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Ecológica
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof. André Ferreira D’ Avila
Profª. Kally Janaina Berleze
A958n
ISBN 978-65-5646-530-2
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo a mais uma disciplina do nosso curso!
Estamos prestes a iniciar os estudos na disciplina de Nutrição Ecológica. Considerando
o compromisso de garantir a qualidade do material disponibilizado para auxiliar no seu
processo de aprendizagem, é, sempre, um desafio desenvolver um material de estudo
que possa contribuir, efetivamente, para a formação acadêmica.
Você sabe o que é nutrição ecológica? Já ouviu esse termo antes? Ao longo
dos seus estudos, você descobrirá que a nutrição ecológica é uma área de estudo bem
complexa que será abordada com um material rico em informações. Ela é uma área das
ciências, extremamente, importante para a sociedade, em função dos vários benefícios
que promove à população. Assim, serão apresentadas três unidades, subdivididas em
tópicos, cujo objetivo principal será estimular o seu interesse e a sua curiosidade para o
estudo da disciplina. Vamos sugerir, em alguns momentos, outras fontes de informações
que serão úteis para a consolidação do seu conhecimento.
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade
para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
TÓPICO 2 - ECOLOGIA.......................................................................................................... 15
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 15
2 ECOLOGIA .......................................................................................................................... 15
3 BIOMAS............................................................................................................................... 19
4 PONTO DE PARTIDA DA SUSTENTABILIDADE ............................................................... 26
RESUMO DO TÓPICO 2.......................................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 32
TÓPICO 3 - AGROECOLÓGICO............................................................................................. 35
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 35
2 AGRICULTURA ECOLÓGICA............................................................................................. 35
3 PERSPECTIVA GLOBAL DA AGRICULTURA ECOLÓGICA................................................ 44
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 49
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 56
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................57
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................122
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 205
UNIDADE 1 -
REVOLUÇÃO AGRÍCOLA E
AVANÇOS TECNOLÓGICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
REVOLUÇÃO AGRÍCOLA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, você, provavelmente, já deve ter ouvido falar da revolução
agrícola e já deve ter uma noção a respeito do tema.
Neste tópico introdutório, abordaremos os principais centros populacionais
datados do Neolítico, as tecnologias e a organização social deles. Para construir
essa base, inicialmente, apresentaremos o contexto da revolução agrícola. Em
seguida, aprofundaremos os períodos estimados para o desenvolvimento dos centros
populacionais, as tecnologias desenvolvidas para a produção agrícola e alguns conceitos
de organização social nas comunidades sedentárias.
Ao fim do primeiro tópico, você deverá conseguir entender o que foi a revolução
agrícola, diferenciar os centros populacionais, e compreender a importância das
tecnologias para a produção agrícola frente às novas demandas populacionais. Por isso,
é, extremamente, importante a sua dedicação ao longo da nossa jornada. Bons estudos!
2 REVOLUÇÃO AGRÍCOLA
Na Idade da Pedra Lascada, há, aproximadamente, 12.000 anos, a espécie humana
já utilizava utensílios feitos de pedras lascadas, para caça, pesca e coleta. O refinamento
dessas lascas foi amplificado no período Neolítico, ou seja, na Idade da Pedra Polida,
possibilitando, desse modo, “ao longo desse último período da Pré-História, menos de
10.000 anos depois, que várias dessas sociedades, entre as mais avançadas do momento,
iniciassem a transição da predação à agricultura” (LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 97).
4
3 DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
O Centro do Oriente-Próximo se consolidou como um dos mais antigos pontos de
origem da agricultura neolítica (LAURENCE; ROUDART, 2009). Nesse período, os grupos
humanos possuíam hábitos nômades, caracterizados pala ausência de agricultura e
sobrevivendo da coleta de frutos e de raízes. Posteriormente, tornaram-se conhecidos
como grupos, ou sociedades sedentárias, pois passaram a possuir produção agrícola e
excedentes agrícolas armazenados, os quais permitiam a fixação de uma residência em
um local determinado, por não existir a necessidade de migrar em busca de alimentação
(FOCHI; SILVA, 2017).
NOTA
Aurochs: Boi da Europa, próximo do zebu da Ásia, já extinto.
5
A coleta diretamente da natureza era simplificada, pois, segundo Fukuoka (1995,
p. 11), “árvores e gramas liberam sementes que caem no chão, onde germinam e se
transformam em novas plantas. [...] O solo, nos campos, é trabalhado pelos pequenos
animais e raízes, sendo enriquecido pelas plantas, com adubação verde”.
NOTA
Os desenvolvimentos tecnológicos da civilização humana, durante o período
Neolítico, ocorreram de modo gradual. As tecnologias desenvolvidas variavam,
de acordo com os centros populacionais e o período analisado.
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/stonehenge-neolithic-houses-prehis-
toric-megalithic-stone-726448873>. Acesso em: 24 abr. 2021.
6
FIGURA 2 – UTENSÍLIOS TECNOLÓGICOS DO PERÍODO NEOLÍTICO
NOTA
Protocultura: Transferência de comportamentos de uma geração
para outra entre primatas não humanos.
DICA
Neolítico é uma divisão cronológica da chamada Pré-História da
humanidade, compreendida entre 10.000 a.C. e 4.000 a.C. Neolítico
significa “pedra nova”, ou, ainda, Idade da Pedra Polida.
7
O desenvolvimento da pedra polida foi fundamental para o preparo do terreno
para o cultivo. Os machados de pedra lascada não eram úteis para esse fim, pois
“se lascariam, se desgastariam rapidamente, além de serem de difícil fabricação”
(LAURENCE; ROUDART, 2009, p. 105). Acredita-se que machados de pedra polida eram
utilizados para abrir as clareiras na vegetação. Devido à pouca fragilidade, “podiam
ser confeccionados com todos os tipos de pedras duras, inclusive, com pedras não
talháveis, além de poderem ser afiados, sempre que necessário” (LAURENCE; ROUDART,
2009, p. 105). Após o preparo inicial, executava-se a limpeza do terreno, com a queima
da vegetação ceifada, antes do cultivo dos cereais e vegetais. Os primeiros locais de
desenvolvimento dessas técnicas foram o Centro do Oriente-Próximo, o Centro Norte-
Americano e o Centro Chinês.
NOTA
No Neolítico, os grupos humanos deixaram de ser nômades, ou seja,
mudavam, constantemente, de lugar, em busca de melhores condições
de sobrevivência, e se transformaram em sedentários. Os hominídeos se
fixaram em um determinado lugar. Isso possibilitou o desenvolvimento
da agricultura.
8
FIGURA 3 – SOCIEDADE NEOLÍTICA
DICA
[...] A revolução agrícola foi uma das marcas do período Neolítico. Com a
sedentarização dos grupos humanos, pôde-se observar, além de reconhecer
os fenômenos naturais e explorar a natureza em benefício do grupo. Além
disso, o primitivo pôde utilizar a terra, plantando e colhendo frutos. Com
essa mudança, aumentou-se o número populacional e os grupos humanos
se transformaram em sociedades mais complexas, abrindo espaço para
a formação de um Estado que as administrasse. Surgia, assim, a figura do
chefe do grupo, uma pessoa respeitada e obedecida pelos demais.
Outra mudança ocorrida, nesse período Neolítico, diz respeito à moradia. A caverna não
era mais o lugar ideal para ser habitado. Foi muito útil nos tempos do Paleolítico, mas, no
Neolítico, a sedentarização exigiu a construção de casas feitas de madeira, barro ou adobe.
Para alguns estudiosos do período, a construção de moradias fez surgir os primeiros
traços da arquitetura.
9
Os conceitos de sobrevivência dessas sociedades eram muito desenvolvidos,
vislumbrando que todos os indivíduos tinham condições de semear o solo, incluindo
o manejo de animais para a captura, a domesticação, o abate e a caça, algo dominado
por todos, dos coletores até os caçadores. Ainda, uma das grandes dificuldades
do período Neolítico era a organização social dentro dos centros populacionais em
expansão. Desenvolveram-se métodos e regras para a retirada imediata de recursos
para a alimentação, deixando reservas alimentares e sementes para o próximo plantio.
Os abates de animais domésticos ocorriam de modo descontrolado, não tendo em
consideração se eram jovens, se estavam em fase de crescimento ou se estariam
findando a possibilidade de renovação do rebanho (LAURENCE; ROUDART, 2009).
10
e de bens quando do falecimento dos anciãos, ou, ainda, no momento
da segmentação do grupo, obedeciam, necessariamente, a um
mínimo de regras sociais. Elas garantiam a reprodução proporcional
do grupo e das linhagens de plantas cultivadas e de animais
domésticos dos quais dependia essa sobrevivência (LAURENCE;
ROUDART, 2009, p. 109).
11
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A Revolução Agrícola ocorreu em, pelo menos, seis grandes centros populacionais.
12
AUTOATIVIDADE
1 Estudos apontam que a espécie humana utilizava ferramentas e utensílios de pedra
lascada desde a Pré-História. Estima-se que o ser humano começou a utilizar a pedra
polida na era:
a) ( ) Glacial.
b) ( ) Paleolítica.
c) ( ) Neolítica.
d) ( ) Idade dos Metais.
13
4 De acordo com os estudos de Laurence e Roudart (2009), a Revolução Agrícola levou
em torno de 1.000 anos para desenvolver os próprios potenciais técnicos, culturais e
econômicos. Com o desenvolvimento técnico e de equipamentos apropriados, como
era organizada a alimentação dos grupos sedentários?
FONTE: LAURENCE, M. M.; ROUDART, L. História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise contem-
porânea. v. 69. São Paulo: UNESP, 2009.
14
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
ECOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, bem-vindo ao Tópico 2! Você, provavelmente, já deve ter
ouvido falar do tema Ecologia.
Neste tópico, abordaremos as principais linhas de pensamento que sustentam
o conceito de ecologia. Compreenderemos os níveis de organização ecológica, ponto a
ponto, construindo, desse modo, a estrutura da biosfera. Ainda, traçaremos os conceitos
dos principais biomas pelo globo terrestre, incluindo a sustentabilidade.
Ao fim deste segundo tópico, você deverá conseguir compreender o conceito
de ecologia e diferenciar e caracterizar os principais biomas e a organização da biosfera,
desde a menor unidade até a estrutura macro. Por isso, é, extremamente, importante a
sua dedicação ao longo desta nossa jornada. Bons estudos!
2 ECOLOGIA
A palavra ecologia se originou do grego oikos (casa) e logos (estudo), com o
seguinte significado literal: “estudo da casa”. A definição veio a ser apresentada em 1866,
por Ernest Haeckel, um discípulo de Charles Darwin. De acordo com ele, a ecologia é
a ciência responsável pela compreensão relacional dos organismos com o ambiente
(TOWNSEND; BEGON; HAPER, 2013). No Quadro 2, poderemos compreender a ecologia a
partir da perspectiva de outros pesquisadores.
NOTA
“Se você observar formigas colhendo migalhas na calçada ou assistir a um
vídeo de ursos polares caçando no gelo marinho, você estará estudando
ecologia. A partir dessas experiências simples, a maioria das pessoas sabe
que os organismos, na Terra, estão conectados entre si e com o ambiente.
Ecologia é a exploração dessas interconexões, e é mais, simplesmente,
definida como o estudo das relações entre organismos e ambiente físico.
Os ecólogos estudam essas interações em escalas diferentes e com
métodos diferentes, mas todos concordam que a ecologia é, antes de
tudo, um esforço científico” (SAVADA et al., 2020, p. 716).
15
Atualmente, um dos conceitos mais aceitos em relação à ecologia é a ciência
que estuda a relação entre os seres vivos e os demais componentes do ambiente, ou
seja, o estudo do ambiente, com seus fatores físicos, químicos e biológicos que afetam
os organismos (ALVES; BRANDT; ALVES, 2013).
16
“É estudo das relações entre os seres vivos e os fatores
Pianka (1983) físicos e biológicos que os atingem, ou são afetados por
eles, direta ou indiretamente”.
FONTE: Adaptado de Townsend, Begon e Haper (2013) e Alves, Brandt e Alves (2013)
FONTE: Adaptado de Townsend, Begon e Haper (2013) e Alves, Brandt e Alves (2013)
NOTA
“Ao estudar os efeitos ecológicos da mudança climática sobre uma
determinada espécie, os ecólogos, talvez, tivessem que combinar
observações de espectro de temperatura da espécie com experimentos
de curto prazo a respeito dos efeitos do aquecimento na distribuição dela
e, então, usar modelos para projetar como as distribuições poderiam
mudar com a continuidade do aquecimento” (SAVADA et al., 2020, p. 717).
17
FONTE: O autor
NOTA
Savada et al. (2020, p. 717) apresentam que a “ecologia é o estudo científico
das relações entre os organismos e o ambiente. A ecologia é estudada em
múltiplos níveis de organização, desde indivíduos até a biosfera. Os ecólogos
utilizam uma combinação de observações, experimentos e modelos para
testar teorias ecológicas”.
18
FIGURA 6 – SISTEMAS ECOLÓGICOS
3 BIOMAS
Os biomas descrevem os macros sistemas e as especificidades deles, sejam
regionais ou subcontinentais, apresentando características, como vegetação nas
florestas, areia nos desertos ou praias etc.
19
FIGURA 7 – BIOMA AMAZÔNICO
DICA
O Brasil é formado por seis biomas com características distintas: Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Cada um desses ambientes
abriga diferentes tipos de vegetação e de fauna.
20
• Cerrado: detém 5% da biodiversidade do planeta e é reconhecido como a savana mais
rica do mundo.
• Mata Atlântica: cerca de 15% do território é coberto pelo bioma, e é reconhecida como
Patrimônio Nacional.
• Pampa: contempla paisagens naturais variadas, de serras a planícies, de morros
rupestres a coxilhas.
• Pantanal: é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta.
Equador
Gelo polar Zona de montanha Bosques arbustivos e arbóreos temperados Campo temperado
Tundra Floresta temperada decidual Floresta estacional tropical Deserto
Floresta boreal Floresta temperada perenifólia Floresta tropical pluvial
NOTA
“Os ecólogos classificam os biomas terrestres, principalmente, pelas formas
de crescimento das próprias plantas dominantes, que refletem a evolução
dessas plantas segundo os padrões anuais de temperatura e precipitação”
(SAVADA et al., 2020, p. 726).
21
A floresta tropical pluvial se localiza nas regiões equatoriais, devido às altas
temperaturas e aos períodos chuvosos durante o ano. Esse bioma é propício para o
crescimento das espécies, chegando a ter até 500 espécies distintas por quilometro
quadrado, valor equivalente a 140 campos de futebol. Estima-se que esse bioma abrigue
50% de todas as espécies conhecidas até o momento (ALVES; BRANDT; ALVES, 2013;
SAVADA et al., 2020). Elas “[...] fornecem, aos seres humanos, uma gama de produtos,
incluindo frutos (secos e polposos), medicamentos, combustível, polpa e madeira para
móveis” (SAVADA et al., 2020, p. 727).
22
FIGURA 12 – CAMPOS TEMPERADOS NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E NO CANADÁ
23
NOTA
Pleistoceno: época geológica da história da Terra que, segundo
muitos geólogos, começou há cerca de 1.750.000 anos e terminou,
aproximadamente, há dez mil anos. A época plistocena abrangeu
um período chamado de Idade do Gelo, quando várias camadas de
gelo cobriram vastas regiões da Terra. Antropólogos creem que o ser
humano primitivo começou, gradualmente, a evoluir para a forma atual
durante o Plistoceno.
24
O bioma floresta temperada perenifólia é localizado nas costas dos continentes
dos Hemisférios Norte e Sul. Possui invernos úmidos e amenos, e verões frios e secos. A
vegetação varia, conforme a posição geográfica desse bioma, são predominantes, as
coníferas, no Hemisfério Norte, e, as faias-do-sul, no Sul (SAVADA et al., 2020).
O bioma tundra é encontrado, apenas, em latitudes altas (> 65º). Uma das
principais características dele são as baixas temperaturas, incluindo os curtos espaços
férteis. “Esse bioma é embasado por pergelissolo (permafrost) – solo permeado com água,
permanentemente, congelada. Os poucos centímetros superiores do solo descongelam
durante os curtos verões, quando o Sol pode estar acima do horizonte 24 horas por
dia“ (SAVADA et al., 2020, p. 371). A vegetação predominante são as ciperáceas, ervas
latifoliadas, gramíneas, arbustos, liquens e musgos. A fauna é caracterizada, em sua
maioria, em migrantes de verão, ou dormentes de longos períodos anuais.
