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e Assistência de
Enfermagem na
Atenção Primária e
Secundária
Prof.ª Mariana Marins
Indaial – 2023
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Mariana Marins
234p.
ISBN XXX-XX-XXX-XXXX-X
“Graduação - EaD”.
1. Saúde Coletiva 2. Assistência de Enfermagem 3. Brasil
CDD 610.7
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
A assistência de enfermagem segue os princípios do Sistema Único de Saúde,
buscando o atendimento universal e integral à população, ou seja, o enfermeiro que atua
na saúde coletiva deverá compreender os aspectos da rede de saúde, que englobam a
Atenção Primária, a Atenção Secundária e a Atenção Terciária.
É interessante apontar que, nesse livro didático, iremos nos aprofundar na Atenção
Primária e na Atenção Secundária. Para isso, na Unidade 1, abordaremos os aspectos gerais
da enfermagem e da saúde coletiva, apresentando a sua organização e funcionamento,
bem como as características e atribuições. Tomaremos como base os princípios e as
diretrizes da Atenção Básica, a infraestrutura e o funcionamento das equipes de Atenção
Básica e a Estratégia de Saúde da Família. Ademais, estudaremos a importância do sistema
de referência e contrarreferência, levando em consideração a operacionalização da rede de
Atenção à Saúde, a integralidade do cuidado e o funcionamento do sistema. Por fim, ainda
na Unidade 1, falaremos sobre a assistência na média e na alta complexidade de saúde,
considerando suas definições, suas relações e os seus componentes.
Bons estudos!
QR CODE
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ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 80
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 151
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 224
UNIDADE 1 -
ENFERMAGEM E SAÚDE
COLETIVA:
ASPECTOS GERAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA
ATENÇÃO BÁSICA: CARACTERÍSTICAS E
ATRIBUIÇÕES
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 1, inicialmente, abordaremos a organi-
zação e o funcionamento da Atenção Básica, ou seja, suas características e atribuições.
Você sabe o que é Atenção Básica? Esse termo é utilizado pela PNAB 2017 para definir o
conjunto de ações individuais, coletivas e familiares que são ofertadas à população com
intuito de garantir a prevenção, a promoção, a proteção, o diagnóstico, o tratamento, a
reabilitação, a redução de danos, os cuidados paliativos e a vigilância em saúde.
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2.1 HISTÓRIA DO SISTEMA DE SAÚDE DO BRASIL
No século XXVIII, a população brasileira possuía uma baixa expectativa de vida
e muitas pessoas adoeciam em virtude de doenças parasitárias e infecciosas. Nesse
período não existia um sistema de saúde universal, que garantisse o direito à saúde
para toda a população. Além disso, o país foi assolado por diversas epidemias, tais
como epidemias de varíola, de febre amarela, de cólera, de febre tifóide, de sarampo, de
tuberculose e outras. Nesse período, a grande maioria da população não possuía acesso
a médicos privados e eram atendidos por benzedeiras e as irmãs de caridade das Santas
Casas de Misericórdia (BERTOLLI FILHO, 2011; CORDOBA, 2013; ROUQUAYROL, 2018)
4
especialidades. O Ministério da Saúde, criado para potencializar as ações de saúde
pública, enfrentou diversas correntes. Alguns médicos especialistas defendem que
existissem programas verticais para doenças, ou seja, a criação de sanatórios para
tuberculosos, hospícios para loucos, dentre outros. Outros defendiam que existissem
centros de saúde a fim de estabelecerem melhores vínculos entre os profissionais de
saúde e a população, ou mais, a criação de um sistema de saúde pública para toda
a população brasileira. Nos anos de 1960 tentou-se unir as práticas de cura e de
prevenção, racionalizando os gastos com atenção curativa e hospitalar, oferecendo a
medicina comunitária como opção de baixo custo (VIEIRA; PAIM; SCHRAIBER, 2014).
No final dos anos 1980 houve um declínio do INAMPS devido a pressões populares
para que houvesse uma reforma sanitária no país. O país encontrava-se em uma crise
econômica, pois as arrecadações não cobriam os gastos públicos com a saúde, além
disso, diversos escândalos foram denunciados com relação aos prestadores de serviço.
A VIII Conferência Nacional de Saúde, de 1986, foi outro motivador para essa mudança,
pois estabeleceu importantes discussões acerca do projeto democrático de reforma
sanitária, considerando a universalização do acesso, a equidade, a integralidade da
atenção, a descentralização, a regionalização, a hierarquização e a participação da
comunidade, que foram considerados, posteriormente, como princípios do Sistema
Único de Saúde (SUS) (BERTOLLI FILHO, 2011).
5
A Constituição Federal de 1988 define em seu Artigo 196 que “saúde é direito de
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988). Além dis-
so, para a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde refere-se a um completo bem-
-estar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de saúde não está associado somente
à ausência de uma doença como era compreendido anteriormente (OMS, 1946).
Por essa razão, a fim de atingir esse completo estado de bem-estar, existem
fatores determinantes e condicionantes, descritos na Lei nº 8.080/1990 e na Lei nº
12.864/2013 como, por exemplo, alimentação, a moradia, o saneamento básico, o
meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos
bens e serviços essenciais. Portanto, a partir desse momento a saúde passou a ser
responsabilidade do estado, tendo como um dos pontos principais o princípio da
universalidade Starfield (2002, p. 19), diz que todo os sistemas de saúde têm 2 objetivos:
Como os recursos dos países são limitados, para garantir a equidade da saúde é
interessante que haja um incentivo ao modelo de Atenção Primária à Saúde (APS), pois
trata-se de um modelo mais barato e baseado em ações preventivas e de promoção à
saúde. Nessa lógica, o investimento no setor primário é indispensável para a garantia da
universalidade, da equidade e da integralidade. Sendo assim, a APS tem sido um modelo
adotado por diversos países para estabelecer um maior acesso ao sistema de saúde
e combater o modelo tradicional de saúde baseado em ações curativas, individuais e
hospitalares (STARFIELD, 2002).
6
NOTA
Nesse livro didático, adotaremos os termos Atenção Básica e Atenção Primária
à Saúde como sinônimos.
Agora que você entende um pouco melhor o que é Atenção Básica e a impor-
tância desse modelo de atenção, vamos detalhar a Política Nacional de Atenção Básica
(PNAB), criada em 2006 e baseada nos seguintes princípios: a universalidade, a equidade
e a integralidade. Além desses princípios, a Atenção Básica possui as seguintes diretrizes:
a regionalização/ hierarquização, a territorialização e a adscrição; a população adscrita;
o cuidado centrado na pessoa; a resolutividade; a longitudinalidade do cuidado; a coor-
denação do cuidado; a ordenação da rede; e participação da população (BRASIL, 2017a).
7
o tratamento e a reabilitação; e a equidade, que traz a compreensão de igualdade, por
meio de uma justiça social, ou seja, da diminuição da desigualdade – tratar desigualmente
os desiguais – a fim de investir mais nos indivíduos que mais necessitam (BRASIL, 1990).
8
• Participação da população: Refere-se à participação da comunidade no
planejamento de saúde individual e coletiva, inclusive nos conselhos e conferências
de saúde para controle social. (BRASIL, 2017b).
Essas são características do SUS e da RAS, adotadas pela Atenção Básica para
sua organização. A seguir veremos sua estrutura e funcionamento das equipes.
NOTA
Segundo a Política Nacional de Humanização (PNH), a ambiência é a
criação de espaços acolhedores e confortáveis para a população que
gerem mudanças no ambiente de trabalho por meio dos encontros. Para
utilizá-la é necessário construir espaços que estejam de acordo com a
necessidade dos usuários e dos profissionais que lá atuam.
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Conforme o Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde, é
interessante que o ambiente de recepção das Unidades Básicas de Saúde não possua
grades, a fim de estabelecer uma boa comunicação entre os pacientes e os profissionais
de saúde. Essa recomendação serve para que não haja intimidação do usuário e que
estimule a construção de vínculo. Sugere-se que os locais sejam sinalizados, para
facilitar o fluxo de pacientes na unidade e possuam acessibilidade e adaptações para
pessoas com necessidades especiais, como piso antiderrapante, banheiros adaptados
com barras, presença de rampas e corrimões, balcão e bebedouro mais baixo para
pessoas cadeirantes e outros. É importante pontuar que as adaptações serão realizadas
de acordo com a realidade de cada unidade de saúde (BRASIL, 2008b).
Além das questões citadas, existem dois pontos inegociáveis na estrutura das
Unidades Básicas de Saúde:
DICA
O CNES coleta diversas informações sobre os estabelecimentos de saúde,
bem como:
o endereço/localização, o gestor responsável, o tipo de serviço prestado,
a caracterização do serviço, os equipamentos existentes no local, a
existência de serviços especializados, a instalação física do local, os
profissionais que atuam no local e as equipes existentes (CNES, 2021).
Para acessar informações sobre os cadastros de estabelecimentos de
saúde, acesse: https://cnes.datasus.gov.br.
10
O Programa Saúde na Hora, por exemplo, lançado por meio da Portaria nº 397/
GM/MS, de 16 de março de 2020, viabiliza o custeio de municípios para a implantação de
horário estendido. Atualmente o Programa Saúde na Hora possui os seguintes formatos:
Unidade de Saúde da Família (USF) com 60 horas semanais, Unidade de Saúde da
Família (USF) com 60 horas semanais e com Saúde Bucal, Unidade de Saúde da Família
(USF) com 75 horas semanais e com Saúde Bucal e Unidade de Saúde da Família (USF)
ou Unidade Básica de Saúde (UBS) com 60 horas semanais (BRASIL, 2020a).
O escopo de serviços de saúde oferecidos pelas UBS deverá estar visível para
que a população adscrita possa saber todos os recursos que aquela unidade possui.
(BRASIL, 2008b). Ainda com relação ao escopo, a PNAB definiu que existem dois tipos
de recursos que podem ser oferecidos para a população, os procedimentos de padrão
essenciais, ou seja, os básicos, que possuem grande impacto na saúde da população
(por exemplo, as relacionadas ao acompanhamento do pré-natal, à saúde da criança e
às ações de enfrentamento da tuberculose); e os de padrões ampliados, considerados
como estratégicos, e na maioria das vezes necessitam de treinamento qualificado da
equipe (por exemplo, a inserção de DIU e as práticas integrativas e complementares).
Todas as UBS devem garantir oferta dos serviços essenciais de saúde e espera-se que
também sejam incluídos os serviços ampliados, embora não haja obrigatoriedade da
sua oferta (BRASIL, 2017b).
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Todo o escopo de serviços oferecidos na unidade deve estar fixado em local
visível para a população, além disso, outras informações que deverão ser visíveis
aos usuários são, o mapa de abrangência do território, a identificação do horário de
atendimento da unidade, a identificação dos funcionários de cada equipe e do gerente
da unidade, bem como suas escalas de atendimento. Essas informações geralmente
são fixadas no acolhimento da unidade, local onde ocorre o primeiro contato do
paciente com os usuários com escuta qualificada e acolhimento do paciente, mesmo
que não resida na área de abrangência – quando isso ocorrer o paciente será atendido e
posteriormente direcionado para sua unidade de referência – visto que existem serviços
que são ofertados a toda a população, independente do território, alguns exemplos são
a vacinação e o acolhimento à demandas urgentes com avaliação da classificação de
risco. Após escutá-lo de forma ativa o profissional irá direcioná-lo ao serviço necessário
e articular ações com outros serviços, se necessário.
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O número será estabelecido
de acordo com o número da
população do território, além
de critérios epidemiológicos
Agente Comunitário 40 horas semanais, vinculados
e socioeconômicos. Sugere-
de Saúde (ACS) a apenas uma equipe
se que em situações de
vulnerabilidade do território
cada ACS seja responsável
por no máximo 750 pessoas.
Fonte: adaptado de Brasil (2017b)
Convém salientar que outras categorias podem fazer parte da equipe, tais como,
o Agente de Combate às Endemias (ACE), o cirurgião-dentista (preferencialmente espe-
cialista em saúde da família) e o auxiliar ou o técnico em saúde bucal (BRASIL, 2017b).
As eAB também seguem a estrutura de equipe das eSF, embora admitam que
possa haver até 3 profissionais de cada categoria, desde que a carga mínima de cada
um deles seja 10 horas e somados atinjam 40 horas semanais. Sendo assim, a eAB é
formada por:
As equipes de Saúde Bucal (eSB), como o próprio nome diz, englobam as ca-
tegorias de saúde bucal, ou seja, são compostas por uma equipe que atua na Atenção
Básica (eSF ou eAB) junto a um cirurgião dentista e um técnico ou auxiliar de saúde bucal,
estando responsável pela população do território adscrito a essa equipe. (BRASIL, 2017b).
Dessa maneira, a eSB tem a obrigatoriedade de estar vinculada ao SCNES de uma Unida-
de Básica de Saúde (UBS), ou a uma Unidade Odontológica Móvel (BRASIL, 2020b).
A modalidade de equipe Nasf-AB, que assim como a eSB, deverá ser integrada
a uma eSF ou eAB. O Nasf-AB é uma modalidade composta por diversas categorias
profissionais que irão atuar de forma interdisciplinar para a integralidade da assistência
do usuário. Os profissionais que podem compor a equipe Nasf-AB são: assistente social;
educador físico; farmacêutico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; terapeuta ocupacional;
13
psicólogo; nutricionista; médico especialista (acupunturista, ginecologista/obstetra,
homeopata, pediatra, geriatra, do trabalho, clínica médica), veterinário, sanitarista ou
arte educador. Essa escolha será realizada pelo gestor de acordo com a particularidade
do território (BRASIL, 2017b).
INTERESSANTE
O Projeto Terapêutico Singular (PTS) refere-se a um conjunto de propostas
e condutas elaborado de maneira coletiva e articulada por profissionais
interdisciplinares, por usuários e seus familiares, para estabelecer
melhorias a um determinado problema encontrado em uma família. O
PTS tem grande vantagem quando tem como ferramenta a equipe Nasf-
AB, que realiza o apoio matricial das eSF ou eAB.
Por fim, a última modalidade descrita na PNAB como tipo de equipe de Atenção
Básica é a Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), conhecida anteriormente
por Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), que deverá ser reorganizada
gradualmente como eSF. Essa modalidade permite que a equipe seja composta por
Agentes Comunitários de Saúde (ACS), supervisionados por um enfermeiro. O número
de ACS será definido de acordo com o número de habitantes, questões epidemiológicas
e sociais do território, considerando no máximo 750 pessoas cadastradas para cada
ACS. Todos os profissionais deverão estar cadastrados no CNES de uma UBS, que será a
referência dessa equipe, e cumprir a carga horária de 40 horas semanais.
14
As atividades desenvolvidas pela EACS são referentes às atribuições dos ACS,
dessa maneira, deverão realizar o cadastramento e o monitoramento da população, bem
como o registro dos dados nos sistemas de informações vigentes, sempre considerando
a prioridade do território e suas vulnerabilidades. (BRASIL, 2017b).
15
situação de rua deambula por diversos territórios, dos Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), da Rede de Urgência/Emergência e de outros recursos disponíveis na RAS
do município, atuando com carga horária mínima de 30 horas semanais, embora o
funcionamento deva ser adequando conforme a demanda (BRASIL, 2011c).
• Modalidade I: equipe formada por no mínimo quatro profissionais, dos quais dois
deles devem ser compostos por: enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, cirur-
gião dentista ou terapeutas ocupacionais. Os outros dois deverão ser enfermeiros,
psicólogos, assistentes sociais, cirurgião dentista, terapeutas ocupacionais, agen-
tes sociais, técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico ou auxiliar de saúde bucal
ou educador físico.
• Modalidade II: equipe formada por no mínimo seis profissionais, dos quais três deles
devem ser compostos por: enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, cirurgião
dentista ou terapeutas ocupacionais. Os outros três deverão ser enfermeiros,
psicólogos, assistentes sociais, cirurgião dentista, terapeutas ocupacionais, agentes
sociais, técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico ou auxiliar de saúde bucal ou
educador físico.
• Modalidade III: equipe formada pela Modalidade II adicionado de um médico.
Por último, vamos citar as Equipes de Atenção Básica Prisional (eABP), que
têm a finalidade de oferecer o serviço de atenção básica aos privados de liberdade em
um sistema prisional. Essas equipes são compostas de maneira multiprofissional, de
acordo com a sua modalidade. As eABP podem ser das seguintes modalidades: Equipe
de Atenção Básica Prisional Tipo I (EABP-I), Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo I
com Saúde Mental (EABP-I com Saúde Mental), Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo
II (EABP-II), Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo II com Saúde Mental (EABP-II com
Saúde Mental) e Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo III (EABP-III). Veja a seguir as
particularidades entre elas, conforme a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (BRASIL, 2014e).
16
1 psiquiatra ou médico com experiência em Saúde Mental e 2 outros profissionais
(podendo ser terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social,
farmacêutico ou enfermeiro). Devem cumprir carga horária de 6 horas semanais e
realizar o acompanhamento de até 100 pessoas privadas de liberdade.
• Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo II (EABP-II): composta por um
médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem,
um cirurgião dentista e um técnico de saúde bucal ou auxiliar de saúde bucal, um
psicólogo, um assistente social e um profissional de nível superior (um psicólogo,
um assistente social e um profissional de nível superior (podendo ser terapeuta
ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, farmacêutico, nutricionista
ou enfermeiro). Essa modalidade de equipe deverá cumprir a carga horária de 20
horas semanais (com carga horária distribuída entre os profissionais pelo gestor
e não podendo ser menor de 10 horas semanais) e atender de 101 a 150 pessoas
privadas de liberdade.
• Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo II com Saúde Mental (EABP-II
com Saúde Mental): composta pelos profissionais da equipe mínima da EABP-II
acrescido de uma equipe de saúde mental, composta por 3 profissionais, dentre eles,
1 psiquiatra ou médico com experiência em Saúde Mental e 2 outros profissionais
(podendo ser terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social,
farmacêutico ou enfermeiro). Essa modalidade de equipe deverá cumprir a carga
horária de 20 horas semanais (com carga horária distribuída entre os profissionais
pelo gestor e não podendo ser menor de 10 horas semanais) e atender de 101 a 150
pessoas privadas de liberdade.
• Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo III (EABP-III): composta pelos
mesmos profissionais da EABP-II com Saúde Mental. Essa modalidade de equipe
deverá cumprir a carga horária de 30 horas semanais (com carga horária distribuída
entre os profissionais pelo gestor e não podendo ser menor de 10 horas semanais) e
atender entre 501 a 1200 pessoas privadas de liberdade.
17
4.1 HISTÓRIA DA ESF NO BRASIL
A ESF teve início em 1991, com a reformulação do Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS) por apoio do Fundo das Nações Unidas da Infância
(UNICEF) e verificação do êxito de alguns países, como Canadá e Cuba com o investimento
na Atenção Primária à Saúde (APS). O PACS estava recebendo muita visibilidade devido
ao sucesso na redução da mortalidade infantil nos locais implantados e dessa maneira,
em 1994, o Ministério da Saúde teve maior interesse em investir nesse modelo de
atenção (CAMPOS, 2009).
