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Custos, Orçamento e

Controle Financeiro
para Eventos

Prof. Péricles Ewaldo Jader Pereira


Prof.a Estelamaris Reif

Indaial – 2019
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019

Elaboração:
Prof. Péricles Ewaldo Jader Pereira
Prof.a Estelamaris Reif

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

P436c

Pereira, Péricles Ewaldo Jader

Custos, orçamento e controle financeiro para eventos. / Péricles


Ewaldo Jader Pereira; Estelamaris Reif. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

189 p.; il.

ISBN 978-85-515-0417-8

1. Eventos. - Brasil. I. Reif, Estelamaris. II. Centro Universitário


Leonardo Da Vinci.

CDD 658

Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Você já parou para pensar em quantos tipos de
eventos acontecem em nossa cidade, estado ou país? Provavelmente não,
pois quando pensamos em eventos pensamos muitas vezes somente nos
eventos de entretenimento, aqueles que tem por objetivo trazer diversão
ao público. Mas também temos os eventos corporativos, educacionais,
esportivos e sociais.

Com tantas possibilidades e objetivos diferentes, os eventos são cada


vez mais utilizados por profissionais e empresas de todos os setores. Com isso,
o público conta com opções variadas para se divertir, se informar, aprender
habilidades novas, se movimentar e, é claro, viver novas experiências!

Quem vai organizar um evento, precisa ter em mente que cada evento
é único e traz uma experiência única. Nesse sentido, exige o controle dos
custos, do orçamento, além de uma gestão financeira competente para que
se evitem surpresas desagradáveis.

É isso que veremos nesse livro!

As ferramentas que existem para que se consiga fazer uma gestão


planejada dos eventos. O conhecimento destas ferramentas se faz necessário
para contribuir com os gestores que estão à frente das tomadas de decisões.
Seu estudo é imprescindível, pois auxiliará os gestores na melhor forma de
agir para evitar imprevistos.

Nesse sentido, esse material tem a missão de não só auxiliar nos


custos, orçamentos e na gestão financeira de eventos, mas também trazer
dicas e mostrar algumas das melhores práticas para garantir que suas ações
e metas planejadas sejam alcançadas.

Ótimos estudos!

Prof. Msc. Péricles Ewaldo Jader Pereira


Prof.a Estelamaris Reif
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares,
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO................................................ 1

TÓPICO 1 — ESTRUTURA FINANCEIRA........................................................................................ 3


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO.......................................................................................... 4
3 PLANEJAMENTO FINANCEIRO..................................................................................................... 6
4 PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO............................................................................................ 9
4.1 ITENS ESPECIAIS.......................................................................................................................... 11
5 ESTRUTURA DE CAPITAL.............................................................................................................. 15
5.1 CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO................................................................................................. 18
5.2 CUSTO DE CAPITAL DE TERCEIROS...................................................................................... 18
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 20
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 23
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 25

TÓPICO 2 — JUROS SIMPLES, JUROS COMPOSTOS E TAXA DE JUROS.......................... 27


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 27
2 CONCEITOS: CAPITAL, JUROS E TAXA DE JUROS................................................................ 27
2.1 JUROS SIMPLES............................................................................................................................ 31
2.2 JUROS COMPOSTOS.................................................................................................................... 33
2.2.1 Juros Simples x Juros Compostos....................................................................................... 35
2.3 TAXA EFETIVA.............................................................................................................................. 36
2.4 TAXA NOMINAL.......................................................................................................................... 36
2.4.1 Taxa efetiva x Taxa nominal ............................................................................................... 37
2.5 CET – CUSTO EFETIVO TOTAL................................................................................................. 38
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 42
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 43

TÓPICO 3 — CAPITAL DE GIRO E ROTINA FINANCEIRA..................................................... 45


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 45
2 CAPITAL DE GIRO............................................................................................................................ 45
2.1 CICLO OPERACIONAL, ECONÔMICO E FINANCEIRO..................................................... 49
3 PONTO DE EQUILÍBRIO: CONTÁBIL, ECONÔMICO E FINANCEIRO............................. 51
4 FONTES DE FINANCIAMENTO................................................................................................... 54
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 58
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 60

UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS,


ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA..................................................................... 63

TÓPICO 1 — GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E DESEMBOLSOS........................................... 65


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 65
2 GASTOS: DESPESAS E CUSTOS .................................................................................................. 65
3 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS .................................................................................................. 71
3.1 CUSTO DIRETO ........................................................................................................................... 74
3.2 CUSTO INDIRETO........................................................................................................................ 75
3.3 CUSTOS FIXOS ............................................................................................................................. 76
3.4 CUSTOS VARIÁVEIS.................................................................................................................... 78
4 GERENCIAMENTO DOS CUSTOS............................................................................................... 81
5 RELAÇÃO CUSTO/VOLUME/LUCRO.......................................................................................... 85
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 86
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 88

TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA.................................................................... 91


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 91
2 CONCEITO DE PREÇO.................................................................................................................... 91
3 CRITÉRIOS PARA A FORMAÇÃO DE PREÇO ......................................................................... 95
4 CÁLCULO DO MARK-UP ............................................................................................................... 98
4.1 MARK-UP DIVISOR E MULTIPLICADOR............................................................................. 101
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 104
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 106
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 108

TÓPICO 3 — FLUXO DE CAIXA E ORÇAMENTOS................................................................... 111


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 111
2 FLUXO FINANCEIRO..................................................................................................................... 112
2.1 FLUXO DE CAIXA...................................................................................................................... 113
3 ORÇAMENTO................................................................................................................................... 115
3.1 CONCEITOS E TIPOS DE ORÇAMENTOS............................................................................ 117
3.1.1 Orçamento de vendas........................................................................................................ 118
3.1.2 Orçamento de compras...................................................................................................... 119
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 121
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 123

UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS.... 125

TÓPICO 1 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS....................................... 127


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 127
2 ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL (BP)....................................................................... 129
2.1 DISTINÇÃO ENTRE CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE.............................................. 131
3 ANÁLISE DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE).................. 132
4 ANÁLISE HORIZONTAL............................................................................................................... 134
5 ANÁLISE VERTICAL...................................................................................................................... 136
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 142

TÓPICO 2 — INDICADORES DO NEGÓCIO............................................................................. 147


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 147
2 ÍNDICES DE LIQUIDEZ................................................................................................................. 148
2.1 ÍNDICES DE LIQUIDEZ GERAL.............................................................................................. 150
2.2 ÍNDICES DE LIQUIDEZ CORRENTE...................................................................................... 151
2.3 ÍNDICES DE LIQUIDEZ SECA................................................................................................. 152
2.4 ÍNDICES DE LIQUIDEZ IMEDIATA........................................................................................ 152
3 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO/ESTRUTURA DE CAPITAL............................................ 153
3.1 ÍNDICES DE NÍVEL DE ENDIVIDAMENTO......................................................................... 154
3.2 ÍNDICES DE COMPOSIÇÃO DE ENDIVIDAMENTO......................................................... 155
3.3 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO GERAL.............................................................................. 155
3.4 IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO..................................................................... 156
3.5 IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES....................................................... 156
3.6 ENDIVIDAMENTO DE CURTO PRAZO................................................................................ 157
4 ÍNDICES DE RENTABILIDADE................................................................................................... 158
4.1 MARGEM BRUTA....................................................................................................................... 159
4.2 MARGEM OPERACIONAL....................................................................................................... 159
4.3 MARGEM LÍQUIDA................................................................................................................... 160
4.4 GIRO DO ATIVO TOTAL........................................................................................................... 160
5 ÍNDICES DE ROTATIVIDADE..................................................................................................... 161
5.1 ÍNDICE DE ROTAÇÃO DE CONTAS A RECEBER............................................................... 162
5.2 ÍNDICE DE ROTAÇÃO DE FORNECEDORES...................................................................... 162
6 LIQUIDEZ X RENTABILIDADE X LUCRATIVIDADE........................................................... 163
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 167
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 169

TÓPICO 3 — PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO............................................... 173


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 173
2 PREMISSAS BÁSICAS.................................................................................................................... 173
3 PLANEJAMENTO OPERACIONAL (CURTO PRAZO)........................................................... 174
4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO (LONGO PRAZO)........................................................... 175
5 FINANÇAS INTERNACIONAIS: INFLUÊNCIA DA TAXA DE CÂMBIO......................... 175
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 179
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 182
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 183

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 185
UNIDADE 1 —

INTRODUÇÃO AO CONTROLE
FINANCEIRO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender o valor do dinheiro no tempo;


• aprender sobre planejamento financeiro e orçamentário;
• compreender a estrutura de capital dos negócios e os custos envolvidos;
• entender os componentes financeiros de um negócio (juros e taxas);
• aprender a calcular o ciclo operacional, econômico e financeiro;
• conhecer o ponto de equilíbrio econômico e financeiro;
• estudar as fontes de financiamentos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – ESTRUTURA FINANCEIRA

TÓPICO 2 – JUROS SIMPLES, JUROS COMPOSTOS E TAXA DE


JUROS

TÓPICO 3 – CAPITAL DE GIRO E ROTINA FINANCEIRA

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1

ESTRUTURA FINANCEIRA

1 INTRODUÇÃO
Muitas pessoas entram em contato com o ramo de eventos quase que
por acidente, seja por envolvimento voluntário ou até mesmo por questão de
mudança de atividade profissional. É comum que qualquer pessoa que entre
para esse ramo se sinta, pelo menos no início, confuso e solitário. Isso se deve à
escassez de formação, falta de material na literatura e também pelo sentimento de
insegurança que esse ramo caracteriza.

A falta de informação se deve, em partes, pelo fato de que muitos eventos


não efetuam registros escritos que possam ser repassados, e também porque
muitas experiências ainda são individuais (WATT, 2007).

Porém, o sucesso de um evento compete a várias ações estratégicas, bem


planejadas e muito bem-sucedidas durante todo processo de sua realização até
sua finalização.

Trabalhar com produção de eventos é como entrar para qualquer outro


setor, ou seja, existem vantagens, riscos e várias dúvidas que surgem ao longo
do tempo. O ramo de eventos, além de ter todas as características citadas
anteriormente, ainda trabalha com outro fator, o de imprevistos. Por isso é muito
comum que, com a rotina diária da empresa, os controles financeiro e orçamentário
acabem deixados de lado por não serem considerados tão importantes quanto às
demais funções que um evento exige. Entretanto, isso representa grandes riscos
para a saúde da empresa e, principalmente, para o seu crescimento e sucesso.

Watt (2007) escreve que é comum que os eventos passem e as finanças


fiquem, ou seja, não são finalizadas de maneira adequada. É fundamental manter
a organização das contas durante todo o processo, pagando faturas e organizando
um balanço final de lucros e perdas.

Planejamento é a chave para o sucesso e para empresas que prestam


serviços de organização de eventos esse controle se torna ainda mais essencial,
pois para cada mudança é necessário parar e analisar todo controle financeiro
novamente.

Esse processo contínuo de revisão do controle financeiro nas empresas


de eventos torna as coisas um pouco mais complicadas, pois é preciso realizar
um planejamento específico que precisa ser seguido rigorosamente para
3
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

não comprometer os custos gerais da empresa. Porém, uma empresa com as


finanças equilibradas consegue otimizar seus recursos financeiros para atingir
suas metas e executar suas estratégias. Além disso, permitirá que ela mantenha
disponibilidades para cumprir compromissos futuros e gerar riquezas com a
produção.

Para começar a entender toda a estrutura financeira de um evento é


necessário compreender inicialmente o valor do dinheiro no tempo.

Vamos lá!

2 O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO


O dinheiro representa um denominador comum nas análises e decisões
tomadas com o auxílio da matemática financeira. Com o intuito de facilitar o
processo de tomada de decisões, todos os aspectos inerentes à decisão são
convertidos e apresentados sob a forma de dinheiro (BRUNI, 2013).

Para Bruni (2013), só faz sentido analisar o dinheiro se a análise for feita
com base no estudo da evolução do dinheiro no tempo, variável fundamental
quando se fala em dinheiro.

O estudo da evolução no tempo do capital emprega raciocínios, métodos


e conceitos matemáticos, por isso esse estudo é conhecido também como
MATEMÁTICA FINANCEIRA. Vejamos agora um exemplo prático desse
conceito por meio da matemática.

Vamos supor que o preço da gasolina em 02/2019 seja R$ 3,50 por litro.
Logo, com R$ 140,00 podemos abastecer nosso carro com 40 litros da gasolina
Fórmula = 140,00/3,50 = 40 litros.

Agora, se daqui a 1 ano o preço da gasolina estiver R$ 4,00 por litro, teremos
duas opções:

1- Ou abastecemos menos combustível, com o mesmo valor de 02/2019


(140,00/4,00 = 35 litros), ou;
2- Pagamos mais pela mesma quantidade de litros (40 litros x R$ 4,00 = 160,00).

O que podemos concluir? A expectativa de aumento do combustível ocasionou


uma perda no nosso poder de compra. Isso é a inflação, neste caso específico
temos um aumento no preço equivalente a 14,29%, ou seja, de R$ 3,50 para
R$ 4,00.

FONTE: <https://calculadorajuroscompostos.com.br/o-valor-do-dinheiro-no-tempo/>.
Acesso em: 7 out. 2019.

4
TÓPICO 1 — ESTRUTURA FINANCEIRA

Não há como falar sobre o valor do dinheiro no tempo e não falar


sobre inflação. Inflação é um dos conceitos econômicos mais comentados pelos
brasileiros, e o motivo é notório, pois a alta dos preços tem influência direta no
bolso do consumidor e nos custos das empresas.

Acompanhar as mudanças na taxa de inflação é essencial para qualquer


tipo de negócio. Seu conceito é muito mais abrangente do que pode parecer à
primeira vista, e compreendendo-a, você certamente terá chances de obter
melhores resultados.

Os índices que medem a variação dos preços, como o IGP-M, o IPCA e o


INPC traçam uma análise do cenário econômico e refletem as medidas aplicadas
pelo governo para controlar as finanças do país.

Mas afinal, o que é inflação? Nada mais é que o aumento generalizado


nos preços de bens e serviços. A inflação é medida por meio de uma taxa que se
refere a uma média do crescimento de valores de um conjunto de bens e serviços
em um determinado período. Exemplos: as frutas mais caras do supermercado e
a mensalidade mais alta na academia. Ou seja, na prática, se a inflação aumentar
e o seus rendimentos não, você vai perder o que chamamos de poder de compra.

FIGURA 1 – IMPACTO DA INFLAÇÃO NO PODER DE COMPRA

FONTE: <https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1489>. Acesso em: 7 out. 2019.

Para compreendermos melhor, vamos entender primeiro a história da


inflação no Brasil. Especialmente antes do Plano Real, o Brasil vivenciou um
período de hiperinflação, entre as décadas de 1980 e 1990. Dados da Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) demonstram que, durante esse período,
a inflação média no país foi de 233,5% ao ano.

Os principais motivos que levaram a inflação a sair do controle foram


internos e externos:

• Elevação dos gastos públicos durante o governo militar.


• Endividamento externo (ainda mais agravado por conta de uma crise mundial
derivada do aumento dos preços do petróleo).
• Retração na taxa de expansão da economia.
5
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

Nesse período, a vida da população brasileira foi fortemente impactada, pois


a hiperinflação chegou a superar os 80% ao mês. Nem mesmo os supermercados
davam conta de atualizar os preços – tinham de colar uma etiqueta por cima da
outra (BTG PACTUAL DIGITAL, 2017).

As prateleiras esvaziavam rapidamente, pois as pessoas compravam


tudo em grandes quantidades, com medo da alta nos custos dos produtos que
apareceria no mês seguinte.

Atualmente, esse é um cenário muito estranho de se contemplar, mas é


um demonstrativo do quanto a inflação é capaz de impactar um país, denotando
a importância de os governantes estarem sempre atentos na hora de estabelecer
suas medidas econômicas (BTG PACTUAL DIGITAL, 2017).

Trazendo a inflação para o cenário de eventos, fica mais fácil entendermos


da seguinte forma: quanto maior a inflação, menos vale o dinheiro das pessoas.
Logo, elas optarão por comprar o que é indispensável e deixarão de colocar seu
dinheiro em festas, viagens, turismo etc.

Entendeu por que falar sobre o dinheiro no tempo é tão importante para
qualquer controle financeiro? Esperamos que sim, pois agora o próximo passo é
falarmos do planejamento financeiro.

3 PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Para Santos (2011), o planejamento financeiro empresarial pode ter início
em qualquer etapa do empreendimento. O mais recomendado é que seja feito
antes de iniciar a atividade do empreendimento e/ou empresa e deve levar em
consideração todos os aspectos financeiros calculados para o monitoramento.

O conceito de planejamento financeiro deve ser fragmentado em


planejamento e finanças. Pelo dicionário, planejar é traçar metas, elaborar planos
direcionados a peculiaridades do projeto que se almeja pôr em prática. Já a finança
pode-se dizer que é um método de administração dos recursos disponíveis,
encaixando-se no meio empresarial ou particular, discutindo-se a distribuição e
aplicação dos recursos (FEY, 2016).

Para que uma empresa do ramo de eventos tenha credibilidade no mercado


nacional e internacional é necessário que tenha um nome comercial fortalecido
por meio de eventos bem-sucedidos.

Nesse sentido, Dorta (2015) aborda que uma má gestão financeira pode
comprometer a sua marca e seu nome no mercado, que está cada vez mais
competitivo e que faz com que cada detalhe seja decisivo.

6
TÓPICO 1 — ESTRUTURA FINANCEIRA

Dessa forma, é imprescindível buscar uma saúde financeira estável


e, consequentemente, credibilidade perante todos os clientes e fornecedores
(DORTA, 2015). A autora lista algumas perguntas que nortearão um bom
planejamento financeiro:

• Qual será o valor total do evento?


• Qual será o valor total das despesas efetuadas no evento?
• Qual será o valor total das receitas arrecadadas no evento?
• Haverá um déficit ou um superávit na movimentação financeira do evento?
• Haverá um lucro ou um prejuízo no evento realizado?

Esses questionamentos são evidências de que uma empresa de eventos


tem grande responsabilidade no desempenho de suas funções.

NOTA

Receita = Despesa = Resultado Financeiro Nulo.


Receita > Despesa = Resultado Financeiro Positivo (Superávit).
Receita < Despesa = Resultado Financeiro Negativo (Déficit).

A falta de planejamento financeiro é uma das principais razões para o


fracasso das empresas brasileiras. De acordo com dados do Sebrae, mais de 70%
das micro e pequenas empresas brasileiras fecham as portas nos primeiros cinco
anos de vida devido à falta de planejamento (ADMINISTRADORES.COM, 2010).

Para que um empreendedor obtenha sucesso é preciso seguir alguns


cuidados quando o assunto é a vida financeira. Listamos alguns dos principais
erros cometidos nas empresas:

• Misturar finanças da empresa com as finanças pessoais.


• Não saber seus custos e despesas exatos.
• Não definir metas e indicadores.
• Não definir um plano de ação.
• Não registrar e acompanhar regularmente as operações financeiras.

O planejamento financeiro estabelece o modo pelo qual os objetivos


financeiros de uma empresa podem ser alcançados. É uma previsão do que deve
ser feito no futuro. O planejamento financeiro é uma parte importante do trabalho
do administrador da empresa, pois ao definir os planos financeiros e orçamentário
ele fornecerá roteiros para que a empresa possa atingir seus objetivos.

7
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

Além disso, essa ferramenta oferece uma estrutura para coordenar as


diversas áreas da empresa e atua como mecanismo de controle, estabelecendo
um padrão de desempenho contra o qual é possível avaliar os eventos reais
(GITMAN, 2004).

O planejamento financeiro ajuda a garantir a disponibilidade de fundos


suficientes quando necessário, informa com antecedência as necessidades
de fundos de maneira que as negociações sejam eficientes e aumentem as
possibilidades de rendimento.

Watt (2007) escreve que gerar receita exige uma energia considerável,
mas por ser de extrema importância é um tempo bem empregado. O autor
aborda que, antes de iniciar o projeto de qualquer evento, é essencial garantir
que os recursos financeiros necessários estarão disponíveis e não se basear em
probabilidades. Para isso, o evento deve ter um propósito claramente definido e
amplamente aceito.

Na maioria dos casos, os modelos de planejamento financeiro exigem dos


seus usuários especificidades em relação a algumas hipóteses a respeito do futuro.
Os modelos podem ser muito diferentes em termos de complexidade, mas quase
todos possuem previsão de faturamento, projeções de balanço, demonstração de
resultado e fluxo de caixa, necessidades de ativos, necessidades de financiamentos
e premissas econômicas (GITMAN, 2004).

O planejamento financeiro estabelece diretrizes de mudança e crescimento


numa empresa, preocupando-se com uma visão global, com os principais
elementos de políticas de investimento e financiamento da empresa. Gitman (2004)
define o planejamento financeiro como sendo um dos aspectos mais importantes
para o funcionamento e a sustentação de uma empresa, pois fornece roteiros para
dirigir, coordenar e controlar suas ações na consecução de seus objetivos.

Alguns aspectos do evento podem ser subestimados ou improvisados, mas


isso não se aplica ao controle financeiro. Quando falamos de controle financeiro
é necessário ter muita atenção, pois a ausência de um controle adequado das
finanças certamente levará ao caos (WATT, 2007). O autor listou alguns passos
práticos para manter um bom controle financeiro:

• Limite o número de pessoas autorizadas a fazer despesas.


• Mantenha registros precisos de toda a receita e de toda a despesa.
• Utilize métodos apropriados de registro, incluindo programas
informatizados, para manter os dados financeiros corretos,
atualizados e prontamente disponíveis.
• Garanta estruturas adequadas que canalizem um comprometimento
financeiro para as pessoas encarregadas de manter os registros.
• Garanta que a informação financeira circule amplamente por todos
aqueles aos quais é importante.
• Produza sistemas de informação claros e que sejam compreendidos
por todos os envolvidos (WATT, 2007, p. 65).

8
TÓPICO 1 — ESTRUTURA FINANCEIRA

4 PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO
Você sabe o que é um orçamento financeiro? Orçamento financeiro nada
mais é que um resumo de todas as operações financeiras da empresa de eventos,
cujo propósito é demonstrar todos os números projetados e orçados para a
realização do evento (DORTA, 2015). O orçamento financeiro pode apresentar
resultados econômicos, financeiros e patrimoniais. Vejamos um exemplo simples
de orçamento financeiro.

TABELA 1 – ORÇAMENTO FINANCEIRO DE UM SIMPLES EVENTO (EM R$)

Empresa
Meses Janeiro Fevereiro Março Totais
(1) Receitas orçadas
Inscrições do evento 10.000,00 9.000,00 16.000,00 35.000,00
Patrocínio dos expositores 5.000,00 5.000,00 5.000,00 15.000,00
Total das receitas 15.000,00 14.000,00 21.000,00 50.000,00
(2) Despesas orçadas
Propaganda do evento 8.000,00 7.000,00 10.000,00 25.000,00
Aluguel do espaço 2.000,00 2.000,00 5.000,00 9.000,00
Outras despesas 3.000,00 3.500,00 4.000,00 10.500,00
Total das despesas 13.000,00 12.500,00 19.000,00 44.500,00
Totais (1 - 2) 2.000,00 1.500,00 2.000,00 5.500,00

FONTE: Dorta (2015, p. 86)

Nesse exemplo, as receitas orçadas foram maiores (R$ 50.000,00) do


que as despesas (R$ 44.500,00), resultando em um evento com superávit de
R$ 5.500,00, ou seja, a empresa obteve lucro financeiro. Além das informações
apresentadas no exemplo, o responsável pelo financeiro poderá dispor de outras
despesas decorrentes do evento mencionado, por exemplo: custos fixos, despesas de
pessoal, encargos sociais, material de escritório, alimentação e viagens.

O próprio orçamento do evento, que é um instrumento que compromete


toda a responsabilidade do gestor financeiro no evento a que se propõe fazer, acaba
tornando-se uma medida eficaz para um bom controle financeiro (DORTA, 2015).

Um orçamento bem feito é fundamental para o bom funcionamento e


credibilidade de qualquer evento, e o processo de elaboração dos detalhes precisos
será um dos testes reais. Quando realizarmos um orçamento é necessário muito
cuidado, tanto para descobrir as necessidades do evento em termos financeiros,
quanto para criar um mecanismo de monitoramento durante o processo de
planejamento e implementação.

Watt (2007) aborda que durante essa elaboração diversos problemas


poderão surgir, tais como:
9
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

• dificuldade de obter informações precisas sobre as necessidades reais;


• gerentes sem experiência ou qualificação, que não dão a devida atenção ao
orçamento;
• previsões imprecisas a respeito de tendências futuras;
• falta de informações sobre os requisitos técnicos disponíveis;
• orçamentos baseados em informações imprecisas;
• procedimentos de elaboração de relatórios e controles insatisfatórios;
• pouca flexibilidade, a qual costuma ser necessária em eventos.

Na construção do orçamento é fundamental ser o mais preciso possível,


por isso aconselha-se sempre superestimar a despesa e subestimar a receita. Fazer
o contrário é um indicativo de desastre. Um orçamento pessimista é uma boa
opção, desde que não chegue a ponto de fazer com que as pessoas abandonem o
projeto (WATT, 2007).

Uma das maneiras mais recomendadas de chegar ao orçamento é a partir


do planejamento de receita. Dessa forma você estabelece quanto de retorno sobre
investimento planeja ter e produz o evento baseado em números.

Partindo do planejamento de receita, o orçamento tem a seguinte equação:

Orçamento = Projeção de Receita


Estimativa de ROI*

* ROI é a sigla em inglês para Return on Investment, que em português significa


Retorno sobre Investimento.

Munhoz (2019) destaca em seu artigo algumas das perguntas mais


importantes sobre o ROI no ramo de eventos:

O que é o ROI de um evento? É todo o valor investido em organização e


divulgação sobre os ganhos provenientes da venda de ingressos e produtos. Para
calculá-lo é preciso levar em consideração diversos aspectos, como a definição
dos objetivos durante o planejamento.

Por que calcular o ROI de um evento? Eventos que contem com parceiros
e patrocinadores ou que esperem algum retorno dos participantes devem manter
um registro de métricas dos resultados para avaliação. Isso fará com que em
uma próxima edição seja mais fácil consolidar novas parcerias e patrocínios ou
então convencer os gestores da empresa de que investir no evento será uma boa
estratégia para os negócios.

Como calcular o ROI do seu evento? O cálculo é bastante simples, é só


subtrair o investimento inicial do ganho obtido e o resultado, e dividir pelo valor
do investimento inicial. Exemplo: Imagine que você investiu R$ 50 mil em um
evento e teve um retorno de R$ 250 mil; aplicando a fórmula do ROI teríamos a
seguinte situação:

10
TÓPICO 1 — ESTRUTURA FINANCEIRA

R$ 250.000 – R$ 50.000 / 50.000 será igual a 4;


portanto, o retorno foi de 4 vezes o investimento inicial.

Caso o resultado tivesse sido 0, significaria que o evento se pagou, mas


não obteve retorno financeiro. Resultados negativos, por sua vez, indicam que
a empreitada não cobriu os recursos empenhados nela e, por isso, deu prejuízo.

Viu como é simples? Mas atenção, alguns itens não tão lembrados também
merecem atenção especial no planejamento financeiro e orçamentário, e é sobre
eles que vamos falar a seguir.

4.1 ITENS ESPECIAIS


Os itens que serão relacionados neste subtópico são muitas vezes
esquecidos, e no final do evento acabam por prejudicar o desempenho financeiro
da empresa. Vamos conhecê-los melhor, de acordo com Watt (2007):

• Impostos: os impostos e as taxas têm seus efeitos sobre a receita e a despesa,


por isso devem ser levados em conta. Mesmo os eventos de menor porte devem
orçar essas despesas legais para evitar surpresas desagradáveis.
• Inflação: a inflação pode ter consequências muito profundas sobre o orçamento,
distorcendo muito as estimativas. Já falamos um pouco sobre esse assunto
anteriormente, mas vale a pena relembrar.

No ramo de eventos, um dos tipos de inflação que mais compromete o setor


é a Inflação de Custos. Vejamos o conceito: Inflação de custos pode ser associada a
uma inflação tipicamente de oferta. O nível de demanda permanece praticamente o
mesmo, mas os custos de certos insumos importantes aumentam e são repassados
aos preços dos produtos (PINHO, VASCONCELLOS, TONETO JR, 2017).

A sua natureza geral é a seguinte: o preço de um bem ou serviço tende a


relacionar-se bastante com seus custos de produção. Se eles sobem, mais cedo ou
mais tarde o preço do bem provavelmente subirá. Os cálculos devem acompanhar
as estimativas para indicar o que pode acontecer com qualquer financiamento em
função das tendências inflacionárias.

• Seguro: no caso de eventos mais onerosos, deve-se orçar um seguro contra


falhas, cancelamentos ou adiamentos, mesmo que seja bastante caro. Deve-
se providenciar um seguro de responsabilidade civil e talvez até mesmo
um seguro limitado para acidentes pessoais. Esse é outro item facilmente
esquecido e com consequências potenciais de alto custo. Por exemplo, todo o
equipamento emprestado deve estar segurado. É fundamental refletir sobre
tudo, como alguns itens que não estão automaticamente cobertos. Lembre-se
de incluir o custo do seguro quando elaborar orçamentos.

11
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

• Taxas de câmbio: as taxas de câmbio podem afetar significativamente o


montante de receita em eventos internacionais, especialmente conferências,
nos quais a participação de interessados pode sofrer o impacto de qualquer
movimentação nas taxas de câmbio. Uma baixa quantia obviamente coloca
em dúvida a viabilidade desses eventos, pois pode gerar grandes variações
de receita. A receita oriunda dessa fonte pode mudar na moeda local, de
orçamentos estimados para o recebimento de taxas.

Segundo Pinho, Vaconcellos e Toneto Jr (2017), para que as transações


internacionais sejam viáveis, os preços nos diferentes países devem ser
comparados e deve haver alguma forma de converter a moeda de um país na
moeda de outro. A taxa de câmbio mostra qual é a relação de troca entre duas
unidades monetárias diferentes, ou seja, o preço relativo entre diferentes moedas.

Um ponto importante a ser salientado é que todas as moedas têm cotações


diferentes para compra e para venda, por isso é necessário estar atento quando
você negociar insumos ou serviços com outros países.

FIGURA 2 – PAÍSES E SUAS MOEDAS

FONTE: <http://blog.narwalsistemas.com.br/taxas-de-cambio/>. Acesso em: 7 out. 2019.

• Contingências: contingência é uma eventualidade, um acaso, um acontecimento


que tem como fundamento a incerteza de que pode ou não acontecer.

Por isso, o orçamento deve incluir um montante para cobrir possíveis


custos que não foram anteriormente previstos. Dependendo do porte do projeto,
deixe entre 5 e 10% da despesa total para dar conta de contingências. Na verdade,
isso é apenas suposição, mas o fundamental é que um montante realista seja
definido para tais emergências, que inevitavelmente surgirão.

12
TÓPICO 1 — ESTRUTURA FINANCEIRA

ATENCAO

Vejamos alguns exemplos de contingências:

• Casa de shows de Florianópolis é condenada a pagar indenização a cliente agredido


por segurança (NSC TOTAL, 2019).
• Estava em um show e foi furtado?! O organizador do evento tem responsabilidade de
indenizar. Fique atento as festas do Fim de Ano. Organizador de evento responde por
produtos furtados e roubados (JUSBRASIL, 2016).

• Cronograma: é necessário ter um cronograma financeiro para os eventos,


prevendo o momento preciso em que as despesas ocorrerão, bem como
quando o dinheiro deve entrar, de onde virá e quem estará pagando. A
elaboração do cronograma é uma parte essencial do orçamento quando
analisamos a viabilidade financeira de qualquer projeto: calculam-se as taxas
de juros de qualquer empréstimo ou investimento, define-se quando a receita
será necessária e o controle posterior da despesa em relação ao cronograma
predeterminado.

Se não for possível elaborar um cronograma adequado para essas despesas


ou se não puderem ser feitos arranjos compensatórios, fica claro que o evento terá
dificuldades financeiras e provavelmente não deve continuar.

QUADRO 1 – CRONOGRAMA SIMPLES PARA DESPESAS DE UM EVENTO

Cronograma 3 6
2 1 6 2 1
evento meses meses
anos ano meses meses mês
Rubrica depois depois
Estudo de viabilidade -
Assessoria profissional - -
Hospedagem 20%
Local 10% 80%
Alimentação 10% 10% 20% 90%
Publicidade 20% 30% 60%
Seguro -
Despesas de contrato -
Custos de pessoal - - - - - - - -

FONTE: Watt (2007, p. 62)

13
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

FIGURA 3 – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLE FINANCEIRO INDIVIDUAL

Metas e Objetivos do Evento

Plano estratégico do evento

Cronograma do evento

Processo de orçamentação

Receitas Despesas

Monitoramento Fluxo de Caixa

Contabilidade Balancete
de Lucros de Perdas

Conciliação e demonstrativo
de contas finais do evento

FONTE: Watt (2007, p. 64)

O controle minucioso de todas as transações de um evento pode ser


considerado o aspecto mais importante do gerenciamento de eventos, visto que o
lucro é essencial e grandes perdas podem ser desastrosas. Os sistemas de controle
efetivo devem ser, segundo Watt (2007): compreensíveis, seguir as estruturas
organizacionais, identificar rapidamente os desvios, permanecer flexíveis,
orientar a ação corretiva e ser econômico. Gerenciar um evento exige controle
preciso e ágil, mas que mantenha a flexibilidade.

14
TÓPICO 1 — ESTRUTURA FINANCEIRA

FIGURA 4 – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO E CONTROLE FINANCEIRO COLETIVO

FONTE: Welsch (1983), Maximiano (1997) e Watt (2004 apud PAIVA; NEVES, 2008, p. 171)

A imagem aborda que a gestão da empresa organizadora de eventos


implementa suas estratégias de acordo com seus objetivos ou planos de longo
prazo por meio de atividades que demandam recursos (WATT, 2004). Essas
atividades que demandam recursos podem ser divididas em dois tipos, de acordo
com a frequência que serão realizadas:

• Operações permanentes (abastecimento do sistema de informações de


marketing, pesquisas de marketing, atendimento aos clientes, planejamento de
vendas, controle de resultados, burocracia, entre outros).
• Projetos de eventos (atividades temporárias para estruturação de projetos,
captação de eventos, implementação e fechamento de eventos (WATT, 2007).

5 ESTRUTURA DE CAPITAL
Entende-se por estrutura de capital a junção do capital próprio e do
capital de terceiros que está sendo utilizado em um determinado momento para
financiar os ativos de uma empresa.

15
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

Mas o que são ativos? Para entender, primeiro temos que lembrar como é
composta a estrutura do patrimônio de uma empresa. Para isso, vamos analisar
a figura a seguir:

FIGURA 5 – MODELO SIMPLIFICADO DE BALANÇO PATRIMONIAL

Legenda: P.E (Passivo Exigível = Soma do Passivo Circulante + Passivo Não Circulante) P.L
(Patrimônio Líquido)

FONTE: Os autores

Iudícibus e Marion (2019) conceituam ativo como sendo: recurso


controlado pela empresa como resultado de eventos passados e do qual se espera
benefícios econômicos futuros. Em outras palavras, são todos os bens e direitos
de propriedade da empresa, avaliáveis em dinheiro, que representam benefícios
presentes ou futuros para a empresa.

• Bens – terrenos, prédios, máquinas e equipamentos, estoques para venda e


de matéria-prima, dinheiro em caixa, ferramentas, veículos, instalações etc.
Os bens são divididos de duas formas: tangíveis (quando fisicamente podem
ser tocados, matéria), e intangíveis, incorpóreos (não possuem características
físicas, exemplo: marca, sistemas de computadores (software), ponto comercial
etc.). Eles ainda são divididos em: 1) Bens móveis – não são fixos ao solo,
podendo ser transportados de um lugar para outro e 2) Bens imóveis – fixos ao
solo (terrenos, árvores, prédios etc.).
• Direitos – Contas a receber, duplicatas a receber, títulos a receber, ações,
depósitos bancários, aplicações financeiras, títulos de crédito etc. Os direitos
são bens em posse de terceiros. Exemplo: Duplicatas a receber – significa
que tem dinheiro (bens) a receber de clientes por vendas a prazo que serão
pagas no futuro, ou seja, a empresa está financiando seu cliente para que este
compre suas mercadorias. Da mesma maneira podemos incluir como direito
os aluguéis a receber, reembolsos de empregados, adiantamento de despesas
de viagem, adiantamento para fornecedores etc. De maneira geral são papéis,
títulos, contratos etc. (IUDÍCIBUS; MARION, 2019).

16
TÓPICO 1 — ESTRUTURA FINANCEIRA

Agora que você já entendeu o que compreende o ativo de uma empresa,


daremos continuidade à estrutura de capital. As definições de capital empregadas
no mundo de finanças podem ser aplicadas de diversas formas, porém a mais
utilizada expressa capital como “fundos de longo prazo usados para financiar os
ativos da empresa e suas operações” (BRUNI; FAMÁ, 2017, p. 26).

As fontes de recursos da empresa podem ser classificadas quanto ao


prazo de quitação ou quanto à origem dos recursos. Vamos entender isso melhor
visualizando o quadro a seguir:

QUADRO 2 – FORMAS DE CLASSIFICAÇÕES DO CAPITAL DA EMPRESA

Prazo de quitação da fonte de recursos Origem dos recursos


Curto prazo: geralmente com vencimento dentro
de um horizonte de 12 meses. Como exemplos: Capital de terceiros: recursos obtidos por meio
contas a pagar, salários a pagar, empréstimos de de financiamentos ou dívidas.
curto prazo e impostos a pagar.
Longo prazo: geralmente com vencimento dentro
de horizonte superior a 12 meses. Exemplos: os
Capital próprio: recursos dos sócios empregados
empréstimos de longo prazo e as contas do
na empresa.
patrimônio líquido: ações preferenciais, ações
ordinárias e lucros retidos.

