Você está na página 1de 219

Cálculo Diferencial

e Integral III
Prof.a Jaqueline Luiza Horbach
Prof. Leonardo Garcia Santos

Indaial – 2019
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019

Elaboração:
Prof.a Jaqueline Luiza Horbach
Prof. Leonardo Garcia Santos

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

H811c

Horbach, Jaqueline Luiza

Cálculo diferencial e integral III. / Jaqueline Luiza Horbach; Leonardo


Garcia Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

211 p.; il.

ISBN 978-85-515-0347-8

1. Cálculo diferencial. – Brasil. 2. Cálculo integral. – Brasil. I. Santos,


Leonardo Garcia. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 515.3

Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina de Cálculo Diferencial
e Integral III. Neste livro continuaremos o estudo iniciado nas disciplinas de
Cálculo Diferencial e Integral I e II. No momento, adentraremos em um estudo
com qual não estávamos acostumados. Deixaremos muitas vezes de trabalhar
com o plano e estaremos voltados às discussões de funções no espaço, assim
como explorado na última unidade do Cálculo Diferencial e Integral II.

Outro ponto bastante peculiar desta disciplina serão as aplicações


existentes no campo da física como base fundamental. Em diversos
momentos verificaremos que antes do conceito físico a ser explorado, haverá
uma contextualização e justificativa física para o conceito, algo que até então
não era praticado nas disciplinas teóricas da matemática.

Por exemplo, ao verificar o fluxo de um fluído escoando em um espaço


limitado, poderemos conhecer, dado um ponto, a quantidade deste fluído
que escoa por unidade de tempo. Para tal, iniciaremos compreendendo as
influências da densidade e da velocidade do fluído para apenas na sequência,
enunciarmos o conceito de “divergente de um campo vetorial”. Conceito
este, riquíssimo em aplicações práticas e que possui uma matemática
extremamente rigorosa por detrás.

Este material fala mais especificadamente do Cálculo Vetorial e está


dividido em três unidades. Na primeira unidade definiremos integral para
funções de mais de uma variável. Em especial, as integrais duplas e triplas
e suas respectivas mudanças de coordenada. Na Unidade 2 teremos uma
introdução importantíssima para o estudo posterior do cálculo vetorial.
Neste ponto abordaremos os conceitos básicos de curvas no plano e espaço
e enunciaremos os principais campos vetoriais (e escalares) que serão
necessários para os importantes teoremas que trataremos na Unidade 3.
Unidade esta que trabalhará com aplicações do Cálculo na Área da Física
e, em especial, nos casos em que as grandezas a serem estudadas sejam
representadas por vetores.

Sabemos, acadêmico, que para ter sucesso nesta disciplina é preciso


disciplina, organização e um horário de estudos pré-definido. Em sua caminhada
acadêmica, você é quem faz a diferença. Como todo texto matemático, por
vezes denso, você necessitará de papel, lápis, borracha, calculadora, muita
concentração e dedicação. Aproveitando esta motivação, iniciemos a leitura
desde livro. A melhoria constante deve ser o objetivo de todo acadêmico.

III
Esperamos que ao final deste estudo, você consiga notar a evolução
do seu entendimento matemático, e consiga aplicar estes conhecimentos
na sua área de atuação. Desta forma, a disciplina pretende oportunizar a
compreensão da construção dos conhecimentos aqui trabalhados e servir de
subsídio para os conhecimentos subsequentes.

Bons estudos!

Prof.a Dra. Jaqueline Luiza Horbach


Prof. Me. Leonardo Garcia Santos

NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – INTEGRAIS MULTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS............................................. 1

TÓPICO 1 – INTEGRAIS MÚLTIPLAS................................................................................................. 3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................................ 3
2 INTEGRAIS DUPLAS............................................................................................................................ 4
2.1 INTEGRAIS DUPLAS SOBRE RETÂNGULOS.............................................................................. 5
2.2 INTEGRAL DUPLA DE REGIÕES NÃO RETANGULARES.................................................... 11
3 INTEGRAL TRIPLA.............................................................................................................................. 20
3.1 INTEGRAL TRIPLA EM UMA REGIÃO COM FORMATO DE UM PARALELEPÍPEDO... 21
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 23
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 25

TÓPICO 2 – MUDANÇA DE VARIÁVEIS NAS INTEGRAIS MÚLTIPLAS............................... 29


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 29
2 MUDANÇA DE VARIÁVEL NA INTEGRAL DUPLA.................................................................. 30
2.1 COORDENADAS POLARES.......................................................................................................... 31
3 MUDANÇA DE VARIÁVEIS NA INTEGRAL TRIPLA................................................................ 36
3.1 INTEGRAL TRIPLA EM COORDENADAS CILÍNDRICAS..................................................... 37
3.2 INTEGRAL TRIPLA EM COORDENADAS ESFÉRICAS........................................................... 41
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 47
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 49

TÓPICO 3 – APLICAÇÕES..................................................................................................................... 51
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 51
2 MASSA DE UM CORPO...................................................................................................................... 51
3 CARGA ELÉTRICA .............................................................................................................................. 54
4 CENTRO DE MASSA........................................................................................................................... 56
5 MOMENTO DE INÉRCIA................................................................................................................... 61
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 66
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 70
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 71

UNIDADE 2 – INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL.......................................................... 73

TÓPICO 1 – FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS.............................................................................. 75


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 75
2 FUNÇÕES VETORIAIS ....................................................................................................................... 75
3 CURVAS .................................................................................................................................................. 79
3.1 CURVAS PARAMÉTRICAS EM  E EM  .............................................................................
2 3
. 84
4 DERIVADA E INTEGRAL DE FUNÇÕES VETORIAIS DE UMA VARIÁVEL REAL .......... 89
4.1 RETA TANGENTE............................................................................................................................ 93
4.2 COMPRIMENTO DE ARCO . ........................................................................................................ 95
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 99
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 101

VII
TÓPICO 2 – CAMPOS VETORIAIS .................................................................................................. 107
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 107
2 CAMPO VETORIAL........................................................................................................................... 107
3 GRADIENTE ....................................................................................................................................... 111
4 ROTACIONAL .................................................................................................................................... 114
5 DIVERGENTE ..................................................................................................................................... 118
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 121
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 123

TÓPICO 3 – INTEGRAIS DE LINHA................................................................................................ 127


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 127
2 INTEGRAL DE LINHA DE CAMPOS ESCALARES................................................................... 127
3 INTEGRAL DE LINHA DE CAMPOS VETORIAIS ................................................................... 132
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 139
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 147
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 148

UNIDADE 3 – TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL............................................................... 151

TÓPICO 1 – TEOREMA DE GREEN.................................................................................................. 153


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 153
2 TEOREMA DE GREEN....................................................................................................................... 154
3 TEOREMA DA DIVERGÊNCIA...................................................................................................... 161
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 165
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 166

TÓPICO 2 – TEOREMA DE GAUSS.................................................................................................. 169


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 169
2 INTEGRAL DE SUPERFÍCIE DE UM CAMPO ESCALAR........................................................ 172
3 INTEGRAL DE SUPERFÍCIE DE UM CAMPO VETORIAL...................................................... 173
4 TEOREMA DE GAUSS...................................................................................................................... 176
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 183
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 184

TÓPICO 3 – TEOREMA DE STOKES................................................................................................ 187


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 187
2 TEOREMA DE STOKES..................................................................................................................... 188
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 198
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 208
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 209

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 211

VIII
UNIDADE 1

INTEGRAIS MÚLTIPLAS
E FUNÇÕES VETORIAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• definir integral de múltiplas variáveis e funções vetoriais;

• apresentar técnicas de mudança de variáveis;

• conhecer as principais propriedades de funções vetoriais;

• parametrizar curvas definidas por funções vetoriais;

• calcular o gradiente de capôs escalares;

• calcular o divergente, rotacional de campos vetoriais;

• entender a motivação física de divergente e rotacional;

• definir e calcular integral de linha de campos vetoriais;

• conhecer os Teoremas de Green e Stokes e suas aplicações.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – INTEGRAIS MÚLTIPLAS

TÓPICO 2 – MUDANÇA DE VARIÁVEIS NAS INTEGRAIS MÚLTIPLAS

TÓPICO 3 – APLICAÇÕES

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

INTEGRAIS MÚLTIPLAS

1 INTRODUÇÃO
Ao longo da construção do conhecimento matemático, já era conhecido
que problemas que envolviam medidas, ou ainda comprimentos, áreas e volumes
vieram se aperfeiçoando ao longo dos anos. Vimos anteriormente que as integrais
possibilitam um avanço substancial nestes casos, em que, por exemplo, calculamos
áreas abaixo de curvas e volumes de superfícies de revolução.

Já no Egito antigo, já se fazia necessário o cálculo de área de campos


e volume de grãos. Porém, a ideia de integrais duplas e triplas começou a ser
desenvolvida quando Gilles Personne de Roberval (1602-1675) usando o princípio
de Cavalieri tentou calcular a área sob um arco da cicloide. Esse estudo de integrais
duplas e triplas só foi aprofundado por Blaise Pascal (1623-1662) que calculou
aproximações por somas triangulares (no caso de integral dupla) e piramidais (no
caso de integrais triplas).

Agora no Cálculo III, após conhecer os conceitos de derivadas parciais de


funções de mais de uma variável real, em que podemos fixar uma das variáveis
e realizar o processo de derivação em relação a uma delas apenas por vez,
estenderemos este conceito, de modo análogo para integrais indefinidas, em que a
integração pode ser realizada em cada variável de modo específico. Por exemplo,

2 x 
4

∫ ∫
3 2 2 3
x
= y dx y = x dx y   + C.
 4

Note que consideramos os valores de y como constantes e realizamos a


integração em torno apenas da variável x. Este será o ponto central destes nossos
primeiros conceitos.

3
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

2 INTEGRAIS DUPLAS
Sabemos que o cálculo das integrais de uma variável é simbolicamente
dado por

∫ f ( x ) dx,
a

em que f(x) é uma função contínua e não negativa no intervalo fechado [a, b],
é definida como sendo a área limitada abaixo da função f(x), acima do eixo X
e lateralmente pelas retas x = a e x = b. O que será realizado é a extensão deste
conceito para uma função de duas variáveis

f : D ⊆  2 → ,

contínuas na região D (compacta), como por exemplo, em nossas primeiras


análises, no retângulo

D
=xy {( x, y ) ∈  2
}
:a ≤ x ≤b e c ≤ y ≤ d .

GRÁFICO 1 – RETÂNGULO
y

FONTE: Os autores

Nas duas próximas subseções, estudaremos como calcular integral dupla


e tripla de funções e algumas propriedades importantes sobre o assunto.

4
TÓPICO 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS

2.1 INTEGRAIS DUPLAS SOBRE RETÂNGULOS


Vamos iniciar o estudo de integrais duplas sobre retângulos, considere
então uma função de duas variáveis z = f(x, y), contínua e com domínio na região
retangular compacta,

Dxy= [ a, b] × [c, d=] {( x, y ) ∈  2 : a ≤ x ≤ b e c ≤ y ≤ d } .

Suponha ainda que f é não negativa, ou seja, a superfície gerada por f está
acima do plano XY. Definiremos integral dupla em alguns passos para facilitar
o entendimento, porém, na prática, prezado acadêmico, você deve imaginar-se
calculando o volume que está acima do plano XY e abaixo da superfície descrita
por z = f(x, y).

Inicialmente, devemos particionar a região do domínio retangular D, na
direção do eixo X e do eixo Y, conforme descrito a seguir

a= x0 < x1 < … < xm −1 < xm= b e c= y0 < y1 < … < yn −1 < y=


n d,

respectivos aos intervalos [a, b] e [c, d].



Em seguida, o processo é formar retângulos [xi, xi+1] x [yj, yj+1] a partir das
partições, formando uma quantidade de m · n retângulos de lados iguais a:

b−a d −c
∆x= xi +1 − xi= e ∆y= y j +1 − y j= .
m n

Retomando o conceito de limites, sabemos que quando as quantidades m


e n aumentam, os lados dos retângulos tendem a zero.

Após este fato, tomaremos um ponto interno de cada um destes retângulos


e calcularemos o valor da função z = f(x, y), ou seja, calcularemos zij = f (ui, vj).
Como ui e vj representam conjuntamente um retângulo e o valor da função zij a
“altura” da superfície em questão, podemos imaginar o produto zij = f (ui, vj) como
sendo o volume de uma pequena fatia abaixo da superfície, conforme apresenta
o gráfico a seguir.

5
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

GRÁFICO 2 – REPRESENTAÇÃO DA INTEPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DA INTEGRAL DUPLA

FONTE: Os autores

O próximo passo é recorrer ao mesmo processo que utilizamos na


interpretação da integral simples, o das somas de Riemann. Aqui, cada parcela
f (ui, vj) · ∆x∆y, ao serem somadas, geram:

n m
=Sm,n ∑∑ f ( u , v ) ∆x∆y.
=i 0=j 0
i j

Esta soma de Riemann trata-se de uma aproximação por falta ou por


excesso do volume do sólido de base D (retângulo) e superfície descrita pela
função f(x, y). Ao realizarmos o limite desta soma, teremos o volume real deste
sólido e teremos definido este fato como sendo a integral dupla da função f(x, y)
sobre o retângulo de área D, como mostrado a seguir:

n m
lim ∑∑ f ( u , v ) ∆x∆y =∫∫ f ( x, y)dxdy
m , n →0
=i 0=j 0
i j
D

Sendo que o produto dxdy = dA é a área infinitesimal.

NOTA

A integral dupla reza as mesmas propriedades da integral simples. Dentre elas


podemos destacar as propriedades de linearidade, aditividade e valor médio.

6
TÓPICO 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS

Obviamente, para calcular uma integral dupla (volume abaixo de uma


superfície) não teremos que recorrer sempre ao processo das somas de Riemann.
Desta forma, para este fim, verificaremos agora o dispositivo de cálculo necessário
para esta resolução, o Teorema de Fubini.

Teorema de Fubini

Seja uma função f de duas variáveis, contínua no domínio retangular

D
=xy {( x, y ) ∈  2
:a ≤ x ≤b e c ≤ y ≤ d }
então

db

∫∫ f ( x, y ) dxdy = ∫∫ f ( x, y ) dxdy
D ca

em que,

db d
b  b
d 
∫∫ f ( x, y ) dxdy
=
ca
∫c  ∫a f ( x, y ) dx  dy
= ∫a  ∫c f ( x, y ) dy  dx.

Note que a ordem em que a integral é calculada não modifica o resultado


alcançado. Por este modo, o Teorema de Fubini é conhecido como o teorema das
integrais iteradas. Neste processo, por exemplo, resolvemos a integral

∫ f ( x, y ) dx,
a

mantendo temporariamente a variável y constante, e em seguida, integramos o


resultado alcançado com relação a variável y, no intervalo [c, d].

Vamos analisar o cálculo de uma integral dupla resolvendo alguns


exemplos.

Exemplo: calcular a integral dupla, sobre o retângulo [0,1] x [0,1], e abaixo da


superfície

f ( x, y ) = xy 2 .

7
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Resolução: verificando o enunciado para este exemplo, temos que a integral


dupla a ser resolvida será

11

∫∫xy ² dxdy.
00

Como a primeira integral a ser resolvida é com relação à variável x, iremos


momentaneamente admitir a variável y como sendo uma constante, e assim
sendo, teremos

1
1 
∫0  ∫0  dy
2
y ⋅  x dx

ou seja, primeiro resolveremos a integral interna aos colchetes do modo já


verificado para as integrais simples

1 1 1
 x2  2 1
2
02 
∫0  2  ∫0  2 2  dy
2
y ⋅ dy = y −
0
1
y2
=∫ dy.
0
2

Agora a integral só depende de y e resolvemos normalmente

1 1
1 2 1  y³  1
∫0 2 y dy =⋅  =
2  3 0 6
.

E
IMPORTANT

Procure calcular a integral, invertendo a ordem da integração, realizando:


11

∫∫xy ² dydx.
00

Note, que este fato só é possível com esta naturalidade (sem demais preocupações), pois a
região do domínio de integração é um retângulo.

8
TÓPICO 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS

Exemplo: calcular o volume do sólido S, acima da região retangular [0,1] x [0,1] e


abaixo da superfície plana x + y + z = 2.

Resolução: observe, antes de resolvermos o exemplo em questão, o fato que


estamos calculando um volume antes complicado de ser resolvido, de um modo
mais tranquilo, através da integração dupla. Observe o gráfico a seguir que mostra
graficamente a situação apresentada no exemplo.

GRÁFICO 3 – REPRESENTAÇÃO DO VOLUME DESCRITO NO EXEMPLO

FONTE: Os autores

A integral dupla para o caso é construída da seguinte forma

11

∫∫ 2 − x − y dxdy.
00

Para a sua resolução, utilizando o Teorema de Fubini, teremos

1
1 
∫0  ∫0 2 − x − y dx  dy.

Lembrando que devemos manter a variável y como constante e integrando


em relação a x na primeira integral a ser resolvida, assim

1 1 1
 x2  3
∫0  2 x −
2
− xy  dy =
0
∫ 2 − y dy.
0

9
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Agora a função dentro da integral só depende de y e integramos


normalmente

1 1
3  3y y2  3 1
∫0 2 − y dy =  −  = − = 1.
2 2 0 2 2

Exemplo: determinar o volume do sólido R, sobre o retângulo [–1,1] x [0,1], e abaixo


da superfície cilíndrica z = 1 – x2.

Resolução: para ilustrar, analisemos o gráfico:

GRÁFICO 4 – REPRESENTAÇÃO DO VOLUME DESCRITO NO EXEMPLO

FONTE: Os autores

Usando a definição de integral dupla e iniciando a integração pela variável


y, temos que o volume é

1 1

∫∫1 − x dydx
2
V
=
−1 0
1
1 
= ∫−1  ∫01 − x² dy  dx
1
1
∫  y − x y  dx
2
=
−1
0
1

∫1 − x
2
= dx.
−1

10
TÓPICO 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS

Integrando com relação a x, teremos

∫1 − x
2
V= dx
−1
1
 x3 
= x − 
 3  −1

 1  ( −1)  4
3

= 1 −  −  ( −1) − = .
 3   3  3

2.2 INTEGRAL DUPLA DE REGIÕES NÃO RETANGULARES


O próximo passo acadêmico é pensar em regiões que não são retangulares,
como calculamos a integral dupla nesse caso. A ideia é recorrer à mesma teoria
vista para as regiões retangulares. Deveremos tomar como base o fato de que a
região D (não retangular) estará totalmente inscrita em um retângulo, conforme
mostra o gráfico seguir.

GRÁFICO 5 – REPRESENTAÇÃO DA INTEGRAL DUPLA EM UMA REGIÃO NÃO RETANGULAR

FONTE: Os autores

Por este motivo, podemos tratar este tipo de integral do mesmo modo da
integral dupla vista anteriormente. Da mesma maneira, utilizaremos o Teorema de
Fubini para o cálculo destas integrais, é claro que em uma visão um pouco mais
geral e sendo a região D uma região dita “simples”, ou seja, com uma das direções
do domínio fixada em valores fixos e a outra direção podendo variar ao longo de
uma função. Serão dois casos importantes.
11
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Região vertical simples

Neste caso inicial, teremos uma região do domínio do tipo

Rx
= {( x, y ) ∈  2
: a ≤ x ≤ b e g 2 ( x ) ≤ y ≤ g1 ( x )}
em que g1, g2 são funções contínuas. O gráfico a seguir representa uma região
vertical simples. Temos variação fixa em intervalo no eixo X e funções delimitando
a variação no eixo Y.

GRÁFICO 6 – REPRESENTAÇÃO DE UMA REGIÃO VERTICAL SIMPLES

FONTE: Os autores

A integral a ser resolvida fica da forma:

 g1 ( x )
b 
∫∫ f ( x, y ) dxdy = ∫  ∫ f ( x, y ) dy  dx.
Rx a 
 g2 ( x ) 

Vamos entender como trabalhar com esse caso através de exemplos.

Exemplo: calcular a integral dupla, sobre a função

f ( x, y ) = xy 2 ,

em que o domínio é o quarto de círculo no primeiro quadrante

D
= {( x, y ) ∈  2
: 0 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ 1 − x² .}

12
TÓPICO 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS

Resolução: utilizando o Teorema de Fubini sobre a região vertical simples


originada, teremos

1  1− x 2  1  1− x 2 
∫0  ∫ xy dy  dx= ∫0  ∫ y 2 dy  dx
2
x ⋅
 0   0 
1 1− x 2
 y3 
= ∫x ⋅   dx
0  3 0
1 3
1
= ⋅ ∫x ⋅ 1 − x 2  2 dx.
3 0

Observe que para realizar a integral devemos utilizar o método da


substituição. Considere u = 1 – x2, e assim sendo, du = –2x dx, ou seja,

1 3 3 1
1 1
= ⋅ ∫x ⋅ 1 − x 2  2 dx =− ⋅ ∫u 2 du
3 0 6 0
1
1 2  52 
=− ⋅ u 
6 5  0
5 1
1 2  1
=− ⋅  1 − x 2
6 5
( ) 2
 = .
 0 15

Exemplo: calcular a integral dupla

∫∫ ( x )
3
+ 3 y dA
D

em que D é a região limitada pelas curvas y = x2 e y = 2x.

Resolução: quando a região não está delimitada, devemos analisar o gráfico,


observe que o gráfico é apresentado no gráfico a seguir.

13
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

GRÁFICO 7 – REPRESENTAÇÃO DO DOMÍNIO D

FONTE: Os autores

Em seguida, apesar de já estar claro na figura, devemos saber quais os


pontos de intersecção das duas curvas, e para isso basta resolver a equação x2 = 2x,
nesse caso encontramos os valores x = 0 e x = 2. Portanto, a região pode ser vista
como vertical simples, cujo domínio será

D
= {( x, y ) ∈  2
: 0 ≤ x ≤ 2 e x² ≤ y ≤ 2 x . }
Com o Teorema de Fubini, temos

2x
2
2 x 3  2
 3 3y2 
∫0  ∫2 (
x + 3 y dy  dx )
∫0 
= x y +  dx
2  x2
x 
( )
2
3⋅ (2x)
2
2 3 ⋅ x2
∫x
3 3 2
= ⋅ 2x + −x ⋅x − dx
0
2 2
2
3x 4
∫2x + 6x − x −
4 2 5
= dx
0
2
2
1
(
= ⋅ ∫ −2 x 5 + x 4 + 12 x 2 dx
2 0
)
2
1  2 x 6 x5 12 x3 
= − + + 
2 6 5 3 0
1  2 ⋅ 26 25 12 ⋅ 23 
= − + + 
2 6 5 3 
1  64 32  128
=  − + + 32  = .
2 3 5  15

14
TÓPICO 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS

Exemplo (área a partir de uma integral dupla): calcular por integral dupla a área
da região compreendida entre as curvas

x2 + =
2 y 16 e x + =
2 y 4.

Resolução: incialmente, devemos fazer a seguinte análise, a fim de compreender


o dispositivo de cálculo que será utilizado neste exemplo, imaginemos uma
função f(x, y) = 1, que se trata de uma superfície de altura constante igual a 1. Ora,
todo prisma de altura igual é 1, possui volume numericamente igual a área da
base, isto é

A ( D ) = ∫∫1 dA.
D

Agora, com este conhecimento, determinaremos os limites para o


domínio indicado. Para encontrar a região indicada primeiro isolando o y nas
duas equações temos

16 − x 2 x2
y= = 8−
2 2

4− x x
y= = 2−
2 2

agora encontramos os pontos de intersecção resolvendo a equação

16 − x 2 =4 − x
x 2 − x − 12 =0,

por Bhaskara, encontramos as seguintes soluções x = –3 e x = 4 podemos observar


isso no gráfico a seguir.

15
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

GRÁFICO 8 – REPRESENTAÇÃO DA REGIÃO DO EXEMPLO

FONTE: Os autores

Portanto, a região D pode ser descrita por:

 x x2 
D ( x, y ) ∈  2 : −3 ≤ x ≤ 4 e 2 − ≤ y ≤ 8 − 
=
 2 2

e pelo Teorema de Fubini, temos que a área é

 x2  x2
4
8−
4 8−
 2  2 dx
∫−3  ∫x  −∫3
1 dy dx = y
x
 2−  2−
 2  2
4
x2 x
= ∫8 −
−3
2
− 2 + dx
2
4
x x2
= ∫ 6 + − dx
−3
2 2
4
1 343
= ⋅ ∫ (12 + x − x ² ) dx = .
2 −3 12

16
TÓPICO 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS

Exemplo: calcular a área, via integral dupla da região D, entre as curvas y = x2 e x = y2.
Resolução: verificamos que as funções dadas não estão com a mesma variável
como independente. Logo a função x = y2 será reescrita como y = √x. Os pontos de
intersecção são x = 0 e x = 1.

Desta forma, o Teorema de Fubini, para o cálculo desta área fica escrito como

1  x  1

∫0  ∫2 1 dy= dx ∫( )
x − x 2 dx
x  0
1
 2 32 x3  1
=  x −  = .
3 3 0 3

Região horizontal simples

Neste caso teremos uma região do domínio do tipo:

Rx
= {( x, y ) ∈  2
: h1 ( y ) ≤ x ≤ h2 ( y ) e c ≤ y ≤ d }
em que h1, h2 são funções contínuas. O gráfico a seguir representa uma região
horizontal simples. Temos variação fixa em intervalo no eixo Y e funções
delimitando a variação no eixo X.

GRÁFICO 9 – REPRESENTAÇÃO DE UMA REGIÃO HORIZONTAL SIMPLES

FONTE: Os autores

A integral a ser resolvida fica da forma:

 h2 ( x )
d 
∫∫ f ( x, y ) dxdy = ∫  ∫ f ( x, y ) dx  dy.
Rx c 
 h1 ( x ) 

17
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Vamos entender como trabalhar com esse caso através de exemplos.

Exemplo: calcular a integral dupla

∫∫ ( x )
3
+ 3 y dA
D

em que D é a região limitada pelas curvas y = x2 e y = 2x.

Resolução: sabemos que o gráfico dessa região é

GRÁFICO 10 – REPRESENTAÇÃO DO DOMÍNIO D

FONTE: Os autores

Podemos escrever o domínio da região acima, isolando o x e nesse caso


encontramos

 y 
D ( x, y ) ∈  2 : ≤ x ≤
= y e 0 ≤ y ≤ 4 .
 2 

Com o Teorema de Fubini, temos

18
TÓPICO 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS

4
 y  4 y
   x4 
(
∫0  ∫y x + 3 y dx  dy =
3
)
∫0  4 + 3 yx  y dy
 2  2

4
 y
( y)
4
4   y
2
= ∫ + 3 y y −   − 3 y ⋅ dy
0
4 4 2
4 3
y2 y4 3y2
= ∫
0
4
+ 3y − −
2
64 2
dy

4 3
−5 y 2 y4
= ∫0 4 + 3 y 2

64
dy
4
 3
5

 5 y 6 y 2
y5 
=− + −
 12 5 320 

 0
3 5 5
5⋅ 4 6 2 4
= − + 4 −
12 5 320
80 192 16 128
=− + − = .
3 5 5 15

Observe que encontramos o mesmo resultado, mesmo com métodos


diferentes.

Exemplo: calcular a área, via integral dupla da região D, entre as curvas y = x2 e


x = y2.

Resolução: verificamos que as funções dadas não estão com a mesma variável
como independente. Em vez de isolar o y como fizemos no caso anterior aqui,
isolaremos o x, logo a função y = x2 será reescrita como x = √y e os pontos de
intersecção são y = 0 e y = 1

Pelo Teorema de Fubini a área é

1  y  1

∫0  ∫2  dy
 1 dx
= ∫( )
y − y 2 dy
y  0
1
 2 3 y3  1
=  y2 −  = .
3 3 0 3

19
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

NOTA

Podemos supor ainda que a região D pode ser decomposta em duas ou mais
regiões simples. Do tipo vertical ou horizontal. Após isto, a integral dupla é calculada pela
propriedade aditiva das integrais.

f ( x, y ) dA ∫∫ f ( x, y ) dA + ∫∫ f ( x, y ) dA.
∫∫=
D D1 D2

3 INTEGRAL TRIPLA
Para o estudo da integração tripla, para fins de simplificação, tomaremos
como compreendidas as mesmas construções, definições e propriedades da
integral dupla. Assim, temos por definição, que a integral tripla de f sobre uma
região espacial R é dada por

∫∫∫ f ( x, y, z ) dV
R

em que dV = dx · dy · dz é uma unidade infinitesimal de volume.

NOTA

Caso tenhamos f (x, y, z) = 1, estamos calculando o volume da região espacial


R, assim como similarmente tinhamos uma propriedade para a integral dupla.

20
TÓPICO 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS

3.1 INTEGRAL TRIPLA EM UMA REGIÃO COM FORMATO


DE UM PARALELEPÍPEDO
Dada uma função f : R ⊂  3 →  , contínua e compacta, seguindo os
seguintes pontos

=R {( x, y, z ) ∈  3
: a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d , e ≤ z ≤ f }
então a integral tripla de f sobre R é dada por:

b d  f  
∫a  ∫c  ∫e f ( x, y, z ) dz  dy  dx
   

e ainda, de modo idêntico o Teorema de Fubini se aplica, podendo-se permutar a


ordem de integração.

Exemplo: calcular a integral tripla da função f (x, y, z) = xyz, em que a região de


domínio é dada por:

=R {( x, y, z ) ∈  3
:1 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ 1, 1 ≤ z ≤ 2 . }
Resolução: a partir da região mostrada no exemplo, podemos afirmar que ela se trata
de um paralelepípedo reto-retângulo, que pode ser notado como [1, 2] x [0, 1] x [1, 2],
logo:

1  2
2
 
∫1  ∫0  −∫1
  xyz dx  dy  dz
 

2 1 2
 3  
2 1
 x2 
= ∫  ∫  yz  dy  dz= ⋅ ∫  ∫ yz dy  dz
1 
2  −1  2 1 0
0   
2 1 2
3  y2  3 9
=⋅∫ z  dz = ⋅ ∫z dz = .
2 1 2 0 4 1 8

Assim como nas integrais duplas, é possível também termos o cálculo de


integrais triplas com regiões não retangulares, em que neste caso, as duas integrais
calculadas incialmente possuem variação de acordo com funções de duas e uma
variável, respectivamente e a última integral a ser calculada varia entre intervalo fixo.

21
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Exemplo: calcular a integral tripla

∫∫∫x
2
+ y 2 + z 2 dV
R

em que R é delimitada pelos planos x + y + z = 2, x = 0, y = 0 e z =0

Resolução: para iniciar a resolução desta questão, vamos analisar o gráfico a


seguir que exemplifica o caso.

GRÁFICO 11 – REPRESENTAÇÃO DO EXEMPLO

FONTE: Os autores

Analisando os limites da região dada, verificamos que:

=R {( x, y, z ) ∈  3
: 0 ≤ x ≤ 2 , 0 ≤ y ≤ 2 − x, 0 ≤ z ≤ 2 − x − y }
o que resulta na integral tripla a seguir, cujo resultado será obtido pelo Teorema
de Fubini:

2  2− x  2− x − y 2  
∫0  ∫0  ∫0 x + y + z dz  dy  dx
2 2

   
1  
2 2− x
= ⋅ ∫  ∫ ( 2 − x − y ) ⋅ 3 x 2 + 3 y 2 + ( 2 − x − y ) ²  dy  dx
3 0 0 
2
1 8
=
3 0
2
( )
⋅ ∫ 2 ⋅ ( x − 2 ) x 2 − x + 1 dx = .
5

22
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Uma integral dupla é uma extensão do conceito da integração simples, e ainda:

db

∫∫ f ( x, y ) dxdy = ∫∫ f ( x, y ) dxdy.
D ca

• A resolução de uma integral dupla é feita a partir do Teorema de Fubini:

db d
b  b
d 
∫∫ f ( x, y ) dxdy
=
ca
∫c  ∫a f ( x, y ) dx  dy
= ∫a  ∫c f ( x, y ) dy  dx.

• Para integrais duplas de regiões não retangulares, podemos analisar o domínio


segundo:

◦ Região vertical simples

 g1 ( x )
b 
∫∫ f ( x, y ) dxdy = ∫  ∫ f ( x, y ) dy  dx.
Rx a 
 g2 ( x ) 

◦ Região horizontal simples

 h2 ( x )
d 
∫∫ f ( x, y ) dxdy = ∫  ∫ f ( x, y ) dx  dy.
Ry  h1 ( x )
c  

• Uma integral dupla, além do cálculo do volume abaixo de uma superfície, o


cálculo de área de uma região D (domínio), através de:

A ( D ) = ∫∫1 dA.
D

23
• Uma integral tripla tem a forma:

∫∫∫ f ( x, y, z ) dV .
R

E é calculada por:

b d  f  
∫a  ∫c  ∫e
  f ( x , y , z ) dz  dy  dx.
   

24
AUTOATIVIDADE

Acadêmico, um dos princípios da UNIASSELVI é “Não basta saber, é


preciso saber fazer”. Agora chegou a sua vez de colocar em prática os conceitos
sobre matrizes estudados neste tópico.

1 Calcular as integrais duplas:

a) 32

∫∫ ( 2 + 6xy ) dydx
20

b) 34

∫∫ ( 40 − 2xy ) dydx
12

2 Um dos primeiros princípios e utilizações para as integrais múltiplas é o


cálculo de áreas e volumes de figuras e/ou sólidos os quais não possuem
formatos usuais. Isso pode estar fortemente ligado à elaboração de uma peça
em um processo produtivo, ao qual necessitamos saber qual é a quantidade de
material utilizado ou qual o espaço exato que esta peça ocupará dentro de um
componente. Considere a região delimitada por x = 2, x = 8, y = 2x + 2, y = 2x.

Faça o que se pede:

a) Construa no sistema cartesiano de coordenadas a região correspondente.


b) Se esta região representa a área de uma peça de viscose talhada, calcule esta
área por meio de uma integral dupla.

3 Assinale a opção que delimita o volume do tetraedro, dado pela intersecção


do plano x + y + z = 1 e o primeiro octante.

25
a) ( ) 1/6.
b) ( ) 1/2.
c) ( ) 1/3.
d) ( ) 1/4.
e) ( ) 1/5.

