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A historia da fisioterapia no brasil e no mundo

Na atualidade a fisioterapia é a ciência da saúde aplicada à reabilitação física e


funcional de órgãos e sistemas, por meio do diagnóstico funcional e tratamento. O
profissional da fisioterapia não só atua na reabilitação de diversas funções do paciente,
como também trabalha na prevenção de determinadas doenças.
Surgiu com as primeiras tentativas dos ancestrais de diminuir uma dor esfregando o
local dolorido e evoluiu ao longo do tempo com a sofisticação, principalmente, das
técnicas de exercícios terapêuticos. Tem início há muito tempo, lá na Antiguidade
(4.000 a.C. até 476 d.C). Ou seja, antes de existirem clínicas, centros de reabilitação e
hospitais, essa atividade já era praticada de um jeito rudimentar. Afinal, registros de
intelectuais desse período comprovam que eram realizados procedimentos que
lembram o que vemos hoje.
Em 460 a.C., o filósofo grego Hipócrates (considerado o pai da Medicina) relatava em
seus escritos sobre as famosas hidroterapias, massagens em piscinas com água quente
natural que utiliza pela primeira vez o termo “Medicina de Reabilitação”.O também
grego Aristóteles descreveu, por volta de 381 a.C, tratamentos de choque feito com
peixes-elétricos para aliviar as dores no corpo. Porém, durante o período seguinte da
História — a Idade Média —, o desenvolvimento da Fisioterapia não avançou muito.

No entanto, a profissão só passa a se sistematizar no cenário mundial no início do


século XX com o advento das guerras - Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e
Segunda Guerra Mundial (1939-1945) - que resultaram em um grande número de
vítimas com sequelas físicas. Antes das guerras, as incapacidades físicas eram
consideradas irreversíveis, não havendo tratamentos especializados para seus
portadores. As consequências dos conflitos bélicos propiciaram o desenvolvimento de
recursos fisioterapêuticos no mundo, especialmente nos países desenvolvidos da
Europa e nos Estados Unidos. Surge, assim, o despertar da profissão voltada para a
reabilitação.

A reabilitação física foi o motivo do reconhecimento da Fisioterapia como profissão.


Certamente a atuação de profissionais durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial
contribuiu para essa finalidade. Já que as técnicas de massagem eram utilizadas para
recuperar sequelas físicas e neurológicas ocasionadas durante os conflitos. 
No entanto, o desenvolvimento da reabilitação física, como eixo fundamental da
Fisioterapia, só ocorreu na América. Sobretudo, por meio da entidade Mulheres
Auxiliares dos Cuidados Médicos, nos Estados Unidos, que fazia parte do
Departamento Médico do Exército, na Primeira Guerra Mundial. É importante salientar
que na época já existiam cursos de fisioterapia na Inglaterra e na França, mas nos EUA,
a profissão só ganhou visibilidade pela recuperação física dos combatentes de guerra.
No Brasil, a Fisioterapia iniciou-se dentro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo,
em 1929, mas foi só em 1951 que foi criado o primeiro curso para formação de
fisioterapeutas, na época denominados técnicos, com duração de um ano.
Em 1959 foi criada a Associação Brasileira de Fisioterapeutas (ABF), que se filiou a
WCPT (World Confederation for Physical Therapy), cujo objetivo era buscar o amparo
técnico-científico e sócio-cultural para o desenvolvimento da profissão.
Somente no dia 13 de outubro de 1969, a profissão adquiriu seus direitos, por meio do
Decreto-lei nº 938/69, no qual a Fisioterapia foi reconhecida como um curso de nível
superior e definitivamente regulamentada.
 Os efeitos da Guerra foram os propulsores para o desenvolvimento da Fisioterapia
como profissão, e em primeiro momento relacionada a reabilitação, no Brasil as
epidemias de poliomelite no século XX tiveram um papel central na criação da primeira
instituição formadora de fisioterapeutas no país, a Escola de Reabilitação do Rio de
Janeiro (ERRJ).

