do comércio exterior. Além disso, o SH facilita
as negociações comerciais internacionais, a elaboração das tarifas de fretes e das
estatísticas relativas aos diferentes meios de transporte de mercadorias e de outras
informações utilizadas pelos diversos intervenientes no comércio internacional.

A composição dos códigos do SH, formado por seis dígitos, permite que
sejam atendidas as especificidades dos produtos, tais como origem, matéria
constitutiva e aplicação, em um ordenamento numérico lógico, crescente e de
acordo com o nível de sofisticação das mercadorias.

O Sistema Harmonizado (SH) abrange:

• Nomenclatura: compreende 21 seções, compostas por 96 capítulos, além das


Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição. Os capítulos, por sua vez, são
divididos em posições e subposições, atribuindo-se códigos numéricos a cada
um dos desdobramentos citados. Enquanto o Capítulo 77 foi reservado para
uma eventual utilização futura no SH, os Capítulos 98 e 99 foram reservados
para usos especiais pelas partes contratantes. O Brasil, por exemplo, utiliza o
Capítulo 99 para registrar operações especiais na exportação.
• Regras Gerais para a Interpretação do Sistema Harmonizado: estabelecem as
regras gerais de classificação das mercadorias na Nomenclatura.
• Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH): fornecem
esclarecimentos e interpretam o Sistema Harmonizado, estabelecendo,
detalhadamente, o alcance e conteúdo da Nomenclatura.
FONTE: Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.
php?area=5&menu=1090>. Acesso em: 10 out. 2012.

NOTA

A seguir estudaremos a composição das NCMs a partir da composição do SH. Neste


momento, você poderá verificar como se dá a composição e a classificação deste sistema.

83
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Com a criação deste sistema tornou-se possível a coleta com a


respectiva comparação e análise dos dados estatísticos do comércio mundial.
Com a implementação do sistema, todos (exportadores, importadores e
outros intervenientes) puderam, “a partir de uma mesma lente, enxergar o
enquadramento legal-aduaneiro ao qual estarão sujeitos cada um dos produtos
objeto de trocas no mercado internacional”. (BARBOSA, 2004, p. 499).

Diante disso, tendo em vista que o Brasil foi signatário da convenção


instituidora do Sistema Harmonizado, bastava colocá-lo em prática. E foi neste
contexto que, alguns anos após, com a instituição do Protocolo originário do
Mercosul, o Sistema Harmonizado que estamos estudando passou a fazer parte
de uma extensa lista de códigos numéricos, chamada de Nomenclatura Comum
do Mercosul, sendo que cada um desses códigos estaria vinculado a uma
determinada mercadoria e passaria a ser utilizado pelos seus respectivos países.

4 NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM)


Com base no Sistema Hamonizado mencionado acima, os Estados-Partes
elaboraram a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Isto significa que
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, a partir de janeiro de 1995, passaram a fazer
uso das NCMs - que têm por base o Sistema Harmonizado, a fim de classificar
toda e qualquer mercadoria negociada por estes no comércio mundial.

As NCMs estão organizadas em capítulos, conforme podemos observar


no quadro a seguir:

QUADRO 9 - CAPÍTULOS DAS NCMS


CAPÍTULO DESCRIÇÃO DO CAPÍTULO
01 ANIMAIS VIVOS.
02 CARNES E MIUDEZAS, COMESTÍVEIS.
03 PEIXES E CRUSTÁCEOS, MOLUSCOS E OUTS. INVERTEBR. AQUÁTICOS.
04 LEITE E LATICÍNIOS, OVOS DE AVES, MEL NATURAL ETC.
05 OUTROS PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL.
06 PLANTAS VIVAS E PRODUTOS DE FLORICULTURA.
07 PRODUTOS HORTÍCOLAS, PLANTAS, RAÍZES ETC. COMESTÍVEIS.
08 FRUTAS, CASCAS DE CÍTRICOS E DE MELÕES.
09 CAFÉ, CHÁ, MATE E ESPECIARIAS.
10 CEREAIS.
11 PRODUTOS DA INDÚSTRIA DE MOAGEM, MALTE, AMIDOS ETC.
12 SEMENTES E FRUTOS OLEAGINOSOS, GRÃOS, SEMENTES ETC.
13 GOMAS, RESINAS E OUTROS SUCOS E EXTRATOS VEGETAIS.
14 MATÉRIAS P/ENTRANÇAR E OUTS. PRODS. DE ORIGEM VEGETAL.
15 GORDURAS, ÓLEOS E CERAS ANIMAIS OU VEGETAIS ETC.
16 PREPARAÇÕES DE CARNE, DE PEIXES OU DE CRUSTÁCEOS ETC.

84
TÓPICO 1 | MERCEOLOGIA

17 AÇÚCARES E PRODUTOS DE CONFEITARIA.


18 CACAU E SUAS PREPARAÇÕES.
19 PREPARAÇÕES À BASE DE CEREAIS, FARINHAS, AMIDOS ETC.
20 PREPARAÇÕES DE PRODUTOS HORTÍCOLAS, DE FRUTAS ETC.
21 PREPARAÇÕES ALIMENTÍCIAS DIVERSAS.
22 BEBIDAS, LÍQUIDOS ALCOÓLICOS E VINAGRES.
23 RESÍDUOS E DESPERDÍCIOS DAS INDÚSTRIAS ALIMENTARES ETC.
24 FUMO (TABACO) E SEUS SUCEDÂNEOS MANUFATURADOS
25 SAL, ENXOFRE, TERRAS E PEDRAS, GESSO, CAL E CIMENTO.
26 MINÉRIOS, ESCÓRIAS E CINZAS.
27 COMBUSTÍVEIS, MINERAIS, ÓLEOS MINERAIS ETC. CERAS MINERAIS.
28 PRODUTOS QUÍMICOS INORGÂNICOS ETC.
29 PRODUTOS QUÍMICOS ORGÂNICOS.
30 PRODUTOS FARMACÊUTICOS.
31 ADUBOS OU FERTILIZANTES.
32 EXTRATOS TANANTES E TINTORIAIS, TANINOS E DERIVADOS ETC.
33 ÓLEOS ESSENCIAIS E RESINOIDES, PRODS. DE PERFUMARIA ETC.
34 SABÕES, AGENTES ORGÂNICOS DE SUPERFÍCIE ETC.
35 MATERIAIS ALBUMINOIDES, PRODUTOS À BASE DE AMIDOS ETC.
36 PÓLVORAS E EXPLOSIVOS, ARTIGOS DE PIROTECNIA ETC.
37 PRODUTOS PARA FOTOGRAFIA E CINEMATOGRAFIA.
38 PRODUTOS DIVERSOS DAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS.
39 PLÁSTICOS E SUAS OBRAS.
40 BORRACHA E SUAS OBRAS.
41 PELES, EXCETO A PELETERIA (PELES COM PELO, E COUROS).
42 OBRAS DE COURO, ARTIGOS DE CORREEIRO OU DE SELEIRO ETC.
43 PELETERIA (PELES COM PELO), SUAS OBRAS, PELETERIA ARTIF.
44 MADEIRA, CARVÃO VEGETAL E OBRAS DE MADEIRA.
45 CORTIÇA E SUAS OBRAS.
46 OBRAS DE ESPARTARIA OU DE CESTARIA.
47 PASTAS DE MADEIRA OU MATÉRIAS FIBROSAS CELULÓSICAS ETC.
48 PAPEL E CARTÃO, OBRAS DE PASTA DE CELULOSE, DE PAPEL ETC.
49 LIVROS, JORNAIS, GRAVURAS, OUTROS PRODUTOS GRÁFICOS ETC.
50 SEDA.
51 LÃ, PELOS FINOS OU GROSSEIROS, FIOS E TECIDOS DE CRINA.
52 ALGODÃO
53 OUTRAS FIBRAS TÊXTEIS VEGETAIS, FIOS DE PAPEL ETC.
54 FILAMENTOS SINTÉTICOS OU ARTIFICIAIS.
55 FIBRAS SINTÉTICAS OU ARTIFICIAIS, DESCONTÍNUAS.
56 PASTAS ("OUATES"), FELTROS E FALSOS TECIDOS, ETC.
57 TAPETES, OUTS. REVESTIM. P/PAVIMENTOS, DE MATERIAIS TÊXTEIS.
58 TECIDOS ESPECIAIS, TECIDOS. TUFADOS, RENDAS, TAPEÇARIAS ETC.
59 TECIDOS IMPREGNADOS, REVESTIDOS, RECOBERTOS ETC.
60 TECIDOS DE MALHA.

85
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

61 VESTUÁRIO E SEUS ACESSÓRIOS, DE MALHA.


62 VESTUÁRIO E SEUS ACESSÓRIOS, EXCETO DE MALHA.
63 OUTROS ARTEFATOS TÊXTEIS CONFECCIONADOS, SORTIDOS ETC.
64 CALÇADOS, POLAINAS E ARTEFATOS SEMELHANTES E SUAS PARTES.
65 CHAPÉUS E ARTEFATOS DE USO SEMELHANTE, E SUAS PARTES.
66 GUARDA-CHUVAS, SOMBRINHAS, GUARDA-SÓIS, BENGALAS ETC.
67 PENAS E PENUGEM PREPARADAS, E SUAS OBRAS ETC.
68 OBRAS DE PEDRA, GESSO, CIMENTO, AMIANTO, MICA ETC.
69 PRODUTOS CERÂMICOS.
70 VIDRO E SUAS OBRAS.
71 PÉROLAS NATURAIS OU CULTIVADAS, PEDRAS PRECIOSAS ETC.
72 FERRO FUNDIDO, FERRO E AÇO.
73 OBRAS DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO.
74 COBRE E SUAS OBRAS.
75 NÍQUEL E SUAS OBRAS.
76 ALUMÍNIO E SUAS OBRAS.
77 RESERVADO PARA USO FUTURO PELO SISTEMA HARMONIZADO.
78 CHUMBO E SUAS OBRAS.
79 ZINCO E SUAS OBRAS.
80 ESTANHO E SUAS OBRAS.
81 OUTROS METAIS COMUNS, CERAMAIS, OBRAS DESSAS MATÉRIAS.
82 FERRAMENTAS, ARTEFATOS DE CUTELARIA, ETC. DE METAIS COMUNS.
83 OBRAS DIVERSAS DE METAIS COMUNS.
84 CALDEIRAS, MÁQUINAS, APARELHOS E INSTRUMENTOS MECÂNICOS.
85 MÁQUINAS, APARELHOS E MATERIAL ELÉTRICOS, SUAS PARTES ETC.
86 VEÍCULOS E MATERIAL PARA VIAS FÉRREAS, SEMELHANTES ETC.
87 VEÍCULOS AUTOMÓVEIS, TRATORES, ETC. SUAS PARTES/ACESSÓRIOS.
88 AERONAVES E OUTROS APARELHOS AÉREOS ETC. E SUAS PARTES.
89 EMBARCAÇÕES E ESTRUTURAS FLUTUANTES.
90 INSTRUMENTOS E APARELHOS DE ÓPTICA, FOTOGRAFIA ETC.
91 RELÓGIOS E APARELHOS SEMELHANTES, E SUAS PARTES.
92 INSTRUMENTOS MUSICAIS, SUAS PARTES E ACESSÓRIOS.
93 ARMAS E MUNIÇÕES, SUAS PARTES E ACESSÓRIOS.
94 MÓVEIS, MOBILIÁRIO MÉDICO-CIRÚRGICO, COLCHÕES ETC.
95 BRINQUEDOS, JOGOS, ARTIGOS P/DIVERTIMENTO, ESPORTES ETC.
96 OBRAS DIVERSAS.
97 OBJETOS DE ARTE, DE COLEÇÃO E ANTIGUIDADES.
99 TRANSAÇÕES ESPECIAIS.

FONTE: Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.


php?area=5&menu=1844&refr=605>. Acesso em: 20 set. 2012.

Dos oito dígitos que compõem a NCM, os seis primeiros são formados
pelo Sistema Harmonizado, enquanto o sétimo e oitavo dígitos correspondem a
desdobramentos específicos atribuídos no âmbito do Mercosul.

86
TÓPICO 1 | MERCEOLOGIA

A sistemática de classificação dos códigos na Nomenclatura Comum do


Mercosul – NCM - obedece à seguinte estrutura:

FIGURA 7 - ESTRUTURA DA CLASSIFICAÇÃO DAS NCMS

FONTE: Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.


php?area=5&menu=1090>. Acesso em: 20 set. 2012.

No site da Receita Federal existe uma ferramenta de apoio para consulta


das NCMs, diante da necessidade de classificação de mercadorias, sendo possível
consultar por códigos da NCM (caso já tenhamos os códigos), bem como pela
simples descrição do produto.

Utilizando-se desta ferramenta, vamos analisar agora um exemplo prático


da classificação de uma mercadoria que seria, hipoteticamente, utilizada em uma
operação de importação. Nossas mercadorias hipotéticas seriam dicionários e
consultaremos sua NCM, através da pesquisa por códigos, e utilizaremos o site
de pesquisa:

FIGURA 8 - PESQUISA NCM

FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2J96cos>. Acesso em: 20 set. 2012.

87
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

A conclusão da pesquisa deste NCM mostra que a mercadoria


DICIONÁRIOS está na seguinte posição da lista de NCMs: Capítulo 49 (juntamente
com livros, jornais, gravuras e outros produtos da indústria gráfica); Posição 4901
(livros, brochuras e impressos semelhantes...); Subposição 1 49019 (outros).

Portanto, o resultado desta NCM será: NCM 4901.9100 (Dicionários/


Enciclopédias MMO em fascículos)

Agora, utilizando do mesmo site de pesquisa, buscaremos outra


mercadoria hipoteticamente utilizada em uma operação de importação, que seria
café. No entanto, faremos a pesquisa por descrição e não por códigos, conforme
vimos anteriormente:

FIGURA 9 - PESQUISA NCM

FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2YiCjWh>. Acesso em: 20 set. 2012.

88
TÓPICO 1 | MERCEOLOGIA

Caso nossa mercadoria fosse o café torrado não descafeinado, podemos


concluir que sua NCM é 0901.2100, conforme consta da lista de busca apresentada
a partir da descrição café.

A partir destes exemplos podemos concluir que as mercadorias são


identificadas por um conjunto de números, em ordem crescente, de acordo com
o seu grau de elaboração. Ou seja, quanto maior a complexidade do processo
produtivo da mercadoria, maior é seu número no Sistema Harmonizado e,
consequentemente, na NCM.

Isto significa que as mercadorias estarão sempre ordenadas de forma


progressiva, iniciando com animais vivos e terminando com as obras de arte,
passando por matérias-primas e produtos semielaborados. Quanto maior a
participação do homem na elaboração da mercadoria, mais elevado é o número
do capítulo em que ela será classificada.
FONTE: Disponível em: <professor.ucg.br/.../material/PLANEJANDO%20A%20EXPORTAÇÃ...>.
Acesso em: 10 set. 2012.

No entanto, nem sempre consultar uma NCM e classificá-la é tão simples


assim. Isto porque, uma errada classificação pode gerar multas e tributos a mais
a pagar. Muitas empresas, mesmo aquelas que estão habituadas a classificar
mercadorias de acordo com a NCM, deparam-se com dúvidas de classificação,
sendo estas causadas pela complexidade da lista das NCMs ou pela inexistência
ou duplicidade de possibilidades de classificação.

Convém prestarmos atenção para o enunciado constante no site da Receita


Federal:
A classificação fiscal de mercadorias é importante não somente para
determinar os tributos envolvidos nas operações de importação e
exportação, e de saída de produtos industrializados, mas também,
em especial no comércio exterior, para fins de controle estatístico
e determinação do tratamento administrativo requerido para
determinado produto.
O importador, exportador ou fabricante de certo produto deve, em
princípio, determinar ele próprio, ou através de um profissional
por ele contratado, a respectiva classificação fiscal, o que requer que
esteja familiarizado com o Sistema Harmonizado de Designação Ve
Codificação de Mercadoria e as regras gerais para a interpretação do
Sistema Harmonizado, através de pesquisa efetuada na TEC ou TIPI,
nas notas explicativas do Sistema Harmonizado e em ementas de
pareceres e soluções de consulta publicadas no D.O.U.
Para casos complexos, que mesmo após um estudo exaustivo persista
dúvida razoável, pode-se formular consulta sobre a classificação fiscal
nos termos da legislação vigente, prestando todas as informações
técnicas necessárias ao perfeito entendimento do produto.
As consultas que não comportem dúvida razoável por versarem sobre
fatos ou produtos:
- definidos ou declarados em disposição literal da legislação;
- disciplinados em atos normativos;
- abrangidos e classificados em processos anteriores de consulta cuja
ementa tenha sido publicada no Diário Oficial. (RECEITA FEDERAL, 2012).

89
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Diante disso, Maluf (2000, p. 103) nos ensina que devemos nos atentar
para algumas dicas, as quais podem traduzir-se em ferramentas muito úteis para
quem vai utilizar este sistema no seu dia a dia profissional:

- busque informações sobre a mercadoria no que diz respeito a: marca,


tipo, cor, acessório, material constitutivo, composição, utilização e
outras disponíveis;
- selecione as seções ou capítulos mais adequados;
- categorize as mercadorias dentro dos capítulos;
- leia as notas explicativas, pois elas são orientativas;
- havendo uma classificação específica, esta prevalecerá sobre a mais genérica.

Apresentamos a seguir o momento em que o importador deverá inserir no


Siscomex a classificação da mercadoria importada:

FIGURA 10 - FICHA CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIA

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/manuaisweb/importacao/


preenchimento/declaracao/adicao/ficha-mercadoria/subficha1.htm>. Acesso em: 20 set. 2012.

Outrossim, se mesmo utilizando-se destas dicas o envolvido permanecer


com dúvidas acerca da classificação dos produtos, a Receita Federal dispõe de uma
forma de consultas para sanar dúvidas de classificação. A solução de consultas
sobre classificação fiscal de mercadorias é de competência da Receita Federal do
Brasil (RFB), por intermédio da Coordenação-Geral do Sistema Aduaneiro e da
Superintendência Regional da Receita Federal.

90
TÓPICO 1 | MERCEOLOGIA

DICAS

Em caso de dúvidas sobre a correta classificação fiscal de mercadorias, o


interessado deverá contatar a unidade da Receita Federal do seu domicílio fiscal, formulando
consulta por escrito, de acordo com as orientações constantes no site dessa Secretaria, na
seguinte página:

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/guiacontribuinte/


consclassfiscmerc.htm>. Acesso em: 20 set. 2012.

5 TARIFA EXTERNA COMUM (TEC)


Estudamos anteriormente que o Sistema Harmonizado deu origem à
Nomenclatura do Mercosul (NCM), possibilitando a classificação de mercadorias
e suas respectivas classificações tarifárias. É de suma importância sabermos
também que as NCMs constituíram a base da Tarifa Externa Comum (TEC) e
ambas são interligadas. Ou seja, qualquer alteração do Sistema Harmonizado
atingirá a NCM e, consequentemente, as classificações para a formação da TEC.

Mas, afinal, para que serve a Tarifa Externa Comum?

A partir de janeiro de 1995 foi estabelecida a união aduaneira, implicando


a adoção de uma Tarifa Externa Comum (implementada no Brasil pelo Decreto
n◦ 1343, de 23/12/1994, para vigorar a partir de 1995), que correlaciona os códigos
da Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM com os direitos de importação
incidentes sobre cada um desses códigos, e se aplica somente às importações
provenientes dos países não membros.

Segundo as diretrizes estabelecidas, desde 1992, a TEC deve incentivar


a competitividade dos Estados-Partes e seus níveis tarifários devem
contribuir para evitar a formação de oligopólios ou de reservas
de mercado. Também foi acordado que a TEC deveria atender aos
seguintes critérios: a) ter pequeno número de alíquotas; b) baixa
dispersão; c) maior homogeneidade possível das taxas de promoção
efetiva (exportações) e de proteção efetiva (importação); d) que o
nível de agregação para o qual seriam definidas as alíquotas era de
seis dígitos. (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E
COMÉRCIO EXTERIOR, 2012).

A Tarifa Externa Comum equilibra as condições de concorrência intrabloco,


assegurando o tratamento preferencial para os produtos do Mercosul, em detrimento
dos bens originários de terceiros países, ou seja, não participantes do Mercosul.

FONTE: Adaptado de: <fesppr.br/.../09-0703-PLANEJ%20ESTRAT%20-%20INCOT%20-...>. Acesso


em: 10 out. 2012.

91
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Isso significa que cada NCM terá uma alíquota base correspondente, a fim
de traduzir o quantitativo do Imposto de Importação vigente entre os Estados-
Partes do Mercosul. Esta alíquota é que comporá o Imposto de Importação,
chamada de TEC.

Em suma, o imposto incidente sobre as mercadorias originárias dos


Estados-Partes (há necessidade de comprovação com certificado de origem) é igual
a zero, com as exceções particulares concedidas a cada Estado. Entretanto, para as
mercadorias não originárias dos Estados-Partes, vale dizer, originárias de outros
países, foi criada uma tarifa EXTERNA comum – TEC, onde figuram as alíquotas
que os Estados-Partes devem respeitar, para que haja equilíbrio no bloco.

FONTE: Disponível em: <http://haroldogueiros.wordpress.com/2010/08/27/apostila-de-


classificacao-haroldo-gueiros/>. Acesso em: 20 set. 2012.

NOTA

Não podemos deixar de mencionar que existe outro Sistema Harmonizado,


chamado de NALADI - Nomenclatura da ALADI. Esta nomenclatura, denominada NALADI/
SH, em vigor a partir de 01/01/90, também é baseada no Sistema Harmonizado, e apresenta,
para além dos seis dígitos SH, mais dois: o 7º dígito, que representa os itens de primeiro nível,
e o 8º, que representa os itens de segundo nível. Estes dois últimos dígitos operam da mesma
forma que itens e subitens da NCM, não trazendo novidades para o estudo. A NALADI/SH
também apresenta notas complementares e, diferentemente da NBM/SH e NCM, duas regras
complementares, a primeira para disciplinar a operacionalidade das notas complementares, e
a segunda para estabelecer o funcionamento dos itens de primeiro e segundo nível.

A nomenclatura da ALADI não é utilizada como base para elaboração de tarifa, mas é empregada nas
negociações no âmbito da ALADI. Para ser coerente, um sistema de classificação deve vincular uma
mercadoria a uma única codificação, de uma maneira simples e inequívoca. Portanto, deve incluir
regras asseguradoras de que dita mercadoria sempre se classificará no mesmo código numérico.

O Sistema Harmonizado compreende, para tais efeitos, uma série de disposições preliminares
que estabelecem os princípios nos quais se baseia a nomenclatura e que constituem as regras
gerais garantidoras de uma uniforme interpretação legal. Nas regras interpretativas também
se estabelece um procedimento de classificação de acordo com a hierarquia da mercadoria
dentro do SH, a fim de que uma mercadoria sempre se classifique primeiro em sua posição, a
seguir, na subposição de um travessão, e somente depois na subposição de dois travessões.

FONTE: Disponível em: <http://haroldogueiros.wordpress.com/2010/08/27/apostila-de-


classificacao-haroldo-gueiros/>. Acesso em: 20 set. 2012.

Em síntese, podemos afirmar que a TEC:

• Baseia-se no Sistema Harmonizado e é organizada de acordo com a NCM.


• Aplica-se ao comércio extrarregional ao Mercosul.
• Estabelece tributos aduaneiros uniformes para o comércio com terceiros países.
• Uniformizou o tratamento administrativo dado a cada mercadoria.
92
TÓPICO 1 | MERCEOLOGIA

A fim de aprendermos como está disposta a Tabela TEC, no quadro a seguir


está uma parte da mesma, frisando para alíquota aplicável à NCM 4901.91.00 –
Dicionários, que utilizamos como primeiro exemplo no item 4 desta unidade:

QUADRO 10 - TABELA TEC PARCIAL

TEC
NCM DESCRIÇÃO
(%)
49.01 Livros, brochuras e impressos semelhantes, mesmo em folhas soltas.
4901.10.00 - Em folhas soltas, mesmo dobradas. 0
4901.9 - Outros:
4901.91.00 -- Dicionários e enciclopédias, mesmo em fascículos 0
4901.99.00 -- Outros 0

Jornais e publicações periódicas, impressos, mesmo ilustrados ou que


49.02
contenham publicidade.
4902.10.00 - Que se publiquem pelo menos quatro vezes por semana 0
4902.90.00 - Outros 0
Álbuns ou livros de ilustrações e álbuns para desenhar ou colorir, para
4903.00.00 16
crianças.
4904.00.00 Música manuscrita ou impressa, ilustrada ou não, mesmo encadernada. 0

FONTE: Adaptada de: <http://www.desenvolvimento.gov.br/portalmdic/sitio/interna/interna.


php?area=5&menu=1848>. Acesso em: 20 set. 2-12.

Também podemos verificar qual a alíquota prevista na TEC para o café


torrado não descafeinado - NCM é 0901.2100 – utilizado como segundo exemplo
no item 4 desta unidade:

QUADRO 11 - TABELA TEC PARCIAL


NCM DESCRIÇÃO TEC (%)
Café, mesmo torrado ou descafeinado; cascas e películas de café; sucedâneos
09.01
do café que contenham café em qualquer proporção.
0901.1 - Café não torrado:
0901.11 - Não descafeinado.
0901.11.10 - Em grão. 10
0901.11.90 - Outros. 10
0901.12.00 - Descafeinado. 10
0901.2 - Café torrado:
0901.21.00 - Não descafeinado. 10
0901.22.00 - Descafeinado. 10
0901.90.00 - Outros. 10
09.02 - Chá, mesmo aromatizado.
0902.10.00 - Chá verde (não fermentado) em embalagens imediatas de conteúdo não superior a 3 kg. 10
0902.20.00 - Chá verde (não fermentado) apresentado de qualquer outra forma. 10
- Chá preto (fermentado) e chá parcialmente fermentado, em embalagens imediatas
0902.30.00 10
de conteúdo não superior a 3 kg.
- Chá preto (fermentado) e chá parcialmente fermentado, apresentados de qualquer
0902.40.00 10
outra forma.
0903.00 Mate.
0903.00.10 Simplesmente cancheado. 10
0903.00.90 Outros. 10

FONTE: Adaptado de: <http://www.desenvolvimento.gov.br/portalmdic/sitio/interna/interna.


php?area=5&menu=1848>. Acesso em: 20 set. 2012.
93
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Da análise dos produtos constantes nas tabelas acima, concluímos que as


NCMs 4901.91.00 (Dicionários) e 0901.21.00 possuem as alíquotas de 0% e 10%,
respectivamente.

ATENCAO

A partir de 01/01/2012 entrou em vigor no Brasil a nova versão da Nomenclatura


Comum do Mercosul (NCM) adaptada à V Emenda do Sistema Harmonizado de Designação
e Codificação de Mercadorias, aprovada pelo Conselho de Cooperação Aduaneira (SH-2012).
A adaptação à V Emenda do Sistema Harmonizado, assim como a correspondente Tarifa
Externa Comum (TEC), foi aprovada pelo Grupo Mercado Comum, por sua Resolução 05/11,
e publicada no Brasil pela Resolução CAMEX 94, de 08/12/2011. Esta Resolução da CAMEX
incorporou também as modificações da NCM e da TEC decididas no âmbito do Mercosul
pelas Resoluções GMC 33/10, 13/11, 17/11 e 32/11.
FONTE: Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/portalmdic/sitio/interna/interna.
php?area=5&menu=1848>. Acesso em: 20 set. 2012.

6 IMPORTAÇÃO DE SERVIÇOS
Primeiramente, para falar sobre a importação de serviços, é necessário
sabermos o que ele significa. Grande parte da população não encontra
dificuldades, por exemplo, em distinguir um setor industrial ou agrícola. Porém,
o setor de serviços pode causar alguma confusão quanto à sua classificação, além
de dividirem-se nos mais diversificados ramos.

Para tanto, analisemos os pronunciamentos de Lovelock e Wright (2006, p. 5):

Serviço é um ato ou desempenho oferecido por uma parte a outra.


Embora o processo possa estar ligado a um produto físico, o processo é
essencialmente intangível e normalmente não resulta em propriedade
de nenhum dos fatores. [...]
Serviços são atividades econômicas que criam valor e fornecem
benefícios para clientes em tempos e lugares específicos, como
decorrência da realização de uma mudança desejada no – ou em nome
do – destinatário do serviço.

Outra diferenciação que deve ser feita para entender melhor a definição
de serviços, estes comparados com os bens, é esta, conforme Lovelock e Wright
(2006, p. 16): “Os bens podem ser descritos como objetos ou dispositivos físicos
que propiciam benefícios aos clientes por meio de sua propriedade ou uso”. Para
o autor, os serviços “são ações ou desempenhos”. Entre outras características que
diferenciam os serviços, pode-se citar a intangibilidade, ou seja, o cliente obtém
algum valor do serviço utilizado, porém não obtém propriedade física sobre ele.

Como exemplo de serviços podemos citar: viagens internacionais,


transportes, seguros, serviços financeiros, serviços de computação e informações,
94
TÓPICO 1 | MERCEOLOGIA

royalties e licenças, aluguéis de equipamentos, serviços governamentais, dentre


muitos outros.

“O setor de serviços é composto por qualquer serviço, de qualquer setor,


não incluindo os serviços de origens governamentais, certo que estes não têm
base comercial. Neste setor estão inclusas a produção, distribuição, publicidade,
venda e entrega dos serviços”. (THORSTENSEN, 2001, p. 198).

Em muitos países, os serviços no mercado econômico são bastante


variados, com diferentes atividades, que podem atingir um mercado global, ou
até mesmo uma única cidade.

Um dos fatores que faz com que o setor de serviços aumente


gradativamente é que muitas empresas acreditam que terceirizar sua produção
possa ser mais viável, fazendo com que uma empresa de prestação de serviços
seja então acionada.

Como citado acima, o setor de prestação de serviços pode atingir um


mercado mundial. Vem crescendo consideravelmente a internacionalização de
empresas prestadoras de serviço, sendo esta uma estratégia para que se possa
atender aos variados desejos de clientes e se inserir em novos mercados.

Na administração de serviços consideram-se oito pontos, de acordo com


Lovelock e Wright (2006, p. 21-22):

Elementos do produto: pode-se definir como “todos os componentes do


desempenho do serviço que criam valor para os clientes”.
Lugar e tempo: é o planejamento realizado para verificar quando e, se
necessário, quais os canais de distribuição que poderão ser utilizados para a
entrega do serviço.
Processo: é o método que deve ser seguido, de acordo com um planejamento
eficaz, para que se possa realizar um serviço de qualidade, com entrega pontual e,
consequentemente, satisfação do cliente.
Produtividade e qualidade: um bom desempenho nos serviços de uma
empresa gera maior produtividade, sendo que a qualidade deve caminhar junto,
a fim de realizar um serviço eficaz.
Pessoas: um dos principais elementos na prestação de serviços. Juntamente
com quem está executando estão os clientes, sendo estes os responsáveis em
qualificar o trabalho realizado.
Promoção e educação: tratando-se de marketing de serviços, a empresa deve
ensinar a seus clientes quais os benefícios que um determinado serviço pode oferecer.
Evidência física: como já citado acima, os serviços são intangíveis,
porém, quando realizados, deixam uma “pista visual” de que este foi realizado.
Portanto, o serviço precisa ser bem executado para que transmita uma evidência
de qualidade.
Preço e outros custos do serviço: para a definição do preço por um
determinado serviço prestado não se deve levar em consideração somente fatores
como preço da venda, margens de lucro e condições de pagamento, mas também
tempo, esforços físicos e outros fatores que estejam relacionados com o cliente.

95
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Além da administração deste setor, outro elemento a que se deve dar


importância é quanto à identificação dos benefícios que a prestação dos serviços
pode proporcionar. Uma organização pode optar, por exemplo, em oferecer não
apenas um serviço único, mas sim um pacote de serviços, onde estes tenham
relação entre si.

Outro ponto utilizado pelas empresas deste setor é a opção por inovações
tecnológicas, onde se pode entregar o mesmo, ou um serviço melhor, através
do uso de um processo diferenciado, mais moderno, de maior rapidez e mais
simples.

A prestação de serviços ao mercado internacional tem sido propulsora


do desenvolvimento econômico, pois aumenta a competitividade interna e
internacional, gera empregos qualificados e acelera o progresso tecnológico. E
sendo o Brasil um país considerado competitivo no setor de serviços no exterior,
este deve se preparar para conseguir negociar com os países estrangeiros.

“O comércio internacional de serviços envolve desde a prestação de


transporte e seguro para transações internacionais, passando por realizações de
projetos como construção de usinas ou ferrovias até a prestação de consultoria
especializada”. (TORRES, 2000, p. 59).

Além disso, a prestação de serviços pode ser colocada como uma terceirização,
que “é a passagem de atividades e tarefas a terceiros”. (DAVIS, 1992, p. 11).

A importância do setor de serviços é evidente, através de sua


abrangência que pode ser percebida em termos globais, por ser um
segmento que sustenta a economia de países desenvolvidos, e que, por
sua vez, transmite perspectivas para as nações em desenvolvimento.
E ainda, o empenho que os países desenvolvidos realizam para que
se criem acessos ao mercado internacional, a fim de proporcionar
maiores facilidades para as exportações dos bens e de serviços. (AEB,
2009, p. 1).

Visando controlar e aplicar determinado caráter de validade ao comércio


de serviços no mundo, a OMC possui em vigor o Acordo Geral sobre o Comércio
de Serviços (GATS, da sigla em inglês), nascido no mesmo ano em que a OMC
foi criada, 1995, consolidando os compromissos dos membros de liberalizar o
comércio de serviços. Ao mesmo tempo, ele estabelece as bases para negociações
sobre uma maior liberalização do comércio de serviços.

96
TÓPICO 1 | MERCEOLOGIA

LEITURA COMPLEMENTAR 1

As negociações sobre serviços foram inicialmente estruturadas em


torno do chamado “método bilateral de solicitações e propostas”, pelo qual os
membros da OMC apresentavam, uma de cada vez, solicitações de uma maior
liberalização dos setores de serviços a outros membros. Todos os compromissos
assumidos bilateralmente podiam ser estendidos a todos os membros de acordo
com o princípio do tratamento NMF. Na Sexta Conferência Ministerial, realizada
em Hong Kong, esse sistema mudou: os membros concordaram em acrescentar
um método “plurilateral” de solicitações e propostas às negociações do GATS.

O método bilateral de solicitações e propostas está resumido no Anexo C


da Declaração Ministerial de 18 de dezembro de 2005. Esse método permite que
grupos de “Amigos” – membros interessados num setor particular de serviços
– apresentem solicitações e propostas coletivas a outro membro. O risco desse
tipo de negociação consiste na possibilidade de os países em desenvolvimento
serem pressionados para negociar a liberalização de setores de serviços que não
desejam liberalizar em troca de promessas de “compensações” em outras esferas,
como a de um maior acesso a mercados de produtos agrícolas e industriais.

A declaração ministerial de Hong Kong também obriga os membros a


assumirem alguns objetivos de liberalização nas quatro modalidades de prestação
definidas no GATS e a prosseguir com as negociações sobre a elaboração de
regras e em torno das disciplinas referentes à regulação nacional. Nessas
negociações, os membros definirão regras para subsídios a serviços que podem
influenciar a ajuda concedida pelo Estado a serviços educacionais e de saúde.
Além disso, as negociações sobre as disciplinas referentes à regulação nacional
podem influenciar a margem de atuação que os Estados precisam ter para adotar
medidas que garantam a observância de direitos humanos, como o direito de
acesso a serviços essenciais, à educação, à saúde ou à seguridade social, inclusive
à previdência social.

