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Órtese
Indaial – 2021
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Juliana Rosa Nascimento
N244p
ISBN 978-65-5663-865-2
ISBN Digital 978-65-5663-860-7
CDD 610
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Prótese e Órtese. A proposta
desse material é reunir elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do
estudo acadêmico com segurança e qualidade. Pretende-se, com este material, levá-lo
à reflexão e à compreensão acerca de conteúdos relacionados à fisioterapia na prescrição
de órteses, próteses e dispositivos auxiliares de marcha, possibilitando-lhe ampliar
conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa.
Bons estudos!
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você –
e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR
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que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois,
é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS........................................................................................................56
UNIDADE 2 — ÓRTESES E SUAS APLICAÇÕES NA FISIOTERAPIA.....................59
REFERÊNCIAS.......................................................................................................115
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 175
UNIDADE 1 —
ÓRTESES, PRÓTESES E
DISPOSITIVOS AUXILIARES
DE MARCHA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —
INTRODUÇÃO ÀS ÓRTESES, PRÓTESES E
DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste primeiro tópico serão debatidos conceitos básicos sobre
as características das órteses, próteses e dispositivos auxiliares de marcha (DAM), com
a finalidade de iniciarmos nosso processo de construção do conhecimento acerca dos
assuntos que serão abordados nas três unidades subsequentes.
3
FIGURA 1 – EXEMPLO DE ÓRTESES
4
FIGURA 3 – EXEMPLOS DE PRÓTESES PARA MEMBROS INFERIORES
5
Por fim, os dispositivos auxiliares de marcha (DAM), que são considerados
como equipamentos de órteses, no entanto, não se enquadram nessa função, uma vez
que possuem objetivos específicos como auxiliar nas transferências e na marcha de
pacientes que apresentam prejuízos de mobilidade. Os DAM, como bengalas, muletas e
andadores, fazem parte de programas multidimensionais de prevenção de quedas, visto
que melhoram a independência funcional, a mobilidade, o equilíbrio, a base de suporte
e reduzem os efeitos de uma ampla gama de deficiências (CARVALHO, 2013).
FONTE: <https://neuroreabilitar.files.wordpress.com/2016/08/meios.jpg?w=439&h=439>
Acesso em: 21 set. 2021.
Com isso, este tópico abordará, a seguir, os principais tipos e indicações das
órteses, próteses e DAM. Preparados? Vamos lá!
6
No que diz respeito aos materiais utilizados para confecção das órteses,
inicialmente, essas eram confeccionadas principalmente em metal, couro e tecido.
Atualmente, com o avanço tecnológico, as órteses são fabricadas com materiais
mais leves e resistentes, tais como: couro, ligas metálicas, termoplásticos, espumas,
polímeros viscoelásticos e fibras de carbono (CARVALHO, 2013). As espumas geralmente
são utilizadas como uma interface de proteção entre as órteses e a pele, principalmente
em áreas vulneráveis a lesões como as proeminências ósseas (CARVALHO, 2013).
7
FIGURA 7 – EXEMPLO DE ÓRTESE PARA REPOUSO – TIPOIA
8
• Órteses para propriocepção: as órteses com finalidade proprioceptiva permitem aos
pacientes a realização de atividades com menor risco de lesões ou recidivas. Também
podem ser utilizadas para facilitar a manutenção postural. Essas órteses são flexíveis
e permitem movimentos articulares. As tornozeleiras e os corretores posturais são
exemplos de órteses proprioceptivas (CARVALHO, 2013).
• Órteses para correção: as órteses para correção podem ser utilizadas em situações
nas quais ainda é possível reverter um encurtamento, retração ou desvio articular não
estruturado, como em casos de padrão flexor de membros superiores, encurtamento
do tendão do calcâneo e nas escolioses. O correto posicionamento na aplicação
dos vetores de força sobre o segmento corpóreo é fundamental para um resultado
satisfatório (CARVALHO, 2013).
9
FIGURA 10 – NOMENCLATURA RELACIONADA AOS NÍVEIS ANATÔMICOS
10
• Órteses dinâmicas: as órteses dinâmicas são aquelas que permitem movimentos
articulares. Têm como objetivo corrigir deformidades causadas por desequilíbrio
muscular, por meio de tração suave e constante, enquanto permite que os músculos
normais se mantenham ativos. São indicadas para auxiliar e direcionar os movimentos,
podendo a amplitude de movimento permitida ser limitada ou livre. São fabricadas
com materiais flexíveis que permitem a realização dos movimentos desejados
(VASCONCELOS; MATIELLO, 2019).
11
• Órteses confeccionadas sob medida: são confeccionadas diretamente sobre o
paciente, proporcionando uma adaptação adequada. Como vantagem, podemos
realizar o alinhamento da amplitude de movimento e mobilidade permitida para a
articulação envolvida, considerando a evolução do paciente. Como desvantagem,
possuem um custo mais elevado quando comparadas às órteses pré-moldadas,
além de um maior período de entrega (MATIELLO, 2019).
Os primeiros registros do uso das próteses são de 484 a.C, quando houve uma
confecção de prótese de pé, confeccionada em madeira, para substituir essa estrutura
após uma amputação. Posteriormente, durante a Segunda Guerra Mundial, passaram
a ser desenvolvidas algumas próteses em ferro para substituir principalmente partes de
membros superiores e inferiores, que eram amputadas durante as batalhas. Já no
século XX, houve um avanço importante no desenvolvimento das próteses, sendo estas
mais leves e funcionais, proporcionando uma melhor adaptação dos pacientes ao uso da
prótese (CARVALHO, 2013).
12
3.1 TIPOS E CLASSIFICAÇÕES DAS PRÓTESES
As próteses podem ser utilizadas por meio de implantação cirúrgica (implantáveis)
ou não cirúrgica. Dentre as próteses implantáveis, podemos citar as de substituição de
alguma estrutura, como quadril, joelho ou discos intervertebrais (INSS, 2017).
13
FIGURA 17 – EXEMPLO DE PRÓTESE NÃO IMPLANTADA
FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-mg/80284-5266067.webp>.
Acesso em: 22 set. 2021.
14
FIGURA 19 – PRÓTESE ATIVA DE MÃO
Por fim, com relação ao tipo de energia utilizada, elas podem ser classificadas
como: emendoenergéticas, exoenergéticas ou híbridas. As próteses endoenergéticas são
próteses do tipo mecânicas e utilizam a propulsão muscular para gerar movimento. Nesses
casos, a energia do paciente é transmitida para a prótese por estruturas, como correias e
tirantes, gerando o movimento (INSS, 2017).
15
FIGURA 21 – PRÓTESE ENDOENERGÉTICA
16
FIGURA 22 – MODELOS VARIADOS DE BENGALAS
17
ESTUDOS FUTUROS
No próximo tópico, estudaremos cada tipo de DAM, de forma
detalhada e as próximas unidades serão voltadas para o
detalhamento das órteses e das próteses.
18
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
19
AUTOATIVIDADE
1 Existem inúmeras órteses para membros superiores disponíveis para compra. Elas
diferem em mecânica, função, material utilizado, entre outras características. Com
relação às características das órteses de membros superiores, assinale a alternativa
CORRETA:
Sobre a utilização correta dos termos órtese, prótese e dispositivos auxiliares de marcha,
assinale a alternativa CORRETA:
20
3 As órteses e próteses são classificadas de acordo com a sua funcionalidade em
equipamentos estáticos ou dinâmicos e a função que desempenham. Sobre o
exposto, assinale a alternativa CORRETA:
21
22
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —
DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, continuaremos nosso estudo sobre os dispositivos auxiliares de
marcha (DAM), os quais podem ser indicados para diversas finalidades:
• auxiliar a marcha;
• prevenir quedas (principalmente em indivíduos idosos);
• reduzir a sobrecarga nas articulações;
• melhorar o controle motor, promovendo um feedback sensorial;
• redução da sobrecarga física ao cuidador, entre outros Hardi et al. (2014 apud PORTO
et al., 2019, p. 172).
Quando há indicação para o uso do DAM, este deverá ser prescrito por um
profissional habilitado, que realizará uma série de avaliações, tais como: a avaliação
da força muscular do sujeito, resistência, equilíbrio, marcha, função cognitiva, dor e
demandas ambientais (BRADLEY; HERNANDEZ, 2011).
23
A seguir, serão detalhados os principais dispositivos auxiliares de marcha,
suas características, indicações e a correta prescrição de uso a ser realizada pelo
fisioterapeuta.
2 BENGALAS
Como mencionado em nossos estudos, a principal função das bengalas é
aumentar a base de apoio, reduzindo a descarga de peso no membro inferior afetado
e, com isso, melhorar a estabilidade dinâmica e equilíbrio do paciente. É indicada para
pessoas com instabilidade postural (que apresentam histórico de quedas recorrentes
ou medo de cair) e indivíduos com dor unilateral de quadril, tornozelo ou joelho. Sua
utilização se dá na mão oposta ao membro afetado, a fim de diminuir a sobrecarga na
musculatura do quadril, reduzir a compressão das articulações e auxiliar o paciente em
situações como subir e descer escadas (SCHMITZ, 2010).
TIPO DE
CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS
BENGALA
24
Feita em alumínio; base Base de apoio larga;
muito ampla; as pernas mais estáveis do
Não podem ser utilizadas
são mais distantes do que as bengalas
em escadas; mais caras
Tipo andador paciente, anguladas de quatro pontos;
do que as bengalas de
para manter contato podem ser dobradas
quatro pontas.
com o solo e promover e guardadas com
estabilidade; dobrável. facilidade.
A base com rodas
permite que o peso Requer força de membro
Feita em alumínio. Base
seja aplicado de superior e preensão para
ampla e com rodas,
forma contínua; acionar mecanismo de
Com rodas altura ajustável, possui
não é necessário freio; mais cara do que
freio sensível à pressão
levantar o dispositi- as bengalas de quatro
manual.
vo (progressão mais pontas.
rápida).
FONTE: O autor
25
Com relação ao posicionamento da bengala, esta deverá permanecer a uma
distância de cerca de 15 cm ao lado do membro inferior não afetado, e sua altura deverá ser
ajustada próxima ao trocânter maior do fêmur, de forma que o cotovelo do idoso apresente
um ângulo entre 15° e 30° de flexão (CAMARA et al., 2020).
DICA
O uso de bengalas mais altas aumenta o risco de lesões no complexo
do ombro, pela sua elevação constante, promovendo uma sobrecarga
articular e muscular na região (CAMARA et al., 2020).
