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Integral IV
Prof.ª Daniela Rego Amazonas
Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Daniela Rego Amazonas
A489c
ISBN 978-65-5663-010-6
CDD 515.33
Impresso por:
Apresentação
Prezado estudante, bem-vindo a mais uma etapa do seu curso de
Cálculo Diferencial e Integral. Ao longo das disciplinas de Cálculo, você
veio criando as bases necessárias para o entendimento dos assuntos que
serão tratados aqui, desde os conceitos básicos de derivada até a resolução
de integrais usando as técnicas mais diversas. Quanto melhor for o seu
domínio dos assuntos tratados nas disciplinas anteriores, mais fáceis serão
sua compreensão e destreza ao tratar dos problemas apresentados nesta
disciplina.
III
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
UNI
IV
V
LEMBRETE
Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.
VI
Sumário
UNIDADE 1 – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS........................................................................................1
VII
2 EQUAÇÃO HOMOGÊNEA.................................................................................................................92
3 EQUAÇÃO NÃO HOMOGÊNEA......................................................................................................96
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................98
RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................99
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................100
VIII
6 METABOLISMO DE UM MEDICAMENTO ................................................................................186
7 FUNÇÃO GAMA.................................................................................................................................189
8 TRANSFORMADAS DE LAPLACE................................................................................................192
RESUMO DO TÓPICO 6......................................................................................................................198
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................199
IX
X
UNIDADE 1
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Devemos estudar as equações, pois elas aparecem em diferentes situações
e nas mais variadas ciências. Ao longo do texto, apresentaremos algumas
aplicações bem comuns, mas você deve ficar ciente de que, todos os dias, novas
equações diferenciais surgem, e que um grande desafio para o cientista é encontrar
soluções.
3
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Você deve lembrar que a derivada de uma função y = f(x) é uma outra
dy
= f ' ( x ) . Por exemplo, a função y = ex tem, por derivada, a função:
2
função
dx
dy 2
= 2 xe x
dx
Ainda:
dy
= 2 xy (1)
dx
Agora, imagine que você se depara somente com a equação (1), sem
saber como ela foi obtida. Como você faria para encontrar a função y = f(x)? Os
procedimentos para encontrar a função desconhecida y = f(x) serão apresentados
ao longo desta unidade.
Exemplo 1:
dy
−y=0
dx
dy
representa a derivada e y = f(x) representa a função incógnita.
dx
Exemplo 2:
dx dy
+ = 2x + y .
dt dt
4
TÓPICO 1 | PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS
Exemplo 3:
∂ 2u ∂ 2u
+ 0.
=
∂x 2 ∂y 2
Exemplo 4:
EDO de 1ª Ordem:
dy
= 2 xy ,
dx
EDO de 2ª Ordem:
d2 y
cos ω x ,
+ ky =
dx 2
3
d2 y dy
e x,
+ 5 − 4y =
dx 2
dx
EDO de 3ª Ordem:
d3 y
= x,
dx 3
EDO de 5ª Ordem:
d5 y 4
3 d y
3
2 d y d2 y
x4 + x + x + x +y=
0.
dx 5 dx 4 dx 3 dx 2
5
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Exemplo 5:
EDO de grau 1
dy
+x=0,
dx
EDO de grau 6:
4 3 6
d 2 y dy dy
2 + + = 9x .
dx dx dx
NOTA
3
yd2 y dy
e + 5 − 1 =0
dx
2
dx
A equação anterior não possui grau, pois não pode ser escrita em forma de um polinômio,
devido à presença do termo ey acompanhando a segunda derivada da função.
Uma equação diferencial é classificada como linear quando ela pode ser
escrita da seguinte forma:
d( ) y d( ) y
n n −1
dy
an ( x ) + an −1 ( )
x +…+ a1 ( x ) + a0 ( x ) y = f ( x ) . (2)
dx n
dx n −1
dx
Quando a equação diferencial não pode ser escrita como em (2), então,
dizemos que ela é não linear.
6
TÓPICO 1 | PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS
Exemplo 6:
d2 y
+ 5y =
0.
dx 2
dy
− cos y =
0.
dx
d x3
x2 .
+ c =
dx 3
dy
= x2 ,
dx
7
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
d 2 y 1 dy −2
− = .
dx 2 x dx x 2
dy 1
=
dx x
d 2 y −1
= .
dx 2 x 2
Portanto
d 2 y 1 dy −1 1 1 −2
− = − = . (3)
dx 2 x dx x 2 x x x 2
4 TIPOS DE SOLUÇÕES
Solução geral: é a solução da ED que contém tantas constantes arbitrárias
quantas forem as unidades da ordem da equação. Assim, se a ED é de ordem 1,
a solução geral terá uma constante arbitrária. Se for de ordem 2, deverão haver
duas constantes arbitrárias, e assim sucessivamente. Por exemplo, a solução geral
da equação:
d 2 y 1 dy −2
− =
dx 2 x dx x 2
é f(x) = ln x + c.
d 2 y 1 dy −2
− = ,
dx 2 x dx x 2
8
TÓPICO 1 | PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS
y '2 − xy′ + y =0
tem como solução geral y = cx – c2, para qualquer c constante. O fato pode ser
corroborado ao derivar essa solução geral e substituir o resultado obtido na
1 2
equação diferencial. Por outro lado, a função y = x é uma solução singular da
4
equação diferencial, pois satisfaz a equação, mas não pode ser obtida a partir da
solução geral.
dy
a1 ( x ) + a0 ( x ) y = b ( x)
dx .
y ( x0 ) = y 0
9
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
d2 y dy
a2 ( x ) 2 + a1 ( x ) + a0 ( x ) y =
b ( x)
dx dx .
=
y ( 0) 0 ( 0) 0
x y= , y ′ x y '
'
. (4)
NOTA
d 2 y 1 dy −2
− =
dx 2 x dx x 2
f(x) = ln x + c.
y ( 1) = ln 1 + c =0
10
TÓPICO 1 | PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS
F = ma
d2 s
a= .
dt 2
d2 s
F=
P⇒ m 2 = − mg
dt
ainda
d2 s
= −g.
dt 2
O sinal de negativo vem do fato de a direção ser positiva para cima. Além
disso, o peso do corpo é uma força que atua para baixo (direção oposta).
11
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
d2 s
= −g
dt 2 .
s ( 0 ) = s , s′ ( 0 ) = v
0 0
ds
=− gt + c1
dt
gt 2
s=
− + c1t + c2 .
2
gt 2
s=
− + v0t + s0
2
a famosa fórmula do deslocamento de uma partícula que você já deve ter estudado
em Física.
onde an(x), an–1(x), an–2(x), ... , a2(x), a1(x), a0(x), b(x) são funções contínuas em um
intervalo aberto I ⊆ R ℝ com an ( x ) ≠ 0 para todo x ∈ I . Se x = x0 é algum ponto do
intervalo, então, existe uma única solução y = y(x) para o problema de valor inicial.
12
TÓPICO 1 | PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS
d2 y
− 4y =12 x
dx 2 .
y ( 0 ) = 4, y′ ( 0 ) = 1
d2 y dy
a
2 ( x ) dx 2
+ a1 ( x ) + a0 ( x ) y =
dx
b ( x)
,
= y ( x1 ) y= , y ′ ( x2 ) y 0
''
0
em que x1 ≠ x2 .
2 x 2 ( 12 ) + x ( 12 x − 3 ) − =
y 32 x 2 − 3.
y ( x ) = 4 x2 − 3x + 3
y (= ( )
0 ) 4 0 2 − 3 ( 0 ) +=
3 3
2 ) 4 ( 2 ) − 3 ( 2 ) +=
y (= 2
3 13 .
14
RESUMO DO TÓPICO 1
• Uma equação diferencial é toda equação que envolve uma função incógnita e
suas derivadas.
15
AUTOATIVIDADE
d2 y y
a) 3
− 3 = 1
dx d y
dx 3
dy
b) = −3 x
dx
dy 2
c) e−x
+ 2 xy =
dx
d2 y
d) 2 + 6 y =
0
dt
d2 y d2 y
e) x 2
dx 2
+ x
dx 2 ( )
− x2 − c 2 y =
o
2
dy dy
f) y + x x2
=
dx dx
2 5
d2 y d2 y d4 y
g) x − 2 − y 2 1+ 4
=
dx dx dx
( )
h) ( xy ) dy − 1 + x 2 dx =
0
I- Toda equação diferencial pode ser classificada de acordo com seu grau.
II- Toda equação diferencial de primeira ordem tem solução única.
II- Toda equação diferencial tem solução.
d2 y dy
IV- A equação diferencial cos −1 x 2 + ln x = 0 é linear.
dx dx
a) ( ) I e II.
b) ( ) II e III.
c) ( ) III e IV.
d) ( ) IV e I.
e) ( ) II.
16
3 Verifique qual das funções a seguir é solução da equação diferencial:
y′ =
( ) ( ) (
2 x 2 cos ln ( x ) − 1 + x 2 sen ln ( x ) ).
x
( )
a)( ) y ( x ) = x 2 sen ln ( x ) .
) 1 + 23 x3 sen ln ( x ) .
b)( ) y ( x= ( )
( )
c)( ) y ( x ) = x 2 cos ln ( x ) .
d)( ) (1 + x ) cos ( ln ( x ) ) .
) y ( x= 2
17
18
UNIDADE 1
TÓPICO 2
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
ORDEM
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, vamos reter nossa atenção às equações diferenciais de
primeira ordem, e aprender alguns métodos analíticos de resolução. Para alcançar
esses objetivos, é preciso observar que as equações diferenciais ainda podem ser
classificadas em lineares, separáveis e exatas, e que a cada uma dessas subclasses
deve ser aplicado um método analítico diferente de resolução.
dy
= g ( x) h ( y ). (5)
dx
dy
= f ( x, y ).
dx
A função f(x,y) pode ser fatorada como uma função de x multiplicada por
uma função de y.
dy
= y 2 xe 3 x + 4 y
dx
é separável, pois:
f ( x , y ) y=
= 2
xe 3 x + 4 y ( xe ) ( y e ) .
3x 2 4y
19
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Assim, temos
= g ( x ) xe
= 3x
e h ( y ) y2e4y .
dy
p ( y) = g ( x)
dx
dy
= g ( x) h ( y)
dx
ρ′( x) = g ( x) h ( y).
( )
p ρ ( x) ρ′( x) = g ( x)
Portanto:
3
x
∫ x( dx
( ) )=
∫ p 2ρ x ρ ′ ( x ) =+∫ c
g .( x ) dx (6)
3
sabendo que dy = ρ ′ ( x ) dx , assim, podemos reescrever (6) como:
3
x
∫ x( dx
2
) =( )+ c.
∫ p y dy =
∫ g x dx . (7)
3
Resolvendo as integrais:
P(y) = G(x) + c
20
TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
NOTA
dy − ( y − 1) dx =
2
0
( y − 1)
2
dy
= dx
1
dy = dx
( y − 1)
2
3
21 x 2 x 3
∫∫ x( y −dx
1)
=
dy =
2 x+ dx
∫∫ dx c. = + c.
3 3
1
− x + c.
=
y −1
Isolando y temos
−1 + x + c
y= .
x+c
dx
= dt
4 x2 + 1 ( )
.
π
x = 1
4
21
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
1
2
dx = 4dt
x +1
1
∫ 2 2 dx =
x3
∫ x dx = + c.
x +1
4 ∫ dt
tan x= 4t + c. 3
−1
π
Aplicando as condições iniciais, temos que, quando t = , x = 1, e, portanto:
4
π
tan −1 1 − 4 =c.
4
Concluímos que:
π
c= −π .
4
π
tan −1 x = 4t + −π .
4
π
=x tan 4t + − π .
4
22
TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
dy
a1 ( x ) + a ( x) y =
f ( x) . (8)
dx 0
dy
+ p ( x) y =
g ( x). (9)
dx
Um fato importante sobre a equação (9) é que sua solução pode ser
representada como a soma de duas outras soluções particulares, ou seja:
y = y1 + y2
dy1
+ p ( x ) y1 =
0
dx
dy2
+ p ( x ) y2 =
g ( x) .
dx
d y1 + y2 dy dy
+ p ( x ) y1 + y2 = 1 + p ( x ) y1 + 2 + p ( x ) y2 = 0 + gf ( x ) = gf ( x )
dx dx dx
dy1
+ p ( x ) y1 =
0
dx
dy1
+ p ( x ) y1 =
0
dx 23
dy1
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
+ p ( x ) y1 =
0
dx
dy1
+ p ( x ) y1 =
0
dx
dy1
+ p ( x ) dx =
0
y1
3 3
1 x dx x
− ∫∫ px(2xdx
∫∫ x 2dy
y1
dx == +) c.= + c.
3 33
ln y1 = − ∫∫ px( xdx
2
) dx= x
+ c + c.
− ∫ p ( x ) dx
3
y1 = ce .
Agora, assumiremos que a equação não homogênea tem uma solução similar
àquela que encontramos para a equação homogênea, ou seja, todas as suposições que
fizemos para y1 são válidas para y2, exceto pelo fato de que vamos trocar a constante
c por um parâmetro variável u(x), resultando em y2 = u ( x ) µ ( x ) . O procedimento é
chamado de variação de parâmetro e é importante que você o entenda, pois ele será
utilizado novamente no próximo tópico. Ao substituir o valor de y2 na equação (9), é
possível encontrar:
duµ
+ p ( x ) uµ =
g ( x).
dx
du dµ
µ +u + p ( x ) uµ =
g ( x)
dx dx
dµ du
u + p ( x) µ + g ( x)
µ=
dx dx
Verifique que:
dµ
+ p ( x) µ =
0
dx
24
TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
logo:
du
µ = g ( x).
dx
g ( x)
du = dx
µ ( x)
3
u = ∫∫ x dx
x
g (2x )
µ ( x ) = + c.
dx .
3
Assim, a solução y2 que procuramos é da forma:
3
g ( x)
2 x
u( x) µ ( x) = ∫ x dx = + c.
µ ( x) ( )
e ( ) ∫ e ( ) g ( x ) dx .
− ∫ p x dx ∫ p x dx
y2 = ∫ dx µ x =
3
Com esses resultados, se a equação linear (9) possui solução, ela será da
forma:
∫ e ( ) g ( x ) dx .
− ∫ p ( x ) dx − ∫ p ( x ) dx ∫ p x dx
y = y1 + y2 = ce +e
É claro que você não precisará memorizar a fórmula para obter a solução
da equação diferencial desejada, mas o exercício de deduzir é importante. Quando
você for usar um procedimento bem mais prático (que apresentaremos em
seguida), você entenderá de onde surgiram tais fatores. Agora, se multiplicarmos
e ( ) , teremos:
∫ p x dx
a equação por
e ( ) y= c + ∫ e ( ) g ( x ) dx .
∫ p x dx ∫ p x dx
d ∫ p( x )dx
y = e ( ) g ( x)
∫ p x dx
e
dx
25
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
ainda
∫ p x dx dy
e () + p ( x) e ( ) y = e ( ) g ( x) .
∫ p x dx ∫ p x dx
dx
e () ,
∫ p x dx
Dividindo por retornamos à equação (9). Logo, é preciso
∫ p ( x ) dx
identificar a função p(x), encontrar o fator integrante e , multiplicar a
equação diferencial pelo fator integrante, integrar ambos os membros da equação
e isolar y, obtendo, assim, a solução desejada.
dy
Exemplo 15: resolva a equação diferencial + 2y =
0 , calculando o fator
integrante. dx
e (=
∫ p x ) dx ∫ 2 dx
e= e2x .
dy dy
e 2 x e 2 x + 2 e+2 x2ye=
2x
0y =
0
dx dx
d e 2dxye2 x y
= 0 = 0.
dx dx
e2x y = c
y = ce 2 x .
dy
Exemplo 16: resolva x + 4 y = x3 − x .
dx
Observe que a equação é linear de primeira ordem, assim, vamos resolvê-
la calculando o fator integrante. Temos que escrever na forma da equação (9) para
o encontro de p(x):
dy 4
+ y =x 2 − 1
dx x
26
TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
logo
4
p ( x) = .
x
O fator integrante é
4
∫ dx 4 ln x
e= e= x 4 .
x
dy
x4 + 4x3 y =x6 − x4
dx
d 4
x y=
x6 − x4 .
dx
Integrando:
4 x7 x 5
x y= − +c
7 5
x3 x c
y= − + .
7 5 x4
dy 1 ex
+ y =.
dx x x
27
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Dessa forma:
1
p ( x) =
x
1
∫ dx
e x
= x.
dy
x +y=ex .
dx
ex + c
y= .
x
ex + 2 − e
y= .
x
M ( x , y ) dx + N ( x , y ) dy
28
TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
M ( x , y ) dx + N ( x , y ) dy =
0. (10)
Exemplo 18: a expressão (2xy2 – 3)dx + (2x2y + 4)dy é uma derivada exata,
pois ela corresponde à derivada total da 2função f(x,y) = x2y2 – 3x + 4y. Para verificar,
( )
f x , y = x y 2 − 3x + 4 y
você pode usar o que aprendeu sobre derivadas parciais. Lembre-se: se f(z) = f(x,y)
então, z depende de x e y. Ao derivar f em relação à x e em relação à y, temos:
df
f ( x , y= )=x yx 2 y−23−x3+x4+y4 y
2 2
dx
df df 2 2 2 2
f ( x ,=
y= )=x yx2 xy
y− 3−x−3+3x4+y4 y
dx dx
df df 2 2 2
f ( x ,=
y= )=x yx y− 32−x3+x4+y4 y
dx dx 2 xy − 3
df df 2 22 2
f ( x ,=
y= )=x yx2 xy
y− 32−x−3+3x4+y4 y
dy dx
df df 2 2 2
f ( x ,=
y= )=x yx2 xy−2 y3−x+3+4x4+y4 y
dy dx y
df
=dfx 2 y 2 −2 3 x + 4 y
dy = 2x y + 4
dx
Uma vez que você já entende df o que é uma equação exata, o teorema, que
apresentaremos a seguir, dá uma= condição2 x 2 ynecessária
+4 e suficiente para identificar
dx
equações exatas.
∂M ∂N
= (11)
∂y ∂x
∂M ∂N
xy
= 4= .
∂y ∂x
29
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
( 2 x − 1) dx + ( 3 y + 7 ) dy =
0.
No exemplo, temos M ( x , y ) =
2x − 1 e N ( x, y ) =
3 y + 7 . É uma equação
exata, uma vez que:
∂M ∂N
= 0= .
∂y ∂x
Assim, temos:
∂f
2 x − 1 = 2x-1
= M(x,y)
∂x
∂f
3 y + 7.= 3y+7.
= N(x,y)
∂y
3 2
( y)
g=
2
y + 7y
30
TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
3 2
f ( x, y ) = x2 − x + y + 7y.
2
Por último, temos que f(x,y) = c, assim, isolando y, temos, como resposta:
y=
(
−7 + −6 x 2 − x − c + 49 )
3
y=
(
−7 − −6 x 2 − x − c + 49 ) .
3
No último exemplo, resolvemos a equação do segundo grau em y para
poder isolá-lo, mas isolar y não é um passo obrigatório, principalmente quando
a solução da equação produz potências de y. Por exemplo, poderíamos ter
representado o resultado do Exemplo 17 como:
3 2
x2 − x + y + 7y =c.
2
Exemplo 21: resolva o seguinte problema de valor inicial:
( ) (
y 2 cos x − 3 x 2 y − 2 x dx + 2 y senx − x 3 + ln y dy =
0
.
)
y (0) = e
∂f
= y 2 cos x − 3 x 2 y − 2 x .
∂x
f ( x ,=
y ) y 2 senx − yx 3 − x 2 + g ( y ) .
31
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
∂f
= 2 ysenx − x 3 + g ' ( yx ) .
∂y
g´(y) = ln y.
Assim, g(y) = y ln y – y e f ( x ,=
y ) y 2 senx − yx 3 − x 2 + y ln y − y .
y 2 senx − yx 3 − x 2 + y ln y − y =0.
f ( tx , ty ) = tα f ( x , y ) .
32
TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
f ( x , y=
) x2 + y 2
pois
f ( tx , ty ) = ( tx ) + ( ty )
2 2
( )
= t 2 x2 + y 2 = t 2 f ( x, y ) .
M ( x , y ) dx + N ( x , y ) dy =
0
=M ( tx , ty ) tα=
2
M ( x , y ) e N ( tx , ty ) tα2 N ( x , y )
ATENCAO
y
M ( x , y ) xα M ( 1, u=
= ) e N ( x , y ) x=
α
N ( 1, u ) , u
x
ainda
x
M ( x , y ) yα M ( v ,1)=
= e N ( x , y ) y=
α
N ( v ,1) , v .
y
33
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
M ( tx , ty ) = ( ty )
2
( )
+ tytx = t 2 y 2 + yx = t 2 M ( x , y )
N ( tx ,=
ty ) ( tx=
) x t 2 N ( x, y ) .
2 2 2
t=
(u x
2 2
( )
+ uxu2 2 xdx
2
x 22( udx
+−ux ) 2
dx −+xxdu( udx
)= 0 xdu ) =
+ 0
u2 x 2 dx − ux23 xdu
2
dx
= 0−.x 3 du =
0
y ln x =− x + cy .
dy
+ p ( x) y =
f ( x ) yn
dx
34
TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
n∈ R
ℝ é chamada de equação de Bernoulli.
dy
Exemplo 23: resolva x − (1 + x ) y =
xy 2 .
dx
Primeiramente, dividiremos toda a equação por x para que ela fique no
formato de equação de Bernoulli.
dy ( 1 + x )
− y2 .
y=
dx x
dy dy du du
= = −u−2 .
dx du dx dx
du ( 1 + x ) −1
−u−2 − u = u−2 .
dx x
Ainda:
du ( 1 + x )
+ u=
−1.
dx x
p ( x) =
(1 + x )
.
x
e ( ) = xe x .
∫ p x dx
35
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
d
xe xu = − xe x .
dx
− xe x + e x + c
u= .
xe x
xe x
y= .
− xe x + e x + c
dy
= f ( Ax + By + C ) .
dx
dy
( x + y + 1)
2
Exemplo 24: encontre a solução de = .
dx
Uma maneira bem simples de resolver essa equação é fazer a substituição
u = x + y + 1. Temos sempre que lembrar de calcular a derivada de u para que a
dy
expressão fique correta. Logo, du = 1 + e:
dx dx
du
−1 =u2
dx
du
= u2 + 1 .
dx
36
TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
du
2
= dx
u +1
tan −1 u= x + c
=u tan ( x + c ) .
+ 1 tan ( x + c )
x + y=
y tan ( x + c ) − x − 1 .
=
=y xϕ ( y′ ) +ψ ( y′ ) ,
dx
t = 2 − 2x
dt
dx 2 ( x − 1)
= − .
dt t
1 2
dx = − dt .
( x − 1) t
37
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
A solução é:
ec
x 2 + 1.
=
t
ec
=x +1
t2 .
2e c
= y +1
t
y xy′ + ϕ ( y′ )
=
y = xt + ln t.
1 1
tdx
tdx = tdx=+tdx
xdt+ +xdtdt
+ dt
t t
1 1
dt xdt+ x+= 0.
0 =
t t
38
TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
6 APLICAÇÃO
Como você deve ter observado, o estudo de equações diferenciais de
primeira ordem é extenso e as técnicas para resolver são variadas. Contudo,
antes de finalizar este tópico, é preciso abordar, em um último exemplo, uma
aplicação do estudo de equações diferenciais de primeira ordem. Modelaremos e
estudaremos o fenômeno de crescimento populacional.
39
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
dp
= βp
dt
p ( t ) = ce β t .
p ( t ) = 75e β t .
FONTE: O autor
40
TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
dp
= h ( p )=
p ( β − ap ) p.
dt
dp p
= β 1 − p,
dt S
p0S
p (t ) = .
p0 + ( S − p0 ) e − β t
41
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
100 p0
p (t ) = (13)
p0 + ( 100 − p0 ) e −0 ,5t
FONTE: O autor
p0S p0S
t →∞
( t ) lim
lim p=
t →∞ p0 + ( S − p0 ) e
=−βt
= S
p0
42
TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA
43
RESUMO DO TÓPICO 2
44
AUTOATIVIDADE
a) ( ) I e II.
b) ( ) III e IV.
c) ( ) I, II e IV.
d) ( ) I, II,III e IV.
dy
a) = e 3 x+2 y
dx
b) y′ + 2 xy =
x3
( )
c) ( 6 x + 4 y ) dx + 4 x − 4 y 2 dy = 0
dy 2 y − 2 x
d) =
dx 2 y + 2 x
45
46
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Até agora, focamos nosso estudo nas equações diferenciais ordinárias
de 1ª ordem. Passemos agora às equações diferenciais lineares de 2ª ordem, que
surgem de forma natural no estudo de aplicações, por exemplo, em fenômenos
de condução de calor, dinâmica de fluidos, eletromagnetismo, mecânica clássica
etc.
d2 y dy
= f , y, x .
dx
2
dx
O estudo da resolução de equações diferenciais pode ser muito difícil ou
até mesmo impossível, por isso, neste tópico, focaremos em equações diferenciais
lineares de 2ª ordem.
2 DEFINIÇÃO
Equações diferenciais lineares de 2ª ordem têm a seguinte forma:
d2 y dy
+ P ( x) + Q ( x) y =
g ( x) . (14)
dx 2
dx
y′′ = 0 . (15)
47
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
y' = c1
portanto
y c1 ∫ dx
= = c1 x + c2 .
