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Instrumentação
Cirúrgica em
Ortopedia
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof. Adriano Fontoura Garcia
Profª. Brunna Hellen Saraiva Costa
Profª. Camila Mendonça de Moraes
227p.
ISBN 978-65-5466-190-4
ISBN Digital 978-65-5466-187-4
“Graduação - EaD”.
1. Instrumentos 2. Cirúrgico 3. Ortopedia
CDD 617.9
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! O curso de Instrumentação cirúrgica busca fornecer o
embasamento teórico para seu estudo em instrumentação cirúrgica e, com ele, formar
um instrumentador cirúrgico consciente e responsável por todas as suas atribuições,
em especial com relação ao preparo do ambiente operatório, ao manuseio, ao cuidado
e ao controle de instrumentais cirúrgicos, assim como a compreensão dos tempos da
cirurgia, o cuidado com a segurança do paciente, as noções de técnicas assépticas, a
esterilização, o controle e os testes obrigatórios de esterilização.
Boa leitura!
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS.........................................................................................................71
UNIDADE 2 — INTRODUÇÃO À ORTOPEDIA.......................................................... 75
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 147
UNIDADE 3 — CIRURGIAS ORTOPÉDICAS.......................................................... 149
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 223
UNIDADE 1 —
NOÇÕES DO CENTRO
CIRÚRGICO E SUAS
ESPECIFICIDADES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —
ESTRUTURA FÍSICA DO
CENTRO CIRÚRGICO
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos as especificidades pertinentes à estrutura física do
centro cirúrgico, as subáreas necessárias para o desenvolvimento das atividades, bem
como os aspectos da construção e normatização. Para melhor compreensão do centro
cirúrgico, é imprescindível entender sua inserção dentro do bloco operatório e sua
interação com as outras unidades hospitalares.
3
2 CENTRO CIRÚRGICO NO CONTEXTO HOSPITALAR
De acordo com a Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – que normatiza o planejamento, a organização, a
elaboração e a avaliação dos projetos físicos para Estabelecimentos de Assistência à
Saúde (EAS) –, complementada pela Resolução RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002,
podemos verificar as recomendações mínimas para a estruturação do ambiente de centro
cirúrgico.
4
Figura 2 – Representação esquemática das áreas de específicas do centro cirúrgico
Fonte: a autora
5
Figura 3 – Uniforme privativo
Fonte: a autora
ATENÇÃO
Ao colocar os propés sobre o calçado convencional, é preciso lavar
as mãos imediatamente, pois o profissional poderá ter entrado em
contato com a sola dos sapatos e estar carregando microrganismos
que serão transportados para o seu paciente.
Para adentrar nas dependências do centro cirúrgico, devem ser retirados todos
os adornos (brincos, anéis etc.), de acordo com a NR-32/2005, bem como lavar as mãos
e colocar máscaras. Só é permitido levar para dentro do ambiente cirúrgico materiais
imprescindíveis ao trabalho, enquanto os outros pertences devem permanecer guardados
em armário pessoal com chave.
6
NOTA
Em algumas regiões do Brasil, os profissionais de saúde,
atualmente, têm utilizado um tipo de roupa com o modelo
similar ao do uniforme privativo, denominado “scrub”. Contudo, o
uniforme privativo tem a característica principal de ser uma roupa
reprocessada na lavanderia hospitalar e que não tem contato com
o meio externo ao hospital. Portanto, dentro do centro cirúrgico,
não é permitido adentrar com sua roupa particular.
Fonte: a autora
7
• Salas de cirurgia ou SO: salas onde ocorrem os procedimentos cirúrgicos. São
compostas por mesa operatória, foco cirúrgico, carrinho de anestesia, mesas auxiliares,
lixo, hamper e equipamentos necessários ao procedimento. A dimensão da SO deve
ser de acordo com o tipo de procedimento cirúrgico a ser realizado e a tecnologia
utilizada para a realização da cirurgia. Novas tecnologias a serem integradas na SO
necessitam da verificação das recomendações do fabricante para o seu correto
dimensionamento. Por exemplo, o fabricante do robô cirúrgico recomenda, para seu
uso, uma SO com dimensão mínima de 48 m², além de que algumas especialidades
necessitam de antessalas etc.
8
Figura 6 – Equipamento de RX móvel em cirurgia
NOTA
Em algumas situações, o paciente vai diretamente da sala operatória
para a UTI, como pacientes que se submeteram a procedimentos
cirúrgicos complexos, como transplantes e cirurgia cardíaca.
9
Para definir a configuração de um centro cirúrgico, é importante considerar
alguns aspectos, como características estruturais do prédio, área física destinada,
especialidades a serem atendidas, demandas internas e externas, previsão do número de
procedimentos a serem realizados, conforto, segurança, fluxo de pacientes, profissionais,
materiais e equipamentos e áreas de apoio. A partir desse levantamento, é possível
definir a configuração que melhor atende às necessidades institucionais. Assim, a
configuração do centro cirúrgico pode ser com único corredor, com corredor duplo ou
com corredor periférico (BOTELHO; ZIONI, 2008).
IMPORTANTE
Com relação ao grau de contaminação, o centro cirúrgico é uma unidade complexa,
dividida em áreas específicas pelo grau de criticidade, de acordo com o risco de
transmissão de infecções, em virtude dos procedimentos ali realizados. Dessa forma,
essas áreas são classificadas em:
• áreas não críticas: aquelas cuja circulação de pessoas é livre, não exigindo cuidados
especiais, nem uso de uniforme privativo. Exemplos: elevadores, corredores externos
que levam ao centro cirúrgico, vestiários, local de transferência de macas etc.;
• áreas semicríticas: permitem a circulação de pessoal e equipamentos, de modo
a não interferir no controle e na manutenção da assepsia cirúrgica. Nesses locais,
é necessário o uso de uniforme privativo e calçados adequados. Exemplos: área
administrativa, sala de guarda de equipamentos, farmácia-satélite, copa, sala de
conforto etc.;
10
• áreas críticas: são as que possuem limites definidos para circulação
de pessoal e equipamentos, onde se deve estabelecer rotinas
próprias para controlar e manter a assepsia local. Nessas áreas, é
obrigatório, além do uniforme privativo, o uso de máscara, cobrindo a
boca e o nariz. Exemplos: corredor interno, lavabos, salas cirúrgicas etc.
Vale lembrar que a maioria das áreas do centro cirúrgico são restritas, críticas e
merecem atenção especial para a construção, bem como deve ter resistência adequada
para a manutenção e limpeza, pensando, especificamente, na prevenção de infecções e na
segurança de todos os profissionais de saúde e pacientes.
Não são permitidos ralos nas SOs e, nas áreas molhadas, os ralos devem ter
fechos hídricos (sifões) e tampa com fechamento (ANVISA, 2002a).
11
Dependendo da localização do centro cirúrgico, recomenda-se a blindagem de
paredes, pisos e teto para as salas cirúrgicas que utilizam raio X. A blindagem deve ser
contínua e sem falhas. As janelas devem permitir a luminosidade natural, mas devem ser
fechadas, sem arestas e parapeitos que possam acumular sujidade.
O centro cirúrgico ainda deve possuir sistema de ventilação que promova conforto
térmico à equipe e ao paciente, diminuindo a contaminação ambiental. Também deve
possuir plano para situações de urgência (por exemplo, falta de energia elétrica e incêndio),
com rotas pré-estabelecidas, aprovadas e sinalizadas em todas as áreas (ANVISA, 2002a).
12
Por fim, deve haver um Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) do
aparelho de ar-condicionado, a ser realizado por técnico especializado. As instituições
devem manter um responsável técnico habilitado responsável por implantar e manter
disponível um PMOC adotado para o sistema de climatização, contendo identificação do
estabelecimento que possui ambientes climatizados, descrição das atividades a serem
desenvolvidas e suas respectivas periodicidades e recomendações a serem adotadas
em situações de falha do equipamento e/ou emergência, para a garantia de segurança
do sistema de climatização, conforme especificações contidas no Anexo I da Portaria nº
3.523/1998, da Anvisa e no regulamento técnico e na NBR 13971/1997, da ABNT.
13
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• As características das áreas internas do centro cirúrgico, bem como se obteve uma
compreensão do grau de criticidade das áreas com relação à contaminação e ao
comportamento dos profissionais.
14
AUTOATIVIDADE
1 A RDC nº 50, de 2002, estabelece parâmetros para a construção de estabelecimentos
assistenciais de saúde. No caso da construção das subáreas que compõem o centro
cirúrgico, é muito importante o conhecimento das determinações sobre a Sala
Operatória (SO). Dessa forma, analise as sentenças a seguir e classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
15
4 Disserte sobre o que é necessário considerar ao planejar a construção de um centro
cirúrgico.
16
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —
FUNÇÃO DO INSTRUMENTADOR
1 INTRODUÇÃO
O processo de trabalho dos profissionais que atuam no centro cirúrgico visa
à assistência global dos pacientes que se submetem a procedimentos anestésico-
cirúrgicos. Nesse sentido, a atuação da equipe de enfermagem do centro cirúrgico,
incluindo o instrumentador cirúrgico, é salutar, pois envolve a preparação dos materiais e
equipamentos necessários ao procedimento (considerando e incluindo as especificidades
de cada paciente, de cada procedimento e da equipe), a recepção do paciente no centro
cirúrgico, o período intraoperatório e o encaminhamento para a sala de RPA, garantindo
uma assistência individualizada e segura, com cuidados específicos pertinentes à
necessidade de cada paciente (COSTA; COUTINHO; CARVALHO, 2010).
• enfermeiros;
• técnicos de enfermagem;
• instrumentadores cirúrgicos;
• enfermeiros perfusionistas;
• dentre outros profissionais específicos de determinados procedimentos.
17
Todos interagem no mesmo ambiente, com uma divisão técnica de trabalho na
qual cada um exerce determinada tarefa (SOBECC, 2021).
Figura 8 – Separação de compressas cirúrgicas e gazes para contagem, a fim de evitar a retenção de itens
DICA
Para conhecer melhor sobre a contagem de materiais na cirurgia
e entender sua importância, recomendamos a leitura do artigo:
http://twixar.me/6lMm.
18
Dentro da equipe de enfermagem, o profissional que realiza a instrumentação,
chamado de instrumentador cirúrgico, é aquele que está dentro do campo operatório,
mais próximo e interagindo diretamente com a equipe de médicos cirurgiões.
19
2 LEGISLAÇÃO E NORMAS DA FUNÇÃO DO
INSTRUMENTADOR
O Projeto de Lei nº 642/2007, que dispõe sobre a regulamentação da profissão
do instrumentador cirúrgico, foi aprovado na Câmara dos Deputados em abril de 2010,
passando a ser denominado “Projeto de Lei da Câmara nº 75/2014”. Posteriormente,
foi aprovado, em 17 de maio de 2016, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE),
seguindo a tramitação pertinente.
20
3 ATRIBUIÇÕES DO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO
De acordo com a SOBECC (2021), as atribuições do instrumentador cirúrgico são:
4 TRABALHO DO INSTRUMENTADOR
Diante do exposto, concordamos sobre a importância que o instrumentador tem
no contexto cirúrgico e enquanto profissional componente da equipe cirúrgica, certo?
21
4.1 ADENTRANDO NO CENTRO CIRÚRGICO
Conforme apresentamos anteriormente, o centro cirúrgico é uma área
crítica e, diante disso, faz-se necessário, para qualquer profissional que adentre suas
dependências, fazê-lo por meio do vestiário de barreira, local onde retirará toda a sua
roupa, vestirá o uniforme privativo da instituição, colocará touca para prender todo o
cabelo, substituirá o sapato por sapato privativo ao centro cirúrgico ou colocará um propé
fornecido pelo centro cirúrgico sobre seu próprio sapato. Além disso, é extremamente
importante lavar as mãos após a colocação dos propés.
22
Muitas vezes, as cirurgias ortopédicas utilizam materiais consignados que
podem ser do tipo OPME. Nesse sentido, são insumos utilizados na assistência à saúde
e relacionados a uma intervenção médica, odontológica ou de reabilitação, diagnóstica
ou terapêutica (ANVISA, 2016). No caso de utilização de OPME nas cirurgias em que o
instrumentador atuará, ele deve conferir a disponibilidade em sala, verificar o resultado do
teste biológico que comprova sua esterilidade e retirar os testes químicos integradores
(classe 5) ou emuladores (classe 6) de dentro das caixas. A retirada desses testes se dará
após a escovação e paramentação, com o material estéril aberto.
DICA
Para entender melhor sobre OPME, recomendamos a leitura
do Manual de boas práticas de gestão das Órteses, Próteses e
Materiais Especiais (OPME), disponível em: http://twixar.me/rlMm
ATENÇÃO
Todos os invólucros devem ser abertos respeitando a técnica
asséptica, sem contato com o corpo do profissional ou com qualquer
área que não esteja estéril. Após a escovação e paramentação com
avental e luvas estéreis, o instrumentador paramentado poderá pegar
os materiais abertos para organizá-los na mesa operatória.
24
A equipe compartilha da decisão, execução, manutenção e responsabilidade do
posicionamento cirúrgico e suas consequências durante todo o procedimento.
25
Existem vários tipos de posicionamentos cirúrgicos e, no caso da cirurgia
ortopédica, os posicionamentos mais utilizados são: posição supina em mesa operatória
convencional e mesa ortopédica, posição prona (cirurgias de coluna) e algumas
variações, dependendo da área do corpo a ser operada. Vejamos a seguir.
Figura 12 – Posição supina, posição supina em mesa ortopédica e posição prona, respectivamente
26
Figura 13 – Posicionamento de calcâneos com alívio de pressão (calcâneos flutuantes)
NOTA
A utilização do ELPO App durante o posicionamento cirúrgico
pode auxiliar a equipe na tomada de decisão sobre os melhores
cuidados para cada paciente e subsidiar o desenvolvimento de
protocolos de cuidados institucionais.
27
• avaliar o risco de lesões de posicionamento pela escala baseada em evidências
científicas (é recomendada a utilização da ELPO);
• manipular cuidadosamente o paciente durante todo o posicionamento, garantindo a
segurança em todas as partes do corpo, a fim de evitar complicações;
• garantir o alinhamento corporal do paciente (cabeça, tronco/coluna vertebral,
membros superiores e inferiores), independentemente da posição escolhida para o
procedimento cirúrgico;
• evitar contato de partes do corpo do paciente com superfícies metálicas da mesa, de
modo a prevenir queimaduras pelo uso do bisturi elétrico;
• atentar-se à compressão e hiperextensão de plexos musculares e nervosos, de modo
a prevenir lesões e paralisias locais;
• cuidar para que os membros superiores não fiquem pendentes, apoiando-os ao longo
do corpo ou em superfícies de suportes, como braçadeiras adequadas;
• proteger proeminências ósseas, a fim de evitar Lesões por Pressão (LP), utilizando
posicionadores e superfícies de suporte redistribuidores de pressão, com controle de
microclima e que não retenham umidade;
• utilizar dispositivos dinâmicos para evitar tromboses e compressões circulatórias;
• utilizar faixas de segurança para fixar o paciente na posição adequada, em regiões
vascularizadas, como a coxa, escolhendo, dessa forma, áreas que não contenham
proeminências ósseas e que garantam a funcionalidade de órgãos e funções vitais,
evitando, por exemplo, a compressão do tórax;
• ter o cuidado de garantir que não permaneça sobre o paciente nenhum objeto,
instrumento ou qualquer outro dispositivo que possa provocar pressão e lesão;
• evitar o apoio dos membros da equipe sobre o corpo do paciente, o que pode aumentar
ainda mais a pressão sobre determinadas áreas;
• monitorar o posicionamento do paciente durante todo o procedimento;
• proceder ao registro das ações e cuidados realizados e das intercorrências.
28
• evitar lesões nas articulações cervicais e estiramento de vasos e nervos, a fim de
prevenir ocorrência de dores e limitações funcionais no período pós-operatório;
• revisar a posição do tubo endotraqueal, por meio de manobras de hiperventilação
e ausculta dos campos pulmonares, pelo anestesiologista, pois durante a mudança
de posição, pode ocorrer deslocamento do tubo endotraqueal ou sua desconexão
do aparelho de anestesia, levando à obstrução de via aérea, extubação acidental ou
intubação seletiva;
• registrar, em prontuário, as mudanças de posição e as reações do paciente frente a
elas.
IMPORTANTE
Para o correto posicionamento do paciente, é necessário se certificar
de que a mesa operatória está adequada para ele, considerando o
peso suportado por ela e as limitações do paciente. Além disso, é
preciso conhecer os dispositivos de posicionamento disponíveis na
instituição para a seleção da melhor superfície de suporte para cada
paciente.
