Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTEGRAL I
ME. REBECCA MANESCO PAIXÃO
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
“
A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.
Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
www.uca.edu.br
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria,
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a
emissão de conceitos.
CÁLCULO DIFERENCIAL E
INTEGRAL I
ME. REBECCA MANESCO PAIXÃO
SUMÁRIO
AULA 01 CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS 05
AULA 02 FUNÇÕES 13
AULA 04 LIMITES 31
AULA 06 CONTINUIDADE 44
AULA 07 DERIVADAS 49
INTRODUÇÃO
Olá, aluno(a). É com prazer que apresento a você o livro de “Cálculo Diferencial e Integral I”.
Sou a professora Rebecca Manesco Paixão, graduada em Engenharia Ambiental e Sanitária
e licenciada em Matemática, especialista em Segurança do Trabalho, mestre em Engenharia
Química e atualmente cursando o doutorado em Engenharia Química.
Preparei este material com o objetivo de apresentar a você os conceitos básicos do Cálculo
Diferencial e Integral para que eles sejam aplicados em diversas áreas do conhecimento
que fazem uso desta teoria.
Os assuntos abordados neste livro são limite e derivada de funções de uma variável real
e também de funções de várias variáveis reais.
A organização do livro encontra-se dividida em 16 aulas. O conjunto dos números reais e as
funções de uma variável real são os objetos de estudo das primeiras aulas em que teremos
a oportunidade de nos debruçarmos sobre as noções de domínio, contradomínio e imagem.
Também veremos algumas características das funções e os principais tipos de funções.
Para estas funções definiremos os conceitos de limite e continuidade e de derivadas. O
conceito de limite é uma ideia central que distingue o cálculo da álgebra e da trigonometria.
Enquanto que as derivadas são usadas para medir a variação de quantidades.
Dando sequência ao estudo das funções conheceremos as funções paramétricas e suas
derivadas.
Finalizaremos nossos estudos com as funções de várias variáveis. Estas funções surgem
a todo o momento no nosso dia a dia mesmo que não percebamos. Um estudo semelhante
ao do cálculo de funções de apenas uma variável será feito às funções de várias variáveis,
estendendo todos aqueles conceitos de limites e continuidade, e de derivadas para tais
funções.
A escolha dos temas pertencentes a este livro foi com o propósito de lhe auxiliar em seus
estudos. Sugiro que você acompanhe com cuidado os diversos exemplos apresentados e
resolva os exercícios. A leitura das referências bibliográficas indicadas também é fundamental.
Bons Estudos!
Professora Me. Rebecca Manesco Paixão
AULA 1
CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS
Caro(a) aluno(a), nesta nossa primeira aula, referente à disciplina de Cálculo Diferencial
e Integral I, vamos definir e relembrar o conjunto dos números reais, seus subconjuntos,
intervalos e inequações.
Vamos iniciar imaginando uma régua que a utilizaremos para medir o comprimento de
um determinado objeto. Lembrando que uma régua comum é baseada em um comprimento
padrão de 1 cm, como a representada na Figura 1.1:
Se a medida do objeto couber em um número exato vezes 1 cm, então, por definição, o
comprimento do objeto será expresso como sendo um número denotado por natural (ℕ), por
exemplo, 0,1 ,2, 3, e assim por diante. Lembrando que os números naturais são os inteiros
positivos e o número zero.
Se nós incluirmos números inteiros negativos, então, obteremos o conjunto dos números
inteiros (ℤ). Neste caso, temos os números ..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3... pertencentes a este conjunto.
Se a medida do nosso objeto couber em uma fração de números inteiros de certa
quantidade do tamanho base de 1 cm, então o comprimento será um número pertencente
ao conjunto dos números racionais (ℚ). Relembre, caro(a) aluno(a), que neste conjunto estão
os números naturais, os inteiros negativos, os números decimais (0,1; 0,25), as dizimas
periódicas (0,333...;0,6161...) e todo número que possa ser escrito como uma divisão de
números inteiros, números fracionários (-1/3;2/5).
Perceba que, em ambos os casos, é possível determinar o comprimento do objeto utilizando
a régua; no entanto, existem casos em que não é possível determinar exatamente quantas
medidas de 1 cm cabem no comprimento.
Assim, números irracionais são aqueles que não podem ser escritos como um número
inteiro, decimal, dizima periódica ou fração de dois números inteiros.
O número √5 = 2,236067978... é um número, cuja representação decimal tem infinitas
casas não-periódicas depois da vírgula. Assim, pensando na nossa régua, embora a mesma
utilize uma medida muito menor que 1 cm como base jamais poderíamos encontrar um
número inteiro capaz de representar quantas vezes a medida do objeto cabe em √5.
O número π = 3,141592654... também é um número que possui infinitas casas decimais
não-periódicas.
Ambos estes números, √5 e π, são exemplos de números irracionais. O conjunto de números
irracionais (IR) contém todos aqueles que não podem ser escritos como uma razão de
números inteiros.
A união do conjunto dos números racionais com o conjunto dos números irracionais
é denominada de conjunto dos números reais (ℝ). A Figura 1.2 representa os conjuntos
numéricos abordados, observe:
Perceba, caro(a) aluno(a), que no conjunto dos números reais estão todos os possíveis
números que podem ser marcados em uma reta contínua. Ou seja, se nós marcarmos em
uma reta todos os números racionais e também os irracionais, então teremos toda a reta
preenchida. Esta reta é chamada de reta real.
Quanto às propriedades algébricas do conjunto dos números reais, elas estão relacionadas
à capacidade de somar, subtrair, multiplicar e dividir números reais, com vistas a produzir
novos números reais.
Anote isso
Ao longo do nosso estudo, caro(a) aluno(a), alguns símbolos universais serão utilizados,
como:
= igual
≠ diferente
∈ pertence
∉ não pertence
⊂ contido
∀ para todo
Ǝ existe
> maior
< menor
≥ maior ou igual
≤ menor ou igual
Ø vazio
∞ infinito
Por sua vez, quanto às propriedades de ordem, de acordo com Flemming e Gonçalves
(2006), no conjunto dos números reais existe um subconjunto denominado de números
positivos, de modo que:
1.1 Intervalos
Intervalos são subconjuntos especiais da reta real utilizados para representar todos os
números reais que se encontram entre dois números predeterminados. É importante destacar,
caro(a) aluno(a), que os intervalos surgem naturalmente na solução de inequações que
aparecem em diferentes contextos.
As notações para cada um dos possíveis intervalos encontram-se representadas na Tabela
1.1, observe:
Notação Intervalo
Intervalo aberto (a,b) ou ]a,b[ { x∈ℝ|a < x < b}
Além disso, caro(a) aluno(a), alguns subconjuntos específicos da reta real são representados
de uma forma especial, observe:
1.2 Inequações
- x+2<3x-1
-x+2+x<3x-1+x ➙adicione x em ambos os lados
2<4x-1
2+1<4x-1+1 ➙adicione 1 em ambos os lados
3<4x
3
_<x
4
Isto significa que para que a desigualdade seja sempre satisfeita é necessário que os
valores de x sejam maiores do que 3/4; portanto, o conjunto solução é dado por
S = {x |x > 3_ }
4
Vamos agora ver um exemplo de inequação com fração.
Exemplo 1.2: Seja a inequação , neste caso, para que a desigualdade seja
respeitada o número 2x - 4 deve ser maior do que zero, ou seja:
2x-4>0
2x>4
x > 4_
2
x>2
E além disso:
13 6
__ ≥ _ x (divida por 6 ambos os lados)
6 6
Isto significa que, para que a desigualdade seja sempre satisfeita, os valores de x devem
ser maiores do que 2, e ainda, menores ou iguais a 13/6; portanto, o conjunto solução é
dado por
S = {x |2 < x ≤ 13
___ }
6
Exemplo 1.3: Seja a inequação 4 < 5x + 3 ≤ 8 , vamos determinar o seu conjunto solução:
4<5x+3≤8
4-3<5x+3-3≤8-3 ➙ subtraia 3 em ambos os lados
1<5x<5
_1 < 5_ x ≤ _ 5_ ➙ divida por 5 ambos os lados
5 5 5
1
_<x≤1
5
Para finalizarmos, caro(a) aluno(a), quando temos um valor absoluto existem duas regras
básicas. Considerando u uma expressão algébrica em x e a um número real, tal que a ≥ 0,
então:
1. Se |u| < a, então u está no intervalo ]-a,a[. Isto significa que |u| < a se, e somente se, -a
< u < a;
2. Se |u| > a, então u está no intervalo ]-∞, -a[ ou ]a, +∞[. Isto significa que |u| > a se, e
somente se, u < -a ou u > a.
Exemplo 1.4: Seja |8x - 4| < 2, então, o conjunto solução será encontrado da seguinte forma:
-2<8x-4<2
-2+4<8x-4+4<2+4 ➙ adicione 4 em ambos os lados
2<8x<6
_2 < x < _6
8 8
1 3 ➙ simplifique por 2
S = {x |1
_ < x < 3_}
4 4
AULA 2
FUNÇÕES
Exemplo 2.1: Na conversão de graus Celsius para graus Fahrenheit, utilizamos a seguinte
fórmula:
9
F= C + 32
5
Repare que, neste caso, F (Fahrenheit) é função de C (Celsius), uma vez que C é a variável
independente, a qual podemos atribuir qualquer valor, tal que a este valor, corresponderá
um único valor de F.