26
De uma forma geral, o fisioterapeuta deverá prescrever o uso de bengalas para
pacientes com problemas de marcha, considerados moderados, pois este dispositivo não
fornecerá um alto grau de estabilidade. Portanto, o indivíduo deverá apresentar alguns
pré-requisitos básicos antes de utilizar a bengala, tais como: cognitivo preservado,
bom equilíbrio, ajustes posturais antecipatórios e estratégias reativas preservadas
(ALBUQUERQUE et al., 2018).
3 MULETAS
As muletas são úteis para os pacientes que necessitam utilizar os membros
superiores para sustentar o peso, permitindo uma deambulação funcional, com
sustentação de peso restrita. Em geral, são utilizadas bilateralmente, com três modelos
básicos: muletas axilares, de antebraço ou Lofstrand e de descarga de peso antebraquial
(SAAD, 2007).
FONTE: O autor.
27
3.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM AS MULETAS
A marcha do tipo mergulho é indicada quando há incapacidade de descarregar
completamente o peso nos membros inferiores por algum motivo, como: consolidação e
fratura pós-operatório de cirurgias ortopédicas, entre outros. Inicia-se a marcha com
as muletas à frente do corpo e, enquanto há descarga de peso total nos membros
superiores, os membros inferiores deverão ser impulsionados e deslocados até a frente
da linha entre as muletas, ao mesmo tempo. Este padrão favorecerá uma velocidade de
marcha rápida, porém, com gasto energético elevado e grande exigência de força de
membros superiores (SAAD, 2007).
28
Ao descer as escadas, o movimento realizado é contrário ao da subida, pois o
membro inferior mais acometido e as muletas devem iniciar o movimento de descida,
sendo posicionados no primeiro degrau, seguidos pelo membro inferior menos acometido,
progredindo a descida, dessa maneira, pelos degraus restantes. Quando houver corrimão, é
indicado que uma muleta seja substituída por este apoio (GLISOI et al., 2018).
29
DICA
Se liga nessa dica de artigo: PORTO, J.M; et al. Recomendações para
prescrição de dispositivos auxiliares da marcha em idosos. Acta Fisiatr, v.
26, n. 3, p. 171-175, 2019.
4 ANDADOR
Por fim, querido acadêmico, discutiremos sobre os andadores, dispositivos
auxiliares de marcha muito utilizados pela população idosa. Os andadores fornecem três
a quatro pontos de contato com o solo e, assim, auxiliam na melhora do equilíbrio devido
a alguns fatores, como: o aumento da base de suporte, que promove uma maior estabilidade
para o usuário. Quando comparados às bengalas e muletas, propiciam maior senso de
segurança aos sujeitos que apresentam medo de cair ao andar (SCHMITZ, 2010).
30
Com relação aos modelos encontrados no mercado, há cinco principais tipos
de andadores, sendo eles: andador articulado; fixo; com rodas dianteiras; de quatro rodas;
e de três rodas (VAN HOOK, 2003). No quadro a seguir, encontraremos as descrições,
vantagens e desvantagens de cada um deles.
TIPO DE
CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS
ANDADOR
Contraindicado para
Quatro pernas com
Não é necessário erguer o usar em escadas, volu-
Articulado pontas de borracha;
andador. moso e menos estável
mobilidade unilateral
que o fixo.
O uso em escadas
é contraindicado;
volumoso; padrão de
marcha mais lento
Melhor estabilidade; maior
e controlado; requer
Quatro pernas com sensação de segurança;
maior atenção; não
pontas de borracha; não ampla base de suporte;
Fixo é aconselhável para
apresenta mobilidade ideal para pessoas com
pessoas com déficit
em nenhum dos planos. fraqueza de membros
cognitivo e fraqueza de
inferiores.
membros superiores;
maior gasto energético;
flexão de tronco não
funcional.
O uso em escadas é
Poderá ser utilizado em contraindicado; volu-
Duas pernas traseiras
pessoas com déficit cog- moso; maior chance
com pontas de borracha
nitivo, com problemas de de perder controle; re-
Rodas e duas dianteiras com
ombro e incapazes de er- dução do balanço dos
dianteiras rodas; não apresenta
guer o andador; velocidade membros superiores;
mobilidade em nenhum
de marcha mais funcional flexão não funcional
dos planos.
e rápida. de tronco durante a
marcha.
FONTE: O autor.
31
4.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM O USO DO ANDADOR
Independentemente do tipo de andador, o fisioterapeuta deverá orientar o
paciente para que caminhe sempre olhando para frente, mantendo um bom alinhamento
postural e evitando o desequilíbrio. Além disso, deve-se evitar que o mesmo se aproxime
muito do andador, uma vez que isso reduz a base de suporte, aumentando o risco de
quedas (GLISOI et al., 2012).
32
FIGURA 31 – SENTAR E LEVANTAR COM O ANDADOR
33
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• As muletas são úteis para os pacientes que necessitarem utilizar os braços para apoio
e propulsão. Elas poderão retirar ou reduzir a carga em um ou em ambos os membros
inferiores, dependendo do objetivo.
34
AUTOATIVIDADE
1 Ao escolher um dispositivo auxiliar da marcha, o fisioterapeuta deverá considerar a
quantidade de apoio que o paciente necessitará e sua capacidade de manipular o
dispositivo. Com relação aos dispositivos auxiliares de marcha, assinale a alternativa
CORRETA:
3 Paciente do sexo feminino, 70 anos, foi submetida a uma artroplastia total do quadril
direito há 30 dias, devido à osteoartrose severa de quadril. Com relação ao uso de
dispositivos auxiliares para marcha dessa paciente, assinale a alternativa CORRETA:
35
4 Em um curso de Cuidadores Informais de Idosos, o fisioterapeuta ficou responsável
por ensinar algumas técnicas básicas para o uso adequado de um dispositivo auxiliar
da marcha: o andador. Com base nisso, disserte sobre a forma correta de ensinar o
paciente a utilizar o andador:
36
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —
FISIOTERAPIA NO PRÉ E
PÓS-OPERATÓRIO DE PROTETIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste tópico abordaremos a temática das amputações, bem como a
atuação do fisioterapeuta no pré e pós-operatório de protetização. Inicialmente, é necessário
que você entenda o que significa o termo amputação, que é utilizado para descrever a
ausência total ou parcial de um membro (SOUZA; SANTOS; ALBUQUERQUE, 2019).
Com relação à etiologia, vários fatores podem levar a uma amputação, tais
como a presença de doenças infecciosas ou parasitárias no membro, problemas no
sistema circulatório, diabetes, gangrena, neoplasias, doenças de pele e malformações
genéticas. A gangrena, por exemplo, é uma doença grave, que geralmente leva a uma
amputação. Ela surge quando alguma região do corpo não está recebendo a quantidade
de sangue necessária ou sofre uma infecção severa, podendo provocar a morte dos
tecidos (SOUZA; SANTOS; ALBUQUERQUE, 2019), conforme demonstrará a Figura 32.
37
FIGURA 32 – GANGRENA PRÉ-AMPUTAÇÃO DAS FALANGES
2 NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO
As amputações, tanto de membros superiores quanto inferiores, podem ser
realizadas em diferentes níveis e, segundo Kuhn (1997), a primeira preocupação da equipe
multiprofissional não é com o nível da amputação e sim com a sobrevivência e prognóstico
do paciente. Quando há possibilidade de escolha e a amputação for eletiva, a equipe levará
em consideração a possibilidade de colocação de prótese, realizando a amputação em um
nível que permitirá o maior grau de funcionalidade para o paciente em questão.
NOTA
A amputação deverá ser diferenciada de desarticulação, pois a amputação
consiste na remoção de um ou mais ossos, diferente de desarticulação
que remove uma parte por meio de uma articulação (INSS, 2017).
38
IMPORTANTE
Para lembrar: o membro residual de amputação é denominado coto.
FONTE: <https://blog.conforpes.com.br/wp-content/uploads/2020/02/amputacao-de-pe-1024x790.jpg>.
Acesso em: 22 set. 2021.
40
FIGURA 35 – AMPUTAÇÃO TRANSTIBIAL
• Desarticulação escapulotorácica.
• Desarticulação glenoumeral ou de ombro.
• Amputação transumeral.
• Desarticulação do cotovelo.
• Amputação de antebraço.
• Desarticulação de punho.
• Amputação transmetacarpal.
• Amputação metacarpofalangeana.
• Amputações interfalangeanas.
41
FIGURA 36 – PRINCIPAIS NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES
42
amputações que promovam a desarticulação intercárpica, carpometacarpal, transme-
tacarpal, amputações metacarpofalangeanas até amputações de interfalangeanas dis-
tais ou proximais (INSS, 2017).
43
O processo de reabilitação deverá iniciar após a cicatrização da sutura cirúrgica,
e cabe ao fisioterapeuta realizar uma criteriosa avaliação do paciente amputado,
observando seu estado geral e as condições do coto (CARVALHO, 2003).
45
A fisioterapia deverá ser iniciada o mais breve possível após a amputação,
utilizando as técnicas descritas anteriormente e, também, exercícios ativo-assistidos,
ativo-livres e isométricos, exercícios de equilíbrio e propriocepção, fortalecimento do
membro contralateral e treino de marcha. Além disso, todos os grupos musculares dos
membros superiores, do tronco e dos membros inferiores deverão ser trabalhados, e não
somente aqueles que agem contra as deformidades (CARVALHO, 2003).
DICA
Para ampliar o seu conhecimento acerca das orientações que são
necessárias ao paciente amputado, leia o Guia de orientações ao paciente
amputado, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), através do link:
http://www.hcfmb.unesp.br/wp-content/uploads/2019/06/Amputado-1.pdf
46
LEITURA
COMPLEMENTAR
O USO DE DISPOSITIVOS AUXILIARES PARA MARCHA EM IDOSOS E
SUA RELAÇÃO COM AUTOEFICÁCIA PARA QUEDAS
Vanessa S. Albuquerque
Laíze P. Fernandes
Francisco Eduardo F. Delgado
Cláudia Helena C. Mármora
INTRODUÇÃO
Sendo assim, o objetivo deste estudo foi verificar se existe relação entre o uso de
dispositivos auxiliares para marcha e o aumento da autoeficácia para quedas nos idosos
participantes.
