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Material Teórico
Imagem e Imagem Técnica: Aspectos Estéticos e Históricos
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Imagem e Imagem Técnica: Aspectos
Estéticos e Históricos
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Compreender culturalmente o conceito de imagem e sua importân-
cia social;
· Entender a relação entre imagem técnica e o ambiente do século XIX;
· Relacionar fotografia e seu uso pela mídia.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Imagem e Imagem Técnica: Aspectos Estéticos e Históricos
Figura 1 - Máscara mortuária do Faraó Tutancâmon, Museu do Cairo Cerca de 1320 a.C.
Fonte: Wikimedia Commons
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Belting (2006), operaria como elemento de presentificação daquele que se foi,
como uma presença de uma ausência.
Trocando ideias...Importante!
Ao abordarmos o conceito de imagem, concentramo-nos aqui na ideia de imagens que
se projetam externamente em suportes (a máscara mortuária é um suporte, assim como
a fotografia, o cinema etc.). Entretanto, não temos nossas próprias imagens internas
como os sonhos e a imaginação, por exemplo? É importante sabermos que, entre as
imagens externas projetadas e nossa imagens internas, há um trânsito de mão dupla,
ambas se influenciam mutuamente.
Foto = luz, grafia = escrita, portanto, fotografia seria uma escrita a partir da luz.
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UNIDADE Imagem e Imagem Técnica: Aspectos Estéticos e Históricos
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Figura 4 - Nicéphore Niépce: imagem original em placa de metal. Vista da janela em Le Gras (1826/1827).
Fonte: utexas.edu
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UNIDADE Imagem e Imagem Técnica: Aspectos Estéticos e Históricos
O Daguerreótipo
Justamente por haver essas condições favoráveis, a fotografia não pode ser
considerada “filha de pai único”. Vários pesquisadores, artistas, inventores e
entusiastas da ciência pesquisavam, em diferentes partes do mundo, modos de se
fixar a imagem obtida pela ação da luz.
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Apesar do anseio em separar técnica e ciência de olhar e subjetividade, ou seja,
de colocar a fotografia em um patamar diferente e superior em relação às artes
visuais, as experiências iniciais em fotografia possuíam forte influência artística,
sobretudo no gênero retrato e natureza morta. Como o hábito de ver e discutir
a imagem estava fortemente influenciado pelas práticas artísticas do período, as
experiências fotográficas dos anos 1820 e 1830 reforçam essa influência, ao
mesmo tempo em que buscam autonomia, como evidenciaremos no próximo item.
O aperfeiçoamento da técnica fotográfica nos anos 1830 fez com que os tempos
de exposição das chapas à luz caíssem significativamente; no entanto, é muito
comum observarmos daguerreótipos da época ainda com motivos estáticos, como
no daguerreotipo Viste du boulevard du Temple, em que não há carros circulando
pelas ruas de Paris. São dois motivos para isso: o primeiro é justamente essa questão
técnica, pois, como o tempo de entrada de luz no daguerreótipo era longo, o que
estava em movimento ficava com um aspecto de rastro ou mesmo nem aparecia
na imagem; o outro motivo se dava por conta da influência das artes visuais nos
primórdios da fotografia, de certo modo, era interessante para os daguerreotipistas
se assemelhar à pintura , pois assim não causariam um estranhamento tão grande
junto à população.
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UNIDADE Imagem e Imagem Técnica: Aspectos Estéticos e Históricos
Explor Você já experimentou fazer uma foto de algo em movimento rápido e com pouca luz
disponível? Se sim, provavelmente notou a presença de um rastro desse objeto que está em
movimento e isso acontece pois o tempo do obturador foi mais lento do que o movimento
do objeto fotografado.
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Figura 9 - Autorretrato de Bayard afogado na banheira. 1839.
Fonte: unicamp.com.br
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estimula essa característica da fotografia (imagem técnica obtida por um aparelho),
há um caminho quase natural sugerido e que viabiliza a fotografia como elemento
de informação. Portanto, nesse cenário que a imagem técnica é considerada um
documento que comprova algo, o seu uso pela mídia vai reforçar a ideia – amparada
pelo ditado popular – de que a fotografia não mente; portanto, se eu vejo, acredito.
