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UFSC

NOTAS DE AULA - COSMOLOGIA I

Camila Bolonini
2023
Agradecimentos:

Ao Professor Alexandre Zabot,

Espero que esta mensagem o encontre bem. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para
expressar minha sincera gratidão e compartilhar o impacto significativo que o seu projeto
de extensão gratuito teve em minha vida. Sua dedicação à astrofísica e à educação inspirou-
me de maneira profunda e direta, encorajando-me a seguir no caminho da ciência. Desde o
momento em que participei de seu projeto, fui cativada por sua paixão pela astrofísica e
pelo seu compromisso inabalável com a disseminação do conhecimento científico. Sua
abordagem apaixonada e envolvente despertou em mim uma curiosidade insaciável pelo
universo e suas complexidades. Suas aulas eram um verdadeiro tesouro de conhecimento,
repletas de exemplos fascinantes e explicações claras, que tornaram a astrofísica acessível
para todos nós.
Graças a você e ao seu projeto de extensão, descobri não apenas meu amor pela astrofísica,
mas também o poder da educação em transformar vidas. Sua dedicação em compartilhar
conhecimento de maneira gratuita e acessível é um verdadeiro exemplo a ser seguido. Sua
influência positiva em minha jornada acadêmica e pessoal é inestimável.
Portanto, gostaria de expressar minha gratidão profunda e duradoura. Sua paixão pela
astrofísica e sua dedicação em inspirar jovens estudantes como eu são uma verdadeira
bênção. Estou imensamente grata por ter tido a oportunidade de aprender com você e ser
guiado por seus ensinamentos.
Que você continue a impactar positivamente a vida de outros estudantes e a iluminar o
caminho da ciência com seu brilhantismo e entusiasmo. Seu compromisso com a educação é
uma verdadeira inspiração para mim e para muitos outros. Mais uma vez, obrigado por tudo
que você fez e continua fazendo.

Gratidão.
SUMÁRIO
Introdução 03
Cosmologia Física
Cosmogenias e Modelos de Universo 04
Principais Questões Cosmológicas 06
Kepler 09
Galileu Galilei 12
Primórdios da Cosmologia
Gravitação de Newton 13
Força Gravitacional de um anel e um disco 15
Velocidade Orbital 20
Buracos Negros 22
Universo de Galáxias 25
Medidas de Slipher 25
Constante de Hubble 28
Variavéis Cefeidas 29
Vega 31
Distância a aglomerados de galáxias 33
Aglomerado de Galáxias 35
Cosmologia Newtoniana 39
Modelos cosmológicos Homogêneos e Isótropos 40
As equações Dinâmicas 41
Densidade Crítica 42
O conceito de curvatura em uma superfície bidimensional (2D) 44
Einstein 45
O Big Bang 46
O Paradoxo de Olbers 48
Qual é a idade do Universo? 49
Coordenadas comoveis 50
Radiação Cósmica de Fundo 52
COBE 53
Equação de Estado para uma caixa de partículas 54
Equações Estado 54
Energia Escura 55
Expansão em série de Taylor do fator de escala 56
Conclusão 58
Referências 59
COSMOLOGIA I
INTRODUÇÃO
Quantas vezes nós passamos o tempo olhando para o céu noturno, perdido em um mar de
estrelas cintilantes, imaginando infinitas teorias sobre o que elas seriam. Desde os
primórdios da humanidade, nós nos indagamos sobre os fenômenos celestes, a vastidão do
universo e os mistérios que envolvem nossa existência. Como resultado da nossa
curiosidade por compreender sua origem e evolução, surgiu no campo científico a
cosmologia, cuja história remonta milhares de anos, com raízes nas antigas civilizações.

A cosmologia desempenha um papel fundamental na nossa busca por compreender a


natureza do cosmos. Ao longo dos séculos, nossa compreensão sobre o universo tem se
expandido significativamente, impulsionada por avanços científicos e tecnológicos. Através
da análise minuciosa da radiação cósmica de fundo, das observações precisas de galáxias
distantes e das teorias fundamentais da física, tem-se construído modelos detalhados para
descrever a evolução do universo desde seu estado primordial até o presente.
A cosmologia parte de duas suposições essenciais: o Universo é igual em todas as direções
e, também apresenta uma uniformidade geral em larga escala. Isso implica que, não
importa onde um observador esteja localizado, o Universo exibirá as mesmas
características. Matematicamente, isso significa que as propriedades do Universo
permanecem inalteradas quando consideramos translações (uniformidade) e rotações
(igualdade em todas as direções).
Esses modelos nos fornecem vislumbres fascinantes sobre a formação de galáxias,
aglomerados de galáxias e até mesmo os enigmáticos buracos negros. Além disso, a
cosmologia também abrange a busca por respostas a perguntas profundas, como a natureza
da matéria escura e da energia escura, que compõem a maior parte do universo, mas cuja
natureza exata ainda nos escapa. Ao explorar as fronteiras do conhecimento científico, a
cossmologia nos desafia a repensar nossa percepção do espaço, do tempo e de nossa
própria existência.
A COSMOLOGIA FÍSICA
COSMOGENIAS E MODELOS DE UNIVERSO
As cosmogenias são narrativas que abordam a origem e a criação do universo. Presentes em
diversas culturas e mitologias ao redor do mundo, essas histórias buscam responder
algumas das perguntas mais profundas que a humanidade já fez: como tudo começou?
Como o universo surgiu?
Por exemplo, na mitologia grega, a cosmogenia é representada pelo mito de Gaia, a Mãe
Terra, que emerge do Caos primordial. Ela dá à luz o céu, Urano, e juntos eles dão origem
aos titãs, deuses e toda a criação que conhecemos.
Outro exemplo é encontrado no mito hindu da cosmogenia, onde o universo surge do ovo
cósmico, conhecido como "Hiranyagarbha". Dentro desse ovo, Brahma, o criador supremo,
é formado e inicia a criação do mundo.
Na cosmogenia científica, a busca pela origem do universo é conduzida através da
Cosmologia, que explora as origens e a evolução do cosmos com base em observações,
teorias e evidências científicas.
Existem várias teorias científicas sobre a origem do Universo, sendo que a mais aceita é o
Big Bang. Abaixo segue breve descrição dessa teoria e outras hipóteses científicas sobre a
origem do Universo, mas é importante ressaltar que essas teorias estão em constante
desenvolvimento e podem ser aprimoradas com novas descobertas.
1. Big Bang: O Modelo do Big Bang é a teoria científica mais amplamente aceita para a
origem do universo. Segundo essa teoria, o universo teve seu início em uma explosão
primordial há aproximadamente 13,8 bilhões de anos. A partir desse evento, o espaço, o
tempo e a matéria se expandiram e evoluíram para dar origem às galáxias, estrelas, planetas
e toda a vastidão do cosmos que conhecemos hoje.
2. Teoria Inflacionária: A teoria inflacionária sugere que o Universo passou por um período
de expansão exponencial extremamente rápida logo após o Big Bang. Esse processo,
conhecido como inflação cósmica, explicaria algumas características observadas no
Universo, como sua uniformidade e isotropia em grande escala.
3. Teoria do Universo Cíclico: Essa teoria propõe que o Universo passa por ciclos infinitos de
expansão e contração, onde um Universo se forma a partir de um Big Bang, expande-se,
contrai-se e, em seguida, gera um novo Big Bang, iniciando um novo ciclo. Essa hipótese é
baseada em modelos cosmológicos como o Modelo Cíclico Conformal.
4. Teoria das Cordas: A teoria das cordas é um ramo da física teórica que propõe que as
partículas fundamentais não são pontos, mas sim cordas unidimensionais vibrantes. A teoria
das cordas e sua extensão, a teoria das branas, sugerem a existência de múltiplas dimensões
espaciais e podem fornecer uma explicação para a origem do Universo, incluindo a ideia de
que nosso Universo é apenas uma das muitas "branas" existentes.
Essas são apenas algumas das teorias científicas sobre a origem do Universo. É importante
mencionar que essas teorias são o resultado do trabalho de muitos cientistas e
pesquisadores ao longo de décadas e que a literatura científica continua a evoluir à medida
que novas descobertas são feitas e novos modelos são desenvolvidos.

Fig 1: cosmogenia científica também se apoia em observações astronômicas, como a radiação cósmica de
fundo, que é a "eco" do Big Bang primordial, e o estudo da distribuição e movimento das galáxias no universo.

Ao explorar as cosmogenias, seja através das narrativas mitológicas ou das investigações


científicas, somos convidados a contemplar o mistério da criação do universo e nossa
existência nele. Essas histórias e teorias oferecem diferentes perspectivas e nos lembram da
vastidão e complexidade do cosmos, despertando em nós um senso de admiração e
curiosidade.
PRINCIPAIS QUESTÕES COSMOLOGICAS
Essas quatro bases da cosmologia levantaram uma série de questões intrigantes que
impulsionam o campo a avançar em busca de respostas. Aqui estão algumas dessas
principais questões cosmológicas:
1. Universo está em expansão: Lei de Hubble-Lamaître: A descoberta de que o
universo está em expansão é um dos pilares fundamentais da cosmologia moderna.
Essa descoberta foi feita por Edwin Hubble na década de 1920, ao observar que as
galáxias distantes estão se afastando umas das outras. A lei de Hubble-Lamaître
estabelece que a velocidade de afastamento das galáxias é proporcional à sua
distância. Isso implica que o espaço em si está se expandindo, levando a um
aumento contínuo da separação entre as galáxias. Essa descoberta revolucionou
nossa compreensão do universo e abriu caminho para o desenvolvimento do Modelo
do Big Bang.

2. Início quente: Modelo do Big Bang O Modelo do Big Bang é a teoria mais
amplamente aceita sobre a origem e a evolução do universo. Segundo esse modelo,
o universo começou em um estado extremamente quente e denso há cerca de 13,8
bilhões de anos. A partir desse ponto inicial, o universo passou por uma expansão
acelerada, resfriando-se e permitindo a formação de partículas subatômicas,
átomos, estrelas, galáxias e estruturas cósmicas em larga escala. O Modelo do Big
Bang é apoiado por uma série de evidências observacionais, como a radiação
cósmica de fundo, que é uma "relíquia" do calor primordial do universo.

3. Princípio Cosmológico: Distribuição homogênea e isotrópica de massa O Princípio


Cosmológico é uma suposição fundamental na cosmologia, que afirma que o
universo é homogêneo e isotrópico em larga escala. Isso significa que, em média, a
distribuição de matéria e energia no universo é uniforme em todas as direções
(isotrópica) e que não há pontos privilegiados ou regiões especiais (homogêneas).
Essa suposição permite simplificar os modelos cosmológicos e é fundamentada na
observação de que, em escalas suficientemente grandes, a distribuição das galáxias
parece ser uniforme e isotrópica.

4. Relatividade Geral: Descreve a expansão do universo A Relatividade Geral,


desenvolvida por Albert Einstein, é uma teoria fundamental da física que descreve a
gravidade como uma curvatura do espaço-tempo causada pela presença de matéria
e energia. Na cosmologia, a Relatividade Geral desempenha um papel crucial na
descrição da expansão do universo. Ela fornece as equações que descrevem como a
matéria e a energia influenciam a geometria do espaço-tempo e como a expansão
do universo é governada pela distribuição de massa e energia. A Relatividade Geral
tem sido confirmada por uma variedade de observações e experimentos, e sua
aplicação na cosmologia tem sido fundamental para o entendimento da dinâmica e
da evolução do universo.
Estas questões desafiam os cosmólogos a realizar pesquisas intensivas, realizar observações
precisas e desenvolver teorias avançadas para buscar respostas.
1. A matéria escura, a energia escura, a assimetria matéria/antimatéria, o modelo
para origem do universo e o ajuste fino são questões fascinantes e desafiadoras que
impulsionam a cosmologia a avançar constantemente em busca de respostas. A
matéria escura, embora invisível e indetectável diretamente, é inferida a partir dos
efeitos gravitacionais que exerce sobre a matéria visível. Sabe-se que constitui a
maior parte da matéria do universo, mas sua composição exata e natureza ainda são
desconhecidas. Os cosmólogos buscam compreender a natureza da matéria escura,
suas interações com a matéria visível e seu papel na formação e evolução das
estruturas cósmicas.