Cabe destacar que em 1997, por meio da Portaria GM/MS nº 1886, foram
instituídas as normas e diretrizes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS) e do Programa Saúde da Família (PSF), que afirmou os dois programas como
modelos de consolidação do SUS com a reorientação da assistência ambulatorial e
domiciliar e estimulou sua expansão. Por essa razão, muitos autores consideram que
a ESF possui caráter substitutivo, pois substituiu as práticas tradicionais curativistas e
com foco na doença para um modelo que visa a promoção da saúde (BRASIL, 2017b).
DICA
O PACS foi um programa criado nas regiões Norte e Nordeste,
regulamentado em 1997, com o objetivo de combater a mortalidade
materna e infantil das regiões mais necessitadas do país. Posteriormente,
foi expandido para outras regiões carentes.
18
território da unidade e realizar a maior parte das suas atividades na rua. Dessa forma,
os ACS fazem as visitas domiciliares para todas as famílias cadastradas na sua área de
atuação (microárea) (BRASIL, 2017b).
IMPORTANTE
Embora o ACS tenha como pré-requisito residir na área de abrangência
da unidade, de acordo com a Lei nº 11.595/2018 foi estabelecido duas
exceções para essa condição. São elas:
A ESF é considerada como porta de entrada, pois é por meio dela que as pesso-
as chegam ao serviço de saúde, ou seja, é o primeiro contato da população com o SUS
(CAMPOS, 2009). O serviço de vacinação é um bom exemplo sobre isso, pois a pessoa
acessa o serviço para receber uma vacina e a partir de então pode ser cadastrada e re-
alizar outros atendimentos no local. Caso a equipe identifique uma criança que foi até a
unidade para se vacinar e não está cadastrada é necessário compreender se são novos
moradores, a fim de receberem a visita do seu agente comunitário para cadastramento
e seguimento do acompanhamento. Alguns recursos que poderão ser abordados após
esse contato é o agendamento da criança para acompanhamento pelo médico e pelo
enfermeiro da equipe por meio da puericultura (conforme agendamento recomendado
pelo Ministério da Saúde) e oferta do planejamento reprodutivo para a mãe.
19
Para facilitar a abordagem familiar a ESF utiliza alguns instrumentos, como o
genograma e o ecomapa. Segundo Nascimento, Rocha e Hayes (2005, p. 281-283), o
genograma, por exemplo, descreve a estrutura familiar do indivíduo com pelo menos
três gerações. Ele descreve os membros da família que residem no mesmo ambiente,
seus nomes, o ano de nascimento e/ou óbito, as datas de casamento e/ou divórcio,
as doenças ou problemas prevalentes e as relações familiares. Já o ecomapa é um
instrumento complementar ao genograma e considera as relações que ocorrem
com a família fora de sua residência, ou seja, vizinhos, amigos, trabalho, serviços da
comunidade e grupos sociais.
20
• Realizar visita domiciliar e/ou atendimento domiciliar conforme sua categoria
profissional, incluindo Instituições de Longa Permanência (ILP), abrigos, entre
outros tipos de moradia existentes no território.
• Atuar, conforme a sua categoria profissional, no atendimento às infecções sexual-
mente transmissíveis (IST’s) e outras doenças infecciosas (meningite, catapora, gripe
e outras), aos ciclos de vida (criança, adolescente, mulher, homem, gestante e idosos),
às condições crônicas prevalentes (hipertensão, diabetes, tuberculose, hanseníase) e
outras condições conforme carteira de serviços e metas/indicadores vigentes.
• Realizar ações interdisciplinares.
• Acompanhar e registrar o Bolsa Família (BRASIL, 2017a).
Além das atribuições que pertencem a todos os profissionais que atuam na ESF,
existem atribuições específicas a cada categoria profissional descritas na PNAB. Os
enfermeiros, por exemplo, deverão:
21
• Conhecer o funcionamento da unidade para orientar a população da maneira correta.
• Informar ao paciente sobre o dia e horário agendado de consultas e exames (BRASIL,
2017a).
22
de fortalecimento das ESF, pois realiza a contratação emergencial de médicos pelo país,
expandiu o número de vagas para os cursos de medicina e de residência médica em
medicina de família e comunidade, e a implantou um novo currículo na formação médica,
com a finalidade de incentivar ações preventivas, de promoção à saúde e desenvolver
um atendimento médico mais humanizado (BRASIL, 2013b).
Por fim, mesmo que outros desafios possam surgir, a ESF tem sido a maior
ferramenta do Ministério da Saúde para ampliação da Atenção Básica e fortalecimento
das ações de promoção à saúde (ARANTES; SHIMIZU; MERCHÁN-HAMANN; 2016).
23
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
24
AUTOATIVIDADE
1 Em 2006 foi aprovada a Portaria nº 648/GM de 28 de março de 2006, que aprovou a
Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas
para a organização da Atenção Básica para o PSF e o PACS. Com base nas diretrizes
de Atenção Básica estabelecidas na Política Nacional de Atenção Básica (2017a),
assinale a alternativa CORRETA:
2 A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB foi criada em 2006 e é baseada nos
seguintes princípios: a universalidade, a equidade e a integralidade. Sobre a Política
Nacional de Atenção Básica (PNAB), analise as afirmativas a seguir:
25
( ) Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta qualificada e classificação de
risco, de acordo com protocolos estabelecidos.
( ) Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem e ACS;
( ) Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos de atenção, respeitando
fluxos locais, mantendo sob sua responsabilidade o acompanhamento do plano
terapêutico prescrito.
a) ( ) F – V – V.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) V – F – V.
d) ( ) F – V – F.
4 A Estratégia Saúde da Família (ESF) vem sendo um grande avanço para as políticas
públicas de saúde no Brasil, desde a sua criação. A Política Nacional de Atenção Básica
(PNAB) estabeleceu a ESF como modelo de organização, consolidação e expansão da
Atenção Básica. Disserte sobre a importância da longitudinalidade do cuidado para
ofortalecimento das ações da ESF.
26
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
SISTEMA DE REFERÊNCIA E
CONTRARREFERÊNCIA NA REDE DE
ATENÇÃO À SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 2, abordaremos o Sistema de Referência
e Contrarreferência na Rede de Atenção à Saúde. Para introduzir esse tema, iniciaremos
falando um pouco sobre a operacionalização da Rede de Atenção à Saúde, suas
características e relação com a Atenção Primária à Saúde (APS), considerando suas
diretrizes e atributos para o cuidado integral na RAS e ordenação do Sistema de
Referência e Contrarreferência.
27
De acordo com Mendes (2011, p. 57), existem diversas diferenças entre o modelo
de rede fragmentado e a RAS. Enquanto a forma de organização do sistema fragmentado
é por meio de uma hierarquia, a RAS é organizada por uma poliarquia; a coordenação da
atenção fragmentada e a comunicação entre os componentes é inexistente, já na RAS a
coordenação é feita pela APS e a comunicação é feita por sistemas logísticos eficazes. O
foco de ambos também é diferente, enquanto a rede fragmentada focava nas deman-
das agudas da população, de maneira reativa e episódica (com o paciente recebendo a
prescrição pelo médico), a RAS considera condições agudas e crônicas por meio de um
funcionamento proativo e contínuo, baseado em plano de cuidados de cada pessoa.
Outra diferença entre ambos é que a rede fragmentada dava ênfase em ações
curativistas e sem estratificação de risco, enquanto a RAS prioriza as ações preventivas e
de promoção à saúde sem desconsiderar a necessidade da integralidade da assistência e
com avaliação de risco de cada indivíduo para estratificar a sua assistência. Além dessas
diferenças, outras podem ser identificadas (MENDES, 2011; OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2016).
Para deixar mais claro, vamos considerar um paciente que chegue em uma USB
para atendimento agendado e que seja identificado pelo médico da equipe, durante
o atendimento, que esse paciente apresentou infecção urinária recorrente durante
o último ano (mesmo com tratamento adequado) e que não há causas anatômicas
urológicas ou ginecológicas associadas avaliadas por meio de ultrassonografia de
vias urinárias e exame clínico. Sendo assim, percebeu-se que havia necessidade de
encaminhá-lo ao nefrologista, a fim de ouvir a avaliação do especialista. Para que esse
fluxo ocorra é necessário a existência de uma RAS, que irá indicar os serviços de saúde
do território a qual o paciente poderá ser direcionado. Sendo assim, o paciente não
deixará de ser atendido pela USB, embora receba o acompanhamento concomitante da
rede secundária a fim de pesquisar a causa da infecção urinária recorrente.
Se não existisse a RAS as pessoas que tivessem qualquer demanda de saúde não
saberiam qual serviço procurar e, geralmente, isso causa o sucateamento dos serviços hos-
pitalares, devido a sua complexidade. É comum que os pacientes pensem que a rede ter-
ciária é mais eficaz que outras redes, pois possui mais aparelhos, instrumentos e especia-
listas. Entretanto, se os hospitais estiverem cheios de pessoas que possuem demandas de
simples resolução na Atenção Primária (UBS) não terão acesso às pessoas que realmente
necessitam do serviço especializado e de alta complexidade (MENDES, 2011; IBGE, 2010).
Você consegue entender que a RAS estabelece uma relação entre a rede pri-
mária, a rede secundária e a rede terciária? Essa sistematização da relação entre as três
redes de atenção à saúde refere-se à RAS e a sua efetivação promove um atendimento
à saúde mais eficaz e integral à população, pois considera a necessidade do indivíduo
em todos os níveis de atenção e mantém a AB como coordenadora dessa rede.
28
2.1 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS E ATRIBUTOS DA RAS
Para explicar um pouco mais sobre a RAS, Oliveira, Silva e Souza (2021, p. 32)
dividem elas em três elementos: a população, a estrutura operacional e o modelo de
atenção à saúde.
Por fim, o terceiro elemento da RAS é o modelo de atenção à saúde, que como
já vimos, está baseado na resolução de demandas agudas e crônicas de maneira
proativa e contínua, baseada em plano de cuidados de cada pessoa com a APS como
29
coordenadora do cuidado (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021). Ademais, é cabível destacar
que existem redes de atenção à saúde temáticas, são elas: a Rede de Atenção à Saúde
Materno Infantil: Rede Cegonha; a Rede de Atenção de Urgências e Emergências (RUE);
a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas; a Rede de Cuidados à
Pessoa com Deficiência e a Rede de Atenção Psicossocial (BRASIL, 2011d).
• a população e o território;
• a existência de diversos estabelecimentos de saúde focados na prevenção,
promoção da saúde, o tratamento, a reabilitação e outros serviços individuais e
coletivos;
• a Atenção Primária à Saúde como porta de entrada, contendo uma equipe
multidisciplinar e coordenadora do cuidado;
• a existência de serviços especializados em locais adequados;
• a atenção à saúde individual, coletiva e familiar, considerando a diversidade da
comunidade, ou seja, livre de preconceitos;
• um sistema de governança único;
• a participação da comunidade;
• uma gestão integrada, tanto dos sistemas de apoio administrativos, clínicos e
logísticos;
• existência de recursos humanos suficientes e capacitados;
• a integração dos sistemas de informação em saúde;
• o financiamento tripartite;
• a ação intersetorial com abordagem dos determinantes de saúde;
• a gestão baseada em resultados.
30
2.2.1 Relações Horizontais
Por meio das RAS, os pontos de atenção à saúde – sejam eles UBS, hospitais,
unidades de pronto atendimento ou serviços especializados – possuem a mesma
importância e juntos cumprem o seu papel para garantir a integralidade da assistência
(BRASIL, 2010a).
Figura 1 – Mudança do modelo piramidal e hierárquico para o modelo em rede, com a atenção primária como
coordenadora do cuidado
NOTA
Segundo a portaria nº 4.279, de 2010, a construção da RAS possui duas
maneiras de articulação da rede: a articulação horizontal e a articulação
vertical. A vertical consiste na “articulação de diversas organizações ou
unidades de produção de saúde responsáveis por ações e serviços de
natureza diferenciada, sendo complementar (agregando resolutividade e
qualidade neste processo)”; e a horizontal na articulação de unidades e
da mesma natureza (ou especialidade). Sua função é otimizar a escala
de atividades, e garantir ampliação da cobertura, bem como eficiência
econômica na provisão de ações e serviços de saúde através de ganhos
de escala (redução dos custos médios totais em relação ao volume
produzido) e escopo (aumento do rol de ações da unidade).
31
2.2.2 Atenção Primária/básica como Coordenadora do
Cuidado
Como já sabemos, a ordenadora do cuidado da RAS é a atenção primária, pois
geralmente são os profissionais que atuam nesses serviços que avaliam o quadro do
indivíduo a fim de classificarem sua necessidade e risco sendo a principal porta de
entrada do SUS.
A PNAB afirma que “a Atenção Básica será a principal porta de entrada e centro
de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora das ações e serviços
disponibilizados na rede” (BRASIL, 2017b).
32
Nesse sentido, considerando que você atue em uma equipe de saúde da família
deverá identificar os problemas de saúde mais frequentes, por meio de um diagnóstico
situacional. Esses problemas podem estar relacionados a questões epidemiológicas com
incidência de casos de doenças infecto parasitárias, desnutrição e outros problemas
sociais; bem como de quadros de doenças crônicas, como a hipertensão, a diabetes
e o câncer ou até mesmo situações de vulnerabilidade, tais como violência urbana e
consumo excessivo de álcool e drogas.
Todos os problemas não podem ser resolvidos por meio de um sistema de saúde
fragmentado, ou seja, que não haja relação entre as redes de atenção (OLIVEIRA; SILVA;
SOUZA, 2021).
DICA
A RAS possui como fundamento o processo de substituição, que está
relacionado ao reagrupamento contínuo de recursos entre os serviços
de saúde e dentro deles. Esse fundamento tem como objetivo prestar a
atenção certa, no lugar certo, com o custo certo e no tempo certo. Um
exemplo para esse fundamento é a mudança de local de atendimento de
um usuário que sofre um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e necessite de
atendimento domiciliar, sendo assim, ele deixa de ter seus agendamentos
na unidade de saúde para ser avaliado em residência até que haja
mudança do quadro. Dessa forma, por meio da substituição o indivíduo
permanece com atendimento integral e contínuo.
33
2.2.5 Atendimento Multiprofissional/interdisciplinar
Como o atendimento na RAS busca a integralidade da assistência, é indispen-
sável que ocorra de maneira multiprofissional e interdisciplinar, ou seja, que garanta a
assistência em todas as necessidades de saúde do indivíduo. A diversidade de profis-
sionais tem maior facilidade na construção de um plano de cuidado, considerando todas
as queixas do paciente (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021; MENDES, 2011; BRASIL, 2010).
34
transporte público não garante efetividade da assistência, pois haverá gastos na sua
construção e monitoramento e pouca utilidade para a população. Nesse sentido, é
preciso que os serviços de saúde sejam de fácil acesso, de qualidade e em quantidade
suficiente (MENDES, 2011).
3 INTEGRALIDADE DO CUIDADO
Você percebeu que quando falamos de RAS é indispensável o conhecimento
acerca da integralidade? Caso não recorde, a integralidade é um princípio doutrinário do
SUS, caracterizado por “um conjunto de serviços executados pela equipe de saúde que
atendam às necessidades da população adscrita nos campos do cuidado, da promoção
e manutenção da saúde, da prevenção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação,
redução de danos e dos cuidados paliativos” (BRASIL, 2017).
35
diferentes níveis de atenção. Esse entendimento traz a reflexão sobre a estratégia da
integralidade que irá promover ações coletivas em defesa da vida. Por essa razão, a
integralidade foi defendida como um eixo prioritário de políticas públicas e do SUS.
Essa ideia de interação social entre profissionais de saúde e usuários é embasada pela
relação de oferta e demanda, considerando os aspectos objetivos e subjetivos.
IMPORTANTE
Essa compreensão da integralidade como traço de boa medicina é de
grande relevância para a humanização do cuidado. Podemos
considerar, por exemplo, um caso de uma paciente que comparece
regularmente a unidade de saúde com picos hipertensivos. Em um primeiro
olhar você pode considerar o problema dela apenas como um quadro de
hipertensão mal controlado, embora seja essencial aprofundar o cuidado
em saúde e ouvi-la. Com o olhar e a escuta apurados a paciente poderá
relatar diversas situações que geram preocupação em sua vida, como,
por exemplo, a ausência de uma renda familiar, a violência doméstica
e o envolvimento dos filhos com álcool e drogas. Todas essas questões
subjetivas podem influenciar emocionalmente a paciente, contribuindo
para o aumento da pressão arterial, mesmo que ela faça uso regular das
medicações prescritas. Consegue perceber a importância desse fator
para o cuidado? Ademais, as eSF possuem uma vantagem nesse cuidado
em decorrência dos ACS, que possuem uma relação com o território e as
famílias com maior vínculo e conhecimento.
36
3.2 INTEGRALIDADE COMO MODO DE ORGANIZAR AS
PRÁTICAS
Como já vimos, a história da saúde pública no país passou por diversas fases.
O Ministério da Saúde e o Ministério da Previdência Social eram responsáveis pela
saúde da população, embora de maneiras diferentes. O Ministério da Previdência Social
considerava as demandas por atendimento médico, buscando atendê-las por meio
das práticas curativistas e centrada nos serviços hospitalares. O Ministério da Saúde
estava mais relacionado às questões preventivas, ou de saúde pública, que não eram
necessariamente demandadas pela população e concentradas nos centros de saúde.
Um exemplo das ações preventivas eram as campanhas de vacinação e as medidas
higienistas (BRASIL, 2022c; CAMPOS, 2009).
Cabe destacar que esse modelo fragmentado de assistência fazia com que
a população tivesse que buscar atendimento em locais diferentes para cada tipo de
atendimento. Caso uma mulher estivesse em acompanhamento para tuberculose e
apresentasse um quadro de litíase renal, ela realizava o tratamento de tuberculose em
um local, o seu planejamento reprodutivo em outro e o atendimento da sua queixa em
outro ponto de atenção. Além disso, não existia atendimento à demanda espontânea
nos centros de saúde. A mudança desse modelo trouxe integração dos serviços em
um mesmo ponto de atenção, bem como o acolhimento dos indivíduos por meio de
consultas programadas e em demanda espontânea (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021).
37
à Saúde da Mulher – PNAISM –, baseada no PAISM, embora considerasse questões
relacionadas à integralidade da mulher, ou seja, a política passa a vê-la por meio de
todas as suas necessidades (BRASIL, 2016).
ESTUDOS FUTUROS
No próximo Tema de Aprendizagem falaremos um pouco sobre as
questões da média e alta complexidade da PAISM.