Quando um país aceita liberalizar um setor em virtude do GATS, ele deve


cumprir certas obrigações:

• Deve incorporar o correspondente setor a uma lista de compromissos


específicos. Com isso, o compromisso de liberalização se torna juridicamente
vinculante para o Estado-membro e o impede de restringir o número de
prestadores de serviços estrangeiros atuantes nesse setor de serviços ou de
condicionar sua atuação a determinadas condições. Além disso, o governo
poderá incluir limitações nesta lista de compromissos, visando o acesso aos
seus mercados e delimitando qual a forma de tratamento será dada a cada
setor específico. O “comércio” no contexto dos serviços implica a venda de
serviços a um consumidor de outro país.

97
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

• Ao comprometer-se a liberalizar um setor de serviços, um membro da OMC


fica juridicamente vinculado em virtude do GATS e deve conceder tratamento
nacional e acesso a mercados no mesmo setor a todos os prestadores de serviço
estrangeiros dos outros membros. O Chile assumiu alguns compromissos de
abrir seus serviços na área de investimentos estrangeiros. Portanto, não pode
impedir, por exemplo, que um investidor estrangeiro, três anos após a sua
entrada no país, transfira todos os seus capitais.

• Quando um compromisso é assumido no âmbito do GATS, ele não pode ser


anulado ou modificado, a menos que seja concedida uma compensação (em
termos de compromissos adicionais de abertura de mercados em outros setores de
serviços) a todos os membros afetados. Portanto, é importante estar ciente de que,
ao assumir um compromisso, um governo fica efetivamente obrigado a cumpri-lo
por estar incluído na sua lista, o que limita suas opções políticas futuras.

• O tratamento NMF se aplica a todos os setores de serviços, independentemente


de o membro ter assumido compromissos nesses setores ou não. Se um governo
não quiser aplicar o tratamento NMF a todos os operadores de um setor em
particular, ele deve especificar isso claramente em sua chamada “lista de
isenções” no âmbito do GATS ao aderir à OMC. Os países que não invocaram
isenções do tratamento NMF se depararão com limitações nas medidas que
adotarem num determinado setor, mesmo que não tenham incluído nenhum
compromisso específico para o setor em questão na sua lista. Isso significa
que medidas especiais para efetivar direitos humanos, por exemplo, ficarão
sujeitas às obrigações do tratamento NMF.

Um governo pode liberalizar um setor de serviços sem incorporá-lo à sua


lista da OMC e, assim, preservar sua margem de atuação política para introduzir
mudanças no futuro.

FONTE: Guia prático sobre a OMC. Disponível em: <http://www.3dthree.org/pdf_3D/GuiaPratico.


pdf>. Acesso em: 20 set. 2012.

NOTA

O tratamento NMF ou Nação Mais Favorecida é um dos princípios basilares da


OMC e significa que um benefício concedido por um país a outro - em matéria de comércio
de bens ou serviços – deverá ser concedido também aos demais países membros da OMC.
Tal princípio visa a inocorrência do comércio desleal na OMC.

Convém conhecermos a participação dos países no campo de serviços no


comércio mundial. Para tanto, analisaremos a tabela a seguir, a qual apresenta,
através de percentuais, o grau de participação de alguns países na condição de
exportadores e importadores de serviços:
98
TÓPICO 1 | MERCEOLOGIA

QUADRO 12 - PARTICIPAÇÃO DOS PRINCIPAIS PAÍSES COMO EXPORTADORES E


IMPORTADORES DE SERVIÇOS

Exportação de serviços % sobre o Importação de serviços % sobre o


País e posição movimento mundial País e posição movimento mundial
1 Estados Unidos 19,1 1 Estados Unidos 13,8
2 Reino Unido 7,0 2 Alemanha 9,2
3 França 5,7 3 Japão 8,1
4 Alemanha 5,6 4 Reino Unido 5,7
5 Japão 4,8 5 França 4,3
6 Itália 4,0 6 Itália 3,9
33 Brasil 0,6 26 Brasil 1,1

FONTE: Disponível em: <http://www.wto.org/spanish/tratop_s/serv_s/cbt_course_s/signin_s.


htm>. Acesso em: 20 set. 2012.

Embora o índice da participação brasileira no comércio de serviços não


seja tão considerável, se faz necessário compreender como funciona esta espécie
de importação.

Segundo a Receita Federal do Brasil, os serviços provenientes do exterior


são aqueles executados no país importador ou executados no exterior, cujo
resultado se verifique no país importador.

Desta forma, uma pessoa ou empresa brasileira pode contratar a realização


de um serviço prestado por alguém (pessoa física ou jurídica) estrangeiro, e estes
serviços, ou deverão ser executados aqui no Brasil ou podem ser realizados no
exterior, porém seus resultados devem ser verificados aqui no Brasil.

Como exemplo, podemos citar: a contratação de serviços de criação


de software por uma empresa brasileira, realizados por uma empresa norte-
americana. A prestação dos serviços (importação de serviços) deverá ser realizada
aqui no Brasil, ou, conforme citado acima, os serviços poderão ser desenvolvidos
no exterior, mas quando da implantação do software contratado, seus efeitos serão
verificados no Brasil, ou seja, na empresa brasileira que contratou a instalação do
software.

99
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

E
IMPORTANT

Quando da realização da importação de serviços, o importador, sendo pessoa


física ou jurídica, deverá estar atento à tributação desta operação. Neste caso, atendendo
a determinadas particularidades da operação, incidirá sobre a importação de serviços: 1. II
(Imposto sobre Importação) - calculado sobre o valor aduaneiro, com alíquotas variáveis;
2. IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) - calculado conforme a Tabela do IPI. 3.
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), alíquota variável segundo as
alíquotas vigentes no Estado. 4. PIS-Importação (Lei nº 10.865/2004); 5. COFINS-Importação
(Lei 10.865/2004); 6. ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) - alíquota de 5%
sobre a importação de serviços provenientes do exterior, especificados na Lei Complementar
116/2003. 7. IOF - Imposto sobre Operações de Câmbio - devido sobre a compra de moeda
estrangeira, na liquidação da operação de câmbio para pagamento da importação de serviços,
devido à alíquota de 0,38%. Além dos tributos acima citados, há incidências de taxas, como
o Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM - Lei nº 10.893/2004 e
tarifas aduaneiras.

FONTE: Disponível em: <http://www.portaltributario.com.br/artigos/tributosimportacao.htm>.


Acesso em: 20 set. 2012.

100
TÓPICO 1 | MERCEOLOGIA

LEITURA COMPLEMENTAR

MERCOSUL, UNIÃO EUROPEIA E A LIBERAÇÃO DOS SERVIÇOS

Fernando Kinoshita
Marcelo Azevedo dos Santos

Nos últimos anos, especialmente na última década de 90, as relações


internacionais tornaram-se muito intensas, sobretudo no que diz respeito ao
comércio. Não poderia ser diferente, portanto, com relação ao caso específico do
setor de serviços, que se caracteriza por ser um dos mais dinâmicos.

Considerando-se que o estudo do setor de serviços é uma matéria


relativamente recente, mas de suma importância nos processos de desenvolvimento,
cumpre anotar que os Estados verificaram que o comércio internacional de
serviços é responsável por grande parte de seus produtos internos brutos e
que a regulamentação internacional faz-se necessária em virtude dos interesses
envolvidos.

Quanto à regulamentação multilateral do setor de serviços, vale recordar


igualmente que o mesmo está disciplinado no âmbito da Organização Mundial
de Comércio (OMC), que é o organismo internacional responsável pela contínua
liberalização do comércio internacional. Por outro lado e em sintonia com as
normas da OMC, os modelos de integração regional, bem como os Estados,
legislam internamente sobre a matéria em questão. [...]

1. Serviços e comércio internacional de serviços

Primeiramente, antes de analisar o comércio internacional de serviços, é


necessário definir o conceito de serviços e de comércio de serviços. Assim sendo,
segundo Mercadante, serviço é "toda atividade econômica que gera valor e cujo
produto final não seja um objeto material". Ou seja, é a atividade incorpórea,
invisível e individualmente indivisível que visa atender a um determinado fim,
com o intuito de obtenção de lucro.

Neste sentido, não é possível visualizar o serviço prestado e tampouco


mensurar a quantidade de serviço que vai ser efetuada para que determinado
objetivo seja alcançado. Por outro lado, o comércio de serviços não é nada mais
do que a negociação da atividade econômica (incorpórea, invisível e indivisível),
cujo produto definitivo não seja um objeto material.

Evidentemente, o descobrimento da importância da prestação de serviços


para a economia de um país faz com que se invista cada vez mais nesta modalidade
de comércio no âmbito interno e nas possibilidades de exportação da prestação
de serviços.

101
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Logo, o comércio de serviços será internacional quando envolver um


serviço executado "do território de um Estado ao território de qualquer outro
Estado; no território de um Estado aos consumidores de qualquer outro Estado;
pelo prestador de serviços de um Estado, por intermédio da presença de pessoas
naturais de um Estado no território de qualquer outro Estado".

Assim sendo, o comércio internacional de serviços deve sempre ser


executado transfronteira, seja quando acontece apenas a passagem do serviço
prestado de um Estado para outro Estado (no caso das chamadas telefônicas
internacionais e os transportes internacionais), seja quando acontece a passagem
do beneficiário do serviço ao território do Estado em que se presta, através
consumo realizado no exterior (no caso do turismo), ou ainda, quando acontece a
passagem do prestador de serviços para o território do Estado em que se prestará
o serviço (no caso de jogadores de futebol, na execução de consultorias), mediante
a presença comercial de pessoas físicas e/ou pessoas jurídicas.

Deve-se atentar para o fato de que, pelo fato da prestação internacional de


serviços ser intangível. Ou seja, não é visível como uma mercadoria, por exemplo
-, esta pode ser confundida com investimentos estrangeiros em um determinado
país.
Atualmente, todas as normas referentes à liberalização dos serviços em
âmbito internacional são discutidas no quadro do Acordo Geral sobre o Comércio
de Serviços (GATS) da Organização Mundial de Comércio. O GATS versa sobre
os princípios e regras acordados no plano multilateral e que são juridicamente
obrigatórios para todos os membros da OMC. Suas normas regem de maneira
relativamente flexível o comércio internacional de serviços e têm por finalidade
a liberalização progressiva do setor. Pode-se afirmar que o GATS abrange todas
as formas de prestação de serviços realizadas no comércio internacional e deve
estar em sintonia com a matéria pertinente no âmbito interno dos Estados e que
são regulamentadas pelas leis nacionais. [...].

2. Notas pertinentes sobre as relações entre o Mercosul e a União Europeia

Muito embora a maioria das negociações com relação à liberação


internacional do comércio de serviços seja feita no âmbito do GATS, o Brasil
e o Mercosul possuem acordos (em vigência ou em negociação) com a União
Europeia que necessariamente devem estar sob a égide do próprio GATS, posto
que em seu Artigo V determina que o referido Acordo não impedirá nenhum de
seus membros de ser parte ou de celebrar um acordo que liberalize o comércio de
serviços entre as partes do mesmo.

A União Europeia há muito comercializa seus serviços ao redor do


mundo, sendo que com o advento da OMC, a partir de 1995, o bloco europeu
vem desenvolvendo uma estratégia de regulamentação efetiva do comércio
de serviços em seus acordos comerciais. Aliás, o comércio de serviços é um
dos setores que mais contribui para o êxito da União Europeia, no sentido de
que no âmbito territorial da União Europeia o setor de serviços representa

102
TÓPICO 1 | MERCEOLOGIA

aproximadamente dois terços da economia e dos postos de trabalho, responde


por quase um quarto do total das exportações europeias e pela metade de todo o
investimento estrangeiro destinado a outras partes do mundo.

Vale recordar ainda que a União Europeia é o maior exportador mundial


de serviços comerciais. Prova desta afirmação é o fato de que em 1996 a União
Europeia era responsável por 26% do total das transações de serviços mundiais
(valor que aumentaria para 43% caso se inclua o comércio intra-União Europeia),
seguida dos Estados Unidos da América com 17% e do Japão com 5,2%.

Por outro lado, as relações entre os países da América Latina e a União


Europeia há muito vêm sendo desenvolvidas, principalmente devido aos
vínculos históricos e culturais existentes entre ambos continentes. Desse modo,
é importante notar que as relações entre ambas as regiões se intensificam cada
vez mais, sendo que o caso mais notável é o relacionamento entre o Mercosul e
a União Europeia, onde as condições de concorrência livre aproximam ambos
interlocutores, visto que, entre outros fatores, existe uma forte e sólida afinidade
cultural. Em função desse relacionamento, durante os últimos anos percebe-se
a afluência de inúmeras prestadoras de serviços da União Europeia no âmbito
territorial do Mercosul.

A União Europeia tem fortes interesses em matéria de investimentos,


compras governamentais e serviços em geral, necessários ao Mercosul e
componente fundamental das negociações entre o Mercosul e a União Europeia,
que culminarão com uma Zona de Livre Comércio Intercontinental em 2005.

Recorde-se que o Mercosul e a União Europeia assinaram em dezembro


de 1995 o Acordo Quadro Inter-Regional de Cooperação, que representa um
importante instrumento de transição para uma futura "Associação Inter-
Regional" entre os dois agrupamentos regionais, visando a liberalização completa
do comércio de bens e serviços e contemplando a intensificação da cooperação
política e econômica.

Note-se que o relacionamento entre o Mercosul e a União Europeia é mais


interessante que a possível Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), não
só pelos laços culturais, como já supracitado, como também porque o processo
da União Europeia, ao contrário da ALCA, incorporou preocupações efetivas
com as economias mais debilitadas, o que implicou no devido apoio financeiro
e cooperativo para que tais economias alcançassem o nível de desenvolvimento
dos outros Estados membros. [...]

FONTE: Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_


leitura&artigo_id=5478&revista_caderno=19>.

103
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:

• A merceologoia é de grande importância para a organização e classificação


do comércio, seja aquele realizado internamente, seja aquele realizado
externamente.

• Após evidentes dificuldades, a criação do Sistema Harmonizado de Mercadorias


permitiu a realização da classificação das mercadorias negociadas no mundo
inteiro.

• O Sistema Harmonizado é um método internacional de classificação de


mercadorias, baseado em uma estrutura de códigos e respectivas descrições,
representados através de seis dígitos.

• Com o crescimento do comércio entre os países, foram desenvolvidos alguns


métodos para identificação dos produtos visando o controle estatístico e
de tributação, que passaram a ser aperfeiçoados de acordo com os avanços
produtivos.

• Após a criação do Sistema Harmonizado, criou-se a Nomenclatura Comum do


Mercosul - NCM. Assim, a partir de 1995 os países participantes do Mercosul
passaram a adotar a classificação decorrente do Sistema Harmonizado.

• As NCMs são compostas por oito dígitos (seis oriundos do Sistema Harmonizado
mais dois dígitos oriundos da classificação adotada pelos países do Mercosul).

• Havendo dúvidas quanto à classificação das mercadorias, de acordo com as


correspondentes NCMs, o interessado poderá realizar consulta junto à Receita
Federal do Brasil, evitando o cometimento de infrações.

• A Tarifa Externa Comum – TEC correlaciona, a partir de 1995, os códigos da


Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM com os direitos de importação
incidentes sobre cada um desses códigos, e se aplica somente às importações
provenientes dos países que não são membros do Mercosul.

• As importações não são somente de bens e mercadorias. Elas podem se referir


a serviços.

• As importações de serviços podem ser realizadas por pessoa física ou jurídica,


contratando a prestação de um serviço – realizado por pessoa física ou jurídica
estrangeira -, o qual deve ser prestado onde a importadora está localizada, ou
deve gerar seus efeitos no exterior.

104
AUTOATIVIDADE

Para verificar seu aprendizado, responda ao questionário a seguir:

1 Demonstre a ligação existente entre a merceologia e a realização de operações


no comércio exterior.

2 Na Lista das NCMs, dentre as mercadorias classificadas no Capítulo 22 -


Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres, pode-se encontrar a classificação
2201.10.00, a qual se refere ao produto: “Águas minerais e águas gaseificadas”.
A partir destas informações, responda:

a) Qual a NCM e o nome da mercadoria?


b) Qual a TEC aplicada à mesma?

3 Quanto à importação de serviços, explique quais os principais objetivos do


GATS aplicáveis ao comércio mundial.

105
106
UNIDADE 2
TÓPICO 2

SISCOMEX

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico estudaremos o SISCOMEX. Para tanto, é o momento de
tratarmos deste importante sistema de auxílio, orientação e processamento das
operações de comércio exterior.

Veremos, inicialmente, as principais funções e definições aplicáveis a esta


ferramenta ímpar do comércio exterior brasileiro. Em seguida, verificaremos como
se dá o registro de um importador, bem como seu credenciamento e habilitação.

2 DEFINIÇÕES CONCEITUAIS ACERCA DO SISCOMEX


No Tópico 2 da unidade anterior falamos brevemente do SISCOMEX.
Agora chegou o momento de aprofundar os conhecimentos acerca do mesmo,
descobrir suas funções e importância para a realização de operações de comércio
exterior.

O Sistema Integrado de Comércio Exterior - SISCOMEX foi desenvolvido


para integrar as atividades da Secretaria de Comércio Exterior – SECEX, do
Banco Central – BACEN e da Secretaria da Receita Federal – SRF, considerados
os gestores do sistema.

FONTE: Adaptado de: <www.portogente.com.br/.../Como_Exportar_-_Procedimentos_Opera...>.


Acesso em: 12 nov. 2012.

Foi desenvolvido a partir da necessidade de se possuir controles mais


seguros, informações mais precisas e fidedignas do comércio exterior brasileiro.
Também não podemos deixar de registrar a desburocratização que o sistema
ofereceu.
O sistema foi implantado em duas etapas: a primeira ocorreu em 1º de
janeiro de 1993, tendo sido informatizada a parte relativa às exportações. A partir
desta data surgiram o Registro de Exportação e o Despacho Eletrônico. A segunda
etapa abrangeu a importação e Declaração de Importação Eletrônica. Assim, os
documentos físicos foram substituídos por documentos eletrônicos.

Até então, as exportações brasileiras eram controladas pela conjugação das


guias de exportação aos contratos de câmbio celebrados. Todos os documentos eram
107
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

casados manualmente. A Cacex, responsável pela emissão das guias, Declaração


de Exportação e Importação, e os bancos autorizados a operar em câmbio,
encaminhavam uma via de cada documento ao Banco Central, ou ao Registro e
Controle Cambial (RECON), este último instalado dentro do Banco do Brasil.

Conforme nos ensina Hartung (2002, p. 42):

O SISCOMEX foi criado justamente para suprir essa fragilidade


administrativa. Os controles passaram a ser efetuados de maneira
eletrônica, e o sistema passou a figurar como uma base única de dados,
fornecendo com maior segurança informações sobre o comércio
exterior brasileiro.
A implantação da importação no sistema, ocorrida em 1997, atendeu
a um compromisso assumido pelo governo brasileiro com o GATT e
com a OMC, quando da ocorrência da Rodada Uruguai.
O SISCOMEX trouxe outras inovações, como o Licenciamento Automático
das Importações. A anuência automática das LI é um dos preceitos do
GATT, segundo o qual, em princípio, todas as importações devem
possuir licenciamento automático. É uma forma de eliminar as
restrições administrativas às importações, com o objetivo de deixar
todos os países em condições de igualdade de competição.

O Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX, instituído


pelo Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992, é um sistema informatizado
responsável por integrar as atividades de registro, acompanhamento e controle
das operações de comércio exterior, através de um fluxo único e automatizado
de informações. O SISCOMEX permite acompanhar tempestivamente a saída e o
ingresso de mercadorias no país, uma vez que os órgãos de governo intervenientes
no comércio exterior podem, em diversos níveis de acesso, controlar e interferir no
processamento de operações para uma melhor gestão de processos. Por intermédio
do próprio sistema, o exportador (ou o importador) trocam informações com os
órgãos responsáveis pela autorização e fiscalização.

Resumidamente, destacam-se as seguintes vantagens do sistema:


harmonização de conceitos e uniformização de códigos e nomenclaturas;
ampliação dos pontos de atendimento; eliminação de coexistência de controles
e sistemas paralelos de coleta de dados; simplificação e padronização de
documentos; diminuição significativa do volume de documentos; agilidade na
coleta e processamento de informações por meio eletrônico; redução de custos
administrativos para todos os envolvidos no sistema; crítica de dados utilizados
na elaboração das estatísticas de comércio exterior.

O módulo Exportação do Siscomex foi desenvolvido pelo Banco Central


do Brasil e lançado em 1993. O módulo Importação, desenvolvido pelo Serpro,
foi lançado em 1997. Em 2007 e 2008 foram lançados, respectivamente, o
Drawback Suspensão Web e o Drawback Verde-Amarelo Web, que estão vinculados
ao SISCOMEX Exportação e Importação e cujos dados servem de apoio para a
efetivação e baixa do ato concessório.

Em abril de 2010 entrou em operação o módulo Drawback Integrado Web na

108
TÓPICO 2 | SISCOMEX

forma da nova regulamentação jurídica do Drawback, isto é, aquela que abrange os


regimes Verde-Amarelo, Suspensão Comum e o próprio Integrado na sua forma
original. Apenas os atos concessórios dos regimes de Drawback para Embarcação
e Fornecimento no Mercado Interno continuam sendo registrados e mantidos no
módulo inicial conhecido como Drawback Suspensão.

FONTE: Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/siscomex/siscomex.html>. Acesso


em: 20 set. 2012.

Quanto ao papel desempenhado pelos gestores do SISCOMEX, podemos


afirmar que estes possuem as seguintes funções:

- SRF: principal gestora do sistema: é responsável pelo processamento


aduaneiro das mercadorias.
- BACEN: coordena e controla os aspectos cambiais das operações
através do SISBACEN.
- SECEX: responsável pela anuência não automática das licenças de
importação. (HARTUNG, 2002, p. 42)

Também não podemos deixar de mencionar que no momento da concepção


e do desenvolvimento do sistema SISCOMEX foram harmonizados vários
conceitos, códigos e nomenclaturas, a fim de tornar possível a adoção de um fluxo
único e harmonizado de informações, operacionalizado pela via informatizada,
permitindo a eliminação de inúmeros documentos que eram antes utilizados,
quando da realização de processamento de operações de comércio exterior.

FIGURA 11 - FLUXOGRAMA BÁSICO DO SISCOMEX

SECEX SRF BACEN

SISCOMEX SISBACEN

BANCOS

EXPORTADORES,
IMPORTADORES CORRETORES,
AGENTES ADUANEIROS,
TRANSPORTADORAS

FONTE: Adaptado de Hartung (2002, p. 43)

109
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

NOTA

Para que possamos compreender melhor a estrutura que envolve o SISCOMEX,


convém atentarmos para a lição de Hartung (2002, p. 43):

Sendo o SISCOMEX um sistema com a finalidade de controlar


o comércio exterior brasileiro, ou seja, a entrada e saída de
mercadorias no país, e o SISBACEN um sistema criado com o
objetivo de controlar os aspectos cambiais relativos às mesmas
operações, ambos foram dotados de mecanismos de integração
dos seus dados. Dessa forma, as operações de exportação e
importação registradas no SISCOMEX devem estar vinculadas
a um contrato de câmbio registrado no SISBACEN. Assim,
tendo em vista que os bancos acessam o SISCOMEX através do
SISBACEN, os exportadores e importadores também podem
acessar o SISBACEN para registro de seus contratos.

Desta forma, concluímos que todos os importadores e exportadores, bem


como os agentes credenciados, têm à sua disposição um software SISCOMEX com
uma interface gráfica, para a formulação de documentos eletrônicos das operações
de comércio exterior e respectivas transmissões para o computador central.

Receita disponibiliza aplicativo web para registro e acompanhamento


das declarações de importação via internet

A RFB disponibilizou a partir de 23/08/2012 uma nova versão do sistema


de controle aduaneiro das importações brasileiras - SISCOMEX Importação Web.

Por meio desta nova versão, os importadores poderão registrar e


acompanhar licenças e declarações de importação via internet, com agilidade,
segurança e mobilidade, através de quaisquer computadores ligados à rede,
sem a necessidade de contratação de redes dedicadas, propiciando substancial
redução de custos operacionais.

Como parte da estratégia de modernização tecnológica de seus sistemas,


em prol da transparência, da agilidade e da redução de custos nos processos
aduaneiros, a RFB apresenta uma interface mais amigável ao usuário, onde a
navegação através das diversas funcionalidades do sistema é efetuada através de
menu, com a inclusão de links para navegação direta entre as funcionalidades e a
possibilidade de abertura simultânea de sessões e janelas do sistema.

Com foco nas declarações de importação para consumo, serão


disponibilizadas para o importador tanto as funcionalidades de registro de
licença e declaração de importação, como funções de consultas, emissões de
comprovantes e extratos, além do acompanhamento do despacho aduaneiro da
importação registrada, em uma única aplicação.

110
TÓPICO 2 | SISCOMEX

O SISCOMEX Importação Web traz ainda inovações, como a possibilidade


de inclusão de adições à declaração aduaneira durante o curso do despacho
e o controle de acesso e perfis diferenciados para Despachante e Ajudante de
Despachante Aduaneiro.

Para acessar o aplicativo web, o importador ou seu representante devem


estar habilitados a acessar ao SISCOMEX e, no caso de despachantes e ajudantes
de despachantes, deverão estar cadastrados no Cadastro Aduaneiro.

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/siscomex/ImportacaoWEB/


texto.htm>. Acesso em: 20 set. 2012.

DICAS

O acesso ao aplicativo, efetuado exclusivamente via certificação digital, bem


como maiores informações sobre o sistema, são encontrados em página na internet.
Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/>.

A modernização do SISCOMEX através do citado aplicativo Web foi


instituída devido à defasagem do sistema frente à crescente dinamização do
comércio internacional e à necessidade de simplificação e aperfeiçoamento dos
processos de importação e exportação.

FIGURA 12 - MODERNIZAÇÃO DO SISCOMEX

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/siscomex/importacao/


download/>. Acesso em: 20 set. 2012.

111
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

O projeto de modernização do SISCOMEX Importação foi dividido em duas fases:

- 1ª fase (implantação em 2012): modernização da plataforma tecnológica com


melhorias na apresentação e navegação do sistema.

- 2ª fase (desenvolvimento em 2013): finalização da conversão para web do


sistema. Revisão do processo de importação de forma a simplificar e aprimorar
seus procedimentos.

A primeira fase, correspondente ao período atual, possuía o objetivo


de implantar uma nova versão do sistema com acesso via plataforma Web e
certificação digital. Promover melhorias na apresentação e navegação do sistema
com maior integração entre o SISCOMEX e os demais sistemas da RFB. Promover
outras pequenas melhorias nos procedimentais pontuais.

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br/.../ApresentacaoSiscomexImportacaoWe...>.


Acesso em: 12 nov. 2012.

Uma comparação entre o sistema pré-modernização e o novo sistema


modernizado pode ser verificada nas figuras a seguir, disponibilizadas no site da
Receita Federal:

FIGURA 13 - SISCOMEX – SISTEMA ANTES DA MODERNIZAÇÃO

SISCOMEX IMPORTAÇÃO - Cenário Atual


Declaração de importação - DI
Licenciamento (quando exigível)
Importador/Órgãos Anuentes

Controle informatizado da carga - Siscomex Carga/Mantra Transportador/Operador Portuário/Depositário

Disponibilidade de Carga
Depositário*

Registro da DI Importador

Parametrização Sistema

v
Verde Amarelo Vermellho Cinza

Recepção de Documentos AFRFB/ATRFB


Análise
Fiscal
(Bloqueia/ Distribuição
Libera) Supervisor

Conferência Aduaneira AFRFB

Desembaraço Aduaneiro
AFRFB

Entrega de Mercadoria Depositário*

*Obs: Em fronteira sem depositário RFB

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.

112
TÓPICO 2 | SISCOMEX

FIGURA 14 - SISCOMEX – SISTEMA MODERNIZADO

SISCOMEX IMPORTAÇÃO - Cenário Atual


Declaração de importação - DI

Licenciamento (quando exigível)


Importador/Órgãos Anuentes

Controle informatizado da carga - Siscomex Carga/Mantra Transportador/Operador Portuário/Depositário

Disponibilidade de Carga
Depositário*

Registro da DI Importador

Parametrização Sistema

v
Verde Amarelo Vermellho Cinza

Recepção de Documentos AFRFB/ATRFB


Análise
Fiscal
(Bloqueia/ Distribuição
Libera) Supervisor

Conferência Aduaneira AFRFB

Desembaraço Aduaneiro
AFRFB

Entrega de Mercadoria Depositário*

*Obs: Em fronteira sem depositário RFB

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.

São as seguintes as inovações implementadas com a modernização:

 Interface mais amigável com acesso via web e controle via certificação digital.

 Desenvolvimento de aplicação única, com menu de navegação para as diversas


funcionalidades do sistema.

 Facilidade de navegação direta entre as funcionalidades através de links.

 Controle de acesso e perfis diferenciados para despachante e ajudante de despachante.

 Possibilidade de inclusão de adições na DI durante o curso do despacho.

Com a modernização implementada, o acesso ao sistema (Fase I) será da


seguinte forma:

Perfis Aduana – Acesso via Portal de Serviços:

 Somente com certificação digital.

 Atribuição automática de perfis: não há necessidade de recadastramento.


113
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Perfis Importador – Acesso via internet - Página da RFB:

 Somente com certificação digital.

 Despachantes e ajudantes: precisam de cadastramento inicial no cadastro


aduaneiro.

 Criação de novo perfil de acesso para ajudante de despachante.

FONTE: Disponível em: 12 nov. 2012.

A figura a seguir demonstra o acesso ao SISCOMEX Web através do


certificado digital. Antes do acesso aos serviços do SISCOMEX, o contribuinte
deverá obter o certificado digital em uma autoridade certificadora. A este respeito,
o site da Receita Federal orienta acerca dos certificados digitais.
A emissão, renovação e revogação de certificado digital e-CPF ou e-CNPJ
serão realizadas por uma empresa devidamente autorizada pela Receita
Federal do Brasil, denominada Autoridade Certificadora Habilitada.
Solicitação de Certificado: o interessado na obtenção de um certificado
digital e-CPF ou e-CNPJ deverá escolher uma das Autoridades
Certificadoras Habilitadas na lista abaixo ou acessar diretamente a página
da Autoridade Certificadora Habilitada pela RFB, na internet, para o
preenchimento e envio da solicitação de certificado e-CPF ou e-CNPJ.
Renovação de Certificado: o pedido de renovação de um certificado
e-CPF ou e-CNPJ deverá ser feito dentro do seu período de validade
e o usuário deverá solicitar, com assinatura eletrônica, na página da
autoridade certificadora credenciada, na internet, a renovação do
certificado e-CPF ou e-CNPJ.
Revogação de Certificado: revogar um certificado digital da RFB
implica torná-lo inválido, impossibilitando, a partir da revogação, o
seu uso. Para revogar seu certificado digital, o usuário deverá acessar
a página de revogação da Autoridade Certificadora Habilitada,
emissora do certificado digital da RFB e preenchê-la com os dados
solicitados. (RECEITA FEDERAL, 2012).

FIGURA 15 - SISCOMEX IMPORTAÇÃO WEB FASE I

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.


114
TÓPICO 2 | SISCOMEX

O novo sistema Siscomex Importação também pretende manter a


utilização de um único perfil, mais dinâmico e facilitador da compreensão do seu
funcionamento, conforme demonstrado na figura a seguir:

FIGURA 16 - SISCOMEX IMPORTAÇÃO FUNCIONALIDADE DO SISTEMA

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.

Além disso, a transmissão dos dados e alimentações ao sistema passarão


a ser realizadas de maneira automática.

FIGURA 17 - SISCOMEX IMPORTAÇÃO WEB TRANSMISSÃO DAS INFORMAÇÕES

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.


115
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Também, o novo sistema prevê a ferramenta de ajuda on-line, a fim de


orientar e sanar as dúvidas dos usuários:

FIGURA 18 - SISCOMEX IMPORTAÇÃO WEB AJUDA ON-LINE

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.

Tendo em vista que falamos até agora sobre o SISCOMEX e suas


funcionalidades, estudaremos a seguir como se dá o Registro do Importador,
bem como seu credenciamento e habilitação ao sistema.

3 REGISTRO DE IMPORTADOR
A inscrição no Registro de Exportadores e Importadores da Secretaria de
Comércio Exterior (REI) é condição sumária para qualquer empresa, entidade ou
pessoa física que queira atuar como importadora ou exportadora.

Isto significa que, para importar, as empresas devem estar cadastradas


no REI – Registro de Exportadores e Importadores da Secretaria de Comércio
Exterior. A inscrição no REI é automática, no ato da primeira operação, sem
maiores formalidades. As pessoas físicas (agricultor ou pecuarista, com registro
no Incra, artesãos, artistas ou assemelhados, registrados como profissionais
autônomos) deverão solicitar o cadastramento no REI ao DECEX – Departamento
de Operações de Comércio Exterior da SECEX.

FONTE: Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.


php?area=5&menu=257&refr=245>. Acesso em: 20 set. 2012.
116
TÓPICO 2 | SISCOMEX

Aqueles que já estavam inscritos no cadastro, anteriormente à criação do


SISCOMEX, tiveram sua inscrição mantida e não necessitaram realizar qualquer
outro procedimento para atualização ou manutenção do cadastro.

Conforme mencionado, a inscrição no REI irá realizar o registro para que


o importador/exportador opere diretamente no SISCOMEX.

Bizelli (2006, p. 218) nos ensina alguns requisitos para a realização do


credenciamento e habilitação para a realização de operações como importador
ou exportador.

Os bancos autorizados a operar em câmbio e as sociedades


corretoras que atuam na intermediação de operações cambiais serão
credenciados a elaborar e transmitir para o sistema operações sujeitas
a licenciamentos não automáticos por conta e ordem de importadores
por eles expressamente autorizados. Os órgãos da administração
direta e indireta que atuam como anuentes no comércio exterior serão
credenciados a acessar o SISCOMEX para manifestar-se acerca das
operações relativas a produtos de sua área de competência, quando
previsto em legislação específica.
O Departamento de Operações de Comércio Exterior – DECEX
informará, por meio de comunicado ao público, as normas e os
procedimentos para credenciamento e habilitação no sistema para o
processamento dos licenciamentos de importação.

No entanto, quanto à necessidade ou não da realização do Registro de


Importador, este deve atentar às seguintes regras, conforme demonstra o Portal
Brasileiro de Comércio Exterior:

Estão dispensadas da obrigatoriedade de inscrição do exportador no REI


as exportações via remessa postal, com ou sem cobertura cambial, até o limite de
US$ 50.000,00 (ou o equivalente em outra moeda), exceto:

• Donativos realizadas por pessoa física ou jurídica.

• Produtos com exportação proibida ou suspensa.

• Exportações que tenham margem não sacada de câmbio, vinculada a regimes


aduaneiros especiais e atípicos.

• Exportações sujeitas a Registro de Operações de Crédito (RC).

Ademais, a inscrição no REI poderá ser negada, suspensa ou cancelada


nos casos de punição em decisão administrativa final, de acordo com a legislação
específica.

FONTE: Disponível em: <http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/registro-de-


exportadores-e-importadores>. Acesso em: 20 set. 2012.

117
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

4 CREDENCIAMENTO E HABILITAÇÃO
Conhecida simplesmente como habilitação (ou senha) no RADAR, a
habilitação para utilizar o SISCOMEX consiste no exame prévio daqueles que
pretendem realizar operações de comércio exterior. Toda pessoa física ou jurídica,
antes de iniciar suas operações de comércio exterior, deve comparecer a uma
unidade da Receita Federal para obter sua habilitação.

FONTE: Adaptado de: <pt.scribd.com/doc/109603142/apostila-exportacao>. Acesso em: 12 nov. 2012.