29
Para a realização da antissepsia da pele do paciente – que, normalmente, é
realizada pelo cirurgião auxiliar da cirurgia –, é necessário realizar a escovação cirúrgica das
mãos e dos antebraços, bem como a paramentação com avental e luva estéreis, utilizando,
também, instrumentos estéreis para esse fim, sendo a escovação e a paramentação uma
obrigação de todos os profissionais que forem entrar em campo operatório.
30
Figura 15 – Avental plumbífero e protetor de laringe plumbífero para proteção radiológica
Fonte: a autora
31
15. A secagem deve se iniciar pelos dedos, garantindo que estejam bem secos.
16. Depois, segue-se para o punho, com movimento circular.
17. Finaliza-se a secagem no cotovelo.
18. Virar a compressa, de modo a utilizar o outro lado, e proceder o mesmo procedimento
com o outro braço e antebraço.
Após a secagem, deve-se pegar um avental com a ponta dos dedos, pela parte
da gola do avental, abri-lo, vestir as mangas cuidadosamente para não tocar em partes
não estéreis com o avental, evitando a contaminação.
Quando estiver com a opa (avental com uma parte estéril que cobre as costas)
depois de vestir a parte da frente do avental, deve-se calçar as luvas estéreis, realizar
o desamarre da parte das costas da opa e pedir para alguém com mãos enluvadas
segurar. Procede-se um giro do corpo, de modo a cobrir toda as costas, sendo que as
pontas da opa devem ser amarradas.
32
NOTA
A vantagem da opa é que o profissional fica todo estéril.
Fonte: a autora
34
As pinças utilizadas para a colocação de campos também são pinças que têm a
função de prender. Portanto, algumas estão no grupo de preensão e, dependendo da
área do corpo a ser isolada com campos, os instrumentos são modificados quanto a
tamanho e formato, para favorecer a cirurgia. Por exemplo, em uma cirurgia de mão,
o campo a ser operado é pequeno, logo, temos que utilizar um instrumento menor
possível para prender o campo.
Fonte: a autora
Fonte: a autora
35
Já sobre as tesouras, temos uma infinidade de tipos. A característica mais
importante de se compreender sobre as tesouras é que existem as tesouras curvas,
que servem para cortar tecidos do corpo do paciente; e as tesouras retas, para cortar
estruturas, como fios cirúrgicos.
Fonte: a autora
36
Fonte: a autora
37
Figura 25 – Afastadores autostáticos
Fonte: a autora
Fonte: a autora
38
Figura 27 – Pinças de dissecção e pinças do grupo de preensão, respectivamente
Fonte: a autora
Fonte: a autora
39
Os porta agulhas têm serrilhas bem delicadas para fazer o atrito necessário para
que a agulha fique fixa e não escorregue durante a utilização. Assim, algumas vezes, é
utilizado o porta agulha com wídea, uma peça com serrilha bem delicada que pode ser
colocada na ponta do porta agulha e pode ser substituída caso fique gasta.
Fonte: a autora
O manuseio dos instrumentos cirúrgicos tem algumas regras que são universais,
como comandos por meio de gestos para solicitar o instrumento desejado. Contudo,
a atenção aos tempos cirúrgicos e aos acontecimentos durante a cirurgia, além do
entrosamento entre instrumentador e equipe, fazem com que todos os movimentos
sejam antecipados pelo instrumento necessário, que será colocado na mão do cirurgião e
do auxiliar pelo instrumentador. Esse é o seu papel mais importante.
40
Um exemplo de montagem de mesa operatória segue o raciocínio dos tempos
cirúrgicos. Dessa forma, divide-se a mesa em parte superior e inferior e, considerando
que o lado da mesa em que está encostada a mesa operatória seria o lado direito, temos, na
parte inferior da mesa:
• instrumentos de diérese;
• hemostáticas;
• pinças especiais e de preensão.
Fonte: a autora
41
Figura 31 – OPME de prótese total de quadril
42
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
43
AUTOATIVIDADE
1 Um dos passos sugeridos pela campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS),
“Cirurgias seguras salvam vidas”, é a prevenção da retenção inadvertida de compressas
e instrumentos cirúrgicos na ferida cirúrgica. Considerando as recomendações da
AORN, 2017), assinale a alternativa CORRETA:
2 Para a degermação das mãos e dos antebraços da equipe cirúrgica, são recomendados,
pelo Ministério da Saúde, produtos com ação residual. Sobre eles, assinale a alternativa
CORRETA:
44
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
b) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
45
46
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —
PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Durante a década de 1950, com o progresso da técnica médica e cirúrgica,
além da adoção de medidas de segurança mais complexas em relação aos pacientes
devido às infecções hospitalares, houve um avanço na preocupação com a prevenção
de infecções.
47
• padronizar técnicas de limpeza, preparo, empacotamento e esterilização;
• distribuir o material esterilizado ou não;
• treinar pessoal específico para o setor;
• responsabilizar-se pela qualidade do material;
• concentrar o material esterilizado ou não, facilitando seu controle, sua manutenção
e/ou conservação e sua reserva.
Frente a isso, é salutar a compreensão de que cada subárea dentro da CME tem
uma função específica, sendo que todas as áreas são separadas por barreiras físicas,
havendo necessidade do uso dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) corretos,
de acordo com a função desempenhada pelo profissional e a indicação correta do
processamento adequado a cada material.
IMPORTANTE
A CME é imprescindível para a redução e/ou eliminação de biofilme
dos materiais a serem utilizados em cirurgia. O acúmulo de biofilme
nos instrumentais aumenta a corrosão do material, diminuindo sua
vida útil, além de aumentar a ISC e diminuir o sucesso dos resultados
esperados da cirurgia.
A área física dessa unidade deve ser planejada e construída de forma a atender aos
requisitos dos processos e das atividades que nela são executados. De acordo com a
SOBECC (2021), o planejamento da CME deve atender aos seguintes critérios:
48
Por sua vez, segundo a Resolução RDC nº 307, de 2002, sempre que o hospital
possuir centro cirúrgico, centro obstétrico e/ou ambulatorial, hemodinâmica, emergência de
alta complexidade e urgência, a CME deverá existir, podendo ser um setor independente
(ANVISA, 2002b). Ainda, de acordo com a Resolução RDC nº 15/2012, a CME pode ser
classificada como Classes I e II, o que determina que ela só poderá processar produtos
que sejam compatíveis com sua capacidade técnica operacional e de acordo com sua
classificação (ANVISA, 2012).
1. recepção e limpeza;
2. preparo e esterilização;
3. desinfecção química, quando aplicável;
4. local para monitoramento do processo de esterilização;
5. armazenamento e distribuição de materiais esterilizados.
Fonte: a autora
50
A limpeza pode ser feita de maneira manual ou mecânica, sendo que os
funcionários do setor devem ser treinados e utilizar o EPI adequado para cada tipo de
atuação.
Fonte: a autora
Fonte: a autora
51
Para auxiliar no processo de limpeza e descontaminação, podemos utilizar
produtos químicos que ajudam na retirada da sujidade e matéria orgânica. No Brasil,
temos disponíveis:
• detergentes desincrostantes
◦ têm baixo custo;
◦ contêm tensoativos que diminuem a tensão superficial para dispersão e suspensão
de sujidade;
◦ detergentes aniônicos liberam íon (-) (detergentes em pó, líquidos);
◦ detergentes catiônicos liberam íon (+) (detergentes amaciantes, germicidas);
◦ detergentes não iônicos são aqueles que não se dissociam.
• limpadores enzimáticos
◦ a eficiência da limpeza é aumentada;
◦ são compostos por enzimas, surfactantes, solubilizantes e álcool isopropílico, o
que faz com que o produto possa remover a matéria orgânica em curto tempo de,
aproximadamente, três minutos;
◦ os detergentes enzimáticos têm pH neutro, não são corrosivos, são atóxicos e
permitem um enxágue simples;
◦ são mais efetivos que os desincrostantes.
52
Existem, no mercado, vários tipos de lavadoras automatizadas: lavadoras
ultrassônicas, termodesinfectoras, esterilizadoras etc. Todas propõem ciclos automatizados
que combinam fatores químicos e físicos para favorecer a eliminação da sujidade.
Após a limpeza, é necessária a secagem do material. O processo de secagem
também pode ser manual ou mecânico. Na secagem manual, é necessário:
• secadora de ar quente/frio;
• estufa (regulada para esse fim, como na temperatura de 40 ºC), no intuito de
reaproveitar esse equipamento que já está em desuso para a esterilização.
53
Ademais, deve-se realizar a lubrificação das partes móveis de pinças hemostáticas,
porta agulhas e tesouras, bem como todas as junções dos demais instrumentos, para que
permaneçam maleáveis durante o uso, prevenindo-os contra a oxidação. O lubrificante
deve ser não oleoso, não pegajoso, não corrosivo e sem silicone.
As pinças são organizadas nas caixas por grupos, de acordo com os tempos
cirúrgicos, o tamanho e a função. Podem ser fixadas em grampos de instrumentos,
sendo que cada instituição deve ter uma listagem das pinças que compõem cada caixa.
Fonte: a autora
54
É importante datar, validar (de acordo com as normas e a validade de cada
embalagem do material) e identificar, padronizando o processo e garantindo a qualidade
e validade do serviço.
DICA
O processo de empacotamento deve permitir a abertura do
material no centro cirúrgico sem a contaminação de seu interior. No
vídeo intitulado: Embalagem – passo a passo, você poderá visualizar
um exemplo de embalagem que permite a entrada do agente
esterilizante e não permite a contaminação do material. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=Qbcb5yvVqGA.
2.3 ESTERILIZAÇÃO
Entende-se a esterilização como um processo de destruição de todas as formas
de vida microbiana, ou seja, bactérias nas formas vegetativa e esporulada, fungos e
vírus, mediante a aplicação de agentes físicos e químicos (ANVISA, 1995).
55
Os métodos de esterilização atualmente disponíveis para os produtos utilizados
nos Estabelecimentos de Assistência à Saúde (EAS) são:
• físicos;
• físico-químicos;
• gasosos;
• químicos-líquidos.
• físicos
◦ calor seco: estufa (está em desuso);
◦ calor úmido: autoclave a vapor saturado sob pressão;
◦ raio gama.
• químicos
◦ formaldeído 8% (alcoólica) ou 10% (aquosa);
◦ ácido peracético;
◦ autoclave de formaldeído;
◦ óxido de etileno.
• físico-químicos
◦ plasma de peróxido de hidrogênio.
Os métodos físicos têm o calor sob a forma úmida e seca, ao passo que, nos
físico-químicos gasosos, têm-se agentes esterilizantes óxido de etileno, vapor à baixa
temperatura e formaldeído, gás plasma e vapor de peróxido de hidrogênio.
INTERESSANTE
No mercado nacional, há disponível um equipamento compacto
de esterilização química-líquida automatizada por ácido
peracético (Steris System 1®), indicado para a esterilização de
óticas rígidas e flexíveis. Essa tecnologia associa temperatura
de 50 ºC a 56 ºC na etapa da esterilização, o que caracteriza
um método físico-químico líquido. No contexto industrial, tem-
se, ainda, a tecnologia para esterilização por meio de radiação
ionizante por cobalto 60, cujo acesso dos EAS é bastante restrito
(SOBECC, 2021).
56
A Resolução RDC nº 15, de 15 de março de 2012, em seu Art. 92, também proibiu,
no Brasil, a esterilização de produtos para saúde pelo calor seco, por meio de estufas.
A justificativa é, também, o alto risco de ocorrência de falhas humanas, bem como
a comprovação de pontos frios no interior desses equipamentos, o que inviabiliza o
controle da temperatura (ANVISA, 2012).
57
A desvantagem dos métodos de esterilização que utilizam baixa temperatura
é relacionada ao custo, em especial de embalagens que, muitas vezes, precisam ser
sintéticas e/ou especiais.
Segundo a Food and Drug Administration (FDA, 1987) dos Estados Unidos,
1987, a validação pode ser definida como a comprovação documentada, com alto
grau de segurança, que o processo validado está em desempenho correto e atende
especificações predeterminadas de qualidade.
58
Na Classe I, encontramos os indicadores de processo, conhecidos como
“indicadores externos de exposição”. São tintas termocrômicas impregnadas em fitas
adesivas, sistemas de barreira estéril (embalagens), como papel grau cirúrgico, Tyvek®
e etiquetas de identificação do material, que têm por objetivo identificar e diferenciar os
produtos para saúde que foram processados daqueles que ainda não foram. Devem ser
fixados externamente junto à identificação do material a ser esterilizado. O indicador de
processo em forma de fita adesiva é conhecido como “fita zebrada”.
Na Classe II, temos os indicadores para uso em testes específicos. São utilizados
em situações relevantes para um equipamento de esterilização específico. No caso da
autoclave a vapor com sistema de pré-vácuo, o Teste de Bowie-Dick constitui indicador
químico de Classe II. Esse teste é especialmente útil para verificar a remoção do ar
nas autoclaves com pré-vácuo e, assim, garantir a penetração uniforme do vapor nos
materiais. A recomendação para a realização do teste é diária, antes da primeira carga
a ser processada, com a autoclave vazia. Um ciclo curto deverá ser efetuado antes da
realização do teste para o aquecimento da autoclave. Se esta for usada continuamente, o
teste poderá ser feito na mesma hora, todos os dias.
59
Figura 38 – Indicador químico Classe II – Bowie Dick
Por fim, na Classe VI, temos os indicadores emuladores, que simulam todos
os parâmetros críticos da esterilização, ou seja, só mudam de cor quando todos os
parâmetros de esterilização são atendidos. Quando for utilizado o emulador Classe VI, não
é necessário utilizar o indicador Classe V. Sendo assim, o custo-benefício pode justificar a
utilização de tecnologia melhor.
60
Figura 39 – Indicador químico Classe VI – Emulador
Deverão ser fornecidos meios de comprovar que esses critérios garantirão que,
quando alcançados, os materiais processados no equipamento estarão esterilizados.
Essa comprovação, como indicadora de resultado, deverá ser obtida por meio de testes de
esterilidade que, nas CMEs, são realizados por meio de indicadores biológicos.
IMPORTANTE
É o instrumentador cirúrgico o profissional responsável por verificar
o teste químico existente dentro das caixas operatórias e entregá-lo
ao circulante de sala, como comprovação da esterilidade do material
a ser utilizado no procedimento cirúrgico sob sua responsabilidade.
61
Figura 40 – Indicador biológico
Esses registros devem ser arquivados por cinco anos, organizados e disponíveis
para consulta pela equipe da CME, do Serviço de Controle e Infecção Hospitalar (SCIH)
e dos órgãos fiscalizadores.
62
• a pia deve estar próxima à entrada e o uso de uniforme privativo, touca e propé é
imprescindível;
• os armários fechados servem para materiais de maior permanência;
• os cestos servem para materiais de consumo diário;
• a disposição do material de consumo diário deve ser de tal maneira que sempre sejam
distribuídos os materiais mais antigos;
• a checagem constante do material para prevenir o consumo de materiais vencidos é
necessária.
Além disso, nas dependências da CME, são localizados DML, que podem ser
comuns às áreas; sala administrativa; área para manutenção dos equipamentos; área
para descanso e lanche rápido dos funcionários (de acordo com especificações da CLT).
63
LEITURA
COMPLEMENTAR
A VISÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE O INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO
INTRODUÇÃO
Objetivo
Metodologia
Coleta de dados
A coleta ocorreu em três hospitais de grande porte da cidade de São Paulo, dos
quais dois são privados e um voltado ao ensino – uma Fundação. Vale salientar que
fizemos essa escolha por se tratar de instituições detentoras de BO, com características
eminentemente cirúrgicas. Os questionários foram remetidos aos hospitais aos cuidados
dos enfermeiros coordenadores de BO, que se encarregaram de aplicar o instrumento
para uma população constituída por profissionais e estagiários de enfermagem (estágio
extracurricular) que, na ocasião da coleta, desenvolviam suas atividades de trabalho em
SO, RA e CME e aceitaram participar espontaneamente deste estudo. No total, enviamos
cem formulários e recebemos de volta 98 respondidos e dois não preenchidos. Dessa
forma, consideramos um número total de 98 participantes (N98). Com os dados em
mãos, procedemos à análise e à discussão do material, que começam a seguir.
65
Resultados e Discussão
66
lugar para dois dos trabalhadores ouvidos (2,04%). Do total da amostra, sete pessoas
(7,14%) julgaram o conhecimento um fator pouco importante para o profissional de
instrumentação. Já o controle emocional diante de situações estressantes foi classificado
como o atributo mais relevante para o instrumentador por 19 profissionais (19,39%). Esse
item ocupou o segundo lugar em grau de importância na opinião de dez entrevistados
(10,20%), o terceiro lugar de acordo com 16 trabalhadores (16,33%) e o quarto lugar no
entender de 28 pessoas (28,57%). Vinte e cinco pesquisados (25,51%) consideraram
o controle das emoções como o aspecto menos determinante para a atividade de
instrumentação.