FONTE: Bruni e Famá (2017, p. 26)

Conforme apresentado no quadro, o capital de uma empresa é constituído de:

• Capital de terceiros: que representam os empréstimos recebidos.


• Capital próprio: que são os recursos aportados pelos sócios.

Podemos entender melhor esse conceito com a figura a seguir:

FIGURA 6 – ESTRUTURA DE CAPITAL E CUSTO DE CAPITAL

FONTE: <https://bit.ly/2YnjqkA>. Acesso em: 7 out. 2019.

17
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

Independentemente da origem dos recursos (próprio e/ou de terceiros),


eles terão que ser remunerados por meio das aplicações de recursos no ativo
da empresa, possibilitando assim um retorno mínimo. Qualquer resultado que
cubra a geração de recursos capaz de remunerar o custo de capital gerará uma
riqueza adicionada à empresa. Vamos entender um pouco mais sobre cada um
desses custos.

5.1 CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO


Custo de capital próprio é o retorno exigido pelos proprietários da
empresa em relação ao investimento por eles efetuados. Entende-se como sendo
as ações ordinárias que são compostas essencialmente pelo capital social e pelos
lucros retidos (patrimônio líquido menos as ações preferenciais).

DICAS

Ações Ordinárias x Ações Preferenciais, qual é a diferença?

Ações Ordinárias (ON) são mais comuns. Donos de ações ONs têm direito a voto nas
assembleias, porém normalmente não possuem poder de veto. Já as ações preferenciais
(PN) dão preferência aos acionistas sobre o pagamento dos dividendos.

Se você quiser saber mais sobre as ações ON e PN, acesse o link https://www.youtube.com/
watch?v=dZD8QgKQjRA.

5.2 CUSTO DE CAPITAL DE TERCEIROS


O custo de capital de terceiros é o retorno exigido pelos credores de
dívida de uma empresa, representa a remuneração que a empresa paga para
instituições financeiras nos empréstimos obtidos. A princípio, a obtenção do custo
do capital de terceiros é relativamente fácil. Exemplo: se uma empresa contratou
um empréstimo de R$ 700,00 e teve despesas financeiras de R$ 56,00, o custo do
capital de terceiros será obtido dividindo-se as despesas financeiras pelo valor
contratado, ou seja:

56,00/700,00 *100 = 8%

Por que deve-se saber sobre a estrutura de capital de uma empresa? Bem,
o motivo é simples, para entender vamos olhar para a figura a seguir, que mostra
a relação entre o capital próprio e o capital de terceiros.
18
TÓPICO 1 — ESTRUTURA FINANCEIRA

FIGURA 7 – CUSTO DO CAPITAL DO ACIONISTA X CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS

FONTE: <https://bit.ly/2Ka8CBb>. Acesso em: 7 out. 2019.

A figura anterior mostra que, no Brasil, os acionistas das empresas em


geral cobram 13,11% como remuneração de seu capital e os credores cobram em
média 15,15%. Já nos outros países analisados a história não é mesma. Portanto,
no Brasil, o Custo do Capital Próprio quando a pesquisa foi feita é inferior ao
Custo do Capital de Terceiros. Porém a decisão de onde buscar o dinheiro caberá
ao gestor empresário, que deverá analisar o ambiente econômico e decidir pelo
melhor caminho para sua empresa. Ainda sobre essa temática, convidamos você
a realizar a leitura complementar.

19
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

LEITURA COMPLEMENTAR

CAPITAL PRÓPRIO OU CAPITAL DE TERCEIROS:


QUAL A MELHOR OPÇÃO?

Certos questionamentos surgem ao longo da vida de um empreendimento e


exigem respostas precisas.

Capital próprio ou de terceiros: qual a melhor opção? Talvez esta seja uma
das perguntas cruciais para o sucesso do negócio.

Vamos apresentar os prós e contras para te ajudar a tomar esta decisão.

Qual a diferença entre Capital Próprio e Capital de Terceiros?

Antes de tomar uma decisão é preciso entender os conceitos de capital


próprio e capital de terceiros.

Capital próprio é o recurso investido diretamente pelo fundador ou


proprietário da empresa e pelos sócios ou acionistas.

Quando a empresa tem investidores com participação acionária


(investidor-anjo, investidor semente ou investidor de risco), o capital aportado
pelos mesmos também é considerado capital próprio. Este tipo de capital faz
parte do Patrimônio Líquido da empresa e não precisa ser devolvido porque será
pago através da distribuição dos dividendos.

O capital de terceiros, por sua vez, é o recurso investido por entidades


externas. Este capital é aportado através de contratos de empréstimo ou
financiamento, com prazos e taxas previamente definidos.

Este tipo de capital faz parte das obrigações, do Passivo da empresa e


deverá ser pago acrescido de juros até o término de contrato.

Em algumas situações, a instituição que disponibiliza o empréstimo ou


financiamento pode exigir garantias para cumprimento do contrato, no caso
de inadimplência. Estas garantias podem incluir a alienação (transferência de
propriedade) de bens e direitos da empresa tomadora do recurso.

Quais as vantagens e desvantagens?

O capital próprio pode parecer, a princípio, o mais vantajoso já que não


tem incidência de juros. O empresário tem total autonomia para decidir onde
irá investir o capital, não tendo que se preocupar com prazos, taxas e possíveis
obrigações contratuais.

20
TÓPICO 1 — ESTRUTURA FINANCEIRA

No entanto, esta opção proporcionará para empresa um crescimento


orgânico, ou seja, resultado somente da produção e das vendas. Com isso, o
investimento fica limitado ao montante de capital investido pelo proprietário e
seus sócios.

Ao investir recursos próprios, os sócios terão que determinar a relação


entre o capital investido e os direitos e obrigações proporcionais de cada um. Isto
exige uma relação harmoniosa entre as partes, para evitar conflitos que possam
afetar a gestão da empresa.

Pode-se optar, por exemplo, por um sócio estratégico, que traga sua
experiência para ajudar a alavancar o negócio e tenha remuneração e participação
previamente estabelecidos.

Vale lembrar que a distribuição de dividendos só ocorre após a empresa


honrar seus compromissos com funcionários, fornecedores e impostos.

Já o capital de terceiros pode parecer menos vantajoso, mas pode


proporcionar um crescimento acelerado, alavancando os lucros.

Como não tem relação com os sócios e a distribuição de dividendos, este


capital traz mais estabilidade e previsibilidade para o plano de negócios porque
proporciona um fluxo de capital estável.

Por não estar atrelado ao lucro e distribuição de dividendos, não traz


questões jurídicas e societárias, sendo apenas uma opção financeira e estratégica.

Com as altas taxas de juros praticadas no Brasil, pode parecer que o


capital próprio seja a melhor opção. Porém, como explicamos anteriormente, esta
opção traz limitações ao crescimento da empresa ao mesmo tempo que exige uma
relação ótima entre os sócios, principalmente a longo prazo quando as operações
ficarão mais complexas e a empresa precisar de mais recursos para continuar
crescendo.

Este tipo de capital dá total autonomia ao empresário para decidir o


destino dos recursos, mas acaba se tornando uma opção cara já que a distribuição
de dividendos só ocorre após a empresa honrar seus compromissos.

Com o capital próprio, o investimento dos sócios fica exposto e os mesmos


assumem todo o risco. Basta um período ruim para que o patrimônio fique
comprometido.

Por sua vez, o capital de terceiros permite um crescimento mais rápido,


uma alavancagem maior e um fluxo mais estável de recursos, não condicionado
a questões societárias e a distribuição de lucros e dividendos. No entanto, a
empresa tem que gerar lucros suficientes para distribuir dividendos e amortizar
o empréstimo ou financiamento, tanto o valor principal quanto os juros.

21
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

Empresas em estágio inicial ou com administração conservadora


costumam preferir o capital próprio enquanto empresas consolidadas que geram
caixa e lucro ou têm um perfil mais arrojado, optam por capital de terceiros.

A relação entre capital próprio x capital de terceiros é chamada de


estrutura de capital. A estrutura de capital ideal contém tanto capital próprio
quanto de terceiros e a proporção entre ambos depende do plano de negócios, da
geração de caixa e lucro, das perspectivas e projeções da empresa e da posição da
mesma no mercado.

É uma decisão estratégica, que pode proporcionar à empresa um


crescimento sustentável a curto e longo prazo.

FONTE: <https://jurosbaixos.com.br/conteudo/capital-proprio-ou-capital-de-terceiros-qual-a-
melhor-opcao/>. Acesso em: 7 out. 2019.

22
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Trabalhar com produção de eventos é como abrir uma empresa de qualquer


setor, ou seja, existem vantagens, riscos e várias dúvidas que surgem ao longo
do tempo.

• Planejamento é a chave para o sucesso e para empresas que prestam serviços


de organização de eventos esse controle se torna ainda mais essencial, pois
para cada mudança é necessário parar e analisar todo o controle financeiro
novamente. Com o intuito de facilitar o processo de tomada de decisões, todos
os aspectos inerentes à análise de decisão são convertidos e apresentados sob a
forma de dinheiro.

• Inflação é um dos conceitos econômicos mais comentados pelos brasileiros.


E o motivo é notório, pois a alta dos preços tem influência direta no bolso do
consumidor e nos custos das empresas.

• O planejamento financeiro estabelece o modo pelo qual os objetivos financeiros


de uma empresa podem ser alcançados. A falta de planejamento financeiro
é uma das principais razões para o fracasso das empresas brasileiras. De
acordo com dados do Sebrae, mais de 70% das micro e pequenas empresas
brasileiras fecham as portas nos primeiros cinco anos de vida devido à falta de
planejamento.

• Orçamento financeiro é um resumo de todas as operações financeiras da


empresa de eventos, cujo propósito é demonstrar todos os números projetados
e orçados para a realização do evento. O orçamento financeiro pode apresentar
resultados econômicos, financeiros e patrimoniais. Na construção do
orçamento é fundamental ser o mais preciso possível, por isso aconselha-se
sempre superestimar a despesa e subestimar a receita. Fazer o contrário é um
indicativo de desastre.

• ROI é a sigla em inglês para Return on Investment, que em português significa


Retorno sobre Investimento. Alguns itens são comumente esquecidos de
serem inclusos no orçamento e no final do evento acabam por prejudicar o
desempenho financeiro da empresa, são eles: Impostos, Inflação, Seguro,
Câmbio, Contingência e Cronograma.

• Entende-se por estrutura de capital a junção do capital próprio e do capital de


terceiros que está sendo utilizado em um determinado momento para financiar
os ativos da empresa.

23
• Ativos são todos os bens e direitos de propriedade da empresa, avaliáveis em
dinheiro, que representam benefícios presentes ou futuros para a empresa.
Podem ser divididos em bens e direitos. O capital de uma empresa é constituído
do capital de terceiros, que representam os empréstimos recebidos, e capital
próprio, que são os recursos aportados pelos sócios.

24
AUTOATIVIDADE

1 Qual das alternativas a seguir realiza o estudo da evolução no tempo do


capital?

a) ( ) Gestão Financeira.
b) ( ) Matemática Financeira.
c) ( ) Economia.
d) ( ) Métodos Quantitativos.

2 Entre as alternativas apresentadas a seguir, qual delas define a palavra


inflação?

a) ( ) Aumento generalizado nos preços de bens e serviços.


b) ( ) Aumento específico nos preços de bens e serviços.
c) ( ) Aumento na oferta de bens e serviços.
d) ( ) Aumento exagerado dos produtos importados.

3 Entre os motivos que levam uma empresa do ramo de eventos a


ter credibilidade no mercado nacional e internacional está um bom
planejamento financeiro. Disserte sobre os itens que devem ser observados
para um bom planejamento financeiro.

4 Quando uma empresa apresenta receitas menores que despesas, dizemos


que ela tem um resultado:

a) ( ) Resultado Financeiro Nulo.


b) ( ) Resultado Financeiro Positivo (Superávit).
c) ( ) Resultado Financeiro Negativo (Déficit).
d) ( ) Resultado Financeiro Desejável

5 Disserte sobre os principais erros cometidos nas empresas relacionados a


finanças.

6 Alguns passos podem ser seguidos para se manter um bom controle


financeiro. Disserte sobre esses passos.

7 O que é orçamento financeiro?

8 ROI em português significa Retorno sobre Investimento. Por que devemos


calculá-lo?

a) ( ) Facilita a consolidação de novas parcerias e patrocínios.


b) ( ) Mostra a percentagem de quão rentável são os ativos de uma empresa.
c) ( ) É uma forma de determinar o retorno total do lucro líquido de um
investimento.
d) ( ) Avalia a capacidade de pagamento da empresa frente a suas obrigações.

25
9 Sobre os itens especiais que devem ser inclusos no planejamento financeiro
e orçamentário, disserte sobre o que é a taxa de câmbio.

10 Sobre as formas de classificações do capital da empresa, como são definidas


as principais origens de recursos? Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Capital de Terceiros e Capital Financiado.


b) ( ) Capital de Terceiros e Público.
c) ( ) Capital Próprio e de Investidores.
d) ( ) Capital de Terceiros e Próprio.

26
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1

JUROS SIMPLES, JUROS COMPOSTOS E


TAXA DE JUROS

1 INTRODUÇÃO
A palavra juros ou taxa de juros está presente nas mais variadas situações
do nosso cotidiano, seja quando você é o devedor (contrai uma dívida) por
empréstimo ou pagamento de contas em atraso. Até mesmo quando você é o
credor (tem dinheiro a receber) você investe seu dinheiro e recebe em troca parte
do rendimento que o tomador obteve.

Na prática, os juros funcionam como uma compensação pelo tempo em


que o dinheiro ficou emprestado ou investido. Porém, apesar de ser um termo
bem conhecido, nem todas as pessoas sabem exatamente o que são as taxas
de juros, como calculá-las e qual sua finalidade. Intentando para o fato de que
grande parte das empresas de diversos segmentos, como eventos, se utilizam de
empréstimos e financiamento (capital de terceiros) para alavancar dinheiro, e este
recurso é realizado por entidades externas (por meio de contratos de empréstimo
ou financiamento, com prazos e taxas previamente definidos) é imprescindível
tratarmos do assunto. Um profundo conhecimento sobre as taxas e juros torna
um profissional apto a gerenciar qualquer empresa.

2 CONCEITOS: CAPITAL, JUROS E TAXA DE JUROS


Para entendermos o assunto, vamos começar aplicando os conceitos mais
utilizados na área financeira.

NOTA

Capital: o termo “capital” também é conhecido como “principal” e refere-se


ao valor de uma quantia em dinheiro “na data zero”, ou seja, no início de uma operação.
O capital pode ser apresentado de várias formas: dinheiro investido em uma atividade
econômica, o valor financiado de um bem, ou um empréstimo tomado.

27
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

O capital pode ser apresentado sob várias siglas e sinônimos: C (de


Capital); P (de Principal); VP (Valor Presente); PV (Present Value); ou C_0 (Capital
Inicial). Exemplo: Imagine que você poupou todos os meses, durante um ano,
uma certa quantia. Ao final deste ano você possui R$ 2.000,00 e resolve aplicar
esse dinheiro em um banco que renderá a você 2% ao mês pelo tempo que estiver
aplicado. Nesse exemplo, o seu capital será o valor de R$ 2.000,00, ou seja, é o
valor na “data zero”, antes da efetiva aplicação.

NOTA

Juros: “Juros é a remuneração do capital emprestado, podendo ser


entendido, de forma simplificada, como sendo o aluguel pago pelo uso do dinheiro”
(VIEIRA SOBRINHO, 2018, p. 1).

A origem da cobrança de juros é antiga e se perde na escuridão dos tempos.


Sempre provocou críticas, restrições e até mesmo proibições em diferentes épocas
e civilizações. Dentre as diversas teorias que tentam explicar a existência dos juros,
a mais citada é a de que os juros existem pela necessidade ou preferência dos
consumidores em consumir bens e serviços no presente a poupar para consumi-
los no futuro.

Assim, na sua origem, o juro pode ser justificado como uma compensação
que o possuidor do capital exige pelo seu não uso durante o tempo do empréstimo,
além de um prêmio pelo risco de não receber o seu dinheiro de volta (VIEIRA
SOBRINHO, 2018).

Atualmente, existem dois tipos de juros distintos, embora estejam inter-


relacionados: o juro pago pelo banco na captação dos recursos e o juro cobrado
pelo banco no empréstimo concedido. O tamanho do juro pago pelo banco aos
aplicadores de recursos normalmente é fixado pelo mercado, enquanto o juro
cobrado dos tomadores de crédito depende deste e de outros fatores (VIEIRA
SOBRINHO, 2018).

O juro diferencia-se do capital porque é uma consequência da aplicação


ou do empréstimo. Eles são expressos em unidades monetárias e representam o
montante financeiro referente a uma movimentação. Considerando o exemplo
mencionado anteriormente sobre capital, os juros seriam o valor correspondente
aos 2% sobre os R$ 2.000,00, que resultaria em R$ 40,00 ao mês.

Os juros podem ser classificados de duas formas, simples ou compostos:

• Juros Simples: o juro de cada intervalo de tempo sempre é calculado sobre o


capital inicial emprestado ou aplicado.

28
TÓPICO 2 — JUROS SIMPLES, JUROS COMPOSTOS E TAXA DE JUROS

• Juros Compostos: o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do


saldo no início de intervalo correspondente.

Em síntese, juros é a remuneração pelo empréstimo ou investimento do


dinheiro. Fatores como tempo, risco e a quantidade de dinheiro definem qual
deverá ser a remuneração, mais conhecida como taxa de juros. Taxa de juros ou
taxa de crescimento do capital é a taxa de lucratividade recebida num investimento
ou aplicada em um empréstimo. Geralmente é apresentada em bases anuais,
porém nada impede que seja utilizada em bases semestrais, trimestrais, mensais
ou diárias, e representa o percentual de ganho realizado na aplicação do capital
em algum empreendimento.

No mercado brasileiro e mundial reina muita confusão quanto ao conceito


e à classificação das taxas de juros, principalmente no que se refere às taxas
nominal, efetiva e real. Uma das razões para isso era, e ainda é, a insistência
em classificar as taxas de juros como nominal ou efetiva nos casos em que o
período de capitalização dos juros não coincide com o período a que se refere
a taxa (VIEIRA SOBRINHO, 2018). Exemplo: taxa de juros de 12% ao ano com
capitalização mensal dos juros. Nesse caso dividiria a taxa anual por 12 (referente
à quantidade de meses no ano) e a taxa mensal obtida de 1% seria capitalizada
por 12 meses, resultando numa taxa de 12,68% ao ano, sendo esta denominada
efetiva e a taxa de 12% de nominal.

A origem dessa classificação remonta ao século XVII ou XVIII, ou antes,


quando a taxa combinada entre as partes sempre se referia ao período de um ano.
Para calcular a taxa para períodos inferiores, o costume que ainda perdura na
maioria dos países é o de dividir a taxa anual pelo número de períodos unitários
contidos em um ano, obtendo-se com isso a taxa semestral, trimestral, mensal,
diária, por hora, por minuto, por segundo e até se chegar a uma taxa imaginária,
a taxa instantânea. Essas taxas, cada vez menores, se capitalizadas pelo número
de períodos unitários, gradativamente maiores, resultariam em taxas anuais
crescentes, as quais seriam tanto maiores quanto maior fosse o número de
períodos unitários de capitalização contidos em um ano, como nos mostra a
tabela a seguir, construída com base em uma taxa de juros de 12% ao ano.

TABELA 2 – CONVERSÃO DA TAXA

Unidade de Tempo Número de Unidades Taxa Anual Efetiva (%)


Ano 1 12,00000
Semestre 2 12,36000
Trimestre 4 12,55088
Mês 12 12,68250
Dia 365 12,74746
Hora 8.760 12,74959
Minuto 525.600 12,74968

FONTE: Os autores

29
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

Constata-se hoje uma verdadeira “poluição” de taxas de juros, o que


dificulta o seu entendimento. Além da taxa nominal e efetiva, mencionam-
se várias outras como real, aparente, equivalente, proporcional, simples (ou
linear), composta (ou exponencial), sem falar nas taxas de desconto “por fora”
(ou comercial, ou bancário) e “por dentro” (racional). Como vimos, as causas da
confusão reinante são antigas e numerosas (VIEIRA SOBRINHO, 2018).

“Taxa de juros é uma relação matemática, ou seja, é o resultado da divisão


do valor dos juros pelo capital emprestado” (VIERA SOBRINHO, 2018, p. 1).

Voltando ao nosso exemplo, em que tínhamos R$ 2.000,00 e resolvemos


aplicar esse dinheiro em um banco, a taxa oferecida para essa aplicação foi de 2%
ao mês, o que representa uma taxa anual de 24% ano.

A taxa de juros é classificada em taxa nominal e taxa efetiva:

• TAXA NOMINAL: é aquela que possui valor de face. Imagine uma nota de
R$ 10,00. Quanto ela vale? A resposta que parece ser óbvia é que uma nota de
R$ 10 vale R$ 10. Mas será que vale mesmo? Uma nota de R$ 10 somente vale
R$ 10 porque você acredita que ela vale os R$ 10, em outras palavras, o valor é
fiduciário e mais nada.
• TAXA EFETIVA: como o nome sugere, é a taxa efetivamente paga ou recebida.
Se um investimento paga uma taxa mensal de 1% e esse é o valor final recebido;
então essa é sua taxa efetiva. Por outro lado, se a taxa fosse cotada como sendo
anual nominal teríamos 12% de taxa efetiva anual.

A taxa de juros pode ser definida também como a razão entre os juros,
cobrável ou pagável, no fim de um período e o dinheiro devido no início do
período. Habitualmente, utiliza-se o conceito de taxa de juros quando se paga
por um empréstimo, e taxa de retorno quando se recebe pelo capital emprestado.

E
IMPORTANT

Valor fiduciário advém da moeda fiduciária, que é qualquer título não conversível,
ou seja, não é lastreado a nenhum metal (ouro, prata) e não tem nenhum valor intrínseco.
Seu valor advém da confiança que as pessoas têm de quem emitiu o título. Exemplos de
moeda fiduciária: ordem de pagamento, cheques, títulos de crédito e notas promissórias.

Em relação às formas de remuneração do capital, ela é calculada como


uma taxa sobre o valor emprestado ou aplicado, por período de tempo. Se for
considerado um único período de tempo, o juro sempre será calculado pela
seguinte fórmula (SOUZA; CLEMENTE, 2009):

30
TÓPICO 2 — JUROS SIMPLES, JUROS COMPOSTOS E TAXA DE JUROS

Juro = Taxa * Capital

A forma unitária da taxa e do prazo deve sempre ter a mesma base, ou


seja, taxa ao mês, prazo em número de meses. Caso taxa e prazo estejam em bases
diferentes, deve-se ajustar o prazo para a unidade da taxa (BRUNI, 2013).

2.1 JUROS SIMPLES


No regime de juros simples, apenas o capital inicial (também conhecido
como principal) rende juros. Juros e capital não se misturam, são tratados de
forma isolada. Podemos entender esse conceito com a figura a seguir:

FIGURA 8 – DEFINIÇÃO DE JUROS SIMPLES

FONTE: <https://bit.ly/2Yt7bDh>. Acesso em: 7 out. 2019

Vieira Sobrinho (2018) conceitua capitalização simples como sendo o


cálculo de obtenção dos juros em que a taxa definida para o período unitário
(dia, mês ou ano) incide sempre sobre o capital inicial, não incidindo, pois, sobre
os juros que vão se acumulando. O cálculo do valor mensal dos juros e do total
acumulado pode ser visualizado através do exemplo a seguir.

Exemplo: calcular o valor dos juros correspondente a um empréstimo de


R$ 1.000,00, contratado a uma taxa de juro de 5% ao mês, pelo prazo de 4 meses.

TABELA 3 – EXEMPLO DE CÁLCULO DE JUROS

Mês Juros Mensais Juros Acumulados


1 0,05 × 1.000,00 = 50,00 50,00
2 0,05 × 1.000,00 = 50,00 100,00
3 0,05 × 1.000,00 = 50,00 150,00
4 0,05 × 1.000,00 = 50,00 200,00

FONTE: Os autores

31
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

Acadêmico, note que quando falamos de juros simples, a taxa sempre


deve ser dividida por 100 ao usarmos a fórmula. Por isso a Tabela 3 mostra que a
taxa de 5% se transformou em 0,05.

No regime de capitalização simples, o valor total dos juros a ser pago no


final de um certo prazo é determinado com base na seguinte fórmula:

J=P×i×n

Em que:
J é o valor total dos juros;
P é o capital inicial;
I é a taxa de juros;
n é o prazo.

No exemplo anteriormente apresentado, utilizamos o seguinte cálculo:

J = 1.000,00 × 0,05 × 4 = 200,00

AUTOATIVIDADE

1 Qual o valor dos juros correspondentes a um empréstimo de R$ 10.000,00


pelo prazo de 8 meses, sabendo-se que a taxa cobrada é de 3% ao mês?

P = 10.000,00
n = 8 meses
i = 3% ao mês
J=1J=P×i×n

2 Um capital de R$ 25.000,00, aplicado durante 7 meses, rende juros de R$


7.875,00. Determine a taxa correspondente.

P = 25.000,00
J = 7.875,00
n = 7 meses
i=?

32
TÓPICO 2 — JUROS SIMPLES, JUROS COMPOSTOS E TAXA DE JUROS

2.2 JUROS COMPOSTOS


No regime de juros compostos, os juros de cada período que não forem
pagos no final do período são somados ao capital e passam a fazer parte da base
de cálculo dos juros para os períodos consecutivos. Nesse caso, as parcelas de
juros que não são pagas, automaticamente são capitalizadas e rendem juros nos
próximos períodos.

FIGURA 9 – DEFINIÇÃO DE JUROS COMPOSTOS

FONTE: <https://bit.ly/2Yt7bDh>. Acesso em: 7 out. 2019.

Vieira Sobrinho (2018) escreve que capitalização composta é aquela em


que a taxa de juros incide sobre o capital inicial, acrescido dos juros acumulados
até o período anterior. Nesse regime de capitalização, o valor dos juros cresce
exponencialmente em função do tempo.

O conceito de capital e a simbologia utilizada na capitalização composta é


a mesma já apresentada na capitalização simples. Porém, a resolução da fórmula
do montante para um único pagamento é um pouco mais complexa que aquela já
vista para a capitalização simples.

Exemplo: Calcular o montante de um capital de R$ 1.000,00 aplicado à


taxa de 5% ao mês, durante 4 meses.

Em que:

P = 1.000,00
n = 4 meses
i = 5% ao mês
S=?

Como ainda não conhecemos uma fórmula para a solução fácil e rápida
desse problema, e sabendo que a taxa de juros para cada período unitário incide
sobre o capital inicial mais os juros acumulados, vamos calcular o montante da
forma mais primária possível, em que Sᵀ é o valor do montante ao final de cada
período unitário, que em nosso exemplo é o mês.

Vejamos o cálculo a seguir, o qual permite que visualizemos claramente o


cálculo do montante mês a mês:

33
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

TABELA 4 – CÁLCULO MONTANTE MENSAL

Mês Capital do Início do Mês Juros Correspondentes ao mês Montante Final do Mês
1 1.000,00 1.000,00 × 0,05 = 50,00 1.050,00
2 1.050,00 1.050,00 × 0,05 = 52,50 1.102,50
3 1.102,50 1.102,50 × 0,05 = 55,13 1.157,63
4 1.157,63 1.157,63 × 0,05 = 57,88 1.215,51
Valor do montante no final do 4º mês é de R$ 1.215,51.

FONTE: Os autores

Observe que o montante ao final de cada mês constitui-se no capital inicial


do mês seguinte. Entretanto, essa forma de cálculo é extremamente trabalhosa.

Assim, a fórmula final do montante é dada pela equação  S  =  P  (1 +  i)n 


ou simplesmente S =  P  (1 +  i)n, em que a expressão (1 +  i)n  é chamada fator de
capitalização ou fator de acumulação de capital para pagamento simples ou único:

S = P (1 + i)n

Em que:

S é o montante;
P é o capital inicial;
1 é o Fator de Capitalização;
I é a taxa de juros;
n é o prazo.

AUTOATIVIDADE

1 Calcular o montante de uma aplicação de R$ 15.000,00, pelo prazo de 6


meses, à taxa de 3% ao mês.

P = 15.000,00
n = 6 meses
i= 3% ao mês
S=?

2 Ao final de dois anos, o Sr. Pedro deverá efetuar um pagamento de R$


200.000,00 referente ao valor de um empréstimo contraído, mais os juros
devidos, correspondentes a uma taxa de 4% ao mês. Qual o valor emprestado?

S = 200.000,00
n = 2 anos = 24 meses
i = 4% ao mês
P=?
34
TÓPICO 2 — JUROS SIMPLES, JUROS COMPOSTOS E TAXA DE JUROS

2.2.1 Juros Simples x Juros Compostos


Bruni (2013) escreve que há uma crença comum, assim como no regime
dos juros compostos existe a incidência dos juros sobre juros, o valor dos juros
compostos seria sempre maior que o valor dos juros simples. Porém, essa
compreensão é equivocada. Observe o gráfico a seguir:

GRÁFICO 1 – COMPARAÇÃO JUROS SIMPLES E COMPOSTOS

VF

Juros compostos

Juros simples

Prazo

n=1
FONTE: Bruni (2013, p. 49)

Ao observarmos o gráfico, vimos que para um período igual a 1 o valor


futuro ou o valor dos juros simples e o valor dos juros compostos é o mesmo.
Porém, para períodos menores que 1, o valor dos juros compostos é menor que o
valor dos juros simples. Para períodos maiores que 1, o valor dos juros compostos
é maior. Ou seja, isso depende muito do período da aplicação/empréstimo
(BRUNI, 2013).

“No Brasil, os juros não podem ser capitalizados em períodos


inferiores a um ano, exceto em situações específicas autorizadas pelo governo”
(PUCCINI, 2017, p. 35).

Portanto, o regime de juros compostos não é um sistema de cálculo que


implica obrigatoriamente “juros sobre juros”, ou anatocismo, que é legalmente
proibido no Brasil, em períodos inferiores a um ano.

Um exemplo simples quanto à diferença desses dois regimes de cálculos


de juros é o sistema de amortização americano, que obedece ao regime de juros
compostos. Nesse sistema, os juros de cada período são integralmente pagos ao
final desses períodos e o principal é integralmente pago ao final do prazo da
operação (PUCCINI, 2017).
35
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

2.3 TAXA EFETIVA


Taxa efetiva é a taxa de juros em que a unidade referencial de seu tempo
coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. São exemplos
de taxas efetivas:

2,00% a.m., capitalizados mensalmente;


3,00% a.t., capitalizados trimestralmente;
6,00% a.s., capitalizados semestralmente;
10,00% a.a., capitalizados anualmente.

Nesses casos, tendo em vista a coincidência nas unidades de medida dos


tempos da taxa de juros com os períodos de capitalização, costuma-se simplesmente
dizer: 2,00% a.m., 3,00% a.t., 6,00% a.s. e 10,00% a.a. (PUCCINI, 2017).

Vieira Sobrinho (2018) complementa abordando que taxa efetiva é a taxa


de juros calculada com base no valor efetivamente emprestado ou aplicado e ao
valor efetivamente recebido ou resgatado, o qual leva em conta eventuais despesas
do contrato, como taxas de administração, comissões, impostos e outras.

No caso de empréstimos ou financiamentos é a taxa aplicada sobre o


valor contratado, excluídas as comissões e outras despesas cobradas na data da
operação que reduzem o valor efetivamente emprestado, ou somadas aos valores
pagos ao longo do contrato.

Já nas aplicações financeiras é a taxa calculada sobre o valor aplicado,


adicionado das taxas, comissões e outras despesas cobradas no ato da operação
ou deduzidas dos valores recebidos ao longo da operação ou por ocasião do
resgate, como imposto, taxas e outros.

2.4 TAXA NOMINAL


Taxa nominal é a taxa de juros em que a unidade referencial de seu
tempo não coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. A
taxa nominal é sempre referente ao ano e os períodos de capitalização podem ser
semestrais, trimestrais, mensais ou diários. São exemplos de taxa nominal:

12,00% a.a., capitalizados mensalmente;


24,00% a.a., capitalizados semestralmente;
10,00% a.a., capitalizados trimestralmente;
18,00% a.a., capitalizados diariamente.

A palavra nominal diz respeito ao que está nominado, ao que está escrito.
No mundo financeiro corresponde ao valor monetário escrito em um título de
crédito ou especificado em um contrato de empréstimo ou financiamento.

36
TÓPICO 2 — JUROS SIMPLES, JUROS COMPOSTOS E TAXA DE JUROS

Assim, se uma duplicata for emitida por R$ 500,00, diz-se que o seu valor
nominal é de R$ 500,00 porque esse é o valor que está escrito no título.

Se em um contrato de financiamento estiver especificado que o valor


financiado é de R$ 20.000,00, esse é o valor nominal financiado.

Da mesma forma, se em um título de crédito constar que este paga juros de


15% ao ano, essa é a taxa nominal de juros; e se no caso de um empréstimo estiver
escrito no contrato que a taxa de juros é de 3% ao mês, essa é a taxa nominal de
juros, independentemente do período de tempo a que se refere.

2.4.1 Taxa efetiva x Taxa nominal


Puccini (2017) resume a diferença de taxa efetiva x taxa nominal da
seguinte forma: Taxa efetiva é a taxa utilizada nos cálculos financeiros, a juros
compostos, pelas calculadoras financeiras e pelas funções financeiras das planilhas
eletrônicas. Taxa nominal tem uma taxa efetiva implícita em seu enunciado, que
depende do número de períodos de capitalização. Essa taxa efetiva implícita é
a que deve ser utilizada nos cálculos financeiros, a juros compostos. Observe a
figura a seguir:

FIGURA 10 – TAXA NOMINAL X TAXA EFETIVA

FONTE: https://bit.ly/2GDTYkW. Acesso em: 7 out. 2019.

37
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

Os exemplos a seguir esclarecem melhor essa classificação.

Exemplo de uma operação de empréstimo: Um mutuário contrata um


empréstimo no valor de R$ 1.000,00 para ser quitado por R$ 1.250,00 ao final de um
ano. Sabendo-se que o banco desconta do valor emprestado 2,13% referente ao IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras) e mais 2% como despesa de cadastro, e
que a taxa de inflação no período foi de 6,35%, calcular as taxas anuais nominal,
efetiva e real.

Solução:
Valor nominal financiado: R$ 1.000,00.
Valor do IOF + cadastro: (2,13% + 2,00%) × R$ 1.000,00 = 41,30.
Valor efetivamente recebido pelo mutuário: R$ 1.000,00 – 41,30 = 958,70.
Valor efetivamente recebido e corrigido: 958,70 × 1,0635 = 1.019,58.
As taxas anuais são obtidas como segue.

Exemplo de uma aplicação financeira: Uma aplicação em LTN (Letra do


Tesouro Nacional) no valor de R$ 18.058,30 deverá ser resgatada por R$ 20.000,00
ao final de 305 dias. Sabendo-se que a instituição financeira escolhida para
intermediar essa operação cobra uma comissão antecipada de 0,85% (0,5% de
custódia e 0,35% de administração), que o rendimento obtido paga imposto de
renda de 20% descontado no resgate e que a inflação no período foi de 5,84%,
calcular as taxas anuais nominal, efetiva e real.

Solução:
Valor das comissões cobradas no ato: 0,85% × 18.058,30 = 153,50.
Valor desembolsado: 18.058,30 + 153,50 = 18.211,70.
Valor do imposto de renda: (20.000,00 – 18.058,30) × 20% = 388,34.
Valor líquido resgatado: 20.000,00 – 388,34 = 19.611,66.
Valor desembolsado corrigido pela inflação do período: 18.211,70 × 1,0584 = 19.275,26.

ATENCAO

É importante destacar que, se não houver cobrança de nenhum encargo além


da taxa de juros, e se a inflação for zero, as taxas nominal, efetiva e real serão iguais.

2.5 CET – CUSTO EFETIVO TOTAL


Vieira Sobrinho (2018) aborda que o CET – Custo Efetivo Total – nada
mais é do que a taxa efetiva de juros cobrada em uma operação de empréstimo ou
financiamento, calculada com base no regime de capitalização composta.

38
TÓPICO 2 — JUROS SIMPLES, JUROS COMPOSTOS E TAXA DE JUROS

A sua divulgação tornou-se obrigatória no nosso país a partir da Resolução


nº 3.517 de 06/12/2007 do Banco Central do Brasil. Essa taxa é uma cópia fiel da
TAEG (Taxa Anual Efetiva de Encargos Globais) implantada em Portugal através
do Decreto-Lei nº 359 de 1o de setembro de 1991 e adotada por todos os 19 países
integrantes da zona do Euro.

O CET é calculado com base em uma equação relativamente complexa,


especificada no anexo da Resolução nº 3.517. Ele consiste em uma taxa efetiva de
juros cobrada em operações de empréstimos ou financiamentos para pagamento
em uma ou mais prestações iguais ou diferentes.

Deve ser expresso na forma de taxa percentual anual (ano de 365 dias)
e inclui todas as taxas e despesas relativas à operação, isto é, engloba a taxa
contratual de juros, tarifas, tributos, seguros e outras despesas cobradas do
cliente, definidas na data do contrato.

