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SÉRIES DE ANIMAÇÃO
Iara Sydenstricker
TIPOS DE HISTÓRIAS AUDIOVISUAIS SEGUNDO UNIDADES
NARRATIVAS* (Cinema, TV, Plataformas de Streaming, etc):
Programas unitários**
- Longa-metragem (no cinema, a partir de 70´)*
- Média-metragem (no cinema, entre 15´e 70´)*
- Curta-metragem (no cinema, até 15´)*
Programas serializados:
- Série
- Telenovela
- Soap opera
*Durações variáveis
** Nomeclatura adotada por Renata Pallotinni para designar tipos de pgm televisivo.
As histórias são contadas por partes, mesmo quando
contadas de uma só vez.
Ainda que se trate de obra muito extensa, é distribuída num intervalo de tempo relativamente
curto, bem menor do que o de soap-operas e séries.
SOAP OPERAS - Capisódios
Na década de 30, o rádio passa a ser o grande veículo emissor de histórias seriadas nos Estados Unidos e surgem as
soap-operas, patrocinadas por grandes empresas de produtos de limpeza que buscavam, em plena recessão
econômica, sensibilizar donas-de-casa a consumirem produtos de limpeza. Era a mulher, portanto, o principal alvo
dos patrocinadores. A soap caracteriza-se basicamente por:
- não tem um final previsto, podendo desenvolver-se indefinidamente;
- não há uma única trama principal como fio condutor, mas sim uma comunidade de personagens e, por
consequência, uma multiplicidade de plots;
- desde seu início, foi projetada para ter baixo custo, boa audiência e incrementar a venda produtos de limpeza e, por
isso, seus patrocinadores são também os produtores do programa.
A primeira soap-opera radiofônica, Painted Dreams, foi ao ar em 1930, nos EUA. A primeira soap-opera norte-
americana a ser exibida na televisão foi The First Hundred Years (1950-1951), pela CBS. A mais longa soap-opera da
televisão norte-americana é Guiding Life, que estreou no rádio em 1937, passou a ser exibida na televisão, canal
CBS, em 1952, e foi concluída em 2009. No Brasil, o modelo soap-opera mais conhecido (senão o único) é
Malhação, no ar na TV Globo desde 1995.
SÉRIES (maxi, midi e minisséries). Podem ser dramáticas
ou cômicas (sitcoms). São estruturadas em:
- capítulos
- episódios
-mistos (capisódios)
West Wing, House e Bom dia, Verônica são séries em capisódios, já que
mesclam em suas unidades narrativas o encadeamento de ações que não
se concluem com uma oferta de eventos isolados fechados e
compreensíveis.
- PROPOSTA DA OBRA AUDIOVISUAL- Apresentação do programa, incluindo tema, visão original, resumo,
tom, relevância e conceito unificador do projeto, se houver).
- ESTRUTURA E GÊNERO DRAMÁTICO- Detalhamento da estrutura da obra, e sua relação com os gêneros e
subgêneros dramáticos sedimentados – tragédia, comédia, suspense etc. , incluindo possíveis referências a
outras obras audiovisuais ou artísticas, se for o caso).
- DESCRIÇÃO
- JUSTIFICATIVA
– OBJETIVOS
- PÚBLICO-ALVO DO PROJETO
- PROPOSTA DA DIREÇÃO - estrutura e gênero dramático, perfil dos personagens, cenários e locações; referências
acerca da inovação de linguagem,
- ETAPAS - contratação equipe, consultoria de roteiro, criação da bíblia e dos roteiros, projeto executivo, diagramação,
etc
- FICHA TÉCNICA
- ORÇAMENTO
- CRONOGRAMA
BÍBLIAS DE SÉRIES DE ANIMAÇÃO
Informações básicas
- LOGLINE – É um convite, uma forma de chamar a atenção do seu leitor ou interlocutor para conhecer a série. É uma
breve declaração proativa que resume o tom e o universo da sua série. O Logline deve ter menos de 30 palavras e
descrever claramente o Protagonista, sua Falha, seu Objetivo e o Antagonista. De acordo com Gustavo Erick, a logline
se resumo na seguinte equação: protagonistas + objetivo +obstáculos + o(s) valor(es) humano(s).
- TEMA - É o assunto que cria os elos de toda a história. Informa o que entra e deixa claro o que não entra na história.
Aqui são reveladas as personagens e os eventos dramáticos primordiais. É também considerado um detalhamento da
logline acrescida de informações sobre a estrutura.