Se tomarmos a temperatura de 20 ºC, por exemplo, então, a temperatura correspondente
em Fahrenheit será de 68 ºF:
9 .20+32
F= __
5
= 180
____+32
5
= 36+32
= 68
Figura 2.1: O diagrama em (a) retrata uma relação de X em Y, que é uma função. O diagrama em (b) retrata uma relação de X em Y, que não é uma função. Fonte: Demana
et al. (2009, p. 62).
Atente-se, caro(a) aluno(a), que uma função frequentemente é dada por uma fórmula
que nos auxilia no cálculo do valor da variável dependente, a partir do valor da variável
independente. Além das fórmulas também existem outras formas de representar as funções,
como a partir de uma descrição verbal, gráficos e tabelas tal que, geralmente, é útil ir de
uma representação a outra a fim de um entendimento adicional.
O gráfico de uma função f consiste dos pontos no plano cartesiano (x, f(x)) onde x pertence
ao domínio de f,
Exemplo 2.2: Seja a função f(x)=x+1, podemos elaborar uma tabela, escolhendo alguns
valores de x, que nos darão uma boa ideia de como se comportarão os demais pares ordenados.
Lembrando que o correspondente y é obtido substituindo o valor de x na fórmula dada:
Exemplo 2.3: Seja a função f: A ➙ B dada por f(x)=2x-1 , em que A={1,2,3} e B={0,1,3,5,7},
então, pela definição que vimos, temos que:
D(f)=A={1,2,3}
CD(f)=B={0,1,3,5,7}
Im(f)={1,3,5}
Isto porque, ao substituirmos os valores do conjunto A em f(x) = 2x-1, obtemos:
f(1) = 2.(1)-1=2-1=1
f(2) = 2.(2)-1=4-1=3
f(3) = 2.(3)-1=6-1=5
Neste estudo, caro(a) aluno(a), estamos interessados em trabalhar com funções, mas
não qualquer função. Ou seja, queremos aquelas que possuem subconjuntos de números
reais como domínio e contradomínio. Veja o exemplo abaixo:
5 x - 10
Exemplo 2.4: Seja a função dada por f ( x) = . Neste caso, precisamos que os
x- 3
números dentro da raiz quadrada sejam não-negativos e também que o denominador seja
diferente de zero.
Para a raiz quadrada, temos que:
5x-10≥0
5x≥10
10
x≥___
5
x≥2
E para o denominador, temos que:
x-3≠0
x≠3
Logo, para que a função esteja bem definida, temos que o domínio será D={x∈ℝ|x≥2 e
x≠3}, ou ainda, em notação de intervalo D= [2,3)∪(3, +∞).
Definição. Uma função f é dita injetora se, para todo x1∈D(f) e x2∈D(f), com x1≠x2, tivermos
f (x1)≠f( x2).
Isto significa que uma função é injetora quando elementos distintos do domínio estão
associados a elementos distintos do contradomínio. Pensando no diagrama de flechas, a
condição de injetividade se caracteriza pelo fato de nenhum elemento do contradomínio
receber duas flechas.
Definição. Uma função f é dita sobrejetora se, para todo y∈CD(f), existe x∈D(f), tal que y=
f(x). Ou seja, f é sobrejetora se, e somente se, Im(f)= CD(f) .
No diagrama de flechas de uma função sobrejetora nenhum elemento do contradomínio
fica sem receber uma flecha. No entanto, note, caro(a) aluno(a), que essa condição de
sobrejetividade não impede que um elemento do contradomínio receba mais do que uma
flecha, e assim, uma função pode ser sobrejetora sem que seja injetora.
2.4 Simetria
Uma função é chamada de par se a função f satisfaz f(-x)= f(x) para todo número x em
seu domínio. O gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo y. Por outro lado,
se f satisfaz f(-x)= -f(x) para cada número x em seu domínio, então a função é chamada de
ímpar. Neste caso, o gráfico é simétrico com relação à origem.
Figura 2.5: (a) função par. (b) função ímpar. Fonte: Stewart (2013, p. 17)
Definição. A função f: A ➙ B, definida por y= f(x) é crescente no conjunto A1⊂A se, para
dois valores quaisquer, x1 e x2 de A1, com x1<x2, tivermos f(x1)<f(x2). Quando f é crescente em
todo seu domínio, dizemos apenas que f é crescente.
Definição. A função f: A ➙ B, definida por y= f(x) é decrescente no conjunto A2⊂A se, para
dois valores quaisquer, x1 e x2 de A2, com x1<x2, tivermos f(x1)>f(x2). Quando f é decrescente
em todo seu domínio, dizemos apenas que f é decrescente.
Definição. A função f: A ➙ B, definida por y= f(x) é constante no conjunto A3⊂A se, para
dois valores quaisquer, x1 e x2 de A3, com x1<x2, tivermos f(x1)=f(x2). Quando f é constante em
todo seu domínio, dizemos apenas que f é constante.
Caro(a) aluno(a), para finalizarmos esta aula é importante lembrá-lo que da mesma forma
que podemos fazer operações com números, as funções também podem ser adicionadas,
subtraídas, multiplicadas e divididas com vistas a produzir novas funções.
Definição. Sejam as funções f e g, então, temos que:
(f+g).(x)=f(x)+g(x)
(f-g).(x)=f(x)-g(x)
(f.g).(x)=f(x).g(x)
(f/g).(x)=f(x)/g(x)
Para concluir, caro(a) aluno(a), considerando y= f(x) uma função de A em B, se para cada
y∈B existir exatamente um valor y∈A tal que y= f(x), então podemos definir uma função g: B
➙ A de modo que x= g(y). Esta função é a inversa de f, denotada por f -1.
Para encontrar a função inversa de uma função injetora existe um passo a passo (STEWART,
2013):
1. Escreva y= f(x)
2. Isole x nessa equação, escrevendo-o em termos de y (se possível)
3. Para expressar f -1 como uma função de x, troque x por y. A equação resultante é y= f -1(x)
AULA 3
FUNÇÕES ELEMENTARES
Definição. Toda função f:ℝ➙ℝ na forma f(x)= k, com k∈ℝ, é uma função constante.
Isto significa que uma função é dita constante quando a cada elemento x do seu domínio,
associa-se um mesmo elemento k do seu contradomínio.
O gráfico da função constante é uma reta paralela ao eixo x, passando pelo ponto (0,k).
Dessa forma, o domínio da função é o conjunto dos números reais, D(f)=ℝ, enquanto que
sua imagem é o conjunto unitário Im(f)= k.
Definição. Toda função f:ℝ➙ℝ na forma f(x) = a0xn + a1x(n-1) + ... + a(n-1)x + an, é uma função
polinomial de grau n, em que a0,a1,...,a(n-1),an≠0 são os coeficientes.
O grau de uma função polinomial é determinado por meio do grau do polinômio que a
representa. O Quadro abaixo apresenta algumas funções polinomiais, observe:
Definição. Toda função f:ℝ➙ℝ na forma f(x)= ax+b, em que a e b são constantes reais, e
a≠0, é uma função afim. Sua lei de formação é baseada em um polinômio do primeiro grau
na variável x.
O gráfico da função afim ou da função do primeiro grau é a reta que passa pelo ponto
(0,b), paralela à reta y= ax. O domínio da função é o conjunto dos números reais, D(f)=ℝ, bem
como a sua imagem, Im(f)=ℝ.
Para a função afim a constante a é o coeficiente angular e representa a variação de y
correspondente a um valor de x igual a 1. Quando a>0 tem-se uma função crescente, enquanto
que quando a<0 a função é decrescente.
A constante b é o coeficiente linear e no gráfico representa a ordenada do ponto de
intersecção da reta com o eixo y, ou seja, no ponto (0,b).
Para a função afim a raiz da função (ou zero da função) representa o valor de x para o
qual a função intercepta o eixo das abcissas. Para obtê-lo em y= ax+b, fazemos y=0, de onde
segue que x = - b .
a
Anote isso
Lembrando que quando a concavidade está voltada para baixo, o vértice é o ponto máximo
da parábola, enquanto que quando sua concavidade está voltada para cima, o vértice é o
ponto mínimo.
O domínio da função quadrática é o conjunto dos números reais, D(f)= ℝ, enquanto que
sua imagem é definida a partir da concavidade da parábola:
Exemplo 3.2: Vamos esboçar o gráfico da função f(x)= -x2+10x-14; para isto é importante
conhecermos alguns de seus pontos.
Já sabemos que o gráfico é uma parábola que passa pelo ponto (0,-14).