47
MÉTODO
48
RESULTADOS
A média de idade da população foi de 75,73 ± 7,01 anos e a maioria dos indivíduos
não utilizava dispositivos auxiliares para marcha. Relacionando os dados sobre a autoeficácia
para quedas (FES-I) com a utilização ou não dos dispositivos auxiliares para marcha,
verificou-se que não houve diferença estatística entre os grupos (p>0,05). Em relação ao
evento queda, em cada grupo, 44% dos idosos que usam dispositivos sofreram quedas
e 34% dos que não utilizavam dispositivos auxiliares para a marcha também sofreram
quedas (TABELA 1).
Na análise dos itens isolados de cada um dos grupos foram encontrados resultados
significativos (p<0,05) no GDAM quando comparados às questões da FES-I que dizem
respeito aos seguintes itens: subir ou descer escadas (nº 193), andar sobre superfície
escorregadia (nº 197), caminhar sobre superfície irregular (nº 200) e subir e descer uma
ladeira (nº 201) (TABELA 2). Nesses casos, os valores representam pouco preocupado,
muito preocupado e extremamente preocupado, inferindo-se que a preocupação em cair
se refere ao tipo de terreno que o indivíduo encontra e suas características.
TABELA 1 – RELAÇÃO ENTRE IDOSOS QUE USAM E OS QUE NÃO USAM DAM COM QUEDAS
49
Ainda, nesse grupo, quando analisado o evento quedas e os resultados dos
itens da FES-I, foi encontrada relevância apenas nas seguintes questões: “187. Limpar a
casa” e “194. Caminhar pela vizinhança” (TABELA 3).
CONCLUSÃO
Este estudo mostra resultados que comparam a autoeficácia nos dois grupos,
indicando que o uso de dispositivos auxiliares não interferiu na preocupação dos
indivíduos em cair. Nessa direção, outros estudos indicam que o medo de cair aumenta, de
acordo com a idade, e tem sido relatado tanto por idosos que já sofreram um evento
de queda como por aqueles que nunca caíram. Nesse sentido, o medo de cair encontra-
se relacionado à redução do nível de atividades, conduzindo a um declínio funcional,
inatividade e aumento do risco de quedas.
Alguns estudos apontam que o conjunto de elementos que geram risco para
quedas e a ocorrência prévia do evento podem ser considerados como um dos principais
fatores de risco para a diminuição da autoeficácia. Diversos estudos indicam também
que atividades como subir ou descer escadas, tomar banho, caminhar sobre superfície
51
irregular e andar sobre uma superfície escorregadia são atividades que apresentam
alto grau de exigência do sistema osteomioarticular e de equilíbrio. Nesse contexto, a
utilização do DAM associado a tais situações pode levar a quedas.
Observamos que 44% dos idosos que usam DAM sofreram eventos de quedas
comparados a 34% dos que não usam. Nessa perspectiva, vale ressaltar a importância
da investigação quanto ao ambiente da queda e o tipo de atividade realizada para que
seja possível um planejamento de intervenções bem direcionadas para prevenção de
novos eventos, considerando que grande parte dos idosos acreditam que o uso do DAM
não é necessário no ambiente doméstico, utilizando paredes e móveis como apoio.
52
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• O termo "nível de amputação" descreve o local em que uma parte do corpo foi
amputada. Além de outros fatores, o nível de amputação é usado para a escolha da
prótese adequada para cada caso.
53
AUTOATIVIDADE
1 Para realizar a prescrição da prótese adequada após uma amputação, o tipo de
prótese prescrita vai variar de acordo com o nível de amputação. Sobre o nível de
amputação em que a prótese de Syme é prescrita, assinale a alternativa CORRETA:
54
3 Com relação aos tipos de amputações, analise as sentenças a seguir:
55
REFERÊNCIAS
AGNE, J. Eletroterapia: teoria e prática. 5. ed. Santa Maria: Orium, 2006.
56
Instituto Nacional do Seguro Social. Manual sobre Prescrição de Órteses, Próteses
Ortopédicas não Implantáveis e Meios Auxiliares de Locomoção. Brasília, 2017.
Disponível em: https://extra268.files.wordpress.com/2017/10/rs611presinssmanual1.
pdf. Acesso em: 22 set. 2021.
LI, S.; ARMSTRONG, C. W.; CIPRIANI, D. Three-point Gait Crutch Walking: Variability in
Ground Reaction Force During Weight Bearing. Arch Phys Med Rehabil, v. 82, n. 1, p.
87-92, 2001.
57
58
UNIDADE 2 —
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
59
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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60
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
ÓRTESES PARA QUADRIL E
MEMBROS INFERIORES
1 INTRODUÇÃO
Caro aluno, a órtese trata-se de um dispositivo externo aplicado ao corpo para
modificar os aspectos funcionais ou estruturais do sistema neuro musculoesquelético, assim
como a obtenção de alguma vantagem mecânica ou ortopédica (MAITIN, 2016). Neste
primeiro tópico, abordaremos aspectos sobre as órteses de membros inferiores, as quais
são comumente indicadas para facilitar/auxiliar o ortostatismo; estabilizar ou imobilizar
segmentos articulares durante processos inflamatórios ou após intervenções cirúrgicas;
compensar fraquezas musculares ou hiperatividade muscular; prevenir o aparecimento
de contraturas e deformidades; distribuir de forma mais uniforme a descarga de peso;
evitar ou minimizar a dor e, principalmente, permitir uma marcha funcional e segura
para a pessoa com deficiência de natureza transitória ou definitiva (MAITIN, 2016).
61
2.1 ANKLE-FOOT ORTHOSIS (TORNOZELO E PÉ)
As Ankle-foot orthosis (AFO) envolvem a articulação do tornozelo-pé e podem
ser chamadas de órteses suropodálicas. Podem ser classificadas conforme o segmento
que atingem, podendo ser proximais (joelho), mediais (tornozelo) e distais (ante pé), com
características funcionais distintas entre cada um dos níveis (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2019).
A articulação desta órtese deverá ser alinhada com os maléolos e o plano frontal,
evitando uma rotação indesejada da perna durante a transferência de peso. É indicada
para pessoas que são capazes de realizar marcha (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).
• Órteses rígidas: são indicadas para aqueles pacientes que não apresentam bom
controle de membros inferiores, tais como aqueles que apresentam artrodese
tibiotársica. A AFO rígida não possibilita o funcionamento da amplitude do tornozelo, mas
mantém preservada a flexibilidade na região anterior do pé, indicados para pacientes
com espasticidade grave ou em situações de deformidades já inseridas em equino ou
equino varo. Um exemplo mais específico no qual é indicado esse tipo de órtese é para os
casos de pacientes com trauma raquimedular e lesão acima de T12, a fim de garantir maior
equilíbrio para a articulação do pé na posição ortostática (CARVALHO, 2013).
62
FIGURA 2 – ÓRTESE DE TORNOZELO RÍGIDA
FONTE: <https://www.casaortopedicarj.com.br/conteudo/orteses/060919_134228.jpg>.
Acesso em: 23 set. 2021.
63
• Órtese com amplitude de movimento limitada: esse tipo de órtese é indicado para
pacientes que não possuem controle sobre a articulação do tornozelo. Permite pouca
mobilidade articular em flexão plantar e dorsiflexão, de acordo com as necessidades
específicas de cada paciente. Como desvantagem, ocorre a limitação da amplitude do
tornozelo e o indivíduo terá algumas anormalidades na marcha. Outra desvantagem é
o fato dela ter um braço curto e não promover estabilidade suficiente em indivíduos
muito altos ou muito pesados (CARVALHO, 2013).
Este tipo de órtese é indicado para aqueles pacientes que não conseguem
assumir a posição ortostática e deambular sem auxílio de um dispositivo auxiliar. São
usualmente utilizadas por pessoas com paralisia de membro inferior, proveniente
de lesões de coluna ao nível lombar, poliomielite e outras doenças neuromusculares
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).
64
FIGURA 5 – ÓRTESE DO TIPO KAFO
Quanto às órteses que envolvem a articulação do joelho, essas podem ser classifi-
cadas em alguns tipos, tais como: rígida, livre, com amplitude de movimento controlada e
assistida. A escolha de cada tipo de órtese irá depender da necessidade do paciente e de
sua capacidade de controlar os movimentos articulares (CARVALHO, 2013).
Como exemplo, podemos citar a órtese com articulação do joelho livre, a qual
permitirá a flexão do joelho durante a fase de balanço, possibilitando uma marcha mais
perto da normalidade (fisiológica) e despendendo de um menor gasto energético. Podemos
utilizar este tipo de órtese para aqueles pacientes que apresentam geno valgo ou geno
varo, que necessitam apenas de um direcionamento dos movimentos, visando a correção
de desvios de alinhamento (CARVALHO, 2013).
65
As órteses do tipo KAFO também podem ser divididas em três modelos, sendo
eles a KAFO passiva, SCKAFO e KAFO dinâmica. A KAFO passiva promoverá estabilidade
durante a marcha, mantendo travada a articulação do joelho na posição estendida, que
poderá ser destravada manualmente para permitir a flexão do joelho, caso a pessoa
precise dobrá-lo. A órtese do tipo SCKAFO mantém travada a articulação durante a fase
de apoio, porém, a trava é liberada durante a fase de balanço, facilitando a marcha. Já a
terceira (KAFO Dinâmica) é a que mais se assemelha à marcha normal, devido à liberdade
de flexão da articulação, durante todo o ciclo da marcha (DOMINGOS; SANTOS, 2018).
66
DICA
Quer saber mais sobre as características das órteses do tipo KAFO?
Acesse o link: https://bit.ly/3nIGSrp.
Esse tipo de órtese possui um cinto pélvico ao nível e uma articulação ao nível
do quadril, que pode estar livre ou bloqueada, dependendo do objetivo. Quando está
bloqueada, pode impedir ou limitar a flexão ou extensão do quadril. Como o paciente que
necessita desse tipo de órtese não apresenta bom controle da musculatura dos membros
inferiores, terá que utilizar os músculos do tronco e do pescoço em associação com os
músculos dos membros superiores, para deslocar o peso da perna. Por isso, apresenta
marcha mais lenta e consome mais energia quando comparada às pessoas que não
possuem lesão. Em vista disso, essas pessoas não conseguem normalmente caminhar
por longas distâncias (GREVE, 2007).