4 Define-se o valor médio de uma função sobre uma região R no espaço por

Vm ( F ) = ∫∫∫ F dV .
R

Considerando a função F(x, y, z) = x. y. z, o valor médio de F sobre o


cubo limitado pelos planos x = 4, y = 4 e z = 4, no primeiro octante é igual a?

a) ( ) 512.
b) ( ) 64/3.
c) ( ) 64.
d) ( ) 8.

5 Por integração dupla, a área da região limitada por y = x2 e y = √x, em unidades


de área é igual a:

a) ( ) 1/3.
b) ( ) 2/3.
c) ( ) 5/6.
d) ( ) 7/6.

6 Maria e José estão discutindo a lista de exercícios de integrais duplas e triplas


para calcular o volume do sólido S obtido a partir da intersecção das superfícies
2x + 4y + z = 8, z = 0, y = 0 e x = 0.

• José afirma que a integral para resolver o caso é:

4 −0,5 x + 2

∫ ∫
0 0
8 − 2 x − 4 y dydx

• Maria afirma que a integral para o caso é:

2 −2 y + 4

∫ ∫
0 0
8 − 2 x − 4 y dxdy

26
Em relação às soluções propostas por Maria e José, julgue a verdadeira:

a) ( ) Maria está incorreta e José correto.


b) ( ) Maria está correta e José incorreto.
c) ( ) Ambos estão corretos.
d) ( ) Ambos estão incorretos.

7 Considere a função f(x, y), e a região D no plano, delimitada pelas retas x = 0,


x = 6 – y e a parábola y = x2, com x > 0. Assinale a opção que calcula o volume
abaixo da superfície de f(x, y) e acima da região D.
2 x2
a) ( )
∫ ∫ f ( x, y ) dx dy
0 6− x

2 6− x

b) ( ) ∫ ∫ f ( x, y ) dy dx
−3 x 2

2 6− x

c) ( ) ∫ ∫ f ( x, y ) dy dx
0 x2

2 x²

d) ( ) ∫ ∫ f ( x, y ) dy dx
−36 − x

27
28
UNIDADE 1
TÓPICO 2

MUDANÇA DE VARIÁVEIS NAS INTEGRAIS MÚLTIPLAS

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, você já estudou algumas técnicas de resolução de integrais
no tópico anterior, porém existem integrais que precisam de técnicas mais
elaboradas. O objetivo deste tópico é abordar a técnica de substituição de variáveis
para resolver integrais duplas e triplas, dependendo das funções que estamos
integrando, vamos usar uma substituição adequada.

Quando estudamos a técnica de integrais simples por substituição, o que


estamos realizando é uma mudança de variáveis para conseguir utilizar uma integral
da tabela de primitivas. O que fazemos é tomar uma função f : [ a, b ] →  , contínua
e g : [ c, d ] →  , derivável, sendo que g' é integrável e ainda g(c) = a e g(d) = b, para
obter:

g(d ) d
f ( x ) dx ∫ f ( g ( u ) ) ⋅ g´( u ) du.
∫=
g (c) c

Para relembrar o processo, vamos utilizar o seguinte exemplo. Calcular a


integral:


0
1 − x ² dx.

Para resolver tal integral, devemos lembrar que se tomarmos f(x) = √1 – x2,
0 ≤ x ≤ 1, com a substituição x = g(u) = sen(u), obtemos:

π
f ( g (u )) = 1 − sen ² ( u ) = cos ( u ) e ainda g´( u ) = cos ( u ) , com 0 ≤ u ≤ .
2

Logo
π
1 2


0
∫cos ² ( u ) du
1 − x 2 dx =
0

29
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

1
agora, sabendo que cos 2 (=
u)
2
(1 + cos ( 2u ) ) , concluímos que

π
1
1 2
∫ 1 − x 2 dx = ⋅ ∫ (1 + cos ( 2u ) ) du
0
2 0
π
1 sen ( 2u )  π
u +  2= .
2 2  0 4

O próximo passo é deduzir o processo de mudança de variável para


integrais com mais de uma variável.

2 MUDANÇA DE VARIÁVEL NA INTEGRAL DUPLA


Nesta seção a ideia é resolver as integrais duplas usando mudanças de
variável, no primeiro momento, entenderemos como realizar o processo de
mudança de variáveis na integração dupla de funções de várias variáveis. Em
geral trabalharemos com duas variáveis f = f(x, y).

Para funções de várias variáveis, devemos recorrer a uma transformação


do tipo T : 2 →  ² , tal qual

 x = x ( u , v )
T :
 y = y ( u , v )

sendo que as funções, que chamaremos de “funções coordenadas”, x(u, v) e y(u, v),
possuem derivadas parciais de primeira ordem contínuas.

Além desta suposição inicial, deveremos considerar o Jacobiano que é


definido pelo determinante das derivadas parciais de x e y em relação às novas
variáveis u e v, ou seja,

xu xv
J (T ) = .
yu yv

30
TÓPICO 2 | MUDANÇA DE VARIÁVEIS NAS INTEGRAIS MÚLTIPLAS

Visto isto, definiremos para a mudança de variável de uma função com


duas variáveis, a seguinte expressão

∫ ∫ f ( x, y ) dxdy
=
Rxy
∫ ∫ f ( x ( u, v ) , y ( u, v ) ) ⋅ J (T ) dudv.
Ruv

Esta fórmula representa a mudança de variáveis, neste caso das


coordenadas cartesianas, x e y, para qualquer outro referencial de coordenadas u e
v. Sabemos também, que isto permite-nos uma série de tipos de troca de variável,
porém, em algumas situações, não teremos grandes aplicações práticas deste
processo, o que não é o objetivo deste material. Assim, exemplificaremos para
este item, inicialmente, um tipo de troca de variáveis, bastante útil em diversos
casos, que é a mudança para coordenadas polares.

2.1 COORDENADAS POLARES


Antes de iniciarmos o processo de cálculo em si para a troca de coordenadas,
devemos imaginar a seguinte questão:

Estamos bastante acostumados, até o momento, a identificar um ponto no


plano cartesiano, através de suas coordenadas (vertical e horizontal). No entanto,
será que existe outra forma de conseguirmos localizar este ponto além dessa?

A resposta é sim! Para tal, devemos informar a distância que este ponto se
encontra da origem do sistema e ainda qual o ângulo formado entre o segmento
de reta que liga este ponto à origem com o eixo das abscissas (eixo X). Note que
o ponto localizado com um par (r, θ), ou seja, distância e ângulo, é único e assim
sendo conseguimos tal localização.

Analisando o gráfico a seguir, podemos notar que existe uma relação
(transformação) para cada x e y, utilizando-se de novas variáveis (r, θ), conforme
reza a regra que vimos anteriormente para a troca de variáveis.

GRÁFICO 12 – REPRESENTAÇÃO DE COORDENADAS POLARES

FONTE: Os autores

31
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Note que a transformação que devemos considerar, já que podemos usar


as formas trigonométricas do triângulo retângulo, é

 x= r ⋅ cos (θ )
T : .
 y= r ⋅ sen (θ )

y
A transformação inversa é dada por r2 = x2 + y2 e tg (θ ) = . E para a
transformação T temos o seguinte Jacobiano x

cos (θ ) − r ⋅ sen (θ )
J (T ) =
sen (θ ) r ⋅ cos (θ )
= r ⋅ cos 2 (θ ) + r ⋅ sen 2 (θ ) = r.

Deste modo, sempre que utilizarmos a mudança de variável de coordenadas


retangulares (padrão) para coordenadas polares, teremos que substituir a área
elementar dxdy por

J (T ) drdθ = r ⋅ drdθ ,

assim como visto na fórmula para mudança de variáveis.



Por fim, indica-se que esta mudança de variáveis é bastante útil para áreas
e domínios que possuem similaridade com circunferências.

NOTA

A equação de uma circunferência é dada por x2 + y2 =r2. Acadêmico, não se


esqueça da equação da circunferência, ela será muito útil nos cálculos em que utilizaremos
a mudança para coordenadas polares.

Exemplo: calcular a integral dupla

∫ ∫ log ( x )
2
+ y 2 dA.
Rxy

32
TÓPICO 2 | MUDANÇA DE VARIÁVEIS NAS INTEGRAIS MÚLTIPLAS

em que Rxy é a região delimitada pelos círculos x2 + y2 = 1 e x2 + y2 = 4.

Resolução: percebemos que esta integral dupla é uma séria candidata a utilização de
coordenadas polares. Vejamos no gráfico a seguir a representação da região Rxy indicada.

GRÁFICO 13 – REPRESENTAÇÃO DA REGIÃO Rxy

FONTE: Os autores

Perceba que a faixa que estamos interessados em analisar possui raio


variando entre 1 e 2 e, por ser uma região do primeiro quadrante, o ângulo
variando entre 0 e π/2.

Sendo assim, a região Rxy quando transformada na região (já para
coordenadas polares) Rrθ passa a ser

 π
Rrθ ( r , θ ) ∈  2 :1 ≤ r ≤ 2, 0 ≤ θ ≤  .
=
 2

Logo, lembrando que x2 + y2 = r2 e a área elementar dA = r · drdθ, teremos


uma nova visão da integral dupla, agora, em coordenadas polares:

π /2 2

∫ ∫ log ( x ) ∫ ∫ log ( r ) r ⋅ drdθ .


2 2 2
+y=
dA
Rxy 0 1

π /2
2 
= ∫ ( )
 ∫ log r r ⋅ dr  dθ .
2

0 1 

Agora, para a resolução desta integral interna, devemos lembrar o processo


de cálculo por substituição simples, visto na disciplina de Cálculo II. Ou seja:

33
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

u = r²
du
=du 2=
r dr r dr.
2

Assim sendo

2 4
1
( )
∫1 log r r ⋅ dr =
2

2 ∫1
log ( u ) du
4
u 
 2 ⋅ ( log ( u ) − 1) 
=
1

4
=  ( log ( 4 ) − 1
2
) −  12 ( log (1) − 1)
1 3
= 2 log ( 4 ) − 2 − 0=
+ 2log ( 4 ) − .
2 2

Finalizando o cálculo da integral dupla

π /2 π
 3  3  3π
∫  2 log ( 4 ) − 2  dθ = 2 log ( 4 ) − 2  ⋅ θ  2 =π ⋅ log ( 4 ) − 4 .
0   0

UNI

Caro acadêmico, você já percebeu que vamos utilizar muito o conceito de


integração que estudamos na disciplina Calculo Diferencial e Integral I.

Exemplo: calcular a integral dupla

∫ ∫ 14 − x
2
− y ² dA
Rxy

em que Rxy é a região delimitada pelos círculos 4 ≤ x2 + y2 ≤ 9.

34
TÓPICO 2 | MUDANÇA DE VARIÁVEIS NAS INTEGRAIS MÚLTIPLAS

Resolução: observando que esta integral possui domínio delimitado por círculos,
é interessante realizar a troca de variáveis para coordenadas polares, com raio
variando entre 2 e 3 e ângulo de volta completa, ou seja, de zero a 2π. Devemos
lembrar que x2 + y2 = r2. Então

2π 3

∫ ∫ 14 − ( x + y ²) dA= ∫ ∫ (14 − r ² ) r ⋅ drdθ .


2

Rxy 0 2

Que resolvendo, temos

2π 3 2π 3
14r 2 r 4 
∫ ∫14r − r drdθ = ∫ −  dθ
3

0 2 0  2 4 2

 3 4
  24  
∫   dθ
2 2
=  7 ⋅ 3 − −
  7 ⋅ 2 −
0  4   4 

 81  
= ∫  63 − 4  − ( 28 − 4 ) dθ
0
2π 2π
81  81  81π
= ∫= dθ = θ .
0
4  4 0 2

Exemplo: calcular a integral dupla

∫∫x Rxy
x 2 + y 2 dxdy

em que Rxy é a região do primeiro quadrante delimitada pelos círculos 1 ≤ x2 + y2 ≤ 4.

Solução: observe que nesse caso o raio está variando entre 1 e 2 e o ângulo é um quarto
π
de volta, ou seja, de zero a . Devemos lembrar que x2 + y2 = r2 e que x = rcos(θ), então
2

π
22

∫∫x =
x 2 + y 2 dxdy
Rxy
∫∫r cos (θ )
01
r 2 ⋅ r ⋅ drdθ .

35
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Que resolvendo, temos

π
22
π
2
r4
2

∫∫ r cos (θ ) drdθ = ∫ cos (θ )


3

4
01 0
1
π
2
 24 1 
= ∫0 ( )  4 − 4  dθ
cos θ
π
π
15 2 15
= = ∫ cos (θ ) dθ sen (θ ) 2
4 0 4
0
15  π  15 15
= sen   − sen ( 0 ) = .
4 2 4 4

Acadêmico, preste muito atenção na mudança de coordenadas cartesianas


para polares para não perder informação. Sempre que possível, desenhe o gráfico
da região em que você estiver integrado usando algum software como o Geogebra
ou WolframAlpha.

3 MUDANÇA DE VARIÁVEIS NA INTEGRAL TRIPLA


No caso de integrais triplas, a função a ser integrada é uma função de
três variáveis, e da mesma forma que na seção anterior, fazer uma mudança de
variável é essencial para conseguimos calcular mais facilmente algumas integrais
triplas. Nessa seção estudaremos como fazer a mudança de variável para as
integrais triplas.

Para realizar o processo de mudança de variáveis na integração tripa,


devemos recorrer a uma transformação do tipo

T : 3 →  3 ,

de uma forma totalmente análoga a mudança de variável na integral dupla, tal qual:

 x = x ( u , v, w )

T :  y = y ( u , v, w )
 z = z ( u , v, w )

36
TÓPICO 2 | MUDANÇA DE VARIÁVEIS NAS INTEGRAIS MÚLTIPLAS

sendo que as funções, que chamaremos de “funções coordenadas”, x(u, v, w), y(u, v, w)
e z(u, v, w), possuem derivadas parciais de primeira ordem contínuas.

Além desta suposição inicial, deveremos considerar o seguinte Jacobiano
(nova definição):

xu xv xw
J (T ) = yu yv yw .
zu zv zw

Visto isto, definiremos para a mudança de variável de uma função com


três variáveis, a seguinte expressão:

∫ ∫ ∫ f ( x, y, z ) dxdydz ∫ ∫ f ( x ( u, v, w) , y ( u, v, w) , z ( u, v, w) ) ⋅ J (T ) dudvdw.
Rxyz Ruvw

A ideia é modificar a integral de forma que essa nova integral seja


mais simples de ser calculada, quando estamos em três dimensões uma das
mudanças de variáveis mais eficaz é a mudança de coordenadas cartesianas
para coordenadas cilíndricas.

3.1 INTEGRAL TRIPLA EM COORDENADAS CILÍNDRICAS


Para este tipo de mudança de variáveis, vamos considerar no plano a
mudança de variável para coordenadas polares, já estamos em duas dimensões,
e a altura z envolvida permanece inalterada. Desta forma, teremos a seguinte
transformação para a mudança de coordenadas cilíndricas.

T ( r , θ , z ) = ( rcos (θ ) , rsen (θ ) , z ) .

y
2
Lembre-se de que a transformação inversa é r= x 2 + y 2 e tg (θ ) = .
x

Quanto ao Jacobiano, ele será exatamente o mesmo das coordenadas


polares, dado por r, e desta forma, uma integral tripla, do tipo:

∫∫∫ f ( x, y, z ) dV
R

37
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

será calculada por

∫ ∫ ∫ f ( x, y, z ) dV
=
Rxyz
∫ ∫ ∫ f ( rcos (θ ) , rsen (θ ) , z ) r ⋅ dzdrdθ
Rrθ z

ou seja, em coordenadas cilíndricas, o volume elementar dV será dado por r dzdrdθ.

NOTA

Acadêmico, lembre-se de que a integral tripla da função constante 1 é o volume


do sólido, ou seja,

Volume = ∫∫∫ dV .
D

Exemplo: calcular utilizando integral tripla, o volume de um cilindro de raio R e


altura h.

Resolução: seguindo o conceito visto para coordenadas cilíndricas, teremos


extremos de integração para a integral tripla

Rrθ z : 0 ≤ θ ≤ 2π , 0 ≤ r ≤ R, 0 ≤ z ≤ h.

E assim:

2π R h 2π R
θ ∫ ∫ [r ⋅ z ]
h
∫ ∫∫r dzdrd
0 00
=
0 0
0
drdθ

2π R
= ∫ ∫h ⋅ r drdθ
0 0
2π R
 r2 
= ∫  h ⋅  dθ
0 
2 0
2π R 2
= ⋅ h= π R 2 ⋅ h.
2

38
TÓPICO 2 | MUDANÇA DE VARIÁVEIS NAS INTEGRAIS MÚLTIPLAS

Exemplo: utilize coordenadas cilíndricas para determinar a integral tripla

∫∫∫xy dV
D

em que a região D é limitada por x2 + y2 ≤ 1 e 0 ≤ z ≤ 1.

Resolução: observando que a expressão x2 + y2 ≤ 1 é a região interna de um cilindro


de raio 1, e tomando a altura variando de 0 até 1, temos a integral escrita, em
coordenadas cilíndricas, como sendo:

2π 1 1

∫∫∫xy dV
=
D
∫ ∫∫ ( rcos (θ ) ⋅ rsen (θ ) ) r dzdrdθ
0 00

lembre-se de que x = rcos(θ) e y = rsen(θ), logo

2π 1 1

∫∫∫xy dV
= ∫ ∫∫r
2
cos (θ ) ⋅ sen (θ ) dzdrdθ
D 0 00

2π 1
1
= ∫0 ∫0r 2
cos ( ) ( ) drdθ
θ ⋅ sen θ ⋅ z
0
2π 1
= ∫ ∫r
2
cos (θ ) ⋅ sen (θ ) drdθ
0 0
2π 1
 r3 
= ∫  cos (θ ) sen (θ )  dθ
0 3 0

1
=
3 ∫ cos (θ ) sen (θ ) dθ
0

para calcularmos essa última integral, devemos usar a mudança de variável u = cos(θ)
e como du = –sen(θ)dθ temos que

1
∫∫∫
D
xy dV = − ∫ u du
30
2π 2π
1 u2 1
=
− − cos (θ )
= 2

3 2 6
0 0
1 1
− cos 2 ( 2π ) + cos 2 ( 0 ) =
= 0.
6 6
39
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Nesse caso a integral tripla pode ser igual a zero, pois não estamos falando
de volume e sim simplesmente de integração.

Exemplo: calcule a integral tripla

∫ ∫ ∫dxdydz
D

com D o conjunto x2 + y2 ≤ z ≤ 2 – x2 – y2.

Resolução: observe que nesse caso a limitação de z também vai precisar ser
modificada já que não temos constantes, mas sim funções que limitam z. Primeiro
fazemos a integração em relação a z.

2− x 2 − y 2
∫∫∫ dxdydz = ∫∫ ∫ 2
D Dxy
x + y2
dz dxdy

2 − x2 − y 2
= ∫∫ z dx dy
Dxy x2 + y 2

∫∫ 2 − 2 x
2
= − 2 y 2 dxdy.
Dxy

Vamos considerar

2
r= x2 + y 2
x = r cos (θ )
y = r sen (θ )

observe também que x2 + y2 = 2 – x2 – y2 é uma circunferência de raio 1 e centro


(0, 0), concluímos assim que o raio varia de 0 até 1 e que o ângulo varia de 0
até 2π. Assim, a integral tripla após a mudança de coordenadas cartesianas para
cilíndricas fica

= ∫ ∫ ( 2 − 2r ) rdrdθ
2π 1
∫∫∫ dxdydz
2
0 0
D
2π 1
∫ ∫ 2r − 2r drdθ
3
=
0 0

r4 1
2π 2π 1
=∫ r 2 − dθ =∫ dθ
0 2 0 0 2
1 2π
= = θ π.
2 0

40
TÓPICO 2 | MUDANÇA DE VARIÁVEIS NAS INTEGRAIS MÚLTIPLAS

Lembre-se, acadêmico, de que a mudança de variável é uma técnica de


integração, você vai ter que decidir qual é a melhor técnica a ser usado para cada
uma das integrais, quando temos um domínio que é uma circunferência ou parte
a técnica de mudança de variável cartesiana para cilíndrica é muito recomendada.

3.2 INTEGRAL TRIPLA EM COORDENADAS ESFÉRICAS


Outra técnica usada para integrais triplas é a mudança de coordenadas
cartesianas para a esférica. Nesse caso a transformação usada é

T ( ρ , θ , φ ) = ( ρ sen (φ ) cos (θ ) , ρ sen (θ ) sen (φ ) , ρ cos (φ ) ) ,

ou seja,

x = ρ sen(ϕ) cos(θ)
y = ρ sen(θ) sen(ϕ)
z = ρ cos(ϕ)

ou ainda,

ρ= x2 + y 2 + z 2
 y
θ = arctg  
x  
 z 
φ = arccos  
 x2 + y 2 + z 2 
 

e cuja interpretação geométrica é dada no gráfico a seguir.

GRÁFICO 14 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA MUDANÇA DE VARIÁVEL CARTESIANA PARA ESFÉRICA

FONTE: Os autores

41
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

O Jacobiano dessa transformação é dado por

sen (φ ) cos (θ ) ρ cos (φ ) cos (θ ) − ρ sen (φ ) sen (θ )


J (T ) sen (φ ) sen (θ ) ρ cos (φ ) sen (θ ) +=ρ sen (φ ) cos (θ ) ρ 2 sen (φ ) .
cos (φ ) − ρ sen (φ ) 0

Ou seja, em coordenadas esféricas, a transformação se reduz

∫ ∫ ∫ f ( x, y, z ) dV ∫ ∫ ∫ f ( ρ sen (φ ) cos (θ ) , ρ sen (θ ) sen (φ ) , ρ cos (φ ) ) ρ sen (φ ) ⋅ d ρ dφ dθ


2

Rxyz Rρθφ

Vamos resolver algumas integrais triplas usando a mudança de variável


cartesiana para esférica nos exemplos a seguir.

Exemplo: (STEWART) Calcule a integral

∫ ∫ ∫e
( x 2 + y 2 + z 2 )3/2
dxdydz
D

=
com D a bola unitária D {( x, y, z ) ∈  3
: x2 + y 2 + z 2 ≤ 1 .}
Resolução: como estamos trabalhando com uma esfera, teremos

0 ≤ ρ ≤1 0 ≤ θ ≤ 2π 0 ≤φ ≤π

ρ 2 = x2 + y 2 + z 2

GRÁFICO 15 – GRÁFICO ESFERA DE RAIO 1


z

–1 1 y
1

x
FONTE: Os autores

42
TÓPICO 2 | MUDANÇA DE VARIÁVEIS NAS INTEGRAIS MÚLTIPLAS

Então a integral fica

2π π 1

∫ ∫ ∫e ∫ ∫∫e ρ 2 sen (φ ) d ρ dφ dθ
2
(x + y 2 + z 2 ) 3/2 ρ3
dxdydz =
D 0 00
2π π 1

∫ ∫sen (φ ) ∫e
ρ3
= ρ 2 d ρ d φ dθ .
0 0 0

Para resolvermos a primeira integral, vamos usar a mudança de variável


u = ρ logo du = 3ρ2dρ, portanto
3

1 1
1 u
∫e ρ d ρ = 3 ∫0
3
ρ 2
e du
0

1
1 u 1
= e = ( e − 1) .
3 3
0

Assim

2π π
1
∫ ∫ ∫e
( x 2 + y 2 + z 2 ) 3/2
= ( e − 1) ∫ ∫sen (φ ) dφ dθ
dxdydz
D
3 0 0


π
1
− ( e − 1) ∫ cos (φ )
= dθ
3 0
0

2
= ( e − 1) ∫ dθ
3 0


2 4π
=( e − 1) θ = ( e − 1) .
3 3
0

Exemplo: (STEWART) Determinar o volume do sólido que é interior à esfera


x2 + y2 + z2 = z e ao cone

=z (
3 x2 + y² . )
Resolução: para idealizar qual o volume estamos lidando, vamos inicialmente,
analisar o gráfico a seguir.
43
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

GRÁFICO 16 – REPRESENTAÇÃO DO SÓLIDO DESCRITO NO EXEMPLO

FONTE: Os autores

Note que os dois sólidos se interceptam quando

(
x 2 + y 2 + 3 x 2 + y=
² ) (
3 x2 + y² )
(
4 x2 + y 2 = ) (
3 x2 + y² )
16 ( x +y ) = 3( x +y )
2
2 2 2 2

ou seja, quando (x, y) = (0, 0) ou quando

3
x2 + y 2 =
16

uma circunferência de centro (0, 0) e raio 3 , nesse caso, como estamos trabalhando
4
com uma circunferência, temos que θ varia de 0 até 2π. Falta determinar a variação
de ρ e ϕ, como

x2 + y 2 + z 2 =
z

fazendo a mudança de variável temos

ρ 2 = ρ cos (φ )

ou seja,

ρ = cos (φ )

44
TÓPICO 2 | MUDANÇA DE VARIÁVEIS NAS INTEGRAIS MÚLTIPLAS

concluímos assim que ρ varia de 0 até cos(ϕ). E, por último, temos que

=z (
3 x2 + y 2 )
=ρ cos (φ ) 3ρ 2 sen 2 (φ ) cos 2 ( 2π ) + 3 ρ 2 sen 2 ( 2π ) sen 2 (φ )

ρ cos (φ ) = 3ρ 2 sen 2 (φ )
ρ cos (φ ) = 3ρ sen (φ )
1 π
tg (φ=) ⋅ φ= .
3 6

Desta forma, a integral tripla fica descrita como

π
2π 6 cos (φ )
π
2π 6
cos (φ )
ρ3
∫∫ ∫ ρ sen (φ ) ⋅ d ρ dφ dθ =
2
∫ ∫ sen (φ ) dφ dθ
3
0 0 0 0 0
0
π
cos (φ )
2π 6 3

= ∫∫ sen (φ ) dφ dθ .
0 0
3

Note que para resolvermos a integral

π
cos (φ )
6 3

∫ sen (φ ) dφ
0
3

precisamos utilizar a substituição de variável, considere u = cos(ϕ) logo du = –sen(ϕ)dϕ


e temos

π π
cos (φ )
3
6 6
u3
∫ sen (φ ) dφ = − ∫ du
0
3 0
3
π
u4 cos 4 (φ )
=
− = − 6
12 12
0

45
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

π 
cos 4   4
6  cos ( 0 )
4
 1  3 1
=
− + =
−   +
12 12 12  2  12
9 1 7
= − + = .
192 12 192

Concluímos que o volume do sólido é

π
2π 6 cos (φ ) 2π
7
∫∫ ∫ ρ sen (φ ) ⋅ d ρ dφ dθ =
2
∫ d φ dθ
0 0 0 0
192

7 7π
= = θ .
192 96
0

NOTA

Acadêmico, a determinação dos limites de integração é de fundamental


importância, cada sólido tem seus limites, preste muito atenção na hora de encontrá-los.

46
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A forma geral para a mudança de variáveis na integral dupla é dada por:

∫ ∫ f ( x, y ) dxdy
=
Rxy
∫ ∫ f ( x ( u, v ) , y ( u, v ) ) ⋅ J (T ) dudv.
Ruv

• Para escrever uma integral dupla em coordenadas polares:


Teremos:

 x= r ⋅ cos (θ ) y
T : ou x 2 + y 2 e tg (θ ) =
r2 = .
 y= r ⋅ sen (θ ) x

Cujo Jacobiano é:

cos (θ ) − r ⋅ sen (θ )
=J (T ) = r.
sen (θ ) r ⋅ cos (θ )

• Para a mudança de variáveis na integral tripla, devemos utilizar:

∫ ∫ ∫ f ( x, y, z ) dxdydz ∫ ∫ f ( x ( u, v, w) , y ( u, v, w) , z ( u, v, w) ) ⋅ J (T ) dudvdw.
Rxyz Ruv

• Nas coordenadas cilíndricas, utilizamos:

∫ ∫ ∫ f ( x, y, z ) dV
=
Rxyz
∫ ∫ ∫ f ( rcos (θ ) , rsen (θ ) , z ) r ⋅ dzdrdθ .
Rrθ z

• Nas coordenadas esféricas, utilizamos:

∫ ∫ ∫ f ( x, y, z ) dV ∫ ∫ ∫ f ( ρ sen(φ ) cos(θ ), ρ sen(θ ) sen(φ ), ρ cos(φ ) ) ρ sen(φ ) ⋅ d ρ dφ dθ


2

Rxyz Rρθφ

47
em que

x = ρ sen (φ ) cos (θ ) , y = ρ sen (θ ) sen (φ ) e z = ρ cos (φ )

ou ainda,

 y  z 
ρ= x2 + y 2 + z 2 θ = arctg   e φ = arccos  .
x
   x 2
+ y 2
+ z 2 
 

48
AUTOATIVIDADE

Prezado acadêmico, chegou a hora de você testar seus conhecimentos


sobre o cálculo dos determinantes e suas propriedades. Lápis e borracha em
mãos e boa atividade!

1 Calcule as integrais duplas a seguir:


2 2− x2
a)
∫ ∫
0 0
x 2 + y 2 dy dx

1 1− x 2
b) ∫ ∫
0 0
x dy dx

2 Calcule as integrais triplas a seguir usando coordenadas cilíndricas:


2 4− x2 2

a) ∫ ∫
0 0
∫ x 2 + y 2 dz dy dx.
x2 + y 2

2
1 1− y x

∫ ∫ ∫x
2
b) + y 2 dz dx dy.
−1 0 0

3 Calcule as integrais triplas a seguir usando coordenadas esféricas:

∫ ∫ ∫x dxdydz, em que D é o conjunto x ≥ 0, x


2
a) + y 2 + z 2 ≤ 4.
D

∫ ∫ ∫z dxdydz, em que D é o conjunto1 ≤ x


2
b) + y 2 + z 2 ≤ 4 e z ≥ 0.
D

4 Escreva uma integral dupla em coordenadas polares para calcular a área da


região formada por x = –2, x = 2, y = 0 e x2 + y2 = 4.

5 Calcular a área da região delimitada pelas curvas x2 + y2 = 9 e x2 + y2 = 1.

49
6 Calcular o volume dado pela integral

2 4− x2

∫ ∫
0 0
( e ) dydx.
x2 + y 2

7 Calcule o volume do sólido limitado pelo plano z = 0 e pelo paraboloide


z = 1 – x2 – y2. Em seguida, assinale a opção que apresenta este valor.

z
(0, 0, 1)

D
y
x

a) ( ) π
π
b) ( ) 4
c) ( ) 2π
π
d) ( ) 2
e ( ) 4π

8 O sistema de coordenadas cilíndricas é muito importante, ele pode ser


usado para simplificar os nossos estudos sobre integração múltipla. Este
sistema foi concebido a partir da definição das coordenadas polares, em
segunda instância, pode-se pensar nele como uma evolução do modelo
polar adaptado para o espaço tridimensional. Efetuando a mudança para
coordenadas cilíndricas ou esféricas, faça o que se pede:

a) Calcule o volume gerado pelo sólido limitado pelos planos z = –4 + x2 + y2 e


z = 5.
b) Calcule o volume gerado pelo sólido limitado pelos planos z2 = 3 + x2 + y2 e
z = 2.
c) Calcule o volume gerado pelo sólido limitado pelos planos z2 = 8 – x2 – y2 e
z = –2.

50
UNIDADE 1
TÓPICO 3

APLICAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Além de determinarmos os procedimentos de cálculo necessários para se
trabalhar com as integrais múltiplas (duplas e triplas), um aspecto importante
é o fato de trabalharmos com as aplicações possíveis para estes dispositivos de
cálculo e análise. Neste tópico verificaremos algumas dessas aplicações.

Um ponto importante a ser dito aqui, logo no início, é que focaremos nas
aplicações das integrais duplas, tomando como conhecido que, para integrais
triplas, os processos são análogos, porém, para aplicações que em alguns casos
são mais trabalhosas de se representarem.

Dentre as aplicações que estudaremos, teremos: cálculo da massa de um


corpo (e sua respectiva densidade, se necessário), centro de massa, momento de
inércia e cargas elétricas.

2 MASSA DE UM CORPO
Vamos supor uma chapa (lâmina) acondicionada em uma região D do
plano cartesiano, com densidade conhecida em qualquer um de seus pontos. A
densidade será dada pela função

δ(x, y),

em que garante-se que ela seja contínua e integrável no intervalo considerado.



Desta forma, definiremos a massa elementar por unidade de área,
calculada por integração dupla como sendo δ(x, y)dxdy, sendo a massa total do
corpo dada por

m = ∫∫ δ ( x, y ) dxdy.
D

Utilizando este procedimento, conseguimos determinar a massa de


quaisquer chapas (lâmina) no plano. A única premissa inicial é o fato de
possuirmos a função densidade do corpo antecipadamente.

51
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Exemplo: dada uma chapa de vértices situados no plano XY, nos pontos (0, 0), (4, 0),
(0, 2) e (4, 2), formando um retângulo. Calcule a massa da chapa, em gramas, sabendo
que a função densidade de massa por área em qualquer ponto P é δ(x,y) = 3xy.

Resolução: a fim de calcular a massa desta chapa, utilizaremos o conceito de


integração dupla e a fórmula vista anteriormente. Como o gráfico é um retângulo,
podemos facilmente desenhar esta região.

GRÁFICO 17 – REPRESENTAÇÃO DA CHAPA DADA NO EXEMPLO

FONTE: Os autores

Assim, temos que o conjunto D, é dado por

D
= {( x, y ) ∈  2
}
:0 ≤ x ≤ 4 e 0 ≤ y ≤ 2

e a massa total é

=m δ ( x, y ) dxdy ∫∫ 3xy dxdy


∫∫=D D

  2
4 4
 2
= ∫= ∫3 xy dx  dy 3∫ y  ∫x dx  dy
0 0  0 0 
2
4 2
x2
= 3= ∫0 y 2 dy 24∫0 y dy
0
2
y2
= 24
= 48.
2
0

52
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES

Assim, temos que a massa total da chapa é de 48 gramas.

Exemplo: (GUIDORRIZI) Calcule a massa de um semicírculo de raio R, sendo a


densidade superficial no ponto P proporcional à distância do ponto ao centro do círculo.