Por sua vez, a organização do trabalho pareceu ser o item mais importante como
atitude profissional do instrumentador para 25 respondentes (25,5 1%). Entre o restante
da amostra, 38 (38,78%) classificaram esse aspecto como o segundo atributo de maior
relevância, 18 (18,37%) como o terceiro, 14(14,29%) como o quarto e apenas três pessoas
(3,05%) atribuíram à organização um status de pouca importância na profissão em questão.
O bom relacionamento do instrumentador com a equipe multiprofissional foi considerado
o fator mais importante na opinião de 17 entrevistados (17,34%). Entre os demais, 15
(15,30%) classificaram essa qualidade em segundo lugar em grau de importância, 16
(16,32%) em terceiro lugar, 21 (21,42%) em quarto lugar e 30 (30,62%) em quinto e último
lugar. Quanto às atitudes éticas do instrumentador, tais como profissionalismo, sigilo e
respeito, 31 participantes do estudo (31,63%) julgaram-nas prioritárias no ambiente de
trabalho, 15 (15,30%) consideraram-nas como a segunda característica mais necessária
ao desenvolvimento das atividades de instrumentação, 28 (28,59%) como a terceira, 14
(14,2 8%) como a quarta e dez entrevistados (10,20%) colocaram tais atitudes no último
degrau de importância da rotina desse profissional de saúde.
Conclusão
FONTE: BRONZATTI, J. A. G.; FERRETI, H. H.; PONTELI, S. R. C. A visão da equipe de enfermagem sobre o
instrumentador cirúrgico. Revista SOBECC, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 22-26, jan./mar. 2007. Disponível em:
https://revista.sobecc.org.br/sobecc/article/view/344/347. Acesso em: 13 set. 2022.
67
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
68
AUTOATIVIDADE
1 A limpeza é a etapa fundamental do processamento dos produtos para a saúde.
Consiste na remoção de sujidades orgânicas e inorgânicas da superfície dos materiais,
reentrâncias, articulações e lúmens, visando reduzir os microrganismos e remover
resíduos, químicos, proteínas, sangue ou endotoxinas. Assim, sobre a limpeza, analise
as sentenças a seguir:
69
3 Sobre a CME, assinale a alternativa INCORRETA:
a) ( ) A área limpa não precisa, necessariamente, ser separada do expurgo por uma
barreira física.
b) ( ) É extremamente proibido o cruzamento do material (estéril x contaminado).
c) ( ) Como uma área crítica, todos os funcionários e profissionais que adentrarem suas
dependências devem fazê-lo por meio de vestiários de barreiras com sanitários
para as subáreas.
d) ( ) Não é obrigatório, mas desejável, que toda CME implante um programa de controle
do processo de esterilização da rotina.
70
REFERÊNCIAS
AAMI. Sterilization of health care products: chemical indicators. Part 1 – General
requirements: ANSI/AAMI/ISO 11140-1. ISO, 2005. Disponível em: https://www.iso.org/
standard/35046.html. Acesso em: 11 out. 2022.
71
ANVISA. Resolução RDC nº 8, de 27 de fevereiro de 2009. Dispõe sobre as medidas
para redução da ocorrência de infecções por Micobactérias de Crescimento Rápido
– MCR em serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, 2009. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
anvisa/2009/res0008_27_02_2009.html. Acesso em: 5 out. 2022.
AORN. Recommended practices for positioning the patient in the perioperative practice
setting: positioning, transporting, moving, and lifiting the patient in perioperative
practice settings. p. 525-548. In: AORN. Perioperative standards and recommended
practices. Denver: Association of Perioperative Registered Nurses, 2009.
AORN. Guideline for positioning the patient. p. 1-72. In: AORN. Guidelines for
perioperative practice. Denver: AORN, 2017.
72
BRASIL. Manual de boas práticas de gestão das Órteses, Próteses e Materiais
Especiais (OPME). Brasília, DF: Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção à Saúde;
Departamento de Atenção Especializada e Temática, 2016. Disponível em: https://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_praticas_gestao_proteses_materiais_
especiais.pdf. Acesso em: 5 out. 2022.
FDA. Guideline on general principle of process validation. Rockville: Food and Drug
Administration, 1987.
BEECH, I. B.; GAYLARDE, C. C. Recent advances in the study of biocorrosion: an overview.
Revista de Microbiologia, v. 30, p. 177-190, 1999. Disponível em: https://www.scielo.
br/j/rm/a/qRHnXgC7M9cD4hcg84Zw5gx/?format=pdf&lang=en. Acesso em 9 out.
2022.
LARANJEIRA, P. R. et al. False positive results of Bowie and Dick type test used for
hospital steam sterilizer with slower come-up ramps: a case study. PLoS ONE, [s. l.], v.
15, n. 1, jan. 2020. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/
journal.pone.0227943. Acesso em: 5 out. 2022.
73
LOPES, C. M. de M. et al. Escala de avaliação de risco para o desenvolvimento de
lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico. Revista Latino-Americana de
Enfermagem, [s. l.], v. 24, n. e2704, p. 1-8, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/
rlae/a/f9gwZMD7VZ9jVCXGVpTfc9C/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 5 out. 2022.
RUTALA, W. A.; WEBER, D. J.; HICPAC. Guideline for disinfection and sterilization
in healthcare facilities. Atlanta: CDC, 2008. Disponível em: https://www.cdc.gov/
infectioncontrol/pdf/guidelines/disinfection-guidelines-H.pdf. Acesso em: 5 out. 2022.
SILVA, R. C. B.; PONTES FILHO, T. R. Corrosão do aço carbono em meio sulfato na presença
da bactéria Salmonella anatum. Matéria (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, jun. 2008.
WHO. Guidelines for safe surgery 2009: safe surgery saves vives. Geneva: World
Health Organization, 2009.
74
UNIDADE 2 —
INTRODUÇÃO À
ORTOPEDIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
75
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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76
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
ANATOMIA E FISIOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
O estudo das estruturas e funções do corpo humano é considerado milenar, e
suas contribuições para o estudo das profissões da saúde datam de séculos passados. De
forma sólida e clara, o estudo da anatomia e da fisiologia, ambas aqui contextualizadas
aos princípios e fundamentos da ortopedia, requerem materiais que demonstrem as
estruturas e suas correlações.
Dessa forma, direcionando uma linha do tempo para o conteúdo que aqui será
apresentado, inicialmente, estudaremos conceitos relacionados à anatomia e à fisiologia,
suas definições e princípios. Em posterioridade, traremos conceitos relacionados ao
estudo do corpo humano acerca dos planos, eixos, principais movimentos executados
pelo corpo humano, diferenças entre a biomecânica e a cinesiologia, e a posição
anatômica de referência. O estudo desses componentes nos proporcionará a base
técnica para os tópicos avançados deste conteúdo: o sistema esquelético e o sistema
muscular, nos quais estudaremos os principais conceitos e estruturas de cada um.
A fisiologia é uma área de estudo a qual versa sobre as funções das estruturas
anatômicas humanas, o funcionamento normal e suas reações físicas e químicas. Em
parâmetro macroscópico, a fisiologia aborda temas acerca da integração dos sistemas
corporais, como exemplo temos o sistema imunitário, a reprodução, a circulação, a
respiração, a nutrição, dentre outros.
77
ATENÇÃO
As ciências da anatomia e da fisiologia são o fundamento para a
compreensão das estruturas e das funções do corpo humano.
Anatomia é a ciência da estrutura e de suas relações. Fisiologia é a
ciência das funções do corpo, isto é, como as partes do corpo atuam.
Como a função nunca está completamente separada da estrutura,
entendemos melhor o corpo humano estudando a anatomia e a
fisiologia em conjunto (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
2 PLANOS E EIXOS
A identificação das estruturas anatômicas humanas é baseada na posição
anatômica. Para que isso ocorra, o corpo precisa ser delimitado por planos que vão
restringir determinadas superfícies geométricas. Os planos são as descrições anatômicas,
tanto do corpo humano quanto dos órgãos, e são baseados em três principais planos de
secção que cruzam o corpo.
• plano sagital;
• plano frontal;
• plano transversal.
78
Figura 1 – Plano sagital
O plano frontal engloba todos os planos verticais com trajeto paralelo à sutura
coronal do crânio. O plano coronal divide o corpo em duas metades diferentes, anterior e
posterior.
79
O plano transversal abarca todos os planos que cortam o corpo horizontalmente.
Divide o corpo em duas metades diferentes, superior e inferior.
80
Quanto aos eixos, podem ser subdivididos do modo apresentado a seguir:
81
2.1 EIXO LONGITUDINAL/VERTICAL
• Eixo longitudinal/vertical: estende-se de cima para baixo, ou vice-versa, de forma
perpendicular ao plano transversal.
NOTA
Nomenclatura anatômica: sistema de classificação de nomes
técnicos ou científicos que foi adotado como terminologia oficial
pelo Congresso Internacional de Anatomistas, em 1955, também
chamado de Nomina Anatômica. Desde então, essa nomenclatura
é atualizada nos Congressos Internacionais de Anatomia, realizados
a cada cinco anos (MARQUES, 2018).
82
Assim, biomecânica e cinesiologia se inter-relacionam. Basicamente, podemos
afirmar que a biomecânica é a base sólida do conhecimento e a cinesiologia é a aplicação
prática da análise de movimento. Essa relação é demonstrada na Figura 8.
Fonte: o autor
Para que seja possível o estudo dessas áreas, inicialmente, precisamos expor
conceitos básicos para a promoção de alinhamento teórico.
INTERESSANTE
A chamada posição anatômica é uma referência empregada
no mundo todo. Essa posição indica um corpo ereto na
vertical, em que os membros superiores fiquem ao lado
do tronco e as mãos espalmadas para frente, membros
inferiores ligeiramente afastados, com os pés apontando
para frente. Assim, é a posição de referência ou ponto de
partida quando são determinados os termos apontados ao
movimento corpóreo (HAMILL; KNUTZEN, 1999; HALL, 2005).
83
Figura 9 – Posição anatômica
84
Figura 10 – Sistemas básicos que interagem para que ocorra o movimento
Fonte: o autor
Uma articulação é definida como o ponto em que dois ou mais ossos se ligam
anatomicamente por meio de capsula articular, cartilagens e líquido sinovial. Quanto
ao movimento, não há atrito entre os ossos, que são mantidos nas articulações por
ligamentos e pela musculatura estriada esquelética. Os ligamentos são estruturas de
tecido conjuntivo denso e fibroso que fornecem estabilidade para a articulação durante o
movimento.
• ligamentos e tendões;
• cartilagem articular: reveste a superfície óssea articular, elástica e absorve choque;
• cápsula articular: tecido fibroso que mantém as superfícies unidas, transforma a
articulação em uma “câmara vedada”;
• membrana sinovial: promove a “forração interna” e secreta o líquido sinovial;
• líquido sinovial: responsável pela lubrificação e produção dos nutrientes para as
estruturas anatômicas da articulação.
85
Existem também distintas formas de funcionalidade muscular (contração),
destacando: a contração explosiva, a potência e a resistência prolongada. A máxima
contração voluntária é definida como a maior força disponível que o sistema pode
oferecer por meio de uma vigorosa contração de um determinado músculo ou grupo
específico. A força explosiva, entendida como aquela de rápida contração e como potência,
é definida como toda a forma de força executada em um curto período (o menor possível).
Já a resistência é delimitada à capacidade que o organismo tem de resistir e persistir a
determinantes de fadiga em que há solicitação de prestação de força durante um período
prolongado.
NOTA
Os termos de direção usados para descrever as relações de uma
parte do corpo com outra são feitos a partir da posição anatômica.
Nessa posição, o indivíduo está em pé, corpo ereto, face voltada
para a frente, com os olhos dirigidos para o horizonte, membros
superiores estendidos ao longo do corpo, com as palmas das
mãos voltadas para a frente e dedos para baixo; já os membros
inferiores ficam unidos e voltados para a frente (MARQUES, 2018).
• No plano sagital:
◦ flexão: ocorre redução no ângulo da articulação, exemplo: inclinação da cabeça
para frente;
◦ extensão: retorno da flexão;
◦ hiperflexão: quando se excede o parâmetro de flexão, além da normalidade;
◦ hiperextensão: ato contínuo além da extensão normal do segmento, exemplo:
cotovelo estendido além do limite.
• No plano frontal:
◦ abdução: movimento lateral, levando o segmento para longe da linha média,
exemplo: termo utilizado para descrever os movimentos laterais do braço para fora do
corpo;
◦ adução: movimento que acontece lateralmente, distinto da abdução, aqui ocorre
uma aproximação da linha média do corpo, exemplo: retorno do braço que estava
em abdução, deslocando-se em direção ao centro do corpo;
◦ flexão lateral: movimento de inclinação lateral, seja da cabeça, tronco ou outro membro;
◦ hiperabdução: ocorrência de abdução além da vertical e dos parâmetros de nor-
malidade.
86
• No plano transverso:
◦ rotação esquerda e direita: ocorre quando o segmento corporal se sujeita ao
movimento de virar respectivamente para o lado oposto;
◦ rotação medial: roda a face anterior de um membro para mais perto do plano
mediano do corpo;
◦ rotação lateral: afasta a face anterior do membro para longe do plano mediano
corporal;
◦ pronação: movimento que ocorre no antebraço e mão onde o osso rádio gira
medialmente em torno de seu eixo longitudinal, promovendo que a palma da mão
tenha seu lado posterior visualizado;
◦ supinação: contrário da supinação, promove visão da face da mão, e o rádio gira
lateralmente em torno do seu eixo.
NOTA
Os eixos do corpo humano são linhas também imaginárias
traçadas no indivíduo dentro do sólido geométrico. São sempre
perpendiculares ao plano. Os eixos associados com os planos
gerarão movimentos no indivíduo. Os eixos existentes são eixo
sagital ou anteroposterior, que une o centro do plano ventral
(anterior) ao centro do plano dorsal (posterior); eixo longitudinal
ou crânio caudal, que une o centro do plano cranial ao centro
do plano podálico; e eixo transversal ou laterolateral, que une o
centro do plano lateral direito ao centro do lateral esquerdo e
vice-versa. Leia mais sobre o assunto no link a seguir: https://blog.
portaleducacao.com.br/eixos-do-corpo-humano-e-seus-termos-
de-posicao-e-direcao/.
87
3 SISTEMA ESQUELÉTICO
O esqueleto é um conjunto de ossos e cartilagens que se interligam para formar o
arcabouço do corpo e desempenhar várias funções, como: sustentação, proteção, base
mecânica para o movimento, formação sanguínea e armazenamento de sais.
• Longos em geral, possuem hastes ocas, longas e com extremidades arredondadas. São
projetados para grandes movimentos. Apresentam epífise proximal, diáfise e epífise
distal. Ex.: úmero, rádio, ulna, tíbia, fíbula, fêmur, metacarpos, metatarsos, falanges e
clavícula.
• Curtos pequenos e sólidos, como um bloco. São simétricos e não possuem diáfise.
Estão ajustados para transferir forças e absorver impacto, mas não são muito móveis.
Exemplo: ossos do punho e do tornozelo.
• Osso esponjoso com estrutura óssea alveolada.
• Osso cortical com estrutura óssea compacta.
• Medula óssea – dentro do tubo oco.
• Periósteo – membrana que reveste o osso.
• Cartilagem articular – reveste o osso nas superfícies articulares.
• Lâmina epifisial – separa a epífise da diáfise (lâmina de crescimento).
88
Fonte: adaptada de Sobotta (2006)
IMPORTANTE
A anatomia humana é de suma importância para as ciências
biológicas e da saúde. Seu caráter multidisciplinar permite que ela
seja abordada por meio de muitos métodos, dentre eles a prática
de correlações anatomoclínicas, que visa estudar alterações
estruturais e funcionais dos órgãos e sistemas (BARBOSA, 2022).
Um osso é constituído por tecidos distintos, sendo eles: tecido ósseo, cartilagem,
tecido conjuntivo denso, epitelial, adiposo, nervoso e canais formadores de tecido
sanguíneo. Quanto à irrigação interna, temos os canais de Volkman e os canais de Havers.
O tecido ósseo propriamente não apresenta vasos linfáticos, sendo essa característica
delimitada apenas ao tecido periósteo, o qual apresenta drenagem linfática.
89
Quadro 2 – Panorama ósseo humano
INTERESSANTE
Os esqueletos dos recém-nascidos e crianças têm mais de 206 ossos,
pois alguns dos seus ossos, como cada osso do quadril e as vértebras, se
fundem mais tarde na vida (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/13/Axial_skeleton_diagram_pt.svg.
Acesso em: 5 out. 2022.