3 PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO
Começaremos nosso estudo de como resolver equações diferenciais
lineares de 2ª ordem pela equação homogênea:
d2 y dy
+ P ( x) + Q ( x) y =
0. (16)
dx 2
dx
d 2 y1 dy
+ P ( x ) 1 + Q ( x ) y1 =
0
dx 2
dx
d 2 y2 dy
+ P ( x ) 2 + Q ( x ) y2 =
0
dx 2
dx
48
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
logo
d2 y dy d2 d
dx 2
+ P ( x ) dx
+ Q ( x )
= y
dx 2 (
ay1 + by2 ) + P ( x ) ( ay1 + by2 ) + Q ( x )( ay1 + by2 )
dx
d2 y dy d2 y dy
= 21 + P ( x ) 1 + Q ( x ) y1 + 22 + P ( x ) 2 + Q ( x ) y2 = 0 + 0 = 0 .
dx dx dx dx
NOTA
4 INDEPENDÊNCIA LINEAR
O conceito de independência linear é o mesmo que se estuda em álgebra
linear. As funções y1 ( x ) , , yn ( x ) são ditas linearmente independentes, em um
intervalo da reta l, se a única solução da equação homogênea formada pela
combinação linear das funções:
a1 y1 ( x ) + =
+ an yn ( x ) 0, para todo x ∈ I
é a=
1
= a=
n
0, ou seja, a equação anterior admite apenas a solução trivial.
49
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Definição 5: Dadas f1(x) e f2(x) duas funções reais de uma variável real e derivável.
f1 ( x ) f2 ( x )
O determinante W ( f1 , f2 )( x ) = é chamado de Wronskiano das
funções f1(x) e f2(x). f '1 ( x ) f '2 ( x )
e4x e−x
W ( f1 , f2 )( x ) = 4 x −x
−e 3 x − 4e 3 x =
= −5e − x ≠ 0
4e −e
5 CARACTERÍSTICAS DA SOLUÇÃO
A partir do Teorema 3, podemos determinar as soluções gerais para
equações diferenciais lineares homogêneas de 2ª ordem. Com efeito, y1(x) e y2(x)
são soluções linearmente independentes da equação diferencial linear homogênea
de 2ª ordem.
d2 y dy
+ P ( x) + Q ( x) y =
0.
dx 2
dx
y ( x ) c1 y1 ( x ) + c2 y2 ( x ) .
=
Exemplo 30: a equação diferencial linear de 2ª ordem homogênea é:
y′′ − y′ − 12 y = 0 .
50
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
−3 x
=
As funções y1 e= e y2 e 4 x formam a solução geral da equação, pois:
e4x e −3 x
W ( y1 , y2 )( x ) = 4 x −3 x
−3e x − 4 e x =
= −7 e x ≠ 0
4e −3e
=
são linearmente independentes e, ao substituirmos y c1e −3 x + c2 e 4 x na
equação diferencial, temos:
( 9c e
1
−3 x
) ( ) (
+ 16c2 e 4 x − −3c1e −3 x + 4c2 e 4 x − 12 c1e −3 x + c2 e 4 x =0 . )
Uma vez determinadas as características da solução da equação
diferencial linear homogênea de 2ª ordem, focaremos, por enquanto, no estudo
das características de uma solução geral para equação diferencial não homogênea
de 2ª ordem:
d2 y dy
+ P ( x) + Q ( x) y =
g ( x) . (17)
dx 2
dx
Definição 6: uma função yp(x) que satisfaz a equação (17) é dita ser uma
solução particular da equação diferencial.
d2 y dy 1
+ x −y =x+
dx 2
dx x
pois:
d2 yp dy p d2 d 1 1
2 (
+x − yp = x ln x ) + x ( x ln x ) − ( x ln x ) = + x ( ln x + 1) − x ln x = x +
dx 2 dx dx dx x x
51
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
d2 y dy
+ P ( x) + Q ( x) y =
g ( x)
dx 2
dx
A solução geral da equação não homogênea é obtida pela soma da solução geral
da equação homogênea associada:
d2 y dy
+ P ( x) + Q ( x) y =
0
dx 2
dx
y ( x ) = yh ( x ) + y p ( x ) = c1 y1 ( x ) + c2 y2 ( x ) + y p ( x ) .
d2 y dy d2 d
+ P ( x ) + Q ( x )=
y 2 h( )
y x + y p ( x ) + P ( x ) yh ( x ) + y p ( x ) + Q ( x ) yh ( x ) + y p ( x )
dx 2
dx dx dx
d yp
2
d2 y dy dy p
= 2h + P ( x ) h + Q ( x ) yh + 2 + P ( x ) + Q ( x ) yp
dx dx dx dx
0 + g ( x) =
= g ( x)
y ( x ) yh ( x ) + y p ( x ) é solução de (15).
demonstrando, assim, que =
( x ) c1e 6 x + c2 e −2 x .
yh=
yh ( x ) =c1e 6 x + c2 e −2 x − e 5 x .
52
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
d2 y dy
+ P ( x) + Q ( x) y =
0 (18)
dx 2
dx
NOTA
Exemplo 33: note que y1(x) = e2x é uma solução de y'' – 3y' + 2y = 0 no intervalo
( −∞ , +∞ ) . O método de redução de ordem menciona que uma segunda solução
=
para a equação diferencial em questão é dada por y ( x ) u=
( x) y ( x) u( x) e . 2 1
2x
53
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
2x
como e ≠ 0 , então, u'' + u' = 0. Com a mudança de variável w = u', obtemos:
w' + w = 0.
d x
e w = 0 .
dx
u( x) =
−c1e − x + c2
assim
y2 ( x ) =
u ( x) e2x =
−c1e x + c2 e 2 x .
Devemos fazer algumas ponderações a partir do resultado anterior.
Procuramos uma solução fundamental para a equação diferencial, logo, não
estamos interessados em constantes, apenas na estrutura da solução. Ademais,
em y2(x), há um termo já contemplado na primeira solução. Portanto, para a
solução fundamental y2(x), podemos escolher c1 = –1 e c2 = 0. Assim, y2(x) = ex. Note
que y1(x) e y2(x) são linearmente independentes, pois W ( y1 , y2 ) ≠ 0. Portanto, a
solução geral é:
( x ) c1e 2 x + c2 e x .
y=
Passemos, agora, ao caso geral. Considere uma equação diferencial linear
homogênea de 2ª ordem geral:
d2 y dy
+ P ( x) + Q ( x) y =
0. (19)
dx 2
dx
54
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
= u ( y + Py + Qy ) + u '' y + ( 2 y + Py ) u′
''
1
'
1 1 1
'
1 1
= y u′′ + ( 2 y + Py ) u′.
1
'
1 1
(
y1w '+ 2 y1' + Py1 w =
0 )
a equação anterior é uma diferencial de primeira ordem separável, cuja
solução é:
− ∫ P ( x ) dx
c1e
w ( x) = .
y12
3
u( x) =
e2()
c1 ∫∫ x dx
x+ c − ∫ P x dx
y12
= +2 . c.
dx
3
Escolhendo c1 = 1 e c2 = 0, obtém-se:
e 2( ) x3
− ∫ P x dx
2( )
y= x y1 ( x ) ∫
y12
dx .∫ x dx = + c. (20)
3
As soluções y1(x) e y2(x) são linearmente independentes, pois W ( y1 , y2 ) ≠ 0
(calcule o wronskiano para verificar que é verdade) e, portanto, há a formação de
um conjunto fundamental de soluções.
55
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
E
IMPORTANT
d 2 y 7 dy 9
+ + y=
0.
dx 2 x dx x
x3
1
−7 ∫ dx
) x ∫ e x2−6 dx
x
y2 ( x= −3
∫ x dx = + c.
33
−7 ln x
e 2 x
= x −3
∫∫ xx dxdx= + c.
−6
−7
x33
x2
= x −3 ∫∫ xx dx
−6
dx = + c.
12
33
x
= x −3 ∫∫ xxdxdx = + c.
3
= x −3 ln x.
6 ENCONTRANDO A SOLUÇÃO
Até agora, desenvolvemos ferramentas teóricas para o estudo de equações
diferenciais lineares de 2ª ordem. Vamos, agora, iniciar o estudo de como obter
soluções para essas equações. Assim, considere a equação diferencial linear de 2ª
ordem a mais simples possível:
d2 y dy
a + b + cy =
0 (21)
dx 2 dx
56
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
y(x) = ekx
d2 y dy d 2 kx d
a
dx 2
+ b
dx
+ cy= a
dx 2
e + b e kx + ce kx =
dx
( ak 2
)
+ bk + c e kx = 0
kx
como e ≠ 0, então, devemos ter:
ak2 + bk + c =0.
• Raízes reais distintas: suponha que a equação característica tenha duas soluções
kx k x
reais e distintas, a saber, k1 e k2. No caso, e 1 e e 2 formam um conjunto
fundamental de soluções:
e k1x e k2 x
(
W e ,e k1 x k2 x
) ( x) =
k1e k1 x
k2 e k2 x
( k2 − k1 ) e( k1 + k2 ) x ≠ 0
=
57
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
( x ) c1e k1x + c2 e k2 x .
y=
d2 y dy
2 − 3 − 4y = 0
dx dx .
y ( 0 ) 0=
e y′ ( 0 ) −5
=
k 2 − 3k − 4 =0
( x ) c1e − x + c2 e 4 x .
y=
y′ ( x ) =
−c1e − x + 4c2 e 4 x .
y ( 0 ) = c1 + c2 = 0
.
y ′ ( 0 ) =− c1
+ 4 c 2
=−5
y ( x=
) e−x + e4x .
• Raízes reais repetidas: suponha que a equação característica tenha duas
soluções reais e iguais, a saber, k1 = k2 = k = –b/2a. No caso, obtém-se apenas uma
solução para a equação diferencial: y1(x) = ekx. Para ser obtida uma segunda
solução linearmente independente, é utilizada a redução de ordem, portanto:
58
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
e 2( ) x3
− ∫ P x dx
2( ) 1( ) ∫ x dx = + c.
y= x y x ∫ dx
y12
3
3
x
b
− ∫ dx
e
a
= e kx ∫∫ xe 2 dxdx= + c.
2 kx
33
x
b
− x
e
a
= e kx
∫∫ ex 2 dx
2 kx
dx = + c.
3
= e kx ∫ dx
= xe kx.
( x ) c1e kx + c2 xe kx .
y=
d2 y dy
− 4 + 4y =
0.
dx 2
dx
k 2 − 4k + 4 =0
( x ) c1e 2 x + c2 xe 2 x .
y=
y ( x ) d1e (
α + β i )x
+ d2 e (
α −β i )x
= .
59
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
e − iθ cos θ + isenθ .
=
e iβ x cos β x + isenβ x
=
e − iβ x = cos ( − β x ) + isen ( − β x ) .
cos β x e sen ( − β x ) =
cos( − β x) = −senβ x
obtemos:
e iβ x cos β x + isenβ x
=
e − iβ x cos β x − isenβ x .
=
e iβ x + e − iβ x =
2 cos β x
e iβ x − e − iβ x =
2isenβ x .
( )
y1 ( x )= eα x e β ix + e − β ix = 2 eα x cos β x
y2 ( x )= eα x (e β ix
− e − β ix )= 2ieα x senβ x .
= eα x ( c1 cos β x + c2 senβ x ) .
60
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
d2 y dy
− 8 + 19 y =
0.
dx 2
dx
k 2 − 8 k + 19 =
0
as raízes são k1 =
4 + i 3 e k2 =
4 − i 3. Portanto, a solução geral é:
= (
y ( x ) e 4 x c1 cos 3 x + c2 sen 3 x . )
Suponha que desejamos resolver uma equação diferencial com coeficientes
constantes de segunda ordem, e não homogênea.
d2 y dy
a + b g ( x).
+ cy =
dx 2 dx
y ( x ) yh ( x ) + y p ( x )
=
• Função polinomial.
• Função exponencial.
61
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
• g ( x=
) x2 + x.
• g ( x ) = cos 7 x.
( x ) xe 4 x + sen2 x.
• g=
• g ( x ) = 4 x 5 + 16 x 2 + 12 + e −2 x .
yp(x) = Ax2 + Bx + C.
(
y''''p − 6 y''p + 8 y p = 2 A − 6 ( 2 Ax + B ) + 8 Ax 2 + Bx + C )
= 8 Ax 2 + ( 8 B − 12 A ) x + ( 2 A − 6 B + 8C ) .
62
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
Como o resultado deve ser g(x) = 8x2 – 12x – 6, obtemos o seguinte sistema
linear:
8A = 8
−12 A + 8 B =−12
2 A − 6 B + 8C =−6
ou seja:
8 0 0 A 8
−12 8 0 B =
−12
2 −6 8 C −6
yp(x) = x2 – 1.
y ( x )= yh ( x ) + y p ( x )= c1e 4 x + c2 e 2 x + x 2 − 1.
yh (=
x ) c1e x + c2 xe x .
y p ( x ) A cos 2 x + Bsen2 x .
=
= ( −4 A − 4 B + A ) cos 2 x + ( −4 B + 4 A + B ) sen2 x
=( −3 A − 4 B ) cos 2 x + ( 4 A − 3B ) sen2 x
= cos 2 x.
63
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
−3 A − 4 B = −25
4 A − 3B = 0
a solução é A = 3 e B = 4. Portanto:
y p ( x ) 33cos
= 2 x++4sen
cos2x 2x.x
4sen2
( x ) c1e 2 x + c2 e − x .
y h=
yp ( x ) = ( Ax + B ) e x
+ Cx 2 + Dx + E .
−4 xe x − 2 x 2 − 2 x − 2.
=
−2 A = −4
A − 2 B = 0
−2C = −2
−2C − 2 D = −2
2C − D − 2 E = −2
64
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
y ( x )= c1e 2 x + c2 e − x + ((2x 1) e x + x 2 + 2 .
2 x ++ 1)
( x ) c1e7 x + c2 e 2 x .
y h=
y p ( x ) = Ae 2 x .
y p ( x ) = Axe 2 x .
y''''p − 9 y''p + 14 y p = ( 4 Ax + 4 A ) e 2x
− 9 ( 2 Ax + A ) e 2 x + 14 Axe 2 x
= ( 4 A − 9 A ) e 2 x + ( 4 A − 18 A + 14 A ) xe 2 x
= −5 Ae 2 x .
65
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
y ( x ) = c1e 7 x + c2 e 2 x − 2 xe 2 x .
( x ) c1e 2 x + c2 xe 2 x .
y h=
Observe que g(x) = 10e2x e que o fator contendo a exponencial também está
presente na solução da equação homogênea. Portanto, a partir do que foi visto no
Exemplo 42, é natural que a solução particular tenha a seguinte forma:
y p ( x ) = Ax 2 e 2 x .
y''''p − 4 y''p + 4 y p= ( 4 Ax 2
) ( )
+ 8 Ax + 2 A e 2 x − 4 2 Ax 2 + 2 Ax e 2 x + 4 Ax 2 e 2 x
= ( 4A − 8A + 4A) x e 2 2x
+ ( 8 A − 8 A ) xe 2 x + 2 Ae 2 x
= 2 Ae 2 x.
Para yp(x) ser uma solução particular, devemos ter 2Ae2x = 10e2x, ou seja,
A = 5. Logo, a solução geral da equação diferencial é:
y ( x ) =c1e 2 x + c2 xe 2 x + 5 x 2 e 2 x .
66
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
yh ( x ) c1sen3 x + c2 cos 3 x .
=
Veja que a solução da equação homogênea tem um termo igual a cos 3x,
assim como a função g(x). Logo, podemos conjecturar que a solução particular
apresenta a seguinte forma:
y p ( x ) Axsen3 x + Bx cos 3 x .
=
−6 Bsen3 x + 6 A cos 3 x .
=
67
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
d2 y dy
+ P ( x) + Q ( x) y =
g ( x ). (23)
dx 2
dx
yh ( x ) c1 y1 ( x ) + c2 y2 ( x ).
=
y p ( x ) u1 ( x ) y1 ( x ) + u2 ( x ) y2 ( x ) .
= (24)
68
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
u1'' ( x ) y1 ( x ) + u'2' ( x ) y2 ( x ) =
0. (25)
( ) ( )
y''''p + Py''p + Qy p = u'1' y'1' + u'2' y'2' + u1 y1'''' + u2 y''2'' + P u1 y1'' + u2 y'2' + Q ( u1 y1 + u2 y2 )
u'1' ( x ) y1 ( x ) + u'2' ( x ) y2 ( x ) = 0
'' .
u1 ( x ) y1' ( x ) + u'2 ( x ) y'2 ( x ) =g ( x)
' ' '
( ) ( )
As incógnitas são u'1' x e u'2' x . Aplicando a regra de Cramer, obtemos:
y ( x) g ( x) y1 ( x ) g ( x )
u'1' ( x ) =
− 2 e u'2' ( x ) =
W ( y1 , y2 )( x ) W ( y1 , y2 )( x )
69
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
d2 y dy
+ P ( x) + Q ( x) y =
g ( x) .
dx 2
dx
y ( x ) = c1 y1 ( x ) + c2 y2 ( x ) + y p ( x ) .
( x ) c1e 2 x + c2 e −3 x .
y h=
70
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
y p ( x ) u1 ( x ) e 2 x + u2 ( x ) e −3 x
=
sendo
3
x
e −3 x g ( x )
3
2 x
e2x g ( x)
2
∫ x (dx =) + c.
u1 ( x ) = − ∫
W e 2 x , e −3 x ( x )
dx e ∫ x (dx =) + c.
u2 ( x ) = ∫
W e 2 x , e −3 x ( x )
dx .
3 3
( ) 4x
com g x = 6 e . O Wronskiano das soluções fundamentais é:
e2x e −3 x
(
W e 2 x , e −3 x ) ( x) = 2e 2 x −3e −3 x
= −5e − x .
Portanto:
3
2 x
e −3 x g ( x ) x
e −32x g ( x )
3
x
6 2 x2 3 2x
3
∫ x (dx =) + c. ∫ x dx = +∫ xc.dx = + c.
u1 ( x ) = − ∫
W e 2 x , e −3 x ( x )
dx = − ∫
−5e − x
dx = ∫ e dx = e
5 5
3 3 3
3 3 3
e g ( x )x
2x
e 2g ( x ) x 6 2dx =− 6xe .
2x
∫∫ x 2 dx = + dxc=
. ∫ x−5dx
e = 5+∫ c x. dx = 35 + c.
u ( x) = ∫ dx =− ∫ e 7x 7x
W (e , e ) ( x)
2 2x −3 x −x
3 3 3
Logo:
3 2 x 2 x 6 7 x −3 x 3 6 4 x 3 4 x
yp ( x ) =
u1 ( x ) e 2 x + u2 ( x ) e −3 x = e e − e e = 5 − 35 e = e .
5 35 7
3
y ( x ) =c1e 2 x + c2 e −3 x + e 4 x .
7
71
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
Note que a equação diferencial não pode ter sua solução particular
calculada através do método dos coeficientes a determinar, pois a não
homogeneidade g ( x ) = e − x tg2 x não satisfaz as hipóteses do método. Vamos,
então, resolver a equação utilizando o método de variação dos parâmetros. A
equação característica associada tem raízes k1 =−1 + 2i e k2 =−1 − 2i. Portanto, a
solução é:
e − x cos 2 x e − x sen2 x
( )
W e − x cos 2 x , e − x sen2 x ( x ) =
−e − x ( cos 2 x + 2sen2 x ) −e − x ( sen2 x − 2 cos 2 x )
2 e −2 x .
Portanto:
3
x 3
e − x sen2 x g ( x ) e 2sen2 xe
dx = − ∫∫ x dx = +dx
x
−x
tg2 x −x
u ( x ) = − ∫∫ x 2 dx = + c.
1
W ( e cos 2 x , e sen2 x ) ( x ) 2e
c.−2 x
3
−x −x
33
1 sen 2 x 2
x− 1 ln tan 2x + sec 2x − sen2x .
=− ∫∫ x 2 dx dx
2 cos 2 x = 4+ c.
= ( )
3
Por outro lado:
3 3
∫ 2 −x
e −x
xcos 2 x g ( x ) x e
∫ 2
−x
cos 2 xe −x
tg2 x
u2 ( x ) = ∫ x (dx = + c. ) ∫ x dx = + c.
W e cos 2 x , e sen2 x ( x )
−x
dx =
2e −2 x
dx
3 3 3
1 cos 2 x x
sen2 x
3
x
1 2 x dx = 1
=
2 ∫ x dx = + c.∫ x dx = + c.
∫ 2
cos 2 x
dx =
2
∫ sen2 − cos 2 x.
4
3 3
Assim:
72
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
FONTE: O autor
d2 x
F ma
= = m 2.
dt
d2 x
m = − kx .
dt 2
FONTE: O autor
74
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
dx
F=−bv − kx =−b − kx .
dt
d2 x dx
m −b − kx .
=
dt 2
dt
Portanto:
d2 x dx
+γ + ω02 x =
0, (29)
dt 2
dt
75
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
FONTE: O autor
k 2 + γ k + ω02 =
0
tem raízes
−γ ± γ 2 − 4ω02
k= .
2
γ
• Se γ 2 − 4ω02 > 0 , ou seja, ω0 < , o oscilador harmônico amortecido é dito
2
superamortecido. No caso, o sistema rapidamente tende ao equilíbrio sem
oscilar.
γ
• Se γ 2 − 4ω02 =0, ou seja, ω0 = , o oscilador harmônico amortecido é dito
2
criticamente amortecido. No caso, o sistema tão rapidamente quanto possível
tende ao equilíbrio sem oscilar.
γ
• Se γ − 4ω0 < 0, ou seja, ω0 > , o oscilador harmônico amortecido é dito
2 2
2
subamortecido. No caso, o sistema oscila, mas com amplitudes que decaem
com o tempo, forçando o sistema ao equilíbrio (tecnicamente, quando t → ∞ ).
76
TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
• Superamortecido:
d2 x dx
+ 5 + 2x =
0.
dt 2
dt
Sujeita às condições iniciais x(0) = 1 e x´(0) = 0, cuja solução é:
5 − 17 −5+2 17 t 5 − 17 −5−2 17 t
x (t ) =
1 + e − e .
2 17 2 17
• Criticamente amortecido:
d2 x dx
+2 2 + 2x =
0.
dt 2
dt
(t ) e−
x= 2t
+ 2 te − 2t .
• Sub-amortecido:
d 2 x 1 dx
+ + 2x =
0.
dt 2 3 dt
− 71 t 71 t
t
1
=x ( t ) e 6 cos + sen .
6 71 6
• Há o princípio da superposição.
78
AUTOATIVIDADE
a) ( ) I.
b) ( ) II.
c) ( ) III.
d) ( ) I e III.
a) ( ) y ( x ) = e x cos ( x ) sen ( x )
b) ( ) y ( x=
) e x + cos ( x )
c) ( ) y ( x ) = e x sen ( x )
d) ( ) y ( x ) = e x cos ( x )
4 y′′ − 4 y′ − 3 y = 0
= y ( 0 ) 1,= y′ ( 0 ) 5
.
79
80
UNIDADE 1
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
As equações diferenciais lineares de ordem n podem ser escritas da
seguinte forma:
d( ) y d( ) y
n n −1
dy
an ( x ) n + an−1 ( x ) n−1 +…+ a1 ( x ) + a0 ( x ) y = f ( x )
dx dx dx
para ai(x) com i = 1, ..., n e f(x) funções reais contínuas em um intervalo da reta,
e an(x) não se anula no intervalo. O desenvolvimento de uma teoria geral para a
resolução de equações diferenciais ordinárias de ordem n é inteiramente análogo
à teoria geral para a resolução de equações diferenciais ordinárias de segunda
ordem.
( )
y= ( x0 ) y0n−1 , y(
n −1 n− 2 )
(=
x )
0
, y′ ( x0 ) y=
y0n− 2 ,…= 1
0
, y ( x0 ) y00 .
d( ) y d( ) y
n n −1
dy
an + an−1 +…+ a1 + a y =0 (30)
dx n
dx n −1
dx 0
81
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
{e k1 x
}
, e k2 x , , e kn x .
y ( x=
) c1e k1x + c2 e k2 x + + cn e knx .
Exemplo 48: resolva a seguinte equação diferencial de 3ª ordem:
d3 y d 2 y dy
− 2 − + 2y =
0.
dx 3 dx 2 dx
82
TÓPICO 4 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE ORDEM SUPERIOR
k 3 − 2k 2 − k + 2 =0
a solução é k1 =
1, k2 =
−1 e k3 =
2. Logo, a solução geral é:
y ( x ) =c1e x + c2 e − x + c3 e 2 x .
{e k1 x
}
, e k2 x ,… , e kn−r x , e kx , xe kx , x 2 e kx ,… , x r −1e kx .
d3 y d2 y
+ 3 − 4y =
0.
dx 3 dx 2
k 3 + 3k 2 − 4 =0
e a solução é k1 ==
1, k2 −2 e k3 =
−2, ou seja, a solução k = –2 tem multiplicidade
2. Logo, a solução geral é:
y ( x ) =c1e x + c2 e −2 x + c3 xe −2 x .
83
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
y′ ( x ) = c1e x − 2c2 e −2 x + c3 ( 1 − 2 x ) e −2 x
y′′ ( x=
) c1e x + 4c2 e −2 x + c3 ( −4 + 4 x ) e −2 x
y ( 0 ) = c1 + c2 = 1
y′ ( 0 ) = c1 − 2c2 + c3 = 2 .
y′′ ( 0 ) = c1 + 4c2 − 4c3 = −3
1 1 0 c1 1
1 −2 1 c2 =
2
1 4 −1 c −3
3
c1 1,=
a solução do sistema é= c2 0 e=
c3 1. Logo, a solução geral do problema
de valor inicial é:
y ( x=
) e x + xe −2 x .
