Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Pré-Produção / Preparação
Produção / Execução
Divulgação / Comercialização
Assessor de imprensa
Fotógrafo (diária, filmes, revelação)
Coquetel
Peças gráficas (cartazes, folders, estandartes, banners, catálogos, convites, outdoors, faixas,
ingressos)
Custos administrativos
Elaboração e agenciamento
Fonte: MALAGODI, M. E. & CESNIK, F. S. Projetos Culturais. 5a ed. São Paulo: Escrituras, 2004.
ANEXOS
Um show seguido de sessão de autógrafos de uma banda mexicana acabou hoje em tragedia
em São Paulo. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, três Pessoas
morreram e pelos menos 41 ficaram feridas, duas delas em estado grave. O alambrado que
separava o público do palco, no estacionamento do shopping Fiesta, na avenida Guarapiranga,
cedeu e muitas pessoas, a maioria adolescentes e crianças, foram pisoteadas.
O acidente ocorreu durante apresentação do grupo mexicano RBD, formado por atores da
novela teen Rebelde, exibida pelo SBT. Os feridos foram transportados por ambulâncias
doSamu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) até o Hospital Regional Sul. Duas
crianças estão em estado grave com suspeita de traumatismo craniano.
O Corpo de Bombeiros, que enviou três viaturas ao local, afirmou que mais de 5 mil pessoas
estavam no estacionamento do shopping, que tem capacidade para 2 mil. O tumulto começou
quando o grupo entrou no palco. Quando a banda começou a tocar a segunda musica, o
alambrado cedeu e muitas pessoas começaram a cair no chão, sendo pisoteadas. Na confusão,
algumas crianças se perderam dos pais. A banda, ao perceber o tumulto, parou de cantar e
saiu do palco.
Segundo Gilson Florencio da Silva, que estava no local com a mulher e a filha, o show estava
sendo realizado em cima da carroceria de um caminhão. "Sobre o teto do palco, havia uma fita
reflexiva, obrigatória em caminhões", disse. "Eles deveriam ter previsto que o grupo faz muito
sucesso no Brasil e deveriam reservar um lugar mais adequado com maior segurança.
Presenciei cenas lamentáveis, muitas crianças perdidas", afirmou Gilson.
A elaboração do Projeto Cultural é muito mais viva e eficiente quando é vista não como parte
burocrática de uma ideia, mas como o momento em que as ideias ganham corpo e se
sistematizam em um plano de ação. Ao elaborar e colocar no papel a justificativa, os objetivos,
o cronograma de desenvolvimento e o orçamento do Projeto Cultural, o artista/empreendedor
está projetando a imagem do que quer realizar. Portanto, está criando a referência de seu
trabalho e deve pensar em compartilhá-la da melhor maneira possível.
O Projeto Cultural não é uma coisa fechada em si mesma. E um elemento para melhorar o
trabalho de um grupo e um instrumento para consolidar suas iniciativas. Um Projeto Cultural
pode ter a inspiração básica de uma pessoa, mas só se realiza coletivamente, tanto melhor
quanto mais o grupo que está envolvido partilha sua criação e desenvolvimento. Se o Projeto é
elaborado cuidadosa e carinhosamente pelo grupo que vai executá-lo, torna-se não só a fonte
de recursos para o trabalho, mas a melhor forma de gerenciamento das atividades do grupo e
a orientação para superar as falhas e diferenças ao executar as atividades mais cotidianas.
²Portal Terra, 4/2/2006.
³Incubadora de Projetos Culturais Secretaria Municipal da Cultura de Londrina.
Depois das definições gerais, passe a pensar nos vários problemas específicos:
"Será que não precisamos de um novo Shakespeare?", indagou o ministro Gilberto Gil em
dezembro, por ocasião do lançamento de um edital da Petrobrás que destinava R$ 36 milhões
a projetos culturais, R$ 13 milhões desse valor para as artes cênicas. "Se o teatro está em crise
não é por falta de recursos, que triplicaram nesse governo. Não seria crise no modelo de
produção? Ou falta de proximidade com os setores populares? Ou de interesse nos temas
apresentados? Será que não precisamos de um Shakespeare para escrever sobre esses temas?"
Não é a primeira vez que um representante do poder público revela seu desconhecimento
sobre a cena teatral brasileira. Nem mesmo em que uma declaração desse teor parte de
alguém ligado à área cultural. Por serem frequentes, não deixam de indignar. Surpreende e
merece reflexão quando parte de um ministro da Cultura com o perfil de Gilberto Gil.
Machado tinha 17 anos, quando 'provocado' por esse repertório escreve seu primeiro texto
crítico, no jornal A Marmota Fluminense. Passa então a escrever críticas e peças. Pois bem,
depois de alguns anos de sucesso, o empreendimento 'entra em crise' pois não consegue fazer
frente à concorrência das chamadas Mágicas, espetáculos feéricos de grande popularidade;
das operetas francesas, apresentadas em locais como o então famoso Alcazar, no Rio, onde as
vedetes eram apreciadas em clima de cabaré; e ainda das apelativas paródias das operetas.
Na época, Machado de Assis liderou uma intensa campanha na imprensa em prol de apoio ao
Ginásio e pela criação de uma companhia oficial. Muitos intelectuais a ele se juntaram. Em
vão. O Ginásio Dramático fechou. A companhia oficial nunca surgiu. Machado abandonou a
dramaturgia. Seria outra a história do teatro brasileiro se o poder público tivesse interferido
como queria Machado? O problema do Ginásio estava no 'modelo de produção? Na falta de
talento? Perguntas redutoras diante da complexidade dessa história.
Como seria redutor deduzir que a programação das rádios é ruim porque não existe boa
música brasileira. Ou atribuir à falta de proximidade com os setores populares' o fato de Tom
Jobim vender menos CDs do que algumas conhecidas duplas sertanejas.