(x, y)

R R

Resolução: sabemos que a distância do ponto P = (x, y) ao centro da circunferência


(podemos supor que o centro está sobre o ponto (0, 0)) é dado por

d
= x2 + y 2

assim a densidade superficial é

δ (=
x, y ) k x 2 + y 2

com k a constante de proporcionalidade.

Portanto, a massa é

=m ∫∫ δ ( x, y=
D
) dxdy ∫∫ k
D
x 2 + y 2 dxdy

vamos usar a mudança de variável polar r2 = x2 +y2, como estamos trabalhando


com um semicírculo temos que 0 ≤ θ ≤ π e 0 ≤ r ≤ R, logo

π R
 
m = ∫  ∫kr 2 dr  dθ
0 0 
π 3
R π
r kR 3
∫0 3
= k= dθ
3 ∫0

0
π
kR 3 kπ R 3
= = θ .
3 3
0

53
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Observe que no primeiro exemplo não usamos a mudança de variável


cartesiana para polar, pois a integração segue de maneira simples, já no segundo
exemplo fez-se necessário.

3 CARGA ELÉTRICA
De modo análogo ao conceito anterior, vamos supor uma região D do
plano cartesiano, com densidade, agora de carga elétrica conhecida em qualquer
um de seus pontos. A densidade de carga será dada pela função δ(x, y), em que,
garante-se também, que ela seja contínua e integrável no intervalo considerado.

Desta forma, definiremos a carga elementar por unidade de área, calculada
por integração dupla como sendo δ(x, y)dxdy, sendo a carga total do corpo, como sendo

q = ∫∫ δ ( x, y ) dxdy.
D

Exemplo: sabendo que a carga elétrica distribuída sobre uma região D situada
no retângulo de vértices (3,2), (0,2), (3,0) e (0,0) está associada a uma função
densidade de carga definida por δ(x,y) = x2y, em coulomb por metro quadrado
(C/m²). Calcule a carga total desenvolvida nesta região.

Resolução: para calcular a carga total, sabemos que se deve analisar graficamente
a região considerada.

GRÁFICO 18 – REPRESENTAÇÃO DA REGIÃO DADA NO EXEMPLO

FONTE: Os autores

Sendo assim, temos que a região D, é dada por

D
= {( x, y ) ∈  2
}
:0 ≤ x ≤ 3 e 0 ≤ y ≤ 2 ,

54
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES

e a carga total é

=q δ ( x, y ) dxdy ∫∫ x
∫∫=
2
ydxdy
D D

 2
2 3
 3 2  2
= ∫0  ∫0
= x y dx 

dy ∫0  ∫0 x dx  dy
y

2
3 2
x3
= ∫= y dy ∫9 y dy
3
0
0 0

2
y2
=9 = 9 ⋅ 2 = 18.
2
0

Logo, a carga total na região D é de 18 coulombs.

Exemplo: sabendo que a carga elétrica distribuída sobre uma região triangular
de vértices (0,0), (1,1) e (1,0) está associada a uma função densidade de carga
definida por δ(x, y) = (x – x2)(y – y2), em coulomb por centímetro quadrado (C/
cm²). Calcule a carga total desenvolvida nesta região.

Resolução: segundo os dados retirados do problema, temos que a região é

D
= {( x, y ) ∈  2
:0 ≤ x ≤1 e 0 ≤ y ≤ x , }
e a carga total é

1x
q =∫∫ δ ( x, y ) dxdy =∫∫ x − x 2 ( )( y − y ) dydx
2

D 00
1
x 
=∫0 x − x 2
( 2
)
 ∫ y − y dy  dx
0 
1
x
2  y y3 
2

(
∫0 x − x  2 − 3  dx
= )
0
1
2  x x3 
2

∫0
= x − x (
 −  dx )
 2 3
1
x3 5 x 4 x5
=∫ − + dx
0
2 6 3

55
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

1
x 4 x5 x6 1 1 1
= − + = − +
8 6 18 8 6 18
0
9 − 12 + 4 1
= = .
72 72

1
Logo, a carga total na região D é de coulombs.
72

4 CENTRO DE MASSA
Através dos conceitos de resistência de materiais sabemos que
simbolicamente o centro de massa de um corpo é um ponto (x,y) que centraliza
teoricamente a massa de um corpo nele. Através de integração dupla, definimos
centro de massa como sendo

My ∫∫ x δ ( x, y ) dxdy
x =
= D
m ∫∫ δ ( x, y ) dxdy
D

Mx ∫∫ yδ ( x, y ) dxdy
y =
= D
.
m ∫∫ δ ( x, y ) dxdy
D

Nesta relação, temos m a massa total do corpo, que já vimos o seu


procedimento de cálculo anteriormente e Mx e My são os momentos do corpo com
relação a cada um dos eixos orientados, x e y. Isso quer dizer, estamos respeitando
o conceito físico que indica o fato de ser o centro de massa calculado pelo produto
da massa pela distância em que esta massa está localizada.

Neste centro de massa, teremos o ponto referência de equilíbrio do corpo.


Teoricamente, seria como se toda a massa do corpo estivesse concentrada nele.

Exemplo: inicialmente, calcule a massa e em seguida o centro de massa de uma


chapa triangular de vértices (0,0), (0,2) e (1,0), em que sua função densidade é
δ(x,y) = 1 + 3x + y.

Resolução: representando o gráfico, temos:

56
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES

GRÁFICO 19 – REPRESENTAÇÃO DA REGIÃO DADA NO EXEMPLO

FONTE: Os autores

Assim, notamos (realizando a equação da reta y = 2 – 2x) que a região é


delimitada por: x = 0, y = 0 e y = 2 – 2x. Logo a região a ser integrada é dada por

D
= {( x, y ) ∈  2
: 0 ≤ x ≤ 1 e 0 ≤ y ≤ 2 − 2x . }
Deste modo, para a massa

m= ∫∫ δ ( x, y ) dxdy = ∫∫ (1 + 3x + y ) dxdy
D D
1
 2− 2 x

= ∫  ∫ 1 + 3x + y dy  dx
0 0

1
2 − 2x
 y2 
= ∫  y + 3 xy +  dx
0
2 
0
( 2 − 2x)
1 2

= ∫ 2 − 2 x + 3x ( 2 − 2 x ) + dx
0
2
1
1
4 x3
∫0
2
=− 4 4 x dx 4
=−x
3
0
4 8
=4 − = .
3 3

57
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Para os momentos, temos:

∫∫ δ ( x, y ) dxdy = ∫∫ y + 3xy + y dxdy


2
Mx =
D D
1
 2− 2 x

=
0
∫  ∫
0
y + 3 xy + y 2 dy  dx

1
2 − 2x
 y 2 3 xy 2 y 3 
= ∫ + +  dx
 2 2 3 
0
0
( 2 − 2x) 3x ( 2 − 2 x ) ( 2 − 2x)
1 2 2 3

=∫ + + dx
0
2 2 3
1
−8 x3 + 24 x 2 − 24 x + 8
= ∫ 2 − 4 x + 2 x 2 + 6 x − 12 x 2 + 6 x 3 + dx
0
3
1
14 10 x3
= ∫ − 6x − 2x +
2
dx
0
3 3
1
14 x 2 x3 5 x 4
= − 3x 2 − +
3 3 6
0
14 2 5 11
= −3− + = .
3 3 6 6

∫∫ δ ( x, y ) dxdy = ∫∫ x + 3x
2
My = + xy dxdy
D D
 2− 2 x
1

= ∫  ∫ x + 3 x 2 + xy dy  dx
0  0 
1
2 − 2x
 xy 2 
= ∫  xy + 3 x y +
2
 dx
0
2 
0
x ( 2 − 2x)
1 2

∫x ( 2 − 2 x ) + 3 x ( 2 − 2 x ) +
2
= dx
0
2
1
= ∫ 2 x − 2 x 2 + 6 x 2 − 6 x 3 + 2 x − 4 x 2 + 2 x 3 dx
0

1
1
∫ 4 x + 4 x dx =−x + 2 x
3 4 2
=−
0
0

58
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES

=−1 + 2 =1.

Assim segue que:

11
=Mx = e M y 1.
6

Em que, finalmente, para o centro de massa, teremos:

My 1 3
x
= = =
m 8 8
3

11
y
=
Mx
= 6= 11 .
m 8 16
3

3 11  , como
Finalizando com o centro de massa no ponto: ( x , y ) =  , 
mostra o gráfico a seguir.  8 16 

GRÁFICO 20 – REPRESENTAÇÃO DO CENTRO DE MASSA RESULTANTE


3 11 
 8 16 
( x , y ) =  , 
,  ( x , y ) = 
 8 16 
3 11 

FONTE: Os autores

59
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Exemplo: (GUIDORRIZI) Calcule o centro de massa de um semicírculo de raio


R, sendo a densidade superficial no ponto P proporcional à distância do ponto ao
centro do círculo.

Resolução: já sabemos que a densidade superficial é dada pela função

δ (=
x, y ) k x 2 + y 2

com k a constante de proporcionalidade e a massa é igual a kπ R . Para determinar o


3

3
centro de massa, precisamos calcular Mx e My, para isso, vamos usar novamente a
mudança de variável cartesiana para polar x = rcos(θ) e y = rsen(θ) com 0 ≤ θ ≤ π e
0≤r≤R

πR
=Mx yδ ( x, y ) dxdy k ∫∫r 3 sen (θ ) dr dθ
∫∫=
D 00

π
R
r4
= k ∫ sen (θ ) dθ
4
0
0
π
R4
sen (θ ) dθ
4 ∫0
=k

π
R4 kR 4
−k
= cos (θ ) =
4 2
0

πR
=My xδ ( x, y ) dxdy k ∫∫r 3 cos (θ ) dr dθ
∫∫=
D 00

π
R
r4
= k ∫ cos (θ ) dθ
4
0
0
π
kR 4
cos (θ ) dθ
4 ∫0
=

π
R4
= k= sen (θ ) 0.
4
0

60
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES

Portanto, o centro de massa é

My 0
=x = = 0
m kπ R 3
3

kR 4
=
Mx
y = 2= 3R .
m kπ R 3 2π
3

5 MOMENTO DE INÉRCIA
Sabemos do conceito físico de momento de inércia, de uma partícula de
massa m, que ele é definido por mr2, em que r é a distância da partícula até o
eixo de rotação desta partícula. Porém, este conceito é restrito para distribuições
discretas de massa.

Ao estender este conceito para uma distribuição contínua, como por


exemplo, o momento de inércia de uma barra, uma chapa ou uma esfera, devemos
conhecer a função que descreve a densidade do corpo δ(x,y), que deve ser contínua
no intervalo considerado (região D do plano XY) e aplicando o conceito teórico
de integração dupla, conforme veremos agora e trataremos como momento de
inércia para uma distribuição contínua de massa:

• O momento de inércia em torno do eixo x será determinado por:

I x = ∫∫ y 2δ ( x, y ) dxdy.
D

• O momento de inércia em torno do eixo y será determinado por:

I y = ∫∫ x 2δ ( x, y ) dxdy.
D

Se tratarmos do momento de inércia em torno da origem, que por vários


autores é chamado de momento de inércia polar (ou do eixo z), teremos:

61
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

I=
0 Ix + I y

∫∫ x δ ( x, y ) dxdy + ∫∫ y δ ( x, y ) dxdy
2 2
=
D D

= ∫∫ ( x
2
+ y ) δ ( x, y ) dxdy.
2

Exemplo: calcular os momentos de inércia em x, y e z, referentes ao disco maciço


D com densidade constante δ(x,y) = k, com centro na origem e raio de valor a.

Resolução: teremos como delimitação para a região D. O círculo x2 + y2 = a2, que


em coordenadas polares, teremos que D é descrito por

D
= {( r,θ ) ∈  2
: 0 ≤ r ≤ a e 0 ≤ θ ≤ 2π . }
Calculando Ix, temos

2π a
y 2δ ( x, y ) dxdy k ∫ ∫ ( r sen (θ ) ) r drdθ
2
=Ix ∫∫=
D 0 0

se considerarmos a mudança de variável cartesiana para polar y = r sen(θ), logo


a
r4
Ix = k ∫ sen (θ ) dθ
2

4
0
0

ka 4
∫ sen (θ ) dθ
2
=
4 0

como 2 sen2(θ) = 1 – cos(2θ) temos que


ka 4
1 − cos ( 2θ ) dθ
8 ∫0
=Ix


ka 4  sen ( 2θ ) 
= θ − 
8  2  0
ka 4
kπ a 4
= ⋅ 2π = .
8 4

62
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES

Assim, o momento de inércia em torno do eixo x é kπ a 4 .


Ix =
4

Vamos calcular agora o momento de inércia em torno de y, Iy, temos

2π a
x 2δ ( x, y ) dxdy k ∫ ∫ ( r cos (θ ) ) r drdθ
2
=Iy ∫∫=
D 0 0

se considerarmos a mudança de variável cartesiana para polar y = r cos(θ), logo


a
r4
Iy = k ∫ cos (θ ) dθ
2

4
0
0

ka 4
∫ cos (θ ) dθ
2
=
4 0

como 2 cos2(θ) = 1 + cos(2θ) temos que


ka 4
1 + cos ( 2θ ) dθ
8 ∫0
=Iy


ka 4  sen ( 2θ ) 
= θ + 
8  2  0
ka 4 kπ a 4
= ⋅ 2π = .
8 4

Assim, o momento de inércia em torno do eixo y também é I y = kπ a .


4

4
O fato que Ix = Iy é consequência da simetria de um disco e ainda pelo fato
de que a densidade distribuída é constante.

Como já possuímos Ix e Iy, para calcular o momento de inércia polar, basta


somar estes resultados, então:

kπ a 4 kπ a 4 kπ a 4
I0 = I x + I y = + = .
4 4 2

63
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

Portanto, o momento polar é I 0 = kπ a .


4

2
Exemplo: determine o momento de inércia Ix, Iy e I0 da região limitada pelas curvas
y2 = 4x, x = 4 e y = 0 considerando a densidade igual a 1.

Resolução: note que a região pode ser expressa como 0 ≤ x ≤ 4 e 0 ≤ y ≤ 2√x e é


dada pelo gráfico a seguir.

GRÁFICO 21 – REGIÃO DELIMITADA POR y2 = 4x, x = 4 E y = 0

FONTE: Os autores

Vamos agora calcular os momentos de inércia

42 x
=Ix y δ ( x, y ) dxdy ∫ ∫ y dydx
∫∫=
2 2

D 0 0

2 x 4 4
y3 8 32
= ∫= dx ∫0 3 x dx
3
0
0
4 5
8x 16 52 512 2
= = = 4
3 5 15 15
0
2

64
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES

42 x
=Iy x δ ( x, y ) dxdy ∫ ∫ x dydx
∫∫=
2 2

D 0 0

2 x 4 4 5
= ∫=x2 y dx ∫ 2 x 2 dx
0
0 0

7 4
x2 4 72 512
= 2 = = 4 .
7 7 7
0
2

Como já possuímos Ix e Iy, para calcular o momento de inércia polar, basta


somar estes resultados, então:

512 512 11264


I0 = I x + I y = + = .
15 7 105

65
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

LEITURA COMPLEMENTAR

APLICAÇÃO PRÁTICA DE CÁLCULO INTEGRAL E


DIFERENCIAL EM UM BALÃO DE AR QUENTE

Para realizar um estudo sobre o Cálculo, necessitaríamos de uma pesquisa


muito extensa cujo resultado seria, sem dúvida, um texto longo que estaria
além do propósito deste trabalho. O nosso intuito é o de apresentar um estudo
que possa fazer com que o Cálculo seja melhor compreendido dentro do nosso
cotidiano, e, para isso, nos aprofundamos em sua aplicação dentro de um dos
interesses mais antigos do homem: o voo.

Desde a mitologia grega até os tempos atuais o voo é um fascínio do


homem. A história nos apresenta um astrônomo e matemático grego Archytas
de Tarentum quem construiu o primeiro dispositivo capaz de “voar”, semelhante
à asa de um pássaro, porém, o dispositivo não se mantinha muito tempo no ar,
devido a ter apenas um impulso para alçar voo e permanecia planando no ar por
um longo tempo.

Esses voos proporcionaram muitas descobertas nos estudos realizados,


e então, podemos acompanhar o filósofo, matemático, físico e inventor grego
Arquimedes de Siracusa (287 a.C. – 212 a.C.) em seu livro intitulado Sobre o
Equilíbrio dos Corpos Flutuantes, que diz: Quando um corpo flutua em um fluido
(líquido ou gás), seu peso é igual ao do fluido deslocado e, quando submerso,
seu peso diminui daquela quantidade. Após isso, esse princípio passou a ser
conhecido como o Princípio de Arquimedes (PA).

Apesar de muito empenho naquela época, nenhum dispositivo que fosse


capaz de transportar as pessoas no ar foi capaz de levantar voo.

A primeira máquina voadora que alçou voo foi construída pelo cientista
e inventor brasileiro, o padre secular Bartolomeu Lourenço de Gusmão (1685-
1724), que também precisou de uma longa jornada de tentativa e erro para que
apenas em 03 de outubro de 1709, na ponte da Casa da Índia, fizesse uma nova
experiência conseguindo elevar um balão, maior que os demais utilizados em
outras ocasiões, porém ainda incapaz de carregar uma pessoa, e que flutuou por
um tempo e pousou suavemente.

O primeiro balão tripulado foi construído pelos irmãos Montgolfier, Joseph


Michel (1740-1810) e Jaques Étienne (1745-1799). Em 5 de junho de 1783, eles
exibiram um balão que tinha 32 m de circunferência, feito de linho e que foi cheio
com fumaça de uma fogueira de palha seca, subindo cerca de 300 m, voou durante
cerca de 10 minutos e pousou depois de percorrer uma distância em torno de 3 km.

Como todas as descobertas da ciência, após as primeiras tentativas bem-


sucedidas, pôde ser aprimorada e adaptada à várias situações, hoje encontramos
lugares em que os passeios de balão acontecem e são perfeitamente dominados.

66
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES

Para compreender o desenvolvimento desta experiência é preciso se


aprofundar nos estudos de Cálculo Integral, porém, é difícil descrever com precisão
onde este se originou, muitos matemáticos contribuíram para o desenvolvimento
das técnicas e estudo das aplicações, alguns até não tão estruturados quanto outros.
A conciliação das partes conhecidas e utilizadas, aliada ao desenvolvimento e
aperfeiçoamento das técnicas, aconteceu com Newton e Leibniz que deram origem
aos fundamentos mais importantes do Cálculo: as Derivadas e as Integrais.

Na Grécia havia um problema chamado quadraturas (A palavra


quadratura é um termo antigo que se tornou sinônimo do processo de determinar
áreas) eram as de figuras curvilíneas, como o círculo, ou figuras limitadas por
arcos de outras curvas, nesse contexto, Arquimedes é novamente uma figura
importante para solucionar essa questão, sendo uma das maiores contribuições
para o Cálculo, surgiu por volta do ano 225 a.C., trata-se de um teorema para a
quadratura da parábola.

Outras "integrações" foram realizadas por Arquimedes a fim de encontrar


o volume da esfera e a área da superfície esférica, o volume do cone e a área
da superfície cônica, a área da região limitada por uma elipse, o volume de um
paraboloide de revolução e o volume de um hiperboloide de revolução. Neste
caso, utilizaremos as integrações para encontrar o volume.

O Cálculo Integral é o estudo das definições, propriedades, e aplicações


de dois conceitos relacionados, as integrais indefinidas e as integrais definidas.
O processo de encontrar o valor de uma integral é chamado integração. Temos
então dois tipos de integral: Indefinida e Definida.

Nosso estudo permeia a integral definida, que se insere uma função e


extrai um número, o qual fornece a área entre o gráfico da função e o eixo do x. A
definição técnica da integral definida é o limite da soma das áreas dos retângulos,
chamada Soma de Riemann. A noção de integral definida pode ser estendida
para funções de duas ou mais variáveis. Para o desenvolvimento dos cálculos
aplicáveis ao exemplo do voo do balão, a integral dupla, que é a extensão para a
função de duas variáveis será fundamental.

Instigados por esse interesse comum no voo do balão, desenvolvemos


os cálculos que nos apresentam como é possível que um objeto flutue no ar,
apresentando as forças atuantes e as teorias envolvidas.

Partimos da teoria do Empuxo, que representa a força resultante exercida


pelo fluido sobre um corpo. Arquimedes descobriu que todo o corpo imerso em
um fluido em equilíbrio, dentro de um campo gravitacional, fica sob a ação de
uma força vertical, com sentido oposto a este campo, aplicada pelo fluido, cuja
intensidade é igual a intensidade do Peso do fluido que é ocupado pelo corpo.

67
UNIDADE 1 | INTEGRAIS MÚLTIPLAS E FUNÇÕES VETORIAIS

A Hidrostática é a parte da Física que estuda os fluídos (tanto líquidos como


os gasosos) em repouso, ou seja, que não estejam em escoamento (movimento).
Para aplicarmos a teoria de Arquimedes, precisaremos definir a massa específica
do ar e a massa específica do gás dentro do balão:

A equação que define a massa específica do ar:


Onde:
P = pressão [Pa]
M = Massa Molar  KMOL
KG 


R = Constante universal do gás perfeito (8,31J/mol.K)


T = Temperatura [K]
Definimos então o empuxo a partir da equação:

Nessa equação, precisaremos do volume, que será definido a partir da


integral dupla:

Considerando os três eixos x, y e z, o volume do círculo será dado a partir


da equação:

z 2 = R2 − x2 − y 2
± R2 − x2 − y 2
z=
z= f ( x, y )= R2 − x2 − y 2

68
TÓPICO 3 | APLICAÇÕES

Integraremos apenas metade do volume do círculo:


0
R 2 − r 2 r dr


0
=u R2 − r 2
du 
∫ u
−2
du = −2rdr
R2  du
 rdr =
 −2
R2
1
2 ∫
0
u du

3
R2
1
u 2
3
0
1 2 32 1 3
3
R ( ) = R
3

V 1
= ∫ R 3 dθ
2 0 3

V 1 3
= Rθ
2 3
0
V 1 3
= R 2π
2 3
4
V = π R3 .
3

Esse volume, que pode ser encontrado na equação do Empuxo de


Arquimedes, pode então, ser também definido por integral.

Finalizamos com a equação abaixo, que compõe todas as equações


encontradas.

Massa =( ρ ar frio - ρ gás )

FONTE: CASTRO, Fernando Andrade; CASTRO, Karine Oliveira; VILELA, Luana Cruz. Aplicação
prática de cálculo integral e diferencial em um balão de ar quente. Curitiba: UNIBRASIL, 2016.

69
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você estudou que:

• A massa de um corpo é calculada por:

m = ∫∫ δ ( x, y ) dxdy.
D

• A carga elétrica é calculada por:

q = ∫∫ δ ( x, y ) dxdy.
D

• O ponto que caracteriza o centro de massa de um corpo pode ser calculado por:

My ∫∫ xδ ( x, y ) dxdy
x =
= D
m ∫∫ δ ( x, y ) dxdy
D

My ∫∫ yxδ ( x, y ) dxdy
xy =
= D
m ∫∫ δ ( x, y ) dxdy
D

• O momento de inércia de um corpo em torno do eixo x é dado por:

I x = ∫∫ y 2δ ( x, y ) dxdy.
D

• Da mesma forma o momento de inércia em torno do eixo y é dado por:

I y = ∫∫ x 2δ ( x, y ) dxdy.
D

• Podemos também determinar o momento de inércia em torno da origem,


também chamado de momento polar de inércia ou momento de inércia em
torno do eixo Z:

( )
I 0 = I x + I y = ∫∫ x 2 + y 2 δ ( x, y ) dxdy.
D

70
AUTOATIVIDADE

Acadêmico, o processo de resolução de sistemas lineares pode parecer


complicado no começo, no entanto, não desista! É normal escolhermos
caminhos que não nos levem à resposta esperada nas primeiras tentativas,
mas o importante é reconhecer que a escolha foi errada e recomeçar outra vez.
Lápis, borracha e mãos à obra!

1 Em engenharia é costumeiro não nos depararmos com superfícies com


densidades regulares. Existe, para isto uma função f(x,y) > 0, em que
podemos calcular a densidade de um corpo em qualquer ponto, chamada
de função densidade. Isso auxilia muito na análise do centro de massa de
um corpo, que é amplamente necessário no equilíbrio estático dos corpos na
engenharia como um todo. Sendo assim:

a) Calcule as coordenadas do centro de massa de um corpo que possui a forma


de uma lâmina triangular limitada por: x = 0, y = 4 e – 2x + y = 0, e que possui
função densidade f(x,y) = 2xy.

b) Calcular a massa total e o centro de massa de uma chapa que tem a forma
de uma região D, limitada pela parábola y = x2, pelas retas x = 4 e y = 0, e tem
densidade δ(x,y) = x.

c) Sendo a densidade constante e igual a 4, calcule os momentos de inércia Ix,


Iy e I0, para a lâmina limitada por x + y = 2, x = 0 e y = 0.

d) Calcule a massa e o centro de massa quando δ(x,y) = y na região 0 ≤ x ≤ 1 e


0 ≤ y ≤ 1.

e) Calcule a massa e o centro de massa do conjunto de todos os pontos tais que


1 ≤ x2 + y2 ≤ 4 e y ≥ 0, sabendo que a densidade é proporcional à distância do
ponto a origem.

f) Sabendo que a carga elétrica distribuída sobre uma região D situada no


retângulo de vértices (4,2), (0,2), (4,0) e (0,0) está associada a uma função
densidade de carga definida por δ(x,y) = xy, em coulomb por metro quadrado
(C/m²), calcule a carga total desenvolvida nesta região.

71
72
UNIDADE 2

INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:

• definir curvas em 22e33;


• calcular o vetor tangente de uma função vetorial;

• calcular a derivada direcional, gradiente, divergência, rotacional;

• definir campo escalar e vetorial;

• definir e calcular integrais de linha.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS

TÓPICO 2 – CAMPOS VETORIAIS

TÓPICO 3 – INTEGRAIS DE LINHA

73
74
UNIDADE 2
TÓPICO 1

FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS

1 INTRODUÇÃO
A principal motivação para definirmos curvas foi observando como as
partículas se moviam, ou seja, os pesquisadores queriam determinar a trajetória
que a partícula descrevia no plano, descrever sua posição em cada instante de
tempo. Para isso, em cada instante de tempo t foi associado a um vetor que
depende de t, esse vetor representa a posição da partícula no instante de tempo t.

Iniciaremos o estudo de curvas com as curvas em duas dimensões (  ) para 2

então estender o conceito para curvas em 3 . É importante ressaltar que o foco


principal desta unidade é o estudo das integrais de linhas, porém sem o conceito
de curvas isso se torna praticamente impossível.

O estudo de campos vetoriais e principalmente de integrais de linha se deu


no início do século XIX para resolver problemas que envolviam o escoamento de
fluidos, que é umas das principais aplicações desse assunto. Outros exemplos de
aplicações podem ser quando trabalhamos com forças, elasticidade e magnetismos.

2 FUNÇÕES VETORIAIS
Iniciando nosso estudo vamos definindo o que são funções vetoriais. Até
agora já estudamos funções reais, que são funções que associam uma variável
real a outra variável real e as funções de várias variáveis reais, que são as funções
que associam várias variáveis reais a uma variável real. Nos dois casos de funções
estudadas, o contradomínio das funções sempre estava contido em  , as funções
vetoriais estendem esse contradomínio, podendo ser  n para qualquer n ≥ 1.

Em geral as funções vetoriais mais utilizadas são as que têm contradomínio


contido em  2 e  3,. também estudaremos as funções vetoriais que têm apenas
uma variável real.

Definição: uma função vetorial de uma variável real t, com t ∈ I e I um intervalo,


é uma função que associa a variável t a um vetor de  n , ou seja,


f ( t ) = ( f1 ( t ) , f 2 ( t ) , , f n ( t ) )

75
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

em que f1, f2, ···, fn são funções de uma variável real.

Para denotar que estamos trabalhando com uma função vetorial,


geralmente, usamos a seta sobre a função ( f ). Quando o contradomínio da função
está contido no conjunto  , podemos usar a seguinte notação
2

  
=f ( t ) f1 ( t ) i + f 2 ( t ) j

   
com i e j a base canônica de  , i = (1, 0 ) e j = ( 0,1) .
2

E, quando o contradomínio estiver contido em  ,. podemos usar a notação


3

   
f ( t ) = f1 ( t ) i + f 2 ( t ) j + f3 ( t ) k

     
com i , j e k a base canônica de  ,. i = (1, 0, 0 ) , j = ( 0,1, 0 ) e k = ( 0, 0,1)
3

São exemplos de funções vetoriais



f (t ) =

(−3t , t 2 + 1

)

f ( t ) = 3 i + ( t − 2 ) j − 2t 3 k .

Aqui também podemos operar com as funções vetoriais, porém precisamos


ficar atentos, acadêmico, na operação de soma (subtração) precisamos trabalhar
com funções em que os contradomínios sejam iguais.

Considere as funções vetoriais

 
f (t ) (=
f ( t ) , f ( t ) , , f ( t ) )
1 2 n e g ( t ) ( g ( t ) , g ( t ) , , g ( t ) )
1 2 n

e a função real h(t) então:

a) Soma(subtração): somamos (subtraímos) cada coordenada separadamente

 
f (t ) ± g (t ) = ( f ( t ) ± g ( t ) , , f ( t ) ± g ( t ) ) .
1 1 n n

76
TÓPICO 1 | FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS

b) Multiplicação por uma função real


( h ( t ) f1 ( t ) , , h ( t ) f n ( t ) ) .
h (t ) ⋅ f (t ) =

       
Exemplo: sejam f ( t ) = 3 i + ( t − 2 ) j − 2t 3 k , g ( t ) =t i + t 2 j − 2t k e h ( t )= 2 + t .
2

Calcule as operações a seguir:


 
a) f ( t ) + g ( t )

Resolução: basta somarmos cada uma das coordenadas

       
f (t ) + g (t ) = (3 i + (t − 2) j −2t k ) + (t i + t j − 2t k )
3 2

= ( 3 + t ) i + ( t − 2 + t 2 ) j + ( −2t 3 − 2t ) k
  
= ( 3 + t ) i + ( t 2 + t − 2 ) j − 2t ( t 2 + 1) k .
 
b) f ( t ) − g ( t )

Resolução: basta subtrairmos cada uma das coordenadas

       
f (t ) − g (t ) = ( ) (
3 i + ( t − 2 ) j − 2t 3 k − t i + t 2 j − 2t k
  
)
(
= ( 3 − t ) i + t − 2 − t 2 j + −2t 3 + 2t k ) ( )
  
( )
= ( 3 − t ) i + −t 2 + t − 2 j + 2t −t 2 + 1 k . ( )

c) f ( t ) ⋅ h ( t )


Resolução: aqui devemos calcular cada coordenada de f por h

   
(
f ( t ) ⋅ h ( t ) = 3 i + ( t − 2 ) j − 2t 3 k ⋅ 2 + t 2
 
)( )

( ) (
=3 ⋅ 2 + t 2 i + ( t − 2 ) ⋅ 2 + t 2 j − 2t 3 2 + t 2
 
) ( ) k
( ) (
= 3t 2 + 6 i + 2t + t 3 − 4 − 2t 2 j − 4t 3 + 2t 5
 
) ( ) k
( ) (
= 3t 2 + 6 i + t 3 − 2t 2 + 2t − 4 j − 2t 5 + 4t 3 ) ( ) k.
 
d) f ( t ) × g ( t )

77
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Resolução: esta situação só ocorre quando trabalhamos com funções vetoriais


que têm contradomínio em  . (produto vetorial),
3
  nesse caso calculamos o
determinante das coordenadas das funções de f e g como a seguir:

  
i j k
 
f ( t ) × g ( t ) = 3 t − 2 −2t 3
t t2 −2t
  
   
( 
)  
(
)
= i ⋅ ( t − 2 ) ⋅ ( −2t ) + j ⋅ −2t 3 ⋅ t + k ⋅ 3 ⋅ t 2 − i ⋅ −2t 3 ⋅ t 2 − j ⋅ 3 ⋅ ( −2t ) − k ⋅ ( t − 2 ) ⋅ t
 
( ) (
= 4t − 2t 2 i − 2t 4 j + 3t 2 k + 2t 5 i + 6t j + 2t − t 2 k
  
)
( ) ( ) (
= 2t 5 − 2t 2 + 4t i + −2t 4 + 6t j + 2t 2 + 2t k . )
Naturalmente, acadêmico, aqui também introduziremos o conceito
de limite de funções vetoriais e como a definição de funções vetoriais é uma
composição de funções reais, a definição de limite também segue o mesmo
padrão, ou seja, calcular o limite de uma função vetorial é o mesmo que calcular
o limite em cada uma das suas coordenadas

( )

lim f ( t ) = lim f1 ( t ) , , lim f n ( t ) .
t → t0 t → t0 t → t0

Exemplo: calcule o limite

2 t −2 
lim  , 4t , 2 .
t →2 t
 t −4

Resolução: para calcular o limite, vamos trabalhar com cada coordenada


separadamente já que

2 t −2   2 t −2 
lim  , 4t , 2  =  lim , lim 4t , lim 2 .
t →2 t
 t − 4   t →2 t t →2 t →2 t − 4 

Como

2 2
lim = = 1
t →2 t 2
lim 4t = 4 ⋅ 2 = 8
t →2

78
TÓPICO 1 | FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS

t −2 t −2 1 1 1
lim 2= lim = lim = =
t →2 t − 4 t → 2 ( t − 2 )( t + 2 ) t →2 t + 2 2+2 4

concluímos que

2 t −2   1
lim  , 4t , 2  = 1, 8,  .
t →2 t
 t −4  4

Tendo a definição de limite de funções vetoriais, podemos estender a


definição de continuidade para funções vetoriais. Dizemos que uma função
vetorial é contínua no ponto t0 se todas as suas componentes são contínuas em t0,
ou seja, se


i ) if) (ft0( )t0 ) está definido

limf f( t( t) ) existe
iiii) )lim
t→t→
t0 t0

 

iii))lim
iii lim ff ((tt))== ff ((tt00))..
t t→
→t0t0


A função vetorial do exemplo anterior não é contínua em t0 = 2, pois, f ( 2 )
não está definido. Porém ela é contínua em t0 = 1, pois

 2 1− 2   1
i ) f (1) =  , 4 ⋅1, =  2, 4, 
1 1− 4   3
2 t −2   1
ii ) lim  , 4t , 2  =  2, 4, 
t →1
t t −4  3
 
iii ) lim f ( t ) = f (1) .
t →1

Se uma função vetorial é contínua em todos os pontos do seu domínio,


dizemos que a função é contínua.