84
TÓPICO 4 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE ORDEM SUPERIOR
d3 y d2 y dy
+ 3 0.
+ 9 − 13 y =
dx 3
dx 2
dx
k 3 + 3 k 2 + 9 k − 13 =
0.
y ( x) =
c1e x + e −2 x ( c2 sen3 x + c3 cos 3 x ) .
d5 y d4 y d2 y dy
+ 2 − 8 − 12 − 8 y =
0.
dx 5
dx 4
dx 2
dx
k 5 + 2 k 4 − 8 k 2 − 12 k − 8 =0.
y ( x) =
c1e 2 x + e − x ( c2 senx + c3 cos x ) + xe − x ( c4 senx + c5 cos x ) .
85
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
d3 y d2 y dy
3 − 4 2 + 5 − 2y = 6e x
dx dx dx
y ( 0 ) 2,=
= y′ ( 0 ) 5 e y′′ ( 0 ) = 3 .
Primeiramente, resolveremos a equação homogênea associada, cuja
equação característica é:
k 3 − 4 k 2 + 5k − 2 =0.
y Hh ( x ) =c1e x + c2 xe x + c3 e 2 x .
−2 Ae x =
6e x .
y ( x ) =c1e x + c2 xe x + c3 e 2 x − 3 x 2 e x .
86
TÓPICO 4 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE ORDEM SUPERIOR
y′ ( x ) = c1e x + c2 ( x + 1) e x + 2c3 e 2 x − 6 xe x − 3 x 2 e x
y′′ ( x ) =c1e x + c2 ( x + 2 ) e x + 4c3 e 2 x − 6 e x − 12 xe x − 3 x 2 e x .
y ( 0 ) = c1 + c3 = 2
y′ ( 0 ) =c1 + c2 + 2c3 = 5
y′′ ( 0 ) = c1 + 2c2 + 4c3 − 6 = 3
ou seja:
1 0 1 c1 2
1 1 2 c2 = 5 .
1 2 4 c 9
3
y ( x ) =e x + 2 xe x + e 2 x − 3 x 2 e x .
d4 y
4
− y 15 xe 2 x + 5 cos 2 x .
=
dx
k4 – 1 = 0.
87
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
A solução é k1 =
1, k2 =
−1, k3 =
i e k4 =
−i. Portanto, a solução da equação
homogênea é:
y p ( x ) =( Ax + B ) e 2 x + Csen2 x + D cos 2 x .
y (p ) ( x )= (16 Ax + 32 A + 16 B ) e
iv 2x
+ 16Csen2 x + 16 D cos 2 x
assim
15 A = 15
32 A + 15 B =0
,
15C = 0
15 D = 5
32 1
a solução é A =
1, B =
− , C ==
0eD . Portanto, a solução é:
15 3
32 1
y ( x ) = c1e x + c2 e − x + c3 senx + c4 cos x + x − e 2 x + cos 2 x.
15 3
88
RESUMO DO TÓPICO 4
89
AUTOATIVIDADE
a) ( ) I e II.
b) ( ) II.
c) ( ) III.
d) ( ) II e III.
y′′′ + 2 y′′ − 5 y′ − 6 y = 0
.
y ( 0 ) = y ( 0 ) = 0, y ( 0 ) = 1
′ ′′
a) ( ) y ( x ) = ( 3x ) + c cos ( 3x ) .
c1 + c2 sen 3
b) ( c + e ( c sen ( 3 x ) + c cos ( 3 x ) ) .
) y ( x) = 1
2x
2 3
c) ( c + e (c e + c e
) y ( x) = 1
2x
2
3x
). 3
− 3x
d) ( ) y ( x ) =
c1 + c2 e 3x
+ c3 e − 3x
.
90
UNIDADE 1
TÓPICO 5
EQUAÇÃO DE CAUCHY-EULER
1 INTRODUÇÃO
Em geral, equações diferenciais lineares de ordem superior com coeficientes
não constantes são questões difíceis de serem resolvidas, ou talvez impossíveis.
Contudo, há uma classe em que é possível obter solução. Iniciaremos a análise da
equação a partir de:
d( ) y ( )
n n −1
n −1 d y dy
an x n + an −1
x +…+ a1 x + a0 y = f ( x ) , (32)
dx n
dx n −1
dx
NOTA
d( ) y ( )
n n −1
n −1 d y dy
an (α x + β ) + an−1 (α x + β ) +…+ a1 (α x + β ) + a0 y = f ( x )
n
(33)
dx n
dx n −1
dx
91
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
2 EQUAÇÃO HOMOGÊNEA
Para encontrar uma solução para uma equação diferencial com coeficientes
constantes homogênea, constatou-se que eram do tipo y(x) = ekx. Para as equações
de Cauchy-Euler homogêneas, as soluções são do tipo y(x) = xk.
d2 y dy
a2 x 2 + a1
x +a y =
0.
dx 2 dx 0
d2 y dy
a2 x 2 y a2 k ( k − 1) x 2 + a1 kx 2 + a0 x=
+ a1 x + a0= 2
a2 k ( k − 1) + a1 k + a0 x=
2
0.
dx 2
dx
92
TÓPICO 5 | EQUAÇÃO DE CAUCHY-EULER
E
IMPORTANT
{x k1
}
, x k2 , , x kn .
y ( x=
) c1x k1 + c2 x k2 + + cn x kn .
Exemplo 56: resolva o seguinte problema de valor inicial de 2ª ordem:
2 d2 y dy
x + 3x − 8 y = 0,
dx 2
dx
y ( 1) = 3 e y′ ( 1) = −6
k ( k − 1) + 3 k − 8 = k 2 + 2 k − 8 = 0 .
c2
y ( x ) =c1 x 2 + c2 x −4 =c1 x 2 + .
x4
93
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
y ( 1) = c1 + c2 = 3
.
y′ ( 1) =
2c1 − 4c2 = −6
A solução é c1 = 1 e c2 = 2. Portanto, a solução do problema de valor inicial é:
2
y ( x=
) x2 + .
x4
{x k1
, x k2 ,… , x kn−r , x k , (ln x)x k ,(ln x)2 x k ,… , (ln x)r −1 x k . }
Portanto, a solução geral tem a forma:
( x ) c2 x k1 +…+ cn−r x kn−r + cn−r +1
y=
) c2 x k1 +…+(cxn−)r x kcn−2r x+k1c+…+
y= n − r +1
x kcn+−rcxn−knr−+r 2+(ln
cnx−r)+x1 xk k++cnc−nr−+r3+(ln
2
(lnxx)2)x kk ++…
cn −+ (lnxx)2)rx−1k x+…
c (ln
r +3 n
k
.
(ln x)r −1 x k +cn (ln x)r −1 x k
Exemplo 57: resolva a seguinte equação diferencial de 3ª ordem:
d3 y
3
2
2 d y dy
x −x − 6 x + 18 y =
0.
dx 3
dx 2
dx
k ( k − 1)( k − 2 ) − k ( k − 1) − 6 k + 18 = k 3 − 4 k 2 − 3 k + 18 = 0.
A solução é k1 = 3e k 3 =
−2, k2 = 3, ou seja, a solução k = 3 tem multiplicidade
2. Logo, a solução geral é:
c
y ( x ) =c1 x −2 + c2 x 3 + c3 (ln x)x 3 = 12 + c2 x 3 + c3 (ln x)x 3.
x
94
TÓPICO 5 | EQUAÇÃO DE CAUCHY-EULER
d3 y 2
2 d y dy
x3 − 3 x + 6x 0.
=
dx 3
dx 2
dx
k ( k − 1)( k − 2 ) − 3 k ( k − 1) + 6 k = k 3 − 6 k 2 + 11k = 0 .
A solução é k1 =
0, k2 =
3 + 2i e k3 =
3 − 2 i.
d4 y
4
3
3 d y
2
2 d y dy
x + 2x + 3x − 3x + 4 y =
0
dx 4
dx 3
dx 2
dx.
kk( k( k−−11)()(kk−−22)()(kk−−k33()k)++
−212k)(
k( k(kk−−−121)()(kkk−−−232))+++323kkk((kkk−−−111))(
)−−k33k−k+2+)44+=
3 k ( k − 1) − 3 k + 4
=
+ 2 k ( k − 1)( k − 2 ) + 3kkk4(4−k−4−4k1k3)3+−+838kk2+2−4−8= k+44−4=
8kk+
3 2
0k0 + 8 k − 8 k + 4 =
4= 0.
4=0
A solução é k1 = 1 + i , k2 =
1 + i , k3 =
1 − i e k4 =
1 − i . Portanto, as raízes
1 + i e 1 – i têm multiplicidade 2 cada uma. Logo, a solução geral é:
95
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
d2 y dy
x2 + 3x − 8 y =
0.
dx 2
dx
A solução é:
c2
y ( x ) =c1 x 2 + c2 x −4 =c1 x 2 + .
x4
dy dy dt 1 dy
= =
dx dt dx x dt
logo
d 2 y d dy d 1 dy 1 dy 1 d dy 1 dy 1 1 d 2 y 1 d 2 y dy
= = =
− + =
− + = − .
dx 2 dx dx dx x dt x 2 dt x dx dt x 2 dt x x dt 2 x 2 dt 2 dx
96
TÓPICO 5 | EQUAÇÃO DE CAUCHY-EULER
d2 y
2 dy 2 1
d 2 y dy 1 dy d2 y dy
x + 3x − 8 y = x 2 2 − + 3x − 8y = + 2 − 8 y.
dx 2
dx x dt dx x dt dt 2
dt
d2 y dy
+ 2 − 8y =
0.
dt 2
dt
( t ) c1e 2t + c2 e −4t .
y=
c2
y ( x ) =c1e 2 ln x + c2 e −4 ln x =c1 x 2 + c2 x −4 =c1 x 2 + .
x4
97
UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
LEITURA COMPLEMENTAR
Além disso, Euler era um matemático que estava muito à frente de seus
pares e desenvolveu ideias que só seriam completamente entendidas anos
depois. Trabalhou com séries de Fourier, nas quais foram encontradas as funções
de Bessel em seus estudos sobre vibrações de uma membrana circular esticada.
Antes do nascimento de Jean-Baptiste Joseph Fourier (1768 - 1830), Friedrich
Wilhelm Bessel (1784 - 1846) e Pierre-Simon Laplace (1749 - 1827), Euler já havia
aplicado transformadas de Laplace para resolver equações diferenciais.
98
RESUMO DO TÓPICO 5
CHAMADA
99
AUTOATIVIDADE
a) ( ) I e II.
b) ( ) III.
c) ( ) II e III.
d) ( ) I.
x 2 y′′ + 3 xy′ + 4 y =
0.
x 2 y′′ + 3 xy′ + 4 y =
0.
a) ( ) y (=
x ) c1 x 3 + c2 x −3 .
b) ( ) y (=
x ) c1 x 2 + c2 ln ( x ) x 2 .
5 3 5
c) ( ) y ( x ) x c1 cos
= ln ( x ) + c2 sen
8
ln ( x ) .
8 8
3+ 5 3− 5
y ( x ) c1 x
d) ( )= 8
+ c2 x 8
.
100
UNIDADE 2
TRANSFORMADA DE LAPLACE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em seis tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
101
102
UNIDADE 2
TÓPICO 1
TRANSFORMADA DE LAPLACE
1 INTRODUÇÃO
Transformar significa alterar ou modificar algo. Dizemos que algo foi
transformado se passou por uma transformação. Na matemática, a palavra
“transformada” deixa de ser um adjetivo para se referir a algo que passou por
transformação, para ser um substantivo cujo significado não é diferente daquele
que estamos acostumados na Língua Portuguesa. Por exemplo, a operação de
integração é uma transformada, pois ela transforma uma função em outra.
TI f (=
x ) F=
( y) ∫k ( x , y ) f ( x ) dx
I
∫ f ( x ) dx
a
103
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
∫ f ( x ) dx.
0
∫ f ( x ) dx
0
∞ a
∫ f ( x ) dx = lim ∫ f ( x ) dx.
0
a →∞
0
∞
L f =
ℒ ()
t F=
s ( ) ∫e − st
f ( t ) dt. (1)
0
104
TÓPICO 1 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
NOTA
∞ M ∞
L f ( t )
=
ℒ e f ( t ) dt ∫ e
∫=
− st − st
f ( t ) dt + ∫ e − st f ( t ) dt.
0 0 M
105
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
A existência da integral ∫e
− st
f ( t ) dt é garantida pela propriedade 1. Pela
propriedade 2: 0
e − st f ( t ) ≤ Ke (
α − s )t
Portanto, a integral:
∫e
− st
f ( t ) dt
M
Da definição, obtemos:
∞ a a
e − st 1 − e − st 1
ℒL 1 = ∫e − st
( ) a→∞ ∫
1 dt = lim e dt − st
= − lim
a →∞ s
= lim
a →∞ s
= .
s
0 0 0
Como o cálculo envolve trabalhar com integrais impróprias,
convencionaremos a seguinte notação:
f ( x ) = lim f ( x ) .
∞ a
0 a →∞ 0
Da definição, obtemos:
∞
ℒ ∫
L t = e − st tdt .
0
106
TÓPICO 1 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
∞ ∞ ∞
te − st 1 1 1
L t = ∫e tdt = −
ℒ − st
+ ∫e − st dt = ℒL 1 = 2 .
0
s 0
s0 s s
n!
L t n =
ℒ
, s > 0, n ∈ ℕ
N.
sn +1
Da definição, obtemos:
∞
e( )
∞ ∞ − s−a t
− ( s − a )t 1
∫0e e dt =
L e = ∫0e dt =
at − st at
ℒ − = .
s−a s−a
0
Assuma s > 0.
Assim:
sen ( at ) e − st
∞
∞ ∞
a − st
ℒ ( ) ∫ ( ) e cos ( at ) dt
s ∫0
L sen at = e sen at dt − st
=
− +
0
s
0
a cos ( at ) e
∞
∞ − st ∞
a − st a − st
s ∫0
= = e cos ( at ) dt
s s
−
s ∫0
e sen ( at ) dt
0
2
a 1 a a a
= − ℒL sen ( at ) = − 2ℒ L sen ( at ) .
s s s 2
s s
107
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
a
L sen
ℒ = ( at ) s + a2
2
, s > 0.
s
ℒL cos
= ( at ) s + a2
2
, s > 0.
Observe que o cálculo pode ser entediante. Por isso, forneceremos um
resumo das transformadas até agora calculadas.
f(t) F (s) = ℒ
L f ( t )
1
1 ,s > 0
s
n!
tn
t^n , s > 0, n ∈ ℕ
N
sn +1
1
eat ,s > a
s−a
a
sen(at) ,s > 0
s + a2
2
s
cos(at) ,s > 0
s + a2
2
FONTE: O autor
108
TÓPICO 1 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
∞ 4 ∞ ∞
3e − st 3e −4 t
L f ( t ) =
ℒ ∫e f ( t ) dt =
− st
∫e ( 0 ) dt + ∫e
− st − st
( 3 ) dt =
0− = , s > 0.
0 0 4
s 4
s
Assuma s > 0.
∞ 1 ∞
ℒ f ( t ) =
L ∫e f ( t ) dt =
− st
− ∫e − st dt + ∫e − st dt
0 0 1
1 ∞
1 − st 1 1 1 1 2 −s 1
= e − e − st = e − s − − 0 − e − s = e − .
s 0
s 1 s s s s s
109
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
Da definição, obtemos:
∞ 1 ∞
f ( t )
L =
ℒ ∫e f=
− st
( t ) dt ∫te dt + ∫e dt
− st − st
0 0 1
1 ∞
1 − st 1 − st 1 − st
− s te − 2 e − s e
=
s 0 1
1 1 1 1
= − e − s − 2 e − s − 0 − 2 − 0 − e − s
s s s s
( )
1
= 2 1 − e−s .
s
( )
L c1 f ( t ) + c2 g ( t )=
ℒ L f ( t ) + c2 L
c1ℒ ℒ g ( t ) .
L f ( t ) + c2 L
= c1ℒ ℒ g ( t ) .
110
TÓPICO 1 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
L 2 + e −3t − 8 cos ( 4t )=
ℒ 2L
L cos ( 4t )
L e −3t − 8ℒ
ℒ 1 + ℒ
1 1 s
=2 + −8 2
s s+3 s + 16
=
( ) (
2 ( s + 3 ) s + 16 + s s2 + 16 − 8 s2 ( s + 3 )
2
)
s ( s + 3 ) s2 + 16 ( )
−5s3 − 18 s2 + 48 s + 96
= .
s4 + 3s3 + 16 s2 + 48 s
ℒ t 3 + e −8t + sen ( t =
L ) 2Lℒ t 3 + ℒL e−8t + ℒL sen ( t )
3! 1 s
=4 + + 2
s s+8 s +1
=
( ) ( )
6 ( s + 8 ) s2 + 1 + s4 s2 + 1 + s5 ( s + 8 )
(
s4 ( s + 8 ) s2 + 1 )
s6 + s5 + 9 s4 + 6 s3 + 48 s2 + 6 s + 48
= .
s7 + 8 s 6 + s 5 + 8 s 4
lim F ( s ) = 0
s →∞
111
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
0 0 0
s−c
a) F ( s ) = ℒ
L sen ( at )
a 1
lim F ( s ) lim L
= sen ( at ) lim
ℒ = = 2 2
a lim
= 0.
s →∞ s →∞ s →∞ s + a s →∞ s + a 2
2
b) F ( s )= ℒ L t 3 + e −8t + sen ( t )
lim F=
s →∞
( s ) lim ℒL t 3 + e−8t + sen ( t )
s →∞
s6 + s5 + 9 s4 + 6 s3 + 48 s2 + 6 s + 48
= lim
s →∞ s7 + 8 s 6 + s 5 + 8 s 4
1 + 1 2 + 9 3 + 6 4 + 48 5 + 6 6 + 48 7
lim
= s s s s s s s 0.
s →∞
1+ 8 + 1 2 + 8 3
s s s
112
RESUMO DO TÓPICO 1
113
AUTOATIVIDADE
() x=)ef(x)
f ( xfI-
2 2
II-II- =x e.x= .xx.
x2
III-III- xf () x=)f(x)
f (II- =e.
= senhx.
senhx.
III- f(x) = senhx.
xf () x=)f(x)
f (IV-
x 2x 3x
IV-IV- e=x e+= ee+x2xe++e2xe+3x+ee+3x
+ +nxenx,nx
+ e+e ,nn, ∈
nNℕ..N.
∈
a) ( ) I e III.
b) ( ) II e III.
c) ( ) III e IV.
c) ( ) I e IV.
a) ( ) I e III.
b) ( ) II e III.
c) ( ) III e IV.
d) ( ) I e IV.
114
UNIDADE 2 TÓPICO 2
TRANSFORMADA INVERSA E TRANSFORMADA
DA DERIVADA
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, estudamos como calcular a transformada de
Laplace de uma função admissível. Estamos, agora, interessados em resolver o
problema inverso, isto é, suponha que conheçamos a transformada de Laplace
de uma função e queremos encontrar a função que satisfaz a propriedade. É a
L −1 F ( s ) . Assim, se
conhecida transformada inversa de Laplace, cuja notação é ℒ
F ( s) = ℒ
L f ( t ) , então:
f (t ) = ℒ
L −1 F ( s ) .
Além disso, pode ser usada como ferramenta para resolver equações
dy d2 y
diferenciais. Logo, deparar-nos-emos com quantidades do tipo L eL 2
dt dt
para avaliação, isto é, devemos saber calcular derivadas de funções, o que também
trataremos neste tópico.
L −1 c1 F ( s ) + c2G ( s=
ℒ ) c1ℒL −1 F ( s ) + c2ℒL −1 G ( s )
=F ( s) ℒ
L= f ( t ) e G ( s ) ℒ
L g ( t ) , com f e g funções admissíveis. De fato:
ℒL −1 c1 F ( s ) + c2G =
( s ) ℒL −1 c1ℒL f ( t ) + c2ℒL g ( t=
) ℒL −1 ℒL c1 f ( t ) + c2 g ( t )
= c1 f ( t ) + c2 g ( t ) = c1ℒ
L −1 F ( s ) + c2ℒ
L −1 G ( s ) .
115
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
1
ℒ 1 = .
L
s
1
L −1 = 1.
ℒ
s
1 −1 1
Exemplo 11: calcule ℒ
L −1 4 e ℒ
L 2 .
s s + 5
Notamos que:
n!
−1 n
ℒ
L= n+1 t , para n ∈ ℕ
N.
s
1 −1 −1 1 3! −1 1 1 −1 3! t 3
L 4=
=
ℒ L 3 +1 =
ℒ L 3 +1 =
ℒ L 3 +1
ℒ .
s s 3! s 3! s 6
a
L −1 2 2 = sen ( at )
ℒ
s + a
assim
ℒ
1
L 2
= −1
= ℒ
1 −1
L
5
sen 5 t
.
( )
2
s + 5 5
2
( )
s + 5
5
116
TÓPICO 2 | TRANSFORMADA INVERSA E TRANSFORMADA DA DERIVADA
f (t ) = L
ℒ−1 F ( s ) F ( s) = ℒ
L f ( t )
1
1 ,s > 0
s
n!
tn , s > 0, n ∈ ℕ
N
sn +1
1
eat ,s > a
s−a
n!
eat tn , s > a, n ∈ ℕ
N
( s − a)
n +1
a
sen(at) ,s > 0
s + a2
2
s
cos(at) ,s > 0
s + a2
2
s
cosh(at) ,s > a
s − a2
2
b
eat sen(bt) ,s > a
( s − a)
2
+ b2
s−a
eat cos(bt) ,s > a
( s − a ) + b2
2
b
eat senh(bt) ,s > a
( s − a ) − b2
2
s−a
eat cosh(bt) ,s > a
( s − a ) − b2
2
2 as
t sen(at) ,s > 0
(s )
2
2
+ a2
117
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
s2 − a 2
t cos(at) ,s > 0
(s )
2
2
+ a2
2 as
t senh(at) ,s > a
( )
2
s2 − a 2
s2 + a 2
t cos(at) ,s > a
(s )
2
2
− a2
FONTE: O autor
−1 s + 1
Exemplo 12: calcule L
ℒ 4
.
s
Para o cálculo, utilizaremos, além da linearidade, a divisão termo a termo.
Com efeito:
−1 s + 1 −1 s 1
L
ℒ = 4
L
ℒ 4 + 4
s s s
1 1
= L ℒ −1 3 + L
ℒ −1 4
s s
1 −1 2! 1 −1 3!
= L
ℒ 3+ L ℒ 4
2! s 3! s
t 2 t 3 3t 2 + t 3
= + = .
2 6 6
−1 s−5
Exemplo 13: calcule Lℒ 2 .
s − 4 s + 13
s−5
Precisamos transformar 2
em soma de termos presentes na
s − 4 s + 13
Tabela 1. Inicialmente, note que o denominador é um polinômio do segundo
grau. Observando, vemos que existem várias funções cujas transformadas de
118
TÓPICO 2 | TRANSFORMADA INVERSA E TRANSFORMADA DA DERIVADA
s2 − 4 s + 13 = s2 − 4 s + 4 + 9 = ( s − 2 ) + 9.
2
Assim:
s−5 s−5
L −1 2
ℒ = L
ℒ
−1
s − 4 s + 13 ( s − 2 )2 + 9
s−2−3
=Lℒ−1
( s − 2 )2 + 9
s−2 −3
= ℒL −1 +L
ℒ −1
( s − 2 )2 + 9 ( s − 2 )2 + 9
= e cos ( 3t ) + e sen
2t 2t
( −3t ) e cos ( 3t ) + sen ( −3t ) .
= 2t
NOTA
119
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
3s − 4
ℒ−1
Exemplo 14: calcule L .
( s + 2 )( s − 3 )
Observe que a função que queremos calcular a transformada inversa não
tem a forma das funções apresentadas. Porém, se pudéssemos escrever:
3s − 4 A B
= + .
( s + 2 )( s − 3 ) s + 2 s − 3
Então, poderíamos utilizar a soma de frações à direita associada com
a propriedade de linearidade das transformadas inversas para o cálculo da
transformada inversa requisitada. Ora, a técnica para encontrar as constantes A e
B é chamada de decomposição em frações parciais.
3s − 4 A B A ( s − 3) + B ( s + 2 ) ( A + B) s + ( 2B − 3 A )
= + = = .
( s + 2 )( s − 3 ) s + 2 s − 3 ( s + 2 )( s − 3 ) ( s + 2 )( s − 3 )
Portanto, A e B devem satisfazer o seguinte sistema de equações lineares:
A+B= 3
−3 A + 2 B = −4
3s − 4 2 1
= + .
( s + 2 )( s − 3 ) s + 2 s − 3
Portanto:
3s − 4 2 1
L −1
ℒ = L −1
ℒ +
( s + 2 )( s − 3 ) s + 2 s − 3
1 1
=ℒ −1
2L L −1
+ℒ 2 e −2 t e 3t .
=+
s + 2 s − 3
9s − 6
Exemplo 15: calcule Lℒ−1 2 .
s − 3s − 4
O exemplo difere do anterior, pois o denominador não está fatorado.
Inicialmente, fatoramos o denominador e, posteriormente, aplicamos técnica
semelhante à apresentada no Exemplo 14.