E
IMPORTANT

Foi disponibilizado em 21 de agosto de 2002, para todas as unidades aduaneiras


da SRF, o acesso ao sistema Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos
Intervenientes Aduaneiros (RADAR). A concepção geral do sistema objetiva disponibilizar, em
tempo real, informações de natureza aduaneira, contábil e fiscal que permitam à fiscalização
identificar o comportamento e inferir o perfil de risco dos diversos agentes relacionados ao
comércio exterior, tornando-se uma ferramenta fundamental no combate às fraudes.

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Historico/srf/Boaspraticas/


aduana/SistemaRadar.htm>. Acesso em: 20 set. 2012.

NOTA

Atualmente, a legislação que trata da habilitação de importadores e exportadores


está disciplinada pela Instrução Normativa SRF nº 650, de 12 de maio de 2006 e pelo Ato
Declaratório Executivo Coana nº 3, de 1º de junho de 2006, os quais estabelecem procedimentos
de habilitação para operação no SISCOMEX e credenciamento de representantes de pessoas
físicas e jurídicas para a prática de atividades relacionadas ao despacho aduaneiro. A figura a
seguir demonstra como o sistema de Credenciamento e Habilitação é acessado.

118
TÓPICO 2 | SISCOMEX

FIGURA 19 - SISTEMA DE COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.

O procedimento de habilitação ao RADAR pode ocorrer em quatro


modalidades, conforme o tipo e a atuação do interveniente, quais sejam:
habilitação ordinária, habilitação simplificada, habilitação especial e habilitação
restrita. Analisaremos agora cada uma das espécies de habilitação, de acordo com
a Instrução Normativa da Receita Federal n◦ 650, do ano de 2006.

A Habilitação Ordinária é destinada para as pessoas jurídicas que,


habitualmente, atuam no comércio exterior. Assim, a habilitação do responsável
legal pela pessoa jurídica, nesta modalidade, será feita mediante requerimento,
subscrito por qualquer das pessoas físicas que atendam aos critérios de
qualificação, ou seu respectivo representante, à unidade de jurisdição aduaneira
do estabelecimento matriz, instruído com os documentos definidos em ato
normativo expedido pela Coordenação-Geral de Administração Aduaneira.
(COANA, 2012).

Analisaremos agora os modelos de Requerimentos para a Habilitação


Ordinária:

119
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

FIGURA 20 - MODELO DE REQUERIMENTO DE HABILITAÇÃO ORDINÁRIA

MINISTÉRIO DA FAZENDA
Secretaria da Receita Federal do Brasil
REQUERIMENTO DE HABILITAÇÃO
I. IDENTIFICAÇÃO DO REQUERENTE/INTERESSADO
1. Nome / Nome empresarial / Razão Social (sem abreviações)
     
3. Código da Natureza Jurídica e
2. CPF/ CNPJ
descrição
           
4. Endereço completo do estabelecimento matriz (logradouro, nº, complemento, bairro,
cidade, estado e CEP)
     
5. Sítio da internet (endereço da página na internet)
     
6. Telefones de contato (máximo 3)
                 
7. Modalidade de Habilitação Pretendida 8. Opção pelo RTU
SIM NÃO
II. IDENTIFICAÇÃO DA SUCESSORA (Somente na modalidade restrita)
1. Nome empresarial / Razão Social (sem abreviações)
     
3. Código da Natureza Jurídica e
2. CNPJ
descrição
           
4. Endereço completo do estabelecimento matriz (logradouro, nº, complemento, bairro,
cidade, estado e CEP)
     
5. Sítio da internet (endereço da página na internet)
     
6. Nomes e telefones de contato (máximo 3)
                 
III. IDENTIFICAÇÃO DO RESPONSÁVEL PERANTE O SISTEMA INFORMATIZADO
1. Nome completo (sem abreviações)
     
3. Documento Identidade / Órgão
2. CPF
emissor
           
4. Qualificação
     
5. Endereço completo (logradouro, nº, complemento, bairro, cidade, estado e CEP)
     
6. Endereço eletrônico (“e-mail”)
     
7. Telefones de contato (máximo 3)
                 
IV. IDENTIFICAÇÃO DO PROCURADOR
1. Nome completo (sem abreviações)

120
TÓPICO 2 | SISCOMEX

3. Documento Identidade/Órgão
2. CPF
emissor
           
4. Endereço completo (logradouro, nº, complemento, bairro, cidade, estado e CEP)
     
5. Endereço eletrônico (“e-mail”)
     
6. Telefones de contato (máximo 3)
                 
V. DECLARAÇÃO
VI. FIRMA / ASSINATURA
Responsável / Procurador
Modelo aprovado pela IN RFB n◦ 1245, de 30 de janeiro de 2012.

1. Data: 2. Assinatura:

     

O requerente ou seu procurador, adiante assinado, declara expressamente, sob as


penas da lei, estar autorizado a pleitear a habilitação em nome da pessoa qualificada
no quadro I, e que as informações prestadas são verdadeiras.
FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/2006/in6502006.htm>.
Acesso em: 20 set. 2012.

DICAS

Após o preenchimento do requerimento acima, o interessado deverá também


preencher o Formulário de Informações Adicionais. Disponível em: <http://www.receita.
fazenda.gov.br/legislacao/ins/2006/in6502006.htm>.

Outrossim, a Receita Federal, através da Instrução Normativa em comento,


dispõe que o pedido de habilitação poderá ser indeferido nos seguintes casos:

Art. 4◦ - Será indeferido, sem prejuízo da apresentação de novo pedido,


o requerimento de habilitação ordinária incompleto em relação ao
disposto no art. 3o, instruído com declaração ou documento falso, ou
apresentado por pessoa jurídica que:
I - esteja com a inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
(CNPJ) enquadrada em situação cadastral diferente de ativa;
II - detenha participação societária em pessoa jurídica cuja inscrição no
CNPJ esteja enquadrada como inapta;
III - tenha deixado de apresentar à Secretaria da Receita Federal (SRF)
qualquer das seguintes declarações:
a. Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ);
b. Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF); e

121
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

c. Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon);


IV - esteja com seus dados cadastrais no CNPJ desatualizados,
relativamente às informações constantes do requerimento de
habilitação e respectivo anexo;
V - esteja com a inscrição do estabelecimento matriz, no Sistema
Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com
Mercadorias e Serviços (Sintegra), enquadrada em situação diferente
de "habilitada" ou equivalente;
VI - possua sócio numa das seguintes situações:
a) pessoa física, com a inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF)
enquadrada em situação cadastral cancelada ou nula;
b) pessoa jurídica com inscrição no CNPJ inexistente ou com situação
cadastral nula, baixada ou inapta; e
c) estrangeiro sem inscrição no CNPJ ou no CPF, em desobediência
ao previsto no inciso XIV do caput art. 11 da Instrução Normativa
RFB nº 568, de 2005 e na alínea "e", inciso XI do art. 20 da Instrução
Normativa SRF n◦ 461, de 18 de outubro de 2004, respectivamente; ou
VII - indique como responsável no SISCOMEX ou como encarregada
por conduzir as transações internacionais, pessoa com a inscrição no
CPF enquadrada em situação cadastral diferente de regular.
Parágrafo único. O requerente poderá sanear o processo de habilitação,
mediante a juntada de documentos que comprovem a adoção das
providências exigidas para a sua regularização fiscal ou cadastral,
conforme estabelecido na legislação específica.
Art. 5◦ - Para fins de habilitação, a pessoa jurídica requerente da
habilitação ordinária será submetida à análise fiscal, tendo por base as
informações constantes das declarações fiscais apresentadas à SRF e os
documentos referidos no art. 3◦, para:
I - verificar a consistência entre as informações prestadas, as disponíveis
nas bases de dados da SRF e as constantes do requerimento;
II - aferir a capacidade operacional da pessoa jurídica, assim entendida
a disponibilidade de recursos humanos, materiais, logísticos, bens de
capital, imóveis, tecnologia etc.;
III - verificar, quanto aos sócios, sua capacidade empresarial e
econômica relativamente ao capital aportado na empresa; e
IV - avaliar a capacidade financeira da pessoa jurídica para realizar as
transações internacionais pretendidas.
§ 1◦ A análise a que se refere o inciso IV do caput estimará a capacidade
financeira da pessoa jurídica para operar no comércio exterior em cada
período de seis meses.
§ 2◦ A estimativa a que se refere o § 1◦:
I - compreende exclusivamente as operações de importação e
exportação, não se aplicando às operações referidas nos incisos I a III
do § 3º do art. 2º; e
II - servirá como parâmetro para monitoramento fiscal do requerente
e sua seleção para procedimento especial de fiscalização previsto
na Instrução Normativa SRF n◦ 206, de 26 de setembro de 2002, ou
na Instrução Normativa SRF n◦ 228, de 21 de outubro de 2002, conforme
o caso, quando realizar operações em montante superior.
§ 3◦ A estimativa da capacidade financeira da pessoa jurídica
estabelecida por ocasião da habilitação poderá ser revista pela SRF
com base nas informações disponíveis em suas bases de dados ou
mediante a prestação de informações adicionais pelo interessado.
(RECEITA FEDERAL, 2012).

Por sua vez, a Habilitação Simplificada é destinada às pessoas físicas,


empresas públicas ou sociedades de economia mista, entidades sem fins lucrativos
e, também, às pessoas jurídicas que se enquadrarem nas seguintes situações:
122
TÓPICO 2 | SISCOMEX

- Obrigadas a apresentar, mensalmente, a Declaração de Débitos e


Créditos Tributários Federais (DCTF), conforme estabelecido no art.
3º da Instrução Normativa SRF nº 583/05.
- Constituídas sob a forma de sociedade anônima de capital aberto,
bem como suas subsidiárias integrais.
- Habilitadas a utilizar o Despacho Aduaneiro Expresso (Linha Azul).
- Que atuem exclusivamente como pessoa jurídica encomendante.
- Que realizem apenas importações de bens destinados à incorporação
ao seu ativo permanente.
- Que atuem no comércio exterior em valor de pequena monta.
(RECEITA FEDERAL, 2012).

UNI

Caro(a) acadêmico(a), para que possamos compreender alguns dos requisitos


citados como condição para a habilitação simplificada, preste atenção aos seguintes
conceitos:

● SOCIEDADE ANÔNIMA DE CAPITAL ABERTO: Sociedade Anônima (S/A) é uma das


várias formas como uma empresa pode ser constituída. Segundo a Lei nº 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, a companhia ou Sociedade Anônima terá o capital dividido em ações
e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço da emissão das ações
subscritas ou adquiridas. * As Sociedades Anônimas de Capital Aberto – são as empresas que
emitem títulos (ações) a serem negociados em Bolsa de Valores ou em Mercado de Balcão
(corretoras, instituições financeiras) e que possuem registro na Comissão de Valores de
Mercados (CVM). Uma empresa com capital aberto precisa ainda contar com uma instituição
financeira que realize a intermediação.
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/empresas/sociedade-anonima/>. Acesso
em: 20 set. 2012.

● DESPACHO ADUANEIRO EXPRESSO (LINHA AZUL): a Linha Azul é um regime aduaneiro


que, sem comprometer os controles, permite às empresas industriais conduzir suas
atividades empresariais de maneira mais eficiente e eficaz. Ela também reflete a estratégia
da administração aduaneira de promover o cumprimento voluntário da legislação afeta
ao comércio exterior. As empresas que atendem aos requisitos necessários e se habilitam
voluntariamente a operar na Linha Azul têm as suas operações de importação, exportação
e trânsito aduaneiras direcionadas, preferencialmente, para o canal verde de verificação e
tratamento de despacho aduaneiro expresso.
A habilitação prévia e voluntária de empresas a operar na Linha Azul garante mais e
melhores controles, na medida em que elas se obrigam a demonstrar a qualidade dos seus
controles internos, a garantir o cumprimento das suas obrigações aduaneiras, tributárias,
documentais e cadastrais e, ainda, permitir o seu monitoramento permanente por parte da
fiscalização aduaneira. O regime introduz não só uma nova abordagem no gerenciamento
do cumprimento voluntário da legislação, mas também uma maneira mais eficiente e eficaz
no relacionamento da Aduana com os exportadores e importadores que demonstram sua
capacidade de prover a administração tributária com informações precisas e oportunas e
sejam avaliadas como de baixo risco para o controle aduaneiro. Os benefícios de se habilitar
na Linha Azul, para os importadores, são:
- cargas submetidas a tratamento de “armazenamento prioritário” ou “carga não destinada a
armazenamento”, dependendo da unidade de desembaraço da mercadoria;
- cargas desembaraçadas para trânsito, consumo ou admissão em regimes aduaneiros com o
mínimo de intervenção da fiscalização aduaneira e em caráter prioritário;
- conferência aduaneira das cargas selecionadas realizada em caráter prioritário.
FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/linhaazul/linhaazul.htm>.
Acesso em: 20 set. 2012.

123
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

● PESSOA JURÍDICA ENCOMENDANTE: a pessoa jurídica encomendante é caracterizada


quando acontece a importação por encomenda. Esta ocorre quando uma empresa adquire
mercadorias no exterior com recursos próprios e promove o seu despacho aduaneiro
de importação, a fim de revendê-las, posteriormente, a uma empresa encomendante
previamente determinada, em razão de contrato entre a importadora e a encomendante,
cujo objeto deve compreender, pelo menos, o prazo ou as operações pactuadas (art. 2º, § 1º,
I, da IN SRF nº 634/06). Assim como na importação por encomenda, o importador adquire a
mercadoria junto ao exportador no exterior, providencia sua nacionalização e a revende ao
encomendante. Tal operação tem, para o importador contratado, os mesmos efeitos fiscais
de uma importação própria.
FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/TextConcat/Default.
asp?Pos=2&Div=Aduana/ContaOrdemEncomenda/Encomenda/>. Acesso em: 20 set. 2012.

● ATUAÇÃO EM COMÉRCIO DE PEQUENA MONTA: considera-se valor de pequena


monta a realização de operações de comércio exterior com cobertura cambial, em cada
período consecutivo de seis meses, até os seguintes limites: I - trezentos mil dólares norte-
americanos ou o equivalente em outra moeda para as exportações FOB (“Free on Board”); e II
- cento e cinquenta mil dólares norte-americanos ou o equivalente em outra moeda para as
importações CIF (“Cost, Insurance and Freight”). Os limites para operação de pequena monta
não incluem: as internações da Zona Franca de Manaus; as operações sem cobertura cambial
e as operações por conta e ordem de terceiros.
FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/siscomex/
modalidsimplifpeqmonta.htm>. Acesso em: 20 set. 2012.

A Habilitação Especial é destinada aos órgãos da administração pública


direta, autarquias e fundações públicas, organismos internacionais e outras
instituições extraterritoriais. E a Habilitação Restrita destina-se exclusivamente
para a realização de consultas ou retificações de declarações aduaneiras de pessoas
físicas ou jurídicas que tenham operado anteriormente no comércio exterior e não
estejam habilitadas em nenhuma das modalidades anteriores.

FONTE: Disponível em: <www.fiemt.com.br/hotsites/fiemt/news.../guia_comex_05-2012.pdf>.


Acesso em: 12 nov. 2012.

124
TÓPICO 2 | SISCOMEX

LEITURA COMPLEMENTAR

SISCOMEX TECNOLOGIA MADE IN BRAZIL

Já virou tradição: todo início de mês, a mídia estampa em suas manchetes


os números da balança comercial brasileira, importante indicativo econômico
que melhora ou piora o humor do mercado e do governo. Tamanho feito, inédito
em todo o mundo, é apenas a ponta de um iceberg tecnológico: a agilidade e a
precisão na apuração desses dados é a parte mais visível do SISCOMEX, o sistema
que revolucionou o comércio exterior no país, nos últimos dez anos.

Revolução no Comércio Exterior. Dirigentes e ex-dirigentes de órgãos


públicos, empregados do Serpro e da Secretaria da Receita Federal e usuários
do Sistema Integrado de Comércio Exterior foram unânimes ao adjetivar o
Sistema e apontar as profundas mudanças ocorridas ao longo de sua implantação
e consolidação. Implantado em 1993, o módulo Exportação do sistema deu
início a um processo irreversível de modernização do setor aprimorado
pela implantação posterior de dois outros módulos: o Mantra e Importação.
“O Siscomex é um marco na história da Aduana brasileira pelo que representou
para seu processo de modernização” – define Clecy Busato Lionço, secretária-
adjunta da Receita Federal. Parece empolgação, mas não é. Há dez anos, o
empresário de comércio exterior cumpria uma via sacra entre papéis, guichês e
exigências de sete diferentes órgãos públicos. Hoje, precisa de um computador e
uma senha. Faz tudo sem sair do escritório.

A secretária sintetiza as inúmeras conquistas do sistema em três aspectos


distintos, mas complementares: a melhoria no controle, a transparência dos
procedimentos e a qualificação dos dados. Este último é o mais visível para
o conjunto da sociedade, particularmente os segmentos econômicos. Antes
do SISCOMEX, os números da balança comercial brasileira só chegavam ao
conhecimento público cerca de 45 dias depois do final do mês. E mesmo assim
eram considerados números provisórios, por conta da fragilidade do seu processo
de apuração.

Hoje, os resultados da diferença entre as importações e exportações,


informação vital para a economia do país, são processados e disponibilizados on-
line na tela de computador das principais autoridades econômicas. No primeiro
dia de cada mês o governo divulga, com segurança e precisão, os números da
balança comercial relativos ao mês anterior.

Outros avanços são igualmente substanciais. “Evoluímos do modelo


burocrático, baseado em rotinas, para uma Aduana moderna, baseada em
sistemas informatizados e inteligentes” – avalia Ronaldo Medina, coordenador-
geral de Administração Aduaneira da Receita Federal. Um dos maiores ganhos
apontados por Medina é o menor tempo de interferência nos processos logísticos
do comércio exterior, e beneficia tanto o setor público quanto o privado.

125
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

“Tivemos uma grande redução nos custos com armazenagem” – aponta.


A parte mais visível da evolução é, porém, a mudança na cultura da administração
pública, atingindo particularmente os órgãos envolvidos com o comércio exterior,
tais como: Secretaria da Receita Federal, Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio, Ministério da Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
etc. Em primeiro lugar, os procedimentos tornaram-se mais transparentes.
“Agora temos maior publicidade dos atos praticados no processo de liberação de
mercadorias, evitando procedimentos obscuros. Esta é uma prática que ajuda no
combate à corrupção” – elogia Medina. A aceitação pelo público interno também
foi grande, certamente por conta do valor que agregou às atividades dos fiscais
da Receita. A atividade mudou para melhor porque ficou mais simples e eficaz.
Com o SISCOMEX, verificações de praxe sobre o correto pagamento do imposto
ou cálculo de alíquotas são feitas pelo próprio sistema, liberando os fiscais para
o desenvolvimento de atividades mais complexas que jamais seriam executadas
por uma máquina. [...].

Para o governo, o SISCOMEX representou a integração de inúmeros


processos e órgãos que atuam no comércio exterior em um fluxo único de trabalho,
com a consequente redução de custos, certamente em montante bem superior ao
que foi investido na sua implantação. A informatização de processos repetitivos
que prescindem da inteligência humana representou substancial economia sem
prejuízo à qualidade do serviço prestado ou à empregabilidade. “A verdadeira
mudança é na cultura e na forma de trabalho” – aponta a secretária-adjunta.

Vantagens desta natureza não beneficiaram apenas o governo. Com


a eliminação de redundâncias, o desembaraço alfandegário se tornou mais
ágil, menos oneroso e aumentou os lucros para o setor privado. Este fato é
particularmente importante, porque o sistema parte da concepção de não frear o
processo. “Obstáculos no comércio exterior significam custos” – alerta Clecy. A
ideia é ter o mínimo de verificação sem prejuízo à segurança da atividade quando
se tratar de operações de risco – importadores fantasmas, empresas “laranjas” etc.

No cenário macroeconômico a redução é do chamado “Custo Brasil”,


adicional que o mercado atribuía aos custos das operações de comércio exterior
por conta da burocracia. A redução do “Custo Brasil” deu ao SISCOMEX o status
de peça fundamental para que o país cumpra sua política de comércio exterior
em todos os aspectos. Como a tributação do setor não tem fins arrecadatórios e
sim regulatórios, cabe ao sistema exercer esta importante função, pela eficiência
que dá à aplicação das alíquotas: custos maiores para mercadorias que possam
comprometer o equilíbrio do mercado doméstico [...].
FONTE: Revista Tema. Disponível em: <https://www.serpro.gov.br/comunicacao/revista-tema>.
Acesso em: 20 set. 2012.

126
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:

• A merceologia estuda a classificação das mercadorias, seja para comercialização


no mercado interno, seja para aquelas que participam do comércio mundial.

• Após várias tentativas de harmonização da classificação das mercadorias que


participavam do comércio mundial, a negociação exitosa e mais importante
relativa ao tema foi aquela que aprovou a criação do Sistema Harmonizado de
Mercadorias.

• O Sistema Harmonizado classificou as mercadorias em capítulos, sendo que


cada espécie possui seis dígitos.

• Através de acordo próprio, os países do Mercosul adotaram o Sistema


Harmonizado através da instituição da Nomenclatura Comum do Mercosul –
CNM, utilizando-se dos seis dígitos do SH mais dois dígitos de subclassificação
inserida pelo Mercosul.

• Neste sentido, oriunda da lista das NCMs, os mesmos países instituíram


também a Tarifa Externa Comum, a qual, a partir da classificação da primeira,
cita quais as alíquotas de Imposto de Importação aplicáveis às mercadorias
provenientes de países não membros do Mercosul.

• A importação de serviços está se tornando muito importante no comércio


mundial, sendo inclusive regulamentada pelo Acordo Geral de Comércio de
Serviços da OMC.

127
AUTOATIVIDADE

Para verificar seu aprendizado, responda ao questionário a seguir:

1 Demonstre qual a importância e os benefícios advindos com a criação do


SISCOMEX.

2 Apresente as principais inovações trazidas com o novo SISCOMEX WEB


informatizado.

3 O que é o Registro de Importador? Demonstre os principais requisitos do


mesmo.

128
UNIDADE 2
TÓPICO 3

TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

1 INTRODUÇÃO
O último tópico desta unidade versará sobre o tratamento administrativo
aplicado às importações. Assim, conseguiremos verificar qual a classificação das
importações e que cada uma delas é composta por particularidades e requisitos
que devem ser atendidos para a realização de uma correta importação.

Em seguida apresentaremos a definição e função da realização do exame


de similaridade e da verificação de preços quando da realização de importações.
No final, verificaremos para que serve um licenciamento de importação, bem
como as várias espécies existentes e as particularidades de cada uma delas. Além
de demonstrarmos como se faz e qual a função de uma declaração de importação.

2 CLASSIFICAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES: IMPORTAÇÕES


PERMITIDAS, PROIBIDAS, SUSPENSAS, EM CONSIGNAÇÃO, SEM
COBERTURA CAMBIAL E IMPORTAÇÃODE MATERIAL USADO
Para efeitos de aplicações das normas regulamentares e de tramitação
administrativa, as importações brasileiras, em termos de classificação, estão
agrupadas em: importações permitidas e importações não permitidas ou proibidas.

Todo o sistema administrativo de importações está disciplinado


pela Portaria nº 23, de 14 de julho de 2011, do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior – MDIC.

A respeito do tratamento administrativo das mercadorias, referida


portaria estabelece que:

Art. 12. O sistema administrativo das importações brasileiras


compreende as seguintes modalidades:
I – importações dispensadas de Licenciamento;
II – importações sujeitas a Licenciamento Automático; e
III – importações sujeitas a Licenciamento Não Automático.
Art. 13. As importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento,
exceto nas hipóteses previstas nos arts. 14 e 15, devendo os importadores
somente providenciar o registro da Declaração de Importação (DI)
no SISCOMEX, com o objetivo de dar início aos procedimentos de
Despacho Aduaneiro junto à RFB. (BRASIL, 2012)

129
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Como regra geral e de acordo com o supracitado art. 13, as importações


realizadas no Brasil estão dispensadas de licenciamento, devendo os importadores
somente providenciar o registro da Declaração de Importação no SISCOMEX.
Estão dispensadas de licenciamento as seguintes importações:
I -     sob os regimes de entrepostos aduaneiro e industrial, inclusive
sob controle aduaneiro informatizado;
II -    sob o regime de admissão temporária, inclusive de bens amparados
pelo Regime Aduaneiro Especial de Exportação e Importação de
Bens Destinados às Atividades de Pesquisa e de Lavra das Jazidas de
Petróleo e de Gás Natural (Repetro);
III -   sob os regimes aduaneiros especiais nas modalidades de loja
franca, depósito afiançado, depósito franco e depósito especial;
IV -   com redução da alíquota de Imposto de Importação decorrente
da aplicação de “ex‑tarifário”;
V -    mercadorias industrializadas, destinadas a consumo no recinto de
congressos, feiras e exposições internacionais e eventos assemelhados;
VI -   peças e acessórios, abrangidos por contrato de garantia;
VII -   doações, exceto de bens usados;
VIII - filmes cinematográficos;
IX -   retorno de material remetido ao exterior para fins de testes,
exames e/ou pesquisas, com finalidade industrial ou científica;
X -  amostras;
XI -   arrendamento mercantil (leasing), arrendamento simples, aluguel
ou afretamento;
XII -  investimento de capital estrangeiro;
XIII - produtos e situações que não estejam sujeitos a licenciamento
automático e não automático;
XIV -   sob o regime de admissão temporária ou reimportação,
quando usados, reutilizáveis e não destinados à comercialização, de
recipientes, embalagens, envoltórios, carretéis, separadores, racks, clip
locks, termógrafos e outros bens retornáveis com finalidade semelhante
destes, destinados ao transporte, acondicionamento, preservação,
manuseio ou registro de variações de temperatura de mercadoria
importada, exportada, a importar ou a exportar; e
XV -    nacionalização de máquinas e equipamentos que tenham
ingressado no país ao amparo do regime aduaneiro especial de
admissão temporária para utilização econômica, aprovado pela RFB,
na condição de novas.
Na hipótese de o tratamento administrativo do SISCOMEX acarretar
licenciamento (automático ou não automático) para as importações
definidas nos incisos I a II e IV a XV, a necessidade de licenciamento
prevalecerá sobre a dispensa. (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, 2012).

Isto significa que antes de realizar a importação o importador deverá


consultar o SISCOMEX, a fim de verificar se há exigência de tratamento
administrativo para a operação que deseja realizar.

Para tanto, existe o Simulador do Tratamento Tributário e Administrativo


das Importações disponibilizado pela Receita Federal do Brasil, o qual permite ao
público simular uma importação a fim de verificar qual tratamento administrativo
incidente sobre determinada mercadoria, eventual órgão de governo responsável
pela emissão de licença de importação (quando cabível) e o valor dos tributos
incidentes sobre a operação, a partir de um valor aduaneiro informado. No
entanto, o Simulador é apenas ferramenta de referência, não vinculando o
tratamento a ser dado na operação real.
130
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

NOTA

O Simulador encontra-se disponível no endereço: <http://www4.receita.fazenda.


gov.br/simulador/>.

E para simular o tratamento é necessário informar:

- a classificação fiscal da mercadoria, digitando o seu código NCM no


local indicado. Para auxiliar no preenchimento deste campo, pode-se
efetuar pesquisa por código NCM ou por descrição da mercadoria,
pressionando o botão "Pesquisar código NCM".
- o valor aduaneiro estimado da mercadoria;
- a moeda correspondente ao valor aduaneiro informado; e
- a alíquota do ICMS incidente sobre a importação (embora o ICMS
seja um tributo de competência estadual, o seu valor influi no cálculo
de contribuições sociais federais que incidem sobre as importações
brasileiras).
Por meio deste simulador pode-se obter a informação relativa ao
tratamento tributário e administrativo a que está sujeita a importação
de uma determinada mercadoria, no momento em que a consulta é
formulada. [...].
Também podem ser consultados os controles administrativos aos quais
a importação poderá estar sujeita, tais como requisitos, restrições ou
proibições, bem assim os órgãos ou agências da administração pública
federal, responsáveis por estes controles, conforme a classificação
fiscal da mercadoria na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).
(RECEITA FEDERAL, 2012).

Realizaremos agora a simulação de importação dos produtos já


classificados no Item 4 do Tópico 1 desta unidade, quais sejam: 4901.9100 -
Dicionários e enciclopédias e NCM 0901.2100 – Café torrado não descafeinado.

131
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

FIGURA 21 - SIMULADOR ADMINISTRATIVO – DICIONÁRIOS

FONTE: Disponível em: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/Simulacao-tag.jsp>. Acesso


em: 20 set. 2012.

Analisando-se a simulação realizada acima, é possível perceber que,


através do simulador, conseguimos ter acesso a várias informações sobre
a mercadoria consultada. Além de apresentar a taxa de câmbio aplicável
no momento da simulação, poderíamos inserir as alíquotas do Imposto de
Importação (consultando a TEC a partir do Código NCM, conforme já estudamos
nesta unidade). Neste caso, a alíquota do Imposto de Importação é de 0%, tendo
em vista tratar-se de capítulo destinado a livros, dicionários etc.

Da mesma forma é possível consultar a alíquota do Imposto sobre


Produtos Industrializados a partir do Código NCM, conforme realizamos com o
NCM dos Dicionários.

QUADRO 13 - TIPI PARCIAL


ALÍQUOTA
NCM DESCRIÇÃO
(%)
49.01 Livros, brochuras e impressos semelhantes, mesmo em folhas soltas.
4901.10.00 - Em folhas soltas, mesmo dobradas NT
4901.9 - Outros:
4901.91.00 -- Dicionários e enciclopédias, mesmo em fascículos NT
4901.99.00 -- Outros NT

Jornais e publicações periódicas, impressos, mesmo ilustrados ou


49.02
que contenham publicidade.
4902.10.00 - Que se publiquem pelo menos quatro vezes por semana NT
Ex 01 - Com publicidade 0
4902.90.00 - Outros NT
Ex 01 - Com publicidade 0

132
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

Álbuns ou livros de ilustrações e álbuns para desenhar ou colorir,


4903.00.00 NT
para crianças.

Música manuscrita ou impressa, ilustrada ou não, mesmo


4904.00.00 NT
encadernada.

Obras cartográficas de qualquer espécie, incluindo as cartas murais,


49.05
as plantas topográficas e os globos, impressos.
4905.10.00 - Globos 0
4905.9 - Outros:
4905.91.00 -- Sob a forma de livros ou brochuras 0
4905.99.00 -- Outros 0

Planos, plantas e desenhos, de arquitetura, de engenharia e


outros planos e desenhos industriais, comerciais, topográficos ou
4906.00.00 semelhantes, originais, feitos a mão; textos manuscritos; reproduções NT
fotográficas em papel sensibilizado e cópias a papel-carbono dos
planos, plantas, desenhos ou textos acima referidos.
FONTE: Disponível em: <http://sijut.fazenda.gov.br/netahtml/sijut/SijutIntAsp/ATTIPI00.htm>.
Acesso em: 20 set. 2012.

Neste caso, é possível perceber que os dicionários e enciclopédias não


sofrem tributação do IPI, ou seja, estão classificados na Tabela TIPI como Não
tributados (NT). Voltando ao simulador, conseguimos verificar que, quanto a esta
mercadoria, não existem medidas Antidumping, Cide ou medidas compensatórias
em vigor.

Quanto ao tratamento administrativo, não existem restrições ou


advertências. Ou seja, estão dispensados da realização de Licenciamento de
Importação. No entanto, o sistema adverte que, caso as mercadorias pesquisadas
sejam usadas, necessitam de autorização prévia do Ministério de Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

DICAS

A consulta à Tabela TIPI pode ser realizada através do seguinte endereço


eletrônico: <http://sijut.fazenda.gov.br/netahtml/sijut/SijutIntAsp/ATTIPI00.htm>.

Conforme mencionado acima, simularemos a importação da mercadoria


de NCM 0901.2100 – Café torrado não descafeinado.

133
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

FIGURA 22 - SIMULADOR ADMINISTRATIVO – CAFÉ TORRADO NÃO DESCAFEINADO

FONTE: Disponível em: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/Simulacao-tag.jsp>. Acesso


em: 20 set. 2012.

Conseguimos verificar que, quanto a esta mercadoria, não existem


medidas Antidumping, Cide ou medidas compensatórias em vigor. Quanto ao
tratamento administrativo, existe a proibição de importação da mercadoria usada
e, tratando-se de café para consumo humano direto, o licenciamento não será
automático, vez que depende da anuência do Fundo Nacional de Saúde.

Além disso, é possível perceber que a alíquota do Imposto de Importação


é de 10%, conforme se depreende do quadro (TEC) apresentado a seguir.

QUADRO 14 - TABELA TEC PARCIAL


NCM DESCRIÇÃO TEC (%)
Café, mesmo torrado ou descafeinado; cascas e películas de café;
09.01
sucedâneos do café que contenham café em qualquer proporção.
0901.1 - Café não torrado.
0901.11 - Não descafeinado.
0901.11.10 - Em grão. 10
0901.11.90 - Outros. 10
0901.12.00 - Descafeinado. 10
0901.2 - Café torrado.
0901.21.00 - Não descafeinado. 10
0901.22.00 - Descafeinado 10
0901.90.00 - Outros. 10
FONTE: Adaptado de: Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/portalmdic/sitio/interna/
interna.php?area=5&menu=1848>. Acesso em: 20 set. 2012.

134
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

Da mesma forma é possível consultar a alíquota do Imposto sobre


Produtos Industrializados a partir do Código NCM, conforme realizamos com o
NCM dos Dicionários.

QUADRO 15 - TABELA TIPI PARCIAL

NCM DESCRIÇÃO ALÍQUOTA(%)

Café, mesmo torrado ou descafeinado; cascas e películas de café;


09.01
sucedâneos do café contendo café em qualquer proporção.
0901.1 - Café não torrado.
0901.11 - Não descafeinado.
0901.11.10 - Em grão. NT
0901.11.90 - Outros. NT
Ex.: 01 – Moídos. 0
0901.12.00 - Descafeinado 0
0901.2 - Café torrado.
0901.21.00 - Não descafeinado. 0
0901.22.00 - Descafeinado. 0
0901.90.00 - Outros. 0
Ex.: 01 - Cascas e películas de café. NT

FONTE: Disponível em: <http://sijut.fazenda.gov.br/netahtml/sijut/SijutIntAsp/ATTIPI00.htm>.


Acesso em: 20 set. 2012.

Passaremos agora ao estudo das classificações das importações.

A primeira delas é classificação:

● Importações Permitidas: compreende todas aquelas que envolverão os


procedimentos de licenciamento automático e de licenciamento não
automático. Isto significa que também são consideradas como permitidas as
importações de mercadorias dispensadas de licenciamento, aquelas em que
se faz necessário o licenciamento automático e também quando se aplica o
licenciamento não automático.

UNI

Estudaremos em breve as definições, funções e características do licenciamento


automático e do licenciamento não automático.

Quanto ao seu aspecto fiscal, Maluf (2000, p. 200) apresenta a seguinte


classificação para as importações chamadas de permitidas:

135
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

As importações, sob o aspecto fiscal, podem ser agrupadas em:


a) importações com incidência tributária;
b) importações que gozam de vantagens tributárias. Essas vantagens
caracterizam-se pela: isenção, redução ou suspensão dos tributos.
c) Importações enquadradas em regimes aduaneiros especiais, que
podem ser: regime de Drawback, Admissão temporária; Entreposto
aduaneiro de importação; Entreposto industrial; Depósito especial
alfandegado; Trânsito aduaneiro.

NOTA

Na próxima unidade estudaremos todos os regimes aduaneiros especiais.

Estas espécies de importações são geralmente processadas no SISCOMEX,


podendo ser efetuadas pelo importador, por conta própria, mediante habilitação
prévia, ou por intermédio de representantes credenciados, nos termos e condições
estabelecidos pela Receita Federal do Brasil.

