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Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Mariane Eggert de Figueiredo
F475f
ISBN 978-65-5663-813-3
ISBN Digital 978-65-5663-814-0
CDD 770
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Acadêmico, é com satisfação que apresentamos os conteúdos da disciplina de
Fotojornalismo. Você encontrará aqui, um conteúdo interdisciplinar, aliando conhecimentos
da Fotografia e do Jornalismo, bem como de outras áreas do conhecimento, tais como:
História, Antropologia e Sociologia, Ética e Análise do Discurso. A imagem impacta e
pode marcar épocas. Com seu trabalho, o fotojornalista recorta realidades, impacta e
conscientiza o público, dando a ver o mundo tal como ele é: guerras, misérias, civilizações,
mas também solidariedade e empatia, tecnologia e sustentabilidade.
É sob esta ótica que você concluirá os seus estudos de Fotojornalismo: uma
prática integrada aos fazeres das mídias e os dispositivos de comunicação das massas.
Teoria e prática decorrem da observação, da reflexão crítica e do conhecimento desse
amplo universo que alia imagem, notícia e comunicação em uma atualidade globalizada.
Bons estudos!
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................134
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 202
UNIDADE 1 -
HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA E
DO FOTOJORNALISMO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA
1 INTRODUÇÃO
Fotos tornaram-se algo tão presente em nossa vida que sua existência parece
óbvia. No entanto, você já parou para pensar em como seria o mundo sem a invenção
da fotografia? Sem selfies, sem contemplar o retrato e a imagem das pessoas que ama?
Assim, em primeiro lugar, você será levado a percorrer uma longa reflexão sobre
as imagens e sua importância ao longo do tempo. Em seguida, percorrerá a história da
fotografia como técnica de captura e fixação de imagens. Trata-se do princípio físico da foto.
3
De pinturas rupestres a sombras e reflexos em superfícies lisas de lagos gelados,
aos contornos de montanhas ou as pétalas rendilhadas de uma flor, tudo foi motor para
o desejo de eternizar as imagens e os momentos que as enquadram no desfilar contínuo
do tempo.
IMPORTANTE
Tanto no contato direto com o fato quanto por transmissão, a imagem
é o veículo pelo qual uma realidade chega rápida e diretamente ao nosso
conhecimento. É por isso que desde tempos remotos conhecemos o ditado:
“uma imagem vale mais que mil palavras” (FIGUEIREDO, 2005).
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FIGURA 1 – OS CEGOS E O ELEFANTE
FONTE: <https://ensinarhistoria.com.br/s21/wp-content/uploads/2015/01/cegos-e-o-elefante-768x432.jpg>.
Acesso em: 10 jun. 2021.
INTERESSANTE
Segundo um conto tradicional indiano, sete sábios cegos encontraram,
um dia, um elefante. Cada um dos sábios pôde tatear uma parte
do elefante e, segundo a parte que tateava, imaginava o animal,
seu tamanho, suas capacidades, seu porte. Cada um deles, porém,
só obtinha uma compreensão parcial do animal, já que eram todos
cegos e cada um deles tinha a sua própria percepção. Assim é a nossa
vivência da realidade: o que percebemos são aspectos, mas é o todo
e o modo como o percebemos que faz sentido.
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QUADRO 1 – PANORAMA EVOLUTIVO DAS COMUNICAÇÕES E LINGUAGENS
Cultura oral/visual/
Manuscritos Difusão do
escrita Século XV
Livros conhecimento
IMPRENSA GUTTEMBERG
Primeiras universidades
Textos escritos Século XVII-XIX Conhecimento Saber
Educação Pública
IMPRENSA: 1ª MÍDIA Texto escrito: LIVRO
Século XVII, Informação
Nova prática hábito de leitura
XVIII ... Conhecimento Lazer
Artes/grafismos individual silenciosa
Jornal/grafismo/ Informar,
Texto escrito, gráfico Século XIX-XX
desenho Conhecimento, Lazer
Informação
Telégrafo Fio/Cabo 1840
Comunicação
Televisão (EUA e
Ondas/Imagem em Informação com
Europa) 1940-1950
movimento Imagens
Pintura/arte abstrata
Comunicação
Gravador/
ERA DA INFORMAÇÃO 1960 Conhecimento
Computador/TV
Lazer
Comunicação a
Internet (EUA) Rede 1960
distância
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ERA DIGITAL Internet 1995 Interconexão
ATENÇÃO
Platão estabelece a primeira classificação das imagens em: contornos das
sombras projetadas pelo sol; reflexos projetados em superfícies lisas de
lagos; contornos do relevo geográfico (CASATI, 2017). Na obra A descoberta
da Sombra, de Roberto Casati, você terá vários enfoques das imagens e das
sombras ao longo do tempo.
7
As sociedades, porém, não param de evoluir e, a partir de sua evolução,
desenvolvem novas formas de comunicar. Assim, os primeiros alfabetos usam ícones
ou imagens que mantêm uma relação analógica entre um desenho e um significado.
Com a evolução, os significados passam a ser atribuídos aos sons e não mais às coisas
que designavam. Veja, no Quadro 2, um exemplo de alfabeto icônico e sua evolução
para o alfabeto fonético:
DICA
Evidentemente, não podemos esquecer os propósitos estéticos
ligados à imagem, seja como forma de expressão, seja como forma de
representação. Você poderá aprofundar este conteúdo lendo obras que
tratem a História da Arte. Um exemplo é: SOARES, R. História da Arte.
Indaial: UNIASSELVI, 2021.
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Até aqui você estudou dois tipos de imagens, as imagens naturais, em que
não há intervenção humana na produção; e artificiais ou manufaturadas, que resultam
da intervenção humana com ou sem uso de ferramentas. Essa distinção permitirá
compreender o assunto a ser visto a seguir: a transformação entre as primeiras
experiências com as imagens sem que a mão seja determinante. Vamos abordar o
princípio que deu origem à fotografia: a escrita através da luz.
Os seres humanos, desde muito tempo, já haviam observado que a luz do sol
produzia efeitos extraordinários: sombras, cores, difração de raios etc.
IMPORTANTE
Câmara escura ou câmara escura de orifício: é um “equipamento formado
por uma caixa de paredes totalmente opacas, sendo que, no meio de
uma das faces, existe um pequeno orifício. Ao se colocar um objeto, de
tamanho ‘o’, de frente para o orifício, a uma distância p, nota-se que uma
imagem refletida, de tamanho i, aparece na face oposta da caixa, a uma
distância p', mas de forma invertida”.
FONTE: <https://www.sofisica.com.br/conteudos/Otica/Fundamentos/camaraescura.
php>. Acesso em: 19 out. 2021.
9
INTERESSANTE
A imagem invertida se forma porque a luz é uma forma de energia
eletromagnética que se propaga em raios em linha reta a partir de uma
fonte. Quando um dos raios atinge uma superfície irregular ou opaca,
é refletido de forma difusa em todas as direções. Os raios que passam
pelo buraco estreito da câmara escura projetam no interior da câmara,
a imagem invertida do que há do lado de fora. Isso é possível porque
cada raio se projeta de uma forma específica, e, assim, toda a cena
tocada do lado de fora é projetada do lado de dentro. Veja mais em:
https://bit.ly/3n9VwYk.
Veja a imagem:
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Ao longo do tempo foram necessários técnicas, materiais e talento para gravar,
riscar e pintar as imagens que registrariam informações e serviriam para comunicar.
Quando essa dificuldade é contornada pelo uso da câmara escura, a evolução dá um
passo gigantesco em direção à invenção de materiais e superfícies que permitem
impregnar e conservar as imagens sobre suportes duráveis. Esse é o tema do subtópico
a seguir, em que você verá de que maneira, da câmara escura chegamos à fotografia.
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• Joseph Nicephore Niépce (fim do século XVIII): produz imagens com uma câmara
escura e placas de papel cobertas com cloreto de prata. As imagens, porém,
desapareciam com o tempo. Em 1826, então, cobre uma placa de estanho com
betume e expõe ao sol durante oito horas, quando limpa da placa as partes não
ensolaradas com uma solução de alfazema. É a primeira fotografia. Veja na figura:
• Louis Jacques Mandé Daguerre (1839): como Niépce, fazia experiências com
impressão de imagens sobre algumas superfícies. Criou o diaporama e registrou a
primeira patente para um processo fotográfico – o daguerreotipo. A técnica consistia
em aplicar uma folha de prata sobre uma superfície de cobre dentro da câmara
escura. O resultado eram imagens fixadas. O governo francês aderiu à proposta, o
que lhe garantiu sucesso e levou à popularização da fotografia.
Uma pintura religiosa era sagrada. Daí os ícones, as imagens santas, a interdição
de reprodução de elementos humanos nas culturas muçulmanas (AUMONT, 2002).
Neste subtópico, vamos abordar a relação que a foto mantém com o assunto –
objeto ou pessoa – fotografado, e o modo pelo qual este assunto é concebido e expresso
pelo fotógrafo.
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• Arte ou técnica: questiona-se a natureza artística do processo em oposição à
essência comercial. O mundo artístico, com efeito, vai oferecer uma forte resistência
a aceitar a fotografia como arte. O poeta Charles Baudelaire atribui à fotografia uma
natureza diabólica (MAUAD, 1996).
• Identidade: a fotografia passa a integrar, de modo institucionalizado, documentos
de identidade, passaporte, formulários de todo tipo, além do uso recreativo (FARHI
NETO, 2018).
• Prova jurídica: a fotografia é vista como cópia fiel da realidade e torna-se peça-
chave no campo forense – ela serve como prova pericial dos fatos em processos
jurídicos e integra os diversos processos de legitimação pericial.
• Publicidade: como fator de atração e venda, os jornais passam a ilustrar as
matérias que, até então – como veremos mais adiante neste livro – recebiam poucas
ilustrações e/ou desenhos feitos por artistas do desenho. A descoberta da fotografia
vai, aos poucos, integrar os diversos gêneros do discurso jornalístico, aparecendo
em jornais, revistas, panfletos etc.
• Memória: ao registrarem-se as celebrações que marcam passagens rituais dos
processos da vida, como batizados, casamentos e morte, pela fotografia, sobressai-
se como registro histórico (MAUAD, 1996);
• O discurso reconfigurado: “a técnica fotográfica invade o imaginário popular e
reconfigura a linguagem com frases do tipo: ‘Uma foto vale mais que mil palavras’,
‘Mais vale uma foto que longos discursos’, ‘Não fotografou? Dançou!’” (FIGUEIREDO,
2005, p. 204);
• A natureza humana: porque, subitamente, as pessoas perceberam a passagem
inevitável do tempo e que todas coisas desaparecem, as fotografias sobreviveriam
para reativar a memória. O mundo adotou-a como prática em todas as situações
do cotidiano, em formas ortodoxas exibindo a sua crueza – fotografias de mortos
no caixão e registro testemunhal de extermínios em larga escala (I Guerra Mundial).
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FIGURA 6 – FOTOGRAFIA E PINTURA E A REPRESENTAÇÃO DE UM AUSENTE
LEGENDA: na primeira imagem, uma fotografia reproduz um objeto real; na segunda – reprodução da tela
Ceci n’est pas une pipe, do pintor belga René Magritte –, há criação artística do objeto.
FONTE: <https://bit.ly/336Kw59>; <https://bit.ly/3kRVO3d>. Acesso em: 12 jun. 2021.
É assim que Roland Barthes (1979), semioticista francês, concebe a foto, como
produto de um instante, índice de uma ocorrência passada, a que deu origem à captura
materializada na foto. Este aspecto assume relevância para o fotojornalismo, na medida em
que uma das finalidades da fotografia fotojornalística é dar a ver a realidade, ou, pelo menos,
a prova de que uma realidade existiu em um dado momento. Veja a foto apresentada na
Figura 7, do fotojornalista brasileiro, Sebastião Salgado, que evidencia a existência de uma
realidade humana passada, em um determinado momento, diante da objetiva:
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FIGURA 7 – SEBASTIÃO SALGADO EM SERRA PELADA (1996)
FONTE: <https://incrivelhistoria.com.br/app/uploads/2016/07/serra-pelada-05-sebastiao-salgado-vitrine.jpg>.
Acesso em: 12 jun. 2020.
ESTUDOS FUTUROS
A fotografia e o fotojornalismo nas mídias digitais serão abordados no Tópico
2 deste livro. Trata-se, aqui, de apenas situar a imagem sob uma perspectiva
ontológica, ou o que é uma fotografia digital.
Até aqui, você viu que a fotografia conheceu diferentes questionamentos desde
a sua aparição, evoluindo em sua essência. De representação do real, a vestígio de um
momento passado e instrumento de criação e expressão artística, ela traçou uma longa
trajetória para chegar, atualmente, a constituir uma das práticas predominantes, em
todos os setores sociais.
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Ao se tornar vetor de criação e expressão artística, a fotografia passa a ser
abordada através de constituintes formais, estéticos e significativos em diferentes níveis
ou áreas: quanto à percepção, às intenções, à estética da imagem. Esses aspectos serão
tratados no subtópico a seguir.
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As formas, porém, de perceber e interpretar elementos estruturantes que dão
significados às imagens, são socialmente determinadas. Por exemplo, sabemos que uma
fotografia possui apenas duas dimensões, altura e largura. Porém, conforme o agenciamento
dos elementos contidos, dá-nos a noção de profundidade, através da perspectiva, dos
jogos de luz e sombra etc. Logo, se é possível perceber informações e inferir sentidos pelas
imagens, também é possível construir esses sentidos de maneira deliberada.
DICA
Essas noções teriam feito o professor e artista Paul Klee, da Bauhaus
alemã, afirmar que uma linha é um ponto que se pôs a passear. Para
a visualização das figuras, direções e construções significativas obtidas
a partir das unidades discutidas, consulte: DONDIS, D. Sintaxe da
linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 34-51.
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NOTA
Como veremos na Unidade 2, o Histograma, na fotografia, permite
verificar os tons de cinza – logo, a quantidade de luz – que incide sobre a
imagem. Por isso conhecer a técnica é importante: porque contribui não
apenas para um resultado esteticamente perfeito, mas também a dar o
tom da imagem, o que se torna significativo. Dominar a técnica dos tons
é ainda mais importante na medida em que somos sensíveis à imagem
em preto e branco e também conseguimos relacioná-la, a partir de uma
visão colorida, a signos distintos. Para o fotojornalista, esta habilidade
determina o sucesso ou o fracasso das fotos realizadas.
DICA
Para um estudo das cores e os seus usos e significados na área da
comunicação, leia as obras a seguir, que ajudarão a determinar padrões
cromáticos, estilizações:
• HELLER, E. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção
e a razão. Tradução de: Maria Lúcia Lopes da Silva. São Paulo:
Gustavo Gili, 2013.
• FARINA, M.; PEREZ, C.; BASTOS, D. Psicodinâmica das cores em
comunicação. 5. ed. São Paulo: Edgar Blücher, 2006.
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FIGURA 8 – A SEÇÃO ÁUREA OU NÚMERO DIVINO DA NATUREZA
• Dimensão: resulta de uma ilusão ótica, tornada possível pela visão binocular
ou estereótica. O recurso à perspectiva, permite introduzir em uma imagem
bidimensional – altura e largura – a noção de profundidade, conferindo relevo ou
destaque a elementos situados em planos. Este efeito é acentuado pelo uso de
linhas e pontos destinados a fazerem convergir o olhar.
• Movimento: assim como a linha nada mais é do que uma sequência de pontos,
o movimento resulta de uma sequência de instantes. Ao pé da letra, o movimento
é uma ilusão criada pelos processos da visão; se ele existe no cinema, sabemos
que se trata de sequências de imagens estáticas. Ao combinar elementos visuais
nas imagens, um movimento pode ser sugerido apoiando-se na experiência que os
indivíduos possuem do mundo ou da realidade ao seu redor. Na fotografia, ângulos,
linhas, jogos de luz e sombra, contribuem a criar um efeito móvel.
ATENÇÃO
Se você observar com atenção a Figura 8, verá que a linha em espiral
parece sugerir uma impressão de movimento do interior ao infinito.
Muitos artistas e pintores souberam explorar a técnica, resultando em
trabalhos dinâmicos e leves ao olhar.
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No Tópico 2, você estudará o fotojornalismo, seus conceitos e transformações
ao longo do tempo, até a sua incorporação pelas mídias digitais. Ao mesmo tempo,
verá como a fotografia, ao integrar-se na prática jornalística, se manifesta como um
verdadeiro acontecimento, a ação de mostrar algo. Bom trabalho!
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A essas formas básicas, somam-se: direção, tom, cor, textura, escala, dimensão
e movimento. A direção é obtida a partir do quadrado – horizontal e vertical; o
triângulo – a diagonal; o círculo – a curva. O tom é obtido a partir da distribuição
entre claro e escuro – a luminosidade. A cor já existe na natureza, e exerce funções
simbólicas socialmente determinadas. A textura é obtida por meio de recursos
gráficos – padrões que sugerem sensações táteis.
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AUTOATIVIDADE
1 Considere a seguinte situação: um grande cotidiano de circulação nacional
apresenta como manchete da primeira página: “Governo promete zerar evasão fiscal”.
Segue-se à manchete, uma foto de membros do governo reunidos. Sabendo que o
governo se reúne para prever novas medidas econômicas e que apenas autoridades
legitimamente constituídas podem tomar parte dessas reuniões, qual é o modo de
relação do cidadão comum com o fato “decisão tomada em reunião”? Assinale a
resposta CORRETA:
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( ) A foto de uma pessoa é aquela pessoa.
( ) Quando o pintor Magritte afirma que o cachimbo retratado não é um cachimbo,
está, na verdade, afirmando que se trata de uma imagem representativa e não do
objeto em si.
( ) A fotografia, surgiu como técnica arrojada, e é praticamente ilimitada quanto às
possibilidades de criação e expressão.
( ) O fotógrafo interfere na produção de sentido(s) que o espectador possa tirar de
suas fotos.
