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e Metabolismo
Indaial – 2023
2a Edição
Elaboração:
Prof. Tetsade Camboim Bezerra Piermartiri
246p.
ISBN 978-85-459-2345-9
ISBN Digital 978-85-459-2342-8
“Graduação - EaD”.
1. Bioquímica 2. Básica 3. Metabolismo
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
A bioquímica é um campo interdisciplinar que busca entender as substâncias
e os processos químicos que ocorrem nos organismos vivos. Ele investiga os princípios
fundamentais de organização que são cruciais para a existência da vida. Ao examinar
os componentes químicos e celulares dos organismos vivos, a bioquímica nos ajuda
a entender as propriedades da água e a estrutura e função de biomoléculas como
proteínas, carboidratos, lipídios e ácidos nucléicos. Além disso, a bioquímica explora
as reações químicas que ocorrem dentro das células, fornecendo informações sobre
os processos metabólicos que sustentam a vida. Assim, a bioquímica é um campo vital
que nos ajuda a entender as unidades que em conjunto formam a vida e as intrincadas
reações químicas que permitem que os organismos vivos funcionem.
Bons estudos!
Prof. Tetsade Camboim Bezerra Piermartiri
GIO
Olá, eu sou a Gio!
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
TÓPICO 3 - A ÁGUA.............................................................................................................. 35
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 35
2 ESTRUTURA DA MOLÉCULA DE ÁGUA............................................................................ 36
2.1 PROPRIEDADES DA ÁGUA.................................................................................................................. 37
2.2 INTERAÇÕES FRACAS EM SISTEMAS AQUOSOS........................................................................ 40
3 OSMOMETRIA .................................................................................................................... 41
4 pH E SISTEMAS TAMPÃO BIOLÓGICOS........................................................................... 43
5 A ÁGUA COMO REAGENTE................................................................................................ 49
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 52
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 56
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 58
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 147
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 246
UNIDADE 1 -
FUNDAMENTOS DE
BIOQUÍMICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de
reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA
1 INTRODUÇÃO
O nascimento da bioquímica, o estudo da química da vida, foi resultado dos
esforços dedicados de numerosos cientistas. Hoje, continua a progredir através do
avanço da tecnologia moderna e da pesquisa em áreas como biotecnologia e biologia
molecular, esclarecendo muitos aspectos da saúde e da doença.
3
Ele demonstrou o papel dos microorganismos na deterioração e na doença e lançou as
bases para a pasteurização. Após sua morte, a bioquímica emergiu como uma disciplina
independente no século XX.
A estrutura tridimensional dos carboidratos foi proposta por Sir Robert Alexander
Haworth (1883-1950), e hoje essa estrutura leva seu nome. A Coenzima A e sua relação
com o metabolismo intermediário foi descoberta por Fritz Lipmann (1899-1986) e ele
dividiu o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1953 com Hans Adolf Krebs (1900-
1981) que descobriu os ciclos da uréia e do ácido cítrico (ciclo de Krebs).
Por último, Fred Sanger (1918-2013) merece reconhecimento como uma figura
marcante na história da bioquímica. Ele desenvolveu uma técnica para sequenciar ácidos
nucléicos, pela qual recebeu o Prêmio Nobel de Química em 1958 e novamente em 1980.
4
3 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA MATÉRIA VIVA
A tabela periódica é um gráfico de todos os elementos químicos conhecidos,
organizados em ordem crescente de número atômico (Figura 1). Embora existam muitos
elementos listados na tabela periódica, apenas alguns deles desempenham um papel
significativo na vida na Terra e menos de 30 são essenciais para os organismos. Dentre
esses, os quatro elementos mais abundantes nos organismos vivos são hidrogênio,
oxigênio, nitrogênio e carbono. Esses quatro elementos, juntamente com enxofre
e fósforo constituem aproximadamente 99% da massa de uma célula típica e são
essenciais para a formação de moléculas orgânicas complexas necessárias à vida,
como carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucléicos. Sem esses elementos, a vida
como a conhecemos não seria possível.