67
FIGURA 8 – ÓRTESE DO TIPO HKAFO
68
Para a produção de órteses plantares, é necessário que o fisioterapeuta ou
outro profissional habilitado para essa finalidade realize uma adequada avaliação dos
pés e altura dos arcos plantares, além da análise da marcha do paciente. As pressões
plantares também fornecem informações importantes sobre a estrutura e as funções do
pé, para fins de diagnósticos (OLIVEIRA; TAVARES, 2011).
NOTA
Para lembrar: podoposturologia é uma área da ciência que
estuda a influência dos pés na postura corporal e no equilíbrio
ortostático (em pé).
69
Com relação às estruturas dos arcos plantares, os pés podem ser classificados
como cavos, planos ou normais. No pé normal, há um equilíbrio entre os arcos medial e
lateral do pé com o tornozelo, e o MLA tem sua altura normal. Já o pé cavo apresenta uma
altura anormal do MLA e sofre uma inversão no retropé e flexão plantar no antepé, com
tendência a sofrer supinação por utilizar mais a parte externa do pé. Como consequência
de possuir um pé cavo, o indivíduo apresenta uma menor área de apoio, aumentando o risco
de desenvolver traumas mecânicos e lesões de joelho (OLIVEIRA, 2011).
Por fim, as pessoas com pés planos (ou chatos) apresentam o MLA mais baixo que
o normal, e quase toda (ou toda) a sola do pé entra em contato com o solo (ROTH et al.,
2013). Em virtude do mau alinhamento do pé plano, ocorre excessiva pronação, e uma
compressão elevada nas estruturas laterais (OLIVEIRA, 2011).
70
IMPORTANTE
Para relembrar: os movimentos do pé que ocorrem no plano sagital são
a flexão plantar e a dorsiflexão. No plano transversal, os movimentos
são de rotação, como a pronação e a supinação.
FIGURA 12 – A
NÁLISE DA PISADA NORMAL, PRONADA E SUPINADA
71
2.4.2 Avaliação do pé e prescrição de palmilhas
As disfunções no pé podem ser geradas pela distribuição assimétrica das pressões
plantares. Tais pressões quando se encontram irregulares podem causar vários tipos de
doenças e deformidades no pé, como dores, calosidades e ulceração. Em vista disso, as
análises das pressões podais auxiliam no diagnóstico, mas também ajudam na escolha do
tratamento, na prevenção e na reabilitação (WAFAI et al., 2015).
• Tapetes: medem a força de reação do solo por baixo do pé, oferecendo medições de
alta resolução; além de precisas, pois é possível fazer medições plantares de forma
estática e dinâmica. Os tapetes possuem sensores e são conectados a um software
instalado em um computador que registra os dados do tapete (DAVIS; ÕUNPUU;
DELUCA, 2008).
72
FIGURA 14 – PALMILHAS COM SENSORES DE ANÁLISE DA PRESSÃO
FONTE: <https://cdn.pessemdor.com.br/wp-content/uploads/2016/08/pedar-300x286.png>.
Acesso em: 23 set. 2021.
FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-g/107792-16578307.webp>.
Acesso em: 23 set. 2021.
DICA
Para lembrar: a baropodometria é um exame que avalia as pressões
plantares (pressão sob a planta do pé) durante a marcha (caminhada).
Além disso, ela determina a “gait line” (centro de pressão durante a
caminhada, que identifica o tipo de pisada, instabilidades, impulso e
outras alterações biomecânicas).
73
FIGURA 16 – BAROPODOMETRIA COMPUTADORIZADA
DICA
Quer saber mais sobre a avaliação e índices do arco plantar? Leia
o artigo: FILONI, E. et al. Comparação entre índices do arco plantar.
Motriz, v. 15, n. 4, p.850-860, out./dez. 2009
74
FIGURA 17 – ÓRTESE DO TIPO CALCANHEIRA
75
FIGURA 19 – ÓRTESE COM COXIM NO METATARSO
FOTO: <https://http2.mlstatic.com/D_NQ_NP_2X_885884-MLB40516273963_012020-F.webp>.
Acesso em: 23 set. 2021.
• Cunha para calcanhar: são indicadas para correção do alinhamento dos calcanhares.
Se o pé for valgo, a cunha deverá ser posicionada medialmente; e se for varo, lateral-
mente (GOMES et al., 2017).
76
FIGURA 21 – ÓRTESE DO TIPO CUNHA PARA CALCANHAR
• Barra metatarsal: trata-se de uma faixa plana, confeccionada com material firme, e
posicionada na cabeça dos metatarsos. Tem o objetivo de deslocar a cabeça dos
metatarsos para seu eixo (GOMES et al., 2017).
O material escolhido para confecção da palmilha precisa ter uma resposta ade-
quada à temperatura, elasticidade, dureza, densidade, durabilidade, flexibilidade, resiliência,
compressibilidade e, principalmente, confortabilidade. Um exemplo de relação de den-
sidade, conforto e dureza, é que quanto maior a densidade do material, maior será a dureza
e menor o amortecimento nos momentos de impacto (CRABTREE; DHOKIA; NEWMAN, 2009).
77
Além disso, por questões de higiene, o material precisará ter uma baixa penetração
de água para que não haja proliferação de bactérias e produção de odores, assim como a
quantidade de lavagem não deverá interferir na qualidade e função do material (MA-
JUMDAR et al., 2013).
78
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
79
AUTOATIVIDADE
1 Um agricultor de 43 anos sofreu traumatismo raquimedular após acidente com trator,
com lesão completa em nível de L2. Quanto ao tipo de órtese que esse paciente poderá
utilizar para atingir a deambulação terapêutica, assinale a alternativa CORRETA:
2 Paciente, sexo masculino, 59 anos de idade, após um AVE (acidente vascular encefálico)
apresenta uma marcha com hiperextensão de joelho durante a fase de médio apoio do
membro inferior afetado. Sobre qual tipo de órtese é o mais recomendado para esse
paciente, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Em posição neutra de tornozelo e região subtalar, médio pé e ante pé, fixada por
velcros.
b) ( ) Fixada em 15o de dorsiflexão de tornozelo e posição neutra de região subtalar,
médio pé e ante pé, fixada por velcros.
c) ( ) Fixada em 10o de plantiflexão de tornozelo e posição neutra de região subtalar,
médio pé e ante pé, fixada por velcros.
d) ( ) Fixada em 10o de dorsiflexão e 10o de eversão da região subtalar, médio pé e ante
pé, fixada por velcros.
80
4 Marco Antônio, 24 anos, sofreu um trauma raquimedular devido a um mergulho em
água rasa. Após a fase de choque medular, verificou-se que o nível neurológico de
Marco Antônio é L2. Com relação ao exposto, disserte sobre qual o tipo de órtese e o
tipo de deambulação que o fisioterapeuta deverá indicar para Marco Antônio.
81
82
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —
ÓRTESES PARA A COLUNA VERTEBRAL
1 INTRODUÇÃO
A coluna vertebral corresponde a uma estrutura osteomioarticular que, de forma
altamente estruturada, forma o eixo de sustentação e mobilidade do aparelho locomotor.
Por apresentar essa grande magnitude funcional, está sujeita às mais diversas formas de
comprometimento as quais podem acarretar restrições, tanto a nível temporário quanto
permanente (MORAWIETZ; MOFFAT, 2013).
Neste tópico, caro aluno, abordaremos os principais tipos de órteses para coluna
vertebral, suas indicações, contraindicações e características.
83
2 ÓRTESES PARA COLUNA CERVICAL
As órteses cervicais, também conhecidas como colares cervicais, servem para
auxiliar na imobilização da coluna cervical. Nenhuma órtese conseguirá restringir todos os
movimentos da coluna cervical devido à mobilidade desse segmento, bem como a grande
quantidade de tecidos moles que envolvem essa região. Além disso, a pressão sobre
esses tecidos não poderá ser alta, visando evitar complicações diversas, tais como
isquemia cutânea, formação de úlceras e desconforto ao paciente (PRENTICE, 2012).
• Colar de Thomas ou americano: esse tipo de órtese tem como função restringir
os movimentos no plano sagital (flexão e extensão). É pré-fabricada, confeccionada
em polietileno rígido acolchoado e com fechos de velcro. Possui indicação em casos
de imobilização provisória, emergências e no pós-operatório de cirurgias de coluna
(PRENTICE, 2012).
84
FIGURA 24 – COLAR DE THOMAS
FONTE: <https://http2.mlstatic.com/D_NQ_NP_880804-MLB31189660251_062019-O.webp>.
Acesso em: 23 set. 2021.
• Colar Philadelfia: promove pouca restrição aos movimentos, porém mais eficiente
quando comparado aos descritos anteriormente citados. É indicado em casos de
lesões na cervical alta, como fraturas do áxis e do atlas, fraturas mínimas do corpo ou de
processo espinhoso das vértebras cervicais e no pós-operatório de procedimentos
menores, como discectomias cervicais por via anterior. Possui apoio occipital e
mentoniano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).
• Colar cervical com apoio mentoniano: como o próprio nome já menciona, trata-se
de um colar cervical com apoio mentoniano, que restringe o movimento do pescoço
durante o tratamento de torcicolos, traumatismo, artrite, somatizações e outras
afecções que acometem a coluna cervical. Como vantagens, esse colar possui bordas
estofadas e perfurações que permitem a transpiração, além de fechos aderentes que
permitem o ajuste da altura (PRENTICE, 2012).
85
FIGURA 26 – COLAR CERVICAL COM APOIO MENTONIANO
86
• Órteses SOMI (imobilizador esterno-occipito-mandibular): essa órtese possui
boa efetividade na imobilização da coluna cervical, sobretudo em situações que se
requer limitação dos movimentos de flexão, extensão, rotação e flexão lateral. Na
parte superior anterior, tem apoio mentoniano e posterior com apoio no occipital. Em
sua parte inferior, apoia-se sobre o tórax, ao nível do esterno, e sobre a parte superior
da coluna torácica na região posterior (PRENTICE, 2012).
• Colar Minerva: trata-se de uma órtese de controle máximo, não invasiva, que se
estende desde a região cervical até metade do tronco. Indicada para realizar uma
imobilização mais rigorosa da coluna cervical, podendo ser aplicado em casos pós
fratura, sobretudo com lesão medular (O’SULLIVAN; SCHMITZ; FULK, 2010).
87
• Halo: classificada também como uma órtese de controle máximo, possui uma banda
circular de metal fixada no crânio por quatro pequenos parafusos. As colunas verticais
conectam o halo a uma órtese torácica (O’SULLIVAN; SCHMITZ; FULK, 2010), conforme
podemos observar na figura a seguir:
FORTE: <https://5.imimg.com/data5/HV/OF/MY-26916961/resolve-halo-system-250x250.jpg>.