38
3.4 A IMPORTÂNCIA DA ESF NA INTEGRALIDADE DO
CUIDADO
Como já sabemos, os princípios da Atenção Primária à Saúde (APS) e do SUS
são os mesmos, por isso, vamos analisar a importância da ESF – estratégia prioritária de
reorganização e fortalecimento da APS – para garantir a integralidade do cuidado.
Como, também, vimos, existem diversos fatores que podem influenciar a inte-
gralidade do cuidado, nessa parte do livro didático vamos relembrar algumas diretrizes
da APS, que por meio da efetivação da ESF garantem a integralidade. Vamos discutir
sobre as seguintes diretrizes da APS e sua relação com a integralidade: regionalização/
hierarquização; o cuidado centrado na pessoa; a resolutividade; a longitudinalidade do
cuidado; a coordenação do cuidado; ordenação da rede e participação da população
(BRASIL, 2011c).
39
A ESF é, portanto, um ambiente de construção de vínculo e de saberes que
coordena o cuidado do indivíduo. Quando a longitudinalidade é respeitada há maior
compreensão sobre o diagnóstico de saúde da população e é possível planejar ações
de promoção à saúde de acordo com a necessidade da população. Além disso,
considerando as ações individuais, quando você ouve o paciente e constrói um vínculo
garante a responsabilização, coordena o cuidado por meio do direcionamento do
indivíduo aos pontos de atenção que necessita e garante a integralidade da assistência
e a resolutividade (BRASIL, 2017b). Veremos a seguir o funcionamento do sistema de
referência e contrarreferência, que é a maneira que o usuário é direcionado aos diversos
pontos de atenção e complexidade da saúde.
40
Essa crítica está relacionada à formação dos profissionais de saúde, que ainda possuem
uma visão fragmentada e biológica, com pouca construção de saúde por meio da
interdisciplinaridade. Por isso, a mudança do currículo de saúde e a educação permanente
dos profissionais que atuam no SUS é essencial para fortalecimento da integralidade do
cuidado, da RAS e do sistema de referência e contrarreferência (MENDES, 2011).
41
ATENÇÃO
É imprescindível destacar que um serviço de regulação estruturado e
organizado evita os encaminhamentos desnecessários e direcionamentos
equivocados, reduzindo o desperdício e aumentando a efetividade das
redes (RIO DE JANEIRO, 2020, p. 1).
Alguns dados importantes são os escores relevantes para o caso, como cálculo
de risco cardiovascular pelo escore de risco global, taxa de filtração glomerular, mini
exame do estado mental, entre outros; os medicamentos em uso ou utilizados que
foram ineficazes ao tratamento, ou que apresentaram efeitos adversos; os exames
solicitados que ainda não foram realizados ou não possuem resultados; condições
crônicas de saúde associadas ou não ao quadro; além do objetivo do encaminhamento
e qual resposta deseja alcançar (TORRALBO; JULIANI, 2016).
42
Para que o sistema de referência e contrarreferência tenha melhor eficácia,
algumas ferramentas do sistema logístico podem ser utilizadas, são elas: o cartão
nacional do SUS; o prontuário clínico; os Sistemas de Regulação; e o Sistema de
transporte em Saúde. Vamos apresentar cada um deles a seguir (MENDES, 2011).
IMPORTANTE
É importante informar que a ausência do CNS, o seu desconhecimento pelo
usuário ou a indisponibilidade do sistema para realizar o cadastramento do
usuário na base de dados não deve ser uma barreira para o atendimento
do usuário, pois o cadastramento ou identificação pode ser realizado
posteriormente ao atendimento.
43
4.1.2 Prontuário Clínico
O prontuário clínico do paciente é o local que deve ser registrado todo o
atendimento prestado pelos profissionais de saúde, as queixas do paciente e suas
questões subjetivas.
O COFEN afirma que esse documento só será considerado legal se for datado e
assinado pelo profissional que realizou a assistência e que sua utilização é indispensável
para a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Ademais, deverá ser regis-
trado no prontuário: como o paciente chegou, suas condições gerais, as orientações
realizadas durante o atendimento, o exame físico, os cuidados realizados e as intercor-
rências. Cabe destacar, que quando o prontuário for de papel não é permitido rasurar ou
registrar a lápis, bem como realizar o registro de maneira ilegível (COFEN, 2016).
44
Existem diversos sistemas com esse objetivo, alguns deles são os sistemas
de regulação de internações hospitalares de urgência e emergência, os sistemas de
regulação de internações eletivas e os sistemas de regulação de consultas e exames
especializados. Em geral, a regulação desses sistemas ocorre na APS, devido a sua
característica de coordenação e ordenação do cuidado nas RAS (OLIVEIRA; SILVA;
SOUZA, 2021; MENDES, 2011).
NOTA
A Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) é a ferramenta de obtenção
de dados do Sistema de Informação Hospitalar (SIH). É por meio dela que
o SIH armazena os dados referentes a internações hospitalares no SUS.
45
Os transportes de pessoas possuem dois módulos: o de urgência e emergência,
e o módulo do transporte eletivo. Você consegue pensar em algum sistema de transporte
em saúde? O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) é um deles, e
tem como objetivo chegar o mais rápido possível à vítima após a ocorrência de uma
situação de urgência ou emergência em via pública, em residências ou locais de trabalho
(BRASIL, 2023b). Nos casos de sistemas de transportes eletivos, serão disponibilizados
à população de acordo com a característica do território e da RAS. Em alguns casos,
em que há facilidade de locomoção do usuário, o município pode disponibilizar vale
transporte ao invés de um transporte propriamente dito. É comum que esse recurso
seja disponibilizado para pessoas acamadas, com dificuldade de locomoção ou em
realização de procedimentos específicos, como hemodiálise. Nesses casos, geralmente
trata-se de micro-ônibus, vans e outros meios de transportes coletivos (MENDES, 2011).
46
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
47
AUTOATIVIDADE
1 As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são definidas pelo Ministério da Saúde como:
“arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades
tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de
gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado” (BRASIL, 2010). Com base na
Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, assinale a alternativa CORRETA:
( ) Integralidade.
( ) Abordagem familiar.
( ) Resolutividade.
48
( ) Primeiro contato.
( ) Responsabilização.
a) ( ) F – V – F – V – F.
b) ( ) V – V – F – V – V.
c) ( ) V – F – V – F – V.
d) ( ) V – V – F – V – F.
49
50
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
ASSISTÊNCIA NA MÉDIA E ALTA
COMPLEXIDADE EM SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 3, abordaremos a assistência de média e
alta complexidade em saúde, que fazem parte da Rede de Atenção à Saúde (RAS) junto
à Atenção Primária à Saúde (APS). Vimos que a APS é coordenadora do cuidado e, por
isso, é por meio dela que o paciente pode percorrer os fluxos de atendimento de média
e alta complexidade existentes no SUS.
Como você pode observar, tanto a média como a alta complexidade precisam de
maior investimento tecnológico, por isso, para compreender a necessidade da utilização de
51
cada recurso, a APS – coordenadora do cuidado – deve avaliar criticamente a necessidade
do paciente, analisando se a resolução do quadro pode ser efetivada na APS.
52
complexidade é composta por hospitais gerais de grande porte, bem como os hospitais
universitários, as Santas Casas e as unidades de ensino e pesquisa. Em geral, esses
locais possuem tecnologias mais avançadas e estruturas de alta complexidade, com
leitos de UTI e centros cirúrgicos, serviços de oncologia, cardiovascular, transplantes e
partos de alto risco (BRASIL, 2022).
53
estratégico trata da elaboração das ferramentas que viabilizem que as estratégias sejam
elaboradas; e o momento tático-operacional é a execução do plano propriamente dito,
bem como seu monitoramento e avaliação (BUSATO, 2017).
54
dades” (BRASIL, 2011a, p. 27-29). Todas essas circunstâncias geram necessidades para
a população e precisam ser avaliadas pelos gestores, para elaboração de estratégias e
melhorias para que sejam cumpridos os princípios do SUS (CONASS, 2007).
NOTA
O PDR é o instrumento de gestão, estabelecido pela NOAS 01 para orde-
nar o processo de regionalização da assistência em cada estado e no Dis-
trito Federal, considerando primeiramente as prioridades de intervenção
por meio da identificação das necessidades de saúde da população com
objetivo de garantir acesso dos cidadãos a todos os níveis de atenção.
Sendo assim, ele é responsável por organizar os territórios estaduais em
regiões/microrregiões e módulos assistenciais em conformidade com a
diretriz de hierarquização, estabelecendo fluxos de referência e contrar-
referência intermunicipais, para garantir a integralidade da assistência e o
acesso da população de acordo com suas demandas (BRASIL, 2002).
55
3 RELAÇÃO ENTRE A ASSISTÊNCIA NA MÉDIA E NA ALTA
COMPLEXIDADE
É provável que você já tenha compreendido a relação entre a assistência na
média e na alta complexidade. No geral, ambas compõem a rede especializada em
saúde – que compõe serviços de maior complexidade e que necessitam de um maior
investimento financeiro que a APS – e recebem pacientes vindos das Unidades Básicas
de Saúde (UBS), com exceção das Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24 horas), que
também acolhem usuários para atendimento de demandas espontâneas. Então, para
compreender essa relação é necessário avaliar a relação da rede especializada (média e
alta complexidade) com a APS (CONASS, 2007).
Agora observe na região em que você mora quantos serviços de APS, de média
e de alta complexidade existem. É comum que existam menos hospitais, pois espera-se
que a APS acolha os usuários e possa garantir a resolutividade da demanda do indivíduo,
sem a necessidade de uma internação. Outro ponto interessante é que a APS tem
compromisso com a prevenção e a promoção à saúde, a fim de evitar o adoecimento ou
a estratificação das condições crônicas de saúde (CONASS, 2007).
NOTA
DCNT significa Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Alguns exemplos
são: a hipertensão, a diabetes, o câncer, a doença pulmonar obstrutiva
crônica, a asma, dentre outras.
56
Nesse sentido, embora o SUS estabeleça a APS como coordenadora do serviço,
a RAS deve funcionar à medida que tanto as unidades básicas e saúde, quanto a média
e a alta complexidade estejam em pleno funcionamento de acordo com a demanda
da população, ou seja, não há uma ordem de importância entre a atenção primária,
secundária e terciária. Sendo assim, a relação entre a média e a alta complexidade
depende de uma rede organizada e estruturada conforme os princípios estabelecidos
por ela e com incentivo às ações de prevenção e promoção à saúde, evitando maiores
gastos com tratamentos e reabilitações (BRASIL, 2010).
• Construir um grupo para pacientes que convivem com diabetes (incluindo, então,
os familiares de pessoas com diabetes).
• Estratificar o risco dos pacientes que possuem essa condição crônica conforme
as principais causas de complicações: nefropatia diabética, retinopatia diabética e
neuropatia diabética.
• Criar um plano de cuidado para os indivíduos com maior gravidade a fim de editar
complicações.
• Realizar atividades de promoção à saúde no território para incentivar hábitos
saudáveis e a redução da incidência do diabetes.
57
4 COMPONENTES DA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE
Agora que já entendemos a lógica da RAS e a funcionalidade da APS e da rede
especializada vamos apresentar os componentes da média e da alta complexidade, que
estão relacionadas às Políticas Nacionais de Saúde e podem estar relacionadas a:
58
• Organizar a linha de cuidado com a participação de todos os níveis de atenção, ou
seja, da unidade básica de saúde, do ambulatório, de emergências ou hospitais.
• Construir redes regionalizadas e hierarquizadas a fim de garantir a integralidade da
assistência.
• Aumentar a cobertura das pessoas em condição cônica cardiovascular.
• Criar maneiras de avaliar, controlar, regular e monitorar os serviços de atendimento
cardiovascular.
• Criar uma câmara técnica para acompanhar essa política.
59
Família). De acordo com a necessidade local, o gestor poderá
instituir uma equipe de referência da atenção básica com a
função de tutoria e, ou referência assistencial à rede de serviços
básicos de saúde, cuja regulamentação será definida em portaria
da Secretaria de Atenção à Saúde;
II. média complexidade: realizar atenção diagnóstica e terapêutica
especializada garantida a partir do processo de referência e
contrarreferência do portador de hipertensão arterial, de diabetes
mellitus e de doenças renais. Essas ações devem ser organizadas
segundo o Plano Diretor de Regionalização (PDR) de cada unidade
federada e os princípios e diretrizes de universalidade, equidade,
regionalização, hierarquização e integralidade da atenção à
saúde. Para desempenhar as ações neste nível de atenção, o
gestor poderá instituir um Centro de Referência especializado em
hipertensão e diabetes, cuja regulamentação será definida em
portaria da Secretaria de Atenção à Saúde;
III. alta complexidade: garantir o acesso e assegurar a qualidade
do processo de diálise visando alcançar impacto positivo na
sobrevida, na morbidade e na qualidade de vida e garantir
equidade na entrada em lista de espera para transplante renal. A
assistência na alta complexidade se dará por meio dos Serviços
de Nefrologia e dos Centros de Referência em Nefrologia, cuja
regulamentação será definida em portaria da Secretaria de
Atenção à Saúde” (BRASIL, 2004b).
60
DICA
Para saber mais acerca da Política Nacional De Procedimentos Eletivos De
Média Complexidade, acesse: Portaria nº 486, de 31 de março de 2005 e
Portaria GM/MS nº 1.388, de 9 de junho de 2022
61
física, auditiva, visual e intelectual; como também às ajudas técnicas, órteses, próteses
e meios auxiliares de locomoção de que necessitem, complementando o trabalho de
reabilitação e as terapias (BRASIL, 2010b).
62
4.8 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO DE ALTA
COMPLEXIDADE EM TRAUMATO-ORTOPEDIA
Essa política foi instituída por meio da Portaria GM/MS nº 221/2005, que informa
que a Rede de Atenção de Alta Complexidade em Traumato-Ortopedia divide-se em:
Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Tráumato-Ortopedia; e Centros de
Referência de Alta Complexidade em Traumato-Ortopedia. Essas unidades deverão:
NOTA
Vale ainda destacar o § 1° da Portaria nº 90, de 27 de março de 2009:
“§ 1° Entende-se por Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Traumatologia e
Ortopedia o hospital geral ou especializado que possua condições técnicas, instalações fí-
sicas, equipamentos e recursos humanos capazes de prestar assistência em traumatologia
e ortopedia.
§ 2º Entende-se por Centro de Referência em Traumatologia e Ortopedia de Alta Com-
plexidade o hospital geral ou especializado em Traumatologia e Ortopedia, devidamente
credenciado e habilitado como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Trauma-
tologia e Ortopedia, que exerça o papel auxiliar, de caráter técnico, ao gestor do SUS na Po-
lítica de Atenção em Traumatologia e Ortopedia e possua também os seguintes atributos:
I- Ser hospital de ensino, certificado pelo Ministério da Saúde e Ministério da Educação,
de acordo com a Portaria Interministerial MEC/MS nº. 2.400, de 02 de outubro de 2007;
e oferecer Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia ou Educação Continuada
voltada às necessidades do SUS nas diferentes áreas da assistência em traumatologia e
ortopedia;
II- Ter estrutura de pesquisa e ensino organizada, com programas e protocolos clínicos,
técnicos e operacionais estabelecidos;
III- Subsidiar os Gestores Locais do SUS nas ações de regulação, controle, ava-
liação e auditoria na atenção em Traumatologia e Ortopedia, inclusive em
estudos de qualidade e de custo-efetividade; e
IV- Participar do desenvolvimento e capacitação profissional em parceria com
o gestor local do SUS.
Art. 2º As Unidades de Assistência e os Centros de Referência em Traumatolo-
gia e Ortopedia podem prestar atendimento nos serviços descritos a seguir:
a- Serviço de Traumatologia e Ortopedia.
b- Serviço de Traumatologia e Ortopedia Pediátrica (até 21 anos de idade).
c- Serviço de Traumatologia e Ortopedia de Urgência” (BRASIL, 2009b).
63
4.9 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS
A Política Nacional de Atenção às urgências passou por portarias precursoras
até ser realmente instituída, por meio da Portaria GM/MS nº 1863/2003, que organiza
as redes de atenção integral às urgências, com os seguintes componentes: Pré-
Hospitalar Fixo, Pré-Hospitalar Móvel, Hospitalar e Pós Hospitalar, definidas
pelos seguintes serviços:
DICA
Para saber mais acerca da Política Nacional de Atenção às urgências, aces-
se: https://bit.ly/3N9nuSx
64
DICA
Para saber mais acerca da Política Nacional De Atenção ao Portador de
Doença Neurológica, acesse: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2005/prt1161_07_07_2005.html
DICA
Para saber mais acerca da Política Nacional para Hospitais de Peque-
no Porte, acesse: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2004/
prt1044_01_06_2004.html
65
da atenção, por meio do estabelecimento de fluxos de referência e
contrarreferência; implementação, de forma efetiva, de modalidades
de atendimento que correspondam às necessidades da população
idosa, com abordagem multiprofissional e interdisciplinar, sempre
que possível; e contemplação de fluxos de retaguarda para a rede
hospitalar e demais especialidades, disponíveis no Sistema Único de
Saúde (BRASIL, 2011a, p. 116-117).
DICA
Para saber um pouco mais acerca da Política Nacional de Atenção Integral
à Saúde da Mulher – PAISM –, acesse: https://bit.ly/44a1wFc
66
I. Promover a mudança de paradigmas no que concerne à percepção
da população masculina em relação ao cuidado com a sua saúde
e a saúde de sua família; II captar precocemente a população
masculina nas atividades de prevenção primária relativa às doenças
cardiovasculares e cânceres, entre outros agravos recorrentes;
III. organizar, implantar, qualificar e humanizar, em todo o território
brasileiro, a atenção integral à saúde do homem; IV. fortalecer a
assistência básica no cuidado com o homem, facilitando e garantindo
o acesso e a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento dos
fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde; V. capacitar e
qualificar os profissionais da rede básica para o correto atendimento
à saúde do homem; VI. implantar e implementar a atenção à saúde
sexual e reprodutiva dos homens, incluindo as ações de planejamento
e assistência às disfunções sexuais e reprodutivas, com enfoque
na infertilidade; VII. ampliar e qualificar a atenção ao planejamento
reprodutivo masculino; VII. estimular a participação e a inclusão do
homem nas ações de planejamento de sua vida sexual e reprodutiva,
enfocando as ações educativas, inclusive no que toca à paternidade;
IX. garantir a oferta da contracepção cirúrgica voluntária masculina
nos termos da legislação específica; X. promover a prevenção e o
controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo
HIV; XI. garantir o acesso aos serviços especializados de atenção
secundária e terciária; XII. promover a atenção integral à saúde
do homem nas populações indígenas, negras, quilombolas, gays,
bissexuais, travestis, transexuais, trabalhadores rurais, homens com
deficiência, em situação de risco, e em situação carcerária, entre
outros; XIII. estimular a articulação das ações governamentais com
as da sociedade civil organizada, a fim de possibilitar o protagonismo
social na enunciação das reais condições de saúde da população
masculina, inclusive no tocante à ampla divulgação das medidas
preventivas; XIV. ampliar o acesso às informações sobre as medidas
preventivas contra os agravos e as enfermidades que atingem a
população masculina; XV. incluir o enfoque de gênero, orientação
sexual, identidade de gênero e condição étnico-racial nas ações
socioeducativas; XVI. estimular, na população masculina, o cuidado
com sua própria saúde, visando à realização de exames preventivos
regulares e à adoção de hábitos saudáveis; e XVII. aperfeiçoar
os sistemas de informação de maneira a possibilitar um melhor
monitoramento que permita tomadas de decisão (BRASIL, 2009c).