4 Leia o seguinte excerto, tirado de Dondis (2007, p. 9): “Qualquer sistema de símbolos
é uma invenção do homem. Os sistemas de símbolos que chamamos de linguagem
são invenções ou refinamentos do que foram, em outros tempos, percepções do
objeto dentro de uma mentalidade despojada de imagens. Daí a existência de tantos
sistemas de símbolos e tantas línguas, algumas ligadas entre si por derivação de uma
mesma raiz, e outras desprovidas de quaisquer relações desse tipo”. A partir deste
excerto, disserte sobre as unidades de comunicação elementares.
FONTE: DONDIS, D. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
FOTOJORNALISMO: CONCEITO, HISTÓRIA
E PRÁTICAS
1 INTRODUÇÃO
O surgimento da fotografia revolucionou os discursos e as práticas sociais. Gisèle
Freund, fotógrafa nos anos 1930, foi uma das primeiras pesquisadoras a se interessar pelo
impacto da fotografia sobre o ser humano e como a técnica influencia sua percepção do
mundo (AVANCINI, 2017). A prática do retrato, que rapidamente se popularizou, dá origem
a reflexões de ordem ontológica – sobre a essência, o que ocorre, o que é a fotografia: uma
“visão falsa ou janela que se abre sobre o mundo?” (AVANCINI, 2017, p. 243). Afinal, embora
represente um assunto real – a pessoa retratada – a fotografia também corresponde às
escolhas e às possibilidades dadas pelo fotógrafo e sua técnica. "Essa prática instaura-se,
assim, no início, como modo de observar e recortar realidades. O fotojornalista está presente
e vive diretamente a realidade, a notícia, o fato a transmitir" (AVANCINI, 2017, p. 243).
2 CONCEITO DE FOTOJORNALISMO
A palavra fotojornalismo refere-se a duas noções fundamentais: a fotografia, por
um lado, e a prática jornalística ou o jornalismo, por outro. Trata-se, portanto, de uma
área interdisciplinar indissociável da fotografia, da comunicação e do discurso, da história
e as práticas sociais, entre outras áreas. Neste subtópico, vamos abordar o conceito de
fotojornalismo como prática instaurada na imprensa escrita, subsequente ao uso de
recursos gráficos – tais como o desenho e a gravura que eram fontes de informação
complementares ao texto escrito – e coexistindo com outros tipos de fotografias
da imprensa e das mídias. Primeiro, refletiremos sobre o carácter interdisciplinar do
fotojornalismo e, em seguida, sobre o conceito e sua abrangência.
25
2.1 UMA NOÇÃO INTERDISCIPLINAR
Antes de abordarmos o conceito de fotojornalismo, é preciso lançar um olhar
para a fotografia, pressentida como condensado de informação pronta e imediatamente
perceptível pelos sentidos, sobre os quais impacta. Uma imagem vale mais que mil palavras,
diz o ditado. O jornalismo saberá tirar proveito da fotografia logo após o desenvolvimento
da técnica, assim como a publicidade e a propaganda, práticas em que as escolhas de
linguagem comunicam experiências de realidade, para o primeiro, imaginada, neste
último. A fotografia, porém, é orientada para um fato que descreve. Veja a Figura 9:
FONTE: A autora
Através da fotografia, o fotógrafo age como filtro que vive a experiência, tem
contato direto com uma realidade. Dessa realidade, apreende traços que, ao serem
selecionados, transmitem a um público – presente ou não na realidade percebida –
informações do fato. Por meio da fotografia realizada pelo fotojornalista, o público é
apresentado à realidade do fato. Para Monteiro (2016, p. 65):
26
IMPORTANTE
Vamos lembrar que o fotógrafo olha através da objetiva que lhe permite
capturar o acontecimento através de um agenciamento visual de planos,
enquadramento, formas, linhas, luz e sombras etc. E esse recorte passa, em
seguida, pelo meio ou canal que é a mídia, antes de chegar ao público.
Um processo ocorre entre o fato e a recepção pelo público. A foto não é nem
“um espelho do real” (DUBOIS, 1993, p. 61 apud MONTEIRO, 2016, p. 65), como também
não é a sua transformação ou “redução e distorção” (MONTEIRO, 2016, p. 65). O que é,
então, a fotografia que o fotojornalista apresenta a seu público sobre um evento ou fato
testemunhado? Que relação se estabelece entre realidade vivida e realidade percebida?
FONTE: A autora
27
Essa construção narrativa integra em si um “padrão de verdade” (PICADO, 2013, p.
31 apud MONTEIRO, 2016, p. 67) ligado não tanto ao caráter pictórico da imagem – a foto é
bonita? A foto é bem-feita? –, mas a traços simbólicos ou bagagem simbólica, já que, tanto
o fotojornalista quanto o seu público, apelam ao seu conjunto de representações, sua
“iconoteca” ou “estoque próprio de imagens dentro do conjunto de imagens socialmente
partilhadas em uma determinada época” (MONTEIRO, 2016, p. 67). Daí a proximidade
com as Ciências cognitivas, as práticas sociais, a Antropologia, além das já citadas Artes,
Comunicação, Semiótica, Linguística, Análise do Discurso, entre outras áreas.
28
2021, s.p.). Por estar integrado ao conjunto das fotografias de imprensa, o fotojornalismo
compreende as noções específicas à imprensa e ao jornalismo tais como: atualidade,
notícia, acontecimento, política e sociedade, noções estas que tendem a corresponder
às diversas seções de um jornal (MONTEIRO, 2016). É nesse aspecto que a fotografia
jornalística se distingue da fotoilustração, da foto publicitária, por exemplo. A foto
jornalística é, obrigatoriamente, associada ao traço de verdade, enquanto aquelas
permitem a combinação, a criação e múltiplas formas de edição.
NOTA
O termo fotojornalismo designa a função profissional – como prática – e o
tipo de imagem utilizada nessa atividade (MONTEIRO, 2016).
• Fotojornalismo = Potencialidades comunicantes da fotografia aliadas à
informatividade significativa do Jornalismo.
29
sensacionalistas, sobretudo, quando publicadas na primeira página. Segundo Cartier-
Bresson (1981, p. 386 apud MONTEIRO, 2016, p. 72), “A câmera permite fazer uma espécie
de crônica visual do presente”.
IMPORTANTE
Fotojornalismo é: “o produto do trabalho de uma equipe de profissionais,
mas também […] ação de outros sujeitos sociais que tensionam este campo
da comunicação, como: governo, empresários, anunciantes, políticos,
censores etc.” (MONTEIRO, 2016, p. 74).
DICA
Assista ao vídeo Fotojornalismo, de Raquel Marques, disponível em:
https://bit.ly/3jhy1vg.
30
IMPORTANTE
A noção de hipertexto surgiu inicialmente nos anos 1940, quando cientistas
americanos desenvolveram sistemas de armazenamentos de dados que
permitiam a leitura não linear dos dados, mas por conexão. Nas tecnologias
digitais, Levy (1999) concebe o hipertexto como hiperdocumentos
caracterizados como textos e associados por conexão em rede. É também a
proposta de Snyder (2010, p. 256), que atribui ao hipertexto do discurso virtual
três características: a) múltiplos caminhos de leitura; b) texto que inclui imagens
e/ou sons, dividido em blocos ou fragmentos; e c) algum mecanismo eletrônico
que possibilite conectar os blocos ou fragmentos. Nos estudos do discurso,
Marcuschi (2007, p. 186) atribui ao hipertexto uma abrangência que ultrapassa
a esfera digital e mesmo discursiva: “O hipertexto não é um fenômeno do meio
estritamente eletrônico ou exclusivamente do mundo digital. Na verdade, você
não precisa entrar na internet para defrontar com um hipertexto. O hipertexto
já se encontra no seu caminho diário de casa para o trabalho, a escola, a igreja,
o dentista e o mercado, desde há muito tempo”.
Com essa definição precisa, nós encerramos este subtópico. A seguir, você
percorrerá a história do fotojornalismo, desde a origem da reportagem fotográfica até a
atualidade das tecnologias digitais.
31
• Reflexões precursoras – a fotografia: a partir de Gisèle Freund, a fotografia é
pressentida como “alavanca do desenvolvimento da comunicação de massa”
(AVANCINI, 2017, p. 243).
• Imprensa ilustrada: o fotojornalismo instaura-se definitivamente e em âmbito
internacional nas práticas das mídias, até então, predominantemente impressas e
alternando para a mídia visual.
• Práticas endógenas x exógenas: em meados do século XX, um grupo de fotógrafos
humanistas de Paris instaura uma oposição entre o modelo endógeno e o modelo
exógeno da prática fotográfica. No modelo endógeno, a fotografia é poética e busca
a instrumentalização social por meio de recortes despretensiosos do cotidiano. O
objetivo é capturar a essência do espírito humano pelo simples prazer de reter o
fluxo contínuo do tempo e do espaço. A este modo opõe-se o modelo exógeno das
mídias massificadas, voltadas ao lucro e sem preocupação crítica sobre a prática da
fotografia jornalística.
INTERESSANTE
Aqui convém lembrar os trabalhos de Roland Barthes e da Semiótica
francesa, que analisa profundamente as práticas sociais emergentes, dentre
as quais o consumismo, as mídias de massa, as reflexões sobre a oposição
entre a essência e a aparência, o ser e o aparentar. Você poderá consultar
várias obras de Roland Barthes no endereço: https://bit.ly/3vsD4Od.
UNI
Acadêmico, realize uma pesquisa sobre a vida e a obra dos integrantes do
grupo humanista de Paris. Constitua o seu próprio repertório de imagens
e conhecimentos sobre o fotojornalismo.
32
ESTUDOS FUTUROS
No Tópico 3 desta unidade, analisaremos alguns trabalhos relevantes
do fotojornalismo, dentre os quais, alguns pertencentes a fotógrafos
deste grupo.
ATENÇÃO
Na análise do discurso de linha francesa, Patrick Charaudeau (2006)
interroga-se sobre o discurso das mídias entre o fato e o público,
analisando o caráter de real, de intencional, de manipulação possível
através dos discursos das mídias.
Como essa imagem opera a produção dos fatos? Para Avancini (2017, p. 244):
IMPORTANTE
Credibilidade, legitimidade e complementaridade são funções da(s)
fotografia(s) que o fotojornalista insere na matéria ou notícia veiculada.
33
• Fotojornalismo espetacular: o foco recai sobre o uso da imagem como
procedimento mnemotécnico – memorização do fato pela imagem. A linguagem
visual tende a ser rapidamente compreendida e, dessa forma, restituir informação
do fato além de impactar o público. O fotojornalismo torna-se espetáculo,
sensacionalista, orientado ao público, de que enfoca a emoção e os afetos, e não
orientado ao fato e à informação objetiva.
• Fotorreportagem: dedica-se à composição de crônicas visuais pautadas em
imagens marcantes que são, antes, pesquisadas e pensadas. Daí alguns nomes
que se destacam pela prática autoral com a realização de perfis, o enfoque da
narratividade visual sem visão ou intenção de causar impacto, mas de narrar, criar
histórias, prestar serviço à sociedade em seus processos contínuos de transformação
social. Destacam-se na prática em seus princípios: Lewis Hine – relata a história
social dos EUA; Vincenzo Pastore – retratos da desigualdade social e do ecletismo
paulistano; August Sander – efetua o mapeamento visual do povo alemão; e Aleksandr
Ródtchenko – levar a arte para o povo russo através da fotografia experimental.
• Fotojornalismo digital: transformado pelo aprimoramento da tecnologia e a
portabilidade dos aparelhos, é marcado pela urgência, o bombardeamento da
imagem descentralizada da produção jornalística. Pautado no registro instantâneo,
no acontecimento testemunhado do fato, a prática constela-se pelas múltiplas
vivências do cidadão comum transformado em fotojornalista; seu testemunho
direto e contínuo dos acontecimentos – nos quais a urgência é determinante para
uma profusão de imagens disponíveis nas tecnologias digitais e a internet. Ao
profissional cabem reportagens selecionadas, enquanto as grandes histórias são
deixadas a essa nova forma de praticar jornalismo.
34
se massifica, o fotojornalismo é de autoria, de notícia, de criação, reprodução, e,
durante a guerra fria, em uma competição exacerbada entre profissionais e agências,
recursos visuais alteram, apaguam, aumentam assuntos focados. A televisão e sua
reclama – a publicidade – anunciará uma primeira grande crise.
• Segunda revolução do fotojornalismo: após os anos 1960, a informação é
espetáculo, e o fotojornalismo sensacionalista impregna o fato de seu potencial
visual. A foto integra a cadeia produtiva da imagem comercial. Porém, com a
Guerra do Vietnã, adquire orientação ideológica ao explorar, sem censura, todas as
sensibilidades. Os mercados segmentam-se e a profissão passa a ser observada
pelas lideranças políticas. Desenvolve-se o design, as fotorreportagens narrativas,
fotos de difusão e publicidade. O campo do “mostrável” (SOUSA, 2002, p. 27) amplia-
se, ao passo que fotografias passam a ser também selecionadas junto ao público
amador. A cor irrompe no gênero, enquanto a prática em freelancer cede o lugar
aos staffs de fotojornalistas contratados por agências. As fotos de estereótipos
– “o esquerdista, o político, o delinquente, o manifestante” (SOUSA, 2002, p. 27).
Aumenta a concorrência entre áreas e gêneros, bem como a chegada da tecnologia
– computador e programas – faz surgir a pós-edição.
• Terceira revolução do fotojornalismo: situa-se no início dos anos 1990. A pós-
edição mudará a relação da foto e o seu caráter de real. As tecnologias diminuem as
fronteiras – de tempo e espaço – alterando a prática, que se torna menos planejada
e mais oportunidade. Os controles sobre a prática se intensificam, por parte de
autoridades e governos. Com a crescente industrialização da notícia veiculada, passa
a imperar o imediatismo, o scoop. O fotojornalismo de autor – a agência Magnum é um
exemplo – sobrevive. Mas a televisão e a internet dão à área os sinais de uma mudança
iminente. O repórter fornece imagens das coberturas que realiza. A televisão impacta
as agências, que entram em crise. Bancos de imagens passam a fornecer as imagens
e os profissionais encontram-se diante de uma crise na profissão.
35
Com essa reflexão, encerramos este subtópico sobre a origem e a evolução do
fotojornalismo. A seguir, você verá o estágio atual da prática para a qual está preparando
seus estudos.
DICA
Aprofunde os conteúdos deste subtópico com a leitura das obras:
• SOUSA, J. P. Uma história crítica do fotojornalismo ocidental.
Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004.
• SOUSA, J. P. Fotojornalismo: uma introdução à história, às técnicas e à
linguagem da fotografia na imprensa. Porto: BOCC-UBI, 2002. Disponível
em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-fotojornalismo.pdf.
Acesso em: 24 jun. 2021.
36
• Transcodificação: a informação se apresenta ao usuário sob linguagens e códigos
variados que têm a finalidade de torná-la mais compreensível.
FONTE: A autora
37
Com as ferramentas oferecidas pelos processos tecnológicos, qualquer
grupo pode produzir conteúdo jornalístico. E como modelização
numérica é fruto de convergência cultura, num campo de comunicação
relacional sem precedentes, surgem os coletivos fotográficos, cuja
cobertura descentralizada é conhecida pelo ativismo sociopolítico e pelo
movimento alternativo à imprensa tradicional (AVANCINI, 2017, p. 252).
IMPORTANTE
Embora processos de edição e correção de parâmetros de captura de
imagem integrem a prática do fotojornalismo, com recortes, melhorias
estéticas, a manipulação de imagens é uma prática condenada no
fotojornalismo. Vários são os exemplos de profissionais que se
expuseram à repressão pela prática da manipulação. Lavin (2012)
aponta a natureza antiética da manipulação, mesmo com finalidade
estética apenas. Você poderá ler dois exemplos publicados pela Revista
Fotografe Melhor, nº 274, de julho de 2019: O renascimento de Márcio
Cabral, por José de Almeida, e Orelha de elefante desclassifica sueco
vencedor de concurso. Um exemplo característico é também o caso do
fotojornalista demitido pelo The New York Times por ter manipulado
uma imagem de guerra.
38
Finalmente, para Avancini (2017), a crise do capitalismo também representa
um desafio. Violência e excessos parecem ter se tornado os frutos da comunicação
moderna, do consumismo exacerbado em que os ideais coletivos não correspondem
mais, necessariamente, às propostas capitalistas de consumo.
Como você pôde observar, a realidade estilhaçada pelo universo virtual lança
novos desafios à prática fotojornalística. Os eventos pulverizados nessa sociedade
que se interroga sobre sua trajetória, o fotojornalismo assim como outros setores da
atualidade, também questiona, e confronta suas práticas e o seu modo de funcionar.
5 FUNÇÕES DO FOTOJORNALISMO
O fotojornalismo integra o processo de transformação de um fato ou realidade
em evento divulgado através da mídia. Nesse sentido, trata-se de uma prática orientada
em sua essência, a um público visado, o da sociedade consumidora de imagens das
mídias de massa.
39
As imagens produzidas no campo fotojornalístico apresentam funções específicas.
Estas funções alteram-se ao longo dos processos de construção da notícia ou realidade a
ser transmitida.
40
FIGURA 14 – IMAGEM ILUSTRATIVA – DETALHE – EMPODERAMENTO DA MULHER
ESTUDOS FUTUROS
No decorrer deste livro didático, você poderá observar estas funções
nos trabalhos de vários autores que citaremos e que convém consultar.
Também poderá observar estas ocorrências ao estudar os gêneros e tipos
de fotos jornalísticas.
41
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
42
AUTOATIVIDADE
1 O fotojornalismo alia os recursos estéticos e significativos da fotografia – sua
linguagem, sua técnica, sua precisão – aos propostos e objetivos da mídia – seus
processos, finalidades e produções. Como fotojornalista, a principal preocupação deve
centrar-se sobre um dos aspectos apresentados nas asserções a seguir. Assinale a
alternativa CORRETA:
a) ( ) O caráter endógeno da fotografia: uma imagem bela, perfeita quanto aos elementos
internos da composição fotográfica.
b) ( ) A criação inovadora de uma peça capaz de seduzir o público ao qual se destina.
c) ( ) A restituição de um fato ou acontecimento da experiência em um evento
significativo e de impacto para o público.
d) ( ) A ilustração de um conteúdo construído e veiculado pela imprensa escrita.