● Importações Proibidas: são aquelas que contêm mercadorias que, pela própria
disposição da lei brasileira ou de tratados internacionais, estão proibidas de
entrar no território brasileiro. No entanto, a proibição não se refere somente à
mercadoria envolvida, mas também à procedência da mesma.

Como exemplo de importação proibida, em razão da mercadoria, cita-


se brinquedos que simulam armas de fogo e pólvoras e explosivos, conforme
verificado a seguir.

FIGURA 23 - IMPORTAÇÕES PROIBIDAS POR MERCADORIA

FONTE: Adaptada de: <http://www.correios.com.br/impfacil/documento/lop.pdf>. Acesso em:


20 set. 2012.
136
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

FIGURA 24 - IMPORTAÇÕES PROIBIDAS POR PROCEDÊNCIA

CAPÍTULO 10 CEREAIS
Posição Código SH ● Objetos proibidos
10.08 1008.90 Triticale originário da América do Norte, Ásia, África e Oceania

FONTE: Adaptado de: <http://www.correios.com.br/impfacil/documento/lop.pdf>. Acesso em:


20 set. 2012.

NOTA

O triticale (X Triticosecale Wittmack) é um cereal de inverno obtido pelo


cruzamento artificial de trigo com centeio. A cultura vem sendo pesquisada no Brasil desde
1969, e a primeira cultivar foi lançada em 1985. A área cultivada atinge cerca de 100 mil
hectares. A produção destina-se, principalmente, à alimentação animal, além de outros usos,
como biscoitos, pães caseiros, massa para pizza e produtos dietéticos.
FONTE: Disponível em: <http://www.cnpt.embrapa.br/culturas/triticale/index.htm>. Acesso
em: 20 set. 2012.

● Importações Suspensas: são aquelas que contêm, em caráter temporário, o


impedimento de entrada no país. Como exemplo podemos citar a suspensão
da entrada de camarões argentinos no Brasil. Neste caso, referidas importações
estão suspensas desde o ano de 1999 através da Instrução Normativa n◦ 39 do
Ministério da Agricultura, Secretaria da Defesa Agropecuária, sob a alegação
de que algumas enfermidades conhecidas como Mancha Branca (White Shrimp
Spot Virus WSSV) e Cabeça Amarela (Yellow Head Virus YHV) incluídas na
lista B do Escritório Internacional de Epizootias (OIE), têm sido detectadas em
fazendas de cultivos destes camarões.

● Importações em Consignação: são caracterizadas pela não permanência


definitiva da mercadoria importada. Ou seja, a mercadoria envolvida entrará
no Brasil, mas deverá, obrigatoriamente, sair do território brasileiro, conforme
condições e prazos preestabelecidos.

Conforme expõe Maluf (2000, p. 200), “elas deverão vir sem cobertura
cambial, haverá um acompanhamento da sua destinação, seguirão para local
alfandegado e será exigido um Termo de Responsabilidade”.

● Nas operações de Importações sem cobertura cambial haverá sua condução


sem a cobertura de câmbio. Ou seja, inexiste contratação de câmbio, uma vez
que não haverá a necessidade da aquisição da moeda estrangeira.

137
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Segundo Schulz (2000, p. 109):

A principal característica da importação sem cobertura cambial é o não


pagamento do bem no exterior. Poderão ser admitidas importações
sem cobertura cambial nas seguintes condições:
- peças e acessórios, abrangidos por contrato de garantia;
- doações;
- filmes cinematográficos;
- investimento de capital estrangeiro, sujeito a registro prévio no Banco
Central;
- retorno de material remetido ao exterior para fins de testes, exames e/
ou pesquisas, com finalidade industrial ou científica;
- bens importados em regime de admissão temporária;
- bens importados em consignação.

Neste caso, a Receita Federal dispõe que: se a operação for feita sem
cobertura cambial (não havendo remessa de moeda estrangeira), o
importador deverá assinalar essa opção e escolher na caixa de texto
"Motivos", o motivo da não cobertura cambial. (RECEITA FEDERAL,
2012).

Isto significa que o importador deverá expor o motivo que justifique a não
remessa de moeda estrangeira.

- motivo "30": investimento de capital estrangeiro;


- motivo "57": arrendamento financeiro com prazo superior a 360 dias
e com amortização igual ou superior a 75% do valor do bem;
- motivo "66": arrendamento operacional com prazo superior a 360
dias e com amortização inferior a 75% do valor do bem;
- motivo "70: arrendamento simples - sem opção de compra - aluguel
ou afretamento - prazo superior a 360 dias. (RECEITA FEDERAL, 2012).

No entanto, caso o importador selecione o motivo 32 (operações em


reais), será requerido o preenchimento:

a) nas operações com pagamento antecipado ou à vista (abas 1 e 2):


campo "valor vinculado";
b) nas operações com pagamento a prazo (até 180 dias ou de 181 a
360 dias, aba 3): deverá ser assinalado se o pagamento será feito em
"parcelas fixas" ou "parcelas variáveis" e informados os dados listados
abaixo:
• Parcelas fixas, onde deverá ser informado: o número de parcelas,
sua periodicidade, o indicador de periodicidade (dias ou meses) e o
valor total do fechamento do câmbio. No caso de pagamento a ser
realizado somente em uma parcela, o campo número de parcelas deve
ser preenchido com o algarismo "1" (um), a periodicidade com o prazo
para pagamento de acordo com a fatura comercial e o indicador de
periodicidade deve ser informado em dias.
• Parcelas variáveis: assinalando-se essa opção, o campo se abrirá para
preenchimento do valor, mês e ano de vencimento de cada parcela. No
caso de pagamento a prazo com taxa de juros, deverá ser informado o
indexador e a taxa utilizada. (RECEITA FEDERAL, 2012).

Na figura a seguir é possível perceber como esta operação é realizada na


prática:
138
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

FIGURA 25 - IMPORTAÇÃO SEM COBERTURA CAMBIAL – MOTIVO 32

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/manuaisweb/importacao/


preenchimento/declaracao/adicao/ficha-cambio/sem-cobertura/>. Acesso em: 20 set. 2012.

Para os demais motivos (diferentes de "30", "32", "57", "66" e "70") assinalados,
não será necessário o preenchimento de nenhum outro campo, conforme se verifica
na figura a seguir:

FIGURA 26 - IMPORTAÇÃO SEM COBERTURA CAMBIAL – MOTIVO 31

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/manuaisweb/importacao/


preenchimento/declaracao/adicao/ficha-cambio/sem-cobertura/>. Acesso em: 20 set. 2012.
139
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Trataremos agora de analisar a importação de materiais usados. Conforme


já mencionamos no início deste item, qualquer Importação de Material Usado
no Brasil é tratada de maneira especial, vez que sua autorização se dá, somente,
excepcionalmente.

Maluf (2000, p. 201) demonstra algumas características relativas à


importação de materiais usados:

As várias restrições impostas visam, justamente, evitar a importação


de equipamentos considerados obsoletos ou superados, prejudiciais
à elevação de nosso índice de produtividade, dificultando nossa
competitividade no comércio internacional.
Em todos os pedidos de importação será exigida a apresentação do
laudo de vistoria e avaliação, firmado por organizações especializadas
e idôneas, constando entre outros o ano de fabricação do equipamento,
a vida útil média do bem, o valor de mercado e o peso líquido.

Além disso, algumas exigências devem ser atendidas a fim de que uma
importação de material usado seja autorizada.

Dentre elas, cita-se:

- a comprovação de que o material ou equipamentos importados sejam


destinados ao uso do próprio importador, e que participem diretamente do
processo produtivo do envolvido;
- que os bens importados não contenham similar produzido no Brasil ou que
estes não podem ser substituídos;
- que seja de interesse da economia nacional a importação do equipamento
usado;
- que não tenha destinação ao controle de qualidade.

As importações de bens usados estão regulamentadas pela Portaria


DECEX nº 8, de 13/05/1991, e alterações posteriores. Tais importações estão sujeitas
a licenciamento não automático previamente ao embarque dos bens no exterior.
De acordo com a aludida Portaria DECEX, são permitidas as importações dos
seguintes bens usados:

a) máquinas, equipamentos, aparelhos, instrumentos, ferramentas, moldes e


contêineres para utilização como unidade de carga;

b) máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados à reconstrução


no país por empresas que atendam normas técnicas de padrão internacional,
que após o processamento atinjam estágio tecnológico não disponível no
país, tenham garantia idêntica à de análogos novos e agreguem insumos de
produção local;

c) partes, peças e acessórios recondicionados, para manutenção de máquinas


e equipamentos, desde que o processo de recondicionamento tenha sido
efetuado pelo próprio fabricante, ou por empresa por ele credenciada e os
bens a importar contem com a mesma garantia de produto novo e não sejam
produzidos em território nacional;
140
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

d) importações ao amparo de acordos internacionais firmados pelo país;

e) importações pelo regime de admissão temporária, devendo ser observados os


critérios estabelecidos na Portaria somente em caso de nacionalização;

f) bens havidos por herança;

g) remessas postais, sem valor comercial;

h) transferências de unidades industriais, linhas ou células de produção,


vinculadas a projetos específicos de interesse da economia nacional;

i) bens culturais;

j) veículos antigos, com mais de 30 anos de fabricação, para fins culturais e de


coleção;

k) embarcações para transporte de carga e passageiros, aprovadas pelo


Departamento de Marinha Mercante do Ministério dos Transportes;

l) aeronaves e outros aparelhos aéreos ou espaciais, turborreatores,


turbopropulsores e outros motores, aparelhos, instrumentos, ferramentas e
bancadas de teste de uso aeronáutico, bem como suas partes, peças e acessórios;

m) embarcações de pesca, condicionadas à autorização prévia da Secretaria


Especial da Aquicultura e Pesca da Presidência da República;

n) partes e peças e acessórios recondicionados, para a reposição ou manutenção


de produtos de informática e telecomunicações, desde que o processo de
recondicionamento tenha sido efetuado pelo próprio fabricante, ou por
terceiros por ele credenciados;

o) partes, peças e acessórios usados, de produto de informática e telecomunicações,


para reparo, conserto ou manutenção, no país, desde que tais operações sejam
realizadas pelo próprio fabricante do produto final, ou por terceiros por ele
credenciados;

p) máquinas, equipamentos, aparelhos, instrumentos, ferramentas, moldes e


contêineres, bem como seus componentes, peças, acessórios e sobressalentes,
importados sob o regime do drawback, modalidade suspensão, exceto as
operações especiais drawback para embarcação para entrega no mercado interno
e drawback para fornecimento no mercado interno; e

q) moldes classificados na posição 8480 da NCM/TEC e ferramentas classificadas


na posição 8207 da NCM/TEC, desde que tenham sido manufaturadas sob
encomenda e para fim específico.
FONTE: Disponível em: <http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/72_importacao_
de_material_usado>. Acesso em: 20 set. 2012.

141
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

A Portaria MDIC nº 235, de 07/12/2006, e alterações posteriores deram


nova redação à Portaria DECEX n◦ 08, de 1991, regulamentando a importação
de material usado. A Portaria SECEX nº 23, de 14/07/11, em seus artigos 41 a 59,
disciplina os procedimentos para as importações de material usado, linhas de
produção, bens de consumo etc.

DICAS

Para facilitar o entendimento dos procedimentos que devem ser adotados na


importação de material usado, segue link contendo respostas às dúvidas mais frequentes
relacionadas ao assunto. Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/
dwnl_1210166486.pdf>.

3 EXAME DE SIMILARIDADE
Estão sujeitas ao exame de similaridade as importações amparadas por
benefícios fiscais (como isenção ou redução do Imposto de Importação, por
exemplo), abrangendo, inclusive, as importações realizadas pela União, Estados
ou Municípios e suas respectivas autarquias.

O Regulamento Aduaneiro – Decreto n◦ 6759/2009 – expõe quais são


os requisitos que devem ser cumpridos para que um produto estrangeiro seja
considerado similar a um produto nacional:
Art. 190. Considera-se similar ao estrangeiro o produto nacional em
condições de substituir o importado, observadas as seguintes normas
básicas (Decreto-Lei no 37, de 1966, art. 18, caput):
I - qualidade equivalente e especificações adequadas ao fim a que se
destine;
II - preço não superior ao custo de importação, em moeda nacional,
da mercadoria estrangeira, calculado o custo com base no preço Cost,
Insurance and Freight - CIF, acrescido dos tributos que incidem sobre
a importação e de outros encargos de efeito equivalente; e
III - prazo de entrega normal ou corrente para o mesmo tipo de
mercadoria.
Parágrafo único. Não será aplicável o conceito de similaridade
conforme o disposto no caput, quando importar em fracionamento da
peça ou máquina, com prejuízo da garantia de seu bom funcionamento
ou com retardamento substancial no prazo de entrega ou montagem
(Decreto-Lei no 37, de 1966, art. 18, § 3o). (BRASIL, 2012).

Quando da realização de importações sujeitas a exame de similaridade, o


importador deverá registrar uma licença de importação, indicando o instrumento
legal no qual ele pretende que a operação seja enquadrada para fins de fruição do
benefício fiscal.
FONTE: Adaptado de: <www.comexbrasil.gov.br/.../9_modulo_de_importacao_do_siscomex>.
Acesso em: 12 nov. 2012.
142
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

A apuração da similaridade é feita com base no catálogo técnico


do produto a importar, que o importador deverá encaminhar para
o DECEX por intermédio de correio eletrônico. Para a realização da
análise de similaridade, o DECEX publica os pedidos de importação
na página eletrônica do MDIC na internet, devendo a indústria
nacional manifestar-se no prazo de trinta dias corridos para
comprovar a fabricação no mercado interno. Na hipótese de existência
de produção nacional, deverão ser fornecidos catálogos descritivos
dos bens, contendo as respectivas características técnicas, bem como
informações referentes a percentuais relativos aos requisitos de origem
do Mercosul e unidades já reproduzidas no país. (MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, 2012).

Deste modo, observadas as previsões contidas no Regulamento Aduaneiro


e demais normas pertinentes em vigor, a isenção ou a redução tributária somente
beneficiará mercadoria sem similar nacional, a fim de que não resulte em maiores
prejuízos à indústria doméstica.

4 VERIFICAÇÃO DE PREÇOS
A SECEX, dentre todas outras funções, também exerce o controle de
preços na importação. Este controle é realizado visando evitar a prática do
superfaturamento e a transferência irregular ou fuga ou remessa de divisas
indevidamente ao exterior.

“Para tanto, utiliza vários instrumentos ou fontes de informações, como


cotações em bolsas internacionais de mercadorias, publicações especializadas,
listas de preços de fabricantes estrangeiros, preços declarados por importadores
com base em documentos comprobatórios [...]”. (MALUF, 2000, p. 203).

5 LICENCIAMENTO DAS IMPORTAÇÕES


A Licença ou Licenciamento de Importação - Li é um documento eletrônico
processado através do Sistema Integrado de Comércio Exterior - SISCOMEX,
utilizado para licenciar as importações de produtos cuja natureza ou tipo de
operação está sujeita a controles de órgãos governamentais.
FONTE: Disponível em: <www.bb.com.br/portalbb/page44,111,4226,13,0,1,3.bb?..>. Acesso em:
12 nov. 2012.

Para tanto, o site da Receita Federal alerta para as exigências concernentes


ao Licenciamento das Importações:

Ao registrar a Declaração de Importação, o contribuinte deverá


atentar para a exigência de licenciamento. A legislação prevê hipóteses
de penalidades no caso de registro de Declaração de Importação
com ausência de licenciamento quando a operação estiver sujeita a
licenciamento. Também há previsão de penalidades se o licenciamento

143
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

for obtido após o embarque da mercadoria, enquanto ele deveria


ter sido providenciado anteriormente ao embarque no exterior, ou
se o embarque ocorrer depois de vencido o prazo de validade do
licenciamento. Em todos esses casos as penalidades serão aplicadas por
auditores-fiscais da Receita Federal do Brasil em atos de conferência
ou revisão aduaneira. (RECEITA FEDERAL, 2012).

O pedido de licença deverá ser registrado no SISCOMEX pelo importador


ou seu representante legal, ou ainda, por agentes credenciados pelo Decex, da Secex.

FIGURA 27 - LICENCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/manuaisweb/Importacao/topicos/


procedimentos_preliminares/licenciamento_da_importacao/introducao.htm>. Acesso em: 20
set. 2012.

Conforme dispõe o site da Receita Federal, estão dispensadas de


licenciamento as seguintes importações:

I - sob os regimes de entrepostos aduaneiro e industrial, inclusive sob


controle aduaneiro informatizado;
II - sob o regime de admissão temporária, inclusive de bens amparados
pelo Regime Aduaneiro Especial de Exportação e Importação de Bens Destinados
às Atividades de Pesquisa e de Lavra das Jazidas de Petróleo e de Gás Natural
(Repetro);
III - sob os regimes aduaneiros especiais nas modalidades de loja franca,
depósito afiançado, depósito franco e depósito especial;
IV - com redução da alíquota de Imposto de Importação decorrente da
aplicação de “ex‑tarifário”;
V - mercadorias industrializadas, destinadas a consumo no recinto de
congressos, feiras e exposições internacionais e eventos assemelhados;

144
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

VI - peças e acessórios, abrangidos por contrato de garantia;


VII - doações, exceto de bens usados;
VIII - filmes cinematográficos;
IX - retorno de material remetido ao exterior para fins de testes, exames e/
ou pesquisas, com finalidade industrial ou científica;
X - amostras;
XI- arrendamento mercantil (leasing), arrendamento simples, aluguel ou
afretamento;
XII - investimento de capital estrangeiro;
XIII - produtos e situações que não estejam sujeitos a licenciamento
automático e não automático;
XIV - sob o regime de admissão temporária ou reimportação, quando
usados, reutilizáveis e não destinados à comercialização, de recipientes,
embalagens, envoltórios, carretéis, separadores, racks, clip locks, termógrafos
e outros bens retornáveis com finalidade semelhante destes, destinados ao
transporte, acondicionamento, preservação, manuseio ou registro de variações
de temperatura de mercadoria importada, exportada, a importar ou a exportar; e
XV - nacionalização de máquinas e equipamentos que tenham ingressado
no país ao amparo do regime aduaneiro especial de admissão temporária para
utilização econômica, aprovado pela RFB, na condição de novas.
Na hipótese de o tratamento administrativo do SISCOMEX acarretar
licenciamento (automático ou não automático) para as importações definidas nos
incisos I a II e IV a XV, a necessidade de licenciamento prevalecerá sobre a dispensa.

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/manuaisweb/Importacao/topicos/


procedimentos_preliminares/licenciamento_da_importacao/default.htm>. Acesso em: 20 set. 2012.

As importações sujeitas ao Licenciamento compreendem as seguintes


mercadorias:
I - de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do
Siscomex; também disponíveis no endereço eletrônico do MDIC;
II - as efetuadas ao amparo do regime aduaneiro especial de
“Drawback”.
Estão sujeitas a Licenciamento Não Automático as seguintes importações:
I - de produtos relacionados no Tratamento Administrativo do
SISCOMEX e também disponíveis no endereço eletrônico do MDIC,
onde estão indicados os órgãos responsáveis pelo exame prévio do
licenciamento não automático, por produto;
II - as efetuadas nas seguintes situações:
a) sujeitas à obtenção de cotas tarifária e não tarifária;
b) ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus e das Áreas
de Livre Comércio;
c) sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico;
d) sujeitas ao exame de similaridade;
e) de material usado;
f) originárias de países com restrições constantes de resoluções da ONU;
g) substituição de mercadoria;
h) sujeitas a medidas de defesa comercial; e
i) operações que contenham indícios de fraude. (RECEITA FEDERAL,
2012).
145
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

Há que se ressaltar que quando ocorrer a importação de mercadorias


sujeitas ao licenciamento, o importador deve registrar a Licença de Importação
no SISCOMEX, a qual será objeto de análise do(s) órgão(s) anuente(s).

O prazo máximo para efetivação do resultado será de:

- 10 (dez) dias úteis para os casos de licenciamento automático;


- 60 (sessenta) dias corridos no caso de licenciamento não automático, contados
da data do registro da LI.

Também não podemos deixar de mencionar que ambos os licenciamentos


terão validade de 90 dias para fins de embarque da mercadoria no exterior.
Em regra, o embarque da mercadoria no exterior pode ocorrer somente após
a efetivação do licenciamento; caso contrário, a importação fica sujeita às
penalidades previstas na legislação aduaneira.

Mas existem exceções, conforme apresentado no Portal do Comércio


Exterior Brasileiro:

[...] nas situações indicadas a seguir, o licenciamento poderá ser efetuado


após o embarque da mercadoria no exterior, mas anteriormente ao início do
despacho aduaneiro de importação (exceto para os produtos sujeitos a controles
previstos no tratamento administrativo do SISCOMEX):

• importações ao amparo do regime aduaneiro especial de “Drawback”;


• importações ao amparo dos benefícios da Zona Franca de Manaus e das Áreas
de Livre Comércio, exceto para os produtos sujeitos a licenciamento;
• importações sujeitas à anuência do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico - CNPq;
• importação de mercadoria sujeita à anuência do MAPA, da ANVISA e da ANP,
quando previsto em legislação específica, desde que o produto não esteja sujeito
a licenciamento prévio ao embarque por força de anuência de outro órgão;
• importação de mercadoria ingressada em entreposto aduaneiro ou industrial,
observado o tratamento administrativo do SISCOMEX; e
• importação de brinquedos.

FONTE: Disponível em: <http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/9_modulo_de_


importacao_do_siscomex>. Acesso em: 20 set. 2012.

146
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

E
IMPORTANT

Além da Licença de Importação, existe também a Licença Simplificada de


Importação. Conforme expõe o site do Banco do Brasil, a LSI ou Licença Simplificada de
Importação é um documento simplificado criado para licenciar importações de até US$
3.000,00 (três mil dólares), ou o equivalente em outra moeda, cujos produtos estejam sujeitos
a controles prévios de órgãos e/ou entidades governamentais. A efetivação da LSI implica na
utilização da Declaração Simplificada de Importação - DSI, para fins de Despacho Aduaneiro.
FONTE: Disponível em: <http://www.bb.com.br/portalbb/page44,111,4227,13,0,1,3.
bb?codigoNoticia=1750&codigoMenu=778&codigoRet=1166&bread=4_2_6>. Acesso em:
20 set. 2012.

Cabe mencionarmos também que atualmente, com a implantação do


SISCOMEX Importação Web, as funcionalidades da Licença de Importação
passaram a facilitar e agilizar o pedido e registro das referidas licenças, conforme
podemos observar na figura a seguir:

FIGURA 28 - SISCOMEX IMPORTAÇÃO WEB - LI

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.

Existe também, para esta finalidade, a opção de ajuda on-line, indicando os


perfis e a explicação de cada etapa do preenchimento das Licenças de Importação.

147
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

FIGURA 29 - SISCOMEX IMPORTAÇÃO WEB – AJUDA LI

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.

6 DECLARAÇÕES DE IMPORTAÇÃO
A Declaração de Importação consiste na prestação, de acordo com o tipo
de declaração e a modalidade de despacho aduaneiro, das informações separadas
em dois grupos:

• Gerais: correspondentes à operação de importação.

• Específicas (adição): contendo dados de natureza comercial, fiscal e cambial


sobre as mercadorias.
FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br/aduana/.../despaduimport.htm>. Acesso em:
12 nov. 2012.

Em regra, a DI somente pode ser registrada após a chegada da


mercadoria no país. O Registro da DI caracteriza o início do Despacho
Aduaneiro de Importação, que é o procedimento fiscal mediante o qual é
verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação
à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação
vigente, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro. O desembaraço
aduaneiro constitui o ato final do Despacho Aduaneiro, em virtude
do qual é autorizada a entrega da mercadoria ao importador. Após o
fiscal da RFB registrar o desembaraço no SISCOMEX, o importador
poderá emitir, no próprio Sistema, o Comprovante de Importação
(CI). (RECEITA FEDERAL, 2012).

148
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

NOTA

Devemos atentar para as seguintes informações:


- Nos casos em que a importação é dispensada de licenciamento, o importador (ou seu
representante legal) deve tão somente formular a Declaração de Importação (DI) no
SISCOMEX.
- Se houver Licença de Importação (LI) para a operação, os respectivos dados migrarão
automaticamente para a DI quando for informado o respectivo número durante a formulação
deste documento no SISCOMEX.

Tendo em vista que a Declaração de Importação é o documento, em meio


eletrônico, que irá consolidar todas as informações – cambiais, tributárias, fiscais,
comerciais e estatísticas – de uma operação de importação, seu processamento
se dará através da inserção das correspondentes informações no SISCOMEX,
conforme disposto no site da Receita Federal.
A Declaração de Importação (DI) será formulada pelo importador
no SISCOMEX e consistirá na prestação das informações constantes
do Anexo Único da IN SRF nº 680/06, de acordo com o tipo de
declaração e a modalidade de despacho aduaneiro (art. 4º da IN SRF
nº 680/06).
Não será admitido agrupar, numa mesma declaração, mercadoria que
proceda diretamente do exterior e mercadoria que se encontre no país
submetida a regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais.
Não será permitido agrupar, numa mesma Adição, dentre outras
condições, mercadorias cujos preços efetivamente pagos ou a pagar
devam ser ajustados de forma diversa, em decorrência das regras
estabelecidas pelo Acordo de Valoração Aduaneira.
Antes de iniciar o preenchimento de uma Declaração de Importação,
o usuário deve atualizar as tabelas do SISCOMEX em seu
microcomputador. Alerta-se, principalmente, para a atualização da
"Taxa de Conversão de Câmbio" e dos "Códigos NCM-Subitem".
Após o preenchimento dos dados gerais da operação de importação,
deverão ser informados os dados específicos de cada mercadoria
("Adição"). Com todos os dados preenchidos, o SISCOMEX calculará
os totais de tributos a serem recolhidos, que deverão ser informados
para fins de débito automático e transmissão da declaração. (RECEITA
FEDERAL, 2012).

Apresentamos, a seguir, uma figura de processamento de uma Declaração


de Importação no SISCOMEX.

149
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

FIGURA 30 - PROCESSAMENTO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://nfeimportacao.wordpress.com/>. Acesso em: 20 set. 2012.

Após o devido preenchimento da declaração no sistema, o importador terá


acesso ao extrato da Declaração de Importação. Podemos observar (no modelo) na
figura a seguir um extrato de Declaração de Importação na modalidade consumo.

FIGURA 31 - EXTRATO DE DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO

150
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

FONTE: Elaborado pela autora

Além de tudo o que apresentamos sobre a Declaração de Importação,


devemos ressaltar que, com a implantação do SISCOMEX Web modernizado, este
apresenta várias funções mais atualizadas para a melhor realização e agilização
das declarações, conforme demonstrado a seguir:

FIGURA 32 - SISCOMEX IMPORTAÇÃO WEB – DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.

Da mesma forma, o acesso às funcionalidades do sistema será facilitado:

151
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

FIGURA 33 - SISCOMEX IMPORTAÇÃO WEB – FUNCIONALIDADES DA DI

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.

Conforme demonstrado acima, o Siscomex web fornecerá, ao final da


declaração, seu extrato em formato pdf.

FIGURA 34 - SISCOMEX IMPORTAÇÃO WEB – EXTRATO DA DI

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.

152
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

Da mesma forma como ocorre com o licenciamento das importações, o


novo sistema fornece o acesso à ajuda on-line sobre os procedimentos e requisitos
da Declaração de Importação, o que facilitará e agilizará o preenchimento da
mesma.

FIGURA 35 - SISCOMEX IMPORTAÇÃO WEB – AJUDA ON-LINE DI

FONTE: Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 set. 2012.

153
UNIDADE 2 | SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES

LEITURA COMPLEMENTAR

PORTARIA QUE PROÍBE A IMPORTAÇÃO DE PNEUS USADOS É


CONSTITUCIONAL, DIZ A PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA

Antonio Fernando explica que a regra tem como objetivo proteger a


saúde pública e o meio ambiente

O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, deu parecer


pelo não conhecimento e, no mérito, pela improcedência da ação direta de in-
constitucionalidade (ADI 3939) proposta pelo governador do Paraná. A ação
questiona o caput do artigo 41 da Portaria n° 35/2006, da Secretaria de Comércio
Exterior, que proíbe a importação de pneus recauchutados e usados.

De acordo com o governador, o dispositivo contestado discrimina a


importação de pneus usados como matéria-prima, enquanto autoriza, até
com isenção ou suspensão de tributos, a importação de outros bens usados
para a finalidade de recondicionamento. Ele afirma também que a portaria
privilegia as indústrias de pneus remoldados do Mercosul em detrimento das
indústrias de remoldados do Brasil a terem acesso a matérias-primas de melhor
qualidade.

Outro argumento apresentado na ação é o de que a norma questionada


legisla sobre comércio exterior, o que seria competência privativa do Congresso
Nacional e, excepcionalmente, do Ministério da Fazenda para defesa de interesses
fazendários. Além disso, o governador defende a existência de privação ao livre
exercício de atividade econômica não proibida em lei amplamente regulamentada.

No parecer, o procurador-geral da República defende a extinção da ação


sem julgamento do mérito. Um dos argumentos é a falta de pertinência temática,
já que, como foi apontada pela Advocacia Geral da União, a ação deveria
ter demonstrado interesse específico do Paraná na questão, o que não aconteceu.

Além disso, ele enfatiza a ausência de interesse processual, pois a proibi-


ção que se pretende afastar por meio da declaração de inconstitucionalidade con-
tinuaria a existir, mesmo que a disposição fosse retirada do mundo jurídico. “Vez
mais a AGU bem verifica que a vedação subsistiria, tanto por força do artigo 47-A
do Decreto n◦ 3179/99, quanto por força de uma sequência de resoluções do Co-
nama, iniciada pela Resolução 23/96”, explica.

Análise do mérito - Caso a ação seja julgada pelo STF, Antonio


Fernando descarta o argumento de ilegitimidade da Secretaria de Comércio
Exterior para exercer a fiscalização e o controle do comércio exterior, por
meio de portarias como a que está em análise. De acordo com ele, quando a
Constituição Federal atribui essa competência ao Ministério da Fazenda, no artigo
237, está a determinar, na verdade, que a tarefa seja desenvolvida pelo Executivo,
em esfera ministerial: “A referência textual ao Ministério da Fazenda deu-se, tão-
154
TÓPICO 3 | TRATAMENTO ADMINISTRATIVO

somente, em razão de que, ao tempo de sua entrada em vigor, tais faculdades já


ficavam a cargo desse órgão”.

Ele argumenta também que a portaria objeto da ação não legisla


sobre matéria de competência do Congresso Nacional, porque não promove
inovações no ordenamento jurídico. Para ele, “agiu a Secretaria de Comércio
Exterior nos estritos limites de sua competência regulatória, nos quais se inclui
a possibilidade de restringir o ingresso de determinados bens no território
nacional, atuação esta que, por sua própria essência, demanda a agilidade que
lhe é peculiar”.

O procurador-geral destaca ainda que a proibição das importações


pelo Brasil tem que ser compreendida como política concebida para proteger a
saúde pública e o meio ambiente, ao evitar a transferência de despejos de outros
países para o território brasileiro. Assim, estaria afastada a “suposta violação
a princípios da ordem econômica, no sentido de que, dada a importância da
medida governamental no combate à poluição ambiental, tratar-se-ia de uma
medida amparada por completo pelo princípio da proporcionalidade”.

Por fim, Antonio Fernando ressalta que é improcedente a tese de desres-


peito ao postulado da isonomia, baseada no fato de serem permitidas as impor-
tações de pneus usados vindos dos países do Mercosul. De acordo com ele, não
há dúvidas de que o governo federal tem como objetivo regulamentar o tema
de forma igualitária, mas “a matéria envolve interesses contrapostos em âmbito
internacional, o que leva o Brasil a travar verdadeiras batalhas junto aos organis-
mos competentes e, consequentemente, a obter vitórias e derrotas”.

“Acolher o pleito deduzido pelo requerente, a pretexto de se promover


isonomia, significaria sobrepor os efeitos de um único revés a todos os demais
êxitos até aqui alcançados, o que definitivamente seria inconcebível”, conclui.

FONTE: Disponível em: <http://noticias.pgr.mpf.gov.br/noticias/noticias-do-site/copy_of_


constitucional/portaria-que-proibe-a-importacao-de-pneus-usados-e-constitucional-diz-pgr>.
Acesso em: 20 set. 2012.

155
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico você viu que:

• O tratamento administrativo aplicado às importações deve ser sempre


observado quando da realização de uma importação.

• As importações são classificadas em importações permitidas, importações


proibidas, importações suspensas, importações em consignação, importações
sem cobertura cambial e importação de material usado.

• Esta classificação deverá ser sempre consultada, a partir da NCM da mercadoria,


a fim de verificar o atual tratamento administrativo aplicado ao objeto da
importação.

• O exame de similaridade será aplicado às importações amparadas por


benefícios fiscais (como: isenção ou redução do imposto de importação, por
exemplo).

• Cabe à SECEX o controle de preços na importação. Este controle é realizado


visando evitar a prática do superfaturamento e a transferência irregular ou
fuga ou remessa de divisas indevidamente ao exterior.

• As Licenças de Importação traduzem-se em um documento eletrônico


processado através do SISCOMEX, utilizado para licenciar as importações de
produtos cuja natureza ou tipo de operação está sujeita a controles de órgãos
governamentais.

• A Declaração de Importação consiste na prestação, de acordo com o tipo de


declaração e a modalidade de despacho aduaneiro, das informações separadas
sempre em dois grupos: Gerais: correspondentes à operação de importação.
Específicas (adição): contendo dados de natureza comercial, fiscal e cambial
sobre as mercadorias.

156
AUTOATIVIDADE

Para verificar seu aprendizado, responda ao questionário a partir das


informações a seguir:

1 XMC Comércio de Importação de Carne está realizando uma operação


de importação de Alcatra bovina desossada congelada. Durante o pré-
processo de importação, a partir do valor de R$ 10,00 (dez reais) para
cada quilograma de carne, o profissional do setor de comércio exterior da
empresa apresentou os seguintes dados:

- Tarifa TEC incidente: 10%.


- Imposto sobre Produto Industrializado incidente: 10%.
- PIS: 1,65%.
- Cofins: 7,60%.
- Necessidade de intervenção de órgão anuente: NÃO.
- Medidas compensatórias em vigor: NÃO HÁ.

Ao acessar o Simulador de tratamento administrativo de mercadorias


disponível no site: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/> e
pesquisar a mercadoria: Carne Bovina Desossada Congelada, obtivemos a
seguinte resolução:

a) Da análise das informações fornecidas, identifique os erros e acertos


ocorridos no planejamento desta importação, bem como se existe algum
impedimento de importação do produto.

2 Caso você queira importar um material usado, como deverá proceder?

3 Explique o que significa licenciamento automático e licenciamento não


automático de importações.

157
158
UNIDADE 3

DOCUMENTOS, DESPACHOS
E REGIMES ADUANEIROS NA
IMPORTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

• conhecer os documentos imprescindíveis em uma importação;

• saber como se procede, quais os prazos e demais exigências referentes aos


despachos aduaneiros na importação.

• verificar quais os documentos necessários à emissão de um despacho


aduaneiro de importação:

• compreender quais as funções, bem como quais as exigências de cada


canal de parametrização;

• analisar e calcular a devida formação de preços dos produtos importados;

• conhecer quais os regimes aduaneiros especiais existentes, bem como as


exigências e funções de cada um destes regimes.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em três tópicos e em cada um deles
você encontrará atividades para maior compreensão das informações
apresentadas.