DICA
Produção agropecuária, na Mata Atlântica, pode se tornar neutra em carbono
dentro de 20 anos
As emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) de todos os setores do bioma Mata Atlântica
(agricultura, mudança de uso da terra, tratamento de resíduos, energia e indústria) foram
de 8,55 gigatoneladas de CO2 equivalentes (GtCO2e, medida utilizada para comparar as
emissões de vários Gases de Efeito Estufa baseada no potencial de aquecimento global de
cada um) entre 2000 e 2018. Apenas com as emissões de 2018, de 450 MtCO2e, o bioma
poderia ser considerado, naquele ano, o 18º país com mais emissões do mundo, na frente
do Reino Unido.
Foram emitidas 55 GtCO2e, resultado dos 115 milhões de hectares (ha) de florestas
desmatadas em 521 anos. Esse valor é 20% maior do que o emitido pelo desmatamento
da Amazônia. Os dados são do estudo realizado em parceria entre a Fundação SOS Mata
25
Atlântica, o Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) e o SEEG (Sistema
de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), iniciativa do Observatório do Clima.
O estudo será apresentado nesta quarta (3/11), em evento paralelo, na Conferência do
Clima de Glasgow (COP-26).
Segundo Luis Fernando Guedes Pinto, diretor de Conhecimento da SOS Mata Atlântica,
essas metas são viáveis, dependendo de medidas de governança e da adoção de melhores
práticas por tomadores de decisão dos setores públicos e privados. “As ações necessárias,
para atingirmos esse cenário, combinam políticas de comando e controle e de incentivos
conhecidas, mas que precisam ser, plenamente, implementadas, ou aprimoradas, como o
Código Florestal, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), o Plano Nacional
de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg) e o Plano Safra, que, por sua vez, deve
ser complementado com as vontades políticas internacional, nacional e subnacional, além
de investimentos do setor privado. Não há barreiras tecnológicas para a implantação, e já
tivemos avanços, nesse sentido, nos últimos anos”, enumera.
O estudo aponta caminhos que devem ser priorizados para um bioma neutro em todos
os setores de emissão: substituição do uso de combustíveis fósseis por renováveis no
transporte nas metrópoles; tratamento de resíduos (esgoto e lixo) nas cidades, associado
à recuperação do metano e à geração de energia a partir da combustão dele; combate ao
desmatamento (em especial, nos estados de MG, BA, PR, SC e MS, que concentram 91%
do total no bioma); adoção de uma agricultura de baixo carbono, com a recuperação de
pastagens e de solos degradados; pecuária mais eficiente; fixação biológica do nitrogênio;
e restauração florestal e criação de áreas protegidas.
26
apenas, com o uso de recursos locais, rendimentos de 2t a 4t de arroz
por hectare. Na época das grandes navegações, já era, o Extremo
Oriente, densamente, povoado para os padrões de então, e muito
mais opulento do que a semibárbara Europa, ainda não bem saída do
feudalismo (KHATOUNIAN, 2001, p. 18).
NOTA
Quando assumirmos que a natureza vem sofrendo danos em decorrência
do conhecimento e do comportamento do homem, e renunciarmos a
esses instrumentos de caos e destruição, ela recuperará a capacidade de
alimentar todas as formas de vida. Em certo sentido, o caminho, rumo à
agricultura natural, é o primeiro passo em direção ao restabelecimento da
natureza (FUKUOKA, 1995).
27
NOTA
O governo brasileiro ampliou a importância da sustentabilidade na agropecuária
brasileira, incorporando, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA),
competências e responsabilidades que estavam em outros ministérios. A implementação
do Código Florestal, a Política de Governança Fundiária, uma nova visão para a agricultura
familiar e para a assistência técnica e a extensão rural, incluindo a reincorporação da
aquicultura e da pesca ao MAPA, permitem repensar nas políticas e nas ações voltadas
para a sustentabilidade de forma integrada e coordenada.
Diante dessa nova estrutura administrativa e dos enormes desafios a fim de aumentar
o protagonismo da agricultura brasileira no cenário mundial, o MAPA desenvolveu um
planejamento para o período entre 2020 e 2023, o qual tem, como principal objetivo, o
fortalecimento de uma agricultura sustentável, eficiente e competitiva.
FONTE: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/57539373/artigo---
sustentabilidade-na-agricultura>. Acesso em: 24 abr. 2021.
NOTA
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deu início, em 11 de julho
de 2021, a XVII Campanha Anual de Promoção do Produto Orgânico. O tema da
campanha de 2021, “Alimento Orgânico: Sabor e Saúde em sua Vida”, pretendia
ressaltar os benefícios do alimento orgânico para a promoção da saúde, as seguranças
alimentar e nutricional, o sabor e o aproveitamento integral dos alimentos, aliados ao
respeito ao meio ambiente e à justiça social. Outra abordagem importante foi informar, aos
consumidores, onde encontrar, além de identificar os produtos e os serviços vinculados
à produção orgânica. Em decorrência da pandemia da COVID-19, do isolamento e do
distanciamento social necessários para o enfrentamento da crise sanitária, o lançamento
da XVII Campanha Anual de Promoção do Produto Orgânico se deu de forma virtual, nos
dias 12 e 13 de julho de 2021, utilizando as redes sociais e o site do MAPA.
29
NOTA
A sustentabilidade deve ser vista pelas dimensões econômica, social e ambiental.
A dimensão econômica, muitas vezes, a mais considerada, é fundamental para a
efetividade de qualquer atividade. Toda atividade precisa proporcionar o retorno
financeiro suficiente para garantir a manutenção dos processos e a adequada
rentabilidade econômica para os que estão, diretamente, envolvidos. Por sua vez, a
dimensão social está fundamentada na capacidade que uma determinada atividade tem
de reduzir as desigualdades e/ou proporcionar equidade social, ou seja, condições dignas
sob os aspectos da saúde, alimentação, educação, moradia, vestuário e lazer, para todos os
envolvidos com a atividade. Por fim, a dimensão ambiental está fundamentada na capacidade
que uma atividade tem de tomar medidas preventivas para evitar alterações no ambiente
que possam perturbá-lo, de tal forma a interferir na vida das plantas e dos animais.
30
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
31
AUTOATIVIDADE
1 Compreendemos que os níveis de organização da ecologia caracterizam e conceituam
os elementos que compõem tudo que é vivo. A espécie é representada por indivíduos
semelhantes, e, de modo funcional, estrutural e reprodutivo, o habitat é o local onde
os seres vivos habitam dentro de um ecossistema. Nesse contexto, disserte a respeito
do nível organizacional da população.
2 Analise o mapa a seguir. A partir da ilustração proposta por Savada et al. (2020, p.
726), poderemos observar os biomas predominantes do Brasil.
Equador
Gelo polar Zona de montanha Bosques arbustivos e arbóreos temperados Campo temperado
Tundra Floresta temperada decidual Floresta estacional tropical Deserto
Floresta boreal Floresta temperada perenifólia Floresta tropical pluvial
32
3 Os biomas possuem características específicas para o desenvolvimento da flora
e da fauna. Quais das opções a seguir são características do bioma da floresta
tropical pluvial?
I- Altas temperaturas
II- Períodos chuvosos anuais
III- Desenvolvimento de espécies
IV- Fauna preparada para baixas temperaturas
V- Dificuldade para o desenvolvimento de espécies
a) ( ) I – II – III.
b) ( ) II – IV – V.
c) ( ) I – II – V.
d) ( ) I – IV – V.
33
34
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
AGROECOLÓGICO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo ao último tópico desta unidade! Provavelmente,
você já deve ter ouvido falar do tema agroecológico e da relação dele com a sustentabilidade.
Neste tópico final, abordaremos as principais escolas agrícolas do mundo e a
perspectiva global da agricultura ecológica.
2 AGRICULTURA ECOLÓGICA
Compreendemos que a ideia de desenvolvimento da agricultura ecológica é
justificada pela compreensão das consequências das produções em larga escala. Os
recursos para a produção alimentar, no planeta, não são mais suficientes para o contingente
populacional global. Com isso, a produção comercial de alimentos se tornou uma grande
fonte de renda, mas, segundo Khatounian (2001, p. 24), com consequências irreparáveis:
35
FIGURA 17 – ESCOLAS DE AGRICULTURA ECOLÓGICA
FONTE: O autor
Aqui no Brasil, esse estilo de agricultura foi iniciado nas colônias alemãs,
sendo pioneiro na região Sudeste do país. A fazenda Estância Demétria, localizada em
Botucatu/SP, desenvolveu-se e assumiu “novas funções e se desmembrou em outras
organizações, que são, atualmente, ativas na formação de pessoal, certificação e
divulgação” (KHATOUNIAN, 2001, p. 25).
36
DICA
Fazenda ícone da agroecologia, no Brasil, pode virar loteamento
Criada, em 1974, pelo empresário Pedro Schmidt, a Estância Demétria fica no município
paulista de Botucatu. São 225 quilômetros da capital. A propriedade rural estimulou, na
própria terra, não apenas, a produção agroecológica, batizada de “biodinâmica”, mas
disseminou essa cultura pelo país, por meio de associações de certificação de propriedades
e cursos de extensão e pós-graduação reconhecidos pelo Ministério da Educação.
Por mais de 20 anos, a própria Ana Maria Primavesi, agrônoma que deixou um dos maiores
legados educacionais para a área da agroecologia, no Brasil, ministrou diversos cursos
no local. Em Itaí, município que fica a 117 km de Botucatu, Primavesi criou, em 1980, um
bem-sucedido experimento de agricultura orgânica. Na fazenda agrônoma e na Estância
Demétria, o solo era, extremamente, degradado, e levou anos para se recuperar.
37
A escola de agricultura orgânica surgiu na Inglaterra e logo disseminada em outros
países, como nos Estados Unidos. A figura central dessa escola é o agrônomo Albert Howard.
Baseava-se na ideia de que a adubação química era eficiente nos primeiros anos de plantio,
mas se apresentou uma gigantesca queda de produção nos anos subsequentes. Ainda,
aplicou os métodos utilizados na agricultura tradicional da Índia, objetivando uma produção
menor, mas com uma produção constante (KHATOUNIAN, 2001).
38
O fitopatologista Masanobu Fukuoka foi um dos principais influenciadores
desse método, “preconizando a menor alteração possível no funcionamento natural
dos ecossistemas” (KHATOUNIAN, 2001, p. 26). A difusão da agricultura natural,
no Brasil, esteve ligada, inicialmente, à colônia japonesa, a partir da qual a Igreja
Messiânica foi estabelecida.
NOTA
Fitopatologista é o cientista que estuda as doenças das plantas,
nomeadamente, as alterações provocadas por outras causas; o ataque
de insetos e outros animais, fungos, bactérias e vírus, incluindo plantas
parasitas; e fatores climáticos.
A escola de agricultura biológica foi criada na França, por volta das décadas
de 60 e 70, do século XX. Ela foi sistematizada por Claude Aubert, no livro L’Agriculture
Biologique: Pourquoi et Comment la Pratiquer, no ano de 1974.
DICA
O Instituto de Agricultura Biológica apresenta um artigo contendo 10
motivos para a aplicabilidade da agricultura biológica, além da redução de
custos, da sustentabilidade da região, do cuidado com o meio ambiente e
da exclusão de agentes químicos. Segue o link da matéria completa: https://
institutodeagriculturabiologica.org/2018/05/02/agricultura-biologica/.
39
FIGURA 20 – CLAUDE AUBERT
40
FIGURA 21 – PROFESSOR MIGUEL ALTIERI
DICA
O professor Miguel Altieri apresenta uma perspectiva que envolve as ações
da agricultura ecológica em um momento após a pandemia no mundo. A
entrevista é exclusiva do Patagon Journal. Acesse em: https://bit.ly/3BqUG08.
41
A permacultura não está limitada às zonas rurais. Vincula-se ao meio urbano,
e adapta, ecologicamente, as cidades, com ênfase em reduzir a utilização de energia
elétrica. Ainda, utiliza os mecanismos naturais para suprir as necessidades da população.
Para “o Brasil, um país de natureza, predominantemente, florestal, o potencial de
contribuição que sistemas permaculturais podem dar a uma economia sustentável,
ainda, está, quase totalmente, inexplorado” (KHATOUNIAN, 2001, p. 29).
A poluição dos ecossistemas havia atingido tais proporções que ameaçava as bases
de sustentação da vida. A contaminação das águas doces e dos oceanos, a destruição da
camada de ozônio, o comprometimento das cadeias tróficas, os resíduos de agrotóxicos no
leite materno e na água das chuvas, as chuvas ácidas, tudo isso, infelizmente, não eram
mais especulações, ou alarmismo, mas fatos concretos e, fartamente, documentados. A
agricultura, em particular, tornara-se a maior fonte de poluição difusa do planeta. A situação
era, claramente, insustentável (KHATOUNIAN, 2001, p. 31).
42
FIGURA 23 – PERMACULTURA URBANA
FONTE: O autor
43
A produção orgânica visa à conservação da
Conservação do solo fertilidade do solo, com as práticas de rotação
de culturas e adubação verde.
A agricultura convencional pode poluir o solo
de cultivo com produtos químicos que são
prejudiciais. Além disso, os agrotóxicos e
Redução da poluição ambiental fertilizantes químicos são levados pela água
da chuva e pelo vento para regiões vizinhas,
podendo prejudicar o local de utilização e os
locais distantes também.
Na produção orgânica para animais, eles são
alimentados, somente, com produtos orgânicos
Bem-estar animal e mantidos em locais mais espaçosos e menos
estressantes, reduzindo o uso de hormônios
artificiais ou antibióticos sintéticos.
FONTE: Adaptado de YouAgro (2019)
44
A partir da tríade apresentada, deve-se levar em consideração os fatores bióticos
e abióticos do local. Os fatores bióticos envolvem a flora e a fauna da área destinada ao
cultivo agrícola, e os abióticos são os demais elementos, como luz, água, minerais, vento
e temperatura. Desse modo, “essas espécies vegetais, ou animais, são indicadoras das
condições daquele ambiente” (MEIRELLES; VENTURIN; GUAZZELLI, 2016, p. 9).
DICA
Como se pode aproveitar, da melhor forma possível, estes recursos naturais –
o sol, a água e os nutrientes?
O jeito mais eficiente é tendo muita vida no solo, começando por plantas de cobertura,
mas não se esquecendo de que existe toda uma vida do solo que precisa ser preservada
e estimulada. Quanto mais vida, mais fertilidade. Quanto mais fertilidade, maior garantia
de saúde para as plantas. Quanto mais saúde, mais qualidade do que é colhido. Uma
planta mais saudável, também, é menos agredida por insetos e patógenos, tendendo
a uma ótima produtividade. Assim, um princípio básico, da agricultura ecológica, é a de
que o solo é um organismo vivo. Todo o manejo que se faz nesse organismo tem que ser
para aumentar essa vida.
Deixando o solo coberto o maior tempo possível, o agricultor estará aproveitando a energia,
farta e de graça, que chega na propriedade dele. Com isso, pode evitar ter que recorrer à
energia do petróleo, comprada na forma de adubo químico (NPK e outros).
Nos ambientes agrícolas nos quais são fornecidas, ou existam água e luz solares,
que chegam em grande quantidade, como nas regiões tropicais e subtropicais úmidas, é
muito importante manter o solo coberto por alguma vegetação. Essa vegetação sobre o
solo o protege da erosão e da compactação, sendo “responsável por fazer com que essa
energia gere vida, e não destruição” (MEIRELLES; VENTURIN; GUAZZELLI, 2016, p. 9).
45
uma determinada espécie vegetal desempenha no nicho ecológico
no qual, momentaneamente, está se sobressaindo o que nos
leva ao conceito de plantas indicadoras (MEIRELLES; VENTURIN;
GUAZZELLI, 2016, p. 9).
NOTA
A boa fertilidade de um solo, dada por condições físicas adequadas (solo solto),
diversidade de nutrientes e muitas atividades dos microrganismos, aumenta
os poderes de absorção e de escolha de alimentos pelas plantas, favorecendo
a proteossíntese.
A matéria orgânica aplicada ao solo aumenta a proteossíntese das plantas, devido aos
compostos orgânicos e à diversidade de macro e micronutrientes.
NOTA
As plantas em crescimento juntam aminoácidos para formar proteínas.
Esse processo de formação de proteínas é denominado de proteossíntese.
46
TABELA 1 – PLANTAS SINALIZADORAS DO ESTADO DO SOLO
NOTA
“Não estamos falando de deixar a vegetação espontânea tomar conta dos nossos
cultivos, mas de manejá-la de maneira adequada, aproveitando a presença e os
benefícios dela ao nosso agroecossistema” (MEIRELLES; VENTURIN; GUAZZELLI,
2016, p. 11). “Não estamos falando de deixar a vegetação espontânea tomar conta dos
nossos cultivos, mas de manejá-la de maneira adequada, aproveitando a presença e os
benefícios dela ao nosso agroecossistema” (MEIRELLES; VENTURIN; GUAZZELLI, 2016, p. 11)..
47
NOTA
Para refletir a respeito da agricultura ecológica e do ecossistema...
[...]