Acesso em: 23 set. 2021.
FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-mg/80454-3201915.webp>.
Acesso em: 23 set. 2021.
88
3 ÓRTESES PARA COLUNA TORÁCICA, LOMBAR
E SACROILÍACA
De acordo com o objetivo da órtese, confecção e material utilizado, as órteses
que envolvem a coluna torácica, lombar e sacroilíaca podem ser classificadas como rígidas e
semirrígidas. Os coletes, por exemplo, são indicados quando o objetivo for a compressão
da região abdominal, porém, são incapazes de impedir totalmente os movimentos, pois
não possuem hastes rígidas horizontais (O’SULLIVAN; SCHMITZ; FULK, 2010).
• Colete Jewet: esse colete apresenta um sistema de pressão de três pontos, com duas
almofadas anteriores ao nível do esterno e da sínfise púbica e uma almofada posterior
toracolombar. Atua bloqueando a cifose torácica e limitando a flexão, sendo indicado
em casos de tratamento conservador de fraturas da coluna toracolombar (T11-L2)
(DAHER et al., 2018).
89
FIGURA 33 – COLETE DE JEWET
FONTE: <https://www.fisiostore.com.br/colete-jewett-sternotech-orliman-orli-jewet/p>.
Acesso em: 23 set. 2021.
90
FIGURA 35 – PECTUSCARINATUM OU TÓRAX EM PEITO DE POMBO
FONTE: <https://pbs.twimg.com/media/ECBLAAcXYAAo6m5?format=jpg&name=small>.
Acesso em: 24 set. 2021.
FONTE: <https://f.allegroimg.com/s1024/0c7f79/70b208b24e4f9eedfb472654006f>.
Acesso em: 24 set. 2021.
91
FIGURA 37 – COLETE KNIGHT
FONTE: <https://http2.mlstatic.com/D_NQ_NP_601477-MLB32229971058_092019-O.webp>.
Acesso em: 24 set. 2021.
Como visto, as órteses para coluna vertebral são dispositivos que promovem
inúmeros benefícios no tratamento conservador e pós-cirúrgico (imobilização, pós-
operatórios, cicatrização de lesões vertebrais). A coluna apresenta uma biomecânica
complexa, e desequilíbrios musculares ou articulares podem favorecer a ocorrência de
lesões. Além disso, a carga e o impacto das extremidades são dissipados através da
coluna, que precisará fornecer o suporte e a estabilidade para que as extremidades se
movimentem (KISNER; COLBY, 2017).
92
No entanto, mesmo com efeitos tão benéficos, as órteses podem ocasionar
algumas consequências para o paciente, tais como lesões cutâneas, atrofias musculares
(quando utilizadas por tempo prolongado), compressão nervosa, aumento da mobilidade
em segmentos da coluna vertebral, osteopenia, esofagite de refluxo, dependência física
ou psicológica, entre outros. Por isso, as órteses deverão ser prescritas por profissionais
qualificados, que orientem os usuários quanto aos riscos, forma correta de utilização e
o tempo de uso (HERBERT et al., 2016).
DICA
Quer aprofundar o estudo sobre as órteses que envolvem a coluna
vertebral? Leia o Guia “Órteses de coluna”, disponível no link: https://
docplayer.com.br/27292501-Guia-orteses-de-coluna.html.
93
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Ao indicar uma órtese para a coluna devemos determinar qual o seu objetivo, qual o
segmento envolvido e qual movimento se pretende limitar.
94
AUTOATIVIDADE
1 O colete foi anatomicamente desenvolvido para proporcionar estabilização e
segurança à coluna lombar, durante o tratamento de patologias na coluna vertebral.
Elaborado com elástico macio e resistente, que proporcionará melhor ajuste, possui
quatro barbatanas de duralumínio, que serão moldadas ao corpo. Com relação ao
colete ideal para correções na escoliose torácica, com almofadas corretoras nas
curvas mais pronunciadas, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Milwaukee.
b) ( ) Minerva.
c) ( ) Jewit.
d) ( ) Putti.
96
UNIDADE 2 TÓPICO 3 —
ÓRTESES PARA MEMBROS SUPERIORES
1 INTRODUÇÃO
Para finalizarmos o estudo sobre as órteses, neste tópico, abordaremos as
principais órteses utilizadas para os membros superiores, bem como suas funções e
como é realizada a sua confecção. Sabemos que as complicações que acometem a
região dos membros superiores, como punhos e mãos, possivelmente podem causar
comprometimentos em atividades manuais, essenciais para a funcionalidade humana, por
vezes, necessitando do uso de dispositivos ortóticos (BRASIL, 2013).
97
• A órtese deverá ser cosmeticamente e psicologicamente aceitável, não causando
nenhum tipo de transtorno, vergonha ou inconveniente para o usuário.
• Por fim, o uso da órtese deverá ser suspenso assim que o propósito da indicação
tenha sido alcançado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).
98
FIGURA 39 – ÓRTESE DO TIPO SLING
• Suporte de braço com almofada de abdução: esse tipo de órtese fornecerá a imo-
bilização do ombro, mantendo-o em abdução. É indicada em casos de pós-operatório
de reconstrução do manguito rotador, artroplastias, acromioplastias, entre outras altera-
ções que exijam que o ombro seja mantido em abdução (BRANCO et al., 2008).
99
FIGURA 41 – ÓRTESE DO TIPO AEROPLANO
DICA
Quer ficar por dentro dos principais modelos de órteses para membros
superiores? Leia o artigo: GRADIM, L. C. C; PAIVA, G. Modelos de órteses
para membros superiores: uma revisão da literatura, Cad. Bras. Ter.
Ocup., São Carlos, v. 26, n. 2, p. 479-488, 2018.
• Tala posterior a 90º: esse tipo de órtese é indicado para casos em que é necessário
manter o cotovelo em 90º de flexão, como fraturas de úmero e antebraço, bem como
reparos na inervação. É confeccionada em material termoplástico e possui faixas de
velcro que mantém o cotovelo em 90º de flexão (BRANCO et al., 2008).
100
FIGURA 42 – ÓRTESE DO TIPO TALA POSTERIOR A 90º
FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-g/74844-7064139.webp>.
Acesso em: 24 set. 2021.
• Faixa de contensão para o cotovelo: essa órtese é indicada para pacientes que pos-
suem diagnóstico de epicondilite, e trata-se de uma peça confeccionada em material elás-
tico, com uma almofada de silicone ou pneumática, com faixas de velcro que ajustam a
pressão. Deverá ser posicionada cerca de dois centímetros abaixo da inserção dos
tendões do epicôndilo, visando a redução da tração exercida nos tendões
(PRENTICE, 2012).
101
FIGURA 44 – ÓRTESE DO TIPO COTOVELEIRA
102
• Órtese de imobilização para o punho: esse tipo de órtese possui a função de
restringir ao máximo o movimento do punho, podendo ou não incluir as articulações
metacarpo falangeanas e interfalangeanas. São indicadas para pacientes com
patologias reumatológicas como artrite reumatoide, traumatismos e pós-operatório de
cirurgias no punho. Quanto ao material e posicionamento, essa órtese é confeccionada
em plástico termo moldável, com tiras de velcro, sendo posicionadas de 35º a 40º de
extensão e 10º a 15º de desvio ulnar (SEU; PASQUALETTO, 2012).
103
• Órtese de punho elástico: são órteses fabricadas em Neoprene, que fornecem es-
tabilidade e aquecimento à articulação radioulnar. Essas órteses são indicadas para
tendinites e tenossinovites do punho, lesões do ligamento triangular do carpo, proteção
pós-operatória e prevenção de lesões em esportes (SEU; PASQUALETTO, 2012).
FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-g/122099-15601642.webp>.
Acesso em: 24 set. 2021.
104
• Órteses em anel: são órteses estáticas que permitem os movimentos dos dedos em
uma única direção (flexão ou extensão). Geralmente são indicadas para pacientes
com doenças reumatológicas que geram deformidades articulares, como no caso da
artrite reumatoide, que promove deformidades conhecidas como dedo em botoeira
e o pescoço de cisne. O dedo em botoeira é caracterizado pela flexão da articulação
interfalangeana proximal e hiperextensão da interfalangeana distal, sendo a órtese
utilizada para bloquear a flexão na articulação proximal. Já no dedo pescoço de cisne
ocorre a hipertensão da articulação interfalangeana proximal e flexão da distal, sendo a
órtese utilizada para bloquear a extensão (PRENTICE, 2012).
105
DICA
Se liga nessa dica de artigo: RODRIGUES, A. M. V. N. et al. Análise do
efeito do uso das órteses de punho na musculatura do antebraço: uma
revisão comentada da literatura. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 18,
n. 1, p. 30-37, 2007.
106
LEITURA
COMPLEMENTAR
A IMPORTÂNCIA DAS ÓRTESES DE MEMBROS INFERIORES NA
DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE – REVISÃO
Naelka dos Anjos Fernandes, Denise Caldeira Troise, Francis Meire Fávero,
Sissy Veloso Fontes, Acary Souza Bulle Oliveira
Introdução
Revisão Tradicional da Literatura com análise crítica. Foram realizadas buscas ele-
trônicas nas bases de dados MEDLINE (Medlars Online), LILACS (Literatura Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde), SciIELO (The ScientificElectronic Library Online), a fim
de identificar os artigos científicos indexados e publicados de 1979 a 2010. As estratégias
de busca utilizadas foram “Duchenne Muscular Dystrophy” AND “Orthoses OR Ortheses OR
Orthisis OR Splints OR Braces OR Ambulation”, OR Rehabilitation” OR “Physical Therapy”.
Resultados
108
Discussão
Nessa revisão tradicional da literatura com análise crítica, foram estudados por
Bach em 1991, 13 meninos com diagnóstico de DMD, segundo critérios já estabelecidos. No
pós-operatório, todos os pacientes foram submetidos à intervenção fisioterapêutica e uso
de órteses KAFO e LLB (LongLegBrace) a partir do 2º dia. Após o procedimento cirúrgico e o
período de fisioterapia, observou-se que todos os pacientes foram capazes de prolongar
o tempo de bipedestação não assistida e 11 pacientes apresentaram redução significativa do
número de quedas por mês: de 84±87 para 1±1 (p=0.034).
