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Técnicas de

Instrumentação
Cirúrgica em
Ortopedia

Prof. Adriano Fontoura Garcia


Profª. Brunna Hellen Saraiva Costa
Profª. Camila Mendonça de Moraes

Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof. Adriano Fontoura Garcia
Profª. Brunna Hellen Saraiva Costa
Profª. Camila Mendonça de Moraes

Copyright © UNIASSELVI 2022

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.


Núcleo de Educação a Distância. GARCIA, Adriano Fontoura.

Técnicas de Instrumentação Cirúrgica em Ortopedia. Adriano Fontoura


Garcia , Brunna Hellen Saraiva Costa, Camila Mendonça de Moraes. Indaial - SC:
Arqué, 2022.

227p.

ISBN 978-65-5466-190-4
ISBN Digital 978-65-5466-187-4

“Graduação - EaD”.
1. Instrumentos 2. Cirúrgico 3. Ortopedia

CDD 617.9
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! O curso de Instrumentação cirúrgica busca fornecer o
embasamento teórico para seu estudo em instrumentação cirúrgica e, com ele, formar
um instrumentador cirúrgico consciente e responsável por todas as suas atribuições,
em especial com relação ao preparo do ambiente operatório, ao manuseio, ao cuidado
e ao controle de instrumentais cirúrgicos, assim como a compreensão dos tempos da
cirurgia, o cuidado com a segurança do paciente, as noções de técnicas assépticas, a
esterilização, o controle e os testes obrigatórios de esterilização.

Um bom instrumentador cirúrgico é um profissional indispensável no momento


da cirurgia e deve estar atento a todo o processo cirúrgico, pois precisa saber, de forma
prévia, cada passo da cirurgia e deixar todos os instrumentos e materiais preparados
para o momento certo. Normalmente, é solicitado nos casos que demandam medidas
relativas à promoção, à proteção, à recuperação, à preservação, à conservação e ao
entendimento nominal e funcional dos instrumentos cirúrgicos. Além disso, deverá ter a
habilidade de se comunicar e trabalhar em equipe, embasado técnica e cientificamente
para a solução rápida de problemas e apoio à equipe multiprofissional.

Assim, este material foi cuidadosamente preparado para auxiliá-lo no seu


estudo e sua dedicação em se tornar um ótimo instrumentador em ortopedia.

Na Unidade 1, abordaremos as noções de centro cirúrgico e suas especificidades.


Por meio desse conteúdo, você será capaz de entender a estrutura física do centro
cirúrgico, as características da construção desse espaço, a função do instrumentador
cirúrgico, a legislação e as normas que regem a profissão, bem como sua inserção na equipe
cirúrgica e as especificidades do trabalho do instrumentador cirúrgico. Adicionalmente,
compreenderá a organização e a estrutura física da Central de Materiais e Esterilização
(CME), os passos do reprocessamento de materiais (limpeza, desinfecção e esterilização)
e a validação desses processos, imprescindível para garantir a segurança do paciente.

Em seguida, na Unidade 2, estudaremos a introdução à ortopedia, em que será


possível reconhecer conceitos da anatomia e fisiologia do sistema musculoesquelético,
conhecer os principais tipos de traumas e fraturas, identificar o objetivo da cirurgia
e classificar corretamente os tipos de cirurgias ortopédicas para o seu ótimo
desenvolvimento enquanto instrumentador cirúrgico.

Por fim, na Unidade 3, aprenderemos as especificidades das cirurgias


ortopédicas. Assim, você será capaz de identificar as principais especialidades
ortopédicas, reconhecer os instrumentais relacionados à ortopedia, tanto de membros
superiores (incluindo cirurgia de mão) quanto de membros inferiores, além de identificar
os tipos de fios de sutura e os principais curativos, entender e identificar as Órteses,
Próteses e Materiais Especiais (OPME) utilizados em ortopedia.
Esperamos que, ao final do estudo desta disciplina, você esteja apto para atuar
em um ambiente prático e cirúrgico, embasado em evidências e conhecimento atual
sobre a instrumentação cirúrgica em ortopedia.

Boa leitura!

Prof. Adriano Fontoura Garcia


Profª. Brunna Hellen Saraiva Costa
Profª. Camila Mendonça de Moraes
GIO
Olá, eu sou a Gio!

No livro didático, você encontrará blocos com informações


adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender
melhor o que são essas informações adicionais e por que você
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais
e outras fontes de conhecimento que complementam o
assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos


os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina.
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada
também digital, em que você pode acompanhar os recursos
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que
também contribui para diminuir a extração de árvores para
produção de folhas de papel, por exemplo.

Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente,


apresentamos também este livro no formato digital. Portanto,
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Preparamos também um novo layout. Diante disso, você


verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos,
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
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e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR
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Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


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preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 — NOÇÕES DO CENTRO CIRÚRGICO E SUAS ESPECIFICIDADES.......1

TÓPICO 1 — ESTRUTURA FÍSICA DO CENTRO CIRÚRGICO................................... 3


1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2 CENTRO CIRÚRGICO NO CONTEXTO HOSPITALAR............................................4
2.1 ESPECIFICIDADES DA CONSTRUÇÃO..............................................................................11
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................... 14
AUTOATIVIDADE.................................................................................................... 15

TÓPICO 2 — FUNÇÃO DO INSTRUMENTADOR.......................................................17


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................17
2 LEGISLAÇÃO E NORMAS DA FUNÇÃO DO INSTRUMENTADOR........................20
3 ATRIBUIÇÕES DO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO.......................................... 21
4 TRABALHO DO INSTRUMENTADOR................................................................... 21
4.1 ADENTRANDO NO CENTRO CIRÚRGICO....................................................................... 22
4.2 CIÊNCIA E CONFERÊNCIA DE MATERIAL PARA O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO........ 22
4.3 ABERTURA DE MATERIAL ESTÉRIL............................................................................... 23
4.4 POSICIONAMENTO CIRÚRGICO DO PACIENTE........................................................... 24
4.5 ESCOVAÇÃO E PARAMENTAÇÃO................................................................................... 29
4.6 TEMPOS CIRÚRGICOS....................................................................................................... 34
4.7 MONTAGEM DA MESA DE INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS........................................40
RESUMO DO TÓPICO 2...........................................................................................43
AUTOATIVIDADE................................................................................................... 44

TÓPICO 3 — PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO.................................................... 47


1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 47
2 ESTRUTURA FÍSICA DA CME............................................................................. 48
2.1 SALA DE RECEPÇÃO E LIMPEZA....................................................................................50
2.2 SALA DE PREPARO E ESTERILIZAÇÃO (ÁREA LIMPA).............................................. 53
2.3 ESTERILIZAÇÃO................................................................................................................. 55
2.4 CONTROLE E VALIDAÇÃO DOS PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO........................58
2.5 ÁREA DE ARMAZENAGEM E DISTRIBUIÇÃO............................................................... 62
2.6 AMBIENTES DE APOIO DA CME...................................................................................... 63
LEITURA COMPLEMENTAR...................................................................................64
RESUMO DO TÓPICO 3...........................................................................................68
AUTOATIVIDADE....................................................................................................69

REFERÊNCIAS.........................................................................................................71
UNIDADE 2 — INTRODUÇÃO À ORTOPEDIA.......................................................... 75

TÓPICO 1 — ANATOMIA E FISIOLOGIA.................................................................. 77


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 77
2 PLANOS E EIXOS ................................................................................................78
2.1 EIXO LONGITUDINAL/VERTICAL..................................................................................... 82
2.2 PRINCIPAIS MOVIMENTOS............................................................................................... 82
2.3 MOVIMENTOS FUNDAMENTAIS .....................................................................................86
3 SISTEMA ESQUELÉTICO....................................................................................88
3.1 COLUNA VERTEBRAL..........................................................................................................91
3.1.1 Vértebras da coluna cervical................................................................................... 92
3.1.2 Vértebras da coluna torácica ................................................................................ 94
3.1.3 Vértebras da coluna lombar .................................................................................. 94
3.1.4 Articulação cartilaginosa – disco intervertebral................................................ 95
3.1.5 Articulação sinovial................................................................................................... 95
3.1.6 Ligamentos da coluna vertebral............................................................................ 95
3.2 CRÂNIO................................................................................................................................. 96
3.3 MEMBROS SUPERIORES..................................................................................................98
3.3.1 Articulação do cotovelo.......................................................................................... 101
3.4 MEMBRO INFERIOR......................................................................................................... 102
3.4.1 Componentes ósseos............................................................................................. 103
3.4.2 Componentes articulares..................................................................................... 103
4 SISTEMA MUSCULAR.......................................................................................106
4.1 COLUNA VERTEBRAL....................................................................................................... 106
4.1.1 Flexão do pescoço................................................................................................... 106
4.1.2 Flexão lombar........................................................................................................... 106
4.1.3 Extensão da cervical...............................................................................................107
4.1.4 Extensão lombar.......................................................................................................107
4.1.5 Rotação do tronco................................................................................................... 109
4.1.6 Flexão lateral do tronco......................................................................................... 109
4.2. MEMBROS SUPERIORES............................................................................................... 109
4.2.1 Escápula.................................................................................................................... 109
4.2.2 Complexo do ombro................................................................................................111
4.2.3 Cotovelo..................................................................................................................... 112
4.2.4 Radioulnar................................................................................................................. 112
4.2.5 Punho......................................................................................................................... 113
4.3 MEMBROS INFERIORES................................................................................................... 114
4.3.1 Quadril......................................................................................................................... 114
4.3.2 Joelho........................................................................................................................ 116
4.3.3 Tornozelo................................................................................................................... 116
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................... 118
AUTOATIVIDADE...................................................................................................119
TÓPICO 2 — TRAUMAS E FRATURAS.................................................................. 121
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 121
2 CLASSIFICAÇÃO DE FRATURAS E TIPOS DE FRATURAS.............................. 122
2.1 TRAUMAS.............................................................................................................................123
2.2 TIPOS DE FRATURAS.......................................................................................................125
2.3 CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA................................................................................................. 126
2.3.1 Consolidação indireta da fratura..........................................................................127
2.3.2 Consolidação direta da fratura.............................................................................127
2.3.3 Consolidação por contato.....................................................................................127
2.3.4 Consolidação por lacunas.................................................................................... 128
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................... 129
AUTOATIVIDADE..................................................................................................130

TÓPICO 3 — CIRURGIAS E SUAS FINALIDADES................................................. 133


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 133
2 OBJETIVO DA CIRURGIA.................................................................................. 133
3 CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS...................................................................134
3.1 PORTE CIRÚRGICO .......................................................................................................... 135
3.2 TEMPO CIRÚRGICO ......................................................................................................... 135
3.3 RISCO DE CONTAMINAÇÃO DE CADA CIRURGIA..................................................... 136
3.3.1 Cirurgia limpa .......................................................................................................... 136
3.3.2 Cirurgia potencialmente contaminada................................................................... 136
3.3.3 Cirurgia contaminada.............................................................................................137
3.3.4 Cirurgia infectada....................................................................................................137
4 TÉCNICA CIRÚRGICA........................................................................................ 137
4.1 TÉCNICA CIRÚRGICA GERAL...........................................................................................137
4.2 TÉCNICA CIRÚRGICA ESPECIAL................................................................................... 138
4.3 TEMPOS CIRÚRGICOS..................................................................................................... 138
4.3.1 Diérese....................................................................................................................... 138
4.3.2 Hemostasia.............................................................................................................. 139
4.3.3 Exérese .................................................................................................................... 139
4.3.4 Síntese...................................................................................................................... 139
4.4 TEMPOS DA CIRURGIA .................................................................................................. 140
4.4.1 Primeiro tempo – preparo da área operatória.................................................. 140
4.4.2 Segundo tempo – delimitação da área operatória........................................ 140
4.4.3 Terceiro tempo – incisão cirúrgica...................................................................... 141
4.4.4 Quarto tempo – hemostasia................................................................................. 141
4.4.5 Quinto tempo – cirurgia propriamente dita ..................................................... 141
4.4.6 Sexto tempo – sutura da incisão........................................................................ 141
4.4.7 Sétimo tempo – confecção do curativo............................................................. 141
LEITURA COMPLEMENTAR.................................................................................142
RESUMO DO TÓPICO 3.........................................................................................145
AUTOATIVIDADE..................................................................................................146

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 147
UNIDADE 3 — CIRURGIAS ORTOPÉDICAS.......................................................... 149

TÓPICO 1 — ESPECIALIDADE NA ORTOPEDIA.....................................................151


1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................151
2 CIRURGIAS ORTOPÉDICAS.............................................................................. 153
2.1 ESPECIALIDADE NA ORTOPEDIA ................................................................................. 154
2.2 COLUNA VERTEBRAL ..................................................................................................... 156
2.3 OMBRO, COTOVELO E MÃOS......................................................................................... 162
2.4 QUADRIL, JOELHO, TORNOZELO E PÉ........................................................................167
2.5 PEDIÁTRICO........................................................................................................................172
2.6 ONCO-ORTOPEDIA...........................................................................................................176
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................... 179
AUTOATIVIDADE..................................................................................................180

TÓPICO 2 — MATERIAIS NA ORTOPEDIA............................................................183


1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................183
2 MATERIAIS NA ORTOPEDIA.............................................................................183
2.1 INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS NA ORTOPEDIA – MEMBROS SUPERIORES...... 186
2.2 INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS NA ORTOPEDIA – MEMBROS INFERIORES....... 190
2.3 INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS NA ORTOPEDIA – CIRURGIA DE MÃO................ 195
2.4 FIOS DE SUTURA E CURATIVOS................................................................................... 198
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................ 205
AUTOATIVIDADE................................................................................................. 206

TÓPICO 3 — OPME............................................................................................... 209


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 209
2 RESPONSABILIDADE DOS MATERIAIS E INSTRUMENTAIS; CAIXA DE
PEQUENOS FRAGMENTOS. ............................................................................. 213
LEITURA COMPLEMENTAR.................................................................................214
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................ 220
AUTOATIVIDADE.................................................................................................. 221

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 223
UNIDADE 1 —

NOÇÕES DO CENTRO
CIRÚRGICO E SUAS
ESPECIFICIDADES

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer o planejamento físico do centro cirúrgico;

• aplicar corretamente as técnicas de esterilização, assepsia e antissepsia no preparo


do ambiente cirúrgico;

• identificar posições cirúrgicas relacionadas a cada tipo de cirurgia;

• reconhecer o manuseio de instrumentais cirúrgicos

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1– ESTRUTURA FÍSICA DO CENTRO CIRÚRGICO

TÓPICO 2– FUNÇÃO DO INSTRUMENTADOR

TÓPICO 3– PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —
ESTRUTURA FÍSICA DO
CENTRO CIRÚRGICO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos as especificidades pertinentes à estrutura física do
centro cirúrgico, as subáreas necessárias para o desenvolvimento das atividades, bem
como os aspectos da construção e normatização. Para melhor compreensão do centro
cirúrgico, é imprescindível entender sua inserção dentro do bloco operatório e sua
interação com as outras unidades hospitalares.

O bloco operatório compreende as unidades de Central de Materiais e Esterilização


(CME), centro cirúrgico e unidade de Recuperação Pós-Anestésica (RPA).

O centro cirúrgico é a unidade dentro do bloco operatório definida como um


conjunto de áreas destinadas à recepção do paciente, realização de procedimentos
anestésico-cirúrgicos e RPA no Pós-Operatório Imediato (POI), com estrutura para garantir
segurança e conforto para o paciente e os profissionais que compõem a equipe de saúde.

Figura 1 – Procedimento anestésico-cirúrgico

Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/cirurgia-hospital-1807541/. Acesso em: 5 out. 2022.

O setor é composto por um conjunto de áreas e subáreas, consideradas críticas,


com uma organização complexa em virtude de suas características e assistências
especializadas de dependências interligadas e instalações, de modo a permitir que os
procedimentos anestésico-cirúrgicos sejam realizados em condições assépticas ideais e
seguras.

3
2 CENTRO CIRÚRGICO NO CONTEXTO HOSPITALAR
De acordo com a Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – que normatiza o planejamento, a organização, a
elaboração e a avaliação dos projetos físicos para Estabelecimentos de Assistência à
Saúde (EAS) –, complementada pela Resolução RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002,
podemos verificar as recomendações mínimas para a estruturação do ambiente de centro
cirúrgico.

No planejamento do centro cirúrgico, é necessário considerar a filosofia do


hospital, o nível de atenção à saúde que a instituição se propõe a oferecer e suas
características peculiares, como especialidades atendidas, número de leitos cirúrgicos,
média diária de cirurgias, se é hospital público ou privado, se é hospital escola ou não,
se há atendimento de emergências ou não, se há atendimento obstétrico ou não, se há
a necessidade de sala híbrida ou espaço cirúrgico tecnológico especial (SOBECC, 2021).
Assim, essas informações poderão subsidiar a tomada de decisão ao definir o número
de Salas De Operações (SOs) necessárias e toda a estrutura e dinâmica do setor.

Cada instituição pode, de acordo com suas características, dimensionar ou


quantificar diferentemente sua planta física, sempre respeitando as exigências mínimas.
O projeto do centro cirúrgico deve ser elaborado de acordo com as normas e ser submetido
a um parecer técnico para aprovação (POSSARI, 2009).

De modo geral, o centro cirúrgico tem em sua estrutura as seguintes áreas:


vestiários, área de recepção paciente, corredores internos, área de escovação, salas
cirúrgicas, depósito de materiais e equipamentos, farmácia, arsenal de materiais estéreis,
Depósito de Materiais de Limpeza (DML), posto de enfermagem, área administrativa, sala
de conforto com copa, salas de apoio e sala de espera com sanitários (ANVISA, 2002b).

Quanto à localização, o centro cirúrgico deve ser de fácil acesso às unidades


consumidoras ou unidades assistenciais, como pronto atendimento ou pronto socorro,
sala de emergência, unidade de internação, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), dentre
outras. Também deve ser de fácil acesso às unidades fornecedoras, como almoxarifado,
farmácia, lavanderia, banco de sangue, laboratório de análises clínicas, radiologia e,
especialmente, CME (BIANCHI; TURRINI, 2010).

A proximidade de um centro cirúrgico com relação às unidades assistenciais


e de apoio do hospital é de extrema importância, pois propicia maior agilidade, rapidez
e facilidade no transporte dos pacientes cirúrgicos, principalmente nas urgências
e emergências. Por sua vez, o fácil acesso às unidades hospitalares de apoio, como
lavanderia, almoxarifado e farmácia auxilia na estruturação das salas operatórias,
permitindo que os procedimentos cirúrgicos ocorram com os materiais e suprimentos
adequados e no tempo certo. O fluxo de pacientes e materiais está representado de
maneira esquemática a seguir.

4
Figura 2 – Representação esquemática das áreas de específicas do centro cirúrgico

Fonte: a autora

De acordo com as Diretrizes de Práticas em Enfermagem Perioperatória e


Processamento de Produtos para Saúde, de 2021, da Associação Brasileira de Enfermeiros
de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC),
as especificidades das áreas que compõem o centro cirúrgico devem atender os seguintes
requisitos:

• Vestiários de barreira para profissionais: devem servir de barreira de acesso ao


centro cirúrgico e é importante estarem separados em masculino e feminino. Devem
conter instalações de vaso sanitário, lavatório, chuveiro e armários com chave (para
uso dos profissionais). No vestiário, o profissional deve retirar toda a sua roupa e
vestir o uniforme privativo, que é composto por calça e blusa, normalmente de tecido
algodão, que tenha sido reprocessado na lavanderia hospitalar.

5
Figura 3 – Uniforme privativo

Fonte: a autora

O objetivo do uso do uniforme privativo é diminuir a contaminação, pois ele


não carrega o biofilme de áreas externas ao hospital. Adicionalmente, devem ser
acondicionados os cabelos em gorros ou toucas, de modo a prender todo o cabelo. Já os
sapatos devem ser substituídos por sapatos privativos impermeáveis e antiderrapantes ou
se deve cobrir o sapato com propé.

ATENÇÃO
Ao colocar os propés sobre o calçado convencional, é preciso lavar
as mãos imediatamente, pois o profissional poderá ter entrado em
contato com a sola dos sapatos e estar carregando microrganismos
que serão transportados para o seu paciente.

Para adentrar nas dependências do centro cirúrgico, devem ser retirados todos
os adornos (brincos, anéis etc.), de acordo com a NR-32/2005, bem como lavar as mãos
e colocar máscaras. Só é permitido levar para dentro do ambiente cirúrgico materiais
imprescindíveis ao trabalho, enquanto os outros pertences devem permanecer guardados
em armário pessoal com chave.

6
NOTA
Em algumas regiões do Brasil, os profissionais de saúde,
atualmente, têm utilizado um tipo de roupa com o modelo
similar ao do uniforme privativo, denominado “scrub”. Contudo, o
uniforme privativo tem a característica principal de ser uma roupa
reprocessada na lavanderia hospitalar e que não tem contato com
o meio externo ao hospital. Portanto, dentro do centro cirúrgico,
não é permitido adentrar com sua roupa particular.

• Sala de recepção e transferência de pacientes: local onde é realizada a


transferência do paciente. Algumas instituições englobam um passa-macas, como
uma barreira física para melhor proteção do ambiente interno de centro cirúrgico;
enquanto outras permitem o livre acesso das macas. Essa área deve ser equipada
de acordo com normas, políticas e rotinas institucionais. Além da transferência por
uma barreira física, esse local também é onde se realiza o primeiro contato da equipe
do centro cirúrgico e deve ser de acolhimento e apoio ao momento cirúrgico que o
paciente está vivenciando.
• Área administrativa/posto de enfermagem: área onde se realizam as tarefas
administrativas do centro cirúrgico. A equipe pode realizar o agendamento de cirurgias,
visualizar a programação cirúrgica e a escala de funcionários. Também é nessa área
que são feitas as comunicações com as áreas externas do centro cirúrgico, como
solicitações de materiais, contato com laboratório e hemocentro, comunicação com as
unidades de origem e destino de pacientes, dentre outros.
• Área de escovação: é o espaço localizado, normalmente, a cada duas salas de
cirurgia, onde se encontram os lavabos. Nessa área, é realizada a escovação cirúrgica
das mãos e dos antebraços dos profissionais que entrarão no campo operatório
estéril. Os lavabos contêm pias fundas e torneiras com acionamento sem toque
manual, além de disporem de dispensadores de antissépticos e escovas estéreis a
serem utilizadas na escovação.

Figura 4 – Área de escovação cirúrgica

Fonte: a autora

7
• Salas de cirurgia ou SO: salas onde ocorrem os procedimentos cirúrgicos. São
compostas por mesa operatória, foco cirúrgico, carrinho de anestesia, mesas auxiliares,
lixo, hamper e equipamentos necessários ao procedimento. A dimensão da SO deve
ser de acordo com o tipo de procedimento cirúrgico a ser realizado e a tecnologia
utilizada para a realização da cirurgia. Novas tecnologias a serem integradas na SO
necessitam da verificação das recomendações do fabricante para o seu correto
dimensionamento. Por exemplo, o fabricante do robô cirúrgico recomenda, para seu
uso, uma SO com dimensão mínima de 48 m², além de que algumas especialidades
necessitam de antessalas etc.

Figura 5 – Sala de Operações (SO)

Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/hospital-sala-de-operação-médico-2767950/. Acesso em: 5 out. 2022.

• Sala de apoio às cirurgias especializadas ou antessalas de SO: estão interligadas


a algumas SOs, sendo necessárias em alguns procedimentos de grande porte
para montagem e organização de alguns equipamentos, como no caso da cirurgia
cardíaca, na qual é necessário o uso do equipamento de circulação extracorpórea. As
antessalas facilitam e otimizam o processo de trabalho de cirurgias complexas.
• Sala de utilidades (usualmente chamada de expurgo): local onde é armazenado
o material contaminado advindo dos procedimentos cirúrgicos já realizados para
serem encaminhados à CME, além de armazenar os campos e aventais já utilizados
a serem encaminhados, posteriormente, à lavanderia. Devem ser equipados com pia e
local para descarte de resíduos líquidos.
• Depósito de materiais e equipamentos: são armazenados equipamentos como
microscópios, de vídeo, RX móvel, aparelhos a laser e robô cirúrgico, dentre outros
que, momentaneamente, não se encontram em uso. Nesse local, também podem
estar alguns equipamentos de reserva, como aparelhos de anestesia, bisturis
elétricos, monitores cardíacos, aspiradores, mantas térmicas, dentre outros. A
equipe de engenharia clínica pode utilizar esse espaço para realizar manutenções
preventivas ou corretivas em alguns equipamentos. É recomendado que, no seu
planejamento, sejam contempladas instalações elétricas adequadas para realizar
essas manutenções.

8
Figura 6 – Equipamento de RX móvel em cirurgia

Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/operação-sala-de-cirurgia-cirurgia-1807543/. Acesso em: 5 out. 2022

• Rouparia: é o local dentro do centro cirúrgico onde ficam disponíveis os campos


operatórios estéreis e aventais para consumo da unidade. Algumas instituições podem
substituir essa área por armários móveis ou fixos, de acordo com a sua rotina.
• Arsenal de materiais estéreis: local de armazenamento dos materiais estéreis
reprocessados pela CME. Os materiais devem estar dispostos com a devida
identificação, de maneira que facilite a utilização do material disponível há mais
tempo, de forma a preservar a integridade da embalagem, garantindo a validade da
esterilização. Esses materiais devem ser constantemente inspecionados e retornar
para o reprocessamento em caso de identificação de manchas, aberturas ou qualquer
alteração que comprometa a esterilidade.
• Sala para DML: área exclusiva para armazenagem de materiais de limpeza e
desinfecção do ambiente cirúrgico.
• Sala de conforto e copa: local utilizado pelos profissionais no intervalo de descanso
durante a jornada de trabalho. Como geralmente é utilizada para refeições rápidas,
recomenda-se uma copa em anexo e instalações hidráulica, elétrica, telefônica e de
internet.
• Sala de RPA: é o local de encaminhamento do paciente após o encerramento da cirurgia,
para a recuperação dos efeitos dos agentes anestésicos. O paciente é monitorado e
fica em constante observação até que seus sinais vitais, além de parâmetros que foram
interferidos pela anestesia (consciência, pressão arterial, respiração, oxigenação e
movimentação, avaliados por meio da Escala de Aldrete Kroulic) estejam recuperados,
estáveis e seguros para que ele possa ser transportado para a unidade de destino
(enfermaria ou quarto).

NOTA
Em algumas situações, o paciente vai diretamente da sala operatória
para a UTI, como pacientes que se submeteram a procedimentos
cirúrgicos complexos, como transplantes e cirurgia cardíaca.

9
Para definir a configuração de um centro cirúrgico, é importante considerar
alguns aspectos, como características estruturais do prédio, área física destinada,
especialidades a serem atendidas, demandas internas e externas, previsão do número de
procedimentos a serem realizados, conforto, segurança, fluxo de pacientes, profissionais,
materiais e equipamentos e áreas de apoio. A partir desse levantamento, é possível
definir a configuração que melhor atende às necessidades institucionais. Assim, a
configuração do centro cirúrgico pode ser com único corredor, com corredor duplo ou
com corredor periférico (BOTELHO; ZIONI, 2008).

Com a emissão do alvará de funcionamento, de acordo com o Art. 86 da Lei nº


10.083/1998, todo estabelecimento de interesse à saúde, antes de iniciar suas atividades,
deverá encaminhar à autoridade sanitária competente uma declaração de que suas
atividades, suas instalações, seus equipamentos e seus recursos humanos obedecem à
legislação sanitária vigente, conforme modelo a ser estabelecido por norma técnica, para fins
de obtenção de licença de funcionamento por meio de cadastramento (SÃO PAULO, 1998).

É imprescindível a todos os profissionais que compõem a equipe de saúde


o conhecimento dos elementos que compõem o centro cirúrgico, ter noção do
acabamento e da bioengenharia, bem como conhecer a legislação pertinente às normas
de construção da unidade. Ademais, é fundamental a adequada utilização dos espaços
programados para a realização dos procedimentos anestésico-cirúrgicos, para que seja
possível viabilizar a dinâmica da atuação da equipe cirúrgica, em consonância com os
requisitos legais e as bases técnico-científicas (SOBECC, 2021).

Além disso, é imprescindível a efetiva interação do centro cirúrgico com todas


as áreas do hospital, para garantir a eficácia e a eficiência do seu funcionamento. A
implementação de normas de qualidade e melhor comunicação garantem a excelência
da assistência.

IMPORTANTE
Com relação ao grau de contaminação, o centro cirúrgico é uma unidade complexa,
dividida em áreas específicas pelo grau de criticidade, de acordo com o risco de
transmissão de infecções, em virtude dos procedimentos ali realizados. Dessa forma,
essas áreas são classificadas em:

• áreas não críticas: aquelas cuja circulação de pessoas é livre, não exigindo cuidados
especiais, nem uso de uniforme privativo. Exemplos: elevadores, corredores externos
que levam ao centro cirúrgico, vestiários, local de transferência de macas etc.;
• áreas semicríticas: permitem a circulação de pessoal e equipamentos, de modo
a não interferir no controle e na manutenção da assepsia cirúrgica. Nesses locais,
é necessário o uso de uniforme privativo e calçados adequados. Exemplos: área
administrativa, sala de guarda de equipamentos, farmácia-satélite, copa, sala de
conforto etc.;

10
• áreas críticas: são as que possuem limites definidos para circulação
de pessoal e equipamentos, onde se deve estabelecer rotinas
próprias para controlar e manter a assepsia local. Nessas áreas, é
obrigatório, além do uniforme privativo, o uso de máscara, cobrindo a
boca e o nariz. Exemplos: corredor interno, lavabos, salas cirúrgicas etc.

2.1 ESPECIFICIDADES DA CONSTRUÇÃO


A estrutura física do centro cirúrgico deve estar de acordo com a legislação
vigente. A construção deve ser aprovada por uma equipe multiprofissional e incluir o aval
da vigilância sanitária.

Vale lembrar que a maioria das áreas do centro cirúrgico são restritas, críticas e
merecem atenção especial para a construção, bem como deve ter resistência adequada
para a manutenção e limpeza, pensando, especificamente, na prevenção de infecções e na
segurança de todos os profissionais de saúde e pacientes.

Dessa forma, o material utilizado no acabamento do centro cirúrgico deve ser


resistente, atóxico e com superfícies monolíticas (com o menor número possível de
ranhuras ou frestas, para facilitar a limpeza e impedir o acúmulo de sujidades), além de
baixo nível absortivo e boa condução eletrostática. As paredes podem ter revestimento
vinílico ou serem pintadas. As tintas látex e esmalte são recomendadas para ambiente
hospitalar, porém, para a área do centro cirúrgico, a tinta epóxi confere maior resistência
e durabilidade (ANVISA, 2002a).

Ademais, como todas as áreas do centro cirúrgico são submetidas à limpeza


terminal constante, há necessidade da utilização de materiais resistentes a desinfetantes e
máquinas de lavagem e aspiração, para o acabamento de pisos e paredes.

Todos os detalhes da construção devem impedir o acúmulo de sujidade e


poeira, a fim de facilitar a limpeza. Nas áreas críticas e semicríticas, não deve haver
tubulações aparentes nas paredes e nos tetos. A junção entre o rodapé e o piso também
não deve possuir ressaltos e deve permitir o acesso aos dispositivos utilizados para
limpeza (SOBECC, 2021).

Ademais, o piso deve suportar o tráfego de ‘macas e equipamentos. Assim,


um dos materiais recomendados é o piso vinílico em mantas ou placas, que, além da
resistência, tem função acústica e é disponível na versão condutiva, com malha de
cobre incorporada (ANVISA, 2002a).

Não são permitidos ralos nas SOs e, nas áreas molhadas, os ralos devem ter
fechos hídricos (sifões) e tampa com fechamento (ANVISA, 2002a).

11
Dependendo da localização do centro cirúrgico, recomenda-se a blindagem de
paredes, pisos e teto para as salas cirúrgicas que utilizam raio X. A blindagem deve ser
contínua e sem falhas. As janelas devem permitir a luminosidade natural, mas devem ser
fechadas, sem arestas e parapeitos que possam acumular sujidade.

O centro cirúrgico deve possuir sistema de iluminação que permita conforto


luminoso, alto grau de reprodução das cores e com lâmpadas embutidas em locais
vedados e de fácil acesso à manutenção. Sobretudo, o foco cirúrgico deve oferecer uma
iluminação com índice de reprodução de cores adequado (acima de 95%) para facilitar a
visualização das estruturas anatômicas.

O centro cirúrgico ainda deve possuir sistema de ventilação que promova conforto
térmico à equipe e ao paciente, diminuindo a contaminação ambiental. Também deve
possuir plano para situações de urgência (por exemplo, falta de energia elétrica e incêndio),
com rotas pré-estabelecidas, aprovadas e sinalizadas em todas as áreas (ANVISA, 2002a).

Em relação à possibilidade de incêndio, três fatores combinados são


especialmente importantes e de grande risco:

1. Presença de substâncias oxidantes (oxigênio e óxido nitroso).


2. Presença de substâncias inflamáveis (embalagens de papel, plásticos, soluções à
base de álcool ou dispositivos de gel).
3. Presença de fontes de calor (caneta de bisturi elétrico ou laser).

Por isso, deve haver um local específico para a instalação de extintores de


incêndio e sistema de alarme. Além disso, o centro cirúrgico deve ter um sistema de
emergência com gerador próprio, capaz de assumir automaticamente o suprimento de
energia em, no máximo, dez segundos, e mantê-lo por, no mínimo, uma hora.

O sistema de suprimento de ar tem como objetivos diminuir a contaminação


ambiental, controlar a movimentação do ar, a temperatura e a umidade e, ainda,
auxiliar na remoção e diluição dos gases anestésicos. Assim, as entradas e saídas de ar
devem promover a movimentação do ar ambiente, sempre no sentido da área menos
contaminada para a área mais contaminada (ANVISA, 2002a).

O uso de sistema de ar-condicionado faz parte das recomendações de controle


de Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC) e, por esse motivo, o sistema deve ser corretamente
projetado e construído, de forma a minimizar a turbulência do ar ambiente, possuir filtros
de ar específicos de alta eficiência (high efficiency particulate air filters ou filtros HEPA),
além de contar com uma rotina de limpeza e manutenção (ANVISA, 2003).

12
Por fim, deve haver um Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) do
aparelho de ar-condicionado, a ser realizado por técnico especializado. As instituições
devem manter um responsável técnico habilitado responsável por implantar e manter
disponível um PMOC adotado para o sistema de climatização, contendo identificação do
estabelecimento que possui ambientes climatizados, descrição das atividades a serem
desenvolvidas e suas respectivas periodicidades e recomendações a serem adotadas
em situações de falha do equipamento e/ou emergência, para a garantia de segurança
do sistema de climatização, conforme especificações contidas no Anexo I da Portaria nº
3.523/1998, da Anvisa e no regulamento técnico e na NBR 13971/1997, da ABNT.

13
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• As características das áreas internas do centro cirúrgico, bem como se obteve uma
compreensão do grau de criticidade das áreas com relação à contaminação e ao
comportamento dos profissionais.

• Os aspectos sobre a legislação e as normas dos parâmetros imprescindíveis à


estrutura física do centro cirúrgico, assim como todas as interrelações entre as áreas e
seu funcionamento.

• Para um ótimo desenvolvimento de suas atividades, um bom profissional de


instrumentação deve estar atento às especificidades do funcionamento do centro
cirúrgico e suas particularidades dentro na instituição de saúde.

• As informações relativas à construção que influenciam no trabalho da equipe


multiprofissional e os pontos de atenção importantes para o funcionamento do
centro cirúrgico dentro do bloco operatório.

14
AUTOATIVIDADE
1 A RDC nº 50, de 2002, estabelece parâmetros para a construção de estabelecimentos
assistenciais de saúde. No caso da construção das subáreas que compõem o centro
cirúrgico, é muito importante o conhecimento das determinações sobre a Sala
Operatória (SO). Dessa forma, analise as sentenças a seguir e classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) As SOs são consideradas áreas semirrestritas ou semicríticas e, dessa forma, deve-se


considerar, para sua correta climatização, a manutenção corretiva do sistema de ar-
condicionado.
( ) As salas cirúrgicas exigem um sistema de climatização que remova, no mínimo, 90%
de partículas menores que cinco µm de diâmetro.
( ) A SOBECC e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) orientam a
manutenção da temperatura em sala operatória entre 18 ºC e 22 ºC, com umidade do
ar entre 45% a 55%.
( ) Grande parte das doenças profissionais advém da inalação de substâncias e agentes
em forma de gases, vapores, poeiras, dentre outros, presenças muito comuns em SOs.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F – V – V – F.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) F – V – V – V.
d) ( ) V – V – F – V.

2 Sobre o bloco operatório e sua composição, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Centro cirúrgico, sala de RPA e CME.


b) ( ) Todas as áreas que compreendem a assistência ao paciente no período
perioperatório.
c) ( ) Centro cirúrgico, incluindo a SO e todas as unidades de apoio ao desenvolvimento
da cirurgia.
d) ( ) Centro cirúrgico, RPA e áreas críticas de cuidados relacionados ao paciente cirúrgico.

3 Quanto ao que equivale o período de RPA, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Saída da sala de recuperação até o ingresso na unidade de origem ou internação.


b) ( ) Ingresso na unidade de RPA até a alta dessa unidade.
c) ( ) Término do ato anestésico até a alta da RPA.
d) ( ) Saída da sala operatória até o ingresso na unidade de RPA.

15
4 Disserte sobre o que é necessário considerar ao planejar a construção de um centro
cirúrgico.

5 Disserte sobre o que é imprescindível à equipe de profissionais que atuam em centro


cirúrgico saber com relação à estrutura física deste.

16
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —
FUNÇÃO DO INSTRUMENTADOR

1 INTRODUÇÃO
O processo de trabalho dos profissionais que atuam no centro cirúrgico visa
à assistência global dos pacientes que se submetem a procedimentos anestésico-
cirúrgicos. Nesse sentido, a atuação da equipe de enfermagem do centro cirúrgico,
incluindo o instrumentador cirúrgico, é salutar, pois envolve a preparação dos materiais e
equipamentos necessários ao procedimento (considerando e incluindo as especificidades
de cada paciente, de cada procedimento e da equipe), a recepção do paciente no centro
cirúrgico, o período intraoperatório e o encaminhamento para a sala de RPA, garantindo
uma assistência individualizada e segura, com cuidados específicos pertinentes à
necessidade de cada paciente (COSTA; COUTINHO; CARVALHO, 2010).

O trabalho dos profissionais de saúde do centro cirúrgico tem como característica


ser multidisciplinar, incluindo a equipe de enfermagem, os instrumentadores, os cirurgiões,
os anestesiologistas, os técnicos de radiologia e de laboratório, os profissionais de engenharia
clínica, os profissionais de limpeza, dentre outros.

Figura 7 – Equipe multiprofissional em SO

Fonte: http://twixar.me/xlMm. Acesso em: 5 out. 2022.

A equipe de enfermagem é subdividida em categorias:

• enfermeiros;
• técnicos de enfermagem;
• instrumentadores cirúrgicos;
• enfermeiros perfusionistas;
• dentre outros profissionais específicos de determinados procedimentos.

17
Todos interagem no mesmo ambiente, com uma divisão técnica de trabalho na
qual cada um exerce determinada tarefa (SOBECC, 2021).

Assim, o trabalho multiprofissional dos profissionais que atuam nos procedimentos


anestésico-cirúrgicos são imprescindíveis para garantir a segurança do paciente.

Em cada cirurgia, cada profissional contribui com expertise e responsabilidade para


impedir que eventos adversos possam surgir. Nesse contexto, o papel do instrumentador
é salutar, em especial no que diz respeito à contagem de compressas e instrumentais,
para que “never events” (eventos adversos graves que nunca devem ocorrer), como a
retenção de objetos no sítio cirúrgico, sejam evitados, sendo uma questão imprescindível
e obrigatória da cirurgia segura (WHO, 2009).

Figura 8 – Separação de compressas cirúrgicas e gazes para contagem, a fim de evitar a retenção de itens

Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/sangue-molho-emergência-hospital-3192818/. Acesso em: 5 out. 2022.

Considerando o avanço tecnológico e as condutas assistenciais inovadoras, o


papel dos profissionais de saúde que atuam no centro cirúrgico tem se tornado mais
complexo a cada dia, conforme necessita integrar as atividades que abrangem as áreas
técnica, administrativa, assistencial e de ensino e pesquisa. Dessa forma, a integração
de todos é salutar para que cada um ocupe sua função da melhor forma e para que o
trabalho em conjunto seja de excelência.

DICA
Para conhecer melhor sobre a contagem de materiais na cirurgia
e entender sua importância, recomendamos a leitura do artigo:
http://twixar.me/6lMm.

18
Dentro da equipe de enfermagem, o profissional que realiza a instrumentação,
chamado de instrumentador cirúrgico, é aquele que está dentro do campo operatório,
mais próximo e interagindo diretamente com a equipe de médicos cirurgiões.

O instrumentador engloba em suas funções atividades de cuidado com o


instrumental cirúrgico, conhecimentos dos tempos operatórios, interação com a equipe
cirúrgica, no sentido de facilitar o trabalho desta, antecipando situações que envolvam
a utilização de materiais e equipamentos, para que a cirurgia transcorra de maneira
facilitada. Além disso, o instrumentador faz, muitas vezes, a ponte de comunicação
entre a equipe cirúrgica e o paciente, realizando a visita pré-operatória, para realizar
orientações de acordo com a necessidade do cirurgião (CARVALHO, 2002).

Dessa forma, o instrumentador cirúrgico é um profissional de extrema importância


ao período intraoperatório, devendo estar atento durante toda a cirurgia, antecipando
cada passo do cirurgião para deixar todos os instrumentos e materiais preparados para
o momento. Nesse sentido, o instrumentador é indispensável para a organização e o
cuidado, bem como para o entendimento nominal e funcional dos instrumentos cirúrgicos.

Figura 9 – Organização de instrumentos cirúrgicos em mesa

Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/instrumentos-cirúrgicos-mãos-técnico-81489/. Acesso em: 5 out. 2022.

Esse profissional deverá estar apto técnica e cientificamente, comprometido


com a ética, a responsabilidade ao paciente e o procedimento, assim como estar
atento para evitar eventos adversos. Diante disso, é salutar ter a capacidade de resolver
problemas, tomar decisões, trabalhar em equipe e ter facilidade em se comunicar,
permeando, assim, um ótimo trabalho na instrumentação cirúrgica (SOBECC, 2021).

Finalmente, deverá ampliar o senso crítico necessário para compreender a im-


portância da busca permanente da educação continuada e do desenvolvimento profis-
sional.

19
2 LEGISLAÇÃO E NORMAS DA FUNÇÃO DO
INSTRUMENTADOR
O Projeto de Lei nº 642/2007, que dispõe sobre a regulamentação da profissão
do instrumentador cirúrgico, foi aprovado na Câmara dos Deputados em abril de 2010,
passando a ser denominado “Projeto de Lei da Câmara nº 75/2014”. Posteriormente,
foi aprovado, em 17 de maio de 2016, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE),
seguindo a tramitação pertinente.

Dessa forma, entendemos que o exercício da profissão de instrumentador


cirúrgico, no Brasil, é privativo daqueles que tenham concluído Curso de Instrumentação
Cirúrgica, ministrado no país, por escola reconhecida pelo governo federal ou, em casos
específicos, no exterior, sendo necessária a revalidação do diploma. Contudo, vale ressaltar
que a lei permite que aqueles que já atuam na profissão há, pelo menos, dois anos, a
contar da data em que a lei entrou em vigor, podem continuar a exercer a profissão.

De acordo com a SOBECC (2021), fica recomendado o seguimento à Resolução nº


214/1998, do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), que considera a instrumentação
cirúrgica uma atividade de enfermagem, não sendo ato privativo desta. Além disso,
entende-se que o profissional de enfermagem, atuando como instrumentador cirúrgico,
por força de lei, subordina-se, exclusivamente, ao responsável técnico pela unidade
(COFEN, 1998).

Na maioria das instituições, o instrumentador cirúrgico é funcionário contratado


por elas, sendo, portanto, subordinado ao enfermeiro do setor. Por outro lado, nas
instituições particulares, o instrumentador faz parte da equipe cirúrgica e é contratado
pelo cirurgião, estando a ele subordinado.

Também é comum a situação em que o instrumentador seja contratado por


empresas de materiais hospitalares, como empresas fornecedoras de materiais cirúrgicos,
a exemplo de materiais ortopédicos e OPME. Nesses casos, a SOBECC (2021) recomenda
que o enfermeiro responsável pela unidade de centro cirúrgico controle a entrada desses
profissionais no setor e que a instituição exija um cadastro de cada instrumentador,
repassando a eles todas as orientações de funcionamento do setor, bem como dos
protocolos institucionais a serem seguidos. Isso para garantir que, mesmo os funcionários
de terceiros, sigam as rotinas e determinações institucionais, especialmente aquelas
relacionadas à segurança do paciente.