90
3.1 COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral é considerada a base de suporte para o peso corporal e para
os movimentos complexos do tronco, atua diretamente nos movimentos dos membros
superiores e inferiores, e ortopedicamente é uma das principais unidades de função do
corpo. A coluna se estende da base do osso do crânio e vai até a extremidade caudal do
tronco, na porção final denominada cóccix. É formada por 33 vértebras que se intercalam
e articulam por discos intervertebral. Dessa totalidade, 24 delas se unem para formar
uma coluna flexível, classificadas como: cervical, torácica e lombar, estando as demais
associadas a segmentos com pouca mobilidade ou imóveis.
É notável que o indivíduo, com o passar dos anos, pode sofrer algumas alterações
acerca da postura, de forma patológica ou não, ocasionando o aumento ou diminuição
de alguma ou várias curvaturas. Podemos citar a hiperlordose, hipercifose, hipolordose,
hipocifose e/ou retificação como anormalidades fisiológicas. Existe outra curvatura
patológica conhecida como escoliose, de maior gravidade, podendo se associar com
fatores de adoecimento, caracterizada por desvios laterais da coluna vertebral.
91
As vértebras são ossos irregulares que apresentam características gerais e
similares à grande maioria, porém com clara exceção da 1ª e 2ª vértebras cervicais.
IMPORTANTE
Quando estudamos e conhecemos as vértebras e suas
particularidades, faz-se presente a necessidade de entender que,
além das características gerais, elas terão aspectos individuais ao
seu segmento. Essas características servem para diferenciá-las do
restante do esqueleto humano (NETTER, 2000).
92
Figura 14 – Coluna cervical
• Atlas: é a primeira vértebra cervical e tem como função sustentar a cabeça. Se articula
com o áxis e permite amplos movimentos. Ela não possui corpo vertebral. Sua posição
anatômica: fóvea dental é anterior; face articular superior (a maior) é superior.
• Áxis: é a segunda vértebra da coluna cervical e articula diretamente com o atlas, assim
constituindo um eixo de rotação para a cabeça. Possui uma formação diferente das
demais vértebras, o seu dente, também chamado de processo odontoide, permite os
movimentos de rotação (eixo) da cabeça. Sua posição anatômica: o dente é anterior
e superior.
• Sétima vértebra cervical: é similar às demais, porém possui diferenciadamente um
processo espinhoso longo e proeminente, sendo esta sua característica especial. Sua
posição anatômica: o processo espinhoso é posterior e inferior.
93
3.1.2 Vértebras da coluna torácica
As vértebras da coluna torácica possuem um processo espinhoso que não
é bifurcado. Elas se conectam às costelas formando uma parte da parede do tórax
denominado gradil costal. Em um total de 12, são abreviadas de T1-T12, em ordem
crescente respectivamente. Essa parte da coluna possui discos intervertebrais finos e
estreitos que promovem articulação e absorção de impactos, sendo assim, a coluna
torácica possui uma restrição de movimento maior em relação aos outros segmentos
(lombar e cervical, por exemplo). Também possui reduzido espaço para o canal vertebral
em relação à lombar, isso tudo contribui para essa região ser mais acometida por lesões,
principalmente em quedas.
94
Figura 17 – Exemplo de vértebra lombar: características
NOTA
Para dar a você uma ideia da complexidade de uma articulação sinovial,
examinaremos algumas das características estruturais da articulação
do joelho, um gínglimo modificado, que é a maior e mais complexa
articulação do corpo (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
INTERESSANTE
Os ossos do crânio têm outras funções além da proteção do
encéfalo. Suas faces internas se fixam nas meninges, que
estabilizam as posições do encéfalo, dos vasos sanguíneos e
dos nervos. Suas faces externas fornecem grandes áreas de
fixação para os músculos, que movem várias partes da cabeça
(TORTORA; DERRICKSON, 2017).
96
Figura 19 – Ossos do crânio
97
NOTA
O crânio consiste em dois conjuntos de ossos: oito ossos do crânio
(neurocrânio), que formam a cavidade do crânio, e 14 ossos da face
(viscerocrânio), que formam a face (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
• Clavícula: é um osso longo que possui curvatura semelhante à letra S, forma a parte
ventral da cintura escapular e compõe a união óssea do membro superior ao tronco.
• Escápula: é um osso achatado e de formato triangular, compõe a parte dorsal da cintura
escapular.
ATENÇÃO
O membro superior é subdividido em três regiões: braço, antebraço
e mão. O cíngulo do membro superior (clavícula e escápula) une
o membro superior ao tórax, na articulação esternoclavicular. O
cíngulo do membro superior (clavícula e escápula) une os ossos do
membro superior à caixa torácica.
99
Figura 22 – Ossos do cíngulo superior
100
A extremidade proximal da clavícula se articula com o manúbrio do osso esterno
e com a cartilagem da primeira costela do gradil costal. Nessa articulação, há um disco
cartilaginoso entre as duas faces, que reduz a incongruência das superfícies, sem
promover atrito ósseo, gerando, assim, uma melhor e maior possibilidade de movimento
de rotação para clavícula e escápula, facilitando a mobilidade do ombro.
101
As articulações que integram a mão humana podem ser divididas entre as
articulações do punho e articulações dos dedos, antigamente chamados de quirodáctilos
(antes da década de 1990). A articulação entre a mão e o antebraço é feita por meio da
articulação entre o rádio e os ossos do carpo (articulação radiocarpal) e as articulações
entre os ossos do carpo (articulações intercarpianas). A ulna, que compõe o antebraço,
não se articula diretamente com o carpo.
102
ATENÇÃO
Os membros inferiores são formados por 60 ossos. Cada membro
contém: um fêmur na coxa; a patela no joelho; a fíbula e a tíbia na
perna; o tarso, metatarso e falanges no pé (MARQUES, 2018).
• Membro inferior:
◦ fêmur: é um osso alongado, considerado o maior e mais forte do corpo humano;
◦ patela: é um osso chato, arredondado e triangular formando uma base e um ápice;
◦ tíbia: osso alongado, sua extremidade superior funciona como uma base para a
articulação do fêmur e sua extremidade distal é menor, ligeiramente escavada para
formar a articulação do tornozelo;
◦ fíbula: é um osso longo e fino situado do lado lateral da perna;
◦ pé: o esqueleto do pé pode ser dividido em três partes: ossos do tarso, ossos do
metatarso e falanges (ossos dos dedos).
103
Figura 26 – Pelve – diferenças estruturais
104
INTERESSANTE
Síndrome do estresse tibial medial é o nome dado à sensibilidade
dolorosa ou dor ao longo da tíbia. Provocada provavelmente pela
inflamação do periósteo, desencadeada pela tração repetida da fixação
dos músculos e tendões, é com frequência o resultado de caminhada
ou corrida por aclives e declives (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
ATENÇÃO
A abordagem anatomoclínica visa integralizar o estudo das áreas
macro e microscópicas da anatomia com as áreas de patologia,
fisiologia, fisiopatologia, semiologia e clínica, desenvolvendo, assim,
meios para que haja o reconhecimento das enfermidades de modo
estrutural, não apenas se limitando a conhecer seus nomes. Ela
propõe, então, de forma didática, o entendimento dos mecanismos
fisiopatológicos e diagnósticos como um todo (BARBOSA, 2022).
105
4 SISTEMA MUSCULAR
106
Figura 27 – Musculatura anterior do tronco
107
O músculo iliocostal é um extensor que atua na manutenção da postura correta,
tem sua origem na região cervical, sendo o mais afastado da coluna, encontra-se
bilateralmente, sua inserção acontece na região do sacro e cóccix. Divide-se em três,
recebendo o nome de acordo com sua posição anatômica, iliocostais lombar, torácico
e do pescoço.
108
4.1.5 Rotação do tronco
A rotação do tronco é realizada pelos músculos oblíquos e por outros músculos
posteriores profundos do tronco. São movimentos funcionais da coluna, servindo de
base para outros movimentos, pois quase tudo que fazemos se origina de uma torção.
4.2.1 Escápula
• Elevação: é realizada pelos músculos trapézio porção ascendente, levantador da
escapula e romboides, com a articulação acromioclavicular movendo-se superiormente.
• Depressão: é realizada pelos músculos trapézio porção descendente e peitoral menor,
esse movimento e importante na estabilização da escápula e elevação do corpo ao
usar muletas, esse movimento eleva o tronco em até 15 cm.
• Protração: é realizada pelo músculo serrátil anterior, com as margens mediais movendo
para longe da linha média em até 15 cm, esse movimento também e chamado de
abdução da escápula.
• Retração: é realizada pelos músculos trapézio parte transversa e romboides, as margens
mediais da escápula aproximam da linha média, esse movimento também e chamado
de adução da escápula.
• Rotação para cima: é realizada pelos músculos trapézio parte ascendente e
descendente e serrátil anterior (fibras inferiores), o trapézio contrai nas direções
superior e inferior e medial com o serrátil anterior.
• Rotação para baixo: e realizada pelos músculos levantador da escápula, romboides e
peitoral menor, constituindo outro exemplo de forças conjugadas, o levantador contrai
na direção superior, o peitoral menor na direção inferior e o romboide na direção medial.
109
Figura 29 – Musculatura anterior: peitoral e abdome
110
4.2.2 Complexo do ombro
• Flexão e hiperflexão: é realizado pelos músculos deltoide, coracobraquial, bíceps
braquial e peitoral maior, se o movimento exceder 180, é denominado hiperflexão,
acontece por meio dos músculos escapulotorácicos trapézio (fibras superiores e
inferiores) e serrátil anterior (fibras interiores).
• Extensão: movimento realizado pelos músculos deltoide (parte espinhal) latíssimo do
dorso, redondo maior e tríceps braquial (cabeça longa) peitoral maior (parte esternal).
• Hiperextensão: movimento para trás em um plano que forme ângulos retos. Esse
movimento é realizado pelo latíssimo do dorso e deltoide.
• Abdução: movimento para o lado e para cima, esse movimento é realizado pelos
músculos supraespinhoso e deltoide.
• Adução: movimento de retorno da abdução, fica responsável pela sua realização dos
músculos peitoral maior, latíssimo do dorso e redondo maior.
• Rotação lateral: esse movimento ocorre no plano transverso, é a rotação do úmero
em torno do seu eixo mecânico, é realizado pelos músculos infraespinhoso, redondo
menor e deltoide.
• Rotação medial: rotação do úmero em torno do seu eixo pode observar a amplitude
completa da rotação medial. Esse movimento é realizado pelos músculos subescapular,
peitoral maior, deltoide, latíssimo do dorso e redondo maior.
• Adução horizontal: movimento para frente do úmero em abdução, podemos, em
algumas pesquisas, identificá-la também por flexão horizontal. O movimento é
realizado pelos músculos peitorais maior e deltoide (parte clavicular).
• Abdução horizontal: movimento para trás do úmero flexionado. Esse movimento
ocorre no plano transverso e é realizado pelos músculos deltoide (parte espinhal),
infraespinhoso e redondo menor.
• Circundução: esse movimento é a combinação de flexão e abdução, extensão,
hiperextensão e adução, realizada sequencialmente.
111
4.2.3 Cotovelo
• Flexores: os músculos bíceps braquial, braquial e braquiorradial servem como o grupo
de principais flexores do cotovelo. Podem ser auxiliados nessa função por outros
músculos que têm uma linha de tração situada na frente do eixo de rotação do cotovelo.
• Extensores: apenas dois músculos, estendem o cotovelo, o tríceps braquial e
o ancôneo. As cabeças medial e lateral do tríceps atuam apenas na articulação do
cotovelo.
4.2.4 Radioulnar
• Pronadores: os dois músculos pronadores, o redondo, situado proximalmente, e o
quadrado, localizado distalmente.
• Supinadores: apenas dois músculos são constantemente identificados como
supinadores radioulnares. O de maior importância é o supinador. O bíceps auxilia a
supinação quando o cotovelo está fletido e o movimento sem resistência é rápido, e
em todos os movimentos com resistência não importando a posição do cotovelo.
112
Figura 33 – Músculos da região do antebraço
4.2.5 Punho
• Flexão: os músculos responsáveis pelo movimento são o flexor radial do carpo,
flexor ulnar do carpo e palmar longo. Ocorrem no plano sagital, nas articulações
radiocárpicos e intercárpicas.
• Extensão: ocorrem no plano sagital nas articulações radiocárpicas e intercárpicas. Os
músculos responsáveis pelo movimento são o extensor radial longo e curto do carpo e
o extensor ulnar do carpo.
• Desvio radial do punho (abdução): os principais músculos responsáveis por este
movimento são o flexor radial do carpo, o abdutor e o extensor longo polegar, o
extensor radial longo do carpo, o extensor radial curto do carpo e o extensor curto do
polegar.
• Desvio ulnar do punho (adução): os principais músculos responsáveis por este
movimento são o flexor ulnar do carpo e o extensor ulnar do carpo.
• Circundução: esse movimento é a combinação de flexão e abdução, extensão,
hiperextensão e adução, realizada sequencialmente
113
Figura 34 – Músculos da região do antebraço
4.3.1 Quadril
• Flexão: o grupo dos flexores do quadril é formado pelos músculos profundos:
psoas maior e menor e o Ílio, que, com o psoas, formam o conjunto Iliopsoas. Já os
superficiais são: o sartório, o reto femoral e tensor da fáscia lata. Alguns músculos
mediais também auxiliam na flexão do quadril, são eles: pectíneo; adutor curto e
longo; e as fibras anteriores dos glúteos mínimo e médio.
• Extensão: os músculos extensores do quadril são os músculos da região glútea
e posteriores da coxa: glúteo máximo, fibras posteriores do glúteo médio, fibras
posteriores do glúteo mínimo, porção longa do bíceps femoral, semitendinoso,
semimembranoso e porção extensora do adutor magno.
• Abdução: os músculos que auxiliam na abdução são: fibras superiores e laterais do
glúteo máximo, glúteo médio, glúteo mínimo, tensor da fáscia lata, piriforme, sartório,
obturador interno e externo.
114
• Adução: os músculos que promovem a adução são: adutor magno, adutor longo e
curto. Outros músculos que também auxiliam nessa função são: grácil, pectíneo, psoas
ilíaco, fibras inferiores e mediais do glúteo máximo, semitendinoso e semimembranoso.
• Rotação externa: os músculos que fazem a rotação externa do quadril são: piriforme;
obturador externo e interno, gêmeo superior e inferior e quadrado femoral. São
auxiliados por fibras posteriores do glúteo médio, sartório, porção longa de bíceps
femoral, pectíneo, grácil, adutores longo, curto e magno.
• Rotação interna: os músculos que auxiliam a rotação interna do quadril são: glúteo
mínimo, tensor da fáscia lata, fibras anteriores de glúteo médio, semitendinoso e
semimembranoso.
115
Figura 36 – Músculos da região posterior da coxa
4.3.2 Joelho
• Flexão: bíceps femoral, semimembranoso e semitendinoso.
• Extensão: reto femoral, vasto intermediário, vasto interno e vasto externo.
4.3.3 Tornozelo
• Dorso flexão: músculo extensor longo do hálux, tibial anterior, extensor longo dos
dedos e fibular terceiro.
• Flexão plantar: músculo flexor longo do hálux, músculo flexor longo dos dedos,
músculo tibial posterior, músculo fibular curto (peroneal curto), músculo fibular longo,
músculo sóleo e músculo gastrocnêmico.
• Versão: músculo fibular longo (peroneal longo), músculo fibular curto (peroneal curto),
músculo fibular terceiro (peroneal terceiro) e músculo extensor longo dos dedos.
• Inversão: músculo extensor longo do hálux, músculo tibial anterior, músculo tibial
posterior, músculo flexor longo dos dedos e músculo flexor longo do hálux.
• Extensão dos dedos: músculo extensor longo dos dedos (quatro dedos menores) e
músculo extensor longo do hálux (dedo grande).
116
Figura 37 – Músculos da região posterior da perna
IMPORTANTE
São estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais
articulações e pela sua contração são capazes de transmitir-
lhes movimento. Este é efetuado por células especializadas
denominadas fibras musculares, cuja energia latente é ou
pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são
capazes de transformar energia química em energia mecânica.
O músculo vivo é de cor vermelha. Essa coloração denota a
existência de pigmentos e de grande quantidade de sangue
nas fibras musculares. Os músculos representam 40-50% do
peso corporal total. Leia mais sobre o assunto acessando o link
a seguir: http://twixar.me/6gMm.
117
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Os principais planos de secção do corpo humano: plano frontal, plano sagital, plano
transversal. Usados para dividir o corpo humano e descrever sua localização de
estruturas ou direção dos movimentos.
• A abordagem dos principais músculos e ossos do corpo humano com sua função e
finalidade, que possui função de permitir a contração e produção dos movimentos
relacionados à força e sustentação do corpo humano.