( ) Um dos primeiros fotojornalistas, Dr. Erich Salomon, usava a fotografia como provas
testemunhais.
( ) A exposição universal de 1900 foi realizada em Paris para apresentar ao mundo os
feitos e desenvolvimentos tecnológicos da indústria em plena efervescência.
( ) O fotógrafo Etienne Carjat realiza retratos das pessoas influentes, dentre elas, os
poetas Arthur Rimbaud e Charles Baudelaire, na França.
( ) Um acidente ocorre em uma estrada e o fotojornalista apresenta fotos do
automóvel, dos feridos, dos socorristas.
43
3 Para Sousa (2002, p. 9) “Sensibilidade, capacidade de avaliar as situações e de
pensar na melhor forma de fotografar, instinto, rapidez de reflexos e curiosidade são
traços pessoais que qualquer fotojornalista deve possuir, independentemente do
tipo de fotografia pelo qual enverede”. A partir desta afirmação, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
FONTE: SOUSA, J. P. Fotojornalismo: uma introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia
na imprensa. Porto: BOCC-UBI, 2002. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-
fotojornalismo.pdf. Acesso em: 24 jun. 2021.
4 “A forma como se articulava o texto e a imagem nas revistas ilustradas alemãs dos
anos vinte permite que se fale com propriedade em fotojornalismo. Já não é apenas
a imagem isolada que interessa, mas sim o texto e todo o “mosaico” fotográfico com
que se tenta contar a história” (SOUSA, 2002, p. 17). De acordo com o exposto, disserte
sobre a origem e os primeiros momentos do fotojornalismo moderno.
FONTE: SOUSA, J. P. Fotojornalismo: uma introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia
na imprensa. Porto: BOCC-UBI, 2002. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-
fotojornalismo.pdf. Acesso em: 24 jun. 2021.
44
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
FOTOGRAFIAS E NARRATIVAS: ENTRE
OLHAR E VER
1 INTRODUÇÃO
Ao longo do tempo, vários profissionais se destacaram com o exercício de
uma técnica pronunciada e objetivos específicos para a realização de seus trabalhos.
Mesmo se na atualidade, as tecnologias permitem o acesso e a prática democratizada
da fotografia jornalística, pelas facilidades proporcionadas por smartphones e a internet;
para o preparo do fotojornalista que você deseja se tornar, torna-se essencial observar
fotografias para perceber a linguagem, os traços pertinentes em uma imagem capaz de
transmitir conteúdos específicos a um público visado. Por esse motivo, o objetivo nesta
etapa é a observação de imagens bem-sucedidas e a relação entre prática e critérios
teórico-metodológicos. Assim, primeiro seu olhar será treinado para a observação
prática de imagens fotojornalísticas. Em seguida, uma reflexão teórica sobre esse olhar
e a percepção será realizada sobre o fazer fotojornalismo. Ao final, a partir do estudo
de três exemplos relacionados, você, acadêmico, aprenderá a constituir uma narrativa
através da seleção de elementos na imagem.
DICA
Vários estudos perpassam os grandes momentos da fotografia jornalística.
Dentre eles, uma abordagem dos jornais brasileiros do século passado é
efetuada por: LOUZADA, S. Prata da casa: fotógrafos e fotografia no Rio de
Janeiro (1950-1960). Niterói: Eduff, 2013.
INTERESSANTE
Acadêmico, acesse o canal DW e assista ao documentário sobre a vida e
a obra de Sebastião Salgado. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=bY6HdPMtqpA.
45
2 O OLHAR FOTOJORNALÍSTICO: ANÁLISE DE IMAGENS
Uma boa imagem é capaz de despertar a sensibilidade do espectador, provocar
reações, impactá-lo de alguma forma pela natureza do que apresenta. Ao compor
a foto, o fotojornalista agencia, assim, um conjunto de parâmetros de modo a obter
boas imagens e, desse modo, atrair a atenção do espectador, impactar o seu olhar e
conseguir permanecer em sua memória. Cardoso (2018, p. 125) lembra este aspecto
mnemotécnico – de memorização – de que a fotografia é portadora:
FONTE: <https://istoe.com.br/wp-content/uploads/sites/14/2020/10/cartier-bresson-731x720.png>.
Acesso em: 21 jul. 2021.
46
Observe como, na imagem de Henri Cartier-Bresson (Figura 16), o instante da
captura parece ter sido recortado no tempo, e antecede ligeiramente o tumulto que será
causado pelo posicionamento do pé – ou calcanhar – na água.
IMPORTANTE
Roland Barthes, em Retórica da Imagem (1964), separou os elementos
significantes da fotografia em dois planos: a denotação corresponde aos
elementos visíveis através da imagem; e conotação corresponde ao que
as escolhas efetuadas pelo fotógrafo tornam visível sem que o esteja
fisicamente na fotografia. Assim, na foto de Cartier-Bresson, no plano
denotativo, há uma cena de um sujeito que pula através de uma poça
d’água, outro sujeito ao fundo, objetos pelo chão. No plano conotativo,
porém, agregam-se as informações que tratamos anteriormente.
DICA
Você poderá relacionar o instante da captura e o resultado obtido na imagem
da Figura 16 com os elementos de linguagem visual que viu no Tópico 1,
e verificar, por exemplo, a existência de formas, linhas e correlações que
tornam o instante ainda mais significativo.
47
3 DOMÍNIO DA TÉCNICA E PRECISÃO ESTÉTICA
Como “bem imaterial e necessário para uma sociedade bem-informada”
(CARDOSO, 2018, p. 123), a foto jornalística, além da informação relativa ao fato,
apresenta aspectos estéticos que contribuem a sua função de sedução, persuasão e
memorização. Do domínio da técnica depende o resultado almejado e os sentidos que
o público atribuirá a este resultado. Nesse sentido, a escolha do ângulo, tonalidades,
estrutura interna da imagem – presença ou ausência de linhas, oposições, figuras
humanas, direção do olhar ou de linhas, são alguns elementos significativos da imagem
e podem construir um conjunto de interpretações. Veja, na Figura 17, uma aplicação:
48
3.1 PRÁTICA DA SENSIBILIDADE ATRAVÉS DA IMAGEM
Por sua relação direta com o fato ou a notícia, o acontecimento informável ao
público, o fotojornalista encontra-se em contato direto com os dramas do cotidiano e que
constroem as narrativas que farão história. No exemplo dado pela Figura 17, vimos um caso
extremo de flagrante histórico: o encaminhamento de um grupo humano estigmatizado
pelos horrores do Nazismo e os tipos de sensações que a imagem pode suscitar.
O modo como esse reportar ocorre, impacta no modo como o público recebe, se
relaciona com o recorte efetuado e se habitua às imagens.
Cardoso (2018) salienta a aproximação entre o belo – logo, a fotografia como arte
– e os dramas humanos, tais como a miséria, a fome, as guerras e a morte inesperada.
Daí resulta uma forma de cenarização ou roteirização da desgraça, que, uma vez
colocada em cena pela objetiva, torna-se um espetáculo a ser visto, esmiuçado através
de referência dialógicas entre gêneros e práticas.
IMPORTANTE
Sobre o dialogismo, Cardoso (2018) cita, por exemplo, os trabalhos de
fotógrafos de guerra tais como W. Eugene Smith, James Nachtwey ou
Sebastião Salgado, cujas imagens lembram o conceito artístico da escultura
La Pietá, de Michelangelo. Consulte o artigo Fotojornalismo: o real e o
verossímil completo em: https://bit.ly/3BWhSmf.
DICA
A pesquisadora Susan Sontag aborda a questão em sua obra. Consulte:
SONTAG, S. Diante da dor dos outros. São Paulo: Companhia das Letras,
2003.
49
A atualidade digital terá, sem dúvida, sua contribuição na sensibilidade do
público ao permitir a contribuição ao fazer fotojornalístico por parte do público amador.
IMPORTANTE
Acadêmico, o blog Brasil de Fato apresenta e comenta dez imagens do
fotojornalismo que marcaram época. Consulte o material e observe as
escolhas e os efeitos obtidos pelo fotojornalista. Disponível em: https://
bit.ly/3C97GXq.
[...] entre o sujeito que olha e a imagem que elabora há muito mais
que os olhos podem ver. A fotografia – para além da sua gênese
automática, ultrapassando a ideia de analogon da realidade – é
uma elaboração do vivido, o resultado de um ato de investimento de
sentido, ou ainda uma leitura do real realizada mediante o recurso
a uma série de regras que envolvem, inclusive, o controle de um
determinado saber de ordem técnica.
50
FIGURA 18 – CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA: ACIDENTE 1
51
veículo, provavelmente a causa para o grupo em conversa. A presença do capim acentua
a proximidade com o chão, assim como, ao fundo, as pernas dos envolvidos. O que é
possível perceber a partir destes elementos denotativos? Várias informações sugerem
uma narrativa: um acidente com danos materiais – peça quebrada em primeiro plano –
sem vítimas graves – pessoas de pé, conversando –, mas grave o suficiente para parar o
trânsito – veículo sobre pista de rodagem. Neste caso, o receptor da imagem possui um
conjunto de informações que sugerem ação e estado: dois veículos envolvidos, várias
pessoas, rodovia, sol, acidente. Mas não possuímos maiores detalhes do ocorrido.
52
solitário. Este agenciamento de informações é bem mais significativo do que as
informações que puderam ser observadas nas duas figuras vistas anteriormente. Daí a
importância de um aprendizado da linguagem visual e as potencialidades que oferece.
Como lembra Monteiro (2012, p. 13):
DICA
Você pode se familiarizar com a prática do fotojornalismo e inteirar-se de
dicas e recomendações sobre esta prática assistindo ao documentário de
Fábio Roque, Fotojornalismo. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=L-aJsmsgtkY.
53
LEITURA
COMPLEMENTAR
QUANTOS DE NÓS VEEM?
D. Dondis
54
A observação de Gattegno é um testemunho da riqueza assombrosa de nossa
capacidade visual, o que nos torna propensos a concordar entusiasticamente com suas
conclusões: "Com a visão, o infinito nos é dado de uma só vez; a riqueza é sua descrição".
55
A visão envolve algo mais do que o mero fato de ver ou de que algo nos seja
mostrado. É parte integrante do processo de comunicação, que abrange todas as
considerações relativas às belas-artes, às artes aplicadas, à expressão subjetiva e à
resposta a um objetivo funcional. […]
FONTE: DONDIS, D. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. i-vii. (Prefácio).
56
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
57
AUTOATIVIDADE
1 A fotografia contribui para o aperfeiçoamento das habilidades visuais e percetivas
dos indivíduos. Quanto mais imagens observamos, mais nos habituamos a elas. Ao
fotojornalista cabe treinar o seu olhar de modo a perceber o que vê, analisar o que
vê e decidir sobre quais elementos restituir através da imagem clicada. Sobre esse
aspecto, assinale a alternativa correta:
I- Uma fotografia de um fato noticiável não deixa de ser uma obra estética e, como tal,
corresponde a certas expectativas que todos, humanos que somos, possuímos.
II- Como o foco da captura é retratar o acontecimento, este é o único parâmetro a ser
considerado.
III- Capturas realizadas no “instante decisivo”, segundo Cartier-Bresson, produzem
maior efeito no público.
IV- Através do olhar trabalho, o fotojornalista é capaz de agenciar elementos ausentes
na cena de modo a reduzir significados para o seu público.
58
3 Segundo Cardoso (2018, p. 125), “A fotografia, sendo uma construção da realidade
através de fragmentos do real que o fotógrafo se apropria figurativamente, sendo o
registo do presente que se torna passado, mas permanece como objeto no futuro,
revela-se uma muleta da memória que aviva na consciência existências passadas”.
Sobre o aspectos mnemotécnicos da fotografia, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
FONTE: CARDOSO, F. L. Fotojornalismo: o real e o verossímil. Discursos Fotográficos, Londrina, v. 14, n. 24,
p. 118-139, jan./jun. 2018.
5 A visão é um dos cinco sentidos de que nos servimos para compreender e interagir
com o meio. “Praticamente desde nossa primeira experiência no mundo, passamos
a organizar nossas necessidades e nossos prazeres, nossas preferências e nossos
temores, com base naquilo que vemos. Ou naquilo que queremos ver” (DONDIS,
2007). A partir dessa afirmação, disserte sobre a inteligência visual.
FONTE: DONDIS, D. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
59
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, J. de. O renascimento de Márcio Cabral. Fotografe melhor. São Paulo,
n. 274, jul. 2019.
60
CASTELLS, M. A sociedade em rede: a era da informação, economia, sociedade
e cultura. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
JOLY, M. Introdução à análise da imagem. 11. ed. São Paulo: Papirus, 2007.
Disponível em: https://bit.ly/3G0YvL4. Acesso em: 14 jun. 2021.
61
MAUAD, A. M. Através da imagem: fotografia e história interfaces. Tempo, Rio
de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 73-98, 1996.
62
SONTAG, S. Diante da dor dos outros. São Paulo: Editora Companhia das
Letras, 2003.
63
64
UNIDADE 2 —
EQUIPAMENTOS E DOMÍNIO
DA TÉCNICA FOTOGRÁFICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• operar uma câmera fotográfica digital munida de acessórios para um uso adequado
na área do Fotojornalismo;
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
65
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
66
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
CONHECENDO O EQUIPAMENTO:
CÂMERAS, LENTES E ACESSÓRIOS
1 INTRODUÇÃO
Na Unidade 1, você aprendeu as noções básicas do Fotojornalismo. Percorreu
sua história e revisitou a evolução da fotografia ao longo do tempo. Na Unidade 2, e
mais especificamente, no Tópico 1, você conhecerá a sua ferramenta de trabalho como
profissional do Fotojornalismo: trata-se da máquina fotográfica, seus acessórios e as
funcionalidades que oferece para a realização de boas fotos.
67
2.1 TIPOS DE MÁQUINAS FOTOGRÁFICAS
Existem diversos tipos de máquinas fotográficas e você provavelmente já
utilizou alguns deles. Desde pequenas câmeras a aparelhos de comunicação celulares
dotados de câmeras, passando por equipamentos mais robustos de uso semiprofissional
e profissional.
DICA
Procure ler a obra de MARQUES, A.; MARQUES L.; MARQUES, S. Caçadores
de luz: histórias de Fotojornalismo. São Paulo: Publifolha, 2008. Nela, você
encontrará várias razões para levar sempre com você mais de um tipo de
aparelho para as suas fotos originais.
68
• Câmeras bridge (intermediárias): estão entre as câmeras amadoras compactas e
as DSLR profissionais. A maioria possui um zoom potente, mas não permitem troca de
objetiva. Também é possível controlar os parâmetros quase como em uma máquina
semiprofissional ou profissional, com menor amplitude de sensibilidade ISO.
• Câmeras DSLR ou reflex: são as máquinas de uso profissional ou de aficionados,
com domínio e aprofundamento na técnica. Possuem visor ótico – view finder –
que garante precisão e qualidade nas fotos e aceitam objetivas de alcance variável
por meio de encaixe ou rosca. Atenção, porém, ao diâmetro, que pode variar entre
modelos e fabricantes.
69
DICA
Acadêmico, inscreva-se em um dos canais de fotografia disponíveis on-line
e assista aos vídeos específicos sobre cada um dos assuntos tratados. Uma
sugestão é o canal Sangue, Suor e Foto, disponível em: https://www.youtube.
com/channel/UCdxEJ7vpXth82zmf-V5Cu-g.
DICA
A aquisição do equipamento será uma etapa importante na sua carreira, já que
se trata de materiais caros que representam um investimento consistente.
Para não errar na escolha, acesse o Zoom para conhecer as novidades em
tecnologias e aparelhos. Disponível em: https://bit.ly/30AMMmd.
70
raios atingem a superfície sensível – sensor ou grade – e aí inscrevem a aparência do
que se encontra do lado de fora. A esse princípio acrescem-se alguns comandos e
funcionalidades que dinamizam o processo. Neste subtópico, vamos conhecer, então,
os comandos que permitem a fotografia, além da localização dos botões, moletes,
visores e outros recursos da máquina.
71
• Estabilizador de Imagem (IS – Image Stable): compensa o desfoque da imagem
por trepidação (sobretudo, quando usadas lentes potentes em que o controle se
torna melindroso).
• Microfone embutido: permite gravar sons em vídeos.
• Preview de profundidade de campo: ao ser pressionado, permite a redução da
abertura da lente. Então é possível visualizar o foco da imagem pelo visor ou no
modo LV (Live View).
72
• Live View (LV): permite visionar na tela LCD o que a câmera vai capturar. Mas os
aparelhos modernos já exibem a imagem em contínuo. No entanto, a tela consome
bateria. Logo, pode ser necessário não se servir continuamente.
• Teclas em cruz: permitem navegar pelos menu e submenus da câmera. Ao pressionar
“set”, o ajuste ou configuração escolhido é selecionado. Várias configurações podem
ser selecionadas através destes botões seguidos do botão “set” (selecionar).
• Autotemporizador: permite selecionar disparo único ou varredura (múltiplos
disparos).
• Botão de reprodução: permite visualização das imagens armazenadas no cartão
de memória (SD card).
• Apagar: elimina os arquivos indesejáveis. Uma lixeira aparece.
• Botão do menu: pressione para alterar diversas configurações do aparelho.
73
• Botão seletor de ISO: seleciona a velocidade ISO (que também pode ser selecionada
através do menu). Em condições de pouca luminosidade pode-se optar por uma
velocidade ISO mais sensível.
• Botão de liga e desliga: normalmente, após 30” de inatividade, a câmera cai em
modo de espera. Para interromper o modo de espera, apoie sobre o botão do obturador.