20
3 ATRIBUIÇÕES DO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO
De acordo com a SOBECC (2021), as atribuições do instrumentador cirúrgico são:

• conferir materiais, equipamentos e instrumental cirúrgico necessários ao ato cirúrgico;


• paramentar-se, com técnica asséptica, cerca de 15 minutos antes do início da cirurgia;
• conhecer o instrumental cirúrgico por seus nomes e dispô-los sobre a mesa, de
acordo com sua utilização em cada tempo cirúrgico;
• certificar-se de que a montagem e organização da mesa de instrumentos atendem às
particularidades do procedimento;
• preparar agulhas e fios de sutura adequadamente e de acordo com o tempo cirúrgico;
• auxiliar o cirurgião e os assistentes durante a paramentação cirúrgica e na colocação
dos campos estéreis;
• prever e solicitar material complementar ao circulante de SO;
• ser o responsável pela organização, assepsia, limpeza e acomodação do instrumental
cirúrgico durante toda a cirurgia;
• entregar o instrumental cirúrgico ao cirurgião e aos assistentes com habilidade e
presteza;
• atender prontamente às solicitações da equipe cirúrgica e necessidades do paciente
durante todo o procedimento;
• realizar contagem de compressas, gazes e agulhas em colaboração com o circulante,
quando indicado;
• desprezar adequadamente o material contaminado e os perfurocortantes;
• auxiliar no curativo e no encaminhamento do paciente à devida unidade, quando
solicitado;
• conferir o material e o instrumental cirúrgico após o uso;
• ajudar na retirada do material e do instrumental cirúrgico da SO e no encaminhamento
ao CME.

4 TRABALHO DO INSTRUMENTADOR
Diante do exposto, concordamos sobre a importância que o instrumentador tem
no contexto cirúrgico e enquanto profissional componente da equipe cirúrgica, certo?

Nesse sentido, para facilitar a compreensão, organizamos, a seguir, as atividades


correspondentes ao trabalho do instrumentador cirúrgico, pautadas nas últimas
recomendações internacionais e nacionais de órgãos como SOBECC e Ministério da Saúde,
de acordo com a legislação que regulamenta a profissão.

21
4.1 ADENTRANDO NO CENTRO CIRÚRGICO
Conforme apresentamos anteriormente, o centro cirúrgico é uma área
crítica e, diante disso, faz-se necessário, para qualquer profissional que adentre suas
dependências, fazê-lo por meio do vestiário de barreira, local onde retirará toda a sua
roupa, vestirá o uniforme privativo da instituição, colocará touca para prender todo o
cabelo, substituirá o sapato por sapato privativo ao centro cirúrgico ou colocará um propé
fornecido pelo centro cirúrgico sobre seu próprio sapato. Além disso, é extremamente
importante lavar as mãos após a colocação dos propés.

De acordo com a NR-32/2005, Norma Regulamentadora que tem por finalidade


estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à
segurança e saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que
exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral, todos os trabalhadores
que adentrarem ao centro cirúrgico devem retirar adornos e armazenar seus pertences
em armário no vestiário, levando apenas o que for imprescindível para o desempenho de
sua função dentro do ambiente (BRASIL, 2005).

4.2 CIÊNCIA E CONFERÊNCIA DE MATERIAL PARA O


PROCEDIMENTO CIRÚRGICO
O instrumentador, quando comunicado do procedimento cirúrgico em que
atuará, deve verificar quais são os materiais necessários, informação que pode ser
orientada pelo cirurgião responsável e/ou auxiliar. Os materiais cirúrgicos estéreis, como as
caixas de instrumentos, podem ser solicitados diretamente do centro cirúrgico para a
CME, caso não estejam disponíveis no arsenal de materiais estéreis do centro cirúrgico.

Para as cirurgias de ortopedia, além do instrumental, muitas vezes, são


necessários equipamentos estéreis, como furadeiras e parafusadeiras – que também
são reprocessadas na CME –; dentre outros equipamentos que permanecem na sala
operatória ou na sala de equipamentos, como bisturi elétrico, RX móvel, equipamento
de compressão pneumática, manta térmica etc.

O enfermeiro do centro cirúrgico é responsável por verificar a necessidade dos


materiais e equipamentos e disponibilizá-los para o momento da cirurgia, mas é papel
importante do instrumentador verificar se esses itens estão todos corretos, disponíveis
e prontos para uso antes de a equipe cirúrgica adentrar no centro cirúrgico, resolvendo as
pendências e garantindo um procedimento adequado.

22
Muitas vezes, as cirurgias ortopédicas utilizam materiais consignados que
podem ser do tipo OPME. Nesse sentido, são insumos utilizados na assistência à saúde
e relacionados a uma intervenção médica, odontológica ou de reabilitação, diagnóstica
ou terapêutica (ANVISA, 2016). No caso de utilização de OPME nas cirurgias em que o
instrumentador atuará, ele deve conferir a disponibilidade em sala, verificar o resultado do
teste biológico que comprova sua esterilidade e retirar os testes químicos integradores
(classe 5) ou emuladores (classe 6) de dentro das caixas. A retirada desses testes se dará
após a escovação e paramentação, com o material estéril aberto.

DICA
Para entender melhor sobre OPME, recomendamos a leitura
do Manual de boas práticas de gestão das Órteses, Próteses e
Materiais Especiais (OPME), disponível em: http://twixar.me/rlMm

4.3 ABERTURA DE MATERIAL ESTÉRIL


Após adentrar ao centro cirúrgico, o instrumentador se direcionará à SO e, após
conferir o material necessário, poderá auxiliar os circulantes de sala na abertura das
embalagens de todo material estéril, com técnica asséptica. A técnica para abertura de
todos os materiais estéreis deve ser realizada com cuidado e atenção.

Assim sendo, todos os pacotes e as embalagens devem ser abertos com o


profissional segurando-os distante de seu corpo e abrindo o item pela aba mais distante
(oposta ao corpo do profissional), finalizando com a aba mais próxima do corpo do profissional.

De acordo com Mendes (2022), a técnica para a abertura de material estéril


deve ser realizada da seguinte forma:

• retirar todas as fitas e etiquetas das embalagens e dos pacotes;


• iniciar a verificação das fitas indicadores de esterilidade Classe I (fita zebrada).
Caso ela não se encontre na coloração que indique a passagem pelo método de
esterilização, deve-se desconsiderar o material e reencaminhá-lo novamente ao CME
para reprocessamento;
• proceder abrindo outro material correspondente que tenha a certificação do processo
de esterilização;
• posicionar o pacote de modo que as abas fiquem opostas ao corpo;
• abrir a primeira aba em direção oposta à posição do profissional;
• atentar-se para que a mão e o braço não passem por cima de qualquer parte do
interior do invólucro que foi exposto, evitando cruzar o campo;
• abrir a aba à esquerda;
• abrir a aba à direita;
• abrir a aba próxima ao seu corpo.
23
Figura 10 – Abertura de material estéril

Fonte: Mendes (2022, p. 10)

ATENÇÃO
Todos os invólucros devem ser abertos respeitando a técnica
asséptica, sem contato com o corpo do profissional ou com qualquer
área que não esteja estéril. Após a escovação e paramentação com
avental e luvas estéreis, o instrumentador paramentado poderá pegar
os materiais abertos para organizá-los na mesa operatória.

4.4 POSICIONAMENTO CIRÚRGICO DO PACIENTE


A pessoa mais importante dentro da SO é o paciente cirúrgico. Por ele, devemos
realizar todos os procedimentos de maneira mais responsável e segura possível.

Nesse contexto, a recepção do paciente dentro da SO é realizada pela equipe de


enfermagem, que faz a transferência do indivíduo da maca para a mesa operatória, para
dar início aos procedimentos anestésicos (AORN, 2009).

De acordo com Lopes et al. (2016), após monitorado e anestesiado, o paciente é


posicionado de maneira segura e fixa em mesa operatória, no intuito de expor, da melhor
forma, o sítio a ser operado para a equipe cirúrgica, respeitando as necessidades do
procedimento cirúrgico e as especificidades do paciente. Nesse momento, é necessário o
envolvimento de todos os membros da equipe anestésica-cirúrgica e de enfermagem,
para a realização do posicionamento cirúrgico.

24
A equipe compartilha da decisão, execução, manutenção e responsabilidade do
posicionamento cirúrgico e suas consequências durante todo o procedimento.

Quando o posicionamento cirúrgico não é realizado de forma correta e segura, pode


ocasionar complicações nos sistemas vascular, respiratório, neurológico, osteoarticular,
muscular, visual e tegumentar. Dessa forma, o procedimento deve ser realizado com
responsabilidade, utilizando o conhecimento técnico-científico de todos os membros da
equipe, para avaliar o risco do paciente em desenvolver lesões, bem como para tomar a
decisão sobre os recursos de proteção e cuidados para prevenção (LOPES et al., 2016).

Para a avaliação do risco de desenvolvimento de lesões relacionadas ao


posicionamento cirúrgico, é utilizada, mundialmente, a Escala de Avaliação de Risco para
o Desenvolvimento de Lesões Decorrentes (ELPO), uma escala de avaliação de riscos
desenvolvida e validada por uma enfermeira brasileira, que congrega fatores de riscos
intrínsecos e extrínsecos (tipo de posicionamento, tipo de anestesia, tempo de cirurgia,
superfícies de suporte, posição dos membros, comorbidades e idade do paciente),
gerando um escore de risco. Este varia de 7 a 35 pontos e, quanto maior o escore, maior é o
risco de desenvolvimento de lesões.

Nesse contexto, a recomendação para a utilização da ELPO é usar o escore para


subsidiar ações de cuidado e dispositivos de proteção em tempo hábil, para a prevenção
de lesões.

A ELPO é, atualmente, utilizada por hospitais em todo o território brasileiro, para a


orientação de protocolos de cuidado. Observe a seguir.

Figura 11 – Escala ELPO

Fonte: adaptada de Lopes e Galvão (2010)

25
Existem vários tipos de posicionamentos cirúrgicos e, no caso da cirurgia
ortopédica, os posicionamentos mais utilizados são: posição supina em mesa operatória
convencional e mesa ortopédica, posição prona (cirurgias de coluna) e algumas
variações, dependendo da área do corpo a ser operada. Vejamos a seguir.

Figura 12 – Posição supina, posição supina em mesa ortopédica e posição prona, respectivamente

Fonte: Walton-Geer (2009, p. 541)

A premissa primordial durante o posicionamento é garantir o alinhamento


corporal, respeitar as limitações e o que é fisiologicamente tolerado pelo paciente, pois,
como este se encontra anestesiado, não tem a resposta protetora do sistema neurológico.
Além disso, é necessário garantir que nenhuma proeminência óssea seja pressionada
e, sempre que possível, aliviar a pressão dessas regiões, como deixar os calcâneos
flutuantes.

26
Figura 13 – Posicionamento de calcâneos com alívio de pressão (calcâneos flutuantes)

Fonte: Walton-Geer (2009, p. 545)

Os cuidados durante o posicionamento cirúrgico, para garantir a proteção do


paciente, devem ser embasados em evidências.

Atualmente, encontramos um aplicativo para smartphones e tablets denominado


ELPO App. Trata-se de um aplicativo gratuito, disponível nas línguas inglesa e espanhola,
encontrado nas lojas de aplicativos celulares. Além de realizar a avaliação de riscos de
desenvolvimento de lesões de posicionamento cirúrgico por meio da ELPO, ele indica a
situação de riscos e faz a recomendação de cuidados baseada em evidências.

NOTA
A utilização do ELPO App durante o posicionamento cirúrgico
pode auxiliar a equipe na tomada de decisão sobre os melhores
cuidados para cada paciente e subsidiar o desenvolvimento de
protocolos de cuidados institucionais.

De acordo com a diretrizes de práticas recomendadas da SOBECC (2021)


e o guideline da Association of Perioperative Registered Nurses (AORN, 2017), as
recomendações gerais para o posicionamento do paciente são:

• colocar o paciente na posição cirúrgica após devidamente anestesiado;


• proceder o posicionamento cirúrgico do paciente em equipe, com número de
profissionais adequados, de acordo com o peso do paciente, com participação do
anestesista, da equipe de cirurgia, do circulante de sala e do enfermeiro;
• realizar as mudanças de posição visando à segurança do paciente e respeitando o que
é fisiologicamente tolerado por ele, considerando a técnica cirúrgica a ser realizada;
• considerar as particularidades de cada paciente, idade, peso, condições físicas e
limitações, de modo a individualizar o cuidado prestado durante o seu posicionamento;

27
• avaliar o risco de lesões de posicionamento pela escala baseada em evidências
científicas (é recomendada a utilização da ELPO);
• manipular cuidadosamente o paciente durante todo o posicionamento, garantindo a
segurança em todas as partes do corpo, a fim de evitar complicações;
• garantir o alinhamento corporal do paciente (cabeça, tronco/coluna vertebral,
membros superiores e inferiores), independentemente da posição escolhida para o
procedimento cirúrgico;
• evitar contato de partes do corpo do paciente com superfícies metálicas da mesa, de
modo a prevenir queimaduras pelo uso do bisturi elétrico;
• atentar-se à compressão e hiperextensão de plexos musculares e nervosos, de modo
a prevenir lesões e paralisias locais;
• cuidar para que os membros superiores não fiquem pendentes, apoiando-os ao longo
do corpo ou em superfícies de suportes, como braçadeiras adequadas;
• proteger proeminências ósseas, a fim de evitar Lesões por Pressão (LP), utilizando
posicionadores e superfícies de suporte redistribuidores de pressão, com controle de
microclima e que não retenham umidade;
• utilizar dispositivos dinâmicos para evitar tromboses e compressões circulatórias;
• utilizar faixas de segurança para fixar o paciente na posição adequada, em regiões
vascularizadas, como a coxa, escolhendo, dessa forma, áreas que não contenham
proeminências ósseas e que garantam a funcionalidade de órgãos e funções vitais,
evitando, por exemplo, a compressão do tórax;
• ter o cuidado de garantir que não permaneça sobre o paciente nenhum objeto,
instrumento ou qualquer outro dispositivo que possa provocar pressão e lesão;
• evitar o apoio dos membros da equipe sobre o corpo do paciente, o que pode aumentar
ainda mais a pressão sobre determinadas áreas;
• monitorar o posicionamento do paciente durante todo o procedimento;
• proceder ao registro das ações e cuidados realizados e das intercorrências.

Em algumas situações, em especial quando o paciente tem mais de um sítio a ser


operado, pode haver a modificação do posicionamento no mesmo procedimento,
com o paciente ainda anestesiado. Nesses casos, há recomendações gerais para a
mudança de posição do paciente (AORN, 2017; SOBECC, 2021), a saber:

• caso seja necessária a modificação da posição do paciente durante a cirurgia, a cabeça,


o tronco e os membros precisam ficar sempre em situação estável e devidamente
alinhados;
• tomar os devidos cuidados com a assepsia cirúrgica, evitando contaminações durante a
mudança da posição do paciente quando a cirurgia já estiver em andamento;
• substituir os campos cirúrgicos após reposicionar o paciente, caso haja necessidade;
• realizar manobras de reposicionamento em equipe (anestesiologista, cirurgiões,
instrumentador, circulante de sala e enfermeiro), sendo cada um responsável por uma
área ou atividade;
• evitar rotação lateral do pescoço e da cabeça, pela possibilidade de estiramento dos
ligamentos, e manter a musculatura relaxada;

28
• evitar lesões nas articulações cervicais e estiramento de vasos e nervos, a fim de
prevenir ocorrência de dores e limitações funcionais no período pós-operatório;
• revisar a posição do tubo endotraqueal, por meio de manobras de hiperventilação
e ausculta dos campos pulmonares, pelo anestesiologista, pois durante a mudança
de posição, pode ocorrer deslocamento do tubo endotraqueal ou sua desconexão
do aparelho de anestesia, levando à obstrução de via aérea, extubação acidental ou
intubação seletiva;
• registrar, em prontuário, as mudanças de posição e as reações do paciente frente a
elas.

Existem, no mercado, inúmeros tipos de superfícies de suporte, dispositivos


de posicionamento, mesas operatórias e seus acessórios, bem como tecnologias para
a prevenção de lesões de pele, como as películas redistribuidoras de pressão. Para a
correta utilização desses itens, é imprescindível entender as características de cada
produto, bem como garantir que estejam limpos e prontos para uso, adequados às
necessidades do paciente.

IMPORTANTE
Para o correto posicionamento do paciente, é necessário se certificar
de que a mesa operatória está adequada para ele, considerando o
peso suportado por ela e as limitações do paciente. Além disso, é
preciso conhecer os dispositivos de posicionamento disponíveis na
instituição para a seleção da melhor superfície de suporte para cada
paciente.

Ao finalizar o posicionamento do paciente e garantir que ele está seguro, fixo e


com as proteções necessárias para a prevenção de lesões, procede-se à antissepsia
do campo operatório. Para a sua realização, é necessário que o profissional esteja escovado
e paramentado.

4.5 ESCOVAÇÃO E PARAMENTAÇÃO


Após o posicionamento cirúrgico do paciente, é necessária a realização da
antissepsia da pele do paciente. Ela é realizada com agente químico antisséptico
degermante, seguido por agente químico antisséptico alcoólico. No Brasil, atualmente,
são utilizadas preparações à base de clorehexedina, PVPI e soluções alcoólicas aprovadas
pela Anvisa para esse fim.

29
Para a realização da antissepsia da pele do paciente – que, normalmente, é
realizada pelo cirurgião auxiliar da cirurgia –, é necessário realizar a escovação cirúrgica das
mãos e dos antebraços, bem como a paramentação com avental e luva estéreis, utilizando,
também, instrumentos estéreis para esse fim, sendo a escovação e a paramentação uma
obrigação de todos os profissionais que forem entrar em campo operatório.

Figura 14 – Escovação cirúrgica das mãos

Fonte: http://twixar.me/sbMm. Acesso em: 5 out. 2022.

A escovação cirúrgica das mãos e dos antebraços tem o objetivo de eliminar


a microbiota transitória da pele, bem como reduzir o biofilme. São utilizadas escovas
descartáveis, com cerdas macias de um lado e esponja do outro, embebidas com sabão
antisséptico degermante.

Para a escovação cirúrgica, o profissional deve se direcionar ao lavabo mais


próximo da sala operatória; verificar se a máscara está corretamente colocada, cobrindo
nariz e boca; verificar se a touca está correta e de forma a prender firme o cabelo, sem
risco de este sair; ajustar óculos e outros dispositivos acoplados ao rosto, como foco de
luz e lupas. Durante e após a escovação, é proibido tocar no rosto ou em qualquer parte
do corpo que não esteja paramentada com tecido estéril.

No caso de cirurgias ortopédicas e outras cujo momento intraoperatório tenha
necessidade de utilizar equipamento de RX, é necessário que os profissionais que estarão
em campo coloquem aventais e protetores de laringe, para proteção radiológica, composto
por chumbo. Esse procedimento deve ser feito antes de se direcionar aos lavabos.

30
Figura 15 – Avental plumbífero e protetor de laringe plumbífero para proteção radiológica

Fonte: a autora

Os lavabos devem ser construídos com torneiras acionadas com sensor de


toque ou com acionamento pelos pés e/ou cotovelos, para prevenir o contato e uma
possível contaminação.

A escovação cirúrgica deve ser realizada da seguinte forma:

1. Acionar a torneira de água e molhar braços e mãos em sentido unidirecional, com as


palmas das mãos apontadas para cima e longe do corpo.
2. Abrir a escova estéril e embeber em antisséptico, se necessário.
3. Iniciar a escovação pelo leito ungeal, em movimentos de vai e vem, repetindo o
processo, no mínimo, 20 vezes em todas as partes das mãos e dos antebraços.
4. Escovar a lateral de todos os dedos.
5. Escovar o dorso das mãos.
6. Escovar a palma das mãos.
7. Escovar todos os lados dos antebraços, desde o punho até o cotovelo.
8. Escovar os cotovelos com movimentos circulares, também repetindo o processo
por, no mínimo, 20 vezes.
9. A água para enxaguar deve percorrer um sentido unidirecional das mãos para os
cotovelos.
10. Deve-se afastar os braços molhados do corpo, com cotovelos em 90 º e ponta dos
dedos apontando para cima.
11. Dirigir-se para a SO.
12. Em SO, dirigir-se próximo à mesa em que estejam os aventais e as compressas
estéreis.
13. Pegar uma compressa para realizar a secagem das mãos e dos antebraços.
14. Deve-se abrir a compressa e utilizar um lado para cada mão.

31
15. A secagem deve se iniciar pelos dedos, garantindo que estejam bem secos.
16. Depois, segue-se para o punho, com movimento circular.
17. Finaliza-se a secagem no cotovelo.
18. Virar a compressa, de modo a utilizar o outro lado, e proceder o mesmo procedimento
com o outro braço e antebraço.

Após a secagem, deve-se pegar um avental com a ponta dos dedos, pela parte
da gola do avental, abri-lo, vestir as mangas cuidadosamente para não tocar em partes
não estéreis com o avental, evitando a contaminação.

Figura 16 – Colocação de avental estéril com técnica asséptica

Fonte: http://twixar.me/MbMm. Acesso em: 5 out. 2022.

Depois, deve-se solicitar para o circulante realizar a amarração das costas


do avental. Um detalhe é que o dorso do profissional paramentado é considerado
contaminado por ter sido tocado pelo profissional que não está paramentado.

Figura 17 – Amarração de avental estéril por circulante

Fonte: http://twixar.me/QbMm. Acesso em: 5 out. 2022.

Quando estiver com a opa (avental com uma parte estéril que cobre as costas)
depois de vestir a parte da frente do avental, deve-se calçar as luvas estéreis, realizar
o desamarre da parte das costas da opa e pedir para alguém com mãos enluvadas
segurar. Procede-se um giro do corpo, de modo a cobrir toda as costas, sendo que as
pontas da opa devem ser amarradas.
32
NOTA
A vantagem da opa é que o profissional fica todo estéril.

Após a colocação do avental, deve-se proceder à colocação das luvas estéreis


com técnica asséptica. Depois disso, o profissional paramentado está pronto para tocar no
material estéril e organizar as mesas de instrumentos.

Figura 18 – Colocação de luvas estéreis com técnica asséptica

Fonte: http://twixar.me/xbMm. Acesso em: 5 out. 2022.

É importante lembrar que, mesmo com o profissional paramentado, há áreas do


corpo consideradas contaminadas, como região do pescoço e da cabeça, costas e região
abaixo da cintura. Sendo assim, tais áreas não devem tocar nas mesas e nos materiais
estéreis.

Figura 19 – Posição do instrumentador paramentado

Fonte: http://twixar.me/6bMm. Acesso em: 5 out. 2022.

Quando o instrumentador não estiver no exercício de sua função, ele deve


permanecer com os braços juntos ao corpo, com as mãos sobre a cintura.
33
4.6 TEMPOS CIRÚRGICOS
Para a montagem das mesas de instrumentais e para facilitar o trabalho do
instrumentador cirúrgico, é imprescindível o conhecimento dos tempos cirúrgicos. Dessa
forma, a organização dos instrumentos agilizará a localização dos materiais ao serem
solicitados.

Cada procedimento cirúrgico é único e, mesmo utilizando a mesma técnica


operatória pela mesma equipe de profissionais, pode-se utilizar materiais e instrumentos
diferentes em cada caso. Portanto, a compreensão dos tempos cirúrgicos facilitará o
raciocínio autônomo do instrumentador quanto a entender as etapas sequenciais que
todos os procedimentos cirúrgicos perpassarão.

Os tempos cirúrgicos são: antissepsia, colocação de campos operatórios,


diérese, cirurgia propriamente dita e síntese. Os grupos de instrumentais cirúrgicos se
dividem em diérese, hemostasia, preensão, separação, síntese e especiais.

Para a realização da degermação do campo operatório ou antissepsia do sítio


cirúrgico, são utilizados instrumentos especiais específicos e/ou de preensão longos.
Nesse caso, é necessário “prender” a gaze embebida no antisséptico para ser utilizada
no paciente que está contaminado.

Como o profissional que está fazendo a degermação está paramentado e estéril,


ele não pode se aproximar muito do paciente para não se contaminar, sendo esta a
justificativa para o instrumento ser longo. Frente a isso, temos algumas pinças que têm essa
característica, como Pean, Pean Murphy, Cheron, dentre outras.

Figura 20 – Instrumentos para antissepsia cirúrgica

Fonte: a autora

A próxima etapa é a colocação dos campos operatórios estéreis sobre


o corpo do paciente, no intuito de bloquear o contato com as regiões do corpo não
estéreis e deixar somente exposto o sítio a ser operado.

34
As pinças utilizadas para a colocação de campos também são pinças que têm a
função de prender. Portanto, algumas estão no grupo de preensão e, dependendo da
área do corpo a ser isolada com campos, os instrumentos são modificados quanto a
tamanho e formato, para favorecer a cirurgia. Por exemplo, em uma cirurgia de mão,
o campo a ser operado é pequeno, logo, temos que utilizar um instrumento menor
possível para prender o campo.

Os instrumentos para prender campos fazem parte do grupo dos instrumentos


especiais, pois têm a característica de serem pontiagudos, justamente para conseguirem
segurar o campo de algodão, sendo o exemplo mais comum, que existe em quase todas
as caixas de cirurgia, o Backaus.

Figura 21 – Instrumentos especiais para preensão de campos

Fonte: a autora

A próxima etapa é a diérese, fase em que serão utilizados os instrumentos de


corte, como cabo de bisturi, tesouras etc. Temos alguns modelos de cabo de bisturi
mais comuns: cabo de bisturi nº 3 (lâminas menores), cabo de bisturi nº 4 (lâminas mais
grosseiras) e cabo de bisturi nº 7 (tem o corpo fino e alongado, mas inclui as mesmas
lâminas de encaixe do cabo nº 3).

Figura 22 – Ilustração de cabos de bisturi e tamanhos de lâminas

Fonte: a autora

35
Já sobre as tesouras, temos uma infinidade de tipos. A característica mais
importante de se compreender sobre as tesouras é que existem as tesouras curvas,
que servem para cortar tecidos do corpo do paciente; e as tesouras retas, para cortar
estruturas, como fios cirúrgicos.

Quando o cirurgião principal pede uma tesoura ao instrumentador, ele sempre


cortará um tecido, logo, o instrumentador deverá entregar uma tesoura curva.

As pontas das tesouras também têm especificidades, ou seja, temos tesouras


com pontas rombas, tesouras com ponta e tesouras ponta-romba.

Figura 23 – Pontas de tesouras

Fonte: a autora

Ao realizar o corte, o cirurgião começa a acessar as estruturas internas e se


inicia a cirurgia propriamente dita, fato que provoca sangramento, mesmo que,
em um primeiro momento, sejam vasos da pele e, depois, tenhamos acesso a vasos
mais calibrosos. Dessa forma, para interromper o sangramento, utilizamos as pinças
hemostáticas menores e mais delicadas; e pinças hemostáticas longas para o acesso a
vasos mais profundos, sendo que estas têm a característica de possuir serrilhas
diferenciadas para não provocar danos ao vaso sanguíneo.

Figura 24 – Pinças hemostáticas delicadas, pinças hemostáticas longas e diferentes


tipos de serrilhas, respectivamente

36
Fonte: a autora

As pinças hemostáticas são obrigatórias em todas as caixas de instrumentos,


sendo que variam por tipo e tamanho, mas são imprescindíveis à cirurgia.

Para acessar estruturas mais internas, temos o grupo de instrumentos de


separação ou afastadores. Eles têm uma variedade de formatos e tamanhos devido à
estrutura que se deseja expor. Também têm a possibilidade de serem autostáticos (ficam
abertos e fixos sem o auxiliar ficar segurando nele) e manuais (dependem da manipulação
do cirurgião ou auxiliar).

37
Figura 25 – Afastadores autostáticos

Fonte: a autora

Durante toda a cirurgia propriamente dita, é necessário segurar estruturas


para cortar ou separar, para identificar o local. Então, os instrumentos de preensão são
muito utilizados, normalmente como instrumental de apoio à ação desejada durante o
procedimento cirúrgico.

Os instrumentos de preensão, em sua maioria, têm cremalheira, estrutura que


possibilita fixar a pinça na pressão desejada para prender a estrutura. O manuseio de
instrumentos com cremalheira deve ser treinado, para que a habilidade de abrir e fechar
a pinça seja facilitada.

Figura 26 – Detalhe de uma cremalheira de instrumental cirúrgico

Fonte: a autora

Em todas as caixas cirúrgicas, é obrigatória a inclusão de pinças de disseção,


que são pinças de apoio e servem para momentos diversos no intraoperatório; assim
como outras pinças componentes do grupo de preensão, sendo que cada uma tem a
parte utilizada para segurar a estrutura de maneira diferente, o que permite a amplitude
de sua utilização.

38
Figura 27 – Pinças de dissecção e pinças do grupo de preensão, respectivamente

Fonte: a autora

Finalmente, ao finalizar a atividade proposta para o procedimento cirúrgico,


temos o tempo cirúrgico correspondente ao fechamento da incisão cirúrgica. Ele é
denominado “síntese” e inclui instrumentos como porta agulha, agulhas e fios, materiais
que possibilitarão a sutura.

Figura 28 – Porta agulha

Fonte: a autora

39
Os porta agulhas têm serrilhas bem delicadas para fazer o atrito necessário para
que a agulha fique fixa e não escorregue durante a utilização. Assim, algumas vezes, é
utilizado o porta agulha com wídea, uma peça com serrilha bem delicada que pode ser
colocada na ponta do porta agulha e pode ser substituída caso fique gasta.

Figura 29 – Wídea em porta agulha

Fonte: a autora

O manuseio dos instrumentos cirúrgicos tem algumas regras que são universais,
como comandos por meio de gestos para solicitar o instrumento desejado. Contudo,
a atenção aos tempos cirúrgicos e aos acontecimentos durante a cirurgia, além do
entrosamento entre instrumentador e equipe, fazem com que todos os movimentos
sejam antecipados pelo instrumento necessário, que será colocado na mão do cirurgião e
do auxiliar pelo instrumentador. Esse é o seu papel mais importante.

4.7 MONTAGEM DA MESA DE INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS


Antes de montar a mesa de instrumentos, é necessário colocar um campo
impermeável sobre ela e, acima dele, um campo de algodão aberto para cobrir o máximo
da mesa, além de um campo de algodão duplo dobrado ao meio. O objetivo desses
campos é impedir a contaminação da superfície metálica da mesa para o instrumental
e impedir que tudo se molhe e/ou suje, caso algum líquido seja derramado na mesa.

Com a mesa pronta, o instrumentador pode se dirigir até a caixa de instrumentos,


que já estará aberta pelo circulante de sala e deve retirar os testes químicos de seu
interior para fixação em prontuário do paciente.

Com relação à organização dos instrumentos, existem várias formas de se montar


a mesa de instrumentos, sendo a grande dica, nesse contexto, montá-la de forma que
os instrumentos estejam organizados de acordo com a necessidade do procedimento
e a facilidade de pegá-los para dispensar a equipe. É preciso colocar mais próximos os
instrumentos mais utilizados, deixando a mesa sempre organizada e limpa, do começo ao
fim da cirurgia.

40
Um exemplo de montagem de mesa operatória segue o raciocínio dos tempos
cirúrgicos. Dessa forma, divide-se a mesa em parte superior e inferior e, considerando
que o lado da mesa em que está encostada a mesa operatória seria o lado direito, temos, na
parte inferior da mesa:

• instrumentos de diérese;
• hemostáticas;
• pinças especiais e de preensão.

Já na parte superior da mesa, começando pelo lado oposto ao encostado na


mesa, temos:

• cubas, compressas e gazes;


• afastadores;
• equipamentos como furadeiras e cabo de bisturi elétrico;
• instrumentos de síntese e pinças de apoio (dissecção).

Figura 30 – Ilustração esquemática da organização de instrumentos na mesa

Fonte: a autora

As cirurgias ortopédicas reúnem uma grande quantidade de materiais especiais,


OPME, equipamentos e instrumentos para facilitar o uso destes. Sendo assim, é distinta
de vários outros procedimentos cirúrgicos a sua organização. Nesse sentido, o ideal é que
o instrumentador seja organizado e consiga colocar os materiais de forma que possa
visualizar e manusear todos com segurança e em tempo ágil, para facilitar a equipe de
cirurgia.

41
Figura 31 – OPME de prótese total de quadril

Fonte: http://twixar.me/CbMm. Acesso em: 5 out. 2022.

Após a finalização do procedimento, é imprescindível realizar a conferência e


contagem do material e instrumental, sendo que o instrumentador pode direcionar o
material utilizado para a sala de utilidades e expurgo, para que possa ser direcionado à
CME para reprocessamento. Também é papel do instrumentador informar à equipe de
enfermagem sobre os materiais que foram consumidos, para registro e, em especial,
quando houver utilização de OPME, para auxiliar no correto registro, que resultará em uma
cobrança financeira.

Qualquer intercorrência ou problema com o uso do material, mal funcionamento


ou qualquer irregularidade, o instrumentador deve comunicar à enfermeira da CME ou
seguir o protocolo de comunicação e rotina da instituição.

42
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• A função do instrumentador cirúrgico, bem como a legislação e as normas que regem


a profissão. Enalteceu-se, aqui, a importância dessa função na garantia de uma
assistência segura, incluindo os cuidados específicos pertinentes às necessidades de
cada paciente.

• A importância da inserção da instrumentação na equipe cirúrgica, em especial no que diz


respeito à conferência, à organização e ao cuidado com os materiais cirúrgicos.

• Os passos e as especificidades do trabalho do instrumentador cirúrgico, desde o


momento em que ele adentra a unidade de centro cirúrgico até a finalização do
período intraoperatório.

• As definições dos tempos cirúrgicos com os respectivos instrumentais básicos que


compõem a caixa cirúrgica, bem como o manuseio desses itens e a terminologia de
suas partes.

43
AUTOATIVIDADE
1 Um dos passos sugeridos pela campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS),
“Cirurgias seguras salvam vidas”, é a prevenção da retenção inadvertida de compressas
e instrumentos cirúrgicos na ferida cirúrgica. Considerando as recomendações da
AORN, 2017), assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Toda a equipe presente em SO deve ser considerada responsável pela prevenção


de retenção inadvertida de compressas e instrumentos cirúrgicos e realizar a
conferência e contagem destes.
a) ( ) As compressas utilizadas no campo operatório devem ser radiopacas e conferidas
antes de serem dispostas no campo operatório.
a) ( ) Na detecção de discrepâncias durante a contagem de compressas, o circulante
de sala deve alertar toda a equipe presente em sala e iniciar a busca visual do
material desaparecido.
a) ( ) Uma vez detectada a discrepância de contagem e ao ser informado, o cirurgião
deve suspender o fechamento da incisão, realizar o exame da ferida e acionar o
RX, se necessário.

2 Para a degermação das mãos e dos antebraços da equipe cirúrgica, são recomendados,
pelo Ministério da Saúde, produtos com ação residual. Sobre eles, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Polivinilpirrolidona iodo (PVP-I) e clorexidina.


b) ( ) Compostos fenólicos e clorexidina.
c) ( ) Álcool iodado e álcool a 70%.
d) ( ) Polivinilpirrolidona iodo (PVP-I), álcool gel e clorexidina.

3 Quanto aos fatores de risco para o desenvolvimento de lesões relacionadas ao


posicionamento do paciente cirúrgico, analise as sentenças a seguir:

I- Os fatores de risco podem ser classificados em intrínsecos e extrínsecos.


II- A idade, o estado nutricional e a presença de comorbidades são considerados
fatores intrínsecos.
III- A pressão não aliviada, o cisalhamento, a umidade e a fricção são considerados
fatores extrínsecos e podem acarretar lesões, agindo em conjunto ou isoladamente.
IV- O tipo e a duração da cirurgia, a anestesia, a posição cirúrgica e o uso de dispositivos
para a redução de pressão não são fatores relevantes para o desenvolvimento de
úlcera por pressão no paciente cirúrgico.

44
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
b) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.

4 Dentro da equipe de enfermagem, quem é o instrumentador cirúrgico?

5 Cite as atribuições do instrumentador cirúrgico.

45
46
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —
PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Durante a década de 1950, com o progresso da técnica médica e cirúrgica,
além da adoção de medidas de segurança mais complexas em relação aos pacientes
devido às infecções hospitalares, houve um avanço na preocupação com a prevenção
de infecções.

De acordo com a Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 1998, do Ministério da


Saúde, “[…] infecção hospitalar é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se
manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a
internação ou com procedimentos hospitalares”.

Assim, para prevenir as infeções hospitalares, surgiu a organização dos processos


de limpeza e esterilização e, dessa forma, locais que, hoje, chamamos de CME. Esta é
definida como o “[…] conjunto de elementos destinados à recepção e expurgo, preparo e
esterilização, guarda e distribuição do material para as unidades do estabelecimento
de saúde” (COFEN, 1987, p. 1). Atualmente, a CME é considerada a “mola mestra” dos
estabelecimentos assistenciais de saúde, em especial os hospitais, sendo o alicerce
essencial na prevenção de infecções.

Antigamente, no início da década de 1940, a CME era inexistente e, dessa


forma, o reprocessamento de materiais era realizado em cada unidade. Muitas vezes,
dependendo da instituição, o centro cirúrgico se responsabilizava pelo fornecimento de
material estéril para todo o hospital. Já nas últimas décadas do século XX, a CME passou
a ser centralizada, em razão da exigência de uma área centralizada para o reprocessamento
dos produtos a serem utilizados na assistência à saúde, bem como passou a ser
imprescindível o treinamento dos profissionais responsáveis por essa função, para a
garantia da padronização e da segurança nas técnicas de reprocessamento.

Com o avanço das técnicas cirúrgicas, o desenvolvimento de equipamentos,


dentre outras tecnologias, bem como com a necessidade de organização do serviço
de reprocessamento especializado dos materiais a serem utilizados na assistência
hospitalar, a CME se tornou um setor independente, atendendo a todas as unidades
consumidoras do hospital.

Portanto, a CME tem por missão prover os serviços assistenciais e de diagnóstico


de produtos para a saúde processados, garantindo a quantidade e a qualidade necessárias
para uma assistência segura (SOBECC, 2021). Logo, segundo Graziano, Castro e Moura
(2002), os objetivos da CME são:

47
• padronizar técnicas de limpeza, preparo, empacotamento e esterilização;
• distribuir o material esterilizado ou não;
• treinar pessoal específico para o setor;
• responsabilizar-se pela qualidade do material;
• concentrar o material esterilizado ou não, facilitando seu controle, sua manutenção
e/ou conservação e sua reserva.

Frente a isso, é salutar a compreensão de que cada subárea dentro da CME tem
uma função específica, sendo que todas as áreas são separadas por barreiras físicas,
havendo necessidade do uso dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) corretos,
de acordo com a função desempenhada pelo profissional e a indicação correta do
processamento adequado a cada material.

IMPORTANTE
A CME é imprescindível para a redução e/ou eliminação de biofilme
dos materiais a serem utilizados em cirurgia. O acúmulo de biofilme
nos instrumentais aumenta a corrosão do material, diminuindo sua
vida útil, além de aumentar a ISC e diminuir o sucesso dos resultados
esperados da cirurgia.

2 ESTRUTURA FÍSICA DA CME


A Resolução da Diretoria Colegiada, Resolução RDC nº 15, de 15 de março de
2012, da Anvisa, que regulamenta os requisitos de boas práticas para o processamento
de produtos para saúde, define a CME como uma “[…] unidade funcional destinada ao
processamento de produtos para saúde dos serviços de saúde” (ANVISA, 2012).

A área física dessa unidade deve ser planejada e construída de forma a atender aos
requisitos dos processos e das atividades que nela são executados. De acordo com a
SOBECC (2021), o planejamento da CME deve atender aos seguintes critérios:

• demanda diária de produtos a serem processados;


• número e especificidade de leitos do hospital, bem como existência de centro cirúrgico;
• quantidade de SOs e média diária de cirurgias;
• especialidades cirúrgicas a serem atendidas;
• utilização ou não de material de uso único;
• quantitativo do arsenal cirúrgico;
• forma de armazenagem e distribuição dos produtos esterilizados às unidades
consumidoras.

48
Por sua vez, segundo a Resolução RDC nº 307, de 2002, sempre que o hospital
possuir centro cirúrgico, centro obstétrico e/ou ambulatorial, hemodinâmica, emergência de
alta complexidade e urgência, a CME deverá existir, podendo ser um setor independente
(ANVISA, 2002b). Ainda, de acordo com a Resolução RDC nº 15/2012, a CME pode ser
classificada como Classes I e II, o que determina que ela só poderá processar produtos
que sejam compatíveis com sua capacidade técnica operacional e de acordo com sua
classificação (ANVISA, 2012).

A CME Classe I é aquela que “[…] realiza o processamento de produtos para


a saúde não críticos, semicríticos e críticos de conformação não complexa passíveis de
processamento” (ANVISA, 2012), encontrados, por exemplo, em consultórios e Unidades
Básicas de Saúde (UBS). Por outro lado, a CME Classe II é aquela que “[…] realiza o
processamento de produtos para a saúde não críticos, semicríticos e críticos de conformação
complexa e não complexa passíveis de processamento” (ANVISA, 2012).

Os cinco setores que, minimamente, as CMEs Classes I e II devem possuir são:

1. recepção e limpeza;
2. preparo e esterilização;
3. desinfecção química, quando aplicável;
4. local para monitoramento do processo de esterilização;
5. armazenamento e distribuição de materiais esterilizados.

Figura 32 – Representação esquemática da estrutura física da CME

Fonte: a autora

A seguir, veremos sobre cada um desses setores.


49
2.1 SALA DE RECEPÇÃO E LIMPEZA
A área ou sala de recepção e limpeza é o local mais contaminado da CME, pois
é onde é realizada a recepção, a conferência e a posterior limpeza dos produtos para
a saúde (SOBECC, 2021). Nesse local, é necessária a comunicação com o meio externo
pelas janelas, a partir das quais os profissionais entregam o material usado para ser
reprocessado ou dispõem de entrada de carrinho de materiais, quando a entrada do
material se der por meio delas. Os itens obrigatórios desse setor são:

• bancadas para recepção e conferência;


• local para registro do material que entra;
• pias profundas;
• torneiras com pressão, com água quente e fria;
• local para secagem do material;
• locais para que os funcionários realizem a higienização das mãos e acondicionem os
EPIs.

A limpeza ou descontaminação é a remoção da sujidade, redução ou destruição


de micro-organismos patogênicos, considerando a remoção completa das substâncias
pirogênicas (POSSARI, 2009).

Então, considerando esse contexto, a limpeza é o processo mais importante


para garantir o sucesso da esterilização, pois, por meio dela, podemos reduzir o biofilme
e diminuir o processo de biocorrosão dos instrumentos, além de garantir (quando bem
realizada) a eliminação dos microrganismos (SILVA; PONTES FILHO, 2008).

Figura 33 – Processo de biocorrosão de instrumentos ocasionada pelo biofilme

Fonte: Beech e Gaylarde (1999, p.184)

50
A limpeza pode ser feita de maneira manual ou mecânica, sendo que os
funcionários do setor devem ser treinados e utilizar o EPI adequado para cada tipo de
atuação.

Quadro 1 – Comparação dos métodos de limpeza manual e mecânica

Fonte: a autora

A decisão sobre o tipo de lavagem é influenciada pelo tipo do material:

• se são instrumentos cirúrgicos e outros artigos de uso cirúrgico;


• se são artigos endoscópicos;
• se são materiais de assistência respiratória;
• se são motores, serras, aparelhos elétricos e pneumáticos;
• se são artigos tubulares;
• se são artigos complexos com lumen < 5 mm e fundo cego.

Além disso, a tomada de decisão sobre o correto reprocessamento (conforme a


Resolução RDC nº 15/2002) dependerá do tipo de material e seu grau de contaminação.

Figura 34 – Recomendação de reprocessamento embasada no tipo de material e grau de contaminação

Tipo do material Tipo de


Grau de contaminação processamento

Artigos contaminados descontaminação prévia


Artigos não críticos limpeza ou desinfecção
Artigos semi críticos desinfecção de alto nível
Artigos críticos esterilização

Fonte: a autora

51
Para auxiliar no processo de limpeza e descontaminação, podemos utilizar
produtos químicos que ajudam na retirada da sujidade e matéria orgânica. No Brasil,
temos disponíveis:

• detergentes desincrostantes
◦ têm baixo custo;
◦ contêm tensoativos que diminuem a tensão superficial para dispersão e suspensão
de sujidade;
◦ detergentes aniônicos liberam íon (-) (detergentes em pó, líquidos);
◦ detergentes catiônicos liberam íon (+) (detergentes amaciantes, germicidas);
◦ detergentes não iônicos são aqueles que não se dissociam.
• limpadores enzimáticos
◦ a eficiência da limpeza é aumentada;
◦ são compostos por enzimas, surfactantes, solubilizantes e álcool isopropílico, o
que faz com que o produto possa remover a matéria orgânica em curto tempo de,
aproximadamente, três minutos;
◦ os detergentes enzimáticos têm pH neutro, não são corrosivos, são atóxicos e
permitem um enxágue simples;
◦ são mais efetivos que os desincrostantes.