48
LEITURA
COMPLEMENTAR
A AUTÊNTICA REVOLUÇÃO FOI NO PERÍODO NEOLÍTICO
Guillermo Altares
Pintura rupestre de uma cena cotidiana com gado no Neolítico, em Tassili n’Ajjer (Argélia). De Agostini
Picture Library (GETTY)
Ponderar se foi uma desgraça ou uma sorte algo que aconteceu há 10.000 anos,
algo que não podemos reverter, pode ser absurdo, mas é importante tentar saber como
aquela passagem aconteceu e saber se a vida das populações melhorou. O motivo é
que foi naquele período que a humanidade começou a transformar o meio ambiente
para adaptá-lo às próprias necessidades, ainda, quando a população da Terra começou
a crescer exponencialmente, um processo que só se acelerou, desde então. Assim, os
estudos que envolvem o Neolítico se multiplicaram nos últimos tempos, e isso não é por
acaso: hoje, presenciamos a passagem para uma nova era geológica, do Holoceno ao
Antropoceno, uma mudança planetária imensa. De fato, alguns estudiosos acreditam
que esse salto começou no Neolítico.
49
“O crescimento demográfico constante, que ainda está fora de controle,
provocou concentrações humanas, tensões sociais, guerras, desigualdades crescentes”,
escreve o arqueólogo francês Jean-Paul Demoule, professor emérito da Universidade
de Paris I-Sorbonne em recente ensaio: Les Dix Millénaires Oubliés Qui Ont Fait
l’Histoire. Quand On Inventa l’Agriculture, la Guerre et les Chefs (FAYARD, 2017) [Os Dez
Milênios Esquecidos que Fizeram a História. Quando Inventamos a Agricultura, a Guerra
e os Chefes]. “Acredito que é a única verdadeira revolução na história da humanidade”,
explica Demoule por telefone. “A revolução digital que estamos vivendo atualmente
não é mais do que uma consequência de longo prazo daquela, mas, curiosamente, é a
menos ensinada na escola. Começamos com as grandes civilizações, como se fossem
óbvias, mas é muito importante perguntar por que chegamos até aqui, por que temos
governantes, exércitos, burocracia. Acho que no nosso inconsciente não queremos
fazer essas perguntas”.
Scott percebeu que todas as ideias que tinha a respeito do Neolítico estavam
erradas enquanto preparava um curso de domesticação de plantas e animais.
“Passei três anos estudando tudo o que havia sido publicado, tentando entender
o que, realmente, havia acontecido”, explica por telefone, do escritório. Assim,
escreveu Against the Grain: A Deep History of the Earliest States (YALE UNIVERSITY
PRESS, 2017) [Contra As Sementes: Uma História em Profundidade dos Primeiros
Estados], livro que teve grande impacto no mundo anglo-saxão. “A versão que
contamos do Neolítico nas escolas, que aprendemos para domesticar as plantas,
então, criamos as cidades e a fome acabou, é falsa”, diz Scott.
50
que já se utilizavam a agricultura e a irrigação antes do nascimento dos Estados, e que
diferentes catástrofes, como epidemias, desmatamento e salinização do solo, fizeram
com que o Neolítico fosse um processo de ida e volta e que sociedades agrícolas
voltassem a ser caçadoras-coletoras. “Durante 5.000 anos, passaram de um estado
a outro dependendo das condições climáticas. Houve muita fluidez entre essas duas
formas de vida”, afirma.
Perguntado se isso esconde lições para o presente, o professor diz que é uma
questão que se levanta o tempo todo, mas ele não quer “ser profeta”. Como leitor, é muito
difícil abstrair essa tentação: a ideia de que o avanço da humanidade pode ser reversível
se brincarmos de aprendiz de feiticeiro, ao serem colocados, em marcha, processos que
não somos capazes de controlar, é muito inquietante, especialmente, porque passamos
por um momento no qual estamos rodeados por fenômenos (dos plásticos no mar aos
avanços com inteligência artificial, ou o aquecimento global), cujas consequências, a
longo prazo, começam a ser vislumbradas. Aquelas primeiras populações que deixaram
o nomadismo para se assentar e viver da agricultura e da pecuária, tampouco, teriam
uma ideia do que estava acontecendo.
51
levanta problemas filosóficos, ou as civilizações da antiguidade, consideradas brilhantes,
por causa das realizações arquitetônicas delas. Podemos achar impressionantes as
pirâmides e o Parthenon, mas o que representam quando comparados à passagem de
toda a humanidade à agricultura?”
Quase ninguém mais acredita que houve uma única revolução neolítica que
eclodiu no Oriente Médio com a domesticação do trigo e que, daí, espalhou-se a todo o
planeta. A ideia mais difundida é que ocorreram vários pontos de partida mais ou menos
simultâneos: na China, com o arroz, ou na América, com o milho. Por outro lado, existe
a certeza, graças à genética, de que o trigo chegou na Europa por meio das migrações
dos primeiros camponeses, em um momento de grandes movimentos populacionais.
52
foi levada por imigrantes de outras regiões. Ainda, se esses imigrantes substituíram,
completamente, a população autóctone, ou se misturaram com ela e em que proporção.
Esse tipo de informação só é acessível através da genética. Graças às novas técnicas
de sequenciamento massivo, hoje, possuímos uma boa representação da informação
genética dos indivíduos envolvidos no processo de transição para o Neolítico”.
Durante décadas, existiram duas teorias opostas: a cerâmica teria chegado com
populações que migraram ou teria existido algum tipo de transmissão oral. Ao longo de
2016, equipes do Instituto de Biologia Evolutiva do CSIC, do Wolfgang Haak, do Instituto
Max Planck, e David Reich, que dirige, em Harvard, um laboratório de genética, e que
acaba de publicar o ensaio Who We Are and How We Got Here: Ancient DNA and the
New Science of the Human Past (PANTHEON, 2018) [Quem Somos e Como Chegamos
até Aqui: O DNA Antigo e a Nova Ciência do Passado Humano], analisaram amostras de
indivíduos que pertenciam a essa cultura, coletadas em todo o continente. “Descobrimos
que não estava associada a movimentos de genes, e, portanto, de pessoas, mas que
se tratava do primeiro exemplo de difusão maciça de ideias”, explica Lalueza-Fox.
Posteriormente, houve um movimento maciço da população para as Ilhas Britânicas, a
qual levou a essa cultura e, de fato, substituiu as populações, então, existentes.
53
As lições que se escondem podem ser muito úteis para um presente em que
a humanidade está levando a natureza e os recursos dela ao limite de possibilidades.
FONTE: ALTARES, G. A autêntica revolução foi no período Neolítico. 2018. Disponível em: https://
brasil.elpais.com/brasil/2018/04/20/ciencia/1524219983_369281.html. Acesso em: 24 abr. 2021.
54
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Os recursos para a produção alimentar, no planeta, não são mais suficientes para o
contingente populacional global.
• Existem plantas que podem ser utilizadas como sinalizadores da qualidade do solo.
55
AUTOATIVIDADE
1 Complete as lacunas a seguir:
a) ( ) Biodinâmica - rápido.
b) ( ) Natural - lento.
c) ( ) Biodinâmica - lento.
d) ( ) Sustentável - rápido.
56
REFERÊNCIAS
ALTARES, G. A autêntica revolução foi no período Neolítico. 2018. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/20/ciencia/1524219983_369281.html. Acesso
em: 24 abr. 2021.
SAVADA, D. et al. Vida: a ciência da biologia. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2020.
57
YOUAGRO. Agricultura ecológica: o que é, para que serve e como é feita. Youagro
Blog, 2019. Disponível em: https://www.youagro.com/blog/informacao/agricultura-
ecologica-o-que-e-para-que-serve-e-como-e-feita/. Acesso em: 24 abr. 2021.
58
UNIDADE 2 —
APLICABILIDADE DA
NUTRIÇÃO ECOLÓGICA
NO SÉCULO XXI
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
59
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
60
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, você, provavelmente, já deve ter ouvido falar das
cidades inteligentes e já deve ter uma noção a respeito do tema.
2 CIDADES INTELIGENTES
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que, até
2055, a população mundial ultrapassará os nove bilhões de habitantes, 65% deles
residirão em centros urbanos (WEISS; BERNARDES; CONSONI, 2015).
61
QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS DAS CIDADES INTELIGENTES
62
FIGURA 1 – TRÍADE DE INICIATIVAS GLOBAIS
NOTA
Pensar nos princípios gerais e nas “regras do jogo”
63
O desenvolvimento da urbanização pode trazer facilidades superficiais ao dia
a dia da população, mas, também, possui um lado negativo, sendo, esse, diretamente,
relacionado com a baixa da qualidade de vida da população, com a deficitária gestão de
resíduos, com os desperdícios de recursos naturais, com a dificuldade de mobilidade
urbana, com a superlotação e com as restrições aos sistemas de saúde, de educação e
de segurança pública (WEISS; BERNARDES; CONSONI, 2015).
64
por radiofrequência e etiquetas digitais colocadas em produtos e cargas, com otimização
dos processos logísticos e transações comerciais; e sensores e sistemas de inteligência
artificial, com observação e resposta rápidas a eventos ocorridos no mundo físico e com
desencadeamento de processos digitais com consequências cada vez mais imediatas
e significativas no mundo, a partir da conexão de pessoas, empresas e poder público
(WEISS; BERNARDES; CONSONI, 2015, p. 312).
NOTA
Pensar na cidade em termos democráticos
Para a pergunta central, que é que tipo de cidade desejam os habitantes, múltiplas são
as respostas. Para os fabricantes de tecnologias da informação, uma cidade eficaz e com
funcionamento otimizado; para os desenvolvedores de aplicativos, interações sociais e
experimentação nos espaços públicos; para os políticos, participação cidadã, democracia
etc. A cidade inteligente tratará de combinar tudo isso, mas algumas escolhas são inevitáveis.
Escolhas que gerarão modelos distintos, segundo as especificidades e as culturas locais. O
nível local, com efeito, é apropriado para a inovação tecnológica e para a inovação política.
É mais fácil mobilizar os cidadãos, além de identificar os problemas, quando é mais visível
o impacto das soluções.
Esse aspecto de “localização” será mais importante pelo fato de muitas cidades estarem
engajadas em um processo de especialização inteligente. Isso vai ao encontro da afirmação
de Jane Jacobs [...], de que as cidades têm algo a oferecer a todos se, e somente se, for obra
de todos, o que levanta a questão dos processos de decisão e de repartição de poderes
entre, de um lado, vereadores e serviços técnicos esclarecidos pelo digital, e, de outro,
demais atores cidadãos, econômicos, sociais e representantes.
Uma abordagem prospectiva, aplicada a uma smart city, tem a obrigação, portanto, de
considerar as representações e as aspirações desses atores e dos habitantes em
um processo democrático, o qual pressupõe, em primeiro lugar, poder apresentar
e colocar em discussão os desafios colocados pela smartificação da cidade.
65
NOTA
O aquecimento global é causado, em grande parte, pelos gases da combustão
dos motores dos automóveis. Por isso, um transporte sustentável deve levar o
máximo de carga e gastar o mínimo de combustível.
66
• Melhoria das condições de qualidade de vida local.
Qualidade de vida • Cuidados à população vulnerável.
• Acesso à cobertura de internet.
• Incentivo nos setores educacionais.
Cidadania • Incentivo nos setores tecnológicos.
• Soluções concretas para a melhoria da urbanidade.
FONTE: Adaptado de Soupizet (2017)
De acordo com Coutinho et al. (2019), existem três tipos de coprodução dentro
das cidades inteligentes: a) coprodução de consumidores, b) coprodução participativa,
e c) coprodução aprimorada.
67
QUADRO 3 – MODELOS DE COPRODUÇÃO DO BEM PÚBLICO
Modelo Descrição
NOTA
O excesso de hábitos consumistas é um dos fatores que mais contribui para
o esgotamento das reservas naturais do planeta. Evite substituir aparelhos
de alta tecnologia sem necessidade e reduza o consumo de descartáveis.
68
A utilização dos recursos presentes e futuros, proporcionados pelas TICs, tende a
contribuir para a redução de agressores ambientais, proporcionando uma progressão da
eficiência para a utilização dos recursos biológicos, materiais, tecnológicos e humanos
(WEISS; BERNARDES; CONSONI, 2015).
DICA
Conheça algumas das cidades mais inteligentes do mundo
Curitiba, Brasil
Por que está no ranking: Segundo o ICF, a cidade paranaense tem destaque no ranking
graças ao próprio planejamento urbano, o qual valoriza espaços verdes, apesar de
representar uma área industrial que, também, é berço de mais de 3,5 mil empresas. A
criação de aplicativos on-line, os quais oferecem aos moradores da cidade informações e
prestação de serviços, também, é um diferencial da capital frente a outras comunidades
inteligentes do mundo, incluindo o acesso aberto à internet móvel em toda a cidade.
Na frente inovativa, Curitiba pode ser considerada uma comunidade inteligente, de acordo
com o ICF, graças à força de trabalho tecnológica e a um PIB per capita 86% superior à
média nacional. A atuação, com startups, criação do ecossistema de inovação do Vale do
Pinhão e oferta de energia limpa na malha de transportes, também, justifica a presença da
cidade no ranking.
69
3 ÁREA RURAL
O termo rural vincula essa área ao campo, à produção agrícola, pecuária ou
áreas afins, localizada em regiões geográficas que não estejam dentro da zona urbana,
ou zona de expansão urbana.
NOTA
“Respeitar a premissa das desigualdades entre os espaços rurais de países
ricos e pobres é uma condição necessária para compreender melhor o tema,
para não cair na tentação das generalizações, que, na maioria das vezes,
compromete a análise dos problemas” (BUENO; COSTA, 2019, p. 8).
70
A premissa da desigualdade nas áreas rurais pode ser gigantesca dentro do mesmo país. Na
figura anterior, foi possível visualizar uma produção agrícola em larga escala, sendo coletada com o
auxílio de colheitadeiras tecnológicas. Por outro lado, a seguir, será visto o outro lado da moeda.
71
outras palavras, produz-se e se exporta, e, “cada vez mais, essas práticas de produção
de alimentos e o medo da escassez de recursos naturais trazem um alerta para todos os
territórios do planeta, de como as futuras gerações sobreviverão e se sustentarão com a
disputa por alimentos/nutrição de qualidade” (BUENO; COSTA, 2019, p. 11).
4 ÁREA URBANA
O mundo contemporâneo é considerado, predominantemente, urbano, título
recebido devido à expansão e à extensão de áreas urbanas nas regiões habitáveis
do planeta. Os perímetros urbanos, como cidades, vilas e vilarejos, são fundamentais
para a distribuição populacional, para as trocas econômicas, a estrutura social e a vida
cultural (LENZ, 2019).
72
FIGURA 7 – CIDADE DE PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL
73
O tamanho da população é utilizado como um limiar populacional urbano.
Configura quando uma aldeia/vila se torna uma cidade. Esse item do prisma codifica e
classifica o perímetro, analisado conforme o local observado. Por exemplo, na Suécia,
qualquer assentamento com mais de 200 habitantes é considerado um perímetro
urbano. Esse valor é alterado para 2.500 nos Estados Unidos da América, 10.000 na Suíça
e 30.000 no Japão. Não existe um valor internacional padronizado, apenas, o conceito
é apresentado, sendo que varia conforme as diretrizes locais. O Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) indaga que o “urbano é definido pela concentração
populacional, enquanto o rural é pela dispersão” (LENZ, 2019, p. 11).
NOTA
Setor secundário: corresponde à indústria.
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/aerial-small-town-itamogi-brazil-1570526137>.
Acesso em: 24 dez. 2021.
74
FIGURA 10 – CIDADE DE BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/belo-horizonte-minas-gerais-brasil-
-out-2060364494>. Acesso em: 24 dez. 2021.
NOTA
Não existe um valor internacional padronizado, apenas, os conceitos são
apresentados pelo prisma internacional. Existem variações nesses números,
conforme as diretrizes regionais e federativas.
75
NOTA
Benefícios da cobertura vegetal em áreas urbanas
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/aerial-view-park-farroupilha-porto-ale-
gre-1760617406>. Acesso em: 24 dez. 2021.
76
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
77
AUTOATIVIDADE
1 As cidades inteligentes não possuem, até o momento, uma definição unânime,
mas todas direcionam, estimulam e desenvolvem métodos para o desenvolvimento
econômico, para as reduções de danos ao meio ambiente e em busca de qualidade
de vida para os cidadãos. Uma estimativa proposta prevê que, até 2055, os centros
urbanos acolherão 65% da população mundial, e, para isso, torna-se fundamental
o desenvolvimento dessas cidades. De acordo com Soupizet (2017), as cidades
inteligentes possuem três características marcantes, focadas em desafios complexos,
soluções sofisticadas e participações de atores sociais. Disserte a respeito delas.