6
Os grupos funcionais estão pintados com uma cor usada para o elemento que
caracteriza aquele grupo: cinza para C, cor salmão para O, azul para N, amarelo para
S e cor de laranja para P. Nesta figura e em todo o livro, será usado R para representar
“qualquer substituinte”. Ele pode ser tão simples como um átomo de hidrogênio, mas
geralmente será um grupo contendo carbono. Quando dois ou mais substituintes
são mostrados em uma molécula, serão designados como R1, R2 e assim por diante.
O modelo de volume atômico representa o raio de van der Waals de cada átomo
como seu raio, e os contornos do modelo definem o espaço ocupado pela molécula.
7
Figura 3 – Representações das moléculas
8
Figura 4 – Configuração de isômeros geométricos
10
Existem quatro diferentes estereoisômeros de 2,3-butanos dissubstituídos (n = 2
carbonos assimétricos, consequentemente 2n= 4 estereoisômeros). Cada um é
mostrado em um retângulo com a fórmula em perspectiva e o modelo de esfera
e bastão, que foi girado para a visualização de todos os grupos. Dois pares de
estereoisômeros são imagens especulares um do outro, ou enantiômeros. Outros
pares não são imagens especulares, sendo diastereoisômeros.
11
Figura 7 – Encaixe complementar entre a macromolécula e uma molécula pequena
12
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Muitas enzimas têm uma preferência específica por isômero, uma propriedade
conhecida como estereoespecificidade.
13
AUTOATIVIDADE
1 O carbono pode formar ligações covalentes simples, duplas e triplas, com outros
átomos de carbono e faz ligações com muitos outros elementos na tabela periódica
e, portanto, capaz de formar uma diversidade de compostos orgânicos. Sobre as
ligações do carbono, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F – V.
b) ( ) V – F – V – F.
c) ( ) V - F – V – V.
a) ( ) Contém fósforo.
b) ( ) É hidrofílico.
c) ( ) Contém uma ligação dupla.
d) ( ) É ácido.
a) ( ) Mistura cis-trans.
b) ( ) Mistura de imagem espelhada.
c) ( ) Mistura quiral.
d) ( ) Mistura racêmica.
14
4 A estereoquímica é o estudo dos estereoisômeros que têm a mesma fórmula química
e a mesma sequência de átomos ligados, mas diferem nas orientações tridimensionais
de seus átomos no espaço. Descreva, resumidamente, os dois principais tipos de
isômeros ópticos?
15
16
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
ARQUITETURA CELULAR
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 3, abordaremos as propriedades dos
organismos vivos, que incluem alta complexidade e organização, um sistema de energia,
componentes interativos com diferentes funções, a capacidade de sentir e responder
ao ambiente, autorreplicação e evolução ao longo do tempo. As células podem obter
energia e carbono capturando energia luminosa do sol ou oxidando combustíveis
químicos para realizem seus processos metabólicos.
Todas as células possuem uma membrana plasmática que envolve e define a célula
e separa o ambiente interno (intracelular) do externo (extracelular). A membrana plasmática
é uma barreira hidrofóbica que permite a passagem de alguns íons inorgânicos e compostos
polares. A membrana é flexível e capaz de sofrer divisão celular sem perder sua integridade.
17
As células eucarióticas (células com “núcleo verdadeiro” do grego eu, “verdade”,
e karyon, “núcleo”) têm um núcleo que abriga o DNA da célula. O núcleo é envolto por
uma membrana dupla, que protege o material genético em seu interior. Em contraste,
as células procarióticas (do grego pro, “antes”) não possuem membrana nuclear e, em
vez disso, têm seu material genético localizado no nucleoide do citoplasma, como as
bactérias e archae (Figura 8).
18
Figura 9 – Duas inscrições antigas
19
Fonte: Nelson & Cox (2014, p.31)
20
Figura 11 – Duplicação e mutação de genes: um caminho para gerar novas atividades enzimáticas
21
foi determinada (Figura 12). Essas informações nos ajudam a entender a composição
genética desses organismos e fornecem informações sobre sua evolução, biologia e
comportamento.