3 CURVAS

Se uma função vetorial f ( t ) é contínua para todo t ∈ I , então chamamos
de curva o lugar 
geométrico
 formado pelos pontos de  n que tem como vetor
posição a função f ( t ) . No caso de uma função cujo contradomínio é  ,. temos
3

a seguinte representação de curva.

79
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

GRÁFICO 1 – REPRESENTAÇÃO DE CURVA


z

)
f(t

x
FONTE: Flemming e Gonçalves (2007, p. 104)

Exemplo: esboce a curva dada pela função vetorial

  
f (=
t ) 2t i + 3 j

no intervalo de –1 ≤ t ≤ 2.

Resolução: nesse caso o contradomínio está contido em  , logo a curva está em


2

 2 , vamos determinar alguns pontos dessa curva


t f (t ) (x,y)
  
0 f ( 0=
) 0i + 3 j (0,3)
  
1 f (1=
) 2i + 3 j (2,3)
  
2 f ( 2=
) 4i + 3 j (4,3)
  
–1 f ( −1) =−2 i + 3 j (–2,3)

80
TÓPICO 1 | FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS

GRÁFICO 2 – REPRESENTAÇÃO DA CURVA

FONTE: Os autores

Observe que não estamos considerando x como variável independente,


mas sim t, o plano cartesiano xy ajuda na representação gráfica da curva. Outra
observação importante é que a representação paramétrica dessa curva é dada por

 x = 2t
 para todo t ∈ [ −1, 2] .
 y=3

As equações x = 2t e y = 3 são chamadas de equações paramétricas da


curva e t é chamado de parâmetro.

Para curvas em  .dada pela função vetorial


3

   
f ( t ) =x ( t ) i + y ( t ) j + z ( t ) k , t ∈ [ a, b ]

as equações paramétricas são

x = x (t )
y = y (t )
z = z (t )

com parâmetro t ∈ I e I = [ a, b ] um intervalo de .

81
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Exemplo: alguns exemplos de curvas em  :.


3


a) f ( t ) = ( t , t , t ) , para 0 ≤ t ≤ 2. A curva é uma reta.

1
-4 3 4
-3 1 2
-2 -1 0

-1 0
-3 -2 1
-4 2
-1 3
4


( )
b) f ( t ) = cos ( t ) , sen ( t ) , t , para 0 ≤ t ≤ 2π. Essa curva é chamada de hélice
circular.

1 -4
-4 -3
-3
-2 -2
-1 -1
0
1 1
2 0 0 2
3 3
4
4
-1

82
TÓPICO 1 | FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS


( )
c) f ( t ) = t , sen ( t ) , cos ( t ) , para –2π ≤ t ≤ 2π.

1
-4
-3 -2 -3 -4
-1 0 -1 -2
1 2 3 4
2 1 0 0
4 3
-1

-2


d) f ( t )
= ( cos ( t ) , sen ( t ) , −sen ( t ) ) , para 0 ≤ t ≤ 2π.

2
-4
-3
1
-2
-3 -1
-2
-1 0
0 1
2
0 3
2
3 -1

-2

A partes pontilhadas das curvas significam que elas estão abaixo do plano.

DICAS

São muitas as curvas já estudadas pelos matemáticos, o site <https://www.


matematica.pt/util/curvas.php> fez uma compilação das curvas em  mais famosas já
2

estudadas.

83
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Podemos classificar as curvas em  3 . como sendo planas ou reversas,


quando a curva é plana, significa que ela está contida sobre um plano no espaço
como as curvas a) e d) do exemplo anterior, já as curvas b) e c) são reversas, pois
não estão contidas em um plano.

Nas duas próximas subseções, parametrizaremos algumas curvas,


iniciaremos parametrizando curvas em  e então curvas em  .
2 3

3.1 CURVAS PARAMÉTRICAS EM  2 E EM  .


3

As curvas em  são funções vetoriais com duas componentes. Já as


2

curvas em  . são funções vetoriais com três componentes. Apresentaremos a


3

parametrização de algumas curvas nesses dois espaços.

Para parametrizar uma reta tanto em  quanto em  ,. precisamos ter um


2 3

ponto da reta P0 e o vetor direção da reta v , então a equação paramétrica da reta é

 
r ( t=
) P0 + vt.

Exemplo: dados os pontos A = (1,1,1) e B = (1,2,3) da reta r , determine sua equação
paramétrica.

Resolução: neste exemplo, o ponto P0 pode


 ser tanto A quando B, vamos escolher
P0 = A, mas não temos o vetor direção v , porém o vetor direção é o vetor que liga
os pontos A a B e esse vetor é calculado como a diferença entre os pontos


v = B − A = (1, 2,3) − (1,1,1) = ( 0,1, 2 )

assim a equação paramétrica da reta que passa pelos pontos P e P0 é


r (t )
= (1,1,1) + ( 0,1, 2 ) t

ou ainda

 x (t ) = 1
 
r (t ) =  y (t )= 1 + t
 z ( t ) = 1 + 2t.

84
TÓPICO 1 | FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS

GRÁFICO 3 – RETA QUE PASSA PELOS PONTOS A E B

-3 1
-2 3
-1 2
0 1
-1 0
-2 1
-3 0 2
3
-1

-2

FONTE: Os autores

A mesmo ideia é usada para determinar a equação paramétrica de uma


reta em  .
2

Avançando o nosso estudo de curvas paramétricas, vamos considerar


agora uma elipse em  dada pela equação reduzida
2

( x − 2) ( y + 1)
2 2

+ 1.
=
4 9

Observe que a elipse tem centro no ponto (2, –1), seu eixo maior mede 3 e o eixo
menor mede 2. Reescrevendo a equação anterior temos

2 2
 x − 2   y +1 
  + 1.
 =
 2   3 

A equação anterior lembra muito a identidade trigonométrica

cos 2 ( t ) + sen 2 ( t ) =
1

85
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

assim se igualarmos

x−2
= cos ( t )
2
y +1
= sen ( t )
3

temos

  x ( t )= 2 + 2 cos ( t )
r (t ) =  .
 y ( t ) =−1 + 3sen ( t )

Como o período das funções seno e cosseno é igual a 2π, podemos impor
que o parâmetro t esteja no intervalo de 0 até 2π (0 ≤ t ≤ 2π).

No caso geral, se o centro da elipse é (x0,y0) e a medida dos eixos são a e b,


então a equação paramétrica é dada por

  x ( t=) x0 + a cos ( t )
r (t ) = 
 y ( t=
) y0 + b sen ( t )

para todo 0 ≤ t ≤ 2π.

Quando trabalhamos com uma elipse no espaço que for paralela ao plano
xy, basta determinar um valor constante para z. Porém, quando a elipse não é
paralela ao plano xy, temos que utilizar outro artifício. Para as elipses que são
paralelas ao plano xy, a parametrização da elipse centrada em (x0,y0,z0) e com a
medida dos eixos iguais a a e b é dada por

 x ( t=) x0 + a cos ( t )
 
r ( t=
)  y ( t=) y0 + b sen ( t )
 z (t ) = z
 0

para todo 0 ≤ t ≤ 2π.

86
TÓPICO 1 | FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS

As observações acima são feitas para uma elipse paralela ao plano xy,
os mesmos argumentos podem ser utilizados para elipse paralela ao plano
xy ou yz, nesses casos, vamos considerar o valor constante como sendo y ou
x, respectivamente. Uma outra observação importante é que a dedução feita
anteriormente vale para elipse, mas como as circunferências são casos particulares
de elipses, podemos usar a mesma parametrização, apenas considerando a = b.

Exemplo: determine a equação paramétrica da circunferência formada pela


interseção do plano x = 2 com o sólido y2 + z2 = 16.

Resolução: note que aqui a equação y2 + z2 = 16 só depende de y e z , então sua


parametrização no plano yz é

  y ( t ) = 4 cos ( t )
r (t ) = 
 z ( t ) = 4 sen ( t )

para todo 0 ≤ t ≤ 2π, já que a equação é uma circunferência de centro (0,0) e a


medida do raio (eixos) é 4. Como a curva está no plano x = 2, temos que a equação
paramétrica da curva é

 x (t ) = 2
 
r ( t ) =
= y ( t ) 4 cos ( t )
 z ( t ) = 4 sen ( t )

para todo 0 ≤ t ≤ 2π.

GRÁFICO 4 – CIRCUNFERÊNCIA NO ESPAÇO


6

2 4
–4 2
–2 0
0
–2 0
–4 2
–6 –2
4
6
–4

FONTE: Os autores

87
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

NOTA

Lembre-se de que uma circunferência é um caso particular de elipse, já que na


circunferência a = b.

Quando a curva paramétrica tem o mesmo valor para o ponto inicial e


 
final de t, como no caso da circunferência r ( 0 ) = r ( 2π ), dizemos que a curva é
fechada, se só existirem esses dois parâmetros onde a curva é igual, então dizemos
que a curva é simples.

Seguindo o mesmo raciocínio para parametrizar uma elipse no espaço,


apenas tornando o valor de z (ou x ou y) não mais constante, mas sim dependendo
de t, encontramos curvas totalmente diferentes. Note que nos dois exemplos
estudados anteriormente, as curvas eram planas, pois estavam sobre um plano.
Quando trocamos adequadamente o valor de z (ou x ou y) para algo que dependa de
t, encontramos curvas reversas como é o caso da curva chamada de hélice circular.

Exemplo: considere a curva dada pela parametrização

 t
 x (t ) = 2
 
r ( t ) =
= y ( t ) 4 cos ( t )
 z ( t ) = 4 sen ( t )

para –2π ≤ t ≤ 6π.

Resolução: neste exemplo, aumentamos o intervalo de t, no outro exemplo,


aumentar o intervalo de t não interfere na curva, pois ela fica sobre ela mesma,
mas aqui não, como podemos ver no gráfico a seguir.

88
TÓPICO 1 | FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS

GRÁFICO 5 – HÉLICE CIRCULAR

4 –10
–8
2 –6
–8
–6 –4 –2
–2
0 0 2
2 0 4 6
8
4 10
6 –2
8
10 –4
12
14

FONTE: Os autores

AUTOATIVIDADE

Usando o software Geogebra (ou outro de sua preferência), construa


gráficos de curvas apenas alterando o valor de x no exemplo anterior.

4 DERIVADA E INTEGRAL DE FUNÇÕES VETORIAIS DE UMA


VARIÁVEL REAL
Como você já deve imaginar, acadêmico, no caso de derivadas, procedemos
de maneira análoga ao que fizemos para calcular o limite, calculamos a derivada
de uma função vetorial calculando as derivadas das componentes. Dada uma
função vetorial

f ( t ) = ( f1 ( t ) , f 2 ( t ) , , f n ( t ) )

a sua derivada em relação à t é



f ′ ( t ) = ( f1′( t ) , f 2′ ( t ) , , f n′ ( t ) ) .

Aqui reforçamos a seguinte observação: a função é vetorial, porém só tem


uma variável independente.

89
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

   
Exemplo: calcule a derivada da função vetorial f ( t )= 2t i + tj − 4k .
2

Resolução: temos que trabalhar com as componentes separadamente

f1 ( t ) =
2t 2 → f1′( t ) =
4t
f 2 ( t ) =→
t f 2′ ( t ) =
1
f3 ( t ) =
−4 → f3′ ( t ) =
0.

Portanto, a derivada da função vetorial é

   
f ′ ( t )= 4ti + j + 0k .

Se quisermos saber a derivada em um ponto t0, basta aplicarmos esse valor


na derivada. Considere t0 = 3 então

   
f ′ ( 3)= 12i + j + 0k .

Aqui também valem as seguintes regras de derivação:


  
i) ( f (t ) ± g (t ))′ =
f ′ (t ) ± g′ (t )
 
ii) ( cf (t ))′ = c f ′ (t ) com c uma constante.
  
iii) ( f (t ) h (t ) )′ = f ′ (t ) h (t ) + f ( t ) h′ ( t )
 
iv) ( f ( h (t )))′ = f ′ ( h (t )) h′ (t )
Quando a curva f(t) tem derivada primeira e a sua derivada é contínua e
diferente de zero, dizemos que a curva é suave. No Tópico 3, trabalharemos com
as integrais de linha, para isso, utilizaremos sempre as curvas que são suaves.

A integração de uma função vetorial também vai ser feita componente a


componente, ou seja, dada uma função vetorial


f ( t ) = ( f1 ( t ) , f 2 ( t ) , , f n ( t ) )

90
TÓPICO 1 | FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS

a sua integral em relação à t é


∫ f ( t ) dt = ( ∫ f (t ) dt,∫ f (t ) dt,, ∫ f
1 2 n ( t ) dt ) .

Exemplo: calcule a integral da função vetorial


f ( t ) = ( 2, 4 cos ( t ) , 4 sen ( t ) ) .

Resolução: note que esta função vetorial é uma circunferência de raio igual a 4 e
paralela ao plano yz, essa curva já foi estudada em um exemplo anterior. Sua integral é


∫ f ( t ) dt = ( ∫ 2 dt, ∫ 4 cos (t ) dt, ∫ 4sen (t ) dt ) .
Como as integrais das componentes da função são

∫ 2 dt= 2t + c1
( t ) dt 4sen ( t ) + c
∫ 4 cos= 2

∫ 4sen ( t ) dt =−4 cos ( t ) + c 3

temos que


∫ f ( t ) dt = ( 2t + c1 , 4 sen ( t ) + c2 , −4 cos ( t ) + c3 ) .
A integração também pode ser definida, vamos integrar a função no
intervalo de 0 até 2π.

2π   2π 2π 2π

∫0 f ( t ) dt =  ∫ ∫0
2 dt , 4 cos ( t ) dt , ∫0 4sen ( t ) dt 
0 

91
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

como



∫ 2dt = 2t = 2 ⋅ 2π − 2 ⋅ 0 = 4π
0
0



∫ 4 cos ( t ) dt = 4 sen ( t ) = 4 sen ( 2π ) − 4 sen ( 0 ) = 0
0
0



∫ 4sen ( t ) dt =
−4 cos ( t ) −4 cos ( 2π ) + 4 cos ( 0 ) =
= 0
0
0

temos

2π 
∫ f ( t ) dt = ( 4π , 0, 0 ) .
0

Exemplo: suponha que uma partícula está se movendo com a seguinte aceleração
a(t) = (4t,6t,1) e sabendo que sua velocidade inicial era v(0) = (1,–1,1), determine a
velocidade da partícula no tempo t.

Resolução: lembre-se de que a aceleração é a derivada da velocidade

a (t ) = v ' (t )

logo, a velocidade é

v (t )
= a ( t ) dt ( ∫ 4tdt , ∫ 6tdt , ∫ 1dt )
∫=
 4t 2 6t 2 
=  + c1 , + c2 , t + c3  .
 2 2 

Para determinar as constantes c1, c2 e c3, vamos utilizar a velocidade inicial

(1, −1,1) = v (0) = ( c1 , c2 , c3 ) .

92
TÓPICO 1 | FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS

Portanto, a velocidade é

 4t 2 6t 2 
v ( t )=  + 1, − 1, t + 1 .
 2 2 

4.1RETA TANGENTE
Quando trabalhamos com uma função de uma variável real f(x), sabemos
que a equação da reta tangente ao gráfico no ponto x0 é dada pela equação

y=f ( x0 ) + f ′ ( x0 )( x − x0 )

e, também aprendemos na seção anterior que a equação paramétrica de uma reta


é dada por
 
r ( t=
) P0 + vt

com P0 um ponto da reta e v um vetor direção da reta.

Veja que há muita semelhança entre  as duas equações. Suponha que


queremos saber a reta tangente a curva (t ) quando t = t0, nesse caso, se
g

avaliarmos g ( t ) no ponto t0, sabemos que g ( t0 ) é um ponto da curva, mas
também pertence à reta, então será o nosso P0, além disso o vetor direção da
 
reta tangente é dado pela derivada da curva avaliada no ponto t0 v = g ' ( t0 ) , ( )
portanto a reta tangente a uma curva g ( t ) no ponto t0 é

  
r ( t ) g ( t0 ) + g ′ ( t0 ) t .
=


O vetor tangente unitário de uma curva g ( t ) é dado pela fórmula


g ' (t )
T ( t ) = 
g ' (t )

Já o vetor normal unitário a uma curva é dado pela fórmula

N (t ) = T ′ (t ).

Para estudar o movimento de uma partícula em geral, decompomos a


aceleração dessa partícula em duas componentes, uma na direção da tangente e
outra na direção normal.

93
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Exemplo: uma partícula está se movendo segundo a função velocidade v(t) = (2t, t2).
Determine vetor normal e vetor tangente da velocidade no instante t = 1.

Resolução: vamos derivar a função velocidade em relação a t

v′ ( t ) = ( 2, 2t )

e a norma desse vetor é

v′ ( t ) = 22 + ( 2t ) = 4 + 4t 2 = 2 t 2 + 1,
2

logo o vetor tangente unitário é

T (t )
=
( 2, 2t )  1 , t  .
=  
2 t2 +1  t2 +1 t2 +1 

Já o vetor normal unitário é

 
 −t 1 t2 
( t ) T=
N= ′ (t )  , − 
(t ) (t )
3
 2
+1 t2 +1 2
+1
3

 

Portanto, os vetores tangente unitário e normal no instante t = 1 são

 1 1   −1 1 
=T (1) = ,  e N (1)  , .
 2 2 2 2 2 2 

Veja a representação desses vetores no gráfico a seguir.

94
TÓPICO 1 | FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS

GRÁFICO 6 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS VETORES TANGENTE E NORMAL

FONTE: Os autores

4.2 COMPRIMENTO DE ARCO



Quando temos uma curva f ( t ) , definimos o comprimento desse arco
como


b
C = ∫ f ′ ( t ) dt ,
a

como
 a e b o ponto inicial e final da curva. No caso de duas dimensões, temos
( )
f ( t ) = x ( t ) , y ( t ) , então o comprimento de arco é dado pela expressão

( x′ ( t ) ) + ( y′ ( t ) ) dt.
2 2
C=∫
a


(
Já no caso de três dimensões, temos f ( t ) = x ( t ) , y ( t ) , z ( t ) , então o )
comprimento de arco é dado pela expressão

∫ ( x′ ( t ) ) + ( y′ ( t ) ) + ( z′ ( t ) ) dt.
2 2 2
C=
a

95
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Vejamos um exemplo de arco, sabemos que o comprimento de uma


circunferência é C = 2πr, com r o raio da circunferência. Vamos verificar que essa
expressão é verdadeira utilizando a fórmula anterior, sabemos que a curva que
parametriza uma circunferência em  2 é


f ( t ) = ( r cos ( t ) , r sen ( t ) )


com r o raio da circunferência, então a derivada de f ( t ) é


f ′ (t ) = ( −r sen ( t ) , r cos ( t ) ) ,
para 0 ≤ t ≤ 2π, então o comprimento de arco é

∫ ( r sen ( t ) ) + ( r cos ( t ) ) dt
2 2
C =−
0

= ∫ ( )
r 2 sen 2 ( t ) + cos 2 ( t ) dt
0

como sen2(t) + cos2(t) = 1 concluímos que o comprimento da circunferência é



C = ∫ r dt = rt = r ⋅ 2π − r ⋅ 0 = 2π r.
0
0

NOTA

Quando trabalhamos com uma circunferência em  3, o comprimento deve


ser igual a 2πr em que r é o raio da circunferência. Verifique que vale a igualdade.

96
TÓPICO 1 | FUNÇÕES VETORIAIS E CURVAS

Vejamos mais um exemplo de comprimento de arco.

Exemplo: calcule o comprimento da hélice circular

 t
 x (t ) = 2
 
r ( t ) =
= y ( t ) 4 cos ( t )
 z ( t ) = 4 sen ( t )

para –2π ≤ t ≤ 6π.

Resolução: temos que encontrar a derivada das componentes da curva, logo

1
x′ ( t ) =
2
y′ ( t ) = −4 sen ( t )
z ′ ( t ) = 4cos ( t )

e o comprimento da hélice circular é

6π 2
1
  + ( −4 sen ( t ) ) + ( 4 cos ( t ) ) dt
2 2
=C ∫
2π 2

1
= 2 2
(
∫2π 4 + 16 sen ( t ) + cos ( t ) dt )
6π 6π
1 65
= ∫π
2
4
+ 16 dt = ∫π
2
2
dt


65 65 65
= t = ⋅ 6π − ⋅ 2π = 2 65π .
2 2 2

Outra informação que podemos retirar das curvas é sua curvatura, a


curvatura indica
 quanto a curva muda de direção, para calcular a curvatura de
uma curva f ( t ) , usamos a seguinte fórmula

T ′ (t )
κ ( t ) = 
| f ' (t ) |

97
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

em que T(t) é o vetor tangente unitário.

Exemplo: calcule a curvatura de uma circunferência de raio r que pertence ao


plano z = 1.

Resolução: sabemos que a parametrização em  é


3


f ( t ) = ( r cos ( t ) , r sen(t ) ,1).

Vamos calcular a derivada da curva



f ′ (t ) = ( −r sen ( t ) , r cos(t ), 0 )
e sua norma é


( −r sen ( t ) ) + ( r cos ( t ) )
2 2
f ′ (t ) = + 0 2 = r.

Agora, vamos calcular o vetor tangente unitário



f ′ (t ) ( −r sen ( t ) , r cos=
(t ), 0 )
T (t )
= =
 ( sen ( t ) , cos(t ) , 0)
f ′ (t ) r

e a norma da derivada do vetor tangente unitário é:

T '(t ) =
( − cos(t ), −sen(t ),0)
T ' (t ) = cos 2 ( t ) + sen 2 ( t ) = 1.

Portanto, a curvatura da circunferência é

T ′ (t ) 1
κ (t )
= = .
| f ' (t ) | r

NOTA

A curvatura de qualquer circunferência de raio r é sempre igual a 1 , mesmo que


esta pertença a  3 ou  2 . r

98
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Uma função vetorial de uma variável real t, com t ∈ I e I um intervalo, é uma


função que associa a variável t a um vetor de  n, ou seja,


f ( t ) = ( f1 ( t ) , f 2 ( t ) , , f n ( t ) )

em que f1, f2, ···, fn são funções de uma variável real.

 
• Dadas as funções f ( t ) = ( f1 ( t ) , f 2 ( t ) , , f n ( t ) ) , g ( t ) = ( g1 ( t ) , g 2 ( t ) , , g n ( t ) )
e h(t), podemos calcular:

 
f ( t ) ± g ( t ) = ( f1 ( t ) ± g1 ( t ) , , f n ( t ) ± g n ( t ) )

h (t ) ⋅ f (t ) = ( h ( t ) f1 ( t ) , , h ( t ) f n ( t ) ) .
• O limite de uma função vetorial é o mesmo que calcular o limite em cada uma
das suas componentes

( )

lim f ( t ) = lim f1 ( t ) , , lim f n ( t ) .
t → t0 t → t0 t → t0


• Uma função vetorial f ( t ) é contínua se todas as suas componentes também
forem.

• Uma curva é a representação gráfica de uma função vetorial. Quando a derivada


de uma curva é contínua e diferente de zero, dizemos que essa curva é suave.
 
• A equação paramétrica da reta é r ( t=
) P0 + vt.
• A equação paramétrica da elipse no plano é

  x ( t=) x0 + a cos ( t )
r (t ) = 
 y ( t=
) y0 + b sen ( t )
para todo 0 ≤ t ≤ 2π, em que (x0, y0) é centro da elipse e a e b são as medidas dos
eixos.

99
• A equação paramétrica da elipse no espaço é

 x ( t=) x0 + a cos ( t )
 
r ( t=
)  y ( t=) y0 + b sen ( t )
 z (t ) = z
 0

para todo 0 ≤ t ≤ 2π, em que (x0, y0, z0) é centro da elipse e a e b são as medidas dos
eixos.

• Dada uma função vetorial f ( t ) = ( f1 ( t ) , f 2 ( t ) , , f n ( t ) ) a sua derivada em
relação a t é a derivada em relação a t das suas componentes

f ′ ( t ) = ( f1′( t ) , f 2′ ( t ) , , f n′ ( t ) ) .

• Dada uma função vetorial f ( t ) = ( f1 ( t ) , f 2 ( t ) , , f n ( t ) ) a sua integral em
relação a t é igual à integral das suas componentes

∫ f ( t ) dt = ( ∫ f (t ) dt, ∫ f (t ) dt,, ∫ f
1 2 n ( t ) dt ) .
   
• A reta tangente a uma curva g ( t ) no ponto t0 é =
r ( t ) g ( t0 ) + g ′ ( t0 ) t .

• O vetor tangente unitário de uma curva g ( t ) é dado pela fórmula

g′ (t )
T ( t ) =  .
g′ (t )


• O vetor normal unitário a uma curva g ( t ) é dado pela fórmula

N (t ) = T ′ (t ).

• Quando temos uma curva f ( t ) no intervalo a ≤ t ≤ b, definimos o comprimento
desse arco como

b 

C = ∫ f ′ ( t ) dt.
a


• Para calcular a curvatura de uma curva f ( t ) , usamos a seguinte fórmula

T ′ (t )
κ ( t ) = 
| f ' (t ) |

em que T(t) é o vetor tangente unitário.


100
AUTOATIVIDADE

Acadêmico, o processo de entendimento total do conteúdo finaliza


aqui. Utilize estas questões para realmente absorver os conteúdos explorados
neste tópico. Bom estudo!
     
1 Dadas as funções vetoriais f (= ( t ) sen ( t ) i − t 2 − 2 j e
t ) t 2 i + 4tj , g= ( )
( )
( t ) 2 t 3 + 3t , calcule o que se pede:
h=
 
a) f ( t ) + g ( t )
 
b) f ( t ) − g ( t )

c) f ( t ) ⋅ h ( t )

d) h ( t ) ⋅ g ( t )
 
e) f ( t + 1) + g ( t − 1)

2 Esboce a curva formada pela função vetorial:


  
a) f (=
t ) t 2 i + 4tj
  
b) f ( t ) = (
ti + 2t 2 − 1 j )

( )
c) f ( t ) = 3cos ( t ) , 3sen ( t ) para t ∈ [ 0, 2π ]

3 O movimento de um besouro que desliza sobre a superfície de uma lagoa


pode ser expresso pela função

 1 − cos ( t )   t − sen ( t )  
g (t )
= i +  2t + j
m  m 
em que m é a massa do besouro. A posição do besouro no instante de tempo
t = π é:

1
a) ( )
m
( 2,π ( 2m + 1) )
1
b) ( )
m
( 0,π ( 2m + 1) )
1
c) ( )
m
( 2,π ( 2m − 1) )
1
d) ( )
m
( 0,π ( 2m − 1) )
101
4 Calcule o limite a seguir:

 sen ( t ) 
a) lim  ,t 2 
t →0
 t 

 −3t t2 
b) lim  e , , cos ( 2t ) 
t →0  sen ( t )
2 
 

 t2 − t 
c) lim  , t + 8 , cos ( 2t ) 
t →1
 t −1 

 −t t 3 + t 1
d) lim  te , 3 , tsen   
t →∞
 2t − 1  t 
5 Calcule a derivadas das funções vetoriais a seguir:

(
a) f ( t ) =2 + 3t ,1 − sen 2t
2 3
( ))

b) f ( t ) = (
4 + cos ( t ) , 3 + sen ( t ) )
   
c) f ( t ) = i − j + e k
4t

   
d) f ( t )= et i − j + ln (1 + 3t ) k
2

   
e) f ( t ) = t i + t t − 1 j + tsen (π t ) k
2


6 Encontre a equação paramétrica da reta tangente no ponto f ( t0 ) das
funções a seguir:

  4
=
a) f (t )  t 2 ,  , t ∈ ( 0,=
∞ ) , t0 2
 t2 

( )
b) f ( t ) = −2 + t ,3 + 4t , t ∈ (1, 5 ) , t0 = 2
2 2

 π
c) f ( t )
= ( 4sen ( t ) ,3sen ( t ) ) , [0, π ] , t0
t ∈=
3
7 Uma curva é o lugar geométrico de uma função vetorial, em que essa
função vetorial representa o vetor posição. Suponha que dois carros estão
se movendo segundo os vetores posição
  t2 
r1 ( t ) =  2 + t , −2 + 
 2
   7 
r2 ( t ) = ( −8 + 7t ) i +  −1 + t  j .
 2 

102
Sabendo o vetor posição em relação ao tempo dos dois carros,
determine se é possível os dois carros se chocarem.

a) ( ) Sim, quando t = 10.


b) ( ) Sim, quando t = 127.
c) ( ) Sim, quando t = 1000.
d) ( ) Não.

8 Calcule a integral das funções vetoriais a seguir:



(
a) f ( t ) = t sen ( t ) , t , tcos ( 2t )
2
)

b) f ( t ) = (
4 + cos ( t ) , 3 + sen ( t ) )
   
c) f ( t ) =t i − t 3 j + 3t 5 k
   
d) f ( t ) = t i + t t − 1 j + tsen (π t ) k
2

9 Determine o vetor tangente unitário e o vetor normal unitário das curvas a


seguir no ponto dado:

=a) f ( t ) (=
t , cos ( t ) , 3 sen ( t ) ) , t π

(
b) f ( t ) = −2 + t ,3 + 4t , t = 2
2 2
)
 π
=c) f ( t ) (=
4 sen ( t ) ,3sen ( t ) ) , t
2
10 Determine o comprimento de curva e a curvatura das curvas a seguir:

( )
b) f ( t ) = −2 + t 2 ,3 + 4t 2 , t ∈ (1, 5 )
a)

=b) ( t )
f ( 4sen ( t ) ,3sen ( t ) ) , t ∈ [ 0, π ]

103
11 A curva a seguir nos mostra a famosa representação gráfica da helicoidal:

Sua representação é dada pela seguinte parametrização:


γ ( t ) = ( sen ( t ) , cos ( t ) ,9 ) . Sendo que se trata de uma parametrização em  ³.
Pensando agora nas parametrizações em  2³, analise as sentenças a seguir e as
classifique em V para as verdadeiras e F para as falsas. Em seguida, assinale
a opção correta.

( ) A parametrização (t,t2) refere-se à curva gerada pela parábola y = x2.


( ) A parametrização (2sen(t),2cos(t)) refere-se à curva gerada pela
circunferência x2 + y2 = 2.
( ) A curva x = y2 + 1, do ponto (2,1) até (10,3) tem com parametrização (t2 + 1,t),
com 2 ≤ t ≤ 10.
( ) A parametrização da curva y = x3 pode ser vista como (t3,t3).

A sequência CORRETA é:
a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) V – F – V – F.
c) ( ) V – F – F – F.
d) ( ) F – V – F – V.

12 A função vetor tangente a uma curva trata-se de um conjunto de vetores


que indicam os sentidos que a curva toma ao longo de seu percurso. A
imagem a seguir lida com esta definição, fazendo uma associação com o
vetor velocidade.

P0
v
(x,y) = P0 + t.v

104
É de conhecimento também que a norma do vetor tangente “mede”
a intensidade (comprimento) do vetor tangente. Desta forma, dada a
parametrização (sen(t), cos(t), t) com 0 ≤ t ≤ 1, assinale a opção que apresenta
corretamente o comprimento de seu vetor tangente.

a) ( ) 1.
b) ( ) 2.
c) ( ) ½.
d) ( ) √2.

105
106
UNIDADE 2 TÓPICO 2

CAMPOS VETORIAIS

1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior iniciamos o estudo das funções vetoriais, porém apenas
estudamos as funções vetoriais que têm o domínio como sendo um subconjunto
dos números reais, neste tópico estenderemos o conceito de funções vetoriais
estendendo o domínio, ou seja, agora teremos uma função cujo domínio está
contido em  n para todo n > 1, estudaremos funções da forma

f : n → n
f ( x1 , , xn ) = ( f1 ( x1 , , xn ) , , f n ( x1 , , xn ) )

com n número natural.

As propriedades estudadas anteriormente continuam valendo para


essas novas funções, mas aqui também estudaremos outras propriedades, como
campos vetoriais e escalares. Em relação às derivadas serão introduzidos outros
conceitos como divergente e rotacional.

2 CAMPO VETORIAL
O estudo dos campos vetoriais vai muito além de apenas um conceito
matemático. No dia 22/02/2019, o meteorologista Leandro Puchalski em sua página
na internet (disponível em: <https://www.nsctotal.com.br/colunistas/puchalski/
um-fim-de-semana-de-praia-e-muito-calor>. Acesso em: 17 maio 2019), divulgou
uma matéria prevendo que no final de semana o estado de Santa Catarina teria
altas temperatura, em sua matéria ele escreveu os seguintes parágrafos:

A presença de ventos em altitude que trazem ar quente do Centro Norte


do Brasil colabora para termos um fim de semana de altas temperaturas. Além
disso, um ar quente que antecede uma frente fria, sistema de chuva, também
irá colaborar para um domingo muito quente.

Previsão de temperaturas durante as tardes dos dois dias entre 35 e


37ºC em muitas cidades com picos um pouco acima disso em cidades do Sul,
Vale do Itajaí e Norte.

107
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Para justificar o que ele estava prevendo, foi inserida na matéria a figura
a seguir, que mostra como o ar está se deslocando sobre a América do Sul,
principalmente no Brasil. Ele afirma que os ventos trariam o ar quente que está
no Centro do Brasil para o Sul e isso é possível ver na figura, já que as setinhas
brancas que estão sobre o Centro do Brasil estão direcionadas para o Sul.

FIGURA 1 – IMAGEM DAS CORRETES DE AR DO DIA 22/02/2019

FONTE: <https://files.nsctotal.com.br/s3fs-public/styles/teaser_image/public/graphql-upload-
files/Sem%20t%C3%ADtulo_80.jpg?2b6U.gGH2wi6fNjmYSAIZNi5gEZHlhMT&itok=ApMs73Mb>.
Acesso em: 17 maio 2019.

Outros exemplos de aplicações de campo vetorial são correntes marítimas,


forças magnéticas. As aplicações podem aparecer em diversas áreas como na
física, engenharias, meteorologia.