No site do SERASA há uma explicação bem simples sobre o CET,


acompanhe o raciocínio. Você já tentou simular um empréstimo ou financiamento
e apareceu uma porcentagem de CET? Muitas vezes, quando buscamos crédito,
só prestamos atenção na taxa de juros ou no tamanho das parcelas, e deixamos de
lado o custo total, que é muito importante em qualquer pedido de crédito. Mas,
afinal, o que é isso e para que ele serve?

Observe quando você compra ingresso pela internet e aparece um valor


a mais chamado de ‘‘taxa de conveniência’’. Essa taxa está inclusa nos ingressos
tanto para show, teatro ou cinema, e normalmente aparece quando você vai
finalizar a compra.

A taxa de conveniência é o valor que a empresa cobra pela prestação do


serviço. Assim, na compra de um ingresso, você não pode levar em consideração
somente o preço do evento, é preciso somar também o valor da taxa.

Do mesmo jeito funciona o CET, que é o Custo Efetivo Total. O CET


contém todos os encargos, tributos, taxas e despesas de um empréstimo ou
financiamento. Ou seja, os juros são apenas uma parte que compõe o valor da
contratação de um serviço. De forma resumida, o CET corresponde ao valor total
da negociação: JUROS + TAXAS + ENCARGOS + TRIBUTOS + SEGUROS. Mas
para que ele serve?

Quando você busca crédito é fundamental ter o máximo de clareza daquilo


que você vai pagar. Por isso, é importante olhar o CET. Ele serve para você saber
quais são todos os custos envolvidos na operação. O CET vai informar o valor total
que você vai pagar em um empréstimo ou financiamento. Mas como funciona?

Todas as empresas são obrigadas a informar o CET na assinatura do


contrato. Por isso, quando comparar ofertas de empréstimo, não olhe somente a
taxa de juros, observe também o Custo Efetivo Total de cada proposta.

39
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

Nem sempre o empréstimo com juros menores é o mais barato ou mais


vantajoso. As tarifas, encargos e seguros podem deixar o custo final maior, apesar
dos juros menores. Então, como saber qual a melhor proposta? Simples: quando
for pesquisar algo, utilize sempre o mesmo valor e prazo como base. Assim você
conseguirá olhar pelo CET qual é o melhor. Cada instituição tem sua política, por
isso as tarifas podem variar. E como é calculado?

O CET é a soma de taxas de juros, tributos, tarifas, gravames, IOF, registros,


seguros e demais despesas do contrato. Ele é apresentado como um percentual
(%) anual. Use esse percentual para ter maior clareza de qual proposta é mais
vantajosa para você!

FIGURA 11 – IMPACTO DO CET

40
TÓPICO 2 — JUROS SIMPLES, JUROS COMPOSTOS E TAXA DE JUROS

FONTE: Adaptado de:<https://bit.ly/3118HxV>. Acesso em: 7 out. 2019

DICAS

CET – Custo Efetivo Total: O que é e como funciona? – Serasa Ensina.


Acesse o link https://www.youtube.com/watch?v=A7LzmWagNrs.

41
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O termo “capital” também é conhecido como “principal” e refere-se ao valor


de uma quantia “na data zero”, ou seja, no início de uma operação. O capital
pode ser apresentado de várias formas: dinheiro investido em uma atividade
econômica, o valor financiado de um bem ou de um empréstimo tomado.

• Juros é a remuneração do capital emprestado, podendo ser entendido, de


forma simplificada, como sendo o aluguel pago pelo uso do dinheiro.

• Os juros podem ser classificados de duas formas: simples ou compostos.


◦ Juros simples: o juro de cada intervalo de tempo sempre é calculado sobre
o capital inicial emprestado ou aplicado. Nesse regime, apenas o capital
inicial (também conhecido como principal) rende juros. Juros e capital não se
misturam, são tratados de forma isolada.
◦ Juros compostos: o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir
do saldo no início de correspondente intervalo. Nesse regime, os juros de
cada período que não forem pagos ao final do período são somados ao
capital e passam a fazer parte da base de cálculo dos juros para os períodos
consecutivos.

• Taxa de juros ou taxa de crescimento do capital é a taxa de lucratividade


recebida num investimento ou aplicada em um empréstimo. Geralmente é
apresentada em bases anuais. A taxa de juros é classificada em taxa nominal e
taxa efetiva.
◦ Taxa nominal: é aquela que possui valor de face, ou seja, é a taxa de juros
em que a unidade referencial de seu tempo não coincide com a unidade de
tempo dos períodos de capitalização.
◦ Taxa efetiva: como o nome sugere, é a taxa, efetivamente, paga ou recebida.

• No Brasil, os juros não podem ser capitalizados em períodos inferiores a um


ano, exceto em situações específicas autorizadas pelo governo. Ou seja, é a taxa
de juros em que a unidade referencial de seu tempo coincide com a unidade de
tempo dos períodos de capitalização.

• A palavra nominal diz respeito ao que está nominado, ao que está escrito. No
mundo financeiro corresponde ao valor monetário escrito em um título de
crédito ou especificado em um contrato de empréstimo ou financiamento.

• CET – Custo Efetivo Total – é a taxa efetiva de juros cobrada em uma operação de
empréstimo ou financiamento, calculada com base no regime de capitalização
composta. Deve ser expresso na forma de taxa percentual anual (ano de 365
dias) e inclui todas as taxas e despesas relativas à operação.

42
AUTOATIVIDADE

1 Disserte sobre o conceito de capital.

2 Disserte sobre o conceito de juros.

3 Disserte sobre o conceito de taxa de juros.

4 O termo capital também é conhecido como principal e refere-se ao valor de


uma quantia na data zero. O capital pode ser apresentado de várias formas.
Assinale a alternativa que não representa uma dessas formas:

a) ( ) Dinheiro investido.
b) ( ) Capital intelectual.
c) ( ) Valor financiado.
d) ( ) Empréstimo tomado.

5 Ao converter uma taxa anual de 12% ao ano em trimestre, qual taxa teremos?

a) ( ) 12,36%.
b) ( ) 12,55%.
c) ( ) 12,68%.
d) ( ) 12,95%.

6 O preço de custo de uma mercadoria é de R$ 210,00. Para que se tenha


um lucro de 20% na venda dessa mercadoria, devo vendê-la a R$ 252,00.
Ou seja, o lucro será de 42,00. Nesse contexto, assinale a alternativa que
corresponde ao valor do capital:

a) ( ) 210,00.
b) ( ) 20%.
c) ( ) 252,00.
d) ( ) 42,00.

7 Analise o exemplo a seguir e classifique-o em juro simples ou juro composto:


Tendo um capital de R$ 6.000,00, que aplicado durante 1 ano, a uma taxa de
3,5% ao mês, gerará um montante de 9.066,41:

a) ( ) Juro Simples.
b) ( ) Juro Composto.

43
8 A empresa Cia das Viagens financia a venda de uma viagem no valor de
R$ 16.000,00, sem entrada, para pagamento em uma única prestação de R$
22.753,61 ao final de 8 meses. Qual é a taxa mensal cobrada pela loja?

S = 22.753,61
P = 16.000,00
n = 8 meses
i=?

9 É a taxa de juros em que a unidade referencial de seu tempo não coincide


com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. Esse conceito
pertence a que tipo de taxa?

a) ( ) Taxa Efetiva.
b) ( ) Taxa Nominal.
c) ( ) CET – Custo Efetivo Total.
d) ( ) Equivalência entre Taxas.

10 É a taxa de juros em que a unidade referencial de seu tempo coincide com


a unidade de tempo dos períodos de capitalização. Esse conceito pertence
a que tipo de taxa?

a) ( ) Taxa Efetiva.
b) ( ) Taxa Nominal.
c) ( ) CET – Custo Efetivo Total.
d) ( ) Equivalência entre Taxas.

44
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1

CAPITAL DE GIRO E ROTINA FINANCEIRA

1 INTRODUÇÃO
Controlar de forma minuciosa todas as transações financeiras é um dos
pontos mais importantes no gerenciamento de eventos, seja no setor privado,
no qual o lucro é essencial, ou no setor público e voluntário, nos quais grandes
perdas podem ser desastrosas (WATT, 2007).

Por isso, entender o conceito de capital de giro, bem como a rotina


financeira do seu negócio é essencial. Um evento nunca será bem-sucedido sem
suporte financeiro.

Watt (2007) escreve que um dos maiores erros, e talvez o mais comum,
é comprometer-se com a realização de um evento sem a garantia prévia dos
recursos financeiros necessários. Isso gerará um desgaste durante todo o processo
e também um evento de baixa qualidade (orçamento baixo). Na verdade, ele pode
até ser cancelado em algum momento, deixando todos com uma má impressão e
uma imagem negativa da empresa.

Para inibir essa situação, as finanças devem ser um elemento-chave


em qualquer estudo de viabilidade. Vale a pena fazer um estudo separado
da viabilidade financeira, verificando-o mais de uma vez, em função de sua
importância (WATT, 2007).

2 CAPITAL DE GIRO
Capital de giro nada mais é que o montante financeiro necessário para uma
empresa manter a continuidade do seu negócio, seja com o pagamento de novas
mercadorias, funcionários, matéria-prima, locação de imóvel ou campanhas de
marketing. Em outras palavras, é o capital destinado a garantir que a empresa
funcione perfeitamente até a entrada das vendas de produtos ou serviços.

“O capital de giro tem participação relevante no desempenho operacional


das empresas, cobrindo geralmente mais da metade de seus ativos totais
investidos” (ASSAF NETO; SILVA, 2012, p. 1). A administração inadequada desse
valor, resulta em sérios problemas financeiros, contribuindo para a formação de
uma situação de falência.

45
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

NOTA

“Nem todos os eventos necessitam de uma grande soma de dinheiro para ter
sucesso, especialmente os locais” (WATT, 2007, p. 59).

O termo giro refere-se aos recursos correntes (curto prazo) da empresa,


geralmente identificados como aqueles capazes de serem convertidos em caixa
no prazo máximo de um ano (ASSAF NETO; SILVA, 2012).

Analisando o balanço patrimonial, permite-se identificar algumas


definições da administração do capital de giro que são representados pelo
quadrante do Ativo Circulante (AC).

QUADRO 3 – BALANÇO PATRIMONIAL E CAPITAL DE GIRO

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)


Disponibilidades Fornecedores
Valores a Receber Salários e Encargos Sociais
Estoques Empréstimos e Financiamentos
Passivo Não Circulante
Ativo Não Circulante Patrimônio Líquido
Investimentos Capital Social
Imobilizado Reservas de Lucros
Ajustes de avaliação Patrimonial

FONTE: Assaf Neto e Silva (2012, p. 3)

O capital de giro, também chamado de capital circulante é representado


pelo ativo circulante, ou seja, pelas aplicações correntes, identificadas geralmente
pelas disponibilidades, valores a receber e estoques (ASSAF NETO; SILVA, 2012).

Vamos entender melhor a aplicação do capital de giro inserindo valores


no balanço patrimonial, vejamos o exemplo:

46
TÓPICO 3 — CAPITAL DE GIRO E ROTINA FINANCEIRA

QUADRO 4 – BALANÇO PATRIMONIAL E CAPITAL DE GIRO (POSITIVO)

FONTE: Assaf Neto e Silva (2012, p. 6)

AC – Ativo Circulante = 35
ANC – Ativo Não Circulante = 65
PC – Passivo Circulante = 20
PNC – Passivo Não Circulante = 30
PL – Patrimônio Líquido = 50

Do total de 35 aplicados no AC, 20 são financiados por créditos de curto


prazo (PC), e os 15 restantes, que representam o capital de giro líquido da empresa,
são oriundos de recursos de longo prazo (PNC + PL). Se analisarmos de outra
forma, veremos que dos 80 captados a longo prazo (PNC + PL), 65 estão aplicados
em ativos também de longo prazo (ANC) e os 15 excedentes são direcionados
para financiar o capital de giro da empresa, denotando certa folga financeira.
Nesse caso, a empresa está com o capital de giro líquido positivo (AC > PC).

Agora vejamos outro exemplo, só que dessa vez com um cenário


desfavorável:

QUADRO 5 – BALANÇO PATRIMONIAL E CAPITAL DE GIRO (NEGATIVO)

FONTE: Assaf Neto e Silva (2012, p. 7)

47
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

AC – Ativo Circulante = 70
ANC – Ativo Não Circulante = 130
PC – Passivo Circulante = 110
PNC – Passivo Não Circulante = 40
PL – Patrimônio Líquido = 50

Nesse exemplo, o CCL é de 40, indicando que 40 dos 130 (ANC) são
financiados por dívidas de curto prazo. Observa-se que a empresa tem levantado
90 de recursos de longo prazo (PNC + PL). No entanto, esse montante não é
suficiente para cobrir suas aplicações permanentes de 130, sendo a diferença de
40 coberta por obrigações correntes (PC). Nesse caso, a empresa está com o capital
de giro líquido negativo (AC < PC).

Mas o que um capital de giro líquido negativo representa? Demonstra


que os recursos de longo prazo da empresa não são suficientes para cobrir suas
aplicações de longo prazo, devendo utilizar recursos do passivo circulante para
tal fim. Ou seja, um CCL negativo revela que a empresa está usando recursos de
curto prazo para financiar seus investimentos de longo prazo (ASSAF NETO;
SILVA, 2012).

Podemos resumir o capital de giro com base na figura a seguir:

FIGURA 12 – CAPITAL DE GIRO POSITIVO E NEGATIVO

Capital de Giro Líquido Positivo Capital de Giro Líquido Negativo

Ativo Passivo Ativo Passivo


Ativo Passivo Ativo Passivo
Circulante Circulante Circulante Circulante
(AC) (PC) (AC) (PC)
Ativo Passivo Ativo Passivo
não não não não
Circulante Circulante Circulante Circulante

AC > PC PC AC < PC PC

AVALIAÇÃO: AVALIAÇÃO:
Bom nível de Liquidez Pode denotar problema de Liquidez

FONTE: <https://bit.ly/2ki4ygh>. Acesso em: 7 out. 2019.

Capital de giro positivo (representado na Figura 12, à esquerda) – significa


que os ativos circulantes são suficientes para liquidar os passivos circulantes, o que
caracteriza uma empresa de bom nível de liquidez.

Capital de giro negativo (representado na Figura 12, à direita) – significa


que a empresa tem um nível de obrigações que superam seus bens e direitos de
curto prazo, o que pode denotar problemas de liquidez.

48
TÓPICO 3 — CAPITAL DE GIRO E ROTINA FINANCEIRA

NOTA

A Liquidez de uma empresa permite evidenciar sua situação patrimonial,


mostrando sua capacidade de transformar seus ativos em dinheiro e com isso honrar seus
compromissos do passivo, no caso de uma eventual liquidação.

Tratando-se da empresa de eventos ser uma prestadora de serviços, como


calculo o capital de giro já que ela não possui estoque?

Como a fórmula básica do capital de giro é:

CG = AC – PC
*AC = Ativo Circulante
*PC = Passivo Circulante

Mesmo que uma empresa não trabalhe com estoques, ela certamente terá
outras contas que estarão classificadas no ativo circulante (AC), como: banco,
caixa, contas a receber etc. Nesse caso, você utilizará essas informações para fins
de cálculo do capital de giro.

É importante destacar que não existe um conceito único sobre quanto você
deve ter de capital de giro, pois isso varia muito de acordo com o tipo de negócio e
merece uma análise individual de cada empresa. Agora que você já aprendeu
sobre a importância do capital de giro, vamos aprender sobre o ciclo operacional,
econômico e financeiro.

E
IMPORTANT

“Às vezes, é melhor suspender um evento no início, do que insistir e apresentar


um fracasso, gerando uma imagem negativa para sua organização” (WATT, 2007, p. 59).

2.1 CICLO OPERACIONAL, ECONÔMICO E FINANCEIRO


Como vimos no subtópico anterior, o termo giro refere-se aos recursos
correntes (curto prazo) da empresa, geralmente classificados como aqueles
capazes de serem convertidos em caixa no prazo máximo de um ano (ASSAF
NETO; SILVA, 2012).

49
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

Uma boa administração do capital de giro envolve imprimir alta rotação


(giro) ao circulante, tornando mais dinâmico seu fluxo de operações. Esse
incremento de atividade no capital de giro proporciona, de forma favorável à
empresa, menor necessidade de imobilização de capital no ativo circulante e
consequente incentivo ao aumento da rentabilidade.

É no entendimento desse processo que identifica-se o ciclo operacional,


econômico e financeiro da empresa. Primeiro, vamos entender a diferença entre
cada um dos ciclos, que está bem visível na figura a seguir:

FIGURA 13 – CICLO OPERACIONAL, ECONÔMICO E FINANCEIRO

FONTE: Assaf Neto e Silva (2012, p. 11)

PME (Mp) = prazo médio de estocagem de matérias-primas


PMF = prazo médio de fabricação
PMV = prazo médio de venda (prazo médio de estocagem)

Evidentemente, de acordo com as características operacionais da empresa,


uma ou mais dessas fases podem não existir, como é o caso das prestadoras de
serviços (empresas de eventos).

Ciclo Operacional: neste ciclo, cada uma das fases operacionais retratadas
na Figura 13 apresenta uma determinada duração. Compra de matérias-primas
(prazo de estocagem); fabricação (o tempo necessário para transformação da MP
em produto acabado); produtos acabados (prazo necessário para sua venda), e o
recebimento (período de cobrança das vendas realizadas a prazo) (ASSAF NETO;
SILVA, 2012).

Lembrando que esse tipo de ciclo não se aplica às empresas que não
trabalham como estoque, é mais utilizado na indústria.

50
TÓPICO 3 — CAPITAL DE GIRO E ROTINA FINANCEIRA

Ciclo Financeiro: o ciclo financeiro mede exclusivamente as


movimentações de caixa, abrangendo o período compreendido entre o desembolso
inicial de caixa (pagamento de materiais e fornecedores) e o recebimento da
venda do produto ou serviço. Em outras palavras, o ciclo financeiro representa
o intervalo de tempo que a empresa necessitará efetivamente de financiamento para
suas atividades (ASSAF NETO; SILVA, 2012).

Ciclo Econômico: considera unicamente as ocorrências de natureza


econômica, envolvendo a compra dos materiais até a respectiva venda. Não leva
em consideração, pelo próprio enunciado do ciclo, os reflexos de caixa verificados
em cada fase operacional, ou seja, os prazos de recebimentos das vendas e os
pagamentos dos gastos incorridos (ASSAF NETO; SILVA, 2012).

Esses três ciclos impactam diretamente o fluxo de caixa da empresa.


Por isso, é importante destacar que durante um período do ciclo, conforme as
condições de negociação da empresa, ela terá que arcar com os custos referentes
aos insumos sem efetuar vendas. Logo, será necessário um capital de giro capaz
de suportar esses investimentos.

ATENCAO

Acadêmico! Lembre-se de que a gestão de uma empresa é um processo


extremamente dinâmico, necessitando, em muitos casos, um sistema de informação
gerencial objetivo e intuitivo. Também é importante conhecer as durações das fases
operacionais do negócio para identificar sua real necessidade de financiamento, identificar
o montante ideal de capital de giro também é extremamente essencial.

3 PONTO DE EQUILÍBRIO: CONTÁBIL, ECONÔMICO E


FINANCEIRO
O ponto de equilíbrio (do inglês: break-even-point) é a denominação dada
ao estudo nas empresas, no qual o total das receitas é igual ao total dos gastos
(custos e despesas).

A ideia por trás do conceito de ponto de equilíbrio refere-se a um volume


mínimo de faturamento e vendas desejado para a operação. Pode ser classificado
de diferentes formas, como: ponto de equilíbrio contábil, financeiro ou econômico.
Para calculá-lo é preciso entender as diferentes formas de classificação dos gastos
projetados para o investimento (BRUNI, 2018). Uma vez que o gasto não apresente
relação direta com os volumes de produção e vendas, classifica-o como um gasto
fixo. Em outras palavras, os gastos fixos comportam-se independentemente dos
volumes de produção e vendas.
51
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

GRÁFICO 2 – GASTOS FIXOS VERSUS VOLUME (PRODUÇÃO/VENDAS)

FONTE: Bruni (2018, p. 202)

Observe que, graficamente, o gasto fixo permanece inalterado, ou seja,


comportam-se independentemente dos volumes de produção e vendas (BRUNI,
2018). Já os gastos variáveis, como o próprio nome diz, apresentam relação direta
com os volumes de produção e vendas.

GRÁFICO 3 – GASTOS VARIÁVEIS VERSUS VOLUME (PRODUÇÃO/VENDAS)

FONTE: Bruni (2018, p. 202)

Observe que quanto maior o volume de vendas e produção, maiores os


gastos variáveis. Assim, a soma dos gastos fixos e variáveis representa o gasto
total da empresa. Inserindo a receita total e supondo que ela cresça com maior
intensidade que os gastos variáveis, teremos o ponto de equilíbrio, em que receitas
totais se igualam aos gastos totais.

GRÁFICO 4 – GASTOS TOTAIS E RECEITAS VERSUS VOLUME

FONTE: Bruni (2018, p. 205)

52
TÓPICO 3 — CAPITAL DE GIRO E ROTINA FINANCEIRA

O ponto de equilíbrio pode ser representado pelo volume de vendas em


unidades ou pelo faturamento em unidades monetárias para o qual o lucro da
operação é nulo. Como a ênfase é dada à análise do lucro contábil, essa forma
de cálculo e apresentação do ponto de equilíbrio recebe a denominação ponto de
equilíbrio contábil (BRUNI, 2018).

GRÁFICO 5 – GASTOS TOTAIS, RECEITAS E PONTO DE EQUILÍBRIO

FONTE: Bruni (2018, p. 205)

PEC$ = Ponto de Equilíbrio em unidade monetária


PECq = Ponto de Equilíbrio em quantidade

O ponto de equilíbrio contábil apresenta o volume de vendas ou


faturamento que uma determinada empresa precisa obter para cobrir todos os
seus gastos. No ponto de equilíbrio contábil, o lucro é nulo (BRUNI, 2018).

Matematicamente, pode-se apresentar a seguinte equação para cálculo do


ponto de equilíbrio contábil:

PEC = Gastos Fixos / Margem de Contribuição

Vantagem: leva em consideração os demonstrativos contábeis para


mostrar exatamente o quanto a empresa precisa vender para ficar com lucro zero.
Ou seja, qualquer quantidade abaixo desse valor deverá ser inaceitável para o seu
negócio, pois resultará em prejuízo.

NOTA

Quanto menor o ponto de equilíbrio da sua empresa, melhor.

53
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

O ponto de equilíbrio financeiro não leva em consideração a depreciação


e a amortização, fatores que diminuem o lucro contabilmente, mas que
gerencialmente não representam saída de caixa do seu negócio. Ou seja, teremos
basicamente a seguinte situação:

Lucro = zero - depreciação

Matematicamente, pode-se apresentar a seguinte equação para cálculo do


ponto de equilíbrio financeiro:

PEF = (Gastos Fixos – Gastos não Desembolsáveis) / Margem de Contribuição

Vantagem: o cálculo não leva em consideração gastos que não


vão sair do caixa, mostrando exatamente quanto você precisa vender para ficar
com o lucro zerado. O único problema dessa abordagem é que ela não prepara
você para momentos de troca de máquinas ou equipamentos que precisarão ser
trocados no futuro.

Por fim, o ponto de equilíbrio econômico determina um lucro mínimo


desejado para se embutir no cálculo, representando uma remuneração ao capital
investido nela. Na prática, esse cálculo sempre deveria ser utilizado em conjunto
com o ponto de equilíbrio contábil, já que existem sempre dois parâmetros de
análise financeira, quanto vender para não ter prejuízo e quanto vender para
lucrar o desejado. Ou seja, teremos basicamente a seguinte situação:

Lucro = Zero + Remuneração do Capital Próprio

Matematicamente, pode-se apresentar a seguinte equação para cálculo do


ponto de equilíbrio econômico.

PEE = (Gastos Fixos + Lucro Desejado) / Margem de Contribuição

Vantagem: o cálculo já leva em consideração o quanto quer de lucro,


ajudando a entender a quantidade de produtos ou serviços que precisam ser
vendidos para você ter retorno.

Acadêmico, trataremos melhor sobre a classificação dos gastos fixos e


variáveis na Unidade 2, quando nos aprofundaremos no assunto para efetuar o
gerenciamento de custos e despesas. Para finalizar este tópico, falaremos de fontes
de financiamento, assunto de extrema importância no mundo dos negócios.

4 FONTES DE FINANCIAMENTO
Pode-se caracterizar as fontes de financiamento como sendo um conjunto
de capitais internos e externos à organização utilizados para financiamento das
aplicações e investimentos realizados.

54
TÓPICO 3 — CAPITAL DE GIRO E ROTINA FINANCEIRA

Quando há necessidade de uma fonte de financiamento, a primeira grande


escolha a ser feita é analisar se o financiamento deverá ser externo ou interno.
Além disso, outras questões também devem ser analisadas, como: a perda ou
ganho de autonomia financeira, a facilidade ou possibilidade de acesso às fontes
de financiamento, exigibilidade/prazo para a sua restituição, garantias exigidas e
o custo financeiro (juros) desse financiamento.

De acordo com o site ValoreBrasil (2017), as principais fontes de


investimentos de capital podem ser divididas em quatro grupos:

• Fontes para a fase inicial de um negócio (IDEIA), normalmente startups.


• Fontes de capital próprio (bootstrapping) ou subsidiado (por terceiros ou pela
operação da empresa).
• Fontes com participação societária, normalmente os fundos.
• Fontes com capital oneroso, normalmente os empréstimos e financiamentos.

Vejamos cada uma dessas fontes de forma detalhada.

• Fontes para fase inicial:


◦ Seed Capital – o capital semente é a primeira rodada de capital para um
negócio de startup. Obtém o seu nome com base em uma ideia no estágio inicial
que planta uma semente para permitir que a pequena empresa cresça. Um
empresário deve estar comprometido e entusiasmado em busca de dinheiro
semente, uma vez que ele ou ela tem pouco mais para atrair investidores.
◦ Aceleradoras – as aceleradoras recrutam e selecionam empresas em fase
inicial e orientadas para o crescimento, além de recurso financeiro, elas
também oferecem educação e mentoria. As startups entram nas aceleradoras
por um período fixo. O processo de aceleração é de educação intensa, rápida
e imersiva destinada a acelerar o ciclo de vida das novas empresas inovadoras,
reduzindo anos de aprendizado para poucos meses.

NOTA

Startup é uma empresa jovem com um modelo de negócios repetível e


escalável, em um cenário de incertezas e soluções a serem desenvolvidas.

• Fontes de capital próprio:


◦ Capital Próprio (boot strap) – recursos próprios do empreendedor. Consiste
em um conjunto de ações e estratégicas para iniciar um negócio sem utilizar
capital oneroso. A expressão vem do inglês “apertar a fivela das botas”. Sem
ajuda financeira externa. Ex.: finanças pessoais, subsídios ou das receitas
operacionais da própria empresa.

55
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO CONTROLE FINANCEIRO

◦ FFF ou 3 F’s (Family, Friends and Fools) – os três “F” são amigos, familiares
e tolos (as pessoas a quem conversar primeiro ao lançar uma ideia). Menos
de um por cento das startups aumentam o capital de risco para que os 3 F’s
sejam importantes. Confiar em amigos que estão dispostos a investir em você
e em sua família, que se sentem obrigados a investir em você, é uma ótima
maneira de começar. É por isso que os empresários passam muito tempo
cultivando sua rede social (você nunca sabe quem pode ser um potencial
financiador para sua ideia).
◦ Capital Subsidiado (subvenção) – são fontes de recursos que disponibiliza
capital ao empreendedor e que não tem o compromisso de devolver no
futuro, oferecendo algo em troca para a sociedade. O empreendedor tem
o compromisso de realizar o projeto e atingir os objetivos previamente
acordados.
◦ Parcerias Estratégicas – são ações comerciais com empresas que se relacionam
com seu negócio. O primeiro passo é identificar complementariedade (quem
mais pode se beneficiar com seu produto?) e fazer uma proposta com
diferencial para as duas empresas. Para identificar empresas potenciais para
parcerias estratégicas, basta desenhar a rede do seu negócio, identificar os
segmentos-alvo e buscar as parcerias.

• Fontes com participação societária:


◦ Fontes de investimento com participação societária são processos de
negociações entre organizações ou pessoas físicas (cotistas) que visam
transferir cotas sociais de uma empresa para outra empresa ou para outra
pessoa física.

Pode-se dividir esses investidores em dois grandes grupos:

1- Investidor estratégico: quando o comprador opera no mesmo segmento da


vendedora e tem interesse operacional na empresa com intuito de manter o
investimento no longo prazo.
2- Investidor financeiro: quando o comprador tem interesse focado em maximizar
o retorno por meio da retirada de dividendos e ganho de capital na venda do
ativo em curto e médio prazos.

Vejamos agora os principais tipos de investidores:

a) Investidor Anjo (Angel Money) – é uma modalidade de fonte de financiamento


que possui uma regra específica (Lei Complementar nº 155/16) e investe em
pequenas startups ou empresários. Os investidores anjos fornecem condições
mais favoráveis em comparação a outros credores, tanto para o empreendedor
como para o próprio investidor. Esses investidores estão focados em ajudar
as startups a dar seus primeiros passos, e não tão objetivamente os possíveis
lucros que podem obter do negócio em curto prazo.
b) Crowdfunding Equity – é uma modalidade de investimento conhecida como
financiamento coletivo, pois a captação é feita através de microinvestidores
(normalmente via internet) e esses investidores recebem participação da sociedade.

56
TÓPICO 3 — CAPITAL DE GIRO E ROTINA FINANCEIRA

c) Corporate Venture – é uma modalidade de investimento especial de capital de


risco em que as empresas não financeiras investem em empresas-alvo, como
startups ou negócio com tecnologia agregada.
d) Venture Capital – é uma modalidade de fonte de capital de risco em que os
investidores oferecem às empresas iniciantes e às pequenas empresas que
acreditam ter potencial de crescimento a médio e longo prazo. O capital de risco
geralmente vem de investidores, bancos de investimento e outras instituições
financeiras.
e) Private Equity – é uma fonte de capital de investimento de pessoas e instituições
de alto patrimônio líquido com o objetivo de investir e adquirir participações
em empresas de maior porte.

• Fontes com capital oneroso:


◦ Empréstimos e Financiamentos – são fontes convencionais de capital oneroso,
em que a empresa passa por um processo de aprovação para determinar
o valor, condições e custos do capital. São formados principalmente por bancos
comerciais públicos e privados e por bancos de fomento.
◦ Peer-to-Peer Lending (Lending Money) – também conhecido como empréstimo
social. O P2P Lending é uma modalidade financeira possível graças à tecnologia,
em que permite a um grupo de indivíduos com capital (investidores)
emprestarem para indivíduos que precisam do capital (tomadores), sem o
uso de uma instituição financeira oficial como intermediário.

57
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Controlar de forma minuciosa todas as transações financeiras é um dos pontos


mais importantes no gerenciamento de eventos, seja no setor privado ou público.

• Capital de giro nada mais é que o montante financeiro necessário para uma
empresa manter a continuidade do seu negócio, seja com o pagamento de novas
mercadorias, funcionários, matéria-prima, locação de imóvel ou campanhas de
marketing. Em outras palavras, é o capital destinado a garantir que a empresa
funcione perfeitamente até a entrada das vendas de produtos ou serviços.

• O termo giro refere-se aos recursos correntes (curto prazo) da empresa,


geralmente identificados como aqueles capazes de serem convertidos em caixa
no prazo máximo de um ano.

• O capital de giro líquido de uma empresa pode ser positivo ou negativo, sendo
que um capital de giro positivo significa que os ativos circulantes são suficientes
para liquidar os passivos circulantes, o que caracteriza uma empresa de bom
nível de liquidez. Já um capital de giro negativo significa que a empresa tem
um nível de obrigações que superam seus bens e direitos de curto prazo, o que
pode denotar problemas de liquidez.

• Não existe um conceito único sobre quanto deve-se ter de capital de giro,
pois isso varia muito de acordo com o tipo de negócio e merece uma análise
individual de empresa para empresa.

• O ciclo de uma empresa é classificado em:


◦ Ciclo Operacional: neste ciclo, cada uma das fases operacionais apresenta
uma determinada duração.
◦ Ciclo Financeiro: mede exclusivamente as movimentações de caixa,
abrangendo o período compreendido entre o desembolso inicial de caixa e o
recebimento da venda do produto ou serviço.
◦ Ciclo Econômico: considera unicamente as ocorrências de natureza
econômica, envolvendo a compra dos materiais até a respectiva venda. Esses
três ciclos impactam diretamente o fluxo de caixa da empresa.

• O ponto de equilíbrio (break-even-point) é a denominação dada ao estudo nas


empresas, no qual o total das receitas é igual ao total dos gastos (custos e
despesas).

58
• Gastos fixos são aqueles que não apresentam relação direta com os volumes
de produção e vendas. Já os gastos variáveis apresentam relação direta com os
volumes de produção e vendas. A soma dos gastos fixos e variáveis representa
o gasto total da empresa.

• Fontes de financiamento são um conjunto de capitais internos e externos à


organização, utilizados para financiamento das aplicações e investimentos
realizados, são classificados em: fontes de fase inicial, de capital próprio, com
participação societária e de capital oneroso.

CHAMADA

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59
AUTOATIVIDADE

1 O capital de giro é representado por quais grupos de contas no balanço


patrimonial?

a) ( ) Ativo circulante.
b) ( ) Ativo não circulante.
c) ( ) Passivo circulante.
d) ( ) Passivo não circulante.

2 A administração do capital de giro trata dos ativos e passivos correntes a


partir de um conjunto de regras que tem por objetivo a preservação da saúde
financeira da empresa. Sobre a natureza e as definições da administração
do capital de giro é INCORRETO afirmar que:

a) ( ) O capital de giro líquido (CCL) reflete a folga financeira da empresa e


representa o volume de recursos de longo prazo que financia os ativos
correntes.
b) ( ) Uma boa administração do capital de giro envolve imprimir alta rotação
(giro) ao circulante, tornando mais dinâmico seu fluxo de operações.
c) ( ) O ciclo operacional representa o intervalo de tempo em que não
ocorrem ingressos de recursos financeiros na empresa, demandando-
se capital para financiá-lo.
d) ( ) Quanto menor a participação de recursos de longo prazo, menos
arriscada se apresenta a política de capital de giro da empresa.

3 Analise a seguinte situação:

Caixa (AC) = R$ 2.500,00


Contas a receber (AC)= R$ 10.000,00
Contas a pagar (PC)= R$ 4.000,00
Estoques (AC) = R$ 4.500,00

Considerando-se os valores apresentados, o capital de giro líquido dessa


empresa seria, em reais, de:

a) ( ) 6.000,00.
b) ( ) 8.500,00.
c) ( ) 10.500,00.
d) ( ) 13.000,00 (Fórmula: AC-PC).

4 Utilizando-se das informações da Questão 3, o CCL é positivo ou negativo?


Disserte sobre o significado do CCL identificado.

5 O que significa a liquidez de uma empresa?

60
6 Sobre o ciclo operacional, econômico e financeiro, relacione os conceitos:

1- Ciclo Operacional
2- Ciclo Econômico
3- Ciclo Financeiro

( ) Representa as movimentações de caixa, abrangendo o período


compreendido entre o desembolso dos gastos e o recebimento da venda.
( ) Representa a duração de cada uma das fases operacionais da empresa.
( ) Representa unicamente as ocorrências de natureza econômica, envolvendo
a compra dos materiais até a respectiva venda.

7 O Ciclo Operacional da empresa pode ser definido como as suas fases de


funcionamento, que vão desde a aquisição de materiais para a produção
até o recebimento das vendas efetuadas. Quanto mais longo se apresentar
o Ciclo Operacional, menor será a necessidade de investimento em giro.

a) ( ) Certo.
b) ( ) Errado.

8 Disserte sobre o conceito de gasto fixo e variável e cite exemplos.

9 O que representa o ponto de equilíbrio?

10 Sobre as fontes de financiamento, qual a modalidade mais utilizada no


Brasil? Disserte sobre ela.

61
62
UNIDADE 2 —

FERRAMENTAS DE GESTÃO DE
GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E
FINANCEIRA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender o conceito de gastos e suas divisões (despesa, custo e desembolso);


• compreender a diferença entre custo direto e indireto;
• compreender a diferença entre custo fixo e variável;
• aprender sobre a classificação e gerenciamento dos gastos;
• conhecer a importância do fluxo de caixa;
• entender os componentes financeiros de um negócio (juros e taxas);
• estudar o orçamento de compras e vendas;
• aprender os critérios para a formação de preço.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E DESEMBOLSOS

TÓPICO 2 – FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

TÓPICO 3 – FLUXO DE CAIXA E ORÇAMENTOS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

63
64
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2

GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E


DESEMBOLSOS

1 INTRODUÇÃO
Quando falamos sobre aspectos financeiros no mundo dos eventos, a
primeira coisa a se fazer é analisar e estabelecer os custos exatos do evento em
questão. Isso porque, talvez, seja necessária a antecipação de algumas despesas, o
que exigirá um ótimo controle financeiro para que não haja prejuízos ao negócio.

Watt (2007) aborda que só é possível fazer estimativas precisas sobre


um evento após identificadas e orçadas todas as tarefas relevantes. O autor
complementa escrevendo que junto à necessidade do controle financeiro é
de extrema importância listar em uma coluna todos os itens que irão compor
a estrutura do evento, devendo ser colocados nessas colunas toda as prováveis
despesas e possíveis receitas, obtendo-se um demonstrativo preciso sobre
as previsões.