Em meados dos anos 1840, alguns jornais passaram a utilizar a fotografia como
base para as ilustrações do jornal, ou seja, a fotografia não era inserida diretamente
nas publicações, mas servia como matéria-prima para o desenhista. Jorge Pedro
Sousa (2004) nos explica:
Até meados do século passado, desenhistas, gravuristas e gravuras de
madeira eram intermediários entre fotógrafos e fotografias e leitores. […]
Até essa altura, a tecnologia usada envolvia papel, lápis, caneta, pincel e
tinta para desenhar; depois, tornava-se necessário recorrer à madeira, a
cinzéis e serras para criar as gravuras. Um exemplo eloquente é o registro
do que aconteceu a uma das primeiras fotografias de acontecimentos, o
daguerreótipo das consequências de um incêndio que destruiu um bairro
de Hamburgo, em 1842, realizado por Carl Stelzner. A The illustrated
London News, revista seminal que durante muito tempo esteve à frente
das publicações ilustradas, grandes artificies da comunicação/informação
visual, usou uma imagem desenhada a partir desse original, para ilustrar
o sucedido, pois a reprodução de fotografias constituía um problema com
que se defrontavam os primeiros jornais e revistas desse tipo. De qualquer
modo, também é de relevar que o gosto da época privilegiava o desenho
(SOUSA, 2004, p. 25-26).
Apesar de a citação ser longa, é muito importante nos atentarmos a ela. Nos
mostra de forma clara que, por mais que houvesse empolgação em torno da fotografia
– seu uso como prova testemunhal e científica e um início de popularização entre o
público dito amador –, a fotografia não substitui o gosto das pessoas pela pintura.
Nos primeiros anos pós-desenvolvimento da fotografia, grande parte das pessoas
ainda eram desconfiadas sobre a técnica, assim, grande parte ainda preferia nos
jornais o uso de ilustrações, pois esteticamente era mais agradável. Um outro
motivo fundamental também era o fato de que, para inserir fotografias diretamente
nos jornais, seriam necessários equipamentos que possibilitassem tal feito, o que,
em meados dos anos 1840, ainda não era possível. Diante disso, os ilustradores
dos jornais recebiam o daguerreótipo (foto) de um acontecimento e, com base nele,
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UNIDADE Imagem e Imagem Técnica: Aspectos Estéticos e Históricos
reproduziam artisticamente como achavam que ele poderia ser. Assim, mesmo com
fotos que testemunham fatos, não podemos ainda considerá-las como exemplares
do fotojornalismo, pois eram imagens-referência para os ilustradores. O que é
interessante notar é que, aos poucos, a fotografia foi sendo utilizada por diferentes
jornais e revistas na Europa e nos Estados Unidos e, também, lentamente substituiu
as ilustrações artísticas nesses veículos.
Como a televisão ainda não havia sido inventada, o apetite por imagens das
pessoas de certa forma era satisfeito pelas imagens das revistas e dos jornais. Além
da The Illustrated London News, outras revistas, que enfatizavam o uso de imagens
como principal meio de informar seu público, surgiram, como a Illustration em
Paris. Elas buscavam nas imagens sobretudo a documentação do exótico e do
diferente, como em países do Oriente e da África, o registro de povos e culturas
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que apenas se sabia que existiam, mas que raramente haviam sido testemunhadas
pelas lentes dos fotógrafos-viajantes, que afirmavam o caráter objetivo e realístico
do seu material.
telespectadores anunciando que “visitaram tal país e experienciaram tal cultura indígena
isolada”, imagine a novidade que eram as fotografias sobre culturas e povos isolados no
final do século XIX?
Hoje, quando vamos viajar, levar uma câmera não é grande problema. Se prefe-
rirmos, levamos apenas nossos smartphones e fotografamos – com boa qualidade
técnica inclusive. No entanto, no século XIX, para que os fotógrafos produzissem
as imagens de povos e culturas distantes, a tarefa logística era das mais complica-
das: os equipamentos fotográficos eram grandes e pesados e carregavam também
o laboratório para fazer a revelação das chapas.
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UNIDADE Imagem e Imagem Técnica: Aspectos Estéticos e Históricos
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Brasiliana Fotográfica
http://brasilianafotografica.bn.br
Livros
Fotografia & história
KOSSOY, Boris. São Paulo: Ateliê editorial, 2014.
Vídeos
Matéria jornalística sobre Hercule Florence:
https://www.youtube.com/watch?v=V_NQpGaDJBI
Leitura
Fotografia e o real
Artigo da Profª. Dr.ª Dulcília Buitoni.
https://goo.gl/f6bB55
Experiências com cronofotografia
Artgo de Hélio Augusto Godoy-de-Souza.
https://goo.gl/tajkkb
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UNIDADE Imagem e Imagem Técnica: Aspectos Estéticos e Históricos
Referências
FREUND, Gisèle. Fotografia e sociedade. Lisboa: Vega, 1989.
KOSSOY, Boris. Fotografia & história. São Paulo: Ateliê editorial, 2014.
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