• Seletor de modo: com ele você seleciona o modo escolhido para as capturas, entre
automático, semiautomático e manual. Existem modos pré-definidos, tais como:
paisagem, retrato, esportes, natureza morta etc., indicados por ícones representativos.
• Encaixe de flash: permite acoplar um flash acessório por encaixe ou deslizamento.
• Encaixe para cordão de segurança: localizado no canto superior permite o uso da
máquina com cordão de segurança para mão.
• Lentes de potência variável: ao guiarem os raios de luz para dentro da máquina, são
responsáveis pela distância com que a focalização é feita. Quanto maior o número da
lente, menor o ângulo capturado. Para a distância focal, atente para dois critérios: a
distância do assunto a ser fotografado e a distância de foco para obter o efeito desejado.
DICA
Para compreender a influência deste parâmetro e visualizar a distância focal,
leia o artigo “Distância focal sem sofrimento”, de Claudio Castolha, disponível
em: https://bit.ly/3nfckNI.
74
• Grau de abertura do diafragma: controla a quantidade de luz para o interior através
da máquina. Quanto mais abertura, mais luz penetra na máquina e menor é o tempo
de exposição – e menor, também, a profundidade de campo (a nitidez dos planos).
Quanto menor a abertura, menos luz, e maior será o tempo de exposição necessário
– maior, também, será a profundidade de campo. Para destacar um elemento mais
à frente ou mais atrás, a abertura do diafragma permitirá focar em um ou no outro,
conforme o seu desejo. Atente que o diafragma está relacionado à quantidade de luz
ambiente: muita claridade e um diafragma aberto “estouram” a imagem, o que obriga
a regular a abertura.
IMPORTANTE
Os números f para a abertura do diafragma (1, 1.4, 2, 2.8, 4, 5.6, 11, 16 e 22)
devem ser entendidos como: quanto maior o número, menor a abertura.
Número f (notação f/x) é a razão focal efetiva da objetiva, ou seja, a divisão
da distância focal (fixa) pelo diâmetro de abertura do diafragma (variável
entre maior: f/1 – ou menor –, 1/22), ambos na mesma unidade (ex. mm).
Uma alteração no número f para o seu adjacente superior reduz a área da
abertura pela metade em relação à marcação anterior.
DICA
Veja imagens e explicações práticas das funcionalidades da máquina
fotográfica, nos artigos:
• “Funções da câmera que todo fotógrafo deveria conhecer”: https://
bit.ly/3pmqZsT.
• “Partes de uma câmera fotográfica! Explicadinho!”: https://bit.
ly/30xDirW.
75
As máquinas possuem vários programas para regular ou controlar as
funcionalidades da na hora de fotografar. São eles: automático, semiautomático e modo
manual. A seguir, vamos elucidar alguns aspectos relacionados a cada um.
76
FIGURA 4 – ICONES DE SELEÇÃO – MÁQUINA DSLR
FONTE: <https://www.supercamera.com.br/y/577/masp-camera-e1412714842772-462.webp>.
Acesso em: 19 out. 2021.
77
A tecnicidade da fotografia e da tecnologia mudou, mas os riscos permanecem.
Embora o fotojornalista precise mais procurar um telefone para enviar as imagens, ou de
um laptop e pen drives para visualizar e selecionar seu material, continua, porém, à mercê
das tensões políticas – nas guerras –, sociais – em manifestações – e, eventualmente,
culturais – em coberturas de eventos esportivos, por exemplo. Veja a seguir alguns
acessórios práticos para esses tipos de situações extremas.
78
De repente, percebi que já passava de quatro e meia da tarde e, se
não chegasse à fazenda ainda com luz do sol, não teria valido todo
o esforço, pois de noite, sem iluminação, os aviões pequenos não
decolam e, consequentemente, eu não voltaria para Brasília, e nada
daquele material produzido poderia ser publicado. […]
Eu não podia acreditar que, depois de tudo, estávamos a caminho
de Brasília. Sabíamos do perigo, pois, além da decolagem super-
arriscada, voamos às cegas por pelo menos 40 minutos.
Operado por controle remoto, o drone tem a vantagem de tirar fotos de todos
os ângulos, aéreas, panorâmicas e em locais de difícil acesso. Por meio dos drones com
câmera embarcada, praticamente, todo tipo de reportagem e foto se tornam possíveis.
79
funcionalidades da máquina. Além disso, recursos digitais podem completar eventuais
limitações durante a captura, devido às condições do local, do momento, dos envolvidos
etc. Vamos começar com as lentes, objetivas ou zooms.
80
A Figura 5 fornece uma visão das distâncias e ângulos que as explicações dadas
no Quadro 2 possibilitam.
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/lens-focal-length-icon-set-on-1959098200>.
Acesso em: 31 ago. 2021.
Agora que você conhece o funcionamento das lentes, vamos abordar outros
acessórios que integram o equipamento do fotojornalista, tais como o flash. No subtópico
a seguir, você verá os tipos de luzes incidentes na fotografia e o papel dos flashes.
81
• Luz natural: é a luz do sol que clareia o dia e cria efeitos conforme o local da foto.
Na praia, piscina ou deserto, há maior reflexão dos raios, enquanto no campo a
reflexão é menor. As horas do dia também influenciam o resultado: fotos tiradas
ao amanhecer e ao anoitecer possuem matizes mais quentes, porque há menos
luminosidade. Já ao meio dia as cores são mais frias, já que há muita luz. As sombras
também variam, alterando texturas e noções de profundidade. Outras fontes de luz
natural são raios, lua, aurora boreal e até estrelas.
• Luz artificial: é a luz fornecida por lâmpadas e flashes. Esta luz pode alterar as cores,
a textura e o resultado global da foto, se não forem tomadas precauções. Uma delas
é “dizer” à máquina o tipo de iluminação incidente. As lâmpadas podem ser brancas,
amarelas, em tons de cor, holofotes, lanternas, faróis e refletores de estúdio.
• Iluminação ambiente: é luz do ambiente em que o assunto é fotografado. Pode
combinar luz natural e artificial, se uma fotografia é tirada à noite junto a um poste,
por exemplo. O fotógrafo não tem como agir sobre estas circunstâncias – clarear
a noite e/ou apagar o poste (ESCANDAR, 2020). Procedimentos combinados vão
permitir a foto nessas condições.
INTERESSANTE
Para observar os diversos graus/tons de luminosidade, vá a uma praia bem
cedo, antes do sol nascer e observe as tonalidades em luz e cores. Depois vá
ao shopping, lojas e museus em horários diferentes e treine sua percepção
visual das luzes e das diversas tonalidades.
IMPORTANTE
A medição da exposição é realizada por meio do fotômetro. O fotômetro é
um aparelho – quando externo – ou dispositivo interno à máquina que serve
para medir a intensidade de luz que incide sobre a cena a ser fotografada.
Podem ser de vários tipos: agulhas ou ponteiros – mais antigos –, barras e
gráficos. Porém, com a fotografia digital e o aperfeiçoamento das técnicas, a
fotografia da atualidade prefere lidar com a leitura do histograma, relegando
o fotômetro a segundo plano (SOUSA, 2002).
82
3.2.2 O histograma e a leitura dos gráficos
Além dos parâmetros já abordados e dos conhecimentos sobre ISO, velocidade
e abertura do diafragma e do funcionamento das lentes, o histograma é outro recurso a
ser conhecido. Vamos ver, a seguir, do que se trata e como proceder à leitura do gráfico
que apresenta.
DICA
Histograma é um gráfico que representa graficamente os 256 tons de cinza
e a cor da fotografia. Nele você obtém as condições reais de luminosidade e
cor. No vídeo Histograma: o que é e como usar, de Andrey Lahni, você poderá
compreender seu princípio de funcionamento, disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=C6BSi8DdVK4. Leia também: BRANCO, S. Assuma
o controle com o modo manual. A importância do histograma. Fotografe
Melhor, São Paulo, n. 274, ano 23, p. 52-53, jul. 2019.
FONTE: <https://fotografiamais.com.br/wp-content/uploads/2019/05/histograma-fotografiao-o-que-e.jpg>.
Acesso em: 5 set. 2021
83
Na Figura 6, você pôde observar a aparência geral do histograma e as formas de
curva com as quais poderá vir a se deparar. O histograma também vai compor uma curva
para os tons. Veja na imagem seguinte de que maneira se compõe esta curva os tons:
ATENÇÃO
Enquanto estiver aprendendo fotografia, você pode fazer séries de cliques
com compensações pré-definidas e depois comparar os resultados de suas
leituras do histograma. Essa técnica é o bracketing, que consiste em fazer
cinco exposições da mesma cena: o primeiro disparo é feito na combinação
de abertura, velocidade, ISO ideais; dois disparos são realizados com -1 e -2
pontos de compensação; dois disparos são realizados com +1 e +2 pontos
de compensação. Um dos disparos deve sair nas condições ideais. E para
não tremer, use um tripé.
84
O histograma mais comum é o RGB (Red, Green, Blue) de brilho. Para regular
o balanço de cores, acesse o menu da máquina e, com o seletor das funcionalidades,
procure histograma RGB no visor, já que pode variar de um modelo de câmera a outro.
A definição das cores ocorre por meio do sensor, o CCD, do inglês Charge-
Coupled Device (SOUSA, 2002). Nele, milhares de células fotossensíveis, os pixels,
convertem a luz de cada raio de luz que atinge cada pixel em uma informação de cor.
Cada vez que uma foto é tirada, os dados que chegam na forma de impulsos elétricos
são armazenados na memória em formato digital (SOUSA, 2002).
DICA
Aprofunde seus conhecimentos sobre os significados das cores e usos na
comunicação consultando as obras:
• HELLER, E. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e
a razão. Trad.: Maria Lúcia Lopes da Silva. São Paulo: Gustavo Gili, 2013.
• FARINA, M.; PEREZ, C.; BASTOS, D. Psicodinâmica das cores em
comunicação. 5. ed. rev. e amp. São Paulo: Edgar Blücher, 2006.
Branco (2019, p. 45) fornece alguns exemplos ilustrativos que elucidam qual
parâmetro escolher, segundo o efeito desejado: “um dia de sol à beira mar, grau de
abertura em f/8 ou f/11. Mas para fotografar sujeitos em movimento, se não quiser que as
silhuetas formem uma nuvem difusa ou borrão, mas permaneçam nítidas, a velocidade
terá que ser elevada, 1/250 s ou 1/125 s – para uma posição de lente em 70 mm”.
DICA
Acadêmico, consulte o Capítulo 5 da obra Fotojornalismo: técnicas e linguagens,
disponível em: https://bit.ly/3aUErM5. Leia também o artigo “Aprender
fotografia – dicas essenciais para quem deseja aprender fotografar”, de
Willian Lima, disponível em: https://bit.ly/3peF4st.
86
Além dos parâmetros regulados na máquina, as tecnologias digitais permitem
alterações ilimitadas nas cores, texturas, iluminação, entre outros recursos. As próprias
máquinas possuem cada vez mais recursos, mas programas informáticos mais robustos
permitem trabalhos bem-acabados numa etapa de pós-produção. É o que veremos no
subtópico a seguir.
87
IMPORTANTE
A manipulação de imagem é um procedimento bem diferente do
tratamento de imagem. Através do tratamento, algumas alterações
sutis podem ser realizadas nas fotos. Já a manipulação é banida.
Como opera mudanças significativas na foto – acréscimo de fundos,
iluminação, perspectivas etc. –, trata-se de um procedimento artístico
que deve ser reservado apenas à prática fine art, e não às fotos de
imprensa jornalística. No fotojornalismo, que não tem finalidade
artística ou estética, mas informativa, manipular uma foto seria trair os
fatos e, o autor, repreendido pelo ato.
INTERESSANTE
O programa Photoshop oferece uma gama de opções de tratamento de
imagens. A revista Photoshop Creative fornece muito tutoriais. Consulte:
PHOTOSHOP Creative. ed. extra. São Paulo: Editora Escola, 2015. 300 p.
(n. 1). Na internet, o Behance apresenta os mais recentes recursos Adobe,
disponível em: https://bit.ly/2Z2ogtJ.
DICA
Você encontra o Adobe Creative Suite no endereço: https://www.adobe.
com/br.
88
INTERESSANTE
Para trabalho on-line, leia o artigo “Como usar o GIMP on-line”, de Bárbara
Mannara, disponível em: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/
noticia/2016/04/como-usar-o-gimp-online.html.
DICA
Acesse regularmente o site: https://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/gimp.
html e fique por dentro das últimas novidades em edição de imagens com as
diversas ferramentas e tutoriais disponíveis.
89
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A luz é o critério fundamental a ser observado na hora de fotografar. Para auxiliar uma
correta exposição, o histograma fornece medidas reais de luminosidade. Um gráfico
muito à esquerda, indica pouca luz. Já muito à direita, indica excesso.
• As cores são capturadas pelo sensor da máquina em forma de pixels que traduzem
a energia capturada a partir do raio de luz, em informação numérica estocada na
memória.
90
AUTOATIVIDADE
1 Todo fotógrafo deve possuir um bom equipamento. Este equipamento compreende
a máquina fotográfica e alguns acessórios. Um fotojornalista que fosse chamado
para a cobertura de um evento realizado nas dependências de palácios ou prédios
governamentais teria que separar o seu equipamento para este trabalho. Que
acessórios, além da máquina, teria que levar? Assinale a alternativa CORRETA:
I- Todas as fotos que fizer terão que ser realizadas em modo manual.
II- Algumas fotos poderão ser realizadas em modo manual, outras pedirão modo
automático, dadas as circunstâncias.
III- O uso de flash externo e de um tripé é obrigatório, tendo em vista a situação de
tumulto.
IV- Devido ao tumulto, o ideal seria obter imagens de ângulos e distâncias variadas,
com agilidade e materiais fáceis de transportar.
( ) O histograma é importante para este tipo de circunstância, que pode oferecer locais
com pouca luminosidade e que peçam uma leitura correta dos parâmetros de luz.
( ) Ao apontar a máquina para o local a fotografar, o histograma mostra um pico à
esquerda: há pouca luz.
91
( ) O histograma é irrelevante; toda leitura de padrões de luminosidade é sempre feita
por meio de um fotômetro externo.
( ) Ao apontar a máquina para o local a fotografar, o histograma mostra um pico à
esquerda: há luz em excesso.
5 O fotojornalista Alan Marques narra o seguinte texto: “Desviei minha atenção para
o céu. A chuva havia se transformado em tempestade com raios. Pensei em tentar
capturar um daqueles raios no Congresso Nacional e talvez traduzir a tensão que
pulsava por lá. Sentei no chão com as pernas cruzadas, apoiei os cotovelos nos joelhos
e regulei a máquina digital para a iluminação das torres do Congresso Nacional: Asa
400, diafragma 3,5 e velocidade 1/30” (MARQUES; MARQUES; MARQUES, 2008, p.
81). A partir do conteúdo técnico narrado no excerto, disserte sobre os parâmetros
selecionados pelo fotojornalista na situação narrada e as expectativas de resultados
que tinha para as fotos.
FONTE: MARQUES, A.; MARQUES, L.; MARQUES, S. Caçadores de luz: histórias de fotojornalismo. São Paulo:
Publifolha, 2008. p. 81.
92
UNIDADE 2 TÓPICO 2 - O
DOMÍNIO DA TÉCNICA FOTOGRÁFICA
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 1, você conheceu os principais itens que compõem a sua ferramenta de
trabalho: máquina fotográfica e funcionalidades, acessórios, técnicas de produção e de
pós-produção da fotografia por edição. Neste tópico, vamos aprofundar algumas etapas
relacionadas à linguagem fotográfica e a construção de significados em fotojornalismo.
Bom trabalho!
93
Fotografar em preto e branco – caso frequente do fotojornalismo tradicional
– torna-se, assim, uma escolha pensada pelo fotojornalista, que orienta o olhar sobre
os assuntos mostrados. Jogos de luzes e sombras e as gradações de tons de cinza
que a imagem restitui, texturas e formas, conferem ao conjunto um tipo de significação
pautado na intensidade da luz. Num primeiro momento, isso nos motiva a ver ver as
implicações da técnica preto e branco no fotojornalismo. Em seguida, abordaremos a
fotografia em cores e suas implicações no fotojornalismo.
DICA
Veja em BOROSKI, M. Fotojornalismo: técnicas e linguagens. Curitiba:
Inter-saberes, 2020, p. 31, figura 1.2: Imagem oficial da degola do bando de
Lampião (1938).
94
Para Pulls (2016) o fator determinante para que uma foto em preto e branco
pareça mais dramática, mais comunicativa em profundidade, do que uma foto em cores
é a lógica da interpretação operada pelo cérebro.
O autor cita Sebastião Salgado, “Nada no mundo é em branco e preto. Mas o fato
de eu transformar toda essa gama de cores em gamas de cinza me permitiam […] me
concentrar no ponto de interesse que eu tenho na fotografia” (NETO, 2021, s.p.).
DICA
Acesse as imagens de Sebastião Salgado em: FUKS, R. Sebastião Salgado: 13
fotos impactantes que resumem a obra do fotógrafo. Cultura Genial. Artes
visuais, Matosinhos, PT, jan. 2020. Disponível em: https://www.culturagenial.
com/fotos-sebastiao-salgado/. Acesso em: 3 set. 2021.
FONTE: A autora
95
FIGURA 11 – A PERCEPÇÃO DAS CORES: DISTINÇÃO CONCOMITANTE
O que você percebe na Figura 11, um emaranhado de cores vivas ou uma imagem
se delineia? Se olhar com atenção, verá que há um rosto na imagem. E, se observar com
atenção, talvez até vários. Embora bela, a imagem não informa, ela impacta as emoções.
A perceção é diferente na Figura 12, na qual o jogo de contrastes de pretos e brancos
delineia o mesmo tipo de imagem: um rosto em perfil:
96
DICA
Para complementar este conteúdo, acesse: PULS, M. Cor ou preto e
branco? Razões de uma escolha. Revista Zum, São Paulo, 11 de março de
2016. Disponível em: https://revistazum.com.br/radar/cor-ou-pb/. Acesso
em: 4 set. 2021.