2. A energia escura, por sua vez, é uma forma hipotética de energia que preenche todo
o espaço e é responsável pela expansão acelerada do universo. Sua natureza exata é
um dos maiores mistérios da cosmologia. Compreender a origem e as propriedades
da energia escura é crucial para entender o futuro do universo e seu destino final.

3. A assimetria matéria/antimatéria é uma questão intrigante, pois o universo é


dominado pela presença de matéria, com uma quantidade significativamente menor
de antimatéria observada. Explorar os processos físicos que levaram a essa
disparidade é um desafio importante na cosmologia e na física de partículas, pois
pode fornecer insights sobre as leis fundamentais da natureza e a origem do
universo tal como o conhecemos.

4. Modelo para origem: Embora o Modelo do Big Bang seja amplamente aceito como a
teoria da origem do universo, ainda há questões sobre os eventos que ocorreram no
momento exato do Big Bang e como o universo evoluiu desde então. A cosmologia
continua a explorar modelos para a origem do universo, incluindo a possibilidade de
múltiplos universos, ciclos de expansão e contração, e outras teorias que possam
explicar os mistérios do início.

5. Por fim, o ajuste fino do universo é uma característica notável, pois as constantes
físicas estão sintonizadas de maneira precisa para permitir a existência da vida e a
formação de estruturas complexas. Pequenas alterações nas constantes
fundamentais poderiam resultar em um universo completamente diferente, incapaz
de sustentar a vida. A cosmologia busca compreender por que essas constantes têm
os valores observados e se há uma explicação subjacente para o ajuste fino do
universo.
Kepler

Johannes Kepler (1571-1630) foi um astrônomo e matemático alemão que fez importantes
contribuições para a compreensão do movimento planetário. Suas leis do movimento
planetário, conhecidas como Leis de Kepler, são fundamentais para a astronomia e
revolucionaram nossa compreensão do sistema solar.
A primeira lei de Kepler, conhecida como lei das órbitas, afirma que os planetas se movem
em órbitas elípticas ao redor do Sol, onde o Sol ocupa um dos focos da elipse. Isso
contradizia a visão geocêntrica anteriormente aceita, que afirmava que os planetas se
moviam em órbitas circulares perfeitas.
A segunda lei de Kepler, chamada de lei das áreas, estabelece que a linha imaginária que
conecta o planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais. Isso significa que um planeta
se move mais rápido quando está mais próximo do Sol e mais devagar quando está mais
distante. Essa lei está relacionada à conservação do momento angular, que desempenha um
papel importante na dinâmica orbital.
A terceira lei de Kepler, conhecida como lei dos períodos, estabelece que o quadrado do
período de revolução de um planeta é proporcional ao cubo do semieixo maior de sua
órbita. Em outras palavras, planetas mais distantes do Sol levam mais tempo para completar
uma órbita. Essa lei permitiu que Kepler estabelecesse uma relação quantitativa entre as
distâncias dos planetas ao Sol e seus períodos orbitais.
As leis de Kepler foram fundamentais para a teoria da gravitação universal desenvolvida
posteriormente por Isaac Newton. Elas forneceram a base para a compreensão do
movimento planetário e abriram caminho para avanços significativos na astronomia e na
física. O legado de Kepler na cosmologia e na compreensão do universo é de suma
importância, e suas leis continuam a ser estudadas e aplicadas até os dias atuais.
Propriedades das elipses:
• Em qualquer ponto da curva, a soma das distancias desse ponto aos dois focos é
constante. Sendo F e F’ os focos, P um ponto sobre a elipse, e a o seu semieixo maior, então:
𝐹𝑃 + 𝐹′𝑃 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 2𝑎

• Quanto maior a distância entre os dois focos, maior é a excentricidade (e) da elipse.
Sendo c a distância do centro a cada foco, a o semieixo maior, e b o semieixo menor,
a excentricidade é definida por:
𝑐 𝑎2 − 𝑏 2
𝑒= = √
𝑎 𝑎2

já que quando o ponto está exatamente sobre b temos um triângulo retângulo, com
𝑎2 = 𝑏 2 + 𝑐 2 .

• Se considerarmos que o Sol ocupa um dos focos da órbita do planeta, o ponto mais
próximo do Sol na órbita é chamado de periélio, enquanto o ponto mais distante é
chamado de afélio. A distância do periélio ao foco (𝑅𝑃 ) é:
𝑅𝑝 = 𝑎 − 𝑐 = 𝑎 − 𝑎 ⋅ 𝑒 = 𝑎(1 − 𝑒)

E a distância ao foco (𝑅𝑎 ) é:


𝑅𝑎 = 𝑎 + 𝑐 = 𝑎 + 𝑎 ⋅ 𝑒 = 𝑎(1 + 𝑒)
Equação da elipse em coordenadas polares

Pela lei dos cossenos:

𝑟12 = 𝑟 2 + (2𝑎𝑒)2 + 2𝑟(2𝑎𝑒)𝑐𝑜𝑠𝜃

Desdobrando, obtemos:
𝑎(1 − 𝑒 2 )
𝑟=
(1 + 𝑒 𝑐𝑜𝑠𝜃)

A tabela a seguir mostra como fica a 3a Lei de Kepler para os planetas visíveis a olho nu.
Galileu

Galileu Galilei (1564-1642) foi um cientista, matemático, astrônomo e filósofo italiano. Ele é
conhecido por suas contribuições revolucionárias para a física, astronomia e método
científico. Galileu foi um defensor ardente do heliocentrismo, a ideia de que a Terra e os
planetas orbitam em torno do Sol, desafiando a visão geocêntrica predominante na época.
Ele realizou observações telescópicas pioneiras, como a descoberta das luas de Júpiter, que
forneceram evidências concretas para apoiar o modelo heliocêntrico. Galileu também fez
importantes contribuições para a cinemática, a ciência dos movimentos, desenvolvendo o
conceito de inércia e formulando as leis do movimento que influenciaram o trabalho
posterior de Isaac Newton.
Apontando o telescópio para o céu, fez várias descobertas importantes, como:
• descobriu que a Via Láctea era constituída por uma infinidade de estrelas;
• descobriu que Júpiter tinha quatro satélites, ou luas, orbitando em torno dele, com
período entre 2 e 17 dias. Esses satélites são chamados “galileanos”, e são: Io, Europa,
Ganimedes e Calisto 1. Desde então, mais 35 satélites foram descobertos em Júpiter.
• descobriu que Vênus passa por um ciclo de fases, assim como a Lua.
• descobriu a superfície em relevo da Lua, e as manchas do Sol. Ao ver que a Lua tem
cavidades e elevações assim como a Terra, e que o Sol também não tem a superfície lisa,
mas apresenta marcas, provou que os 83 corpos celestes não são esferas perfeitas, mas sim
tem irregularidades, assim como a Terra. Portanto a Terra não ´e diferente dos outros
corpos, e pode ser também um corpo celeste.
Primórdios da Cosmologia
Gravitação de Newton
Galileu foi um dos pioneiros no estudo do movimento e formulou a ideia de inércia. Ele
argumentou que, se todas as forças externas atuando sobre um objeto, incluindo o atrito,
fossem removidas, o objeto continuaria em movimento com velocidade constante ou
permaneceria em repouso, sem nenhuma alteração em sua velocidade.
Antes de Galileu, acreditava-se que um objeto só poderia manter um movimento constante
se estivesse sendo continuamente empurrado ou puxado por uma força. No entanto,
Galileu e posteriormente Newton perceberam que, em nossas experiências diárias, os
objetos param de se mover devido ao atrito. Eles compreenderam que não é necessário
aplicar constantemente uma força para manter um objeto em movimento, mas sim é
necessário superar a resistência do atrito para que ele continue se movendo.
A Lei da Gravitação Newtoniana foi formulada pelo físico e matemático britânico Sir Isaac
Newton no século XVII. Essa lei descreve a maneira como a força gravitacional atua entre
dois corpos massivos no espaço.
Através dessas investigações, foi possível chegar à compreensão de que os movimentos da
Terra e dos planetas seguem leis que são aplicáveis universalmente. Tomando como
exemplo duas partículas de massas m1 e m2, que estão separadas por uma distância r.
Matematicamente, podemos expressar isso da seguinte forma:

Onde F é a força de atração entre as partículas, m1 e m2 são suas massas, r é a distância


entre elas e G é a constante gravitacional. Essa equação nos permite calcular a força de
atração entre as partículas em termos escalares, sem levar em conta a direção da força. A lei
da gravidade de Newton estabelece que a força de atração entre duas partículas é
diretamente proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao
quadrado da distância entre elas.
Comparação entre as acelerações da Lua e de um objeto que cai próximo à superfície da
Terra. Lua próxima da Terra Æ distância Terra-Lua pode ser medida por paralaxe:
Considerando a órbita da Lua circular com raio dL e período P=27,3 dias:

Fig 2: Aceleração de um objeto caindo próximo à superfície da Terra: g = 9,8 m/s2 A razão entre a aceleração
do objeto em queda e a aceleração da Lua é:

A razão entre o raio da órbita lunar e o raio da Terra é:

Comparando (1) e (2):

Ação e reação: a força que a Terra exerce na Lua tem o mesmo módulo que a força que a
Lua exerce na Terra. Então, F α MTML.
Juntando tudo:

Força Gravitacional de um anel e um disco


Quando Newton formulou a lei da gravitação, ele assumiu que a Terra atrai qualquer objeto
externo a ela como se toda a sua massa estivesse concentrada em seu centro. Em outras
palavras, um objeto com simetria esférica exerce força gravitacional em pontos externos
como se toda a sua massa estivesse localizada em seu centro.
Em 1685, Newton demonstrou que essa suposição é verdadeira e decorre da aplicação da lei
dos inversos dos quadrados. O teorema das cascas esféricas é uma ferramenta importante
tanto na gravitação quanto no eletromagnetismo. Ele permite entender como a distribuição
de massa ou carga em um objeto esférico afeta as interações gravitacionais ou
eletromagnéticas em seu entorno.
Consideremos:
𝑑𝑀
⃗F = −𝐺𝑚 ∫ 𝑟
𝑟3
Força de uma esfera
Passo 1: força de um anel
Vejamos um teorema de grande importância que aborda a relação entre objetos de grande
tamanho com uma forma esférica simétrica. Os planetas, assim como outros objetos,
podem ser tratados levando em conta essa simetria.

Teorema: A interação gravitacional entre dois corpos que possuem distribuições de massa
com simetria esférica, para pontos externos das esferas, é igual à interação gravitacional
entre duas partículas localizadas nos centros dessas esferas.