TÓPICO 1 – DOCUMENTOS NA IMPORTAÇÃO

TÓPICO 2 – DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

TÓPICO 3 – REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

159
160
UNIDADE 3
TÓPICO 1

DOCUMENTOS NA IMPORTAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Ao adentrar na Unidade 3 deste Livro Didático, chamamos sua atenção,
inicialmente, para a análise que faremos acerca dos documentos utilizados nos
processos de importação.

Sua importância é evidente, uma vez que todo processo de importação


será circundado de uma infinidade de documentos, razão pela qual conhecê-los
será muito importante.

Neste tópico trataremos rapidamente da licença de importação, para que


possamos compreender e analisar os documentos que seguirão aos processos de
importação.

Verificaremos também alguns documentos específicos, como faturas:


Comercial (Commercial Invoice) e Pro forma (Pro Forma Invoice), Romaneio (Packing
List), alguns documentos emitidos pelo importador e outros documentos que
envolvam este processo.

2 LICENÇA DE IMPORTAÇÃO
Estudamos na unidade anterior sobre o licenciamento das importações.

Naquele momento pudemos verificar que as licenças de importação são


documentos eletrônicos processados através do Sistema Integrado de Comércio
Exterior (SISCOMEX), utilizado para licenciar as importações de produtos cuja
natureza ou tipo de operação está sujeita a controles de órgãos governamentais.

FONTE: Adaptado de: <www.infraero.gov.br/images/stories/.../guiainfraerocargo2011.pdf>. Acesso


em: 13 nov. 2012.

Diante da importância do assunto, não poderemos esquecer que o sistema


administrativo que envolve as importações brasileiras compreende as seguintes
modalidades de licenciamento:

- importações dispensadas de licenciamento;


- importações sujeitas a licenciamento automático;
- importações sujeitas a licenciamento não automático.
FONTE: Disponível em: <http://www.comexblog.com.br/importacao/a-licenca-de-importacao-
no-brasil>. Acesso em: 13 nov. 2012.

161
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

O site da Receita Federal do Brasil apresenta o objetivo e a função das


licenças aplicadas às importações:
Objetivo: permitir ao importador formular e consultar a Licença de
importação, conforme estabelecido pela SECEX.
Descrição da função: consiste na prestação, pelo importador, de
um conjunto de informações correspondentes a uma determinada
importação de mercadoria sujeita a procedimentos especiais, conforme
legislação específica, exigidas pelo órgão licenciador (SECEX) e/ou por
órgãos federais que atuam como anuentes na importação. (RECEITA
FEDERAL, 2012).

Devemos ter em mente também que, como regra geral, “as importações
brasileiras estão dispensadas de licenciamento, devendo os importadores tão
somente providenciar o registro da Declaração de Importação (DI) no SISCOMEX
com o objetivo de dar início aos processos sucessivos da importação”. (VAZQUEZ,
2007, p. 109).

NOTA

O importador deverá estar atento às normas vigentes para verificar se seu


processo de importação necessitará, ou não, de licenciamento. Referidas normas são:
Regulamento Aduaneiro (Decreto-Lei nº 6759/2009), Portaria SECEX nº 23/11 e Portaria
Interministerial MF/MICT nº 291/96), que estão disponíveis no site da Receita Federal.
Disponível em: <www.receita.fazenda.gov.br>.

3 FATURAS: PRO FORMA (PRO FORMA INVOICE) E CO-


MERCIAL (COMMERCIAL INVOICE)
A partir de agora, estudaremos alguns documentos que envolvem um
processo de importação.

A Fatura Pro Forma é o primeiro documento representativo do negócio


realizado após a celebração do Contrato de Compra e Venda. Celebrado o
contrato, o exportador emite a Fatura Pro Forma constando todos os detalhes da
operação/negociação concluída.

A Fatura Pro Forma servirá para o importador providenciar os trâmites


de Licenciamento de Importação em seu país, apresentar junto ao seu
banco para o envio do pagamento antecipado, extrair dados para a
abertura da Carta de Crédito e outros. É bastante utilizada no comércio
internacional, porém não há um modelo para a mesma, variando as
exigências de informações de país para país.
Dados normalmente constantes na Fatura Pro Forma:
- nomes e endereços completos do: exportador, importador,
consignatário e fabricante, se houver;
- modalidade de pagamento;

162
TÓPICO 1 | DOCUMENTOS NA IMPORTAÇÃO

- condição de venda;
- modalidade de embarque;
- descrição completa de mercadorias (referência, código, marca,
modelo, material de fabricação e outros que se façam necessários
devido à especificidade do produto);
- pesos líquido e bruto;
- cubagem;
- preços: unitário e total na moeda acordada;
- agente, distribuidor ou representante: se há ou não. Caso haja:
endereço completo, percentual e tipo de comissão;
- número, data de emissão e validade;
- previsão de embarque;
- assinatura do exportador. (MALUF, 2000, p. 144).

A seguir, um modelo de Fatura Pro Forma:

FIGURA 36 - MODELO DE FATURA PRO FORMA

FONTE: Disponível em: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/informacoes/


documentosdeexportacao.htm>. Acesso em: 2012.
163
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

O segundo documento que analisaremos diz respeito às faturas comerciais,


chamadas internacionalmente por commercial invoice.

Commercial invoice ou fatura comercial é

Documento emitido pelo exportador/vendedor para formalizar a


transferência de propriedade da mercadoria para o importador/
comprador. Apresentação discriminada da mercadoria embarcada,
usualmente juntada aos documentos de uma cobrança de exportação.
(VAZQUEZ, 2007, p. 336).

Deste modo, este documento é necessário para o desembaraço da


mercadoria por parte do importador. Isso significa que o importador não conseguirá
nacionalizar a mercadoria, caso a commercial invoice não exista. Por este motivo, este
documento é considerado um dos documentos mais importantes envolvendo as
operações de importação e exportação. Sua emissão ficará a cargo do exportador no
idioma do importador ou em inglês, segundo os costumes internacionais.
NOTA

Vale destacar que o documento que origina a fatura comercial é a Fatura Pro
Forma ou pro forma invoice, estudada anteriormente.

Conforme mencionado, as faturas comerciais são os documentos hábeis


para a realização do desembaraço aduaneiro da mercadoria no país de destino.
Conforme nos ensina Maluf (2000, p. 145):
O seu preenchimento deverá ser feito sem erros, emendas ou rasuras,
pelo próprio exportador, não existindo um modelo oficial. Fica a
critério do exportador a sua elaboração, sendo necessário que contenha
os seguintes elementos:
- local, data de emissão e número (poderá ser sequencial ou o mesmo
da Fatura Pro Forma ou do próprio processo de exportação);
- nomes e endereços completos: exportador, fabricante (se houver),
importador e agente (inclusive com o percentual, tipo de comissão e
valor a receber);
- número do pedido, contrato, ordem de compra;
- número de autorização de importação, caso seja necessário;
- modelo de: transporte, venda e pagamento;
- local de embarque, destino e desembarque;
- marcação do(s) volume(s);
- número e data do conhecimento de embarque, nome da embarcação,
nome da companhia transportadora da mercadoria;
- descrição detalhada das mercadorias;
- pesos: líquido, bruto e cubagem;
- preços: FOB/FCA, Frete, Seguro – valores em separado e valor total
na moeda acordada;
- declaração exigida pelo país importador;
- outras informações que o exportador julgar necessárias ou sejam
exigidas pelo país de destino do importador;
- carimbo e assinatura do exportador.

164
TÓPICO 1 | DOCUMENTOS NA IMPORTAÇÃO

Diante da exigência da sua emissão por parte do exportador, a pedido


do importador, concluímos que a partir da sua emissão é que o importador irá
providenciar a licença de importação, quando esta se fizer necessária. Além disso,
é o documento utilizado para formalizar e confirmar a negociação existente entre
exportador e importador, quando devolvido ao exportador com o aceite do
importador.

Apresentaremos a seguir dois modelos de faturas comerciais, valendo


ressaltar que, diante da inexistência de um modelo único, esta poderá conter,
conforme solicitação e interesse das partes envolvidas, outros dados e informações.

FIGURA 37 - MODELO 1 DE FATURA COMERCIAL

FONTE: Disponível em: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/informacoes/


documentosdeexportacao.htm>. Acesso em: 20 set. 2012.

165
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

FIGURA 38 - MODELO 2 DE FATURA COMERCIAL

FONTE: Disponível em: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/informacoes/


documentosdeexportacao.htm>. Acesso em: 13 nov. 2012.

4 ROMANEIO (PACKING LIST)


O Packing List, ou simplesmente romaneio de embarque, não pode ser
considerado como um documento contábil, pois sua função principal é auxiliar
nos serviços de movimentação, identificação e conferência das cargas.

Segundo o site da Receita Federal:

166
TÓPICO 1 | DOCUMENTOS NA IMPORTAÇÃO

O romaneio de carga é o documento de embarque que discrimina todas


as mercadorias embarcadas ou todos os componentes de uma carga
em quantas partes estiver fracionada. O romaneio tem o objetivo de
dar a conhecer detalhadamente como a mercadoria está apresentada,
a fim de facilitar a identificação e localização de qualquer produto
dentro de um lote, além de facilitar a conferência da mercadoria por
parte da fiscalização, tanto no embarque como no desembarque.
Não existe um modelo padrão para este documento. Contém
comumente os seguintes elementos:
• quantidade total de volumes (embalagem);
• marcação dos volumes;
• identificação dos volumes por ordem numérica; e
• espécie de embalagens (caixa, pallet etc.) contendo peso líquido, peso
bruto, dimensões unitárias e o volume total da carga.
Às cargas que não são compostas por vários volumes - por exemplo,
granéis - e aquelas que elas próprias se identificam - por exemplo,
automóveis, pelo número do chassi - não se aplica o uso de packing list.

Além disso, o Regulamento Aduaneiro prevê multa quando não ocorrer


a apresentação do packing list junto aos documentos de instrução da declaração
aduaneira:
Art. 728 - Aplicam-se ainda as seguintes multas:
[...]
VIII - de R$ 500,00 (quinhentos reais):
e) pela não apresentação do romaneio de carga (packing list) nos
documentos de instrução da declaração aduaneira. (BRASIL, 2012).

Embora sua importância e sua apresentação sejam evidentes, quando se


fizer necessária é imposta por lei. Pode-se afirmar que o romaneio de cargas compõe
uma simples lista que relaciona todas as descrições detalhadas dos produtos a
serem embarcados, indicando e discriminando o conteúdo e apresentação destes.

Conforme demonstra Maluf (2000, p. 153):


Os itens normalmente lançados no Packing List são:
- descrição das mercadorias;
- número de volumes;
- dimensão de cada volume;
- quantia contida em cada volume;
- tipo de embalagem;
- peso líquido;
- peso bruto;
- marcação dos volumes;
- exportador/fabricante (se houver);
- importador;
- nome do navio e viagem (se for o caso), bem como a data de embarque;
- local de embarque e desembarque;
- fatura comercial e carta de crédito a que se refere (se for o caso);
bem como cláusulas que porventura sejam de exigência da Carta de
Crédito.

A partir dos dados acima, poderemos verificar como é um modelo de


romaneio de cargas, embora para este documento também não exista modelo
específico a ser seguido.
167
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

FIGURA 39 - MODELO DE ROMANEIO DE CARGA

FONTE: Disponível em: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/informacoes/


documentosdeexportacao.htm>. Acesso em: 20 set. 2012.

Deste modo, conseguimos verificar que a principal função do romaneio


de cargas é servir de auxílio ao importador no momento da conferência e
desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas. Assim, de posse deste, o
importador conseguirá localizar suas mercadorias de maneira mais fácil e ágil,
servindo, portanto, como um otimizador de tempo e custos em um processo de
importação.

168
TÓPICO 1 | DOCUMENTOS NA IMPORTAÇÃO

DICAS

Caso queiram aprofundar os estudos acerca dos documentos que envolvem um


processo de importação, sugerimos a leitura da seguinte obra: LUNARDI, Ângelo Luiz. Carta
de crédito sem segredos. São Paulo: Aduaneiras, 2000.

5 DOCUMENTOS EMITIDOS PELO IMPORTADOR


Tendo em vista a importância do atendimento às normas vigentes para
o êxito de uma operação de importação, devemos saber que alguns documentos
devem ser emitidos pelo importador. Ou seja, sua emissão é da responsabilidade
deste.

Deste modo, quando necessário, deverá haver a emissão da Licença de


Importação (geralmente automática), conforme já estudamos anteriormente.
Além disso, haverá o registro da Declaração da Importação (DI), o que resultará
no extrato da DI (vez que esta contém um resumo das informações gerais da
operação de cada mercadoria importada).

Ao final, o importador possuirá o comprovante de importação, que é


um resumo das informações registradas na LI ou DI, emitido pelo importador
através do Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), o qual serve
como forma de comprovar a nacionalização da mercadoria.

6 OUTROS DOCUMENTOS
Outros documentos envolvem as operações de importação. Sua exigência
irá variar de acordo com as particularidades de cada operação realizada.

Deste modo, podemos citar o documento chamado de Certificado de


Origem. Este serve para comprovar a origem da mercadoria.
O Certificado de Origem é o documento que identifica a origem de
determinado bem para efeitos de concessão de tratamento tarifário
preferencial contratual ou autônomo ou para que não se apliquem
a uma mercadoria restrições específicas, como as medidas de defesa
comercial. Para tanto, o certificado de origem deve ser emitido em
conformidade com as regras prescritas por cada acordo, SGP ou
legislação pertinente. (BRASIL, 2012).

Outro documento importante é o Certificado Sanitário, também


chamado de sanidade. Será emitido, quando exigido, pelo órgão competente pela
fiscalização do produto importado.

169
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

Documento oficial, emitido por órgão competente, por exigência do


importador, no qual é atestado que produtos de origem vegetal ou animal estão
isentos de quaisquer doenças parasitárias ou infectológicas e foram manipulados
em condições higiênicas, sob o controle de autoridades sanitárias federais.
FONTE: Disponível em: <http://www.alphabrasil.adv.br/lermais_materias.php?cd_
materias=96&friurl=:-Documentos-de-Exportacao>. Acesso em: 13 nov. 2012.

Além disso, outros documentos podem ser exigidos em uma importação,


vez que, como já mencionamos, sua exigência poderá variar de acordo com os
produtos a serem importados.

Neste sentido, podemos citar o Certificado de Cumprimento da Política


Tarifária Comum (CCPTC), que “é configurado por código alfanumérico gerado
automaticamente pelo SISCOMEX para identificar mercadorias importadas de
terceiros países, ainda que procedentes de Estados do Mercosul, que cumpriram
a Política Tarifária Comum. [...]”. (LOPEZ; GAMA, 2011, p. 313).

Outro documento é o Certificado de Cumprimento de Origem do Mercosul,


também configurado por um código alfanumérico gerado pelo SISCOMEX e que
visa identificar mercadoria importada acompanhada do Certificado de Origem
do Mercosul, evitando eliminar a cobrança de determinadas tarifas e facilitando
o trânsito das mercadorias possuidoras do referido certificado.

170
TÓPICO 1 | DOCUMENTOS NA IMPORTAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

O EXCESSO DE MERCADORIA IMPORTADA SEM DECLARAÇÃO

De acordo com o Código Penal brasileiro em seu art. 334, o ato de importar
e exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento
de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria, é considerado crime de contrabando ou descaminho.

Embora categorizados indistintamente dentro do mesmo conceito,


observa-se que a segunda parte da norma – o descaminho – possui características
eminentemente tributárias, pois remete à falta de recolhimento de tributos devidos
com o intuito de lesar o fisco. E somente a primeira parte da norma – o contrabando
– é que poderia ser tipificada como crime, cujo fulcro é considerado penal, visto
que há uma proibição expressa para a comercialização de determinados produtos,
o que não se percebe na primeira parte, logo o crime de descaminho não deveria
ser considerado penal e sim meramente tributário.

Nessa mesma linha de raciocínio encontra-se decisão da 5ª Turma do


Superior Tribunal de Justiça que, por unanimidade, determinou o trancamento
e o arquivamento de inquérito policial contra duas empresas do Rio Grande do
Sul com base no art. 83 da Lei n◦ 9.430/96, onde se pode verificar determinação
expressa: A representação fiscal para fins penais contra os crimes de ordem
tributária somente será encaminhada ao Ministério Público após o lançamento de
ofício que configure a exigência do crédito tributário. [...].

Entende-se, portanto, que caso venha a ser proferida, em esfera


administrativa, decisão final contra a empresa, no sentido de que sejam exigidos
os créditos tributários devidos, é preciso considerar que, havendo plena quitação
dos tributos, não se mantém a justa causa para a Ação Penal, pois o descaminho
não subsiste na ausência de dolo.

Adicionalmente ao exposto, é mister observar que o art. 21 da Lei


n◦ 11.033/04 determina que a atuação da Fazenda Nacional no que se refere à
movimentação da máquina estatal, para fins de arrecadação proveniente de
obrigação legal relativa a tributos, se dará somente nos casos em que o valor em
questão for igual ou superior a R$ 10.000,00. Essa limitação não elimina a atuação
da RFB nos casos de valores menores, no entanto, é parâmetro relevante para uma
avaliação de risco por parte da empresa.

[...] Com base no exposto, consideremos a importação de mercadorias que


adentrem ao estabelecimento industrial de uma empresa que, após verificação
física, tenha como apuração final a existência de excesso de produtos, o que
eventualmente possa vir a ocorrer devido a erros de expedição no exterior.
Estariam as operações dessa natureza, em 100% dos casos, configuradas como
crimes de descaminho? Analisemos o que dispõe o §5º do art. 45 da IN 680/06, que
normatiza o despacho de importação:
171
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

§ 5º – Ressalvadas as diferenças decorrentes de erro de expedição, as


faltas ou acréscimos de mercadoria e as divergências que não tenham
sido objeto de solicitação de retificação da declaração pelo importador,
que venham a ser apurados em procedimento fiscal, serão objeto,
conforme o caso, de lançamento de ofício dos tributos incidentes e
penalidades cabíveis ou de aplicação da pena de perdimento.

Embora não haja especificação para o percentual do que o § 5º chama de


diferenças de erros decorrentes de expedição, certamente por meio de análise
das características da operação é possível evidenciar a ocorrência do erro. Além
do que o art. 21 da Lei n◦ 11.033/04 o faz claramente quando se refere ao valor
mínimo de tributos a ser objeto de fiscalização, o que minimiza ainda mais a
ocorrência de risco.

Tomemos como exemplo o fato de que, caso o resultado da apuração


referente à verificação física da mercadoria no estabelecimento da empresa
demonstre que na declaração de importação foram informadas 100.000 unidades
de peças, por exemplo, quando na verdade foram embarcadas 100.003. Em se
tratando de mercadoria cujo valor seja irrisório e possa se verificar por meio das
evidências documentais que se trata claramente de erro de expedição, o processo
de retificação de D.I para este caso não deveria ser solicitado pela empresa,
bastando para isso um ajuste de estoque.

A ocorrência de dolo em situações como a descrita acima pode até ser


considerada existente em se tratando de transações realizadas entre empresas
vinculadas, mas qual seria essa possibilidade em operações envolvendo empresas
sem a existência do referido vínculo?

Do mesmo modo que a possibilidade de a empresa incorrer em crime de


descaminho por deixar de retificar o processo exemplificado acima, assim como
diversos outros que porventura, após análise, sejam enquadrados em situação
correlata, é praticamente nula e perfeitamente defensável diante da remota
possibilidade de uma autuação fiscal e das jurisprudências supramencionadas.

Conclui-se, portanto, que em certos casos a decisão de retificar D.I com


mercadoria em excesso, e ainda por cima realizar o pagamento ao fornecedor que
não possui um procedimento de despacho robusto e que comete erros em sua
expedição, seria uma forma de burocratizar uma operação que apenas penaliza o
importador, financeira e operacionalmente.

Assumir esse risco, que é extremamente calculado, vem ao encontro da


necessidade de se criar mecanismos de redução de custos e desburocratização
dos processos internos da empresa, além de manter o foco no que realmente
agregue valor ao negócio, tornando-o mais competitivo e eficaz.

FONTE: Disponível em: <http://www.comexblog.com.br/despacho-aduaneiro/o-excesso-de-


mercadoria-importada-sem-declaracao>. Acesso em: 20 set. 2012.

172
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico você pôde verificar:

• Os principais conceitos e utilização relacionados à licença e declaração de


importação.

• Quais os principais documentos que envolvem um processo de importação,


bem como suas aplicações, exigências e funções.

173
AUTOATIVIDADE

Para verificar seu aprendizado, responda às questões a seguir:

1 A partir da análise de alguns documentos utilizados na importação,


preencha a tabela a seguir com os dados solicitados:

TIPO DE DOCUMENTO Função Dados que deve conter


Fatura Pro Forma
Fatura comercial
Romaneio de carga

2 A respeito dos certificados de origem, responda:

a) Para que servem?

b) Qual finalidade da sua emissão?

174
UNIDADE 3
TÓPICO 2

DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico estudaremos inicialmente o despacho aduaneiro da importação.

Tendo em vista ser este o objeto principal de um processo de importação,


uma vez que conduz ao desembaraço da mercadoria e à consequente entrega
desta ao importador, daremos crucial importância a este procedimento.

Para tanto, analisaremos o conceito, prazos, exigências e requisitos dos


despachos. Em seguida, apresentaremos os documentos que envolvem este
processo e qual a importância da parametrização para as importações.

Ao final deste tópico, e não com menor importância, analisaremos a


formação de preços dos produtos objeto das importações e as fases dos cálculos a
serem desenvolvidos para tal.

2 CONCEITUAÇÃO E ABRANGÊNCIA
Conforme já mencionamos, conhecer os procedimentos e normas
aduaneiras, bem como seus respectivos prazos para cumprimento, é importante
não só para exitosos resultados das transações comerciais, mas também para
evitar penalidades e atrasos que podem onerar todo o negócio estabelecido.
(SPARKS, 1992).

Antes de analisarmos o que é, bem como qual a abrangência do despacho


aduaneiro de importação, se faz necessário estudarmos o despacho aduaneiro e
suas principais características.

175
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR 1

O despacho aduaneiro tem por finalidade verificar a exatidão dos dados


declarados pelo exportador ou importador em relação à mercadoria exportada
ou importada, aos documentos apresentados e à legislação vigente, com vistas
ao desembaraço. Em virtude do desembaraço é autorizada a saída da mercadoria
para o exterior, no caso de exportação, ou a entrega da mercadoria ao importador,
no caso de importação.

O despacho aduaneiro é processado com base em declaração formulada pelo


exportador ou importador. Com base nas informações prestadas, são calculados os
tributos porventura devidos e efetuados os controles administrativos e o controle
cambial das operações de comércio exterior.

A maioria das mercadorias exportadas ou importadas é submetida ao


despacho aduaneiro comum, de exportação ou importação, entretanto, em algumas
situações, o interessado pode optar pelo despacho aduaneiro simplificado.

Despacho Aduaneiro com Registro no SISCOMEX

Em regra geral, o despacho aduaneiro é processado no Sistema


Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), após o interessado providenciar a
sua habilitação para utilizar o SISCOMEX.

O SISCOMEX integra as atividades de registro, acompanhamento e


controle das operações de comércio exterior do Brasil, mediante fluxo único e
computadorizado de informações. No entanto, existem exceções, em razão
da natureza da mercadoria, da operação e/ou da qualidade do exportador ou
importador, quando é realizado o processamento do despacho aduaneiro sem
registro no sistema.

Por intermédio do SISCOMEX, as operações de exportação e importação


são registradas e em seguida analisadas em tempo real pelos órgãos gestores do
sistema, que são a Secretaria da Receita Federal (SRF), a Secretaria de Comércio
Exterior (Secex) e o Banco Central do Brasil (Bacen).

Os atos legais, regulamentares e administrativos que alteram,


complementam ou produzem efeitos sobre a legislação de comércio exterior
vigente são implementados no SISCOMEX concomitantemente à sua entrada em
vigor no país. Dessa forma, o SISCOMEX permite tanto aos órgãos gestores quanto
aos demais órgãos e entidades de governo que intervêm no comércio exterior
como anuentes de algumas operações (controle administrativo), acompanhar,
controlar e também interferir no processo de saída de produtos do país ou na sua
entrada.

Para processar suas operações de exportação e importação, o interessado


pode ter acesso ao SISCOMEX, diretamente, a partir de seu próprio estabelecimento,
176
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

no caso das empresas, desde que disponha dos necessários equipamentos


e condições de acesso, utilizar despachantes aduaneiros credenciados no
SISCOMEX ou, ainda, utilizar a rede de computadores colocada à disposição dos
usuários pela SRF (salas de contribuintes).

Para registro das operações de comércio exterior no SISCOMEX, em razão


da natureza da operação, da mercadoria e/ou da qualidade do exportador ou
importador, podem-se utilizar as declarações de exportação e importação comum
ou simplificada (DE e DI ou DSE e DSI).

Despacho Aduaneiro sem Registro no Siscomex

Em determinadas situações, o despacho aduaneiro pode ser realizado


sem registro no SISCOMEX, por meio de formulários próprios específicos para
cada caso, em razão da natureza da mercadoria, da operação e/ou da qualidade
do interveniente.

Para os casos previstos nos artigos 4o e 31º da Instrução Normativa SRF


n 611/06, tais como importações realizadas por representações diplomáticas,
o

amostras sem valor comercial e bens destinados a ajuda humanitária, são


utilizados os formulários para declaração simplificada de exportação ou de
importação (DSE-Formulário e DSI-Formulário), constantes dos anexos daquela
instrução normativa.

Em algumas situações também podem ser utilizados formulários


específicos para o despacho aduaneiro de bens que serão submetidos ao Regime
Especial de Admissão Temporária, como, por exemplo, em eventos internacionais
realizados no Brasil, assim como de bens a serem submetidos ao Regime Especial
de Exportação Temporária.

Da mesma forma, o despacho aduaneiro de remessas expressas é efetuado


sem registro no SISCOMEX, conforme estabelecido na Instrução Normativa RFB
no 560/05, com base na Declaração de Remessas Expressas de importação ou
exportação constante dos anexos dessa instrução normativa.

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/procaduexpimp/


DespAduMercad.htm>. Acesso em: 25 set. 2012.

177
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

E
IMPORTANT

Para que possamos compreender o conteúdo citado acima, disponível no site da


Secretaria da Receita Federal, devemos atentar para os seguintes conceitos:

● Desembaraço aduaneiro ou desembaraço de mercadoria: segundo o art. 571 do Regulamento


Aduaneiro, Desembaraço aduaneiro na importação é o ato pelo qual é registrada a conclusão
da conferência aduaneira (Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 51, caput, com a redação dada
pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, art. 2º). § 1º Não será desembaraçada a mercadoria
cuja exigência de crédito tributário no curso da conferência aduaneira esteja pendente de
atendimento, salvo nas hipóteses autorizadas pelo Ministro de Estado da Fazenda, mediante
a prestação de garantia (Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 51, § 1º, com a redação dada pelo
Decreto-Lei nº 2.472, de 1988, art. 2º; e Decreto-Lei nº 1.455, de 1976, art. 39). § 2º Após o
desembaraço aduaneiro de mercadoria cuja declaração tenha sido registrada no SISCOMEX,
será emitido eletronicamente o documento comprobatório da importação.

● Despachante aduaneiro: o despachante aduaneiro é um profissional que atua no Brasil


desde 1850, e que tem contribuído nesses 158 anos para a modernização do desembaraço
de mercadorias em importação e exportação, bem como na intermediação de mercadorias
em trânsito no país. A principal função do despachante aduaneiro é a formulação da
chamada Declaração Aduaneira. Os despachantes aduaneiros somente podem atuar
mediante procuração outorgada pelos interessados (importadores, exportadores e viajantes
procedentes do exterior) e após credenciamento específico no SISCOMEX, sendo ele uma das
poucas pessoas elencadas pela lei como capaz de receber senha própria para acessar dito
sistema e praticar os atos relacionados aos despachos aduaneiros de mercadorias importadas
ou a exportar.
FONTE: Disponível em: <http://www.feaduaneiros.org.br/site.FNDA/o-despachante-aduaneiro.
asp>. Acesso em: 25 set. 2012.

A respeito da atuação deste profissional, o próprio Regulamento Aduaneiro dita as regras: Art.
810. O exercício da profissão de despachante aduaneiro somente será permitido à pessoa
física inscrita no registro de despachantes aduaneiros, mantido pela Secretaria da Receita
Federal do Brasil. § 1o A inscrição no registro a que se refere o caput será feita, a pedido do
interessado, atendidos os seguintes requisitos: I - comprovação de inscrição há pelo menos
dois anos no Registro de Ajudantes de Despachantes Aduaneiros, mantido pela Secretaria da
Receita Federal do Brasil; II - ausência de condenação, por decisão transitada em julgado, a
pena privativa de liberdade; III - inexistência de pendências em relação a obrigações eleitorais
e, se for o caso, militares; IV - maioridade civil; V - formação de nível médio; e VI - aprovação
em exame de qualificação técnica.
FONTE: Regulamento Aduaneiro. Decreto nº 6759/2009.

Analisaremos agora, especificamente, o despacho aduaneiro de


importação.

O despacho aduaneiro de importação é um procedimento fiscal que


verifica a exatidão dos dados e informações declaradas pelo importador para, após
isso, realizar o desembaraço aduaneiro das mercadorias e, consequentemente,
autorizar a entrega destas ao importador.

178
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

Segundo a Receita Federal do Brasil:

O despacho aduaneiro de mercadorias na importação é o procedimento


mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo
importador em relação às mercadorias importadas, aos documentos
apresentados e à legislação específica, com vistas ao seu desembaraço
aduaneiro.
Toda mercadoria procedente do exterior, importada a título definitivo
ou não, sujeita ou não ao pagamento do Imposto de Importação, deve
ser submetida a despacho de importação, que é realizado com base em
declaração apresentada à unidade aduaneira sob cujo controle estiver
a mercadoria. (RECEITA FEDERAL, 2012).

Precisamos saber também em qual local ou em quais locais os despachos


aduaneiros de importação são realizados. O Regulamento Aduaneiro especifica
que: Art. 544. O despacho de importação poderá ser efetuado em zona primária
ou em zona secundária [...].

NOTA

Para que possamos compreender como é processado e realizado o despacho


aduaneiro, precisamos atentar para as seguintes expressões:
● Controle aduaneiro: o controle aduaneiro possui três vertentes principais, que são o controle
das mercadorias, dos veículos que transportam estas mercadorias e dos locais por onde elas
transitam ou ficam armazenadas. Com relação aos locais, uma das formas utilizadas para
exercer este controle é a restrição de locais por onde as mercadorias importadas ou a serem
exportadas podem transitar ou ficar armazenadas.
● Zona Primária e zona secundária: para fins de controle aduaneiro, o território nacional é
dividido em zona primária e zona secundária. A zona primária é constituída pelos portos,
aeroportos e pontos de fronteira alfandegados. A zona secundária é o restante do território
nacional.
● Alfandegamento de portos, aeroportos e pontos de fronteira: é formalizado por meio de
ato declaratório de competência da RFB, e autoriza que nesses lugares possam: I - estacionar
ou transitar veículos procedentes do exterior ou a ele destinados; II - ser efetuadas operações
de carga, descarga, armazenagem ou passagem de mercadorias procedentes do exterior ou
a ele destinadas; e III - embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do exterior
ou a ele destinados. (Regulamento Aduaneiro, art. 3º e 5º).
FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/manuaisweb/importacao/topicos/
conceitos_e_definicoes/local-de-realizacao-do-despacho.htm>. Acesso em: 25 set. 2012.

Deste modo, verificamos que toda mercadoria que entra no país será
objeto do Despacho Aduaneiro de Importação, independentemente do fato de
que a mercadoria importada permanecerá definitivamente no país ou não. É neste
sentido que o artigo 543 do Regulamento Aduaneiro trata da matéria em comento:
Art. 543. Toda mercadoria procedente do exterior, importada a título
definitivo ou não, sujeita ou não ao pagamento do Imposto de Importação,
deverá ser submetida a despacho de importação, que será realizado com
base em declaração apresentada à unidade aduaneira sob cujo controle

179
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

estiver a mercadoria [...].


Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se inclusive às mercadorias
reimportadas [...]. (BRASIL, 2012).

Deste modo, o despacho aduaneiro terá início com o registro pelo


SISCOMEX da Declaração de Importação na repartição fiscal competente. Neste
momento, caberá ao importador o recolhimento de todos os tributos incidentes
na operação para, ao final, ser realizado o desembaraço da mercadoria, sua
consequente nacionalização e entrega da mesma ao importador.

FONTE: Adaptado de: <www.logweb.com.br/novo/index/pag/.../YWR1YW5laXJhcy5odG1s>. Acesso


em: 13 nov. 2012.

ATENCAO

Esta modalidade especial é disciplinada pela Instrução Normativa da Secretaria


da Receita Federal nº 611/2006, a qual pode ser acessada no link: <http://www.receita.fazenda.
gov.br/Legislacao/Ins/2006/in6112006.htm>.

DESPACHO ADUANEIRO SIMPLIFICADO NA IMPORTAÇÃO

O despacho aduaneiro tem por finalidade verificar a exatidão dos dados


declarados pelo exportador ou importador em relação à mercadoria exportada
ou importada, aos documentos apresentados e à legislação vigente, com vistas
ao desembaraço. Em virtude do desembaraço é autorizada a saída da mercadoria
para o exterior, no caso de exportação, ou a entrega da mercadoria ao importador,
no caso de importação.

O despacho aduaneiro simplificado é processado com base em declaração


simplificada de exportação ou importação, formulada pelo exportador ou
importador. Com base nas informações prestadas, são calculados os tributos
porventura devidos e efetuados os controles administrativos e o controle
cambial eventualmente aplicáveis.

a) Despacho Simplificado com Registro no SISCOMEX

O despacho aduaneiro simplificado pode ser processado no Sistema


Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) (...), por meio da Declaração
Simplificada de Importação (DSI-Eletrônica), após o interessado providenciar a
sua habilitação para utilizar o SISCOMEX.

Entre as operações possíveis de serem realizadas por meio de DSI


eletrônicas encontram-se:

180
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

● [...] Na importação: mercadorias cujo valor total seja igual ou inferior a US$
3,000.00; doações; admissão temporária; e bagagem desacompanhada de
viajantes.

No caso de importação eventual, realizada por pessoa física, como, por


exemplo, no caso de bagagem desacompanhada de viajante, a DSI pode ser
elaborada ou transmitida por servidor aduaneiro da Unidade da SRF onde for
processado o despacho aduaneiro. Nesse caso, não é necessário que o interessado
providencie habilitação para utilizar o SISCOMEX.

b) Despacho Simplificado sem Registro no SISCOMEX

O despacho aduaneiro simplificado pode ser realizado sem registro


no SISCOMEX, por meio dos formulários para declaração simplificada de
importação (DSI-Formulário), constantes dos anexos da IN SRF no 611/06, nas
situações previstas nos arts. 4º e 31 dessa mesma instrução normativa, tais como
importações realizadas por representações diplomáticas, amostras sem valor
comercial e bens destinados a ajuda humanitária.

Entre as operações possíveis de serem realizadas por meio de formulários


de DSI encontram-se:

● [...] Na importação: amostras sem valor comercial; mercadorias cujo valor total
seja igual ou inferior a US$ 500.00; importações realizadas por representações
diplomáticas; e livros e documentos sem finalidade comercial.
FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/procaduexpimp/
DespAduSimplific.htm>. Acesso em: 25 set. 2012.

UNI

Em algumas outras situações também podem ser utilizados formulários


específicos para o despacho aduaneiro de bens que serão submetidos ao regime especial de
admissão temporária, como, por exemplo, em eventos internacionais realizados no Brasil, assim
como de bens a serem submetidos ao regime especial de exportação temporária. No entanto,
ainda não tratamos deste tema. O analisaremos detalhadamente nos próximos tópicos.