78
5 Relacione as colunas de modo adequado:
79
80
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
ORGANIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, bem-vindo ao Tópico 2. Você, provavelmente, já deve ter
ouvido falar do tema Organização e Sustentabilidade.
DICA
Procure identificar vazamentos na sua casa ou no seu bairro. Evite o uso da
mangueira para limpar calçadas ou lavar o carro. Ainda, junte roupas para
lavar e passar.
2 SUSTENTABILIDADE
A gestão ambiental é um ponto fundamental a ser acompanhado para o
desenvolvimento das cidades sustentáveis. Essa gestão promove o uso adequado dos
recursos disponíveis na região, o reaproveitamento e a reciclagem. A abordagem é uma
das estratégias utilizadas nas cidades inteligentes, nas quais são previstos o uso racional
dos recursos naturais e a redução de impactos ao meio ambiente (JÚNIOR et al., 2021).
NOTA
A sustentabilidade é “a aceitação geral em relação à busca do equilíbrio
entre as necessidades do ser humano e o meio ambiente, e em entender as
complexas dinâmicas de interação, para aprofundar e ampliar o significado”
(JÚNIOR et al., 2021, p. 93).
82
NOTA
“[...] O termo desenvolvimento sustentável pode ser entendido como uma
estratégia de longo prazo usada para melhorar a qualidade de vida, ou
seja, o bem-estar da sociedade. Tal caminho, também, deve considerar os
mesmos aspectos ambientais, sociais e econômicos, levando em conta,
especialmente, as limitações ambientais no que tange ao acesso aos
recursos naturais, de forma contínua e perpétua” (JÚNIOR et al., 2021, p. 94).
Para que isso ocorra, de modo efetivo, as funções essenciais dos espaços urbanos
devem ser localizadas de modo variado. Desse modo, “as funções principais devem ser
concretizadas da maneira mais diversificada possível. Elas necessitam ser mescladas, de
forma a estar presentes, concomitantemente, em diferentes locais da cidade. A diversificação
de funções promove a variação do público que frequenta os espaços” (JÚNIOR et al., 2021,
p. 96), tornando a cidade ativa em inúmeros locais e horários do dia.
83
DICA
Todos os nossos hábitos, de moradia, alimentação, consumo, locomoção,
têm relação direta com a utilização dos recursos naturais, incluindo as nossas
opções de lazer. Por exemplo, troque o carro pela bicicleta, quando possível.
NOTA
Sustentabilidade – Governo Federal – Brasil
84
NOTA
Você sabe o que é pegada ecológica?
Pegando o gancho das comemorações ambientais, convidamos todos da ANA para, mais
uma vez, pensarem em que marcas querem deixar no planeta, e para difundirem tal
consciência entre os seus.
Você sabe o que é pegada ecológica? É uma iniciativa do WWF-Brasil que nos faz pensar
nos nossos hábitos. Quanto mais gastamos, consumimos, poluímos etc., o “rastro" que
será deixado por nós, no mundo, ficará maior.
Você já parou para pensar que a forma através da qual vivemos deixa marcas no meio
ambiente? É isso mesmo. Nossa caminhada pela Terra deixa “rastros”, “pegadas”, que
podem ser maiores ou menores, dependendo de como caminhamos. De certa forma,
essas pegadas dizem muito a respeito de quem somos.
Que tal fazer uma reavaliação dos seus hábitos cotidianos hoje mesmo? Mudanças
de hábitos, quando necessárias, sempre, são bem-vindas, e servem de lição para as
futuras gerações.
FONTE: <https://www.gov.br/ana/pt-br/todos-os-documentos-do-portal/documentos-gab/
cosus/campanha-pegada-ecologica.pdf>. Acesso em: 24 dez. 2021.
85
Os projetos de desenvolvimento urbano devem permitir o
enfrentamento das dificuldades das crises urbana e ambiental, para
recuperar a qualidade de vida e a cidadania. Embora nem toda a crise
seja da cidade, ela acontece na zona urbana, na medida em que
envolve a recuperação da qualidade ambiental e, principalmente, da
qualidade de vida. É pouco ter a sustentabilidade de um ambiente
baseada, apenas, nos sistemas de infraestrutura saudáveis e
eficientes serviços sanitários se, nos aspectos social e cultural,
a violência, a manipulação política, a pobreza e a exclusão social
continuam. É o que se denomina de insustentabilidade social da
cidade (TONIOLO, 2013, p. 136).
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/green-technology-environmental-concept-sus-
tainable-development-1983321920>. Acesso em: 24 dez. 2021.
86
A cidade que prioriza a sustentabilidade atua como uma rede, com pontos de
acesso e distribuição de suprimentos, serviços e informações. Assim, conta com inúmeros
pontos-chave para interligar as ações estruturais, cognitivas, políticas e sociais.
87
NOTA
Espaço urbano brasileiro
[...]
A década de 1960 foi o período em que o Brasil, pela primeira vez, passou a ter uma
população, predominantemente, urbana, ou seja, a maior parte dos habitantes se
concentrava nas cidades. Atualmente, mais de 80% dos habitantes do Brasil residem em
cidades, estando, a maioria desses, em grandes centros urbanos e capitais, como São
Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e outros. Afinal, além de um acelerado
êxodo rural, a urbanização brasileira contou com um intensivo processo de metropolização
(a concentração das populações nas grandes metrópoles).
[...]
88
QUADRO 4 – INSTRUMENTOS DE ORIENTAÇÃO E PLANEJAMENTO
89
• impacto ambiental neutro ou positivo;
• mitigação das alterações climáticas e adaptação aos impactos delas;
• regresso da perda da biodiversidade;
• segurança alimentar, nutrição e saúde pública, com acesso, a todos, a alimentos
suficientes, seguros, nutritivos e sustentáveis;
• acessibilidade dos alimentos com retornos econômicos mais justos e com fomentação
da competitividade no setor de abastecimento. Comércio justo.
É muito comum localizarmos o termo “Farm to Fork” (Da Fazendo para o Garfo)
para a produção e o trajeto, incluindo os métodos operacionais que ocorrem desde o
processo de cultivo até a oferta, para o consumidor final. Os modelos de cultivo e de
criação de animais de abate, os agentes de produção, o transporte e a distribuição
fazem parte desse termo (FILHO, 2017).
90
Colocar nossos sistemas alimentares em um caminho sustentável,
também, traz novas oportunidades para os operadores da cadeia
de valor alimentar. Novas tecnologias e descobertas científicas,
combinadas com os aumentos da conscientização do público e da
demanda por alimentos sustentáveis, beneficiarão todas as partes
interessadas (COMMISSION, 2020, s.p.).
O modelo de identificação por frequência a rádio (RFID) é um dos modelos
utilizados para o transporte de alimentos, porém, foi necessário atribuir sensores de
temperatura para manter os padrões de qualidade durante o percurso, viabilizando os
“transportes de peixes, vinho, carne, frutas, sucos e outros produtos que devem ser
mantidos em temperaturas baixas” (FILHO, 2017, p. 32).
91
Vendas e varejo são as fases seguintes às do transporte e da
distribuição. Entregar alimentos e produtos de boa qualidade e frescos
não é o suficiente para atrair clientes, nem estimular uma dieta mais
saudável nos consumidores. Vendedores precisam considerar o uso
do espaço de venda e o gerenciamento de estoque (principalmente,
dos produtos perecíveis) e saber das tendências dos consumidores,
do gerenciamento do tempo de prateleira dos produtos e outras
necessidades (FILHO, 2017, p. 34).
Conceito Definição
92
Dietas sustentáveis são aquelas com baixo impacto ambiental,
que contribuem para as seguranças alimentar e nutricional
e para uma vida saudável para as gerações presentes e
Dietas futuras. As dietas sustentáveis são protetivas e respeitadoras
sustentáveis da biodiversidade e dos ecossistemas. São, culturalmente,
aceitáveis e acessíveis; economicamente, justas e acessíveis;
nutricionalmente, adequadas, seguras e saudáveis; além de
promoverem a otimização dos recursos naturais.
Agricultura e alimentação sustentável são aquelas que (1)
melhoram a eficiência para a utilização dos recursos; (2)
Agricultura e desenvolvem uma ação direta para conservar, proteger e
alimentação melhorar os recursos naturais; (3) protegem e melhoram os
saudável meios de subsistência rurais e o bem-estar social; (4) elevam
a resiliência de pessoas, comunidades e ecossistemas; e (5)
aprimoram e tornam eficientes os mecanismos de governança.
93
Promover o consumo sustentável de alimentos e facilitar a mudança para
dietas saudáveis e sustentáveis.
Os padrões atuais de consumo de alimentos são insustentáveis do ponto de
vista da saúde e do meio ambiente. Enquanto, na UE [União Europeia], a ingestão
média de energia, carne vermelha, açúcares, sal e gorduras continua a exceder
as recomendações, o consumo de cereais integrais, frutas, legumes e nozes é
insuficiente.
Estima-se que, na EU, em 2017, mais de 950.000 mortes (uma em cada cinco) e
mais de 16 milhões de anos de vida saudável perdidos foram atribuíveis a dietas
pouco saudáveis, principalmente, doenças cardiovasculares e câncer. O plano da EU
inclui a promoção de dietas saudáveis como parte das ações de prevenção.
94
cantinas. Também, deverá rever o regime escolar da UE para aumentar o contributo
para o consumo alimentar sustentável, e, em particular, para reforçar as mensagens
educativas que envolvem a importância de uma nutrição saudável, da produção
alimentar sustentável e da redução do desperdício alimentar.
Os sistemas fiscais da UE, para encerrar, devem ter, como objetivo, garantir que os
preços dos diferentes alimentos reflitam os custos reais deles em termos de uso de
recursos naturais finitos, poluição, emissões de GEE e outras externalidades ambientais.
95
FONTE: Adaptada de European Commision (2020c)
96
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Os ODM e os ODS possuem até o ano de 2030 para concluir todos os apontamentos
traçados com a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações
Unidas (ONU).
97
AUTOATIVIDADE
1 No ano de 2015, a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável propôs intervenções e
prazos para a sustentabilidade mundial. Assim, disserte a respeito das finalidades dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e dos Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio (ODM)?
a) ( ) 2015 e 2030.
b) ( ) 2015 e 2025.
c) ( ) Ambos em 2030.
d) ( ) Ambos em 2027.
5 Qual dos itens a seguir NÃO faz parte dos cuidados de sustentabilidade do perímetro
urbano?
a) ( ) Mercado de trabalho.
b) ( ) Habitação.
c) ( ) Equidade de renda.
d) ( ) Transporte privado.
98
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
NUTRIÇÃO ECOLÓGICA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo ao último tópico desta unidade! Provavelmente,
você já deve ter ouvido falar do tema nutrição ecológica.
2 NUTRIÇÃO ECOLÓGICA
A nutrição ecológica está, diretamente, ligada aos processos de cultivo,
reaproveitamento, conscientização, meio ambiente e oferta de nutrientes de qualidade
e suficientes para a manutenção das necessidades vitais (BURIGO; PORTO, 2021).
99
Alimentação sustentável: você sabe o que é?
100
Conforme Burigo e Porto (2021, p. 4414), nas resoluções aprovadas pela ONU,
na Década de Ação pela Nutrição (2016-2025), na Década da Agricultura Familiar (2019-
2028) e na Década para Restauração do Ecossistema (2021-2030), são explícitas as
recomendações que “reforçam e estimulam esforços para a transformação de sistemas
alimentares, ao mesmo tempo em que indicam que relatórios internacionais seguirão se
acumulando sobre o tema nos próximos anos”.
101
[...] Base na participação social, formulação de políticas públicas
e pesquisas acadêmicas que passam pela recriação do Conselho
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e
desenvolvimento do programa Fome Zero, em 2003, e um conjunto de
políticas públicas correlatas, incluindo a realização da II Conferência
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (2004). Todos esses
processos sedimentaram as noções de soberania alimentar e de
garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável,
fundamentais para a organização de sistemas alimentares justos e
sustentáveis (BURIGO; PORTO, 2021, p. 4415).
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/de-janeirobrazil-agroecological-gar-
den-1534949201>. Acesso em: 24 dez. 2021.
102
QUADRO 6 – COMO A TRIPLA CARGA DE MÁ NUTRIÇÃO PREJUDICA CRIANÇAS, ADOLESCENTES
E MULHERES
Crianças e adolescentes
Subnutrição, desnutrição • Baixo crescimento, infecção e morte.
crônica (baixa estatura • Baixo desenvolvimento cognitivo, falta de atenção
para a idade) e desnutrição escolar e desempenho escolar fraco.
aguda (baixo peso para • Baixo potencial de ganho financeiro na vida adulta.
a altura)
• Baixo crescimento e desenvolvimento.
Fome oculta (deficiências de • Imunidade fraca e fraco desenvolvimento de
micronutrientes) tecidos.
• Saúde precária e risco de morte.
• A curto prazo: problemas cardiovasculares,
Sobrepeso (incluindo infecções e baixa estima.
obesidade) • A longo prazo: obesidade, diabetes e outros
distúrbios metabólicos.
Mulheres grávidas
• Complicações perinatais.
Subnutrição, déficit de
• Parto prematuro e baixo peso no nascimento.
crescimento e baixo peso
• Doenças crônicas, para a criança, ao longo da vida.
• Mortalidade e morbidade maternas.
• Defeitos no tubo neural em recém-nascidos.
Fome oculta (deficiências de
• Parto prematuro, baixo peso no nascimento e
micronutrientes)
comprometimento do desenvolvimento cognitivo
em recém-nascidos.
• Diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.
Sobrepeso (incluindo • Complicações obstétricas.
obesidade) • Excesso de peso e doença crônica nas crianças ao
longo da vida.
103
Sistema Único de Saúde, políticas públicas e sistemas alimentares
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado em 1988 e tem o objetivo de promover
o acesso universal e integral à saúde para todos os brasileiros, ou não, em território
nacional. Ele é regido por diversos princípios organizativos e doutrinários, incluindo
equidade, universalidade, integralidade, controle social e descentralização. O SUS,
longe de atuar, apenas, para os atendimentos clínico e hospitalar, é responsável,
também, pela promoção à saúde e pela prevenção de doenças, vacinação,
campanhas de prevenção contra doenças infecciosas, dentre outras ações. Ao longo
dos últimos anos, o SUS tem realizado progressos consistentes para a prestação
de cuidados de saúde universais e abrangentes à população brasileira, ajudando a
reduzir as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde.
[...]
Nesse contexto, o governo brasileiro tem trabalhado com documentos balizadores
para o planejamento, o monitoramento e a avaliação dos programas e das políticas,
a fim de orientar a atuação do SUS a nível federal. Para tanto, a cada quatro anos, é
proposto o Plano Nacional de Saúde (PNS), que estabelece diretrizes, prioridades e
metas, além de indicadores para o período.
[...]
[...]
104
Conforme descrito, as políticas públicas brasileiras tentam integrar as agendas
de sustentabilidade e nutrição. Contudo, a complexidade dos desafios, para o
alcance de objetivos essenciais, como equidade, erradicação da fome e da pobreza,
combate a todas as formas de má nutrição e sustentabilidade, tem exigido uma
forte integração entre as agendas de políticas públicas de saúde, agricultura e meio
ambiente. Em âmbito internacional, um importante exemplo dessa articulação foi o
estabelecimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
105
NOTA
Essa alimentação tem, como propósito, fornecer energia, proteínas, vitaminas
e sais minerais que sejam adequados ao crescimento e ao desenvolvimento,
uma vez que o leite materno não é capaz de suprir, completamente, as
necessidades dessa fase da vida (COZZOLINO; COMINETT, 2013).
FIGURA 21 – AMAMENTAÇÃO
106
A complementação alimentar da criança está, diretamente, relacionada aos
desenvolvimentos físico e cognitivo dela, conforme vimos anteriormente. “Nesses processos de
aprendizagem e formação do comportamento alimentar, os pais exercem o papel de primeiros
educadores nutricionais. A alimentação dos pais costuma ser decisiva para a formação do hábito
alimentar na infância” (COZZOLINO; COMINETTI, 2013, p. 651).
QUADRO 8 – DEZ PASSOS DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS COM MENOS
DE DOIS ANOS DE IDADE
1. Fornecer, somente, leite materno até os seis meses de idade, sem água, chás ou
qualquer outro alimento.
2. A partir dos seis meses, oferecer, de forma lenta e gradual, outros alimentos,
mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.
3. A partir dos seis meses, oferecer alimentos complementares (cereais, tubérculos,
carnes, frutas e legumes), três vezes ao dia, para crianças que estejam em
aleitamento materno, e, cinco vezes ao dia, para as crianças desmamadas.
4. A alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários,
respeitando-se a vontade da criança.
5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início, e oferecida com
colher; começar com uma consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente,
aumentar a consistência, até se tornar igual à alimentação da família.
6. Oferecer, à criança, diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma
alimentação colorida.