Esse processo pode parecer simples, mas obter números corretos em


todos os itens que compõem um evento pode ser uma tarefa onerosa. Todavia,
é fundamental ser o mais exato possível, já que números imprecisos podem ser
enganosos e causar problemas mais tarde (WATT, 2007).

Um grande erro dos empreendedores iniciantes, objetivando conquistar


clientes, é efetuar sua precificação de forma errônea. Alguns, por sua vez,
quantificam mal seus custos ou despesas e ofertam serviços, principalmente
para empresas, e depois têm dificuldades para a entrega dos seus serviços e
produtos por falta de caixa. Outros desejam cobrar o que o mercado suportar e
perdem mercado, incentivando a concorrência. Por esses motivos, conhecer os
custos, despesas e os limites financeiros, precificando de forma adequada e em
conformidade com o perfil da empresa é fundamental para o sucesso do negócio
(VEIGA; SANTOS, 2016).

2 GASTOS: DESPESAS E CUSTOS


Muitas vezes, o assunto “gastos” causa vontade de ficar longe do tema,
pois, em geral, é tratado de forma bastante densa. É por natureza um assunto que
envolve muitos aspectos técnicos, com números, fórmulas e gráficos.

65
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

Para as pessoas leigas é comum considerar que despesas, gastos e custos


significam a mesma coisa, ou seja, um dispêndio. Quando se aprende que há
diferenças entre esses três termos, um dos maiores problemas, em geral, é fazer a
distinção entre eles.

Primeiramente, vamos entender o que é um gasto. Gasto é um conceito


extremamente amplo, pois todos os bens e serviços adquiridos por uma empresa
são considerados como “gastos” em algum momento de sua existência. Existem
gastos com a compra de matérias-primas, mão de obra e insumos, que no decorrer
do processo se transformarão em custos, despesas ou investimentos.

Os gastos podem ser classificados em:

• desembolso;
• investimentos;
• custos;
• despesas;
• perdas ou desperdícios.

Neste livro, nos aprofundaremos em dois conceitos: custos e despesas.

Independentemente de tamanho, área de atuação, região ou localização,


a compreensão dos gastos é fundamental para a manutenção, competitividade,
lucratividade e longevidade das empresas. Muitos administradores,
empreendedores e gestores somente conseguem identificar os custos que estão
diretamente relacionados aos produtos ou serviços, não considerando itens
indiretos importantes.

Os custos e as despesas estão relacionados à aquisição, estocagem,


movimentação de matéria-prima e mercadorias, alocação dos custos indiretos,
custos de transformação, sistema de movimentação de cargas, custos dos serviços,
além da necessidade de controle interno e do processo de logística, entre outros.

É importante que os envolvidos com a gestão do negócio saibam


exatamente o gasto envolvido, para a apuração do preço de venda e da margem
de contribuição por produto, mercadoria ou serviço (VEIGA; SANTOS, 2016).

As empresas prestadoras de serviços, igualmente às demais, têm custos e


despesas. No caso das micro e pequenas empresas de serviços, a dificuldade de
separar custos e despesas é ainda maior.

Contudo, a literatura a respeito dos gastos das empresas trata apenas


de aplicações dos conceitos teóricos em empresas comerciais e industriais, não
abordando as prestadoras de serviços.

O conceito de custos e despesas pode ser assim apresentado: Custos são


representados pelo investimento em estoques e por todos os itens relacionados

66
TÓPICO 1 — GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E DESEMBOLSOS

diretamente à elaboração de produtos (para empresas industriais), processo de


aquisição, movimentação e estocagem de mercadorias (para empresas comerciais)
e os relacionados diretamente à prestação de serviços (para empresas de serviços).

Observe no quadro a seguir a definição simples de custos:

QUADRO 1 – DEFINIÇÃO DE CUSTOS

Custos
Desembolso ligado à produção de bens ou prestação do serviço
Vinculados diretamente aos produtos e serviços
Está relacionado diretamente à atividade-fim da empresa
(Produto produzido ou serviço prestado)

FONTE: Os autores

Na prestação de serviços, quando há a utilização de produtos (ou outros


serviços) para prestar o serviço final também deverá contabilizar tais gastos como
custos. Os custos da prestação de serviços são compostos por custos diretos/
indiretos e fixos/variáveis. A figura a seguir apresenta a classificação dos custos.

FIGURA 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS

Direto

Fixo Custos Variável

Indireto

FONTE: Os autores

As despesas são gastos realizados para se obter as receitas. As despesas


podem ser divididas em operacionais e outras despesas. Nas despesas operacionais
relacionam-se: despesas administrativas (salário da administração), despesas
comerciais (comissão e propaganda) e as despesas financeiras (operações que
envolvem juros, descontos etc.). Já as outras despesas compreendem as despesas
que não se classificaram anteriormente, por exemplo, multas fiscais (VEIGA;
SANTOS, 2016). O quadro a seguir apresenta definições de despesas.
67
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

QUADRO 2 – DEFINIÇÕES DE DESPESAS

Despesas
Desembolso para administração e manutenção da empresa
Não estão atrelados diretamente à produção
Está relacionado à gestão e manutenção da empresa (Atividade-meio)

FONTE: Os autores

Despesas são todos os gastos relativos à administração da empresa, ou


seja, que não estão relacionados diretamente com a produção ou venda. Exemplo:
folha de pagamento da administração, publicidade e propaganda, material de
expediente e comissões.

As despesas são classificadas como fixas ou variáveis, conforme figura a


seguir.

FIGURA 2 – CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS

Fixas Variáveis

Despesas

FONTE: Os autores

Despesas fixas são aquelas que não possuem nenhuma relação com o
custo do serviço. Ou seja, independentemente das vendas mensais ou dos custos
do serviço, as despesas classificadas como fixas permanecerão a mesma.

Vejamos na figura a seguir alguns exemplos de despesas fixas na prestação


de serviços.

68
TÓPICO 1 — GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E DESEMBOLSOS

FIGURA 3 – EXEMPLO DE DESPESAS FIXAS

FONTE: <https://bit.ly/2m5nqJ6>. FONTE: <https://bit.ly/2m2zbQp>.


Acesso em: 13 nov. 2019. Acesso em: 13 nov. 2019.

FONTE: <https://bit.ly/2DafWty >.


Acesso em: 13 nov. 2019.

FONTE: <https://bit.ly/2kyFg6P>.
Acesso em: 13 nov. 2019.

FONTE: Os autores

Bruni e Famá (2019) conceituam as despesas fixas como aquelas que


não variam em função do volume de vendas. Despesa fixa é uma despesa que
acontecerá todo mês, faça chuva, faça sol, caso sua empresa fature ou não. Mas
isso não significa que ela vai ser igual todo mês. Por exemplo, a água é uma
despesa fixa, mas nem por isso sua empresa paga o mesmo valor todo mês.

Despesas variáveis são as despesas relativas à operacionalização (não


confundir com custo). São assim chamadas justamente porque o valor gasto
com elas é variável e seu valor total muda conforme as vendas ou alguma outra
atividade da empresa.

Dizemos que as despesas variáveis estão “no meio do caminho” entre ser
um custo e uma despesa. Isso porque, por não estarem atreladas diretamente à
operacionalização e nem à quantidade vendida, se comportam como despesas,
mas ainda possuem forte relação com as atividades de operacionalização
(TREASY, 2016).

69
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

Vejamos na figura a seguir alguns exemplos de despesas variáveis na


prestação de serviços.

FIGURA 4 – EXEMPLO DE DESPESAS FIXAS

FONTE: <https://bit.ly/2k9rLuf>. FONTE: <https://bit.ly/2koUGuu>.


Acesso em: 13 nov. 2019. Acesso em: 13 nov. 2019.

FONTE: <https://bit.ly/2k6dFcV>. FONTE: <https://bit.ly/2kzitb2>.


Acesso em: 13 nov. 2019. Acesso em: 13 nov. 2019.

FONTE: Os autores

Na prestação de serviços, as despesas são os gastos que a empresa precisa


realizar para manter-se funcionando, independentemente se há faturamento ou
não (são gastos necessários para manter a empresa aberta).

Para entender melhor a classificação, observe o exemplo do Evento A


logo a seguir: considere que sua empresa de eventos foi contratada para prestar
o seguinte serviço de eventos.

Evento A
- O funcionário que fechou o negócio deverá ser devidamente comissionado.
- A empresa exige a presença de 5 garçons e 1 cozinheiro.
- O evento será em um local terceirizado.
- A empresa solicita que você fique responsável pelos brindes para o evento.
- O valor a ser cobrado do cliente é de 88.000,00.
- Você apurou os gastos totais no valor de 73.500,00 da seguinte forma:

70
TÓPICO 1 — GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E DESEMBOLSOS

Gastos R$ Gastos
Comissão do vendedor 1.000,00
Salário do Operacional 22.000,00
Materiais Utilizados no Evento 14.000,00
Salário da Administração 12.000,00
Aluguel da Empresa (Adm) 5.000,00
Aluguel do Espaço do Evento 12.000,00
Material de expediente (Adm) 500,00
Juros s/ financiamento 300,00
Brindes do Evento 2.500,00
Energia elétrica (Adm) 1.200,00
Uniformes da empresa 3.000,00
Total 73.500,00

Agora, teste seu conhecimento e destaque dentre os gastos quais são as


despesas variáveis e fixas do evento A.

Resposta:

Gastos R$ Gastos Desp Fixa Desp Variável


Comissão do vendedor 1.000,00 1.000,00
Salário da Administração 12.000,00 12.000,00
Aluguel da Empresa (Adm) 5.000,00 5.000,00
Material de expediente (Adm) 500,00 500,00
Juros s/ financiamento 300,00 300,00
Energia elétrica (Adm) 1.200,00 1.200,00
Total 20.000,00 18.500,00 1.500,00

Acadêmico, agora que já aprendemos o conceito geral de custo e despesa,


é hora de estudarmos de forma mais aprofundada suas divisões e classificações.

3 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS


De forma muito semelhante às atividades industriais e comerciais, o
custo da prestação de serviços é composto por custos diretos e indiretos, fixos e
variáveis.

71
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

Teremos a seguinte terminologia dos custos, segundo o Sebrae (2019):

• Custos diretos: são gastos que podem ser apropriados diretamente ao produto
ou ao serviço.
• Custos indiretos: são gastos que para serem incorporados aos produtos ou
aos serviços utilizam um critério de rateio, por não terem ligação direta com o
produto ou com o serviço.
• Custos fixos: são todos os gastos que não variam em função dos volumes
produzidos ou serviços prestados.
• Custos variáveis: são gastos que variam proporcionalmente aos volumes
produzidos ou serviços prestados.

NOTA

CUSTO E CUSTEIO: Custo é o valor do gasto incorrido indispensável à


obtenção do bem ou serviço gerador da renda, enquanto custeio é o método utilizado
para a obtenção do custo. O custo é representado pelo valor ou somatório de valores que
constituirão o valor gasto na obtenção da mercadoria, produto ou serviço a ser ofertado
(VEIGA; SANTOS, 2016).

72
TÓPICO 1 — GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E DESEMBOLSOS

FIGURA 5 – DIFERENÇA ENTRE CUSTOS DIRETOS/INDIRETOS-FIXOS/VARIÁVEIS

FONTE: <https://www.nomus.com.br/blog-industrial/voce-sabe-o-que-sao-custos-fixos-
variaveis-diretos-e-indiretos/>. Acesso em: 18 nov. 2019.

73
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

3.1 CUSTO DIRETO


Custos diretos são compostos pelo consumo de recursos diretamente
aplicado no serviço, como mão de obra direta, materiais e insumos.

Vejamos na figura a seguir alguns exemplos de custos diretos na prestação


de serviços.

FIGURA 6 – EXEMPLO DE CUSTOS DIRETOS

FONTE: <https://bit.ly/2lXh2U2>. FONTE: <https://bit.ly/2kAne4b>.


Acesso em: 18 nov. 2019. Acesso em: 18 nov. 2019.

FONTE: <https://bit.ly/2lHO36w>. FONTE: <https://bit.ly/2m6g9sz>.


Acesso em: 18 nov. 2019. Acesso em: 18 nov. 2019.

FONTE: Os autores

O custo direto é aquele para o qual é mais fácil atribuir um valor, ou seja,
que é mensurável sem dificuldades, sem necessidade de rateio e que é relacionado
diretamente ao produto final.

Utilizando o mesmo exemplo apresentado anteriormente (Evento A),


destaque dentre os gastos quais são considerados custos diretos.

74
TÓPICO 1 — GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E DESEMBOLSOS

Resposta:

Gastos R$ Gastos Custo Direto


Salário do Operacional 22.000,00 22.000,00
Materiais Utilizados no Evento 14.000,00 14.000,00
Aluguel do Espaço do Evento 12.000,00 12.000,00
Brindes do Evento 2.500,00 2.500,00
Total 50.500,00 50.500,00

3.2 CUSTO INDIRETO


Além dos custos diretos, empresas com necessidade de ter estrutura para
atendimentos dos serviços incorrem em custos indiretos. Indireto é o custo que
não se pode apropriar diretamente a cada evento em função do momento de sua
ocorrência. Vejamos na figura a seguir alguns exemplos de custos indiretos na
prestação de serviços.

FIGURA 7 – EXEMPLO DE CUSTOS INDIRETOS

FONTE: <https://bit.ly/2kaOXZ4>. FONTE: <https://bit.ly/2k6fxSZ>.


Acesso em: 18 nov. 2019. Acesso em: 18 nov. 2019.

FONTE: <https://bit.ly/2koWGD0>. FONTE: <https://bit.ly/2lHlBSA>.


Acesso em: 18 nov. 2019. Acesso em: 18 nov. 2019.

FONTE: Os autores

75
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

Vamos praticar dando continuidade ao exemplo anterior. Só que agora,


você deve destacar dentre os gastos quais são considerados custos indiretos.

Resposta:

Gastos R$ Gastos Custo Indireto


Uniformes da empresa 3.000,00 3.000,00
Total 3.000,00 3.000,00

Os custos indiretos serão incorporados aos produtos ou aos serviços por


meio de um critério de rateio.

A importância da separação entre custos diretos e custos indiretos é que


o segundo grupo de contas tem de passar por processo de rateio para agregar os
custos diretos em sua composição (YANASE, 2018).

3.3 CUSTOS FIXOS


Dentro da contabilidade de custos, o custo variável e o custo fixo são os
dois principais gastos que uma empresa tem ao produzir bens e serviços. Os
custos podem ser nomeados de muitas maneiras, e essa classificação (fixo ou
variável) se dá quanto ao volume de produção ou vendas, diferente do custo
direto ou indireto, na qual utilizamos como critério de classificação a facilidade
de atribuir determinado custo (direto ou indireto) ao produto ou venda.

Quando classificamos um custo em fixo ou variável estamos falando


do comportamento do custo em relação à movimentação da empresa. Entenda
melhor a partir da figura a seguir.

FIGURA 8 – CATEGORIZAÇÃO DOS CUSTOS

• Direto
Evento
• Indireto

Classificação
dos Custos

Volume • Fixo
de Vendas • Variável

FONTE: Os autores

76
TÓPICO 1 — GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E DESEMBOLSOS

Custo fixo é aquele gasto que existe todo mês, independentemente


se a quantidade de vendas aumentou ou não. Esse custo também costuma ser
chamado de custo de estrutura, já que abrange os gastos relacionados à capacidade
produtiva do empreendimento (CREPALDI; CREPALDI, 2018).

É muito importante lembrar que o custo fixo não significa que o valor é
fixo, ou seja, não significa que seja sempre o mesmo valor. Ele significa que ocorre
todo mês e isso independe da quantidade de produtos vendidos ou serviços
prestados.

Vejamos na figura a seguir alguns exemplos de custos fixos na prestação


de serviços.

FIGURA 9 – EXEMPLO DE CUSTOS FIXOS

Softwares Específicos

FONTE: <https://bit.ly/2lL5lQb>. Acesso em: 18 nov. 2019.

Os custos fixos não sofrem alteração no seu valor total em um determinado


período ou volume de serviços, porém vai ficando cada vez menor em termos
unitários com o aumento do volume das receitas.

Para entendermos melhor a aplicação do custo fixo, considere as seguintes


informações. Sua empresa, em determinado mês, prestou os seguintes serviços e
obteve a seguinte receita total de R$ 43.000, sendo:

Evento 1 12.000,00
Evento 2 23.000,00
Evento 3 8.000,00
Total 43.000,00

Seu custo fixo é de 19.000.

77
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

Ao efetuarmos um cálculo simples teremos:

Receita – Custo Fixo = Lucro Bruto


43.000,00 – 19.000,00 = 24.000,00

Agora, no mês subsequente, sua empresa prestou os seguintes serviços e


obteve a seguinte receita total de R$ 35.000, sendo:

Evento 1 12.000
Evento 2 23.000
Total 35.000

Como o custo é fixo, ele continuará sendo de 19.000.

Ao efetuarmos um cálculo simples teremos:

Receita – Custo Fixo = Lucro Bruto


35.000 – 19.000 = 16.000

Observe que mesmo a receita sendo menor, no exemplo 2 o custo fixo


continua inalterado. A principal diferença se dará no lucro bruto do mês. Em
outras palavras, podemos dizer que quanto maior as vendas, menor será o custo
fixo (porque ele gerou um lucro maior).

3.4 CUSTOS VARIÁVEIS


Os custos variáveis variam no total na proporção direta das variações da
atividade. Ou seja, é o custo cujo total apresenta variação diretamente proporcional
ao volume de produção ou serviço. Seu custo unitário é fixo, mas o total variará
de acordo com a necessidade de cada evento (CREPALDI; CREPALDI, 2018).
Exemplos: mão de obra direta, materiais e insumos.

Vejamos na figura a seguir alguns exemplos de custos variáveis na


prestação de serviços.

78
TÓPICO 1 — GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E DESEMBOLSOS

FIGURA 10 – EXEMPLO DE CUSTOS VARIÁVEIS

FONTE: <https://bit.ly/2lXh2U2>. FONTE: <https://bit.ly/2Go7YAy>.


Acesso em: 18 nov. 2019. Acesso em: 18 nov. 2019.

FONTE: <https://bit.ly/2lHO36w>. FONTE: <https://bit.ly/2m6g9sz>.


Acesso em: 18 nov. 2019. Acesso em: 18 nov. 2019.

FONTE: Os autores

ATENCAO

Acadêmico, você percebeu que alguns exemplos usados em CUSTOS DIRETOS


também foram utilizados em CUSTOS VARIÁVEIS? Isso se dá porque estamos falando da
classificação dos custos e ao mesmo tempo que ele é um custo direto, seu comportamento é
de um CUSTO VARIÁVEL.

Podemos resumir a classificação dos custos da seguinte forma, conforme


figura a seguir:

79
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

FIGURA 11 – CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS

Custo Fixo Custo Indireto Custo Variável Custo Direto

Difícil identificação - Fácil identificação


Difícil identificação -
normalmente Fácil identificação normalmente custos
uso de rateios
custos fixos variáveis

PRODUTOS E SERVIÇOS

FONTE: Fontoura (2013, p. 55)

Acadêmico! Quando da apropriação dos gastos aos objetos de custos,


verificamos que existem itens com valores que são de fácil identificação, outros,
porém são de difícil identificação.

Aqueles custos que podem ser identificados facilmente aos produtos


fabricados ou serviços prestados são denominados de custos diretos, assim os
custos diretos da prestação de serviços são transferidos diretamente aos serviços
prestados, baseados na quantidade mensurada de recursos consumidos para a
prestação de serviços do período.

Os custos indiretos, em relação aos objetos de custos não oferecem uma


condição de uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação tem que ser
feita de maneira estimada e muitas vezes até arbitrária. Esses custos como não
podem ser diretamente apropriados, deverão através de recursos matemáticos,
denominados de rateios, ser alocados aos objetos de custos, entendendo
rateio como o processo de transferência dos custos indiretos a um objeto de
custo desejado.

Esse processo de transferência pode ser realizado conforme uma


metodologia A ou B e o resultado dessa transferência depende das diretrizes da
metodologia escolhida (COSTA; FRAZAN, 2001).

ATENCAO

Lembre-se: o principal objetivo da apuração dos custos dos produtos e/ou


serviços vendidos é ser uma ferramenta de apoio à tomada de decisão, em especial, a
formação do preço de venda.

80
TÓPICO 1 — GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E DESEMBOLSOS

4 GERENCIAMENTO DOS CUSTOS


Quando falamos de gerenciamento dos custos, estamos falando de apropriar
os custos de acordo com o método de custeio mais apropriado para seu negócio. A
apuração do custo de um produto ou serviço é correta desde que sejam seguidas
as diretrizes da metodologia de custeio escolhida, uma vez que cada metodologia
possui características próprias e sua utilização proporciona uma visão de valores
diferenciados na estrutura do resultado medido (COSTA; FRAZAN, 2001).

Dentre as variadas metodologias existentes para alocação dos custos


aos objetos de custos, temos as metodologias de custeio variável e custeio por
absorção, consideradas tradicionais por serem bastante difundidas na prática
contábil, não só no Brasil, mas mundialmente (COSTA; FRAZAN, 2001).

Os métodos de custeio variável ou custeio por absorção, podem ser usados


com qualquer sistema de acumulação de custos. A diferença básica entre os dois
métodos está no tratamento dos custos fixos (CREPALDI; CREPALDI, 2018).

Independentemente da finalidade da apuração dos custos, o método de


custeio utilizado na empresa tem grande influência na gestão de custos, uma vez
que é através dele que o custo unitário do produto ou serviço prestado é apurado
e sobre o qual todos os fundamentos de custeio são modelados.

ATENCAO

Acadêmico! As expressões custeio direto e custeio variável aparecem citadas


muitas vezes na literatura como sinônimos. No entanto, convém ressaltar as diferenças
entre custos variáveis e custos diretos.

As duas expressões,  diretos  e variáveis, baseiam-se em conceitos bastante


diferentes. A diferença entre custos diretos e indiretos refere-se à possibilidade
de identificação dos gastos com objetos específicos de custeio. Custos variáveis e
fixos são distinguidos em função de flutuações nos volumes. Enquanto a primeira
dicotomia é foco de atenções de contadores, a segunda é enfatizada nos processos
de administração empresarial e análise econômica (embora ambos sejam de
fundamental importância na gestão de custos e formação de preços).

Como o uso dos termos direto e variável nem sempre coincide corretamente


com os seus conceitos teóricos, deve-se tomar cuidado com o seu emprego. O
custeio variável trata especificamente da análise de gastos variáveis – diretos
ou indiretos, custos ou despesas, e sua comparação com as receitas. Da análise
comparativa surge o conceito de margem de contribuição – item de fundamental
importância nos processos de tomada de decisões em finanças (BRUNI, 2018).

81
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

Assim, neste livro, optou-se pelo emprego da expressão  custeio variável,


apresentado a seguir.

Método de custeio variável: no critério de custeio variável só são


apropriados aos serviços os gastos variáveis, ficando os gastos fixos separados e
considerados como despesas do período.

Esse método considera como custos para fins de análise de custos dos
serviços prestados somente aqueles gastos que são diretamente identificados
com a atividade do serviço prestado, ou seja, os objetos de custos. A empresa
prestadora possui como gastos dessa natureza mão de obra direta, materiais de
consumo aplicados na execução do serviço e outros já abordados anteriormente
(COSTA; FRAZAN, 2001).

Esse método de custeio é utilizado no Brasil somente para fins gerenciais,


em virtude da atual legislação obrigar a utilização do método de custeio por
absorção para fins contábeis e fiscais.

Para efetuar o cálculo pelo custeio variável, vamos relembrar o exemplo


do Evento “A” abordado anteriormente.

Custo Custo Desp


Gastos R$ Gastos Desp Fixa
Direto Indireto Variável
Comissão do vendedor 1.000,00 1.000,00
Salário do Operacional 22.000,00 22.000,00
Materiais Utilizados no Evento 14.000,00 14.000,00
Salário da administração 12.000,00 12.000,00
Aluguel da Empresa (Adm) 5.000,00 5.000,00
Aluguel do Espaço do Evento 12.000,00 12.000,00
Materias de expediente (Adm) 500,00 500,00
Juros s/ financiamento 300,00 300,00
Brindes do Evento 2.500,00 2.500,00
Energia elétrica (Adm) 1.200,00 1.200,00
Uniformes da empresa 3.000,00 3.000,00
Total 73.500,00 50.500,00 3.000,00 18.500,00 1.500,00

Acadêmico, observe no exemplo que classificamos os gastos em custo


ou despesa; os custos foram classificados em direto ou indireto; e as despesas em
fixa ou variável. Porém, para efetuarmos o cálculo do custeio variável, precisamos
ainda saber dos custos, quais são fixos e variáveis.

Resposta:

82
TÓPICO 1 — GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E DESEMBOLSOS

Gastos R$ Gastos Custo Fixo CustoVariável


Salário do Operacional 22.000,00 22.000,00
Materiais Utilizados no Evento 14.000,00 14.000,00
Aluguel do Espaço do Evento 12.000,00 12.000,00
Brindes do Evento 2.500,00 2.500,00
Uniformes da empresa 3.000,00 3.000,00
Total 53.500,00 3.000,00 50.500,00

Feita a classificação, vamos ao cálculo:

Custeio Variável
Custo do Evento
Custos Variáveis 50.500,00
Custo do Serviço Vendido
Custo Variável 50.500,00
Quantidade (x) 1,00
Custo do Serviço Vendido (CSV) 50.500,00
Desmonstração do Resultado
Receita com vendas 88.000,00
(-) CSV - 50.500,00
(-) Despesas Variáveis - 1.500,00
(=) Margem de Contribuição 36.000,00
(-) Custos Fixos - 3.000,00
(-) Despesas Fixas - 18.500,00
(=) Lucro Líquido 14.500,00

Método de custeio por absorção: consiste em considerar como custos


de fabricação ou serviços prestados todos os custos incorridos no processo do
período, direto ou indireto.

Para calcular o custo de uma prestadora de serviços pelo custeio de


absorção, vamos novamente utilizar as informações anteriores.

Gastos R$ Gastos Custo Fixo CustoVariável


Salário do Operacional 22.000,00 22.000,00
Materiais Utilizados no Evento 14.000,00 14.000,00
Aluguel do Espaço do Evento 12.000,00 12.000,00
Brindes do Evento 2.500,00 2.500,00
Uniformes da empresa 3.000,00 3.000,00
Total 53.500,00 3.000,00 50.500,00

83
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

Efetuando o cálculo:

Custeio por Absorção


Custo do Evento
Custo Fixo 3.000,00
(+) Custo Variável 50.500,00
Custo Total 53.500,00
Custo do Serviço Vendido
Custo Total 53.500,00
Quantidade (x) 1,00
Custo do Serviço Vendido (CSV) 53.500,00
Desmostração do Resultado
Receitas com vendas 88.000,00
(-) CSV - 53.500,00
(=) Resultado 34.500,00
(-) Despesas Fixas e Variáveis - 20.000,00
(=) Lucro Líquido 14.500,00

Para efeitos gerenciais, a alocação dos custos fixos aos serviços pode
distorcer a tomada de decisão. Isso porque os custos fixos não pertencem a este
ou àquele serviço e, sim, à empresa como um todo.

Vejamos de forma resumida nossa apuração de valores:

Item Custeio por Absorção Custeio Variável


Custo do Serviço Vendido 53.500,00 50,500,00
Lucro Líquido 14.500,00 14.500,00

A escolha do método de custeio a ser utilizada pela empresa deve levar


em consideração vários fatores, como: porte da empresa, faturamento, nível de
informatização, quantidade e linhas de produto fabricado ou serviços prestados
e, principalmente, seu planejamento. Num mercado competitivo, a informação
sobre os custos da empresa é fundamental para sua continuidade, por esse motivo
a atualização dos custos deve ser feita quase diariamente e sempre acompanhada
pela gerência (CREPALDI; CREPALDI, 2018).

É importante que os envolvidos com a gestão saibam exatamente o custo


envolvido, para a apuração do preço de venda e da margem de contribuição por
produto, mercadoria ou serviço (VEIGA; SANTOS, 2016).

84
TÓPICO 1 — GASTOS: DESPESAS, CUSTOS E DESEMBOLSOS

E
IMPORTANT

No caso de prestadoras de serviços, teremos o chamado CSV (Custo dos


Serviços Vendidos) também conhecido como CSP (Custo dos Serviços Prestados). Esse
tipo de custeio é utilizado em empresas em que não existe a venda de um produto ou
mercadoria, e sim a prestação de um serviço (TREASY, 2016).

5 RELAÇÃO CUSTO/VOLUME/LUCRO
Os fundamentos da análise de custo-volume-lucro estão intimamente
relacionados ao uso de sistemas de custo no auxílio de decisões de curto prazo,
característica do método de custeio variável.

A importância da análise custo-volume-lucro está em apoiar a tomada de


decisões como:

• fabricar ou comprar;
• introdução de linhas de produto;
• determinação de preços de venda;
• dimensionamento da empresa;
• facilita a elaboração de orçamentos;
• permite a projeção de lucros;
• induz à redução de gastos;
• facilita o controle orçamentário;
• permite a realização de orçamentos flexíveis.

A relação custo-volume-lucro é a relação que o volume de vendas tem


com os custos e lucros.

O planejamento do lucro exige uma compreensão das características dos


custos e de seu comportamento em diferentes níveis operacionais. A relação entre
os custos e as receitas em diferentes níveis de atividades pode ser representada
gráfica ou algebricamente.

A demonstração de resultado do exercício reflete o lucro somente


em determinado nível das vendas, não se prestando à previsão de lucros em
diferentes níveis de atividade. Para alcançar o equilíbrio deverá ser calculado o
volume de vendas necessário para cobrir os custos (ponto de equilíbrio), saber
como usar corretamente essa informação e entender como os custos reagem com
as mudanças de volume (CREPALDI; CREPALDI, 2018).

85
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O processo de apuração dos custos pode parecer simples, mas obter números
corretos em todos os itens que compõem um evento pode ser uma tarefa
onerosa. Todavia, é fundamental ser o mais exato possível.

• Para as pessoas leigas é comum considerar que despesas, gastos e custos


significam a mesma coisa, ou seja, um dispêndio. Quando se aprende que há
diferenças entre esses três termos, um dos maiores problemas, em geral, é fazer
a distinção entre eles.

• Gasto é um conceito extremamente amplo, pois todos os bens e serviços


adquiridos por uma empresa são considerados gastos em algum momento
de sua existência. Os gastos podem ser classificados em: desembolso;
investimentos; custos; despesas; e perdas ou desperdícios. Independentemente
de tamanho, área de atuação, região e localização, a compreensão dos gastos é
fundamental para a manutenção, competitividade, lucratividade e longevidade
das empresas.

• Custos são representados pelo investimento em estoques e por todos os itens


relacionados diretamente à elaboração de produtos (para empresas industriais),
processo de aquisição, movimentação e estocagem de mercadorias (para
empresas comerciais) e os relacionados diretamente à prestação de serviços
(para empresas de serviços). São classificados em fixos ou variáveis, direto ou
indireto.

• Custos diretos são gastos que podem ser apropriados diretamente ao produto
ou ao serviço.

• Custos indiretos são gastos que para serem incorporados aos produtos ou aos
serviços utilizam um critério de rateio, por não terem ligação direta com o
produto ou com o serviço.

• Custos fixos são todos os gastos que não variam em função dos volumes
produzidos ou serviços prestados.

• Custos variáveis são gastos que variam proporcionalmente aos volumes


produzidos ou serviços prestados.

• As despesas são gastos realizados para se obter as receitas. As despesas podem


ser: operacionais, administrativas, comerciais e também existem as despesas
financeiras. São classificadas em fixas ou variáveis.

86
• Despesas fixas são aquelas que não possuem nenhuma relação com o custo
do serviço. Ou seja, independentemente das vendas mensais ou dos custos do
serviço, as despesas classificadas como fixas permanecerão a mesma. É uma
despesa que acontecerá todo mês, faça chuva, faça sol, caso sua empresa fature
ou não. Mas isso não significa que ela terá o mesmo valor todo mês.

• Despesas variáveis são as despesas relativas à operacionalização (não confundir


com custo). São assim chamadas justamente porque o valor gasto com elas é
variável e seu valor total muda conforme as vendas ou alguma outra atividade
da empresa.

• Quando falamos de gerenciamento dos custos estamos falando de apropriar os


custos de acordo com o método de custeio mais apropriado para seu negócio.
Dentre as variadas metodologias existentes para alocação dos custos aos objetos
de custos, temos as metodologias de custeio variável e custeio por absorção.

• No critério de custeio variável só são apropriados aos serviços os gastos


variáveis, ficando os gastos fixos separados e considerados como despesas do
período (deve ser utilizado somente para fins gerenciais).

• Método de custeio por absorção consiste em considerar como custos de


fabricação ou serviços prestados todos os custos incorridos no processo do
período, direto ou indireto.

• Os fundamentos da análise de custo-volume-lucro estão intimamente


relacionados ao uso de sistemas de custo no auxílio de decisões de curto prazo,
característica do método de custeio variável. A importância da análise custo-
volume-lucro está em apoiar a tomada de decisões dos gestores.

87
AUTOATIVIDADE

1 Disserte sobre o conceito de gasto e suas classificações.

2 Custos são representados pelo investimento em estoques e os gastos


relacionados diretamente à prestação de serviços. Sobre os custos, classifique
os conceitos da segunda coluna de acordo com a primeira:

( ) São gastos que variam proporcionalmente aos


(1) Custos Diretos
volumes produzidos ou serviços prestados.
( ) São gastos que para serem incorporados aos
produtos ou aos serviços utilizam um critério de
(2) Custos Indiretos
rateio, por não terem ligação direta com o produto
ou com o serviço.
( ) São gastos que podem ser apropriados diretamente
(3) Custos Fixos
ao produto ou ao serviço.
( ) São todos os gastos que não variam em função dos
(4) Custos Variáveis
volumes produzidos ou serviços prestados.

3 Disserte sobre a diferença entre custo direto/indireto e fixo/variável.

4 Disserte sobre o conceito de despesas.

5 Disserte sobre o conceito de despesas fixas e variáveis.

6 Analise os seguintes gastos e classifique-os em custo direto e custo indireto.

Gastos R$ Gastos
Salário do Operacional 16.000,00
Materiais Utilizados no Evento 18.700,00
Salário da Administração 12.000,00
Aluguel da Empresa (Adm) 5.000,00
Aluguel do Espaço do Evento 8.000,00
Material de expediente (Adm) 500,00
Juros s/ financiamento 300,00
Brindes do Evento 1.300,00
Energia elétrica (Adm) 1.200,00
Uniformes da empresa 3.000,00
Total 66.000,00

88
R$ Custo Custo Desp Desp
Gastos
Gastos Direto Indireto Fixa Variável
Salário do Operacional 16.000,00 16.000,00
Materiais Utilizados no Evento 18.700,00 18.700,00
Salário da Administração 12.000,00 12.000,00
Aluguel da Empresa (Adm) 5.000,00 5.000,00
Aluguel do Espaço do Evento 8.000,00 8.000,00
Material de expediente (Adm) 500,00 500,00
Juros s/ financiamento 300,00 300,00
Brindes do Evento 1.300,00 1.300,00
Energia elétrica (Adm) 1.200,00 1.200,00
Uniformes da empresa 3.000,00 3.000,00
Total 66.000,00 44.000,00 3.000,00 18.500,00 500,00

Gastos R$ Gastos Custo Fixo CustoVariável


Salário do Operacional 16.000,00 16.000,00
Materiais Utilizados no Evento 18.700,00 18.700,00
Aluguel do Espaço do Evento 8.000,00 8.000,00
Brindes do Evento 1.300,00 1.300,00
Uniformes da empresa 3.000,00 3.000,00
Total 47.000,00 3.000,00 44.000,00

a) Custo direto e custo indireto:


b) custo fixo e custo variável:
c) Despesa fixa e despesa variável:

7 Qual a principal diferença entre o método de custeio variável e absorção?

8 De acordo com os gastos apresentados anteriormente, calcule o CSV pelo


método de custeio variável e absorção. Utilize como valor de receita de
venda o valor de R$ 78.000.

89
Custeio Variável - Evento B
Custo do Evento
Custos Variáveis 44.000,00
Custo do Serviço Vendido
Custo Variável 44.000,00
Quantidade (x) 1,00
Custo do Serviço Vendido (CSV) 44.000,00
Demonstração do Resultado
Receita com vendas 78.000,00
(-) CSV - 44.000,00
(-) Despesas Variáveis - 500,00
(=) Margem de Contribuição 33.500,00
(-) Custos Fixos - 3.000,00
(-) Despesas Fixas - 18.500,00
(=) Lucro Líquido 12.000,00

Custeio por Absorção - Evento B


Custo do Evento
Custo Fixo 3.000,00
(+) Custo Variável 44.000,00
Custo Total 47.000,00
Custo do Serviço Vendido
Custo Total 47.000,00
Quantidade (x) 1,00
Custo do Serviço Vendido (CSV) 47.000,00
Demostração do Resultado
Receitas com vendas 78.000,00
(-) CSV - 47.000,00
(=) Resultado 31.000,00
(-) Despesas Fixas e Variáveis - 19.000,00
(=) Lucro Líquido 12.000,00

9 Disserte sobre a relação custo/volume/lucro.

10 Para alcançar o equilíbrio financeiro deverá ser calculado o volume de


vendas necessário para cobrir os custos e despesas. Como é chamado esse
ponto?

a) ( ) Ponto de Equilíbrio.
b) ( ) Ponto de Lucro.
c) ( ) Ponto de Atenção.

