Você está na página 1de 187

Prótese e

Órtese

Prof.ª Juliana Rosa Nascimento

Indaial – 2021
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Juliana Rosa Nascimento

Copyright © UNIASSELVI 2021

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

N244p

Nascimento, Juliana Rosa

Prótese e órtese. / Juliana Rosa Nascimento – Indaial:


UNIASSELVI, 2021.

178 p.; il.

ISBN 978-65-5663-865-2
ISBN Digital 978-65-5663-860-7

1. Ortopedia. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 610

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Prótese e Órtese. A proposta
desse material é reunir elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do
estudo acadêmico com segurança e qualidade. Pretende-se, com este material, levá-lo
à reflexão e à compreensão acerca de conteúdos relacionados à fisioterapia na prescrição
de órteses, próteses e dispositivos auxiliares de marcha, possibilitando-lhe ampliar
conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa.

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivi-


didas em tópicos, de forma didática, objetiva e coerente.

Em vista disso, na Unidade 1, serão introduzidos conceitos acerca das órteses,


próteses e DAM, assim como suas classificações e principais indicações. Ainda, aprofun-
daremos o estudo sobre os DAM e a prescrição fisioterapêutica. Por fim, abordaremos
conceitos sobre a fisioterapia no pré e pós-operatório de protetização, os níveis e com-
plicações das amputações, avaliação físico-funcional do paciente amputado e a reabilitação
fisioterapêutica durante o pré e pós-operatório de amputações.

Em seguida, na Unidade 2, estudaremos as principais classificações e indicações


das órteses para quadril e membros inferiores (joelho, tornozelo, órteses plantares e órteses
para a região pélvica), órteses para os membros superiores (ombro e região clavicular,
cotovelo, punho, mãos e dedos) e órteses espinhais (coluna cervical, torácica e lombar).

Por fim, na Unidade 3, aprenderemos sobre as classificações, indicações


das próteses para membros superiores e inferiores, bandagens funcionais e órteses
esportivas nas disfunções da articulação coxofemoral, acromioclavicular, disfunções de
cotovelo e antebraço e disfunções da mão e do punho.

Bons estudos!

Prof.ª Juliana Rosa Nascimento


GIO
Olá, eu sou a Gio!

No livro didático, você encontrará blocos com informações


adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender
melhor o que são essas informações adicionais e por que você
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais
e outras fontes de conhecimento que complementam o
assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos


os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina.
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada
também digital, em que você pode acompanhar os recursos
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que
também contribui para diminuir a extração de árvores para
produção de folhas de papel, por exemplo.

Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente,


apresentamos também este livro no formato digital. Portanto,
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Preparamos também um novo layout. Diante disso, você


verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos,
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.

QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você –
e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR
Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite
que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois,
é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


mento, construímos, além do livro que está em
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que


preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 — ÓRTESES, PRÓTESES E DISPOSITIVOS AUXILIARES
DE MARCHA........................................................................................1

TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS ÓRTESES, PRÓTESES E DISPOSITIVOS


AUXILIARES DE MARCHA................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 3
2 CLASSIFICAÇÕES E INDICAÇÕES DAS ÓRTESES.............................................. 6
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ÓRTESES.........................................................................................7
2.1.1 Classificação quanto ao tempo de utilização.........................................................7
2.1.2 Classificação quanto à função...................................................................................................7
2.1.3 Classificação quanto à funcionalidade.................................................................10
2.1.4 Classificação quanto à confecção..........................................................................11
3 CLASSIFICAÇÕES E INDICAÇÕES DAS PRÓTESES.......................................... 12
3.1 TIPOS E CLASSIFICAÇÕES DAS PRÓTESES..................................................................13
4 DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA E LOCOMOÇÃO............................... 16
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................... 19
AUTOATIVIDADE....................................................................................................20

TÓPICO 2 — DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA........................................23


1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................23
2 BENGALAS..........................................................................................................24
2.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM O USO DA BENGALA ...................................... 25
3 MULETAS............................................................................................................. 27
3.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM AS MULETAS..................................................... 28
4 ANDADOR............................................................................................................30
4.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM O USO DO ANDADOR ..................................... 32
RESUMO DO TÓPICO 2...........................................................................................34
AUTOATIVIDADE....................................................................................................35

TÓPICO 3 — FISIOTERAPIA NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO


DE PROTETIZAÇÃO........................................................................... 37
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 37
2 NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO.....................................................................................38
3 AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DO PACIENTE AMPUTADO...............................43
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................... 47
RESUMO DO TÓPICO 3...........................................................................................53
AUTOATIVIDADE....................................................................................................54

REFERÊNCIAS........................................................................................................56
UNIDADE 2 — ÓRTESES E SUAS APLICAÇÕES NA FISIOTERAPIA.....................59

TÓPICO 1 — ÓRTESES PARA QUADRIL E MEMBROS INFERIORES...................... 61


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 61
2 PRINCIPAIS ÓRTESES DESTINADAS AOS MEMBROS INFERIORES................ 61
2.1 ANKLE-FOOT ORTHOSIS (TORNOZELO E PÉ).............................................................. 62
2.2 KNEE-ANKLE-FOOT ORTHOSIS (JOELHO-TORNOZELO-PÉ).................................. 64
2.3 HIP-KNEE-ANKLE-FOOT ORTHOSIS (QUADRIL-JOELHO-TORNOZELO-PÉ)........67
2.4 ÓRTESES PLANTARES......................................................................................................68
2.4.1 Arcos plantares.......................................................................................................... 69
2.4.2 Avaliação do pé e prescrição de palmilhas ........................................................72
2.4.3 Órteses de modificação interna ............................................................................74
2.4.4 Órteses de modificação externa ...........................................................................76
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................... 79
AUTOATIVIDADE....................................................................................................80

TÓPICO 2 — ÓRTESES PARA A COLUNA VERTEBRAL.........................................83


1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................83
2 ÓRTESES PARA COLUNA CERVICAL................................................................ 84
3 ÓRTESES PARA COLUNA TORÁCICA, LOMBAR E SACROILÍACA....................89
RESUMO DO TÓPICO 2...........................................................................................94
AUTOATIVIDADE....................................................................................................95

TÓPICO 3 — ÓRTESES PARA MEMBROS SUPERIORES....................................... 97


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 97
2 ÓRTESES PARA O OMBRO..................................................................................98
3 ÓRTESES PARA O COTOVELO..........................................................................100
4 ÓRTESES PARA MÃO, PUNHO E DEDOS..........................................................102
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................. 107
RESUMO DO TÓPICO 3.......................................................................................... 111
AUTOATIVIDADE.................................................................................................. 112

REFERÊNCIAS.......................................................................................................115

UNIDADE 3 — PRÓTESES E ÓRTESES EM SITUAÇÕES ESPECIAIS...................119

TÓPICO 1 — PRÓTESES PARA MEMBROS INFERIORES..................................... 121


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 121
1.1 PRÓTESES PARA MEMBROS INFERIORES...................................................................122
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................... 133
AUTOATIVIDADE..................................................................................................134
TÓPICO 2 — PRÓTESES PARA MEMBROS SUPERIORES E COLUNA
VERTEBRAL..................................................................................... 137
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 137
2 PRINCIPAIS PRÓTESES PARA MEMBROS SUPERIORES ............................... 139
2.1 PRÓTESES PARA COLUNA VERTEBRAL .................................................................... 145
RESUMO DO TÓPICO 2.........................................................................................148
AUTOATIVIDADE..................................................................................................149

TÓPICO 3 — BANDAGENS FUNCIONAIS E ÓRTESES ESPORTIVAS...................151


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................151
2 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO TORNOZELO E DO PÉ...... 153
2.1 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO JOELHO.................................. 159
2.2 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO QUADRIL ................................ 161
2.3 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO OMBRO................................... 163
2.4 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO COTOVELO............................ 165
LEITURACOMPLEMENTAR.................................................................................. 167
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................... 172
AUTOATIVIDADE.................................................................................................. 173

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 175
UNIDADE 1 —

ÓRTESES, PRÓTESES E
DISPOSITIVOS AUXILIARES
DE MARCHA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conceituar órtese, prótese e dispositivos auxiliares de marcha;

• compreender as principais indicações e contraindicações das órteses, próteses e


dispositivos auxiliares de marcha;

• compreender as principais classificações das órteses, próteses e dispositivos


auxiliares de marcha;

• realizar uma adequada prescrição dos dispositivos auxiliares de marcha;

• realizar a avaliação físico-funcional de pacientes amputados;

• reabilitar pacientes no período pré e pós-operatório de amputações.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO ÀS ÓRTESES, PRÓTESES E DISPOSITIVOS AUXILIARES


DE MARCHA

TÓPICO 2 – DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA E LOCOMOÇÃO

TÓPICO 3 – FISIOTERAPIA NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DE PROTETIZAÇÃO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

Acesse o
QR Code abaixo:

2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 —
INTRODUÇÃO ÀS ÓRTESES, PRÓTESES E
DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste primeiro tópico serão debatidos conceitos básicos sobre
as características das órteses, próteses e dispositivos auxiliares de marcha (DAM), com
a finalidade de iniciarmos nosso processo de construção do conhecimento acerca dos
assuntos que serão abordados nas três unidades subsequentes.

Atualmente, com os avanços da tecnologia, cada vez mais pessoas estão


conseguindo acesso às órteses e próteses, assim como aos DAM. Por isso, é de extrema
importância que o profissional fisioterapeuta tenha conhecimento sobre o assunto, a fim
de realizar a prescrição adequada desses equipamentos ao seu paciente.

De acordo com Matiello e Vasconcelos (2019), a órtese é uma palavra derivada


do grego, que significa correção/colocação, se trata de um dispositivo aplicado em
um segmento corporal para modificar as características estruturais e funcionais de
tal segmento. Órtese é, então, todo e qualquer aparelho, dispositivo, instrumento ou
adaptação terapêutica que auxiliará o indivíduo em sua função motora. Além disso,
possui finalidades conjuntas ou isoladas, de acordo com a necessidade específica do
caso a ser tratado.

As órteses são consideradas como um recurso terapêutico auxiliar ao tratamento,


aplicado externamente ao corpo para substituir um poder motor ausente, recuperar a
função, posicionar ou imobilizar a articulação, prevenir ou corrigir deformidades,
proteger estruturas em processo de cicatrização e permitir remodelagem ou crescimento
tecidual (MATIELLO; VASCONELOS, 2019).

Da mesma forma, são dispositivos utilizados para evitar compensações e


deformidades, bem como para melhorar a capacidade funcional do paciente. Alguns
exemplos de órteses muito utilizadas na atualidade são: órteses para estabilização de
articulações, marca-passo, dispositivos auditivos, cintos para estabilização da coluna
vertebral, colete cervical, entre outros (TEIXEIRA, 2015).

3
FIGURA 1 – EXEMPLO DE ÓRTESES

FONTE: <https://bit.ly/3B6evry>. Acesso em: 21 set. 2021.

Já a prótese, por definição, segundo Carvalho (2013), é caracterizada como um


dispositivo auxiliar, com função de substituir um membro, um órgão ou um tecido. São
indicadas principalmente para substituir segmentos amputados ou malformados, como
próteses para membros e articulações.

Com isso, as órteses exercem funções específicas sobre um segmento corpóreo,


enquanto as próteses substituem tal segmento, como podemos observar na Figura 2.

FIGURA 2 – EXEMPLO DE PRÓTESE E ÓRTESE DE MEMBRO INFERIOR

FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/40954677849022401/>. Acesso em: 21 set. 2021.

A figura a seguir apresentará alguns exemplos de próteses utilizadas para


substituir membros ou articulações:

4
FIGURA 3 – EXEMPLOS DE PRÓTESES PARA MEMBROS INFERIORES

FONTE: <https://bit.ly/30HXlE6>. Acesso em: 21 set. 2021.

Segundo Teixeira (2015), outros exemplos de próteses utilizados na atualidade


são: próteses que substituem válvulas cardíacas, implantes dentários, próteses mamárias e
próteses oculares.

FIGURA 4 – PRÓTESES MAMÁRIAS

FONTE: <https://bit.ly/3CbRftC>. Acesso em: 21 set. 2021.

FIGURA 5 – PRÓTESE CARDÍACA E VÁLVULA METÁLICA

FONTE: <https://static.ndmais.com.br/2020/11/proteses.jpg>. Acesso em: 21 set. 2021.

5
Por fim, os dispositivos auxiliares de marcha (DAM), que são considerados
como equipamentos de órteses, no entanto, não se enquadram nessa função, uma vez
que possuem objetivos específicos como auxiliar nas transferências e na marcha de
pacientes que apresentam prejuízos de mobilidade. Os DAM, como bengalas, muletas e
andadores, fazem parte de programas multidimensionais de prevenção de quedas, visto
que melhoram a independência funcional, a mobilidade, o equilíbrio, a base de suporte
e reduzem os efeitos de uma ampla gama de deficiências (CARVALHO, 2013).

FIGURA 6 – EXEMPLOS DE DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA

FONTE: <https://neuroreabilitar.files.wordpress.com/2016/08/meios.jpg?w=439&h=439>
Acesso em: 21 set. 2021.

Com isso, este tópico abordará, a seguir, os principais tipos e indicações das
órteses, próteses e DAM. Preparados? Vamos lá!

2 CLASSIFICAÇÕES E INDICAÇÕES DAS ÓRTESES


Com relação à história das órteses, os primeiros registros do seu uso são no
Egito, e datam dos anos de 2750 a 2625 a.C., de acordo com registros arqueológicos,
nossos antepassados utilizavam as órteses para o tratamento de fraturas e outras
lesões de tecidos moles, como entorses de tornozelo. Nesse período, as órteses serviam
basicamente como uma tala, imobilizando o segmento corporal afetado e, com isso,
facilitando o processo de reparo do tecido ósseo (CARVALHO, 2013).

Posteriormente, há relatos de que Hipócrates (460-377 a.C.) passou a utilizar


as órteses para tratamento de outras condições, tais como: escolioses, luxações e
malformações congênitas. No entanto, apesar das órteses serem utilizadas desde a
antiguidade, a grande expansão no seu uso ocorreu após as Guerras Mundiais, visto
que causaram muitas sequelas musculoesqueléticas decorrentes das amputações e outros
ferimentos de guerra. Diante disso, houve um avanço importante na confecção das
órteses, visando atender as demandas da época (CARVALHO, 2013).

6
No que diz respeito aos materiais utilizados para confecção das órteses,
inicialmente, essas eram confeccionadas principalmente em metal, couro e tecido.
Atualmente, com o avanço tecnológico, as órteses são fabricadas com materiais
mais leves e resistentes, tais como: couro, ligas metálicas, termoplásticos, espumas,
polímeros viscoelásticos e fibras de carbono (CARVALHO, 2013). As espumas geralmente
são utilizadas como uma interface de proteção entre as órteses e a pele, principalmente
em áreas vulneráveis a lesões como as proeminências ósseas (CARVALHO, 2013).

2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ÓRTESES


Utilizadas como um adjunto no processo de reabilitação, as órteses favorecem
o tratamento terapêutico. Contudo, observa-se que as mesmas devem ser criteriosa
e adequadamente indicadas, elaboradas e confeccionadas com vistas à atenção às
necessidades da pessoa e, sobretudo, apropriadamente adaptadas. As órteses possuem
diversas classificações, conforme a seguir.

2.1.1 Classificação quanto ao tempo de utilização


• Órteses para uso temporário: são confeccionadas para serem utilizadas por
um curto período (dias ou semanas) e, por isso, geralmente são pré-fabricadas ou
fabricadas com materiais mais simples (CARVALHO, 2013).
• Órteses para uso definitivo: indicadas para casos de sequelas neurológicas, como
acidente vascular encefálico, paralisia cerebral e traumatismo raquimedular. Devem ser
confeccionadas sob medida, com materiais resistentes e leves, de forma a facilitar a
adaptação do paciente à órtese (CARVALHO, 2013).

2.1.2 Classificação quanto à função


• Órteses para repouso: são utilizadas nos casos em que os movimentos articulares de
determinado segmento não são permitidos, a fim de evitar piora da lesão ou aumento do
quadro álgico. Como exemplo, podemos citar a tipoia para estabilizar o ombro em
uma luxação glenoumeral (CARVALHO, 2013), conforme a Figura 7.

7
FIGURA 7 – EXEMPLO DE ÓRTESE PARA REPOUSO – TIPOIA

FONTE: <https://bit.ly/3nhb0K5>. Acesso em: 22 set. 2021.

• Órteses para imobilização: as órteses utilizadas para imobilização devem evitar


qualquer movimento do segmento envolvido, sendo, portanto, indicadas em casos de
traumas importantes ou em cuidados de pós-operatório imediato. Como exemplo,
pode-se citar a órtese tipo Jewett, utilizada para fratura de corpo vertebral; ou
órteses de Sarmiento, utilizadas para estabilização de fraturas (CARVALHO, 2013).

FIGURA 8 – ÓRTESE DE SARMIENTO PARA ESTABILIZAÇÃO DE FRATURA

FONTE: <https://bit.ly/3B5C1VQ>. Acesso em: 22 set. 2021.

• Órteses para proteção: as órteses com objetivo de proteção são indicadas


principalmente para se evitar traumas repetitivos e lesões em regiões com alteração
sensitiva ou limitar movimentos indesejados. Podemos citar, por exemplo, órteses
plantares para pés neuropáticos e joelheiras articuladas com controle da amplitude
de movimento (CARVALHO, 2013).

8
• Órteses para propriocepção: as órteses com finalidade proprioceptiva permitem aos
pacientes a realização de atividades com menor risco de lesões ou recidivas. Também
podem ser utilizadas para facilitar a manutenção postural. Essas órteses são flexíveis
e permitem movimentos articulares. As tornozeleiras e os corretores posturais são
exemplos de órteses proprioceptivas (CARVALHO, 2013).

FIGURA 9 – ÓRTESE PARA PROPRIOCEPÇÃO

FONTE: < https://bisturi.com.br/17391-large_default/mercur-tornozeleira-ziper-gg.jpg >.


Acesso em: 22 set. 2021.

• Órteses para correção: as órteses para correção podem ser utilizadas em situações
nas quais ainda é possível reverter um encurtamento, retração ou desvio articular não
estruturado, como em casos de padrão flexor de membros superiores, encurtamento
do tendão do calcâneo e nas escolioses. O correto posicionamento na aplicação
dos vetores de força sobre o segmento corpóreo é fundamental para um resultado
satisfatório (CARVALHO, 2013).

Com relação à terminologia, as órteses podem ser classificadas quanto à


região anatômica que está sendo envolvida pela órtese: regiões da coluna vertebral,
articulações e segmentos de membros superiores e inferiores emprestam seus nomes para
denominar as órteses. As funções ou os efeitos que as órteses tenham ou que produzam
nos locais que estejam vestindo também são consideradas (CARVALHO, 2013).

Convencionou-se utilizar as iniciais das articulações ou segmentos corpóreos


envolvidos pelas órteses, no sentido craniocaudal, em inglês; e a letra “o”, correspondente à
orthosis, no final, colaborando para uma comunicação mais clara e eficaz (CARVALHO,
2013). Vejamos a figura a seguir.

9
FIGURA 10 – NOMENCLATURA RELACIONADA AOS NÍVEIS ANATÔMICOS

FONTE: Vasconcelos e Matiello (2019, p. 19)

Na figura 10, temos a seguinte legenda: AFO = ankle-footorthosis; KAFO = knee-


ankle-footorthosis; HO = hip orthoses; KO = knee orthoses e HKAFO = hip- knee – ankle – foot
orthosis.

2.1.3 Classificação quanto à funcionalidade


• Órteses estáticas: as órteses estáticas possuem como principais funções a imobi-
lização, repouso, proteção, sustentação e correção. Quanto às principais indicações
para a utilização desse tipo de órtese, podemos citar: incapacidades neurológicas,
musculares e articulares, sequelas de fraturas, queimaduras, condições pré-operatórias
e patologias ortopédicas que exijam repouso relativo (MATIELLO; VASCONCELOS,
2019).

FIGURA 11 – ÓRTESE ESTÁTICA

FONTE: <https://ufscarlafatec.wordpress.com/orteses/>. Acesso em: 22 set. 2021.

10
• Órteses dinâmicas: as órteses dinâmicas são aquelas que permitem movimentos
articulares. Têm como objetivo corrigir deformidades causadas por desequilíbrio
muscular, por meio de tração suave e constante, enquanto permite que os músculos
normais se mantenham ativos. São indicadas para auxiliar e direcionar os movimentos,
podendo a amplitude de movimento permitida ser limitada ou livre. São fabricadas
com materiais flexíveis que permitem a realização dos movimentos desejados
(VASCONCELOS; MATIELLO, 2019).

FIGURA 12 – ÓRTESE DINÂMICA

FONTE: <https://www.orfit.com/app/uploads/Dynasyst-2.jpg>. Acesso em: 22 set. 2021.

2.1.4 Classificação quanto à confecção


• Órteses pré-fabricadas: são aquelas fabricadas em série e, geralmente,
confeccionadas em termoplásticos de alta temperatura ou diferentes tecidos. São
fabricadas em larga escala e vários tamanhos, além de materiais flexíveis. Como
exemplo, podemos citar os colares cervicais, coletes lombares e joelheiras. O benefício
deste tipo de órtese é o baixo custo e a praticidade (MATIELLO; VASCONELOS, 2019).

FIGURA 13 – ÓRTESE PRÉ-FABRICADA: COLAR CERVICAL EM ESPUMA

FONTE: <https://bit.ly/3B7fUxW>. Acesso em: 22 set. 2021.

11
• Órteses confeccionadas sob medida: são confeccionadas diretamente sobre o
paciente, proporcionando uma adaptação adequada. Como vantagem, podemos
realizar o alinhamento da amplitude de movimento e mobilidade permitida para a
articulação envolvida, considerando a evolução do paciente. Como desvantagem,
possuem um custo mais elevado quando comparadas às órteses pré-moldadas,
além de um maior período de entrega (MATIELLO, 2019).

FIGURA 14 – ÓRTESE SOB MEDIDA

FONTE: <https://bit.ly/3m5lHQD>. Acesso em: 22 set. 2021.

3 CLASSIFICAÇÕES E INDICAÇÕES DAS PRÓTESES


Conforme mencionado, as próteses são equipamentos empregados visando
à substituição de um membro em pacientes que sofreram amputações e realizaram a
remoção total ou parcial de um membro (INSS, 2017).

Os primeiros registros do uso das próteses são de 484 a.C, quando houve uma
confecção de prótese de pé, confeccionada em madeira, para substituir essa estrutura
após uma amputação. Posteriormente, durante a Segunda Guerra Mundial, passaram
a ser desenvolvidas algumas próteses em ferro para substituir principalmente partes de
membros superiores e inferiores, que eram amputadas durante as batalhas. Já no
século XX, houve um avanço importante no desenvolvimento das próteses, sendo estas
mais leves e funcionais, proporcionando uma melhor adaptação dos pacientes ao uso da
prótese (CARVALHO, 2013).

Nesse sentido, com o desenvolvimento da tecnologia, no fim do século XX e


início do século XXI, houve a confecção de próteses mais modernas, com sistemas
mecatrônicos acoplados, tornando as próteses mais funcionais e adequando-as às reais
necessidades dos pacientes (CARVALHO, 2013).

12
3.1 TIPOS E CLASSIFICAÇÕES DAS PRÓTESES
As próteses podem ser utilizadas por meio de implantação cirúrgica (implantáveis)
ou não cirúrgica. Dentre as próteses implantáveis, podemos citar as de substituição de
alguma estrutura, como quadril, joelho ou discos intervertebrais (INSS, 2017).

FIGURA 15 – EXEMPLO DE PRÓTESE IMPLANTÁVEL NA ARTICULAÇÃO DO JOELHO

FONTE: <https://bit.ly/3m0Q4HL>. Acesso em: 22 set. 2021.

FIGURA 16 – PRÓTESE IMPLANTÁVEL DE QUADRIL

FONTE: <https://bit.ly/3juOuw2>. Acesso em: 22 set. 2021.

As próteses do tipo não implantáveis são as mais empregadas em pacientes que


passaram por amputações de membros, uma vez que não necessitam de procedimento
cirúrgico para serem colocadas. Esses tipos de próteses são classificados em diferentes
grupos, de acordo com a função, a estrutura e o tipo de energia que utilizam para gerar a
função (INSS, 2017).

13
FIGURA 17 – EXEMPLO DE PRÓTESE NÃO IMPLANTADA

FONTE: <https://bit.ly/3EmwJHBf>. Acesso em: 22 set. 2021.

Quanto a sua função, as próteses podem ser classificadas em ativas ou passivas.


As próteses ativas possuem funcionalidade ao paciente, enquanto as passivas são
empregadas de forma estética, para melhorar o aspecto da falta do membro. As próteses
ativas permitem diferentes níveis de movimento, e ambas (passivas e ativas) possuem
benefícios na dessensibilização do coto, conforto e melhora da imagem corporal
(VASCONCELOS, 2019).

FIGURA 18 – PRÓTESE PASSIVA DE MÃO

FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-mg/80284-5266067.webp>.
Acesso em: 22 set. 2021.

14
FIGURA 19 – PRÓTESE ATIVA DE MÃO

FONTE: <https://bit.ly/3C8FJPB>. Acesso em: 22 set. 2021.

Quanto a sua estrutura, as próteses são classificadas em exoesqueléticas e


endoesqueléticas. As próteses exoesqueléticas (convencionais) são confeccionadas
com estrutura exterior em material rígido. Nesses casos, emprega-se materiais
como: polipropileno, madeira, alumínio, fibra de carbono ou resina acrílica laminada,
entre outros. Já as próteses endoesqueléticas (modulares) são formuladas com um
sistema especial, chamado de sistema tubular. Esse sistema é conectado a encaixes
específicos, formulados em aço, alumínio ou titânio. Podem, ainda, ser formuladas com
um revestimento cosmético. Por serem mais leves que as próteses exoesqueléticas,
elas permitem uma variedade de adaptações (VASCONCELOS, 2019).

Por fim, com relação ao tipo de energia utilizada, elas podem ser classificadas
como: emendoenergéticas, exoenergéticas ou híbridas. As próteses endoenergéticas são
próteses do tipo mecânicas e utilizam a propulsão muscular para gerar movimento. Nesses
casos, a energia do paciente é transmitida para a prótese por estruturas, como correias e
tirantes, gerando o movimento (INSS, 2017).

Ao contrário das endoenergéticas, as próteses exoenergéticas possuem um


mecanismo de propulsão de modo artificial. Nesses casos, são utilizadas propulsões
elétricas, pneumáticas ou mioelétricas. As próteses híbridas, por sua vez, combinam duas
características em uma mesma prótese (INSS, 2017).

FIGURA 20 – PRÓTESE EXOENERGÉTICA

FONTE: <https://www.ortosan.com.br/produtos/protese-mioeletrica/28>. Acesso em: 22 set. 2021.

15
FIGURA 21 – PRÓTESE ENDOENERGÉTICA

FONTE: <https://bit.ly/3B8lOim>. Acesso em: 22 set. 2021.

4 DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA E LOCOMOÇÃO


Os DAM também podem ser chamados de equipamentos de assistência
à mobilidade, e incluem uma série de aparelhos que auxiliam os pacientes nas suas
funções motoras do dia a dia. Entretanto, para que tenham uma boa efetividade, é
necessário que o fisioterapeuta auxilie o paciente adequadamente, indicando, ajustando e
ensinando ao paciente a adequada utilização do dispositivo (CHAMLIAN, 2010).

Para tanto, é importante que o fisioterapeuta tenha conhecimento sobre os


principais componentes desses equipamentos, as medidas de prescrição e o modo
correto de utilização, a fim de garantir ao paciente o uso de um equipamento cuja
estrutura esteja adequada e seja capaz de promover as funções desejadas. Quando
devidamente indicados, esses equipamentos proporcionam ao paciente uma maior
estabilidade durante a marcha e a redução da carga em membros inferiores, reduzindo
dores articulares e compensando fraquezas (CHAMLIAN, 2010).

Além disso, esses dispositivos ampliam as funções físicas, fornecendo maior


liberdade de movimento, equilíbrio, estabilidade e independência ao paciente. Os
pacientes beneficiados pelo uso dos DAM incluem sujeitos acometidos por disfunções
cinético-funcionais temporárias e permanentes, permitindo caminhar ou deslocar-se
com maior segurança, rapidez e menor gasto energético (CHAMLIAN, 2010).

A prescrição DAM depende da interação entre fatores individuais, ambientais e


inerentes ao equipamento, devendo estar condicionada ao contexto da reabilitação. A
pessoa com deficiência deverá receber treinamento, orientações e acompanhamento do
uso do recurso de forma a garantir a segurança e efetividade do equipamento prescrito
(CHAMLIAN, 2010). Dentre os principais DAM podemos citar as bengalas, andadores e muletas.

16
FIGURA 22 – MODELOS VARIADOS DE BENGALAS

FONTE: <https://bit.ly/3E6oijd>. Acesso em: 22 set. 2021.

FIGURA 23 – MODELOS VARIADOS DE MULETAS

FONTE: < https://fenixcirurgica.com.br/site/wp-content/uploads/2019/01/muletas-1.jpg>.


Acesso em: 22 set. 2021.

FIGURA 24 – MODELOS DE ANDADORES

FONTE: <https://bit.ly/3B1mOVv>. Acesso em: 22 set. 2021.

17
ESTUDOS FUTUROS
No próximo tópico, estudaremos cada tipo de DAM, de forma
detalhada e as próximas unidades serão voltadas para o
detalhamento das órteses e das próteses.

18
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• Órtese é um apoio ou dispositivo externo aplicado ao corpo para modificar os aspectos


funcionais ou estruturais do sistema neuromusculoesquelético para obtenção de
alguma vantagem mecânica ou ortopédica.

• As órteses podem ser classificadas quanto a sua função (repouso, imobilização,


proteção, propriocepção e correção), funcionalidade (estáticas ou dinâmicas) e
confecção (pré-fabricadas ou sob medida).

• Prótese é o componente artificial que tem por finalidade suprir necessidades e


funções de indivíduos sequelados por amputações, traumas ou deficiências físicas
de nascença. Quando uma pessoa perde algum membro do corpo, no lugar é posto
uma prótese.

• As próteses podem ser do tipo implantáveis ou não-implantáveis, passivas ou ativas e


energéticas ou exoenergéticas.

• Os DAM, como bengalas, muletas e andadores, fazem parte de programas


multidimensionais de prevenção contra quedas, visto que melhoram a independência
funcional, a mobilidade, o equilíbrio e a base de suporte, assim como reduzem os
efeitos de uma ampla gama de deficiências.

19
AUTOATIVIDADE
1 Existem inúmeras órteses para membros superiores disponíveis para compra. Elas
diferem em mecânica, função, material utilizado, entre outras características. Com
relação às características das órteses de membros superiores, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) As órteses podem ser estáticas (imobilização) ou funcionais, em relação


à mecânica.
b) ( ) As órteses de repouso são utilizadas na fase aguda de lesões dos membros
superiores.
c) ( ) Todas as órteses são pré-fabricadas e se ajustam às necessidades de
cada paciente.
d) ( ) Os termoplásticos são mais usados para confecção, pois são leves, flexíveis e
duráveis.

2 Quando se fala em órtese, prótese e dispositivos auxiliares de marcha, há uma grande


confusão sobre esses termos, que são distintos, mas que na prática, por vezes, são
utilizados de maneira errônea. Sobre o exposto, analise as sentenças a seguir:

I - Quando o objetivo é substituir um segmento corporal amputado, indica-se o uso de


uma órtese.
II - Marca-passo, dispositivos auditivos, cintos para estabilização de coluna vertebral e
colete cervical, são exemplos de órteses.
III - Implantes dentários são exemplos de órteses comumente utilizados na atualidade.
IV - Próteses controladas pelo sistema nervoso do paciente são chamadas de
neuropróteses.
V - Bengalas e andadores auxiliam o paciente na marcha e são classificados como
próteses.

Sobre a utilização correta dos termos órtese, prótese e dispositivos auxiliares de marcha,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.

20
3 As órteses e próteses são classificadas de acordo com a sua funcionalidade em
equipamentos estáticos ou dinâmicos e a função que desempenham. Sobre o
exposto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Órteses estáticas são indicadas para pacientes que necessitem de movimentos


articulares, com alguma amplitude de movimento articular.
b) ( ) Colares cervicais e tipoias, indicados para casos em que se objetive imobilização,
são considerados órteses dinâmicas.
c) ( ) Nas órteses estáticas podem ser inseridos acessórios como molas, polias,
elásticos, dentre outros.
d) ( ) Órteses estáticas proporcionam suporte, repouso, estabilização, imobilização,
correção ou proteção de alguma estrutura corporal.

4 Órtese é todo e qualquer aparelho, dispositivo, instrumento ou adaptação terapêutica


que auxilie o indivíduo em sua função motora. Trata-se de um dispositivo ou aparelho
mecânico com finalidades conjuntas ou isoladas, de acordo com a necessidade
específica do caso a ser tratado. Poderá ser aplicado a um ou vários segmentos
do corpo com finalidade de proporcionar o melhor alinhamento possível, buscando
sempre a posição funcional, ou seja, a mais adequada. Disserte sobre o momento da
participação e o papel do fisioterapeuta no tratamento do usuário de uma órtese.

5 Deve-se ressaltar o papel do Fisioterapeuta na correta indicação, uso e manutenção


de uma órtese. Com base no exposto, disserte sobre as condutas fisioterapêuticas
que devem ser tomadas com pacientes que utilizam a órtese.

21
22
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —
DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, continuaremos nosso estudo sobre os dispositivos auxiliares de
marcha (DAM), os quais podem ser indicados para diversas finalidades:

• auxiliar a marcha;
• prevenir quedas (principalmente em indivíduos idosos);
• reduzir a sobrecarga nas articulações;
• melhorar o controle motor, promovendo um feedback sensorial;
• redução da sobrecarga física ao cuidador, entre outros Hardi et al. (2014 apud PORTO
et al., 2019, p. 172).

Os DAM, como bengalas, muletas e andadores, fazem parte de programas


multidimensionais de prevenção de quedas, visto que melhoram a independência
funcional, a mobilidade, o equilíbrio e a base de suporte, além de reduzirem os efeitos de
uma ampla gama de deficiências (GANZ, 2007).