97
Vemos o mundo colorido, logo, a cor impacta o modo como olhamos para as
duas fotografias.
98
Assim, resultará uma impressão de envolvimento maior. Um dos efeitos visados
pela fotografia é provocar a emergência de emoção (COMPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA [...],
2019). Logo, a escolha do plano é determinante para um grau maior ou menor dessa
emoção. São enquadramentos básicos da fotografia (ENQUADRAMENTO [...], 2017):
• Plano geral: é o mais aberto de todos e fornece muita informação. Isso faz com
que a atenção fique dispersa por toda a imagem e não focada em um sujeito/objeto
específico. Você se servirá deste plano quando o objetivo for situar, dar informações
gerais sobre o contexto, introduzir uma narrativa com várias fotos, por exemplo.
Veja na Figura 14, um plano geral da ponte do milênio e catedral Saint Paul ao fundo,
em Londres. O enquadramento abarca a paisagem citadina e tem os indivíduos
distribuídos pela metade inferior da imagem.
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/london-uk-august-9-2014-south-211379233>.
Acesso em: 6 set. 2021.
99
FIGURA 15 – EXEMPLIFICAÇÃO DE PLANO INTEIRO
100
FIGURA 17 – EXEMPLIFICAÇÃO DE PLANO MÉDIO
• Primeiro plano: o foco está na expressão, para mostrar detalhes e/ou transmitir
emoções. A imagem foca o terço superior ou do peito para cima para dar uma
impressão de proximidade com o sujeito/assunto. Veja na Figura 18:
101
• Plano detalhe: foca um aspecto do objeto/assunto retratado, como boca, olhos ou
partes de um equipamento etc. Veja na Figura 20:
• Corpo humano: possui algumas partes que não devem ser cortadas, a fim de evitar
um efeito estranho na foto. Devem ser evitados cortes em: mãos, antebraço, pulso
e ponta dos dedos, alto das coxas, alto das pernas e pés.
• Formas e estruturas na imagem por meio de linhas: criar linhas diagonais,
verticais, horizontais, permite formar estruturas na foto, de modo a isolar, salientar,
mostrar aspectos específicos. As linhas dirigem o olhar em direções específicas,
conforme a sua orientação. Além de criar profundidade – com vários planos –, indicam
perspectivas – com a orientação das linhas que o olhar seguirá naturalmente.
102
• Regra dos terços: introduzida pelo fotógrafo Ansel Adams, consiste em dividir a
imagem por duas linhas horizontais e duas linhas verticais, em intervalos iguais. O
olhar tende a ser atraído pelo assunto que se encontrar nas interseções das linhas
– quatro pontos na imagem. Veja a Figura 21:
Veja como na imagem, o farol e a luz encontram-se nas interseções das linhas
à direita da imagem. O jogo de claridades – branca da luz e amarela do amanhecer ou
entardecer – ocupam os terços opostos da imagem – alto e baixo à esquerda. A imagem
oferece equilíbrio na apresentação do assunto – farol iluminado.
DICA
Assita ao vídeo 8 regras de composição para melhorar suas fotos, do canal
Paulo del Valle, no YouTube, disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=jAReqhTQ3hM.
103
FIGURA 22 – A PROPORÇÃO ÁUREA OU O NÚMERO DOURADO
104
Considere, em suas capturas, o conjunto composto pelo assunto e a sua sombra,
pois dependendo da finalidade da foto, é a sombra que conferirá força maior ao se
tornar o centro da atenção. A sombra também pode, por si só, ser o assunto da foto.
Particularmente, vejo na fotografia das sombras um verdadeiro estilo de fotografia
artística. Não seria Dom Quixote de la Mancha? Veja a imagem:
DICA
Veja mais exemplos em “Composição fotográfica”, apresentação feita para o
Workshop Intensivo de cinema Digital, em 2019, disponível em: http://arte-
digital.org/fotografia/composicao.pdf.
105
4 NARRATIVAS VISUAIS: O REAL E O VEROSSÍMIL
Uma foto é “uma imagem que se fez e se fixou entre as coisas, sem o intermédio
da mão humana, mas por meio de um aparelho fotográfico, parte da produção irreversível
do virtual, e de um aparelho atualizador do virtual, parte da produção inesgotável do
atual” (FARHI NETO, 2018, p. 224).
Como tal, toda foto em sua essência, espelha uma realidade que transforma e
da qual permanece como vestígio. Mas o que é, afinal, a realidade? Como a fotografia e
o fotojornalismo apreendem um fato ou acontecimento e o restituem como imagem da
realidade e da verdade? Qual verdade? A partir desses questionamentos, começaremos
este subtópico com uma abordagem sobre a verdade segundo a Filosofia.
Bom trabalho!
106
• Grego: [de aletheia], significa o “não-oculto, não escondido, algo que se manifesta
aos olhos do corpo e do espírito” (GARCIA, 2001, p. 251).
• Latino (romano): [de veritas], está relacionado à precisão, ao rigor e à exatidão.
Refere-se ao “relato, no qual se diz, com detalhes, com pormenores e com fidelidade”
algo que aconteceu (GARCIA, 2001, p. 251).
• Hebraico: [emunah], refere-se à confiança, à relação entre expectativa e retorno.
Verdade implica assim, uma relação temporal e circunstancial: agora-futuro. O
paroxismo da verdade está na revelação, na profecia de algo.
107
4.2 FOTOGRAFIA E REALIDADE
Desde o surgimento da técnica, a essência da fotografia e a sua relação com a
realidade e a verdade dos fatos vem sendo discutida.
Uma foto é “uma imagem que se fez e se fixou entre as coisas, sem o intermédio
da mão humana, mas por meio de um aparelho fotográfico, parte da produção irreversível
do virtual, e de um aparelho atualizador do virtual, parte da produção inesgotável do
atual” (FARHI NETO, 2018, p. 224). Daí conclui-se que:
Assim, toda foto é “opaca”, um conceito desenvolvido por Bergson (1896 apud
FARHI NETO, 2018, p. 224): opaca porque as imagens possuem uma existência própria.
Ou seja, todos os seres têm imagens e estas imagens são percebidas e capturadas pela
máquina e/ou pelo olho humano quando aberto e atento.
ATENÇÃO
Lembrando que a fotografia nada mais é do que a passagem de um raio de
luz impresso sobre uma superfície desprovida de luz, o que torna único o
instante deste encontro.
108
A partir dessa reflexão, Dubois (2017) concebe a fotografia:
• Como espelho do real: o que, antes, estava reservado à intervenção da mão humana
– o pintor reproduzia a imagem como representação do real com o auxílio da câmara
escura ou do espelho, para autorretratos – de repente torna-se possível de forma
independente e democrática, permitindo a reprodução de tudo aquilo a que se orienta
a objetiva. A fotografia praticamente tornou possível materializar e perenizar a visão
humana. As primeiras fotografias de pessoas vivas causaram incômodo pela fidelidade
e semelhança dos traços com o sujeito fotografado e muitas famílias passaram a
retratar também os seus mortos, sobretudo crianças. O antigo questionamento do
que é a imagem na foto, inevitavelmente, ressurge (SONTAG, 2004). Do espanto
vêm as possibilidades práticas: reprodutibilidade, comunicação com imagem e não
linguagem verbal – texto e fala –, e a persistência do tema fotografado mesmo após
o seu desaparecimento. Estes e outros fatores contribuíram à discussão sobre uma
natureza operativa da fotografia, a de transformar a realidade.
• Como transformação do real: implica o questionamento do uso da fotografia como
forma de expressão e de ação sobre a realidade. A fotografia tem o poder de agir sobre
a realidade integrando o universo expressivo das artes, sendo colocada a serviço
dos mais variados propósitos: vender, impactar, emocionar, alegrar etc. O poder
sintetizador da imagem com relação aos conceitos faz da fotografia o meio ideal para
comunicar tudo o que é concreto e palpável. Para conceitos abstratos, porém, torna-
se menos óbvia, pois a visualização de imagens abstratas permite leituras diversas,
assim como na pintura. Porém, Dubois (2017) ressalta que, diferentemente da pintura,
a fotografia permite mostrar o real – uma imagem de cachimbo é um cachimbo – mas
não permite a negação da asserção diante da imagem fotografada de um cachimbo –
contrariamente ao que permite a pintura ou as outras formas de representação visual.
É o que faz o pintor belga René Magritte, quando afirma em sua tela representando
um cachimbo: “Ceci n´est pas une pipe” (Isto não é um cachimbo), conforme vimos na
Figura 7, da Unidade 1 deste livro.
IMPORTANTE
Sobre esse aspecto convém lembrar a transformação do real tornada possível
através da tecnologia digital. Um exemplo são os selfies e os efeitos estéticos
que diversos programas e aplicativos já integram automaticamente.
• Como vestígio do real: a foto refere-se a um tempo real passado. Não se trata
do objeto-imagem e/ou do objeto-sujeito capturado na imagem, mas do instante
necessariamente ocorrido para que a foto existisse. E, ela, sim, real. Desse modo,
para que uma imagem exista em um tempo x, antes existiu obrigatoriamente um
instante x, em que alguma coisa esteve diante da objetiva e foi por ela capturada.
Trata-se, aqui, do conceito de foto como signo, o isso foi de Barthes (1979).
109
Se a foto transforma o real e se apresenta como vestígio do instante de sua
realização, mas não necessariamente retrata uma verdade, então o fotojornalismo opera
sobre imagens orientadas e dotadas de intenções que justificam a sua realização. O real,
dentro dessa concepção, é o verossímil. No subtópico a seguir, vamos aprofundar esta
concepção no fotojornalismo.
O que isso quer dizer? Que todo o conhecimento que nós, humanos, podemos
ter da realidade não passa de percepção ou tradução dos sentidos – visão/audição.
Logo, a partir de uma visão sistêmica, toda verdade e a realidade existem para cada
pessoa conforme a sua tradução individual de “estímulos luminosos ou sonoros num
código binário circulando no nervo ótico ou aditivo e reconstruído no cérebro” (MORIN,
2020, p. 76). Vivemos, em realidade, ilusões coletivas.
110
Ao mesmo tempo, o texto escrito demanda conhecimentos e operações cognitivas
para a compreensão. Palavras têm significados que precisam ser conhecidos, códigos que
regem o seu uso e agenciamento na cadeia escrita, um conjunto de operações cognitivas
– inferências, argumentos, deduções, não ditos – obriga a um esforço de compreensão
que varia de um grupo a outro. Já a linguagem fotográfica é universal e “desperta estímulos
básicos da percepção visual” (CARDOSO, 2018, p. 125). Assim, ativam mais rapidamente as
áreas de reconhecimento visual e de memorização dos conteúdos.
• O melhor ângulo: serve para gerar sentidos de acordo com a perspectiva adotada
– do alto? Do chão? Na altura? De frente? De lado? Entre outros.
• Da luminosidade: serve para criar efeitos, suscitar sensações, direcionar o olhar etc.
• Da distância: serve para incluir ou excluir, focar detalhes ou comunicar o contexto etc.
• Da estética: serve para suscitar sensações, arrastar efeitos, sublimar, com cores
ou preto e branco etc.
111
conflitante, o fotojornalismo mostra as mazelas da humanidade, a foto aponta/revela
o mal em toda a sua essência. A tal ponto que “[a] orientação de muitas reportagens e
as fotografias de denúncia são quase uma militância para os profissionais de imprensa”
(CARDOSO, 2018, p. 130).
112
Como descrever o horror, senão mostrando-o por uma ínfima parte, já
suficientemente desumana? A revelação por imagem informa, argumenta, silencia.
Com isso, “[realidades] distantes tornam-se próximas das pessoas através dos registos
fotográficos de profissionais que arriscaram a vida para serem testemunhas do seu
tempo” (CARDOSO, 2018, p. 130).
DICA
Reflita sobre o poder das fotos jornalísticas, em: https://bit.ly/30IOn9N.
113
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• São planos da fotografia: geral – o mais aberto; inteiro – enfoca o corpo inteiro;
americano – foca os dois terços superiores; médio – foca a metade superior; primeiro
plano – foca o terço superior; primeiríssimo plano – foca o rosto; detalhe – visão
aproximada, foca um detalhe do assunto.
• O conceito de verdade é relativo. Toda realidade é percebida por meio dos sentidos.
Uma realidade pode ser verdade para um indivíduo e não para outro.
• Através dos recortes que efetua de um fato, o fotojornalista constrói verdades através
das narrativas que agencia por meio das escolhas técnicas em sua foto.
• A foto funciona como prova do real, mesmo sabendo que a imagem é fruto de
fenômenos físicos e operações matemáticas.
114
AUTOATIVIDADE
1 O organismo humano relaciona-se de forma distinta com as formas e com a captação
e interpretação das cores. Formas são estruturas organizadas e perceptíveis pela
aposição de claros e escuros. As cores remetem a parcelas instintivas que incluem
as emoções. Para o fotojornalismo, essa distinção é operacional. Dentre as asserções
a seguir, assinale a alternativa CORRETA:
115
( ) A narrativa pode ser construída ou agenciada por meio de uma única foto.
( ) Toda narrativa implica uma sequência, logo, demanda várias fotos para uma notícia.
( ) Uma forma de introduzir uma situação, pode ser a utilização de um plano geral do
assunto.
( ) O plano americano enfoca o detalhe, a minúcia, ao aproximar completamente um
aspecto.
UMA ESTRADA
116
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
NOVAS TECNOLOGIAS E
FOTOJORNALISMO
1 INTRODUÇÃO
O fotojornalismo pode ser entendido como um processo que visa informar um
conteúdo a um público por meio de uma produção fotográfica, dentro do escopo da
imprensa. Além disso, o fotojornalismo busca sensibilizar, argumentar e transmitir visões
de mundo. Assim, uma das finalidades tem sido informar o público, ao mesmo tempo em
que o sensibiliza sobre realidades ausentes, aproximadas por meio das imagens.
Bom trabalho!
117
2.1 TECNOLOGIAS DIGITAIS E FOTOGRAFIA DIGITAL
Na atualidade, as comunicações e as interações ocorrem por meio de dispositivos
digitais em que as informações recolhidas ou capturadas são transformadas em códigos
numéricos, por meio de operações matemáticas. Ao integrar a digitalização à técnica
fotográfica, a fotografia abriu-se para novas possibilidades, sobretudo, a de tornar possível
construir virtualmente uma imagem, a partir de dados que podem ser retrabalhados ao
infinito. As implicações para a fotografia – e o fotojornalismo – são imediatas. É o que
vamos ver nos subtópicos a seguir, sobre a tecnologia e a fotografia digital.
118
2.1.2 A fotografia digital
Com o desenvolvimento da tecnologia digital e da internet, a produção, a circulação
e o consumo de imagens adquirem uma forte autonomia pelo espaço virtual. Sem o suporte
físico em que a foto se perenizava, nem os processos químicos de transformação de raios
de luz em tonalidades, as imagens invadiram todos os espaços da vida. Na fotografia, a
tradução de dados físicos em códigos de imagem altera, em consequência, a produção
das fotos. Dubois (2017) aponta a nova essência da fotografia digital, uma imagem
fabricada, fruto de criação, em vez da imagem índice ou traço, como vestígio do real. Em
consequência, surge um novo paradigma para a fotografia: o paradigma pós-fotográfico.
Este acrescenta aos dois paradigmas existentes, a saber, o paradigma pré-fotográfico e o
paradigma fotográfico, conforme explicado a seguir (SANTAELLA; NÖTH, 2001):
119
É nesse contexto que a fotografia se torna uma prática banal, efêmera e totalmente
assimilada pelos discursos das mídias de comunicação. Nesse espaço marcado pela
virtualidade, os recursos e aplicativos integrados nos aparelhos smartphones fabricam e
alteram imagens que já são tratadas antes mesmo de serem visualizadas.
• Acontecimento noticiável
DADO/FATO
• Fotos múltiplas
INFORMAÇÃO/ • Ângulo
FOTO • Interpretação do fato
120
FIGURA 26 – A COMUNICAÇÃO NAS MÍDIAS – CLÁSSICAS E DIGITAIS
121
Para Avancini (2017, p. 253): “A modelização numérica traz o impacto do
imediatismo, a porosidade, a intensidade, a autorreferência, a desmaterialização”.
Monteiro (2016, p. 67) aponta o “padrão de verdade”, em que a garantia de verdade
que a foto traz ao fato noticiado é mais importante do que o conteúdo da imagem,
propriamente dito. Baeza (2001, p. 174 apud MONTEIRO, 2016, p. 76) considera:
NOTA
A produção e o consumo de imagens no fotojornalismo ocorre sob
dois parâmetros: a) individualização: produção e consumo dinâmico
das informações e fotos com base em experiências e preferências
individuais; b) colaboração: conteúdos criados de maneira colaborativa,
por indivíduos e instâncias em rede, com afinidades e interesses comuns
(RIBEIRO, 2009).
122
Diante dessa integração colaborativa das práticas, o fotojornalismo tradicional
orientou-se para agências de produção autoral em que os fotojornalistas se sobressaem
por mostrar o mundo tal como ele está para um público cada vez mais desejoso de
novidades e impacto. Essa temática será tratada no subtópico a seguir, com passagem
por alguns nomes do fotojornalismo internacional.
DICA
Aprofunde-se nas práticas dos profissionais de renome para, em seguida,
adentrar a atualidade consultando a obra Consulte a obra de BOROSKI, M.
Fotojornalismo: técnicas e linguagens. Curitiba: Inter-saberes, 2020. 1.6
Primeiros Fotojornalistas, páginas 50 e seg. Conheça os grandes fotógrafos
e seus trabalhos no Blog E-mania. Os melhores fotógrafos de todos os tempos.
Disponível em: https://bit.ly/3vq6j4p.
123
Seu trabalho é marcado pela espontaneidade, leveza e a vida que circula nas
imagens capturadas pelo seu olho atento e seletivo. Realizou trabalhos conjuntos com
fotógrafos de renome, tais como Robert Capa, David Seymour, William Vandivert e
George Rodger, da agência Magnum Photos.