Para representar os campos vetoriais, usamos funções vetoriais cujo


domínio está contido em  n para n > 1 e a imagem também está contida em  .
n

Quando n = 2 um campo vetorial é definido por

F : A ⊂ 2 → 2
 
F ( x, y ) P ( x, y ) i + Q ( x, y ) j
=
 
como P e Q funções reais (imagem está contida em ) e i = (1, 0 ) e j = ( 0,1) a
base canônica de  . Este campo é chamado de campo vetorial bidimensional.
2

Quando n = 3, temos um campo vetorial tridimensional e é definido por

F : A ⊂ 3 → 3
  
F ( x, y , z ) = P ( x, y , z ) i + Q ( x, y , z ) j + R ( x, y , z ) k

108
TÓPICO 2 | CAMPOS VETORIAIS

  
como P, Q e R :  3 →  e i = (1, 0, 0 ) , j = ( 0,1, 0 ) e k = ( 0, 0,1) a base canônica
de  3 .

Observe que não podemos representar graficamente uma função cujo


domínio é  e imagem em  , pois precisaríamos de quatro dimensões e
2 2

sabemos que não existe representação disso. Para representar graficamente a


função, colocamos tanto o domínio quanto a imagem no mesmo plano, o domínio
será representado por pontos e a imagem será representada por vetores. O mesmo
acontece com um campo vetorial em  3 .

Exemplo: represente graficamente o campo vetorial F ( x, y ) = j .

Resolução: observe que para qualquer valor de x e y, temos que F(x,y) = (0,1), ou seja,
é constante, por exemplo, se (x,y) = (0,0) temos que F(0,0) = (0,1), marcamos o ponto
(x,y) = (0,0) e o vetor que sai do ponto (0,0) e tem sentido e direção do vetor (0,1).


GRÁFICO 7 – CAMPO VETORIAL DE F ( x, y ) = j

FONTE: Os autores

Agora vamos considerar o ponto (x,y) = (1,1) temos que F(1,1) = (0,1), então
marcamos o ponto (1,1) e o vetor que sai do ponto (1,1) e tem sentido e direção do
vetor (0,1). Não importa o ponto (x,y) em  que escolhermos o vetor sairá desse
2

ponto e terá sentido e direção do vetor (0,1).

109
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL


GRÁFICO 8 – CAMPO VETORIAL DE F ( x, y ) = j

FONTE: Os autores

Exemplo: represente graficamente o campo vetorial F(x,y) = (–y,x)

Resolução: primeiro precisamos considerar alguns valores.

(x,y) F(x,y)
(0,0) (0,0)
(1,0) (0,1)
(–1,0) (0,–1)
(0,1) (–1,0)
(0,–1) (1,0)

GRÁFICO 9 – CAMPO VETORIAL DE F(x,y) = (–y,x)

FONTE: Os autores

110
TÓPICO 2 | CAMPOS VETORIAIS

Nem sempre é tão simples construir o campo de vetores, para isso


podemos usar o software GeoGebra para representar campos vetoriais disponível
em: <https://www.geogebra.org/m/ZGgddgVD>. O campo de vetores do exemplo
é dado pelo gráfico a seguir.

GRÁFICO 10 – CAMPO VETORIAL DE F(x,y) = (–y,x)

FONTE: Os autores

3 GRADIENTE
Lembre-se de que no curso de Cálculo Diferencial e Integral 2, estudamos
as funções que tinham mais de uma variável real, mas que seu contradomínio era
o conjunto dos números reais, essas funções também são chamadas de campos
vetoriais e são funções da forma

f :n → 
( x1 , , xn ) → f ( x1 , , xn ) .

Também aprendemos várias propriedades envolvendo essas funções e


uma delas é como calcular as derivadas parciais de funções com várias variáveis,
caso você não se lembre como fazer as derivadas parciais, sugerimos acadêmico
que você volte ao livro de Cálculo Diferencial e Integral 2 e revise esse assunto.

111
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Exemplo: calcule as derivadas parciais de primeira ordem da função

f ( x, y=
) 4 y − x2 y3.

Resolução: as derivadas parciais dessa função são

∂f
( x, y ) = −2 xy 3
∂x
∂f
( x, y )= 4 − 3x 2 y 2 .
∂y

Definimos o gradiente da função f ( x, y=


) 4 y − x 2 y 3 como sendo o vetor
∇f ( x , y ) = (
−2 xy 3 , 4 − 3 x 2 y 2 .)
O gradiente é o vetor formado pelas derivadas parciais da função.

∂f ∂f
Dada uma função f(x1, ···, xn), como as derivadas parciais , , , então
∂x1 ∂xn
o gradiente é dado por

 ∂f ∂f 
∇f ( x1 , , xn ) =
 , , .
 ∂x1 ∂xn 

∂f ∂f
Quando n = 2 temos a função f(x,y) e as derivadas parciais e , então
o gradiente é ∂x ∂y

 ∂f ∂f 
∇f ( x , y ) =
 , .
 ∂x ∂y 

Quando n = 3, temos a função f(x,y,z) e as derivadas parciais ∂f , ∂f e ∂f ,


então o gradiente é ∂x ∂y ∂z

 ∂f ∂f ∂f 
∇f ( x , y , z ) =
 , , .
 ∂x ∂y ∂z 

112
TÓPICO 2 | CAMPOS VETORIAIS

Note que o gradiente de um campo escalar é um campo vetorial,


por isso, muitas vezes é chamado de campo gradiente. Uma propriedade
interessante de gradiente é que ele é perpendicular as curvas de nível da função
e aponta para a direção e sentido de maior variação. A seguir apresentamos
uma aplicação de gradiente.

Exemplo: considere a função de duas variáveis reais f(x,y) = x2 + y2, determine o


gradiente dessa função.

Resolução: note que o gradiente é

 ∂f ∂f 
∇f ( x , y =
)  , = ( 2 x, 2 y ) .
 ∂x ∂y 

Sabemos também que as curvas de nível são círculos centradas na origem,


a seguir apresentamos a representação gráfica das curvas de nível e campo
gradiente da função, observe que o gradiente é sempre perpendicular às curvas
de nível e aponta no sentido de maior variação.

GRÁFICO 11 – CURVAS DE NÍVEL E GRADIENTE DA FUNÇÃO f(x,y) = x2 + y2

FONTE: Os autores

113
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

4 ROTACIONAL
Agora que temos a definição de campo vetorial, definiremos operações
essenciais quando trabalhamos com aplicações. A primeira operação que
estudaremos é a rotacional de um campo vetorial, esse conceito mostra o quanto
os vetores do campo vetorial se aproximam ou se afastam de um vetor normal a
essa superfície, uma aplicação desse conceito é um campo de velocidades de um
corpo em rotação, se o rotacional de um campo é diferente de zero, então o campo
é chamado de vórtice, por exemplo, um tornado, o rotacional mede a capacidade
de giro do campo vetorial.

Suponha que você encheu a pia de água e que o ralo esteja exatamente
no centro da pia. Quando você abre o ralo e deixa escoar a água, você cria um
campo vetorial, vamos imaginar que seja F(x,y) = (–y,x) como estudamos na seção
anterior, sabemos que seu campo é representado por

GRÁFICO 12 – CAMPO VETORIAL DE F(x,y) = (–y,x)

FONTE: Os autores

Agora se colocarmos uma moeda dentro da água, esta vai se deslocar


conforme o campo vetorial da água, porém ela também vai girar no seu próprio
eixo. A capacidade de a moeda girar em seu próprio eixo é medida pelo rotacional
do campo vetorial.

114
TÓPICO 2 | CAMPOS VETORIAIS

GRÁFICO 13 – CAMPO VETORIAL QUANDO O ROTACIONAL É MAIOR QUE ZERO


y

FONTE: Os autores

Todavia, como calculamos o rotacional de um campo vetorial? Vamos


começar estudando o rotacional de um campo vetorial bidimensional.

Definição: considere um campo vetorial bidimensional F(x,y) = (P(x,y),Q(x,y))


dizemos que o rotacional de F é

 ∂Q ∂P 
rot F  0, 0,
= − 
 ∂x ∂y 
 ∂Q ∂P  
rot
= F  − k
 ∂x ∂y 


com k = ( 0, 0,1) .

Observe que o rotacional também é um campo vetorial, mas nesse caso ele
é um campo vetorial tridimensional.

No caso do campo vetorial F(x,y) = (–y,x) do exemplo anterior o seu


rotacional é

 
rot F = (1 − ( −1) ) k = 2k = ( 0, 0, 2 ) .

115
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

GRÁFICO 14 – CAMPO VETORIAL GERADO PELO ROTACIONAL DE F(x,y) = (–y,x) CRIADO


COM A AJUDA DO SOFTWARE GEOGEBRA

4
3 1
2
1
0 -2 -3
-1
0 -1
3 2 -2
-1 -3
-4

FONTE: Os Autores

Quando estamos trabalhando com campos vetoriais tridimensionais, o


rotacional também é um campo vetorial tridimensional.

Definição: considere um campo vetorial tridimensional

F(x,y,z) = (P(x,y,z), Q(x,y,z), R(x,y,z)),

dizemos que o rotacional de F é

 ∂R ∂Q ∂P ∂R ∂Q ∂P 
rot F = − , − , − 
 ∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y 
 ∂R ∂Q    ∂P ∂R    ∂Q ∂P  
rot F =  − i +  −  j + − k
 ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x ∂y 
  
com i , j e k a base canônica de  3 .

Exemplo: calcule o rotacional do campo vetorial F(x,y,z) = (xy,xyz,–y2).

Resolução: para encontrar o rotacional, temos que calcular as derivadas parciais


de P(x,y,z) = xy, Q(x,y,z) = xyz e R(x,y,z) = –y2 que são

∂R ∂R
= −2 y =0
∂y ∂x
∂Q ∂Q
= xy = yz
∂z ∂x
∂P ∂P
=0 =x
∂z ∂y

116
TÓPICO 2 | CAMPOS VETORIAIS

Assim, o rotacional de F é

 ∂R ∂Q    ∂P ∂R    ∂Q ∂P  
rot F =  − i +  −  j + − k
 ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x ∂y 
  
=−( 2 y − xy ) i + ( 0 − 0 ) j + ( yz − x ) k
( − y ( x + 2 ) , 0, yz − x ) .
=

Quando o rotacional de um campo vetorial for igual a zero, dizemos que o


campo vetorial é conservativo. Quando o rotacional de um campo vetorial é igual
a zero, também dizemos que ele é irrotacional, ou seja, ele não tem rotação, no
caso da moeda que vimos no início da seção, se o rotacional do campo vetorial for
zero, a moeda não vai girar em seu eixo.

GRÁFICO 15 – CAMPO VETORIAL QUANDO O ROTACIONAL É ZERO


y

FONTE: Os autores

Exemplo: mostre que o campo vetorial

  
F ( x, y, z ) =y 2 z 3i + 2 xyz 3 j + 3 xy 2 z 2 k

é conservativo.

Resolução: temos que calcular o seu rotacional. Como P(x,y,z) = y2z3, Q(x,y,z) = 2xyz3
e R(x,y,z) = 3xy2z2 e as suas derivadas parciais são

117
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

∂R ∂R
= 6 xyz 2 = 3y2 z2
∂y ∂x
∂Q ∂Q
= 6 xyz 2 = 2 yz 3
∂z ∂x
∂P ∂P
= 3y2 z2 = 2 yz 3
∂z ∂y

Assim, o rotacional de F é

 ∂R ∂Q    ∂P ∂R    ∂Q ∂P  
rot F =  − i +  −  j + − k
 ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x ∂y 
  
( ) ( ) ( )
= 6 xyz 2 − 6 xyz 2 i + 3 y 2 z 2 − 3 y 2 z 2 j + 2 yz 3 − 2 yz 3 k
= ( 0, 0, 0 ) .

Portanto, o campo vetorial F é conservativo.

5 DIVERGENTE
O divergente de um campo vetorial é usado para calcular como os vetores
de um campo vetorial se dispersam (divergência dos vetores). Estudaremos o
conceito de divergência no âmbito matemático e depois utilizar desse conceito
em aplicações.

Considere um campo vetorial F = (F1(x1, ···,xn), ···,Fn(x1, ···,xn)), o divergente


do campo vetorial F é o campo escalar definido

div ( F ) :  n → 

e dado por

∂F1 ∂F
div ( F ) = + + n .
∂x1 ∂xn

Ou seja, o divergente é a soma das derivadas parciais das componentes da F em


relação à variável da entrada equivalente.

Quando n = 2, temos um campo vetorial F(x,y) = (P(x,y), Q(x,y)), então o


divergente desse campo é dado por

118
TÓPICO 2 | CAMPOS VETORIAIS

∂P ∂Q
div ( F )
= ( x, y ) + ( x, y ) .
∂x ∂y

Quando n = 3, temos um campo vetorial F(x,y,z) = (P(x,y,z), Q(x,y,z), R(x,y,z)),


então o divergente desse campo é dado por

∂P ∂Q ∂R
div ( F ) = ( x, y , z ) + ( x, y , z ) + ( x, y , z ) .
∂x ∂y ∂z

Uma outra notação para divergente que também é muito usada, acadêmico,
é o produto escalar do gradiente com a funções vetorial,

div ( F ) = ∇ ⋅ F .

Exemplo: calcule o rotacional do campo vetorial

F (=
x, y , z ) ( xy, xyz, − y ) .
2

Resolução: como as derivadas parciais das componentes são

∂P
( x, y , z ) = y
∂x
∂Q
( x, y, z ) = xz
∂y
∂R
( x, y , z ) = 0
∂z

temos que o divergente da função vetorial é

div ( F )= y + xz.

Observe, acadêmico, que o rotacional é um campo vetorial, já o


divergente é um escalar. Na seção anterior, calculamos o rotacional da função
vetorial F(x,y,z) = (xy,xyz,–y2) e encontramos

rot F = (–y(x + 2),0,yz – x).

119
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

O que acontece se calcularmos o divergente deste campo (divergente do


rot(F))?

Note que o divergente de rot(F) é

∂ ∂ ∂
div ( rot ( F ) ) = ( − y ( x + 2 ) ) + ( 0 ) + ( yz − x )
∂x ∂y ∂z
=− y + 0 + y =0.

O que acabamos de verificar sempre acontece, ou seja, para todo


campo vetorial em  3 dado por F(x,y,z) = (P(x,y,z),Q(x,y,z),R(x,y,z)), em que
as componentes têm derivadas parciais de segunda ordem, satisfaz a equação
div(rot(F)) = 0.

Note que o contrário não pode ser calculado rot(div(F)), pois o div(F) é um
escalar e o rotacional só pode ser calculado de um campo vetorial.

Quando temos um campo escalar por exemplo f(x,y) = 4y – x2y3, sabemos


( −2 xy3 , 4 − 3x 2 y 2 ) . Agora, se
que o gradiente desse campo escalar é ∇f ( x, y ) =
calcularmos o divergente desse campo, encontramos

∂ ∂
(
div ( ∇f ( x, y ) ) = −2 xy 3 +
∂x ∂y
) (
4 − 3x 2 y 2 )
3 2
=−2 y − 6 x y.

O divergente do gradiente de um campo escalar é chamado de Laplaciano


e, também, é representado pelo símbolo Δ (delta) e é calculado da seguinte maneira

∂2 f ∂2 f
∆f ( x1 , , xn )= div ( ∇f ( x1 , , xn ) )= ( x1 , , xn ) +  + 2 ( x1 , , xn ) .
∂x12 ∂xn

O Laplaciano é a soma das segundas derivadas parciais da função


escalar. Os conceitos de gradiente e Laplaciano são muito usados em equações
diferencias parciais.

Apresentaremos mais exemplos e aplicações de divergente, rotacional e


gradiente na próxima unidade, na qual estudaremos os principais Teoremas de
cálculo diferencial.

120
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Um campo vetorial são funções vetoriais cujo domínio está contido em  .para
n

n > 1 e a imagem também está contida em  .


n

• Quando n = 2, temos um campo vetorial bidimensional e é definido por

F : A ⊂ 2 → 2
 
F ( x, y ) P ( x, y ) i + Q ( x, y ) j
=

como P e Q funções reais.

• Quando n = 3, temos um campo vetorial tridimensional e é definido por

F : A ⊂ 3 → 3
  
F ( x, y , z ) = P ( x, y , z ) i + Q ( x, y , z ) j + R ( x, y , z ) k

como P, Q e R :  3 → .

• O gradiente de um campo escalar f(x,y) é

 ∂f ∂f 
∇f ( x , y ) =
 , .
 ∂x ∂y 

• Quando n = 3, o gradiente de f(x,y,z) é

 ∂f ∂f ∂f 
∇f ( x , y , z ) =
 , , .
 ∂x ∂y ∂z 

• O rotacional de um campo vetorial bidimensional F(x,y) - (P(x,y),Q(x,y)) é da


forma

 ∂Q ∂P   ∂Q ∂P  
rot F =  0, 0, − =  −  k.
 ∂x ∂y   ∂x ∂y 

121
• O rotacional de um campo vetorial tridimensional F(x,y,z) = (P(x,y,z),Q(x,y,z),R(x,y,z))
é da forma

 ∂R ∂Q ∂P ∂R ∂Q ∂P   ∂R ∂Q    ∂P ∂R    ∂Q ∂P  
rot F =
 − , − , − = − i +  −  j + −  k.
 ∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y   ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x ∂y 

• Quando o rotacional é igual a zero, dizemos que o campo vetorial é conservativo.

• O divergente do campo vetorial F = (F1(x1, ···, xn), ···, Fn(x1,···,xn)) é dado por

∂F1 ∂F
div ( F ) = + + n .
∂x1 ∂xn

• O divergente do rotacional de um campo vetorial é sempre 0.

• O Laplaciano de uma função escalar é calculado por

∂2 f ∂2 f
∆f ( x1 , , xn )= div ( ∇f ( x1 , , xn ) )= (1
x ,  , xn) +  + ( x1 , , xn ) .
∂x12 ∂xn2

122
AUTOATIVIDADE

Acadêmico, o processo de entendimento total do conteúdo finaliza


aqui. Utilize estas questões para realmente absorver os conteúdos explorados
neste tópico. Bom estudo!

1 Represente graficamente os campos vetoriais a seguir.

a) F(x,y) = (x,y).
b) F(x,y) = (0,1).
c) F(x,y) = (x2,0).

2 Calcule o gradiente e o laplaciano dos campos escalares a seguir.

a) f(x,y) = x3y3 – xy.


b) f(x,y) = x2 + xy + y2 – 3y.
c) f(x,y) = e2x-y + 2x + 2y.
d) f(x,y,z) = x2 + 3y2 + 4z2.
e) f(x,y,z) = zex-y + z3.
f) f(x,y) = cos(xy) + ex.

3 Encontre a função f(x,y) cujo gradiente é ∇f ( x, y ) =


( 2 x,3 y ).
4 Calcule o rotacional e o divergente dos campos vetoriais a seguir.

a) F( x , y , z) = ( − y , x , z).
 
b) F ( x, =
y ) x 2i + y 2 j
c) F ( x,= ( )  
y ) xy, − x 2 .
d) (
F x , y , z ) = yz i + xzj + xyk .
−y  x 
F ( x, y )
e) = 2 2
i+ 2 2
j.
x +y x +y
f) F ( x, y, z ) = (1, sen ( z ) , ycos ( z ) ) .

( )
g) F ( x, y, z ) = e yz , xze yz , xye yz .

5 Um dos campos mais utilizados é campo radial F(x,y) = (x,y) ou F(x,y,z) = (x,y,z),
calcule o divergente e o rotacional desses campos.

6 Quais dos campos vetoriais da Questão 4 são conservativos?

7 Verifique que dados dois campos vetoriais F e G então vale que

123
rot(F + G) = rot(F) + rot(G)

div(F + G) = div(F) + div(G)

8 Os campos vetoriais são altamente utilizados no estudo do comportamento


de
 forças emumespaço. O campo vetorial a seguir é dado pela função
F ( x, y ) =− yi + xj .

Acerca deste campo vetorial, podemos afirmar que:


a) ( ) O campo rotacional gerado por ele é nulo.
b) ( ) Seu divergente é nulo.
c) ( ) Ele pode ser chamado de campo radial.
d) ( ) Possui gradiente igual à própria característica do vetor.

9 No cálculo vetorial, o gradiente (ou vetor gradiente) é um vetor que indica o


sentido e a direção na qual, por deslocamento a partir do ponto especificado,
obtém-se o maior incremento possível no valor de uma grandeza a partir
da qual se define um campo escalar para o espaço em consideração. Em
particular, pode-se descrever um campo de temperaturas, conforme o
GRADIENTE DE TEMPERATURAS.

124
Assim, dado o campo escalar T(x,y,z) = x2y + y3z, analise as sentenças e
assinale a opção CORRETA:

I- O gradiente de temperatura, aponta para a direção de maior taxa de


variação da temperatura.  
 
II- O gradiente de temperatura é a função =∇T ( 2 xy ) i + ( x 2 + 3 y 2 z ) j + y ³k .
III- O gradiente aplicado no ponto P(1,2,1) é o vetor (4,3,2).
IV- O gradiente aplicado no ponto P(1,2,1) é o vetor (4,13,8).

a) ( ) I e II estão corretas.
b) ( ) II e III estão corretas.
c) ( ) I, II e IV estão corretas.
d) ( ) III e IV estão corretas.

10 Em matemática um campo vetorial ou campo de vetores é uma construção


em cálculo vetorial que associa um vetor a todo ponto de uma variedade
diferenciável (como um subconjunto do espaço euclidiano, por exemplo).
Isso é, um campo de vetores é uma função vetorial que associa um vetor a
cada ponto P(x,y,z) do espaço xyz.

Sabemos que existem campos especiais que podem ser calculados a partir de um
campo vetorial, que é o divergente e o rotacional. Sendo assim, analise as sentenças
como V (verdadeiro) ou F (falso) e em seguida, assinale a opção CORRETA.

CAMPO VETORIAL: F= ( x y)i + ( y
2 3
)
− zx j + z ² k .

( ) O rotacional deste campo é dado por xi + (–z – x2)k.


( ) O rotacional, indica que um corpo que entra neste campo não possui
rotação em torno do próprio eixo na direção de j(eixo y).
( ) O rotacional deste campo aplicado no ponto (1,2,2) é rotF = –1i – 3k.
( ) O rotacional determina o fluxo pontual deste campo em uma unidade de
volume.

a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) V – F – V – F.
c) ( ) F – F – V – V.
d) ( ) V – V – V – V.

125
126
UNIDADE 2 TÓPICO 3

INTEGRAIS DE LINHA
1 INTRODUÇÃO
A integral de linha ou integral curvilínea é uma integral que se assemelha
muito com a integral definida que estudamos até o momento, a principal diferença
é que em vez de integrarmos sobre um intervalo [a,b], integramos sobre uma
curva e por isso o melhor nome seria integral de curvas. Como já comentamos
anteriormente, o estudo de integrais de linha teve início no século XIX no estudo
de escoamento de fluídos.

Começamos o estudo com as integrais sobre campos escalares, mostrando


que a definição de integrais de linhas sobre campos escalares é motivado por um
problema físico que é encontrar a massa sobre uma curva. A definição de integral
de linha de campos vetoriais também é motivada por um problema físico, que é
encontrar o trabalho que um campo de força realiza ao movimentar uma partícula
sobre uma curva.

2 INTEGRAL DE LINHA DE CAMPOS ESCALARES


Vamos iniciar o estudo das integrais de linha com uma função escalar de
duas variáveis reais, considere a função escalar

f :2 → 
( x, y ) → f ( x, y )

e a curva γ(t) = (x(t), y(t)) suave.

Suponha que f(x,y) é a função densidade no ponto (x,y) e que você quer
saber qual é a densidade em todos os pontos da curva γ(t), ou seja, qual vai ser a
massa nessa curva. Como faríamos para encontrar essa massa?

Vamos considerar a função f(x,y) = 2 + x2y e a curva parametrizada

 x ( t ) = cos ( t )
γ (t ) = 
 y ( t ) = sen ( t )

para todo t ∈ [ 0,π ] . Lembre-se de que o gráfico da curva acima é da forma


trigonométrica.

127
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

GRÁFICO 16 – CURVA PARAMÉTRICA γ(t)


y

–1 0 1 x

FONTE: Os autores

Agora fazemos uma partição do intervalo [0, π]. Vamos fazer uma partição
com n intervalos e Δti = ti – ti-1 como mostra o gráfico a seguir.

GRÁFICO 17 – PARTIÇÃO DO INTERVALO [0,π]

t0 t1 ... ti–1 ti ... tn

FONTE: Os autores

Cada ti para todo i = 1, ···,n gera um ponto na curva e a curva fica dividida
em pequenos elementos de curvas. Se esse pedaço de curva for suficientemente
pequeno, podemos dizer que a massa nesse pedaço é igual a f(x(ti),y(ti)) vezes o
comprimento do arco que chamamos de ds. Para finalizar, somamos todos esses
pedacinhos e encontramos a aproximação para a massa em toda a curva, ou seja,

n
massa ≅ ∑ f ( x ( ti ) , y ( ti ) ) ⋅ dsi .
i =0

128
TÓPICO 3 | INTEGRAIS DE LINHA

GRÁFICO 18 – PARTIÇÃO DO INTERVALO [0,π]


y

γ(ti)
γ(ti-1)
γ(tn) γ(t0)

–1 0 1 x

FONTE: Os autores

Porém temos um problema, como encontrar o comprimento desse arco. A


princípio não conseguimos relacionar o vetor tangente ao comprimento de arco,
no item a) do gráfico a seguir marcamos o vetor tangente da curva no ponto ti, ou
seja, marcamos γ'(ti).

GRÁFICO 19 – VETOR TANGENTE E COMPRIMENTO DE ARCO


a) y b) y

γ'(ti)
1 1 γ'(ti) · ∆ti
γ(ti) γ (ti)
γ(ti-1) γ (ti-1)

–1 0 1 x –1 0 1 x

FONTE: Os autores

No item b) do gráfico anterior, marcamos o vetor tangente da curva


vezes o valor de Δti, ou seja, o vetor γ'(ti) · Δti. Agora fica visível que esse vetor
é muito parecido com o arco que liga os pontos γ(ti) até γ(ti+1). E, com isso,
podemos aproximar o comprimente desse pedacinho de arco pelo módulo do
vetor γ'(ti) · Δti, dSi = |γ'(ti)|Δti.

129
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Portanto, a aproximação para a massa em toda a curva é

n
massa ≅ ∑ f ( x(ti ), y (ti )) | γ '(ti ) | ∆ti .
i −0

Se fizermos uma partição cada vez mais refinada, ou seja, fazer n tender para
infinito, temos a massa exata em toda a curva

n
=massa lim ∑ f ( x(ti ), y (ti ) | γ '(ti ) | ∆ti
n →∞
i −0

essa ideia é a mesma que usamos para definir integrais lá da disciplina de Cálculo
Diferencial Integral II, portanto concluímos que


massa = ∫ f (γ ( t ) ) ⋅ γ ′ ( t ) dt.
0

Então para determinar a massa basta resolvermos a integral acima, note


que a derivada da curva é

 sen ( t )
−
γ ' (t ) = 
 cos ( t )

logo a norma da derivada de γ é

( −sen ( t ) ) + ( cos ( t ) ) =
2 2
γ ′ (t ) = 1

assim a massa é

∫ 2 + cos ( t ) sen ( t ) dt
2
massa
=
0
2π 2π

∫ 2 dt + ∫ cos ( t ) sen ( t ) dt.


2
=
0 0

130
TÓPICO 3 | INTEGRAIS DE LINHA

Como as integrais são



∫0=
2 dt 2=
t 4π
0

e usando mudança de variável temos



u3 cos ( t ) 3
1 1
∫0 cos2
( t ) sen ( t ) dt =− ∫ u du =− 2
=− =− + =0
3 3 3 3
0

com u = cos(t) e du = –sen(t).

Portanto, concluímos que a massa é m = 4π.

Essa massa é definida como a integral de linha de uma função escalar


sobre uma curva γ e é denotada por

( x, y ) ds
∫f =
γ
∫ f (γ ( t ) ) ⋅ γ ′ ( t ) dt ,
a

γ ′ (t )
em que = x 2 ( t ) + y 2 ( t ).

A mesma ideia pode ser usada para calcular a integral de linha de uma
curva qualquer, se f(x1,···,xn) uma função escalar e γ(t) uma curva parametrizada
no intervalo [a,b]. Dizemos que a integral de linha da função f sobre a curva γ é

b
∫ y
f ( x1 ,...,
= xn )ds ∫
a
f ( y(t )) ⋅ y '(t ) dt

em que γ ′ (=
t) x12 ( t ) +  + xn2 ( t ) .

Quando f(x1, ···,xn), então a integral de linha dessa função sobre uma curva
nos fornece o comprimento da curva

b
Cγ Comprimento de
= = γ ∫=
γ
1ds ∫ γ ′ ( t ) dt.
a

131
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Exemplo: calcule o comprimento da hélice circular γ(t) = (cos(t), sen(t), t) para 0 ≤ t ≤ 4π.

Resolução: como já temos a curva parametrizada, vamos calcular a sua derivada,


que é γ'(t) = (–sen(t),cos(t),1) e seu módulo é

( −sen ( t ) ) + ( cos ( t ) )
2 2
γ ′ (t ) = + 12 = 2,

já que sen2(t) + cos2(t) = 1.

Portanto o comprimento de arco é

4t

=Cγ ∫=
2 dt 2t
= 2 2π .
0
0

3 INTEGRAL DE LINHA DE CAMPOS VETORIAIS


A integral de linha de campos escalares é motivada pelo cálculo de
massas, para campos vetoriais, a integral de linha será motivada pelo cálculo do
trabalho realizado pelo campo de forças sobre um movimento. Suponha que uma
partícula esteja se movendo ao longo de uma trajetória γ (uma curva suave), a
ideia é calcular o trabalho exercido pelo campo de forças F e o movimento de uma
partícula ao longo da trajetória.

NOTA

Lembre-se de que, em física, quando uma força produz um deslocamento em


um corpo (objeto), isso é chamado de Trabalho (τ). A unidade de medida usada para o
trabalho é Joule (j).
Quando τ > 0, a força tem a mesma direção do movimento.
Quanto τ < 0, a força tem direção contrária ao movimento.
Quando o deslocamento é paralelo a força aplicada para mover o objeto, calculamos o trabalho
da seguinte forma: τ = F · Δs, em que F é a força e Δs é o deslocamento feito pela partícula.

O gráfico a seguir é a representação gráfica de um campo de forças F(x,y,z)


e o movimento de uma partícula ao longo da trajetória γ(t) = (x(t),y(t),z(t)) com
a ≤ t ≤ b.

132
TÓPICO 3 | INTEGRAIS DE LINHA

GRÁFICO 20 – CAMPO DE VETORES AGINDO SOBRE UMA CURVA

γ(b)

y
γ(a)

x
FONTE: Os autores

Fazendo uma partição na curva, temos n pedacinhos de curva e cada


pedacinho tem comprimento dSi que podemos estimar por dSi = |γ'(ti)|Δti. Note
que também que se multiplicarmos o campo de forças pelo vetor tangente unitário
encontramos a componente tangencial da força

γ ′ (t )
F ( γ ( ti ) ) ⋅
γ ′ (t )

e fisicamente quem realiza o trabalho é a componente tangencial do campo de forças.

GRÁFICO 21 – COMPORTAMENTO TANGENCIAL DO CAMPO DE FORÇAS


z

γ(b)
γ'(t)

γ(a)
x
FONTE: Os autores

133
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Portanto, concluímos que o trabalho feito pela força F para mover a


partícula do ponto γ(ti) até γ(ti+1) é aproximadamente

γ '(t )
F (γ (ti )) ⋅ γ '(ti ) ∆ti F (γ (ti ))γ '(ti )∆ti
⋅=
γ '(t )

já que os dois são paralelos.

Fazendo a partição cada vez mais refinada, concluímos que o trabalho é


dado pela integral

b
=τ ∫F (γ ( t ) ) ⋅ γ ′ ( t ) dt.
a

Usando a ideia anterior, definimos a integral de linha de um campo


vetorial F sobre uma curva suave γ como sendo a

∫Fd γ = ∫F (γ ( t ) ) ⋅ γ ′ ( t ) dt.
γ a

Note que essa definição vale para qualquer campo vetorial em  ,


n

inclusive para n = 2 e 3.

Exemplo: calcule a integral de linha do campo vetorial F ( x,=


y, z ) ( z, xy, − y )
2

ao longo da curva

(
γ (t ) = t 2 ,t, t )
para 0 ≤ t ≤ 1.

Resolução: primeiro precisamos determinar a derivada da curva

 1 
γ ′ ( t ) =  2t ,1, .
 2 t

134
TÓPICO 3 | INTEGRAIS DE LINHA

Portanto, a integral de linha fica

1
1
∫( )  
∫Fd
γ
= γ
0
t , t 3 , −t 2 ⋅  2t ,1,
 2 t
 dt

1
t2
∫ 2t t + t −
3
= dt
0 2 t
1 3 1
1 32 3 32
= ∫ 2t + t − t dt =
2 3
∫0t + 2 t dt
3

0
2
5 1
t4 3 t 2 1 3 2
= + = + ⋅
4 2 5 4 2 5
0
2
1 3 17
= + = .
4 5 20

Podemos calcular o trabalho que um campo de forças faz ao realizar a


movimentação de um objeto de um ponto A = γ(a) até o ponto B = γ(b) através
de uma integral de linha. Considere γ(t) uma curva parametrizada que liga os
pontos A = γ(a) e B = γ(b) e o campo de forças F(x,y,z) então o trabalho realizado
para movimentar o objeto é

b
=τ ∫=
γ
Fd γ ∫F (γ ( t ) ) ⋅ γ ′ ( t ) dt.
a

Exemplo: encontre o trabalho realizado pelo campo de forças

F ( x, y , z ) = ( x, y , z )

na movimentação de um objeto ao longo da curva parametrizada

γ ( t ) = ( cos (π t ) , t 2 , sen (π t ) )

para 0 ≤ t ≤ 1.