Para encontrar as raízes da função fazemos:
Logo, a função tem duas raízes reais e distintas, uma vez que ∆>0:
Assim, podemos concluir que a representação gráfica da função f(x)= x2+10x-14 é uma
parábola com concavidade para baixo, uma vez que a<0, que intercepta o eixo x em dois
pontos: (1,68,0) e (8,32,0) e cujo ponto máximo está em (5,11), conforme apresentado na
Figura 3.2:
Definição. Toda função f:ℝ➙ℝ na forma f(x)=k.xn, em que k e n são constantes diferentes
de zero é uma função potência. k é a constante de proporção e n é a potência.
Definição. Toda função f: ℝ➙ℝ na forma f(x) = ax, em que a é uma constante positiva e
x é o expoente variável é uma função exponencial.
Para a função exponencial, se a>0, então f(x) = ax está bem definida, e tem um valor real
para cada valor real de x, assim D(f)= ℝ. Já a imagem é dada por Im(f)=(0,+∞), uma vez que
o gráfico da função decresce em direção a zero (sem nunca atingi-lo) e cresce sem parar à
medida que o percorremos em um sentido.
Dentre as bases das funções exponenciais a base e tem um importante papel no Cálculo.
Trata-se de um número irracional, cujo valor até a quinta casa decimal é dado por e≈2,71828.
Definição. Toda função f: ℝ➙ℝ na forma f(x) = logax, em que a é uma constante positiva
e a≠1 é uma função logarítmica.
Se a>0 e a≠1, então, a função logarítmica é a inversa da função exponencial, uma vez que
de acordo com a definição de logaritmos, temos que logax = y ↔ ay = x.
Logo, para a função logarítmica, D(f)=(0,+∞), enquanto que a imagem é Im(f)=ℝ.
Assim como para a função exponencial, o logaritmo mais importante é o de base e,
conhecido como logaritmo natural. Comumente, logex é escrito como In x (lê-se: logaritmo
natural). Além disso, logaritmos com base 10 são muito utilizados na ciência da computação,
e, comumente, log10x é escrito como log x (lê-se: logaritmo comum).
Definição. Toda função f: ℝ➙ℝ que a cada x∈ℝ faz corresponder o número real y=sen x
é uma função seno.
A função seno é contínua, limitada e periódica (com período igual a 2π). Seu domínio é
D(f)=ℝ, enquanto que sua imagem é Im(f)={y∈ℝ|-1≤y≤1}.
O estudo do sinal e da monotonicidade da função seno, no intervalo de 0 a 2π encontra-
se no Quadro abaixo:
Intervalo
Definição. Toda função f: ℝ➙ℝ que a cada x∈ℝ faz corresponder o número real y=cos x
é uma função cosseno.
Analogamente à função seno, a função cosseno é contínua, limitada e periódica (com
período igual a 2π). Seu domínio é D(f)=ℝ, enquanto que sua imagem é Im(f)={y∈ℝ|-1≤y≤1}.
O estudo do sinal e da monotonicidade da função cosseno, no intervalo de 0 a 2π encontra-
se no Quadro abaixo:
Intervalo
AULA 4
LIMITES
O objetivo desta aula, caro(a) aluno(a), é darmos uma definição de limite de uma função,
de uma maneira intuitiva e também de uma maneira formal.
Primeiramente, precisamos entender que o termo limite é utilizado para descrever como é
que uma função se comporta quando a variável independente tende a um determinado valor.
Seja a função f(x) = x2 - x + 1 podemos construir uma tabela para observarmos que quando
x está próximo de 2, tanto à esquerda como à direita os valores de f(x) se aproximam de 3.
Isto significa que o limite de f(x) = x2 - x + 1 é 3 quando x tende a 2, ou seja,
Assim, caro(a) aluno(a), de maneira informal ou intuitiva dizemos que uma função f tem
limite L quando x tende para a, desde que possamos fazer o valor de f(x) tão próximo quanto
queiramos de L, tomando x suficientemente próximo de a (mas não igual a a). Simbolicamente,
escrevemos como
|2x-3-1|<ε
|2x-4|<ε
|2.x-2|<ε
2.|x-2|<ε
ε
|x-2|< ___
2
A última desigualdade nos sugere a escolha do δ. Fazendo δ=ε/2 e observando que se a
última desigualdade da lista é verdadeira, então a primeira também é, e assim, temos que
se 0<|x-2|<δ, então |(2x-3)-1|<ε. Isto significa que .
Dizemos que o limite da função f é L quando x tende a a pela direita, desde que tomemos
os valores de x suficientemente próximos de a (mas maiores do que a). Simbolicamente,
escrevemos
Dizemos que o limite da função f é L quando x tende a a pela esquerda, desde que tomemos
os valores de x suficientemente próximos de a (mas menores do que a). Simbolicamente,
escrevemos
Anote isso
O limite bilateral existe se, e somente se, ambos os limites laterais (à esquerda e à
direita) existem e são iguais, ou seja:
se, e somente se =
Anteriormente, caro(a) aluno(a), nós utilizamos a definição de limite para provar que um
determinado número era limite de uma função. Agora, veremos que ao utilizarmos algumas
propriedades podemos encontrar os limites de uma maneira muito mais simples.
Supondo que k seja uma constate e que os limites e existam e possuam
valores L e M, respectivamente:
e =M
2. Diferença:
4. Produto:
5. Quociente:
6. Potência:
7. Raiz:
Além dessas propriedades, caro(a) aluno(a), devemos nos atentar para três casos específicos:
• Se f é a função identidade f(x) = x, então:
Exemplo 4.2: Utilizando as propriedades de limites, vamos calcular 4x2 +2x -1:
4x2 +2x -1 = 4. (2)2+2.(2)-1
=4. 4+4-1
=16+3
=19
Perceba, caro(a) aluno(a), que o limite da função f(x) = 4x2 + 2x - 1 foi obtido a partir da
substituição direta. Esta propriedade é enunciada da seguinte forma:
Propriedade de substituição direta: Se f for uma função polinomial ou racional e a estiver
no domínio de f , então f(a) .
Exemplo 4.3: Utilizando as propriedades de limites vamos calcular :
A partir do exemplo anterior, caro(a) aluno(a) podemos perceber que a definição do limite
do quociente entre as funções foi possível, apenas a partir do conhecimento dos valores
específicos de cada função.
Vamos agora ver um exemplo em que é necessário cálculos algébricos.
Exemplo 4.5: Seja a função , se quisermos encontrar o limite quando x➙ -2,
então, primeiramente, precisamos fatorar numerador e denominador, e na sequência fazer
as possíveis simplificações:
O Teorema do Confronto nos diz que se f(x)≤g(x)≤h(x) para todo x em um intervalo aberto
contendo a, exceto em x = a, e , então, .
AULA 5
LIMITES INFINITOS E LIMITES NO
INFINITO
Caro(a) aluno(a), até o momento estudamos situações de limite de uma função quando
x se aproxima de um número real a. Agora, vamos conhecer os limites infinitos e limites no
infinito.
Para a primeira função temos que se x está próximo a 3, mas é maior que 2, então
.
Para a segunda função temos que se x está próximo a 3, mas é menor que 2, então
.
A Figura 5.2 ilustra a curva f ( x) = 2 x . Note, caro(a) aluno(a), que a reta x= 3 é uma
x- 3
assíntota vertical, uma vez que é a reta vertical da qual o gráfico se aproxima ao mesmo
tempo que aumenta ou diminui sem limite.
2x
Figura 5.2: Representação gráfica de f ( x) = . Fonte: a autora.
x- 3
Até o momento, caro(a) aluno(a), estudamos limites de uma função quando x se aproxima
de um número real a. No entanto, existem casos em que queremos verificar como é que
uma determinada função se comporta quando x cresce ou decresce infinitamente.
Dizemos que quando podemos obter valores para f(x) tão próximos de L
quanto quisermos, à medida que x cresce sem parar.
Analogamente dizemos que quando podemos obter valores para f(x) tão
próximos de L quanto quisermos, à medida que x decresce sem parar.
Definição. Seja f uma função definida em algum intervalo (a,+∞). Então ;
significa que os valores de f(x) ficam arbitrariamente próximos de L tomando x suficientemente
grande.
Definição. Seja f uma função definida em algum intervalo (-∞,a). Então ;
significa que os valores de f(x) ficam arbitrariamente próximos de L tomando x suficientemente
grande em valor absoluto, mas negativo.
Especificamente, no cálculo de limites no infinito, precisamos nos atentar para dois casos:
• , uma vez que ao tomarmos x grande o suficiente, f(x) tende a infinito. Analogamente,
.
x
Exemplo 5.2: Para determinarmos , precisamos manipular a função f ( x) =
x+ 1
algebricamente, dividindo todos os termos por x:
x
Figura 5.3: Representação gráfica de f ( x) = . Fonte: a autora.
x+ 1
Anote isso
2x2 + 1
Exemplo 5.3: Seja a função f ( x) = vamos determinar as assíntotas horizontais
3x - 5
e verticais:
1 1
2 x2 + 1 = - 2 x2 + 1
x x 2
1
=- 2+
x2
Logo,
2
Isto significa que a reta y = - também é uma assíntota horizontal.