Sabe-se que as quedas correspondem à principal causa de lesões e hospitalizações


em idosos com mais de 65 anos, por isso, saber utilizar corretamente os DAM é de suma
importância para essa população, a fim de evitar quedas e, consequentemente, perda
da independência funcional. Estima-se que aproximadamente 6,8 milhões de pessoas
nos Estados Unidos usem DAM

Quando há indicação para o uso do DAM, este deverá ser prescrito por um
profissional habilitado, que realizará uma série de avaliações, tais como: a avaliação
da força muscular do sujeito, resistência, equilíbrio, marcha, função cognitiva, dor e
demandas ambientais (BRADLEY; HERNANDEZ, 2011).

Os pacientes não devem ser desencorajados a comprar ou pegar emprestado


um DAM sem antes receber a prescrição adequada do fisioterapeuta ou outro profissional
habilitado. Por isso, os profissionais de saúde envolvidos com a população idosa devem
rotineiramente avaliar o DAM de seus pacientes, para garantir uma altura adequada, ajuste e
manutenção, bem como orientar o uso correto do dispositivo (BRADLEY; HERNANDEZ, 2011).

A prescrição correta de um dispositivo depende de uma avaliação detalhada do


idoso, considerando fatores como a força e resistência muscular à fadiga, controle postural
(equilíbrio e postura), função cognitiva, condicionamento cardiorrespiratório e as próprias
exigências ambientais do indivíduo, assim como sua condição financeira (SCHMITZ, 2010).

23
A seguir, serão detalhados os principais dispositivos auxiliares de marcha,
suas características, indicações e a correta prescrição de uso a ser realizada pelo
fisioterapeuta.

2 BENGALAS
Como mencionado em nossos estudos, a principal função das bengalas é
aumentar a base de apoio, reduzindo a descarga de peso no membro inferior afetado
e, com isso, melhorar a estabilidade dinâmica e equilíbrio do paciente. É indicada para
pessoas com instabilidade postural (que apresentam histórico de quedas recorrentes
ou medo de cair) e indivíduos com dor unilateral de quadril, tornozelo ou joelho. Sua
utilização se dá na mão oposta ao membro afetado, a fim de diminuir a sobrecarga na
musculatura do quadril, reduzir a compressão das articulações e auxiliar o paciente em
situações como subir e descer escadas (SCHMITZ, 2010).

O quadro a seguir apresenta um breve resumo dos principais tipos de bengalas,


bem como suas características, vantagens e desvantagens.

QUADRO 1 – TIPOS E CARACTERÍSTICAS DAS BENGALAS

TIPO DE
CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS
BENGALA

Feita de madeira, alu- Melhora do equilí-


mínio ou plástico. Apoio brio; baixo custo; Mais pesadas do que a
Convencional de mão em formato de cabe em espaços de alumínio; não poderá
meio círculo/cajado ou pequenos, como em ser ajustada.
tradicional. escadas.

Possui custo mais ele-


vado e quando o ponto
Ajustável de Apoio de mão em meio Ajuste de altura de apoio é anteriorizado
alumínio círculo ou tradicional; adequado; leveza; poderá causar algumas
altura ajustável. cabe em escadas. complicações, como a
síndrome do túnel do
carpo.
Possui recuo anterior Permite que a pres-
Preço elevado em
Ajustável de no corpo da bengala são seja colocada no
comparação às conven-
alumínio com criando um cabo reto centro da bengala
cionais ou de alumínio
recuo ou recuado; altura para maior estabili-
ajustáveis.
ajustável. dade.
Oferece apoio sobre
Material: alumínio. Base Mais pesada do que a
uma base larga (au-
de apoio ampla através bengala convencional;
Quatro apoios mento da base de
dos quatro pontos de de difícil utilização em
suporte); facilmente
contato com o solo. superfícies instáveis.
ajustável.

24
Feita em alumínio; base Base de apoio larga;
muito ampla; as pernas mais estáveis do
Não podem ser utilizadas
são mais distantes do que as bengalas
em escadas; mais caras
Tipo andador paciente, anguladas de quatro pontos;
do que as bengalas de
para manter contato podem ser dobradas
quatro pontas.
com o solo e promover e guardadas com
estabilidade; dobrável. facilidade.
A base com rodas
permite que o peso Requer força de membro
Feita em alumínio. Base
seja aplicado de superior e preensão para
ampla e com rodas,
forma contínua; acionar mecanismo de
Com rodas altura ajustável, possui
não é necessário freio; mais cara do que
freio sensível à pressão
levantar o dispositi- as bengalas de quatro
manual.
vo (progressão mais pontas.
rápida).

FONTE: O autor

2.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM O USO DA BENGALA


Para a marcha, a bengala deverá ser posicionada no membro superior oposto ao
membro afetado, com o objetivo de reduzir a sobrecarga articular neste membro. Ao
deambular, a bengala e o membro inferior contralateral devem avançar simultaneamente.
A bengala deverá encontrar-se relativamente próxima ao corpo, porém sem ser
posicionada à frente dos dedos do membro inferior (GLISOI et al., 2018).

FIGURA 25 – PADRÃO DE MARCHA UTILIZANDO A BENGALA

FONTE: <https://msdmnls.co/2Zg2Byh>. Acesso em: 22 set. 2021.

Quando os dois membros inferiores forem afetados, é preciso que o fisioterapeuta


decida, juntamente ao paciente, de qual lado a bengala ficará, optando pelo lado menos
comprometido. Deverá ser avaliado qual lado o paciente apresenta melhor equilíbrio e
resistência física para deambulação, segurança durante a marcha e força de preensão
palmar (GLISOI et al., 2018).

25
Com relação ao posicionamento da bengala, esta deverá permanecer a uma
distância de cerca de 15 cm ao lado do membro inferior não afetado, e sua altura deverá ser
ajustada próxima ao trocânter maior do fêmur, de forma que o cotovelo do idoso apresente
um ângulo entre 15° e 30° de flexão (CAMARA et al., 2020).

DICA
O uso de bengalas mais altas aumenta o risco de lesões no complexo
do ombro, pela sua elevação constante, promovendo uma sobrecarga
articular e muscular na região (CAMARA et al., 2020).

Para subir as escadas, o fisioterapeuta deverá orientar o paciente a segurar no


corrimão, levando para o degrau primeiro o membro inferior não comprometido (ou em
melhor condição), a seguir levar a bengala disposta na mão oposta ao membro inferior
acometido e subir um degrau com esse membro. Para descer a escada, a orientação é
diferente, o paciente deverá primeiramente posicionar a bengala no degrau, depois apoiar o
membro inferior comprometido e, por último, o outro membro inferior, o qual suportará
o peso do corpo (GLISOI et al., 2018).

FIGURA 26 – DESCIDA DE ESCADAS COM A BENGALA

FONTE: <https://bit.ly/3GdESQ7>. Acesso em: 22 set. 2021.

Para se levantar, o paciente deverá ser orientado pelo fisioterapeuta a mover o


corpo para frente na cadeira, inclinar o tronco anteriormente, pressionar para baixo com
as duas mãos contra os apoios do assento e, após levantar-se, segurar a bengala, de
forma que fique mais seguro, evitando que ela escorregue (GLISOI et al., 2018).

26
De uma forma geral, o fisioterapeuta deverá prescrever o uso de bengalas para
pacientes com problemas de marcha, considerados moderados, pois este dispositivo não
fornecerá um alto grau de estabilidade. Portanto, o indivíduo deverá apresentar alguns
pré-requisitos básicos antes de utilizar a bengala, tais como: cognitivo preservado,
bom equilíbrio, ajustes posturais antecipatórios e estratégias reativas preservadas
(ALBUQUERQUE et al., 2018).

3 MULETAS
As muletas são úteis para os pacientes que necessitam utilizar os membros
superiores para sustentar o peso, permitindo uma deambulação funcional, com
sustentação de peso restrita. Em geral, são utilizadas bilateralmente, com três modelos
básicos: muletas axilares, de antebraço ou Lofstrand e de descarga de peso antebraquial
(SAAD, 2007).

A seguir, veremos algumas características de cada tipo de muleta.

QUADRO 2 – TIPOS E CARACTERÍSTICAS DAS MULETAS

TIPO DE MULETA CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS


Representa um alívio A regulação incorreta
Apoio axilar,
de até 80% da carga do apoio axilar poderá
Axilar empunhadura manual;
dos membros causar compressão do
altura regulável.
inferiores. nervo e artéria axilar.
Possui uma braça- Permitirá mobilidade
deira de antebraço em escadas, bem
Requererá maior
para aumentar o como para entrar e
controle e força em
braço de alavanca da sair de automóveis;
Lofstrand membros superiores;
empunhadura; mais permitirá que a
mais onerosas do que
adequada quando empunhadura seja
as muletas axilares.
usada por períodos solta sem que a
prolongados. muleta caia.
Possui uma platafor-
ma horizontal para
Indicada quando o
Apoio todo o antebraço, que Dificuldade no
punho não pode
antebraquial é utilizado para supor- aprendizado do uso.
receber carga.
tar o peso (em vez da
mão).

FONTE: O autor.

27
3.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM AS MULETAS
A marcha do tipo mergulho é indicada quando há incapacidade de descarregar
completamente o peso nos membros inferiores por algum motivo, como: consolidação e
fratura pós-operatório de cirurgias ortopédicas, entre outros. Inicia-se a marcha com
as muletas à frente do corpo e, enquanto há descarga de peso total nos membros
superiores, os membros inferiores deverão ser impulsionados e deslocados até a frente
da linha entre as muletas, ao mesmo tempo. Este padrão favorecerá uma velocidade de
marcha rápida, porém, com gasto energético elevado e grande exigência de força de
membros superiores (SAAD, 2007).

A marcha de três pontos é indicada quando há incapacidade de descarregar o peso


em um dos membros inferiores, como membro acometido por fratura, dor, amputação,
pós-operatório, entre outros. Primeiramente, ambas as muletas deverão ser levadas à
frente e, em seguida, o membro afetado. O peso do corpo deverá ser descarregado sobre as
muletas e, por último, o membro não afetado irá à frente. Esse tipo de marcha exigirá que
o paciente apresente atenção ao movimento e um adequado equilíbrio (SAAD, 2007).

A marcha de quatro pontos é indicada para pacientes com fraqueza ou


incoordenação bilateral dos membros inferiores. O indivíduo realizará a alternância
entre os membros, ou seja, muleta esquerda, pé direito; muleta direita, pé esquerdo. Ela
promoverá mais estabilidade do que a marcha de três pontos (SAAD, 2007).

A marcha de dois pontos é a mais rápida e similar à marcha natural. A sequência de


movimentos nesse padrão de marcha é a seguinte: muleta esquerda e pé direito juntos;
muleta direita e pé esquerdo juntos. Essa marcha possui como vantagem a velocidade
mais rápida do que na marcha em quatro apoios (LI; ARMSTRONG; CIPRIANI, 2001).

FIGURA 27 – EXEMPLOS DE MARCHA COM MULETAS

FONTE: <https://bit.ly/3GdqmrG>. Acesso em: 22 set. 2021.

Com relação ao ato de subir e descer degraus, o fisioterapeuta deverá orientar


o paciente que, ao subir as escadas, o membro inferior menos acometido deverá ser
posicionado no primeiro degrau e as muletas, assim como o membro inferior acometido no
degrau seguinte, progredindo a subida pelos demais degraus (GLISOI et al., 2018).

28
Ao descer as escadas, o movimento realizado é contrário ao da subida, pois o
membro inferior mais acometido e as muletas devem iniciar o movimento de descida,
sendo posicionados no primeiro degrau, seguidos pelo membro inferior menos acometido,
progredindo a descida, dessa maneira, pelos degraus restantes. Quando houver corrimão, é
indicado que uma muleta seja substituída por este apoio (GLISOI et al., 2018).

FIGURA 28 – SUBIDA E DESCIDA DE ESCADAS COM MULETAS

FONTE: <https://bit.ly/3B72xhl>. Acesso em: 22 set. 2021.

Para sentar-se e levantar de forma correta, o paciente deverá ser orientado


a levar o membro inferior mais acometido à frente e segurar ambas as muletas em
uma das mãos, utilizando a outra mão para sentir o assento da cadeira, e se sentar
lentamente. Para levantar-se, as muletas deverão ser colocadas à frente da cadeira,
ambas as muletas deverão ser seguradas pela mão ipsilateral ao membro inferior menos
acometido. O indivíduo deverá deslocar seu corpo para frente na cadeira, impulsionar-se
para cima e deslocar seu peso para o membro inferior menos acometido. Ainda, uma
outra opção é deixar as muletas de lado e utilizar a força dos membros superiores e do
membro inferior não acometido para levantar-se (GLISOI et al., 2018).

FIGURA 29 – SENTAR E LEVANTAR COM MULETAS

FONTE: <https://bit.ly/3Ealv8D>. Acesso em: 22 set. 2021.

29
DICA
Se liga nessa dica de artigo: PORTO, J.M; et al. Recomendações para
prescrição de dispositivos auxiliares da marcha em idosos. Acta Fisiatr, v.
26, n. 3, p. 171-175, 2019.

4 ANDADOR
Por fim, querido acadêmico, discutiremos sobre os andadores, dispositivos
auxiliares de marcha muito utilizados pela população idosa. Os andadores fornecem três
a quatro pontos de contato com o solo e, assim, auxiliam na melhora do equilíbrio devido
a alguns fatores, como: o aumento da base de suporte, que promove uma maior estabilidade
para o usuário. Quando comparados às bengalas e muletas, propiciam maior senso de
segurança aos sujeitos que apresentam medo de cair ao andar (SCHMITZ, 2010).

A altura dos andadores poderá ser ajustável, geralmente variando de 81 a 92 cm.


Normalmente são feitos de alumínio tubular e pegadores de vinil moldado. Existem alguns
recursos adicionais que o andador poderá fornecer, como: cestas, sistemas de travagem,
assentos, deslizadores, apoios de mãos, mecanismo dobrável e pegadores
(SCHMITZ, 2010).

O andador deverá ser posicionado levemente à frente do corpo do idoso, para


proporcionar uma base de suporte estável, assim como a sua altura deverá ser ajustada de
forma que apresente um ângulo entre 15° e 30° de flexão dos cotovelos (SCHMITZ, 2010).

FIGURA 30 – POSICIONAMENTO CORRETO PARA O USO DO ANDADOR

FONTE: <https://bit.ly/3B0yRT6>. Acesso em: 22 ser. 2021.

30
Com relação aos modelos encontrados no mercado, há cinco principais tipos
de andadores, sendo eles: andador articulado; fixo; com rodas dianteiras; de quatro rodas;
e de três rodas (VAN HOOK, 2003). No quadro a seguir, encontraremos as descrições,
vantagens e desvantagens de cada um deles.

QUADRO 3 – TIPOS E CARACTERÍSTICAS DOS ANDADORES

TIPO DE
CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS
ANDADOR

Contraindicado para
Quatro pernas com
Não é necessário erguer o usar em escadas, volu-
Articulado pontas de borracha;
andador. moso e menos estável
mobilidade unilateral
que o fixo.
O uso em escadas
é contraindicado;
volumoso; padrão de
marcha mais lento
Melhor estabilidade; maior
e controlado; requer
Quatro pernas com sensação de segurança;
maior atenção; não
pontas de borracha; não ampla base de suporte;
Fixo é aconselhável para
apresenta mobilidade ideal para pessoas com
pessoas com déficit
em nenhum dos planos. fraqueza de membros
cognitivo e fraqueza de
inferiores.
membros superiores;
maior gasto energético;
flexão de tronco não
funcional.
O uso em escadas é
Poderá ser utilizado em contraindicado; volu-
Duas pernas traseiras
pessoas com déficit cog- moso; maior chance
com pontas de borracha
nitivo, com problemas de de perder controle; re-
Rodas e duas dianteiras com
ombro e incapazes de er- dução do balanço dos
dianteiras rodas; não apresenta
guer o andador; velocidade membros superiores;
mobilidade em nenhum
de marcha mais funcional flexão não funcional
dos planos.
e rápida. de tronco durante a
marcha.

Poderá ser utilizado em Uso em escadas con-


Quatro pernas com pessoas com déficit cogni- traindicado; volumoso;
rodas (fixas ou com tivo e problemas de ombro redução do balanço
Quatro
suporte giratório) e não e incapazes de erguer o dos membros superio-
rodas
apresenta mobilidade andador; velocidade de res; maior chance de
em nenhum dos planos. marcha mais funcional e perder seu controle;
rápida. menos estável.

Poderá ser utilizado em


pessoas com déficit
Modelo tripé; três pernas Uso em escadas con-
cognitivo, problemas de
com rodas (fixas ou com traindicado; volumoso;
ombro e incapazes de
suporte giratório); roda redução do balanço
erguer o andador; permite
Três rodas da frente pode girar para dos membros superio-
manobras e mudanças de
qualquer direção e as res; maior chance de
direção com um círculo de
duas rodas traseiras são perder seu controle;
giro pequeno; é dobrável,
unidirecionais. menos estável
de fácil utilização; marcha
mais funcional e rápida.

FONTE: O autor.

31
4.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM O USO DO ANDADOR
Independentemente do tipo de andador, o fisioterapeuta deverá orientar o
paciente para que caminhe sempre olhando para frente, mantendo um bom alinhamento
postural e evitando o desequilíbrio. Além disso, deve-se evitar que o mesmo se aproxime
muito do andador, uma vez que isso reduz a base de suporte, aumentando o risco de
quedas (GLISOI et al., 2012).

Os quatros apoios do andador devem ser transferidos e posicionados


simultaneamente, evitando o balanço dos apoios ou deslizamento anterior do andador. Os
pacientes que deambulam com andador fixo são orientados a retirarem completamente o
andador do chão, colocá-lo à frente, levarem o membro inferior comprometido à frente e,
depois, o segundo membro inferior, com um passo à frente do primeiro (SCHMITZ, 2010).

No andador articulado, não há necessidade de erguer o andador, pois o


movimento simultâneo dos braços auxilia no deslocamento, movendo um lado do
andador para frente junto ao membro inferior e depois faz o mesmo no outro lado
(SCHMITZ, 2010).

Os andadores com três e quatro rodas promovem o deslizamento do dispositivo à


frente, não sendo necessário erguer o mesmo (SCHMITZ, 2010).

Os idosos deverão ser desestimulados a subir escadas ou usar escadas rolantes


com o andador, devido à dificuldade de manuseá-lo e ao risco de queda. Há exceções em
situações nas quais os degraus da escada forem compridos ao ponto de conseguir apoiar
toda a base de suporte do andador (SCHMITZ, 2010).

Para o ato de se sentar e levantar, devemos orientar o paciente para que se


desloque para frente, posicione o andador em frente ao assento, pressione para baixo
com as mãos nos apoios de braços ou assento, se necessário e, assim que se levantar,
estender as mãos (uma de cada vez) para segurar o andador. Para sentar-se, o indivíduo
se aproximará da cadeira com o uso do andador, realizando um pequeno círculo em
direção ao lado mais forte, até sentir a cadeira contra suas pernas. Logo após, estenderá uma
mão por vez em direção aos apoios de braço, e descerá de modo controlado até a cadeira
(SCHMITZ, 2010).

32
FIGURA 31 – SENTAR E LEVANTAR COM O ANDADOR

FONTE: <https://bit.ly/3putJ7O>. Acesso em: 22 set. 2021.

Agora que já compreendemos aspectos, como: as características, indicações,


vantagens e desvantagens dos principais dispositivos auxiliares de marcha, que tal você
realizar umas questões de fixação sobre o assunto?!

33
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• Dispositivos que auxiliam na marcha proporcionam estabilidade e apoio necessário


aos pacientes com disfunções do aparelho locomotor.

• Dentre os dispositivos de auxílio mais usados estão bengalas, muletas, andadores e


cadeira de rodas.

• Os DAM são utilizados para fornecer maior liberdade de movimento e independência


enquanto ajudam no equilíbrio dos usuários.

• As bengalas auxiliam na redistribuição do peso de um membro inferior fraco ou


doloroso, aumentam a base de suporte e fornecem uma informação tátil ao paciente
a respeito do piso.

• As muletas são úteis para os pacientes que necessitarem utilizar os braços para apoio
e propulsão. Elas poderão retirar ou reduzir a carga em um ou em ambos os membros
inferiores, dependendo do objetivo.

• Os andadores melhoram a estabilidade em pacientes com fraqueza dos membros


inferiores ou déficit de equilíbrio.

• O fisioterapeuta deverá conhecer os diversos dispositivos auxiliares de marcha, a fim


de realizar a prescrição adequada para os seus pacientes.

34
AUTOATIVIDADE
1 Ao escolher um dispositivo auxiliar da marcha, o fisioterapeuta deverá considerar a
quantidade de apoio que o paciente necessitará e sua capacidade de manipular o
dispositivo. Com relação aos dispositivos auxiliares de marcha, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Os andadores são utilizados quando são necessários apoio e estabilidade máxima


pelo paciente.
b) ( ) As barras paralelas são usadas pelos pacientes que não precisam de muita
estabilidade ou apoio como o fornecido pelos andadores.
c) ( ) As muletas axilares permitem que o paciente realize uma variedade maior de
padrões de marcha e deambule com maior rapidez.
d) ( ) Bengalas são mais estáveis que os andadores e exigem pouco equilíbrio em
ortostatismo, bem como força de membro superior do corpo do paciente.

2 O uso de dispositivos auxiliares da marcha, como muletas e andadores, é indicado


porque permitem que o paciente adquira maior independência funcional. Com relação ao
uso de dispositivo auxiliar para marcha em idosos, assinale a afirmação CORRETA:

a) ( ) O uso de bengala simples será suficiente para indivíduos que precisam de


transferência de peso frequente.
b) ( ) O uso de uma bengala de quatro apoios será indicado para idosos, quando apenas
o uso de um dos membros superiores é necessário para melhora do equilíbrio.
c) ( ) O uso do andador é necessário para indivíduos que precisam de transferência de
peso frequente.
d) ( ) O andador será indicado quando o uso dos dois membros superiores for
necessário para a melhora do equilíbrio, durante a marcha, sem transferência de
peso.

3 Paciente do sexo feminino, 70 anos, foi submetida a uma artroplastia total do quadril
direito há 30 dias, devido à osteoartrose severa de quadril. Com relação ao uso de
dispositivos auxiliares para marcha dessa paciente, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O uso da bengala deverá ser feito ipsilateralmente à cirurgia.


b) ( ) As muletas axilares devem ser colocadas à frente, seguidas do membro inferior
esquerdo e, depois, do membro inferior direito.
c) ( ) A paciente deverá realizar a marcha de balanceio.
d) ( ) Ao subir escadas, a paciente deverá primeiro subir o membro inferior esquerdo e,
ao descer, a bengala e o membro inferior direito devem descer primeiro.

35
4 Em um curso de Cuidadores Informais de Idosos, o fisioterapeuta ficou responsável
por ensinar algumas técnicas básicas para o uso adequado de um dispositivo auxiliar
da marcha: o andador. Com base nisso, disserte sobre a forma correta de ensinar o
paciente a utilizar o andador:

5 Considere um paciente adulto jovem, em pós-operatório de fratura da diáfise do


fêmur direito, após acidente automobilístico. Foi realizada uma fixação intramedular
há 15 dias. Esse paciente está de alta hospitalar, liberado para apoio parcial (40% do
peso corporal) e necessita de dispositivo auxiliar para marcha. Com base no caso
clínico desta paciente, disserte sobre a indicação correta do dispositivo auxiliar de
marcha para a paciente em questão.

36
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —
FISIOTERAPIA NO PRÉ E
PÓS-OPERATÓRIO DE PROTETIZAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste tópico abordaremos a temática das amputações, bem como a
atuação do fisioterapeuta no pré e pós-operatório de protetização. Inicialmente, é necessário
que você entenda o que significa o termo amputação, que é utilizado para descrever a
ausência total ou parcial de um membro (SOUZA; SANTOS; ALBUQUERQUE, 2019).

Os primeiros relatos de amputações estão relacionados à Hipócrates, em 1529.


Posteriormente, desenvolveram-se inúmeras novas técnicas cirúrgicas em amputações,
inclusive durante as duas Guerras Mundiais, quando houve um crescimento do número
de amputações decorrentes de ferimentos nos campos de batalha. A partir daí, com o
passar dos anos, houve um grande desenvolvimento de tecnologias relacionadas às
amputações, tornando-as cada vez mais seguras e efetivas (INSS, 2017).

As amputações podem ser decorrentes de diversos fatores, tais como traumas,


má formação, procedimentos cirúrgicos, entre outros. Também podem ser realizadas
de forma eletiva ou em caráter de urgência, dependendo do caso de cada paciente.
Em caráter de urgência, geralmente, decorrem de acidentes de trânsito e ferimentos
por arma de fogo. Já as amputações eletivas são realizadas quando todas as demais
opções terapêuticas já não forem mais viáveis, pois sabe-se que as amputações
estão relacionadas a altas taxas de morbimortalidade e impactos negativos no âmbito
psicossocial (SOUZA; SANTOS; ALBUQUERQUE, 2019).

Com relação à etiologia, vários fatores podem levar a uma amputação, tais
como a presença de doenças infecciosas ou parasitárias no membro, problemas no
sistema circulatório, diabetes, gangrena, neoplasias, doenças de pele e malformações
genéticas. A gangrena, por exemplo, é uma doença grave, que geralmente leva a uma
amputação. Ela surge quando alguma região do corpo não está recebendo a quantidade
de sangue necessária ou sofre uma infecção severa, podendo provocar a morte dos
tecidos (SOUZA; SANTOS; ALBUQUERQUE, 2019), conforme demonstrará a Figura 32.

37
FIGURA 32 – GANGRENA PRÉ-AMPUTAÇÃO DAS FALANGES

FONTE: <https://jpimg.com.br/uploads/2021/02/ny-post.jpg>. Acesso em: 22 set. 2021.

A seguir, estudaremos os níveis das amputações e o papel do fisioterapeuta no


contexto da reabilitação pré e pós-protetização. Vamos lá?!

2 NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO
As amputações, tanto de membros superiores quanto inferiores, podem ser
realizadas em diferentes níveis e, segundo Kuhn (1997), a primeira preocupação da equipe
multiprofissional não é com o nível da amputação e sim com a sobrevivência e prognóstico
do paciente. Quando há possibilidade de escolha e a amputação for eletiva, a equipe levará
em consideração a possibilidade de colocação de prótese, realizando a amputação em um
nível que permitirá o maior grau de funcionalidade para o paciente em questão.

Em vista disso, é fundamental para o fisioterapeuta, o conhecimento dos


principais níveis de amputação, as alterações biomecânicas e limitações funcionais,
visando a programação adequada da reabilitação do paciente, bem como sua
protetização quando esta for possível (INSS, 2017).

NOTA
A amputação deverá ser diferenciada de desarticulação, pois a amputação
consiste na remoção de um ou mais ossos, diferente de desarticulação
que remove uma parte por meio de uma articulação (INSS, 2017).

Com relação às amputações de membros inferiores, os níveis mais comuns são


a desarticulação interfalangiana, desarticulação metatarsofalangiana, amputação trans-
metatarsiana, desarticulação de Lisfranc, amputação naviculocuneiforme-transcubóide,
desarticulação de Chopart, desarticulação de Syme, amputação de Pirogoff, amputação
de Boyd, amputação transtibial, desarticulação de joelho, amputação transfemoral, desarti-
culação de quadril e desarticulação sacrilíaca (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

38
IMPORTANTE
Para lembrar: o membro residual de amputação é denominado coto.

A seguir serão listadas as características das amputações mais comuns


relacionadas aos membros inferiores:

• Amputação de Chopart: trata-se de uma desarticulação realizada entre os ossos


navicular e cubóide com o tálus e calcâneo, respectivamente. Apresenta um predomínio
dos músculos flexores plantares inseridos na tuberosidade posterior do calcâneo
sobre a musculatura dorsiflexora. Este tipo de amputação é relacionado a um braço
curto de alavanca, que normalmente evolui para um pé equino, reduzindo, dessa
maneira, a área de apoio (CARVALHO, 2003).

FIGURA 33 – AMPUTAÇÕES MAIS COMUNS DO PÉ

FONTE: <https://blog.conforpes.com.br/wp-content/uploads/2020/02/amputacao-de-pe-1024x790.jpg>.
Acesso em: 22 set. 2021.

• Amputação de Syme: consiste na desarticulação talocrural e remoção dos maléolos


medial, lateral e parte distal da cartilagem tibial. Permite descarga distal sobre o coto
e a presença de espaço entre o coto e o solo, possibilitando uma protetização futura
com o pé mecânico. A marcha sem prótese é possível, porém, por causa da dismetria
dos membros, há claudicação. Esse nível de amputação é bastante indicado por ser
considerado como um procedimento tecnicamente fácil, apresentar um coto bastante
longo e durável com possibilidade de descarga distal e permitir uma reabilitação e
protetização precoce (CARVALHO, 2003).
39
• Amputação de Pirogoff: é similar a de Syme, porém, é tecnicamente mais difícil
e demorada. É caracterizada como uma artrodese entre a tíbia e o calcâneo. Como
resultado, observamos um espaço menor entre o coto e o solo, quando comparado
com a de Syme (CARVALHO, 2003).
• Amputação de Boyd: é similar à amputação de Pirogoff, com uma artrodese do
calcâneo seccionado com a superfície distal tíbiofibular. Porém, possui osteotomia
horizontal (CARVALHO, 2003).
• Amputação transtibial: ocorre entre a desarticulação tibiotársica e a de joelho.
Podemos dividi-la em três níveis, ou seja: amputação transtibial em terço proximal,
médio e distal. Os cotos transtibiais apresentam uma tendência à deformidade
em flexão do joelho, tanto maior quanto mais proximal for o nível da amputação
(CARVALHO, 2003).

FIGURA 34 – PRINCIPAIS NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES

FONTE: INSS (2017, p. 14)

• Amputação transtibial distal: possui um coto longo, o que promoverá um grande


braço de alavanca, favorecendo a prótese. A deformidade em flexão do joelho é
comum nesse caso. Dentre as vantagens desse tipo de amputação estão o menor
gasto energético, marcha mais fisiológica e facilidade de protetização em função da
manutenção da articulação do joelho (CATARIN, 2019).

40
FIGURA 35 – AMPUTAÇÃO TRANSTIBIAL

FONTE: MAITIN (2016, p. 442).

• Amputação no nível de desarticulação de joelho: preserva-se a patela. Em


virtude do comprimento total do fêmur, o paciente apresenta um bom controle sobre
a prótese. Além disso, apresenta boa alavanca de movimento, e não se observam
deformidades importantes. Possui algumas vantagens quando comparada à amputação
transfemoral, como a maior força muscular, melhor suspensão e adaptação da prótese e
menor gasto energético durante a deambulação (CARVALHO, 2003).

• Amputação transfemoral: amputação realizada entre a desarticulação de joelho e


a de quadril, podendo ser caracterizada nos seguintes níveis: terço proximal, médio e
distal. O coto geralmente apresenta deformidade em flexão e abdução de quadril. Os
amputados transfemorais apresentam, durante a marcha, um gasto energético 65%
maior que cidadãos não amputados (CATARIN, 2019).

• Hemipelvectomia: é caracterizada como a amputação da perna toda, partes da


pelve e, por vezes, partes da região sacral. O desnível pélvico é a principal causa das
alterações biomecânicas nos pacientes submetidos a este tipo de amputação. Isto
ocorre porque influencia no centro de gravidade e na aquisição da marcha futura
destes pacientes (DENENO, 2017).

Quanto aos membros superiores, os principais níveis de amputação são:

• Desarticulação escapulotorácica.
• Desarticulação glenoumeral ou de ombro.
• Amputação transumeral.
• Desarticulação do cotovelo.
• Amputação de antebraço.
• Desarticulação de punho.
• Amputação transmetacarpal.
• Amputação metacarpofalangeana.
• Amputações interfalangeanas.

41
FIGURA 36 – PRINCIPAIS NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES

FONTE: Matiello e Vasconcelos (2019, p. 61)

• Desarticulação escapulotorácica: separação entre escápula e gradil costal,


removendo a clavícula e a escápula. Geralmente está ligada a patologias malignas
(MAITIN, 2016).

• Desarticulação glenoumeral (ombro): nesse tipo de amputação, ocorre a retirada


total do úmero, com preservação da clavícula e da escápula. Este tipo de desarticulação
total deverá ser evitado sempre que possível, pois a ausência da cabeça umeral, além
de ocasionar deformidades na região do ombro, poderá causar desvios importantes na
coluna vertebral, principalmente nos casos de amputação unilateral (MAITIN, 2016).

• Amputação transumeral: amputação realizada no úmero, podendo ser em


diversos níveis. Consiste na retirada total do rádio e da ulna. O nível mais comum de
amputação, nesse caso, é o medial. Nesses casos, quanto maior for o membro residual
(se recomenda mais que 12 centímetros), mais fácil será a inserção e adaptações da
prótese (INSS, 2017).

• Amputação transradial: amputação entre a articulação do tornozelo e do punho. Trata-


se da amputação mais comum realizada nos membros superiores. Sua desvantagem é a
perda funcional dos movimentos de pronação e supinação (MAITIN, 2016).

• Desarticulação do punho: consiste na retirada total da mão, preservando a


integridade distal dos ossos do antebraço (MAITIN, 2016).

Além desses níveis de amputação de membro superior, as amputações podem


ocorrer na região da mão, e podem ser feitas em diferentes níveis nessa região, desde

42
amputações que promovam a desarticulação intercárpica, carpometacarpal, transme-
tacarpal, amputações metacarpofalangeanas até amputações de interfalangeanas dis-
tais ou proximais (INSS, 2017).

3 AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DO PACIENTE AMPUTADO


O coto de amputação é considerado o novo membro do paciente, e apresentará
importantes funções na marcha e manutenção das posturas, como a ortostática, por
exemplo. Para que ele tenha uma boa funcionalidade e controle da prótese, precisará
apresentar algumas características, tais como: nível adequado, coto estável, presença
de um bom coxim, bom estado da pele, ausência de neuromas terminais e espículas
ósseas, boa circulação arterial e venosa, boa cicatrização e ausência de edema
importante (MAITIN, 2016).

FIGURA 37 – COTO ÍNTEGRO PÓS-AMPUTAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3B65NJW>. Acesso em: 22 set. 2021.

FIGURA 38 – COTO COM ESCORIAÇÕES E NEUROMA

FONTE: <https://bit.ly/3EddkbT>. Acesso em: 22 set 2021.

43
O processo de reabilitação deverá iniciar após a cicatrização da sutura cirúrgica,
e cabe ao fisioterapeuta realizar uma criteriosa avaliação do paciente amputado,
observando seu estado geral e as condições do coto (CARVALHO, 2003).