• A identificação dos ossos da coluna cervical, torácica, lombar, sacro, cóccix, que tem a
finalidade de sustentação de carga, locomoção, equilíbrio e proteção dos elementos
neurais;
• A divisão craniana óssea com ossos da face que consiste em ossos que circundam a
boca e o nariz. Abriga e protege o cérebro e os órgãos da sensibilidade da cabeça.
Permite a passagem de ar e alimentos por meio das estruturas existentes.
118
AUTOATIVIDADE
1 Com relação aos tipos de movimentos corporais, relacione a Coluna 1 com a Coluna
2.
Coluna 1
1. Abdução.
2. Adução.
3. Pronação.
4. Supinação.
5. Flexão.
Coluna 2
119
3 Os ossos da cabeça constituem o início do eixo do corpo conhecido como esqueleto
axial. Os ossos da cabeça se dividem em ossos do crânio e ossos da face. Referente
aos ossos do crânio, assinale a alternativa CORRETA.
120
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —
TRAUMAS E FRATURAS
1 INTRODUÇÃO
O termo “trauma” é usado para definir ou descrever as lesões causadas por
um evento que gera um ferimento de maneira inesperada, ou seja, envolvem danos
causados por acidentes diversos, violência ou agressões, que podem ocasionar feridas
graves e afetar órgãos. É uma lesão produzida por uma ação violenta, física ou química,
externa ao organismo.
• Fratura fechada: quando não produz lesão na pele, identificada pelo “não” rompimento
da elasticidade da pele. Dessa forma, o paciente, cliente e vítima apresentam sinais
clássicos de hipovolemia em virtude de uma possível hemorragia interna, assim
constatada através de exames de imagem. Ex.: fratura de fêmur, bacia etc.
121
• Fratura aberta (exposta): quando um rompimento da elasticidade da pele ou
mucosa estende-se ao osso fraturado, sendo identificado pela exposição óssea por
meio do trauma, pode causar hemorragias externas, lesão de músculos, nervos,
tendões e ligamentos. Dependendo da lesão, nesse caso vascular de grande impacto,
a vítima precisará de uma intervenção imediata, podendo comprometer a sua vida,
bem como infecção óssea causada pelo risco de contaminação por microrganismos
no ato do trauma.
NOTA
Nas cirurgias ortopédicas, a equipe de saúde deve ficar atenta
às infecções de sítio cirúrgico em pacientes do sexo masculino,
idosos, solteiros, com Ensino Fundamental, bem como em
cirurgias com longo tempo de duração, na presença de implante,
com elevado número de fraturas e com o uso de próteses
(COUTINHO et al., 2022).
122
Figura 38 – Fraturas
IMPORTANTE
Conforme Luz et al. (2021), a maior incidência nos casos de fraturas
em idosos englobam as fraturas de outros ossos dos membros
com dominância em todos os anos da década, apresentando um
total de 47,99% das fraturas registradas em uma década. Seguida
pela fratura de fêmur com 30,83% dos casos de fraturas. Leia
mais sobre o assunto acessando o link: http://twixar.me/2gMm.
2.1 TRAUMAS
• Trauma músculo esquelético isolado sem riscos de morte (fraturas isoladas de mem-
bros).
• Trauma músculo esquelético sem risco de morte, mas com trauma multissistêmico
com risco de morte.
• Lesões músculo esqueléticas definitivas, com risco de morte (fraturas de pelve e
fêmur, pela perda de sangue).
123
Figura 39 – Tala gessada
• Fixadores externos: dispositivos de fixação externa para tratar fraturas abertas com
lesão de tecidos moles e traumas ósseos nas quais há um desalinhamento, podendo
ser corrigido com fixadores de tração. A fratura é reduzida, alinhada e imobilizada
por meio de pinos inseridos nos fragmentos ósseos, procedimento realizado por
ortopedistas.
124
Figura 41 – Fixação externa de Ilizarov
NOTA
Conforme CETS (2017), as causas mais comuns de traumas maiores
são: acidentes veiculares, atropelamentos, ferimentos por arma de
fogo, ferimentos por arma branca, quedas de altura, queimaduras,
afogamentos e agressão interpessoal.
• Incompleta: ocorre a lesão óssea, mas não rompe a continuidade óssea; tipo de
ocorrência comum em crianças.
• Completa: os fragmentos ósseos perdem a continuidade, ficando desviados ou não.
125
• Simples: a fratura é uma lesão única, sem evidência de lesão associada.
• Complicada: está acompanhada de lesões associadas, como lesões musculares,
tendinosas, nervosas e vasculares.
Ainda, nesta observação, podemos identifi car a classifi cação das fraturas, conforme
a direção das linhas de fratura citadas na fi gura a seguir.
(A) Transversa. (B) Oblíqua. (C) Espiral. (D) Cominutiva. (E) Múltipla ou segmentada.
(F) Impactada.
Fonte: http://twixar.me/fwMm. Acesso em: 5 out. 2022.
126
2.3.1 Consolidação indireta da fratura
A cicatrização indireta ou secundária é a forma mais comum de cicatrização de
fraturas, incluindo a cicatrização óssea intracondral e intramembranosa. Caracteriza-se
pela formação de um calo intermediário antes da formação do calo ósseo. Não requer
redução anatômica e estabilização do foco da fratura.
127
2.3.4 Consolidação por lacunas
A cicatrização de lacunas difere da cicatrização por contato, porque a
cicatrização óssea e a remodelação de Havers não ocorrem simultaneamente. Esse
processo de cicatrização ocorre quando as extremidades da fratura atingem redução
anatômica e estabilidade, desde que a distância entre as extremidades seja menor que
800 μm e 1 mm e a tensão interfratura seja menor que 2%.
IMPORTANTE
Conforme D’amado (2021), a consolidação óssea ocorre em
etapas. A primeira é a hemorrágica, depois o calo mole, em seguida
o calo duro e, por fim, a remodelação óssea. Somente a partir da
fase hemorrágica será determinado o tipo de cicatrização.
128
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Que fraturas são lesões ósseas de origem traumática que causam rompimento na
continuidade óssea, sendo definidas de acordo com o tipo e extensão, agressividade
traumática e identificadas por lesões de pequeno, médio e grande impacto de acordo
com o trauma sofrido. As fraturas são divididas em abertas e fechadas.
• Que trauma músculo esquelético pode ser identificado como isolado sem riscos
e com risco, e, com isso, esse tipo de trauma, dependendo de sua agressividade
muscular, prejudica seu movimento e mobilidade da vítima.
• Que, para fraturas, o tratamento pode ser conservador, por meio de imobilização ou
cirúrgico: redução de fraturas, imobilização de fraturas, manutenção e restauração
da função, tala gessada ou gesso, fixadores externos. São formas de tratamento
escolhida pelo médico ortopedista para um melhor alinhamento da lesão e posterior
uma melhor recuperação.
129
AUTOATIVIDADE
1 Trauma ósseo denomina-se por uma deformidade causada pelo impacto. Diz-se que
uma fratura é cominutiva quando?
Coluna 1
1. Cirurgia limpa.
2. Cirurgia contaminada.
3. Cirurgia infectada.
Coluna 2
( ) Cirurgia oral.
( ) Esplenectomia.
( ) Fratura exposta.
( ) Cirurgias ortopédicas eletivas.
( ) Cirurgia de reto com presença de pus.
130
5 Fratura é a interrupção na continuidade de um osso, sendo definida de acordo com
o seu tipo e extensão. De acordo com esse conceito, classifique V para as afirmativas
verdadeiras e F para falsas.
( ) Incompleta: ocorre a lesão óssea, mas não rompe a continuidade óssea; tipo de
ocorrência comum em crianças.
( ) Completa: os fragmentos ósseos são sólidos e não perdem a continuidade, ficando
desviados ou não.
( ) Simples: a fratura é uma lesão única, sem evidência de lesão associada.
( ) Complicada: está definida de lesões associadas, como lesões na construção celular
óssea.
131
132
UNIDADE 2 TÓPICO 3 —
CIRURGIAS E SUAS FINALIDADES
1 INTRODUÇÃO
A cirurgia é o procedimento terapêutico para uma variedade de distúrbios
fisiopatológicos que impedem ameaças reais, como risco de vida, perda de órgãos ou
partes deles, lesões, prejuízos financeiros, postergação de projetos de vida, além do
próprio desconforto decorrente da internação (separação da família, sofrimento, dor,
insegurança e outros).
“O termo cirurgia pode ser definido como o campo da medicina que visa estudar
e realizar atividades a fim de cuidar e tratar de alterações internas e externas para manter a
vida do paciente com qualidade” (BOTAZINI; TOLEDO; SOUZA, 2015, p. 211).
2 OBJETIVO DA CIRURGIA
Cirurgia provém do latim chirurgia, que o tomou do grego kheirourgia, de kheír,
mão + érgon, trabalho. Etimologicamente, portanto, cirurgia significa trabalho manual,
arte, ofício, no qual se empregam as mãos para a sua execução.
133
3 CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS
Dentro dos hospitais e centros cirúrgicos, existem diversos tipos de cirurgia, que,
muitas vezes, também representam a urgência de sua necessidade. Todas possuem
características que definem o estilo da cirurgia e até mesmo o nível de sofisticação. Por
exemplo, as cirurgias podem ser categorizadas de acordo com sua urgência, incluindo
as apresentadas a seguir.
• Cirurgia eletiva: tratamento cirúrgico proposto, mas cuja realização pode aguardar
ocasião mais propícia, ou seja, pode ser programado. Por exemplo: mamoplastia e
gastrectomia.
• Cirurgia de urgência: tratamento cirúrgico que requer pronta atenção e deve ser
realizado dentro de 24 a 48 horas. Por exemplo: apendicectomia.
• Cirurgia de emergência: tratamento cirúrgico que requer atenção imediata por se tratar
de uma situação crítica, risco de morte eminente. Por exemplo: ferimento por arma
de fogo em região torácica, hematoma subdurais.
IMPORTANTE
No auxílio, a confirmação da fratura é realizada por exames
complementares, como os exames de imagem. As radiografias
podem trazer clareza a um exame clínico e determinar com maior
precisão a extensão da fratura. A tomografia computadorizada é o
exame “padrão-ouro” (TELES et al., 2016).
• Cirurgia curativa: tem por objetivo extirpar (retirar) ou corrigir a causa da doença,
devolvendo a saúde ao paciente. Para essa finalidade, é necessário, às vezes, a
retirada parcial ou total de um órgão. Esse tipo de cirurgia tem uma significação
menos otimista quando se trata de câncer, nesse caso, a operação curativa é aquela
que permite uma sobrevida de alguns anos. Ex.: histerectomia.
• Cirurgia paliativa: tem a finalidade de atenuar ou buscar uma alternativa para aliviar
o mal, mas não cura a doença. Ex.: gastrostomia.
• Cirurgia diagnóstica: realizada com o objetivo de ajudar no esclarecimento da
doença. Ex.: laparotomia exploradora.
• Cirurgia reparadora: reconstitui artificialmente uma parte do corpo lesada por
enfermidade ou traumatismo. Ex.: enxerto de pele em queimados.
• Cirurgia reconstrutora / cosmética / plástica: realizada com objetivos estéticos
ou reparadores, para fins de embelezamento. Ex.: rinoplastia, mamoplastia etc.
134
NOTA
Conforme Alves (2013), as complicações observadas incluíram a
necrose de pele, a deiscência de suturas, a hiperemia, o calor e o
prurido nos casos de infecção de ferida operatória e o granuloma.
Todos os pacientes apresentaram a pele seca e, em alguns casos,
houve a presença de fissuras.
135
IMPORTANTE
A classificação das cirurgias é uma ferramenta importante para
melhorar a eficiência no centro cirúrgico. Utilizando uma ou mais
metodologias, é possível priorizar o atendimento aos pacientes em
estado crítico, com impacto positivo na sobrevida e no prognóstico.
Essa dinâmica também beneficia os hospitais e clínicas, que
conseguem direcionar seus recursos de forma assertiva. Tanto que
a estratégia pode servir para diminuir a superlotação nos hospitais,
estabelecendo uma ordem única para a realização de operações.
Os efeitos serão percebidos num menor tempo de internação, o
que ajuda a liberar leitos para receber novos pacientes. Leia mais
sobre o assunto acessando o link: http://twixar.me/1wMm.
136
3.3.3 Cirurgia contaminada
Cirurgia realizada em tecidos abertos e recentemente traumatizados, colonizados
por microbiota bacteriana abundante, de descontaminação difícil ou impossível, bem
como todas aquelas em que tenha ocorrido falha técnica grosseira, na ausência de
supuração local; presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização de segunda
intenção ou grande contaminação a partir do tubo digestivo. Obstrução biliar ou urinária
também se inclui nesta categoria. Por exemplo: desbridamento de queimaduras.
4 TÉCNICA CIRÚRGICA
A cirurgia é a ciência e arte e, como tal, deve ser aprendida. Como todas as artes,
exigirá um aprendizado manual paciente e bem conduzido; como ciência, é a renovação
dinâmica e constante de preceitos e conceitos em função de sua própria evolução.
137
4.2 TÉCNICA CIRÚRGICA ESPECIAL
Estuda os tempos operatórios de cada intervenção em particular. Resulta da
integração das manobras básicas da técnica cirúrgica geral, com visitas à realização de
determinado ato operatório.
IMPORTANTE
Na escolha do tratamento, é primordial o restabelecimento
da função do sistema musculoesquelético, para que haja o
mínimo ou nenhuma sequela estética e funcional ao paciente,
auxiliando sua reintegração em meio à sociedade (MARCOLINO,
2014), pois quando mal abordados, essas sequelas podem gerar
marginalização do indivíduo no convívio social (TELES et al., 2016).
• diérese;
• hemostasia;
• exérese;
• síntese.
4.3.1 Diérese
Separação dos planos anatômicos ou tecidos para abordagem de um órgão ou
cavidade, por meio do rompimento da continuidade dos tecidos. Corte ou separação
dos tecidos, que pode ser realizada manualmente ou por intervenção manual ou de
instrumental, assim, pode ser:
138
4.3.2 Hemostasia
Procedimento realizado com a finalidade de conter ou prevenir sangramento
e hemorragia, também impedir a circulação de sangue em determinado local em
um período, tal ação pode ser realizada por aspiração ou pela secagem com gaze,
realizada manualmente ou com instrumental. Um quadro hemorrágico pode ocorrer
por extravasamento de sangue arterial, venoso e de capilares, e, dependendo da
abordagem cirúrgica, essa situação pode dificultar o andamento do ato cirúrgico
devido ao prejuízo com relação à visualização das estruturas no transoperatório, trazer
ameaça à integridade e à vida do paciente, além de retardar o processo de cicatrização,
recuperação e favorecer processo infeccioso no pós-operatório.
4.3.3 Exérese
É a cirurgia propriamente dita, tempo cirúrgico em que realmente é realizado o
tratamento cirúrgico no órgão ou tecido desejado, visando o diagnóstico, o controle ou
a resolução da irregularidade, restaurando a área, procurando deixá-la da forma mais
anatômica e fisiológica possível.
4.3.4 Síntese
Consiste na aproximação das bordas da ferida operatória, com a finalidade de
estabelecer a continuidade do processo de cicatrização, sendo que a união dos tecidos
pode ser feita por meio de sutura permanente ou removível, com a utilização de agulhas e fios
de sutura, ou adesivos, gesso e ataduras. A aproximação das bordas da lesão pode ser
completa quando é realizada em toda a extensão da incisão cirúrgica, ou incompleta,
quando é mantida uma pequena abertura para colocação de um dreno. O resultado da
síntese será mais bem-sucedido quanto mais anatômica for realizada a diérese.
ATENÇÃO
São procedimentos consecutivos realizados desde o início até o
término da cirurgia. De um modo geral, as intervenções cirúrgicas
são realizadas em quatro tempos básicos, de acordo com a etapa
do procedimento a ser realizada pelo cirurgião. Leia mais sobre
o assunto acessando o link: https://www.sanarsaude.com/portal/
concursos/artigos-noticias/tempos-cirurgicos-ou-operatorios.
139
Figura 45 – Mesa cirúrgica e tempos cirúrgicos
140
4.4.3 Terceiro tempo – incisão cirúrgica
Aqui é feito o corte na pele e/ou musculatura para que o cirurgião tenha acesso à
área ou ao órgão a ser operado.
NOTA
Já que o instrumentador conhece os tempos cirúrgicos, então, fica
mais fácil de antecipar o pedido de um cirurgião. A dinâmica da
cirurgia fica bem mais eficaz se acompanha os tempos cirúrgicos,
suas sequências e necessidades de uso de certos instrumentos. Leia
mais sobre esse assunto acessando o link: http://twixar.me/mwMm.