3
Quanto à assíntota vertical a mesma deve ocorrer quando o denominador for igual a
5 5
zero, tal que
3 x - 3x-5=0➙x=
5 = 0 Þ x = . Se x estiver
3 x -próximo
5 = 0 Þ de
x= e x > 5 , então o denominador está
3 3 3
próximo de 0 e 3x - 5 é positivo. O numerador √2x2 + 1 é sempre positivo e, portanto, f(x)é
positivo. Assim:
5
Se x estiver
3 x -próximo
5 = 0 Þ de
x= e x < 5 , então 3x - 5 é menor que zero e, portanto, f(x) é muito
3 3
grande em valor absoluto (porém negativa). Assim:
x2 + x
Exemplo 5.4: Vamos encontrar o limite da função f ( x) = quando x➙∞.
3- x
AULA 6
CONTINUIDADE
Assim, uma função f é dita contínua em x = a, se f(a) está definida e existe. Além
disso, de acordo com Thomas et al. (2012), para definirmos a continuidade em um ponto
do domínio de uma função é necessário definirmos a continuidade em um ponto interior e
em um ponto extremo:
• Ponto interior: uma função y = f(x) é contínua em um ponto interior a, se
• Extremidade: uma função y = f(x) é contínua na extremidade esquerda ou é contínua na
extremidade direita, se ou , respectivamente.
É importante destacar, caro(a) aluno(a), que se uma função f não for contínua em um ponto
a, então dizemos que a função é descontínua em a, em que a é o ponto de descontinuidade.
A Figura abaixo ilustra alguns casos de pontos de descontinuidade, observe:
Figura 6.1: Alguns pontos de descontinuidade. Fonte: Demana et al. (2013, p. 74).
Exemplo 6.1: Se existirem vamos determinar os pontos nos quais as funções são
descontínuas:
i)
ii)
Para verificarmos em quais pontos as funções são descontínuas precisamos calcular o
x2 - 1
limite da função f ( x) = quando x➙1:
x- 1
2
Figura 6.1: Representação gráfica de f ( x) = x - 1 para os casos i) e ii). Fonte: a autora.
x- 1
f ( x)
• O quociente das funções: , desde que g(x)≠0
g ( x)
Isso implica que as funções polinomiais são contínuas para qualquer valor de x e que as
funções racionais são contínuas em todos os pontos de seu domínio.
Teorema. a) Qualquer polinômio é contínuo em toda a parte; ou seja, é contínuo em
ℝ= (-∞,∞). b) Qualquer função racional é contínua sempre que estiver definida, ou seja, é
contínua em seu domínio.
x3 + 5 x 2 + 4
A função f ( x) = é racional e por definição é contínua em seu domínio
5 - 3x
Assim,
Definição. Se f for uma função contínua em um intervalo fechado [a,b] e N for um número
qualquer entre f(a) e f(b), em que f(a)≠f(b), então existe um número c em (a,b), tal que f(c) = N.
O Teorema do valor intermediário encontra-se ilustrado na Figura abaixo, em que observamos
que o valor N pode ser assumido uma vez (a) ou mais de uma vez (b).
Exemplo 6.4: Vamos mostrar que existe uma raiz da equação 4x3 - 6x2 + 3x -2 = 0 entre
1 e 2.
Considerando a função f(x) = 4x3 - 6x2 + 3x -2 estamos interessados em um número c
entre 1 e 2, tal que f(c) = 0. Tomando a = 1, b = 2 e N = 0, temos que:
Logo, f(1) < 0 < f(2), ou seja, N = 0 é um número entre f(1) e f(2).
Como a função f é contínua por ser um polinômio, então, de acordo com o Teorema do
Valor Intermediário, existe um número c entre 1 e 2 tal que f(c) = 0, ou seja, a equação 4x3
- 6x2 + 3x -2 = 0 tem ao menos uma raiz c no intervalo (1,2).
Uma vez que
f(1,22)=4.(1,22)3-6.(1,22)2+3.(1,22)-2=7,2634-8,9304+3,66-2=-0,007<0
f(1,23)=4.(1,23)3-6.(1,23)2+3.(1,23)-2=7,4435-9,0774+3,69-2=0,0561>0
Isto significa que uma raiz está no intervalo (1, 22, 1, 23).
AULA 7
DERIVADAS
Caro(a) aluno(a), vamos iniciar nossos estudos sobre derivadas com um problema
geométrico que motivou muitas das ideias básicas do Cálculo, conhecido como problema
da Reta Tangente, o qual consiste na determinação da reta tangente em um ponto específico
de uma curva.
Considerando a curva representada na Figura 7.1, dada pela equação y = f(x), a inclinação
da reta secante PQ será dada por:
f ( x) - f (a)
mPQ =
x- a
Se a inclinação mPQ da reta secante por P e Q tender a um limite quando x➙a, então, esse
limite será considerado como a inclinação mPQ da reta tangente em P.
Definição. A reta tangente à curva y = f(x) no ponto P (a,f(a)) é a reta que passa por P com
inclinação , sempre que o limite existir.
A equação da definição acima, caro(a) aluno(a), também pode ser expressa como
, se h = x - a.
Anote isso
A equação da reta que passa por um ponto P (x0, y0) com inclinação m é da forma
y-y0=m.(x-x0).
Fonte: Swokowski (1983).
y-5=6.(x-3)
y-5=6x-18
y=6x-13
df dy d
f '( x) = y ' = = = [ f ( x)]= Dx f ( x)
dx dx dx
Em grande parte do texto, vamos utilizar a notação f '(x) para representar a derivada.
Embora, em algumas situações, até mesmo por questões didáticas, utilizaremos também
df
a notação dx .
d
Atente-se, caro(a) aluno(a), que os símbolos D e dx são chamados de operadores diferenciais,
uma vez que eles indicam a operação de diferenciação, ou seja, o processo de cálculo de
uma derivada.
Além disso, lembre-se que “uma função f é dita derivável ou diferenciável em a, se f '(a)
existir. É derivável ou diferenciável em um intervalo aberto (a,b) [ou (a,∞) ou (-∞,a) ou (-∞,∞)]
se for diferenciável em cada número do intervalo” (STEWART, 2013, p. 143).
Anote isso
Funções contínuas não são necessariamente deriváveis! É possível construir uma função
que é contínua em todos os pontos, mas que não é derivável em nenhum deles. Como
exemplo, podemos citar as funções de Weierstrass (HARDY, 1916) e também o floco
de neve de Koch.
Fonte: Addison (1997).
Caro(a) aluno(a), conforme vimos no Exemplo 7.2, o cálculo da derivada de uma função
como um limite pode ser um tanto quanto trabalhoso na prática por isso, existem algumas
técnicas de diferenciação que nos possibilitam calcular a derivada de uma função de uma
forma muito mais simples, observe:
Se f ( x) = k , df = d [k ] = 0
dx dx
Se f ( x) = x n , df = d [ x n ] = nn×.xxn- n-1
1
dx dx
Se gg(g(gx(x()x)x= .kf×f×(f(fx(x(),x),x),),dg
)=)==kkk××
dg
dg
dg dddd
k.×× [[f[f[(f(fx(x()x)]x])=
====kkk×× ]]==kkk××kg×g.×g'(g'(x'(x'()x)x))
)=
dx
dx
dx
dx dx
dx
dx
dx
Se h( x) = f ( x) + g ( x), dh = d [ f ( x) + g ( x) ]= d [ f ( x) ]+ d [g( x) ]
dx dx dx dx
Se h( x) = f ( x) - g ( x), dh = d [ f ( x) - g ( x) ]= d [ f ( x) ]- d [g( x) ]
dx dx dx dx
d 4
y'=
dx
(x + 3x 2 + 5 x - 3)
= 4 x3 + 6 x + 5
Regra do produto
dhdh
dhdh
dhddddd ddddd ddddd
Se hh(h(xh(x)h(x)=x()=x)=)= (f(xf(x)f(x)×.x()×
f f= gx)×
g(×
)(xg
g g.x)×
×(x),g(x),x(),x),), =====[[f[f([f(x[f(x)f(x)×x()× g(× ×(x)g(x)]x]()==
)(xg
g ])=f]f=(f(xf(x)f(x)×x()×x)×.×) [×[gg[(g[(xg[(x)g(x)]x]+
]x)= ]x)+])+]+[[f[f([f(x[f(x)f(x)]×
()+ x]()×
]x)×
g g](x.g
g])(× ×(x)g(x)x() x) )
dx
dx
dx
dx
dxdx
dx
dx
dx
dx dx
dx
dx
dx
dx dx
dx
dx
dx
dx
Exemplo 7.4: Vamos encontrar a derivada de y=(x5-x) . (2x+3) utilizando a regra do produto:
Regra do quociente
Se
4x2 - 1
Exemplo 7.5: Vamos encontrar a derivada de y = utilizando a regra do quociente:
x+ 2
Regra da cadeia
Se
Exemplo 7.6: Seja y = cos(x2), vamos encontrar a sua derivada utilizando a regra da cadeia:
Perceba, caro(a) aluno(a), que a regra da cadeia é utilizada quando queremos obter a
derivada de funções compostas. De forma equivalente, na notação de Leibniz, se y = f(u) e
u = g(x) forem funções deriváveis, então:
Exemplo 7.7: Vamos encontrar a derivada de y = √x2 + 2 utilizando a regra da cadeia com
a notação de Leibniz, considerando y = √u em que u = x2 + 2:
Caro(a) aluno(a), lembra-se que na Aula 2 nós trabalhamos com as funções exponenciais
e logarítmicas? Por definição, as suas derivadas são dadas por:
• Se
• Se
• Se
• Se
• Se
Exemplo 7.8: Vamos encontrar a derivada de y = e3x. Para isto, precisamos considerar
y=eu em que u = 3x, logo, utilizando a regra da cadeia, obtemos:
AULA 8
DERIVADAS DE ORDENS
SUPERIORES E DERIVAÇÃO
IMPLÍCITA
Caro(a) aluno(a), dando continuidade às derivadas, nesta aula vamos estudar as derivadas
de ordens superiores e a derivação implícita. Vamos lá?