Verificamos, então, que o Despacho Simplificado de Importação pode


ser realizado com ou sem habilitação no SISCOMEX. Tratando-se do despacho
simplificado com habilitação no SISCOMEX, a Receita Federal cita que a
importação deverá ser: de valor inferior a US$ 3.000.00, ou deve tratar-se de
doações, ou de admissão temporária de bens (da qual trataremos nos tópicos
seguintes) ou de bagagem desacompanhada de viajantes.

181
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

No primeiro caso, o importador deverá comprovar que as mercadorias


objeto de sua importação não ultrapassam o valor de US$ 3.000.00 (três mil
dólares americanos). No segundo caso, deve comprovar a realização de doação,
com o pagamento dos tributos correspondentes à espécie. No caso específico de
importação, como bagagem desacompanhada de viajantes, o importador deverá
atentar-se para as exigências e normas sobre o assunto, conforme estudaremos a
seguir.

BAGAGEM COMO OBJETO DA IMPORTAÇÃO

O Regulamento Aduaneiro apresenta um conceito de bagagem. Esta


bagagem, sempre relacionada à pessoa viajante, poderá ser classificada como
bagagem acompanhada ou bagagem desacompanhada. No entanto, o tratamento
tributário aplicado às bagagens é diversificado, razão pela qual se faz necessário
compreender o que é uma bagagem acompanhada e o que é uma bagagem
desacompanhada, para que não existam problemas nas operações.

Verificaremos, inicialmente, o que se entende por bagagem. Também


denominada como “bens do viajante”, estes podem ser novos ou usados e
o viajante pode portá-los consigo ou despachá-los em momento anterior ou
posterior à sua viagem.

Sobre este assunto, o site da Receita Federal dispõe que:


Para fins de tributação aduaneira, entende-se como bens de viajante
os bens, novos ou usados, que um viajante porta consigo, no mesmo
meio de transporte em que viaje, não acobertado por conhecimento
de transporte, ou ainda aquele que, em função de sua viagem, chegue
ao país ou dele saia, por meio de uma empresa transportadora, como
remessa postal, encomenda expressa, encomenda aérea ou qualquer
outro meio de transporte, amparado por conhecimento de carga ou
documento equivalente. Os bens de viajante, para que se enquadrem
no conceito de bagagem, devem ser necessariamente destinados
a uso ou consumo pessoal do viajante, em compatibilidade com as
circunstâncias de sua viagem, inclusive aqueles para presentear,
ou destinados a sua atividade profissional, e não podem permitir
a presunção de importação ou exportação para fins comerciais
ou industriais, devido à sua quantidade, natureza ou variedade.
(RECEITA FEDERAL, 2012).

Alguns outros bens também receberão o mesmo tratamento tributário


dispensado à bagagem quando estes pertencerem a viajante em situações
especiais, como, por exemplo, a mobília da residência de um viajante que esteja
se transferindo definitivamente para o Brasil.
FONTE: Adaptado de: <www.receita.fazenda.gov.br/aduana/viajantes/conceitobagagem.htm>.
Acesso em: 13 nov. 2012

Deste modo, são considerados como bagagem:

• roupas e outros artigos de vestuário;


182
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

• artigos de higiene, beleza ou maquiagem;


• calçados;
• livros, folhetos e periódicos;
• ferramentas, máquinas, aparelhos e instrumentos necessários ao exercício de
sua profissão, arte ou ofício, individualmente.

Embora estes itens sejam enumerados pela Secretaria da Receita Federal a


título exemplificativo, referido órgão também apresenta, a título restritivo, uma
lista de bens que não serão considerados, em momento algum, como bagagem:

• bens cuja quantidade, natureza ou variedade configure importação ou


exportação com fim comercial ou industrial;
• automóveis, motocicletas, motonetas, bicicletas com motor, casas rodantes e
demais veículos automotores terrestres;
• aeronaves;
• embarcações de todo o tipo, motos aquáticas e similares, e motores para
embarcações;
• cigarros e bebidas de fabricação brasileira, destinados à venda exclusivamente
no exterior;
• bens adquiridos pelo viajante em loja franca, por ocasião de sua chegada ao
país.

Verificado o que se entende por bagagem ou bens do viajante,


precisaremos classificá-la, neste momento, em bagagem acompanhada ou
bagagem desacompanhada.

● Bagagem acompanhada: são considerados como bagagem acompanhada


os bens que o viajante porta consigo no mesmo meio de transporte por este
utilizado, ou seja, não pode haver um conhecimento de carga ou documento
equivalente para as bagagens deste viajante. Assim, as bagagens que
acompanham o viajante no momento da sua viagem serão isentas de tributos
aplicados às importações, desde que estejam de acordo com os parâmetros
estipulados pela Secretaria da Receita Federal, conforme demonstramos a
seguir:
São isentos de tributos os seguintes bens integrantes de
bagagem acompanhada de viajante procedente do exterior:
• roupas e outros objetos de uso ou consumo pessoal;
• livros, folhetos e periódicos; e
• outros bens, observados simultaneamente os limites de valor global
(cota de isenção) e quantitativos.
Quando o viajante ingressar no país por via aérea ou marítima o
limite de valor global será de até US$ 500,00 com os seguintes limites
quantitativos de:
a) bebidas alcoólicas: 12 litros, no total;
b) cigarros: 10 maços, no total, contendo, cada um, 20 unidades;
c) charutos ou cigarrilhas: 25 unidades, no total;
d) fumo: 250 gramas, no total;
e) bens não relacionados nos itens “a” a “d” (souvenirs e pequenos
presentes), de valor unitário inferior a US$ 10,00: 20 unidades, no total,
183
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

desde que não haja mais do que 10 unidades idênticas ; e


f) bens não relacionados nos itens “a” a “e”: 20 unidades, no total,
desde que não haja mais do que três unidades idênticas.
Quando o viajante ingressar no país por via terrestre, fluvial ou lacustre
o limite de valor global será de até US$ 300,00 com os seguintes limites
quantitativos de:
a) bebidas alcoólicas: 12 litros, no total;
b) cigarros: 10 maços, no total, contendo, cada um, 20 unidades;
c) charutos ou cigarrilhas: 25 unidades, no total;
d) fumo: 250 gramas, no total;
e) bens não relacionados nos itens “a” a “d” (souvenirs e pequenos
presentes), de valor unitário inferior a US$ 5,00: 20 unidades, no total,
desde que não haja mais do que 10 unidades idênticas;
f) bens não relacionados nos itens “a” a “e”: 10 unidades, no total,
desde que não haja mais do que três unidades idênticas. (RECEITA
FEDERAL, 2012)v

NOTA

Esses limites e condições aplicam-se inclusive aos bens trazidos por viajante não
residente no Brasil, mesmo aqueles trazidos para presente.

Cabe ressaltar que todo viajante que ingressa no Brasil, qualquer que seja
a via de transporte, e que tenha bens a declarar, ou seja, traga consigo bens ou
mercadorias que não se enquadrem no conceito de bagagem acompanhada, é
obrigado a se dirigir ao setor BENS A

DECLARAR e apresentar à fiscalização aduaneira a Declaração de


Bagagem Acompanhada (DBA).

Apresentamos a seguir o modelo da DBA que deverá ser preenchida e


entregue à fiscalização aduaneira pelo viajante.

184
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

FIGURA 40 - DECLARAÇÃO DE BAGAGEM ACOMPANHADA (FRENTE)

185
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2WQ7ZSI>. Acesso em: 25 set. 2012.

FIGURA 41 - DECLARAÇÃO DE BAGAGEM ACOMPANHADA (VERSO)

186
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2VmAbLbl>. Acesso em: 25 set. 2012.

187
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

Assim, devidamente preenchida, a declaração acima será entregue à


fiscalização aduaneira. Esta, por sua vez, verificará a exatidão das informações
e realizará o cálculo do tributo a pagar. Aos bens trazidos do exterior como
bagagem acompanhada e que excederem a "cota de isenção" aplica-se o Regime
de Tributação Especial para Bagagens, que sujeita o viajante ao pagamento do
Imposto de Importação, calculado à alíquota de 50% sobre o valor excedente à
"cota de isenção".

Isso significa que, caso o viajante traga consigo (como bagagem


acompanhada), além da cota de isenção, produtos no valor de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais), pagará o valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) a título de
tributação, correspondente à alíquota de 50%.

NOTA

Não podemos esquecer que a legislação brasileira prevê penalidades por falsas
declarações e/ou a apresentação de documentos fraudulentos. As penalidades variam de
multas, calculadas sobre o valor dos bens, até a apreensão desses bens para aplicação da
pena de perdimento, podendo ainda o viajante ser processado criminalmente. O viajante que,
sem a autorização prévia da aduana e o pagamento dos tributos e acréscimos legais cabíveis,
vender, depositar para fins comerciais ou expuser à venda bens integrantes de bagagem
que tenham sido desembaraçados com isenção de tributos, é punido com a imposição de
multa equivalente a duas vezes o valor dos bens. As mercadorias que revelem finalidade
comercial, se não forem declaradas pelo viajante, antes de qualquer ação da fiscalização
aduaneira, sujeitarão o viajante a multa ou, até mesmo, a apreensão das mercadorias, para
fins de aplicação da pena de perdimento.

● Bagagem desacompanhada: conforme mencionamos anteriormente, a


bagagem desacompanhada é o conjunto de bens incluídos no conceito de
bagagem que chega do exterior ou a ele se destina, amparado por conhecimento
de carga ou documento equivalente, que o viajante recebe ou envia, em razão
da sua viagem, como remessa postal, encomenda expressa, encomenda aérea
ou qualquer outro meio de transporte.

Neste caso, os bens não acompanharão o viajante e este deve estar atento
aos procedimentos necessários, como, por exemplo: a realização da Declaração
Simplificada de Importação com vistas ao Despacho Simplificado de Importação.

Mas, antes, precisamos saber quais os bens que podem ser classificados
como bagagem desacompanhada, visto que não se trata de uma forma normal
de importação.

Inicialmente, devemos ter em mente o dispositivo contido no inciso IV da


INRFB n◦ 1059, de agosto de 2010:

188
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

Art. 2◦ Para os efeitos desta Instrução Normativa, entende-se por:


[...]
IV - bagagem desacompanhada: a que chegar ao território aduaneiro
ou dele sair, antes ou depois do viajante, ou que com ele chegue, mas
em condição de carga. (RECEITA FEDERAL, 2012).

O prazo para a chegada desta espécie de bagagem é o seguinte:

Art. 8◦ A bagagem desacompanhada, na importação, deverá:


I - chegar ao território aduaneiro, na condição de carga, dentro dos 3
(três) meses anteriores ou até os 6 (seis) meses posteriores à chegada
do viajante; e
II - provir do local ou de um dos locais de estada ou de procedência
do viajante.
[...]. (RECEITA FEDERAL, 2012).

Serão isentos do pagamento de tributos os bens integrantes de bagagem


desacompanhada, classificados como roupas e bens de uso pessoal, desde que
usados, bem como: livros, folhetos e periódicos.

Além disso, a Receita Federal cita outros casos de isenção do pagamento


de tributos aplicados aos viajantes em situações especiais que sejam proprietários
de bagagem desacompanhada, conforme poderemos verificar na classificação a
seguir, na Leitura Complementar.

189
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR 2

VIAJANTES EM SITUAÇÕES ESPECIAIS

1) Brasileiro ou estrangeiro residente no Brasil que permaneceu no exterior por


mais de um ano:
Além da isenção de caráter geral para bagagem acompanhada, que é
concedida a qualquer viajante, o brasileiro ou o estrangeiro residente no país,
que tiver permanecido no exterior por período superior a um ano e retornar em
caráter definitivo, tem direito também à isenção relativa aos seguintes bens, novos
ou usados:

• Móveis e outros bens de uso doméstico; e


• Ferramentas, máquinas, aparelhos e instrumentos, necessários ao exercício
de sua profissão, arte ou ofício individualmente considerada (deve ser
comprovada a atividade desenvolvida pelo viajante no exterior).

A permanência no exterior deverá ser comprovada por meio de


documentação idônea, tal como: passaporte, prova de frequência à universidade,
contrato de trabalho ou de aluguel, entre outros.

Para fazer jus a esta isenção o viajante deve ter permanência no Brasil
inferior a 45 (quarenta e cinco) dias nos 12 (doze) meses anteriores ao regresso.

2) Migrantes:
O estrangeiro que ingressar no país para nele residir, de forma permanente,
além da isenção sobre a bagagem acompanhada, concedida a qualquer viajante,
tem direito também à isenção relativa aos seguintes bens, novos ou usados:

• Móveis e outros bens de uso doméstico; e


• Ferramentas, máquinas, aparelhos e instrumentos, necessários ao exercício
de sua profissão, arte ou ofício, individualmente considerada (deve ser
comprovada a atividade desenvolvida pelo viajante no exterior).

Os bens integrantes de bagagem de estrangeiro que migrar para o


Brasil com visto temporário poderão permanecer no país sob o regime de
admissão temporária, pelo tempo necessário à obtenção do visto permanente,
por meio da Declaração Simplificada de Importação (DSI) eletrônica, registrada
no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), podendo, nesse caso,
ser dispensado o procedimento de habilitação para utilizar o SISCOMEX se a
declaração for transmitida para registro por um funcionário da Aduana ou
elaborada por um despachante aduaneiro nomeado pelo viajante.

3) Cientistas, engenheiros e técnicos, brasileiros ou estrangeiros, radicados no exterior

190
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

Além da isenção de caráter geral para bagagem acompanhada, os cientistas,


engenheiros e técnicos, brasileiros ou estrangeiros, radicados no exterior, ao
ingressarem no país, independentemente do prazo de sua permanência no
exterior, se atendidas as condições a seguir, têm direito também à isenção relativa
aos seguintes bens, novos ou usados:

• Móveis e outros bens de uso doméstico; e


• Ferramentas, máquinas, aparelhos e instrumentos, necessários ao exercício
de sua profissão, arte ou ofício individualmente considerada (deve ser
comprovada a atividade desenvolvida pelo viajante no exterior).

Essa isenção independe do tempo de permanência do viajante no


exterior, desde que:

a. a especialização técnica do interessado esteja enquadrada em resolução


baixada pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, antes de sua chegada
ao país;

b. o regresso ao país decorra de convite do Conselho Nacional de Ciência e


Tecnologia; e

c. o interessado se comprometa, perante o Conselho Nacional de Ciência e


Tecnologia, a exercer sua profissão no Brasil durante o prazo mínimo de cinco
anos, a partir da data do desembaraço dos bens.

4) Integrantes de missões diplomáticas e repartições consulares de caráter


permanente no Brasil
Além da isenção de caráter geral para bagagem acompanhada,
os integrantes das representações diplomáticas e consulares de caráter
permanente no Brasil têm direito à isenção de tributos sobre as importações que
realizarem, inclusive automóveis.

A isenção é reconhecida com observância da Convenção de Viena sobre


Relações Diplomáticas e da Convenção de Viena sobre Relações Consulares, com
base em requisição do Ministério das Relações Exteriores.

A isenção relativa a automóveis pode ser substituída pelo direito de


aquisição de automóvel de produção brasileira, com isenção do Imposto sobre
Produtos Industrializados. O automóvel adquirido não pode ser transferido ou
cedido o seu uso a pessoa que não goze do mesmo benefício, antes de decorrido
um ano da respectiva aquisição.

5) Integrantes de representações de organismos internacionais, de caráter


permanente, inclusive de âmbito regional, de que o Brasil é membro
Além da isenção de caráter geral para bagagem acompanhada, os
integrantes das representações de organismos internacionais, de caráter
191
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

permanente no país, inclusive de âmbito regional, de que o Brasil é membro,


têm direito à isenção de tributos sobre as importações que realizarem, inclusive
automóveis.

Consideram-se integrantes das representações de organismos


internacionais:
       
I - os funcionários, peritos, técnicos e consultores que, no exercício de suas
funções, gozem do tratamento aduaneiro outorgado ao corpo diplomático; e
II - outros funcionários de organismos internacionais aos quais seja dado, por
disposições expressas de atos firmados pelo Brasil, o tratamento aduaneiro
outorgado ao corpo diplomático.

Essa isenção estende-se ainda a técnico e perito que venha ao Brasil


desempenhar missões de caráter transitório ou eventual, quando expressamente
prevista na convenção, tratado, acordo ou convênio de que o país seja signatário.

A isenção é reconhecida com observância da Convenção de Viena sobre


Relações Diplomáticas e da Convenção de Viena sobre Relações Consulares, com
base em requisição do Ministério das Relações Exteriores.

A isenção relativa a automóveis pode ser substituída pelo direito de


aquisição de automóvel de produção brasileira, com isenção do Imposto sobre
Produtos Industrializados. O automóvel adquirido não pode ser transferido ou
cedido o seu uso a pessoa que não goze do mesmo benefício, antes de decorrido
um ano da respectiva aquisição.

6) Funcionários brasileiros da carreira diplomática e servidores públicos em


exercício de função no exterior
Além das isenções descritas acima, concedidas a qualquer viajante que se
encontre nas mesmas condições, é também concedida isenção de tributos sobre
a entrada no país de automóveis de propriedade dos funcionários brasileiros
da carreira diplomática e dos servidores públicos que exerçam função no
exterior, quando eles retornarem ao Brasil, desde que atendidas as condições
previstas nos artigos 187 e 188 do Decreto n◦ 6759, de 2009.

7) Menores
O menor de 18 anos, esteja ele acompanhado ou não, tem direito à cota
de isenção, como qualquer outro viajante. Entretanto, ele não pode portar como
bagagem bebidas alcoólicas, fumo, cigarros e semelhantes.

Menor de 16 anos, acompanhado, tem a sua declaração de bagagem


acompanhada (DBA) apresentada em seu nome e assinada pelo pai, mãe
ou responsável. Se ele estiver desacompanhado, é dispensada a declaração,
permanecendo, entretanto, sujeito aos procedimentos de verificação aduaneira.

8) Tripulantes
A bagagem dos tripulantes em geral é somente isenta do pagamento
192
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

de tributos relativamente a bens de uso e consumo pessoal, livros, folhetos e


periódicos. O conjunto dos bens integrantes da bagagem de tripulante, que não
atenda aos requisitos para a isenção, se sujeita ao pagamento do Imposto de
Importação, calculado à alíquota de 50%.

Os tripulantes, assim como qualquer outro viajante que ingressa no Brasil,


qualquer que seja a via de transporte, são obrigados a apresentar à fiscalização
aduaneira a declaração de bagagem acompanhada (DBA).

Os tripulantes dos navios de longo curso que procederem do exterior


e desembarcarem definitivamente no Brasil têm direito à isenção nos mesmos
limites e condições da isenção de caráter geral para bagagem acompanhada.
Entretanto, esse direito somente pode ser exercido uma vez a cada ano.

9) Militares e civis embarcados em veículos militares


Os militares e civis que desembarcam de veículo militar procedente do
exterior têm direito à isenção nos mesmos limites e condições da isenção de
caráter geral para bagagem acompanhada. Entretanto, essa isenção só poderá ser
usufruída uma vez a cada intervalo de um ano.

F O N T E: D i s p o n í v e l e m : < h t t p : / / w w w. re c e i t a . f a ze n d a . g o v. b r / a d u a n a / V i a j a n t e s /
BagagemDesacompanhada.htm>. Acesso em: 25 set. 2012.

NOTA

Serão submetidos ao Regime de Importação Comum para Bagagens os bens


integrantes de bagagem desacompanhadas que chegarem ao país fora do prazo de três meses
anteriores ou até seis meses posteriores à chegada do viajante; ou não forem provenientes
dos países de estada ou procedência do viajante.

O artigo 9º da INRFB n◦ 1059, de agosto de 2010, é que regulamentou o


despacho de importação no caso de bagagem desacompanhada:

Art. 9◦ O despacho aduaneiro de importação da bagagem


desacompanhada será efetuado com base em DSI, registrada no
Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), instruída com:
I - a relação dos bens, contendo descrição e valor aproximado, por
volume ou caixa; e
II - o conhecimento de carga original ou documento equivalente,
consignado ao viajante ou a ele endossado.
§ 1◦ O despacho aduaneiro dos bens poderá ser realizado pelo próprio
viajante ou por despachante aduaneiro, na unidade da RFB com
jurisdição sobre o recinto alfandegado onde se encontrem depositados.
§ 2◦ A bagagem desacompanhada somente será desembaraçada após a
comprovação da chegada do viajante ao país. (BRASIL, 2012).

193
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

Deste modo, caso as bagagens acompanhadas do viajante estejam de


acordo com as normas em vigor, após o preenchimento da devida Declaração
Simplificada de Importação (DSI), ocorrerá o despacho aduaneiro de importação
de bagagem desacompanhada, classificado como Despacho Simplificado de
Importação.

Finalizada esta modalidade especial de despacho aduaneiro de importação,


convém traçarmos e apresentarmos as características dos corriqueiros despachos
aduaneiros de importação.

O despacho aduaneiro é o procedimento fiscal de nacionalização de


mercadorias. Inicia-se com o registro da DI – Declaração de Importação
ou da DSI – Declaração Simplificada de Importação e finaliza-se com
o desembaraço da mercadoria e emissão do CI – Comprovante da
Importação. Usualmente, o registro da DI somente poderá ser feito
após a chegada da mercadoria, com exceção dos casos previstos para
a emissão da Declaração de Importação Antecipada, em que o registro
da declaração ocorre antes da chegada da mercadoria. (MALUF, 2000,
p. 205).

Apresentamos a seguir o modelo de uma Declaração de Importação,


chamada também de Comprovante de Importação, a qual será disponibilizada ao
importador ao final do processo de importação.

Conforme dispõe o art. 28 da Instrução Normativa SRF n◦ 155/1999:


Art. 28. O Comprovante de Importação será emitido pelo SISCOMEX, após a
efetivação do desembaraço da mercadoria no sistema.

FIGURA 42 - COMPROVANTE DE IMPORTAÇÃO

194
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/ant2001/1999/


in15599.htm>. Acesso em: 25 set. de 2012.

Assim, podemos perceber que o despacho aduaneiro será concedido após


a chegada das mercadorias importadas ao país. No entanto, a exceção a esta regra
refere-se ao despacho antecipado ou despacho aduaneiro antecipado.

Despacho antecipado é aquele que permite o registro da DI antes da chegada


da mercadoria, com o objetivo de que a conferência documental seja feita antes
da chegada para que esta, tão logo chegue, seja desembaraçada. Normalmente, é
concedido para o caso de perecíveis ou outros bens que necessitem desembaraço
imediato.

FONTE: Disponível em: <http://www.comexblog.com.br/despacho-aduaneiro/modalidades-de-


despacho-aduaneiro-na-importacao>. Acesso em: 25 set. 2012.

Por tratar-se de exceção, deve estar expressamente prevista em norma


regulamentadora. Assim, o importador poderá verificar se sua mercadoria é
passível ou não de despacho aduaneiro antecipado. Tal matéria está prevista na
Instrução Normativa da SRF n◦ 680/2006, especificamente no artigo 17:
Art. 17. A DI relativa a mercadoria que proceda diretamente do
exterior poderá ser registrada antes da sua descarga na unidade da
SRF de despacho, quando se tratar de:
I - mercadoria transportada a granel, cuja descarga deva se realizar
diretamente para terminais de oleodutos, silos ou depósitos próprios,
ou veículos apropriados;
II - mercadoria inflamável, corrosiva, radioativa ou que apresente
características de periculosidade;
III - plantas e animais vivos, frutas frescas e outros produtos facilmente
perecíveis ou suscetíveis de danos causados por agentes exteriores;
IV - papel para impressão de livros, jornais e periódicos;
V - órgão da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual
ou municipal, inclusive autarquias, empresas públicas, sociedades de
economia mista e fundações públicas; e
VI - mercadoria transportada por via terrestre, fluvial ou lacustre.
(SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL, 2012).

Assim, a Declaração de Importação antecipada estará sujeita ao despacho


antecipado, porém, o seu desembaraço aduaneiro somente será realizado após
a complementação ou retificação dos dados da declaração, no SISCOMEX, e o
pagamento de eventual diferença de crédito tributário relativo à declaração,
aplicando-se a legislação vigente na data do registro da declaração [...]. (Art. 50
da IN SRF 680/2006).
195
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

E
IMPORTANT

Para que possamos finalizar este assunto, devemos ainda compreender que
existem duas modalidades de despacho de importação, conforme apresentado no site da
Receita Federal: o despacho aduaneiro de importação é dividido, basicamente, em duas
categorias: o despacho para consumo; e o despacho para admissão em regime aduaneiro
especial ou aplicado em áreas especiais.

● O despacho para consumo ocorre quando as mercadorias ingressadas no país forem


destinadas ao uso pelo aparelho produtivo nacional, como: insumos, matérias-primas, bens
de produção e produtos intermediários, bem como quando forem destinadas ao consumo
próprio e à revenda. O despacho para consumo visa, portanto, a nacionalização da mercadoria
importada e a ele se aplica o regime comum de importação.

● O despacho para admissão em regimes aduaneiros especiais ou aplicados em áreas


especiais: tem por objetivo o ingresso no país de mercadorias, produtos ou bens provenientes
do exterior, que deverão permanecer no regime, por prazo certo e conforme a finalidade
destinada, sem sofrerem a incidência imediata de tributos, os quais permanecem suspensos
até a extinção do regime. Entre outros, se aplica às mercadorias em trânsito aduaneiro (para
um outro ponto do território nacional ou com destino a um outro país) e em admissão
temporária, caso em que as mercadorias devem retornar ao exterior, após cumprirem a sua
finalidade.
FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/procaduexpimp/
despaduimport.htm>. Acesso em: 25 set. 2012.

Deste modo, podemos afirmar que um despacho aduaneiro de importação


comporta as seguintes fases:

- Registro da Declaração de Importação no SISCOMEX.


- Parametrização da DI.
- Instrução da Declaração/Recepção de documentos.
- Distribuição para conferência aduaneira.
- Conferência aduaneira.
- Desembaraço aduaneiro.

NOTA

No item 5 veremos sobre a parametrização e canais de conferência.

196
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

3 PRAZOS DO DESPACHO ADUANEIRO


Após o cumprimento das normas e realização dos atos que conduzirão ao
despacho aduaneiro de importação, deve o importador atentar para os prazos de
início da realização dos referidos despachos.
Art. 546. O despacho de importação deverá ser iniciado em (Decreto-
Lei n◦ 37, de 1966, art. 44, com a redação dada pelo Decreto-Lei n◦
2.472, de 1988, art. 2◦):
I - até noventa dias da descarga, se a mercadoria estiver em recinto
alfandegado de zona primária;
II - até quarenta e cinco dias após esgotar-se o prazo de permanência
da mercadoria em recinto alfandegado de zona secundária; e
III - até noventa dias, contados do recebimento do aviso de chegada da
remessa postal. (BRASIL, 2012).

Isto significa que, se o despacho de importação, em qualquer das suas


modalidades, não for iniciado nos prazos estabelecidos acima, a mercadoria
será considerada abandonada. Esta, ao ser considerada abandonada, ensejará a
aplicação da pena de perdimento e sua consequente destinação para um dos fins
previstos na legislação. Da mesma forma, será aplicada a pena de perdimento
para a mercadoria cujo despacho tenha sido interrompido, por ação ou omissão
do importador, por prazo superior a 60 dias.

Aplicar a pena de perdimento significa decretar a perda da mercadoria,


constituindo-se, portanto, uma severa sanção administrativa. Deste modo, a fim
de evitar a aplicação da pena de perdimento, o importador deve estar atento para
iniciar, dentro do prazo previsto na norma competente, o devido procedimento
administrativo visando o despacho aduaneiro da mercadoria importada.

4 DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
Quanto aos documentos necessários para o alcance do despacho aduaneiro
de importação, deve o importador atender aos requisitos e exigências existentes
sobre quais documentos apresentar juntamente com a Declaração de Importação.

Os documentos que acompanham a Declaração de Importação são:

• via original do conhecimento de carga ou documento equivalente;


• via original da fatura comercial, assinada pelo exportador;
• romaneio de carga (packing list), quando aplicável; e
• outros, exigidos em decorrência de acordos internacionais ou de legislação
específica.
FONTE: Disponível em: <www.ears.com.br/images/desp_aduaneiro.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2012.

Referidos documentos devem ser entregues à fiscalização da SRF sempre que


solicitados e, por essa razão, o importador deve mantê-los pelo prazo previsto na
legislação, que pode variar, conforme o caso, mas nunca será inferior a cinco anos.
197
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

5 PARAMETRIZAÇÃO: CANAIS DE CONFERÊNCIA


No item 2 deste tópico verificamos que uma das fases do Despacho
Aduaneiro de Importação comporta a parametrização, também chamada de
canais de conferência, uma vez que é o momento em que ocorrerá, ou não, a
conferência aduaneira das mercadorias importadas.

Assim, após o preenchimento da DI, o importador pode transmiti-la para


o computador central do Serpro, apenas para conferência dos dados ou para
registro. Após a recepção da DI, esta será submetida a alguns “testes” criados pela
Secretaria da Receita Federal com o intuito de definir como será a sua conferência
aduaneira.

Conforme demonstram Lopez e Gama (2011, p. 325):

A conferência aduaneira é definida como a seleção de um dos canais


de conferência, feita automaticamente pelo SISCOMEX, segundo
parâmetros estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil,
relativamente ao importador (regularidade, habitualidade, capacidade
operacional e econômico-financeira e ocorrências verificadas em
outras operações realizadas), à mercadoria (características, origem,
procedência e destinação), ao tratamento tributário, a volumes e
valores (da importação ou dos impostos incidentes ou que incidiriam).

NOTA

Devemos saber que, no passado, para todas as operações havia uma conferência
documental e em seguida a conferência física. Atualmente, na prática, para algumas
operações haverá menos etapas a serem cumpridas e, para outras, mais etapas. Tudo vai
depender do canal de parametrização que o SISCOMEX escolheu.
FONTE: Disponível em: <http://www.comexblog.com.br/importacao/procedimentos-
aduaneiros-na-importacao-parte-ii>.Acesso em: 30 set. 2012.

Hoje em dia, a parametrização, que é realizada pelo próprio sistema


informatizado da Receita Federal, é composta por quatro canais: verde, amarelo,
vermelho e cinza.

● Canal verde: ocorre o desembaraço automático da mercadoria, sendo


dispensados, portanto, exame documental e verificação da mercadoria.
● Canal amarelo: significa que a mercadoria não será verificada, ocorrendo
somente a análise documental correspondente. Assim, não sendo constatada
irregularidade, ocorrerá o desembaraço aduaneiro.
● Canal vermelho: denota que ocorrerá a análise documental e física, e, não
sendo constatada irregularidade, terá o seu desembaraço aduaneiro efetuado;
● Canal cinza: é considerado o mais rigoroso, pois enseja a realização de análise
documental física e a aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro,
198
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

a fim de verificar elementos indiciários de fraude. Inclusive no que se refere


ao preço declarado da mercadoria. Só após todos estes procedimentos, e não
sendo constatada irregularidade, terá o seu desembaraço aduaneiro efetuado.

E
IMPORTANT

Devemos saber que:

● A conferência documental: consiste no procedimento fiscal destinado a verificar integridade


dos documentos apresentados, a exatidão das informações prestadas nas DIs em relação
àquelas constantes nos documentos. O cumprimento dos requisitos obrigatórios e o mérito
do benefício pleiteado e a descrição da mercadoria na declaração. Além de verificar se
eles representam todos os elementos necessários à confirmação de sua correta classificação
fiscal.

● A verificação física: é o procedimento fiscal destinado a identificar e quantificar a mercadoria


submetida ao despacho aduaneiro, a obter elementos que confirmem sua classificação fiscal,
origem e seu estado de novo ou usado, bem assim para verificar sua adequação às normas
técnicas aplicáveis.
A mercadoria objeto de declaração selecionada para verificação deverá ser completamente
retirada da unidade de carga ou descarregada do veículo de transporte (desova). Esta
verificação da mercadoria deverá ser realizada na presença do importador ou de seu
representante.
A desova poderá ser dispensada pelo auditor fiscal nos casos em que a mercadoria for
idêntica ou estiver acondicionada em volumes e embalagens semelhantes, ou nos casos em
que o local de armazenamento obtiver equipamento de inspeção não invasiva por imagem
(Scanners).
Para alguns poucos casos, em específico, há a possibilidade de se pedir dispensa de conferência
física. Estes casos somente serão autorizados pelo auditor fiscal responsável pelo despacho
aduaneiro, principalmente aos bens que, pela natureza, antiguidade, raridade ou fragilidade,
exijam condições especiais de manuseio ou de conservação.
FONTE: Disponível em: <http://www.comexblog.com.br/importacao/procedimentos-
aduaneiros-na-importacao-parte-ii>. Acesso em: 30 set. 2012.

6 FORMAÇÃO DE PREÇOS NA IMPORTAÇÃO


Sempre que se pensa em calcular os preços de produtos importados surgem,
inicialmente, algumas preocupações com os valores relativos aos tributos incidentes
em uma operação como esta, bem como com relação ao valor do transporte destas
mercadorias. Além disso, existem outras despesas e taxas que devem ser acrescidas
ao valor das mercadorias importadas.

Para realizar a estimação de preços na importação, é necessário que


o profissional envolvido no processo possua conhecimento de algumas
características específicas destas transações. Deste modo, precisará saber os
custos de transporte (abrangendo também o seguro), dos tributos incidentes, do
despacho aduaneiro e do pedido.
199
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

Apresentamos a seguir um quadro que exemplifica este momento:

QUADRO 16 - SÍNTESE DOS COMPONENTES DOS CUSTOS NA IMPORTAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.congressousp.fipecafi.org/artigos52005/511.pdf>. Acesso


em: 30 set. 2012.

Inicialmente, o importador deverá estar ciente do Incoterm utilizado na


importação. A partir da análise da significação de cada Incoterm, o importador
saberá quais serão suas obrigações e seus direitos, bem como quais os custos
deverá calcular para a formação do preço dos produtos importados.

Apresentamos a seguir a lista dos Incoterms, bem como o significado de


cada um:

QUADRO 17 - INCOTERMS (INTERNATIONAL COMMERCIAL TERMS - TERMOS DO COMÉRCIO


INTERNACIONAL)

INCOTERM SIGNIFICADO
O exportador deve entregar a mercadoria no porto de destino
escolhido pelo importador. As despesas de transporte ficam, portanto,
a cargo do exportador. O importador deve arcar com as despesas de
CFR – Cost and Freight
seguro e de desembarque da mercadoria. A utilização desse termo
obriga o exportador a desembaraçar a mercadoria para exportação
e utilizar apenas o transporte marítimo ou hidroviário interior.
Modalidade equivalente ao CFR, com a diferença de que as despesas
de seguro ficam a cargo do exportador. O exportador deve entregar
a mercadoria a bordo do navio, no porto de embarque, com frete e
CIF – Cost, Insurance and
seguro pagos. A responsabilidade do exportador cessa no momento
Freight
em que o produto cruza a amurada do navio no porto de destino.
Esta modalidade só pode ser utilizada para transporte marítimo ou
hidroviário interior.

200
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

Adota princípio semelhante ao CPT. O exportador, além de pagar as


despesas de embarque da mercadoria e do frete até o local de destino,
CIP – Carriage and
também arca com as despesas do seguro de transporte da mercadoria
Insurance Paid to
até o local de destino indicado. O CIP pode ser utilizado com qualquer
modalidade de transporte, inclusive multimodal.

Como o CFR, esta condição estipula que o exportador deverá pagar as


despesas de embarque da mercadoria e seu frete internacional até o local
de destino designado. Dessa forma, o risco de perda ou de dano dos bens,
CPT – Carriage Paid to... assim como quaisquer aumentos de custos, é transferido do exportador
para o importador, quando as mercadorias forem entregues à custódia do
transportador. Este Incoterm pode ser utilizado com relação a qualquer
meio de transporte.