DICA
Para saber um pouco mais acerca da Política Nacional de Atenção Integral
à Saúde do Homem, acesse: https://bit.ly/3NbA8AE
67
tratamento, ou seja, o indivíduo deixa de realizar o tratamento em isolamento e passa a
ter convívio com a família e a comunidade (BRASIL, 2001).
DICA
Para saber um pouco mais acerca da Política Nacional de Saúde Mental,
acesse: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm
68
DICA
Para saber um pouco mais sobre a Política Nacional de Atenção Integral
em Genética Clínica, acesse: https://bit.ly/3NaLbKe.
DICA
Para saber um pouco mais sobre a Política Nacional De Oftalmologia, aces-
se: https://bit.ly/3LsysBv.
69
LEITURA
COMPLEMENTAR
O PAPEL DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE NO BRASIL:
LIMITES E POSSIBILIDADES NO ENFRENTAMENTO DA COVID-19
70
alerta, até a internação em unidades de terapia intensiva (UTI) e a reabilitação após a alta
hospitalar. A minimização dos riscos de infecção dos profissionais de saúde e demais
pacientes deve balizar a escolha das melhores estratégias de organização da rede para
atender a essas necessidades. Para reduzir a transmissão e limitar a mortalidade pela
COVID-19, o poder público deve criar condições para que indivíduos e famílias possam
sustentar o distanciamento social enquanto prepara seu sistema de saúde para o
enfrentamento da pandemia. No caso do Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve
se preparar para prover assistência ao crescente número de pacientes com a COVID-19;
manter a atenção aos demais agravos agudos e crônicos e garantir a segurança de
profissionais de saúde e pacientes durante o cuidado de saúde.
71
A descrição das necessidades assistenciais dos pacientes com COVID-19 torna
evidente que o papel direto da atenção primária à saúde (APS) na assistência aos
casos moderados e graves é bastante limitado. Ademais, o atendimento presencial aos
pacientes suspeitos de COVID-19 nas unidades básicas de saúde (UBS) deve ser evitado
sempre que possível porque, além de ter pouco impacto no curso da doença, implica
alto risco de infecção para os profissionais de saúde e demais usuários.
Se por um lado a APS tem capacidade reduzida para atuar sobre a letalidade
dos casos graves, uma APS forte, organizada e com pessoal qualificado e em número
adequado pode contribuir para diminuir a incidência da infecção na população adscrita,
com impacto direto na diminuição da morbimortalidade. Por meio do trabalho comunitário
pode atuar para a redução da disseminação da infecção, acompanhar os casos leves em
isolamento domiciliar, apoiar as comunidades durante o distanciamento social, identificar
e conduzir situações de vulnerabilidade individual ou coletiva e, principalmente, garantir
o acesso a cuidados de saúde e o necessário encaminhamento nas fases mais críticas
da epidemia. Dessa forma, a APS pode desempenhar um papel central na mitigação
dos efeitos da pandemia, mantendo e aprofundando todos os seus atributos, tais como
o acesso ao primeiro contato, a longitudinalidade, a integralidade e a coordenação do
cuidado e, em especial, a competência cultural e a orientação familiar e comunitária.
72
agudizações de doenças crônicas. A supressão dessas atividades por várias semanas
pode resultar em elevação da morbimortalidade por outras causas, ampliando os efeitos
da pandemia, como relatado nas situações em que se optou por um modelo assistencial
centrado apenas na atenção hospitalar.
Mesmo com todo o esforço para expandir o uso das teleconsultas, e ainda
que centrais telefônicas para o atendimento a casos suspeitos de COVID-19 sejam
priorizadas, uma parcela substancial da população do território continuará acessando
as UBS, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e emergências hospitalares. Por esse
motivo, os pacientes devem ser rastreados no primeiro ponto de contato com qualquer
serviço de saúde e todas as precauções para o controle de infecção devem ser ali
implementadas, de acordo com as recomendações vigentes, que incluem atendimento
em áreas externas, limitação do contato físico, modificações de fluxo, separação de
áreas de atendimento e espera, distanciamento, barreiras físicas, disponibilização e uso
racional de equipamentos de proteção individual (EPI), de acordo com a atividade e tipo
de contato realizado. Cabe lembrar ainda que, à medida que a epidemia avança, o risco
de infecção em unidades de saúde aumenta, mesmo quando se trata de pacientes sem
relato de sintomas respiratórios, pois casos de infecção assintomática e apresentações
atípicas passam a ser mais numerosos. Isso justifica a expansão do uso de EPI e de
medidas de controle de infecção para diversas situações e as áreas de atendimento.
73
não representem restrição total de acesso, mas possam ser substituídas por formas
mais seguras e custo-efetivas de atenção. Para implantar as mudanças necessárias ao
pleno funcionamento da APS no contexto da pandemia, investimentos em estruturas
como tendas para atendimento externo, veículos para apoiar a atenção domiciliar,
telefones celulares e internet de boa qualidade serão imprescindíveis, assim como o
acesso livre à internet para todos os usuários. A criação de polos de atenção à COVID-19,
destinados a atender os casos suspeitos, realizar o manejo inicial e facilitar as remoções
necessárias, é uma alternativa válida onde seja impossível adequar as UBS para realizar
essas atividades de forma segura. Não é possível dispensar, entretanto, a troca efetiva
de informações entre esses polos e as UBS, essencial para que estas possam manter
a vigilância e a coordenação do cuidado em suas respectivas áreas de abrangência.
Somente uma APS forte e conectada aos demais pontos de atenção, com maior atuação
comunitária e capacidade de coordenação, será capaz de minimizar os danos causados
pela pandemia e evitar a desassistência às condições crônicas e agudizações.
74
Desafios para o SUS no enfrentamento à pandemia
75
modelo de financiamento para a atenção básica 25, imposto pelo atual Governo Federal,
coloca em risco a universalidade do sistema. A despeito de que novos recursos possam
ser alocados para o SUS durante a pandemia, não podemos ignorar o impacto deletério
do crônico e histórico subfinanciamento do SUS sobre a saúde da população, que em
sua maioria depende exclusivamente deste sistema.
Fonte: DAUMAS R. P. et al. O papel da atenção primária na rede de atenção à saúde no Brasil: limites e possi-
bilidades no enfrentamento da COVID-19. Cadernos de Saúde Pública [online]. v. 36, n. 6 Disponível em:
https://www.scielosp.org/article/csp/2020.v36n6/e00104120/pt/# Acesso em: 12 abr. 2023.
76
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
77
AUTOATIVIDADE
1 Para identificar as necessidades da média e da alta complexidade, é sugerido que o
profissional de saúde realize o diagnóstico situacional do território. Após a identificação
dos problemas, é possível elaborar o Planejamento Estratégico Situacional, que
possui quatro fases. Sobre essas fases, assinale a alternativa CORRETA:
3 A Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal foi elaborada pela Por-
taria GM/MS nº 1168, de 15 de junho de 2004, que divide a política em componentes.
Considerando esses componentes e os seus objetivos, classifique V para as senten-
ças verdadeiras e F para as falsas:
78
( ) Atenção básica: realizar ações somente de caráter individual, voltadas para a
promoção da saúde e prevenção dos danos, bem como as ações clínicas para o
controle da hipertensão arterial, do diabetes mellitus e das doenças do rim que
possam ser realizadas neste nível.
( ) Média complexidade: realizar atenção diagnóstica e terapêutica especializada
garantida a partir do processo de referência e contrarreferência do portador de
hipertensão arterial, de diabetes mellitus e de doenças renais.
( ) Alta complexidade: garantir o acesso e assegurar a qualidade do processo de diálise
visando alcançar impacto positivo na sobrevida, na morbidade e na qualidade de
vida e garantir equidade na entrada em lista de espera para transplante renal.
a) ( ) F – V – V.
b) ( ) V – V – V.
c) ( ) F – F – V.
d) ( ) V – F – F.
79
REFERÊNCIAS
ABRAHÃO, A. L. Curso de Aperfeiçoamento em Gerência de Unidades Básicas de
Saúde, Gestão da Clínica e do Cuidado. Niterói: CEAD-UFF, 2016.
ANVISA. Resolução RDC Nº 504, de 27 de maio de 2021. Dispõe sobre as Boas Prá-
ticas para o transporte de material biológico humano. 2021. Disponível em: https://bit.
ly/40Csan3. Acesso em: 12 abr. 2023.
BERTOLLI FILHO, C. História da saúde pública no Brasil. São Paulo, Ática; 2011.
BRASIL. Lei no 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental. Brasília, 2001. Disponível em: https://bit.ly/3V1LqsU. Acesso em: 20 fev. 2023.
80
BRASIL. Portaria nº 1.044, de 01 de junho de 2004. Brasília, 2004c. Disponível em:
https://bit.ly/41zbmi6. Acesso em: 19 fev. 2023.
81
BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica: Diretrizes do NASF.
Brasília, 2009d. Disponível em: https://bit.ly/3mWNtlB. Acesso em: 12 abr. 2023.
82
BRASIL. Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013. Institui o Programa Mais Médicos,
altera as Leis nº 8.745, de 9 de dezembro de 1993, e nº 6.932, de 7 de julho de 1981, e
dá outras providências. Brasília, 2013b. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12871.htm. Acesso em: 12 abr. 2023.
BRASIL. Portaria nº 1029 de maio de 2014. Amplia o rol das categorias profissionais
que podem compor as Equipes de Consultório na Rua em suas diferentes modalidades
e dá outras providências. Brasília, 2014d. Disponível em: https://bit.ly/3LppIfb. Acesso
em: 12 abr. 2023.
83
BRASIL. Manual instrutivo para as equipes de atenção básica e NASF. Programa
Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Brasília,
2017b. Disponível em: https://bit.ly/3UZhzBr. Acesso em: 12 abr. 2023.
84
BUSATO, I.M.S. Planejamento Estratégico em Saúde. Curitiba: Editora Intersaberes, 2017.
85
MATTOS, R. Os sentidos da integralidade: algumas reflexões acerca de valores
que merecem ser defendidos. In: PINHEIRO, R. & MATTOS, R. (Orgs.) Os Sentidos da
Integralidade na Atenção e no Cuidado em Saúde. 4.ed. Rio de Janeiro: Cepesc/IMS/
Uerj/Abrasco, 2009. Disponível em: bit.ly/3sKCN7s. Acesso em: 12 mar. 2023.
RIO DE JANEIRO. Secretaria Estadual de Saúde (SES). TelessaúdeRJ lança guia para
otimizar encaminhamentos da Atenção Primária. Rio de Janeiro, 2020. Disponível
em: https://bit.ly/41xTgNf. Acesso em: 12 mar. 2023.
86
STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, servi-
ços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002. 726p.
VIEIRA, L. M. V; PAIM, J. S.; SCHRAIBER, L. B. O que é Saúde Coletiva. In: PAIM, J. S.; ALMEI-
DA-FILHO, N. Saúde Coletiva: teoria e prática. Rio de Janeiro: MedBook, 2014. p.3-12.
87
88
UNIDADE 2 —
ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
89
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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90
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
ASPECTOS CONCEITUAIS DA ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
Apesar das notáveis iniquidades em relação à distribuição de riquezas, os
serviços de saúde podem participar para a melhora da saúde, porém, a nível global, os
recursos utilizados para tal não se associam a melhores níveis de saúde. Na teoria, é
exigido que o sistema de saúde tenha forte orientação referente à APS, ao contemplar,
assim, princípios de efetividade e equidade, com foco na saúde das pessoas nos âmbitos
social e físico, nos quais vivem e trabalham, não apenas, na enfermidade individual.
Entretanto, a pergunta que fica é: “como podemos obter a equidade nas unidades de
atenção primária?” A equidade é atingida através da oferta de atenção no nível mais
apropriado, com o consentimento de recursos que podem ser utilizados para a redução
de desigualdades na saúde entre as diferentes secções mais e menos necessitadas da
população (STARFIELD, 2002).
91
Os níveis de atenção à saúde se estruturam por arranjos produti-
vos conformados segundo as densidades tecnológicas singulares,
variando do nível de menor densidade, a Atenção Primária à Saúde
(APS); ao de densidade tecnológica intermediária, a Atenção Secun-
dária à Saúde; até o de maior densidade tecnológica, a Atenção Ter-
ciária à Saúde (MENDES, 2011, p. 78).
92
Conforme o passar dos anos, e observada a necessidade de ajustes para a
definição de APS, em 2018, ocorreu a Conferência Mundial sobre Atenção Primária à
Saúde em Alma-Ata, para uma cobertura sanitária universal. Ela estabeleceu que a APS
deve priorizar a saúde e o bem-estar das pessoas, além, promover, proteger e ofertar
serviços de saúde de qualidade, seguros, integrais, acessíveis, disponíveis para todos, e
em todos os lugares.
Atributo Descrição
Porta de entrada do sistema de saúde, procurado regularmente, a
cada vez que o paciente precisa de atenção em caso de adoecimen-
to, ou de acompanhamento rotineiro de saúde. Para a constituição
de um serviço como porta de entrada do sistema de saúde, o pri-
Serviço de
meiro requisito é que seja acessível à população, com a eliminação
primeiro contato
de barreiras financeiras, geográficas, organizacionais e culturais, o
que possibilita a utilização, por parte dos usuários, a cada novo epi-
sódio. Outro requisito é a exigência de encaminhamento, por profis-
sionais da atenção primária, para acesso à atenção especializada.
93
A assunção de responsabilidade longitudinal pelo paciente marca
presença, com a continuidade da relação profissional/equipe/
Longitudinalidade
unidade de saúde/paciente ao longo da vida, independentemente
da ausência ou da presença de alguma doença.
O reconhecimento, pela equipe de saúde, de um amplo espectro
de necessidades é fundamental, considerados os âmbitos orgâni-
Abrangência ou
cos, psíquicos e sociais da saúde, dentro dos limites de atuação do
integralidade
pessoal de saúde. Requer a oferta de serviços preventivos e curati-
vos e a garantia de todos os tipos de serviços para as faixas etárias.
A capacidade está em garantir a continuidade da atenção (atenção
ininterrupta) no interior da rede de serviços. Para o exercício da
Coordenação do
coordenação por uma equipe de APS, são necessários tecnologias
cuidado
de gestão clínica, mecanismos adequados de comunicação entre
profissionais e registro adequado de informações.
O conhecimento das necessidades de saúde da população
adscrita se insere aqui em razão dos contextos econômico e social
Orientação para a
nos quais vive. Conhecimento da distribuição de problemas de
comunidade
saúde e de recursos disponíveis na comunidade. Participação da
comunidade em decisões relacionadas à saúde.
Consideração do contexto e da dinâmica familiar é importante
Centralidade na
para uma avaliação de resposta a necessidades de cada membro.
família
Conhecimento dos membros e dos problemas de saúde deles.
Reconhecimento de diferentes necessidades de grupos popula-
Competência
cionais é inserido, com características étnicas, raciais e culturais, e
cultural
entendidas as representações dos processos saúde-enfermidade.
Fonte: Starfield (2002), Almeida e Macinko (2006) apud Giovanella e Mendonça (2012, p. 505-506)
A APS, no SUS, conta com a Estratégia de Saúde da Família (ESF) nas Unidades
Básicas de Saúde (UBS), um programa criado pelo Governo Federal em 1994, quando,
ainda, era chamado de Programa de Saúde da Família (PSF). Essa iniciativa buscou
reorganizar a Atenção Básica no Brasil, de modo a expandir, qualificar e consolidar essa
área da saúde. Algumas das ênfases/características são citadas por Guedes, Santos e
Di Lorenzo (2011):
94
Figura 1 – Atendimento na atenção primária
• Papel dos profissionais: na condição aguda, os papéis dos profissionais são, apenas,
os de selecionar e prescrever o tratamento; na condição crônica, a busca é pela
educação em saúde, com pessoas usuárias da APS.
95
• Natureza das intervenções: em uma condição aguda, elas são centradas, somente,
no cuidado profissional; já na condição crônica, são direcionadas ao cuidado
multiprofissional e ao autocuidado.
• Conhecimento e ação clínica: são concentrados no profissional médico em uma
condição aguda; e, em contrapartida, na condição crônica, são compartilhados por
uma equipe multiprofissional e por usuários.
• Sistema de atenção à saúde: é reativo e fragmentado em condições agudas e
proativo e integrado em condições crônicas.
96
de modo reativo e episódico, porém, integrado, com um tempo de resposta oportuno
do sistema de atenção à saúde. São exemplos de condições agudas: gripe, influenza,
dengue, doenças inflamatórias e infecciosas (como apendicites e amigdalites), causas
externas (a exemplo de traumas) e condições gerais e inespecíficas que se manifestam
de forma aguda (febre e dor generalizada, no caso) (MENDES, 2012).
• Australasian Triage Scale (ATS): pioneiro, modelo australiano que utiliza tempo de
espera, conforme a gravidade.
• Canadian Triage Acuity Scale (CTAS): modelo canadense, semelhante ao modelo
supracitado, porém, mais complexo.
• Emergency Severity Index (ESI): modelo americano que trabalha com, somente,
um algoritmo, e que foca, prioritariamente, na necessidade de recursos para
atendimento.
• Model Andorrà Del Triangle (MAT): modelo de Andorra, baseado em sintomas
discriminantes e algoritmos, mas é de uso complexo e oneroso.
97
• Sistema Manchester: operação com algoritmos e determinantes, associados ao
tempo de espera e simbolizados por cores, com uso em vários países da Europa.
IMPORTANTE
O sistema Manchester é um protocolo de triagem utilizado,
principalmente, em serviços de urgência e emergência, porém, também,
marca presença na APS.
A classificação de prioridade, definida pelo sistema Manchester, é fun-
damental para garantir que os pacientes mais graves sejam atendidos
rapidamente e recebam o tratamento adequado.
98
a partir da definição desse risco, sejam estabelecidos um tempo-resposta e um local
adequado para a realização do atendimento, seja um hospital, uma Unidade de Pronto
Atendimento (UPA), ou uma APS (MACKWAY-JONES et al., 2010).