É importante considerar que, para a limpeza manual, deve-se utilizar saneantes


e limpadores que não comprometam a saúde dos profissionais, além de seguir as
seguintes recomendações:

• utilizar escova de cerdas de nylon e escovas maleáveis de diversos calibres para a


limpeza de lúmens em materiais canulados;
• importante fricção com detergente e água;
• é imprescindível a escovação das serrilhas nos sentidos em que elas ocorrem no
instrumental;
• verificar as junções e articulações de cada material;
• a escolha do tamanho da escova dependerá do tamanho do instrumental (não adianta
utilizar uma escova grande se o material é delicado, pois ele não será escovado
corretamente).

Já a limpeza mecânica, como é um procedimento automatizado para a remoção


de sujidade por meio de lavadoras com ações física e química, permite a utilização de
produtos mais concentrados e agressivos para a eliminação da sujidade, bem como a
utilização de alta temperatura se o material for termorresistente.

52
Existem, no mercado, vários tipos de lavadoras automatizadas: lavadoras
ultrassônicas, termodesinfectoras, esterilizadoras etc. Todas propõem ciclos automatizados
que combinam fatores químicos e físicos para favorecer a eliminação da sujidade.

Após a limpeza, é necessária a secagem do material. O processo de secagem
também pode ser manual ou mecânico. Na secagem manual, é necessário:

• o uso de compressas limpas e luvas de procedimento, imprescindível para que os


artigos não recebam nova carga de sujidade;
• o uso de luvas, máscara e avental (dependendo do processo de limpeza, utilizar
técnica asséptica);
• a utilização de panos limpos, sem fiapos, de cor branca;
• recomenda-se utilizar ar comprimido medicinal em tubos, orifícios e lumes de difícil
acesso, para garantir a remoção das partículas de água (pode-se utilizar uma pistola de
ar sob pressão) (SOBECC, 2021; ANVISA, 2012).

Para a secagem mecânica, utilizamos:

• secadora de ar quente/frio;
• estufa (regulada para esse fim, como na temperatura de 40 ºC), no intuito de
reaproveitar esse equipamento que já está em desuso para a esterilização.

Nesse tipo de procedimento, é possível um menor contato com o material,


menor risco de contaminação do material, bem como a agilidade do processo.

2.2 SALA DE PREPARO E ESTERILIZAÇÃO (ÁREA LIMPA)


A área limpa é separada do expurgo por uma barreira física. Os funcionários não
podem circular livremente e, se forem necessitados para atuação nessa subárea da CME,
devem retornar ao vestiário de barreira e realizar sua descontaminação e colocação de
um novo uniforme privativo.

Após a limpeza e secagem, o material é encaminhado para a área de preparo, em


que se deve proceder a um minucioso exame individual em cada peça, com o objetivo de
revelar completa ausência de qualquer vestígio de resíduos.

Durante o processo de inspeção dos instrumentais cirúrgicos, caso se detecte


algum que apresente qualquer irregularidade, deformidade ou resíduo de sujidade,
é preciso encaminhá-lo para conserto ou relavagem. Além disso, é realizado o teste
do material, no intuito de verificar as características de cada peça, como a facilidade
da articulação, a capacidade de apreensão, a capacidade de corte, o alinhamento e a
justaposição de serrilhas (parte ativa) (ANVISA, 2012).

53
Ademais, deve-se realizar a lubrificação das partes móveis de pinças hemostáticas,
porta agulhas e tesouras, bem como todas as junções dos demais instrumentos, para que
permaneçam maleáveis durante o uso, prevenindo-os contra a oxidação. O lubrificante
deve ser não oleoso, não pegajoso, não corrosivo e sem silicone.

As pinças são organizadas nas caixas por grupos, de acordo com os tempos
cirúrgicos, o tamanho e a função. Podem ser fixadas em grampos de instrumentos,
sendo que cada instituição deve ter uma listagem das pinças que compõem cada caixa.

Deve-se incluir, ainda, um indicador químico de processo de esterilização dentro


das caixas a serem esterilizadas, pois ele será retirado dela no momento do uso dos
materiais no centro cirúrgico, pelo instrumentador cirúrgico.

Após a limpeza, a secagem, o processo conferência, a organização das caixas e a


lubrificação, considerando-se o tipo de material e o tipo de processamento, é necessária
uma escolha da embalagem, de acordo com o tipo de material e o processo submetido, bem
como o correto manuseio do material, para não o contaminar durante o empacotamento.

Figura 35 – Processo de empacotamento dos materiais cirúrgicos

Fonte: a autora

54
É importante datar, validar (de acordo com as normas e a validade de cada
embalagem do material) e identificar, padronizando o processo e garantindo a qualidade
e validade do serviço.

DICA
O processo de empacotamento deve permitir a abertura do
material no centro cirúrgico sem a contaminação de seu interior. No
vídeo intitulado: Embalagem – passo a passo, você poderá visualizar
um exemplo de embalagem que permite a entrada do agente
esterilizante e não permite a contaminação do material. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=Qbcb5yvVqGA.

Após o processo de embalagem, os artigos críticos seguirão para a esterilização.


O material pronto para a esterilização é, muitas vezes, colocado diretamente nos
equipamentos de barreira, que têm abertura para a área limpa e área de armazenagem
e distribuição.

Alguns materiais podem passar por processo de desinfecção em vez de


esterilização. Na desinfecção, são destruídos os microrganismos em sua forma vegetativa,
exceto esporos (ANVISA, 2012). Nesses casos, é importante a CME ter uma área
específica para o recebimento desse material advindo do expurgo, para ser reprocessado
corretamente.

Para desinfecção química, são utilizados desinfetantes em meio químico-líquido


e devem permanecer em contato com o material limpo e seco pelo tempo recomendado
pelo fabricante. Depois, é necessário proceder com a secagem e embalagem do material,
para que este possa ser encaminhado à unidade de destino (SOBECC, 2021).

2.3 ESTERILIZAÇÃO
Entende-se a esterilização como um processo de destruição de todas as formas
de vida microbiana, ou seja, bactérias nas formas vegetativa e esporulada, fungos e
vírus, mediante a aplicação de agentes físicos e químicos (ANVISA, 1995).

De acordo com Graziano (2003), a esterilização é o procedimento de eliminação


de microrganismos de maneira que seja impossível a sua detecção no meio de cultura-
padrão onde havia proliferado, dessa forma, considera-se um artigo esterilizado quando a
probabilidade de sobrevivência dos micro-organismos que o contaminavam seja menor do
que 1:1.000.000 (10-6).

55
Os métodos de esterilização atualmente disponíveis para os produtos utilizados
nos Estabelecimentos de Assistência à Saúde (EAS) são:

• físicos;
• físico-químicos;
• gasosos;
• químicos-líquidos.

Exemplos de métodos de esterilização de acordo com o tipo são:

• físicos
◦ calor seco: estufa (está em desuso);
◦ calor úmido: autoclave a vapor saturado sob pressão;
◦ raio gama.
• químicos
◦ formaldeído 8% (alcoólica) ou 10% (aquosa);
◦ ácido peracético;
◦ autoclave de formaldeído;
◦ óxido de etileno.
• físico-químicos
◦ plasma de peróxido de hidrogênio.

Os métodos físicos têm o calor sob a forma úmida e seca, ao passo que, nos
físico-químicos gasosos, têm-se agentes esterilizantes óxido de etileno, vapor à baixa
temperatura e formaldeído, gás plasma e vapor de peróxido de hidrogênio.

INTERESSANTE
No mercado nacional, há disponível um equipamento compacto
de esterilização química-líquida automatizada por ácido
peracético (Steris System 1®), indicado para a esterilização de
óticas rígidas e flexíveis. Essa tecnologia associa temperatura
de 50 ºC a 56 ºC na etapa da esterilização, o que caracteriza
um método físico-químico líquido. No contexto industrial, tem-
se, ainda, a tecnologia para esterilização por meio de radiação
ionizante por cobalto 60, cujo acesso dos EAS é bastante restrito
(SOBECC, 2021).

De acordo com a Resolução RDC nº 8, de 27 de fevereiro de 2009, a esterilização


química manual, em território brasileiro, está proibida. Essa proibição foi justificada pelo
risco de ocorrência de falhas em razão do mau uso dos esterilizantes líquidos pelo método
manual (ANVISA, 2009).

56
A Resolução RDC nº 15, de 15 de março de 2012, em seu Art. 92, também proibiu,
no Brasil, a esterilização de produtos para saúde pelo calor seco, por meio de estufas.
A justificativa é, também, o alto risco de ocorrência de falhas humanas, bem como
a comprovação de pontos frios no interior desses equipamentos, o que inviabiliza o
controle da temperatura (ANVISA, 2012).

Hoje em dia, existem diversas tecnologias disponíveis para a esterilização


de artigos críticos, mas a decisão é feita conforme a característica de resistência à
temperatura do artigo. Por exemplo, os artigos termorresistentes devem ser esterilizados
por vapor saturado sob pressão, em autoclave, método passível de se garantir a
segurança por meio de testes, de fácil utilização, com custo-benefício favorável e que
não deixa resíduos tóxicos.

Já os métodos de esterilização à baixa temperatura, que usam agentes químicos


ou físico-químicos, devem ser o método de escolha para materiais termossensíveis.
Atualmente, a indústria de produtos para a saúde tem investido na fabricação de
materiais termorresistentes, o que faz com que as instituições de saúde procurem, a
cada dia, mais alternativas para a esterilização dos itens.

Figura 36 – Processo de esterilização por baixa temperatura

Fonte: http://twixar.me/dgMm. Acesso em: 5 out. 2022.

Atualmente, são utilizados vários métodos de esterilização à baixa temperatura,


por exemplo, por meio de vapor de ozônio, vapor de ácido peracético, gás dióxido de
cloro e ácido perfórmico. No Canadá e nos Estados Unidos, o esterilizador à base de
ozônio (TSO3) já é uma realidade aprovada por órgãos regulatórios e comercialmente
disponível (SOUSA et al., 2011). No Brasil, por sua vez, há um protótipo de esterilizador a
ozônio em desenvolvimento e teste (ALISSON, 2013).

No caso de agentes físicos, especificamente radiações, são mais utilizados em


indústrias de materiais descartáveis, que necessitam esterilizar uma grande quantidade de
materiais.

57
A desvantagem dos métodos de esterilização que utilizam baixa temperatura
é relacionada ao custo, em especial de embalagens que, muitas vezes, precisam ser
sintéticas e/ou especiais.

De acordo com as diretrizes para reprocessamento de produtos para saúde da


SOBECC (2021), na aquisição de um equipamento esterilizador, algumas qualificações
são imprescindíveis:

• qualificação da instalação: evidência documentada, fornecida pelo fabricante


ou distribuidor, de que o equipamento foi entregue e instalado de acordo com as
especificações;
• qualificação de operação: evidência documentada, fornecida pelo fabricante ou
distribuidor, de que o equipamento, após a qualificação da instalação, opera em
parâmetros originais de fabricação;
• qualificação de desempenho: evidência documentada de que o equipamento, após
as qualificações de instalação e operação, apresenta desempenho consistente após,
no mínimo, três ciclos sucessivos de esterilização, com parâmetros idênticos, utilizando-
se, pelo menos, a carga de maior desafio, determinada pelo serviço de saúde.

2.4 CONTROLE E VALIDAÇÃO DOS PROCESSOS DE


ESTERILIZAÇÃO
O controle dos processos de esterilização é imprescindível para se
garantir a segurança do material a ser utilizado na cirurgia. Afinal, o material, para ser
esterilizado, precisa estar rigorosamente limpo, sendo necessário garantir a segurança do
equipamento esterilizador, bem como considerar o tipo do produto a ser esterilizado,
o acondicionamento em invólucro compatível com o método de esterilização e o
transporte e armazenamento adequados.

Segundo a Food and Drug Administration (FDA, 1987) dos Estados Unidos,
1987, a validação pode ser definida como a comprovação documentada, com alto
grau de segurança, que o processo validado está em desempenho correto e atende
especificações predeterminadas de qualidade.

A CME deve validar seu processo de esterilização e testar, diariamente, o seu


equipamento de esterilização. Para tanto, é necessária a utilização de normas, bem
como recomendações técnicas de associações de classe e do fabricante.

Os protocolos para validação deverão informar todos os procedimentos a serem


realizados e os resultados esperados de cada etapa do processamento dos materiais,
incluindo a justificativa para cada critério de aceitação adotado. Atualmente, são
utilizados no Brasil indicadores químicos e biológicos para a validação de processos. No
caso de indicadores químicos, temos seis classes, conforme veremos a seguir.

58
Na Classe I, encontramos os indicadores de processo, conhecidos como
“indicadores externos de exposição”. São tintas termocrômicas impregnadas em fitas
adesivas, sistemas de barreira estéril (embalagens), como papel grau cirúrgico, Tyvek®
e etiquetas de identificação do material, que têm por objetivo identificar e diferenciar os
produtos para saúde que foram processados daqueles que ainda não foram. Devem ser
fixados externamente junto à identificação do material a ser esterilizado. O indicador de
processo em forma de fita adesiva é conhecido como “fita zebrada”.

É preconizado que todos os pacotes ou as caixas de instrumentais esterilizados


sejam identificados com um indicador químico de Classe I, que deverá ser examinado após
a esterilização e antes de o invólucro ser aberto para uso, garantindo que o item passou
pelo processo de esterilização, porém sem garantir que as condições para esterilização
foram alcançadas.

Figura 37 – Indicador Classe I – fita zebrada

Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Indicators_for_autoclaves.jpg. Acesso em: 5 out. 2022.

Na Classe II, temos os indicadores para uso em testes específicos. São utilizados
em situações relevantes para um equipamento de esterilização específico. No caso da
autoclave a vapor com sistema de pré-vácuo, o Teste de Bowie-Dick constitui indicador
químico de Classe II. Esse teste é especialmente útil para verificar a remoção do ar
nas autoclaves com pré-vácuo e, assim, garantir a penetração uniforme do vapor nos
materiais. A recomendação para a realização do teste é diária, antes da primeira carga
a ser processada, com a autoclave vazia. Um ciclo curto deverá ser efetuado antes da
realização do teste para o aquecimento da autoclave. Se esta for usada continuamente, o
teste poderá ser feito na mesma hora, todos os dias.

Estão comercialmente disponíveis pacotes prontos do Teste Bowie-Dick para uso


único ou somente a folha-teste para pronto uso. Pode-se ainda manufaturar a folha-
teste com a utilização de folha de papel tipo sulfite, colando nela um indicador químico
de Classe I.

59
Figura 38 – Indicador químico Classe II – Bowie Dick

Fonte: adaptada de Laranjeira et al. (2020)

Na Classe III, temos indicadores de parâmetro único, designados para reagir


com um parâmetro específico do ciclo de esterilização, como a temperatura, no caso da
autoclave. Na prática, essa classe de indicador não é comumente usada.

Já a Classe IV traz indicadores multiparamétricos, designados para reagir com


dois ou mais parâmetros críticos do ciclo de esterilização, como temperatura e tempo
de exposição.

Na Classe V, encontramos os indicadores integradores, designados para reagir


com todos os parâmetros críticos de um ciclo de esterilização. São regularmente utilizados
e obrigatórios dentro das caixas de instrumentos. No caso da autoclave, o indicador
químico de Classe V monitora, além da temperatura e do tempo mínimo de exposição,
a qualidade do vapor, que deve ter, pelo menos, 95% de umidade. Para a Association for
the Advancement of Medical Instrumentation (AAMI), a American National Standards
Institute (ANSI) e a International Organization for Standardization (ISO), o desempenho
dos integradores pode ser comparado ao dos indicadores biológicos (AAMI, 2005).

Por fim, na Classe VI, temos os indicadores emuladores, que simulam todos
os parâmetros críticos da esterilização, ou seja, só mudam de cor quando todos os
parâmetros de esterilização são atendidos. Quando for utilizado o emulador Classe VI, não
é necessário utilizar o indicador Classe V. Sendo assim, o custo-benefício pode justificar a
utilização de tecnologia melhor.

60
Figura 39 – Indicador químico Classe VI – Emulador

FONTE: http://twixar.me/FgMm. Acesso em: 5 out. 2022.

Deverão ser fornecidos meios de comprovar que esses critérios garantirão que,
quando alcançados, os materiais processados no equipamento estarão esterilizados.
Essa comprovação, como indicadora de resultado, deverá ser obtida por meio de testes de
esterilidade que, nas CMEs, são realizados por meio de indicadores biológicos.

IMPORTANTE
É o instrumentador cirúrgico o profissional responsável por verificar
o teste químico existente dentro das caixas operatórias e entregá-lo
ao circulante de sala, como comprovação da esterilidade do material
a ser utilizado no procedimento cirúrgico sob sua responsabilidade.

Os indicadores biológicos controlam ciclos de esterilização por meio de


preparações padronizadas de esporos bacterianos comprovadamente resistentes ao
método a que se propõem monitorar, contendo em torno de 106 UFC por unidade de
papel-filtro ou outro suporte com característica não absorvente, como resinas e lãs de
vidro, para monitoramento de esterilizantes gasosos. Os esporos são utilizados como
indicadores biológicos na avaliação do sucesso da esterilização por serem altamente
resistentes, muito mais do que as bactérias em sua forma vegetativa (AAMI, 2006;
RUTALA; WEBER; HICPAC, 2008).

61
Figura 40 – Indicador biológico

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/search/similar/2077070260. Acesso em: 5 out. 2022.

Os indicadores biológicos devem ser acondicionados dentro de pacotes a serem


esterilizados no mesmo processo dos instrumentais cirúrgicos. Para se liberar o uso de
OPME, é recomendado o resultado negativo da incubação do teste biológico.

Segundo a SOBECC (2021), toda CME deve implantar um programa de controle


do processo de esterilização da rotina por meio do monitoramento dos parâmetros críticos
do ciclo. Isso inclui controle da concentração do agente esterilizante, a depender do
método de esterilização; monitoração dos parâmetros físicos do tempo de esterilização,
da temperatura e da pressão, que, em geral, é registrada por meio de uma impressora
acoplada ao esterilizador; monitoramentos químicos por meio de indicadores químicos
(Classes I a VI); além de monitoramentos biológicos por meio de preparação padronizada
de esporos bacterianos comprovadamente resistentes ao método que se pretende
monitorar, denominados IB 5, 7, 8, 25, 26.

Esses registros devem ser arquivados por cinco anos, organizados e disponíveis
para consulta pela equipe da CME, do Serviço de Controle e Infecção Hospitalar (SCIH)
e dos órgãos fiscalizadores.

2.5 ÁREA DE ARMAZENAGEM E DISTRIBUIÇÃO


A área para armazenagem e distribuição de materiais e roupas esterilizados
é aquela que se comunica com os setores consumidores dos materiais da CME. Sua
estrutura tem as seguintes características:

• o acesso a essa área deve ser restrito ao funcionário responsável;


• o cruzamento do material (estéril x contaminado) é extremamente proibido;
• a comunicação com o exterior (encaminhamento de material para as áreas
consumidoras) pode ser por guichê, monta-carga e elevadores exclusivos;

62
• a pia deve estar próxima à entrada e o uso de uniforme privativo, touca e propé é
imprescindível;
• os armários fechados servem para materiais de maior permanência;
• os cestos servem para materiais de consumo diário;
• a disposição do material de consumo diário deve ser de tal maneira que sempre sejam
distribuídos os materiais mais antigos;
• a checagem constante do material para prevenir o consumo de materiais vencidos é
necessária.

2.6 AMBIENTES DE APOIO DA CME


Como uma área crítica, todos os funcionários e profissionais que adentrarem às
dependências da CME, devem fazê-lo por meio de vestiários de barreiras com sanitários
para a área as subáreas. Os vestiários com sanitários podem ser comuns às áreas para
se constituírem de uma barreira física para a área limpa e o acesso para a área suja não
tenha contato com nenhum ambiente da área limpa (SOBECC, 2021).

No centro cirúrgico todos os profissionais devem retirar as suas roupas e colocar o


uniforme privativo da instituição, sapato privativo, touca e máscara.

Além disso, nas dependências da CME, são localizados DML, que podem ser
comuns às áreas; sala administrativa; área para manutenção dos equipamentos; área
para descanso e lanche rápido dos funcionários (de acordo com especificações da CLT).

63
LEITURA
COMPLEMENTAR
A VISÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE O INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO

Heloísa Helena Ferreti


Jeane Aparecida Gonzalez Bronzatti
Silvia Regina Collado Ponteli

INTRODUÇÃO

A origem do instrumentador cirúrgico como profissional teve início na Idade


Média, quando lhe eram confiadas tarefas como a confecção, o aperfeiçoamento, o
transporte e a guarda dos instrumentos necessários para a realização das cirurgias.

O primeiro registro da atuação de um instrumentador cirúrgico data de 1859, durante


a Batalha de Solíerino, quando o mestre Jean Henri Dumont, com o intuito de agilizar os
procedimentos cirúrgicos e amenizar o sofrimento dos feridos, exerceu essa função.

O século XXI trouxe consigo o avanço tecnológico, a globalização e a evolução das


técnicas cirúrgicas. Os computadores e a robótica hoje participam dos procedimentos
cirúrgicos, requisitando cada vez mais capacitação e habilidade dos profissionais, além de
aprimoramento, desenvolvimento profissional contínuo e ética.

A ética estabelece um código de condutas morais válidas para todos os membros


de uma determinada sociedade. O profissional deve ter qualidades essenciais no exercício
de sua profissão, tais como conhecimento, compromisso, habilidade, estratégia, altruísmo,
justiça, competência, sigilo, prudência, coragem, perseverança, compreensão, humildade,
imparcialidade e otimismo, tendo de desenvolver suas atribuições com responsabilidade,
lealdade e iniciativa. Por sua vez, o instrumentador cirúrgico, seguindo a ética, visa à
dignidade humana e à construção do bem-estar no contexto sociocultural em que exerce
sua profissão.

Para ter legitimidade, porém, um código de ética deve ser democrático


e participativo. No caso de quem trabalha com a instrumentação cirúrgica, essa
participação começa com o conhecimento dos 11 preceitos da Associação Nacional de
Instrumentadores Cirúrgicos (ANIC), que contemplam a defesa do direito à vida humana,
a dedicação ao doente sem nenhuma discriminação, a familiaridade com a dinâmica do
BO, o aprimoramento técnico-científico, a execução das orientações do cirurgião, o não
abandono do campo operatório, a não participação em pesquisas elicitas, a manutenção
de relações de cordialidade com toda a equipe multiprofissional, a capacidade de guardar
segredo profissional e a disponibilidade para prestar serviços à comunidade.
64
O mercado de trabalho está mais competitivo e exigente, razão pela qual
buscar conhecimento é fundamental. Ter consciência das leis do exercício profissional
de enfermagem e da Medicina, do Código do Consumidor, do Código Civil Brasileiro e do
Código Penal faz diferença na assistência prestada ao paciente, ao médico e aos demais
profissionais da saúde. O conhecimento e o domínio das áreas que envolvem a profissão
proporcionam ao instrumentador a conquista e a manutenção de seu espaço e de
sua importância no âmbito hospitalar. Acreditando no valor desse profissional, é que
decidimos realizar a presente pesquisa.

Objetivo

Este estudo teve o objetivo de conhecer a opinião da equipe de enfermagem de


bloco operatório sobre a importância do instrumentador cirúrgico no ambiente hospitalar.

Metodologia

Exploratória e descritiva, a pesquisa partiu de uma abordagem qualitativa para


tomar contato com a opinião e com as expectativas de profissionais de enfermagem a
respeito da função do instrumentador cirúrgico no contexto hospitalar.

Coleta de dados

Para a coleta dos dados, elaboramos um consentimento informado para o


sujeito da pesquisa e um questionário composto de cinco perguntas, três das quais de
caracterização da população segundo sua função, local de trabalho no Bloco Operatório
(BO) e tempo de profissão e duas relacionadas com o papel do instrumentador cirúrgico e
com a classificação de suas atividades de acordo como grau de relevância de cada uma
delas.

A coleta ocorreu em três hospitais de grande porte da cidade de São Paulo, dos
quais dois são privados e um voltado ao ensino – uma Fundação. Vale salientar que
fizemos essa escolha por se tratar de instituições detentoras de BO, com características
eminentemente cirúrgicas. Os questionários foram remetidos aos hospitais aos cuidados
dos enfermeiros coordenadores de BO, que se encarregaram de aplicar o instrumento
para uma população constituída por profissionais e estagiários de enfermagem (estágio
extracurricular) que, na ocasião da coleta, desenvolviam suas atividades de trabalho em
SO, RA e CME e aceitaram participar espontaneamente deste estudo. No total, enviamos
cem formulários e recebemos de volta 98 respondidos e dois não preenchidos. Dessa
forma, consideramos um número total de 98 participantes (N98). Com os dados em
mãos, procedemos à análise e à discussão do material, que começam a seguir.

65
Resultados e Discussão

Para a caracterização da população, investigamos as atividades desenvolvidas


dentro da equipe de enfermagem, o tempo de exercício da função e o local de trabalho no
BO. Entre os 98 participantes, havia 25 enfermeiros (25,51%), 35 técnicos de enfermagem
(35,71%), 31 auxiliares de enfermagem (31,63%), três estagiários (3,07%), dois técnicos/
acadêmicos de enfermagem (2,04%) e dois auxiliares/acadêmicos de enfermagem
(2,04%). Quanto ao tempo da função, 57 profissionais (58,16%) trabalhavam no BO havia
mais de cinco anos, 22 (22,45%) tinham entre um e três anos na área, 12 (12,24%), entre
três e cinco anos e seis (6,13%), menos de três meses - uma pessoa (1 ,02%) não respondeu
a essa questão. Tais dados mostram que a maioria dos participantes do estudo possuía
experiência em suas atribuições. Quanto ao local de trabalho dentro do BO, 57 (58,16%)
referiram trabalhar em SO, 17 (17,35%), em RA e 16 (16,33%), em CME. Do restante, sete
(7,14%) desenvolviam atividades administrativas e gerenciais e um (1,02%) atuava no
agendamento cirúrgico. Com esses resultados, pudemos inferir que a maior parte dos
participantes da pesquisa, aqui formada por 57 trabalhadores (58,16%), relacionava-se
diretamente com o instrumentador cirúrgico porque exercia atividades em SO.

Entre os demais entrevistados, 24 (24,50%) mantinham um relacionamento


indireto com esse profissional porque possuíam funções administrativas, de
marcação de cirurgia e de processamento de artigos, como solicitação de materiais e
conferência de instrumentos e 17 (17,35%) não tinham contato com o responsável pela
instrumentação porque atuavam na RA. Após a caracterização da população, buscamos,
então, conhecer a visão dos profissionais de enfermagem de BO sobre o instrumentador
cirúrgico. Do total de entrevistados, 93 (94,89%) destacaram a importância das
atividades desenvolvidas pelo sujeito investigado no presente estudo. Entre os demais,
quatro (4,08%) consideraram o trabalho do instrumentado irrelevante e um (1,02%) não
respondeu a essa questão.

Assim sendo, o papel exercido pelo instrumentador cirúrgico dentro do bloco


operatório foi considerado importante pela maioria dos trabalhadores de enfermagem
ouvidos nesta pesquisa. A classificação das funções/atividades do instrumentador de
acordo com seu grau de importância último questionamento do instrumento abordava
cinco situações compartilhadas entre o instrumentador cirúrgico e os membros da equipe de
Enfermagem de BO: habilidade e conhecimento técnico-científico, controle emocional,
organização, relacionamento com a equipe multiprofissional e atitudes éticas.

Solicitamos que os respondentes classificassem essas variáveis de acordo


com sua percepção sobre o grau de importância de cada uma delas, enumerando-
as com o uso de uma escala de 1 a 5, na qual o número 1 deveria expressar o maior
valor e o número 5, o menor. Segundo essa classificação, o domínio de conhecimento
técnico-científico sobre esterilização, técnicas assépticas, instrumentais cirúrgicos e
habilidades no manuseio desses materiais foi tido como o requisito mais importante
para o instrumentador na opinião de 80 profissionais (81,64%). Esse aspecto ficou em
segundo lugar em grau de importância para nove entrevistados (9,18%) e em terceiro

66
lugar para dois dos trabalhadores ouvidos (2,04%). Do total da amostra, sete pessoas
(7,14%) julgaram o conhecimento um fator pouco importante para o profissional de
instrumentação. Já o controle emocional diante de situações estressantes foi classificado
como o atributo mais relevante para o instrumentador por 19 profissionais (19,39%). Esse
item ocupou o segundo lugar em grau de importância na opinião de dez entrevistados
(10,20%), o terceiro lugar de acordo com 16 trabalhadores (16,33%) e o quarto lugar no
entender de 28 pessoas (28,57%). Vinte e cinco pesquisados (25,51%) consideraram
o controle das emoções como o aspecto menos determinante para a atividade de
instrumentação.

Por sua vez, a organização do trabalho pareceu ser o item mais importante como
atitude profissional do instrumentador para 25 respondentes (25,5 1%). Entre o restante
da amostra, 38 (38,78%) classificaram esse aspecto como o segundo atributo de maior
relevância, 18 (18,37%) como o terceiro, 14(14,29%) como o quarto e apenas três pessoas
(3,05%) atribuíram à organização um status de pouca importância na profissão em questão.
O bom relacionamento do instrumentador com a equipe multiprofissional foi considerado
o fator mais importante na opinião de 17 entrevistados (17,34%). Entre os demais, 15
(15,30%) classificaram essa qualidade em segundo lugar em grau de importância, 16
(16,32%) em terceiro lugar, 21 (21,42%) em quarto lugar e 30 (30,62%) em quinto e último
lugar. Quanto às atitudes éticas do instrumentador, tais como profissionalismo, sigilo e
respeito, 31 participantes do estudo (31,63%) julgaram-nas prioritárias no ambiente de
trabalho, 15 (15,30%) consideraram-nas como a segunda característica mais necessária
ao desenvolvimento das atividades de instrumentação, 28 (28,59%) como a terceira, 14
(14,2 8%) como a quarta e dez entrevistados (10,20%) colocaram tais atitudes no último
degrau de importância da rotina desse profissional de saúde.

Conclusão

O estudo apresentado nos permite concluir que a equipe de enfermagem,


em âmbito geral, acredita na importância do instrumentador para a realização do ato
cirúrgico. Segundo os entrevistados, o conhecimento técnico-científico encabeça a lista
das virtudes mais importantes para o profissional que responde pela instrumentação
cirúrgica, seguido pela organização. Tais requisitos, portanto, se sobrepõem ao controle
emocional, ao relacionamento e às atitudes éticas. Isso denota que as pessoas e, por
conseguinte, as relações interpessoais não são devidamente consideradas dentro do
ambiente do bloco operatório, suscitando, assim, a necessidade de desenvolvimento de
novos trabalhos sobre a valorização do capital humano nesse setor.

FONTE: BRONZATTI, J. A. G.; FERRETI, H. H.; PONTELI, S. R. C. A visão da equipe de enfermagem sobre o
instrumentador cirúrgico. Revista SOBECC, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 22-26, jan./mar. 2007. Disponível em:
https://revista.sobecc.org.br/sobecc/article/view/344/347. Acesso em: 13 set. 2022.

67
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• Os aspectos sobre a organização e estrutura física da CME, as particularidades de suas


áreas e subáreas, bem como o desenvolvimento das atividades correspondentes.

• O detalhamento do trabalho dos profissionais no reprocessamento de materiais dentro


das áreas específicas da CME, em especial a importância dos processos de limpeza e
esterilização;

• A importância da validação dos processos dentro do reprocessamento de materiais


e todos os tipos de testes obrigatórios de esterilização, cruciais para garantir a
esterilidade do material e prevenir infecções no paciente cirúrgico.

• Que o instrumentador é o profissional responsável pelo cuidado com o material e,


nesse sentido, foram demonstrados os pontos cruciais durante o reprocessamento
de materiais que o instrumentador precisa estar atento para garantir a segurança do
paciente.

68
AUTOATIVIDADE
1 A limpeza é a etapa fundamental do processamento dos produtos para a saúde.
Consiste na remoção de sujidades orgânicas e inorgânicas da superfície dos materiais,
reentrâncias, articulações e lúmens, visando reduzir os microrganismos e remover
resíduos, químicos, proteínas, sangue ou endotoxinas. Assim, sobre a limpeza, analise
as sentenças a seguir:

I- A limpeza é o procedimento de remoção mecânica de sujidades, realizada com


água e detergente, em determinado tempo, de forma manual ou com equipamentos
mecânicos. É o primeiro passo para o processamento de produtos para a saúde e
está ligada à qualidade final do processamento.
II- A limpeza dos produtos, para a saúde, não precisa ser realizada logo após o seu uso,
pois, mesmo havendo o ressecamento do sangue e de outros fluidos corpóreos,
o detergente enzimático remove facilmente a matéria orgânica da superfície do
produto, dispensando a ação mecânica.
III- A carga microbiana presente no produto para a saúde é variável em decorrência
da conformação e do sítio corporal onde o material foi utilizado, sendo importante
garantir, por meio da limpeza, um contingente microbiano inicial reduzido nos
produtos para a saúde.
IV- Independentemente da natureza do produto para a saúde e do método de esterilização
escolhido, a limpeza prévia reduz a carga microbiana, mas a esterilização garante a
morte dos outros micro-organismos presentes, mesmo quando há matéria orgânica,
pela ação do agente usado no processo.
V- Os detergentes enzimáticos são insumos auxiliares da limpeza, fatores interferentes
no uso do enzimático, como água utilizada para a diluição, diluição da solução e
frequência de troca da solução. Quanto maior o tempo de exposição do produto na
solução enzimática, melhor.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças II, IV e V estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença II está correta.

2 Sobre as subáreas da CME, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Área suja, área limpa e área de armazenagem.


b) ( ) Expurgo, área limpa, área estéril e área de armazenagem.
c) ( ) Expurgo, área limpa e área estéril.
d) ( ) Área suja, área estéril e área de distribuição.

69
3 Sobre a CME, assinale a alternativa INCORRETA:
a) ( ) A área limpa não precisa, necessariamente, ser separada do expurgo por uma
barreira física.
b) ( ) É extremamente proibido o cruzamento do material (estéril x contaminado).
c) ( ) Como uma área crítica, todos os funcionários e profissionais que adentrarem suas
dependências devem fazê-lo por meio de vestiários de barreiras com sanitários
para as subáreas.
d) ( ) Não é obrigatório, mas desejável, que toda CME implante um programa de controle
do processo de esterilização da rotina.

4 Frente a isso, defina a unidade de CME.

5 Quais são os objetivos da CME?

70
REFERÊNCIAS
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requirements: ANSI/AAMI/ISO 11140-1. ISO, 2005. Disponível em: https://www.iso.org/
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regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de
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saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2002/res0050_21_02_2002.html. Acesso em: 5
out. 2022.

ANVISA. Resolução RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002. Altera a Resolução


– RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 que dispõe sobre o regulamento técnico
para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, 2002b. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
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71
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SOUSA, C. S. et al. Ozônio na esterilização de produtos para assistência à saúde: revisão


integrativa da literatura. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 45, n.5, 2011. Disponível
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WALTON-GEER, P. S. Prevention of pressure ulcer in the surgical patient. AORN J.,


[s. l.], v. 89, n. 3, p. 538-548, mar. 2009. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
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WHO. Guidelines for safe surgery 2009: safe surgery saves vives. Geneva: World
Health Organization, 2009.

74
UNIDADE 2 —

INTRODUÇÃO À
ORTOPEDIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• reconhecer conceitos da anatomia e fisiologia do sistema musculoesquelético;

• conhecer os principais tipos de traumas e fraturas;

• identificar o objetivo da cirurgia;

• classificar corretamente os tipos de cirurgias.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1– ANATOMIA E FISIOLOGIA

TÓPICO 2– TRAUMAS E FRATURAS

TÓPICO 3– CIRURGIAS E SUAS FINALIDADES

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

75
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

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76
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
ANATOMIA E FISIOLOGIA

1 INTRODUÇÃO
O estudo das estruturas e funções do corpo humano é considerado milenar, e
suas contribuições para o estudo das profissões da saúde datam de séculos passados. De
forma sólida e clara, o estudo da anatomia e da fisiologia, ambas aqui contextualizadas
aos princípios e fundamentos da ortopedia, requerem materiais que demonstrem as
estruturas e suas correlações.

A literatura específica da área indica que o estudo destas matérias é de grande


importância para a formação do profissional de saúde, e que juntas cooperam de forma
direta na melhor compreensão sobre as estruturas e processos orgânicos e funcionais
do corpo humano.

Dessa forma, direcionando uma linha do tempo para o conteúdo que aqui será
apresentado, inicialmente, estudaremos conceitos relacionados à anatomia e à fisiologia,
suas definições e princípios. Em posterioridade, traremos conceitos relacionados ao
estudo do corpo humano acerca dos planos, eixos, principais movimentos executados
pelo corpo humano, diferenças entre a biomecânica e a cinesiologia, e a posição
anatômica de referência. O estudo desses componentes nos proporcionará a base
técnica para os tópicos avançados deste conteúdo: o sistema esquelético e o sistema
muscular, nos quais estudaremos os principais conceitos e estruturas de cada um.

A anatomia humana é considerada uma área de estudo, interiormente ao grande


eixo da biologia, na qual se estudam as formas e as estruturas do corpo humano. Para
que isto ocorra, são utilizadas técnicas de dissecação baseadas em cortes, permitindo
plena visualização dos componentes orgânicos. Essa disciplina é naturalmente
apresentada aos cursos de formação em saúde como inicial, pois apresenta bases
de estudo que o acadêmico utilizará durante toda a sua vida profissional. Neste Livro
Didático, abordaremos o contexto da anatomia regional, no qual estudaremos conceitos
topográficos, facilitando a orientação correta da análise.

A fisiologia é uma área de estudo a qual versa sobre as funções das estruturas
anatômicas humanas, o funcionamento normal e suas reações físicas e químicas. Em
parâmetro macroscópico, a fisiologia aborda temas acerca da integração dos sistemas
corporais, como exemplo temos o sistema imunitário, a reprodução, a circulação, a
respiração, a nutrição, dentre outros.

77
ATENÇÃO
As ciências da anatomia e da fisiologia são o fundamento para a
compreensão das estruturas e das funções do corpo humano.
Anatomia é a ciência da estrutura e de suas relações. Fisiologia é a
ciência das funções do corpo, isto é, como as partes do corpo atuam.
Como a função nunca está completamente separada da estrutura,
entendemos melhor o corpo humano estudando a anatomia e a
fisiologia em conjunto (TORTORA; DERRICKSON, 2017).

2 PLANOS E EIXOS
A identificação das estruturas anatômicas humanas é baseada na posição
anatômica. Para que isso ocorra, o corpo precisa ser delimitado por planos que vão
restringir determinadas superfícies geométricas. Os planos são as descrições anatômicas,
tanto do corpo humano quanto dos órgãos, e são baseados em três principais planos de
secção que cruzam o corpo.

Quando é observado o movimento do corpo humano, aplica-se o conhecimento


de eixo. Os eixos são linhas imaginárias que atravessam os planos do corpo
perpendicularmente para possibilitar movimentos. São os principais planos de secção do
corpo humano:

• plano sagital;
• plano frontal;
• plano transversal.

O plano sagital engloba todos os planos verticais com orientação paralela à


sutura sagital do crânio. O plano sagital mediano (ou plano mediano) divide o corpo em
duas metades: direita e esquerda.

78
Figura 1 – Plano sagital

Fonte: adaptada de Matiello-Rosa, Viotto e Batista (2005)

O plano frontal engloba todos os planos verticais com trajeto paralelo à sutura
coronal do crânio. O plano coronal divide o corpo em duas metades diferentes, anterior e
posterior.

Figura 2 – Plano frontal

Fonte: adaptada de Matiello-Rosa, Viotto e Batista (2005)

79
O plano transversal abarca todos os planos que cortam o corpo horizontalmente.
Divide o corpo em duas metades diferentes, superior e inferior.

Figura 3 – Plano transversal

Fonte: adaptada de Matiello-Rosa, Viotto e Batista (2005)

Em suma, os três planos são representados a seguir.

Figura 4 – Exposição dos planos

SAGITAL FRONTAL TRANSVERSAL

Fonte: adaptada de Matiello-Rosa, Viotto e Batista (2005)

80
Quanto aos eixos, podem ser subdivididos do modo apresentado a seguir:

• Eixo laterolateral: estende-se de um lado ao outro, tanto da direita para a esquerda


quanto o inverso, perpendicular ao plano sagital. Também chamado de eixo transversal
ou horizontal.

Figura 5 – Eixo laterolateral

Fonte: adaptada de Matiello-Rosa, Viotto e Batista (2005)

• Eixo anteroposterior: estende-se em sentido anterior para posterior, perpendicular ao


plano frontal. Esse eixo também é chamado de sagital.

Figura 6 – Eixo anteroposterior

Fonte: adaptada de Matiello-Rosa, Viotto e Batista (2005)

81
2.1 EIXO LONGITUDINAL/VERTICAL
• Eixo longitudinal/vertical: estende-se de cima para baixo, ou vice-versa, de forma
perpendicular ao plano transversal.

Figura 7 – Eixo vertical

Fonte: adaptada de Matiello-Rosa, Viotto e Batista (2005)

NOTA
Nomenclatura anatômica: sistema de classificação de nomes
técnicos ou científicos que foi adotado como terminologia oficial
pelo Congresso Internacional de Anatomistas, em 1955, também
chamado de Nomina Anatômica. Desde então, essa nomenclatura
é atualizada nos Congressos Internacionais de Anatomia, realizados
a cada cinco anos (MARQUES, 2018).

2.2 PRINCIPAIS MOVIMENTOS


O ramo da ciência que estuda os movimentos humanos se denomina biomecânica.
Por sua vez, a biomecânica estuda a eficiência dos movimentos humanos com o objetivo
de verificar o desgaste metabólico e mecânico.

A cinesiologia é um ramo científico que possui o objetivo de entender os


fundamentos do movimento humano a partir da biomecânica, dentre outros. O propósito
da mecânica leva em consideração os conceitos da física.

82
Assim, biomecânica e cinesiologia se inter-relacionam. Basicamente, podemos
afirmar que a biomecânica é a base sólida do conhecimento e a cinesiologia é a aplicação
prática da análise de movimento. Essa relação é demonstrada na Figura 8.

Figura 8 – Princípios teóricos

Fonte: o autor

Para que seja possível o estudo dessas áreas, inicialmente, precisamos expor
conceitos básicos para a promoção de alinhamento teórico.

Os tipos de movimentos na biomecânica partem da posição anatômica. Essa


posição é adotada mundialmente para o estudo das ciências morfológicas.

INTERESSANTE
A chamada posição anatômica é uma referência empregada
no mundo todo. Essa posição indica um corpo ereto na
vertical, em que os membros superiores fiquem ao lado
do tronco e as mãos espalmadas para frente, membros
inferiores ligeiramente afastados, com os pés apontando
para frente. Assim, é a posição de referência ou ponto de
partida quando são determinados os termos apontados ao
movimento corpóreo (HAMILL; KNUTZEN, 1999; HALL, 2005).

83
Figura 9 – Posição anatômica

Fonte: adaptada de Hall (2005)

Todos os movimentos executados e suas descrições partirão em relação à


posição anatômica. Dessa forma, os movimentos realizados são divididos da seguinte
maneira: lineares (translação), angulares (rotação) e gerais (mistos).

Movimentos lineares (translação) ocorrem quando estruturas corporais se


movimentam na mesma direção ao mesmo tempo. Assim, aproveitamento de uma força
no centro de massa do corpo faz com que todos os pontos desse membro se desloquem
em uma mesma direção.

Outro tipo de movimento, o curvilíneo, é descrito como aquele que muda de


direção constantemente.

Ainda, existem os movimentos angulares, também chamados de movimentos


de rotação, nos quais os pontos se movem em linhas circulares e ao redor de um
eixo de rotação. Quando aplicado ao corpo humano, temos que a grande maioria dos
movimentos são angulares contando com exclusivas exceções.

Os movimentos que nossos membros realizam são realizados pelas articulações.