120
TÓPICO 2 | TRANSFORMADA INVERSA E TRANSFORMADA DA DERIVADA
s 2 − 3s − 4 =0
s2 − 3s − 4 = ( s + 1)( s − 4 ) .
9s − 6 9s − 6 A B
= = +
2
s − 3s − 4 ( s + 1)( s − 4 ) s + 1 s − 4
concluímos, então:
9s − 6 A B A ( s − 4 ) + B ( s + 1) ( A + B ) s + ( B − 4 A )
= + = =
s − 3s − 4 s + 1 s − 4
2
( s + 1)( s − 4 ) ( s + 1)( s − 4 )
Portanto, A e B devem satisfazer o seguinte sistema de equações lineares:
A+B= 9
−4 A + B =−6
9s − 6 3 6
= +
s − 3s − 4 s + 1 s − 4
2
assim
9s − 6 3 6
ℒ−1 2 =
L ℒ−1
L +
s − 3s − 4 s +1 s − 4
1 1
= 3ℒ L −1 ℒ −1
+ 6L
s + 1 s − 4
= 3e − t + 6 e 4 t.
121
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
s3 + s + 8
Exemplo 16: calcule Lℒ−1 4 3 2 .
s − 2 s + 5s − 8 s + 4
Primeiramente, é preciso fatorar s4 – 2s3 + 5s2 – 8s + 4 para iniciar o
cálculo das frações parciais. Note que, como os coeficientes do polinômio são
números inteiros, então, as raízes reais do polinômio, quando existirem, são
divisores do termo independente, no caso, 4. Não é difícil verificar que s = 1 é
solução de s4 – 2s3 + 5s2 – 8s + 4 = 0. Portanto, aplicando a divisão polinomial,
concluímos que:
(
s 4 − 2 s 3 + 5 s 2 − 8 s + 4 = ( s − 1) s 3 − s 2 + 4 s − 4 . )
Da mesma forma, s = 1 é solução de s3 – s2 + 4s – 4 = 0. Novamente, após a
divisão polinomial, constata-se que:
s 3 − s 2 + 4 s − 4 = ( s − 1) s 2 + 4 .( )
Como s 2 + 4 é um polinômio irredutível, então, a fatoração de
s4 – 2s3 + 5s2 – 8s + 4 é:
s 4 − 2 s 3 + 5 s 2 − 8 s + 4 = ( s − 1) s 2 + 4 .
2
( )
Portanto:
s3 + s + 8 s3 + s + 8 A B Cs + D
= = + + 2
s − 2 s + 5 s − 8 s + 4 ( s − 1) s + 4
4 3 2 2 2
(
s − 1 ( s − 1) 2
)s +4
assim
s3 + s + 8
=
( ) (
A ( s − 1) s2 + 4 + B s2 + 4 + ( Cs + D )( s − 1) ) 2
(
( s − 1) s 2 + 4
2
) ( s − 1) ( s + 4 )
2 2
=
( A + C ) s + ( − A + B − 2C + D ) s + ( 4 A + C − 2 D ) s + ( −4 A + 4 B + D ) .
3 2
( s − 1) ( s + 4 )
2 2
A+C = 1
− A + B − 2C + D = 0
4 A + C − 2D = 1
−4 A + 4 B + D =
8
122
TÓPICO 2 | TRANSFORMADA INVERSA E TRANSFORMADA DA DERIVADA
as soluções são A = 0, B = 2, C = 1 e D = 0.
Portanto:
s3 + s + 8 2 s
= +
s 4 − 2 s 3 + 5s 2 − 8 s + 4 ( s − 1)
2 2
s +4
logo
s3 + s + 8 2 s
ℒ −1 4
L = L
ℒ −1
+
3 2
s − 2 s + 5s − 8 s + 4 ( s − 1) 2 s 2 + 4
2 s
= L ℒ −1 +ℒ
L −1 2
( s − 1)
2
s + 4
= 2te t + cos ( 2t ) .
∞
cos ( tx )
Exemplo 17: calcule ∫
0 1 + x2
dx .
∞
cos ( tx )
f (t ) = ∫ dx .
0 1 + x2
∞ ∞∞
cos ( tx )
L f ( t )
= f ( t ) e − st dt
∫= ∫∫ e − st dxdt .
0 00 1 + x2
123
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
∞ ∞∞
cos ( tx )
ℒ f ( t )
L
= f ( t ) e − st dt
∫= ∫∫ 2
e − st dtdx.
0 00 1+ x
Contudo, essa inversão da ordem de integração é útil, pois 1/(1 + x2) não
depende da variável t.
1
∞ ∞
ℒ f ( t ) = ∫
L 2 ∫
cos ( tx ) e − st
dt dx
0 1+ x 0
∞
1
=∫ 2
ℒ cos ( tx ) dx
L
0 1 + x
∞
1 s
=∫ 2 2 2
dx.
0 1 + x s + x
1 s s 1 1
= 2 2 2 2 2
−
1+ x s + x 1 − s s + x 1 + x2
2
logo
s
∞ ∞ ∞
s 1 1 1 1
ℒ f (=
L t ) 2 ∫ 2 2
− =
2
dx 2 ∫ 2 2
dx − ∫ 2
dx .
1− s 0 s + x 1+ x 1− s 0 s + x 0 1+ x
∞
1 1 a π
∫0 s2 + x2 dx lim
= =
a →∞ s
tan −1
s 2s
.
∞
1 π
∫0 1 + x2 dx lim
= = tg −1 ( a ) .
a →∞ 2
124
TÓPICO 2 | TRANSFORMADA INVERSA E TRANSFORMADA DA DERIVADA
Assim:
s π π π 1
ℒ ( t )
L f= −=
1 − s2 2s 2 2 s + 1
.
π −1 1 π − t
=f (t ) ℒ L f ( t ) 2=
ℒ
L −1= L
ℒ e .
s + 1 2
π
f (t ) =
−t
e .
2
∞
ℒ f ' ( t ) = ∫e − st f ' ( t ) dt.
L
0
∞ ∞
ℒ f ' ( t ) f ′ ( t ) dt e − st f ( t ) + s ∫e − st f ( t ) dt
∞
∫e=
− st
L
=
0
0 0
− st
()
observando que e f t → 0 quando t →∞ , chegamos ao seguinte resultado:
ℒ f ' ( t ) =
L − f ( 0 ) + sL
ℒ f ( t ) . (2)
125
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
ℒ f '' (=
L t ) s2 L
ℒ f ( t ) − sf ( 0 ) − f ' ( 0 ) (3)
ℒ f ''' ( t=
L ) s3Lℒ f ( t ) − s2 f ( 0 ) − sf ′ ( 0 ) − f ′′ ( 0 ) . (4)
L=
ℒ f ( n ) ( t ) s nℒ
L f ( t ) − sn−1 f ( 0 ) − sn− 2 f ′ ( 0 ) −…− f ( ) ( 0 ) .
n −1
L=
ℒ f ′ ( t ) sL
ℒ f ( t ) − f ( 0 )
portanto:
1 s
L f ′ ( t ) = sL
ℒ ℒ sen ( t ) − sen ( 0 ) = s 2
= 2 .
s +1 s +1
Observe que f´(t) = cos(at) – at sen (at) e que f´´(t) = –2a sen(at) – a2t cos(at).
Portanto, usando a fórmula apresentada no teorema da derivada da transformada
para a segunda derivada de f, temos:
126
TÓPICO 2 | TRANSFORMADA INVERSA E TRANSFORMADA DA DERIVADA
ℒ f ′′ ( t ) s2 L
L
= ℒ f ( t ) − sf ( 0 ) − f ′ =
( 0 ) s2ℒL f ( t ) − 1 .
a
L f ′′ ( t ) =
ℒ L −2 asen ( at ) − a 2t cos ( at ) =
ℒ L f ( t ) .
−2 a 2 2 − a 2ℒ
s +a
2a2
ℒ f ( t ) − 1 =−
s2 L L f ( t ) .
− a2ℒ
s2 + a 2
ℒ f ( t ) , concluímos que:
Isolando L
2a2
(s 2
)L f ( t ) =
+ a2 ℒ − 2 2 +1
s +a
ou seja:
s2 − a 2
ℒ f ( t ) =
L .
(s )
2
2
+ a2
127
RESUMO DO TÓPICO 2
L
ℒ= f ( n) ( t ) sn L
ℒ f ( t ) − sn−1 f ( 0 ) − sn− 2 f ′ ( 0 ) −…− f
( n−1)
(0).
128
AUTOATIVIDADE
s+1
2 Qual é a transformada inversa de Laplace de F ( s ) = 2
?
s − 4s + 4
1 3
) f (t )
a)( = sen2t + cos 2t.
4 4
3 −2 t 1 2 t
f (t )
b)( ) = e + e .
4 4
1 3
) f (t )
c)( = sen2t − cos 2t.
4 4
1 −2 t 3 2 t
d)( ) =f (t ) e + e .
4 4
a) ( ) I e II.
b) ( ) I e III.
c) ( ) II e III.
d) ( ) III.
129
130
UNIDADE 2 TÓPICO 3
PROPRIEDADES OPERACIONAIS E OS
TEOREMAS DE TRANSLAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
O cálculo da transformada de Laplace pode ser bem entediante por
envolver, às vezes, técnicas de integração que necessitam de muitos cálculos.
Contudo, conhecendo algumas propriedades, ditas operacionais, da transformada
de Laplace, podemos trabalhar com certas transformadas sabendo a transformada
de Laplace de outras funções. Neste tópico, estudaremos algumas propriedades
operacionais através de teoremas, entre eles, o teoremas de translação, e os
resultados serão compilados.
L e at f ( t=
ℒ ) F ( s − a ) .
∞ ∞
L e at f ( t=
) ∫e e f ( t )= f ( t )=
dt F ( s − a ) .
− ( s − a )t
∫e
− st at
ℒ dt
0 0
O resultado do teorema justifica o nome translação no eixo-s, pois, para
calcular ℒL e at f ( t ) , é apenas necessário conhecer F ( s ) = ℒ
L f ( t ) e transladar F
por s – a unidades. Vejamos um exemplo.
ℒ e 4 t cosh ( 3t ) .
Exemplo 21: calcule L
131
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
s
=F ( s) ℒ
L=cosh ( 3t ) 2
s −9
então
s−4
L e 4 t cosh ( 3t ) = F ( s − 4 ) =
ℒ .
(s − 4)
2
−9
ℒ e t sen ( t ) .
Exemplo 22: calcule L
1
=F ( s) ℒ
L=sen ( t ) 2
s +1
então
1
L e t sen ( t ) = F ( s − 1) =
ℒ .
( s − 1)
2
+1
1
ℒ−1 2
Exemplo 23: calcule L .
s − 6 s + 10
Observe que s2 – 6s + 10 não forma um quadrado, porém, podemos
completar:
s2 − 6 s + 10 = s2 − 6 s + 9 − 9 + 10 = ( s − 3 ) + 1 .
2
1 1 1
L −1 = e= e sen ( t ) .
3 t −1 3t
L −1 =
ℒ ℒ ℒ
L 2
( s − 3) + 1
2 2
s − 6 s + 10 s +1
132
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES OPERACIONAIS E OS TEOREMAS DE TRANSLAÇÃO
s+4
L −1 2
Exemplo 24: calcule ℒ .
s + 2s + 1
Inicialmente, precisamos escrever a função racional como uma soma de
frações parciais. Não é difícil ver que s2 + 2s + 1 = (s + 1)2. Portanto:
s+4 s+4 A B
= = +
( s + 1) s + 1 ( s + 1)
2 2 2
s + 2s + 1
resultando em A = 1 e B = 3. Assim:
s+4 1 3
L −1 2=
ℒ L −1
ℒ L −1
+ℒ
s + 2s + 1 s + 1 ( s + 1) 2
1 1
com F ( s )= ℒ
L 1= e G ( s )= ℒ
L t = 2 . Assim:
s s
s+4 1 3
L −1 2=
ℒ L −1
ℒ L −1
+ℒ
s + 2 s + 1 s + 1 ( s + 1) 2
L F ( s + 1) + 3ℒ
= ℒ −1
L G ( s + 1)
−1
= e − t + 3te − t .
ATENCAO
133
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
0, t < 0
u0 ( t ) = .
1, t ≥ 0
0, t < a
ua ( t )= u0 ( t − a )= .
1, t ≥ a
Note que, para qualquer função f(t) definida em toda a reta, f(t) ua(t) é uma
função que, para t ≥ a , é f(t) e, para t < a, é nula. Essa observação significa que,
quando multiplicamos f(t) por ua(t), a função f(t) foi “desligada” para t < a. Por
isso, a função de Heaviside é tão utilizada em aplicações.
1, t < 2
2, 2 ≤ t < 3
f (t ) = .
−1, 3 ≤ t < 4
5, 4 ≤ t
f (t ) =
1 + u2 ( t ) − 3u3 ( t ) + 6u4 ( t ) .
∞ ∞
e − as
a ( ) ∫e ua =( t ) dt ∫=
L u=
ℒ t − st
e − st dt , s > 0.
0 a
s
134
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES OPERACIONAIS E OS TEOREMAS DE TRANSLAÇÃO
L f ( t − a ) ua ( t ) =
ℒ e − as F ( s ) .
∞ ∞
L f ( t − a ) ua =
( t ) f ( z=
) dz e − as ∫e − sz f ( z=
) dz e − as F ( s ) .
− s( z + a )
ℒ ∫e
0 0
tu2 ( t ) =
( t − 2 ) u2 ( t ) + 2u2 ( t )
e −2 s 2 e −2 s
ℒ tu2 ( t ) =
L L ( t − 2 ) u2 ( t ) + 2ℒ
ℒ L u2 ( t ) =+ .
s2 s
2 e −2 s
ℒ−1
Exemplo 27: calcule L 3
.
s
Inicialmente, devemos identificar se podemos aplicar a propriedade de
2
translação no eixo-t. Note que pode ser vista como uma função, a saber F ( s ) = 3 ,
s
multiplicada por uma função exponencial com variável s, e–2s. A propriedade da
translação no eixo-s, em sua variação para a transformada inversa, menciona que:
135
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
L −1 e − as F ( s=
ℒ ) f ( t − a ) ua ( t )
portanto
2 e −2 s 2
(t − 2) u2 ( t ) .
2
L −1 3 = ℒ
ℒ L −1 3 e −2 s =
s s
−1 se
−2 s
L
Exemplo 28: calcule ℒ 2 .
s + 4
Primeiramente, observe que:
se −2 s s
2
= e −2 s 2
s +4 s +4
essa função é o produto de uma função exponencial por uma função F(s).
s
Defina a = 2 e F ( s ) = 2
.
s +4
A transformada inversa de F(s) é:
−1 s
L −1 F ( s ) ℒ
ℒ
= L= s2 + 4 cos ( 2t ) .
s
L −1 e −2 s =
ℒ cos 2 ( t − 2 ) u2 ( t ) .
s2 + 4
136
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES OPERACIONAIS E OS TEOREMAS DE TRANSLAÇÃO
T
1
L f ( t ) =
ℒ − sT ∫
e − st f ( t ) dt.
1− e 0
Demonstração: a partir da definição da transformada de Laplace, façamos
a seguinte cisão da integral em duas, ou seja:
∞ T ∞
ℒ f ( t )
L
= e f ( t ) dt ∫e
∫=
− st − st
f ( t ) dt + ∫e − st f ( t ) dt.
0 0 T
∞ ∞ ∞
∫e f ( t=
) dt f ( z + T=
) dz e − sT ∫e − sz f ( z=
) dz e − sT ℒL f ( t )
− s ( z +T )
∫e
− st
T 0 0
T T
1
L f ( t ) =
ℒ ∫e
− st
f ( t ) dt + e − sT
L f ( t ) ⇒ ℒ
ℒ L f ( t ) = − sT ∫
e − st f ( t ) dt.
0 1− e 0
=
1
− +
(
4 e −2 s 2 1 − e −2 s − 2 se −2 s )
1 − e −2 s s s3
=
1 4 e −2 s 4 e −2 s 2 1 − e
− − 2 +
−2 s
( )
1 − e −2 s s s s3
2 4 (1 + s ) e
−2 s
= 3− .
s s2
137
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
Note que se f(t) não fosse periódica, ou seja, se fosse t2 em todo intervalo
2
0, ∞ ) , sua transformada de Laplace seria ℒ
L f ( t ) = 3 . Observe que a
s
transformada que calculamos é a de t2, sem nenhuma restrição de periodicidade
mais uma correção por conta da periodicidade do problema.
1 a
L sen ( at ) =
ℒ 2π s ∫e
− st
sen ( at ) dt
−
1− e a 0
−
2π s
=
1 a − ae a
2π s s2 + a 2
1− e
−
a
a
= .
s + a2
2
138
RESUMO DO TÓPICO 3
ᵒ translação no eixo-s:
L e at f ( t=
ℒ ) F ( s − a ) .
ᵒ translação no eixo-t:
L f ( t − a ) ua ( t ) =
ℒ e − as F ( s ) .
T
1
L f ( t ) =
ℒ − sT ∫
e − st f ( t ) dt.
1− e 0
139
AUTOATIVIDADE
e 3s
2 Qual é a transformada inversa de Laplace de F ( s ) = ?
s+1
a) ( ) f ( t ) = e ( )u−3 ( t ) .
− t+3
b) ( ) f ( t ) = e ( )u3 ( t ) .
t+3
c) ( ) f ( t ) = 3e ( )u−1 ( t ) .
− t +1
d) ( ) f ( t ) = −3e ( )u1 ( t ) .
t +1
a) ( ) I.
b) ( ) II.
c) ( ) III.
d) ( ) II e III.
140
UNIDADE 2
TÓPICO 4
DERIVAÇÃO DA TRANSFORMADA E
TRANSFORMADA DA INTEGRAL
1 INTRODUÇÃO
Iniciaremos este tópico tratando da derivação da transformada. Esse
assunto é particularmente importante, pois ajudará você a compreender qual é
a transformada de uma função tn f(x). Em seguida, trataremos do que chamamos
de transformada da integral, mas, para entender melhor esse conteúdo e seus
resultados, será necessário que você se familiarize com a definição de convolução,
que será apresentada de forma clara e objetiva.
2 DERIVAÇÃO DA TRANSFORMADA
Vamos, inicialmente, assumir que F ( s ) = ℒ
L f ( t ) existe. Então:
d d
ds
F ( s) =
ds
ℒ {
L f ( t ) }
∞
d
= ∫e − st f ( t ) dt
ds 0
∞
∂ − st
=∫ e f ( t ) dt
0
∂s
∞
− ∫e − st tf ( t ) dt =
= L tf ( t ) .
−ℒ
0
d
ℒ tf ( t ) = −
L F ( s) . (5)
ds
ℒ t f ( t=
) Lℒ t ⋅ tf ( t ) .
2
L
141
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
d d d d2
ℒ t 2 f ( t ) =
L L t ⋅ tf ( t ) =
ℒ − ℒ L tf ( t ) =
− − L ℒ f ( t ) =2 F ( s ) .
ds ds ds ds
d3
3
F ( s ) = −ℒ
L t 3 f ( t ) .
ds
dn
F ( s) = ( −1) L t n f ( t ) .
n
ℒ
dsn
s
No exemplo, temos f(t) = cos(at), logo, F ( s ) = e n = 1. Assim,
s + a2 2
d
F ( s) = − ℒ
L t cos ( at )
dx
ou seja
d s s2 − a 2
L t cos ( at ) =
ℒ − 2 2 = .
dx s + a
(s )
2
2
+ a2
NOTA
142
TÓPICO 4 | DERIVAÇÃO DA TRANSFORMADA E TRANSFORMADA DA INTEGRAL
∞
Exemplo 31: calcule ∫t sen te − t dt.
0
∫t sen te
− st
L tf ( t ) .
dt = ℒ
0
d
ℒ tf ( t ) = −
L F ( s)
ds
contudo
1
F ( s) = 2
s +1
assim
∞
d 1 2s
∫t sen te
− st
dt =
− 2 =
0
ds s + 1 s2 + 1 2
( )
Porém, quando s = 1, portanto:
∞ ∞
2s 1
∫t =
sen te − t dt ∫t sen=
− st
te dt = .
( )2
2
0 0 s =1 s2 + 1
s =1
3 TRANSFORMADA DA INTEGRAL
Assim como explicado na introdução deste tópico, é importante
entendermos, primeiramente, o que é convolução. Logo, apresentamos a seguinte
definição:
143
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
(=
f * g )( t ) ∫ f (τ ) g ( t − τ ) dτ .
0
É dada por:
(=
f * g )( t ) ∫ f (τ ) g ( t − τ ) dτ .
0
L ( f * g )( t ) ℒ
ℒ
= L= f ( t ) ℒ
L g ( t ) F ( s ) G ( s ) .
144
TÓPICO 4 | DERIVAÇÃO DA TRANSFORMADA E TRANSFORMADA DA INTEGRAL
então
∞ ∞
F ( s ) G ( s ) = ∫e − sτ f (τ ) dτ ∫e − sβ g ( β ) dβ
0 0
∞∞
= ∫∫e ( ) f (τ ) g ( β ) dτ dβ
−s τ +β
00
∞ ∞
= ∫ f (τ ) dτ ∫e ( ) g ( β ) dβ .
−s τ +β
0 0
τ + β e dt =
Fixando τ , fazemos t = dβ , então:
∞ ∞
F ( s) G ( s)
= ∫ f (τ ) dτ ∫e g ( t − τ ) dt
− st
0 τ
0 0
∞
− st
t
=∫0e ∫0 f (τ ) g ( t − τ ) dτ dt =ℒL f * g .
t
Exemplo 33: calcule Lℒ ∫e t cos ( t − τ ) dτ .
0
Segundo o teorema da convolução, a transformada de Laplace de duas
funções é a multiplicação:
t
ℒ ∫e t cos ( t − τ ) d=
L L e t .L
τ ℒ ℒ cos t
0
1 s s
= = . 2 .
s − 1 s + 1 ( s − 1) s 2 + 1 ( )
Podemos também usar o Teorema da Convolução para o encontro da
transformada de Laplace inversa do produto de duas transformadas de Laplace,
ou seja:
L −1 F ( s ) G ( s ) = f * g .
ℒ
145
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
1
Exemplo 34: calcule ℒ
L −1 .
( s − a )2
1
( s ) G=
Vamos dizer que F= ( s) s−a
( s ) g=
logo, f= ( s ) e at . Assim:
1 t
L −1 = e aτ e a(t −τ ) dτ
( s − a ) ∫0
ℒ 2
t t
∫=
e dτ ∫dτ te .
at at at
= e=
0 0
t 1
L ( f * g )( t ) =
ℒ F ( s) G ( s) ⇒ ℒ
L ∫ f (τ ) dτ =F ( s ) .
0 s
t 1
L ∫ f (τ ) dτ = F ( s ) .
ℒ (6)
0 s
Podemos, ainda, ver esse resultado como uma forma de utilizar integração
para o cálculo de transformadas inversas de Laplace:
t
1
∫ f (τ ) dτ = ℒL s F ( s ) .
−1
0
t
Exemplo 35: calcule L
ℒ ∫e −τ cosτ dτ .
0
Seguindo a equação (6) do teorema da transformada da integral, temos
que:
t 1
L ∫e −τ cosτ dτ = ℒ
ℒ L e − t cos t .
0 s
146
TÓPICO 4 | DERIVAÇÃO DA TRANSFORMADA E TRANSFORMADA DA INTEGRAL
s+1
L e − t cos t =
ℒ .
( s + 1)
2
+1
t −τ 1 s+1
L ∫e cosτ dτ =
ℒ .
s ( s + 1) + 1
2
0
1
Exemplo 36: calcule ℒ
L −1 .
2
(
s s +1
2
)
Note que podemos reescrever a expressão:
1 1 1
L −1
ℒ .
s s ( s 2 + 1)
1 1
Definindo, F ( s ) = , temos:
(
s s2 + 1 )
1 1 1 −1 s
f (t ) =
L −1
ℒ = L 2
L −1 − ℒ
ℒ =1 − cos ( t ) .
(
s s2 + 1 )
s s +1
( )
t
1
(1 − cosτ ) dτ =
s2 s2 + 1 ∫0
L −1
ℒ = t − sent.
( )
4 DELTA DE DIRAC
Em problemas aplicados, existe a necessidade de trabalharmos com
fenômenos de natureza impulsiva, ou seja, um fenômeno de alta magnitude que
ocorre por um curto período de tempo. Como exemplo, podemos citar um sistema
massa-mola que está em repouso e, após um peteleco (força externa impulsiva),
apresenta uma evolução temporal.
147
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
0, 0 ≤ t < t0 − a
1
δ a (t =
− t0 ) , t0 − a ≤ t < t0 + a .
2a
0, t ≥ t0 + a
∞ t0 + a
1
∫ δ ( t − t ) dt= ∫
−∞
a 0
t0 − a
2a
= 1.
dt
δ ( t −=
t0 ) lim δ a ( t − t0 ) .
a →0
∫ δ ( t − t ) dt =
−∞
0
1.