Com relação aos objetivos do fisioterapeuta com o paciente na fase pré-


protetização, podemos destacar:

• Manutenção e ganho de força muscular.


• Acolhimento e humanização.
• Treinamento de transferências de postura.
• Treinamento do equilíbrio.
• Tratar e prevenir contraturas e deformidades.
• Melhora do condicionamento físico e resistência.
• Treinar a marcha com os dispositivos auxiliares (POP EBSERH, 2016).

Após a protetização, são inseridos outros objetivos e condutas no contexto


fisioterapeuta-paciente, tais como:

• Orientar o manejo e colocação da prótese da maneira correta.


• Orientar quanto aos cuidados com o coto (limpeza, prevenção de úlceras e
enfaixamento).
• Treinar a marcha, equilíbrio e adaptação à prótese.
• Acompanhar os ajustes técnicos da prótese.

Reabilitar um paciente amputado não quer dizer necessariamente protetizá-lo.


No entanto, para os candidatos elegíveis a colocação da prótese, o fisioterapeuta realizará
o acompanhamento dos pacientes até que eles tenham um controle total da prótese e
independência nas atividades diárias, profissionais e recreativas (CARVALHO, 2003).

Dentre as principais condutas do fisioterapeuta no paciente amputado, podemos


citar:

• Dessensibilização do coto: estímulos sensitivos realizados na extremidade distal


do coto que irão levar ao saturamento dos receptores das vias aferentes sensitivas, visando
uma normalização da sensibilidade local e melhor adaptação futura à prótese. Esses
estímulos podem ser realizados com materiais simples, como algodão, buchinha de
lavar louças, escova de dentes, toalha e cubos de gelo. O fisioterapeuta deverá orientar
o paciente a realizar a dessensibilização do coto passando os materiais de diversas
texturas sobre o mesmo, iniciando de forma suave e aumentando sucessivamente a
frequência e a duração dos movimentos (CARVALHO, 2003).
• Enfaixamento do coto: enfaixamentos com ataduras elásticas são úteis tanto
na redução do edema como principalmente para moldar o coto para uma posterior
protetização, tornando-o afunilado e apto a receber o encaixe protético. A maior
compressão deve ser na ponta do coto e essa pressão deverá ser gradativamente
diminuída em direção proximal ao segmento amputado. É importante que o enfaixamento
tenha abrangência de todo o segmento do coto de amputação (CARVALHO, 2003).
44
FIGURA 39 – EXEMPLO DE ENFAIXAMENTO DO COTO EM AMPUTAÇÃO ABAIXO DO JOELHO

FONTE: <https://bit.ly/3GhgzAX>. Acesso em: 22 set. 2021.

• Hidroterapia: a imersão em água facilitará a realização das técnicas fisioterapêuticas


como alongamento, fortalecimento, mobilização articular, treinamento de marcha e de
equilíbrio e de resistência à fadiga (KISNER, 2005).
• Eletroterapia: o ultrassom pulsado possui efeitos positivos quando aplicado sob o
coto, reduzindo a dor e as retrações do tecido fibroso (AGNE, 2006). O TENS (Estimulação
Elétrica Nervosa Transcutânea) tem um bom índice de utilização. As indicações
para o uso do TENS são o alívio da dor, dessensibilização e redução da dor fantasma
(CARVALHO, 2003). O Laser de baixa potência também possui efeitos positivos
quando aplicado sobre o coto, tais como analgesia local, ação antiedematosa e anti-
inflamatória, facilitando a cicatrização (AGNE, 2006).

FIGURA 40 – APLICAÇÃO DE LASER EM PACIENTE AMPUTADO

FONTE: <https://www.fisicontrol.pt/uploads/servicos_galeria/image[15].jpg>. Acesso em: 22 set. 2021.

45
A fisioterapia deverá ser iniciada o mais breve possível após a amputação,
utilizando as técnicas descritas anteriormente e, também, exercícios ativo-assistidos,
ativo-livres e isométricos, exercícios de equilíbrio e propriocepção, fortalecimento do
membro contralateral e treino de marcha. Além disso, todos os grupos musculares dos
membros superiores, do tronco e dos membros inferiores deverão ser trabalhados, e não
somente aqueles que agem contra as deformidades (CARVALHO, 2003).

FIGURA 41 – FISIOTERAPIA PÓS-PROTETIZAÇÃO

FONTE: <http://www.clinicafisioform.com.br/uploads/Texto_Luize%20(4).jpg>. Acesso em: 22 set. 2021.

DICA
Para ampliar o seu conhecimento acerca das orientações que são
necessárias ao paciente amputado, leia o Guia de orientações ao paciente
amputado, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), através do link:
http://www.hcfmb.unesp.br/wp-content/uploads/2019/06/Amputado-1.pdf

A reabilitação em pacientes amputados deverá ser realizada com apoio de uma


equipe multiprofissional, objetivando o ganho máximo de independência funcional e
qualidade de vida. Em vista disso, após uma amputação, o paciente poderá fazer uso
de diversos tipos de próteses, órteses ou dispositivos auxiliares de marcha, a fim de melhorar
a funcionalidade no desempenho das suas atividades de vida diária (BRASIL, 2013). No
entanto, o uso de órteses e próteses, bem como os tipos, indicações e contraindicações para
cada nível de amputação, é assunto para a próxima unidade.

46
LEITURA
COMPLEMENTAR
O USO DE DISPOSITIVOS AUXILIARES PARA MARCHA EM IDOSOS E
SUA RELAÇÃO COM AUTOEFICÁCIA PARA QUEDAS

Vanessa S. Albuquerque
Laíze P. Fernandes
Francisco Eduardo F. Delgado
Cláudia Helena C. Mármora
INTRODUÇÃO

O aumento da longevidade trouxe mudanças no modo de pensar e viver a velhice


em todas as dimensões da vida humana. Tais mudanças têm favorecido a manutenção da
autonomia e independência das pessoas idosas. Por meio de um protagonismo social,
elas têm buscado a promoção do seu próprio envelhecimento funcional, impondo cada
vez mais a necessidade de estudos e pesquisas neste campo.

A mobilidade é um aspecto essencial para a independência nas atividades


de vida diária. Na população idosa, é comum encontrarmos distúrbios relacionados
à marcha que nem sempre são solucionados por tratamentos clínicos ou cirúrgicos,
sendo na maioria das vezes necessário algum tipo de assistência externa para que
essa população deambule com segurança. Os dispositivos auxiliares de marcha (DAM)
podem ajudar a reduzir a carga dos membros inferiores e, assim, aliviar dores articulares
ou compensar fraquezas e lesões, contribuindo para o aumento da independência
funcional e a estabilidade postural.

Embora diversos estudos tenham demonstrado que os DAM são eficazes na


melhora do equilíbrio e da mobilidade por meio do aumento da estabilidade e da redução da
carga de peso nas extremidades inferiores, outros sugerem que, quando utilizados de forma
incorreta, eles podem contribuir para uma locomoção insegura e aumentar o risco de quedas.

A autoeficácia é vista como um conjunto perceptivo de habilidades do indivíduo


ou autoconfiança em lidar com uma determinada situação. Dessa maneira, a baixa
autoeficácia para quedas pode ser relacionada ao medo de cair, o que muitas vezes leva o
indivíduo a evitar realizar algumas atividades, fato este que contribui ainda mais para o
declínio funcional decorrente de inatividade e aumento do risco de quedas.

Sendo assim, o objetivo deste estudo foi verificar se existe relação entre o uso de
dispositivos auxiliares para marcha e o aumento da autoeficácia para quedas nos idosos
participantes.

47
MÉTODO

Este estudo foi desenvolvido a partir do banco de dados do projeto multicêntrico


rede FIBRA Brasil de delineamento transversal e analítico, realizado pelo polo UERJ, com
a população idosa do município de Juiz de Fora. A pesquisa foi realizada com respeito
a todos os padrões éticos aprovados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do
Ministério da Saúde (CONEPE/MS – 313/2008) sob o processo número 555087/2006-
9 com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq). A coleta de dados ocorreu nos anos 2008-2009, nas residências dos idosos, e
foi realizada por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora, devidamente
treinados.

Os dados do questionário FIBRA-JF, analisados no presente estudo, foram os


seguintes: 1. as perguntas sobre o uso de dispositivos auxiliares para a marcha: “186.a.
O(A) Sr./Sra. habitualmente usa algum auxiliar de marcha, como bengala ou andador?”; 2. os
itens da Escala de autoeficácia para quedas, Falls Eficacy Scale International (FES-I),
desenvolvida por Yardley e validada por Camargos no Brasil, que avalia a preocupação
com a possibilidade de cair ao realizar 16 atividades de vida diária, com respectivos
escores de um a quatro variando de 16 (ausência de preocupação) a 64 (preocupação
extrema); e 3. o histórico de quedas com a seguinte pergunta: “77: No último ano o(a) Sr/
Sra. sofreu alguma queda?”

A amostra selecionada deste estudo avaliou (n=278) indivíduos do Banco


FIBRA-JF. A partir desta seleção a mesma foi dividida em 2 subgrupos, sendo o primeiro
denominado ‘Grupo Dispositivo Auxiliar de Marcha’ (GDAM) (n=253) composto por
indivíduos que não utilizam dispositivos auxiliares, tais como bengala e andador. O
segundo grupo (n=25) foi composto por indivíduos que não fazem uso dos dispositivos,
denominado ‘Grupo Sem Dispositivo’ (GSDAM).

Primeiramente foi feita uma análise descritiva das variáveis de interesse


anteriormente citadas, analisando média, desvio padrão e mediana. Em seguida, foi feita
uma correlação utilizando o teste X2 de Pearson, por meio da análise de dois grupos,
nos quais se verificou o aumento ou diminuição da autoeficácia para quedas nos idosos
que fazem ou não o uso de dispositivos auxiliares de marcha e como a amostra do
estudo reagiu ao uso de dispositivos em relação ao número de quedas (< 2 quedas/nos
últimos 12 meses).

A análise das informações colhidas foi feita inicialmente no programa estatístico


StatisticalPackage for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0. Para a análise posterior,
foi construído um banco de dados pela tabulação e codificação dos dados que foram
analisados pelo programa SphinxLexica& Eureca v. 5, estabelecendo a frequência de
cada variável na amostra levantada. O nível de significância considerado foi de 0,05
para todas as análises.

48
RESULTADOS

A média de idade da população foi de 75,73 ± 7,01 anos e a maioria dos indivíduos
não utilizava dispositivos auxiliares para marcha. Relacionando os dados sobre a autoeficácia
para quedas (FES-I) com a utilização ou não dos dispositivos auxiliares para marcha,
verificou-se que não houve diferença estatística entre os grupos (p>0,05). Em relação ao
evento queda, em cada grupo, 44% dos idosos que usam dispositivos sofreram quedas
e 34% dos que não utilizavam dispositivos auxiliares para a marcha também sofreram
quedas (TABELA 1).

Na análise dos itens isolados de cada um dos grupos foram encontrados resultados
significativos (p<0,05) no GDAM quando comparados às questões da FES-I que dizem
respeito aos seguintes itens: subir ou descer escadas (nº 193), andar sobre superfície
escorregadia (nº 197), caminhar sobre superfície irregular (nº 200) e subir e descer uma
ladeira (nº 201) (TABELA 2). Nesses casos, os valores representam pouco preocupado,
muito preocupado e extremamente preocupado, inferindo-se que a preocupação em cair
se refere ao tipo de terreno que o indivíduo encontra e suas características.

TABELA 1 – RELAÇÃO ENTRE IDOSOS QUE USAM E OS QUE NÃO USAM DAM COM QUEDAS

FONTE: (ALBUQUERQUE et al., 2018)

TABELA 2 – AUTOEFICÁCIA NOS ITENS ISOLADOS DA FES-I NO GDAM

FONTE: (ALBUQUERQUE et al., 2018).

49
Ainda, nesse grupo, quando analisado o evento quedas e os resultados dos
itens da FES-I, foi encontrada relevância apenas nas seguintes questões: “187. Limpar a
casa” e “194. Caminhar pela vizinhança” (TABELA 3).

TABELA 3 – AUTOEFICÁCIA NOS ITENS ISOLADOS DA FES-I NO GDAM

FONTE: (ALBUQUERQUE et al., 2018).

Quanto aos indivíduos do grupo GSDAM e independentes para a marcha, a


análise de alguns itens da FES-I mostrou resultados altamente significativos quando
não há presença do dispositivo auxiliar de marcha nos seguintes itens: limpar a casa (nº
187), vestir ou tirar a roupa (nº 188), indo às compras (nº 191), sentando ou levantando de
uma cadeira (nº 192), caminhando pela vizinhança (nº 194), ir atender ao telefone antes
que pare de tocar (nº 196), andar sobre superfície escorregadia (nº 197), caminhar sobre
superfície irregular (nº 200) e ir a uma atividade social (nº 202). Nesses, os valores
que apontam relevância nos quesitos são: pouco preocupado, muito preocupado e
extremamente preocupado (TABELA 4).

TABELA 4 – AUTOEFICÁCIA NOS ITENS ISOLADOS DA FES-I NO GRUPO GSDAM

FONTE: (ALBUQUERQUE et al., 2018).


50
No grupo GSDAM, a comparação dos resultados entre autoeficácia e evento
de quedas mostrou uma relação direta entre os indivíduos que se mostraram extremamente
preocupados em cair e os que de fato caíram.

CONCLUSÃO

Este estudo mostra resultados que comparam a autoeficácia nos dois grupos,
indicando que o uso de dispositivos auxiliares não interferiu na preocupação dos
indivíduos em cair. Nessa direção, outros estudos indicam que o medo de cair aumenta, de
acordo com a idade, e tem sido relatado tanto por idosos que já sofreram um evento
de queda como por aqueles que nunca caíram. Nesse sentido, o medo de cair encontra-
se relacionado à redução do nível de atividades, conduzindo a um declínio funcional,
inatividade e aumento do risco de quedas.

Na população idosa, a perda da autoeficácia ou autoconfiança em lidar com uma


determinada situação pode estar relacionada também a fatores ligados à fragilidade,
declínio funcional e perturbação do controle postural. Nosso estudo aponta que o
grupo que não utiliza nenhum auxiliar de marcha teve baixa autoeficácia em questões
extradomiciliares e se manifestou muito ou extremamente preocupado em cair. Em
um estudo realizado por Keal e colaboradores, os autores concluem que idosos que
apresentaram medo de cair em ambientes externos e sociais apresentam-se mais
capazes em termos de status psicossocial, físico e funcional, quando comparados a idosos
que apresentam o medo de cair exclusivamente em ambiente doméstico, uma vez que
essas atividades exigem um maior controle do equilíbrio e manutenção da estabilidade.
Esses autores afirmam que idosos com ‘’medo de cair’’ evitam situações desafiadoras e
acabam restringindo-se ao ambiente domiciliar.

Dados obtidos em diferentes pesquisas mostram que o medo de cair está


presente em atividades que podem também ser executadas dentro de casa, como
subir e descer escadas e andar em superfícies escorregadias, constituindo-se como
fatores de risco/causa para os eventos de quedas. Em contrapartida, se esses idosos se
restringem ao ambiente domiciliar, o número de quedas será maior dentro de casa, uma
vez que as causas estão relacionadas a fatores extrínsecos, como escadas e superfícies
escorregadias. No presente estudo, os resultados mais significativos nos dois grupos
(GDAM e GSDAM) foram relacionados às características do ambiente físico. Por se tratar de
uma amostra com características de fragilidade, é possível que estes idosos passem a
maior parte de seu tempo no domicílio, sendo de relevante importância estratégias de
prevenção dos eventos de quedas neste ambiente, com possibilidades de adaptações
nos locais de risco.

Alguns estudos apontam que o conjunto de elementos que geram risco para
quedas e a ocorrência prévia do evento podem ser considerados como um dos principais
fatores de risco para a diminuição da autoeficácia. Diversos estudos indicam também
que atividades como subir ou descer escadas, tomar banho, caminhar sobre superfície

51
irregular e andar sobre uma superfície escorregadia são atividades que apresentam
alto grau de exigência do sistema osteomioarticular e de equilíbrio. Nesse contexto, a
utilização do DAM associado a tais situações pode levar a quedas.

Observamos que 44% dos idosos que usam DAM sofreram eventos de quedas
comparados a 34% dos que não usam. Nessa perspectiva, vale ressaltar a importância
da investigação quanto ao ambiente da queda e o tipo de atividade realizada para que
seja possível um planejamento de intervenções bem direcionadas para prevenção de
novos eventos, considerando que grande parte dos idosos acreditam que o uso do DAM
não é necessário no ambiente doméstico, utilizando paredes e móveis como apoio.

Conclui-se que o uso de DAM não necessariamente aumenta a autoeficácia


para quedas em idosos, não devendo, por isso, ser considerado como um meio único
e confiável na prevenção destes eventos. Dessa forma, é fundamental a identificação de
fatores de risco para quedas associadas ao uso de DAM, que indiquem sua ocorrência
para possibilitar o manejo e a intervenção em situações de risco, tendo como foco a
prevenção e o cuidado em saúde.

52
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• A amputação é a remoção total ou parcial de um membro na qual pode ter sido


causada por trauma, doença ou cirurgia.

• O termo "nível de amputação" descreve o local em que uma parte do corpo foi
amputada. Além de outros fatores, o nível de amputação é usado para a escolha da
prótese adequada para cada caso.

• É fundamental um trabalho integrado dos diversos tipos de profissionais envolvidos


na reabilitação do paciente, para estimular e valorizar a capacidade residual da pessoa
atingida e, assim, buscar uma recuperação total.

• Entre as principais causas de complicações no coto estão deiscência de suturas,


edemas, dor fantasma, ulceração do coto, inflamações, infecções, retração da
cicatriz, neuromas e espículas ósseas.

• O fisioterapeuta é um profissional importante na reabilitação dos amputados,


atuando antes e depois da cirurgia, facilitando a recuperação da qualidade de vida e
a adaptação do indivíduo à prótese, se for o caso.

53
AUTOATIVIDADE
1 Para realizar a prescrição da prótese adequada após uma amputação, o tipo de
prótese prescrita vai variar de acordo com o nível de amputação. Sobre o nível de
amputação em que a prótese de Syme é prescrita, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Desarticulação do tornozelo, na qual a tíbia e a fíbula são transectadas abaixo de


suas superfícies articulares.
b) ( ) Desarticulação do tornozelo, na qual a tíbia e a fíbula são transectadas acima de
suas superfícies articulares.
c) ( ) Desarticulação do joelho, na qual o fêmur é transectado no nível dos côndilos.
d) ( ) Desarticulação do joelho, na qual todo o fêmur mantém sua estrutura intacta.

2 A amputação é um dos procedimentos cirúrgicos mais antigos descritos. Sobre as


principais causas que levam um paciente à amputação, associe os itens, utilizando o
código a seguir:

I- Doenças vasculares periféricas.


II- Traumas.
III- Tumores osteomusculares.
IV- Causas congênitas.
V- Infecções.

( ) Estão entre os tipos mais comuns de amputação de MMII em pacientes jovens e do


gênero masculino, e de MMSS em todas as faixas etárias e gêneros.
( ) Constituem a causa mais comum de amputação em crianças nos países
desenvolvidos.
( ) Casos que não respondem ao debridamento e aos antibióticos podem necessitar de
amputação para tratamento.
( ) Constituem a causa mais comum de amputação, principalmente em indivíduos de
50 a 75 anos de idade, sendo mais da metade dos pacientes portadores de diabetes
melito.
( ) No que tange à epidemiologia, cerca de treze mil norte-americanos, em 2005,
apresentaram um MMII amputado por sua causa.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) II - V - III - IV - I.
b) ( ) III - I - II - IV - V.
c) ( ) II - III - IV - V - I.
d) ( ) II - IV - V - I - III.

54
3 Com relação aos tipos de amputações, analise as sentenças a seguir:

I- O tipo Syme é quando acontece a desarticulação do tornozelo, entre a tíbia e o tálus.


II- O tipo Pirogoff é quando acontece a desarticulação entre a tíbia e o tálus, porém,
não há artrodese da tíbia com o calcâneo
III- O tipo Lisfranc pode ocorrer deformidade em flexão plantar.
IV- O tipo Chopart pode ocorrer deformidade em pé equino.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.

4 Paciente de 58 anos de idade, diabético há 10 anos, sedentário e obeso, sofreu há


20 dias intervenção cirúrgica para realização de uma amputação de Chopart, por
causa vascular, em membro inferior direito. Disserte sobre qual nível de amputação
(desarticulação) corresponde ao caso clínico descrito desse paciente.

5 Com relação à avaliação física e à protetização do paciente amputado, disserte sobre


as condutas que o fisioterapeuta deverá tomar em casos em que o paciente relatar a
sensação de choque quando aplicada a pressão sobre a área do coto.

55
REFERÊNCIAS
AGNE, J. Eletroterapia: teoria e prática. 5. ed. Santa Maria: Orium, 2006.

ALBUQUERQUE, V. S. et al. O uso de dispositivos auxiliares para marcha em idosos e


sua relação com autoeficácia para quedas. HUPE, v. 17, n. 2, p. 53-8, 2018.

BRADLEY, S. M; HERNANDEZ, C.R. Geriatricassistive devices. Am FamPhysician, v. 84,


n. 4, p. 405-11, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento


de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à pessoa amputada
/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. 1. ed. 1. reimp. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

CAMARA, C. T. P. et al. The walking canelengthinfluencesthe postural sway of


community – dwelling older women. Physiother Res Int, v. 25, n.1, p.1804, 2020.

CATARIN. Níveis de amputação: superior e inferior. 2019. Disponível em: http://www.


catarin.org/niveis-de-amputacao/. Acesso em: 22 set. 2021.

CARVALHO, J. A. Órteses: um recurso terapêutico complementar. 2. ed. Barueri:


Manole, 2013.

CARVALHO, J. A. Amputações de membros inferiores: em busca da plena


reabilitação. 2. ed. Barueri: Manole, 2003.

CHAMLIAN. T. R. Medicina Física E Reabilitação. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2010.

DENENO, B. P. Resultado funcional em crianças e adolescentes submetidos


à hemipelvectomia interna tipo II com ou sem reconstrução do anel pélvico.
Dissertação (Mestrado em Saúde da Criança e do Adolescente) – Faculdade de
Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. Disponível
em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/312076/1/Deneno_
BiancaPratelezzi_M.pdf. Acesso em: 22 set. 2021.

GANZ, D. A et al. Will mypatientfall? JAMA, v. 297, n. 1, p. 77-86, 2007.

GLISOI, F. S. N. et al. Dispositivos auxiliares de marcha: orientação quanto ao uso,


adequação e prevenção de quedas em idosos. Geriatria e Gerontologia, v. 6, n. 3,
2018. Disponível em: https://cdn.publisher.gn1.link/ggaging.com/pdf/v6n3a06.pdf.
Acesso em: 22 set. 2021.

56
Instituto Nacional do Seguro Social. Manual sobre Prescrição de Órteses, Próteses
Ortopédicas não Implantáveis e Meios Auxiliares de Locomoção. Brasília, 2017.
Disponível em: https://extra268.files.wordpress.com/2017/10/rs611presinssmanual1.
pdf. Acesso em: 22 set. 2021.

KISNER, C; COLBY, L, A. Exercícios terapêuticos: Fundamentos e técnicas. 4. ed. São


Paulo: Manole, 2005.

KUHN, P. As amputações do membro inferior e suas próteses. São Paulo: Lemos,


1997.

LI, S.; ARMSTRONG, C. W.; CIPRIANI, D. Three-point Gait Crutch Walking: Variability in
Ground Reaction Force During Weight Bearing. Arch Phys Med Rehabil, v. 82, n. 1, p.
87-92, 2001.

MAITIN, I. B. (org.). Current medicina física e reabilitação: diagnóstico e tratamento.


Porto Alegre: AMGH, 2016.

MATIELLO, A. A; VASCONCELOS, G. S. Órtese e prótese. Porto Alegre: SAGAH, 2019.

SCHMITZ, T. J. Treinamento locomotor. In: O’Sullivan S. B.; Schmitz T. J. Fisioterapia


avaliação e tratamento. Barueri: Manole; 2010.
SAAD, M. Meios auxiliares de marcha. In: GREVE J. M. D. Tratado de medicina de
reabilitação. São Paulo: Roca; 2007.

SOUZA, Y. P. et al. Caracterização das pessoas amputadas de um hospital de grande


porte em Recife (PE, Brasil). Jornal Vascular Brasileiro, v. 18, 2019. Disponível em:
encurtador.com.br/aISZ4). Acesso em: 22 set. 2021.

EBSERH. Fisioterapia ambulatorial em amputado de membro inferior. 2016.


Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-
sudeste/hc-uftm/documentos/pops/fisioterapia-em-amputados-mmii-versao-2-final.
pdf. Acesso em: 27 set. 2021.

TEIXEIRA, P. Você conhece a diferença entre órteses e próteses? Blog da Saúde,


2015. Disponível em: http://blog.saude.mg.gov.br/2015/11/16/voce-conhece-a-
diferenca-entre-orteses-e-proteses/. Acesso em: 22 set. 2021.

PORTO, J. M. et al. Recomendações para prescrição de dispositivos auxiliares da


marcha em idosos. Acta fisiátrica, v. 26, n. 3, p. 171-175, 2019.

VAN HOOK, F. W; DEMONBREUN, D; WEISS, B. D. Ambulatory devices for


chronicgaitdisorders intheelderly. Am FamPhysician, v. 67, n. 8, p. 1717-24, 2003.

57
58
UNIDADE 2 —

ÓRTESES E SUAS APLICAÇÕES


NA FISIOTERAPIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender as principais classificações das órteses para membros inferiores;


• compreender as principais classificações das órteses para membros superiores;
• compreender as principais classificações das órteses para coluna vertebral;
• reconhecer as órteses de membros superiores quanto à confecção e função;
• distinguir os tipos de órtese para dedos, punho, cotovelo e ombro;
• definir os objetivos das órteses utilizadas na região pélvica e membros inferiores;
• reconhecer os tipos de órteses utilizadas para a região pélvica, membros inferiores e
suas indicações e funções.
• especificar os componentes para órteses de membros inferiores;
• reconhecer os tipos de órteses para articulação do tornozelo, do joelho e do quadril;
• distinguir a utilização dos tipos de órteses para quadril e membros inferiores quanto
à disfunção cinético-funcional;
• reconhecer as órteses indicadas para a coluna cervical, torácica, lombar e lombossacra;
• identificar a biomecânica na coluna e sua relação com as órteses indicadas;
• distinguir a utilização dos tipos de órteses para a coluna quanto à disfunção cinético-
funcional.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ÓRTESES PARA QUADRIL E MEMBROS INFERIORES

TÓPICO 2 – ÓRTESES PARA COLUNA VERTEBRAL

TÓPICO 3 – ÓRTESES PARA OS MEMBROS SUPERIORES

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

59
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

Acesse o
QR Code abaixo:

60
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
ÓRTESES PARA QUADRIL E
MEMBROS INFERIORES

1 INTRODUÇÃO
Caro aluno, a órtese trata-se de um dispositivo externo aplicado ao corpo para
modificar os aspectos funcionais ou estruturais do sistema neuro musculoesquelético, assim
como a obtenção de alguma vantagem mecânica ou ortopédica (MAITIN, 2016). Neste
primeiro tópico, abordaremos aspectos sobre as órteses de membros inferiores, as quais
são comumente indicadas para facilitar/auxiliar o ortostatismo; estabilizar ou imobilizar
segmentos articulares durante processos inflamatórios ou após intervenções cirúrgicas;
compensar fraquezas musculares ou hiperatividade muscular; prevenir o aparecimento
de contraturas e deformidades; distribuir de forma mais uniforme a descarga de peso;
evitar ou minimizar a dor e, principalmente, permitir uma marcha funcional e segura
para a pessoa com deficiência de natureza transitória ou definitiva (MAITIN, 2016).

Para atingir os objetivos supracitados, existe uma grande variedade de órteses


destinadas aos membros inferiores, com nomenclaturas distintas, que geralmente
estão relacionadas a critérios como o segmento corporal para qual se destinam e a
função que desempenham (BRASIL, 2019).

É de extrema importância para o fisioterapeuta, como parte integrante da equipe


multiprofissional, que ele conheça os tipos e modalidades de órteses para prescrevê-
las de forma adequada, assim como suas indicações, contraindicações, cuidados
e adaptações. Estudaremos, a seguir, os principais tipos de órteses para o quadril e
membros inferiores.

2 PRINCIPAIS ÓRTESES DESTINADAS AOS MEMBROS


INFERIORES

A prescrição de órteses para membros inferiores (MMII) é realizada pela equipe


multiprofissional após uma adequada avaliação, que inclui informações sobre a patologia,
finalidade da órtese, tempo previsto de utilização, entre outros fatores. A seguir,
serão descritas as características das principais órteses de MMII (palmilhas, órteses
suropodálicas, cruropodálicas e pelvicopodálicas) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

61
2.1 ANKLE-FOOT ORTHOSIS (TORNOZELO E PÉ)
As Ankle-foot orthosis (AFO) envolvem a articulação do tornozelo-pé e podem
ser chamadas de órteses suropodálicas. Podem ser classificadas conforme o segmento
que atingem, podendo ser proximais (joelho), mediais (tornozelo) e distais (ante pé), com
características funcionais distintas entre cada um dos níveis (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2019).

Dentre as principais funções da AFO podemos citar a prevenção da instalação de


deformidades em equino, favorecer o ganho da amplitude de movimento de dorsiflexão
ou controlar o alinhamento e a movimentação do pé e do tornozelo. Consequentemente,
ela promoverá uma melhora do alinhamento corporal, equilíbrio e desempenho na
marcha (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

A articulação desta órtese deverá ser alinhada com os maléolos e o plano frontal,
evitando uma rotação indesejada da perna durante a transferência de peso. É indicada
para pessoas que são capazes de realizar marcha (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

FIGURA 1 – ÓRTESE DO TIPO AFO

FONTE: <https://bit.ly/3BofOm5>. Acesso em: 23 set. 2021.

Caro acadêmico, com relação às órteses específicas para a articulação do


tornozelo, listaremos, a seguir, os principais tipos:

• Órteses rígidas: são indicadas para aqueles pacientes que não apresentam bom
controle de membros inferiores, tais como aqueles que apresentam artrodese
tibiotársica. A AFO rígida não possibilita o funcionamento da amplitude do tornozelo, mas
mantém preservada a flexibilidade na região anterior do pé, indicados para pacientes
com espasticidade grave ou em situações de deformidades já inseridas em equino ou
equino varo. Um exemplo mais específico no qual é indicado esse tipo de órtese é para os
casos de pacientes com trauma raquimedular e lesão acima de T12, a fim de garantir maior
equilíbrio para a articulação do pé na posição ortostática (CARVALHO, 2013).

62
FIGURA 2 – ÓRTESE DE TORNOZELO RÍGIDA

FONTE: <https://www.casaortopedicarj.com.br/conteudo/orteses/060919_134228.jpg>.
Acesso em: 23 set. 2021.

• Órtese com articulação do tornozelo livre: é indicada apenas para os casos em


que o paciente apresenta um bom controle motor da articulação do tornozelo. Esse
tipo de órtese é utilizado para direcionar o movimento do tornozelo ou para servir
como um meio de fixação das hastes laterais da articulação do joelho. A vantagem da
órtese articulada é promover assistência ao ciclo da marcha, por manter o movimento
dos dedos da pessoa em vínculo ao chão (CARVALHO, 2013).

FIGURA 3 – ÓRTESE DE TORNOZELO LIVRE PARA PLANTIFLEXÃO E DORSIFLEXÃO

FONTE: <https://bit.ly/2ZoM4YY>. Acesso em: 1º out. 2021.

63
• Órtese com amplitude de movimento limitada: esse tipo de órtese é indicado para
pacientes que não possuem controle sobre a articulação do tornozelo. Permite pouca
mobilidade articular em flexão plantar e dorsiflexão, de acordo com as necessidades
específicas de cada paciente. Como desvantagem, ocorre a limitação da amplitude do
tornozelo e o indivíduo terá algumas anormalidades na marcha. Outra desvantagem é
o fato dela ter um braço curto e não promover estabilidade suficiente em indivíduos
muito altos ou muito pesados (CARVALHO, 2013).

FIGURA 4 – ÓRTESE QUE LIMITA A PLANTIFLEXÃO (EVITA QUEDA DO PÉ)

FONTE: <https://bit.ly/30Tnm3r>. Acesso em: 23 set. 2021.

2.2 KNEE-ANKLE-FOOT ORTHOSIS (JOELHO-TORNOZELO-PÉ)


As knee-ankle-foot orthosis (KAFO) são aquelas órteses que envolvem as
estruturas do joelho, tornozelo e pé. Também são chamadas de órteses cruropodálicas e
geralmente são indicadas para pacientes com lesão lombar. Podem atuar no segmento
proximal (envolvendo o quadril), medial (joelho) e distal (tornozelo) (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2019).

Este tipo de órtese é indicado para aqueles pacientes que não conseguem
assumir a posição ortostática e deambular sem auxílio de um dispositivo auxiliar. São
usualmente utilizadas por pessoas com paralisia de membro inferior, proveniente
de lesões de coluna ao nível lombar, poliomielite e outras doenças neuromusculares
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

64
FIGURA 5 – ÓRTESE DO TIPO KAFO

FONTE: <https://bit.ly/3GnJuDA>. Acesso em: 23 set. 2021.

Quanto às órteses que envolvem a articulação do joelho, essas podem ser classifi-
cadas em alguns tipos, tais como: rígida, livre, com amplitude de movimento controlada e
assistida. A escolha de cada tipo de órtese irá depender da necessidade do paciente e de
sua capacidade de controlar os movimentos articulares (CARVALHO, 2013).

Como exemplo, podemos citar a órtese com articulação do joelho livre, a qual
permitirá a flexão do joelho durante a fase de balanço, possibilitando uma marcha mais
perto da normalidade (fisiológica) e despendendo de um menor gasto energético. Podemos
utilizar este tipo de órtese para aqueles pacientes que apresentam geno valgo ou geno
varo, que necessitam apenas de um direcionamento dos movimentos, visando a correção
de desvios de alinhamento (CARVALHO, 2013).

FIGURA 6 – ÓRTESE PARA JOELHO VALGO

FONTE: <https://bit.ly/3b56bhn>. Acesso em: 23 set. 2021.