Figura 12 – Alguns dos muitos organismos cujos genomas foram completamente sequenciados
Tamanho do genoma
Organismo Interesse biológico
(pares de nucleotídeos)
Mycoplasma genitalium 5,8 x 105 O menor organismo
Helicobacter pylori 1,6 x 10 6
Causa úlcera gástrica
Methanocaldococcus
1,7 x 106 Arqueia; cresce a 85°C
jannaschii
Haemophilus influenzae 1,9 x 106 Causa gripe bacteriana
Synechocystis sp. 3,9 x 106 Cianobactéria
Bacillus subtilis 4,2 x 10 6
Bactéria comum do solo
Algumas linhagens são
Escherichia coli 4,6 x 106
patógenos humanos
Saccharomyces cerevisiae 1,2 x 107 Eucarioto unicelular
Caenorhabditis elegans 1,0 x 108 Verme redondo multicelular
Arabidopsis thaliana 1,2 x 10 8
Planta modelo
Mosca de laboratório
Drosophila melanogaster 1,8 x 108
("mosca-da-fruta")
Mus musculus 2,7 x 109 Camundongo de laboratório
Homo sapiens 3,0 x 10 9
Humano
Fonte: Nelson & Cox (2014, p.38, Tabela 1-2)
22
e um maior tempo decorrido desde o ancestral comum das espécies. Filogenias, ou
árvores genealógicas evolutivas, podem ser criadas para mostrar a relação evolutiva
entre as espécies, com maior proximidade na árvore, representando uma relação
evolutiva mais próxima (Figura 13).
As células fototróficas captam energia da luz solar para produzir energia e sin-
tetizar compostos orgânicos por meio da fotossíntese. Esse tipo de nutrição é chamado
de fototrofia, da palavra grega trofia, que significa nutrição, e foto, que significa luz. As
células fototróficas são encontradas em organismos fotossintéticos, como plantas, al-
gas e algumas bactérias. Durante a fotossíntese, essas células convertem energia lumi-
nosa em energia química armazenada em compostos orgânicos, como a glicose.
23
As células quimiotróficas, por outro lado, obtêm energia pela oxidação de
combustíveis químicos, como compostos orgânicos ou inorgânicos. As células
quimiotróficas são encontradas em organismos como fungos, bactérias e animais. Eles
usam reações químicas para extrair energia de moléculas do ambiente e armazená-la
na forma de ATP (trifosfato de adenosina), que é usado como fonte de energia para
realizar processos celulares.
Figura 14 – Todos os organismos podem ser classificados de acordo com a fonte de energia (luz solar ou
compostos químicos oxidáveis) e pela fonte de carbono usada para a síntese do material celular
24
2.1 AS CÉLULAS PROCARIONTES
Os procariotos ou procariontes são organismos simples que não possuem
núcleo e outras organelas ligadas à membrana. Existem dois tipos principais de células
procarióticas: archaea e bactérias.
25
As bactérias Gram-positivas têm uma parede celular espessa de peptidoglica-
no, juntamente com o ácido teicóico, que retém a coloração cristal violeta usada no pro-
cedimento de coloração de Gram. Essas bactérias aparecem roxas ou azuis ao micros-
cópio após a coloração. Algumas bactérias gram-positivas bem conhecidas incluem
Staphylococcus, Streptococcus e Bacillus.
As bactérias gram-negativas, por outro lado, têm uma camada mais fina de pepti-
doglicano e carecem de ácido teicóico. Como resultado, elas não retêm a coloração cristal
violeta e, em vez disso, absorvem a contracoloração (safranina), aparecendo rosa ou ver-
melha ao microscópio. Além da camada mais fina de peptidoglicano, as bactérias gram-
-negativas possuem uma membrana externa composta por lipopolissacarídeos (LPS) e
proteínas que atuam como uma barreira adicional. Os LPS, também conhecidos como
endotoxinas, podem ter efeitos tóxicos em outros organismos e causar uma série de rea-
ções no sistema imunológico quando entram na corrente sanguínea. Algumas bactérias
gram-negativas bem conhecidas incluem Escherichia coli, Salmonella e Pseudomonas.