7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras
guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
9. Cuidar da higiene no preparo e no manuseio dos alimentos; garantir o
armazenamento e a conservação adequados deles.
10. Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo a
alimentação habitual e os pratos preferidos dela e respeitando a aceitação.
FONTE: Anguita-Ruiz, Aguilera e Gil (2020, p. 653)
• Arroz verde
107
Modo de preparo:
Modo de preparo:
1. Lavar, com uma escovinha, ou bucha específica para alimentos, a casca da melancia.
2. Retirar a parte externa (casca verde); aproveitar a parte branca da casca, cortada
em cubos; e reservar.
3. Colocar o óleo na panela e refogar o alho.
4. Acrescentar a carne moída e continuar a refogar.
5. Depois, colocar a casca da melancia e o sal a gosto e refogar mais um pouco.
6. Acrescentar água devagar, até a casca ficar bem cozida. Desligar o fogo.
7. Colocar o cheiro verde, misturar e servir.
108
FIGURA 23 – CARNE MOÍDA COM CASCA DE MELANCIA
Modo de preparo:
109
• Panqueca nutritiva
Ingredientes do recheio:
• ½ cebola
• 3 dentes de alho
• ½ peito pequeno ou 1 coxa (se tiverem sobras de frango, podem ser usadas)
• 1 tomate médio
• 1 espiga de milho
• Folhas e/ou talos de vegetais (beterraba, couve, rabanete, espinafre, brócolis, couve-
flor, cenoura etc.)
• 2 colheres (sopa) de óleo
• 2 colheres (café) de sal
• Pimenta do cheiro a gosto
• Cheiro verde a gosto
110
5. Picar a cebola, o alho, o tomate e as folhas e/ou talos em pedaços miúdos.
6. Desfiar o frango.
7. Em panela média, acrescentar o óleo e dourar a cebola. Depois, acrescentar o alho,
o milho e as folhas e/ou talos e refogar.
8. Adicionar o frango desfiado e o tomate e misturar, mexendo para não queimar.
9. Acrescentar sal e cheiro verde e provar. Se preciso, ajustar o tempero.
10. Rechear as panquecas e enrolar. Se quiser, cobrir com molho de tomate.
• 1 laranja grande, com casca fina, lavada, sem as sementes, e a parte branca do meio
cortada em cubos grandes
• 4 ovos inteiros
• ½ xícara (chá) de óleo vegetal
• 1 xícara (chá) de açúcar cristal
• 2 xícaras (chá) rasas de farinha de trigo
• 1 colher (sopa) cheia de fermento em pó químico
• 1 colher (café) de margarina ou manteiga sem sal (para untar a assadeira)
• 1 colher (sopa) cheia de farinha de trigo (para enfarinhar a assadeira)
Modo de preparo:
1. Lavar bem a casca da laranja com uma bucha, ou escovinha, separada para a
lavagem de alimentos. Reservar.
2. Bater, no liquidificador, os ovos, o óleo, o açúcar, a laranja cortada ao meio e sem
sementes, a parte branca do meio e a farinha de trigo, até misturar e ficar homogêneo.
3. Colocar o fermento em pó e bater rapidamente, ou, apenas, misturar, suavemente,
com uma colher.
111
4. Colocar na assadeira de buraco untada com margarina e farinha de trigo.
5. Assar em forno pré-aquecido a 180 º C e por 40 minutos.
Modo de preparo:
112
FIGURA 27 – BRIGADEIRO DA CASCA DE BANANA
113
LEITURA
COMPLEMENTAR
O QUE AS "CIDADES INTELIGENTES", NO MUNDO, TÊM A ENSINAR AO BRASIL
Carolina Riveira
Helsinque, na Finlândia: vista como uma das melhores cidades do mundo, e não só em
uso de tecnologia (Maija Astikainen/Bloomberg/Getty Images)
114
"Por mais que, hoje, todos se sintam familiarizados com a tecnologia, muitas
vezes, governantes e empresas não veem, ainda, como aplicá-la, de fato, nas cidades,
para melhorar a vida das pessoas", diz Aleksandro Montanha, presidente do Comitê de
Cidades Inteligentes da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC).
O leilão do 5G, anunciado neste mês, também, é visto, pelo setor, como uma boa
notícia, o que deve ampliar as possibilidades de soluções urbanas. "Contudo, o conceito
da cidade inteligente não é buscar soluções faraônicas só pelo marketing: é observar o
que existe de problema, além de que tecnologias podem ser usadas para resolvê-lo", diz
Montanha, da Abinc.
O Brasil, é claro, tem muito a avançar, até mesmo, para o mero oferecimento
dessa estrutura tecnológica. Muito longe do 5G, mais de 40 milhões de brasileiros, ainda,
não contam com acesso à internet. Quando existe, a qualidade da conexão, também,
não é ideal, impactando o setor produtivo.
115
Nesta semana, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento,
Mauricio Claver- Carone, estimou serem necessários aportes de 20 bilhões de dólares
para que o Brasil atinja níveis de conectividade da OCDE, organização de países
desenvolvidos.
“Se uma cidade consegue gerar muita inovação, mas essa inovação está
concentrada em um só grupo social, se não tem diversidade nas lideranças das startups,
se não há acesso a serviços para todos, então, o trabalho não está feito”, diz Felipe
Chibás Ortiz, representante, para América Latina e Caribe, da Unesco MIL Alliance.
Prédios na zona sul de São Paulo: cidades precisam ouvir melhor o cidadão
(Leandro Fonseca/Exame)
Ortiz, que nasceu em Cuba, e vive em São Paulo, como pesquisador do Programa
de Integração Latino-Americana, da USP (Prolam), foi um dos organizadores do livro
From Smart Cities to Mil Cities (Das Cidades Inteligentes às Cidades MIL, em tradução
livre). O especialista da Unesco aponta que o enfoque da tecnologia, no conceito de MIL
Cities e nas experiências bem-sucedidas pelo mundo, tem como norte os 17 Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, como o combate à fome e à
desigualdade e o acesso à educação.
Para chegar lá, a teoria aponta cinco agentes de inovação para as cidades:
governos, agentes de inovação privados, academia, artistas e cidadão, este último,
talvez, o mais importante de todos.
116
“É importante perguntar ao senhor que pega o metrô e demora 1h30 para
chegar ao centro, à senhora que não consegue colocar comida na mesa: quais são os
problemas da cidade?”, diz Ortiz. “Eles vão falar coisas, totalmente, diferentes do que
falam todos os outros agentes”.
“É claro que podemos questionar, poxa, por que tal cidade é vista como boa se eu
moro aqui e há tantos problemas urbanos?”, diz Montanha, da Abinc. "Há muita coisa, já
acontecendo, para resolver essas questões, e não só nos grandes centros, mas, também,
nas pequenas cidades. É preciso reconhecer os problemas, além de continuar avançando”.
117
Nem sempre, as empreitadas bem-sucedidas, em um lugar, podem ser
replicadas exatamente, com aspectos culturais e especificidades em jogo. Entretanto,
Bianchi, da ESPM, aponta que um fator fundamental, que une todas as boas iniciativas
no mundo, é garantir que a cidade seja capaz de ouvir os cidadãos.
118
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• É preciso adquirir o hábito de ler os rótulos, além de saber identificar elementos, como
a indicação de alimentos transgênicos, o que significa que passam por modificação
genética e que, no cultivo, utilizam-se vários tipos de agrotóxicos.
• A criança que não tem acesso a uma alimentação de qualidade será prejudicada nos
desenvolvimentos físico, cognitivo e social.
• O Sistema Único de Saúde foi criado em 1988, com o objetivo de promover o acesso
universal e integral à saúde a todos os brasileiros, ou não, em território nacional.
• A alimentação da criança deve ser exclusiva de leite materno até os seis meses de
idade, e complementada com alimentos sólidos ou líquidos após esse período.
119
AUTOATIVIDADE
1 Com o aumento populacional, torna-se necessário o desenvolvimento da cultura de
redução do desperdício alimentar. Conforme a ONU, no ano de 2050, aproximadamente,
65% da população estará dentro dos centros urbanos, o que exigirá organização para
a distribuição alimentar e técnicas de produção. Nesse contexto, disserte a respeito
da nutrição ecológica.
120
5 O desenvolvimento fetal depende de inúmeras variantes, relacionadas com o
ambiente, os hábitos e a alimentação materna. Quais dos itens a seguir podem ser
efeitos da má nutrição em gestantes?
I- Complicações pós-natais.
II- Mortalidade e morbidade maternas.
III- Diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.
IV- Baixo crescimento, infecção e morte.
a) ( ) I-IV.
b) ( ) II-III.
c) ( ) III-IV.
d) ( ) II-I.
121
REFERÊNCIAS
ABREU, J. P. M. de; MARCHIORI, F. F. Aprimoramentos sugeridos à ISO 37120 “Cidades e
comunidades sustentáveis” advindos do conceito de cidades inteligentes. Ambiente
Construído, [s.l.], v. 20, n. 3, p. 527-539, 2020.
BUENO, A. das N.; COSTA, C. O. da. Geografia rural. 1. ed. Indaial: UNIASSELVI, 2019.
BURIGO, A. C.; PORTO, M. F. 2030 agenda, health and food systems in times of
syndemics: from vulnerabilities to necessary changes. Ciência e Saúde Coletiva,
[s.l.], v. 26, n. 10, p. 4411-4424, 2021.
EUROPEAN COMMISION. From farm to fork: our food, our health, our planet, our future.
The European Green Deal, [s.l.], v. 1, n. 1, p. 2, 2020c.
122
FRANGETTO, F. W. Apoio à formulação da PNDU - Meio ambiente e sustentabilidade.
Criando a Cultura Lean Seis Sigma, [s.l.], v. 39, n. 1, p. 1-295, 2021.
MACHADO, A. D. et al. The role of the brazilian unified health system in combating the
global syndemic and in the development sustainable food systems. Ciência e Saúde
Coletiva, [s.l.], v. 26, n. 10, p. 4511-4518, 2021.
123
124
UNIDADE 3 —
NUTRIÇÃO ECOLÓGICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
125
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
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126
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
ROTAS METABÓLICAS E FONTES
ENERGÉTICAS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos o metabolismo energético, ou seja, onde e
como as células do corpo humano produzem energia, o que é vital para a sobrevivência
dele, com a compreensão dos papéis dos carboidratos, dos lipídios e das proteínas
nesse metabolismo. Para isso, é interessante pensar em alguns pontos: de que forma
esses carboidratos, lipídios e proteínas são capazes de produzir energia? Qual é a
relação entre o metabolismo oxidativo e a taxa metabólica basal? Quais são os principais
hormônios envolvidos na homeostase metabólica e como eles mantêm a glicemia nos
estados alimentado e de jejum? Quais são as variantes da glicemia utilizadas como
biomarcadores? Qual é a diferença entre o índice e a carga glicêmica dos alimentos?
127
2 METABOLISMO ENERGÉTICO DAS CÉLULAS
Entenderemos como a glicose, oriunda da digestão do amido, presente em
um pão francês, por exemplo, é transformada em ATP e calor, e passa por todas as
rotas metabólicas desse processo. A glicose gerada é, então, absorvida e captada pelas
células, pelos transportadores de glicose específicos delas. No citosol das células, a
glicose é convertida em piruvato, pela glicólise, e, após, convertida em acetil CoA, dentro
da mitocôndria (glicólise aeróbica). Entretanto a glicose não é a única fonte de acetil
CoA. A oxidação de ácidos graxos, aminoácidos, acetato e corpos cetônicos, também,
gera acetil-CoA, que é o substrato do Ciclo do Ácido Cítrico (TCA), também, chamado de
Ciclo do Ácido Tri-Carboxílico, ou Ciclo de Krebs. O TCA é responsável por mais de dois
terços do ATP gerado pela oxidação desses substratos energéticos.
128
reversível do 3-fosfoglicerato em 2-fosfoglicerato, pela enzima fosfoglicerato mutase. O
2-fosfoglicerato sofre, então, uma reação de desidratação, catalisada pela enolase, com
um composto fosfato de alta energia, o fosfoenolpiruvato (PEP). Por último, na décima
etapa, o PEP é o substrato da enzima piruvato cinase, a fim de fosforilar uma adenosina
monofosfato (ADP), gerando piruvato e o segundo ATP.
A glicólise ocorre no citosol e gera NADH citosólico. Como o NADH não pode
atravessar a membrana mitocondrial interna, os equivalentes redutores dele são
transferidos para a cadeia de transporte de elétrons, pelas lançadeiras malato-aspartato e
glicerol 3-fosfato. O piruvato, dentro da mitocôndria, é convertido em acetil CoA pela ação
da enzima PDH, e, então, oxidado, completamente, em dióxido de carbono (CO2) no TCA.
129
2.2 CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO (CICLO DO ÁCIDO TRI-
CARBOXÍLICO OU CICLO DE KREBS) E FOSFORILAÇÃO
OXIDATIVA
Essa etapa do metabolismo acontece dentro da mitocôndria, na qual o piruvato
é convertido em acetil CoA, pela ação da enzima PDH, e, então, oxidado, completamente,
em dióxido de carbono (CO2) no TCA, o que estudaremos a partir de agora.
Como o grupo acetil, com dois carbonos, ativado, é oxidado em duas moléculas
de CO2, a energia é conservada como NADH, flavina adenina dinucleotídeo, na forma
reduzida [FAD (2H)], e trifosfato de guanosina (GTP).
130
NOTA
Hans Adolf Krebs nasceu em 25 de agosto de 1900 em Hildesheim, na Baixa
Saxônia, na Alemanha. Cursou medicina, biologia e química na Universidade
de Göttingen, na Universidade de Hamburgo e na Universidade de Berlim,
respectivamente. Nesta última trabalhou com Otto Heinrich Warburg, Nobel de Fisiologia
ou Medicina de 1931. Obteve a cátedra de Medicina Interna da Universidade de Friburgo.
Foi professor de bioquímica em Whitley e no Trinity College, em Oxford. Faleceu em 22 de
novembro de 1981, em Oxford. Seus principais trabalhos de pesquisa estão relacionados
ao metabolismo celular, principalmente na transformação intracelular de nutrientes em
energia. Descobriu que certas reações conhecidas dentro das células estavam relacionadas
entre si, nomeando esta sucessão de reações de Ciclo do Ácido Cítrico (1937), mais tarde
renomeado em sua honra de Ciclo de Krebs. Outras investigações desenvolvidas por Krebs
incluem os aspectos fundamentais do ciclo da ureia. Recebeu o Nobel de Fisiologia ou
Medicina de 1953, compartilhado com Ftitz Lipmann.
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/education-chart-hydrogen-ion-transports-
across-1782148910>. Acesso em: 24 abr. 2021.
131
Dentro do ciclo do TCA, o grupo acetil, com dois carbonos, é a fonte final dos
elétrons que são transferidos para NAD+ e FAD, com o carbono nas duas moléculas
de CO2 produzidas. O oxaloacetato é usado e regenerado em cada turno do ciclo. No
entanto, quando as células usam intermediários do ciclo TCA para reações biossintéticas
(por exemplo, aminoácidos, ácidos graxos e grupo Heme), os carbonos de oxaloacetato
devem ser substituídos por reações anapleróticas, ou seja, reações capazes de gerar os
intermediários do TCA, como a reação catalisada pela enzima piruvato carboxilase.
132
FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO RESUMIDA DA GLICÓLISE ANAERÓBICA
133
O principal mecanismo empregado é a regulação por feedback, ou seja, quanto menos
ATP é utilizado (gasto), menos substratos energéticos são oxidados para gerar ATP. De
acordo com a primeira lei da termodinâmica, a energia (em calorias) dos substratos
energéticos, consumidos através dos alimentos, nunca pode ser perdida. Dessa forma,
os combustíveis metabólicos consumidos são oxidados, para atender às demandas
de energia da TMB mais dos exercícios, ou são armazenados, como triglicerídeos, no
tecido adiposo. Em outras palavras, se a ingestão calórica excede os requerimentos
energéticos do corpo, o ganho de peso é inevitável.
135
TABELA 1 – PARÂMETROS GLICÊMICOS DE NORMALIDADE, PRÉ-DIABETES E CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
PARA DIABETES MELLITUS, RECOMENDADOS PELA ADA
Pré- Diabetes
Exame Normal
Diabetes Mellitus
136
O controle da glicemia reduz, de forma significativa, as complicações do DM,
dessa forma, métodos que avaliam a frequência e a magnitude da hiperglicemia e das
hipoglicemias são essenciais para o acompanhamento do DM, visando a ajustes no
tratamento. A monitorização glicêmica, a partir da HbA1c, ainda, permanece o padrão-
ouro, visto que esse parâmetro reflete a glicemia média nos dois a quatro meses anteriores
à realização do exame. A glicose pós-prandial pode ser direcionada se as metas de HbA1c
não são atingidas. As medições pós-prandiais de glicose devem ser feitas uma a duas
horas após o início da refeição. Ao se reduzirem os valores para menos de 180 mg/dL, é
possível ajudar a diminuir o HbA1c (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2019).