Muitas articulações possibilitam mais de uma combinação de movimentos diferenciados.
Como exemplo temos o joelho, que permite flexão e extensão, enquanto o ombro
permite flexão, extensão, abdução, adução e rotações, dentre suas variações.

84
Figura 10 – Sistemas básicos que interagem para que ocorra o movimento

Fonte: o autor

Uma articulação é definida como o ponto em que dois ou mais ossos se ligam
anatomicamente por meio de capsula articular, cartilagens e líquido sinovial. Quanto
ao movimento, não há atrito entre os ossos, que são mantidos nas articulações por
ligamentos e pela musculatura estriada esquelética. Os ligamentos são estruturas de
tecido conjuntivo denso e fibroso que fornecem estabilidade para a articulação durante o
movimento.

Quanto ao tipo de articulação, são três as classificações: diartroses (bastante


mobilidade), anfiartroses (pouco movimento) e sinartroses (imóveis). Ademais, a
estruturação de uma articulação pode ser dada pela composição de:

• ligamentos e tendões;
• cartilagem articular: reveste a superfície óssea articular, elástica e absorve choque;
• cápsula articular: tecido fibroso que mantém as superfícies unidas, transforma a
articulação em uma “câmara vedada”;
• membrana sinovial: promove a “forração interna” e secreta o líquido sinovial;
• líquido sinovial: responsável pela lubrificação e produção dos nutrientes para as
estruturas anatômicas da articulação.

Os músculos e a gravidade são os principais produtores do movimento humano. A


musculatura exerce contração e relaxamento para a manutenção de uma postura ou
posição, acelerando e desacelerando um movimento para a realização de qualquer ação
motora.

A força motora, aquela elaborada pelo componente musculoesquelético para


promover movimentos, é classificada como estática ou dinâmica. É definida como a
capacidade do sistema neuromuscular em combater e vencer determinadas forças
de resistência por meio da contração muscular. Existem quatro conceitos básicos da
contração de um músculo: direção, magnitude de força, sentido e quantidade de tração.

85
Existem também distintas formas de funcionalidade muscular (contração),
destacando: a contração explosiva, a potência e a resistência prolongada. A máxima
contração voluntária é definida como a maior força disponível que o sistema pode
oferecer por meio de uma vigorosa contração de um determinado músculo ou grupo
específico. A força explosiva, entendida como aquela de rápida contração e como potência,
é definida como toda a forma de força executada em um curto período (o menor possível).
Já a resistência é delimitada à capacidade que o organismo tem de resistir e persistir a
determinantes de fadiga em que há solicitação de prestação de força durante um período
prolongado.

NOTA
Os termos de direção usados para descrever as relações de uma
parte do corpo com outra são feitos a partir da posição anatômica.
Nessa posição, o indivíduo está em pé, corpo ereto, face voltada
para a frente, com os olhos dirigidos para o horizonte, membros
superiores estendidos ao longo do corpo, com as palmas das
mãos voltadas para a frente e dedos para baixo; já os membros
inferiores ficam unidos e voltados para a frente (MARQUES, 2018).

2.3 MOVIMENTOS FUNDAMENTAIS


Embora todas as articulações sinoviais possuam uma estrutura similar, as
formas de suas faces variam, possibilitando vários tipos de movimento (TORTORA;
DERRICKSON, 2017).

• No plano sagital:
◦ flexão: ocorre redução no ângulo da articulação, exemplo: inclinação da cabeça
para frente;
◦ extensão: retorno da flexão;
◦ hiperflexão: quando se excede o parâmetro de flexão, além da normalidade;
◦ hiperextensão: ato contínuo além da extensão normal do segmento, exemplo:
cotovelo estendido além do limite.

• No plano frontal:
◦ abdução: movimento lateral, levando o segmento para longe da linha média,
exemplo: termo utilizado para descrever os movimentos laterais do braço para fora do
corpo;
◦ adução: movimento que acontece lateralmente, distinto da abdução, aqui ocorre
uma aproximação da linha média do corpo, exemplo: retorno do braço que estava
em abdução, deslocando-se em direção ao centro do corpo;
◦ flexão lateral: movimento de inclinação lateral, seja da cabeça, tronco ou outro membro;
◦ hiperabdução: ocorrência de abdução além da vertical e dos parâmetros de nor-
malidade.
86
• No plano transverso:
◦ rotação esquerda e direita: ocorre quando o segmento corporal se sujeita ao
movimento de virar respectivamente para o lado oposto;
◦ rotação medial: roda a face anterior de um membro para mais perto do plano
mediano do corpo;
◦ rotação lateral: afasta a face anterior do membro para longe do plano mediano
corporal;
◦ pronação: movimento que ocorre no antebraço e mão onde o osso rádio gira
medialmente em torno de seu eixo longitudinal, promovendo que a palma da mão
tenha seu lado posterior visualizado;
◦ supinação: contrário da supinação, promove visão da face da mão, e o rádio gira
lateralmente em torno do seu eixo.

Figura 11 – Exemplificação visual de movimentos

Fonte: adaptada de Matiello-Rosa, Viotto e Batista (2005)

NOTA
Os eixos do corpo humano são linhas também imaginárias
traçadas no indivíduo dentro do sólido geométrico. São sempre
perpendiculares ao plano. Os eixos associados com os planos
gerarão movimentos no indivíduo. Os eixos existentes são eixo
sagital ou anteroposterior, que une o centro do plano ventral
(anterior) ao centro do plano dorsal (posterior); eixo longitudinal
ou crânio caudal, que une o centro do plano cranial ao centro
do plano podálico; e eixo transversal ou laterolateral, que une o
centro do plano lateral direito ao centro do lateral esquerdo e
vice-versa. Leia mais sobre o assunto no link a seguir: https://blog.
portaleducacao.com.br/eixos-do-corpo-humano-e-seus-termos-
de-posicao-e-direcao/.

87
3 SISTEMA ESQUELÉTICO
O esqueleto é um conjunto de ossos e cartilagens que se interligam para formar o
arcabouço do corpo e desempenhar várias funções, como: sustentação, proteção, base
mecânica para o movimento, formação sanguínea e armazenamento de sais.

O osso é uma forma sólida e especializada de tecido conjuntivo cuja principal


característica é a mineralização de sua matriz óssea, fibras colágenas e proteoglicanas.

Os ossos apresentam uma variedade de formas e tamanhos. As tensões


mecânicas impostas a eles e a sua função determinam a forma do osso, como você pode
ver a seguir:

• Longos em geral, possuem hastes ocas, longas e com extremidades arredondadas. São
projetados para grandes movimentos. Apresentam epífise proximal, diáfise e epífise
distal. Ex.: úmero, rádio, ulna, tíbia, fíbula, fêmur, metacarpos, metatarsos, falanges e
clavícula.
• Curtos pequenos e sólidos, como um bloco. São simétricos e não possuem diáfise.
Estão ajustados para transferir forças e absorver impacto, mas não são muito móveis.
Exemplo: ossos do punho e do tornozelo.
• Osso esponjoso com estrutura óssea alveolada.
• Osso cortical com estrutura óssea compacta.
• Medula óssea – dentro do tubo oco.
• Periósteo – membrana que reveste o osso.
• Cartilagem articular – reveste o osso nas superfícies articulares.
• Lâmina epifisial – separa a epífise da diáfise (lâmina de crescimento).

Quadro 1 – Acidentes ósseos

88
Fonte: adaptada de Sobotta (2006)

IMPORTANTE
A anatomia humana é de suma importância para as ciências
biológicas e da saúde. Seu caráter multidisciplinar permite que ela
seja abordada por meio de muitos métodos, dentre eles a prática
de correlações anatomoclínicas, que visa estudar alterações
estruturais e funcionais dos órgãos e sistemas (BARBOSA, 2022).

Um osso é constituído por tecidos distintos, sendo eles: tecido ósseo, cartilagem,
tecido conjuntivo denso, epitelial, adiposo, nervoso e canais formadores de tecido
sanguíneo. Quanto à irrigação interna, temos os canais de Volkman e os canais de Havers.
O tecido ósseo propriamente não apresenta vasos linfáticos, sendo essa característica
delimitada apenas ao tecido periósteo, o qual apresenta drenagem linfática.

Os canais de Havers são um conjunto de microvasos que formam pequenos canais


sanguíneos no interior dos ossos longos. Essa região é denominada osso compacto ou
diáfise. Destaca-se que esses canais fazem o trajeto de curso longitudinal levando vasos
sanguíneos e tecidos nervosos que são responsáveis pela nutrição deste componente
ósseo.

Os canais de Volkmann são microscópicas estruturas tubulares encontradas no


interior do osso compacto e se encontram perpendicularmente aos canais de Havers,
sendo um dos componentes do sistema de Haversian. Esses canais levam pequenas
artérias à expansão óssea. Admitimos classicamente, segundo a literatura, 206 ossos.

89
Quadro 2 – Panorama ósseo humano

Fonte: adaptado de Sobotta (2006)

INTERESSANTE
Os esqueletos dos recém-nascidos e crianças têm mais de 206 ossos,
pois alguns dos seus ossos, como cada osso do quadril e as vértebras, se
fundem mais tarde na vida (TORTORA; DERRICKSON, 2017).

Figura 12 – Eixo axial

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/13/Axial_skeleton_diagram_pt.svg.
Acesso em: 5 out. 2022.

90
3.1 COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral é considerada a base de suporte para o peso corporal e para
os movimentos complexos do tronco, atua diretamente nos movimentos dos membros
superiores e inferiores, e ortopedicamente é uma das principais unidades de função do
corpo. A coluna se estende da base do osso do crânio e vai até a extremidade caudal do
tronco, na porção final denominada cóccix. É formada por 33 vértebras que se intercalam
e articulam por discos intervertebral. Dessa totalidade, 24 delas se unem para formar
uma coluna flexível, classificadas como: cervical, torácica e lombar, estando as demais
associadas a segmentos com pouca mobilidade ou imóveis.

A articulação das vértebras da coluna proporciona mobilidade do eixo do tronco


que tem suporte e proteção da medula espinhal e movimento como uma das funções
principais.

Figura 13 – Coluna vertebral

Fonte: adaptada de Netter (2000)

É notável que o indivíduo, com o passar dos anos, pode sofrer algumas alterações
acerca da postura, de forma patológica ou não, ocasionando o aumento ou diminuição
de alguma ou várias curvaturas. Podemos citar a hiperlordose, hipercifose, hipolordose,
hipocifose e/ou retificação como anormalidades fisiológicas. Existe outra curvatura
patológica conhecida como escoliose, de maior gravidade, podendo se associar com
fatores de adoecimento, caracterizada por desvios laterais da coluna vertebral.
91
As vértebras são ossos irregulares que apresentam características gerais e
similares à grande maioria, porém com clara exceção da 1ª e 2ª vértebras cervicais.

• Corpo: é a maior parte da vértebra, sua função é a sustentação;


• processo espinhoso: é a parte do arco ósseo que se situa medialmente e posteriormente,
responsável pela movimentação;
• processo transverso: são dois prolongamentos laterais, direito e esquerdo, que se
projetam transversalmente de cada lado do ponto de união do pedículo com a lâmina,
atua junto ao processo espinhoso na movimentação;
• processos articulares: são saliências que se destinam à articulação das vértebras
entre si, duas projeções superiores e duas projeções inferiores, tendo como função a
obstrução;
• lâminas: liga o processo espinhoso ao processo transverso, tendo a função de proteção;
• pedículos: são partes mais estreitadas, responsáveis por ligar o processo transverso ao
corpo vertebral, atua junto às lâminas na função de proteção;
• forame vertebral: situado posteriormente ao corpo, limitado lateral e posteriormente
pelo arco ósseo, atua na função de proteção.

IMPORTANTE
Quando estudamos e conhecemos as vértebras e suas
particularidades, faz-se presente a necessidade de entender que,
além das características gerais, elas terão aspectos individuais ao
seu segmento. Essas características servem para diferenciá-las do
restante do esqueleto humano (NETTER, 2000).

3.1.1 Vértebras da coluna cervical


São diferenciadas das demais vértebras porque possuem um forame no
processo transverso. A posição anatômica é identificada pelo processo espinhoso,
pois ele é posteriorizado e inferiorizado, ou seja, tecnicamente, sempre apontará para
posterior e para baixo. Serão estudadas separadamente as duas primeiras vértebras e a
sétima, pois possuem características diferentes dos demais componentes.

92
Figura 14 – Coluna cervical

Fonte: adaptada de Netter (2000)

• Atlas: é a primeira vértebra cervical e tem como função sustentar a cabeça. Se articula
com o áxis e permite amplos movimentos. Ela não possui corpo vertebral. Sua posição
anatômica: fóvea dental é anterior; face articular superior (a maior) é superior.
• Áxis: é a segunda vértebra da coluna cervical e articula diretamente com o atlas, assim
constituindo um eixo de rotação para a cabeça. Possui uma formação diferente das
demais vértebras, o seu dente, também chamado de processo odontoide, permite os
movimentos de rotação (eixo) da cabeça. Sua posição anatômica: o dente é anterior
e superior.
• Sétima vértebra cervical: é similar às demais, porém possui diferenciadamente um
processo espinhoso longo e proeminente, sendo esta sua característica especial. Sua
posição anatômica: o processo espinhoso é posterior e inferior.

Figura 15 – Vértebras cervicais


´

Fonte: adaptada de Netter (2000)

93
3.1.2 Vértebras da coluna torácica
As vértebras da coluna torácica possuem um processo espinhoso que não
é bifurcado. Elas se conectam às costelas formando uma parte da parede do tórax
denominado gradil costal. Em um total de 12, são abreviadas de T1-T12, em ordem
crescente respectivamente. Essa parte da coluna possui discos intervertebrais finos e
estreitos que promovem articulação e absorção de impactos, sendo assim, a coluna
torácica possui uma restrição de movimento maior em relação aos outros segmentos
(lombar e cervical, por exemplo). Também possui reduzido espaço para o canal vertebral
em relação à lombar, isso tudo contribui para essa região ser mais acometida por lesões,
principalmente em quedas.

Figura 16 – Exemplo de vértebra lombar e disco intervertebral: características

Fonte: adaptada de Netter (2000)

3.1.3 Vértebras da coluna lombar


São cinco vértebras e abreviadas em nomenclatura L1-L5, as quais se localizam
na porção mais baixa da coluna (posterior ao nível do umbigo). São as maiores vértebras
de toda a coluna e o canal espinhal lombar é o mais largo em comparação aos outros
segmentos. Seu grande tamanho de composição das vértebras permite mais espaço
aos nervos, apresenta o forame vertebral em forma triangular e um processo transverso
chamado apêndice costiforme. Devemos destacar que as vértebras lombares são
grandiosas e que a maior parte da massa corporal total humana é descarregada sobre
este eixo.

94
Figura 17 – Exemplo de vértebra lombar: características

Fonte: adaptada de Netter (2000)

3.1.4 Articulação cartilaginosa – disco intervertebral


Estrutura anatômica cuja função é amortecer cargas e pressões ao longo do eixo
da coluna vertebral. Possuem em sua composição duas estruturas principais, o núcleo
pulposo que está localizado no centro do disco e um anel fibroso que é constituído por
fibrocartilagens resistentes

3.1.5 Articulação sinovial


Complexo estrutural presente entre os processos articulares da coluna permitindo
mobilidade.

NOTA
Para dar a você uma ideia da complexidade de uma articulação sinovial,
examinaremos algumas das características estruturais da articulação
do joelho, um gínglimo modificado, que é a maior e mais complexa
articulação do corpo (TORTORA; DERRICKSON, 2017).

3.1.6 Ligamentos da coluna vertebral


A coluna vertebral é sustentada e reforçada por ligamentos: o ligamento amarelo,
interespinhal e supraespinhal que atuam na flexão e estão mais presentes na região
lombar; o ligamento nucal que é a continuação do ligamento supraespinhal; os ligamentos
longitudinais que estão presentes e se prolongam do áxis até o sacro, o anterior que limita
a extensão ou lordose excessiva e o posterior que limita a flexão, reforçando o anel fibroso.
95
3.2 CRÂNIO
O complexo estrutural da cabeça consiste na junção dos ossos do crânio, face,
escalpo, dentes, de estruturas sistemáticas, como encéfalo, nervos cranianos, meninges,
órgãos dos sentidos especiais e outras estruturas centrais e periféricas, como vasos
sanguíneos, linfáticos e tecido adiposo. Também é o local em que o alimento é ingerido e
o ar é inspirado e expirado.

Os ossos da cabeça são divididos em duas grandes porções: o neurocrânio, que


fornece o invólucro para o cérebro e as meninges encefálicas, partes proximais dos nervos
cranianos e vasos sanguíneos; e o viscerocrânio, que também pode ser denominado como
esqueleto da face (ossos que circundam a boca e o nariz e contribuem para as órbitas).

INTERESSANTE
Os ossos do crânio têm outras funções além da proteção do
encéfalo. Suas faces internas se fixam nas meninges, que
estabilizam as posições do encéfalo, dos vasos sanguíneos e
dos nervos. Suas faces externas fornecem grandes áreas de
fixação para os músculos, que movem várias partes da cabeça
(TORTORA; DERRICKSON, 2017).

Figura 18 – Divisão craniana óssea

Fonte: http://twixar.me/zgMm. Acesso em: 5 out. 2022.

96
Figura 19 – Ossos do crânio

Fonte: http://twixar.me/XgMm. Acesso em: 5 out. 2022

Figura 20 – Ossos do crânio

Fonte: http://twixar.me/jgMm. Acesso em: 5 out. 2022.

97
NOTA
O crânio consiste em dois conjuntos de ossos: oito ossos do crânio
(neurocrânio), que formam a cavidade do crânio, e 14 ossos da face
(viscerocrânio), que formam a face (TORTORA; DERRICKSON, 2017).

3.3 MEMBROS SUPERIORES


Os membros superiores fazem parte do esqueleto apendicular e são conectados
ao esqueleto axial por meio de um componente articular denominado cíngulo superior, ou
cintura escapular como terminologia secundária. É responsável pela conexão do braço,
antebraço e mão ao esqueleto axial para que haja conexão funcional e estrutural.

Formado pela clavícula e escápula, o cíngulo do membro superior possui uma


ampla possibilidade de movimentação e alta variedade biomecânica. As articulações
esternoclaviculares conectam o osso esterno a cada clavícula bilateralmente, e as
articulações acromioclavicular conectam as escápulas às clavículas.

• Clavícula: é um osso longo que possui curvatura semelhante à letra S, forma a parte
ventral da cintura escapular e compõe a união óssea do membro superior ao tronco.
• Escápula: é um osso achatado e de formato triangular, compõe a parte dorsal da cintura
escapular.

ATENÇÃO
O membro superior é subdividido em três regiões: braço, antebraço
e mão. O cíngulo do membro superior (clavícula e escápula) une
o membro superior ao tórax, na articulação esternoclavicular. O
cíngulo do membro superior (clavícula e escápula) une os ossos do
membro superior à caixa torácica.

• Úmero: é um osso alongado, considerado como maior do membro superior, apresentando


em sua anatomia duas epífises e uma diáfise.
• Ulna: é o osso posicionado medialmente ao antebraço.
• Rádio: é o outro osso que constitui o antebraço e localiza-se anatomicamente na parte
lateral do antebraço. A extremidade no sentido do punho é chamada de extremidade
distal.
• Mão: é formada por alguns pequenos ossos que formam um grande complexo de
articulações, permitindo amplos e diversificados movimentos de força e precisão. O
metacarpo é a porção intermediária do esqueleto da mão e está posicionado entre as
falanges e os carpos que formam conexão com o antebraço.
98
DICA
A mão é responsável por atividades completamente antagônicas, que
variam de movimentos delicados e precisos, como escrever ou tocar
um instrumento até tarefas que exijam força e potência. É pelas mãos
que conseguimos nos relacionar com o meio externo, interagindo com
tudo e com todos ao nosso redor.

Figura 21 – Ossos do membro superior

Fonte: adaptada de Drake (2015)

99
Figura 22 – Ossos do cíngulo superior

Fonte: adaptada de Netter (2000)

A articulação do ombro é a mais complexa existente no corpo humano,


possuindo movimentos nos três planos, é composta por alguns ossos, como:
úmero, escápula e clavícula. O complexo articular do ombro é composto por quatro
articulações: esternoclavicular; acromioclavicular; glenoumeral e escapulotorácica,
além de ligamentos que dão estabilidade e os 16 músculos envolvidos na mobilidade e
estabilidade do segmento.

A articulação glenoumeral que movimenta o braço é classificada como uma


articulação esferoide, possuindo uma pequena fossa glenoidal, rasa e piriforme. Ocorre
sinergismo entre os músculos do cíngulo e do complexo do ombro para a promoção
de movimentos amplos e extremos do braço e ombro. A glenoumeral é protegida e
estabilizada por músculos e ligamentos.

Figura 23 – Componente estrutural do ombro: ossos e ligamentos


a

Fonte: adaptada de Netter (2000)

100
A extremidade proximal da clavícula se articula com o manúbrio do osso esterno
e com a cartilagem da primeira costela do gradil costal. Nessa articulação, há um disco
cartilaginoso entre as duas faces, que reduz a incongruência das superfícies, sem
promover atrito ósseo, gerando, assim, uma melhor e maior possibilidade de movimento
de rotação para clavícula e escápula, facilitando a mobilidade do ombro.

A escápula se articula com o tórax por meio da articulação escapulotorácica e está


aderida a dois músculos, o serrátil anterior e o subescapular. A escápula se movimenta
sobre o tórax como consequência de ações nas articulações acromioclavicular e
esternoclavicular, auxiliando em diversos movimentos, como elevar o ombro e os
membros superiores.

3.3.1 Articulação do cotovelo


É classificada como articulação em formato de dobradiça. É composta por
três articulações: úmero-ulnar, entre a tróclea do úmero e a incisura troclear da ulna;
úmero-radial, entre o capítulo do úmero e a cabeça do rádio; e radioulnar proximal, entre
a cabeça do rádio e a incisura radial da ulna que se unem em uma cápsula articular
comum. Anatomicamente forte, a articulação do cotovelo é considerada com estável e
com grande capacidade de promoção de força para puxar e empurrar com os membros
superiores.

Figura 24 – Componentes articulares do cotovelo

Fonte: adaptada de Netter (2000)

101
As articulações que integram a mão humana podem ser divididas entre as
articulações do punho e articulações dos dedos, antigamente chamados de quirodáctilos
(antes da década de 1990). A articulação entre a mão e o antebraço é feita por meio da
articulação entre o rádio e os ossos do carpo (articulação radiocarpal) e as articulações
entre os ossos do carpo (articulações intercarpianas). A ulna, que compõe o antebraço,
não se articula diretamente com o carpo.

No punho (articulação radiocarpal), a face articular do rádio e a face inferior do


disco articular formam uma superfície elíptica e côncava que recebe a face convexa dos
ossos proximais do carpo (escafoide semilunar e piramidal). Essa articulação é reforçada
por ligamentos: radiocárpico, radiocárpico dorsal, colateral ulnar e colateral radial. As
articulações carpometacarpais são aquelas que ocorrem entre o carpo e o metacarpo
dos dedos. Elas são classificadas como do tipo sinovial e planas.

A articulação metacárpica do polegar é a articulação sinovial selar entre o osso


trapézio e o primeiro metacarpo, denominado popularmente como polegar ou primeiro
dedo da mão. É revestida uma cápsula articular que é grossa que passa por toda a
circunferência do primeiro metacarpo em direção à margem do osso trapézio.

Já as articulações metacarpofalângicas são sinoviais do tipo esferoide entre os


metacarpos e as primeiras falanges do segundo, terceiro, quarto e quinto metacarpo.
Os movimentos prioritários dessas articulações são a flexão e a extensão dos dedos,
que estão unidas por dois ligamentos colaterais, um de cada lado da articulação, e por
um espessamento da cápsula articular em sua face anterior, chamadas de ligamentos
palmares.

As articulações interfalângicas são sinoviais do tipo gínglimo (dobradiça), assim


como a articulação do cotovelo. Cada articulação interfalângica ou interfalangeana
possui um ligamento palmar em sua superfície anterior e dois ligamentos colaterais
de cada lado de forma similar às articulações metacarpofalângicas. Aqui, o movimento
primário é de flexão e extensão dos dedos também. Os tendões dos músculos extensores
dos dedos fazem função de estabilização posterior estrutural.

3.4 MEMBRO INFERIOR


Os membros inferiores fazem parte do esqueleto apendicular e são conectados
ao esqueleto axial por meio do cíngulo chamado de cintura pélvica, no passado,
denominada cíngulo inferior. É formado por dois ossos ilíacos, cada um bilateralmente
posicionado, também conhecidos como ossos do quadril, constituídos pela junção de três
ossos: ílio, ísquio e púbis.

A cintura pélvica se articula com a coluna vertebral – sacral, formando a


articulação sacroilíaca que permite breves movimentos e pouco perceptíveis.

102
ATENÇÃO
Os membros inferiores são formados por 60 ossos. Cada membro
contém: um fêmur na coxa; a patela no joelho; a fíbula e a tíbia na
perna; o tarso, metatarso e falanges no pé (MARQUES, 2018).

3.4.1 Componentes ósseos


• Cíngulo do membro inferior:
◦ Ilíaco: osso grande, chato e irregular. É constituído pela união de três ossos: o ílio, o
ísquio e o púbis. Esses três ossos se unem em uma grande cavidade articular, o
acetábulo.

• Membro inferior:
◦ fêmur: é um osso alongado, considerado o maior e mais forte do corpo humano;
◦ patela: é um osso chato, arredondado e triangular formando uma base e um ápice;
◦ tíbia: osso alongado, sua extremidade superior funciona como uma base para a
articulação do fêmur e sua extremidade distal é menor, ligeiramente escavada para
formar a articulação do tornozelo;
◦ fíbula: é um osso longo e fino situado do lado lateral da perna;
◦ pé: o esqueleto do pé pode ser dividido em três partes: ossos do tarso, ossos do
metatarso e falanges (ossos dos dedos).

3.4.2 Componentes articulares


• Articulação do quadril: o quadril possui uma articulação esferoidea. Atua em três
planos de movimento, constituída pela articulação da cabeça do fêmur com o
acetábulo, que se apresenta em um formato côncavo proporcionando um encaixe
profundo e grandes alavancas de movimento.

Figura 25 – Pelve feminina e masculina

Fonte: http://twixar.me/QgMm. Acesso em: 5 out. 2022.

103
Figura 26 – Pelve – diferenças estruturais

Fonte: adaptada de Drake (2015)

• Joelho: esta articulação é capaz de sustentar e suportar cargas diversas e ainda


apresentar grande mobilidade em sua constituição (formato de grande dobradiça), uma
vez que possibilita recursos para a realização de diversas atividades. É uma articulação
do tipo sinovial constituída por três conjuntos dentro de uma única cápsula articular
e, entre elas, encontramos as duas articulações condilares do complexo articular
tibiofemoral, que proporciona a sustentação de peso, e uma terceira compreendendo
como patelofemoral – relação patela e fêmur. Os meniscos presentes no joelho são
cartilagens nomeadas como semilunares, uma vez que apresentam um formato de
meia-lua. São discos fibrocartilaginosos que se mantêm presos aos platôs superiores
da face superior da tíbia por meio de ligamentos coronários e que ainda se mantêm
aderidos um ao outro por ação do ligamento transverso.
• Articulação tibiofibular:
◦ Proximal: é uma articulação sinovial plana entre a face articular da cabeça da fíbula
e a face articular fibular da tíbia, que estão cobertas por cartilagem e unidas pela
cápsula articular e pelo ligamento anterior e posterior. Permite movimentos de
deslizamento muito singelos.
◦ Distal: é uma sindesmose formada entre a face articular do maléolo lateral e a
incisura fibular da tíbia. Não há movimentos apreciáveis nessa articulação e
os ligamentos anterior, posterior, inferior transverso e interósseo circulam na
articulação e unem firmemente as extremidades distais desses dois ossos.

104
INTERESSANTE
Síndrome do estresse tibial medial é o nome dado à sensibilidade
dolorosa ou dor ao longo da tíbia. Provocada provavelmente pela
inflamação do periósteo, desencadeada pela tração repetida da fixação
dos músculos e tendões, é com frequência o resultado de caminhada
ou corrida por aclives e declives (TORTORA; DERRICKSON, 2017).

• Pé: as articulações do pé são segmentadas em articulação do tornozelo – a qual


funciona como um elo entre o pé e a perna e articulação que favorecem o movimento
dentro do pé: articulações subtalar e mediotarsal.
• Tornozelo: é uma estrutura caracterizada pela articulação do tálus com os maléolos da
tíbia e da fíbula. Essa articulação é caracterizada como gínglimo (articulação em forma
de dobradiça). Os ligamentos presentes nessa articulação são: tíbio-fibular anterior;
tíbio-fibular posterior; deltoide; talofibular anterior; talofibular posterior; transverso;
interósseo; calcaneofibular; e colateral lateral.
• Articulações tarsometatarsais: os ossos que formam essa articulação são o primeiro, o
segundo e o terceiro cuneiformes, além do cuboide; que se articula com as bases dos
ossos do metatarso. Essa articulação é descrita como sinovial plana.
• Articulações metatarsofalângicas: são articulações do tipo sinovial esferoides com
restrições funcionais, também podem ser consideradas sinoviais condilares por
alguns autores. Formadas pela união da cabeça do metatarso com as cavidades
rasas nas extremidades das primeiras falanges dos dedos do pé. Estão fixadas pelos
ligamentos colaterais e plantares.
• Articulações interfalângicas: são articulações sinoviais em gínglimo. Cada uma
dessas articulações possui dois ligamentos colaterais e um ligamento plantar.

ATENÇÃO
A abordagem anatomoclínica visa integralizar o estudo das áreas
macro e microscópicas da anatomia com as áreas de patologia,
fisiologia, fisiopatologia, semiologia e clínica, desenvolvendo, assim,
meios para que haja o reconhecimento das enfermidades de modo
estrutural, não apenas se limitando a conhecer seus nomes. Ela
propõe, então, de forma didática, o entendimento dos mecanismos
fisiopatológicos e diagnósticos como um todo (BARBOSA, 2022).

105
4 SISTEMA MUSCULAR

4.1 COLUNA VERTEBRAL

4.1.1 Flexão do pescoço


O grupo muscular pré-vertebral é composto por músculos profundos que
consistem em: músculo longo do pescoço, longo da cabeça, reto anterior da cabeça
e reto lateral do pescoço. Na contração unilateral desses músculos, acontece a flexão
lateral do pescoço e rotação da cabeça.

Esternocleidomastoide é um músculo superficial constituído de duas cabeças


musculares (ou dois tendões em uma das origens), atua unilateralmente realizando a
flexão lateral do pescoço. Os músculos escalenos, embora considerado anterior, situam-
se mais lateralmente, sendo importantes músculos da respiração.

4.1.2 Flexão lombar


O grupo muscular responsável pela flexão lombar é denominado como abdominais,
estes possuem ligação direta com a coluna vertebral e alguns não possuem sequer
fixação óssea nas extremidades, mas agem diretamente na manutenção da postura e no
equilíbrio do tronco.

O oblíquo interno e o externo do abdome são localizados nas porções


anterolaterais da parede abdominal, suas fibras seguem quase perpendicularmente,
agem e contraem-se em conjunto em determinados movimentos, como, por exemplo,
a flexão e rotação do tronco.

O músculo transverso é considerado tecnicamente o mais profundo músculo


do abdome e suas fibras se dirigem horizontalmente no sentido posterior para anterior.
Motoramente, não possui finalidade, mas estão ligados aos outros músculos que
compõem a parede abdominal, suas bainhas aponeuróticas com as do oblíquo formam a
bainha do reto abdominal que é o principal músculo abdominal.

O reto abdominal é um músculo com diversos ventres, estende-se verticalmente em


cada lado da parede anterior, possui em seu trajeto mais de uma interseção tendinosa
e é recoberto por uma bainha que é formada pelas aponeuroses do oblíquo externo,
oblíquo interno e transverso do abdome.

106
Figura 27 – Musculatura anterior do tronco

Fonte: adaptada de Netter (2000)

4.1.3 Extensão da cervical


O músculo esplênio, parte dos eretores da espinha, é atuante na extensão da
coluna cervical e suas respectivas vértebras. É um músculo achatado situado na parte
superior do dorso e posterior da cervical.

O músculo semiespinhal ou semiespinhoso consiste em finos fascículos que


possuem tendões longos em suas extremidades, originam-se dos dois processos
espinhosos cervicais e dos quatro processos espinhosos da coluna torácica.

4.1.4 Extensão lombar


O principal extensor lombar é o eretor da espinha que tem sua origem na área
sacral, com uma grande massa muscular e se divide em três colunas principais, essa
divisão ocorre na coluna lombar e resulta na formação de outros músculos: iliocostal,
longíssimo e espinhal.

107
O músculo iliocostal é um extensor que atua na manutenção da postura correta,
tem sua origem na região cervical, sendo o mais afastado da coluna, encontra-se
bilateralmente, sua inserção acontece na região do sacro e cóccix. Divide-se em três,
recebendo o nome de acordo com sua posição anatômica, iliocostais lombar, torácico
e do pescoço.

O ramo longuíssimo tem sua divisão em três diferentes porções, longuíssimo


torácico, localizado no ângulo das costelas, longuíssimo cervical, que conecta os
processos transversos das vértebras torácicas às vértebras cervicais, longuíssimo da
cabeça, localizado sobre as vértebras cervicais.

Figura 28 – Musculatura posterior do tronco

Fonte: adaptada de Netter (2000)

108
4.1.5 Rotação do tronco
A rotação do tronco é realizada pelos músculos oblíquos e por outros músculos
posteriores profundos do tronco. São movimentos funcionais da coluna, servindo de
base para outros movimentos, pois quase tudo que fazemos se origina de uma torção.

4.1.6 Flexão lateral do tronco


Muitos músculos estão ativos neste movimento de flexão lateral. Acontece da
contração do reto abdominal e oblíquo interno e externo do abdome, assim como uma
ação conjunta de outros grupos musculares, o quadrado lombar e grande psoas.

4.2. MEMBROS SUPERIORES

4.2.1 Escápula
• Elevação: é realizada pelos músculos trapézio porção ascendente, levantador da
escapula e romboides, com a articulação acromioclavicular movendo-se superiormente.
• Depressão: é realizada pelos músculos trapézio porção descendente e peitoral menor,
esse movimento e importante na estabilização da escápula e elevação do corpo ao
usar muletas, esse movimento eleva o tronco em até 15 cm.
• Protração: é realizada pelo músculo serrátil anterior, com as margens mediais movendo
para longe da linha média em até 15 cm, esse movimento também e chamado de
abdução da escápula.
• Retração: é realizada pelos músculos trapézio parte transversa e romboides, as margens
mediais da escápula aproximam da linha média, esse movimento também e chamado
de adução da escápula.
• Rotação para cima: é realizada pelos músculos trapézio parte ascendente e
descendente e serrátil anterior (fibras inferiores), o trapézio contrai nas direções
superior e inferior e medial com o serrátil anterior.
• Rotação para baixo: e realizada pelos músculos levantador da escápula, romboides e
peitoral menor, constituindo outro exemplo de forças conjugadas, o levantador contrai
na direção superior, o peitoral menor na direção inferior e o romboide na direção medial.

109
Figura 29 – Musculatura anterior: peitoral e abdome

Fonte: adaptada de Netter (2000)

Figura 30 – Musculatura posterior das costas

Fonte: adaptada de Netter (2000)

110
4.2.2 Complexo do ombro
• Flexão e hiperflexão: é realizado pelos músculos deltoide, coracobraquial, bíceps
braquial e peitoral maior, se o movimento exceder 180, é denominado hiperflexão,
acontece por meio dos músculos escapulotorácicos trapézio (fibras superiores e
inferiores) e serrátil anterior (fibras interiores).
• Extensão: movimento realizado pelos músculos deltoide (parte espinhal) latíssimo do
dorso, redondo maior e tríceps braquial (cabeça longa) peitoral maior (parte esternal).
• Hiperextensão: movimento para trás em um plano que forme ângulos retos. Esse
movimento é realizado pelo latíssimo do dorso e deltoide.
• Abdução: movimento para o lado e para cima, esse movimento é realizado pelos
músculos supraespinhoso e deltoide.
• Adução: movimento de retorno da abdução, fica responsável pela sua realização dos
músculos peitoral maior, latíssimo do dorso e redondo maior.
• Rotação lateral: esse movimento ocorre no plano transverso, é a rotação do úmero
em torno do seu eixo mecânico, é realizado pelos músculos infraespinhoso, redondo
menor e deltoide.
• Rotação medial: rotação do úmero em torno do seu eixo pode observar a amplitude
completa da rotação medial. Esse movimento é realizado pelos músculos subescapular,
peitoral maior, deltoide, latíssimo do dorso e redondo maior.
• Adução horizontal: movimento para frente do úmero em abdução, podemos, em
algumas pesquisas, identificá-la também por flexão horizontal. O movimento é
realizado pelos músculos peitorais maior e deltoide (parte clavicular).
• Abdução horizontal: movimento para trás do úmero flexionado. Esse movimento
ocorre no plano transverso e é realizado pelos músculos deltoide (parte espinhal),
infraespinhoso e redondo menor.
• Circundução: esse movimento é a combinação de flexão e abdução, extensão,
hiperextensão e adução, realizada sequencialmente.

Figura 31 – Componentes osteomusculares do ombro

Fonte: adaptada de Netter (2000)

111
4.2.3 Cotovelo
• Flexores: os músculos bíceps braquial, braquial e braquiorradial servem como o grupo
de principais flexores do cotovelo. Podem ser auxiliados nessa função por outros
músculos que têm uma linha de tração situada na frente do eixo de rotação do cotovelo.
• Extensores: apenas dois músculos, estendem o cotovelo, o tríceps braquial e
o ancôneo. As cabeças medial e lateral do tríceps atuam apenas na articulação do
cotovelo.

Figura 32 – Músculos da região do braço

Fonte: adaptada de Netter (2000)

4.2.4 Radioulnar
• Pronadores: os dois músculos pronadores, o redondo, situado proximalmente, e o
quadrado, localizado distalmente.
• Supinadores: apenas dois músculos são constantemente identificados como
supinadores radioulnares. O de maior importância é o supinador. O bíceps auxilia a
supinação quando o cotovelo está fletido e o movimento sem resistência é rápido, e
em todos os movimentos com resistência não importando a posição do cotovelo.

112
Figura 33 – Músculos da região do antebraço

Fonte: adaptada de Netter (2000)

4.2.5 Punho
• Flexão: os músculos responsáveis pelo movimento são o flexor radial do carpo,
flexor ulnar do carpo e palmar longo. Ocorrem no plano sagital, nas articulações
radiocárpicos e intercárpicas.
• Extensão: ocorrem no plano sagital nas articulações radiocárpicas e intercárpicas. Os
músculos responsáveis pelo movimento são o extensor radial longo e curto do carpo e
o extensor ulnar do carpo.
• Desvio radial do punho (abdução): os principais músculos responsáveis por este
movimento são o flexor radial do carpo, o abdutor e o extensor longo polegar, o
extensor radial longo do carpo, o extensor radial curto do carpo e o extensor curto do
polegar.
• Desvio ulnar do punho (adução): os principais músculos responsáveis por este
movimento são o flexor ulnar do carpo e o extensor ulnar do carpo.
• Circundução: esse movimento é a combinação de flexão e abdução, extensão,
hiperextensão e adução, realizada sequencialmente

113
Figura 34 – Músculos da região do antebraço

Fonte: adaptada de Netter (2000)

4.3 MEMBROS INFERIORES

4.3.1 Quadril
• Flexão: o grupo dos flexores do quadril é formado pelos músculos profundos:
psoas maior e menor e o Ílio, que, com o psoas, formam o conjunto Iliopsoas. Já os
superficiais são: o sartório, o reto femoral e tensor da fáscia lata. Alguns músculos
mediais também auxiliam na flexão do quadril, são eles: pectíneo; adutor curto e
longo; e as fibras anteriores dos glúteos mínimo e médio.
• Extensão: os músculos extensores do quadril são os músculos da região glútea
e posteriores da coxa: glúteo máximo, fibras posteriores do glúteo médio, fibras
posteriores do glúteo mínimo, porção longa do bíceps femoral, semitendinoso,
semimembranoso e porção extensora do adutor magno.
• Abdução: os músculos que auxiliam na abdução são: fibras superiores e laterais do
glúteo máximo, glúteo médio, glúteo mínimo, tensor da fáscia lata, piriforme, sartório,
obturador interno e externo.

114
• Adução: os músculos que promovem a adução são: adutor magno, adutor longo e
curto. Outros músculos que também auxiliam nessa função são: grácil, pectíneo, psoas
ilíaco, fibras inferiores e mediais do glúteo máximo, semitendinoso e semimembranoso.
• Rotação externa: os músculos que fazem a rotação externa do quadril são: piriforme;
obturador externo e interno, gêmeo superior e inferior e quadrado femoral. São
auxiliados por fibras posteriores do glúteo médio, sartório, porção longa de bíceps
femoral, pectíneo, grácil, adutores longo, curto e magno.
• Rotação interna: os músculos que auxiliam a rotação interna do quadril são: glúteo
mínimo, tensor da fáscia lata, fibras anteriores de glúteo médio, semitendinoso e
semimembranoso.

Figura 35 – Músculos da região anterior da coxa

Fonte: adaptada de Netter (2000)

115
Figura 36 – Músculos da região posterior da coxa

Fonte: adaptada de Netter (2000)

4.3.2 Joelho
• Flexão: bíceps femoral, semimembranoso e semitendinoso.
• Extensão: reto femoral, vasto intermediário, vasto interno e vasto externo.

4.3.3 Tornozelo
• Dorso flexão: músculo extensor longo do hálux, tibial anterior, extensor longo dos
dedos e fibular terceiro.
• Flexão plantar: músculo flexor longo do hálux, músculo flexor longo dos dedos,
músculo tibial posterior, músculo fibular curto (peroneal curto), músculo fibular longo,
músculo sóleo e músculo gastrocnêmico.
• Versão: músculo fibular longo (peroneal longo), músculo fibular curto (peroneal curto),
músculo fibular terceiro (peroneal terceiro) e músculo extensor longo dos dedos.
• Inversão: músculo extensor longo do hálux, músculo tibial anterior, músculo tibial
posterior, músculo flexor longo dos dedos e músculo flexor longo do hálux.
• Extensão dos dedos: músculo extensor longo dos dedos (quatro dedos menores) e
músculo extensor longo do hálux (dedo grande).

116
Figura 37 – Músculos da região posterior da perna

Fonte: adaptada de Netter (2000)

IMPORTANTE
São estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais
articulações e pela sua contração são capazes de transmitir-
lhes movimento. Este é efetuado por células especializadas
denominadas fibras musculares, cuja energia latente é ou
pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são
capazes de transformar energia química em energia mecânica.
O músculo vivo é de cor vermelha. Essa coloração denota a
existência de pigmentos e de grande quantidade de sangue
nas fibras musculares. Os músculos representam 40-50% do
peso corporal total. Leia mais sobre o assunto acessando o link
a seguir: http://twixar.me/6gMm.

117
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• Conceitos de anatomia humana e fisiologia humana, estruturas com a identificação e


definição do corpo humano. A anatomia estuda o corpo humano entre estruturas e a
fisiologia humana.

• Que a identificação das estruturas anatômicas humanas é baseada na posição anatômica,


planos e eixos. São linhas imaginárias derivadas do corpo humano.

• Os principais planos de secção do corpo humano: plano frontal, plano sagital, plano
transversal. Usados para dividir o corpo humano e descrever sua localização de
estruturas ou direção dos movimentos.

• Os eixos podem ser subdivididos em: laterolateral, anteroposterior, longitudinal,


podendo estabelecer a identificação anatômica e ponto de localização.

• Os principais movimentos dos membros superiores e inferiores com os estudos


das articulações, ligamentos e tendões. Suas funções permitem que o corpo se
movimente, ou seja, eles são responsáveis pela mobilidade, sustentação e equilíbrio;

• A abordagem dos principais músculos e ossos do corpo humano com sua função e
finalidade, que possui função de permitir a contração e produção dos movimentos
relacionados à força e sustentação do corpo humano.

• Os principais acidentes acometidos no sistema ósseo, como os ossos longos e os


ossos curtos. Estes são mais suscetíveis em pessoas idosas pela fragilidade óssea.

• A identificação dos ossos da coluna cervical, torácica, lombar, sacro, cóccix, que tem a
finalidade de sustentação de carga, locomoção, equilíbrio e proteção dos elementos
neurais;

• A divisão craniana óssea com ossos da face que consiste em ossos que circundam a
boca e o nariz. Abriga e protege o cérebro e os órgãos da sensibilidade da cabeça.
Permite a passagem de ar e alimentos por meio das estruturas existentes.