Tome um anel de uma casca esférica, obviamente a reunião de desses anéis nos dá a casca
inteira. O anel está a uma distância ri = L da partícula m. O anel tem uma largura Rdq, um
raio Rsenθ e uma circunferência p 2Rsenq e assim à área da superfície do anel é
p2R2senqdq. A massa do anel é proporcional a área dessa superfície.
⇒ A massa do anel é proporcional a área dessa superfície;
⇒ A massa total M é uniformemente distribuída sobre a área total.
Desse modo, podemos escrever para a massa do anel:
𝜋2𝑅 2 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃 1
𝛥𝑀𝑖 = 𝑀 . = 𝑀𝑠𝑒𝑛𝜃𝑑𝜃
𝜋4𝑅 2 2

Dado:
𝐺𝑚𝑀
𝑈= − ,
𝑟
Deduzimos que a energia potencial pode ser determinada considerando que toda a massa
esteja concentrada em seu centro. Portanto, a força entre a casca e a partícula,
representada por -dU/dr, é calculada de forma precisa como se toda a massa estivesse
localizada no centro.
Uma distribuição de massa esférica consiste em várias cascas esféricas. Portanto, ao
aplicarmos o princípio da superposição de forças, a força gravitacional entre a distribuição
de massa esférica e a massa m é calculada considerando que toda a massa da esfera esteja
no seu centro. É importante ressaltar que esse resultado é válido mesmo para uma
densidade de massa não uniforme. De acordo com a terceira lei de Newton, a distribuição
de massa experimenta uma força igual em magnitude e direção.
Agora, se substituirmos a partícula de massa m por uma distribuição de massa esférica e
considerarmos a força de atração gravitacional entre as distribuições de massa esférica,
podemos observar facilmente, pelos argumentos mencionados anteriormente, que a força
gravitacional é calculada considerando que as massas estejam concentradas em um único
ponto.
U será constante, dessa forma quando m se move no interior da esfera nenhum trabalho
será realizado sobre ela, e por conseguinte, a força gravitacional será igual a zero em
qualquer ponto no interior da casca esférica.

Exemplo:
Qual é a força gravitacional entre um homem de 70kg e uma mulher de 70kg quando estão
separados por uma distância de 10 m? Trate as massas como partículas.
Solução:

𝐺𝑀𝑇 6,67.10−11 𝑁. 𝑚2 / 𝑘𝑔2 . 70𝑘𝑔. 70𝑘𝑔


𝐹= 2
= 2
= 3,3.10−9 𝑁.
𝑟 (10𝑚)

Passo 2: força de uma casca esférica


Calcular a força gravitacional de uma casca esférica homogênea de massa M e raio R sobre
uma partícula de massa m a uma distância r do centro da casca. A casca esférica é dividida
em anéis em cujos eixos de simetria se situa a partícula. [3]

A área de um dado anel é:


𝑑𝐴 = 2𝜋𝑅𝑠𝑒𝑛𝜃 . 𝑅𝑑𝜃

Como a área da casca esférica é 𝐴 = 4𝜋𝑅 2 , podemos escrever:


𝐴
𝑑𝐴 = 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜃
2
Portanto a massa do anel será:
𝑀
𝑑𝑀 = 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜃
2
A energia potencial do sistema anel-partícula será:
1 1 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜃
𝑑𝑉 = −𝐺𝑚𝑑𝑀 = − 𝐺𝑚𝑀
𝑟1 2 𝑟1
A distancia 𝑟1 entre o anel e a partícula é dada por: 𝑟12 = 𝑅 2 + 𝑟 2 − 2𝑟𝑅𝑐𝑜𝑠𝜃.
Diferenciando a equação e lebrando que R e r são valores fixos no cálculo, obtém-se:
2𝑟1 𝑑𝑟1 = 2𝑟𝑅𝑐𝑜𝑠𝜃𝑑𝜃,
Portanto:
𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑑𝜃 𝑑𝑟1
=
𝑟1 𝑟𝑅
𝑑𝑟1
⇒ 𝑑𝑉 = −𝐺𝑚𝑀 2𝑟𝑅

A energia potencial total será obtida integrando-se a Equação. A variavel 𝑟1 vai variar entre
o seu valor mínimo 𝑟1𝑚í𝑛 e 𝑟1𝑚á𝑥 , então obteremos:

𝑟1𝑚á𝑥 − 𝑟1𝑚í𝑛
𝑉 = −𝐺𝑚𝑀
2𝑟𝑅
a) Partícula fora da casa esférica

⇒ 𝑟1𝑚á𝑥 − 𝑟1𝑚í𝑛 = 2R
1
∴ 𝑉 = −𝐺𝑚𝑀 ,𝑟 ≥ R
𝑟

b) Partícula dentro da casa esférica

⇒ 𝑟1𝑚á𝑥 − 𝑟1𝑚í𝑛 = R+ 𝑟 – (R- 𝑟) = 2 𝑟


1
∴ 𝑉 = −𝐺𝑚𝑀 ,𝑟 < R
𝑅

Consideremos inicialmente:
∂ 1 ∂ 1 𝑥
( )= =
∂𝑥 𝑟 ∂𝑥 ( 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 )1/2 ( 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 )3/2
Tomando as derivadas parciais similares em relação a 𝑦 e 𝑧 e, somando as parcelas, temos:

1 ∂ ∂ ∂ 1 𝑥𝑖 + 𝑦𝑗 + 𝑧𝑘 𝑟
𝛁 ( )=𝑖 +𝑗 +𝑘 ( )= 2 2 2 3/2
= 3
𝑟 ∂𝑥 ∂𝑦 ∂𝑧 𝑟 (𝑥 +𝑦 +𝑧 ) 𝑟

𝑟
∴ 𝑭 (𝒓) = −𝐺𝑚𝑀 ,𝑟 ≥ R
𝑟3

𝑭 (𝒓) = 0 , 𝑟 < R.

Sobre partículas externas a uma casca esférica homogênea, esta atua como se toda a sua
massa estivesse concentrada em seu centro, e para as partículas no interior da casca a força
será nula. [4]

Fig. 3: Variação da energia potencial e da intensidade


da força entre uma casca esférica homogênea
de raio R e uma partícula situada à distância r do
centro da casca.

A força exercida sobre uma partícula de massa m à distancia r do centro do corpo será
realiza somente pela massa na esfera de raio r.

Portanto, nesse caso, a intensidade da força será:


𝐺𝑚𝑟 𝑟 ′
𝐹 (𝑟) = ∫ ρ(𝑟 ) . 4𝜋𝑟 ′2 𝑑𝑟′
𝑟2 0
Velocidade Orbital
Quando as órbitas são circulares, a mecânica newtoniana é facilmente aplicável. A força
gravitacional é responsável pela aceleração centrípeta do planeta. Veja na equação:

𝑣2 1
𝑚 = 𝑚𝜔2𝑟 = 𝐺𝑚𝑀 2
𝑟 𝑟
O período da órbita é dado por:

2
2𝜋 2 4𝜋 2 3
𝑇 =( ) = 𝑟 .
𝜔 𝐺𝑀
A energia mecânica do planeta em órbita circular é:
1 1
𝐸 ≡ 𝐾 + 𝑉 = 𝑚𝑟 2 𝜔2 − 𝐺𝑚𝑀 .
2 𝑟
A energia potencial gravitacional de duas partículas de massas m1 e m2 separadas pela
distância r é:
𝑚1 𝑚2
𝑈(𝑟) = −𝐺
𝑟
O ponto de referência para a energia potencial é 𝑟 = ∞.
Para que um corpo de massa m escape da atração gravitacional da Terra (raio R e massa
MT), sua energia mecânica deverá ser positiva (K > U).
1 1
𝑚𝑣 2 − 𝐺𝑚𝑀𝑇 ≥ 0
2 𝑅
A velocidade necessária para um objeto escapar da atração gravitacional de um corpo
celeste é chamada de velocidade de escape, ou seja, é a velocidade mínima que o objeto
precisa ter para não ser puxado de volta pela gravidade.
1
1 1 2𝐺𝑀 2
𝑚𝑣𝑒2 − 𝐺𝑚𝑀𝑇 ≥ 0 ⇒ 𝑣𝑒 = ( )
2 𝑅 𝑅
1
2𝐺𝑀 2
𝑣𝑒 = ( )
𝑅
Teorema do virial: em qualquer situação em que um conjunto de partículas se aprisionem
mutuamente sob o efeito de uma força que varie com o inverso do quadrado das
distâncias, o valor médio da energia cinética do sistema será igual a menos da metade do
valor médio da sua energia potencial.

Com base nos princípios da mecânica, podemos afirmar que a força gravitacional é uma
força conservativa. Isso significa que o trabalho realizado por essa força ao mover uma
partícula de um ponto para outro depende apenas da posição desses pontos e não do
caminho percorrido.
Com isso podemos estabelecer a definição de energia potencial gravitacional.
r
⃗ . dr + U(P0 )
U(r) = − ∫ F

r r
GMm GMm
⃗ . dr + U(P0 ) + 0 = − ∫ − (
U(r) = − ∫ F ) i . i dx = −
x 2 r
∞ ∞

Veja que a energia potencial gravitacional cresce com a distância, de um valor negativo para
zero. Isto decorre naturalmente pelo fato de a força ser atrativa.
Força da energia potencial:
⃗ . dr = −Fx dx − Fy dy − FZ dz
dU = U (P) − U(Q) = −F
𝜕𝑈 𝜕𝑈 𝜕𝑈
∴ 𝐹 = (− ,− ,− ) ∇𝑈(r).
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
A energia total é igual a U+K, mas se M é estática, então a energia cinética K é devida
apenas ao movimento de m, assim pela conservação de energia,
1 𝐺𝑀𝑚
𝐸 =𝑈+𝐾 = 𝑚𝑣 2 − = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡.
2 𝑟
Energia para uma órbita circular:
1 𝐺𝑀𝑠 𝑚 𝐺𝑀𝑠 𝑚 1 𝐺𝑀𝑠 𝑚
𝐸 =𝑈+𝐾 = ( ) −( )= − ( ).
2 𝑟 𝑟 2 𝑟
A energia negativa E é exatamente a metade da energia potencial. Para uma órbita elíptica a
energia total é também negativa.

O Teorema do Virial é um princípio fundamental da física que estabelece uma


relação entre as médias temporais das energias cinética e potencial de um sistema
físico em equilíbrio. De acordo com o teorema, a média temporal da energia
cinética é proporcional à média temporal da energia potencial, com um fator de
proporção igual a metade. Em outras palavras, a energia cinética média de um
sistema é igual a metade da energia potencial média.
O teorema do virial é aplicado em uma ampla gama de contextos físicos, desde a
mecânica clássica até a astrofísica. Por exemplo, ele é usado para estudar o
equilíbrio de estrelas, galáxias e aglomerados de galáxias. Nas estrelas, o teorema
do virial relaciona as pressões internas da estrela com sua temperatura e tamanho.
Em resumo, o Teorema do Virial estabelece uma relação fundamental entre as
médias temporais das energias cinética e potencial de um sistema físico em
equilíbrio, sendo amplamente aplicado em diversos campos da física, desde a
astrofísica até a termodinâmica.
Buracos Negros
Embora o termo "buraco negro" tenha sido introduzido por John A. Wheeler em 1967, a
ideia de sua existência já havia sido proposta anteriormente. Em 1783, o cientista inglês
John Michell sugeriu que se uma estrela tivesse massa suficiente, sua força gravitacional
seria tão intensa que a luz não conseguiria escapar. Posteriormente, em 1916, Karl
Schwarzschild resolveu as equações da Relatividade Geral de Einstein e calculou
corretamente o raio do horizonte de eventos, que representa o tamanho da região em
torno da singularidade, na qual nada pode escapar. Esses avanços foram marcos
importantes no entendimento e na caracterização dos buracos negros.
A formação de um buraco negro ocorre quando uma estrela massiva colapsa sob sua
própria gravidade, resultando em uma singularidade, um ponto de densidade infinita,
rodeado por um horizonte de eventos, uma região além da qual a fuga é impossível.
Os buracos negros são caracterizados por três propriedades principais: massa, rotação
(momento angular) e carga elétrica. A massa determina a força de sua gravidade, enquanto
a rotação e a carga elétrica afetam a geometria do espaço-tempo próximo ao buraco negro.
Um buraco negro tem velocidade de escape igual a c, a velocidade da luz. Já que nem a luz
escapa dele, e nada pode ter velocidade maior do que a velocidade da luz. Então qual seria
o raio de um buraco negro com a massa igual à massa do Sol?
Vejamos:

2𝐺𝑀⨀
𝑉𝑒𝑠𝑐 √ =𝑐
𝑅

E o raio é chamado de Raio de Schwarzschild, ou raio do horizonte de eventos:

2𝐺𝑀
𝑅𝑐ℎ𝑤 =
𝑐2
2𝐺𝑀
𝑅𝑐ℎ𝑤 ⊙ = = 3𝑘𝑚
𝑐2
As linhas tracejadas e sólidas mostram como o tempo de coordenadas e o tempo adequado
(respectivamente) como um objeto cai em um buraco negro.