Entre 1977 e 1982, em outra pesquisa, cinquenta e sete meninos foram acompa-
nhados, durante seis meses, com o uso de órteses KAFO. Após o primeiro dia pós-operatório,
os pacientes foram submetidos a treino em bipedestação para descarga de peso, fazendo
uso de gesso nos membros inferiores. No 3º dia de pós-operatório, o gesso foi retirado
e colocada a órtese KAFO, para início do treino de marcha. Os autores citam que a uti-
lização de órteses KAFO ajuda a manter uma aparência mais agradável e, ao utilizá-las,
os pacientes são capazes de se levantar e caminhar com e sem auxílio, retardando o
aparecimento de deformidades, em especial, contraturas de quadril e joelho, pé equino e
escoliose.
Assim, entre os anos de 1976 e 1980, outro estudo realizou a avaliação quantitativa
seriada de 30 meninos com diagnóstico de DMD. Todos os pacientes foram adaptados
à órtese KAFO. Os autores demonstraram que os tipos de marcha independente e
assistida no nível seis da escala de Vignos continuou por cerca de 22.17 meses, com um
intervalo de cinco a 48 meses, em 24 dos 30 meninos participantes do estudo. Com isso,
sugeriram que a deambulação em pacientes com DMD poderá ser prolongada com o uso de
órteses, e o fator preditivo de maior importância para esta ocorrência é a presença de
força muscular residual nos abdutores de quadril e extensores de joelho.
109
As variáveis prognósticas mais importantes na duração da deambulação com
órteses são: capacidade vital, porcentagem residual de força muscular e coeficiente de
creatinina. O mesmo autor em um estudo mais recente afirma que o controle do avanço
das contraturas de membros inferiores, por meio da utilização de órteses, retarda o
avanço da fraqueza muscular dos pacientes com DMD, os quais retêm a habilidade de
caminhar por mais tempo.
Conclusão
110
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
111
AUTOATIVIDADE
1 A função da extremidade superior, na utilização da mão, de modo que ela possa
acessar e manipular objetos no espaço, é atingida por pensão, que é o ato de segurar,
pegar ou agarrar um objeto. O ombro, o cotovelo e o punho funcionam juntos para
colocar a mão em um local desejado, a fim de serem realizadas tarefas motoras finas
e amplas. O principal objetivo das órteses de extremidade superior, portanto, é manter
a função da mão, restaurando ou preservando a própria preensão ou permitindo o
posicionamento ideal da mão no espaço para manipular objetos no ambiente. Sobre
os objetivos comuns na área de órteses de extremidade superior, analise as opções a
seguir:
112
a) ( ) Em casos de paralisia e contratura de músculos intrínsecos da mão, pescoço
em cisne, paralisia do nervo ulnar e do nervo mediano, são indicadas órteses
de posicionamento para manutenção da amplitude de movimento e prevenção
de deformidades com posicionamento do punho em extensão, articulações
metacarpofalangeanas em mais de 60° de flexão e articulações interfalangeanas
em extensão completa.
b) ( ) Em casos de lesões nervosas, como a lesão traumática do plexo braquial,
são indicadas órteses dinâmicas de movimento para estimular o ganho da
movimentação ativa para membro superior (ombro, braço, antebraço e punho) e
para prevenir a tração do membro superior.
c) ( ) Em casos de artrite reumatoide, é indicada órtese estática de imobilização e
posicionamento com punho em posição neutra, metacarpo falangeano em 60º
de flexão e Interfalangeano em 30º de flexão.
d) ( ) Em casos de lesões por queimadura em dedos, são indicados dispositivos como
órteses progressivas estáticas e dinâmicas para mobilizar articulações, promover
ganho de amplitude e proporcionar alongamento dos músculos intrínsecos e
órteses de bloqueio de flexores superficial e profundo dos dedos.
114
REFERÊNCIAS
ABDUL, R. et al. Foot Plantar Pressure Measurement System: A Review. Sensors
(Switzerland), v. 12, n. 7, p. 9884-9912, 2012.
BANWELL, H. A.; MACKINTOSH, S.; THEWLIS D. Foot Orthoses for Adults with Flexible
Pes Planus: A Systematic Review. Journal of foot and ankle research, v. 7, n. 1, p.
23, 2014.
BRASIL. Viver sem limite – Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência:
SDH-PR/SNPD, 2013. Disponível em: file:///C:/Users/01844524060/Downloads/
cartilha-viver-sem-limite-plano-nacional-dos%20(1).pdf. Acesso em: 24 set. 2021.
115
DOMINGOS, B. S; SANTOS, N. R. E. Órtese de joelho com mecanismo de controle
da articulação. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Mecânica) – Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca –
CEFET/RJ, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: encurtador.com.br/irzB5. Acesso em:
24 set. 2021.
116
OLIVEIRA, F. P. M; TAVARES, J. M. R. S. Novel Framework for Registration of
Pedobarographic Image Data. Medical and Biological Engineering and Computing,
v. 49, n. 3, p. 313-23, 2011.
PAUK, J. J. et al. Influence of Insole Materials on Friction and Ground Reaction Force
during Gait. Journal of Friction and Wear, v. 36, n. 4, p. 319-23, 2015.
ROTH, S. et al. Navicular Index for Differentiation of Flatfoot from Normal Foot.
International Orthopaedics, v. 37, n. 6, p. 1107-12, 2013.
SEU, M.; PASQUALETTO, M. Hand therapy for dysfunction of the intrinsic muscles.
Hand Clinics, v. 28, n. 1, p. 87-100, 2012.
TANG, S. F et al. The Effects of Total Contact Insole with Forefoot Medial Posting on
Rearfoot Movement and Foot Pressure Distributions in Patients with Flexible Flatfoot.
Clinical Neurology and Neurosurgery, v. 129, p. 8-11, 2015.
WHITTLE, M. W. The Effects of Total Contact Insole with Forefoot Medial Posting on
Rearfoot Movement and Foot Pressure Distributions in Patients with Flexible Flatfoot.
Clinical Neurology and Neurosurgery, v. 129, p. 8-11, 2015.
117
118
UNIDADE 3 —
PRÓTESES E ÓRTESES EM
SITUAÇÕES ESPECIAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
119
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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120
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
PRÓTESES PARA MEMBROS INFERIORES
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, as próteses podem ser caracterizadas como dispositivos
empregados com o objetivo de substituir a função de alguma estrutura corporal, como os
membros, de maneira total ou parcial. Estes equipamentos são utilizados desde a
antiguidade e, ao longo dos anos, foram confeccionadas em diferentes materiais.
Atualmente, as próteses são leves, seguras, efetivas e proporcionam uma melhora
importante na qualidade de vida dos pacientes (VASCONCELOS; MATIELLO, 2020).
121
géticas possuem um mecanismo de propulsão de modo artificial. Nesses casos, são
utilizadas propulsões elétricas, pneumáticas ou mioelétricas. Por fim, as próteses híbridas
combinam duas características em uma mesma prótese (VASCONCELOS; MATIELLO, 2020).
FONTE: <http://saojoseortopedicos.com.br/wp-content/uploads/2016/01/CMI57-2-e.jpg>.
Acesso em: 28 set. 2021
Não tem capacidade ou potencial para deambular, nem para se transferir de forma segura,
com ou sem assistência. A utilização de uma prótese não melhorará a qualidade de vida ou a
K0
mobilidade.
Tem capacidade ou potencial para usar uma prótese para se transferir ou para deambular
em superfícies planas com uma cadência regular. Típico de um amputado que se desloca
K1
no domicílio de forma limitada.
Capacidade ou potencial para deambular com um baixo nível de capacidade para atravessar
barreiras arquitetônicas, tais como meios-fios, escadas, ou superfícies irregulares. Típico de
K2
um amputado que se desloca de forma limitada na comunidade.
Capacidade para deambular com cadência variável e para transpor barreiras
arquitetônicas. Típico de um amputado que se desloca na comunidade e poderá ter
K3 atividade física, profissional ou terapêutica, que exija a utilização da prótese além da
simples locomoção.
Tem capacidade ou potencial para deambular além das competências básicas de
deambulação, apresentando níveis de impacto, estresse ou energia elevados. Este
K4
nível inclui a maioria das crianças, adultos ativos ou atletas amputados.
124
FIGURA 3 – LINER EM SILICONE PARA PRÓTESE TRANSFEMORAL
125
É importante discutir com o usuário de prótese as facilidades e
Preferência do
dificuldades que ele apresentou com os modelos já utilizados,
paciente e histórico
quais são as suas expectativas, e quais são as suas necessidades
de protetização
cotidianas que devem ser atendidas pela nova prótese.
126
• Próteses para amputações de pés: atualmente, os pés protéticos disponíveis
podem ser de características rígidas, dinâmicos, articulados uniaxiais ou multiaxiais,
pés protéticos de resposta dinâmica, eletrônicos, pés não articulados e pés para
prática esportiva. Os pés rígidos são os mais simples, de baixo custo, baixo peso e
de durabilidade importante. Contudo, promovem pouca variação na velocidade
da marcha e, portanto, são indicados para pacientes que deambulam de maneira
limitada. Os pés articulados estão indicados para pacientes que necessitam e
possuem condições de realizar um movimento de flexão e extensão do tornozelo.
Assim como os rígidos, são de baixo custo e indicados para pacientes com baixo nível
de mobilidade. Os pés articulados multiaxiais realizam movimentos de flexão plantar,
flexão dorsal, inversão e eversão e são indicados para pacientes com amputações
de pé que sejam ativos, pois permitem a deambulação em terrenos irregulares com
muita efetividade. Já os pés de resposta dinâmica estão indicados para pacientes
com nível de mobilidade moderada a alta. Em geral, são confeccionados em fibra de
carbono (INSS, 2017).
FONTE: <http://www.catarin.org/wp-content/uploads/2017/08/pe-sach-300x169.jpg>.
Acesso em: 28 set. 2021
FONTE: <https://http2.mlstatic.com/D_NQ_NP_889054-MLB44516179527_012021-O.webp>.
Acesso em: 28 set. 2021
127
FIGURA 8 – PRÓTESE DE PÉ ARTICULADA MULTIAXIAL
128
FIGURA 9 – OSTEOARTROSE DE QUADRIL
129
Embora as artroplastias sejam intervenções cirúrgicas consideradas seguras,
existem riscos de complicações pós-operatórias (LENZA et al., 2013). É importante para o
fisioterapeuta e para equipe multidisciplinar conhecer as principais complicações que
podem ocorrer, a fim de preveni-las. Dentre as complicações mais comuns, encontram-se
a trombose venosa profunda, condição que ocorre devido à redução do fluxo de sangue
nos vasos sanguíneos, decorrente da imobilidade na cama e pelo processo cirúrgico
(CORTADA et al., 2015). Outros fatores de complicação na ATQ são: a luxação, que é o
deslocamento da prótese do local correto; e a fratura periprotética, na região do osso no
qual a prótese está fixa. (RAVI et al., 2014).