135
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Resolução: vamos primeiro calcular a derivada da curva

γ ′ (t ) = ( −π sen (π t ) , 2t , π cos (π t ) )
então, o trabalho é

1
τ ∫ ( cos (π t ) , t )
, sen (π t ) ⋅ ( −π sen (π t ) , 2t , π cos (π t ) ) dt
2

0
1
=∫ − π cos (π t ) sen (π t ) + 2t 3 + π sen (π t ) cos (π t ) dt
0

1
1
2t 4 2 1
= ∫ 2t dt= = = 3
.
4 4 2
0
0

Outra situação que podemos utilizar a integral de linha é para escoamento


de fluidos, seja F um campo de velocidades de um fluido escoando por uma
região, como podemos ver na figura a seguir.

FIGURA 2 – ESCOAMENTO DE UM FLUIDO

FONTE: Os autores

Exemplo: encontre o escoamento ao longo da curva γ(t) = (cos(t), sen(t),t) para


0 ≤ t ≤ 2π do campo de velocidades F(x,y,z) = (x,y,z).

Resolução: vamos primeiro calcular a derivada da curva γ'(t) = (–sen(t), cos(t), 1)


então, o escoamento é

Escoamento
= ∫ ( cos ( t ) , sen ( t ) , t ) ⋅ ( −sen ( t ) , cos ( t ) ,1) dt
0

∫ − cos ( t ) sen ( t ) + sen ( t ) cos ( t ) + tdt


=
0

2π 2π
t2 4π 2
= ∫=tdt = = 2π 2 .
2 2
0
0

136
TÓPICO 3 | INTEGRAIS DE LINHA

Sobre uma curva parametrizada γ(t), com a ≤ t ≤ b, definimos o escoamento ao


longo dessa curva como a integral de linha do campo de velocidades sobre a curva.

Se γ1(t) = –γ2(t), então a integral de linha sobre γ1(t) de um campo vetorial é

∫γ Fd γ 1 = − ∫ Fd γ 2 .
γ2
1

Exemplo: considere as curvas γ1(t) = (cos(t), sen(t)) com 0 ≤ t ≤ π

γ2(S) = (cos(π – s), sen(π – s)) com π ≤ s ≤ 2π.

Mostre que

∫γ Fd γ 1 = − ∫ Fd γ 2
γ2
1

para F(x,y) = (2,1).

Resolução: primeiro vamos mostrar que γ2(t) = –γ1(t). Usando as propriedades de


seno e cosseno temos

cos(π – s)= cos(π)cos(–s) + sen(π)sen(–s)


= –cos(–s) = –cos(s),

pois, cosseno é uma função par e

(π − s ) sen (π ) cos ( − s ) − cos (π ) sen ( − s )


sen=
=sen ( − s ) =− sen ( s ) ,

pois, seno é uma função ímpar. Assim

γ 2 ( t ) =( cos (π − t ) , sen (π − t ) )
( − cos ( t ) , −sen ( t ) ) =
= −γ 1 ( t )

137
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Portanto γ2(t) = –γ1(t), vamos verificar agora que as integrais são iguais.

Para γ1 temos que

γ 1′ ( t ) = ( −sen ( t ) , cos ( t ) )
logo

π
γ ∫ ( 2,1) ⋅ ( − sen ( t ) , cos ( t ) ) dt
∫Fd= 1
γ1 0
π

∫ − 2sen ( t ) + cos ( t ) dt
=
0

π
= 2 cos ( t ) + sen ( t )
0
= 2 cos (π ) − 2 cos ( 0 ) + sen (π ) − sen ( 0 )
=−2 − 2 + 0 − 0 =−4.

Para γ2, temos que

γ 2′ (=
s) ( sen (π − s ) , − cos (π − s ) )
logo

∫ Fd γ=2
γ2
∫π ( 2,1) ⋅ ( sen (π − s ) , − cos (π − s ) ) ds

= ∫ 2sen (π − s ) − cos (π − s ) ds
π


=−2 cos (π − s ) − sen (π − s )
π
−2 cos (π − 2π ) + 2 cos (π − π ) − sen (π − 2π ) + sen (π − π )
=
= 2 + 2 + 0 − 0 = 4.

Portanto, concluímos que vale a igualdade

∫Fd γ
γ1
1 = − ∫ Fd γ 2 .
γ2

138
TÓPICO 3 | INTEGRAIS DE LINHA

LEITURA COMPLEMENTAR

ANÁLISE MATEMÁTICA DA ORIGEM, FORMAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO


DOS VENTOS: UMA APLICAÇÃO DOS OPERADORES DIFERENCIAIS

José Vicente Cardoso Santos


Melina Silva de Lima

RESUMO

Descreve-se aqui os aspectos matemáticos das leis que mais contribuem


para a formação dos ventos e dos fenômenos meteorológicos a eles associados.
Objetiva-se à demonstração, para os estudantes dos cursos de áreas correlatas às
matemáticas, uma aplicação prática e intuitiva dos operadores diferenciais e suas
aplicações ao cotidiano. Como objetivos específicos tem-se: apresentar a evidência
intuitiva de termos cotidianos que refletem os itens firmados pelos próprios
operadores e a evidência de aspectos matemáticos na formação dos ventos, trazendo
resultados de uma revisão de literatura na área. Para tal relata-se as equações que
regem estes fenômenos e evidencia-se a ordem de grandeza de suas contribuições
sobre a origem e classificação dos ventos de forma isomórfica à formação e escrita
dos respectivos operadores diferenciais, a citar: divergente, rotacional, gradiente
e o laplaciano. Evidencia-se, em especial, a correlação de cada tipo de vento com
as condições de contorno de cada equação de formação, além da aplicabilidade
dos operadores diferenciais não só na origem como também na classificação dos
tipos de ventos. Demonstra-se a necessidade do conhecimento matemático dos
operadores diferenciais para os profissionais que trabalham com a previsibilidade
de condições meteorológicas tais como meteorologistas, navegadores, pilotos
de aviões e helicópteros etc. Por fim, os autores, proporcionam um exemplo de
aplicação e entendimento do uso destes operadores.

Palavras-chave: Operador diferencial. Meteorologia. Classificação dos ventos.

INTRODUÇÃO

O planeta terra é um sistema termodinâmico aberto e por esta razão recebe


de forma ininterrupta energia externa sob forma de massa, luz e calor oriundos
do sol, além disto, a forma de distribuição de toda esta energia é completamente
aleatória e por esta razão perturba todo o sistema de distribuição de massa do
planeta. Esta perturbação ocorre em diversas escalas e com diversas ordens de
importância que variam de acordo com o tipo da massa (sólido, líquido e gás). Os
sólidos e os líquidos são regidos em primeira ordem pelas forças gravitacionais
e em segunda e terceira ordem pelas forças térmicas. Já os gases (atmosfera) são
regidos em primeira instância pelas leis físicas da termodinâmica (RUBENS, 2013).

139
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Ainda segundo Rubens (2013), neste cenário, a análise da formação,


classificação e entendimento dos processos e desdobramentos dos ventos e
fenômenos análogos perpassa pelo entendimento dos significados físicos análogos
dos operadores diferenciais e suas formas de aplicação. Objetiva-se esta analogia e
uma demonstração para os estudantes dos cursos de áreas correlatas à matemática,
visando uma aplicação prática e intuitiva dos operadores diferenciais e suas
aplicações a fenômenos cotidianos. Busca-se ainda a evidência intuitiva de termos
cotidianos que refletem os itens firmados pelos próprios operadores, além da
evidência de aspectos matemáticos na origem, formação e classificação dos ventos.

Utiliza-se uma metodologia de revisão de literatura nas áreas de


meteorologia e matemática diferencial relatando-se as equações que regem estes
fenômenos e evidenciando-se a ordem de grandeza da contribuição das equações
sobre a origem e classificação dos ventos de forma isomórfica à formação e escrita
dos respectivos operadores diferenciais, a citar: divergente, rotacional, gradiente
e o laplaciano. Demonstra-se a necessidade do conhecimento matemático dos
operadores diferenciais para os profissionais que trabalham com a previsibilidade
de condições meteorológicas tais como meteorologistas, navegadores, pilotos de
avião e helicóptero etc.

FENÔMENOS RELACIONADOS COM A ORIGEM E FORMAÇÃO DOS


VENTOS

A ORIGEM DOS VENTOS

O estudo da origem dos ventos nos reporta à análise de montagem de


equações matemáticas associadas às leis físicas da mecânica, termodinâmica
e áreas correlatas. Quaisquer tipos de movimentos do ar atmosférico na
superfície ou a grandes alturas, podem ser designados genericamente de ventos
(SONNEMAKER, 2012).

Assim, ainda segundo o mesmo autor, a grande dificuldade na análise da


origem e mensuração dos ventos é o fato de tanto o planeta quanto a atmosfera
estarem constantemente em movimento, pois o planeta tem, no mínimo,
movimentos de rotação e translação e a atmosfera, ao sofrer o movimento
associado de rotação e também por não ser sólida, sofre movimentos secundários
de forças de rotação e torção, gerando diversos outros tipos de movimento.

FENÔMENOS BÁSICOS DE FORMAÇÃO DOS VENTOS

Conforme preconiza Sonnemaker (2012), a análise dos fenômenos e/ou


leis básicas que regem esta situação nos permite elencar:

• a velocidade angular do planeta é um fato relevante no movimento relativo


de toda a atmosfera. Ela gera movimento interno dos sólidos, líquidos e
principalmente os gases (atmosféricos);

140
TÓPICO 3 | INTEGRAIS DE LINHA

• o aparecimento da força centrípeta e da força centrífuga associadas é fato


também relevante para o equilíbrio do sistema, pois em consonância gera
movimentos curvos de vento;
• a conservação do momento angular torna o equilíbrio das velocidades de
rotação de cada parte constituinte da atmosfera algo fundamental para a sua
movimentação, tanto na horizontal quanto na vertical;
• a força gravitacional e a massa do ar atmosférico criam uma distribuição
heterogênea da massa de ar e consequentemente uma distribuição também
heterogênea de pressão;
• as forças de fricção das massas de ar proporcionam um movimento horizontal
das mesmas;
• a velocidade de rotação da Terra em combinação vetorial com velocidades
horizontais e verticais de movimentos de massas de ar, gera o que se denomina
de força de coriolis. Esta força proporciona acelerações destas massas no sentido
norte-sul e/ou sul-norte do planeta. Estas acelerações são as responsáveis, em
grande parte, pela geração de ventos, redemoinhos, ciclones, entre outros.

DESCRIÇÃO MATEMÁTICA

Para expressar todos estes fenômenos recorre-se às seguintes equações


matemáticas:

• Equação de estado dos gases:

PV = NRT Eq.1

• Equação do equilíbrio hidrostático:

dP
= −ρ g Eq. 2
dz

• Equação geral do movimento (para corpos em rotação):

dV 1
= −2Ω ∧ V − ∇ρ + g + FT Eq.3
dt ρ

• Equação da continuidade:

∂ρ 
∂t
( )
+ ∇ ρV = 0 Eq. 4

141
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

em que:

P = pressão V = Volume
N = Número de moléculas T = Temperatura
I = altura p = densidade
g = aceleração da gravidade Ω
 = Velocidade Angular

g = Aceleração da gravidade Fr = Força resultante

Observa-se que as equações, principalmente as diferenciais descritas,


ainda não podem ser resolvidas de forma completa, pois não existem soluções
analíticas e simples para todas elas, mesmo com a oferta de condições de contorno
e outros elementos simplificadores (COURANT, 2000).

A equação geral do movimento, por exemplo, é bastante complicada, por


tratar-se de uma equação diferencial em quatro dimensões (três espaciais com
o operador “nabla” associado e uma temporal). Como resolver estas equações
de forma concomitante e com isto obter respostas fisicamente aceitáveis para os
movimentos de massas de ar? Como fazer isto de forma rápida e providencial
do ponto de vista meteorológico? Estas e outras questões são de fundamental
importância para a área, pois a busca de solução implicará em uma capacidade de
previsibilidade com brevidade do comportamento do tempo, e esta informação,
além de ser estratégica, sempre foi o principal objetivo da meteorologia.

As formas atuais de solução são as técnicas numéricas, utilizando-


se a ciência da computação e seus processos algoritmizados e automatizados.
Entretanto, podemos associar algumas características das classes ou tipos de
ventos com características das equações de contorno para a sua montagem, ou
seja, podemos explicar as origens e também classificar os tipos de vento de acordo
com o comportamento da atuação dos operadores diferenciais sobre as funções
incógnitas destas equações (FLEMMING, 2007).

Para tal, ainda segundo Sonnemaker (2012), vale descrever algumas das
propriedades observadas de forma empírica e fenomenológica sobre os ventos,
a citar: as razões entre as velocidades horizontais e verticais são de 10³, ou seja,
o vento praticamente só sopra na horizontal; a equação da continuidade deixa
claro, através do uso do operador divergente, que quando entra mais massa por
unidade de volume do que sai, é porque existe uma convergência do fluxo de
ventos no volume considerado (ou seja, é como se houvesse um sumidouro de
correntes de ar na região); a equação também permite situações inversas, ou
seja, quando sai mais massa por unidade de volume, está havendo a divergência
do fluxo de calor (isto é, é como se houvesse um gerador de correntes de ar na
região). Sabe-se, entretanto, que não existem “sumidouros” nem “geradores”
de correntes de ar. Trata-se da resultante da combinação de forças, tais como
as de rotação, centrífuga, centrípeta, que proporcionam o deslocamento e/ou
compressão destas massas de ar na região de estudo.

142
TÓPICO 3 | INTEGRAIS DE LINHA

CLASSIFICAÇÃO DOS VENTOS

Ainda segundo Sonnemaker (1999), para estudar e classificar os movimentos


das massas atmosféricas, devemos considerar ao menos duas camadas distintas, em
que os possíveis escoamentos possuam características próprias: uma é identificada
como camada-limite-planetária e a outra como atmosfera-livre. A primeira estende-
se até no máximo dois ou três quilômetros do solo e a segunda, como o próprio
nome indica, é livre até os limites superiores da atmosfera.

Em função destas duas camadas e do comportamento delas sob ação dos


operadores nas equações de composição, temos os seguintes tipos de ventos
previamente classificados:

Vento Geostrófico

Trata-se de um escoamento horizontal, uniforme, paralelo às isóbaras.


Ocorre nos níveis superiores da atmosfera (atmosfera livre), onde os efeitos de
fricção são desprezíveis. No caso deste tipo de vento alguns componentes destas
equações tornam-se desprezíveis a ponto de simplificá-las bastante e proporcionar
escoamentos paralelos às isóbaras e com velocidades constantes. Assim, como
este tipo de vento é sempre paralelo às isóbaras no hemisfério norte, as baixas
pressões estarão sempre à esquerda do vento neste hemisfério e, no hemisfério
sul, à sua direita (lei de Buys-Ballot). (Veja figura 1). Este tipo de vento só tem
componentes de força horizontais e a sua velocidade será sempre em função do
gradiente de pressão, segundo a equação 4. Nas regiões do equador ocorrem
turbulências e as simplificações das equações deixam de ser válidas.

143
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Vento gradiente

Trata-se de um escoamento horizontal, paralelo às isóbaras, as quais


são curvas, e ocorre nos níveis superiores da atmosfera (atmosfera livre) onde
os efeitos de fricção são desprezíveis, sendo constante o módulo do vetor
velocidade. Este tipo de vento é caracterizado pelos ciclones e anticiclones. Os
ciclones e anticiclones são escoamentos curvos fechados em torno dos centros de
baixa pressão (Veja figura 2).

A figura 2 mostra uma circulação anticiclônica (sentido anti-horário) sobre


a América do Sul. Nela, tem-se um escoamento divergente a partir do centro de alta
pressão, os ventos são relativamente fracos e as isóbaras encontram-se relativamente
distantes uma da outra, o que indica um menor gradiente de pressão.

144
TÓPICO 3 | INTEGRAIS DE LINHA

A Figura 3 mostra linhas isóbaras (unem pontos de igual pressão). Nela,


a intensidade do vento é diretamente proporcional ao “aperto” isobárico, ou
seja, onde as linhas encontram-se menos afastadas. Isto é, o maior gradiente de
pressão nos dá uma maior intensidade do vento. Ainda na mesma figura, vê-se
que o gradiente é maior no ponto (2), sendo a intensidade do vento maior.

Se apenas o gradiente de pressão fosse o responsável pela direção e


intensidade do vento, este sopraria sempre dos pontos de alta pressão para os de
mais baixa, já que este seria o caminho natural.

Vento Ciclostrófico

Trata-se de um escoamento atmosférico curvo (em relação à superfície


do solo) de escala horizontal suficientemente pequena, como nos tornados e
redemoinhos, em que a força de coriólis pode ser desprezada quando comparada
com a força do gradiente de pressão. Este tipo de vento só ocorre em um centro
de baixa pressão. Trata-se de um caso particular do escoamento gradiente, pois
trata-se dos ventos fortes e rápidos ou até de pequenos tornados.

Classificação Segundo Observações Locais

Embora os ventos sejam simplesmente representados pelo seu vetor


velocidade, em algumas regiões recebem nomes especiais. É o caso do Bora do
Adriático, Mistral do vale do Ródano, Foehn da Suíça, Vento Leste do litoral brasileiro,
etc. Desta forma podemos classificá-los também com a seguinte denominação:

Brisa de terra e de mar - São brisas de dias quentes que cruzam a linha
da costa.
Brisa de montanha e de vale - São brisas que ocorrem devido ao aumento
de temperatura dos picos de montanhas e o seu gradiente de temperatura provoca
correntes de convecção locais (FIGURA 3).

800 mb
900 mb
1000 mb

145
UNIDADE 2 | INTEGRAÇÃO E DERIVAÇÃO VETORIAL

Ventos drenados - São bolsões de ar frio acumulados em regiões


montanhosas que são desagregados devido ao gradiente de temperatura local.
Vento Foehn ou Chinook - São ventos fortes, secos e quentes que sopram
encostas abaixo devido ao preenchimento diferencial do gradiente de temperatura
da montanha.
Ventos locais - São ventos com características específicas e com
denominação local. Os nomes são típicos, mas não demostram singularidades
diferenciadas das anteriormente citadas.

COMENTÁRIOS FINAIS

Apesar destas classificações empíricas, verifica-se a existência de diversos


tipos de ventos com características singulares que estão relacionadas diretamente
com as particularidades da resolução das equações de estado para o mesmo no seu
ambiente de aplicação. Neste sentido é evidente a associação entre as propriedades
dos operadores diferenciais “nabla” (divergente, rotacional, gradiente e laplaciano)
e os comportamentos de escoamento, velocidade, temperatura e pressão da
atmosfera através do perfil dos ventos no nosso planeta, quiçá outros.

Desta forma, para o matemático, o estabelecimento da correlação entre


as propriedades matemáticas dos operadores e os possíveis significados dos
mesmos é de extrema importância para a formação da sua heurística e do seu
estilo de uso prático e didático da matemática.

FONTE: <http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/cienciaincenabahia/article/viewFile/2375/1166>.
Acesso em: 17 maio 2019.

146
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A integral de linha de uma função escalar sobre uma curva γ e é denotada por

∫γ f ( x , , x ) ds = ∫ f (γ ( t ) ) ⋅ γ ′ ( t ) dt
1 n
a

em que γ ′ (=
t) x12 ( t ) +  + xn2 ( t ) .

• Se f(x1, ···,xn) = 1, então a integral de linha dessa função sobre uma curva nos fornece
o comprimento da curva

b
Comprimento de
= γ ∫=
γ
1ds ∫ γ ′ ( t ) dt.
a

• A integral de linha de um campo vetorial F sobre uma curva suave γ como


sendo a

∫γ Fd γ = ∫F (γ ( t ) ) ⋅ γ ′ ( t ) dt.
a

• Se γ1(t) = –γ2(t), então a integral de linha de um campo vetorial é

∫Fd γ
γ1
1 = − ∫ Fd γ 2 .
γ2

147
AUTOATIVIDADE

Acadêmico, o processo de entendimento total do conteúdo finaliza


aqui. Utilize estas questões para realmente absorver os conteúdos explorados
neste tópico. Bom estudo!

1 Calcule as integrais de linha das funções escalares a seguir.

 x ( t ) = t
3

∫γ com γ ( t ) 
a) y 3 ds, = para 0 ≤ t ≤ 2
 y ( t ) = t

b) ∫ 2 + x 2 y ds com γ a metade superior do circulounitário x 2 + y 2 =


1.
γ

2 Um aro circular de raio 1 rola sem deslizar ao longo de uma linha reta.
Calcule o comprimento da trajetória descrita por um ponto do aro entre
dois contatos consecutivos com o solo. Note que a curva que parametriza
esse caminho é γ(t) = (–sen(t),–cos(t)) com 0 ≤ t ≤ 2π.

3 Calcule a massa de uma bobina de mola descrita por γ(t) = (cos(t), sen(t),t),
com 0 ≤ t ≤ 2π cuja densidade no ponto (x,y,z) é x2 + y2 + z2.

4 Calcule a massa de um fio com forma de uma hélice com equações


π
paramétricas x = 3cos(t), y = 3sen(t) e z = 4t com 0 ≤ t ≤ , sendo a função de
densidade 2

x
F ( x, y , z ) = .
1+ y2

148
5 Calcule a integral de linha sobre o caminho γ(t) = (t,t,t) para 0 ≤ t ≤ 1 dos
campos vetoriais a seguir.
a) F ( x, y, z ) = ( 3 y, 2 x, 4 z )

 1 
b) F ( x, y, z ) =  0, ,0
2
 x +1 

c) F ( x, y=
, z) ( z , −2 x, y . )
d) F ( x, y, z ) = ( xy, yz , xz )

e) F ( x, y=
, z) ( 3x 2
− 3 x,3 z ,1 .)
6 Calcule a integral de linha a seguir.

( )
a) F ( x, y, z ) = ( −4 xy,8 y, 2 ) e γ ( t ) = t , t ,1 com 0 ≤ t ≤ 2.
2

b) F ( x, y, z )
= ( x , yz=
2
, y ) e γ ( t ) ( 0, 3t , 4t )
2
com 0 ≤ t ≤ 1.

c) F ( x, y, z ) = ( x − y, 0, x ) e γ (t ) = ( cos ( t ) , 0, sen ( t ) ) com 0 ≤ t ≤ π .

7 Encontre o trabalho realizado pela força F(x,y) = (xy,y – x) sobre o segmento


de reta que liga os pontos (1,1) e (2, 3).

8 Encontre o escoamento do campo de velocidade F(x,y) = (x + y, –x2 –y2) ao


longo do segmento de reta que liga os pontos (1,0) e (-1,0).

9 Um arame tem a forma curva dada pela curva parametrizada

1 + cos ( t )

γ ( t ) =  2 sen ( t )
1 − cos ( t )

para 0 ≤ t ≤ π. Sabendo que a densidade em cada ponto do arame é dada por


f(x,y,z) = xy.

Podemos afirmar que a massa total do arame é:

a) ( ) 2 u.m.
b) ( ) 4 u.m.
c) ( ) 6 u.m.
d) ( ) 8 u.m.

149
10 Calcule o trabalho realizado pela partícula na trajetória indicada.

∫γ y dx + x dy
2

onde γ é o segmento de reta que liga (1,2) até (4,8).

Podemos afirmar que a massa total do arame é:


a) ( ) 12.
b) ( ) 45.
c) ( ) 69.
d) ( ) 99.

150
UNIDADE 3

TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer o Teorema de Green e utilizá-lo em aplicações;

• conhecer o Teorema de Gauss e utilizá-lo em aplicações;

• conhecer o Teorema de Stokes e utilizá-lo em aplicações;

• diferenciar os Teoremas de Green, Gauss e Stokes.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer do texto você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – TEOREMA DE GREEN

TÓPICO 2 – TEOREMA DE GAUSS

TÓPICO 3 – TEOREMA DE STOKES

151
152
UNIDADE 3
TÓPICO 1

TEOREMA DE GREEN

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, lembre-se de que na Unidade 1 estudamos as integrais duplas
cuja principal aplicação era o cálculo do volume sobre uma superfície, já, na
Unidade 2, estudamos as integrais de linha sobre um campo vetorial cuja principal
aplicação é o cálculo do “Trabalho”. Neste tópico, nós estudaremos o Teorema
de Green que faz uma conexão entre as integrais duplas e as integrais de linha.
Essa conexão pode até parecer estranha já que estamos conectando volume com
Trabalho, porém você perceberá que o Teorema de Green tem muitas aplicações
e ajuda muito no cálculo de certas integrais.

O principal personagem deste tópico é George Green, matemático e


físico inglês, que viveu de 1793 até 1841. No livro intitulado Cálculo II, os autores
Haword Anton, Irl Bivens e Stephen Davis apresentam a seguinte biografia desse
importante matemático.

BIOGRAFIA DE GEORGE GREEN

George Green (1793-1841), matemático e físico inglês. Green


abandonou a escola com pouca idade para trabalhar na padaria de seu pai e,
consequentemente, teve pouca educação básica formal. Quando seu pai abriu
um moinho, o rapaz usava o aposento superior como sala de estudos, onde
aprendeu Física e Matemática sozinho usando livros de biblioteca. Em 1828,
Green publicou seu trabalho mais importante, Na Essay on the Aplication of
Mathematical Analysis to the Theories of Eletricity and Magnetism (Um Ensaio sobre
a Aplicação da Análise Matemática às Teorias de Eletricidade e Magnetismo).
Apesar do Teorema de Green ter aparecido naquele trabalho, o resultado passou
virtualmente despercebido, devido à pequena tiragem e à distribuição local.
Após a morte de seu pai em 1829, Green foi instigado por amigos a procurar
a educação superior. Em 1833, após quatro anos de estudos autodidáticos
para cobrir as lacunas de sua educação elementar, Green foi admitido na
Universidade Caius, em Cambridge. Formou-se quatro anos mais tarde, mas
com desempenho desapontador em seus exames finais – possivelmente, porque
estava mais interessado em sua própria pesquisa. Depois de uma secessão de
trabalhos sobre luz e som, foi nomeado Membro Perse da Universidade de
Caius. Dois anos mais tarde ele morreu. Em 1845, quatro anos após sua morte,
seu trabalho de 1828 foi publicado e as teorias nele desenvolvidas por esse
obscuro autodidata, filho de padeiro, ajudaram a desbravar o caminho das
teorias modernas da eletricidade e magnetismo.

FONTE: ANTON, Howard; BIVENS, Irl; DAVIS, Stephen. Cálculo II. 8. ed. v. 2. Porto Alegre:
Bookman, 2007.

153
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

Por ter sido uma pessoa muito simples e sem condição, não existe retrato
desse matemático.

Como estaremos trabalhando com integrais duplas e integrais de linha,


é importante que estes dois conceitos estejam bem entendidos. Caso você tenha
alguma dúvida, sugerimos que volte às unidades anteriores e reforce o estudo
nos conceitos de integrais duplas, integrais de linha e curvas.

2 TEOREMA DE GREEN
O Teorema de Green conecta as integrais duplas com integrais de linha de
um campo vetorial, esse campo vetorial é um campo vetorial no plano, por isso
vamos considerar o seguinte campo vetorial em  2

  
F ( x, y ) = P ( x, y ) i + Q ( x, y ) j = ( P ( x, y ) , Q ( x, y ) ) .

Também precisamos considerar um campo bem regular e um domínio


também bem regular, a seguir apresentamos o enunciado do Teorema de Green.

Teorema (Green): dada uma região fechada D, sendo ela limitada em  e com
2

a fronteira ∂ D orientada positivamente (sentido anti-horário) formada por uma


quantidade finita de curvas simples fechadas, temos que se uma função vetorial

  
F ( x, y ) P ( x, y ) i + Q ( x, y ) j
=

respeita estas condições, a integral de linha a seguir pode ser calculada por:

→ →  ∂Q ∂P 
∫ F ⋅ d=
r ∫∫  ∂x − ∂y  dxdy
∂D + D

ou ainda,

 ∂Q ∂P 
∫ P ⋅ dx + Qdy
= ∫∫  −  dxdy.
 ∂x ∂y 
∂D + D

Geralmente utilizamos o Teorema de Green nos casos em que a integral


de linha original é difícil de ser resolvida e a saída mais fácil é através de uma
integração dupla. O procedimento é realizar a integral dupla da diferença das
derivadas parciais das parcelas Q e P da função vetorial dada.

154
TÓPICO 1 | TEOREMA DE GREEN

Veja um exemplo de região que satisfaz as hipóteses do teorema.

GRÁFICO 1 – CURVA QUE SATISFAZ AS HIPÓTESES DO TEOREMA


y

∂D

x
D

FONTE: Os autores

A região é fechada. A fronteira é orientada positivamente, pois as flechas estão


no sentido anti-horário e é fechada, pois inicia e termina no mesmo ponto. Também é
uma curva simples, pois a curva não intercepta ela mesma em nenhum ponto.

Outro ponto importante a se ressaltar, acadêmico, é que trocamos uma


integral de linha sobre uma curva (curva ∂D) para uma integral dupla sobre uma
região (região D). Ou seja, o trabalho realizado sobre a curva ∂D é igual à integral
dupla sobre a região D. Vamos resolver alguns exemplos para entender melhor
como o Teorema de Green se comporta.

Exemplo: considere a função vetorial

  
F( x , y ) = (2 x + y )i + (3 y + 4 x) j.

Calcule a integral de linha para a região determinada pelo triângulo de vértices


(0,0), (1,0) e (0,1).

GRÁFICO 2 – REPRESENTAÇÃO DA REGIÃO DADA NO EXEMPLO

FONTE: Os autores

155
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

Resolução: pela figura temos que a região é dada pela intersecção AO ∪ AB ∪ BO.
Vamos calcular a integral de linha pelo método tradicional e na sequência comparar
com a utilização do Teorema de Green.

Usando a Integral de Linha: Como são três curvas, vamos estudar uma de cada vez.

Parte 1: o segmento AO é dado por y = 0,0 ≤ x ≤ 1. Portanto dy = 0. Então:

→ → 1

AO
∫ F ⋅ dr =
∫ P( x, 0)dx
0

1 1
= ∫ 2 xdx
= x= 1. 2

0
0

Parte 2: o segmento AB é dado por: x = 1 – y,0 ≤ y ≤ 1. Portanto, dx = –dy.

→ → 1

∫ F ⋅ dr= ∫ P(1 − y, y)(−dy) + Q(1 − y, y)dy


AB 0
1
=∫ − [ 2(1 − y ) + y ] dy + [3 y + 4(1 − y ) ] dy
0
1
= ∫ −2 + 2 y − y + 3 y + 4 − 4 ydy
0
1
1
= ∫=
0
2dy 2=
y
0
2.

Parte 3: o segmento BO é dado por x = 0,0 ≤ y ≤ 1. Portanto dx = 0. Então:

→ → 1
∫ F ⋅ dr =
BO
− ∫ Q(0, y )dy
0

1 3y2 1 3
− ∫ 3 ydy =
= − − .
=
0 2 0 2

Para finalizar, sabemos que precisamos realizar a soma das três partes
para “fechar” a integral de linha. Logo:

156
TÓPICO 1 | TEOREMA DE GREEN

→  3 3
∫ F ⋅ d r =1 + 2 − 2 = 2
∂D +

Usando o Teorema de Green: se utilizarmos o Teorema de Green para este caso


(notando que ele só pode ser utilizado pelo fato de que a curva considerada no
exemplo é fechada e simples), o processo se torna muito mais simples e rápido.

 ∂Q ∂P 
D
∫∫ ( 4 − 1) dxdy
∫∫  ∂x − ∂y  dxdy = D

já que

∂Q ∂
= (3 y + 4 x=
) 4
∂x ∂x

∂P ∂
= (2 x + =
y) 1
∂y ∂y

assim

 ∂Q ∂P 
∫∫  ∂x − ∂y  dxdy =
D
∫∫ 3dxdy D
1 y 1
y
= ∫=
∫ 3dxdy ∫ 3x 0 dy
0 0 0

3y2 1 3
1
= ∫=
0
3 ydy =
2 0 2
.

DICAS

Acadêmico, você deve ter percebido que o curso de Cálculo vai cada vez mais
abordando assuntos delicados e que precisam de um cuidado extra para a intepretação dos
problemas. O site Khan Academy pode ajudar você nessa jornada, acesse o link a seguir e veja
os conteúdos sobre o Teorema de Green: <https://pt.khanacademy.org/math/multivariable-
calculus/greens-theorem-and-stokes-theorem#greens-theorem>. Acesso em: 23 maio 2019.

157
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

Exemplo: considere o campo vetorial

  
F ( x, y ) =
( − x ² y ) i + ( xy ² ) j ,

em que a região de integração é o disco centrado na origem e raio 1. Calcule a


integral de linha desta função vetorial orientada no sentido anti-horário.

GRÁFICO 3 – REPRESENTAÇÃO DA REGIÃO DADA NO EXEMPLO

FONTE: Os autores

Resolução: percebemos agora que o resultado se torna bastante simples, através


do Teorema de Green. Como as derivadas parciais são

∂Q ∂
= =
∂x ∂x
xy 2 y2 ( )

∂P ∂
(
=− x 2 y =
∂y ∂y
− x2 )

pelo Teorema de Green, temos

→ →  ∂Q ∂P 
∫ ∫∫  ∂x − ∂y  dxdy= ∫∫ ( y
2
F ⋅ d r= + x 2 )dxdy
∂D + D D

158
TÓPICO 1 | TEOREMA DE GREEN

Notamos agora que, para a resolução desta integral dupla, pelo fato de
que a região é um disco e a função no integrando trata-se de algo muito similar
à equação de uma circunferência, o caminho mais tranquilo é a aplicação da
transformação para Coordenadas Polares. Onde:

Sabendo também que x2 + y2 = r2, temos:

→ →

∫ F ⋅ d r = ∫∫ r ⋅ r drdθ
2

+ Drθ
∂D
1 2π
= ∫∫=
r 3 drdθ
Drθ
∫ 0
r 3 ∫ dθ dr
0

r4 1 π 1
∫0 r dr 2=
= 2π= π 3
.
4 0 2

Lembre-se, acadêmico, de que para resolver as integrais duplas, temos


várias técnicas, umas delas é a que usamos no exemplo anterior, mudança de
coordenadas cartesianas para polares.

Exemplo: Dada a função vetorial

  y   x  
F ( x, y ) =
− 2 i +  2  j.
 x + y²   x + y² 

Sendo D a região formada por todos os pontos do plano internos a curva, exceto a
origem, calcular a integral de linha sobre a curva fechada C: x2 + y2 = a2, com a > 0.