• O eixo horizontal é dimensionado pelo raio de Schwarzschild raio; a linha pontilhada


indica o horizonte de eventos.
• O eixo vertical é dimensionado por RS = c.

Fig. 4: A anatomia de um Buraco Negro


Universo de galáxias
O universo é vasto e composto por uma variedade de elementos. Ele abriga galáxias, que
são conjuntos de estrelas, planetas, gás e poeira intergaláctica. Essas galáxias se agrupam
em estruturas maiores chamadas de aglomerados, que por sua vez formam
superaglomerados.
O universo é considerado como um sistema material contínuo, no qual os pontos ou
partículas são as galáxias; este meio é chamado igualmente de substratum cosmológico [8]
noções de astrofísica e cosmologia.

Fig. 5: Estruturas em larga escala do Universo.

Existem duas categorias principais de galáxias: espirais e elípticas. As galáxias espirais são
sistemas estelares onde a formação de estrelas ainda está em andamento atualmente,
enquanto as galáxias elípticas são compostas principalmente por estrelas antigas, cujo
processo de formação estelar ocorreu há muito tempo e já cessou.
Medidas de Slipher
Slipher foi pioneiro no uso de espectroscopia para estudar galáxias distantes e suas
velocidades de deslocamento. Ao observar a luz proveniente de 41 galáxias, Slipher notou
um deslocamento para o vermelho (redshift) em seus espectros. Além disso, as medidas de
Slipher permitiram determinar as velocidades relativas das galáxias distantes em relação à
nossa galáxia, a Via Láctea. Essas medições foram essenciais para estabelecer a Lei de
Hubble, que descreve a relação entre a distância de uma galáxia e sua velocidade de
afastamento. Essa relação, conhecida como Lei de Hubble-Lemaître, forneceu evidências
adicionais para a expansão do universo.
O espectro eletromagnético: observe como a luz visível é apenas uma ínfima parte de todo
o espectro, tanto para o lado do vermelho (radiação de baixa energia), como para o lado do
violeta (alta energia).
A espectroscopia é uma técnica utilizada para estudar a interação entre a radiação e a
matéria. Ela envolve a análise e a medição da luz ou de outras formas de radiação
eletromagnética, como ondas de rádio, raios X e raios gama, que são emitidas, absorvidas
ou dispersas por materiais.

Fig. 6: Imagem de um espectro com linhas de absorção do hidrogênio.

Quando analisamos o espectro contínuo de um objeto, percebemos que ele varia de acordo
com a temperatura. Quanto mais quente o objeto, mais intensa é a radiação emitida e
menor é o comprimento de onda no qual essa radiação é mais intensa, o chamado pico de
intensidade. Essa variação do espectro contínuo com a temperatura segue uma curva
semelhante à de um corpo negro, que é um objeto idealizado que absorve toda a radiação
incidente sobre ele e emite radiação de acordo com a lei de Planck. Essa lei descreve a
distribuição de energia da radiação emitida por um corpo negro em diferentes
comprimentos de onda.
A relação entre o comprimento de onda em que ocorre o pico de intensidade é dada pela lei
de Wien:
𝜆𝑚𝑎𝑥 𝑇 = 0,0028978 𝐾𝑚
Como 1 Å = 10−10 𝑚,

𝜆𝑚𝑎𝑥 𝑇 = 28 978 000 𝐾Å


Assim, quando um objeto está mais quente, sua curva de distribuição de energia no
espectro contínuo se assemelha à curva de um corpo negro de temperatura
correspondente. Isso significa que a intensidade da radiação é maior e ocorre em
comprimentos de onda menores.

Figura 7: Formação de linhas de absorção e de emissão. Quando o átomo absorve um fóton com energia
adequada para fazer a transição para um nível superior, forma-se uma linha de absorção com comprimento de
onda correspondente ao fóton absorvido; quando o átomo emite um fóton, voltando para o nível inferior
(figura da direita), forma-se uma linha de emissão com o mesmo comprimento de onda.

Em resumo, as medidas de Slipher foram cruciais para descobrir o deslocamento para o


vermelho nas galáxias e fornecer evidências da expansão do universo. Seu trabalho abriu
caminho para um melhor entendimento da estrutura e evolução do cosmos.
Constante de Hubble

Edwin Hubble desenvolveu uma classificação das galáxias com base em sua aparência visual,
representando-as em um diagrama semelhante a um diapasão. As galáxias elípticas foram
agrupadas em um lado do diapasão, enquanto as galáxias espirais foram divididas em uma
estrutura semelhante a um "garfo". Na junção dos três braços do garfo, Hubble posicionou o
tipo S0, que é uma combinação peculiar de características das duas categorias. Essas
galáxias têm a forma e o disco das espirais, mas não possuem gás e poeira necessários para
a formação estelar. A velocidade de rotação e a quantidade de poeira aumentam à medida
que se avança das galáxias elípticas para as espirais. No entanto, não há evidências de que
um tipo de galáxia evolua para o outro. Essas características parecem ser determinadas
durante o momento de formação de cada galáxia.

Fig. 8: Diagrama de Hubble para classificação de galáxias regulares (Fonte: Shu, pág. 294).

A partir da investigação conduzida por Hubble, na qual os espectros das galáxias


vizinhas foram observados e analisados, foi constatado que existe uma relação direta
entre as amplitudes dos deslocamentos registrados e as distâncias das galáxias. Essa
relação é conhecida como Lei de Hubble:
v = H0
Onde o fator de proporcionalidade H 0 é chamado de constante de Hubble. No entanto,
é importante ressaltar que essa lei só é aplicável com precisão limitada às galáxias mais
próximas, dentro de margens de erro razoáveis.

Depois de muitas décadas de estudo, agora nós temos um novo valor para a constante:

H0 = 73.8 ± 2.4km s−1 Mpc −1


Variavéis Cefeidas
No início do século XX, Henrietta Leavitt realizou uma minuciosa investigação sobre um
grupo específico de estrelas variáveis chamadas cefeídas, e fez uma descoberta
fundamental. Ela observou que essas estrelas possuem características singulares que
permitem utilizá-las como indicadores de distância. A contribuição de Henrietta Leavitt foi
essencial ao determinar, pela primeira vez, a distância até a Grande Nuvem de Magalhães e
Andrômeda, comprovando que elas são galáxias independentes da nossa Via Láctea. A partir
desse ponto, os astrônomos começaram a utilizar as cefeidas para calcular distâncias
consideráveis (de até ~20 Mpc, equivalente a aproximadamente 60 milhões de anos-luz).
Com esse método, eles conseguiram e ainda conseguem determinar a distância entre
sistemas estelares em nossa galáxia e em galáxias próximas.
As cefeídas são estrelas supergigantes extremamente brilhantes, muito maiores do que o
Sol, que passam por uma fase de instabilidade, alternando entre períodos de aumento e
diminuição de tamanho e temperatura superficial. Isso resulta em variações em sua
luminosidade, o que as torna conhecidas como estrelas variáveis pulsantes. Normalmente,
as cefeídas clássicas possuem períodos de alguns dias. A figura ilustra a curva de luz de uma
cefeídas com um período de 4,5 dias, durante o qual a estrela varia seu brilho em 1
magnitude.

A relação entre o período e a luminosidade das estrelas cefeídas podem ser utilizada para
medir distâncias astronômicas. Conforme a distância entre uma fonte luminosa e o
observador aumenta, o brilho aparente diminui. Essa relação é descrita pela lei do inverso
do quadrado da distância. Portanto, conhecendo o brilho e a distância de uma fonte
luminosa em uma localização conhecida, é possível calcular a distância da fonte em uma
localização desconhecida.
Para aplicar esse método, é necessário calibrar a relação período-luminosidade utilizando
cefeídas de nossa própria galáxia, cujas distâncias podem ser determinadas por métodos
apropriados. Em seguida, ao observar uma cefeída de distância desconhecida, mede-se o
seu período e utiliza-se a relação calibrada para determinar o brilho absoluto da estrela.
Medindo o brilho aparente da estrela, pode-se então aplicar a lei do inverso do quadrado da
distância para obter sua distância real.
Esse método é especialmente poderoso porque as estrelas cefeídas são supergigantes com
luminosidades intrínsecas muito maiores que a do Sol, permitindo sua observação mesmo
em distâncias muito grandes.
Diagrama período-luminosidade:
brilho aparente = luminosidade / 4 π d2
Para medirmos o período das flutuações, a cefeida deve ser observada no mínimo em 4
noites por algumas semanas. O número de contagens medido para a cefeida irá variar de
noite para noite, devido às seguintes razões:

• variação nas condições observacionais;


• variação na luminosidade da estrela;

Diagrama período-luminosidade para uma estrela cefeída:

Magnitude absoluta nas bandas V e I:


MV = −2.760 log10 𝑃 − 1.458,
M1 = −2.962 log10 𝑃 − 1.942,
Hiparco classificou somente a magnitude aparente das estrelas, que é aquela vista da Terra
e é aquela vista da Terra e é definida como:
m = −2.5 log10 (ʃ / ʃx )
ʃx = 2.53.10−8 𝑊𝑚−2
Fluxo de estrela de referência, Vega:
Devido ao sinal negativo da definição, um valor pequeno de m corresponde a um fluxo alto,
de acordo com Hiparco. O conceito de magnitude aparente está relacionado à medida feita
na Terra, não é uma propriedade intrínseca da estrela.
A magnitude absoluta de uma fonte é definida como a magnitude aparente com a qual ela
seria observada da Terra se estivesse a uma distância de luminosidade D L =10 pc:
M ≡ −2.5 log10 (L / Lx )
Lx = 78.7 L⊙

é a luminosidade de uma fonte que produz fluxo f x quando vista de uma distância DL =10
pc.
Módulo de distância:

L
DL = √
4πf

Considerando as definições de magnitude absoluta e magnitude aparente, temos:


M
M ≡ −2.5 log10 (L/Lx ) → L = 10−2.5 Lx
m
m ≡ −2.5 log10 (L/Lx ) → L = 10−2.5 fx
L (m−M) L
x
= 10 2.5
f fx

L Lx
DL = √ 10pc = √
4πf 4πfx

L
= 10(m−M)/2.5 (10 pc)2 4π
f
L
= 10(m−M)/2.5 (10 pc)2
4πf
DL 2 m−M
D2L ( ) =
10 pc 2.5
DL
M = m − 5 log10 ( )
10 pc
DL
m − M = 5 log10 ( ) + 25
1 Mpc
Exemplos:
Grande Nuvem de Magalhães: DL =0.050 Mpc ou m-M=18.5
Aglomerado de Virgo: DL =15 Mpc ou m-M=30.9

Aproximação de 2ª ordem:
c 1 − qL
DL ≈ z (1 + )z
H0 2

para o módulo de distância:

H0
m − M ≈ 43.17 − 5 log10 ( ) + 5 log10z + 1.086 (1 − q 0 )z
70 km s −1 Mpc −1

No entanto, há limites práticos para a detecção de estrelas cefeídas. Em distâncias muito


grandes, o brilho das estrelas cefeídas pode se tornar extremamente fraco, dificultando sua
observação. Além disso, a precisão das medições do período e do brilho também influencia
os limites de detecção. Erros significativos nessas medições podem afetar a precisão na
determinação da distância da estrela.
Em geral, as estrelas cefeídas são particularmente úteis para medir distâncias dentro de
grupos de galáxias próximas e galáxias vizinhas à nossa Via Láctea. Para distâncias maiores,
outros métodos, como a utilização de supernovas, tipo (Ia) ou a relação entre a velocidade
radial e a distância das galáxias, podem ser mais adequados.