90
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2

FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

1 INTRODUÇÃO
A globalização dos mercados, a revolução digital, as novas tecnologias, a
volatilidade e as mudanças que ocorrem no mercado ensejaram uma concorrência
acirrada, diversificada e sem fronteiras (BERNARDI, 2017).

Porém, ao usarmos as expressões padrões globais e globalização,


pensamos num primeiro momento em situações não aplicáveis e inatingíveis
à pequena e média empresas, o que está incorreto. Empresas de menor porte
compram, fornecem, prestam serviços e transacionam com empresas de vários
portes e nacionalidades, além do que, atendem a consumidores e clientes que têm
altas expectativas de atendimento e qualidade.

Com a abertura da economia brasileira, produtos de outros países passaram


a competir intensamente com produtos brasileiros, o que também elevou o nível de
exigência por qualidade, preço e atendimento (BERNARDI, 2017).

Nesse contexto entra a precificação, que nada mais é que pensar e agir de
maneira estratégica e tática para calcular os preços de venda e serviço.

Veiga e Santos (2016) abordam que uma precificação inadequada do


serviço impacta de forma negativa a empresa. Ao precificarmos abaixo do
mercado ou dos custos podemos, entre outros fatores: causar descrédito pelos
clientes e dificuldades para concretizar as vendas; dificultar novos investimentos
e a expansão da empresa; e limitar o fluxo de caixa da empresa. Já a precificação
acima do mercado pode incentivar a concorrência e levar à perda de clientes. Além
disso, uma estratégia de precificação errada pode ocasionar a falência da empresa ou
limitar o seu crescimento e desenvolvimento (VEIGA; SANTOS, 2016).

2 CONCEITO DE PREÇO
Um dos aspectos financeiros mais importantes de qualquer entidade
consiste na fixação dos preços dos produtos e serviços comercializados. Para
alguns autores, essa atividade consiste em uma verdadeira arte do negócio. O
sucesso empresarial poderia até não ser consequência direta da decisão acerca
dos preços. Todavia, um preço equivocado de um produto ou serviço certamente
causará sua ruína (BRUNI; FAMÁ, 2019).

91
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

Quanto aos objetivos relacionados ao processo de formação de preços,


podemos citar:

• Proporcionar, a longo prazo, o maior lucro possível: a empresa consiste em


uma entidade que deve buscar sua perpetuidade. Políticas de preços de curto
prazo, voltadas para a maximização dos lucros, devem ser utilizadas somente
em condições especiais.
• Permitir a maximização lucrativa da participação de mercado: não apenas o
faturamento deve ser aumentado, mas também os lucros das vendas. Algumas
razões contribuem com efeitos negativos sobre os lucros: excesso de estoques,
fluxo de caixa negativo, concorrência agressiva e sazonalidade.
• Maximizar a capacidade produtiva, evitando ociosidade e desperdícios
operacionais: os preços devem considerar a capacidade de atendimento aos
clientes – preços baixos podem ocasionar elevação de vendas e a não capacidade
da manutenção de qualidade do atendimento ou dos prazos de entrega. Por
outro lado, preços elevados reduzem vendas, podendo ocasionar ociosidade
da estrutura de produção e de pessoal.
• Maximizar o capital empregado para perpetuar os negócios de modo
autossustentado: o retorno do capital dá-se por meio de lucros auferidos ao
longo do tempo. Assim, somente por meio da correta fixação e mensuração
dos preços de venda é possível assegurar o correto retorno do investimento
efetuado (BRUNI; FAMÁ, 2019).

Diferentes metodologias são utilizadas como método de formação de


preços, sendo eles: com base nos custos plenos, nos custos de transformação e
no custo variável. Além disso, também são abordados tópicos relacionados à
construção e aplicação de mark-ups na formação dos preços.

Porém, mesmo havendo várias técnicas quantitativas associadas ao


processo de formação de preços, todo e qualquer preço de um produto estará
sempre limitado pelo mercado, ou seja, pelo valor atribuído pelos clientes ao
produto ou serviço comercializado (BRUNI; FAMÁ, 2019).

Falar em preço é, ao mesmo tempo, analisar custos e estimar fatores


intrínsecos do mercado em que o produto ou serviço será ofertado. Alguns
autores apresentam a relação existente entre custo, preço e valor, de acordo com
a figura a seguir.

92
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

FIGURA 12 – CUSTO, PREÇO E VALOR

FONTE: Bruni e Famá (2019, p. 243)

Enquanto o conceito genérico de custo refere-se aos gastos incorridos pela


empresa para poder ofertar o produto ou serviço, o valor consiste nos aspectos
desejados pelos clientes e atendidos pelo produto ou serviço.

O preço estará limitado entre o custo e o valor: nenhuma empresa oferecerá


produtos por preços inferiores ao custo por tempo indeterminado. Da mesma
forma, os clientes somente estarão dispostos a pagar o preço de um produto,
quando o valor percebido for superior.

NOTA

Valor percebido é a percepção que o cliente tem a respeito do custo-benefício


de um produto, serviço ou organização. É o valor percebido que faz seu produto se destacar
dos concorrentes e, por mais curioso que pareça, isso não depende exclusivamente de
preço (IBC, 2017).

FONTE: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/entenda-o-conceito-de-valor-percebido-
pelo-cliente/>. Acesso em: 25 nov. 2019.

Uma frase famosa, atribuída ao fundador das indústrias de produtos de


beleza Revlon, Charles Revlon, expressava a seguinte ideia: “na fábrica produzimos
cosméticos, nas lojas vendemos esperança”. Ou seja, os consumidores de
cosméticos querem, compram e pagam na esperança de se tornarem mais belos,
jovens ou agradáveis (BRUNI, 2018, p. 197).

O produto cosmético, tangível e básico, tem o seu valor percebido


completamente ampliado quando a esperança é incorporada na percepção do
consumidor.
93
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

De forma similar, uma indústria de roupas que busca ofertar produtos


diferenciados sempre desejará deixar de ser vista como roupa, passando a ser
desejada como moda (BRUNI, 2018).

No Brasil, exemplos não faltam. As sandálias plásticas Havaianas


representaram por muito tempo para seu fabricante, as indústrias Alpargatas, um
produto com foco direcionado para custos. Com baixa diferenciação, posicionava-
se como uma sandália de borracha barata, que não deformava nem soltava as
tiras. Automaticamente, o poder de interferência sobre os preços das Havaianas
por parte da Alpargatas era muito baixo (BRUNI, 2018).

O mercado e a concorrência definiam o preço dos chinelos populares,


que eram praticados pela indústria. Anos depois, o quadro mudou. A queda da
rentabilidade das operações motivou, no ano de 1994, uma mudança de atitude.
A Alpargatas resolveu segmentar o produto e o mercado. Manteve as antigas
Havaianas (renomeadas para Havaianas Tradicionais) e investiu intensamente
em novos e inovadores produtos, com campanhas publicitárias diferenciadas.
A percepção de um valor superior pelo mercado tornou-se fundamental na
nova estratégia.

As novas Havaianas, representadas por meio de diferentes e inovadoras


linhas de produto, como Flash, Trekking, Surf, Style ou Slick, ganharam presença
marcante como símbolos de moda. O chinelo barato que não deformava e não
soltava as tiras tornou-se um dos mais marcantes ícones fashion. Automaticamente,
a percepção diferenciada de valor associada à moda permitiu a elevação da
cobrança de preços inferiores a US$ 3,00 para preços iguais ou superiores
a US$ 50,00 em alguns modelos e mercados que, agora, incluem o exterior
(BRUNI, 2018).

A tarefa de determinar preços de venda é influenciada por múltiplos


fatores, relativos aos custos ou aos valores percebidos. Alguns dos principais fatores
associados aos processos de formação de preços podem ser apresentados como:

• Capacidade e disponibilidade de pagar do consumidor: devem ser analisados


o poder de compra e o momento que o cliente deseja ou pode pagar. No caso
de vendas a prazo, os encargos financeiros devem ser incluídos nos preços.
• Qualidade/tecnologia do produto em relação às necessidades do mercado
consumidor: a empresa precisa definir claramente qual seu mercado de atuação
e desenvolver o produto ideal para os clientes certos.
• Existência de produtos substitutos a preços mais vantajosos: preços relativamente
elevados podem incentivar o surgimento ou a ampliação da concorrência.
• Mercado de atuação do produto: quanto mais pulverizado for o mercado,
menor será a capacidade das empresas de fixar os preços.
• Custos e despesas de fabricar, administrar e comercializar o produto: custos
e despesas devem ser conhecidos a fundo, principalmente a distinção entre
gastos indiretos e fixos (associados à estrutura da empresa) e dos gastos
variáveis (identificados nos produtos).

94
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

O processo de criação de valor passa, necessariamente, pela ampliação do


conceito de produto. De modo geral, um produto e o valor a ele atribuído podem
ser pensados por meio de diferentes níveis.

3 CRITÉRIOS PARA A FORMAÇÃO DE PREÇO


Os critérios para formação de preço muitas vezes dependem do tipo de
economia em que a empresa atua. Numa economia paternalista ou centralizadora
é o Estado que procura proteger o valor da produção. Porém, em uma economia
de mercado livre é o empresário que zela por esse valor. É ele que deve
visualizar qualquer transação, como uma troca de algo de valor, geralmente
dinheiro (preço), por um pacote de satisfação (produtos/mercadorias/serviços)
(BEULKE; BERTÓ, 2012).

Via de regra, os preços tendem a indicar quais produtos/mercadorias/


serviços devem ser oferecidos e em que quantidade. Também são os determinantes
de como e para quem devem ser produzidos esses bens e serviços, isso porque
não interessa ao empresário ofertar produtos cujo preço esteja abaixo do
custo, mas é interessante manter um volume elevado de produção para bens/
serviços cujos preços excedam os custos de produção, pois geram mais lucro
(BEULKE; BERTÓ, 2012).

No quadro a seguir podemos ter uma visão melhor dos elementos que
compõem a formação do preço.

QUADRO 3 – FORMAÇÃO DO PREÇO (ELEMENTOS)

No momento em que o preço estabelecido estiver


abaixo do produto, não há lucro e, portanto, o objetivo
Não ocorre a
1. Preço baixo do aumento do valor patrimonial não é atingido. Aqui
oferta
(excetuado outros objetivos estratégicos), normalmente
não interessa à empresa ofertar o bem/serviço.
Valor mínimo 2. Custo do produto/ Constitui o valor mínimo do preço para cumprir seu
do preço mercadoria/serviço objetivo financeiro de gerar lucro.
Há pouca eficácia em um preço que consegue
3. Preços dos cobrir custos, mas não é competitivo. O preço deve,
concorrentes e necessariamente, acompanhar os da concorrência para
produtos similares/ obter êxito na transação. Quando isso não ocorre, cabe
subtítulos o desenvolvimento de uma eficiente gestão de custos
Elementos de para ajustar o preço ao dos competidores.
ajuste do preço
Quando não se consegue nivelar os preços com a
4. Características
concorrência, via gestão de custos, outra alternativa
exclusivas ou
é procurar diferenciar o produto/mercadoria/ serviço
diferenciadas do
por outros atributos exclusivos. Produtos diferentes
produto
não precisam ter preços iguais.

95
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

Ao lado da concorrência cabe também analisar e


avaliar as características quantitativas e qualita- tivas
5. Características do do mercado (potencial de mercado, comportamento do
mercado consumidor etc.). A análise da elasticidade, intensidade
da demanda e sazonalidade constituem, também,
elementos de ajuste do preço.
Os itens de 2 a 5 formam o valor percebido pelo produto
6. Valor percebido no consumidor. A rigor, esse valor deveria constituir o
teto do preço da transação.
No momento em que a quantia monetária atribuída
para a transação do produto/mercadoria/serviço
Não ocorre
7. Preço alto ultrapassar o valor percebido pelo consumidor, não
demanda
ocorre mais demanda. O consumidor buscará outras
alternativas.

FONTE: Beulke e Bertó (2012, p. 7)

O mercado na atualidade indica a tendência de definir o preço que


está disposto a pagar, estabelecendo assim um limite ou teto. Já os custos de
uma empresa, mais a rentabilidade desejada, definem o preço a ser cobrado,
estabelecendo uma espécie de piso (BERNARDI, 2017).

FIGURA 13 – FORMAÇÃO DE PREÇO

FONTE: Adaptado de Bernardi (2017)

Assim, Bernardi (2017) aborda três aspectos importantes que devem


então ser considerados: preços estabelecidos (piso), preços competitivos (limite
ou teto) e preços relacionados ao valor. Normalmente, há uma distância entre
os três, sendo que o preço estabelecido é maior do que o mercado deseja pagar,
característica ligada em função daquilo que o consumidor valoriza.

96
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

Preços internos e bem calculados dependem de um sistema de informações


de boa qualidade, dados precisos, sistemas de custeio, informações financeiras e
uma correta estrutura de formação de preços, entre outras considerações.

Preços competitivos, por outro lado, dependem de coordenação do


processo e uma abordagem sistêmica e integrada, nos custos e despesas, nos
estoques, no capital de giro, enfim, na qualidade da gestão da empresa. Além
disso, preços competitivos definidos a partir do valor requerem um conhecimento
profundo do consumidor e daquilo que ele valoriza.

Nota-se, portanto, que em quaisquer situações há necessidade de se


estruturar adequadamente os preços internamente e praticar o custeio e sua
precificação. Sem a devida atenção a esses aspectos, o que se encontra usualmente
é o fato de o preço estabelecido (piso) estar muito acima do teto, ou o mercado
definir um preço que não seja rentável ou até mesmo que não satisfaça o retorno
desejado (BERNARDI, 2017).

Na prática, por diversas razões e pressões, o que acontece é a aceitação


do teto sem um cálculo mais estruturado das consequências (BERNARDI, 2017).

Complementando esse assunto, Bruni e Famá (2019) escrevem que três


processos distintos podem ser empregados na definição de preços e costumam
basear-se nos custos, no consumidor ou na concorrência.

FIGURA 14 – DEFINIÇÃO DO PREÇO

FONTE: Adaptado de Bruni e Famá (2019)

O processo de definição de preços baseados nos custos busca, de alguma


forma, adicionar algum valor aos custos. Por exemplo, empresas construtoras
apresentam propostas de serviços, estimando o custo total do projeto e adicionando
uma margem padrão de lucro. Diversas razões poderiam ser apresentadas como

97
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

justificativas ao emprego do método de definição de preços com base nos custos:


desnecessário preocupar-se com ajustes em função da demanda, simplicidade,
segurança e justiça.

Outra forma de estabelecer preços baseia-se no valor percebido do


produto pelo mercado consumidor. Nessa metodologia, as empresas empregam
a percepção que os consumidores têm do valor do produto, e não os custos
do vendedor. Preços são definidos para se ajustar aos valores percebidos. Por
exemplo, um consumidor pode aceitar pagar R$ 1,00 por uma cerveja em lata em
um bar e R$ 2,50 pelo mesmo produto em um restaurante de luxo.

A terceira metodologia de formação de preços emprega a análise da


concorrência. Nessa metodologia as empresas prestam pouca atenção a seus
custos ou a sua demanda, pois é a concorrência que determinará os preços a serem
praticados. Os preços podem ser de oferta (quando a empresa cobra mais ou
menos que seus concorrentes), ou de proposta (quando a empresa determina seu
preço segundo seu julgamento sobre como os concorrentes fixarão seus preços)
(BRUNI; FAMÁ, 2019).

Acadêmico, agora que você já aprendeu sobre o conceito de preço, bem


como seus critérios para a formação, é hora de colocarmos em prática o cálculo do
preço de venda com base no mark-up. Vamos lá!

4 CÁLCULO DO MARK-UP
Mark-up é um método básico e elementar no qual, com base na estrutura
de tributos, custos e despesas e do lucro desejado, aplica-se um fator, marcador ou
multiplicador, formando-se o preço (BERNARDI, 2017).

Mark-up, do inglês, marca acima, é um índice aplicado sobre os gastos de


determinado bem ou serviço que permite a obtenção do preço de venda. O mark-up
pode ser empregado de diferentes formas: sobre o custo variável; sobre os gastos
variáveis e sobre os gastos integrais (BRUNI; FAMÁ, 2019).

De modo geral, a obtenção do mark-up pode ser vista no quadro a seguir:

QUADRO 4 – OBTENÇÃO DO MARK-UP

Gastos (custos e despesas) G


Impostos em percentuais sobre o preço de venda IxP
Lucro em percentual do preço de venda LxP
Preço de venda P

FONTE: Bruni e Famá (2019, p. 235)

98
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

Supondo gastos iguais a G, preço de venda igual a P, lucro percentual


sobre o preço de venda igual a L × P e impostos percentuais sobre o preço de
venda iguais a I × P, o valor algébrico do mark-up pode ser deduzido da seguinte
equação:

G + I × P + L × P = P

Colocando o preço em evidência, a equação anterior transforma-se em:

P × [1 – (I + L)] = G

Ou, encontrando-se o valor do preço (P), é possível estabelecer o mark-up


com base na figura a seguir:

FIGURA 15 – FÓRMULA DO MARK-UP

FONTE: Bruni e Famá (2019, p. 235)

Dessa forma, o preço cobrirá todos os custos, despesas, impostos e terá


como residual o lucro das vendas desejado. Esse método tem muita utilidade e
serve a dois propósitos: estabelecer o preço ideal (piso) e calcular a viabilidade do
preço de mercado, limite ou teto (BERNARDI, 2017).

Acadêmicos, antes de darmos continuidade ao cálculo do Mark-up vamos


aprender um pouco sobre os impostos e tributos na área de serviços. Primeiro
vamos relembrar a classificação dele:

Despesa fixa: isso por que é uma despesa que acontecerá todo mês,
independentemente se sua empresa faturar ou não. Lembre-se, isso não significa
que o valor será o mesmo todos os meses, significa apenas que você terá essa
despesa todos os meses.

Agora vamos às características dos impostos para prestadora de serviços


(TACTUS CONTABILIDADE, 2019):

• O imposto/tributo é pago no mês seguinte do faturamento. Exemplo: você vai


recolher os impostos sobre o faturamento de janeiro, em fevereiro.

99
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

• Normalmente, as empresas desse tipo de negócio estão como empresas do


Simples Nacional ou do Lucro Presumido, que são os regimes mais aplicáveis
na legislação. Nesse caso, terão a tributação sobre o valor de cada venda/serviço
que acontece.
• É preciso emitir nota fiscal para cada venda/serviço que acontece. Caso não
emita nota fiscal terá uma situação irregular. Cada venda/serviço é destinado
a uma pessoa que tem um CPF ou CNPJ diferente. Quando você não faz a
emissão da nota fiscal, deixa de dar a origem ao fato gerador desse imposto, e
para que faça a tributação é preciso ter um documento fiscal.

Exemplo: A empresa Blue Ticket faz a venda de ingressos para diversos


shows e eventos. Para cada pessoa que compra um ingresso (ticket) é enviada a
NF relacionada àquela compra (caso ela venda 500 ingressos para um evento,
deve considerar 500 notas para CPFs ou CNPJs distintos). Para facilitar a emissão
dessas notas fiscais é possível utilizar um processo de automação de emissão de
notas. Vamos simular o cálculo dos impostos:

Considere que uma empresa que atua no ramo de organização de eventos


(formaturas) cobrou de cada formando o valor de 2.200,00 (são 25 formandos).
Dentro desse valor cobrado já estão inclusos o salão, a alimentação e a bebida.
Basicamente, para a organizadora do evento sobrará apenas 20% do valor, pois
o restante será repasse para os fornecedores de alimentos e bebidas. A empresa é
do lucro presumido.

• Como é composto o faturamento para fins de pagamento de impostos? E qual


será o valor de imposto a pagar?
• A nota fiscal deve ser emitida no valor total cobrado do formando ou somente
da parte da comissão da empresa?
• A nota fiscal deve ser emitida quando? No ato do pagamento ou após a
realização do evento?

Bem, vamos lá!

O faturamento para fins de impostos será composto pelo seguinte cálculo:

Valor Cobrado x Quantidade de alunos


2.200 x 25 = 55.000

Os impostos serão aplicados da seguinte forma:

Tributos Federais Alíquota (%) Tributos Municipais Alíquota (%)


IRPJ 4,8% 2 a 5%
CSLL 2,88%
COFINS 3%
PIS 0,65%
Total 11,33% Total 2 a 5%

100
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

No Lucro Presumido, a tributação é estabelecida por uma tabela fixa que


varia de acordo com o segmento. No caso de empresas de eventos, os tributos
federais encontram-se por volta de 11,33%, e o ISS pode variar de 2% a 5%,
dependendo do município.

Imposto (alíquota) Base de Cálculo – Valor Imposto


IRPJ – 4,8% 55.000 x 4,8% = 2.640
CSLL – 2,88% 55.000 x 2,88% = 1.584
COFINS – 3% 55.000 x 3% = 1.650
PIS - 0,65% 55.000 x = 357,50
ISS – 2% 55.000 x 2% = 1.100
Total – 13,33% 7.331,50

Se a empresa emitir nota fiscal no valor total recebido, mesmo que parte
desse valor tenha que ser repassado a terceiros, a empresa está obrigada a calcular
e pagar todos os impostos e contribuições devidos, pois ao emitir nota fiscal pelo
total, está reconhecendo como sua toda a receita e tomando para si os encargos
tributários. Caso não queira arcar com todos os tributos, deve apresentar ao
contratante as notas fiscais emitidas pelas empresas subcontratadas e emitir nota
fiscal apenas da parte que lhe cabe.

A nota fiscal deve ser emitida após a realização do evento, considerando


que ele pode vir a não ser concretizado por vários fatores.

E
IMPORTANT

Há várias particularidades que devem ser observadas para apuração dos


impostos, por isso é recomendado que se procure orientações com um contador para o
cálculo exato dos valores.

Agora que já temos uma noção básica dos valores dos impostos, vamos
continuar a calcular o mark-up.

4.1 MARK-UP DIVISOR E MULTIPLICADOR


Para a aplicação correta do mark-up é importante saber as diferenças e
formas de aplicação do mark-up: mark-up divisor e mark-up multiplicador.

Mark-up divisor: é a partir da obtenção desse índice que será possível


chegar ao valor de venda do produto/serviço.
101
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

Somente será possível o cálculo do preço de venda de um produto, de


uma mercadoria ou de serviços pela apuração de seu custo. Para elaborar esse
cálculo, convém assim proceder (YANASE, 2018):

• Etapa 1: apuração do custo (custo).


• Etapa 2: cálculo em percentual dos impostos incidentes.
• Etapa 3: cálculo em percentual das despesas comerciais, como frete, comissão
e seguro.
• Etapa 4: cálculo em percentual do custo financeiro, uma vez que, normalmente,
as vendas são financiadas pela empresa (se for o caso).
• Etapa 5: definição do percentual da margem de lucro desejável.
• Etapa 6: cálculo do percentual do custo fixo ou das despesas estruturais em
relação ao volume das receitas.

Após concluir as etapas é possível a formação do preço de venda do produto,


da mercadoria ou do serviço. Partindo das seguintes informações hipotéticas:

Custo variável do serviço (CV) R$ 65.000


Impostos incidentes (I) 13,33%
Despesas (D) 5%
Custo Financeiro (C.Fin) 2%
Margem Desejada (Mg) 20%
Custos Fixos (CF) 23%
GASTOS TOTAIS (%) 63,33%

Aplicando a fórmula do mark-up divisor:

PV − Gastos Totais 100 − 63,33


𝑀𝐾𝐷 = 𝑀𝐾𝐷 = 𝑀𝐾𝐷 = 0,3667%
100 100

Calculando o Preço de Venda com o MKD:

CUSTO 65.000
𝑃𝑉 = 𝑃𝑉 = = 𝑅$ 177.256,61
𝑀𝐾𝐷 0,3667

Mark-up multiplicador: é muito útil quando temos os mesmos custos


operacionais em todo o estabelecimento, isso porque se os gastos podem ser
padronizados é só utilizar o mesmo índice a todos os produtos.

Aplicando a fórmula do mark-up multiplicador:

1 1
𝑀𝐾𝑀 = 𝑀𝐾𝑀 = 𝑀𝐾𝑀 = 2,7270 …
𝑀𝐾𝐷 0,3667

102
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

Calculando o Preço de Venda com o MKM:

PV = CUSTO X MKM
PV = 65.000 X 2,7270... = 177.256,61

Observação: Pequenas diferenças no preço final de venda do produto


poderão surgir devido ao número de casas utilizadas após a vírgula.

DICAS

Como material complementar, indicamos o seguinte vídeo no youtube:


Formação do Preço de Venda: Mark-up Divisor e Multiplicador.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=m9-BowKdorg.

Acadêmico, estudamos anteriormente que a formação do preço também é


composta do marketing e sua interdependência com vários elementos. Portanto,
todos os outros elementos do composto contribuem para a estrutura da política
de preços e para preços competitivos.

O produto e seus atributos tangíveis e intangíveis, a distribuição, a


logística, a disponibilidade, a comunicação, o método de vendas, a imagem da
empresa, entre outros, valorizam o produto, o que pode ser muito bem utilizado
pela empresa.

Por isso, é fundamental que todos os envolvidos no processo de formação


de preço estejam cientes e alinhados com os objetivos da empresa, com a estratégia
de marketing e com a política de preços, para um trabalho harmônico e integrado
(BERNARDI, 2017).

103
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

LEITURA COMPLEMENTAR

COMISSÃO DE VENDAS: CONHEÇA AS DIFERENTES MODALIDADES

Diego Wander Demetrio

Trabalhar com vendas implica em saber a importância de incentivar os


funcionários para aprimorar constantemente o atendimento e aumentar o lucro.
Por isso é necessário pensar na estratégia de comissão de vendas que mais
combina com o seu negócio. Neste artigo mostraremos as diferentes modalidades
de comissionamento e dicas para implementar na sua empresa.

Comissão de vendas: A bonificação salarial para os vendedores através da


comissão de venda é adotada por muitas empresas que desejam criar mecanismos
para impulsionar as conversões e aumentar o faturamento. Mas saiba que, para
que essa estratégia funcione, é preciso ter transparência sobre o formato de
comissionamento que a empresa pratica. Os vendedores precisam ter clareza das
metas que precisam atingir e qual será sua recompensa caso consiga alcançá-las.

Atenção: lembre-se de atentar para a formação do preço das vendas


independentemente do tipo de comissão que você escolher implementar para
não comprometer o lucro final. Um plano de negócio é uma ótima forma de fazer
a precificação correta do seu produto ou serviço.

Quais as diferentes formas de comissão de vendas?

Decidir qual a estratégia de comissionamento adotar pode não ser fácil,


mas pensar na melhor maneira de remunerar os funcionários é importante para
alavancar as vendas, motivar os funcionários e também reter os bons vendedores.

Para que você saiba qual a estratégia de comissão de vendas é melhor para
você, conheça as diferentes formas de comissionamento:

Comissão por venda

Essa modalidade de comissionamento é uma das mais fáceis de


implementar, por se tratar simplesmente de um percentual fixo da venda que é
destinado ao vendedor. O pagamento das comissões por venda pode ser realizado
juntamente com o salário mensal do colaborador, pagamentos semanais ou ainda
por cada venda realizada, dependendo do produto ou serviço que a empresa
oferece. Estes últimos são mais comuns quando as vendas são mais demoradas e,
geralmente, possuem um valor mais elevado.

É comum também, nesta modalidade, as empresas trabalharem com


aumento proporcional da taxa de comissão através das metas. Por exemplo,
se o funcionário vender até R$ 5.000 em vendas recebe 3% de comissão. Caso
ultrapasse o valor, a porcentagem sobe para 5%.
104
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

Esse método é bastante eficaz para motivar os vendedores, mas atente


para o treinamento de pessoal com relação ao atendimento, para que não saiam
simplesmente empurrando os produtos para os clientes para cumprir o objetivo
estipulado.

As metas, porém, devem ser atingíveis e estar em conformidade com a


realidade da empresa e da situação econômica do setor. Dependendo dos produtos
ou serviços que você oferece, é válido verificar se a sazonalidade influencia as
vendas, para aumentar o objetivo quando as vendas costumam ocorrer mais e
baixá-la quando a movimentação não é favorável. Não esqueça de ouvir sempre
a sua equipe e alinhar as metas de maneira que beneficie a todos.

Comissão por faturamento bruto

A comissão por faturamento bruto, como o nome já diz, leva em


consideração toda a receita bruta da empresa. Nesta modalidade, todas as
vendas do mês anterior contam para a comissão, sem retirar os custos, que então
é distribuída igualmente entre todos os vendedores. Neste caso, o percentual
da comissão costuma ser um pouco mais baixo, por se tratar do faturamento
bruto da empresa. Por exemplo: uma empresa que venda R$ 100.000,00 no mês
de setembro, com uma taxa de comissionamento de 0,5% terá que pagar, em
outubro, R$ 500 reais de comissão para cada vendedor. Assim como no caso da
comissão por venda, também é possível estipular metas e variar a porcentagem
da comissão para cada faixa de rendimento, engajando toda a equipe a perseguir
o mesmo objetivo.

Comissão por margem de lucro

Ao contrário da comissão por faturamento bruto, a comissão por


margem de lucro leva em consideração somente o rendimento. Esse modelo
de remuneração talvez seja o mais difícil de calcular, pois é necessário manter
um fluxo de caixa completo e atualizado para descontar todas as despesas e
apurar o valor do lucro para depois calcular o valor da comissão. Os vendedores
recebem uma porcentagem fixa em cima do lucro da empresa, como se fosse uma
participação nos resultados. Mas lembre-se que para implementar esse modelo
de comissionamento é preciso ter transparência total do faturamento e despesas
com os seus colaboradores.

FONTE: SEBRAE. Comissão de vendas: conheça as diferentes modalidades. 2018. Disponível em:
https://blog.sebrae-sc.com.br/comissao-de-vendas/. Acesso em: 19 nov. 2019.

105
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Precificação nada mais é que pensar e agir de maneira estratégica e tática para
se calcular os preços de venda e serviço. Uma precificação inadequada do
serviço impacta de forma negativa a empresa, além disso, uma estratégia de
precificação errada pode ocasionar até a falência da empresa ou limitar o seu
crescimento e desenvolvimento.

• Um dos aspectos financeiros mais importante de qualquer entidade consiste


na fixação dos preços dos produtos e serviços comercializados. Para alguns
autores, essa atividade consiste em uma verdadeira arte do negócio.

• Diferentes metodologias são utilizadas como método de formação de preços,


sendo eles: com base nos custos plenos, nos custos de transformação e no custo
variável. Além disso, também são abordados tópicos relacionados à construção
e aplicação de mark-ups na formação dos preços.

• Mesmo havendo várias técnicas quantitativas associadas ao processo de


formação de preços, todo e qualquer preço de um produto estará sempre
limitado pelo mercado, ou seja, pelo valor atribuído pelos clientes ao produto
ou serviço comercializado.

• Enquanto o conceito genérico de custo refere-se aos gastos incorridos pela


empresa para poder ofertar o produto ou serviço, o valor consiste nos aspectos
desejados pelos clientes e atendidos pelo produto ou serviço.

• Valor percebido é a percepção que o cliente tem a respeito do custo-benefício de


um produto, serviço ou organização. É o valor percebido que faz seu produto
se destacar dos concorrentes.

• Três processos distintos podem ser empregados na definição de preços e


costumam basear-se nos custos, no consumidor ou na concorrência.

• Mark-up é um método básico e elementar no qual, com base na estrutura de


tributos, custos e despesas e do lucro desejado, aplica-se um fator, marcador ou
multiplicador, formando-se o preço.

• Dessa forma, o preço cobrirá todos os custos, despesas, impostos e terá como
residual o lucro das vendas desejado. Esse método tem muita utilidade e serve
a dois propósitos: estabelecer o preço ideal (piso) e calcular a viabilidade do
preço de mercado, limite ou teto.

106
• O imposto é classificado como uma despesa fixa por que é uma despesa que
acontecerá todo mês, independentemente se a empresa faturar ou não. Porém,
isso não significa que o valor será o mesmo todo mês, significa apenas que
existirá essa despesa todo mês.

• Mark-up divisor: é a partir da obtenção deste índice que será possível chegar
ao valor de venda do produto/serviço. Sua fórmula básica é: MKD = PV-Gastos
Totais/100.

• Mark-up multiplicador: é muito útil quanto temos os mesmos custos operacionais


em todo o estabelecimento, isso porque se os gastos podem ser padronizados é
só utilizar o mesmo índice a todos os produtos. Sua fórmula é: MKM = 1/MKD.

107
AUTOATIVIDADE

1 O que é precificação?

2 Uma precificação inadequada do serviço impacta de forma negativa na


empresa? Explique.

3 Quanto aos objetivos relacionados ao processo de formação de preços,


assinale V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

a) ( ) Permite a maximização lucrativa da participação de mercado.


b) ( ) Minimiza a capacidade produtiva, facilitando a ociosidade e
desperdícios operacionais.
c) ( ) Maximiza o capital empregado para perpetuar os negócios de modo
autossustentado.
d) ( ) Proporcionar a longo prazo, uma baixa no lucro.

4 Entre as diferentes metodologias utilizadas como método de formação de


preços, qual delas está INCORRETA?

a) ( ) Com base nos custos plenos.


b) ( ) Com base nos custos de transformação.
c) ( ) Com base custo variável.
d) ( ) Com base nas despesas variáveis.

5 Analise a seguinte frase: O preço está limitado entre o custo e o valor:


nenhuma empresa oferecerá produtos por preços inferiores ao custo por
tempo indeterminado.

a) ( ) Verdadeiro.
b) ( ) Falso.

6 Analise a seguinte frase: Os clientes somente estarão dispostos a pagar o


preço de um produto quando o valor percebido for superior.

a) ( ) Verdadeiro.
b) ( ) Falso.

7 A tarefa de determinar preços de venda é influenciada por múltiplos


fatores relativos aos custos ou aos valores percebidos. Sobre os principais
fatores associados aos processos de formação de preços, assinale V para as
sentenças verdadeiras e F para a sentenças falsas:

108
a) ( ) Capacidade e disponibilidade de pagar do consumidor.
b) ( ) Qualidade/tecnologia do produto em relação às necessidades do
mercado consumidor.
c) ( ) Existência de produtos substitutos a preços mais vantajosos.
d) ( ) Capacidade intelectual do consumidor.

8 Para que serve o mark-up?

9 Analise os seguintes valores e calcule o Preço de Venda pelo Mark-up


Divisor:

Custo variável do serviço (CV) R$ 33.000


Impostos incidentes (I) 13,33%
Despesas (D) 2%
Margem Desejada (Mg) 15%
Custos Fixos (CF) 20%
GASTOS TOTAIS (%) 50,33%

FONTE: Os autores

10 Após o cálculo do mark-up divisor, calcule o mark-up multiplicador.

109
110
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2

FLUXO DE CAIXA E ORÇAMENTOS

1 INTRODUÇÃO
Quem nunca se deparou com uma conta atípica para pagar ou com algum
problema de última hora quando o caixa da empresa vai mal? Seja como pessoa
física (empresário) ou como pessoa jurídica (empresa), essas são situações muito
comuns dentre as empresas atuais, porém, não é nada saudável para a empresa.

Para evitar esses tipos de problemas, o ideal é que seja feita uma boa
organização do fluxo financeiro da empresa, como por exemplo, a área de contas
a pagar e receber que precisam estar bem alinhadas e com suas respectivas datas
de vencimento e valores organizados para que não haja problemas.

Nesse sentido, empregam-se ferramentas muito usuais em finanças, como


o fluxo de caixa que se utiliza do regime de caixa e trabalha com informações
passadas, e o orçamento, que trabalha com o regime de competência e trabalha
com informações futuras.

Muitos empresários entendem a entrada ou saída de recursos como lucro


ou prejuízo, mas não é bem assim. Uma entrada de recurso pode ser definida
como qualquer transferência de dinheiro que vem para as mãos da empresa.
A maioria das entradas de dinheiro de uma empresa advém de clientes,
fornecedores de crédito (como bancos ou acionistas) e investidores que adquirem
uma participação societária na empresa. Eventualmente, as entradas de recursos
incluem recebimento por algum serviço executado, acordos legais ou ainda a
venda de imóveis ou equipamentos pertencentes à empresa.

Já uma saída de recurso (física ou eletrônica) decorre da transferência de


fundos da empresa para um outro agente. Essa transferência pode ser feita por
vários motivos (pagar empregados, fornecedores e credores, ou adquirir ativos
e investimentos de longo prazo, ou ainda, pagar por despesas legais ou acordos
relativos a processos judiciais).

Porém, a entrada de recursos na empresa, por si só, não significa que ela
esteja obtendo lucro, nem a saída de recurso significa que ela esteja tendo prejuízo.

Com o propósito de elucidar questões como essas, este tópico abordará


essa e outras temáticas relacionadas ao gerenciamento do dinheiro.

111
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

2 FLUXO FINANCEIRO
Para Hoji e Da Luz (2019), o crescimento e o desenvolvimento econômico
de um país estão diretamente ligados à capacidade empreendedora de seus
cidadãos, com a sua capacidade de organizar os fatores de produção (recursos
naturais, capital e trabalho) para a produção e distribuição de bens e serviços.

Decisões equivocadas em relação ao que os consumidores desejam


consumir e quanto à forma de produção podem levar o negócio ao fracasso,
resultando na perda dos fundos nele investidos.

Embora o sucesso da empresa dependa de todas as áreas que a compõem,


o administrador financeiro tem papel fundamental na alocação adequada dos
recursos. A alocação eficiente dos recursos é decisiva para o atingimento do lucro
desejado e o aumento da riqueza do proprietário da empresa (acionista ou sócio).