Falar de fotografia – ou cinema – e não citar seu nome seria como falar de arte
e não citar Leonardo da Vinci e a Monalisa. Além de fotografar, também se dedicou
à publicação de livros sobre fotografia e pintura. Frequentou grupos de intelectuais e
pensadores como André Breton. Cartier-Bresson estudou profundamente a linguagem
da pintura, sobretudo acerca da seção áurea, com André Lhote. Para ele, não é o
fotógrafo quem tira a foto, mas o instante da foto. Além do fotojornalismo, em que a foto
deve comunicar o fato, também praticou a técnica do Trompe l’oeil, técnica de pintura
que faz objetos parecerem outros.
Muitas fotos famosas da II Guerra Mundial são de sua autoria, assim como
também foi o primeiro a mostrar ao mundo a União Soviética em fotos. Fotografava
predominantemente em preto e branco, pois considerava a cor própria da pintura e
o preto e branco característico da fotografia. Sem a informação trazida pela cor, a
fotografia tinha maior precisão ao focar o conteúdo e não a forma.
DICA
Para observar as fotos do fotógrafo Henri Cartier-Bresson, acesse
a página dedicada a ele no site da agência Magnum, disponível em:
https://bit.ly/3piFpKw.
DICA
Para observar as fotos do fotógrafo Steve McCurry, acesse o site da agência
Magnum. Disponível em: https://www.magnumphotos.com/photographer/
steve-mccurry/. Acesso em: 14 set. 2021.
124
4.1.3 Robert Capa, nome verdadeiro Ernö Friedmann (1913-
1954)
É um dos maiores fotógrafos de guerra de todos os tempos. Considerava que
devia estar próximo do objeto a capturar o que o levou a cobrir guerras como: a Guerra
Civil espanhola, a II Guerra Mundial, Guerra da Indochina. Aí acaba morrendo, ao pisar
numa mina. Juntamente com David Seymour, Henri Cartier-Bresson e George Rodger
funda, após o final da II Guerra Mundial, a agência Magnum. A esposa, Gerda Taro, morreu
atropelada por um tanque, em 1934, enquanto cobriam a Guerra Civil espanhola. É nesta
guerra que tira sua fotografia mais famosa: Morte de um miliciano, publicada na Time,
em 1936. Veja na Figura 27:
DICA
Para observar as fotos do fotógrafo Robert Capa, acesse o site da agência
Magnum, disponível em: https://www.magnumphotos.com/photographer/
robert-capa/.
125
4.2.1 Sebastião Salgado (1944, Minas Gerais, BR)
Mostra em suas fotos o que há de mais amplo e trágico na natureza humana.
Especializou-se no fotojornalismo trabalhando com várias agências fotográficas –
Sygma, Gamma, Magnum.
126
DICA
Veja um pouco do trabalho do fotógrafo Sebastião Salgado, no site do
Instituto Terra, disponível em: https://institutoterra.org/.
DICA
Veja um pouco do trabalho do fotógrafo Araquém Alcântara, no Instagram.
Disponível em: https://www.instagram.com/araquemoficial/feed/.
127
DICA
Veja mais sobre o fotógrafo Evandro Teixeira no portal do projeto Brasil:
Memória das Artes, Funarte, disponível em: http://portais.funarte.gov.br/
brasilmemoriadasartes/acervo/infoto/biografia-de-evandro-teixeira/.
128
LEITURA
COMPLEMENTAR
AUTORIA E NOVA CONSCIÊNCIA DOCUMENTAL NO FOTOJORNALISMO
CONTEMPORÂNEO
Júlia C. L Ramos
Dentre as mudanças recentes percebidas nas práticas e nas produções, nos lugares
e nos circuitos de difusão, bem como nas formas, nos valores, nos usos e nos autores a
partir da ascensão da observa-se a contraposição da fotografia-expressão à fotografia-
documento. Esta última – a fotografia-documento -, como representante prototípica da
fotografia da era industrial e da imagem jornalística, integra nos dias atuais, os princípios
renegados pelo documento no processo fotográfico: a autonomia, a subjetividade e a
alteridade. Ou seja, a fotografia jornalística passa a integrar em sua essência, a poética.
129
Contrariamente às condições físicas de jornais impressos, que conheciam leitores
tradicionais, imersivos (SANTAELLA, 2013), o relacionamento com a informação e os discursos,
as leituras e os leitores, tornaram-se marcados por ubiquidade (SANTAELLA, 2013).
FONTE: Adaptada de RAMOS, J. C. L. O retorno da autoria e uma nova consciência documental no fotojornalismo
contemporâneo. Revista Observatório, Palmas, TO, v. 4, n. 1, jan./mar. 2018. Disponível em: http://dx.doi.
org/10.20873/uft.2447-4266.2018v4n1p349. Acesso em: 15 set. 2021.
130
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Porém, representar a realidade, mostrar ao mundo aspectos que podem ser invisíveis
ao olhar, constitui, ainda e sempre, uma atividade atrativa e de destaque.
131
AUTOATIVIDADE
1 Os meios de comunicação da atualidade ampliam as formas de produção e de
consumo de imagens. À televisão, ao cinema, às mídias tradicionais opõem-se, na
atualidade, as formas móveis e digitais de circulação de imagens e discursos, que
banalizam o ato de fotografar. Essa transformação nas práticas deu origem a novos
desafios para o fotojornalismo e a fotografia desse gênero de discurso. Sobre a
fotografia digital, assinale a alternativa CORRETA:
132
3 O modo de se relacionar com os fatos que viram notícia no cotidiano vem sofrendo
alteração nas sociedades atuais. Rapidez e desprendimento podem ser duas noções
a serem associadas a essa relação. O ato de apertar o obturador vem até mesmo
sendo comparado ao ato de efetuar um disparo. Sobre a prática do fotojornalismo na
atualidade, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
133
REFERÊNCIAS
AVANCINI. A. J. A Expansão do fotojornalismo. Extraprensa: comunicação,
cultura e movimentos sociais na América Latina, São Paulo, v. 11, n. 1, 2017.
Disponível em: https://www.revistas.usp.br/extraprensa/article/view/115241.
Acesso em: 23 jun. 2021.
134
FARHI NETO, L. Da fotografia à pós-fotografia: do controle ao descontrole. Revista
Observatório, Palmas, TO, v. 4, n. 1, p. 220-50, jan./mar. 2018. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2018v4n1p220. Acesso em: 12 jun. 2021.
FLUSSER, V. Filosofia da caixa preta. São Paulo: Hucitec, 1985. Disponível em:
www.iphi.org.br/sites/filosofia_brasil/Vilém_Flusser_-_Filosofia_da_Caixa_Preta.
pdf Acesso em: 7 set. 2021.
MOREIRA, A. Cor ou preto e branco? André Moreira photographer, Medium, [s. l.], 4
nov. 2018. Disponível em: https://medium.com/@andrebmoreira93/cor-ou-preto-e-
branco-601f9f77d997. Acesso em: 4 set. 2021.
135
NETO, R. Fotografia em preto e branco. Epics, São Paulo, c2021. Disponível em:
https://www.epics.com.br/blog/a-fotografia-em-preto-e-branco. Acesso em: 3
set. 2021.
136
UNIDADE 3 —
PRÁTICA DO
FOTOJORNALISMO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• produzir conteúdo visual para constituir bancos de imagens de mídia visual, tais
como o wordpress no escopo do fotojornalismo;
• efetuar uma reflexão sobre os princípios éticos que norteiam a prática do fotojornalismo
na atualidade.
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
137
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
QR Code abaixo:
138
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
A PRÁTICA DO FOTOJORNALISMO
1 INTRODUÇÃO
A unidade anterior forneceu um panorama inicial da sociedade contemporânea,
que comunica e interage por meio das mídias digitais. Esta nova sociedade trouxe
vantagens, mas também alterou significativamente as relações estabelecidas e, dentre
elas, a relação com a notícia e o fotojornalismo.
Bom trabalho!
139
O fotojornalismo surge, então, não como reprodução do fato, mas como
olhar sobre o fato, a experiência direta transmitida ao público (MONTEIRO, 2016). Esta
transmissão é enquadrada por etapas distintas que demandam reflexão e estudo antes
da execução. É o que você aprenderá, neste subtópico, que, a partir da pauta, de que
modo se constrói a imagem no fotojornalismo.
2.1.1 A pauta
As circunstâncias e acontecimentos do dia a dia produzem uma infinidade de
fatos potencialmente noticiáveis. Seria impossível cogitar uma imprensa que noticiasse
todos os acontecimentos. Por isso, cada veículo de imprensa, dispõe de um setor para
análise, seleção e organização dos fatos noticiáveis nas mídias. A partir de critérios
subjetivos – do pauteiro, do repórter – e, sobretudo, objetivos e variáveis conforme o
veículo de comunicação, pautas – ou fatos noticiáveis – são definidas e encaminhadas
ao setor de reportagem, que inclui o fotojornalista. Diariamente, então, o fotojornalista
toma conhecimento do(s) fato(s) selecionados através das pautas e, a partir daí, inicia a
realização do seu trabalho. Porém, antes de sair fotografando, procede-se a uma análise
dos elementos envolvidos no fato – sujeitos, locais, circunstâncias – que serão, a partir
daí, inseridos em uma narrativa – a história que será contada pela notícia.
140
QUADRO 1 – CONSTITUINTES DA PAUTA
CONSTITUINTES
1 Veículo/periodicidade
2 Repórter
3 Editoria
4 Tema Assunto
5 Abordagem Enfoque
6 Fontes/contato/local
7 Informações já coletadas
8 Apresentação visual Roteiro do que deve ser feito (o quê? Como? Cenas, Orientação,
uso de cor? Luz? etc.)
9 Deadline/Prazo para
entrega
FONTE: Adaptado de Boroski (2020, p. 113)
141
DICA
Aconselhamos a leitura dos relatos de MARQUES, A.; MARQUES, L. e MARQUES,
S. Caçadores de luz: histórias de fotojornalismo. Os processos e etapas tornam-
se palpáveis por meio das dificuldades encontradas em campo pelos autores
durante o exercício da profissão.
DICA
Aprofunde este tópico lendo o Capítulo 4 “A produção em Fotojornalismo”,
de: BOROSKI, M. Fotojornalismo: técnicas e linguagens. (livro eletrônico).
Curitiba: Inter-Saberes, 2020, p. 112-131.
142
2.2.1 Fotojornalismo informativo objetivo
Embora essa concepção possua atreladas várias ações, informar é a finalidade
principal que motiva o fotojornalismo informativo. Assim, o fato é narrado ao público
por meio de linguagem visual e linguagem verbal. Narrativas que, antes, se faziam por
meio do texto escrito e linguagem verbal são construídas por meio de linguagem visual
agenciada na fotografia. Essa linguagem informa ou narra por meio de padrões de
imagem, do mesmo modo que a linguagem verbal combina tipos textuais ou estruturas
tais como a descrição, a narração e a exposição argumentativa.
ATENÇÃO
Como vimos na Unidade 1, foi ao longo do século XX, que a imagem e,
sobretudo, a fotografia, assumiu este caráter informativo, permitindo
representar a realidade sem intervenção da expressividade humana, como
no caso do desenho e da pintura, por exemplo.
143
Observe que a resposta às perguntas que caracterizam o fotojornalismo
informativo – o quê/onde/quem? – é rapidamente obtida pela visualização das fotos.
Estas, são portadoras de informação suficientemente significativa no plano denotativo:
as Torres Gêmeas, em Nova York, em chamas ao serem atingidas por aviões sequestrados
por terroristas. Sem precisar decodificar linguagem verbal, o público destinatário recebe
a informação pela fotografia: trata-se do 11 de setembro de 2001.
144
IMPORTANTE
No esquema da comunicação, composto por emissor, destinatário,
mensagem, código, canal e contexto, a função informativa refere-se a este
último – o contexto – para produzir significado.
145
As palavras “crime”, “surto”, “refém” possuem sentido negativo ou, até, ameaçador.
Assim, a informação de carga negativa combina-se à imagem do casal retratado de
frente, com expressões sérias e que o texto identifica como sendo advogados. Ambos
são tomados em plano médio, privilegiando a parte superior do corpo, em que se
destaca o olhar lançado diretamente para o espectador. Além disso, os tons das roupas
contrastam com o fundo e os papéis que os dois têm nas mãos. São cores sólidas e
nítidas, que se sugerem, com isso, clareza e nitidez nas oposições – ou, como podem
induzir as escolhas – nas decisões a serem tomadas contra o mal que a notícia anuncia.
Uma orientação argumentativa parece desprender-se da imagem assim construída: é
verdade, o crime deve ser atacado com firmeza e decisão. O foco, neste caso, está no
desenvolvimento de um raciocínio claro e objetivo: advogados corajosos defendem a lei.
UNI
Pense na foto que analisamos na unidade anterior, dos crimes cometidos em
campos de concentração: Figura 24 (Unidade 2, Tópico 2, Subtópico 4.3.2).
146
Para a prática do fotojornalismo, esta breve análise evidencia a etapa de
pré-produção, inerente ao fotojornalismo e que impõe precauções que vão desde
o planejamento rigoroso do trabalho a ser realizado, capacidades e habilidades
pessoais, como resistência, agilidade e, sobretudo, ética e comprometimento. Nesse
sentido, Sousa (2016 p. 209) distingue a realidade “mostrável, concreta, dos fatos,
indivíduos, circunstâncias e uma realidade não fotografável”. Nesta segunda, situam-
se as noções abstratas, tais como a inflação, e que podem, apenas, ser sugeridas por
meio da linguagem visual e o seu agenciamento. Além das dificuldades que conceitos
abstratos podem representar ao serem objeto do fotojornalismo, uma linha tênue impõe
questionamentos em permanência quanto a:
Para esse aspecto, Monteiro (2016) aponta o potencial das linguagens figurativas
como forma de representar conteúdos – metáforas, hipérbole, metonímia etc.
ESTUDOS FUTUROS
O aspecto deontológico – que se refere ao que deve ou não ser praticado,
o que é certo ou errado, moral ou amoral – será abordado no tópico
reservado ao fotojornalismo de sensação. Você já encontrará uma
amostra das imposições a que o fotojornalista está sujeito na obra de
MARQUES, A.; MARQUES, L. e MARQUES, S. Caçadores de luz: histórias
de fotojornalismo. São Paulo: Publifolha, 2006.
É preciso lembrar, ainda, que narrar a notícia é uma das funções do fotojornalismo
informativo. Outra função é seu papel na difusão de conhecimento. Segundo Sousa (2016,
p. 211), “O fotojornalismo, como outras formas de compreensão da realidade que utilizam
imagens, é uma maneira de produzir conhecimento sobre a atualidade, sobre aquilo que se
passa, os problemas e os acontecimentos”. Ao tomar conhecimento dos fatos noticiados,
o público é conscientizado da existência de realidades, descobertas, procedimentos,
instituições etc. O fato é uma informação, mas ao ser assimilada, torna-se conhecimento,
e um conhecimento que se agrega à bagagem cultural e intelectual do público. Fazer
fotojornalismo significa, assim, que além de informar, um produto cultural é produzido e
que incrementa o repertório cultural de uma determinada sociedade (MONTEIRO, 2016).
147
2.3 FOTOJORNALISMO PERFORMATIVO
O adjetivo performativo deriva de performance, um empréstimo da língua
inglesa integrada ao contexto brasileiro. Em inglês, to perform corresponde a completar
uma ação ou atividade e poderia ser traduzido por desempenhar, operar. Performativo,
então, corresponde a operativo, que age de modo concreto. Refere-se ao fotojornalismo
produzido e preparado, expressamente planejado para um fato noticiado (BENAZZI, 2020).
IMPORTANTE
Adquira o hábito de observar atentamente as imagens veiculadas aos canais
da mídia contemporânea, tais como televisão, jornais impressos e/ou on-line,
e observe o agenciamento de recursos e efeitos provocados pela linguagem
visual da fotografia publicada.
148
FIGURA 3 – CLASSIFICAÇÃO DA FOTOJORNALÍSTICA
149
3 RELACIONAMENTO COM O FATO E O VEÍCULO – A
VERDADE E A VEROSSIMILHANÇA
O fotojornalista age como filtro entre o acontecimento ou fato e o público. Sua ação
situa-se entre uma ocorrência e uma expectativa, permeada por uma filosofia ou linha de
ação: a ocorrência a ser narrada ao público, que, por sua vez, espera por uma narrativa do
fato. Como vimos nas duas reportagens analisadas no subtópico anterior, o fato narrado
corresponde a uma versão capturada pelo veículo de imprensa e o setor de fotojornalismo,
ou ainda pela ideologia dominante e suas diretivas para as mídias. Logo, assim como na
leitura dos textos podemos inferir diferentes sentidos, o fotojornalista captura aspectos do
fato, que transformará em mensagem. É a esta relação entre uma realidade congelada por
meio do filtro fotojornalístico que trataremos neste subtópico. Vamos procurar responder
a algumas perguntas que norteiam o fazer fotojornalístico em seu papel de mediação das
narrativas humanas: que versão do acontecimento é dada ao público? Como se articula o
papel do fotojornalismo na relação entre realidade e versão dos fatos?
Essa temática será abordada, num primeiro momento, a partir dos critérios
de verdade e verossimilhança e, em seguida, pela observação de exemplos da mídia
impressa brasileira ao longo do tempo.
Esta verdade, porém, parece mais apta a ilustrar os fatos do cotidiano na esfera
familiar – fotos de casamento, batizado, as viagens, os pets – e menos o fato noticiável
destinado a um público e realizado pelo profissional do fotojornalismo (CARDOSO, 2018).
Para o fotojornalismo, a verdade cede espaço para outras funções, dentre as quais a
de seduzir, argumentar e/ou explorar as potencialidades da linguagem visual ao seu
extremo. Este é o tema deste subtópico, em que você verá as funções que coexistem
com a potencialidade informativa do fotojornalismo na atualidade, sobretudo seu poder
mnemônico, alternativo e lúdico.