Note que a função delta de Dirac não satisfaz as condições para a
transformada de Laplace existir. Contudo, mesmo assim, sua transformada de
Laplace pode ser definida formalmente. Como a função é definida como um
limite de funções impulso unitário, é natural que sua transformada de Laplace
seja definida de forma semelhante. Com efeito:
148
TÓPICO 4 | DERIVAÇÃO DA TRANSFORMADA E TRANSFORMADA DA INTEGRAL
1
L δ ( t −
ℒ = t0 ) lim ℒ
L δ a ( t − t0 ) lim
L u ( t ) − ut0 + a ( t )
ℒ=
a →0 2 a t0 − a a →0
1 e ( 0 ) e ( 0 )
− s t −a −s t +a
= lim −
a →0 2 a
s s
e − st0 e as e − as e as − e − as
= lim −= lim e − st0 .
a →0 2a s s a → 0
2 as
0
O limite é do tipo , portanto, podemos aplicar a regra de L’Hôspital. De
0
fato:
L δ ( t − t0 ) =
ℒ e 0 − st
L=
ℒ δ ( t ) lim
= e − st0 1.
t0 → 0
∫ f ( t ) δ ( t − t ) dt =
−∞
0
f (t ) . 0
Demonstração: de forma análoga a todas as definições que envolvem a
função delta, temos:
∞ ∞
∫ f ( t ) δ ( t=
−∞
− t0 ) dt lim
a →0
−∞
∫ f ( t ) δ ( t − t ) dt .
a 0
149
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
∞ t0 + a
1 1
∫ f ( t ) δ a ( t − t0 ) dt = ∫ 2a
dt =
2a
( )
⋅ 2a ⋅ f t * = f t * ( )
−∞ t0 − a
∞ ∞
∫ f ( t ) δ ( t=
−∞
− t0 ) dt lim
a →0 ∫ f ( t ) δ ( t − t ) dt
−∞
a 0
= lim f t *
a →0
( )
lim t *
= f= f ( t0 ) . ( a →0
)
A principal aplicação da função delta de Dirac é em equações diferenciais,
tema do próximo tópico. Apresentaremos um exemplo de resolução de equação
diferencial ordinária com termo não homogêneo impulsivo. Contudo, veremos
com mais cuidado o efeito da função delta de Dirac na resolução de um problema
de oscilação.
150
RESUMO DO TÓPICO 4
dn
F ( s) = ( −1) L t n f ( t ) .
n
ℒ
dsn
(=
f * g )( t ) ∫ f (τ ) g ( t − τ ) dτ .
0
t 1
ℒ ∫ f (τ ) dτ = F ( s ) .
L
0 s
δ ( t −=
t0 ) lim δ a ( t − t0 ) .
a →0
∫ f ( t ) δ ( t − t ) dt =
−∞
0
f (t ) . 0
151
AUTOATIVIDADE
6
b) ( ) F ( s ) = .
( s + 1)
4
6e
c) ( ) F ( s ) = .
( s − 1)
4
6e
d) ( ) F ( s ) = .
( s − 1)
3
t 3t 1
L ∫te dτ =
I- ℒ .
s ( s − 3)
2
0
∞
II- ∫ sen (π t ) δ ( t − 2 ) dt =
1.
−∞
s
L e t *sen2t =
III- ℒ .
(
2 ( s − 1) s 2 + 4 )
a) ( ) I.
b) ( ) II.
c) ( ) III.
d) ( ) II e III.
152
UNIDADE 2 TÓPICO 5
RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
POR TRANSFORMADAS DE LAPLACE
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, utilizaremos o estudo até aqui desenvolvido para resolver
equações diferenciais ordinárias. Faremos uma série de exemplos, começando
com problemas mais simples até problemas mais sofisticados. O objetivo é
entender como resolver equações diferenciais ordinárias utilizando a metodologia
da transformada de Laplace.
2 METODOLOGIA
Antes de iniciarmos o estudo dos exemplos, faremos uma descrição
teórica da metodologia da transformada de Laplace para a resolução de equações
diferenciais. É descrita pelos seguintes passos:
3 EXEMPLOS
Exemplo 37: resolva o seguinte PVI:
y′′ − 4 y′ = 6 e 3t − e − t
.
y ( 0 ) = 1, y′ ( 0 ) = −1
153
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
L 6 e 3t − e − t .
L y′′ − 4 y′ =ℒ
ℒ
L y′′ − 4=
ℒ L e 3t − ℒ
ℒ y′ 6ℒ
L L e − t . (7)
L
ℒ= y′′ s2Y ( s ) − sy ( 0 ) − y=
′ ( 0 ) s2Y ( s ) − s + 1.
L
ℒ= y′ sY ( s ) − y=( 0 ) sY ( s ) − 1.
1
ℒ e 3t =
L .
s−3
1
ℒ e =
−t
L .
s+1
6 1
s2Y ( s ) − s + 1 − 4 sY ( s ) − 1=
−
s−3 s+1
5s + 9
s2Y ( s ) − 4sY ( s ) − s + 5 =
( s − 3 )( s + 1)
5s + 9
(s 2
= )
− 4s Y ( s )
( s − 3 )( s + 1)
+s−5
s3 − 2s2 + 2s + 9
= − 5.
( s − 3 )( s + 1)
A solução para a equação algébrica é:
s3 − 2s2 + 2s + 9 5 s3 − 7 s2 + 12 s + 24
=Y ( s) =− .
( s − 3 )( s + 1) s ( s − 4 ) s ( s − 4 ) s ( s − 3 )( s + 1)( s − 4 )
154
TÓPICO 5 | RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS POR TRANSFORMADAS DE LAPLACE
s3 − 7 s2 + 12 s + 24 A B C D
= + + +
s ( s − 3 )( s + 1)( s − 4 ) s s − 3 s + 1 s − 4
A ( s − 3 )( s + 1)( s − 4 ) + Bs ( s + 1)( s − 4 ) + Cs ( s − 3 )( s − 4 ) + Ds ( s − 3 )( s + 1)
=
s ( s − 3 )( s + 1)( s − 4 )
=
( A + B + C + D ) s + ( −6 A − 3B − 7C − 2 D ) s + ( 5 A − 4 B + 12C − 3D ) s + 12 A
3 2
s ( s − 3 )( s + 1)( s − 4 )
A+ B+C + D = 1
−6 A − 3 B − 7C − 2 D = −7
,
5 A − 4 B + 12C − 3 D =12
12 A = 24
2 2 1 6
Y ( s) =− + − + .
s − 3 s 5 ( s + 1) 5 ( s − 4 )
2 2 1 6
y ( t )= ℒ
L −1 Y ( s ) = ℒ
L −1 − + − +
s − 3 s 5 ( s + 1) 5 ( s − 4 )
2 2 −1 1 6
=L −1
−ℒ L −1 − ℒ
+ℒ L L −1
+ℒ
s − 3 s 5 ( s + 1) 5 ( s − 4 )
1 6
=−2 e 3t + 2 − e − t + e 4 t.
5 5
y′′ + y =2sen 2t
( )
.
y ( 0 ) 10
= = y′ ( 0 ) 0
155
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
L 2sen
L y′′ + y =ℒ
ℒ
( 2t ) .
Pela linearidade da transformada de Laplace:
L y′′ + ℒ
ℒ L sen
L y = 2ℒ
( 2t ) .
Utilizando a fórmula da transformada de segunda derivada e a notação
Y ( s) = ℒ
L y ( t ) , temos:
L=
ℒ y′′ s2Y ( s ) − sy ( 0 ) − y=
′ ( 0 ) s2Y ( s ) − 10 s
concluímos que:
L sen
ℒ
( 2t ) = s 2
2
+2
.
Portanto:
L y′′ + ℒ
=
ℒ L y L sen
2ℒ
( 2t ) ⇒ s Y =
( s ) − 10s + Y ( s )
2
2
2
s +2
2
(
⇒ s2 + 1 Y ( s=
) s +2
)
+ 10 s 2
2 10 s
⇒ Y ( s) = 2 + .
s + 2 s2 + 1 s + 1
2
( )( )
2 As + B Cs + D
= + 2
( )(
s2 + 2 s2 + 1 ) s2 + 2 s +1
( As + B ) ( s 2
)
+ 1 + ( Cs + D ) s2 + 2 ( )
=
(s 2
+ 2 s +1)( 2
)
=
( A + C ) s + ( B + D ) s + ( A + 2C ) s + ( B + 2 D )
3 2
(s 2
+ 2 s2 + 1 )( )
156
TÓPICO 5 | RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS POR TRANSFORMADAS DE LAPLACE
A+C = 0
B+D = 0
,
A + 2C = 0
B + 2 D =2
2 2 10 s
Y ( s) = 2
− 2 + 2 .
s +1 s + 2 s +1
s
y (=
t) ℒ ) ℒL −1 s2 2+ 1 − s2 2+ 2 + s10
L −1 Y ( s= 2
+ 1
1 −1 2 s
L −1 2
= 2ℒ −ℒL 2 L −1 2
+ 10ℒ
s + 1 s + 2 s + 1
2sen ( t ) − 2sen
= ( 2t ) + 10 cos (t ) .
Exemplo 39: resolva o PVI a seguir.
2 y′′′ + 3 y′′ − 3 y′ − 2 y = e −t
y ( 0 ) 0,=
= y′ ( 0 ) 0 e= y′′ ( 0 ) 1
ℒ e − t .
L 2 y′′′ + 3 y′′ − 3 y′ − 2 y =L
ℒ
ℒ y ''' + 3L
2L ℒ y′ − 2L
ℒ y '' − 3L L e − t .
ℒ y =ℒ
157
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
L
ℒ= y′′′ s2Y ( s ) − s2 y ( 0 ) − sy′ ( 0 ) − y=
′′ ( 0 ) s3Y ( s ) − 1.
L
ℒ= y′′ s2Y ( s ) − sy ( 0 ) − y=
′ ( 0 ) s 2Y ( s ) .
L
ℒ= y′ sY ( s ) − y=( 0 ) sY ( s ) .
1
ℒ e − t =
L .
s+1
Assim:
1
ℒ y′′′ + 3ℒ
2L ℒ y′ − 2ℒ
L y′′ − 3L L e − t ⇒ 2 s3Y ( s ) − 1 + 3s2Y ( s ) − 3sY ( s ) − 2=
L y ℒ
= Y ( s)
s+1
1
⇒ 2 s Y ( s ) + 3s Y ( s ) − 3sY ( s ) − 2Y ( s ) =
3 2
+2
s+1
2s + 3
( )
⇒ 2 s 3 + 3s 2 − 3s − 2 Y ( s ) =
s+1
2s + 3
⇒ Y ( s) =
( )
2 s 3 + 3 s 2 − 3 s − 2 ( s + 1)
2s + 3
⇒ Y ( s) = .
( s + 1)( s − 1)( 2s + 1)( s + 2 )
Para finalizar, é preciso calcular a transformada inversa de Laplace de
Y(s). Porém, antes disso, aplicar o método das frações parciais para transformar
Y(s) em uma soma de frações. Com efeito:
2s + 3 A B C D
= + + +
( s + 1)( s − 1)( 2s + 1)( s + 2 ) s + 1 s − 1 2s + 1 s + 2
A ( s − 1)( 2 s + 1)( s + 2 ) + B ( s + 1)( 2 s + 1)( s + 2 ) + C ( s + 1)( s − 1)( s + 2 ) + D ( s + 1)( s − 1)( 2 s + 1)
=
( s + 1)( s − 1)( 2s + 1)( s + 2 )
=
( 2 A + 2 B + C + 2 D ) s + ( 3 A + 7 B + 2C + D ) s + ( −3 A + 7 B − C − 2 D ) s + ( −2 A + 2 B − 2C − D ) .
3 2
2 A + 2B + C + 2D = 0
3 A + 7 B + 2C + D =0
,
−3 A + 7 B − C − 2 D =2
−2 A + 2 B − 2C − D =3
158
TÓPICO 5 | RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS POR TRANSFORMADAS DE LAPLACE
1 1 5 1 8 1 1 1
Y ( s) = + − + .
2 s + 1 18 s − 1 9 1 9 s+2
s+
2
1 1 5 1 8 1 1 1
y ( t=
) ℒL Y ( s )= ℒL 2 s + 1 + 18 s − 1 − 9 1 + 9 s + 2
−1 −1
s+
2
1 −1 1 5 −1 1 8 −1 1 1 −1 1
= ℒL + ℒ L − ℒL + ℒL
2 s + 1 18 s − 1 9 s + 1 9 s + 2
2
1 5 8 −t 1
= e − t + e t − e 2 + e −2 t
2 18 9 9
y′′ − 4 y′ + 4 y = t 3 e 2t
.
= y ( 0 ) 0,= y′ ( 0 ) 0
L t 3 e 2 t .
L y′′ − 4 y′ + 4 y =ℒ
ℒ
ℒ y′′ − 4L
L ℒ y′ + 4L L t 3 e 2 t .
ℒ y =ℒ
L=
ℒ y′′ s2Y ( s ) − sy ( 0 ) − y=
′ ( 0 ) s 2Y ( s ) .
L=
ℒ y′ sY ( s ) − y=
( 0 ) sY ( s ) .
159
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
ℒ e f ( t=
) F ( s − a ) .
at
L
3! 6
L t 3=
ℒ
=
s4 s4
então:
6
L t 3 e 2 t =
ℒ
(s − 2)
4
portanto
6
L y′′ − 4ℒ
ℒ L y′ + = L t 3 e 2 t ⇒ s2Y ( s ) − 4 sY ( s ) +=
ℒ y ℒ
4L 4Y ( s )
(s − 2)
4
6
(
⇒ s2 − 4s + 4 Y ( s ) = )
(s − 2)
4
6 6
⇒ Y ( s) = =
2
(
s − 4s + 4 ( s − 2 ))4
(s − 2) (s − 2)
2 4
6
⇒ Y ( s) = 6 .
(s − 2)
6 t 5 e 2t
=y (t ) L
ℒ=−1
Y ( s ) L
ℒ−1 =
( s − 2 )6 20
pois
1 t5
−1 t5
L
ℒ 6= = .
s 5! 120
160
TÓPICO 5 | RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS POR TRANSFORMADAS DE LAPLACE
dn
L t n f ( t ) = ( −1) L f ( t )
n
ℒ ℒ
dsn
portanto
3
3 d d3 1 6
( ) ds3 ℒ
L
ℒ t 3 2t
e =−1 L e 2t
=
− 3 = .
ds s − 2 ( s − 2 )4
NOTA
e t cos ( t )
y′′ − y′ =
.
y ( 0 ) 0,=
= y′ ( 0 ) 0
L y '' − ℒ
ℒ ℒ e t cos ( t ) .
L y′ = L (8)
L
ℒ= y′′ s2Y ( s ) − sy ( 0 ) − y=
′ ( 0 ) s 2Y ( s ) ,
L=
ℒ y′ sY ( s ) − y=
( 0 ) sY ( s ) ,
Y ( s) = L
ℒ y ( t ) .
161
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
s−1
ℒ e t cos ( t ) =
L .
( s − 1)
2
+1
s−1
s2Y ( s ) + sY ( s ) =2 .
( s − 1) + 1
Isolando Y(s), obtemos:
s −1 1
=Y ( s) = .
( )
s2 − s ( s − 1) + 1 s s − 2 s + 2
2
2
( )
1 A Bs + C
= + 2
( 2
s s − 2s + 2 ) s s − 2s + 2
=
( )
A s2 − 2 s + 2 + s ( Bs + C )
( 2
s s − 2s + 2 )
=
( A + B ) s + ( −2 A + C ) s + 2 A .
2
(
s s2 − 2s + 2 )
Portanto, para encontrar os coeficientes A, B e C, é preciso resolver os
seguintes sistemas de equações lineares:
A+B= 0
−2 A + C = 0,
2A = 1
162
TÓPICO 5 | RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS POR TRANSFORMADAS DE LAPLACE
1 1 2−s 11 1 s −1 1 1
Y ( s) = = + = − +
(2
s s − 2s + 2 )
2s 2 s − 2s + 2
2
( 2
)
2 s 2 ( s − 1) + 1 2 ( s − 1) 2 + 1
1 −1 1 1 −1 s − 1 1 −1 1
y (t ) =
ℒ−1 Y ( s ) =
L L − ℒ
ℒ L + L
ℒ
2 s 2 ( s − 1) 2 + 1 2 ( s − 1) 2 + 1
1 1 t 1
=− e cos ( t ) + e t sin ( t ) .
2 2 2
y′′ − 5 y′ + 6 y = g (t )
.
y ( 0 ) 0,=
= y′ ( 0 ) 1.
0, 0 ≤ t < 1
Sabendo que g t = () 1, 1 ≤ t
.
A função g(t) é descontínua e pode ser escrita como uma função degrau
unitário deslocada:
0, 0 ≤ t < 1
=g ( t ) = u1 ( t ) .
1, 1 ≤ t
ℒ y′ + 6L
L y '' − 5L
ℒ L g ( t ) .
ℒ y =ℒ
L=
ℒ y′′ s2Y ( s ) − sy ( 0 ) − y=
′ ( 0 ) s 2Y ( s ) − 1
L
ℒ= y′ sY ( s ) − y=
( 0 ) sY ( s ).
Por outro lado, para o cálculo da transformada de Laplace de g(t),
utilizaremos a propriedade da translação no eixo-t. Com efeito, a citada
propriedade menciona que:
163
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
L f ( t − a ) ua ( t ) =
ℒ e − as F ( s ) .
e−s
L
=
ℒ g ( t ) ℒ
L=u1 ( t )
s
portanto
e−s
ℒ y′′ − 5ℒ
L L y′ + = L g ( t ) ⇒ s2Y ( s ) − 1 − 5 sY ( s ) + 6 =
ℒ y ℒ
6L Y ( s )
s
e−s
⇒ s2 − 5s + 6 Y ( s ) = +1
s
e−s
⇒ ( s − 2 )( s − 3 ) Y ( s ) =
+1
s
e−s 1
⇒
= Y ( s) + .
s ( s − 2 )( s − 3 ) ( s − 2 )( s − 3 )
1 1 1 1 1 1 1 1
Y ( s) e−s
= − + + − +
6 s 2 s − 2 3 s − 3 s − 2 s − 3
1 e−s 1 e−s 1 e−s 1 1
= − + − +
6 s 2 s−2 3 s−3 s−2 s−3
assim
1 1 2 t −1 1 3 t −1
y (t ) = ℒ
L −1 Y ( s ) = − e ( ) + e ( ) u1 ( t ) − e 2 t + e 3t .
6 2 3
y′ + 2 y = g (t ) ,
y (0) = 0
t , 0 ≤ t < 1
com g (t ) = .
0, 1 ≤ t
164
TÓPICO 5 | RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS POR TRANSFORMADAS DE LAPLACE
t , 0 ≤ t < 1
g (=
t) = t 1 − u1 ( t ) .
0, 1 ≤ t
L y ' + 2ℒ
ℒ L g ( t ) .
L y =ℒ
Denominando Y ( s ) = ℒ
L y ( t ) e utilizando o teorema da transformada da
deriva junto com as condições iniciais, temos:
sY ( s ) + 2Y ( s ) =
L g ( t ) .
ℒ
L g ( t ) = ℒ
ℒ L t − tu1 ( t ) L
ℒ t − ( t − 1) u1 ( t ) − u1 ( t )
1 1 1
=2 − e − s 2 − e − s
s s s
1 s+1
= 2
− e−s 2 .
s s
1 s+1
sY ( s ) + 2Y ( s ) = 2
− e−s 2
s s
1 s+1
Y ( s)
= − e−s 2 .
s (s + 2)
2
s (s + 2)
1 1 1 1 1 1
Y ( s) =
− + 2+ − e−s + 2 − .
4s 2s 4 ( s + 2 ) 4 s 2 s 4 ( s + 2 )
165
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
1 1 1 1 1 1
L −1 − + 2 +
ℒ =− + t + e −2 t .
4 s 2 s 4 ( s + 2 ) 4 2 4
portanto
1 u (t )
y ( t )= ℒ
L −1 y ( t ) = −1 + 2t + e −2 t + 1
1 + 2 ( t − 1) − e −2(t −1) .
4 4
y′ − y = te t sen ( t )
.
y (0) = 0
ℒ y ' − ℒ
L L te t sen ( t ) .
L y =ℒ
Denotando Y ( s ) = ℒ
L y ( t ) . Assim, a transformada da derivada é:
L y '=
ℒ L y − y ( 0=
sℒ ) sY ( s ) .
dn
F ( s) = ( −1) L t n f ( t )
n
ℒ
dsn
166
TÓPICO 5 | RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS POR TRANSFORMADAS DE LAPLACE
sendo F ( s ) = ℒ
L f ( t ) . Para n = 1:
d
F ( s ) = −ℒ
L tf ( t ) .
ds
1
=F ( s) L
ℒ= e t sen ( t )
( s − 1)
2
+1
portanto
d d 1 2 ( s − 1)
L te t sen ( t ) =
ℒ − F ( s) =
− =
ds ds ( s − 1) + 1
( )
2 2
( s − 1) + 1
2
logo
2 ( s − 1)
L
ℒ= y′ − ℒ L te t sen ( t ) ⇒ s=
L y ℒ Y ( s) − Y ( s)
( ( s − 1) )
2
2
+1
2
⇒ Y (s) = .
( )
2
( )
2
s − 1 + 1
2
=y (t ) ℒ
L=−1
Y ( s ) ℒ
L −1 2
.
(
( s − 1) 2 + 1 )
2 t −1 2
y (t ) ℒ
= −1
L = 2
eℒ
L = e t sen ( t ) − t cos ( t ) .
( )
2 2
( s − 1) + 1
2
s + 1
( )
Exemplo 45: encontre a solução do seguinte problema de valor inicial:
167
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
y′′ + 9 y =cos ( 3t )
.
= y ( 0 ) 2,=
y′ ( 0 ) 5
L y '' + 9ℒ
ℒ L cos ( 3t )
L y =ℒ
portanto
s
s2Y ( s ) − sy ( 0 ) − y ' ( 0 ) + 9Y ( s ) =
2
s +9
sendo Y ( s ) = ℒ
L y ( t ) .
s 2s + 5 2s 5 s
Y ( s) = + = 2 + 2 + .
(s ) ( )
2 2 2
2
+9 s + 9 s + 9 s + 9 s2 + 9
2s −1 5 s
y ( t ) =ℒ
L −1 Y ( s ) =ℒ
L −1 2 + L
ℒ + L
ℒ −1 .
2
( )
2
s + 9 s + 9 2
s + 9
s −1 s 1 s −1 1 1
L
=
ℒ −1 ℒ
L= L −1 2 =
s2 + 9 s2 + 9 ℒ *ℒ
L 2 cos ( 3t ) * sen ( 3t )
2 2
(
s +9
) s + 9 s + 9 3
contudo
t
1 1 1
cos ( 3t )=
* sen ( 3t ) ∫ cos ( 3τ ) sen =
3 ( t − τ ) dτ tsen ( 3t ) .
3 30 6
168
TÓPICO 5 | RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS POR TRANSFORMADAS DE LAPLACE
5 1
y ( t ) = 2 cos ( 3t ) + sen ( 3t ) + tsen ( 3t ) .
3 6
y′′ + 2 y′ + y= δ ( t − 1)
.
=y ( 0 ) 0,= y′ ( 0 ) 0
ℒ y '' + 2ℒ
L L y ' + ℒ
L= L δ ( t − 1)
y ℒ
portanto
s2Y ( s ) − sy ( 0 ) − y ' ( 0 ) + 2 sY ( s ) − y ( 0 ) + Y ( s ) =
e−s
sendo Y ( s ) = ℒ
L y ( t ) .
1
Y ( s) = e−s .
( s + 1)
2
) ℒL −1 Y ( s )= ℒL −1 e − s 1 2 =
y (t = ( t − 1) e (
− t − 1)
u1 ( t ) .
( s + 1)
Até agora, resolvemos equações diferenciais ordinárias com coeficientes
constantes, porém, a metodologia da transformada de Laplace pode ser utilizada
para encontrar soluções de algumas equações diferenciais ordinárias com
coeficientes não constantes.
169
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
ty'' − ty '+ y =
''
1
y ( 0 ) = 1, y′ ( 0 ) = 2
L ty'' − ℒ
ℒ L ty ' + ℒ
L y = ℒ
L 2 .
d d
ℒ ty'' = −
L ℒ y´´ = − s2Y ( s ) − sy ( 0 ) − y′ ( 0 )
L
ds ds
d 2
=− s Y ( s) − s − 2
ds
−2 sY ( s ) − s2Y ′ ( s ) + 1.
=
d d
L ty' = −
ℒ L y´ = − sY ( s ) − y ( 0 )
ℒ
ds ds
d
− sY ( s ) − 1
=
ds
−Y ( s ) − sY ′ ( s ).
=
1
−2 sY ( s ) − s2Y ′ ( s ) + 1 − −Y ( s ) − sY ′ ( s ) + Y ( s ) = .
s
1− s
( −s 2
)
+ s Y ′ ( s ) + ( −2 s + 2 ) Y ( s ) =
s
170
TÓPICO 5 | RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS POR TRANSFORMADAS DE LAPLACE
contudo
−s2 + s= s ( 1 − s )
−2 s + 2= 2 ( 1 − s )
1
sY ′ ( s ) + 2Y ( s ) = .
s
2 1
Y′ ( s) + Y ( s) = . (9)
s s2
( s ) e=
∫ ds
µ= s 2 ln s
e= s2.
d
Y ( s ) ⋅ s2 =
ds 1.
d
Y ( s ) ⋅ s2 =1 ⇒ Y ( s ) ⋅ s2 =s + c
ds
171
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
1 c
Y ( s )= + .
s s2
1 c
y (t ) =
ℒ −1 Y ( s ) =
L L −1 + 2 =
ℒ 1 + ct.
s s
y(t) = 1 + 2t.
cos ( 2t )
y′′ + 4 y =
π .
y ( 0 ) 1,=
= y 1
4
L y′′ + 4ℒ
ℒ L cos ( 2t ) .