Com o intuito de melhorar a compreensão de como as atividades


realizadas em uma empresa se relacionam e se impactam, os autores as agrupam
de três formas:

1) Operações.
2) Investimentos.
3) Financiamentos.

Vamos entender um pouco mais sobre cada uma dessas divisões, de


acordo com Hoji e Da Luz (2019):

1) Atividades de operações – em empresas de prestação de serviços, como é o


caso da maioria das empresas envolvidas com eventos, esse tipo de atividade
não é muito diferente das empresas comerciais e industriais, pois prestam
serviços e, para executá-los, incorrem em custos de prestação de serviços e
despesas de natureza comercial e administrativa. Atividades como o transporte
de mercadorias, a emissão de pedidos, a administração de almoxarifado, a
manutenção de instalações, o controle de pessoal etc., geram despesas e são
posteriormente pagas.
2) Atividades de investimentos – as atividades de investimentos são relativas
a transações que envolvem participações em outras empresas, gastos
com pesquisas e desenvolvimento e ativos imobilizados empregados na
comercialização ou produção de bens e prestação de serviços. Exemplos:
compra de participação societária, recebimento de dividendos, compra de
maquinários, aquisição de um espaço etc.
3) Atividades de financiamentos – as atividades de operações e de investimentos
consomem recursos e as atividades de financiamentos suprem essas
necessidades. Compreendem a captação de recursos dos acionistas ou sócios
(proprietários), bem como a sua remuneração na forma de dividendos
ou distribuição de lucros, respectivamente. A captação de empréstimos e
financiamentos também faz parte desse grupo de atividades, bem como a sua

112
TÓPICO 3 — FLUXO DE CAIXA E ORÇAMENTOS

liquidação e remuneração na forma de juros. Exemplos: integralização de capital


social, pagamento de dividendos, captação de empréstimos, amortização de
financiamentos, pagamento de juros etc.

A atividade financeira de uma empresa necessita de um acompanhamento


permanente de seus resultados, visando avaliar seu desempenho, bem como
proceder ajustes e correções quando necessário. O objetivo básico da função
financeira é prover à empresa recursos de caixa suficientes de modo a respeitar os
vários compromissos assumidos e promover a maximização da riqueza (ASSAF
NETO; SILVA, 2012).

Nesse contexto, destaca-se o fluxo de caixa como um instrumento que


possibilita o planejamento e o controle dos recursos financeiros de uma empresa.
O fluxo de caixa é uma ferramenta gerencial indispensável em todo o processo de
tomada de decisões financeiras.

2.1 FLUXO DE CAIXA


Conceitualmente, o fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os
ingressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários de uma empresa em
determinado intervalo de tempo. A partir da elaboração do fluxo de caixa é
possível prognosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa, determinando-
se medidas saneadoras a serem tomadas (ASSAF NETO; SILVA, 2012).

Os autores abordam, ainda, que o fluxo de caixa não deve ser uma
preocupação exclusiva da área financeira. Deve haver comprometimento de
todos os setores empresariais com os resultados, destacando-se:

• Área de produção – ao fazer alterações nos prazos de fabricação dos produtos,


novas alterações nas necessidades de caixa são necessárias. De forma idêntica,
os custos de produção têm importantes reflexos sobre o caixa.
• As decisões de compras – devem ser feitas de maneira ajustada com os saldos
disponíveis em caixa. Em outras palavras, deve haver preocupação em relação
à sincronização dos fluxos de caixa, avaliando-se os prazos concedidos para
pagamento das compras com aqueles estabelecidos para recebimento das vendas.
• Políticas de cobrança – devem ser ágeis e eficientes, permitindo colocar os
recursos financeiros mais rapidamente à disposição da empresa, constituem-se
em um importante reforço de caixa.
• Área de vendas – junto à meta de crescimento da atividade comercial, deve
preservar um controle mais próximo sobre os prazos concedidos e hábitos de
pagamentos dos clientes, visando não pressionar negativamente o fluxo de
caixa. Em outras palavras, é recomendado que toda decisão envolvendo vendas
deve ser tomada somente após uma prévia avaliação de suas implicações sobre
os resultados de caixa (exemplos: prazo de cobrança, despesas com publicidade e
propaganda etc.).

113
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

• Área financeira – deve avaliar criteriosamente o perfil de seu endividamento,


de forma que os desembolsos necessários ocorram de forma simultânea à
geração de caixa da empresa.

Uma adequada administração dos fluxos de caixa permite uma presunção


da obtenção de resultados positivos para a empresa, devendo ser evidenciada
como um segmento lucrativo para seus negócios. A melhor capacidade de
geração de recursos de caixa promove, entre outros benefícios à empresa, menor
necessidade de financiamento dos investimentos em giro, reduzindo assim,
seus custos financeiros (ASSAF NETO; SILVA, 2012). Vejamos um exemplo para
entender o fluxo de caixa.

Uma determinada empresa de eventos realizou um evento muito grande


em que terá uma enorme entrada de dinheiro, porém, o primeiro recebimento
será somente daqui a 60 dias. As contas de água, luz, telefone e aluguel do espaço
vencem daqui a 30 dias.

Perceba que será necessário pagar os seus fornecedores antes de receber


dos seus clientes. Para resolver esse problema pode-se fazer a venda à vista para
outros clientes, recorrer a empréstimos ou pagar a multa por tempo de atraso.
Porém, despesas com multas e juros nunca é uma boa ideia.

Acadêmico, acompanhe a imagem a seguir para entender a metodologia


aplicada ao fluxo de caixa.

FIGURA 16 – COMPORTAMENTO DO FLUXO DE CAIXA

Mês 1 Mês 2 Mês 3

Dinheiro entrando

Vende para o cliente à prazo

Recebe de Recebe de Recebe de


compras compras compras
à vista à vista à prazo

CAIXA CAIXA CAIXA

Paga conta Paga conta Paga conta

Compra do fornecedor a prazo


Paga fornecedor

Dinheiro saindo

FONTE: <http://controlefinanceiro.granatum.com.br/dicas/fluxo-de-caixa-o-que-e-isso/>.
Acesso em: 19 nov. 2019.

114
TÓPICO 3 — FLUXO DE CAIXA E ORÇAMENTOS

Em se tratando de administração financeira, a questão risco e retorno está


presente. Cabe ao administrador financeiro buscar o nível adequado de saldo
de caixa que leve ao equilíbrio entre os benefícios e os custos de sua manutenção.
Normalmente, os problemas de baixa liquidez ou até de insolvência nas empresas
têm como causa principal a gestão ineficiente do fluxo de caixa, que depende
fortemente da eficiência com que são desenvolvidas as atividades de compras,
estocagem dos produtos, venda e recebimento.

As atividades da empresa devem sempre ficar dentro do limite da


capacidade de obtenção de caixa da empresa. Ao exceder esse limite, a empresa
poderá enfrentar sérias dificuldades financeiras, comprometendo a continuidade
de suas atividades (HOJI; DA LUZ, 2019).

Weston e Brigham (2000, p. 400 apud HOJI; DA LUZ, 2019, p. 400) comparam
o caixa ao “óleo que lubrifica as rodas dos negócios. Sem um óleo adequado, as
máquinas rangem até parar, e o mesmo acontecerá com uma empresa sem um
nível de caixa adequado”.

3 ORÇAMENTO
Toda empresa deveria elaborar o seu orçamento com antecedência,
anotando quais serão as receitas e os gastos dos períodos futuros. Essa
orçamentação deve ser feita com base em previsões (FREZATTI, 2009).

Pode ser usado também aquilo que aconteceu em um período passado,


mas nunca se limitando a copiar o que já aconteceu. É muito importante não se
basear apenas no passado para definir o futuro de um evento.

O autor também escreve que um orçamento deve ser realista e equilibrado.


Na hora do preenchimento, os valores devem aproximar ao máximo da realidade.
Caso a diferença seja muito alta, entre aquilo que foi gasto e o valor orçado, quer
dizer que o orçamento foi mal elaborado (FREZATTI, 2009).

O orçamento pode e deve reunir diversos objetivos empresariais na busca


da expressão do plano e controle de resultados. Portanto, convém ressaltar que
o plano orçamentário não é apenas prever o que vai acontecer e seu posterior
controle. O ponto fundamental é o processo de estabelecer e coordenar objetivos
para todas as áreas da empresa, de tal forma que todos trabalhem sinergicamente
em busca de planos e lucros (PADOVEZE, 2005).

De acordo com Frezatti (2009), podemos dizer que o orçamento é o plano


financeiro para implementar a estratégia da organização para determinado
exercício. Esse plano demonstrará os recursos necessários e de que forma deverá
ser utilizado, comunicando os objetivos e as prioridades para a empresa durante
o período orçado.

115
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

Diversos autores escrevem sobre o orçamento, conforme podemos


observar nos próximos parágrafos.

Para Nascimento (2006, p. 6), “Orçamento é um instrumento de


formalização. Neste intuito, representa a quantificação das metas e objetivos da
empresa, através de modelos contábeis prospectivos. Estes relatórios abrangem
dados de caráter financeiro ou de caráter quantitativo, podendo ter um caráter
operacional ou estratégico”.

Para Sanvicente e Santos (1995, p. 197), “O orçamento é um instrumento


de natureza econômica com objetivo de prever determinadas quantias que serão
utilizadas para determinados fins”.

Os autores complementam escrevendo que o orçamento pode ser


sumarizado como um plano de ação detalhado, desenvolvido e distribuído como
um guia para as operações e como uma base parcial para subsequente avaliação
de desempenho.

Ainda, Padoveze (2009) escreve que orçar significa processar todos os


dados introduzindo os dados previstos para o próximo exercício, considerando
as alterações já definidas para o próximo exercício.

Zdanowicz (2001) e posteriormente Padoveze (2009) afirmam que há


inúmeras vantagens em elaborar o orçamento da empresa. As principais são:

• Compelir os administradores a pensar adiante por meio da formalização de


suas responsabilidades no planejamento.
• Fornecer expectativas definidas que representam a melhor estrutura para o
julgamento do desempenho subsequente.
• Auxiliar os administradores na coordenação de seus esforços, de tal forma que
os objetivos da organização como um todo são confrontados com os objetivos
de suas partes.
• Obrigar a análises antecipadas das políticas da empresa.
• Definir as responsabilidades de cada função dentro da empresa e a elaboração
de planos em sintonia com os outros departamentos da empresa.
• Verificar o progresso ou retrocesso no sentido da realização dos objetivos
prioritários.

A grande vantagem do orçamento está no processo de otimização dos


resultados empresariais. O fato de trabalharmos com a perspectiva de um futuro
e com a possibilidade de inserção dos ajustes necessários faz com que o orçamento
seja o instrumento mais importante para melhorar os resultados esperados
(PADOVEZE, 2009).

Segundo Padoveze (2009), o processo orçamentário tem recebido muitas


críticas, as principais são:

116
TÓPICO 3 — FLUXO DE CAIXA E ORÇAMENTOS

• Ferramenta ineficiente para o processo de gestão.


• Engessamento em demasia da organização.
• Grande dificuldade para obtenção dos dados quantitativos para as previsões.
• Consumidor de tempo e recursos, além de criar rotinas contábeis em excesso.

Porém, o autor coloca que, apesar dessas críticas, o orçamento permanece


sendo um dos principais instrumentos de controladoria e seu uso demonstra que
não há tanta frustração com os resultados (PADOVEZE, 2009).

3.1 CONCEITOS E TIPOS DE ORÇAMENTOS


Hoji e Silva (2010) afirmam que apesar de dois tipos clássicos de orçamento
(estático e flexível), serem os mais utilizados, existem outros que podem ser
aplicados, tais como:

• Orçamento contínuo: consiste em projetar sempre doze meses à frente.


• Orçamento de tendências: projetar situações futuras baseado na tendência
apresentada pelos dados históricos.
• Orçamento base zero: para a realização desse tipo de orçamento, não se deve
olhar dados históricos, pois eles podem conter ineficiências que os sistemas
tradicionais de orçamento acabam perpetuando.
• Orçamento estático: mais utilizados nas empresas, tem como característica
principal o fato de não ser possível alterar suas peças orçamentárias uma
vez que foram definidas; as peças orçamentárias são elaboradas a partir da
fixação de volume de vendas, e por meio deles são determinados os volumes
de atividades e setores da empresa.
• Orçamento flexível: esse tipo foi desenvolvido para tentar resolver o problema
de ajustes do orçamento estático. Para elaboração desse orçamento devem
ser separados os custos fixos e variáveis, pois enquanto os custos variáveis
acompanham a alteração do volume de atividades, os custos fixos não sofrem
variação no seu valor durante determinado período.
• Orçamento por atividade: plano quantitativo e financeiro que orienta a
organização a focalizar atividades e recursos visando atingir objetivos
estratégicos.

O orçamento retrata a estratégia da organização e evidencia por meio


de um conjunto integrado por orçamentos específicos, em que são refletidas
quantitativamente as ações e política da empresa. Um modelo de orçamento geral
pode ser composto pelos seguintes orçamentos específicos (HOJI; SILVA, 2010):

a) orçamento de vendas;
b) orçamento e produção;
c) orçamento de matérias-primas;
d) orçamento de mão de obra direta;
e) orçamento de custos indiretos de fabricação;
f) orçamento de custo de produção;

117
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

g) orçamento de despesas de vendas e administrativas;


h) orçamento de investimento;
i) orçamento de aplicações financeiras e financiamentos;
j) análise das movimentações financeiras;
k) demonstrações do fluxo de caixa projetado (orçamento de caixa);
l) demonstração do resultado projetado (orçamento de resultados).

3.1.1 Orçamento de vendas


Para Hoji e Silva (2010), o orçamento de vendas deve ser o primeiro
orçamento a ser elaborado e possui a finalidade de determinar a quantidade e
valor total a se vender (sem impostos).

O orçamento de vendas constitui um plano de vendas futuras da empresa


para determinado período. Sua função principal é a determinação do nível
de atividades futuras da empresa. Todos os demais orçamentos parciais são
desenvolvidos em função do orçamento de vendas, ou seja, tendo-se determinado
o que será vendido, em que quantidades e quando (SANVICENTE; SANTOS, 1995).

Segundo Zdanowicz (2001), o orçamento de vendas é uma das etapas


mais importantes da organização, pois está relacionando com a capacidade do
mercado em adquirir os produtos e /ou serviços. O autor afirma também que o
principal objetivo do orçamento de vendas é atender com qualidade aos clientes,
oferecendo o preço certo, a quantidade certa, o produto certo, no lugar certo e no
tempo certo. Esse orçamento é a base para todos os demais orçamentos.

O orçamento de vendas estima as quantidades de cada produto que


a empresa planeja vender e o preço praticado. Determina os valores
da receita total que será obtida, como condições básicas dessa venda,
a vista ou prazo, como também desencadeia os dados seguintes para
elaborar o orçamento dos custos de fabricação, despesas de venda,
distribuição e administrativas (LUNKES, 2003, p. 54).

Zdanowicz (2001) destaca como principais características do orçamento


de vendas:

a) a elaboração deverá ser em unidades físicas e monetárias, mas, se for


impraticável, a estimativa das quantidades se restringirá ao aspecto monetário;
b) mercado em que o produto e/ou serviço deverá ser comercializado;
c) preço de venda unitário, que será praticado em cada mercado;
d) receita estimada por produto e/ou serviço, por linha de produtos ou por filial
de vendas.

O orçamento de vendas pode ser apresentado de diversas formas, sendo


mais comum o uso de planilhas eletrônicas. As principais informações que
a planilha deve conter são os preços de vendas dos produtos e/ou serviços, a
quantidade a ser vendida e a receita total de vendas.

118
TÓPICO 3 — FLUXO DE CAIXA E ORÇAMENTOS

As planilhas poderão conter várias informações, porém as principais


deverão ser os preços de vendas dos produtos e/ou serviços, as quantidades a
serem vendidas, os mercados ou as filiais e as receitas totais da empresa.

Sanvicente e Santos (1995) abordam que na elaboração do orçamento de


vendas são consideradas variáveis de mercado consumidor, variáveis de produção,
variáveis de mercado fornecedor e de trabalho e variáveis de recursos financeiros.

Nesse sentido, para Lunkes (2003), é preciso realizar um exame detalhado


das tendências do mercado, iniciando com uma pesquisa de mercado sobre
necessidades e expectativas dos consumidores. Paralelamente, faz-se estudos das
informações e experiências acumuladas pela própria empresa, com o intuito de
descobrir oportunidades para novas vendas.

Para Tung (1994), o orçamento geralmente é elaborado, conforme as


classificações:

a) por produto;
b) por território;
c) por canal de distribuição;
d) por método de venda;
e) por organização (filial, departamentos);
f) por vendedor.

Passarelli (2003) cita que as dificuldades de elaboração do orçamento de


vendas relacionam-se diretamente com os seguintes fatores:

a) falta de estatísticas adequadas;


b) flutuações de mercado;
c) sazonalidade;
d) falta de informações detalhadas sobre planos de competição;
e) diversidade de produtos;
f) reação do consumidor.

O orçamento de vendas é considerado uma ferramenta importante de


mensuração que se relaciona com os demais departamentos da empresa, pois
contribui com informações para a elaboração dos demais orçamentos, segundo
os objetivos propostos pela administração e que reflitam a realidade do mercado,
satisfazendo às necessidades dos envolvidos.

3.1.2 Orçamento de compras


Comprar significa adquirir um bem ou serviço por um preço determinado.
Porém, quando estamos no ambiente empresarial, essa tarefa torna-se um pouco
mais complexa.

119
UNIDADE 2 — FERRAMENTAS DE GESTÃO DE GASTOS, ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

O orçamento de compras e faturamentos tem a finalidade de apurar os


valores dos fornecedores e dos clientes, bem como os tributos a recolher ou a
recuperar (HOJI, 2018). O orçamento de compras e faturamentos é composto
pelos seguintes quadros orçamentários:

• compras de matéria-prima nacional;


• compras de matéria-prima importada;
• vendas no mercado nacional;
• apuração de tributos a recolher.

Um bom orçamento de compras deve levar em consideração que, quanto


menor for um pedido, menor é a capacidade de negociação com o fornecedor. Da
mesma forma, quanto maior for o pedido, maior será seu potencial para negociar
melhores preços e prazos.

Esse tipo de orçamento varia muito de acordo com a cultura da empresa e


seus respectivos processos, pois enquanto algumas empresas fazem orçamentos
sempre é necessária a aquisição de novos produtos, outras preferem contar com
fornecedores fixos, os quais serão acionados no momento oportuno.

O que torna o orçamento de compras tão importante é apresentar à empresa


os respectivos preços e prazos antes da aquisição, possibilitando que a empresa se
organize e verifique o real potencial de recursos necessários disponível.

Para finalizar, destaca-se que a função principal do orçamento de compras


é proporcionar bons negócios pelo menor custo possível, contribuindo para a
eficiência e a competitividade da empresa.

Acadêmico, assim finalizamos mais um tópico e uma unidade. Nos


vemos na próxima unidade. Bons estudos!

120
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Para evitar problemas com pagamentos é ideal que seja feita uma boa
organização do fluxo financeiro da empresa, como por exemplo, a área de contas
a pagar e receber que precisam estar bem alinhadas e com suas respectivas datas
de vencimento e valores organizados para que não haja problemas.

• A entrada de recursos na empresa, por si só, não significa que ela esteja obtendo
lucro, nem a saída de recurso significa que ela esteja tendo prejuízo.

• O sucesso da empresa depende de todas as áreas que a compõem, o


administrador financeiro tem papel fundamental na alocação adequada dos
recursos. A alocação eficiente dos recursos é decisiva para o atingimento do
lucro desejado e o aumento da riqueza do proprietário da empresa (acionista
ou sócio).

• As atividades realizadas em uma empresa se relacionam e se impactam de três


formas: atividades de operações, atividades de investimentos e atividades de
financiamentos.

• O fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os ingressos e saídas


(desembolsos) de recursos monetários de uma empresa em determinado
intervalo de tempo. A partir da elaboração do fluxo de caixa é possível
prognosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa, determinando-se
medidas saneadoras a serem tomadas.

• O fluxo de caixa não deve ser uma preocupação exclusiva da área financeira.
Deve haver comprometimento de todos os setores empresariais com os
resultados, destacando-se: área de produção, decisões de compras, políticas de
cobrança, área de vendas, e área financeira.

• Uma adequada administração dos fluxos de caixa permite uma presunção da


obtenção de resultados positivos para a empresa, devendo ser evidenciada
como um segmento lucrativo para seus negócios.

• As atividades da empresa devem sempre ficar dentro do limite da capacidade


de obtenção de caixa da empresa. Ao exceder esse limite, a empresa poderá
enfrentar sérias dificuldades financeiras, comprometendo a continuidade de
suas atividades.

121
• O orçamento é um instrumento de natureza econômica com objetivo de
prever determinadas quantias que serão utilizadas para determinados fins.
Sua efetiva utilização apresenta uma série de vantagens, entre elas, auxiliar os
administradores na coordenação de seus esforço e otimização dos resultados
empresariais.

• Apesar de dois tipos clássicos de orçamento (estático e flexível) serem os mais


utilizados, existem outros que podem ser aplicados, tais como: contínuo, de
tendências, e base zero.

• O orçamento de vendas constitui um plano de vendas futuras da empresa


para determinado período. Sua função principal é a determinação do nível
de atividades futuras da empresa. Todos os demais orçamentos parciais
são desenvolvidos em função do orçamento de vendas, ou seja, tendo-se
determinado o que será vendido, em que quantidades e quando.

• O orçamento de compras e faturamentos tem a finalidade de apurar os valores


dos fornecedores e dos clientes, bem como os tributos a recolher ou a recuperar.
Destaca-se que a função principal do orçamento de compras é proporcionar
bons negócios pelo menor custo possível, contribuindo para a eficiência e a
competitividade da empresa.

CHAMADA

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pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

122
AUTOATIVIDADE

1 A alocação eficiente dos recursos é decisiva para o atingimento do lucro


desejado e o aumento da riqueza do proprietário da empresa. Essa afirmação é:

a) ( ) Verdadeira.
b) ( ) Falsa.

2 O sucesso financeiro de uma empresa depende de vários fatores, dentre


eles uma boa relação entre as várias atividades da empresa. Nesse contexto,
relacione as respectivas atividades com seus conceitos:

( ) São as atividades relativas a transações que envolvem


participações em outras empresas, gastos com pesquisas
(1) Operações
e desenvolvimento e ativos imobilizados empregados na
comercialização ou produção de bens e prestação de serviços.
( ) Compreendem as atividades como o transporte de
mercadorias, a emissão de pedidos, a administração de
(2) Investimentos
almoxarifado, a manutenção de instalações, o controle de
pessoal. Geram despesas e são posteriormente pagas.
( ) Compreendem a captação de recursos dos acionistas ou
(3) Financiamentos sócios (proprietários), bem como a sua remuneração na forma
de dividendos ou distribuição de lucros, respectivamente.

3 Disserte sobre o fluxo de caixa.

4 O fluxo de caixa não deve ser uma preocupação exclusiva da área financeira.
Deve haver comprometimento de todos os setores empresariais com os
resultados. Sobre as diversas áreas empresariais, relacione-as com suas
funções:

( ) Devem ser ágeis e eficientes, permitindo colocar os recursos


(1) Área de produção financeiros mais rapidamente à disposição da empresa,
constituem-se em um importante reforço de caixa.
( ) Junto à meta de crescimento da atividade comercial, deve
preservar um controle mais próximo sobre os prazos
(2) Decisões de compras
concedidos e hábitos de pagamentos dos clientes, visando
não pressionar negativamente o fluxo de caixa.
( ) Deve avaliar criteriosamente o perfil de seu endividamento,
(3) Política de cobrança de forma que os desembolsos necessários ocorram de forma
simultânea à geração de caixa da empresa.
( ) Ao fazer alterações nos prazos de fabricação dos produtos,
(4) Área de eventos
novas alterações nas necessidades de caixa são necessárias.
( ) Devem ser feitas de maneira ajustada com os saldos
(5) Área financeira
disponíveis em caixa.

123
5 Toda empresa deveria elaborar o seu orçamento com antecedência, anotando
quais serão as receitas e os gastos dos períodos futuros. Essa orçamentação
deve ser feita com base em previsões. Essa afirmação é:

a) ( ) Verdadeira.
b) ( ) Falsa.

6 Para elaboração do orçamento, pode ser usado aquilo que aconteceu em


um período passado, porém, nesse caso, deve-se limitar a copiar o que já
aconteceu. Essa afirmação é:

a) ( ) Verdadeira.
b) ( ) Falsa.

7 Dentre as inúmeras vantagens na elaboração do orçamento da empresa,


assinale V para as sentenças verdadeiras e F para a falsas:

( ) Auxiliar os administradores com a coordenação de seus esforços, de tal


forma que os objetivos da organização como um todo são confrontados
com os objetivos de suas partes.
( ) Obrigar a análises antecipadas das políticas sociais e ambientais da empresa.
( ) Estimular os administradores a pensar adiante por meio da formalização
de suas responsabilidades no planejamento.
( ) Demonstrar aos clientes o potencial de vendas da empresa

8 Além dos clássicos tipos orçamentários (estático e flexível) existem outros


que podem ser aplicados na organização. Assinale a alternativa que não
apresenta um desses orçamentos:

a) ( ) Contínuo.
b) ( ) Econômico.
c) ( ) Tendências.
d) ( ) Base zero.

9 Disserte sobre o orçamento de vendas.

10 Disserte sobre o orçamento de compras.

124
UNIDADE 3 —

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E
INDICADORES FINANCEIROS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• aprender a analisar a situação econômica da empresa por meio das


demonstrações contábeis e financeiras;
• compreender a estrutura da análise vertical e horizontal, bem como as
informações por elas prestadas;
• entender a utilidade dos indicadores financeiros;
• conhecer as premissas básicas sobre planejamento operacional e
estratégico;
• estudar sobre finanças internacionais.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

TÓPICO 2 – INDICADORES DO NEGÓCIO

TÓPICO 3 – PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

125
126
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E
FINANCEIRAS

1 INTRODUÇÃO
A análise econômico-financeira tem por objetivo extrair informações das
demonstrações contábeis para ser utilizada no processo de tomada de decisão na
empresa, tornando-se um importante instrumento de gerenciamento interno e
externo (PADOVEZE; BENEDICTO, 2011).

As demonstrações contábeis (DCs) são elaboradas utilizando-se de dados


e informações da entidade. Para uma correta análise de todas as demonstrações
elaboradas pela contabilidade é necessário um bom conhecimento de todos os
elementos que compõem essas demonstrações.

O objetivo principal das demonstrações contábeis é o de fornecer


informações para uma análise econômica e financeira da entidade sobre sua
situação patrimonial e financeira, bem como sobre seu desempenho e seus fluxos
de caixa, além de vislumbrar perspectivas e tendências futuras (ALMEIDA, 2019).

Para o gerenciamento empresarial, a informação contábil é necessária


no processo de planejamento, controle e tomada de decisão. Por essa razão, a
comparabilidade em vários aspectos é importante (PADOVEZE; BENEDICTO,
2011). Vejamos alguns exemplos:

• comparação com períodos passados;


• comparação com padrão setorial;
• comparação com períodos orçados;
• comparação com padrões internacionais;
• comparação com empresas concorrentes.

Essas comparações só são possíveis graças à grande gama de informações


prestada pela contabilidade por meio das suas diversas demonstrações. Na
imagem a seguir, podemos ter uma visão geral das demonstrações contábeis
elaboradas para uma entidade.

127
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

FIGURA 1 – CONJUNTO DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

FONTE: Almeida (2019, p. 5)

Apesar da imagem apresentar diversas demonstrações contábeis,


daremos maior ênfase neste livro às duas primeiras, uma vez que, por meio delas
são evidenciadas de forma objetiva a situação financeira (identificada no BP) e a
situação econômica (identificada no BP e, em conjunto, na DRE). As demais serão
apenas conceituadas para que se entenda o significado de cada uma.

Demonstração do resultado abrangente (DRA) – essa demonstração


evidencia as modificações do Patrimônio Líquido (PL) decorrentes de receitas,
despesas e outros eventos que não são reconhecidos no resultado imediatamente,
ou seja, sua realização ainda contém um grau de incerteza. Perdas não realizadas
em investimentos financeiros são exemplos de despesas que compõem a DRA
(LINS; FILHO, 2012).

Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) – retrata


a movimentação do patrimônio líquido dentro do período. A legislação prevê
a utilização da demonstração dos lucros e prejuízos acumulados. Entretanto,
dada a maior abrangência da DMPL, ela é mais utilizada pelas grandes empresas
(LINS; FILHO, 2012).

Demonstração do fluxo de caixa (DFC) – a demonstração do fluxo de caixa,


quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona
informações que habilitam os usuários avaliar as mudanças nos ativos líquidos de
uma entidade, sua estrutura financeira (inclusive sua liquidez e solvência) e sua
capacidade para alterar os valores e prazos dos fluxos de caixa, a fim de adaptá-los
às mudanças nas circunstâncias e oportunidades. São utilizadas duas metodologias
na sua elaboração: método direto e método indireto (LINS; FILHO, 2012).

128
TÓPICO 1 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

Notas explicativas – as demonstrações contábeis serão completadas


por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis
necessárias para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do
exercício. Essa informação é muito importante, uma vez que nas DCs não são
mencionados prazos, taxas etc. (LINS; FILHO, 2012).

Acadêmico, agora vamos nos aprofundar no Balanço Patrimonial (BP).

2 ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL (BP)


A demonstração contábil mais importante é o balanço patrimonial. Sua
função básica é evidenciar o conjunto patrimonial de uma entidade, classificando
os bens e direitos (no ativo) e as obrigações, seja com terceiros ou com os sócios
(no passivo e no patrimônio líquido).

O ativo evidencia os elementos patrimoniais positivos, enquanto o passivo


evidencia dois elementos, em primeiro lugar, as dívidas da empresa, consideradas
elementos patrimoniais negativos e, em segundo lugar, complementando a
equação contábil, o valor da riqueza dos acionistas, evidenciada na figura do
patrimônio líquido (PADOVEZE; BENEDICTO, 2011).

De forma geral, as demonstrações contábeis são elaboradas com base em


um exercício social, normalmente de 12 meses, podendo se encerrar em qualquer
data do ano, no entanto, as entidades geralmente têm o seu encerramento do
exercício social terminado em 31 de dezembro, de maneira a facilitar o atendimento
às exigências fiscais (ALMEIDA, 2019). Destaca-se que para fins gerenciais (gestão
interna) é possível elaborar as demonstrações contábeis em base mensal.

Os principais grupos de contas do balanço patrimonial estão previstos


no CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis. O Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC) é o órgão responsável pela preparação e
emissão de normas relacionadas à contabilidade.

Além disso, a Lei n° 6.404/76, chamada de Lei das S/A, aborda que no
balanço patrimonial as contas deverão ser classificadas de acordo com os elementos
do patrimônio que registrem e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a
análise da situação financeira da companhia.

Assim, o balanço é composto por três elementos básicos, conforme


apresentando no quadro a seguir:

129
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

QUADRO 1 – BP COMPOSTO PELOS TRÊS ELEMENTOS BÁSICOS

BALANÇO PATRIMONIAL
PASSIVO
ATIVO
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ativo = Ativo Circulante + Ativo
Forma com que os recursos da entidade foram aplicados
não circulante (realizável a longo
(conta corrente bancária, contas a receber, estoques, imóveis,
prazo, investimentos, imobilizado
máquinas e equipamentos etc.).
e intangível)
Recursos de terceiros que estão financiando os ativos e
Passivo = Passivo Circulante +
representados por obrigações (empréstimos bancários
Passivo não circulante (exigível
recebidos e ainda não pagos, dívidas com fornecedores,
a longo prazo)
dívidas com impostos, dívidas com funcionários etc.).
Patrimônio Líquido (PL) = Capital Recursos captados junto aos sócios (na forma de
Social + Reservas + Lucros/ integralização do capital social da entidade ou na forma de
Prejuízos Acumulados retenção de lucros apurados pela entidade).

FONTE: Almeida (2019, p.25)

A Lei nº 6.404/76 esclarece que as contas do ativo devem ser classificadas


em ordem decrescente de liquidez, ou seja, a conta que indicar maior facilidade
em se transformar em dinheiro deverá ser a primeira a ser classificada. Além
disso, a lei divide o ativo em dois grandes grupos: ativo circulante e ativo não
circulante (OLIVEIRA; MOREIRA, 2013).

Já as obrigações (contas do passivo) devem ser classificadas utilizando-


se a ordem decrescente do grau de exigibilidade (representa o maior ou menor
prazo em que a obrigação deve ser paga) e é dividido em dois grupos: passivo
circulante e passivo não circulante.

Na tabela a seguir você consegue entender melhor a estrutura do balanço


patrimonial que estamos explicando.

TABELA 1 – MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL


ATIVO 31-12-X4 21-12-X5 PASSIVO 31-12-X4 31-12-X5
Circulante Circulante
Caixa 40.000 10.000 Fornecedores 200.000 220.000
Duplicatas a Receber 150.000 220.000 Salários a Pagar 30.000 40.000
Estoques 390.000 420.000 Impostos a Pagar 60.000 6.000
580.000 650.000 Dividendos a Pagar 50.000 14.000
Não Circulante Não circulante
Realizável a Longo Prazo 50.000 40.000 Exigível a LP. 100.000 150.000
Investimentos 60.000 50.000
Imobilizado 70.000 60.000 Patrimônio Líquido
Intangível 30.000 30.000 Capital 300.000 340.000
210.000 180.000 Reservas de Lucros 50.000 60.000
350.000 400.000
Total 790.000 830.000 Total 790.000 830.000

FONTE: Marion (2019, p.49)

130
TÓPICO 1 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

Observe que o grupo de não circulante no ativo é desdobrado em ativo


realizável a longo prazo, investimentos, ativo imobilizado e ativo intangível.

NOTA

Com a Lei 11.638/2007, o grupo disponibilidades do ativo que compreende


(caixa, bancos e aplicações financeiras) também passou a ser chamado de caixa e
equivalentes de caixa.

2.1 DISTINÇÃO ENTRE CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE


O CPC 26 (R1) menciona que a entidade deve apresentar ativos circulantes e
não circulantes, e passivos circulantes e não circulantes, como grupos de contas
separados no BP.

O ativo circulante é constituído pelos Bens e pelos Direitos que estão


em contínua circulação no patrimônio. Ou seja, são valores já realizados
(transformados em dinheiro) ou que serão realizados até o término do exercício
social seguinte (RIBEIRO, 2009). Já no ativo não circulante são apresentadas as
contas de bens e direitos com pequena ou nenhuma circulação.

O mesmo critério aplica-se para as contas do passivo. As obrigações da


companhia deverão ser classificadas no passivo circulante quando vencerem até o
final do exercício seguinte, e no passivo não circulante quando tiverem vencimento
com prazo maior ao final do exercício seguinte (IUDÍCIBUS et al., 2013).

Vamos a um exemplo, através do quadro a seguir:

QUADRO 2 – SIMULAÇÃO DE CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE

Ano Corrente Ano Seguinte Anos Posteriores


2019 2020 2021
Em 31/12/19 teremos o De 01/01/20 a 31/12/20 E em 01/01/21 inicia-se o
encerramento do exercício teremos o exercício social exercício social dos anos
social atual SUBSEQUENTE posteriores
CIRCULANTE CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE

FONTE: Os autores

Observe que, diferente do conceito que estamos acostumados a estudar,


em que circulante refere-se a 12 meses e não circulante é tudo que possui prazo
superior a 12 meses, conforme o exemplo apresentado, poderemos ter um
circulante de até 24 meses (dependente do mês em que ocorreu o fato).

131
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

Acadêmico, agora que você já aprendeu sobre a estrutura do balanço


patrimonial, as contas que compreendem essa demonstração e já sabe a correta
classificação de circulante e não circulante, vamos aprender sobre a DRE.

3 ANÁLISE DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO


EXERCÍCIO (DRE)
Lins e Filho (2012) escrevem que depois do Balanço Patrimonial, a DRE é a
mais importante das demonstrações contábeis. A DRE evidencia o desempenho da
empresa (lucro ou prejuízo) no período compreendido entre janeiro e dezembro
de cada ano. Todas as contas de resultado constantes na DRE serão zeradas
ao final de cada ano e esse resultado será repercutido diretamente no balanço
patrimonial, na parte do patrimônio líquido.

Observe a figura a seguir:

FIGURA 2 – RELAÇÃO BB E DRE

FONTE: Lins e Filho (2012, p. 29)

Observe que o resultado do período apurado na DRE é repercutido


dentro do patrimônio líquido no BP. Em outras palavras, significa que se o
desempenho dos administradores foi satisfatório, o período apresentará lucro
e, portanto, o patrimônio líquido da empresa será aumentado. Se, no entanto,
o resultado do período for um prejuízo, o patrimônio líquido da empresa será
reduzido (LINS; FILHO, 2012).

A demonstração do resultado do exercício (DRE) relata o desempenho


da entidade durante certo período, em termos de receitas, custos e despesas
incorridos na condução dos negócios. Assim como no balanço patrimonial, os
grupos de contas da demonstração do resultado estão previstos no CPC 26 (R1) –
Apresentação das Demonstrações Contábeis (ALMEIDA, 2019).

A DRE contempla três grupos de contas: Receitas – Custos – Despesas.