Fig. 9: Grande Nuvem de Magalhães


Distância a aglomerados de galáxias
Os aglomerados de galáxias são vastas concentrações cósmicas que podem conter centenas
a milhares de galáxias em uma região com um raio de aproximadamente 1 Mpc. Esses
aglomerados possuem massas da ordem de 1014 a 1015 vezes a massa do Sol e diâmetros
típicos entre 5 e 30 milhões de anos-luz.
É importante destacar que as galáxias dentro dos aglomerados não estão imóveis, mas sim
em constante movimento sob a influência do campo gravitacional do aglomerado. Elas se
movem em órbitas ao redor do centro do aglomerado, com velocidades que podem chegar
a até 1000 km/s.
A dispersão de velocidades, que representa o desvio padrão em relação à velocidade média
das galáxias do aglomerado, reflete o movimento interno das galáxias dentro do
aglomerado. Essa dispersão de velocidades é muito alta, atingindo cerca de 1000 km/s.
Dimensões típicas das estruturas do universo:

Fig. 10: Comparação entre os corpos celestes distribuídos no universo.

A massa luminosa de uma galáxia é calculada com base na quantidade de luz emitida pelas
estrelas e outros objetos visíveis dentro dela. É uma estimativa da massa total da galáxia
com base na luminosidade observada. No entanto, a massa luminosa não leva em conta a
presença de matéria escura, que não emite luz e constitui a maior parte da matéria total do
universo.
A relação utilizada por Öpik em 1922, conhecida como a relação de Öpik, é uma fórmula
matemática que relaciona a luminosidade intrínseca de uma estrela variável cefeida com o
período de suas variações de brilho. Essa relação é fundamental para estimar a distância de
estrelas cefeidas com base em suas características observáveis.
Exemplo:
𝑀 = 𝛾𝐿
E usando a relação:
𝐸
𝑚 − 𝑚⊙ = −2.5 𝑙𝑜𝑔 =
𝐸⊙

2
𝐸 4𝜋𝐷⨀
= − 2.5 log(4𝜋𝐷2 )==
𝐿⨀

𝐿
= − 2.5 log (𝐷2) , onde

L está em L⨀ e D em U. A.
Assim:
𝑚⨀ −𝑚
𝑀 = 𝛾 𝐷2 10 2.5

Usando valores para Andrômeda obtemos: 𝑀𝐴 ∼ 5.6 . 103 𝑀⨀ , esse valor se encontra bem
próximo do valor de Öpik, mas bem distante do que é considerado correto que é de 𝑀𝐴 ∼
1.5 . 1012 𝑀⨀
A constante γ na relação de Öpik é dependente do tipo de galáxia. Öpik utilizou γ = 2.6 para
a galáxia de Andrômeda, que é semelhante à Via Láctea. Estimativas para galáxias elípticas
sugerem γ ~ 10. Se todas as estrelas na galáxia tivessem massas semelhantes ao Sol, γ seria
igual a 1.
No espectro óptico, o valor de γ depende principalmente da relação massa-luminosidade
das estrelas, da função inicial de massa estelar, do tempo de vida das estrelas e da história
de formação estelar na galáxia. Em outras frequências do espectro, o valor de γ dependerá
das componentes mais importantes presentes. Se tivermos uma medida independente da
distância, podemos usar a relação de Öpik para estimar a massa da galáxia. No entanto, é
necessário levar em conta as diversas influências e características específicas do sistema
estelar em estudo.
Por outro lado, a massa dinâmica de uma galáxia leva em consideração o movimento das
estrelas e outros objetos dentro dela. É determinada através do estudo das órbitas e
velocidades das estrelas, bem como do efeito gravitacional da galáxia como um todo. A
massa dinâmica leva em conta tanto a matéria luminosa quanto a matéria escura,
proporcionando uma estimativa mais completa da quantidade de matéria presente na
galáxia.
É importante ressaltar que a massa dinâmica é geralmente maior do que a massa luminosa,
devido à presença significativa de matéria escura. A matéria escura desempenha um papel
crucial na dinâmica das galáxias, contribuindo para a formação e manutenção de sua
estrutura, apesar de não ser diretamente observável. Portanto, a massa dinâmica fornece
uma medida mais abrangente da quantidade total de matéria em uma galáxia.
Exemplo: Estudo de M31.
𝐺𝑀
2
𝑣 2𝑅
𝑣 = →𝑀=
𝑅 𝐺

Estudo mais detalhado da Rotação de M31:


𝑀𝑙𝑢𝑚𝑖𝑛𝑜𝑠𝑎 ≈ 5.6 . 109 𝑀⨀
{
𝑀𝑑𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑎 ≈ 3.3 . 109 𝑀⨀

Escrevendo uma equação para a velocidade de Andrômeda e outra para a velocidade de


rotação da Terra temos:

𝐺𝑀𝐴 𝐺𝑀𝐴 𝐺𝑀𝐴


𝑉𝐴 = √ 𝑅𝐴
→ 𝑉𝐴2 = 𝑅𝐴
= ∝𝐴 𝐷 𝐴
→ (1)

Ambas estão 2 ordens de grandeza abaixo do valor atual (𝑀∗ ∽ 1.5 . 1011 𝑀⨀ ).

Aglomerados de galáxias
Um aglomerado de galáxias é um conjunto de galáxias que estão interligadas
gravitacionalmente. Ao observar fotografias do céu, é perceptível que as galáxias têm a
tendência de se agruparem em vez de estarem dispersas individualmente. Uma descoberta
recente relevante para o estudo desses aglomerados é a detecção da emissão de raio-X dos
gases quentes que existem entre as galáxias dentro dos cúmulos. Essa detecção revelou que
aproximadamente um terço da matéria presente nos aglomerados é composta por gás
quente.
Esses gases quentes são compostos principalmente por hidrogênio e hélio, além de vestígios
de outros elementos. Eles são extremamente quentes, atingindo temperaturas de milhões
de graus Celsius, e emitem radiação de raio-X devido à alta energia térmica. A detecção
dessa emissão de raio-X é possível por meio de observatórios espaciais e telescópios
especialmente projetados para capturar essa faixa de energia.
Além disso, a presença do gás quente também tem implicações para a formação e evolução
das próprias galáxias dentro dos aglomerados. A interação entre as galáxias e o gás quente
pode afetar o processo de formação estelar, a distribuição de matéria e a dinâmica do
sistema como um todo.
Fig. 11: O grande aglomerado de Coma cobre 20 milhões de anos-luz no espaço (2 graus de diâmetro ) e
contém milhares de membros.

O estudo de galáxias e aglomerados de galáxias revelou que a distribuição desses objetos


pode contrair, expandir ou permanecer estável, dependendo da interação entre a massa
total e as velocidades envolvidas. No início do século XX, começamos a obter elementos
para avaliar essa relação no contexto cosmológico.
Para estudar essa relação, utilizamos gráficos que envolvem duas medidas independentes:
distância e velocidade.
Inicialmente, não sabíamos se a relação entre essas grandezas era linear, mas ajustamos
uma reta que passa pela origem, representada pela Lei de Hubble-Lemaître. Essa lei é um
dos fundamentos observacionais da Cosmologia Física atual.
𝑣 = 𝐻0 𝑑
A constante H0, medida em km/s/Mpc (quilômetros por segundo por megaparsec),
desempenha um papel importante nessa relação. Devido à incerteza associada a seu valor, é
comum usar a letra h para representar grandezas cosmológicas.
Por exemplo: se a velocidade for igual a 1000 h km/ s, onde h depende da relação:
𝐻0 = 100ℎ 𝑘𝑚 /𝑠 /𝑀𝑝𝑐
ℎ = 1 𝑠𝑒 𝐻0 = 100ℎ 𝑘𝑚 /𝑠 /𝑀𝑝𝑐 , ou
ℎ = 0.74 𝑠𝑒 𝐻0 = 74 𝑘𝑚 /𝑠 /𝑀𝑝𝑐.
Pode-se adotar outra relação para ficar mais perto do valor atual, como h70, onde:
𝐻0 = 70ℎ70 𝑘𝑚 /𝑠 /𝑀𝑝𝑐
O valor de h varia de acordo com a grandeza em questão. Por exemplo, para distância,
pode-se escrever "Distância = 1 h-1 Mpc", considerando a lei de Hubble-Lemaître: 𝑣 = 𝐻𝑑
É importante destacar que H, também conhecido como "Parâmetro de Hubble", não é uma
constante fixa, mas sim uma função do tempo e depende do modelo cosmológico utilizado.
Portanto, muitos preferem utilizar o termo "Parâmetro de Hubble" em vez de "Constante de
Hubble". A notação H0 é comumente usada para indicar o valor atual desse parâmetro.

Fig 12: Velocidade de recessão das galáxias em função de sua distância à Terra. A linha reta mostra que as
velocidades são proporcionais à distância. A declividade da reta dá o valor da constante de proporcionalidade,
chamada constante de Hubble (H0).

A velocidade foi medida inicialmente pelo efeito Doppler. Isso significa que a velocidade de
um objeto em movimento foi determinada utilizando as alterações na frequência da luz
emitida ou refletida por esse objeto.
No caso do efeito Doppler aplicado à luz, quando uma fonte de luz está se movendo em
direção a um observador, as ondas de luz ficam comprimidas, resultando em um desvio para
o azul (chamado de desvio para o azul). Por outro lado, quando a fonte de luz está se
afastando do observador, as ondas de luz se esticam, resultando em um desvio para o
vermelho (chamado de desvio para o vermelho).

𝜆0 1+𝛽
=√
𝜆𝑠 1−𝛽

𝑣
Onde 𝛽 = 𝑐 , sendo 𝑣 positivo para afastamento e negativo para aproximação.
Para baixas velocidades podemos usar essa forma como aproximação, no entanto, é
considerado errado associar o efeito Doppler somente às velocidades de recessão das
galáxias.
O comprimento de onda de uma fonte que está se movimentando com velocidade 𝑣 em
relação ao observador é deslocado por:
Δ𝜆 𝑣 1
= 𝑐𝑜𝑠𝜃 ( )
𝜆 𝑐 𝑣2
1− 2
𝑐

Onde 𝜃 é o ângulo entre o vetor velocidade e a linha de visada.


Costuma-se definir o redshift (z) como:
Δ𝜆
𝑧=
𝜆𝑠

𝜆0 −𝜆𝑠
=
𝜆𝑠
𝜆0
= −1
𝜆𝑠
1+𝛽
∴𝑧+1= √
1−𝛽

𝑣
∴𝑧 ≃ 𝛽= 𝑠𝑒 𝑣 ≪ 𝑐
𝑐

Fig. 13: Observadores se afastando da fonte percebem uma onda com maior comprimento de onda (menor
frequência) enquanto observadores se aproximando da fonte percebem uma onda com menor comprimento
de onda (maior frequência).
Cosmologia Newtoniana

A descrição de um sistema gravitacional requer a aplicação da Teoria da Relatividade Geral


(GR) quando as escalas de comprimento no sistema são comparáveis ao raio de curvatura
do espaço-tempo, o que é o caso em nosso Universo. Embora ainda não possamos explicar
exatamente o que é o raio de curvatura do Universo, é provável que ele esteja na mesma
ordem de grandeza do raio de Hubble.
Mesmo assim, uma descrição newtoniana pode ser considerada correta, pois produz os
mesmos resultados para a densidade crítica e a idade do Universo, principalmente em um
universo homogêneo, onde uma pequena região espacial reflete características do universo
como um todo. Se conhecemos a evolução de uma pequena região no espaço, também
conhecemos a história do universo devido à sua homogeneidade. No entanto, em escalas
pequenas, a abordagem newtoniana é justificada. Portanto, com base no princípio
cosmológico, inicialmente consideramos modelos do mundo que são espacialmente
homogêneos e isotrópicos dentro do contexto da gravidade newtoniana.