65
As órteses do tipo KAFO também podem ser divididas em três modelos, sendo
eles a KAFO passiva, SCKAFO e KAFO dinâmica. A KAFO passiva promoverá estabilidade
durante a marcha, mantendo travada a articulação do joelho na posição estendida, que
poderá ser destravada manualmente para permitir a flexão do joelho, caso a pessoa
precise dobrá-lo. A órtese do tipo SCKAFO mantém travada a articulação durante a fase
de apoio, porém, a trava é liberada durante a fase de balanço, facilitando a marcha. Já a
terceira (KAFO Dinâmica) é a que mais se assemelha à marcha normal, devido à liberdade
de flexão da articulação, durante todo o ciclo da marcha (DOMINGOS; SANTOS, 2018).

Com relação à prescrição de cada tipo de órtese, a escolha irá depender da


condição clínica do paciente e de suas necessidades, levando sempre em consideração as
vantagens e desvantagens de cada modelo. As KAFOs passivas são as mais convencionais
por serem mais leves e de menor custo, já que não utilizam nenhum atuador elétrico. As
KAFOs passivas podem apresentar três tipos de juntas: junta de joelho fixa estendida,
junta de joelho de compensação posterior e junta de joelho policêntrica. Para garantir a
estabilidade das juntas, são incorporados mecanismos de travamento. Este tipo de órtese
preza pela estabilidade do joelho (DOMINGOS; SANTOS, 2018).

As SCKAFOs promovem uma marcha com qualidade superior quando comparadas


às KAFOs passivas, porém, o acionamento das travas é realizado somente quando o jo-
elho está totalmente estendido, o que exigirá maior atenção do usuário enquanto sua
caminhada. Já as KAFOs dinâmicas são as que possuem desenvolvimento da marcha
mais próxima da fisiológica, devido a seus aparatos eletrônicos. Entretanto, esses artifí-
cios deixam esse tipo de órtese mais onerosa e, geralmente, são volumosas, pesadas e
não podem ser usadas por debaixo de roupas (DOMINGOS; SANTOS, 2018).

FIGURA 7 – ÓRTESE DO TIPO SCKAFO

FONTE: <https://bit.ly/3mdRRcQ>. Acesso em: 23 set. 2021.

66
DICA
Quer saber mais sobre as características das órteses do tipo KAFO?
Acesse o link: https://bit.ly/3nIGSrp.

2.3 HIP-KNEE-ANKLE-FOOT ORTHOSIS (QUADRIL-JOELHO-


TORNOZELO-PÉ)
Já as órteses pelvicopodálicas ou hip-knee-ankle-foot orthosis (HKAFO), en-
volvem o quadril, joelho, tornozelo e pé, e são indicadas para pacientes que apresentam
lesão acima da coluna lombar, com comprometimento motor da articulação do quadril
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

Para a utilização desse tipo de órtese, é de suma importância que o paciente


apresente um bom controle do tronco, do pescoço e da cabeça, para conseguir manter
a posição ortostática. Embora alguns indivíduos que preservam um bom grau de
mobilidade e controle de flexão do quadril possam deambular sem uso de dispositivos
auxiliares de locomoção, em geral, a deambulação exige o uso de muletas, exigindo a
integridade e força muscular preservada nos membros superiores (GREVE, 2007).

Esse tipo de órtese possui um cinto pélvico ao nível e uma articulação ao nível
do quadril, que pode estar livre ou bloqueada, dependendo do objetivo. Quando está
bloqueada, pode impedir ou limitar a flexão ou extensão do quadril. Como o paciente que
necessita desse tipo de órtese não apresenta bom controle da musculatura dos membros
inferiores, terá que utilizar os músculos do tronco e do pescoço em associação com os
músculos dos membros superiores, para deslocar o peso da perna. Por isso, apresenta
marcha mais lenta e consome mais energia quando comparada às pessoas que não
possuem lesão. Em vista disso, essas pessoas não conseguem normalmente caminhar
por longas distâncias (GREVE, 2007).

67
FIGURA 8 – ÓRTESE DO TIPO HKAFO

FONTE: <https://bit.ly/3Gn2tOg>. Acesso em: 23 set. 2021.

Os profissionais que são responsáveis pela confecção e acompanhamento


de pacientes com órteses devem observar sempre alguns pontos importantes, tais
como o aspecto das áreas que apresentam saliências ósseas, tendões e ulcerações.
Deve-se atentar também à coloração da pele após a colocação da órtese (não deverá
apresentar vermelhidão). É importante enfatizar que as órteses deverão ser ajustadas
periodicamente, na medida em que os resultados forem aparecendo, tais como redução
do edema, contraturas e deformidades (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

2.4 ÓRTESES PLANTARES


As órteses plantares ou palmilhas como popularmente conhecidas, são
dispositivos utilizados para fins terapêuticos ou esportivos. As palmilhas são confinadas
dentro de sapatos fechados e abrangem apenas os pés, sem chegar ao tornozelo. Com
relação às funções das órteses plantares, podemos citar o fornecimento de suporte
mecânico para o corpo, auxílio no controle e manutenção de posturas, correção,
compensação e melhora da qualidade de vida do usuário. As palmilhas precisam ser
resistentes para absorver choques, gerar conforto, reduzir e redistribuir as pressões
plantares, quando necessário (OLIVEIRA; TAVARES, 2011).

Os principais tipos de palmilhas são as pré-fabricadas (confeccionadas em si-


licone) e as palmilhas personalizadas (fabricadas de forma individualizadas, geralmente
posturais ou proprioceptivas). As palmilhas pré-fabricadas são “moldadas” de maneira
a atingir o maior número de pessoas e, normalmente, trabalham somente um componente
específico na palmilha, como a absorção de impacto. Já as personalizadas são con-
feccionadas com materiais específicos para cada patologia, necessidades esportiva ou
postural (OLIVEIRA; TAVARES, 2011).

68
Para a produção de órteses plantares, é necessário que o fisioterapeuta ou
outro profissional habilitado para essa finalidade realize uma adequada avaliação dos
pés e altura dos arcos plantares, além da análise da marcha do paciente. As pressões
plantares também fornecem informações importantes sobre a estrutura e as funções do
pé, para fins de diagnósticos (OLIVEIRA; TAVARES, 2011).

NOTA
Para lembrar: podoposturologia é uma área da ciência que
estuda a influência dos pés na postura corporal e no equilíbrio
ortostático (em pé).

2.4.1 Arcos plantares


Os arcos plantares do ser humano são formados pelo conjunto de ossos unidos
pelos ligamentos, e são fortalecidos pelos músculos intrínsecos do pé. Possuímos dois
arcos plantares principais, sendo eles: o arco medial longitudinal (MLA) e o arco lateral
longitudinal. Os arcos se originam no calcâneo, porém, o MLA sobe até o talus, depois
desce na parte medial do pé pelos cuneiformes, naviculares até os três metatársicos
mediais. Já o arco longitudinal inicia lateralmente pelo cubóide e termina nos dois
metatársicos laterais (WHITTLE, 2015).

Os arcos são maleáveis, e a integração entre eles promove elasticidade estrutural


enquanto caminhamos, aumentando a absorção do impacto do pé com o solo. Assim
como promove a capacidade de se adaptar às irregularidades do terreno e aumenta as
funções biomecânicas do pé (TANG, 2015).

FIGURA 9 – ARCOS PLANTARES

FONTE: <https://bit.ly/3nolAPn>. Acesso em: 1º out. 2021.

69
Com relação às estruturas dos arcos plantares, os pés podem ser classificados
como cavos, planos ou normais. No pé normal, há um equilíbrio entre os arcos medial e
lateral do pé com o tornozelo, e o MLA tem sua altura normal. Já o pé cavo apresenta uma
altura anormal do MLA e sofre uma inversão no retropé e flexão plantar no antepé, com
tendência a sofrer supinação por utilizar mais a parte externa do pé. Como consequência
de possuir um pé cavo, o indivíduo apresenta uma menor área de apoio, aumentando o risco
de desenvolver traumas mecânicos e lesões de joelho (OLIVEIRA, 2011).

Por fim, as pessoas com pés planos (ou chatos) apresentam o MLA mais baixo que
o normal, e quase toda (ou toda) a sola do pé entra em contato com o solo (ROTH et al.,
2013). Em virtude do mau alinhamento do pé plano, ocorre excessiva pronação, e uma
compressão elevada nas estruturas laterais (OLIVEIRA, 2011).

FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO DA PISADA DE UM PÉ NORMAL, CHATO E CAVO

FONTE: <https://bit.ly/3Cf291E>. Acesso em: 23 set. 2021.

A marcha é o movimento mais comum dos seres humanos e envolve uma


complexa coordenação do sistema neural e musculoesquelético. Em vista disso, a
avaliação e análise da marcha e do pé são essenciais, pois alterações mecânicas nesses
componentes podem influenciar negativamente as funções normais do tornozelo,
joelho, quadril e coluna vertebral (WAFAI et al., 2015).

As alterações relacionadas à pisada podem atrapalhar a atividade diária de um


indivíduo e, consequentemente, interferir na sua qualidade de vida, pois modificam as
principais funções que são o suporte e a absorção de impacto, fazendo com que a
marcha seja prejudicada e alterada (BANWELL; MACKINTOSH; THEWLIS, 2014).

70
IMPORTANTE
Para relembrar: os movimentos do pé que ocorrem no plano sagital são
a flexão plantar e a dorsiflexão. No plano transversal, os movimentos
são de rotação, como a pronação e a supinação.

FIGURA 11 – INVERSÃO E EVERSÃO DO TORNOZELO

FONTE: <https://bit.ly/2XIceW1>. Acesso em: 23 set. 2021.

A pronação e supinação excessivas estão relacionadas às rotações do pé que


geram um desequilíbrio biomecânico. Na supinação, ocorre uma inversão, na qual as
solas rotacionam para dentro e ocorre uma flexão plantar com adução. Na pronação, o pé
sofre uma eversão, na qual as solas apontam para longe da linha média central do pé
e geram uma dorsiflexão com abdução (WHITTLE, 2015). O pé com excessiva pronação
também poderá ser denominado de pé valgo e o pé com excessiva supinação, pé varo
(COTOROS; BARITZ; STANCIU, 2011). Na figura a seguir, será representada uma pisada
normal, com pronação e supinação excessiva.

FIGURA 12 – A
­ NÁLISE DA PISADA NORMAL, PRONADA E SUPINADA

FONTE: <https://bit.ly/2ZsxqQv>. Acesso em: 23 set. 2021.

71
2.4.2 Avaliação do pé e prescrição de palmilhas
As disfunções no pé podem ser geradas pela distribuição assimétrica das pressões
plantares. Tais pressões quando se encontram irregulares podem causar vários tipos de
doenças e deformidades no pé, como dores, calosidades e ulceração. Em vista disso, as
análises das pressões podais auxiliam no diagnóstico, mas também ajudam na escolha do
tratamento, na prevenção e na reabilitação (WAFAI et al., 2015).

A análise das pressões podais possibilita a confecção de acessórios que ajustam as


irregularidades, tais como calçados com um design personalizado e órteses plantares,
como a palmilha (ABDUL et al., 2012).

Há várias formas de avaliar qualitativa e quantitativamente as pressões


plantares, e podemos destacar entre elas o uso de plataformas, tapetes e palmilhas
(WAFAI et al., 2015). A seguir serão listados alguns desses tipos de avaliação podal.

• Tapetes: medem a força de reação do solo por baixo do pé, oferecendo medições de
alta resolução; além de precisas, pois é possível fazer medições plantares de forma
estática e dinâmica. Os tapetes possuem sensores e são conectados a um software
instalado em um computador que registra os dados do tapete (DAVIS; ÕUNPUU;
DELUCA, 2008).

FIGURA 13 – TAPETE DE PRESSÃO PARA ANÁLISE DAS PRESSÕES PLANTARES

FONTE: <https://bit.ly/3Eb33gk>. Acesso em: 23 set. 2021.

• Palmilhas: existem também, no mercado, algumas palmilhas que avaliam as pressões


plantares. Essas palmilhas fornecem dados sobre a força vertical exercida no caminhar
em um tempo controlado, o que resulta em uma imagem mais verídica das pressões
plantares nos movimentos comuns do dia a dia. Um amplificador de sinal é conectado
às palmilhas e um sistema de gravação e armazenamento fica localizado na cintura do
paciente (MARTÍNEZ-NOVA et al., 2007).

72
FIGURA 14 – PALMILHAS COM SENSORES DE ANÁLISE DA PRESSÃO

FONTE: <https://cdn.pessemdor.com.br/wp-content/uploads/2016/08/pedar-300x286.png>.
Acesso em: 23 set. 2021.

• Podoscópio: apresenta uma superfície de vidro acima de um espelho que reflete a


imagem plantar quando os pés se posicionam sobre o vidro. Podemos notar como se
distribui o peso do corpo e se há ou não áreas de hiper pressão, que aparecem como
pontos mais claros na imagem plantar dos pés, diferenciando os pés planos dos pés
cavos (OLIVEIRA; SOUZA, 2004).

FIGURA 15 – ANÁLISE DO PÉ COM PODOSCÓPIO

FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-g/107792-16578307.webp>.
Acesso em: 23 set. 2021.

DICA
Para lembrar: a baropodometria é um exame que avalia as pressões
plantares (pressão sob a planta do pé) durante a marcha (caminhada).
Além disso, ela determina a “gait line” (centro de pressão durante a
caminhada, que identifica o tipo de pisada, instabilidades, impulso e
outras alterações biomecânicas).

73
FIGURA 16 – BAROPODOMETRIA COMPUTADORIZADA

FONTE: <https://bit.ly/3mbzYLD>. Acesso em: 23 set. 2021.

A partir das informações obtidas por esses equipamentos, é possível confeccionar


órteses personalizadas para cada tipo de paciente, aliviando os sintomas e melhorando a
função e a qualidade de movimento deles.

DICA
Quer saber mais sobre a avaliação e índices do arco plantar? Leia
o artigo: FILONI, E. et al. Comparação entre índices do arco plantar.
Motriz, v. 15, n. 4, p.850-860, out./dez. 2009

Estudaremos, agora, caro aluno, os tipos e classificações das órteses plantares, as


quais podem ser divididas em órteses de modificação interna e órteses de modificação
externa (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).

2.4.3 Órteses de modificação interna


As órteses de modificação interna são aquelas fixadas no calçado, diferentemente
das palmilhas que podem ser trocadas de calçado para calçado. A desvantagem das
palmilhas em relação às órteses de modificação interna é que ocupam muito espaço,
principalmente as que se estendem pelo pé inteiro (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).

As órteses de modificação interna do tipo calcanheiras servem para elevar a


região do calcanhar, reduzindo a sua dor e sobrecarga. É indicada para alívio da dor em
algumas patologias, tais como: esporão de calcâneo, tendinopatias de Aquiles, entre
outras (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).

74
FIGURA 17 – ÓRTESE DO TIPO CALCANHEIRA

FONTE: <https://bit.ly/3mbAXLF>. Acesso em: 23 set 2021.

As palmilhas conhecidas como UCBL (University of California Biomechanics


Laboratory) são órteses confeccionadas em plástico semirrígido indicadas para pé caído.
Essas órteses envolvem o calcanhar e mediopé, aplicando força medialmente ao calcâneo
e força superior e lateral à porção medial do mediopé. São indicadas para pé plano, fascite
plantar e hálux valgo (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).

FIGURA 18 – ÓRTESE DO TIPO UCBL

FONTE: <https://bit.ly/3EbUAJM>. Acesso em: 23 set. 2021.

A órtese do tipo coxim do metatarso é indicada para indivíduos com neuroma de


Morton, fascite plantar, hálux valgo e outras disfunções. Esse tipo de órtese serve para
deslocar a sobrecarga da região da cabeça dos metatarsos para o seu eixo (O’SULLIVAN;
SCHMITZ, 2010).

75
FIGURA 19 – ÓRTESE COM COXIM NO METATARSO

FONTE<https://pt.aliexpress.com/item/4000096307741>. Acesso em: 23 set. 2021.

Já a palmilha de contato total é uma órtese que redistribui o peso do indivíduo


uniformemente em toda a sola do pé. Essa órtese é confeccionada individualmente
respeitando as necessidades e o tipo de pé de cada paciente. É indicada para casos de
fasciteplantar, pé plano, pé cavo, entre outros (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010).

FIGURA 20 – ÓRTESE DE CONTATO TOTAL

FOTO: <https://http2.mlstatic.com/D_NQ_NP_2X_885884-MLB40516273963_012020-F.webp>.
Acesso em: 23 set. 2021.

2.4.4 Órteses de modificação externa


Consistem em modificações realizadas na parte externa do calçado. Como
desvantagem, por serem fixas, o paciente necessitará utilizar sempre o mesmo calçado. A
seguir, serão listados alguns exemplos de órteses de modificação externa:

• Cunha para calcanhar: são indicadas para correção do alinhamento dos calcanhares.
Se o pé for valgo, a cunha deverá ser posicionada medialmente; e se for varo, lateral-
mente (GOMES et al., 2017).
76
FIGURA 21 – ÓRTESE DO TIPO CUNHA PARA CALCANHAR

FONTE: <https://www.ortofly.com.br/imagens/informacoes/sandalia-cunha-03.jpg>. Acesso em: 23 set. 2021.

• Barra metatarsal: trata-se de uma faixa plana, confeccionada com material firme, e
posicionada na cabeça dos metatarsos. Tem o objetivo de deslocar a cabeça dos
metatarsos para seu eixo (GOMES et al., 2017).

FIGURA 22 – ÓRTESE DO TIPO BARRA METATARSAL

FONTE: <https://bit.ly/3E8CwA4>. Acesso em: 23 set. 2021.

Vale ressaltar que tanto as órteses de modificação externa quanto as de modifi-


cação interna podem ser confeccionadas com diferentes materiais, como plástico viscoelás-
tico, plásticos rígidos ou semirrígidos, borracha ou metal. O material de confecção irá
depender do tipo de órtese escolhida para o paciente (PAUK et al., 2015).

O material escolhido para confecção da palmilha precisa ter uma resposta ade-
quada à temperatura, elasticidade, dureza, densidade, durabilidade, flexibilidade, resiliência,
compressibilidade e, principalmente, confortabilidade. Um exemplo de relação de den-
sidade, conforto e dureza, é que quanto maior a densidade do material, maior será a dureza
e menor o amortecimento nos momentos de impacto (CRABTREE; DHOKIA; NEWMAN, 2009).

77
Além disso, por questões de higiene, o material precisará ter uma baixa penetração
de água para que não haja proliferação de bactérias e produção de odores, assim como a
quantidade de lavagem não deverá interferir na qualidade e função do material (MA-
JUMDAR et al., 2013).

Agora que já estudamos aspectos sobre as órteses de membros inferiores, que


tal respondermos questões de fixação sobre o conteúdo? Elas estarão listadas após o
resumo do tópico.

78
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• As órteses servem como suporte para o membro, e auxiliam a manter, aumentar ou


recuperar a mobilidade de pessoas com deficiência ou limitações físicas.

• As órteses para membros inferiores são nomeadas de acordo com os segmentos a


que se relacionam.

• Os principais objetivos da utilização de órteses de membros inferiores consistem


em alinhar, prevenir ou corrigir deformidades; facilitar o ortostatismo; auxiliar na
locomoção e proporcionar uma marcha funcional.

• Para que uma órtese tenha um desempenho eficiente e permita resultados


satisfatórios, a indicação pelo profissional de saúde precisa ser correta, bem como a
sua confecção, que deverá ser feita por um técnico qualificado.

79
AUTOATIVIDADE
1 Um agricultor de 43 anos sofreu traumatismo raquimedular após acidente com trator,
com lesão completa em nível de L2. Quanto ao tipo de órtese que esse paciente poderá
utilizar para atingir a deambulação terapêutica, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Órtese submaleolar (SMO).


b) ( ) Órtese tornozelo-pé (AFO).
c) ( ) Órt ese joelho-tornozelo-pé (KAFO).
d) ( ) Órtese tutor longo com cinto pélvico (HKAFO).

2 Paciente, sexo masculino, 59 anos de idade, após um AVE (acidente vascular encefálico)
apresenta uma marcha com hiperextensão de joelho durante a fase de médio apoio do
membro inferior afetado. Sobre qual tipo de órtese é o mais recomendado para esse
paciente, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Órtese joelho-tornozelo-pé (KAFO).


a) ( ) Órtese de reciprocação Walkabout.
a) ( ) Órtese longa com cinto pélvico sem trava.
a) ( ) Órtese tornozelo-pé (AFO).

3 Em uma paciente idosa, 74 anos de idade, acometida por um acidente vascular


encefálico da artéria cerebral média esquerda, ocorrido há quatro meses, a qual
apresenta marcha domiciliar com andador de rodas anteriores, percebe-se a presença
de espasticidade de leve a moderada em membro inferior; e ainda um pé equino varo
ao apoiar o pé direito no solo, com tendência de entorse de tornozelo em inversão.
A paciente não flexiona o joelho ou dorsiflexiona o tornozelo voluntariamente,
apesar de ter mobilidade articular preservada, observada quando se consegue inibir
a espasticidade. Considerando a indicação de uma órtese para melhorar o padrão
de marcha e permitir uma deambulação mais segura dessa idosa, sugere-se como
prescrição, órtese tornozelo pé, confeccionada em polipropileno resistente. Sobre
essa órtese, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Em posição neutra de tornozelo e região subtalar, médio pé e ante pé, fixada por
velcros.
b) ( ) Fixada em 15o de dorsiflexão de tornozelo e posição neutra de região subtalar,
médio pé e ante pé, fixada por velcros.
c) ( ) Fixada em 10o de plantiflexão de tornozelo e posição neutra de região subtalar,
médio pé e ante pé, fixada por velcros.
d) ( ) Fixada em 10o de dorsiflexão e 10o de eversão da região subtalar, médio pé e ante
pé, fixada por velcros.

80
4 Marco Antônio, 24 anos, sofreu um trauma raquimedular devido a um mergulho em
água rasa. Após a fase de choque medular, verificou-se que o nível neurológico de
Marco Antônio é L2. Com relação ao exposto, disserte sobre qual o tipo de órtese e o
tipo de deambulação que o fisioterapeuta deverá indicar para Marco Antônio.

5 As órteses do tipo AFO, que envolvem o tornozelo e o pé, mantém a articulação do


tornozelo na posição funcional em pacientes com sequelas espásticas e flácidas.
Além disso, auxiliam na melhora da imagem corporal, controlam a motricidade e
aprimoram a independência do paciente, a qualidade da marcha e o equilíbrio do
tônus muscular. Com relação ao exposto, disserte sobre o motivo principal das
órteses do tipo AFO serem prescritas.

81
82
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —
ÓRTESES PARA A COLUNA VERTEBRAL

1 INTRODUÇÃO
A coluna vertebral corresponde a uma estrutura osteomioarticular que, de forma
altamente estruturada, forma o eixo de sustentação e mobilidade do aparelho locomotor.
Por apresentar essa grande magnitude funcional, está sujeita às mais diversas formas de
comprometimento as quais podem acarretar restrições, tanto a nível temporário quanto
permanente (MORAWIETZ; MOFFAT, 2013).

A região da coluna possui um suporte muscular ativo para manter e modificar as


posturas. Também conta, ainda, com o suporte de diferentes ligamentos, além dos discos
intervertebrais, que auxiliam na manutenção da estabilização desta região. Sabe-se que
a coluna vertebral possui a função de dar estabilidade e segurança para as extremidades
corporais, para que estas consigam se movimentar e suportar o peso do corpo durante
as atividades diárias, além de proteger a medula espinhal (MAGEE, 2010).

A região da coluna vertebral é frequentemente acometida por lesões em


diversas estruturas, como as musculares, ligamentares e articulares, as quais podem
comprometer a função dos pacientes. Podemos destacar as fraturas de vértebras e
costelas, doenças degenerativas e escoliose como as condições mais comuns que
induzem a restrições funcionais da coluna. Em vista disso, o uso de órteses poderá
colaborar para prevenção de disfunções, correção de postura, auxílio no tratamento e
melhora da qualidade de vida dos pacientes (O’SULLIVAN; SCHMITZ; FULK, 2010).

Com relação às indicações do uso de órteses para a região da coluna, existem


alguns critérios a serem considerados, tais como o objetivo da órtese e o segmento da
coluna o qual será envolvido e limitado (no caso de órteses imobilizadoras). As órteses para
coluna vertebral podem se dividir por segmento da coluna, o qual se deseja imobilizar ou
tratar, tendo como referência a coluna cervical, coluna torácica, coluna lombar e região
sacral, podendo a imobilização se aplicar a um ou mais segmentos associados. Além
disso, podemos classificar, segundo a finalidade da órtese, entre corretivas e imobilizadoras
(O’SULLIVAN; SCHMITZ; FULK, 2010).

Neste tópico, caro aluno, abordaremos os principais tipos de órteses para coluna
vertebral, suas indicações, contraindicações e características.

83
2 ÓRTESES PARA COLUNA CERVICAL
As órteses cervicais, também conhecidas como colares cervicais, servem para
auxiliar na imobilização da coluna cervical. Nenhuma órtese conseguirá restringir todos os
movimentos da coluna cervical devido à mobilidade desse segmento, bem como a grande
quantidade de tecidos moles que envolvem essa região. Além disso, a pressão sobre
esses tecidos não poderá ser alta, visando evitar complicações diversas, tais como
isquemia cutânea, formação de úlceras e desconforto ao paciente (PRENTICE, 2012).

As órteses cervicais podem ser confeccionadas sob medida, no entanto, a


maioria são do tipo pré-fabricadas. Os colares também podem ser flexíveis, semirrígidos
e rígidos, dependendo do grau de imobilização necessária para cada caso (PRENTICE,
2012). Estudaremos, a seguir, os principais tipos de órteses para região cervical.

• Colar cervical em espuma: trata-se de uma órtese pré-fabricada, confeccionada


em espuma de polietileno com cobertura de algodão e fecho de velcro. Possui
vantagens como o baixo custo, no entanto, possui pouca capacidade de imobilização.
Dentre algumas indicações para utilização desta órtese, estão o alívio de contraturas
da musculatura cervical, sem grandes restrições de movimento e alívio da dor em
cervicalgias agudas (O’SULLIVAN; SCHMITZ; FULK, 2010).

FIGURA 23 – COLAR CERVICAL PRÉ-FABRICADO

FONTE: <https://bit.ly/3jzAH7C>. Acesso em: 23 set. 2021.

• Colar de Thomas ou americano: esse tipo de órtese tem como função restringir
os movimentos no plano sagital (flexão e extensão). É pré-fabricada, confeccionada
em polietileno rígido acolchoado e com fechos de velcro. Possui indicação em casos
de imobilização provisória, emergências e no pós-operatório de cirurgias de coluna
(PRENTICE, 2012).

84
FIGURA 24 – COLAR DE THOMAS

FONTE: <https://http2.mlstatic.com/D_NQ_NP_880804-MLB31189660251_062019-O.webp>.
Acesso em: 23 set. 2021.

• Colar Philadelfia: promove pouca restrição aos movimentos, porém mais eficiente
quando comparado aos descritos anteriormente citados. É indicado em casos de
lesões na cervical alta, como fraturas do áxis e do atlas, fraturas mínimas do corpo ou de
processo espinhoso das vértebras cervicais e no pós-operatório de procedimentos
menores, como discectomias cervicais por via anterior. Possui apoio occipital e
mentoniano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

FIGURA 25 – COLAR PHILADELFIA

FONTE: <https://bit.ly/3GhNd5j>. Acesso em: 23 set. 2021.

• Colar cervical com apoio mentoniano: como o próprio nome já menciona, trata-se
de um colar cervical com apoio mentoniano, que restringe o movimento do pescoço
durante o tratamento de torcicolos, traumatismo, artrite, somatizações e outras
afecções que acometem a coluna cervical. Como vantagens, esse colar possui bordas
estofadas e perfurações que permitem a transpiração, além de fechos aderentes que
permitem o ajuste da altura (PRENTICE, 2012).

85
FIGURA 26 – COLAR CERVICAL COM APOIO MENTONIANO

FONTE: <https://bit.ly/3BdlyyH>. Acesso em: 23 set. 2021.

• Colar cervical Aspen: trata-se de um dispositivo cervical de estabilização indicado


para episódios de pós-trauma e pós-operatório, em casos de fraturas na base do crânio,
lesões ligamentares de C1-C7, lesões de tecidos moles, e para manter a cabeça em uma
posição estável no caso de pacientes com desordens neurológicas. É confeccionado em
plástico e velcro, com forros substituíveis em espuma (PRENTICE, 2012).

FIGURA 27 – COLAR CERVICAL DO TIPO ASPEN

FONTE: <https://bisturi.com.br/11188-large_default/aspen-colar-cervical-984000.jpg>. Acesso em: 23 set. 2021.

Existem no mercado algumas órteses que podem ser classificadas como


cervicotorácicas, pois podem atuar entre C3 e T3 e, dependendo da extensão torácica
da órtese, poderá ser efetiva até T7 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). Veja a descrição
dessas órteses a seguir:

86
• Órteses SOMI (imobilizador esterno-occipito-mandibular): essa órtese possui
boa efetividade na imobilização da coluna cervical, sobretudo em situações que se
requer limitação dos movimentos de flexão, extensão, rotação e flexão lateral. Na
parte superior anterior, tem apoio mentoniano e posterior com apoio no occipital. Em
sua parte inferior, apoia-se sobre o tórax, ao nível do esterno, e sobre a parte superior
da coluna torácica na região posterior (PRENTICE, 2012).

FIGURA 28 – ÓRTESE DO TIPO SOMI

FONTE: <https://bit.ly/2ZrIxcC>. Acesso: 23 set. 2021.

• Colar Minerva: trata-se de uma órtese de controle máximo, não invasiva, que se
estende desde a região cervical até metade do tronco. Indicada para realizar uma
imobilização mais rigorosa da coluna cervical, podendo ser aplicado em casos pós
fratura, sobretudo com lesão medular (O’SULLIVAN; SCHMITZ; FULK, 2010).

FIGURA 29 – COLAR MINERVA

FONTE: <https://www.ortecortopedia.com/colar-cervical-minerva>. Acesso em: 23 set. 2021

87
• Halo: classificada também como uma órtese de controle máximo, possui uma banda
circular de metal fixada no crânio por quatro pequenos parafusos. As colunas verticais
conectam o halo a uma órtese torácica (O’SULLIVAN; SCHMITZ; FULK, 2010), conforme
podemos observar na figura a seguir:

FIGURA 30 – ÓRTESE DO TIPO HALO

FORTE: <https://5.imimg.com/data5/HV/OF/MY-26916961/resolve-halo-system-250x250.jpg>.
Acesso em: 23 set. 2021.

• Colete CTLSO (cervico-toracica-lombosacra): esse tipo de colete consiste em


uma órtese fabricada sob medida, em molde gessado, que compreende e envolve
uma grande extensão da coluna vertebral, sendo formada por duas partes: uma
constituída por um colar cervical de apoio mentoniano e occipital, e outra constituída
por um colete sob medida. Indicado para restringir a movimentação total de porções
mais altas da coluna (PRENTICE, 2012).

FIGURA 31 – COLETE CTLSO

FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-mg/80454-3201915.webp>.
Acesso em: 23 set. 2021.

88
3 ÓRTESES PARA COLUNA TORÁCICA, LOMBAR
E SACROILÍACA
De acordo com o objetivo da órtese, confecção e material utilizado, as órteses
que envolvem a coluna torácica, lombar e sacroilíaca podem ser classificadas como rígidas e
semirrígidas. Os coletes, por exemplo, são indicados quando o objetivo for a compressão
da região abdominal, porém, são incapazes de impedir totalmente os movimentos, pois
não possuem hastes rígidas horizontais (O’SULLIVAN; SCHMITZ; FULK, 2010).

A seguir, serão listados os principais tipos de coletes prescritos atualmente para


pacientes com disfunções toracolombar.

• Colete de Boston: é confeccionado, geralmente, em polipropileno. É indicado para


restringir movimentos da coluna torácica inferior, imobilizador em casos de escoliose
lombar e indicado em casos de espondilólise e espondilolistese. Sua construção
é a partir de molde gessado do tronco do paciente, podendo ou não, nesta etapa,
promover correções com alinhamentos e pressões orientadas (DAHER et al., 2018).

FIGURA 32 – COLETE DE BOSTON

FONTE: <https://bit.ly/3CcvnOI>. Acesso em: 23 set. 2021.

• Colete Jewet: esse colete apresenta um sistema de pressão de três pontos, com duas
almofadas anteriores ao nível do esterno e da sínfise púbica e uma almofada posterior
toracolombar. Atua bloqueando a cifose torácica e limitando a flexão, sendo indicado
em casos de tratamento conservador de fraturas da coluna toracolombar (T11-L2)
(DAHER et al., 2018).

89
FIGURA 33 – COLETE DE JEWET

FONTE: <https://www.fisiostore.com.br/colete-jewett-sternotech-orliman-orli-jewet/p>.
Acesso em: 23 set. 2021.

• Colete Milwaukee: trata-se de um colete utilizado para correção de deformidades


na coluna, tais como escolioses, hipercifoses e hiperlordoses. É considerada a órtese
padrão na correção da cifoescoliose torácica idiopática e juvenil (PRENTICE, 2012).

FIGURA 34 – COLETE DE MILWAUKEE

FONTE: <https://bit.ly/2XFXQNQ>. Acesso em: 24 set. 2021.

• Compressor torácico dinâmico: esse tipo de órtese é indicado para casos de


deformidades na caixa torácica, como o peito de pombo e pectuscarinatum. São
aparelhos posicionados ao redor do tórax, confeccionados em metais e cintas de
couro, recobertos por borracha. Por meio de parafusos ou cintas, pode ocorrer o
ajuste, afrouxando ou apertando a estrutura conforme a necessidade. Recomenda-
se, de forma geral, que o seu uso seja por tempo prolongado, retirando a órtese apenas
para higienização, durante um período que varia de dois a quatro anos (PRENTICE, 2012).

90
FIGURA 35 – PECTUSCARINATUM OU TÓRAX EM PEITO DE POMBO

FONTE: <https://pbs.twimg.com/media/ECBLAAcXYAAo6m5?format=jpg&name=small>.
Acesso em: 24 set. 2021.

FIGURA 36 – COMPRESSOR TORÁCICO

FONTE: <https://f.allegroimg.com/s1024/0c7f79/70b208b24e4f9eedfb472654006f>.
Acesso em: 24 set. 2021.