26
(a) Este desenho em escala da E. coli serve para ilustrar algumas características
comuns. (b) O envelope celular das bactérias gram-positivas é uma simples membrana
com uma camada grossa e rígida de peptidoglicanos em sua superfície externa. Uma
variedade de polissacarídeos e outros polímeros complexos estão entrelaçados com
os peptidoglicanos e, recobrindo o todo, ainda existe uma “camada sólida” e porosa de
glicoproteínas. (c)E. coli é gram-negativa e tem uma dupla membrana. Sua membrana
externa tem um lipopolissacarídeo (LPS) na superfície externa e fosfolipídeos na
superfície interna. Esta membrana externa está impregnada de canais proteicas
(porinas) que permitem a difusão de pequenas moléculas através delas, mas não de
outras proteínas. A membrana interna, feita de fosfolipídeos e proteínas, é impermeável
a ambos, às moléculas pequenas e grandes. Entre a membrana interna e externa, no
periplasma, existe uma camada delgada de peptidoglicanos, que confere à célula
forma e rigidez, mas que não retém o corante de Gram. (d). As membranas arqueanas
variam em estrutura e composição, mas todas têm membrana única cercada por
uma camada externa que inclui uma estrutura tipo peptidoglicano, uma concha de
proteínas porosas (camada sólida) ou ambas.
27
Os peroxissomos são organelas especializadas que desempenham um papel
fundamental no metabolismo lipídico. Eles contêm enzimas que oxidam ácidos graxos
de cadeia muito longa, que são usados como fonte de energia pela célula.
As células vegetais também contêm várias estruturas únicas que não são
encontradas nas células animais. Por exemplo, elas têm grandes vacúolos centrais,
que servem como compartimento de armazenamento para ácidos orgânicos e outros
resíduos. Além disso, as células vegetais contêm cloroplastos, que são responsáveis por
converter a luz solar em energia através da fotossíntese. A parede celular das plantas
também é diferente da das células animais, sendo mais espessa e rígida e capaz de à
pressão osmótica.
28
Figura 16 – Estrutura da célula eucariótica
29
microrganismos eucarióticos (como protistas e fungos) têm estruturas semelhantes
às das células animais e vegetais, mas muitos também têm organelas especializadas,
não ilustradas aqui.
30
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Todas as células são circundadas por uma membrana plasmática que separa o meio
extracelular do meio intracelular.
• As principais formas pelas quais as células obtêm energia e carbono são por meio
de fototróficos e quimiotróficos, que podem ser classificados com base na forma
como obtêm sua energia.
31
AUTOATIVIDADE
1 Embora os elefantes sejam animais e as árvores sejam plantas, ambos são seres vivos
e, portanto, têm células que desempenham funções semelhantes. Ao compreender as
semelhanças e diferenças na estrutura celular básica de animais e plantas, podemos
aprender muito sobre como a vida na Terra evoluiu e como diferentes espécies
se adaptaram as suas condições ambientais únicas. Sendo assim, em termos de
estrutura celular básica, acerca do que um elefante e uma arvore têm em comum,
analise as sentenças a seguir:
2 Uma maneira de classificar os organismos é pelo modo que as células obtêm energia e
carbono. Alguns organismos podem sintetizar todos os seus componentes orgânicos
a partir de compostos inorgânicos, como o dióxido de carbono (CO2) usando a energia
do sol, enquanto outros requerem compostos orgânicos de seu ambiente. Assinale a
alternativa CORRETA que descreve um organismo que pode sintetizar todos os seus
componentes orgânicos necessários a partir do CO2 usando a energia do sol.
a) ( ) Fotoautotrófico.
b) ( ) Foto-heterotrófico.
c) ( ) Quimioautotrófico.
d) ( ) Quimio-heterotrófico.
a) ( ) Núcleo.
b) ( ) Lisossomo.
c) ( ) Retículo Endoplasmático.
d) ( ) Todos os anteriores.