137
Por essa razão, surgiu o conceito de Carga Glicêmica (CG) (FOSTER-POWELL;
HOLT; BRAND-MILLER, 2002), com o fornecimento de uma medida da qualidade
e da quantidade de carboidrato de um alimento, em particular, ou de uma dieta
(STEVENS et al., 2002). Quanto maior a CG do alimento, maior é a resposta glicêmica, e,
consequentemente, a resposta insulinêmica (FOSTER-POWELL; HOLT; BRAND-MILLER,
2002). A cenoura, por exemplo, apesar de ser um alimento com alto IG, tem um pequeno
efeito sobre a glicemia, e, consequentemente, sobre a insulinemia, pois ela apresenta
uma pequena quantidade de carboidrato, o que a caracteriza como um alimento de
baixa CG. A soja cozida é um exemplo de alimento que apresenta o IG e a CG baixos,
enquanto o cereal matinal Corn Flakes® e a batata inglesa assada são exemplos de
alimentos que têm ambos altos (FOSTER-POWELL; HOLT; BRAND-MILLER, 2002).
IG de um alimento CG de um alimento
CG diária
particular particular
Alto IG ≥ 70 Alta CG ≥ 20
Legenda: IG – Índice Glicêmico; CG – Carga Glicêmica.
FONTE: Adaptada de Silva e Mello (2006)
TABELA 4 – DESCRIÇÃO DOS FATORES INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS DOS ALIMENTOS QUE INFLUENCIAM
O ÍNDICE GLICÊMICO (IG) E A RESPOSTA GLICÊMICA E INSULINÊMICA
138
Tamanho da partícula Partículas maiores aumentam o IG, enquanto as
menores o diminuem.
Fatores Extrínsecos dos
Efeito sobre o IG
Alimentos
Interações amido/nutrientes Níveis elevados de lipídeos e de proteínas diminuem o
IG dos alimentos.
Inibidores de α-amilase Níveis elevados de lecitinas e fitatos diminuem o IG dos
alimentos.
Legenda: IG – Índice Glicêmico; α - alfa.
FONTE: Adaptada de Augustin et al. (2002) e Silva e Mello (2006)
140
mesmo em ensaios de intervenção, pode ser um desafio, devido à complexidade inerente
da matriz alimentar/dietética e à falta geral de grandes mudanças nos biomarcadores
direcionados a populações, aparentemente, saudáveis, como resultado de intervenções
dietéticas de curto prazo.
141
Durante um estudo de intervenção dos grãos integrais, vários sujeitos
“aprenderam” a gostar dos produtos com esses grãos, mesmo que não gostassem deles
antes (KUZNESOF et al., 2012). Isso sugeriria que a principal barreira, para aumentar o
consumo de grãos integrais, era levar as pessoas a provarem os produtos com os grãos,
embora existam alguns indivíduos que tenham uma forte preferência por produtos de
grãos refinados (BAKKE; VICKERS, 2007; CHALLACOMBE et al., 2011). A combinação de
fortes mensagens de saúde pública, cobertura da mídia, disponibilidade e marketing
aumentou o consumo de integrais após o Dietary Guidelines for Americans 2005
(MANCINO et al., 2008), ao sugerir que algumas das barreiras poderiam ser superadas
com conscientização. Parte do desafio que, ainda, falta, é aumentar o consumo de
grãos integrais para além daqueles que procuram esses grãos como uma adição
saudável à dieta, além de fornecer itens que atraiam os consumidores pelo sabor e pela
conveniência. No entanto, é importante que esses produtos, também, forneçam uma
quantidade significativa de grãos integrais ao consumidor, para conseguir exercer os
benefícios à saúde. Os métodos tradicionais de processamento de alimentos são uma
forma de aumentar a aceitação e o consumo.
NOTA
Albert Lester Lehninger foi um bioquímico dos Estados Unidos,
pioneiro no campo de estudos de bioenergética. Escreveu livros
clássicos na área da Bioquímica, nomeadamente Biochemistry,
The Mitochondrion, Bioenergetics e Biochemistry, este último
utilizado como manual de introdução à Bioquímica a nível
universitário.
Nascimento: 17 de fevereiro de 1917, Bridgeport, Connecticut,
EUA.
Falecimento: 4 de março de 1986, Baltimore, Maryland, EUA.
142
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O ciclo do ácido cítrico é responsável por mais de dois terços da adenosina trifosfato,
gerada pela oxidação dos substratos energéticos, como os carboidratos, lipídios e
proteínas.
• O índice glicêmico é uma medida, in vivo, do impacto relativo dos alimentos, com
carboidrato, sobre a glicemia.
143
• Alimentos integrais são considerados benéficos para a saúde, pois evidências
epidemiológicas sugerem uma clara associação linear inversa entre o consumo
de grãos integrais e o risco de doenças não transmissíveis, incluindo doenças
cardiovasculares, diabetes tipo 2 e câncer de cólon.
144
AUTOATIVIDADE
1 O corpo humano é capaz de extrair energia química em forma de adenosina trifosfato
(ATP), a partir de vários substratos energéticos. A rota metabólica, capaz de gerar
mais ATP por unidade de substrato energético, é o ciclo de ácido cítrico, e como,
principal precursor, o acetil CoA. Dentre os substratos energéticos capazes de gerar
acetil CoA, assinale a alternativa CORRETA:
3 O termo termogênese se refere à energia gasta com a finalidade de gerar calor, além
daquela utilizada para a produção de adenosina trifosfato (ATP). Para manter o corpo a
37°C, apesar das mudanças na temperatura-ambiente, é necessário regular a oxidação
dos combustíveis metabólicos e a eficiência (assim como a dissipação de calor). Em
termos biológicos, quanto de energia dos alimentos é conservada de ATP e de calor,
respectivamente? Marque V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
146
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
NUTRIÇÃO E SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos a importância dos macronutrientes e dos
micronutrientes no metabolismo intermediário e na homeostase corporal. Para isso, é
interessante pensar em alguns pontos: quais são os principais destinos metabólicos dos
carboidratos, lipídios e proteínas que comemos? Quais são as principais consequências
da deficiência ou do excesso desses nutrientes? De que forma as proteínas e os lipídios
podem ser utilizados como biomarcadores? Qual é o papel do colesterol e do HDL-Col na
fisiopatologia da aterosclerose? Qual são as importâncias das vitaminas e dos minerais
para o metabolismo?
147
2 MACRONUTRIENTES
Os macronutrientes são os nutrientes capazes de fornecer energia química
em forma de ATP ou calor, como as proteínas, os carboidratos e os lipídios. Exemplos
dietéticos comuns, no nosso dia a dia, desses nutrientes, são: pães, biscoitos, arroz,
milho, batatas, massa, aipim, açúcar, doces etc., como carboidratos; carnes, leite,
derivados lácteos, leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico, ervilha partida e soja) e
frutas oleaginosas (amendoim, nozes, avelã, amêndoa, castanha etc.), como proteínas;
e gorduras das carnes e dos produtos lácteos, com óleos, em geral, como fontes
dietéticas de lipídios.
2.1 PROTEÍNA
Começaremos este tópico, a fim de compreender os papéis dos aminoácidos
e das proteínas no metabolismo intermediário. Para isso, é interessante refletir a
respeito de alguns pontos: quais são o conceito e a classificação nutricional das
proteínas? Qual é o papel das proteínas no nosso metabolismo? Quais são os principais
destinos metabólicos das proteínas das carnes que comemos? Quais são as principais
consequências da deficiência e do excesso de proteína dietética? De que forma as
proteínas podem ser utilizadas como biomarcadores?
148
2.1.2 Classificação nutricional dos aminoácidos
e das proteínas
Nutricionalmente, os aminoácidos podem ser classificados como essenciais,
não essenciais, e, condicionalmente, essenciais (TIRAPEGUI et al., 2006), ou seja,
aqueles aminoácidos que não podem ser sintetizados pelo corpo humano a partir
de substâncias, ordinariamente, disponíveis, para as células, em uma velocidade
proporcional à demanda, a fim de atender ao crescimento normal, sendo necessário ser
ingeridos pela dieta. São sintetizados adequadamente, conforme a demanda metabólica,
e considerados essenciais, para o organismo, em determinado estado fisiológico de
desenvolvimento, ou em função de uma determinada condição clínica, geralmente, em
situações de estresse metabólico, respectivamente.
Condicionalmente
Essenciais Não Essenciais
Essenciais
Fenilalanina* Glicina Alanina
Triptofano *
Prolina Ácido Aspártico (Aspartato)
Valina# Tirosina* Ácido Glutâmico (Glutamato)
Leucina# Serina Asparagina
Isoleucina# Cisteína e Cistina
Metionina Taurina
Treonina Arginina
Lisina Histidina
Glutamina
Legenda: aminoácidos de cadeia aromática; #aminoácidos de cadeia ramificada.
*
149
leguminosas (feijões, lentilhas, grãos-de-bico, soja e ervilhas) são as mais completas,
com 20 a 40% de proteínas, eventualmente, com alguma deficiência em aminoácidos
sulfurados, como a metionina e a cisteína (BOYE et al., 2010). Os cereais (trigo, milho,
arroz) apresentam teor proteico menor do que o das leguminosas, de 10 a 15%, em
média, geralmente, deficientes em lisina (SGARBIERI, 1996). Por isso, um dos pratos
típicos do brasileiro é o arroz com feijão, pois, quando consumimos os dois juntos
(cereal e leguminosa) na mesma refeição, e com proporções adequadas, garantimos o
fornecimento de dois aminoácidos essenciais: a metionina (arroz) e a lisina (feijão).
150
TABELA 6 – VALORES DE PER, DIGESTIBILIDADE VERDADEIRA, ESCORE DE AMINOÁCIDOS (AAS) E PDCAAS
Podemos perceber, pelo exposto, que o leite de vaca, seguido pelo ovo, possuem
as melhores taxas de digestibilidade proteica, corrigida pelo escore aminoacídico
(PDCAAS), quando comparado com a carne de vaca e a soja, que possuem valores
muito próximos, ao contrário da proteína do trigo. Dessa forma, sugerimos que as
qualidades nutricionais das proteínas do ovo, do leite, da carne de vaca e da soja são
muitos semelhantes, consideradas boas fontes proteicas.
ATIVIDADE DE ESTUDO
1 O que é sarcopenia? Quais parâmetros são utilizados para
diagnosticar a sarcopenia? Qual principal tratamento nutricional
para a sarcopenia? Qual a relação entre sarcopenia e qualidade
de vida?
151
2.1.3 Absorção e destino metabólico das proteínas dietéticas
Após o processo digestivo de uma refeição que contém proteína, os aminoácidos
são absorvidos, do lúmen do intestino delgado, para dentro das células do epitélio
intestinal, principalmente, por proteínas transportadoras semiespecíficas, dependentes
de sódio, as quais se localizam na membrana luminal, borda em escova, dessas células.
Então, para o líquido intersticial, principalmente, por transportadores, facilitados pela
membrana serosa, os quais vão através da veia porta para o fígado.
152
formar um metabólito tóxico, chamado de amônia. E você, sabe quais são as fontes
de amônia e o efeito dela no nosso organismo, e como esse metabólito é neutralizado
e eliminado? Por que não existe depósito, ou armazenamento, de proteína no nosso
organismo, mas uma fonte de aminoácidos, ou seja, de nitrogênio?
153
2.1.5 Variações da ureia e da creatinina séricas
O profissional nutricionista utiliza as variações séricas de ureia e de creatinina
como ferramenta de avaliação e diagnóstico nutricionais, principalmente, de pacientes
com insuficiência renal, para uma posterior prescrição dietoterápica. E você, sabe a
origem da creatinina? Qual é o melhor marcador clínico de função renal, utilizado na
prática clínica atual? Os valores da ureia urinária possuem alguma aplicabilidade clínica?
2.2 CARBOIDRATO
A classificação química dos carboidratos pode ser determinada pelo tamanho
da molécula, caracterizada pelo Grau de Polimerização (GP), pelo tipo de ligação
(alfa e não alfa) e pelas características dos monômeros individuais (FAO/WHO, 1997),
informações muito importantes para uma melhor compreensão dos efeitos fisiológicos
dos carboidratos (CUMMINGS, 2007). Há três grandes classes: açúcares (mono e
dissacarídeos), oligossacarídeos e polissacarídeos.
155
Quando determinados componentes das fibras alimentares estimulam
o crescimento de bactérias benéficas, em especial, das bactérias do gênero
Bifidobacterium, e as Lactobacillus, são denominados de prebióticos. Segundo Gibson
et al. (2004), a inulina, os FOS, os trans-galacto-oligossacarídeos e a lactulose são
considerados prebióticos. Causam uma modificação seletiva na composição e/ou na
atividade da microbiota do trato gastrintestinal, podendo proporcionar efeitos benéficos
ao cólon e contribuir para a redução do risco de doenças intestinais, ou sistêmicas
(ROBERFROID, 2010).
TABELA 8 – DESCRIÇÃO DAS PROPRIEDADES DAS ISOFORMAS (GLUT 1 – GLUT 5) DAS PROTEÍNAS
TRANSPORTADORAS DE GLICOSE, DE ACORDO COM A DISTRIBUIÇÃO TECIDUAL
Barreira hemato-testicular
GLUT 2 Rins Sistema de transporte com alta
capacidade e baixa afinidade com
Células β-pancreáticas
a glicose. A propriedade de alta
Superfície serosa das capacidade pode ser utilizada,
células da mucosa pelo pâncreas, como sensor da
intestinal concentração sanguínea da glicose.
GLUT 3 Neurônios Maior transportador no sistema
nervoso central. Sistema de
transporte que tem muita afinidade
com a glicose.
156
GLUT 4 Tecido adiposo Transportadores de glicose
Tecido muscular dependentes de insulina. Na
presença da insulina, o número de
GLUT 4 aumenta nas membranas
plasmáticas das células. Sistema
de transporte que tem muita
afinidade com a glicose.
GLUT 5 Epitélio intestinal Transportador de frutose.
Espermatozoides
Legenda: GLUT – transportador de glicose.
FONTE: Adaptada de Smith, Marks e Lieberman (2012)
157
FIGURA 5 – MECANISMO DA CAPTAÇÃO DE GLICOSE PELO TRANSPORTADOR DE GLICOSE NÚMERO 4
(GLUT4), DEPENDENTE DE INSULINA
2.3 LIPÍDIO
A palavra lipídio é derivada do grego lipos, que significa gordura (GRAZIOLA et
al., 2002). O termo lipídios se refere a diversos compostos químicos que apresentam
diferentes propriedades, mas que têm, como característica comum, a insolubilidade
em água. Por causa da diversidade de compostos com essa característica, é difícil
determinar uma classificação geral que englobe todos os diferentes lipídios, mas,
dentro desse grupo, encontram-se compostos, como: mono, di e triacilgliceróis (TAG);
fosfolipídios e esfingolipídios; esteróis; ceras; vitaminas lipossolúveis etc.
158
Os lipídeos são, em geral, referidos como óleo (líquido) ou gordura (sólida), e
indicam o estado físico em temperatura-ambiente. Eles desempenham muitas funções
no organismo, dentre as quais, ser a principal forma de energia armazenada em forma
de triacilgliceróis. Esse tecido, também, é conhecido como um órgão endócrino, sendo
capaz de sintetizar e de secretar hormônios, principalmente, leptina e adiponectina, que
possuem um forte impacto sobre o metabolismo.
159
TABELA 9 – CLASSIFICAÇÃO DOS TRIACILGLICERÓIS QUANTO ÀS CARACTERÍSTICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS
EM ASSOCIAÇÃO À ORIGEM OU PRINCIPAIS FONTES ALIMENTARES
Tamanho
Esqueleto Origem ou Principais
Ácido Graxo da Cadeia
de Carbono Fontes Alimentares
Carbonada
Ácidos Graxos Saturados
Ácido Butírico (ácido Gordura do leite e
AGCC 4:0
Butanoico) derivados (15%).
Ácido Láurico (ácido
AGCL 12:0 Coco, babaçu.
Dodecanoico)
Gordura do coco (15 a
Ácido Mirístico (ácido
AGCL 14:0 30%) e gordura do leite (8
Tetradecanoico)
a 12%).
Óleo de dendê (30 a 50%),
Ácido Palmítico (ácido banha (20 a 30%), gordura
AGCL 16:0
Hexadecanoico) de cacau (25%) e gordura
do leite (25 a 40%).
Reação de elongação do
ácido palmítico, banha
Ácido Esteárico (ácido
AGCL 18:0 (10%), gordura do leite
Octadecanoico)
(12%) e gordura do cacau
(35%).