Com relação às órteses lombossacras, são geralmente menos eficientes em


restringir os movimentos da coluna, quando comparadas às órteses toracolombossacras. A
seguir, serão listados os principais tipos de órteses lombossacras.

• Colete Knight: promove a imobilização provisória da coluna toracolombar, em casos


de fraqueza muscular da musculatura do tronco e membros inferiores, auxiliando
no ortostatismo e deambulação. Fabricado totalmente em polietileno, possui forros
removíveis substituíveis. Inclui uma banda pélvica, que deverá fornecer ancoragem
firme sobre a parte central das nádegas, e uma banda torácica, destinada a ficar
horizontalmente sobre a parte inferior do tórax, sem colidir com as escápulas
(O’SULLIVAN; SCHMITZ; FULK, 2010).

91
FIGURA 37 – COLETE KNIGHT

FONTE: <https://http2.mlstatic.com/D_NQ_NP_601477-MLB32229971058_092019-O.webp>.
Acesso em: 24 set. 2021.

• Colete de Putti: trata-se de uma órtese pré-fabricada, de tecido, com barbatanas de


alumínio na parte posterior. Por não promover restrição dos movimentos de forma
totalmente efetiva, é indicado como um coadjuvante para redução do quadro álgico de
pacientes com lombalgia. Há dois tipos de colete de Putti, sendo eles: o de modelo
alto e o de modelo baixo. O de modelo alto é recomendado para a estabilização
toracolombar, restringindo mais movimentos, além de indicado para lesões graves,
como fraturas e luxações. Já o colete de Putti de modelo baixo é ideal para casos de
fraturas, contraturas, lesões e outras afecções na região lombar baixa (O’SULLIVAN;
SCHMITZ; FULK, 2010).

FIGURA 38 – COLETE DE PUTTI

FONTE: <https://bit.ly/3BdJPoc>. Acesso em: 24 set. 2021.

Como visto, as órteses para coluna vertebral são dispositivos que promovem
inúmeros benefícios no tratamento conservador e pós-cirúrgico (imobilização, pós-
operatórios, cicatrização de lesões vertebrais). A coluna apresenta uma biomecânica
complexa, e desequilíbrios musculares ou articulares podem favorecer a ocorrência de
lesões. Além disso, a carga e o impacto das extremidades são dissipados através da
coluna, que precisará fornecer o suporte e a estabilidade para que as extremidades se
movimentem (KISNER; COLBY, 2017).

92
No entanto, mesmo com efeitos tão benéficos, as órteses podem ocasionar
algumas consequências para o paciente, tais como lesões cutâneas, atrofias musculares
(quando utilizadas por tempo prolongado), compressão nervosa, aumento da mobilidade
em segmentos da coluna vertebral, osteopenia, esofagite de refluxo, dependência física
ou psicológica, entre outros. Por isso, as órteses deverão ser prescritas por profissionais
qualificados, que orientem os usuários quanto aos riscos, forma correta de utilização e
o tempo de uso (HERBERT et al., 2016).

DICA
Quer aprofundar o estudo sobre as órteses que envolvem a coluna
vertebral? Leia o Guia “Órteses de coluna”, disponível no link: https://
docplayer.com.br/27292501-Guia-orteses-de-coluna.html.

Agora que já conhecemos os principais tipos de órteses para a coluna vertebral,


vamos resolver algumas questões de fixação sobre o assunto?!

93
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• As órteses para a coluna se constituem de instrumentos aplicados de forma externa ao


corpo, designados primariamente para restringir o movimento de segmentos da coluna
vertebral.

• Como função, as órteses para a coluna vertebral buscam a diminuição da mobilidade


de um segmento vertebral, auxílio na recuperação de lesões ósseas e ligamentares,
redução da dor e prevenção de deformidades progressivas na coluna.

• Ao indicar uma órtese para a coluna devemos determinar qual o seu objetivo, qual o
segmento envolvido e qual movimento se pretende limitar.

• As órteses rígidas controlam melhor a posição da coluna, através da aplicação de


forças externas.

• As órteses semirrígidas poderão ser usadas para alívio de dores musculares ou


auxílio na recuperação de fraturas mais estáveis, sendo, nesta situação, utilizadas
para auxiliar a recuperação da coluna e da musculatura, e não para preservar sua
integridade estrutural.

• Existem inúmeros tipos de órteses para a coluna, de materiais diversos, pré-fabricadas


em diferentes tamanhos ou feitas em moldes específicos.

94
AUTOATIVIDADE
1 O colete foi anatomicamente desenvolvido para proporcionar estabilização e
segurança à coluna lombar, durante o tratamento de patologias na coluna vertebral.
Elaborado com elástico macio e resistente, que proporcionará melhor ajuste, possui
quatro barbatanas de duralumínio, que serão moldadas ao corpo. Com relação ao
colete ideal para correções na escoliose torácica, com almofadas corretoras nas
curvas mais pronunciadas, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Milwaukee.
b) ( ) Minerva.
c) ( ) Jewit.
d) ( ) Putti.

2 As escolioses da coluna vertebral estão situadas, principalmente, na região torácica e


lombar e, às vezes, necessitam ser tratadas com órteses. Com relação às escolioses
e às órteses, analise as sentenças a seguir:

I- Como regra internacional, as escolioses deverão ser avaliadas e diagnosticadas,


documentando o seu lado côncavo.
II- As curvas escolióticas poderão ser mensuradas pelo método de COBB.
III- O colete do tipo OTLS (órtese toracolombosacral) é utilizado no tratamento das
escolioses.
IV- A órtese de Milwaukee consiste em uma cinta pélvica e um colar cervical, unidos, na
frente, por uma haste vertical única; e nas costas, por um par de hastes verticais.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.
b) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
c) ( ) Somente a sentença IV está correta.
d) ( ) Somente a sentença II está correta.

3 As órteses vertebrais auxiliam na imobilização e estabilização da coluna, controlam


os movimentos que estão causando sintomas e corrigem ou previnem deformidades.
Sobre o exposto, analise as sentenças a seguir:

I- Nos casos de sequelas espásticas, as órteses poderão ser utilizadas para


posicionamento, prevenindo retrações musculotendíneas ou para funcionalidade.
II- Uma órtese toracolombosacral (TLSO) está contraindicada para controlar as fraturas e
as dores por compressão associadas à osteoporose da coluna dorsal vertebral, por gerar
mais limitações que benefícios.
III- A órtese cervical do tipo Minerva é a mais indicada para pacientes com instabilidade
nos níveis cervicais acima de C4.
95
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a sentença I está correta.
b) ( ) Somente a sentença III está correta.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d) ( ) As sentenças II e III estão corretas.

4 Uma órtese, ou ortótese, se apresenta como um apoio ou dispositivo externo aplicado


ao corpo, para modificar os aspectos funcionais ou estruturais do sistema neuro
musculoesquelético, e para obtenção de alguma vantagem mecânica ou ortopédica.
Disserte sobre as principais indicações do uso das órteses.

5 A órtese é um acessório usado para restringir ou auxiliar o movimento ou transferir a


carga de uma parte para outra. Deve-se ressaltar o papel do Fisioterapeuta na correta
indicação, uso e manutenção de uma órtese. Disserte sobre as principais condutas
fisioterapêuticas com os pacientes que utilizam a órtese.

96
UNIDADE 2 TÓPICO 3 —
ÓRTESES PARA MEMBROS SUPERIORES

1 INTRODUÇÃO
Para finalizarmos o estudo sobre as órteses, neste tópico, abordaremos as
principais órteses utilizadas para os membros superiores, bem como suas funções e
como é realizada a sua confecção. Sabemos que as complicações que acometem a
região dos membros superiores, como punhos e mãos, possivelmente podem causar
comprometimentos em atividades manuais, essenciais para a funcionalidade humana, por
vezes, necessitando do uso de dispositivos ortóticos (BRASIL, 2013).

A extremidade superior está relacionada com a realização de atividades


funcionais, de modo que o comprometimento das estruturas envolvidas poderá
interferir gravemente na função e qualidade de vida do indivíduo acometido. Dessa
forma, é importante a ação de profissionais adequados e especializados para atender às
necessidades das pessoas com relação ao uso de órteses. Nesse sentido, o fisioterapeuta
possui um papel essencial na reabilitação e uso de dispositivos de órteses, por viabilizar
o acesso, implementação e integração de aspectos motores e sensoriais do ser humano
nas atividades de vida diária (BRASIL, 2013).

É importante que a prescrição e a escolha da melhor órtese sejam realizadas por


uma equipe multiprofissional, considerando aspectos como as características pessoais
do paciente e o tipo de material para confecção da órtese, bem como uma avaliação
física anatômica e funcional da região acometida (PELOSI; NUNES, 2009).

Existem alguns aspectos e peculiaridades que devem ser considerados para a


confecção das órteses de membros superiores, os quais serão listados a seguir:

• A efetividade da órtese deverá ser garantida por meio de técnicas de modelagem, as


quais devem respeitar os contornos e acidentes anatômicos do membro superior.
• A garantia do alongamento suave e prolongado de articulações e músculos que
devem ser levados e mantidos em seu limite plástico, permitindo a neoformação dos
tecidos.
• Deve-se aumentar ao máximo a área de apoio da órtese, visando distribuir a pressão e
evitar o surgimento de feridas e lesões cutâneas.
• As órteses devem ser modeladas de forma individualizada, com ajustes e adequações
às necessidades do paciente.
• Todas as órteses devem ser retiradas após um período de utilização, mobilizando
o segmento em toda a sua amplitude sempre que possível, de forma a evitar
complicações como contraturas, deformidades, alergias, isquemia local, maceração,
entre outras.

97
• A órtese deverá ser cosmeticamente e psicologicamente aceitável, não causando
nenhum tipo de transtorno, vergonha ou inconveniente para o usuário.
• Por fim, o uso da órtese deverá ser suspenso assim que o propósito da indicação
tenha sido alcançado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

Abordaremos no decorrer do nosso tópico, as características das principais


órteses utilizadas na região do ombro, cotovelo, punho e mãos. Preparados? Vamos lá!

2 ÓRTESES PARA O OMBRO


Conforme discutido no decorrer desta unidade, o processo de confecção das
órteses depende de conhecimentos diversos sobre anatomia, cinesiologia, biomecânica,
patologia, processos cicatriciais, propriedades dos materiais e protocolos de reabilitação das
diversas condições que acometem os membros superiores (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

A escolha do modelo ideal de órtese para a região do ombro faz parte de um


processo que demanda a habilidade da equipe multiprofissional, sendo concebida de
forma a apoiar, proteger, imobilizar, reestabelecer ou facilitar padrões coordenados
de movimentos, preservando o estado fisiológico normal dos músculos e prevenindo
deformidades nesta articulação tão importante do corpo humano (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2019).

Listaremos, a seguir, os principais tipos de órteses prescritas atualmente, que


envolvem a região do ombro e cintura escapular:

• Slings: popularmente conhecidas como tipoias, possuem a função de suport] casos de


pós-operatório de reconstrução do manguito rotador, artroplastias, acromioplastias,
entre outras alterações que exijam que o ombro seja mantido em abdução (BRANCO
et al., 2008)

98
FIGURA 39 – ÓRTESE DO TIPO SLING

FONTE: <https://bit.ly/3vFI7uV>. Acesso em: 24 set. 2021.

• Suporte de braço com almofada de abdução: esse tipo de órtese fornecerá a imo-
bilização do ombro, mantendo-o em abdução. É indicada em casos de pós-operatório
de reconstrução do manguito rotador, artroplastias, acromioplastias, entre outras altera-
ções que exijam que o ombro seja mantido em abdução (BRANCO et al., 2008).

FIGURA 40 – ÓRTESE COM ALMOFADA EM ABDUÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3GnhVde>. Acesso em: 23 set. 2021.

• Órtese aeroplano: mantém o ombro em 90º de abdução, de forma estática, (sem


nenhum movimento na articulação glenoumeral) e o cotovelo em posição funcional.
As principais indicações são casos de queimaduras na região axilar e outras lesões que
possam provocar retração dos tecidos moles do local, como a radioterapia, por exemplo
(BRANCO et al., 2008).

99
FIGURA 41 – ÓRTESE DO TIPO AEROPLANO

FONTE: <https://bit.ly/3mcA0Tj>. Acesso em: 24 set. 2021.

DICA
Quer ficar por dentro dos principais modelos de órteses para membros
superiores? Leia o artigo: GRADIM, L. C. C; PAIVA, G. Modelos de órteses
para membros superiores: uma revisão da literatura, Cad. Bras. Ter.
Ocup., São Carlos, v. 26, n. 2, p. 479-488, 2018.

3 ÓRTESES PARA O COTOVELO


As órteses para região dos membros superiores (ombro, cotovelo, punho e dedos)
devem buscar manter a anatomia fisiológica dos arcos palmares, para evitar contraturas,
deformidades e manter os padrões funcionais de preensões. Além disso, garantem os
eixos de movimentos adequados; permitem uma função equilibrada dos músculos não
afetados e deixam livre a maior superfície palmar da mão e dos dedos, para a promoção de
uma melhor percepção sensorial (MINISTÉRIO DA SAUDE, 2019).

As principais órteses para região do cotovelo serão descritas a seguir:

• Tala posterior a 90º: esse tipo de órtese é indicado para casos em que é necessário
manter o cotovelo em 90º de flexão, como fraturas de úmero e antebraço, bem como
reparos na inervação. É confeccionada em material termoplástico e possui faixas de
velcro que mantém o cotovelo em 90º de flexão (BRANCO et al., 2008).

100
FIGURA 42 – ÓRTESE DO TIPO TALA POSTERIOR A 90º

FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-g/74844-7064139.webp>.
Acesso em: 24 set. 2021.

• Faixa de contensão para o cotovelo: essa órtese é indicada para pacientes que pos-
suem diagnóstico de epicondilite, e trata-se de uma peça confeccionada em material elás-
tico, com uma almofada de silicone ou pneumática, com faixas de velcro que ajustam a
pressão. Deverá ser posicionada cerca de dois centímetros abaixo da inserção dos
tendões do epicôndilo, visando a redução da tração exercida nos tendões
(PRENTICE, 2012).

FIGURA 43 – FAIXA DE CONTENSÃO PARA O COTOVELO

FONTE: <https://bit.ly/3pBE168>. Acesso em: 24 set. 2021.

• Cotoveleira: essa órtese é confeccionada em Neoprene e tem efeitos semelhantes


aos da faixa de contenção, com acréscimo do efeito térmico sobre a região do epi-
côndilo. É indicada para prevenção e tratamento de contusões, como tendinite e epi-
condilite, e para prevenção de lesões em esportes (BRANCO et al., 2008).

101
FIGURA 44 – ÓRTESE DO TIPO COTOVELEIRA

FONTE: <https://bit.ly/3vISopZ>. Acesso em: 24 set. 2021.

• Órteses de flexão e extensão dinâmica: são indicadas para os casos em que é


necessário manter um ângulo específico de flexão ou extensão do cotovelo, como
em casos de fraturas, contraturas musculares e queimaduras (BRANCO et al., 2008).
Possuem duas mangas em polietileno e dois aros de alumínio, com um ângulo de
movimento de flexão ajustável, conforme poderemos observar na figura a seguir.

FIGURA 45 – ÓRTESES DINÂMICAS

FONTE: <https://bit.ly/3Efv869>. Acesso em: 24 set. 2021.

4 ÓRTESES PARA MÃO, PUNHO E DEDOS


A força de preensão é essencial na maioria das atividades manuais, bem como
em trabalhos industriais e atividades esportivas. Em vista disso, na tentativa de minimizar
os efeitos das desordens do punho e mãos, tais como tendinite de flexores e extensores
do punho, fraqueza dos músculos do punho e lesões por esforços repetitivos, os
profissionais como fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais recomendam o uso de
órteses como recurso terapêutico na reabilitação e prevenção de lesões (RODRIGUES
et al., 2007).

A seguir serão descritos os principais modelos de órteses para punho e mãos,


encontrados, atualmente, no mercado:

102
• Órtese de imobilização para o punho: esse tipo de órtese possui a função de
restringir ao máximo o movimento do punho, podendo ou não incluir as articulações
metacarpo falangeanas e interfalangeanas. São indicadas para pacientes com
patologias reumatológicas como artrite reumatoide, traumatismos e pós-operatório de
cirurgias no punho. Quanto ao material e posicionamento, essa órtese é confeccionada
em plástico termo moldável, com tiras de velcro, sendo posicionadas de 35º a 40º de
extensão e 10º a 15º de desvio ulnar (SEU; PASQUALETTO, 2012).

FIGURA 46 – ÓRTESE DE IMOBILIZAÇÃO PARA O PUNHO

FONTE: <https://bit.ly/30ZHLUF>. Acesso em: 24 set. 2021.

• Órtese de posicionamento para o punho e mão: são confeccionadas em plástico


termo moldável, com faixas de velcro. As articulações metacarpo falangeanas devem
ficar em flexão completa, ao passo que as interfalangeanas devem ficar em extensão
completa, com o polegar em oponência, para evitar encurtamento de tendões e
ligamentos. O uso dessas órteses é indicado para lesões neurológicas, como acidentes
vasculares cerebrais (AVC), traumatismos cranioencefálicos, lesões do plexo braquial e
síndrome de Guillain-Barré (SEU; PASQUALETTO, 2012).

FIGURA 47 – ÓRTESE DE POSICIONAMENTO PARA O PUNHO E MÃO

FONTE: <https://bit.ly/3nqrIqy>. Acesso em: 24 set. 2021.

103
• Órtese de punho elástico: são órteses fabricadas em Neoprene, que fornecem es-
tabilidade e aquecimento à articulação radioulnar. Essas órteses são indicadas para
tendinites e tenossinovites do punho, lesões do ligamento triangular do carpo, proteção
pós-operatória e prevenção de lesões em esportes (SEU; PASQUALETTO, 2012).

FIGURA 48 – ÓRTESE DE PUNHO COM MATERIAL ELÁSTICO

FONTE: <https://loja.mercur.com.br/ortese-para-punho/p>. Acesso em: 24 set. 2021.

• Órtese WHF (wrist/hand/fingers – punho/mãos/dedos): esse tipo de órtese


é indicado para pacientes com tetraplegia de nível motor C6, situação em que está
conservada a extensão de punho, porém, abolida a contração dos flexores dos dedos
e dos músculos intrínsecos da mão. Dessa forma, essa órtese dinâmica aproveita a
extensão ativa do punho para permitir a realização de movimentos de pinça (SEU;
PASQUALETTO, 2012).

FIGURA 49 – ÓRTESE WHF

FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-g/122099-15601642.webp>.
Acesso em: 24 set. 2021.

104
• Órteses em anel: são órteses estáticas que permitem os movimentos dos dedos em
uma única direção (flexão ou extensão). Geralmente são indicadas para pacientes
com doenças reumatológicas que geram deformidades articulares, como no caso da
artrite reumatoide, que promove deformidades conhecidas como dedo em botoeira
e o pescoço de cisne. O dedo em botoeira é caracterizado pela flexão da articulação
interfalangeana proximal e hiperextensão da interfalangeana distal, sendo a órtese
utilizada para bloquear a flexão na articulação proximal. Já no dedo pescoço de cisne
ocorre a hipertensão da articulação interfalangeana proximal e flexão da distal, sendo a
órtese utilizada para bloquear a extensão (PRENTICE, 2012).

FIGURA 50 – DEDO EM BOTOEIRA E PESCOÇO DE CISNE

FONTE: <https://msdmnls.co/3116Dve>. Acesso em: 24 set. 2021.

FIGURA 51 – ÓRTESE EM ANEL

FONTE: <https://bit.ly/3pylBD1>. Acesso em: 24 set. 2021.

105
DICA
Se liga nessa dica de artigo: RODRIGUES, A. M. V. N. et al. Análise do
efeito do uso das órteses de punho na musculatura do antebraço: uma
revisão comentada da literatura. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 18,
n. 1, p. 30-37, 2007.

Conforme foi possível observar, no decorrer desta unidade, as órteses, como um


recurso de tecnologia assistida, quando indicadas, buscam favorecer a funcionalidade
e independência para o usuário em diversas situações. As condições clínicas que
acometem os indivíduos e demandam a utilização das órteses são aquelas que
acompanham limitações e incapacidades funcionais, influenciando nas atividades de
vida diária, na sua autonomia e qualidade de vida em sociedade.

Em vista disso, é importante a participação de uma equipe multiprofissional


qualificada, para prescrição e acompanhamento de órteses, visando integrar todas as
problemáticas envolvidas com o paciente, suas condições clínicas e oferecer o suporte
mais completo e holístico para ele (BRASIL, 2013).

106
LEITURA
COMPLEMENTAR
A IMPORTÂNCIA DAS ÓRTESES DE MEMBROS INFERIORES NA
DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE – REVISÃO

Naelka dos Anjos Fernandes, Denise Caldeira Troise, Francis Meire Fávero,
Sissy Veloso Fontes, Acary Souza Bulle Oliveira

Introdução

A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é o tipo mais frequente dentre as


distrofias musculares, afetando cerca de um em cada 3500 meninos nascidos vivos.
Aproximadamente um terço dos casos são causados por novas mutações; os outros são
casos familiares, nos quais a prevalência é menor, cerca de um em cada 18.000 indivíduos.

Os indivíduos com DMD apresentam atraso no desenvolvimento motor, tais como:


dificuldade em levantar-se e ficar em pé, dificuldade na marcha e quedas frequentes.
O acometimento motor é simétrico e proximal, ocorre inicialmente na cintura pélvica (do
segundo ao quarto ano de vida) e por volta dos seis anos de idade a cintura escapular
também é acometida.

A fisioterapia é fundamental no tratamento destes pacientes, para manutenção da


força muscular e amplitude de movimento. Os exercícios de alongamento diários dos
músculos gastrocnêmio-sóleo, flexores de quadril e banda iliotibial combinados com
a ortetização são muito bem-sucedidos em controlar as contraturas de membros inferiores
desses pacientes e, consequentemente, a funcionalidade. Os principais objetivos da
fisioterapia são manter ou melhorar a força muscular, maximizar a capacidade funcional e
minimizar o desenvolvimento de contraturas, através do uso de órteses. As órteses de
membros inferiores fazem parte do tratamento destes pacientes.

A utilização de órteses de membros inferiores é comumente instituída como uma


maneira de prolongar a independência funcional do indivíduo com DMD, especialmente a
partir do momento em que ocorre o decréscimo da deambulação, devido à combinação da
fraqueza da musculatura proximal de membros inferiores com a contratura do tendão de
Aquiles.

Com as recomendações fisioterapêuticas adequadas (alongamentos, exercícios


funcionais e ortetização), os pacientes com DMD poderão manter o posicionamento
adequado dos membros inferiores, especialmente dos pés, podendo fazer uso de
calçados sem dificuldade. A fisioterapia associada à cirurgia de correção e ortetização
promoverá claro benefício ao paciente de DMD, com a correção em longo prazo das
contraturas das extremidades inferiores.
107
Método

Revisão Tradicional da Literatura com análise crítica. Foram realizadas buscas ele-
trônicas nas bases de dados MEDLINE (Medlars Online), LILACS (Literatura Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde), SciIELO (The ScientificElectronic Library Online), a fim
de identificar os artigos científicos indexados e publicados de 1979 a 2010. As estratégias
de busca utilizadas foram “Duchenne Muscular Dystrophy” AND “Orthoses OR Ortheses OR
Orthisis OR Splints OR Braces OR Ambulation”, OR Rehabilitation” OR “Physical Therapy”.

Como critérios de inclusão foram utilizados ensaios clínicos, estudos prospectivos


e retrospectivos, que tratem acerca da intervenção das principais órteses de membros
inferiores em crianças e adultos jovens com diagnóstico de DMD, segundo critérios
padronizados. Os critérios de exclusão adotados foram artigos que abordavam a utilização
de órteses para membros superiores e tronco, revisões de literatura, aplicação de
questionários, opinião de especialista e artigos que tratavam do desenvolvimento de um tipo
específico de dispositivo ortético ou abordagem sobre material para fabricação das órteses.

Resultados

No total, foram identificados 35 artigos e, após a análise do título, desenho do


estudo, tipo de intervenção e desfecho deles, conforme critérios de inclusão, dez artigos
foram selecionados. Desses artigos selecionados, um era estudo retrospectivo, oito eram
estudos prospectivos e um era um estudo prospectivo randomizado. Segue abaixo a
caracterização dos estudos no Quadro 1.

QUADRO 1 – DESCRIÇÃO DOS ESTUDOS

FONTE: Fernandes et al. (2012)

108
Discussão

Nessa revisão tradicional da literatura com análise crítica, foram estudados por
Bach em 1991, 13 meninos com diagnóstico de DMD, segundo critérios já estabelecidos. No
pós-operatório, todos os pacientes foram submetidos à intervenção fisioterapêutica e uso
de órteses KAFO e LLB (LongLegBrace) a partir do 2º dia. Após o procedimento cirúrgico e o
período de fisioterapia, observou-se que todos os pacientes foram capazes de prolongar
o tempo de bipedestação não assistida e 11 pacientes apresentaram redução significativa do
número de quedas por mês: de 84±87 para 1±1 (p=0.034).

Já entre os anos de 1984 e 1987, um estudo com amostra de dezessete pacientes


com DMD descreveu que eles foram submetidos à cirurgia nos membros inferiores
e, consequentemente, um programa de fisioterapia com a utilização de tutor longo
no momento da perda da deambulação. O tratamento pós-operatório compreendia a
aplicação de gesso nos membros inferiores, com o qual, após cinco dias, as crianças
começavam treino em bipedestação e, após mais dois dias, iniciavam o treino de
marcha. Após a cirurgia e a fisioterapia, todos os pacientes foram capazes de caminhar
sem auxílio, por cerca de um ano e oito meses.

Entre 1977 e 1982, em outra pesquisa, cinquenta e sete meninos foram acompa-
nhados, durante seis meses, com o uso de órteses KAFO. Após o primeiro dia pós-operatório,
os pacientes foram submetidos a treino em bipedestação para descarga de peso, fazendo
uso de gesso nos membros inferiores. No 3º dia de pós-operatório, o gesso foi retirado
e colocada a órtese KAFO, para início do treino de marcha. Os autores citam que a uti-
lização de órteses KAFO ajuda a manter uma aparência mais agradável e, ao utilizá-las,
os pacientes são capazes de se levantar e caminhar com e sem auxílio, retardando o
aparecimento de deformidades, em especial, contraturas de quadril e joelho, pé equino e
escoliose.

Assim, entre os anos de 1976 e 1980, outro estudo realizou a avaliação quantitativa
seriada de 30 meninos com diagnóstico de DMD. Todos os pacientes foram adaptados
à órtese KAFO. Os autores demonstraram que os tipos de marcha independente e
assistida no nível seis da escala de Vignos continuou por cerca de 22.17 meses, com um
intervalo de cinco a 48 meses, em 24 dos 30 meninos participantes do estudo. Com isso,
sugeriram que a deambulação em pacientes com DMD poderá ser prolongada com o uso de
órteses, e o fator preditivo de maior importância para esta ocorrência é a presença de
força muscular residual nos abdutores de quadril e extensores de joelho.

Em outra pesquisa, 59 meninos com diagnóstico de DMD fizeram parte do estudo.


Os resultados mostraram que ocorre um atraso na perda da dorsiflexão dos tornozelos e
na contratura do tendão calcâneo de meninos submetidos a alongamentos diários e uso de
dispositivos ortéticos, no período noturno, durante os estágios iniciais da DMD.

109
As variáveis prognósticas mais importantes na duração da deambulação com
órteses são: capacidade vital, porcentagem residual de força muscular e coeficiente de
creatinina. O mesmo autor em um estudo mais recente afirma que o controle do avanço
das contraturas de membros inferiores, por meio da utilização de órteses, retarda o
avanço da fraqueza muscular dos pacientes com DMD, os quais retêm a habilidade de
caminhar por mais tempo.

Um estudo com 69 meninos, divididos em três grupos (grupo 1 - locomoção


independente; grupo 2- locomoção por meio de órteses e grupo 3- cadeirantes), relatou
que por meio de um programa de alongamentos passivos supervisionados por um
fisioterapeuta, aliados ao uso de órteses durante o período noturno e cirurgias corretivas,
prolongaram a marcha e a capacidade dos pacientes de ficarem de pé em torno de 20
meses.

A ausência de contraturas graves, prescrição ortética acurada e a cooperação do


paciente e da família para seguir as recomendações são extremamente importantes
para alcançar os objetivos propostos.

Essa revisão mostrou que o uso da Knee-AnkleFoot-Orthose (KAFO), associado às


cirurgias corretivas, é de fundamental importância para a prevenção e a minimização de
contraturas e deformidades, assim como no prolongamento da marcha e do ortostatismo
desses pacientes. Um intenso trabalho da Fisioterapia é um recurso complementar no
tratamento de pacientes com DMD, entretanto, poucos estudos relataram os efeitos da AFO
na prevenção de contraturas e deformidades de tornozelos.

Conclusão

Os estudos avaliados mostraram que a utilização desse tipo de órtese é de


fundamental importância para a prevenção e a minimização de contraturas e deformidades,
assim como no prolongamento da marcha e do ortostatismo desses pacientes. Os
artigos pesquisados mostraram que as cirurgias corretivas, associadas à intervenção
fisioterapêutica, e o uso correto de órteses, são fatores que contribuem positivamente
para o tratamento de pacientes com distrofia muscular de Duchenne. Entretanto, nenhum
artigo analisou o uso da órtese sem estar associada a correções cirúrgicas.

110
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• As órteses de membros superiores consistem em dispositivos exoesqueléticos


aplicados externamente a uma ou mais articulações do membro superior, buscando
sempre a posição funcional ou a mais adequada para cada caso.

• As órteses são recursos importantes e essenciais no processo de reabilitação da


mão.

• O uso das órteses proporcionará um posicionamento adequado e um tratamento mais


eficiente, otimizando a reabilitação e favorecendo um retorno mais rápido ao trabalho
e às atividades de vida diária, quando associados corretamente aos exercícios e
atividades propostas.

• Existem algumas considerações anatômicas importantes para a confecção de


órteses, e que devem ser respeitadas, como: os arcos da mão, as pregas palmares, as
estruturas ósseas, as proeminências ósseas e os nervos e ligamentos.

• Após sua confecção, faz-se necessário um acompanhamento do fisioterapeuta, para


ajustes e a verificação da melhora do padrão funcional com o uso da órtese.

111
AUTOATIVIDADE
1 A função da extremidade superior, na utilização da mão, de modo que ela possa
acessar e manipular objetos no espaço, é atingida por pensão, que é o ato de segurar,
pegar ou agarrar um objeto. O ombro, o cotovelo e o punho funcionam juntos para
colocar a mão em um local desejado, a fim de serem realizadas tarefas motoras finas
e amplas. O principal objetivo das órteses de extremidade superior, portanto, é manter
a função da mão, restaurando ou preservando a própria preensão ou permitindo o
posicionamento ideal da mão no espaço para manipular objetos no ambiente. Sobre
os objetivos comuns na área de órteses de extremidade superior, analise as opções a
seguir:

I- Substituir músculos fracos ou ausentes.


II- Proteger segmentos danificados ou lesionados, limitando as cargas ou o movimento.
III- Prevenir deformidade e corrigir contratura.
IV- Unir-se a outros aparelhos de auxílio.

Assinale a alternativa correta:

a) ( ) Somente a opção I está correta.


b) ( ) Somente a opção III está correta.
c) ( ) Somente a opção IV está correta.
d) ( ) As opões I, II, III e IV estão corretas.

2 Na Resolução nº 402/2011, do COFFITO, são listadas as atribuições do Fisioterapeuta


no exercício da Especialidade Profissional Fisioterapia em Terapia Intensiva. Com
relação à função do Fisioterapeuta e às órteses e próteses, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Exclusivamente prescrever órteses e próteses.


b) ( ) Exclusivamente prescrever tecnologia assistiva.
c) ( ) Exclusivamente prescrever e confeccionar órteses e próteses.
d) ( ) Prescrever, confeccionar e gerenciar órteses, próteses e tecnologia assistiva.

3 Dentre os recursos de tecnologia assistiva, a órtese é comumente utilizada nos


serviços de reabilitação física, voltados para recuperação de função das partes
do corpo. Os objetivos do uso das órteses, dentro do tratamento de reabilitação,
podem ser: estabilizar e imobilizar, corrigir deformidades, prevenir agravos, proteger
estruturas e articulações e mobilizar e restaurar função. Sobre o exposto, assinale a
alternativa CORRETA:

112
a) ( ) Em casos de paralisia e contratura de músculos intrínsecos da mão, pescoço
em cisne, paralisia do nervo ulnar e do nervo mediano, são indicadas órteses
de posicionamento para manutenção da amplitude de movimento e prevenção
de deformidades com posicionamento do punho em extensão, articulações
metacarpofalangeanas em mais de 60° de flexão e articulações interfalangeanas
em extensão completa.
b) ( ) Em casos de lesões nervosas, como a lesão traumática do plexo braquial,
são indicadas órteses dinâmicas de movimento para estimular o ganho da
movimentação ativa para membro superior (ombro, braço, antebraço e punho) e
para prevenir a tração do membro superior.
c) ( ) Em casos de artrite reumatoide, é indicada órtese estática de imobilização e
posicionamento com punho em posição neutra, metacarpo falangeano em 60º
de flexão e Interfalangeano em 30º de flexão.
d) ( ) Em casos de lesões por queimadura em dedos, são indicados dispositivos como
órteses progressivas estáticas e dinâmicas para mobilizar articulações, promover
ganho de amplitude e proporcionar alongamento dos músculos intrínsecos e
órteses de bloqueio de flexores superficial e profundo dos dedos.

4 Um jogador de tênis de 34 anos de idade procurou atendimento fisioterapêutico,


relatando dor na região lateral do cotovelo, que ocorre a partir da contração da
musculatura do punho. A dor teve início discreto, percebida após a realização dos
jogos, mas tornou-se intensa durante toda a prática da atividade física, impedindo
o término das partidas de tênis. Considerando o caso clínico apresentado, disserte
sobre quais estratégias o fisioterapeuta poderá utilizar na reabilitação do paciente em
questão:

5 Uma paciente de sessenta e cinco anos de idade foi encaminhada de um hospital


para uma unidade de reabilitação, com história de rebaixamento súbito do nível da
consciência, diminuição da força muscular no hemicorpo esquerdo, não responsiva
a comandos verbais, com abertura ocular ao estímulo doloroso e resposta motora
ausente. Inicialmente, a paciente recebeu diagnóstico de episódio único de acidente
vascular encefálico, decorrente da ruptura de aneurisma congênito no polígono de
Willis. Atualmente, a paciente apresenta-se com quadro de hemiplegia no hemicorpo
esquerdo, com limitação de amplitude de movimento de extensão de cotovelo. Além
disso, apresenta hipertonia de flexores de cotovelo e de punho, padrão postural em
extensão e rotação interna do quadril e do joelho, flexão plantar e inversão do pé.
Com relação ao quadro clínico apresentado, disserte sobre quais funções deverão ter
a órtese de membro superior indicada para esta paciente.