Observe a estrutura da DRE na tabela a seguir:

132
TÓPICO 1 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

TABELA 2 – MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)

Receita Líquida 800.000


(-) Custo Mercadoria Vendida (650.000)
Lucro Bruto 150.000 150.000
(-) Despesas Operacionais
• Vendas (30.000)
• Administrativas
(Inclui Deprecriação 10.000) (70.000)
Lucro Antes das Operações Financeiras 50.000
• Despesas Financeiras (30.000)
• Receitas Financeiras 10.000
Lucro Antes I. Renda e C. Social 30.000
• Imposto de Renda e Contribuição Sindical (6.000)
Lucro Líquido 24.000

FONTE: Marion (2019, p.49)

Almeida (2019) define as contas da demonstração do resultado do exercício


da seguinte forma:

QUADRO 3 – CONTAS DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

DRE Objetivo: apresentar o desempenho da entidade durante certo período.


LUCRO As receitas são maiores que as despesas.
PREJUÍZO As receitas são menores que as despesas.
Representam ganhos da entidade, relacionados com vendas de ativos,
RECEITAS
prestações de serviços para terceiros, rendimentos de ativos etc.
Representam gastos da entidade, relacionados com consumo de bens e
DESPESAS serviços, bem como com impostos e com utilização de recursos de terceiros
(juros sobre empréstimos bancários).
LUCRO OU Pertence aos sócios e é classificado no PL do BP. O lucro aumenta o PL.
PREJUÍZO O prejuízo diminui o PL.

FONTE: Almeida (2019, p. 26)

Conforme destacado no quadro, o objetivo da DRE é o de apresentar


o desempenho da entidade durante certo período, que pode ser positivo ou
negativo. Mas o que significa dizer que uma entidade teve lucro ou prejuízo?
Observe a figura a seguir:

133
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

FIGURA 3 – DIFERENÇA ENTRE ENTIDADE COM LUCRO E COM PREJUÍZO

Receitas 600
Entidade
Despesas (400)
com lucro
Lucro (200)

Receitas 600
Entidade
Despesas (700)
com prejuízo
Prejuízo (100)

FONTE: Almeida (2019, p. 26)

Quando a empresa é eficaz, terá lucro. Quando não, terá prejuízo.

Ao falarmos de análise das demonstrações contábeis para fins gerenciais


é interessante utilizar no mínimo três ou quatro exercícios sociais para possibilitar
uma avaliação das tendências passadas e futuras da empresa.

Agora que já sabemos a função da DRE e do BP, vamos estudar


sobre a análise vertical e horizontal que visam determinar a composição
(representatividade) das contas dentro de cada período (análise vertical), bem
como avaliar as variações de um período para o outro (análise horizontal).

4 ANÁLISE HORIZONTAL
A análise horizontal (AH) relaciona cada conta ou transação das
demonstrações contábeis (DCs) ao longo de certo período de anos ou de meses,
evidenciando aumentos ou reduções em comparação com o primeiro ano da série.

Assim, a AH, ao apresentar a evolução de cada conta das demonstrações


financeiras, permite que seja realizada uma comparação para tirar conclusões
sobre a evolução da empresa.

É chamada de horizontal porque o profissional financeiro baseia-se na


evolução dos saldos das contas ao longo dos anos. Trocando em miúdos: são
comparados os mesmos elementos, porém em exercícios diferentes.

A metodologia da análise horizontal é bastante simples e, como trata-se


de uma comparação, o ano mais antigo será considerado o ano-base e todos os
seus valores serão equivalentes a 100. Os valores dos anos subsequentes serão
um percentual desse valor-base. A fórmula da Análise Horizontal é a seguinte, de
acordo com Lins e Filho (2012, p. 147):

134
TÓPICO 1 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

Fórmula:

(Valor atual do item/Valor do item no período base x 100)

Vejamos um exemplo de análise horizontal aplicado ao ativo do BP.

QUADRO 4 – EVOLUÇÃO HORIZONTAL DO ATIVO

FONTE: <https://excelsolucao.com.br/wp-content/uploads/2017/04/planilha_analise_vertical_
horizontal_balanco_patrimonial2-min.jpg>. Acesso em: 20 nov. 2019.

Cálculo da Análise Horizontal da conta caixa: 20.000/10.000*100 = 200%.


Cálculo da Análise Horizontal da conta banco: 25.000/35.000*100 = 71%.
Cálculo da Análise Horizontal da conta estoque: 75.000/61.000*100 = 123%.

Essa mesma lógica será aplicada para as contas do passivo, patrimônio


líquido e DRE.

135
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

Mas o que isso quer dizer? A interpretação dos dados é bem simples.
Conforme comentado anteriormente, o ano-base e todos os seus valores serão
equivalentes a 100. Então, qualquer resultado superior a esse número é um
aumento e qualquer resultado inferior é considerado uma redução.

Lembre-se de que o objetivo da análise horizontal é o de verificar


as variações ocorridas em uma conta do BP ou DRE de um ano para o outro,
apresentando dessa forma sua evolução (ou não) e indicado tendências.

Acadêmico, vamos agora entender a análise vertical.

5 ANÁLISE VERTICAL
A análise vertical das contas do BP e DRE mostra a composição percentual
e a participação de cada conta em relação a um valor adotado como base (100%).

A fórmula da Análise Vertical é a seguinte, de acordo com Lins e Filho


(2012, p. 147):

Fórmula:

(Valor Total do item/ Valor Total da Grupo x 100)

A análise vertical é importante para avaliar a estrutura de composição


de itens e sua evolução no tempo. Essa análise em períodos sucessivos pode
fornecer uma base para a projeção de uma demonstração de resultados (PEREZ
JUNIOR; BEGALLI, 2015).

A ideia da análise vertical no BP e na DRE é apresentada nas figuras a seguir:

FIGURA 4 – ESTRUTURA DA ANÁLISE VERTICAL DO BP

FONTE: Almeida (2019, p. 106)

136
TÓPICO 1 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

FIGURA 5 – ESTRUTURA DA ANÁLISE VERTICAL NA DRE

FONTE: Almeida (2019, p. 106)

Vejamos agora na prática a aplicação da análise vertical, através do


quadro a seguir:

QUADRO 5 – EVOLUÇÃO VERTICAL DO ATIVO

*Observação: Valor final arredondado para números inteiro

FONTE: < http://twixar.me/VzvT>. Acesso em: 20 nov. 2019.

137
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

No nosso exemplo, teremos como base o valor total do grupo do ativo no


ano de 2015 o valor de 280.000 e no ano de 2016 o valor de 315.000.

Cálculo da Análise Vertical da conta caixa (ano 2015): 10.000/280.000*100 = 200% = 4%.
Cálculo da Análise Vertical da conta caixa (ano 2016): 20.000/315.000*100 = 200% = 6%.
Cálculo da Análise Vertical da conta banco (ano 2015): 35.000/280.000*100 = 200% = 13%.
Cálculo da Análise Vertical da conta banco (ano 2016): 25.000/315.000*100 = 200% = 8%.
Cálculo da Análise Vertical da conta estoque (ano 2015): 61.000/280.000*100 = 200% = 22%.
Cálculo da Análise Vertical da conta estoque (ano 2016): 75.000/315.000*100 = 200% = 24%.

Essa mesma lógica será aplicada para as contas do passivo, patrimônio


líquido e DRE.

Mas o que isso quer dizer? Simples! Que no nosso exemplo, a conta caixa
da sua empresa em 2015 corresponde a 4% do seu ativo e em 2016 corresponde a
6% do seu ativo. Ou seja, você teve mais dinheiro em caixa no ano de 2016 quando
comparado a 2015.

Porém, essa projeção apresenta algumas limitações, principalmente


porque não leva em conta as mudanças no processo tecnológico e/ou nos custos
dos insumos e/ou nos preços de venda. Qualquer projeção baseada em dados
históricos requer muito cuidado (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

Lembre-se de que o objetivo da análise vertical (AV) é demonstrar


a participação de cada conta ou de cada transação em relação a um total
comparável nas DCs. Deve-se ressaltar a importância do uso simultâneo da
análise vertical e da horizontal, pois seus resultados possibilitam um conjunto
ainda maior de informações que ajudam na correta avaliação e análise das
demonstrações contábeis.

Observe na figura a seguir o cálculo completo da AH e AV do balanço


patrimonial.

138
TÓPICO 1 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

QUADRO 6 ­– CÁLCULO AH E AV DO BALANÇO PATRIMONIAL

BALANÇO PATRIMONIAL/ANO 2015 Vertic. Horiz. 2016 Vertic. Horiz.


ATIVO CIRCULANTE 198.000 71% 100% 226.000 72% 114%
Disponível 50.000 18% 100% 48.000 15% 96%
Caixa 10.000 4% 100% 20.000 6% 200%
Bancos Conta Corrente 35.000 13% 100% 25.000 8% 71%
Bancos Aplicações 5.000 2% 100% 3.000 1% 60%
Realizável 148.000 53% 100% 178.000 57% 120%
Impostos a Recuperar 14.000 8.000 3% 57%
Duplicatas a receber-Cliente 73.000 26% 100% 95.000 30% 130%
Estoques 61.000 22% 100% 75.000 24% 123%
ATIVO NÃO-CIRCULANTE 82.000 29% 100% 89.000 28% 109%
Investimentos 26.000 9% 100% 22.000 7% 85%
Consórcios 22.000 8% 100% 22.000 7% 100%
Outros / A Receber
Imobilizado 56.000 20% 100% 67.000 21% 120%
Móveis, utensílios e máquinas 36.000 13% 100% 45.000 14% 125%
Equipamentos de Informática 9.000 3% 100% 15.000 5% 167%
Outros / Imobilizado 12.000 4% 100% 8.000 3% 67%
(-) Depreciações 1.000 0% 100% 1.000 0% 100%
TOTAL DO ATIVO 280.000 100% 100% 315.000 100% 113%
PASSIVO CIRCULANTE 116.000 41% 100% 133.000 42% 115%
Fornecedores 40.000 14% 100% 55.000 17% 138%
Salários a Pagar 32.000 11% 100% 44.000 14% 138%
Tributos a Pagar 19.000 7% 100% 22.000 7% 116%
Financiamentos 16.000 10.000 3% 63%
Outros / A Pagar 9.000 3% 100% 2.000 1% 22%
PASSIVO NÃO-CIRCULANTE 11.000 4% 100% 10.000 3% 91%
Finaciamentos 7.000 3% 100% 4.000 1% 57%
Recolhimentos Impostos 4.000 6.000 2% 150%
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 153.000 55% 100% 172.000 55% 112%
Capital Social 50.000 18% 100% 50.000 16% 100%
Reservas de Capital 5.000 2% 100% 5.000 2% 100%
Reservas de Lucros 8.000 3% 100% 8.000 3% 100%
Lucros Acumulados 90.000 32% 100% 109.000 35% 121%
TOTAL DO PASSIVO 280.000 100% 100% 315.000 100% 113%
*Observação: Valor final arredondado para números inteiro

FONTE: <http://twixar.me/nmPm>. Acesso em: 20 nov. 2019.

Acadêmico, chegamos ao final do Tópico 1. Para a melhor fixação do


conteúdo, realize as autoatividades propostas. Bons estudos e até o próximo tópico.
139
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A análise econômico-financeira tem por objetivo extrair informações das


demonstrações contábeis para ser utilizada no processo de tomada de decisão
na empresa.

• As demonstrações contábeis (DCs) são elaboradas utilizando-se dados e


informações da entidade.

• A demonstração contábil mais importante é o balanço patrimonial. Sua função


básica é evidenciar o conjunto patrimonial de uma entidade, classificando os
bens e direitos (no ativo) e as obrigações, seja com terceiros ou com os sócios (no
passivo e no patrimônio líquido). De forma geral, as demonstrações contábeis
são elaboradas com base em um exercício social normalmente de 12 meses.

• O balanço é composto por três elementos básicos: ativo, passivo e patrimônio


líquido.

• As contas do ativo devem ser classificadas em ordem decrescente de liquidez,


ou seja, a conta que indicar maior facilidade em se transformar em dinheiro
deverá ser a primeira a ser classificada. Além disso, a lei divide o ativo em
dois grandes grupos: ativo circulante e ativo não circulante. O grupo de
não circulante no ativo é desdobrado em ativo realizável a longo prazo,
investimentos, ativo imobilizado e ativo intangível.

• As obrigações (contas do passivo) devem ser classificadas utilizando-se a


ordem decrescente do grau de exigibilidade (representa o maior ou menor
prazo em que a obrigação deve ser paga) e é dividido em dois grupos: passivo
circulante e passivo não circulante.

• O ativo circulante é constituído pelos Bens e pelos Direitos que estão em contínua
circulação no patrimônio. Ou seja, são valores já realizados (transformados em
dinheiro) ou que serão realizados até o término do exercício social seguinte.
Já no ativo não circulante são apresentadas as contas de bens e direitos com
pequena ou nenhuma circulação.

• As obrigações da companhia deverão ser classificadas no passivo circulante


quando vencerem até o final do exercício seguinte, e no passivo não circulante,
quando tiverem vencimento com prazo maior ao final do exercício seguinte.

140
• Depois do Balanço Patrimonial, a DRE é a mais importante das demonstrações
contábeis. A DRE evidencia o desempenho da empresa (lucro ou prejuízo)
no período compreendido entre janeiro e dezembro de cada ano. Quando a
empresa é eficaz, terá lucro. Quando não, terá prejuízo.

• A análise horizontal (AH) relaciona cada conta ou transação das demonstrações


contábeis (DCs) ao longo de certo período de anos ou de meses, evidenciando
aumentos ou reduções em comparação com o primeiro ano da série. Sua
fórmula é: Valor atual do item/Valor do item no período base x 100.

• A análise vertical das contas do BP e DRE mostra a composição percentual e a


participação de cada conta em relação a um valor adotado como base (100%).
Sua fórmula é: Valor Total do item/ Valor Total da Grupo x 100.

141
AUTOATIVIDADE

1 Qual o objetivo da análise econômico-financeira?

2 Por meio das demonstrações contábeis são evidenciadas a situação


financeira e econômica da empresa. Nesse sentido, relacione a coluna da
direta com a esquerda:

(1) BP ( ) Demonstração do Resultado Abrangente


(2) DRE ( ) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
(3) DRA ( ) Demonstração de Fluxos de Caixa
(4) DMPL ( ) Demonstração do Resultado do Exercício
(5) DFC ( ) Balanço Patrimonial
(6) NE ( ) Notas Explicativas

3 Quais são as demonstrações contábeis mais utilizadas para fins de análise?

a) ( ) BP e DRA.
b) ( ) DRE e BP.
c) ( ) BP e DMPL.
d) ( ) DRE e DFC.

4 O balanço patrimonial é composto de três elementos básicos: ativo, passivo


e patrimônio líquido. Disserte sobre esses grupos e cite dois exemplos para
cada grupo.

5 Analise o exemplo a seguir:

Compra de um veículo em 36x pelo Banco Enjoadinho em 01/10/2019.


A primeira parcela vence somente em 01/12/2019.

Quantas parcelas serão classificadas no circulante e quantas no não circulante?

Ano Corrente Ano Seguinte Anos Posteriores


2019 2020 2021
Em 31/12/19 teremos o De 01/01/20 a 31/12/20 E em 01/01/21 inicia-se o
encerramento do exercício teremos o exercício social exercício social dos anos
social atual. SUBSEQUENTE. posteriores.
Parcela 01/36 – 12/19 Parcela 02/36 – 13/36 Parcela 14/36 – 36/36
CIRCULANTE CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE

FONTE: Os autores

142
6 Qual o interesse de uma instituição financeira na análise das DCs da
entidade?

a) ( ) Averiguar a qualidade das DCs.


b) ( ) Verificar a adequação dos relatórios gerenciais.
c) ( ) Avaliar a capacidade da entidade em pagar os seus empréstimos.
d) ( ) Avaliar a habilidade da entidade em cumprir os seus deveres junto aos
seus clientes.

7 As Demonstrações Contábeis são fundamentais para os seus usuários, pois:

a) ( ) Fornecem uma visão da situação da empresa.


b) ( ) Fornecem os conteúdos mais variados possíveis para o fisco.
c) ( ) Fornecem as diretrizes e os procedimentos para os registros contábeis.
d) ( ) Nenhuma das alternativas

8 Disserte sobre o objetivo da DRE.

9 Relacione os conceitos:

(AH) Análise Horizontal


(AV) Análise Vertical

( ) Relaciona cada conta ou transação das demonstrações contábeis (DCs) ao


longo de certo período de anos ou de meses.
( ) Mostra a composição percentual e a participação de cada conta em relação
a um valor adotado como base (100%).

10 Analise as seguintes demonstrações contábeis:

143
FONTE: os autores


Elabore a análise vertical e horizontal:
VERTICAL: quanto representa, percentualmente, cada conta em relação ao
ativo total / passivo total. Para a demonstração do resultado, considere receita
líquida 100%.
HORIZONTAL: nessa análise, indique a variação ocorrida em cada conta no
período de 20x1 a 20x2.

144
FONTE: os autores

145
146
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3

INDICADORES DO NEGÓCIO

1 INTRODUÇÃO
Um dos principais instrumentos para avaliação de certos aspectos do
desempenho da empresa é a análise de índices econômico-financeiros, calculados
basicamente a partir das contas das demonstrações contábeis.

Índice é a relação entre contas ou grupos de contas das demonstrações


contábeis, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou
financeira de uma empresa. O cálculo dos índices geralmente é feito por meio
da divisão do saldo de um item contábil pelo saldo de outro e sua interpretação
depende do conhecimento do conteúdo desses itens (PEREZ JUNIOR; BEGALLI,
2015). Em outras palavras, os indicadores (ou índices ou quocientes) significam o
resultado obtido da divisão de duas grandezas (ALMEIDA, 2019).

A administração está interessada em gerenciar adequadamente os


negócios da entidade, de forma a atingir os objetivos planejados. Os indicadores
econômicos e financeiros usualmente mostram os reflexos das medidas tomadas
e sinalizam para problemas que precisam ser resolvidos (ALMEIDA, 2019).

Estudaremos neste tópico os índices mais utilizados no gerenciamento


empresarial. Observe-os na figura a seguir:

FIGURA 6 – ÍNDICES UTILIZADOS PELOS ANALISTAS

Liquidez

Endividamento
ÍNDICES

Rentabilidade

Rotatividade

FONTE: Almeida (2019, p. 17)

147
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

Almeida (2019) conceitua esses índices da seguinte forma:

• Índices de liquidez: contemplam relacionamentos entre contas do Balanço


Patrimonial. Demonstram a capacidade da entidade de honrar os seus
compromissos financeiros.
• Índices de endividamento: evidenciam correlações entre capitais próprios
(patrimônio líquido) e capitais de terceiros (passivo circulante e passivo não
circulante), bem como imobilizações de capitais próprios.
• Índices de rentabilidade: demonstram o retorno em termos do lucro auferido
pela entidade em comparação com receitas, ativos, capitais próprios (patrimônio
líquido) e outros parâmetros.
• Índices de rotatividade: indicam a que velocidade certos itens do balanço
patrimonial giram durante um determinado período.

Como veremos ao longo deste livro, é possível calcular diversos índices,


mas, usualmente, somente poucos serão úteis em determinadas circunstâncias.
Embora muitos índices geralmente utilizados pelos analistas estejam descritos
neste tópico, o procedimento ideal não é calculá-los mecanicamente, e sim
selecionar antes quais os índices mais apropriados para alcançar o objetivo da
sua análise (ALMEIDA, 2019).

2 ÍNDICES DE LIQUIDEZ
É um dos principais tipos de indicadores, pois demonstra a situação
financeira da empresa e sua capacidade de saldar suas obrigações.

A interpretação intrínseca desses índices tem como referência o Número 1,


pois se o indicador for maior que 1 significa que a empresa tem mais direitos que
obrigações indicando boa liquidez e vice-versa (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

Os indicadores de liquidez são divididos em:

• liquidez geral;
• liquidez corrente;
• liquidez seca;
• liquidez imediata.

Vamos compreender um pouco mais sobre cada um deles, para isso


utilizaremos as seguintes demonstrações como base:

148
TÓPICO 2 — INDICADORES DO NEGÓCIO

FIGURA 7 – BALANÇO PATRIMONIAL – BASE DOS EXEMPLOS

Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro de 20xx (em milhares de Reais)


ATIVO PASSIVO
Circulante
Disponibilidades 125.543 Fornecedores 166.314
Contas a Receber 45.164 Financiamentos 28.104
Estoques 135.687 Debentures 1.400
Impostos a Recuperar 25.450 Salários e Contribuições Sociais 20.953
IR e Contr Social diferidos 8.822 Prov p/IR e Contr Social 10.307
Acordos Comerciais 33.376 Financiamentos Compra Imóveis 4.277
Fundo de Recebíveis 91.954 Alugueis a pagar 4.590
Desp Antecipadas 15179 Dividendos e Jrs s/ Cap Próprio 6.357
Outros - Outras Obrigações 22.000
TOTAL PASSIVO
TOTAL ATIVO CIRCULANTE 481.175 264.303
CIRCULANTE
Não Circulante
Realizável a Longo Prazo Exígivel a Longo Prazo
Contas a Receber 35.026 Financiamentos 135.987
IR e Contr Social diferidos 96.838 Quotas do fundo (FIDC) 87.033
Impostos a Recuperar 26.541 Debentures 72.730
Partes Relacionadas 25.850 Imp e Contr Recolher 18.777
Depositos Judiciais 26.907 Prov p/Contigencias 134.580
TOTAL DE REAL LP 211.162 TOTAL EXIG LP 449.107
Permanente Patrimônio Líquido
Investimentos 10.650 PL
Ágio na aquisição de Investimentos 0 Capital Social 416.137
Outros 0 Reservas de Capital 53.726
Imobilizado 462.018 Reservas de Lucros 35.751
Intangível 54.020 Lucros Acumulados 0
Outros 0
TOTAL DO AT PERMANENTE 526.688 TOTAL PL 505.615
TOTAL DO ATIVO 1.219.024 TOTAL PASSIVO + PL 1.129.024

FONTE: <https://excelsolucao.com.br/wp-content/uploads/2017/04/planilha_analise_vertical_
horizontal_balanco_patrimonial2-min.jpg>. Acesso em: 20 nov. 2019.

149
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

FIGURA 8 – DRE – BASE DOS EXEMPLOS

DRE em 31 de Dezembro de 20xx (em milhares de Reais)


(+) Receita Bruta de Vendas 20.856.769
(-) Impostos s/ Venda (ICMS, PIS, Cofins e ISS) -261.632
(=) RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 20.595.137
(-) Custos dos Produtos e Mercadorias Vendidas -1.230.440
(=) LUCRO BRUTO 19.364.697
(-) Despesas com Vendas -254.552
(-) Despesas Gerais e Administrativas -53.187
(-) Impostos e Taxas -10.180
(-) Despesas com Depreciações e Amortizações -56.034
(+) Equivalencia Patrimonial 271
(+) Outras Receitas (Desp) Operacionais Líquidas 0
(+) Receitas Financeiras 27,010
(-) Despesas Financeiras -56.363
(=) LUCRO OPERACIONAL 18.961.662
Receitas Não Operacionais Líquidas 1.011
(=) LUCRO ANTES DO IMP E CONTR SOCIAL 18.962.673
(-) Imp de Renda e Contr Social Corrente -10.285
(-) Imp de Renda e Contr Social Diferido 0
(=) LUCRO LÍQUIDO ANTES DA PART ADM 18.952.387
(-) Participação dos Funcionários no LL -1.994
(=) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 18.950.394

FONTE: Excel Soluções (2019). <https://excelsolucao.com.br/wp-content/uploads/2017/04/


planilha_analise_vertical_horizontal_balanco_patrimonial2-min.jpg>. Acesso em: 20 nov. 2019.

2.1 ÍNDICES DE LIQUIDEZ GERAL


Indica a capacidade de pagamento de dívidas da empresa a curto e
longo prazo. Indica quanto a empresa possui de ativos realizáveis no curto e
longo prazos, para cada R$ 1,00 de dívida com terceiros. É importante conhecer
os prazos de vencimento dos direitos e obrigações de longo prazo, pois mesmo
apresentando índice favorável, as dívidas podem vencer em prazo mais curto que
os direitos (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Interpretação: Quanto maior, melhor.


150
TÓPICO 2 — INDICADORES DO NEGÓCIO

Cálculo:

Ativo Circulante 481.175,00


692.337,00
Realizável a LP 211.162,00
0,97
Passivo Circulante 264.303,00
713.410,00
Exigivel a LP 449.107,00

LG menor que 1 – significa que para cada R$ 0,97 de direitos, a empresa


tem R$ 1,00 de dívidas). Nesse caso, o capital de giro é de terceiros.

Se o LG fosse maior que 1 – por exemplo 1,2, significaria que para cada R$
1,20 aplicado no ativo realizável, a empresa captou R$ 1,00 de capital de terceiros.
A empresa opera com capital de giro próprio.

2.2 ÍNDICES DE LIQUIDEZ CORRENTE


Indica a capacidade de pagamento de dívidas da empresa no curto
prazo. Indica quanto a empresa possui de ativos realizáveis no curto prazo para
cada R$ 1,00 de dívida com terceiros também no curto prazo (PEREZ JUNIOR;
BEGALLI, 2015).

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Interpretação: Quanto maior, melhor.

Cálculo:

Ativo Circulante 481.175,00


1,82
Passivo Circulante 264.303,00

LC maior que 1 – significa que para cada R$ 1,82 aplicado no ativo


circulante, a empresa captou R$ 1,00 de capital de terceiros a curto prazo. A
empresa opera com capital circulante líquido próprio.

Se o LC fosse menor que 1, por exemplo 0,8, significaria que, para cada R$
0,80 de direitos realizáveis a curto prazo a empresa tem R$ 1,00 de dívidas a curto
prazo. Nesse caso, o capital circulante líquido seria de terceiros.

151
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

2.3 ÍNDICES DE LIQUIDEZ SECA


É um índice derivado da liquidez corrente e mostra a capacidade de
pagamento de dívidas no curto prazo, considerando a hipótese de a empresa não
conseguir vender seus estoques (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

O cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Interpretação: Quanto maior, melhor.

Cálculo:

Ativo Circulante 481.175,00


(-) Estoques 135.687,00 1,31
Passivo Circulante 264.303,00

LS maior que 1 – significa que mesmo sem os estoques, a empresa dispõe


de R$ 1,31 de direitos para cada R$ 1,00 de obrigações a curto prazo.

Se a LS fosse menor que 1, por exemplo 0,8, significaria que sem os


estoques, a empresa dispõe apenas de R$ 0,80 de direitos para cada R$ 1,00 de
obrigações a curto prazo.

Observação: para empresas que não trabalham com estoque (como é o


caso de empresas de eventos) o cálculo desse índice não se faz necessário.

2.4 ÍNDICES DE LIQUIDEZ IMEDIATA


Também derivado da liquidez corrente, indica a capacidade de pagamento
de dívidas no curto prazo, considerando a hipótese de que todo o Passivo
Circulante da empresa vença no primeiro dia útil seguinte à data de encerramento
do balanço (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Observação: Caixa e Equivalentes de Caixa é a mesma coisa que Disponibilidades.

152
TÓPICO 2 — INDICADORES DO NEGÓCIO

Interpretação: Quanto maior, melhor.

Cálculo:

Caixa Equivalentes de Caixa/Disponibilidades 125.543,00


0,47
Passivo Circulante 264.303,00

LI menor que 1 – significa que a empresa dispõe apenas de R$ 0,47 para


cada R$ 1,00 de obrigações em curto prazo.

Se o for LI maior que 1, por exemplo 1,2, significaria que a empresa dispõe
de R$ 1,20 de disponibilidades para cada R$ 1,00 de obrigações a curto prazo.

3 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO/ESTRUTURA DE CAPITAL


Quando as empresas enfrentam dificuldades em seus fluxos de caixa,
elas geralmente solicitam um empréstimo para solucionar temporariamente seu
desequilíbrio financeiro.

Nesse sentido, os índices de endividamento revelam o nível de


comprometimento do capital capital de terceiros, ou seja, indicam o grau de
dependência da empresa em relação ao capital de terceiros.

Perez Junior e Begalli (2015) escrevem que o índice de endividamento


indica o nível de participação do capital de terceiros na atividade da empresa
e que quanto maior a participação de capital de terceiros, maior o grau de
endividamento.

Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras,


em termos de obtenção e aplicação de recursos. Esse grupo de índices visa analisar
a estratégia utilizada pela empresa para captação de recursos e alguns de seus
direcionamentos.

Além disso, o endividamento é uma fonte importante de recursos para


que a empresa possa, além de manter suas operações, ampliá-las. Os índices de
endividamento são divididos em:

• Nível de Endividamento.
• Composição de Endividamento.
• Endividamento Geral.
• Imobilização do Patrimônio Líquido.
• Imobilização dos recursos não correntes.
• Endividamento de Curto Prazo.

153
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

Vamos compreender um pouco mais sobre cada um deles, para isso


continuaremos a utilizar as demonstrações contábeis apresentadas no subtópico
2 deste tópico.

NOTA

Falamos sobre estrutura financeira no Tópico 1 da Unidade 1. Vale lembrar que:


Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo é Capital de Terceiros, ou seja, capital de curto
prazo. Já o Patrimônio Líquido é o Capital Próprio, ou seja, capital de longo prazo.

3.1 ÍNDICES DE NÍVEL DE ENDIVIDAMENTO


Indica a proporção entre os recursos de terceiros e os recursos próprios.
Esse índice também é conhecido como nível de alavancagem (PEREZ JUNIOR;
BEGALLI, 2015).

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Cálculo:

Passivo Circulante 264.303,00


13.410,00
Exigível a LP 449.107,00 1,41
Patrimônio Líquido 505.615,00 505.615,00

NE maior que 1 – significa que para cada R$ 1,00 de capital próprio, a


empresa captou R$ 1,41 de capital de terceiros.

Caso o NE fosse menor que 1, por exemplo 0,8, significaria que para cada
R$ 1,00 de capital próprio a empresa captou R$ 0,80 de capital de terceiros. A
interpretação de bom ou ruim depende do custo de captação dos recursos e do
retorno obtido na aplicação dos mesmos.

154
TÓPICO 2 — INDICADORES DO NEGÓCIO

3.2 ÍNDICES DE COMPOSIÇÃO DE ENDIVIDAMENTO


Indica a concentração do endividamento a curto prazo (PEREZ JUNIOR;
BEGALLI, 2015).

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Interpretação: esse indicador aritmeticamente fica entre 0 e 1.

Cálculo:

Passivo Circulante 264.303,00 264.303,00


Passivo Circulante 264,303,00 0,37
713.410,00
Exigível a LP 449.107,00

CE menor que 1 – quanto mais próximo de 1, maior a concentração das


dívidas no curto prazo. Significa que para cada R$ 1,00 de dívidas totais, R$ 0,37
vencem no curto prazo. No Brasil, devido à dificuldade de captação de recursos
a longo prazo, as dívidas das empresas estão concentradas no curto prazo.
Assim, a aplicação desses recursos de curto prazo deve ser feita em ativos de
rápida recuperação.

3.3 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO GERAL


Indica quanto os recursos de terceiros representam do total aplicado em
ativos da empresa (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Interpretação: esse indicador aritmeticamente fica entre 0 e 1.

155
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

Cálculo:

Passivo Circulante 264.303,00


713.410,00
Exigível a LP 449.107,00 0,59
Ativo Total 1.219.024 1.219.024

EG menor que 1 – quanto mais próximo de 1, maior a dependência de


capitais de terceiros. Significa que para cada R$ 1,00 aplicado em ativos, R$ 0,59
foram originados de terceiros e R$ 0,41 de capitais próprios. A interpretação desse
indicador depende da taxa de encargos financeiros desses recursos e do grau de
alavancagem dos mesmos.

3.4 IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Indica quanto foi aplicado no Imobilizado para cada R$ 1,00 de Patrimônio
Líquido (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Interpretação: Quanto menor, melhor.

Cálculo:

Imobilizado 462.018,00
516.038,00
Intangível 54.020,00 1,02
Patrimônio Líquido 505.615,00 505.615,00

IPL maior que 1 – significa que para cada R$ 1,02 aplicados no imobilizado
e no intangível, R$ 1,00 foi originado do capital próprio e R$ 0,02 de terceiros,
indicando que a empresa opera com capital de giro de terceiros.

Caso o IPL fosse menor que 1, por exemplo 0,7, significaria que para cada
R$ 1,00 originado do capital próprio, R$ 0,70 estão aplicados no imobilizado e
no intangível e R$ 0,30 no ativo realizável, indicando que a empresa opera com
capital de giro próprio.

3.5 IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES


Indica o nível de imobilização dos recursos de longo prazo, tanto próprios,
quanto de terceiros (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).
156
TÓPICO 2 — INDICADORES DO NEGÓCIO

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Interpretação: Quanto menor, melhor.

Cálculo:

Imobilizado 462.018,00
516.038,00
Intangível 54.020,00
0,54
Patrimônio Líquido 505.615,00
954.722,00
Exigível a LP 449.107,00

IRNC menor que 1 – significa que para cada R$ 1,00 originado de


capitais de longo prazo, R$ 0,54 estão aplicados em imobilizado e intangível de
recuperação a longo prazo e R$ 0,46 estão aplicados em ativos de giro de curto e
longo prazo. É uma boa situação.

Caso o IRNC fosse maior que 1, por exemplo 1,2, significaria que para
cada R$ 1,20 aplicado no imobilizado e no intangível, R$ 1,00 foi originado de
capitais de longo prazo e R$ 0,20 de capitais de curto prazo, indicando que a
empresa está financiando parte de seu ativo de recuperação a longo prazo com
recursos que vencerão a curto prazo, o que não é uma boa situação.

3.6 ENDIVIDAMENTO DE CURTO PRAZO


Indica a proporção das dívidas de curto prazo em relação ao capital
próprio investido (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Interpretação: Quanto menor, melhor.

Cálculo:

Passivo Circulante 264.303,00


0,52
Patrimônio Líquido 505.615,00

157
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

ECP menor que 1 – significa que para cada R$ 1,00 de capital próprio a
empresa captou R$ 0,52 de capital de terceiros com vencimento a curto prazo.

Caso o ECP fosse maior que 1, por exemplo 1,2, significaria que para cada
R$ 1,00 de capital próprio, a empresa captou R$ 1,20 de capital de terceiros com
vencimento a curto prazo.

A interpretação de bom ou ruim depende, como em indicadores anteriores,


do custo do capital e do retorno da aplicação.

4 ÍNDICES DE RENTABILIDADE
Os indicadores de rentabilidade objetivam mensurar o retorno do capital
investido e identificar os fatores da rentabilidade obtidos pelos investimentos.

Essa análise diz respeito aos processos produtivos, ou seja, a atividade


operacional da empresa. A rentabilidade é o resultado das operações da empresa
em um determinado período em relação aos investimentos realizados. Envolve
todos os elementos econômicos, operacionais e financeiros do empreendimento.

Como a rentabilidade está diretamente relacionada ao resultado da


empresa, inicia-se apurando as margens obtidas com a realização das atividades
da empresa. Os índices de rentabilidade são divididos em:

• Margem Bruta.
• Margem Operacional.
• Margem Líquida.
• Giro do Ativo Total.

Vamos compreender um pouco mais sobre cada um deles, para isso


continuaremos a utilizar as demonstrações contábeis apresentadas no subtópico
2 deste tópico.

NOTA

Lucratividade e margem representam o lucro obtido em relação ao valor das


vendas. Rentabilidade relaciona o lucro obtido com o investimento feito ou existente.

158
TÓPICO 2 — INDICADORES DO NEGÓCIO

4.1 MARGEM BRUTA


Calculada por produto, estabelecimento, departamento ou na política de
formação de preços, indica o percentual que o lucro bruto representa das vendas
líquidas de impostos (de venda) e devoluções (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).
Em outras palavras, a margem bruta mede a rentabilidade do seu negócio, ou seja,
qual a porcentagem de lucro que você ganha com cada venda.

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Cálculo:

Lucro Bruto 19.364.697


0,94
Receita Líquida de Vendas 20.595.137

Perez Junior e Begalli (2015) escrevem que a margem bruta é a diferença


entre a receita líquida de vendas e o custo das vendas/serviços. Os indicadores
adequados dependem do ramo de atividades. Empresas que trabalham com
produtos de alto valor agregado (alta tecnologia) trabalham com maiores
margens brutas que outras que operam com produtos de baixo valor agregado
(baixa tecnologia).

4.2 MARGEM OPERACIONAL


Calculada por período, indica o percentual que o lucro operacional
representa das vendas líquidas (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

O cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Cálculo:

Lucro Operacional 18.961.662


0,92
Receita Líquida de Vendas 20.595.137

159
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

Semelhante à margem bruta, mas indica o percentual de lucratividade


sobre as vendas líquidas após a apropriação das despesas operacionais. Os índices
satisfatórios dependem do ramo de atividades (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

4.3 MARGEM LÍQUIDA


Indica a capacidade da empresa em gerar lucro comparativamente à
Receita Líquida de Venda (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Cálculo:

Resultado Líquido do exercício 18.950.394


0,92
Receita Líquida de Vendas 20.595.137

Essa medida leva em conta inclusive o resultado não operacional e os


tributos sobre o lucro e representa o que “sobra” da atividade da empresa no final
do período. Tradicionalmente é a mais usada e é do interesse do sócio da empresa
(PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

4.4 GIRO DO ATIVO TOTAL


Indica quanto cada R$ 1,00 de ativos produziu de receita. O termo Giro
indica também quantas vezes o ativo se renovou ao longo do ano. Esse índice, em
complemento com o índice “Margem Líquida”, permite analisar a característica
do resultado da empresa (margem × giro) (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Cálculo:

Receita Líquida de Vendas 20.595.137


16,89
Média do Ativo Total 1.219.024

160
TÓPICO 2 — INDICADORES DO NEGÓCIO

Indica quantas vezes o ativo total girou no período em relação às vendas


líquidas. Importante na determinação de retorno sobre investimentos. Depende
do tipo de atividade e da margem bruta. Empresas que trabalham com baixa
margem precisam de muito giro para obter lucratividade, como, por exemplo,
os supermercados, enquanto joalherias operam com margens elevadas, mas têm
pouco giro (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015).