L y =ℒ
s
s2Y ( s ) − sy ( 0 ) − y′ ( 0 ) + 4Y ( s ) = .
2
s +4 ( )
172
TÓPICO 5 | RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS POR TRANSFORMADAS DE LAPLACE
s
s2Y ( s ) − s − y′ ( 0 ) + 4Y ( s ) = 2 .
s +4 ( )
Portanto, isolando Y(s), obtemos:
s s y ' (0)
Y ( s=
) + + 2
(s )
2 2
2
+4 s +4 s +4
1 y′ ( 0 )
y ( t=
) t sin ( 2t ) + cos ( 2t ) + sin ( 2t ) .
4 4
obtemos
y′ ( 0 ) π
= 1− .
4 16
1 π
y (t )
= t sin ( 2t ) + cos ( 2t ) + 1 − sin ( 2t ) .
4 16
173
RESUMO DO TÓPICO 5
174
AUTOATIVIDADE
b) ( ) y ( t ) = 0.
c ) ( ) y ( t ) = 5u1 ( t ) .
y ( t ) 5u0 ( t ) − 5e ( )u0 ( t ) .
− t −1
d) ( ) =
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, apresentaremos seis aplicações das transformadas de
Laplace. A primeira aplicação é relacionada ao estudo de um oscilador harmônico
com fonte externa descontínua. A segunda é a dedução da chamada fórmula de
Duhamel. A terceira é sobre a resolução de uma equação integro-diferencial para
circuitos RLC. A quarta é sobre um sistema massa-mole (oscilador harmônico)
sujeito a uma força externa impulsiva. A quinta se refere a um modelo de como
o metabolismo humano reage na presença de um medicamento, novamente uma
aplicação utilizando o delta de Dirac. Assim, a sexta é sobre a função especial
Gama, uma generalização do conceito fatorial, e que é importante no cálculo de
transformadas de Laplace de certas funções.
d2 x dx
+γ f (t ).
+ ω02 x =
dt 2
dt
0, 0 ≤ t < 5
f (=
t ) 1, 5 ≤ t < 20
= u5 ( t ) − u20 ( t ) .
0, t ≤ 20
177
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
ℒ y′′ + ℒ
2L L y′ + 2ℒ L f ( t )
L y =ℒ
ou seja
e −5 s e −20 s e −5 s − e −20 s
2 s2Y ( s ) + sY ( s ) + 2Y ( s ) = − ⇒ Y ( s) =
s s s 2s2 + s + 2( )
Chamando = ()
G s 1 / s 2 s 2 + s + 2 ,=( ) ()
ℒ−1 G s e utilizando o
g t L ()
teorema da translação no eixo-t, obtemos:
e −5 s − e −20 s e −5 s e −20 s
y (t ) ℒ
L=−1
ℒ
L −1
−ℒ
L −1
(
s 2 s2 + s + 2
) (
s 2 s2 + s + 2 )
(
s 2 s2 + s + 2
)
ℒ−1 e −5 sG ( s ) − L
= L ℒ−1 e −20 sG ( s )
= u5 ( t ) g ( t − 5 ) − u20 ( t ) g ( t − 20 ) .
1 A Bs + C
G ( s=
) = + 2
(
s 2s2 + s + 2 ) s 2s + s + 2
contudo
A
= +
Bs + C (
A 2 s2 + s + 2 + ( Bs + C ) s
=
) ( 2 A + B) s + ( A + C ) s + 2 A
2
s 2 s2 + s + 2 (
s 2 s2 + s + 2 ) (
s 2 s2 + s + 2 )
para encontrarmos os coeficientes, devemos resolver o sistema linear:
2A + B =0
A + C =0 .
2A = 1
1 1
Portanto, A ==
, B −1 e C =
− . Logo:
2 2
178
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS TRANSFORMADAS DE LAPLACE
1 1 1
s+ s+ +
1 1 4 4
F ( s) = − 2 2 = −
2s 2s + s + 2 2s 2
1 15
s + 4 + 16
assim
1
s+ 1
1 −1 1 1 −1 4 1 −1 4
L G ( s ) =
ℒ−1
L − ℒ
ℒ L − ℒL
2 s 2 2 2 2
s + 1 + 15 s + 1 + 15
4 16 4 16
1 15
s+
1 −1 1 1 −1 4 1 −1 16
= L − ℒ
ℒ L − L
ℒ
2 s
2 2 2 15 2
s + 1 + 15 s + 1 + 15
4 16 4 16
t
−
1 e 4 15t 15 15t
=− cos + sen
2 2 4 15 4
y ( t ) u5 ( t ) g ( t − 5 ) − u20 ( t ) g ( t − 20 ) .
=
FONTE: O autor
179
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
Pela descrição, vimos que a resolução do problema pode ser feita de duas
formas: a primeira, utilizando a metodologia da transformada de Laplace ou, a
segunda, pela resolução de três problemas de valor inicial distintos. No caso, o
uso da transformada de Laplace produz uma solução para o sistema facilmente,
além de ser a forma mais elegante para essa tarefa, portanto, é a abordagem mais
conveniente para a resolução do problema proposto.
3 FÓRMULA DE DUHAMEL
A fórmula de Duhamel é conhecida por descrever a solução do problema
de valor inicial:
′ + cy f ( t ) , t > 0
ay′′ + by=
onde a , b , c ∈ R
ℝ e f é uma função integrável qualquer, sujeita às condições
iniciais y(0) = 0 e y´(0) = 0.
aL
ℒ y '' + bL
ℒ y ' + cℒ L f ( t )
L y =ℒ
180
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS TRANSFORMADAS DE LAPLACE
portanto
F ( s) F ( s)
Y ( s)
= =
as + bs + c Z ( s )
2
ay′′ + by′ + cy = u0 ( t )
U0 ( s ) 1
H ( s)
= = .
Z ( s ) sZ ( s )
1
=
Utilizamos o fato que U0 s ℒ
L= ()
u0 t
s
. Portanto: ()
F ( s) 1
Y ( s) = e H ( s) = ⇒ Y ( s ) = sH ( s ) F ( s )
Z ( s) sZ ( s )
=y (t ) ℒ
L=−1
Y ( s ) ℒ
L −1 sH ( s ) * ℒ
L −1 F ( s ) .
Claramente, ℒ L −1 sH ( s ) , utilizamos
L −1 F ( s ) = f ( t ) . Para o cálculo de ℒ
o teorema da transformada da derivada, assim:
' ( t ) sH ( s ) − h ( 0 ) .
ℒ h=
L
L −1 sH ( s ) = h′ ( t ) .
ℒ
181
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
t
y ( t ) h′ (=
= t ) * f (t ) ∫ f (τ ) h′ ( t − τ ) dτ .
0
′ + cy f ( t ) , t > 0
ay′′ + by=
onde a , b , c ∈ R
ℝ e f é uma função integrável qualquer, sujeita às condições
iniciais y(0) = 0 e y´(0) = 0, desde que se conheça a solução do problema para
f(t) = u0(t). O conceito é de suma importância para problemas práticos que
envolvem soluções de equações diferenciais ordinárias.
4 CIRCUITOS RLC
Um circuito elétrico simples que encontramos nos estudos de engenharia
elétrica ou física é o chamado circuito RLC. Há quatro componentes ligados em
série, assim denominados:
vR + vL + vC = v
vR = Ri.
di
vl = L
dt
182
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS TRANSFORMADAS DE LAPLACE
t
1
vC = ∫i (τ ) dτ .
C0
t
di 1
Ri + L + ∫i (τ ) dτ =
v (t ) .
dt C 0
t
di
8i + + 25 ∫i (τ ) dτ =
50 cos ( 3t ) .
dt 0
di ( t ) t
L i ( t ) + ℒ
8ℒ L L ∫i (τ ) dτ =
+ 25ℒ L cos ( 3t ) .
50ℒ
dt 0
Definindo I ( s ) = ℒ
L i ( t ) e utilizando as propriedades da transformada
da derivada, da transformada da integral, além da transformada da função seno,
temos:
I ( s)
50 s
8 I ( s ) + sI ( s ) + 25 =
s s2 + 9
assim
50 s2
I ( s) =
(s 2
)(
+ 9 s2 + 8 s + 25 )
183
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
2
(
9 ( s52
2
2
) ((
+ 4s) ++ 99 26
))2
(
52 ss ++99 26 s 2 + 9
2
)
portanto
FONTE: O autor
184
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS TRANSFORMADAS DE LAPLACE
5 FUNÇÃO IMPULSO
Na primeira aplicação, trabalhamos com um oscilador harmônico
forçado, em que a força externa era descontínua. Agora, consideraremos o
mesmo sistema mecânico, porém, a força externa será uma fonte impulsiva
(delta de Dirac) em t = 5. O problema de valor inicial que o sistema está sujeito é:
2 y′′ + y′ + 2 y = δ ( t − 5 )
.
( 0 ) y=
y= ′(0) 0
2 y′′ + y′ + 2 y = δ ( t − 5 ) ⇒ 2 s2Y ( s ) + sY ( s ) + 2Y ( s ) = e −5 s
e −5 s
⇒ Y ( s) = .
2s2 + s + 2
e −5 s 1
Y ( s) = .
2 2
1 15
s + 4 + 16
= 4 e − 4 sin 15t .
t
−1 1
L
ℒ 2 15 4
s + 1 + 15
4 16
−5 s
−1 e 1 2u5 ( t ) − (t −45) 15 ( t − 5 )
=y (t ) L
ℒ= e sin .
2 2 15 4
1 15
s + 4 + 16
185
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
FONTE: O autor
6 METABOLISMO DE UM MEDICAMENTO
Nesta aplicação, gostaríamos de entender a reação do metabolismo
humano na presença de um medicamento. O modelo para o fenômeno é simples.
186
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS TRANSFORMADAS DE LAPLACE
1
c′ ( t ) + c (t ) =
x (t ) .
α
x (=
t ) c0 δ ( t ) + δ ( t − T ) + δ ( t − 2T ) + + δ ( t − nT ) + .
1
c′ ( t ) + c ( t=
) 2 δ ( t ) + δ ( t − 8 ) + δ ( t − 16 ) + δ ( t − 24 ) + δ ( t − 32 ) .
3
1
sC ( s ) + C ( s ) = 2 1 + e −8 s + e −16 s + e −24 s + e −32 s
3
187
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
FONTE: O autor
lim+ c ( t ) = c0 .
t →0
188
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS TRANSFORMADAS DE LAPLACE
7 FUNÇÃO GAMA
Sabemos calcular transformadas de Laplace de funções do tipo tn,
com n ∈ ℕN . Porém, pode-se generalizar o cálculo para funções do tipo tv,
para ν ∈ ℝ
R ,ν > −1. A função especial gama surge no contexto. De fato, para
ν ∈ℝ
R ,ν > −1 :
∞
ℒ tν = ∫tν e − st dt.
L
0
∞ ν
x 1
L t = ∫e dx
ℒ ν −x
0 s s
∞
1
∫x e
ν −x
= ν +1
dx.
s 0
∞
Γ ( p)
= ∫x
p −1 − x
e dx ( p > 0) .
0
Embora seja uma integral imprópria, é uma função contínua para p > 0.
A demonstração requer técnicas de análise matemática e está fora do escopo
deste material. A função gama não pode ser representada em termos de funções
elementares.
Γ (ν + 1)
L tν
=
ℒ ,ν ∈ ℝ
R ,ν > −1 e s > 0 .
sν +1
Γ ( p + 1) =pΓ ( p )
189
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
para todo p > 0. O fato é demonstrado via integração por partes. De fato:
∞
Γ ( p + 1) =
∫x e dx
p −x
∞ ∞
1
−x x
= p
+ p ∫x p −1e − x dx
e 0 0
= pΓ ( p ).
∞
Γ ( 1=
) ∫e
−x
dx
= 1.
0
Note que, como sabemos Γ(1), podemos calcular Γ(2) através da equação
funcional, ou seja:
Γ(2) = 1Γ(1) = 1
assim
Γ(3) = 2Γ(2) = 2.
Γ(n + 1) = n
quando n ∈ ℕ
N . A propriedade e a equação funcional mencionam que a função
gama é uma generalização do fatorial. Vejamos, agora, como calcular, por
−
1
exemplo, ℒ
L t 2 . Com efeito:
1 1
Γ − + 1 Γ
−
1
2 2
L t =
=
ℒ 2
1
− +1 s
s 2
1 ∞
1 −
∫x e dx.
Γ =
2 0
2 −x
190
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS TRANSFORMADAS DE LAPLACE
∞
1
2 ∫e − u du.
2
Γ =
2 0
∞
I = ∫ e − u du
2
−∞
temos
∞ − x2 ∞ − y 2 ∞ ∞
(
− x2 + y 2 )dxdy
∫
=I 2 = e dx ∫ e dy ∫ ∫e .
−∞ −∞ −∞−∞
∫ ∫e
−r2
2
I = rdrdθ
−∞−∞
2π ∞
1 −r2
= ∫
0
− 2 e dθ
0
2π
1
2 ∫0
= = dθ π .
logo
∞ ∞
1
2 ∫e − u du ∫e
2
− u2
Γ =
= du
= π.
2 0 −∞
Portanto:
1
Γ
−
1
2 π
L=
ℒ t = .
2
s s
191
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
8 TRANSFORMADAS DE LAPLACE
A seguir, é possível observar a transformada de Laplace de uma série de
funções que podem aparecer em problemas práticos que envolvem o cálculo de
transformadas. Apresentamos, também, as propriedades operacionais demonstradas
ao longo do texto. A leitura da esquerda para a direita fornece a transformada de
Laplace e a leitura da direita para a esquerda indica a transformada inversa.
sen(at) a
s + a2
2
cos(at) s
s + a2
2
sen2(at) 2a2
(
s s2 + 4a 2 )
cos (at)
2
s2 + 2a 2
(
s s2 + 4a 2 )
senh(at) a
s − a2
2
cosh(at) s
s − a2
2
senh2(at) 2a2
(
s s2 − 4a2 )
192
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS TRANSFORMADAS DE LAPLACE
cosh2(at) s2 − 2a2
(
s s2 − 4a 2 )
b
eat sen(bt)
( s − a)
2
+ b2
s−a
eat cos(bt)
( s − a)
2
+ b2
b
eat senh(bt)
( s − a)
2
− b2
s−a
eat cosh(bt)
( s − a)
2
− b2
2as
t sen(at)
(s )
2
2
+ a2
s2 − a 2
t cos(at)
(s )
2
2
+ a2
2as2
sen(at) + at cos(at)
(s )
2
2
+ a2
2as
t senh(at)
(s )
2
2
− a2
s2 + a 2
t cosh(at)
(s )
2
2
− a2
e at − e bt 1
,a ≠ b
a−b ( s − a )( s − b )
ae − be bt
at
s
,a ≠ b
a−b ( s − a )( s − b )
a2
1 – cos(at)
(
s s2 + a 2 )
a3
at – sen(at)
(
s2 s2 + a2 )
asen ( bt ) − bsen ( at ) 1
,a ≠ b
( 2
ab a − b 2
) (s 2
+a 2
)( s 2
+ b2 )
193
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
cos ( bt ) − cos ( at ) s
,a ≠ b
2
a −b 2
(s 2
+a 2
)( s 2
+ b2 )
2a2 s
sen(at) senh(at)
s4 + 4a 4
sen(at) cosh(at)
(
a s2 − 2a2 )
4 4
s + 4a
cos(at) senh(at)
(
a s2 − 2a2 )
s4 + 4a 4
s3
cos(at) cosh(at)
s4 + 4a 4
e bt − e at s−a
ln
t s−b
(
2 1 − cos ( at ) ) ln
s2 + a 2
t s2
(
2 1 − cosh ( at ) ) ln
s2 − a 2
t s2
sen ( at ) a
tan −1
t s
1 s
e at ( 1 + 2 at )
πt ( s − a)
3
1
( )
a
cos 2 at 1 −
e s
πt s
a
1
1
πt
senh 2 at ( ) s3
es
k2
a −
e 4t
e−k s
2 π t3
Propriedades Operacionais
f (t ) = ℒ
L F ( s )
−1
F ( s) = ℒ
L f ( t )
n −1
L f ( t ) − ∑sn− k −1 f ( ) ( 0 )
k
f (t)
(n) snℒ
k =0
dn
( −1) F ( s)
n
tn f(t)
dsn
eat f(t) F(s – a)
1 s
f(at) F ,a > 0
a a
194
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS TRANSFORMADAS DE LAPLACE
e − as
ua(t)
s
f(t – a) ua(t) e–as F(s)
f(t) ua(t) ℒ f ( t + a )
e − as L
f *g F(s) G(s)
F ( s)
t
∫ f (τ ) dτ
0 s
δ (t ) 1
δ (t − a) e–as
FONTE: O autor
195
UNIDADE 2 | TRANSFORMADA DE LAPLACE
LEITURA COMPLEMENTAR
Murray R. Spiegel
196
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS TRANSFORMADAS DE LAPLACE
197
RESUMO DO TÓPICO 6
CHAMADA
198
AUTOATIVIDADE
d2 x dx
a) ( ) +γ f (t ) .
+ ω02 x =
dt 2
dt
d 2 x dx
b) ( ) f (t ) .
+ + ω02 x =
dt 2 dt
d2 x dx
c) ( ) +γ f (t ) .
+ ω0 x =
dt 2
dt
dx dx
d) ( ) +γ f (t ) .
+ ω02 x =
dt dt
d2 x dx
e) ( ) +γ f (ω ) .
+ ω02 x =
dt 2
dt
t
di 1
Ri + L + ∫i (τ ) dτ =
v (t ) .
dt C 0
a) ( ) t n , com n ∈ N
ℕ.
b) ( ) tν , para ν ∈ R
ℝ ,ν > −1.
c) ( ) tν −1 , para ν ∈ R
ℝ ,ν > −1.
d) ( ) t n−1 , com n ∈ N
ℕ.
e) ( ) t , com n ∈ N
ℕ.
199
200
UNIDADE 3
SÉRIES DE FOURIER
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em seis tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
201
202
UNIDADE 3
TÓPICO 1
SEQUÊNCIAS, SÉRIES NUMÉRICAS E SÉRIES DE
POTÊNCIA
1 INTRODUÇÃO
Antes de iniciarmos o estudo específico sobre séries de Fourier, é necessário
que você entenda os conceitos de sequência e série, principalmente a diferença
entre eles, uma vez que podem, facilmente, ser confundidos. O entendimento
claro desses conceitos é fundamental para o estudo de toda unidade. Assim,
neste tópico, definiremos e estudaremos algumas propriedades para o estudo das
séries Fourier.
2 SEQUÊNCIAS
De forma intuitiva, uma sequência de números reais é uma lista:
NOTA
Você deve estar sempre atento à notação, não somente por uma questão de
organização, mas, principalmente, para que a leitura desse texto tenha a fluidez necessária
para uma compreensão plena do conteúdo. Por exemplo, observe que, a seguir, faremos
distinção entre termo da sequência e sequência e que a diferença na notação é apenas
com relação a parênteses.
203
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
( −1)
n +1
NOTA
204
TÓPICO 1 | SEQUÊNCIAS, SÉRIES NUMÉRICAS E SÉRIES DE POTÊNCIA
( −1)
n +1
lim = 0.
2n
1
lim 2 + n =
2.
π
DICAS
lim an ⋅ bn =
0.
I- lim an + bn = a + b.
II- lim an ⋅ bn =a ⋅ b.
a a
III- lim n
= , desde que b ≠ 0.
bn b
205
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
3 SÉRIES NUMÉRICAS
Uma classe importante de sequências de números reais são as séries de
números reais, que surgem quando queremos somar uma quantidade infinita de
números reais. Por exemplo, as seguintes somas infinitas de números têm, como
resultado, um número finito:
1 1 1
1.
+ + + n + =
2 4 2
ou
1 1 1 1 π2
1+ + + + + 2 + = .
4 9 16 n 6
∑a
n =1
n
∑ an .
206
TÓPICO 1 | SEQUÊNCIAS, SÉRIES NUMÉRICAS E SÉRIES DE POTÊNCIA
sn lim ( a1 + a2 + + an ) ,
s lim =
=
n→∞ n→∞
∞ ∞
s=∑an s=
=∑∑
n =1
anan=
=a1∑+aan2 =
n =1
+ a
1
++aa2n .+ .+ an .
n3
∑
3n 3 + 2
é divergente, pois:
n3 1 1
lim 3 = lim =
3
≠ 0.
3n + 2 3+2/n 3
207
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
1
∑ an = .
1− a
1
∑ .
n ( n + 1)
Afirmamos que essa série é convergente. Com efeito, note que o termo
geral da série pode ser separado em uma soma de frações mais simples, utilizando
a técnica de frações parciais, assim:
1 1 1
= − .
n ( n + 1) n n + 1
snsn==a1a1+
sn+a=2a2+a1+a+3asn3+
a2+=
san+a=
+ +a+aa+++aa23an++
a3 ++
an + an
1 3 n 1n2
assim
1 1
∑ = lim sn = lim 1 − = 1.
n ( n + 1) n+1
208
TÓPICO 1 | SEQUÊNCIAS, SÉRIES NUMÉRICAS E SÉRIES DE POTÊNCIA
NOTA
∑ an+1 − an
209
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
∑ an ≤ ∑ an .
Exemplo 6:
A série
( −1)
n
∑
n2
( −1)
n
1
2
≤
n n2
2
e a série ∑ 1 / n é convergente.
ATENCAO
210
TÓPICO 1 | SEQUÊNCIAS, SÉRIES NUMÉRICAS E SÉRIES DE POTÊNCIA
Exemplo 7:
A série:
cos n
∑
n2
cos n 1
2
≤ 2
n n
2
e a série ∑ 1 / n é absolutamente convergente.
4 SÉRIES DE POTÊNCIA
Passemos, agora, ao estudo de séries que não são numéricas, mas séries
de funções. Não desenvolveremos toda a teoria das séries de funções, objeto de
estudo em cursos de análise matemática. Neste tópico, trabalharemos o caso mais
simples de séries de funções, as chamadas séries de potências.
∑a x
n
n
=∑ an x n =a0 + a1 x + a2 x 2 + + an x n +
n=0
Note que, uma vez definido um valor para a variável x, a série de potências
se torna uma série numérica. As séries de potências podem ser vistas como uma
generalização do conceito de polinômios.
∑an ( x − x0 )
n
n=0
211
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
1
=∑ xn , para x ∈ ( −1,1) .
1− x
∞
f ( x) ∑a ( x − x )
n
= n 0
n=0
∞
xn x2 x3
ex = ∑ = 1 + x + + + (1)
n=0 n ! 2! 3!
212
TÓPICO 1 | SEQUÊNCIAS, SÉRIES NUMÉRICAS E SÉRIES DE POTÊNCIA
∑an ( x − x0 )
n
n=0
∑an ( x − x0 ) .
n
n=0
an+1 ( x − x0 )
n +1
an+1
lim x − x0 lim
= x − x0 L .
=
an ( x − x0 ) an
n→∞ n n→∞
∞
xn
∑
n=0 n !
.
213
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
an+1 n! 1
x − x0 lim x − x0 lim
= x − x0 lim
= 0.
=
n→∞ an ( )
n→∞ n + 1 ! n→∞ n + 1
∑ ( −1) n 2 ( x − 1) .
n n
n=0
( −1) ( n + 1) = ( n + 1) =
n +1 2 2
a
x − 1 lim n+1 =
x − 1 lim x − 1 lim x −1 .
n→∞ a
( )
n 2
n
n→∞
−1 n 2 n→∞ n
∞ ∞∞ ∞ ∞∞
∑∑∑( ( ( ) ) ) bx −( x−
nb(n n( x
x−0x)x0 0) )
n nn n nn
f(x)= ananaxn −
xx−
x−0xx0 0 e ∑∑
e eg(x)=b∑
=
=
= n0=
n 0n= 0=n 0n n0 0
duas séries de potências que convergem para f(x) com raio de convergência r1 e
g(x) com raio de convergência r2. Então:
∞
f ( x) ± g ( x) = ∑(a ± bn )( x − x0 ) ,
n
n
n=0
214
TÓPICO 1 | SEQUÊNCIAS, SÉRIES NUMÉRICAS E SÉRIES DE POTÊNCIA
n
∞
( x) ⋅ g ( x) ∑ak bn− k ( x − x0 ) ,
n
f= ∑
= k 1
n 0=
Ademais, a função f é contínua e tem todas as derivadas para |x – x0| < r1.
Além disso, as derivadas de f podem ser encontradas por derivação termo a termo
e cada uma dessas derivadas converge absolutamente para |x – x0| < r1. O mesmo
vale para a integral de f, ou seja, a série da integral de f pode ser encontrada por
integração termo a termo da série de f. Assim:
∞
xdx3 = a x − x ∞
( ) ∑ ∫ x ( dx =
∫ f x dx = ∫ an 2 x − x0 ) +∑c.n + 1 ( )
n n +1
n
0
=n 0=n 0
3
para |x – x0| < r1.