6 As órteses destinadas aos membros superiores são capazes de estabilizar e


imobilizar o membro, corrigir deformidades, prevenir agravos, proteger estruturas
e articulações, mobilizar e restaurar funções e, juntamente às demais condutas
fisioterapêuticas, reabilitar fisicamente o paciente. Sobre a prioridade nos cuidados
com as áreas de pressão na confecção de órteses de membro superior, assinale a
alternativa CORRETA:
113
a) ( ) Determinar o grau de limite do arco de movimento.
b) ( ) Assegurar estética da órtese e prevenir áreas de fricção.
c) ( ) Limitar somente os movimentos específicos que se deseja controlar.
d) ( ) Observar áreas com alterações circulatórias e de sensibilidade.

114
REFERÊNCIAS
ABDUL, R. et al. Foot Plantar Pressure Measurement System: A Review. Sensors
(Switzerland), v. 12, n. 7, p. 9884-9912, 2012.

BANWELL, H. A.; MACKINTOSH, S.; THEWLIS D. Foot Orthoses for Adults with Flexible
Pes Planus: A Systematic Review. Journal of foot and ankle research, v. 7, n. 1, p.
23, 2014.

BRANCO, P. S. et al. Temas de reabilitação: órteses e outras ajudas técnicas. Porto:


Servier, 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia para Prescrição, Concessão, Adaptação e


Manutenção de Órteses, Próteses e Meios Auxiliares de Locomoção. Brasília:
Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, 2019. Disponível em: https://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_manutencao_orteses_proteses_auxiliares_
locomocao.pdf. Acesso em: 24 set. 2021.

BRASIL. Viver sem limite – Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência:
SDH-PR/SNPD, 2013. Disponível em: file:///C:/Users/01844524060/Downloads/
cartilha-viver-sem-limite-plano-nacional-dos%20(1).pdf. Acesso em: 24 set. 2021.

CARVALHO, J. A. Órteses: um recurso terapêutico complementar. 2. ed. Barueri:


Manole, 2013.

COTOROS, D; BARITZ, M; STANCIU, A. Conceptual Analysis of Correspondence between


Plantar Pressure and Corrective Insoles. World Academy of Science, Engineering
and Technology, v. 5, n. 11, p. 155-58, 2011.

CRABTREE, P. V. G; DHOKIA, S. T; NEWMAN, M. P. Manufacturing Methodology for


Personalised Symptom-Specific Sports Insoles. Robotics and Computer-Integrated
Manufacturing, v. 25, n. 6, p. 972-79, 2009.

DAHER, M, T. et al. Radiographic evaluation of thoracolumbar stabilization using two


different orthosis systems. Coluna/Columna, v. 17, n. 4, 2018. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/coluna/a/Wbz6sQ4ptnjqn3tdmzWK9jg/?lang=en. Acesso em: 24 set.
2021.

DAVIS, R. B; ÕUNPUU, S; DELUCA, P. A. Analysis of Gait. Biomechanics Principles


and Applications, p. 114-26, 2008.

115
DOMINGOS, B. S; SANTOS, N. R. E. Órtese de joelho com mecanismo de controle
da articulação. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Mecânica) – Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca –
CEFET/RJ, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: encurtador.com.br/irzB5. Acesso em:
24 set. 2021.

FERNANDES, N. A et al. A importância das órteses de membros inferiores na distrofia


muscular de Duchenne. Revista Neurociências, v. 20, n. 4, p. 584–587, 2012.

GOMES, G. F. et al. Design Optimization of Composite Prosthetic Tubes Using Ga-ann


Algorithm Considering Tsai-wu Failure Criteria. Journal of Failure Analysis and
Prevention, v. 17, n. 4, p. 740-749, 2017.

GOMES, P. N. S.; OLIVEIRA, F. P. M.; TAVARES, J. M. R. S. Alignment of plantar


pressure image sequences. In: International Conference on Computational and
Experimental Biomedical Sciences. 2013. Porto: Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, 2013. p. 1-77. Disponível em: https://repositorio-aberto.up.pt/
bitstream/10216/69124/2/26335.pdf. Acesso em: 24 set. 2021.

GREVE, J. M. D. A. Tratado de Medicina de Reabilitação. São Paulo: Roca, 2007.

HEBERT, S. et al. Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. 5. ed. Porto Alegre:


Artmed, 2016.

KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6. ed. São


Paulo: Manole, 2017.

MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética. 5. ed. Barueri: Manole, 2010.

MAITIN, I. Current medicina física e reabilitação: diagnóstico e tratamento. Porto


Alegre: AMGH, 2016.

MAJUMDAR, R. et al. Development and Evaluation of Prefabricated Antipronation Foot


Orthosis. Journal Of Rehabilitation Research And Development, v. 50, n. 10, p.
1331-42, 2013.

MARTÍNEZ-NOVA, A. et al. BioFoot in-Shoe System: Normal Values and Assessment of


the Reliability and Repeatability. Foot, v. 17, n. 4, p. 190-96, 2007.

MORAWIETZ, C; MOFFAT, F. Effects of locomotor training after incomplete spinal cord


injury: a systematic review. Arch Phys Med Rehabil, v. 94, n. 11, p. 2297-308, 2013.

OLIVEIRA, AP; SOUZA, DE. Tratamento Fisioterapêutico em Escoliose Através das


Técnicas de Iso-Stretching e Manipulações Osteopáticas. Revista de Terapia Manual, v.
2, n. 3, p. 104-113, 2004.

116
OLIVEIRA, F. P. M; TAVARES, J. M. R. S. Novel Framework for Registration of
Pedobarographic Image Data. Medical and Biological Engineering and Computing,
v. 49, n. 3, p. 313-23, 2011.

O ́SULLIVAN, S. B.; SCHMITZ, T. J. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 5. ed. Barueri:


Manole, 2010.

PAUK, J. J. et al. Influence of Insole Materials on Friction and Ground Reaction Force
during Gait. Journal of Friction and Wear, v. 36, n. 4, p. 319-23, 2015.

PELOSI, M. B.; NUNES, L. R. D. P. Formação em serviço de profissionais da saúde na


área de tecnologia assistiva: O papel do terapeuta ocupacional. Revista Brasileira
Crescimento Desenvolvimento Humano, São Paulo, v. 19, n. 3, p. 435-444, 2009.

PRENTICE, W. E. Fisioterapia na prática esportiva: uma abordagem baseada em


competências. 14. ed. Porto Alegre: McGrawHill, 2012.

RODRIGUES, A. M. V. N. et al. Análise do efeito do uso das órteses de punho na


musculatura do antebraço: uma revisão comentada da literatura. Revista de Terapia
Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 18, n. 1, p. 30-37, 2007.

ROTH, S. et al. Navicular Index for Differentiation of Flatfoot from Normal Foot.
International Orthopaedics, v. 37, n. 6, p. 1107-12, 2013.

SEU, M.; PASQUALETTO, M. Hand therapy for dysfunction of the intrinsic muscles.
Hand Clinics, v. 28, n. 1, p. 87-100, 2012.

TANG, S. F et al. The Effects of Total Contact Insole with Forefoot Medial Posting on
Rearfoot Movement and Foot Pressure Distributions in Patients with Flexible Flatfoot.
Clinical Neurology and Neurosurgery, v. 129, p. 8-11, 2015.

WAFAI, L. et al. Identification of Foot Pathologies Based on Plantar Pressure


Asymmetry. Sensors (Basel, Switzerland), v. 15, n. 8, p. 20392-408, 2015.

WHITTLE, M. W. The Effects of Total Contact Insole with Forefoot Medial Posting on
Rearfoot Movement and Foot Pressure Distributions in Patients with Flexible Flatfoot.
Clinical Neurology and Neurosurgery, v. 129, p. 8-11, 2015.

117
118
UNIDADE 3 —

PRÓTESES E ÓRTESES EM
SITUAÇÕES ESPECIAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conceituar próteses, bandagens funcionais e órteses esportivas;

• compreender as principais indicações e contraindicações das próteses para os


membros superiores;

• compreender as principais indicações e contraindicações das próteses para os


membros inferiores e coluna vertebral;

• compreender as principais classificações bandagens funcionais e órteses esportivas;

• distinguir as tecnologias e os tipos de materiais utilizados nas confecções das


próteses.

• explicar a utilização dos tipos de próteses para membros superiores, inferiores e


coluna, quanto à disfunção cinético-funcional deles.

PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – PRÓTESES PARA MEMBROS INFERIORES

TÓPICO 2 – PRÓTESES PARA MEMBROS SUPERIORES E COLUNA VERTEBRAL

TÓPICO 3 – BANDAGENS FUNCIONAIS E ÓRTESES ESPORTIVAS

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

119
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

Acesse o
QR Code abaixo:

120
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
PRÓTESES PARA MEMBROS INFERIORES

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, as próteses podem ser caracterizadas como dispositivos
empregados com o objetivo de substituir a função de alguma estrutura corporal, como os
membros, de maneira total ou parcial. Estes equipamentos são utilizados desde a
antiguidade e, ao longo dos anos, foram confeccionadas em diferentes materiais.
Atualmente, as próteses são leves, seguras, efetivas e proporcionam uma melhora
importante na qualidade de vida dos pacientes (VASCONCELOS; MATIELLO, 2020).

Existe uma série de próteses no mercado, com diferentes indicações, de modo


que é essencial que o uso de cada uma delas seja adequadamente indicado por
profissionais especializados, como os fisioterapeutas. As próteses podem ser formuladas e
utilizadas por meio de implantação cirúrgica, sendo chamadas de próteses implantáveis, ou
podem ser utilizadas por implantação não cirúrgica, sendo chamadas de próteses não
implantáveis (VASCONCELOS; MATIELLO, 2020).

Quanto a sua função, as próteses podem ser classificadas em ativas ou passivas.


As próteses ativas proporcionam maior atividade funcional, ao passo que as próteses
passivas, também chamadas de estéticas, são empregadas apenas para melhorar o
aspecto estético da falta de um membro (VASCONCELOS; MATIELLO, 2020).

Com relação a sua estrutura, as próteses são classificadas em exoesqueléticas e


endoesqueléticas. As próteses exoesqueléticas (ou convencionais) são confeccionadas
com uma característica específica, com estrutura exterior em material rígido, como
madeira, alumínio, laminado plástico, polipropileno, poliuretano e fibra de carbono. São
próteses de alta resistência, com estrutura externa rígida e peso reduzido (CHAMLIAN;
INGHAM; CARDOSO, 2010).

Já as próteses endoesqueléticas, também chamadas de modulares, são formula-


das com um sistema especial, chamado de sistema tubular. Este sistema é conectado a
encaixes específicos, confeccionados em aço, alumínio, titânio ou outro material metálico
resistente, revestido externamente por espuma sintética (CHAMLIAN; INGHAM; CARDOSO,
2010).

Conforme o tipo de energia utilizada, elas podem ser classificadas em endoener-


géticas, exoenergéticas ou híbridas. As próteses endoenergéticas são próteses do tipo me-
cânicas e utilizam a propulsão muscular para gerar movimento. As próteses exoener-

121
géticas possuem um mecanismo de propulsão de modo artificial. Nesses casos, são
utilizadas propulsões elétricas, pneumáticas ou mioelétricas. Por fim, as próteses híbridas
combinam duas características em uma mesma prótese (VASCONCELOS; MATIELLO, 2020).

Com base no exposto, neste tópico, você conhecerá as principais próteses


utilizadas em membros inferiores, superiores e coluna, bem como os principais materiais
utilizados na confecção e indicações corretas para o uso delas.

1.1 PRÓTESES PARA MEMBROS INFERIORES


Quando falamos em próteses para os membros inferiores, devemos levar em
consideração diversos aspectos, como se são implantáveis (implantação cirúrgica) ou
não implantáveis (implantação não cirúrgica), exoesqueléticas ou endoesqueléticas,
entre outros fatores. Iniciaremos o nosso assunto abordando as próteses do tipo não
implantáveis exoesqueléticas e endoesqueléticas.

As próteses exoesqueléticas são pouco utilizadas para os membros inferiores,


uma vez que possuem uma estrutura mais rígida e não são modulares, fato que prejudica
a sua funcionalidade (INSS, 2017).

Já as próteses endoesqueléticas permitem o ajuste de alinhamento de modo


individualizado. Dentre os componentes básicos que podem ser ajustados, destacam-
se o encaixe rígido, joelho protético, pé protético, tubos, conexões e válvulas; além de
componentes acessórios, tais como o material de interface, adaptadores, joelheiras,
encaixes, entre outros (VASCONCELOS; MATIELLO, 2020).

O encaixe está presente em todas as próteses ortopédicas, tanto de membros


superiores quanto de membros inferiores, independentemente do nível de amputação.
As principais forças que atuam no encaixe da prótese são o impacto, cisalhamento,
pistoneamento e rotação. É a partir do encaixe que se inicia o processo de protetização,
já que ele é o grande responsável por evitar o contato direto do coto com a prótese
ortopédica. É necessário que seja do tamanho exato do coto, de modo a evitar futuros
problemas de marcha e desconforto do indivíduo amputado (VASCONCELOS; MATIELLO,
2020).

Uma prótese ortopédica demanda certo tempo e paciência de todos os envolvidos,


até ficar pronta e funcional. Além do acompanhamento do fisioterapeuta durante o proces-
so, outros fatores são determinantes para diminuir o tempo de adaptação às próteses
ortopédicas, como a modelagem e confecção dos tipos de encaixe (VASCONCELOS;
MATIELLO, 2020).

O encaixe provisório é uma das etapas no processo de confecção da prótese. É


composto por material termoplástico transparente, permite modelagem e várias provas. Por
ser transparente, é possível visualizar áreas de compressão e folgas entre o encaixe e
122
o coto e indicar a necessidade de ajustes. É de extrema importância esse uso, pois se
observa que, com o decorrer do uso da prótese, o coto vai mudando de configuração,
tendendo a afinar. Logo, com esse encaixe, será possível corrigir qualquer desconforto
para o paciente ter sempre total conforto com a prótese. O encaixe provisório é de
grande valia para que o encaixe definitivo esteja adequado, visto que este não permitirá
nova modelação (INSS, 2017).

A seguir, serão apresentadas algumas indicações dos tipos de próteses para


cada nível de amputação de membros inferiores:

• Desarticulação do quadril: é caracterizada como um tipo de lesão de difícil


protetização, devido a aspectos como o déficit de braço de alavanca, e o gasto
energético maior para a marcha, comparativamente a outros níveis de amputação
(mesmo com um bom processo de adaptação, a marcha se desenvolverá com menor
funcionalidade). É de suma importância proporcionar conforto no encaixe protético,
leveza dos componentes e adequado treinamento de marcha. Para este nível de lesão,
as próteses devem ser modulares. Os encaixes podem ser do tipo colete, hemicesto
ou cesto completo e são compostos por um material rígido. A fixação para estes tipos
de encaixe se faz por meio da utilização de velcros, fivelas e passantes. A suspensão
se faz na região suprailíaca. A parte inferior da prótese deverá estar paralela ao solo para
evitar que a pelve deslize anteriormente durante a marcha, cursando com instabilidade
e hiperpressão no ramo púbico. O encaixe deverá conter a tuberosidade isquiática para
aumentar a estabilidade anteroposterior e mediolateral (INSS, 2017).

FIGURA 1 – PRÓTESE DO TIPO DESARTICULAÇÃO DO QUADRIL – ENCAIXE EM FORMA DE CESTO

FONTE: <http://saojoseortopedicos.com.br/wp-content/uploads/2016/01/CMI57-2-e.jpg>.
Acesso em: 28 set. 2021

• Amputações transfemorais: para amputações transfemorais, indica-se normalmente


próteses não implantáveis, endoesqueléticas ou modulares. Há diversas configurações
de próteses possíveis para este tipo de lesão e, com isso, a definição deverá ser in-
dividualizada, tornando-se necessária a identificação do nível da amputação (proximal,
média ou distal), classificar quanto ao nível de atividade (K-Level – Quadro 1) e avaliação
123
das características do coto. Tais informações servirão como base na escolha do tipo de
encaixe, da suspensão mais adequada, bem como indicarão a necessidade ou não de
liner e outras definições a serem tomadas. O liner é um material de interface entre o coto
e o encaixe rígido, que tem por objetivo promover melhor suspensão e proteger as partes
moles, melhorando a funcionalidade e conforto (VASCONCELOS; MATIELLO, 2020).

QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE PARA INDIVÍDUOS COM


AMPUTAÇÃO DE MMII K-LEVEL

Não tem capacidade ou potencial para deambular, nem para se transferir de forma segura,
com ou sem assistência. A utilização de uma prótese não melhorará a qualidade de vida ou a
K0
mobilidade.
Tem capacidade ou potencial para usar uma prótese para se transferir ou para deambular
em superfícies planas com uma cadência regular. Típico de um amputado que se desloca
K1
no domicílio de forma limitada.
Capacidade ou potencial para deambular com um baixo nível de capacidade para atravessar
barreiras arquitetônicas, tais como meios-fios, escadas, ou superfícies irregulares. Típico de
K2
um amputado que se desloca de forma limitada na comunidade.
Capacidade para deambular com cadência variável e para transpor barreiras
arquitetônicas. Típico de um amputado que se desloca na comunidade e poderá ter
K3 atividade física, profissional ou terapêutica, que exija a utilização da prótese além da
simples locomoção.
Tem capacidade ou potencial para deambular além das competências básicas de
deambulação, apresentando níveis de impacto, estresse ou energia elevados. Este
K4
nível inclui a maioria das crianças, adultos ativos ou atletas amputados.

FONTE: Adaptado de (VASCONCELOS; MATIELLO, 2020)

FIGURA 2 –­ PRÓTESE PARA AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL

FONTE: <https://bit.ly/3Cd5HBK>. Acesso em: 28 set. 2021

124
FIGURA 3 – LINER EM SILICONE PARA PRÓTESE TRANSFEMORAL

FONTE: <https://bit.ly/3ChBH7Q>. Acesso em: 28 set. 2021

• Amputações de joelho: existem inúmeros modelos de joelhos protéticos disponíveis.


De acordo com o nível de eixos e com o mecanismo que controla os movimentos,
eles são classificados em monocêntricos ou policêntricos. Os joelhos monocêntricos
poderão proporcionar o movimento de flexão e de extensão, por meio de mecanismo
pneumático ou mecânico, sendo projetados para um único eixo de rotação, de modo
que o movimento funciona como uma dobradiça simples. Os benefícios desse tipo
de prótese são a possibilidade de ajustes de frenagem, de acordo com a necessidade
de cada usuário, ângulo de flexão, com grande liberdade de movimento; e travas de
extensão. Já os joelhos policêntricos proporcionam os mesmos movimentos, mas por
meio de sistemas hidráulicos ou eletrônicos. Este tipo de prótese tem como vantagens
uma maior altura em relação ao solo para uma marcha mais confiante; um ângulo de
flexão com maior liberdade de movimento; e a fase de balanço ajustável para garantia de
uma marcha harmoniosa (VASCONCELOS; MATIELLO, 2020).

No quadro a seguir, serão listados os principais aspectos que influenciam na


escolha do tipo de joelho.

QUADRO 2 – PRINCIPAIS ASPECTOS CONSIDERÁVEIS NA ESCOLHA DO TIPO DE PRÓTESE DE JOELHO

Realizar uma correta classificação do nível de atividade para escolha


Nível de atividade
da prótese.
Para crianças e adultos com baixo peso, são indicados modelos de
Peso peso leve. Já para adultos com mais de 120 kg são indicados modelos
fabricados com materiais mais resistentes.
Força e controle Indivíduos com lesões que afetem a força muscular demandam modelos
muscular de joelhos protéticos mais estáveis e seguros.
Comprimento Amputações em terço distal longo são beneficiadas por modelos
do coto policêntricos, para as demais são indicados modelos monocêntricos.
Indivíduos com bom padrão de marcha no que se refere à força,
Habilidade para
agilidade, equilíbrio e desempenho, se beneficiarão de joelhos
mudar a velocidade
com maior performance. Os tipos de prótese sempre deverão ser
da marcha
compatíveis com o nível de atividade do usuário.

125
É importante discutir com o usuário de prótese as facilidades e
Preferência do
dificuldades que ele apresentou com os modelos já utilizados,
paciente e histórico
quais são as suas expectativas, e quais são as suas necessidades
de protetização
cotidianas que devem ser atendidas pela nova prótese.

Os tipos de próteses a serem prescritas deverão ser definidos com


Recursos
base na funcionalidade, na necessidade do indivíduo e na correlação
financeiros
do recurso material com a demanda do ponto de vista laboral.

FONTE: Adaptado de (INSS, 2017)

FIGURA 4 – JOELHO PNEUMÁTICO POLICÊNTRICO

FONTE: <https://bit.ly/3nJBHHJ>. Acesso em: 28 set. 2021

FIGURA 5 – JOELHO MONOCÊNTRICO AUTOBLOQUEANTE

FONTE: <https://bit.ly/3jAF8Pk>. Acesso em: 6 out. 2021.

126
• Próteses para amputações de pés: atualmente, os pés protéticos disponíveis
podem ser de características rígidas, dinâmicos, articulados uniaxiais ou multiaxiais,
pés protéticos de resposta dinâmica, eletrônicos, pés não articulados e pés para
prática esportiva. Os pés rígidos são os mais simples, de baixo custo, baixo peso e
de durabilidade importante. Contudo, promovem pouca variação na velocidade
da marcha e, portanto, são indicados para pacientes que deambulam de maneira
limitada. Os pés articulados estão indicados para pacientes que necessitam e
possuem condições de realizar um movimento de flexão e extensão do tornozelo.
Assim como os rígidos, são de baixo custo e indicados para pacientes com baixo nível
de mobilidade. Os pés articulados multiaxiais realizam movimentos de flexão plantar,
flexão dorsal, inversão e eversão e são indicados para pacientes com amputações
de pé que sejam ativos, pois permitem a deambulação em terrenos irregulares com
muita efetividade. Já os pés de resposta dinâmica estão indicados para pacientes
com nível de mobilidade moderada a alta. Em geral, são confeccionados em fibra de
carbono (INSS, 2017).

FIGURA 6 – PÉ PROTÉTICO DO TIPO RÍGIDO

FONTE: <http://www.catarin.org/wp-content/uploads/2017/08/pe-sach-300x169.jpg>.
Acesso em: 28 set. 2021

FIGURA 7 – PÉ PROTÉTICO ARTICULADO

FONTE: <https://http2.mlstatic.com/D_NQ_NP_889054-MLB44516179527_012021-O.webp>.
Acesso em: 28 set. 2021

127
FIGURA 8 – PRÓTESE DE PÉ ARTICULADA MULTIAXIAL

FONTE: <http://ortosete.com.br/assets/img/proteses/echelon_pes.jpg>. Acesso em: 28 set. 2021

No grupo das próteses implantáveis de membros inferiores, estão incluídas as


próteses que são utilizadas para substituir a função de alguma estrutura articular no corpo
humano, de maneira parcial ou total. Nesse caso, destacam-se as próteses de joelho e
quadril. As próteses implantáveis são colocadas por meio de cirurgias chamadas de
artroplastias — procedimento para substituição da estrutura articular natural por uma
protética (MACEDO, 2018).

A artroplastia total do quadril (ATQ) é considerada um dos maiores avanços no


tratamento das doenças ortopédicas e uma das cirurgias mais feitas no mundo. Devido a
sua rápida recuperação e retorno às atividades da vida diária, é considerada como um
dos poucos procedimentos médicos que beneficiam o paciente como um todo, bem
como a cirurgia com bons resultados na ortopedia (MACEDO, 2018).

A ATQ é realizada quando o paciente apresenta dor crônica ou aguda acompanhada


de incapacidade da articulação para realizar as funções diárias, tais como caminhar,
subir e descer escadas, entrar no carro, entre outros. A principal causa de incapacitação
funcional e indicação de substituição articular do quadril é a osteoartrose, disfunção ca-
racterizada por um processo de desgaste articular, que destrói os tecidos da articulação
do quadril (LENZA et al., 2013). Dentre outras causas que também poderão contribuir
para o desgaste do quadril e indicação de ATQ estão a artrite reumatoide e fraturas do colo
do fêmur decorrentes de quedas, acidentes de trânsito, entre outros fatores (FERREIRA;
ANASTACIO; MILAGRE, 2014).

128
FIGURA 9 – OSTEOARTROSE DE QUADRIL

FONTE: <https://bit.ly/3jyFNkq>. Acesso em: 28 set. 2021

Apesar do sucesso dessa cirurgia, a busca pelo seu aprimoramento e melhores


resultados, sobretudo em longo prazo, prossegue, principalmente no desenvolvimento de
novas superfícies, materiais com maior biocompatibilidade e técnicas menos agressivas de
cirurgia. A ATQ inicia pela escolha do tipo de abordagem. As principais vias de acesso
são a posterior, a anterolateral e a lateral. A prótese de quadril é formada por uma haste
que encaixa no fêmur, por uma superfície que encaixará no acetábulo e outra superfície
que ficará entre as duas estruturas citadas (FERREIRA; ANASTACIO; MILAGRE, 2014),
como poderá ser observado na figura a seguir.

FIGURA 10 – ARTROPLASTIA DE QUADRIL

FONTE: <https://orthoinfo.aaos.org/globalassets/figures/a00750f03.jpg>. Acesso em: 28 set. 2021

129
Embora as artroplastias sejam intervenções cirúrgicas consideradas seguras,
existem riscos de complicações pós-operatórias (LENZA et al., 2013). É importante para o
fisioterapeuta e para equipe multidisciplinar conhecer as principais complicações que
podem ocorrer, a fim de preveni-las. Dentre as complicações mais comuns, encontram-se
a trombose venosa profunda, condição que ocorre devido à redução do fluxo de sangue
nos vasos sanguíneos, decorrente da imobilidade na cama e pelo processo cirúrgico
(CORTADA et al., 2015). Outros fatores de complicação na ATQ são: a luxação, que é o
deslocamento da prótese do local correto; e a fratura periprotética, na região do osso no
qual a prótese está fixa. (RAVI et al., 2014).

O fisioterapeuta integra a equipe multidisciplinar no atendimento e acompanha-


mento do paciente submetido à ATQ. O trabalho deste profissional inicia ainda no período
pré-operatório, com orientações sobre os cuidados pós-operatórios, melhora das
condições físicas do paciente para a cirurgia, orientação dos principais exercícios
a serem realizados e adaptações que poderão auxiliar na mobilidade e funcionalidade do
paciente (RAVI et al., 2014).

Em vista disso, o fisioterapeuta poderá colaborar na recuperação clínica, prevenção


de complicações, redução de custos associado à redução do tempo de internação e
medicação, além de colaborar na recuperação da qualidade de vida de pacientes submeti-
dos à ATQ.

DICA
Quer saber mais sobre a atuação do fisioterapeuta na artroplastia total
de quadril (ATQ)? Acesse o e-book “Cuidados e orientações ao paciente
submetido à artroplastia de quadril”. Disponível em: http://www.cefid.
udesc.br/arquivos/id_submenu/2263/cuidados_e_orientacoes_ao_
paciente_submetido_a_artroplastia_de_quadril.pdf.

A artroplastia total do joelho (ATJ) é o procedimento cirúrgico em que a parte


femoral é substituída pelo componente femoral constituído de uma liga metálica muito
resistente. O componente tibial também é metálico e ambos são fixados com cimento
cirúrgico, e entre esses dois componentes é colocado um componente de polietileno,
também utilizado no componente patelar. É um dos procedimentos mais indicados para
o tratamento da osteoartrose, doença de caráter inflamatório e degenerativo, que provoca
a destruição da cartilagem articular do joelho e leva a uma deformidade da articulação.

130
FIGURA 11 ­– ARTROPLASTIA DE JOELHO

FONTE: <https://bit.ly/3CdeQdy>. Acesso em: 28 set. 2021

As artroplastias de joelho, apesar de serem benéficas na redução do quadro


álgico e melhora da funcionalidade do paciente, podem apresentar complicações, logo
após o tratamento ou um pouco mais tardiamente (MOZELLA et al., 2014). Dentre as
complicações mais comuns estão as infecções, dor persistente e ausência ou déficit de
flexão (OLIVEIRA, 2012).

Visando a prevenção de complicações como contraturas e deformidades, a rea-


bilitação fisioterapêutica na fase pós-operatória da artroplastia de joelho é essencial e
de extrema importância para uma boa recuperação do paciente. É importante que o
profissional fisioterapeuta inicie o tratamento com o paciente logo após a cirurgia, e
colabore na mobilização precoce do joelho, beneficiando o aumento do arco de movimento,
redução de edemas residuais, redução de analgésicos, e da necessidade de manipula-
ção cirúrgica (SILVA, 2006).

FIGURA 12 – FISIOTERAPIA PÓS ATJ

FONTE: <https://www.saudebemestar.pt/media/86866/fisioterapia-apos-artroplastia.jpg>.
Acesso em: 28 set. 2021

131
DICA
Ficou interessado em maiores informações sobre as fases da reabilitação
fisioterapêutica pós- ATJ? Acesse o link:http://lyceumonline.usf.edu.br/
salavirtual/documentos/2835.pdf.

132
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:

• Prótese é o componente artificial que tem por finalidade suprir necessidades e


funções de indivíduos sequelados por amputações, traumas ou deficiências físicas
de nascença.

• As próteses podem ser implantáveis ou não implantáveis, endoenergéticas ou


exoenergéticas.

• As próteses exoesqueléticas são pouco utilizadas para os membros inferiores, uma


vez que possuem uma estrutura mais rígida e não são modulares. Já as próteses
endoesqueléticas permitem o ajuste de alinhamento de modo individualizado.

• O tipo de prótese deverá ser escolhido pela equipe multiprofissional em conjunto com
o paciente, e devem ser levados em conta aspectos como o nível de amputação do
membro e a qualidade do coto.

• As próteses implantáveis são colocadas por meio de cirurgias chamadas de artroplastias,


destacando-se as próteses de joelho e quadril.

133
AUTOATIVIDADE
1 Diferentes materiais podem ser utilizados para a confecção de próteses. De acordo
com a finalidade a que se destina a prótese, é feita a escolha do melhor material.
Sobre a confecção de próteses, analise as sentenças a seguir:

I- As primeiras próteses que surgiram eram produzidas a partir de diferentes tipos de


metais, principalmente o titânio.
II- Próteses confeccionadas a partir de madeira e ferro são as mais utilizadas na
atualidade.
III- Próteses confeccionadas em materiais cerâmicos substituem, em alguns casos, as
próteses metálicas.
IV- Alguns tipos de cerâmica, principalmente a alumina e a zircônia, são utilizadas em
próteses implantáveis.
V- Os materiais poliméricos, como o silicone e a borracha, são utilizados em próteses
não implantáveis.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças III, IV e V estão corretas.

2 Para que as próteses cumpram seus papéis e garantam melhora da qualidade de vida do
paciente, elas precisam ser adequadamente indicadas, considerando uma série de fatores
que incluem condições de saúde do paciente, como nível de atividade e principal objetivo
com a protetização. Sobre as características das próteses, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As próteses mecânicas utilizam propulsão artificial para gerar movimento


articular.
b) ( ) As próteses híbridas combinam tanto a função de próteses ativas como de
passivas.
c) ( ) As próteses exoesqueléticas permitem uma variedade de adaptações, quando
comparadas às próteses endoesqueléticas.
d) ( ) As próteses exoenergéticas têm, ao contrário das endoenergéticas, um
mecanismo de propulsão de modo artificial.

3 As próteses para membros inferiores são divididas em dois grupos, segundo caracte-
rísticas próprias, e são conhecidas como próteses exoesqueléticas e endoesqueléticas.
Sobre essas próteses, avalie as asserções a seguir:

134
I- As próteses exoesqueléticas são conhecidas também como próteses convencionais,
sendo confeccionadas com componentes de madeira ou plástico, os quais servem
de conexão entre encaixe e pé. Suas paredes proporcionam, além da sustentação,
o acabamento estético.

PORQUE

II- As próteses endoesqueléticas também são conhecidas como próteses modulares. A


conexão entre encaixe e pé protético é realizada por meio de tubos e componentes
modulares, e o acabamento, com espuma e meia cosmética, conforme as medidas
do membro contralateral à amputação.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a ll não é uma justificativa da
l.
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) ( ) A asserção l é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.

4 O nível mais frequente observado de amputação é o transtibial, apresentando como


principais causas as complicações vasculares para indivíduos na faixa entre 50 e
75 anos e traumatismos, observados em adultos jovens. Com relação à amputação
transtibial e ao tratamento fisioterapêutico para esse agravo, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A tendência de ocorrência dessas amputações está, principalmente, relacionada


às insuficiências arteriais periféricas, complicações do diabetes mellitus, infecções
severas, traumas, neoplasias e deformidades congênitas.
( ) A fisioterapia deverá ser iniciada precocemente, atuando na dessensibilização
do coto, no posicionamento correto no leito, na orientação de exercícios ativo-
assistidos, ativo-livres, isométricos e de propriocepção para membros ipsilateral e
contralateral, na aplicação de bandagens e no treino de marcha.
( ) Para um posicionamento correto do coto no leito, o indivíduo deverá ser orientado a
evitar comportamento de flexão de joelho, abdução e rotação externa de coxa, não
usar travesseiro embaixo do coto e manter sempre os membros inferiores alinhados
para evitar contraturas.
( ) Dentre as técnicas de eletroestimulação, podem ser citadas as correntes russas, que
são utilizadas na melhora da função muscular, e a estimulação transcutânea, que
age na diminuição da dor fantasma, atuando em terminações nervosas e reduzindo
reflexos aferentes.
( ) A prótese deverá ser o mais leve possível, para que a demanda muscular seja menor,
pois as alterações biomecânicas da marcha com prótese são responsáveis por um
maior gasto energético.

135
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - V - V - V - V.
b) ( ) V - F - V - F - V.
c) ( ) F - V - F - V - F.
d) ( ) F - F - V - V - F.