141
LEITURA
COMPLEMENTAR
INSTRUMENTAL CIRÚRGICO ORTOPÉDICO
Ângela Pereira
Tais instrumentos são projetados para cortar e dar formas aos ossos, fato que
deve ser considerado durante o manuseio, pois a segurança se faz necessária, tanto
para cirurgiões e para os profissionais de CME. As luvas de látex não são protetoras
contra este tipo de lâminas cortantes. Todos os profissionais que manuseiam estes tipos
de perfurocortantes devem estar conscientes de que precisam se proteger e proteger
os usuários contra possíveis acidentes e danos à saúde por meio da aderência aos
protocolos de segurança estabelecidos na unidade de saúde.
142
ou pé) ou um úmero pediátrico para levantar a cobertura fibrosa da superfície do osso.
Osteótomos são projetados para cortar ossos, cinzel é utilizado em um nível plano e
goiva dentro de uma superfície curva. Esses instrumentos podem ser curvos ou retos e
se encontram disponíveis em vários comprimentos. É importante notar que o manuseio
desses instrumentos deveria ser consistente de acordo com suas características,
podendo ser achatados, quadrados, hexagonais, curvos ou cilíndricos. O tamanho da
ponta é graduado e, geralmente, somente um de cada tamanho está contido na caixa.
Caixas apropriadas, usualmente, contém todos os instrumentais tipo curvo ou todos os
instrumentos retilíneos, em ordem sequencial de tamanho e ordem de manuseio.
143
mm. Caixas ortopédicas especialmente incluem pinças do tipo Kerrison com ângulos
variando de 40 º e 90 º e mordeduras viradas para baixo e para cima. Um tempo adicional
é necessário para inspecionar os múltiplos movimentos da superfície para limpeza e
lubrificação adequada.
O trabalho com ossos requer retratores especiais e fórceps especiais para ossos.
As maiorias dos retratores de tecidos leves estão disponíveis com gume cego ou lâminas
afiadas, tais como os modelos Gelpi e Weitlaner. Outros retratores são projetados para
serem utilizados para retrair e/ou expor ossos específicos, tais como o retrator femoral
Benett e o retrator para joelho Blount.
Ganchos para ossos são utilizados para separar ossos fraturados para
realinhamento. Os pontos devem ser inspecionados para assegurar que estejam
intactos sem saliências, rebarbas diminuindo danos nos ossos. Os fórcepses, em sua
maioria, apresentam em seus dentes lâminas com aperto firme para que a manipulação
ocorra sem deslizes.
144
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• O conceito de cirurgia e suas finalidades, a cirurgia é a ciência e arte e, como tal, deve
ser aprendida. Como todas as artes, exigirá um aprendizado manual paciente e bem
conduzido; como ciência, é a renovação dinâmica e constante de preceitos e conceitos
em função de sua própria evolução.
• A classificação das cirurgias, divididas em eletivas, que tem como significado datas
e horários agendados, diferentes da identificação de urgências e emergências. A
urgência tem a identificação de espera e a emergência o procedimento tem que ser
realizado em virtude de alto risco de óbito.
• Que as cirurgias podem ainda ser classificadas quanto ao porte cirúrgico ou risco
cardiológico, ou seja, pequeno, médio ou grande porte ou risco, considerando a
probabilidade de perda de fluidos e sangue durante sua realização.
• Quanto ao tempo em horas: porte I, 2 horas; porte II, de 2 a 4 horas; porte III, de 4 a 6
horas; porte IV, acima de 6 horas.
145
AUTOATIVIDADE
1 Como é denominado um exemplo de intervenção cirúrgico paliativa? Descreva o seu
conceito.
( ) 2 a 4 horas.
( ) 4 a 6 horas.
( ) 6 a 8 horas.
( ) 8 a 10 horas.
( ) 10 a 12 horas.
a) ( ) F – V – F – F – F.
b) ( ) V – V – F – F – V.
c) ( ) F – V – V – V – V.
d) ( ) V – F – F – F – F.
146
REFERÊNCIAS
BARBOSA, M. L. B. Correlações anatomoclínicas da osteogênese imperfeita.
2022. 40 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas)
– Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Exatas e da Natureza, João
Pessoa, 2022. Disponível em: http://twixar.me/dwMm. Acesso em: 5 out. 2022.
DRAKE, R. L. Gray’s anatomia para estudantes. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2015.
SOBOTTA, J. Sobotta: atlas de anatomia humana. 22. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006.
CIRURGIAS ORTOPÉDICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• identificar os OPME.
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 3 – OPME
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
149
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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150
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
ESPECIALIDADE NA ORTOPEDIA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos a especialidades em ortopedia. Você sabia
que a ortopedia surgiu pela necessidade de o homem realizar correções em deformidades
observadas no corpo humano? A partir da observação, a ciência conseguiu trazer vários
benefícios à população, principalmente conforto aos pacientes que necessitam dessa
especialidade.
151
Hoje em dia, 90% das técnicas atuais utilizadas e os avanços em cirurgia
ortopédica vêm dos Estados Unidos, sendo que, geralmente, os protocolos e atualizações
dos procedimentos/atendimentos ocorrem no exército. Na Europa, o Grupo AO de
especialistas criou e desenvolveu o protocolo internacional para a classificação e para
os princípios de tratamento de fraturas, que é inserido na assistência por diversos
ortopedistas, de todo o mundo.
152
DICA
Quer saber mais sobre a história da ortopedia no nosso país? Leia o
artigo científico A história da ortopedia no estado da Bahia.
2 CIRURGIAS ORTOPÉDICAS
A cirurgia ortopédica acarreta todo o processo de cuidados ao paciente cirúrgico,
que vem da sua investigação para a hipótese diagnóstica, passando pela avaliação pré-
operatória e vai até o período pós-operatório, chegando até a reabilitação do membro
afetado. Muitas vezes, o procedimento cirúrgico, principalmente da ortopedia, é a
etapa-chave para o tratamento do paciente, assim como os cuidados antes da cirurgia
e no acompanhamento do caso, que podem determinar o sucesso da cirurgia, já que a
ortopedia como especialidade está ligada ao início da medicina (HEBERT et al., 2017).
153
2.1 ESPECIALIDADE NA ORTOPEDIA
No decorrer deste subtópico, serão apresentadas as várias oportunidades que a
ortopedia nos oferece, sendo que, entre elas, temos a subespecialidade de crânio-maxilo-
facial, voltada para as cirurgias que corrigem as deformidades. Elas agregam três tipos
de especialidades, são elas: cirurgia plástica, cabeça e pescoço e otorrinolaringologia.
Essas deformidades podem ser decorrentes de doenças congênitas ou adquiridas a
partir de fraturas, lesões e sequelas das fraturas.
IMPORTANTE
Acesse o site da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
(SBOT) para encontrar várias informações, principalmente acerca
das especialidades ortopédicas por meio do link a seguir: ortolifego.
com.br.
154
Você sabia que existem Centros de Atenção Especializados (CAE) do Instituto
Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO)? Sua criação é bem recente, ocorreu em
maio de 2006, a partir de uma reorganização assistencial, que foi liberada pelo plano
diretor e gestacional neste mesmo ano.
Nesse sentido, os CAE são formados por uma equipe multidisciplinar da área de
saúde, incluindo ortopedistas, clínicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e
terapeutas ocupacionais. O enfermeiro do CAE é o responsável pelo gerenciamento do
cuidado aos usuários, desde sua internação até a alta terapêutica. São desempenhadas
atividades administrativas que incluem a criação de rotinas e protocolos, além de trazer
e apresentar de artigos atuais sobre temáticas referentes aos CAE.
155
Figura 1 – Profissional atendendo ao paciente ortopédico
A coluna vertebral possui como função a proteção da medula espinal e dos nervos
espinais, sendo responsável pela sustentação do peso corporal dos segmentos acima da
pelve, postura e movimento. Além disso, a coluna vertebral possui o eixo parcialmente
rígido e flexível para o corpo e é o pivô para os movimentos da cabeça, formando, assim,
uma sustentação, mas flexível para o tronco, possuindo um importante papel na postura
corporal, na sustentação do peso do corpo, na locomoção e na proteção da medula
espinhal e das raízes nervosas (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009).
Existem sete vértebras cervicais e oito raízes nervosas cervicais, as raízes saem
acima de suas respectivas vértebras até a C8 e esta sai abaixo da vértebra C7. Depois desse
ponto, as raízes nervosas torácicas e lombares saem abaixo de suas respectivas vértebras,
essa compreensão é importante durante a avaliação de um potencial compressão de raiz
nervosa. Assim, possuímos 33 vértebras (sete cervicais, 12 torácicas, cinco lombares, cinco
sacrais, quatro coccígeas fusionadas) que constituem os componentes ósseos da coluna
vertebral, como demonstra a imagem a seguir (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009).
156
Figura 2 – Anatomia das vértebras
INTERESSANTE
A American Spinal Injury Association (ASIA), formada em 1973,
publica as normas internacionais para classificação neurológica
de lesão medular, sendo um exame neurológico amplamente
usado para documentar deficiências sensoriais e motoras após
Lesão Medular (LM). A avaliação da ASIA é o padrão-ouro para
avaliar a LM. Acesse o link a seguir e tenha acesso ao site oficial da
ASIA, pois lá é possível encontrar matérias, podcasts, documentos
relacionados à temática e de forma gratuita: asia-spinalinjury.org.
157
Figura 3 – Logotipo da American Spinal Injury Association
Você sabia que cerca de 10% a 20% das lesões medulares ocorrem pela má
manipulação das vítimas de trauma, seja pela equipe pré-hospitalar ou equipe hospitalar,
salientando que a proteção da coluna cervical é uma das prioridades do tratamento
pré-hospitalar e é preciso prezar o protocolo de atendimento preconizada pelo PHTLS,
segundo o qual existe exceção caso exista risco de vida iminente ao paciente. As
principais causas dessa lesão são acidentes automobilísticos, quedas, acidentes
esportivos, acidentes de trabalho e ferimentos por armas de fogo (MAGEE, 2005).
158
DICA
Leia o artigo científico Perfil epidemiológico das fraturas traumáticas das
colunas torácica e lombar submetidas ao tratamento cirúrgico, de Buffon
et al. (2021). Ele está disponível no link a seguir: http://twixar.me/swMm.
159
Figura 5 – Antes e depois da cirurgia de escoliose
Para esses casos, existe uma necessidade para a descompressão ampla e para
possibilidade de instabilidade e, se o equilíbrio sagital e coronal estiver preservado,
a artrodese apenas do segmento abordado deve ser levada em consideração. Nos
pacientes que possuem risco de pseudoartrose e programação de artrodese longa, a
associação de artrodese intersomática será benéfica, porém, quando se fala dos níveis
lombares baixos, caso seja realizada fusão lombossacra, o emprego de técnicas de
acesso anterior e lateral, além de proporcionarem descompressão direta e indireta,
permitem o uso de espaçadores discais em uma área maior, possuem o menor risco de
fratura dos platôs (subsidência), além de possuir o potencial de correção angular nos
planos sagital e coronal.
160
Em alguns casos, são recomendados e elegíveis para osteotomias, como os
casos que apresentam deformidades rígidas (< 30% de correção em radiografias
dinâmicas) ou artrodese prévia com desequilíbrio sagital moderada. As osteotomias
têm por finalidade restaurar o equilíbrio vertebral e diminuir a sobrecarga sobre a
interface osso/material de síntese e a chance de falha mecânica. Dessa forma, estes
procedimentos podem aumentar o tempo cirúrgico, mas fatores como o sangramento, a
morbidade perioperatória e a correção do equilíbrio sagital se evidenciaram como o fator
importante com melhor impacto nos resultados pós-operatórios.
Quando se opta pelo tratamento cirúrgico, existem várias técnicas que foram
subdivididas, de forma hierarquizada, em grupos por Silva e Lenke (2010), como
descompressão isolada; artrodese lateral estende artrodese e instrumentos para a
coluna torácica para descompressão; inclui osteotomia para correção da deformidade. A
descompressão isolada é melhor para pacientes com sintomas neurológicos, sem dor
axial e curvatura lombar estável (Cobb < 30°, deslizamento lateral < 2 mm e presença de
osteófitos anteriores) (BUFFON et al., 2021).
161
No entanto, o resultado esperado, que é a diminuição da curvatura da coluna,
dependerá de muitas variáveis que vão do diagnóstico radiográfico até a função física
e mental do indivíduo, alívio da dor e autoimagem. Um dos pontos importantes para se
pensar é sobre o psicológico do paciente e sobre suas expectativas antes da cirurgia,
pois isso também afeta o resultado. Alguns estudos desenvolveram questionários
que trazem perguntas gerais e específicas voltadas a patologias e que fornecem
métodos aprimorados para o estudo dos resultados do tratamento. Logo, os resultados
secundários para os pacientes devem ser usados com a intenção de excluir efeitos
adversos graves do tratamento.
162
O membro superior é extremamente móvel com a função de posicionar a mão
no espaço, diferentemente do membro inferior, com as funções de suportar o peso,
estabilizar o corpo e permitir a locomoção. Entre as múltiplas funções da mão humana,
destacam-se a preensora e a sensitiva. Do ponto de vista funcional, é impossível separá-
las, pois essa associação faz da mão um privilegiado órgão de execução e informação
(PARDINI; FREITAS, 2008).
Dos 13 pacientes, em seis deles o enxerto foi utilizado a partir da própria cabeça
do úmero e os demais, ou seja, em sete pacientes, do osso do ilíaco. A idade média desses
indivíduos que foram selecionados, na época da cirurgia, foi de 41 anos e quatro meses,
havendo uma variação de 18 a 78 anos. O acompanhamento médico foi de 53 meses,
163
variando de seis a 116 meses. Muitas causas levaram esses pacientes a possuírem a
indicação da artrodese, tendo sido observado que quatro pacientes não tinham queixa
de dor (paralisia do plexo braquial) e a indicação da cirurgia foi para melhorar a função
do membro afetado.
Foi preciso expor alguns músculos, como o supra e infraespinhal, sendo que, para
isso acontecer, é necessário desinserir os músculos deltoide e trapézio na espinha da
escápula, além de ser preciso que o manguito rotador seja removido da sua inserção para
expor amplamente a região posterior da articulação. Após esses passos, o cirurgião solicita
o osteotomo ao instrumentador para remover a cartilagem articular e o osso da cavidade
glenoide, da face inferior do acrômio e da cabeça do úmero. Em seguida, é realizada a
curetagem com o instrumento e, ao curetar a superfície inferior do acrômio, faz-se com
que aumente a superfície de contato e, consequentemente, o potencial de consolidação.
164
Figura 6 – Anatomia do acrômio
165
No ano de 1983, com o professor Manlio Marco Mario Napoli, fundou o primeiro
grupo de cirurgias de ombro e cotovelo do Brasil e da América Latina. Logo após a formação
do grupo, assumiu cargos de liderança que ocupou até 1998. Seu interesse pela cirurgia
de ombro e cotovelo remonta ao início da década de 1960, no atendimento de crianças
paralisadas e nas primeiras cirurgias para instabilidade do ombro. Como foi o fundador do
hospital, em sua homenagem, colocaram o seu nome, ficando o hospital intitulado por
Instituto de Ortopedia e Traumatologia F. E. Godoy Moreira (FERREIRA FILHO, 2021).
Segundo o mesmo autor, no início da década de 1950, São Paulo vivia uma
epidemia de poliomielite aguda. O governo, com auxílio de verbas federais, construiu e
inaugurou, em 31 de julho de 1953, o que hoje é conhecido como Instituto de Ortopedia
e Traumatologia (IOT), integrando o hospital geral. O novo instituto é responsável por
receber casos agudos de pré-pólio na fase de insuficiência respiratória. Para isso, conta
com toda a infraestrutura necessária. Pacientes clinicamente suspeitos de ter a condição
são examinados e selecionados por um cirurgião ortopédico.
INTERESSANTE
O dedo em martelo é uma deformidade do dedo que ocorre
quando o tendão extensor (que estica o dedo) se rompe. Quando
uma bola ou outros objetos atingem a ponta do dedo ou do
polegar, dobrando-os de forma forçada, a energia rompe o tendão
que estende o dedo. A força da pancada pode chegar até a arrancar
um pedaço de osso com o tendão. A ponta do dedo ou polegar não
consegue esticar, como demonstra a imagem a seguir.
166
Figura 8 – Dedo em martelo
Alguns sinais e sintomas que o paciente pode apresentar é que caso o osso
esteja completamente quebrado, a perna do indivíduo pode parecer ser mais curta que a
perna não fraturada. Desse modo, ele frequentemente manterá a perna lesionada em
posição fixa, com o pé e o joelho virados para fora.