5 ÍNDICES DE ROTATIVIDADE
Almeida (2019) escreve que o objetivo principal desses índices, também
denominados índices de atividades, é revelar a velocidade em que o inventário
(estoque) é renovado em um determinado período ou qual é o tempo médio de
permanência de um produto antes da venda.

Entre as funções desses indicadores podemos destacar as seguintes:

• O prazo que as matérias-primas demoram da data da aquisição até a data da


requisição para a produção.
• O prazo do processo de produção.
• O prazo que o produto despende depois de pronto para ser vendido.
• O prazo de giro do total dos estoques.
• O prazo de recebimento das vendas a prazo dos clientes.
• O prazo de pagamento das compras a prazo dos fornecedores.

Podemos visualizar melhor os principais indicadores de rotatividade na


imagem a seguir:

FIGURA 9 – PRINCIPAIS INDICADORES DE ROTATIVIDADE

Índice de rotação de matérias-primas = MP (média) x 365 dias


MPAP

Índice de rotação de produtos em processo = PP (média) x 365 dias


CPP

Índice de rotação de produtos acabados = PA (média) x 365 dias


CPV

Índice de rotação de estoques = Estoques (média) x 365 dias


CPV

Índice de rotação de contas a receber = CR (média) x 365 dias


RVP

Índice de rotação de fornecedores = FP (média) x 365 dias


CP

FONTE: Almeida (2019, p. 181)

161
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

Pelo fato de as empresas de eventos não trabalharem com estoques,


daremos ênfase a apenas dois dos índices destacados: índice de rotação de contas a
receber e índice de rotação de fornecedores.

5.1 ÍNDICE DE ROTAÇÃO DE CONTAS A RECEBER


Esse índice indica em número de dias o prazo médio de recebimento das
vendas a prazo (ALMEIDA, 2019).

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Contas a receber x 365 dias


IRCR =
Receita de Vendas a Prazo

Legenda:

CR = contas a receber de clientes, decorrentes das vendas de bens e serviços.


RVP = receitas de vendas a prazo, incluindo impostos sobre vendas e
diminuídas das devoluções e dos abatimentos. Alguns autores entendem que
seria mais correto considerar somente as vendas a prazo, outros entendem que
pelo contrário, o melhor é considerar todas as vendas. Nós consideraremos
apenas as vendas a prazo para fins de cálculo desse indicador.

Para o cálculo considere a seguinte informação:

Receita de Vendas: 20.856.769,00 (sendo 40% à vista e 60% a prazo).

Cálculo:

Contas a Receber 45.164


2
Receita de Vendas a prazo 8.342.708
Total da Receita de Vendas 20.856.769
Vendas a Prazo (60%) 12.514.061
Vendas a Vista (40%) 8.342.708

Com base no nosso BP e DRE, o prazo de cobrança das vendas a prazo é de


no máximo dois dias. De modo geral, quanto menor for o prazo de recebimento,
melhor, pois a empresa tem mais velocidade na geração de dinheiro em caixa/banco.

5.2 ÍNDICE DE ROTAÇÃO DE FORNECEDORES


Esse índice indica em número de dias o prazo médio de pagamentos das
compras a prazo (ALMEIDA, 2019).

162
TÓPICO 2 — INDICADORES DO NEGÓCIO

Seu cálculo é feito a partir da seguinte fórmula:

Fornecedores a Pagar x 365 dias


IRCR =
Compras a Prazo

Legenda:

FP = fornecedores a pagar.
CP = compras a prazo (inclui impostos recuperáveis e não recuperáveis).
Alguns autores entendem que seria mais correto considerar somente as compras
a prazo, outros entendem que, pelo contrário, o melhor é considerar todas as
compras. Nós consideraremos apenas as compras a prazo para fins de cálculo
deste indicador.

Para o cálculo considere a seguinte informação:

Compras a Prazo: 18.520.074 (sendo 20% a vista e 80% a prazo).

Cálculo:

Fornecedores a Pagar 166.314


4
Compras a prazo 14.816.059
Total das Compras 18.520.074
Compras a Prazo (80%) 14.816.059
Compras a Vista (20%) 3.704.015

De modo geral, quanto maior for o prazo, melhor, pois a empresa tem
mais fôlego para vender e sanar suas compras. No nosso exemplo, recebemos
as vendas em dois dias e pagamos as compras em quatro dias. Esse cenário é
favorável para a empresa.

6 LIQUIDEZ X RENTABILIDADE X LUCRATIVIDADE


Historicamente, o lucro sempre foi considerado o elemento mais
importante para a avaliação do retorno financeiro de uma empresa. Contudo, ele
pode apresentar uma deficiência do ponto de vista de um investidor, no aspecto
de liquidez do investimento: não havendo suficiência de recursos disponíveis no
caixa da empresa, o poder do investidor em tomar decisões sobre o lucro apurado
fica limitado ou reduzido.

Dessa forma, para que se apresente atratividade perante os investidores,


o lucro deve possuir atributo de caixa. Isso significa que não basta haver lucro: é
preciso que haja também liquidez (BROM; BALIAN, 2007).

163
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

Mas o que vem a ser Liquidez? O BTG Pactual (2019) aborda que liquidez
é um conceito que corresponde à facilidade e velocidade com as quais um ativo
pode ser convertido em caixa. Ou, em uma definição mais simples, é a capacidade
de transformar um ativo (bens ou investimentos) em dinheiro.

Quanto mais rápida for a conversão do ativo em dinheiro, mais líquido ele
será. Um ativo com pouca liquidez é aquele que é mais difícil de ser convertido
em dinheiro, seja pela falta de compradores ou até mesmo pelo tempo necessário
para liquidar o investimento.

A liquidez, na verdade, envolve duas dimensões: a facilidade de conversão


e a perda de valor. Qualquer ativo pode ser convertido em caixa rapidamente,
desde que seu valor seja reduzido. No entanto, um ativo com boa liquidez é
aquele que pode ser convertido em dinheiro com rapidez, sem que haja uma
perda significativa de valor (BTG PACTUAL, 2019).

E a rentabilidade, o que é? A rentabilidade nada mais é que o retorno


de um investimento. Ao fazermos uma aplicação em um ativo financeiro, seja
em um título público, em um CDB ou até em uma ação, é comum existir uma
diferença entre o valor que investimos e a quantia que resgatamos. Essa será a
rentabilidade do investimento.

O retorno sobre o capital investido (rentabilidade) pode ser definido


por meio de taxa de juros prefixadas, pós-fixadas, mistas ou ainda baseada na
valorização (como no caso das ações, que a diferença entre o preço de compra e
o preço de venda determina a rentabilidade, podendo ser positiva ou negativa).

Geralmente, a rentabilidade é expressa em valores percentuais e é comum


as pessoas associarem o mesmo significado para rentabilidade e lucratividade,
isso porque ambos trabalham em cima do lucro líquido da empresa.

Os dois são indicadores importantíssimos para quem se preocupa com


a saúde financeira de uma empresa e é por isso que se faz necessário um claro
entendimento da diferença entre eles.

Como já vimos anteriormente, a rentabilidade serve para medir o retorno


que um investimento pode proporcionar ao negócio. Baseia-se no lucro líquido e
tem seu resultado em valor percentual.

O cálculo de rentabilidade é realizado pela seguinte fórmula:

Rentabilidade = (lucro líquido/investimento) x 100

Já a lucratividade é utilizada para apontar o ganho de uma empresa


em relação a sua atividade. Ela indica se o negócio está justificando ou não a
operação da empresa, ou seja, se as vendas são suficientes para pagar os custos e
as despesas e ainda gerar lucro.

164
TÓPICO 2 — INDICADORES DO NEGÓCIO

A lucratividade também é apurada em valor percentual, e sua fórmula se


dá pela seguinte equação:

Lucratividade = (lucro líquido/receita bruta) x 100

Vejamos um exemplo de rentabilidade x lucratividade. Imagine uma


prestadora de serviços (eventos) que fatura em média R$ 120 mil p/mês. Desse
valor: 13% são impostos, 45% materiais e insumos e 10% custeiam a mão de obra.
Dessa forma, mensalmente teremos o seguinte lucro líquido:

Demonstração do Resultado do Exercício


Receita Bruta de Vendas (100%) 120.000
(-) Impostos (13%) 15.600
(-) CMV (materiais e insumos -45%) 54.000
(-) Desp. c/mão de obra (10%) 12.000
(=) Lucro líquido 38.400

Aplicando a forma da lucratividade, o cálculo seria feito dessa maneira:

Lucratividade = (lucro líquido/receita bruta) x 100


Lucratividade = (38.400/120.000) x 100
Lucratividade = 32%

Agora, imagine que essa mesma empresa tenha investido R$ 20.000,00


em marketing para impulsionar suas vendas no final do ano. Com essa ação, sua
média mensal de faturamento passou para 180.000:

Demonstração do Resultado do Exercício


Receita Bruta de Vendas (100%) 180.000
(-) Impostos (13%) 23.400
(-) CMV (materiais e insumos - 45%) 81.000
(-) Desp. c/mão de obra (10%) 18.000
(=) Lucro líquido 57.600

Agora aplicamos a fórmula da rentabilidade:

Rentabilidade = (lucro líquido/investimento) x 100


Rentabilidade = (57.600/20.000) x 100
Rentabilidade = 288%

165
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

Isso quer dizer que, para cada R$ 1,00 investido, a empresa obteve um
retorno de quase 3,00. Entendeu a diferença? Os indicadores de lucratividade
e rentabilidade são utilizados para analisar fatores diferentes em relação às
operações de uma empresa. Porém, eles devem ser avaliados sempre de forma
conjunta. Isso porque uma empresa pode ser rentável mesmo sem ser lucrativa
ou, ainda, ser lucrativa sem obter um retorno positivo com os investimentos.

Acadêmico, chegamos ao final de mais um tópico. Novamente, reforçamos a


importância de realizar as autoatividades para fixar o conhecimento. Bons estudos!

166
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Um dos principais instrumentos para avaliação de certos aspectos do


desempenho da empresa é a análise de índices econômico-financeiros,
calculados basicamente a partir das contas das demonstrações contábeis.

• Índice é a relação entre contas ou grupos de contas das demonstrações


contábeis, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou
financeira de uma empresa.

• Índices de liquidez contemplam relacionamentos entre contas do Balanço


Patrimonial. Demonstram a capacidade da entidade de honrar os seus
compromissos financeiros. São divididos em: liquidez geral, liquidez corrente
liquidez seca e liquidez imediata.

• Índices de endividamento evidenciam correlações entre capitais próprios


(patrimônio líquido) e capitais de terceiros (passivo circulante e passivo
não circulante), bem como imobilizações de capitais próprios. Os índices de
endividamento são divididos em: nível de endividamento, composição de
endividamento, endividamento geral, imobilização do patrimônio líquido,
imobilização dos recursos não correntes e endividamento de curto prazo.

• Índices de rentabilidade demonstram o retorno em termos do lucro auferido


pela entidade em comparação com receitas, ativos, capitais próprios (patrimônio
líquido) e outros parâmetros. Os índices de rentabilidade são divididos em:
margem bruta, margem operacional, margem líquida e giro do ativo total.

• Índices de rotatividade indicam a que velocidade certos itens do balanço


patrimonial giram durante um determinado período. Pelo fato de as empresas
de eventos não trabalharem com estoques, destaca-se apenas dois: índice de
rotação de contas a receber e índice de rotação de fornecedores.

• Liquidez é um conceito que corresponde à facilidade e velocidade com as quais


um ativo pode ser convertido em caixa. Ou, em uma definição mais simples, é
a capacidade de transformar um ativo (bens ou investimentos) em dinheiro.

• A rentabilidade nada mais é que o retorno de um investimento. Ao fazermos


uma aplicação em um ativo financeiro, seja em um título público, em um CDB ou
até em uma ação, é comum existir uma diferença entre o valor que investimos e a
quantia que resgatamos. Essa será a rentabilidade do investimento.

167
• A lucratividade é utilizada para apontar o ganho de uma empresa em relação
a sua atividade. Ela indica se o negócio está justificando ou não a operação
da empresa, ou seja, se as vendas são suficientes para pagar os custos e as
despesas e ainda gerar lucro.

• Os indicadores de lucratividade e rentabilidade são utilizados para analisar


fatores diferentes em relação às operações de uma empresa. Por isso, recomenda-
se que sejam avaliados sempre de forma conjunta. Isso porque uma empresa
pode ser rentável mesmo sem ser lucrativa ou, ainda, ser lucrativa sem obter
um retorno positivo com os investimentos.

168
AUTOATIVIDADE

1 O que é índice?

2 Índice é a relação entre contas ou grupos de contas das demonstrações


contábeis, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica
ou financeira de uma empresa. O cálculo dos índices geralmente é feito
por meio da divisão do saldo de um item contábil pelo saldo de outro e
sua interpretação depende do conhecimento do conteúdo desses itens.
Relacione a coluna da direita com a da esquerda:

( ) Demonstra o retorno em termos do lucro


auferido pela entidade em comparação
(1) Índices de liquedez
com receitas, ativos, capitais próprios
(patrimônio líquido) e outros parâmetros.
( ) Demonstram a capacidade da entidade de
(2) Índices de endividamento
honrar os seus compromissos financeiros.
Evidencia correlações entre capitais
(3) Índices de rentabilidade ( ) próprios e capitais de terceiros, bem como
imobilizações de capitais próprios.
Indica a que velocidade certos itens do
(4) Índices de rotatividade ( ) balanço patrimonial giram durante um
determinado período.

3 Disserte sobre os índices de liquidez.

4 Disserte sobre os índices de endividamento.

5 Disserte sobre os índices de rentabilidade.


6 Disserte sobre os índices de rotatividade.

7 Com base na BP e na DRE calcule os seguintes indicadores do ano 2X19.

• Geral, Corrente, Seca e Imediata.


• Nível de Endividamento, Composição de Endividamento, Endividamento
Geral, Imobilização do Patrimônio Líquido, Imobilização dos recursos não
correntes e Endividamento de Curto Prazo.
• Margem Bruta, Margem Operacional, Margem Líquida e Giro do Ativo Total.

169
170
ROB = Receita Operacional Bruta
ROL = Receita Operacional Líquida
LOB = Lucro Operacional Bruto

8 O que é liquidez?

9 O que é rentabilidade? Qual sua fórmula?

10 O que é lucratividade? Qual sua fórmula?

171
172
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3

PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, chegamos ao último tópico da Unidade 3! Nos tópicos anteriores
aprendemos a importância das demonstrações contábeis e dos indicadores financeiros
para a gestão empresarial. Agora chegou a vez de abordarmos a importância do
planejamento financeiros no controle das finanças empresariais.

O planejamento financeiro nada mais é que tentar prever futuros


episódios desagradáveis, bem como buscar formas de como se proteger deles,
financeiramente falando.

Podemos dizer que sem o planejamento financeiro a empresa não anda.


Nesses casos, você está apenas ganhando e gastando dinheiro, sem saber ao certo
o que adquiriu de concreto com esses lucros.

A capacidade de planejamento é um dos requisitos mais importantes para


uma empresa que trabalha com organização de eventos. Por isso, fique conosco e
vamos aprender mais sobre o assunto, começando pelas premissas básicas sobre
o planejamento financeiro.

2 PREMISSAS BÁSICAS
Você já parou para pensar que quando um cliente contrata o serviço de
uma empresa de eventos ele não está adquirindo nada palpável, e sim apenas
uma promessa de intenção de compra que deverá acontecer da melhor forma
possível? Nessas situações, a qualidade do serviço só será percebida quando o
evento ocorrer.

Nesse caso estamos falando de produtos intangíveis (que não podem ser
tocados nem armazenados), uma das principais características do setor de serviços.
Essa característica deve ser levada em conta na hora do planejamento financeiro.

O planejamento financeiro estabelece o modo pelo qual os objetivos


financeiros de uma empresa podem ser alcançados. É uma previsão do que deve
ser feito no futuro. O planejamento financeiro é uma parte importante do trabalho
do gestor, pois, ao definir os planos financeiros e orçamentos, ele fornecerá
roteiros para os objetivos da empresa (GITMAN, 2004).

173
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

Essa ferramenta oferece, ainda, uma estrutura para coordenar as diversas


atividades da empresa e atua como mecanismo de controle, estabelecendo um
padrão de desempenho em que é possível avaliar os eventos reais (GITMAN, 2004).

O desenvolvimento do planejamento financeiro está fundamentado em


projeções, como a estimativa mais aproximada possível da posição econômico-
financeira esperada. Compreende a programação avançada de todos os planos da
administração financeira integrados e coordenados com os planos operacionais
de todas as áreas da empresa. Trata-se de uma forma de garantir que os objetivos
e planos elaborados em relação a áreas específicas de operação da empresa sejam
viáveis e internamente coerentes (GITMAN, 2004).

O planejamento financeiro ajuda a garantir a disponibilidade de fundos


suficientes quando necessário e informa com antecedência as necessidades
de fundos de maneira que as negociações sejam eficientes e aumentem as
possibilidades de rendimento. Na maioria dos casos, os modelos de planejamento
financeiro exigem, dos seus usuários, especificidades em relação a algumas
hipóteses a respeito do futuro.

Os modelos podem ser muito diferentes em termos de complexidade, mas


quase todos possuem previsão de vendas, projeções de balanço, demonstração de
resultado e fluxo de caixa, necessidades de ativos, necessidades de financiamentos
e premissas econômicas (GITMAN, 2004).

O planejamento financeiro estabelece diretrizes de mudança e crescimento


em uma empresa, preocupando-se com uma visão global, com os principais
elementos de investimento e financiamento da empresa.

Acadêmico, vamos entender melhor nos próximos tópicos a diferença


entre planejamento de curto prazo e longo prazo.

3 PLANEJAMENTO OPERACIONAL (CURTO PRAZO)


Os planos financeiros de curto prazo são ações planejadas para um
período curto (de um a dois anos) acompanhado da previsão de seus reflexos
financeiros. Não há uma definição globalmente aceita para finanças a curto prazo.
A diferença mais significante entre finanças de curto prazo e finanças de longo
prazo é a duração da série de fluxos de caixas (GITMAN, 2004).

As finanças a curto prazo consistem em uma análise das decisões que


afetam os ativos e passivos circulantes, com efeitos sobre a empresa dentro do
prazo de um ano. Ainda, fazem a empresa ter uma abordagem mais técnica sobre
alguns aspectos, como a relação do nível de caixa a ser mantido em um banco
para pagamento de contas, quanto de insumo deve-se encomendar e quanto de
crédito deve ser concedido aos clientes (GITMAN, 2004).

174
TÓPICO 3 — PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO

Em outras palavras, o planejamento de curto prazo preocupa-se com gestão


do ativo a curto prazo, ou circulante, e do passivo de curto prazo da empresa. Os
elementos mais importantes do ativo circulante são as disponibilidades, os títulos
negociáveis, as exigências e as contas a receber. Os elementos mais importantes
do passivo de curto prazo são empréstimos bancários e as contas a pagar.

4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO (LONGO PRAZO)


Os planos financeiros de longo prazo são ações projetadas para um futuro
distante com a previsão de seus reflexos financeiros. Tais planos tendem a cobrir um
período de dois a dez anos, sendo comumente encontrados em planos quinquenais
que são revistos periodicamente à luz de novas informações significativas.

Planos de longo prazo focalizam o dispêndio de capital, atividades de


pesquisa e desenvolvimento, ações de marketing e desenvolvimento de produtos,
estrutura de capital e importantes fontes de financiamento (GITMAN, 2004).

O autor ainda aborda que a falta de um planejamento financeiro a longo


prazo é o principal motivo de ocorrência de dificuldades e falências de empresas.
Planos financeiros a longo prazo são custeados por planos financeiros a curto
prazo e estão ligados ao planejamento estratégico da organização.

5 FINANÇAS INTERNACIONAIS: INFLUÊNCIA DA TAXA DE


CÂMBIO
Yeomann et al. (2006) conceituam eventos como sendo momentos de reunião
entre pessoas, seja para celebração, demonstração, socialização ou homenagem.
Os autores abordam, ainda, que os eventos são essenciais a nossa cultura,
resultando numa abundância de eventos públicos e celebrações. Os governantes
apoiam e promovem esses acontecimentos e fazem uso deles como estratégia para
desenvolvimento econômico, crescimento do país e marketing de destino.

No geral existe uma importância atribuída aos eventos. Podem ser um


acontecimento local ou um espetáculo internacional. E para além do prazer
proporcionado, os benefícios econômicos que acarretam fizeram com que
passassem a ter papel importante no planejamento e desenvolvimento estratégico
das regiões (VELOSO, 2007).

Os eventos formam uma das categorias em maior crescimento e, por


isso, cada vez é maior a exigência por qualidade e profissionalismo na sua
organização. E é nesse cenário que entra os megaeventos, que podem também
ser denominados de eventos especiais ou marcantes, incluindo as grandes feiras,
festivais, exposições, eventos culturais ou desportivos (HALL, 1992).

175
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

Os grandes ou megaeventos diferenciam-se dos outros pela maior


expressão internacional, que resulta numa capacidade de atrair audiência superior
e por isso requerem maior atenção. Um exemplo clássico de megaevento é o Rock
in Rio, considerado o maior evento de música e entretenimento do mundo. O
Rock in Rio é um evento que ultrapassa fronteiras nacionais em vários aspectos, a
começar pelos artistas internacionais que participam do evento.

A logística começa no país de origem da banda ou do cantor que realizará o


show, no caso de festivais são vários países em que é preciso estar presente para
fazer a exportação para o Brasil. A logística transporta desde material cênico,
sistemas de iluminação e sonorização, estruturas, painéis de led ou video wall,
displays, equipamentos de filmagem e instrumentos da banda.

Consegue imaginar a dimensão de um evento assim? E o que isso tem a


ver com a taxa de câmbio? A resposta é “TUDO”! Uma vez que estamos falando
de eventos que ultrapassam barreiras nacionais é imprescindível o conhecimento
da taxa de câmbio no gerenciamento empresarial.

Carneiro (2014) escreve que para compreendermos o significado econômico


de uma valorização ou desvalorização real é fundamental compreendermos a
taxa real de câmbio como um preço relativo, afinal, é o fato de ela ser um preço
relativo que faz com que o câmbio real afete variáveis reais, em particular os
fluxos comerciais.

Antes de darmos continuidade ao assunto, faz-se necessária a distinção


entre as taxas de câmbio nominal e real.

A taxa de câmbio nominal é o preço de uma moeda em termos de outra,


isto é, quantas unidades de uma determinada moeda em troca de uma unidade
da outra (CARNEIRO, 2014). Por exemplo: a taxa de câmbio do real em relação
ao dólar americano pode ser R$ 3,7505/US$, ou seja, cada dólar custa R$ 3,7505.

A taxa de câmbio real em sua definição mais simples é a medida do poder


de compra de uma moeda relativamente ao de outra. A forma mais usual de obter
essa medida é ajustar a taxa de câmbio nominal para levar em conta os níveis
de preço nacional e estrangeiro (ou equivalentemente), comparar os níveis de
preço nacional e estrangeiro, expressos em uma mesma moeda com auxílio da
taxa nominal (CARNEIRO, 2014).

Em outras palavras, essa taxa de câmbio é um preço e, portanto, é


influenciada pela lei de oferta e demanda. Em nenhum país do mundo os preços
permanecem estáticos. Assim como no Brasil há inflação, nos Estados Unidos, nas
nações europeias e asiáticas também existe inflação. E, como uma das definições
da inflação é o aumento dos preços que por consequência significa aumento dos
custos de produção tanto para importadores quanto para exportadores, esse é um
fator que deve ser levado em conta na análise do câmbio.

176
TÓPICO 3 — PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO

DICAS

Quer saber mais sobre taxa de câmbio nominal e real? Assista ao vídeo: Taxa
de Câmbio - Conceitos, Taxa de Câmbio Nominal, Taxa de Câmbio Real, Taxa de Câmbio
Real Efetiva. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SiZYE0pXUqs.

Pode-se dizer então que a taxa real de câmbio é uma medida da


competitividade de um país frente a seus concorrentes externos: ela expressa,
grosso modo, o quão mais caro ou barato um produto nacional seria diante de seu
concorrente estrangeiro. Assim, uma depreciação real, que significa uma redução
do preço dos bens nacionais em comparação com os estrangeiros, representa
um aumento de competitividade nacional, ou seja, um preço mais vantajoso;
simetricamente, uma apreciação real representa uma redução da competitividade,
isto é, preços mais caros que os do concorrente externo (CARNEIRO, 2014).

O que influencia a taxa de câmbio? Tudo exerce influência sobre a taxa de


câmbio, especialmente os assuntos relacionados à política e à economia. Como
o Brasil passa por um momento de instabilidade política muito grande, toda
a economia está sendo afetada e a variação da taxa de câmbio pode conseguir
deixar você bem atormentado.

Isso porque a taxa de câmbio pode variar de acordo com a origem da


operação, com a forma em que a moeda estrangeira será entregue (papel, moeda
etc.), custos administrativos, valor da operação, cliente, prazo de liquidação,
dentre inúmeros fatores.

Por isso, mais uma vez, ressaltamos a importância do planejamento


financeiro e de uma boa gestão financeira, que fará com que você consiga observar
todas as variáveis do seu evento (insumos – importados/exportados, prestação de
serviços, clientes etc.).

Lembre-se, com a globalização não há mais fronteiras para qualquer tipo de


negócio. Roberto Medina, criador do Rock in Rio, em sua entrevista para a revista
Forbes falou o seguinte: “O mercado do entretenimento no Brasil vive um momento
de fusões e crescimento, com grandes festivais já consolidados e ainda os médios e
pequenos que proliferam em todas as regiões do país” (LAURO, 2018, s.p.).

177
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

DICAS

Complemente seus estudos com a leitura do artigo: As Lições do Rock In Rio


que podemos tirar para Empresários. Disponível em: https://ecommercenapratica.com/as-
licoes-do-rock-in-rio-que-podemos-tirar-para-empresarios/.

Acadêmico, chegamos ao final de mais uma unidade. Esperamos que você


tenha aproveitado ao máximo e adquirido muito conhecimento para seu negócio.

Forte Abraço e Bons Estudos!

178
TÓPICO 3 — PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO

LEITURA COMPLEMENTAR

COMO FAZER O CONTROLE FINANCEIRO DE EVENTOS?

Se existe um ponto que assusta bastante os organizadores de uma feira de


negócios, de uma série de palestras ou de um congresso é o controle financeiro em
eventos. Essa é uma das áreas que mais exigem de qualquer pessoa que esteja à
frente do projeto, e por isso é essencial manter o máximo de atenção e foco para
que tudo saia como o previsto.

Todo o trabalho pode ser prejudicado se não houver uma estruturação na


parte financeira. Colocar em prática a organização de um evento, principalmente
ser for de grande porte, passando por todas as etapas de divulgação e inscrições,
requer esse alto nível de controle, mesmo sabendo que existem muitos pontos
que vão interferir ao longo do caminho.

Na posição de organizador, você sente que possui essa dificuldade? Então


veja aqui uma série de 5 dicas que preparamos para te ajudar a fazer o controle
financeiro em eventos da maneira correta, sem ter que perder noites de sono por
conta disso. Confira:

1. Planejamento: defina antes qual o seu orçamento total

Para começar a entender as melhores práticas para fazer o controle


financeiro dos seus eventos, é importante se planejar antes de dar qualquer outro
passo. Colocar a limpo o que precisará fazer para chegar com tudo pronto no dia
do evento é a primeira dica que deve aplicar na prática.

Por isso comece definindo qual o orçamento total disponível. Essa etapa
deve levar em consideração tudo que é necessário para realmente ter todas as
peças no lugar no dia esperado. É um real planejamento financeiro para que seu
evento seja um sucesso.

O foco do seu evento é chegar ao ponto de equilíbrio, com as receitas


conseguidas sendo equivalentes aos custos? Então, também é importante calcular
qual a previsão de retorno a ser conquistado no evento para enfim finalizar o seu
orçamento total colocando o orçamento dentro desse parâmetro específico.

2. Organização: escolha suas prioridades

Depois de entender qual o seu volume total de gastos, chegou a hora de


se organizar para definir quais as reais prioridades nesse processo de organização
do evento. Elas vão indicar o caminho e a ordem básica de processos que precisa
fazer para chegar no dia do evento com tudo pronto.

179
UNIDADE 3 — DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INDICADORES FINANCEIROS

Você pode criar um checklist com todas essas prioridades e qual o nível
de gastos máximo para cada uma delas. Mas essa escolha precisa ser sempre bem
analisada e repensada para não deixar nada importante de fora, ou faltar uma
parte do orçamento para confirmar algum componente fundamental.

3. Fluxo de caixa: anote cada centavo que é gasto

Um dos maiores erros ao organizar um evento, do ponto de vista financeiro,


é começar a realizar compras e fazer investimentos sem ao menos realizar uma
anotação ou armazenar a informação em algum documento seguro.

Isso pode causar uma grande falha no seu fluxo de caixa, podendo causar
grandes problemas antes mesmo de chegar de fato o dia do evento. Para ter um
fluxo de caixa devidamente controlado, você pode utilizar o seu sistema de gestão
empresarial. Ele possui uma das funcionalidades mais importantes para qualquer
empresa, que é a de controle financeiro. Por isso ele se torna fundamental também
para saber onde foi utilizado cada centavo na organização do seu evento.

4. Fornecedores: aprenda técnicas de negociação

Faz parte do controle financeiro em eventos conseguir reduzir o máximo


de custos possíveis. Afinal de contas, buscar fazer a famosa pechincha pode ser o
melhor caminho para evitar gastar muito e ter disponível uma parte do orçamento
para conseguir novos investimentos.

Para colocar isso em prática, é importante aprender algumas técnicas de


negociação com os fornecedores. Veja algumas que podem fazer uma grande
diferença ao fechar qualquer tipo de compra:

• Sempre faça uma contraproposta.


• Nunca aceite um valor informado pelos fornecedores logo de imediato. É
muito importante que sempre faça uma contraproposta para a oferta feita.
Assim como você quer reduzir os seus custos, o fornecedor também quer fechar
uma negociação. Então lembre-se de tentar reduzir ao máximo os valores
informados, ajudando ambas as partes.
• Ofereça uma parceria.

Seu evento será anual, sempre com uma data programada para
determinada época? Isso pode facilitar na hora de conseguir descontos com seus
fornecedores. Trabalhe para firmar uma parceria não só nesse evento específico,
mas também ao longo das próximas edições.

Outra forma de criar essa parceria e ter vantagens no controle financeiro


em eventos é oferecendo a divulgação do fornecedor dentro do seu evento,
colocando ele no papel de patrocinador. Essa troca pode ser muito vantajosa para
você, conseguindo um bom desconto e reduzindo seus custos.

180
TÓPICO 3 — PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO

5. Imprevistos: tenha sempre uma reserva

Quem já possui alguma experiência com a organização de eventos sabe que


imprevistos sempre acontecem. Seja por algum erro no fornecimento de material
de algum fornecedor ou pela falta de algum componente importante que só foi
percebido no dia do seu evento, o fato é que esse é um problema bem corriqueiro.

E para solucioná-los de última hora, é fundamental ter garantida uma


reserva financeira do evento, que servirá justamente para ajudar no momento de
solucionar alguma dessas falhas. Uma boa forma de ter essa reserva garantida
para o seu evento é incluindo essa fatia de valor dentro do seu orçamento inicial.
Dessa forma, você pode chegar ao dia tão aguardado com um valor reservado de
gastos emergenciais.

Gostou de saber mais sobre como fazer o controle financeiro em eventos?


Focando em cada um deles, você terá mais tranquilidade no momento de colocar
em prática as atividades programadas.

FONTE: <https://www.moblee.com.br/blog/planejamento-financeiro-eventos/>. Acesso em: 22


out. 2019.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

181
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A capacidade de planejamento é um dos requisitos mais importantes para uma


empresa que trabalha com organização de eventos.

• O planejamento financeiro estabelece o modo pelo qual os objetivos financeiros


de uma empresa podem ser alcançados. É uma previsão do que deve ser feito
no futuro. O planejamento financeiro é uma parte importante do trabalho
do gestor, pois, ao definir os planos financeiros e orçamentos, ele fornecerá
roteiros para os objetivos da empresa.

• O desenvolvimento do planejamento financeiro está fundamentado em projeções,


como a estimativa mais aproximada possível da posição econômico-financeira
esperada e está dividido em planejamento de curto prazo e longo prazo.

• Planejamento Operacional (curto prazo) são ações planejadas para um período


curto (de um a dois anos) acompanhado da previsão de seus reflexos financeiros.
As finanças a curto prazo consistem em uma análise das decisões que afetam os
ativos e passivos circulantes, com efeitos sobre a empresa dentro do prazo de um
ano. Em outras palavras, o planejamento de curto prazo preocupa-se com gestão
do ativo a curto prazo, ou circulante, e do passivo de curto prazo da empresa.

• Planejamento Estratégico (longo prazo) são ações projetadas para um futuro


distante com a previsão de seus reflexos financeiros. Tais planos tendem a cobrir
um período de dois a dez anos. A falta de um planejamento financeiro a longo
prazo é o principal motivo de ocorrência de dificuldades e falências de empresas.

• Os eventos formam uma das categorias em maior crescimento e por isso cada
vez é maior a exigência por qualidade e profissionalismo na sua organização.
Nesse sentido, os eventos estão ultrapassando barreiras nacionais e por isso
torna-se necessário o conhecimento da taxa de câmbio no gerenciamento
empresarial. Um exemplo clássico de megaevento é o Rock in Rio, considerado
o maior evento de música e entretenimento do mundo. O Rock in Rio é um
evento que ultrapassa fronteiras nacionais em vários aspectos.

• A taxa de câmbio é dividida em nominal e real. A taxa de câmbio nominal é


o preço de uma moeda em termos de outra, isto é, quantas unidades de uma
determinada moeda em troca de uma unidade da outra. A taxa de câmbio real
é a medida do poder de compra de uma moeda relativamente ao de outra. Em
outras palavras, essa taxa de câmbio é um preço e, portanto, é influenciada pela
lei de oferta e demanda.

• Tudo exerce influência sobre a taxa de câmbio, especialmente os assuntos


relacionados à política e à economia.

182
AUTOATIVIDADE

1 A capacidade de planejamento é um dos requisitos mais importantes para


uma empresa que trabalha com organização de eventos. Nesse contexto,
disserte sobre o objetivo do planejamento financeiro.

2 Sobre o planejamento financeiro, assinale V para as alternativas verdadeiras


e F para falsas:

a) ( ) Estabelece o modo pelo qual os objetivos financeiros de uma empresa


podem ser alcançados.
b) ( ) É uma previsão do que deve ser feito no futuro.
c) ( ) O planejamento financeiro é uma parte importante do trabalho do
contador.
d) ( ) Oferece uma estrutura para coordenar as diversas atividades da
empresa e atua como mecanismo de controle.
e) ( ) O planejamento financeiro não ajuda a garantir a disponibilidade de
fundos suficientes.
f) ( ) Estabelece diretrizes de mudança e crescimento em uma empresa.
g) ( ) Preocupa-se com uma visão global.

3 Com relação ao tempo de realização do planejamento, o estratégico pertence


a qual das opções a seguir?

a) ( ) A curto prazo.
b) ( ) Com prazos prorrogáveis.
c) ( ) Sem determinação de prazos.
d) ( ) A longo prazo.

4 Disserte sobre o planejamento de curto prazo.

5 Disserte sobre o planejamento de longo prazo.

6 Diferenciam-se dos outros eventos devido a sua maior expressão


internacional, que resulta numa capacidade de atrair audiência superior.
Estamos falando de que tipo de evento?

7 A qualidade em serviços é um tema amplamente discutido no meio


empresarial. Sobre essa variável podemos afirmar que:

a) ( ) A qualidade é um elemento ligado ao processo produtivo, sendo que


não envolve processo de distribuição ou pós-venda.
b) ( ) A qualidade é um elemento subjetivo, sendo que para conquistar e
reter os clientes é necessário superar as expectativas que estes têm do
produto ou serviço em questão.

183
c) ( ) A qualidade pode ser mensurada apenas por meio de pesquisas de
satisfação com clientes, funcionários e fornecedores, não envolvendo o
seu processo produtivo, já que com a inovação tecnológica a produção
é muito semelhante entre as empresas.
d) ( ) Qualidade em serviços é uma obrigação das empresas, não podendo
mais alterar a composição final do preço do produto ou serviço.

8 Qual a diferença entre taxa de câmbio nominal e real?

184
REFERÊNCIAS
ADMINISTRADORES.COM. Falta de planejamento financeiro é um dos
principais problemas do empreendedor brasileiro. 2010. Disponível em:
https://administradores.com.br/noticias/falta-de-planejamento-financeiro-e-um-
dos-principais-problemas-do-empreendedor-brasileiro. Acesso em: 8 out. 2019.

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ALMEIDA, M. C. Análise das demonstrações contábeis em IFRS e CPC:


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ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 4. ed. São


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BERNARDI, L. A. Formação de preços: estratégias, custos e resultados. 5. ed.


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BEULKE, R.; BERTÓ, D. J. Precificação: sinergia do marketing + finanças. 2. ed.


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