5 Com relação à consulta fisioterapêutica em pacientes amputados de membro inferior,


analise as sentenças a seguir:

I- A sensibilidade tátil e dolorosa deverá ser testada no coto apenas nos pontos de
contato da prótese.
II- Pelo teste de força manual, devem-se avaliar todos os grupos musculares do coto
de amputação. Quanto maior a força muscular e resistência à fadiga, melhor será o
controle sobre a estabilidade e a movimentação da prótese.
III- Deve-se realizar a goniometria ativa da articulação proximal ao coto de amputação.
IV- Na observação de restrições ao arco de movimento completo, faz-se a goniometria
passiva e consequentemente a diferenciação entre uma atitude viciosa ou fraqueza
muscular e uma deformidade articular irredutível.
V- A queixa de sensação de persistência de parte ou totalidade do membro amputado
caracteriza a dor fantasma.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) As sentenças I, II e V estão corretas.
c) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças III, IV e V estão corretas.

136
UNIDADE 3 TÓPICO 2 —
PRÓTESES PARA MEMBROS SUPERIORES
E COLUNA VERTEBRAL

1 INTRODUÇÃO
Agora que já vimos os aspectos básicos sobre as próteses que envolvem os
membros inferiores, estudaremos as principais indicações e modelos disponíveis
para as próteses de membros superiores. Estas também podem ser classificadas em
exoesqueléticas ou endoesqueléticas. No entanto, uma outra forma de classificar
funcionalmente as próteses para membros superiores é no que se refere à funcionalidade
e forma utilizada para possibilitar os movimentos. Sendo assim, estas podem ser
classificadas em passivas, que são as estéticas, ou ativas, quando são mecânicas,
mioelétricas ou híbridas. (CHAMLIAN; INGHAM; CARDOSO, 2010).

FIGURA 13 – CLASSIFICAÇÃO DAS PRÓTESES DE MEMBRO SUPERIOR

PROTESE DE MEMBRO SUPERIOR

PASSIVA ATIVA

Mecânica
Estéticas

Molétrica

Híbrida

FONTE: A autora

As próteses passivas possuem a função estética, visando melhorar a autoestima


do usuário. O material confeccionado é o mais próximo possível do membro natural,
quanto à coloração, textura, contornos anatômicos etc. Podem ser utilizadas em todos os
níveis de amputação, porém, não possuem finalidade ativa e funcional, apenas estética
(NATALI, 2006).

137
FIGURA 14 – PRÓTESE ESTÉTICA DE MÃO

FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-mg/80284-5266067.webp>.
Acesso em: 28 set. 2021.

Já as próteses ativas, ao contrário das passivas, são caracterizadas pela


mobilidade e movimento de suas partes, podendo ser controladas, de alguma forma,
pelo paciente. Elas poderão ser classificadas quanto ao tipo de energia empregada para
seu funcionamento, em próteses mecânicas ou de propulsão muscular, cuja energia
propulsora possui origem no próprio corpo do paciente, transmitindo-se por meio de
correias e cabos para o dispositivo terminal; prótese mioelétrica, que tem seus movimentos
controlados por sinais eletromiográficos, uma tecnologia que produz os movimentos próximos
da mão humana; e prótese híbrida, que resulta da combinação dos dois mecanismos
anteriores: as próteses mecânicas e mioelétricas (CORDELLA et al., 2016).

FIGURA 15 – PRÓTESE MECÂNICA DE MÃO

FONTE: <https://bit.ly/3mcThEr>. Acesso em: 28 set. 2021

138
FIGURA 16 ­– PRÓTESE MIOELÉTRICA DE MÃO

FONTE: <https://bit.ly/3CfAQV8>. Acesso em: 28 set. 2021

2 PRINCIPAIS PRÓTESES PARA MEMBROS SUPERIORES


Como as amputações de membros superiores podem ocorrer em diferentes níveis,
a variedade de próteses é grande. Por isso, a escolha do tipo de prótese é individualizada
e realizada por uma equipe multidisciplinar, levando em conta aspectos como o quadro
clínico do indivíduo, sua capacidade circulatória, presença ou ausência de infecções ativas
e, por fim, a capacidade de reabilitação com o uso da prótese (BOCCOLINI, 2000).

O coto de amputação (membro residual) é o responsável pelo controle da prótese


durante a preensão, percepção, comunicação e atividades laborais. Para que isso seja
possível, é importante observar alguns aspectos antes da indicação da prótese, tais como:
nível adequado do coto, se ele é cônico e estável, se possui cicatrizes cirúrgicas nas áreas
de apoio e se é longo o suficiente para adaptar a prótese. Vale salientar que, pelo grau
de importância das articulações, a amputação deverá ser realizada o mais distante delas
possível. A preservação da articulação do cotovelo permite um bom controle da prótese,
pois mantém o movimento de prono supinação e função do antebraço, resultando em
cotos funcionais, possibilitando uma boa reabilitação (CHAMLIAN; MASIERO, 2010).

No que diz respeito a sua origem, as amputações do membro superior são


ocasionadas geralmente por acidentes de trânsito, no trabalho, acidentes domésticos ou
decorrentes de causas externas, como violência, complicações de algumas doenças,
deficiência congênita de membro ou ainda por doença vascular ou tumores (SILVA;
VILAGRA, 2015).

A maior frequência de amputações de membros superiores ocorre em homens


adultos jovens, adquiridas por traumas como máquinas, projéteis, acidentes automobilís-
ticos e queimaduras (SILVA; VILAGRA, 2015). Veremos, a seguir, como podem ser classificados
os níveis de amputação:

139
• Amputação parcial de mão: amputação dos dedos, amputação transmetacárpica.

FIGURA 17 – AMPUTAÇÃO DOS DEDOS

FONTE: <https://bit.ly/3nuyLOO>. Acesso em: 28 set. 2021

• Desarticulação de punho: nesse nível de amputação, preservam-se os ossos do rádio


e ulna por completo.

FIGURA 18 – DESARTICULAÇÃO DE PUNHO

FONTE: <https://bit.ly/3Bd1L2v>. Acesso em: 28 set. 2021

• Desarticulação do cotovelo: é uma amputação na qual se retira toda a parte da


articulação do cotovelo para baixo, preservando o úmero por completo.

140
FIGURA 19 – DESARTICULAÇÃO DE COTOVELO

FONTE: <https://bit.ly/3m9b9jo>. Acesso em: 28 set. 2021

• Desarticulação do ombro: é uma amputação na qual se retira todo o braço: úmero,


rádio, ulna e ossos da mão.

FIGURA 20 – DESARTICULAÇÃO DE OMBRO

FONTE: <https://bit.ly/3GkyeHV>. Acesso em: 28 set. 2021

• Desarticulação da escapulaumeral: é uma amputação na qual se retira todo o braço,


inclusive os ossos da escápula e clavícula.
• Amputação transradial: é uma amputação abaixo do cotovelo, entre a articulação do
punho e a articulação do cotovelo; este nível pode ser classificado de três maneiras
diferentes, com relação aos tamanhos: transradial proximal; medial ou distal.

141
FIGURA 21 – AMPUTAÇÃO TRANSRADIAL

FONTE: Adaptada de: <https://bit.ly/3vKfZ9T>. Acesso em: 28 set. 2021

• Amputação transumeral: é uma amputação acima do cotovelo, entre a articulação do


cotovelo e a articulação do ombro; este nível pode ser classificado de três maneiras
diferentes, com relação aos tamanhos: transumeral proximal, medial ou distal (SILVA;
VILAGRA, 2015).

FIGURA 22 – AMPUTAÇÃO TRANSUMERAL

FONTE: Adaptada de: <https://bit.ly/3BdyVyQ>. Acesso em: 28 set. 2021

É necessário que o indivíduo amputado receba atendimento adequado e multipro-


fissional, desde o período de pós-operatório imediato até a sua reabilitação completa, visto
que qualquer falha nesse processo poderá influenciar na sua recuperação funcional. O início
do processo de reabilitação, após a ocorrência de uma amputação, envolverá os cuidados
com o membro residual e o coto, manejo da dor residual, dor e sensação fantasma,
manutenção da amplitude articular e força muscular, conhecimento e adequação dos
mecanismos de operação das próteses e adaptações funcionais (BRASIL, 2016).

142
Como consequências de uma má adaptação à prótese de membro superior,
podemos citar complicações, tais como isquemias por compressão axilar do tirante
de sustentação da prótese, processos inflamatórios e desgastes nas articulações do
membro não-amputado pelo uso excessivo, ou mesmo na articulação íntegra acima do
nível de amputação (BRASIL, 2016).

FIGURA 23 – DERMATOSE NO COTO DE AMPUTAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3GnhTSX>. Acesso em: 28 set. 2021

Após uma amputação, a utilização de uma prótese, no geral, promoverá a melhora


da imagem corporal, ajudando o indivíduo a desenvolver maior confiança em suas habilida-
des físicas e melhorando sua qualidade de vida. No entanto, a aceitação de um auxílio
protético por um indivíduo é um assunto complexo em que interagem aspectos físicos,
psicológicos, técnicos e socioeconômicos.

A utilização de uma prótese ativa aumentará de forma significativa a gama de


atividades que uma pessoa amputada poderá realizar, bem como suas taxas de aceitação,
que estão diretamente relacionadas ao nível de amputação, visto que pacientes com
níveis mais distais de amputação tendem a fazer maior uso do equipamento (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2019).

A reabilitação é um processo contínuo, cujo objetivo final é tornar o paciente o


mais independente e adaptado possível ao uso da prótese, permitindo a realização das
suas atividades habituais. O cenário mais desejável é aquele em que a reabilitação da pessoa
amputada se inicia ainda antes da cirurgia de amputação. Também é de fundamental
importância o acompanhamento destes usuários pela equipe de reabilitação (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2019).

Há uma equipe de profissionais que trabalhará com o indivíduo amputado


no seu processo de reabilitação. Um desses profissionais será o Fisioterapeuta, que
estabelecerá um programa de treinamento individualizado, através de exercícios para
fortalecimento do coto de amputação, ajudando no processo de colocação, retirada e
utilização correta da prótese, de forma que possa ser utilizada com maior segurança e
autonomia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

143
O fisioterapeuta possui um papel importante na adaptação da prótese. Veremos, a
seguir, os principais objetivos e condutas do tratamento ao indivíduo protetizado:

• Fortalecimento da musculatura da região escapular.


• Treinamento do enfaixamento do coto.
• Tratamento da cicatriz.
• Cuidados com a dor e com a sensação de membro fantasma.
• Reestruturação da imagem corporal.
• Troca da lateralidade.
• Aumento da habilidade e destreza para as tarefas que o paciente fazia anteriormente
com as duas mãos.

FIGURA 24 ­– TROCA DA LATERALIDADE

FONTE: <https://bit.ly/311HJM3>. Acesso em: 28 set. 2021

FIGURA 25 – MELHORA DA HABILIDADE E DESTREZA PARA AS TAREFAS DIÁRIAS

FONTE:<https://bit.ly/3BdzNDC>. Acesso em: 28 set. 2021

DICA
Quer saber mais sobre o processo de adaptação à prótese de membro
superior? Acesse o link: encurtador.com.br/cxLN1

144
2.1 PRÓTESES PARA COLUNA VERTEBRAL
Por fim, com relação às próteses para coluna vertebral, podemos citar a prótese de
substituição do disco intervertebral e as artrodeses de segmentos da coluna vertebral.
Principalmente a partir de 1980, diversas técnicas de instrumentação de coluna
vertebral foram desenvolvidas e aplicadas em pacientes por todo o mundo. Na década
subsequente, houve um refinamento dos métodos cirúrgicos e um crescimento focado,
principalmente, em técnicas minimamente invasivas (CAMPELLO et al, 2009).

A artrodese consiste em um procedimento cirúrgico que visa estabilizar as


vértebras da coluna por meio de placa fixada com parafusos no osso, mantendo o
alinhamento e o espaço adequado entre elas, reduzindo, assim, a dor e a limitação da
capacidade de movimentação (CAMPELLO et al, 2009).

FIGURA 26 ­– TROCA DA LATERALIDADE

FONTE: <https://bit.ly/3pFt1V9>. Acesso em: 28 set. 2021

Já na artroplastia, o disco lesionado é retirado e substituído por uma prótese de


metal e polietileno, que estabilizará e imitará a reprodução dos movimentos normais da
coluna vertebral. É uma técnica mais recente, que surgiu após o ano 2000, e é utilizada
como uma alternativa à artrodese, possuindo como vantagem a manutenção dos
movimentos fisiológicos da coluna; ao contrário da artrodese, que bloqueia a mobilidade
da coluna nos níveis operados (CAMPELLO et al., 2009).

145
FIGURA 27 – PRÓTESE DE DISCO INTERVERTEBRAL

FONTE: <https://bit.ly/2ZsJ3qO>. Acesso em: 28 set. 2021

Alguns diagnósticos podem levar à indicação das técnicas cirúrgicas citadas


anteriormente, tais como:

• Hérnia de disco: quando o conteúdo do núcleo intervertebral extravasa através de


uma ruptura do anel fibroso, levando à compressão de uma raiz nervosa.
• Espondilolistese: caracterizado por um deslizamento ou deslocamento, anterior ou
posterior, de uma vértebra em relação à outra.
• Escoliose: ocorre quando há uma curvatura anormal das vértebras, podendo
apresentar um formato acentuado em C ou uma dupla curva em S.
• Fratura vertebral: pode ser de origem traumática, neoplásica, osteoporótica, infecciosa
e reumática.

FIGURA 28 – HÉRNIA DE DISCO COM COMPRESSÃO DE RAIZ NERVOSA

FONTE: <https://bvsms.saude.gov.br/wp-content/uploads/2020/12/hernia_disco-300x280.jpg>.
Acesso em: 28 set. 2021

146
FIGURA 29 – ESPONDILOLISTESE

FONTE: <https://bit.ly/3nvb1tQ>. Acesso em: 28 set. 2021

O fisioterapeuta é um integrante ativo na reabilitação de pacientes em pós-


operatório de artrodese e artroplastia discal. Geralmente, o paciente inicia a fisioterapia
já no primeiro dia de pós-operatório, o que auxilia na redução da dor, cicatrização e
fortalecimento da musculatura. Muitos pacientes são capazes de deambular e se cuidar
sozinhos já em uma ou duas semanas e, até mesmo, retornar as suas atividades normais
dentro de algumas semanas (CAMPELLO et al., 2009).

Acadêmico, neste tópico, conhecemos as principais próteses utilizadas para os


membros inferiores, superiores e coluna vertebral. Realize as autoatividades, ao final
deste tópico, para melhor fixação de nossos estudos.

147
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:

• A prótese de um membro é um membro artificial que substitui uma parte do corpo


que está faltando, geralmente porque ela foi amputada.

• As próteses de membros superiores podem ser ativas ou passivas.

• As próteses de membros superiores podem ser mecânicas, mioelétricas ou híbridas.

• Como as amputações de membros superiores podem ocorrer em diferentes níveis, a


variedade de próteses é grande.

• A escolha do tipo de prótese é individualizada e realizada por uma equipe


multidisciplinar.

• As próteses que envolvem a coluna vertebral podem ser do tipo artroplastia ou


artrodese e a escolha de uma ou outra dependerá de inúmeros aspectos do paciente.

148
AUTOATIVIDADE
1 As próteses são equipamentos que se destinam a substituir a função de uma estrutura
anatômica ou um membro. De acordo com algumas características particulares, elas
podem ser classificadas em próteses implantáveis e não implantáveis. Com relação
às próteses, analise as opções a seguir:

I- Próteses para substituição de articulação de quadril, por meio de cirurgia de


artroplastia total, são próteses do tipo implantáveis.
II- Próteses destinadas a pacientes que sofreram amputações parciais de mãos são
consideradas próteses implantáveis.
III- Artroplastia total de quadril, joelho, ombro e disco intervertebral são exemplos de
próteses não implantáveis.
IV- Próteses implantáveis são também chamadas de próteses não cirúrgicas.
V- Para a colocação de próteses implantáveis, o paciente deverá ser submetido a um
procedimento cirúrgico.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As opções I e II estão corretas.
b) ( ) As opções II e III estão corretas.
c) ( ) As opções II e V estão corretas.
d) ( ) As opções I e V estão corretas.

2 No mercado existe uma série de próteses à disposição do profissional, e com diferentes


características. Essas próteses são classificadas quanto à função, à estrutura e ao
tipo de energia. Sobre as próteses e suas características, analise as opções a seguir:

I- Quanto à estrutura, são classificadas em híbridas, endoenergéticas e exoenergéticas.


II- As próteses ativas podem ser mecânicas, híbridas ou mioelétricas.
III- Próteses passivas devem ser indicadas com o objetivo de promover movimento.
IV- Quanto à estrutura, as próteses podem ser exoesqueléticas ou endoesqueléticas.
V- As próteses passivas permitem benefícios a nível estético e, também, a nível de
conforto.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As opções I e II estão corretas.
b) ( ) As opções II, IV e V são corretas.
c) ( ) As opções I, II e III estão corretas.
d) ( ) As opções I e IV estão corretas.

149
3 Considerando a variedade de próteses existentes, é necessário que o fisioterapeuta,
juntamente da equipe multidisciplinar, indique corretamente a melhor prótese,
levando em conta algumas características particulares de cada paciente. Sobre o
exposto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Na avaliação específica, o fisioterapeuta deverá analisar se o coto é cônico,


volumoso, fusiforme, dentre outras formas, sendo que a forma fusiforme é a
mais adequada para a protetização.
b) ( ) Nível de amputação, comprimento e formato do coto, condições da pele e cicatriz,
presença de contraturas e deformidades, amplitude de movimento, presença de dor
e sensibilidade são analisados na avaliação geral do paciente.
c) ( ) Para medir o comprimento do coto, utilizam-se mensurações padronizadas
e comparativas ao membro contralateral residual. No caso de amputações
unilaterais, caracteriza-se o coto como proximal, medial ou distal.
d) ( ) Para pacientes que desejem próteses que gerem movimento e facilitem a
execução de atividades diárias como alimentação e trabalho, são indicadas
próteses não implantáveis passivas.

4 Existe um tipo específico de prótese de membro superior utilizada no tratamento de


amputados. Sobre esse tipo de prótese e sua correta descrição, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Próteses ativas: são acionadas por uma fonte de energia externa que detecta
potenciais elétricos na superfície da pele durante a contração muscular do coto.
b) ( ) Próteses passivas: possibilitam a ampliação do movimento passivo, retomando a
funcionalidade em casos de limitação cicatricial do movimento ativo.
c) ( ) Próteses mioelétricas: são acionadas pelo próprio paciente mediante o movimento
do coto ou do ombro por meio da tração de correias; requerem treinamento para
coordenação de diferentes funções.
d) ( ) Próteses estéticas: restabelecem o aspecto externo, implicam na renúncia
consciente das funções ativas e podem ser utilizadas para carregar objetos.

5 As próteses para membros superiores podem ser classificadas quanto ao tipo de


energia empregada para seu funcionamento, podendo ser passivas ou ativas. Sobre
a relação adequada entre tipo de energia empregada e funcionamento da prótese,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Passivas e mecânica.
b) ( ) Passivas e mioelétrica.
c) ( ) Passivas e híbrida.
d) ( ) Ativas e mioelétrica.

150
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —
BANDAGENS FUNCIONAIS E
ÓRTESES ESPORTIVAS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos as principais bandagens funcionais e órteses utilizadas
no esporte. Sabemos que a atividade esportiva, amadora ou profissional, gera uma grande
demanda física aos atletas. Essa demanda, quando bem conduzida, poderá melhorar as
capacidades musculoesqueléticas ou danificá-las. O maior problema dos esportes é que a
demanda do sistema musculoesquelético, na maioria das vezes, é de forma caótica e não
previsível, proporcionando ao praticante um ambiente com aumento do risco de lesões
(BAHR; HOLME, 2003).

FIGURA 30 – LESÃO TRAUMÁTICA NO ESPORTE DE ALTO RENDIMENTO

FONTE: <https://cbsloc.al/3GkIIao>. Acesso em: 28 set. 2021

As lesões esportivas são divididas em duas grandes categorias. A primeira cate-


goria é a das lesões traumáticas, estas que estão diretamente relacionadas com uma
carga de alta magnitude e ruptura dos tecidos musculares, tendíneos, ligamentares,
cartilaginosos e ósseos (DIACONESCU; FERECHIDE, 2012).

A segunda, e não menos importante, é a categoria das lesões por overuse ou


overtraining, lesões categorizadas por um desequilíbrio entre o dano tecidual causado
pela prática e a menor capacidade de reparação dos tecidos. Um exemplo disso são
as tendinopatias de calcâneo e da patela, também chamadas de joelho de saltador.
(AICALE et al., 2018).

151
As lesões estão intimamente ligadas a estes materiais e suas aplicações, e isso
você vai começar a entender agora. Um dos principais objetivos do fisioterapeuta do
esporte é manejar ou tratar lesões e, nesta situação, podemos utilizar vários recursos
como eletroterapia, cinesioterapia, terapia manual e as órteses ou bandagens funcionais.
Existe, ainda, a possibilidade do uso de uma órtese para reduzir

FIGURA 31 – EXEMPLO DE ÓRTESE ESPORTIVA: BRACE DE COTOVELO DE TENISTA

FONTE: <https://bit.ly/3pBXG5S>. Acesso em: 28 set. 2021

As órteses e as bandagens apresentam definições específicas, sendo a órtese


esportiva um aparelho usado para apoiar, alinhar ou aumentar o funcionamento de
partes do corpo. Já as bandagens funcionais podem ser definidas como fita adesiva com
resistência mecânica para resistir ao alongamento. São aplicadas na pele para apoiar,
estabilizar e restringir os movimentos para auxiliar na cicatrização e prevenir lesões do
sistema musculoesquelético (RAYMOND et al., 2012).

A principal diferença está no material utilizado e na forma de criação de cada


uma. No caso da órtese, ela é fabricada; já a bandagem é aplicada através de uma fita
adesiva rígida ou até elástica (RAYMOND et al., 2012).

FIGURA 32 –­ EXEMPLO DE BANDAGEM ESPORTIVA: TAPE RÍGIDO DE TORNOZELO

FONTE: <https://bit.ly/3jwhQdy>. Acesso em: 28 set. 2021

152
Agora que conhecemos os objetos de estudo deste tópico, vamos aprofundar o
estudo sobre as diferentes órteses e bandagens utilizados nos principais complexos
articulares do corpo humano.

2 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO


TORNOZELO E DO PÉ
Começaremos a falar sobre o pé, estrutura muito exigida pelo atleta, desde a
tarefa de manutenção de uma postura estática até na aterrissagem de um salto em
distância, por exemplo. Uma das principais disfunções do pé está relacionada com a
pronação excessiva e o “drop”, ou seja, a queda do osso navicular, que está associada
diretamente a uma incapacidade da musculatura intrínseca do pé e a estiramento das
estruturas passivas, como no caso da fáscia plantar (NADERI et al., 2019).

Veja, na Figura 33, a diferença entre um pé com a pronação excessiva e um pé


com a pronação anatômica esperada:

FIGURA 33 – DROP DO OSSO NAVICULAR

FONTE: <https://bit.ly/3GoigfK>. Acesso em: 28 set. 2021

NOTA
Acadêmico, observe, a seguir, a tradução dos termos citados na Figura 33:
Navicular tuberosity: tuberosidade do osso navicular.
Navicular drop: drop do osso navicular.

153
Um dos mecanismos associados à síndrome do estresse tibial é a queda do
osso navicular. Um estudo realizado por Naderi et al., (2019) concluiu que o uso de uma
órtese esportiva para o levantamento do arco plantar consegue normalizar a mecânica
de sujeitos com a síndrome do estresse tibial. Veja na figura a seguir um exemplo de
uma órtese para levantar o arco plantar em atletas que apresentam essa disfunção.

FIGURA 34 – PALMILHA ESPORTIVA PARA DROP DO OSSO NAVICULAR

FONTE: <https://bit.ly/3b9LyR5>. Acesso em: 29 set. 2021

Em outro estudo com atletas de elite, foi realizada a aplicação de bandagens


rígidas e elásticas, com o intuito de elevar o arco plantar e manejar a síndrome do estresse
tibial. Ao final da pesquisa, concluiu-se que a bandagem rígida pode ser considerada
efetiva na melhora da mecânica do pé destes atletas (KIM; PARK, 2017).

Veja, na Figura 35, as duas formas de aplicação das bandagens: a bandagem


rígida e a bandagem elástica:

FIGURA 35 – TAPE RÍGIDO E ELÁSTICO PARA DROP DO OSSO NAVICULAR

FONTE: Adaptada de Kim e Parker (2017)

154
Como podemos observar, nos quadrantes A e B, está a aplicação da bandagem
rígida, que foi considerada efetiva para o tratamento. No quadrante C está a aplicação da
bandagem elástica; e no quadrante D está a aplicação de uma bandagem placebo. No
caso do pé, tivemos duas formas de tratamento para reestabelecimento da mecânica
do arco plantar. Ambas são consideradas efetivas e podem ser utilizadas e aplicadas por
fisioterapeutas esportivos (KIM; PARK, 2017).

Também existem bandagens focadas para a melhora do desempenho esportivo;


um exemplo disso é a bandagem rígida de médio pé. Esta bandagem foi utilizada em atletas
de calistenia e, neste estudo, foram avaliadas as capacidades do salto vertical, que é a
medida mais importante para descrever a potência muscular. Os autores encontraram que
os sujeitos que são submetidos às bandagens rígidas de médio pé apresentam um melhor
desempenho no salto vertical, quando comparado ao não uso dela (ZHANG et al., 2015).

FIGURA 36 – TAPE RÍGIDO PARA MÉDIO PÉ

FONTE: Adaptada de Zhang et al. (2015)

NOTA
Veja a tradução dos termos citados na Figura 36:
Jump Height: Altura do salto.
Strapping Magnitudes: Magnitude da bandagem.

DICA
Quer ler o artigo na íntegra? Acesse o link: <https://core.ac.uk/
download/pdf/227574749.pdf>.

155
Abordaremos, a seguir, o estudo das principais órteses e bandagens para a
região do tornozelo e articulação próxima ao pé, que têm a função de gerar mobilidade
a este complexo. O tornozelo movimenta-se de forma tridimensional e tem suas principais
amplitudes de movimento no plano sagital (dorsiflexão e plantiflexão), entretanto, é no
plano frontal (movimento de inversão) que está o seu maior índice de lesão (LEARDINI
et al., 2014).

A lesão mais comum é a entorse lateral do tornozelo, pelo mecanismo de inversão


excessiva combinada com a plantiflexão. Nesse mecanismo, temos as lesões ligamentares
mais comuns do ligamento talofibular anterior, seguido pelo calcâneo fibular e, de forma
rara, o talofibular posterior (LEARDINI et al., 2014). Essa lesão está entre as mais comuns
de esportes de quadra e do futebol, podendo ocasionar consequências a longo prazo,
como uma instabilidade crônica de tornozelo, que poderá ser caracterizada como uma
incapacidade mecânica e funcional do tornozelo, que acarreta “falseios” recorrentes e novas
entorses (FONG et al., 2007).

FIGURA 37 – ENTORSE LATERAL DE TORNOZELO

FONTE: <https://bit.ly/3vR1bXe>. Acesso em: 29 set. 2021

No caso das entorses, o objetivo do uso das órteses esportivas e das bandagens
funcionais é o de reestabelecer a estabilidade mecânica do tornozelo e evitar um novo
episódio de lesão. Alguns profissionais e clubes esportivos utilizam destas ferramentas
para realizar um suporte profilático antes da primeira lesão (VUURBERG et al., 2018).

As órteses mais utilizadas e respaldadas pela literatura científica são as


tornozeleiras do modelo LACE UP e as do tipo CAST. As LACE UP são esteticamente bonitas,
com hastes laterais rígidas e ajustáveis, através de cadarços. Elas reduzem a capacidade do
movimento no eixo médio lateral e limitam um pouco a plantiflexão. As tornozeleiras deste tipo
não aumentam a capacidade do sistema proprioceptivo, quando aplicadas; o provável efeito
delas é apenas mecânico e de limitação do movimento (RAYMOND et al., 2012).

As tornozeleiras do tipo CAST são compostas por um material rígido na lateral


dos maléolos e fixadas por amarras ou velcros ao redor de si. Elas limitam o movimento do
eixo médio lateral apenas (RAYMOND et al., 2012).

156
FIGURA 38 – BRACES DE TORNOZELO

FONTE: <https://bit.ly/3baZpqo>. Acesso em: 29 set. 2021

NOTA
Acadêmico, compreenda melhor a Figura 38, através das informações a seguir:
A: Brace de tornozelo modelo LACE UP.
B: Brace de tornozelo modelo CAST.

As tornozeleiras citadas, na Figura 38, poderão aumentar o reflexo de estiramento


do músculo fibular longo. Este músculo é responsável pela manutenção da rigidez ativa
do tornozelo, além de um estabilizador ativo contra o mecanismo de inversão dele.

Uma outra estratégia que poderá ser utilizada, nestes casos, é a bandagem
rígida de tornozelo, a qual é aplicada na pele, através de fitas adesivas rígidas, com um
posicionamento que faz com que produzam uma restrição de movimento ao mecanismo
de inversão do tornozelo (BICICI et al., 2012).

Para a aplicação da bandagem rígida de tornozelo, geralmente, é utilizado um


material mais macio e menos rígido (pré-tape) e, após, são utilizadas âncoras de fixação
da bandagem, no sentido transversal, e com o material da bandagem dele. Ao final, são
utilizadas as hastes da bandagem para fixação e redução da mobilidade no eixo médio-
lateral do tornozelo (BICICI et al., 2012). Na Figura 39, poderemos observar o passo a passo
da aplicação do tape rígido de tornozelo.

157
FIGURA 39 – PASSO A PASSO DO TAPE RÍGIDO DE TORNOZELO

FONTE: <https://bit.ly/3nuYA15>. Acesso em: 29 set. 2021

O último guideline do British Journal of Sports Medicine, publicado em 2018,


indica que, para o tratamento das entorses laterais de tornozelo, deve-se dar preferência
aos tratamentos associados e aos exercícios de estabilização. A cirurgia deverá ser
reservada apenas para aqueles que não atingem sucesso no tratamento conservador e
para a prevenção de entorses laterais recorrentes. O uso de órteses e de bandagens rígidas
deve ser considerado como estratégia (VUURBERG et al., 2018).

DICA
Quer estudar o Guideline na íntegra? Acesse: <https://bjsm.bmj.com/
content/52/15/956.long>.

158
2.1 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO JOELHO
As órteses de joelho, também conhecidas como braces ou tutores, são classifi-
cadas em três diferentes categorias, sendo elas:

• Profiláticas: objetivam evitar uma lesão traumática.


• Reabilitativas: objetivam manter a saúde articular e tecidual.
• Funcionais: visam dar suporte de estabilização e função para os joelhos com alguma
disfunção.

A indicação de cada uma delas deverá ser relacionada ao quadro clínico e


funcional do paciente. Deve-se considerar o custo e a efetividade desta órtese, bem
como o efeito esperado para tal (REZENDE; MATSUDO, 1994).

Um exemplo de utilização das órteses para joelho são as joelheiras para


pacientes com ligamento cruzado anterior (LCA) deficiente, ou seja, que tiveram a lesão
e não realizaram a reconstrução ligamentar, mantendo-se mecanicamente instáveis.
Estes braces ou joelheiras são frequentemente utilizados durante a reabilitação de uma
lesão do LCA. Existem dois tipos principais de braces (material rígido ou mole), e estudos
demonstraram resultados conflitantes entre os dois tipos, não havendo superioridade
de um sobre o outro (FOCKE et al., 2020).

O estudo de Focke et al., (2020), fornece algumas evidências adicionais para


a eficácia funcional dos modelos de órteses, quando aplicados a pacientes com deficiência
de LCA. Em primeiro lugar, foi demonstrado que, durante tarefas de caminhada com
órtese, esta poderá diminuir o pico de abdução e rotação externa na articulação do
joelho. Portanto, tanto o brace rígido quanto o macio poderão fornecer uma estabilidade
adicional quando os pacientes retornam aos esportes, após rupturas do LCA. Ainda não se
pode concluir que estas órteses geram estabilidade ao joelho, visto que a diferença
encontrada neste estudo é muito pequena e pode ser irrelevante na prática de um
esporte de contato e cargas excessivas, como o futebol e o rúgbi (FOCKE et al., 2020).

FIGURA 40 ­– BRACE RÍGIDO DE JOELHO COM HASTES LATERAIS

FONTE: <https://bit.ly/3GnzD0g>. Acesso em: 29 set. 2021

159
FIGURA 41 – BRACE MACIO DE JOELHO

FONTE: <https://bit.ly/3jyDptS>. Acesso em: 29 set. 2021

Apesar de os estudos não demonstrarem uma efetividade mecânica nos


sintomas, com o uso de braces, as órteses também poderão ser utilizadas em sujeitos
com dor patelofemoral, que apresentam um mecanismo de sofrimento mecânico da
patela pelo excesso de pressão que ocorre, geralmente, na região lateral dela com o
côndilo femoral (SMITH, 2015).

O uso funcional das órteses de joelho para o esporte poderá ir além da mecânica.
O estudo de Priore et al., (2019) investigou o uso do brace de joelho na cinesiofobia
(medo não consciente de movimentar-se) em sujeitos diagnosticados com a síndrome
da dor patelofemoral. Os resultados do estudo indicam uma redução imediata da dor
e manutenção da analgesia naqueles sujeitos que fizeram o uso do brace de joelho ao se
movimentarem (PRIORE et al., 2019).

As bandagens também apresentam um papel importante na reabilitação do


joelho, pois, geralmente, elas facilitam o processo de reabilitação e auxiliam na prática
esportiva com menos dor. Um exemplo disso é o tape patelar para os atletas que têm
tendinopatia patelar ou também chamado joelho de saltador (DE VRIES et al., 2016).

160
FIGURA 42 – BRACE E TAPE PATELAR

FONTE: Adaptada de De Vries et al. (2016)

NOTA
A Figura 42 apresenta: quadrante superior esquerdo (controle);
quadrante superior direito (cinta patelar); quadrante inferior esquerdo
(tape patelar); e quadrante inferior direito (placebo).

2.2 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO QUADRIL


O corpo humano atua de forma dinâmica e contínua, e a interdependência
entre os membros inferiores é uma realidade já estudada. Podemos aplicar técnicas
de exercícios terapêuticos e de fortalecimento do quadril associados ao fortalecimento de
quadríceps e, como consequência, melhorar o movimento do joelho, podendo reduzir o
valgo dinâmico (SAAD et al., 2018).