Ao contrário das condições agudas, nas quais, em geral, pode-se esperar uma
recuperação adequada, as crônicas ocasionam mais sintomas e a perda da capacidade
funcional, sendo que cada sintoma pode levar a outros, assim, gerar um ciclo vicioso,
por exemplo, uma condição crônica de tensão muscular que faz um sujeito sentir dor,
estresse e ansiedade, com problemas emocionais que levam à depressão, além da
fadiga, que realimenta essa condição (LORIG et al., 2006).
99
cas, autopercebidos pelas pessoas, através da atenção à demanda
espontânea, principalmente, em Unidades de Pronto Atendimento
ou de internações hospitalares de urgência, ou emergência (BRASIL,
2010, p. 13).
Cabe, ainda, ressaltar que outro fator importante para a inclusão de cuidados às
condições crônicas, na APS, é a realização de um monitoramento padronizado e regular,
para que os usuários sigam sendo atendidos mesmo após deixar a unidade de saúde,
por isso, os profissionais devem receber uma educação permanente para se manter
atualizados com novas evidências, além de serem envolvidos especialistas que deem
suporte às equipes de APS, a fim de ofertar o cuidado para os usuários com condições
crônicas de maior risco, ou complexidade (WAGNER, 2002).
100
2.3.2 Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MAAC)
O MAAC é uma proposta do pesquisador Eugênio Vilaça Mendes (2012) para o
SUS que incorpora e acrescenta lógicas e elementos de três outros modelos de atenção
à saúde: Modelo da Determinação Social da Saúde, Modelo da Atenção Crônica (Chronic
Care Model) e Modelo da Pirâmide de Riscos.
Figura 2 – MAAC
O nível 1 do MACC opera com a população total de uma RAS, focada nos
determinantes sociais intermediários (macrodeterminantes), nas condições de vida e
de trabalho (melhoria habitacional, geração de emprego e renda, acesso ao saneamento
básico), no acesso aos serviços essenciais (educação, infraestrutura urbana) e nas
redes sociais e comunitárias. Nesse nível, são propostas intervenções para a promoção
da saúde para a população total, através de ações intersetoriais (MENDES, 2012).
101
Algumas iniciativas do governo, como os programas “Saúde na Escola” e
“Academia da Saúde”, têm a finalidade de incentivar ações concretas para determinantes
sociais da saúde e prevenção de doenças crônicas. Esses programas são realidade em
municípios brasileiros e, portanto, já constituem parte da Rede de Cuidado às Pessoas
com Doenças Crônicas (BRASIL, 2022).
DICA
Assista ao vídeo a seguir, a respeito de como funciona a Rede de Aten-
ção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas: https://www.youtube.
com/watch?v=od052E9hFcc.
102
O MAAC é uma proposta do pesquisador Eugênio Vilaça Mendes (2012) para
o SUS, a qual incorpora e acrescenta lógicas e elementos de três outros modelos de
atenção à saúde: Modelo da Determinação Social da Saúde, Modelo da Atenção Crônica
e Modelo da Pirâmide de Riscos.
NOTA
O Ministério da Saúde define educação em saúde como um processo
educativo de construção de conhecimentos em saúde que objetiva a
apropriação temática pela população. Um conjunto de práticas do setor
que contribui para aumentar a autonomia das pessoas para o cuidado
e o debate com os profissionais e os gestores, a fim de alcançar uma
atenção de saúde de acordo com necessidades (BRASIL, 2012).
103
prevenção de doenças e a promoção da saúde ora são entendidas de forma análoga,
trabalhando juntas; ora antagônicas; e, em outros momentos, como complementares
(BORGES; JESUS; SCHNEIDER, 2018).
104
DICA
Assista ao vídeo a seguir, que aborda a educação em saúde na APS:
https://bit.ly/3oIu0FS Acesso em: 20 mar. 2023.
105
Leavell e Clark, em 1965, propuseram um modelo no qual é possível diferenciar a
promoção da saúde da prevenção de doenças, considerados os objetivos da promoção
e os níveis de prevenção. Nesse modelo, a promoção da saúde é uma ação de prevenção
primária (CLARK; LEAVELL, 1965).
Couto et al. (2016) refletem que, a partir do momento em que a Atenção Básica
não realiza as ações de educação em saúde, há uma descontinuidade da promoção à
saúde e da prevenção de doenças, o que parece contribuir para o aumento da procura
por um hospital. Destaca-se, ainda, que a promoção da saúde e a prevenção de doenças
devem privilegiar ações que tratam da saúde como um recurso para a vida, não somente,
contemplar a abordagem focada na patologia (CARNEIRO et al., 2012).
106
Para Alves e Aerts (2011), a linguagem a ser utilizada em atividades educativas
precisa ser simples e de fácil compreensão, para que o usuário consiga assimilar as
informações a serem repassadas, pois, caso contrário, a falta de entendimento de um
assunto abordado pode trazer riscos à saúde. Justamente, nesse momento, a troca
de experiências, informações, crenças e valores deve ser valorizada, pois favorece a
interação social e viabiliza a saúde do usuário.
DICA
Leia o artigo de Rios (2009) na íntegra para aprofundar os seus estudos
de cada um dos pontos citados: https://www.scielo.br/j/rbem/a/LwsQg-
gyXBqqf8tW6nLd9N6v/?lang=pt.
107
A seguir, será descrita uma política pública que foi firmada para a consolidação
dessas ações no SUS.
• Rodas de conversa.
• Incentivo a redes e movimentos sociais.
• Gestão de conflitos gerados pela inclusão de diferenças (BRASIL, 2013c).
IMPORTANTE
“Humanizar o SUS requer estratégias que são construídas entre trabalha-
dores, usuários e gestores dos serviços de saúde” (BRASIL, 2013c, p. 5).
108
Quadro 3 – Diretrizes da PNH
Diretriz Descrição
Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular
necessidade de saúde. O acolhimento deve comparecer e sustentar
a relação entre equipes/serviços e usuários/populações. Com uma
Acolhimento escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores às necessidades
do usuário, é possível garantir o acesso oportuno desses usuários
a tecnologias adequadas às suas necessidades, ampliando a
efetividade das práticas de saúde.
Cogestão expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nos processos
Gestão de análise e decisão quanto a ampliação das tarefas da gestão -
Participativa e que se transforma também em espaço de realização de análise dos
cogestão contextos, da política em geral e da saúde em particular, em lugar
de formulação e de pactuação de tarefas e de aprendizado coletivo.
Criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, que respeitem
Ambiência a privacidade, propiciem mudanças no processo de trabalho e sejam
lugares de encontro entre as pessoas.
A clínica ampliada é uma ferramenta teórica e prática cuja
finalidade é contribuir para uma abordagem clínica do adoecimento
Clínica
e do sofrimento, que considere a singularidade do sujeito e a
Ampliada e
complexidade do processo saúde/doença. Permite o enfrentamento
Compartilhada
da fragmentação do conhecimento e das ações de saúde e seus
respectivos danos e ineficácia.
É importante dar visibilidade à experiência dos trabalhadores e
Valorização do
incluí-los na tomada de decisão, apostando na sua capacidade de
Trabalhador
analisar, definir e qualificar os processos de trabalho.
Os usuários de saúde possuem direitos garantidos por lei e os
Defesa dos
serviços de saúde devem incentivar o conhecimento desses direitos
Direitos dos
e assegurar que eles sejam cumpridos em todas as fases do cuidado,
Usuários
desde a recepção até a alta.
Fonte: BRASIL (2013c p.7-13)
Para que essas inovações que a PNH trouxe sejam seguidas, é de suma
importância que os serviços de saúde não mantenham a padronização de condutas
e o fazer técnico como forma de organização dos serviços, ao invés do acolhimento
e da visão de um cuidado integral do ser humano. O desafio inicia na formação dos
profissionais, para que entendam como articular eficiência técnica e rigor científico com
uma postura ética e que respeite a singularidade de cada um (BARBOSA et al., 2013).
109
DICA
Assista ao vídeo do canal Conexão SUS, a respeito da PNH: https://www.
youtube.com/watch?v=Oms5l_iduQE.
110
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
111
AUTOATIVIDADE
1 A APS é o centro da RAS, considerada porta de entrada para os outros serviços
de saúde. É fundamental para que os princípios de efetividade e equidade sejam
alcançados, focados na saúde integral das pessoas. De acordo com as características
apresentadas sobre a APS, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Como a APS é o primeiro contato dos usuários com o serviço de saúde, as equipes
de ESF foram criadas principalmente para o cuidado das condições de saúde
agudas da população.
b) ( ) As Unidades Básicas de Saúde possuem tecnologias de média complexidade, a
realização de consultas e procedimentos resolvem a maioria dos problemas de
saúde da população.
c) ( ) As evidências indicam que é fundamental que a RAS opere com relações
hierárquicas entre pontos de atenção, dessa forma, o atendimento termina na AP
quando o usuário é encaminhado para a atenção especializada.
d) ( ) Para obter resultados positivos ao longo do tempo, o cuidado na APS é focado
na pessoa e na família. As equipes de ESF mantêm vínculo longitudinal com
os usuários, sendo essa uma estratégia potente para o cuidado integral da
população.
2 O SUS defende que a atenção à saúde seja oferecida à população nas dimensões de
prevenção, promoção e tratamento, dessa forma, integrando o conceito da OMS de
que o processo saúde-doença depende de questões biopsicossociais, e não somente
da ausência de patologias. Sobre os serviços de prevenção e promoção de saúde,
analise as sentenças a seguir:
112
3 As equipes de ESF são multidisciplinares e possuem a responsabilidade de
desenvolverem atividades de educação em saúde, que ampliem práticas de hábitos
saudáveis para a população adstrita. Sobre a educação em saúde, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
113
114
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
ASPECTOS CONCEITUAIS DA ATENÇÃO
SECUNDÁRIA À SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
A APS, sozinha, não é suficiente para sanar todos os problemas de saúde da
população. Ela conta com o apoio e o complemento de serviços de outros níveis de
atenção, denominados de “secundário e terciário”, elementos que dividem a Atenção
Especializada (AE). No tema de aprendizagem 2, discutiremos a respeito da atenção
secundária e de pontos ligados a ela, como atenção às urgências e emergências, que
integram as UPAS e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Podemos citar, também, a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas, formada pelas atenções básica e secundária, cada uma com competências
para a organização desse tipo de cuidado. A contrarreferência da atenção secundária,
para a APS, é uma prática importante nesses casos.
115
NOTA
Os principais grupos de serviço dos apoios diagnóstico e terapêutico são:
patologia clínica, anatomopatologia, citopatologia, radiodiagnóstico, exames
ultrassonográficos, diagnose, órtese/prótese, terapias especializadas e fisio-
terapia (MENDES, 2001 apud SOLLA; CHIORO, 2012).
116
Esses níveis possuem diferentes densidades tecnológicas entre si para a
realização de serviços de saúde. Especificamente, nos pontos de atenção secundária
de uma RAS, “durante todo o tempo, são estabelecidas linhas-guia de condução do
atendimento, construídas com base em evidências e protocolos clínicos que normalizam,
em detalhes, toda a carteira de serviços ofertada” (GONÇALVES, 2014, p. 112).
Valderas et al. (2009) apud Carmo (2017) afirmam que a atenção responsabilizada
é responsável por condições que não seriam possíveis de serem atendidas na APS, como
médicos especialistas e um maior nível de conhecimento técnico, ou equipamento
especializado. Entretanto, enfatizam que há uma certa indefinição de práticas, de fato,
desempenhadas pela AE, ao contrário das funções da atenção primária, que estariam
bem estabelecidas e, amplamente, aceitas. Com relação a essa discussão, afirma-se
que a formulação de propostas e diretrizes do Ministério da Saúde, para a AE, reflete a
fragmentação evidenciada pelas proposições de organização do cuidado por patologias,
ou seja, o trabalho isolado e fragmentado dos especialistas nesse âmbito. Faz-se um
apanhado das políticas publicadas para as atenções primária e especializada, e se
reflete que, para a segunda, elas estão muito mais ligadas a estabelecer fluxos e a
indicar a responsabilidade de cada ente federado e para os “níveis de atenção”, mas não
se abrem para propor dinâmicas efetivas para uma articulação dos serviços e, menos
ainda, dos trabalhadores, com o esgotamento em uma enunciação formal.
117
DICA
Para aprofundar os seus conhecimentos a respeito da atenção especializa-
da, assista ao vídeo a seguir, do canal oficial do Conselho Nacional de Secre-
tarias Municipais de Saúde (CONASEMS): https://www.youtube.com/watch?-
v=wiZokX4F9lA.
NOTA
A terminologia infecções, sexualmente, transmissíveis passou a ser ado-
tada em substituição à expressão Doenças, Sexualmente, Transmissíveis
(DST), porque destaca as possibilidades de uma pessoa ter e transmitir
uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas (BRASIL, 2023).
118
Existem vários tipos de infecções, e elas são causadas por diferentes agentes
patológicos. Seguem alguns dos mais conhecidos:
Sífilis
Gonorreia
Cancroide
Infecções sexualmente
Linfogranuloma venéreo
transmissíveis bacterianas.
Granuloma inguinal
Infecções por clamídia, micoplasma e
ureaplasma
Verrugas genitais e anorretais
Infecções sexualmente Herpes genital
transmissíveis virais. Molusco contagioso
Infecção pelo HIV
Tricomoníase (causada por protozoários)
Infecções parasitárias que podem
Escabiose (causada por ácaros)
ser sexualmente transmissíveis
Pediculose pubiana (causada por piolhos)
Muitas outras infecções, a princípio Salmonelose, shigelose, campilobacteriose,
não consideradas infecções amebíase, candidíase, giardíase, hepatites (A,
sexualmente transmissíveis, podem B e C), infecção pelo vírus da zica, e infecção
ser transmitidas sexualmente. por citomegalovírus.
Fonte: Morris (2020, p. 1)
Para a prevenção, o “sexo seguro” é indicado, termo que vai além do uso de
preservativos, assim, outras medidas de prevenção são importantes, como:
A fase seguinte (infecção assintomática) está apta a durar anos, até o apareci-
mento de infecções oportunistas (tuberculose, neurotoxoplasmose, neurocriptococose)
e algumas neoplasias (linfomas não Hodgkin e sarcoma de Kaposi). A presença desses
eventos determina a síndrome da imunodeficiência adquirida – AIDS.
120
3.2 SÍFILIS
A sífilis é uma infecção curável, causada pela bactéria Treponema pallidum.
Tem diferentes estágios e manifestações clínicas, e os sintomas dependem do estágio,
como exemplificará o quadro a seguir:
Estágio Sintomas
Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis,
vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele),
Sífilis primária
que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa ferida
desaparece sozinha, independentemente de tratamento.
Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses
do aparecimento e cicatrização da ferida inicial; Podem surgir
manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas
Sífilis secundária das mãos e plantas dos pés. Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de
cabeça, ínguas pelo corpo; As manchas desaparecem em algumas
semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa
impressão de cura;
Sífilis latente (fase Não aparecem sinais ou sintomas; É dividida em: latente recente (até
assintomática) um ano de infecção) e latente tardia (mais de um ano de infecção).
Pode surgir entre 1 e 40 anos após o início da infecção; Costuma
apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas,
Sífilis terciária
ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.
Fonte: Brasil (2023b, p. 1)
121
NOTA
Atualmente, são identificados mais de 200 tipos de HPV, sendo que, deles,
aproximadamente, 40 tipos acometem o trato anogenital.
122
Figura 4 – Herpes na boca
3.5 TRICOMONÍASE
Essa infecção é causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, encontrado,
mais frequentemente, na genitália feminina, porém, também, pode afetar a uretra.
Dentre os sinais e sintomas, podemos destacar:
Ações educativas de infecções em escolas são importantes para que elas sejam
prevenidas. A desinformação é aliada da criação de estigmas.
123
4 ASPECTOS GERAIS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
O termo urgência é relacionado a quadros de saúde nos quais o paciente
necessita de atendimento o mais rápido possível. Mesmo quando não há risco de morte,
o pronto atendimento pode evitar que a pessoa sofra complicações e auxiliar para que
ocorra a melhora dos sintomas mais rapidamente. Já a emergência é caracterizada pelo
risco de morte eminente. Nesse caso, deve ser atendido por uma equipe em um local no
qual existam recursos médicos para suporte de vida.
124
A humanização, em atendimentos de urgência e emergência, é fundamental,
assim, “o enfermeiro pode assumir o protagonismo na efetivação da PNH, por meio
do gerenciamento de casos, responsabilizando-se pela ordenação, direcionamento e
integração de todos os pontos das redes de atenção” (SOUSA et al., 2019, p. 8). Além
disso, a atuação do profissional de enfermagem, nesses contextos, é importante, pois
realiza o primeiro contato com o paciente e o acompanha até a alta, ou transferência
(SILVA; INVENÇÃO, 2018).
DICA
Para saber mais a respeito da humanização em serviços de urgência e
emergência, leia o seguinte artigo: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/PX7vJw-
FyrRTsVm3jgMk8rRN/?format=pdf&lang=pt.
125
Quadro 6 – Componentes de atenção às urgências e objetivos
Componente Objetivo
Tem por objetivo estimular e fomentar o desenvolvimento
de ações de saúde e educação permanente voltadas para
a vigilância e prevenção das violências e acidentes, das
Promoção, Prevenção e
lesões e mortes no trânsito e das doenças crônicas não
Vigilância em Saúde.
transmissíveis, além de ações intersetoriais, de participação
e mobilização da sociedade visando a promoção da saúde,
prevenção de agravos e vigilância à saúde.
tem por objetivo a ampliação do acesso, fortalecimento
do vínculo e responsabilização e o primeiro cuidado às
Atenção Básica. urgências e emergências, em ambiente adequado, até a
transferência/encaminhamento a outros pontos de atenção,
quando necessário, com a implantação de acolhimento com
avaliação de riscos e vulnerabilidades.
tem como objetivo chegar precocemente à vítima após
Serviço de Atendimento ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica,
Móvel de Urgência cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátricas, psiquiátricas,
(SAMU 192) e suas entre outras) que possa levar a sofrimento, sequelas ou
Centrais de Regulação mesmo à morte, sendo necessário, garantir atendimento e/ou
Médica das Urgências; transporte adequado para um serviço de saúde devidamente
hierarquizado e integrado ao SUS.
deverá ser ambiente para estabilização de pacientes críticos
e/ou graves, com condições de garantir a assistência 24
Sala de Estabilização. horas, vinculado a um equipamento de saúde, articulado
e conectado aos outros níveis de atenção, para posterior
encaminhamento à rede de atenção à saúde pela central de
regulação das urgências.
objetiva aglutinar esforços para garantir a integralidade na
assistência em situações de risco ou emergenciais para
Força Nacional do SUS. populações com vulnerabilidades específicas e/ou em
regiões de difícil acesso, pautando-se pela equidade na
atenção, considerando-se seus riscos.