Por definição, a derivada f ' de uma função f é uma nova função que pode ter sua própria
derivada.
Definição. Seja f uma função derivável. Se f ' também for derivável, então a sua derivada
d2 f
é chamada de derivada segunda de f e é representada por f "(x) ou .
dx 2
Assim, a derivada de f ' é f " (segunda derivada de f); a derivada de f " é f "' (terceira derivada
de f); e assim por diante até que possamos obter uma derivada de enésima ordem, denotada
por:
dny dny
= f (n)
( x ) = [ f ( x)]
dx n dx n
d 4
f '( x) =
dx
( x + 2 x3 - 4 x 2 + 2 x - 8)
= 4 x3 + 6 x 2 - 8 x + 2
d
f ''( x) =
dx
( 4 x3 + 6 x 2 - 8 x + 2)
= 12 x 2 + 12 x - 8
d
f '''( x) =
dx
(12 x 2 + 12 x - 8)
= 24 x + 12
d
f ''''( x) = (24 x + 12)
dx
= 24
d
f '''''( x) = (24)
dx
=0
Atente-se, caro(a) aluno(a), que as derivadas de ordem superior também podem ser
expressas das seguintes formas:
Dessa forma, considerando uma partícula se movendo sobre um eixo horizontal, cuja
posição é dada por:
S(t) = t2
Caro(a) aluno(a), antes de nós estudarmos a derivação implícita precisamos definir uma
função na forma implícita. Considerando a equação F(x,y) = 0, dizemos que a função y=f(x) é
definida implicitamente pela equação, se ao substituirmos y por f(x) em F(x,y) = 0, a equação
se transformar em uma identidade.
Até o momento, caro(a) aluno(a), estudamos as funções deriváveis da forma y = f(x), em
que a variável y estava explicitamente expressa em termos da variável independente x. No
entanto, também pode haver casos em que a variáve y está implicitamente expressa em
termos da variável x. Veja os exemplos abaixo:
x2
x3 + y3 + 2xy = 1, + y 2 = 4 ou tg(xy) = x + y
2
Sempre que não for possível reescrever a variáve y = y(x), diremos que para essas equações,
define-se uma relação implícita entre as variáveis x e y. Nestes casos, seremos capazes de
dy
determinar a derivada baseados nessas equações, mesmo sem reescrevermos uma
dx
dy
variável em função da outra. dx é o que chamaremos de derivada implícita.
O método da derivação implícita, caro(a) aluno(a), consiste em derivar os dois lados da
equação com relação a variável x, e ao final, resolver a equação resultante para y ' = dy .
Veja os exemplos abaixo: dx
d 2 d
( y - x) = (1)
dx dx
d 2 d d
(y )- ( x) = (1)
dx dx dx
d 2
(y )- 1= 0
dx
d 2
Considerando que y = y(x), então, podemos calcular a derivada ( y ) , usando a regra
dx
da cadeia, ou seja:
d 2 dy
dy
( y ) dx - 1 = 0
dy
2y - 1= 0
dx
dy
2y = 1
dx
dy 1
=
dx 2 y
Exemplo 8.5: A curva cúbica x3 + y3 + 4xy é conhecida como Folium de Descartes. Utilizando
a derivação implícita podemos determinar a equação da reta tangente a essa curva no ponto
(-2, -2):
Figura 8.1: Equação da reta tangente a essa curva cúbica x 3 + y 3 + 4 xy = 0 no ponto (-2,-2). Fonte: a autora.
A partir da Figura acima é fácil notar que o ponto (-2, -2) está sobre a curva, uma vez que:
x3+y3+4xy=0
(-2)3+(-2)3+4.(-2).(-2)=0
-8-8+16=0
0=0
Para determinarmos a inclinação da reta tangente à curva no ponto (-2, -2), precisamos
utilizar a derivação implícita, tal que:
Substituindo as coordenadas do ponto (-2, -2) na derivada acima encontrada temos que:
y-y0=m.(x-x0)
y-(-2)=-1.(x-(-2))
y+2=-x-2
y=-x-2-2
y=-x-4
AULA 9
APLICAÇÕES DAS DERIVADAS
Nesta aula, veremos algumas das aplicações das derivadas, como encontrar os pontos
extremos de uma função e também a regra de L’Hôpital, que nos auxilia no cálculo de limites.
Em várias situações cotidianas queremos saber quando é que uma função y = f(x) atinge
o seu máximo ou o seu mínimo. Para exemplificar, vamos supor que uma determinada
empresa produz calculadoras; claramente ela quer fabricar seu produto no menor custo
possível e vendê-lo ao maior lucro possível.
Dizemos que uma função f(x) tem um ponto de máximo local no ponto c se f(c)≥f(x) para
todo x próximo a c, ou seja, próximo ao ponto c não tem nenhum outro ponto x de tal forma
que a função f(x) seja maior que f(c). Por outro lado, se f(c)≤f(x) para todo ponto x próximo
a c dizemos que c é um ponto de mínimo local, uma vez que perto do ponto c a função não
terá nenhum outro ponto x de forma que f(x) seja menor que f(c).
Atente-se, caro(a) aluno(a), que se o ponto c é um ponto de máximo ou mínimo local da
função f(x), então, dizemos que este ponto é um extremo local da função.
Considerando a função dada por f(x) = - x4 + 4x2 - 1, a partir da sua representação gráfica
(Figura 9.1), é possível perceber que a mesma apresenta dois pontos de máximo local e um
de mínimo local.
Os pontos de máximo local ocorrem em x = ±√2, enquanto que o ponto mínimo local
ocorre em x = 0.
Nos casos em que o extremo da função (seja ele máximo ou mínimo) é o maior (ou o
menor) valor da função em todo o seu domínio, então o ponto será chamado de máximo
(ou mínimo) global.
Mas você sabe encontrar os pontos extremos de uma função? Veremos ao longo do
texto que nos pontos extremos locais e globais das funções deriváveis, a inclinação da reta
tangente é nula, ou seja, se c é um ponto de máximo (ou mínimo), então f '(c) = 0.
Teorema de Fermat: Se f tiver um máximo ou um mínimo local em c e se f '(c) existir,
então f '(c) = 0.
Vamos voltar à função que vimos anteriormente: f(x) = - x4 + 4x2 - 1.
A sua derivada é dada por:
f '(x)= 4x3 + 8x
Para encontrarmos as raízes, precisamos igualar a derivada a zero e assim:
-4x3+8x=0
x.(-4x2+8)=0
Para que o produto seja nulo ou x = 0 ou -4x2 + 8 = 0. Para este segundo caso, temos que:
-4x2+8=0➙x=±√2
Isto significa que os pontos x = 0 e x = ±√2 são os zeros da função derivada e, portanto,
os extremos locais da função.
Por definição, a primeira e a segunda derivadas de uma função podem nos trazer importantes
informações sobre seu comportamento. A primeira derivada se relaciona com o crescimento
da função, enquanto que a segunda derivada se relaciona com a concavidade.
Teste da primeira derivada: dada uma função f(x) com primeira derivada contínua; se
a primeira derivada é positiva, f '(x) > 0, para todo x pertencente a um intervalo qualquer Ι,
então a função é crescente neste intervalo. Além disso, se a derivada é negativa, f '(x) > 0,
para todo x∈J, então, a função é decrescente em J.
Exemplo 9.1: Vamos determinar os intervalos de crescimento e de decrescimento de
f(x)=x3 - 2x2 + x + 2. Para isto, primeiramente, precisamos derivar a função:
d 3
f '( x) =
dx
(x - 2 x 2 + x + 2)= 3x 2 - 4 x + 1
1
3 x 2 - 3x
4 x2-4x+1=0➙x=
+ 1= 0 Þ x = ;;x=1
x= 1
3
Ou seja, x = 1 e x = 1 são os pontos críticos da função.
3
1 1
Isto significa que f é crescente em --∞
¥ < x < , decrescente em < x < 1 e crescente
3 3
em 1<x<∞.
Teste da primeira derivada – Extremos: seja c um ponto crítico da função f(x), então:
• Se o sinal de f ' mudar de positivo para negativo em c, então f tem um máximo local em c;
• Se o sinal de f ' mudar de negativo para positivo em c, então f tem um mínimo local em c;
• Se f ' não mudar de sinal em c (isto é, f 'é positivo ou negativo em ambos os lados de
c), então f não tem máximo ou mínimo locais em c.