159
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

GRÁFICO 4 – REPRESENTAÇÃO DA REGIÃO DADA NO EXEMPLO


y
a

–a 0 a x

–a

FONTE: Os autores

Resolução: este exemplo foi aqui citado pelo fato de que a região citada no
exemplo não está definida em todos os valores necessários e se torna um caso em
que não é possível utilizar o Teorema de Green. Note que (0,0) pertence à região
interna da curva C, porém, ( 0, 0 ) ∉ D. Neste caso, teremos que aplicar o processo
de parametrização da curva dada

x = a ⋅ cos ( t ) e y = a ⋅ sen ( t ) , com 0 ≤ t ≤ 2π .

Assim, temos que:

dx =−a ⋅ sen ( t ) dt e dy =a ⋅ cos ( t ) dt.

Então,

→ → y x
∫ F ⋅ d r =∫ − x 2
+y 2
dx + 2
x + y2
dy
C+ C+

a sen(t ) a cos(t )
∫0 − a 2 (−a sen(t )dt ) + a 2 a cos(t )dt
=

∫ sen (t ) + cos (t )dt


2 2
=
0

= ∫=
0
dt 2π .

160
TÓPICO 1 | TEOREMA DE GREEN

3 TEOREMA DA DIVERGÊNCIA
O Teorema da Divergência é uma extensão do Teorema de Green e trata-se
de uma forma que pode ser vista como “a forma vetorial” do Teorema de Green.
Em que, para obtê-lo, temos que, na prática, aplicar o Teorema de Green no campo

→ →
−Q( x, y ) i + P( x, y ) j
G=

em vez de aplicar no campo F.

Como em geral o divergente é mais usado para campos em  , esse Teorema


3

tem uma generalização quando estamos em três dimensões, que estudaremos no


próximo tópico, o Teorema de Gauss. Veremos a seguir o enunciado do Teorema
de Divergência para campos vetoriais em duas dimensões e apenas um exemplo,
pois o estudo do Teorema da Divergência será aprofundado no próximo tópico.

Teorema (Divergência): dada uma região fechada D, sendo ela limitada em


 2 e com a fronteira ∂D formada por uma quantidade finita de curvas simples
fechadas, temos que se uma função vetorial

  
F ( x, y ) P ( x, y ) i + Q ( x, y ) j
=


respeita estas condições e n o vetor normal unitário que se direciona para o
exterior de D, a integral de linha a seguir pode ser calculada por:

→ →
→
∫ F ⋅ n ds =
∫∫ div  F  dxdy
∂D + D

lembre-se também de que o divergente de um campo vetorial de duas dimensões é

 ∂ ∂
div F
= ( ) ∂x
( P ( x, y ) ) + ( Q ( x, y ) ) .
∂y

Exemplo: utilizando o teorema da divergência, calcule a integral de linha

→ 

∫ ⋅ n ds
C
F

161
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

onde

  
( )
F ( x, y ) = x + 2 xy + e y i + ( x − y ) j
2

e C = C1UC2, com C1 sendo o semicírculo de raio 2, centrado na origem e contido


no semiplano y ≥ 0 (sentido anti-horário)  e C2 o segmento de reta que une os
pontos (-2,0) até (0,0), e o vetor normal n aponta sempre para fora do semidisco
0 ≤ x2 + y2 ≤ 4, y ≥ 0.

Resolução: aplicaremos o teorema da divergência no semidisco descrito no


exemplo, notando que as curvas C1 e C2 constituem parte da fronteira deste. Note
também que teremos que determinar uma terceira curva C3 que une a origem a
(2,0) para que a curva se torne “fechada”.

GRÁFICO 5 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA REGIÃO

FONTE: Os autores

Temos que a integral de linha sobre a região D é reescrito como

→ → → → → →

∫∂D
F ⋅ n ds = ∫
C
F ⋅ n ds + ∫ F ⋅ n ds.
C3

Note que para calcularmos a

→ →

∫
C
F ⋅ n ds

162
TÓPICO 1 | TEOREMA DE GREEN

precisamos calcular as outras duas integrais de linha. A integral de linha sobre a


fronteira de D pode ser calculada usando o teorema da divergência. Calculando
o divergente do campo vetorial, temos que

div ( F ) =

∂x
( ∂
x + 2 xy + e y + ( x − y )
2

∂y
)
= 1 + 2 y − 1 = 2 y.

Portanto, a integral de linha sobre a curva ∂D, usando o Teorema da


divergência é

( )
→ →

∫∂D ∫∫ F dxdy
F ⋅ n ds = div
D
π 2
=∫ ∫ 2r 2 sen(θ )dr dθ
0 0

π 2r 3 2
=∫ sen(θ )dθ
0 3 0
π 24
=∫ sen(θ )dθ
0 3
16 π 32
= (− cos(θ )) = .
3 0 3

Note que, na integração anterior, usamos a mudança de coordenadas


cartesianas para coordenadas polares para resolver.

Agora vamos calcular a integral de linha sobre a curva C3. O vetor normal
exterior a D na curva C3 é dado por (0,–1). Logo, na componente da curva C3,
teremos que

 
F ⋅ n =( x, 0 ) ⋅ ( 0, −1) =− x

e assim sendo:

→ → 2

∫ C3 ∫ x dx
F ⋅ n ds =
0

x 2
2
= = 2.
2 0

163
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

Conseguimos assim finalizar o que se pede no enunciado

→ → → → → →

∫C3
F ⋅ n ds = ∫
∂D
F ⋅ n ds − ∫ F ⋅ n ds
C3

32 38
= +2= .
3 3

164
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• O teorema de Green só pode ser aplicado nas integrais de linha de curva


fechada e simples.

• O teorema de Green transforma uma integral de linha difícil de ser calculada


em uma integral dupla sobre a diferença das derivadas parciais das parcelas da
função vetorial dada, sendo:

→ →  ∂Q ∂P 
∫ F ⋅d =
r ∫ P dx + Q dy= ∫∫  ∂x − ∂y  dxdy
∂D + ∂D + D

• O teorema da divergência é uma extensão do teorema de Green, sendo visto


como sua “versão vetorial”, e é dado pela expressão:

→ →
→
∫ F ⋅ n ds =
∫∫ div  F  dxdy
∂D + D

165
AUTOATIVIDADE

Acadêmico, o processo de entendimento total do conteúdo finaliza


aqui. Utilize estas questões para realmente absorver os conteúdos explorados
neste tópico. Bom estudo!

1 Calcule a integral de linha:

∫ x dx + y
2
dy
C

Pelo método direto e depois compare com a utilização do Teorema de


Green, sabendo que C é o caminho fechado formado pelas curvas y = x2 e y = x
no sentido anti-horário.

2 Usando o Teorema de Green, determine:

− x2 y
=I C∫ 1 + x 2 dx + arctg ( x)dy

onde C é a curva fechada formada por y = 0, x = 1, y = 1 e x = 0, no sentido anti-


horário.

3 Podemos utilizar o Teorema de Green para calcular,

−y x
∫ x
C
2
+y 2
dx + 2
x + y2
dy

onde C é a circunferência x2 + y2 = 1 no sentido anti-horário? Utilize a forma


parametrizada para calcular este caso.

4 Sabemos que o trabalho realizado por um campo de forças sobre uma


partícula é dado pela integral de linha sobre uma curva parametrizada.
Podemos então afirmar que o trabalho realizado pelo campo de forças

  
( )
F ( x, y ) =(e x − y 3 )i + cos ( y ) + x3 j

em uma partícula que percorre uma vez o círculo x2 + y2 = 1 no sentido anti-


horário é

166
π
a) ( )
2

b) ( )
2
c) ( ) π
3
d) ( )
2

5 Usando o Teorema de Green, podemos determinar o trabalho realizado


pelo campo de forças F em uma partícula que se move ao longo do caminho
especificado. Se

  1 
F ( x, y )  xy, x 2 + xy  ,
=
 2 

e a partícula começa em (5, 0), percorre o semicírculo superior x2 + y2 = 25 e


retorna ao seu ponto de partida ao longo do eixo x, então o trabalho realizado
pelo campo de forças é:

250
a) ( )
3
b) ( ) 87
c) ( )
151
2
d) ( ) 127

167
168
UNIDADE 3
TÓPICO 2

TEOREMA DE GAUSS

1 INTRODUÇÃO
Nas unidades anteriores estudamos o conceito de fluxos de campos
vetoriais, através de superfícies que sejam fechadas, a ideia que o Teorema de
Gauss traz é poder resolver as integrais de linhas sobre essas superfícies de uma
maneira mais simples, associando com integrais triplas.

O foco principal desse tópico é estudar o Teorema de Gauss, Gauss é um


dos maiores matemáticos da era moderna, Carl Friedrich Gauss viveu de 1777 até
1855. Os autores Haword Anton, Irl Bivens e Stephen Davis no livro intitulado
Cálculo II apresentam a seguinte biografia de Gauss:

BIOGRAFIA DE CARL FRIEDRICH GAUSS

Carl Friedrich Gauss (1777-1855) Matemático e cientista alemão.


Chamado algumas vezes de “príncipe dos matemáticos”, Gauss é classificado,
juntamente com Newton e Arquimedes, como um dos três maiores matemáticos
da história. Seu pai, um trabalhador, era um homem rude, mas honesto que
teria preferido que Gauss abraçasse a profissão como jardineiro ou pedreiro;
mas o gênio do rapaz na matemática não poderia ser negado. Em toda a história
da matemática nunca houve uma criança tão precoce como Gauss – por sua
própria iniciativa, trabalhou os rudimentos da aritmética antes de poder falar.
Um dia, antes que tivesse completado três anos, seu gênio tornou-se aparente
para seus pais de um modo muito contundente. Seu pai estava preparando
a folha de pagamento semanal dos trabalhadores sob sua reponsabilidade,
enquanto o garoto observava calmamente de um canto. No fim dos cálculos
longos e cansativos, Gauss disse a seu pai que havia um erro no resultado e
deu a resposta que ele obteve de cabeça. Para grande surpresa de seus pais, a
verificação dos cálculos mostrou que Gauss estava certo!

Para sua educação elementar, Gauss foi matriculado numa escola fraca
dirigida por um homem chamado Büttner, cuja principal técnica de ensino
era o espancamento. Büttner tinha por hábito passar longos problemas de
adição que, desconhecidos de seus alunos, eram progressão aritméticas que
ele resolvia usando fórmulas. No primeiro dia que Gauss entrou na aula de

169
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

Aritmética, foi pedido aos alunos que somassem os números de 1 a 100. Mas
nem bem Büttner havia terminado de enunciar o problema, Gauss mostrou sua
lousa e exclamou em seu dialeto camponês “Ligget se” (Aqui está). Por quase
uma hora Büttner fitou Gauss, que ficou sentado com os dedos entrelaçados
enquanto seus colegas se esfalfavam. Quando Büttner examinou as lousas
no fim da aula, a lousa de Gauss continha um único número, 5050 – a única
solução correta na classe. Para seu crédito, Büttner reconheceu o gênio de Gauss
e com a ajuda de seu assistente, John Bartels, levou-o ao conhecimento de Karl
Wilhelm Ferdinand, Duque de Brunswick. O rapaz tímido e desajeitado que
tinha, então, quatorze anos, cativou de tal maneira o Duque que ele subsidiou
seus estudos preparatórios, universitários e o início de sua carreira.

De 1795 a 1798, Gauss estudou matemática na Universidade de


Göttingen, recebendo seu diploma “in absentia” da Universidade de Helmstadt.
Em sua dissertação, fez a primeira demonstração completa do teorema
fundamental da álgebra, que diz que cada polinômio tem tantas soluções
quanto seu grau. Com a idade de 19 anos, resolveu o problema que aturdiu
Euclides, inscrevendo em polígono regular de 17 lados num círculo usando a
régua e compasso; e em 1801, com a idade de 24 anos, publicou sua primeira
obra-prima, Disquisitiones Arithmeticae, considerado por muitos como uma das
mais brilhantes realizações na Matemática. Neste livro, Gauss sistematizou
o estudo da teoria dos números (propriedades dos inteiros) e formulou os
conceitos básicos que constituem o fundamento desse assunto.

No mesmo ano em que Disquisitiones foi publicado, Gauss aplicou


de novo sua fundamental habilidade de cálculo de maneira contundente. O
astrônomo Giuseppi Piazzi tinha observado o asteroide Ceres ao longo de 1/40 de
sua órbita, mas perdeu-o no sol. Usando somente três observações e o “método
dos mínimos quadráticos”, que tinha desenvolvido em 1795, Gauss calculou a
órbita com tal precisão que os astrônomos não tiveram qualquer dificuldade
em reencontrá-lo no ano seguinte. Essa realização trouxe-lhe reconhecimento
imediato como o principal matemático da Europa e, em 1807, foi nomeado
Professor de Astronomia e chefe do observatório astronômico de Göttingen.

Nos anos que se seguiram, Gauss revolucionou a matemática


introduzindo padrões de precisão e rigor nunca imaginados por seus
predecessores. Ele tinha paixão pela perfeição, que o levou a polir e trabalhar
seus escritos, em vez de publicar trabalhos menos elaborados em maior
quantidade – seu lema favorito era “Pauca, sed matura” (Pouco, mas maduro).
Como resultado, muitas das suas descobertas importantes ficaram escondidas
em diários que permaneceram sem publicações durante anos após sua morte.

Entre a miríade de suas realizações, Gauss descobriu a curva de Gauss


ou curva em forma de sino, fundamental na probabilidade, fez a primeira
interpretação geométrica dos números complexos e estabeleceu seu papel
fundamental na matemática, desenvolveu métodos de caracterização de

170
TÓPICO 2 | TEOREMA DE GAUSS

superfícies intrinsicamente por meio das curvas que elas contêm, desenvolveu
a teoria das aplicações conformes (que preservam ângulo) e descobriu a
Geometria não-euclidiana 30 anos antes que as ideias fossem publicadas por
outros. Na física, fez contribuições relevantes na teoria das lentes e ações capilar
e, com Wilhelm Weber, realizou trabalho fundamental em eletromagnetismo.
Gauss inventou o heliotrópio, o magnetômetro bifilar e um eletrotelégrafo.

Gauss era profundamente religioso e aristocrata na conduta.


Dominava línguas estrangeiras com facilidade, lia extensivamente e gostava
de Mineralogia e Botânica como hobby. Detestava lecionar e usualmente era
frio e desencorajador com outros matemáticos, possivelmente porque já havia
antecipado o trabalho deles. Já foi dito que se Gauss tivesse publicado todas as
suas descobertas, o estado atual da matemática estaria avançado em 50 anos.
Ele foi, sem dúvida, o maior matemático da era moderna.

FONTE: ANTON, Howard; BIVENS, Irl; DAVIS, Stephen. Cálculo II. 8. ed. v. 2. Porto Alegre:
Bookman, 2007.

FIGURA 1 – CARL FRIEDRICH GAUSS

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Friedrich_Gauss>. Acesso em: 13 maio 2019.

Acadêmico, você percebeu que Gauss foi um matemático excepcional e


suas contribuições para a matemática e para a física são inúmeras, esperamos que a
breve apresentação biográfica que apresentamos a você sobre Gauss, motive ainda
mais o estudo do teorema que leva o nome dele. Como iremos associar as integrais
de linha com integrais triplas, lembramos aqui que é de fundamental importância
que as técnicas de integrações triplas estejam bem compreendidas por você.

171
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

2 INTEGRAL DE SUPERFÍCIE DE UM CAMPO ESCALAR


Ao adentrar no estudo do Teorema de Gauss, antecipadamente,
necessitamos compreender o conceito de integral de superfície de campo escalar.
Pelo fato deste conceito ser apenas um pré-requisito para o estudo do Teorema
de Gauss, iremos abordá-lo apenas de modo matemático, sem nos preocuparmos
aqui com suas aplicações práticas.

Definição: uma integral de superfície de um campo escalar f(x,y,z), contínuo,


sobre uma superfície S que possui uma parametrização dada por φ(u,v), onde
( u, v ) ∈ D é dada por:

∂ϕ ∂ϕ
=∫∫ fdS ∫∫=
f ( x, y, z )dS ∫∫ f (ϕ (u , v))
∂u
×
∂v
dudv
S S D 
dS

onde

∂ϕ ∂ϕ
dS
= × dudv
∂u ∂v

é o elemento de área.

Vamos agora, compreender este conceito com a resolução de um exemplo.

Exemplo: calcule a integral de superfície do campo escalar f(x,y) = xy, ou seja,


calcule

∫∫ xy dS
S

onde S é parametrizada por φ(u,v) = (u – v,u + v,2u + v + 1), e ainda ( u , v ) ∈ D é


dada por 0 ≤ u ≤ 1 e 0 ≤ v ≤ u.

Resolução: inicialmente calculamos as derivadas parciais de φ com relação a u e


v, logo

∂ϕ ∂ϕ
= (1,1, 2) e = (−1,1,1)
∂u ∂v

172
TÓPICO 2 | TEOREMA DE GAUSS

Na sequência, realizando o produto vetorial das derivadas parciais

  
i j k
∂ϕ ∂ϕ
× = 1 1 2 = ( −1, −3, 2 ) .
∂u ∂v
−1 1 1

Calculando a norma, encontramos

∂ϕ ∂ϕ
× = 1+ 9 + 4 = 14,
∂u ∂v

ou seja, o elemento de área é

dS = 14 du dv.

Aplicando na expressão da integral de superfície

∫∫ xy dS = ∫∫ (u − v)(u + v)
S S
14 du dv

= 14 ∫∫ u 2 − v 2 du dv
D
1 u
= 14 ∫ ∫ u 2 − v 2 dv du
0 0

1 v3 u
= 14 ∫ u 2 v − du
0 3 0
2 14 1 3
3 ∫0
u du
=

2 14 u 4 1 14
= = .
3 4 0 6

3 INTEGRAL DE SUPERFÍCIE DE UM CAMPO VETORIAL


Assim como realizamos o estudo das integrais de superfície de campos
escalares, como pré-requisito para o estudo do Teorema de Gauss, iremos abordar
do mesmo modo as integrais de superfície de campos vetoriais.

Lembramos que quando vimos as integrais de linha para campos vetoriais,


vimos que a definição dependia da orientação da curva, ou seja:

173
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

→ → → →

∫ F ⋅d r =
−C
−∫ F ⋅ d r .
C

Aqui, para o estudo da integral de superfície, que pode ser vista como a
integral que calcula o fluxo do campo vetorial através desta superfície, a definição
também irá depender da orientação (dentro para fora, ou fora para dentro).

Definição: dada uma superfície S orientável, onde o vetor  normal n representa
esta orientação. Seja ainda um campo vetorial contínuo F , temos que a integral
de superfície
 (fluxo φ) através de S é dada pela integral de superfície do campo

escalar de F ⋅ n :

→ →
=
Φ ∫∫ F ⋅ n dS .
S


Definição 2 (orientação): sendo S uma superfície orientada por n . Dizemos que o
“bordo” de S, descrito por ∂S está orientado positivamente se tivermos S sempre
a nossa esquerda.

FIGURA 2 – SUPERFÍCIE ORIENTADA POSITIVAMENTE

FONTE: Os autores

NOTA

Lembre-se, acadêmico, de que a normal é calculada usando a fórmula a seguir:

 ϕ ×ϕ
n= u v .
ϕu × ϕ v

174
TÓPICO 2 | TEOREMA DE GAUSS

Exemplo: calcule o Fluxo do campo

   
F ( x, y, z ) = 2 xi + ( x + y ) j − 2 xyk ,

através da superfície

S : ϕ ( u , v=
) ( u, v,1 − u 2
)
− v2 ,

com ( u , v ) ∈ D : 0 ≤ u ≤ 1 e 0 ≤ v ≤ 1.

Resolução: calculando as derivadas parciais, temos

ϕu
= (1, 0, −2u )

ϕv
= ( 0,1, −2v ) .

Assim, o produto escalar das derivadas é

→→ →
i j k
ϕu × ϕv = 1 0 −2u = (2u, 2v,1)
0 1 −2v

E então o fluxo de F é dado por:

→ → → ϕu × ϕ v
∫∫=
S
F ⋅ n dS ∫∫ F (ϕ (u, v)) ⋅
D ϕu × ϕ v
⋅ ϕu × ϕv dudv


= ∫∫ F (ϕ (u, v)) ⋅ (ϕu × ϕv ) dudv
D

= ∫∫ (2u, u + v, −2uv) ⋅ (2u, 2v,1) dudv


D

∫∫ (4u
2
= + 2uv + 2v 2 − 2uv) dudv
D

∫∫ (4u
2
= + 2v 2 ) dudv
D
1 1
∫ ∫ (4u
2
= +1752v 2 ) dudv
0 0
= ∫∫ (4u
D
+ 2uv + 2v − 2uv) dudv

= ∫∫ (4u
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL 2

D
+ 2v 2 ) dudv

1 1
∫ ∫ (4u
2
= + 2v 2 ) dudv
0 0
1
 4u 3 1 
= ∫  + 2uv 2  dv
0
 3 0
1 4 
= ∫  + 2v 2  dv
0 3
 
1
4 2 
=  v + v3 
3 3 0
4 2
= +
3 3
= 2.

4 TEOREMA DE GAUSS
Enunciaremos, portanto e finalmente, o Teorema de Gauss. Por vezes ele
pode ser chamado de Teorema da Divergência e estabelece uma relação entre
uma integral tripla sobre um sólido W com uma integral de superfície em sua
fronteira. Este teorema é um dispositivo de cálculo poderoso para modelos físicos
tais como o fluxo de fluidos, fluxos de campos elétricos ou magnéticos, calor etc.

Teorema: (Gauss) Dado W ⊂  ³ um sólido


 com fronteira ∂W , orientado de modo

positivo e n exterior a W. Seja ainda F ( x, y, z ) , contendo W, então:

→ → →

∫∫
S =∂W
∫∫∫ div( F )dx dy dz.
F ⋅ n dS =
W

NOTA

Prezado acadêmico, você deve revisitar o conceito de divergente, visto na


Unidade 2, deste material. Sabemos que

∂P ∂Q ∂R
div ( F ) = + +
∂x ∂y ∂z
se F = (P, Q, R).

176
TÓPICO 2 | TEOREMA DE GAUSS

Vamos verificar que vale o Teorema de Gauss, calculando a integral de


superfície e a integral tripla.

Exemplo: verifique o Teorema de Gauss quando o campo vetorial é


F ( x, y, z ) =( x − y, x + y, z )

e a superfície é a esfera

x2 + y 2 + z 2 =
1.

Resolução: vamos iniciar calculando a integral


 de superfície. Lembre-se de que a
normal exterior a uma esfera de raio 1 é n = ( x, y, z ), então
→ →

∫∫ F ⋅ n dS =
S
∫∫ ( x − y, x + y, z ) ⋅ ( x, y, z ) dS
S

∫∫ x
2
= − xy + xy + y 2 + z 2 dS
S

∫∫ x
2
= + y 2 + z 2 dS
S

= ∫∫=
S
dS ( S ) 4π .
Área=

Note que o fato de a superfície ser uma esfera nos ajudou no cálculo da
integral de superfície, além disso, é preciso sempre calcular o vetor normal à
superfície. Calcularemos agora o outro lado da igualdade do Teorema de Gauss,
usando integrais triplas. Note que o divergente do campo é


( )
div F = 1 + 1 + 1 = 3.

Portanto temos que

∫∫∫ 3 dxdydz = 3V (W )
W

o cálculo dessa integral já foi feito na Unidade 1 deste livro e como o volume de
uma esfera é

4π r 3 4π
(W ) =
V=
3 3

177
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

concluímos que

→ → 4π
∫∫ F ⋅ n dS =⋅
S
3
3
=4π .

Portanto, concluímos que vale o Teorema de Gauss, já que a integral


de superfície do campo é igual à integral tripla do divergente. Acadêmico, é
importante que você perceba que muitas vezes é mais fácil calcular a integral
tripla do divergente do que calcular a integral dupla do campo vetorial. Porém,
fazer a integral tripla requer, na maioria das vezes, fazer a mudança de variável
de coordenadas cartesianas para esféricas ou cilíndricas.

UNI

Acadêmico, lembre-se de que já associamos as integrais triplas com o volume


de um sólido e associamos as integrais duplas com a área de uma superfície.

Vejamos mais alguns exemplos em que a utilização do Teorema de Gauss


facilita o cálculo da integral de superfície de um campo vetorial.

Exemplo: Calcule a integral a seguir

→ →

∫∫ F ⋅ n dS
S


onde F ( x, y, z ) = ( Z x 2 y
)
x + ye , y + ze , z + xe e S é a fronteira do sólido dado pelo
interior do cilindro x2 + y2 = 1, entre os planos x = 0 e z = x + 2.

Resolução: para compreender melhor o exemplo, verifique a figura que apresenta


a representação gráfica do sólido apresentado no enunciado.

178
TÓPICO 2 | TEOREMA DE GAUSS

GRÁFICO 6 – REPRESENTAÇÃO DA SUPERFÍCIE


z
y

–1 1 x

n
y 1
1
–1
–2 n
FONTE: Os autores


Note que o divergente de F é


( )
div F = 1 + 1 + 2 z = 2 + 2 z.

Pela definição do Teorema de Gauss vista, teremos

→ → →

∫∫
S =∂W
∫∫∫ div( F )dx dy dz
F ⋅ n dS =
W

= ∫∫∫ 2 + 2 z dx dy dz
W

aplicando os limites de integração, temos

→ → x+2

∫∫
S =∂W
F ⋅ n dS = ∫∫ ∫ 2 + 2 z dz dx dy
D 0

x+2
∫∫ 2 z + z
2
= dx dy
D
0

∫∫ 2( x + 2) + ( x + 2)
2
= dx dy
D

∫∫ x
2
= + 6 x + 8 dx dy
D

179
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

usando a mudança de coordenadas cartesianas para polares temos

= cos (θ )
x r= e y r sen (θ )

logo

→ → 2π 1
∫∫ F ⋅ n dS ∫ ∫ (r cos 2 (θ ) + 6r cos(θ ) + 8)rdr dθ
2
=
0 0
S =∂W
2π 1

∫ ∫r cos 2 (θ ) + 6r 2 cos(θ ) + 8r dr dθ
3
=
0 0

8r 2 1

r4 6r 3
= ∫
0
4
cos 2 (θ ) +
3
cos(θ ) +
2 0


1
= ∫ 4 cos 2(θ ) + 2 cos(θ ) + 4dθ .
0

Vamos calcular cada uma das integrais separadamente.

2π 1 1  θ sen(2θ )  2π π
∫0 4
cos 2 (θ ) dθ =  +
4 2 4 0
 =
4

2π 2π
∫0
2 cos(θ ) + 4 dθ= 2 sen(θ ) + 4θ
0
= 8π .

Portanto, concluímos que

→ → π 33π
∫∫
S =∂W
F ⋅ n dS = + 8π =
4 4
.

DICAS

Assim como comentamos no tópico anterior, o site Khan Academy pode ajudar
você a estudar o Teorema de Gauss, acesse o link a seguir e veja os conteúdos sobre o Teorema
de Gauss: <https://pt.khanacademy.org/math/multivariable-calculus/greens-theorem-and-
stokes-theorem#divergence-theorem>. Acesso em: 23 maio 2019.

180
TÓPICO 2 | TEOREMA DE GAUSS

Exemplo: usando o Teorema da divergência, calcule o fluxo de saída do campo


vetorial

   
F ( x, y, z ) =x 2 i + 4 y 2 j + y 2 x k

através de uma superfície compreendida pelo cilindro circular x2 + y2 = 9 e os


planos z = 0 e z = 2.

Resolução: graficamente a superfície que vamos estudar é dada pelo gráfico a


seguir.

GRÁFICO 7 – REPRESENTAÇÃO DA SUPERFÍCIE


z

0 y

x
FONTE: Os autores

Para usar o Teorema da Divergência, precisamos calcular o divergente do


campo vetorial

 ∂ ∂ ∂
div( F ) = ( x 2 ) + (4 y 2 ) + ( y 2 x)
∂x ∂y ∂z
= 2 x + 8 y,

portanto
→ → →

∫∫
S =∂W
∫∫∫ div( F )dx dy dz
F ⋅ n dS =
W

= ∫∫∫ 2 x + 8 y dx dy dz
W

181
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

Fazendo a mudança de coordenadas cartesianas para cilíndricas (x =


rcos(θ), y = rsen(θ) e z = z), temos

→ → 2π 3 2
∫∫ F ⋅ n dS
=
S =∂W
∫ ∫∫0 0 0
(2r cos(θ ) + 8rsen(θ ))r dz dr dθ

2π 3 2
∫ ∫0 θ θ dr dθ
2 2
= (2 r cos( ) + 8r sen ( )) z
0 0
2π 4r 3 16r 3 3
= ∫0 3
cos(θ ) +
3
sen(θ ) dθ
0

= ∫0
102 cos(θ ) + 144 sen(θ ) dθ

102 sen(θ ) − 144 cos(θ )
= 0.
=
0

Portanto, concluímos que o fluxo de saída é nulo

→ →

∫∫
S =∂W
0.
F ⋅ n dS =

182
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Uma integral de superfície de um campo escalar f(x,y,z), contínuo, sobre uma


superfície S, que possui uma parametrização dada por φ(u,v), em que ( u , v ) ∈ D
é dada por:

∂ϕ ∂ϕ
=∫∫ fdS ∫∫=
f ( x, y, z )dS ∫∫ f (ϕ (u , v)) ×
∂u ∂v
dudv
S S D 
dS

Onde:

∂ϕ ∂ϕ
dS
= × dudv
∂u ∂v


• Dada uma superfície S orientável, em que o vetor normal n representa esta
orientação. Seja ainda um campo vetorial contínuo F , temos que a integral de
  φ) através de S é dada pela integral de superfície do campo
superfície (fluxo
escalar de F ⋅ n :

→ →
=
Φ ∫∫ F ⋅ n dS .
S

• Sendo S uma superfície orientada por n, dizemos que o “bordo” de S, descrito


por ∂S está orientado positivamente se tivermos S sempre a nossa esquerda.

• Dado W ⊂  ³ um sólido com fronteira ∂W , orientado de modo positivo e n
exterior a W. Seja ainda F ( x, y, z ) , contendo W, então:

→ → →

∫∫
S =∂W
∫∫∫ div F dxdydz.
F ⋅ n dS =
W

183
AUTOATIVIDADE

Acadêmico, o processo de entendimento total do conteúdo finaliza


aqui. Utilize estas questões para realmente absorver os conteúdos explorados
neste tópico. Bom estudo!

1 Verifique que o Teorema de Gauss do campo vetorial


F ( x, y , z ) = ( x, y , z )

vale para o sólido limitado pelas superfícies z = x2 + y2, z = 4 e normal exterior


a W. Utilize algum recurso para plotar o gráfico desse sólido.

2 Calcule o fluxo exterior do campo vetorial


F ( x, y , z ) = ( x, y , z )

através da superfície formada pelos planos x = 0, x = 1, y = 0, y = 1, z = 0 e z = 1.

3 Utilize o Teorema de Gauss para calcular o fluxo exterior de um campo


vetorial


F =( y − x, z − y, y − x )

através da região limitada pelos planos x = –1, x = 1, y = –1, y = 1, z = –1 e z = 1.

4 Utilize o Teorema de Gauss para calcular o fluxo exterior de um campo


vetorial


(
F = x2 , y 2 , z 2 )
através da região limitada pelo cilindro x2 + y2 ≤ 4 e os planos z = 0 e z = 1.

5 Utilize o Teorema de Gauss para calcular o fluxo exterior de um campo


vetorial


(
F = x 2 , xz ,3 z )
através da região limitada pela esfera x2 + y2 + z2 ≤ 4.
184
6 Usando o Teorema da divergência, calcule o fluxo de saída do campo
vetorial

   
F ( x, y, z ) =x 3i + y 3 j + z 2 k

através de uma superfície compreendida pelo cilindro circular x2 + y2 = 9 e


os planos z = 0 e z = 2.

7 Usando o Teorema da divergência, calcule o fluxo de saída do campo


vetorial

   
F ( x, y, z ) = 2 xi + 3 yj + z 2 k

através do cubo unitário, cujos vértices são (0,0,0), (1,0,0), (0,1,0), (1,1,0),
(0,0,1), (1,0,1), (0,1,1) e (1,1,1).

185
186
UNIDADE 3
TÓPICO 3

TEOREMA DE STOKES

1 INTRODUÇÃO
Para finalizar o estudo das integrais de campos vetoriais, estudaremos o
Teorema de Stokes, que assim como os Teoremas de Green e Gauss, generaliza
os teoremas fundamentais do cálculo para o espaço. O Teorema de Stokes é
uma generalização do Teorema de Green para superfícies em três dimensões.
Neste associamos uma integral de linha de um campo vetorial com a integral de
superfície do rotacional do campo vetorial.

Como nos tópicos anteriores, aqui estudaremos a história de George
Gabriel Stokes, Stokes era um matemático e físico irlandês que viveu de 1819
até 1903. No livro intitulado Cálculo II, dos autores Haword Anton, Irl Bivens e
Stephen Davis, temos a seguinte biografia de Stokes.

BIOGRAFIA DE GEORGE GABRIEL STOKES

George Gabriel Stokes (1819-1903) Matemático e físico irlandês. Nascido


em Skreen, Irlanda, Stokes veio de uma família de raízes profundas na Igreja da
Irlanda. Seu pai era pároco, sua mãe era filha de um pároco e três de seus irmãos
receberam ordens sagradas. Recebeu sua educação elementar de seu pai e de
um escritório paroquial local. Em 1837, entrou na Universidade de Pembroke
e, depois de formar-se com honrarias, aceitou um cargo na faculdade. Em 1847,
foi nomeado professor lucasiano de Matemática em Cambridge, posição que já
havia sido ocupada por Isaac Newton, mas que havia perdido seu prestígio ao
longo dos anos. Em virtude de suas realizações, Stokes acabou restaurando a
posição à eminência que teve um dia. Infelizmente, o cargo pagava muito pouco
e Stokes viu-se forçado a lecionar na Escola de Minas do Governo durante a
década de 1850, para solucionar a receita.