Está assim constituído:
I - a Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24 h) é o
estabelecimento de saúde de complexidade intermediária
Unidades de Pronto entre as Unidades Básicas de Saúde/Saúde da Família e
Atendimento (UPA a Rede Hospitalar, devendo com estas compor uma rede
24h) e o conjunto de organizada de atenção às urgências; e
serviços de urgência 24 II - as Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24 h) e o con-
horas; junto de Serviços de Urgência 24 Horas não hospitalares
devem prestar atendimento resolutivo e qualificado aos pa-
cientes acometidos por quadros agudos ou agudizados de
natureza clínica e prestar primeiro atendimento aos casos de
126
natureza cirúrgica ou de trauma, estabilizando os pacientes
e realizando a investigação diagnóstica inicial, definindo, em
todos os casos, a necessidade ou não, de encaminhamento
a serviços hospitalares de maior complexidade.
será constituído pelas Portas Hospitalares de Urgência,
pelas enfermarias de retaguarda, pelos leitos de cuidados
Hospitalar.
intensivos, pelos serviços de diagnóstico por imagem e de
laboratório e pelas linhas de cuidados prioritárias.
É compreendido como o conjunto de ações integradas e
articuladas de promoção à saúde, prevenção e tratamento
de doenças e reabilitação, que ocorrem no domicílio,
Atenção Domiciliar constituindo-se nova modalidade de atenção à saúde que
acontece no território e reorganiza o processo de trabalho
das equipes, que realizam o cuidado domiciliar na atenção
primária, ambulatorial e hospitalar.
Fonte: Brasil (2011, p. 1)
127
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Para a prevenção de infecções, o “sexo seguro” é indicado, termo que vai além do
uso de preservativos. Outras medidas de prevenção são importantes também.
128
AUTOATIVIDADE
1 A AS, também chamada de “média complexidade” possui densidade tecnológica
intermediária, sendo formada por serviços especializados em nível ambulatorial e
hospitalar. A AE (que contempla a atenção secundária e terciária) são responsáveis
pelas condições que não seriam possíveis de serem atendidas na APS. Sobre as
características da AE, assinale a alternativa CORRETA:
129
3 As IST são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos, sua transmissão
ocorre principalmente por intermédio do contato sexual (oral, vaginal, anal) quando
acontece sem uso de camisinha e com uma pessoa infectada. De acordo com as
características das IST, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
5 HIV é a sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana. Este vírus pode
levar à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). A infecção envolve diversas
fases, a duração de cada uma depende da resposta imunológica e da carga viral da
pessoa infectada. Disserte sobre essas fases e a orientação adequada em ações de
prevenção e para pacientes já diagnosticados.
130
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
A vigilância em saúde é fundamental para o cuidado da saúde da população.
Continuamente, as ações de vigilância coletam, analisam dados e disseminam
informações sobre fenômenos relacionados à saúde. Além disso, tem papel importante
no planejamento e na prática de ações visando à saúde pública (BRASIL, 2008). No
Tema de Aprendizagem 3, abordaremos a vigilância em saúde, suas diferentes áreas e
sua relação com a Atenção Básica.
131
A PNVS integra os saberes, processos e práticas relacionados à vigilância epi-
demiológica, vigilância em saúde ambiental, vigilância em saúde do trabalhador e vigi-
lância sanitária (BRASIL, 2008). O Quadro 7, a seguir, descreve cada uma dessas áreas.
132
NOTA
População adscrita: população que está presente no território da UBS, de
forma a estimular o desenvolvimento de relações de vínculo e responsa-
bilização entre as equipes e a população, garantindo a continuidade das
ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado e com o objetivo de ser
referência para o seu cuidado (BRASIL, 2017).
A partir dessa divisão, o modelo clínico será diferenciado por estratos de risco,
ou seja, pessoas com condições mais simples – pessoas com condições complexas e
pessoas com condições altamente complexas serão tratadas por modelos diferentes.
133
sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), os DSS são “os fatores sociais,
econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam
a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população”.
DICA
Para aprofundar seus estudos neste tema, leia o documento a seguir, que
descreve diretrizes para a integração entre AB e a Vigilância em saúde: ht-
tps://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/3317.pdf.
134
Podemos refletir a partir dessas informações que a territorialização é o alicerce
do trabalho das equipes na AB para a prática da vigilância em saúde. Nesse âmbito, o
território é visto a partir da perspectiva dos DSS, como local onde as pessoas vivem,
estabelecem relações, trabalham etc. e não somente um espaço geográfico.
Tipo de notificação
Descrição
compulsória
Notificação compulsória realizada em até 24 (vinte e quatro)
Notificação horas, a partir do conhecimento da ocorrência de doença,
compulsória imediata agravo ou evento de saúde pública, pelo meio de comunicação
mais rápido disponível.
Notificação Notificação compulsória realizada em até 7 (sete) dias, a partir
compulsória semanal do conhecimento da ocorrência de doença ou agravo.
Comunicação semanal realizada pelo responsável pelo
estabelecimento de saúde à autoridade de saúde, informando
Notificação
que na semana epidemiológica não foi identificado nenhuma
compulsória negativa
doença, agravo ou evento de saúde pública constante da
Lista de Notificação Compulsória.
Modelo de vigilância realizada a partir de estabelecimento de
saúde estratégico para a vigilância de morbidade, mortalidade
Vigilância sentinela ou agentes etiológicos de interesse para a saúde pública, com
participação facultativa, segundo norma técnica específica es-
tabelecida pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS).
Fonte: o autor
O Quadro 9 lista toda doença ou agravo e eventos de saúde pública que estão na
lista nacional de notificação compulsória, de acordo com a periodicidade da notificação.
Elas devem ser realizadas para o Ministério da Saúde, a gestão de Saúde, Meio ambiente
e Segurança e/ou para a Secretaria de Estado da Saúde, a depender de cada situação
(BRASIL, 2022c).
135
Quadro 9 – Lista nacional de notificação compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública
Tipo de notificação
Doenças, agravos e eventos de saúde pública
compulsória
Acidente de trabalho: grave, fatal e em crianças e adolescentes.
Acidente por animal peçonhento. Acidente por animal poten-
cialmente transmissor da raiva. Botulismo. Cólera. Coqueluche.
Dengue – Óbitos. Difteria. Doença Invasiva por "Haemophilus
Influenza”. Doença Meningocócica e outras meningites. Doen-
ças com suspeita de disseminação intencional: a. Antraz pneu-
mônico; b. Tularemia; c. Varíola. Doenças febris hemorrágicas
emergentes/reemergentes: a. Arenavírus; b. Ebola; c. Marburgd;
Lassa; e. Febre purpúrica brasileira. Doença aguda pelo vírus
Zika em gestante. Óbito com suspeita de doença pelo vírus Zika.
Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ameaça à saú-
Notificação
de pública. Eventos adversos graves ou óbitos pós vacinação.
compulsória
Febre Amarela. Febre de Chikungunya em áreas sem transmis-
imediata
são. Óbito com suspeita de Febre de Chikungunya. Febre do
Nilo Ocidental e outras arboviroses de importância em saúde
pública. Febre Tifoide. Hantavirose. Influenza humana produzi-
da por novo subtipo viral. Leptospirose. Malária na região extra-
-amazônica. Poliomielite por poliovírus selvagem. Peste.
Raiva humana. Síndrome da Rubéola Congênita. Doenças
Exantemáticas: a. Sarampo b. Rubéola. Síndrome da Paralisia
Flácida Aguda. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada
a Coronavírus a. SARS-CoV b. MERS – CoV. Tétano: a. Acidental
b. Neonatal. Varicela – caso grave internado ou óbito. Violência
sexual e tentativa de suicídio.
Acidente de trabalho com exposição a material biológico. Dengue
– Casos. Doença de Chagas Aguda. Doença de Chagas Crônica.
Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ). Doença aguda pelo vírus
Zika. Síndrome congênita associada à infecção pelo vírus
Zika. Esquistossomose. Febre de Chikungunya. Hanseníase.
Hepatites virais. HIV/AIDS – Infecção pelo Vírus da Imunodefici-
ência Humana ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida In-
Notificação
fecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e Criança
compulsória
exposta ao risco de transmissão vertical do HIV. Infecção pelo
semanal
Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Intoxicação Exógena
(por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxi-
cos e metais pesados). Leishmaniose Tegumentar Americana
Leishmaniose Visceral. Malária na região amazônica. Óbito: a. In-
fantil b. Materno Sífilis: a. Adquirida; b. Congênita; c. Em gestante.
Toxoplasmose gestacional e congênita. Tuberculose. Violência
doméstica e/ou outras violências.
Fonte: Brasil (2022c)
136
DICA
Para saber mais sobre as doenças de notificação compulsória, assista ao
vídeo disponível no link a seguir: https://bit.ly/3ApqYZw.
137
exigir a hospitalização, como pneumonias bacterianas, complicações da
diabete e da hipertensão, asma, entre outros (NEDEL et al., 2010, p. 62).
NOTA
Leia a lista completa no link a seguir: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/sau-
delegis/sas/2008/prt0221_17_04_2008.html.
138
• Houve importante redução das taxas de internação por ICSAP no período analisado
por ambos os sexos, faixas etárias e regiões. Entre as causas, as gastroenterites
tiveram o maior declínio. Tais resultados refletem melhoras do desempenho da APS,
mas também das condições gerais de vida.
• E ocorreu redução do ritmo de queda das taxas no período de 2015 a 2019 e, em
algumas regiões, até elevação, especialmente na faixa etária de zero a quatro anos.
Esses achados podem refletir a crise econômica após 2015, bem como as políticas
de austeridade implantadas nesse período (SANTOS et al., 2022).
139
LEITURA
COMPLEMENTAR
A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO E O TRABALHO DA EQUIPE DE
ENFERMAGEM
1 Introdução
Nas últimas décadas, a sociedade brasileira, por meio de algumas ações, tenta
consolidar avanços nas políticas públicas de atenção integral em saúde do trabalhador
que incluem prevenção de doença e promoção da saúde, envolvendo iniciativas dentro
e fora do campo de atuação, buscando impedir os agravos relacionados ao trabalho. No
entanto, são grandes os obstáculos à consolidação de programas e ações que, como
resultado, poderiam contribuir de forma mais efetiva para o crescimento do índice de
qualidade de saúde dos trabalhadores e trazer a melhoria dos indicadores nacionais,
que colocam o país em situação precária quando comparado com as demais nações
desenvolvidas (LACAZ, 2010).
140
apontadas como ineficazes. A remuneração inadequada, a acumulação de escalas de
serviço, o aumento da jornada de trabalho, a hierarquia presente na equipe de saúde e o
desprezo social, entre outros fatores, influenciam nas condições de trabalho da equipe
e interferem na qualidade da assistência que é prestada aos usuários (JEREMIA et al.,
2020; MEDEIROS et al., 2006; TRECOSSI et al., 2020).
141
Um dos obstáculos encontrados são as condições do ambiente de trabalho que
não favorecem a prática, além da exaustiva rotina de trabalho e atividades a serem reali-
zadas. É preciso que o profissional reveja a aplicabilidade da humanização e o modo como
ela interfere na postura do profissional e do usuário de saúde (MAESTRI et al., 2012).
2 Metodologia
3 Resultados
142
Com a análise dos dados, os resultados foram organizados em categorias
temáticas, sendo elas: Compreensão do conceito de humanização; Caracterização da
PNH; Percepção de mudanças na qualidade de vida e de trabalho após implantação da
PNH; e, Percepção de aspectos positivos e negativos advindos da implantação da PNH.
“Então, humanização para mim, é uma forma de tratar com empatia o paciente,
de tentar melhorar a resolutividade para o paciente, de uma forma não só
carinhosa, mas se colocando mesmo no lugar do paciente”. Enf. 1.
“Humanização para mim, seria tratar as pessoas de forma igual, sem preconceito,
diferenças, oposições e dentre outros. Seria em outras palavras, fazer o bem,
sem olhar a quem”. Téc. Enf. 3.
“Pra mim a humanização, ela é definida como acolhimento, respeito, aos princípios
do SUS e a valorização das pessoas”. Téc. Enf. 6.
A PNH foi apresentada, para que os princípios do SUS, dentro das práticas de
atenção e gestão, fossem utilizados na qualificação da saúde pública no Brasil. Pautada no
incentivo de trocas entre toda a equipe de trabalho, incluindo os gestores, trabalhadores
e usuários (BRASIL, 2008). Nas transcrições, observa-se que os profissionais descrevem
a PNH de forma sucinta e apenas relacionada ao atendimento ao usuário.
“O que que eu entendo? É sempre ter um, como é que fala... orientar para os
profissionais, tendo um curso sobre como ter um atendimento humanizado para
os pacientes. É ter uma orientação geral para todos os profissionais, profissionais
de todos os níveis”. Téc. Enf. 1.
143
“A política nacional de humanização, ela foi constituída com princípio de
resguardar os direitos do usuário, quanto a ter um atendimento de qualidade,
seguro [...] direito a participação ativa durante o seu atendimento”. Enf. 2.
“É... eu acho que sim, porque o paciente fica mais confortável, tem mais confiança
na gente, tem um vínculo maior com a gente e a gente pode passar mais segurança
para o paciente”. Téc. Enf. 4.
PNH traz consigo mudanças, que validam trabalho das equipes de enfermagem,
sendo assim positivas e necessárias. Essas mudanças, apresentam-se como
estratégias para amenizar o desgaste da saúde dos trabalhadores, uma vez que eles
são submetidos à uma estrutura hierárquica e centralizadora, onde o profissional não
é visto na sua individualidade e apenas a demanda do usuário é atendida (AMESTOY et
al., 2006). É nesse cenário que entra a importância da gestão e cogestão, propostas na
PNH, onde a equipe é integrada, objetivando a valorização das suas atividades laborais
e a promoção da humanização no seu processo de trabalho e no cuidado do usuário. No
que tange aos usuários, a PNH estabelece a possibilidade da criação de vínculo, onde o
usuário participa ativamente do processo do cuidar. Essa perspectiva, se faz presente
parcialmente nas falas dos entrevistados.
144
“Negativo não tem, né? Positivo, é que a gente começa a conhecer, [...] a questão
do acolhimento humanizado, a questão de atender aos princípios do SUS, as
diretrizes, a PNH, entendeu? Que é a questão, da valorização profissional [...] nós
estamos bem acolhidos, pela própria gestão, coordenação, RT, entendeu? Então,
tudo isso está dentro das diretrizes da PNH e traz valorização, acolhimento, não
somente do usuário, mas também do colaborador. Téc. Enf. 2.
“Eu sinceramente não vejo lado negativo de uma política humanizada, [...] muitos
anos na assistência, talvez a gente vai ficando um pouco frio e isso é uma coisa
que a gente tem que trabalhar na gente mesmo e não deixar isso acontecer, por-
que paciente de uma forma ou de outra sempre tem razão, porque ele não tem o
conhecimento que eu tenho e ele não tem as ferramentas que eu tenho [...]. Enf. 1.
Discussão
145
A PNH, aponta diretrizes e conceitos fundamentais para sua efetividade,
estando entres eles: o acolhimento; a gestão participativa e cogestão; a ambiência; a
clínica ampliada e compartilhada; a valorização do trabalhador; e, defesa dos direitos
dos usuários (BRASIL, 2013a). Isso converge com as falas, as quais revelam que os
entrevistados possuem uma noção básica do que seja a PNH. Entretanto, existe um
déficit sobre o conhecimento da política, pois os profissionais entrevistados ao formular
as respostas, demonstraram uma compreensão mais superficial e generalizada.
Apesar de não serem citadas mudanças negativas nas falas dos entrevistados,
compreende-se a diversidade de termos e definições que são relacionados ao tema,
sendo condicionado com as vivências e posições sociais de cada indivíduo, dando
espaço para várias interpretações (MEDEIROS et al., 2016). Dessa forma, é necessário
que a PNH esteja apta a englobar essa heterogeneidade, proporcionando a ampliação
da reflexão, e não se concretizando em uma única definição, possibilitando que ela seja
colocada em prática de forma clara e precisa.
Conclusão
146
trabalhador são oferecidos. Dessa forma, é percebido a necessidade de estratégias que
levem o conhecimento em sua totalidade, a esses profissionais, através de cursos de
capacitação e atualização.
147
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
148
AUTOATIVIDADE
1 A vigilância em saúde é essencial para o cuidado da saúde da população, esta área
planeja e implementa as medidas de saúde pública. Em 2008 foi instituída a Política
Nacional de Vigilância em Saúde (PNVS). Sobre as áreas de vigilância presentes na
PNVS, assinale a alternativa CORRETA:
149
3 Segundo a Portaria nº 204, a notificação compulsória deve ser realizada pelos
médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde,
públicos ou privados. Ela pode ter diferentes periodicidades, de acordo com elas,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
150
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, C. P. F. O.; MARQUES, M. M. F. P. Doenças sexualmente transmissí-
veis. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3NcIpEh. Acesso em: 24 abr. 2022.
151
Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública
nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional. 2022c. Dispo-
nível em: https://bit.ly/3NcIKXz. Acesso em: 24 abr. 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. HIV e aids. 2016a. Disponí-
vel em: https://bit.ly/3oGqRpY. Acesso em: 24 abr. 2022.
152
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten-
ção Básica. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas
Redes de Atenção à Saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Brasília: Ministé-
rio da Saúde, 2013b.
BUSS, P. M.; FILHO, A. P. A saúde e seus determinantes sociais. PHYSIS: Rev. Saúde
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 77-93, 2007. Disponível em: https://bit.ly/43Zrr2f.
Acesso em: 24 abr. 2022.
CAPONI, D. A saúde como abertura ao risco. In: CZERESNIA, D.; FREITAS, C. M. de.
Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. 2. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz,
2009. p. 59-81.
CARNEIRO, A. C. L. L.; SOUZA, V.; GODINHO, L. K.; FARIA, I. C. M.; SILVA, K. L.; GAZ-
ZINELLI, M. F. Educação para a promoção da saúde no contexto da atenção primária.
Rev Panam Salud Publica, v. 31, n. 2, p. 115-120, 2012.
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CESTARI, V. R. F. et al. Competências do enfermeiro na promoção da saúde de indiví-
duos com cardiopatias crônicas. Rev Bras Enferm, v. 69, n. 6, p. 1129-1137, 2016. Dis-
ponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0312. Acesso em: 24 abr. 2022.
COUTO, T. A.; SANTOS, F. P. A.; RODRIGUES, V. P.; VILELA, A. B. A.; MACHADO, J. C.;
JESUS, A. S. Educação em saúde sob a ótica de usuários das equipes de saúde da
família. Rev Enferm UFPE, v. 10, n. 5, p. 1606-1614, 2016. Disponível em: https://bit.
ly/3Hhi303. Acesso em: 24 abr. 2022.
FREIRE, R. M. A.; LUMINI, M. J.; MARTINS, M. M.; MARTINS, T.; PERES, H. H. C. Um olhar
sobre a promoção da saúde e a prevenção de complicações: diferenças de con-
textos. 2016. Disponível em: https://bit.ly/3ALmsF7. Acesso em: 24 abr. 2022.