Um modelo cosmológico Newtoniano Homogêneo é aquele em que há uma distribuição


contínua de observadores fundamentais que são considerados equivalentes pelo Grupo de
Heckmann e Schucking.
Fig. 14: Um Universo homogêneo, mas não isotrópico (as faces opostas desse paralelepípedo estão
identificadas uma com a outra).

Modelos cosmológicos Homogêneos e Isótropos

Vamos considerar distribuições de matéria em que a pressão é negligenciável em relação a


outros efeitos, ou seja, p=0. Essas distribuições são chamadas de "matérias incoerentes" e
representam aglomerados físicos de partículas semelhantes a poeira. O modelo construído
com esse tipo de material será isotrópico se suas propriedades fundamentais não
dependerem da direção em que são observadas. É importante observar que a
homogeneidade decorrente da isotropia só é válida se a isotropia se aplicar a todos os
pontos do universo em questão.

Fig. 15: Um Universo homogêneo e isotrópico (as faces opostas desse paralelepípedo estão identificadas uma
com a outra).
As equações dinâmicas

As equações dinâmicas descrevem o comportamento de um universo com massa.


Assumindo o Princípio Cosmológico, que afirma que o universo é homogêneo e isotrópico
em larga escala, podemos deduzir algumas propriedades. Em um universo infinito, parece
que tudo fica parado, mas isso é uma suposição questionável. A força gravitacional é
considerada igual em todas as direções. Vamos considerar o movimento de uma galáxia em
relação a nós. No sistema de coordenadas co-móveis, estamos no "centro", o que significa
que estamos escolhendo um ponto de referência estático em relação ao qual o movimento
das galáxias é observado.
As equações de Friedmann são um conjunto de equações que permitem obter modelos de
expansão universal métrica, levando em consideração a curvatura espacial específica. Essas
equações são derivadas das equações de campo de Einstein aplicadas à métrica de
Friedmann-Lemaître-Robertson-Walker (FLRW), que é baseada nos princípios cosmológicos
de um universo isotrópico e homogêneo.

1
𝑑𝑠 2 = −𝑑𝑡𝑡 + 𝑎2 (𝑡) ( + 𝑟 2 𝑑𝜃 + 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛2 𝜃𝑑𝜙 2 )
1 − 𝑘2

A métrica de RW também costuma ser escrita num sistema normalizado:

𝑑𝑠 2 = 𝑐 2 𝑑𝑡 2 − 𝑎(𝑡)2 [𝑑𝑟 2 + 𝑆𝑘2 (𝑟)𝑑𝛺 2 ]

As equações de Friedmann desafiaram diretamente a visão de um universo estático


proposta por Einstein, ao sugerir um universo dinâmico. Hoje, elas servem como a base para
a maioria dos modelos cosmológicos modernos, incluindo o Modelo Padrão amplamente
adotado. Inicialmente, essas equações não consideraram a presença da constante
cosmológica de Einstein (Λ). No entanto, com base em pesquisas recentes que indicam uma
taxa acelerada de expansão universal, as equações foram revisadas para incorporar esse
aspecto. Essa descoberta levou à inclusão da constante cosmológica e ao desenvolvimento
de modelos mais precisos que explicam a expansão acelerada do universo.

Atualmente são adotadas na forma:

𝑎(𝑡)̇ 8𝜋𝐺 𝛬 1
( )= 𝜌(𝑡) + − 2 2
𝑎(𝑡) 3 3 𝐾 𝑎 (𝑡)

𝑎̈ (𝑡) 4𝜋𝐺 𝛬
=− (𝜌(𝑡) + 3𝑝 +
𝑎(𝑡) 3 3

A princípio, as soluções propostas às equações de Friedmann desconsideraram a constante


cosmológica (Λ = 0) e assumiram um universo dominado pela matéria. Partindo disso, são
obtidas as equações:
𝑎̈ (𝑡) 𝑎̇ 2 (𝑡) + 𝑘𝑐 2
2 + =0
𝑎(𝑡) 𝑎2 (𝑡)

𝑎̇ 2 (𝑡) + 𝑘𝑐 2 8𝜋𝐺𝜌0 𝑎03


=
𝑎2 (𝑡) 3𝑎3

Fig. 16: Soluções de amostra da equação de Friedmann. As três curvas côncavas representam universos cheios
de matéria com valores diferentes de M. A curva espessa e côncava representa um universo com uma
constante cosmológica diferente de zero. Todas as curvas são calibradas para ter o mesmo fator de escala e
taxa de expansão hoje

Densidade crítica

Vamos imaginar uma situação em que uma galáxia com massa m está se movendo a uma
velocidade 𝑣, a uma distância r de um sistema de coordenadas específico. Esse sistema
contém uma massa total M dentro de um volume com raio r. Na ausência de cargas
elétricas, a energia total desse sistema é a soma da energia cinética com a energia potencial
gravitacional:

1 𝐺𝑀𝑚
𝐸= 𝑚𝑣 2 − = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
2 𝑟

Dependendo do valor da energia total do Universo, que é uma constante do sistema, o


Universo será aberto ou fechado.

> 0, 𝑈𝑛𝑖𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜 𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑜;


𝐸 { = 0, 𝑈𝑛𝑖𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑜;
< 0, 𝑈𝑛𝑖𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜 𝑓𝑒𝑐ℎ𝑎𝑑𝑜.
Usando a lei de Hubble:
𝑣 = 𝐻0 𝑟

Onde H0 é a constante de Hubble no presente, e

4𝜋 3
𝑀 = 𝜌𝑐 𝑟
3
Onde 𝜌𝑐 é a densidade criticada, isto é, a densidade necessária para parar a expansão do
Universo, E = 0, obtemos:
1 2
𝐻 𝑚𝑟 2 = 0
2 0

3𝐻02
𝜌𝑐 =
8𝜋𝐺

Usando 𝐻0 = 75𝑘𝑚 /𝑠/𝑀𝑝𝑐,


Obtemos:

𝜌𝑐 ≃ 1,1 . 10−26 𝑘𝑔/ 𝑚3 = 1,1 . 10−29 𝑔/𝑐𝑚3

que pode ser comparado com a densidade de matéria visível observada, que é da ordem de
10−31 g/cm, ou seja, cerca de 100 vezes menor do que a densidade crítica.
Vamos escrever a distância entre dois pontos quaisquer no espaço como:

𝑟(𝑡) = 𝑎 (𝑡) 𝑟0
Onde:
• (t) é um fator de escala crescente com o tempo para um Universo em expansão.
• 𝑟0 é a distância entre dois pontos no instante 𝑡0 : 𝑎0 = 𝑎 (𝑡0 ) = 1.
A velocidade de recess˜ao entre os dois pontos pode ser obtida derivando (𝑟(𝑡) = 𝑎 (𝑡) 𝑟0)
no tempo:
𝑑𝑟 𝑑𝑎 1 𝑑𝑎
𝑣(𝑡) = = 𝑟0 = 𝑟(𝑡)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑎 𝑑𝑡

Pela lei de Hubble obtemos,

𝑑𝑎 à(𝑡)
𝐻(𝑡) = 𝑎(𝑡)2 𝑟0 =
𝑑𝑡 𝑎(𝑡)
O conceito de curvatura em uma superfície bidimensional (2D)
O conceito de curvatura em uma superfície bidimensional (2D) refere-se à medida de quão
curva ou plana é uma determinada região ou ponto em uma superfície. Em uma superfície
plana, como um plano cartesiano, a curvatura é zero em todos os pontos, pois não há
curvatura presente.
No entanto, em uma superfície curva, como uma esfera ou um cone, a curvatura varia de
acordo com a geometria da superfície. Existem dois tipos principais de curvatura: curvatura
positiva e curvatura negativa.
Em uma superfície com curvatura positiva, como uma esfera, a curvatura é maior no centro
da curvatura e diminui à medida que se afasta desse ponto. Por exemplo, se traçarmos uma
linha em torno de uma esfera, essa linha curva-se para fora da superfície da esfera,
indicando uma curvatura positiva.
Por outro lado, em uma superfície com curvatura negativa, como um selo de
correspondência côncavo, a curvatura é maior à medida que nos aproximamos do centro da
curvatura e diminui à medida que nos afastamos. Se traçarmos uma linha em torno dessa
superfície, a linha curvar-se-á para dentro da superfície, indicando uma curvatura negativa.

Fig. 17: Medida do número π de acordo com a geometria do universo.

A curvatura de uma superfície pode ser quantificada por meio de conceitos matemáticos,
como o raio de curvatura, que mede o quão estreita ou ampla é a curvatura em um ponto
específico, e a curvatura média, que é a média das curvaturas em todos os pontos de uma
superfície.
Fig. 18: Superfícies curvas: esfera (curvatura positiva), sela (curvatura negativa) e plana. Para um universo
cheio de matéria, a curvatura está relacionada à densidade do universo. (Créditos: NASA / WMAP Science
Team)

Einstein
Einstein descobriu em 1917 que suas equações não permitiam um Universo Estático, mas
ele também não acreditava em um Universo Dinâmico, então, ele modificou as equações.
Ele introduziu um novo termo à equação de Friedmann que se tornou:

dR 2 8π 1
( ) − ( Gρ + Λc 2 ) R2 = −kc 2
dt 3 3
E correspondendo a equação de aceleração, teremos:
𝑑2𝑅 𝑅
2
= (−4𝜋𝐺𝜌 + 𝛬𝑐 2 )
𝑑𝑡 3
Aqui 𝛬 é a constante conhecida como constante cosmológica.
Com a modificação Einstein estava apto a encontrar um modelo estático de universo:
𝑘𝑐 2 𝑘
𝜌= 𝑒 Λ =
4𝜋𝐺𝑅 2 𝑅2
Em outras palavras o universo pode estático, mas somente se tiver certos valores de
densidade da matéria, a constante cosmológica e fator de escala. Se 𝜌 > 0 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 𝑘 >
0, concluindo-se que – nesse caso – o universo pode ter curvatura positiva.
Depois que Hubble descobriu a expansão do universo, Einstein renunciou à constante Λ,
perdeu a oportunidade de prever a dinâmica do universo.
Em 1929, Hubble demonstrou, observando o deslocamento para o vermelho nas linhas
espectrais das galáxias observadas por Milton La Salle Humason e medindo as distâncias
compreendeu que as galáxias estavam se afastando de nós, com velocidades proporcionais
as suas distancias. Confirmando a previsão da expansão do universo de Friedmann.
A expansão do Universo afasta as galáxias para longe de nós e por consequência, causa um
desvio para o vermelho, conhecido como redshift.