167
Nesse caso, o exame de imagem mais indicado seria a Ressonância Magnética
(RM), já que esse tipo de exame identifica a fratura oculta ou incompleta. Caso o paciente
seja incapaz de se submeter a esse exame, seja por sua condição clínica ou não, a
Tomografia Computadorizada (TC) pode ser realizada, porém esse procedimento não é tão
sensível quanto a ressonância magnética para observar as fraturas de quadril incompleta
(SKINNER; MCMAHON, 2015).
168
O joelho é uma articulação que é formada por várias estruturas que precisam
desempenhar o seu papel em harmonia, como demonstra a Figura 10. Isso possibilita
a divisão do peso corporal e a realização dos movimentos necessários para a realização da
marcha adequada. O joelho, possui uma articulação que é susceptível a algumas lesões
traumáticas por causa da sua localização e, principalmente, por estar nas extremidades
de dois braços de alavanca longos: a tíbia e o fêmur (MAGEE, 2005). Além disso, o joelho
suporta uma grande sobrecarga do corpo e, por ter em sua composição articular, a
união de três ossos com superfícies poucos regulares, a articulação está predisposta
a inúmeras lesões traumáticas, ortopédicas e reumatológicas (SOUZA; MORAIS, 2016).
169
fibrocartilaginosas responsáveis pela absorção e distribuição de carga, além da
importante função proprioceptiva. As rupturas são decorrentes de um trauma rotacional ou
por flexão, evolução do processo degenerativo articular ou lesão espontânea decorrente da
falência estrutural progressiva (CAMANHO et al., 2006).
É possível perceber que é cada vez mais comum a realização desse tipo de
cirurgia devido ao aumento de sobrevida da população no mundo e inversão da pirâmide
etária, na qual temos mais pessoas idosas que jovens, o que faz com que problemas
como a osteoartrose, que é observada pelo desgaste da cartilagem articular, sejam mais
comuns na sociedade.
170
possuem riscos como outro processo cirúrgico e, dentre eles, destaca-se a ISC, que
pode favorecer a reinternação do paciente, além do uso prolongado de antibióticos,
déficits funcionais permanentes na articulação, troca/remoção do implante ou até fazer
com que o paciente evolua para óbito.
É imprescindível ter em mente que a maioria dos pacientes operados são por
lesões acometidas por traumas, sejam eles acidentais ou não. Quando falamos desses
tipos de acometimentos, vários estudos demonstram que as lesões se localizavam em
membros inferiores, e, muitas vezes, atingindo até cinco regiões.
171
dados extraídos e publicados em 2017, as lesões mais frequentes desses indivíduos
são as fraturas, nas quais existe uma maior prevalência das lesões em pé e tornozelo,
os acidentes continuam sendo uma incidência de graves lesões, especialmente no pé.
Para dar ênfase às informações citadas e justificando as causas desses tipos de lesões,
os autores Zabeu et al. (2012) evidenciam que:
Além disso, com grande frequência: “[...] as lesões de alta energia são expostas
e associam-se com grave lesão de partes moles, desluvamento, esmagamento tecidual e,
não raramente, ocorre também síndrome compartimental” (SAKATA et al., 2008, p. 31).
2.5 PEDIÁTRICO
A ortopedia é uma especialidade da área das ciências da saúde que está
relacionada aos processos de prevenção, tratamento e reabilitação de distúrbios
relacionados ao sistema motor. Relacionado a isso, temos também a traumatologia, que
é uma especialidade voltada para pacientes traumatizados em geral, no que diz respeito
ao trauma, que acreditamos ser definido como um evento prejudicial que consiste
em alterações estruturais e físicas, causadas por trocas entre diferentes indivíduos,
desequilíbrio, organização e ambiente.
172
Os estudos de Souza et al. (2010) afirmam que, nos Estados Unidos da América,
uma em cada três crianças a cada ano é acometida por algum tipo de trauma ortopédico.
Como resultado, o trauma é responsável por 10 a 15 por cento das admissões em clínicas
pediátricas hospitalares e unidades de terapia intensiva. O estudo dos autores também
afirma que, para cada criança que morre, 40 crianças precisam de hospitalização, 1.000
crianças precisam de tratamento de emergência e dezenas mais sofrem deficiências
permanentes. Portanto, a amputação é um dos fatores prognósticos para trauma
ortopédico.
Chamlian et al. (2013) observaram que as amputações, muitas vezes, afetam não
apenas o corpo do paciente, mas também sua integridade psicológica, social e pessoal.
Além disso, a pesquisa dos autores ainda mostra que, somente nos Estados Unidos, são
evidenciados 50 mil novos casos de amputação envolvendo os fatores traumáticos por
ano e, no nosso país, cerca de 13,9 a cada 100 mil habitantes, somente no estado do
Rio de Janeiro. Na Europa, a principal causa de morte ou incapacitação de crianças e
jovens de zero a 18 anos é o traumatismo. Os acidentes pediátricos ocorrem com maior
incidência nas escolas dos indivíduos, em suas casas e em lugares públicos.
O trauma ortopédico pode ser entendido como sendo um abalo físico proveniente
de grandes impactos abruptos ou violência, o que pode ocasionar alterações estruturais,
fisiológicas ou psicológicas do organismo afetado (SILVA et al., 2017). Por conseguinte,
os traumas ortopédicos são considerados problemas de saúde pública de nível mundial
devido às altas taxas de incidência, morbidade e mortalidade (YEUNG; GRAHAM, 2010).
173
Um dos fatores que interfere no trauma é a idade, sendo ela citada como
um dos mais importantes, levando em consideração que determinadas idades estão
mais propensas a determinados traumas ortopédicos. Dentre tais, está a faixa etária
pediátrica em que estão propensos os eventos traumáticos de maior gravidade, levando
em consideração sua maior fragilidade e menor tamanho.
174
Os principais casos de cirurgias ortopédicas em crianças e adolescentes são
por malformação congênitas ou traumas. A maioria das queixas são pelas diferenças no
comprimento dos membros. A seguir, o Quadro 1 traz as principais causas de diferença
do comprimento dos membros.
DICA
O Boletim epidemiológico – Anomalias congênitas no Brasil,
2010 a 2019: análise de um grupo prioritário para a vigilância ao
nascimento, publicado em 2021, demonstra que foram registrados
no Sinasc, entre 2010 e 2019, cerca de 16 mil nascidos vivos
por ano diagnosticados com pelo menos uma das anomalias
congênitas que compõem os oito grupos prioritários para vigilância
ao nascimento no Brasil. Este número corresponde a cerca de
66% do total de nascidos vivos diagnosticados com qualquer tipo
de anomalia congênita por ano registrados no Sinasc. A maior
captação de casos foi observada no ano de 2016 (17.662), diante
do aumento de casos de microcefalia no país.
175
2.6 ONCO-ORTOPEDIA
Mais de 1,6 milhões de pessoas nos Estados Unidos são diagnosticadas com
câncer invasivo a cada ano. Atualmente, 23% de todas as mortes nos Estados Unidos
são causadas por câncer, ficando atrás apenas de doença cardíaca como principal causa
de mortalidade nesse país. Nos últimos dez anos, porém, as taxas de morte por câncer
diminuíram. As taxas de morte continuaram a cair para os quatro principais tipos de câncer
(de pulmão, colorretal, de mama e de próstata). Essa redução nas taxas globais de câncer
se traduz na redução de mais de 1 milhão de mortes por câncer (DOHERTY, 2017).
O cirurgião está intimamente envolvido no cuidado dos pacientes com câncer, pois
a maioria ainda necessita de tratamento cirúrgico em algum momento. Frequentemente,
os cirurgiões são os primeiros especialistas a atender os pacientes recém-diagnosticados
com câncer ou são chamados para fazer o diagnóstico em pacientes com suspeita de
câncer. Assim, eles serão responsáveis pela organização dos cuidados do paciente,
incluindo a coordenação com oncologistas clínicos e radioterapeutas. É imperativo que
tenham um conhecimento profundo sobre os diferentes tipos de câncer e as diferentes
modalidades de tratamento disponíveis (EDGE; BYRD; COMPTON, 2010).
176
glandular são chamadas de adenocarcinoma e aquelas que lembram as células
epidermoides são chamadas de carcinomas epidermoides. Os cânceres compostos
de células indiferenciadas, que não lembram nenhum tecido, são designados como
carcinomas “pouco diferenciados” ou “indiferenciados”.
177
Por fim, o cirurgião pode ser chamado para o tratamento de emergências
oncológicas, por exemplo, obstrução e hemorragia aguda de uma víscera oca. Nesses
casos, os cirurgiões podem ter que intervir de maneira emergencial no cuidado de um
paciente com câncer ou, em algumas situações, usar abordagens não cirúrgicas (como
stents ou angiografia).
[...] cirurgia ainda é o maior pilar do controle do câncer. Além disso, ela
pode ser usada na sua prevenção, diagnóstico, controle de sintomas
e reconstruções. O programa nacional de controle do câncer deve
incluir ampliação dos serviços de cirurgia por meio de treinamento de
cirurgiões e ampliação da infraestrutura (CFM, 2017).
DICA
Assista ao vídeo criado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia
Oncológica sobre o dia mundial da luta contra o câncer: https://
www.youtube.com/watch?v=f6xPyKAOpgU.
178
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Existem várias causas que levam o paciente a se submeter a uma cirurgia ortopédica,
seja ela devido a um trauma, malformação congênita ou por uma patologia.
179
AUTOATIVIDADE
1 A coluna vertebral forma uma sustentação forte, porém, flexível para o troco, além
de possuir um papel importante na postura, na sustentação do peso do corpo, na
locomoção e na proteção da medula espinhal e das raízes nervosas. Acerca da sua
anatomia, assinale a alternativa CORRETA:
I- Cirurgias plásticas.
II- Cirurgias metabólicas.
III- Cirurgias de joelho.
IV- Cirurgias de laqueadura.
180
a) ( ) ASIA.
b) ( ) BLS.
c) ( ) PNH.
d) ( ) SOBT.
181
182
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
MATERIAIS NA ORTOPEDIA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos os principais materiais utilizados nas
cirurgias ortopédicas e para que estes instrumentos servem. Para cada tempo cirúrgico,
existem diversos materiais e instrumentos que precisam ser separados e organizados
pelo instrumentador cirúrgico e, para cada tipo de especialidade, são utilizados
instrumentos específicos. Portanto, é essencial que o instrumentador cirúrgico detenha
completo conhecimento acerca dos materiais e instrumentos que serão utilizados.
2 MATERIAIS NA ORTOPEDIA
É imprescindível que os cirurgiões comuniquem antecipadamente o instrumen-
tador e a equipe do centro cirúrgico sobre o tipo de cirurgia que será realizada, incluindo
a sua duração aproximada e todos os itens necessários, para aumentar a eficiência e
evitar atrasos.
183
Ao decorrer desta unidade, observaremos grandes instrumentos resistentes
e, normalmente, perfuro-cortantes necessários nos procedimentos ortopédicos. Os
instrumentais delicados também são utilizados, porém, os instrumentos necessários
para dividir, retrair, levantar e reparar os tecidos leves das estruturas ósseas são menores
e mais leves. Esta tarefa importante, exige atenção redobrada ao manuseio, transporte
e montagem das caixas de ortopedia para evitar danos nestes instrumentos.
184
Ter uma cirurgia segura e para salvar vidas é um desafio global e foi lançado
esse material apenas há oito anos, ou seja, é algo recente, observando que ainda
existe um caminho a ser trilhado para se incorporar dentro das equipes a boa prática nos
centros cirúrgicos no que se refere à manutenção das condições físicas e químicas dos
instrumentais cirúrgicos, o que, muitas vezes, passa despercebido pelo instrumentador
cirúrgico.
185
o pré-tratamento da água pode eliminar a possibilidade de resíduos ou depósito nos
instrumentais durante o processo de esterilização, sendo preciso destacar também que
os passos de inspeção e validação do reprocessamento são importantes, pois são eles
que vão dizer o tipo de reprocessamento para cada instrumental (MAIA, 2013).
186
• Broca
◦ Características: apresenta-se disponível nas caixas de diâmetro 2,5 a 3,5.
◦ Uso: é utilizada juntamente a um motor para perfuração do osso com o intuito de
fazer o caminho do parafuso para, assim, fixar a placa ao osso ou, em alguns casos,
para lixar o parafuso diretamente ao fragmento ósseo.
Figura 14 – Brocas
187
• Guia duplo compressão 3.5 centro/ excêntrico
◦ Características: guia com dupla ação nas extremidades, podendo ser substituído
pelos guias separados e, em alguns casos, esses guias podem se apresentar fixos
(juntos).
◦ Uso: são colocados sobre o furo da placa com objetivo de direcionar o furo, para
realizar compressão no foco da fratura. Vale salientar que este tipo de guia será
utilizado apenas em placas de compressão.
188
• Pinça de redução Backhaus com trava de catraca
◦ Características: possui, na sua parte ativa, pontos que lembram a pinça de campo
Backhaus e conta com uma forma de catraca para travar o instrumento e, assim,
manter-se fixo no local.
◦ Uso: auxilia no processo de redução das fraturas.
• Pinça autocentrante
◦ Características: possui o formato de bico de papagaio. Uma das partes ativas do
instrumento é um semicírculo para prender no osso, já a outra parte é mais fina
para ser encaixada no furo da placa, sua ação e trava é realizado pelo sistema de
rosca.
◦ Uso: após a redução de fratura, a pinça autocentrante é responsável por manter a
placa presa no osso até ser fixada com os parafusos.
189
Figura 18 – Pinça autocentrante
• Medidor
◦ Características: possui marcações que representam o número do parafuso a ser
utilizado em uma de suas extremidades e, na outra, pequena curvatura que, ao
passar pela segunda cortical, ela prende ao furo, dando o tamanho do parafuso.
◦ Uso: medir a profundidade do furo para colocação do tamanho do parafuso
adequado.
190
• Modelador de placa 4,5
◦ Características: instrumento pesado, de cabo maciço, ponta curva (como
uma fenda), para encaixar a placa que precisa ser moldada. Este instrumento
geralmente se encontra nas caixas de placas e parafusos de empresas.
• Osteótomo
◦ Características: possui a forma de reta e curva.
◦ Uso: o curvo é geralmente utilizado para descolar o periósteo, já o reto é geralmente
usado para fazer osteotomia, o corte no osso, com o martelo.
Figura 20 – Osteótomo
• Martelo
◦ Características: instrumento pesado, não é articulado e não é perfurocortante.
◦ Uso: serve para auxiliar as osteotomias e fazer impactação de alguns materiais de
sínteses, como os fios de aço e a introdução de haste intramedular.
191
• Afastadores Hohmann
◦ Características: são afastadores de cabo niquelado e largo, que possuem um
orifício circular no final do seu cabo. Este orifício serve para auxiliar o cirurgião para
complementar com outro afastador Hohmann e, assim, ocasionar um melhor braço
de alavanca.
• Afastador Weitlaner
◦ Características: afastador de classificação autoestático, mantido por força
mecânica por um conjunto de travas.
◦ Uso: serve para afastar tecidos intermediários a superficiais.
192
• Cureta
◦ Características: instrumento não articulado, possui a ponta do tipo “concha”, podendo
possuir a ponta com orifício, como demonstra a imagem a seguir.
◦ Uso: utilizada para curetagem (raspagem).
• Gancho de malar em T
◦ Características: instrumento pontiagudo, podendo ser apresentado com o cabo em
formato de T ou maciço, além de possuir diferentes tamanhos.
◦ Uso: tração e/ou manipulação de tecidos impactados.
• Afastadores de Israel
◦ Características: apresenta em sua ponta cinco dentes ligados a um cabo vazado,
para melhor empunhadura com os dedos. Ele possui a classificação de manual
traumático.
◦ Uso: ele é utilizado em tecidos superficiais a intermediários, sendo bastante
utilizado em regiões de musculatura.
193
• Pinça de redução Lambotte
◦ Características: possui a “boca” móvel, com regulagem conforme o diâmetro do
ósseo. Possui cabo cremalheira e mola.
◦ Uso: para redução de fraturas ósseas. Possui a finalidade de aproximar. Geralmente,
ela é utilizada em pares, nas extremidades da fatura.
• Afastador Bennet
◦ Características: empunhadura anatômica com elevação para acomodar a mão,
possui uma largura maior que o afastador de Hohmann e sua ponta é arredondada
para evitar ocasionar o trauma.
◦ Uso: serve para afastar tecidos profundos. Sua curvatura na ponta serve para
apoiar no osso e afastar a musculatura.
194
• Cizalha Stille Linston
◦ Características: instrumento de dupla articulação, semicurva, sua ponta possui
semelhanças com a “tesoura”.
◦ Uso: utilizado para tecidos impactados (ossos). Ele auxilia na regularização de
ossos.