Stokes foi um dos muitos cientistas de destaque do século XIX que
ajudou a voltar as ciências físicas para uma direção mais empírica. Estudou
sistematicamente hidrodinâmica, elasticidade dos sólidos e comportamento
das ondas em sólidos elásticos e difração da luz. Para Stokes, a matemática
era uma ferramenta para seus estudos físicos. Escreveu artigos clássicos sobre
o movimento de fluidos viscosos que abriram as fundações de hidrodinâmica
moderna; aperfeiçoou a teoria das ondas de luz e escreveu artigos sobre variação
gravitacional que estabelecem como um fundador da Geodésia moderna.

187
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

Stokes foi homenageado nos seus últimos anos com graus, medalhas
e participações em sociedades estrangeiras. Em 1889, recebeu o título de
nobre. Durante toda a sua vida, ele dedicou generosamente seu tempo para as
sociedades eruditas e auxiliava imediatamente aqueles que procuravam sua
ajuda para resolver problemas. Era profundamente religioso e preocupado
com a relação entre a ciência e religião.

FONTE: ANTON, Howard; BIVENS, Irl; DAVIS, Stephen. Cálculo II. 8. ed. v. 2. Porto Alegre:
Bookman, 2007.

FIGURA 3 – GEORGE GABRIEL STOKES

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/George_Gabriel_Stokes>. Acesso em: 13 maio 2019.

2 TEOREMA DE STOKES
Para enunciar o Teorema de Stokes e sabendo que ele é uma generalização
do Teorema de Green, precisamos do conceito de fronteira de uma superfície, que
é chamado de bordo e o que seria a orientação positiva. Considere uma superfície
no espaço tridimensional como no gráfico a seguir.

188
TÓPICO 3 | TEOREMA DE STOKES

GRÁFICO 8 – SUPERFÍCIE EM TRÊS DIMENSÕES


z

x
FONTE: Os autores

Observe que a superfície tem dimensão dois e a parte onde ela termina que
chamamos de bordo tem dimensão um, o bordo é uma curva em  3 . Caso a superfície
seja fechada, como por exemplo, uma esfera, bordo é um conjunto vazio, já que não
existe borda para a esfera. Já bordo de uma semiesfera é uma circunferência.

Olhando para o bordo da superfície como uma curva, podemos orientá-


la no sentido horário e anti-horário. Já a orientação da superfície será orientada
pelo vetor unitário, para o bordo e a superfície terem uma orientação coerente e
para isso devemos usar a regra da mão direita, em que o dedo polegar representa
o vetor normal e os dedos palmares devem seguir a orientação do bordo, como
mostra o gráfico a seguir.

GRÁFICO 9 – SUPERFÍCIE EM TRÊS DIMENSÕES


z

x
FONTE: Os autores

189
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

Vamos agora enunciar o Teorema de Stokes.



Teorema: (Stokes) Seja U um conjunto aberto de  3 .e F = ( P, Q, R ) um
 campo
vetorial. Seja S uma superfície regular, orientada pelo vetor unitário n . Logo, se
notarmos ∂S ao bordo de S, então:

→ → → →

∫∫
S
rot ( F ) ⋅ n dS =∫ F ⋅ d r .
∂S


( )
Lembre-se de que, se F ( x, y, z ) = P ( x, y, z ) , Q ( x, y, z ) , R ( x, y, z ) , temos
que o rotacional desse campo é calculado como a seguir

  
i j k
 ∂ ∂ ∂
( )
rot F =
∂x ∂y ∂z
P Q R
 ∂R ∂Q    ∂P ∂R    ∂Q ∂P  
= − i +  −  j + − k.
 ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x ∂y 

Observe que agora relacionamos a integral de linha de um campo vetorial


com a integral de superfície do rotacional de um campo vetorial. Estudamos o
conceito de rotacional na Unidade 2 deste livro, caso você tenha alguma dúvida,
é importante que reveja a unidade anterior.

DICAS

Aqui também deixamos o site Khan Academy como sugestão para ajudar você
a estudar o Teorema de Stokes, acesse o link a seguir e veja os conteúdos sobre o Teorema
de Stokes <https://pt.khanacademy.org/math/multivariable-calculus/greens-theorem-and-
stokes-theorem#stokes-theorem>. Acesso em: 23 maio 2019.

Vamos ver alguns exemplos sobre o Teorema de Stokes.

Exemplo: verifique que vale o Teorema de Stokes para o campo vetorial

F(x,y,z)= (3z,4x,y)

190
TÓPICO 3 | TEOREMA DE STOKES

considerando o paraboloide z = 4 – x2 – y2 com z ≥ 0 a superfície orientada para cima.

Resolução: note que a superfície é dada da seguinte forma

GRÁFICO 10 – PARABOLOIDE Z = 4 – X2 – Y2
5

-6 2
-5
-4
-3 1 6
5
0 4
-2 3
-1 2
1
-2 -1 1
-3 -1 2
-4 3
-5
4
-2 5
6
FONTE: Os autores

Observe que S é a superfície, C é o círculo e D é a região dentro do círculo


C. Observe que o bordo dessa superfície é uma circunferência de raio igual a 2, e
sabemos que a parametrização de uma circunferência em três dimensões é da forma

x = 2cos(t) y = 2sen(t) e z = 0,

para 0 ≤ t ≤ 2π. Usando a regra da mão direita como a norma aponta para cima da
superfície, temos que o bordo tem orientação no sentido anti-horário.

Usando a integral de linha, temos

→ →

∫ F ⋅ d =r
C
∫ 3z dx + 4 x dy + ydz
C

= ∫0
3 ⋅ 0 ⋅ (−2 sen(t )dt ) + 4(2 cos(t )) ⋅(2 cos(t )dt ) + 2 sen(t ) ⋅ 0

já que, dx = –2sen(t)dt, dy = 2cos(t)dt e dz = 0

191
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

→ → 2π
∫ F ⋅ d r =
∫ 16 cos (t )dt
2
0
C

16t 16 2π
= + sen(2t ) 16π .
=
2 4 0

Agora vamos usar a integração dupla, como

  
i j k
 ∂ ∂ ∂
rot F
= =
∂x ∂y ∂z
( ) (1, 3, 4 )
3z 4 x y


( 2 x, −2 y,1) e dS = dx dy, concluímos assim que
e a norma unitária é n =−
→ →

∫∫ rot ( F=
D
) ⋅ n dS ∫∫ (1,3, 4) ⋅ (−2 x, −2 y,1)dx dy
D

= ∫∫ (−2 x − 6 y + 4)dx dy
D

usando a mudança de coordenadas cartesianas para polares (x = rcos(θ) e y = sen(θ))


temos

→ → 2π 2
∫∫ rot ( F ) ⋅ n dS =
D
∫ ∫ 0 0
(−2r cos(θ ) − 6r sen(θ ) + 4)r drdθ

2π 2

=
0 ∫ 0
(−2r 2 cos(θ ) − 6r 2 sen(θ ) + 4r )drdθ

2r 3 2 2

∫0 3 cos(θ ) − 2r sen(θ ) + 2r 0 dθ
3
= −

16 2π
∫ −
=
3
cos(θ ) − 16 sen(θ ) + 8 dθ
0

16 2π
− sen(θ ) + 16 cos(θ ) + 8θ
=
3 0
=−0 + 0 + 16 − 16 + 16π − 0 =16π .

Portanto, concluímos que o Teorema vale já que as duas formas de


integração chegaram no mesmo resultado.

192
TÓPICO 3 | TEOREMA DE STOKES

UNI

Acadêmico, lembre-se de que a norma sempre aponta para a direção do vetor


gradiente, no caso de uma superfície z = z(x,z) a normal é dada por:

  ∂z ∂z 
a) Se a orientação é para cima temos n =− , − ,1
 ∂x ∂y 
  ∂z ∂z 
b) Se a orientação é para baixo temos n=  − , − , −1 
 ∂x ∂y 

Exemplo: calcule a circulação do campo

   
F ( x, y, z ) = yi + xzj + z ² k

ao redor da curva C, que é o bordo do triângulo definido pelo plano x + y + z = 1,


no primeiro octante, no sentido anti-horário.

Resolução: o gráfico que necessitamos analisar está descrito a seguir.

GRÁFICO 11 – REPRESENTAÇÃO DA CURVA DO EXEMPLO


z

1
1 y
x
FONTE: Os autores

A integral de linha, pelo Teorema de Stokes será delimitada pela superfície


S, grifada pela parte do plano indicado neste exemplo, com fronteira C, assim
como mostra o gráfico.

193
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

GRÁFICO 12 – REPRESENTAÇÃO DA SUPERFÍCIE DO EXEMPLO


z

n
S
C = ∂S

1
1 y
x
FONTE: Os autores

A superfície indicada S é z = 1 – x – y, com ( x, y ) ∈ D, sabendo que D é a


projeção no plano XY, conforme o gráfico.

GRÁFICO 13 – REPRESENTAÇÃO DA PROJEÇÃO D


y

1
y=1–x

D x+y=1

1 x
y=0
FONTE: Os autores


Sendo N = (1,1,1) , apontando para cima (pelo sentido anti-horário). E
normalizando N , teremos:


=n (1,1,1
= ) e dS dxdy.

Pelo teorema de Stokes, temos:

→ → → →

∫
C
F ⋅=
dr ∫∫ rot ( F ) ⋅ n dS
D

194
TÓPICO 3 | TEOREMA DE STOKES

onde, o rotacional do campo vetorial é

  
i j k
 ∂ ∂ ∂
rot F = ( )
∂x ∂y ∂z
( − x, 0, z − 1)
=

y xy z2

concluímos assim que

→ → → →

∫ C
F ⋅=
dr ∫∫ rot ( F ) ⋅ n dS
D

= ∫∫ (− x, 0, z − 1) ⋅ (1,1,1) dxdy
D

= ∫∫ (− x + z − 1) dxdy
D

como x + y + z = 1 temos que z = 1 – x – y e, portanto,


→ →

∫C
F ⋅ d r= ∫∫ (− x − x − y) dxdy
D
1 1− x
= ∫∫
0 0
−2 x − y dydx
1 y2 1− x
=∫ −2 xy − dx
0 2 0
1 (1 − x) 2
= ∫ −2 x(1 − x) − dx
0 2
1 1 x2
= ∫ −2 x + 2 x 2 − + x − dx
0 2 2
2
1 3x 1
= ∫ − x − dx
0 2 2
3
x x 2
x1 1 1 1 1
= − − = − − =− .
2 2 20 2 2 2 2

Exemplo: utilizando o Teorema de Stokes, calcule o trabalho realizado pelo


campo vetorial
   
F ( x, y , z ) =x 2 i + 4 xy 3 j + y 2 x k

numa partícula que percorre o retângulo C limitado pelos planos x = 0, x = 1, y = 0


e y = 2 no plano z = x + y, com orientação positiva.

195
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

Resolução: vamos primeiro verificar graficamente qual a superfície.

GRÁFICO 14 – REPRESENTAÇÃO DO RETÂNGULO C


z

2
0 y
1

x
FONTE: Os autores

Para usar o Teorema de Stokes, primeiro temos que calcular o rotacional


do campo

  
i j k
 ∂ ∂ ∂
( )
rot =
F
∂x ∂y ∂z
= ( 2 xy, − y , 4 y )
2 3

x2 4 xz y 2 x

e que a normal unitária é

  ∂z ∂z 
n =  − , − ,1 = ( −1, −1,1)
 ∂x ∂y 

concluímos assim que o trabalho é

→ → → →

∫ C
F ⋅=
dr ∫∫ rot ( F ) ⋅ n dS
D

∫∫ (2 xy, − y , 4 y ) ⋅ (−1, −1,1) dx dy


2 3
=
D

∫∫ (−2 xy + y
2
= + 4 y 3 ) dx dy.
D

196
TÓPICO 3 | TEOREMA DE STOKES

Como o retângulo é limitado pelos planos x = 0, x = 1, y = 0 e y = 2, temos

→ → 1 2
∫C
F ⋅ d r= ∫∫ 0 0
(−2 xy + y 2 + 4 y 3 ) dy dx
1 y3 2
=∫ − xy 2 + + y 4 dx
0 3 0
1 8
= ∫ −4 x + 3 + 16 dx
0

56 1
=
3∫
0
− 4 x dx

56 x 1 56 50
= − 2x2 = −2= .
3 0 3 3

197
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

LEITURA COMPLEMENTAR

GEORGE GREEN, O HOMEM E O TEOREMA

Heloisa B. Medeiros, Lucia M. Menezes e


Denise Oliveira Pinto

1 HOMEM

George Green é um nome bastante familiar para os matemáticos de hoje,


e seus resultados (especialmente o famoso “Teorema de Green” e as “funções de
Green”) são amplamente conhecidos. Todavia, não é muito claro, mesmo para os
seus biógrafos mais dedicados, em que fontes ou conhecimentos poderia ter se
baseado para desenvolver seus trabalhos; as evidências sugerem a obra de um
gênio autodidata muito mais do que o esforço e a interlocução de um grupo de
cientistas. Ele próprio, no prefácio de seu primeiro (e mais importante) trabalho,
An Essay on the Application of Mathematical Analysis tothe Theories of Electricity and
Magnetism, relata peculiaridades que, provavelmente, constituem os aspectos
mais marcantes de sua biografia: a ausência de intimidade com o meio acadêmico,
a escassa oportunidade de um estudo mais formal e a pouca disponibilidade de
tempo para o aprofundamento de suas ideias:

Should the present Essay tend in any way to faci-litate the application of
analysis to one of the moreinteresting of the physical sciences, the author
willdeem himself amply repaid for any labour he mayhave bestowed upon it;
and it is hoped the difficulty of the subject will incline mathematicians to
read the work with indulgence, more particularly when they are informed
that it was written by a young man, who has been obliged to obtain the
little knowledge he possesses, at such intervals and by suchmeans, as
other indispensable avocations which of-fer few opportunities of mental
improvement, affor-ded.1[7, 8]

1
Se este estudo, de algum modo, facilitar o uso da análise [matemática] em
algum dos problemas mais interessantes das ciências da natureza o autor se
sentirá amplamente recompensado pelo esforço a ele dedicado; espera-se que
a dificuldade do tema leve os matemáticos a ler o trabalho com benevolência,
particularmente quando informados que foi escrito por um jovem, obrigado a obter
o pouco conhecimento que possui em condições, de tempo e recursos, limitadas
por outras atribuições indispensáveis que possibilitam poucas oportunidades de
desenvolvimento intelectual.

[...]

2 O TEOREMA

Na ocasião em que Green publicou seu Essay, o resultado que hoje


conhecemos como Teorema de Green foi escrito com uma notação quase
incompreensível para os matemáticos atuais. Uma formulação moderna do
Teorema (bem como sua demonstração) pode ser vista em qualquer livro de
cálculo ou análise de várias variáveis, como por exemplo [9].

198
TÓPICO 3 | TEOREMA DE STOKES

O teorema se refere a uma região fechada e limitada do plano. Em linhas


gerais, afirma a igualdade entre a integral de linha de um campo vetorial na
fronteira desta região e a integral dupla (no interior da região) de determinada
expressão envolvendo derivadas parciais do campo. No enunciado que usamos
aqui (bem conhecido dos cursos de cálculo) aparece o conceito de região simples.
Lembramos que uma região de  2 é dita simples se a interseção de sua fronteira
com qualquer reta paralela a um dos eixos coordenados ocorre no máximo duas
vezes. Em todo caso, o Teorema se refere à união finita de regiões simples, o que
é bem pouco restritivo.

Teorema 1. Seja D uma região limitada no plano formada pela união finita de
regiões simples cujos bordos são curvas seccionalmente suaves (isto é, de classe
C1 por partes). Seja σ uma parametrização orientada positivamente de ∂D, (bordo
de D) e G : D ∪ ∂D →  2 um campo vetorial de classe C1. Então

 ∂G2 ∂G1 
∫∫ 
D
∂x
−  dxdy =∫σ G ( x, y ) ⋅ dr ,
∂y 
(2.1)

onde G(x,y) = (G1(x,y),G2(x,y)).

A demonstração do Teorema é bastante técnica e transcende o escopo


deste trabalho. Todavia – já foi comentado – pode ser encontrada com facilidade
em livros de cálculo ou análise. Nossa intenção é ilustrar ouso do Teorema em
alguma aplicação.

Embora originalmente proposto no contexto da teoria de eletromagnetismo,


o Teorema de Green pode ser empregado em inúmeras outras situações.
Escolhemos uma delas, que nos pareceu interessante: a mensuração de áreas
através de um instrumento conhecido como planímetro polar, muito usado por
cartógrafos e outros profissionais.

A necessidade de medir áreas planas é um problema que se apresenta de


maneira natural e inúmeras soluções têm sido propostas desde a Antiguidade.
Em1854, Amsler construiu o planímetro polar, instrumento muito bem recebido
por engenheiros e cartógrafos, para calcular a área de uma região limitada por
uma curva fechada. A Figura 1 (gentilmente cedida por [5]) mostra uma foto do
instrumento, enquanto na Figura 2 temos sua representação esquemática.

Um planímetro é composto essencialmente por dois braços unidos por


uma articulação. O primeiro (conhecido como braço fixo) tem uma de suas
extremidades presa ao papel (como a ponta seca de um compasso) enquanto a
outra se move para permitir o deslocamento do segundo braço (conhecido como
braço móvel). Preso ao braço móvel e perpendicular a ele existe um disco que
encosta no papel e pode girar livremente. Pela posição desse disco, ele é arrastado
em movimentos paralelos ao braço móvel e rola sem escorregar em movimentos
perpendiculares ao braço. A consequência disso, havendo condições razoáveis de
atrito, é que esse disco captura apenas a componente perpendicular ao braço do
movimento descrito por seu centro.

199
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

A posição exata do disco neste braço varia, dependendo do planímetro


específico que se esteja usando.

Vamos supor aqui que o disco se localiza exatamente na extremidade


livre do braço móvel. De fato, essa situação não é prática, porque essa ponta
deve estar desimpedida para o usuário do planímetro seguir a curva, mas facilita
nossa exposição. Comentaremos no final por que não é difícil obter resultados
semelhantes em outras posições.

Para medir uma área deve-se fixar a ponta do primeiro braço no papel e
fazer o disco no segundo braço percorrer a fronteira da região, saindo de um ponto
e caminhando sempre em uma mesma direção, até retornar ao ponto inicial. Alguns
sítios da web, como [11] e [12], apresentam simuladores do processo. Ao final do
percurso um contador informa o número (não necessariamente inteiro) de voltas
que o disco efetuou e, a partir deste número, é possível calcular a área da região.
É importante que o percurso da fronteira seja sempre seguido na mesma direção e
vamos admitir que é feito na direção positiva (mantendo a região à esquerda).

200
TÓPICO 3 | TEOREMA DE STOKES

Em um primeiro momento, a relação entre o número de voltas do disco


e a área a ser calculada não é evidente e não se sabe ao certo que raciocínio teria
levado Amsler a conceber seu planímetro. Fato é que sua publicação a respeito
do assunto – Über das Planimeter – não menciona os resultados de Green (embora
Amsler e Green tenham sido contemporâneos) e segue uma linha de raciocínio
mais própria da geometria plana [5]. De qualquer forma, nossa intenção aqui é
entender o funcionamento deste instrumento de medição a partir do Teorema de
Green e é nessa direção que vamos argumentar.

Na Figura 3 um esquema é colocado no plano cartesiano. A origem


representa o ponto em que está fixado o primeiro braço, (a, b) é o ponto de
articulação entre os dois braços e (x, y) é um ponto da fronteira da região. Vale
observar que (a, b) depende de (x, y).

Para desenvolver nosso raciocínio, supomos que o ponto fixo está fora da
região (isto é, a origem não pertence à região cuja área se quer medir). Pelas convenções
e nomenclatura que aqui utilizamos ||(a,b)|| = R, ou seja: a distância entre um valor
possível de (a, b) e a origem é exatamente igual ao tamanho do braço fixo (ver Figura
4). Além disso, para cada (a, b) o braço móvel pode percorrer um círculo de raio r, que
é o seu comprimento, em torno de (a, b). Tomando a envoltória destes círculos como
fronteira, definimos um anel, em torno da origem, como:

=A {( x, y ) , R − r ≤ x, y ≤ R+r }
e verificamos que para que um ponto seja alcançado pela extremidade do braço
móvel, ele deve pertencer à região A. Todavia, se admitirmos que algum ponto
da fronteira de D pertence ao bordo no anel, isto é ( x, y ) ∈ ∂D e ||x,y|| = R – r
ou ||(x,y)|| = R, estaremos admitindo a possibilidade de que durante o percurso
da fronteira os dois braços se alinhem. Essa possibilidade deve ser evitada. Na
verdade, para cada ( x, y ) ∈ ∂D existem duas posições possíveis para (a, b). Passar
continuamente de uma a outra, implicaria em alinhar os dois braços ao longo
do processo. Uma consequência negativa desta possibilidade seria permitir que
saíssemos de um ponto com uma das determinações de (a, b), percorrêssemos a
fronteira continuamente e retornássemos ao mesmo ponto com outra determinação.
Como (a, b) deve ser função de (x, y), evitamos esta dupla possibilidade exigindo
que D esteja contido no interior de A. Isto é: admitindo que D é um conjunto
fechado (contém seu fecho) queremos que: ( x, y ) ∈ D ⇔ R − r < ( x, y ) < R + r .

Se o braço móvel se desloca ao longo da sua própria direção, o disco não


gira, apenas translada. Como queremos entender o significado do número de
rotações, estamos interessados em analisar o movimento que ocorre na direção
perpendicular ao braço móvel, pois é este o deslocamento que provoca a rotação.
O número de rotações é, evidentemente, proporcional à distância percorrido pelo
disco no sentido perpendicular ao braço móvel.

201
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

Chamamos de D a região e de ∂D a sua fronteira que parametrizamos


com orientação positiva por uma função = ( )
σ ( t ) x ( t ) , y ( t ) , t ∈ [α , β ] . Como
σ descreve posição, σ'(t) descreve a velocidade do disco. Para determinar a
componente da velocidade perpendicular ao braço móvel, verificamos que este
braço tem a direção de (x – a,y – b) e sua direção perpendicular (no sentido anti-
horário) é G ( x, y ) = ( − y + b, x − a ). Portanto, se r é o comprimento do braço
móvel, concluímos que

1
F ( x, y ) = ( − y + b, x − a )
r

é um vetor unitário na direção perpendicular ao braço móvel, se a extremidade


livre desse braço está em (x, y). A componente da velocidade na direção ortogonal
ao braço móvel será, portanto: v(t) = F(σ(t)) · σ'(t), onde · denota o produto escalar.
A velocidade angular ω do disco é, então, obtida pela expressão

v (t )
ω (t ) = ,
ρ

onde ρ é o raio do disco.

Integrando a velocidade angular, obtemos

β
Ω =∫ ω (t )dt.
α

202
TÓPICO 3 | TEOREMA DE STOKES

Sendo Ω a integral da velocidade dividida por ρ, ela mede a distância percorrida


pelo disco no movimento de rotação (dividida por ρ) e portanto Ω = 2πn0 onde n0
é o número de voltas (observe que n0 não é, necessariamente, um número inteiro).
Concluímos, pois, que

β 1 β
=Ω ∫=
ω (t )dt
α ρ ∫α
F (σ (t )) ⋅ σ '(t )dt

1 β (2.2)
ρ r ∫α
= G (σ (t )) ⋅ σ '(t )dt

= 2π n0 .

A última integral de (2.2) é a integral de linha de G ao longo de σ e


sabemos, pelo Teorema de Green, que

 ∂G2 ∂G1 
∫σ G ⋅=
dr ∫∫ 
D
∂x
−  dxdy.
∂y 
(2.3)

Resta-nos apenas calcular essa integral dupla.

Da expressão de G calculamos

 ∂G2 ∂G1 
 −  =2 − ( ax + by ) =2 − Div ( a, b ) .
 ∂x ∂y 

203
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

Para obter Div(a,b), observamos a Figura 4 para escrever as equações

a 2 + b 2 = R2
 (2.4)
 ( x − a ) + ( y − b ) =
2 2
r2,

Nas equações acima podemos confirmar aquilo que a intuição nos diz sobre a
posição do ponto de articulação (a, b) para cada (x, y) fixo; qual seja: poderiam
existir dois valores de (a, b) para cada ponto na curva. Todavia, considerando as
hipóteses explicitadas anteriormente, apenas um ponto é possível e prosseguimos,
sem culpa, assumindo que (a, b) é função de (x, y).

Derivando (2.4) em x, temos que

 2aax + 2bbx = 0

2 ( x − a )(1 − ax ) + 2 ( y − b )( −bx ) =
0.

Assim,

 aa
 bx = − x
 b
( x − a )(1 − ax ) + ( y − b )( −bx ) =
0.

aax
Logo, ( x − a )(1 − ax ) + ( y − b ) 0 e, portanto,
=
b

 a ( y − b) 
ax  − ( x − a ) +  + ( x − a) =
0,
 b 

isto é,

 ay 
ax  − x +  =− ( x − a )
 b

e, por conseguinte,

b ( x − a)
ax = . (2.5)
xb − ya

204
TÓPICO 3 | TEOREMA DE STOKES

Vamos repetir esse processo, derivando agora as equações (2.4) em y:

 2aa y + 2bby = 0

2 ( x − a ) ( −a y ) + 2 ( y − b ) (1 − by ) =
0.

Assim,

 bby
 ay = −
 a
( x − a ) ( −a ) + ( y − b ) (1 − b ) =
0.
 y y

bby
Logo, ( x − a ) + ( y − b ) (1 − by ) =
0 e, portanto,
a

 b 
by  ( x − a ) + ( y − b )  + ( y − b ) =
0,
 a 

isto é,

 xb 
− ( y − b)
by  − y  =
a 

e, por conseguinte,

−a ( y − b )
by = . (2.6)
xb − ya

Finalmente, somando (2.5) com (2.6), temos que

Div ( a, b=
) a x + by
b ( x − a) −a ( y − b )
= +
xb − ya xb − ya (2.7)
bx − ay
= = 1.
xb − ya

205
UNIDADE 3 | TEOREMAS DO CÁLCULO VETORIAL

Concluímos, então, que Div(a,b) = 1 e, portanto,

∂G2 ∂G1
− 1.
=
∂x ∂y

Pelo Teorema de Green, sabemos que:

 ∂G ∂G1 
∫ ∫ 2 − =
D
 ∂x
 dxdy
∂y  ∫σ G( x, y) ⋅ dr. (2.8)

Ora, o lado esquerdo de (2.8) é exatamente a área da região envolvida, enquanto


o lado direito vale 2πρ r n0. Obtemos assim uma associação entre a área da região
e o número de voltas dadas pelo disco.

Considerando que ρ e r precisariam ser medidos, a constante 2πρr poderia


introduzir um erro grande no cálculo da área. Para minimizar este problema,
costuma-se estimar seu valor procedendo de forma experimental. Isto é, utiliza-se
o planímetro para medir uma área conhecida (por exemplo, um quadrado) e, com
este resultado pode-se determinar um valor com boa aproximação para 2πρr.

Suponha agora que o disco não esteja sobre a extremidade livre do braço
móvel. Na foto mostrada na Figura 1 o disco está instalado atrás da articulação
e seu centro não está sobre a linha do braço móvel. Neste caso, o centro do disco
percorre a curva

q s
σ r ( t ) =σ ( t ) +
r
( σ a ( t ) − σ ( t ) ) + G (σ ( t ) ) ,
r

onde q ∈  (no caso do aparelho da Fig. 1, q > 1), σa(t) = (a(x(t)), b(x(t))) é a
parametrização do movimento da articulação e |S| dá a distância entre o centro
do disco e a linha central do braço móvel. Note que G(σ(t)), pela maneira como
foi definido, é a rotação de σa(t) – σ(t) no sentido horário. Se Ω é a rotação líquida
total do disco, então

β
ρ rΩ ∫α G(σ (t )) ⋅ σ
'
= r (t )dt
β q β
∫α G(σ (t )) ⋅ σ '(t )dt + r ∫α G(σ (t )) ⋅ (σ (t ) − σ '(t ))dt
'
= a (2.9)
s β d
+ ∫
r α
G (σ (t )) ⋅ G (σ (t )).
dt

206
TÓPICO 3 | TEOREMA DE STOKES

A primeira integral é a mesma que já calculamos usando o Teorema de


Green e vale a área da figura contornada. Vamos mostrar que as outras duas
integrais são nulas, concluindo assim que a posição do disco não altera o resultado
da integral de linha.

Como G(σ(t)) tem norma constante e igual a r, a imagem da curva t →


G(σ(t)) está contida no círculo de raio r e centro na origem. Portanto sua derivada
é sempre ou nula ou ortogonal à posição e, assim, o produto escalar da terceira
integral é zero. Em seguida escrevemos

r ( cos (θ ( t ) ) , sen (θ ( t ) ) )
σ (t ) − σ a (t ) =

Logo G(σ(t) = r(–sen(θ(t)), cos(θ(t))) e o segundo integrando fica igual a θ'(t). A


integral

β
∫α θ '(t )dt
poderia dar qualquer múltiplo de 2π, mas dá zero se o número de voltas líquidas
do braço móvel for zero. Ora, mas isso segue do fato de que o número de voltas
líquidas do braço fixo é zero e também do fato de que o ângulo entre os dois
braços na articulação só varia num intervalo de tamanho π.

[...]

FONTE: <https://rmu.sbm.org.br/wp-content/uploads/sites/27/2018/03/n50_n51_Artigo02.pdf>.
Acesso em: 9 jul. 2019.

207
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você estudou que:

• O bordo de uma superfície tem dimensão um e é a borda da superfície onde a


superfície acaba.

• A orientação da superfície é dada pela orientação da normal e deve estar


coerente com a orientação do bordo, seguindo a regra da mão direita.

• Seja U um conjunto aberto de  ³ e F = ( P, Q, R ) um campo vetorial. Seja S
uma superfície regular, orientada pelo vetor unitário n . Logo, se notarmos ∂S
ao bordo de S, então:

→ → → →
∫ ∫ rot F ⋅ n dS
S
= ∫ F ⋅ d r .
∂S


• O rotacional do campo vetorial F ( x, y , z ) = ( P ( x, y , z ) , Q ( x, y , z ) , R ( x, y , z ) )
é calculado da seguinte forma

  
i j k
 ∂ ∂ ∂
( )
rot F =
∂x ∂y ∂z
P Q R
 ∂R ∂Q    ∂P ∂R    ∂Q ∂P  
= − i +  −  j + − k.
 ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x ∂y 

208
AUTOATIVIDADE

Acadêmico, o processo de entendimento total do conteúdo finaliza


aqui. Utilize estas questões para realmente absorver os conteúdos explorados
neste tópico. Bom estudo!

1 Determine o trabalho realizado pelo campo vetorial

F(x,y,z) = (3z,4x,y)

considerando o paraboloide z = 4 – x2 – y2 com z ≥ 0 a superfície orientada para


baixo.

2 Calcule a integral de linha

→ →

∫ F ⋅ d r
C

usando o Teorema de Stokes, quando


F ( x, y, z ) = ( xy, yz , zx )

e C é o triangulo no plano x + y + z = 1 de vértices (1, 0, 0), (0, 1, 0) e (0, 0, 1) com


orientação anti-horária.

3 Utilizando o Teorema de Stokes, calcule o trabalho

→ →
τ
= ∫ F ⋅ d r
C

realizado pelo campo vetorial

   
F ( x, y , z ) =x 2 i + 4 xy 3 j + y 2 x k

numa partícula que percorre o retângulo C limitado pelos planos x = 0, x = 1, y = 0


e y = 2 no plano z = x + y, com orientação horária.

209
4 Utilizando o Teorema de Stokes, calcule o trabalho

→ →
τ
= ∫ F ⋅ d r
C

realizado pelo campo vetorial

   
F ( x, y, z ) = xyi + x 2 j + z 2 k

numa partícula que percorre o círculo C x2 + y2 = 1 com orientação horária.

5 Utilizando o Teorema de Stokes, calcule o trabalho

→ →
τ
= ∫ F ⋅ d r
C

realizado pelo campo vetorial

   
F ( x, y, z ) = xyi + x 2 j + z 2 k

numa partícula que percorre o círculo C x2 + y2 = 1 com orientação anti-horária.

210
REFERÊNCIAS
ANDRADE, A. A.; DA SILVA, W. M. Aplicações de limites de funções na
físico-química. 5ª Jornada de Iniciação Científica e Extensão. IFT, 2014.

ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo II. 8. ed. v. 2. Porto Alegre:
Bookman, 2007.

BASSALO, J. M. F. Uma breve história da aviação. [s.d.]. Disponível em: http://


www.searadaciencia.ufc.br/folclore/folclore291.htm. Acesso em: 15 jan. 2019.

BATISTA, Roberto Junior. Uma breve introdução à história do cálculo


diferencial e integral. Curitiba: Colégio Militar de Curitiba, 2010.

CASTELLAN, G. W. Fundamentos de físico-química. Rio de Janeiro: Editora


LTC, 2010.

CASTRO, Fernando Andrade; CASTRO, Karine Oliveira; VILELA, Luana Cruz.


Aplicação prática de cálculo integral e diferencial em um balão de ar quente.
Curitiba: UNIBRASIL, 2016.

FLEMMING, D.; GONÇALVES, M. Cálculo A, B. 2. ed. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2007.

GUIDORIZZI, H. L. Um curso de Cálculo. 5. ed. v. 1, 2, 3 e 4, Livros Técnicos e


Científicos Ed. Ltda, 2001.

GUIDORIZZI, H. L. Um curso de cálculo. v. 3, 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001.

HOFFMANN, L. D.; BRADLEY, G. L. Cálculo: um curso moderno e suas


aplicações. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora Ltda, 2002. 311 p.

MESQUITA FILHO, A. Introdução à físico-química das soluções. Disponível


em: http://ecientificocultural.com/ECC3/solu03.htm. Acesso em: 3 jul. 2014.

STEWART, J. Cálculo. v. 1. 5. ed. São Paulo: Thomson, 2008.

STEWART, J. Cálculo. 5. ed. São Paulo: Pioneira, 2005.

THOMAS, G. B. Cálculo. v. 1 e 2. 10. ed. Boston: Addison Wesley, 2003.

WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. 6. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2011. 101 p.

211

Você também pode gostar