- PREMISSA DRAMÁTICA - O princípio organizador do arco dramático principal - é o coração pulsante da história. deve
ser vista como um princípio organizador do arco dramático principal da sua obra serializada. Apresenta as
personagens envolvidas em eventos dramáticos que nos indiquem o tema, o conflito central, o gênero ficcional e o
potencial de
serialização da história.
- CONCEITO DA SÉRIE - estrutura e fôlego dramatúrgico (tipo de unidade narrativa, número de episódios por
temporada, número de temporadas, gênero, técnica de animação, referências audiovisuais, resumo dos perfis dos
protagonistas e a premissa propriamente dita, ou seja, como serão desenvolvidos os princípios estabelecidos através
das personagens (como por exemplo: a solidariedade e a coragem)
- ARCOS PARA OUTRAS TEMPORADAS – resumo da grande narrativa nas duas ou três temporadas seguintes
- PERFIS DAS PERSONAGENS SECUNDÁRIAS – em toda a narrativa da primeira temporada ou personagens que entram
num ou mais episódios
- VISÃO DE COMUNICABILIDADE - público alvo e faixa etária indicada, outros eventuais públicos interessados,
subprodutos, ações transmidiáticas
- FORMATO - número e duração dos capítulos ou episódios, principais pontos de virada da história (ou “beats”)
- STORY BOARDS
- EQUIPE
- PROJETO EXECUTIVO
- Esperarei até amanhã, e ela morrerá, mal eu tenha ouvido o resto da história. (...)
O sultão, segundo o hábito, passou o dia administrando os negócios do país. Quando a noite caiu, deitou-se
novamente com Cheherazade. No dia seguinte, antes do despontar do dia, Dinazarde não deixou de se dirigir à irmã
e dizer-lhe:
- Minha querida irmã, se estiveres dormindo, suplico-te, enquanto aguardamos o dia, que não demora, continues a
histórias de ontem.
- Termina – disse-lhe ele – a história do gênio e do mercador. Estou curioso por saber qual é o fim.
Cheherazade, então, continuou (...)
Desejamos o fim, mas também desejamos seu adiamento. Todorov,
sobre As Mil e uma noites:
*
Ao abrir o livro, o rei tenta passar as
páginas, mas estão coladas umas às outras.
Assim, ele coloca o dedo na boca e, com sua
saliva, umedece-as, conseguindo virá-las
pouco a pouco até se dar conta de que
história não havia. As páginas estavam em
branco. Foi o tempo necessário para que o
veneno impregnado naquele livro o matasse.
Todorov, então, conclui:
CARLOS, Cássio Starling. Em tempo real: Lost, 24 Horas, Sex and the City e o Impacto das Novas Séries de TV. São Paulo: Alameda Editorial, 2006.
CARNEIRO, Gabriel; SILVA, Paulo Henrique (orgs). Animação brasileira. 100 filmes essenciais. Belo Horizonte: ABRACCINE: abca; Letramento, 2018
GALLAND, Antoine (Versão). As mil e uma noites. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
JÚNIOR, Alberto Lucena. Arte da animação. Técnica e estética através da história. São Paulo: Editora Senac, 2005.
MARCHETI, Ana Flávia. Trajetória do cinema de animação no Brasil. São Paulo: Ed. Do Autor, 2017.
MARX, Christy. Writing for animation, Comics anda Games. USA: Elsevier & Focal Press., 2007 (sugiro buscar edição mais atualizada)
SCOTT, Jeffrey. How to write for animation. Woodstock & NY: The overlook press, 2003 (sugiro buscar edição mais atualizada)
WELLINS, Mike. Stopytelling through animation. Massachusetts: Charles River Media, InC., 2005 (sugiro buscar edição mais atualizada)
WEBBER, Marylyn. Gardner´s guide to animation scripting. The writer´s road map. Virginia: GGC Inc Publishing, 2000. (sugiro buscar edição mais atualizada)
____. Gardner´s guide to feature animation writing. The writer´s road map. Washington: GGC Inc Publishing, 2002. (sugiro buscar edição mais atualizada)
Sites:
Tese:
CAMPOS, Bartira Bejarano. Sala de Roteiristas: a Writers' Room brasileira e seu processo de escrita colaborativa de
séries televisivas. São Paulo: ECA/USP, 2018. IN http://www3.eca.usp.br/node/24767
AGRADECIMENTOS:
Amadeu Alban
Cecília Soares
Centro de Cultura e Tecnologias Aplicadas (CECULT)
Cíntia Maria
Estandarte Produções
Fundo de Cultura do Estado da Bahia
Gustavo Erick
Jamile Coelho
NUBAS (Núcleo Baiano de Animação e Stop Motion)
Secretaria de Cultura da Bahia
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)