32
4 As células eucarióticas são estruturas complexas que compõem os organismos que
vemos ao nosso redor, incluindo plantas, animais e fungos. Eles são maiores e mais
intrincados do que as células procarióticas e possuem muitas organelas ligadas à
membrana que desempenham funções específicas dentro da célula. O estudo da
biologia celular eucariótica é vital para nossa compreensão da vida e dos intrincados
processos que ocorrem dentro das células. Cada organela tem uma estrutura e função
distintas, e entender essas organelas é essencial para entender o funcionamento
geral da célula. Descreva cinco organelas da célula eucariótica e sua função.
33
34
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
A ÁGUA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 3, abordaremos as propriedades que
tornam a água essencial para a vida e seu papel nos processos biológicos. A água
compreende 70% do peso da maioria dos organismos e possui propriedades únicas,
como a capacidade de dissolver uma ampla gama de moléculas devido à sua polaridade,
atuando como solvente para muitos compostos polares e iônicos. Sua alta capacidade
térmica também permite que funcione como um tampão térmico, ajudando a regular a
temperatura nos organismos vivos.
Figura 17 – Ponto de fusão, ponto de ebulição e calor de vaporização de alguns solventes comuns
*A energia na forma de calor necessária para levar 1,0 g de um líquido no seu ponto
de ebulição e na pressão atmosférica até seu estado gasoso na mesma temperatura.
Essa é uma medida direta da energia necessária para superar as forças de atração
entre as moléculas na fase líquida.
35
A osmometria é usada para medir a pressão osmótica de uma solução, sendo
importante para entender o movimento da água através das membranas celulares.
36
Figura 18 – Estrutura da molécula de água.
37
Essa propriedade permite que a água dissolva uma ampla gama de moléculas
conhecidas como compostos hidrofílicos, derivada da palavra grega fílico, que significa
amar, e hidro que significa água. Por exemplo, a solubilização do NaCl (cloreto de
sódio, ou sal de cozinha) em água ocorre através do processo de dissociação, em que
a molécula de NaCl se decompõe em seus íons individuais, Na+ e Cl-. Os átomos de
oxigênio nas moléculas de água que têm uma carga parcial negativa, atraem os íons
de sódio carregados positivamente. Da mesma forma, os átomos de hidrogênio nas
moléculas de água que têm uma carga parcial positiva atraem os íons cloreto carregados
negativamente. Isso é conhecido como atração eletrostática entre íons e moléculas
polares, e é a principal força que mantém os íons em solução e os mantém dissolvidos
na água (Figura 19).
Além disso, quando os íons são dissolvidos em água, eles são cercados por uma
camada de hidratação de moléculas de água. Essa camada de hidratação (ou solvatação)
se forma devido à natureza polar das moléculas de água, que são atraídas pelos íons
e ajudam a estabilizar ainda mais os íons em solução, afetando as propriedades da
solução, como sua viscosidade e condutividade.
38
Figura 20 – Alguns exemplos de biomoléculas polares, apolares e anfipáticas
(mostradas nas suas formas ionizadas em pH 7)
Grupo “polar”
Fonte: Nelson & Cox (2014, p. 50)
hidrofílico
O O
H
C
H
O
C
Os compostos anfipáticos em solução aquosa tendem a se organizar em
H H
C C
O O
H
H
C
H
C H
H
H
Grupo alquila
hidrofóbico
Grupo alquila
hidrofóbico
“Agrupamentos oscilantes” de
moléculas de H2O na fase aquosa
“Agrupamentos oscilantes” de
Moléculas de água altamente ordenadas formam “gaiolas”
moléculas de H2O na fase aquosa
ao redor das cadeias de grupos alquila hidrofóbicas
39
(a) Ácidos graxos de cadeia longa têm cadeias de grupos alquila muito hidrofóbicas,
cada qual envolta por uma camada de moléculas de água altamente ordenadas (b)
Pela aglomeração conjunta em micelas, as moléculas de ácidos graxos expõem a
menor área superficial possível na água, e menos moléculas de água serão necessárias
na camada de água ordenada. A energia ganha pela liberação das moléculas de água
até então imobilizadas estabiliza a micela.
