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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CINEMA E AUDIOVISUAL
REALIZAÇÃO VI
GABRIELA QUEIROZ

BORDWELL, David. ​O cinema clássico hollywoodiano: normas e princípios


narrativos​. In.: RAMOS, Fernão Pessoa. Teoria Contemporânea do Cinema. Vol II.
São Paulo: Senac Sp, 2005.

“A narrativa pode ser estudada como” (p.277) 1 – Representação: “de que modo se
refere ou confere significação a um mundo ou conjunto de ideias” (p.277) “‘Semântica’
da narrativa” (p.277) 2 – Estrutura: “o modo como seus elementos se combinam para
criar um todo diferenciado” (p.277) “Abordagem ‘sintática’” (p.277) 3 – Ato: “o processo
dinâmico de apresentação de uma história a um receptor” (p.277) “É o estudo da
narração, a ‘pragmática’ dos fenômenos narrativos” (p.277);
“O filme hollywoodiano clássico apresenta indivíduos definidos, empenhados em
resolver um problema evidente ou atingir objetivos específicos. Nessa sua busca, os
personagens entram em conflito com outros personagens ou com circunstâncias
externas. A história finaliza com uma vitória ou derrota decisivas, a resolução do
problema e a clara consecução ou não-consecução dos objetivos” (p.278-279) “No
plano do ​syuzhet [trama], o filme clássico respeita o padrão canônico de
estabelecimento de um estado inicial de coisas que é violado e deve ser restabelecido”
(p.279) Fórmula estrutural: “estágio de equilíbrio, sua perturbação, a luta e a eliminação
do elemento perturbador” (p.279);
“Linearidade da construção clássica” (p.282) “No curso de sua ação, a cena clássica
prossegue, ou conclui, os desenvolvimentos de causa e efeito deixados pendentes em
cenas anteriores, abrindo, ao mesmo tempo, novas linhas causais para
desenvolvimento futuro. Uma linha de ação, ao menos, deve ser deixada em suspenso
para servir de motivação à próxima cena, que retoma a linha deixada em suspenso”
(p.282) “A ligação das linhas causais localizadas deve, ao final, ser encerrada” (p.283)
“Podemos entendê-lo [o final clássico] como o coroamento da estrutura, a conclusão
lógica de uma cadeia de eventos, o efeito final da causa inicial” (p.283) “O clichê de
‘final feliz’” (p.283) “Logo, uma norma extrínseca, a necessidade de resolver a trama de
um modo que ofereça ‘justiça poética’” (p.283);
“A narração clássica tende a ser onisciente, possuir um alto grau de comunicabilidade e
ser apenas moderadamente autoconsciente. Ou seja, a narração sabe mais que do que
qualquer um dos personagens ou todos eles, esconde relativamente pouco
(basicamente ‘o que vai acontecer a seguir’) e quase nunca reconhece que está se
dirigindo ao público” (p.285) “A narração clássica não é, pois, uniformemente ‘invisível’
em todo tipo de filme, ou ao longo de todo o filme: as ‘marcas da enunciação’ são por
vezes exibidas” (p.286) “A câmera é onisciente no sentido de que ‘estimula, através da
escolha correta de seu objeto e posicionamento, a sensação no receptor de ‘estar
presente à porção mais vital da experiência – no ponto mais vantajoso de percepção’
ao longo de todo o filme’” (p.288) “A narração clássica depende, assim, da noção de
‘observador invisível’” (p.288) “A cena clássica existindo independentemente da
narração (p.288) “A noção de ‘ocultamento da produção’: a fábula não parece ter sido
construída, mas preexistir à sua representação narrativa” (p.288);
“Existe uma variedade de estilos [de um filme ou diretor] que cumprem distintos papéis,
de acordo com sua relação com o desenvolvimento do ​syuzhet [trama]” (p.291) 1 – “Em
seu conjunto, a narração clássica trata a técnica cinematográfica como um veículo para
a transmissão de informações sobre a fábula pelo ​syuzhet [trama]” (p.291) 2 – “Na
narração clássica, o estilo caracteristicamente estimula o espectador a construir um
tempo e um espaço da ação da fábula que seja coerente e consistente” (p.292) “A
desorientação temporária é aceitável somente quando realisticamente motivada”
(p.292) 3 – “O estilo clássico consiste em um número estritamente limitado de
dispositivos técnicos específicos organizados em um paradigma estável e classificados
probabilisticamente de acordo com as demandas do ​syuzhet [trama]” (p. 293) “Esse
aspecto paradigmático [da decupagem clássica] faz do estilo clássico, com todas as
suas ‘normas’, não uma fórmula ou receita, mas um conjunto historicamente
determinado de alternativas mais ou menos prováveis” (p.294);
“O espectador realiza operações cognitivas específicas que não são menos ativas pelo
fato de serem habituais e familiares” (p.295) “O espectador constrói hipóteses. Estas
tendem a ser prováveis (são validadas em diversos pontos), fortemente exclusivas
(formuladas como alternativas excludentes) e voltadas para a produção de suspense
(postulando um resultado futuro)” (p.296) Frances Marion: ‘​Apresente todo e qualquer
fato relevante três vezes, porque o filme não será compreendido se o público não
perceber as premissas em que ele se baseia’ (p. 296) “Mesmo nesse cinema mais
comum o espectador constrói a forma e o sentido de acordo com um processo de
conhecimento, memória e inferência. Por mais rotineira e ‘transparente’ que tenha se
tornado a fruição do filme clássico, ela continuará sendo uma atividade. E qualquer
cinema alternativo, ou de oposição, se utilizará da narração para suscitar tipos distintos
de atividade” (p.300-301).

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