Veja a figura a seguir que demonstrará a falha na aterrissagem do membro


inferior, causando um movimento excessivo de queda da pelve (adução do quadril), de
valgo de joelho (medicalização do joelho) e a pronação excessiva do pé (drop do pé).

161
FIGURA 43 – COLAPSO DO MEMBRO INFERIOR EM VALGO DINÂMICO DO JOELHO

FONTE: <https://bit.ly/3jzUFiB>. Acesso em: 29 set. 2021

O valgo dinâmico representa um dos padrões mais associados às lesões na


corrida, e trata-se de um colapso do membro inferior que está associado a uma baixa
capacidade de absorver as cargas do movimento no plano frontal. Alguns estudos
relatam que o valgo dinâmico de joelho está intimamente ligado ao aumento do risco de
lesões do ligamento cruzado anterior em mulheres atletas (HEWETT et al., 2005).

Exercícios corretivos apresentam um excelente papel na reorganização deste


padrão de movimento, e as bandagens também poderão ter um papel importante,
principalmente quando não temos tempo suficiente para aguardar a resposta muscular e
motora do atleta aos exercícios e este necessita manter-se na sua prática esportiva. Em um
estudo realizado por Masters et al., (2018), foi constatado que o tape rígido de quadril
promove uma resposta positiva na cinemática de corredoras mulheres, reduzindo o
colapso do membro inferior, através de uma intervenção no quadril.

A técnica de aplicação do tape rígido constituiu na aplicação de dois componentes:


um que reduzia a adução excessiva (componente vertical) e outro que reduziu a rotação
interna excessiva (componente rotacional). O objetivo de um tape rígido destes é limitar
um movimento através da mecânica oponente, ou seja: abdução para restringir adução;
rotação externa para restringir a rotação interna (MASTERS et al., 2018).

162
FIGURA 44 – TAPE RÍGIDO DE QUADRIL PARA EVITAR O VALGO DINÂMICO DE JOELHO

FONTE: Adaptada de Masters et al. (2018)

2.3 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO OMBRO


A articulação do ombro é altamente exigida em esportes com movimentos
acima da cabeça. Os exemplos mais comuns são os esportes de raquete, o voleibol e
o handebol. Denomina-se esse tipo de atividade como “overhead’s”. Acredita-se que
as alterações na postura do ombro e escapula, bem como os padrões de movimento
realizados, desempenhem um papel no desenvolvimento de lesões no ombro em atletas
arremessadores (overhead’s). A bandagem é amplamente utilizada na área esportiva,
mas existem dados empíricos limitados sobre sua eficácia. (GULPINAR et al., 2019).

Um dos movimentos associados à lesão do ombro é a perda da capacidade


de gerar rotação interna do ombro durante o gesto esportivo. Neste sentido, o estudo
de Gulpinar et al., (2019) investigou se o uso de bandagem elástica (kinesio tape) ou
bandagem rígida (rigid tape) poderia melhorar o movimento dos atletas arremessadores.
Os autores concluíram que a bandagem elástica apresenta um resultado positivo, que
facilitará o movimento de rotação interna de ombro, enquanto a bandagem rígida reduz
e limita este movimento (GULPINAR et al., 2019).

Observe, na figura a seguir, como foi realizada a aplicação da bandagem rígida (A)
e da bandagem elástica (B):

163
FIGURA 45 – BANDAGENS FUNCIONAIS PARA O OMBRO DE ARREMESSADOR

FONTE: Adaptada de Gulpinar et al. (2019)

Podemos extrapolar nossa discussão para a prática clínica do fisioterapeuta,


na qual utilizar a bandagem elástica poderá facilitar o ganho de um movimento. Esse
ganho pode ser devido à mudança na atividade muscular na região que a bandagem
está aplicada, enquanto a redução do movimento, através da bandagem rígida, poderá ser
utilizada em situações de instabilidade de movimento, para aumentar a rigidez passiva
do ombro.

A bandagem elástica apresenta resultados positivos em apenas algumas


situações, por isso não devemos utilizá-la de forma deliberada esperando que ela
traga resultados positivos em qualquer situação mecânica do ombro. Em indivíduos
com lesões do manguito rotador e dor no ombro com baixa potência muscular o uso
da bandagem elástica não apresenta resultados favoráveis nos parâmetros de dor e de
função. Em vista disso, os pesquisadores não endossam o uso desta bandagem neste
tipo de quadro clínico De Oliveira et al., (2020).

Um recurso que também é importante para ser utilizado nas disfunções do


ombro são as órteses funcionais. Em um estudo com sujeitos que apresentam síndrome
do impacto do ombro, o uso de órtese para correção da posição dos ombros alterou
imediatamente a cinemática escapular. Os autores do estudo enfatizaram que a melhor
utilização da órtese é quando aplicada com componente diagonal no ombro (cruzado),
e ela é sugerida para facilitar o movimento do ombro em sujeitos com impacto sub
acromial.

Confira, na figura a seguir, a aplicação diagonal que é sugerida, de acordo com um


estudo atual de CHIU et al., (2020).

164
FIGURA 46 – COLETE POSTURAL PARA MELHORAR A CINEMÁTICA ESCAPULAR EM
SUJEITOS COM IMPACTO DO OMBRO

FONTE: Adaptada de Chiu et al. (2020)

2.4 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO


COTOVELO
As lesões esportivas no segmento do antebraço podem limitar os atletas, redu-
zindo o desempenho e até afastando-os do esporte. Um exemplo disso é a epicondili-
te lateral, conhecida como cotovelo de tenista. Essa lesão está intimamente ligada ao
mecanismo extensor do punho, em esportes de raquete. É uma condição dolorosa que
ocorre quando os tendões que se fixam no epicôndilo lateral (proeminência na face externa
do cotovelo) estão inflamados. Isso acontece em decorrência de uma sobrecarga, geral-
mente, por movimentos repetitivos destes tendões, os quais têm a função de levantarem a
mão e o punho.

FIGURA 47 – COTOVELO DE TENISTA

FONTE: <https://mayocl.in/3GhJu7U>.Acesso em: 29 set. 2021

O brace de cotovelo é algo corriqueiramente utilizado por atletas que sofrem


desta lesão, sendo conhecido tecnicamente como Counterforcebracing. Um ensaio
clínico sobre o uso do Conterforcebracing, no cotovelo de tenista, identificou que o brace

165
poderá beneficiar na redução da dor no epicôndilo lateral em curto prazo (de duas até 12
semanas). O resultado do benefício poderá extrapolar até 26 semanas no ganho e função
destes atletas. Portanto, o brace de cotovelo apresenta-se como uma estratégia imediata
e a médio prazo para redução da sensibilidade e para a função destes atletas (KROSLAK
et al., 2019).

Veja, na figura a seguir, um exemplo de counterforcebracing:

FIGURA 48 – BRACE DE COTOVELO

FONTE: <https://bit.ly/3Bfg86v>. Acesso em: 29 set. 2021

O uso do tape de cotovelo, apesar de ser amplamente utilizado na prática clínica


pelos profissionais que atuam na área do esporte, apresenta poucos estudos publicados na
literatura. O objetivo do tape de cotovelo, assim como o brace, é de reduzir a dor local e
facilitar a prática esportiva. Uma faixa transversal de fita rígida é o tipo e método mais
comumente utilizado, apesar das evidências limitadas que comprovam sua eficácia
(HILL et al., 2020).

Veja, a seguir, o exemplo de um tape rígido para cotovelo de tenista:

FIGURA 49 – TAPE RÍGIDO DE COTOVELO

FONTE: <https://bit.ly/3npIF4d>. Acesso em: 29 set. 2021

Acadêmico, neste tópico, estudamos as principais bandagens funcionais e


órteses utilizadas no esporte. Você poderá responder as autoatividades, propostas a
seguir, para uma melhor fixação do conteúdo.

166
LEITURA
COMPLEMENTAR
TUTORES (“BRACE”) DE JOELHO: INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES
NA PRÁTICA ESPORTIVA

Márcia Uchôa de Rezende


Vítor Keihan Rodrigues Matsudo

INTRODUÇÃO

O objetivo de se usar um tutor, órtese ou brace, é o de assistir, restringir, alinhar


ou simular a função de uma parte do corpo. Inicialmente, nos anos 1960, as órteses
eram destinadas a pacientes com artrite reumatoide, membro paralítico ou frouxidão
ligamentar após um trauma, com o inconveniente de serem pesadas e grandes.

Em 1972, foi desenvolvida a Lenox Hill brace para o paciente atleta jovem com
lesão ligamentar do joelho, acreditando-se que ela controlaria instabilidades rotacionais
do joelho. Como esclarecimento dos fenômenos que ocorrem no joelho, nas instabilidades
ântero-laterais, as órteses foram sofrendo modificações, com o objetivo de construir uma
órtese, cujo eixo coincida com o do movimento do joelho, impedindo-lhe movimentos
anormais.

Essas órteses eram indicadas para: 1) restringir a instabilidade anterior e lateral;


2) permitir movimento à articulação enquanto limitassem deslocamentos e rotações
excessivas; 3) reabilitação pós-operatória; e 4) proteção do joelho no 1º ano pós-
operatório, para permitir a remodelação dos ligamentos.

Em 1979, Anderson e Col descreveram a primeira órtese dita profilática, cujo


objetivo inicial era o de proteger um joelho com lesão prévia do ligamento colateral medial
(LCM) de novos traumas. Surgiram novas órteses profiláticas, que apresentavam em
comum haste com dobradiça lateral que pode estar incorporada a um molde plástico, a
faixas de velcro ou a uma polaina de neoprene. Algumas têm hastes medial e lateral.
O uso de tais órteses foi amplamente difundido nos EUA, pelo fato dos traumas de joelho
serem a lesão mais comum no futebol americano universitário. As órteses profiláticas para
joelho foram introduzidas como fator que poderia reduzir o número e o grau das lesões.

Inicialmente, técnicos e atletas hesitavam quanto ao seu uso pela ideia de serem
quentes, pesadas, causarem pistonagem, escorregarem, restringirem os movimentos,
causarem câimbras, enfraquecerem músculos de suporte e ligamentos, aumentando
os traumas pelos novos vetores de força.

167
Seu uso se difundiu em outros esportes, além do futebol americano (futebol,
esqui, hóquei no gelo e grama, rúgbi), pelas pressões socioeconômicas, a despeito da
falta de documentação científica que comprovasse sua eficácia e do custo (equipar um
único jogador por temporada nos EUA custa cerca de US$ 400.00.

Em 1984, a American Academy of Orthopaedic Surgeons (AAOS) classificou as


órteses de joelho em três tipos: 1) profiláticas: feitas para prevenir ou diminuir uma lesão
do joelho; 2) reabilitativas: indicadas para períodos de recuperação pós-trauma ou cirurgia; e
3) funcionais: para uso prolongado em joelhos com instabilidade permanente. Algumas das
órteses atuais combinam dois ou mais destes atributos.

BIOMECÂNICA

Órteses simulam a função de uma parte do corpo pelo seu modelo intrínseco
e construção. As órteses podem apresentar-se com ou sem dobradiça e poderá ser
simples (monocêntrica, uniaxial), biaxial, policêntrica ou multiaxial. Elas podem ser uni ou
bilaterais, além de poderem ser equipadas de bloqueios de extensão e flexão, ajustando-
as a qualquer amplitude de movimento. O tutor ideal deveria permitir os movimentos de
rotação e translação normais do joelho durante o ciclo da marcha. No entanto, esse tutor
ideal não existe. As órteses que se denominam anatômicas são multiaxiais e quase não
fazem resistência à translação anterior a 20° de flexão.

A eficiência mecânica das órteses feitas sob medida (Lenox-Hill, Iowa etc.), com
dobradiças laterais, dependem de uma série de fatores: 1) materiais utilizados para a
confecção do manguito e dos componentes laterais; 2) planejamento (modelo) de uma
órtese individual; 3) aplicação de forças sobre partes moles; 4) suspensão da órtese; e
5) o processo de molde e acabamento.

Destaque-se que, na aplicação de forças numa órtese, deve-se lembrar: 1) loca-


lização das forças; 2) deformação gravitacional das partes moles; e 3) contração muscular.
Qualquer desencontro entre o movimento das dobradiças e da articulação do joelho cau-
sará deformação das partes moles e escorregamento da órtese. As variáveis primárias do
modelo que determinam o controle do valgismo são comprimento, rigidez e encaixe da órtese.

Carlson defende que as órteses devem apresentar: 1) encaixe justo e materiais


resistentes, para evitar a existência ou desenvolvimento de angulação; 2) materiais com
módulo de elasticidade alto, especialmente para as hastes laterais; e 3) partes mediais
e lateral bem-casadas estruturalmente acima e abaixo do joelho, para fazerem resistência
contra varo/valgo; e 4) estrutura rígida de extremo a extremo.

Quando se usa uma única haste lateral rígida, não se deve manter contato da
dobradiça com a articulação, por diminuir a eficiência das órteses. Entretanto, quando
se usa hastes medial e lateral, o afastamento deverá ser mínimo, para melhor
proteção do LCM. A localização da dobradiça em relação ao joelho se mostrou mais
importante do que seu modelo, nas mudanças de força e momento através do joelho. A
colocação posterior resultou na menor força e, a anterior, na maior.
168
ÓRTESES PROFILÁTICAS

O comitê da AAOS de medicina desportiva determinou que a órtese profilática


ideal seria aquela que: 1) suplementasse a resistência do joelho ao trauma, reduzindo a
carga de estresses com ou sem contato; 2) não interferisse com a função normal do
joelho; 3) não aumentasse o risco de lesões em outras localidades do membro inferior;
4) fosse adaptável a várias configurações anatômicas; 5) não fosse prejudicial a outros
indivíduos; 6) fosse durável e de custo acessível; e 7) tivesse eficácia documentada na
prevenção de lesões do joelho.

Não há órtese que preencha esses requisitos. Atualmente, há dois tipos de


órtese profilática: 1) com hastes laterais com dobradiças uni, bi ou multiaxiais. Com
ou sem bloqueio da hiperextensão e suspensão feita por faixas ou fitas adesivas; e
2) composta de uma armação de plástico com hastes mediais e laterais e dobradiça
policêntrica. Este tipo é suspenso por malhas elásticas e tiras.

Biomecanicamente, encontrou-se que, em relação às órteses profiláticas


(cronologicamente): 1) não reduzem o ângulo de abdução e mostram efeito pré-
estressante em cadáveres; 2) deslocamento do eixo central do joelho, contato prematuro
com a articulação e escorregamento do brace em cadáver submetido à carga em valgo
(braces: McDavid e Omni), sendo que nenhuma órtese protegeu significativamente o
LCM; 3) os fatores mecânicos que determinam seu funcionamento sob carga dinâmica
em valgo são: absorção, distribuição e transmissão de forças pela órtese(20,50); 4) não
aumentam a propriocepção do membro); 5) a órtese unilateral uniaxial oferece menor
resistência a impacto em valgo; enquanto a unilateral biaxial apresenta maior resistência
(exemplo.: Don Joy) (20); 6) capacidade limitada para proteger, em cadáver, o LCM em
extensão e nenhuma capacidade em outras situações; e 7) órteses que aumentam a
duração do impacto parecem proteger mais o ligamento cruzado anterior (LCA), do que o
LCM. A maioria das órteses testadas (cinco em seis) dá algum grau de proteção ao LCA
e, sob impacto lateral direto (50), a associação de bandagem à Lenox Hill brace reduz
significativamente a translação e a rotação ao nível do joelho de cadáver, comparada à
associação com a Anderson Knee Stabler ou a cada um isolado.

Clinicamente, os estudos relacionados à efetividade da órtese profilática em


controlar lesões do LCM no futebol americano e um não publicado, por Taft e col.,
mostraram problemas nos projetos de pesquisa e tamanhos das amostras, não permitindo
tirar conclusões contra ou a favor do seu uso. Em 1989, Sforzo concluiu que as órteses
podem inibir o desempenho em atletas assintomáticos e que o aprendizado não alterou a
performance. Assim, entre os estudos clínicos, encontramos autores que defendiam
o uso das órteses, tanto em nível universitário e profissional quanto em nível colegial;
enquanto outros se mostravam mais cautelosos, chamando a atenção para efeitos
adversos.

169
ÓRTESES REABILITATIVAS

Estes tipos de brace foram projetados para permitirem mobilização precoce


do joelho traumatizado, tratado cirurgicamente ou não, trazendo benefícios para o
tecido cartilaginoso e para a orientação do colágeno na cicatrização e remodelação
ligamentar. O uso de tutores (braces) reabilitativos, permitindo amplitude de
movimento controlado logo após o trauma ou cirurgia ligamentar do joelho, é baseado
em publicações desde a década de 1960, prescrevendo contra imobilização articular
(principalmente do joelho) devido a efeitos adversos, como: 1) alterações ultra-
estruturais e biomecânicas da cartilagem articular pela imobilização; 2) redução rápida
das propriedades osteoligamentares (elasticidade e força tênsil do LCA, em coelhos,
que eram influenciados pelo exercício; 3) redução da rigidez ligamentar e alterações na
capacidade funcional em resistir à carga e alongamento; reabsorção do osso cortical
abaixo da inserção ligamentar e alteração na força do osso cortical; e 4) falsa ideia de
segurança com alto risco de ruptura.

Clinicamente, mostrou-se que, usando órtese de gesso (castbrace) em lesões


ligamentares graves do joelho, há diminuição do tempo de reabilitação, alta aceitação
pelos pacientes, baixa incidência de complicações, mobilização precoce bem tolerada, e
redução rápida do edema pós-operatório. Os resultados ruins não foram relacionados à
mobilização precoce e não houve perda da estabilidade do joelho operado, ao longo do
tempo. Na década de 1980, expandiu-se o uso de CPM (continuous passive motion) pela
sua ação na cicatrização da cartilagem articular, dissolução da hemartrose e prevenção
de adesão intra-articular, corroborando com a ideia do uso de braces para mobilização
precoce.

ÓRTESES FUNCIONAIS

Projetadas para assistir ou promover estabilidade ao joelho instável. Há


basicamente dois modelos: 1) haste, dobradiça e um “cartucho” (shell), para englobar
a coxa e a panturrilha (CTi, Generation II, RKS); 2) dobradiça, haste e faixas (straps) (ex.:
Lenox-Hill, Don Joy 4-point braces). Estudos experimentais mostraram que, dependendo
do modelo, as órteses funcionais podem: 1) prover estabilidade anterior, em valgo e
rotacionais; 2) podem proteger o LCM em situações de abdução e rotação externa do
joelho (exemplo.: esquiador); 3) diminuir o deslocamento anterior no joelho sem LCA
com ligamentos colaterais intactos ou não (LenoxHillbrace); 4) diminuir o deslocamento
ântero-posterior, rotações interna e externa, em cadáver, quando associada à bandagem
(Lenox-Hill brace); e 5) limitar estresses em abdução e rotação sobre o LCM em flexão e
extensão(5) . No estudo de 11 modelos diferentes, com análise relativa entre comprimento
e rigidez das órteses, Carlson e French mostraram que as órteses mais efetivas eram as
funcionais, como a Lenox-Hill brace.

170
Estudos clínicos com braces funcionais mostraram que: 1) diminui o desempenho
atlético e aumenta o gasto energético medido pelo lactato sérico; 2) em joelhos instáveis,
resulta num aumento de 4,58%. do VO2 máximo, durante corrida horizontal a 16lm/
min; 3) aumenta o consumo de O2 e custo metabólico de 3 a 6% em indivíduos
assintomáticos; 4) Aumenta a pressão intramuscular no compartimento anterior da
perna, podendo induzir fadiga muscular prematura por perfusão insuficiente do músculo
exercitado; e 5) o uso de braces efetivamente diminui a flexão do joelho e a rotação total
da tíbia, durante corrida em reta.

Tradicionalmente, a instalação de brace representa somente uma faceta


do tratamento da instabilidade do joelho, devendo ser combinada com reabilitação
adequada, para retornar ao esporte após tratamento cirúrgico ou não e, em alguns casos,
mudança de atividade esportiva.

CONCLUSÃO

Tutores (braces) para joelho podem ser classificados em três grupos básicos: 1)
profiláticos; 2) reabilitativos; e 3) funcionais. A órtese profilática é de pequena eficácia,
não justificando os custos de seu uso. Os principais fatores afetando a escolha da órtese
reabilitativa e funcional são: 1) o número, arranjo e média de faixas na interface com
a órtese; 2) o modelo e alinhamento das barras com dobradiça, incluindo a presença ou
ausência de contato com a interlinha articular; 3) a maneira de colocação das barras
articuladas em contato com o membro, incluindo a presença e área dos cartuchos (shells), o
arranjo e a área para materiais de fixação no cartucho (shell), bem como as propriedades
dos materiais das shells; e 4) modelo da dobradiça (ou articulação). O uso efetivo destas
órteses dependerá do conhecimento do médico sobre suas limitações e capacidades.

171
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:

• A órtese esportiva é um aparelho utilizado para apoiar, alinhar ou aumentar o funciona-


mento de partes do corpo.

• As bandagens funcionais podem ser definidas como fitas adesiva com resistência
mecânica para resistir ao alongamento.

• Órteses esportivas e bandagens funcionais são utilizadas para facilitar o movimento,


estabilizar articulações e prevenir novas lesões.

• A principal diferença entre órteses e bandagens está no material utilizado e na forma de


criação de cada uma: no caso da órtese, ela é fabricada; já a bandagem é aplicada
através de uma fita adesiva rígida ou até elástica.

• As órteses e as bandagens rígidas podem gerar restrições dos movimentos e inibições


musculares.

172
AUTOATIVIDADE
1 As órteses, no contexto da reabilitação das disfunções da região pélvica, podem
contribuir com a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, bem como da autonomia
e da independência, durante atividades funcionais. Com relação às órteses para a
região pélvica, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As órteses para a região pélvica estabilizam os quadris, favorecendo os


movimentos de abdução, adução e rotação interna.
b) ( ) As órteses prescritas para a região pélvica substituem os demais tratamentos e
não necessitam de adaptação.
c) ( ) Essas órteses podem facilitar a marcha, mobilizando todas as articulações dos
membros inferiores.
d) ( ) As órteses destinadas à região pélvica têm a função de estabilizar os segmentos,
tanto da pelve quanto da coluna lombar e dos quadris.

2 As bandagens, sejam elas rígidas ou elásticas, são amplamente utilizadas na


reabilitação física, em diversas áreas da Fisioterapia. Com relação aos princípios das
bandagens terapêuticas e funcionais, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Na prática clínica, são utilizadas apenas as bandagens elásticas.


b) ( ) Entre seus objetivos, estão melhorar a força e o alongamento dos músculos.
c) ( ) Os efeitos se devem à ação sensorial delas sobre os mecanorreceptores.
d) ( ) Elas são tão eficazes que podem ser utilizadas isoladamente.

3 Existem inúmeros tipos e formas de aplicar as bandagens. Escolher aquela que


seja adequada faz total diferença no tratamento fisioterapêutico, e a decisão deverá
ser tomada de acordo com o objetivo fisioterapêutico estipulado previamente. Sobre
as bandagens rígidas, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Elas são mais utilizadas para dar suporte às articulações envolvidas na lesão.
b) ( ) Entre seus exemplos, é possível citar o Mulligan Tape, o McConnel Tape e o
Kinesio Tape.
c) ( ) Elas apresentam a capacidade de aumentar até 140% do seu tamanho original.
d) ( ) Elas não conseguem aumentar a tolerância à carga nem facilitar o controle
muscular.

4 As bandagens rígidas e elásticas são muito utilizadas e apresentam efeitos


terapêuticos muito significativos para o pleno restabelecimento dos pacientes. Com
relação as suas indicações, precauções e contraindicações, assinale a alternativa
CORRETA:

173
a) ( ) As fraturas, a sensibilidade na pele e as feridas abertas geram precauções em
relação à aplicação dessas bandagens.
b) ( ) As bandagens elásticas podem ser utilizadas em casos de instabilidade articular,
para dar suporte articular.
c) ( ) A bandagem rígida é indicada para controlar o edema, como em pós-operatórios,
contusões e lesões agudas.
d) ( ) As bandagens rígidas são indicadas para melhorar a estabilidade articular, em
casos como entorses de tornozelo.

5 Atleta N.V.S, jogador de badminton, 18 anos, sexo masculino. Apresenta dor no ombro
direito (lado dominante) durante movimentos acima da cabeça, principalmente o
smash. Ele estreará em algumas horas em uma competição nacional e precisará de
um suporte para auxiliar a competir com menos dor e mais função. A avaliação do
fisioterapeuta identificou que ele apresentará uma redução de 20 graus de rotação
interna do ombro direito. Disserte sobre o motivo de não aplicarmos o tape rígido no
período pré-competição neste atleta.

6 Atleta A.T, corredora de 800 metros, sexo feminino, 14 anos, está treinando para
alcançar nível nacional no próximo semestre. Apresentou-se à clínica com diagnóstico de
síndrome do estresse tibial, posterior a uma carga mais acentuada de treinamento.
Ela relatou dor bilateral durante a aterrissagem da corrida. O fisioterapeuta identificou
uma pronação excessiva do pé, de forma bilateral, durante estas atividades. Disserte
sobre uma órtese que manteria a atleta em treinamento, com menor, desconforto e
estresse tibial.

174
REFERÊNCIAS
AICALE, R. et al. Overuse injuries in sport: a comprehensive overview. J Orthop Surg
Res, [s. l.], v. 13, n. 309, p. 1-11, 2018. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
pmc/articles/PMC6282309/. Acesso em: 29 set. 2021.

BAHR, R. et al. Riskfactors for sports injuries- a methodological approach. Br J Sports


Med, [s. l.], v. 37, n. 5, p. 384-92, 2003.

BICICI, S. et al. Effect of athletic taping and kinesiotaping® on measurements of


functional performance in basketball players with chronic inversion ankle sprains. Int J
Sports PhysTher, [s. l.], v. 7, n. 2, p. 154-166, 2012.

BOCCOLINI, F. Reabilitação: Amputados, Amputações e Próteses. 2. ed. São Paulo:


Robe, 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde.


Departamento de Atenção Especializada e Temática. Manual de boas práticas
de gestão das Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME). Brasília, 2016.
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_praticas_
gestao_proteses_materiais_especiais.pdf. Acesso em: 29 set. 2021.

CAMPELLO, T. N. et al. Prótese para substituição total de disco intervertebral:


desenvolvimento de modelo computacional e análise por elementos
finitos. SciELO, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/coluna/a/
s55S96CLxKJnfYRghk9ggqy/?lang=pt. Acesso em: 29 set. 2021.

CHAMLIAN, T. R. et al. Próteses. In: JARDIM, J. R.; NASCIMENTO, O. A. Guia de


Reabilitação. Barueri - São Paulo: Manole, 2010.

CHIU, Y. C. et al. The immediate effects of a shoulder brace on muscle activity and
scapular kinematics in subjects with shoulder impingement syndrome and rounded
shoulder posture: A randomized crossover design
GaitPosture, [s. l.,], v. 79, p. 162-169, 2020.

CORDELLA, F. et al. Literature review on needs of upper limb prosthesis users.


Frontiers in neuroscience, [s. l.], v. 10, 2016.

CORTADA, A. et al. Comparação entre padrões de tromboprofilaxia na artroplastia em


hospitais público e privado. Einstein, [s. l.], v. 13, n. 13, p. 410-6, 2015.

175
DIACONESCU, D. C.; FERECHIDE, D. Management of traumatic injury prevention in
sports training and competition. J Med Life, [s. l.], v. 5, p. 21-27, 2012.

FERREIRA, L. et al. Estudo comparativo de efetividade e custo das próteses de ATQ


utilizando UHMWPE e cabeça femoral de metal e UHMWPE tipo cross-link e cabeça
femoral de cerâmica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA BIOMÉDICA
TRABALHO, 24, 2014, Uberlândia. Anais [...] Uberlândia: UFU, 2014.

FOCKE, A. et al. Effect of Different Knee Braces in ACL: Deficient Patients. Front
Bioeng Biotechnol, [s. l.], v. 8, n. 964, p.1-12, 2020.

GULPINAR, D. et al. Effects of Rigid and Kinesio Taping on Shoulder Rotation Motions,
Posterior Shoulder Tightness, and Posture in Overhead Athletes: A Randomized
Controlled Trial. J Sport Rehabil, [s. l.], v. 28, n. 3, p.256-265, 2019.

HEWETT, T. E. et al. Biomechanical measures of neuromuscular control and valgus


loading of the knee predict anterior cruciate ligament injury risk in female athletes: a
prospective study. Am J Sports Med, [s. l.], v. 33, n. 4, p. 492-501, 2005.

HILL, C. E. et al. Therapeutic tape used for lateral elbow tendinopathy: A survey of
Australian healthcare practitioners. Musculoskelet Sci Pract, [s. l.], v. 48, p. 1021-60,
2020.

Instituto Nacional do Seguro Social. Manual sobre Prescrição de Órteses, Próteses


Ortopédicas não Implantáveis e Meios Auxiliares de Locomoção. Brasília, 2017.
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_manutencao_
orteses_proteses_auxiliares_locomocao.pdf. Acesso em: 6 out. 2021.

KIM, T.; PARK, J. C. Short-term effects of sports taping on navicular height, navicular
dropandpeak plantar pressure in healthy elite athletes: A within-subject comparison.
Medicine, [s. l.], v. 96, n. 46, p.1-6, 2017.

KROSLAK, M. et al. Counterforce Bracing Of lateral epicondylitis: a prospective,


randomized, double-blinded, placebo-controlled clinical trial. J Shoulder Elbow Surg,
[s. l.], v. 28, n. 2, p.288-295, 2019.

LEARDINI, A. et al. Biomechanics of the natural, arthritic, and replaced human ankle
joint. J Foot Ankle Res, [s. l.], v. 6, n. 7, p. 1-16, 2014.

LENZA, M. et al. Epidemiologia da artroplastia total de quadril e de joelho: estudo


transversal. Einstein, [s. l.], v. 11, n. 2, p. 197- 202, 2013.

MACEDO, C. Cirurgia de quadril, Tipos de próteses e fixação. 2018. Disponível em:


https://www.cirurgiadequadril.com.br/post/tipos-de-proteses-e-fixacao. Acesso em:
29 set. 2021.

176
MASTERS, A. et al. Hip Taping Positively Alters Running Kinematics in Asymptomatic
Females. Int J Sports Med, [s. l.], v. 39, n. 14, p. 1068-1074, 2018.

MOZELLA, A. D. P. et al. Revisão de artroplastia unicompartimental do joelho: implantes


usados e causas e falhas. Revista Brasileira de Ortopedia, [s. l.], v. 49, n. 2, p. 154-
159, 2014.

NADERI, H. D.; AINOLLAH. S. Arch-supportfoot-orthoses normalize dynamic in- shoe


foot pressure distribution in medial tibial stress syndrome. Eur J Sport Sci, [s. l.], v. 19,
n. 2, p. 247-257, 2019.

NATALI, V. H. C. Próteses: Reabilitação do Amputado de Membro Superior. São Paulo:


Atheneu, 2006.

OLIVEIRA, J. M. M. D. Reabilitação funcional dos doentes submetidos a prótese


total do joelho: revisão sistemática da literatura. Dissertação de mestrado (Escola
Superior de Saúde de Viseu). Viseu: Instituo Politécnico de Viseu, 2012.

OLIVEIRA, F. C. L. de. et al. Kinesiotaping for the Rehabilitation of Rotator Cuff-Related


Shoulder Pain: A Randomized Clinical Trial. Sports Health, [s. l.], v. 13, n. 2, p. 161-172,
2021.

PRIORE L. B. et al. Two Weeks of Wearing a Knee Brace Compared With Minimal
Intervention on Kinesiophobia at 2 and 6 Weeks in People With Patellofemoral Pain: A
Randomized Controlled Trial. Arch Phys Med Rehabil, [s. l.], v. 101, n. 4, p. 613-623,
2020.

RAVI, B. et al. Relation between surgeon volume and risk of complications after total
hip arthroplasty: propensity score matched cohort study. BMJ, [s. l.], v. 348, p. 1-14,
2014. Disponível em: https://www.bmj.com/content/bmj/348/bmj.g3284.full.pdf.
Acesso em: 29 set. 2021.

RAYMOND, J. et al. The effect of ankle taping or bracing on proprioception in functional


ankle instability: a systematic review and meta-analysis. J Sci Med Sport[s. l.], v. 15, n.
5, p. 386-392, 2012.

REZENDE, M. U.; MATSUDO, V. K. R. Tutores ("braces") de joelho: indicações e


contraindicações na prática esportiva. Rev Bras Ortop, [s. l.], v. 29, n. 20, p. 1-7, 1994.

SAAD, M. C. et al. Is hip strengthening the best treatment option for females with
patellofemoral pain? A randomized controlled trial of three different types of exercises.
Braz J Phys Ther, [s. l.], v. 22, n. 5, p. 408-416, 2018.

177
SILVA, A. L. P. E. Estudo comparativo entre dois métodos de reabilitação
fisioterapêutica na artroplastia total do joelho: protocolo padrão do IOT x
protocolo avançado. Dissertação de mestrado (Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo). São Paulo: USP, 2006.

SILVA, S. M.; VILAGRA, J. M. Perfil dos Pacientes com Amputação de Membro Superior
Atendidos no Centro de Reabilitação FAG. FIEP Bulletin On-line, [s. l.], v. 85, n. 1, p.
1-6, 2015.

SMITH, T. O. et al. Knee Orthoses for treating patellofemoral pain syndrome. Cochrane
Database Syst Rev, [s. l.], v. 8, n. 12, p. 1-51, 2015.

VASCONCELOS, G. S. de; MATIELLO, A. A. Órtese e prótese. Porto Alegre: Sagah,


2020.

VRIES, A. de. et al. Effect of patellar strap and sports tape on pain in patellar
tendinopathy: A randomized controlled trial. Scand J Med Sci Sports, [s. l.], v. 26, n.
10, p. 1217-24, 2016.

VUURBERG, G. et al. Diagnosis, treatment and prevention of ankle sprains: update of


an evidence-based clinical guideline. Br J Sports Med, [s. l.], v. 52, n. 15, p. 1-15, 2018.

ZHANG, Y. et al. GU Y Metatarsal strapping tightness effect to vertical jump


performance. Hum Mov Sci, [s. l.], v. 41, p. 255-64, 2015.

178

Você também pode gostar