O gelo possui menor densidade que a da água líquida e isso tem implicações
biológicas para os organismos aquáticos. Muitos organismos aquáticos podem
sobreviver em temperaturas congelantes produzindo moléculas que diminuem o
ponto de congelamento (anticongelantes) do sangue, permitindo que sobrevivam em
ambientes abaixo de zero.
40
Figura 22 – Os quatro tipos de interações não covalentes (“fracas”) entre biomoléculas em solvente aquoso
3 OSMOMETRIA
A osmose é o processo pelo qual a água se move através de uma membrana
semipermeável de uma região de maior concentração de água para uma região de
menor concentração de água. Esse movimento (difusão) é impulsionado pela diferença
na pressão osmótica entre as duas regiões. A osmolaridade, ou a concentração de
partículas dissolvidas, é uma medida da pressão osmótica e é usada para descrever a
concentração relativa de uma solução (Figura 23).
41
Figura 23 – Efeito da osmolaridade extracelular no movimento da água através de uma membrana
plasmática.
Quando uma célula em balanço osmótico com o meio circundante – isto é, uma célula
em (a) um meio isotônico – é transferida para (b) uma solução hipertônica ou (c) uma
solução hipotônica, a água tende a se mover através da membrana na direção que
deve igualar a osmolaridade nos lados externo e interno da célula.
42
4 pH E SISTEMAS TAMPÃO BIOLÓGICOS
A posição na qual uma reação química está em equilíbrio é determinada por
sua constante de equilíbrio, Keq (algumas vezes expressa simplesmente por K). Para
a reação geral de conversão dos regentes A + B nos produtos C + D, a constante de
equilíbrio pode ser calculada pela razão da concentração de produtos para os reagentes
no equilíbrio: Keq = [C]eq[D]eq/[A]eq[ B]eq.
H2O↔H+ + OH-
Por outro lado, soluções com pH maior que 7 são consideradas alcalinas ou
básicas, porque contêm uma concentração maior de íons OH- do que de íons H+. Ou
seja, [H+] < [OH-] e pH > 7. Por exemplo, uma solução com pH 10 tem uma concentração
de H+ de 10-10 M, que é inferior a 10–7 M.
43
Figura 24 – O pH de alguns fluidos aquosos
44
Figura 25 – Pares conjugados ácido-base consistem em um doador de prótons e um aceptor de prótons
Alguns compostos como o ácido acético e íons amônio são monopróticos; eles só
podem doar um próton. Outros são dipróticos (ácido carbônico e glicina) ou tripróticos
(ácido fosfórico). As reações de dissociação de cada par são mostradas onde elas
ocorrem ao longo de um gradiente de pH. A constante de equilíbrio ou dissociação (Ka)
e seu logaritmo negativo, o pKa, são mostrados para cada reação.
45
Figura 26 – A curva de titulação do ácido acético
46
A equação de Henderson-Hasselbalch permite calcular o pH de uma solução
tampão. pH = pKa + log([A-]/[HA]), onde pKa é a constante de dissociação do ácido, e
[A-] e [HA] representam as concentrações da forma dissociada do ácido e da forma não
dissociada do ácido, respectivamente. Esta equação nos permite determinar o valor de
pH que causa 50% de dissociação do ácido. Em uma solução tampão, o ácido e sua
base conjugada estão em equilíbrio, e a solução tampão é capaz de resistir a mudanças
no pH devido à presença de um ácido ou de uma base.
47
Esse sistema é mais complexo, pois o ácido carbônico é formado pela reação
reversível de CO2(d), dissolvido em solução aquosa (pois em condições normais, o CO2
é um gás): CO2(d) + H2O ↔ H2CO3. Assim, a própria concentração de H2CO3 depende da
concentração de CO2 (pressão parcial de CO2) na solução.