Vejamos, agora, a derivação termo a termo com mais cuidado. Note que,
para |x – x0| < r1:
∞
f ( x )= ∑a ( x − x ) ⇒ f ( x0 )= a0
n
n 0
n=0
∞
f ' ( x )= ∑a n ( x − x ) ⇒ f ' ( x0 )= a1
n −1
n 0
n =1
∞
f '' ( x=
) ∑a n ( n − 1)( x − x ) ⇒ f ' ( x=
0)
n− 2
n 0
2! a2
n= 2
continuando recursivamente:
( x)
( n)
∑a k ( k − 1) ( k − n + 1)( x − x ) ( x0 ) n ! an ,
⇒ f ( )=
n− k n
f = k 0
k =n
portanto, se f tem uma representação em séries de potências, para |x – x0| < r1,o
termo geral é:
215
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
f ( ) ( x0 )
n
an =
n!
assim
f ( ) ( x0 )
∞ n
f ( x) (x − x )
n
= ∑
n=0 n! 0 .
f ( ) ( 0 ) n ∞ xn
∞ n
=e ∑= x
x ∑ .
= n 0= n! n 0 n!
y´´ + y = 0
∞
y ( x ) = ∑an x n
n=0
216
TÓPICO 1 | SEQUÊNCIAS, SÉRIES NUMÉRICAS E SÉRIES DE POTÊNCIA
∞
y ' ( x ) = ∑nan x n−1
n =1
∞
'' ( x )
y= ∑n ( n − 1) a x n
n− 2
n= 2
∞ ∞
∑n ( n − 1) a x + ∑a x n =
n− 2
n n
0.
=n 2= n 0
Note que não podemos combinar as duas séries de potências, pois ambas não
têm o mesmo termo geral. Para resolver esse problema, fazemos uma mudança de
variável na primeira série de potências, chamamos m = n – 2 e, portanto, n = m + 2. A
série que começava em n = 2, agora, começa em m = 0. Assim:
∞ ∞
∑n ( n − 1) an x = ∑ ( m + 2 )( m + 1) a
n− 2
m+ 2
xm .
=n 2=m 0
∞ ∞ ∞ ∞
∑ {( n + 2 )( n + 1) a
n=0
n+ 2 }
+ an x n =
0.
217
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
an
an+ 2 = −
( n + 2 )( n + 1)
logo:
a a a a0 a a
a2 =
− 0 = − 0 , a4 =
− 2 = , a6 =
− 4 =− 0 ,…
2 ⋅1 2! 4 ⋅ 3 4! 6⋅5 6!
( −1) a ,
k
an a=
= k 1, 2, 3,….
=
2k
( 2k ) ! 0
( −1)
k
an a=
= a1 ,=k 1, 2, 3,….
2 k +1
( 2 k + 1) !
Portanto, a solução da equação diferencial y´´ + y = 0 é:
∞ ∞ ∞
y ( x)
= ∑=
an x n ∑a2 k x + ∑a2 k +1x
2k 2 k +1
=n 0=k 0 =k 0
( −1) x ( −1)
k k
∞ ∞
= a ∑ 2k
+a ∑ ( 2 k + 1) ! x
2 k +1
=
0
k 0=
1
k 0 ( 2k ) !
218
TÓPICO 1 | SEQUÊNCIAS, SÉRIES NUMÉRICAS E SÉRIES DE POTÊNCIA
Testando a convergência das séries pelo teste da razão, vemos que as duas
séries convergem para x ∈ ℝ
R. Portanto:
( −1) x ( −1)
k k
∞ ∞
=y ( x) a ∑ 2k
+a ∑ ( 2 k + 1) ! x
2 k +1
=
0
k 0=
1
( 2k ) !
k 0
219
RESUMO DO TÓPICO 1
• Uma sequência (an) é dita convergente e tem um limite a se, para todo ε > 0 , existir
N , tal que an − a < ε . Caso contrário, a sequência (an) é dita divergente.
n0 ∈ ℕ
∑a x
n
n
=∑ an x n =a0 + a1 x + a2 x 2 + + an x n + , em que an são constantes.
n=0
220
AUTOATIVIDADE
1 Uma sequência numérica infinita (e1, e2, e3,…, en,…) é tal que a soma dos n
termos iniciais é igual a n² + 6n. O quarto termo dessa sequência é igual a:
a) ( ) 9.
b) ( ) 13.
c) ( ) 17.
d) ( ) 32.
e) ( ) 40.
3n
a) an =
1 + 6n
n3
b) an =
n+1
3 Considere a série de potências:
∑ ( r + m − n − 1) x
4n
n =1
∑ ( r + m − n + 3) x
4 n+ 4
a) ( ) .
n=0
∑ ( r + m − n) x
3n
b) ( ) .
n=0
∞
c) ( ) ∑ ( r + m − 2 − n ) x 4 n+ 3 .
n=0
∑ ( r + m − n) x
4 n+ 4
d) ( ) .
n=0
∑ ( r + m − n) x
4 n+ 3
e) ( ) .
n=0
221
222
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Na Unidade 2 (Transformadas de Laplace), já introduzimos o conceito de
funções periódicas. Contudo, como as funções periódicas são fundamentais no
estudo das séries de Fourier, iremos, neste tópico, estudar novamente as funções
periódicas, mas de uma forma mais aprofundada.
2 FUNÇÕES PERIÓDICAS
Definição 6: seja f uma função real com variável real, ou seja, f : R R.A
ℝ→ℝ
função f é dita periódica se existir um número real T, chamado período da função,
tal que f(x) = f(x + T).
f ( x + 2T ) = f ( x + T + T ) = f ( x + T ) = f ( x )
Definição 7: seja f uma função periódica real com variável real. O menor
número real positivo T, tal que f(x) = f(x + T), é dito período fundamental.
223
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
FONTE: O autor
FONTE: O autor
224
TÓPICO 2 | DEFINIÇÃO E PROPRIEDADES DE FUNÇÕES PERIÓDICAS
Exemplo 13: outra função periódica é f(x) = x – |x|, em que |x| é a função
chão, que representa o maior inteiro menor ou igual a x. A função f é uma função
periódica de período T = 1.
FONTE: O autor
nπ x
Exemplo 14: considere a função sen N. Qual seu período
, n∈ℕ
L
fundamental? n∈ ℕ N . Para encontrar o período fundamental da função, é preciso
analisar a seguinte identidade:
nπ ( x + T ) nπ x
sen
L
= sen
.
L
nπ x nπ T nπ x nπ T nπ x
sen cos + cos sen sen
= . (2)
L L L L L
225
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
L
Como essa identidade, deve valer para qualquer x ∈ ℝ
R. Tomemos
T x= .
2n
Logo:
π nπ T π nπ T π
sen cos + cos sen sen .
=
2 L 2 L 2
Assim:
π nπ T π
sen cos = sen .
2 L 2
Consequentemente:
nπ T
cos = 1. (3)
L
nπ T
sen = 0. (4)
L
nπ T
= 2π .
L
nπ x
Portanto, o período fundamental de sen é:
L
2L
T= .
n
226
TÓPICO 2 | DEFINIÇÃO E PROPRIEDADES DE FUNÇÕES PERIÓDICAS
( af + bg )( x + T ) = af ( x + T ) + bg ( x + T ) = af ( x ) + bg ( x ) = ( af + bg )( x ) .
Portanto, af + bg é uma função periódica de período T.
sen ( 5 x + 5T ) + sen ( 3 x + 3=
T ) sen ( 5 x ) + sen ( 3 x ) .
Devemos ter:
= nπ e 3T 2 mπ
5T 2=
com m , n∈ Z
ℤ . Assim:
5 5T 2nπ n
= = = .
3 3T 2 mπ m
=
GRÁFICO 4 – FUNÇÃO PERIÓDICA f ( x ) sen ( 5 x ) + sen ( 3 x )
FONTE: O autor
227
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
x x
Exemplo 16: qual o período da função= f ( x ) sen + sen ?
5 3
Pela mesma linha de raciocínio do exemplo anterior, teremos:
x T x T x x
sen + + sen + = sen + sen
5 5 3 3 5 3
portanto:
T T
nπ e
= 2= 2 mπ
5 3
com m , n ∈ ℤ
Z . Assim:
3 T / 5 2nπ n
= = = .
5 T / 3 2 mπ m
x x
=
GRÁFICO 5 – FUNÇÃO PERIÓDICA ( )
f x sen
5 + sen 3
FONTE: O autor
228
TÓPICO 2 | DEFINIÇÃO E PROPRIEDADES DE FUNÇÕES PERIÓDICAS
229
RESUMO DO TÓPICO 2
• f é uma função periódica real com variável real. O menor número real positivo
T, tal que f(x) = f(x + T), é dito período fundamental.
230
AUTOATIVIDADE
a) ( ) π/2.
b) ( ) π.
c) ( ) 3π/2.
d) ( ) 2π.
e) ( ) 3π.
a) ( ) π/2.
b) ( ) π.
c) ( ) 3π/2.
d) ( ) 2π.
e) ( ) 3π.
231
232
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, estudaremos séries trigonométricas. No contexto, surgem as
séries de Fourier, o assunto principal desta unidade.
2 PRODUTO INTERNO
No estudo das séries de Fourier, trabalharemos com funções contínuas
por partes em algum intervalo [a,b] da reta. O conjunto das funções contínuas
por partes forma um subespaço vetorial do espaço das funções reais definidas no
intervalo [a,b]. No espaço das funções contínuas por partes podemos definir um
produto interno.
233
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
b
f , g = ∫ f ( x ) g ( x ) dx.
a
Note que a integral está bem definida, pois f e g são funções integráveis
por serem contínuas por partes.
L
=f ,g f ( x ) g ( x ) dx
∫= 0.
−L
As famílias de funções ortogonais mais importantes (e convenientes,
para nosso estudo) são as famílias de funções seno e cosseno. Considere o
intervalo da reta [–L,L] e as seguintes famílias de funções trigonométricas,
{ f ( x )} {
e g ( x)}
∞ ∞
n n
:
= n 0= n 1
nπ x
=fn ( x ) cos
= L , n 0,1, 2,
nπ x
=gn ( x ) sen
= L , n 1, 2,
234
TÓPICO 3 | SÉRIES TRIGONOMÉTRICAS E DEFINIÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER
L
0, n≠m
nπ x mπ x
fn , fm = ∫ cos cos L dx= 2 L , n= m= 0
−L L L , n= m ≠ 0
L
nπ x mπ x 0, n ≠ m
=gn , g m ∫=
sen
−L
sen L dx
L
L, n = m
.
n=0
essa família de funções para representar uma função f em um intervalo [a,b] da
reta:
∞
f ( x ) = ∑an fn ( x ) .
n =1
∞
=f , fm ∑=
a f ,f
n=0
n n m
am f m , f m
portanto:
f , fn
an = . (5)
fn , fn
235
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
{ f ( x )}
∞
Exemplo 17: a família n
, em que fn(x) = sen(nx), é ortogonal no
n =1
intervalo 0, π . Tentemos expressar a função f(x) = 1 como uma soma de senos,
ou seja, queremos:
∞
f ( x ) = ∑an sen ( nx ) .
n =1
∫ sen ( nx ) dx
π
f , fn
=an = 0
fn , fn
∫ sen ( nx ) sen ( nx ) dx
π
mas
π π 0, se n é par
1
∫0 ( )
sen nx dx =
−
n
cos ( ) 2,
nx =
se n é ímpar
.
0 n
1
π
cos ( 2nx )
π
= ∫ dx − ∫ dx
0
2 0
2
π 1 π
= − sen ( 2π n ) =
2 2n 2
Portanto:
∞
4 ∞
4
=1 ∑
= sen ( nx ) ∑ ( 2 k + 1) π sen ( 2 k + 1) x .
n =1 nπ k =1
n ímpar
236
TÓPICO 3 | SÉRIES TRIGONOMÉTRICAS E DEFINIÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER
FONTE: O autor
nπ x
=fn ( x ) cos
= L , n 0,1, 2,
nπ x
=gn ( x ) sen
= L , n 1, 2,
L
nπ x mπ x
=fn , gm ∫=
cos
−L
sen L dx
L
0, para qualquer m e n.
237
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
Portanto, a família:
∞
nπ x nπ x
cos ,sen (6)
L L n = 1
2L
T= .
n
3 SÉRIE DE FOURIER
Definição 10: dada uma função f definida no intervalo [–L,L], chamamos
de série de Fourier de f a seguinte série trigonométrica:
a0 ∞ nπ x nπ x
f ( x) = + ∑ an cos + bn sen .
2 n =1 L L
a0 nπ x
L L ∞
nπ x
∫− L f ( x ) dx ∫− L 2 ∑
= + an cos + bn sen dx
n =1 L L
L
a0 ∞
L nπ x ∞
L
nπ x
=∫ 2
dx + ∑ n∫
a cos
L
dx ∑ n ∫ sen
+ b
L dx
=−L n 1 −L
= n 1 −L
a0
=
2
= ( 2 L ) a0 L.
238
TÓPICO 3 | SÉRIES TRIGONOMÉTRICAS E DEFINIÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER
Portanto:
L
1
a0 = ∫ f ( x ) dx.
L −L
Outra observação deve ser feita. Nos cálculos do coeficiente a0, trocamos
a ordem do somatório com a integral, ou seja, assumimos que podemos integrar
uma série termo a termo. Esse fato nem sempre é válido, porém, no caso das
séries de Fourier, é sempre possível justificar o fato, que ficará claro na próxima
seção.
a0 nπ x
L L
mπ x ∞
nπ x mπ x
∫− L f ( x ) cos L dx ∫
= + ∑ an cos + bn sen cos dx
−L 2 n=0 L L L
L
a0 mπ x ∞
L nπ x mπ x ∞
L
nπ x mπ x
∫
= cos dx + ∑ an ∫ cos cos dx + ∑ bn ∫ sen cos dx
=
−L
2 L −L
n 1= L L n 1 −L L L
mπ x
como a integral de cos em um intervalo simétrico é nula, as funções
L
mπ x nπ x mπ x
cos e sen
L são ortogonais para qualquer m e n, e cos L e
L
nπ x
cos são ortogonais para m ≠ n. Obtemos:
L
L
mπ x ∞
L nπ x mπ x
∫− L f ( x ) cos L dx
= ∑= an ∫ cos
n =1 −L L
cos
L dx Lam .
Portanto:
L
1 nπ x
an = ∫ f ( x ) cos dx.
L −L L
L
1 nπ x
bn = ∫ f ( x ) sen dx.
L −L L
239
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
2 L ( −1)
n +1
∞
nπ x
f ( x) = ∑ sen .
n =1 nπ L
FONTE: O autor
240
TÓPICO 3 | SÉRIES TRIGONOMÉTRICAS E DEFINIÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER
a0 ∞ nπ x nπ x
f ( x) = + ∑ an cos + bn sen , (7)
2 n =1 L L
em que
L
1 nπ x
=an = ∫ f ( x ) cos dx , para n 0,1, 2,
L −L L
L
1 nπ x
=bn = ∫ f ( x ) sen dx , para n 1, 2, 3
L −L L
e − ix cos ( x ) + isen ( x ) ,
=
nπ x 1 i nπLx −i
nπ x
cos = e +e L
L 2
nπ x 1 i nπLx − i nπLx
sen =
L 2 e −e .
241
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
Definindo:
a0 an − ibn an + ibn
=c0 = , cn e c− n
= para n 1, 2, 3
, =
2 2 2
∞ nπ x
f ( x) =
i
∑ cn e
n = −∞
L
,
L nπ x
1
f ( x ) e L dx.
−i
2 L −∫L
cn =
an bn
=senθ n = e cos θ n .
an + bn2
2
a + bn2
2
n
an
=θ n tg −1 , bn ≠ 0
bn
π
=θn = , bn 0.
2
242
TÓPICO 3 | SÉRIES TRIGONOMÉTRICAS E DEFINIÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER
nπ x nπ x nπ x nπ x
an cos + bn sen = An senθ n cos + cos θ n sen
L L L L
nπ x
= An sen + θn
L
portanto:
A0 ∞ nπ x
f ( x) = + ∑An sen + θn ,
2 n =1 L
em que
L L
1 nπ x 1 nπ x
an = ∫ f ( x ) cos dx e bn ∫ f ( x ) sen dx
L −L L L −L L
A0 ∞ nπ x
f ( x) = + ∑An cos − ϕn ,
2 n =1 L
243
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
FONTE: O autor
L 0 L 0 L
∫ f ( x ) dx =
−L
∫ f ( x ) dx + ∫ f ( x ) dx =
−L 0
− ∫ f ( − x ) dx + ∫ f ( x ) dx
L 0
L L L L
=∫ f ( − x ) dx + ∫ f ( x ) dx =∫ f ( x ) dx + ∫ f ( x ) dx
0 0 0 0
L
= 2 ∫ f ( x ) dx.
0
244
TÓPICO 3 | SÉRIES TRIGONOMÉTRICAS E DEFINIÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER
∫ f ( x ) dx = 0.
−L
A partir desse fato, temos que a série de Fourier de uma função par no
intervalo [–L,L] é dada por:
a0 ∞ nπ x
f ( x=
) + ∑an cos ,
2 n =1 L
em que
L
2 nπ x
=an = ∫ f ( x ) cos dx , para
para n 0,1, 2,
L0 L
∞
nπ x
f ( x ) = ∑bn sen ,
n =1 L
em que
L
2 nπ x
=bn = ∫ f ( x ) sen dx , para
para n 1, 2, 3
L0 L
f ( x) , 0 < x ≤ L
f I ( x ) = − f ( − x ) , − L ≤ x < 0.
0, x = 0
245
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
∞
nπ x
f ( x ) = ∑bn sen
n =1 L
L
2 nπ x
bn = ∫ f ( x ) sen dx , para
para n 0,1, 2,
L0 L
no intervalo (0,L].
f ( x) , 0 < x ≤ L
f P ( x )= f ( − x ) , − L ≤ x < 0
f 0+ , x =
( ) 0
a0 ∞ nπ x
f ( x=
) + ∑an cos
2 n =1 L
L
2 nπ x
an = ∫ f ( x ) cos dx , para
para n 0,1, 2,
L0 L
No intervalo (0,L].
246
TÓPICO 3 | SÉRIES TRIGONOMÉTRICAS E DEFINIÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER
2 L ( −1)
n +1
∞
nπ x
=f ( x) ∑ sen para x ∈ ( 0, L .
,para
n =1 nπ L
L ∞ 2 L 1 − ( −1)
n
nπ x
f ( x) = − ∑ cos para x ∈ ( 0, L .
,para
2 n =1 nπ L
2 2
FONTE: O autor
247
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
FONTE: O autor
248
RESUMO DO TÓPICO 3
a0 ∞ nπ x nπ x
f ( x) = + ∑ an cos + bn sen .
2 n =1 L L
L
1
a0 = ∫ f ( x ) dx.
L −L
L
1 nπ x
an = ∫ f ( x ) cos dx.
L −L L
L
1 nπ x
bn = ∫ f ( x ) sen dx.
L −L L
249
AUTOATIVIDADE
a) ( ) I e II.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e III.
d) ( ) I.
e) ( ) II.
a) ( ) I e II.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e III.
d) ( ) I.
e) ( ) II.
250
UNIDADE 3
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, mostramos que se a série de Fourier:
a0 ∞ nπ x nπ x
+ ∑ an cos + bn sen ,
2 n =1 L L
converge no intervalo [–L,L], ela define uma função f que é periódica, de período
2L. Os coeficientes da série de Fourier estão relacionados com f por:
L
1 nπ x
=an = ∫ f ( x ) cos dx , para
para n 0,1, 2, (8)
L −L L
L
1 nπ x
=bn = ∫ f ( x ) sen dx , para
para n 1, 2, 3 (9)
L −L L
a0 ∞ nπ x nπ x
f ( x) = + ∑ an cos + bn sen .
2 n =1 L L
251
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
f deve ser contínua em cada intervalo aberto (xi, xi+1). Nos limites de cada intervalo
aberto, a função f não deve ter limite infinito.
De forma ingênua, uma função contínua por partes é uma função que
está “quebrada” em um número finito de pedaços, e f não tende ao infinito em
nenhum ponto no intervalo total [a,b]. A seguir, há um exemplo de uma função
que é contínua por partes.
FONTE: O autor
252
TÓPICO 4 | CONDIÇÃO DE CONVERGÊNCIA DAS SÉRIES DE FOURIER
a0 ∞ nπ x nπ x
+ ∑ an cos + bn sen
2 n =1 L L
f ( x +) + f ( x −)
,
2
em que
= f ( x + ) lim f=
+
( t ) e f ( x − ) lim
−
f ( t ) . Os coeficientes an e bn são dados por
t→x t→x
(8) e (9).
0, x < 0
u( x) =
1, x ≥ 0
1 ∞ 2 ( 2 k + 1) π x
+∑ sen .
2 k = 0 ( 2 k + 1) π L
u( x +) + u( x −) 1 + 0 1
= = .
2 2 2
253
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
FONTE: O autor
254
TÓPICO 4 | CONDIÇÃO DE CONVERGÊNCIA DAS SÉRIES DE FOURIER
FONTE: O autor
FONTE: O autor
255
RESUMO DO TÓPICO 4
• Uma função contínua por partes é uma função que está “quebrada” em um
número finito de pedaços, e f não tende ao infinito em nenhum ponto no
intervalo total [a,b].
f ( x +) + f ( x −)
2
256
AUTOATIVIDADE
a) ( ) I e II.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e III.
d) ( ) I.
e) ( ) II.
a) ( ) I e II.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e III.
d) ( ) I.
e) ( ) II.
257
258
UNIDADE 3
TÓPICO 5
1 INTRODUÇÃO
Até agora, nossa abordagem foi puramente teórica, pois a definição da
série de Fourier, assim como sua natureza, requerem muita teoria. Nos tópicos
anteriores, apresentamos alguns desenvolvimentos em série de Fourier de
algumas funções, mas não mostramos os cálculos, pois o objetivo era entender
algumas das peças que formam a engrenagem chamada série de Fourier. Neste
tópico, dedicar-nos-emos a realizar uma série de exemplos de desenvolvimento
em séries de Fourier. O objetivo será mostrar os cálculos que envolvem a
determinação dos coeficientes da série de Fourier de uma função dada.
a0 ∞ nπ x nπ x
f ( x) = + ∑ an cos + bn sen .
2 n =1 L L
em que:
L L L
1 1 nπ x 1 nπ x
=a0 = ∫ f ( x ) dx , an ∫ f ( x ) cos=
dx e bn ∫ f ( x ) sen dx.
L −L L −L L L −L L
Com efeito:
L L L
1 1 1 x2 1 L2 L2
a0=
L −∫L
f ( )
x dx=
L −∫L
xdx=
L 2
= − = 0.
L 2 2
−L
Para o cálculo dos coeficientes an, utilizaremos integração por partes, pois
teremos que integrar uma função trigonométrica multiplicada por uma função
polinomial:
259
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
L L
1 nπ x 1 nπ x
an = ∫ f ( x ) cos dx ∫ x cos dx
L −L L L −L L
L L
1 nπ x 1 nπ x
xsen −∫ sen dx
πn L −L −L π n L
L L
1 nπ x L nπ x
xsen + 2 2 cos
πn L −L π n L −L
1 1 L L
= Lsen ( nπ ) − ( − L ) sen ( −nπ ) + 2 2 cos ( nπ ) − 2 2 cos ( −nπ )
π n πn π n π n
1 1 L L
= Lsen ( nπ ) − Lsen ( nπ ) + 2 2 cos ( nπ ) − 2 2 cos ( nπ ) = 0.
πn πn π n π n
nπ x ∞ 2 L ( −1)
n +1
a0 ∞ nπ x nπ x
f ( x) =
2 ∑ ∑ nπ
+ an cos + bnsen L = sen .
n 1= L n 1 L
260
TÓPICO 5 | DESENVOLVIMENTO EM SÉRIES DE FOURIER
Note que a função f(x) = x2 é uma função par, portanto, sua série de Fourier
é apenas desenvolvida em cossenos. Assim:
a0 ∞ nπ x
f ( x=
) + ∑an cos .
2 n =1 L
L L L
1 1 2 1 x3 1 L3 L3 2 L2
a0=
L −∫L
f ( x ) dx=
L −∫L
x dx=
L 3
= + =
L 3 3 3
.
−L
2 L nπ x
L L L
1 2 nπ x nπ x L
=
πn
x sen − − x cos +∫ cos dx
L − L π n π n L −L −L π n L
2 L nπ x
L L L
1 2 nπ x nπ x L2
= x sen − − x cos + 2 2 sen L
πn L − L π n π n L −L π n − L
L L L
1 nπ x 2L nπ x 2 L2 nπ x
= x 2 sen + x cos − sen
πn L −L π n
2 2
L −L π n
3 3
L −L
2L 2L 4 L2
( ) ( ) ( ) 2 2 (
−1) .
n
= L cos nπ − − L cos − nπ =
π n
2 2
π n
2 2
π n
261
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
Portanto:
a0 ∞ nπ x L2 ∞ 4 L2 nπ x
f ( x) = + ∑ 2 2 ( −1) cos
n
+ ∑an cos = .
= 2 n 1= L 3 n 1π n L
∞
1 π2
∑
n =1 n
2
=
6
.
L2 ∞ 4 L2 nπ x
+ ∑ 2 2 ( −1) cos
n
x2 = .
3 n =1 π n L
Para x = L, obtemos:
L2 ∞ 4 L2 4 L2 ∞ 1 4 L2 ∞ 1
L = + ∑ 2 2 ( −1) cos ( nπ ) = 2 ∑ 2 ( −1) ( −1) = 2 ∑ 2 .
2 n n n
3 n 1π n = π n 1= n π n 1n
∞
1 π 2 2 L2 π 2
∑ =
n =1 n
2 L − =
4 L2
3 6
.