DICA
Quer saber mais sobre a atuação do fisioterapeuta na artroplastia total
de quadril (ATQ)? Acesse o e-book “Cuidados e orientações ao paciente
submetido à artroplastia de quadril”. Disponível em: http://www.cefid.
udesc.br/arquivos/id_submenu/2263/cuidados_e_orientacoes_ao_
paciente_submetido_a_artroplastia_de_quadril.pdf.
130
FIGURA 11 – ARTROPLASTIA DE JOELHO
FONTE: <https://www.saudebemestar.pt/media/86866/fisioterapia-apos-artroplastia.jpg>.
Acesso em: 28 set. 2021
131
DICA
Ficou interessado em maiores informações sobre as fases da reabilitação
fisioterapêutica pós- ATJ? Acesse o link:http://lyceumonline.usf.edu.br/
salavirtual/documentos/2835.pdf.
132
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• O tipo de prótese deverá ser escolhido pela equipe multiprofissional em conjunto com
o paciente, e devem ser levados em conta aspectos como o nível de amputação do
membro e a qualidade do coto.
133
AUTOATIVIDADE
1 Diferentes materiais podem ser utilizados para a confecção de próteses. De acordo
com a finalidade a que se destina a prótese, é feita a escolha do melhor material.
Sobre a confecção de próteses, analise as sentenças a seguir:
2 Para que as próteses cumpram seus papéis e garantam melhora da qualidade de vida do
paciente, elas precisam ser adequadamente indicadas, considerando uma série de fatores
que incluem condições de saúde do paciente, como nível de atividade e principal objetivo
com a protetização. Sobre as características das próteses, assinale a alternativa CORRETA:
3 As próteses para membros inferiores são divididas em dois grupos, segundo caracte-
rísticas próprias, e são conhecidas como próteses exoesqueléticas e endoesqueléticas.
Sobre essas próteses, avalie as asserções a seguir:
134
I- As próteses exoesqueléticas são conhecidas também como próteses convencionais,
sendo confeccionadas com componentes de madeira ou plástico, os quais servem
de conexão entre encaixe e pé. Suas paredes proporcionam, além da sustentação,
o acabamento estético.
PORQUE
135
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - V - V - V - V.
b) ( ) V - F - V - F - V.
c) ( ) F - V - F - V - F.
d) ( ) F - F - V - V - F.
I- A sensibilidade tátil e dolorosa deverá ser testada no coto apenas nos pontos de
contato da prótese.
II- Pelo teste de força manual, devem-se avaliar todos os grupos musculares do coto
de amputação. Quanto maior a força muscular e resistência à fadiga, melhor será o
controle sobre a estabilidade e a movimentação da prótese.
III- Deve-se realizar a goniometria ativa da articulação proximal ao coto de amputação.
IV- Na observação de restrições ao arco de movimento completo, faz-se a goniometria
passiva e consequentemente a diferenciação entre uma atitude viciosa ou fraqueza
muscular e uma deformidade articular irredutível.
V- A queixa de sensação de persistência de parte ou totalidade do membro amputado
caracteriza a dor fantasma.
136
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
PRÓTESES PARA MEMBROS SUPERIORES
E COLUNA VERTEBRAL
1 INTRODUÇÃO
Agora que já vimos os aspectos básicos sobre as próteses que envolvem os
membros inferiores, estudaremos as principais indicações e modelos disponíveis
para as próteses de membros superiores. Estas também podem ser classificadas em
exoesqueléticas ou endoesqueléticas. No entanto, uma outra forma de classificar
funcionalmente as próteses para membros superiores é no que se refere à funcionalidade
e forma utilizada para possibilitar os movimentos. Sendo assim, estas podem ser
classificadas em passivas, que são as estéticas, ou ativas, quando são mecânicas,
mioelétricas ou híbridas. (CHAMLIAN; INGHAM; CARDOSO, 2010).
PASSIVA ATIVA
Mecânica
Estéticas
Molétrica
Híbrida
FONTE: A autora
137
FIGURA 14 – PRÓTESE ESTÉTICA DE MÃO
FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-mg/80284-5266067.webp>.
Acesso em: 28 set. 2021.
138
FIGURA 16 – PRÓTESE MIOELÉTRICA DE MÃO
139
• Amputação parcial de mão: amputação dos dedos, amputação transmetacárpica.
140
FIGURA 19 – DESARTICULAÇÃO DE COTOVELO
141
FIGURA 21 – AMPUTAÇÃO TRANSRADIAL
142
Como consequências de uma má adaptação à prótese de membro superior,
podemos citar complicações, tais como isquemias por compressão axilar do tirante
de sustentação da prótese, processos inflamatórios e desgastes nas articulações do
membro não-amputado pelo uso excessivo, ou mesmo na articulação íntegra acima do
nível de amputação (BRASIL, 2016).
143
O fisioterapeuta possui um papel importante na adaptação da prótese. Veremos, a
seguir, os principais objetivos e condutas do tratamento ao indivíduo protetizado:
DICA
Quer saber mais sobre o processo de adaptação à prótese de membro
superior? Acesse o link: encurtador.com.br/cxLN1
144
2.1 PRÓTESES PARA COLUNA VERTEBRAL
Por fim, com relação às próteses para coluna vertebral, podemos citar a prótese de
substituição do disco intervertebral e as artrodeses de segmentos da coluna vertebral.
Principalmente a partir de 1980, diversas técnicas de instrumentação de coluna
vertebral foram desenvolvidas e aplicadas em pacientes por todo o mundo. Na década
subsequente, houve um refinamento dos métodos cirúrgicos e um crescimento focado,
principalmente, em técnicas minimamente invasivas (CAMPELLO et al, 2009).
145
FIGURA 27 – PRÓTESE DE DISCO INTERVERTEBRAL
FONTE: <https://bvsms.saude.gov.br/wp-content/uploads/2020/12/hernia_disco-300x280.jpg>.
Acesso em: 28 set. 2021
146
FIGURA 29 – ESPONDILOLISTESE
147
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
148
AUTOATIVIDADE
1 As próteses são equipamentos que se destinam a substituir a função de uma estrutura
anatômica ou um membro. De acordo com algumas características particulares, elas
podem ser classificadas em próteses implantáveis e não implantáveis. Com relação
às próteses, analise as opções a seguir:
149
3 Considerando a variedade de próteses existentes, é necessário que o fisioterapeuta,
juntamente da equipe multidisciplinar, indique corretamente a melhor prótese,
levando em conta algumas características particulares de cada paciente. Sobre o
exposto, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Próteses ativas: são acionadas por uma fonte de energia externa que detecta
potenciais elétricos na superfície da pele durante a contração muscular do coto.
b) ( ) Próteses passivas: possibilitam a ampliação do movimento passivo, retomando a
funcionalidade em casos de limitação cicatricial do movimento ativo.
c) ( ) Próteses mioelétricas: são acionadas pelo próprio paciente mediante o movimento
do coto ou do ombro por meio da tração de correias; requerem treinamento para
coordenação de diferentes funções.
d) ( ) Próteses estéticas: restabelecem o aspecto externo, implicam na renúncia
consciente das funções ativas e podem ser utilizadas para carregar objetos.
a) ( ) Passivas e mecânica.
b) ( ) Passivas e mioelétrica.
c) ( ) Passivas e híbrida.
d) ( ) Ativas e mioelétrica.
150
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —
BANDAGENS FUNCIONAIS E
ÓRTESES ESPORTIVAS
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos as principais bandagens funcionais e órteses utilizadas
no esporte. Sabemos que a atividade esportiva, amadora ou profissional, gera uma grande
demanda física aos atletas. Essa demanda, quando bem conduzida, poderá melhorar as
capacidades musculoesqueléticas ou danificá-las. O maior problema dos esportes é que a
demanda do sistema musculoesquelético, na maioria das vezes, é de forma caótica e não
previsível, proporcionando ao praticante um ambiente com aumento do risco de lesões
(BAHR; HOLME, 2003).
151
As lesões estão intimamente ligadas a estes materiais e suas aplicações, e isso
você vai começar a entender agora. Um dos principais objetivos do fisioterapeuta do
esporte é manejar ou tratar lesões e, nesta situação, podemos utilizar vários recursos
como eletroterapia, cinesioterapia, terapia manual e as órteses ou bandagens funcionais.
Existe, ainda, a possibilidade do uso de uma órtese para reduzir
152
Agora que conhecemos os objetos de estudo deste tópico, vamos aprofundar o
estudo sobre as diferentes órteses e bandagens utilizados nos principais complexos
articulares do corpo humano.
NOTA
Acadêmico, observe, a seguir, a tradução dos termos citados na Figura 33:
Navicular tuberosity: tuberosidade do osso navicular.
Navicular drop: drop do osso navicular.
153
Um dos mecanismos associados à síndrome do estresse tibial é a queda do
osso navicular. Um estudo realizado por Naderi et al., (2019) concluiu que o uso de uma
órtese esportiva para o levantamento do arco plantar consegue normalizar a mecânica
de sujeitos com a síndrome do estresse tibial. Veja na figura a seguir um exemplo de
uma órtese para levantar o arco plantar em atletas que apresentam essa disfunção.
154
Como podemos observar, nos quadrantes A e B, está a aplicação da bandagem
rígida, que foi considerada efetiva para o tratamento. No quadrante C está a aplicação da
bandagem elástica; e no quadrante D está a aplicação de uma bandagem placebo. No
caso do pé, tivemos duas formas de tratamento para reestabelecimento da mecânica
do arco plantar. Ambas são consideradas efetivas e podem ser utilizadas e aplicadas por
fisioterapeutas esportivos (KIM; PARK, 2017).
NOTA
Veja a tradução dos termos citados na Figura 36:
Jump Height: Altura do salto.
Strapping Magnitudes: Magnitude da bandagem.
DICA
Quer ler o artigo na íntegra? Acesse o link: <https://core.ac.uk/
download/pdf/227574749.pdf>.