48
Figura 29 – O pH ótimo de algumas enzimas
A pepsina é uma enzima digestiva secretada no suco gástrico, que tem pH ,1,5, o que
permite à enzima funcionar de forma ótima. A tripsina, uma enzima digestiva que age
no intestino delgado, tem um pH ótimo que se assemelha ao pH neutro do lúmen do
intestino delgado. A fosfatase alcalina do tecido ósseo é uma enzima hidrolítica que
presumivelmente auxilia na mineralização dos ossos.
49
ATP é um fosfoanidrido formado pela reação de condensação (perda de elementos
da água) entre ADP e fosfato. R representa o monofosfato de adenosina (AMP). Esta
reação de condensação requer energia. A hidrólise do ATP (adição de elementos da
água) para formar ADP e fosfato libera uma quantidade equivalente de energia. Estas
reações de condensação e hidrólise do ATP são somente um dos exemplos do papel
da água como reagente nos processos biológicos
NOTA
A capacidade do carbono em formar diferentes tipos de ligações através de diferentes
formas de hibridização é fundamental para sua função única na formação de estruturas
complexas necessárias para a vida.
O processo de hibridização do carbono é uma reorganização dos orbitais atômicos do
átomo de carbono, ou seja, quando os orbitais atômicos originais, que são os orbitais 2s
e 2p, se combinam para formar um conjunto de orbitais híbridos que são utilizados para
formar ligações covalentes com outros átomos. Os diferentes tipos de orbitais híbridos,
podem ser sp, sp2 e sp3, dependendo do número de orbitais p que se combinam com
o orbital s. Por exemplo, quando o carbono se une a outro carbono, pode formar quatro
ligações simples ou usar hibridização sp3. Alternativamente, pode formar uma ligação dupla
e duas ligações simples, também usando hibridização sp3. Duas ligações duplas podem
ser formadas usando hibridização sp, enquanto uma ligação tripla e uma ligação simples
também podem ser criadas usando hibridização sp, como mostrado na tabela abaixo.
As ligações duplas entre carbono e oxigênio são especialmente importantes em muitas
moléculas, pois são cruciais para a formação e função de uma ampla variedade de
macromoléculas, incluindo carboidratos, lipídios e ácidos nucleicos.
2 simples
Oxigênio (O) 2
1 dupla
ácido carboxílico
álcool
3 simples
Nitrogênio (N) 3 1 simples + 1 dupla
1 tripla
amina
50
2 simples
Enxofre (S) 2
1 dupla dissulfeto de carbono
Halogênios:
Flúor (F)
Cloro (Cl) 1 1 simples
Bromo (Br)
Iodo (I) haleto de alquila
DICA
https://sites.usp.br/bioquimica/propriedades-da-agua/
https://sites.usp.br/bioquimica/propriedastampao/
http://www.sbq.org.br/
https://www.labxchange.org/
51
LEITURA
COMPLEMENTAR
DEMONSTRAÇÃO DO EFEITO TAMPÃO DE COMPRIMIDOS EFERVESCENTES COM
EXTRATO DE REPOLHO ROXO
52
Notas
1. As cores observadas são: no ácido clorídrico, vermelha; na água, lilás, e no hidróxido
de sódio, verde, passando a amarelo.
2. Observa-se assim alteração brusca de pH, indicada pela rápida mudança da coloração
da solução.
3. Na solução com comprimido efervescente, a cor se mantém.
4. A solução resiste por mais tempo à mudança de pH que as demais.
Questões propostas
Conclusões e comentários
53
Também em nosso organismo elas estão presentes, mantendo o pH do estômago
próximo a 2, o do sangue próximo a 7,4, o da urina ao mínimo de 4,5. Por isso, é também
importante que certos medicamentos sejam ‘tamponados’, para que não percam ou não
mudem seus efeitos em diferentes condições de pH.
54
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• A água é uma molécula polar atuando como solvente para muitas substâncias
iônicas e polares. A água não interage com moléculas apolares.