       Pode-se dizer que o início da prática da Fisioterapia no Brasil se deu no ano de


1919 com a fundação do Departamento de Eletricidade Médica pelo Professor Raphael
de Barros da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Posteriormente,
em 1929, o médico Dr. Waldo Rolim de Moraes instalou o serviço de Fisioterapia do
Instituto do Radium Arnaldo Vieira de Carvalho no local do Hospital Central da Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo.² Em 1951, Rolim fundou o primeiro Curso de
Fisioterapia do Brasil, patrocinado pelo centro de estudos Raphael de Barros, cujo
objetivo era formar técnicos em fisioterapia. Suas instalações se concentravam no
Instituto Central do Hospital das Clínicas e as aulas eram ministradas pelo corpo
docente e médicos do próprio hospital.²

   Porém, até 1969, a profissão de fisioterapeuta era exercida sem regulamentação. O


reconhecimento legal da autonomia profissional ocorreu por meio do Decreto-Lei n°
938/69, que em 13 de outubro de 1969 criou as profissões de fisioterapeuta e
terapeuta ocupacional. A partir desse decreto o curso referente a profissão de
terapeuta e a própria atuação do profissional no mercado passaram a ser
regulamentados. Essa legislação, além de prover sobre as profissões de fisioterapeuta
e terapeuta ocupacional, reconhecendo-os como profissionais de nível superior,
também especificou atividades de direção de serviços, assessoria técnica, exercício do
magistério, supervisão de profissionais e alunos e, dentre outras questões, incluiu as
categorias como profissões liberais no quadro de atividades e profissões anexo à
Consolidação das Leis do Trabalho. Dessa forma, a própria legislação promoveu uma
ampliação da área de atuação, reconhecendo a autonomia desses profissionais que, de
auxiliares médicos, passaram a ser responsáveis pela instituição das ações que
envolvem métodos e técnicas específicos da Fisioterapia.³
 
     Em 17 de dezembro de 1975, a Lei n° 6.316 cria o Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional – COFFITO e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional – CREFITOs, órgãos de fiscalização do exercício profissional, que resulta na
organização e fortalecimento da categoria profissional na luta pelo crescimento e
reconhecimento da profissão, ampliando o campo de ação profissional.³

     Vale ressaltar, que antes dessa legislação que regulamentou o curso de Fisioterapia,
a grade curricular e o tempo de duração desse curso passaram por diversas mudanças
como desde dois anos de duração, passando por três anos e chegando até quatro anos
de duração. Contudo, a grade curricular do curso, ainda nesse período de mudanças,
consistia no ensino de matérias mais voltadas para a manutenção do modelo
biomédico e de reabilitação. Com os esforços e discussões realizadas pelas
Organização Panamericana de Saúde (OPAS), Organização Mundial de Saúde (OMS) e a
World Confederation for Physical Therapy (WCPT), os cursos de fisioterapia passaram a
incorporar em seus currículos os estudos de sociologia, saúde pública e as noções de
promoção e prevenção da saúde.

A Fisioterapia acompanhou as grandes mudanças e transformações do século XX, os


profissionais que a exerciam souberam acrescentar descobertas novas e técnicas às
suas práticas, elaborando e desenvolvendo uma ciência própria e um campo específico
de atuação, independente das outras áreas da saúde. A atuação do profissional
fisioterapeuta vem caminhando no sentido de firmar-se no seu reconhecimento,
sobretudo devido a sua utilização na prevenção e tratamento de doenças, pois este
profissional não atua somente quando a deficiência ou incapacidade já está instalada,
mas também na área preventiva, podendo atenuar diversas patologias, diminuindo o
tempo de tratamento e consequentemente gastos. Com uma melhor legislação na
prática fisioterapeuta, as transformações foram positivas, tanto no âmbito profissional,
quanto no âmbito acadêmico.

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