O exportador deve entregar a mercadoria no ponto e local designados na


DAF – Delivered At Frontier fronteira, antes, porém, da linha limítrofe com o país de destino. Este termo
é utilizado principalmente nos casos de transporte rodoviário ou ferroviário.

O exportador assume o compromisso de entregar a mercadoria,


desembaraçada para importação, no local designado pelo importador,
pagando todas as despesas, inclusive impostos e outros encargos
de importação. Não é de responsabilidade do exportador, porém, o
DDP – Delivered Duty Paid desembarque da mercadoria. O exportador é responsável também pelo
frete interno do local de desembarque até o local designado pelo importador.
Este termo pode ser utilizado com qualquer modalidade de transporte.
Trata-se do Incoterm que estabelece o maior grau de compromissos para
o exportador.

O exportador deve colocar a mercadoria à disposição do importador no local


e ponto designados no exterior. Assume todas as despesas e riscos para
DDU – Delivered Duty
levar a mercadoria até o destino indicado, exceto os gastos com pagamento
Unpaid
de direitos aduaneiros, impostos e demais encargos da importação. Este
termo pode ser utilizado com relação a qualquer modalidade de transporte.

O exportador deve colocar a mercadoria, não desembaraçada para


importação, à disposição do importador no cais do porto de destino
DEQ – Delivered Ex Quay
designado. Este termo é utilizado para transporte marítimo ou hidroviário
interior ou multimodal.

Modalidade utilizada somente para transporte marítimo ou hidroviário


interior. O exportador tem a obrigação de colocar a mercadoria no destino
DES – Delivered Ex Ship estipulado, a bordo do navio, ainda não desembaraçada para a importação,
assumindo integralmente todos os riscos e despesas até aquele ponto
no exterior.

O produto e a fatura devem estar à disposição do importador no


estabelecimento do exportador. Todas as despesas e quaisquer perdas
e danos a partir da entrega da mercadoria, inclusive o despacho da
EXW – Ex Works mercadoria para o exterior, são de responsabilidade do importador. Quando
solicitado, o exportador deverá prestar ao importador assistência na
obtenção de documentos para o despacho do produto. Esta modalidade
pode ser utilizada com relação a qualquer via de transporte.

201
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

As obrigações do exportador encerram-se ao colocar a mercadoria, já


desembaraçada para exportação, no cais, livre, junto ao costado do navio.
FAS – Free Along Ship A partir desse momento, o importador assume todos os riscos, devendo
pagar inclusive as despesas de colocação da mercadoria dentro do navio.
O termo é utilizado para transporte marítimo ou hidroviário interior.

O exportador entrega as mercadorias, desembaraçadas para exportação,


à custódia do transportador, no local indicado pelo importador, cessando aí
FCA – Free Carrier
todas as responsabilidades do exportador. Essa condição pode ser utilizada
em qualquer tipo de transporte, inclusive o multimodal.

O exportador deve entregar a mercadoria, desembaraçada, a bordo do


navio indicado pelo importador, no porto de embarque. Esta modalidade
é válida para o transporte marítimo ou hidroviário interior. Todas as
FOB – Free on Board despesas, até o momento em que o produto é colocado a bordo do veículo
transportador, são da responsabilidade do exportador. Ao importador cabem
as despesas e os riscos de perda ou dano do produto, a partir do momento
em que este transpuser a amurada do navio.

FONTE: Disponível em: <http://www.brasilglobalnet.gov.br/ARQUIVOS/Glossario/GLOIncotermsP.


pdf>. Acesso em: 30 set. 2012.

Verificado o Incoterm utilizado na importação, o importador deverá


analisar quais obrigações de pagamento serão suas. Deste modo, apresentaremos
a seguir os tributos incidentes na importação.

● Imposto de Importação - II: sua alíquota está prevista na Lista TEC, conforme
estudamos na unidade anterior. Assim, o importador, de posse da NCM da
mercadoria importada, consultará na TEC a alíquota do II.

O Fato Gerador do II é a entrada de mercadoria estrangeira no território


aduaneiro. Para efeito do cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador
na data do registro da Declaração de Importação de mercadoria despachada para
consumo ou, nos casos previstos em lei, no dia do lançamento do correspondente
crédito tributário.
FONTE: Adaptado de: <http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/imposto-de-
importacao---ii>.Acesso em: 13 nov. 2012.

Este imposto incidirá sobre a mercadoria estrangeira, bem como sobre


bagagem de viajante e bens enviados como presente ou amostra, ou a título
gratuito. No entanto, devemos atentar para o seguinte:
Para fins de incidência do imposto, considera-se estrangeira a
mercadoria nacional ou nacionalizada exportada, que retorne ao país,
salvo se:
1. Enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado.
2. Devolvida por motivo de defeito técnico, para reparo ou substituição.
3. Por motivo de modificações na sistemática de importação por parte
do país importador.
4. Por motivo de guerra ou calamidade pública.
5. Por outros motivos alheios à vontade do exportador.
O II não incide sobre:
202
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

1. Mercadoria estrangeira que, corretamente descrita nos documentos


de transporte, chegar ao país por erro inequívoco ou comprovado de
expedição, e que for redestinada ou devolvida para o exterior.
2. Mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e que
se destine a reposição de outra anteriormente importada que se tenha
revelado, após o desembaraço aduaneiro, defeituosa ou imprestável
para o fim a que se destinava, desde que observada a regulamentação
editada pelo Ministério da Fazenda.
3. Mercadoria estrangeira que tenha sido objeto da pena de perdimento.
4. Mercadoria estrangeira devolvida para o exterior antes do registro
da declaração de importação, observada a regulamentação editada
pelo Ministério da Fazenda.
5. Embarcações construídas no Brasil e transferidas por matriz de
empresa brasileira de navegação para subsidiária integral no exterior,
que retornem ao registro brasileiro, como propriedade da mesma
empresa nacional de origem.
6. Embarcações construídas no Brasil e transferidas por matriz de
empresa brasileira de navegação para subsidiária integral no exterior,
que retornem ao registro brasileiro, como propriedade da mesma
empresa nacional de origem.
7. Mercadoria estrangeira avariada ou que se revele imprestável
para os fins a que se destinava, desde que seja destruída sob controle
aduaneiro, antes do desembaraço aduaneiro, sem ônus para a Fazenda
Nacional.
8. Mercadoria estrangeira em trânsito aduaneiro de passagem,
acidentalmente destruída. (BRASIL, 2012).

● Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI: este imposto incidirá sobre


produtos industrializados e possui como fato gerador o desembaraço aduaneiro
do produto. Sua base de cálculo será o valor aduaneiro da mercadoria, acrescido
do II.

Isto significa que sua alíquota (aquela que deve ser consultada, a partir do
NCM da mercadoria, na Tabela TIPI, conforme verificamos na unidade anterior)
deverá incidir sobre o valor aduaneiro da mercadoria importada já acrescido do
Imposto de Importação. Seu recolhimento ocorrerá no momento do registro da
Declaração de Importação.

● Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços – ICMS: este imposto é


de competência dos Estados e Distrito Federal, ou seja, sua alíquota poderá ser
variável de Estado para Estado. Assim, sua incidência se dá sobre a mercadoria
importada e seu fato gerador ocorre no momento do desembaraço ou no
momento da entrega do bem importado.

A base de cálculo se dará através da soma das seguintes parcelas:

• Imposto de Importação;
• Imposto sobre Produtos Industrializados;
• imposto sobre operações de câmbio;
• quaisquer outros impostos, taxas e contribuições e despesas aduaneiras;
• o valor do próprio ICMS.

203
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

Para realizar o cálculo "por dentro" do ICMS, considere:

VA - Valor aduaneiro.
II - valor do Imposto de Importação.
IPI - valor do Imposto sobre Produtos Industrializados.
DITC - outros impostos, taxas e contribuições.
D - despesas aduaneiras.
e - alíquota do ICMS.

Dessa forma teremos:


1) Base de cálculo do ICMS:     
2) Valor do ICMS:
FONTE: Disponível em: <http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/pis-pasep>. Acesso
em: 14 nov. 2012.

● PIS e COFINS: correspondem aos Programas de Integração Social e de


Formação do Patrimônio do Servidor Público incidentes na importação de
produtos estrangeiros ou serviços (PIS/PASEP‑Importação) e a Contribuição
Social para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo importador de
bens estrangeiros ou serviços do exterior (COFINS‑Importação).
FONTE: Adaptado de: <jus.com.br/.../aspectos-controvertidos-do-pis-importacao-e-da-cofins-...>.
Acesso em: 13 nov. 2012.

No caso de importação de mercadorias, as hipóteses de incidência, o


fato gerador e a data da ocorrência do fato gerador das contribuições
são as mesmas que as observadas para o Imposto de Importação. Salvo
exceções previstas na legislação, as alíquotas são de 1,65% para o PIS/
Pasep-Importação e de 7,6% para a Cofins-Importação. A base de
cálculo das contribuições é o valor aduaneiro, acrescido do valor do
ICMS e do valor das próprias contribuições. (BRASIL, 2012).

Verificados quais os tributos incidentes na importação, deve o importador


ter conhecimento de outros custos que incidirão, como: custos de transporte de
acordo com o modal escolhido, embalagens necessárias, taxas de importação,
honorários com despachante aduaneiro (se houver), bem como demais custos
que envolvem o pedido.

204
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

FIGURA 43 - SÍNTESE DOS COMPONENTES DE CUSTO NA IMPORTAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.congressousp.fipecafi.org/artigos52005/511.pdf>. Acesso


em: 30 set. 2012.

Tendo em vista as peculiaridades que envolvem cada negociação e


cada processo de importação, o importador deve estar atento para verificar se
determinados custos incidirão ou não nos cálculos do produto importado, a fim
de evitar prejuízos ou penalidades em virtude no não atendimento às normas
vigentes.

NOTA

Caro(a) acadêmico(a)! A obra: GARCIA, Luiz Martins. Exportar: Rotinas e


Procedimentos, Incentivos e Formação de Preços. São Paulo: Aduaneiras, 2007, poderá
auxiliá-lo(a), caso queira aprofundar os estudos acerca da formação de preços na importação.

205
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR 3

FLUXOGRAMA DA IMPORTAÇÃO NO TRANSPORTE AÉREO

Para dinamizar o processo de importação, é fundamental que as


companhias aéreas informem, antes da chegada da aeronave, a quantidade de
equipamentos aeronáuticos e o peso total do voo. Assim, o TECA pode adequar
equipamentos e efetivo necessários para prover um atendimento eficiente.

● Chegada da aeronave: toda carga importada a ser nacionalizada no aeroporto


deve ser encaminhada à Infraero para recebimento, controle, armazenamento
e posterior conferência aduaneira pela Receita Federal do Brasil, até sua efetiva
entrega ao importador ou seu representante legal. Imediatamente após o
pouso da aeronave, a companhia aérea disponibiliza o Manifesto de Carga,
com seus respectivos conhecimentos aéreos, e registra no sistema SISCOMEX-
MANTRA a hora da chegada da aeronave. A partir desse registro, é lavrado
pela Receita Federal do Brasil o Termo de Entrada e, assim, a Infraero pode
iniciar os procedimentos de recebimento da carga importada. [...].

● Desconsolidação: consiste na divisão das cargas de um documento principal


(MAWB) em vários lotes (HAWB), para individualização das cargas. Por ser um
ato abstrato e documental, difere da desunitização, que é a ação da separação
física dos volumes das cargas, e da despaletização.

● Recepção do Manifesto de Carga pela alfândega: a alfândega recebe a


documentação da carga procedente do exterior, apresentada pelo representante
do transportador aéreo, e confirma os dados registrados pela companhia aérea
no sistema SISCOMEX-MANTRA. Depois, com base na documentação contida
no manifesto, valida as informações por meio da lavratura do Termo de
Entrada. Nos casos de dados inseridos erroneamente no sistema SISCOMEX-
MANTRA, é gerada uma indisponibilidade, que poderá ser regularizada
mediante solicitação formal à Receita Federal do Brasil.

● Serviço de rampa (handling): trata-se do descarregamento da carga,


das aeronaves para os TECAs, por meio de equipamentos aeronáuticos
(loaders, tratores rebocadores, entre outros). É efetuado diretamente pelos
transportadores aéreos ou empresas contratadas pelas companhias aéreas para
essa finalidade. Em alguns locais, a Infraero também pode ser contratada pela
companhia aérea para a execução dessa atividade.

● Ponto zero: é o local onde ocorre o primeiro contato da carga com o TECA.
Os equipamentos aeronáuticos são recebidos e passam a ser controlados por
meio de códigos de barras emitidos pelo sistema TECAplus. São transferidos
para a linha de espera de armazenamento e aguardam a programação da
despaletização, de acordo com a chegada da aeronave. No caso de cargas
perecíveis – a exemplo de flores, frutas e peixe fresco -, ou que exijam
tratamento especial - como é o caso das cargas vivas –, os equipamentos recebem
206
TÓPICO 2 | DESPACHO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO

tratamento prioritário, desde que informados, identificados e acompanhados


pela companhia aérea. [...].

A carga em regime de trânsito aduaneiro, ou seja, a mercadoria


procedente do exterior, que será transportada sob controle aduaneiro até o local
onde será feita a nacionalização, é direcionada para uma área específica no TECA,
permanecendo sob responsabilidade da companhia aérea ou do agente de cargas
até que seja concluída a sua remoção.

● Recebimento de cargas: usualmente definido nos TECAs como “atracação”,


consiste no confronto físico da carga apresentada pela companhia aérea
com os dados constantes no sistema TECAplus, transferidos pelo sistema
SISCOMEX-MANTRA. A verificação física da carga consiste em identificar as
etiquetas do conhecimento aéreo de origem; tipo de embalagem; contagem dos
volumes; aferição do peso; identificação de avarias e identificação de cargas
com restrições fitossanitárias. Todos os dados aferidos são, então, inseridos nos
sistemas TECAplus e SISCOMEX-MANTRA. [...].

● Visar: as informações prestadas pela companhia aérea, verificadas e registradas


pela Infraero e posteriormente também avalizadas pela companhia aérea, são
visadas (emitidos os vistos) pelo auditor da Receita Federal do Brasil no sistema
SISCOMEX-MANTRA. [...].

● Armazenagem de cargas: a carga destinada para armazenamento no TECA,


depois de cumpridas as etapas da atracação, é direcionada aos diversos setores
de armazenagem, segundo critérios como: peso, cubagem, tipo de embalagem,
restrições fitossanitárias ou natureza da carga. As cargas permanecem
armazenadas à disposição dos órgãos anuentes até o início do trâmite de
desembaraço aduaneiro, que deve ser realizado pelo importador ou seu
representante legal.

Após estas fases ocorrerão a pré-vistoria e a vistoria aduaneira, seguidas


pela apresentação da licença de importação e a liberação de cargas [...].

Após o registro do documento liberatório, os dados registrados são


submetidos à análise fiscal realizada por meio de parâmetros internos do sistema
da Receita Federal do Brasil, resultando na parametrização em um dos canais de
verificação: verde, amarelo, vermelho e cinza.

Após o desembaraço da carga nacionalizada no aeroporto, o importador


ou seu representante legal deve entregar à Infraero a seguinte documentação:

• extrato do documento liberatório;


• via original do conhecimento de carga ou de documento equivalente, como
forma de posse ou propriedade da mercadoria;
• nota fiscal de entrada emitida em seu nome, ressalvados os casos de dispensas
previstos na legislação estadual;

207
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

• comprovante do recolhimento do ICMS ou, se for o caso, comprovante de


exoneração do pagamento do imposto; e
• documento de identificação da pessoa responsável pela retirada da carga. [...]

Concluída essa etapa, a carga é desarmazenada seguindo procedimento


interno conhecido como “puxe” e, em seguida, é entregue ao importador ou a seu
representante devidamente identificado. [...].

FONTE: Disponível em: <http://www.viracopos.com.br/cargas/operacao-cargas-viracopos>. Acesso


em: 30 set. 2012.

208
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico pudemos compreender que:

• O despacho aduaneiro é uma importante fase a ser conhecida e analisada


para o êxito dos processos de importação;

• Para tal, o profissional precisa conhecer todos os detalhes e prazos que


envolvem este procedimento.

• Os canais de conferência, chamados de parametrização, são classificados em:


canal verde, amarelo, vermelho e cinza.

• A formação de preços em uma importação deve ser analisada a partir do


Incoterm utilizado, cálculo dos tributos incidentes, gastos com transporte e
as demais taxas incidentes.

209
AUTOATIVIDADE

Para verificar seu aprendizado, responda às questões a seguir:

1 Quanto ao despacho aduaneiro, demonstre:

a) Sua principal função:

b) Objetivo principal:

c) Cite em quais casos poderá ocorrer o despacho sem registro no SISCOMEX:

d) Cite em quais casos poderá ocorrer o despacho com registro no SISCOMEX:

e) Em quais locais o despacho aduaneiro de importação pode ser proferido:

2 Apresente quais as espécies de bagagens existentes (na importação),


suas principais características e em qual delas será proferido o despacho
aduaneiro de importação.

3 A respeito da parametrização, preencha o quadro a seguir:

TIPO DE PARAMETRIZAÇÃO EFEITOS


CANAL VERDE
CANAL AMARELO
CANAL VERMELHO
CANAL CINZA

210
UNIDADE 3
TÓPICO 3

REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA


IMPORTAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
O presente tópico versará sobre os regimes aduaneiros especiais, chamados
de atípicos, os quais envolvem as importações.

Desse modo, estudaremos inicialmente o trânsito aduaneiro, seguido


pela análise da admissão temporária de bens – com suspensão total e parcial dos
tributos –, drawback importação, entreposto aduaneiro, entreposto industrial e
importação por remessa postal.

Por tratar-se de regimes especiais, estudaremos as características,


especificidades e aplicação destes regimes na importação de mercadorias.

2 TRÂNSITO ADUANEIRO
Este regime especial permite o transporte de mercadorias de um ponto a
outro do território nacional com a suspensão dos tributos. Assim, devido às suas
particularidades, é cercado de requisitos e exigências extras para sua concessão,
evitando fraudes e crimes contra o erário público.

O art. 318 do Regulamento Aduaneiro apresenta as modalidades deste


regime:
Art. 318. São modalidades do regime de trânsito aduaneiro:
I - o transporte de mercadoria procedente do exterior, do ponto de
descarga no território aduaneiro até o ponto onde deva ocorrer outro
despacho;
II - o transporte de mercadoria nacional ou nacionalizada, verificada
ou despachada para exportação, do local de origem ao local de
destino, para embarque ou para armazenamento em área alfandegada
para posterior embarque;
III - o transporte de mercadoria estrangeira despachada para
reexportação, do local de origem ao local de destino, para embarque
ou armazenamento em área alfandegada para posterior embarque;
IV - o transporte de mercadoria estrangeira de um recinto alfandegado
situado na zona secundária a outro;
V - a passagem, pelo território aduaneiro, de mercadoria procedente
do exterior e a ele destinada;
VI - o transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria procedente
211
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

do exterior, conduzida em veículo em viagem internacional até o


ponto em que se verificar a descarga; e
VII - o transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria estrangeira,
nacional ou nacionalizada, verificada ou despachada para reexportação
ou para exportação e conduzida em veículo com destino ao exterior.
(BRASIL, 2012).

Deste modo, Luz (2012, p. 226) resume as modalidades dos trânsitos em


quatro: trânsito de importação, trânsito de exportação, trânsito interno e trânsito
internacional. Para o presente estudo, é importante estudarmos o trânsito de
importação e o trânsito interno.
No trânsito de importação a mercadoria entra pela zona primária,
mas o beneficiário solicita que ela seja levada para outro ponto no
território nacional para que lá sofra o despacho aduaneiro. É o caso
de mercadorias que entram pelo porto do Rio de Janeiro, mas o
importador solicita que elas sejam transferidas para um porto seco
no Estado de Minas Gerais. Durante esse transporte, os tributos ficam
com a exigibilidade suspensa.
(...) No trânsito interno, a mercadoria está no país em um recinto
alfandegado e está sendo transferida para outro. Isso é comum em
relação a mercadorias importadas em consignação e submetidas ao
regime de entreposto aduaneiro. Elas ficam depositadas no recinto
alfandegado até que alguém se interesse em despachá-las para
consumo. Considerando, por exemplo, que o agente de vendas do
exportador estrangeiro esteja situado na região Sul, as mercadorias
que ele trouxer para tentar vender para as empresas brasileiras ficam
armazenadas em um porto seco próximo à sua sede. Caso este agente
de vendas se transfira para São Paulo, as mercadorias serão também
transferidas para um porto seco neste novo local. Neste caso, as
mercadorias saem lacradas de um para o outro porto seco. (LUZ, 2012,
p. 227)

Assim sendo, podemos perceber que a natureza deste regime na importação


é a suspensão das obrigações tributárias geradas com a entrada da mercadoria no
território nacional.

Sua natureza econômica decorre do fato de a mercadoria transitar de um


ponto a outro do território aduaneiro, sem integrar a riqueza nacional ou para
ela contribuir, em virtude da suspensão da exigibilidade tributária por tempo
determinado. O trânsito aduaneiro possibilita a interiorização das atividades
aduaneiras que seriam realizadas nas repartições de fronteira, proporcionando a
diminuição de trabalho dessas repartições e desafogando, assim, a zona primária.

O regime subsiste do local de origem (ponto inicial do itinerário) ao local


de destino (ponto final do itinerário), e desde o momento do desembaraço para
Trânsito Aduaneiro efetuado pela repartição da Receita Federal que jurisdiciona
o local de origem até o momento em que a repartição que jurisdiciona o local de
destino certifica a chegada da mercadoria.

FONTE: Disponível em: <http://www.portocentrooeste.com.br/pt-br/conteudo/transito-aduaneiro-


dta.aspx>. Acesso em: 30 set. 2012.

212
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

3 ADMISSÃO TEMPORÁRIA DE BENS


Este regime também se caracteriza por ser especial. Afirmamos isso,
pois os demais regimes de importação não classificados como especiais visam
a internação do produto, ou seja, a mercadoria importada adentra ao território
nacional com o intuito de permanecer, razão pela qual ela é nacionalizada.

No entanto, no regime de admissão temporária, as mercadorias objeto


do regime adentram ao território já sabendo que retornarão a outro território,
ou seja, permanecerão aqui temporariamente, conforme prevê o Regulamento
Aduaneiro:
Art. 353. O regime aduaneiro especial de admissão temporária é o que
permite a importação de bens que devam permanecer no país durante
prazo fixado, com suspensão total do pagamento de tributos, ou com
suspensão parcial, no caso de utilização econômica, na forma e nas
condições deste Capítulo [...]. (BRASIL, 2012).

Neste regime é permitida a entrada no país de certas mercadorias, com


uma finalidade e por um período de tempo determinado, com a suspensão total ou
parcial do pagamento de tributos aduaneiros incidentes na sua importação, com o
compromisso de serem reexportadas.

FONTE: Adaptado de: <www.receita.fazenda.gov.br/aduana/.../regadm/regespadmtemp.htm>.


Acesso em: 14 nov. 2012.

Também, algumas exigências são verificadas para a concessão do regime:


deve ser comprovado por meio juridicamente admitido o caráter provisório
da importação; os bens devem ser adequados à finalidade para a qual foram
importados; a identificação do bem e assinatura de termo de responsabilidade.

Conforme dispõe o site da Receita Federal do Brasil:

Entre outros, podem ser submetidos ao regime de admissão temporária


os bens destinados:
• A feiras, exposições, congressos e outros eventos científicos, técnicos,
comerciais ou industriais.
• A eventos de caráter cultural e esportivo;
• A promoção comercial, inclusive amostras sem destinação comercial
e mostruários de representantes comerciais.
• Ao exercício temporário de atividade profissional de não residente.
• Ao uso de viajante não residente, quando integrantes de sua
bagagem.
• Bens trazidos durante visita de dignitários estrangeiros.
• Bens reutilizáveis para acondicionamento e manuseio de outros
bens importados ou a exportar.
• Bens a serem submetidos a ensaios, testes, conserto, reparo ou
restauração;
• Bens a serem utilizados com finalidade econômica no Brasil
(empregados na prestação de serviços ou na produção de outros bens).
(RECEITA FEDERAL, 2012).

213
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

No momento da solicitação, o responsável deverá preencher o


Requerimento de Concessão do Regime.

FIGURA 44 - REQUERIMENTO DE CONCESSÃO DO REGIME DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Aduana/RegAdmExportTemp/


RegAdm/RegEspAdmTemp.htm>. Acesso em: 30 set. 2012.
214
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

Em alguns casos, principalmente quando a concessão do regime é vinculada


ao pagamento parcial de tributos (conforme estudaremos a seguir), o solicitante
deverá preencher um termo de responsabilidade assumindo a responsabilidade
pelo pagamento dos tributos suspensos em caso de descumprimento do regime.

FIGURA 45 - TERMO DE RESPONSABILIDADE (FRENTE) EM REGIME DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Aduana/RegAdmExportTemp/


RegAdm/RegEspAdmTemp.htm>. Acesso em: 20 out. 2012.
215
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

FIGURA 46 - TERMO DE RESPONSABILIDADE (VERSO) EM REGIME DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Aduana/RegAdmExportTemp/


RegAdm/RegEspAdmTemp.htm>. Acesso em: 20 put. 2012.

216
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

Além disso, caso o responsável pelo bem objeto de concessão temporária


necessite da prorrogação do regime, deverá preencher o documento abaixo, ciente
de que a Receita Federal irá analisar minuciosamente os motivos do pedido a fim
de concedê-lo, ou não.

FIGURA 47 - PEDIDO DE PRORROGAÇÃO DO REGIME DE ADMISSÃO TEMPORÁRIA

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Aduana/RegAdmExportTemp/


RegAdm/RegEspAdmTemp.htm>. Acesso em: 20 out. 2012.

217
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

Outro ponto que deve ser ressaltado é: independentemente de ocorrer o


pedido de prorrogação do regime, seu responsável poderá requerer a autorização
para a movimentação de bens submetidos ao regime de admissão, assemelhando-
se ao regime de trânsito aduaneiro.

FIGURA 48 - AUTORIZAÇÃO DE MOVIMENTAÇÃO DE BENS SOB O REGIME DE ADMISSÃO


TEMPORÁRIA

FONTE: Disponível em:<http://www.receita.fazenda.gov.br/Aduana/RegAdmExportTemp/


RegAdm/RegEspAdmTemp.htm>. Acesso em: 20 out. 2012.
218
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

O regime de admissão temporária está regulamentado pela IN SRF


n◦ 285/03 e legislações complementares que tratam de situações específicas. O
objetivo destas regulamentações é facilitar o ingresso temporário no país de:

- Bens destinados à realização/participação em eventos de natureza


cultural, artística, científica, comercial e esportiva, para assistência e
salvamento, para acondicionamento e transporte de outros bens e para
ensaios e testes, com a suspensão total de tributos;
- máquinas e equipamentos para utilização econômica (prestação de
serviços ou na produção de outros bens), sob a forma de arrendamento
operacional, aluguel ou empréstimo, com suspensão parcial de tributos
e pagamento proporcional ao tempo de permanência no país; e
- bens destinados a operações de aperfeiçoamento ativo (montagem,
renovação, recondicionamento, conserto, restauração, entre outros,
aplicados ao próprio bem), com suspensão total do pagamento de
tributos. (RECEITA FEDERAL, 2012).

Cada classificação do regime que acabamos de mencionar será analisada


no item a seguir.

4 ADMISSÃO SEM PAGAMENTO DE IMPOSTOS


Algumas mercadorias poderão ingressar provisoriamente no Brasil, sob
o regime de admissão temporária, sem que haja a necessidade de pagamento de
tributos.

Sobre esta matéria, assim dispõe o Regulamento Aduaneiro:


Art. 355. O regime poderá ser aplicado aos bens relacionados em ato
normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil e aos admitidos
temporariamente ao amparo de acordos internacionais.
§ 1o Os bens admitidos no regime ao amparo de acordos internacionais
firmados pelo país estarão sujeitos aos termos e prazos neles previstos.
§ 2o A autoridade competente poderá indeferir pedido de concessão do
regime, em decisão fundamentada, da qual caberá recurso, na forma
estabelecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (RECEITA
FEDERAL, 2012).

Deste modo, cabe à Secretaria da Receita Federal dispor quais bens sob
admissão temporária não pagarão tributos.

A primeira hipótese regulamentada refere-se aos bens destinados à


realização/participação em eventos de natureza cultural, artística, científica,
comercial e esportiva, para assistência e salvamento, para acondicionamento e
transporte de outros bens e para ensaios e testes.

FONTE: Adaptado de: <dc193.4shared.com/img/4iqwjah9/preview.html>. Acesso em: 19 nov. 2012.

219
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

A Instrução Normativa SRF nº 285, de 14 de janeiro de 2003, é que dispõe


sobre a aplicação do regime. Em seu artigo 4º estipula que:
Art. 4º Poderão ser submetidos ao regime de admissão temporária com
suspensão total do pagamento dos tributos incidentes na importação,
os bens destinados:
I - a feiras, exposições, congressos e outros eventos científicos ou
técnicos;
II - a pesquisa ou expedição científica, desde que relacionados em
projetos previamente autorizados pelo Conselho Nacional de Ciência
e Tecnologia;
III - a espetáculos, exposições e outros eventos artísticos ou culturais;
IV - a competições ou exibições esportivas;
V - a feiras e exposições, comerciais ou industriais;
VI - a promoção comercial, inclusive amostras sem destinação
comercial e mostruários de representantes comerciais;
VII - à prestação, por técnico estrangeiro, de assistência técnica a bens
importados, em virtude de garantia;
VIII - à reposição e conserto de:
a) embarcações, aeronaves e outros veículos estrangeiros estacionados
no território nacional, em trânsito ou em regime de admissão
temporária; ou
b) outros bens estrangeiros, submetidos ao regime de admissão
temporária;
IX - à reposição temporária de bens importados, em virtude de
garantia;
X - a seu próprio beneficiamento, montagem, renovação,
recondionamento, acondicionamento ou reacondionamento;
XI - ao acondicionamento ou manuseio de outros bens importados,
desde que reutilizáveis;
XII - à identificação, acondionamento ou manuseio de outros bens,
destinados à exportação;
XIII - à reprodução de fonogramas e de obras audiovisuais, importados
sob a forma de matrizes;
XIV - a atividades temporárias de interesse da agropecuária, inclusive
animais para feiras ou exposições, pastoreio, trabalho, cobertura e
cuidados da medicina veterinária;
XV - a assistência e salvamento em situações de calamidade ou de
acidentes de que decorram dano ou ameaça de dano à coletividade ou
ao meio ambiente;
XVI - ao exercício temporário de atividade profissional de não
residente;
XVII - ao uso do imigrante, enquanto não obtido o visto permanente;
XVIII - ao uso de viajante não residente, desde que integrantes de sua
bagagem;
XIX à realização de serviços de lançamento, integração e testes
de sistemas, subsistemas e componentes espaciais, previamente
autorizados pela Agência Espacial Brasileira; e
XX - à prestação de serviços de manutenção e reparo de bens
estrangeiros, contratada com empresa sediada no exterior.
(SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL, 2012).

Enquadrando-se nestas hipóteses, os bens trazidos em razão dos eventos/


serviços acima mencionados deverão atender para as normas específicas. Visando
facilitar o entendimento, apresentamos a seguir um quadro com as principais
características exigidas pela Secretaria da Receita Federal:

220
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

QUADRO 18 - BENS ADMITIDOS EM ADMISSÃO TEMPORÁRIA COM SUSPENSÃO TOTAL DOS


TRIBUTOS
Prazo de
Extinção do
Espécie permanência Autorização Tratamento administrativo
regime
no país

A autorização - Despacho aduaneiro:


deve ser pode ser realizado com
O retorno
30 dias solicitada, previamen- base em Declaração
dos bens ao
anteriores te à admissão dos Simplificada de Importação
exterior pode
Admissão até 30 dias bens, pela entidade (DSI).
ser realizado
temporária posteriores promotora da
com base em
de bens para ao período competição ou outra - Necessidade de Termo
Declaração
competições fixado para a pessoa jurídica por de Responsabilidade dos
Simplificada
desportivas realização da ela contratada para tributos suspensos.
de Exportação
internacionais. competição. efetuar a logística
(DSE).
e o desembaraço - Garantia: não é
aduaneiro dos bens. necessário.

Devem ser
autorizados, em
cada caso, por meio - Despacho aduaneiro:
de Ato Declaratório pode ser realizado com
Admissão O retorno
Executivo (ADE) base em Declaração
temporária de dos bens ao
expedido pela Simplificada de Importação
bens destinados exterior pode
Coordenação-Geral (DSI).
a atividades Não existe ser realizado
de Administração
clínicas e prazo com base em
Aduaneira (Coana), - Necessidade de Termo
cirúrgicas previsto. Declaração
em atendimento a de Responsabilidade dos
de caráter Simplificada
solicitação formulada tributos suspensos.
humanitário. de Exportação
pelo órgão de saúde
(DSE).
da administração - Garantia: não é
pública direta que necessário.
promover a ação de
caráter humanitário.
O viajante deve
O regime é concedido
manter a 1ª via
Admissão mediante procedimento
da Declaração de
temporária de administrativo sumário,
Entrada de Bens
bens relacionados Mediante com base em Declaração
No máximo Estrangeiros,
com a visita preenchimento de de Entrada de Bens
permanência que deverá ser
ao Brasil de declaração de entrada Estrangeiros, apresentada
de 30 dias. entregue às
dignitários de bens estrangeiros. em duas vias pelo viajante
autoridades
estrangeiros. ou responsável à unidade
aduaneiras por
aduaneira de entrada dos
ocasião da saída
bens.
dos bens do país.
Os bens
O regime de admitidos
A DSI ou DBA deve ser
admissão temporária temporariamente
instruída com o Termo
somente é concedido com dispensa
Admissão Durante de Responsabilidade, não
após a comprovação de conferência
temporária de o período sendo necessário indicar no
do atendimento de física ficam
bens de caráter dos eventos TR as quantias relativas ao
eventuais controles dispensados
cultural. relacionados. crédito tributário suspenso,
administrativos desta formalidade
nem é exigida prestação de
específicos de órgãos aduaneira por
garantia.
da área cultural. ocasião de sua
reexportação.

221
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

O retorno
O despacho
dos bens ao
aduaneiro e a
Admissão exterior pode
concessão do
temporária de ser realizado
regime de admissão A DSI deve ser instruída
bens destinados a com base em
temporária desses com o Termo de
feiras, exposições, Declaração
Durante o bens são realizados Responsabilidade, não
congressos e Simplificada
período dos com base na sendo necessário indicar no
outros eventos de Exportação
eventos re- Declaração TR as quantias relativas ao
científicos, (DSE), formulada
lacionados. Simplificada crédito tributário suspenso
técnicos, pelo exportador
de Importação nem é exigida prestação de
comerciais ou ou seu
apresentada pela garantia.
industriais. representante,
pessoa física ou
em terminal
jurídica responsável
conectado ao
pelo evento no país.
SISCOMEX.
As mercadorias
Admissão sejam de propriedade
temporária para de pessoa sediada O retorno
aperfeiçoamento no exterior e dos bens ao
ativo admitidas sem exterior pode
A DSI deve ser instruída
(operações de cobertura cambial; ser realizado
com o Termo de
beneficiamento, Não há. o beneficiário seja com base em
Responsabilidade, sem
montagem, pessoa jurídica Declaração
prestação de garantia.
renovação, sediada no país; Simplificada
conserto, reparo, a operação esteja de Exportação
restauração de prevista em contrato (DSE).
bens etc.). de prestação de
serviço.