Ácidos Graxos Insaturados
Ácido Palmitoleico
AGCL série Reação de dessaturação
(ácido cis-9- 16:1 (∆9)
ω7 do ácido palmítico.
Hexadecenoico)
Reação de dessaturação
Ácido Oleico (ácido cis- AGCL série do ácido esteárico, azeite
18:1 (∆9)
9-Octadecenoico) ω9 de oliva (70%) e gordura
de animais (40%).
Gorduras da carne e
do leite de animais
Trans Ácido Elaídico AGCL 18:1 (∆9)
ruminantes (bovino,
caprino e ovino).
Gorduras da carne e
do leite de animais
Trans Ácido Vacênico AGCL 18:1 (∆11)
ruminantes (bovino,
caprino e ovino).
160
*Ácido Linoleico Óleos de açafrão, de milho,
AGCL série
(ácido cis-, cis-9,12- 18:2 (∆ ) 9,12
de soja, de algodão e de
ω6
Octadecadienoico) gergelim.
*Ácido α-Linolênico
(ácido cis-, cis- AGCL série Óleos de soja, de canola (5
18:3 (∆9,12,15)
, cis-9,12,15- ω3 a 10%) e de linhaça.
Octadecatrienoico)
Reação de dessaturação
Ácido γ-Linolênico do ácido linoleico.
(ácido cis-, cis- AGCL série Microalgas da espécie
18:3 (∆6,9,12)
, cis-6,9,12- ω6 Spirulina platensis (10%),
Octadecatrienoico) óleo de prímula e óleo de
fígado de bacalhau.
Reações de elongação
Ácido Araquidônico
e de dessaturação do
(ácido cis-, cis-, AGCL série
20:4 (∆5,8,11,14) ácido linoleico. Óleo de
cis-, cis-5,8,11,14- ω6
amendoim, gema de ovo e
Eicosatetraenoico)
fígado bovino.
Reações de elongação
EPA (cis-, cis-, cis-, cis-, e de dessaturação do
AGCL série
cis-5,8,11,14,17-Ácido 20:5 (∆5,8,11,14,17) α-ácido linolênico. Óleos
ω3
Eicosapentaenoico da sardinha, do salmão e
do atum.
Reações de elongação
DHA (cis-, cis-,
e de dessaturação do
cis-, cis-, cis-, cis- AGCL série 22:6
α-ácido linolênico. Óleos
4,7,10,13,16,19-Ácido ω3 (∆ 4,7,10,13,16,19
)
da sardinha, do salmão e
Docosahexaenoico
do atum.
Legenda: *Ácidos graxos essenciais; AGCC – Ácido Graxo de Cadeia Curta; AGCL –
Ácido Graxo de Cadeia Longa; α - alfa; γ - gama; ω - ômega.
FONTE: Adaptada de Smith, Marks e Lieberman (2012)
161
A distância da primeira ligação dupla em relação ao grupo metil terminal determina
a essencialidade de um ácido graxo. Durante a síntese, de novo, de um AG, as enzimas
biossintéticas humanas conseguem inserir ligações duplas na posição n-9, ou superior.
Por essa razão, os AG, com ligações duplas nas posições n-6 (Ácido Linoleico) e n-3
(Ácido α-Linolênico), são considerados essenciais, ou seja, devem ser obtidos de fontes
alimentares, pois não são sintetizados pelo organismo humano (CASTRO et al., 2006).
IMPORTANTE
Uma discussão referente aos lipídios é sobre a indicação do óleo de coco
para emagrecimento, porém tanto a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM) quanto a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica (ABESO) posicionam-se frontalmente contra a utilização terapêutica
do óleo de coco com a finalidade de emagrecimento, considerando tal conduta não ter
evidências científicas de eficácia e apresentar potenciais riscos para a saúde. Porque o uso
do óleo de coco pode ser deletério para os pacientes devido à sua elevada concentração
de AG saturados de cadeia longa, como ácido láurico e mirístico e, também, porque não
há qualquer evidência nem mecanismo fisiológico de que o óleo de coco leve à perda de
peso. A SBEM e a ABESO também não recomendam o uso regular de óleo de coco como
óleo de cozinha, devido ao seu alto teor de AG saturados e pró-inflamatórios. O uso com
moderação de óleos vegetais com maior teor de AG insaturados (como soja, oliva, canola
e linhaça), é preferível para redução de risco cardiovascular.
162
De uma forma geral, a composição lipídica de um alimento é composta por um ou dois AG
mais prevalentes, por isso que dizemos que um alimento é fonte de determinado ácido
graxo. Na maioria, os alimentos possuem os AG saturados e oléico em algum percentual e
que a maioria dos alimentos possuem o AG linoléico (ω-6), mas nem todos possuem o AG
α-linolênico (ω-3). A banha de porco é composta, principalmente, por AG oléico e saturado,
quase 50% de cada um.
163
FIGURA 6 – REPRESENTAÇÃO DAS ROTAS ENZIMÁTICAS DOS ÁCIDOS GRAXOS DA SÉRIE ÔMEGA 6 E 3 E
RESPECTIVOS EICOSANOIDES (MEDIADORES COM CARACTERÍSTICAS PRÓ E ANTI-INFLAMATÓRIAS)
164
2.3.3 Digestão dos lipídios
Os triacilglicerois (TAG) são os principais lipídios da dieta humana, três ácidos
graxos esterificados em uma molécula de glicerol. A principal via de digestão dos
TAG envolve a hidrólise em ácidos graxos livres e 2-monoacilglicerol no lúmen do
intestino delgado. Dentro de enterócitos, os ácidos graxos e 2-monoacilgliceróis são
condensados, por reações enzimáticas, no retículo endoplasmático liso, para formar os
TAG, os quais são empacotados com uma proteína, chamada de apolipoproteína B-48,
fosfolipídios, vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), colesterol e ésteres de colesterol em
uma lipoproteína solúvel, conhecida como quilomícron. Os quilomícrons são secretados,
primeiramente, na linfa, e, depois, na circulação sistêmica.
A apoCII é responsável por ativar a enzima lipase lipoproteica (LPL), ligada aos
proteoglicanos nas membranas basais das células endoteliais, que revestem as paredes
dos capilares do músculo e do tecido adiposo. A LPL digere os TAG dos quilomícrons, e
produz AG livres e glicerol. O principal destino dos AG é o armazenamento, como TAG, no
tecido adiposo, e o glicerol pode ser usado para a síntese de TAG no fígado, no estado
alimentado. À medida que o quilomícron perde TAG, a densidade dele aumenta e se
torna um quilomícron remanescente, que é endocitado pelo fígado, por receptores que
reconhecem a apoE na superfície.
166
síntese de colesterol, alvo terapêutico em pacientes hipercolesterolêmicos que utilizam
o fármaco estatina. O mevalonato produz unidades de isopreno que se condensam e
formam, eventualmente, o esqualeno. A ciclização do esqualeno produz o sistema de
anel esteroide e várias reações subsequentes geram colesterol.
167
de estabilizá-las, de maneira que seja permitido manter a forma esférica. Os principais
carreadores de lipídios são: quilomícrons, lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL)
e lipoproteína de alta densidade (HDL-Col). O metabolismo do VLDL gera a lipoproteína
de densidade intermediária (IDL) e a lipoproteína de baixa densidade (LDL-Col).
168
2.3.8 Aplicabilidade da concentração sérica de triglicerídeos,
de colesterol e de frações
O significado etimológico da palavra dislipidemia engloba o prefixo dis, que
significa anormalidade, o radical lipid, como lipídios, e o sufixo emia, de sangue. Assim,
o termo dislipidemia significa anormalidade dos lipídios do sangue. Dessa forma, a
Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), pela atualização da Diretriz Brasileira de
Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2017), classifica as dislipidemias em:
hiperlipidemias (níveis plasmáticos elevados de lipoproteínas) e hipolipidemias (níveis
plasmáticos baixos de lipoproteínas). As dislipidemias podem ser de origem primária
(genética) ou secundária (decorrentes do estilo de vida, de medicamentos, de condições
mórbidas etc.).
• Muito alto risco cardiovascular: LDL-Col reduzido para < 50 mg/dL e não HDL-Col <
80 mg/dL.
• Alto risco cardiovascular: LDL-Col < 70 mg/dL e não HDL-Col < 100 mg/dL.
• Risco cardiovascular intermediário: LDL-Col < 100 mg/dL e não HDL-Col < 130 mg/dL.
• Baixo risco cardiovascular: LDL-Col < 130 mg/dL e não HDL-Col < 160 mg/dL.
169
Para os indivíduos adultos, com mais de 20 anos de idade, que não apresentam
risco cardiovascular, os valores de referenciais desejáveis, para o perfil lipídico, segundo
a SBC, são: CT < 190 mg/dL para amostras obtidas com ou sem jejum; HDL-Col > 40 mg/
dL para amostras, também, obtidas com ou sem jejum; e TAG < 150 mg/dL, ou < 175 mg/
dL, se uma amostra é obtida sem jejum.
3 MICRONUTRIENTES
Quando pensamos na nutrição, logo, vem-nos, à cabeça, os alimentos que têm
carboidrato (pão, massa, batata), proteína (leite, carnes, ovos) e lipídios (óleos, manteiga,
gorduras das carnes, pele do frango) e as relações deles para a manutenção do peso e da
saúde, mas, dificilmente, lembramo-nos da importância da água e dos micronutrientes
(vitaminas e minerais) para o equilíbrio hidroeletrolítico e, consequentemente, para a
saúde. Quando acontece a internação de um sujeito, no hospital, o primeiro procedimento
é instalar o soro fisiológico no braço do paciente. Você sabe o motivo de isso ser feito?
170
A água (H2O), por ter natureza dipolar, ou seja, apresentar dois polos, quando
dissociada, um negativo, ou ânion (OH-), e um positivo, ou cátion (H+), é conhecida como
solvente. Dissolve e transporta compostos pela circulação, possibilita o movimento dos
íons e das moléculas para dentro e para fora dos compartimentos celulares, separa
moléculas carregadas, dissipa calor e participa das reações químicas. Dessa forma, a
deficiência e o excesso de água, no organismo, alteram o funcionamento dos tecidos,
dos órgãos e dos sistemas.
10 L de Líquido Intersticial
Total = 15 L
5 L de Sangue
171
Nesses compartimentos, há uma distribuição equilibrada de íons. O sódio é o
principal contribuinte para a osmolalidade do LEC e um determinante da distribuição de
água entre o LEC e o LIC, por isso, o primeiro procedimento é instalar o soro fisiológico
no braço do paciente, pois a composição química dele é composta por água e cloreto de
sódio (NaCl). A distribuição da água, entre o plasma e o líquido intersticial, é determinada
pela pressão osmótica (oncótica), exercida pelas proteínas plasmáticas.
3.1.2 Osmolalildade
A osmolalidade é a distribuição de água entre os compartimentos líquidos
do corpo (LIC e LEC), de acordo com a concentração de solutos em cada um desses
compartimentos. A osmolalidade de um fluido é proporcional à concentração total
de todos os solutos diluídos (íons, metabólitos orgânicos, proteínas), sendo expresso
em miliosmoles (mOsm) por kg de água (mOsm/kg água). Assim, a água flui do meio
menos concentrado para o mais concentrado (osmose), a fim de atingir o equilíbrio
hidroeletrolítico. Um exemplo claro desse conceito é a sensação de sede após a ingestão
de uma grande quantidade de carne de churrasco salgada. O sal dessa carne aumenta
a quantidade de soluto no LEC, tornando-o hiperosmolar, então, a água sai do LIC para
o LEC, e é gerada a sede, para que ocorra a ingestão de água (solvente) para equilibrar
a osmolalidade do LEC.
172
3.1.3 Necessidade hídrica
Com relação à necessidade hídrica, a ingestão de água deve ser equivalente à
perda dela, sendo que as principais fontes de água são a dietética (bebidas, alimentos)
e a proveniente do nosso metabolismo, com um total de 2 L por dia, ao se utilizar,
como exemplo, um indivíduo adulto. Dentre as principais fontes de perda de água do
corpo, existem as sensíveis, ou seja, as que podem ser mensuradas facilmente, como
a água da urina, e as insensíveis, que não são, facilmente, detectadas, como as águas
do ar expirado, das lágrimas, do suor e das fezes, o que, também, totaliza 2 L diários.
A perda insensível de água é de, aproximadamente, 500 mL por dia. Em situações de
temperatura-ambiente muito alta, de diarreia e vômito, essa perda se torna maior, então,
a necessidade hídrica, também, eleva-se, a fim de evitar a desidratação, gerando um
desequilíbrio hidroeletrolítico.
3.2 VITAMINAS
Vitaminas são compostos orgânicos que não podem ser sintetizados, em
quantidades adequadas, pelo ser humano. As vitaminas podem ser divididas, quanto à
solubilidade, em lipídios e água, respectivamente: lipossolúveis [A (retinol) e carotenoides,
D (calciferol), E (tocoferol) e K] e hidrossolúveis [ácido fólico, cobalamina (vitamina B12),
ácido ascórbico (vitamina C), piridoxina (vitamina B6), tiamina (vitamina B1), niacina,
riboflavina (vitamina B2), biotina e ácido pantotênico].
3.2.1 Vitamina A
Uma das principais funções da vitamina A está relacionada com a visão,
mas ela, também, contribui para os processos de regulação da proliferação e da
diferenciação celulares, de reprodução, de desenvolvimento fetal e do sistema
imunológico (CONAWAY et al., 2013).
173
3.2.2 Vitamina D
A vitamina D age, diretamente, no metabolismo ósseo. É essencial para manter
os níveis adequados de cálcio e de fosfato no sangue, que são, por sua vez, necessários
para a mineralização normal dos ossos, para a contração muscular e a condução neural.
Ela pode ser produzida pelo organismo, por meio de uma reação fotossintética, ao expor
a pele aos raios ultravioletas, ou ser ingerida, diretamente, pela alimentação, na forma de
ergocalciferol (vitamina D2) ou colecalciferol (vitamina D3), de origens vegetal e animal,
respectivamente (DEL VALLE et al., 2011).
3.2.3 Vitamina C
As principais fontes alimentares de vitamina C são as frutas cítricas e os vegetais,
como bergamota, laranja, acerola, manga, mamão, morango, kiwi, melancia, brócolis,
repolho, batata, couve-flor etc. A biodisponibilidade de vitamina C está relacionada a
quanto ingerimos, ou seja, quando consumimos pouca quantidade de vitamina C, a
absorção dela é rápida e eficiente, o que diminui, proporcionalmente, a absorção por
consumos elevados da vitamina (BALL, 2005; SILVA et al., 2016).
174
3.2.5 Vitamina B1 (tiamina)
A tiamina (vitamina B1) pode ser encontrada em três diferentes formas:
tiamina trifosfato (TPP); difosfato, ou pirofosfato (TDP); e monofosfato (TMP). A TPP
atua, principalmente, em reações de descarboxilação oxidativa de alfa-cetoácidos,
transcetolase na via da pentose fosfato e e síntese de ácidos graxos (IOM, 2006).
175
As principais fontes alimentares de cobalamina (vitamina B12) são os alimentos
de origem animal (carnes, ovos e produtos lácteos) (IOM, 2006). A via de absorção da
vitamina B12 fundamental, que ocorre no íleo, na porção terminal, é associada ao fator
intrínseco, porém, esse processo depende dos plenos funcionamentos do estômago, do
pâncreas exócrino e do íleo (SILVA et al., 2016).
3.2.8 Niacina
A niacina pode estar presente, na forma amida, como nicotinamida, ou como
ácido, o nicotínico. Está relacionada às reações redox (reações de oxidação-redução),
e atua como precursora de coenzimas, ou carreadora de nicotinamida-adenina-
dinucleotídeo (NAD – coenzima I) e nicotinamida-adenina-dinucleotídeo fosfato (NADP
– coenzima II), envolvidas na síntese de energia, como ATP (IOM, 2006).
3.3 MINERAIS
Seguem os principais.
3.3.1 Zinco
O zinco é um dos elementos-traço mais abundantes do corpo humano, e
exerce um papel fundamental nos processos de síntese proteica, divisão, crescimento
e imunidade celular, principalmente, por participar da estrutura, dos sítios catalíticos ou
das funções regulatórias de diversas enzimas (BROW et al., 2001).
176
3.3.2 Ferro
O ferro desempenha um importante papel no metabolismo, para sobrevivência
e proliferação celulares. Atua em diversos processos biológicos fundamentais, como
transporte de oxigênio, biossíntese de DNA, cofator de enzimas da cadeia de transporte
de elétrons etc. (GROTTO, 2008).