118
AUTOATIVIDADE
1 Com relação aos tipos de movimentos corporais, relacione a Coluna 1 com a Coluna
2.

Coluna 1 

1. Abdução.
2. Adução.
3. Pronação.
4. Supinação.
5. Flexão.

Coluna 2 

( ) Movimento no plano sagital, em que dois segmentos do corpo (proximal e distal)


aproximam-se um do outro.
( ) Movimento de rotação do antebraço, pelo qual a palma da mão torna-se inferior ou
posterior. 
( ) Movimento realizado em direção ao eixo central do corpo.
( ) Movimento de rotação do antebraço, pelo qual a palma da mão torna-se superior ou
anterior. 
( ) Movimento realizado para fora do eixo central do corpo.

A ordem CORRETA de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: 


a) ( ) 4 – 3 – 1 – 5 – 2. 
b) ( ) 5 – 4 – 2 – 3 – 1. 
c) ( ) 5 – 3 – 2 – 4 – 1. 
d) ( ) 1 – 2 – 5 – 4 – 3. 

2 A coluna vertebral é formada por ____ vértebras cervicais; ____ vértebras


torácicas; ____ vértebras lombares; ____ vértebras fundidas no sacro; e, ____
vértebras coccígeas fundidas. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE
as lacunas. 

a) ( ) Sete – doze – cinco – cinco – quatro.


b) ( ) Seis – doze – cinco – cinco – quatro.
c) ( ) Sete – onze – cinco – quatro – cinco.
d) ( ) Seis – doze – cinco – quatro – quatro.

119
3 Os ossos da cabeça constituem o início do eixo do corpo conhecido como esqueleto
axial. Os ossos da cabeça se dividem em ossos do crânio e ossos da face. Referente
aos ossos do crânio, assinale a alternativa CORRETA. 

a) ( ) Mandíbula, vômer, frontal e parietais. 


b) ( ) Lacrimais, nasais, zigomáticos, temporais, esfenoide, etmoide e occipital. 
c) ( ) Frontal, parietais, palatinos, maxilas e osso hioide. 
d) ( ) Frontal, parietais, temporais, esfenoide, etmoide e occipital. 

4 Quais são as funções do sistema muscular?

5 Defina sistema muscular.

120
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —
TRAUMAS E FRATURAS

1 INTRODUÇÃO
O termo “trauma” é usado para definir ou descrever as lesões causadas por
um evento que gera um ferimento de maneira inesperada, ou seja, envolvem danos
causados por acidentes diversos, violência ou agressões, que podem ocasionar feridas
graves e afetar órgãos. É uma lesão produzida por uma ação violenta, física ou química,
externa ao organismo.

Segundo Bonfim e Malagutti (2010), durante o trauma, o tecido ósseo não é o


único a ser lesionado ou sofrer algum dano, toda a musculatura que envolve a estrutura
óssea também sofre. O mecanismo de trauma de uma fratura, o próprio foco de fratura
lesiona as fibras musculares daquela região iniciando um processo inflamatório local.
Logo após o trauma, ocorre o extravasamento sanguíneo local proveniente do tecido
ósseo. O tecido muscular é revestido por uma membrana de tecido conjuntivo, de
coloração branca denominada de "fáscia muscular", que não apresenta elasticidade.
Portanto, temos diversos compartimentos nos membros superiores e inferiores, e
dentro ou entre um e outro, estão localizados os vasos e os nervos.

Assim, em virtude da característica anatômica, as complicações ortopédicas


estão relacionadas a lesões vasculares, nervosas e lesões de partes moles. Elas
podem ser parciais ou totais, originadas do trauma em si ou em decorrência ao edema
apresentado (BONFIM; MALAGUTTI, 2010).

Fraturas são lesões ósseas de origem traumática que causam rompimento na


continuidade óssea, sendo definidas de acordo com o tipo e extensão, agressividade
traumática, identificadas por lesões de pequeno, médio de grande impacto de acordo com
o trauma sofrido. As fraturas podem ser abertas ou fechadas. O processo de cicatrização
óssea denomina-se consolidação e restauração do tecido ósteo, causando possíveis
sequelas se estas forem consolidadas por segunda intenção, sem correção cirúrgica.

Assim, eles se dividem em fraturas consideradas abertas e fechadas e, a


seguir, identificaremos e definiremos, conceituando estes de forma simples e de fácil
entendimento.

• Fratura fechada: quando não produz lesão na pele, identificada pelo “não” rompimento
da elasticidade da pele. Dessa forma, o paciente, cliente e vítima apresentam sinais
clássicos de hipovolemia em virtude de uma possível hemorragia interna, assim
constatada através de exames de imagem. Ex.: fratura de fêmur, bacia etc.

121
• Fratura aberta (exposta): quando um rompimento da elasticidade da pele ou
mucosa estende-se ao osso fraturado, sendo identificado pela exposição óssea por
meio do trauma, pode causar hemorragias externas, lesão de músculos, nervos,
tendões e ligamentos. Dependendo da lesão, nesse caso vascular de grande impacto,
a vítima precisará de uma intervenção imediata, podendo comprometer a sua vida,
bem como infecção óssea causada pelo risco de contaminação por microrganismos
no ato do trauma.

NOTA
Nas cirurgias ortopédicas, a equipe de saúde deve ficar atenta
às infecções de sítio cirúrgico em pacientes do sexo masculino,
idosos, solteiros, com Ensino Fundamental, bem como em
cirurgias com longo tempo de duração, na presença de implante,
com elevado número de fraturas e com o uso de próteses
(COUTINHO et al., 2022).

2 CLASSIFICAÇÃO DE FRATURAS E TIPOS DE FRATURAS


A seguir, identificaremos quais são os tipos de fraturas mais comuns que podem
ocorrer e, destes, o médico definirá a melhor escolha para alinhar a fratura ou este será
indicação de procedimento cirúrgico.

Segundo a afirmação de Bonfim e Malagutti (2010), o paciente cirúrgico, em geral,


demonstra insegurança, medo do que acontecerá e de como será sua recuperação. Não
existe cirurgia simples, trata-se sempre de um desafio para o paciente e, principalmente,
ao cirurgião que será o responsável por realizar o procedimento. Afirmam ainda que
sensações são totalmente individuais, cada um reage de uma forma, tentando se
proteger dos sofrimentos e adquirindo atitudes diferentes e defensivas. Ressaltam que
é muito importante observar o pós-operatório, que se divide em imediato e mediato. O
imediato compreende as primeiras 24 horas após a cirurgia, e o mediato, após 24 horas
do procedimento.

Dentro dessas observações e identificações mencionadas anteriormente, um


ponto para ficarmos atentos é a possibilidade de este paciente cirúrgico ortopédico
realizar mais de um procedimento para o alinhamento e consolidação óssea em virtude
da agressividade do trauma. Isso tem relação direta na recuperação pós-operatória de
qualidade. Sendo assim, a saúde mental deste paciente pode ficar afetada, sendo um
ponto de identificação pelo profissional assistente, ou seja, médico, enfermeiro e técnico
de enfermagem.

122
Figura 38 – Fraturas

Fonte: http://twixar.me/CgMm. Acesso em: 5 out. 2022.

IMPORTANTE
Conforme Luz et al. (2021), a maior incidência nos casos de fraturas
em idosos englobam as fraturas de outros ossos dos membros
com dominância em todos os anos da década, apresentando um
total de 47,99% das fraturas registradas em uma década. Seguida
pela fratura de fêmur com 30,83% dos casos de fraturas. Leia
mais sobre o assunto acessando o link: http://twixar.me/2gMm.

2.1 TRAUMAS
• Trauma músculo esquelético isolado sem riscos de morte (fraturas isoladas de mem-
bros).
• Trauma músculo esquelético sem risco de morte, mas com trauma multissistêmico
com risco de morte.
• Lesões músculo esqueléticas definitivas, com risco de morte (fraturas de pelve e
fêmur, pela perda de sangue).

Para fraturas, o tratamento pode ser conservador, por meio de imobilização ou


cirúrgico.

• Redução da fratura: redução fechada, aberta tração.


• Imobilização da fratura: dispositivos internos e externos.
• Manutenção e restauração da função: manter redução e imobilização, minimizar o
edema, monitorar o estado neurovascular, controlar dor e ansiedade, exercícios e
participação nas atividades.
• Tala gessada ou gesso: dispositivo rígido de mobilização externa, podendo ser curto,
longo, corporal, entre outros; modelado de acordo com parte do corpo em que está
sendo aplicado, com pressão uniforme no local.

123
Figura 39 – Tala gessada

Fonte: http://twixar.me/HgMm. Acesso em: 5 out. 2022.

• Fixadores externos: dispositivos de fixação externa para tratar fraturas abertas com
lesão de tecidos moles e traumas ósseos nas quais há um desalinhamento, podendo
ser corrigido com fixadores de tração. A fratura é reduzida, alinhada e imobilizada
por meio de pinos inseridos nos fragmentos ósseos, procedimento realizado por
ortopedistas.

Figura 40 – Tração esquelética

Fonte: http://twixar.me/kgMm. Acesso em: 5 out. 2022.

124
Figura 41 – Fixação externa de Ilizarov

Fonte: http://twixar.me/qgMm. Acesso em: 5 out. 2022.

NOTA
Conforme CETS (2017), as causas mais comuns de traumas maiores
são: acidentes veiculares, atropelamentos, ferimentos por arma de
fogo, ferimentos por arma branca, quedas de altura, queimaduras,
afogamentos e agressão interpessoal.

Fonte: http://twixar.me/rgMm. Acesso em: 5 out. 2022.

2.2 TIPOS DE FRATURAS


Além de avaliarmos se a fratura é exposta ou fechada, devemos, por meio do
raio X, caracterizar o tipo de fratura que contribuirá para o tratamento definitivo. A equipe
de enfermagem deve ser treinada e capacitada para assistir o paciente ortopédico,
visto ser essa especialidade específica, porém pouco abordada durante os cursos
técnico e de graduação. O conhecimento frente à assistência no caso desse paciente
poderá garantir uma recuperação adequada, sem gerar riscos e danos funcionais. Uma
simples tala gessada assistida de forma inadequada pode acarretar prejuízos físicos
irreversíveis. Estamos acostumados a ouvir que "ortopedia" é uma área fácil e simples,
mas, ao estudarmos a fisiopatologia do trauma e da remodelação óssea/muscular,
percebemos a complexidade dos processos e a de dominar essa área, uma vez que
somos os responsáveis pela prestação dos cuidados e orientação do paciente na
assistência hospitalar. Dentro desse contexto, podemos identificar os tipos de fraturas.

• Incompleta: ocorre a lesão óssea, mas não rompe a continuidade óssea; tipo de
ocorrência comum em crianças.
• Completa: os fragmentos ósseos perdem a continuidade, ficando desviados ou não.

125
• Simples: a fratura é uma lesão única, sem evidência de lesão associada.
• Complicada: está acompanhada de lesões associadas, como lesões musculares,
tendinosas, nervosas e vasculares.

Ainda, nesta observação, podemos identifi car a classifi cação das fraturas, conforme
a direção das linhas de fratura citadas na fi gura a seguir.

Figura 42 – Classificação das fraturas conforme a direção da linha de fratura

(A) Transversa. (B) Oblíqua. (C) Espiral. (D) Cominutiva. (E) Múltipla ou segmentada.
(F) Impactada.
Fonte: http://twixar.me/fwMm. Acesso em: 5 out. 2022.

2.3 CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA


É uma forma sólida e especializada de tecido conjuntivo, cuja principal
característica é a mineralização (cálcio) de sua matriz óssea (fi bras colágenas e
proteoglicanas).

Quando um osso é fraturado, um processo de reparo ósseo chamado


consolidação é acionado. Após uma fratura, quando um vaso sanguíneo se rompe, o
processo de cicatrização começa imediatamente, dentro e ao redor do osso. A média
do tempo de consolidação na fratura fechada é de 10 semanas e, na fratura exposta, 14
semanas.

126
2.3.1 Consolidação indireta da fratura
A cicatrização indireta ou secundária é a forma mais comum de cicatrização de
fraturas, incluindo a cicatrização óssea intracondral e intramembranosa. Caracteriza-se
pela formação de um calo intermediário antes da formação do calo ósseo. Não requer
redução anatômica e estabilização do foco da fratura.

O reparo da fratura relembra o desenvolvimento embrionário normal com a


participação coordenada de vários tipos de células provenientes do córtex, periósteo,
tecidos moles circundantes e medula óssea.

Figura 43 – Etapas de reparo da fratura

Fonte: http://twixar.me/3wMm. Acesso em: 5 out. 2022.

2.3.2 Consolidação direta da fratura


A consolidação direta geralmente não ocorre durante o processo natural de
cicatrização óssea. Caracteriza-se pela consolidação do local da fratura sem formação
de periósteo ou calo intraósseo. Isso ocorre quando o reparo anatômico dos fragmentos
da fratura é completo e proporciona uma fixação rígida, resultando em uma redução
significativa da tensão interfragmentária.

2.3.3 Consolidação por contato


A cicatrização de contato ocorre em todas as áreas em que o defeito entre as
extremidades óssea é menor que 0,01 mm e o estresse interfragmentário é menor que 2%.

127
2.3.4 Consolidação por lacunas
A cicatrização de lacunas difere da cicatrização por contato, porque a
cicatrização óssea e a remodelação de Havers não ocorrem simultaneamente. Esse
processo de cicatrização ocorre quando as extremidades da fratura atingem redução
anatômica e estabilidade, desde que a distância entre as extremidades seja menor que
800 μm e 1 mm e a tensão interfratura seja menor que 2%.

Figura 44 – Processo de consolidação óssea

Fonte: https://i.ytimg.com/vi/1nhIfUbcOIo/hqdefault.jpg. Acesso em: 5 out. 2022.

IMPORTANTE
Conforme D’amado (2021), a  consolidação óssea  ocorre em
etapas. A primeira é a hemorrágica, depois o calo mole, em seguida
o calo duro e, por fim, a remodelação óssea. Somente a partir da
fase hemorrágica será determinado o tipo de cicatrização.

Fonte: http://twixar.me/KwMm. Acesso em: 5 out. 2022.

128
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• Que fraturas são lesões ósseas de origem traumática que causam rompimento na
continuidade óssea, sendo definidas de acordo com o tipo e extensão, agressividade
traumática e identificadas por lesões de pequeno, médio e grande impacto de acordo
com o trauma sofrido. As fraturas são divididas em abertas e fechadas.

• Que trauma músculo esquelético pode ser identificado como isolado sem riscos
e com risco, e, com isso, esse tipo de trauma, dependendo de sua agressividade
muscular, prejudica seu movimento e mobilidade da vítima.

• Que há lesões músculo esqueléticas definitivas, com risco de morte.

• Que, para fraturas, o tratamento pode ser conservador, por meio de imobilização ou
cirúrgico: redução de fraturas, imobilização de fraturas, manutenção e restauração
da função, tala gessada ou gesso, fixadores externos. São formas de tratamento
escolhida pelo médico ortopedista para um melhor alinhamento da lesão e posterior
uma melhor recuperação.

• Que a consolidação óssea é uma forma sólida e especializada de tecido conjuntivo,


cuja principal característica é a mineralização de sua matriz óssea. São divididas em:
indireta, direta, por contato e por lacunas.

129
AUTOATIVIDADE
1 Trauma ósseo denomina-se por uma deformidade causada pelo impacto. Diz-se que
uma fratura é cominutiva quando?

2 Considerando a classificação das cirurgias por potencial de contaminação da incisão


cirúrgica, relacione adequadamente as colunas a seguir: 

Coluna 1

1. Cirurgia limpa.
2. Cirurgia contaminada.
3. Cirurgia infectada.

Coluna 2

( ) Cirurgia oral.
( ) Esplenectomia.
( ) Fratura exposta.
( ) Cirurgias ortopédicas eletivas.
( ) Cirurgia de reto com presença de pus. 

A sequência está CORRETA em:


a) ( ) 1, 2, 1, 2, 3.
b) ( ) 2, 1, 2, 1, 3.
c) ( ) 3, 1, 3, 1, 2.
d) ( ) 1, 3, 2, 2, 1.

3 Quais são as características do tecido ósseo compacto e esponjoso?

4 Em 1950, na União Soviética, Ilizarov desenvolveu um fixador circular, utilizando fios


de kirschner, que eram transfixados no osso em várias direções. A finalidade do fixador
externo é proporcionar estabilidades e elasticidades. Sobre isso, assinale a alternativa
CORRETA.

a) ( ) Ósseas sem rigidez, são denominados.


b) ( ) Ósseas rígidas.
c) ( ) Ósseas e edemas.
d) ( ) Ósseas e hematomas.

130
5 Fratura é a interrupção na continuidade de um osso, sendo definida de acordo com
o seu tipo e extensão. De acordo com esse conceito, classifique V para as afirmativas
verdadeiras e F para falsas.

( ) Incompleta: ocorre a lesão óssea, mas não rompe a continuidade óssea; tipo de
ocorrência comum em crianças.
( ) Completa: os fragmentos ósseos são sólidos e não perdem a continuidade, ficando
desviados ou não.
( ) Simples: a fratura é uma lesão única, sem evidência de lesão associada.
( ) Complicada: está definida de lesões associadas, como lesões na construção celular
óssea.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) V – V – V – F.
c) ( ) F – V – F – V.
d) ( ) V – V – V – V.

131
132
UNIDADE 2 TÓPICO 3 —
CIRURGIAS E SUAS FINALIDADES

1 INTRODUÇÃO
A cirurgia é o procedimento terapêutico para uma variedade de distúrbios
fisiopatológicos que impedem ameaças reais, como risco de vida, perda de órgãos ou
partes deles, lesões, prejuízos financeiros, postergação de projetos de vida, além do
próprio desconforto decorrente da internação (separação da família, sofrimento, dor,
insegurança e outros).

“O termo cirurgia pode ser definido como o campo da medicina que visa estudar
e realizar atividades a fim de cuidar e tratar de alterações internas e externas para manter a
vida do paciente com qualidade” (BOTAZINI; TOLEDO; SOUZA, 2015, p. 211).

Segundo Botazini, Toledo e Souza (2015), as cirurgias podem ser classificadas


quanto ao grau de contaminação, à época, ao porte e à especialidade médica. Aquelas
consideradas menos agressivas ao paciente e de pouca profundidade são de pequeno
porte. Já as cirurgias realizadas de modo frequente, ocorrendo com poucas horas de
duração, são de médio; e as de grande porte necessitam de equipamentos especiais ou
de mais de uma equipe atuando, com longa duração.

Dessa forma, no processo organizacional do planejamento cirúrgico, o


enfermeiro é quem tem habilitação para gerenciar as necessidades no pré-operatório,
durante o preparo do paciente. Ele deve procurar identificar as infecções antes das
cirurgias eletivas e comunicar o médico quando encontrado um foco infeccioso.

2 OBJETIVO DA CIRURGIA
Cirurgia provém do latim chirurgia, que o tomou do grego kheirourgia, de kheír,
mão + érgon, trabalho. Etimologicamente, portanto, cirurgia significa trabalho manual,
arte, ofício, no qual se empregam as mãos para a sua execução.

A cirurgia é, muitas vezes, o único tratamento que reduz a incapacidade e reduz


o risco de morte por doenças comuns. Estima-se que 63 milhões de pessoas sejam
submetidas a cirurgias a cada ano por trauma, outras 10 milhões por complicações na
gravidez e 31 milhões por tumores malignos.

133
3 CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS
Dentro dos hospitais e centros cirúrgicos, existem diversos tipos de cirurgia, que,
muitas vezes, também representam a urgência de sua necessidade. Todas possuem
características que definem o estilo da cirurgia e até mesmo o nível de sofisticação. Por
exemplo, as cirurgias podem ser categorizadas de acordo com sua urgência, incluindo
as apresentadas a seguir.

• Cirurgia eletiva: tratamento cirúrgico proposto, mas cuja realização pode aguardar
ocasião mais propícia, ou seja, pode ser programado. Por exemplo: mamoplastia e
gastrectomia.
• Cirurgia de urgência: tratamento cirúrgico que requer pronta atenção e deve ser
realizado dentro de 24 a 48 horas. Por exemplo: apendicectomia.
• Cirurgia de emergência: tratamento cirúrgico que requer atenção imediata por se tratar
de uma situação crítica, risco de morte eminente. Por exemplo: ferimento por arma
de fogo em região torácica, hematoma subdurais.

IMPORTANTE
No auxílio, a confirmação da fratura é realizada por exames
complementares, como os exames de imagem. As radiografias
podem trazer clareza a um exame clínico e determinar com maior
precisão a extensão da fratura. A tomografia computadorizada é o
exame “padrão-ouro” (TELES et al., 2016).

As cirurgias podem ser classificadas de acordo com a finalidade do tratamento


cirúrgico, como você pode ver a seguir.

• Cirurgia curativa: tem por objetivo extirpar (retirar) ou corrigir a causa da doença,
devolvendo a saúde ao paciente. Para essa finalidade, é necessário, às vezes, a
retirada parcial ou total de um órgão. Esse tipo de cirurgia tem uma significação
menos otimista quando se trata de câncer, nesse caso, a operação curativa é aquela
que permite uma sobrevida de alguns anos. Ex.: histerectomia.
• Cirurgia paliativa: tem a finalidade de atenuar ou buscar uma alternativa para aliviar
o mal, mas não cura a doença. Ex.: gastrostomia.
• Cirurgia diagnóstica: realizada com o objetivo de ajudar no esclarecimento da
doença. Ex.: laparotomia exploradora.
• Cirurgia reparadora: reconstitui artificialmente uma parte do corpo lesada por
enfermidade ou traumatismo. Ex.: enxerto de pele em queimados.
• Cirurgia reconstrutora / cosmética / plástica: realizada com objetivos estéticos
ou reparadores, para fins de embelezamento. Ex.: rinoplastia, mamoplastia etc.

134
NOTA
Conforme Alves (2013), as  complicações  observadas incluíram a
necrose de pele, a deiscência de suturas, a hiperemia, o calor e o
prurido nos casos de infecção de ferida operatória e o granuloma.
Todos os  pacientes  apresentaram a pele seca e, em alguns casos,
houve a presença de fissuras.

Fonte: http://twixar.me/nwMm. acesso em: 5 out. 2022.

3.1 PORTE CIRÚRGICO


As cirurgias podem ainda ser classificadas quanto ao porte cirúrgico ou
risco cardiológico, ou seja, pequeno, médio ou grande porte ou risco, considerando a
probabilidade de perda de fluidos e sangue durante sua realização.

• Pequeno porte: com pequena probabilidade de perda de fluido e sangue. Por


exemplo: timpanoplastia.
• Médio porte: com média probabilidade de perda de fluido e sangue. Por exemplo:
cirurgia ortopédica.
• Grande porte: com grande probabilidade de perda de fluido e sangue. Por exemplo:
cirurgias de emergência e vasculares arteriais.

3.2 TEMPO CIRÚRGICO


Quanto ao tempo de duração, as cirurgias ainda podem ser classificadas, como:

• porte I: com tempo de duração de até 2 horas. Ex.: amidalectomia;


• porte II: cirurgias que duram de 2 a 4 horas. Ex.: artroplastia;
• porte III: de 4 a 6 horas de duração. Ex.: craniotomia;
• porte IV: com tempo de duração acima de 6 horas. Ex.: revascularização do Miocárdio.

135
IMPORTANTE
A  classificação das cirurgias  é uma ferramenta importante para
melhorar a eficiência no centro cirúrgico. Utilizando uma ou mais
metodologias, é possível priorizar o atendimento aos pacientes em
estado crítico, com impacto positivo na sobrevida e no prognóstico.
Essa dinâmica também beneficia os hospitais e clínicas, que
conseguem direcionar seus recursos de forma assertiva. Tanto que
a estratégia pode servir para diminuir a superlotação nos hospitais,
estabelecendo uma ordem única para a realização de operações.
Os efeitos serão percebidos num menor tempo de internação, o
que ajuda a liberar leitos para receber novos pacientes. Leia mais
sobre o assunto acessando o link: http://twixar.me/1wMm.

A classificação do tratamento cirúrgico é fundamental para efetividade,


qualidade e segurança da assistência prestada ao paciente cirúrgico durante o
período perioperatório, pois, mediante o conhecimento das condições clínicas e das
necessidades específicas e individuais de cada paciente, é possível direcionar o melhor
e mais adequado tratamento, além de ser possível suspender ou adiar uma cirurgia
decorrente da ausência de condições físicas, psicológicas e outras intercorrências com
o paciente, permitindo que este seja atendido e estabilizado previamente à realização
do procedimento cirúrgico.

3.3 RISCO DE CONTAMINAÇÃO DE CADA CIRURGIA

3.3.1 Cirurgia limpa


Eletiva, primariamente fechada, sem a presença de dreno e não traumática.
Realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo
infeccioso e inflamatório local. Cirurgias em que não ocorreram penetrações nos tratos
digestivo, respiratório ou urinário. Por exemplo: artroscopia de joelho.

3.3.2 Cirurgia potencialmente contaminada


Realizada em tecidos colonizados por microbiota pouco numerosa ou em
tecido de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório
e com falhas técnicas discretas no transoperatório. Cirurgias com drenagem aberta
enquadram-se nesta categoria. Ocorre penetração nos tratos digestivo, respiratório ou
urinário sem contaminação significativa. Por exemplo: enxerto cutâneo.

136
3.3.3 Cirurgia contaminada
Cirurgia realizada em tecidos abertos e recentemente traumatizados, colonizados
por microbiota bacteriana abundante, de descontaminação difícil ou impossível, bem
como todas aquelas em que tenha ocorrido falha técnica grosseira, na ausência de
supuração local; presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização de segunda
intenção ou grande contaminação a partir do tubo digestivo. Obstrução biliar ou urinária
também se inclui nesta categoria. Por exemplo: desbridamento de queimaduras.

3.3.4 Cirurgia infectada


São todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão em
presença de processo infeccioso (supuração local), tecido necrótico, corpos estranhos e
feridas de origem suja. Por exemplo: cirurgias de reto e ânus com secreção purulenta,
como hemorroidectomia.

4 TÉCNICA CIRÚRGICA
A cirurgia é a ciência e arte e, como tal, deve ser aprendida. Como todas as artes,
exigirá um aprendizado manual paciente e bem conduzido; como ciência, é a renovação
dinâmica e constante de preceitos e conceitos em função de sua própria evolução.

O instrumentador cirúrgico é o braço direito do cirurgião durante a cirurgia. Ele


é responsável pela preparação e fornecimento de instrumentos e materiais cirúrgicos
para o médico ou assistente durante a cirurgia.

Com o desenvolvimento do conhecimento, a cirurgia passou a ter lugar no


tratamento de determinadas doenças e hoje é uma especialidade totalmente definida.
Não mais vista apenas como técnica de manipulação manual e instrumental para fins
terapêuticos, hoje, exige que os cirurgiões possuam um campo de conhecimento mais
amplo, desde os fundamentos anatômicos e fisiológicos até a compreensão psicológica dos
pacientes, passando por áreas como bioquímica, imunologia, bacteriologia e metabolismo.
O conceito antigo de cirurgia é hoje apenas um de seus capítulos, a técnica cirúrgica.

4.1 TÉCNICA CIRÚRGICA GERAL


Estuda o ambiente operatório, os instrumentos e seu manejo e as manobras
cirúrgicas básicas.

137
4.2 TÉCNICA CIRÚRGICA ESPECIAL
Estuda os tempos operatórios de cada intervenção em particular. Resulta da
integração das manobras básicas da técnica cirúrgica geral, com visitas à realização de
determinado ato operatório.

IMPORTANTE
Na escolha do tratamento, é primordial o restabelecimento
da função do sistema musculoesquelético, para que haja o
mínimo ou nenhuma sequela estética e funcional ao paciente,
auxiliando sua reintegração em meio à sociedade (MARCOLINO,
2014), pois quando mal abordados, essas sequelas podem gerar
marginalização do indivíduo no convívio social (TELES et al., 2016).

4.3 TEMPOS CIRÚRGICOS


O ato cirúrgico é dividido em tempos, trata-se de procedimentos consecutivos
e sequenciais realizados pelo cirurgião, desde o início até o término da cirurgia, que
também são utilizados para montagem da mesa de instrumental e servem para orientar
o auxílio e entrega desses ao cirurgião, assim, as intervenções cirúrgicas são realizadas
em quatro tempos básicos:

• diérese;
• hemostasia;
• exérese;
• síntese.

4.3.1 Diérese
Separação dos planos anatômicos ou tecidos para abordagem de um órgão ou
cavidade, por meio do rompimento da continuidade dos tecidos. Corte ou separação
dos tecidos, que pode ser realizada manualmente ou por intervenção manual ou de
instrumental, assim, pode ser:

• cruenta: incisão por lâmina, divisão ou descolamento com a utilização de tesouras e


outros instrumentais específicos;
• incruenta, utilizando-se bisturi elétrico, argônio, laser e outros equipamentos e
instrumentais.

138
4.3.2 Hemostasia
Procedimento realizado com a finalidade de conter ou prevenir sangramento
e hemorragia, também impedir a circulação de sangue em determinado local em
um período, tal ação pode ser realizada por aspiração ou pela secagem com gaze,
realizada manualmente ou com instrumental. Um quadro hemorrágico pode ocorrer
por extravasamento de sangue arterial, venoso e de capilares, e, dependendo da
abordagem cirúrgica, essa situação pode dificultar o andamento do ato cirúrgico
devido ao prejuízo com relação à visualização das estruturas no transoperatório, trazer
ameaça à integridade e à vida do paciente, além de retardar o processo de cicatrização,
recuperação e favorecer processo infeccioso no pós-operatório.

4.3.3 Exérese
É a cirurgia propriamente dita, tempo cirúrgico em que realmente é realizado o
tratamento cirúrgico no órgão ou tecido desejado, visando o diagnóstico, o controle ou
a resolução da irregularidade, restaurando a área, procurando deixá-la da forma mais
anatômica e fisiológica possível.

4.3.4 Síntese
Consiste na aproximação das bordas da ferida operatória, com a finalidade de
estabelecer a continuidade do processo de cicatrização, sendo que a união dos tecidos
pode ser feita por meio de sutura permanente ou removível, com a utilização de agulhas e fios
de sutura, ou adesivos, gesso e ataduras. A aproximação das bordas da lesão pode ser
completa quando é realizada em toda a extensão da incisão cirúrgica, ou incompleta,
quando é mantida uma pequena abertura para colocação de um dreno. O resultado da
síntese será mais bem-sucedido quanto mais anatômica for realizada a diérese.

ATENÇÃO
São procedimentos consecutivos realizados desde o início até o
término da cirurgia. De um modo geral, as intervenções cirúrgicas
são realizadas em quatro tempos básicos, de acordo com a etapa
do procedimento a ser realizada pelo cirurgião. Leia mais sobre
o assunto acessando o link: https://www.sanarsaude.com/portal/
concursos/artigos-noticias/tempos-cirurgicos-ou-operatorios.

139
Figura 45 – Mesa cirúrgica e tempos cirúrgicos

Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/76494494/mesa–cirurgica. Acesso em: 2 set. 2022.

Verifica-se, portanto, que diversos fatores contribuíram para solidificar as bases


modernas da cirurgia, entre as quais: o aprimoramento da anestesia, melhor conhecimento
dos agentes causadores de infecções, estudo da fisiopatologia e da resposta do organismo
ao trauma cirúrgico, a valorização da técnica cirúrgica traumática e asséptica criada e
aperfeiçoada por renomados pesquisadores, como Lister, Langenbeck, Billroth, Hasted,
entre outros.

4.4 TEMPOS DA CIRURGIA


São etapas e fases que o cirurgião segue para realizar a técnica cirúrgica. O
instrumentador deve conhecer e acompanhar a evolução dos tempos cirúrgicos para
agir no momento exato, passando ao cirurgião o material adequado.

4.4.1 Primeiro tempo – preparo da área operatória


Durante este tempo, é feita a limpeza da área e a antissepsia. Portanto, o
instrumentador passa nas mãos do cirurgião o material necessário (cheron com gaze,
cuba com antisséptico).

4.4.2 Segundo tempo – delimitação da área operatória


Para delimitar a área operatória, são utilizados campos esterilizados presos com
pinça backaus.

140
4.4.3 Terceiro tempo – incisão cirúrgica
Aqui é feito o corte na pele e/ou musculatura para que o cirurgião tenha acesso à
área ou ao órgão a ser operado.

4.4.4 Quarto tempo – hemostasia


Após o corte ou incisão, é realizada a hemostasia com auxílio de pinças
hemostáticas (Kelly, Crile, Kocher, Halsted, por exemplo).

4.4.5 Quinto tempo – cirurgia propriamente dita


Este é o tempo principal, no qual ocorre isolamento do órgão, secção e revisão
do órgão. São usados os instrumentos especiais, de acordo com o tipo de cirurgia e/ou
especialidade.

4.4.6 Sexto tempo – sutura da incisão


É o fechamento da incisão por planos em ordem: músculos, subcutâneo e, por
último, pele.

4.4.7 Sétimo tempo – confecção do curativo


Neste tempo, ocorre a limpeza da área na qual foi feita a incisão e colocação do
curativo.

NOTA
Já que o  instrumentador  conhece os  tempos cirúrgicos,  então, fica
mais fácil de antecipar o pedido de um cirurgião. A dinâmica da
cirurgia fica bem mais eficaz se acompanha os  tempos cirúrgicos,
suas sequências e necessidades de uso de certos instrumentos. Leia
mais sobre esse assunto acessando o link: http://twixar.me/mwMm.

141
LEITURA
COMPLEMENTAR
INSTRUMENTAL CIRÚRGICO ORTOPÉDICO

Ângela Pereira

Os médicos e cirurgiões que assistem pessoas visando manter ou restabelecer


apropriadamente a estrutura do corpo e suas funções são conhecidos como ortopedistas.
São profissionais da medicina preocupados com as questões de correção ou prevenção de
deformidades, desordens, danos no esqueleto e outras estruturas associadas, como
tendões e ligamentos. O preparo de instrumentais cirúrgicos para ortopedia requer
habilidades e conhecimentos especializados. O manuseio apropriado durante a limpeza,
inspeção e testes desses instrumentos asseguram o desempenho acurado dos mesmos
e um resultado positivo para o paciente.

O funcionamento do esqueleto envolve a forma ou a reforma dos ossos, o mais


duro e mais denso tecido humano. Grandes instrumentos resistentes e, normalmente,
perfurocortantes são necessários nos procedimentos ortopédicos. Instrumentais
delicados também são utilizados, entretanto, os instrumentos necessários para dividir,
retrair, levantar e reparar os tecidos leves das estruturas ósseas são menores e mais leves.
Tal contraste exige atenção especial no manuseio, transporte e montagem das caixas de
ortopedia para evitar danos nestes instrumentos.

Tais instrumentos são projetados para cortar e dar formas aos ossos, fato que
deve ser considerado durante o manuseio, pois a segurança se faz necessária, tanto
para cirurgiões e para os profissionais de CME. As luvas de látex não são protetoras
contra este tipo de lâminas cortantes. Todos os profissionais que manuseiam estes tipos
de perfurocortantes devem estar conscientes de que precisam se proteger e proteger
os usuários contra possíveis acidentes e danos à saúde por meio da aderência aos
protocolos de segurança estabelecidos na unidade de saúde.

A segregação de instrumentos perfurocortantes para tecidos leves, incluindo


todos os osteótomos, cinzel, goiva e curetas dentro de caixas e a utilização de protetores
de pontas apropriados podem fazer parte dos protocolos de segurança. Instrumentos
para cortar ossos são encontrados em uma larga variedade de estilos e tamanhos.
Instrumentos simples que não contêm partes móveis e que incluem rugina, cinzel,
osteótomos, goiva, martelos e curetas. Key periosteal elevators, por exemplo, estão
disponíveis em seis tamanhos graduados. A escolha do tamanho é realizada baseada
no tamanho do osso em particular, no qual o instrumento será utilizado. Uma chave
de 1⁄4” de key elevator poderia ser utilizada em uma falange de adulto (dedos da mão

142
ou pé) ou um úmero pediátrico para levantar a cobertura fibrosa da superfície do osso.
Osteótomos são projetados para cortar ossos, cinzel é utilizado em um nível plano e
goiva dentro de uma superfície curva. Esses instrumentos podem ser curvos ou retos e
se encontram disponíveis em vários comprimentos. É importante notar que o manuseio
desses instrumentos deveria ser consistente de acordo com suas características,
podendo ser achatados, quadrados, hexagonais, curvos ou cilíndricos. O tamanho da
ponta é graduado e, geralmente, somente um de cada tamanho está contido na caixa.
Caixas apropriadas, usualmente, contém todos os instrumentais tipo curvo ou todos os
instrumentos retilíneos, em ordem sequencial de tamanho e ordem de manuseio.

Um container ou caixa é necessário no uso e transporte desses instrumentos. A


seleção do container/caixa dependerá do tamanho do instrumento a ser acondicionado,
bem como a localização do osso e a preferência do cirurgião. Por exemplo, um container
de uma libra não deveria ser utilizado com um cinzel de 1⁄4” para uso em ossos nasais.
As curetas são utilizadas para raspar, modelar ou cortar pontas de ossos. As pontas
côncavas são cortadas como uma lâmina com ponta circular, podendo ter seus tamanhos
variando de um valor microscópio até 8 mm. As pontas podem ser retas ou angulares
dependendo da superfície do osso. O osso é um tecido vivo e deve ser manuseado com
instrumentos conservados e mantidos de maneira apropriada. Lâminas com superfícies
dentadas podem danificar o osso e atrasar o processo de recuperação. A superfície da
lâmina deveria ser inspecionada quanto ao fio de corte e possíveis pontas quebradas com
uma lente de aumento com iluminação. Deve-se seguir as instruções específicas dos
fabricantes a respeito de testes de fio de corte e testes apropriados para cada tipo de
material.

As pinças/goivas também são chamadas de mordedores de ossos. Elas estão


disponíveis não somente em vários tamanhos, mas também em uma grande variedade
de estilos de pontas, direção e tipos de pega. A seleção do tamanho e estilo está,
novamente, relacionada ao tamanho do osso. A cirurgia será realizada em uma criança
com ossos menores e mais leves? O procedimento é em um adulto que tem ossos
maiores e mais pesados? É em um paciente com ossos mais frágeis? A seleção de
uma simples ação de escolha referente estilo depende de qual local se dará o trabalho,
se em criança ou o em paciente mais velho, na qual os ossos de um adulto saudável
exigirão uma dupla ação do estilo de pega. A dupla ação permite que o instrumento
realize o procedimento com muito mais força nos dentes e com a mesma quantidade
de pressão para aperto necessária para operar com um equipamento de ação única. As
pinças contêm várias partes móveis que necessitam de cuidado adicional na limpeza
e na inspeção. Os dentes desses instrumentos devem ser mantidos fechados quando
não estão em uso, faz-se necessário o uso de força para abrir os dentes e efetuar uma
limpeza adequada. Não existem mecanismos para travar os dentes dos instrumentos na
posição aberta. Além disso, a inspeção é necessária para assegurar a limpeza completa
de todas as superfícies e partes móveis. A direção e o ângulo da mordedura é outra
definição para as pinças. Geralmente, as caixas básicas de ortopedia incluem pinças
do tipo Leksell, Still e Beyer com tamanhos de mordeduras variando de 3 mm até 10

143
mm. Caixas ortopédicas especialmente incluem pinças do tipo Kerrison com ângulos
variando de 40 º e 90 º e mordeduras viradas para baixo e para cima. Um tempo adicional
é necessário para inspecionar os múltiplos movimentos da superfície para limpeza e
lubrificação adequada.

O trabalho com ossos requer retratores especiais e fórceps especiais para ossos.
As maiorias dos retratores de tecidos leves estão disponíveis com gume cego ou lâminas
afiadas, tais como os modelos Gelpi e Weitlaner. Outros retratores são projetados para
serem utilizados para retrair e/ou expor ossos específicos, tais como o retrator femoral
Benett e o retrator para joelho Blount.

Ganchos para ossos são utilizados para separar ossos fraturados para
realinhamento. Os pontos devem ser inspecionados para assegurar que estejam
intactos sem saliências, rebarbas diminuindo danos nos ossos. Os fórcepses, em sua
maioria, apresentam em seus dentes lâminas com aperto firme para que a manipulação
ocorra sem deslizes.

Todas as peças móveis devem ser inspecionadas para limpeza apropriada.


Lembre-se, osso é um tecido vivo e deve ser manuseado com instrumentos limpos,
esterilizados e funcionando apropriadamente. Falhas nessa condição podem
comprometer o sucesso da cirurgia no paciente.

FONTE: adaptado de http://www.nascecme.com.br/artigos/ortopedia.pdf. Acesso em: 5 out. 2022.

144
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• O conceito de cirurgia e suas finalidades, a cirurgia é a ciência e arte e, como tal, deve
ser aprendida. Como todas as artes, exigirá um aprendizado manual paciente e bem
conduzido; como ciência, é a renovação dinâmica e constante de preceitos e conceitos
em função de sua própria evolução.

• A classificação das cirurgias, divididas em eletivas, que tem como significado datas
e horários agendados, diferentes da identificação de urgências e emergências. A
urgência tem a identificação de espera e a emergência o procedimento tem que ser
realizado em virtude de alto risco de óbito.

• Quanto à finalidade: curativa, paliativa, diagnóstica, reparadora, reconstrutora, estética


(cosmética e plástica). São identificadas pela especialidade e complexibilidade do
procedimento cirúrgico.

• Que as cirurgias podem ainda ser classificadas quanto ao porte cirúrgico ou risco
cardiológico, ou seja, pequeno, médio ou grande porte ou risco, considerando a
probabilidade de perda de fluidos e sangue durante sua realização.

• Quanto ao tempo em horas: porte I, 2 horas; porte II, de 2 a 4 horas; porte III, de 4 a 6
horas; porte IV, acima de 6 horas.

• Quanto ao risco de contaminação: limpa, potencialmente contaminada, contaminada,


infectada. Cirurgias ortopédicas já são consideradas procedimentos com um alto
potencial de contaminação.

• Que o instrumentador cirúrgico é o braço direito do cirurgião durante a cirurgia, por


isso, deve entender de técnica cirúrgica, independente da especialidade, que se
divide em: cirurgia geral e especial.

• Os tempos cirúrgicos. Podemos dividi-los em: diérese, hemostasia, exérese e síntese.


São fases que podemos identificar onde e em que momento o cirurgião está no
procedimento cirúrgico. É extremamente importante esste conhecimento pelo
instrumentador cirúrgico. Os tempos da cirurgia são etapas, fases, que o cirurgião
segue para realizar a técnica cirúrgica.

145
AUTOATIVIDADE
1 Como é denominado um exemplo de intervenção cirúrgico paliativa? Descreva o seu
conceito.

2 De um modo geral, as intervenções cirúrgicas são realizadas seguindo uma lógica de


quatro fases fundamentais. Essas fases são:

a) ( ) Diérese, hemostasia, cirurgia proposta e síntese.


b) ( ) Análise, cirurgia, hemostasia e síncope.
c) ( ) Incisão, abertura, exérese e sutura.
d) ( ) Diérese, análise, exérese e síntese.

3 Defina instrumentação cirúrgica.

4 As cirurgias contaminadas são aquelas realizadas em _____________


recentemente abertos, ______________por flora____________, bem
como todas aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras, na ausência
de supuração local. Entre as cirurgias a seguir, qual se enquadra nessa descrição?
Complete os espaços com as alternativas a seguir e marque a resposta CORRETA:

a) ( ) Tecidos traumatizados, colonizados, bacteriana.


b) ( ) Tecidos desvitalizados, vírus, colonial.
c) ( ) Tecidos bacterianos, fechados, intestinal.
d) ( ) Tecidos traumatizados, colonial, viral.

5 Considerando a classificação da cirurgia – porte III –, segundo sua duração, classifique


V para as sentenças verdadeiras e F para falsas.

( ) 2 a 4 horas.
( ) 4 a 6 horas. 
( ) 6 a 8 horas. 
( ) 8 a 10 horas. 
( ) 10 a 12 horas. 

a) ( ) F – V – F – F – F.
b) ( ) V – V – F – F – V.
c) ( ) F – V – V – V – V.
d) ( ) V – F – F – F – F.

146
REFERÊNCIAS
BARBOSA, M. L. B. Correlações anatomoclínicas da osteogênese imperfeita.
2022. 40 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas)
– Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Exatas e da Natureza, João
Pessoa, 2022. Disponível em: http://twixar.me/dwMm. Acesso em: 5 out. 2022.

BONFIM, I. M.; MALAGUTTI, W. Recuperação especializada no centro cirúrgico. São


Paulo: Martinari, 2010.