FONTE Adaptado do site: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Adana/RegAdmExportTemp/


RegAdm/RegEspAdmTemp.htm>. Acesso em: 20 out. 2012.

5 ADMISSÃO COM PAGAMENTO PARCIAL DE IMPOSTOS


Aos demais casos não previstos e não citados anteriormente será aplicado
o regime de admissão temporária, porém com o pagamento parcial dos tributos.
O Regulamento Aduaneiro trata da matéria e a classifica como admissão
temporária para utilização econômica. Ou seja, fica evidenciado que haverá
a produção, criação ou circulação de riquezas, a partir da entrada destes bens
objeto da admissão temporária.

Os bens admitidos para utilização econômica deverão pagar os impostos


federais, a contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação,
proporcionalmente ao seu tempo de permanência no território aduaneiro.

A proporção do pagamento dos tributos está prevista no artigo 373 do


Regulamento Aduaneiro, que dispõe: [...] § 2◦ A proporcionalidade a que se refere
o caput será obtida pela aplicação do percentual de um por cento, relativamente
a cada mês compreendido no prazo de concessão do regime, sobre o montante
dos tributos originalmente devidos.

Tendo em vista que existe crédito tributário, ou seja, que tributos deverão
ser pagos ao Estado, este será constituído em termo de responsabilidade e, em
alguns casos específicos, poderá ser exigida garantia correspondente ao crédito
constituído no termo de responsabilidade.
222
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

Quanto ao prazo do regime, este ficará condicionado ao prazo previsto


no contrato de arrendamento operacional. Ou seja, ao contrato que deu origem e
resultou na saída do bem do território estrangeiro para desenvolver suas funções
operacionais no país.

6 DRAWBACK IMPORTAÇÃO
Antes de tratarmos especificamente sobre o regime de Drawback na
importação, devemos compreender o que é Drawback.

Este Regime Aduaneiro Especial possui grande flexibilidade para ajustar-


se às necessidades de cada beneficiário, pois existem diversas modalidades e
submodalidades de uso (Suspensão Integrada, Suspensão Embarcação, Suspensão
Fornecimento de Mercado Interno, Isenção Integrado e Restituição).

Em geral, o regime concede aos seus beneficiários vantagens (suspensão/


isenção/restituição ou redução) relacionadas às tributações de impostos e taxas
sobre as matérias-primas adquiridas (locais ou importadas) com o objetivo de
serem empregadas na produção de bens com maior valor agregado e em seguida
obrigatoriamente exportados ou utilizados em venda equiparada a exportação.
Esta concessão é feita através de um pedido de Ato Concessório, que possui
um período de validade e especifica todos os montantes em valor e quantidade
do que será comprado (local ou importado) e do que será exportado. Este Ato
Concessório é um compromisso assumido previamente com o DECEX e a partir
deste pedido aprovado o beneficiário poderá usufruir dos benefícios do regime.
FONTE: Disponível em: <http://www.regimedrawback.com.br/interno.php?secao=oquee_visao>.
Acesso em: 20 out. 2012.

Para que o drawback fosse concretizado foram necessárias alianças com


vários órgãos do governo, que de forma direta ou indireta fazem com que o
regime especial de drawback possa ser desenvolvido. Na figura a seguir podem
ser visualizados os principais órgãos:

FIGURA 49 - ÓRGÃOS ENVOLVIDOS COM REGIME DRAWBACK

FONTE: Disponível em: <http://www.regimedrawback.com.br>. Acesso em: 20 out. 2012.


223
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

Para incentivar as empresas a exportarem seus produtos para desenvolver


a economia nacional, os governos oferecem alguns benefícios para exportadores
no momento da importação de matérias-primas que serão utilizadas na produção
dos produtos destinados ao mercado externo. Esse auxílio à importação intitula-
se como Regime Especial Drawback.

Segundo Vazquez (2007, p. 113):


O Drawback é um incentivo à exportação relacionado diretamente
com a importação de mercadoria que será utilizada na fabricação,
complementação, ou acondicionamento de outra exportada. É um
incentivo que já é largamente utilizado pelos exportadores. Seu
embasamento legal está assentado no art. 78 do Decreto-Lei nº. 37, de
1966 e no art. 1º da Lei nº 8402, de 1992. Esse incentivo jamais deve ser
confundido com favor fiscal.

O termo Drawback costuma ser traduzido, segundo Murta (2005, p. 285),


como: “Remissão do imposto, reintegração de direitos pagos à alfândega e
faculdade que tem o importador de obter a devolução dos direitos alfandegários
pagos pela matéria-prima, quando é reexportada, já industrializada”.

Trata-se, portanto, de um regime especial que possui como objetivo


principal o incentivo às exportações brasileiras. Vejamos, portanto, o que dispõe
o Regulamento Aduaneiro acerca do drawback.
Art. 383. O regime de drawback é considerado incentivo à exportação,
e pode ser aplicado nas seguintes modalidades (...):
I - suspensão do pagamento dos tributos exigíveis na importação
de mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou destinada
à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser
exportada;
II - isenção dos tributos exigíveis na importação de mercadoria, em
quantidade e qualidade equivalentes à utilizada no beneficiamento,
fabricação, complementação ou acondicionamento de produto
exportado; e
III - restituição, total ou parcial, dos tributos pagos na importação de
mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação,
complementação ou acondicionamento de outra exportada.
Art. 384. O regime de drawback poderá ser concedido a:
I - mercadoria importada para beneficiamento no país e posterior
exportação;
II - matéria-prima, produto semielaborado ou acabado, utilizados na
fabricação de mercadoria exportada, ou a exportar;
III - peça, parte, aparelho e máquina complementar de aparelho, de
máquina, de veículo ou de equipamento exportado ou a exportar;
IV - mercadoria destinada a embalagem, acondicionamento ou
apresentação de produto exportado ou a exportar, desde que propicie
comprovadamente uma agregação de valor ao produto final; ou
V - animais destinados ao abate e posterior exportação.
§ 1o O regime poderá ainda ser concedido:
I - para matéria-prima e outros produtos que, embora não integrando
o produto exportado, sejam utilizados na sua fabricação em condições
que justifiquem a concessão; ou
II - para matéria-prima e outros produtos utilizados no cultivo de
produtos agrícolas ou na criação ou captura de animais a serem
exportados, definidos pela Câmara de Comércio Exterior. (MDIC,
2012).
224
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

Assim, todas as empresas interessadas em operar no regime de drawback,


independentemente da modalidade, deverão estar habilitadas a operar em
comércio exterior, a fim de solicitar o respectivo ato concessório, sendo que as
pessoas físicas não poderão ser contempladas com este incentivo.

NOTA

Os atos concessórios serão armazenados no sistema DRAWBACK WEB. Este é o


sistema oficial de acompanhamento do governo em conjunto com o SISCOMEX Importação/
Exportação. No entanto, ele não possui muitas facilidades operacionais/preventivas para o dia
a dia da operação de drawback. É um sistema de comprovação e não uma ferramenta de
acompanhamento do planejamento ao encerramento do ato.
FONTE: Disponível em: <http://www.regimedrawback.com.br/interno.php?secao=oquee_
visao#>. Acesso em: 20 out. 2012.

FIGURA 50 - ÓRGÃOS COMPETENTES A EMITIR ATOS CONCESSÓRIOS

FONTE: Disponível em: <http://www.regimedrawback.com.br/interno.php?secao=oquee_


visao#>. Acesso em: 20 out. 2012.

Verifica-se, portanto, que a primeira modalidade de drawback citada


é a conhecida por drawback suspensão. Deste modo, mercadorias importadas
para serem utilizadas em beneficiamento, fabricação, complementação ou
acondicionamento (de outra a ser exportada) com a finalidade de serem
reexportadas terão a suspensão do pagamento dos tributos incidentes em uma
importação normal.

A empresa interessada deverá solicitar o ato concessório de drawback


suspensão junto ao SISCOMEX. As fases apresentadas a seguir deverão ser seguidas
pela empresa interessada:

225
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

FIGURA 51 - CRIAÇÃO DO ATO CONCESSÓRIO DRAWBACK SUSPENSÃO

FONTE: Confederação Nacional das Indústrias (CNI) (2008)

Concedido o ato concessório para esta modalidade, a empresa fará uso deste, e
seu processo seguirá as seguintes fases:

226
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

FIGURA 52 - UTILIZAÇÃO DO ATO CONCESSÓRIO DRAWBACK SUSPENSÃO

FONTE: Confederação Nacional das Indústrias (CNI) (2008)

A fim de ilustrar todo o procedimento, apresentamos a figura a seguir,


a qual denota todas as fases de um regime especial de drawback suspensão,
envolvendo desde a importação do material, produção/industrialização dos
produtos e exportação dos mesmos.

227
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

FIGURA 53 - SISTEMÁTICA DO DRAWBACK SUSPENSÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.regimedrawback.com.br/interno.php?secao=oquee_


visao>. Acesso em: 20 out. 2012.

Devemos ressaltar que, por tratar-se de um regime especial, esta


modalidade possui prazo de vigência previsto no Regulamento Aduaneiro:
Art. 388. O prazo de vigência do regime será de um ano, admitida uma
única prorrogação, por igual período, salvo nos casos de importação
de mercadorias destinadas à produção de bens de capital de longo
ciclo de fabricação, quando o prazo máximo será de cinco anos.
(BRASIL, 2012).

A segunda modalidade deste regime especial chama-se drawback isenção,


conforme disposto no Regulamento Aduaneiro:
Art. 393. A concessão do regime, na modalidade de isenção, é de
competência da Secretaria de Comércio Exterior, devendo o interessado
comprovar a exportação de produto em cujo beneficiamento,
fabricação, complementação ou acondicionamento tenham sido
utilizadas mercadorias importadas equivalentes, em qualidade e
quantidade, àquelas para as quais esteja sendo pleiteada a isenção.
(BRASIL, 2012).

Nesta modalidade o regime será aplicado na aquisição, no mercado


interno ou na importação, de forma combinada ou não, de mercadoria equivalente
à empregada ou consumida na industrialização de produto a ser exportado.

O regime aplica-se também à aquisição, no mercado interno ou na


importação, de mercadoria equivalente à empregada em reparo, criação, cultivo
ou atividade extrativista de produto já exportado. Trata-se, portanto, de uma
reposição de estoque. (MDIC, 2012).
228
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

O ato concessório desta modalidade deve ser solicitado ao Banco do Brasil,


seguindo as seguintes etapas:

FIGURA 54 - CRIAÇÃO DO ATO CONCESSÓRIO DRAWBACK ISENÇÃO

FONTE: Confederação Nacional das Indústrias (CNI) (2008)

Após a emissão do ato concessório, a empresa beneficiária seguirá as


seguintes etapas:

229
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

FIGURA 55 - UTILIZAÇÃO DO ATO CONCESSÓRIO DRAWBACK ISENÇÃO

FONTE: Confederação Nacional das Indústrias (CNI) (2008)

A seguir, uma ilustração que demonstra como se desenvolve esta


modalidade de regime especial.

230
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

FIGURA 56 - SISTEMÁTICA DO DRAWBACK ISENÇÃO

FONTE: Disponível em: < http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/drawback-


integrado-isencao>. Acesso em: 20 out. 2012.
Além disso, nesta modalidade o regime compreende a isenção do Imposto
de Importação (II) e a redução a zero da alíquota do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), da Contribuição para o PIS/PASEP, da Contribuição para
o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), da Contribuição para o PIS/
PASEP-Importação e da Cofins-Importação.
A terceira modalidade de drawback é chamada de drawback restituição. A
competência para concessão deste regime é da Secretaria da Receita Federal do
Brasil e poderá abranger, total ou parcialmente, os tributos pagos na importação
de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação,
complementação ou acondicionamento de outra exportada.
FONTE: Adaptado de: <www.portaltributario.com.br/legislacao/cap5_d4543.htm>. Acesso em:
19 nov. 2012.

231
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

Deste modo, para usufruir deste regime, o interessado deverá comprovar


a exportação de produto em cujo beneficiamento, fabricação, complementação
ou acondicionamento tenham sido utilizadas as mercadorias importadas [...].
(Parágrafo único do art. 397 do Regulamento Aduaneiro).

Assim, podemos perceber que poderá ocorrer a restituição, total ou


parcial, dos tributos pagos na importação de mercadoria exportada após
seu beneficiamento, ou quando utilizada na fabricação, complementação ou
acondicionamento de outra exportada.

O regime compreende a restituição do II, do IPI, do PIS/PASEP e da


COFINS. Deve-se ressaltar que a restituição dos tributos é concedida sob a forma
de Crédito Fiscal à Importação, no valor recolhido através da Declaração de
Importação, a ser utilizado em qualquer importação posterior.
FONTE: Disponível em: <http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/drawback-
restituicao>. Acesso em: 20 out. 2012.

No entanto, o próprio site da Receita Federal do Brasil alerta que:

O drawback de restituição praticamente não é mais utilizado. O instrumento


de incentivo à exportação em exame compreende, basicamente, as modalidades
de isenção e suspensão. (RECEITA FEDERAL, 2012).

Isto ocorreu devido à facilitação da utilização das outras modalidades,


gerando maior eficiência e efetividade às operações de comércio exterior das
empresas envolvidas com este regime especial.

NOTA

Para obter maiores informações acerca do drawback, todas as modalidades


existentes, com suas respectivas categorias, sugerimos a leitura das seguintes obras:
DABBAH, Steven. A solução para sua empresa: exportação. São Paulo: Érica, 2001; e RATTI,
Bruno. Comércio internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2001.

7 ENTREPOSTO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO


O regime de entreposto aduaneiro na importação será aplicável a
mercadorias que não serão utilizadas – ao menos imediatamente – no Brasil.
“É muito utilizado para importações em consignação, como as de produtos que
necessitam de rápida reposição”. (LUZ, 2012, p. 250).

A respeito deste regime especial, o Regulamento Aduaneiro dispõe que:

232
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

Art. 404. O regime especial de entreposto aduaneiro na importação é


o que permite a armazenagem de mercadoria estrangeira em recinto
alfandegado de uso público, com suspensão do pagamento dos
impostos federais, da contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da
COFINS-Importação incidentes na importação [...].
Art. 405. O regime permite, ainda, a permanência de mercadoria
estrangeira em:
I - feira, congresso, mostra ou evento semelhante, realizado em recinto
de uso privativo, previamente alfandegado para esse fim [...];
II - instalações portuárias de uso privativo misto (...);
III - plataformas destinadas à pesquisa e lavra de jazidas de petróleo
e gás natural em construção ou conversão no país, contratadas por
empresas sediadas no exterior [...]; e
IV - estaleiros navais ou em outras instalações industriais localizadas
à beira-mar, destinadas à construção de estruturas marítimas,
plataformas de petróleo e módulos para plataformas [...]. (BRASIL,
2012).

Por tratar-se de um regime especial, não são todas as mercadorias que são
aceitas mediante entreposto aduaneiro. A Instrução Normativa SRF nº 241, de 6
de novembro de 2002, apresenta quais são os bens admitidos sob este regime:

Art. 16. A admissão no regime será autorizada para a armazenagem dos


bens a seguir indicados, em:
I - aeroporto:
a) partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo de
aeronaves, e de equipamentos e instrumentos de uso aeronáutico;
b) provisões de bordo de aeronaves utilizadas no transporte comercial
internacional;
c) máquinas ou equipamentos mecânicos, eletromecânicos, eletrônicos ou de
informática, identificáveis por número de série, importados, para serem
submetidos a serviço de recondicionamento, manutenção ou reparo, no próprio
recinto alfandegado, com posterior retorno ao exterior;
d) partes, peças e outros materiais utilizados nos serviços de recondicionamento,
manutenção ou reparo referidos na alínea "c"; ou
e) quaisquer outros importados e consignados a pessoa jurídica estabelecida no
país, ou destinados a exportação, que atendam às condições para admissão no
regime.
II - porto organizado e instalações portuárias:
a) partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo de
embarcações, e de equipamentos e instrumentos de uso náutico;
b) provisões de bordo de embarcações utilizadas no transporte comercial
internacional;
c) bens destinados à manutenção, substituição ou reparo de cabos submarinos de
comunicação; ou
d) quaisquer outros importados e consignados a pessoa jurídica estabelecida no
país ou destinados a exportação, que atendam às condições para admissão no
regime.
III - porto seco:

233
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

a) partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo de


aeronaves e embarcações;
b) partes, peças e outros materiais de reposição, manutenção ou reparo de outros
veículos, bem assim de máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos;
c) máquinas ou equipamentos mecânicos, eletromecânicos, eletrônicos ou de
informática, identificáveis por número de série, importados, para serem
submetidos a serviço de recondicionamento, manutenção ou reparo, no próprio
recinto alfandegado, com posterior retorno ao exterior;
d) partes, peças e outros materiais utilizados nos serviços de recondicionamento,
manutenção ou reparo referidos na alínea "c"; ou
e) quaisquer outros importados e consignados a pessoa física ou jurídica,
domiciliada ou estabelecida no país, ou destinados a exportação, que atendam
às condições para admissão no regime.

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/2002/in2412002.htm>.


Acesso em: 18 ago. 2012.

Há que se ressaltar que o regime não se aplicará, de maneira alguma,


quando a mercadoria tenha sua importação proibida ou quando se trate de bem
usado.

Entretanto, existe um prazo destas mercadorias no país, conforme dispõe


o próprio Regulamento Aduaneiro:
Art. 408. A mercadoria poderá permanecer no regime de entreposto
aduaneiro na importação pelo prazo de até um ano, prorrogável
por período não superior, no total, a dois anos, contados da data do
desembaraço aduaneiro de admissão.
§ 1◦ Em situações especiais, poderá ser concedida nova prorrogação,
respeitado o limite máximo de três anos.
§ 2◦ Na hipótese de a mercadoria permanecer em feira, congresso, mos-
tra ou evento semelhante, o prazo de vigência será equivalente àquele
estabelecido para o alfandegamento do recinto. [...]. (BRASIL, 2012).

PASSOS DO ENTREPOSTO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO:

1) O EXPORTADOR terá que eleger um consignatário ao entrepostamento que


será responsável pela carga.

2) O EXPORTADOR “contratará o frete internacional de preferência (não


obrigatório)” (Incoterm CFR ou CPT) onde figurará no Conhecimento de carga
(BL ou AWB) como shipper e o consignatário eleito no país será o “consignee”.

3) O EXPORTADOR irá emitir uma Pro forma Invoice “sem cobertura cambial”
(forma de pagamento) onde o importador será o consignatário.

4) Quando a mercadoria chegar no Brasil, deve estar escrito no conhecimento de


carga que a mercadoria deve ser destinada ao armazém “x” sob o Regime de
Entreposto Aduaneiro.
234
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

5) O Despachante Aduaneiro inicia o processo de despacho aduaneiro da


mercadoria a ser entrepostada junto ao SISCOMEX com o Conhecimento
de Carga e a PRO FORMA INVOICE. Neste caso é gerada a Declaração de
Admissão em Entreposto, que tem como procedimento o de um desembaraço
normal, onde a carga será parametrizada como qualquer outra.

6) Posteriormente à DA, inicia-se a nacionalização total ou parcial da carga. O


EXPORTADOR emite a INVOICE ao importador referente apenas ao lote a
ser desembaraçado, onde irá descrever a forma de pagamento negociada
com o IMPORTADOR. O IMPORTADOR não necessariamente terá que ser o
Consignatário do Entrepostamento.

7) Em posse do número da DA e da Fatura Invoice, o Despachante Aduaneiro


inicia um novo processo de desembaraço aduaneiro apenas do lote descrito
na Invoice – DI (Declaração de Importação), onde o importador irá pagar os
devidos impostos do lote registrado no SISCOMEX.

8) Liberada a mercadoria, o Importador irá fazer NF de Entrada apenas do lote


registrado na DI (Declaração de Importação).

9) A cada nova Invoice incorrerá num novo despacho aduaneiro e,


consequentemente, custos.

DOCUMENTOS:

1) PRO FORMA INVOICE (sem cobertura cambial, consignada a uma empresa no


Brasil).

2) CONHECIMENTO DE CARGA: (B/L ou AWB).

3) DA (Declaração de admissão) – Desembaraço aduaneiro do lote todo.

4) COMMERCIAL INVOICE – Fatura emitida pelo exportador apenas da


Mercadoria a ser desembaraçada. Lembre-se de que neste caso deve ser descrita
a forma de pagamento negociada, para fins de fechamento do câmbio.

5) DI (Declaração de importação) – Desembaraço do lote todo ou parcial.

6) CI (Conhecimento de importação) – A carga está liberada.

7) NF Entrada – O importador emite NF Entrada referente à mercadoria


desembaraçada, destacando os impostos incorridos.

FONTE: Disponível em: <http://www.comexnet.com.br/comexnet/index.


cfm?pag=entrepostoaduaneiro.htm>. Acesso em: 20 out. 2012.

235
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

8 ENTREPOSTO INDUSTRIAL
Este regime especial é chamado de Entreposto Industrial sob controle
Aduaneiro Informatizado – (RECOF), o qual permite à empresa importar, com
ou sem cobertura cambial, e com suspensão do pagamento de tributos, sob
controle aduaneiro informatizado, mercadorias que, depois de submetidas
a operação de industrialização, sejam destinadas à exportação (art. 420 do
Regulamento Aduaneiro).

Percebemos, portanto, que as mercadorias admitidas sob este regime


deverão sofrer processo de industrialização. No entanto, o Regulamento
Aduaneiro prevê que:
Art. 420: [...]
§ 1o Parte da mercadoria admitida no regime, no estado em que foi
importada ou depois de submetida a processo de industrialização,
poderá ser despachada para consumo (Decreto-Lei n◦ 37, de 1966, art.
89).
§ 2◦ A mercadoria, no estado em que foi importada, poderá ter ainda
uma das seguintes destinações:
I - exportação;
II - reexportação; ou
III - destruição. (BRASIL, 2012).
E
IMPORTANT

Mas o que é o RECOF?


O regime RECOF (Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado)
foi instituído através do Decreto nº 2.412, de 3 de dezembro de 1997 e publicado no DOU de
4 de dezembro de 1997. Já pela Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal IN SRF
035, de 2 de abril de 1998, tivemos a normatização necessária para o início de operação desse
inovador Regime Especial.
Essa primeira versão do RECOF, com a IN SRF 035, de 2 de abril de 1998, foi direcionada para
atender aos segmentos das indústrias de informática e telecomunicações, identificando os
insumos (classificados por NCM) que poderiam compor os produtos a serem fabricados no
país com suspensão dos tributos.
Posteriormente, é editada a IN SRF 105/00 em 24 de novembro de 2000, que dispõe sobre
o RECOF, mas a mesma é revogada pela IN SRF 80/01, de 11 de outubro de 2001, a qual é
modificada pela IN SRF 90/01, de 6 de novembro de 2001, tudo ainda para a indústria de
informática e telecomunicações.
A segunda e terceira modalidades do RECOF foram instituídas, respectivamente, através das
IN’s SRF 189, de 9 de agosto de 2002, e 254, de 11 de dezembro de 2002, contemplando os
segmentos das indústrias aeronáutica e automotiva. Em 20 de abril de 2004, a SRF, por meio
da IN 417, unificou a legislação que regulamentava o regime, revogando as IN 80, 90, 189 e
254, e contemplou as indústrias de semicondutores e de componentes de alta tecnologia
para informática e telecomunicações no regime, criando a mais nova modalidade, o RECOF
semicondutores.
Visando ainda tornar cada vez mais transparente tanto o processo de habilitação como a
operação do regime, a Secretaria da Receita Federal tem editado legislação bastante detalhada,
na qual define também todos os critérios técnicos necessários à operação do regime.
Com o ADE COANA/ COTEC 02, de 26 de setembro de 2003, alterado pelo ADE COANA/
COTEC 01, de 28 de janeiro de 2005, foram estabelecidos todos os requisitos técnicos,
formais e prazos para implantação do sistema informatizado de controle aduaneiro domiciliar

236
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

e de recintos alfandegados ou autorizados a operar com mercadoria sob controle aduaneiro.


Na Instrução Normativa 682, de 04 de outubro de 2006, a SRF dispõe sobre a auditoria dos
sistemas informatizados de controle aduaneiro estabelecidos para os recintos alfandegados e
os beneficiários de regimes aduaneiros especiais. O processo de habilitação de uma empresa
ao regime é oficializado através da publicação de um ADE específico no DOU.
FONTE: Disponível em: <http://www.portogente.com.br/portopedia/Entreposto_Industrial_-_
Recof/>. Acesso em: 20 out. 2012.

As operações permitidas para utilização do regime são:


• Montagem de produtos relacionados em norma.
• Transformação, beneficiamento e montagem de partes e peças.
• Acondicionamento e recondicionamento de partes e peças comercializadas no
mesmo estado.
• Testes de performance, resistência ou funcionamento.
• Desenvolvimento de produtos.
• Renovação, recondicionamento, manutenção e reparo de produtos da indústria
aeronáutica, motores e transmissões.
• Desmontagem de produtos da indústria aeronáutica.

O prazo de aplicação do regime será de um ano, contado a partir da data


do desembaraço para admissão no RECOF, conforme dispõe o Regulamento
Aduaneiro:
Art. 423. O prazo de suspensão do pagamento dos tributos incidentes
na importação será de até um ano, prorrogável por período não
superior a um ano.
§ 1◦ Em casos justificados, o prazo de que trata o caput poderá ser
prorrogado por período não superior, no total, a cinco anos, observada
a regulamentação editada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.
§ 2◦ A partir do desembaraço aduaneiro para admissão no regime,
a empresa beneficiária responderá pela custódia e guarda das
mercadorias na condição de fiel depositária. (BRASIL, 2012).

Às mercadorias incluídas no regime poderá ser dada a seguinte destinação:

- exportação, no estado em que foram importadas;


- reexportação, desde que admitidas sem cobertura cambial;
- despacho para consumo no mesmo estado em que foram importadas; e
- destruição sob responsabilidade de custos e despesas do interessado e sob
controle aduaneiro.

Este regime especial será extinto, finalizado, quando ocorrer:

- despacho para consumo da mercadoria nele admitida ou do produto


em que tenha sido utilizada;
- exportação da mercadoria, no estado em que foi importada;
- exportação de produto no qual a mercadoria admitida no regime
tenha sido incorporada;
- reexportação de produto no qual a mercadoria admitida no regime
sem cobertura cambial nele tenha sido incorporada;
237
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

- reexportação da mercadoria importada, desde que admitida sem


cobertura cambial;
- substituição do beneficiário; ou,
- destruição a expensas do interessado e sob controle aduaneiro.
(RECEITA FEDERAL, 2012).

Além disso, visando evitar fraudes com a utilização destes regimes


especiais, o Regulamento Aduaneiro prevê que: Findo o prazo fixado para a
permanência da mercadoria no regime, serão exigidos, em relação ao estoque, os
tributos suspensos, com os acréscimos legais cabíveis. (art. 425 do Regulamento
Aduaneiro).

Outrossim, necessitamos destacar que muitas dúvidas surgem quanto


às semelhanças existentes entre o Entreposto Industrial e o Drawback. Visando
esclarecer este ponto, apresentamos a seguir um quadro comparativo,
evidenciando os pontos de diferença e convergência entre os dois regimes.

QUADRO 19 - COMPARAÇÃO ENTRE ENTREPOSTO INDUSTRIAL E DRAWBACK

ENTREPOSTO INDUSTRIAL DRAWBACK


Concedido inicialmente pelo DECEX e, após,
Concedido pela Receita Federal.
pelos órgãos competentes em cada modalidade.

As mercadorias importadas devem ser


Aplica-se às importações definitivas da pessoa exportadas, sob pena do pagamento dos
jurídica. tributos incidentes em uma importação normal,
acrescido de multas e juros.

Haverá a facilitação do tratamento de


parametrização que, em regra, destinará as Não existe facilitação.
mercadorias à linha azul.
Existe limitação quanto aos bens que podem Qualquer mercadoria destinada à
ser objeto deste regime. industrialização pode ser objeto deste regime.

FONTE: Adaptado de Luz (2012, p. 261 e 262)

9 IMPORTAÇÃO VIA REMESSA POSTAL


Este regime especial permite a aplicação de um regime de tributação
simplificada, com alíquota única, para a importação de bens pelos correios,
companhias aéreas ou empresas de courier, inclusive compras realizadas pela
internet, bem como no caso de presentes recebidos do exterior.

No entanto, as normas em vigor dispostas no site da Receita Federal


limitam a aplicação do regime, dispondo que:

- Não aplicação: importação de bebidas alcoólicas, fumo e produtos de tabacaria.


- Valor máximo dos bens a serem importados: US$ 3.000,00 (três mil dólares
americanos).

238
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

- Tributação: 60% (sessenta por cento) sobre o valor dos bens constantes da
fatura comercial, acrescido dos custos de transporte e do seguro relativo ao
transporte, se não tiverem sido incluídos no preço da mercadoria.
- Isenções: remessas no valor total de até US$ 50,00 (cinquenta dólares
americanos) estão isentas dos impostos, desde que sejam transportadas
pelo serviço postal, e que o remetente e o destinatário sejam pessoas físicas;
Medicamentos, desde que transportados pelo serviço postal, e destinados a
pessoa física, sendo que no momento da liberação do medicamento, o Ministério
da Saúde exige a apresentação da receita médica. Livros, jornais e periódicos
impressos em papel não pagam impostos (art. 150, VI, "d", da Constituição
Federal).
- Pagamento do imposto: na hipótese de utilização dos correios, para bens até
US$ 500,00 o imposto será pago no momento da retirada do bem, na própria
unidade de serviço postal, sem qualquer formalidade aduaneira. Quando o valor
da remessa postal for superior a US$ 500,00, o destinatário deverá apresentar
Declaração Simplificada de Importação (DSI). No caso de utilização de empresas
de transporte internacional expresso, porta a porta (courier), o pagamento do
imposto é realizado pela empresa de courier à SRF. Assim, ao receber a remessa,
o valor do imposto será uma das parcelas a ser paga à empresa.
- Observações gerais: nas remessas postais o interessado poderá optar pela
tributação normal. Para isso, deve informar-se no momento da retirada do
bem nos correios. Na hipótese de utilização de companhia aérea de transporte
regular, o destinatário deverá apresentar a DSI podendo optar pela tributação
normal.

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/rts.htm>. Acesso em: 20 out. 2012.

239
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

DRAWBACK VERDE-AMARELO – IMPULSO PARA O MERCADO


INTERNO E MAIS BENEFÍCIOS AOS EXPORTADORES

O DRAWBACK é um pacote de benefícios aos contribuintes que praticam


operações de comércio exterior.

De forma genérica, consiste na suspensão, isenção ou restituição dos


tributos devidos na importação, especificamente o Imposto de Importação (II),
o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS).

A concessão do benefício é feita por um ato administrativo denominado


Ato Concessório, no qual vêm estabelecidas as condições a serem cumpridas pelo
contribuinte que o pretende. O contribuinte se exime das obrigações tributárias
na importação, desde que seus produtos exportados sejam compostos pelos
importados.

O DRAWBACK verde-amarelo é a suspensão do IPI, PIS e COFINS para


compra de produtos nacionais destinados a bens exportáveis.

Esse benefício implica em expressivo incentivo aos exportadores, pois


pelo drawback verde-amarelo é permitido ao industrial adquirir matérias-
primas, produtos intermediários e materiais de embalagem, no mercado interno,
com suspensão dos tributos citados.

Antes havia a incidência regular dos tributos que, por gravar insumos
destinados à industrialização de produto a ser exportado, geravam ao adquirente
saldo credor.

Para os exportadores a balança era assaz desfavorável, pois, por


exportarem, não contam com tributação em suas vendas. Esse “saldo credor”
virava um peso morto em suas operações.

Porém, há de se atentar para o seguinte:

O drawback verde-amarelo será concedido exclusivamente na modalidade


suspensão. Ou seja, se o contribuinte, embora detentor de Ato Concessório, fizer
operações com a incidência desses tributos (ou seja, adquira insumos com a
incidência do IPI e PIS/COFINS na etapa anterior), não poderá pleitear a isenção
dos tributos em outras operações (drawback isenção), tampouco a restituição dos
mesmos (drawback restituição).

Não fazem jus ao drawback verde-amarelo as operações com:

I - matéria-prima e outros produtos que, embora não integrando o produto a


240
TÓPICO 3 | REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS E ATÍPICOS NA IMPORTAÇÃO

exportar ou exportado, sejam utilizados em sua industrialização, em condições


que justifiquem a concessão (como é permitido em relação ao drawback
"genérico");
II - matérias-primas e outros produtos utilizados no cultivo de produtos
agrícolas ou na criação de animais a serem exportados, definidos pela Câmara
de Comércio Exterior-Camex (como é permitido em relação ao drawback
"genérico");
III - mercadoria utilizada em processo de industrialização de embarcação,
destinada ao mercado interno, nos termos da Lei n◦ 8.402, de 8 de janeiro de
1992, nas condições previstas no Anexo C da Portaria Secex 36 /07 (como é
permitido em relação ao drawback "genérico");
IV - matérias-primas, produtos intermediários e componentes destinados à
fabricação, no país, de máquinas e equipamentos a serem fornecidos, no
mercado interno, em decorrência de licitação internacional, contra pagamento
em moeda conversível proveniente de financiamento concedido por instituição
financeira internacional, da qual o Brasil participe.

De acordo com a Câmara de Comércio Exterior, nos três meses em que


esteve em vigor no ano passado, o beneplácito tributário abrangeu 2,98% das
exportações do país.

Ainda de acordo com esse órgão, as exportações beneficiadas pelo


Drawback verde-amarelo já representam 15% do total de operações realizadas
dentro do drawback regular - que dá isenção tributária apenas para os insumos
importados adquiridos para a produção de mercadorias a serem exportadas - que
está em vigor há anos.

Trata-se, portanto, de um grande e positivo sopro ao mercado interno


brasileiro. A tendência dos exportadores com certeza é migrar para o benefício
do Drawback verde-amarelo.

Para usufruir do benefício, os exportadores deverão fazer o pedido


diretamente à Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do MDIC, conforme
especificações que estarão contidas em portaria da Secex.

FONTE: Disponível em: <http://www.edisonsiqueira.com.br/site/doutrinas-detalhes.php?id=121>.


Acesso em: 20 out. 2012.

241
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você viu:

• Quais as características aplicáveis aos regimes especiais de importação


existentes.

• Que os regimes especiais aplicáveis às importações podem se tornar


importantíssimas ferramentas de auxílio à empresa/pessoa física, no entanto,
estas devem conhecer detalhadamente estes regimes.

• Que os principais regimes especiais são: Trânsito aduaneiro, Admissão


temporária de bens, Admissão sem pagamento de impostos, Admissão com
pagamento parcial de impostos, Drawback importação, Entreposto aduaneiro
de importação.

• Entreposto Industrial e Importação via remessa postal.

242
AUTOATIVIDADE

Para verificar seu aprendizado, responda às questões a seguir:

1 Sobre o trânsito aduaneiro de importação, demonstre:


a) Sua finalidade:

b) Onde se dá o despacho de mercadoria sob trânsito aduaneiro:

c) É geralmente utilizado para:

2 Sobre o regime especial de admissão temporária de bens, demonstre:

a) Qual principal característica?

b) Quais as modalidades existentes? Cite dois exemplos de cada.

3 Verificamos que o drawback é um regime especial que possui como objetivo


incentivar as exportações de um país. Demonstre de que modo o drawback
pode, consequentemente, incentivar as importações e inserção das empresas
brasileiras no comércio internacional.

243
UNIDADE 3 | DOCUMENTOS, DESPACHOS E REGIMES ADUANEIROS NA IMPORTAÇÃO

244
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ANOTAÇÕES

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