3.3.3 Selênio
O selênio exerce funções biológicas na forma do aminoácido selenocisteína,
por meio de selenoproteínas, principalmente, das glutationas peroxidases (GPx),
tiorredoxinas redutase (TR), iodotironinas deiodinases (IDI), selenofosfatos sintetase
2 (SPS 2), selenoproteínas P, S, K, W etc., cujas principais funções são a capacidade
antioxidante, o aumento da resistência do sistema imunológico, o papel na fertilidade e
no sistema de reprodução, a participação na conversão de tiroxina (T4) em triiotironina
(T3), a proteção contra a ação nociva de metais pesados e xenobióticos, a redução do
risco de DCNT, a ação neuroprotetora e a estabilidade genômica (ROMAN et al., 2014;
PAPP et al., 2007).
177
3.3.4 Cobre
O cobre faz parte de enzimas com atividades de oxidação e redução, como
superóxido dismutase (SOD), citocromo C oxidase, curoplasmina, lisiloxidase e
metalotioneínas. O papel dele, como cofator para atividades de cuproenzimas, é
essencial, principalmente, para defesa antioxidante, crescimento e respiração celulares
e coagulação sanguínea (CABALLERO et al., 2012; ARREDONDO et al., 2005).
3.3.5 Magnésio
O magnésio está envolvido em reações bioquímicas relacionadas às sínteses
de DNA, RNA e proteínas, um fator importante para o controle da proliferação celular.
Desempenha, também, um papel essencial no desenvolvimento e na manutenção de
ossos e na manutenção das concentrações intracelulares de cálcio e potássio (IOM,
2006; ROMERO et al., 2017).
3.3.6 Cálcio
O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano, envolvido no metabolismo
ósseo, nas funções vascular e muscular, na transmissão nervosa, na sinalização
intracelular e na secreção hormonal (DEL VALLE et al., 2011).
178
As principais fontes alimentares de cálcio são os produtos lácteos (leite, queijo
e iogurte) e os vegetais folhosos verde-escuros, como a couve. A biodisponibilidade do
cálcio depende, principalmente, do status adequado de vitamina D, mas os alimentos
ricos em fitato e ácido oxálico (espinafre) diminuem a absorção dele se são consumidos
na mesma refeição (DEL VALLE et al., 2011; BUZINARO et al., 2006).
3.3.7 Fósforo
O fósforo se apresenta na forma de fosfato no corpo humano, porém, a maior
parte está armazenada, como hidroxiapatita, nos ossos e nos dentes, com participação
nas estruturas. Dentre as principais funções, estão os papéis na agregação plaquetária,
na ativação de fatores (X e V), na cascata de coagulação sanguínea, nas estruturas dos
ácidos nucleicos e nucleotídeos, nos fosfolipídios etc. (CALVO et al., 2014).
O fósforo, encontrado nos alimentos in natura, está sob a forma orgânica (éster
de fosfato), principalmente, nas carnes, nos produtos lácteos, nas leguminosas e nos
cereais. As fontes de origem animal entregam uma biodisponibilidade de fósforo mais
frequente do que os alimentos de origem vegetal, pois não possuem fitato, o qual pode
reduzir a absorção (SILVA, 2016).
179
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
180
• A alta concentração de LDL-Col, na circulação sistêmica, direciona a captação dessa
lipoproteína por macrófagos (células scavenger), presentes próximos às células
endoteliais das artérias, processo-chave para o início da aterogênese (formação do
ateroma).
• Vitaminas e minerais são compostos orgânicos que não podem ser sintetizados, em
quantidades adequadas, pelo ser humano.
• Vitaminas são compostos orgânicos que não podem ser sintetizados, em quantidades
adequadas, pelo ser humano. As vitaminas podem ser divididas, quanto à solubilidade,
em lipídios e água, respectivamente: lipossolúveis [A (retinol) e carotenoides, D
(calciferol), E (tocoferol) e K] e hidrossolúveis [ácido fólico, cobalamina (vitamina B12),
ácido ascórbico (vitamina C), piridoxina (vitamina B6), tiamina (vitamina B1), niacina,
riboflavina (vitamina B2), biotina e ácido pantotênico].
181
AUTOATIVIDADE
1 O transportador de glicose número é distribuído nos tecidos
, e , sensível à
. A respeito dos transportadores de glicose, assinale a
alternativa CORRETA:
2 Os Ácidos Graxos (AG) essenciais, ácidos linoleico e linolênico, são precursores dos
eicosanoides, que são secretados pelas células em pequenas quantidades e têm
numerosos efeitos importantes nas células vizinhas. A composição de uma dieta
exerce uma forte influência sobre a relação entre ω-6:ω-3 e, consequentemente,
sobre a síntese de eicosanoides das séries par e ímpar. Dessa forma, analise as
sentenças a seguir:
182
3 A insulina é um hormônio anabólico secretado pelas células β-pancreáticas no
estado alimentado. Esse hormônio tem, como órgãos-alvo, principalmente, o fígado,
os músculos e o tecido adiposo. De acordo com as ações da insulina sobre esses
órgãos-alvo, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
Desjejum: Uma xícara de café com leite semidesnatado, adoçado com uma colher de
chá de açúcar, mais um sanduíche de pão integral com uma fatia média de queijo lanche
e uma fatia média de peito de peru, acompanhado de uma unidade média de banana.
183
184
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
NUTRIÇÃO ECOLÓGICA E QUALIDADE
NUTRICIONAL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos o impacto da produção de alimentos
sobre as reservas orgânicas do planeta e as importâncias das educações alimentar
e nutricional como ferramentas para uma alimentação saudável e para a prevenção
de doenças crônicas não transmissíveis. Para isso, é interessante refletir a respeito
do seguinte: O que são as seguranças alimentar e nutricional? O que é a alimentação
saudável? De que forma as educações alimentar e nutricional podem ser desenvolvidas?
185
Contudo, a cada ano, há um aumento de, aproximadamente, 83 milhões de
pessoas pelo mundo. Mesmo que os índices de natalidade estejam em decréscimo,
estima-se que, em 2030, a população global esteja entre 8,4 e 8,6 bilhões de habitantes,
e, em 2050, 9,4 e 10,2 bilhões. Nesse contexto, o Brasil é o quinto país global mais
populoso, com cerca de 209 milhões de pessoas, em 2017 (SANTOS, 2020).
Essa é uma quantidade muito elevada, que impacta nas seguranças alimentar e
nutricional (SAN) da população, e mantém diversas vidas em risco.
186
Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,
a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição
(BRASIL, 1988).
Nessa direção, a PNSAN sugere que sejam escolhidos sistemas locais, por serem
mais adequados, e, por esse motivo, normalmente, são praticados por agricultores familiares,
povos e comunidades tradicionais. Esses circuitos permitem a minimização das perdas de
qualidade nutricional, evitam os desperdícios de energia e de alimentos (que acontecem
nos deslocamentos, ao longo da rede de distribuição), além de incentivar o consumo
de produtos locais, e, assim, perpetuar e respeitar as formas de produção ao longo das
gerações, o que favorece, também, o desenvolvimento regional (BRASIL, 2013).
187
Atualmente, o Brasil ocupa o ranking dos dez países que mais perdem alimentos
no mundo, com cerca de 35% da produção desperdiçada todos os anos (Food and
Agriculture Organization of the United Nations, 2015). Diversos cenários contextualizam
essa situação e a plataforma online do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, por
exemplo, destaca que, na Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (CEASA-RS),
são geradas 38 toneladas de resíduos orgânicos por dia, o que equivale a uma produção
diária de uma cidade de 50 mil habitantes (Food and Agriculture Organization of the
United Nations, 2013).
Freire Junior & Soares (2017) ratificam essa definição, ao afirmar que o
desperdício ocorre quando alimentos que não estão estragados, ou seja, ainda, estão
aptos para o consumo, são jogados fora, por estarem com uma aparência desagradável,
considerados feios, deformados ou fora do padrão. Os autores destacam que muitas
perdas são geradas dentro das casas. Os principais fatores relacionados a essas
perdas, dentro das unidades familiares, são: comprar muitos alimentos sem planejar
as refeições nos quais devem ser utilizados; armazená-los de forma indevida; preparar
uma quantidade de comida maior do que a consumida; e colocar, no prato, porções que
sobram durante as refeições.
Uma reflexão feita por Rodrigues (2018) mostrou que uma família brasileira,
com cinco pessoas, gasta, em média, R$1.532,50, mensalmente, com alimentação, e,
ao considerar a média mundial de 30% de desperdício, evidenciou que, desse valor,
R$459,75 são gastos com alimentos que viram lixo, ou seja, quase R$500,00 da renda
familiar são perdidos.
188
Sólidos Urbanos (FORSU), ou seja, matéria orgânica proveniente, dentre outras fontes,
do desperdício de alimentos. Entretanto, esse não é, apenas, um cenário do Rio Grande
do Sul. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Brasil, 2012a) destaca que 51,40% do total
de Resíduos Sólidos Urbanos gerados, no país, é correspondente à matéria orgânica.
189
abordagens e recursos educacionais problematizadores e ativos, que favoreçam o
diálogo junto a indivíduos e grupos populacionais, considerando todas as fases do curso
da vida, as etapas do sistema alimentar e as interações e os significados que compõem
o comportamento alimentar (BRASIL, 2012b).
190
a destinação de resíduos. As ações de EAN precisam abranger temas e estratégias
relacionados a todas essas dimensões, de maneira a contribuir para que os indivíduos e
os grupos façam escolhas conscientes, mas, também, que essas escolhas possam, por
sua vez, interferir nas etapas anteriores desse sistema alimentar.
191
3.1.5 Promoção do autocuidado e da autonomia
O autocuidado é um dos aspectos do viver saudável. É a realização de ações
dirigidas a si mesmo ou ao ambiente, a fim de regular o próprio funcionamento, de
acordo com os interesses na vida, e os funcionamentos integrado e de bem-estar. As
ações do autocuidado são voluntárias e intencionais, envolvem a tomada de decisões,
e têm o propósito de contribuir, de forma específica, para a integridade estrutural, o
funcionamento e o desenvolvimento humanos. Essas ações são afetadas por fatores
individuais, ambientais, socioculturais, de acesso a serviços etc. O exercício desse
princípio pode favorecer a adesão das pessoas às mudanças necessárias aos modos de
vida delas. O autocuidado e o processo de mudança de comportamento, centrado na
pessoa, na disponibilidade e na necessidade, são um dos principais caminhos para se
garantir o envolvimento do indivíduo nas ações de EAN.
192
no comportamento alimentar. Nesse sentido, a EAN deve ampliar a própria abordagem para
além da transmissão de conhecimento e gerar situações de reflexão que abarquem as
situações cotidianas, o encontro de soluções e a prática de alternativas.
3.1.8 Intersetorialidade
Compreende-se, a intersetorialidade, como uma articulação dos distintos
setores governamentais, de forma que se corresponsabilizem pela garantia de uma
alimentação adequada e saudável. O processo de construção de ações intersetoriais
gera a troca e a construção coletiva de saberes, linguagens e práticas entre os diversos
setores envolvidos com o tema, de modo que se torne possível produzir soluções
inovadoras quanto à melhoria das qualidades de alimentação e vida. Nesse processo,
cada setor pode ampliar as próprias capacidades de analisar e de transformar o modo
de operar, a partir do convívio com as perspectivas dos outros setores, ao abrir caminho
para que os esforços de todos sejam mais efetivos e eficazes.
193
O diagnóstico local precisa ser valorizado, no sentido de propiciar um
planejamento específico, com objetivos delineados, a partir das necessidades reais
das pessoas e dos grupos, para que metas possam ser estabelecidas, e, resultados,
alcançados. No entanto, o processo de planejamento precisa ser participativo, de maneira
que as pessoas possam estar, legitimamente, inseridas nos processos decisórios.
194
nas escolhas, nas preferências, nas formas de preparação e no consumo dos alimentos.
Por esse motivo, vários profissionais podem e devem desenvolver ações de EAN. No
entanto, nos contextos que envolvem indivíduos ou grupos com alguma doença, ou
agravo, nos quais a EAN é considerada um recurso terapêutico que integra os processos
de cuidado e de cura desse agravo, as ações são de responsabilidade de profissionais
com conhecimento técnico e habilitação em EAN. Portanto, as abordagens técnicas e
práticas, na EAN, devem respeitar as especificidades regulamentadoras das diferentes
categorias profissionais.
195
Por que é importante considerar o território para a realização da EAN? Pois,
primeiramente, para um bom planejamento da EAN, é necessário conhecer como os
sujeitos desse território são estabelecidos, as condições econômicas, sociais, culturais
deles, além das inter-relações dessas condições com a situação de SAN. Ainda, porque
o território é o espaço onde se desenvolve uma infinidade de práticas estratégicas de
atores sociais, em torno da melhoria das condições de vida das pessoas, em um vasto
campo de articulação para a agenda de promoção de SAN. Assim, as ações intersetoriais
da EAN podem ser estimuladas nos ambientes institucionais; nos setores públicos de
saúde, assistência social, seguranças alimentar e nutricional, educação, agricultura,
desenvolvimento agrário, abastecimento, meio ambiente, esporte e lazer e trabalho
e cultura; e nas esferas federal, estadual, municipal e regional. É, também, possível,
realizar a EAN em parceria com as organizações da sociedade civil, como as associações
comunitárias, religiosas, socioassistenciais e cooperativas de produtores rurais.
196
relação delas com o fortalecimento do patrimônio cultural das comunidades, ao se
buscar a percepção do elo entre cultura, história e memórias, a partir das especificidades
territoriais; e iiii) existência de locais potenciais para realização de ações (escolas,
unidades de saúde, centros de referência de assistência social, bancos de alimentos,
cozinhas comunitárias, restaurantes populares, igrejas, feiras, praças etc.).
Há muitas ações que podem ser fomentadas pelas políticas públicas, desde
as articulações intersetorial e federativa (no âmbito do SISAN); o apoio à formação
profissional, com desenvolvimento de pesquisas e materiais socioeducativos (cadernos
temáticos, vídeos, spots de rádios etc.); até estratégias de informação, comunicação
e mobilização social, e estímulo à articulação de redes de profissionais da EAN. Esse
potencial, ainda, pode ser fortalecido, ou estimulado, por meio da realização de compras
institucionais da agricultura familiar.
A comunidade, por sua vez, também, possui papéis centrais, como acolher,
propor, apoiar e mobilizar as ações de EAN, de forma a criar, ampliar ou fortalecer políticas
públicas locais nessa área. Contudo, qual, de fato, é o papel do gestor em todo o processo?
É relevante que os gestores estejam envolvidos, desde o princípio, com os projetos de
197
EAN, pois isso traz credibilidade e institucionalidade aos projetos e ações. Eles englobam
o olhar setorial e fortalecem as possibilidades de iniciativas intersetoriais ao afinar os
diálogos, articular as políticas locais com as estaduais e nacionais, e potencializar os
resultados. Quando as ações e os projetos de EAN não são uma demanda direta do
próprio gestor, cabe, aos técnicos à frente do processo, e à comunidade participante,
organizar ações de sensibilização, mobilização e incidência junto aos gestores públicos
locais, para a consolidação de compromissos e o fortalecimento da Educação Alimentar
e Nutricional nos territórios.
198
NOTA
Ancel Benjamin Keys foi um fisiologista americano que estudou
a influência da dieta na saúde. Foi o investigador responsável
pela divulgação da Dieta do Mediterrâneo, após realização de um
estudo em diversos países do Mediterrâneo nos anos 50 (Século
XX), onde verificou que o aumento do aparecimento de doenças
coronárias estava relacionado com um aumento do consumo de
lipídeos, sobretudo de ácidos graxos saturados. Nasceu em 26 de
janeiro de 1904 em Colorado Springs, Colorado e faleceu no dia
20 de novembro de 2004 em Minneapolis, Minnesota.
199
LEITURA
COMPLEMENTAR
DIETA CETOGÊNICA: COMO O USO DE UMA DIETA PODE INTERFERIR
EM MECANISMOS NEUROPATOLÓGICOS
Érica Pereira
Marion Alves
Thaiana Sacramento
Vera Lúcia da Rocha
200
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
201
• A diversidade dos campos de prática pode compreender as seguintes áreas: Saúde;
Assistência Social; Seguranças Alimentar e Nutricional; Educação; Agricultura;
Desenvolvimento Agrário; Abastecimento; Meio Ambiente; Esporte e Lazer;
Trabalho; e Cultura.
202
AUTOATIVIDADE
1 Observa-se um equívoco no que diz respeito às definições de alguns termos
relacionados ao estado nutricional. A má nutrição se manifesta de várias formas, e
traz profundos impactos na saúde das pessoas. Ainda, proporciona consequências
sociais e econômicas irreparáveis a estados, indivíduos, famílias e comunidades. A
respeito da correta definição de má nutrição, assinale a alternativa CORRETA:
203
( ) OAN significa um conjunto de informações que visa ao esclarecimento dos clientes,
pacientes ou usuários.
( ) A OAN tem, como objetivo, apenas, a recuperação de doenças e agravos nutricionais
e/ou informar, ou dirimir, dúvidas a respeito da alimentação e da nutrição.
204
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