154
HEIDEMANN, I. T. S. B.; WOSNY, A. M.; BOEHS, A. E. Rev. Ciência & Saúde Coletiva, v.
19, n. 8, p. 3553-3559, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3oIVMSv. Acesso em: 24 abr.
2022.
KAYE, K. M. Infecções por vírus do herpes simples (Herpes Simplex Virus, HSV).
2021. Disponível em: https://bit.ly/3N9f6m7. Acesso em: 24 abr. 2022.
LORIG, K.; HOLMAN, H. R.; SOBEL, D.; LAURENT, D.; GONZÁLEZ, V.; MINOR, M. Living a
healthy life with chronic condition: self-management of heart disease, arthritis, diabe-
tes, asthma, bronchitis, enphysema and others. Boulder: Bull Publishing Company, 2006.
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MENDONÇA, R. D.; TOLED, M. T. T.; LOPES, A. C. S. Incentivo à prática de aconselha-
mento sobre modos saudáveis de vida na Atenção Primária à Saúde. Escola Anna
Nery Revista de Enfermagem, v. 19, n. 1, p. 1, 2015.
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SANTOS, F. M. dos et al. Internações por condições sensíveis à atenção primária
(ICSAP): uma análise segundo características sociodemográficas, Brasil e regiões,
2010 a 2019. 2022. Disponível em: https://bit.ly/41NR5Fg. Acesso em: 24 abr. 2022.
VON KORFF, M.; GRUMAN, J.; SCHAEFER, J.; CURRY, S. J.; WAGNER, E. H. Collaborative
management of chronic illness. Ann Intern Med, v. 127, n. 1, p. 1097-1102, 1997.
WAGNER, E. H. The changing face of chronic disease care. In: SCHOENI, P. Q. Curing
the system: stories of change in chronic illness care. Boston: The National Coalition
on Healt Care; The Institute for Healthcare Improvement, 2002.
157
158
UNIDADE 3 —
ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM NA ATENÇÃO
SECUNDÁRIA À SAÚDE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• buscar o aprendizado por meio dos materiais extras disponibilizados para consultas
e aprimoramento.
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar
o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
159
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
QR Code abaixo:
160
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
PAPEL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE (APS)
1 INTRODUÇÃO
A possui um papel fundamental na entrada do sistema de saúde pública, dessa
forma, busca o desenvolvimento de uma atenção integral que impacta na saúde e na
autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde da comunidade
(MENDES, 2011). Tudo isso só é possível por meio de práticas de cuidado e gestão,
democráticas e participativas, por conta do trabalho em equipe.
161
2 ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA APS
Como vimos na introdução da unidade, a APS é o primeiro nível de atenção
ao usuário, a porta de entrada de uma RAS, a partir da qual são desenvolvidas ações
de âmbitos individual e coletivo, que envolvem a promoção e a proteção da saúde, a
prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da
saúde.
Uma vez que a ESF muda a ênfase do cuidado médico centrado para um cuidado
em equipe, o profissional de enfermagem tem a consolidação de um novo campo de
atuação, pois passa para um modelo de condução dos cuidados de saúde dos usuários,
da organização do processamento de trabalho e da coordenação da unidade de saúde
(BRASIL, 2022).
Para que as atividades dos enfermeiros sejam consolidadas, assim como as das
demais profissões envolvidas na APS, foram criadas diversas atribuições, por meio da
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), de 2017 (BRASIL, 2017).
162
• Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando necessário, usuários a outros
serviços, conforme fluxo estabelecido pela rede local.
• Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos técnicos/auxiliares de
enfermagem, agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias
com os outros membros da equipe.
• Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem e dos agentes
comunitários de saúde.
• Implementar e manter atualizados rotinas, protocolos e fluxos relacionados a sua
área de competência na UBS.
• Exercer outras atribuições, conforme legislação profissional, e que sejam de
responsabilidade da sua área de atuação (BRASIL, 2017).
DICA
É importante ressaltar que todas as atividades desenvolvidas pelos
profissionais de enfermagem, no âmbito da APS, são resguardadas por
vários pressupostos éticos legais. Dentre eles, destacam-se o Decreto nº
94.406, de 8 de junho de 1987, que regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de
junho de 1986, que descreve quem são os profissionais de enfermagem e
163
as atribuições deles, mas não faz distinção entre o trabalho do enfermeiro no âmbito da
APS e nos demais níveis de atenção à saúde. Assim, leia mais em https://bit.ly/3ogYmyJ e
https://bit.ly/3olw1aP.
DICA
Leia a Resolução do COFEN nº 311/2007, que reformula o Código de Ética dos
Profissionais de Enfermagem. A legislação é imprescindível para sabermos
quem somos, nossos direitos e deveres profissionais: http://www.cofen.gov.
br/resoluo-cofen-3112007_4345.html.
164
Dentro de cada um dos eixos, existem várias atividades e atribuições que os
profissionais realizam. Cada serviço de saúde é regido por protocolos institucionais, ou
ministeriais, a fim de organizarem os processos de trabalho (BRASIL, 2013).
DICA
Leia o Caderno de Atenção Básica nº 26, do Ministério da Saúde, que trata
da saúde sexual e da saúde reprodutiva da mulher: https://bit.ly/3A95aBm.
165
Nessa perspectiva, nos cenários de atenção primária e de vigilância à saúde da
criança, o profissional enfermeiro tem responsabilidades de cuidado e suporte humani-
zados à criança e à família dela, de modo a valorizar o bem-estar biopsicossocial delas
e identificar e intervir nas necessidades e vulnerabilidades presentes (BRASIL, 2012).
DICA
Acompanhe o Caderno de Atenção Básica nº 33, do Ministério da Saúde,
que trata da saúde da criança, do crescimento e do desenvolvimento:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_
desenvolvimento.pdf.
166
DICA
Outro material muito importante para um aprofundamento é Atenção
ao Desenvolvimento Neuropsicomotor Infantil entre Zero a Doze Meses, um
conteúdo educativo desenvolvido para a Atenção Básica em Saúde,
produzido em 2020, pela UDESC. É ilustrado e com um estilo de
leitura “direto ao ponto”: https://sistemabu.udesc.br/pergamumweb/
vinculos/000081/000081bb.pdf.
DICA
Você sabia que foi publicada, em 2012, a Portaria nº 1.823, consolidada,
posteriormente, no Anexo XV da Portaria de Consolidação nº 2, de 2017,
do Ministério da Saúde, que definiu a Política Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), de acordo com princípios, diretrizes
e estratégias a serem observados pelas esferas municipal, estadual, distrital
e federal da gestão do SUS, com o objetivo de desenvolver a atenção
integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, de modo a
visar à promoção e à proteção da saúde dos trabalhadores e à redução
da morbimortalidade decorrente de modelos de desenvolvimento e de
processos produtivos? Para saber ainda mais, consulte a página https://
bit.ly/40n96sO.
167
DICA
O Caderno de Atenção Básica nº 41 trata da saúde dos trabalhadores,
assim, não deixe de aprimorar os seus conhecimentos através desse
material disponível em https://bit.ly/41gVdOg.
• Acesso e acolhimento.
• Saúde sexual e saúde reprodutiva.
• Paternidade e cuidado.
• Doenças prevalentes da população masculina.
• Prevenção de violência e acidente.
168
Dentro de cada um desses eixos, há situações complexas, e que exigem muito
conhecimento teórico, com embasamento científico. Por conta disso, não deixe de
buscar e conferir os complementos destacados em seguida.
DICA
Confira os destaques do site do Ministério da Saúde que tratam da
temática: https://bit.ly/3KQ4UvU.
DICA
Leia o inquérito completo da pesquisa Vigitel 2020 em https://bit.
ly/3AbrV7L.
169
Figura 1 – Panorama dos instrumentos de proteção à pessoa idosa no ordenamento jurídico brasileiro
DICA
Acesse o livro eletrônico Brasil 2050 Desafios de uma Nação que Envelhece,
e veja, na íntegra, as estratégias nacionais para o envelhecimento
da população, através do olhar dos nossos governantes: https://bit.
ly/3AbsmPr.
170
• Política Nacional de Saúde Mental: a saúde mental possui um longo trajeto histórico
de lutas políticas. A Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, também, conhecida como
“Lei da Reforma Psiquiátrica”, iniciou um movimento sem volta para pacientes e
profissionais da área. Essa Lei dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental. A legislação estabeleceu novas diretrizes para políticas públicas de saúde
mental, orientadas pelo respeito à cidadania e aos direitos da pessoa com transtorno
mental (BRASIL, 2001).
Conforme Café et al. (2020), o enfermeiro que atua na saúde mental tem, dentre
ações pertinentes:
• Acolhimento.
• Triagem e anamnese.
• Atendimento de aconselhamento.
• Elaboração do Projeto Terapêutico Singular (PTS).
• Participação de reunião com equipe.
• Coordenação de grupos e oficinas.
• Realização da evolução de enfermagem e aplicação da sistematização de
enfermagem (SAE).
DICA
Em 2013, foi divulgado o Caderno de Atenção Básica nº 34, de saúde
mental. Trata-se de uma leitura que dá uma clareza da base dessa saúde.
Foram muitos os direcionamentos para a saúde mental desde 2013, e, por
conta disso, também, orientamos você a acessar a página do Ministério da
Saúde: https://bit.ly/3UIuYhd e https://bit.ly/40eTebL.
171
2.1.1 Outros programas da APS
Iniciaremos com o Programa Saúde na Escola (PSE), que foi uma parceria
entre os Ministérios da Educação e da Saúde, que visa à integração e à articulação
permanentes da educação e da saúde, com a procura por melhorias da qualidade de
vida da população.
Seguimos, agora, com o Consultório de Rua, uma estratégia que foi implemen-
tada e busca expandir o acesso da população em situação de rua a serviços de saúde, a
fim de ofertar, de maneira mais próxima, uma atenção integral à saúde para esse grupo
172
populacional, que se encontra em condições de vulnerabilidade e com vínculos familia-
res interrompidos, ou fragilizados (BRASIL, 2009).
173
DICA
Leia Manual sobre o Cuidado à Saúde junto à População em Situação de
Rua e saiba ainda mais a respeito do assunto: http://189.28.128.100/dab/
docs/publicacoes/geral/manual_cuidado_populalcao_rua.pdf.
174
O respeito aos direitos humanos é inerente ao exercício da profissão,
o que inclui os direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à
igualdade, à segurança pessoal, à livre escolha, à dignidade e a ser
tratada sem distinção de classe social, geração, etnia, cor, crença
religiosa, cultura, incapacidade, deficiência, doença, identidade de
gênero, orientação sexual, nacionalidade, convicção política, raça ou
condição social (COFEN, 2017, s. p.).
DICA
Leia, na íntegra, o artigo de Abade et al. (2022), O Cuidado de Enfermagem
à População LGBT+, volume II, que traz, também, como subtítulo,
a Enfermagem no Cuidado à Saúde de Populações em Situação de
Vulnerabilidade, da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN): https://
publicacoes.abennacional.org.br/wp-content/uploads/2022/07/e12-
vulneraveis_vol-II-cap10.pdf.
175
Conforme COREN (2017, p. 26-27), uma consulta de enfermagem deve ser base-
ada em um suporte teórico que oriente o raciocínio clínico do enfermeiro em cada uma
das etapas do processo:
176
2.2.1 Procedimentos pertinentes aos enfermeiros da APS
O trabalho de um enfermeiro, na APS, está estruturado na produção do cuidado
e na gestão do processo terapêutico, além de atividades de gerenciamento do serviço
de saúde e da equipe de enfermagem. A APS é um campo amplo de atuação, assim,
o enfermeiro precisa dispor de diversas habilidades para realizar o trabalho dele com
efetividade (BRASIL, 2013).
• Acolhimento: acolher é dar acolhida, admitir, aceitar, dar ouvidos, dar crédito,
agasalhar, receber, atender, admitir etc. A prática de acolhida de um paciente/
usuário é uma diretriz da Política Nacional de Humanização, instituída em 2003, que
não tem local, hora certa e profissional específico para fazê-lo, pois todos devem ser
aptos, nos serviços de saúde, para essa ação. O acolhimento proporciona a escuta
do usuário, das queixas dele em uma dimensão espacial, para o reconhecimento do
protagonismo dele. Ainda, marca presença nos processos de saúde, adoecimento
e responsabilização pela resolução, encaminhamento a serviços especializados e
ativação das redes de compartilhamento de saberes (SAVASSI, 2013).
DICA
Leia mais a respeito do tema acolhimento do enfermeiro em https://
rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/25689.
177
Deve conter data e descrição com letra legível, ou em prontuário eletrônico, com
um texto objetivo e claro. Também, necessita conter, obrigatoriamente carimbo do
profissional (nº do COREN da respectiva região), nome completo e assinatura.
DICA
Amplie os seus conhecimentos nos sites do COFEN e do COREN/SC: http://
www.cofen.gov.br/ e http://www.corensc.gov.br/.
178
DICA
Assista ao vídeo Teste Rápido para Diagnóstico de HIV (ABON), que mostrará
como você deve realizar o teste de maneira correta, além de trazer outras
informações muito pertinentes ao procedimento realizado: https://www.
youtube.com/watch?v=QCmEV68ubIQ.
Ainda, visualize o vídeo TR Sífilis BIO BIOCLIN (2019), disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=ynkb5eO2s38.
Para finalizar, acompanhe o último vídeo, Teste rápido para o
diagnóstico de Hepatite C – Abon (2019), em: https://www.youtube.com/
watch?v=Bmc05mmEe1c.
DICA
Explore o site da Sociedade Brasileira de Imunizações, disponível em
https://sbim.org.br/institucional, além do site do Ministério da Saúde, em
https://bvsms.saude.gov.br/vacinacao/. Falaremos, ainda mais, a respeito
da imunização nesta unidade de estudos.
179
em uma unidade de saúde; entregar uma educação permanente para a equipe;
buscar protocolos para alicerçar as atividades diárias; supervisionar os profissio-
nais em casos de dúvidas em aplicações, ou diluições; e manter uma comunicação
efetiva com essa equipe, os pacientes e os cuidadores (MELLO, 2012; PERRY; POT-
TER; ELKIN, 2013). A administração segura e correta de medicamentos é uma das
responsabilidades mais importantes do enfermeiro, dessa forma, esse profissional
deve ter uma compreensão integral, além das implicações relacionadas à enferma-
gem (PERRY; POTTER; ELKIN, 2013).
DICA
Explore o site a seguir e leia mais a respeito da administração de
medicamentos: https://enfermagemilustrada.com/regra-30-minutos/.
180
câncer de colo de útero no país. A busca ativa, realizada pelo enfermeiro, incluindo
a equipe dele, abarca mulheres entre a faixa etária que é alvo do rastreamento (de
25 a 64 anos) que informam não terem realizado o exame anteriormente.
DICA
Explore o site do INCA em https://www.gov.br/inca/pt-br, o qual está repleto
de muitas informações pertinentes ao contexto da saúde, e, sempre, muito
atualizado.
181
• Realização de exame de dermatoscopia: esse exame é um método de rastreamento
precoce que procura por lesões sugestivas para câncer de pele. É realizado através
de imagens sequenciais, ampliadas e capturadas por uma câmera digital, por uma
lente de aumento, as quais, após, seguem, via sistema informatizado, para o serviço
de telemedicina. Ali, as fotos da lesão e a anamnese do paciente são avaliadas
por especialistas, que devem emitir o laudo do exame e direcioná-lo, conforme a
necessidade, pela RAS. Essa atividade está reservada aos profissionais de nível
superior da APS, assim, destaca-se a figura do enfermeiro, que lutou para alcançar
o aprimoramento do procedimento e ganhou a expertise para a realização dele. O
curso para a ação desse procedimento é disponibilizado por meio do serviço de
telemedicina e secretarias de saúde do Estado.
DICA
Veja mais a respeito do assunto em https://telessaude.ufsc.br/
teledermatologia-marca-100mil-laudos-sc/.
DICA
Saiba mais a respeito do assunto em https://www.gov.br/saude/pt-br/
composicao/saes/sangue/programa-nacional-da-triagem-neonatal.
182
• Coleta do Teste da Mãe Catarinense: em 2019, a Fundação Ecumênica de Proteção
ao Excepcional (FEPE), em parceria com o Estado de Santa Catarina, integrou, aos
exames de pré-natal, o exame de triagem Mãe Catarinense. Esse exame detecta,
precocemente, hemoglobinopatias, como a Doença Falciforme e a Talassemia
Major, além do facilitar o acesso ao tratamento de casos identificados (FEPE, 2019).
Quando as gestantes iniciam o pré-natal em uma das unidades de saúde, logo,
na primeira consulta, com o enfermeiro, ele já realiza a coleta para o exame de
eletroforese de hemoglobina da gestante, e indica os encaminhamentos. Assim,
o início do pré-natal, sempre, será de responsabilidade do enfermeiro, pois ele faz
a anamnese e o exame físico; solicita e coleta exames; prescreve medicamentos
(caso necessário) e cuidados de enfermagem; indica encaminhamentos (também,
caso necessário); e evolui toda a consulta realizada.
DICA
Leia mais a respeito do assunto em Protocolo de Pré-Natal, do Município
de Joinville (2020), especificamente, nas páginas 19 e 24, que tratam do
que foi citado, rapidamente, aqui: https://www.joinville.sc.gov.br/public/
portaladm/pdf/jornal/534a6158d9f1b91873a7810f5ee9a489.pdf.
DICA
Leia o artigo Enfermagem e a Educação em Saúde, utilizado para uma
contribuição ao nosso referencial teórico: https://www.revista.esap.go.gov.
br/index.php/resap/article/view/234/90.
183
uma das grandes estratégias para o aprimoramento contínuo dos profissionais que
trabalham no SUS. Em uma unidade de saúde, o enfermeiro é um colaborador direto
para a ocorrência de atividades em educação permanente, pois ele desenvolve, ou
procura, por meio da gestão, por métodos para que os processos educacionais se
mantenham ativos para a equipe de saúde (BETTANIN; RODRIGUES; BACCI, 2020).
• Aferição de glicemia capilar: é um procedimento comum no dia a dia dos serviços
de saúde, vista a grande quantidade de pacientes acometidos por Diabetes Melitus.
A aferição se dá por meio de uma pequena gota de sangue da polpa digital, ou
glicemia capilar, a qual é introduzida em um aparelho específico que, após alguns
segundos, apresenta o resultado em tela. Os monitores são portáteis, leves e
funcionam à pilha, ou à bateria. Muitos pacientes já possuem o hábito de utilização
dele em domicílio, por conta de serem diabéticos ou possuírem alguns familiar nessa
condição (PERRY; POTTER; ELKIN, 2013).