155
Abordaremos, a seguir, o estudo das principais órteses e bandagens para a
região do tornozelo e articulação próxima ao pé, que têm a função de gerar mobilidade
a este complexo. O tornozelo movimenta-se de forma tridimensional e tem suas principais
amplitudes de movimento no plano sagital (dorsiflexão e plantiflexão), entretanto, é no
plano frontal (movimento de inversão) que está o seu maior índice de lesão (LEARDINI
et al., 2014).
No caso das entorses, o objetivo do uso das órteses esportivas e das bandagens
funcionais é o de reestabelecer a estabilidade mecânica do tornozelo e evitar um novo
episódio de lesão. Alguns profissionais e clubes esportivos utilizam destas ferramentas
para realizar um suporte profilático antes da primeira lesão (VUURBERG et al., 2018).
156
FIGURA 38 – BRACES DE TORNOZELO
NOTA
Acadêmico, compreenda melhor a Figura 38, através das informações a seguir:
A: Brace de tornozelo modelo LACE UP.
B: Brace de tornozelo modelo CAST.
Uma outra estratégia que poderá ser utilizada, nestes casos, é a bandagem
rígida de tornozelo, a qual é aplicada na pele, através de fitas adesivas rígidas, com um
posicionamento que faz com que produzam uma restrição de movimento ao mecanismo
de inversão do tornozelo (BICICI et al., 2012).
157
FIGURA 39 – PASSO A PASSO DO TAPE RÍGIDO DE TORNOZELO
DICA
Quer estudar o Guideline na íntegra? Acesse: <https://bjsm.bmj.com/
content/52/15/956.long>.
158
2.1 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO JOELHO
As órteses de joelho, também conhecidas como braces ou tutores, são classifi-
cadas em três diferentes categorias, sendo elas:
159
FIGURA 41 – BRACE MACIO DE JOELHO
O uso funcional das órteses de joelho para o esporte poderá ir além da mecânica.
O estudo de Priore et al., (2019) investigou o uso do brace de joelho na cinesiofobia
(medo não consciente de movimentar-se) em sujeitos diagnosticados com a síndrome
da dor patelofemoral. Os resultados do estudo indicam uma redução imediata da dor
e manutenção da analgesia naqueles sujeitos que fizeram o uso do brace de joelho ao se
movimentarem (PRIORE et al., 2019).
160
FIGURA 42 – BRACE E TAPE PATELAR
NOTA
A Figura 42 apresenta: quadrante superior esquerdo (controle);
quadrante superior direito (cinta patelar); quadrante inferior esquerdo
(tape patelar); e quadrante inferior direito (placebo).
161
FIGURA 43 – COLAPSO DO MEMBRO INFERIOR EM VALGO DINÂMICO DO JOELHO
162
FIGURA 44 – TAPE RÍGIDO DE QUADRIL PARA EVITAR O VALGO DINÂMICO DE JOELHO
Observe, na figura a seguir, como foi realizada a aplicação da bandagem rígida (A)
e da bandagem elástica (B):
163
FIGURA 45 – BANDAGENS FUNCIONAIS PARA O OMBRO DE ARREMESSADOR
164
FIGURA 46 – COLETE POSTURAL PARA MELHORAR A CINEMÁTICA ESCAPULAR EM
SUJEITOS COM IMPACTO DO OMBRO
165
poderá beneficiar na redução da dor no epicôndilo lateral em curto prazo (de duas até 12
semanas). O resultado do benefício poderá extrapolar até 26 semanas no ganho e função
destes atletas. Portanto, o brace de cotovelo apresenta-se como uma estratégia imediata
e a médio prazo para redução da sensibilidade e para a função destes atletas (KROSLAK
et al., 2019).
166
LEITURA
COMPLEMENTAR
TUTORES (“BRACE”) DE JOELHO: INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES
NA PRÁTICA ESPORTIVA
INTRODUÇÃO
Em 1972, foi desenvolvida a Lenox Hill brace para o paciente atleta jovem com
lesão ligamentar do joelho, acreditando-se que ela controlaria instabilidades rotacionais
do joelho. Como esclarecimento dos fenômenos que ocorrem no joelho, nas instabilidades
ântero-laterais, as órteses foram sofrendo modificações, com o objetivo de construir uma
órtese, cujo eixo coincida com o do movimento do joelho, impedindo-lhe movimentos
anormais.
Inicialmente, técnicos e atletas hesitavam quanto ao seu uso pela ideia de serem
quentes, pesadas, causarem pistonagem, escorregarem, restringirem os movimentos,
causarem câimbras, enfraquecerem músculos de suporte e ligamentos, aumentando
os traumas pelos novos vetores de força.
167
Seu uso se difundiu em outros esportes, além do futebol americano (futebol,
esqui, hóquei no gelo e grama, rúgbi), pelas pressões socioeconômicas, a despeito da
falta de documentação científica que comprovasse sua eficácia e do custo (equipar um
único jogador por temporada nos EUA custa cerca de US$ 400.00.
BIOMECÂNICA
Órteses simulam a função de uma parte do corpo pelo seu modelo intrínseco
e construção. As órteses podem apresentar-se com ou sem dobradiça e poderá ser
simples (monocêntrica, uniaxial), biaxial, policêntrica ou multiaxial. Elas podem ser uni ou
bilaterais, além de poderem ser equipadas de bloqueios de extensão e flexão, ajustando-
as a qualquer amplitude de movimento. O tutor ideal deveria permitir os movimentos de
rotação e translação normais do joelho durante o ciclo da marcha. No entanto, esse tutor
ideal não existe. As órteses que se denominam anatômicas são multiaxiais e quase não
fazem resistência à translação anterior a 20° de flexão.
A eficiência mecânica das órteses feitas sob medida (Lenox-Hill, Iowa etc.), com
dobradiças laterais, dependem de uma série de fatores: 1) materiais utilizados para a
confecção do manguito e dos componentes laterais; 2) planejamento (modelo) de uma
órtese individual; 3) aplicação de forças sobre partes moles; 4) suspensão da órtese; e
5) o processo de molde e acabamento.
Quando se usa uma única haste lateral rígida, não se deve manter contato da
dobradiça com a articulação, por diminuir a eficiência das órteses. Entretanto, quando
se usa hastes medial e lateral, o afastamento deverá ser mínimo, para melhor
proteção do LCM. A localização da dobradiça em relação ao joelho se mostrou mais
importante do que seu modelo, nas mudanças de força e momento através do joelho. A
colocação posterior resultou na menor força e, a anterior, na maior.
168
ÓRTESES PROFILÁTICAS
169
ÓRTESES REABILITATIVAS
ÓRTESES FUNCIONAIS
170
Estudos clínicos com braces funcionais mostraram que: 1) diminui o desempenho
atlético e aumenta o gasto energético medido pelo lactato sérico; 2) em joelhos instáveis,
resulta num aumento de 4,58%. do VO2 máximo, durante corrida horizontal a 16lm/
min; 3) aumenta o consumo de O2 e custo metabólico de 3 a 6% em indivíduos
assintomáticos; 4) Aumenta a pressão intramuscular no compartimento anterior da
perna, podendo induzir fadiga muscular prematura por perfusão insuficiente do músculo
exercitado; e 5) o uso de braces efetivamente diminui a flexão do joelho e a rotação total
da tíbia, durante corrida em reta.
CONCLUSÃO
Tutores (braces) para joelho podem ser classificados em três grupos básicos: 1)
profiláticos; 2) reabilitativos; e 3) funcionais. A órtese profilática é de pequena eficácia,
não justificando os custos de seu uso. Os principais fatores afetando a escolha da órtese
reabilitativa e funcional são: 1) o número, arranjo e média de faixas na interface com
a órtese; 2) o modelo e alinhamento das barras com dobradiça, incluindo a presença ou
ausência de contato com a interlinha articular; 3) a maneira de colocação das barras
articuladas em contato com o membro, incluindo a presença e área dos cartuchos (shells), o
arranjo e a área para materiais de fixação no cartucho (shell), bem como as propriedades
dos materiais das shells; e 4) modelo da dobradiça (ou articulação). O uso efetivo destas
órteses dependerá do conhecimento do médico sobre suas limitações e capacidades.
171
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• As bandagens funcionais podem ser definidas como fitas adesiva com resistência
mecânica para resistir ao alongamento.
172
AUTOATIVIDADE
1 As órteses, no contexto da reabilitação das disfunções da região pélvica, podem
contribuir com a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, bem como da autonomia
e da independência, durante atividades funcionais. Com relação às órteses para a
região pélvica, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Elas são mais utilizadas para dar suporte às articulações envolvidas na lesão.
b) ( ) Entre seus exemplos, é possível citar o Mulligan Tape, o McConnel Tape e o
Kinesio Tape.
c) ( ) Elas apresentam a capacidade de aumentar até 140% do seu tamanho original.
d) ( ) Elas não conseguem aumentar a tolerância à carga nem facilitar o controle
muscular.
173
a) ( ) As fraturas, a sensibilidade na pele e as feridas abertas geram precauções em
relação à aplicação dessas bandagens.
b) ( ) As bandagens elásticas podem ser utilizadas em casos de instabilidade articular,
para dar suporte articular.
c) ( ) A bandagem rígida é indicada para controlar o edema, como em pós-operatórios,
contusões e lesões agudas.
d) ( ) As bandagens rígidas são indicadas para melhorar a estabilidade articular, em
casos como entorses de tornozelo.
5 Atleta N.V.S, jogador de badminton, 18 anos, sexo masculino. Apresenta dor no ombro
direito (lado dominante) durante movimentos acima da cabeça, principalmente o
smash. Ele estreará em algumas horas em uma competição nacional e precisará de
um suporte para auxiliar a competir com menos dor e mais função. A avaliação do
fisioterapeuta identificou que ele apresentará uma redução de 20 graus de rotação
interna do ombro direito. Disserte sobre o motivo de não aplicarmos o tape rígido no
período pré-competição neste atleta.
6 Atleta A.T, corredora de 800 metros, sexo feminino, 14 anos, está treinando para
alcançar nível nacional no próximo semestre. Apresentou-se à clínica com diagnóstico de
síndrome do estresse tibial, posterior a uma carga mais acentuada de treinamento.
Ela relatou dor bilateral durante a aterrissagem da corrida. O fisioterapeuta identificou
uma pronação excessiva do pé, de forma bilateral, durante estas atividades. Disserte
sobre uma órtese que manteria a atleta em treinamento, com menor, desconforto e
estresse tibial.
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REFERÊNCIAS
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