150
aponta, sugere – conforme vimos no subtópico anterior – e, como aponta Cardoso
(2018, p. 125) “A fotografia, sendo uma construção da realidade através de fragmentos
do real que o fotógrafo se apropria figurativamente, sendo o registo do presente que
se torna passado, mas permanece como objeto no futuro, revela-se uma muleta da
memória que aviva na consciência existências passadas”.
UNI
É assim que, a cada visualização das imagens que vimos na Figura 1, somos
remetidos a emoções e lembranças daquele dia, em setembro de 2001,
quando as torres gêmeas foram destruídas num atentado terrorista.
151
3.1.3 Fotojornalismo autoral e artístico
O fotojornalismo da atualidade se caracteriza pela elaboração e o agenciamento
dos parâmetros de linguagem da fotografia a fim de dar a ver o mundo que na velocidade
que impregna o cotidiano das pessoas não é facilmente perceptível. Trata-se mais de
uma adequação da categoria às condicionantes impostas pelo arranjo da prática e dos
discursos contemporâneos do que uma demarcação de gênero por parte dos profissionais.
Ao se rearranjarem, muitos veículos de comunicação, com efeito, reduziram suas equipes
quando da passagem à virtualização advinda com a internet. A produção, independente
de fotos com potencial de verdade passíveis de atrair o público, surgiu como nova prática.
A este fotojornalismo imperam critérios qualitativos da imagem, em narrativas próprias e
por meio de estilos sofisticados, em que cores e formas são escalonadas como linguagem
individualizada. As temáticas se demarcam, de modo a tornar possível o reconhecimento
da autoria das fotos. Assim, fotografias de guerra, fotografias de garimpos e paisagens,
cada categoria apontará um nome de destaque do fotojornalismo.
DICA
Você pode aprofundar esta visão ao consultar o artigo de Daniel Meirinho,
“Práticas contemporâneas no fotojornalismo: o jogo de interações”,
disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/tematica/article/
view/53245/30552.
152
3.2.1 A fotografia como construção de verdades
A fotografia resulta de um triplo encontro: uma técnica, um aparelho e um fotógrafo
que, por meio da técnica e do aparelho, dá a ver uma imagem que se constrói e narra através do
agenciamento de um conjunto de elementos significativos e estéticos. A mesma linguagem
utilizada para realçar esteticamente as imagens expressivas e artísticas, despretensiosas
de significados e efeitos persuasivos específicos – a fotografia artística pretende ser um
recorte estético sem nenhuma outra finalidade que si mesma –, estes mesmos elementos
conferem expressividade significativa ao fotojornalismo. O fotojornalismo produz imagens,
realça os dramas da vida nos fatos que noticia e divulga com a fotografia (CARDOSO, 2018).
Como resultado do agenciamento da linguagem visual numa cena – a superfície da foto – a
fotografia finge apresentar a verdade, mas apenas representa uma parcela dessa verdade.
Segundo Cardoso (2018, p. 126), “a imagem jornalística é uma transformação/reconstrução
da realidade, uma vez que o acontecimento visível é reportado pelos “filtros” e pelas
impressões do fotógrafo. O que a imagem mostra aconteceu, mas o que chega ao público
do acontecimento é um pedaço, um fragmento do real”.
• A imagem como índice: através de uma relação temporal e/ou causal, ela aponta
para uma realidade que existiu (o assunto diante da objetiva) e de que é o resultado;
• A imagem como ícone: ela possui traços comuns com um assunto, que permitem
a sua identificação com a realidade (o que está na foto se parece com);
• A imagem como símbolo: ela depende de fatores socioculturais para ser interpretada,
recebida como tal.
DICA
Você pode consultar a tripla teoria dos signos como índices, ícones e
símbolos segundo a Semiótica em: SANTAELLA, L. Semiótica aplicada.
São Paulo: Pioneira-Thompson Learning, 2002.
153
Assim, o fotojornalismo, sem ser criador de histórias ou difusor de mentiras,
difunde uma perspectiva do fato, um falso faz de contas, que se parece com a verdade, é
verossimilhante. Para Fontcuberta (2015, p. 15 apud CARDOSO, 2018, p. 129) “a fotografia
mente sempre […] O importante, […] é o controle exercido pelo fotógrafo para impor uma
direção ética à sua mentira. O bom fotógrafo é o que mente bem a verdade”.
É desse modo que o fotojornalismo aproxima realidades distantes, pela ótica do(s)
profissional(is) que, ao se aventurarem pelos locais onde os fatos acontecem, recortam
visões eticamente orientadas em fotografias que mostram ao público os fatos – e têm o
dever de mostrar – aquilo “que conduz à verdade; os factos ocultos, o que é desagradável
às instâncias de poder e à própria sociedade” (CARDOSO, 2018, p. 131). Por meio desta sua
ação – a de recortar verdades aos fatos – o fotojornalismo contribui a direcionar os rumos
da história, marcando em imagens acontecimentos que, de outro modo, poderiam cair no
esquecimento. Seu papel aí parece justificar-se mais do que em retratar verdades, já que
a maioria dos fotojornalistas concorda que na prática, “a fotografia tenta corresponder a
um conjunto de valores-notícia que cada linha editorial privilegia e é sempre uma seleção
do fotógrafo, mesmo que procure ser objetivo” (CARDOSO, 2018, p. 134).
IMPORTANTE
Duas orientações são dadas à imagem: a orientação para o fato objetivo, a
informação, e a orientação para o público e a sedução através do impacto,
aliando objetividade e subjetividade (CHIODETTO, 2008).
154
A partir desse conhecimento, vamos ver quais são os critérios de verossimilhança
no fotojornalismo. Este é o tema do subtópico a seguir.
ATENÇÃO
A legenda é um critério que orienta a leitura da imagem dentro de seu
contexto.
155
ATENÇÃO
A cor confere realidade objetiva e suscita conotações subjetivas.
ATENÇÃO
A pesquisa de mercado orienta as decisões a serem tomadas para a produção
da foto.
IMPORTANTE
O fotojornalismo torna-se espetacular, além de publicitário, aderindo aos
princípios do simulacro facilitado pela edição ou produção da imagem,
antes, durante e após a captura.
156
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Vários elementos contribuem a orientar a imagem, ora para o fato concreto que se
noticia, ora para o público e o significado, as reações, que se procura obter.
157
AUTOATIVIDADE
1 Toda produção fotojornalística parte de uma definição que a precede. Trata-se
da pauta. A pauta é um documento elaborado para trazer ao fotojornalista alguns
critérios que orientam a sua prática. Sobre a pauta, assinale a alternativa CORRETA:
158
3 Assim como, ao fazermos uso da linguagem verbal, uma mesma ideia pode ser
apresentada por diferentes palavras ou seu agenciamento em frases e textos
completos, a fotojornalística também transmite significados e produz sentidos e
reações no público a que se destina. Diante disso, observe a imagem a seguir. Em
seguida, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/shocked-young-man-shirt-reading-travel-1937093446>.
Acesso em: 29 set. 2021.
4 “Em 1968, o jornal Folha de São Paulo, utilizou pela primeira vez fotos coloridas no
caderno de turismo. Tratava-se de responder a uma necessidade comercial. […] A
partir daí, a cor começou a surgir esporadicamente em coberturas especiais na Folha,
como no incêndio do edifício Joelma, no centro de São Paulo” (CHIODETTO, 2008,
p. 61-62). A partir deste excerto, disserte sobre a tensão entre verdade/realidade e
plasticidade/intenção intrínseca ao fotojornalismo.
FONTE: CHIODETTO, E. Fotojornalismo: realidades construídas e ficções documentais. 2008. 201 f. Dissertação
(Mestrado em Comunicação) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008, p. 61-62.
159
5 A prática do fotojornalismo é orientada de múltiplas maneiras: seleção e apresentação
das pautas, natureza dos fatos e acontecimentos a cobrir, estágio evolutivo da sociedade
e das tecnologias, espectativas do público quanto à prática jornalística etc. Dentro
dessa multiplicidade de fatos, a imagem também interage com a legenda e o texto
escrito. Diante disso, disserte sobre as principais funções do texto no fotojornalismo.
160
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
GÊNEROS DE FOTOJORNALISMO DA
IMPRENSA E DAS MÍDIAS ATUAIS
1 INTRODUÇÃO
O profissional de fotojornalismo pode atuar em vários segmentos nos contextos
emergentes da atualidade. Nesses contextos, o fotojornalismo é determinado por
algumas condicionantes que abordaremos neste tópico.
2 GÊNEROS DO FOTOJORNALISMO
A produção de fotos para o jornalismo – fotojornalismo – responde a várias
finalidades, segundo as categorias ou gêneros a que as fotos se destinam. Sousa (2002,
p. 109) lembra que a classificação dos gêneros em fotojornalismo não é única: “Não há
uma única maneira de classificar os gêneros do fotojornalismo”. Porém, alguns requisitos
são determinantes na produção dos gêneros. Assim, para a classificação dos gêneros,
são determinantes (SOUSA, 2002):
Observe-os na Figura 5:
161
FIGURA 5 – FATORES CONDICIONANTES À CLASSIFICAÇÃO DOS GÊNEROS
FONTE: A autora
162
sua realização se deu de modo planejado, sem a vertente da urgência e do imediatismo
que a primeira sugere. Trata-se de um exemplo de “general news” ou “notícia em geral”
(SOUSA, 2002, p. 111):
DICA
No livro Caçadores de luz: histórias de fotojornalismo, de Alan Marques, Lula
Marques e Sérgio Marques, há relatos pormenorizados dessas situações
para as quais o preparo ocorre. Porém, o fotojornalista também procurará
flagrar imagens de impacto, tal como relatado por Lula Marques, em “Collor”
(MARQUES; MARQUES; MARQUES, 2006, p. 97-106), ou, ainda, em “Puxão de
Orelha” (MARQUES; MARQUES; MARQUES, 2006, p. 213-216), o qual ainda
pode ser encaixado como feature.
163
2.2 FEATURES
Este gênero compreende uma rapidez de raciocínio por parte do fotojornalista,
que vê uma oportunidade de produzir uma imagem que dispensa explicações. A foto
significa de si mesma.
A partir de uma ação capturada – chutar uma bola, por exemplo – uma reação
e emoção são obtidas em retorno – o gol/o goleiro que rebate e o pública em júbilo ou
decepção. Neste tipo de imagem, os elementos que permitem identificar o esporte devem
aparecer, tais como bolas, raquetes etc. Dois critérios norteiam a fotografia desportiva:
164
• foco: através da clara definição de objetivos que permitam ao público identificar
estes objetivos;
• nitidez da imagem: deve mostrar elementos visuais que permitam com facilidade
a construção do significado.
2.4 RETRATO
O fotojornalismo de retrato procura evidenciar, junto com o rosto da pessoa, algum
traço psicológico que se sobressaia. Esta categoria compreende retratos individuais e
retratos coletivos, como em cerimoniais e solenidades oficiais. Esta categoria demanda
tempo para a configuração ideal, além de várias capturas, para garantir que os rostos
não apresentem olhos fechados ou expressões que possam trair a imagem. Assim como
as outras categorias, o retrato apresenta subdivisões (SOUSA, 2002):
165
2.5 ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS
São também conhecidas por fotografias ilustrativas ou photo illustrations, e o
autor aponta que nem sempre são tidas como categoria ou subtipo de fotojornalismo
(SOUSA, 2002). Os fotojornalistas atuais tendem a orientar-se a esta prática, que
costuma tratar temáticas como a moda, a gastronomia e a economia. Podem servir de
base à “foto-opinião e à fotoanálise” (SOUSA, 2002, p. 126, grifo nosso).
• A foto única: traduz-se pelo instante decisivo que condensa, em um clique, toda a
história. É o tipo de fotografia “bressoniana” (SOUSA, 2002, p. 127);
• Várias fotos: é defendido por Sebastião Salgado, para quem não há instantes, mas
vidas, e essas não se deixam condensar ou reduzir a um instante (SOUSA, 2002).
166
FIGURA 8 – FASES DE ELABORAÇÃO PICTURE STORIES – HISTÓRIAS EM FOTOGRAFIA
FONTE: A autora
• Fotoensaio: procura analisar uma realidade e opinar sobre ela. Integram esta
subcategoria os profissionais que se orientam à edição de fotolivros, em que as
imagens podem ser manipuladas, dentro dos limites éticos da prática.
• Fotorreportagem: possui laços com o fotoensaio, mas procura situar, documentar,
mostrar a evolução e caracterizar uma situação real vivida pelas pessoas. Não visam
posicionamentos, mas caracterizar. Podem conter textos e legendas que orientem
a leitura das imagens.
167
A partir dessa exposição de gêneros preponderantes no fotojornalismo, vamos
abordar a área, a seguir, a partir da sua relação, não mais com as instâncias de produção,
mas com as instâncias de recepção, ou o público que orienta a prática do fotojornalismo
na atualidade.
Para ver a vida; para ver o mundo; para ser testemunha ocular de
grandes eventos; observar o rosto dos pobres e os gestos dos ricos;
para ver coisas estranhas - máquinas, exércitos, multidões, sombras
na selva e na lua; para ver o trabalho do homem - suas pinturas,
torres e descobertas; para ver coisas distantes. Coisas escondidas
entre paredes e dentro dos quartos, coisas perigosas de aproximar-
se; as mulheres que os homens amam e muitas crianças; para ver e
ter prazer em ver; para ver e ficar admirado; para ver e ser instruído;
tanto ver quanto ser visto é agora o desejo e nova expectativa de
metade da humanidade. Para ver e fazer ver é a missão assumida por
um novo tipo de publicação.
168
A leitura atenta deste trecho oferece uma amostra da nova orientação no
jornalismo: a de oferecer, em imagens, um pouco do que acontece longe dos olhos
do público, mas que o fotógrafo e fotojornalista capturou em uma foto. A fotografia
assume o papel central como veículo de informação, sedução, captação dos olhares e
extravasamento de todas as paixões.
Mas o que pode suscitar uma foto quando todas as coisas já foram vistas?
FONTE: A autora
169
O fotojornalista tornou-se filtro de aspectos dessa realidade, que transmitia
com a imagem. As primeiras fotos publicadas junto às reportagens produziam, assim,
forte impacto, pois a experiência da visualização permitiu uma maior compreensão,
envolvimento, reação ao(s) fato(s) noticiado(s).
170
Exemplos que confirmem a citação não necessitam referências na atualidade
globalizada em que imperam o discurso do ódio, conflitos, delitos, crimes e catástrofes de
todo o tipo. As mídias proliferam de imagens-choque, as pautas, de notícias hediondas
e o público, acometido de um torpor discursivo que parece submergi-lo em um estado
de angústia intensa pelo novo, o próximo choque a vir.
IMPORTANTE
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) estabeleceu em seu código de
ética, em 2007, que a liberdade de imprensa “implica um compromisso com
a responsabilidade social inerente à profissão” (Art. 2); “o jornalista não pode
divulgar informações [...] de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário
aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes”
(Art. 11); o jornalista deve “rejeitar alterações nas imagens captadas que
deturpem a realidade, sempre informando ao público o eventual uso de
recursos de fotomontagem, edição de imagem, reconstituição de áudio ou
quaisquer outras manipulações” (Art. 12).
FONTE: QUINTO, M. C. Por trás das lentes, uma história: a percepção dos fotógrafos
sobre a mídia impressa. In: MONTEIRO, C. (Org.). Fotografia, história e cultura
visual: pesquisas recentes. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012, p. 77-78.
171
GIO
Basta acessar as redes sociais ou motores de pesquisa, tais como o Google,
e inserir os nomes dos fotojornalistas de renome, para descobrir projetos
e linhas humanitárias e/ou sustentáveis em suas produções. Já falamos
do projeto Instituto Terra, do fotógrafo Sebastião Salgado, na Unidade 2,
Tópico 3, Subtópico 4. Disponível em: https://institutoterra.org/.
IMPORTANTE
“Um banco de imagens é composto de um conjunto de imagens em arquivo, ou seja,
em estoque, e que podem ser utilizadas para fins de publicidade, de ilustração, de
conteúdo de documentos etc. […]. A empresa administradora do banco de imagem
capta, cataloga e distribui as imagens de fotógrafos nacionais e internacionais. O
cliente recebe a imagem da qual necessita, pela internet, digitalizada e adequada às
aplicações” (FROSH, 2004 apud BORGES; BOTELHO, 2008, p. 16).
172
Existem, basicamente, dois tipos de imagens disponibilizadas: as gratuitas,
normalmente, de qualidade inferior e destinadas ao uso não comercial; e as imagens
pagas, de alta qualidade e para usos comerciais. É o tipo de imagem para o qual você,
como fotojornalista, poderá contribuir. Alguns bancos de imagens são bem conhecidos
no meio profissional (IRIS, 2004):
DICA
Você sabe o que são as licenças Creative Commons? Para descobrir de que
maneira poderá disponibilizar as suas fotos sob licenças abertas, semiabertas
ou com várias restrições, contribuindo dessa forma com a tendência atual ao
compartilhamento e a produção colaborativa de conteúdos e conhecimentos
em rede, acesse: http://creativecommons.org.
173
A seguir, veremos um exemplo de prática realizada por fotojornalistas na
atualidade digital: a produção de narrativas ou storytelling para as redes sociais.
3.2.2 WordPress
WordPress é um ambiente para criar e hospedar um site indispensável para todo
o profissional atuando em áreas do jornalismo e do fotojornalismo. Lançado em 2003 por
Mike Little e Matt Mullenweg, e, atualmente, é o sistema de gerenciamento de conteúdo
mais popular do planeta. Encontra-se sob licença de código aberto e é disponibilizado
pela General Public Licence (GPL). Há versões disponíveis para o público, tais como o
WordPress.com e o WordPress.org, oferecendo acesso gratuito, além das contas “Pessoal”,
“Premium” e “Negócios”. Uma conta no WordPress, segundo Andrei (2021), oferece:
4 FOTOJORNALISMO E CIBERMÍDIA
Uma nova sociedade se constrói nas últimas décadas, através da reconfiguração
de suas práticas e formas de interação. As áreas da comunicação vêm, assim, sofrendo
a influência e ao mesmo tempo, produzindo novas ferramentas e formas de ação.