O material cirúrgico para este tipo de cirurgia estar dividido em básico, especial e
microcirúrgico é apenas didática, mas de grande auxílio à equipe de instrumentadores,
que, assim, saberão abrir somente o conjunto necessário àquele procedimento. Na
verdade, esses instrumentos são usados simultaneamente no mesmo ato cirúrgico,
conforme as necessidades técnicas.
195
Figura 28 – Material cirúrgico especial
196
A Figura 31 a seguir, mostra a caixa 3,5, que também é chamada de caixa de
pequenos fragmentos. Estes instrumentos são mais delicados que os demais, mas
possuem a mesma precisão. Os instrumentos demonstrados na imagem são: broca 3.2x150,
broca 4.5x150, escareador 8, macho 4.5 mm, macho 6,5 mm, pinça porta parafusos, guia
duplo 4,5 mm, guia de broca 3.2/6.5, guia de broca 3.2/4.5, modelo pequeno, médio e
longo, medidor de profundidade, extrator de parafuso espanado 3.5mm, conical extrator
de parafuso quebrado, chave hexagonal 3.5 mm, pinça de redução com trava 210 mm,
pinça espanhola 210mm, pinça auto centrante 260 mm, elevador de periósteo curvo
8mm, elevador de periósteo reto, afastador Hohmann 6 mm, modelador de placas grande e o
contêiner com rack de parafusos.
197
2.4 FIOS DE SUTURA E CURATIVOS
É responsabilidade do instrumentador cirúrgico conhecer e identificar materiais
necessários à cirurgia, assim como preparar a mesa com os instrumentais a serem
utilizados, como fios cirúrgicos, pinças, afastadores e demais materiais que poderão
ser utilizados. Também lhe cabe auxiliar na montagem das mesas com os campos
operatórios, além de fornecer os instrumentais e materiais necessários à equipe cirúrgica,
e manter a limpeza e a proteção dos instrumentais e materiais contra a contaminação/
infecção (MAIA, 2013).
A palavra “sutura” engloba todo material utilizado para unir ou laquear tecidos,
auxiliando no processo de cicatrização por primeira intenção, sendo uma técnica
utilizada há, pelo menos, 4000 anos. Seus materiais vêm evoluindo de maneira bastante
significativa (MEDEIROS; ARAÚJO-FILHO; OLIVEIRA, 2017).
A sutura pode ser feita em planos separados ou plano único, com aproximação
das bordas, em posição plana com inversão (vascular) ou eversão das bordas (tubo
digestivo); ou pode ser manual (fios de sutura), mecânica (grampeadores) ou adesiva
(com fitas adesivas e colas cirúrgicas).
Para as suturas manuais, a escolha do fio depende do local a ser suturado, das
condições do paciente, do custo, da maleabilidade e de mínima reação tecidual, da
resistência, da tensão, da confiabilidade do nó, da facilidade de manuseio, da toxicidade. Os
fios podem ser absorvíveis ou não absorvíveis, monofilamentares ou multifilamentares.
198
Os materiais orgânicos são destruídos por proteólise (quebra de proteínas), ao
contrário dos sintéticos, que sofrem hidrólise e que, por esse motivo, estão relacionados
a menores reações inflamatórias. Atualmente, houve uma substituição da maioria dos
materiais de origem natural pelos materiais de origem sintética, embora a seda, apesar de
ter origem natural, venha sendo, ainda, amplamente utilizada.
• resistência adequada;
• mínima reação tecidual;
• não se degradar em produtos tóxicos;
• não facilitar a infecção e permanecer estável na sua presença;
• calibre e resistência constantes;
• coeficiente de atrito adequado;
• capacidade de manter a resistência até quando necessária;
• velocidade de absorção não afetada pelos líquidos corporais;
• ser de fácil manuseio – nó fácil e firme;
• elasticidade adequada;
• não ser alterado com a esterilização;
• ter baixa capilaridade;
• não alergênico e não mutagênico;
• ser de baixo custo (MEDEIROS; ARAÚJO-FILHO; OLIVEIRA, 2017, p.
75).
199
As suturas, por sua vez, podem ser classificadas de acordo com diversos
parâmetros que indicam sua qualidade, material, estrutura, origem do material e tempo
de permanência no tecido lesado. Portanto, no que diz respeito à degradação que sofrem
no corpo, eles são divididos em duas categorias: absorvíveis e não absorvíveis, ambas
com fios feitos de fibras naturais ou materiais sintéticos (MEDEIROS; ARAÚJO-FILHO;
OLIVEIRA, 2017). Consulte o Esquema 1 a seguir para observar a classificação geral dos
fios de suturas.
200
Quadro 2 – Fios de sutura por nomes comerciais
201
cirúrgico tem por finalidade proteger a Ferida Operatória (FO), além de prevenir o
fechamento secundário e a infecção e promover o processo de cicatrização natural.
Sobre o fio de curativo, a escolha depender do tipo da cirurgia, do tamanho da lesão e se
a ferida possui drenos ou não (MAIA, 2013).
202
Quadro 3 – Curativos básicos
204
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Que é imprescindível saber o tipo de cirurgia que será realizada, além de saber quais
os tipos de fios e curativos que serão utilizados, bem como alguns nomes comerciais,
o que ajudará bastante na sua prática.
205
AUTOATIVIDADE
1 É imprescindível que toda sala cirúrgica esteja equipada com os instrumentais
e materiais de acordo com a especialidade cirúrgica. Sabendo disso, é possível
identificar que existem alguns equipamentos básicos que todas as salas de cirurgias
precisam estar completas, independentemente da especialidade. Com base nos
materiais que toda sala cirúrgica deve possuir, independente da sua especialidade,
acerca desses instrumentos, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Afastadores de Farabelf.
b) ( ) Equipamentos para ventilação e oxigenação.
c) ( ) Kit de pinça anatômicas.
d) ( ) Kit 3,5.
3 Existem algumas qualidades para medir o fio de sutura como ideal, porém, mesmo
com o avanço atual da tecnologia, permanece verdadeira a ideia de que nenhum fio
de sutura tem todas as características que o classifiquem como o fio ideal. Sobre esse
tema, classifique V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Resistência adequada.
( ) Calibre e resistência constantes.
( ) Máxima reação tecidual.
( ) Possuir toxidade.
206
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F – F.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) V – V – F – F.
d) ( ) F – F – V – F.
5 São muitos tipos de materiais ortopédicos que são específicos para cada tipo de
cirurgia. Eles são compostos de ligas metálicas que não causam reação biológica com
o corpo humano, cada material ortopédico tem um propósito e função específica.
Sabendo disso, quando se deve utilizar o medidor cortical?
207
208
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —
OPME
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos o OPME, que possui como significado:
Órteses, Próteses e Materiais Especiais. Os três são insumos utilizados na assistência
à saúde, relacionados a uma intervenção médica, odontológica ou de reabilitação
diagnóstica ou terapêutica. A temática OPME é complexa e tem múltiplos atores e
interesses envolvidos que se inter-relacionam, sendo eles: pacientes, médicos e outros
profissionais da saúde, fabricantes e fornecedores de insumos e hospitais e cada qual
assume sua parcela de responsabilidade na cadeia de utilização.
Fonte: a autora
209
Figura 34 – Vários tipos de órteses que possuem o intuito de corrigir um membro
210
A partir de sua criação em 1999, a Anvisa é responsável pela avaliação e
monitoramento do uso desse tipo de produto no Brasil, o que inclui materiais como OPMEs.
Tal competência engloba o controle sanitário não só da produção e comercialização, mas
também dos ambientes, processos, insumos e tecnologias a eles relacionados (BRASIL,
1999). Isto é, OPMEs somente podem ser utilizadas a partir de seu registro perante
a Anvisa. Além disso, a empresa fornecedora deverá ser fabricante ou distribuidor
habilitado para comercialização no país, é obrigação da contratada fornecer o número
do registro do produto (CBMDF, 2018). OPME deve oferecer:
• segurança do paciente;
• eficiência operacional;
• redução de desperdício e variabilidade;
• relações comerciais e técnicas harmoniosas;
• oferta de uma boa relação custo-benefício para os produtos;
• eliminação do risco de glosas/atrasos no faturamento;
• alcance de confiança e resolubilidade.
Para que se consiga contemplar todos os objetivos da boa gestão de OPME, faz-
se necessária uma organização do estabelecimento de saúde com o controle dos itens
utilizados no estabelecimento, evitando, assim, a falta quando solicitados, bem como
mantendo um estoque mínimo dentro da instituição, uma vez que demandam um alto
fluxo de caixa.
Essa tecnologia está sendo desenvolvida mais ou menos há 30 anos, sendo que,
apenas na última década, teve o maior crescimento. Além disso, essa tecnologia se tornou
bastante acessível, seja para população como para aqueles que estudam a tecnologia.
Com essa divulgação e esse acesso, o seu alcance no que diz respeito à diversidade e
ao baixo custo dos produtos que são realizados e produzidos por meio dessa tecnologia,
conseguiu valorizar uma exploração de diversos mercados, inclusive da saúde.
211
conceituados, sendo dispositivos que, muitas vezes, são utilizados para substituir
parcialmente ou totalmente um membro ou parte do corpo humano, seja na ausência
daquele membro ou com deficiência. A autora Maia (2016, p. 3) reafirma que:
DICA
Quer conhecer mais sobre os OPMEs? A Associação Brasileira de
Paraparesia Espástica e Hereditária correlatadas do Brasil, no ano de
2022, preparou um material, no qual vem trazendo vários modelos
de órteses e seus objetivos, basta você acessar o link a seguir para ter
acesso ao material: http://twixar.me/W9Mm.
212
2 RESPONSABILIDADE DOS MATERIAIS E INSTRUMENTAIS;
CAIXA DE PEQUENOS FRAGMENTOS.
O profissional de instrumentação cirúrgica tem como maior responsabilidade
os instrumentos cirúrgicos e tudo que envolve seus cuidados, que tem como principal
objetivo prezar pela qualidade e segurança nos procedimentos cirúrgicos, visando o
bem-estar do paciente, com respeito e ética em seu trabalho. O instrumentador também
tem como responsabilidade:
213
LEITURA
COMPLEMENTAR
BOAS PRÁTICAS PARA COMUNICAÇÃO EFETIVA: A EXPERIÊNCIA DO ROUND
INTERDISCIPLINAR EM CIRURGIA ORTOPÉDICA
Introdução
Apesar dos avanços, um dos maiores desafios tem sido a falta de comunicação
durante o percurso de cuidado dos pacientes nas instituições de saúde, gerando lesões
indesejadas, eventos adversos e até a morte, o que exige soluções com mudanças
processuais e novas tecnologias. Assim, a comunicação efetiva torna-se uma das metas
internacionais de segurança do paciente e se refere às informações compartilhadas que
dizem respeito ao cuidado prestado ao paciente, envolvendo os mais diversos profissionais
do âmbito hospitalar. A falha na comunicação entre os profissionais da equipe de saúde
implica em dano ao paciente e se caracteriza por lapso no processo assistencial, falta de
integração entre os membros que assistem o paciente e incoerência nas condutas.
214
A comunicação efetiva entre os membros da equipe de saúde acontece
quando há contato visual, escuta ativa, confirmação da compreensão da mensagem,
liderança clara, envolvimento de todos os membros da equipe, discussões saudáveis de
informações pertinentes e a capacidade de antecipar com precisão problemas futuros.
Estudos demonstram que existe a necessidade de desenvolvimento de programas de
treinamento de habilidades de comunicação dos profissionais envolvidos no cuidado
em saúde, além disso, há relatos de que esses programas demonstraram melhora no
desempenho e na comunicação da equipe interdisciplinar, bem como garantiram mais
segurança nas práticas de cuidado.
Método
Resultados e Discussão
216
Considerando a constatação de situações evitáveis quanto à evolução dos
quadros, percebeu-se a necessidade de estruturar um round interdisciplinar com discussão
semanal de característica ampliada em aspectos assistenciais, com otimização do tempo e
foco no paciente. Para tanto, a equipe multiprofissional construiu uma sequência de seis
etapas a serem seguidas nos encontros da equipe: (1) breve apresentação dos membros
da equipe; (2) revisão do caso clínico e resultados de exames: equipe médica (cirurgião
ortopédico, médico clínico e anestesiologista) realiza um relato do caso, conferem-se
laudos de exames, data prevista da cirurgia e da alta; (3) atualização da condição clínica
recente: enfermeiro apresenta os sinais vitais das últimas horas e alterações (se houver),
riscos de queda e lesão por pressão, entre outros cuidados de enfermagem prestados
a estes pacientes; (4) revisão de itens de segurança: enfermeiro aborda o tempo de
permanência ou necessidade de uso de sonda vesical de demora, uso de cateter
venoso central; farmacêutico clínico aborda a terapia medicamentosa, a reconciliação
medicamentosa, adequação da prescrição aos protocolos institucionais, como o de
profilaxia de tromboembolismo venoso, prevenção de infecções em pacientes cirúrgicos,
anticoagulação oral e dor em adultos; (5) plano de tratamento: equipe multiprofissional
informa evolução do paciente e seus planos de tratamento; fisioterapeuta descreve sobre
a mobilidade e deambulação; assistente social relata situação familiar e organização
para alta; nutricionista apresenta dados sobre aceitação alimentar e dieta ofertada;
(6) definições: médico sumariza o plano de cuidados, confirmando as ações definidas
conjuntamente pela equipe.
217
O perfil dos pacientes com fratura de fêmur, associado à imobilidade causada
pelo trauma, predispõe ao desenvolvimento de lesões por pressão. A partir disso,
diversas medidas de prevenção para lesão por pressão nesses pacientes foram
discutidas durante o round. Como exemplo, tem-se o uso de colchão de fluxo de ar, que
era contraindicado na instituição para pacientes com FEPF e passou a ser uma conduta
instituída após revisão da literatura científica instigada pelo round, constatando-se que
não havia evidências de contraindicação ao uso dele.
218
O planejamento da alta hospitalar dos pacientes com FEPF também recebeu
incrementos a partir da sistematização de round interdisciplinar, sendo instigado que
cada membro da equipe multiprofissional avaliasse individual e antecipadamente
as demandas clínicas e necessidades sociais relacionadas à alta hospitalar, pois se
tratava de pacientes com necessidades de equipamentos para uso domiciliar, como
cama hospitalar, colchão piramidal, muletas, andador, papagaio, comadre, entre outros.
A articulação do planejamento da alta às linhas de cuidado existentes na instituição
ganhou destaque por meio do round e, como consequência, os pacientes com FEPF
receberam suporte precoce quanto ao uso de anticoagulantes e quimioterápicos orais,
à administração de insulinas, bem como ao uso de inalatórios orais, sondas e ostomias.
Considerações Finais
Fonte: adaptado de GUZINSKI, C. et al. Boas práticas para comunicação efetiva: a experiência do round
interdisciplinar em cirurgia ortopédica. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, n. 40, p. 1-5, 2019.
219
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• Que os OPMEs têm papel fundamental na qualidade de vida dos pacientes, sendo
materiais classificados como órteses, próteses e/ou materiais médicos hospitalares
especiais inerentes à cirurgia. Órteses são peças ou dispositivos utilizados para
corrigir e complementar os membros ou órgãos do corpo, próteses são peças ou
dispositivos, como agulhas de metal, usadas para substituir artificialmente partes do
corpo que foram danificadas por doença ou acidente.
• Que a ortopedia envolve materiais com diferenças muito sutis, no entanto, decisivas
para o sucesso do procedimento, sendo preciso possuir um conhecimento profundo
sobre os materiais utilizados nos procedimentos operatórios e saber qual cirurgia
será realizada.
220
AUTOATIVIDADE
1 Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um considerável
segmento dos materiais de uso em saúde seria enquadrado como biomaterial,
estando empregados na Engenharia de Tecidos (SOARES, 2005). Sobre o significado
da sigla OPMES, assinale a alternativa CORRETA:
2 Os OPMEs somente podem ser utilizados a partir de seu registro perante a Anvisa.
Além disso, a empresa fornecedora deverá ser fabricante ou distribuidor habilitado
para comercialização no país, sendo obrigação da contratada fornecer o número do
registro do produto. Com base nas definições da Anvisa e sobre o que os OPMES
deverão oferecer, analise as afirmativas a seguir.
221
4 O instrumentador possui várias responsabilidades no centro cirúrgico e elas são
fundamentais para uma execução adequada da sua profissão. Disserte sobre a
responsabilidade do instrumentador frente aos instrumentais.
222
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osteoartrite de joelho. Revista Einstein, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 209-215, abr./jun. 2013.
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e lombar submetidas ao tratamento cirúrgico. Revista Médica do Paraná, Curitiba, n.
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SBOT. História da SBOT. São Paulo, Sociedade Brasileira de Ortopedia e
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Acesso em: 13 out. 2022.
227