• Para o ponto crítico x = 1 , verificamos que f '(x) muda de sinal de positivo para negativo
3
quando passamos por x = 1 da esquerda para a direita; logo, um máximo local ocorre em
3
1
x= ;
3
• Para o ponto crítico x = 1, verificamos que f '(x) muda de sinal de negativo para positivo
quando passamos por x = 1 da esquerda para a direita; logo, um mínimo local ocorre em x = 1;
A Figura 9.2 representa graficamente estas conclusões:
Teste da segunda derivada - Concavidade: dada uma função f(x) com segunda derivada
contínua; se a segunda derivada é positiva, f n(x)>0 para todo x pertencente a um intervalo
qualquer Ι, então a função é côncava para cima em Ι. Além disso, se a derivada é negativa,
f n(x)<0, para todo x∈J, então, a função possui concavidade para baixo em J.
Exemplo 9.3: Vamos estudar a concavidade da função f(x) = x3 + 5x2 - 1. Para isto,
precisamos encontrar a primeira e a segunda derivada:
d 3
f '( x) =
dx
(x + 5 x 2 - 1)= 3x 2 + 10 x
d
f ''( x) =
dx
(3x 2 + 10 x)= 6 x + 10
5
6 x +6x+10=0➙x=
10 = 0 Þ x = -
3
5
Isto significa que f tem a concavidade para baixo em
- ¥-∞<x<
< x< - e f tem a concavidade
3
para cima em - 5 < x < ∞.
¥
3
Quando x = - 5 a concavidade de f muda de sentido e assim, é um ponto
3
de inflexão.
Anote isso
Exemplo 9.4: Vamos encontrar os extremos locais de f(x) = x3 + 5x2 - 1, aplicando o teste
da segunda derivada. Já sabemos que f '(x) = 3x2 + 10x, logo, f '(x) é nulo quando:
10
3x23+10x =x0➙x=
x 2 + 10 Þ x= - ;;x=0
x= 0
3
em - 10
3
dos tipos 0 e .
0
f ( x)
(exceto possivelmente em a), se g'(x)≠0 para todo x≠a, e se toma a forma indeterminada
g( x)
0
ou em x = a, então:
0
f '( x)
Desde que tenha um limite ou torne-se infinito quando x➙a.
g'( x)
Como visto no Exemplo anterior, atente-se, caro(a) aluno(a), que quando usamos a regra
de L’Hôpital nós derivamos numerador e denominador separadamente, ou seja, não usamos
a regra do quociente. Veja mais um Exemplo abaixo:
AULA 10
FÓRMULA DE TAYLOR
f f''(f''(
cf)''(c''(
)c)c) f (fn )(fn(f()cn(())cn())c()c) n n n n
PnP(nPx(nP)x(n=)x(=
)x)=
f=
(fc(f)cf(+)c(+)cf+ ) + ×(×x(.×-x(×x-(cx-)c-2)c+2)c+
) +f'(cf'()fc'(×).c'((×)cx(×)-x(×x-(cx-)c-+)c+)c+ 22
)...+...
+...+...++ ×(×x(×-x.(×x-(cx-)c-)c)c)
2!2!2!2! n !n n! n! !
Portanto,
Considerando o polinômio de Taylor de grau n de uma função f(x), Rn(x) é a diferença entre
f(x) e Pn(x) , ou seja, Rn(x) = f(x) - Pn(x), conforme representado na Figura 10.1:
ff ''(''(cc)) 22 ff ((nn))((cc))
ff ((xx)) == PPnn((xx)) == ff ((cc))++ ff '('(cc))×.×((xx-- cc))++ .××((xx-- cc)) ++ ...
...++ ××.((xx-- cc))nn ++ RRnn((xx))
2!
2! nn!!
Rn(x) é denominado de resto, uma vez que para os valores de x nos quais Rn(x) é “pequeno”,
o polinômio Pn(x) dá uma boa aproximação de f(x).
Proposição. Considerando f: [a,b] ➙ ℝ uma função definida em um intervalo [a,b], e supondo
que as derivadas f ', f ", ..., f(n) existam e são contínuas em [a,b], e que f(n+1) exista em (a,b).
Considerando c um ponto qualquer fixado em [a,b], então, para cada
x∈[a,b], com x≠c, existe um ponto z entre c e x, tal que:
ffff((n(n(n)n))(0)
)
(0) nnnn ffff((n(n(n+n++1)+1)1)1)(((z(zz)z))) nnn+n++1+111
(0)
(0)
ffff(((x(xxx))))==== ffff(0)
(0)
(0)
(0)++++ ffff'(0)
'(0)
'(0)
'(0)×××x×
.xxx++++...
...
...
...++++ ×××
.x×xxx ++++ ××
.×x×xxx
nnnn!!!! (((n(nnn++++1)!1)!1)!
1)!
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 72
CÁLCULO DIFERENCIAL E
INTEGRAL I
ME. REBECCA MANESCO PAIXÃO
Portanto,
Portanto,
A Figura 10.2 ilustra o gráfico de f(x), P2(x) e P4(x). Ao compararmos os gráficos, observamos
que o gráfico de P4(x) está mais próximo do gráfico de f(x). Aumentando n, o gráfico de Pn(x)
se aproxima cada vez mais do gráfico de f(x).
Figura 10.2: Representação gráfica de f ( x ) = cos x , P ( x) e P4 ( x) . Fonte: Flemming e Gonçalves (2006, p. 322).
2
Como f v(x)=-sen x e |-sen x|≤1 para qualquer valor de x, podemos afirmar que o resto
satisfaz:
Exemplo 10.3: Vamos determinar os extremos da função f(x) = (x - 2)6. Para isto, precisamos
encontrar a derivada da função:
dd
ff '('(xx))==
dx
dx
((((xx-- 2)2)66))== 66×.×((xx-- 2)2)55
6.(x-2)5=0➙x=2
AULA 11
FUNÇÕES PARAMÉTRICAS
Considerando x = x(t) e y = y(t) duas funções da mesma variável real t, t ∈ [a,b], então, por
definição, temos que a cada valor de t correspondem dois valores x e y.
Isto significa, caro(a) aluno(a), que cada valor de t determina um ponto P(x,y) que pode
ser plotado em um plano xy.
Se as funções x = x(t) e y = y(t) são contínuas quando t varia de a até b, então o ponto P(x(t),y(t))
descreve uma curva no plano. Em outras palavras, a função com entrada unidimensional
e um resultado multidimensional pode ser considerada como o desenho de uma curva. Na
prática, muitas curvas costumam ser representadas na forma paramétrica.
Neste caso, as equações x = x(t) e y = y(t) são chamadas de equações paramétricas da
curva e t é chamado de parâmetro.
Exemplo 11.1: As equações x = 2t + 1 e y = 4t +3 definem uma função x(y) na forma
paramétrica, uma vez que a função x = 2t + 1 é inversível, tal que a sua inversa é dada por
11
tt== × ((xx-- 11)). Se substituirmos este valor na equação y = 4t +3, então obtemos a equação
.×
22
cartesiana da função x(y), dada por:
“Quando t varia, o ponto (x,y) = (f(t),g(t)) varia e traça a curva C, que chamamos curva
paramétrica. O parâmetro t não representa o tempo necessariamente e, de fato,
poderíamos usar outra letra em vez de t para o parâmetro. Porém, em muitas aplicações
de curvas paramétricas, t denota o tempo e, portanto, podemos interpretar (x,y) =
(f(t),g(t)) como a posição de uma partícula no tempo t".
Fonte: Stewart (2007, p. 647).
Figura 11.1: A curva parametrizada por x(t ) = t 2 - 2t e y (t ) = t + 1 . Fonte: Stewart (2007, p. 647).
x - x0
= cos t
a
x - x0 = a ×cos t
x = x0 + a ×cos t
(x - x0)2 + (y - y0)2 = r2
AULA 12
DERIVADAS DE FUNÇÕES
PARAMÉTRICAS
Caro(a) aluno(a), assim como estudamos as derivadas das funções de uma variável real
anteriormente, também é possível derivarmos uma função paramétrica.
Considerando y uma função de x definida pelas equações paramétricas x = x(t) e y=y(t),
com t ∈ [a,b], e supondo que as funções x = x(t) e y = y(t) e sua inversa t = t(x) são deriváveis,
então podemos ver a função y = y(x) como uma função composta y = y[t(x)].