Neste tópico, vamos, então, abordar este novo universo em que surgem conceitos tais
como: fotojornalismo de convergência e infoestética. Estes serão os temas a serem
trabalhados neste subtópico.
174
4.1 INFOESTÉTICA E FOTOJORNALISMO (GJOL)
A sociedade atual é complexa. As informações disponibilizadas em streamings
ou ritmo contínuo e a interrelação das áreas e temas do conhecimento em rede permitem
o seu manuseio e a sua apreensão de formas múltiplas, o tempo todo e por múltiplos
agentes. As tecnologias, através dos processos tecnológicos e codificações numéricas
contribuem, com efeito, à manipulação e a consequente visualização dos dados e
informações, realizando associações, comparações, agenciamentos significativos e
passíveis das mais variadas formas de leitura.
175
O jornalismo e, junto com ele, o fotojornalismo tiveram, assim, seus modos de
funcionamento, etapas, atores e práticas reestruturadas (MARTINS, 2020). Isso, sobretudo
pelas facilidades de manipulação da imagem em pós-produção, proporcionadas pelas
tecnologias digitais (CHIODETTO, 2008).
NOTA
• Streaming: tecnologia que permite transmitir dados pela internet
sem que seja necessário baixar o conteúdo – imagem e áudio, vídeos
curtos, longos, músicas, slides ect. – em um dispositivo (COSTA, 2020).
• Lives: são transmissões de áudio e vídeo na Internet. Podem ser
transmitidas em redes sociais e servir-se de aplicativos e plataformas
específicas (REIS, 2020).
176
a integração entre meios distintos, produção de conteúdos
combinando multiplataformas para publicação e distribuição,
convergência estrutural com a reorganização das redações e a
introdução de novas funções para os jornalistas, uso associado de
tecnologias da informação, software, sistemas inteligentes, audiência
ativa, exploração do potencial interativo, hipertextual e multimídia
da internet, e, também, a construção de narrativas jornalísticas em
conformidade com tais recursos.
177
• Convergente: nesta etapa, o fazer fotojornalismo encontra-se integrado ao cenário
de convergência proporcionado pelas tecnologias e os modos de funcionamentos
sociais, profissionais e comunicativos da atualidade digital. Conhece desdobramentos
nas áreas internas da redação – fusão de empresas; tecnológicas, com adoção de
dispositivos digitais e multitarefas; plataformas – mesmo conteúdos para meios
diversos; profissional – o fotojornalista torna-se multitarefas. Serão alterados os
modos de produção e também de consumo em fotojornalismo.
178
Nesta prática, o fotógrafo aplica os conceitos da narrativa visual, com predileção
por expressões faciais marcadas de cada jogador, focando partes do corpo e estilos, tais
como tatuagens, que resultem na construção de representações individualizadas do
jogador e do esforço físico, da dedicação e da garra inerentes à profissão: jogador de futebol.
Aspectos como a batalha, a luta, a vitória e a derrota, assim como a consagração, o espírito
de equipe, são enaltecidos por meio de um trabalho fotográfico esmerado e detalhista.
DICA
Acesse o artigo “Fotojornalismo na era digital: registrando e empreendendo
emoções”, de Larissa Reis. Disponível em: https://bit.ly/3FZYN4w.
Veja, a seguir, um modelo de roteiro a ser empregado para este tipo de produção
visual.
179
NOTA
O termo ciberespaço corresponde a um “dispositivo de comunicação
interativo e comunitário [...]” (LEVY, 2000, p. 26).
180
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Spot news são fotos realizadas no calor dos acontecimentos, enquanto as general
news são imagens pensadas e em que os critérios estéticos e significativos da
fotografia são mais elaborados.
• Narrativas visuais são histórias em imagem e podem conter uma ou mais fotos,
geralmente cinco.
181
AUTOATIVIDADE
1 O fotojornalismo contribui à transformação das sociedades e o modo como se
relacionam com os acontecimentos. Ao recortar aspectos de uma realidade, o
fotojornalista age sobre o fluxo de acontecimentos, acrescentando significados,
gerando conotações. Diante disso, assinale a alternativa CORRETA:
I- Spot news.
II- Features.
III- General pictures.
182
I- Streaming é um modo de produção utilizado em fotojornalismo de features.
PORQUE
II- As narrativas visuais são histórias contadas a partir de uma única imagem e
o agenciamento de seus elementos, o número de imagens mais utilizado em
fotojornalismo é cinco.
5 Leia o texto a seguir, de Silva Júnior e Queiroga (2010, p. 111, grifos nossos):
183
184
UNIDADE 3 TÓPICO 3 - O
REPÓRTER FOTOGRÁFICO, O FATO
E O TEXTO
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, exercer a área do fotojornalismo implica estar ciente das múltiplas
possibilidades que o ciberespaço e a internet oferecem aos profissionais desta e de
outras áreas. Uma dessas possibilidades compreende a construção de trabalhos em
colaboração com outros usuários, e isso, a nível global.
Em seguida, como toda prática social e profissional, vamos refletir sobre ética no
campo do fotojornalismo, utilizando o exemplo da notícia relativa à erupção do vulcão e
a sensação que o fato produz.
Bom trabalho!
2 FOTOJORNALISMO NA ATUALIDADE
As últimas décadas viram surgir novos modos de funcionamento das sociedades, e
com isso a demanda por novas habilidades, capacidades e competências, a fim ds demandas
emergentes por profissionais ágeis e orientados para a interação e a colaboração globais.
FONTE: A autora
186
Porém, a autora aponta como inconveniente a falta de relação entre remuneração e
qualidade ou relevância das fotos produzidas. Já que os salários são fixos, as fotos,
embora possam constituir produções de altíssimo padrão, serão remuneradas dentro
dos acordos estabelecidos na contratação inicial.
187
A seguir, vamos refletir sobre a ética na prática do fotojornalismo da atualidade.
3 ÉTICA E FOTOJORNALISMO
Todas as profissões são regidas por um código de ética e deontologia. Mas o que
exatamente vêm a ser estas duas concepções? Neste subtópico, nós vamos repassar as
definições e observar os princípios éticos que norteiam o fazer fotojornalismo. Num primeiro
momento, repassando uma breve evolução da ética e da deontologia e, em seguida,
aplicando os conceitos ao campo da fotografia em fotojornalismo, levando em consideração
as imagens de violência e intolerância que imperam no fotojornalismo da atualidade.
188
Os acontecimentos de ordem social e política contribuíram à formação de
visibilidade do fotojornalista que, quando assumindo um posicionamento específico,
partidário, pode torná-lo um alvo relativamente vulnerável. Assim, ao longo dos anos e
épocas, a profissão esteve continuamente sujeita à interrogação: como ser ao mesmo
tempo leal ao público – indistintamente se somos favoráveis ou contrários, por exemplo,
ao combate que os militantes do movimento a ser coberto pela fotorreportagem – e
fiéis à linha adotada pelo veículo ao qual estamos ligados. A construção de imagens que
o fotojornalismo pode criar ou possuir a respeito do outro, permanecem sujeitos a um
debate ético e ontológico – que se refere a sua essência ou natureza. Ao mesmo tempo,
ao longo do tempo, o fotojornalismo focado nas situações de sofrimento, também
contribuíram para fomentar a empatia popular, a piedade e o interesse pelas populações
em sofrimento extremo, tais como povos exilados, vítimas de fome, todas essas causas
para as quais o fotojornalismo tende, ainda hoje, a se voltar.
189
3.2 ÉTICA E DEONTOLOGIA EM FOTOJORNALISMO
Em fotojornalismo, o principal aspecto ético sobre o qual é imprescindível se
questionar diz respeito à manipulação de imagens. A foto, apesar de todas as mudanças
sofridas ao longo do tempo e, sobretudo, pelo advento da tecnologia digital, ainda
transmite a informação noticiada, gerando conotações quanto à verdade, através da
verossimilhança com o(s) fato(s) noticiados.
• Privacidade: até que ponto não há intrusão ou revelação pública de fatos privados?
• Suspeição: imagens de suspeitos de crimes não induzem a perspectivas falsas
sobre o(s) indivíduo(s) em questão?
• Uso comercial: a prática disseminada em contexto brasileiro de um jornalismo e
fotojornalismo em que se seccionam as reportagens em porções intercaladas com
publicidade paga. Não seria um uso comercial da imagem sem consentimento?
DICA
Consulte o Capítulo 6 do livro Fotojornalismo: uma introdução à
história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa, de Jorge
Pedro Sousa. Nele, você poderá aprofundar outros aspectos da ética
e deontologia segundo Lester (1991, p. 41-43). Disponível em: http://
www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-fotojornalismo.pdf.
190
3.3 A INTERNET E AS TENDÊNCIAS NAS MÍDIAS
Os cenários de convergência observados na atualidade conduzem a novas
formas de produção e recepção em fotojornalismo. Dinâmico, colaborativo, orientado
para as múltiplas mídias, mas, sobretudo, à internet e seus tipos e gêneros discursivos,
são múltiplas as tendências. Sousa (2016) porém, salienta a indispensável distância que
deve separar o fotojornalismo de produção profissional e o fotojornalismo de produção
leiga, por parte do público:
ATENÇÃO
A produção leiga para a internet é dotada de verdade discursiva, quando há
coerência entre as linguagens e proposições (SOUSA, 2016).
DICA DE LEITURA
Para aprofundar essa temática, leia o artigo “O imaginário do espaço no
fotojornalismo on-line”, de Ana Taís Martins Portanova Barros e Anelise Angeli
De Carli. Disponíve em: http://dx.doi.org/10.1590/1982-25542015119881.
191
Porém, a profusão de imagens, de produções autônomas, leigas, invasivas, em
coexistência com fake news, contribui a que se desvalorize a profissão de fotojornalista,
ao mesmo tempo em que a área perde solidez e criticidade.
Sousa (2016, p. 208) fala em “pornografia de imagens” para traduzir esta profusão
desprovida da criticidade e do arranjo intrínsecos a uma prática ética e dentro de
princípios profissionalmente enquadrados. Nesse sentido, as fake news, maior tendência
em curso, tanto no cenário brasileiro, quanto internacional (CNJ, 2021), acentuam a
desinformação e contribuem à descredibilização do fotojornalismo profissional.
NOTA
Fake news são uma forma de imprensa marrom que consiste na
distribuição deliberada de desinformação ou boatos via jornal impresso,
televisão, rádio ou, ainda, on-line, como nas mídias sociais (DOURADO;
GOMES, 2019).
192
LEITURA
COMPLEMENTAR
UMA PORNOGRAFIA DE IMAGENS
[…]
194
do fotojornalismo com texto. Essa desvalorização ainda vai se acentuar mais devido
à proliferação de dispositivos que permitem a todas as pessoas fazerem fotografias
com celular. Como sabemos muito bem, agora temos smartphones muito inteligentes
por meio dos quais se obtém fotografias com muita qualidade que podem ser
disponibilizadas imediatamente nas redes sociais. É a isso que eu chamo de uma
pornografia de imagens. Uma vastidão de produção de imagens pelos mais diferentes
tipos de pessoas que dificulta e vulgariza... Uma vulgarização da imagem fotográfica
que dificulta o entendimento do trabalho do fotojornalista como uma especificidade. E
ainda tem mais. Com essa vulgarização torna-se difícil entender a qualidade fotográfica
ou onde é que está a qualidade fotográfica. A maioria das pessoas não sabe o que
é. Não tem letramento visual para entender o que é uma imagem com qualidade,
especialmente, com qualidade fotojornalística. Existe uma novidade que é o fato de
que apesar disso tudo o fotojornalismo tem ganhado uma importância em relação ao
texto. É uma contradição. Na internet, temos os slideshows e algumas reportagens que
conseguem ter valor informativo e acabam publicando essas imagens.
Revista Intercom – Não sei se você soube, mas houve uma demissão em massa
de fotojornalistas da grande imprensa no Brasil. Você poderia fazer uma análise
dessa mudança?
J.P.S. – Essa mudança é negativa, mas era esperada, dada a proliferação de celulares
inteligentes. O jornalismo, no entanto, precisa de fotojornalistas profissionais que
aliem uma sólida formação em Jornalismo a uma sólida formação em Fotografia e se
comprometam eticamente com a profissão.
195
Revista Intercom – Quais diferenças você percebe na produção do fotojornalismo
europeu e da América Latina? E quais são as consequências destas para o público
em geral e nos aspectos políticos, sociais e econômicos para os chefes de Estado?
J.P.S. – A professora Dra. Zaclis Veiga, que foi minha orientanda de doutorado, descobriu
que, inversamente ao que sustenta Nelson Traquina, os fotojornalistas portugueses e
brasileiros, por exemplo, não são uma tribo. Têm, tendencialmente, formação e práticas
diferentes. Os fotojornalistas brasileiros tendem a ser formados em Jornalismo e em
ver a fotografia como um dispositivo predominantemente informativo; os fotojornalistas
portugueses têm, geralmente, formação em Fotografia e tendem a situar a imagem
fotojornalística na fronteira entre a informação e a arte. Por isso, os fotojornalistas
brasileiros tendem a ser mais realistas e “objetivos” do que os portugueses na
representação fotográfica da realidade material. Assim, os fotojornalistas portugueses
tendem a dessacralizar mais os políticos e a política por meio da fotografia.
196
serem objetos de avaliação. Uma vez um fotojornalista disse: “ah, eu não concordo
porque os avaliadores deviam ir observando ao longo do ano as fotografias produzidas
pelos fotorrepórteres”. Bem, mas isso é impossível, é impossível observar a produção de
todas as milhares de fotografias realizadas por fotojornalistas no mundo. Portanto, os
concursos têm esta faceta de valorização da profissão do fotojornalista, de relembrar
e marcar a importância do fotojornalismo na produção simbólica profissional e na
produção de informação sobre a atualidade, sobre os problemas e os acontecimentos
que marcam o cotidiano e, por conseguinte, marcam a história. Então, essa questão
das imagens... As imagens do ano funcionam como imagens-símbolo daquilo que
aconteceu. Os seres humanos de alguma forma precisam de símbolos. Estão sempre
significando o mundo. Esse simbolismo está nessas imagens que são selecionadas...
Elas próprias simbolizam também acontecimentos e problemas passados. Tem outra
dignidade enquanto imagens simbólicas sobre aquilo que aconteceu.
FONTE: Adaptada de SOUSA, J. C. Diálogos mitológicos 35: o fotojornalismo em pauta. [Entrevista concedida a]
Aline Gama de Almeida e Marcília Luzia Gomes da Costa Mendes. Intercom, RBCC. São Paulo, v. 39, n. 3, p.
203-211, set./dez. 2016. Disponível em: http://portcom.intercom.org.br/revistas/index.php/revistaintercom/
article/viewFile/2566/2013. Acesso em: 28 out. 2021.
197
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Fake news são informações falsas que deturpam a realidade dos fatos a serem
noticiados, impregnando os discursos da internet de forma a produzir danos e confusão.
• Para evitar a disseminação de fake news nas redes, são criados mecanismos de
esclarecimento ao público, bem como formas de identificação e controle deste gênero
discursivo em forte expansão.
198
AUTOATIVIDADE
1 O trabalho do fotojornalista inclui várias habilidades e competências que demandam
reflexão, conhecimentos gerais, capacidade de imaginação e construção narrativa.
Observe a imagem a seguir:
199
( ) Quando a produtividade é alta, pode proporcionar rendimentos consistentes, já
que o pagamento é feito por foto negociada.
( ) Tende a cativar pelas condições oferecidas, geralmente, viagens e momentos
excitantes no exterior.
( ) Oferece maior segurança por um lado, mas também freia a criatividade e a
autonomia por outro.
3 O fotojornalismo apresenta várias etapas ou fases: uma fase em que serve de ilustração
ao fato noticiado pelo texto escrito; uma fase em que complementa o fato noticiado
pelo texto escrito; uma fase em que orienta a recepção do fato noticiado pelo texto
escrito e uma fase em que se orienta para o mercado. Diante disso, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas, levando em consideração o tempo do
homem moderno e a noção de “imagem-máquina”:
200
FONTE: <https://shutr.bz/3n49uvD>. Acesso em: 27 out. 2021.
5 A atualidade é marcada por discursos que se enfrentam, sobretudo nas mídias digitais
e sociais. Uma forma de perpetuar e/ou alterar discursos, gerando rumores e falsas
informações são as fake news. A difusão de fake news nas mídias digitais, sobretudo,
na internet, torna-se uma preocupação para instâncias e organismos do governo e
particulares na medida em que podem acarretar danos consideráveis. Diante do que
foi exposto, disserte sobre algumas medidas que são ou podem ser tomadas pelas
autoridades para combater a divulgação de fake news.
201
REFERÊNCIAS
ANDREI, L. O WordPress é gratuito? Quanto custa um site WordPress?
Hostinger Tutoriais, Florianópolis, 28 jul. 2021. Disponível em: https://www.
hostinger.com.br/tutoriais/quanto-custa-um-site-wordpress#Uma-Breve-
Historia-do-WordPress. Acesso em: 18 out. 2021.
CREATIVE Commons. Home. Mountain View, CA, c2021. Disponível em: http://
creativecommons.org. Acesso em: 12 out. 2021.
202
DOURADO, T.; GOMES, W. O que são, afinal, fake news, enquanto fenômeno
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BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM COMUNICAÇÃO E POLÍTICA. 8., Brasília, DF.
Anais [...]. Brasília DF: UNB, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3pVNwwx. Acesso
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LUCKY, L. No country for Muslims? Those detained after 9/11 can’t sue
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QUINTO, M. C. Por trás das lentes, uma história: a percepção dos fotógrafos sobre
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203
REIS, E. O que é uma live? Saiba tudo sobre as transmissões ao vivo na internet.
TechTudo, [s. l.], 24 mar. 2020. Disponível em: https://glo.bo/3qQ0yLr. Acesso
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204