• Retirada de pontos: engloba um procedimento muito procurado nas unidades
de saúde, que consiste no procedimento de remoção de fios cirúrgicos com uma
técnica asséptica, de forma total ou alternada (PERRY; POTTER; ELKIN, 2013). Esse
procedimento está amparado pela Lei n° 7.498, de 25 de junho de 1986, e pelo
Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987. Enfermeiros, técnicos e auxiliares de
enfermagem são amparados a realizar cuidados de enfermagem nos pré e pós-
operatório (BRASIL, 1986; 1987; COREN, 2019).
• Avaliação e realização de curativos complexos: para a realização desse procedimento,
os enfermeiros, também, contam com o Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987,
que regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício
da enfermagem, e dá outras providências (BRASIL, 1986; 1987): Ao enfermeiro,
é incumbida, privativamente, consulta de enfermagem, além de prescrição de
assistência, cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam
conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas.
• As atividades que envolvem cuidado com lesões agudas e crônicas contam com
protocolos institucionais que estão em constante atualização e que dão o suporte
necessário aos enfermeiros. As evidências relatam que o uso de protocolos para o
cuidado com feridas proporciona uma melhoria da qualidade do atendimento de
enfermagem e gera benefícios para o paciente (OLIVEIRA; PAULA, 2015). Trata-se
de mais um serviço bem consolidado na APS e de responsabilidade do enfermeiro.
• Assistência ao paciente com estoma: a terminologia estomia se refere a um
procedimento cirúrgico, a fim de exteriorizar um segmento corporal. Têm-se
as estomias de respiração (traqueostomia), as de alimentação (gastrostomia e
jejunostomia) e as de eliminação (urostomias, ileostomias e colostomias) (BRASIL,
2021). O enfermeiro desempenha um papel fundamental para o auxílio a pessoas
com estomias, principalmente, ao se tratar da educação em saúde, com foco no
autocuidado, um aspecto essencial para o alcance da autonomia e da reabilitação do
usuário (SILVA et al., 2022). Falaremos, ainda mais, desse assunto quando tratarmos
da Atenção Secundária à Saúde.
• Realização de sondagens: em uma unidade de saúde, o enfermeiro realiza,
comumente, vários tipos de sondagem (nasogástrica, nasoenteral e vesicais), assim,
regulamentam-se a realização das sondagens pelo enfermeiro e as competências
184
dos demais profissionais de enfermagem. Todas as sondagens podem ser realizadas
em unidades de saúde, e, para que essas atividades sejam realizadas com mais
segurança, utilizam-se os protocolos institucionais. Cabe, a cada serviço de saúde,
manter os protocolos atualizados e à disposição de todos os profissionais da rede.
• Doenças de notificação compulsória: refere-se a uma comunicação obrigatória à
autoridade de saúde, realizada por médicos, profissionais de saúde ou responsáveis
pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados, a respeito da ocorrência de
suspeita, ou confirmação, de doença, agravo, ou evento de saúde pública, descrito no
anexo, podendo ser imediata ou semanal. Vale ressaltar que a notificação compulsória
não é uma responsabilidade privativa do enfermeiro, mas uma atividade compartilhada,
contudo, acreditamos que seja pertinente integrar essa informação de forma textual,
com diversas vivências em rotinas de um enfermeiro de unidades de saúde.
• Planejamento e monitoramento das ações de Agentes Comunitários de Saúde (ACS):
na ESF, o enfermeiro é um profissional de fundamental importância para o desenvol-
vimento de ações de promoção à saúde, além de ser indispensável na administração,
no planejamento, na coordenação e na supervisão. Os ACSs são coordenados pelo
enfermeiro, que realiza os processos de trabalho, de acordo com a agenda local; e
programa as ações com base em demandas (PAVONI; MEDEIROS, 2009; WEIRICH et
al., 2009; MERCÊS; SILVA; OLIVEIRA, 2018). De acordo com Brasil (2017):
DICA
Conheça a Política Nacional de Atenção Básica e a Resolução nº 2.436,
de 21 de setembro de 2017, que traz as diretrizes de organização da
Atenção Básica: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/
prt2436_22_09_2017.html.
185
Quem faz uma VD tem a oportunidade de entender o verdadeiro contexto de
vida de uma pessoa, pois adentra na residência e observa, de perto, as necessidades
ofertadas e pendentes ao paciente.
186
Modalidade AD1 – Atenção Básica: Projeta-se a pacientes que possuem proble-
mas de saúde controlados/compensados e com dificuldade, ou impossibilidade, física
de locomoção até uma unidade de saúde; e/ou pacientes que necessitam de cuidados
de menor intensidade, incluídos os de recuperação nutricional, de menor frequência de
visitas, com menor necessidade de recursos de saúde e dentro da capacidade de aten-
dimento de todos os tipos de equipes que compõem a Atenção Básica.
DICA
A Portaria nº 2.527, de 27 de outubro de 2011, redefine a AD no âmbito
do SUS. Representa um marco da estruturação da AD em todo o Brasil, de
modo a apresentar as diretrizes dessa modalidade de cuidado. Para saber
mais a respeito do assunto, acesse https://bit.ly/41jlyLA.
Com relação à VD, traz-se a seguinte normatização no artigo 1º, inciso III:
187
A atenção domiciliar de enfermagem deve ser executada no contexto
da sistematização da assistência de enfermagem, sendo pautada por
normas, rotinas, protocolos validados e, frequentemente, revisados,
com a operacionalização do processo de enfermagem, de acordo
com as etapas previstas na Resolução COFEN nº 358/2009 (COFEN,
2014, s. p.).
DICA
Leia mais a respeito da legislação que rege a nossa profissão e normatiza
a VD e a AD em https://bit.ly/3mITYs1.
188
cinas e vacinações, o que contribuiu para a estruturação e o fortalecimento da vigilância
epidemiológica de doenças, em geral (HOMMES et al., 2020; BRASIL, 2014).
DICA
Vamos conhecer, ainda mais, o PNI? Desbrave em https://www.gov.br/
saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programa-nacional-
de-imunizacoes-vacinacao.
189
3.1 PNI E PAPEL DA ENFERMAGEM
Em 1975, o Congresso Nacional criou a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975,
e declarou, no artigo 3º, que cabe, ao Ministério da Saúde, a elaboração do programa
nacional de imunizações, a fim de defini-las, e, desde aquela época, percebemos um
grande avanço do PNI brasileiro (BRASIL, 1975).
DICA
Conheça um pouco mais a respeito de vacinas, por meio do calendário
vacinal: https://bit.ly/41ArDTB. Aqui, você encontrará todos os calendários
para a vacinação de grupos variados de populações. Aproveite e reveja as
suas vacinas!
190
3.1.1 Enfermeiro frente a desafios do programa de
imunização
Como vimos anteriormente, o enfermeiro possui grandes responsabilidades
frente ao PNI. O Decreto nº 94.406, de 8 de junho de 1987, descreve que ele é parte
integrante de uma equipe de saúde, e, a ele, cabe a participação na prevenção e no
controle de doenças transmissíveis, em geral, além de marcar presença nos programas
de vigilância epidemiológica (BRASIL, 1987).
Outro desafio que não podemos deixar de comentar aqui é a baixa procura
pelas vacinas nesses últimos anos, principalmente, após a pandemia de COVID-19. A
divulgação de informações, ou notícias, falsas, que envolvem vacinas e a saúde pública,
de modo geral, são comuns em mídias sociais e rodas de conversa, porém, esses fatores
podem estar, diretamente, relacionados com a redução da busca por vacinação em
unidades de saúde (PESTANA et al., 2022).
191
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
192
AUTOATIVIDADE
1 A enfermagem, dentro da APS, tem a possibilidade de ampliar a autonomia, por meio
de uma prática clínica sustentada pelas perspectivas da integralidade e do cuidado
a famílias e comunidades em todo o ciclo de vida, desde que amparada por ações de
aprimoramento e aperfeiçoamento constantes. Dessa forma, para que as atividades
dos enfermeiros sejam consolidadas, assim como as das demais profissões envolvidas
na APS, foram criadas diversas atribuições, por meio da PNAB, de 2017 (BRASIL, 2017).
Assim, assinale a alternativa CORRETA, que apresenta atribuições:
193
um território delimitado, no qual a mulher deve ser considerada pela singularidade,
complexidade e inserção sociocultural dela (BRASIL, 2004). Assim, analise as
sentenças a seguir:
194
COFEN. Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009.
Dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem
e a implementação do
processo de enfermagem em ambientes, públicos ou
privados, em que ocorre o cuidado
profissional de enfermagem, e dá outras providências.
Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-
cofen-3582009_4384.html. Acesso em: 24 abr. 2022.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
195
196
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA
ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
Conversaremos a respeito da Atenção Secundária à Saúde, que é um serviço
amplo e dividido em dois elementos: secundária e terciária. Eles são, respectivamente,
a média e a alta complexidades (ambulatorial e especializada hospitalar) (BRASIL, 2010).
197
uma consulta especializada no sistema de regulação. Assim, é mantida a transparência
do processo de filas de espera. Esse processo de regulação, também, acontece para os
exames encaminhados (GUERRERO; BECCARIA; TREVIZAN, 2008).
Como vimos, são muitos os serviços que são realizados dentro da atenção
secundária, e, nesse meio, também, aparece a figura do profissional enfermeiro, inserido
em vários cenários. Assim, no decorrer da unidade, conversaremos um pouco a respeito
das diversas possibilidades de atuação do enfermeiro na atenção secundária, incluindo
outros temas importantes dessa temática do SUS.
199
DICA
Veja o artigo completo de Sacramento et al. (2020), intitulado de Processo de
Trabalho de Supervisão de Enfermagem em Policlínicas: Limites e Possibilidades,
disponível em: https://journals.bahiana.edu.br/index.php/enfermagem/
article/view/3115.
200
• patologia clínica;
• anatomopatologia e citopatologia;
• radiodiagnóstico;
• exames ultrassonográficos;
• diagnose;
• fisioterapia;
• terapias especializadas;
• próteses e órteses;
• anestesia.
DICA
Aprofunde os seus estudos no livro Assistência de Média e Alta
Complexidade no SUS, uma parceria do CONASS e do MS: https://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/colec_progestores_livro9.pdf.
201
2.1.2 Desafios estressores dos profissionais de
enfermagem nos níveis da atenção secundária
O trabalho de enfermagem é complexo e envolve uma grande tensão emocional
e desgastes físico e psíquico, o que contribui para desencadear estresse. Se essas
condições do ambiente de trabalho são desfavoráveis, essas características inerentes
são ainda mais desgastantes (NOVAES; XAVIER; ARAÚJO, 2020).
DICA
Leia o artigo de Novaes, Xavier e Araújo (2020) na íntegra e veja a pesquisa
que os autores realizaram em um serviço de média complexidade: https://
bit.ly/3A6kper.
202
normatiza o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, incluindo princípios
fundamentais, traz a seguinte perspectiva:
DICA
Não pare por aí! Leia a Resolução nº 713/2022 completa, que trata da
atuação dos profissionais de enfermagem no atendimento pré-hospitalar:
https://bit.ly/3GRP5ng.
203
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Os níveis de assistência à saúde, no SUS, são divididos, e essa divisão possui uma
organização em rede, incluindo atribuições.
204
AUTOATIVIDADE
1 A média complexidade envolve uma parte tecnológica, por conta dos exames
realizados. Esses serviços são o divisor de águas entre a APS e os hospitais. O foco da
atenção secundária é dar suporte a pacientes referenciados das unidades de saúde,
os quais necessitam ser atendidos por médicos especialistas. É fundamental que
essas consultas sejam reguladas na APS, por meio da inserção do encaminhamento
para uma consulta especializada no sistema de regulação, assim, é mantida a
transparência do processo de filas de espera. Esse processo de regulação, também,
acontece para os exames encaminhados. Com relação à atenção secundária, assinale
a alternativa CORRETA:
205
3 Conforme os nossos estudos e artigos de consulta, as atividades dos enfermeiros
são desafiadoras e complexas. Então, avalie as atividades relacionadas a seguir e
classifique V para as verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
206
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
TRABALHOS MULTIPROFISSIONAL E
INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
A partir deste momento, trataremos do trabalho em equipe, assim, iniciaremos
com os conceitos de trabalho multiprofissional e interdisciplinaridade na área da saúde.
207
Conforme apresentado a você, neste tema de aprendizagem, marcarão
presença várias abordagens de atividades desenvolvidas dentro dos contextos das
equipes multiprofissionais e interdisciplinares. Buscaremos esclarecer as diferentes
nuances entre as duas temáticas sugeridas e tão utilizadas na área da saúde.
208
O trabalho interdisciplinar se compõe em diversos âmbitos de atenção ao
cuidado, assim, complementa-se e vai além das atribuições, pois envolve as atuações
dos profissionais, do paciente e dos familiares (BESSE; CECILIO; LEMOS, 2014). Assim,
surgem novas formas de relacionamento no que diz respeito à organização do trabalho
em equipe e às relações que os trabalhadores estabelecem com os usuários de um
serviço (MATOS; PIRES; SOUZA, 2010).
O nosso intuito, aqui, não será propor uma abordagem profunda a respeito
desse tema, mas apresentar algumas das ferramentas mais utilizadas e citadas em
bases teóricas, além de instigá-los a buscarem o conteúdo nos seus estudos futuros.
Assim, poderemos acompanhar, no quadro a seguir, algumas dessas ferramentas:
209
Quadro 1 – Instrumentos de VD
INSTRUMENTOS ESPECIFICAÇÕES
A.P.G.A.R. familiar: instrumento de avaliação
Adaptation – adaptação
destinado a refletir a satisfação de cada mem-
Partnership – participação
bro de uma família. A partir de um questionário
Growth – crescimento
pré-determinado, as famílias são classificadas
Affection – afeição
como funcionais e, moderadamente/gravemen-
Resolve – resolução
te, disfuncionais.
Presenting problem – problema
apresentado
Roles and structure – papéis e
P.R.A.C.T.I.C.E.: uma diretriz para uma avalia- estrutura
ção do funcionamento de famílias. O instrumen- Affect – afeto
to é focado no problema, o que permite uma Comunication – comunicação
aproximação esquematizada para se trabalhar Time of life cycle – fase do ciclo de vida
com famílias. Ilness in Family – doença na família
Coping with stress – enfrentamento
do estresse
Ecology – meio ambiente/rede de apoio
INCLUSÃO
F.I.R.O. – CONTROLE INTIMIDADE
(interação,
Necessidades: (poder) (amor/afeto)
associação)
Ser aceito, Ser guiado
DEMANDA Ser querido
convidado
Interesse,
OFERECE busca da Liderança Ligação, aproximação
aceitação
Fonte: a autora
210
3 PAPEL DO ENFERMEIRO EM EQUIPE
MULTIPROFISSIONAL E INTERDISCIPLINAR
A Enfermagem é a ciência e a arte de acompanhar o ser humano (indivíduo,
família e comunidade) em um atendimento de necessidades humanas básicas dele, a fim
de torná-lo independente, quando possível, pelo ensino do autocuidado, além de manter,
promover e recuperar a saúde em colaboração com outros profissionais (HORTA, 1979).
Por fim, concordamos com os pesquisadores Silva e Felippe (2010), que concluem
que a enfermagem sustenta a atuação dela em uma base interdisciplinar, sendo peça
imprescindível na dinâmica assistencial, pois desenvolve diversas atividades que giram
em torno do usuário”.
211
Essa modalidade assistencial atua de forma complementar, ou substitutiva, ao
cuidado implementado em instituições hospitalares. É uma estratégia para a redução
de custos por conta da desospitalização, do risco de infecções hospitalares e de
reinternações, com a promoção de uma assistência humanizada, pois os cuidados são
prestados no domicílio do paciente e favorecem a autonomia e a confiança dele e da
família da qual faz parte.
212
LEITURA
COMPLEMENTAR
PROTOCOLOS DE ENFERMAGEM NO MUNICÍPIO DE JARAGUÁ DO SUL/SC:
ESTRATÉGIA TRANSFORMADORA PARA ATENÇÃO PRIMÁRIA
213
O enfermeiro desenvolve um importante papel, gerencial e assistencial, na APS,
assim, por meio da sistematização da enfermagem, e com a implementação do processo
de enfermagem, esse profissional desenvolve protocolos baseados e sustentados em
evidências científicas, com respaldo ético e legislativo, de forma a buscar atender a
demandas e necessidades da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB).
214
Ressalta-se que as avaliações qualitativas e quantitativas contínuas permane-
cem, de modo a objetivar melhorias permanentes nos processos de fortalecimento e
ampliação dos protocolos de enfermagem do município.
215
Os protocolos de enfermagem foram elaborados pela Secretaria Municipal de
Saúde de Florianópolis e compartilhados pelo COREN/SC, para as demais secretarias
municipais de saúde do Estado de Santa Catarina.
Vale ressaltar que o custo, para a implantação do processo, foi zero, devido a
uma parceria estabelecida.
216
O processo de convencimento da população, ao novo modelo de atendimento
da APS, por meio de uma ampla divulgação do protocolo de enfermagem na imprensa e
nas redes sociais, incluindo os apoios políticos da Câmara de Vereadores e do Conselho
Municipal de Saúde, foi fundamental para a implantação da experiência.
217
diminuição da propagação do vírus, houve a instituição, por norma ministerial, do
cancelamento das consultas eletivas.
218
O atendimento fundamentado nos protocolos de enfermagem rompe a barreira
da centralidade médica ao atribuir, à enfermagem, um papel relevante na APS, com
protocolos de atendimento capazes de diminuir as filas de espera por atendimento.
Assim, considera-se que fortalecer o papel da enfermagem é um dos caminhos
fundamentais para se perseguir uma APS resolutiva, fundamentada na integralidade e
na interdisciplinaridade.
219
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
220
AUTOATIVIDADE
1 O trabalho em equipe pode ser entendido como uma estratégia para melhorar a
efetividade do trabalho e elevar o grau de satisfação de um profissional, além de
exigir uma crescente complexidade para as necessidades de saúde que requerem
um abordagem ampliada e contextualizada e de organização de serviços em rede. O
efetivo trabalho em equipe se constitui como expressão, por um lado, da articulação
de ações de diversas áreas, mediante o reconhecimento da interdependência delas;
e, por outro, da complementaridade indispensável entre o agir instrumental e o agir
comunicativo. Com relação a equipes multiprofissionais nos serviços de saúde,
assinale a alternativa CORRETA:
221
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
222
integrante de uma equipe multiprofissional e articulador de ações interdisciplina-
res, tendo, como bases de busca, as temáticas dos trabalhos científicos publicados
nessa área a partir de 2018.
223
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vulnerabilidade: volume 2. Brasilia: Editora ABen, 2022. Disponível em: https://bit.
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das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental. Disponível em: https://bit.ly/3mFjxVq. Acesso em: 24 abr. 2022.
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a atuação da equipe de enfermagem na Atenção Básica à Saúde. Belo Horizonte:
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