Aplicando a conhecida regra da cadeia, temos que:
1
t '( x) =
x '(t )
dy
dy
Dessa forma, podemos reescrever == yy'('(tt))×.×tt'('(xx)) como:
dx
dx
dy
Exemplo 12.1: Vamos calcular a derivada da função y(x) definida na forma paramétrica
dx
pelas equações x = 3t - 1e y = 9t2 - 6t:
d
dy dt (
9t 2 - 6t )
=
dx d
(3t - 1)
dt
18t - 6
=
3
= 6t - 2
dy
Caro(a) aluno(a), se no exemplo acima, quiséssemos obter o valor da derivada em
dx
dy
função de x, então teríamos que determinar t = t(x) e substituir o resultado em = 6t - 2
dx
. Assim:
11 dy
Substituindo tt == ×.×((xx++ 11)) em = 6t - 2 , obtemos que:
33 dx
dy dx dy
é uma função derivável de x, as derivadas , e estão relacionadas pela regra da
dt dt dx
cadeia:
dy dy dx
= ×
dt dx dt
Lembrando que a inclinação da tangente à curva y = f(x) em (x,f(x)) é f '(x), então podemos
dy
utilizar a derivada para encontrar tangentes a curvas paramétricas.
dx
dy
Por definição, em um ponto (x0, y0), a equação da reta tangente é dada por ( y - y0 )= (x - x0 )
dx t
.
Exemplo 12.2: Vamos encontrar a reta tangente à curva parametrizada x = sec t e y = tgt,
com , no ponto ( )
2,1 , em que , conforme representado na Figura 12.1:
Figura 12.1: A curva é o ramo direito da hipérbole x² - y² = 1 . Fonte: Thomas et al. (2012, p. 86).
Exemplo 12.3: Seja uma curva c definida pelas equações paramétricas x = t2 e y = t3 - 3t,
vamos determinar onde é que a curva desce e sobe, e onde a sua concavidade se encontra
para cima ou para baixo. Para isto, precisamos calcular a derivada segunda.
dy
Primeiramente, vamos encontrar :
dx
d 3
dy dt (
t - 3t )
3t 2 - 3
= =
dx d 2 2t
dt
(t )
Isto significa que a concavidade da curva é voltada para cima quando t>0 e para baixo
quando t<0.
AULA 13
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
Caro(a) aluno(a), até o momento estudamos funções reais de uma variável, em que um
determinado número real x associava-se a um número real f(x). No entanto, vários fenômenos
da natureza são representados por funções dependentes de mais de uma variável.
Por exemplo, para modelar a temperatura em uma determinada região, podemos utilizar
uma função de duas variáveis (latitude e longitude), tal que T = f (latitude, longitude).
Uma função de duas variáveis é uma regra de associação, que associa a cada par ordenado
de números reais (x,y) de um subconjunto D ⊆ ℝ2, um único número real denotado por f(x,y).
Neste caso, utilizamos a seguinte notação:
(x,y) ➙ z = f(x,y)
Em que z é a variável dependente e x e y são as variáveis independentes. O domínio da
função é o conjunto D e o subconjunto dos reais f(D) = {f(x,y) ∈ ℝ|(x,y) ∈ D} é o conjunto
imagem da função f(x,y).
Analogamente, uma função de três variáveis é uma correspondência f que a cada terna
(x,y,z) de um subconjunto D ⊆ ℝ3, associa um único número real w. Neste caso, utilizamos
a seguinte notação:
(x,y,z) ➙ w = f(x,y,z)
Em que w é a variável dependente, e x, y e z são as variáveis independentes. O domínio
da função é o conjunto D, e o subconjunto dos reais f(D)={f(x,y,z)∈ℝ|(x,y,z)∈D} é o conjunto
imagem da função f(x,y,z).
Definição. Supondo que D seja um conjunto de n-uplas de números reais (x1, x2,...,xn). Uma
função a valores reais f em D é uma regra que associa um único número real u = f (x1, x2,...,xn)
a cada elemento em D. O conjunto D é o domínio da função, enquanto que o conjunto de
valores de u assumidos por f é a imagem da função.
Caro(a) aluno(a), atente-se que o trabalho com funções reais de várias variáveis se torna
mais fácil quando conhecemos explicitamente uma expressão da função. Quando não
mencionamos, explicitamente, o domínio de uma função, o seu domínio fica subentendido
como sendo o maior conjunto possível.
Assim, neste processo, devemos garantir que em frações o denominador não seja zero
e que dentro das raízes quadradas não tenham números negativos e que o valor, dentro de
um logaritmo, seja, estritamente, positivo.
Exemplo 13.1: Vamos determinar o domínio da função f(x,y) = x In(y2 - x).
Já sabemos que f é bem definida quando y 2-x>0 ➙ x<y 2. Logo, o domínio será
D = {(x, y ) x < y 2 } .
x+ y+ 1
Exemplo 13.2: Vamos determinar o domínio da função f (x, y )= , e calcular f(2,1).
x- 1
Já sabemos que f é bem definida se o denominador for diferente de zero, x-1≠0 ➙ x≠1,
e se o número cuja raiz quadrada for extraída for não-negativo, x+y+1≥0. Logo, o domínio
será D={(x,y)|x+y+1≥0,x≠1}.
Para encontrarmos f(2,1), basta substituirmos os valores das variáveis independentes x=2
x+ y+ 1
e y=1 em , e calcular o valor correspondente, tal que:
x- 1
(2)+ (1)+ 1
f (2,1)=
(2)- 1
4
=
1
= 2
Neste estudo, vamos nos restringir aos gráficos de funções de duas variáveis. Para
elaboração de seu gráfico, por exemplo, precisamos associar a entrada (x,y) com a saída
f(x,y), combinando ambas em um trio (x,y,f(x,y)), e traçar um mapa desse trio como um ponto
no espaço tridimensional. Por definição, o gráfico conta com todos os pontos tridimensionais
possíveis que formam uma superfície.
Exemplo 13.3: Vamos esboçar o gráfico da função f(x,y) = 6 - 3x - 2y. Para isto, primeiramente
precisamos encontrar os interceptos.
Fazendo y = z = 0 em z = 6 - 3x - 2y, obtemos que
0 = 6 - 3x - 0
3x = 6
6
x=
3
x= 2
Analogamente, fazendo y = z = 0 em z = 6 - 3x - 2y, obtemos que
0 = 6- 0- 2y
2y = 6
6
y=
2
y= 3
E, fazendo x = y = 0 em z = 6 - 3x - 2y, obtemos que
z = 6- 0- 0
z= 6
Figura 13.1: Esboço do gráfico da função f (x, y )= 6 - 3 x - 2 y .Fonte: Stewart (2007, p. 888)
Como vimos acima, caro(a) aluno(a), curvas de nível ou mapas de contorno, também são
utilizados para visualização de funções de duas variáveis. Uma vez que os mesmos mostram
apenas o espaço de entrada, eles acabam sendo úteis apenas para funções com entrada
bidimensional e uma saída unidimensional.
Definição. Curvas de nível de uma função f de duas variáveis são aquelas com equação
f(x,y) = k, em que k é uma constante (na imagem de f).
No caso da representação de uma curva de nível precisamos escolher um conjunto de
valores de saída para representar, e para cada um deles, desenhar uma linha que passa por
todos os valores de entrada (x,y) para os quais f(x,y) é igual a esse valor (KHAN ACADEMY,
online).
Segundo Stewart (2007), ao traçar as curvas de nível de uma função e visualizá-las elevadas
para a superfície na altura indicada é possível imaginar o gráfico da função colocando as
duas informações juntas. Neste caso, a superfície é mais inclinada onde as curvas de nível
estão mais próximas umas das outras; e a superfície é mais ou menos plana onde as curvas
de nível estão distante umas das outras.
Exemplo 13.4: Vamos representar graficamente f(x,y) = 100 - x2 - y2 e traçar as curvas de
nível f(x,y) = 0, f(x,y) = 51 e f(x,y) = 75.
Por definição, o gráfico é o paraboloide 100 - x2 - y2, cuja parte positiva encontra-se
demonstrada na Figura 13.2. A curva de nível f(x,y) = 0 é o conjunto de pontos no plano xy
em que:
f(x,y) = 100 - x2 - y2 = 0
x2 + y2 = 0
que é uma circunferência da raio 10 centrada na origem.
Analogamente, para as curvas de nível f(x,y) = 51 e f(x,y) = 75, temos que:
f(x,y) = 100 - x2 - y2 = 51
x2 + y2 = 100 - 51
x2 + y2 = 49
que é uma circunferência de raio 7 centrada na origem. E
f(x,y) = 100 - x2 - y2 = 75
x2 + y2 = 100 - 75
x2 + y2 = 25
que é uma circunferência de raio 5 centrada na origem.
Figura 13.2: Representação gráfica de f (x, y )= 100 - x 2 - y 2 , e suas curvas de nível. Fonte: Thomas et al. (2012, p. 212).
Atente-se, caro(a) aluno(a), que se no plano os pontos onde uma função de duas variáveis
independentes têm um valor constante f(x,y) = k formam uma curva no domínio da função.
Então, no espaço, os pontos em que uma função de três variáveis independentes têm um
valor constante f(x,y,z) = k, formam uma superfície no domínio da função (THOMAS et al.,
2012), também denominada de superfície de nível.
AULA 14
LIMITE E CONTINUIDADE DE
FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS
1. Soma:
2. Diferença:
4. Produto:
5. Quociente:
6. Potência:
7. Raiz:
Logo, utilizando o teorema do confronto, podemos comprovar que cada uma das
extremidades tende a zero quando (x,y) ➙ (0,0); isso implica que .