Obviamente, nem o teatro inglês possui Shakespeare para tratar de temas' atuais. Talvez
ninguém de sua envergadura. Mas há autores ingleses da mesma estatura de Nelson
Rodrigues, Plinio Marcos, Ariano Suassuna, Luis Alberto de Abreu, Newton Moreno ou Bosco
Brasil, só para ficar em seis nomes, que já justificariam - em qualquer ponto do planeta
atenção respeitosa pela cena teatral capaz de gerá-los. E, claro, investimento público
adequado à manutenção e aprimoramento de tal riqueza cultural.
O ministro diz que as verbas triplicaram em seu governo. Em 2005, o MinC anunciou uma
captação recorde por meio da Lei Rouanet para o teatro - R$ 24,7 milhões só em São Paulo,
beneficiando 81 projetos. Em matéria publicada no Estado em março de 2005, intitulada
Afinal, para quem foram os recursos do teatro?, mostramos que apenas um espetáculo, o
musical Chicago, concentrou 16% desse total - R$ 3.952.000,00. O segundo maior captador foi
o projeto Criação Teatral Volkswagen, um total de R$ 1.664.556,94, que beneficiou, em
dinheiro, apenas uma companhia com R$ 50 mil, como mostrou matéria publicada no Estado
em 10 de março de 2003. O terceiro, O Fantasma da Ópera - R$ 1.465.000,00. Assim, apenas
três projetos concentraram 28,7% dessa verba. No mesmo período, o Grupo Tapa - 27 anos de
existência, 45 montagens, 79 prêmios - captou R$ 240 mil. Não seria o caso de perguntar se
não há um problema com o 'modelo de distribuição'? Mesmo com verba curta, o Tapa
conseguiu a proeza, em 2004, de ter cinco espetáculos em cartaz simultaneamente. Desde o
segundo semestre de 2004 o grupo não recebe um patrocínio permanente, se mantém com a
bilheteria dos espetáculos, mas não consegue criar uma nova produção.
Tratado com incrível deferência na Rússia por conta do espetáculo O Livro de Jó, Antonio
Araújo, diretor do Teatro da Vertigem, vem literalmente penando com a escassez de recursos
em sua nova criação, encenada no Rio Tietê - BR3. E o que dizer de Novas Diretrizes em
Tempos de Paz, texto de Bosco Brasil cuja extraordinária qualidade conquistou platéias em
todo o Brasil? Bem, os exemplos abundam e não é o caso de fazer uma infindável listagem.
Relacionar artistas e companhias é sempre complicado. Importante frisar que os citados são
'exemplares' no sentido pleno do termo: sua história é também a de muitos outros.
Não raro companhias se extinguem no Brasil antes de esgotarem seu processo artístico. Qual
será o problema? Arrisco dizer que os grupos amadurecem, se aprimoram e esse é o problema.
Alguém se lembra o que quer dizer a sigla Tapa? Teatro Amador Produções Artísticas.
Atualmente, essa companhia profissional paga aluguel de um galpão só para guardar cenários
e figurinos de suas peças. Não é difícil avaliar o custo da manutenção de seu acervo. Apoiar
iniciantes é de fundamental importância. Mas uma política cultural séria tem de levar em
conta as diferentes necessidades dos diferentes segmentos da criação teatral.
Claro, há exemplos de ações culturais conseqüentes - ainda que não configurem uma política
cultural. Certamente representa um avanço o anúncio feito pela Funarte de lançamento, em
São Paulo no dia 6, do Prêmio Myriam Muniz para o teatro - no total R$ 13 milhões para dança
e teatro -, que tem abrangência nacional e concorrência feita através de edital público, cujos
termos foram discutidos nas Câmaras Setoriais. Outro bom exemplo foi o projeto de Formação
de Público, coordenado por Gianni Ratto na gestão de Celso Frateschi na Secretaria Municipal
de Cultura de São Paulo, que fez circular pelos CEUs dez ótimos espetáculos, cuja mediação
entre público e artistas era realizada por monitores treinados e atingiu um público de 153,6 mil
pessoas, segundo dados da secretaria.
Não temos Shakespeare mas os elogios da crítica inglesa à montagem de Romeu e Julieta
realizada pelo grupo mineiro Galpão e, mais recentemente, o sucesso, na Europa e nos Estados
Unidos, do espetáculo Ensaio. Hamlet da carioca Cia. dos Atores provam que sabemos 'ler' a
obra do bardo.
O ministro não teria dúvidas sobre a 'proximidade com os setores populares se tivesse visto na
noite de quarta-feira o público heterogêneo que lotou o Oficina (ingressos a R$ 5) para ver um
ensaio aberto de A Luta, última parte da genial (aqui cabe o adjetivo) transposição cênica de
Os Sertões, de Euclides da Cunha, realizada por José Celso Martinez Corrêa, diretor que trava
longa, justa e renhida luta pela ampliação do nosso Globe Theatre mestiço.
O teatro brasileiro não é perfeito. Tem problemas. Mas sem dúvida o apoio do poder público
sempre foi desproporcional ao talento existente. Pedindo licença para estender à cena nacional
o que escreveu Décio de Almeida Prado por ocasião do surgimento da Companhia Maria Della
Costa, em 1954, o dia-a-dia embota-nos a sensibilidade, fazendo que passemos ao lado do
milagre sem perceber. O perigo, na avaliação do teatro brasileiro, não é nos entusiasmarmos
demais, mas não percebermos a incrível vitalidade dessa arte brasileira.
Largo Senador Raul Cardoso, 133 - Vila Clementino CEP: 04021-070 São Paulo SP
informações prestadas.