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Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Centro de Artes e Comunicação (CAC)

Departamento de Comunicação Social

Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM)

Professor: Laécio Ricardo

Proposta de Disciplina – Tópicos avançados (45h/aula)

Estudos em teoria do cinema – montagem e mise-en-scène

Regularidade: semanal (às sextas-feiras, das 13h30 às 16h30)

Ementa: A disciplina visa promover uma reflexão sobre o conceito de “montagem” no campo
cinematográfico, tendo em vista sua elaboração e fundamentação por teóricos, estetas e cineastas
diversos. Neste percurso, é nosso interesse também cotejar este conceito com outro fundamento
central desta arte – a noção de mise-en-scène – com o qual a montagem manteve uma relação de
polarização inicial até uma complementaridade no presente. Por fim, de modo mais específico, nos
deteremos sobre a relevância desta categoria – a montagem – na prática documentária,
especificamente na contemporaneidade, onde o trabalho com os arquivos desponta como uma
tendência incontornável. Assim, a disciplina finalizaria com uma discussão sobre a retomada dos
arquivos no presente e a releitura do conceito de montagem elaborada por Didi-Huberman, a partir do
seu diálogo com Benjamin e Warburg.

Metodologia: Aulas expositivas, acompanhadas da exibição de trechos de filmes, com a participação


enfática dos alunos em debates conduzidos pelo professor a partir da bibliografia delimitada no
programa.

Avaliação: A priori, cada aluno deverá desenvolver um artigo/paper com extensão entre 8 e 15 laudas,
relacionado aos temas e textos discutidos na disciplina e, se possível, em conexão com os objetos
investigados em suas pesquisas. Se houver interesse e consenso, o artigo poderá ser substituído pela
apresentação de seminários, devidamente organizados pelo docente.

Programa:

- A montagem em algumas abordagens teóricas

- Realistas x Formalistas (Bazin x Eisenstein)

- Antecedentes do conceito de mise-en-scène

- O triunfo da mise-en-scène no campo teórico (Cahiers du Cinéma e Présence du Cinéma)

- O ocaso da mise-en-scène e o retorno da montagem?

- Dar a ler e dar a ver: da complementaridade entre a montagem e a mise-en-scène

- A montagem no documentário: apontamentos teóricos


- A montagem no documentário de entrevistas

- A imagem como “trama temporal” e a montagem como “potência do contato”: Didi-


Huberman e o trabalho com os arquivos (“abrir os tempos da imagem”).

Bibliografia preliminar:

AMIEL, Vincent. Estética da montagem. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2011.

ANDREW, Dudley. As principais teorias do cinema. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

ASSMANN, Aleida. Espaços da recordação. Campinas: Editora da Unicamp, 2011.

AUMONT, Jacques. O cinema e a encenação. Lisboa: Texto e grafia, 2008.

AUMONT, Jacques. As teorias dos cineastas. Campinas: Papirus, 2004.

BAECQUE, Antoine de. Cinefilia. São Paulo: Cosac Naify, 2010.

BAECQUE, Antoine de (org.). La política de los autores. Barcelona: Paidós, 2003.

BAZIN, André. O que é o cinema? São Paulo: Cosac Naify, 2014.

BENJAMIN, Walter. (2012). Magia e técnica, arte e política. Obras escolhidas, volume 1. 8ª
edição. São Paulo: Editora Brasiliense.
_______________. (2017). Baudelaire e a modernidade. Belo Horizonte: Autêntica editora.

BORDWELL, David. Figuras traçadas na luz – a encenação no cinema. Campinas: Papirus, 2008.

COMOLLI, Jean-Louis. Ver e poder – a inocência perdida. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

COMOLLI, Jean-Louis; e Lindeperg, Sylvie. (2010). Imagens de arquivos: imbricamento de


olhares. Entrevista com Sylvie Lindeperg. In: Catálogo do forumdoc. Belo Horizonte, Filmes de
Quintal/FAFICH-UFMG.
DANEY, Serge. A rampa. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

DELEUZE, Gilles. A imagem-tempo: Cinema 2. 2ª edição. São Paulo: Brasiliense, 2009.

DERRIDA, Jacques. Mal de arquivo. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.

DIDI-HUBERMAN, Georges. A imagem sobrevivente. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013.

_______________________. Diante do tempo. Belo Horizonte: EDUFMG, 2015.

_______________________. Falenas – ensaios sobre a aparição. Lisboa: KKYM, 2015.

_______________________. Imagens apesar de tudo. Lisboa: KKYM, 2012.

_______________________. Cascas. São Paulo: Editora 34, 2017.

EISENSTEIN, Sergei. A forma do filme. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

________________. O sentido do filme. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

FARGE, Arlette. O sabor do arquivo. São Paulo: Edusp, 2009.

_____________. Lugares para a história. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.


JÙNIOR, Luiz Carlos Oliveira. A mise en scène no cinema – Do clássico ao cinema e fluxo.
Campinas: Papirus, 2013.

MICHAUD, Philippe-Alain. Aby Warburg e a imagem em movimento. Rio de Janeiro:


Contraponto, 2013.

PELECHIAN, Artavazd. “Montagem distancial, ou teoria da distância”. In: LABAKI, Amir (org.) A
verdade de cada um. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o tempo. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

RANCIÈRE, Jacques. O espectador emancipado. Lisboa: Orfeu Negro, 2010.

STAM, Robert. Introdução à teoria do cinema. Campinas: Papirus, 2003.

Xavier, Ismail. A experiência do cinema. São Paulo: Graal, 2003.

___________. O discurso cinematográfico: opacidade e transparência. 4ª edição. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 2008.

TEXTOS DIVERSOS de revistas acadêmicas (Significação, Galáxia e Devires) e de revistas online


especializadas no crítica cinematográfico (Contracampo, Cinética, Foco).

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