Teorema do anulamento. Sejam f,g,h : A ⊂ ℝ ➙ ℝ e (a,b) um ponto de acumulação de
2
5x 2 y
Exemplo 14.4: Vamos calcular . Por definição, 2 pode ser escrita
x + y2
x2
como f(x,y).g(x,y), tal que f(x,y) = 5y e g (x, y )= .
x2 + y 2
Como g é uma função limitada, e
Implica que pelo teorema de anulamento o limite que estamos procurando existe e vale
zero:
Já sabemos que para a função de uma variável existem dois limites laterais em um ponto a:
Isto significa que existem apenas dois sentidos pelos quando x pode se aproximar de a:
pela direita ou pela esquerda. Mas quando falamos de funções de várias variáveis, então
existe uma infinidade de curvas diferentes ao longo das quais um ponto pode aproximar outro.
Definição. Se f(x,y) ➙ L1 quando (x,y) ➙ (a,b) ao longo do caminho C1 e f(x,y) ➙ L2 quando
(x,y) ➙ (a,b) ao longo do caminho C2, com L1≠L2 , então, não existe.
Exemplo 14.5: Vamos verificar se existe.
Se (x,y) se aproxima de (0,0) pelo eixo dos x, temos que:
Como obtivemos valores diferentes para o limite ao longo de caminhos diferentes podemos
afirmar que não existe.
Anote isso
Uma forma prática de verificarmos se o limite de uma função de várias variáveis não
existe é através de um caminho genérico a exemplo da reta y = m.x.
II. existe;
III. .
Utilizando as propriedades de limites que vimos anteriormente podemos ver que a soma,
diferença, produto e quociente de funções contínuas são contínuos em seus domínios, exceto
quando o denominador for zero.
Se f é uma função de uma variável contínua em um ponto a, e g(x,y) uma função tal qu
e , então:
AULA 15
DERIVADAS PARCIAIS
Caro(a) aluno(a), da mesma forma que pudemos definir limite e continuidade para funções
de mais de uma variável, também podemos definir as derivadas para essas funções. Atente-
se que neste estudo nos restringiremos as funções de duas variáveis, no entanto, a extensão
é válida para funções de três ou mais variáveis.
Supondo que (a,b) seja um ponto do domínio de uma função f(x,y), se fixarmos y = b,
então, f(x,b) é uma função, apenas da variável x, tal que:
Analogamente, se fixarmos x = a, então, f(a,y) é uma função apenas da variável y, tal que:
Caro(a) aluno(a), quando existem, os dois limites acima são chamados de derivadas
parciais de f, com relação a x e com relação a y, no ponto (a,b), respectivamente. As fórmulas
apresentadas definem as derivadas parciais de uma função em um ponto específico (a,b).
No entanto, em alguns casos, é desejável omitir os subscritos e pensar nas derivadas
parciais como funções das variáveis x e y, ou seja:
Exemplo 15.1: Vamos calcular a derivada parcial da função f(x,y) = 3x2y + 1 com relação
à variável y no ponto (1,2):
Caro(a) aluno(a), a partir do Exemplo acima podemos verificar pela definição que derivar
parcialmente com relação a y nada mais é do que calcular a derivada da função f(x,y)
considerando a variável x como uma constante. E, caso quiséssemos derivar a função f(x,y)
com relação a x, bastava considerar a variável y como uma constante.
Ao longo do texto, veremos as derivadas parciais representadas pelas seguintes notações:
Logo,
Logo,
Exemplo 15.3: Vamos determinar fy para a função f(x,y) = y cos xy. Para isto teremos que
utilizar a conhecida regra do produto: (u.v)'=u'.v+u.v'. Assim, temos que:
x3 + y 2
Exemplo 15.4: Vamos determinar fx para a função f (x, y )= . Para isto teremos
x2 + y3
que utilizar a conhecida regra do quociente: . Assim, temos que:
Supondo que f seja uma função de duas variáveis x e y, como as derivadas parciais e
, também, são funções de x e y, essas funções podem elas mesmas ter derivadas parciais.
Dessa forma, são originadas quatro possíveis derivadas parciais de segunda ordem de f:
Estas duas últimas derivadas são denominadas de derivadas parciais de segunda ordem
mistas.
Note, caro(a) aluno(a), que as derivadas parciais de segunda ordem mistas do exemplo
anterior são iguais. Sempre que fxy(x,y) e fyx(x,y) forem contínuas em toda parte, então
fxy(x,y)=fyx(x,y) para todos os valores de x e y.
Teorema de Clairaut. Supondo que f seja definida em uma bola aberta D que contenha o
ponto (a,b). Se as funções fxy e fyx forem ambas contínuas em D, então fxy(a,b)=fyx(a,b).
AULA 16
REGRA DA CADEIA E MÁXIMOS E
MÍNIMOS DE FUNÇÕES DE VÁRIAS
VARIÁVEIS
Nesta aula estudaremos a regra da cadeia para funções de várias variáveis. Para relembrá-
lo, caro(a) aluno(a), anteriormente, vimos que a regra da cadeia surgia da diferenciação de
uma função composta: se y = f(x) e x = g(t), então y é uma função indiretamente diferenciável
de t, tal que:
dy dy dx
= ×
dt dx dt
Agora, no estudo das funções de duas variáveis (cuja extensão para funções de três ou
mais variáveis é imediata), veremos que a regra da cadeia possui diversas formas, a depender
da quantidade de variáveis envolvidas.
Supondo que z = (x,y), então temos os seguintes casos:
a) x e y são funções apenas da variável t
b) x e y são funções das variáveis u e v
Para o caso (a) a função z depende apenas da variável t, tal que:
Quer saber mais sobre as derivadas parciais de funções multivariáveis? Acesse o artigo
disponível no site Khan Academy: https://pt.khanacademy.org/math/multivariable-
calculus/multivariable-derivatives/partial-derivative-and-gradient-articles/a/
introduction-to-partial-derivatives?modal=1
Exemplo 16.1: Seja z = x2 - y2, em que x = cos t e y = sen t, então, pela regra da cadeia
temos que:
No caso (b) temos que a função z depende das variáveis u e v, logo, pela regra da cadeia
temos que:
Exemplo 16.2: Seja z = x2 - y2, em que x = uv e y = u + v, então, pela regra da cadeia, temos
que:
E que:
Caro(a) aluno(a), muitas vezes nós precisamos derivar y(x) em uma expressão da forma
F(x,y) = 0. Se pudermos explicitar y como uma função de x, ou seja, escrever y = y(x), então
a derivada y'(x) seria imediata. No entanto, isto nem sempre é possível e assim, a derivação
implícita nos ajuda a obter y'(x) sem a necessidade de escrever y, explicitamente, como
função de x.
Supondo que F(x,y) = 0 define y, implicitamente, como função de x e que F tenha derivadas
parciais contínuas de primeira ordem, então pela regra da cadeia temos que:
dy
Exemplo 16.3: Vamos determinar , sabendo que x3 + y2x - 3 = 0.
dx
Utilizando a fórmula da derivação parcial implícita, temos que:
Caro(a) aluno(a), anteriormente, vimos que um dos principais usos da derivada ordinária
é na determinação dos valores extremos de uma função real de uma variável. Agora, nesta
aula, vamos aprender a encontrar os valores extremos de uma função de duas variáveis.
Seja f(x,y) definida em uma região que contém o ponto (a,b), então:
I. f(a,b) é um valor máximo local de f se f(a,b) ≥ f(x,y) para todos os pontos (x,y);
II. f(a,b) é um valor mínimo local de f se f(a,b) ≤ f(x,y) para todos os pontos(x,y).
Você sabe o que é um ponto de sela? Thomas et al. (2012, p. 266) traz a seguinte definição:
Uma função diferenciável f(x,y) possui um ponto de sela em um ponto crítico (a,b)
se em todo disco aberto centrado em (a,b) existirem pontos (x,y) do domínio onde
f(x,y) > f(a,b) e pontos (x,y) do domínio onde f(x,y) < f(a,b). O ponto correspondente
(a,b,f(a,b)) na superfície z = f(x,y) é denominado ponto de sela da superfície.
(-2).(-2)-(1)2=4-1
=3
Isso nos diz que f tem um máximo local em (-2,-2), cujo valor neste ponto é dado por:
f(-2,-2)=(-2).(-2)-(-2)2-(-2)2-2.(-2)-2.(-2)+4
=4-4-4+4+4+4
=8
CONCLUSÃO
ELEMENTOS COMPLEMENTARES
LIVRO
WEB
REFERÊNCIAS
ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo v. 1. 8. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.
DEMANA, F. D.; WAITS, B. K.; FOLEY, G. D.; KENNEDY, D. Pré-cálculo. São Paulo:
Addison Wesley, 2009.
THOMAS, G. B. WEIR, M. D.; HASS J. Cálculo v. 1. 12. ed. São Paulo: Pearson Education
do Brasil: 2012.
THOMAS, G. B. WEIR, M. D.; HASS J. Cálculo v. 2. 12. ed. São Paulo: Pearson Education
do Brasil: 2012.