BOTAZINI, N. O.; TOLEDO, L. D.; SOUZA, D. M. S. T. Cirurgias eletivas: cancelamentos e


causas. Revista SOBECC, São Paulo, v. 20, n. 4, p. 210-219, out./dez. 2015. Disponível
em: http://twixar.me/GwMm. Acesso em: 5 out. 2022.

COUTINHO, B. dos S. et al. Infecções de sítio cirúrgico em cirurgias ortopédicas


de um hospital do estado do Pará, Brasil. Disponível em: https://revistas.unal.edu.
co/index.php/avenferm/article/view/93397. Acesso em: 12 set. 2022.

DRAKE, R. L. Gray’s anatomia para estudantes. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2015.

HALL, S. Biomecânica básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

HAMILL, J.; KNUTZEN, K. M. Bases biomecânicas do movimento humano. São


Paulo: Manole, 1999.

MARCOLINO, P. R. B. Ressocialização das vítimas de fratura de face. Revista de


Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-facial, Camaragibe, v. 14, n. 3, p. 85-90, 2014.

MARQUES, E. C. M. Anatomia e fisiologia humana, perguntas e respostas. 3. ed.


São Paulo: Ed. Martinari, 2018.

MATIELLO-ROSA, S. M.; VIOTTO, M. J. S.; BATISTA, L. H. Movimento articular:


aspectos morfológicos e funcionais. São Paulo: Editora Manole, 2005.

NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SOBOTTA, J. Sobotta: atlas de anatomia humana. 22. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006.

TELES, I. C. M. et al. Fratura panfacial: um relato de caso. Revista de Medicina e


Saúde de Brasília, Brasília, v. 5, n. 3, p. 222-228, 2016.

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano, fundamentos de anatomia e


fisiologia. Porto Alegre: Artimed, 2017.
147
148
UNIDADE 3 —

CIRURGIAS ORTOPÉDICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar as principais especialidades ortopédicas;

• reconhecer os instrumentais relacionados à ortopedia – membros superiores;

• reconhecer os instrumentais relacionados à ortopedia – membros inferiores;

• reconhecer os instrumentais relacionados à ortopedia – cirurgia de mão;

• identificar os tipos de fio de sutura e os principais curativos;

• identificar os OPME.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ESPECIALIDADE NA ORTOPEDIA

TÓPICO 2 – MATERIAIS NA ORTOPEDIA

TÓPICO 3 – OPME

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

149
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

Acesse o
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150
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
ESPECIALIDADE NA ORTOPEDIA

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos a especialidades em ortopedia. Você sabia
que a ortopedia surgiu pela necessidade de o homem realizar correções em deformidades
observadas no corpo humano? A partir da observação, a ciência conseguiu trazer vários
benefícios à população, principalmente conforto aos pacientes que necessitam dessa
especialidade.

A ortopedia trata indivíduos com deformidade, doenças de ossos e articulações


e lesões no sistema musculoesquelético. Como essas são as coisas mais comuns que
afetam a humanidade, sempre deve ter havido cirurgiões ortopédicos de um tipo ou
de outro, mesmo nas comunidades mais primitivas. Assim, onde quer que houvesse
um médico bruxo ou um curandeiro lidando com doenças, como os clínicos gerais e
médicos fazem agora, em algum lugar teria havido um “setter ósseo” tratando fraturas
e alinhando membros.

Apesar dessas origens antigas, a palavra “ortopédica” é uma introdução recente


derivada do título de um livro publicado por um médico francês, Nicolas Andry, em
1741, L’Orthopédie: ou l'art de prevenir et de corriger dans les enfants, les difformités du
corps (Ortopedia ou a arte de corrigir e prevenir deformidades em crianças).

Desse modo, a cirurgia ortopédica se expandiu a partir da correção de


deformidades em crianças para abraçar todos os aspectos da cirurgia musculoesquelética.
Além de cunhar a palavra ortopedia, Andry (1741) também projetou o símbolo que agora
se tornou o logotipo mundial da cirurgia ortopédica.

Apenas 56 anos após a publicação de Andry (1741), a ortopedia foi divulgada


como ciência e, com essas divulgações, favoreceu a pesquisa e a procura sobre esta
ciência. Foi então que surgiu a primeira obra de ortopedia escrita por um brasileiro e
baiano chamado Manuel Alves da Costa, intitulada Ensaio sobre fraturas, publicada no
ano de 1797, em Portugal (MAIA, 1986).

Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT, 2022),


durante o avanço da Segunda Guerra Mundial, as cirurgias ortopédicas tiveram um
avanço substancial na linha de frente nos países da Alemanha e na Itália, onde tudo
aconteceu, para tratar os soldados que estavam no front da guerra.

151
Hoje em dia, 90% das técnicas atuais utilizadas e os avanços em cirurgia
ortopédica vêm dos Estados Unidos, sendo que, geralmente, os protocolos e atualizações
dos procedimentos/atendimentos ocorrem no exército. Na Europa, o Grupo AO de
especialistas criou e desenvolveu o protocolo internacional para a classificação e para
os princípios de tratamento de fraturas, que é inserido na assistência por diversos
ortopedistas, de todo o mundo.

Em 1808, D. João VI, Príncipe Regente do Brasil, assinou a decisão régia


que criava a Escola de Medicina no Hospital Real Militar de Salvador e, mais adiante,
em 1832, denominada de Faculdade de Medicina da Bahia (MAIA, 1986). Em 1814, foi
fundado o Hospital São Zacharias, considerado um dos primeiros Serviços de Ortopedia
do Brasil. Entre 1835 e 1899, foram apresentadas 73 teses de doutorado em ortopedia
nas faculdades do Rio de Janeiro e da Bahia (MAIA, 1986).

No Brasil, o ensino da ortopedia e traumatologia tem seu principal alicerce na


Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), idealizada por membros do
Pavilhão Fernandinho Simonsen da Santa Casa de São Paulo. A SBOT foi fundada em
1935 pelos doutores Luiz Ignácio Barros Lima, Luiz de Resende Puech e Achilles Ribeiro
de Araújo, na cidade de São Paulo.

Assim, a SBOT possuía a função de divulgar o conhecimento acerca da


ortopedia, além de organizar a prática da especialidade no Brasil e de estimular e
incentivar o intercâmbio entre esses especialistas. No ano de 1944, o termo ortopedia
estava vinculado apenas à cirurgia infantil, porém ela perdeu a sua concepção inicial e
ficou mais abrangente no que se refere ao seu espectro de atuação, no qual existiam a
atuações voltadas para todos os indivíduos, independentemente de sua idade.

Nesse mesmo ano, foi criada a clínica ortopédica e de traumatologia, que


possuía um intuito de tratar as afecções do aparelho locomotor, existindo um esforço
enorme para implantação da SBOT, que possuía mais de 40 médicos com o mesmo
objetivo. Além disso, com a criação e divulgação dessa sociedade, foram criados jornais
que eram dedicados a essa especialidade e revista brasileira voltada à temática para
uma melhor divulgação do embasamento científico.

No primeiro ano de implementação, a SBOT ficou fechada para fazer o


cumprimento legal e, apenas no dia 21 de março de 1936, ela pôde efetivar o seu registro
oficial do estatuto e, então, oficializar essa nova sociedade, tendo sido realizado o seu
primeiro congresso voltado para ortopedia e traumatologia realizado em São Paulo e
sobre a presidência de Resende por Ash.

A SBOT é uma das poucas organizações entre as instituições brasileiras que


possui representação em todos os estados brasileiros. Em cada região, há uma regional da
SBOT, juridicamente estabelecida e independente do ponto de vista administrativo, mas
totalmente comprometida com os ideais e parâmetros definidos pela Sede Nacional.

152
DICA
Quer saber mais sobre a história da ortopedia no nosso país? Leia o
artigo científico A história da ortopedia no estado da Bahia.

Fonte: WOLFOVITCH, M.; SCHIPER, L.; WOLFOVITCH, L. A história da


ortopedia no estado da Bahia. Gaz. méd. Bahia, v. 77, n. 2, p. 229-233, jul./
dez. 2007. Disponível em: http://twixar.me/FwMm. Acesso em: 11 out. 2022.

2 CIRURGIAS ORTOPÉDICAS
A cirurgia ortopédica acarreta todo o processo de cuidados ao paciente cirúrgico,
que vem da sua investigação para a hipótese diagnóstica, passando pela avaliação pré-
operatória e vai até o período pós-operatório, chegando até a reabilitação do membro
afetado. Muitas vezes, o procedimento cirúrgico, principalmente da ortopedia, é a
etapa-chave para o tratamento do paciente, assim como os cuidados antes da cirurgia
e no acompanhamento do caso, que podem determinar o sucesso da cirurgia, já que a
ortopedia como especialidade está ligada ao início da medicina (HEBERT et al., 2017).

Diferentemente do que se costumava acreditar, a cirurgia ortopédica não trata


somente de fraturas, trata também deformidades congênitas, problemas crônicos
das articulações e traumáticos e patologias que estejam relacionadas à quantidade
exacerbada do tecido osteoarticular.

Antes, o tratamento ortopédico se dava a partir do uso do gesso, sendo muito


comum encontrar pessoas com qualquer problema dessa área, seja ela traumática ou
por fraturas, além disso, esses pacientes passavam muito tempo com os membros
imobilizados. Nos dias atuais, a ortopedia é basicamente feita por cirurgia, não havendo
a necessidade de a internação do paciente ser longa, sendo utilizadas técnicas
minimamente invasivas e a instrução dos pinos, parafusos ou placas sendo realizado
por incisões na pele com poucos milímetros.

As técnicas cirúrgicas atualizadas trazem conforto e segurança para a equipe


e, principalmente, para os pacientes, que se submetem ao procedimento. Além disso, o
tempo de recuperação diminuiu consideravelmente, já que, no tempo do gesso, o paciente
precisaria em média de três meses para se recuperar e, hoje em dia, ele necessita apenas
de uma a duas semanas. Ademais, atualmente, a cirurgia é minimamente invasiva, como
é o exemplo da artroscopia, que vem contribuindo para a qualidade de vida do paciente e,
consequentemente, vem diminuindo a incidência de infecção e dor, além de melhorar a
integridade da pele (HEBERT et al., 2017).

153
2.1 ESPECIALIDADE NA ORTOPEDIA
No decorrer deste subtópico, serão apresentadas as várias oportunidades que a
ortopedia nos oferece, sendo que, entre elas, temos a subespecialidade de crânio-maxilo-
facial, voltada para as cirurgias que corrigem as deformidades. Elas agregam três tipos
de especialidades, são elas: cirurgia plástica, cabeça e pescoço e otorrinolaringologia.
Essas deformidades podem ser decorrentes de doenças congênitas ou adquiridas a
partir de fraturas, lesões e sequelas das fraturas.

A especialidade de cirurgia de joelho tem crescido muito nos últimos anos,


principalmente pelo alto índice de comprometimento da capacidade funcional dos
joelhos, em decorrência dos processos inflamatórios, degenerativos e por traumas
(HEBERT et al., 2017).

Já o profissional especialista em cirurgia de mãos entrará em contato com


pacientes que apresentam algum comprometimento nas mãos, sendo os casos clínicos
variados, podendo ser ocasionados por traumas em decorrência de acidentes, sejam eles
domésticos ou não, e de correções de defeitos congênitos. Outra especialidade que nos
aprofundaremos mais será a de coluna e trauma raquimedular, lesão medular ou outras
patologias da coluna vertebral, além disso, vale ressaltar que a assistência prestada a
este paciente deve ser individualizada e sistematizada, pois muitos deles estarão no
processo de adaptação de sua nova condição (HEBERT et al., 2017).

De maneira geral, o profissional em instrumentação cirúrgica ainda poderá


escolher uma especialidade, como joelho, coluna, mão, pé e outros, sendo, geralmente,
a área com a qual mais possui afinidade, podendo atuar em unidades de saúde públicas
e privadas, nas quais a equipe poderá atender pessoas de todas as idades e de ambos os
sexos.

Percebemos, então, que é possível atuar em várias áreas e, se ainda não se


sabe em que especialidade atuar, este material pode ajudar! A ortopedia nos traz
possibilidades enormes para exercemos a nossa profissão, mas até o final do curso,
você passará por várias disciplinas que possibilitarão novos caminhos!

IMPORTANTE
Acesse o site da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
(SBOT) para encontrar várias informações, principalmente acerca
das especialidades ortopédicas por meio do link a seguir: ortolifego.
com.br.

154
Você sabia que existem Centros de Atenção Especializados (CAE) do Instituto
Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO)? Sua criação é bem recente, ocorreu em
maio de 2006, a partir de uma reorganização assistencial, que foi liberada pelo plano
diretor e gestacional neste mesmo ano.

Esses centros de atenção especializadas se baseiam no conceito de clima


e campanha ampliada do Sistema Único de Saúde (SUS), com o qual existe uma
vinculação do usuário à equipe bastante forte e no qual os usuários do serviço de saúde
são particularizados, dando ênfase principalmente às diretrizes da política nacional de
humanização, assim, fortalecendo o SUS por meio da qualificação do atendimento à
saúde, na área de humanização, é preciso identificar o paciente em suas dimensões.
Neste sentido, o CAE é formado por equipe multiprofissional e interdisciplinar da área de
saúde (VIEIRA et al., 2005).

O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (INTO) é um


órgão da administração direta do Ministério da Saúde, referência no país para tratamento
cirúrgico ortopédico de alta complexidade, destinado a atender exclusivamente
aos pacientes do SUS. Atualmente, o INTO é o único hospital brasileiro a integrar
a International Society of Orthopaedic Centers (ISOC), que congrega os 19 melhores
centros de ortopedia no mundo (VIEIRA et al., 2005).

Nesse sentido, os CAE são formados por uma equipe multidisciplinar da área de
saúde, incluindo ortopedistas, clínicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e
terapeutas ocupacionais. O enfermeiro do CAE é o responsável pelo gerenciamento do
cuidado aos usuários, desde sua internação até a alta terapêutica. São desempenhadas
atividades administrativas que incluem a criação de rotinas e protocolos, além de trazer
e apresentar de artigos atuais sobre temáticas referentes aos CAE.

Esse centro atende diversas especialidades ortopédica, dando ênfase à


mão, ao pé, à coluna, ao quadril, ao trauma do adulto, ao trauma do idoso, à pelve e
acetábulo, à microcirurgia reconstrutiva, ao joelho, ao ombro, ao pediátrico e à clínica
da dor. Os pacientes atendidos nessas instituições, na maioria das vezes, têm fraturas
ou suas sequelas, doenças crônico-degenerativas e anomalias congênitas do sistema
musculoesquelético que necessitam de tratamento cirúrgico de alta complexidade.

155
Figura 1 – Profissional atendendo ao paciente ortopédico

Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/injured-soldier-in-hospital-SUJKMK7. Acesso em: 11 out. 2022.

2.2 COLUNA VERTEBRAL


Para iniciarmos os estudos sobre as colunas cervical e torácica, devemos,
primeiramente, debater sobre a coluna vertebral na totalidade. A coluna vertebral é o
principal elemento do esqueleto axial, estendendo-se do crânio até o cóccix, formando,
assim, o esqueleto do pescoço e do dorso.

A coluna vertebral possui como função a proteção da medula espinal e dos nervos
espinais, sendo responsável pela sustentação do peso corporal dos segmentos acima da
pelve, postura e movimento. Além disso, a coluna vertebral possui o eixo parcialmente
rígido e flexível para o corpo e é o pivô para os movimentos da cabeça, formando, assim,
uma sustentação, mas flexível para o tronco, possuindo um importante papel na postura
corporal, na sustentação do peso do corpo, na locomoção e na proteção da medula
espinhal e das raízes nervosas (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009).

Propaga-se a partir da base do crânio, por meio do pescoço e do tronco, as


vértebras são estabilizadas por ligamentos que vão limitar os movimentos realizados pelos
músculos do tronco. As meninges são compostas pela medula espinhal, revestimentos
das raízes dos nervos espinhais, estando eles presentes dentro do canal vertebral, sendo
formados pelos forames vertebrais. Já os ramos e os nervos espinhais estão localizados
dentro do canal vertebral e são formados pelos forames vertebrais meníngeos, que
retomam através dos forames intervertebrais para inervar as meninges espinhais.

Existem sete vértebras cervicais e oito raízes nervosas cervicais, as raízes saem
acima de suas respectivas vértebras até a C8 e esta sai abaixo da vértebra C7. Depois desse
ponto, as raízes nervosas torácicas e lombares saem abaixo de suas respectivas vértebras,
essa compreensão é importante durante a avaliação de um potencial compressão de raiz
nervosa. Assim, possuímos 33 vértebras (sete cervicais, 12 torácicas, cinco lombares, cinco
sacrais, quatro coccígeas fusionadas) que constituem os componentes ósseos da coluna
vertebral, como demonstra a imagem a seguir (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009).

156
Figura 2 – Anatomia das vértebras

Fonte: http://twixar.me/LwMm. Acesso em: 11 out. 2022.

A lesão da medula espinhal ocorre em cerca de 15-20% das fraturas e


deslocamentos da coluna vertebral, definida pela American Spinal Injury Association
(ASIA) como a diminuição ou perda da função motora e/ou sensorial e/ou anatômica
abaixo do nível da lesão, podendo lesões de coluna vertebral ocasionarem a morte ou
incapacidade permanente.

Historicamente, a lesão medular está associada a preocupantes taxas de


incidência e prevalência. Números recentes divulgados nos Estados Unidos mostram
que aproximadamente 11.000 novos casos são registrados a cada ano, acrescentando-se,
ainda, que outra informação divulgada informa que país tem um contingente de até
288.000 pessoas vivendo com lesão medular espinal (MAGEE, 2005).

Exemplo: as principais causas de fratura de coluna incluem acidentes


automobilísticos, pois esse tipo de acidente possui uma alta energia cinética que é
gerada a partir da colisão. Além disso, é comum, principalmente em jovens, a fratura do
processo odontoide, que ocorre pelo movimento de flexão e extensão exagerada. Como
resultado da colisão, este tipo de fratura, muitas vezes, está associado a lesões do tipo
neurológicas e podem ser fatais.

INTERESSANTE
A American Spinal Injury Association (ASIA), formada em 1973,
publica as normas internacionais para classificação neurológica
de lesão medular, sendo um exame neurológico amplamente
usado para documentar deficiências sensoriais e motoras após
Lesão Medular (LM). A avaliação da ASIA é o padrão-ouro para
avaliar a LM. Acesse o link a seguir e tenha acesso ao site oficial da
ASIA, pois lá é possível encontrar matérias, podcasts, documentos
relacionados à temática e de forma gratuita: asia-spinalinjury.org.

157
Figura 3 – Logotipo da American Spinal Injury Association

Fonte: asia-spinalinjury.org. Acesso em: 11 out. 2022.

Você sabia que cerca de 10% a 20% das lesões medulares ocorrem pela má
manipulação das vítimas de trauma, seja pela equipe pré-hospitalar ou equipe hospitalar,
salientando que a proteção da coluna cervical é uma das prioridades do tratamento
pré-hospitalar e é preciso prezar o protocolo de atendimento preconizada pelo PHTLS,
segundo o qual existe exceção caso exista risco de vida iminente ao paciente. As
principais causas dessa lesão são acidentes automobilísticos, quedas, acidentes
esportivos, acidentes de trabalho e ferimentos por armas de fogo (MAGEE, 2005).

As lesões medulares possuem classifi cações, como: completas e incompletas.


Para serem classifi cadas, essas lesões devem ser avaliadas quanto ao comprometimento
dos elementos neuronais que fi cam no canal vertebral. Nas classifi cadas como
completas, possuem como resultado a perda total da função e, ao examinar o paciente,
é constatado que ele não apresenta movimentação ou sensações abaixo do nível de
lesão, já nas classifi cações de incompletas, há preservação de algumas das funções. É
possível que paciente diagnosticados com lesões completas possam melhorar, portanto,
é necessário que esses pacientes tenham o tratamento com o máximo de cuidado para,
assim, evitar o que chamamos de segundo trauma e ocasionar os danos secundários
para a medula espinhal (MAGEE, 2005).

A lesão da medula espinhal é caracterizada como um grande agravo e


responsável pelas síndromes neurológicas incapacitantes, nas quais o paciente pode ter
alterações da sensibilidade, da motricidade, além dos distúrbios do sistema autonômico
e nos segmentos do corpo que estão localizados abaixo da lesão. As fraturas da coluna
vertebral podem ocorrer devido ao resultado de lesões, que podem ser traumáticas ou
não (HEBERT et al., 2017).

Como já mencionado, a lesão está totalmente relacionada ao mecanismo do


trauma e de acordo com a localização anatômica, porém alguns estudos trazem as
três principais e mais frequentes, que são as lesões em C1-C2, C5-C7 e T12-L2. Para
a realização desta classifi cação, são utilizados exames de imagem que auxiliam no
planejamento cirúrgico, como a tomografi a computadorizada, importante para classifi car
as lesões, avaliar e mensurar o acometimento do canal vertebral e defi nir a conduta
terapêutica (HEBERT et al., 2017).

158
DICA
Leia o artigo científico Perfil epidemiológico das fraturas traumáticas das
colunas torácica e lombar submetidas ao tratamento cirúrgico, de Buffon
et al. (2021). Ele está disponível no link a seguir: http://twixar.me/swMm.

Para maior praticidade, vamos apresentar um exemplo de diagnóstico em que,


muitas vezes, o tratamento é cirúrgico. Certamente, você já deve ter observado alguém na
rua ou um familiar com alguma curvidade em sua coluna. Chamamos essa curvidade de
escoliose, podemos defini-la como sendo uma curvatura da coluna vertebral no plano
coronal.

A Escoliose Idiopática do Adolescente (EIA) é uma patologia comum que afeta


de 0,5-5% das crianças. Em relação ao sexo, a razão mulher/homem varia de 1,5:1
até 3:1 e aumenta substancialmente com a idade. O manejo da EIA é individualizado,
conforme o potencial de crescimento do indivíduo, magnitude da curva (medição do
ângulo de Cobb ou do escoliômetro), tendo melhor estimativa do risco de progressão e
preferências do paciente e da família (KONIECZNY; SENYURT; KRAUSPE, 2013).

Figura 4 – Demonstração da coluna normal e da coluna com escoliose

Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/boy-with-scoliosis-PNHAGCD. Acesso em: 11 out. 2022.

O tratamento cirúrgico da EIA tem a finalidade de diminuir a progressão da


curvatura da coluna, preservando a função pulmonar e minimizando as alterações
degenerativas da coluna vertebral, além de melhorar a deformidade do tronco. A intenção
é que a intervenção cirúrgica melhore a qualidade de vida do paciente (DANIELSSON,
2007). Na Figura 5, podemos observar o antes e depois do tratamento cirúrgico da
escoliose.

159
Figura 5 – Antes e depois da cirurgia de escoliose

Fonte: http://twixar.me/MwMm. Acesso em: 13 out. 2022.

As principais indicações para essa cirurgia é quando o paciente possui limitação


em suas atividades de vida diária, sente dor, apresenta sintomas neurológicos, existe
uma confirmação da progressão da curva e falha do tratamento conservador. Quando
falamos em termos radiográficos, preconiza-se a intervenção cirúrgica quando as
curvas lombares se apresentam > de 30° a 40°, 6 mm de laterolistese, progressão da
curva em > 10° ou da subluxação em > 3 mm (BUFFON et al., 2021).

Os aspectos principais para serem considerados na indicação cirúrgica


ao paciente são o reestabelecimento dos parâmetros de equilíbrio global voltado
principalmente para o sagital e a descompressão neurológica. Com a elevada incidência
de patologias nesta população, a complexidade cirúrgica e a expectativa do paciente
acerca do seu tratamento devem ser levadas em consideração, pois influenciarão
diretamente no clínico do paciente. A maioria dos estudos voltados para as deformidades
do indivíduo adulto, nos quais houve comparação do tratamento clínico e cirúrgico,
favorecem a intervenção cirúrgica. Assim, os pacientes que são submetidos ao
procedimento apresentam melhora estatisticamente significativa na qualidade de vida,
possuem diminuição da dor, além de terem uma menor possibilidade de deterioração
clínica em relação aos que receberam tratamento conservador (BUFFON et al., 2021).

Para esses casos, existe uma necessidade para a descompressão ampla e para
possibilidade de instabilidade e, se o equilíbrio sagital e coronal estiver preservado,
a artrodese apenas do segmento abordado deve ser levada em consideração. Nos
pacientes que possuem risco de pseudoartrose e programação de artrodese longa, a
associação de artrodese intersomática será benéfica, porém, quando se fala dos níveis
lombares baixos, caso seja realizada fusão lombossacra, o emprego de técnicas de
acesso anterior e lateral, além de proporcionarem descompressão direta e indireta,
permitem o uso de espaçadores discais em uma área maior, possuem o menor risco de
fratura dos platôs (subsidência), além de possuir o potencial de correção angular nos
planos sagital e coronal.

160
Em alguns casos, são recomendados e elegíveis para osteotomias, como os
casos que apresentam deformidades rígidas (< 30% de correção em radiografias
dinâmicas) ou artrodese prévia com desequilíbrio sagital moderada. As osteotomias
têm por finalidade restaurar o equilíbrio vertebral e diminuir a sobrecarga sobre a
interface osso/material de síntese e a chance de falha mecânica. Dessa forma, estes
procedimentos podem aumentar o tempo cirúrgico, mas fatores como o sangramento, a
morbidade perioperatória e a correção do equilíbrio sagital se evidenciaram como o fator
importante com melhor impacto nos resultados pós-operatórios.

Como princípios de escolha dos níveis de artrodese, os autores Cristante et al.


(2020, p. 7) recomendam:

• Não pare no ápice da curva.


• Não pare em pontos de cifose.
• Inclua níveis com subluxação lateral importante.
• Inclua espondilolistese ou retrolistese.
• A vértebra superior instrumentada deve, idealmente, ser horizontal.
• A fixação do ilíaco deve ser fortemente considerada em artrodeses
longas. Com as técnicas cirúrgicas comparando as técnicas de
artrodese posterolateral (APL) e a artrodese lombar intersomática
transforaminal (TLIF), constatou-se que a APL apresenta menor
tempo cirúrgico, sangramento e complicações pós-operatórias.

A Sociedade de Pesquisa em Escoliose (SRS, na sigla em inglês) publicou uma


pesquisa na qual demonstrou que a taxa de complicações cirúrgicas na EIA era de 13,4%,
mas vale salientar que outros estudos trazem a porcentagem de até 40%. As principais
complicações cirúrgicas para este tipo de procedimento é a lesão de dura-máter, a falha
do implante, a infecção superficial e profunda da ferida operatória e déficits neurológicos.

Além disso, pacientes obesos, tabagistas, osteoporóticos e com idade superior a


65 anos possuem um maior risco. A cifose juncional proximal ocorre entre 20% e 40% dos
pacientes e pode se apresentar de forma precoce ou tardia. Os índices de pseudoartrose
com as técnicas atuais são menores e estudos recentes apontam sua ocorrência em
entre 4% e 24% dos casos. As taxas de reoperação vão de 16,7% com 90 dias a 40% em
11 anos. Dadas as características clínicas desse grupo, as complicações sistêmicas, como
infarto agudo do miocárdio, pneumonia, íleo adinâmico, trombose venosa profunda e
infecção do trato urinário não são incomuns (BUFFON et al., 2021).

Quando se opta pelo tratamento cirúrgico, existem várias técnicas que foram
subdivididas, de forma hierarquizada, em grupos por Silva e Lenke (2010), como
descompressão isolada; artrodese lateral estende artrodese e instrumentos para a
coluna torácica para descompressão; inclui osteotomia para correção da deformidade. A
descompressão isolada é melhor para pacientes com sintomas neurológicos, sem dor
axial e curvatura lombar estável (Cobb < 30°, deslizamento lateral < 2 mm e presença de
osteófitos anteriores) (BUFFON et al., 2021).

161
No entanto, o resultado esperado, que é a diminuição da curvatura da coluna,
dependerá de muitas variáveis que vão do diagnóstico radiográfico até a função física
e mental do indivíduo, alívio da dor e autoimagem. Um dos pontos importantes para se
pensar é sobre o psicológico do paciente e sobre suas expectativas antes da cirurgia,
pois isso também afeta o resultado. Alguns estudos desenvolveram questionários
que trazem perguntas gerais e específicas voltadas a patologias e que fornecem
métodos aprimorados para o estudo dos resultados do tratamento. Logo, os resultados
secundários para os pacientes devem ser usados com a intenção de excluir efeitos
adversos graves do tratamento.

Por exemplo, apesar de diferentes indicações para a cirurgia, ainda é importante


estudar a qualidade de vida antes e após o tratamento. Tal análise é tão importante
quanto provar a eficácia do tratamento primário. O pesquisador na área de ortopedia,
Danielsson (2007) afirmou a importância da realização de estudos prospectivos, para,
assim, nos permitirem estas comparações antes e após o tratamento. Existem diretrizes
e protocolos desenvolvidos pelo Ministério da Saúde para ajudar os pacientes neste
processo de adaptação, além de auxiliar a equipe multiprofissional a executar o seu
papel corretamente.

2.3 OMBRO, COTOVELO E MÃOS


A ortopedia possibilitou um aumento no entendimento das funções dos ossos,
músculos, ligamentos e tendões, permitindo uma melhor compreensão dos efeitos
da tensão mecânica sobre as propriedades físicas dos ossos e possibilitando novas
técnicas cirúrgicas e tratamentos para deformidades ósseas, consolidação de fraturas,
osteoporose por desuso e atrofia muscular, além do desenvolvimento de órteses,
neuropróteses e novos dispositivos para reabilitação de membros inferiores e superiores.

Essas especialidades abordam os procedimentos cirúrgicos que visam tratar


as condições relacionadas às articulações do ombro, como artrose, lesões do manguito
rotador e síndrome do impacto, patologias que atingem o cotovelo do paciente, como
epicondilite lateral, luxação e fratura da cabeça do rádio e agravos que atingem as mãos.

A cirurgia dos membros superiores nasceu na Segunda Guerra Mundial. O pai da


cirurgia da mão, Sterling Bunnel, em 1944, foi convidado pelo presidente Roosevelt a
ajudar a tratar as lesões de membros superiores dos soldados americanos que voltavam
da Guerra. Ele treinou vários jovens cirurgiões que, em 1946, fundaram a Sociedade
Americana de Cirurgia da Mão. No Brasil, fortemente influenciados por ingleses e
franceses, alguns cirurgiões iniciaram sua dedicação à cirurgia da mão e outros, bem
como à cirurgia do ombro e cotovelo.

162
O membro superior é extremamente móvel com a função de posicionar a mão
no espaço, diferentemente do membro inferior, com as funções de suportar o peso,
estabilizar o corpo e permitir a locomoção. Entre as múltiplas funções da mão humana,
destacam-se a preensora e a sensitiva. Do ponto de vista funcional, é impossível separá-
las, pois essa associação faz da mão um privilegiado órgão de execução e informação
(PARDINI; FREITAS, 2008).

As indicações para este tipo de cirurgia são ocasionadas por traumas e


acometimentos devido ao trabalho, acidentes domésticos, correções para doenças
congênitas e degenerativas. Na maioria das vezes, as recuperações para este tipo de
cirurgia são rápidas, possuindo a média de internação de três a sete dias, podendo o cliente,
muitas vezes, ter alta hospitalar no mesmo dia da cirurgia ou a internação prolongar-se
por necessidade de uso de antibiótico ou por ordem social, salientando que, com relação ao
tempo de internação, dependerá do tipo de cirurgia empregada e do membro em que será
realizado o procedimento.

Assim, a seguir, são apresentadas as principais cirurgias realizadas na mão,


cotovelo e ombro, lembrando que existem outras causas para a realização de cirurgias
nesses membros.

• Artrodese: fixação de uma articulação.


• Artroplastia: operação destinada a refazer as superfícies articulares e restabelecer seu
uso.
• Capsulectomia: remoção da cápsula.
• Neurólise: liberação de um nervo que está sendo comprimido por aderências.
• Neurorrafia: sutura de um nervo.
• Osteossíntese: fixação da fratura por meio de placas ou parafusos.
• Ostomia: secção cirúrgica de um osso.
• Ruptura do manguito rotador associada ou não à síndrome do impacto subacromial.
• Artrose do ombro.
• Luxação recidivante.
• Rigidez do cotovelo.
• Ressaltamos uma das principais causas de cirurgia de membros superiores para
adentramos mais ao assunto, trazendo, assim, um breve resgaste histórico desses
tipos de cirurgias. No mês de março do ano de 1990 e maio de 1999, 13 pacientes
foram selecionados, nove homens e quatro mulheres, e foram submetidos à cirurgia
de artrodese do ombro com placa de compressão dinâmica (DCP) estreita e moldada,
mais a inserção do enxerto ósseo esponjoso. Nenhum paciente selecionado possuía
a artrodese bilateral (PARDINI; FREITAS, 2008).

Dos 13 pacientes, em seis deles o enxerto foi utilizado a partir da própria cabeça
do úmero e os demais, ou seja, em sete pacientes, do osso do ilíaco. A idade média desses
indivíduos que foram selecionados, na época da cirurgia, foi de 41 anos e quatro meses,
havendo uma variação de 18 a 78 anos. O acompanhamento médico foi de 53 meses,

163
variando de seis a 116 meses. Muitas causas levaram esses pacientes a possuírem a
indicação da artrodese, tendo sido observado que quatro pacientes não tinham queixa
de dor (paralisia do plexo braquial) e a indicação da cirurgia foi para melhorar a função
do membro afetado.

Nesses indivíduos selecionados, cinco pacientes haviam sido submetidos a


algum tratamento cirúrgico antes cirurgia da artrodese. A via escolhida para o acesso
utilizado foi a deltopeitoral em cinco pacientes e a posterior em oito. O acesso posterior
é realizado com o paciente em decúbito lateral, sendo o braço disposto de acordo com
a posição definitiva da artrodese antes da colocação dos campos cirúrgicos. Logo após
isso, é realizada uma incisão com o tamanho, em média, de 12 a 15 cm de comprimento
entre o terço médio da espinha da escápula que, geralmente, pode se estender
lateralmente, até cerca de 10 cm distal ao acrômio (PARDINI; FREITAS, 2008).

Foi preciso expor alguns músculos, como o supra e infraespinhal, sendo que, para
isso acontecer, é necessário desinserir os músculos deltoide e trapézio na espinha da
escápula, além de ser preciso que o manguito rotador seja removido da sua inserção para
expor amplamente a região posterior da articulação. Após esses passos, o cirurgião solicita
o osteotomo ao instrumentador para remover a cartilagem articular e o osso da cavidade
glenoide, da face inferior do acrômio e da cabeça do úmero. Em seguida, é realizada a
curetagem com o instrumento e, ao curetar a superfície inferior do acrômio, faz-se com
que aumente a superfície de contato e, consequentemente, o potencial de consolidação.

Logo após esses procedimentos, dá-se início à modelagem da placa – que


é realizada com o modelador de placa – e, posteriormente, é realizada a sua fixação,
inicialmente da parte da cabeça à glenoide, o que é realizado com parafusos esponjosos
de 6,5 mm de rosca curta (16 mm). Após a inserção desses parafusos e roscas, inicia-se
a fixação da cabeça do úmero ao acrômio.

O próximo passo é a realização da fixação da placa à diáfise e à espinha da


escápula, que é feita com parafusos corticais de 4,5 mm de diâmetro nos locais, dando-
se início à colocação do enxerto ósseo esponjoso, que é inserido no foco da artrodese
e que será importante para a estimulação para a consolidação. Após a fixação da placa, é
possível aproveitar a parte posterior da cabeça como enxerto, pois a cabeça do úmero
é maior que a cavidade glenoide, valendo ressaltar que o enxerto pode ser obtido no
próprio local da lesão, do qual o osso é retirado para cruentar e justapor as superfícies
articulares.

164
Figura 6 – Anatomia do acrômio

Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/shoulder-dislocation-6JF3RAZ. Acesso em: 11 out. 2022.

As cirurgias de mãos são bastante procuradas pela população, com o intuito de


realizar a correção de más-formações ou por traumas acometidos por acidente. Então, é
importante lembrar da anatomia da mão: os ossos da mão e do pulso são responsáveis
pela manipulação dos objetos, sendo que cada mão contém 27 ossos responsáveis por
essas habilidades. Os ossos ulna e o rádio formam a flexível articulação do punho com
a fileira proximal dos carpos. Existem oito ossos do carpo no pulso que estão ligados.
O carpo possui o aspecto arredondado na sua extremidade proximal e possui articulação
com a ulna e o rádio no pulso. Além disso, ele é ligeiramente côncavo na região do
palmar, formando, assim, um canal denominado como o túnel do carpo, pelo qual os
tendões, ligamentos e os nervos vão se estendendo até a palma da mão, sendo os cinco
ossos metacarpianos longos e finos (PARDINI; FREITAS, 2008).

Figura 7 – Cicatrização dos principais tipos de cirurgias de mão

Fonte: http://twixar.me/xwMm. Acesso em: 11 out. 2022.

O médico Arnaldo Amado Ferreira Filho nasceu em 1º de novembro de 1930,


na cidade de São Paulo, formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (USP) em 1955, e em ortopedia no Instituto de Ortopedia e Traumatologia
(IOT). Ingressou no Hospital da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(HCFMUSP) em 1956 como médico auxiliar, seu maior foco era na área de cirurgia de
ombro e cotovelo (FERREIRA FILHO, 2021).

165
No ano de 1983, com o professor Manlio Marco Mario Napoli, fundou o primeiro
grupo de cirurgias de ombro e cotovelo do Brasil e da América Latina. Logo após a formação
do grupo, assumiu cargos de liderança que ocupou até 1998. Seu interesse pela cirurgia
de ombro e cotovelo remonta ao início da década de 1960, no atendimento de crianças
paralisadas e nas primeiras cirurgias para instabilidade do ombro. Como foi o fundador do
hospital, em sua homenagem, colocaram o seu nome, ficando o hospital intitulado por
Instituto de Ortopedia e Traumatologia F. E. Godoy Moreira (FERREIRA FILHO, 2021).

Segundo o mesmo autor, no início da década de 1950, São Paulo vivia uma
epidemia de poliomielite aguda. O governo, com auxílio de verbas federais, construiu e
inaugurou, em 31 de julho de 1953, o que hoje é conhecido como Instituto de Ortopedia
e Traumatologia (IOT), integrando o hospital geral. O novo instituto é responsável por
receber casos agudos de pré-pólio na fase de insuficiência respiratória. Para isso, conta
com toda a infraestrutura necessária. Pacientes clinicamente suspeitos de ter a condição
são examinados e selecionados por um cirurgião ortopédico.

Atualmente, o hospital ocupa dois prédios: um com 10 andares e o segundo com


quatro andares, com área total de construção de 25.000 metros quadrados. Ambos são
usados ​​para tratar distúrbios do sistema motor. O IOT também conta com sete laboratórios
de especialidades e um corpo clínico de aproximadamente 160 médicos, entre cirurgiões
ortopédicos, residentes da especialidade e equipe própria de anestesistas. Também fazem
parte desse grupo pediatras, geriatras, fisioterapeutas, cirurgiões torácicos e plásticos,
urologistas e cardiologistas, que prestam suporte médico aos pacientes em tratamento
ortopédico (SOBT, 2021).

Como um dos institutos do complexo HC, o IOT passou a ser filiado


administrativamente ao Ministério da Saúde do Estado de São Paulo. Por lei, pode admitir
pacientes particulares e contratados (até 20%), para os quais há um andar exclusivo
com todos os recursos de um hospital privado. Ele é afiliado à Universidade de São Paulo
por meio do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP. Atua no ensino de
graduação, residência e pós-graduação, forma mestres e médicos e oferece cursos de
capacitações semanais, que são abertos a cirurgiões ortopédicos e profissionais afins.
Assim, ele é um dos maiores hospitais ortopédicos e de trauma da América Latina e um
dos principais centros de pesquisa do Brasil.

INTERESSANTE
O dedo em martelo é uma deformidade do dedo que ocorre
quando o tendão extensor (que estica o dedo) se rompe. Quando
uma bola ou outros objetos atingem a ponta do dedo ou do
polegar, dobrando-os de forma forçada, a energia rompe o tendão
que estende o dedo. A força da pancada pode chegar até a arrancar
um pedaço de osso com o tendão. A ponta do dedo ou polegar não
consegue esticar, como demonstra a imagem a seguir.

166
Figura 8 – Dedo em martelo

Fonte: http://twixar.me/CwMm. Acesso em: 11 out. 2022.

2.4 QUADRIL, JOELHO, TORNOZELO E PÉ


O quadril é a articulação que liga o fêmur à pélvis, fazendo com que permita
a realização da movimentação dos membros inferiores. Na articulação coxofemoral,
ou quadril (como é mais conhecido), a cabeça do fêmur e a pélvis são cobertos por
uma cartilagem que permitirá o deslizamento apropriado do acetábulo (conhecida
como a cabeça do fêmur). Uma articulação sem patologias ou desgastes possibilita
a movimentação adequada do quadril nas variadas direções, além disso, essa
movimentação precisa ser estável e indolor. A fratura dessa articulação ocorre na parte
superior do osso do fêmur. A extensão da quebra dependerá apenas da força da colisão e
objetos envolvidos (SKINNER; MCMAHON, 2015).

A articulação coxofemoral é uma articulação estilo bola de soquete, que permite a


dobradura da parte superior da perna e o movimento de giro da pélvis. O acometimento
de uma lesão em sua cavidade, ou acetábulo, não é considerada uma fratura de quadril.
A assistência e o manejo das fraturas desta cavidade é consideração completamente
diferente, o indivíduo com este tipo de fratura sente bastante dor na parte superior
externa da coxa ou na virilha, podendo haver um grande desconforto com qualquer
tentativa de mexer o membro ou o corpo do paciente, seja de flexionar ou girar o quadril.
Caso o osso esteja enfraquecido por uma doença, seja ela apor um câncer ou uma lesão
de estresse, o paciente pode relatar dores na região da virilha ou da coxa.

Alguns sinais e sintomas que o paciente pode apresentar é que caso o osso
esteja completamente quebrado, a perna do indivíduo pode parecer ser mais curta que a
perna não fraturada. Desse modo, ele frequentemente manterá a perna lesionada em
posição fixa, com o pé e o joelho virados para fora.

Além disso, para o diagnóstico preciso de uma fratura de quadril, é recomendado


que seja realizado um raio X da região e do fêmur. Nos casos de fratura incompleta, em
que o paciente caiu e se queixa de dor no local, ela pode não ser vista em um raio X.

167
Nesse caso, o exame de imagem mais indicado seria a Ressonância Magnética
(RM), já que esse tipo de exame identifica a fratura oculta ou incompleta. Caso o paciente
seja incapaz de se submeter a esse exame, seja por sua condição clínica ou não, a
Tomografia Computadorizada (TC) pode ser realizada, porém esse procedimento não é tão
sensível quanto a ressonância magnética para observar as fraturas de quadril incompleta
(SKINNER; MCMAHON, 2015).

Figura 9 – Raio X para identificar a localização da prótese

Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/x-rays-P2D8FZN. Acesso em: 11 out. 2022.

Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT, 2022),


quando é realizado diagnóstico da fratura de quadril para o paciente, a sua saúde
de forma geral e a sua condição clínica precisarão ser avaliadas pela equipe. Casos
muito raros, em que a cirurgia não é recomendada, se dão pela fragilidade da saúde
do paciente, sendo imprescindível levar em consideração o conforto e o nível de dor
dele, deixando em evidência que os membros da equipe precisam observar os riscos da
anestesia e da cirurgia.

A maioria dos profissionais da ortopedia, dando ênfase no cirurgião ortopédico,


concordam que os pacientes saem melhor se forem operados o mais rápido possível.
É preciso garantir a segurança dos pacientes e maximizar sua saúde geral antes da
cirurgia, sendo preciso ser considerado o tempo para a realização de exames para
favorecerem a cirurgia (SBOT, 2022).

O objetivo principal para esse tipo cirurgia é diminuir a dor da articulação e


incapacidade de realizar movimentos que geralmente decorrem da artrose ou artrite, essas
patologias podem ser ocasionadas por quedas que levem à fratura do quadril. A cirurgia
só é indicada quando os demais tipos de tratamento não são mais indicados (SBOT, 2022).
Dentre as cirurgias mais realizadas dos membros inferiores, temos a cirurgia do joelho.

168
O joelho é uma articulação que é formada por várias estruturas que precisam
desempenhar o seu papel em harmonia, como demonstra a Figura 10. Isso possibilita
a divisão do peso corporal e a realização dos movimentos necessários para a realização da
marcha adequada. O joelho, possui uma articulação que é susceptível a algumas lesões
traumáticas por causa da sua localização e, principalmente, por estar nas extremidades
de dois braços de alavanca longos: a tíbia e o fêmur (MAGEE, 2005). Além disso, o joelho
suporta uma grande sobrecarga do corpo e, por ter em sua composição articular, a
união de três ossos com superfícies poucos regulares, a articulação está predisposta
a inúmeras lesões traumáticas, ortopédicas e reumatológicas (SOUZA; MORAIS, 2016).