A teoria do Big Bang leva em conta que, se as galáxias estão se afastando umas das outras,
no passado, elas deveriam estar muito mais próximas. O que nos leva a acreditar que em
um passado ainda mais distante (cerca de 15 bilhões de anos atrás), deveriam estar todas
localizadas em um mesmo ponto e, muito quente, uma singularidade que se expandiu no
Big Bang. Essa Grande Expansão possivelmente deu origem a tudo que conhecemos hoje:
matéria, radiação e o espaço-tempo.
A expansão do universo não influi no tamanho das galáxias e cúmulos de galáxias, que são
mantidos coesos pela gravidade; o espaço entre eles simplesmente aumenta. [6]
astronomia e astrofísica.
Em termos simples, isso significa que quando olhamos para as galáxias ao nosso redor,
percebemos que elas estão se afastando de nós, assim como todas as outras galáxias estão
se afastando umas das outras. Isso não significa que estamos em um lugar especial ou
privilegiado no Universo. O Universo não tem um centro específico ou bordas definidas.
Qualquer observador, em qualquer lugar do Universo, verá o mesmo efeito de expansão.
Um exemplo para ilustrar esse conceito é o bolo de passas. Imagine um bolo com passas
espalhadas por toda a massa. À medida que o bolo cresce no forno, as passas não se movem
dentro do bolo, mas sim o espaço entre elas se expande. Da mesma forma, o afastamento
das galáxias não ocorre devido a um movimento próprio delas, mas sim devido à expansão
do espaço entre elas. A expansão do Universo é uma expansão do próprio espaço, que leva
as galáxias consigo.
A expansão do espaço não altera o tamanho dos objetos que estão nele, como galáxias,
estrelas e planetas. Isso ocorre porque a força da gravidade que os mantém juntos é muito
mais forte do que a expansão em si. No entanto, a expansão afeta a luz que viaja através do
espaço por longas distâncias. Quando uma onda de luz se propaga no espaço, a expansão
estica a própria onda, aumentando seu comprimento de onda. Esse aumento no
comprimento de onda é o que observamos como "redshift".

À medida que o universo se expande, toda sua radiação cósmica sofre o desvio para o
vermelho.
É importante notar que esse redshift não é causado pelo efeito Doppler, que ocorre quando
há um movimento relativo entre a fonte da luz e o observador. No caso das galáxias, elas
não estão realmente se movendo umas em relação às outras no sentido tradicional.
Portanto, uma terminologia mais apropriada para descrever o redshift causado pela
expansão do universo é "redshift cosmológico". No entanto, apesar disso, a equação do
efeito Doppler é aplicada na prática para descrever esse redshift cosmológico. Assim,
tratamos o redshift cosmológico como se fosse um efeito Doppler para fins de conveniência
e simplificação.
A animação retrata a expansão do universo ao longo de 100 milhões de anos, conforme
observado a partir da nossa galáxia (destacada em vermelho). Nossa galáxia permanece fixa
no centro, enquanto todas as outras galáxias visíveis se afastam dela. O tempo é exibido no
canto superior esquerdo sendo "My" uma abreviação para "milhões de anos").
As distâncias entre nossa galáxia e duas galáxias vizinhas (uma destacada em azul e a outra
em verde), medidas em anos-luz, são mostradas no início e no final da animação. É possível
observar que essas distâncias dobram ao longo do período da animação, o mesmo
ocorrendo com as distâncias de todas as outras galáxias exibidas.
A velocidade média de afastamento de cada galáxia em relação à nossa galáxia é
determinada pela variação da distância dividida pelo tempo.
O paradoxo de Olbers
O paradoxo de Olbers, nomeado após o astrônomo alemão Heinrich Wilhelm Olbers, é uma
questão intrigante na cosmologia que questiona por que o céu noturno é escuro se o
Universo é infinito e estático. O paradoxo argumenta que, se o Universo fosse infinito,
uniforme e não tivesse obstruções, então a luz de todas as estrelas eventualmente
alcançaria qualquer ponto de observação na Terra, resultando em um céu brilhante e sem
escuridão.

Existem várias respostas propostas para resolver esse paradoxo. Uma explicação é baseada
no fato de que o Universo não é estático, mas em expansão. Isso significa que a luz de
estrelas distantes sofre um desvio para o vermelho devido à expansão do espaço, tornando-
as menos brilhantes e mais difíceis de detectar. Além disso, à medida que a luz viaja através
do espaço, ela pode ser absorvida ou dispersada por poeira e gás interestelar, reduzindo
ainda mais sua intensidade.
Outra explicação é que o Universo não é infinito no tempo, mas tem uma idade finita. Isso
significa que a luz de estrelas suficientemente distantes ainda não teve tempo para chegar à
Terra, resultando em regiões do espaço que estão além do alcance de nossa observação.
Portanto, o paradoxo de Olbers é resolvido pela combinação da expansão do Universo, que
afeta a intensidade da luz das estrelas distantes, e pela finitude do tempo cósmico, que
limita a quantidade de luz que chega até nós. Essas explicações resultam em um céu
noturno escuro, em vez de um céu brilhante e iluminado por todas as estrelas do Universo.
Qual é a idade do Universo?
Na década de 1990, os cientistas descobriram que sua estimativa da idade do universo era
mais jovem do que a idade das estrelas mais antigas. No entanto, eles perceberam que o
universo não estava se expandindo a uma taxa constante, mas sim acelerando. Isso foi
observado através do estudo de supernovas do tipo 1A, que explodem com brilho uniforme.
Usando valores razoáveis para os parâmetros cosmológico, temos:

Usando o método das supernovas, os cientistas puderam calcular a distância dessas


explosões da Terra e o tempo que a luz levou para chegar até nós. Com base nessas
observações, estimou-se que a idade do universo é de cerca de 13,3 bilhões de anos.

Fig. 19: Exemplos de curvas de luz no filtro B de supernovas Ia. Figura retirada de [7], com a permissão de IOP
publishing, por intermédio de Copyright Clearance Center, Inc. e traduzida pelos autores.
Outra forma de estimar a idade do universo é através da radiação cósmica de fundo em
micro-ondas (CMB), que é a radiação remanescente do Big Bang. Os cientistas usaram o
telescópio espacial Planck e a sonda Wilkinson Microwave Anisotropy (WMAP) para mapear
as variações de temperatura da CMB e compará-las com modelos teóricos do universo. Com
base nessa análise, estimou-se que a idade do universo é de cerca de 13,82 bilhões de anos.

Fig. 20: Esfera imaginária representando a última Superfície de Espalhamento e nossa posição no centro da
mesma. As flechas retorcidas representam os fótons da RCF, e as flechas retas indicam a posição (fora de
escala) de processos como a formação de quasares distantes e galáxias em z=3.

No entanto, ainda existem enigmas a serem resolvidos. A taxa de expansão atual do


universo é cerca de 5% maior do que o previsto pela CMB, e os cientistas não têm certeza
do motivo dessa diferença. Isso pode indicar uma lacuna em nossa compreensão da física do
universo ou possíveis erros nas medições.
Coordenadas comoveis

Um sistema de coordenadas comoveis é um sistema de referência em que os observadores


se movem com as partículas em um fluido cosmológico. Nesse sistema, as coordenadas são
escolhidas de forma a acompanhar o movimento médio das partículas, tornando-as
estacionárias. Isso permite uma descrição simplificada e conveniente do universo em
termos das propriedades médias do fluido, facilitando a análise das características globais
do sistema.
Em muitos casos torna-se necessário explicitar a variação de H com o tempo (por menor que
seja) pois a constante de Hubble é na verdade uma função escalar de tempo que varia muito
pouco durante o estágio atual da evolução.
Tendo em conta:
𝜕𝑡 𝜌 + 𝜕𝑖 (𝜌𝑣 𝑖 ) = 0
1
(𝜕𝑡 + 𝑣 𝑖 𝜕𝑗 ) 𝑣 𝑖 = −𝜕𝑖 𝛷 − 𝜕𝑖 𝑝
𝜌

Fig.

Onde 𝜌 depende apenas do tempo, obtemos as equações de modelos homogêneos e


isótropos,
𝜌̇ + 𝜌𝜃 = 0

Por definição:
3𝑅̇
𝜃 ≡ 𝜕𝑗 𝑣 𝑗 = 3𝐻 =
𝑅

Obtemos:
𝜌𝑅 3 (𝑡) = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
Fig. 21: Coordenadas comoveis

A Radiação Cósmica de Fundo


A descoberta da Radiação Cósmica de Fundo foi feita pelos rádio-astrônomos Arno Allan
Penzias e Robert Woodrow Wilson, dos Bell Laboratories, nos Estados Unidos. Enquanto
trabalhavam na calibração de uma antena de micro-ondas para comunicação por satélite,
eles perceberam que todas as medições apresentavam um ruído constante, cuja origem não
conseguiram identificar. Independentemente da direção para onde apontavam a antena, o
ruído persistia, sugerindo que era uma emissão proveniente de todas as partes do Universo.
Ao mesmo tempo, um grupo de físicos na Universidade de Princeton, composto por Robert
Henry Dicke, Philip James Edward Peebles, Peter G. Roll e David T. Wilkinson, estava
construindo uma antena para procurar a radiação remanescente do Big Bang. Eles previam
que essa radiação, que teria sido emitida quando o Universo se tornou transparente,
deveria ter uma temperatura atual de poucos kelvins e ser detectável em micro-ondas. Essa
radiação com temperatura atual de 5 K já havia sido prevista em 1948 por Ralph Asher
Alpher e Robert Herman, colaboradores de George Gamow.
Penzias e Wilson tomaram conhecimento do trabalho do grupo de Dicke e perceberam que
o ruído que eles estavam observando era, na verdade, a radiação remanescente do estado
quente em que o Universo se encontrava no seu início. Em 1978, eles foram laureados com
o Prêmio Nobel pela descoberta da Radiação Cósmica de Fundo. Essa descoberta foi uma
confirmação importante da teoria do Big Bang e forneceu evidências fundamentais para
nossa compreensão da origem e evolução do Universo.
Fig. 22: A radiação Cósmica de Fundo.

COBE
Em 18 de novembro de 1989, a NASA lançou o satélite Cosmic Background Explorer (COBE)
para estudar detalhadamente a radiação de fundo do Universo na faixa de micro-ondas. O
COBE foi capaz de observar diretamente a luz emitida pelo Universo quando ele se tornou
transparente, conhecido como época da recombinação, cerca de 380 mil anos após o Big
Bang. Os dados coletados pelo COBE, divulgados por John Cromwell Mather, cientista
coordenador do projeto, correspondem perfeitamente a um corpo negro com temperatura
de 2,726 K, com uma incerteza inferior a 0,01 K. Essa temperatura é a prevista para a
radiação emitida pelo gás quente durante a formação do Universo, observada com um
desvio para o vermelho correspondente devido à expansão do Universo. Se o Big Bang
tivesse sido caótico, o espectro observado não seria perfeitamente o de um corpo negro,
mas seria distorcido para o azul devido ao decaimento das estruturas caóticas. Em média,
cada metro cúbico do Universo contém cerca de 400 milhões de fótons e apenas 0,1
átomos.
Em um experimento adicional do satélite COBE, divulgado em abril de 1992 por George
Smoot, foram observadas pequenas variações na temperatura da radiação cósmica de fundo
(seis partes por milhão). Essas variações são importantes nos modelos de formação de
galáxias, pois permitem que a matéria posteriormente formada se agrupe
gravitacionalmente para criar estrelas e galáxias, organizadas em grupos, bolhas, paredes e
vazios, conforme observado.
Equação de Estado para uma caixa de partículas:
A equação de estado para uma caixa de partículas descreve a relação entre a pressão, a
densidade e a energia interna das partículas contidas na caixa. Essa equação é geralmente
obtida a partir de modelos físicos e pode variar dependendo das características das
partículas, como massa, interações entre elas e temperatura. A equação de estado é
fundamental para entender o comportamento termodinâmico do sistema e pode ser
aplicada em diversas áreas da física, como a física de partículas, astrofísica e cosmologia.

Fig. 23: Função de energia potencial V(x) para a partícula em uma caixa undimensional.