55
AUTOATIVIDADE
1 Na natureza, podemos encontrar uma variedade de ligações que mantêm átomos
e compostos juntos. Acerca do tipo de ligação fraca que você pode encontrar entre
moléculas de água e também em seu próprio DNA, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( x ) Micelas. Pag.39
b) ( ) Lipídios.
c) ( ) Camada de hidratação. Campos Hidrofilicos Pag 38
d) ( ) Nenhuma das anteriores.
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4 Johannes Nicolaus Brønsted e Thomas Martin Lowry foram dois químicos
dinamarqueses que trabalharam juntos no início do século XX. Eles proposeram a teoria de
ácido-base conhecida como Teoria de Brønsted-Lowry. Na reação a seguir entre o ácido
clorídrico e a amônia, quais dos compostos podem ser denominados um ácido de
Brønsted-Lowry ou uma base de Brønsted-Lowry. Explique:
Nesta reação, o HCl doa um próton (H⁺) para a molécula de amônia (NH₃), formando o íon amônio (NH₄⁺).
Portanto, o HCl atua como um ácido de Brønsted.
A amônia (NH₃) recebe o próton e se transforma no íon amônio (NH₄⁺), agindo como uma base de
Brønsted.
Reação inversa: NH₄⁺ + Cl⁻ → HCl + NH₃
Nesta reação inversa, o íon amônio (NH₄⁺) doa um próton para o íon cloreto (Cl⁻). Assim, o NH₄⁺ é o ácido e
o Cl⁻ é a base de Brønsted.
Forma-se o par ácido-base conjugado: HCl e Cl⁻, e um segundo par conjugado ácido-base: NH₃ e NH₄⁺.
Portanto, na reação entre o ácido clorídrico e a amônia, o HCl é um ácido de Brønsted e a amônia é uma
base de Brønsted. A água também pode atuar como ácido ou base, dependendo da espécie química com a
qual está reagindo .
Resposta Pergunta 1
Na natureza, encontramos uma variedade de forças intermoleculares que mantêm átomos e compostos unidos. Vou
abordar dois tipos de ligações importantes: ligações de hidrogênio e ligações no DNA.
Ligações de Hidrogênio:
A ligação de hidrogênio ocorre em moléculas polares que têm o hidrogênio ligado a elementos eletronegativos, como
oxigênio (O), flúor (F) e nitrogênio (N).
Na molécula de água (H₂O), a ligação de hidrogênio é fundamental. O átomo de oxigênio é mais
eletronegativo que os átomos de hidrogênio, criando uma diferença de carga.
No estado líquido, as moléculas de água interagem de forma desordenada, mas no gelo, elas
se organizam tridimensionalmente em uma estrutura cristalina, graças às ligações de
hidrogênio
Forças Intermoleculares no DNA:
O DNA é uma macromolécula formada por duas cadeias complementares de nucleotídeos.
As ligações de hidrogênio mantêm unidas as duas cadeias da dupla hélice do DNA. Cada par
de bases nitrogenadas (adenina com timina ou citosina com guanina) forma duas ligações de
hidrogênio.
Essas ligações são essenciais para a estabilidade e replicação do DNA, permitindo que as
informações genéticas sejam transmitidas de geração em geração3.
Em resumo, as ligações de hidrogênio são cruciais tanto para a água quanto para o DNA,
garantindo suas propriedades e funções biológicas.
A Teoria de Brønsted-Lowry é uma teoria fundamental sobre reações ácido-base, proposta
independentemente pelos químicos Johannes Nicolaus Brønsted e Thomas Martin Lowry
em 1923123. Essa teoria expandiu o conceito de ácidos e bases além das soluções
aquosas, que era a limitação da teoria anterior de Arrhenius.
5 O tampão é uma solução biológica ou química que age para manter o pH relativamente
constante quando se adiciona ácido ou base à solução. Isso é de grande importância,
pois muitos processos biológicos e químicos são sensíveis à mudança de pH e podem
ser afetados por variações bruscas no pH. Explique como um tampão mantém o
pH constante.
RODWELL, V. W. et al. Bioquímica ilustrada de Harper. 31. ed. Porto Alegre: AMGH,
2021.
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