0, x < 0
u( x) =
1, x ≥ 0
no intervalo [–L,L]. Lembrando que essa foi a função que utilizamos para explicar
o fenômeno de Gibbs. Comecemos calculando o coeficiente a0. Com efeito:
262
TÓPICO 5 | DESENVOLVIMENTO EM SÉRIES DE FOURIER
L L L
1 1 1 1
a0= ∫ u ( x ) dx= ∫dx= x = ( L − 0 )= 1.
L −L L0 L 0 L
L L L
1 nπ x 1 nπ x 1 nπ x
=an ∫ u ( x=
) cos dx ∫
= cos dx = sen 0.
L −L L L0 L nπ L 0
L L L
1 nπ x 1 nπ x 1 nπ x 1
bn = ∫ u ( x ) sen dx = ∫sen dx =− cos = 1 − ( −1)n .
L −L L L0 L nπ L 0 nπ
1 ∞ 2 ( 2 k + 1) π x
u ( x )= +∑ sen .
2 k = 0 ( 2 k + 1) π L
− x , −2≤ x<0
f ( x) = .
x, 0≤x<2
L 0 2 0 2
1 1 1 1 x2 1 x2
2 −∫L
a0 = f ( x ) dx =
−
2 −∫2
xdx +
2 ∫0
xdx =
−
2 2
+
2 2
2.
=
−2 0
Note que f é uma função par. Portanto, os coeficientes bn, que acompanham
as funções seno, são nulos. Portanto, resta calcular os coeficientes an.Como
já calculamos a série de Fourier da função f(x) = x, aproveitaremos algumas
passagens (trocando L por 2):
2 0 2
1 nπ x 1 nπ x 1 nπ x
an = ∫ f ( x ) cos − ∫ x cos
dx = dx + ∫x cos dx
2 −2 2 2 −2 2 20 2
263
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
Contudo, assim como no exemplo 22, vemos que (–1)n = –1 somente para n
ímpar. Portanto, a representação em série de Fourier da função dada é:
FONTE: O autor
264
TÓPICO 5 | DESENVOLVIMENTO EM SÉRIES DE FOURIER
a0 ∞
+ an cos ( nx ) + bn sen ( nx ) .
2 ∑
ex =
n =1
π π
1 1 x e π − e −π
∫ e dx =
x
=a0 = e .
π −π
π −π
π
Por outro lado, para o cálculo dos coeficientes an, utilizaremos integração
por partes duas vezes. Com efeito:
π
1
an = ∫πe
x
cos ( nx ) dx
π −
π π
ex 1
= sen ( nx ) − ∫πe sen ( nx ) dx
x
nπ −π
nπ −
1 ex
π π π
ex 1
= sen ( nx ) − − cos ( nx ) + ∫ e x cos ( nx ) dx
nπ nπ n n −π
−π −π
π π π
ex ex 1
= sen ( nx ) + 2 cos ( nx ) − 2 ∫πe
x
cos ( nx ) dx
nπ −π
nπ −π
nπ −
π π
ex ex 1
= sen ( nx ) + 2 cos ( nx ) − 2 an .
nπ −π
nπ −π
n
π π
n2 + 1 1 ex ex
n2
an
a
=+
n
n2
an
=
nπ
sen ( ) n2π cos ( nx )
nx +
−π −π
ou seja
265
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
π π
ne x ex
=an sen ( nx ) + cos ( nx )
(n 2
+1 π ) −π
(n 2
+1 π ) −π
eπ e −π
= cos ( nπ ) − cos ( −nπ )
( n + 1) π
2
(n 2
+1 π )
=
( e − e ) ( −1) .
π −π
n
( n + 1) π
2
1
π
sen ( nx ) dx
(
n e π − e −π ) ( −1) n +1
∫e =
x
=bn
π −π (n 2
+1 π )
portanto
a0 ∞
+ an cos ( nx ) + bn sen ( nx )
2 ∑
ex =
n =1
e π − e −π ∞ e − e
= +∑
π −π
( n )
n e π − e −π
( −1) cos ( nx ) + 2
( ) ( −1) n +1
sen ( nx )
2π n =1 n + 1 π
2
( )
n +1 π ( )
2senhπ 1 ∞ ( −1)
n
= +∑ 2 cos ( nx ) − nsen ( nx ) .
π 2 n=1 n + 1 ( )
2senhπ 1 ∞ ( −1)
n
e = +∑ 2
0
cos ( 0 ) − nsen ( 0 )
π 2 n=1 n + 1 ( )
2senhπ 1 ∞ ( −1)
n
= +∑ 2 .
π 2 n=1 n + 1 ( )
266
TÓPICO 5 | DESENVOLVIMENTO EM SÉRIES DE FOURIER
( −1)
n
∞
1π
∑ (n
n =1
=2
+1 )
− .
2senhπ 2
π
−1, −π ≤ x ≤ −
2
π
f ( x ) 0,
= − < x≤π /2
2
π
1, < x≤π
2
−
π
π
1 1 2 1
= cos ( nx ) − cos ( nx )
π n n π
−π
2
1 nπ nπ
=
nπ
cos − − cos ( −nπ ) − cos ( nπ ) + cos 2
2
1 nπ nπ
= cos − cos ( nπ ) − cos ( nπ ) + cos
nπ 2 2
2 nπ
= cos − cos ( nπ ) .
nπ 2
267
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
2 ∞
1 nπ
f ( x) − cos ( nπ ) sen ( nx ) .
π ∑ n
= cos
n =1 2
FONTE: O autor
0, −π < x ≤ 0
f ( x) =
1, 0< x≤π
no intervalo [–π,π].
268
TÓPICO 5 | DESENVOLVIMENTO EM SÉRIES DE FOURIER
π π
1 1 1
=c0
2π
( x ) dx
∫ f= = ∫
2π 0
dx
2
−π
ademais
π
1
∫π f ( x ) e
− inx
cn = dx
2π −
π
1 − inx
2π ∫0
= e dx
π
1 e − inx 1 − e − inπ
=
− = .
2π in 0
2inπ
Contudo, note que e–inπ = 0 para n par e e–inπ = 2 para n ímpar. Portanto:
1
c 2 n −1 =
i ( 2 n − 1) π
logo
e( )
i 2 n −1 x
1 1 ∞
f ( x )= + ∑ .
2 iπ n = −∞ 2 n − 1
1 cos ( 2 x )
f ( x )= sen 2 ( x=) + .
2 2
π2 ∞
1
=∑ .
8 ( 2 n − 1)
2
n =1
269
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
0, −π ≤ x < 0
f ( x) =
x, 0≤ x≤π
π
1 π
=a0 = ∫
π 0
xdx
2
.
π 1 − ( −1)n
1 .
an = ∫x cos nxdx = −
π 0 πn 2
( −1)
n +1
π
1
=bn = ∫xsennxdx π 0
n
.
Portanto:
( −1)
n +1
π 2 ∞
1 ∞
f ( x) = − ∑ cos ( 2n − 1) x + ∑ sen ( nx ) .
4 π ( 2 n − 1) n
2
=n 1= n 1
( −1)
n +1
π 2 ∞
1 ∞
0=f (0) = − ∑ cos ( 2n − 1) 0 + ∑ sen ( n0 ) .
4 π ( 2 n − 1) n
2
=n 1= n 1
Logo:
2 ∞
1 π
π∑
= .
( 2 n − 1) 4
2
n =1
Portanto:
∞
1 π2
∑ = .
( 2 n − 1) 8
2
n =1
270
TÓPICO 5 | DESENVOLVIMENTO EM SÉRIES DE FOURIER
2senhπ 1 ∞ ( −1)
n
e = +∑ 2
x
cos ( nx ) − nsen ( nx ) .
π 2 n=1 n + 1
( )
Assim:
2senhπ
A0 =
π
além disso
2senhπ 2senhπ
An = an2 + bn2 = 1 + n2 =
π ( n + 1)
2
π n2 + 1
2senhπ ( −1)
n +1
n
tgϕn =
bn
=
π n2 + 1 ( ) = −n
an ( −1)
n
2senhπ
π (n 2
+1 )
logo
A0 ∞ nπ x 2senhπ 1 ∞ 1 nπ x
f ( x) = + ∑An cos − ϕn = +∑ 2 cos + tg −1n .
2 n 1= L π 2 n 1 n +1 L
271
RESUMO DO TÓPICO 5
272
AUTOATIVIDADE
1, −L≤x<0
f ( x) =
L, 0≤x≤L
L ∞ 1 ( 2 k − 1) π x
a) ( ) f ( x=
) +∑ sen .
2 k =1 2 k − 1 L
2L ∞
1 ( 2 k − 1) π x
b) ( ) f ( x ) =
π ∑
sen .
k =1 2 k − 1 L
2L L ∞ 1 ( 2 k − 1) π x
c) ( ) f ( =
x)
2∑
+ sen .
π k =1 2 k − 1 L
L ∞ 1 ( 2 k − 1) π x
d) ( ) f ( x=
) +∑ cos .
2 k =1 2 k − 1 L
L 2L ∞ 1 ( 2 k − 1) π x
e) ( ) f ( x=
) + ∑ sen .
2 π k =1 2 k − 1 L
1, −L ≤ x < 0
f ( x) = x
1 + L , 0≤x≤L
( 2 k − 1) π x ( −1) π nπ x
n
2 ∞
1
a) ( ) f ( x )
π2 ∑
cos + sen L .
k = 1 ( 2 k − 1) L 2n − 1
2
5 ∞ ( 2 k − 1) π x ( −1) π nπ x
n
1
b) ( ) f ( x ) =−∑ cos + sen L .
7 k =1 ( 2 k − 3 ) 2
L
2 n − 1
( 2 k − 1) π x ( −1) π nπ x
n
5 2 ∞
1
c) ( ) f ( x )= − ∑ cos + sen L .
4 π2 k =1 ( 2 k − 1) L 2 n
2
5 2 ∞ ( 2 k − 1) π x ( −1) π nπ x
n
d) ( ) f ( x ) =− 2 ∑ cos + sen .
4 π k =1
L
n L
( 2 k273
− 1) π x ( −1) π nπ x
n
∞
1
e) ( ) f ( x ) cos + sen .
5 2 ∞ ( 2 k − 1) π x ( −1) π nπ x
n
d) ( ) f ( x ) =− 2 ∑ cos + sen .
4 π k =1
L
n L
( 2 k − 1) π x ( −1) π nπ x
n
∞
1
e) ( ) f ( x ) ∑ cos + sen L .
k =1 ( 2 k − 1) L 2 n 1
2
−
0, −π ≤ x < 0
f ( x) =
1, 0≤ x≤π
E prove que:
( −1)
n +1
π ∞
=∑
4 n =1 2n − 1
274
UNIDADE 3
TÓPICO 6
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, apresentaremos quatro aplicações das séries de Fourier. O
primeiro exemplo que veremos é como utilizar a série de Fourier para encontrar
a solução de uma equação diferencial ordinária. O segundo se refere à chamada
identidade de Parseval, uma ferramenta de extrema importância no estudo de
séries. O terceiro exemplo é como utilizamos as séries de Fourier para definir a
transformada de Fourier, uma técnica no estudo de equações diferenciais parciais
e em processamento de sinais. A quarta aplicação é, na verdade, um estudo sobre
como generalizar o conceito de séries de Fourier.
y´´ – y = x
k2 – 1 = 0.
yp(x) = x.
275
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
y ( x ) =yh ( x ) + y p ( x ) =c1e x + c2 e − x − x .
0= y ( 0=
) c1 + c2
0 =y ( 1) =ec1 + e −1c2 − 1
e
c1 = −
1 − e2
e
c2 =
1 − e2
assim, a solução é:
e x +1 e 1− x
y ( x) =
− + − x.
1 − e2 1 − e2
∞
y ( x ) = ∑bn sen ( nπ x )
n =1
( )
y′′ ( x ) = ∑ −n2π 2 bn sen ( nπ x ) .
n =1
276
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS SÉRIES DE FOURIER
2 ( −1)
n +1
∞
x=∑ sen ( nπ x ) .
n =1 nπ
y´´ – y = x
torna-se
2 ( −1)
n +1
∞ ∞ ∞
∑( )
−n π bn sen ( nπ x ) − ∑bn sen ( nπ x ) =
∑ sen ( nπ x )
2 2
=n 1 = n 1= n 1 nπ
assim
2 ( −1)
n +1
∞
∑ (
−n π bn − bn −
2 2
) nπ
sen ( nπ x ) =
0.
n =1
2 ( −1)
n +1
( −n π ) b
2 2
n
− bn −
nπ
0
=
assim
2 ( −1)
n +1
( −n2π 2 − 1 bn =
nπ
)
ou seja
2 ( −1)
n
bn =
(n π
2 2
)
+ 1 nπ
277
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
2 ( −1)
n
∞
y ( x) = ∑ sen ( nπ x ) .
n =1 (n π
2 2
)
+ 1 nπ
FONTE: O autor
278
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS SÉRIES DE FOURIER
FONTE: O autor
279
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
∞
f ( x) = ∑fe n
inx
.
n = −∞
∞
y ( x) = ∑y e n
inx
n = −∞
portanto
∞ ∞
y′ ( x ) ( in) yn e e y '' ( x ) ∑ ( in)
2
∑
inx
= = yn e inx .
n = −∞ n = −∞
∞ ∞ ∞ ∞
∑ −n y e ∑ ( ian) y e ∑ by e ∑ fn e
2 inx inx inx inx
n
+ n
+ n
=
n = −∞ n = −∞ n = −∞ n = −∞
ou seja
∞ ∞
n = −∞ n = −∞
( −n 2
+ ian + b yn =fn )
logo
fn
yn = .
( −n 2
+ ian + b )
Portanto, a solução da equação diferencial (10) é:
∞
fn
y ( x) = ∑ ( −n e inx .
n = −∞
2
+ ian + b )
280
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS SÉRIES DE FOURIER
3 IDENTIDADE DE PARSEVAL
A identidade de Parseval menciona que se f é uma função periódica de
período 2L no intervalo [–L,L] e quadrado integrável, então:
L
a02 ∞ 2 2 1
( )
+ ∑ an + bn =∫ f 2 ( x ) dx
2 n =1 L −L
L L
1
f ( x ) dx ⇒ ∫ f ( x ) dx = La .
L −∫L
a0 = 0
(11)
−L
L L
1 nπ x nπ x
an = ∫ f ( x ) cos dx ⇒ ∫ f ( x ) cos dx = Lan . (12)
L −L L −L
L
L L
1 nπ x nπ x
bn = ∫ f ( x ) sen dx ⇒ ∫ f ( x ) sen dx = Lbn . (13)
L −L L −L
L
a0 ∞
nπ x nπ x
f 2 ( x) = f ( x ) + ∑ an f ( x ) cos + bn f ( x ) sen .
2 n =1 L L
L
a0 L ∞
L nπ x
L
nπ x
∫− L ( ) ∫ ( ) ∑ n∫ ( ) n ∫ ( )
2
f x dx = f x dx + a f x cos dx + b f x sen dx .
2 −L n =1 −L L −L L
L
a0 ∞
281
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
L
a02 ∞ 2 2 1
(
+ ∑ an + bn =∫ f 2 ( x ) dx.
2 n =1 L −L
)
∞
1
∑n
n =1
4
.
L2 ∞ 4 L2 nπ x
f ( x) = + ∑ 2 2 ( −1) cos
n
,
3 n =1 π n L
em que
2 L2 4 L2
2 2 (
−1) .
n
=a0 e=an
3 π n
2 2
a02 ∞ 2 2 1 2 L2 ∞
4 L2 n 2 L4 16 L4 ∞ 1
2 ∑
+ ( )
2 3 ∑
an + bn = + 2 2 ( −1) =
9
+ 4 ∑ 4.
n 1= n 1 π n = π n 1n
L L L
1 1 4 x5 2 L4
L −∫L
f 2
( ) L∫
x
= dx x=dx =
5 L 5
.
−L −L
2 L4 16 L4 ∞
1 2 L4
9
+ 4
π ∑
n =1 n
4
=
5
portanto
∞
1 π4
∑n
n =1
4
=
90
.
282
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS SÉRIES DE FOURIER
L
2 nπ x
bn = ∫ f ( x ) sen dx
L0 L
∑b
n =1
n
< ∞.
2 L nπ x
L L
nπ x L
f ( x ) cos ( )
L 0 nπ ∫0
bn = − + f ' x cos L dx .
L nπ
L
2 nπ x
bn = ∫ f ' ( x ) cos dx.
nπ 0 L
Portanto, pensando f como uma função ímpar (por causa das condições
dadas) e f´ como uma função par, obtemos:
L ''
bn = a
nπ n
1 2 1 2
ab ≤ a + b
2 2
obtemos
L2 1 1 '' 2
bn ≤ + an .
2π 2 n2 2
283
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
Assim:
∞
L2 ∞ 1 1 ∞ '' 2
=
∑
n 1
bn ≤
= 2π 2 ∑ n2 2 ∑
n 1=
+
n 1
an .
L L
nπ x nπ x
f ( x ) sen f ( x ) cos
n→∞ ∫ ∫
lim
= lim
= 0.
−L L n →∞
−L L
L 2
∞
1 a
∑(
n =1
)
an2 + bn2
= ∫
L −L
f 2 ( x ) dx − 0 .
2
4 TRANSFORMADA DE FOURIER
A transformada de Fourier pode ser deduzida a partir da série de Fourier
de uma função. Cabe ressaltar que essa apresentação da transformada de Fourier
como um “limite” da série de Fourier é uma motivação para a definição. f : ℝ
R→ℝR
é uma função absolutamente integrável no intervalo [–L,L] e periódica de período
2L. Para facilitar, introduziremos a seguinte notação:
π nπ
=h = e ωn .
L L
∞
f ( x) ∼ ∑c e n
iωn x
n = −∞
284
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS SÉRIES DE FOURIER
L
1
f ( x ) e − iωn x dx.
2 L −∫L
cn =
L
1
c ( ωn ) = ∫ f ( x) e
− iωn x
dx.
2π −L
Portanto:
1 ∞
f ( x) ∼ ∑ hc (ω ) e
ω
n
i nx
.
2π n = −∞
∞
1
c (ω ) = ∫ f ( x) e
− iω x
dx ,
2π −∞
∞
1
f ( x) ∼ ∫ c (ω ) e
iω x
dω .
2π −∞
Definição 13: f : R
ℝ→R
ℝ é uma função absolutamente integrável, isto é:
∫ f ( x ) dx < ∞
−∞
285
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
então
∞
1
F (ω ) ℱ
= F= f ( x ) ∫ f ( x) e
− iω x
dx
2π −∞
∞
1
ℱ ( )
F −1 F ω = ∫ F (ω ) e
− iω x
dω .
2π −∞
1
∞
f ( x +) + f ( x −)
F −1 F (ω )
ℱ
= = ∫ F (ω ) e − iω x dx .
2π −∞ 2
∞
1
=f ( x) ℱ
F= F (ω ) −1
∫ F (ω ) e
− iω x
dx.
2π −∞
F α f ( x ) + β g ( x )=
ℱ F f ( x ) + β ℱ
α ℱ F g ( x )
F −1 α F (ω ) + β G (ω=
ℱ ) α ℱF −1 F (ω ) + β Fℱ −1 G (ω ) .
Ademais, as transformadas de Fourier satisfazem algumas outras
propriedades similares às transformadas de Laplace, a saber:
286
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS SÉRIES DE FOURIER
F f ( x −=
ℱ c ) e iω x F =
(ω ) e iωx ℱF f ( x ) .
' ( x ) ikF
F f=
ℱ = (ω ) ikFℱ f ( x ) .
ℱ
F= f ( n) ( x ) (=
ik ) F (ω )
n
( ik )
n
F f ( x ) .
ℱ
F (=
ℱ f * g )( x ) F=
(ω ) G (ω ) Fℱ f ( x ) Fℱ g ( x ) .
∞ ∞
1
f ( x ) dx = ∫ F (ω )
2 2
∫
−∞
2π −∞
dω
287
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
b
f , g = ∫ f ( x ) g ( x ) σ ( x ) dx.
a
para todo x ∈ a , b .
φn , φm = N mδ mn
2
=
com Nm φ =m
, φm φm . Se tivéssemos assumido que a base fosse ortonormal,
então, Nm = 1 para todo m. Utilizando as propriedades do produto interno:
∞
φm , f = φm , ∑anφn
n=0
∞
= ∑an φm , φn
n=0
∞
= ∑an φm , φm δ mn
n=0
2
= am φm .
288
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS SÉRIES DE FOURIER
φm , f
an = 2
φm
logo
∞
φn , f
f ( x) = ∑ 2
φn ( x ) .
n=0 φn
f ( x +) + f ( x −)
.
2
d d
dx
(1 − x2 )
dx
Pn ( x ) + n ( n + 1) Pn ( x ) = 0, n = 1, 2, 3,…
289
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
1
2
=Pn , Pm P ( x ) P ( x ) dx
∫= n m
δ .
−1
2n + 1 nm
1 dn 2
Pn ( x ) x −1 . ( )
n
= n
n
2 n ! dx
NOTA
1 d1 2 1 d 2 1 ( 2 x=
P1 ( x=
) ( ) = ( )
) x.
1
x −1 x −1=
211! dx1 2 dx 2
Para n = 2:
1 d2 2
P2 ( x ) x −1 ( )
2
= 2
2
2 2! dx
1 d
=
8 dx (
2 x2 − 1 2x
)
1 2
= x − 1 + x ( 2 x )
2
1
=
2
(
3x2 − 1 )
290
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS SÉRIES DE FOURIER
∞
f ( x ) = ∑an Pn ( x )
n=0
em que
1
2n + 1 2n + 1
f ( x ) Pn ( x ) dx.
2 −∫1
=an = Pn , f
2
0, −1< x ≤ 0
f ( x) =
1, 0< x<1
em série de Fourier-Legendre.
1 1
1 1 1
a0
= ∫ f ( x ) P0 ( x=
) dx = ∫dx .
2 −1 20 2
1
2n + 1
f ( x ) Pn ( x ) dx
2 −∫1
an =
1
2n + 1
P ( x ) dx
2 ∫0 n
=
1
2n + 1 1 d n 2 dx
( )
n
2 ∫0 2 n n ! dx n
= x − 1
1
( )
n
n −1
2n + 1 d x2 − 1
= n +1 n −1
.
2 n! dx
0
291
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
( )
n
d n −1 x 2 − 1 d n −1 ∞ n m 2 n− 2 m
= ∑ ( −1) x
dx n−1 dx n−1 m=0 m
n +1
2 n
∑ m ( −1) ( 2n − 2m ) ⋅ ( 2n − 2m − 1) ( n − 2m + 2 ) x
m n − 2 m +1
= .
m=0
( −1) ( 4 k + 3 )( 2 k ) !
k
a2 k + 1 =
2 ( k + 1) ! k !
2 k+2
1 ∞ ( −1) ( 4 k + 3 )( 2 k ) !
k
f ( x )= P2 k +1 ( x ) .
2 ∑
+
k =0 2 2 k + 2 ( k + 1) ! k !
292
TÓPICO 6 | APLICAÇÕES DAS SÉRIES DE FOURIER
LEITURA COMPLEMENTAR
O Fenômeno de Gibbs foi notado e analisado pela primeira vez por Henry
Wilbraham em um artigo de 1848. O artigo não chamou muita atenção até 1914,
quando foi mencionado em um estudo de Heinrich Burkhardt sobre análise
matemática na enciclopédia de Klein. Em 1898, Albert A. Michelson desenvolveu
um dispositivo que computava e ressintetizava a série de Fourier. Há um mito
que diz que quando eram colocados os coeficientes da Fourier para uma onda
quadrada na máquina, o gráfico oscilava nas descontinuidades e isso ocorria
por ser um dispositivo físico sujeito a erros de confecção. De fato, os gráficos
produzidos pela máquina não eram bons o suficiente para exibir o Fenômeno
de Gibbs claramente, e Michelson pode não ter percebido, uma vez que ele não
mencionou sobre esse efeito em seu artigo. Em 1898, J. Willard Gibbs publicou
uma pequena nota na qual ele considerou o que hoje se chama onda dente
de serra e apontou a importante distinção entre o limite do gráfico das somas
parciais da série de Fourier e o gráfico da função, que é o limite dessas somas
parciais. Na sua primeira carta, Gibbs não percebeu o Fenômeno de Gibbs, e o
limite que ele descreveu para os gráficos das somas parciais era impreciso. Em
1899, publicou uma correção na qual ele descreveu a ultrapassagem do ponto
de descontinuidade. Em 1906, Maxime Bôcher forneceu uma análise matemática
detalhada sobre essa ultrapassagem, criando o termo "Fenômeno de Gibbs" e
tornando ele popular.
Para uma função por partes, a série de Fourier converge para a função em
todos os pontos, exceto em um salto de descontinuidade. Nos próprios saltos de
descontinuidades, para a função por partes, irá convergir para a média aritmética
dos limites laterais da função original. Isto é uma consequência do teorema de
Dirichlet.
293
UNIDADE 3 | SÉRIES DE FOURIER
294
RESUMO DO TÓPICO 6
CHAMADA
295
AUTOATIVIDADE
∞
b) ( ) f ( x ) ∼ ∫ c (ω ) e iω x dω .
−∞
∞
1
c) ( ) f ( x ) ∼ ∫ c (ω ) e
ix
dω .
2π −∞
∞
1
d) ( ) f ( x ) ∼ ∫ c (ω ) e
ωx
dω .
2π −∞
∞
1
e) ( ) f ( x ) ∼ ∫ c (ω ) iω x dω.
2π −∞
296
REFERÊNCIAS
BOYCE, W. E.; DIPRIMA, R. C. Equações diferenciais elementares e problemas
de valores de contorno. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
297