Equações Estado
Em cosmologia, as equações de estado são relações matemáticas que descrevem a relação
entre a pressão, a densidade de energia e o tipo de matéria ou energia presente no
universo. Essas equações são fundamentais para entender a dinâmica e a evolução do
universo em larga escala.
Cada componente do universo, como matéria comum, matéria escura, radiação ou energia
escura, possui uma equação de estado característica que relaciona sua pressão e densidade
de energia. A equação de estado é expressa na forma de uma relação matemática,
geralmente na forma de uma equação algébrica ou diferencial, que descreve como a
pressão varia em relação à densidade de energia.
𝑃 ⟺𝜌
As equações de estado são importantes porque influenciam o comportamento do universo
em diferentes estágios de sua evolução. Por exemplo, em uma época inicial, quando a
radiação domina o universo, a equação de estado para a radiação desempenha um papel
significativo na expansão e na formação das estruturas cósmicas. Em estágios posteriores, a
matéria escura e a energia escura se tornam mais relevantes, e suas equações de estado
influenciam a taxa de expansão e o destino do universo.

Equação de Estado para Matéria não relativística:


A equação de estado para matéria não relativística descreve a relação entre a pressão, a
densidade e a energia interna de uma substância que obedece às leis da mecânica clássica,
onde as velocidades das partículas são muito menores em relação à velocidade da luz.
Nesse caso, a pressão é geralmente negligenciável em comparação com a densidade,
resultando em uma equação de estado simples, em que a pressão é proporcional à
densidade multiplicada por uma constante.

Equação de Estado para Radiação:


A equação de estado para radiação descreve a relação entre a pressão, a densidade e a
energia interna de um fluido constituído por radiação eletromagnética, como fótons. Nesse
caso, devido às propriedades peculiares da radiação, a pressão é significativa e não pode ser
negligenciada em relação à densidade. A equação de estado para radiação é obtida
considerando a natureza da radiação e suas interações, e geralmente leva em conta fatores
como a temperatura e a constante de Boltzmann.

Equação de Estado para Energia Escura:


A equação de estado para energia escura é utilizada para descrever a relação entre a
pressão, a densidade e a energia interna da misteriosa forma de energia que está
acelerando a expansão do universo. A energia escura é uma componente hipotética que
preenche o espaço vazio entre as galáxias e possui uma pressão negativa, o que causa uma
repulsão gravitacional. A equação de estado para energia escura é caracterizada por uma
pressão muito baixa e uma densidade constante ou variável no tempo.

Equação de Estado Generalizada:


Uma equação de estado generalizada engloba as diferentes equações de estado descritas
acima, permitindo uma descrição mais abrangente e flexível de um sistema físico. Essa
equação descreve a relação entre pressão, densidade e energia interna considerando as
propriedades específicas do sistema em questão, podendo levar em conta diferentes formas
de matéria e energia presentes. A equação de estado generalizada pode ser desenvolvida a
partir de abordagens teóricas ou obtida empiricamente através de observações e
experimentos.

A energia escura
A energia escura é um conceito fundamental na cosmologia moderna, referindo-se a uma
forma misteriosa de energia que preenche todo o espaço e parece ser responsável pela
aceleração da expansão do universo. Sua natureza exata ainda é desconhecida, mas
acredita-se que a energia escura seja uma propriedade intrínseca do espaço vazio.
A descoberta da aceleração cósmica, no final do século XX, levou os cientistas a propor a
existência da energia escura como uma explicação para esse fenômeno. Atualmente,
acredita-se que a energia escura compõe cerca de 70% da densidade total de energia do
universo. Uma das principais questões relacionadas à energia escura é o destino futuro do
universo. Dependendo de suas propriedades, existem diferentes cenários possíveis. Se a
energia escura continuar a acelerar a expansão, o universo pode se expandir cada vez mais
rapidamente, resultando em um futuro distante em que as galáxias se afastarão umas das
outras cada vez mais, levando à chamada "morte térmica" do universo.
Por outro lado, se a energia escura diminuir sua influência ou se sua natureza se modificar
com o tempo, a expansão pode desacelerar ou até mesmo reverter. Nesse caso, o universo
poderia experimentar um colapso eventual, levando a um Big Crunch, onde toda a matéria e
energia se fundiriam em uma singularidade.
Atualmente, as observações sugerem que a energia escura está desempenhando um papel
dominante na expansão acelerada do universo. No entanto, sua natureza precisa e seu
efeito a longo prazo ainda são objetos de intenso estudo e pesquisa. A compreensão da
energia escura e do destino do universo continua sendo um dos maiores desafios da
cosmologia atual.

Fig. 24: Distribuição de Matérias no universo.

Expansão em série de Taylor do fator de escala


Uma função f(x) pode ser escrita em termos de sua série de Taylor em torno de um ponto
x0:
𝑥 𝑥2 𝑥3
𝑒𝑥 = 1 + + + +⋯ , −∞ < 𝑥 < ∞
1! 2! 3!

𝑑𝑓 1 𝑑2𝑓
𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑥0 ) + | (𝑥 )
− 𝑥0 + 2
| (𝑥 − 𝑥0 )2 +. ..
𝑑𝑥 𝑥=𝑥0 2 𝑑𝑥 𝑥=𝑥
0
Podemos expandir o fator de escala em torno de t0:
𝑑𝑎 1 𝑑2𝑎
𝑎(𝑡) ≈ 𝑎(𝑡0 ) + | (𝑡 )
− 𝑡0 + 2
| (𝑡 − 𝑡0 )2 +. ..
𝑑𝑡 𝑡=𝑡0 2 𝑑𝑡 𝑡=𝑡
0

𝑑𝑎 1 𝑑2𝑎
𝑎(𝑡) ≈ 1 + | (𝑡 − 𝑡0 ) + | (𝑡 − 𝑡0 )2
𝑑𝑡 𝑡=𝑡0 2 𝑑𝑡 2 𝑡=𝑡
0

Sendo que:
1 𝑑𝑎 𝑑𝑎
𝐻0 = 𝐻(𝑡0 ) = | = |
𝑎0 𝑑𝑡 𝑡=𝑡0 𝑑𝑡 𝑡=𝑡0

Então:

1 𝑑2𝑎
𝑎(𝑡) ≈ 1 + 𝐻0 (𝑡 − 𝑡0 ) + | (𝑡 − 𝑡0 )2
2 𝑑𝑡 2 𝑡=𝑡
0

Para definir parâmetro de desaceleração atual:


𝑎̈ 𝑎 𝑎̈ 𝑑2𝑎
𝑞0 ≡ −( ) = −( ) ⟹ | = −𝐻02 𝑞0
𝑎̇ 2 𝑡0 𝑎𝐻 2 𝑡0 𝑑𝑡 2 𝑡=𝑡
0

1
𝑎(𝑡) ≈ 1 + 𝐻0 (𝑡 − 𝑡0 ) − 𝑞0 𝐻02 (𝑡 − 𝑡0 )2
2
A expansão em série de Taylor não depende de nenhum modelo de universo em particular.
Os parâmetros H0 e q0 são apenas uma representação da expansão do universo em t0, sem
fazer suposições sobre seus componentes e dinâmica.
Podemos estimar o valor de q0 para um modelo de Friedmann através da equação da
aceleração:
𝑎̈ 4𝜋𝐺 𝑎̈ 𝑎
= − 2 ∑ 𝜀𝑖 (1 + 3𝑤𝑖 ) 𝑞0 ≡ −( )
𝑎̇ 3𝑐 𝑎̇ 2 𝑡0
𝑖

Dividindo os dois lados por H2:


𝑎̈ 1 8𝜋𝐺 1
2
=− 2 2
∑ 𝜀𝑖 (1 + 3𝑤𝑖 ) = − ∑ Ω𝑖 (1 + 3𝑤𝑖 )
𝑎̇ 𝐻 2 3𝑐 𝐻 2
𝑖 𝑖

𝑎̈ 1
𝑞0 ≡ | = ∑ Ω𝑖,0 (1 + 3𝑤𝑖 )
𝑎̇ 𝐻 2 𝑡=𝑡0 2
𝑖

Para o modelo Padrão:


Matéria não-relativística: 𝑤 = 0, 𝛺𝑚,0 = 0.3

Constante cosmológica: 𝑤 = −1, 𝛺𝛬,0 = 0.7


Radiação: 𝑤 = 1/3, 𝛺𝑟,0 ≈ 0
1
𝑞0 ≈ (0.3 − 2 × 0.7 + 0) ≈ −0.55
2
Nesse caso, assumimos que o universo está em expansão acelerada.

Conclusão
A partir da análise dos tópicos abordados no curso de Cosmologia I, podemos concluir que o
curso fornece uma visão abrangente dos fundamentos da cosmologia física. Ele aborda
temas como a gravitação de Newton e sua aplicação na compreensão das forças
gravitacionais entre massas pontuais, anéis e discos. Além disso, explora o estudo das
estruturas do universo, incluindo medições de distância e variáveis cefeidas, e discute a
descoberta da matéria escura e sua influência na rotação de espirais e aglomerados de
galáxias.
O módulo de expansão do universo apresenta a observação da expansão através das
medidas de Slipher, Hubble e outros cientistas, destacando a Lei de Hubble-Lemaître e o
efeito Doppler. Ele também explora a interpretação cosmológica dessa lei, introduzindo o
Princípio Cosmológico e o redshift cosmológico.
A compreensão dos modelos cosmológicos, como o modelo newtoniano e os modelos de
Friedmann-Lemaître, é discutida em detalhes, incluindo as equações de aceleração de
Friedmann e as estimativas dos parâmetros envolvidos nessas equações. A interpretação de
Λ (lambda), relacionada à energia escura, também é abordada, juntamente com a
interpretação de k (kappa), que envolve a relatividade geral e a curvatura do espaço.
Outros tópicos tratados incluem soluções numéricas para diferentes modelos cosmológicos,
o paradoxo de Olbers e a escuridão do céu, as idades do universo e a relação entre a
expansão cósmica e os efeitos relativísticos. O curso também explora as diversas distâncias
em cosmologia, como as distâncias comóveis e de luminosidade, além de abordar o
parâmetro de desaceleração e sua determinação através de cálculos.
No geral, o curso de Cosmologia I proporciona uma base sólida para compreender os
principais conceitos, modelos e fenômenos envolvidos na cosmologia física, capacitando-
nos a analisar e interpretar os dados cosmológicos e abordar as principais questões
científicas relacionadas à origem e evolução do universo.
Referências:
1. Noções de Astrofísica e Cosmologia (J. Plínio Baptista)
2. Cosmologia Física – Do Micro ao Macro Cosmos e Vice-Versa (J.E. Horvath, G.
Lugones, S. Scarano Jr., R. Teixeira, M. P. Allen)
3. Astronomia e Astrofísica (Kepler de Souza Oliveira Filho e Maria de Fátima Oliveira
Saraiva)
4. Principles of Astrophysics - Using Gravity and Stellar Physics to Explore the Cosmos (Charles
Keeton Department of Physics and Astronomy Rutgers University Piscataway, NJ, US)
5. Física Básica – Mecânica (Chaves)
6. http://astronomia.blog.br/principio-cosmologico-homogeneidade-e-isotropia/
(acessado em 24/06/23)
7. http://www.astro.iag.usp.br/~ronaldo/intrcosm/Glossario/Redshift.html
8. (acessado em 24/06/23)
9. http://www.if.ufrgs.br/~fatima/fis2010/Aula26-132.pdf (acessado em 24/06/23)
10. http://lilith.fisica.ufmg.br/~dsoares/reino/cosmolg1.htm (acessado em 25/06/23)
11. http://www.if.ufrgs.br/~fatima/ead/animacao-expansao.html
(acessado em 25/06/23)

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