Figura 10 – Detalhe de raio X de joelho

Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/knee-x-ray-detail-YBDWNUM. Acesso em: 11 out. 2022.

Figura 11 – Filme de raio X de joelho

Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/x-ray-film-of-mans-knee-B2UV2GN. Acesso em: 11 out. 2022.

As lesões de LCA são frequentemente relacionadas às práticas esportivas e


ocorrem principalmente na população jovem e ativa, resultando em uma instabilidade
anterior da tíbia sobre o fêmur. Caso não seja tratado, pode ocorrer progressão da lesão
acometendo meniscos e cartilagem (VIEIRA et al., 2005). Os meniscos são estruturas

169
fibrocartilaginosas responsáveis pela absorção e distribuição de carga, além da
importante função proprioceptiva. As rupturas são decorrentes de um trauma rotacional ou
por flexão, evolução do processo degenerativo articular ou lesão espontânea decorrente da
falência estrutural progressiva (CAMANHO et al., 2006).

Entre as lesões de caráter crônico degenerativo, a osteoartrite, também conhecida


como osteoartrose, é a doença que mais afeta as articulações que sustentam o peso
corporal, sendo a queixa musculoesquelética mais comum, principalmente acima dos 60
anos (ALVES; BASSITT, 2013). Fatores como excesso de peso, trauma articular, fraqueza
de músculo quadríceps e rotação anormal da tíbia são identificados como fatores de risco
para o desenvolvimento da doença (KISNER; COLBY, 2009).

Inseridas no trauma ortopédico, as fraturas ósseas são mais comuns em


quedas e acidentes automobilísticos. As fraturas possuem características distintas
com relação à localização e nível de gravidade, conforme a idade do indivíduo, sendo
as idosas habitualmente vítimas de quedas domiciliares, principal causa de fratura de
fêmur, geralmente tratada de modo cirúrgico (HILDEBRAND, 2010). Vale salientar que as
cirurgias de tornozelo e pé também são comuns nos blocos cirúrgicos.

As cirurgias para implantes ortopédicos, assim como as artroplastias total


de quadril e joelho, compreendem que todo produto com finalidade ortopédica traz a
reabilitação funcional para o paciente e possuem como objetivo melhorar a qualidade
de vida dele, por meio da promoção da saúde. Esses procedimentos são bastantes
realizados, porém o paciente está propenso a várias complicações durante a cirurgia
e no pós-cirúrgico, dentre elas a ISC, sendo importante salientar que a infecção
é considerada a mais devastadora das complicações por trazer várias reações ao
paciente (LIMA; OLIVEIRA, 2010). O procedimento cirúrgico deverá ser realizado para
substituir a articulação do quadril lesionada por um dispositivo artificial, uma prótese,
que é conhecida como Artroplastia Total de Quadril (ATQ). Durante vários anos, a
técnica cirúrgica empregada e os materiais e instrumentais utilizados passaram por um
longo processo de melhoria e atualização devido às pesquisas e testes realizados por
estudiosos na área, com a finalidade de deixar as cirurgias mais seguras.

É possível perceber que é cada vez mais comum a realização desse tipo de
cirurgia devido ao aumento de sobrevida da população no mundo e inversão da pirâmide
etária, na qual temos mais pessoas idosas que jovens, o que faz com que problemas
como a osteoartrose, que é observada pelo desgaste da cartilagem articular, sejam mais
comuns na sociedade.

Com isso, a incidência da realização de cirurgia para corrigir esse tipo de


enfermidades é regularmente realizada e esses dados contribuem diretamente para o
aumento do número de casos que possuem como indicação este tipo de procedimento.
O procedimento designado para a inserção de implantes ortopédicos tem por objetivo
melhorar a mobilidade dos indivíduos, fazendo com que haja uma de redução de
desconfortos e, ocasionalmente, melhorando a sua qualidade de vida. Essas cirurgias

170
possuem riscos como outro processo cirúrgico e, dentre eles, destaca-se a ISC, que
pode favorecer a reinternação do paciente, além do uso prolongado de antibióticos,
déficits funcionais permanentes na articulação, troca/remoção do implante ou até fazer
com que o paciente evolua para óbito.

O tratamento de fraturas do pé e tornozelo corresponde a uma parcela importante


dentre as cirurgias ortopédicas realizadas nos hospitais do nosso país, pois atinge ambos
os sexos, em todas as idades.

Nessa área, os pesquisadores Hasselman et al. (2003) encontram correlação


entre a baixa densidade mineral óssea e fraturas no pé, o que pode explicar o predomínio
desse tipo de intervenção cirúrgica nas mulheres mais velhas, mesmo considerando
que a maioria das fraturas de pé sejam relacionadas à osteoporose.

Já as fraturas de tornozelo costumam acometer indivíduos com maiores índices de


massa corpórea e maior risco de queda, ajudando a justificar o aumento da incidência
dessas fraturas nas idades mais avançadas. A incidência das fraturas entre as mulheres
idosas é significantemente maior do que entre os homens, sugerindo que a osteoporose
também tenha papel importante.

Figura 12 – Cirurgia de tornozelo

Fonte: http://twixar.me/2wMm. Acesso em: 11 out. 2022.

É imprescindível ter em mente que a maioria dos pacientes operados são por
lesões acometidas por traumas, sejam eles acidentais ou não. Quando falamos desses
tipos de acometimentos, vários estudos demonstram que as lesões se localizavam em
membros inferiores, e, muitas vezes, atingindo até cinco regiões.

Os pesquisadores Rodrigues et al. (2014) identificaram que os ferimentos mais


propícios em acidentes de moto foram os traumas de perna e joelho, seguidos pelos
de mão e punho, nos quais as fraturas correspondem entre 33% e 47,3% das cirurgias
de trauma ortopédico secundárias a acidentes motociclísticos. De acordo com os

171
dados extraídos e publicados em 2017, as lesões mais frequentes desses indivíduos
são as fraturas, nas quais existe uma maior prevalência das lesões em pé e tornozelo,
os acidentes continuam sendo uma incidência de graves lesões, especialmente no pé.
Para dar ênfase às informações citadas e justificando as causas desses tipos de lesões,
os autores Zabeu et al. (2012) evidenciam que:

[...] falta de proteção à nível de pé e tornozelo, se compararmos com


veículos de quatro rodas, aumenta a vulnerabilidade do usuário da
moto. Em casos de colisão, o motociclista absorve toda energia
gerada no impacto e vai de encontro à via pública, a objetos ou outros
veículos, além do trauma direto (ZABEU et al., 2012, p. 17-18).

Além disso, com grande frequência: “[...] as lesões de alta energia são expostas
e associam-se com grave lesão de partes moles, desluvamento, esmagamento tecidual e,
não raramente, ocorre também síndrome compartimental” (SAKATA et al., 2008, p. 31).

Ainda, conforme Sakata et al. (2008, p. 18), “a negligência no atendimento


primário das lesões do pé, apesar de não elevar a mortalidade, aumenta sobremaneira a
morbidade do trauma”.

2.5 PEDIÁTRICO
A ortopedia é uma especialidade da área das ciências da saúde que está
relacionada aos processos de prevenção, tratamento e reabilitação de distúrbios
relacionados ao sistema motor. Relacionado a isso, temos também a traumatologia, que
é uma especialidade voltada para pacientes traumatizados em geral, no que diz respeito
ao trauma, que acreditamos ser definido como um evento prejudicial que consiste
em alterações estruturais e físicas, causadas por trocas entre diferentes indivíduos,
desequilíbrio, organização e ambiente.

O trauma é visto como uma patologia que prejudica o bem-estar individual,


interfere nas esferas econômicas e sociais e na sociedade. Acometido por alguma lesão
traumática, isso permite inferir que uma em cada seis internações está associada ao
referido impasse (SANTOS et al., 2016). Assim, hoje, esse problema é uma das principais
causas de morte nos primeiros 40 anos de vida (SILVA et al., 2017). Além disso, segundo
Silva et al. (2017), o desenvolvimento da indústria e da tecnologia que levou a um aumento
maciço do número de veículos e à ascensão da civilização, levou a um complexo processo
de violência urbana. Assim, esse processo coincide com o crescimento exponencial de
graves problemas de saúde: traumas ortopédicos, incluindo traumas de infância.

Segundo Castro et al. (2013), eventos traumáticos envolvendo fraturas e


outros distúrbios ortopédicos, tornaram-se um grande problema de saúde que atinge a
população brasileira de zero a 39 anos, uma preocupação de saúde pública, especialmente
considerando o impacto em crianças e jovens potencialmente produtivos.

172
Os estudos de Souza et al. (2010) afirmam que, nos Estados Unidos da América,
uma em cada três crianças a cada ano é acometida por algum tipo de trauma ortopédico.
Como resultado, o trauma é responsável por 10 a 15 por cento das admissões em clínicas
pediátricas hospitalares e unidades de terapia intensiva. O estudo dos autores também
afirma que, para cada criança que morre, 40 crianças precisam de hospitalização, 1.000
crianças precisam de tratamento de emergência e dezenas mais sofrem deficiências
permanentes. Portanto, a amputação é um dos fatores prognósticos para trauma
ortopédico.

Chamlian et al. (2013) observaram que as amputações, muitas vezes, afetam não
apenas o corpo do paciente, mas também sua integridade psicológica, social e pessoal.
Além disso, a pesquisa dos autores ainda mostra que, somente nos Estados Unidos, são
evidenciados 50 mil novos casos de amputação envolvendo os fatores traumáticos por
ano e, no nosso país, cerca de 13,9 a cada 100 mil habitantes, somente no estado do
Rio de Janeiro. Na Europa, a principal causa de morte ou incapacitação de crianças e
jovens de zero a 18 anos é o traumatismo. Os acidentes pediátricos ocorrem com maior
incidência nas escolas dos indivíduos, em suas casas e em lugares públicos.

É necessário reconhecer que é importante identificar a epidemiologia do


trauma infantil para ofertar a prevenção fundamentada nestas situações. Crianças e
adolescentes são mais vulneráveis ​​a traumas ortopédicos devido à sua menor estatura
em relação aos adultos e, portanto, às vezes, lesões múltiplas. Portanto, coletar dados
específicos sobre os fatores envolvidos no trauma e os sítios anatômicos acometidos é
fundamental na literatura para melhores protocolos de saúde e prevenção (ARAÚJO, 2014),
também pela tendência a ser engenhoso e envolvido em fraturas ortopédicas, também
devido ao seu menor discernimento diante dos perigos e etiologias envolvidas no trauma,
associado à constante inquietação, exploração e comportamento de risco próprio da
idade, nos quais se encontram perigos no mundo ao seu redor.

O trauma ortopédico pode ser entendido como sendo um abalo físico proveniente
de grandes impactos abruptos ou violência, o que pode ocasionar alterações estruturais,
fisiológicas ou psicológicas do organismo afetado (SILVA et al., 2017). Por conseguinte,
os traumas ortopédicos são considerados problemas de saúde pública de nível mundial
devido às altas taxas de incidência, morbidade e mortalidade (YEUNG; GRAHAM, 2010).

De acordo com Silva (2017), no Brasil, em 2014, foram registradas 124.000


hospitalizações de crianças vítimas de acidentes que resultaram em traumas e fraturas
ortopédicas, destas, 4.580 evoluíram à óbito, levando gastos de cerca de 83 milhões
ao SUS. Os traumas ortopédicos trazem interferências diretas na vida do sujeito ao
qual este é submetido. Socialmente, o trauma e suas consequências físicas diretas ou
até mesmo a amputação impossibilita a pessoa de realizar atividades que antes eram
normais para tal, levando a um estado de devaneio e nostalgia, que pode acarretar
sequelas emocionais na vida do indivíduo, principalmente do indivíduo infantil, o qual
ficará impossibilitado de exercer atividades sociais, como brincar ou praticar esportes,
levando-os assim a uma constante irritação (CASTRO et al., 2013; SOUZA et al., 2010).

173
Um dos fatores que interfere no trauma é a idade, sendo ela citada como
um dos mais importantes, levando em consideração que determinadas idades estão
mais propensas a determinados traumas ortopédicos. Dentre tais, está a faixa etária
pediátrica em que estão propensos os eventos traumáticos de maior gravidade, levando
em consideração sua maior fragilidade e menor tamanho.

A ortopedia pediátrica inclui desde anomalias congênitas a lesões em


adolescentes. As manifestações fisiopatológicas de muitos desses distúrbios diferem
daquelas análogas em adultos, em razão do acréscimo da dimensão do crescimento.
A relação do médico com o paciente pediátrico geralmente ocorre no contexto de um
ambiente de proteção familiar, contrastando com a relação mais independente que o
médico pode estabelecer com um adulto.

A tendência natural de atividade das crianças e a impressionante capacidade


regenerativa do esqueleto imaturo, com frequência, torna desnecessária a reabilitação
formal após cirurgia para tratamento de lesões graves.

As diretrizes para a ortopedia pediátrica englobam as regras apresentadas a seguir,


que podem ser úteis quando os princípios gerais da ortopedia se aplicam às crianças.

• o osso em crescimento normalmente tende a se remodelar no sentido da configuração


adulta. Esse processo ocorre mais rápido em crianças menores e nas deformidades
localizadas nas extremidades dos ossos. A remodelação é mais rápida quando a
deformidade ocorre no plano de movimento ou próxima da articulação;
• as deformidades esqueléticas se agravam à medida que a criança cresce (por
exemplo, após lesão permanente da placa de crescimento), especialmente próximo de
regiões com crescimento rápido, como o joelho. Essa característica se intensifica nas
crianças menores;
• as crianças geralmente toleram melhor a imobilização duradoura do que os adultos e
tendem a recuperar espontaneamente a mobilidade dos tecidos moles após a maioria
das lesões;
• a consolidação das fraturas geralmente é mais rápida e previsível no esqueleto em
crescimento ativo em comparação com o esqueleto adulto;
• as superfícies articulares nas crianças geralmente são mais tolerantes à irregularidade
do que as dos adultos. Embora seja possível ocorrer degenerações articulares a partir
de lesões na infância, geralmente há um intervalo assintomático de muitas décadas
antes que o processo se torne clinicamente evidente;
• muitas das chamadas deformidades como metatarso adulto, torção tibial interna
e pernas arqueadas, na verdade, são variações fisiológicas que se corrigem
espontaneamente com o crescimento. Por exemplo, o arqueamento fisiológico é
comum e benigno. Normalmente, é simétrico, envolvendo ambos fêmures e tíbias
e é mais evidente em crianças com menos de três anos. Geralmente, resolve-se em
torno de dois anos, mas há grande variabilidade. Em torno de 36 meses, praticamente
todas as crianças terão correção espontânea. O médico deve distinguir entre quadros
que não necessitem tratamento daqueles que requeiram intervenção precoce.

174
Os principais casos de cirurgias ortopédicas em crianças e adolescentes são
por malformação congênitas ou traumas. A maioria das queixas são pelas diferenças no
comprimento dos membros. A seguir, o Quadro 1 traz as principais causas de diferença
do comprimento dos membros.

Quadro 1 – Principais causas de diferença do comprimento dos membros em crianças e adolescentes

Fonte: adaptado de Minter e Doherty (2012)

DICA
O Boletim epidemiológico – Anomalias congênitas no Brasil,
2010 a 2019: análise de um grupo prioritário para a vigilância ao
nascimento, publicado em 2021, demonstra que foram registrados
no Sinasc, entre 2010 e 2019, cerca de 16 mil nascidos vivos
por ano diagnosticados com pelo menos uma das anomalias
congênitas que compõem os oito grupos prioritários para vigilância
ao nascimento no Brasil. Este número corresponde a cerca de
66% do total de nascidos vivos diagnosticados com qualquer tipo
de anomalia congênita por ano registrados no Sinasc. A maior
captação de casos foi observada no ano de 2016 (17.662), diante
do aumento de casos de microcefalia no país.

Fonte: ANOMALIAS congênitas no Brasil, 2010 a 2019: análise


de um grupo prioritário para a vigilância ao nascimento. Boletim
Epidemiológico, Brasília, v. 52, n. 6, fev. p. 1-22, 2021. Disponível
em: http://twixar.me/HwMm. Acesso em: 13 out. 2022.

175
2.6 ONCO-ORTOPEDIA
Mais de 1,6 milhões de pessoas nos Estados Unidos são diagnosticadas com
câncer invasivo a cada ano. Atualmente, 23% de todas as mortes nos Estados Unidos
são causadas por câncer, ficando atrás apenas de doença cardíaca como principal causa
de mortalidade nesse país. Nos últimos dez anos, porém, as taxas de morte por câncer
diminuíram. As taxas de morte continuaram a cair para os quatro principais tipos de câncer
(de pulmão, colorretal, de mama e de próstata). Essa redução nas taxas globais de câncer
se traduz na redução de mais de 1 milhão de mortes por câncer (DOHERTY, 2017).

No Brasil, a realidade não muda, dados publicados pelo Ministério da Saúde, em


2021, demonstram que, em média, são notificados 280 mil óbitos anuais por câncer, sendo
que o câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina
em todas as regiões do Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero
ocupa essa posição. A taxa de mortalidade por câncer de mama, ajustada pela população
mundial, foi 11,84 óbitos/100.000 mulheres, em 2020, com as maiores taxas nas regiões
Sudeste e Sul, com 12,64 e 12,79 óbitos/100.000 mulheres, respectivamente (INCA, 2021).

O cirurgião está intimamente envolvido no cuidado dos pacientes com câncer, pois
a maioria ainda necessita de tratamento cirúrgico em algum momento. Frequentemente,
os cirurgiões são os primeiros especialistas a atender os pacientes recém-diagnosticados
com câncer ou são chamados para fazer o diagnóstico em pacientes com suspeita de
câncer. Assim, eles serão responsáveis pela organização dos cuidados do paciente,
incluindo a coordenação com oncologistas clínicos e radioterapeutas. É imperativo que
tenham um conhecimento profundo sobre os diferentes tipos de câncer e as diferentes
modalidades de tratamento disponíveis (EDGE; BYRD; COMPTON, 2010).

As neoplasias são definidas como benignas ou malignas conforme o


comportamento clínico do tumor. Os tumores benignos perderam a regulação do
crescimento normal, mas tendem a ser circundados por uma cápsula e não invadem os
tecidos adjacentes nem produzem metástase.

Em geral, os tumores benignos são designados pela adição de um sufixo “oma”


ao nome da célula de origem. Exemplos incluem lipoma e adenoma. O termo câncer
normalmente se refere aos tumores malignos, que podem invadir tecidos adjacentes ou
produzir metástase para locais distantes do sítio primário. A nomenclatura dos tumores
malignos costuma ser baseada na origem embrionária da célula (EDGE; BYRD; COMPTON,
2010).

Os tumores malignos derivados de células de origem mesenquimal são


chamados de sarcomas. Isso inclui os cânceres que derivam de músculo, osso, tendão,
gordura, cartilagem, tecidos linfoides, vasos e tecido conectivo. As neoplasias de origem
epitelial são chamadas de carcinomas. Eles ainda podem ser classificados conforme
o aspecto histológico das células. As células tumorais com padrão de crescimento

176
glandular são chamadas de adenocarcinoma e aquelas que lembram as células
epidermoides são chamadas de carcinomas epidermoides. Os cânceres compostos
de células indiferenciadas, que não lembram nenhum tecido, são designados como
carcinomas “pouco diferenciados” ou “indiferenciados”.

O cirurgião costuma ser o primeiro especialista a atender o paciente com suspeita


ou diagnóstico recente de câncer e, em muitos casos, assume a responsabilidade de
organizar o tratamento global dos cuidados do paciente com câncer. O papel da equipe
cirúrgica envolve não apenas a ressecção curativa do tumor, mas também a obtenção
de tecido para diagnóstico e estadiamento, o fornecimento de cuidados paliativos
para pacientes incuráveis e a prevenção de câncer pela remoção profilática de órgãos
(DOHERTY, 2017).

Com a melhora das tecnologias de imagem, o maior uso de terapias neoadjuvantes,


estadiamento molecular e maior conhecimento da predisposição genética para o câncer, o
papel do cirurgião oncológico está continuamente evoluindo. Assim, é imperativo que
os cirurgiões oncológicos e a sua equipe permaneçam atualizados com as mais novas
abordagens no tratamento do câncer e estejam preparados para se adaptar aos novos
papéis da cirurgia (EDGE; BYRD; COMPTON, 2010).

Os tipos de ressecções cirúrgicas que possuem a intenção curativa tendem a


ser divididas em três categorias distintas:

• ressecção de uma lesão primária;


• ressecção de metástases isoladas;
• ressecção de depósitos metastáticos.

Se faz necessário avaliar, juntamente ao médico, a probabilidade de cura do


paciente e os efeitos do procedimento cirúrgico, pois cada situação precisa ser avaliada
individualmente. Além de saber os desejos do paciente, é preciso também que sejam
realizadas as orientações e, assim, deixar o paciente opinar e realizar as decisões.

A intervenção cirúrgica, muitas vezes, se faz necessária em pacientes


diagnosticados com câncer avançado, ou por indicações paliativas, seja dor,
hemorragias, algum tipo de obstrução, desnutrição ou até mesmo a infecção. A decisão
de levar o paciente para uma sala cirúrgica deve ser ponderada por vários fatores,
entre eles, a probabilidade de melhorar de maneira significativa a qualidade de vida do
paciente, aumentar a expectativa de sobrevida do indivíduo, a morbidade potencial do
procedimento e métodos alternativos de tratamento paliativo.

Comumente, o cirurgião e sua equipe estão envolvidos na colocação de


acesso vascular para a hiperalimentação ou, quando o trato gastrintestinal é funcional, na
colocação de sondas de gastrostomia ou jejunostomia para a nutrição enteral. Algumas
vezes, a equipe cirúrgica é envolvida no tratamento paliativo da dor causada por uma
lesão metastática que comprime um órgão ou nervos adjacentes.

177
Por fim, o cirurgião pode ser chamado para o tratamento de emergências
oncológicas, por exemplo, obstrução e hemorragia aguda de uma víscera oca. Nesses
casos, os cirurgiões podem ter que intervir de maneira emergencial no cuidado de um
paciente com câncer ou, em algumas situações, usar abordagens não cirúrgicas (como
stents ou angiografia).

Conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgias Oncológicas (SBCO), muitos


pacientes ao redor do mundo não têm acesso à cirurgia especializada do câncer pela
dificuldade em formar uma equipe especializada e ampliar o sistema de atendimento, pois
cálculos demonstram que isso custará mais de 20 trilhões de reais de perda em 2030. O
Conselho Federal de Medicina afirma que:

[...] cirurgia ainda é o maior pilar do controle do câncer. Além disso, ela
pode ser usada na sua prevenção, diagnóstico, controle de sintomas
e reconstruções. O programa nacional de controle do câncer deve
incluir ampliação dos serviços de cirurgia por meio de treinamento de
cirurgiões e ampliação da infraestrutura (CFM, 2017).

DICA
Assista ao vídeo criado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia
Oncológica sobre o dia mundial da luta contra o câncer: https://
www.youtube.com/watch?v=f6xPyKAOpgU.

178
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• O início da ortopedia se deu pela necessidade de “corrigir” deformidades que poderiam


ser provenientes de acidentes ou de patologias. Eram utilizados instrumentos grosseiros e
antiquados, mas, com o passar dos anos, a ortopedia foi sendo aperfeiçoada, surgindo
instrumentais cirúrgicos e técnicas mais adequadas, além do conhecimento da
mecânica do corpo humano que foi mais divulgada.

• O percursor da ortopedia foi o médico Nicolas Andrey, que, em 1749, publicou a


primeira obra sobre o assunto. Além de citar pela primeira vez a palavra ortopedia,
Andrey também criou o símbolo da ortopedia utilizada até hoje.

• Existem várias especialidades da cirurgia ortopédica, o que nos proporciona uma


variedade de escolhas, dentre elas: ortopedia pediátrica, oncológica, cirurgias de
membros inferiores e superiores e microcirurgias, as cirurgias delicadas como a cirurgia
de mão.

• Existem várias causas que levam o paciente a se submeter a uma cirurgia ortopédica,
seja ela devido a um trauma, malformação congênita ou por uma patologia.

179
AUTOATIVIDADE
1 A coluna vertebral forma uma sustentação forte, porém, flexível para o troco, além
de possuir um papel importante na postura, na sustentação do peso do corpo, na
locomoção e na proteção da medula espinhal e das raízes nervosas. Acerca da sua
anatomia, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Existem oito vértebras raquidianas e oito raízes nervosas cervicais, as raízes


saem acima de suas respectivas vértebras até C8 e esta sai abaixo da vértebra
C7.
b) ( ) Existem sete vértebras cervicais e quatro raízes nervosas cervicais, as raízes
saem acima de suas respectivas vértebras até C8 e esta sai abaixo da vértebra
C7.
c) ( ) Existem sete vértebras cervicais e oito raízes nervosas cervicais, as raízes saem
acima de suas respectivas vértebras até C8 e esta sai abaixo da vértebra C7.
d) ( ) Existem sete vértebras cervicais e oito raízes nervosas cervicais, as raízes saem
acima de suas respectivas vértebras até C8, e esta sai acima da vértebra C7.

2 O profissional de instrumentação cirúrgica, principalmente na área de ortopedia,


possui uma gama de especialidades que pode escolher, seja ela no setor público ou
privado, sabendo da importância destas especialidades para a população. Analise as
afirmativas a seguir e marque a alternativa que traz a especialidade ortopédica.

I- Cirurgias plásticas.
II- Cirurgias metabólicas.
III- Cirurgias de joelho.
IV- Cirurgias de laqueadura.

Assinale a alternativa CORRETA:


( ) As sentenças I e II estão corretas.
( ) Somente a sentença II está correta.
( ) As sentenças I e III estão corretas.
( ) Somente a sentença III está correta.

3 Cerca de 20% das fraturas e deslocamentos das colunas vertebrais ocasionam a


lesão da medula espinhal, sendo preciso conhecer a causa e a anatomia da coluna
vertebral, além de ter exames e o diagnóstico da lesão medular realizadas por
profissionais capacitados. Acerca da principal agência que emite protocolos sobre a
assistência para lesões na coluna, assinale a alternativa CORRETA:

180
a) ( ) ASIA.
b) ( ) BLS.
c) ( ) PNH.
d) ( ) SOBT.

4 O percussor da ortopedia, Andrey, iniciou esta especialidade voltada para a pediatria.


Os principais casos de cirurgias ortopédicas em crianças e adolescentes são por
malformação congênitas ou traumas, sendo a maioria das queixas pelas diferenças
no comprimento dos membros. Cite as principais queixas e causas para cirurgia
ortopédicas em crianças e adolescentes.

5 O câncer é umas das patologias mais predominantes do mundo, em que dados


estatísticos mostram que existem milhões de pessoas falecendo por causa desta
patologia. Sabendo da importância da onco-ortopedia, para os procedimentos
cirúrgicos a que estes pacientes se submetem, discorra sobre a importância desta
especialidade para estes pacientes e o papel da equipe.

181
182
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
MATERIAIS NA ORTOPEDIA

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos os principais materiais utilizados nas
cirurgias ortopédicas e para que estes instrumentos servem. Para cada tempo cirúrgico,
existem diversos materiais e instrumentos que precisam ser separados e organizados
pelo instrumentador cirúrgico e, para cada tipo de especialidade, são utilizados
instrumentos específicos. Portanto, é essencial que o instrumentador cirúrgico detenha
completo conhecimento acerca dos materiais e instrumentos que serão utilizados.

Portanto, os operadores de instrumentos cirúrgicos devem entender


completamente os materiais e instrumentos que serão usados. O tempo de operação
normalmente inclui a sequência de quatro procedimentos realizados pelo cirurgião
durante a cirurgia. O procedimento começa com a diérese, depois a homeostasia que
pode ser realizada a compressão direta com dedos, fórceps, bisturi elétrico (termocautério)
ou suturas para reter ou parar o sangramento. Após atingir a área danificada, é realizada
a exérese, que é a cirurgia propriamente dita. Por fim, a síntese cirúrgica é realizada
abordando as margens da ferida cirúrgica com suturas, adesivos e/ou bandagens
(FREITAS; GONÇALVES, 2018).

Para que a cirurgia ocorra conforme o esperado, as salas cirúrgicas devem


estar equipadas com foco central, megatoscópio, mesa cirúrgica, perneiras metálicas,
coxins e talas para o adequado posicionamento do paciente e demais materiais para
a monitorização do paciente. Os equipamentos auxiliares são os que conseguimos
movimentar, segundo a necessidade específica de cada tipo de cirurgia.

2 MATERIAIS NA ORTOPEDIA
É imprescindível que os cirurgiões comuniquem antecipadamente o instrumen-
tador e a equipe do centro cirúrgico sobre o tipo de cirurgia que será realizada, incluindo
a sua duração aproximada e todos os itens necessários, para aumentar a eficiência e
evitar atrasos.

O preparo de instrumentais cirúrgicos para ortopedia requer habilidades e


conhecimentos especializados. O manuseio apropriado durante a limpeza, inspeção
e testes destes instrumentos asseguram o seu desempenho acurado e um resultado
positivo para o paciente.

183
Ao decorrer desta unidade, observaremos grandes instrumentos resistentes
e, normalmente, perfuro-cortantes necessários nos procedimentos ortopédicos. Os
instrumentais delicados também são utilizados, porém, os instrumentos necessários
para dividir, retrair, levantar e reparar os tecidos leves das estruturas ósseas são menores
e mais leves. Esta tarefa importante, exige atenção redobrada ao manuseio, transporte
e montagem das caixas de ortopedia para evitar danos nestes instrumentos.

O autor Doherty (2017) informa e preconiza a importância da utilização dos


“cartões de casos” (case cards), que contêm informações sobre equipamentos, tipo de
cirurgias, matérias, entre outras informações. O autor afirma que a equipe consiga prever
as necessidades que poderão surgir no decorrer do ato cirúrgico, como a utilização de
outros instrumentos ou equipamentos não comuns, materiais prostéticos, equipamentos
de coagulação, exames de imagem e outros detalhes específicos para a cirurgia.

O cirurgião é o responsável pela coordenação das equipes cirúrgicas quando


existem vários especialistas e outros profissionais estão colaborando para os cuidados ao
paciente, incluindo demais cirurgiões, médicos com outras especialidades, enfermeiros,
técnicos e outros. Esta lista de verificação ajuda a melhorar a comunicação, tornando-a
efetiva e fazendo com que os indivíduos possuam uma atividade colaborativa para,
assim, garantir segurança e prosseguir com a cirurgia.

É possível analisar que existe um aumento extraordinário de números de


cirurgias e dar ênfase ao avanço tecnológico que trouxe benefícios importantes para os
pacientes e seus familiares. Em relação ao uso inadequado de instrumentais cirúrgicos,
podemos citar o seu mau funcionamento, a perda da integridade instrumental, a
segurança e desempenho do material para sua função, pois tudo isso é observado
devido às diversas reutilizações, levando, então, a ocorrência dos eventos adversos que
são indesejáveis no momento da cirurgia para o paciente.

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, em um período de seis meses,


mostrou que existia uma taxa de mortalidade que estava relacionada aos erros médicos
com relação à porcentagem, havendo uma para cada 270 casos, sendo que todos esses
avaliados foram considerados como reações evitáveis.

Nos tempos de hoje, com diversas tecnologias, o ambiente cirúrgico ainda é


considerado altamente inseguro e possui uma taxa de eventos adversos bastante altos,
um para cada 10.000 cirurgias. O Ministério da Saúde, no ano de 2009, publicou o manual
de cirurgias e seguros salva-vidas que tinha como objetivo principal a inserção dos
hospitais em uma lista de verificação padronizada, sendo que essas listas de verificações
foram preparadas por especialistas e tinham o intuito de ajudar as equipes cirúrgicas
para reduzirem os danos ao paciente.

184
Ter uma cirurgia segura e para salvar vidas é um desafio global e foi lançado
esse material apenas há oito anos, ou seja, é algo recente, observando que ainda
existe um caminho a ser trilhado para se incorporar dentro das equipes a boa prática nos
centros cirúrgicos no que se refere à manutenção das condições físicas e químicas dos
instrumentais cirúrgicos, o que, muitas vezes, passa despercebido pelo instrumentador
cirúrgico.

É exigido, pela segurança do paciente, que os equipamentos e os materiais


cirúrgicos estejam adequados e funcionando corretamente. A perda da integridade da
funcionalidade destes instrumentos pode levar o aumento de eventos adversos, mas
que podem ser evitados desde que haja um acompanhamento e um investimento
dos dispositivos. Assim, é preciso que a equipe que manuseia o instrumental e esses
materiais percebam e analisem como está aquele instrumental, se ele está montado e
se está funcionando.

Para avaliar a vida útil desses instrumentos, é preciso analisar as propriedades


químicas e físicas após vários números de reprocessamentos, pois esses, na maioria
das vezes, não têm uma validação ou não têm um protocolo voltado para aquele tipo de
material. Por isso, muitas vezes, esses equipamentos possuem a perda da integridade
(FREITAS; GONÇALVES, 2018).

Caso haja dúvida ou dificuldade de métodos e testes específicos de como


reprocessar esse material, é preciso buscar informações dos fabricantes desses
instrumentais cirúrgicos a fim de melhorar e aumentar o seu tempo de vida, sendo preciso
também observar as informações sobre os cuidados com esses materiais com a
desmontagem, lubrificação, limpeza, desinfecção e a própria esterilização, pois estas
etapas de reprocessamento precisam ser realizadas de forma adequada, como, por
exemplo, na limpeza dos resíduos de matéria orgânica que podem estimular pontos de
corrosão e, assim, diminuir o tempo de vida útil do instrumental (FREITAS; GONÇALVES,
2018).

Vários estudos comprovam que, após diversos processamentos de limpeza,


existe a presença de risco de fissuras e de corrosões que possibilitarão a absorção de
diversos tipos de bactérias e, consequentemente, eles formam um biofilme que vão se
aderir à superfície daqueles materiais, prejudicando, assim, a sua reutilização. Essas
bactérias que se aderem aos materiais médicos hospitalares, muitas vezes, influenciam
no risco de infecção para o paciente.

Outro ponto importante que precisamos observar é a qualidade da água, pois


isso influencia no prolongamento de vida dos instrumentais, como também minimiza
os riscos para o paciente. As águas que contêm sais minerais possivelmente podem
danificar, além de causar manchas como ferrugem. Também durante a esterilização, a
qualidade do vapor também vai influenciar. Ela pode afetar a qualidade da água, mas

185
o pré-tratamento da água pode eliminar a possibilidade de resíduos ou depósito nos
instrumentais durante o processo de esterilização, sendo preciso destacar também que
os passos de inspeção e validação do reprocessamento são importantes, pois são eles
que vão dizer o tipo de reprocessamento para cada instrumental (MAIA, 2013).

As tesouras de corte, por exemplo, tendem a se deteriorar fisicamente


no decorrer dos diversos números de reprocessamento e, assim,
ocasionar uma perda da sua funcionalidade. O tempo de vida dos
instrumentos cirúrgicos dependerá de alguns parâmetros para a
avaliação dos testes físicos e químicos de validação, sendo eles:
“presença de desgaste abrasivo que afetam arestas corte e desgaste
por fadiga e corrosão, tal perda da funcionalidade coloca em risco a
qualidade, sobretudo, dos procedimentos cirúrgicos artroscópicos e
laparoscópicos’’ (LUCAS et al., 2018, p. 3).

2.1 INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS NA ORTOPEDIA – MEMBROS


SUPERIORES
Você já conseguiu identificar os instrumentos com os quais toda sala cirúrgica
precisa estar equipada. Agora, conheceremos os instrumentos mais utilizados em
cirurgias ortopédicas de membros superiores. Você perceberá que, a seguir, haverá
detalhes importantes que você, enquanto futuro instrumentador, precisará conhecer,
além de imagens para ajudar na compreensão.

• Macho de rosca / fresa cortical 3.5 mm


◦ Características: possui o formato de T e, nas extremidades, possui roscas corticais,
sendo utilizado apenas para parafusos corticais.
◦ Uso: este instrumento é utilizado para fazer rosca no osso, para a entrada no
parafuso ser na direção correta. Geralmente, o fresar é utilizado apenas no início.

Figura 13 – Macho de rosca

Fonte: http://twixar.me/f9Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

186
• Broca
◦ Características: apresenta-se disponível nas caixas de diâmetro 2,5 a 3,5.
◦ Uso: é utilizada juntamente a um motor para perfuração do osso com o intuito de
fazer o caminho do parafuso para, assim, fixar a placa ao osso ou, em alguns casos,
para lixar o parafuso diretamente ao fragmento ósseo.

Figura 14 – Brocas

Fonte: http://twixar.me/39Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

• Afastador de Hohmann pequeno


◦ Características: são afastadores de cabo niquelado e largo que possuem um
orifício circular no final do seu cabo. Este orifício serve para auxiliar o cirurgião para
complementar com outro afastador Hohmann, e assim ocasionar um melhor braço
de alavanca. Em direção a sua ponta, possui o aumento na largura para afastar a
musculatura adequadamente. Sua apresentação é realizada em vários tamanhos.
◦ Uso: ele é utilizado em cirurgias de mãos e até cirurgias de fêmur.

Figura 15 – Afastadores de Hohmann pequenos

Fonte: https://yasuico.com/wp-content/uploads/2022/04/Hohmann-1024x685.jpg. Acesso em: 11 out. 2022.

187
• Guia duplo compressão 3.5 centro/ excêntrico
◦ Características: guia com dupla ação nas extremidades, podendo ser substituído
pelos guias separados e, em alguns casos, esses guias podem se apresentar fixos
(juntos).
◦ Uso: são colocados sobre o furo da placa com objetivo de direcionar o furo, para
realizar compressão no foco da fratura. Vale salientar que este tipo de guia será
utilizado apenas em placas de compressão.

• Guia de broca universal 2.5/4.0 mm


◦ Características: instrumento versátil, regulável, remove o redutor em uma de suas
pontas, podendo ser utilizado com as brocas 2.5/4.0.
◦ Uso: ele é colocado sobre o furo da placa e possui o objetivo de direcionar o furo e
realizar a proteção das partes moles.

• Afastador Weitlaner ou autoestático


◦ Características: afastador de classificação autostático mantido por força mecânica
por um conjunto de travas.
◦ Uso: serve para afastar tecidos intermediários a superficiais.

Figura 16 – Afastador Weitlaner ou autoestático

Fonte: http://twixar.me/n9Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

• Pinça de redução espanhola


◦ Características: ela possui a parte ativa, apresentando uma curvatura para melhor
se adaptar ao osso. Esta parte possui o formato circular e contém dentes ao longo
da sua parte ativa para fixar melhor ao osso e sua ação de trava é realizada pelo
sistema de rosca.
◦ Uso: auxilia no processo de redução das fraturas. É, geralmente, utilizada em pares.

188
• Pinça de redução Backhaus com trava de catraca
◦ Características: possui, na sua parte ativa, pontos que lembram a pinça de campo
Backhaus e conta com uma forma de catraca para travar o instrumento e, assim,
manter-se fixo no local.
◦ Uso: auxilia no processo de redução das fraturas.

• Escareado para osso


◦ Características: formato em T e sua ponta possui o aspecto de espiral cortante.
◦ Uso: utilizado para alargar a parte inicial do furo no osso para sepultar a cabeça do
parafuso. Essa técnica é usada quando se pretende sepultar a cabeça do parafuso
para não ficar proeminente na pele, sendo esta técnica utilizada quando se quer
colocar só o parafuso, sem a placa, para fixar fragmentos ósseos, esta técnica é
chamada de compressão intrafragmentário.

• Chave hexagonal 3.5 mm


◦ Características: existem vários tipos de apresentações do cabo deste instrumento
e, em alguns casos, podem apresentar um retentor do parafuso, que possui a
função de segurar o parafuso para ele não cair. Algumas chaves apresentam um
magnetismo para segurar o parafuso.
◦ Uso: introduzir o parafuso para fixar a placa no osso.

Figura 17 – Chave hexagonal 3.5 mm

Fonte: http://twixar.me/19Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

• Pinça autocentrante
◦ Características: possui o formato de bico de papagaio. Uma das partes ativas do
instrumento é um semicírculo para prender no osso, já a outra parte é mais fina
para ser encaixada no furo da placa, sua ação e trava é realizado pelo sistema de
rosca.
◦ Uso: após a redução de fratura, a pinça autocentrante é responsável por manter a
placa presa no osso até ser fixada com os parafusos.

189
Figura 18 – Pinça autocentrante

Fonte: http://twixar.me/m9Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

• Medidor
◦ Características: possui marcações que representam o número do parafuso a ser
utilizado em uma de suas extremidades e, na outra, pequena curvatura que, ao
passar pela segunda cortical, ela prende ao furo, dando o tamanho do parafuso.
◦ Uso: medir a profundidade do furo para colocação do tamanho do parafuso
adequado.

2.2 INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS NA ORTOPEDIA – MEMBROS


INFERIORES
Serão mostrados, a seguir, alguns instrumentos utilizados em cirurgias
ortopédicas de membros inferiores. Lembrando que, dependendo do tipo de cirurgia, os
instrumentos podem ser substituídos.

• Goiva Stille Luer


◦ Características: dupla articulação reta, possui 23 cm e cabo de mola para uma resposta
mais rápida na sua ponta. Em seu cabo, apresenta uma elevação para melhor se
encaixar na mão.
◦ Uso: tecidos impactados.

Figura 19 – Goiva Stille Luer

Fonte: http://twixar.me/d9Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

190
• Modelador de placa 4,5
◦ Características: instrumento pesado, de cabo maciço, ponta curva (como
uma fenda), para encaixar a placa que precisa ser moldada. Este instrumento
geralmente se encontra nas caixas de placas e parafusos de empresas.

• Osteótomo
◦ Características: possui a forma de reta e curva.
◦ Uso: o curvo é geralmente utilizado para descolar o periósteo, já o reto é geralmente
usado para fazer osteotomia, o corte no osso, com o martelo.

Figura 20 – Osteótomo

Fonte: http://twixar.me/09Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

• Martelo
◦ Características: instrumento pesado, não é articulado e não é perfurocortante.
◦ Uso: serve para auxiliar as osteotomias e fazer impactação de alguns materiais de
sínteses, como os fios de aço e a introdução de haste intramedular.

Figura 21 – Instrumento cirúrgico de membros inferiores: martelo

Fonte: http://twixar.me/D9Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

191
• Afastadores Hohmann
◦ Características: são afastadores de cabo niquelado e largo, que possuem um
orifício circular no final do seu cabo. Este orifício serve para auxiliar o cirurgião para
complementar com outro afastador Hohmann e, assim, ocasionar um melhor braço
de alavanca.

Figura 22 – Afastador Hohmann

Fonte: http://twixar.me/D9Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

• Afastador Weitlaner
◦ Características: afastador de classificação autoestático, mantido por força
mecânica por um conjunto de travas.
◦ Uso: serve para afastar tecidos intermediários a superficiais.

Figura 23 – Afastador Weitlaner

Fonte: http://twixar.me/n9Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

192
• Cureta
◦ Características: instrumento não articulado, possui a ponta do tipo “concha”, podendo
possuir a ponta com orifício, como demonstra a imagem a seguir.
◦ Uso: utilizada para curetagem (raspagem).

Figura 243 – Cureta

Fonte: http://twixar.me/F9Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

• Gancho de malar em T
◦ Características: instrumento pontiagudo, podendo ser apresentado com o cabo em
formato de T ou maciço, além de possuir diferentes tamanhos.
◦ Uso: tração e/ou manipulação de tecidos impactados.

• Afastadores de Israel
◦ Características: apresenta em sua ponta cinco dentes ligados a um cabo vazado,
para melhor empunhadura com os dedos. Ele possui a classificação de manual
traumático.
◦ Uso: ele é utilizado em tecidos superficiais a intermediários, sendo bastante
utilizado em regiões de musculatura.

Figura 25 – Afastadores de Israel

Fonte: http://twixar.me/49Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

193
• Pinça de redução Lambotte
◦ Características: possui a “boca” móvel, com regulagem conforme o diâmetro do
ósseo. Possui cabo cremalheira e mola.
◦ Uso: para redução de fraturas ósseas. Possui a finalidade de aproximar. Geralmente,
ela é utilizada em pares, nas extremidades da fatura.

• Pinça óssea Lowan


◦ Características: possui um sistema de rosca na parte inferior para realizar o
fechamento da ponta, que apresenta uma curvatura para se adaptar ao osso.
◦ Uso: é utilizada para estabilizar as fraturas, reduzindo-as e deixando-as estáveis
para a colocação de material no osso. Ela possui vários tamanhos de apresentação.

Figura 26 – Pinça óssea Lowan

Fonte: http://twixar.me/l9Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

• Afastador Bennet
◦ Características: empunhadura anatômica com elevação para acomodar a mão,
possui uma largura maior que o afastador de Hohmann e sua ponta é arredondada
para evitar ocasionar o trauma.
◦ Uso: serve para afastar tecidos profundos. Sua curvatura na ponta serve para
apoiar no osso e afastar a musculatura.

• Afastador de Blount com uma e duas pontas


◦ Características: suas pontas podem ser chamadas de dentes. Servem para apoiar
no osso e facilitam o afastamento por conta de sua anatomia curvada.
◦ Uso: afastar tecidos profundos.

• Afastador Norte Sul


◦ Características: a base deste tipo de afastador possui o formato de quadrado e
seus pinos são para encaixe das diferentes garras.
◦ Uso: utilizado nas cirurgias de prótese de quadril para proporcionar uma melhor
visão do campo cirúrgico.

194
• Cizalha Stille Linston
◦ Características: instrumento de dupla articulação, semicurva, sua ponta possui
semelhanças com a “tesoura”.
◦ Uso: utilizado para tecidos impactados (ossos). Ele auxilia na regularização de
ossos.

Figura 27 – Instrumentais utilizados na cirurgia ortopédica

Fonte: http://twixar.me/b9Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

2.3 INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS NA ORTOPEDIA – CIRURGIA


DE MÃO
A cirurgia de mão é, essencialmente, delicada e leve. O manuseio de estruturas
nobres, como o feixe neuro vasculares, polias e cápsulas, exige do profissional o uso de
instrumental delicado. A característica principal desse material cirúrgico é ter ponta
pequena e delicada e o suporte de um tamanho que assegure boa apreensão.

O material cirúrgico para este tipo de cirurgia estar dividido em básico, especial e
microcirúrgico é apenas didática, mas de grande auxílio à equipe de instrumentadores,
que, assim, saberão abrir somente o conjunto necessário àquele procedimento. Na
verdade, esses instrumentos são usados simultaneamente no mesmo ato cirúrgico,
conforme as necessidades técnicas.

195
Figura 28 – Material cirúrgico especial

Fonte: http://twixar.me/g9Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

Figura 29 – Material cirúrgico especial

Fonte: http://twixar.me/w9Mm. Acesso em: 29 ago. 2022.

Além dos instrumentos “básico”, “especial” e “microcirúrgico”, o cirurgião de mão


conta com instrumentos clássicos da cirurgia ortopédica e da cirurgia plástica, como:
osteótomo, martelo, “saca-bocado”, material de osteossíntese, perfurador elétrico, faca
de enxerto de Humby, dermátomo elétrico de Brown e muitos outros. Instrumentos
ópticos de magnificação são recursos importantes para a execução de procedimentos
microcirúrgicos, cirurgia de nervos periféricos, transferência livre dos tecidos e outros. A
mesa cirúrgica deve ser confortável, devendo possuir suportes fixos no chão, impedindo
que se movimente com o apoio exercido sobre ela. Este suporte tem um dispositivo
regulador da altura.

196
A Figura 31 a seguir, mostra a caixa 3,5, que também é chamada de caixa de
pequenos fragmentos. Estes instrumentos são mais delicados que os demais, mas
possuem a mesma precisão. Os instrumentos demonstrados na imagem são: broca 3.2x150,
broca 4.5x150, escareador 8, macho 4.5 mm, macho 6,5 mm, pinça porta parafusos, guia
duplo 4,5 mm, guia de broca 3.2/6.5, guia de broca 3.2/4.5, modelo pequeno, médio e
longo, medidor de profundidade, extrator de parafuso espanado 3.5mm, conical extrator
de parafuso quebrado, chave hexagonal 3.5 mm, pinça de redução com trava 210 mm,
pinça espanhola 210mm, pinça auto centrante 260 mm, elevador de periósteo curvo
8mm, elevador de periósteo reto, afastador Hohmann 6 mm, modelador de placas grande e o
contêiner com rack de parafusos.

Figura 30 – Instrumentos ópticos de magnificação

Fonte: http://twixar.me/99Mm. Acesso em: 11 out. 2022.

Figura 31 – Caixa de instrumentos para pequenas cirurgias

Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/surgical-instruments-and-tools-P4GVHFE. Acesso em: 31 ago. 2022.

197
2.4 FIOS DE SUTURA E CURATIVOS
É responsabilidade do instrumentador cirúrgico conhecer e identificar materiais
necessários à cirurgia, assim como preparar a mesa com os instrumentais a serem
utilizados, como fios cirúrgicos, pinças, afastadores e demais materiais que poderão
ser utilizados. Também lhe cabe auxiliar na montagem das mesas com os campos
operatórios, além de fornecer os instrumentais e materiais necessários à equipe cirúrgica,
e manter a limpeza e a proteção dos instrumentais e materiais contra a contaminação/
infecção (MAIA, 2013).

Após a realização da cirurgia, procede-se para o fechamento da ferida operatória, o


qual pode ser temporário ou permanente (primário ou secundário). Essa fase corresponde
à síntese, ou seja, à recomposição dos tecidos pelo emprego de suturas ou grampeadores
realizada com a aproximação de duas estruturas anatômicas ou posição das bordas da
incisão.

A palavra “sutura” engloba todo material utilizado para unir ou laquear tecidos,
auxiliando no processo de cicatrização por primeira intenção, sendo uma técnica
utilizada há, pelo menos, 4000 anos. Seus materiais vêm evoluindo de maneira bastante
significativa (MEDEIROS; ARAÚJO-FILHO; OLIVEIRA, 2017).

A boa técnica para uma cicatrização perfeita deve promover coaptação


correta das bordas da ferida, as quais devem ser regulares, costuradas com fio
cirúrgico adequado e com cuidados na hemostasia e antissepsia. Feridas limpas e não
contaminadas têm preferência para o fechamento local, permanente e primário. Em
um paciente com necessidade de reexplorarão ou risco de síndrome compartimental, é
preferível o fechamento temporário. Feridas muito contaminadas ou com extremidades
podem ser deixadas abertas e recobertas para cicatrização por segunda intenção. O
fechamento permanente pode ser conseguido por meio de:

• pontos separados (simples, em U, Donati, em X, entre outros): mais seguros, porém


demorados;
• pontos contínuos (chuleio, barra grega): mais hemostasiantes, podem ser simples ou
ancorados.

A sutura pode ser feita em planos separados ou plano único, com aproximação
das bordas, em posição plana com inversão (vascular) ou eversão das bordas (tubo
digestivo); ou pode ser manual (fios de sutura), mecânica (grampeadores) ou adesiva
(com fitas adesivas e colas cirúrgicas).

Para as suturas manuais, a escolha do fio depende do local a ser suturado, das
condições do paciente, do custo, da maleabilidade e de mínima reação tecidual, da
resistência, da tensão, da confiabilidade do nó, da facilidade de manuseio, da toxicidade. Os
fios podem ser absorvíveis ou não absorvíveis, monofilamentares ou multifilamentares.

198
Os materiais orgânicos são destruídos por proteólise (quebra de proteínas), ao
contrário dos sintéticos, que sofrem hidrólise e que, por esse motivo, estão relacionados
a menores reações inflamatórias. Atualmente, houve uma substituição da maioria dos
materiais de origem natural pelos materiais de origem sintética, embora a seda, apesar de
ter origem natural, venha sendo, ainda, amplamente utilizada.

Os autores Medeiros, Araújo-Filho e Oliveira (2017) definem as qualidades do fio


de sutura ideal, porém, mesmo com o avanço atual da tecnologia, permanece verdadeira
a ideia de que nenhum fio de sutura tem todas as características que o classifiquem
como o fio ideal. Para o fio de sutura ser ideal, ele precisa de:

• resistência adequada;
• mínima reação tecidual;
• não se degradar em produtos tóxicos;
• não facilitar a infecção e permanecer estável na sua presença;
• calibre e resistência constantes;
• coeficiente de atrito adequado;
• capacidade de manter a resistência até quando necessária;
• velocidade de absorção não afetada pelos líquidos corporais;
• ser de fácil manuseio – nó fácil e firme;
• elasticidade adequada;
• não ser alterado com a esterilização;
• ter baixa capilaridade;
• não alergênico e não mutagênico;
• ser de baixo custo (MEDEIROS; ARAÚJO-FILHO; OLIVEIRA, 2017, p.
75).

Figura 32 – Independentemente do tipo de fio utilizado, o instrumentador colocará o fio


de sutura no porta agulhas para passar para o cirurgião

Fonte: http://twixar.me/J9Mm. Acesso em: 13 out. 2022.

199
As suturas, por sua vez, podem ser classificadas de acordo com diversos
parâmetros que indicam sua qualidade, material, estrutura, origem do material e tempo
de permanência no tecido lesado. Portanto, no que diz respeito à degradação que sofrem
no corpo, eles são divididos em duas categorias: absorvíveis e não absorvíveis, ambas
com fios feitos de fibras naturais ou materiais sintéticos (MEDEIROS; ARAÚJO-FILHO;
OLIVEIRA, 2017). Consulte o Esquema 1 a seguir para observar a classificação geral dos
fios de suturas.

A decisão de utilizar fios absorvíveis ou não absorvíveis depende de vários


fatores, além da consideração do tempo de cicatrização da ferida, da tensão do suporte
tecidual durante o processo de cicatrização e da questão da necessidade temporária
ou permanente de suturas para garantir suporte mecânico. Vamos dar uma olhada nas
opções disponíveis (MAIA, 2013).

Esquema 1 – Divisão dos fios do tipo absorvíveis e não absorvíveis

Fonte: adaptado de Freitas e Gonçalves (2018)

No Quadro 2, são apresentados os nomes comerciais dos fios de suturas e


observações sobre eles, a fim de melhorar a assimilação do conteúdo.

200
Quadro 2 – Fios de sutura por nomes comerciais

Fonte: adaptado de Freitas e Gonçalves (2018)

A cicatrização da ferida operatória, independentemente da etiologia da ferida,


seguirá o fluxo contínuo e imprevisível, sendo dividido em três fases: a inflamatória,
a proliferativa e a de maturação. Os cuidados das feridas podem ser traumáticos ou
não, o que dependerá de como elas serão tratadas. Existem vários tipos de fechamento
de feridas e todos eles possuem um impacto no processo de cicatrização. O curativo

201
cirúrgico tem por finalidade proteger a Ferida Operatória (FO), além de prevenir o
fechamento secundário e a infecção e promover o processo de cicatrização natural.
Sobre o fio de curativo, a escolha depender do tipo da cirurgia, do tamanho da lesão e se
a ferida possui drenos ou não (MAIA, 2013).

Os profissionais de saúde cuidam das feridas operatórias e precisam realizar


o curativo, é preciso realizar uma inspeção visual e, em vários casos, é preciso realizar
a manipulação direta, ou seja, ter o contato direto com o curativo com a finalidade de
verificar possíveis complicações e, assim, tomar os cuidados necessários.

O curativo cirúrgico tem um objetivo de controlar o exsudato, fornecendo uma


proteção à ferida, a fim de prevenir possíveis contaminações externas que podem levar à
ICS e, consequentemente, retardar o processo de cicatrização (BERRíOS et al., 2020).

Normalmente, o curativo padrão mais utilizado nas feridas operatórias são


realizados com gás estéreo e fita adesiva que serão removidas apenas para a inspeção.
A troca desses curativos é considerada uma oportunidade para a ocorrência de
contaminação onde há risco para o desenvolvimento de uma infecção do sítio cirúrgico e,
consequentemente, as chances para aumentar lesões como bolhas e eritemas causados
pelo adesivo (BERRÍOS et al., 2020).

Quando o indivíduo apresenta lesões, geralmente estará associada ao


aparecimento de bolhas. Essas bolhas muitas vezes aparecem em pacientes cirúrgicos
ortopédicos. É preciso saber qual o curativo ideal para o paciente, além de conhecer as
especificações de cada um, além disso, eles precisam ser avaliados de forma sistemática
(DIAS, 2021). A seguir, as especificações descritas sobre as condições ideais de um
curativo pós-operatório:

a) permitir a visualização da FO;


b) troca gasosa efetiva;
c) isolamento térmico;
d) absorção do exsudato, sem vazamento ou penetração;
e) agir como uma barreira contra a água e os líquidos;
f) remoção fácil e não traumática;
g) aderência de forma adequada à FO nos diferentes tipos de
fechamento da pele;
h) promover uma barreira contra a contaminação por bactérias;
i) alívio e conforto da dor;
j) contribuição na formação do tecido cicatricial (DIAS, 2021, p. 35-
36).

O Quadro 3 demonstra os curativos básicos e avançados para a ferida operatória,


trazendo de forma sucinta os tipos e sua descrição.

202
Quadro 3 – Curativos básicos

Quadro 3 – Curativos básicos


203
Para a prevenção de ISC, é recomendado o uso do curativo na ferida operatória
pelo guideline, no entanto, a literatura ainda traz discussões de qual curativo deve
ser utilizado para a cobertura da ferida ou quanto tempo utilizar esse curativo para os
pacientes de forma geral, é importante frisar que os curativos têm um papel potencial na
redução do risco de ISC, assim como é preciso ter cuidados ao seu manuseio.

204
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• Que o instrumentador deve conhecer todo o instrumental cirúrgico, além de manuseá-lo


com extrema rapidez, e seu desempenho na equipe, entendendo os passos cirúrgicos,
ator de economia de tempo. O circulante de sala deve entender que o procedimento
cirúrgico ideal ocorre sem interrupções. Para tanto, a maior quantidade possível de
instrumentos deve estar sobre a mesa cirúrgica ou dentro da sala em vez de estar
localizada em salas de estoque a distância.

• A identificar as diferenças de caixas de instrumentos, o que será utilizado nos vários


tipos de cirurgias, além de conseguir assimilar os objetivos de cada instrumento.

• Que é imprescindível saber o tipo de cirurgia que será realizada, além de saber quais
os tipos de fios e curativos que serão utilizados, bem como alguns nomes comerciais,
o que ajudará bastante na sua prática.

205
AUTOATIVIDADE
1 É imprescindível que toda sala cirúrgica esteja equipada com os instrumentais
e materiais de acordo com a especialidade cirúrgica. Sabendo disso, é possível
identificar que existem alguns equipamentos básicos que todas as salas de cirurgias
precisam estar completas, independentemente da especialidade. Com base nos
materiais que toda sala cirúrgica deve possuir, independente da sua especialidade,
acerca desses instrumentos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Afastadores de Farabelf.
b) ( ) Equipamentos para ventilação e oxigenação.
c) ( ) Kit de pinça anatômicas.
d) ( ) Kit 3,5.

2 Além dos instrumentos “básico”, “especial” e “microcirúrgico”, o cirurgião de mão conta


com instrumentos clássicos da cirurgia ortopédica e da cirurgia plástica. A mesa
cirúrgica deve ser confortável, devendo possuir suportes fixos no chão, impedindo
que se movimente com o apoio exercido sobre ela. Esse suporte tem um dispositivo
regulador da altura. Com base nessas informações sobre os instrumentos que deve
conter na cirurgia de mão, analise as afirmativas a seguir.

I- Osteotomo, martelo e campo cirúrgico.


II- Material para osteossíntese.
III- Faca de enxerto de Humby e martelo.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Existem algumas qualidades para medir o fio de sutura como ideal, porém, mesmo
com o avanço atual da tecnologia, permanece verdadeira a ideia de que nenhum fio
de sutura tem todas as características que o classifiquem como o fio ideal. Sobre esse
tema, classifique V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) Resistência adequada.
( ) Calibre e resistência constantes.
( ) Máxima reação tecidual.
( ) Possuir toxidade.

206
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F – F.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) V – V – F – F.
d) ( ) F – F – V – F.

4 Existem algumas classificações para os fios de sutura, sendo a decisão acerca do


uso de fio absorvível, não absorvível, monofilamentar ou multifilamentar dependente
de uma série de fatores. Por isso, o profissional deverá estar preparado e conhecer
todos os tipos, além das marcas disponibilizadas pelo mercado. Disserte sobre estes
fatores, tratando do que precisamos considerar quando vamos escolhê-los.

5 São muitos tipos de materiais ortopédicos que são específicos para cada tipo de
cirurgia. Eles são compostos de ligas metálicas que não causam reação biológica com
o corpo humano, cada material ortopédico tem um propósito e função específica.
Sabendo disso, quando se deve utilizar o medidor cortical?

207
208
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —
OPME

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos o OPME, que possui como significado:
Órteses, Próteses e Materiais Especiais. Os três são insumos utilizados na assistência
à saúde, relacionados a uma intervenção médica, odontológica ou de reabilitação
diagnóstica ou terapêutica. A temática OPME é complexa e tem múltiplos atores e
interesses envolvidos que se inter-relacionam, sendo eles: pacientes, médicos e outros
profissionais da saúde, fabricantes e fornecedores de insumos e hospitais e cada qual
assume sua parcela de responsabilidade na cadeia de utilização.

Figura 33 – Principais conceitos da OPME

Fonte: a autora

A partir das imagens a seguir, você conseguirá identificar os OPMEs.

209
Figura 34 – Vários tipos de órteses que possuem o intuito de corrigir um membro

Fonte: https://prosense.com.br/orteses/. Acesso em: 13 out. 2022.

Figura 35 – Prótese de quadril: substituição da articulação

Fonte: http://twixar.me/L9Mm. Acesso em: 13 out. 2022.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, mas conhecida como Anvisa, relata


que há um importante segmento de biomateriais, sendo materiais de uso em saúde,
como as próteses, os enxertos, os cateteres, os tubos de circulação extracorpórea e os
arcabouços (scaffolds), que são empregados na Engenharia de Tecidos. Em contrapartida,
existe o material de síntese, que está relacionado a uma quantidade de significativa de
materiais utilizados na redução de fraturas e no reposicionamento ósseos, que podem
ser incluídas em diversas técnicas de osteossíntese (SOARES, 2005).

Conforme as subdivisões de osteossíntese interna ou externa, os materiais mais


comumente utilizados para esse fim são placas, parafusos, cerclagens, fios de Kirschner,
hastes intramedulares e os fixadores externos (SOARES, 2005). Portanto, percebe-se que
as OPMEs englobam uma diversidade de produtos, na sua maioria, de alta tecnologia e
com valor elevado que, somado à ampla gama de atores e interesses envolvidos, dificulta
seu controle e análise. Frequentes são os conflitos entre pacientes, profissionais de saúde,
fabricantes e fornecedores de insumos e hospitais, reforçando a necessidade de uma
regulamentação mais efetiva para a utilização de tais insumos (KALAF, 2013).

210
A partir de sua criação em 1999, a Anvisa é responsável pela avaliação e
monitoramento do uso desse tipo de produto no Brasil, o que inclui materiais como OPMEs.
Tal competência engloba o controle sanitário não só da produção e comercialização, mas
também dos ambientes, processos, insumos e tecnologias a eles relacionados (BRASIL,
1999). Isto é, OPMEs somente podem ser utilizadas a partir de seu registro perante
a Anvisa. Além disso, a empresa fornecedora deverá ser fabricante ou distribuidor
habilitado para comercialização no país, é obrigação da contratada fornecer o número
do registro do produto (CBMDF, 2018). OPME deve oferecer:

• segurança do paciente;
• eficiência operacional;
• redução de desperdício e variabilidade;
• relações comerciais e técnicas harmoniosas;
• oferta de uma boa relação custo-benefício para os produtos;
• eliminação do risco de glosas/atrasos no faturamento;
• alcance de confiança e resolubilidade.

Para que se consiga contemplar todos os objetivos da boa gestão de OPME, faz-
se necessária uma organização do estabelecimento de saúde com o controle dos itens
utilizados no estabelecimento, evitando, assim, a falta quando solicitados, bem como
mantendo um estoque mínimo dentro da instituição, uma vez que demandam um alto
fluxo de caixa.

As órteses e próteses podem ser realizadas por meio da impressão tridimensional,


mais conhecida como 3D, sendo denominadas de manufatura aditiva e tendo a
caracterização pela confecção de produtos físicos a partir de tecnologia computadorizada.
Existem vários modelos virtuais tridimensionais que são desenvolvidos por softwares e
ele tem o objetivo de dar uma maior liberdade na produção e no design, especialmente
com relação aos materiais utilizados e as formas variadas da sua aplicabilidade.

Essa tecnologia está sendo desenvolvida mais ou menos há 30 anos, sendo que,
apenas na última década, teve o maior crescimento. Além disso, essa tecnologia se tornou
bastante acessível, seja para população como para aqueles que estudam a tecnologia.
Com essa divulgação e esse acesso, o seu alcance no que diz respeito à diversidade e
ao baixo custo dos produtos que são realizados e produzidos por meio dessa tecnologia,
conseguiu valorizar uma exploração de diversos mercados, inclusive da saúde.

Em especial, na área da saúde, essa tecnologia vem abrindo novos caminhos


e, com eles, sua legitimação, sendo possível produzir protótipos especializados, com
determinado tamanho, dimensão e tecnologia. É possível realizar a impressão de órgãos
específicos de partes de um corpo e de diferentes dispositivos de tecnologia assistida.

A órtese, em especial, é denominada como um dispositivo ortopédico e possui


como aplicabilidade a utilização para modificar características, estruturais ou funcionais,
no sistema neuromuscular esquelético. As próteses ou os aparelhos protéticos são

211
conceituados, sendo dispositivos que, muitas vezes, são utilizados para substituir
parcialmente ou totalmente um membro ou parte do corpo humano, seja na ausência
daquele membro ou com deficiência. A autora Maia (2016, p. 3) reafirma que:

[...] os dispositivos ortóticos e protéticos podem ser confeccionados


e desenvolvidos a partir de diferentes materiais, selecionados e
direcionados a cada sujeito, considerando fatores como condição
financeira, nível de comprometimento da função e tipo de material
mais adequado ao objetivo do dispositivo. Alguns materiais são: a
madeira, o metal, a borracha, o couro e os polímeros de termoplástico,
que variam de acordo com suas propriedades e constituições. Nos
dias atuais, é possível produzir dispositivos sofisticados e ajustáveis
que permitem movimentos mais refinados e complexos a partir de
tecnologias inovadoras, como a impressão tridimensional.

As órteses e próteses são alguns recursos que visam promover a habilitação


e reabilitação de pacientes com comprometimento físico que tenham implicações
na funcionalidade. Dessa forma, a utilização desses recursos auxilia no processo de
tratamento dos pacientes, favorecimento da recuperação de suas funções orgânicas e
contribuição para o melhor prognóstico do comprometimento em questão (AMARAL et
al. 2020 apud MAIA 2016).

A confecção de órteses e próteses impressas em 3D vem se tornando ainda


mais forte, o que aumenta a visibilidade pelos profissionais da saúde e necessita cada vez
mais de estudos para aprofundar o conhecimento de sua utilização. A impressão 3D
permite a confecção desses produtos com altos níveis de customização, o que pode
garantir aos pacientes um retorno mais brando e confortável a sua rotina (GERSTLE et
al., 2014; BARONIO; HARRAN; SIGNORONI 2016).

DICA
Quer conhecer mais sobre os OPMEs? A Associação Brasileira de
Paraparesia Espástica e Hereditária correlatadas do Brasil, no ano de
2022, preparou um material, no qual vem trazendo vários modelos
de órteses e seus objetivos, basta você acessar o link a seguir para ter
acesso ao material: http://twixar.me/W9Mm.

212
2 RESPONSABILIDADE DOS MATERIAIS E INSTRUMENTAIS;
CAIXA DE PEQUENOS FRAGMENTOS.
O profissional de instrumentação cirúrgica tem como maior responsabilidade
os instrumentos cirúrgicos e tudo que envolve seus cuidados, que tem como principal
objetivo prezar pela qualidade e segurança nos procedimentos cirúrgicos, visando o
bem-estar do paciente, com respeito e ética em seu trabalho. O instrumentador também
tem como responsabilidade:

• conhecer os instrumentos pelo nome;


• saber reconhecer o pedido de um instrumento por meio de gestos feitos ou de
maneira verbal pelo cirurgião;
• entregar de maneira eficaz o instrumento nas mãos do cirurgião;
• estar atento a todo o sinal ou pedido verbal do cirurgião;
• ordem e método na arrumação do instrumental;
• sincronizar tempos e ações manuais com o cirurgião e o primeiro ajudante, segundo
técnicas e detalhes bem estudados.

O instrumentado precisa conhecer a caixa de pequenos fragmentos, ela é


constituída por uma série de implantes em aço inoxidável, permitindo a recuperação de
fraturas nos membros superiores e inferiores, possui como características os implantes,
que podem ser utilizados com parafuso cortical de Ø 3,5 mm ou esponjoso de Ø 4 mm.

A instrumentação cirúrgica  envolve materiais com diferenças muito sutis, no


entanto, decisivas para o sucesso do procedimento. Portanto, o trabalho do profissional
é de grande responsabilidade, sendo preciso possuir um conhecimento profundo
sobre os materiais utilizados nos procedimentos operatórios. A contagem de outros
instrumentos deve seguir os procedimentos estabelecidos por cada CC. Muitos hospitais
recomendam a contagem somente quando uma grande cavidade do corpo é acessada
ou a ferida é muito profunda, pois pode ocorrer do instrumental ser acidentalmente
deixado no paciente (MEEKER; ROTHROK, 2008).

O material deve ser contado inicialmente em pré-operatório, na Central de


Materiais, onde são montadas as caixas cirúrgicas antes do começo da cirurgia e
antes do fechamento da ferida cirúrgica. Entretanto, contagens adicionais podem ser
feitas, conforme a rotina cirúrgica (MEEKER; ROTHROK, 2008). Durante a contagem
de instrumentos, além da percepção do número de peças, é importante a observação
da qualidade delas. Materiais desarticulados e quebrados não devem fazer parte da
cirurgia, devem ser separados para posterior reparo (MEEKER; ROTHROK, 2008). Da
mesma forma que as compressas e as agulhas, os demais materiais nunca devem sair
da sala cirúrgica durante todo o procedimento cirúrgico por qualquer razão (MEEKER;
ROTHROK, 2008).

213
LEITURA
COMPLEMENTAR
BOAS PRÁTICAS PARA COMUNICAÇÃO EFETIVA: A EXPERIÊNCIA DO ROUND
INTERDISCIPLINAR EM CIRURGIA ORTOPÉDICA

Alexandra Nogueira Mello Lopes


Caroline Tortato
Célia Guzinski
Daiane dal Pai
Jamile Migliavaca
Janaina Flora

Introdução

A qualidade dos serviços de saúde é atrelada à segurança que as instituições


de saúde proporcionam aos seus pacientes. O desenvolvimento de uma cultura de
segurança tem sido um desafio vivenciado pelos profissionais de saúde nas últimas
décadas e este assunto tem instigado todas as categorias profissionais a buscarem
melhorias para as práticas assistenciais. Em busca constante por segurança e para
a minimização de danos aos pacientes, avanços têm sido percebidos por gestores e
trabalhadores da saúde, como revelado por estudo que também destacou o papel dos
hospitais universitários públicos brasileiros em impulsionar as discussões em torno
da temática segurança do paciente, o que demonstra preocupação dos gestores em
proporcionar assistência de qualidade aos pacientes.

Apesar dos avanços, um dos maiores desafios tem sido a falta de comunicação
durante o percurso de cuidado dos pacientes nas instituições de saúde, gerando lesões
indesejadas, eventos adversos e até a morte, o que exige soluções com mudanças
processuais e novas tecnologias. Assim, a comunicação efetiva torna-se uma das metas
internacionais de segurança do paciente e se refere às informações compartilhadas que
dizem respeito ao cuidado prestado ao paciente, envolvendo os mais diversos profissionais
do âmbito hospitalar. A falha na comunicação entre os profissionais da equipe de saúde
implica em dano ao paciente e se caracteriza por lapso no processo assistencial, falta de
integração entre os membros que assistem o paciente e incoerência nas condutas.

Nesse contexto, as falhas no trabalho em equipe e na comunicação entre os


profissionais da saúde são os principais fatores que acarretam erros médicos, eventos
adversos e redução da qualidade do cuidado prestado. Alguns pesquisadores afirmam
que a forma como ocorre a comunicação entre as equipes é fundamental para garantir
cuidado em saúde com segurança.

214
A comunicação efetiva entre os membros da equipe de saúde acontece
quando há contato visual, escuta ativa, confirmação da compreensão da mensagem,
liderança clara, envolvimento de todos os membros da equipe, discussões saudáveis de
informações pertinentes e a capacidade de antecipar com precisão problemas futuros.
Estudos demonstram que existe a necessidade de desenvolvimento de programas de
treinamento de habilidades de comunicação dos profissionais envolvidos no cuidado
em saúde, além disso, há relatos de que esses programas demonstraram melhora no
desempenho e na comunicação da equipe interdisciplinar, bem como garantiram mais
segurança nas práticas de cuidado.

Investimentos e avanços em tecnologias de informação têm ganhado destaque


na busca pela comunicação efetiva, contudo, não substituem a comunicação verbal
devido à riqueza nas interações. Dessa forma, a comunicação verbal continua
sendo importante ferramenta para compartilhar informações acerca dos pacientes,
transmitindo urgência e destacando nuances situacionais.

Nesta direção, os  rounds  interdisciplinares estruturados são recursos que


favorecem a comunicação entre membros da equipe, pois podem reduzir o tempo de
permanência do paciente no hospital e melhorar indicadores de qualidade. A fim de
garantir a segurança no cuidado prestado a pacientes com Fraturas da Extremidade
Proximal de Fêmur (FEPF), foi criado em 2017, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre
(HCPA), um  round  interdisciplinar estruturado para discussão dos cuidados, tratamento e
condutas de pacientes com fratura proximal de fêmur.

A FEPF é um evento grave, que acomete muitos idosos, com comorbidades


prévias e que pode causar um dano incapacitante, sendo que a mortalidade pode
chegar em 30% no primeiro ano. Sabe-se que o tempo de internação, o tipo de cirurgia,
o uso de antibiótico, a realização de fisioterapia pós-operatória, a mobilização e nutrição
adequadas e os cuidados com a ferida operatória podem alterar o prognóstico e a taxa
de mortalidade desses pacientes.

A complexidade das demandas dos pacientes com FEPF requer integração da


equipe que presta assistência, bem como a uniformidade das informações necessárias para
o cuidado seguro. Entende-se que o planejamento sistemático de ações interdisciplinares
pode ser considerado modelo de boas práticas no campo da saúde, especialmente
no que se refere à comunicação efetiva. O presente artigo tem como objetivo relatar
a experiência da sistematização do  round  interdisciplinar no cuidado a pacientes com
fratura da extremidade proximal de fêmur internados em unidade cirúrgica.

Método

Trata-se de um relato de experiência de prática sistematizada para discussão


de cuidados aos pacientes com fratura proximal de fêmur encaminhados ao HCPA por
meio da Secretaria Municipal de Saúde. O HCPA é uma instituição pública e universitária,
integrante da rede de hospitais universitários do Ministério da Educação (MEC) e
vinculada academicamente à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
215
O  round  interdisciplinar para pacientes com FEPF teve início em outubro de
2017, sendo o diagnóstico de FEPF o critério de inclusão dos pacientes no round, sendo
excluídos menores de 18 anos. No período de outubro de 2017 a junho de 2018, todos
os pacientes internados com o diagnóstico mencionado (n=34) compuseram a amostra
de pacientes que tiveram seus cuidados discutidos em round interdisciplinar, os quais
possuíam entre 45 e 95 anos, sendo 14 homens e 20 mulheres. Participaram dessas
discussões enfermeiros, médicos (anestesistas, ortopedistas, clínicos), assistente
social, nutricionistas, farmacêutico e fisioterapeutas.

Quando encaminhados ao HCPA, os pacientes com fratura proximal de


fêmur passam a ser atendidos por uma equipe multidisciplinar, a qual é notificada da
internação do paciente através de mensagens instantâneas no aplicativo gratuito
WhatsApp®, proporcionando uma interface comum com membros num único grupo,
desencadeando, assim, as avaliações iniciais de todos os profissionais envolvidos no
cuidado a esse paciente. Apesar de o WhatsApp® não ser um aplicativo institucional,
foi consenso entre os profissionais a sua escolha para disparar o contato instantâneo e
de fácil acesso. Destaca-se, contudo, o uso cauteloso no que tange à manutenção de
sigilo nas informações dos pacientes, as quais permaneceram compartilhadas somente
pelo prontuário eletrônico.

O presente estudo não empregou termo de consentimento livre e esclarecido


porque não se tratou de pesquisa com seres humanos, mas sim de um relato de
experiência a partir da percepção de alguns profissionais que estiveram envolvidos na
sistematização do round interdisciplinar.

Resultados e Discussão

O presente relato da experiência da sistematização do  round  interdisciplinar


no cuidado a pacientes com FEPF internados em unidade cirúrgica será apresentado
por meio da descrição de sistemática utilizada para a realização do  round  (mudança
implantada no processo de trabalho) e, na sequência, pelos impactos percebidos sobre
a assistência (resultados observados).

No modelo de assistência anterior ao round interdisciplinar ocorria uma discussão


técnica à beira leito do paciente, somente entre os preceptores e os residentes da cirurgia
ortopédica desse hospital. Considerando que as FEPF representam problemática com
elevado custo de tratamento, alta taxa de mortalidade e acometimento maior de idosos
com comorbidades, os pacientes tornavam-se com frequência casos potencialmente
graves. O modelo anterior, centrado no médico, impossibilitava respostas conclusivas
ou satisfatórias a muitos problemas que surgiam no transcorrer da internação,
principalmente associados aos componentes sociais, culturais e/ou subjetivos que
acompanham em maior ou menor grau o processo de adoecimento.

216
Considerando a constatação de situações evitáveis quanto à evolução dos
quadros, percebeu-se a necessidade de estruturar um round interdisciplinar com discussão
semanal de característica ampliada em aspectos assistenciais, com otimização do tempo e
foco no paciente. Para tanto, a equipe multiprofissional construiu uma sequência de seis
etapas a serem seguidas nos encontros da equipe: (1) breve apresentação dos membros
da equipe; (2) revisão do caso clínico e resultados de exames: equipe médica (cirurgião
ortopédico, médico clínico e anestesiologista) realiza um relato do caso, conferem-se
laudos de exames, data prevista da cirurgia e da alta; (3) atualização da condição clínica
recente: enfermeiro apresenta os sinais vitais das últimas horas e alterações (se houver),
riscos de queda e lesão por pressão, entre outros cuidados de enfermagem prestados
a estes pacientes; (4) revisão de itens de segurança: enfermeiro aborda o tempo de
permanência ou necessidade de uso de sonda vesical de demora, uso de cateter
venoso central; farmacêutico clínico aborda a terapia medicamentosa, a reconciliação
medicamentosa, adequação da prescrição aos protocolos institucionais, como o de
profilaxia de tromboembolismo venoso, prevenção de infecções em pacientes cirúrgicos,
anticoagulação oral e dor em adultos; (5) plano de tratamento: equipe multiprofissional
informa evolução do paciente e seus planos de tratamento; fisioterapeuta descreve sobre
a mobilidade e deambulação; assistente social relata situação familiar e organização
para alta; nutricionista apresenta dados sobre aceitação alimentar e dieta ofertada;
(6) definições: médico sumariza o plano de cuidados, confirmando as ações definidas
conjuntamente pela equipe.

Conforme previsto na distribuição do tempo, foi estimado que o  round  tivesse


duração de quatro minutos por paciente. Entretanto, na experiência transcorrida, a
média de tempo foi de dez minutos, o que pode ser relacionado ao grande número de
comorbidades e informações relevantes a serem discutidas. Durante todos os rounds, os
participantes puderam emitir suas opiniões, construindo, assim, um plano de assistência
compartilhado e definindo as melhores condutas para a necessidade singular de cada
caso.

Estudo australiano sinaliza que, embora os rounds tenham sido originalmente


concebidos como um meio de educar estudantes de medicina, hoje, sua utilização almeja
apoiar a prática clínica. O estudo destaca que nos rounds, o processo de comunicação
entre a equipe multiprofissional tem como sujeito central o paciente e as prioridades são
definidas em conjunto. A comunicação efetiva como boa prática no cuidado em saúde:
resultados observados.

A experiência com  rounds  interdisciplinares proporcionou o compartilhamento


de informações e vivências do dia a dia, possibilitando um processo participativo.
Nesse contexto, a comunicação efetiva visa solucionar, em equipe, problemas de vários
aspectos que possam surgir durante a internação.

217
O perfil dos pacientes com fratura de fêmur, associado à imobilidade causada
pelo trauma, predispõe ao desenvolvimento de lesões por pressão. A partir disso,
diversas medidas de prevenção para lesão por pressão nesses pacientes foram
discutidas durante o round. Como exemplo, tem-se o uso de colchão de fluxo de ar, que
era contraindicado na instituição para pacientes com FEPF e passou a ser uma conduta
instituída após revisão da literatura científica instigada pelo round, constatando-se que
não havia evidências de contraindicação ao uso dele.

Assim, a comunicação efetiva desencadeou a necessidade de incorporação de


práticas baseadas em evidências. A utilização de evidências foi destacada em estudo
anterior como estratégia que, associada ao levantamento das barreiras e oportunidades,
promove a segurança do paciente. Corrobora-se o mesmo no que tange à afirmativa de
que o conhecimento tácito, a experiência, os valores e as habilidades em desenvolver
ações que priorizem a segurança do paciente constituem um tipo diferente de evidência,
com forte influência sobre a tomada de decisão para o planejamento do gerenciamento
do cuidado.

A rotina de troca de curativos também foi debatida durante o round interdisciplinar


e, após a comunicação entre os profissionais e alinhamento da rotina, foi acordada
a necessidade da troca em caso de drenagem, considerando o risco de infecção,
o que, previamente, não ocorria, pois a troca era liberada somente após 48 horas
de pós-operatório. Toda equipe de enfermagem foi comunicada por e-mail e nas
passagens de plantão acerca da nova rotina estabelecida após a sistematização
do round interdisciplinar, o que até então era mantido sob restrição da conduta médica.

A baixa ingestão alimentar foi identificada em pacientes idosos, sabendo


da importância do aporte calórico adequado na recuperação do paciente com FEPF
submetido à intervenção cirúrgica, foi considerada a necessidade de uso de sonda
nasoenteral em alguns casos. Após discussão da equipe em  round, e revisão da
literatura, optou-se por não instituir a instalação da sonda nasoentérica precocemente,
por não ter sido encontrada evidência que justificasse a intervenção precoce, optando
pelo manejo conservador e sendo avaliada diariamente a ingestão alimentar e os ajustes
na dieta, permitindo uma alta sem uso de sonda.

Outra mudança de conduta promovida pela comunicação efetiva por meio


do  round  interdisciplinar se refere ao tempo de permanência da sonda vesical de
demora. No ato cirúrgico, o paciente com FEPF necessita de sonda vesical de demora e,
tradicionalmente, após alta da sala de recuperação, era definido o momento da retirada
desta sonda. Buscando diminuir o tempo de permanência e, consequentemente, o risco
de infecção, definiu-se no round a retirada precoce da sonda vesical de demora, ainda na
alta da sala de recuperação, após avaliação médica.

218
O planejamento da alta hospitalar dos pacientes com FEPF também recebeu
incrementos a partir da sistematização de  round  interdisciplinar, sendo instigado que
cada membro da equipe multiprofissional avaliasse individual e antecipadamente
as demandas clínicas e necessidades sociais relacionadas à alta hospitalar, pois se
tratava de pacientes com necessidades de equipamentos para uso domiciliar, como
cama hospitalar, colchão piramidal, muletas, andador, papagaio, comadre, entre outros.
A articulação do planejamento da alta às linhas de cuidado existentes na instituição
ganhou destaque por meio do  round  e, como consequência, os pacientes com FEPF
receberam suporte precoce quanto ao uso de anticoagulantes e quimioterápicos orais,
à administração de insulinas, bem como ao uso de inalatórios orais, sondas e ostomias.

Diante do exposto, estudos apontam que a redução dos riscos e danos


e a incorporação de boas práticas favorecem a efetividade dos cuidados e o seu
gerenciamento de modo seguro. Essa melhoria depende da necessária mudança
de cultura dos profissionais para a segurança e, na experiência compartilhada neste
artigo, ainda se destaca que a utilização do WhatsApp® para reunião virtual de todos os
participantes do round com troca de mensagens instantâneas promoveu maior agilidade
na comunicação, principalmente no que tange à solução de dúvidas do cotidiano, além de
servir como diálogo rápido para intercorrências.

Considerações Finais

A comunicação efetiva no trabalho da equipe de saúde é um desafio. A


implementação do  round  interdisciplinar estruturado demonstrou contribuir na
comunicação entre os membros da equipe, paciente e família, aprimorando a qualidade
da assistência, reduzindo riscos e falhas, garantindo um cuidado mais seguro ao paciente.
Esses aspectos representam contribuições com alto potencial de impacto sobre a
gestão, bem como a utilização do round enquanto modalidade de comunicação desperta
uma necessidade peculiar para o ensino de profissionais da saúde, bem como pode ser
compreendida como campo a ser investigado no que tange aos efeitos sobre a assistência.

Ao mudar o modelo de  round  centrado no saber médico para o modelo


interdisciplinar, conquistou-se maior interação entre os saberes profissionais, bem
como promoveu-se maior participação dos membros envolvidos de acordo com seu
nível de competência específico e complementar.

Além disso, foi observada diminuição do tempo de internação a partir da


organização antecipada e compartilhada da alta hospitalar. Melhorias em processos
específicos como prevenção de lesão por pressão, revendo protocolo de não utilizar
colchão de fluxo de ar em pacientes submetidos à cirurgia ortopédica, realização de
curativo conforme avaliação.

Fonte: adaptado de GUZINSKI, C. et al. Boas práticas para comunicação efetiva: a experiência do round
interdisciplinar em cirurgia ortopédica. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, n. 40, p. 1-5, 2019.

219
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• Que os OPMEs têm papel fundamental na qualidade de vida dos pacientes, sendo
materiais classificados como órteses, próteses e/ou materiais médicos hospitalares
especiais inerentes à cirurgia. Órteses são peças ou dispositivos utilizados para
corrigir e complementar os membros ou órgãos do corpo, próteses são peças ou
dispositivos, como agulhas de metal, usadas para substituir artificialmente partes do
corpo que foram danificadas por doença ou acidente.

• Que o instrumentador possui várias responsabilidades, principalmente voltadas aos


instrumentais e materiais cirúrgicos.

• Que as caixas de pequenos fragmentos possuem instrumentos pequenos, mas muito


precisos.

• Que a ortopedia envolve materiais com diferenças muito sutis, no entanto, decisivas
para o sucesso do procedimento, sendo preciso possuir um conhecimento profundo
sobre os materiais utilizados nos procedimentos operatórios e saber qual cirurgia
será realizada.

220
AUTOATIVIDADE
1 Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um considerável
segmento dos materiais de uso em saúde seria enquadrado como biomaterial,
estando empregados na Engenharia de Tecidos (SOARES, 2005). Sobre o significado
da sigla OPMES, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Materiais e instrumentais cirúrgicos.


b) ( ) Órteses, próteses e materiais especiais.
c) ( ) Órteses e instrumentais.
d) ( ) Próteses e matérias especiais.

2 Os OPMEs somente podem ser utilizados a partir de seu registro perante a Anvisa.
Além disso, a empresa fornecedora deverá ser fabricante ou distribuidor habilitado
para comercialização no país, sendo obrigação da contratada fornecer o número do
registro do produto. Com base nas definições da Anvisa e sobre o que os OPMES
deverão oferecer, analise as afirmativas a seguir.

I- Segurança do paciente, eficiência operacional e bom custo-benefício.


II- Possuir desperdício e variabilidade e relações comerciais e técnicas desastrosas.
III- Eliminação do risco de glosas/atrasos no faturamento, confiança e resolubilidade

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Classifique V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) A entidade tem como objetivo a inserção da Engenharia de Produção na comunidade


científica e produtiva no sentido de promover o desenvolvimento social. 
( ) A ABEPRO Jovem é responsável pela congregação de todos os profissionais inativos de
Engenharia de Produção e busca articular com empresas e instituições de ensino.
( ) A ABEPRO tem como missão assegurar à sociedade a busca permanente de uma
prática correta e responsável dos profissionais de Engenharia de Produção.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

221
4 O instrumentador possui várias responsabilidades no centro cirúrgico e elas são
fundamentais para uma execução adequada da sua profissão. Disserte sobre a
responsabilidade do instrumentador frente aos instrumentais.

5 A contagem dos instrumentos deve seguir os procedimentos estabelecidos por cada


CC, vários hospitais recomendam a contagem somente quando existe uma grande
cavidade do corpo ou a ferida é muito profunda, pois pode ocorrer do instrumental ser
acidentalmente deixado no paciente. Sobre a contagem dos instrumentais, discorra
sobre sua importância.

222
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